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Evolução Histórica do Direito Processual

1.Fase (século XIX até início do século XX): Praxismo ou sincretismo - se caracteriza pela inexistência de uma
clara fronteira entre o direito material e o direito processual

-O Código Civil de 1916 começou a ser elaborado em 1899 (século XIX), traduz a vis ão do século em quest ão.
Tinha um artigo, por exemplo, que estabelecia o seguinte: “a todo direito a uma correlata aç ão que o assegura”.
Isto é, como se a ação judicial fosse uma consequência do direito, em outras palavras, a pessoa só teria o direito
de ação porque tem um determinado direito.

2.Fase (século XX): Processualismo - estabelecimento das linhas demarcatórias entre o direito material e o direito
processual. Ou seja, o processo existia pelo processo, por si mesmo, n ão pelo direito material.

3.Fase: Instrumentalismo - Consciência de que o direito processual e o direito material, malgrado distintos,
mantêm uma relação de interdependência.

CPC 2015 art. 188 Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei
expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade
essencial.

cpc 2015 art. 277 Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de
outro modo, lhe alcançar a finalidade.

4.Fase: Neoprocessualismo ou formalismo valorativo - o direito processual é indissociável do conjunto formado


pelas normas e pelos valores consagrados na Constituição Federal.

Evolução Histórica do Direito Processual Brasileiro


Estuda-se pela necessidade de compreensão dos caminhos que foram trilhados até que se chegasse à atualidade.

Século XIX
O Brasil foi descoberto em 1500 e colonizado por Portugal em que vigiam as ordenaç ões Afonsinas
(século XV - 1521), não foram aplicadas no Brasil, pois até 1521 n ão se tinha de fato uma atividade
de colonização, o que havia eram colheitas de pau brasil etc.

Quando Portugal adotou as ordenações Manuelinas (1521-1603), foi o período em que a


colonização do Brasil de fato estava sendo iniciada (estabeleciam-se nesse período as capitanias
hereditárias, a vinda de Tomé de Souza, o primeiro tribunal das Américas, situado na Bahia, portanto,
Corte da bahia/Tribunal da Bahia em 1609, então essa ordenação também n ão estava em uso aqui).

Em seguida, foram adotadas as Ordenações Filipinas, que no Brasil, até mesmo após a Independência
vigoraram, disciplinando o Direito Processual Civil (Livro III) e o Direito Processual Penal (Livro V).
Tem essas ordenações na biblioteca.

Sendo revogada em 1832, com o Código de Processo Criminal de Primeira Instância com Disposiç ão
Provisória Acerca da Administração da Justiça Civil.
O Direito Processual Civil somente foi regulamentado em 1850 com o chamado “Regulamento 737”,
que foi promulgado com o Código Comercial do Império (vigorou até 2003 em boa parte).

A partir de 1850 houve desenvolvimento do direito processual civil, e isso se deu por conta do
movimento da atividade econômica do Império, o período do segundo império foi de prosperidade
econômica, consequentemente, havia maior circulação de dinheiro, aumento das relaç ões jurídicas e
a necessidade de uma melhor disciplina do Direito Processual Civil.

Então como a partir de tal período houve a ediç ão de uma série de normas processuais civis após
1850, surgiu em 1876 a consolidação de leis do processo civil, chamada “Consolidaç ão Ribas”.
Nesse sentido, em 1889 houve a Proclamação da República e houve uma ruptura ao sistema
centralizado que vigorava no Império, sendo estabelecida uma federaç ão, que por sua vez, tornava
essencial a criação de tribunais estaduais e a possibilidade dos estados legislarem.

Assim, a 1ª Constituição Republicana (1891), ao contrário das constituiç ões subsequentes, deu aos
estados competência para legislarem sobre os processos, por isso, durante a primeira república,
houve um período de vigência dos Códigos de Processo Estaduais, sendo um dos mais avançados, o
da Bahia. Tratava-se de um código unitário, que trazia disciplina única para o Direito Processual Penal
e o Direito Processual Civil. Esse vigorou até um pouco antes do Estado Novo em 1932.

Portanto, no século XIX não houve a construção de uma ciência processual, pois o Direito Processual
estava em segundo plano. Pensava-se que o processo era um apêndice do Direito Material. Inclusive,
as Universidades não possuíam as Cadeiras de Direito Processual Civil e Direito Processual Penal,
havia, o Direito Judiciário, que era algo semelhante à prática jurídica.

Século XX
Os estudos sobre o Direito Processual no Brasil começaram a se desenvolver no início do século XX, partindo
assim, para a fase do processualismo, tendo sido o ano de 1930 o de maior desenvolvimento em raz ão da
movimentação política na Europa, a ascensão do nazismo (Alemanha) e fascismo (Itália), sendo o segundo,
motivo para a vinda do professor titular de direito processual civil da faculdade de Mil ão L iberman (o maior
processualista de sua época).

Se estabeleceu em São Paulo e em torno dele, desenvolveu-se uma Escola Processual, assim, o nosso Direito se
desenvolveu bastante.

Em 1937 iniciou a ditadura de Vargas, assim, ele incumbiu juristas pela criaç ão do código de processo civil e pelo
código de processo penal. Então, em 1939 houve a criaç ão de um Código de Processo Civil e em 1941 a criaç ão
de um Código de Processo Penal.

O Código de Processo Civil de 1939 era marcado pelo formalismo e vigorou até 1973. Mas, foi um período em
que o Direito Processual procurava se afirmar.

O Código de Processo Penal de 1941 continua em vigor até os dias atuais, com muitas alteraç ões, porém
mantém suas raízes.

Em 1943, também no governo Vargas, houve a consolidação das leis trabalhistas. Isso se explica pois, além de ser
um governo totalitário, também se caracterizava enquanto populista.

Esse Código de Leis Trabalhistas, permanece em vigor até hoje, diga-se, com algumas alteraç ões.

Em 1973 (quebra um pouco do formalismo de 1939, sofreu grande influência de Liberman, no código há uma
concentração de poderes do juiz, característica própria do regime de exceç ão da época- ditadura), como dito
anteriormente, houve a revogação do Código de Processo Civil de 1939, e esse por sua vez, foi revogado pelo
CPC de 2015 (entrou em vigor em março de 2016).

Em 1984, houve a modificação da Lei de Execução Penal, essa por sua vez, cuida de processos executivos de
pena. Diante disso, o Código Penal de 1943 e o Código de Processo Penal de 1941 sofrem alteraç ões em suas
disposições acerca da pena, mas frise-se que eles não foram revogados!

Em 1988 houve a promulgação da Constituiç ão Federal, revelando uma mudança significativa do ponto de vista
processual, isso pois, muitos códigos em vigor eram produto de regimes ditatoriais, assim, por força dos
princípios constitucionais, tais dispositivos normativos, deveriam passar a ter outra interpretaç ão, contudo, n ão se
encontra isso com o imediatismo esperado.

O processo civil disciplina acerca do processo administrativo, assim, pode-se falar sobre a Lei N 9.784 de
29/01/1999 que regulamenta o Processo Administrativo no Âmbito da Administraç ão Pública Federal e que está
em vigência até os dias atuais.

Adicionando outro panorama a isso, os Juizados especiais cíveis s ão parte fundamental do Direito Processual e
sua evolução histórica se deu no século XX e XXI.
A sociedade brasileira até metade do século XX, era eminentemente agrária, a economia era primária, a
população vivia majoritariamente nas áreas rurais, o índice de analfabetismo era muito alto, as pessoas n ão
praticavam negócios jurídicos de forma não pessoal, por exemplo, os indivíduos eram agregados a uma fazenda,
não havia relação de emprego, as pessoas viviam de forma servil, uma vez por semana iam para a cidade vender
seus produtos, portanto, a população em geral n ão tinha potencialidade para envolvimento em litígio - n ão
existia direito do trabalho, acesso a serviços como telefonia, energia elétrica, transporte público etc.

Então, neste período, o poder judiciário não era acessível ao brasileiro comum. Ent ão, as estruturas judiciárias
serviam para atender à elite, pois era quem potencialmente poderia se envolver em litígios.

Após a Segunda Guerra, com o desenvolvimento da indústria no Brasil, houve uma migraç ão das pessoas do
campo para a cidade, o desenvolvimento do setor terciário (atividades de comércio e serviços), então todos
passaram a ser consumidores etc.

Então, a partir de 1970 tem-se um público totalmente diferente para o poder judiciário, as pessoas que antes,
potencialmente não se envolveriam em litígios passam a se envolver. E por isso, foi preciso pensar em uma
estrutura judiciária que pudesse atender às demandas de pequeno valor.

Com esse pensamento surge em 1984 os Juizados de Pequenas Causas, através da Lei 7.244 - Matéria Cível e
Criminal. Não aceitavam execução, assim, havia a fase de conhecimento e a de certificaç ão do direito. Logo,
havendo a condenação, se não existisse o cumprimento voluntário, era necessário levar a execuç ão para a
estrutura judiciária comum.

Em 1995 – Juizados Especiais Cíveis através da Lei 9.099.

Os juizados repercutem tão bem nessa época, que em 1988 encontram previsão na CF no artigo 98:

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliaç ão, o
julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infraç ões penais de menor potencial
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transaç ão
e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;

II - justiça de paz, remunerada, composta de cidad ãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato
de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de
impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuiç ões conciliatórias, sem caráter jurisdicional,
além de outras previstas na legislação.

Parágrafo único. Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) (Revogado)

§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades
específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

2001 – Juizados Especiais Federais (Lei 10.259)

2009 – Juizados Especiais de Fazenda Pública (Lei 12.153)

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