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PRIMEIRO PERÍODO ROMANO

Roma do Rex e das Gentes


A história do Direito Romano inicia-se normalmente com o período pré-cívico ou arcaico
entre a fundação de Roma ( 754 – 753 a.C.) e o início da vigência das Leges Liciniae Sextiae (367
a.C.).
Nesta períodificação o vasto espaço de tempo que vai da fundação de Roma até 367a.C.
compreende o período monárquico e a fase transitória para a República.
No obstante o arcaísmo e a monarquia vigente, são traços característicos desta época
histórica os elementos da organização gentílica que perduraram e os efeitos do poder real
característico da dinastia Tarquínia.
Chama-se a este período “Roma do Rex e de Gentes” por serem estas as duas instituições que
marcaram a criação jurídica primitiva dos romanos e os dois conceitos chave que permitem
caracterizar as linhas fundamentais do conteúdo das soluções jurídicas.
Entenda-se que as fontes coevas são escassas e imprecisas, e as fontes posteriores são de
credibilidade discutível.
ORGANIZAÇÃO GENTÍLICA
No topo da pirâmide hierárquica das estruturas religiosas políticas e militares romanas estava
um Rex. A repartição da população de patrícios e plebeus obtém um sistema piramidal de 10
cúrias por tribo, 3 tribos e um rei que determinava os outros poderes. As gentes marcavam a
organização social, política e militar de Roma determinando a forma e o conteúdo nas normas
e das soluções de direito.
Os reis humanos eram eleitos de forma vitalícia pelos patres patrícios que representavam as
gentes. Os patres governavam a cidade quando o cargo do rei estava vago (interregnum) até a
eleição do novo rei (a assembleia de patres foi o embrião do Senado Romano).
O rei concentrava todos os poderes políticos. Religiosos, militares e judiciais. Apesar de o rei
ter amplos poderes cujos limites existem, mas não estão bem definidos sabemos que os pais
de família (patres famílias) e os homens adultos (capazes de portar armas) tinham poderes que
estavam instituídos em órgãos políticos (os conselhos e as assembleias). Falamos no âmbito de
Roma em cidadãos, sujeitos de poder político, na medida em que estava afastada a conceção
patrimonial das pessoas sujeitas ao poder do rei. Os cidadãos diferenciam-se pela sua pertença
aos órgãos políticos. Em Roma a tendência para o imobilismo institucional de pendor
oligárquico era muito forte.
Foi o rei sérvio Túlio que reorganizou a comunidade política romana, assente na cidadania,
com base no censo, ou seja, na riqueza das famílias. Esta reforma à qual se chama “reforma
serviana” foi um lento processo de reacerto da organização política só é efetivado mais tarde
com as medidas relativas à propriedade do património móvel (que abrangem todos os grupos
sociais) introduzidas pelo censor Ápio Cláudio, o cego .
Neste primeiro período dominado pelo Rex e pelas gentes o censo era determinado
sobretudo pela propriedade do património imobiliário, isto é, é atingiu os proprietários
fundiários inscritos nas tribos fixando a sua pertença a um certo grupo pelo censo, através do
quantum de riqueza assim avaliada
ORGÃOS DO GOVERNO QUIRITÁRIO
Os principais órgãos do governo quiritário, no período do Rex e das gentes, eram: o rex, o
senatus, os comitia curiata e os collegia sacerdotalia.

REX
O rex era o titular do:
 Imperium militae (para defender militarmente Roma);
o Dava-lhe chefia do exército pelo que podia legar poderes no magister populi
(para chefiar o exército), no magíster equitum (para comandar a cavalaria), nos
quaestores parricidii (para perseguirem e reprimirem os crimes mais graves).
 Imperium domi (para administrar a cidade);
o Permitia ao rei resolver aspetos da vida coletiva na relação das pessoas com a
comunidade e dirimir os litígios entre as partes nomeadamente através da
aplicação das designadas leges regiae que eram resultado da formalização de
regras consuetudinárias ordenada pelo rei.
 As leges regiae (ius papirianum) não permitem dizer que o Rex tinha
um poder normativo próprio como expressão do poder político, já que
se tratou apenas de um conjunto de regras que formalizaram máximas
consuetudinárias que circulavam oralmente e de rituais religiosos que
se cumpriam na liturgia de então.
 Poder de mediação divina (para manter uma boa relação com os deuses).
o Base do seu poder político.
 O caráter sagrado da realeza e o poder religioso que detinha o seu
titular era tão forte que depois do processo que separou jurídico e
político do religioso em Roma culminando com o fim da monarquia
permaneceu rex sacrorum que não tinha poderes políticos militares ou
jurisdicionais, mas detinha o poder religioso com grande prestígio na
comunidade.
Quando o rei morria, o seu poder sagrado de ler os auspícios deslocava se para o Senado,
como assembleia de anciãos, com poderes de aconselhamento ao rei, que elegia entre os seus
membros um interrex, pelo prazo de 5 dias. O rex era escolhido pelos deuses que revelavam a
sua escolha através de sinais, nomeadamente o voo das aves (auspicia, auguratio), ao interrex,
que indicava o nome do escolhido. Se os deuses não se pronunciassem nesse prazo, o Senado
elegia o outro interrex pelo mesmo prazo de 5 dias e assim por diante. Era o interrex que, lendo
os auspícios, indicava o nome do candidato a novo rei, de entre os senadores, a propor aos
comitia curiata. Isso era respeitado pelos membros dos comitia curiata no suffragium, como
aponta a lex curiata de imperium Submetida a votação, nesse órgão, o nome proposto era
aprovado (creatio) procedendo seguidamente à inauguratio que era uma cerimónia religiosa
de aceitação pelos deuses do novo Rex e uma investidura nos poderes sagrados supremos e no
poder político “soberano” (imperium). Isto é, o rei era depois empossado nos seus poderes de
imperium com autorização do Senado.
Logo, era o rex o titular dos poderes políticos supremos na relação com a comunidade
porque estava investido de poder religioso superior na relação com as divindades.
Apesar da Lex Curiata de Imperio e da necessidade de uma votação em assembleia, a
designação de um nome pelo interrex, por ser este o único a poder revelar a vontade dos
deuses, mais do que condicionava, determinava todo o processo de escolha e a forma de
exercício do titular do poder político.
Assim, o fundamento do poder vitalício e militar do Rex era religioso e mágico, sendo o cargo
vitalício. A dúvida cedo lançada em Roma sobre o fundamento religioso do poder de julgar,
criando soluções para resolver pacificamente os conflitos surgidos, teve óbvios efeitos na
fundamentação religiosa e racional do poder político e militar. O poder de um rei com
fundamento exclusivamente religioso não poderia resistir numa comunidade que racionalizara
os processos de criação jurídica, afastando o sagrado da solução de litígios pelo ius.
Embora o instituto do interregnum garantisse que, na falta do rei, o poder sacerdotal de
interpretar os auspícios regressasse aos patres, isto é, ao Senado, o que revela um retorno à
base em que assenta a legitimidade do poder do rei, era ele rex o chefe político por ser nele
que estava concentrado o poder sacral. O interregnum apenas garantia a continuidade do
imperium político que mantinha a comunidade agregada. Não era o embrião de uma estrutura
institucional de organização política que dispensa essa sacralidade do titular supremo do poder
político.

SENADO
O Senado era o órgão que representava o patriciado, isto é, aristocracia romana. Como órgão
consultivo do rei, só este o podia convocar. O Senado combinava auctoritas e consilium.
Ao longo da monarquia o número de senadores foi aumentando, o que originou : o
surgimento de um novo e dinâmico grupo social – as minores gentes; uma diminuição da
autoridade e do prestígio do Senado, não só no plano social como na relação política com o rei
(acentuando a sua natureza de órgão meramente consultivo).
A importância crescente de Roma na Península Itálica, o incremento do comércio e até de
relações sociais gerada com ele implica um reforço da importância política da aristocracia
romana. O efeito foi acrescentar ao interregnum a possibilidade deste órgão ratificar as
decisões da plebe tomadas nos comitia curiata, cobrindo as, ou não, com a sua auctoritas.
Podemos assim resumir as competências do Senado no período monárquico:
 Interregnum (forma de garantir a continuidade dos auspicia);
 Auctoritas (que permite a ratificação das deliberações de outros órgãos),
 Ius belli et pacis (direito concluir os foedera - tratados internacionais)
 Conselho e auxílio ao rei.
COMITIA CURIATA
Os comitium curiatum era um órgão que reunia todo o populus de Roma, ao passo que os
concilia reuniam apenas a Plebe romana.
Organização Geográfica
A cidadania estava dividida, desde Rómulo (logo ainda antes dos Tarquínios), em 3
tribos (Rammes, Tities e Luceres), chefiadas por um tribuno; cada tribo integrava 10
cúrias, chefiadas por um curião e cada cúria estava subdividida em 10 decúrias, cada
uma delas chefiada por um decurião. Cada Cúria fornecia ao exército romano uma
centúria peditum (100 soldados de infantaria) e uma decúria equitum (10 cavaleiros).
Só com Sérvio Túlio as 3 tribos originárias foram substituídas por 9, organizadas com
critérios geográficos. Passaram a existir 4 tribos urbanas (Esquilina, Colatina, Palatina e
Sucusana) e 3 tribos no ager romanus.
Logo, o critério de integração nas tribos urbanas com base nos domicílios foi, no caso
das tribos rústicas, substituído pela propriedade fundiária. Assim, o cidadão
proprietário de um fundo rústico era inscrito na tribo a que pertencia o distrito rural
onde estava situado o seu fundo. Os restantes eram integrados de acordo com o
domicílio nas tribos urbanas. Por isso, estas eram mais numerosas.
Os vínculos que ligavam os membros da mesma cúria eram, via de regra, de origem familiar e
de linhagem.
Assim o sistema político Romano inicial tinha uma estrutura piramidal assente em 300
decúrias, 30 cúrias, 3 tribos e um rei. Pouco ou nada sabemos da sua organização e modo de
funcionamento.
A sua legitimidade assentava em elementos religiosos e, por isso, a presidência da assembleia
cabia a um sacerdote, o curio maximus.
Provavelmente os comitia curiata não eram um órgão legislativo, no sentido de terem
competência para aprovar as leis. Nestas assembleias aprovava-se o nome do futuro rei de
Roma proposto pelo interrex, assim como era onde uma segunda votação (lex curiata de
imperio) para reconhecimento e investidura do novo rex nos poderes de imperium.
Podemos dizer que muito provavelmente os comitia curiata não tinham qualquer
competência deliberativa própria. Entenda-se que nestas assembleias estariam como membros
de pleno direito, clientes e fillii familiarium, submetidos à potesta de patres. A falta de
autonomia decisória dos membros impõe que questionemos a possibilidade de liberação
autónoma das assembleias a que estes dependentes pertenciam.
Além de a votação para deliberar por maioria ser muito difícil numa assembleia com a
representação de 30 cúrias. A haver alguma intervenção decisiva dos comitia curiata nas
soluções políticas e jurídicas durante a monarquia ela deveria ser expressa não por uma
deliberação (vontade argumentada em discussão e expressa em votos) mas por um ato de
adesão e rejeição (sim ou não) a uma pergunta feita por um magistrado. Assim, é o magistrado
que determina o conteúdo da solução e a assembleia limita-se a aceitá-la ou rejeitá-la.
A natureza passiva e o caráter de mera adesão genérica às soluções construídas pelos
proponentes das assembleias do populus durante a monarquia revelam a importância do rex
em todos os planos da criação de soluções e na tomada de decisões.
Toda a estrutura política orgânica de Roma existe para auxiliar o rei na tarefa de governar com
poderes concentrados indivisos. O Rex serve além das competências legislativas executivas
para as funções jurisdicionais dos comitia curiata.
Só com a Lex Valeria de provocatione, em 300 a.C., foi possível esta assembleia intervir, a
pedido do condenado, para comutar a pena de morte em pena de exílio. Os comitia curiata
eram também importantes na formulação de regras concretizadoras dos mores maiorum no
que respeitava as relações intersubjetivas e na disciplina normativa dos negócios.
Basta pensar no instituto da adrogatio, pelo qual um pater famílias podia sobrepor-se à
autorictas de um outro pater.
Na monarquia, em que a comunidade estava politicamente organizada com base na família, é
normal que as alterações e decisões que incidem na estrutura familiar ou modificassem
relações internas ou a sua rotina institucional fossem discutidas e deliberadas nas assembleias
do populus, que reflectiam a forma familiar de organização comunitária. No entanto a estrutura
gentílica tradicional assente na família que garanti a hegemonia idos patrícios romanos estava
em crise pois a pressão demográfica exercida por aqueles que chegavam a Roma determinava a
emergência de uma forma social indiferenciada reunida na plebe, atenuando o peso político do
patriciado.

COLÉGIOS SACERDOTAIS
Os collegia sacerdotalia eram uma importante instituição com forte poder de influência sobre
as decisões políticas. Entre os colégios sacerdotais mais importantes encontrava-se o colégio
dos pontífices.
O colégio dos pontífices era uma instituição que protegia os interesses das famílias patrícias
no confronto com o Rex, invocando que eram elas que detinham os poderes políticos religiosos
que o rei devia respeitar. Logo era um modo de pela religião limitar os poderes políticos do rei
na sua relação com os patrícios.
Entre os poderes políticos religiosos que os pontífices exerciam estão: o de fazer sacrifícios
rituais, a execução dos rituais litúrgicos supremos de Roma (fixar a forma para a validade dos
atos e a estrutura das ações judiciárias com relevo que adquiria na formação do ius civile e a
determinação do calendário), o desenvolvimento do ius e do fas, através do exclusivo na
interpretação dos mores maiorum e no exercício da jurisdição, a supremacia hierárquica e o
exercício de jurisdição sobre “magistrados de culto” como os flamines e as vestais.
A assembleia e o colégio integrava primeiramente 3 pontífices (um por cada tribo) e depois
por 5 e era presidida pelo pontifex maximus que era designado como arbitre rerum
humanarum et divinarum. Os pontífices isentos de pagar impostos e de cumprir serviço militar
eram designados por cooptação para um cargo vitalício numa cerimónia designada inauguratio,
presidida por um áugure.
Os colégios de sacerdotes tinham auctoritas collegii e ao seu abrigo podiam emitir decreta
sobre assuntos religiosos, coletivamente decididos (deliberações). Os decreta eram resoluções
opinativas tomadas por maioria de votos expressos, não decisões executivas. Logo, o pontifex
maximus poderia ser vencido na votação. A maioria como regra para aprovar a deliberação em
órgãos colegiais era comum em Roma. Os colégios sacerdotais não tinham potestas, só
auctoritas. Logo, os seus decreta não tinham natureza imperativa. O pontifex máximus tinha
poderes pessoais, herdados do antigo Rex, que não eram do colégio. Concluindo, o pontifex
maximus tinha funções de auctoritas e poderes de potestas. A colegialidade era só para as
funções de auctoritas.
O DIREITO ROMANO DURANTE A MONARQUIA
Na Roma primitiva o funcionamento do sistema político sacral que controlava o governo pela
religião era garantido pelo segredo que sustentava o mito base criadora da dependência do
decisor face ao sagrado de que os sacerdotes pontífices eram os guardiões. Assentes as bases
do seu poder e garantida a sua continuidade, os pontífices foram adquirindo um saber técnico
crescente, na criação de soluções para resolver de forma pacífica os litígios que surgiam. Eram
vistos como depositários de uma memória coletiva inscrita nos mores maiorum que eles
sabiam manter viva pela adaptação permanente da tradição à realidade.
Neste período não havia uma distinção clara entre a religião e o direito, entre o ius sacrum e
os ius humanum. Daí que coubesse aos pontífices a interpretação das regras de ius humanum,
como resultado da sua atividade garantir a observância do ius sacrum.
A validade jurídica dos atos assentava no cumprimento de um conjunto de formalidades e
rituais de natureza sacral que só podiam ser praticados, ou tinham de ser presenciados, pelos
sacerdotes. Tornava-se assim obrigatória a sua presença e intervenção em todas as atividades
judiciárias sendo determinante o seu parecer, em interpretação das regras e de sinais e como
guardiões do culto ritualizado essencial na formalidade jurídica.
A função de autoridade dos pontífices manifestava-se através dos responsa e da sententiae.
Responsa e sententiae eram atos pessoais que não vinculavam o collegium sacerdotal a que
pertenciam. As sententiae e o responsum eram ius pelo conteúdo, não pela forma. Não eram
uma resposta só racional e lógica, mas uma opinião fundada na auctoritas daquele que profere
reconhecida por aquilo que a pede. A ratio iuris da autorictas não se confunde com as rationes
decidendi.
Os romanos procuravam legitimar na vontade divina: a organização social, as decisões sobre
a guerra e a paz, e as soluções para os conflitos intersubjetivos. Uma das formas de encontrar a
expressão da vontade dos deuses na forma como decidiam a vida dos homens era recorrendo
aos auguria, outra era a de atender aos auspicia, isto é, os presságios transmitidos pelo voo
das aves.
Ora estes 2 sistemas criados para encontrar a vontade dos deuses na forma como decidiram
ouvir os homens são muito parecidos, mas correspondem a formas de organização política ou
sacerdotal completamente diferentes.
A legitimidade para interpretar o querer dos deuses através de auguria ou de auspicia estava
diferenciada em Roma: a primeira cabia aos augures e a segunda ao rei. Com os etruscos
começa a diferenciação entre auguria (auctoritas) e (auspicia) potestas (a separação entre a
autoridade augural – auctoritas - e o poder real - potestas).
AUSPICIUM E AUGURIUM
O auspicium era um instrumento fundamental de exercício do poder do rei que determinava
a sua ação e o tempo de a executar. Eram os auspicia favoráveis ou desfavoráveis que diziam
ao rei como e quando agir para o êxito da ação.
Já o augurium implicava a possibilidade de uma decisão, que se pretendia tomar, ser
afastada, porque o que se previa era um efeito negativo se ela fosse de facto efetivada. Logo,
prevendo o futuro, o augurium permitia impedir que certas decisões nefastas fossem tomadas
e cumpridas.
O objeto sobre o qual incidia o augurium era sempre mais amplo e mais abrangente,
raramente visando um facto ou decisão concreta e diminuta. Por outro lado, o augurium era
mais completo que o auspicium, pois mais que procurar a vontade divina e traduzi-la numa
ação ou omissão, o que se pretendia era densificar as condições para um melhor exercício de
ação humana.
Os auguria cabem aos augures por sua livre iniciativa, só valem para o próprio dia e são
precedidos de uma convocatória, sendo dados na arx da civitas. Tratam-se de atos solenes de
auctoritas com procedimentos cheios de formalidade.
Os auspicia são da competência do pater familias e dos magistrados cuja validade é ilimitada
no tempo. São dados em qualquer lugar, mesmo fora da civitas, sendo atos de potestas.
Com a crescente secularização do direito os magistrados usavam os auspícios para efeitos
dilatórios e soluções precárias e transitórias, normalmente entregues aos harúspices que
integravam o seu séquito com essa especialização. Logo, os magistrados republicanos
preferiam a auspicaio à auguratio. Como resultado da crescente secularização do direito a
potestas vence auctoritas.

Os augures tinham auctoritas, não potestas. Na República os augures realizavam solenidades


anuais e a inauguratio dos templos era uma competência exclusiva deles. Além da
auguratio/inauguratio, os augures também exerciam a auspicatio requerida em quase todas as
situações da vida pública romana: convocação de assembleias, rogationes de magistrados,
começo de uma guerra, explicar um caso insólito, etc.
Os Augures conhecem a vontade dos deuses e a sua auctoritas permite observar os sinais
divinos Onde essa vontade está inscrita e transmiti-la às pessoas. Ao contrário dos auspicia em
que são os deuses que dão a conhecer a sua vontade através de certos sinais transmitidos aos
que têm potestas - O magistrado, O Pater Familias. - Por solicitação sua (são os titulares da
potestas que solicitam os auspícios).
Na República a prática política vem no sentido da secularização, com a extinção dos auguria e
a difusão dos auspicia, filiando-se no movimento geral de absorção da auctoritas pela potestas.

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