Você está na página 1de 55

Curso Online:

Cadastro Ambiental Rural (CAR)


Introdução ao Direito Civil....................................................................................2

Direito Civil Brasileiro...........................................................................................4

Ordenamento jurídico..........................................................................................9

Direito intertemporal...........................................................................................12

Vigência e revogação das normas.....................................................................15

Direito público....................................................................................................17

Direito de família e sucessões...........................................................................22

Teoria geral do negócio jurídico: pessoa jurídica..............................................30

Prescrição e decadência....................................................................................35

Lei 14.010/2020.................................................................................................37

Os direitos e obrigações de ordem privada em relação as pessoas, seus bens e


suas relações.....................................................................................................39

Referências bibliográficas..................................................................................47

1
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL

O Direito Civil é o ramo do direito privado que trata das normas que regulam os
direitos e obrigações das pessoas físicas e jurídicas nas suas relações
patrimoniais, familiares e obrigacionais. Saiba mais. A iEstudar preparou um
bom conteúdo para estudos online sobre Direito Civil. Aprenda sobre o
conjunto de normas jurídicas responsáveis por regular os direitos e obrigações
com a iEstudar.

Na OAB é uma das matérias de maior peso. Vamos estudar com a iEstudar?

É um ramo do Direito Privado que regula as relações privadas dos


cidadãos entre si.

O direito civil tutela as escolhas de vida, possibilitando o sujeito manifestar sua


vontade visando alcançar um interesse próprio. Ao manifestar sua vontade, o
sujeito exerce a denominada autonomia privada, criando normas que irão
regulamentar a sua vida. Porém, o exercício dessa autonomia, deverá respeitar
os limites estabelecidos previamente pelo Estado sob pena de sanção.

Ao estudar-se o direito civil, se adotarmos uma postura crítica, ajudará em


muito no entendimento da matéria. Inclusive, com o tempo, seremos capazes
de adotar um perfil crítico em relação ao papel do Estado.

O direito civil busca dar ao sujeitos “espaço” para que se possa dentro "desse
espaço" fazer escolhas.

Sujeitos são aqueles que manifestam sua vontade. A vontade recai sobre um
objeto. Quando 2 ou mais sujeitos manifestam a sua vontade , surge a relação
jurídica. A relação jurídica é o elo entro os sujeitos.

2
Por direitos civis pode-se entender o conjunto de direitos comuns a todos os
indivíduos juridicamente capazes, no âmbito do direito privado.

O Direito Civil é uma das vertentes do Direito Privado cujo objetivo é determinar
como as pessoas devem se relacionar e agir em sociedade, como por exemplo,
o direito do nascituro, o casamento, a sucessão familiar por meio da herança e
do legado, entre outros aspectos legais comuns as relações de uma sociedade
civilizada.

Essa vertente do Direito se caracteriza como o ramo que regula as relações


jurídicas entre particulares, como as relações patrimoniais e as relações entre
familiares. Sua diferença em relação ao Direito Público, é que este trata dos
interesses coletivos, ou seja, é a estrutura político-administrativa que prima
pela ordem e o interesse público.

O Direito Civil é o único ramo do Direito que abrange toda a vida civil do
indivíduo, desde o seu nascimento até a sua morte. Com essa área do direito,
os membros de uma comunidade conseguem, por exemplo, estabelecer trocas
de serviços e produtos, garantindo segurança perante o Estado, no retorno do
acordado em contrato. Em sua amplitude, o Direito Civil é responsável por
várias esferas da sociedade nos mais diversos sentidos, como: Direito do
Consumidor, Direito de Família, Direitos Reais, Responsabilidade Civil, Teoria
Geral dos Contratos e Direito Civil Constitucional.

Dos princípios que norteiam o Direito civil, existem três principais que surgiram
com a edição do Código de 2002, assim é possível destacar: princípio da Ética,
da Socialidade e da Operabilidade.

Princípios básicos:

 Direito do Cidadão (Princípio da personalidade)


 Autonomia da vontade
 Direito Individual
 Solidariedade social

3
DIREITO CIVIL BRASILEIRO

O Brasil passou a adotar um Código Civil apenas em 1916, com a publicação


da Lei n° 3.071 do mesmo ano. O atual Código Civil brasileiro (Lei 10.406 de 10
de janeiro de 2002) encontra-se em vigor desde 11 ou 12 de
janeiro de 2003, após o cumprimento de sua vacatio legis de um ano.

A história do direito brasileiro acrescida com elementos locais, que confunde


com a história do Direito português que participa da herança dos direitos
romano, germânico e canônico. Com a independência do Brasil, o governo
imperial promulgou uma lei que mantinha em vigor no território brasileiro
as Ordenações Filipinas e toda a legislação portuguesa anterior, que possuía
falhas e contradições. A constituição determinou que se organizasse o quanto
antes um código civil, pois se fazia necessário a modernização, então uma
infinidade de leis, assentos, alvarás, resoluções e regulamentos foram editados
para completar ou modificar as Compilações. Uma vez independente, o Direito
também tinha que tomar rumo próprio, de acordo com as necessidades de seu
povo.

"Quanto melhores e mais avançadas as leis, melhor e mais avançada a


sociedade. Um passo adiante no caminho do progresso". O interesse
despertado pelo código napoleônico e pela teoria da codificação influenciavam
os juristas brasileiros, e a criação das duas primeiras escolas de Direito do País
e a crescente produção legislativa nacional, em substituição à legislação
portuguesa manteve uma continua emancipação jurídica.

Antes da codificação, foi confiado ao jurista Augusto Teixeira de Freitas a


consolidação do direito vigente, em seguida é incumbido de elaborar o código
civil para o Império. Divulgando seu trabalho, ainda incompleto e o nomeando
de esboço, demonstrando a compreensão da importância da obra e da
necessidade da ampla discussão. Desgostoso pela demora dos trabalhos da
comissão formada para analisar o projeto e pelo desprezo silencioso que sua
obra recebeu, Freitas suspende a execução do contrato. Mas é evidente a
influência que sua obra exerceu nos códigos sul-americanos.

As várias tentativas de tantos brasileiros inspiram os outros, mostrando uma


solidariedade histórica, uma longa trajetória de insucessos e tentativas.

4
A escolha de Clóvis Beviláqua para a elaboração do código civil recebeu
inúmeras criticas já que o país tinha juristas mais experientes e de maior
prestígio. Contudo ele não se intimidou, após inúmeras modificações realizadas
pela comissão, foi concluído seu trabalho e aprovado na Câmara, muito mais
tarde devido a oposição de Rui Barbosa.

Características do Código Civil de 1916: Tinha apenas 1 807 artigos, curtos e


com poucos parágrafos. Vacatio legis de um ano e revogação das ordenações
até então vigentes. Original e nacional são suas principais características. Sua
forma literal merece elogios e sua maior preocupação é com a correção da
linguagem e dos conceitos do que com a efetiva aplicação prática dos
preceitos. O Código se mostra conservador, especialmente nas regras sobre a
família, há uma completa rejeição de aspectos sociais em seu conteúdo e seus
preceitos foram redigidos com excesso de abstração. Tentativas de reforma
pelo surgimento do Estado social.

O Código Civil é a expressão maior do direito privado no Brasil, é a lei que mais
perto convive com o cidadão. Conquanto não seja revolucionário, caracteriza-
se metodologicamente pela aderência aos problemas da sociedade brasileira,
pela unidade sistemática determinada pela parte geral, unificação linguística e
unidade valorativa, pelo sentido de "concreção" de que as normas se revestem,
atendendo e buscando aliar os ensinamentos da doutrina e da jurisprudência
ao direito vivido pelas diversas categorias profissionais. Não são justas as
críticas feitas quanto à suposta improvisação e elaboração às ocultas do
Código, pois ele teve ampla divulgação para o recebimento de críticas e
sugestões, e representa o resultado de esforço comum - inclusive dos que o
criticaram construtivamente.

Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002

Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas


a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida


civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

5
Art. 9 o Serão registrados em registro público:

I - os nascimentos, casamentos e óbitos;

II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;

III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;

IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de


direito privado.

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito


público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que
couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados


estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional
público.

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente


responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a
terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se
houver, por parte destes, culpa ou dolo.

6
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

IV - não revestir a forma prescrita em lei;

V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;

VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar


sanção.

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se


dissimulou, se válido for na substância e na forma.

§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às


quais realmente se conferem, ou transmitem;

II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;

III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

§ 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes


do negócio jurídico simulado.

Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por
qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.

Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando


conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não
lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.

7
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito


reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de


remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites
do indispensável para a remoção do perigo.

Código civil é o diploma legal que agrupa de forma sistemática as normas


concernentes às relações jurídicas de ordem privada.

É fruto de uma preocupação com a segurança e a precisão no entendimento do


direito que marcaram os séculos XVIII e XIX, caracterizada ainda pela
neutralização política do Poder Judiciário e a consequente canalização do
direito para o endereço legislativo, culminando com o fenômeno da positivação,
onde aquele passou a ser visto unicamente como "norma posta" (lei escrita), o
que de outro lado aguçou consciência de seus limites, em especial os
temporais, institucionalizando a mutabilidade do direito, já que, sendo lei
escrita, pode o direito mudar quando se altera a legislação, o que teve
importantes consequências para o saber jurídico.

8
ORDENAMENTO JURÍDICO

Ordenamento jurídico é como se chama à disposição hierárquica das normas


jurídicas (regras e princípios), dentro de um sistema normativo. Por este
sistema, pode-se compreender que cada dispositivo normativo possui uma
norma da qual deriva e à qual está subordinada, cumprindo à Constituição o
papel de preponderância.

A complexidade de um ordenamento jurídico deriva da necessidade de vários


tipos de normas jurídicas e, nesse sentido, em alguma medida é possível
sustentar esse conjunto de normas como um ordenamento a partir de sua
unidade ou coesão.

Para fundar o ordenamento normativo é necessária a uma norma origem e


fundamental. Para entender a norma origem e fundamental é possível verificar
uma série de argumentos: pressuposta, de reconhecimento e posta.

Além da unidade do ordenamento jurídico, importa discutir uma relação de


coerência entre as normas jurídicas. Nesse sentido, importante evitar situações
de contradições no ordenamento jurídico.

O termo que designa tais contradições é a antinomia. É possível encontrar três


casos possíveis de antinomias:

 Entre uma norma que ordena fazer algo e uma norma que proíbe fazê-
lo,
 Entre uma norma que ordena fazer e uma que permite não fazer,
 Entre uma norma que proíbe fazer e uma que permite fazer.

Essas situações podem se revelar em dois tipos de antinomias:

Antinomias aparentes: as antinomias aparentes ocorrem quando as normas


conflitantes aplicam-se em âmbitos diferentes. Todavia, trata-se de antinomias
que podem ser harmonizadas.

9
Antinomias reais: as antinomias reais ocorrem quando constata que os
legisladores manifestam duas vontades contraditórias a respeito do mesmo
assunto.

Critérios de solução de antinomias reais:

Critério da superioridade (ou hierárquico): as normas jurídicas constituem um


sistema porque são hierarquizadas, existindo entre elas relações de
superioridade e inferioridade. É o brocardo: lex superior derogat legi inferiori (a
norma superior revoga a inferior).

Critério da posterioridade (ou cronológico): quando as normas jurídicas


conflitantes possuem a mesma força jurídica, mas foram promulgadas em
tempos diferentes, prevalece a norma mais nova. É o brocardo: lex posterior
derogat legi.

Critério da especialidade: normas do mesmo escalão da pirâmide jurídica


prevalece a norma especifica, isto é, aquela que regulamenta de forma
particular determinados casos. É o brocardo: lex specialis derogat legi generali.

Ainda é possível, verificar situações onde as normas são contemporâneas, do


mesmo nível e gerais. A solução nesses casos é confiada à liberdade do
intérprete tendo a possibilidade de eliminar uma ou ambas ou conservar a
população.

A ideia do Estado mundial único é a ideia-limite do universalismo jurídico


contemporâneo; é uma unidade procurada não contra o positivismo jurídico,
com retorno à ideia de um Direito natural revelado à razão, mas através do
desenvolvimento, até o limite extremo, do positivismo jurídico, isto é, até a
constituição de um direito positivo universal.

10
Quanto à natureza e suas disposições:

-Norma jurídica substantivas: São as que criam, definem direitos, deveres e


relações jurídicas. São por exemplo, as normas do Código Civil, Penal,
Comercial, Defesa do Consumidor.

-Normas jurídicas adjetivas: São as que regulam o modo e o processo, para


o acesso ao poder judiciário. São por exemplo, as normas do Código
Processual Civil.

O conjunto de normas jurídicas chama-se ordenamento. Uma norma que


pertence ao ordenamento é considerada válida e, portanto, pode ser
qualificada de jurídica; uma norma que não pertence ao ordenamento, por
outro lado, é considerada inválida e não-jurídica. Perguntar, sob o ponto de
vista do direito, se uma norma é válida, corresponde, portanto, a perguntar se
ela pertence ao ordenamento jurídico.

O ordenamento jurídico é um conjunto de alta complexidade. Isso significa,


assim, que além das regras de pertencimento, indicando quais são seus
elementos, há outras regras estruturais que estabelecem relações necessárias
entre eles. De um modo genérico, podemos afirmar que existem três grandes
grupos de regras estruturais: as regras de coesão, de coerência e de
completude.

A consistência do ordenamento jurídico é obtida pela regra geral da coerência.


Em sendo o direito um conjunto de normas que deve permitir a resolução de
controvérsias com o mínimo de perturbação social, não podem existir duas
normas que ofereçam, ao mesmo tempo, uma solução contraditória. Tal
situação criaria uma antinomia (conflito de normas) e deixaria o operador do
direito e a população em geral sem critérios para seus comportamentos.

O ordenamento jurídico, portanto, é um conjunto complexo, cujo principal


elemento é a norma válida e cuja estrutura é coesa, coerente e completa.

11
DIREITO INTERTEMPORAL

O Direito tem como característica a sua imperatividade, da qual se extrai a


ideia de que a norma jurídica, como uma proposição, enuncia um dever ser.
Inserida em determinado sistema, a norma ganha vida própria, já que ainda
que seja o produto de uma vontade – um ato de vontade, no modo como
nomeia Hans Kelsen (1998, p. 4) – a sua existência é independente e
autônoma da força que a originou.

O Direito brasileiro seguiu a orientação da maioria dos ordenamentos jurídicos


do mundo, adotando expressamente em todas as suas Constituições, salvo a
de 1937, o princípio da irretroatividade das leis. O mandamento é de que a lei
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Para a teoria geral do Direito a proteção ao direito adquirido – utilizada aqui


como gênero para englobar as espécies direito adquirido (stricto sensu), ato
jurídico perfeito e coisa julgada – como orientação do sistema é de suma
importância, pois expõe a filiação do ordenamento jurídico brasileiro à teoria
subjetivista. Para o Direito pátrio, portanto, encarar o conflito das leis no tempo
é fazê-lo em face dos direitos subjetivos individuais.

A exceção da Constituição de 1937 mostra que nem sempre foi assim. No


período de sua vigência, foi editado o Decreto-lei nº 4.657 de 1942, conhecido
à época como Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, que em seu artigo
6º dispunha que a lei, salvo disposição expressa em contrário, não atingiria as
situações jurídicas definitivamente constituídas e a execução do ato jurídico
perfeito. Por um breve momento, até o retorno para a tradicional orientação
subjetivista pela Constituição de 1946 e pela Lei nº 3.238 de 1957, o
ordenamento jurídico brasileiro adotou a posição objetivista.

Há escassa atenção dada aos fundamentos do Direito Intertemporal, no


criticável e inadequado entendimento de que se tratam ambas as teorias
subjetivistas e objetivistas de correntes que partem de premissas diferentes,
mas que chegam aos mesmos resultados. Dessa maneira, no momento em
que o artigo 14 do Novo Código de Processo Civil fala de “situações jurídicas
consolidadas”, deve-se entender como um “direito (processual) adquirido”, já
praticado e estabilizado sob a vigência da norma revogada.

12
Direito Intertemporal

Direito que procura resolver o conceito das leis no tempo, conciliando a


aplicação de lei nova com a anterior.

É importante avaliar se as decisões atuais relacionadas a processos ajuizados


antes da vigência da nova Lei são ou não alcançadas pela reforma trabalhista,
no que toca ao direito processual, requisitos recursais, transcendência no
Tribunal Superior do Trabalho, condenação em honorários advocatícios, etc.

Todos esses temas merecem, segundo apontou, uma reflexão crítica, unindo
as duas pontas da doutrina dogmática e da filosofia do Direito.

Por facta praeterita, entendem-se todos os fatos que ocorreram antes do


advento da nova lei (fatos consumados) e cujos efeitos já foram inteiramente
regulados pela lei anterior, aplicando-se, por isso, o direito vigente à época de
sua constituição.

Os facta pendentia (fatos pendentes) são aqueles cujos efeitos se projetam no


tempo, regulando-se os efeitos anteriores ao advento da lei pela lei vigente ao
tempo em que os mesmos fatos se constituíram e os posteriores pela lei nova.

Finalmente, os facta futura (fatos futuros) dizem respeito a situações cuja


constituição e efeitos foram produzidos pela lei nova. O palestrante destacou
que a lei nova, apenas e tão somente para o professor Roubier, era aplicada a
situações futuras.

Conforme pontuou o magistrado, essa posição teórica influenciou a redação


originária da nossa Lei de Introdução ao Código Civil, bem como influenciou as
primeiras decisões do STF a respeito do tema.

No caso da intertemporalidade processual, o magistrado salienta que não se


pode deixar de observar, nos termos do artigo 15 do CPC, combinado com o
artigo 769 da CLT, o Código de Processo Civil de 2015, que tem uma
minuciosa regulação do tema.

Conforme ensinou o palestrante, as teorias clássicas da intertemporalidade


processual podem ser resumidas em três sistemas:

13
1) Sistema da Unidade Processual;

2) Sistema das Fases Processuais;

3) Sistema do Isolamento dos Atos Processuais.

De acordo com o primeiro sistema (unidade processual), o processo é um todo


direcionado para um único fim: a sentença sobre o mérito. Dessa forma, como
expôs o magistrado, a lei nova alcança o processo nesse estado e passa a
disciplinar as suas fases, tornando ineficazes todos os atos praticados na
vigência da lei antiga.

Com relação ao segundo sistema (fases processuais), o processo é uma soma


de fases autônomas: postulatória; probatória; decisória e recursal. Cada uma
dessas fases é formada por um conjunto inseparável de atos que, ao fim,
formarão o processo como instrumento da jurisdição.

O Brasil possui um sistema peculiar de direito intertemporal, segundo o qual


em regra, a lei nova atua com efeito imediato, atingindo os fatos presentes,
futuros e pendentes; todavia pode o Legislador conferir efeito retroativo à lei
nova, dispondo que os efeitos desta atinjam fatos passados; seja qual for o
efeito da lei nova, o Juiz deverá garantir que esta não atinja o direito adquirido,
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, conferindo ultratividade aos efeitos da
lei revogada. Diferentemente do que se dá com sistemas estrangeiros, no
Brasil o princípio da irretroatividade limita todos os possíveis efeitos da lei nova,
e não somente o retroativo.

Para verificar se existe uma destas três figuras, deverá analisar se o direito
integra o patrimônio do titular (direito adquirido), se o fato já produziu todos os
seus efeitos (ato jurídico perfeito) ou se a decisão de mérito não comporta mais
recursos (coisa julgada). Auxiliam nesta tarefa, por interpretação contrario
sensu, as noções de expectativa de direito e de faculdade jurídica.

A Lei 13.105, de 16 de março de 2015, aprovou o novo Código de Processo


Civil brasileiro, revogando o anterior, então em vigência desde 1973. O CPC-
2015 já está em vigor e vem sendo aplicado. É sabido que uma lei nova não
pode ser aplicada retroativamente, tampouco pode atingir ou prejudicar ato
jurídico perfeito, direito adquirido ou coisa julgada. É antiga a regra segundo a
qual a nova lei processual tem aplicação imediata, mas não se deve confundir
aplicação imediata com aplicação retroativa. O novo Código não poderá ser
aplicado aos processos findos, nem repercutirá nos atos já realizados e
consumados. Terá aplicação aos processos futuros e aos atos processuais que
ainda não foram praticados.

14
VIGÊNCIA E REVOGAÇÃO DAS NORMAS

A norma jurídica normalmente tem caráter permanente, só perdendo sua


vigência quando é revogada. Mas há normas cujo fim é predeterminado, tendo,
então, vigência temporária.

O término da norma jurídica temporariamente vigente ocorre quando seu


próprio texto dispõe a data de seu fim. Por ex.: leis de incentivos fiscais que
vigoram por certo período de anos, ou por um exercício, etc.

Também, quando a lei é posta em vigor e sua vigência está subordinada a um


fato ou situação jurídica, como ao estado de guerra, de sítio, de calamidade
pública, etc.

As Medidas Provisórias baixadas pelo Presidente da República


(Art. 62 da CF/88), perdem a sua vigência se no prazo de 30 dias, contados a
partir de sua publicação oficial, não for transformada em lei. Se, nesse período
não for transformada em lei, caberá ao Congresso Nacional disciplinar as
relações jurídicas ocorridas durante o período em que ela vigorou. Outra forma
de término de vigência da norma jurídica é a revogação. (Art. 2º da LINDB)

Revogar significa tirar de vigor uma norma jurídica, mediante a colocação em


vigor de outra mais nova. Há normas jurídicas que não podem ser revogadas,
conforme a CF, mas a regra é que as normas podem ser revogadas, isto é,
podem deixar de ter vigência quando substituídas por outras.

Uma norma deixa de ser jurídica quando perde sua validade, ou seja, não mais
pertence ao ordenamento. Em tese, a perda de validade pode ocorrer de duas
formas: 1. revogação, ou seja, uma nova norma retira a validade de norma
anterior; 2. ineficácia, ou seja, uma norma que durante certo período de tempo
não é aplicada pelo Estado e respeitada pela população deixa de ser
considerada válida.

A maioria dos sistemas jurídicos de origem romana opta pela primeira das
possibilidades, reservando a segunda a situações excepcionais. No Brasil, o
art. 2º da LINDB estabelece a regra da revogação, afirmando que uma lei terá
vigência (e será válida) até que outra a modifique ou revogue.

15
Para não haver dúvidas, o parágrafo 1º especifica que a lei posterior revoga a
lei anterior “quando expressamente o declare”, por incompatibilidade ou
“quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.

A primeira revogação é chamada de expressa, pois depende de determinação


literal da nova lei. Podemos apresentar o exemplo do novo Código Civil, que
traz uma cláusula de revogação em seu penúltimo artigo: “Art. 2.045.
Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte
Primeira do Código Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de 1850″.

Quanto à abrangência da revogação, ela pode ser total ou parcial. Ocorre


revogação total, também chamada ab-rogação, quando uma lei, por exemplo,
revoga integralmente outra, não preservando a validade de qualquer artigo da
mesma. A revogação parcial, ou derrogação, ocorre quando nova lei revoga
apenas alguns artigos da lei antiga, preservando-se a validade dos demais.

Uma lei A, pois, possui dez artigos. Haverá ab-rogação se uma lei B revogar
todos esses artigos; se um ou alguns deles não for revogado, terá ocorrido a
derrogação.

O ordenamento jurídico brasileiro é pautado nos ideais de um Estado


Democrático de Direito, que busca a proteção à dignidade humana em seus
diversos aspectos. Os direitos básicos ao homem são assegurados pelos
princípios instituídos na carta constitucional, compreendida como a raiz de todo
o Direito nacional, pela qual os mais variados ramos da experiência jurídica se
baseiam.

O antigo Código Civil, elaborado pelo jurista Clóvis Beviláqua, fora baseado no
Código Civil francês e seguia os ideais propagados entre o final do século XIX
e o início do século XX, período de forte apego ao individualismo em relação ao
direito de propriedade, em detrimento da integridade humana. Com bases
conservadoras – principalmente ao que diz respeito à família –e de caráter
puramente patrimonialista, o Código de 1916 era dividido em artigos breves e
de profunda abstração, dotados de clareza e técnica jurídica.Sua Lei de
Introdução foi substituída pelo Decreto-lei n° 4657/1942, consagrando a Lei de
Introdução ao Código Civil, modificada pela Lei n° 12376 de 2010, que resultou
na atual Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, da qual trataremos
posteriormente.

16
DIREITO PÚBLICO

O direito público se refere ao conjunto das normas jurídicas de natureza


pública, compreendendo tanto o conjunto de normas jurídicas que regulam a
relação entre o particular e o Estado, como o conjunto de normas jurídicas que
regulam as atividades, as funções e organizações de poderes do Estado e dos
seus servidores.

A divisão entre direito público e direito privado decorre de uma necessidade do


estudo do direito, sobretudo em relação ao conteúdo da norma jurídica.

Para o fim de analisar e caracterizar a divisão entre direito público e direito


privado, importa estabelecer uma série de critérios objetivos para compreender
a relação jurídica em questão. Destacam-se os seguintes critérios:

Quanto ao conteúdo da relação jurídica: importa para esse critério verificar qual
é o interesse predominante na relação jurídica. De maneira geral, se o
interesse tutelado se referir ao particular o domínio será do direito privado, ou
caso seja o interesse público será pertencente ao domínio do direito público;

Quanto ao tipo da relação jurídica: será considerada uma relação jurídica de


direito privado quando ocorre uma relação de coordenação dos sujeitos, isto é,
quando as partes se encontram em situação de igualdade. Caso contrário,
caso seja uma relação de imposição, na qual uma das partes pode sujeitar a
outra a sua vontade, será pertencente ao direito público;

Quanto à forma da relação jurídica: de maneira geral, a norma que apresenta


um caráter imperativo (ius cogens) e, portanto, obrigatória para todos deverá
pertencer ao domínio do direito público. Ao contrário, caso prevaleça a
autonomia da vontade e dos interesses dos particulares será o domínio do
direito privado.

17
A dicotomia entre direito público e direito privado tornou-se um lugar comum ao
estudo do direito, não conferindo bases sólidas e rigorosas para uma
orientação.

As principais críticas da divisão são:

A divisão entre direito público e direito privado como um conceito abrangente:


essa crítica indica a falta de precisão ao distinguir o direito em dois grandes
ramos e, ao mesmo tempo, sustenta a necessidade de uma melhor
classificação dos ramos dogmáticos capazes de se ajustar às suas finalidades
próprias;

A inexistência da divisão entre direito público e direito privado: essa crítica se


baseia na ideia dos direitos metaindividuais, sobretudo tendo em vista a
necessidade de especificar os direitos de uma dada coletividade. A
compreensão é que a distinção entre interesses públicos de privados, que em
certa época era o suficiente para expressar toda a gama de interesses da
coletividade, acabou por se tornar insuficiente para abranger o espectro de
interesses que a sociedade moderna manifestava;

A divisão do direito público e direito privado como simplificação do direito como


fenômeno jurídico complexo: essa crítica se fundamenta na simplificação da
divisão a partir dos manuais de direito (ou apostilas de cursos preparatórios
para ingresso em carreiras públicas). O fato é que nesses materiais de estudo,
são apresentados aos estudiosos simplificações de um de um fenômeno
complexo como o direito, eliminando as importantes porosidades e a real
dinâmica e prática do direito.

A grande maioria das críticas apresentadas se fundamentam a partir da


insuficiência de critérios claros para justificar a divisão entre direito público e
direito privado.

Destacam-se as seguintes críticas aos critérios apresentados:

Crítica do critério quanto ao conteúdo da relação jurídica: distinguir a relação a


partir do interesse predominante é insatisfatório já que existem inúmeros
interesses particulares albergados pela Constituição Federal e integrantes no
domínio do direito público (p. ex., proteção dos direitos fundamentais);

Crítica do critério quanto ao tipo da relação jurídica: a dificuldade desse critério


resulta na analise da sujeição das partes, isto porque em muitos casos no
direito privado há imposição de obrigações às partes (p. ex, contrato de
adesão);

18
Crítica do critério quanto à forma da relação jurídica: Em muitas normas de
direito privado possuem o caráter imperativo e em outras normas de direito
público possuem certo respeito e atenção à autonomia da vontade.

O direito público, mais que um ramo autônomo, é um conjunto de sub-ramos


com especificidades próprias. É possível distinguir os ramos da seguinte
maneira:

 Direito público externo (ou direito internacional);


 Direito internacional público;
 Direito internacional privado;
 Direito público interno;
 Direito constitucional;
 Direito administrativo;
 Direito processual;
 Direito penal;
 Direito financeiro e tributário.

Direito do Estado é expressão utilizada no Brasil como sinônima de direito


público.

Entretanto, "Direito Público" é um conceito que adquire normalmente uma


conotação mais ampla, utilizado para denominar todos os ramos jurídicos em
que o Estado atua como uma parte da relação jurídica, como no caso do direito
penal ou do direito econômico. Já o conceito de "Direito do Estado" possui uma
conotação mais restrita, abrangendo os setores que são relacionados ao
funcionamento e organização do poder público, como o direito constitucional,
o direito administrativo, o direito tributário e o direito financeiro. Cumpre
ressaltar que, com a constitucionalização do ordenamento jurídico, a divisão
entre direito público e direito privado está perdendo força, pois o Estado passou
a ter uma participação maior em todos os ramos jurídicos, podendo-se afirmar
que todo o Direito interno fundamenta-se na Constituição no modelo atual,
logo, que "todo Direito é Público".

Para alguns, Direito do Estado é uma etapa superior do direito público, fixada
em instituições permanentes, ao contrário do direito público governativo,
vinculado a grupos políticos determinados ou a orientações políticas
contingentes, denotando assim um "direito da cidadania". Essa segunda
conotação pode ser definida nos seguintes termos:

"O direito público brasileiro tem conhecido transformações importantes. É


percebido cada vez menos como o direito especial do poder (direito do

19
Governo) e cada vez mais como o direito garantidor da cidadania (direito do
Estado). As normas que o condensam reclamam crescente participação
popular em sua produção e vigorosa submissão a critérios materiais de
legitimação, como o respeito aos direitos fundamentais e aos valores da
democracia, da igualdade e da segurança jurídica" (Paulo Modesto).

É possível identificar alguns princípios que ordenam o direito público:

O princípio da autoridade pública diz respeito à atuação do Estado para


resguardar e executar a vontade geral, isto é, o interesse público. Destacam-se
dois meios para efetivá-los, primeiro pelo ato unilateral de cumprimento da
conduta (normas, sentença ou ato administrativo) ou através da atribuição de
direitos. Trata-se de uma relação vertical entre particular e Estado, onde este
usa um instrumento previsto no Estado de Direito para atingir um consenso
comum do povo;

O princípio da submissão do Estado à ordem jurídica corresponde ao


mecanismo do Estado de Direito, onde o agente público cumpre um dever
previsto pelo Direito e não um ato volitivo. Por isso quando o Estado
desempenha as atividades legislativas, administrativas e jurisdicionais deve
sempre e obrigatoriamente observar a lei;

O princípio da função é o poder de agir, cujo exercício constitui um verdadeiro


dever jurídico, que só se legitima quando atinge uma finalidade, anteriormente
prevista. Desta forma tal principio implica num dever e não numa faculdade de
direito, sempre atento a boa-fé, a moralidade, a razoabilidade, e a
proporcionalidade;

O princípio do devido processo é a sucessão de atos e fatos encadeados


ordenadamente, visando à formação da vontade do Estado, cujos fins são
regulados juridicamente;

O princípio da publicidade decorre da razão de ser do Estado externa, visto que


este desempenha uma vontade geral em nome da sociedade como um todo,
logo não há vontade íntima estatal, exceto no caso previsto no art. 5°, inc. LX;

O princípio da responsabilidade objetiva corresponde a obrigação do Estado de


responder por seus atos lícitos ou ilícitos, conforme previsto no art. 37, § 6;

O princípio da igualdade das pessoas políticas corresponde na distribuição de


competências pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com total
igualdade e sem hierarquia.

20
Há ainda outro critério bastante conhecido: aquele que se funda na natureza
dos sujeitos. É a teoria dos sujeitos. Assim, se a relação jurídica tem o Estado
como parte, será aplicado o direito público. Em se tratando de relações entre
sujeitos privados, incidirá o direito privado. É a posição de Pimenta Bueno,
Arnaldo de Valles, Agustín Gordillo, dentre outros. José Oliveira Ascensão
critica esse critério, pois, segundo ele, o Estado e demais entes públicos
também podem atuar nos mesmos termos que qualquer outra pessoa,
“utilizando as mesmas armas que os particulares”. Aliás, pode-se acrescentar
que a doutrina de direito administrativo costuma indicar as atividades
administrativas de direito privado, isto é, tarefas realizadas pela Administração
submetidas ao direito privado. De fato, esse critério não se mostra útil. A
atuação do BNDES – ao celebrar contratos de financiamento – é fundada no
direito privado. De igual modo, quando o Estado cria empresas estatais de
intervenção no domínio econômico (ex.: Banco do Brasil, Petrobrás, dentre
outras), são inúmeros os atos jurídicos privados por elas praticados. Por isso, o
critério do sujeito não se mostra útil.

Wolff, Bachof e Stober procuram, então, sustentar outra concepção, a teoria da


imputação. Segundo os autores alemães, a distinção entre direito público e
privado reside numa diferença dos sujeitos de imputação, isto é, daqueles
sujeitos aos quais são imputados direitos e deveres subjetivos. No entanto, ao
contrário das antigas teorias dos sujeitos, isso não significa que fazem parte do
direito público as normas que disciplinam apenas o Estado ou qualquer ente
público, pois os sujeitos privados (como os concessionários de serviço público)
também podem ser titulares de poderes de autoridade. Por sua vez, os entes
públicos podem igualmente ser sujeitos de normas jurídico-privadas. Em suma,
são de direito público as normas cujo “sujeito de imputação, facultativo ou
obrigatório, é exclusivamente um titular de poder de autoridade”. Contudo,
ressaltam que essa concepção exige um complemento: o titular deverá
estar, nessa qualidade, autorizado ou obrigado a exercer esse poder. Os
juristas alemães anotam que a teoria segundo a qual são de direito público as
normas que atribuem um poder de autoridade ao sujeito é denominada de
teoria de direito especial formal. Por sua vez, quando se acrescenta que, no
exercício desse poder, o seu titular deverá atuar nesta qualidade, “enquanto
tal”, trata-se da teoria de direito especial material. A teoria da imputação
também não se mostra útil, já que, em última análise, ela acaba associando a
existência de poderes de autoridade ao direito público, ainda que exercidos por
sujeitos privados no exercício de função pública.24 Logo, ela tem as mesmas
fragilidades da teoria da subordinação.

21
DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

A atuação em Direito de Família e Sucessões abrange:

 Contratos, Reconhecimento e Dissolução de União Estável;


 Pacto antenupcial
 Organização patrimonial e consultoria quanto à escolha de Regime de
Bens;
 Procedimento legal para alteração de Regime de Bens;
 Divórcio;
 Pensão Alimentícia (fixação, revisão, exoneração e execução);
 Partilha de Bens;
 Guarda, Regulamentação de Visitas e demais questões relacionadas ao
exercício da guarda e do poder familiar;
 Combate à Alienação Parental;
 Tutela e curatela;
 Adoção;
 Inventário judicial e extrajudicial;
 Elaboração de Testamentos;
 Doações.

Direito de família é o ramo do Direito Civil que trata das relações familiares e
das obrigações e direitos decorrentes dessas relações, tem como conteúdo os
estudos do casamento, união estável, relações de parentesco, filiação,
alimentos, bem de família, tutela, curatela e guarda.

Dentro do Direito de Família, encontramos o Casamento, que é a união


voluntária entre duas pessoas, formalizada nos termos da Lei, com o objetivo
de manter uma plena comunhão de vida.

A matéria está regulada no Código Civil Brasileiro de 10 de Janeiro de 2002,


nos artigos 1.511 a 1.783 (Livro IV - Do direito da família) e de 1.784 a 2.046
(Livro V - Do direito das sucessões).

22
Atualmente no Brasil experimenta-se uma quebra de paradigmas frente ao
conceito de família, sua constituição e manutenção. Existe na sociedade
moderna uma infinidade de arranjos familiares que podem ser considerados
como família, havendo, portanto, uma pluralidade de percepções acerca deste
instituto de Direito Civil.

Percebe-se que tais arranjos não mais decorrem apenas do matrimônio,


surgindo novas formas de união, predominantemente informais, instituídas
notadamente através de vínculos meramente afetivos.

A união estável, entre pessoas do mesmo sexo ou não, famílias


monoparentais, adoções e a comprovação de paternidade via testes de DNA
atestam que as mais diversas formas de relação familiar tornam a vinculação
afetiva mais importante na abrangência e nas novas definições do conceito de
família. Assim, diante dessa nova maneira de enxergar a família no Brasil,
novos conceitos e novos arranjos familiares vêm surgindo no mundo jurídico, o
que demanda a atenção da doutrina, dos tribunais e dos legisladores para a
necessidade (ou não) de uma regulamentação e uma tutela estatal desses
novos núcleos familiares.

 Casamento
 União estável
 União homoafetiva
 Família monoparental
 Família eudemonista
 Família individualista
 Família subjetivada
 Família relativizada
 Família multiespécie
 Poliamor
 Família avoeira

Direito de Família é a área do direito que estabelece e regula as normas da


convivência familiar, contendo normas que abrangem organização, estrutura e
proteção da família. Também cabe ao Direito de Família tratar das relações
familiares e dos direitos e obrigações que surgem com as mesmas.

23
O ponto de partida do direito sucessório é a morte, como decorrência natural e
inevitável da existência da vida, porque ninguém é eterno e o desaparecimento
físico da pessoa humana determina a transmissão de suas relações jurídicas.
Em que pese o desenvolvimento de uma ideia metafísica ou religiosa de
transcendência da vida, para o direito sucessório, em sentido objetivo,
interessa a transmissão dos bens e obrigações de uma pessoa para depois de
sua morte.

Os filhos herdam dos pais suas qualidades genéticas e particularidades dos


laços familiares, suas características físicas, os traços e expressões dos seus
ascendentes, suas patologias, os valores morais e os caracteres psíquicos.

A família representa uma coletividade ligada por seus laços de sangue e de


afeto, sendo a célula familiar o motor mais seguro da atividade humana, e a
prova maior da estabilidade econômica. Não sendo sem outra razão a causa
pela qual o direito à herança, por razões de ordem política e econômica,
mereceu proteção constitucional como direito fundamental.

O homem durante sua existência luta para conquistar e aumentar suas


riquezas materiais, reunindo tesouros e bens que haverão de diminuir seus
esforços e sua dependência futura, servindo igualmente para estender sua
proteção, mesmo para depois de sua morte para aqueles seus familiares que
lhe são próximos e afetivos.

A sociedade é diretamente beneficiada diante do direito constitucional à


herança (CF, art. 5º, inc. XXX), pois os cidadãos são motivados ao trabalho e à
formação de riquezas e economias, que por sua vez serão repassadas aos
seus herdeiros pelo direito sucessório, garantindo o progresso econômico do
país. Não fosse desse modo, certamente desapareceria o interesse na
produção individual de qualquer riqueza, porque ninguém teria motivação para
o trabalho e para o acúmulo de riquezas que não seriam herdadas por seus
parentes mais próximos e outras pessoas de sua pessoal afeição, vertendo seu
patrimônio para a sociedade.

O Direito das Sucessões é um ramo do Direito que tem como característica a


transmissão patrimonial do falecido aos seus sucessores, seja ela legalmente
ou testamentária, onde o herdeiro assume os direitos e obrigações de seu
antigo titular, que faleceu, seja essa aquisição originaria ou derivada, onde a
morte é o principal meio para o desencadeamento da sucessão, pois os bens
se transmite instantaneamente para os herdeiros, seja através de uma posse
direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude
de direito pessoal, ou ainda há a presunção de morte ao mesmo tempo e o
herdeiro não herda e é dentro deste ramo do direito que se pretende fazer um

24
estudo histórico e conceitual, revelando assim as garantias constitucionais dos
indivíduos em relação a sucessão, bem como proteger o patrimônio e assim
ampliar a segurança jurídica que precisamos para que os bens deixados numa
eventual morte do indivíduo possa ser transmitida com todos os direitos e
garantias estas que estão claramente na Constituição Federal de 1988 em seu
para artigo 5º, incisos XXX e XXXI.

O Direito das Sucessões é o conjunto de normas que disciplinam a


transferência do patrimônio de alguém, depois de sua morte, ao herdeiro, em
virtude de lei ou testamento.

O termo sucessão de forma genérica significa o ato jurídico pelo qual uma
pessoa substitui outra em seus direitos e obrigações, podendo ser
consequência tanto de uma relação entre pessoas vivas quanto da morte de
alguém. O Direito, portanto, admite duas formas de sucessão: inter vivo(no
momento vivo) e causa mortis(no momento morte).

O direito das sucessões tem como fundamento o direito de propriedade, na


medida em que, em razão da possibilidade de perpetuar a sua fortuna, o
homem se vê incentivado a aumentá-la e a conservá-la.

No Brasil, as normas concernentes ao Direito das Sucessões estão


estabelecidas no artigo 5º da Constituição Federal, incisos XXX e XXXI, nos
artigos 1784 a 2027 do Código Civil, na Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de
2002.

No instante da morte ou no instante presumido da morte de alguém. Nasce o


direito hereditário e ocorre a substituição do falecido pelos seus sucessores
nas relações jurídicas em que o falecido figurava.

O patrimônio do de cujus adquire caráter indivisível chamando-se de espólio,


que é representado pelo inventariante.

A fórmula que regula essa transmissão é chamada droit de saisine conhecido


também como "princípio da saisine", uma ficção legal segundo a qual a morte e
a transmissão legal coincidem em termos cronológicos, presumindo a lei que o
próprio de cujus investiu seus herdeiros no domínio e na posse indireta de seu
patrimônio. O patrimônio mencionado é a herança, composta pelos bens,
direitos e obrigações do de cujus.

25
São pressupostos da sucessão:

 a morte do autor da herança (de cujus);

Morte: Art 6° CC/02. Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a


morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza
a abertura de sucessão definitiva. Morte Real e Morte presumida. · Morte
Real há cadáver. · Morte Presumida, subdivide-se em: com declaração de
ausência ou sem declaração de ausência. Art. 7o Pode ser declarada a morte
presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a
morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em
campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
da guerra.

 a vocação hereditária.

Art. 1.829 A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes;

II - aos ascendentes;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais;

Por herança se entende que seja o conjunto de bens, direitos e obrigações


deixados pelo de cujus, esta é indivisível até a sentença de partilha.

O herdeiro pode ceder uma parte do seu quinhão mas nunca um bem do
acervo sem o consentimento dos demais. O conjunto de todos os bens
deixados pelo de cujus é considerado na sua totalidade como bem imóvel para
os efeitos legais até que seja feita a partilha, assim, mesmo que o acervo
patrimonial transmitido pelo de cujus se componha totalmente de bens móveis,
para a alienação, torna-se necessária a outorga marital ou uxória.

Art. 96 CPC. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente


para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de
última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito
tenha ocorrido no estrangeiro.

26
Parágrafo único. É, porém, competente o foro:

I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;

II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio


certo e possuía bens em lugares diferentes.

Importante:

Herdeiros são aqueles que têm a expectativa de receber a herança, sucedendo


ao de cujus em seus direitos e obrigações.

Os herdeiros podem ser legítimos (indicados pela vocação hereditária)


e testamentários (indicados pelo testador no testamento).

Herdeiros Necessários:

Trata-se de herdeiros sucessivos, isto é, são todos os parentes em linha reta


(filhos netos, bisneto etc.), bem como os ascendentes e o cônjuge, não tendo
estes sido excluídos da sucessão por indignidade ou deserdação. Para estes, a
Lei certifica o direito à legítima correspondente à metade dos bens do testador.

Havendo Herdeiros Necessários, a meação é dividida em legítima e metade


disponível, que corresponde a ¼ do patrimônio do casal ou a metade da
meação do testador. Desta, o herdeiro necessário não pode ser privado, pois é
herdeiro fixado pela lei.

O patrimônio líquido do de cujus é dividido em duas metades aos quais são a


legítima, e a outra, a quota disponível. Se ao herdeiro necessário for deixado
pelo testador a parte disponível, a este também será dado o direito à legítima.

27
Herdeiros Legítimos

Os herdeiros legítimos decorrem de determinação legal e dividem-se em


herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge) e facultativos
(colaterais até 4º grau e companheiro).

Herança jacente é aquela cujos herdeiros ainda não são conhecidos, ou,
se conhecidos, renunciaram à herança, não havendo outros.

Arrecadação dos bens

Verificado o óbito, deve o juiz do domicílio do falecido fazer a arrecadação de


todos os seus bens. O juiz vai nomear um curador para administrar e conservar
os bens. Na impossibilidade do juiz não comparecer para fazer a arrecadação,
ele nomeará autoridade policial para que o faça. A autoridade responsável pela
arrecadação dos bens tem que listar os bens e depois fazer um auto de
arrecadação. Tem que ter com o policial, 2 testemunhas que assinaram com
ele o auto de arrecadação.

Apuração Judicial

O juiz pode não se dar por satisfeito com o laudo feito pelo perito, então fará
acariação entre as pessoas próximas ao falecido (vizinhos/ amigos) para
levantar dados que esclareçam sobre o patrimônio e vida pessoal. Esse ato
chama-se Auto de inquirição, arrecadação e informação. O juiz expedirá três
editais que serão afixados nos locais de costume com intervalo entre as
publicações de 30 dias, até completar 1 ano da publicação do primeiro edital. O
edital será publicado no diário oficial e algum diário de grande circulação da
comarca.

No decorrer do tempo da publicação dos editais poderá ser presente ao juiz


algum possível herdeiro, neste caso será expedido um mandado de citação. O
credor ou interessado tem até o trânsito em julgado da sentença de vacância
para se habilitar. Alienação de bens só ocorre com autorização do juiz, da
seguinte forma:

 bens móveis de difícil conservação

28
 bens semoventes somente se não forem empregados na exploração de
alguma atividade comercial do falecido ou ainda se sua conservação for
antieconômica.
 títulos e papéis de crédito podem ser vendidos quando há findado receio
da desvalorização
 bens imóveis, se estiverem em estado de ruína, não sendo conveniente
a reparação.
 objetos pessoais só podem ser vendidos depois de ser declarada a
vacância.

Não se deve fazer nenhuma venda se após a publicação o habilitando se


propuser a pagar a despesa.

A Herança Jacente passa a ser Herança Vacante quando depois de praticadas


todas as diligências, ainda não houver aparecido interessados. Isto acontece
no prazo de um ano depois de publicado o primeiro edital. (art. 1820, CC)

A herança é arrecadada jacente e permanece assim até o decurso de 1 ano e


dia, contado da publicação do edital, não havendo habilitado depois de 1 ano, o
juiz declara a herança vacante por sentença. Essa sentença gera uma
presunção de que todos os atos necessários para se achar os herdeiros foram
praticados.

Declarada a vacância, contam-se 5 anos da abertura da sucessão para que os


bens se incorporem definitivamente ao patrimônio do Município, ao do Distrito
Federal ou ao da União.

Os colaterais somente poderão se habilitar até a declaração de vacância ter


transitado em julgado.

O Município é obrigado a aplicar o dinheiro em fundações, destinadas ao


desenvolvimento do ensino universitário, sob a fiscalização do Ministério
Público.

29
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO: PESSOA JURÍDICA

A teoria acerca do Negócio Jurídico se desenvolveu no século XVIII pelos


estudiosos alemães. A adoção do termo foi criada por Nettelbladt, no ano de
1.749, entretanto, atribui-se a Savigny sua definição como “Espécie de fatos
jurídicos que não são apenas ações livres, mas em que a vontade dos sujeitos
se dirige imediatamente à constituição ou extinção de uma relação jurídica.”

Negócio Jurídico pode ser definido como um ato ou uma pluralidade de atos
que esse relacionam entre si, com finalidade negocial, praticados
espontaneamente por uma ou mais pessoas com a intenção de satisfazer seus
interesses, tendo como fim a produção de efeitos jurídicos com a finalidade a
aquisição, modificação ou extinção do direito.

O termo pessoa jurídica é utilizado na ciência jurídica para designar uma


entidade que pode ser detentora de direitos e obrigações e à qual se
atribui personalidade jurídica. No direito brasileiro, sua regulamentação
encontra grande parte do fundamento legal no Código Civil desse país, entre
outros documentos normativos. No direito português, utiliza-se mais
comumente o termo pessoa coletiva, como ocorre no respectivo Código Civil ou
na denominação do tributo português "Imposto sobre o Rendimento de
Pessoas Coletivas (IRC)".

A existência das pessoas jurídicas demorou alguns séculos para se


estabelecer e se concretizar. Originariamente, baseou-se no Direito
romano com sua nítida distinção entre os institutos de Direito público e os
de Direito privado, assim como no Direito canônico em razão das estruturas
coletivas que emanavam da Igreja. No entanto, o reconhecimento foi
oficializado em 1917 através do Código de Direito Canônico no âmbito da Igreja
Católica Apostólica Romana. Assim, ao lado da Igreja, passou-se a reconhecer
como pessoa jurídica as unidades corporativas e patrimoniais da época.

Há teorias que afirmam que a pessoa jurídica não tem existência, ou seja,
personalidade própria. São as chamadas teorias negativistas. Por outro lado,
as teorias afirmativas afirmam ao contrário, e são divididas em teorias da ficção
e teorias da realidade.

Teorias da ficção: tiveram maior influência no século XIX e são divididas em


teoria da "ficção legal" e teoria da "ficção doutrinária". A primeira foi

30
desenvolvida por Savigny e nela a pessoa jurídica é uma criação artificial da lei
e somente a pessoa natural pode ser sujeito da relação jurídica e titular de
direitos subjetivos. A teoria da "ficção doutrinária" afirma que a pessoa jurídica
não tem existência real, mas apenas intelectual; sendo assim, uma mera ficção
criada pela doutrina. Atualmente, as teorias da ficção não são aceitas, uma vez
que não explicam a existência do Estado como pessoa jurídica.

Teorias da realidade: as pessoas jurídicas são realidades vivas e não só mera


abstração, tendo existência própria como os indivíduos. Essa teoria ainda se
divide nas seguintes:

1) Teoria da realidade objetiva ou orgânica: sustenta que a pessoa jurídica é


uma realidade sociológica, que nasce por imposição das forças sociais. Seus
adeptos principais: Gierke e Zitelmann.

2) Teoria da realidade jurídica ou institucionalista: defendida por Hauriou, ela


considera as pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um
serviço e por isso são personificadas.

3) Teoria da realidade técnica: seus adeptos são, especialmente, Saleilles e


Colin e Capitant. Essa teoria considera que a personificação dos grupos sociais
é expediente de ordem técnica. A personificação é atribuída a grupos em que a
lei reconhece vontade e objetivos próprios.

Pessoas jurídicas no Brasil:

 as associações;
 as sociedades;
 as fundações.
 as organizações religiosas;
 os partidos políticos.
 as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Art. 44 do Código Civil de 2002

31
O Art. 41 do Código Civil brasileiro de 2002 elenca quais são as pessoas
jurídicas de direito público interno.

As pessoas jurídicas de direito público interno se dividem em entes de


administração direta:

 União;
 Estados;
 Distrito Federal;
 Territórios;
 Municípios.

Também se divide em entes de administração indireta, como é o caso das:

 autarquias (como o INSS)


 das demais entidades de caráter público criadas por lei, como por
exemplo as fundações públicas de direito público (fundação pública).

Sua existência legal (personalidade), ou seja, sua criação e extinção, decorre


de lei.

Os negócios jurídicos podem ser classificados por classes segundo uma série
de critérios. Em geral, considera-se:

 O número de declarantes: unilateral, bilateral e plurilateral;


 Vantagem para as partes: gratuito, oneroso, neutro e bifronte;
 Momento da produção de efeitos: inter vivos e mortis causa;
 Modo de existência: principais e acessórios;
 Formalidade: solenes e não solenes;
 Número de atos necessários: simples, complexo e coligado; e
 Modificações que pode produzir: dispositivos e obrigacionais.

Quanto ao número de declarantes, ou seja, pessoas que se relacionam


diretamente no negócio jurídico, este pode ser unilateral, bilateral ou
plurilateral.

O Código Civil de 2002, diferentemente do Código de 1916, adotou em seu


texto a teoria dualista, devido a diversas confusões que se instalaram em razão
da falta de diferenciação entre um instituto e o outro.

32
O atual código, portanto, substituiu a expressão genérica “ato jurídico” pela
expressa “negócio jurídico”, aplicando a este todos os artigos constantes do
Livro III da Parte Geral.

O tema “Negócio Jurídico” possui previsão legal no Código Civil de 2002. Os


principais artigos que tratam sobre o tema são:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada
pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes,
salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se


for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver
subordinado.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma


especial, senão quando a lei expressamente a exigir.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à


validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a
trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem
instrumento público, este é da substância do ato.

Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a
reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário
tinha conhecimento.

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o


autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas


consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os


usos do lugar de sua celebração.

33
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se
estritamente.

Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da


vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto.

Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo
quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como
condição suspensiva.

Conforme o Art. 42 do Código Civil brasileiro de 2002, sem equivalência no


Código Civil de 1916, são pessoas jurídicas de direito público externo os
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público.

São exemplos de pessoas jurídicas de direito público externo:

 governos de nações estrangeiras;


 Santa Sé;
 organismos internacionais (ONU, OEA, União
Europeia, Mercosul, UNESCO, FAO etc).

Conforme o Art. 44 do Código Civil brasileiro de 2002, são pessoas jurídicas de


direito privado: as associações, as sociedades, as fundações, as organizações
religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade
limitada. As pessoas jurídicas de direito privado são instituídas por iniciativa de
particulares.

As pessoas jurídicas de direito privado dividem-se em duas categorias: de um


lado, as estatais; de outro, as particulares. Para essa classificação interessa a
origem dos recursos empregados na constituição da pessoa, posto que são
estatais aquelas para cujo capital houve contribuição do Poder Público
(sociedades de economia mista, empresas públicas) e particulares as
constituídas apenas com recursos particulares.

34
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Prescrição e decadência são institutos de direito material, positivados entre os


artigos 189 a 211 do Código Civil de 2002.

Prescrição é a extinção da pretensão à prestação devida em função de um


descumprimento.

Decadência é a perda efetiva de um direito que não foi não requerido no prazo
legal.

No Código Civil de 2002, os temas são tratados principalmente nos artigos 189
a 206 (prescrição) até os artigos 207 a 211 (decadência). São estabelecidos
conceitos, causas que impedem, suspendem ou interrompem a aplicação dos
institutos, e ainda alguns exemplos de prazo máximo antes da perda da
pretensão do titular do direito.

“A prescrição é a extinção da pretensão à prestação devida – direito esse que


continua existindo na relação jurídica de direito material – em função de um
descumprimento (que gerou a ação). A decadência se refere à perda efetiva de
um direito pelo seu não exercício no prazo estipulado.”

(GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo, 2019, p. 224)

A prescrição é só de direitos subjetivos patrimoniais e relativos, ou seja, nem


todo direito subjetivo prescreve. Não prescrevem os direitos subjetivos
extrapatrimoniais e absolutos.

35
- Prescrição é a perda de uma pretensão de exigir de alguém um determinado
comportamento; é a perda do direito à pretensão em razão do decurso do
tempo.

- Decadência é a perda de um direito que não foi exercido pelo seu titular no
prazo previsto em lei; é a perda do direito em si, em razão do decurso do
tempo.

A prescrição é só de direitos subjetivos patrimoniais e relativos, ou seja, nem


todo direito subjetivo prescreve. Não prescrevem os direitos subjetivos
extrapatrimoniais e absolutos.

Toda decadência é um direito potestativo, mas nem todo direito potestativo


submete-se à decadência, porque aqueles que não possuem prazo prescrito
em lei não podem decair.

Art. 197 . Não corre a prescrição:

I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela


ou curatela.

Art. 198 . Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou


dos Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de


guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;

II - não estando vencido o prazo;

III - pendendo ação de evicção.

Art. 200 . Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo
criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Art. 201 . Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só


aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.

36
Lei 14.010/2020

O texto da Lei n° 14.010/20, em diversos dispositivos, trata de certas relações


durante o período da pandemia, se limitando ao marco temporal da entrada em
vigor do próprio RJET. Esse é o caso, por exemplo, do vetado art. 6º. Então, a
disposição do art. 1º da Lei nº 14.010/20 cumpre um importante papel, na
medida em que alguns dispositivos do RJET estabelecem como marco, para a
produção de efeitos, “os eventos derivados da pandemia”, como no já
mencionado art. 6º do RJET, vetado pelo Chefe do Poder Executivo. Segundo
o mencionado art. 6º, “As consequências decorrentes da pandemia do
coronavírus (Covid-19) nas execuções dos contratos, incluídas as previstas no
art. 393 do Código Civil, não terão efeitos jurídicos retroativos”.

Então, no referido dispositivo, a regulação dos efeitos transitórios remonta a


uma data anterior à vigência da própria Lei nº 14.010/2020, qual seja, o dia 20
de março de 2020, na medida em que faz referência “às consequências
decorrentes da pandemia”, e não a data de entrada em vigor do próprio RJET
que se deu, como visto, apenas em 12 de junho de 2020.

Definido o momento inicial de vigência e eficácia da Lei nº 14.010/20, questão


não menos relevante e tormentosa é a do marco final desta mesma vigência e
eficácia. Como visto, o RJET é uma lei temporária e, como tal, se destina a
viger durante um certo período de tempo estabelecido na própria lei, ou quando
esvaziados e extintos os motivos que levaram à sua edição. Neste sentido,
diversos dispositivos da Lei nº 14.010/20 prevêem como termo final de vigência
a data de 30 de outubro de 2020. É o caso do já citado art. 3º, que trata do
período de suspensão dos prazos de prescrição e decadência; do art. 5º, que
prevê a possibilidade de realização de assembleias virtuais de pessoas
jurídicas mesmo sem previsão nos atos constitutivos destas; do art. 8º, que
prevê a suspensão do direito de arrependimento do consumidor nas compras
por delivery; do art. 10, que dispõe sobre a não fluência dos prazos para
aquisição de bens pela usucapião; do art. 12, caput e parágrafo único, em que
se admite a realização de assembleias de condomínio virtuais, bem como a
extensão dos mandatos dos síndicos até 30 de outubro de 2020; do art. 14,
que prevê a suspensão da eficácia de alguns dispositivos da Lei nº 12.529/11
como infrações à ordem econômica; do art. 15, que estabelece que a prisão
por dívida de alimentos deverá ser cumprida exclusivamente na modalidade
domiciliar até 30 de outubro de 2020; e, finalmente, o art. 16, segundo o qual

37
estão suspensos os prazos para a abertura de inventário até 30 de outubro de
2020.

Em verdade, ao examinar o mencionado rol, é possível perceber que a quase


totalidade dos dispositivos não vetados estabelecem como marco final a data
de 30 de outubro de 2020, a transparecer que esta é a data do término de
vigência da Lei nº 14.010/2020.

Art. 1º Esta Lei institui normas de caráter transitório e emergencial para a


regulação de relações jurídicas de Direito Privado em virtude da pandemia do
coronavírus (Covid-19).

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se 20 de março de 2020,


data da publicação do Decreto Legislativo nº 6, como termo inicial dos eventos
derivados da pandemia do coronavírus (Covid-19).

Art. 16. O prazo do art. 611 do Código de Processo Civil para sucessões
abertas a partir de 1º de fevereiro de 2020 terá seu termo inicial dilatado para
30 de outubro de 2020.

Parágrafo único. O prazo de 12 (doze) meses do art. 611 do Código de


Processo Civil, para que seja ultimado o processo de inventário e de partilha,
caso iniciado antes de 1º de fevereiro de 2020, ficará suspenso a partir da
entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020.

Estabelece a normativa que as pessoas jurídicas de direito privado referidas


nos incisos I a III do art. 44 do Código Civil deverão observar as restrições à
realização de reuniões e assembleias presenciais até 30 de outubro de 2020,
durante a vigência desta Lei, observadas as determinações sanitárias das
autoridades locais.

As consequências decorrentes da pandemia do coronavírus (Covid-19) nas


execuções dos contratos, incluídas as previstas no art. 393 do Código Civil,
não terão efeitos jurídicos retroativos. Não se consideram fatos imprevisíveis,
para os fins exclusivos dos Arts. 317, 478, 479 e 480 do Código Civil, o
aumento da inflação, a variação cambial, a desvalorização ou a substituição do
padrão monetário.

38
OS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DE ORDEM PRIVADA EM RELAÇÃO AS
PESSOAS, SEUS BENS E SUAS RELAÇÕES

Direito Civil é a área do Direito que reúne as normas jurídicas responsáveis por
regulamentar os direitos e obrigações de ordem privada em relação as
pessoas, seus bens e suas relações. Por meio de diversas doutrinas que
tratam das obrigações, dos contratos, dos direitos das coisas, da família e
sucessões. Ou seja, o Código Civil estabelece a disciplina de cada instituto de
Direito Privado.

Lei Nº 3071 DE 01/01/1916

Art. 1º. Este Código regula os direitos e obrigações de ordem privada


concernente às pessoas, aos bens e às suas relações.

Art. 42. Nos contratos escritos poderão os contraentes especificar domicílio


onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

Art. 289. Na vigência da sociedade conjugal é direito do marido:

I - Administrar os bens dotais.

II - Perceber seus frutos.

III - Usar das ações judiciais a que derem lugar.

Art. 290. Salvo cláusula expressa em contrário, presumir-se-á transferido ao


marido o domínio dos bens, sobre que recair o dote, se forem móveis, e não
transferidos, se forem imóveis.

Art. 291. O imóvel adquirido com a importância do dote, quando este consistir
em dinheiro, será considerado dotal.

39
Art. 292. Quando o dote importar alheação, o marido considerar-se-á
proprietário, e poderá dispor dos bens dotais, correndo por conta sua os riscos
e vantagens que lhes sobrevierem.

Esses direitos e deveres são assegurados pelo Código Civil Brasileiro,


abordando em seus artigos as seguintes subdivisões do direito civil:

 direito das pessoas: zela pelos direitos e deveres básicos de cada


pessoa, disciplinando seus atos na vida civil. Exemplo: a determinação
da maioridade;
 direito da família: trata das relações familiares, envolvendo o casamento,
divórcio, filiação, adoção, pensão e custódia;
 direito das obrigações: disciplina a relação entre pelo menos duas
partes, sendo que uma é a que impõe e a outra é a que está sujeita às
obrigações. Trata-se das relações entre credor e devedor;
 direito das sucessões: regula as relações jurídicas de um indivíduo após
a sua morte, quando alguém o substitui em seus direitos e obrigações.
Aborda também o tema da herança;
 direito das coisas: também chamado de direitos reais, assegura os
direitos de propriedade, sejam eles móveis ou imóveis;
 direito da empresa: determina as normas relativas ao comércio e os
direitos e deveres do indivíduo como empresário.

Bens singulares: são aqueles bens que, embora reunidos, consideram-se de


per si, independente dos demais. (Código Civil, art. 89) Os bens são, em regra,
singulares e somente serão considerados coletivos por determinação legal ou
vontade das partes.

Bens coletivos: são bens coletivos ou universais aqueles constituídos de bens


singulares formam um todo (individualidade incomum), mas sem que
desapareça a condição jurídica de cada parte (autonomia funcional).

Bens particulares: São aqueles bens que não pertencem a nenhum órgão ou
entidade de domínio público (pessoas jurídicas de direito público interno –
Código Civil, art. 41). Ou seja, aqueles bens que não pertença à União, aos
Estados, aos Municípios, ao DF, às autarquias, às fundações públicas de
direito público etc.

40
Bens públicos: É válido já dizer que, para a doutrina majoritária, a definição
de bem público não deveria ser tratada pelo direito civil, tendo em vista ser esta
uma vertente do direito privado. Para eles, o mais correto seria que essa
definição e classificações fossem tratadas pelo direito constitucional e
administrativo (como o é). O art. 98 do Código Civil de 2002 diz que “são
públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a
que pertencerem.”

O estudo dos bens é importante, pois são considerados objetos de direitos nas
relações jurídicas, cujos titulares são as pessoas (sujeitos de direito). A matéria
tem implicação no Direito Civil, Penal, Administrativo, Tributário e em vários
outros ramos do ordenamento jurídico. A importância das classificações dos
bens se dá, também, e principalmente, com relação de como o legislador os
enxergam.

Corpóreos X Incorpóreos

Bens materiais (Corpóreos): Aqueles com existência física. Exemplo: casa

Bens intangíveis (Incorpóreos): Aqueles sem existência física.Exemplo: patente

Quando há uma individualidade do próprio bem, nesse sentido existem as


seguintes classificações no CC:

Bens Imóveis X Móveis

Bens Fungíveis X Infungíveis Os bens considerado em si


mesmos, não dependem da
Bens Consumíveis X Inconsumíveis relação com outros.
Bens Divisíveis X Indivisíveis

Bens Singulares X Coletivos

41
Art. 79 São bens imóveis o solo e tudo quanto se
lhe incorporar natural ou artificialmente.

Temos também bens imóveis por mera definição legal.

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:

I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;

II – o direito à sucessão aberta.

Da análise desses artigos podemos classificar o bem imóvel da seguinte forma:

Por natureza (essência): Exemplo: Solo

Por acessão: Por acréscimo

Natural: Acréscimo sem a intervenção humana Exemplo: ilha

Artificial (industrial): Exemplo: prédio

Por Determinação Legal Exemplo: direito à sucessão aberta

Os bens são definidos como coisas ou objetos que possuem utilidade e servem
para atender uma necessidade humana, eles podem ser trocados ou vendidos
numa relação jurídica por causa de seu valor econômico ou pelo interesse que
desperta. São classificados dentro do Código Civil dentro do livro 'Dos Bens'.

Encontram sua normatização legal entre os artigos 79 a 91, no Capítulo I do


Título Único de CC e se apresentam subdivididos da seguinte maneira:

Móveis - Podem ser transportados, suscetíveis de movimentação própria ou de


locomoção por força alheia. Podem ser: por natureza ( são os removíveis sem
danos), por determinação legal ( as energias que tenham valor econômico, os
direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes e os direitos
pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações) e por antecipação (são os
incorporados ao solo mas com a intenção de separá-los oportunamente e
convertê-los em móvel).

42
Imóveis - As coisas que não podem ser removidas de um lugar para outro
sem destruição, denominados bens de raiz. Podem ser por sua natureza (o
solo e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente, árvores e os frutos
pendentes, o espaço aéreo e o subsolo), por acessão física, industrial ou
artificial (inclui tudo o que o homem incorpora definitivamente ao solo, como a
semente, os edifícios, construções, de modo que não possam ser retirados
sem destruição ou modificação em sua estrutura) e por acessão intelectual ou
por destinação ( são as coisas móveis que o titular mantêm no imóvel para a
exploração de atividade econômica ou industrial ou para sua comodidade,
tratores ou máquinas agrícolas, equipamentos e ornamentos) e por disposição
legal.

Fungíveis - São aqueles que podem ser substituídos por outros semelhantes,
conforme a qualidade e a quantidade, como dinheiro, carro, roupa, café, gado,
etc.

Infungíveis - São os insubstituíveis, encarados segundo suas qualidades


individuais, como o quadro de um pintor célebre, uma escultura famosa, uma
joia de valor original e única jamais poderão ser substituídos, pois não existem
outros com o mesmo valor e mesma espécie.

Consumíveis - São os que se destroem assim que vão sendo usados.


Subdividem-se em consumíveis de fato, como os alimentos, e consumíveis de
direito, como o dinheiro.

Inconsumíveis - São os de natureza durável podendo ser usados


continuadamente, sem que tenha sua substância destruída, como a roupa, um
livro, um carro, que lentamente se gastam com uso ordinário.

Divisíveis - São aqueles que podem ser repartidos, sendo que após essa
fragmentação será possível apenas ter a parte econômica do todo, como um
terreno, barra de ouro, etc. Segundo Maria Helena Diniz, “Deve cada parte ser
autônoma, tendo a mesma qualidade e prestando as mesmas utilidades e
serviços do todo. Por exemplo, se repartir um pacote de açúcar, cada metade
conservará as qualidades do produto”.

43
Indivisíveis - São aqueles que não podem ser repartidos, caso contrário, o
bem perderá o seu valor econômico. Ex.: Relógio, navio, etc.

Singulares - São bens, mesmo reunido, são considerados individuais e


independentes. Ex.: um livro, uma lápis, um selo, etc. Os bens singulares
podem ser divididos em simples (quando suas partes, da mesma espécie,
estão ligadas pela própria natureza, como um cavalo, uma árvore) e compostos
(quando suas partes se acham ligadas pela indústria humana, como um
edifício).

Coletivos - São compostos de vários bens singulares que acabam por formar
um todo homogêneo, que passa a ter individualidade própria, que conservam
sua autonomia funcional, como uma biblioteca, rebanho, floresta, etc.

Corpóreos - São os bens possuidores de existência física, material e podem


ser trocados pelo homem, como uma mesa, um carro, um livro, etc.

Incorpóreos - São os bens abstratos, que não possuem existência física, mas
valor econômico, como o direito autoral, o crédito, o fundo de comércio, a vida,
a saúde, etc.

Encontram sua normatização legal entre os artigos 92 a 97, no Capítulo II do


Título Único de CC, divide-se em bens principal e acessório:

Principal - São bens que são independentes de outros, não dependem de


nenhum outro para existir, como o solo, a árvore em relação ao fruto, etc.

Acessório - Aquela cuja existência depende do principal, não existem por si


mesmos. Ex.: Fruto em relação a árvore, uma casa que é acessória do solo,
etc. Os bens acessórios tem ainda a seguinte subdivisão: frutos, produtos,
pertenças e benfeitorias.

44
Os frutos podem ser classificados quanto a sua natureza em naturais,
indústrias e civis.

Naturais - São procedentes do bem principal de modo que essa geração não
resulta de intervenção humana. São os que se desenvolvem e se renovam
periodicamente pela própria força orgânica ou animal. Ex.: frutos, animais,
vegetais, etc.

Industriais - São os decorrentes da atividade industrial humana, como, por


exemplo, bens manufaturados.

Civis - Originados de uma relação jurídica ou econômica. Ex.: juros, alugueis,


dividendos, etc.

Bens, são coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão


econômica, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis.

Os bens são coisas, porém nem todas as coisas são bens. As coisas são
gênero do qual os bens são espécies. As coisas abrangem tudo quanto existe
na natureza, exceto a pessoa, mas como “bens” só se consideram as coisas
existentes que proporcionam ao homem uma utilidade, sendo suscetíveis de
apropriação constituindo seu patrimônio.

Bem Jurídico, embora seja de conceituação muito complexa, vez que depende
não só de valorações puramente jurídicas, mas também político-criminais,
podemos simplificar para dizer que é algo que se refere ao direito fundamental
que serve de base material para que uma certa conduta seja considerada
criminosa. Exemplos: vida, liberdade, honra, propriedade, etc.

Poderá definir-se bem jurídico como a expressão de um interesse, da pessoa


ou da comunidade, na manutenção ou integridade de um certo estado, objeto
ou bem em si mesmo socialmente relevante e por isso juridicamente
reconhecido como valioso

45
Agradecemos por escolher a iEstudar.

Blog https://iestudar.com/blog/

Site https://iestudar.com/

46
Referências Bibliográficas:

Wikipédia, a enciclopédia livre.Direito Civil.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_civil

LEI Nº 14.010, DE 10 DE JUNHO DE 2020.

Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14010.htm

Justine da ProJuris.Direito Civil: resumo, definições, exemplos e livros.

Disponível em:

https://www.projuris.com.br/tudo-sobre-direito-civil

Daniela Coelho.JusBrasil.Introdução ao direito civil.

Disponível em:

https://danicoelho1987.jusbrasil.com.br/noticias/600451921/introducao-ao-
direito-civil

Âmbito Jurídico.Introdução ao Direito Civil.

Disponível em:

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/introducao-ao-direito-civil/

DINO.Princípios básicos do Direito Civil que a população brasileira deve


conhecer.

Disponível em:

47
https://www.terra.com.br/noticias/dino/principios-basicos-do-direito-civil-que-a-
populacao-brasileira-deve-
conhecer,424dcf87e6762c406dac4aec1e303ee7o7pozpiz.html#:~:text=O%20D
ireito%20Civil%20%C3%A9%20uma,as%20rela%C3%A7%C3%B5es%20de%
20uma%20sociedade

Wikipédia, a enciclopédia livre.Código Civil brasileiro.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_Civil_brasileiro

E-book CÓDIGO CIVIL.

Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm

LEI N o 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002.

Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm

Wikipédia, a enciclopédia livre.Código Civil.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_civil

JusBrasil. Ordenamento Jurídico.

Disponível em:

https://www.jusbrasil.com.br/busca?q=ordenamento+juridico#:~:text=Ordename
nto%20jur%C3%ADdico%20%C3%A9%20como%20se,Constitui%C3%A7%C3
%A3o%20o%20papel%20de%20preponder%C3%A2ncia.

48
Wikipédia, a enciclopédia livre.Ordenamento Jurídico.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordenamento_jur%C3%ADdico

Adriano Ferreira.Direito Legal. 35. O ORDENAMENTO JURÍDICO.

Disponível em:

https://direito.legal/aintdir/35-o-ordenamento-juridico/

Âmbito Jurídico. Fundamentos do direito intertemporal.

Disponível em:

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/fundamentos-do-direito-
intertemporal/

Mário Luiz Delgado. Prefácio de José de Oliveira Ascensão.Novo Direito


Interpessoal Brasileiro. Da retroatividade das leis civis. Problemas de Direito
Interpessoal no Código Civil - Doutrina e Jurisprudência.2ª edição.revista e
ampliada.100 anos Editora Saraiva.

Disponível em:

http://www.stf.jus.br/

PORTAL TRIBUTÁRIO.Guia Trabalhista.A Reforma Trabalhista e o Direito


Intertemporal na Visão do STF.

Disponível em:

https://trabalhista.blog/2018/04/25/a-reforma-trabalhista-e-o-direito-
intertemporal-na-visao-do-stf/

BDTD.O direito intertemporal e os limites da proteção do direito adquirido.

Disponível em:

49
https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/USP_e1c0be8c0705832a0c8ec9693d710396

Aury Lopes Jr. e Alexandre Morais da Rosa.Juiz das garantias e Direito


intertemporal: onde a decisão do STF resvala.

Disponível em:

https://www.conjur.com.br/2020-jan-17/limite-penal-juiz-garantias-direito-
intertemporal-onde-stf-resvala

Adeilson Oliveira.Normas Jurídicas.Estudos de Introdução ao Estudo do


Direito.

Disponível em:

https://adeilsonfilosofo.jusbrasil.com.br/artigos/236653247/normas-
juridicas#:~:text=O%20T%C3%89RMINO%20DA%20VIG%C3%8ANCIA,a%20
data%20de%20seu%20fim.

Direito Legal. 45. DINÂMICA DO ORDENAMENTO: REVOGAÇÃO E


CADUCIDADE.

Disponível em:

https://direito.legal/aintdir/45-dinamica-do-ordenamento/

Âmbito Jurídico.Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

Disponível em:

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-
do-direito-brasileiro/

Wikipédia, a enciclopédia livre.Direito Público.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_p%C3%BAblico

50
André Luiz Freire.Direito público e direito privado.

Disponível em:

https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/133/edicao-1/direito-publico-e-
direito-privado

Katz Winkel.Advogados.Direito de Família e Sucessões.

Disponível em:

http://ekj.adv.br/atuacao/direito-de-familia-e-sucessoes/

Wikipédia, a enciclopédia livre.Direito de Família.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_de_fam%C3%ADlia

Sergio Ricardo do Amaral Gurgel.JUS.com.br.Direito de Família

Disponível em:

https://jus.com.br/tudo/direito-de-familia

Rolf Madaleno. 13.set.2019.Conheça a origem do Direito Sucessório.

Disponível em:

http://genjuridico.com.br/2019/09/13/origem-do-direito-sucessorio/

Âmbito Jurídico.A evolução histórica do direito das sucessões.

Disponível em:

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/a-evolucao-historica-do-
direito-das-sucessoes/

51
Wikipédia, a enciclopédia livre.Direito das sucessões.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_das_sucess%C3%B5es

Direito Legal. RESUMO DE NEGÓCIO JURÍDICO.

Disponível em:

https://direito.legal/direito-privado/direito-civil/resumo-de-negocio-
juridico/#:~:text=Teoria%20do%20Neg%C3%B3cio%20Jur%C3%ADdico&text=
A%20ado%C3%A7%C3%A3o%20do%20termo%20foi,extin%C3%A7%C3%A3
o%20de%20uma%20rela%C3%A7%C3%A3o%20jur%C3%ADdica.%E2%80%
9D

Wikipédia, a enciclopédia livre.Pessoa Jurídica.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoa_jur%C3%ADdica

Renan Beltrame.31 de Maio de 2019.Prescrição e Decadência: entenda as


diferenças entre os conceitos.

Disponível em:

https://www.aurum.com.br/blog/prescricao-e-
decadencia/#:~:text=Prescri%C3%A7%C3%A3o%20e%20decad%C3%AAncia
%20s%C3%A3o%20institutos,n%C3%A3o%20requerido%20no%20prazo%20l
egal.

Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes.JusBrasil.Prescrição e Decadência.

Disponível em:

https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2584850/prescricao-e-decadencia

52
Guilherme Calmon Nogueira da Gama 26.jun.2020.Revisitando o Direito
Intertemporal: vigência e eficácia da Lei da Pandemia (Lei n° 14.010/20; RJET)

Disponível em:

http://genjuridico.com.br/2020/06/26/lei-14010-20-vigencia-eficacia/

LEI Nº 14.010, DE 10 DE JUNHO DE 2020.Legislação Informatizada - Dados


da Norma.

Disponível em:

https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2020/lei-14010-10-junho-2020-790303-
norma-pl.html

Edição Especial.Revista de Direito Municipal.09 de Setembro de 2020.Lei nº


14.010/2020 dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das
relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período da pandemia do
coronavírus.

Disponível em:

https://borbapauseperin.adv.br/noticias-detalhes.php?pId=9081

MONARETTO.Direito Civil e Consumidor.

Disponível em:

http://www.monarettoadvogados.com.br/direito-civil-e-
consumidor#:~:text=Direito%20Civil%20%C3%A9%20a%20%C3%A1rea,coisa
s%2C%20da%20fam%C3%ADlia%20e%20sucess%C3%B5es.

LEGISWEB.Lei Nº 3071 DE 01/01/1916.Publicado no DOU em 1 jan 1916.

Disponível em:

https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=79402

SENDER.Advogados Associados.

53
Disponível em:

https://www.senderadvogados.com.br/areas-de-atuacao/direito-
civil/#:~:text=Direito%20civil%20%C3%A9%20um%20ramo,principal%20ramo
%20do%20Direito%20Privado.

Douglas Ferreira Rosa.03/2018.Pessoa Jurídica; Dos Bens; Do Negócio


Jurídico; Da Prescrição e Da Decadência.

Disponível em:

https://jus.com.br/artigos/64551/pessoa-juridica-dos-bens-do-negocio-juridico-
da-prescricao-e-da-
decadencia#:~:text=(C%C3%B3digo%20Civil%2C%20art.,legal%20ou%20vont
ade%20das%20partes.&text=O%20estudo%20dos%20bens%20%C3%A9,pes
soas%20(sujeitos%20de%20direito).

CNJ Conselho Nacional de Justiça.Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis


(SREI).

Disponível em:

https://www.cnj.jus.br/sistemas/informacoes-sobre-bens-e-pessoas/

Leonardo Menezes Passarin.07/11/2020.Bens no Código Civil – Classificações


dos Bens – Resumo.

Disponível em:

https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/bens-no-codigo-civil-
classificacoes-dos-bens-resumo/

Wikipédia, a enciclopédia livre.Bem (direito).

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bem_(direito)

54

Você também pode gostar