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SUMÁRIO
SUMÁRIO .......................................................................................................................................................... 3
DIREITO CIVIL .................................................................................................................................................. 5
QUAL DEVE SER O FOCO? ....................................................................................................................................5
1. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL .........................................................................................5
1.1. Conceito ............................................................................................................................................................5
1.2. A Codificação do Direito Civil ....................................................................................................................6
1.3. O Código Civil de 1916 ...............................................................................................................................6
1.4. O Código Civil de 2002 ...............................................................................................................................7
1.5 Princípios norteadores do Novo Código: Eticidade, Sociabilidade e Operabilidade .................8
1.5.1 Eticidade.........................................................................................................................................................8
1.5.2 Sociabilidade ............................................................................................................................................. 10
1.5.3 Operablidade ............................................................................................................................................. 11
1.6. Do Direito Civil-Constitucional............................................................................................................... 11
1.7. Da eficácia horizontal dos direitos fundamentais............................................................................. 13
1.8. A eficácia diagonal dos direitos fundamentais ................................................................................. 14
2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO ....................................................... 15
2.1. Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis ............................... 15
2.2. Antinomias .................................................................................................................................................... 22
2.3. Aplicação temporal das normas ............................................................................................................ 23
2.4. Aplicação espacial das normas (artigos 7º ao 19 - LINDB) .......................................................... 23
2.5. Revogação das leis..................................................................................................................................... 24
2.6. Lei Federal nº 13.655/2018 .................................................................................................................... 25
2.7. Aplicação do Direito Público ................................................................................................................... 28
TAREFAS PARA O ESTUDO ATIVO ................................................................................................................ 36
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DIREITO CIVIL
Constitucionalização do Direito Civil.
LINDB.
DIREITO CIVIL
TEMA DO DIA
Constitucionalização do Direito Civil. Lei de introdução às normas do direito brasileiro. Vigência,
aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis. Conflito das leis no tempo. Eficácia das
leis no espaço.
TODOS OS ARTIGOS
⦁ LINDB – leitura inteira
⦁ Art. 1º ao Art. 78, CC
⦁ Art. 5º, XXX e XXXI, CF/88
LINDB
⦁ Art. 1º, 2º e 4º
⦁ Art. 6º
⦁ Arts. 8º a 10º.
⦁ Art. 12
CF/88
⦁ Art. 5º, XXX, CF/88
1.1. Conceito
O Direito Civil pode ser conceituado como o complexo de normas, princípios e regras que
disciplinam as relações privadas desde antes do nascimento até depois da morte do ser humano.
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DIREITO CIVIL
Constitucionalização do Direito Civil.
LINDB.
Tem como objeto o regramento da vida humana, acompanhando a existência humana em todos os
seus momentos, daí ser chamado de direito comum.
Como se sabe, o Brasil foi colonizado por Portugal, de modo que nos primeiros séculos da
nação brasileira se experimentava neste território a aplicação do direito português. As denominadas
Ordenações do Reino (Legislações de Portugal) eram as que se aplicavam a um Brasil rural,
patriarcal, escravagista, colonizador e não-republicano.
O primeiro Código Civil brasileiro coube à autoria de Clóvis Bevilaqua e foi promulgado em 01
de janeiro de 1916, entrando em vigor no dia 01 de janeiro de 1917.
O Código Civil de 1916 foi construído mediante as influências do Código Civil Napoleônico de
1804 e do Código Civil alemão de 1896, especialmente a estrutura defendida por Savigny de uma
Parte Geral e uma Parte Especial.
O Código Civil de 1916 também optou por separar-se do Direito Comercial, mantendo a
dualidade dos Diplomas Jurídicos.
Teve como grande embasamento internacional o Código Civil de Napoleão, o qual era centrado
na propriedade, em uma ótica patrimonial possessiva. Tinha-se a ordem jurídica do ter, fincada no
patrimônio (patrimonialização do direito civil).
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Este código sobreviveu por mais de 80 (oitenta) anos. Não foram poucas as leis ordinárias e os
microssistemas que surgiram após este Código Civil, que não foi capaz de se sustentar ante as
mudanças sociais que se seguiram a sua publicação, máxime, diante do Dirigismo Estatal e da 1ª
Grande Guerra Mundial.
Fazia-se necessário relativizar o pacta sunt servanda (princípio da força obrigatória dos
contratos), diante das necessidades sociais e do abuso do poder econômico. A propriedade
individualista carecia atender à função socioambiental. Ignorava-se a união estável e a igualdade na
filiação. Alguns institutos estavam em decadência, como a enfiteuse. Por outro lado, a vida moderna
exigia nova reflexão sobre a responsabilidade civil.
De fato, o Código Civil de 1916 não foi capaz de resistir às importantes mudanças sociais
experimentadas pelo Brasil nas décadas que se seguiram, sendo digna de notas a urbanização, o
industrialismo, as guerras mundiais, as mudanças nos usos e costumes, os microssistemas jurídicos
que lhe seguiram, dentre os mais importantes, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a Lei de
Registros Públicos, a Lei do Divórcio, do Inquilinato, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT),
entre outros.
A gota d’água foi o advento de uma nova ordem constitucional em 1988, cidadã e fundada
na tutela do ser humano digno, o que causava grave descompasso em relação a um Código Civil
patrimonialista fincado na ordem do ter.
Além de ab-rogar todo o Código Civil de 1916, o Código Civil de 2002 derrogou a parte geral
do Código Comercial de 1850, redimensionando a disciplina dos atos e fatos jurídicos, ao eleger os
negócios jurídicos como instrumento de trânsito das relações civis, além de alterar a ordem da parte
especial e unificar as obrigações civis e mercantis (direito empresarial).
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Constitucionalização do Direito Civil.
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A legislação civilista passa a ter contato direto com os direitos e garantias fundamentais, sendo
o direito civil constitucionalizado (“constitucionalização do direito civil”). Os direitos e garantias
fundamentais, na feliz expressão do professor Daniel Sarmento, passam a ter eficácia radiante,
aplicando-se às relações horizontais ou privadas. Exige-se, por exemplo, o devido processo legal
para a exclusão de associado dos quadros da associação (art. 5 º, inciso LV, da CF/88 c/c art. 57 do
CC), e confere-se direito a recurso à minoria vencida, na hipótese de alteração do estatuto funcional
(art. 68 do CC).
Contemplando 2046 artigos, o Código Civil de 2002 se dividiu em duas partes. A Parte Geral
regular as pessoas, os bens e os fatos jurídicos, enquanto que a Parte Especial foi dividida em 05
(cinco) subpartes: o direito das obrigações, o direito da empresa, o direito das coisas, o direito de
família e o direito das sucessões.
Também é interessante notar que o Código Civil de 2002 contempla inédita preocupação
principiológica, elegendo a eticidade, a operabilidade e a sociabilidade como os três pilares
fundamentais sobre os quais se construiu o texto legislativo do novo diploma.
1.5.1 Eticidade
Consiste em um dever jurídico de condução das relações civis de forma proba, impondo um
agir segundo os valores sociais e morais relevantes, fincados na boa-fé e na equidade.
Manifesta-se pela boa-fé objetiva, nas relações patrimoniais e pela socioafetividade, nas
relações existenciais.
A boa-fé nas relações patrimoniais pode ser inferida sob seu prisma subjetivo e objetivo. A
subjetiva revela um estado psicológico, enquanto a objetiva uma norma de conduta esperada pela
comunidade.
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ATENÇÃO!!! Não se pode confundir boa-fé objetiva com boa-fé subjetiva. Deve-se decorar as
principais diferenças entre esses conceitos:
SIM. A boa-fé objetiva surgiu inicialmente no Direito Civil, mas a sua aplicação foi expandida
para todos os demais ramos do direito, inclusive para os ramos do chamado “direito público”, como
é o caso do Direito Administrativo. Assim, por exemplo, de acordo com o STJ, a teoria dos atos
próprios (venire contra factum proprium) é aplicada ao poder público.
Em suma, a boa-fé objetiva deve estar presente em toda e qualquer relação jurídica.
O atual código civil trouxe a boa-fé, em sua aplicação relacionada à esfera patrimonial, nos
artigos 113 e 422, os quais dispõem respectivamente:
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Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Por outro lado, destaque-se que as relações extrapatrimoniais não são estranhas a eticidade,
sendo terreno fecundo no qual a ética é veiculada mediante a socioafetividade geradora de
confiança. Tem-se como exemplo as relações de família, que hoje devem ser construídas pela via do
afeto, da desbiologização, da igualdade, do caráter democrático e plural.
1.5.2 Sociabilidade
Sociabilidade é outro princípio geral marcante do vigente Código Civil, consistindo na quebra
do paradigma liberal-individual e ascensão do transindividual. É a transmutação da visão
individualista da codificação de 1916, para a solidária de 2002, em combate ao exacerbado
individualismo possessivo de outrora.
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A sociabilidade é instrumentalizada no Código Civil em três esferas principais: função social
do contrato (art. 421), função social da propriedade e função social da posse (art. 1228). Dentre elas,
é a função social da propriedade a única que, expressamente, tem sede constitucional,
especificamente nos arts. 5º, XXIII; art. 170, inciso III; e artigos 182 e 186, todos da CF/88.
A força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) não fica estranha a esse fenômeno de
revisão, verificando-se a necessidade de estabelecer trocas úteis e justas, com vistas à promoção da
equivalência material das prestações ou, como também é denominada, justiça contratual.
1.5.3 Operablidade
Relaciona-se de forma perfeita com o princípio constitucional do acesso à justiça (art. 5º, inciso
XXXV, da CF/88). Uma vez conhecida a norma, por ser operável e inteligível à maioria da população,
tem-se maior acesso ao Poder Judiciário.
Em síntese, deve-se entender que as normas de direito civil têm que ser lidas e aplicadas à luz
dos princípios e valores consagrados no texto constitucional. Este é um ditame do chamado Estado
Democrático de Direito que tem na Constituição sua base hermenêutica. Ou seja: o direito civil-
constitucional nada mais é do que um novo caminho metodológico que procura analisar os institutos
privados a partir da Constituição, e, eventualmente, os mecanismos constitucionais a partir do
Código Civil e da legislação infraconstitucional, em uma análise de mão dupla.
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A Constituição Federal de 1988, além de ser a norma superior do ordenamento, passa a ser
um vetor interpretativo do novo Código Civil de 2002, complementando suas normas e princípios.
Desse modo, o Código Civil não poderá deixar de observar esse novo modelo jurídico, que preza
pelos direitos fundamentais, e aquelas normas que não observam tais preceitos deverão ser
reinterpretadas ou simplesmente afastadas, já que esbarram na Lei Maior. Há, portanto, uma
unificação do direito civil ao direito constitucional, formando um todo que regula as relações
privadas, com fulcro na observância dos preceitos constitucionais.
Assim, assume a Constituição Federal, com isto, o seu verdadeiro papel de elemento
unificador, integrador e orientador de todo o sistema civil, sendo o vértice axiológico do qual
necessitava o ordenamento para integrá-lo. Ocorre que, quando promove a Constituição de 1988, a
reunificação do sistema, pautada no ideal do ser, encontra um então Código Civil fincado na ordem
do ter, instalando-se um verdadeiro descompasso ideológico, sendo esse o fundamento da mudança
da legislação civilista.
Abre-se caminho para a despatrimonialização do direito civil, sendo retirados do seu centro
imediato institutos como propriedade e o contrato, os quais cedem seus lugares ao homem, sua
dignidade, bem-estar e procura de justiça social. Ao lado dessa respersonificação, infere-se o
rompimento do individual, o qual cede espaço para o difuso e o socialmente relevante.
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HABILITEM PARA O CASAMENTO PESSOAS DO MESMO SEXO.
VEDAÇAO IMPLÍCITA CONSTITUCIONALMENTE
INACEITÁVEL. ORIENTAÇAO PRINCIPIOLÓGICA CONFERIDA PELO
STF NO JULGAMENTO DA ADPF N. 132/RJ E DA ADI N. 4.277/DF.
1. Embora criado pela Constituição Federal como guardião do direito
infraconstitucional, no estado atual em que se encontra a evolução do
direito privado, vigorante a fase histórica da constitucionalização do
direito civil , não é possível ao STJ analisar as celeumas que lhe aportam
"de costas" para a Constituição Federal, sob pena de ser entregue ao
jurisdicionado um direito desatualizado e sem lastro na Lei Maior. Vale
dizer, o Superior Tribunal de Justiça, cumprindo sua missão deuniformizar o
direito infraconstitucional, não pode conferir à lei uma interpretação que
não seja constitucionalmente aceita. 2. O Supremo Tribunal Federal, no
julgamento conjunto da ADPF n. 132/RJ e da ADI n. 4.277/DF, conferiu ao
art. 1.723 do Código Civil de 2002 interpretação conforme
à Constituição para dele excluir todo significado que impeça o
reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do
mesmo sexo como entidade familiar , entendida esta como sinônimo
perfeito de família . (...)8. Os arts. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565,
todos do Código Civil de 2002, não vedam expressamente o casamento
entre pessoas do mesmo sexo, e não há como se enxergar uma
vedação implícita ao casamento homoafetivo sem afronta a caros princípios
constitucionais, como o da igualdade, o da não discriminação, o da
dignidade da pessoa humana e os do pluralismo e livre planejamento
familiar. 9. Não obstante a omissão legislativa sobre o tema, a
maioria, mediante seus representantes eleitos, não poderia
mesmo "democraticamente" decretar a perda de direitos civis da
minoria pela qual eventualmente nutre alguma aversão. Nesse cenário,
em regra é o Poder Judiciário - e não o Legislativo - que exerce um papel
contramajoritário e protetivo de especialíssima importância, exatamente
por não ser compromissado com as maiorias votantes, mas apenas com a
lei e com a Constituição, sempre em vista a proteção dos direitos humanos
fundamentais, sejam eles das minorias, sejam das maiorias. (REsp 1183378
RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 25/10/2011, DJe
01/02/2012)
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Incialmente, é possível afirmar que os direitos fundamentais estão para a Constituição
Federal, assim como os direitos de personalidade estão para o Código Civil brasileiro. São dois
lados de uma mesma moeda denominada dignidade da pessoa humana.
Após a evolução da teoria dos direitos fundamentais, passou-se a reconhecer que os direitos
fundamentais não incidem apenas em relações desiguais, porém também em relações particulares
em que há uma igualdade de armas. Aqui, surge a eficácia horizontal dos direitos
fundamentais que é justamente incidência e observância de todos os direitos fundamentais nas
relações privadas (particular-particular).
A teoria irradiante, ou da eficácia horizontal, disciplina que a direta aplicação dos direitos
fundamentais às relações do direito civil, visando dar máximo efeito dos valores constitucionais a
toda legislação brasileira, em prol da dignidade da pessoa humana. Nas palavras do Professor
Ingo Wolfgang Sarlet:
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É cediço que as relações entre particulares nem sempre se apresentam de forma equilibrada.
Por isso, é relativamente comum nos depararmos com situações em que as pessoas estão em uma
posição de desigualdade, com prevalência de uma sobre a outra. Os principais exemplos desses
tipos de situação de desigualdade entre particulares são as relações trabalhistas e consumeristas.
Tanto no direito do trabalho quanto no direito do consumidor o poderio econômico-financeiro das
empresas/patrão pode resultar em graves violações aos direitos fundamentais de consumidores e
trabalhadores, partes hipossuficientes nas respectivas relações jurídicas.
Foi a partir dessa realidade que nasceu a teoria da eficácia diagonal dos direitos
fundamentais. Para a referida teoria, os direitos fundamentais devem ser aplicados/respeitado
em relações privadas caracterizadas por uma notória desigualdade de poder, em razão da
hipossuficiência de uma das partes da relação.
Este teoria recebe a denominação de eficácia diagonal por que, em tese, as partes estão em
situações equivalentes, não havendo uma preponderância de uma sobre a outra. Ocorre que, na
prática, aquele que possui o poder econômico consegue se sobrepor perante a outra parte, razão
pela qual se defende o devido respeito e a consequente aplicabilidade dos direitos fundamentais
nas relações entre particulares.
Desse modo, é possível concluir que a eficácia diagonal dos direitos fundamentais nada
mais é que a efetiva aplicação dos direitos fundamentais em relações privadas marcadas pela
desigualdade entre os particulares, em especial quando puder se verificar um relação de
intimidade entre o poderio econômico-financeiro e a vulnerabilidade da parte hipossuficiente.
A LINDB disciplina o âmbito de aplicação das normas jurídicas, e possui natureza de norma de
sobredireito ou de apoio, consistente no conjunto de regras cujo objetivo é disciplinar as próprias
normas jurídicas, isto é, disciplina a emissão e aplicação de outras normas jurídicas (= postulados
normativos).
2.1.1 Vigência
É critério puramente temporal da norma. Trata-se do lapso temporal em que a norma tem
força obrigatória. O início da vigência marca o começo de sua exigibilidade. A lei passa por três fases
fundamentais para que tenha validade e eficácia: elaboração, promulgação e publicação. Depois vem
o prazo de vacância, geralmente previsto na própria norma.
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ATENÇÃO
VACATIO LEGIS: É o período entre a publicação e o início de vigência da norma. Pode ser definido
como o tempo necessário para que o texto normativo se torne efetivamente conhecido, e variará de
acordo com a repercussão social da matéria.
OBSERVAÇÃO
Em havendo norma corretiva, mediante nova publicação do texto legal, os prazos acima devem
correr a partir da nova publicação, pois as correções do texto de lei em vigor devem ser consideradas
como sendo lei nova.
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E) 1º de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a exclusão da data da publicação
e a inclusão do último dia do prazo.
No concurso da PGM CAMPO GRANDE (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da seguinte
forma:
Salvo expressa disposição em contrário, a lei entrará em vigor no primeiro dia útil após a
sua publicação no Diário Oficial da União.
2.1.2. Obrigatoriedade
Uma vez publicada a lei, presume-se o conhecimento geral, razão pela qual ninguém pode
descumpri-la alegando que não a conhece:
A Lei, como fonte primária do Direito brasileiro, tem as seguintes características básicas:
• Generalidade - a norma jurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção, tendo
eficácia erga omnes.
• Imperatividade - a norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e condutas para os
membros da coletividade.
• Permanência - a lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a eficácia.
• Competência - a norma, para valer contra todos, deve emanar de autoridade competente,
com o respeito ao processo de elaboração.
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Autoridade judiciária brasileira tem competência concorrente para julgar ações relativas a
imóveis que, situados no Brasil, sejam de propriedade de estrangeiros.
No que diz respeito ao local de aplicação da lei, nos termos da Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta.
2.1.3. Interpretação
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• ADMINISTRATIVA: Manifestada pelos órgãos da administração pública, ao editar atos
normativos ou julgar processo administrativo.
Utilização de mecanismos para suprir as lacunas da lei, quando inexiste norma aplicável
diretamente ao caso concreto. De acordo com os arts. 4º da LINDB, são formas de integração da lei:
PRINCÍPIOS GERAIS
ANALOGIA COSTUMES
DO DIREITO
Artigo 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
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Importante ressaltar que a EQUIDADE não consta do rol do art. 4º da LINDB, mas alguns
doutrinadores, como Maria Helena Diniz, a incluem dentre as formas de integração da lei. No Direito
Tributário, é expressa a equidade como forma de integração da lei, no art. 108, inciso IV, do CTN.
ATENÇÃO: A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara. Em contrapartida, a
integração depende da existência de LACUNAS que, por sua vez, podem ser:
OBSERVAÇÃO
2.1.4.1. Analogia
É a utilização de uma norma próxima ou semelhante para regular uma situação que não foi
regulamentada pelo direito. Pode ser dividida em:
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No concurso da PGM CAMPO GRANDE - MS (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da
seguinte forma:
ATENÇÃO:
2.1.4.2. Costumes
São as práticas e usos reiterados, de conteúdo lícito e com relevância jurídica. Podem ser:
OBSERVAÇÃO
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1. Princípio da Eticidade: trata-se da valorização da ética e da boa-fé, principalmente daquele
que existe no plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo CC, a boa-fé
objetiva tem função de interpretação dos negócios jurídicos em geral; serve como controle
das condutas humanas, eis que sua violação pode gerar abuso de direito (ilícito); bem como
tem a função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato.
2.2. Antinomias
São o choque de duas normas jurídicas válidas emanadas de autoridade competente. Para
a solução desses conflitos, utilizam-se três critérios:
ATENÇÃO 1:
ATENÇÃO 2:
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LINDB.
• Se houver conflitos entre os critérios cronológico e hierárquico: prevalecerá o hierárquico –
Conflito aparente;
• Se houver conflito de segundo grau, envolvendo os critérios da especialidade e
hierárquico: haverá conflito real, pois, a doutrina aponta o critério hierárquico como mais
forte e, ao seu turno, o critério da especialidade está na CF/88 (princípio da isonomia). Caso
de conflito real. Maria Helena Diniz aponta duas soluções:
O art. 2.º da Lei de Introdução consagra o princípio da continuidade da lei, pelo qual a norma,
a partir da sua entrada em vigor, tem eficácia contínua, até que outra a modifique ou revogue.
A irretroatividade é a regra prevista na LINDB (art. 6º). No entanto, para ser possível, não pode
prejudicar direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Adota-se a ideia do tempus regit
actum, ou seja, a lei nova não atinge os fatos anteriores ao início de sua vigência. Em consequência,
os fatos anteriores à vigência da lei nova regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo em que
foram praticados.
Porém, podem existir hipóteses que se afastem dessa regra, impondo a retroatividade da lei
nova, para alcançar fatos pretéritos ou os seus efeitos. Assim, a doutrina faz uma distinção entre
retroatividade máxima, média e mínima:
A LINDB determina as regras de aplicação espacial das normas; dentre elas, destacam-se:
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→ Começo e fim da personalidade – aplicam-se as normas do país em que for domiciliada a pessoa,
inclusive quanto ao nome, à capacidade e aos direitos de família.
→ Casamento – se realizado no Brasil o casamento, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Tendo os nubentes domicílio diverso,
regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. Além disso, a
LINBD estabelece que o regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem
os nubentes domicílio, e, se este for diverso, o do primeiro domicílio conjugal. Quanto ao divórcio
realizado no estrangeiro em que um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, haverá reconhecimento
no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial
por igual prazo, caso em que produzirá efeito imediato.
→ Obrigações: a LINDB consagra a regra de aplicação das leis do local em que foram constituídas.
→ Sucessão por morte ou por ausência: obedece as normas do país do último domicílio do de cujus.
→ Vocação hereditária: serão aplicadas as regras nacionais no caso de vocação hereditária para
suceder bens de estrangeiro situados no Brasil, salvo se mais favoráveis ao cônjuge e aos filhos as
normas do último domicílio.
→ Sociedades e fundações: deve ser aplicada a norma do local de sua constituição.
• TOTAL (abrogação): ocorre quando se torna sem efeito uma norma de forma integral, com a
supressão total do seu texto por uma norma emergente. Ex.: CC/16 → CC/02;
• PARCIAL (derrogação): uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior, como se deu
em face da parte primeira do Código Comercial de 1850;
• EXPRESSA (por via direta): Expressamente exclui lei anterior do ordenamento jurídico;
• TÁCITA (por via oblíqua): A nova lei é absolutamente incompatível com a anterior;
• GLOBAL: A nova lei disciplina totalmente a matéria disciplinada pela lei anterior.
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O QUE É REPRISTINAÇÃO? É POSSÍVEL SUA OCORRÊNCIA?
Repristinação é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em
virtude da revogação da lei revogadora. Segundo o art. 2º, §3º, da LINDB, salvo
disposição em contrário, a lei revogada NÃO se restaura por ter a lei revogadora
perdido sua vigência.
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administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências
jurídicas e administrativas.
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§ 2º (VETADO).
§ 3º (VETADO). ”
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, salvo quanto ao
art. 29 acrescido à Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro), pelo art. 1º desta Lei, que
entrará em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua
publicação oficial.
MICHEL TEMER
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Nesses âmbitos, o art. 20 da LINDB prevê que não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão, sendo que a motivação
demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação do ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.
O que são “valores jurídicos abstratos”? São inúmeros exemplos: “dignidade da pessoa
humana” (art. 1º, III), “valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” (art. 1º, IV), “moralidade” (art.
37, caput), “bem-estar e a justiça sociais” (art. 193), “meio ambiente ecologicamente equilibrado”
(art. 225), todos da CRFB. Esses valores jurídicos abstratos são normalmente classificados como
princípios (normas que possuem um grau de abstração maior que as regras).
Desse modo, a decisão administrativa, judicial ou do órgão controlador pode ser fundamentada
em valores jurídicos abstratos, como os princípios constitucionais da isonomia e da dignidade da
pessoa humana, porém o julgador deve esclarecer suas considerações quanto às consequências
práticas da decisão, como, por exemplo, as repercussões econômicas da medida.
Constata-se, ainda, que a norma legal trata expressamente dos corolários do princípio da
proporcionalidade, quais sejam a necessidade e adequação. Assim, a medida deve ser necessária,
não excedendo os limites indispensáveis à conservação do direito, e adequada, mostrando-se
efetivamente apta a alcançar os objetivos pretendidos.
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DIREITO CIVIL
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Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá,
quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de
modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se
podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta, considerando os termos da Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, o Decreto n.º 9.830/2019 e a Lei n.º
9.784/1999.
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LINDB.
No tocante à interpretação das normas sobre gestão pública, o art. 22 estabelece que serão
considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a
seu cargo, sem prejuízo dos administrados. Dessa maneira, as normas de gestão pública devem ser
interpretadas considerando as peculiaridades de cada ente público, especialmente, por exemplo,
dos Municípios – na maioria das vezes menores e localizados no interior do Estado – onde a estrutura
administrativa e técnica é precária.
Além disso, os parágrafos do art. 22 dispõem que, em decisão sobre regularidade de conduta
ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as
circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. Na
aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
antecedentes do agente, sendo que as sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na
dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato.
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LINDB.
posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente
constituídas.
Cuida-se de previsão que busca garantir a segurança jurídica às situações constituídas à luz
de um entendimento geral válido.
O art. 26 estabelece que para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa
na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa
poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e
presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados,
observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
Esse compromisso tem por escopo buscar solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e
compatível com os interesses gerais, não podendo conferir desoneração permanente de dever ou
condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral e deverá prever com clareza as
obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de
descumprimento.
Com a edição da Lei Federal nº 13.655/2018, que alterou o Decreto-lei nº 4.657/1942 (Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), o controle externo dos atos da
Administração pública
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D) continua a ser exercido nas mesmas circunstâncias, passando a responsabilidade do
agente público, no entanto, a apenas ter lugar nas hipóteses de conduta dolosa.
E) passou a abranger a possibilidade de sustação e declaração de nulidade de atos e
contratos administrativos diretamente pelos Tribunais de Contas, sempre que restar
evidenciado prejuízo ao erário ou erro grosseiro por parte do agente público.
Com relação à responsabilidade civil do agente público, o art. 28 prevê que o mesmo
responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
Ressalta-se, contudo, que essa previsão se afasta da regulamentação constitucional que estabelece
a responsabilidade do agente público, somente de forma regressiva, quando tiver agido com dolo
ou culpa. Ademais, o Código de Processo Civil (arts. 143, 181, 184 e 187) possui dispositivos
específicos que tratam da responsabilidade dos magistrados e dos membros do Ministério Público,
da Defensoria Pública e da Advocacia Pública, o que afastaria a aplicação do art. 28 da LINDB.
Conforme site Dizer o Direito: Segundo a doutrina e o voto do Min. Joaquim Barbosa no MS
24.631/DF (DJ 01/02/2008), existem três espécies de parecer:
Cabe esclarecer que a doutrina divide a culpa em três subespécies: culpa grave, leve e
levíssima. O erro grosseiro é sinônimo de culpa grave. Assim, é como se o art. 1º da MP dissesse: o
agente público somente responderia em caso de dolo ou culpa grave.
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A MP 966/2020 teve seu prazo de vigência encerrado no dia 10/09/2020.
O art. 29 estabelece que em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por
autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta
pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será
considerada na decisão. A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais
condições da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se
houver. Ressalva-se, apenas, que apenas esse dispositivo (art. 29) entrará em vigor após decorridos
180 dias de sua publicação oficial, que ocorreu em 25/04/2018.
Por fim, o art. 30 dispõe que as autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança
jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas, sendo que esses instrumentos terão caráter vinculante em relação ao órgão
ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.
Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB.
André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado.
02. Diferencie:
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ANALOGIA
COSTUMES
PRINCÍPIOS GERAIS
DO DIREITO
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08. Diferencie:
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FACULTATIVO
OBRIGATÓRIO
VINCULANTE
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