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REX
O Rex tinha poderes absolutos e vitalícios. Era um rei sacerdote, exercia o poder absoluto e
tinha uma faceta de controlo da religião em Roma.
Rómulo (primeiro Rex de Roma) funda o Senado com 100 patres, cujos descendentes passaram
a ser designados por Patrícios.
- Poder para defender militarmente Roma, administrar a cidade e ainda possui o poder de
mediação divina, que lhe dava legitimidade.
- Resolvia os aspetos e conflitos da vida coletiva, da relação entre as pessoas, através da
aplicação de leges.
- Não era eleito através de um processo normal, sendo que era escolhido pelos Deuses que
revelavam a sua escolha através dos auspícios.
Senado
Sacerdotes
Papel e Influência:
Os romanos acreditavam que os Sacerdotes tinham a capacidade de comunicar com os Deuses,
de os ouvir, de falar com eles e entender as suas vontades.
- Faziam o calendário anual de Roma: dias nefastos ou nefastos, ou seja, dias maus ou
dias bons, e só eles tinham conhecimento deste calendário. Os plebeus para fazer algo
tinham do consultar os sacerdotes primeiro.
- Interpretavam os auspícios.
▪ No período da monarquia não vivíamos sobre a égide do ius (Direito), existiam apenas
regras de cariz moral, ético e religioso, que estavam nos “mores maiorum”, que eram do
conhecimento dos sacerdotes, como tal eram eles que resolviam os conflitos, resolviam os
casos. Normalmente decidiam em favor dos patrícios (nos casos que envolviam classes
sociais díspares).
Comitia Curiata
Costume ≠ Tradição, pois este repete-se porque sempre se o fez assim, mas não porque a
comunidade não entende que este não seja obrigatório.
Ex: Bacalhau na ceia de Natal.
Ex: A lei dizia que não se podia fumar até aos 16 anos, enquanto que o costume entende que é
até aos 18 anos.
Sacerdotes Pontífices:
- Função Iurisprudente: acaba involuntariamente por aplicar o direito de forma arbitrária e
nem sempre de acordo com a justiça. Para aplicar o direito de forma justa tem de o estudar,
praticar e submete-lo ao caso em concreto.
Iuris = Direito
Prudente = Prudência
→ Os Mores Maiorum vão ser aplicados, em Roma, pelos Sacerdotes pontífices, aos casos
concretos, porque em Roma não existia uma dogmática composta por regras gerais das
quais se partiam para se resolverem casos. Pode começar a haver alguma segurança e
consistência na aplicação do direito quando a solução se repete em vários casos
semelhantes.
Interregnum
● Duplo sentido de interregnum
O período em que não há rei e esta a ser eleito outro, é o interregnum, mas também é um dos
poderes que o senado tinha para regular o funcionamento das instituições em Roma.
Na Monarquia:
Período entre Reis, em que não há rei, e neste período o senado nomeia um Interrex que era
um homem que durante 5 dias tinha a função de ler os auspícios até encontrar o nome do
homem que de acordo com a vontade dos Deuses devi sentar-se no trono. Implicava o contacto
com os Deuses. Se durante esses 5 dias eles não conseguia chegar a esse nome elegia-se um
novo interrex, se ele chegasse ao nome apresentava-o ao senado que o aprovava descia para
os Comitia Curiata... Depois fazia-se a cerimónia de entrada num novo império.
Na República:
Na monarquia o poder era centralizado no rei, na república o poder era fragmentado entre
magistraturas ordinárias que eram colegiais, temporais, tinham poderes principais. Se por
algum motivo um dos cônsules tivesse de se ausentar o Senado assumia a função de
interregnum para regular o funcionamento desta magistratura.
Os plebeus iniciam processos de revolta quanto aos poderes dos Patrícios, à organização
política de Roma e também contra a aplicação não justa e imparcial do Direito.
Defendem que o direito (ius) não pode estar apenas nas mãos dos patrícios, e fazem esta
reivindicação aos Comitia.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
No plano jurídico os romanos obedeciam a um conjunto de regras não escritas criadas no seio
da comunidade cívica impostas pela sua observância constante e prolongada (mores maiorum).
Os romanos acreditavam que estas regras correspondiam à vontade dos deuses que os
protegiam, e por isso, o colégio de pontífices exercia a função de fazê-las cumprir sem grande
dificuldade (Lições do Vera Cruz).
● Em 451 a.C. é constituída uma comissão paritária de 10 homens (mista entre homens
patrícios e plebeus) entre os Comitia Curiata que se chamava: Decemviris Legibus
Seribumdi. Tinham a função de reduzir a escrito os Mores Maiorum, ou seja, positiva-los
(direito escrito).
A comissão tinha o mandato de um ano e elaborou 10 tábuas de bronze, onde estavam escritas
as principais normas jurídicas romanas, das variadíssimas matérias, mas sempre de direito
privado (direito civil). Tem escrito o direito aplicável ás relações entre privados, sejam eles
patrícios ou plebeus.
Os comitia aprovam estas 10 tábuas, mas entendem que o trabalho feito tinha sido escasso e
deviam desenvolver-se mais áreas “especiais” (direito penal), passando então a nomear assim
uma segunda comissão.
● Esta segunda comissão teria como função o aprofundamento da área do direito penal com.
A elaboração de mais tábuas (na prática de determinados crimes, quais as consequências
para os infratores?). Governou durante um ano de forma autoritária o governo da cidade
de Roma, não obstante apresenta aos comitia duas tábuas que não são aprovadas.
● Os comitia nomeiam uma terceira comissão mais pequena de dois cônsules (patrícios que
eram magistrados com poder de governo em Roma): Valério e Horácio. Estes teriam como
função elaborar mais tábuas com o direito em falta. Passado um ano apresentam duas
novas tábuas de leis que são aprovadas pelos comitia = Lex Laveria Horatia
Com estas duas tábuas surge assim a Lei das XII Tábuas de bronze que continha direito privado
e constituía a positivação dos Mores Maiorum, formando o primeiro Direito Romano (escrito).
XII Tábuas:
Tábuas I, II e III: Contêm processo civil;
Tábuas IV e V: Direito da família e das sucessões;
Tábua VI: Negócios Jurídicos (Direito de obrigações);
Tábuas VII a XII: Direito penal e direito processual penal
Não obstante, os Mores Maiorum continuam a ser o cerne da justiça romana (porque era
direito proveniente dos deuses). -> Pouca separação entre religião e estado patente na
hierarquia das fontes.
● As positivações das principais regras das relações entre privados dos Mores Maiorum
foram inseridas na Lei das XII Tábuas, no entanto a relação entre uma instituição pública e
um privado era apenas regido pelos Mores Maiorum.
⮚ A Lex Rogata, no contexto da lei das XII tábuas, era uma lei elaborada por magistrados (10
membros selecionados dos, e pelos, comitia) que depois são submetidas à apresentação e
aprovação dos Comitia Curiata, sendo que o autor roga pela mesma (defende-a), perante
uma alta representatividade dos cidadãos romanos.
O facto de estarmos perante leis aprovadas nos Comitia Curiata, onde estão representados
todos os cidadãos de Roma, demonstra um desenvolvimento, porque, simbolicamente, todo o
pópulos romano está a aprovar em conjunto as leis que vão regular as suas relações privadas.
A Lei das XII Tábuas faz com que as leis escritas se sobreponham aos mores, à moral oratória e
aos costumes. Resolve assim o problema do conflito entre mores e leges, optando pela lei.
Logo, no caso de se praticar um ato com fundamento num costume (contra legem), este, por
contrariar a lei, passaria a ser nulo.
A partir desta lei, as leges passam a poder revogar e emendar os mores, como depois
acontece com a Iurisprudência e os edictos do pretor.
→ Esta segunda fonte de direito marca a primeira tentativa de enunciar por escrito as regras
mais importantes do Direito então existente, e fazer aplicar de forma universal e igualitária
as regras jurídicas a patrícios e plebeus, tornando-se necessária e essencial em virtude das
divergências entre Iurisprudentes (sacerdotes pontífices) sobre as regras que
fundamentavam as soluções justas.
→ Existiam mores maiorum, costumes e usos que preenchiam, completavam e tornavam
eficazes os comandos desta lei. Os mores maiorum eram fundamentais para a eficácia das
normas legais e a efetividade das regras do ius.
Em 510 a.C. a monarquia caí, com o derrube de Tarquínio, e Roma precisa de encontrar um
sacerdote. A solução encontrada são os magistrados, cidadãos romanos (apenas patrícios), que
são eleitos pelos Comitia Curiata para governar a cidade de Roma.
- Tem um mandato temporário de 1 ano;
- Não se podem recandidatar ao mesmo cargo, mas podem candidatar-se a outros;
- Cargos não renumerados;
- Devem prestar deveres e esclarecimentos aos Comitia.
o Os Comitia Curiata que vão desaparecendo com o tempo para dar lugar ao surgimento dos
“Comitia Centuriata”, a diferença reside na organização militar, que evolui e os Centuriata
veem o seu poder reforçado:
- Podem destituir magistrados;
- Fiscalizar e aprovar leis = Poder Legislativo
Os Comitia Curiata existem no início da República, mas vão sendo subalternizados, passando o
ser poder político para os Centuriata, e detendo o poder religioso.
Os dois principais órgãos de poder são os Comitia e os Magistrados, que, em com junto com
todas estas entidades e o Senado, vão ajudar a construir o Direito Romano da República ou
Clássico, que é o mais desenvolvido de todo o Império Romano.
2. Lex Liciniae de Modum Agrorum: Até à data da publicação destas leges havia um
predomínio de terras por parte dos patrícios, com a entrada em vigor destas leis
permite-se que os plebeus adquiram terras públicas e limita a área, delimita a
propriedade, dos patrícios, que não podiam ter mais de 500 jeiras de terra.
3. Lex Liciniae de Consule Plebeio: Permite que plebeus possam ascender até à função de
cônsul, o que representava meio caminho andado para ascender ao Senado. Os cônsules
com poderes de governo sobre Roma passam a poder ser plebeus, no entendo, esta
medida não foi posta em prática até 320 a.C. ano em que surge o 1º cônsul plebeu.
Este direito era submetido a dois requisitos: dos dois magistrados só um podia ser plebeu,
ou seja, havia a obrigatoriedade de um dos magistrados ser patrício.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
- Em 172 a.C. há uma alteração na lei que permite a existência de dois cônsules plebeus.
Em termos de orgânica política da Roma Republicana, o poder estava assente nos comitia,
no senado e nas magistraturas (assumiram os poderes do REX).
Os Comitia Centuriata
1. Comitia Tributa (Tribos): São comícios restritos a cada uma das tribos de Roma. Havia 20
tribos: 4 urbanas e 4 rústicas. Homens e mulheres organizavam-se em tribos através de
laços familiares ou regionais. -> COMPOSTO POR PLEBEUS E PATRÍCIOS
- Esta Comitia estava reduzida aos cidadãos daquela tribo e tinham menor importância,
sendo que não podiam aprovar questões vitais de para a cidade de Roma, apenas
normas e regras jurídicas abstratas que vigoravam nas tribos.
→ Elegiam magistrados menores: Questor e Edis.
- Tinham competência judicial para julgar e aprovar penas pecuniárias para pequenas
infrações cometidas.
- Aprovam com o tempo pequenos impostos locais.
Competências residuais e restritas a um grupo (tribo), onde estavam representados
todos os homens da dita tribo.
▪ A “Lex Hortensia de Plebiscites” de 287 a.C. vem permitir a aplicação dos plebiscitos aos
patrícios, sendo que a partir deste ano, eles estavam sujeitos às mesmas
Nota:
Os plebiscitos, em regra, só têm o nome de UM magistrado (tribuno da plebe), enquanto que
as Lex Rogata têm, normalmente, o nome de dois magistrados, que são aprovadas nos comitia
Centuriata e vinculam toda o pópulos romano.
Senado
Órgão colegial representativo dos Patrícios, e a partir do século III a.C. vão também ascender
ao Senado os plebeus.
Funções:
- Garante o cumprimento dos Mores Maiorum;
- Compete conceder Auctoritas Patrum, ou seja, verificam se as leis aprovadas pelos
comitia estão em conformidade com os Mores Maiorum.
- Conduzir a política externa ao aprovar os tratados internacionais, receber embaixadas
de outros povos, fazer declaração de guerra em conjunto com os Comitia Centuriata,
organizar províncias, aprovar despesas de operações militares;
- Auxiliar a função dos Cônsules.
Magistraturas
Principais caraterísticas das magistraturas em Roma:
o Colegialidade: Para cada magistratura eram eleitos pelo menos 2 magistrados com
paridade (qualidade do que é igual) no grau e na função;
o Temporalidade: Normalmente os mandatos eram de um ano, com exceção do
censor (5 anos).
o Separação rigorosa entre as magistraturas (poderes);
o Impossibilidade de repetir cargos: Não se podiam recandidatar ao mesmo cargo,
mas podiam candidatar-se a outros;
o Responsabilidade: Eram responsáveis pelas infrações cometidas durante o seu
mandato;
Magistraturas Menores
Poderes:
⮚ Potestas: Representar o pópulos romano, e vincular as suas vontades com a vontade do
pópulos. Criava direitos e obrigações para a civitas. Era exercida no âmbito das
competências próprias.
- Ius Agendi cum populo e cum plebe
- Ius Agendi cum patribus
Funções:
- Função de polícia da cidade, controla o bom comportamento da cidade através da sua
fiscalização e da tomada de medidas de controlo;
- Conserva vias e edifícios públicos, saneamento das cidades, garantiam boas condições
dos edifícios (infraestruturas) públicas e policiavam esses locais.
- Controla abastecimento de cereais, ou seja, abasteciam os mercados das cidades.
- Organiza festas públicas
- Guarda dos arquivos públicos, bem como a função de gerir o tesouro da cidade
- A sua magistratura foi criada como um prémio de consolação aos patrícios, porque
apenas podiam ser exercidas por homens da sua classe.
- - Os patrícios organizavam e financiavam as festas públicas = Diferença entre Edis
Curuis (ius Edicendi) e Edis Plebeus (não tinha ius Edicendi).
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
Magistraturas Maiores/Ordinárias
Tinham os poderes:
⮚ Imperium: Poder supremo e ilimitado de comando (ex. comandar exércitos, convocar o
senado “agendi cum patribus” e as assembleias populares “agendi cum populo”,
administrar a justiça); Poder de soberania, de dar ordens. Nem todos os magistrados
tinham este poder – Cônsul e Pretor
⮚ Potestas: Poder de representar o pópulos romano e vincular com a sua vontade a vontade
do pópulos. Criava direitos e obrigações para a civitas. Era exercida no âmbito do exercício
das competências próprias. Poder de representação do Pópulo Romano, e todos tinham
esta função porque exerciam funções públicas.
- A intensidade da representação de um sensor era muito superior á de um questor. A
intensidade da sua representação dependia das suas funções (hierarquia).
Ex: Cardeal é mais importante do que um Bispo
⮚ Iurisdictio: poder de administrar a justiça. Dizer o Direito, e nem todos tinham este poder.
Aplicar o direito aos casos concretos.
- Pretor e Cônsul (Caridade); Pretor e Questor (Assistente)
Hierarquia:
1. Censor – 443 a.C. (Só tinham poder de veto sobre os colegas censores)
2. Cônsul – 509 a.C.
3. Pretor – 367 a.C.
4. Ditador
5. Questor – 450 a.C.
6. Edil Curuis – 367 a.C.
Cônsul
Têm os três poderes: Imperium, potestas e Iurisdictio
- Magistratura com poder na cidade e poder militar;
- Colegial (sempre mais do que um com paridade na exerção das funções);
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
- Anual;
- Dividia poderes com outras magistraturas;
Tinha poderes de coercitio e iudicatio – acusar, julgar e executar as sentenças sem obrigação de
seguir o concílio por ele convocado, e liberto de qualquer formalidade ou vínculo processual;
- Exercia todas as competências que não cabiam aos outros magistrados:
- Coercitio para a pena da morte
→ Detinha Ius agendi cum patribus e ius agendi cum pópulos
Nota: Se um dos Cônsules ia para a guerra, quem colmatava esta ausência era o Senado, e se
chegasse a notícia do seu falecimento eles elegeriam um novo magistrado.
Censor
Não tinha Imperium e função não permanente
- Poder de constituir o Senado. Poder frágil porque apenas poderiam indicar os patrícios ao
Senado.
- Poder de destituição mediante a análise do comportamento dos membros do Senado se
violassem as regras.
- Só o tribuno da plebe tinha poder de veto sobre si, ninguém das magistraturas ordinárias ou
inferiores/superiores tinha esse poder para alguém dos seus colegas colegiais.
- Magistratura ordinária não permanente.
- Titular de auspícia, ou seja, podia interpreta-los (os sinais dos Deuses).
- Eleito nos Comitia Centuriata para um mandato com exercício efetivo de funções de 18
meses, apesar de serem eleitos para 5 anos, a grande parte do seu programa era realizado nos
primeiros 18 meses.
- Controlava a aplicação dos mores maiorum
- Administrava os bens públicos
- Faziam o Recenseamento da População Romana para saber o número de habitantes sobre o
poder da Rés publica e do Império (antes), para saber quantos chefes de família existiam e qual
seria o rendimento familiar, para poder determinar e calcular os Tributos (Impostos).
Ditador
Magistrado Extraordinário
- Magistratura extraordinária, que, em regra, durava apenas 6 meses.
- Só surgia em determinados momentos da vida económica, social, militar que exigiam a
presença de uma personalidade que resolvesse questões que dividia os órgãos de poder, que
não chegavam a um consenso.
Ex: Era preciso criar uma campanha militar, era preciso tomar providências, o Senado, os
Comitia e etc. não chegariam a consenso a tempo, logo achavam mais prático e pragmático
nomear um homem para tomar estas decisões.
Tribuno da Plebe
Magistrado extraordinário em funções permanentes
- Primeiros eleitos pelos comitia tributa e depois pelos concilia plebe;
- Garantia os interesses da plebe;
- Tinha imunidade absoluta;
- Tinha Intercessio sobre todos os magistrados;
- Tinham potestas coercendi, sem ligação à Intercessio.
Pretor
Tinha os três poderes: Imperium, Potestas e Iurisdictio
o Criado pela Lex Liciniae Sextiae de 367 a.C.
o Lex Aebutia de Formulis de 130 a.C. – marco que altera a forma de atuar do pretor
(surgimento e entrada em vigor de fórmulas que lhe permitem criar direito);
o Administra cidades e tinha o Imperium igual ao do cônsul (chefe militar), sendo que o
podia substituir quando ele se ausentava
o Potestas inferior à do Cônsul (A Potestas, ou, influência aquando da representatividade
do pópulos seguia a hierarquia das magistraturas).
❖ Aplica Direito/justiça e interpreta o Direito, podendo mesmo criá-lo (a partir de 130 a.C.
com a Lex Aebutia de Formulis). Para tal vai ter um tribunal próprio = Tribunal do Pretor;
onde “julgava” as causas que lhe eram submetidas.
Foi a figura cimeira da construção do Direito em Roma
❖ Tem Ius Edicendi, o que lhe permitia, e obrigava, a submeter o seu edicto (programa para
o mandato) aos Comitia Centuriata e exercia funções durante um ano.
❖ A criação do Direito era feita através do seu edicto (Edictum), após 130 a.C.
o Interpreta, aplicava e, em algumas situações, criava direito.
Como magistrado eleito era chamado para administrar a justiça, era assim uma parte da
organização judicial em Roma, sendo que era chamado a tribunal (tendo também o seu próprio
tribunal) para contribuir para a solução do caso.
Nota: Mas quem decidia os casos, ou seja, decidia qual das partes em litígio estava “correta”
ou no seu “direito” era o Iurex = Desempenhava funções no âmbito da uma face processual,
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
sendo que a consequências plicadas, ou, o direito aplicado já tinha sido previamente
determinado pelo pretor, independentemente da resolução do caso.
A Pretura foi dividida em dois, que tratavam os dois ordenamentos jurídicos separadamente.
✔ O Pretor Urbano desempenha as funções na Cidade (Urbe)
❖ 130 a.C. “Lex Aebutia de Formulis” = Marco que altera a forma de atuar do pretor. Até esta
data ele não pode criar Direito novo, nem pode contestar, tinha de o aplicar e interpretar
segundo o Ius Civile, mas nunca o podia alterar.
1. Mores Maiorum
2. Leges = “Lex Rogata ou Leges Rogata”
3. Ius Praetorium = Direito do Pretor
4. Iurisprudentia
5. Senatus Consulta
6. Oratio Princeps
7. Constituições Imperiais
As Leges em Roma
⮚ Lex ou Leges
- Toda a norma escrita que pode ser lida;
- Declaração com valor normativo baseado num acordo (expresso ou tácito) entre que a
formulava e a quem se destinava;
- A lex vincula que a fórmula e a quem se destina;
- As leges não eram a fonte de direito por excelência, porque não havia uma produção
constante;
- Na Roma Republicana (367 a.C. a 27 a.C.) a lei não era a principal fonte de Direito, mas
passa a ser no período do Imperador.
→ Comitia Centuriata produziam as “Lex Rogata” são modalidades de leis públicas
→ Os Plebiscitos são modalidades de leis públicas que emanavam dos Concilia Plebe
Tipos de leges:
A. Lex Privata
- Declaração solene com valor normativo que tem por base um negócio privado
- Esta lex criava direito privado, que vinculava ambas as partes do contrato ou negócio.
B. Lex Pública
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
- Declaração solene com valor normativo feita pelo povo (pópulos) ao aprovar em comum, nos
comitia, com uma autorização responsável, a proposta apresentada pelo magistrado.
- Há acordo entre o magistrado que propõe a lex e o povo que a aprova.
II. Rogatio = Corpo da lei, o que é que ela abrange, qual o objeto da lei. Parte dispositiva
da lei.
III. Sanetio = Parte final que determina a eficácia da lei, e muitas vezes a parte
sancionatória da lei. Ex: Quem não cumpre esta lei esta sujeito a pagar uma multa; a
uma contraordenação...
⎯ Praefecta = Nulos todos os atos contra a lei, contra as suas disposições;
⎯ Minus quam paerfecta = Aquela que se impõe multas aos transgressores da
lei, não preveem nulidades dos atos;
⎯ Imperfaecta = Não preveem sanções nem a nulidade dos atos contrários;
→ Para não haver conflitos jurídicos foi elaborada em 339 a.C. a Lex Publilia Philones
define que a Autoritas Patrum passa a ser concedida após a Canciones, ou seja, deixa
de ser concedida após a votação e antes da Rogatia, assim quando a roga aos Comitia já
sabe que está previamente aprovada pelo Senado. Antes de se votar a lei já se sabe que
esta está em conformidade com os mores maiorum.
- Assim deixa de haver conflitos entre o Senado e os Comitia no âmbito da aprovação
das leis
→ Lex Papiria Tabellaria – 131 a.C. = O voto passa a ser secreto, até esta Lex o voto era
público, com o braço no ar.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
Ius Honorarium: Direito de todos os magistrados, direito mais amplo, é apresentado nos
Edictos (onde se apresentam soluções jurídicas). É uma interpretação/aplicação dos Ius Civile
(Direito Civil). É a parte mais importante criada pelo Pretor.
Ius Praetorium: Direito que imana a produção, aplicação e criação do Pretor – essencial ente
usada no Pretor Urbano
Pretor
❖ O pretor é um magistrado ordinário integrado no Cursus Honorus que, em caracter das
suas funções de administrar justiça e em virtude das suas funções e para o exercício delas
ele é dotado dos 3 poderes de magistrados (potestas, Imperium e Iurisdictio), o pretor
surgiu em 367 a.C. e para as suas funções concretamente ele usava mais o poder de
Imperium e Iurisdictio e, a partir da lex Aebutia de Formulis o pretor passa a usar só o
poder de Iurisdictio, ele não perde poder de Imperium, pois este fica subentendido, ele
apenas precisa do poder Iurisdictio de administração corrente de justiça) e o de Imperium
passa a ter caracter extraordinário (ele não precisa sempre do poder de Imperium).
→ O Juiz (Iudex) não define o Direito a aplicar, como atualmente acontece, este não tem
conhecimento do Direito. Ele só precisa de definir quem tem razão e depois aplicar o Litis
Contestatio definida pelo Pretor, onde estão as hipóteses de consequências jurídicas para
as várias opções de resolução do caso.
→ O Tribunal do pretor está sempre dividido em duas partes, antes e depois da Lex. O Iudex
aplica o direito pré-determinado pelo Pretor.
- Antes da Lex o Iudex aplica a interpretação/ações do Direito determinado pelo Pretor (Ius
Civile).
- Após a Lex o Iudex aplica a fórmula determinada e elaborada pelo Pretor.
1. Fase In Iure: Parte Jurídica e da determinação do Direito. Compete ao pretor ouvir a parte
(normalmente essa parte procura-o), e após ouvir o demandante tem de verificar se o Ius
Civile protege a pretensão desse demandante. Se for protegido esse demandante tem
direito a uma ação = reconhecimento de um direito que ele pode reivindicar. Termina
atividade nesta fase.
2. Apud Iudicem: É uma fase presidida pelo juiz (IUDEX). Este juiz não se assemelha ao da
atualidade. O Iudex é escolhido pelas partes ou pelo pretor para decidir o caso, dizer quem
tem razão, o que foi provado, porque este era um homem bom, logo consegue ser
imparcial.
- O Iudex ouve as partes, faz a prova, ouve as testemunhas, decide quem tem razão e aplica
a decisão jurídica que o Pretor tinha “antecipado”. Aplica o Ius Civile determinado pelo
Pretor.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
❖ O Pretor domina e preside no tribunal (tem maior peso e importância) - É o Pretor que
determina qual o Direito a aplicar aquando da demonstra da prova, se o demandante tinha
razão ou não e em que circunstâncias. No Tribunal do Pretor ele atua oralmente porque
este Direito era maioritariamente oral
Actios do Pretor
(São actios do Ius Civile, anteriores à Lex Aebutia Formulis de 320 a.C.)
1. Stipulationes Praetoriae: São impostas pelo pretor para proteger uma situação social
não prevista diretamente no Ius Civile, mas que merecem proteção. Através da
interpretação do pretor, do Ius Civile, é possível inclui-las no Ius Civile. Contrato verbal
e formal através do qual se criam direitos e obrigações para ambas as partes.
Se o negócio jurídico celebrado é incumprido e não é coberto pelo Ius Civile, o pretor,
consultado por uma das partes, pode protege-lo através desta Actio.
4. Interdicta: Ordem sumária para resolver de momento uma situação que tem a
protege-la uma aparência jurídica, ficando essa ordem condicionada a uma apreciação
ulterior (=posterior).
Esta figura hoje chama-se providência cautelar. Há aparência de direito, e enquanto
não se define se há ou não direito, protege-se essa aparência.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
Ex: Há um prédio com vários andares e a CM de Lisboa decide demolir o prédio para
naquele local construir uma estrada, há uma necessidade de reordenamento de
território e nesse local há um prédio com ¾ moradores. Há ordem da camara para
expropriação do prédio para demolição. Os proprietários não estão satisfeitos, porque
tem relação afetiva/emocional com o espaço e estes decidem pedir ao tribunal que
impeça a demolição do prédio, dizendo que se o demolirem não indeminização que
proteja a ligação afetiva ao prédio. O Tribunal concede uma providencia cautelar, ou
seja, á cautela mandam suspender o processo para se desenvolver e chegar a tribunal
onde vai ser resolvido, com os moradores a habitarem lá dentro, isto porque se o
demolissem era impossível repor a situação anterior de afetividade.
→ Após a Lex Aebutia de Formulis: passamos a ter as fórmulas do pretor: Fórmulas escritas
dadas ao Iudex.
I. Denegatio Actiones: A fórmula nega a conceção de uma actio civile, àquela situação
atribuísse um actio, no entanto em crio um formula que nega essa aplicação, pois caso
essa se concedesse seria uma injustiça. Aquele caso concreto está fora da proteção do
Ius Civile, retirar ao cidadão a proteção que ele tem do Ius Civile, só é possível através
da fórmula, da realidade nova.
II. Exceptio: Fórmula que frusta uma actio civile concedida pelo Ius Civile, ou seja, na
exceptio não estamos a dizer que o Ius Civile deve deixar de proteger. A pretensão do
demandante não pode ser aceite naquelas circunstâncias, apesar dele ele ser
protegido pelo Ius Civile, eu, naquele caso concreto, retiro-lhe aquela proteção.
❖ O pretor podia criar formulas própria ou actio próprias através das fórmulas, construção
nova para regular situações específicas do direito Romano
2. Actiones fictiniae: O pretor para aplicar a justiça finge como existente uma coisa ou
facto que se sabe não existir, ou finge como não existente uma coisa ou facto, ou um
negócio jurídico. Temos como forma paragmática a fixação jurídica: nós ficcionamos
realidades, inventamo-las. Determinadas realidades que podem não existir enquanto
tal pode-se atribuir-lhes realidades jurídicas.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
Ex: Temos pessoas singulares, físicas, sujeitos de direitos e obrigações, o direito foi
construído para estas pessoa, no entanto, entendeu-se ficcionar/estender um conceito
de pessoas singulares a realidades diversas por nós criadas, nestes casos as empresas =
pessoas coletivas.
3. Actiones Utilis: O pretor aplica por analogia ações civiles existentes a outras situações
semelhantes, que não são protegidas pelo Ius Civiles. Esta situação que não é
protegida pode-se aplicar uma ação de forma analógica que normalmente aplicaríamos
a outra situação, passando a abarcar outra realidade semelhante.
4. Actiones addictitae qualitates: São ações que responsabilizam o pater famílias, total
ou parcialmente, pelas dividas dos filhos ou dos servos, e no âmbito de contratos por
eles celebrados.
Ao longo de toda a república o pretor é o grande aplicador do direito através do seu tribunal,
fá-los diretamente através das actios que concede ou formulas que cria.
❖ Usa o edicto perpetua ou edictum perpetuum como base da sua atuação que apresenta
no início do seu mandato anual, ou a edictos repentina - que submete ao longo do
mandato aos Comitia para resolver uma situação que é necessária resolver.
1. Edictos perpétua: Aqueles que são aprovados no início das magistraturas, que servem
para eleger os magistrados
2. Edicto repentina: Pode ser submetido aos comitia a qualquer altura ao longo do ano
para resolver situações novas e inesperadas que nem o edicto perpetuum ou ius civile
resolvia
3. Edicto Nova: Determinações que um pretor a cada ano pode adicionar aos edictia
translatícia
4. Edicto Translaticio: Estão em vigor de um ano para o outro. A partir do principado, a
partir da época cristã, dos imperiais, vamos ter uma alteração na vida politica de Roma.
Júlio César inicia um período de transição que vai ser consolidado com César Augusto e
os seus sucessores. Este inicia um processo lento que os príncipes subsequentes vão
adotar, de diminuição de intervenção e poder das magistraturas, e a centralização das
funções que estes tinham na sua pessoa ou nos oficiais por ele nomeados.
O pretor não é, na maior parte dos casos, um jurista. Ele não sabe nada de direito, ele é um
magistrado que não segue o curso honorus, tem a função de aplicar a justiça, pode criar
fórmulas, tem Iurisdictio, mas na maior parte dos casos não é conhecedor de Direito.
Iurisprudente
O pretor necessita da intervenção de uma outra pessoa: o Iurisprudente.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
● Junto do pretor pode haver sempre, ou este pode recorrer sempre, à figura do
Iurisprudente.
- Estes são vozes caladas em que os seus nomes nem ficaram para a posterioridade, mas que
estudavam, conheciam e interpretavam o direito.
- Era a estes homens que o pretor recorria, ou as partes que iam a tribunal, para saber que
direito aplicar e criar.
→ O Iurisprudente pensa o direito sem ter poder para vincular as partes que o consomem, ele
tem autorias (o saber reconhecido socialmente, renome). Uma vez que este não é um
magistrado, não tem império, nem potestas, o seu saber não vincula ninguém.
Tem poder de recorrer a quem pensa no Direito, muito do trabalho do pretor na aplicação do
direito e na construção de novas fórmulas, este tem o aconselhamento do Iurisprudente, que
dá a sua opinião, mas se o pretor não concordar com esta pode recorrer a outro.
Pode haver sobre uma situação opiniões diversas.
O direito romano foi essencialmente construído pelos prudentes, que são os grandes criadores
de direito. Homens que não tem nome necessariamente, mas que foram estes Iurisprudentes
que estudam e pensam direito que por detrás do pretor, do cônsul ou das partes
desenvolveram a resolução de lacunas do ius Civile.
1. Lei das XII Tábuas 450 a.C. = Positiva os Mores Maiorum; Dá-se a positivação do Direito
em Roma e a publicação do mesmo, passa a ser domínio do conhecimento público.
2. Ius Flavianum = Direito de Queneus Flávios- Chegou a ser Tribuno da Plebe, começou a
vida como escravo e secretário de um sacerdote Apius Cláudius (conhecia os Mores
Maiorums) sofria de uma incapacidade e para exercer as suas funções de sacerdote
servia-se de um adjunto (secretário), que compila as fórmulas processuais e publica-as
para o conhecimento geral. Acabou por se tornar um homem proeminente da
sociedade ao tornar-se tribuno da plebe e adquirir os poderes deste cargo.
3. Ensino público do Direito: Por Tibério Coruncâneo = Um homem chamado Tibério, foi
o primeiro homem (plebeu) a tornar-se pontífice maximus em Roma. Gostava de
ensinar e andava rodeado de discípulos. Permitiu que todos os homens e cidadãos de
Roma pudessem entrar na sala onde ele exercia as suas funções, o que permitia ao
Populos romano entender como se exerciam as funções e o processo dos seus
encargos.
Os Mores Maiorum, de cariz religioso, continuam a ser aplicados até ao fim do Império
Romano.
● Os Iurisprudentes não vinculam com a sua opinião os cidadãos romanos, mas eles têm
uma opinião totalmente iniciadora da alteração jurídica e da própria construção de
direito, no papel que tem de aconselhamento às partes, e de ajuda no tribunal dos
pretores, de apoiarem o processo de criação de fórmulas e leis em Roma. Através do
aconselhamento a partes, eles incitam, indiretamente, à criação de direito em Roma.
● Iurisprudência como fonte mediata de direito (Sebastião Cruz): É fonte de direito, mas
necessita de um veículo para se assumir enquanto tal. Sozinha a Iurisprudência da
república não vincula as partes, no entanto, este pode ser utilizado por outros
intervenientes com os três poderes que através das actios, das fórmulas, dos edictos, as
suas vozes e opiniões impõem-se.
A Rés Pública termina, mais ou menos, com o assassinato de Júlio César e, após largos anos de
guerra civil, chega-se ao período em que Octávio César Augusto (sobrinho do anterior) chega
ao poder, dando início ao Principado, e inicia reformas públicas, institucionais, que são na
maior parte dos casos lentas e silenciosas.
Principado é Rés Pública na aparência, mas não no seu funcionamento pois tinha elementos da
monarquia (prínceps é uma figura da monarquia) e alguns da Rés Pública que nem sempre
eram respeitados. Outro elemento diferenciador dos períodos anteriores é a concentração dos
poderes (político, militar, legislador e jurídico) na figura do Imperador/Princeps. Estes
elementos vão levar ao enfraquecimento deste regime e conduzir à queda do Imperio Romano.
Princeps é o primeiro dos homens e assume-se como procônsul, fazendo então as reformas.
Período em que as diversas instituições da república vão perdendo importância em detrimento
do poder crescente do prínceps.
Augusto e os seus sucessores vão tentar disciplinar a Iurisprudência, vão conceder a força
vinculativa à opinião dos Iurisprudentes.
Lições do Vera-Cruz:
● Augusto por razões políticas ligadas às bases do Principado, destrói chave mestra da
República e da possibilidade de uma criação e aplicação do direito de forma independente
dos poderes políticos e religioso: A separação rigorosa entre poder (potestas/Imperium) e
autoridade (Auctoritas).
Funda assim (na sua figura – prínceps) o Imperium e a Auctoritas, as duas realidades antes
separadas no período da República fundem-se numa só e inicia-se o período de declínio do
direito enquanto fonte criadora e independer do poder político, que neste caso era a
Iurisprudência.
Causas:
● Proliferação de prudentes em Roma: havia naquele tempo cerca de 300 Iurisprudentes a
emitir a opinião, a aconselhar juridicamente e a acompanhar nas escrituras os cidadãos
romanos, a aconselharem os pretores e os magistrados. Cada um pode ter uma opinião
diferente, desde que seja argumentada e fundamentada.
- Demasiados iurisprudentes em Roma o que pode resultar em confusão por demasiada
divergência doutrinária (partes consultam várias opiniões, e torna-se mais difícil entender qual
a opinião mais justa.
Problema: Um cidadão romano com um problema pode recorrente a vários Iurisprudentes que
lhe transmitem diferentes opiniões, qual é a juridicamente mais justa? Isto cria confusão e
incerteza jurídica, logo augusto quis criar regras e dar alguma segurança aos cidadãos romanos.
● Quando Augusto começa a retirar poder ao tribunal do pretor e á sua figura, como este é o
líder, o pópulos acredita que este está a aplicar a justiça, por isso não se revoltam. Os
magistrados, que começam a perder poderes, não gostam muito, mas como eles estão
vinculados á sua figuras tem de aceitar.
A única voz que se vocaliza a sua contestação é o Iurisprudente, pois eles conhecem o direito e
sabem o que é justo ou não, por isso Augusto desenvolve o Publice Respondendi que atribui a
quem quer, a quem quer que vincule com a sua opinião o pópulos e a sua pessoa, no entanto,
os outros também podem opinar, só que no tribunal do Princeps só a opinião dos
Iurisprudentes é que importava.
- Esta lista de iurisprudentes é móvel, podem entrar e sair da mesma vários de acordo com a
sua “relação” com o Princeps.
Critica, ou o combate do Princeps, que os Iurisprudentes podem fazer face às transformações
políticas que Augusto estava a incitar, por isso atribui o Publice Respondendi para delimitar o
poder das opiniões dos iurisprudentes.
Consequências:
- Funcionalização da Iurisprudência: A sua figura que era livre, passa a estar dependente do
Princeps, os cidadãos passam a consultar os Iurisprudentes presentes na lista porque sabem
que só a sua opinião é que pesa no tribunal do Princeps. Passa a ter uma opinião oficial. É o
momento em que se cria o direito oficial em Roma.
Passa-se do direito livre pensado para os casos concretos para um direito funcionalizado,
oficial, pelos juristas que fazem parte, e que são escolhidos pelo Princeps, para vincular com os
seus pareceres os cidadãos romanos.
O Tribunal do Princeps acaba por esvaziar o Tribunal do Pretor, mas não acaba com a existência
de Iurisprudentes que não estavam vinculados por este poder.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
Digesto Solvra1
- É onde está a compilação da Iurisprudência, uma compilação de doutrina (iura), é a sua
opinião.
- Refere essencialmente os juristas que tiveram o poder de vincular a sua opinião com a do
tribunal.
Todos, exceto Gaio, tiveram Ius Publice Respondendi. Nós não sabemos se Gaio existiu ao
certo.
Muita da evolução do direito em Roma provem dos equívocos anteriores; Não há ruturas
políticas há aceitações tácitas por parte da população em relação às evoluções das instituições
(transições de um período para o outro) – Opinião do Imperador Caridade
Senatusconsulta
No período da República:
- Fonte mediata de Direito, não é fonte vinculativa de direto, na medida em que o Senado não
tem, na república, funções legislativas. O que podia fazer era consultar, ou ser consultado pelos
cidadãos em questões de índole social-política.
- Tinha papel de garantir a preservação, continuidade e respeito da tradição moral de Roma
através dos Mores Maiorum.
- Sempre que era consultado as suas opiniões eram emitidas, e não são vinculativas, até
determinado momento.
- Sempre que emite opiniões, fá-lo através do Senatus Consulta, não é vinculativa, os que vão
fazer a consulta é que decidem se seguem ou não esta opinião.
A evolução institucional em Roma é feita por impulsos político e anuências tacitas dos
cidadãos.
1
É o direito que chega até nós hoje
2
Interrogação Histórica. Não se sabe se existiu ou se as suas iniciais representam as de 5 juristas que assinaram o
nome das obras Institutas com as suas inicias
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
Ao conferir Auctoritas Patrum, este conferia validade à lei no processo legislativo, mas não era
vinculativo – conformação da lei aos Mores Maiorum. Os patrícios assumem os
Senatusconsulta como obrigatórios porque estes, normalmente, iam de encontro aos seus
interesses.
⮚ Toda a atividade até ao período cristão era meramente consultiva. Não há uma alteração
jurídico-constitucional, há sim uma anuência/conformação dos cidadãos à opinião do
senado.
´
Alterações políticas de Augusto
Augusto vai aproveitar-se desta situação para iniciar alterações políticas, vai retirar o poder
político ao senado, que passa para a sua figura (prínceps).
❖ Oratio Princeps (Séc. d.C.) = Nova fonte de Direito, que é a evolução dos
Senatusconsulta por força da intervenção do prínceps no Senado. Aprovação por parte
do Senado por parte da proposta inicial da lei, sem precisar de ser apresentado o
conteúdo dispositivo e sancionatório. Deixa de existir Senatusconsulta, na medida que
passam a ser aprovados pela mera apresentação da parte inicial da lei.
- Senado retira a si próprio o seu poder legislativo, pelo facto do aumento do poder
politico-legislativo do Princeps ao longo do tempo, porque lhe reconheciam uma autoridade
que não questionavam, por isso tudo o que ele sugeria era aceite e aprovado pelo Senado.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
● O Período da república é o período do Ius Vetus = Período em que o direito era feito
através da vontade do povo. Aplicação do caso para o direito.
● Ius Novum = Período em que o direito decorre da vontade legislativa e soberana do
imperador ou prínceps. Não parte do caso, parte da generalização e da abstração jurídica, o
imperador preocupa-se em legislar de forma geral e abstrata para todo o império romano.
Manda aplicar algum direito da república
Constituições Imperiais
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
Decisões de carater jurídico proferidas pelo imperador. Temos com Adriano (2º Imperador)
uma nova evolução.
- O senado aceita de forma automática a proposta de lei do prínceps = Oratio Princeps
- É preferível que o próprio imperador emita a própria legislação sem ouvir o Senado, porque
tem:
● “Pro consulare maius” = poder ilimitado de governar sobre Roma, o que significa que
também tem o poder legislativo.
A partir do Séc. III d.C. tornam-se a principal fonte de direito que representa a vontade do
prínceps e vincula todo o império.
A partir do Séc. IV são as únicas leis, não há mais criação de leis.
Ius Gentium: Direito que é produzido e criado pelo pretor peregrino para regular as interações
jurídicas entre os estrangeiros e os cidadãos romanos.
Após o Edito de Caracala: É considerado como direito suprapositivo, ou seja, está acima do
direito positivo/legislado. Vai-se sobrepor aos Ius Civile, passa a ser considerado como direito
que vai corrigir, alterar e modificar o Ius Civile. É visto como o direito de todos os povos, por
isso é utilizado na falta e na lacuna do Ius Civile, passa a ser um direito “internacional”.
❖ Digesto: Foi um texto fundamental para o ensino e para a prática do direito desde o séc. XI
até ao XIX d.C. Momento em que deixou de ser usado para ambas as funções, porque
aqueles que os estudaram durante séculos, conseguiram depois elaborar os Códigos Civis.
Constituições Imperiais
→ A solução jurídica não é necessariamente uma norma (parte do caso para a lei), no caso do
imperador ele faz o inverso e cria a norma geral que depois de aplica ao caso (parte da lei
para o caso) – Começa-se a fazer o oposto do que acontecia nos primeiros momentos do
Império Romano em que se partia do caso para a norma.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
4. Mandata: Ordens dadas pelo imperador aos governadores e demais funcionários das
províncias.
Com as Constituições Imperiais surge a figura do Ius Novum em relação ao Ius Vetos
● Ius Novum: Direito que é feito pelo prínceps imperador, para criar legislação geral e
abstrata, para criar um novo ordenamento jurídico que se impõe, e através do seu poder
proconsulare maius vincula esse direito à população. Cria direito novo, é um direito que
assumindo a tradição de Roma e as soluções jurídicas criadas na Réspública e no
Principado integra-as no “novo” ordenamento jurídico (Constituições Imperiais).
- Impõem-se porque o prínceps tem poder legislativo, é a fonte do direito (devido ao
Imperium).
Este poder de vincular a população de Roma com o seu ordenamento jurídico vai-se sentir
na atuação dos tribunais.
● O tribunal não é livre de seguir a opinião que melhor lhe convém, é o próprio imperador a
determinar qual a jurisprudência a ser seguida, que jurisprudente pode vincular o
processo.
● O Jurisprudente só vincula a sua opinião no tribunal se o imperador
🡪 Ordena aos juristas que apliquem como primeira fonte de direito nos processos uma obra
do jurista Paulo que se chamava “Pauli Sententiae” que é uma compilação das opiniões do
jurista Paulo, mas se forem contrárias a Papiniano não são aplicadas
§ Em 426 d.C. é aprovado pelo Imperador Valentiniano III vai aprovar uma constituição
imperial, que apresenta primeiro ao Senado, e essa lei tem a designação de “Lei das
Citações”. Esta é uma constituição imperial que reflete a concentração dos poderes na
figura do imperador/prínceps.
1. O “Tribunal dos Mortos” é o outro nome da lei da Citações porque a lei vai definir
quais os juristas que devem ser aplicados em Tribunal, sendo que estes já estavam
todos mortos (5 juristas mencionado na aula anterior).
2. Mantem o afastamento da posição ou da opinião de Paulo e Ulpiano a Papiniano
3. Confirma a autoridade suprema das Pauli Sententiae
4. Definição do critério quantitativo na invocação da jurisprudência, ou seja, o tribunal
deverá seguir as opiniões mais perfilhadas entre os 5 juristas (haja mais consenso). Em
caso de empate nas opiniões segue-se a opinião perfilhada de Papiniano
5. Se Papiniano nada tiver dito e se houver empate o juiz escolherá a posição que melhor
fundamente a decisão para o processo em causa.
6. A opinião de Papiniano sobrepunha-se, em termos de importância, aos demais
iurisprudentes presentes nesta Constituição Imperial.
A partir do sec. IV vamos assistir a uma preocupação por parte dos imperadores em iniciar o
processo de compilação do Direito Romano.
Podem-se fazer:
I. Compilações privadas- feita por jurista que decide compilar todas as constituições
imperiais desde augusto até à sua época. Não tem valor jurídico. Era um trabalho que não
vinculava as pessoas
Compilações privadas/particulares
● Códex Gregorianus: Código do séc. III d.C. Compilação de leis (constituições imperiais) que
foram elaboradas no período do imperador deoclesiano. Liberdade privada. Composto por
15 livros que depois é subdividido em títulos, e serve com um repositório de compilações
imperiais que vai servir como modelo e instrumento de trabalho que vão ser usadas por
compiladores seguintes.
- O ponto de partida dos outros compiladores vai ser sempre este Códex.
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
● Códex Hermogenianus: Composto por 16 livros e estas constituições imperiais são até
deoclesiano, no entanto ele vai incluir algumas constituições imperiais de imperadores
posteriores a estes (valentiniano III).
Código de Justiniano
- A importância das institutas, apesar de ter sido um manual escolar ao qual foi dado força
legal, tem força de lei, tem função de preambulo 🡪 ao qual é dado natureza jurídica obrigatória,
onde constitui as regras de interpretação jurídica.
4. As novelas: 534 d.C.
- Lei nova (=novela).
- São compilação das novas constituições imperiais de Justiniano, de 439 a 444 ele continua a
legislar, e essas leis não estão incluídas no código por isso colocam-se nas novelas
- Através das novas leis ele vai incluir leis que vem resolver problemas interpretativos que
tinham sido registados no processo compilatório do código.
- Lei Deo Auctore – Confirma a Lei das Citações e é incluída no Código de Justiniano
Código de Justiniano
Apesar de estarmos perante um código do Oriente (caí no séc. XV d.C.) é mandado aplicar por
Justiniano ao ocidente durante o curto espaço de tempo em que ele ocupa os territórios
ocidentais.
❖ O que justiniano manda compilar e o que nós estudamos é direito romano pós-clássico,
alterado pelo tempo, pelo local, pela evolução da língua, pelas soluções jurídicas e é
influenciado pelos povos com quem eles mantiveram contacto, ou seja, não é o Ius Civile
puro pois esse só se aplicava dentro das fronteiras do império.
3
Direito romano clássico
Beatriz Costa TB 1º ano de Licenciatura
A compilação sofre influência dos direitos orientais, porque é lá que decorre este processo. Por
isso é que falamos em direito novo e velho.
O código justiniano é um código com Imperium, o que marca uma diferença para a época
clássica, pois nesta altura era desenvolvida na autorias do jurisprudente que ia aconselhando e
marcando a sociedade romana.
o O Código é uma lei e quando o manda aplicar é pelo seu Imperium, ou seja, é um direito
soberano que se impõe. É imposto pela potestas do soberano.