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O primeiro direito que serviu de base ao Direito Romano foi o Direito Comum
Europeu (DCE).
Porque existe um DCE?
● O Direito Romano foi construído entre o século III a.C e o I d.C.
● Aplicou-se nos tribunais portugueses até 1867 (2ª metade do século XIX).
● O Direito Romano foi muitas vezes tido como base em decisões e
fundamentações.
● Na Grécia, o Direito Romano foi utilizado até ao início da 1ª Guerra Mundial
(1914).
● No séc. V a.C (450 a.C), Roma tinha uma compilação de leis escritas, tribunais,
peças processuais, magistrados, recursos, entre outros.
Na Península Ibérica não existiam leis escritas, estando apenas presente na sociedade
o Código dos Visigodos.
● As eleições eram realizadas pela população (povo).
● Os juízes eram analfabetos.
● Não existiam tribunais, ou seja, o clero e a nobreza faziam, muitas vezes, justiça
pelas próprias mãos (justiça privada).
NOTA: Mais tarde, as nossas compilações foram inspiradas no Direito Romano.
AS FAMÍLIAS DO DIREITO
1. Família Romano Germânica
● Influência Germânica
FUNDAMENTOS DO DIREITO
COMUM EUROPEU1º ANO – 1º SEMESTRE12 Novembro 2019
Obrigação – Vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa (devedor) está adstrita
para com outra (credor) à realização de uma prestação.
Quais as fontes das obrigações/ Quais os factos jurídicos que dão origem a uma
obrigação?4
● Contratos;
● Factos ilícitos (Difamação / Danos Morais) – Geradores de indemnizar o lesado
pelos danos causados;
→ Delitos – previstos no ius civile
→ Quase Delitos – previstos no ius honorarium
● Atos unilaterais – São factos parecidos com contratos, mas não o são pois falta
o acordo;
CONTRATO
O contrato é um negócio jurídico que implica um acordo com duas ou mais
declarações de vontade que convergem para o mesmo fim (fim prático e tutelado pelo
Direito).
Negócio Jurídico – Facto voluntário, facto lícito assente numa ou mais declarações de
vontade tuteladas/protegidas pelo direito. As declarações de vontade são destinadas a
produzir efeitos jurídicos.
Contrato unilateral – é aquele que só gera obrigações para uma das partes. Ex.:
Testamento.
Contrato bilateral – é aquele que gera obrigações para todas as partes.
FUNDAMENTOS DO DIREITO
COMUM EUROPEU1º ANO – 1º SEMESTRE12 Novembro 2019
♦ CONTRATOS REAIS
Contrato real é aquele cuja perfeição (aptidão para produzir os efeitos jurídicos) não
basta o consenso entre as partes para produzir os seus efeitos jurídicos.
● enquanto não há entrega da coisa não há contrato ( contrato
real) ex: alguém pede emprestado 1 euro a alguém só há
contrato quando a pessoa entrega esse euro
MÚTUO
Contrato unilateral através do qual uma pessoa, que recebe de outra a
propriedade de determinada res, se obriga a restituir igual quantidade do mesmo
género e qualidade.
É constituído por dois elementos:
- Transferência de direito de propriedade sobre coisas fungíveis;
- Consenso – O mutuário obriga-se a restituir outro tanto de igual natureza no mesmo
valor e na mesma quantidade.
Apesar do contrato mútuo ser gratuito, nada impede que as partes
estabeleçam juros. Já no Direito Romano, a lei estabelecia quais as taxas máximas do
juro. A taxa de juro tem de ser estabelecida num outro contrato.
Em certos casos, o contrato mútuo era oneroso: havia sempre juros, não era
necessário estabelecer uma convenção à parte (Ex: contrato mútuo de mercadorias,
concedido por cidade, concedido por bancos, mercantil, etc.)
● enquanto não há entrega da coisa não há contrato ( contrato
real) ex: alguém pede emprestado 1 euro a alguém só há
contrato quando a pessoa entrega esse euro, bens fungíveis.
FIDÚCIA
A fidúcia é um contrato em que uma pessoa (fiduciante), utilizando um negócio
jurídico formal (mancipatio ou in iure cessio), transfere a propriedade de uma coisa
para outra pessoa (fiduciário), que se obriga a restituí-la depois de realizado o fim
definido num acordo não formal designado pactum fiduciae.
A fidúcia foi aplicada para a satisfação de diversas finalidades. Destaca-se:
FUNDAMENTOS DO DIREITO
COMUM EUROPEU1º ANO – 1º SEMESTRE12 Novembro 2019
DEPÓSITO
Contrato em que uma pessoa (depositante) entrega a outra (depositário) uma
coisa móvel para que guarde e restitua num determinado prazo ou quando o
depositante pedir, sem a possibilidade de a utilizar.
Casos particulares do depósito (o nosso código civil só prevê 2):
● Depósito necessário – é aquele no qual o depositante, em circunstâncias
excecionais não pode escolher o depositário (Ex: acidente de carro –
depositário toma conta do carro acidentado).
● Depósito de sequestro – resulta de um litígio entre duas ou mais
pessoas que depositam o bem. O depositário é um terceiro que se
obriga a restituir o bem depois de resolvido o litígio à parte ganhadora.
São dois a depositar e só um recebe de volta.
● Depósito irregular/ Depósito de coisas fungíveis – é o depósito que se
traduz na transferência da propriedade de um coisas fungíveis,
obrigando-se o depositário a restituir outro tanto do mesmo género e
qualidade a pedido do depositante. Sendo proprietário da coisa
depositada, o depositário podia dispor e usá-la livremente.
COMODATO
Contrato em que uma pessoa (comodante) entrega uma coisa móvel ou imóvel
a outra pessoa (comodatário) para que a use gratuitamente, durante certo tempo e
segundo o modo acordado, e a restitua. O comodatário torna-se simples detentor,
mantendo-se a propriedade e a posse no comodante.
O comodatário obriga-se:
- a usar a coisa segundo o que foi acordado com o comodante;
- a não a deteriorar;
- a restituía-la nas mesmas condições em que as recebeu.
Caso use a coisa diferentemente ao acordado:
● No direito clássico, é responsável por custódia, por isso, se a coisa for
roubada, responde perante o comodante.
● No direito do Imperador Justiniano, responde com base da culpa, exceto
se o comodato foi realizado no interesse exclusivo do comodante ou
para satisfazer um interesse comum: naquela hipótese, a sua
responsabilidade depende de dolo; nesta, da culpa em concreto.
O comodante obriga-se:
- a ressarcir os gastos necessários que o comodatário fez para conservar a coisa;
- a indemnizar os danos eventualmente causados.
FUNDAMENTOS DO DIREITO
COMUM EUROPEU1º ANO – 1º SEMESTRE12 Novembro 2019
PENHOR
Contrato em que uma pessoa entrega a outra uma coisa para garantir uma
obrigação própria ou alheia. O devedor (credor da obrigação garantida) torna-se
possuidor, mas em nome do credor.
Aí são fixadas as faculdades concedidas ao credor pignoratício sobre a coisa e a
obrigação de a restituir após a extinção da relação obrigacional garantida.
Portanto, este contrato, cuja perfeição é necessária a transmissão da coisa,
produz duas relações distintas:
● Um direito sobre a coisa a favor do credor da obrigação que se pretende
garantir.
● A obrigação de o credor pignoratício conservar e restituir a coisa depois
da extinção da obrigação garantida.
♦ CONTRATOS CONSENSUAIS
Os contratos consensuais caracterizam-se pelo facto de a sua validade só depender
do acordo das partes, que pode manifestar-se de qualquer modo. Portanto, não é
necessária a forma determinada (como nos contratos verbais e literais), nem a entrega
da coisa (como nos contratos reais).
COMPRA E VENDA
FUNDAMENTOS DO DIREITO
COMUM EUROPEU1º ANO – 1º SEMESTRE12 Novembro 2019
● Obrigações do vendedor
a) Transferir a posse livre e pacífica da res: A res devia encontrar-se livre de
vícios e não devia ser precária. O vendedor obrigava-se a transferir a posse
da res ao comprador e responsabilizar-se por evicção, este tinha que
assegurar a manutenção da posse durante o tempo que fosse necessário, o
fim da compra e venda é a transferência de propriedade; se fosse romano
adquiria o direito de propriedade pelo usucapião, caso fosse estrangeiro as
suas obrigações eram perpétuas.
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COMUM EUROPEU1º ANO – 1º SEMESTRE12 Novembro 2019
c) Cuidar da res até à sua entrega: o vendedor devia atuar com a diligência de
um homem normal, por isso se a res desaparecesse ou fosse deteriorada
por um evento fortuito ou força maior, não seria responsável e só devia
entregar ao comprador o que restasse materialmente da res. Quanto ao
comprador, era responsável pelo risco.
● Condição suspensiva: o contrato está perfeito, mas ainda não
produziu todos os seus efeitos, pois temos uma suspensão, por
exemplo, para experimentar um carro que vai comprar, contudo a
responsabilidade é do comprador.
d) Responder pelos vícios ocultos da res: Não são detetáveis aparentemente
os defeitos da coisa, vícios ocultos no momento da compra e venda, apenas
mais tarde detetáveis.
● Foi desenvolvido inicialmente na compra e venda de escravos, o
vendedor tem a obrigação de informar o comprador de vícios
ocultos, por exemplo: um escravo que tivesse cometido delitos, ou
um animal que tivesse uma doença.
● O comprador podia demandar o vendedor, caso houvesse vício
oculto, com uma das seguintes ações:
1) Resolve o contrato (2 meses para acionar) – faz cessar o
contrato com uma causa (o vício da coisa). O comprador
devolve a coisa e tem direito de ser ressarcido no dobro do
preço.
2) Redução do preço – permitia ao comprador obter uma
diminuição do preço, em consequência ao vício da res.
● Obrigações do comprador
a) Transmitir a propriedade do preço ao vendedor. Também está obrigado
a juros se não pagar o preço decorrido um certo tempo após a receção
da res.
b) Obrigação de receber a coisa, e caso não o faça quando o contrato está
perfeito, o comprador é responsável pelos danos.
c) Reembolsar o vendedor dos gastos feitos para conservar a res.
d) Responder pelo risco, o risco corre pelo comprador.
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● Elementos da locação
o Consenso: é o acordo das partes, como sucede em qualquer
contrato consensual, basta o consenso para criar a relação
obrigacional.
o Objeto: pode ser uma res que o locatário deve usar segundo um
modo acordado durante um certo tempo; uma atividade laboral
que o locador deve realizar no tempo acordado; ou uma res que
o locador entrega ao locatário para fazer determinada obra.
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1. Locação de coisa
● Obrigações do locador:
a) Proporcionar o gozo da coisa, para os fins a que se destina no tempo
acordado;
b) Fazer as reparações necessárias para evitar a deterioração ou
destruição da res;
c) Ressarcir o locatário dos gastos que fizesse em reparações
necessárias.
● Obrigações do locatário:
a) Pagar a merces (renda- habitualmente mensal);
b) Conservar a coisa e usá-la para o fim a que se destina;
c) Restituir a res quando terminar o prazo;
d) Ressarcir o locador por danos causados à res.
● Resolução do contrato
1. o locador quando:
▪ o locatário não pagar a renda;
▪ o objeto é danificado;
▪ quando o locador pretender usar a casa.
2. o locatário quando:
▪ o locador não entrega a coisa;
▪ se a coisa tem defeito ou não tem as características acordadas;
▪ há um temor fundado de um perigo.
● Causa de caducidade
1. O contrato caduca no final do prazo;
2. Se a coisa é destruída ou desaparece;
3. Quando o direito de usufruto acaba.
2. Locação de trabalho
Nesta locação, o locador (trabalhador) obrigava-se a pôr a sua atividade laboral à
disposição do locatário (patrão) durante um certo tempo, mediante o pagamento de
uma remuneração (merces).
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3. Locação de obra
Contrato pelo qual o locador entrega uma coisa ao locatário para que este
transforme uma matéria-prima numa obra a troco de um preço (remuneração) que o
locador pagará ao locatário (invertem-se as posições de locador e locatário por
comparação com as outras locações).
A locação de obra não tinha que ter um prazo certo.
(Locador – dono de obra/Locatário – empreiteiro)
SOCIEDADE
A sociedade é um contrato consensual, em que duas ou mais pessoas se obrigam
reciprocamente a pôr em comum determinados bens (património) ou trabalho com
vista à obtenção de um fim patrimonial comum. É um contrato de boa fé.
● Elementos essenciais:
a) Consenso: é o acordo de vontades dos sócios de pôr em comum uma
determinada res ou de dirigirem o seu trabalho para a realização de um
fim comum útil.
b) Objeto: é constituído pela res ou pelo trabalho (atividade laboral, manual
ou intelectual) ou ambas as coisas que os sócios levam para a sociedade.
c) Finalidade: é o interesse comum que as partes se propõem a realizar,
deve ser lícito e suscetível de constituir uma utilidade ou vantagens
patrimoniais para todos os sócios.
▪ Admitia que os sócios não participassem nos ganhos e nas perdas,
mas era proibido, tal como hoje, que o socio só participasse nos
ganho e não nas perdas
MANDATO
O mandato é um contrato consensual e bilateral imperfeito no qual uma
pessoa (mandante) encarrega outra (mandatário) de realizar uma determinada
atividade no interesse do mandante, de um terceiro, ou destes e do mandatário, que
se obriga, por sua vez, a realizá-la gratuitamente. É um contrato do ius gentium, de
boa fé e inspira-se na confiança das partes.
● Constituído pelos seguintes elementos:
→ Consenso: é o acordo entre quem dá e quem aceita o encargo de realizar
certo ato. Pode manifestar-se de qualquer modo: através de declaração
ou dum comportamento de que possa deduzir-se seguramente
→ Objeto: é a atividade que o mandatário se obriga a realizar. Deve ser
lícita e determinada e não é necessário que consista num negócio
jurídico: qualquer serviço pode ser objeto de mandato, desde que seja
gratuito.
→ Finalidade: o mandato deve satisfazer um interesse do mandante, dum
terceiro ou conjuntamente também do mandatário. Não há mandato,
mas simples conselho, se a atividade beneficiar exclusivamente o
mandatário.
● Obrigações do mandatário:
a) Cumprir o encargo: seguindo as instruções do mandante ou, se não
existirem, segundo a natureza da atividade a realizar.
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COMUM EUROPEU1º ANO – 1º SEMESTRE12 Novembro 2019
● Exemplos de mandato:
o Um advogado a representar outra pessoa em tribunal;
o Mandato como representação – Representa em nome de alguém, todos
os efeitos jurídicos são na esfera do mandante
o Mandato sem representação – age em nome próprio, mas nos interesses
do mandante.
o Exemplo: comprar uma coisa para o mandante que não lhe possa
ser vendida.
Mandante Mandante
Mandatário Mandatário
Os produtos comprados tinham má qualidade B não pagou a C, no nosso ordenamento
(vícios ocultos), em Roma inicialmente, B tinha jurídico ele demandava o A, mas em Roma,
que demandar o C e só depois chamar à ação o teria que demandar B e este chamar à ação o
A. A, visto que não existia representação direta.
A partir de certa altura (finais da época clássica) o pretor veio progressivamente permitir
que C e A se demandassem diretamente.
● Extingue-se por:
→ Execução do encargo ou impossibilidade material ou jurídica de o realizar;
→ Vencimento do prazo fixado;
→ Acordo das partes;
→ Revogação do mandante;
→ Renúncia do mandatário;
→ Morte do mandante ou do mandatário.
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