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DIREITO CIVIL

META 01
DIREITO CIVIL
META 01

SUMÁRIO
SUMÁRIO .......................................................................................................................................................... 3
D. CIVIL - META 01 ......................................................................................................................................... 5
QUAL DEVE SER O FOCO? ....................................................................................................................................5
1. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL .........................................................................................5
1.1. Conceito ............................................................................................................................................................6
1.2. A Codificação do Direito Civil ....................................................................................................................6
1.3. O Código Civil de 1916 ...............................................................................................................................6
1.4. O Código Civil de 2002 ...............................................................................................................................7
1.5. Princípios norteadores do Novo Código: Eticidade, Sociabilidade e Operabilidade ................8
1.6. Do Direito Civil-Constitucional............................................................................................................... 12
1.7. Da eficácia horizontal dos direitos fundamentais............................................................................. 14
1.8. A eficácia diagonal dos direitos fundamentais ................................................................................. 16
2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO ....................................................... 16
2.1. Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis ............................... 17
2.2. Antinomias .................................................................................................................................................... 25
2.3. Aplicação temporal das normas ............................................................................................................ 26
2.4. Aplicação espacial das normas (artigos 7º ao 19 - LINDB) .......................................................... 26
2.5. Revogação das leis..................................................................................................................................... 27
2.6. Lei Federal nº 13.655/2018 .................................................................................................................... 28
2.7. Aplicação do Direito Público ................................................................................................................... 33
QUESTÕES PROPOSTAS .................................................................................................................................... 43

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D. CIVIL - META 01

TEMA DO DIA
Constitucionalização do Direito Civil. Lei de introdução às normas do direito brasileiro.
Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis. Conflito das leis no
tempo. Eficácia das leis no espaço.

QUAL DEVE SER O FOCO?

1. Constitucionalização do Direito Civil

2. Aplicação e vigência das leis.

3. Conflito das leis no tempo.

4. Eficácia das leis no espaço.

5. Lei nº 13.655/2018

TODOS OS ARTIGOS
⦁ LINDB – leitura inteira
⦁ Art. 1º ao Art. 78, CC
⦁ Art. 5º, XXX e XXXI, CF/88

⦁ Art. 5º, XXXVI, CF/88

⦁ Art. 37, §6º, CF/88

⦁ Art. 173, §1º, CF/88

⦁ Art. 133 a 137, CPC

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

LINDB
⦁ Art. 1º, 2º e 4º

⦁ Art. 6º

⦁ Art. 7º, §§ 3º, 4º, 6º

⦁ Arts. 8º a 10º.

⦁ Art. 12

⦁ Arts. 20 a 30 (alteração legislativa recente!)

CF/88
⦁ Art. 5º, XXX, CF/88

1. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

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1.1. Conceito

O Direito Civil pode ser conceituado como o complexo de normas, princípios e regras que

disciplinam as relações privadas desde antes do nascimento até depois da morte do ser humano.

Tem como objeto o regramento da vida humana, acompanhando a existência humana em todos os

seus momentos, daí ser chamado de direito comum.

Contempla direitos patrimoniais (obrigações, responsabilidade civil, contratos, etc.) e direitos

existenciais (família, vida, estado civil, etc.). É o direito do dia-a-dia, é o direito de todas as pessoas.

1.2. A Codificação do Direito Civil

Como se sabe, o Brasil foi colonizado por Portugal, de modo que nos primeiros séculos da

nação brasileira se experimentava neste território a aplicação do direito português. As denominadas

Ordenações do Reino (Legislações de Portugal) eram as que se aplicavam a um Brasil rural,

patriarcal, escravagista, colonizador e não-republicano.

Em 07 de setembro de 1822 veio a lume a independência do Brasil. No ano de 1867, Portugal

revogou as Ordenações Filipinas, que, nada obstante, continuaram a viger no Brasil por longos anos,

até o advento do Código Civil de 1916.

1.3. O Código Civil de 1916

O primeiro Código Civil brasileiro coube à autoria de Clóvis Bevilaqua e foi promulgado em

01 de janeiro de 1916, entrando em vigor no dia 01 de janeiro de 1917.

O Código Civil de 1916 foi construído mediante as influências do Código Civil Napoleônico

de 1804 e do Código Civil alemão de 1896, especialmente a estrutura defendida por Savigny de

uma Parte Geral e uma Parte Especial.

O Código Civil de 1916 também optou por separar-se do Direito Comercial, mantendo a

dualidade dos Diplomas Jurídicos.

Trata-se de um código patrimonialista, agrário, conservador, individualista, que seguiu a

lógica do iluminismo. Criado sobre a égide de uma sociedade colonial, patriarcal, rural e

escravagista, valores como o trabalho, a igualdade e a função social da propriedade não estavam

presentes no primeiro Código Civil Brasileiro.


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Teve como grande embasamento internacional o Código Civil de Napoleão, o qual era

centrado na propriedade, em uma ótica patrimonial possessiva. Tinha-se a ordem jurídica do ter,

fincada no patrimônio (patrimonialização do direito civil).

Este código sobreviveu por mais de 80 (oitenta) anos. Não foram poucas as leis ordinárias e

os microssistemas que surgiram após este Código Civil, que não foi capaz de se sustentar ante as

mudanças sociais que se seguiram a sua publicação, máxime, diante do Dirigismo Estatal e da 1ª

Grande Guerra Mundial.

Fazia-se necessário relativizar o pacta sunt servanda (princípio da força obrigatória dos

contratos), diante das necessidades sociais e do abuso do poder econômico. A propriedade

individualista carecia atender à função socioambiental. Ignorava-se a união estável e a igualdade na

filiação. Alguns institutos estavam em decadência, como a enfiteuse. Por outro lado, a vida moderna

exigia nova reflexão sobre a responsabilidade civil.

De fato, o Código Civil de 1916 não foi capaz de resistir às importantes mudanças sociais

experimentadas pelo Brasil nas décadas que se seguiram, sendo digna de notas a urbanização, o

industrialismo, as guerras mundiais, as mudanças nos usos e costumes, os microssistemas jurídicos

que lhe seguiram, dentre os mais importantes, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a Lei de

Registros Públicos, a Lei do Divórcio, do Inquilinato, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT),

entre outros.

A gota d’água foi o advento de uma nova ordem constitucional em 1988, cidadã e fundada

na tutela do ser humano digno, o que causava grave descompasso em relação a um Código Civil

patrimonialista fincado na ordem do ter.

1.4. O Código Civil de 2002

Ao contrário do trabalho isolado de Clóvis Beviláqua e que redundou no Código de 1916, o

Código Civil de 2002 exsurge de uma ação conjunta e coordenada que deu azo a um anteprojeto

apresentado em 1972, sob a liderança de Miguel Reale.

Além de ab-rogar todo o Código Civil de 1916, o Código Civil de 2002 derrogou a parte geral

do Código Comercial de 1850, redimensionando a disciplina dos atos e fatos jurídicos, ao eleger os

negócios jurídicos como instrumento de trânsito das relações civis, além de alterar a ordem da parte

especial e unificar as obrigações civis e mercantis (direito empresarial).


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Adentra o novo diploma na ordem do ser da Constituição Federal de 1988, promovendo

a despatrimonialização e uma repersonificação do direito civil. O ser humano, antes esquecido

em detrimento da propriedade, passa a ocupar papel central, sendo a propriedade funcionalizada

em prol do ser humano (função social). O mesmo ocorreu com os contratos, a empresa, a família,

etc. Ressocializa-se o direito civil.

A legislação civilista passa a ter contato direto com os direitos e garantias fundamentais,

sendo o direito civil constitucionalizado (“constitucionalização do direito civil”). Os direitos e

garantias fundamentais, na feliz expressão do professor Daniel Sarmento, passam a ter eficácia

radiante, aplicando-se às relações horizontais ou privadas. Exige-se, por exemplo, o devido

processo legal para a exclusão de associado dos quadros da associação (art. 5 º, inciso LV, da CF/88

c/c art. 57 do CC), e confere-se direito a recurso à minoria vencida, na hipótese de alteração do

estatuto funcional (art. 68 do CC).

Contemplando 2046 artigos, o Código Civil de 2002 se dividiu em duas partes. A Parte Geral

regular as pessoas, os bens e os fatos jurídicos, enquanto que a Parte Especial foi dividida em 05

(cinco) subpartes: o direito das obrigações, o direito da empresa, o direito das coisas, o direito de

família e o direito das sucessões.

1.5. Princípios norteadores do Novo Código: Eticidade, Sociabilidade e Operabilidade

Também é interessante notar que o Código Civil de 2002 contempla inédita preocupação

principiológica, elegendo a eticidade, a operabilidade e a sociabilidade como os três pilares

fundamentais sobre os quais se construiu o texto legislativo do novo diploma.

O novo código passa a adotar o modelo de cláusulas gerais (abertas), abandonando a

concepção positivista pretérita, que defendia a possibilidade da normatização prever todos os

problemas concretos.

Por cláusula geral se infere uma norma, obediente ao devido processo legislativo, na qual há

uma hipótese legal que confere tratamento jurídico a um domínio amplo de casos. É o antônimo das

normas casuísticas, as quais abrangem um domínio específico de casos.

a) Eticidade

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Consiste em um dever jurídico de condução das relações civis de forma proba, impondo um

agir segundo os valores sociais e morais relevantes, fincados na boa-fé e na equidade.

Manifesta-se pela boa-fé objetiva, nas relações patrimoniais e pela socioafetividade, nas

relações existenciais.

1)A boa-fé nas relações patrimoniais pode ser inferida sob seu prisma subjetivo e objetivo. A

subjetiva revela um estado psicológico, enquanto a objetiva uma norma de conduta esperada pela

comunidade.

ATENÇÃO!!! Não se pode confundir boa-fé objetiva com boa-fé subjetiva. Deve-se decorar as

principais diferenças entre esses conceitos:

Boa-fé SUBJETIVA Boa-fé OBJETIVA

Não é um princípio, mas sim um estado É uma regra de conduta.

psicológico (um fato). Significa manter uma conduta de acordo

com padrões sociais de lisura,

Muito utilizada no Direito Real (exs: posse, honestidade e correção.

usucapião, benfeitorias etc). Tem como objetivo não frustrar a legítima

confiança da outra parte.

Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se Para examinar a boa-fé objetiva, deve-se

analisar se a pessoa pensava, analisar se a pessoa agiu de acordo com

sinceramente, que agia ou não de acordo os padrões de comportamento(standards)

com o direito (é examinado se a pessoa impostos pelo direito em determinada

tinha boas ou más intenções). localidade e em determinada situação.

Deve ser examinada internamente, ou Deve ser examinada externamente, ou

seja, de acordo com o sentimento da seja, não importa qual era o sentimento da

pessoa. pessoa, mas sim a sua conduta.

Aplicação nos ramos do direito

Normalmente, o estudo da boa-fé objetiva é feito no Direito Civil. No entanto, indaga-se:

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É possível a aplicação da boa-fé objetiva nos demais ramos do Direito?

SIM. A boa-fé objetiva surgiu inicialmente no Direito Civil, mas a sua aplicação foi expandida para

todos os demais ramos do direito, inclusive para os ramos do chamado “direito público”, como é o

caso do Direito Administrativo. Assim, por exemplo, de acordo com o STJ, a teoria dos atos próprios

(venire contra factum proprium) é aplicada ao poder público.

Em suma, a boa-fé objetiva deve estar presente em toda e qualquer relação jurídica.

O atual código civil trouxe a boa-fé, em sua aplicação relacionada à esfera patrimonial, nos

artigos 113 e 422, os quais dispõem respectivamente:

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e

os usos do lugar de sua celebração.

(...)

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do

contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

A boa-fé objetiva possui 03 (três) funções: interpretativa, integrativa e restritiva ou

limitadora.

A função interpretativa impõe ao operador do direito a leitura das relações patrimoniais

calcado Na ética, observando-se as interpenetrações sistemáticas do Código Civil e demais diplomas

jurídicos, além dos fatores metajurídicos.

O papel integrativo, com construção de deveres anexos de cooperação, traz a existência no

contrato de certas obrigações, independentemente de disposição contratual expressa, como o dever

de zelo, informação, confiança, lealdade, redução das perdas (duty to mitigate) e assistência

recíproca.

O descumprimento de um dever anexo é denominado de violação positiva do contrato ou

adimplemento fraco/imperfeito/defeituoso. Para o STJ, a violação a quaisquer deveres anexos

implica em inadimplemento contratual de quem lhe tenha dado causa (REsp 595631/SC).

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A função restritiva ou limitadora assevera a possibilidade de revisão do contrato sobre a

ótica da boa-fé, sendo restringidas certas cláusulas.

2) Por outro lado, destaque-se que as relações extrapatrimoniais não são estranhas a

eticidade, sendo terreno fecundo no qual a ética é veiculada mediante a socioafetividade geradora

de confiança. Tem-se como exemplo as relações de família, que hoje devem ser construídas pela via

do afeto, da desbiologização, da igualdade, do caráter democrático e plural.

b) Sociabilidade

Sociabilidade é outro princípio geral marcante do vigente Código Civil, consistindo na quebra

do paradigma liberal-individual e ascensão do transindividual. É a transmutação da visão

individualista da codificação de 1916, para a solidária de 2002, em combate ao exacerbado

individualismo possessivo de outrora.

Traduz a consagração e materialização na órbita civil dos princípios do solidarismo social,

justiça distributiva e diminuição das desigualdades sociais, todos de base constitucional (art. 3º,

inciso I, III e IV, da CF/88), em afronta à visão egoística pretérita.

A sociabilidade é instrumentalizada no Código Civil em três esferas principais: função social

do contrato (art. 421), função social da propriedade e função social da posse (art. 1228). Dentre elas,

é a função social da propriedade a única que, expressamente, tem sede constitucional,

especificamente nos arts. 5º, XXIII; art. 170, inciso III; e artigos 182 e 186, todos da CF/88.

A força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) não fica estranha a esse fenômeno de

revisão, verificando-se a necessidade de estabelecer trocas úteis e justas, com vistas à promoção da

equivalência material das prestações ou, como também é denominada, justiça contratual.

c) Operablidade

Operabilidade é o terceiro princípio informador do atual Código Civil. Consiste no fato de as

normas do vigente Código serem de mais fácil acesso, possibilitando que uma gama bem maior da

sociedade as entenda e utilize mais corriqueiramente. É a qualidade de ser operável.

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Relaciona-se de forma perfeita com o princípio constitucional do acesso à justiça (art. 5º,

inciso XXXV, da CF/88). Uma vez conhecida a norma, por ser operável e inteligível à maioria da

população, tem-se maior acesso ao Poder Judiciário.

Operabilidade é princípio que remonta a construção do princípio vetor de interpretação

constitucional da coloquialidade. Remete ao ideal do direito operável à sua maleabilidade, a qual

foi deveras aumentada em virtude da inserção de cláusulas gerais.

1.6. Do Direito Civil-Constitucional

A constitucionalização do direito civil, ou direito civil-constitucional, é um movimento

doutrinário e jurisprudencial que visa a imprimir uma reinterpretação do Código Civil, em

consonância com a Constituição Federal. Assim, relativiza-se o princípio da autonomia privada para

abarcar outros princípios superiores, a saber, dignidade da pessoa humana, eficácia horizontal dos

direitos fundamentais, função social da propriedade, entre outros.

Em síntese, deve-se entender que as normas de direito civil têm que ser lidas e aplicadas à

luz dos princípios e valores consagrados no texto constitucional. Este é um ditame do chamado

Estado Democrático de Direito que tem na Constituição sua base hermenêutica. Ou seja: o direito

civil-constitucional nada mais é do que um novo caminho metodológico que procura analisar os

institutos privados a partir da Constituição, e, eventualmente, os mecanismos constitucionais a partir

do Código Civil e da legislação infraconstitucional, em uma análise de mão dupla.

A Constituição Federal de 1988, além de ser a norma superior do ordenamento, passa a ser

um vetor interpretativo do novo Código Civil de 2002, complementando suas normas e princípios.

Desse modo, o Código Civil não poderá deixar de observar esse novo modelo jurídico, que preza

pelos direitos fundamentais, e aquelas normas que não observam tais preceitos deverão ser

reinterpretadas ou simplesmente afastadas, já que esbarram na Lei Maior. Há, portanto, uma

unificação do direito civil ao direito constitucional, formando um todo que regula as relações

privadas, com fulcro na observância dos preceitos constitucionais.

Esta civilização da constituição evidencia hoje o papel central do texto constitucional no

ordenamento jurídico, passando institutos privados, a exemplo do trabalho, propriedade e contrato,

a ocuparem locus constitucional.

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Assim, assume a Constituição Federal, com isto, o seu verdadeiro papel de elemento

unificador, integrador e orientador de todo o sistema civil, sendo o vértice axiológico do qual

necessitava o ordenamento para integrá-lo. Ocorre que, quando promove a Constituição de 1988, a

reunificação do sistema, pautada no ideal do ser, encontra um então Código Civil fincado na ordem

do ter, instalando-se um verdadeiro descompasso ideológico, sendo esse o fundamento da mudança

da legislação civilista.

Abre-se caminho para a despatrimonialização do direito civil, sendo retirados do seu centro

imediato institutos como propriedade e o contrato, os quais cedem seus lugares ao homem, sua

dignidade, bem-estar e procura de justiça social. Ao lado dessa respersonificação, infere-se o

rompimento do individual, o qual cede espaço para o difuso e o socialmente relevante.

Desse modo, mitiga-se o paradigma liberal-individual, pois o constitucionalismo de 1988 não

mais confere espaço par ao singular em detrimento do difuso. Chega-se ao solidarismo.

Exemplo prático da referida constitucionalização do direito civil está na interpretação que o

Supremo Tribunal Federal (STF) conferiu ao art. 1723 do Código Civil de 2002. A um primeiro

momento era visto como regra proibitiva da união estável entre pessoas do mesmo sexo. A partir de

uma interpretação conforme, em consonância com os preceitos constitucionais, houve uma

revalorização do dispositivo, para nele albergar as uniões homoafetivas, com fundamento no

princípio da dignidade da pessoa humana e da isonomia (art. 1º, inciso III c/c art. 5º, caput, ambos da

CF/88).

DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO CIVIL ENTRE PESSOAS

DO MESMO SEXO (HOMOAFETIVO). INTERPRETAÇAO DOS

ARTS. 1.524, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565 DO CÓDIGO CIVIL DE

2002. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇAO EXPRESSA A QUE SE

HABILITEM PARA O CASAMENTO PESSOAS DO MESMO SEXO.

VEDAÇAO IMPLÍCITA CONSTITUCIONALMENTE

INACEITÁVEL. ORIENTAÇAO PRINCIPIOLÓGICA CONFERIDA PELO

STF NO JULGAMENTO DA ADPF N. 132/RJ E DA ADI N. 4.277/DF.

1. Embora criado pela Constituição Federal como guardião do direito

infraconstitucional, no estado atual em que se encontra a evolução do

direito privado, vigorante a fase histórica da constitucionalização do


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direito civil , não é possível ao STJ analisar as celeumas que lhe aportam

"de costas" para a Constituição Federal, sob pena de ser entregue ao

jurisdicionado um direito desatualizado e sem lastro na Lei Maior. Vale

dizer, o Superior Tribunal de Justiça, cumprindo sua missão deuniformizar o

direito infraconstitucional, não pode conferir à lei uma interpretação que

não seja constitucionalmente aceita. 2. O Supremo Tribunal Federal, no

julgamento conjunto da ADPF n. 132/RJ e da ADI n. 4.277/DF, conferiu ao

art. 1.723 do Código Civil de 2002 interpretação conforme

à Constituição para dele excluir todo significado que impeça o

reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do

mesmo sexo como entidade familiar , entendida esta como sinônimo

perfeito de família . (...)8. Os arts. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565,

todos do Código Civil de 2002, não vedam expressamente o casamento

entre pessoas do mesmo sexo, e não há como se enxergar uma

vedação implícita ao casamento homoafetivo sem afronta a caros princípios

constitucionais, como o da igualdade, o da não discriminação, o da

dignidade da pessoa humana e os do pluralismo e livre planejamento

familiar. 9. Não obstante a omissão legislativa sobre o tema, a

maioria, mediante seus representantes eleitos, não poderia

mesmo "democraticamente" decretar a perda de direitos civis da

minoria pela qual eventualmente nutre alguma aversão. Nesse cenário,

em regra é o Poder Judiciário - e não o Legislativo - que exerce um papel

contramajoritário e protetivo de especialíssima importância, exatamente

por não ser compromissado com as maiorias votantes, mas apenas com a

lei e com a Constituição, sempre em vista a proteção dos direitos humanos

fundamentais, sejam eles das minorias, sejam das maiorias. (REsp 1183378

RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 25/10/2011, DJe

01/02/2012)

1.7. Da eficácia horizontal dos direitos fundamentais

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Incialmente, é possível afirmar que os direitos fundamentais estão para a Constituição

Federal, assim como os direitos de personalidade estão para o Código Civil brasileiro. São dois

lados de uma mesma moeda denominada dignidade da pessoa humana.

É consabido que os direitos fundamentais surgiram numa ideia de limitação do poder

absoluto do Estado e proteção do indivíduo, conferindo-se direitos básicos e garantias a qualquer

pessoa. Nesta relação Estado-indivíduo, diz-se que há uma eficácia vertical dos direitos

fundamentais, pois nesta relação há um poder “superior” (o Estado) e um infinitamente “inferior” (o

indivíduo), certo que não estão em posições iguais, sendo evidente a proeminência de força do

Estado.

Após a evolução da teoria dos direitos fundamentais, passou-se a reconhecer que os direitos

fundamentais não incidem apenas em relações desiguais, porém também em relações particulares

em que há uma igualdade de armas. Aqui, surge a eficácia horizontal dos direitos

fundamentais que é justamente incidência e observância de todos os direitos fundamentais nas

relações privadas (particular-particular).

A teoria irradiante, ou da eficácia horizontal, disciplina que a direta aplicação dos direitos

fundamentais às relações do direito civil, visando dar máximo efeito dos valores constitucionais a

toda legislação brasileira, em prol da dignidade da pessoa humana. Nas palavras do Professor

Ingo Wolfgang Sarlet:

(...) a constatação de que os direitos fundamentais, na qualidade de

princípios constitucionais, e por força do princípio da unidade do

ordenamento jurídico, se aplicam relativamente a toda ordem jurídica,

inclusive privada; bem como a necessidade de se protegerem os

particulares também contra atos atentatórios aos direitos fundamentais

provindos de outros indivíduos ou entidades particulares (A eficácia dos

direitos fundamentais, Livraria do Advogado, 2003, p. 356).

À guisa de exemplo, cite-se o emblemático caso decidido pelo STF no RE 201819/RJ,

publicado em 11/10/2005, que determinou a reintengração de associado excluído do quadro

daquela pessoa jurídica, em direito à defesa e contraditório como comprovação forense da eficácia

horizontal destes direitos fundamentais. Em outras oportunidades o Supremo Tribunal Federal


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prestigiou os direitos da personalidade e a teoria irradiante, como se infere nos REs de número

160222-8, 158215-4 e 161243-6.

1.8. A eficácia diagonal dos direitos fundamentais

É cediço que as relações entre particulares nem sempre se apresentam de forma equilibrada.

Por isso, é relativamente comum nos depararmos com situações em que as pessoas estão em uma

posição de desigualdade, com prevalência de uma sobre a outra. Os principais exemplos desses

tipos de situação de desigualdade entre particulares são as relações trabalhistas e consumeristas.

Tanto no direito do trabalho quanto no direito do consumidor o poderio econômico-financeiro das

empresas/patrão pode resultar em graves violações aos direitos fundamentais de consumidores e

trabalhadores, partes hipossuficientes nas respectivas relações jurídicas.

Foi a partir dessa realidade que nasceu a teoria da eficácia diagonal dos direitos

fundamentais. Para a referida teoria, os direitos fundamentais devem ser aplicados/respeitado

em relações privadas caracterizadas por uma notória desigualdade de poder, em razão da

hipossuficiência de uma das partes da relação.

Este teoria recebe a denominação de eficácia diagonal por que, em tese, as partes estão em

situações equivalentes, não havendo uma preponderância de uma sobre a outra. Ocorre que, na

prática, aquele que possui o poder econômico consegue se sobrepor perante a outra parte, razão

pela qual se defende o devido respeito e a consequente aplicabilidade dos direitos fundamentais

nas relações entre particulares.

Desse modo, é possível concluir que a eficácia diagonal dos direitos fundamentais nada

mais é que a efetiva aplicação dos direitos fundamentais em relações privadas marcadas pela

desigualdade entre os particulares, em especial quando puder se verificar um relação de

intimidade entre o poderio econômico-financeiro e a vulnerabilidade da parte hipossuficiente.

2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

A LINDB disciplina o âmbito de aplicação das normas jurídicas, e possui natureza de norma de

sobredireito ou de apoio, consistente no conjunto de regras cujo objetivo é disciplinar as próprias

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normas jurídicas, isto é, disciplina a emissão e aplicação de outras normas jurídicas (= postulados

normativos).

2.1. Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis

A) VIGÊNCIA

É critério puramente temporal da norma. Trata-se do lapso temporal em que a norma tem

força obrigatória. O início da vigência marca o começo de sua exigibilidade. A lei passa por três fases

fundamentais para que tenha validade e eficácia: elaboração, promulgação e publicação. Depois vem

o prazo de vacância, geralmente previsto na própria norma.

ATENÇÃO

VACATIO LEGIS: É o período entre a publicação e o início de vigência da norma. Pode ser definido

como o tempo necessário para que o texto normativo se torne efetivamente conhecido, e variará de

acordo com a repercussão social da matéria.

Decreto-Lei nº 4.657/42 (LINDB): Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei

começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de

oficialmente publicada.

§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando

admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.

OBS.: Em havendo norma corretiva, mediante nova publicação do texto legal, os prazos acima devem

correr a partir da nova publicação, pois as correções do texto de lei em vigor devem ser consideradas

como sendo lei nova.

No concurso da PGE GO (FCC - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma:

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Determinada lei foi oficialmente publicada em 1º de fevereiro de 2021. Em 2 de fevereiro

de 2021, foi republicada no Diário Oficial, destinando-se essa nova publicação à correção

do seu texto. Em ambas as publicações, o texto da lei se limitou a dispor que ela passaria

a ter vigência “na forma da lei”. Nesse caso, sabendo-se que, de acordo com o artigo 1º ,

caput, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, a lei começa a vigorar em todo

o país, salvo disposição contrária, quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada,

pode-se afirmar que a lei em questão começou a vigorar no País quarenta e cinco dias

depois da publicação ocorrida em

A) 2 de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a exclusão da data da publicação

e a inclusão do último dia do prazo.

B) 2 de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a exclusão da data da publicação

e do último dia do prazo.

C) 1º de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a inclusão da data da publicação

e do último dia do prazo.

D) 2 de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a inclusão da data da publicação

e do último dia do prazo.

E) 1º de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a exclusão da data da publicação

e a inclusão do último dia do prazo.

A alternativa considerada correta foi a letra D.

No concurso da PGM CAMPO GRANDE (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da seguinte

forma:

Considerando as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue

o item a seguir.

Salvo expressa disposição em contrário, a lei entrará em vigor no primeiro dia útil após a

sua publicação no Diário Oficial da União.

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DIREITO CIVIL
META 01

O item foi considerado errado.

B) OBRIGATORIEDADE

Uma vez publicada a lei, presume-se o conhecimento geral, razão pela qual ninguém pode

descumpri-la alegando que não a conhece:

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

 A Lei, como fonte primária do Direito brasileiro, tem as seguintes características básicas:

 Generalidade - a norma jurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção, tendo

eficácia erga omnes.

 Imperatividade - a norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e condutas para os

membros da coletividade.

 Permanência - a lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a eficácia.

 Competência - a norma, para valer contra todos, deve emanar de autoridade competente,

com o respeito ao processo de elaboração.

No concurso da PGM CAMPO GRANDE - MS (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da

seguinte forma:

Considerando as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue

o item a seguir.

Autoridade judiciária brasileira tem competência concorrente para julgar ações relativas a

imóveis que, situados no Brasil, sejam de propriedade de estrangeiros.

O item foi considerado errado.

19
DIREITO CIVIL
META 01

No concurso da PGM CAMPO GRANDE - MS (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da

seguinte forma:

No que diz respeito ao local de aplicação da lei, nos termos da Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta.

A) A sucessão por morte ou ausência obedece à lei do país de origem do defunto ou

desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

B) Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis

situados no Brasil.

C) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira.

D) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do

país em que residir o proponente, ainda que diversa do local onde situados os bens.

E) A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que ele for

celebrado, independentemente do local de residência das partes.

A alternativa considerada correta foi a letra B.

 Autorizante - o conceito contemporâneo de norma jurídica traz a ideia de uma autorização (a

norma autoriza ou não autoriza determinada conduta), estando superada a tese de que não

há norma sem sanção (Hans Kelsen).

C) INTERPRETAÇÃO

“Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica” (Maria Helena Diniz).

I. Classificação quanto ao agente:

• AUTÊNTICA OU PÚBLICA: Apresentada pela via legislativa;

• JUDICIAL: Realizada pelos juízes e tribunais na atividade judicante, ao aplicar a lei na solução

aos casos em julgamento;


20
DIREITO CIVIL
META 01

• DOUTRINÁRIA: Proveniente das obras de juristas, a partir de trabalhos teóricos ou

pareceres;

• ADMINISTRATIVA: Manifestada pelos órgãos da administração pública, ao editar atos

normativos ou julgar processo administrativo.

II. Classificação quanto à natureza:

LITERAL OU É a extração do sentido da norma através das regras linguísticas;

GRAMATICAL

É a compreensão da norma por meio de raciocínios lógicos, analisando


LÓGICA OU
as leis e comparando-as com outros trechos, de forma a alcançar a
RACIONAL
perfeita compatibilidade;

Proveniente da consideração do sistema em que se encontra a norma,


SISTEMÁTICA
relacionando-a com outras concernentes ao mesmo objeto;

HISTÓRICA Decorrente da análise do processo histórico em que surgiu a lei;

TELEOLÓGICA É a compreensão da norma com o intuito de adaptar a sua finalidade às

OBJETIVA OU novas exigências sociais. Possui substrato legal, o art. 5º da LINDB.

SOCIOLÓGICA

III. Classificação quanto à extensão:

EXTENSIVA OU Forma de interpretação que amplia o sentido da norma além do que

AMPLIATIVA indicam os seus termos;

Redução da amplitude do preceito, com o objetivo de dar àquela norma


RESTRITIVA
aplicação razoável e justa;

Extração do sentido da lei sem a necessidade de expansão ou retração


DECLARATIVA
do alcance do enunciado normativo.

D) INTEGRAÇÃO DAS LEIS

21
DIREITO CIVIL
META 01

Utilização de mecanismos para suprir as lacunas da lei, quando inexiste norma aplicável

diretamente ao caso concreto. De acordo com os arts. 4º da LINDB, são formas de integração da lei:

PRINCÍPIOS GERAIS
ANALOGIA COSTUMES
DO DIREITO

Artigo 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a

analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Importante ressaltar que a EQUIDADE não consta do rol do art. 4º da LINDB, mas alguns

doutrinadores, como Maria Helena Diniz, a incluem dentre as formas de integração da lei. No Direito

Tributário, é expressa a equidade como forma de integração da lei, no art. 108, inciso IV, do CTN.

ATENÇÃO: A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara. Em contrapartida, a

integração depende da existência de LACUNAS que, por sua vez, podem ser:

AUTÊNTICAS Ocorrem quando o legislador não identificou uma hipótese.

(PRÓPRIAS)

NÃO O legislador previu, mas preferiu não tratar sobre o assunto.

AUTÊNTICAS

(IMPRÓPRIAS)

OBS.: Silêncio Eloquente = opção do legislador em excluir, intencionalmente, certo fato do

comando legal (DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2008). É o

contrário de lacuna da lei, pois nessas hipóteses não se pode fazer analogia (RE 130522, DJ

28.6.1991, pág. 529)

OBS. 2: Maria Helena Diniz classifica as lacunas, ainda, em:

- Normativa: ausência total de norma prevista para um determinado caso concreto.

22
DIREITO CIVIL
META 01

- Ontológica: presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social.

- Axiológica: presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória ou

injusta.

- De conflito ou antinomia: choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso

concreto. As antinomias serão estudadas oportunamente, em seção própria.

I. Analogia

É a utilização de uma norma próxima ou semelhante para regular uma situação que não foi

regulamentada pelo direito. Pode ser dividida em:

• ANALOGIA LEGAL: A relação da semelhança toma por base outra lei;

• ANALOGIA IURIS: A relação de semelhança é estabelecida com base em outro caso

concreto.

No concurso da PGM CAMPO GRANDE - MS (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da

seguinte forma:

Considerando as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue

o item a seguir.

Diante de omissão legal, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os

princípios gerais de direito, visando atender aos fins sociais da lei e às exigências do bem

comum.

O item foi considerado correto.

ATENÇÃO:

ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA

23
DIREITO CIVIL
META 01

Na analogia rompe-se com os limites do que Na interpretação extensiva apenas amplia-se o

está previsto na norma, havendo integração da seu sentido.

norma jurídica.

II. Costumes

São as práticas e usos reiterados, de conteúdo lícito e com relevância jurídica. Podem ser:

• COSTUME SEGUNDO A LEI (secundum legem): Incide quando há referência expressa ao

costume no texto legal.

• COSTUME NA FALTA DA LEI (praeter legem): É aplicado quando a lei for omissa, sendo

denominado de costume integrativo.

• COSTUME CONTRA A LEI (contra legem): É a aplicação do costume contrária à lei. Nesse

caso, há abuso de direito.

III. Princípios gerais do Direito

São as ideias centrais do sistema, estabelecendo suas diretrizes e dando um conteúdo

harmonioso, lógico e racional.

OBS.: O CC/02 consagra 3 princípios fundamentais, conforme se extrai da sua exposição de motivos:

- Princípio da Eticidade: trata-se da valorização da ética e da boa-fé, principalmente daquele que

existe no plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo CC, a boa-fé objetiva tem

função de interpretação dos negócios jurídicos em geral; serve como controle das condutas

humanas, eis que sua violação pode gerar abuso de direito (ilícito); bem como tem a função de

integrar todas as fases pelas quais passa o contrato.

- Princípio da Sociabilidade: um dos escopos da nova codificação foi o de superar o caráter

individualista da codificação anterior. Assim, todas as categorias têm função social: o contrato, a

empresa, a propriedade, a posse, a família, a responsabilidade civil.

- Princípio da Operabilidade: tem o sentido de simplicidade e de concretude/efetividade.

24
DIREITO CIVIL
META 01

2.2. Antinomias

São o choque de duas normas jurídicas válidas emanadas de autoridade competente. Para

a solução desses conflitos, utilizam-se três critérios:

CRONOLÓGICO ESPECIALIDADE HIERÁRQUICO

Norma posterior prevalece Norma especial prevalece Norma superior prevalece

sobre norma anterior. sobre norma geral. sobre norma inferior.

ATENÇÃO 1:

Quanto aos critérios de colisão, as antinomias podem ser classificas em:

• DE PRIMEIRO GRAU: o choque envolve apenas um dos critérios de solução de conflito;

• DE SEGUNDO GRAU: o choque envolve dois critérios de solução de conflito.

Já quanto à possibilidade ou não de solução do conflito, classificam-se em:

• APARENTE: quando, de acordo com os três critérios de solução, há possibilidade de

resolução do conflito;

• REAL: não se consegue resolver o conflito.

ATENÇÃO 2:

• Se houver conflitos de segundo grau envolvendo os critérios cronológico e da especialidade:

prevalecerá o da especialidade – Conflito aparente;

• Se houver conflitos entre os critérios cronológico e hierárquico: prevalecerá o hierárquico –

Conflito aparente;

• Se houver conflito de segundo grau, envolvendo os critérios da especialidade e

hierárquico: haverá conflito real, pois, a doutrina aponta o critério hierárquico como mais

25
DIREITO CIVIL
META 01

forte e, ao seu turno, o critério da especialidade está na CF/88 (princípio da isonomia). Caso

de conflito real. Maria Helena Diniz aponta duas soluções:

 LEGISLATIVA: A edição de uma terceira norma para estabelecer qual prevalecerá;

 JUDICIAL: O aplicador do direito escolherá uma das duas normas, tendo como base os

art. 4º e 5º da LICC – analogia, princípios gerais do direito e função social da norma.

2.3. Aplicação temporal das normas

O art. 2.º da Lei de Introdução consagra o princípio da continuidade da lei, pelo qual a norma,

a partir da sua entrada em vigor, tem eficácia contínua, até que outra a modifique ou revogue.

A irretroatividade é a regra prevista na LINDB (art. 6º). No entanto, para ser possível, não pode

prejudicar direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Adota-se a ideia do tempus regit

actum, ou seja, a lei nova não atinge os fatos anteriores ao início de sua vigência. Em consequência,

os fatos anteriores à vigência da lei nova regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo em que

foram praticados.

Porém, podem existir hipóteses que se afastem dessa regra, impondo a retroatividade da lei

nova, para alcançar fatos pretéritos ou os seus efeitos. Assim, a doutrina faz uma distinção entre

retroatividade máxima, média e mínima:

• RETROATIVIDADE MÁXIMA OU RESTITUTÓRIA: A lei alcança a coisa julgada (sentença

irrecorrível) ou os fatos jurídicos consumados;

• RETROATIVIDADE MÉDIA: A lei nova atinge efeitos pendentes de atos jurídicos verificados

antes dela. A lei nova atinge os direitos exigíveis, mas não realizados antes de sua vigência;

• RETROATIVIDADE MÍNIMA, TEMPERADA OU MITIGADA: A lei nova atinge apenas os

efeitos dos fatos anteriores verificados após a data em que ela entra em vigor. Logo, alcança

apenas as prestações futuras de negócios firmados antes do advento de nova lei.

2.4. Aplicação espacial das normas (artigos 7º ao 19 - LINDB)

A LINDB determina as regras de aplicação espacial das normas; dentre elas, destacam-se:

26
DIREITO CIVIL
META 01

 Começo e fim da personalidade – aplicam-se as normas do país em que for domiciliada a pessoa,

inclusive quanto ao nome, à capacidade e aos direitos de família.

 Casamento – se realizado no Brasil o casamento, será aplicada a lei brasileira quanto aos

impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Tendo os nubentes domicílio diverso,

regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. Além disso, a

LINBD estabelece que o regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem

os nubentes domicílio, e, se este for diverso, o do primeiro domicílio conjugal. Quanto ao divórcio

realizado no estrangeiro em que um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, haverá reconhecimento

no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial

por igual prazo, caso em que produzirá efeito imediato.

 Obrigações: a LINDB consagra a regra de aplicação das leis do local em que foram constituídas.

 Sucessão por morte ou por ausência: obedece as normas do país do último domicílio do de cujus.

 Vocação hereditária: serão aplicadas as regras nacionais no caso de vocação hereditária para

suceder bens de estrangeiro situados no Brasil, salvo se mais favoráveis ao cônjuge e aos filhos as

normas do último domicílio.

 Sociedades e fundações: deve ser aplicada a norma do local de sua constituição.

2.5. Revogação das leis

É a perda de vigência de uma lei em razão do surgimento de outra lei no ordenamento,

incompatível com a primeira. A revogação pode ser:

• TOTAL (abrogação): ocorre quando se torna sem efeito uma norma de forma integral, com a

supressão total do seu texto por uma norma emergente. Ex.: CC/16  CC/02;

27
DIREITO CIVIL
META 01

• PARCIAL (derrogação): uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior, como se deu

em face da parte primeira do Código Comercial de 1850;

• EXPRESSA (por via direta): Expressamente exclui lei anterior do ordenamento jurídico;

• TÁCITA (por via oblíqua): A nova lei é absolutamente incompatível com a anterior;

• GLOBAL: A nova lei disciplina totalmente a matéria disciplinada pela lei anterior.

O QUE É REPRISTINAÇÃO? É POSSÍVEL SUA OCORRÊNCIA?

Repristinação é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em

virtude da revogação da lei revogadora. Segundo o art. 2º, §3º, da LICC, salvo

disposição em contrário, a lei revogada NÃO se restaura por ter a lei revogadora

perdido sua vigência.

Direito Civil - Fernanda Gomes - Repristinação x efeito repristinatório

https://youtu.be/rmgoAW6_qkg

2.6. Lei Federal nº 13.655/2018

LEI Nº 13.655, DE 25 DE ABRIL DE 2018.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

28
DIREITO CIVIL
META 01

Art. 1º O Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de

Introdução às Normas do Direito Brasileiro), passa a vigorar acrescido dos

seguintes artigos:

“Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se

decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam

consideradas as consequências práticas da decisão.

Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da

medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma

administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. ”

“Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou

judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma

administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências

jurídicas e administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá,

quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de

modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se

podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das

peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos. ”

“Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão

considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as

exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos

administrados.

§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato,

contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as

29
DIREITO CIVIL
META 01

circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado

a ação do agente.

§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade

da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração

pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do

agente.

§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria

das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. ”

“Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que

estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo

indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito,

deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo

dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional,

equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

Parágrafo único. (VETADO). ”

“Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial,

quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma

administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as

orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança

posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente

constituídas.

Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e

especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em

jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por

prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público. ”

“Art. 25. (VETADO). ”


30
DIREITO CIVIL
META 01

“Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação

contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição

de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão

jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e

presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com

os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá

efeitos a partir de sua publicação oficial.

§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo:

I - Buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível

com os interesses gerais;

II – (VETADO);

III - Não poderá conferir desoneração permanente de dever ou

condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral;

IV - Deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu

cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento.

§ 2º (VETADO). ”

“Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora

ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou

prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos

envolvidos.

§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente

as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.

§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado

compromisso processual entre os envolvidos. ”

“Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou

opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.


31
DIREITO CIVIL
META 01

§ 1º (VETADO).

§ 2º (VETADO).

§ 3º (VETADO). ”

“Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por

autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá

ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados,

preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na

decisão. Vigência

§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e

demais condições da consulta pública, observadas as normas legais e

regulamentares específicas, se houver.

§ 2º (VETADO). ”

“Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança

jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos,

súmulas administrativas e respostas a consultas.

Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo

terãocaráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam,

até ulterior revisão. ”

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, salvo quanto ao

art. 29 acrescido à Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de

Introdução às Normas do Direito Brasileiro), pelo art. 1º desta Lei, que

entrará em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua

publicação oficial.

Brasília, 25 de abril de 2018; 197º da Independência e 130o da República.

MICHEL TEMER
32
DIREITO CIVIL
META 01

2.7. Aplicação do Direito Público

A Lei nº 13.655/2018 incluiu diversos artigos na Lei de Introdução às Normas do Direito

Brasileiro que cuidam de regras sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do

direito público. São normas aplicadas nas esferas administrativa (como nos processos

administrativos), controladora (como o Tribunal de Contas) e judicial (como nos processos que

tramitam perante o Poder Judiciário).

Nesses âmbitos, o art. 20 da LINDB prevê que não se decidirá com base em valores jurídicos

abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão, sendo que a motivação

demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação do ato, contrato,

ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.

O que são “valores jurídicos abstratos”? São inúmeros exemplos: “dignidade da pessoa

humana” (art. 1º, III), “valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” (art. 1º, IV), “moralidade” (art.

37, caput), “bem-estar e a justiça sociais” (art. 193), “meio ambiente ecologicamente equilibrado”

(art. 225), todos da CRFB. Esses valores jurídicos abstratos são normalmente classificados como

princípios (normas que possuem um grau de abstração maior que as regras).

Desse modo, a decisão administrativa, judicial ou do órgão controlador pode ser fundamentada

em valores jurídicos abstratos, como os princípios constitucionais da isonomia e da dignidade da

pessoa humana, porém o julgador deve esclarecer suas considerações quanto às consequências

práticas da decisão, como, por exemplo, as repercussões econômicas da medida.

Constata-se, ainda, que a norma legal trata expressamente dos corolários do princípio da

proporcionalidade, quais sejam a necessidade e adequação. Assim, a medida deve ser necessária,

não excedendo os limites indispensáveis à conservação do direito, e adequada, mostrando-se

efetivamente apta a alcançar os objetivos pretendidos.

Destaca-se que o princípio da proporcionalidade se divide em três subprincípios:

a) subprincípio da ADEQUAÇÃO: no qual deve ser analisado se a medida adotada é idônea

(capaz) para atingir o objetivo almejado;

b) subprincípio da NECESSIDADE: consiste na análise se a medida empregada é ou não

excessiva; e

33
DIREITO CIVIL
META 01

c) subprincípio da PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: representa a análise do

custo-benefício da providência pretendida, para se determinar se o que se ganha é mais valioso do

que aquilo que se perde.

O art. 21 dispõe que:

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial,

decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma

administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências

jurídicas e administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá,

quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de

modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se

podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das

peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.

Busca-se, assim, uma reflexão aprofundada do julgador sobre as consequências jurídicas e

administrativas de sua decisão, que - ao invalidar ato, contratos, ajuste, processo ou norma

administrativa – atingirá, direta ou indiretamente, a coletividade. Nesse sentido, sendo possível a

regularização, a decisão deverá indicar os meios para tanto, de modo proporcional e equânime e sem

prejuízo aos interesses gerais.

No concurso da PGE MS (CESPE - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma:

No âmbito de um processo administrativo, determinado secretário decidiu editar um ato

normativo que afeta diretamente usuários dos serviços prestados pelo poder público.

Diante disso, submeteu a proposta de ato normativo a consulta pública. A convocação

dessa consulta, que continha a minuta do ato normativo, disponibilizou a motivação do ato

e fixou o prazo e as demais condições para a manifestação dos interessados.

34
DIREITO CIVIL
META 01

Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta, considerando os termos da Lei

de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, o Decreto n.º 9.830/2019 e a Lei n.º

9.784/1999.

A) A realização da consulta pública, independentemente da vontade do secretário de

estado, é obrigatória, uma vez que afeta diretamente usuários de serviços públicos.

B) O secretário de estado deverá comentar ou considerar individualmente as

manifestações apresentadas pelos interessados, podendo, no entanto, a fundamentação

fazer remissão ao conteúdo de notas técnicas, pareceres, informações, decisões ou

propostas que precederam a elaboração do ato.

C) A decisão do secretário pela convocação de consulta pública terá de ser motivada,

mesmo que o ato de convocação da consulta pública seja considerado ato vinculado.

D) O secretário de estado não será obrigado a comentar ou considerar individualmente

as manifestações apresentadas pelos interessados, podendo, inclusive, eliminar

aquelas de conteúdo irrelevante para a matéria em apreciação.

E) A consulta pública deverá ser realizada por meio eletrônico.

A alternativa considerada correta foi a letra D.

No tocante à interpretação das normas sobre gestão pública, o art. 22 estabelece que serão

considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a

seu cargo, sem prejuízo dos administrados. Dessa maneira, as normas de gestão pública devem ser

interpretadas considerando as peculiaridades de cada ente público, especialmente, por exemplo,

dos Municípios – na maioria das vezes menores e localizados no interior do Estado – onde a estrutura

administrativa e técnica é precária.

Além disso, os parágrafos do art. 22 dispõem que, em decisão sobre regularidade de conduta

ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as

circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. Na

aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos

que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os

35
DIREITO CIVIL
META 01

antecedentes do agente, sendo que as sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na

dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato.

O art. 23 prevê uma espécie de modulação de efeitos ao prescrever que a decisão

administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre

norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá

prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de

direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses

gerais.

O CPC/2015 possui um dispositivo tratando sobre a possibilidade de modulação dos efeitos

de decisão judicial. Ressalte-se, contudo, que a redação do CPC é bem superior à do art. 23 da

LINDB, sendo mais clara e objetiva.

Art. 927 (...)

§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo

Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de

julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da

alteração no interesse social e no da segurança jurídica.

Dispõe o art. 24 que:

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial,

quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma

administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as

orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança

posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente

constituídas.

Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e

especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em

jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por

prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.


36
DIREITO CIVIL
META 01

Cuida-se de previsão que busca garantir a segurança jurídica às situações constituídas à luz

de um entendimento geral válido.

O art. 26 estabelece que para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa

na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa

poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e

presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados,

observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.

Esse compromisso tem por escopo buscar solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e

compatível com os interesses gerais, não podendo conferir desoneração permanente de dever ou

condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral e deverá prever com clareza as

obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de

descumprimento.

No concurso da PGE GO (FCC - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma:

Com a edição da Lei Federal nº 13.655/2018, que alterou o Decreto-lei nº 4.657/1942 (Lei

de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), o controle externo dos atos da

Administração pública

A) passou a, expressamente, dever considerar as consequências práticas das decisões

proferidas nesse âmbito, assim como demonstrar a necessidade e adequação das

medidas impostas, embora o princípio da proporcionalidade e a motivação dos atos já

informassem aquela atuação.

B) continua abrangendo a possibilidade de imposição de sanção aos agentes públicos,

inovando, no entanto, no que se refere a dosimetria da pena, que passou a admitir a

aplicação de sanção não positivada, além de considerar a natureza e gravidade da infração.

C) passou a levar em consideração as consequências práticas das decisões administrativas,

não havendo que se falar em anulação ou nulidade de atos administrativos que não

tenham gerado prejuízo ao erário.

37
DIREITO CIVIL
META 01

D) continua a ser exercido nas mesmas circunstâncias, passando a responsabilidade do

agente público, no entanto, a apenas ter lugar nas hipóteses de conduta dolosa.

E) passou a abranger a possibilidade de sustação e declaração de nulidade de atos e

contratos administrativos diretamente pelos Tribunais de Contas, sempre que restar

evidenciado prejuízo ao erário ou erro grosseiro por parte do agente público.

A alternativa considerada correta foi a letra A.

Consoante o art. 27:

Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora

ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou

prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos

envolvidos.

§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente

as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.

§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado

compromisso processual entre os envolvidos.

Com relação à responsabilidade civil do agente público, o art. 28 prevê que o mesmo

responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.

Ressalta-se, contudo, que essa previsão se afasta da regulamentação constitucional que estabelece

a responsabilidade do agente público, somente de forma regressiva, quando tiver agido com dolo

ou culpa. Ademais, o Código de Processo Civil (arts. 143, 181, 184 e 187) possui dispositivos

específicos que tratam da responsabilidade dos magistrados e dos membros do Ministério Público,

da Defensoria Pública e da Advocacia Pública, o que afastaria a aplicação do art. 28 da LINDB.

Conforme site Dizer o Direito: Segundo a doutrina e o voto do Min. Joaquim Barbosa no MS

24.631/DF (DJ 01/02/2008), existem três espécies de parecer:

38
DIREITO CIVIL
META 01

FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE

O administrador NÃO É O administrador é O administrador É

obrigado a solicitar o obrigado a solicitar o obrigado a solicitar o

parecer do órgão jurídico. parecer do órgão jurídico. parecer do órgão jurídico.

O administrador pode O administrador pode O administrador NÃO

discordar da conclusão discordar da conclusão pode discordar da

exposta pelo parecer, exposta pelo parecer, conclusão exposta pelo

desde que o faça desde que o faça parecer.

fundamentadamente. fundamentadamente com Ou o administrador decide

base em um novo parecer. nos termos da conclusão

do parecer, ou, então, não

decide.

Em regra, o parecerista Em regra, o parecerista Há uma partilha do poder

não tem responsabilidade não tem responsabilidade de decisão entre o

pelo ato administrativo. pelo ato administrativo. administrador e o

parecerista, já que a

Contudo, o parecerista Contudo, o parecerista decisão do administrador

pode ser responsabilizado pode ser responsabilizado deve ser de acordo com o

se ficar configurada a se ficar configurada a parecer.

existência de culpa ou erro existência de culpa ou erro

grosseiro. grosseiro. Logo, o parecerista

responde solidariamente

com o administrador pela

prática do ato, não sendo

necessário demonstrar

culpa ou erro grosseiro.

Ressalta-se, ainda, a MP 966/2020 que dispunha sobre a responsabilização de agentes

públicos por atos relacionados com a pandemia da covid-19. O caput do art. 1º da MP previa o

seguinte (quadro retirado do site Dizer o Direito):

39
DIREITO CIVIL
META 01

40
DIREITO CIVIL
META 01

REGIME DE RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS NAS ESFERAS

CIVIL E ADMINISTRATIVA POR MEDIDAS DE ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA

COVID-19

Os agentes I - enfrentamento da emergência de Se tiverem

públicos somente saúde pública decorrente da covid-19. Ex: agido ou se omitido

poderão ser dispensa de licitação para compra de com:

responsabilizados respiradores. • DOLO ou

pela prática de II - combate aos efeitos econômicos •ERRO

atos relacionados e sociais decorrentes da covid-19. Ex: GROSSEIRO.

com as medidas concessão de anistia ou remissão para


de: empresários.

Cabe esclarecer que a doutrina divide a culpa em três subespécies: culpa grave, leve e

levíssima. O erro grosseiro é sinônimo de culpa grave. Assim, é como se o art. 1º da MP dissesse: o

agente público somente responderia em caso de dolo ou culpa grave.

A MP 966/2020 teve seu prazo de vigência encerrado no dia 10/09/2020.

O art. 1ºda MP 966/2020 se aproximava daquilo que prevê o art. 28 da LINDB:

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou

opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. (Incluído pela Lei nº

13.655/2018)

O art. 29 estabelece que em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por

autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta

pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será

considerada na decisão. A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais

condições da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se

houver. Ressalva-se, apenas, que apenas esse dispositivo (art. 29) entrará em vigor após decorridos

180 dias de sua publicação oficial, que ocorreu em 25/04/2018.

41
DIREITO CIVIL
META 01

No concurso da PGE RS (FUNDATEC - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma:

Quanto à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, assinale a alternativa

correta.

A) Será apenas parcialmente aplicável às licitações e contratos da Lei nº 14.133/2021

(Nova Lei de Licitações), que positivou princípios autônomos.

B) São as decisões administrativas que se utilizem de princípios as que devem apresentar

as alternativas decisórias e respectivas consequências, mas só caso decretem a invalidade

de atos e contratos.

C) Estatui competência para negociações administrativas e celebração de acordos como

técnica de solução de conflitos e irregularidades.

D) Exige a edição contínua de súmulas administrativas como forma de conferir estabilidade

ao funcionamento da Administração Pública e pressuposto às sanções administrativas.

E) Somente exige o regime de transição em caso de mudança de compreensão já

estabilizada em súmulas e regulamentos administrativos.

A alternativa considerada correta foi a letra C.

Por fim, o art. 30 dispõe que as autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança

jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e

respostas a consultas, sendo que esses instrumentos terão caráter vinculante em relação ao órgão

ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.

Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB.

André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado.

42
DIREITO CIVIL
META 01

QUESTÕES PROPOSTAS

01- 2017 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária


Julgue o item a seguir, considerando o entendimento legal e doutrinário acerca da figura jurídica do
empresário e das pessoas jurídicas.

As associações são consideradas pessoas jurídicas de direito privado e, por esse motivo, elas devem
ser regularmente inscritas no registro de empresas.

COMENTÁRIOS
As associações não são empresas, logo seu registro deve ocorrer no cartório de registro civil das
pessoas jurídicas e não na junta comercial, como ocorre com as sociedades empresárias.

02- 2017 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária

[...] muitas vezes os sócios ou administradores, agindo contrariamente às finalidades estatutárias ou


abusando da personalidade jurídica da pessoa jurídica, acarretam prejuízos a terceiros [...] A fim de
pôr cobro a esses desvios, formou-se a doutrina conhecida como disregard of legal entity, para
vincular o patrimônio dos sócios.

Nestor Duarte. Código civil comentado. São Paulo: Ed. Manole, 2007, p. 432 (com adaptações).

Considerando o texto precedente e aspectos a ele inerentes, julgue o item a seguir, com base no
Código Civil.

O texto trata da teoria da desconsideração da personalidade jurídica.

COMENTÁRIOS
A possibilidade de desconsiderar a personalidade jurídica e atingir eventualmente o patrimônio
dos sócios possui uma previsão geral no art. 50 do Código Civil. Vejamos:
art. 50 CC/02: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores
ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada
pela Lei nº 13.874, de 2019)

03 - 2017 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária

Considerando o texto precedente e aspectos a ele inerentes, julgue o item a seguir, com base no
Código Civil.
43
DIREITO CIVIL
META 01

Os patrimônios dos sócios, embora vinculados, sob nenhuma hipótese poderão ser expropriados
para satisfazer os credores da empresa.

COMENTÁRIOS
Pela desconsideração das personalidade jurídica, o patrimônio dos sócios poderá ser atingindo,
nos termos do art. 50 do Código Civil. Tal possibilidade também é prevista no CDC.
Nessa ótica, o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor adotam teorias distintas para
justificar a desconsideração da personalidade jurídica. Enquanto o primeiro acolheu a teoria maior,
exigindo a demonstração de abuso ou fraude como pressuposto para sua decretação (CC art. 50),
o CDC perfilha a teoria menor, a qual admite a responsabilização dos sócios quando a
personalidade da sociedade empresária configurar impeditivo ao ressarcimento dos prejuízos
causados ao consumidor (CDC art. 28, § 5º)

04- 2017 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Acerca das associações, das sociedades e das fundações, julgue o item seguinte, com base no
Código Civil.

Na extinção de associação, os valores referentes às quotas dos associados não são revertidas a eles,
visto que associações não possuem fins econômicos.

COMENTÁRIOS
Alternativa incorreta, nos termos do art. 60 do Código Civil. Vejamos:
CC: Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de
deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será
destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por
deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou
semelhantes.

§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes,
antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o
respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.

§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a


associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu
patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.

05 - 2017 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador


Acerca das associações, das sociedades e das fundações, julgue o item seguinte, com base no
Código Civil.

44
DIREITO CIVIL
META 01

As fundações podem ser criadas independentemente da dotação especial de bens livres pelo
instituidor.

COMENTÁRIOS
O artigo 62 do Código Civil prevê que para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

06 - 2017 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador


Acerca das associações, das sociedades e das fundações, julgue o item seguinte, com base no
Código Civil.

As cooperativas têm natureza jurídica de pessoa jurídica de direito privado.

COMENTÁRIOS
Código Civil
Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto no presente Capítulo, ressalvada a
legislação especial.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos.

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

07 2017 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador


Acerca das associações, das sociedades e das fundações, julgue o item seguinte, com base no
Código Civil.

Existem direitos e obrigações recíprocas entre associados.

COMENTÁRIOS
Código Civil

45
DIREITO CIVIL
META 01

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.

Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

08- CESPE / CEBRASPE - 2022 - MPC-SC - Procurador de Contas do Ministério Público

Em relação à vigência e ao conflito das leis, julgue o item a seguir.

O período de vacância de uma lei — vacatio legis — consiste no período compreendido entre a data
de sua publicação e o início de sua vigência, e tem como finalidade dar amplo conhecimento da lei,
para que todos assimilem seu conteúdo antes de sua entrada em vigor.

COMENTÁRIOS

Conforme previsto na LINDB, o período de vacância será, em regra, de 45 dias no Brasil e de 3


meses no exterior:

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.

§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada.

CERTO.

09- CESPE / CEBRASPE - 2022 - MPC-SC - Procurador de Contas do Ministério Público

Em relação à vigência e ao conflito das leis, julgue o item a seguir.

Salvo expressa disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país no dia útil seguinte
ao de sua publicação na imprensa oficial.

COMENTÁRIOS

DL nº 4.657/42 - LINDB

Art. 1 Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias
depois de oficialmente publicada.

§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3


(três) meses depois de oficialmente publicada.

46
DIREITO CIVIL
META 01

ERRADO

10- CESPE / CEBRASPE - 2022 - MPC-SC - Procurador de Contas do Ministério Público

Em relação à vigência e ao conflito das leis, julgue o item a seguir.


Ocorrerá derrogação quando lei posterior revogar, expressa e totalmente, a anterior, ou quando
regular inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

COMENTÁRIOS

Derrogação é a revogação parcial de uma lei. Não se confunde com ab-rogação, que é a revogação
de uma lei por completo.

ERRADO

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