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META 01
DIREITO CIVIL
META 01
SUMÁRIO
SUMÁRIO .......................................................................................................................................................... 3
D. CIVIL - META 01 ......................................................................................................................................... 5
QUAL DEVE SER O FOCO? ....................................................................................................................................5
1. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL .........................................................................................5
1.1. Conceito ............................................................................................................................................................6
1.2. A Codificação do Direito Civil ....................................................................................................................6
1.3. O Código Civil de 1916 ...............................................................................................................................6
1.4. O Código Civil de 2002 ...............................................................................................................................7
1.5. Princípios norteadores do Novo Código: Eticidade, Sociabilidade e Operabilidade ................8
1.6. Do Direito Civil-Constitucional............................................................................................................... 12
1.7. Da eficácia horizontal dos direitos fundamentais............................................................................. 14
1.8. A eficácia diagonal dos direitos fundamentais ................................................................................. 16
2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO ....................................................... 16
2.1. Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis ............................... 17
2.2. Antinomias .................................................................................................................................................... 25
2.3. Aplicação temporal das normas ............................................................................................................ 26
2.4. Aplicação espacial das normas (artigos 7º ao 19 - LINDB) .......................................................... 26
2.5. Revogação das leis..................................................................................................................................... 27
2.6. Lei Federal nº 13.655/2018 .................................................................................................................... 28
2.7. Aplicação do Direito Público ................................................................................................................... 33
QUESTÕES PROPOSTAS .................................................................................................................................... 43
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DIREITO CIVIL
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D. CIVIL - META 01
TEMA DO DIA
Constitucionalização do Direito Civil. Lei de introdução às normas do direito brasileiro.
Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis. Conflito das leis no
tempo. Eficácia das leis no espaço.
5. Lei nº 13.655/2018
TODOS OS ARTIGOS
⦁ LINDB – leitura inteira
⦁ Art. 1º ao Art. 78, CC
⦁ Art. 5º, XXX e XXXI, CF/88
LINDB
⦁ Art. 1º, 2º e 4º
⦁ Art. 6º
⦁ Arts. 8º a 10º.
⦁ Art. 12
CF/88
⦁ Art. 5º, XXX, CF/88
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DIREITO CIVIL
META 01
1.1. Conceito
O Direito Civil pode ser conceituado como o complexo de normas, princípios e regras que
disciplinam as relações privadas desde antes do nascimento até depois da morte do ser humano.
Tem como objeto o regramento da vida humana, acompanhando a existência humana em todos os
existenciais (família, vida, estado civil, etc.). É o direito do dia-a-dia, é o direito de todas as pessoas.
Como se sabe, o Brasil foi colonizado por Portugal, de modo que nos primeiros séculos da
revogou as Ordenações Filipinas, que, nada obstante, continuaram a viger no Brasil por longos anos,
O primeiro Código Civil brasileiro coube à autoria de Clóvis Bevilaqua e foi promulgado em
O Código Civil de 1916 foi construído mediante as influências do Código Civil Napoleônico
de 1804 e do Código Civil alemão de 1896, especialmente a estrutura defendida por Savigny de
O Código Civil de 1916 também optou por separar-se do Direito Comercial, mantendo a
lógica do iluminismo. Criado sobre a égide de uma sociedade colonial, patriarcal, rural e
escravagista, valores como o trabalho, a igualdade e a função social da propriedade não estavam
Teve como grande embasamento internacional o Código Civil de Napoleão, o qual era
centrado na propriedade, em uma ótica patrimonial possessiva. Tinha-se a ordem jurídica do ter,
Este código sobreviveu por mais de 80 (oitenta) anos. Não foram poucas as leis ordinárias e
os microssistemas que surgiram após este Código Civil, que não foi capaz de se sustentar ante as
mudanças sociais que se seguiram a sua publicação, máxime, diante do Dirigismo Estatal e da 1ª
Fazia-se necessário relativizar o pacta sunt servanda (princípio da força obrigatória dos
filiação. Alguns institutos estavam em decadência, como a enfiteuse. Por outro lado, a vida moderna
De fato, o Código Civil de 1916 não foi capaz de resistir às importantes mudanças sociais
experimentadas pelo Brasil nas décadas que se seguiram, sendo digna de notas a urbanização, o
que lhe seguiram, dentre os mais importantes, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a Lei de
Registros Públicos, a Lei do Divórcio, do Inquilinato, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT),
entre outros.
A gota d’água foi o advento de uma nova ordem constitucional em 1988, cidadã e fundada
na tutela do ser humano digno, o que causava grave descompasso em relação a um Código Civil
Código Civil de 2002 exsurge de uma ação conjunta e coordenada que deu azo a um anteprojeto
Além de ab-rogar todo o Código Civil de 1916, o Código Civil de 2002 derrogou a parte geral
do Código Comercial de 1850, redimensionando a disciplina dos atos e fatos jurídicos, ao eleger os
negócios jurídicos como instrumento de trânsito das relações civis, além de alterar a ordem da parte
em prol do ser humano (função social). O mesmo ocorreu com os contratos, a empresa, a família,
A legislação civilista passa a ter contato direto com os direitos e garantias fundamentais,
garantias fundamentais, na feliz expressão do professor Daniel Sarmento, passam a ter eficácia
processo legal para a exclusão de associado dos quadros da associação (art. 5 º, inciso LV, da CF/88
c/c art. 57 do CC), e confere-se direito a recurso à minoria vencida, na hipótese de alteração do
Contemplando 2046 artigos, o Código Civil de 2002 se dividiu em duas partes. A Parte Geral
regular as pessoas, os bens e os fatos jurídicos, enquanto que a Parte Especial foi dividida em 05
(cinco) subpartes: o direito das obrigações, o direito da empresa, o direito das coisas, o direito de
Também é interessante notar que o Código Civil de 2002 contempla inédita preocupação
problemas concretos.
Por cláusula geral se infere uma norma, obediente ao devido processo legislativo, na qual há
uma hipótese legal que confere tratamento jurídico a um domínio amplo de casos. É o antônimo das
a) Eticidade
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Consiste em um dever jurídico de condução das relações civis de forma proba, impondo um
Manifesta-se pela boa-fé objetiva, nas relações patrimoniais e pela socioafetividade, nas
relações existenciais.
1)A boa-fé nas relações patrimoniais pode ser inferida sob seu prisma subjetivo e objetivo. A
subjetiva revela um estado psicológico, enquanto a objetiva uma norma de conduta esperada pela
comunidade.
ATENÇÃO!!! Não se pode confundir boa-fé objetiva com boa-fé subjetiva. Deve-se decorar as
Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se Para examinar a boa-fé objetiva, deve-se
seja, de acordo com o sentimento da seja, não importa qual era o sentimento da
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SIM. A boa-fé objetiva surgiu inicialmente no Direito Civil, mas a sua aplicação foi expandida para
todos os demais ramos do direito, inclusive para os ramos do chamado “direito público”, como é o
caso do Direito Administrativo. Assim, por exemplo, de acordo com o STJ, a teoria dos atos próprios
Em suma, a boa-fé objetiva deve estar presente em toda e qualquer relação jurídica.
O atual código civil trouxe a boa-fé, em sua aplicação relacionada à esfera patrimonial, nos
(...)
limitadora.
de zelo, informação, confiança, lealdade, redução das perdas (duty to mitigate) e assistência
recíproca.
implica em inadimplemento contratual de quem lhe tenha dado causa (REsp 595631/SC).
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2) Por outro lado, destaque-se que as relações extrapatrimoniais não são estranhas a
eticidade, sendo terreno fecundo no qual a ética é veiculada mediante a socioafetividade geradora
de confiança. Tem-se como exemplo as relações de família, que hoje devem ser construídas pela via
b) Sociabilidade
Sociabilidade é outro princípio geral marcante do vigente Código Civil, consistindo na quebra
justiça distributiva e diminuição das desigualdades sociais, todos de base constitucional (art. 3º,
do contrato (art. 421), função social da propriedade e função social da posse (art. 1228). Dentre elas,
especificamente nos arts. 5º, XXIII; art. 170, inciso III; e artigos 182 e 186, todos da CF/88.
A força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) não fica estranha a esse fenômeno de
revisão, verificando-se a necessidade de estabelecer trocas úteis e justas, com vistas à promoção da
equivalência material das prestações ou, como também é denominada, justiça contratual.
c) Operablidade
normas do vigente Código serem de mais fácil acesso, possibilitando que uma gama bem maior da
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Relaciona-se de forma perfeita com o princípio constitucional do acesso à justiça (art. 5º,
inciso XXXV, da CF/88). Uma vez conhecida a norma, por ser operável e inteligível à maioria da
consonância com a Constituição Federal. Assim, relativiza-se o princípio da autonomia privada para
abarcar outros princípios superiores, a saber, dignidade da pessoa humana, eficácia horizontal dos
Em síntese, deve-se entender que as normas de direito civil têm que ser lidas e aplicadas à
luz dos princípios e valores consagrados no texto constitucional. Este é um ditame do chamado
Estado Democrático de Direito que tem na Constituição sua base hermenêutica. Ou seja: o direito
civil-constitucional nada mais é do que um novo caminho metodológico que procura analisar os
A Constituição Federal de 1988, além de ser a norma superior do ordenamento, passa a ser
um vetor interpretativo do novo Código Civil de 2002, complementando suas normas e princípios.
Desse modo, o Código Civil não poderá deixar de observar esse novo modelo jurídico, que preza
pelos direitos fundamentais, e aquelas normas que não observam tais preceitos deverão ser
reinterpretadas ou simplesmente afastadas, já que esbarram na Lei Maior. Há, portanto, uma
unificação do direito civil ao direito constitucional, formando um todo que regula as relações
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Assim, assume a Constituição Federal, com isto, o seu verdadeiro papel de elemento
unificador, integrador e orientador de todo o sistema civil, sendo o vértice axiológico do qual
necessitava o ordenamento para integrá-lo. Ocorre que, quando promove a Constituição de 1988, a
reunificação do sistema, pautada no ideal do ser, encontra um então Código Civil fincado na ordem
da legislação civilista.
Abre-se caminho para a despatrimonialização do direito civil, sendo retirados do seu centro
imediato institutos como propriedade e o contrato, os quais cedem seus lugares ao homem, sua
Supremo Tribunal Federal (STF) conferiu ao art. 1723 do Código Civil de 2002. A um primeiro
momento era visto como regra proibitiva da união estável entre pessoas do mesmo sexo. A partir de
princípio da dignidade da pessoa humana e da isonomia (art. 1º, inciso III c/c art. 5º, caput, ambos da
CF/88).
direito civil , não é possível ao STJ analisar as celeumas que lhe aportam
por não ser compromissado com as maiorias votantes, mas apenas com a
fundamentais, sejam eles das minorias, sejam das maiorias. (REsp 1183378
RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 25/10/2011, DJe
01/02/2012)
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DIREITO CIVIL
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Federal, assim como os direitos de personalidade estão para o Código Civil brasileiro. São dois
pessoa. Nesta relação Estado-indivíduo, diz-se que há uma eficácia vertical dos direitos
indivíduo), certo que não estão em posições iguais, sendo evidente a proeminência de força do
Estado.
Após a evolução da teoria dos direitos fundamentais, passou-se a reconhecer que os direitos
fundamentais não incidem apenas em relações desiguais, porém também em relações particulares
em que há uma igualdade de armas. Aqui, surge a eficácia horizontal dos direitos
A teoria irradiante, ou da eficácia horizontal, disciplina que a direta aplicação dos direitos
fundamentais às relações do direito civil, visando dar máximo efeito dos valores constitucionais a
toda legislação brasileira, em prol da dignidade da pessoa humana. Nas palavras do Professor
daquela pessoa jurídica, em direito à defesa e contraditório como comprovação forense da eficácia
prestigiou os direitos da personalidade e a teoria irradiante, como se infere nos REs de número
É cediço que as relações entre particulares nem sempre se apresentam de forma equilibrada.
Por isso, é relativamente comum nos depararmos com situações em que as pessoas estão em uma
posição de desigualdade, com prevalência de uma sobre a outra. Os principais exemplos desses
Foi a partir dessa realidade que nasceu a teoria da eficácia diagonal dos direitos
Este teoria recebe a denominação de eficácia diagonal por que, em tese, as partes estão em
situações equivalentes, não havendo uma preponderância de uma sobre a outra. Ocorre que, na
prática, aquele que possui o poder econômico consegue se sobrepor perante a outra parte, razão
pela qual se defende o devido respeito e a consequente aplicabilidade dos direitos fundamentais
Desse modo, é possível concluir que a eficácia diagonal dos direitos fundamentais nada
mais é que a efetiva aplicação dos direitos fundamentais em relações privadas marcadas pela
A LINDB disciplina o âmbito de aplicação das normas jurídicas, e possui natureza de norma de
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normas jurídicas, isto é, disciplina a emissão e aplicação de outras normas jurídicas (= postulados
normativos).
A) VIGÊNCIA
É critério puramente temporal da norma. Trata-se do lapso temporal em que a norma tem
força obrigatória. O início da vigência marca o começo de sua exigibilidade. A lei passa por três fases
fundamentais para que tenha validade e eficácia: elaboração, promulgação e publicação. Depois vem
ATENÇÃO
VACATIO LEGIS: É o período entre a publicação e o início de vigência da norma. Pode ser definido
como o tempo necessário para que o texto normativo se torne efetivamente conhecido, e variará de
oficialmente publicada.
OBS.: Em havendo norma corretiva, mediante nova publicação do texto legal, os prazos acima devem
correr a partir da nova publicação, pois as correções do texto de lei em vigor devem ser consideradas
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de 2021, foi republicada no Diário Oficial, destinando-se essa nova publicação à correção
do seu texto. Em ambas as publicações, o texto da lei se limitou a dispor que ela passaria
a ter vigência “na forma da lei”. Nesse caso, sabendo-se que, de acordo com o artigo 1º ,
caput, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, a lei começa a vigorar em todo
o país, salvo disposição contrária, quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada,
pode-se afirmar que a lei em questão começou a vigorar no País quarenta e cinco dias
No concurso da PGM CAMPO GRANDE (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da seguinte
forma:
o item a seguir.
Salvo expressa disposição em contrário, a lei entrará em vigor no primeiro dia útil após a
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B) OBRIGATORIEDADE
Uma vez publicada a lei, presume-se o conhecimento geral, razão pela qual ninguém pode
A Lei, como fonte primária do Direito brasileiro, tem as seguintes características básicas:
Generalidade - a norma jurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção, tendo
membros da coletividade.
Permanência - a lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a eficácia.
Competência - a norma, para valer contra todos, deve emanar de autoridade competente,
seguinte forma:
o item a seguir.
Autoridade judiciária brasileira tem competência concorrente para julgar ações relativas a
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DIREITO CIVIL
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seguinte forma:
No que diz respeito ao local de aplicação da lei, nos termos da Lei de Introdução às Normas
situados no Brasil.
C) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira.
país em que residir o proponente, ainda que diversa do local onde situados os bens.
norma autoriza ou não autoriza determinada conduta), estando superada a tese de que não
C) INTERPRETAÇÃO
• JUDICIAL: Realizada pelos juízes e tribunais na atividade judicante, ao aplicar a lei na solução
pareceres;
GRAMATICAL
SOCIOLÓGICA
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Utilização de mecanismos para suprir as lacunas da lei, quando inexiste norma aplicável
diretamente ao caso concreto. De acordo com os arts. 4º da LINDB, são formas de integração da lei:
PRINCÍPIOS GERAIS
ANALOGIA COSTUMES
DO DIREITO
Artigo 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
Importante ressaltar que a EQUIDADE não consta do rol do art. 4º da LINDB, mas alguns
doutrinadores, como Maria Helena Diniz, a incluem dentre as formas de integração da lei. No Direito
Tributário, é expressa a equidade como forma de integração da lei, no art. 108, inciso IV, do CTN.
ATENÇÃO: A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara. Em contrapartida, a
integração depende da existência de LACUNAS que, por sua vez, podem ser:
(PRÓPRIAS)
AUTÊNTICAS
(IMPRÓPRIAS)
comando legal (DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2008). É o
contrário de lacuna da lei, pois nessas hipóteses não se pode fazer analogia (RE 130522, DJ
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DIREITO CIVIL
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- Ontológica: presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social.
- Axiológica: presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória ou
injusta.
- De conflito ou antinomia: choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso
I. Analogia
É a utilização de uma norma próxima ou semelhante para regular uma situação que não foi
concreto.
seguinte forma:
o item a seguir.
princípios gerais de direito, visando atender aos fins sociais da lei e às exigências do bem
comum.
ATENÇÃO:
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norma jurídica.
II. Costumes
São as práticas e usos reiterados, de conteúdo lícito e com relevância jurídica. Podem ser:
• COSTUME NA FALTA DA LEI (praeter legem): É aplicado quando a lei for omissa, sendo
• COSTUME CONTRA A LEI (contra legem): É a aplicação do costume contrária à lei. Nesse
OBS.: O CC/02 consagra 3 princípios fundamentais, conforme se extrai da sua exposição de motivos:
existe no plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo CC, a boa-fé objetiva tem
função de interpretação dos negócios jurídicos em geral; serve como controle das condutas
humanas, eis que sua violação pode gerar abuso de direito (ilícito); bem como tem a função de
individualista da codificação anterior. Assim, todas as categorias têm função social: o contrato, a
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DIREITO CIVIL
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2.2. Antinomias
São o choque de duas normas jurídicas válidas emanadas de autoridade competente. Para
ATENÇÃO 1:
resolução do conflito;
ATENÇÃO 2:
Conflito aparente;
hierárquico: haverá conflito real, pois, a doutrina aponta o critério hierárquico como mais
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DIREITO CIVIL
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forte e, ao seu turno, o critério da especialidade está na CF/88 (princípio da isonomia). Caso
JUDICIAL: O aplicador do direito escolherá uma das duas normas, tendo como base os
O art. 2.º da Lei de Introdução consagra o princípio da continuidade da lei, pelo qual a norma,
a partir da sua entrada em vigor, tem eficácia contínua, até que outra a modifique ou revogue.
A irretroatividade é a regra prevista na LINDB (art. 6º). No entanto, para ser possível, não pode
prejudicar direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Adota-se a ideia do tempus regit
actum, ou seja, a lei nova não atinge os fatos anteriores ao início de sua vigência. Em consequência,
os fatos anteriores à vigência da lei nova regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo em que
foram praticados.
Porém, podem existir hipóteses que se afastem dessa regra, impondo a retroatividade da lei
nova, para alcançar fatos pretéritos ou os seus efeitos. Assim, a doutrina faz uma distinção entre
• RETROATIVIDADE MÉDIA: A lei nova atinge efeitos pendentes de atos jurídicos verificados
antes dela. A lei nova atinge os direitos exigíveis, mas não realizados antes de sua vigência;
efeitos dos fatos anteriores verificados após a data em que ela entra em vigor. Logo, alcança
A LINDB determina as regras de aplicação espacial das normas; dentre elas, destacam-se:
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Começo e fim da personalidade – aplicam-se as normas do país em que for domiciliada a pessoa,
Casamento – se realizado no Brasil o casamento, será aplicada a lei brasileira quanto aos
regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. Além disso, a
LINBD estabelece que o regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem
os nubentes domicílio, e, se este for diverso, o do primeiro domicílio conjugal. Quanto ao divórcio
no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial
Obrigações: a LINDB consagra a regra de aplicação das leis do local em que foram constituídas.
Sucessão por morte ou por ausência: obedece as normas do país do último domicílio do de cujus.
Vocação hereditária: serão aplicadas as regras nacionais no caso de vocação hereditária para
suceder bens de estrangeiro situados no Brasil, salvo se mais favoráveis ao cônjuge e aos filhos as
• TOTAL (abrogação): ocorre quando se torna sem efeito uma norma de forma integral, com a
supressão total do seu texto por uma norma emergente. Ex.: CC/16 CC/02;
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DIREITO CIVIL
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• PARCIAL (derrogação): uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior, como se deu
• EXPRESSA (por via direta): Expressamente exclui lei anterior do ordenamento jurídico;
• TÁCITA (por via oblíqua): A nova lei é absolutamente incompatível com a anterior;
• GLOBAL: A nova lei disciplina totalmente a matéria disciplinada pela lei anterior.
virtude da revogação da lei revogadora. Segundo o art. 2º, §3º, da LICC, salvo
disposição em contrário, a lei revogada NÃO se restaura por ter a lei revogadora
https://youtu.be/rmgoAW6_qkg
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DIREITO CIVIL
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seguintes artigos:
jurídicas e administrativas.
podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos
administrados.
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DIREITO CIVIL
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a ação do agente.
agente.
constituídas.
II – (VETADO);
IV - Deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu
§ 2º (VETADO). ”
envolvidos.
as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.
§ 1º (VETADO).
§ 2º (VETADO).
§ 3º (VETADO). ”
decisão. Vigência
§ 2º (VETADO). ”
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, salvo quanto ao
publicação oficial.
MICHEL TEMER
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DIREITO CIVIL
META 01
Brasileiro que cuidam de regras sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do
direito público. São normas aplicadas nas esferas administrativa (como nos processos
administrativos), controladora (como o Tribunal de Contas) e judicial (como nos processos que
Nesses âmbitos, o art. 20 da LINDB prevê que não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão, sendo que a motivação
O que são “valores jurídicos abstratos”? São inúmeros exemplos: “dignidade da pessoa
humana” (art. 1º, III), “valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” (art. 1º, IV), “moralidade” (art.
37, caput), “bem-estar e a justiça sociais” (art. 193), “meio ambiente ecologicamente equilibrado”
(art. 225), todos da CRFB. Esses valores jurídicos abstratos são normalmente classificados como
Desse modo, a decisão administrativa, judicial ou do órgão controlador pode ser fundamentada
pessoa humana, porém o julgador deve esclarecer suas considerações quanto às consequências
Constata-se, ainda, que a norma legal trata expressamente dos corolários do princípio da
proporcionalidade, quais sejam a necessidade e adequação. Assim, a medida deve ser necessária,
excessiva; e
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DIREITO CIVIL
META 01
jurídicas e administrativas.
podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
administrativas de sua decisão, que - ao invalidar ato, contratos, ajuste, processo ou norma
regularização, a decisão deverá indicar os meios para tanto, de modo proporcional e equânime e sem
normativo que afeta diretamente usuários dos serviços prestados pelo poder público.
dessa consulta, que continha a minuta do ato normativo, disponibilizou a motivação do ato
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DIREITO CIVIL
META 01
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta, considerando os termos da Lei
9.784/1999.
estado, é obrigatória, uma vez que afeta diretamente usuários de serviços públicos.
mesmo que o ato de convocação da consulta pública seja considerado ato vinculado.
No tocante à interpretação das normas sobre gestão pública, o art. 22 estabelece que serão
seu cargo, sem prejuízo dos administrados. Dessa maneira, as normas de gestão pública devem ser
dos Municípios – na maioria das vezes menores e localizados no interior do Estado – onde a estrutura
Além disso, os parágrafos do art. 22 dispõem que, em decisão sobre regularidade de conduta
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DIREITO CIVIL
META 01
antecedentes do agente, sendo que as sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na
norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá
prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses
gerais.
de decisão judicial. Ressalte-se, contudo, que a redação do CPC é bem superior à do art. 23 da
constituídas.
Cuida-se de previsão que busca garantir a segurança jurídica às situações constituídas à luz
O art. 26 estabelece que para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa
poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e
observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
Esse compromisso tem por escopo buscar solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e
compatível com os interesses gerais, não podendo conferir desoneração permanente de dever ou
condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral e deverá prever com clareza as
obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de
descumprimento.
Com a edição da Lei Federal nº 13.655/2018, que alterou o Decreto-lei nº 4.657/1942 (Lei
Administração pública
não havendo que se falar em anulação ou nulidade de atos administrativos que não
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DIREITO CIVIL
META 01
agente público, no entanto, a apenas ter lugar nas hipóteses de conduta dolosa.
envolvidos.
as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.
Com relação à responsabilidade civil do agente público, o art. 28 prevê que o mesmo
responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
Ressalta-se, contudo, que essa previsão se afasta da regulamentação constitucional que estabelece
a responsabilidade do agente público, somente de forma regressiva, quando tiver agido com dolo
ou culpa. Ademais, o Código de Processo Civil (arts. 143, 181, 184 e 187) possui dispositivos
específicos que tratam da responsabilidade dos magistrados e dos membros do Ministério Público,
Conforme site Dizer o Direito: Segundo a doutrina e o voto do Min. Joaquim Barbosa no MS
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DIREITO CIVIL
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decide.
parecerista, já que a
pode ser responsabilizado pode ser responsabilizado deve ser de acordo com o
responde solidariamente
necessário demonstrar
públicos por atos relacionados com a pandemia da covid-19. O caput do art. 1º da MP previa o
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DIREITO CIVIL
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DIREITO CIVIL
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COVID-19
Cabe esclarecer que a doutrina divide a culpa em três subespécies: culpa grave, leve e
levíssima. O erro grosseiro é sinônimo de culpa grave. Assim, é como se o art. 1º da MP dissesse: o
13.655/2018)
O art. 29 estabelece que em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por
autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta
pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será
considerada na decisão. A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais
houver. Ressalva-se, apenas, que apenas esse dispositivo (art. 29) entrará em vigor após decorridos
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DIREITO CIVIL
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correta.
de atos e contratos.
Por fim, o art. 30 dispõe que as autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança
jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas, sendo que esses instrumentos terão caráter vinculante em relação ao órgão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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DIREITO CIVIL
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QUESTÕES PROPOSTAS
As associações são consideradas pessoas jurídicas de direito privado e, por esse motivo, elas devem
ser regularmente inscritas no registro de empresas.
COMENTÁRIOS
As associações não são empresas, logo seu registro deve ocorrer no cartório de registro civil das
pessoas jurídicas e não na junta comercial, como ocorre com as sociedades empresárias.
Nestor Duarte. Código civil comentado. São Paulo: Ed. Manole, 2007, p. 432 (com adaptações).
Considerando o texto precedente e aspectos a ele inerentes, julgue o item a seguir, com base no
Código Civil.
COMENTÁRIOS
A possibilidade de desconsiderar a personalidade jurídica e atingir eventualmente o patrimônio
dos sócios possui uma previsão geral no art. 50 do Código Civil. Vejamos:
art. 50 CC/02: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores
ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada
pela Lei nº 13.874, de 2019)
Considerando o texto precedente e aspectos a ele inerentes, julgue o item a seguir, com base no
Código Civil.
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DIREITO CIVIL
META 01
Os patrimônios dos sócios, embora vinculados, sob nenhuma hipótese poderão ser expropriados
para satisfazer os credores da empresa.
COMENTÁRIOS
Pela desconsideração das personalidade jurídica, o patrimônio dos sócios poderá ser atingindo,
nos termos do art. 50 do Código Civil. Tal possibilidade também é prevista no CDC.
Nessa ótica, o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor adotam teorias distintas para
justificar a desconsideração da personalidade jurídica. Enquanto o primeiro acolheu a teoria maior,
exigindo a demonstração de abuso ou fraude como pressuposto para sua decretação (CC art. 50),
o CDC perfilha a teoria menor, a qual admite a responsabilização dos sócios quando a
personalidade da sociedade empresária configurar impeditivo ao ressarcimento dos prejuízos
causados ao consumidor (CDC art. 28, § 5º)
04- 2017 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Acerca das associações, das sociedades e das fundações, julgue o item seguinte, com base no
Código Civil.
Na extinção de associação, os valores referentes às quotas dos associados não são revertidas a eles,
visto que associações não possuem fins econômicos.
COMENTÁRIOS
Alternativa incorreta, nos termos do art. 60 do Código Civil. Vejamos:
CC: Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de
deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será
destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por
deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou
semelhantes.
§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes,
antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o
respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.
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DIREITO CIVIL
META 01
As fundações podem ser criadas independentemente da dotação especial de bens livres pelo
instituidor.
COMENTÁRIOS
O artigo 62 do Código Civil prevê que para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
COMENTÁRIOS
Código Civil
Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto no presente Capítulo, ressalvada a
legislação especial.
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
COMENTÁRIOS
Código Civil
45
DIREITO CIVIL
META 01
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
O período de vacância de uma lei — vacatio legis — consiste no período compreendido entre a data
de sua publicação e o início de sua vigência, e tem como finalidade dar amplo conhecimento da lei,
para que todos assimilem seu conteúdo antes de sua entrada em vigor.
COMENTÁRIOS
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada.
CERTO.
Salvo expressa disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país no dia útil seguinte
ao de sua publicação na imprensa oficial.
COMENTÁRIOS
DL nº 4.657/42 - LINDB
Art. 1 Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias
depois de oficialmente publicada.
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DIREITO CIVIL
META 01
ERRADO
COMENTÁRIOS
Derrogação é a revogação parcial de uma lei. Não se confunde com ab-rogação, que é a revogação
de uma lei por completo.
ERRADO
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