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HISTÓRIA DO DIREITO PORTUGUÊS

DIREITO SUPRA REGNA (ou supra-‘estatal’)


DIREITO CANÓNICO
HISTÓRIA DO DIREITO PORTUGUÊS
Definição. Designações
Evolução (síntese):
Direito canónico antigo (ius vetus)
• Direito diserso
Direito canónico clássico (ius novum: a partir do Decreto de Graciano). Influência do
direito romano.
• Novo porque foi reconstruído a partir do renascimento do direito romano justinianeu – o
desenvolvimento do novo direito da igreja também teve por razão o renascimento do direito romano
Direito canónico pós-clássico (ius novissimum: a partir do Concílio de
Trento:1545/1564)
Direito canónico moderno (Codex Iuris Canonici:1917/1918; Codex Iuris
Canonici:1983)
Corresponde à codificação – teve uma evolução bastante semelhante à do direito romano.
HISTÓRIA DO DIREITO PORTUGUÊS
FONTES
DIREITO DIVINO

Sagradas Escrituras – texto bíblico


Antigo Testamento: preceitos cerimoniais; judiciais; morais.
Novo Testamento: direito divino; divino-apostólico; apostólico.
Tradição: conhecimento oral, translatício que pode tratar matéria tratada
nas escrituras - inhesiva; declarativa; constitutiva.
DIREITO HUMANO
Costume. Prático social reiterada com convicção de obrigatoriedade.
Requisitos (v.g. antiguidade; racionalidade) – o costume, quando nasce,
nasce perfeito – só há costume com psrcco – a norma é um costume mas
não é bom – estes requisitos servem para delimitar esta fonte de Direito –
foi usada pelos monarcas, quando estes desejam impor as suas normas,
afastando o costume. A norma existe mas não é considerada um bom
costume.
e a sua ratio ou fundamento.
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Cânones – normas conciliares Concílios: assembleias religiosas
Estes concílios podem ter uma amplitude mais ou menos ampla.
Quando a Igreja esteve mais descentralizada, estas decisões eram relevantes, mas à medida que o tempo passa as decisões conciliares perdem
importância.
Cânone – pode ser usada num sentido amplo (toda a norma de direito canónico) ou em sentido estrito (norma das assembleias eclesiásticas).
Decretos e Decretais. Produção normativa do Papa – resposta que se coloca (ou não), é emitida ouvindo a cúria (ou não, pronunciadose
autonomamente)
(curialistas e conciliaristas)
Centravam o poder na cúria – Centravam o poder no concílio.
Doutrina
Canonistas e civilistas (na universidades estudva-se direito romano e direito canónico – especialistas em direito romano, no ius civile, e
formados no direito canónico – sendo que havias juristas). Utrumque Ius. Doutores in utroque (juristas formados em “um e out (aliança que tem
natureza predominantemente teórica, embora tivesse aplicação prática, entre o direito coanónico e o direito romano, mantendo a sua
individualidade) ro direito”: nos dois ordenamentos jurídicos – direito romano e direito canónico – não existiu uma fusão entre os dois
ordenamento mas sim dois ordenamentos que foram estudados autonomamente e que receberam influência um do outro – mantêm a sua
individualidade mas têm ligação entre vi a nível prático e teórico) Escolas Decretistas decretalistas . Ius Commune (o novo direito da igreja foi
construído com o auxilio do direito romano, mas o direito romano estudado no PM recebeu influências dos direitos locais e do direito canónico –
era necessário compatibilizar o direito romano com os próprios princípios do direito canónico). Princípio da mútua subsidiariedade (há momentos
em que o direito canónico se pode socorrer do direito romano ou vice-versa – há influência nos dois sentidos ). A influência do direito canónico
(direito da família – casamento enquanto contrato; direito das obrigações – boa fé ; direito processual – racionalização da prova – a Igreja condenou
a prova irracional; “adoçamento da ordenação laboral” – descanso do trabalho ao domingo devido ao facto de ser “Dia do Senhor”; direito penal – o
juíz é muito comparado a um confessor – olha para o caso e tenta averiguar os factos, modelando a sanção em função desses factos ; direito
internacional / penintenciária – ideia de penitência) – o direito canónico também está entre nós
Concórdias e concordatas
Acordos internos entre o Rei e clero nacional /Acordos internos entre o Rei e o Papa
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Corpus Iuris Canonici – temos duas grandes compilações: esta e o Corpus Iuris Civilis

Decretum de Graciano ou Concordia discordantium canonum (1140)


(auctoritates + dicta)
Graciano foi monge que teve a ideia de compilar as fontes do direito canónico que andavam avulsa (existe uma descentralização d
a Igreja e uma dispersão de fontes) - agregar as fontes do Direito Canónico – como existiam normas contraditórias, fê-lo recorrendo
a procedimentos como o afastamento da norma geral pela norma especial.

Graciano harmonizou as fontes.


Autorictate – fontes
Dicta – comentários de Graciano de forma a harmonizar essas fontes.

IUS NOVUM DA IGREJA

Decretais de Gregório IX (1234)


(5 livros: judex; judicium; clerus; connubia; crimen)
Fase em que se superou a dispersão e se pretende desenvolver a produção normativa
As nossas ordenações, da Idade Moderna, também estavam divididas em 5 livros: suscita-se a inspiração.

Sexto (Bonifácio VIII, 1298)


Continuação dos cinco livros - a compilação vai-se formando ao longo do tempo.
Sétimo ou Clementinas
(publicação,1313, por Clemente V; aprovação por João XXII, 1317)
Continuação dos seis livros.
Extravagantes
(E. de João XXII e E. Comuns)
As normas que ainda estavam dispersas e soltas e foram agregadas.
Quando se acaba a compilação do Direito Canónica, também se poderia ter dado uma designação de conjunto às obras do CIC.
Temos aqui os dois grandes monumentos jurídicos do Período Medieval.
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Aplicação do Direito Canónico
Tribunais Eclesiásticos
• Determinação da competência - Se temos tribunais régios e tribunas eclesiásticos como
saber a qual recorrer?
• Critério da matéria (ratione materiae)
• Alguma das matérias eram próprias de cada tribunal – o direito da família era competência própria dos tribunais eclesiásticos;
• Critério da pessoa (ratione personae);
• Algumas pessoas tinham privilégio do foro (isto é, de ser julgadas em determinados tribunais): membros do clero; as “pessoas miseráveis”(pessoas
que se considerava que necessitavam de alguma proteção – viúvas, órfãos, universitários –professores e alunos - , …
• Para alguns este privilégio era renunciável e, para outros, não.
• O Monarca quer alargar a competência dos seus tribunais e, nesse sentido, por exemplo, fixa que o contrato deixa de necessitar de juramente
(mecanismo de garantir o cumprimento, isto é, perante Deus juravam que iriam cumprir o contrato) – desta forma limita as competência dos
tribunais religiosos.

Tribunais Régios (civis ou seculares)


(o problema da relação entre o Direito Canónico e o Direito Régio –
qual se aplica em primeiro lugar?)
Também aplica Direito Canónico.
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Relação entre o Direito Canónico e o Direito Régio
O Direito Canónica aplicou-se durante muito tempo nos tribunais régios, sendo que a sua relação com o Direito Régio é que passa por desenvolvimentos:
Normalmente a historiografia do direito português, numa primeira fase o direito canónico foi preferencial ao direito régio – tese seguida durante muito tempo. Esta conclusão foi retirada da:

Cúria de Coimbra de1211, Afonso II: Aplicação preferencial do Direito Canónico


(a interpretação da lei: interpretação tradicional; interpretação restritiva de Braga da Cruz “direitos”; Prof.
Duarte Nogueira)

As cúrias possuam clero e nobreza – quando o povo passamos a estar perante as Cortes. Nesta Cúria, produz uma lei relativamente à
relação entre DC e DR que existe uma aplicação preferencial do DC.
A lei refere-se às situações de conflito positivo – a mesma matéria é regulada no direito régio e no direito canónico.
Braga da Cruz – nem todo o Direito canónica era direto preferencial mas sim a parte do direito canónico que estabelece privilégios para a
Igreja ou especiais direitos.
Duarte Nogueira – dá razão a Braga da Cruz – o professor observou que nesse pacote legislativo algumas disposições afastam preceitos e
privilégios da igreja - no fundo, trata-se de uma declaração político e não de uma lei em sentido próprio.

Período das Ordenações: D.C. subsidiário


Critério do pecado - resolução de problemas que surgem nos tribunais régios;

Lei da Boa Razão (1769): aplicação nos tribunais eclesiásticos, em regra


O problema deste relação foi tratado na cúria de 1211, em que Afonso II produz o primeiro pacote
legislativo;
José Duarte Nogueira (2006).
Lei e poder régio. I. As leis de Afonso II. Lisboa: AAFDL.
José Duarte Nogueira (2006).
Lei e poder régio. I. As leis de Afonso II. Lisboa: AAFDL.
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Restrições à aplicação do Direito Canónico. Beneplácito Régio


Noção. Origem.
Justificação: tradição ou costume antigo; liberdade e interesse da
Igreja; evitar falsificações…
Vigência
As determinaçãoes do DC não era obrugatórios sem prévio Beneplácito,
isto é, consentimento, Régio, do monarca. Trata-se de um instituto que
serviu para limitar o Direito Canónico –não se aplica diretamente o DC
mas apenas aqueles que têm o Beneplácito do Rei.
A Igreja queixa-se e o Monarca defende-se dizendo que este instituto até
seria do interesse da Igreja na medida em que se chegou à conclusão
que existiriam textos eclesiásticos falsos – dessa forma, o Rei controla a
autenticidade destes textos. Suscita-se o seu aparecimento com
D.Pedro I. Tentativa de controlo de aplicação do DC.

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