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Direito Civil I -

Teoria Geral
Módulo - A
INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DO DIREITO CIVIL
SUMÁRIO DO MÓDULO

1.1 Conceito de Direito Civil


1.2 Noções sobre a formação histórica do Direito Civil
brasileiro
1.3 Código Civil - Visões histórica e filosófica
1.4 Princípios do Código Civil de 2002
1.5 Conteúdo do Código Civil de 2002
1.1 CONCEITO DE DIREITO
CIVIL
“Ramo do direito privado destinado a reger
relações familiares, patrimoniais e obrigacionais
que se formam entre indivíduos encarados como
tais, ou seja, enquanto membros da sociedade.”
(Maria Helena Diniz)
1.2 Noções sobre a formação
histórica do Direito Civil brasileiro
• Elemento aborígine;
• Elemento europeu;
• Sistema legislativo português;
• Organização jurídica do Brasil colonial;
• Capitanias hereditárias (1532 a 1548);
• Período das dominações estrangeiras (1555 a 1654);
• Primeiras manifestações legislativas;
• O direito nas “Bandeiras”;
• Fase imperial: período da pré-codificação civil.
• Legislação do reinado;
• Codificação da lei civil – Lei nº 3.071/1916.
1.3 CÓDIGO CIVIL
VISÕES HISTÓRICA E
FILOSÓFICA
O Código Civil se refere à pessoa humana e à sociedade
civil como tais, abrangendo suas atividades essenciais.

“É a constituição do homem comum”


(Miguel Reale)
Visão histórica do Código Civil de
2002
• Instituído pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002;
• Entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003;
• O presidente Ernesto Geisel submeteu à apreciação da
Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 634-D, em
1975, com base em trabalho elaborado por uma
Comissão de sete membros, coordenada por Miguel
Reale;
• O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em
1984, e remetido ao Senado, onde permaneceu
arquivado até 1991.
Visão filosófica do Código Civil de
2002
Culturalismo jurídico (plano subjetivo): inspirado no trabalho de
Carlos Rossio, Miguel Reale busca o enfoque jurídico no aspecto
subjetivo, do aplicador do direito. A cultura, a experiência e a
história devem ser entendidas tanto do ponto de vista do julgador
como no da sociedade, ou seja, do meio em que a decisão será
prolatada.

Teoria tridimensional do Direito (plano objetivo): para Miguel


Reale, direito é fato, valor e norma. Assim na tridimensionalidade
genérica ou abstrata, caberia ao filósofo apenas o estudo do valor,
ao sociólogo de fato e ao jurista a norma.
1.4 PRINCÍPIOS DO CÓDIGO
CIVIL DE 2002
• PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE: valores coletivos X
individuais.

• PRINCÍPIO DA ETICIDADE: valor da pessoa humana


como fonte dos demais valores (Ex. Boa-fé).

• PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE: descomplicação dos


institutos.
Cláusulas gerais do Código Civil de
2002
• Função social do contrato – art. 421, CC;
• Função social da propriedade – art. 1.228, § 1º, CC;
• Boa-fé – arts. 113, 187 e 422, CC.
• Bons costumes – arts. 13 e 187, CC.
• Atividade de risco – art. 927, parágrafo único, CC.
Código Civil de 1916 x 2002

• CÓDIGO CIVIL DE 1916 • CÓDIGO CIVIL DE 2002


Individualismo Finalidade econômica e
social
• Propriedade – privada
• Propriedade - Visão social
• Contratos - Restritos
(usucapião)
(Pacta sunt servanda) • Contratos - Liberdade de
• Família - pátrio poder; contratar (rebus sic
casamento, etc. stantibus)
• Família - poder familiar;
união estável, etc.
1.5 CONTEÚDO DO CÓDIGO CIVIL DE 2002

Parte Geral Parte Especial

• Capacidade da pessoal natural; Livro I – Das Obrigações


• Direitos da personalidade; Livro II – Direito de Empresa
• Fim da pessoa natural; Livro III – Direito das Coisas
• Pessoa jurídica; Livro IV – Direito de Família
• Negócios jurídicos; Livro V – Direito das Sucessões
• Prescrição e decadência;
Módulo – A

Item – 1.5

Momento – Peer to peer


Módulo - B
DA PESSOA NATURAL E
DIREITOS DA
PERSONALIDADE
PROGRAMA DO MÓDULO
2.1 Conceito de pessoa natural
2.2. Início da personalidade civil
2.3 Conceitos de direitos da personalidade
2.4 Personalidade civil
2.5 Princípios constitucionais dos direitos da personalidade
2.6 Rol de direitos da personalidade
2.7 Capacidade da pessoa natural
2.8 Incapacidade
2.9 Emancipação
2.10 Extinção da personalidade natural
2.11 Morte presumida
2.12 Domicílio
2.13 Ausência
2.14 Comoriência
2.1 CONCEITO DE PESSOA
NATURAL
Art. 1º, CC. "Toda pessoa é capaz de direitos e deveres
na ordem civil".

• A pessoa é um ente físico (natural) ou coletivo


(jurídica) suscetível de direitos e obrigações: sujeito de
direitos;
• Gozar de Personalidade: aptidão para adquirir direitos
e assumir obrigações;
• A Capacidade determina o exercício pessoal e o gozo
dos direitos;
2.2 INÍCIO DA PERSONALIDADE
CIVIL
Art. 2º, CC. "A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro".

Correntes doutrinárias sobre a proteção desde a


concepção:
1. Abrange também o embrião pré-implantatório in vitro ou crioconservado,
ou seja, aquele não foi introduzido no ventre materno (Dra. Silmara
Chinellato – USP);
2. O embrião não está abrangido pelo art. 2º do CC/2002, uma vez que se
diferencia do nascituro por ter vida extrauterina (Maria Helena Diniz)
Teorias sobre o início da
personalidade civil
Correntes doutrinárias civilistas sobre a situação do
nascituro (segundo Flávio Tartuce):
• Teoria natalista: o nascituro não poderia ser considerado pessoa, pois tem
mera expectativa de direitos (Sílvio Rodrigues, Caio Mario da Silva Pereira;
San Tiago Dantas);
• Teoria da personalidade condicional: a personalidade civil começa com o
nascimento com vida, mas os direitos do nascituro estão sujeitos a uma
condição suspensiva, ou seja, são direitos eventuais (Washington de Barros
Monteiro, Miguel maria de Serpa Lopes e Clóvis Beviláqua);
• Teoria concepcionista: sustenta que o nascituro é pessoa humana, tendo
direitos resguardados pela lei. A personalidade é adquirida desde a
concepção (Silmara Juny Chinellato, Pontes de Miranda, Rubens Limongi
França, Giselda Hironaka, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho,
Maria Helena Diniz, José Fernando Simão, Roberto Senize Lisboa, Nelson
Rosenvald, Francisco Amaral, Gustavo Rene Nicolau, dentre outros).
Teoria Concepcionista
A corrente da teoria concepcionista tem prevalecido na recente
jurisprudência do STJ:
“DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA.
AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA
QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS
DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Nos termos da orientação da Turma, o direito à
indenização por dano moral não desaparece com o decurso de tempo (desde que não
transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na fixação do quantum. II
- O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a
circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. III -
Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive nesta
instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e
retardamento da solução jurisdicional”. (STJ, Resp. 399.028/SP, Rel. Mini. Sálvio de
Figueiredo Teixeira, 4º Turma, j. 26.02.2002, DJ 15.04.2002, p. 232).
2.3 CONCEITOS DE DIREITOS
DA PERSONALIDADE
Rubens Limongi França: “Direitos da personalidade dizem-se as faculdades
jurídicas cujo objeto são os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem
assim da sua projeção essencial no mundo exterior”.

Maria Helena Diniz: “São direitos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou
seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto,
corpo alheio, vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua
integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e
literária) e sua integridade moral (honra, recato, segredo pessoal, profissional e
doméstico, imagem, identidade pessoal, familiar e social)”.

Pablo Gagliano Stolze e Rodolfo Pamplona Filho: “aqueles que têm por objeto
os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções
sociais”.
DIREITOS DA PERSONALIDADE
NA LEI
• São aqueles inerentes à pessoa e à sua dignidade (art.
1º, III, da CF);

• Estão salvaguardados legalmente no art. 12, CC;

• São intransmissíveis, indisponíveis, irrenunciáveis,


ilimitados, impenhoráveis e inexpropriáveis conforme o
art. 11, CC.
2.5 PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DOS
DIREITOS DA PERSONALIDADE
Segundo Gustavo Tepedino, são três princípios constitucionais
relacionados aos direitos da personalidade:

I. Princípio de proteção da dignidade da pessoa humana: fundamento do


Estado Democrático de Direito da República Federativa do Brasil (art. 1º,
III, da CF)
II. Princípio da Solidariedade Social, também um dos objetivos da República
Federativa do Brasil (construção de uma sociedade livre, justa e solidária –
art. 3º, I, da CF), visando também a erradicação da pobreza (art. 3º, III, da
CF);
III. Princípio da Igualdade lato sensu ou isonomia, eis que “todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (art. 5º, caput, da CF).
2.6 ROL EXEMPLIFICATIVO DE
DIREITOS DA
PERSONALIDADE:
• Direito à vida;
• Direito à integridade física;
• Direito à liberdade;
• Direito à intimidade;
• Direito à honra;
• Direito à identidade
• Direito à imagem.
Natureza jurídica dos direitos da
personalidade
• De acordo com Rubens Limongi França a natureza jurídica dos
direitos da personalidade encontra seu fundamento no Direito
Natural;

• Segundo Francisco Amaral os direitos da personalidade têm


como natureza um direito subjetivo que tem um objeto inerente
ao seu titular, que é a sua própria pessoa.

• Na lição de Fábio Maria De Mattia os direitos da personalidade


têm sua origem na reação ao domínio estatal sobre o indivíduo,
por meio da teoria contratualista que identificou tais direitos
como inatos ao homem.
DIREITO À VIDA
O direito à vida foi consagrado constitucionalmente, como direito
fundamental, no caput do art. 5º da Constituição Federal, que
garante a sua inviolabilidade.

Sob a ótica da bioética, pode-se afirmar que a vida humana, a


pessoa, apresenta-se como uma unidade de espírito e corpo,
sendo composta de elementos espirituais, intelectivos e morais,
além dos meramente biológicos.
Art. 2º, CC. "A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro".

Teorias sobre o início da vida humana:

Teoria da fecundação: defende que o início da vida começa com a concepção;


Teoria da nidação: defende que o início da vida começa com a implantação do
embrião no útero;
Teoria encefálica: defende que o início da vida começa com o início da atividade
cerebral;
Teoria do Nascimento: defende que o início da vida começa com o nascimento
com vida do embrião. Esse critério não condiz com nosso ordenamento jurídico,
que concedeu direitos e obrigações ao nascituro, nem com os avanços das
ciências biológicas.
CONTROVÉRSIAS EM RELAÇÃO
AO DIREITO À VIDA:

• Proteção ao nascituro;

• Aborto, suicídio e eutanásia.


– Em abril de 2012, o Supremo Tribunal Federal autorizou a interrupção da
gravidez em caso de fetos anencéfalos (sem cérebro);
* A personalidade jurídica termina com a morte da
pessoa natural (mors omnia solvit). Todavia, tem-se
admitido a preservação, como direito da personalidade,
do cadáver, consoante análise do art. 14, CC.
Direito à Integridade Física
Código Civil de 2002

Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar
os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer
tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Direito à Integridade Física -
Espécies
• Incolumidade do corpo e da mente;
• Indisponibilidade do corpo;
• Transplantes e experiências científicas;
– Lei n. 9.434/97, regulamentada pelo Decreto n. 9.175/17:
dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo
humano para fins de transplante e tratamento.
• Tortura, homicídio, lesões corporais e violência sexual;
– Art. 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante.
Direito à Integridade Física
O Código Penal brasileiro não considera crime de
constrangimento ilegal:
“a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
consentimento do paciente ou de seu representante
legal, se justificada por iminente perigo de vida” (art.
146, § 3º, I, do CP).

Todavia há discussão se a recusa se der por convicções


religiosas ou filosóficas.
Direito à Liberdade
Conceito:
Trata-se da faculdade de fazer ou deixar de fazer aquilo
que à ordem jurídica se coadune.
Espécies:
• Liberdade de pensamento e expressão;
• Liberdade religiosa;
• Liberdade política, entre outras.
Previsão legal: art. 5º, incisos IV, V, VI, VIII, IX, CF.
DIREITO À LIBERDADE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. Art. 5º:
IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem;
VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII - Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em
lei;
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença;
XIII - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;
XIV - É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional;
XV - É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Direito à Intimidade
Conceito: “A intimidade pode ser definida como o modo
de ser da pessoa que consiste na exclusão do
conhecimento pelos outros daquilo que se refere a ela
só.” (FARIAS, 2000, p. 137)
Trata-se de resguardo da privacidade, em seus múltiplos aspectos
(pessoal, familiar e negocial).
É considerada inviolável pelo inciso X do art. 5º, CF.

Art. 21, CC. "A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma".
DIREITO À INTIMIDADE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, Art. 5º:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar


sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
Direito à Intimidade (III)
Espécies:
• Violação de correspondência;
• Interceptação clandestina de conversa por meio eletrônico;
• Direito à informação e as pessoas famosas: tratando-se de
pessoa notória, não poderá ser alegado ofensa ao direito à
imagem se sua divulgação estiver ligada à ciência, à moral, à
arte e à política (Diniz).
Direito à honra (I)
A proteção da honra envolve a defesa da reputação da pessoa
(honra objetiva), bem como o sentimento pessoal de estima (honra
subjetiva);

Honra, proveniente do latim honor, indica a própria dignidade de


uma pessoa, que vive com honestidade e probidade, pautando seu
modo de vida nos ditames da moral.

O direito à honra, para uma pessoa física, está relacionado aos


direitos de intimidade no âmbito psíquico e independe de crença,
classe social ou religião.
Direito à honra (II)
Art. 5º, inciso X, CF: “são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação”.

O direito à honra também está previsto no Artigo 11, do


Pacto de São José da Costa Rica, vigente no Brasil,
estabelecendo que “toda pessoa tem direito ao respeito
de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade”.
Direito à honra (II)
Art. 20, CC. "Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública,
a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a
honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a
fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente,
são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge,
os ascendentes ou os descendentes".
Direito à Identidade (I).
A identidade é um conjunto de características do indivíduo, como:
nome, idade, peso altura, etc.

É um direito que se tem de exigir um reconhecimento com


individualidade distinta de outras individualidades.
Direito à Identidade (II)
Segundo Carlos Alberto Bittar:
“Outro direito fundamental da pessoa é o da identidade, que
atinge o elenco dos direitos de cunho moral, exatamente porque
se constitui no elo de ligação entre o individuo e a sociedade em
geral. Com efeito, o nome e outros sinais identificadores da pessoa
são os elementos básicos de que dispõe o público em geral para o
relacionamento normal, nos diversos núcleos possíveis: familiar;
sucessório; negocial; comercial e outros. Cumpre aliás, duas
funções essenciais: a de permitir a individualização da pessoa e a
de evitar confusão com outra. Possibilita que seja a pessoa
imediatamente lembrada, mesmo em sua ausência e a longas
distância”.
Direito à Identidade (IV).
Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o
prenome e o sobrenome (art. 16, CC).
O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo
público, ainda quando não haja intenção difamatória (art.
17,CC).
Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em
propaganda comercial (art. 18, CC).
O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da
proteção que se dá ao nome (art. 19, CC).
Direito à Identidade (III).
O nome integra a personalidade, sendo composto por prenome e
sobrenome.
O casamento e a adoção permite acrescer ou alterar o sobrenome (art.
1.565, §1º CC e art. 47, §5º, ECA).

Nome: vigora a regra da inalterabilidade do nome, salvo quando:


1. Expuser ao ridículo.
2. Houver erro gráfico evidente.
3. Causar embaraços comerciais.
4. Houver mudança de sexo nos casos de intersexual.
5. Acréscimo de apelido público e notório.
6. Proteção a vítimas e testemunhas.
Direito à Imagem (I)
O direito à imagem está estabelecido no art. 5º, incisos V,
X, XXVIII, alínea a, CF.

A utilização da imagem demanda autorização, esta


autorização para utilização pode ser dada de maneira
expressa ou tácita;
Direito à Imagem (II)
• Proteção da forma plástica da pessoa e seus
respectivos componentes distintivos;

• Exploração econômica da imagem;

• Uso indevido de imagem alheia;

• Consequências cíveis, de ordem patrimonial e moral.


2.7 CAPACIDADE DA PESSOA
NATURAL
• A personalidade tem sua medida na capacidade.

• Capacidade de direito (ou de gozo): personalidade –


aptidão para adquirir direitos e obrigações.

• Capacidade de fato (ou de exercício): aptidão de


exercer por si os atos da vida civil.
Espécies de capacidade segundo a
lei
• Legitimação: capacidade especial para determinado
ato ou negócio jurídico;

• Legitimidade: é a capacidade processual, uma das


condições da ação;

• Personalidade: é a soma dos caracteres da pessoa, ou


seja, aquilo que ela é para si e para a sociedade.
2.8 INCAPACIDADE
Trata-se de restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.

• INCAPACIDADE ABSOLUTA (art. 3º • INCAPACIDADE RELATIVA (art. 4º


do Código Civil) do Código Civil)
“Art. 4º. São incapazes,
“Art. 3º. São absolutamente relativamente a certos atos ou à
incapazes de exercer pessoalmente maneira de os exercer:
os atos da vida civil os menores de I - os maiores de dezesseis e
16 (dezesseis) anos”. (Redação dada menores de dezoito anos;
pela Lei nº 13.146 de 2015) II - os ébrios habituais e os viciados
em tóxico;
III - aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos”. (Redação dada pela
Lei nº 13.146 de 2015)
Incapacidade Absoluta
• Menores impúberes;
• Enunciado nº 138 do CJF/STJ. “A vontade dos
absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art.
3º é juridicamente relevante na concretização de
situações existenciais a eles concernentes, desde que
demonstrem discernimento bastante para tanto”.
Incapacidade Relativa
• Atos praticáveis, mesmo sem assistência:
– Casamento (autorização dos pais);
– Elaboração de testamento;
– Testemunhar atos e negócios jurídicos;
– Requerer registro de seu nascimento;
– Ser empresário (com autorização);
– Ser eleitor;
– Ser mandatário ad negotia (mandato extrajudicial).
– Realizar contratos;
Incapacidade Relativa
• Aqueles que podem praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos
por quem de direito.

• Gera a anulabilidade do ato (art. 171, I, CC), dependendo da iniciativa do


prejudicado.

• Enunciado nº 3 da I Jornada de Direito Civil: “A redução do limite etário para


a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I,
da Lei 8.213/1991”.

• Novo CPC estrutura a ação de interdição (art. 747 a 758) – O PL 757/2015


pretende alterar o Código Civil, o Estatuto da Pessoa com Deficiência e o
Código de Processo Civil, para dispor sobre a igualdade civil e o apoio às
pessoas sem pleno discernimento ou que não puderem exprimir sua
vontade, os limites da curatela, os efeitos e o procedimento da tomada de
decisão apoiada.
Proteção dos incapazes.

• Representação: para o Absolutamente Incapaz.


• Assistência: para o Relativamente Incapaz.
Curatela de menores
Art. 1.767, CC. "Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade;
II - revogado;
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
IV - revogado;
V - os pródigos".
Tutela dos interditos
• Exige declaração judicial.

• O processo judicial necessita da intervenção de um expert.

• Os atos praticados após a sentença são nulos (art. 166, I, CC -


absolutamente incapazes) ou anuláveis (art. 171, I, CC –
relativamente incapazes).

• É possível invalidar ato praticado pelo interditando antes da


interdição, desde que se comprove a existência de sua
insanidade por ocasião da prática do ato, retornando as
partes ao status quo ante.
Cessação da incapacidade

• A incapacidade termina, em regra, ao


desaparecerem as causas que a determinaram;

• Emancipação.
2.9 EMANCIPAÇÃO
Conceito: “Ato jurídico que antecipa os efeitos da
aquisição da maioridade e da consequente capacidade
civil plena, para data anterior àquela em que o menor
atinge a idade de 18 anos”. (Flávio Tartuce)

• É definitiva, irretratável e irrevogável (Enunciado nº


397 CJF) está sujeita à desconstituição por vício de
vontade).
• “A emancipação por si só, não elide a incidência do
Estatuto da Criança e do Adolescente”. (Enunciado
nº530 CJF).
Emancipação.
• Art. 5º, CC: "A menoridade cessa aos dezoito anos
completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil.
– Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
– I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro,
mediante instrumento público, independentemente de
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se
o menor tiver dezesseis anos completos;
– II - pelo casamento;
– III - pelo exercício de emprego público efetivo;
– IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
– V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia própria".
2.10 EXTINÇÃO DA
PERSONALIDADE NATURAL

• Regra geral: morte.


• Momento da morte: constatação da ciência médica.
• Ausência do corpo: morte presumida.
• Art. 6º, CC. "A existência da pessoa natural termina
com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura
de sucessão definitiva".
• Comoriência: prevista no art. 8º, CC.
2.11 MORTE PRESUMIDA

• Declaração de ausência (artigo 6º, CC); e


• Sem declaração de ausência, nas seguintes
hipóteses (art. 7º, CC):
1. Se for extremamente provável a morte de quem
estava em perigo de vida;
2. Se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra.
2.12 AUSENTE
• Alguém que desaparece de seu domicílio, sem dar
notícias de seu paradeiro e sem deixar representante
ou procurador.
• Art. 22, CC. "Desaparecendo uma pessoa do seu
domicílio sem dela haver notícia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba
administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de
qualquer interessado ou do Ministério Público,
declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador".
• Art. 23,CC. "Também se declarará a ausência, e se
nomeará curador, quando o ausente deixar
mandatário que não queira ou não possa exercer ou
continuar o mandato, ou se os seus poderes forem
insuficientes".
Ausente

1. Curatela de ausente: Exige sentença


declaratória. O curador terá poderes de
administração dos bens deixados.
• Art. 24,CC. "O juiz, que nomear o curador,
fixar-lhe-á os poderes e obrigações,
conforme as circunstâncias, observando, no
que for aplicável, o disposto a respeito dos
tutores e curadores".
Ausente

• Art. 25, CC. "O cônjuge do ausente, sempre que não


esteja separado judicialmente, ou de fato por mais
de dois anos antes da declaração da ausência, será
o seu legítimo curador.
• § 1º. Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do
ausente incumbe aos pais ou aos descendentes,
nesta ordem, não havendo impedimento que os
iniba de exercer o cargo.
• § 2º. Entre os descendentes, os mais próximos
precedem os mais remotos.
• § 3º. Na falta das pessoas mencionadas, compete
ao juiz a escolha do curador."
Ausente

2. Sucessão provisória: a herança do ausente passa a


seus herdeiros, que são sucessores provisórios,
devendo guardar os bens, para serem devolvidos
quando (e se) reclamados pelo desaparecido.
• Art. 26,CC. "Decorrido um ano da arrecadação dos
bens do ausente, ou, se ele deixou representante
ou procurador, em se passando três anos, poderão
os interessados requerer que se declare a ausência
e se abra provisoriamente a sucessão".
Ausente
• Legitimação:
• Art. 27, CC. "Para o efeito previsto no artigo
anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou
testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito
dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas".
Ausente

3. Sucessão definitiva do ausente.


• Art. 37, CC. "Dez anos depois de passada em
julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória, poderão os interessados
requerer a sucessão definitiva e o levantamento
das cauções prestadas".
• Art. 38, CC. "Pode-se requerer a sucessão definitiva,
também, provando-se que o ausente conta oitenta
anos de idade, e que de cinco datam as últimas
notícias dele".
Ausente

• Sucessão definitiva e o retorno do ausente:

Art. 39, CC. "Regressando o ausente nos dez anos


seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou
algum de seus descendentes ou ascendentes,
aquele ou estes haverão só os bens existentes no
estado em que se acharem, os sub-rogados em seu
lugar, ou o preço que os herdeiros e demais
interessados houverem recebido pelos bens
alienados depois daquele tempo".
2.12 DOMICÍLIO

• Domicílio: sede jurídica da pessoa.


• Difere-se de residência e habitação.
Domicílio

• Modalidades:
1. Domicílio legal ou necessário.
2. Voluntário.
Domicílio

• O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela


estabelece a sua residência com ânimo definitivo
(art. 70, CC).
• Se, porém, a pessoa natural tiver diversas
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-
se-á domicílio seu qualquer delas (art. 71, CC).
• É também domicílio da pessoa natural, quanto às
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta
é exercida (art. 72, CC).
• Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos,
cada um deles constituirá domicílio para as relações
que lhe corresponderem (art. 72, §único, CC).
Domicílio
• Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não
tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada (art. 73, CC).
• Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com
a intenção manifesta de o mudar (art. 74, CC).
• A prova da intenção da mudança resultará do que
declarar a pessoa às municipalidades dos lugares,
que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações
não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias
que a acompanharem (art. 74, §único,CC).
Domicílio (V).
• Tem domicílio necessário o incapaz, o servidor
público, o militar, o marítimo e o preso (art. 76, CC).
– do incapaz é o do seu representante ou assistente;
– o do servidor público, o lugar em que exercer
permanentemente suas funções;
– o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da
Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado;
– do marítimo, onde o navio estiver matriculado;
– e o do preso, o lugar em que cumprir sentença.
Domicílio
• Art. 77, CC. "O agente diplomático do Brasil, que,
citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem, no pais, o seu domicílio,
poderá ser demandado no Distrito Federal ou no
último ponto do território brasileiro onde o teve".
• Art. 78, CC. "Nos contratos escritos, poderão os
contratantes especificar domicílio onde se
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles
resultantes".
Módulo – B

Item – 2.14

Momento – Peer to peer


Módulo - C
DA PESSOA JURÍDICA
PROGRAMA DO MÓDULO
3.1 Conceito e classificação da Pessoa jurídica
3.2 Modalidades de pessoa jurídica
– Associações
– Fundações Particulares - Sociedades
– Corporações Especiais
– Partidos Políticos
3.3 Domicílio da pessoa jurídica
3.4 Extinção da pessoa jurídica
3.5 Desconsideração da personalidade jurídica
3.1 CONCEITO PESSOA
JURÍDICA

“Pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais


ou de patrimônios, que visa à consecução de
certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como
sujeito de direitos e obrigações.” (Maria Helena
Diniz)
NATUREZA JURÍDICA

Teorias da existência da pessoa jurídica:

• Teoria da Ficção legal – de Savigny: as pessoas


jurídicas são criadas por uma ficção legal.

• Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica – de Gierke


e Zitelman: a pessoa jurídica tem identidade
organizacional própria, a qual deve ser preservada.

Teoria da Ficção + Teoria da Realidade Orgânica = Teoria da realidade técnica.


NATUREZA JURÍDICA
Teorias da existência da pessoa jurídica:

• Teoria da realidade técnica ou das instituições


jurídicas: a personalidade jurídica é um atributo que a
ordem jurídica estatal outorga a entes que o
merecerem. Logo, essa é a teoria que melhor atende à
essência da pessoa jurídica, por estabelecer, com
propriedade, que a pessoa jurídica é uma realidade
jurídica (Maria Helena Diniz). Esse é o entendimento
dos autores modernos do Direito Civil Brasileiro.
Direitos da pessoa jurídica
• Personalidade jurídica: a pessoa jurídica goza de capacidade jurídica, podendo
exercer todos os direitos subjetivos, não se restringindo à esfera patrimonial (art. 52,
CC);
• Direitos reais: pode ser proprietário ou possuidora;
• Direitos obrigacionais: tem a liberdade plena de contratar como regra geral;
• Direitos industriais quanto às marcas e aos nomes (art. 5º, XXIX, CF);
• Direitos sucessórios: pode adquirir bens causa mortis, por sucessão testamentária.
• Admite-se a possibilidade de sofrer danos morais (Súmula 227, STJ);
• A pessoa jurídica tem identidade distinta dos seus membros, regra que pode ser
afastada pelo desvio de finalidade ou abuso da personalidade jurídica (art. 50, CC).
CARACTERÍSICAS DA PESSOA
JURÍDICA
Características:

a) organização pessoas e/ou bens;

b) licitude de propósito;

c) capacidade jurídica reconhecida pela lei.


Classificações da pessoa jurídica
1. Quanto à nacionalidade:

a) Pessoa jurídica nacional: é a organizada conforme a lei


brasileira e que tem no Brasil a sua sede principal e os seus
órgãos de administração.

b) Pessoa jurídica estrangeira: é aquela formada em outro


país, e que não poderá funcionar no Brasil sem autorização
do Poder Executivo, interessando também ao Direito
Internacional.
Classificações da pessoa jurídica
2. Quanto à estrutura interna.

a) Corporação (Universitas personarum): é o conjunto


de pessoas que atua com fins e objetivos próprios.
São corporações as sociedades, as associações, os
partidos políticos e as entidades religiosas.

b) Fundação (Universitas bonorum): é o conjunto de


bens arrecadados com finalidade e interesse social.
Classificações da pessoa jurídica
3. Quanto às funções e capacidade:
a) Pessoas jurídicas de Direito Público: é o conjunto de pessoas ou bens que
visa atender a interesses públicos
• Pessoas jurídicas de Direito Público interno: a União, os Estados, o Distrito
Federal e Territórios, os Municípios (Administração Pública Direta) as
autarquias, as associações públicas e as demais entidades de caráter público
em geral (Administração Pública indireta)(art.41, CC)
• Pessoas jurídicas de Direito Público externo: os estados estrangeiros e todas
as pessoas regidas pelo Direito Internacional Público (art. 42, CC).

b) Pessoas jurídicas de Direito Privado: é instituída pela vontade


particulares, visando a atender os seus interesses. Dividem-se em:
fundações, associações, sociedades (simples ou empresárias, partidos
políticos, entidades religiosas e empresas individuais de responsabilidade
limitada (art. 44, CC).
Do início da existência legal da pessoa jurídica de
direito privado.
Fases:
a) ato constitutivo escrito:
i. Ato inter vivos ou causa mortis.
ii. Convenção pela qual pessoas se obrigam a somar esforços e/ou recursos para a
consecução dos fins estipulados.
iii. Deve ser escrito.
b) registro público do ato constitutivo:
iv. Obrigatoriedade da inscrição dos atos constitutivos em registro público (Cartório ou
Junta Comercial).
v. Exigências (art. 46, CC): I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo
social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores,
e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente,
judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à
administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não,
subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa
jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
Do início da existência legal da pessoa jurídica de
direito privado.

A falta de registro público torna a Pessoa Jurídica


irregular:
art. 987, CC. "Os sócios, nas relações entre si ou com
terceiros, somente por escrito podem provar a
existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-
la de qualquer modo".
Entes ou grupos despersonalizados
Conjunto de pessoas e de bens que não possuem personalidade
jurídica própria ou distinta:
a) Família: art. 226, CF;
b) Espólio: art. 1.784,CC;
c) Herança jacente ou vacante: arts. 1.819 a 1.823, CC;
d) Massa falida: conjunto de bens formado com a decretação da falência de
uma pessoa jurídica;
e) Sociedade de fato: pessoas que não possuem contrato social ou estatuto, e
as impedidas de casar (art. 1.727, CC);
f) Sociedade irregular: art. 986, CC;
g) Condomínio: há divergência doutrinária quanto ao condomínio edilício
(Enunciados n. 90 e 246, CJF) – justificativa: o rol do art. 44, CC é
exemplificativo, o que justifica a sua inscrição no CNPJ.
3.2.MODALIDADES DE PESSOA
JURÍDICA DE DIREITO
PRIVADO
Segundo o artigo 44, CC são:
I. Fundações;
II. Associações;
III. Sociedade simples;
IV. Sociedade empresária;
V. Corporações especiais: Organizações religiosas e Partidos
políticos;
VI. Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRELI).
Fundações
Conceito

Fundação (fundatio): são bens arrecadados e


personificados, em atenção a um determinado fim, que
por uma ficção legal lhe dá unidade parcial.

Previsão legal: arts. 62 a 69, CC.


Fundações
Elementos para sua criação:

a) Afetação de bens livres;


b) Especificação dos fins;
c) Previsão do modo de administrá-las;
d) Elaboração de estatutos com base em seus objetivos e
submetidos à apreciação do Ministério Público que os
fiscalizará.
Fundações
Características

• Universalidade de bens;
• Instituídas pelo fundador, em ato inter vivos ou mortis
causa (por escritura pública ou testamento);
• Objeto imutável;
• Fins nobres;
• Não partilha seus dividendos;
• Os bens doados pelo fundados são inalienáveis, salvo
por autorização judicial.
Fundações
Finalidades
Art. 62, § único, CC: A fundação somente poderá constituir-se para
fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de
sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;
Associações
Conceito

Art. 53, CC. Constituem-se as associações pela união de


pessoas que se organizem para fins não econômicos.

Enunciado 534 do CJF/STJ. "As associações podem


desenvolver atividade econômica, desde que não haja
finalidade lucrativa".
Associações
Características

• Conjunto de pessoas com interesses em comum;


• Propósitos não lucrativos;
• Não partilha seus dividendos;
• Não há direitos e obrigações recíprocos entre os associados;
• Podem existir direitos e deveres entres associados e
associações. Exemplo: o pagamento de contribuição mensal;
• Deve ser registrada;
• Possui identidade distinta de seus membros;
Associações
Requisitos para elaboração dos estatutos, cujo desrespeito pode
gerar sua nulidade, segundo o art. 54, CC:

I. A denominação, os fins e a sede da associação;


II. Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III. Os direitos e deveres dos associados;
IV. As fontes de recursos para sua manutenção;
V. O modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI. As condições para a alteração das disposições estatutárias e para a
dissolução.
VII. A forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
Sociedades
A finalidade lucrativa é o que distingue uma associação
de uma sociedade, constituindo ambas as espécies de
corporação (conjunto de pessoas). Nesse sentido, as
sociedades se dividem em:

a) Sociedades empresárias;

b) Sociedades simples;
Sociedades empresárias
Conceito

São as que visam a uma finalidade lucrativa, mediante


exercício de atividade empresária.

Art. 982, CC. "Salvo as exceções expressas, considera-se


empresária a sociedade que tem por objeto o exercício
de atividade própria de empresário sujeito a registro
(art. 967); e, simples, as demais".
Sociedades empresárias

Características

• Previsão legal: arts. 1.039 e seguintes, CC.


• Fins econômicos e partilha de lucro com seus membros;
• Objeto: indústria e/ou comércio;
• Atos constitutivos escritos e arquivados as juntas
comerciais;
Sociedade Simples
Conceito

Visam a um fim econômico (lucro), mediante exercício de


atividade não empresária. São as antigas sociedades civis.
Exemplos: escritórios de advocacia, cooperativas,
sociedades imobiliárias.
Sociedade simples

Características

• Previsão legal: artigos 997 a 1038, CC,


• Fins econômicos e partilha de lucro com seus
membros;
• Objeto: prestação de serviços;
• Atos constitutivos escritos arquivados nos cartórios de
registro civil;
Empresas Individuais de
Responsabilidade Limitada
(EIRELI)
Previsão legal: artigo 44, inciso VI, CC.

Para a doutrina civilista, esta entidade não constitui sociedade na


sua formação, pelo fato de ser constituída por apenas uma pessoa.

Trata-se de entidade com natureza jurídica especial, tendo sido


reconhecida por enunciado doutrinário aprovado na V Jornada de
Direito Civil:
Enunciado nº 469, CFJ. "Arts. 44 e 980-A: A empresa individual de
responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico
personificado".
Corporações especiais
Os Partidos Políticos e Organizações Religiosas são
corporações autônomas, especiais ou sui generis.

Características dos Partidos Políticos:


a) O funcionamento e a organização deve ser conforme
disposto em leis específicas, como por exemplo, as
Leis 9.096/95, 9.259/96, 11.459/07, 11.694/08, entre
outras;
Corporações especiais
Características das Organizações religiosas:
a) São livre para a criação, organização, estruturação interna e
funcionamento;
b) O reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos não
podem ser vedados pelo Poder Público.
Enunciado nº 143, CFJ. “Art. 44: A liberdade de funcionamento
das organizações religiosas não afasta o controle de legalidade e
legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade
de reexame pelo Judiciário da compatibilidade de seus atos com
a lei e com seus estatutos”.
3.3 DOMICÍLIO DA PESSOA
JURÍDICA
O domicílio da pessoa jurídica é sua sede jurídica, local
onde responderá pelos direitos e deveres assumidos.
Regra do art. 75, CC:
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
3.4 EXTINÇÃO DA PESSOA
JURÍDICA
O término da existência da pessoa jurídica ocorre:
a) Pela dissolução deliberada de seus membros, por
unanimidade e mediante distrato, ressalvados os direitos
de terceiros e da minoria;
b) Quando for determinado por lei;
c) Em decorrência de ato governamental;
d) Na ocorrência de termo extintivo;
e) Por término do prazo de duração;
f) Por dissolução parcial, havendo falta de pluralidade de
sócios (arts. 599 a 609, CPC);
g) Por dissolução judicial;
Responsabilidade civil da
pessoa jurídica de direito privado.
Fundamento legal:

Art. 186, CC: "Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.

Regra geral:
• Trata-se do dever de indenizar;
• Pode ser de natureza contratual ou extracontratual;
Responsabilidade civil da
pessoa jurídica de direito privado.
Responsabilidade da pessoa jurídica pelos danos causados por seus
representantes, quando agir contrário ao direito:
• Responsabilidade por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.
– Segundo Maria Helena Diniz, esse dispositivo aplica-se apenas às sociedades. No
caso de associações e fundações, deve-se demonstrar a ocorrência de culpa in
eligendo ou in vigilando.

• Responsabilidade objetiva: pelos danos causados pelos produtos postos em


circulação (art. 931, CC);

• Responsabilidade solidária: pela distribuição de lucros ilícitos ou fictícios (art.


1009, CC).
Responsabilidade civil da
pessoa jurídica de direito público
As prestadoras de serviços públicos respondem de forma objetiva
pelos danos causados no exercício de suas funções:

• Art. 43, CC. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a
terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se
houver, por parte destes, culpa ou dolo.

• Art. 37, parágrafo 6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de culpa ou dolo.
3.5 DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
Origem:

• Julgamentos históricos: caso Saloman vs. Salomon &


Co., julgado na Inglaterra em 1897;
• Caso State vs. Standard Oil Co., julgado pela Corte
Suprema do Estado de Ohio, Estados Unidos, em 1892;
• Maurice Wormser (1910 e 1920);
• Rolf Serick na sua tese de doutorado defendida
perante a Universidade de Tübigen em 1953;
Desconsideração da personalidade
jurídica da pessoa jurídica
Previsão legal:
Art. 50, CC. "Em caso de abuso da personalidade
jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos
de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores
ou sócios da pessoa jurídica".
Desconsideração da personalidade
jurídica da pessoa jurídica
Teorias segundo a doutrina:
Teoria maior: a desconsideração, para ser deferida, exige a presença de dois
requisitos: o abuso de personalidade jurídico + o prejuízo ao credor. Essa teoria
foi adotada pelo art. 50, CC.

Teoria menor: a desconsideração da personalidade jurídica exige um único


elemento, qual seja o prejuízo ao credor. Essa teoria foi adotada pela lei
9.506/1998 – para os danos ambientais – e, supostamente, pelo art. 28 do
Código do Consumidor, pois bastaria o mero prejuízo a consumidor.
Segundo Gustavo Rene Nicolau, houve um equívoco no veto do parágrafo 1º do
art. 28, quando deveria ter sido de seu art. 5º. Entretanto tal dispositivo tem
sido aplicado amplamente pela jurisprudência.
Desconsideração da personalidade
jurídica da pessoa jurídica
A sociedade tem personalidade jurídica própria que não se
confunde com a pessoa dos seus membros.

A desconsideração decorre:
• do desvio de finalidade;
• da confusão patrimonial;
• do abuso da personalidade jurídica.

Consequências da desconsideração: o uso do patrimônio pessoal


dos sócios e administradores para saldar interesses de terceiros de
boa fé.
Desconsideração da personalidade
jurídica da pessoa jurídica
Interpretação da jurisprudência selecionada:

RT 821/295: Execução – Desconsideração da personalidade jurídica –


Admissibilidade – Sócio que utiliza a pessoa jurídica para, mediante fraude ou
abuso de direito, causar prejuízo a outrem.

RT 819/245: Desconsideração da personalidade jurídica – aplicabilidade –


Interesse dos sócios em fraudar credores – Ausência de relação consumerista –
Fato considerado irrelevante.

RT 809/269: Desconsideração da personalidade jurídica – Inaplicabilidade –


Pessoa jurídica – Ausência de elementos que comprovem a sua utilização
como instrumento para a realização de fraude ou abuso de direito.
Desconsideração inversa da
personalidade jurídica
Art. 133, § 2º, CPC. Aplica-se o disposto neste Capítulo à
hipótese de desconsideração inversa da personalidade
jurídica.

Trata-se de novo incidente de desconsideração.


Informativo n. 440 do STJ
“DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA.
Discute-se, no REsp, se a regra contida no art. 50 do CC/2002 autoriza a chamada desconsideração da personalidade jurídica
inversa. Destacou a Min. Relatora, em princípio, que, a par de divergências doutrinárias, este Superior Tribunal sedimentou o
entendimento de ser possível a desconstituição da personalidade jurídica dentro do processo de execução ou falimentar,
independentemente de ação própria. Por outro lado, expõe que, da análise do art. 50 do CC/2002, depreende-se que o
ordenamento jurídico pátrio adotou a chamada teoria maior da desconsideração, segundo a qual se exige, além da prova de
insolvência, a demonstração ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração) ou de confusão patrimonial (teoria
objetiva da desconsideração). Também explica que a interpretação literal do referido artigo, de que esse preceito de lei somente
serviria para atingir bens dos sócios em razão de dívidas da sociedade e não o inverso, não deve prevalecer. Anota, após essas
considerações, que a desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir,
então, o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações de seus sócios ou
administradores. Assim, observa que o citado dispositivo, sob a ótica de uma interpretação teleológica, legitima a inferência de
ser possível a teoria da desconsideração da personalidade jurídica em sua modalidade inversa, que encontra justificativa nos
princípios éticos e jurídicos intrínsecos à própria disregard doctrine, que vedam o abuso de direito e a fraude contra credores.
Dessa forma, a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em comento é combater a utilização indevida do
ente societário por seus sócios. Ressalta que, diante da desconsideração da personalidade jurídica inversa, com os efeitos sobre
o patrimônio do ente societário, os sócios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus direitos mediante a
interposição dos recursos tidos por cabíveis, sem ofensa ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal. No
entanto, a Min. Relatora assinala que o juiz só poderá decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os
pressupostos relacionados à fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/2002. No caso dos autos, tanto o juiz
como o tribunal a quo entenderam haver confusão patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente. Nesse contexto, a
Turma negou provimento ao recurso”. Precedentes citados: REsp 279.273-SP, DJ 29/3/2004; REsp 970.635-SP, DJe 1°/12/2009, e
REsp 693.235-MT, DJe 30/11/2009. REsp 948.117-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/6/2010.
Módulo – C

Item – 3.5

Momento – Peer to peer


Módulo - D
DOS BENS
PROGRAMA DO MÓDULO
4.1 Conceito de bens
4.2 Distinção entre bens e coisas
4.3 Características dos bens
4.4 Classificação dos bens:
– classificação quanto à tangibilidade
– classificação quanto à mobilidade
– classificação quanto à fungibilidade
– classificação quanto à consuntibilidade
– classificação quanto à individualidade
– classificação quanto à individualidade
– classificação quanto à dependência em relação ao outro (bens reciprocamente
considerados)
– classificação quanto titular do domínio.
4.5 Bem de família.
4.1 CONCEITO DE BENS
“Coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do
homem”. “Os bens são coisas que, por serem úteis e
raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor
econômico”. (Sílvio Rodrigues)

Coisas
Coisas = tudo o que não é humano.
Ben Bens = coisas com interesse econômico e/ou
s jurídico.
4.2 DISTINÇÃO ENTRE BENS E
COISAS
Sílvio de Salvo Venosa: “a palavra bem deriva de bonum, felicidade, bem-
estar. A palavra coisa tem sentido mais extenso, compreendendo tanto os
bens que podem ser apropriados, como aqueles objetos que não o
podem”

Pontes de Miranda: “a noção de bem, objeto de direito de propriedade,


é mais estreita que a noção de objeto de direito, a que corresponde o
conceito de bem da vida, mais largo. A personalidade, o nome e a honra
são bens da vida, sem serem bem, em sentido estrito, objeto de direito
patrimonial, e sem serem bem, em sentido estritíssimo, que é o de bem
coisa imóvel ou móvel, objeto de direito de propriedade. Coisa, objeto de
propriedade, não é, hoje, somente a coisa corpórea.” (Tratado de direito
privado: Tomo XI. Campinas: Bookseller, 2001. p. 43.)
4.3 CARACTERÍSTICAS DOS
BENS
• Idoneidade para satisfazer um interesse
econômico;

• Gestão econômica autônoma;

• Subordinação jurídica de seu titular.


4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
a) Classificação quanto à tangibilidade;
b) Classificação quanto à mobilidade;
c) Classificação quanto à fungibilidade;
d) Classificação quanto à consuntibilidade;
e) Classificação quanto à individualidade;
f) Classificação quanto à individualidade;
g) Classificação quanto à dependência em relação ao
outro (nens reciprocamente considerados)
h) Classificação quanto titular do domínio.
i) Bem de família.
Classificação dos bens quanto à
tangibilidade
a) Bens corpóreos, materiais ou tangíveis: são aqueles bens que
possuem existência corpórea, podendo ser tocados. Exemplos:
uma casa, um carro.

b) Bens incorpóreos, imateriais ou intangíveis: são aqueles com


existência abstrata e que não podem ser tocados pela pessoa
humana. Ilustrando, podem ser citados como sendo bens
incorpóreos os direitos do autor, a propriedade industrial, o
fundo empresarial, a hipoteca, o penhor, a anticrese, entre
outros.
Classificação dos bens quanto a
mobilidade
a) Bens imóveis (arts. 79 a 81, CC): são aqueles que não
podem ser removidos ou transportados sem a sua
deterioração ou destruição. Subclassificação:
• Bens imóveis por natureza ou por essência: o solo e tudo quanto se lhe
incorporar naturalmente (subsolo e espaço aéreo / artigo 79, CC).
• Bens imóveis por acessão física industrial ou artificial: bens formados
por tudo o que o ser humano incorporar permanentemente ao solo, não
se podendo mais remover sem a destruição ou deterioração
(construções ou plantações). artigo 81, CC.
• Bens imóveis por disposição legal: a lei considera bens imóveis (artigo
80, CC: os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; o
direito à sucessão aberta).
Classificação dos bens quanto à
mobilidade
b) Bens móveis (artigos 82 a 84, CC): aqueles que podem
ser transportados ou removidos, por foca própria ou de
terceiro, sem a deterioração, destruição e alteração da
substancia ou da destinação econômico-social. A
doutrina subdivide em:
• Bens móveis por natureza ou essência: bens corpóreos que podem ser
transportados sem qualquer deterioração ou destruição, por força própria ou
alheia. Exemplo: artigo 84,CC.
• Bens móveis por determinação legal: a lei determina que o bem é móvel
(artigo 83,CC): energias que tenham valor econômico; os direitos reais sobre
objetos móveis e as ações correspondentes; os direitos pessoais de caráter
patrimoniais e respectivas ações).
– os navios e as aeronaves consistem em bens móveis especiais, pois a lei trata como se
fossem imóveis ao exigir registro especial e admitir hipoteca.
Classificação dos bens quanto à fungibilidade (art.
85, CC)

a) Bens infungíveis: aqueles que não admitem a


substituição por outros da mesma espécie,
quantidade e qualidade.
• Os imóveis e os automóveis são considerados sempre como
bens infungíveis.

b) Bens fungíveis: aqueles que podem ser substituídos


por outros da mesma espécie, qualidade e
quantidade. Ex: caneta.
Classificação dos bens quanto à
consuntibilidade (art. 86, CC)
a) Bens consumíveis: aquele bem móvel cujo uso
acarreta a destruição imediata da coisa
(consuntibilidade física) ou aquele destinado à
alienação (consuntibilidade jurídica).

b) Bens inconsumíveis: bens passíveis de utilização


reiterada, sem deterioração ou destruição imediata.
Classificação dos bens quanto à
divisibilidade (art. 87 a 88, CC)
a) Bens divisíveis: aqueles que podem ser fracionados sem
alteração na sua substância, diminuição considerável de valor
ou prejuízo do uso a que se destinam. O artigo 88 do CC
estabelece que os bens naturalmente divisíveis podem tornar-
se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das
partes.

b) Bens indivisíveis: aqueles que não podem ser fracionados,


acarretando desvalorização ou perda das qualidades essenciais.
Percebe-se que a indivisibilidade pode decorrer da natureza do
bem, de imposição legal ou da vontade das partes.
Classificação dos bens quanto à
indivisibilidade (art. 87 a 88, CC)
a) Bens divisíveis: aqueles que podem ser fracionados sem
alteração na sua substância, diminuição considerável de valor
ou prejuízo do uso a que se destinam. O artigo 88 do CC
estabelece que os bens naturalmente divisíveis podem tornar-
se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das
partes.

b) Bens indivisíveis: aqueles que não podem ser fracionados,


acarretando desvalorização ou perda das qualidades essenciais.
Classificação dos bens quanto à
indivisibilidade
a) Bens singulares ou individuais: aqueles que, embora reunidos,
possam ser considerados de per si, independentemente dos
demais (artigo 89, CC). Ex: livro, boi, casa etc.
b) Bens coletivos ou universais: aqueles que são constituídos por
várias coisas singulares, consideradas em conjunto pra formar
um todo individualizado.
• Universalidade de fato: “é o conjunto de bens singulares, corpóreos e
homogêneos, ligados entre si pela vontade humana e que tenham utilização
unitária ou homogênea, sendo possível que tais bens sejam objeto de relações
jurídicas próprias” (Flávio Tartuce / artigo 90, CC). Ex: biblioteca;
estabelecimento empresarial.
• Universalidade de direito: complexo de relações jurídicas de uma pessoa,
dotadas de valor econômico (artigo 91, CC). Ex: herança de determinada pessoa.
Classificação quanto à dependência em relação a
outro bem (bens reciprocamente considerados)

a) Bens principais (ou independentes): aqueles que existem de


forma autônoma e independente, abstrata ou concretamente
(artigo 92, CC).

b) Bens acessórios (ou dependentes): aqueles que dependem de


outro bem para a sua existência e finalidade (artigo 92, CC).
Segundo o princípio da gravitação jurídica, o bem acessório
segue o principal (em regra).
Bens acessórios ou dependentes (I)
Frutos: bem acessório retirado do bem principal, sem a diminuição
da substância e quantidade desse último.
• Frutos naturais: aqueles provenientes da essência do bem principal. Ex: frutas
produzidas por uma árvore.
• Frutos industriais: aqueles provenientes de uma atividade humana. Ex: produção
de uma fábrica.
• Frutos civis: aqueles provenientes de uma relação jurídica ou econômica. Ex:
aluguéis de um contrato de locação.
• Frutos pendentes: aqueles que não foram colhidos do bem principal. Ex: laranjas
ainda ligadas à árvore.
• Frutos percebidos: aqueles já colhidos do principal e separados.
• Frutos estantes: aqueles já colhidos e armazenados.
• Frutos percipiendos: aqueles que deveria ter sido colhidos, mas não foram.
• Frutos consumidos: aqueles que já foram colhidos e consumidos.
Bens acessórios ou dependentes (II)
• Produtos: bens acessórios retirados do bem principal, com a
diminuição da quantidade e substância. Ex: retirada de carvão de uma
mina.
• Pertenças: “bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao
aformoseamento de outro” (artigo 93, CC). O artigo 94, CC dispõe que
“os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da
manifestação da vontade, ou das circunstâncias do caso”. Ex: toca CD
de um automóvel.
• Partes integrantes: bens acessórios que se encontram unidos ao bem
principal para formar um todo independente. Ex: as lentes em relação
ao óculos.
Bens acessórios ou dependentes (III)
• Benfeitorias: bens acessórios introduzidos em um bem móvel
ou imóvel com a finalidade de conservar ou melhorar a utilidade
(artigo 96, CC).
• Benfeitorias necessárias: objetivo de conservar ou evitar que o
bem se deteriore (art. 96, §3º, CC). Ex: conserto do
encanamento de uma casa.
• Benfeitorias úteis: objetivo de aumentar ou facilitar o uso do
bem. Ex: construção de um quarto na casa (art. 96, §2º, CC).
• Benfeitorias voluptuárias: aqueles de mero deleite ou recreio,
que não aumentam o uso habitual do bem, mesmo que o
tornem mais agradável ou seja de elevado valor (art. 96, §1º,
CC). Ex: construção de uma piscina na casa.
Bens considerados em si mesmos

• Imóveis por sua natureza.


• Imóveis por acessão física artificial.
• Imóveis por acessão intelectual.
• Imóveis por determinação legal.
Bens considerados em si mesmos

• Móveis por natureza.


• Móveis por antecipação.
• Móveis por determinação de lei.
Bens que estão fora do comércio

Bens inalienáveis:
• Inapropriáveis por sua natureza;
• Legalmente inalienáveis;
• Inalienáveis por vontade humana;
Classificação dos bens quanto à
titularidade do domínio
a) Bens particulares ou privados: aqueles que
pertencem às pessoas físicas ou jurídicas de Direito
Privado (artigo 98, CC - todos os bens que não
pertencem às pessoas de Direito Público interno).

b) Bens públicos: aqueles que pertencem a um ente de


Direito Público interno (artigo 98, CC).
BENS PÚBLICOS
• Bens de uso comum do povo: aqueles destinados à utilização do público em
geral. Ex: praças, rios, mares, estradas etc.
– O uso desses bens pode ser gratuito ou oneroso (artigo 103, CC).

• Bens de uso especial: aqueles destinados à utilização do próprio ente


público para a execução de serviços públicos (afetação). Ex: edifícios e
terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração pública.

• Bens dominicais ou dominiais: aqueles que compõem o patrimônio


disponível e alienável do ente público. Ex: bem imóvel sem afetação.
– os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura
de direito privado consistem em bens dominicais (§ único);
– os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, salvo se
houver desafetação (artigo 100, CC);
– os bens públicos não estão sujeitos a usucapião (artigo 102, CC / discussão doutrinária);
– os imóveis sem donos consistem em terras devolutas (pertencem ao Estado).
4.5 BEM DE FAMÍLIA
O bem de família é um instituto originário do direito
americano, na figura do homestead (isenção de penhora,
em favor de pequena propriedade).

O art. 1.711, CC permite aos cônjuges ou à entidade


familiar a constituição do bem de família, me diante
escritura pública ou testamento, não podendo seu valor
ultrapassar um terço do patrimônio líquido do instituidor
existente ao tempo da instituição.
Espécies de bem de família
a) Voluntário, decorrente da vontade dos cônjuges,
companheiros ou terceiro (art. 1.711, CC);

b) Involuntário ou legal, resultante de estipulação legal


(Lei 8.009/90).
Bem de família voluntário
O art. 1.711, CC permite aos cônjuges ou à entidade familiar a
constituição do bem de família, mediante escritura pública ou
testamento, não podendo seu valor ultrapassar um terço do
patrimônio líquido do instituidor existente ao tempo da
instituição.

Ao mesmo tempo, declara mantidas as regras sobre a


impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei
especial. Desse modo, só haverá necessidade de sua instituição
pelos meios supramencionados na hipótese do parágrafo único do
art. 5º da Lei n. 8.009/90, ou seja, quando o casal ou entidade
familiar possuir vários imóveis, utilizados como residência, e não
desejar que a impenhorabilidade recaia sobre o de menor valor.
Bem de família legal
(Lei n. 8009 de 1990)
A Lei n. 8.009/90 veio ampliar o conceito de bem de família, que
não depende mais de instituição voluntária, mediante as
formalidades previstas no CC.

Agora, resulta ele diretamente da lei, de ordem pública, que


tornou impenhorável o imóvel residencial, próprio do casal, ou da
entidade familiar, que não responderá por qualquer tipo de dívida
civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza,
contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus
proprietários e neles residam, salvo nas hipóteses expressamente
previstas nos arts. 2º e 3º, I a VII.
Exceção à Impenhorabilidade do bem de família
(Lei n. 8009 de 1990)
Excluem-se da impenhorabilidade:
i. os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos;
ii. do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em
função do respectivo contrato;
iii. o credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do
seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal,
observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;
iv. a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas
em função do imóvel familiar;
v. a execução de hipoteca;
vi. se adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens;
vii. por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Extinção do bem de família
Dá-se a extinção do bem de família com a morte de
ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que
não sujeitos a curatela” (art. 1.722, CC).
Jurisprudência
IMPENHORABILIDADE DE IMÓVEL DESOCUPADO CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. IMÓVEL
DESOCUPADO. AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES DE MORADIA. FATO DE TERCEIRO. Não pode ser
objeto de penhora o único bem imóvel do devedor que não é destinado à sua residência ou
mesmo à locação em face de circunstância alheia à sua vontade, tais como a impossibilidade
de moradia em razão de falta de serviço estatal. Recurso especial provido. (REsp 825.660/SP,
Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe
14/12/2009).

CONSTITUCIONALIDADE DA PENHORA DO BEM DE FAMÍLIA DO FIADOR. RATIFICAÇÃO DA


JURISPRUDÊNCIA FIRMADA POR ESTA SUPREMA CORTE. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
(RE 612360 RG, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, julgado em 13/08/2010, DJe-164 DIVULG 02-
09- 2010 PUBLIC 03-09-2010 EMENT VOL-02413-05 PP-00981 LEXSTF v. 32, n. 381, 2010, p.
294- 300).

O STJ já decidiu que são impenhoráveis televisores, máquinas de lavar, micro-ondas, aparelhos
de som e de ar-condicionado, computadores e impressoras, entre outros, com exceção apenas
de veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos. (Rcl 4374).
Módulo – D

Item – 4.5

Momento – Peer to peer

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