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21 de Fevereiro de 2024
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Até ao séc.XIX, imperavam conceções jusnaturalistas do direito (O Direito, para ser Direito,
tinha de ser Justo: tinha de estar conforme um Direito suprapositivo).
No período Medieval até ao séc. XIX entende-se a existência de um direito natural – paradigma
do Direito justo.
A partir da codificação, por se considerar que o Direito se encontra consagrado na Lei, a ideia
jusnaturalista cai em desuso.
O Código de Seabra ainda previa a integração de lacunas através do direito natural - que vieram
a ser substituídos por princípios Gerais de Direito.
A justiça funciona como a causa/origem e fundamento do Direito: o Direito é justo e se não for
é aparência de Direito.
Quando se constrói o pensamento jurídico medieval, temos que ter presente que este não foi
autónomo, estando ligado ao pensamento da Antiguidade: fez uma espécie de cristianização
do pensamento da Antiguidade (latino e grego). – Continuidade entre o pensamento greco-
romano e o pensamento judaico-cristão.
A Justiça enquanto virtude - Hábito bom dirigido para a ação. Esta ideia de habitualidade,
presente no pensamento romano, surge como antónimo face ao vício. Para se ser justo é
necessária repetição – quanto mais repetição se verificar, mais fortalecida fica essa virtude,
ganhando a Justiça mais intensidade. Conexão entre direito e moral – o direito justo é o direito
conforme o quadro moral e mental da época, amplamente influenciado pela religião durante o
período medieval. A voluntária observância do direito.
Há virtudes que dizem respeito ao Homem para consigo próprio – temperança, paciência – os
outros até podem beneficiar dessas características, mas ligam-se ao mundo intrasubjetivo.
A Justiça Particular é a que mais interessa ao Direito, na medida em que diz respeito ao mundo
intersubjetivo: às relações do mundo em sociedade.
De forma a diferenciar características que interessam ao mundo intersubjetivo mas que não
interessam ao Direito, atende-se a que “A justiça é a vontade constante e perpétua de atribuir
a cada um o seu direito.” - Ulpiano (Digesto).
Este é uma definição formal e nesse sentido os autores sentiram a necessidade de densificar
este conceito
Definição do “seu”.
Modalidades da Justiça
Esta distinção foi feita, pela primeira vez, por Aristóteles e S. Tomás de Aquino alicerça a sua
filosofia no pensamento aristotélico.
Esta distinção:
Outra distinção:
Sete Partidas: Obra da Idade Média de Afonso X, o Sábio de Castela que tem,
sobretudo, direito romano adaptado, que estava divida em 7 partes, influenciadas pelo
direito romano, têm uma definição de justiça baseada na definição de Ulpiano:
o Justiça Espiritual: Dar a Deus o que lhe é devido – Justiça para com Deus;
o Justiça Política: Dar à Comunidade o que é devido e a Comunidade dar aos
membros o que é devido;
o Justiça Contenciosa: Dar ao autor o que é devido, ao réu o que é devido; Litígio
(pleito) – Justiça que acontecia nos tribunais, quando se decidia face a um
litígio.
O pensamento medieval também trabalhou um conceito de Justiça Objetiva, que surja como
um modelo de conduta. Recorreram ao conceito romano de “bónus pater famílias” , ou seja,
do Homem médio. Os preceitos de Ulpiano: viver honestamente, não prejudicar o próximo e
dar a cada um o seu.
O problema do direito injusto: não há teoria que não tenha direção prática. O conceito de
“Justiça” foi usado politicamente, até pela Igreja.
A ideia de Justiça é suscetível de utilização política - O próprio Rei quando quer começar a
afastar o costume e impor a sua lei, pode dizer que o costume é injusto. Surgem dos
problemas:
Validade do Direito:
Acatamento do Direito: A lógica é: mais vale um mau poder do que não poder – mais
vale um mau Direito do que inexistência de Direito.
DIREITO NATURAL
Cada vez que se admite esta categoria de direito, admite-se a existência de um dualismo:
existem dois direitos – direito suprapositivo e direito positivo. O jus naturalismo é sempre um
dualismo. Há unanimismo visto que a maioria dos autores atende a esta conceção. Traços
comuns: natureza supra-positivo e cognoscibilidade (é acessível ao conhecimento humano).
Fontes do direito natural: natureza (Antiguidade – p.e.: por exemplo, o poder paternal –
observação na natureza de modelos de organização), Deus (Idade Média) e razão (Idade
Moderna – visão antropocêntrica - ).
Pluralidade de entendimentos
DIREITO NATURAL - Paradigma do direito justo, sendo que, durante a Idade Média, existe uma
sinonímia entre Direito Divino e Direito Natural – mas o entendimento do Direito Natural varia;
Por sua vez, existe uma contraposição entre Racionalismo (S. Tomás) (Na conceção tomista,
Deus é sobretudo razão: a razão que ajuda a entender a ordem das coisas do mundo.) e
Voluntarismo (S. Agostinho)
Para S.Tomás o pecado original tinha sido um acontecimento desagradável mas o Homem era,
ainda, bom, pelo que podiam conhecer algum do Direito Natural.
Direito Supra-positivo
o Lei Eterna: Razão de Deus – É incognoscível;
o Lei Divina – Parte da lei eterna que Deus revela através da sagrada escritura;
o Lei Natural – Por causa do pecado original, o Homem continuava a ser
naturalmente bom, S.Tomás considera que continua a existir um pouco de
Deus no Homem, pelo que a lei natural é: participação na criatura racional da
razão de Deus (ou da lei eterna) – parte da Lei Eterna que Homem conhece
através da sua razão e esforço próprio;
Direito positivo: lei humana – lei positiva
Ius Gentium (direito que era aplicado às relações entre cidadãos e estrangeiros e nas relações
de estrangeiros): Criado pelo pretor peregrino (242 a.C.) à aproximação ao direito natural (o PP
recorre a uma simplificação do ius civile: o direito das gentes, no inicio, não tem aproximação
ao DN, no entanto, ao longo do tempo, começa a ser visto como uma marca da natureza – no
ius gentium estavam aqueles preceoitos que efetivamente eram essenciais
à convivência humana, ao contrário do IC que inclui prescentos mais supérfluos , pel,o que
alguns autores colocam IG após o direito natural e acima do ius civile).
DIREITO PRUDENCIAL
O Direito Prudencial é o direito dos prudentes, que são os juristas – direito dos jurisprudentes –
doutrina.
Atualmente, temos um jurista que interpreta e aplica a lei, mas, durante o período mediável,
o jurista criava direito. O jurista era dotado de autorictas, isto é, prestigio social: autoridade e
um saber socialmente reconhecido. Os juristas sabem o que é o direito e as pessoas
reconhecem nos juristas alguém que sabe o direito. A doutrina era fonte de Direito. Estes
juristas criam o Direito tendo como base o direito romano.
Periodização
Restaurar a unidade do Império pelas armas; pela política; pela religião; pelo Direito…
Atualização e compilação do direito romano - Compilação de “ius” (doutrina) e “leges” (leis) -,
no Corpus Iuris Civilis. Os mestres de direito antigo e a contribuição das escolas jurídicas do
Oriente.
Instituições; Manual de direito (“instituere” que significa ensinar, instruir). Introdução didática
às restantes partes do C.I.C; Síntese do CIC, possuindo ius e leges; Força legal. Estrutura: 4
partes - pessoas; coisas; obrigações, sucessões; obrigações delituais, ações. Várias obras ao
longo dos séculos mantém esta designação (e divisão/estrutura também).
I.M.: expressão no singular, “Digestum” que vem de “digerere”, isto é, “pôr em ordem”.
Exposição ordenada e sistemática, de caráter enciclopédico. Estrutura: 50 Livros.
Codex (534)
Edições atuais:
Instituições e Digesto
Código
Novelas
Digestum Vetus
Digestum Infortiatum
Digestum Novum
Codex (9 livros)
Tres Libri
Institutiones
Authenticum
Libri Feodorum
Thesaurus Accursianus
Parvum – Pequeno/Autêntico
06/02/2024
Prudência – virtude que permite distinguir o Direito do torto, o certo do incerto, o justo do
injusto.
A autorictas é um conceito que foi criado por Alvaro d’Ors é a autoridade de um saber
socialmente reconhecido.
O direito romano liga-se ao direito prudencial porque foi estudado e aplicado durante o
período mediável até à 2ª metade do séc.XVIII é o direito romano justinianeu. Esse direito ficou
esquecido durante 6 séculos. No final do séc. XI começaram a ser descobertos livros do CIC.
No final do séx. XI sáo descobertos os livros e estes começam a ser estudados e dá-se o
renascimento do direito romano justinianeu, criado durante o séc. VI.
O direito romano foi estudado em escolas teóricas que se ordenam no tempo -escolas
jurisprudenciais.
As primeiras foram as Escolas dos Glosadores (porque faziam, sobretudo, glosas) e dos
Comentadores. Mais tarde constata-se que as características que se atribuem
à EG E EC não mudaram de um momento para o outro; Glosa de Acúrcio. Há uma fase
intermédia em que as características são idênticas.
Mos Italicus
Bártolo – é o rei dos juristas, no âmbito do período medieval, tendo a sua opinião sido
fonte de direito;
Método: escolástico/dialético – período da filosofia mediável e da teologia – a
metodologia jurídico foi trazida da teleologia – quaestio (questão) – é utilizada por S.
Tomás de Aquino; reaparecimento dos textos de Aristóteles (influência da teleologia e
da filosofia);
o Começa-se com uma pergunta à qual se busca responder; começa por se
apresentar o confronto de argumentos, através da exposição das várias
opiniões;
o Quaestio disputata
o Quaestio redacta
o Esta estrutura escolástica mantém-se presente.
Há ainda mais diferenças, relativamente ao objeto: diferente valoração dos iura propria
(direitos próprios – cada local tinha o seu próprio, pelo que o DR não é a única ordem
normativa). Depois de interpretado, glosado e desenvolvido, começa a fazer-se uma
atualização do CIC, adicionando os direitos locais.
Uma vez estudado o CIC os Comentadores podem ser mais criativos, permitindo.se levar op DR
para a prática – atualização do DR através da ligação do DR aos direitos locais – os comentários
dos Comentadores muito frequentemente integram o DR, elementos do direito nacional, do
direito canónico, etc.
Existem diferenças na metodologia (que é tendencial) e a diferente valoração dos iura propria.
Opinião Comum
Para IM muitas vezes não se fala em “DR” mas sim em “ius commune” – direito romano tal
como ele é aplicado e interpretado na altura – não é, portanto, direito romano “puro” mas sim
direito romano com elementos do DN, do DC, etc. – DIREITO DOS PRUDENTES
Atras do DP não está a força e coercibilidade – a força do DP reside no prestígio dos próprios
juristas. A sua opinião é ouvida. O que os juristas enunciam são opiniões a propósito de
problemas novos: não estão a enunciar soluções para problemas que têm a sua resposta em
textos antigos. O tipo de conhecimento dos juristas é um meio termo entre ignorância e
conhecimento científico – opiniões pelo que, a propósito de um mesmo tema, os juristas
podiam ter opiniões diferentes.
A doutrina confronta-se com problemas em sentido próprio. Problema é uma questão que
admite mais do que uma solução possível, a propósito da qual enunciamos opiniões.
Os juristas mais prestigiados eram mais respeitados e ouvidos do que os juristas menos
respeitados. A forma de superar a incerteza foi determinada através da opinião comum dos
autores.
Utilizava-se um critério quantitativo e qualitativo – misto – utilizando a opinião da maioria dois
juristas mais qualificados.
MÉTODO DOS JURISTAS MEDIEVAIS: Analítico e problemático – Eles não lidam com o sistema
(conjunto de normas que se extraem das fontes e que surgem numa certa harmonia) – partem
do caso utilizando uma metodologia que mais tarde recebeu uma designação de tópica
jurídica.
Os analistas analisam o caso e recolhem as normas e argumentos que surgem uteis para a
resolução do caso.
A Tópica é uma metodologia que ajuda a caracterizar o método dos juristas medievais. Eles não
estão perante um sistema: duas normas contrárias podiam coexistir. Recolhem os argumentos
e normas que podem ser úteis. A arte de procurar e encontrar argumentos.
TÓPICA MATERIAL
TÓPICA FORMAL
A Ciência do Direito não era caracterizada como tal, mas sim como uma arte, na medida em
que existe uma faceta criativa: criar Direito.
DIREITO CANÓNICO
Ius Supra-Regna: Isto é, supra-“estatal”.
Direito Canónico ou Eclesiástico Direito da Igreja, dos cânones, etc. Conjunto de normas
que são estabelecidas e/ou aprovadas pelas ordens eclesiásticas.
DIREITO VISIGÓTICO
Código de Eurico –
Breviário de Alarico -
Código de Leovigildo -
Código Visigótico – foi este código que se aplicou entre nós até à fundação da nacionalidade.
Não há dúvida que a aplicação é territorial -
Tese de territorialidade –