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AULAS DE

HISTÓRIA DO DIREITO PORTUGUÊS

21 de Fevereiro de 2024

 Bibliografia: Ruy Albuquerque e Martim Albuquerque: - História do Direito Português,


Almeida Costa

23 de Fevereiro de 2024

A História do Direito Português é uma ciência histórica e jurídica, isto é, centra-se na


História, não deixando de ser ciência jurídica. O Direito do Passado está muito presente no
Direito vigente: no direito das sucessões, por exemplo, está muito presente o direito
germânico. O conhecimento do Direito também se adquire com uma perspetiva história. A
História do Direito é, portanto, História, mas também Direito: estudo do Direito sob uma
perspetiva histórica.

A História do Direito Português tem como objetos:

o História das Fontes


o Analisa as fontes de Direito vigentes em cada período e o seu peso e
relevância;
o Por exemplo: no passado, o costume apresentava uma relevância jurídica
considerável, mas, atualmente, de forma natural e instintiva, do ponto de
vistas das fontes, tende-se a identificar a Lei com a Justiça.
o História das Instituições:
o Debruça-se sobre as instituições, isto é, sobre aquilo que as fontes de Direito
dispõem relativamente às diversas instituições jurídicas (família, por
exemplo);
o História do Pensamento Jurídico.
o Estuda o pensamento jurídico;
o Por exemplo:
 A noção de “Direito”, na medida em que o Direito nem sempre foi
definido e concetualizado da mesma forma, o que, inevitavelmente,
influencia a História do Direito;
 O próprio conceito de “jurista”, na medida em que também ele se
alterou ao longo do tempo: existe uma diferença abismal entre o
conceito de jurista na Idade Média - alguém dotado de autorictas - e o
conceito atual - aquele que interpreta e aplica o Direito.

Por um lado, é possível distinguir entre:

o História Externa: relativa às fontes de Direito:


o História Interna: referente à regulação concreta dos vários institutos e instituições.

PERIODIFICAÇÃO DA HISTÓRIA DO DIREITO PORTUGUÊS


É possível dividir a História do Direito Português em períodos, isto é, fazer uma
períodificação da mesma, recorrendo aos mais diversos critérios: étnicos, políticos, jurídicos
(sistema jurídico, fontes do direito, …), etc. Estas periodificações são, no entanto, artificiais,
subjetivas e relativas mas também, por outro lado, didáticas, sistemáticas e possuem
potencialidades reconstitutivas.

O Direito Português é parte integrante da família ou sistema romano-germânico. Os


principais elementos formativos do direito nacional são:

o Direito Romano: cujas influências são particularmente relevantes no âmbito do direito


civil;
o Direito Germânico: particularmente influente no âmbito do direito sucessório, na medida
em é uma finalidade deste direito a proteção da família;
o Direito Cristão/Canónico: devido ao facto de ter tido uma grande influência política e
social, influenciou a conformação do ordenamento jurídico no que toca, por exemplo, à
visão do casamento enquanto contrato, em que a vontade da mulher é relevante e deve
ser manifestada, quebrando a ideia antiga de que a mulher ao casar passaria do domínio
da família do pai para o domínio da família do marido.

O nascimento da jurishistoriografia portuguesa ocorreu com os estatutos novos ou


pombalinos (1772), sendo o seu “fundador” Mello Freire, com a obra “Historiae Iuris Civilis
Lusitani” (1788).

Pode-se dividir a História do Direito Português da seguinte forma, atendendo à quantidade


de fontes de Direito vigentes:

 Pluralismo Jurídico Medieval – 1179-1446


 Pluralismo Moderno ( ou Monismo Formal) – 1446-1820
o Período das Ordenações do Reino (tratam de fontes de Direito, impondo uma
hierarquia)
o Reformismo Iluminista
 Monismo Contemporâneo e Regresso ao Pluralismo – 1820-Pluralidade
o Sistematização Jurídico do Estado (1820-1888);
o Socialização Jurídica do Estado (1888-1982);
o Integração Jurídica do Estado (1982-atualidade).

MONISMO JURÍDICO PLURALISMO JURÍDICO


 Fontes do Direito  Fontes do Direito
o Monopólio de uma fonte de Direito; o Período em vigora uma pluralidade de
 Sendo que, em termos históricos, fontes de Direito;
se tende a referir à lei;  Relação entre Direito e o Estado
 Relação entre Direito e o Estado o Não existe uma identificação entre
o Estado configura-se enquanto única Estado e Direito, na medida em que
instituição criadora de Direito; existe uma pluralidade de instituições
 Função do Jurista que criam Direito.
o Jurista burocrático/serventuário: alguém o Existe direito:
que interpreta e aplica a lei do Estado,  Estadual
isto é, o direito legislado, não o criando;  Não existe uma
 Mesmo a Doutrina é instituição denominada
desenvolvida através do Direito “Estado” mas podemos
legislado. falar nas suas variações,
tais como a Coroa;
 Intraestadual: como o costume e
os forais;
 Supraestadual: como o direito
canónico;
 Função do Jurista
o Jurista autoritário: jurista isto é, dotado
de autorictas (prestígio social), sendo
fonte de Direito.

Por sua vez, o Direito Português tem como antecedentes:

 Período Primitivo: Direito Peninsular pré-Romano


 Período Romano
o Conquista: terminava em 19 a.C.;
o Romanização:
 Concessão da latinidade (“ius latii”) aos habitantes da Península
(Vespasiano, 73/74 d.C);
 Concessão da cidadania romanos aos súbditos do Império (Caracala,
212 d.C.)
o Direito Romano Vulgar
 Período Germânico ou Visigótico (sec. V a 711);
 Período Muçulmano e Reconquista Cristã

28/02/2024

 Password:

JUSTIÇA E DIREITO NATURAL

O conceito de “Justiça” é essencial ao pensar no Direito Português da Idade Média e assim


seria durante muito tempo, sendo que, a partir do séc.XIX, a Justiça e o Direito Natural não XXX

Até ao séc.XIX, imperavam conceções jusnaturalistas do direito (O Direito, para ser Direito,
tinha de ser Justo: tinha de estar conforme um Direito suprapositivo).

No período Medieval até ao séc. XIX entende-se a existência de um direito natural – paradigma
do Direito justo.

A partir da codificação, por se considerar que o Direito se encontra consagrado na Lei, a ideia
jusnaturalista cai em desuso.

O Código de Seabra ainda previa a integração de lacunas através do direito natural - que vieram
a ser substituídos por princípios Gerais de Direito.

A justiça funciona como a causa/origem e fundamento do Direito: o Direito é justo e se não for
é aparência de Direito.
Quando se constrói o pensamento jurídico medieval, temos que ter presente que este não foi
autónomo, estando ligado ao pensamento da Antiguidade: fez uma espécie de cristianização
do pensamento da Antiguidade (latino e grego). – Continuidade entre o pensamento greco-
romano e o pensamento judaico-cristão.

A Justiça enquanto virtude - Hábito bom dirigido para a ação. Esta ideia de habitualidade,
presente no pensamento romano, surge como antónimo face ao vício. Para se ser justo é
necessária repetição – quanto mais repetição se verificar, mais fortalecida fica essa virtude,
ganhando a Justiça mais intensidade. Conexão entre direito e moral – o direito justo é o direito
conforme o quadro moral e mental da época, amplamente influenciado pela religião durante o
período medieval. A voluntária observância do direito.

A Justiça Universal é a síntese e a rainha das virtudes – totalidade das virtudes.

Há virtudes que dizem respeito ao Homem para consigo próprio – temperança, paciência – os
outros até podem beneficiar dessas características, mas ligam-se ao mundo intrasubjetivo.

A Justiça Particular é a que mais interessa ao Direito, na medida em que diz respeito ao mundo
intersubjetivo: às relações do mundo em sociedade.

De forma a diferenciar características que interessam ao mundo intersubjetivo mas que não
interessam ao Direito, atende-se a que “A justiça é a vontade constante e perpétua de atribuir
a cada um o seu direito.” - Ulpiano (Digesto).

Este é uma definição formal e nesse sentido os autores sentiram a necessidade de densificar
este conceito

Definição do “seu”.

Virtude instrumental: a prudentia – virtude.

Modalidades da Justiça

Esta distinção foi feita, pela primeira vez, por Aristóteles e S. Tomás de Aquino alicerça a sua
filosofia no pensamento aristotélico.

Esta distinção:

 Justiça comutativa – Diz respeito às relações dos Homens – indivíduos em situação de


paridade; postula uma igualdade simples/absoluta/aritmética;
o P.e.: Compra e Venda – igualdade absoluta entre agentes – estão em pé de
igualdade – o valor da coisa vendida tem correspondência com o preço dado;
o Na Idade Média vigorava a “Lesão de Mais de Metade” – contrato invalidado –
deve haver uma igualdade absoluta entre o que se dá e o que se recebe;
 Justiça Distributiva – Diz respeito às relações entre a Comunidade e os seus membros;
postula uma igualdade relativa/proporcional/geométrica;
o Não se exige igualdade
o P.e.: Matéria Fiscal – As pessoas não pagam todas a mesma quantia de IRS -
pagam em função do seu rendimento – igualdade relativa/proporcional – em
principio, quem ganha mais paga mais;
o Na Idade Média, quem paga impostos é o Povo, na medida em que a Nobreza
e o Clero têm isenção tributária
 A Nobreza tem função no quadro medieval, isto é, função militar, daí a
isenção tributária;
 O Estado distribui vantagens e desvantagens em função de critérios
específicos.
 A sociedade da Idade Média é estamental.
 A Teoria da Pena – Igualdade absoluta entre o mal do crime e o mal da punição.

Outra distinção:

 Sete Partidas: Obra da Idade Média de Afonso X, o Sábio de Castela que tem,
sobretudo, direito romano adaptado, que estava divida em 7 partes, influenciadas pelo
direito romano, têm uma definição de justiça baseada na definição de Ulpiano:
o Justiça Espiritual: Dar a Deus o que lhe é devido – Justiça para com Deus;
o Justiça Política: Dar à Comunidade o que é devido e a Comunidade dar aos
membros o que é devido;
o Justiça Contenciosa: Dar ao autor o que é devido, ao réu o que é devido; Litígio
(pleito) – Justiça que acontecia nos tribunais, quando se decidia face a um
litígio.

Outra distinção, por Álvaro Pais (1275-1352), teólogo e jurista medieval:

 Latria – Justiça para com Deus;


 Dulia – para com as criaturas merecedoras de respeito;
 Obediência – justiça para com os superiores;
 Disciplina – justiça para com os inferiores;
 Equidade – justiça para com os iguais.

O pensamento medieval também trabalhou um conceito de Justiça Objetiva, que surja como
um modelo de conduta. Recorreram ao conceito romano de “bónus pater famílias” , ou seja,
do Homem médio. Os preceitos de Ulpiano: viver honestamente, não prejudicar o próximo e
dar a cada um o seu.

O problema do direito injusto: não há teoria que não tenha direção prática. O conceito de
“Justiça” foi usado politicamente, até pela Igreja.

A ideia de Justiça é suscetível de utilização política - O próprio Rei quando quer começar a
afastar o costume e impor a sua lei, pode dizer que o costume é injusto. Surgem dos
problemas:

 Validade do Direito:
 Acatamento do Direito: A lógica é: mais vale um mau poder do que não poder – mais
vale um mau Direito do que inexistência de Direito.

ESCÂNDALO DA REPÚBLICA – Se as consequências da resistência forem maiores do que as


consequências do acatamento então cumpre-se o Direito embora seja injusto.

DIREITO DE RESISTÊNCIA – Traduz-se na faculdade de resistir a lei injusta. Direito de assistência


passivo ou ativo.

DIREITO NATURAL

Paradigma do direito justo.

Cada vez que se admite esta categoria de direito, admite-se a existência de um dualismo:
existem dois direitos – direito suprapositivo e direito positivo. O jus naturalismo é sempre um
dualismo. Há unanimismo visto que a maioria dos autores atende a esta conceção. Traços
comuns: natureza supra-positivo e cognoscibilidade (é acessível ao conhecimento humano).

Fontes do direito natural: natureza (Antiguidade – p.e.: por exemplo, o poder paternal –
observação na natureza de modelos de organização), Deus (Idade Média) e razão (Idade
Moderna – visão antropocêntrica - ).

Pluralidade de entendimentos

DIREITO NATURAL - Paradigma do direito justo, sendo que, durante a Idade Média, existe uma
sinonímia entre Direito Divino e Direito Natural – mas o entendimento do Direito Natural varia;

Os romanos já entendiam dois entendimentos de Direito Natural: assente na razão (Gaio) e


assente no instituto (Ulpiano). Esta contraposição vigorou durante muito tempo-

Por sua vez, existe uma contraposição entre Racionalismo (S. Tomás) (Na conceção tomista,
Deus é sobretudo razão: a razão que ajuda a entender a ordem das coisas do mundo.) e
Voluntarismo (S. Agostinho)

A vontade de Deus, orientada pelo bem, sobrepõe-se à razão.

– se Deus só quer o bem e não o mal, então a sua vontade é limitada?)

Há uma distinção inicial apatrística e depois escolástica.

Na perspetiva de Agostinho, o DN é o resultado da vontade de Deus – o pecado original era


terrível – a natureza ficou corrompida – o Homem era bom e depois tornou-se mal.

Para S.Tomás o pecado original tinha sido um acontecimento desagradável mas o Homem era,
ainda, bom, pelo que podiam conhecer algum do Direito Natural.

Direito Natural Teleológico – Entendimento medieval – na medida em que se encara o Direito


Natural em função de Deus
Direito Natural Laico – Já não se depende de Deus para conhecer o Direito Natural, na medida
em que o Homem consegue atingi-lo através da razão (olhando para a história, por exemplo).

Direito Natural contendo fonte em Deus  RACIONALISMO MEDIEVAL

S.Tomás de Aquino – Suma Teleológica – componente racionalista e intelectualista que leva a


que ainda na atualidade o pensamento tomista tivesse muita relevância.

S.Tomás de Aquino estabelece um tipologia da lei, distinguindo:

 Direito Supra-positivo
o Lei Eterna: Razão de Deus – É incognoscível;
o Lei Divina – Parte da lei eterna que Deus revela através da sagrada escritura;
o Lei Natural – Por causa do pecado original, o Homem continuava a ser
naturalmente bom, S.Tomás considera que continua a existir um pouco de
Deus no Homem, pelo que a lei natural é: participação na criatura racional da
razão de Deus (ou da lei eterna) – parte da Lei Eterna que Homem conhece
através da sua razão e esforço próprio;
 Direito positivo: lei humana – lei positiva

Características do direito natural (medieval). Imutabilidade (característica essencial – há


preceitos que não mudam, mas os menos importantes podem sofrer alguma flutuação) e
Inderrogabilidade (o DN não podia ser afastado, daí ser supra-positivo – o direito positivo tinha
de ser de acorod com o DN, daí a função política do DN – o monarca deve legislar de acordo
com o direito supra-positivo). Preceitos primários e secundários.

Ius Gentium (direito que era aplicado às relações entre cidadãos e estrangeiros e nas relações
de estrangeiros): Criado pelo pretor peregrino (242 a.C.) à aproximação ao direito natural (o PP
recorre a uma simplificação do ius civile: o direito das gentes, no inicio, não tem aproximação
ao DN, no entanto, ao longo do tempo, começa a ser visto como uma marca da natureza – no
ius gentium estavam aqueles preceoitos que efetivamente eram essenciais
à convivência humana, ao contrário do IC que inclui prescentos mais supérfluos , pel,o que
alguns autores colocam IG após o direito natural e acima do ius civile).

O IC designaria o conjunto dos vários direitos nacionais.

Georgio del Vecchio.

DIREITO PRUDENCIAL

O Direito Prudencial é o direito dos prudentes, que são os juristas – direito dos jurisprudentes –
doutrina.

Atualmente, temos um jurista que interpreta e aplica a lei, mas, durante o período mediável,
o jurista criava direito. O jurista era dotado de autorictas, isto é, prestigio social: autoridade e
um saber socialmente reconhecido. Os juristas sabem o que é o direito e as pessoas
reconhecem nos juristas alguém que sabe o direito. A doutrina era fonte de Direito. Estes
juristas criam o Direito tendo como base o direito romano.

Periodização

 Época Arcaica (séc. VIII a.C. – séc.II a.C.)


 Época Clássica (séc. II a.C. – séc. III d.C.): Época do apogeu
 Época Pós-Clássica (séc.III – séc.VI): Época de decadência
o É uma época de decadência e ausência de individualidade própria
(pós-clássica; pré-justinianeia – é definida em função de outra época).
o “período burocrático” (Fritz Schulz) – o jurista perde importância;
o não existem juristas, mas “escoliastas” (Sebastião Cruz) – o jurista não
se afirma tanto pela criação de direito mas sim pela repetição do
trabalho feito em épocas anteriores;
 causas da decadência: a prática (há uma corrupção natural do direito romano);
as escolas (ensino repetitivo); substituição do “volumen” ou “liber” (rolo) pelo
“codex” (livro) – a partir do momento em que aparece o livro passa
transcrever-se o conteúdo dos papiros para estes livros, transcrições que nem
sempre foram feitas da melhor forma, corrompendo o direito romano.
o Caraterísticas especiais:
 No Ocidente: vulgarização (influência dos direitos locais;
influência dos direitos dos povos invasores do Império).
 No Oriente: classicismo e helenização (influência da cultura e
filosofia grega)
 Época Justinianeia (séc.VI)

Época Justinianeia (530-565)

Restaurar a unidade do Império pelas armas; pela política; pela religião; pelo Direito…
Atualização e compilação do direito romano - Compilação de “ius” (doutrina) e “leges” (leis) -,
no Corpus Iuris Civilis. Os mestres de direito antigo e a contribuição das escolas jurídicas do
Oriente.

CORPUS IURIS CIVILIS

Institutiones (Nov. 533)

Instituições; Manual de direito (“instituere” que significa ensinar, instruir). Introdução didática
às restantes partes do C.I.C; Síntese do CIC, possuindo ius e leges; Força legal. Estrutura: 4
partes - pessoas; coisas; obrigações, sucessões; obrigações delituais, ações. Várias obras ao
longo dos séculos mantém esta designação (e divisão/estrutura também).

Digesta ou Pandectae (Dez. 533)

Compilação de fragmentos de obras de jurisconsultos notáveis (“ius” ou doutrina).

I.M.: expressão no singular, “Digestum” que vem de “digerere”, isto é, “pôr em ordem”.
Exposição ordenada e sistemática, de caráter enciclopédico. Estrutura: 50 Livros.

Codex (534)

Coleção de constituições imperiais (”leges”). Estrutura: 12 Livros.


Novellae (535-565)

Coleção de constituições imperiais posteriores às que se encontram no Codex.

Edições do C.I.C.: até ao séc. XVI, glosadas e parcelares. “Apparatus glossarum”.

Edições atuais:

 Instituições e Digesto
 Código
 Novelas

A base de estudo dos juristas é o direito romano justinianeu.

Edições medievais do Corpus Iuris CIivilis (5 volumes)

Digestum Vetus

Digestum Infortiatum

Digestum Novum

Codex (9 livros)

Volumen, Volumen Parvum, Parvum ou Authenticum:

Tres Libri

Institutiones

Authenticum

Libri Feodorum

Thesaurus Accursianus

Parvum – Pequeno/Autêntico

LF – Livro dos Feudos

TA - Tesouro de Acúrcio - compilação de todas as glosas

POWER POINT – Slide 8

06/02/2024

Prudência – virtude que permite distinguir o Direito do torto, o certo do incerto, o justo do
injusto.

A autorictas é um conceito que foi criado por Alvaro d’Ors é a autoridade de um saber
socialmente reconhecido.
O direito romano liga-se ao direito prudencial porque foi estudado e aplicado durante o
período mediável até à 2ª metade do séc.XVIII é o direito romano justinianeu. Esse direito ficou
esquecido durante 6 séculos. No final do séc. XI começaram a ser descobertos livros do CIC.

No final do séx. XI sáo descobertos os livros e estes começam a ser estudados e dá-se o
renascimento do direito romano justinianeu, criado durante o séc. VI.

O renascimento do direito romano é um fenómeno de natureza académica e universitária. É


em Bologna que se dá o inicio do estudo do Direito.

O Renascimento começa na península itálica e depois espalha-se por todo o ocidente e


começam a aparecer universidades onde o aparece o estudo de direito, sendo que este direito
justinianeu passa a ser aplicado nos reinos da rexpublica cristiana.

Este renascimento deve-se a certas causas:

 Durante a idade média renasce tombem o conceito de império e, por conseguinte,


também o direito do próprio império. Estudo e aplicação do direito romano na
Península não depende de fatores políticos na medida em que o monarca não
reconhece um poder superior. Em Portugal nunca foi aceite o iurrisdictio imperium. O
nosso monarca aplicava a exemptio imperii- não reconhece a jurisdição imperial no
território português;
 O papa a acerta altura considera ser o verdadeiro imperador, como se pudesse ser ele
a representar a ideia medieval no período medieval, de forma a estar à frente da
comunidade internacional da época- o direito romano é um importante instrumento
de poder romano, que foi usufruído pela Igreja. O direito novo da igreja é um direito
baseado no direito romano. Na common law, que no princípio não tem influência
romana;
 Para se desenvolver e regular a atividade comercial e económica utilizou-se um direito
comum; o direito romano é um direito técnico, apurado e sofisticado – requer um
conhecimento e estudo próprio – daí estar ligado à universidade, em particular a
Universidade de Bologna;
 O estudo do direito começa na PI e irradia para o resto da Europa.

O direito romano foi estudado em escolas teóricas que se ordenam no tempo -escolas
jurisprudenciais.

As primeiras foram as Escolas dos Glosadores (porque faziam, sobretudo, glosas) e dos
Comentadores. Mais tarde constata-se que as características que se atribuem
à EG E EC não mudaram de um momento para o outro; Glosa de Acúrcio. Há uma fase
intermédia em que as características são idênticas.

Mos Italicus

 Escola dos Glosadores


o Glosa de Acúrcio (entre 1220 e 1250 aproximadamente)
 Escola dos Comentadores ou Escola Bartolista

ESCOLA DOS GLOSADORES (sécs.XII e XIII)


 Glosa: explicação; no início estas glosas eram muito simples (glosas interlineares) e há
ainda globas mais desenvolvidas (glosas marginais). No inicio estusavam partes mais
pequenas, mas, posteriormente, passam a analisar textos completos e interliga-los.
 Hermério – juntou as glosas todas, fazendo uma compilação e ordenação sistemática
das mesmas – Magna Glosa de Acúrsio;
 A obra tornou-se muito conhecida em toda a Europa, tendo sido, em Portugal, utilizada
como fonte de direito; - sobre o direito romano foi feito um trabalho de atualização,
desenvolvimento e adaptação à época – componente criativa;
 A sua utilização não foi meramente académica mas também judicial;
 Falta de rigor histórico, Direito e tempo (ratio scripta – direito romano enquanto
melhor direito já feito, sendo a referência de outros direitos – é como se o direito
romano transcendesse o tempo e o espaço – habilmente nunca se põe o direito
romano em causa) – exemplo do comercio – manteve-se sempre a aplicação do direito
romano ainda que se criassem normas excecionais;
 Conservação e divulgação do CIC:
 “Iucerna iuris” – Irnércia.

ESCOLA DOS COMENTADORES

 Bártolo – é o rei dos juristas, no âmbito do período medieval, tendo a sua opinião sido
fonte de direito;
 Método: escolástico/dialético – período da filosofia mediável e da teologia – a
metodologia jurídico foi trazida da teleologia – quaestio (questão) – é utilizada por S.
Tomás de Aquino; reaparecimento dos textos de Aristóteles (influência da teleologia e
da filosofia);
o Começa-se com uma pergunta à qual se busca responder; começa por se
apresentar o confronto de argumentos, através da exposição das várias
opiniões;
o Quaestio disputata
o Quaestio redacta
o Esta estrutura escolástica mantém-se presente.

A EG, mais simples e no arranque do estudo do direito, tinha um método analítico, ao


passo que o método da EC, era escolástico.
Uma forma de diferenciar as escolas é atendendo ao método. O método escolástico é
possível porque foram descobertas as oras de Aristóteles. Do ponto de vista do método
há diferenças mas esta transição não é abrupta mas sim progressiva: a partir do
momento em que as diversas partes do CIC se estudam, passa-se ao confronto desses
textos.

Há ainda mais diferenças, relativamente ao objeto: diferente valoração dos iura propria
(direitos próprios – cada local tinha o seu próprio, pelo que o DR não é a única ordem
normativa). Depois de interpretado, glosado e desenvolvido, começa a fazer-se uma
atualização do CIC, adicionando os direitos locais.

A escola dos comentadores é prática – atualizou o DR entrando em consideração as ordens


normativas da época – o objeto alarga-se – diferente valoração dos ius propria.
08/03/2023

Diferenciação em função do método – o método dos Glosadores é próprio de quem começa a


estudar o Direito, ao passo que o dos Comentadores é mais desenvolvido.

Objeto das Escolas:

Glosadores – método exergético-analítico – não têm uma visão de conjunto do CIC –

Summas e sumolas – conjuntos de glosas

Comentadores – método escolástico ou dialético – depois de estudar o CIC permitem-se


confrontar as interpretações

Uma vez estudado o CIC os Comentadores podem ser mais criativos, permitindo.se levar op DR
para a prática – atualização do DR através da ligação do DR aos direitos locais – os comentários
dos Comentadores muito frequentemente integram o DR, elementos do direito nacional, do
direito canónico, etc.

Existem diferenças na metodologia (que é tendencial) e a diferente valoração dos iura propria.

Opinião Comum

Para IM muitas vezes não se fala em “DR” mas sim em “ius commune” – direito romano tal
como ele é aplicado e interpretado na altura – não é, portanto, direito romano “puro” mas sim
direito romano com elementos do DN, do DC, etc. – DIREITO DOS PRUDENTES

Atras do DP não está a força e coercibilidade – a força do DP reside no prestígio dos próprios
juristas. A sua opinião é ouvida. O que os juristas enunciam são opiniões a propósito de
problemas novos: não estão a enunciar soluções para problemas que têm a sua resposta em
textos antigos. O tipo de conhecimento dos juristas é um meio termo entre ignorância e
conhecimento científico – opiniões pelo que, a propósito de um mesmo tema, os juristas
podiam ter opiniões diferentes.

A doutrina confronta-se com problemas em sentido próprio. Problema é uma questão que
admite mais do que uma solução possível, a propósito da qual enunciamos opiniões.

Os juristas mais prestigiados eram mais respeitados e ouvidos do que os juristas menos
respeitados. A forma de superar a incerteza foi determinada através da opinião comum dos
autores.
Utilizava-se um critério quantitativo e qualitativo – misto – utilizando a opinião da maioria dois
juristas mais qualificados.

MÉTODO DOS JURISTAS MEDIEVAIS: Analítico e problemático – Eles não lidam com o sistema
(conjunto de normas que se extraem das fontes e que surgem numa certa harmonia) – partem
do caso utilizando uma metodologia que mais tarde recebeu uma designação de tópica
jurídica.

Analisar os casos de diversos pontos de vista.

Os analistas analisam o caso e recolhem as normas e argumentos que surgem uteis para a
resolução do caso.

A posição de Bártolo era privilegiada.

A Tópica é uma metodologia que ajuda a caracterizar o método dos juristas medievais. Eles não
estão perante um sistema: duas normas contrárias podiam coexistir. Recolhem os argumentos
e normas que podem ser úteis. A arte de procurar e encontrar argumentos.

TÓPICA MATERIAL

TÓPICA FORMAL

ARS INVENIENDI (ARTE DE INVENTAR)

A Ciência do Direito não era caracterizada como tal, mas sim como uma arte, na medida em
que existe uma faceta criativa: criar Direito.

 Leges: leis, os textos


o Gramática – aplicação da lógica à língua – na idade média traduz-se no sentido
dos textos e da sua interpretação;
o Conceito medieval;
o Trivium (gramática, retórica, dialética);
o Os glosadores: mera interpretação literal ou “gramatical”?
 Rationes: tudo o que não for leges/textos – argumentos de Justiça, de Equidade, etc. -
 Auctoritates: Opinião comum dos doutores. Critério de determinação.

O sistema supõe um conjunto harmónico de normas que não se contradigam. Na IM não


existe um sistema, mas talvez, uma pluralidade.

GÉNEROS LITERÁRIOS: GLOSA

DIREITO CANÓNICO
Ius Supra-Regna: Isto é, supra-“estatal”.

Direito Canónico ou Eclesiástico  Direito da Igreja, dos cânones, etc. Conjunto de normas
que são estabelecidas e/ou aprovadas pelas ordens eclesiásticas.
DIREITO VISIGÓTICO

Código de Eurico –

Breviário de Alarico -

Código de Leovigildo -

Código Visigótico – foi este código que se aplicou entre nós até à fundação da nacionalidade.
Não há dúvida que a aplicação é territorial -

Tese de territorialidade –

Tese da aplicação pessoal –

Proteção da família - Influência germânica

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