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1 de março

Exercícios:
29 de março
3 de maio
Manual oficial (Ruy Martim de Abulquerque/ Almeida Costa/Nunes Pinela da
Silva)/ Textos da História do Direito AAFDL
email: fca.ribeiroferreira@gmail.com
2 de março
As lentes para olhar para História do Direito são as fontes do Direito, que são os
modos de produção e revelação do normas jurídicas. Para simplificar,
entenderemos normas jurídicas como critérios específicos de resolução dos casos
concretos.
Neste caso, podemos fazer uma periodificação da História entre pluralismo
(período medieval), pluralismo mitigado em que à um esforço de concentração do
poder normativo na coroa (desde 1415) e monismo em que a concentração de
direito já está no Estado e na lei (a paritr de 1820).
No período do pluralismo verifica-se um ordenamento jurídico supra-positivo ond
eencontraremos o chamado direito divino e direito natural. Existe também o
chamado direito supra-regna, pois já é direito positivo, mas é comum a vários
'Estados', falamos neste âmbito do Direito canónico, do direito romano. Verifica-se
ainda um direito pátrio onde vamos encontrar o direito visigótico, direito
castelhano, as leis do re, direito local, direito judicial e o costume, na altura a fonte
mais importante.
Toda esta dispersão no período pluralista trazia incerteza, mas também constituía
um Direito que era mais próximo do caso concreto. Aqui haviam várias normas
estatutárias, já que um membro do clero teria normas que lhe seriam aplicadas, mas
que não seriam apliadas a alguém do povo e vice-versa.
No pluralismo mitigado surgem as ordenações do rei. Estas ordenações não são
um código, mas são essencialmente disposições que regulam e ordenam as fontes
de Direito. Para este efeito serão estudadas as ordenações afonsinas (1446/47), as
ordenações manuelinas (1513/1521) e as ordenaçõe filipinas (1603). Mais tarde
neste período, tempo de Marquês de Pombal, surgem a lei da boa razão (1769) que
vai codificar as fontes de direito e a organização destas que as ordenações já
traziam. Esta foi influenciada pela escola do racionalismo jurídico e pela escola
dos usus modernus pandectorum. O marquês também faz um reforma do ensino
jurídico em Portugal e também deverão ser analisados os estatutos da Universidade
de Coimbra de 1772. Neste período começam a haver tentivas de codificações que
nos levam ao nosso estudo do humanitarismo jurídico que se focava sobretudo em
questões do direito penal.
Com a revolução liberal de 1820 inicia-se a vigência do monismo, em vigor até
hoje, em que o Estado controla oficialmente os meios de formação de Direito, em
essencial a lei aprovada pela Assembleia Nacional representativa da soberania
nacional. Neste âmbito será muito importante a Constituição de 1822 que
racionaliza as relações entre governantes e governados e assiste-se a uma
codificação generalizada dos quais se destacam o direito comercial, administrativo,
penal e civil. As principais escolas desta altura são as do positivismo jurídico, a
escola histórica do Direito e, mais tarde, a pandectística.
Feita toda esta essquemática é possível concluir por afunilamento das fontes de
direito nas mãos do Estado.
Jean Bdin: A soberania é o poder que nºao tem soberania na ordem externa, nem
igual na ordem interna.
Contexto político da idade média
Nesta altura, os reis não se enquadravam com a definição de Jean Bodin. A
soberania real na ordem externa era desafiada pela Igreja e pelo HRE que declaram
poder e jurisdição sobre toda a Cristandade, o império romano do ocidente. Esta
ordem internacional era recohecida como a Res Publica Christiana.
Na prática, isto não era assim. O imperador vai se estabelecer num espaço que
hoje é fundamentalmente à Alemanha, mas fora destes territórios tal não se
verifica. Até porque nesta altura surgem conflitos entre a Igreja e o Imperador
sobre a origem do poder. A Igreja alegva que Deus dava o poder ao Papa e este ao
Imperador, sendo que o Papa o podia destituir. Estas são as teses hierocráticas.
Em Portugal estasd teses vão ser dominantes, devido à influência papal na
formação do reino através da bula papal a confirmar a independência e criação do
Reino de Portugal. Paralelamente surgem as tese anti-hierocráticas que são
fracamente acolhidas em Portugal.
Na ordem interna, a soberania real era desafiada pelo clero, nobreza e até homens
bons do conselho. Estes centros de poder iriam realizar competência com o Rei,
pois nesta altura o poder era entendido como a propriedade sobre as terras. Este
período é normalmente conhecido como feudalismo. A relação que estes têm com o
Rei é de vassalagem. Assim, a relação entre Estado e governados é diferente do
que hoje se verifica, sendo que os vassalos diretos do rei não estavam diretamente
sujeitos a eles. Neste contexto político, o rei vai demorar muito tempo para que o
direito pártio, o seu direito, chegue à população local de todo o reino.
Para a próxima aula ver os capítulos nos ordenamentos jurídicos supra-positivos e
das ordenações e ler a bula de afastamento de D. Sancho.
8 de março
Ordenamentos suprapositivos
É repitido pelo historiadores que na idade média o direito não era um complexo
autónomo, no sentido de que o Direito só seria acatado pelos destinatários.
Neste domínio surgem três tipos de justiça:
Universal- Esta era a virtude enquanto síntese de virtudes. Esta implicava uma
perspeetiva subjetivaque se remete à conduta do sujeito que pratica o hábito das
boas ações.
Particular- o campo de aplicação desta justiça é o da relação entre as pessoas. Aqui
olhamos para uma virtude específica e não uma síntese de virtudes como na justiça
universal. Ulpiano define esta justiça como 'dar a cada um o seu'. Mas o que é o
'seu' de cada um? A este ponto a justiça particular divide-se em duas modalidades:
a comutativa (há a postulação de uma igualdade estrita) e distributiva (manisfesta-
se na ideia de proposcionalidade, já não é estritamente igual para cada um, mas
distribuem-se os encargos da sociedade de acordo com a capacidade de cada um e
o bens sociais de acordo com o mérito de cada um).
Objetiva- esta diz-se objetiva, pois não se constrói como uma virtue para cada um
seguir, mas vai-se objetivar uma conduta que todos devem seguir. Sobre a
influência da ideia romana do bom pai de família, os juristas medievais
estabeleceram como a conduta a seguir aquela do homem médio.
Os ordenamentos suprapositivos são construções de juristas da época,
fundamentalmente teólogos, dos quais se destacam dois: S. Agostinho e S. Tomás
de Aquino.
S. Tomás de Aquino postulava três tipos de lei: uma lei eterna, uma lei divina e
uma lei natural. A lei eterna era a razão ordenadora do Mundo, que vem de Deus, e
vai conformar todas as outras. A lei divina é aquela postulada nas sagradas
escrituras. A lei natural é a lei eterna, mas que é revelada dentro de nós por Deus e
nos vai permitri distinguir o bem e o mal. S. Tomás de Aquino, racionalista e
inspirado por Aristóteles, é mais otimista que S. Agostinho, sendo que considera
que Deus atribuiu a razão ao Homem para este poder apreender a sua natureza.
Já s. Agostinho fala apenas em lei eterna e lei natural. A primeira, como em S.
Tomás, é a razão ordenadora e divina do Mundo da qual derivava a lei natural que
que não deveria ser perturbado. Para este, um voluntarista inspirado por Platão,
Deus é uma vontade e admite o arbítrio e concebe Deus como mistérios, a sua
realidade é incognoscível.
A estes ordenamentos são apontadas críticas. Primeiro, se existem todos estes
ordenamentos, para quê fazer outros ordenamentos? Segundo, seguindo estes
ordenamento, não ficaria o ordenamento jurídico petrificado no tempo?
No que diz respeito à primeira crítica, diz S. Tomás de Aquino que os
ordenamentos suprapositivos não podem chegar a todo o lado, pelo que será
preciso outros tipos de ordenamento para esgotar mais exaustivamente as matérias
jurídicas da vida corrente do Homem e das relações que este estabelece entre si.
Em relação à segunda crítica, S. Tomás vai desviar estas críticas através de uma
separação entre preceitos primários e secundários. Os primários eram tidos como
auto-evidentes para todos, eram absolutos e não admitiam alterçaõ. Os
secundáriosjá sofreriam alteração, S. Tomás dá o exemplo da poligamia que era
extráido da lei natural, mas era sujeito a variação, o que jsutificava o que ocorria
em religiões não cristãs, como a muçulmana.
Ler a bula de afastamento de D. Sancho II e averiguar se está em causa Direito
suprapositivo e canónico. Estudar o direito canónico (as suas fontes, o iuris
canonici, o beneplácito régio e a aplicação do direito canónico nos tribunais)
9 de março
No fundo, havia muitas discórdias entre o clero português, muito ligado ao papa, e
a instituição régia, mas que tinham também a haver com uma caos social que se
vivia na altura com guerras entre vassalos régios de onde decorrem as acusações
que constam na Bula. O que acontece é que os clérigos se queixam ao papa,
queixas a que o Papa responde com o envio de dignatários para aplicar
providências papais e resolver a situação. Contudo, Snacho II não cumpre o que
promete nas cartas que envia ao Papa e este decide emitir esta Bula de
Afastamento.
Entre as acusações feitas a D. Sancho II encontramos impostos indevidamente
cobrados aos clérigos, a de tolerar heresias aos seus vassalos, não defender as
terras e não garantir a ordem e proteção das Igrejas e População, ceder à influência
de maus conselheiros, permiter casamentos em graus proibidos.
Tendo em conta esta leitura, o Papa apresenta muitos argumentos de direito
canónico (caamentos proibidos, heresias, cessação de bens eclesiásticos), mas este
vai mais longe mencionando a frouxidãao do Rei a defender os seus castelos. Há
aqui uma acusação que vai além do direito canónico. O que nos apercebemos é de
que o Papa não recorre ao direito natural, por exemplo, e não o faz devida a própria
relação que o Papa estabelecia com os governantes temporais. O papa entendia-se,
segundo as teses hierocráticas, como mediador dos governates temporais e Deus,
pelo que se arroga do poder de destituir os Reis. Portanto, esta intervenção não
vem fundada no Direito Canónico, nem nos ordenamentos suprapositivos, mas está
ligado à propria concepção de justiça e como esta limita o poder.
O direito canónico conjunto de normas que regulam as matérias que são da
competência da Igreja. Isto varia consoante o que se considera ser da competência
da Igreja ao longo do séculos, incluindo assim várias matérias de âmbito espiritual,
mas também secular.
O direit canónico tinha como conjunto de fontes divinas: as sagradas escrituras; a
tradição que se reporta a perceitos da vida de Jesus e seus apóstolos, mas que não
estão escritos nas sagradas escrituras e foram transmitidos oralmente.
Relativamente às fontes humanas estão presentes o costume que englobava a
consenssualidade (ser aceite pela sociedade), antiguidade (tem de ser passado de
geração em geração) e racionalidade (na medida em que devia ter concordância
com a fé, razão e verdade); disposições pontifícias (decretos que são normas que o
papa determina por conselhos cardeais e partiam da própria iniciativa do Papa e
decretais que se distinguem dos primeiros por terem de partir de uma questão ou
pedido colocado ao Papa); a doutrina (que se divide entre decretistas (decretos) e
decretalistas (decretais)); a jurisprudência; disposições conciliais (concílios eram
assembleias reunidas para deliberar matérias espirituais, há concílios ecuménicos
(feitos pelo Papa que convoca todos os bispos e cardeais), nacionais (clérigos de
um só país) e provinciais (clérigos de uma determinada unidade territorial)); e as
concordatas (acórdãos regulamentares entre a Igreja como um todo e os monarcas)
e concórdias (acórdãos regulamentares entre clero nacional e monarcas).
A periodização, compilações; beneplácito e aplicação do direito canónico nos
tribunais, ler lei 2 da cúria de 1211 e ver a discussão entre lei canónica e do rei, lei
do rei.
15 de março
A periodização do direito canónico
Ius vetus (Direito Velho): Surge a partir do século XII um esforço de de
compilação das fontes de direito, esforços que resultam na formação do Corpus
Iuris Canonici que era composto por 5 livros: Decreto de Graciano/ Concórdia dos
Cánones Gracianos; Decretais de Gregório IX; Livro VI; Clementina;
Extravagantes.
O Direito Canónico era de grande importância na Península Ibérica tendo
aplicação nos tribunais. Nos tribunais eclesiásticos este era aplicado segundo um
critério de matéria (heresia, apotácia) e de pessoa (membros do clero que seriam
sempre julgados nos tribunais eclesiásticos o que consistia um direito inderrogável
e também certas pessoas que a Igreja considerava como miseráveis, gente
desprotegida como as viúvas ou estudantes universitários que gozavam deste
privilégio de foro).
O beneplácito régio era um instituto que exemplifica a resistência que os Reis
portugueses faziam ao direito canónico. Este consistia na necessidade de o Rei ter
de aprovar para o direito canónico ser aprovado. A eficácia do direito canónico
naõ produzia efeitos até o rei a aprovar, o que não implicava a sua invalidade ou
qualquer vício na sua formação.
A Lei do Rei reporta-se a preceitos gerais, implicam a uma quantidade
indeterminada de pessoas, e abstratos, aplicam-se a uma quantidade indeterminada
de casos. O Rei rodiava-se de juristas da altura que o ajudavam a redigir as leis que
teriam de ser aprovadas em cúrias. A cúria régia distingue-se das cortes, pois nestas
estão representados todos os grupos socias, enquanto na primeira são estão
reunidos os membros do alto clero e nobreza. A data indicada para as primeiras
cortes é de 1260.
A este propósito surgem as lei da cúria de 1211 que depoltam duas interpretações
distintas na doutrina. Na doutrinaa clássica é entendido que a lei do rei, quando em
conflito com o Direito Canónico, é sempre secundário às normas canónicas. A
doutrina canonista concorda com esta posição pois acreditavam que o direito
canónico era preferível ao direito régio. Contudo, já no século XX, o Prof.
Guilherme Braga da Cruz diz que só os 'direitos' canónicos, no sentido das
disposições jurídicas subjetivas 'os privilégio', seriam preferenciais quando em
conflito com a lei régia. Como contra-argumentos a esta posição encontramos o
facto de não termos o original das cúrias de coimbra e apenas documentos
porteriores, sendo que só parte deles contêm a palavra 'direitos'. É acusado de se
focar apenas nas fontes que interessavam à sua posição. Já Duarte Nogueira vai
mais longe, e diz que estas deliberações que atribuem preferencialidade ao direito
canónico quando em oposição com o direito régio eram apenas declarações
políticas, já que também nas Cúrias de Coimbra o Rei aprova leis que vão contra
os interesses da Igreja.
Para a próxima aula: Direito Visigótico, elementos, discussão entre territorialidade
e pessoalidade, direito castelhano, costume.
16 de março
A importância dos visigóticos advém de estes serem mais permeáveis aos
costumes e tradições romananas. Estes deixam vários monumentos jurídicos:
Código de Eurico (476)
Estes são códigos, nãono sentido moderno, porque não criam novoa direito, mas
recolhe fundamentalmente direito consueetudinário, mais precisamente direito
romano vulgar. Antes dos visogodos viviam na Península Iberica povos que tinham
sido romanizados que implicou um esforço da transposição do direito romano
numa ltura em que o Império está mais fragiliado, pelo que as disposições que
chegam à península são simplificadas e modificadas para serem adpatadas às
realidades locais que os permeabilizam aos costumes locais.
Breviário de Alarico (506)
Aqui olhamos para o direito roamano clássico, mais próximo das fontes
originárias, mas ainda assim não puro, pois continha anotações e comentários.
Código Revisus (580)
Este Código revê o Código de Eurico e basicamente acrescenta leis que tinham
sido feitas pelos monarcas visigóticos.
Código Visigótico (654)
Aplicação do direito visigótico
A primeira tese era da personalidade/duoalismo em que a aplicação estava
dependente da pessoa a quem era aplicado, se era aplicado aa visigóticos ou
romanos, consoante a sua etnia.
A segunda tese era a da territorialidade, em que todos estas compilações são
aplicadas as todas as pessoas em território visigótico. Estes afirmam que o
Breviário de Alarico revoga o Código de Eurico.
Entretanto desenvolve-se uma terceira tese que é do Prof. Paulo Merêa,
conciliatória, em que argumenta que há argumentos para dizer que os códigos eram
todos aplicados as todos os cidadãos do território visigótico, mas que o Breviário
não revoga o Código que lhe precede, o Breviário teria uma carácter específico.
Costume
O costume tem um conceito restrito, aquele que conhecemos hoje (prática
reiterada com convicção de obrigatoriedade), mas no período medieval este tinha
uma acepção mais ampla que abrangia todas as normas que não eram elaboradas
por processo legislativo, o que incluia a jurisprudência e a doutrina.
O costume era uma fonte mais completa, tinha mais soluções do que aqueleas que
haviam na lei. Estavam masi próximas das comunidades e por isso era de mais
fácil observação, já que não era necessário impor o costume, é seguido de forma
voluntária. Pragmaticamente, era mais fácil de conhecer e dar a conhcer a uma
população que era esmagadoramente analfabeta. Este vai começar a perde, não
mrelevância ou mérito, mas autonomia quando este começa a estar consagrado, por
escrito, em leis régias. A partir do momento em isto acontece a sua ratio de
vinculação passa a ser a de 'porque o rei assim o ordena' e não um processo
autónomo que origina na sociedade. Isto também podia ocorrer através das cartas
de privilégio, matéria da próxima aula.
Dentro deste combate entre o costume e o direito escrito criam-se quatro critérios
para a verificação do costume:
Antiguidade
O costume teria de ser observado durante um período objetivo de tempo.
Racionalidade
Implicava que o costume fosse capaz de resolveer situações jurídicas.
Consensualidade
Há dois tipos de consensualidade: a da população e do legislador. Este
consentimento era tácito e teria de haver uma publicidade do mesmo na
comunidade e que seja tolerado por esta. O consenso do legislador vem impor,
mais tarde, que o costume deve ter o consentimento da população e do legislador.
Isto serve para o Rei fazer uma distinção entre costumes bons e maus, manter
aqueles que lhe favorecem e abolir aqueles que não o fazem ou contrariam a sua
autoridade.
Repetição
Pressupõem um número de repitições do costume.
Próxima aula: Direito Judicial e Direito Foraleiro e depois dessa o direito romano
prudencial.
22 de março
Direito Foraleiro
No seu sentido mais restrito, o direito foraleito contém um regime jurídico de um
território delimitado.
Este tinha três instrumentos: cartas de povoação, forais, foros/ estatutos
municipais. Estes três instrumentos concebem-se como cartas de priivilégio. Estão
em confronto com a lei do Rei, já que esta, geral e absstrata, aplicava-se a todo o
território, enquanto que as cartas de privilégio tinham uma aplicação local,
específica e concreta. Estes são elaborados e concebidos por um senhor da terra, o
Rei, nobreza ou clero. As cartas de povoaçãp são as mais antigas, os estatutos
municipais os mais recentes, sendo que à medida que o tempo passa as cartas de
privilégio vão ficando mais complexas.
Esta criação de forais, ao contrário do que aparenta, não era relativamente muito
criativa, pois os senhores que outorgavam as cartas de privilégio não eram juristas
nem os tinham ao seu serviço, pelo que o que muitos fazem é emular forais de
localidades próximas, que teve como consequência o surgimento de famílias de
forais que partilhavam uma estrutura muito semelhante.
Os forais eram um regime específico das comunidades que lhes garante muito
autonomia em relação ao Direito do Rei. A regra era de que o regime de foral era
especial em relação à lei do rei, sendo que seguindo o princípio da especialidade, o
primeiro afastava o segundo. Para contrariar isto, o que o Rei vem dizer na sua
legislação é que as suas prerrogativas se aplicavam independentemente da lei de
foro ou costume. Mais tarde, D. Manuel fez uma reforma dos foros em que
recolheu todos os foros do país em que os atualizou e reduziu a matérias de direito
fiscal, sobretudo, o que conferiu autonomia às comunidades em relação aos seus
senhores, mas ao mesmo tempo sobrepôs o seu direito aos foros.
Direito Judicial
Esta só é considerada fonte de direito quando há esta criação de novos cirtérios de
casos concretos ou de litígios.
A enunciação da justiça tem essencialmente dois planos: os tribunais do rei e os
tribunais locais. O primeiro podia ser o Rei sozinho a julgar ou acompanhado de
um letrado, normalamente na Cúria, em que este servia como juíz. Os casos típicos
submetidos aos tribunais do Rei seriam casos que envolvessem a pena de morte,
recursos, entre outros, este era o tribunal superior que eventualmente evokuiu para
a Casa da Suplicação. Os tribunais locais eram tribunais dos senhores e que eram
regidos por magistrados locais, os juízes mais próximos das populações, muitas
vezes eleitos ou apontados pelos senhores. Estes eram aqueles que as pessoas
primeiro consultavam, sendo que aplicavam o direito que conheciam, o costume e
o direito foraleiro. Isto irá provar-se problemático para os monarcas quando estes
começarem a intensificar a sua atividade legislativa.
Os reis vão criar outro tipos de magistrados como os corregedores, que eram
esencialemnte fiscais e visitavam as localidades para detetar erros e corrigí-los.
Estes também criaram os juízes de fora que eram enviados quando o Rei
determinava que um juíz local não aplicava corretamente a justiça, sendo estes
homens letrados e com educação universitária, estes aplicavam o direito romano e
régio.
O estilo era o costume criado pela açaõ do tribunal que na sua prática de julgar e
resolver casos concretos que acabam por ser aplicados futuramente. Por exemplo,
um tribunal dizia que uma pessoa tinha 20 dias para apresentar as suas testemunhas
para fazer uma acusação. O estilo mais relevante vai ser o dos tribunais régios.
As façanhas tem muitas dúvidas à sua volta, mas fundamentalmente, aqui,
consideramos sentenças que pela sua autoridade vão servir de critério nos casos
futuros. Os precedentes o Reino Unido são o mais similar com as façanhas.
Discute-se se só as façachas confirmadas pelo Rei tinham força vinculativa.
Os alvidros eram decisões que saíam de um julgamento arbitral, em que os juízes
eram convencionados pelas partes.
23 de março
A renascimento do direito romano medieval representa uma verdadeira revolução
jurídica, renascimento do direito romano que desde a sua publicação até ao século
XI/XII o direito romano tinha caído em desuso e já não era estudado no ocidente.
Desde a queda do impe´rio romano do ocidente, o direito romano tinha sido
vulgarizado devido ao seu contacto e influência de povos germânicos e costumes
locias, o direito romano não tinha sido esquecido, estava lá mas o seu estudo e
fontes estavam limitadas. O que renascimento representa é a retoma do estudo
sistemático.
Este renascimento é provocado por fatores políticos, culturais e religiosos. O
imperador germânico, nesta altura em disputa pela sua supremacia sobre o Papa,
procura adotar um direito imperial que leh dava uma ccentralidade no exercício do
poder e em menor escala o Papa, algumas cidades italiana e mais tarde outros reis
foram do domínio destas identidades. A nível cutural, há o estabelecimento de
várias universidades pela Europa que resultou numa partilha de conhcimento.
Numa realidade económica, a aplicação do direito comum romano facilitava as
troccas, especialemente entre 'Estados'.
Este movimento tem como grandes protagonistas os jurista e os prudentes, é por
isso que os Albuquerque tratam esta matéria no capítulo do direito prudencial.
Haviam duas grandes escolas, os glosadores e os comentadores.
Os glosadores foram os primeiros. Nascida em Bolonha tem como grande
fundador Irnério que redescobre as fontes do direito romano justinianeu, pelo que
o seu trabalho era o de descodificar e reorganizar essa s fontes. Primeiro descobre
o Digesto Velho, depois o esforçado, o novo, o Código e o Livro Pavrum, que
mais tarde fficará comhceido com o Corpus Iuris Civilis. Irnério e a sua escola são
glosadores, pois o seu género literário paradigmático era a glosa, que consistiam
em anotações curtas para explicar passagens, glosas lineares e debaixo das palavras
e mais tarde lineares que pretendiam explicar o texto no seu conjunto e não apenas
palvaras individuais.
O que Acúrsio, mais tarde, vem fazer é uma compilação de glosas suas e de
outros autores, a Magna Glosa. A certo ponto, os glosadores começam a emitir
pareceres diferentes sobre os significados das fontes que se contrariam ou são
concorrenciais umas às outras e que criam muita confusão, começam a até a fazer
glosas de glosas. Esta escola entra em decadência e perde a sua relevância, sendo
que Acúrsio e a sua Magna Glosa, que ordenas as glosas produzidas e define um
significado coerente para as fotes, representam um fim, ainda que não imdiato,
para a escola dos glosadores.
Os comentadores, já do ´seculo XIII-XV, divergem dos glosadores, pois enquanto
estes atendiam meramente à letra das fontes, os comentadores começam a trabalhar
com os princípios que lhe estavam subaajecentes e até com iura propria. Os
comentadores são conhecidos pelo seus estilo literário maioritário, os comentários,
que não se centravam na organização própria das fontes e da sua letra, mas
focavam-se por exemplo em institutos concretos do direito romano e redigiam
comentários sobre todos os institutos, já não estão só a tentar revelar o sentido da
ratio scripta. O grande nome desta escola é Bártolo que representa o apogéu desta
escola e adquire uma auctoritas taal que eem Portugal as suas opiniões vão valer
como fonte subsidiária de direito. Após Bártolo, o método dos comentadores deixa
de ter uma ação criativa e sim uma de confrontar opiniões anteriores, mas sim uma
de síntese da doutrina passada, pelo que esta passa a ser concebida como o
mecanismo de 'opinião comum dos fatores'.
Este direito chega a Portugal de forma mais tardia através de juristas que vão
estudar para fora do país e que depois traziam a influência e conhecimento desse
direito a Portugal. O surgimento do direito romano surge em Portugal de forma
espontânea. Esta adoção também processa através de uma série de obras
espanholas que falavam de direito romano e depois eram traduzidas para português
(sete partidas).

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