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HISTÓRIA

 A cidade que se fez império


Roma foi fundada no ano 753 a.c. por Rómulo, um dos gémeos que a sacerdotisa Reia
Sílvia procriara de Marte, o deus da guerra. Roma não passava de uma cidade como as outras, um
pequeno povoado, mas quando foi invadida e dominada pelos Etruscos, foi-se engrandecendo: os
Etrusco concederam-lhe novas muralhas, uma rede de esgotos, e casas alinhadas. A cidade era
governada por reis, e deve-se aos Etrusco também a organização política e social de Roma.
A partir de 509 a.c., os aristocratas expulsaram o último rei etrusco e instituíram a
república, e Roma tornou-se numa grande nação conquistadora, primeiro por necessidade de
defesas, e depois por sede de glória e riquezas, tornando o seu território num vasto império. Uma
expansão lenta, mas sistemática, o seu domínio estendeu-se pelas margens do Mar Mediterrâneo, ao
qual apelidaram “Mare Nostrum”. Este império foi invulgarmente extenso e duradouro.

 Um mundo de cidades
O modo de viver romano estava muito ligado á cidade, e uma das primeiras tarefas, após a
conquista, foi a reorganização ou a criação de centros urbanos: em locais como a Grécia, onde o
sistema de cidade já era antigo, os romanos respeitaram a sua forma de funcionamento e fizeram
apenas pequenas alterações; na Península Ibérica, onde mal existiam cidades, os romanos tiveram
que criá-las e proporcionar-lhes as condições necessárias para o seu desenvolvimento. O império
romano era um mundo de cidades, sendo Roma o coração do império.
Roma continuava a governar-se pelas antigas instituições  Senado, Comícios e
Magistraturas  que não se adequavam às exigências do grande império que se ia formando.
 Senado: tinha as funções de validar as leis aprovadas pelos comícios; controla o
Tesouro; administra as províncias; decide a política externa
 Comícios: tinham as funções de eleição dos magistrados; aprovação de leis
 Magistrados (magistraturas) eram formados por: 2 cônsules (chefiar o governo e o
exército); 2 pretores (aplicar a justiça e chefiar o exército); 4 edis (fiscalizar os
mercados, conservar os edifícios e as ruas, organizar os jogos); 8 questores (gerir as
finanças); 10 tribunos da plebe (defender os direitos dos plebeus); 2 censores
(atualizar o recenseamento dos cidadãos e da sua fortuna, politicar os costumes);
ditador (conduzir uma guerra difícil, restaurar a ordem (as suas decisões sobrepõem-
se às dos outros magistrados))
Foi assim que os romanos, no sec. I a.c. mergulharam numa profunda crise política, marcada
por perseguições ferozes e sangrentas guerras civis, que fez o surgir um novo chefe na figura de
Octávio, o primeiro imperador romano. Este era um bom general e um político habilidoso que
soube aproveitar o prestígio de Júlio César, seu tio e pai adotivo. Em poucos anos conseguiu a
admiração do povo e do Senado, através da eliminação dos seus rivais mais próximos e pelo regresso
da paz. Honrado em 27 a.c., com o título de princeps civitatis, Octávio acumulou as várias
magistraturas. Octávio inaugurou uma nova época da história de Roma marcada pelo poder pessoal
de um imperador.
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Embora continuassem formalmente a funcionar, os órgãos de governo republicanos viram-
se esvaziados dos seus poderes reais, já que o imperador controlava as magistraturas e detinha o
poder de modificar a composição do Senado, excluindo-lhe elementos que lhe desagradassem.
Ao mesmo tempo foram-se criando novos cargos e instituições diretamente ligados ao
imperador.
Imperador
controla exerce

Senado Magistraturas Tradicionais


nomeia ratificadas pelos

Comícios
Administração imperial

Concelho Governadores das Guarda


Imperial províncias imperiais Pretoriana
Altos generais
Funcionários dos exércitos

Poderes do imperador:
Poder político
 exerce e controla as magistraturas tradicionais
 lidera ao Senado
 emite decretos imperiais (leis)
Poder militar
 detém a chefia do exército
 controla as provinciais e as legiões aí estacionadas
Poder judicial
 tem o poder de rever todos os processos, modificar e invadir sentenças
Poder religioso
 exerce cargos religiosos entre os quais o de sacerdote supremo (Bispo
Máximo)
 associa-se ao culto prestado, em todo o império, aos imperadores
divinizados

 a unidade do mundo imperial


Na mesma altura que lhe foi proclamado princeps, Octávio aceitou também o título de
Augusto, um título divido, até aí reservado a certos deuses, para designarem que eram
“engrandecedores”, criadores de algo novo e maior. 2
Este título passou para os sucessores, foi uma profecia da divinização do imperador. Era
crença dos romanos que os seus dirigentes eram protegidos pelos deuses e cumpriam uma missão
divina. As honras prestadas aos generais vitoriosos assumiam um carácter religioso e é normal
que os romanos estivessem dispostos a aceitar a divinização dos seus chefes.
Numa manobra de propaganda, Octávio promoveu a divinização das virtudes imperiais,
isto é, dos benefícios que o seu governo trouxera ao mundo romano: a Vitoria Augusta, a Paz
Augusta, a Justiça, Augusta, a Liberdade Augusta.
Quando Octávio morreu, em 14 d.C., o Senado atribui-lhe o título que este tinha recusado
em vida, declarou-o divus (deus), e criou um novo corpo de sacerdotes, os augustais, para assegurar
o seu culto. No fim do século I, o culto do imperador e da sua família tinha-se oficializado em todo o
Império.
O culto imperial associou-se logo ao da deusa Roma, representação da cidade e do povo
romano, que eram vistos com uma força superior. Em honra da deusa Roma foram construídos
templos, e em várias cidades gregas, organizados jogos anuais, os Romania.
O culto a Roma e ao imperador tornou-se um importante elemento da união política,
formou uma verdadeira devoção cívica, capaz de unir os diferentes povos do império.

 A codificação do direito
A administração do seu vasto império e a convivência pacifica das suas gentes naos seria
possível sem um conjunto de leis abrangente e organizado.
 Direito (Romano)  conjunto de normas jurídicas que regeram o povo romano nas
várias épocas da sua História.
O direito consuetudinário, baseado no costume, que era transmitido oralmente de geração em
geração, começou a dar origem a frequentes modificações e autoritarismos. Contra esta situação em
meados do sec. V a.C., os plebeus, classe mais desfavorecida, revoltaram-se, perante as exigências
plebeias, os nobres romanos encarregaram uma comissão de 10 membros, os decênviros, de dar
forma escrita às leis correntes, foram escritas de forma clara em 12 tábuas, dando origem ao primeiro
código do Direito Romano que começou a vigorar em 452 a.c.
A Lei das XII Tábuas foi utilizada durante 10 séculos. No tempo de Cícero, os meninos
decoravam-nas na escola. Rapidamente as leis das XII tábuas se tornaram insuficientes e tiveram
que criar novas leis, a maior parte resultante da atividade dos magistrados encarregados da justiça –
os pretores; do trabalho dos jurisconsultos, espécie de advogados que eram chamados a dar parecer
sobre os casos de resolução mais complexa; de decisões do Senado (Senatus Consultus) ou do
próprio imperador (decretos imperiais).
Século apos século, os romanos foram redigindo um enorme corpo de leis, os últimos
imperadores procuraram preservá-lo, ordenando a sua compilação. A mais completa foi a
ordenada pelo imperador Justiniano (482-565), homem de grande cultura e prestígio. A comissão
encarregada pelo imperador de reunir 10 séculos leis escritas, harmonizando-as de forma a eliminar
repetições e contradições que Justiniano considerou perfeito e completo. Conhecido por Corpus
Juris Civilis, o Código de Justiniano sobreviveu aos séculos servindo de fundamento ao direito
ocidental. A imensa legislativa dos Romanos atuou como um importante fator de pacificação e união
dos povos do império.
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 A progressiva extensão da cidadania


 Cidadão  individuo ao qual o Estado em que se integra reconhece plenos direitos
civis e políticos
A plena cidadania romana (civitas) implicava um conjunto de direitos civis e políticos
que incluíam o direito de contrair matrimonio, o direito de proceder a atos jurídicos, o direito de
possuir terra e de a transacionar, o direito de votar e ser eleito para as magistraturas. Mas tinham,
também, deveres, tais como o de servir no Exército e o de pagar impostos ao Estado.
De início, a categoria de cidadão romano estava reservada unicamente aos naturais de
Roma e seus descendentes, aos habitantes das terras conquistadas foi concedido um estatuto inferior
variável de região para região. Ou seja, Roma não concedeu a plena cidadania aos seus inimigos da
véspera.
A condição jurídica dos povos submetidos foi melhorando com o tempo, à medida que
estes aceitavam o domínio romano e iam adquirindo a cultura dos conquistadores, por isso a Itália,
a primeira região conquistada, usufruiu de uma condição superior às restantes, ás suas cidades foi
concedido o Direito Latino (definia um estatuto semelhante ao estabelecido pelo Direito Romano,
distinguia-os o facto dos cidadãos do Direito Latino estarem impedidos de exercer altas magistraturas
do Império), até que, em 49 a.C., todos os homens livres foram igualados a cidadãos romanos.
A condição jurídica de uma cidade estendia-se aos seus habitantes, mas era vulgar a
atribuição do título de cidadão romano àqueles que se distinguiam pelo seu mérito ou pelos
bons serviços prestados a Roma. Alguns desses novos cidadãos escolhiam viver na capital, onde
integravam a vida política.
Este processo de elevação das províncias e dos seus habitantes concluiu-se, em 212 d.C.,
quando o imperador Caracala concedeu a plena cidadania romana a todos os habitantes livres
do império.
O Estado romano conseguiu desligar o conceito de cidadão de uma pequena comunidade,
num processo lento conseguiu estabelecer a igualdade entre povos conquistados e o povo
conquistador.

 a cultura romana: pragmatismo e influência helénica


Os Romanos sentiam que todas as coisas tinham de ser úteis, eram um povo com notável
sentido prático, que aplicavam na resolução dos problemas concretos do dia a dia. Este
pragmatismo (sentido prático) revelou-se valioso para a administração do império, pois marca todas
as realizações romanas, vemo-lo no planeamento das cidades, que continha a base da civilização
(conjunto de manifestações culturais e materiais de uma comunidade alargada), nas normas do
Direito, na arte ou nas obras de literatura e de História.
O Direito é justamente considerado o expoente máximo do pragmatismo romano, devido
á sua capacidade de adaptação aos casos concretos da vida quotidiana, este espírito pragmático fez
dos romanos um povo aberto, capaz de apreciar a riqueza cultural e incorporá-la.
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A cultura romana é o resultado de influências várias, que os romanos absorveram e
transformaram á sua maneira, uma das mais importantes foi a influência grega, os romanos
imitaram-lhes a arte, a literatura, a filosofia e até a região, falar grego era, em Roma, um sinonimo de
cultura, a cultura grega chegou até nós, devido a isto, absorvida e adaptada pelos romanos, em
diversas regiões do império.

 A padronização do urbanismo
À medida que o império crescia, fundaram-se cidades novas e renovaram-se as antigas,
seguindo as regras de urbanismo (ciência que trata do estudo e planificação do meio urbano), pois
todas as cidades tinham que assegurar as necessidades da administração e o estilo de vida dos
romanos.
A fundação de uma nova cidade implicava um cuidadoso planeamento, a cidade era
protegida por uma muralha e articulava-se a partir de duas ruas principais, o cardo (com
direção norte-sul) e o decumanos (sentido este-oeste). Geralmente, perto do cruzamento desses dois
eixos que se situava a grande praça pública – o fórum – verdadeiro coração da cidade.
No fórum encontravam-se os principais edifícios administrativos: a cúria (reunia-se o
Senado, que se ocupava do governo da cidade) e a basílica (sala de reuniões para políticos e homens
de governo e também tribunal publico).
Era também no fórum ou nas imediações que se erguiam os templos mais significativos.
Os Romanos veneravam especialmente a trindade nacional Júpiter-Juno-Minerva, no templo
Capitólio, que simbolizava a presença do poder romano, ergueram, também, nas províncias templos
dedicados ao culto do imperador.
Centro administrativo e religioso da cidade, local de encontro das suas gentes, o fórum
mereceu sempre atenção dos governantes. Em Roma, os imperadores não só acrescentaram novas e
grandiosas construções ao primitivo fórum da cidade – o fórum Romano –, como construíram novas
praças – os fóruns imperiais.
Este gosto pela monumentalidade é uma das características mais salientes das cidades
romanas, tanto em edifícios utilitários (aquedutos, circos, anfiteatros) como em obras decorativas
ou comemorativas (estátuas, arcos de triunfo, colunas).
Muitas vezes, eram construídas, perto do fórum, bibliotecas e mercados públicos
destinados ao abastecimento das cidades, os mais famosos os de Trajano, em Roma, em Óstia e em
Timgad.
As termas, eram bastante úteis, onde eram estabelecidos os banhos públicos, dotados de
salas de temperaturas diferentes, vestiários, piscinas de água quente e fria, palestras, salas de
descanso, de massagem e de reuniões. O banho era, para os Romanos, um momento cultural,
sendo uma das atividades mais agradáveis da vida quotidiana. As cidades estavam equipadas
com aquedutos (obras grandiosas) que conduziam as águas dos reservatórios naturais (longe da
cidade) até aos fontanários públicos e às casas particulares.
O lazer não foi esquecido nas cidades romanas. Quase todas possuíam o seu anfiteatro, palco
de lutas com animais selvagens e de combates entre gladiadores, o mais conhecido era o Coliseu de
Roma.
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Outros espetáculos apreciados eram as corridas de cavalos e de carros, realizados no circo
(grande espaço de eventos a céu aberto), assim como as tragédias, as comédias, e as farsas,
representadas no teatro.
As casas de habitação romanas, eram de dois tipos: a domus (casa particular, onde
moravam os cidadãos mais ricos) e a insula (prédio de aluguer, com várias habitações), a domus,
possuidora de um jardim interior e de outros confortos e luxos, contrastava em tudo com a alta e
frágil insula, em tijolo e madeira facilmente se degradava e ruía, ou incendiava.
Roma foi sempre um à parte em termos de planificação urbanística, pelo seu gigantismo,
pela forma desordenada em que foi crescendo.
As cidades romanas partilharam um padrão urbanístico comum, mesmo que espalhadas
por 3 continentes, todas elas seguem o mesmo modelo: Roma a cidade por excelência.

 A arquitetura
Foi na arquitetura, que o espírito romano
encontrou a sua expressão artística mais forte. A paz
prolongada e a prosperidade económica permitiram uma
grande atividade construtiva, principalmente no domínio
das obras públicas. Foi com novas construções, como os
fóruns, os templos, aquedutos, teatros, que as cidades do
império enriqueceram.
Romanos foram mais uma vez influenciados pelos
modelos gregos, adotaram as três ordens, dórica (capitel
simples, sem base), jónica (capitel de volutas, com base), coríntia (capitel com folhas de acanto,
com base), com uma preferência pela ordem coríntia, de maior riqueza decorativa, acabando por
adaptar um pouco e criar a ordem compósita.
É nos templos que mais se evidencia a influência helénica. Os romanos realçaram a
grandeza do edifício erguendo-o sobre uma plataforma, o podium.
Os Romanos não se limitaram ao uso de pedra cortada como os gregos, o seu espírito
prático fê-los adotar materiais mais versáteis e baratos, como o tijolo e o betão. As construções
em betão foi uma mais valia arquitetónica, por ser barato, e também por possuir excecional solidez
e adaptava-se a qualquer espaço. Os materiais mais pobres eram “ocultos” pelos belos revestimentos
de mármore e outras pedras.
Os Romanos eram mestres na utilização do arco de volta perfeita, substituindo os tetos
planos por abóbadas de berço, o arco permite diminuir o peso exercido sobre as colunas. Devido a
este refinamento técnico, construíram-se enormes cúpulas que permitiram a criação de espaços
interiores impressionantes.
O que mais evidenciava a arquitetura romana era o seu caráter urbano e utilitário. O gosto
pela grandiosidade vende uma intenção propagandística: a imponência das construções espelha a
grandeza de Roma; que foi completada com o grande número de construções comemorativas (arcos
do triunfo, colunas, pórticos monumentais), pois estas construções produziam o efeito decorativo e
cénico necessário à exaltação do poder imperial.

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 A escultura
As obras de escultura eram muito numerosas, o Estado e os magistrados multiplicavam-
nas nos fóruns, nas ruas e nos monumentos da cidade.
A produção estatuária foi fortemente influenciada pela escultura grega, pois ficaram
fascinados com a alta qualidade técnica dos artistas helénicos, realizando numerosas copias das
estátuas mais famosas. Mesmo admirados com a arte grega, tinham também a sua originalidade, e
demostravam também o intenso realismo, onde tudo é retratado com tal pormenor que nos
conseguem passar a ideia do carater do personagem.
Também originais foram as estátuas equestres (fundidas em bronze) que embelezavam as
praças e exaltavam a figura dos imperadores, infelizmente todas se perderam, exceto a de Marco
Aurélio.
Outra vertente da arte de esculpir era o relevo, usaram-no como elemento decorativo, que
servia também para narrar os grandes feitos do povo romano e exaltar as virtudes dos seus
chefes – campanhas e vitórias militares, procissões e sacrifícios religiosos, alocuções imperiais ou
menções de paz e prosperidade de que gozavam os povos do império. A este relevo chamava-se
relevo histórico-narrativo, e foi utilizado em construções comemorativas (arcos do triunfo,
colunas, sarcófagos).

 A poesia
O principado de Augusto e todo o século I d.C. corresponderam a uma época de grande
brilho cultural. O imperador chamou a sua corte de poetas e escritores, seu amigo Mecenas reuniu
também os maiores talentos literários da época e incentivou-os de tal forma que o seu nome ficou
sempre ligado á proteção das artes (mecenas, mecenato).
A literatura atinge o seu auge, poetas como Virgílio, Horácio e Ovídio souberam dar ao
latim uma repercussão e uma expressão sublimes.
Octávio incentivava os autores a exaltarem as virtudes da sua pessoa e os benefícios do seu
reinado. A poesia fez-se também eco da gloria de Roma e da grandeza do príncipe, servindo com
um meio de propaganda imperial. Destacou-se principalmente Públio Virgílio Maro (70-19 a.C.). o
imperador dedicou os seus últimos anos de vida para escrever uma obra épica, a Eneida, um poema
nacional que fala sobre os romanos serem descendentes dos deuses e Augusto o homem
predestinado para governar o império, que lhe trouxe mais poder, fama e prosperidade.

 A história
A História revestiu-se de uma feição pragmática, que procurava justificar o domínio de
Roma e pôr em evidencia a sua ação civilizadora, este objetivo está presente nas obras de Políbio,
Salústio, Tito Lívio e Tácito. Tito Lívio foi o que glorificou mais a História da sua pátria, dedicando
40 anos da sua vida para escrever uma obra que abrange toda a História de Roma, desde a fundação
até ao ano 9 a.C.

 O ensino
Ao completar os 7 anos, meninos e meninas eram enviados para ao litterator (professor
primário), que lhe ensinava as primeiras letras, apenas os mais abastados podiam dispor de mestres
particulares, e estudavam em casa.
O currículo deste ensino primário (7-11 anos), era semelhante ás escolas helénicas. Para
além da escrita, leitura e cálculo, os alunos decoravam trechos poéticos mais edificantes e
máximas morais.
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O ensino obedecia a determinados fins educativos, e Cícero enumerou-os: o domínio de si,
a obediência a toda a autoridade e a benevolência para com o próximo.
Para o nível secundário (gramático) transitavam apenas aqueles (rapazes/raparigas) que
tinham mais posses pois era muito mais dispendioso. Lá aperfeiçoavam os conhecimentos da língua
e estudavam as principais obras literárias. A matemática, a geometria, a música e a astronomia
ocupavam um lugar secundário.
Aos 17 anos, uma minoria de rapazes ingressava no ensino superior (rethor, mestre da
retorica). Na Roma houve muitas mulheres extremamente cultas, mas este terceiro nível de
ensino não lhes fazia qualquer sentido, já que se centrava na aprendizagem da retorica e do direito,
destinados a altos cargos políticos reservados a homens. O ensino de um rethor representava uma
forma de aceder a postos elevados na sociedade romana.

 A difusão da rede escolar


O estado desde cedo incentivou o ensino, no qual viu um poderoso meio de unificação
cultural do império, por isso:
o Insistiu com as autoridades municipais para que
criassem escolas e suportassem seus custos
o Concedeu proteção aos professores e privilégios
de ordem fiscal (sem impostos)
o Financiou a atividade de alguns gramáticos, de
retóricos, para tornar o ensino gratuito
A escola foi uma instituição reconhecida, da qual se esperava a formação
do bom homem, identificado como cidadão cumpridor honesto, inteligente e culto.
Os romanos sabiam que a educação e a cultura faziam muito por um
império.

 Romanização da Península ibérica 


O mundo romano atingiu um notável grau de uniformidade cultural,
devido a ter o mesmo urbanismo, a mesma estrutura social, a mesma língua, a
admiração pelos mesmos deuses e as mesmas leis. A esta integração plena das
províncias do espaço civilizacional romano chamamos romanização.
ROMANIZAÇÃO  processo de transmissão da cultura romana aos diversos povos
do império. Foi um processo lento que atingiu todo o espaço político romano. Na
opinião de certos historiadores, a Romanização terminou com o Édito de Caracala
(212 d.C.), que concedeu a plena cidadania a todos os homens livres do império.
Foi um processo lento que transformou em cidadãos romanos os povos conquistados,
todo o império sofreu a influencia da romanização. A Hispânia era a província mais romanizada do
Ocidente.

 A conquista
Os romanos chegaram pela primeira vez à Península Ibérica em 218 a.C. e fixaram-se na
região mediterrânica, onde não encontraram grandes dificuldades, pois os habitantes, habituados ao
contacto com povos diversos) opuseram pouca resistência e o seu domínio estabeleceu-se
rapidamente.

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Na zona central e na zona norte da Hispânia foi onde passaram por variadas
dificuldades. Tribos aguerridas, como a dos Lusitanos (chefiados por Viriato, 181-139 a.C.)
lutaram ferozmente contra o domínio estrangeiro.

Durante dois seculos militares romanos ficaram na Península e os mais prestigiados generais
ficaram ao comando das operações contra os resistentes, acabou por ser o próprio Octávio a
concluir pessoalmente a pacificação do território.
A conquista da Península foi, então, difícil e atribulada, durando dois seculos, mas mesmo
antes de dominada os romanos já tinham iniciado o processo de romanização.
 os veículos da romanização
A romanização estendeu-se de forma desigual em toda a Hispânia. No Sul, a cultura
romana entrou rapidamente e profundamente, nas zonas central e norte da Península as
populações permaneceram mais ligadas à cultura nativa, sendo um processo de romanização mais
lento e superficial. Os romanos deixaram (na sua permanência de 7 seculos) uma obra notável e
duradoura.

 O exército e a imigração
Os legionários contactaram de perto com habitantes locais e alguns estabeleceram-se
definitivamente na Hispânia. Muitos deles casaram com mulheres nativas, formando famílias
hispano-romanas, que contribuíram para multiplicar o número de cidadãos romanos, pois os seus
filhos herdam o esse estatuto, a este acontecimento chamamos miscigenação.
Vieram para a Península numerosos imigrantes italianos, para fugir às guerras civis do
século I a.C., aqui refizeram as suas vidas.
O aumento do número de verdadeiros romanos e os muitos contactos estabelecidos entre
as populações locais impulsionaram a aculturação (processo de adaptação de um povo a uma
cultura diferente da sua).

 Ação das autoridades provinciais


As autoridades romanas tiveram uma ação relevante na aculturação dos povos dominados, e
embora tivessem imposto através da força novas formas de viver, as autoridades romanas
mostraram uma atitude de tolerância e respeito pelos nativos, que puderam preservar os seus
costumes. Isto estabeleceu um clima de paz e confiança, e foi muito positivo para o processo de
romanização.
Para acelerar este processo, as autoridades provinciais não só se empenharam na construção
de obras publicas como souberam atrais os filhos dos chefes indígenas. Assim criaram elites locais,
construídas por indivíduos completamente romanizados.

 A língua, a religião e o direito


A língua foi a herança mais duradoura que os romanos nos deixaram, falar latim era uma
condição para ascender socialmente, pois esta era usada nos documentos e atos oficiais. O latim
rapidamente se tornou na língua comum que uniu conquistadores e conquistados.

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A religião estendeu os deuses romanos oficiais às regiões mais afastadas. Atuou
positivamente a tolerância romana, que soube impor os seus cultos sem proibir os dos outros,
fazendo com que as antigas divindades coexistissem com as romanas, às quais se destinavam os
templos mais luxuosos, local de culto, também, ao imperador.

O direito desempenhou um papel inicial nas relações entre romanos e os povos dominados, o
respeito pela lei era impostas e todos a aceitavam, vendo nele garantia da ordem, da segurança e
da paz.

 Uma densa rede de cidades


Os romanos fizeram da cidade o centro da sua vida política, económica, cultural e
religiosa, pois nela residia o núcleo da cultura e do seu modo de viver, por isso o processo de
romanização arrastou consigo o desenvolvimento da vida urbana.
À exceção da província da Bética (onde a tradição urbana era antiga), a Península Ibérica, era
uma região de povoados. Os romanos sentiram a necessidade de remodelar profundamente núcleos
indígenas e de proceder com a fundação de cidades novas.
Estas cidades tornaram-se um polo de atração dos habitantes locais, deixando ao
abandono muitas das antigas povoações.
As cidades não tinham todas o mesmo estatuto. Algumas eram colónias, cidades criadas de
novo e povoadas por verdadeiros romanos, estas
tinham os mesmos direitos e privilégios de Roma,
cidades de Direito Romano e os seus cidadãos
tinham uma cidadania plena. Outras eram
municípios, povoações ou cidades preexistentes que
os romanos distinguiam com privilégios, usufruíam
do Direito Latino, gozavam de uma autonomia
administrativa, ou seja, possuíam instituições de
governo próprias.
As restantes cidades partilhavam uma
condição inferior, a de cidade estipendiarias, eram obrigadas a pagar pesados impostos
(stipendium).
O elevado nível de romanização da Península proporcionou, na segunda metade do seculo I,
a elevação das cidades estipendiárias da Lusitânia a municípios, o que aproximou mais os
conquistadores e os conquistados.
Este processo terminou em 212 quando o imperador Caracala transformou todos os Homens
livres do império em cidadãos (Edito de Caracala).

 A rede viária e o desenvolvimento económico


A excelente rede de estradas romanas, foi construída, inicialmente, com o fim de facilitar a
deslocação do Exército. Estas vias permitiam a rápida circulação de pessoa e de mercadorias,
unindo regiões isoladas.

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Até á chegada dos romanos, a maioria dos povos da Hispânia subsistia pobremente
dedicando-se à pastorícia. O comercio era raro e a moeda mal circulava, então os romanos
rapidamente inverteram a situação, fazendo da Hispânia uma das regiões mais prosperas do império.
Em termos agrícolas, exploraram intensamente os solos, produzindo para exportar,
grandes propriedades rusticas (villae) espalharam-se por todas a parte, para produzir cereais, vinho,
azeito de alta qualidade.
Desenvolveram, também, as indústrias, de extração mineira, pois a Península era
extremamente rica em questão de recursos mineiros, a indústria do vidro, as forjas, olarias,
tecelagem e o fabrico de conservas. Criaram o garum, conserva de peixe muito apreciada em todo o
império.
Com o florescer do comercio as feiras e os mercados multiplicaram-se, a moeda circula
abundantemente.
Sob o domínio romano, toda a Península formou um só espaço económico que se integrava
na prospera economia do império, este foi o primeiro mercado comum, um espaço económico
articulado e coeso.
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