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INTRODUÇÃO
Direito Civil
O QUE É
DIREITO
CIVIL?
Direito civil é o direito comum. Trata de
disciplinar as relações jurídicas entre
particulares.
HISTORICIDADE
■ Direito Romano: Ius Publicum/Ius Privatum (Ulpiano) - Ius Civile/Ius
Gentium/Ius Naturale (Gaio)
• A noção de direito civil como direito privado remonta as direito romano. Na
Idade Média, o direito civil identificou-se com o direito romano contido no
Corpus Iuris Civilis, concorrendo com o direito germânico e o direito
canônico.
• Na época colonial brasileira vigorava as Ordenações Filipinas. Junto com a
Independência do Brasil veio a Lei de 20 de outubro de 1823, elaborada pela
Assembleia Constituinte que declarava no art. 1º que, enquanto não se
organizasse um novo código, continuavam em vigor as ordenações e as leis de
Portugal.
• A Constituição de 1824, art. 179, 18, referiu-se à organização de um Código
Civil, “fundado nas sólidas bases da justiça e equidade”.
• O Ministro da Justiça Nabuco de Araújo convidou o mais notável jurista do
país, Augusto Teixeira de Freitas, para elaborar a Consolidação das Leis
Civis, que ficou pronta em 1858.
HISTORICIDADE
• Princípio da eticidade – fundamenta-se na dignidade da pessoa humana (em consonância com a Constituição
Federal). Prioriza a valorização da ética, da boa-fé, da honestidade, ao longo de todo Código Civil.
NÃO CONFUNDIR: Boa-fé objetiva (dever de lealdade e confiança) X Boa-fé subjetiva (inocência)
■ CC, Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração.
■ CC, art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios da probidade e da boa-fé.
■ E na fase pré e pós contratual?
■ Enunciado 170 – Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações
preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. (III
Jornada de Direito Civil do CJF)
■ STJ, Resp. 1.149.998 – 05 dias e a retirada da negativação do nome.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CÓDIGO
CIVIL DE 2002
(Miguel Reale)
■ A eficácia horizontal dos direitos fundamentais “(...) nada mais é do que o reconhecimento da existência
e aplicação dos direitos que protegem a pessoa nas relações entre particulares” (Flávio Tartuce, 2023, p.
97).
■ A doutrina do Direito civil-constitucional coloca o homem no centro do ordenamento jurídico (Princípio
da dignidade da pessoa humana). “(...) na esfera privada ocorrem situações de desigualdade geradas pelo
exercício de um maior ou menor poder social, razão pela qual não podem ser toleradas discriminações
ou agressões à liberdade individual que atentem contra o conteúdo em dignidade da pessoa humana dos
direitos fundamentais, zelando-se, de qualquer modo, pelo equilíbrio entre estes valores e os princípios
da autonomia privada e da liberdade negocial e geral, que, por sua vez, não podem ser completamente
destruídos” (Sarlet, 2021, p. 385).
Ex. Direito de propriedade art. 1.228, CC/função socioambiental da propriedade, art. 225, CF; Filiação
art. 1.596, CC. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação (art. 227, § 6º, CF).
DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL
■ LEADING CASE - RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 201.819-8/RJ
EMENTA: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO
DE SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO DESPROVIDO.
I. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não
ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e
jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os
poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados.
II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES. A ordem
jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas
leis e, em especial, dos postulados que têm por fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, notadamente em
tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações
não está imune à incidência dos princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A
autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos
direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere
aos particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela
própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em
tema de liberdades fundamentais. [...]
DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL
■ Ensina Carlos Roberto Gonçalves que é a “teoria da aplicação direta dos direitos fundamentais às
relações privadas, especialmente em face de atividades privadas que tenham certo “caráter
público”, por exemplo, matrículas em escolas, clubes associativos, relações de trabalho etc.”
Ex. De acordo com o STF, “Ao recorrente, por não ser francês, não obstante trabalhar para a empresa
francesa, no Brasil, não foi aplicado o Estatuto Pessoal da Empresa, que concede vantagens aos
empregados, cuja aplicabilidade seria restrita ao empregado de nacionalidade francesa. Ofensa ao
princípio da igualdade: C.F., 1967, art. 153, § 1º; C.F., 1988, art. 5°, caput). II – A discriminação
que se baseia em atributo, qualidade, nota intrínseca ou extrínseca do indivíduo, como o sexo, a raça, a
nacionalidade, o credo religioso, etc., é inconstitucional.” (STF - RE 161.243/DF).
Questão
Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: FAPEMS - 2017 - PC-MS - Delegado de Polícia
Sobre a eficácia dos direitos fundamentais, analise as afirmativas a seguir.
I- A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares contra o arbítrio do
Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os poderes estatais.
II- A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na
constitucionalização do direito privado a sua gênese.
III- A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas hipóteses em que se
configuram desigualdades fáticas.
Está correto o que se afirma em:
a. III, apenas.
b. I e III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. I, lI e III.
Questão:
Ano: 2022 Banca: IBFC Órgão: Prefeitura de Dourados - MS Prova: IBFC - 2022 - Prefeitura de
Dourados - MS - Procurador Municipal
De acordo com o idealizador do Código Civil de 2002, Miguel Reale, a atual codificação civilista está
baseada em três princípios fundamentais. Nesse sentido, assinale a alternativa em que se faz presente
um princípio que não integra o rol de princípios fundamentais que orientam o diploma civil de 2002.
a. Princípio da operabilidade: esse princípio tem dois sentidos. Primeiro, o de simplicidade dos
institutos jurídicos, como ocorreu com a prescrição e decadência. Segundo o de efetividade, por meio
do sistema de cláusulas gerais e conceitos indeterminados adotado pela atual codificação.
b. Princípio da inerência do risco: toda atividade humana possui inerente o risco. Mesmo a pessoa
agindo licitamente, em conformidade com lei e suas obrigações, e não tomando nenhuma decisão
incorreta e irregular, poderá advir uma situação que enseje a responsabilização civil.
c. Princípio da eticidade: a codificação atual preocupou-se precipuamente com a ética e a boa-fé,
sobretudo com a boa-fé objetiva, aquela que existe no plano da conduta de lealdade dos participantes
negociais.
d. Princípio da socialidade: o Novo Código Civil distancia-se do caráter individualista da codificação
anterior. O “nós” prevalece sobre o “eu”. Todos os institutos civis têm função social, caso do contrato
e da propriedade.