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1. Patrícios VS Plebeus
- Patrícios – nobres (patricii): aristocracia romana que exerce o poder político e auxilia o Rei;
- Plebeus – não nobres (plebs): classe desfavorecida sem acesso ao poder político;
Ao nível do exército, a distribuição dos soldados por postos era feita com base no
censo, ou seja, era determinada pela riqueza. Assim, os patrícios integravam a cavalaria
(combatiam a cavalo) e os plebeus a infantaria (combatiam a pé).
Patrícios e Plebeus não se relacionavam, nomeadamente o casamento entre ambos
não era permitido (o que só foi absolvido com a “lex Canuleia” em 450 a.C).
Havia também na estrutura societária de Roma os proletari, um grupo de pessoas que
habitava Roma mas que não integrava o sistema politica nem era regulado pelo ordenamento
jurídico pois não tinham bens próprios e estavam recenseadas como pessoas mas não como
proprietários.
Esta divisão da ordem social tinha também como característica o acesso a cidadão
romano (Quirite). O cidadão romano podia aquele que fosse:
- Filho de pai e mãe romanos;
- Filho de pai romano casado com mãe estrangeira, desde que esse casamento tenha
sido feito à luz dos critérios romanos;
- Filho de mãe romana casada com pai estrangeiro, desde que esse casamento tenha
sido feito à luz dos critérios romanos;
- Atribuída a cidadania romana por feitos em honra de Roma.
2. Pater Familias
A família era a unidade base da organização social romana e não era determinada por
uma relação de consanguinidade (=Cognatio) entre os seus membros, mas sim por uma
relação de subordinação ao Pater Familias (=Agmatio). O Pater Familias garantia a união da
família e, embora a subordinação a si só terminasse com a sua morte, a família continuava
unida por laços familiares. Como era o Pater Familias que detinha todo o património e poder
nas suas mãos (pois era o mais velho), era ele que geria o fundo familiar, administrava as
propriedades da família e decidia a admissão de novos membros e a saída dos que estavam.
3. Clientela
Vínculo jurídico que assenta na dependência de alguém que carece de protecção face
a outra pessoa. Há assim uma relação de protecção e de lealdade, a qual era necessária para o
povo que tinha necessidade de se associar a alguém maior num período em que Roma era um
lugar perigoso.
Os clientes (plebeus e por vezes também estrangeiros) vão ocupar uma parcela de
terra que o patrono (patrícios) lhes cedia in precarium, pois não conseguia explorar
directamente, e pela qual pagam uma renda. Esta renda estabelecia em troca, não só a
ocupação da terra, como também de segurança e protecção.
Havia vários modos de adquirir a condição de cliente:
- Deditio: submissão voluntária de um grupo familiar ou político a uma gens;
- Applicatio: submissão de um estrangeiro à protecção da gens;
- Manumissio: instituto pelo qual o escravo o deixa de ser.
Os clientes deviam fidelidade ao seu patrono, e este dava-lhe em troca protecção.
Como os romanos consideravam os laços de fidelidade de natureza sagrada, a violação dos
laços de protecção por parte do patrono (patronus) podia levar à aplicação da pena de morte
ao mesmo. Isto significava que os clientes que eram vítimas da infidelidade do patrono,
podiam matá-lo sem serem punidos.
Ao longo da monarquia romana, o poder politico era do rei. O Rei (rex) tinha caracter
sagrado e estavam-lhe atribuídas funções militares, religiosas e judiciais. Desemprenhava as
funções de:
1. Comandante do exército (imperium militae): garantia a segurança do território
(motivo pelo qual os Reis eram Etruscos), o qual inicialmente só constituía a península itálica e
apenas a mais umas cidades.
O Rei era o chefe do exército e por isso:
- Delegava poderes como chefe do exército;
- Delegava poderes para comandar a cavalaria;
- Perseguia e reprimia os crimes mais graves.
3. Representante entre deuses e humanos: era um factor fundamental pois era a base
do seu poder político. O rei detinha um forte caracter sagrado e poder religioso, e por isso
tinha a função de ler os auspícios (voo das aves que significava a vontade dos deuses).
Para governar a cidade o Rei não actuava sozinho, tinha a ajuda do Senado.
O Senado (senatus) era composto por 100 elementos, que eram na sua maioria
patrícios. Tinha no período monárquico como principais funções: aconselhar e auxiliar o Rei,
auctoritas, ius belli et pacis e o interregnum.
Este órgão dava a sua opinião ao rei quando este tinha dúvidas, o que se denominou
de pareceres do Senado (Senatus Consultum). Estes pareceres detinham auctoritas, ou seja,
eram saberes socialmente reconhecidos e por isso o rei seguia-os ordinariamente. O senado
também detinha o ius belli et pacis, ou seja, tinha o direito de concluir tratados internacionais.
Para aceder ao senado era necessário ter em conta a riqueza de cada um, uma vez que
só entravam os mais ricos. Para determinar este acesso existia um Censor.
Censor = organizava a riqueza das famílias e determinava de acordo com essa
organização, quem acedia ao Senado. A sua função gerava poder político e por isso vai estar no
topo das magistraturas romanas, mesmo após a monarquia cair.
O Senado também exercia uma importante função após a morte do Rei: Interregnum.
O interregnum acontecia após a morte do rei e o poder que antes era dele é devolvido aos
Pater Familias mais antigos (Senado), que por sua vez vão delegar apenas um entre si para
exercer o Interrex.
O interrex tinha uma duração de 5 dias e como objectivo ler os auspícios e indicar
assim o nome do novo rei. Após isto, o rei era proclamado pelas assembleias em vigor para
poder tomar posse. Contudo, este rei necessitava de ser aprovado pelo povo.
Quando o interrex falhava, ou seja, quando os deuses não se manifestavam pelo voo
das aves, era declarado outro interrex para manter o poder seguro.
Quanto ao fim da monarquia, Tarquínio Prisco, nobre etrusco, destruiu no seu reinado
as instituições políticas e passou a governar como um rei absoluto exercendo um poder
despótico.
Embora Sérvio Túlio, seu sucessor, tenha implementado várias reformas para voltar a
institucionalizar o poder político estas foram todas anuladas por Tarquínio, o Soberbo, que
sobe ao poder.
Tarquínio, o Soberbo, foi o último Rei deste período histórico que voltou a introduzir o
poder despótico absoluto que o seu pai outrora tinha começado a implementar.
Este carácter absoluto, tirânico e arbitrário dos Tarquínios originou um golpe palaciano
levado a cabo por Bruto e Collatino em 510 a.C. que, com o apoio da população romana, ditou
o fim da monarquia.
Roma fica entregue a dois cônsules com o objectivo de travar a centralização do poder
e sucessivamente, os desvios autoritários. Destes cônsules, um tinha o poder de tomar
decisões e o outro, o poder de intercessio, ou seja, com o poder de vetar/paralisar a decisão
do primeiro cônsul. Ao fim do ano, o cônsul tem de prestar contas ao povo, mostrar o que foi
feito.
---- PERIODO DE TRANSIÇAO MONARQUIA (509 a.C.) – REPÚBLICA (367 a.C.) ---
A partir deste período o poder não volta mais a ser unitário, e para o exercer, dão lugar
as magistraturas.
Em Roma, a lei é o comando imposto pelo povo e cumprido por si mesmo (“lex
rogata”), ou seja, é o povo e não o governo que aprova/delega e cumpre a lei, a qual era
denominada de constituição imperial.
Em Roma, o direito era por sua vez entendido como algo sacral, algo supremo. Nesta
estrutura estavam inseridos os colégios sacerdotais (collegia sacerdotalia), importantes
instituições com forte poder de influência sobre as decisões políticas. Destes colégios faziam
parte:
1.Colégio dos áugures: em Roma era necessário procurar legitimar a vontade divina na
forma como decidiam a vida dos homens. As formas de encontrar a expressão da vontade dos
deuses eram recorrendo aos:
- Auspicia: ler o voo das aves. O auspicium era um instrumento fundamental de
exercício do poder do rei que determinava a sua acção e o tempo de a executar. Ou seja, eram
os auspicia favoráveis ou desfavoráveis que diziam ao rei como e quando agir e por isso eram
mais comuns quando era necessário efectivar uma determinada decisão e o seu conteúdo.
- Auguria: procura todo o tipo de acontecimentos indícios dessa vontade no
comportamento/fisionomia/manifestações dos animais e da natureza. O augurium implicava a
possibilidade de uma decisão que se pretendia tomar, ser afastada porque o que se previa dela
era um efeito negativo. Assim, o augurium pretendia evitar e impedir que certas decisões
prejudiciais fossem tomadas e cumpridas. Era mais complexo do que o auspicium pois não
procurava apenas a vontade divina mas sim concentrar as condições para um melhor exercício
da acção humana.
É neste seguimento que surge a Lei das XII Tábuas (450 a.C.), a lei mais antiga de
Roma. Este documento ditava o processo da lei e quem é que detinha o cargo de Pater
Famílias. Também estava na Lei das XII Tábuas determinado que a palavra para designar
estrangeiro era a mesma que designa inimigo: hostis (só mais tarde o estrangeiro passa a ser
designado como pereginus – aquele que atravessa o campo).
Era necessário garantir que a aplicação das mais graves e severas medidas repressivas,
e penas máximas não ficassem totalmente no arbítrio dos patrícios, e por isso é criada uma
contra magistratura: o tribuno da plebe e o provocatio at populum.
Existiam mais dois tipos de assembleias em Roma:
- Comitia Tributa: convocados pelos magistrados e no qual se decide e deliberam
assuntos não tão importantes, por exemplo, nomeação dos magistrados mais baixos;
- Tribuna da Plebe (concília plebis): constituída por plebeus apenas com a função de
eleger um magistrado, o que só acontece quando é necessário proteger os interesses do povo,
ou seja, eram eleitos quando houvesse uma determinada medida que afectasse os interesses
dos plebeus, e por isso podia paralisar qualquer ordem de outro magistrado. O objectivo desta
assembleia é elevar os plebeus ao mesmo lugar que os patrícios e evitar guerras civis.
Esta assembleia permitia a um cidadão condenado à morte por um magistrado com o
poder para tal, evitar a condenação pedindo a instauração de um processo nos comitia. O
processo comicial tinha duas fases:
- Inquérito (aquisito): feito pelo magistrado para apurar a real existência do crime;
- Resposta da assembleia (rogatio): a assembleia dava uma resposta através de uma
deliberação que se pronunciava sobre a pena.
Contudo, a 452 a.C. foi implementada uma lei que fixava os limites máximos de
tolerância para que os magistrados pudessem aplicar multas e penas sem o apelo ao populus
(Menenia Sextiae).
Esta assembleia aprovava também plebiscitos, leis aprovadas pelos plebeus nos
concilia plebis e as quais se declararam obrigatórias a todos os que as votassem e aprovassem.
Estes plebiscitos foram inicialmente apenas para os plebeus (449 a.C.), mas mais tarde
passaram a integrar todo o povo romano, incluindo patrícios (287 a.C.).
A distinção entre magistrado maior e menor suscitou alguns conflitos e por isso
adoptou-se três princípios estruturantes destas relações:
1. Princípio da prevalência do imperium: permitia que os magistrados com imperium
pudessem vetar qualquer acto mesmo que esse fosse inerente às suas competências.
2. Princípio da hierarquia: estabelecia que o magistrado com imperium e potestas maior
podia anular as ordens e vetar os actos dos outros magistrados com imperium e
potestas menor.
3. Princípio da tutela da plebe: os concila plebis tinham o poder de veto sobre a
actividade dos outros.
O ditador surge na República como uma figura que se manifestava nas situações de
perturbações. A escolha do ditador estava dividida em duas fases: o Senado traçava um perfil e
o cônsul escolheria uma pessoa para tal. Este cargo durava 6 meses e tinha como objectivo
estabelecer a ordem. O ditador não tinha de prestar contas e ninguém podia paralisar as suas
ordens.
O fim da República deve-se ao facto de um destes ditadores não querer abdicar do seu
poder após os 6 meses. Foi o caso de Júlio César, que não quis abdicar do seu cargo e por isso
transformou este período num período de instabilidade.
Uma das características do Principado era a sua sucessão. A transmissão do poder era
feita pela sucessão através do carisma pessoal. A pessoa indicada para sucessor do prínceps
era um dos seus melhores colaboradores, uma espécie de vice prínceps que ia aprendendo a
decidir e a organizar até suceder ao cargo.
A sucessão ao prínceps era assim feita a partir do momento que o prínceps em vigor
sente o seu governo a chegar ao fim. Nesse momento, chamava-se um herdeiro espiritual que
passava a seguir o prínceps em tudo o que fazia. Mais tarde, quando o prínceps morria, o
Senado iria surgir este sucessor herdeiro ao povo.
A crise do Império inicia-se com a crise do Principado como regime politica e forma de
governo. A queda do Principado deveu-se principalmente a:
- Aparecimento do Principado com uma estrutura que deixa em aberto a relação do
prínceps com os órgãos de poder da república.
- Desromanização do Império: a presença de romanos como titulares de cargos e
rituais da república foram-se esvaziando e a sede do principado e a figura do prínceps
enfraqueceram-se com a perda de importância de Roma e Itália. O exército deixou de ser
capaz de garantir a estabilidade deste vasto império.
- Forma como se dava a sucessão do prínceps.
- Redução da fonte de angariação de escravos, o que tem implicações na produtividade
dos campos agrícolas. O campo é abandonado e acentua-se o movimento acelerado da
urbanização.
- Incapacidade política de manter os vínculos institucionais a todo o Império, o que
obrigou a um processo de autonomia política progressiva das províncias. Esta desagregação
política tem consequências económicas inevitáveis: diminuição do envio de receitas das
províncias para Roma e abandono da manutenção de infra-estruturas básicas.
- Cristianismo: começou a difundir-se no império, ameaçando a figura do imperador.
Os cristãos não obedeciam as leis do império, pois a sua religião punha em causa o imperador
e o seu imperium expresso nas leis. O cristianismo e o caracter sagrado do prínceps não eram
compatíveis pois tinham na sua génese a existência de um só deus que por sua vez não eram o
mesmo.
Diocleciano era contra o Cristianismo, e por isso vai organizar perseguições aos
cristãos. Acreditava que esta religião colocava em causa a unidade do Império e o poder do
imperador.
O ius civile era o conjunto de regras resultantes da interpretação feita pelos sacerdotes
das regras divinas e dos mores maiorum, antes da expansão romana. É um elemento
constitutivo que integra o ius Romanum.
O ius honorarium/ius edictale, ou o direito criado pelos magistrados, é todo o ius
Romanum não-civile, é o direito criado pelos edictos de pretores, edis e governadores de
província. É um direito criado por magistrados.
O ius é uma força que necessita de AUCTORITAS, para poder ser válido e eficaz. Esta
auctoritas é necessária tanto na criação como na aplicação.
O IMPERIUM está em Roma mais ligado ao momento da aplicação. É um poder de
soberania e um poder absoluto a que os cidadãos não podem opor-se porque é exercido em
nome e para o bem da comunidade. É inicialmente detido pelo rei e mais tarde, na República,
distribuído pelos magistrados. Enquanto a potestas é comum a todos os magistrados, o
imperium só foi conferido a cônsules, pretores e ditadores.
O ius é criado pela auctoritas dos jurisprudentes e aplicado com o imperium dos
magistrados (pretor).
A lex era toda a norma jurídica escrita que podia ser lida. Era uma declaração solene
com valor normativo emitida por um órgão constitucional com competência de legitimidade
para fazer, baseada num acordo entre entidade eminente e os destinatários.
AS FONTES DO DIREITO ROMANO
1. EDITOS DO PRETOR
O edictum era o programa de actividades a desenvolver durante o mandato pela
pessoa que se apresentava para exercer a magistratura de pretor. O edicto era afixado
publicamente na apresentação da candidatura antes do exercício das funções.
O edicto do pretor cria ius praetorium (apresenta um programa, cria direito e tem
auctoritas), o qual consiste uma parte do ius honorarium. Era assim uma das fontes de direito
objectivo em Roma.
Vinculado ao seu edictum e limitado pela opinião pública e pela intercessio do seu
colega, o pretor urbano era um magistrado que dispunha de meios coercivos para obrigar as
partes a pôr-se de acordo sobre o iudicium (procedimento através do qual um iudex decidia
um litigio, dando uma solução).
A partir do século II, esta actividade do Pretor deixa de ser tao criativa: um pretor cria
um édito e quando outro Pretor lhe sucede, este vai olhar para o édito do seu antecessor e
tirar daí algumas regras. Perde-se assim a criatividade e autonomia do magistrado. Contudo, o
momento que vinculou isto foi quando o Imperador Adriano chama um jurisprudente/jurista,
Sálvio Juliano, para este olhar para todos os éditos antigos e criar um único a partir do qual
todos os pretores o seguissem: ÉDITO PREPETUM ou ÉDITO DE ADRIANO.
2. EXPEDIENTES DO PRETOR
Os expedientes do pretor fundaram-se no seu imperium e destinavam-se a interpretar,
completar e corrigir o ius civile. Estes expedientes podiam assumir a forma de:
- STIPULATIONES PRAETORIAE: stipulatio que é imposta pelo pretor para proteger uma certa
situação social não prevista nas regras do ius civile e que, no seu entender, merece protecção.
A stipulatio é um negócio jurídico entre presentes que cria obrigações a partir de uma
pergunta feita pelo credor e uma resposta imediata dada pelo devedor que se unem
materialmente para construir a obligatio. Quando o devedor não cumpria a sua promessa
porque estava livre face ao ius civile, então o credor recorria às stipulationes praetoriae, onde
o pretor ordenava uma nova stipulatio, agora com uma garantia pessoal.
- RESTITUTIONES IN INTEGRUM: aplica-se a casos onde um negócio jurídico válido pelas
normas do ius civile resulta desequilibrado e injusto quando efectivado. Assim, um credor
pode ser privado pelo pretor se a obtenção de um crédito não for justa ou adequada.
- MISSIONES IN POSSESSIONEM: embargo de bem que é determinado pelo pretor, como meio
de coacção justo. O pretor dá uma ordem, assente nos seus poderes de imperium, autorizando
uma pessoa a apoderar-se ou a deter certos bens de outra pessoa, durante um determinado
período de tempo, com a possibilidade de os administrar e deles fruir. Se o destinatário da
ordem do pretor não cumprir o determinado, o pretor força-o a cumprir decretando o mesmo
outra vez.
- INTERDICTA: o interdictum é uma ordem dada pelo pretor de forma sucinta, imediata e
imperativa, com base no seu imperium e tomando apenas como fundamento uma aparência
jurídica para proteger uma verta situação que carece dela. A ordem do pretor fica
condicionada e assim aberta a uma reapreciação sempre possível em qualquer momento
posterior à acção primeira do pretor. O interdictum é geralmente concebido pelo pretor a
pedido de um particular interessado na tutela assim obtida. Pode ser concebido quando é de
interesse público, a pedido de qualquer cidadão romano. Podem ser interditos:
- Exibitórios: ordem do pretor destinava-se a apresentar ou exibir uma certa coisa;
- Restituitórios: ordem é a de devolver ou restituir uma coisa;
- Proibitórios: pretor impede ou proíbe que uma pessoa perturbe o gozo de um direito
legítimo de outra.
- Possessórios: destinam-se a proteger a posse, pois o ius civile não prevê qualquer
tipo de garantia para tal.
LEGIS ACTIONES: Processo oral em que o pretor tinha uma intervenção simples: dar ou não dar
actiones civiles.
LEX AEBUTIA DE FORMULIS: Processo escrito pelas partes; ordem escrita que o pretor dava ao
iudex para condenar ou absolver consoante este ou outro facto fossem apurados e a validade
como prova.
ACTIONES PRAETORIAE: O pretor pode criar acções próprias, com uma estrutura bastante
complexa. Se o pretor cria acções, cria direito.
3. LEGES ROGATAE
As reivindicações políticas plebeias culminam com a atribuição de poderes legislativos
à assembleia do populus.
De início, as leges determinavam todas as deliberações dos comitia e só mais tarde
passa a ter um conteúdo conceptual ligado exclusivamente às deliberações dos comitia com
carácter normativo e natureza legislativa.
O procedimento legislativo nas assembleias populares iniciava-se com a proposta do
magistrado, que a assembleia aprovava ou rejeitava. Se a proposta fosse aprovada como
deliberação passava a designar-se lex data ou rogata.
A lex rogata é aprovada e de novo submetida a outra votação, mas desta vez do
Senado, para que este com a sua auctoritas aprove ou não. Isto constitui assim uma fonte de
direito. Tem como destinatários toda a comunidade de cidadãos romanos e o seu caracter
vinculativo deriva imediatamente do comando constitucional que está na base da sua
aprovação como tal, consagrado na Lei das XII Tábuas.
Em Roma, a lei passa por um processo de seis etapas a que obedecia o processo
formativo das leges rogatae até à sua plena vigência:
1. PROMULGATIO: Afixação do texto do projecto a apresentar à assembleia pelo
magistrado com poder para convocar os comícios em lugar público e por três dias,
antes da votação, para que todos o conhecessem.
2. CONCIONES: Reuniões informais realizadas em lugar público, num local escolhido pelo
convocante, para que houvesse uma discussão intensa e alargada.
3. ROGATIO: Pedido de aprovação do projecto de lex pelo magistrado. O comício
convocado para aprovar um projecto de lei, iniciava-se com formalidades religiosas a
que se seguia o discurso de apresentação do projecto de lei pelo magistrado. Neste
discurso fazia-se uma leitura do projecto e expunha as razões do pedido da sua
aprovação.
4. VOTAÇÃO: Feita oralmente e de braço no ar, com uma contagem manual. A partir de
131 a.C. a votação passou a ser feita por voto estrito e secreto.
5. APROVAÇÃO: Feita pelo Senado, através do qual os senadores concediam, pela sua
aprovação, a auctoritas patrum à lex. Depois da votação favorável do projecto de lei, o
texto normativo era submetido ao Senado, que votando de forma positiva, conferia a
sua auctoritas patrum às normas aprovadas.
6. AFIXAÇÃO: Acto que fechava o processo legislativo das leges rogatae. A deliberação
dos comitia, que aprova a proposta do magistrado, referendada pelo Senado,
transformava-se em lex e era afixada no Forum em tábuas de madeira ou bronze como
forma de publicidade. A publicação dava início ao seu período de vigência.
Para melhor entender, em Roma, a primeira lei republicana foi a Lei das XII Tábua que
integrava as leis republicanas. Destas leis fazia parte a lex rogata, a lei pela qual os romanos
legislavam.
Para legislar em Roma, era preciso haver iniciativa legislativa, que por sua vez só podia
vir primeiramente dos magistrados (cônsul e pretor). Era assim necessário que os magistrados
apresentassem o texto da lei em praça pública para depois se seguir uma discussão pública
que durava um dia (pôr-do-sol marcava o fim dos trabalhos). Uma vez aprovado o texto da lei,
esta precisava de ser promulgada. A promulgação da lei era feita pelo Senado, pelo qual tinha
de passar antes de ser levada aos comícios.
4. SENATUSCONSULTOS
O senatusconsultum é de início uma deliberação ou consulta feita ao Senado por um
magistrado, depois de uma deliberação ou decisão do Senado. Não eram deliberações
legislativas mas mesmo assim os magistrados seguiam-no ordinariamente.
Os magistrados da república eram obrigados a ouvir ou consultar o Senado mas não a
seguir a sua deliberação. O senado não exercia assim qualquer decisão legislativa, era um
órgão meramente consultivo e por isso as suas deliberações tinham a natureza de pareceres
ou consultas. A sua abrangência estava limitada à pessoa ou entidade que solicitava o parecer.
A valoração dos senatusconsulto como fonte legislativa resultou da lenta afirmação da
auctoritas patrum do senado. Esta força da autorictas era tal que se criou a ideia que era o
Senado quem verdadeiramente legislava.
Com a queda da República e a partir de Adriano, o Senado deixou de aprovar os
senatusconsultum como força de lei, pois quem passou a aprovar as normas que vigoravam
como lei é o prínceps. A partir de aqui, as deliberações do senado como força de lei eram
designadas de orationes princips (aproximam-se das constituições imperiais; era o discurso do
prínceps ao Senado que era muitas vezes aprovado por unanimidade, pois os senadores
votavam muitas vezes por medo à censura se não o fizessem).
Os senatusconsultum tinham:
- PRAEFATIO: inscrevia-se o nome do magistrado que convocou o Senado e dos senadores que
intervieram na redacção do texto da deliberação, o lugar e a data.
- RELATIO: exposição dos motivos que determinaram o deliberado, o texto da proposta do
magistrado e a resolução que foi votada.
5. CONSTITUIÇÕES IMPERIAIS
As constituições imperiais são leges em que se manifesta directamente a vontade
imperial. É direito criado pelo imperador e torna-se fonte única de direito romano porque
conseguiu a aceitação da comunidade, magistrados e jurisprudentes e concentra nas mãos do
prínceps todos os poderes públicos.
Com o aparecimento das orationes prínceps in senatus, tudo o que o prínceps dita,
torna-se imediatamente numa constituição imperial.
As constituições imperiais tinham três partes:
- INSCRIPTIO: Primeira parte e contém o nome do imperador ou imperadores (autores da
constituição) e da pessoa a quem ela é dirigida.
- CORPUS: Corpo normativo da constituição que detinha o conteúdo material do comando
normativo nela encerrado.
- SUBSCRIPTIO: Parte final da constituição, contém a dará e a indicação do lugar em que foi
escrita (destina-se a deixar claro de quem era a constituição, se do imperador do ocidente ou
oriente.
4. JURISPRUDÊNCIA
Na actualidade, a jurisprudência são decisões dos tribunais. Na Roma antiga, a
jurisprudência tem um significado diferente do da actualidade, é a prudência própria do
direito, a capacidade de distinguir o justo do injusto. Somos mais prudentes quando temos
esta capacidade de distinção.
Inicialmente, os jurisprudentes em Roma eram os sacerdotes pontífices, pois tinham a
função de interpretar os mores maiorum e ditar o justo e o injusto. A interpretação do ius
civile era assim considerada uma actividade em monopólio exclusivo dos pontífices e situava-
se no âmbito religioso.
A função que antes era dos sacerdotes pontífices passa então para as mãos dos
jurisprudentes. No século III a.C. inicia-se então o processo de racionalização progressiva da
jurisprudência, libertando-se da imposição religiosa e passando agora a estar ao alcance de
qualquer homem que tenha a capacidade de ditar o justo ou injusto, o que a caracteriza num
processo designado como laicização ou secularização da jurisprudência. Este processo passou
por três fases:
- LEI DAS XII Tábuas (publicidade da lei): a promulgação da Lei das XII Tábuas corresponde à
aceitação de que um direito consuetudinário não escrito permitia aos intérpretes resolver
litígios invocando o ius. O monopólio pontifício permaneceu na interpretação dos preceitos da
Lei das XII Tábuas das normas consuetudinárias que ficaram de fora e na formalização dos
actos. A Lei das XII Tábuas torna-se com esta laicização, acessível a todos os cidadãos.
- IUS FLAVIANUM: Em 304 a.C. Cneu Flávio, escriba do prontífice Appius Claudius Caecus que
era cego, publicitou uma colecção de fórmulas processuais das legis actiones, que o sacerdote
pontífice recorria quando queria resolver casos, revelando o segredo dos pontífices. Esta
colecção ficou conhecida como ius flavianum e, quando foi libertado, permitiu a Cneu Flávio
ocupar os cargos de tribuno da plebe e de edil curul. Uma vez magistrado, este publicitou um
calendário religioso que continha os melhores dias para resolver os casos, desvendando assim
a fonte do poder incontestado dos pontífices.
- ENSINO DO DIREITO: o primeiro plebeu a aceder ao cargo de pontifex maximus foi Tibério
Coruncâneo em 252/3 a.C.. Uma vez consciente da importância da transmissão dos
conhecimentos por ele obtidos, começa a ensinar Direito em público. Fá-lo rodeado de
discípulos enquanto responde publicamente às questões que lhe são colocadas na qualidade
de pontifex maximus. Os commentarii pontificum passam assim a ser de livre acesso e todo
aquele que quisesse aprender direito podia fazê-lo desta forma.
Octávio César Augusto vai colocar em vigor o Ius Publicum Respondere, na qual
entrega a determinados prudentes o poder de emitir publicamente opiniões como se fossem
suas. Este poder era entregue aos prudentes com mais auctoritas e assim acumulava nestes
uma maior importância.
Assim, o prudente, que era totalmente livre, vai começar a procurar cair nas boas
graças do prínceps para lhe ver atribuído este direito. Isto significa por consequência a cada
vez menor dependência dos jurisprudentes.
O prínceps começa desta forma, gradualmente, a lançar o seu poder a todos os pontos
do factor jurídico.
Contudo, quem seguia estas opiniões?
Com a Lei das Citações, Teodésio II diz que se deve seguir as opiniões de Gaio, Ulpiano
e Papirianum. Se estas opiniões divergirem entre si, deve seguir-se a opinião do princpes dos
jurisprudentes.
4. CÓDIGO DE EURICO
Existiram leis promulgadas pelos monarcas visigodos, logo a seguir à sua instalação na
Gália, às quais se deram o nome de Leis Teodoricianas pois foram atribuídas a Teodorico I e a
Teodorico II. Eram diplomas que disciplinaram vários aspectos privatísticos, com destaque para
a repartição de terras que resultou do acordo de hospitalidade militar entre Visigodos e
Romanos.
O Código Euriciano foi promulgado pelo rei Eurico a 476/476 e constituiu a primeira
colectânea sistemática de direito visigótico. É uma fonte tradicionalmente enquadrada na
categoria das leis dos bárbaros e é a que mais se ocupa do direito privado.
ESCOLA DE BOLONHA
O renascimento do direito romano ou, se assim quisermos dizer, o estudo sistemático
e a divulgação da obra jurídica justiniana iniciou-se no século XII, com a Escola de Bolonha. A
Escola de Bolonha tinha como objectivo o estudo do direito (que se fez através do estudo do
Corpus Iuris Civilis), e este fazia-se por sua vez através de glosas.
Na base desta escola encontramos Irnério, que não só conferiu ao ensino do direito a
autonomia antes denegada dentro do conjunto das disciplinas que compunham o saber
medieval, com também estudou os textos justinianeus numa versão completa e originária.
Irnério trouxe para essa obra os seus conhecimentos dialécticos e gramáticos da sua formação
de mestre em artes liberais. Irnério ia formando discípulos, entre os quais se destacam os
“quatro doutores”, Bulgarus, Martinus, Hugo e Jacobus. Mais tarde sobressaem Placentino e
Azo, e depois Acúrsio, que elaborou uma colectânea em que sistematiza a obra dos autores
precedentes.
A Escola de Bolonha recebe também as designações de Escola Irneriana e de Escola
dos Glosadores.
GLOSAS
O principal instrumento de trabalho dos juristas pertencentes a esta escola foi então a
glosa. A glosa é um processo de exegese textual já antes utilizado em domínios culturais
estranhos ao direito. Cifrava-se num pequeno esclarecimento imediato, numa simples
palavranou expressão com o objectivo de tornar inteligível algum passo considerado obscuro
ou de interpretação duvidosa. Podiam ser de vários tipos
GLOSAS INTERLINEARES: Inseriam-se entre as linhas dos manuscritos que continham
as normas analisadas.
CLOSAS MARGINAIS: Referiam-se não apenas a um trecho ou a um preceito mas sim a
todo um título, inserindo-se assim na margem do texto.
REGULAE IURIS: Definições que enunciavam de forma sintética princípios ou dogmas
jurídicos fundamentais.
CASUS: Meras exemplificações de hipóteses concretas a que as normas se aplicavam, e
mais tarde transformaram-se em exposições interpretativas.
DISSENSIONES DOMINORUM: Davam a conhecer os entendimentos diversos de
autores consagrados sobre problemas jurídicos relevantes.
QUAESTIONES: Enunciavam os textos e as razoes favoráveis e desfavoráveis às
soluções em confronto, concluindo-se pela interpretação própria.
DISTINCTIONES: Traduziam-se numa análise dos vários aspectos em que o tema
jurídico considerado podia ser decomposto.
SUMMAE: Os Glosadores mais famosos, filósofos e teólogos, abordavam de maneira
completa e sistemática certos temas.
MAGNA GLOSA
A Escola dos Glosadores já não assim estudava directamente o texto da lei justinianeia,
mas a glosa respectiva. Faziam-se glosas de glosas, ou seja, cada mestre acrescentava a sua
própria glosa às anteriores, identificando-a com uma sigla.
Acúrsio ordenou este enorme material, procedendo a uma selecção das glosas
anteriores relativas a todas as partes do Corpus Iuris Civilis, conciliando ou apresentando
criticamente as opiniões discordantes mais credenciadas. Surge assim a Magna Glosa, que
abrange no total 96 940 glosas.
Podemos então definir a Magna Glosa como um conjunto de todas as glosas no Corpus
Iuris Civilis (recolhidas entre 1220 e 1234), o que originou o aparecimento da escola de pós-
acurcianos, que estudavam a Magna Glosa.
Pode-se considerar assim Acúrsio como um dos maiores expoentes da Escola dos
Glosadores, justificando-se assim a enorme difusão que a sua obra alcançou.
A partir deste momento, as cópias do Corpus Iuris Civilis apresentam-se
acompanhadas da glosa acursianas, e a Glosa de Acúrsio vai ser aplicada nos tribunais dos
países do Ocidente europeu ao lado das disposições do Corpus Iuris Civilis.
O DIREITO CANÓNICO
ENTIDADES ECLESIÁSTICAS
1. PAPA: O papa podia legislar sozinho ou com o apoio dos conselhos dos cardeais, e
podia criar dois tipos de legislação:
a. DECRETO OU CARTA DECRETAL: O Papa legisla por iniciativa própria sem ser
consultado por alguém – inexistência de prévia consulta. As normas jurídico-
canónicas são da directa iniciativa do Papa.
b. DECRETAL: Legisla com a consulta de alguém – existência de prévia consulta.
2. CONCÍLIO: São reuniões do membro do clero, eminentemente eclesiásticos.
HUMANISMO JURÍDICO
No século XV deu-se a queda do Império Romano do Oriente. Nesta época, os juristas
trabalhavam o Corpus Iuris Civile, e o sistema jurídico é de base humanista (3º MOMENTO DE
RECUPERAÇÃO DO DIREITO ROMANO).
O Direito Romano influencia o nosso direito porque houve momentos de
recuperação/renascimento:
- 1º MOMENTO: Idade Média, quando Justiniano manda colidir o digesto.
- 2º MOMENTO: Renascimento, crítica humanista.
No renascimento, o Direito Romano é estudado por via indirecta, com base nas
opiniões, e os humanistas vêm dizer aquilo que os da Idade Média disseram, pois achavam que
era necessário voltar às origens, recuperar o saber das escolas que estudavam o Direito
Romano.
A Escola Humanista surgiu como uma primeira correte filológico-crítica italiana, depois
continuada e desenvolvida em França. Foi em França, na Universidade de Bourges onde Alciato
inaugurou o ensino do direito romano segundo a nova metodologia, que o humanismo jurídico
conseguiu incremento decisivo. Mais tarde deu-se a irradiação europeia, mais ou menos bem-
sucedida, destacando-se a tendência que se caracteriza pela autonomia interpretativa do
jurista em face das normas legais.
A recuperação do direito romano no século XVI vai-se fazer na Escola Humanista, que
queria recuperar o Direito antigo.
DIREITO NATURAL
Durante os séculos XVI e XVII, a Europa conheceu duas linhas de pensamento, que se
afirmaram nas áreas da filosofia jurídica e política e no respeito do direito internacional
público.
O Direito Natural é transformado por este autor, e podemos por isso distinguir um dois
momentos do Direito Natural:
- ANTES DE GRÓCIO: A lei humana tinha de se respeitar e era imposta por Deus.
- DEPOIS DE GRÓCIO: O Direito Natural passa a ser produto da razão e associa-se a ele um
Código e também o positivismo.
Isto leva então à conclusão de que o direito tem de ser sempre racional e por isso a
ideia é a de o passar a escrito (código moderno), para que o direito seja uniforme. Se o direito
está escrito em códigos, o resultado vai ser:
- 1º POSITIVISMO: Trabalho do jurista vai ser o de interpretar a lei – HERMENEUTICA JURÍDICA
(=interpretação).
USO MODERNO
O “usus modernus pandectarum” surgiu na Alemanha e passou daí para outros países
e é uma nova metodologia do estudo e aplicação do direito romano. Significa um ciclo de
passagem da Escola dos Comentadores para a Escola Histórica.
O “usus modernus” traduz o reflexo da penetração das ideias jusracionalistas no
campo do direito. Esta influência fez-se sentir em dois planos:
1. As ideias jusracionalistas só indirectamente se repercutiram na vida jurídica. O
fenómeno constitui um esforço de adaptação do direito romano, não ocorrendo
qualquer alteração no estilo de exposição e no método herdados dos Comentadores.
2. A aferição da actualidade dos preceitos romanísticos beneficiou do refinamento
teórico da referência ao direito natural racionalista. Tinha-se em conta o próprio
direito pátrio, que integrava o ordenamento vigente ao lado dessas normas
susceptíveis de práticas actualizadas.
Ou seja, no século XVIII, o direito romano foi recuperado pelo “usus modernus
pandectarum”, no qual os autores olharam para o Direito Romano antigo para fazerem uma
crítica sobre o que tinham de recuperar e o que podiam descartar.
POSITIVISMO JURÍDICO
O positivismo é aquilo que está posta igual à lei (o jurista deve fazer a hermenêutica).
O positivismo jurídico destacou-se no século XIX, e os seus dogmas afiguram-se muito
precisos. O direito identifica-se com a lei, a qual materializa ou positiva o direito ideal de
inspiração racionalista. A ordem jurídica constituiu um todo acabado, e a sua plenitude atinge
o momento definitivo num conjunto de Códigos modernos, sistemáticos, completos.
A expressão exacta do positivismo jurídico é a Escola da Exegese, de raiz francesa, que
surge ligada ao movimento codificador e se manterá por todo o século XIX. Dominou a ciência
do direito da maioria dos países da Europa continental.
Os autores desta corrente encararam a lei como manifestação da vontade soberana, e
por isso devia-se interpretá-la segundo um método lógico-gramatical.