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Direito Canônico
Introdução – Página 4
1- Noção geral de direito – Página 4

Canônico – Página 4
Eclesiástico – Página 4

2- NOÇÃO DE DIREITO CANÔNICO ECLESIÁSTICO – Página 4

3- Formação do Direito Canônico – Página 5

Capítulo 1: Os Fiéis Católicos (cc. 204-223) – Página 7

Capítulo 2: A posição do leigo na Igreja (cc.224-231) – Página 8

Capítulo 3: A posição do Clero na Igreja (cc.232-293) – Página 9

Capítulo 4: As Associações dos Fiéis (cc. 298-329) – Página 11

O Povo de Deus: A constituição Hierárquica da Igreja (cc. 330-


572) – Página 12

Capítulo 5: A Igreja Universal (cc. 330-367) – Página 13

Sínodo dos Bispos – Página 13


Colégio de Cardeais – Página 13
Cúria Romana -– Página 13
Núncios Apostólicos – Página 13

Capítulo 6: As Igrejas Particulares (cc. 368-430) – Página 13

Capítulo 7: A Comunidade Paroquial (cc.515-552) – Página 14

A Vida Consagrada (cc. 573-746) – Página 15

Capítulo 8: Os Institutos de Vida Consagrada (cc. 573-730) – Página 16

A Função de Ensinar (cc. 747-832) – Página 16

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Capítulo 8: A Função Profética (falar em nome de Deus) da Igreja (cc. 756-
780) – Página 16

Capítulo 9: O Ministério da Palavra (cc.762-780) – Página 17

Capítulo 10: A ação missionária da Igreja (cc.781-792) - – Página 18

Capítulo 11: A Educação Católica (cc. 793-821) – Página 19

Capítulo 12: Os Meios de Comunicação Social (cc. 822-832) – Página 19

A Função de Santificar (cc. 834-1253) – Página 20

Capítulo 13: A Liturgia da Igreja (cc. 834-839) – Página 20

Capítulo 14: O Batismo (cc. 849-878) – Página 21

Capítulo 15: A Confirmação (cc. 879-896) – Página 22

Capítulo 16: A Eucaristia (cc. 897-958) – Página 22

Capítulo 17: A Penitência (cc. 959-997) – Página 24

Capítulo 18: A Unção dos Enfermos (cc. 998-1007) – Página 25

Capítulo 19: A Ordem (cc.1008-1054) – Página 26

Capítulo 20: A Dimensão Pessoal do Matrimônio (cc. 1055-1165) – Página 26

Capítulo 21: A Pastoral do Matrimônio (cc.1063-1072) – Página 27

Capítulo 22: Os Impedimentos Matrimoniais (cc. 1073-1094) – Página 28

Capítulo 23: O Consentimento Matrimonial (cc. 1095-1107) – Página 29

Capítulo 24: A Celebração do Matrimônio (cc. 1108-1133) – Página 31

Capítulo 25: A Separação dos Cônjuges (cc. 1141-1165) – Página 32

Capítulo 26: Processo de Nulidade Matrimonial – Página 33

Subsídio, para a aplicação do Motu próprio Mitis Iudex Dominus Iesus – Página 34

A REFORMA DO PROCESSO CANÔNICO PARA AS CAUSAS DE


DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO MATRIMONIO (C. 1671 – 1691) – Página 35
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Introdução
1-Noção geral de direito

Etimologicamente, a palavra direito é oriunda do latim directum, particípio passado


de dirigere (dirigir, (co)mandar). A palavra dirigere procede de regere (reger, governar).
Em latim, direito se diz ius, expressão que pode ter vindo de iuvare (ajudar) ou de Iovis
(outro nome do deus romano Júpiter, regente dos homens, deus da justiça) ou de
iustitiam, iustum (o que é devido ou se opõe como argumento).
Canônico
Canônico é qualificativo que vem de cânon, palavra latina recebida do grego kánon
(régua, guia, norma, critério de medida), equivalente a lei, diretriz, prescrição emitida
pela autoridade social.
Eclesiástico
Eclesiástico refere-se à Igreja, que em grego se diz ekklesía, formado pela preposição ek
(que denota origem) e do verbo kalei (chamar), donde ecclesia em latim, empregado
para exprimir o conceito de assembléia convocada. Na linguagem cristã, é a reunião dos
chamados por Jesus Cristo – a sua Igreja (Mt 16,18) – que ele congregou para que
dessem continuidade à pregação de seu Evangelho e a Boa Nova de salvação da
humanidade, que é o Reino de Deus sobre a terra, a concretização temporal do
Evangelho em vista da plena realização eterna.

A palavra "lei" pode ser usada em sentido lato para significar direito, norma jurídica,
ou seja, regra de conduta que se impõe à generalidade das pessoas, que a devem
respeitar sob pena de poderem vir a sofrer uma sanção caso a não cumpram.

No âmbito do Direito Canônico o costume tem um papel bastante reduzido,


atendendo a que não é escrito e a Igreja sempre escreveu as suas normas. O costume
pode, no entanto, ter alguma importância a nível local, na medida em que tenha sido
consagrado pela jurisprudência dos tribunais eclesiásticos. O certo é que, para ser válido
como fonte de direito, o costume teria que existir e ser usado durante mais de trinta
anos, ser razoável e ser legítimo, ou seja, estar conforme ao Direito Divino e não
contrariar qualquer outra fonte de Direito, como sejam as Sagradas Escrituras, os
Decretos ou Cânones dos Concílios ou as Cartas Decretais dos Bispos e dos Papas ou
mesmo normas jurídicas do Direito Romano que tenham sido recebidas pelo Direito
Canônico.

2-NOÇÃO DE DIREITO CANÔNICO ECLESIÁSTICO

A Teologia Fundamental explica que a Igreja tem, por sua constituição, uma
organização hierárquico-monárquica e possui poderes legislativos, judiciários e
executivos. A função desses poderes é o de guiar, com meios adequados e segurança, o
povo de Deus em sua completa realização. Suas leis, tanto as diretamente dimanadas
da Revelação do Senhor, quanto as que em seu nome são proferidas pela autoridade
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que ele estabeleceu para a ordenação da vida de suas comunidades, ligam os membros
da Igreja, membros do Corpo Místico, cuja Cabeça é Cristo e cuja alma é o Espírito Santo.
Por isso é importante o conhecimento dessas leis e instituições derivadas, de sua
evolução através dos tempos e lugares. Isso demanda pesquisa, e é objeto do estudo
das Fontes do Direito Canônico.

A Igreja é uma Família humana identificada como Povo de Deus. Assumiu e foi-se
desenvolvendo, desde os primórdios, como uma Sociedade organizada e com estrutura
própria. Os preceitos jurídicos que a regem buscam as suas raízes no Antigo Testamento,
sobretudo em Moisés, e fortaleceram-se no Evangelho. Depois, porque se desenvolveu
no Império Romano, a estrutura da Igreja e os seus preceitos jurídicos receberam a
influência da própria estrutura constitucional do Império.

O Direito Canônico é a lei da Igreja Católica, o conjunto das normas que regulam a
vida na comunidade eclesial, diretamente relacionado ao dia-a-dia dos católicos de todo
o mundo. Nasceu no interior do Império Romano e vem até aos nossos dias, mas baseia-
se na herança jurídica e legislativa da Revelação e da Tradição.

O Direito Canônico é um direito ecumênico com sentido universalista, comum a


todos. Dimana da natureza da Igreja. Não pode englobar-se nos direitos internos, por
não ser um direito estatal, nem no direito externo, por não ser um aspecto do direito
internacional.

É o conjunto de normas obrigatórias de conduta, estabelecidas ou aprovadas pela


Igreja para o governo da sociedade eclesiástica e para a vida dos fiéis.

O Direito Canônico não se confunde com os direitos dos Estados, eminentemente


mundanos e assentes no voluntarismo das ideias dominantes em cada época e em cada
região. Pelo contrário, o Direito Canônico assenta no firme princípio da submissão ao
direito divino e ao direito revelado como natural e na inspiração religiosa que tem como
principal finalidade pôr as condições externas para favorecer a salvação das almas que
há-de ser a preocupação fundamental do cristão.

3- Formação do Direito Canônico

Desde as decisões do Concílio de Jerusalém (At 15, 1-33), e perante os problemas


surgidos no decorrer da sua expansão, a Igreja viu-se na necessidade de definir a
doutrina e de estabelecer regras de conduta.

Com a oficialização da Religião Cristã no Império Romano (380 d.C), deu-se a


cristianização das instituições jurídicas, por um lado, e a romanização das instituições
jurídicas da Igreja, por outro. A Igreja passou a ser uma instituição do Império Romano;
daí que as organizações eclesiásticas se tenham adaptado ao sistema de organização do
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próprio Império. (p. e., diocese era uma circunscrição administrativa do Império Romano
e é uma circunscrição eclesiástica administrada por um bispo ou por um arcebispo.) O
Direito Divino (Ius Divinum) contido nas Sagradas Escrituras já não era suficiente para o
governo da Igreja e das relações com os povos que constituíam ou vinham chegando ao
Império.

A Igreja sempre foi realizando Concílios Ecumênicos, quer para condenar essas
heresias, quer para debater e fixar verdades de fé e normas eclesiásticas. Fez-se a
distinção entre pecado e delito. Por isso, tratou de maneira diferente o que dizia
respeito ao foro interno, envolvendo dispensas e graças, e aquilo que conduzia a
julgamento e condenação, ou seja, que dizia respeito ao foro externo. E surgiram os
tribunais eclesiásticos para dirimir conflitos e a Penitenciaria para atender às questões
do foro interno.

A partir do século V, a par do Direito Romano clássico, conservado no Código de


Teodósio e no Corpus Iuris Civilis (530-565), compilação executada pelo Imperador
Justiniano composta por quatro livros (Codex Justiniano,10 Digesto ou Pandectas,
Institutiones Justiniani e Novellae ou leis novas), foi-se formando um Direito Canônico já
bem delineado.

Desde o Decreto de Graciano (1140) até ao Concílio de Trento, a ciência canônica foi
ganhando forma. A partir de Trento até ao Código de 1917 é o período das Institutiones
Canonicae. Depois do Código de 1917, começa o período dos grandes Comentários. A
própria jurisprudência canônica contribuiu para profunda reflexão pós-conciliar acerca
da revisão do Código.

Com séculos de evolução e por diferentes papados passados, o atual código, datado
do ano de 1983 é o que se encontra em vigor. O direito canônico atual é composto por
dois documentos: Codex Iuris Canonici (CDC) que, em português, traduz-se por código
de direito canônico; o Codex Canonum Ecclesiarum Orientalium(CCEO) ou Código dos
Cânones das Igrejas Orientais (referente às Igrejas em comunhão como papa, mas de
outro rito, como por exemplo a Igreja Católica Maronita, entre outras).

Por meio da Carta Apostólica em forma de Motu Proprio Omnium in Mentem,


datada do dia 26 do mês de outubro do ano de 2009, com pareceres dos Padres da
Congregação para a Doutrina da Fé e do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos,
como também das Conferências Episcopais, foram modificadas algumas normas do
direito canônico. Estas, designadamente, são os cânones 1008, 1009, 1086, 1117 e 1124
do Código de Direito Canônico, que trata acerca da aprovação e definição dos requisitos
necessários para a validade dos sacramentos da ordem e do matrimônio e sobre o ato
formal da separação da Igreja.

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Se as mudanças da sociedade humana requerer nova revisão do Código, a Igreja
pode tomar o caminho da renovação, tal como ao longo dos séculos a disciplina da Igreja
se adaptou adequadamente às novas circunstâncias. Como reconhecia o Papa João XXIII,
"o mundo tem os seus problemas e a Igreja sempre tomou a peito esses problemas. A
doutrina da Igreja abarca o homem todo, no seu corpo e na sua alma, e pede-nos que
sejamos, na terra, peregrinos a caminho da pátria celeste".

O Código de Direito Canônico de 1983, conhecido por Codex Iuris Canonici,


abreviadamente CDC, procura traduzir em linguagem canônica a doutrina eclesiológica
do Concílio Vaticano II, sem nunca se afastar da tradição legislativa da Igreja. Está escrito
em Latim, traduzido em línguas vernáculas, e consta de 1752 cânones redigidos em
fórmulas breves e harmoniosas e sistematizados em sete Livros, a saber:
Livro I – Das Normas Gerais
Livro II – Do Povo de Deus
Livro III – Do Múnus de Ensinar da Igreja
Livro IV – Do Múnus Santificador da Igreja
Livro V – Dos Bens Temporais da Igreja
Livro VI – Das Sanções na Igreja
Livro VII – Dos Processos
• Múnus (dever obrigatório)

Capítulo 1: Os Fiéis Católicos (cc. 204-223)


A expressão “Povo de Deus” é extraído da Constituição Dogmática “ Lumen
Gentium”. Na base estão os fiéis e, entre eles, os leigos ocupam, pelo menos
numericamente, o primeiro lugar.

Todo este livro pode ser sintetizado à luz de um duplo sentido: 1) a comunhão
eclesial e 2) a exigência da funcionalidade pastoral.

A primeira noção que se encontra na base do povo de Deus, é a dos fiéis católicos.
O código a exprime com a palavra “christifidelis”: fiéis cristãos. Vêm apresentados como
aqueles que, incorporados em Cristo mediante ao Batismo, são constituído como povo
de Deus e assim, são chamados a exercer a missão que Deus confiou à sua Igreja neste
mundo. Estar em plena comunhão com a Igreja Católica, quando está integrado em
Cristo por meio do tríplice vínculo: Profissão de fé, dos sacramentos e do governo
eclesiástico. (cc.204-205).

Em 1980 ficou decidido, após uma consulta a todos os Bispos do mundo que não
se publicaria nenhuma Lei Fundamental, mas 16 normas seriam incorporadas aos
direitos e deveres fundamentais comuns a todos os fiéis.

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1) A noção básica é a igualdade, entra todos os fiéis existe uma verdadeira
igualdade e dignidade, assim, todos cooperam com a edificação do Corpo de
Cristo, de acordo com a condição e as tarefas de cada um.
2) Comunhão com os pastores da Igreja, de modo especial com a Igreja particular
ou diocese.
3) Levar uma vida santa e colaborar no crescimento e santificação da Igreja.
4) Colaborar na ação missionária da Igreja.
5) Relacionar-se com os próprios pastores, de modo de poder manifestar-lhes as
necessidades da Igreja.
6) Participar dos bens espirituais da Igreja, Palavra e sacramentos.
7) Participar no culto, de acordo com o rito e viver uma espiritualidade própria.
8) Fundar livremente associações com fins caritativos ou religiosos.
9) Exercer apostolado
10) Receber educação e instrução cristã.
11) Dedicar-se à pesquisa teológica e publicar os resultados da mesma.
12) Escolher livremente o próprio estado de vida.
13) Ter uma boa fama e ser respeitado em sua intimidade pessoal.
14) Reivindicar os próprios direitos e ser julgado de acordo com as normas e caso
seja punido, seja de acordo com a lei.
15) Colaborar com a manutenção material da Igreja, promover a justiça e socorrer
os pobres.
16) Ter presente, o bem comum da Igreja e os direitos dos outros.

Capítulo 2: A posição do leigo na Igreja (cc.224-231)


O Código de Direito Canônico (CDC) de 1983 procura a dar um especial realce à posição
dos leigos na Igreja.

Depois de declarar a igualdade fundamental de todos os fiéis, CDC passa à


consideração dos leigos. Os leigos se caracterizam também por uma condição
constitucional própria, que está na origem de sua função específica na Igreja.

No Cânon 225, O CDC começa fundando o ministério do leigo nos sacramentos


do Batismo e da Crisma. Deriva dali o dever de apostolado: anunciar Cristo onde só ele
tem acesso, imbuindo suas ações com o espírito evangélico.

O bem comum temporal se promove através da política, da cultura, do trabalho


profissional, do comércio, da indústria, da agricultura, etc. Este é o campo específico dos
leigos e é neste campo que ele tem direito de fazer livremente suas opções pessoais e
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associativas, sem, contudo querer propor sua própria linha sendo a posição da própria
Igreja. (c.227).

O plano político é o terreno específico dos leigos e não do clero. Onde o clero se
pronuncia sobre assuntos que competem aos leigos, estes se omitem, escorando-se
passivamente nos ombros clericais.

O ministério dos leigos radica-se no tríplice ministério de Cristo: 1) Participam do


caráter profético, como testemunha de Cristo. 2) Na união da sua vida cristã com a vida
temporal, participam da realeza de Cristo, na extensão do seu Reino. 3) Participam da
santificação das coisas e das estruturas humanas, na integração da cultura na vida
religiosa. Numa palavra, o ministério dos leigos abrange a ordem espiritual, pelo dever
de salvação e santificação do mundo; e a ordem temporal, para sua restauração
constante em Cristo.

Note-se que, nesta perspectiva canônica, não é ao clero que compete fazer a
“consagração do mundo”, através de um ato religioso especial, mas ao leigo, através da
sua cotidiana inserção na realidade, e de seu trabalho animado pelo espírito cristão.

O código realça o “ministério conjugal” dos leigos. É na família que eles estão
investidos de um encargo peculiar para a edificação do Povo de Deus. Na Exortação
Apostólica “Familiaris consortio” (J.PII) este tema será muito desenvolvido.

Além desses ministérios, que lhe são característicos, o leigo pode ser chamado a
exercer algum cargo eclesiástico, exercer a função de conselheiro do Bispo ou obter
alguns ministérios instituídos, como leitor ou acólito. (cc.228-230).

Para que isso aconteça, o leigo tem que adquirir formação religiosa adequada
para o exercício do mesmo. Abrem-se as portas de todos os cursos de ciências religiosas
e teológicas, podendo receber o mandato de ensinar as ciências sagradas.

O papel da mulher, exceto quando se trata dos ministérios instituídos, todas as


normas do Código valem, sem distinção. Destaca-se o papel da mulher, ao longo da
história da Igreja como evangelizadora não só da própria família, como dos povos.

Capítulo 3: A posição do Clero na Igreja (cc.232-293)


Passamos a examinar o estado clerical. Na Igreja, por instituição divina, ocupa
um lugar especial, o ministério sagrado, exercido por aqueles que receberam o
sacramento da Ordem. Juridicamente constitui o estado clerical, que se caracteriza pela

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estabilidade, publicidade e reconhecimento oficial. Nos três graus, diaconato,
presbiterato e episcopado – que funda a estrutura constitucional da Igreja, o fiel adquire
o sacro poder de agir na pessoa de Cristo, emprestando-lhe a voz, as mãos e a própria
pessoa.

Teologicamente é um caráter que vem impresso na pessoa do ordenado.


Psicologicamente deve sentir-se um especialista de Deus, um mestre de oração e um
modelo de penitência, um homem de comunhão e um modelo transparente de Cristo.

A legislação atual procura evitar a idéia de privilégio. O fato de alguém ser


consagrado por Deus ao serviço dos irmãos não o coloca numa situação privilegiada em
relação aos outros fiéis.

A natureza específica do ministério sagrado, porém, coloca-o numa situação


especial, com direitos e deveres peculiares.

A primeira norma pode ser expressa por um sentir com a Igreja; implica em
obediência ao Sumo Pontífice e ao Bispo, obrigação de residir na própria diocese,
manter laços fraternais com os colegas, promover as missões dos leigos e manter-se
atualizado quanto à doutrina sagrada.

Duas atitudes merecem especial menção: o celibato e o cultivo da


espiritualidade. A obrigação do celibato, sempre questionada, vem reafirmada com
vigor, nenhum ministro sagrado poderá contrair matrimônio, sem antes ser privado do
estado clerical. Permite-se a ordenação de homens casados para o diaconato, não,
porém, o casamento de diáconos. O CDC insiste que o celibato não é mera lei, mas
peculiar dom de Deus, pelo qual os ministros possam aderir com o coração indiviso a
Cristo.

Aos clérigos se reconhecem dois direitos subjetivos: o direito a uma adequada


remuneração e o direito de associação.

Quanto a remuneração, adquire-se os demais direitos inerentes, férias,


previdência e assistência sociais. O código insiste no teor de vida simples. Todo o
dinheiro obtido deve manter sua função social. Destina-se em primeiro lugar, ao
sustento do próprio clero e depois, o que sobra vai para o bem da Igreja. O clérigo é
proibido de se meter em negociatas e administrar os bens dos leigos.

A respeito dos bens espirituais, não podem abandonar a pregação do Evangelho


para dedicar-se ao “serviço da mesa”. (cc.281-282)

Garante-se ao clérigo o direito de associação, no sentido de estimular a


santidade e favorecer a unidade. Adverte-se, porém, que não participem de associações
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cuja atividade não seja compatível com o Estado Clerical. Aqui entra particularmente a
relação com a política, não pode assumir cargos públicos que impliquem participação
no exercício do poder civil, nem participar da atividade dos partidos políticos e dos
sindicatos. (cc. 278 e 285)

Capítulo 4: As Associações dos Fiéis (cc. 298-329)


O Código distingue três espécies de associações de fiéis: 1) associações públicas,
erigidas pela autoridade eclesiástica; 2) associações privadas, erigida pelos fiéis e
aprovadas pela autoridade eclesiástica e 3) condomínios, ou associações privadas que
não foram elevadas à personalidade jurídica na Igreja.

A finalidade das associações eclesiais é, mediante uma ação comum,


incrementar uma vida mais perfeita, ou promover o culto público, a doutrina cristã, ou
outras obras do apostolado, como a evangelização, caridade ou animar a ordem
temporal com o espírito de Cristo. Os fiéis são convidados a unirem-se as associações,
para ajudar a edificar o mundo cristão. Não devemos esperar que o clero lhes
apresentasse tudo pronto. Os leigos devem procurar sua própria formação, não só
individualmente, como em grupo, com um compromisso de ajuda mútua.

A Igreja reserva à autoridade eclesiástica apenas três objetivos para as


associações: 1) no que diz respeito a doutrina cristã ministrada em nome da Igreja; 2)
no que se refere ao culto público e 3) aos fins, por sua natureza, são reservados à
autoridade eclesiástica. Não poderão usar o nome “católico”, sem expresso
consentimento da autoridade eclesiástica.

Mesmo conservando a legítima autonomia, compete à autoridade eclesiástica


vigiar para que também nas associações privadas se evite dispersão das forças e para
que o exercício de seu apostolado seja orientado ao bem comum.

Nas associações privadas a autoridade eclesiástica não intervém na diretoria e o


conselheiro espiritual pode ser de livre escolha dentre os sacerdotes que exerçam seu
ministério na diocese, necessitando apenas, confirmação do Bispo.

Uma associação é clerical quando, dirigida por clérigos, inclui o exercício da


ordem sagrada e é como tal reconhecida pela autoridade. A associação, ligada a um
instituto religioso, destinada à vida apostólica e à perfeição cristã no mundo, chama-se
Ordem Terceira.

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A associação pública depende de modo especial, da autoridade eclesiástica. As
associações privadas, ao invés, gozam de maior liberdade de ação e de maior
autonomia. A função da autoridade é de vigilância e não de direção.

O Direito Canônico deseja ainda que haja particular interesse em que os


membros sejam bem formados para exercer o apostolado próprio dos leigos.

O Povo de Deus: A constituição Hierárquica da Igreja (cc. 330-572)

Capítulo 5: A Igreja Universal (cc. 330-367)


O símbolo niceno-constantinopolitano em 381 atribui à Igreja de Cristo
características fundamentais: uma, santa, católica e apostólica. A fé nesta Igreja se
radica na fé no Espírito Santo como alma do Corpo Místico.

A Constituição Hierárquica da Igreja aponta os responsáveis pela unidade,


santidade, catolicidade e apostolicidade no plano universal e no plano particular.

O Concílio Vaticano II e o CDC de 1983 nos diz: mão é só o Papa, mas o Papa e os
Bispos, o primeiro como sucessor de Pedro e os outros como sucessores dos outros
Apóstolos, que detém o poder supremo da Igreja.

O poder não é, pois outra coisa, senão um instrumento de evangelização. Volta-


se a concepção originária, expressa pelo Evangelho: o primeiro, no reino de Deus, é o
menor, e governar é servir. Portanto não há, na Igreja, poder de dominação, mas serviço
ou diaconia.

O poder supremo na Igreja encontra-se nas mãos do Romano Pontífice e do


Colégio episcopal. O Cân. 331 estabelece que o Bispo de Roma, como sucessor de Pedro,
é a cabeça do Colégio Episcopal, o Vigário de Cristo e o Pastor da Igreja universal aqui
na terra. Note-se, porém, que o título de Vigário de Cristo não é mais exclusivo do Bispo
de Roma. De acordo com o CVII, cada Bispo, em sua diocese, é Vigário de Cristo.

A autoridade de Sumo Pontífice deve ser entendida segundo o princípio de


subsidiariedade. Ela não pretende substituir ou abafar o poder dos Bispos em suas
dioceses, mas, ao contrário, reforçá-lo e garanti-lo.

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O Código determina como se deve exercer o poder supremo na Igreja. O Colégio
Episcipal encontra seu modo de atuação no Concílio ecumênico (integrado com todos
os bispos). Compete, porém, ao Papa convocá-lo, determinar seu andamento e dar
aprovação final.

No cumprimento de sua missão de Pastor supremo da Igreja, o Romano Pontífice


se serve de 4 órgãos importantes: o Sínodo dos Bispos, o Colégio de Cardeais, a Cúria
Romana e as Nunciaturas Apostólicas.

O Sínodo dos Bispos se reuni periodicamente para fomentar a união entre o Papa
e os Bispos nas questões de fé e costume, para conservar e firmar a disciplina
eclesiástica.

O Colégio de Cardeais tem como função eleger o Papa e colaborar com o


Romano Pontífice. Constitui uma espécie de senado do Papa, ele o convoca quando
sente necessidade de alguma consulta especial.

A Cúria Romana é o órgão pelo qual o Papa dirige ordinariamente a Igreja.


Consta de Secretária de Estado, Conselho para os Negócios Públicos da Igreja,
Congregações, Tribunais e outros institutos.

Núncios Apostólicos são pessoas do clero que são enviadas pelo Papa para
representar a Igreja junto as autoridades civis das diversas nações do mundo
“legados”(C. 362).

O Código estabelece uma missão pastoral para as Nunciaturas; estreitar os laços


de unidade entre a Santa Sé e as Igrejas particulares, informar a Santa Sé, ajudar com
conselhos os Bispos, sem, contudo intrometer-se no exercício de seu poder.

Capítulo 6: As Igrejas Particulares (cc. 368-430)


A diocese é a Igreja particular por excelência. A diocese vem definida como uma
porção do Povo de Deus, confiada aos cuidados pastorais de um Bispo, ajudado por um
presbítero e reunida no Espírito Santo pelo Evangelho e pela Eucaristia.

No Bispo a igreja particular obtém à sua unidade, principio santificador,


universalidade na ligação com o Papa, e seu apostolado na sucessão dos Apóstolos.

O Bispo é pastor e sua ação pastoral é de solicitude para com todos os fiéis
católicos, de qualquer idade, condição social e origem, e também, com aqueles que
abandonaram a prática religiosa. E vai mais longe: não esquecer os fieis de outros ritos,
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nem os irmãos de outras confissões religiosas, promovendo um são ecumenismo e por
fim, tem que ter um olhar para os não-batizados que se encontram em sua diocese.

Para que o Bispo possa exercer seu ministério, prescreve-se que não abandone
a diocese por mais de um mês por ano. Deve-se visitar toda a diocese, pelo menos, a
cada cinco anos. Pede-se que apresente o requerimento de demissão, ao completar 75
anos, ou quando estiver doente, a ponto de não mais conseguir exercer o seu ministério
episcopal.

Prevê-se a possibilidade de o Bispo, devido às necessidades da diocese, pedir um


ou mais Bispos auxiliares. Quando a diocese se torna vacante, cabe o colégio de
consultores eleger no prazo de 8 dias, um administrador diocesano com mais de 35 anos.

Capítulo 7: A Comunidade Paroquial (cc.515-552)


Para as Comunidades Eclesiais de Base aplica-se as normas gerais: A figura
central da Paróquia é o Pároco, nomeado pelo Bispo ele é o pastor da comunidade. Isto
não impede que uma paróquia seja confiada aos cuidados de um diácono, de irmãs ou
mesmo de leigos, ou de uma associação. Neste caso, porém, prevê a nomeação de um
sacerdote, que com o poder de pároco, seja o moderador da cura pastoral.

O pároco deve residir numa casa paroquial, junto à Igreja. O Bispo pode permitir
que ele more junto a outros sacerdotes em uma casa comum, contanto, que não
dificulte as suas obrigações e funções paroquiais. Tem obrigação de celebrar a Missa
dominical e dos dias santos pelo povo lhe foi confiado.

Obrigações do Pároco: 1) anuncio integro da Palavra de Deus; 2) promoção do


Espírito Evangélico; 3) Participação de todos os fiéis no empenho de fazer chegar o
Evangelho também aos que estão afastados da religião; 4) centralização da Comunidade
ao redor da Eucaristia; 5) o Pároco tem que conhecer o seu rebanho, visite as famílias,
participe das lutas e angustias dos fiéis, com o conforto do Senhor; 6) promova o
apostolado dos leigos;7) promova a união da Igreja Universal com a Particular; 8)
administração dos sacramentos e de todos os eventos paroquiais.

O Pároco não deve trabalhar sozinho, prevê um conselho pastoral, do qual


participam todos os que exercem alguma função na paróquia.

Em virtude da ampliação da pastoral, prevê-se também a figura do Vigário


Paroquial, que pode receber a incumbência para a toda paróquia, bem como um

14
determinado grupo ou para certos ministérios, como por exemplo, cuidar das diversas
vocações (juventude, casais...), tem que estar em sintonia com o pároco.

Nesta linha o CDC dá ênfase aos Vigários Forâneos, ou coordenadores de áreas.


Suas funções são: 1) promover e coordenar a ação pastoral; 2) zelar para que o clero de
sua área leve uma vida digna e que cumpra os seus deveres; 3) cuidar para que as
funções religiosas sejam celebradas com as normas litúrgicas.

As normas acerca dos Vigários Forâneos visam garantir a contínua renovação em


todas as paróquias.

Os Capelães. São sacerdotes aos quais se confia de modo estável, a cura pastoral
de alguma comunidade ou grupo de fiéis. Sua nomeação depende do Bispo. No caso de
uma casa de um Instituto Religioso leigo deve-se consultar o Superior e ouvida a
Comunidade. A estes capelães só cabem a função litúrgica, sem direito de alterar o
regime interno do instituto.

Prevê-se que todos os que gozam de uma vida ordinária, como os migrantes,
nômades, navegantes etc.. Tenham, na medida do possível, um capelão. Os capelães
militares são regidos por leis especiais.

A Vida Consagrada (cc. 573-746)

Capítulo 8: Os Institutos de Vida Consagrada (cc. 573-730)


A vida consagrada comporta vários elementos: 1) é uma forma estável de vida,
sob a ação do Espírito Santo; 2) uma dedicação total a Deus; 3) viver para edificar a Igreja
e a salvação do mundo; 4) busca da perfeição da caridade; 5) sinal do anuncio da Glória
Celeste.

Esta forma de vida é livremente assumida por quem se liga mediante os


conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, dentro de um instituto
erigido pela igreja.

Quanto à variedade dos institutos, o c.577 aponta quatro grandes ramos, que se
resumem na imitação de Cristo que: reza (instituto de vida contemplativa); anuncia o
Reino (instituto de vida apostólica); vai a socorro dos homens (instituto de vida à ajuda

15
ao próximo); convive no mundo (institutos seculares). Todos eles procurando fazer a
vontade do Pai.

Alem destes institutos, a Igreja conhece duas outras formas de vida consagrada:
1) a vida eremítica ou anacorética, que constitui um retiro de solidão e no silêncio, onde
alguém se dedica ao louvor de Deus e à salvação do mundo, mediante oração e
penitência. Para alguém ser reconhecido como eremita pela igreja, é preciso que
professe, com os três conselhos evangélicos, seus votos diante do Bispo e se mantenha
sob a sua direção. 2) A ordem das virgens compreende pessoas que se consagram a Deus
segundo um rito aprovado pelo Bispo, como esposas de Cristo e dedicadas ao serviço da
Igreja.

O cân. 597 diz que qualquer católico pode ser admitido num instituto de vida
consagrada, sob a tríplice condição: tenha reta intenção; possua qualidades requeridas
pelo Direito Universal e pelo próprio instituto a que se candidata; e não se interponha
nenhum impedimento. Para o ingresso na vida consagrada, ninguém pode ser admitido
sem preparação da forma de vida que vai abraçar como as dificuldades e a renuncia que
implica.

A Função de Ensinar (cc. 747-832)

Capítulo 8: A Função Profética (falar em nome de Deus) da Igreja


(cc. 756-780)
A função de ensinar na Igreja, na atual legislação, se reveste de um novo espírito
de renovação, não esquecendo-se da Tradição, mas atenta a nova situação histórica,
tanto na cultura como também na pastoral. Calcam-se na nova lei canônica para a ação
missionária e a importância dos meios de comunicação social.

O título deste denso livro “A Função de Ensinar da Igreja” tem o significado que
a Igreja, assistida pelo Espírito Santo, tem como missão anunciar o Evangelho de Cristo.
“Ide, ensinai todos os povos o que eu vos ensinei” (Mt 28,19).

Além de anunciar autenticamente o evangelho, a missão de ensinar implica


também em diversos deveres, sendo o principal, a comunhão com a Igreja e promover
a unidade Cristã.

A Igreja tem o direito nativo de servir-se dos meios de comunicação social, de


pregar a todos os povos, independente de qualquer poder humano. Não pedee
16
privilégio a ninguém, mas insiste no seu direito, porque foi esta incumbência que
recebeu do divino Fundador. Compreende o aspecto dinâmico da transmissão como a
função de conservar e interpretar.

A Igreja só faz juízo sobre a realidade humana nas questões fundamentais da


pessoa humana ou pela salvação das almas, nunca nas questões políticas. Em outras
palavras, a intervenção do magistério eclesiástico se restringe ao aspecto ético-
religioso.

Neste contexto o Código salienta à liberdade religiosa: ninguém seja forçado a


agir contra a sua consciência, nem seja impedido de agir de acordo com a mesma, tanto
privada como publicamente, em forma individual ou associada. Contudo cada qual é
responsável, no sentido de procurar a verdade e aderir-lhe.

Ao determinar alguns aspectos do magistério, o Código aponta para a


prerrogativa de Infalibilidade Papal e do colégio episcopal. Mostra que as verdades que
devem ser aceitas são as do Magistério que apresenta como verdades de fé, para as
demais doutrinas acerca da fé e dos costumes tendo um obséquio religioso. O caso de
rejeição adquire uma tríplice configuração: é heresia quando após a recepção do
batismo, alguém nega ou duvida, de modo obstinado, de alguma verdade de fé; chama-
se apostasia quando se verifica um repudio total da fé, e cisma a recusa a submissão ao
Papa ou recusa de comunhão com os membros da Igreja. Note-se que a palavra
obstinado, não é dada a quem tenha um erro qualquer. É, pois, injusto e contrário ao
CDC chamar alguém de herético só porque errou em nalgum ponto, ou porque discorda
de um ponto de vista... Além disso, não se pode confundir cisma com desobediência,
pois aquele supõe uma recusa sistemática e habitual, e não, um ato passageiro.

Quanto à ação ecumênica é dever da Igreja, provindo da vontade do próprio


Cristo, promover a restauração da unidade de todos os cristãos.

Capítulo 9: O Ministério da Palavra (cc.762-780)


A função de ensinar é toda a Igreja. Acrescenta o Cânon que também é próprio
dos presbíteros e diáconos anunciar a palavra. Além disso, os membros dos Institutos
de vida consagrada, em virtude do batismo e da confirmação, devem anunciar o
Evangelho como testemunho de vida.

A pregação está em um lugar de destaque e está intimamente ligada com o


sacramento da Ordem. Com exclusão da homilia, também os leigos podem ser
convidados a pregar. Os leigos de ambos os sexos o podem fazer se estiver em profunda
17
comunhão com o Bispo. Exige-se uma licença ou um convite especial. A CNBB
especificou no c.766 que o Bispo diocesano pode permitir que leigos idôneos preguem
nas Igrejas e oratórios. Acrescenta, porém, a devida formação.

Instrução catequética começa pela família. Cabe-lhes formar, mediante a Palavra


e o Exemplo, os próprios filhos na fé e na prática da vida cristã. São lembrados também
que estes são os deveres dos padrinhos.

O Pároco tem deveres especiais na formação catequética. As catequistas tem


que ter formação permanente, na doutrina da Igreja. O c. 780 frisa a necessidade de
conhecimento teórico e prático, aprender a doutrina e praticá-la.

Capítulo 10: A ação missionária da Igreja (cc.781-792)


O conc. Vat II dedicou um documento especial à atividade missionária da Igreja
“Ad Gentes”. Toda Igreja é missionária e que a obra de evangelização é um dever
fundamental do povo de Deus.

O CDC usa o termo “ação missionária” no sentido estrito de implantação da Igreja


lá onde ainda não existe. Para que isso aconteça, requer-se o envio de pregadores.

A Igreja tem consciência que a coordenação suprema compete ao Papa e ao


Colégio dos Bispos. O c.782 acrescenta que cada Bispo, em sua diocese, deve ter uma
particular solicitude para com a obra missionária, favorecendo-a e sustentando-a.

A obra missionária é diretamente realizada por missionários que recebem esta


incumbência da autoridade eclesiástica e estes por sua vez, podem escolher auxiliares,
como catequistas, leigos bem instruídos e de exemplar vida cristã.

O Código fala também do método a ser seguido na obra missionária. Não impor
de fora, mas transformar de dentro a humanidade. Note-se ainda a necessidade de
respeitar a dignidade das pessoas e os valores próprios de cada cultura. Os missionários
não são enviados para levar uma cultura humana, mas para pregar o Evangelho. A
adesão à fé deve ser livre e espontânea.

Quem manifestar o desejo de abraçar a fé deve ser assumido no pré-


catecumenato. Quando já devidamente iniciado, passa, ao catecumenato e uma vez
formados serão batizados. Uma vez recebido o batismo, os neo-convertidos devem ser
tornar-se, testemunhas e enunciadores do Reino de Deus e assim, tornam-se
evangelizadores.

18
Capítulo 11: A Educação Católica (cc. 793-821)
Da função de ensinar da Igreja o CDC distingue quatro aspectos: o direito e dever
da educação católica por parte da Igreja; escolas como lugar privilegiado da educação;
a necessidade das Universidades e Faculdades Eclesiásticas para a pesquisa e
transmissão das disciplinas sagradas.

Na função de ensinar, a Igreja fala da formação integral da pessoa. Respeitando


a autonomia própria de cada ciência, mas aqueles que as transmitem são pessoas que
devem realizar integralmente, em todos os momentos da vida. A educação compreende
o homem todo e o seu papel na história.

O c. 793 aponta os pais como os primeiros responsáveis pela a educação dos seus
filhos. Isto implica na liberdade de escolha dos meios e instituições que lhes pareçam
mais aptos para o fim que se propõem.

A Igreja reivindica para si, em razão da missão que lhe foi divinamente confiada,
o direito e o dever de educar. Prescreve que os pastores façam o possível para que todos
os fiéis obtenham uma educação católica.

A escola católica se deve distinguir pela educação baseada nos princípios da


doutrina católica e pelos mestres escolhidos pela sua reta doutrina e probidade.

A instrução e educação religiosa católica, em qualquer escola e nos meios de


comunicação social, estão sob orientação da autoridade da Igreja.

A Universidade Católica tem, pois, por finalidade, investigar e transmitir as


diversas disciplinas, numa visão cristã, dentro de sua autonomia cientifica. A
Universidade deve ter mestres que junto à sua idoneidade cientifica e pedagógica, se
distingam pela integridade de doutrina e pela retidão de vida. O c. 810 enfatiza que caso
o mestre não tenha esses requisitos ele deveria ser removido da função.

Não podemos esquecer a Pastoral Universitária, também nas universidades não


católicas. É preciso criar, centros católicos que ajudem os jovens no plano espiritual.

Capítulo 12: Os Meios de Comunicação Social (cc. 822-832)


A legislação Canônica do Vat II dedica especial atenção ao problema dos meios
de comunicação social. Pio XII elaborou o documento “Inter Mirifica” (entre as
maravilhosas coisas), o CDC traduz em linguagem jurídica, esta solicitude da Igreja no

19
campo das comunicações sociais. O c. 822 exorta os pastores a se servir dos
instrumentos de comunicação com criatividade, formando agentes, comunicadores e
jornalistas.

Se a Igreja se preocupa com sua presença nas escolas, não pode postergar sua
presença nos meios de comunicação, que hoje também leva a educação aos lares. Os
cristãos não devem aceitar tudo que for vinculado, tem que ter senso crítico.

O CDC no diz respeito as publicações, exige-se uma licença eclesiástica para


determinados livros: Sagrada Escritura, Liturgia e Catecismo. Com essa aprovação o livro
poderá ser vendido junto às Igrejas.

A Função de Santificar (cc. 834-1253)

Capítulo 13: A Liturgia da Igreja (cc. 834-839)


A função de santificar tem particular ênfase aos sacramentos, como meios
divinamente eficazes da graça. O CDC insiste no valor salvífico dos sacramentos. A
Liturgia prevalece sobre as disposições jurídicas. Os Cânones têm uma marca bíblica,
dogmática, moral e litúrgica.

Há uma revalorização na prática da “iniciação cristã”, restabelecendo o profundo


vínculo entre Batismo, Confirmação e Eucaristia. A Igreja está empenhada de que todos
se tornem filhos de Deus pela fé e pelo batismo, se reúnam em assembléia para louvar
a Deus, tomem parte no Sacrifício e Ceia do Senhor.

A liturgia é uma ação da Igreja. Somente a autoridade eclesiástica regulá-la; cada


fiel participa, a seu modo, na diversidade do Corpo Eclesial.

O Bispo é o grande sacerdote e o principal dispensador dos mistérios de Deus.


Cabe-lhe, por isso, coordenar e promover toda a Liturgia na porção da Igreja que lhe foi
confiada.

O segundo elemento dos sacramentos é a Fé: o culto cristão, no qual se exerce o


sacerdócio comum dos fieis procede da fé e se funda sobre a fé. Aqui procura-se fazer
uma síntese entre evangelização e sacramentalização. Ela deve brotar da fé e
aprofundar a fé em Cristo, nos próprios sacramentos e na sua eficácia.

O c. 839 fala de outros meios nos quais a Igreja exerce a função de santificar:
orações, penitências e obras de caridade.

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Capítulo 14: O Batismo (cc. 849-878)
O batismo é a porta dos sacramentos e meio necessário à salvação, pelo menos
em desejo (este pode ser explicito manifestado por gestos ou palavras ou implícito,
incluído na vida do não-católico que ignora o Batismo, mas, se subordina à Verdade e
ao Bem como ele os conhece). É o próprio Cristo que o estabelece (Mc 16,16).

O CDC apresenta quatro efeitos deste sacramento: remissão dos pecados;


filiação divina; configuração com Cristo e incorporação à Igreja.

Requer-se uma acurada preparação. Se o batizado for adulto, requer-se um


catecumenato preparatório e se for crianças devem ser preparados os pais e padrinhos,
para que assumam o dever de educar os filhos na fé e cultivar a espiritualidade no seio
da família para cuidar da prole em nome de Deus.

Pede-se que dê ao batizado um nome que não seja alheio ao sentido cristão. O
dia do Batismo por excelência é a vigília pascal. Por isso dá-se preferência àquela Páscoa
que se celebra semanalmente, no domingo.

Quanto ao lugar, determina na medida do possível, seja a Igreja do batizado. A


proibição de celebrá-lo nas casas privadas é para realçar a incorporação à Igreja e a
participação comunitária.

Ao lado do Bispo e do Presbítero, também o Diácono aparece como ministro


ordinário do Batismo. No impedimento destes três, pode ser administrado também pela
catequista ou outra pessoa credenciada. Devido a importância deste sacramento, para
que ninguém fique privado dele, por falta de quem o administre, o CDC insiste em que
todos os fiéis sejam solicitamente instruídos sobre a maneira correta de batizar. Mas,
logo acrescenta que, exceto em caso de necessidade, a ninguém é lícito batizar fora das
suas atribuições.

Uma palavra de atenuação que cada batizando tenha seu padrinho e sua
madrinha. Poderá eventualmente, bastar uma testemunha. Cabe-lhe assistir ao
batizado adulto na iniciação cristã; junto aos pais apresentar a criança e ajudá-la a viver
a sua fé. Requerem-se, porém, diversas qualidades para alguém ser padrinho ou
madrinha. 1) seja escolhido pelo batizado, pelos pais ou pelo ministro, 2) tenha aptidão
para o cargo, 3) tenha pelo menos 16 anos, 4) seja católico, crismado, 5) tenha feito a
primeira comunhão, 6) leve uma vida coerente com a fé, 7) não esteja sob uma pena
canônica, 8) não seja pai ou mãe do afilhado. Um não católico só pode ser aceito como
testemunha, junto com um dos padrinhos católicos.

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Capítulo 15: A Confirmação (cc. 879-896)
O CDC diz que pela Crisma o batizado continua no caminho da iniciação cristã,
sendo enriquecido pelo dom do Espírito, mais perfeitamente unido à Igreja, fortificado
e constituído testemunha de Cristo, obrigado a defender e difundir a fé.

É o sacramento do apostolado dos fiéis. Neste sentido só poderia ser


administrada somente aqueles que se preparam e se dispõem realmente a viver a vida
cristã como testemunho e apostolado. A idade mínima para a recepção da Confirmação.
A CNBB estabelece a idade de 12 anos. Tanto o Batismo como a Crisma devem ser
registrados nos Livros Especiais.

Capítulo 16: A Eucaristia (cc. 897-958)


O sacramento pelo qual o próprio Cristo se torna presente, é oferecido e
recebido e pelo qual a Igreja continuamente vive e cresce, deve ser tido em máxima
honra pelos fiéis.

O Direito Canônico descreve as virtualidades deste grande sacramento. A


Eucaristia: 1) lembra a morte e ressurreição de Cristo; 2) perpétua, através dos séculos,
o sacrifício da Cruz; 3) é o ápice e fonte de todo o culto e vida cristã; 4) Manifesta e
realiza a unidade do povo cristão; 5) edifica o Corpo Místico de Cristo; 6) Consuma todos
os sacramentos e todas as obras de apostolado da Igreja (c. 897).

Para apresentar este tema o CDC o divide em 3 partes: 1) a celebração da


Eucaristia; 2) a conservação e veneração; 3) a oferta para a celebração da missa.

A celebração eucarística vem definida como a ação de Cristo e da Igreja, pela


qual, Cristo presente sob a aparência do pão e do vinho, se oferece em sacrifício ao Pai,
mediante o ministério sacerdotal, e se dá em alimento aos fiéis que Ele associa a sua
oferta.

O ministro celebra “in persona Christi”. Deve-se por isso, ter recebido o
sacramento da Ordem sacerdotal. A atual legislação não permite que alguém celebre a
sós numa mesma Igreja enquanto ali outros concelebram. Seria falta de unidade
sacerdotal.

No que diz respeito à comunhão, o diácono é, juntamente com o bispo e


o presbítero, o ministro ordinário. Prevê-se também o caso de ministros extraordinários
– acólitos ou outros fiéis, sem distinção de sexo – conforme a necessidade pastoral.
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Dá-se especial realce ao viático para os enfermos. Cabe ao Pároco ou ao superior
ou capelão este dever. Se outra pessoa, por razão especial, levar o viático a um doente,
deve notificar o respectivo responsável.

Para que alguém possa receber a comunhão, é necessário que tenha suficiente
conhecimento e preparação, de modo que possa fazê-lo com fé e devoção. Quando uma
criança está em perigo de morte, pode receber a comunhão, bastando que saiba
distinguir de um alimento comum o Corpo de Cristo e recebê-lo com reverência.

Prevê-se também que antes da primeira comunhão se faça a confissão


sacramental.

Continua de pé a proibição de celebrar a Missa ou receber a comunhão, sem


antes confessar-se, no caso de alguém se encontrar em pecado mortal. Fora disso não
se prescreve a confissão. Sugere-se que a comunhão seja recebida durante a missa, sem,
contudo se proibir, por motivos especiais, fora da mesma. Prescreve-se, como mínimo,
que se comungue uma vez por ano, na Páscoa.

O Jejum eucarístico, que antigamente era prescrito com extremo rigor,


praticamente desapareceu. Ficou reduzido a uma hora. Mesmo assim, ainda se
estabelecem exceções: para água, remédio, pessoas idosas, enfermas, não exigem delas
nenhum jejum.

Quanto ao rito a Eucaristia é celebrada com pão ázimo e vinho. Não se permite
em hipótese alguma consagrar outra matéria e também consagrar uma espécie sem a
outra, nem fora da missa. O sacerdote idoso ou enfermo poderá celebrar a missa
sentado, mas sem participação do povo.

A partir da idade média existe o costume de conservar o Santíssimo Sacramento


num tabernáculo para a adoração dos fiéis. O Bispo pode permitir que se conserve o SS.
Sacramento também em outras capelas. Mas ninguém o pode levar consigo, a não ser
por necessidade pastoral.

Onde houver o Santíssimo tem que haver um horário diário para que o povo
possa fazer as orações. O tabernáculo deve estar em um lugar de destaque com uma
lâmpada acesa como sinal da presença de Cristo.

Recomenda-se onde se conserva o Santíssimo seja feita Adoração, com


exposição e benção. Não se permite, porém, celebrar Missa durante a exposição do
Santíssimo.

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Capítulo 17: A Penitência (cc. 959-997)
O CDC de 1983 repete a grande Tradição da Igreja acerca do Sacramento da
Penitência. Nele e por ele os fiéis que se acusam junto a um legítimo ministro, recebem,
mediante a absolvição sacramental, o perdão dos pecados, e são reconciliados com a
Igreja.

Note-se que o duplo efeito: o perdão e a reconciliação estão em linha vertical e


horizontal. Quem se reconcilia com o Pai, deve reconciliar-se também com os irmãos e
vice e versa. São dois prismas de capital importância: a Igreja ministra o perdão e o
penitente o recebe.

Para entender as normas acerca deste sacramento, é preciso ter a distinção entre
pecado grave e pecado leve. O pecado grave constitui uma ruptura do homem com
Deus, ao passo que o venial é um ato incoerente, de alguém que vive na amizade com
Deus. Para haver pecado grave temos 3 condições: matéria grave, plena advertência e
perfeito consentimento.

É preciso se evitar uma consciência doentia de quem veja pecado em tudo,


perdendo a alegria de viver. De outro lado, deve-se evitar também o perigo do contrário,
de não vermos pecado em nada. A Igreja se propõe a formar uma consciência e não
deformá-la.

Entendem-se as disposições acerca da absolvição geral. O CDC diz que somente


a impossibilidade física ou moral pode escusar, no caso de pecado grave, da confissão
individual. Mesmo assim, em perigo de morte ou grave necessidade, pode-se conceder
a absolvição geral.

Quanto ao ministro do sacramento da Penitência, só o sacerdote tem a faculdade


de absolver. O CDC recomenda que só se conceda a faculdade de ouvir confissões a
sacerdotes idôneos e, uma vez concedida, não se revogue esta faculdade sem grave
causa. Se, porém, for revogada na diocese de origem, o sacerdote a perde, ipso facto,
em todo o mundo.

O confessor exerce a função de juiz e médico, é ministro da justiça e da


misericórdia de Deus. O sigilo sacramental é inviolável. Ao confessor proibi-se fazer uso
do conhecimento obtido na confissão, mesmo que não haja perigo de violação do sigilo.

As indulgências : são a remissão, diante de Deus, da pena temporal dos pecados


já perdoados, mediante uma prática prescrita pela Igreja.

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Capítulo 18: A Unção dos Enfermos (cc. 998-1007)
Com a Unção dos Enfermos, a Igreja recomenda a Cristo, que sofreu e ressuscitou
os fiéis gravemente enfermos, para que os conforte e os salve. Em outras palavras, o
sacramento da Unção dos Enfermos é para a vida e não para a morte.

Este sacramento não deve ser dado, se alguém obstinadamente perseverar em


estado de pecado grave (este sacramento se recebe normalmente em estado de graça,
após a confissão e absolvição dos pecados graves).

A Igreja faz questão de não impor a ninguém, muito menos ao enfermo ou a


quem já não se encontra no uso da razão, respeitando a sua liberdade. Se alguém
pessoalmente não a pediu e não a deseja, de nada valem os pedidos dos outros,
querendo impingir ao enfermo um sacramento, mesmo que seja com a máxima boa
vontade.

Concede-se aos sacerdotes, que são os únicos ministros deste


sacramento, a faculdade de levar normalmente consigo os Santos Óleos, a fim de
estarem prevenidos para qualquer eventualidade.

Capítulo 19: A Ordem (cc.1008-1054)


Trata-se de uma instituição divina. Marca um caráter indelével, o candidato,
constituindo ministro sacro. Ou seja, consagra-o para que “in persona Christi” exerça o
cargo de ensinar, santificar e governar o povo de Deus.

Requisitos para a Ordenação: preparação; idoneidade; que não haja


impedimentos, que seja útil para o serviço ministerial da Igreja; que seja apto ao
trabalho pastoral. Tem que possuir a ciência devida, boa fama e fé íntegra, costumes
ilibados e qualidades físicas e psíquicas.

Quanto a idade, para o presbiterato exigem-se 25 anos completos, para o


diaconato transitório 23 anos; para o diaconato permanente para os casados 35 anos,
com a necessidade do consentimento da esposa.

O candidato ao presbiterato só pode ser ordenado diácono após o 5º ano do


curso filosófico-teológico. E, antes de receber o presbiterato, deve trabalhar, na cura
pastoral.

O CDC distingue entre irregularidade, de impedimento perpétuo e impedimento


simples. Ambos excluem a pessoa da ordenação, a não ser que haja dispensa. É irregular
quem sofre das faculdades mentais; quem cometeu delito de apostasia, heresia ou
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cisma; quem atentou matrimônio; quem cometeu homicídio ou provocou aborto; quem
mutilou gravemente a si ou a outros ou tentou suicídio.

O Reitor da casa de formação tem a obrigação de atestar a ortodoxia, piedade,


bons costumes, aptidão, saúde física e psíquica.

Capítulo 20: A Dimensão Pessoal do Matrimônio (cc. 1055-1165)


O matrimônio constitui uma das realidades mais complexas e delicado do Direito
tanto Canônico como Civil. O CDC procura ter presentes os aspectos íntimos da
personalidade, tentando conciliar direito e teologia, psicologia e pastoral, a necessidade
de centralização legítima.

A Exortação Apostólica Familiaris Consortio, não tem receio de afirmar que o


futuro da humanidade passa pela família. O c.1055 define o matrimônio como íntima
comunhão de toda a vida e acrescenta uma dupla finalidade: o bem dos cônjuges e
procriação e educação dos filhos. Agora o conceito de objeto matrimonial amplia-se,
menciona as próprias pessoas dos esposos, tanto na sua corporeidade como na
espiritualidade: o consenso matrimonial é o ato da vontade pelo qual o homem e a
mulher, com uma aliança irrevogável, se dão e aceitam mutuamente a si mesmos para
constituir o matrimônio (c.1057 §2).

Configura o casal à união indissolúvel de Cristo com a Igreja e, ao mesmo


tempo, lhe alcança as graças desta união. Aqui o direito procura retirar as exigências da
teologia e da pastoral. Dá-se a entender que é nesta “comunhão de pessoas” que o
homem se torna imagem de Deus.

A dimensão pessoal do matrimônio transparece também, como especial força,


no c.1095, que fala dos defeitos do consentimento matrimonial: a falta do uso da razão;
um grave de discernimento acerca dos direitos e obrigações essenciais; causa de
natureza psíquica que não permitem assumir obrigações essenciais do matrimônio.

O matrimônio deve ser indissolúvel, com a proteção da sociedade civil e


eclesiástica. De outro lado, porém, é preciso saber claramente o que é o matrimônio e
quais as usas exigências. Há muita gente, sem culpa pessoal, que não tem condições
psicológicas para se casar. O c.1095 deixa claro que não existe anulação de um
matrimonio validamente contraído – mas, de declarar nulo, ou seja, que aquele
casamento de fato não foi verdadeiro. No caso da declaração de nulidade não entra o
fator de boa ou má vontade. Elimina-se o fator de irresponsabilidade, que aparece na
instabilidade introduzida pelo divorcio.

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A atual legislação canônica procura dar mais valor à personalidade, passa a ver o
matrimônio como comunidade de vida e amor. A Igreja exige uma relação interpessoal
recíproca, numa comunhão de vida. Neste sentido o c.1098 estabelece que o erro acerca
das qualidades da pessoa, provocado dolosamente para conseguir matrimônio, o
invalida.

A Igreja procura promover a justiça também no plano matrimonial: defender o


direito de cada pessoa e da comunidade.

Capítulo 21: A Pastoral do Matrimônio (cc.1063-1072)


Inicialmente convém lembrar que o matrimônio é um sacramento para os leigos.
Não apenas lhes confere uma graça especifica para união indissolúvel, mas lhes confia
também uma missão especial na Igreja, que se pode denominar ministério conjugal e
parental.

A Igreja quer evitar que o casamento dos cristãos se reduza a mera função social.
É acima de tudo um ato religioso, de louvor e culto a Deus. Na base está, evidentemente,
o Batismo. Prescreve-se que os noivos sejam crismados antes de se unirem pelo
matrimônio. Além disso, recomenda-se vivamente que os noivos se aproximem também
dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, para que o sacramento do matrimônio
seja recebido com maior fruto (o matrimônio é tido como um sacramento dos vivos que
se recebe em estado de graça).

O ponto de partida para o matrimônio é a vocação. Ninguém se deve casar se


não se sentir chamado a este estado.

O Direito Canônico determina duas propriedades essenciais do matrimônio: a


unidade e a indissolubilidade. A teologia desenvolve amplamente este tema, mostrando
como poligamia e o divórcio – que constitui uma poligamia sucessiva – são contrários à
lei de Deus, à natureza da pessoa humana, ao amor conjugal e à educação dos filhos.

O matrimônio é constituído pelo mútuo consentimento. É obvio que este


consentimento não pode ser nem cego, nem, muito menos, repentino. Requer longa
preparação e depois acompanhamento. Para isso a fundamental preparação para o
matrimônio deve preceder o namoro e o noivado.

O c.1063 fala da obrigação de zelar pela estabilidade matrimonial. Diz que os


Pastores devem cuidar para que a própria comunidade eclesiástica dê assistência ao
matrimônio. Para isso prescreve quatro medidas: 1) pregação e catequese de crianças,
27
jovens e adultos e o uso dos instrumentos de comunicação social no sentido de instruir
os fiéis acerca do significado do matrimônio cristão e da missão a eles conferida; 2)
preparação pessoal dos casais para o matrimônio; 3) celebração litúrgica, na qual se
ressalte que o casal estará em unidade com a Igreja e do fecundo amor de Cristo; 4)
ajuda para que os casais progridam no caminho da perfeição, dentro da espiritualidade
que lhes é específica.

Antes que se proceda a celebração de um matrimônio, deve constar que nada se


opõe à sua válida e lícita celebração. Por isso devem ser feitas algumas investigações:
proclamas, cursos, encontros do pároco com cada casal para o conhecimento concreto
das reais condições do matrimônio.

A CNBB determina um formulário devidamente preenchido, certidão de batismo,


comprovante de habilitação para o casamento civil, atestado de óbito em caso de
viuvez.

Capítulo 22: Os Impedimentos Matrimoniais (cc. 1073-1094)


Compete somente à Suprema Autoridade da Igreja declarar em que
circunstâncias o Direito divino impede o contrato do matrimônio, bem como estabelecer
outros impedimentos, de Direito Eclesiástico, para os católicos. Diz-se expressamente
que, fora dos impedimentos do Código, ninguém está autorizado a estipular outros.

O c.1071 propõe sete casos de proibição de celebrar o matrimônio. Não se trata


propriamente de impedimentos, mas de obstáculos que o Bispo pode dispensar. São
estas as pessoas atingidas: 1) os vagos; 2) quem não pode obter o reconhecimento civil
de seu casamento; 3) quem, devido uma união precedente, retém obrigações para com
a outra parte e com os filhos; 4) quem notoriamente renunciou a fé católica; 5) quem
está sob censura eclesiástica; 6) quem é menor de idade, se não tiver consentimento
dos pais; 7) quem deseja casar por procurador.

São doze os impedimentos dirimentes (retira a eficácia jurídica). 1) impedimento


de idade: exige, como mínimo, para o rapaz 16 e para a moça 14 anos. A CNBB
estabelece a exigência de uma licença para matrimônios de homens menores de 18 e
mulheres menores de 16 anos completos; 2) impedimento da impotência (capacidade
de copular anterior ao casamento e incurável), no caso de esterilidade, não se impede
o matrimônio. Isso não torna lícitas as relações pré-matrimoniais. Além de moralmente
ilícitas, seria horroroso querer uma experiência sexual com uma pessoa para, a partir
dela, eventualmente casar-se ou não com essa pessoa. Isto seria reduzir o matrimônio
ao sexo e não tomar em consideração a pessoa e o bem integral do outro. Os cônjuges
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têm o dever e o direito mútuo a estas relações; 3) impedimento do vínculo, é óbvio
quem está casado não pode casar de novo. Aqui entra o problema do divórcio. O
matrimônio cristão, por vontade divina, é indissolúvel. E a lei civil não pode penetrar na
natureza desse consentimento; 4) impedimento da disparidade de culto de um católico
com uma pessoa não batizada ( cf. c.1125, este impedimento pode ser dispensado,
como também o de mista religião). Se alguém não for batizado, não recebe este
sacramento, pois, o matrimônio precisa do batismo para ser configurada a índole
sacramental, senão frustrará todo o simbolismo da união entre Cristo e a Igreja; 5)
impedimento da Ordem sagrada, a Igreja latina optou por conceder o sacramento da
Ordem – com exceção do diaconato – somente as pessoas dispostas a guardar o celibato
por amor ao Reino de Deus. Em outras palavras, uma pessoa casada pode ser ordenada
diácono, mas um diácono não se pode casar. No caso de dispensa, não poderá continuar
a exercer o ministério; 6) impedimento do voto público e perpétuo de castidade,
emitido por um Instituto Religioso, como é caso de Irmãs e Irmãos; 7) impedimento de
rapto, quando se seqüestra a mulher, com o intuito de contrair matrimônio. Esse
impedimento só cessa se ela optar por casar com seu raptor; 8) impedimento de crime,
quando com intuito de casamento, se provoca a morte do cônjuge; 9) impedimento de
consangüinidade entre todos os ascendentes e descendentes, na linha colateral até o
quarto grau, até os primos inclusive; 10) impedimento de afinidade só em linha reta,
entre marido e mulher e os consanguíneos da mulher e vice-versa; 11) impedimento da
pública honestidade só na linha reta entre o concubino e os consanguíneos da
concubina ou vice-versa 12) impedimento de parentesco legal, oriundo da adoção na
linha reta e até segundo grau da linha colateral, ou seja entre adotante e adotada e entre
adotada e os demais filhos do adotante.

Capítulo 23: O Consentimento Matrimonial (cc. 1095-1107)


O c. 1057 define-o como ato da vontade pelo qual o homem e a mulher se dão e aceitam
mutuamente, por uma aliança irrevogável, em ordem à constituição do matrimônio.
Convém realçar as palavras: “ato da vontade” e “aliança irrevogável”.

Além disso, o próprio consentimento matrimonial é de formatado a não admitir


revogação. Faz de dois um só. Une duas vidas numa só. Separá-las seria arruinar a
ambas.

A maior objeção à indissolubilidade matrimonial é a alegação de que é melhor


separar-se que viver brigando. No matrimônio os noivos se prometem amor e fidelidade
por toda a vida e põe sua união acima de qualquer divergência. Quase a dizer um ao

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outro: podem surgir problemas – e sempre surgem – mas conte comigo: nossa união
jamais será posta em questão. Decidindo pelo matrimônio, queimam as velas: não há
mais volta (quando a vida a dois se torna insuportável, a Igreja reconhece a separação
judicial, todavia sem direito a novas núpcias).

Para atingir tamanha profundidade, o ato da vontade deve revestir-se de


particulares condições: conhecimento e liberdade. O CDC elabora os elementos
psicológicos e cognitivos que se opõem ao válido consentimento matrimonial.

Quanto às condições psicológicas, são declarados incapazes de contrair


matrimônio todos aqueles que não têm suficiente uso da razão. Esta determinação do
c. 1095 revoluciona todo o Direito matrimonial. Abre as portas para solucionar vários
casos, que pareciam insolúveis, de casais que vivem um verdadeiro inferno, porque um
deles, ou ambos, não tem condição psicológica para um verdadeiro matrimônio.

Não se trata de divórcio, mas de declarar que esta aparência de matrimonio,


mesmo que realizado com toda a solenidade e há muito tempo, não realiza as condições
de validade. Para julgar estes casos, o juiz se servirá, pois, não apenas de testemunhas
comuns, mas procurará apoiar-se em profissionais especializados.

No que diz respeito ao conhecimento necessário para um verdadeiro


consentimento matrimonial, exige-se que os contraentes não ignorem que o
matrimônio é consórcio permanente entre homem e mulher, que exige cooperação
sexual para procriar filhos. Este conhecimento deve existir após a puberdade.

Mas pode acontecer o erro. Se for acerca da própria pessoa – e não acerca de
uma qualidade. O mesmo acontece se alguém enganou dolosamente acerca de uma
qualidade que pode perturbar gravemente a vida conjugal para conseguir o
consentimento.

O consentimento deve ser interno, ninguém pode decidir em lugar dos noivos. O
sim dos noivos se reveste de um poder sacramental transformador.

O c. 1103 lembra que é inválido o matrimônio contraído sob pressão grave e


externa. Mesmo que alguém tenha engravidado uma moça – obrigá-lo a casar com ela
só será contraproducente e jamais constitui reparação da falta. O casamento não pode,
em hipótese alguma, ser considerado um castigo que se impõe por um crime. Por isso,
a Igreja diz: inválido.

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Capítulo 24: A Celebração do Matrimônio (cc. 1108-1133)
A celebração do matrimônio não é pura formalidade. É exigência de um a mor
profundo, que leva a um consentimento público. Integra a sociedade civil e religiosa. O
Código de 83 reassume as mesmas normas já fixadas em 1917. Exigem, para um válido
matrimônio, junto aos noivos que emitem os seus consentimentos, alguém da parte da
Igreja e duas testemunhas de livre escolha dos noivos. Ao representante da Igreja, de
direito o Bispo ou o Pároco Oe por delegação, algum sacerdote, diácono ou mesmo
leigo, cabe a função ativa: enquirir e receber, em nome da Igreja, a manifestação do
consentimento dos noivos. Fica, porém, claro que os celebrantes do sacramento são os
próprios noivos. É o consentimento matrimonial que tem valor sacramental.

O Bispo e o Pároco podem delegar, dentro de seu território, a sacerdotes ou


diáconos, de assistir aos matrimônios. Com o voto favorável da Conferencia Episcopal,
sufragado pela licença da Santa Sé, o Bispo pode também delegar leigos que sejam
idôneos, capazes de dar a instrução aos noivos e aptos para realizar adequadamente o
rito litúrgico.

Os noivos são livres para escolher a paróquia onde os noivos tenham domicilio
ou residam por um mês. Para casar-se em outro lugar, pede-se a licença do Bispo ou
Pároco de um dos noivos.

A Igreja também mantém de forma extraordinária do matrimônio: em perigo de


morte ou na impossibilidade de se obter um assistente oficial, os noivos podem realizar
seu casamento somente diante de duas testemunhas.

Além da forma jurídica, existe a forma litúrgica. Tem que haver um decoro, fé e
piedade. É um culto a Deus. Por isso, tem que ser digno e nobre e não mera exibição de
riqueza e ostentação social.

O matrimônio deve ser registrado na paróquia em que se realizou e notificado o


pároco do batismo, para que se anote também no registro dos batizados.

Aos matrimônios mistos, isto é, entre um católico e outro cristão não-católico.


Para que este tipo de casamento se realize, exigem-se: licença do Bispo, justa causa e o
preenchimento de três condições: 1) a parte católica prometa evitar o perigo de perder
a própria fé; procure batizar e educar os filhos na Igreja Católica; 2) a parte não-católica
seja informada disso e consinta; 3) ambas as partes sejam instruídas acerca das
propriedades essenciais do matrimônio.

Quando os esposos pertencem a duas confissões religiosas diversas, falta-lhes


um substrato religioso comum para fortalecê-los na união conjugal. Entende-se, por
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isso, que o c. 1128 advirta sobre a necessidade de dar especial atenção pastoral à parte
católica e a seus filhos, nestes difíceis casos.

Capítulo 25: A Separação dos Cônjuges (cc. 1141-1165)


Se, por algum motivo, um matrimônio fosse inválido, existe a possibilidade de
validá-lo. Para isso, requer-se em primeiro lugar, que desapareça o impedimento que o
tornou inválido. É preciso realizá-lo se quer que exista. Se o defeito que tornou nulo o
matrimônio foi apenas um defeito de consentimento, basta renová-lo internamente.

Existe também uma convalidação do matrimônio sem a renovação do


consentimento de modo a fazer retroagir o efeito canônico ao momento da celebração.
É chamada “sanatio in radice” (sanação na raiz). Adverte-se, porém, que não conceda a
sanação na raiz a não ser quando é certo que os cônjuges queiram continuar o
matrimônio. Se não houver vontade, não é possível conceder este benefício (ex. a
idade).

Deverá haver solicitude pastoral aos casais, atendendo em suas necessidades


diárias e em casos particulares de impossibilidade de convivência.

Praticamente todas as legislações civis do mundo introduziram o divórcio. A


experiência ensina quanto é difícil manter a união matrimonial nos casos particulares.
Vê-se por isso a necessidade de abrir exceções.

A Igreja permite claramente a separação em dois casos, conhecidos como


privilégio petrino e privilégio paulino, com suas derivantes.

O privilégio petrino, o poder do Sumo Pontífice é reconhecido tranquilamente


para os casos de matrimônio não consumado.

O privilégio paulino, favorece a fé. Quando num casal de não batizados um se


converte e recebe o batismo e o outra não aceita o fato, à parte batizada é concedido
separar-se e contrair novo matrimônio (cf. 1Cor 7,12-16).

Uma segunda forma deste privilégio se verifica nos países polígamos. Ao pagão
que se converte é concedida a faculdade de escolher uma – não necessariamente a
primeira – dentre as mulheres que teve. O Bispo terá a responsabilidade de cuidar a fim
das demais mulheres demitidas sejam tratadas de acordo com as normas de justiça, da
caridade e da equidade natural.

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Uma terceira forma é no caso de um cônjuge pagão, por motivo de prisão ou
perseguição, não poder coabitar com a legitima esposa. Convertendo-se e sendo
batizado, poderá casar-se novamente.

O princípio geral do matrimônio é que os cônjuges coabitem. Isto significa:


formem uma comunidade de casa, de mesa e de leito. A Igreja não quer fixar normas
para a vida intima dos cônjuges, isso fica por conta da consciência de cada casal. É
problema moral e não jurídico.

O c. 1152 recomenda que, mesmo em caso de adultério, não se rompa a


coabitação. Mas reconhece o direito à parte lesada de separar-se, sem evidentemente
afetar a indissolubilidade. Separar significa não coabitar. Mas não poderá casar-se com
outro.

Caso aconteça a separação por adultério ou por violência doméstica, adverte-se


que é preciso cuidar do sustento e educação dos filhos e que a parte inocente, dentro
de seis meses, leve a causa da separação à autoridade eclesiástica. Muitas vezes pode
até ser o caso de declaração de nulidade do matrimônio. Para isso requer-se um bom
apoio de casais, com profunda espiritualidade conjugal.

Capítulo 26: Processo de Nulidade Matrimonial


Como identificar um casamento nulo, ou melhor, dizendo, inexistente? Um
casamento inexistente é um casamento que nunca existiu, pois Deus não uniu o casal
em matrimônio.

O que precisamos saber para dar entrada em um processo de nulidade no


Tribunal Eclesiástico? Devemos escrever de forma clara e sucinta como foi a nossa
relação com a pessoa a qual casamos. Identifique a idade do casal na época do namoro,
noivado e casamento. Quando iniciaram os problemas e que ações foram feitas para
contornar o problema?

Modelo:

Ao

Revmo. Pe. .....

DD. Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico de...

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Qualificação: Eu,........, filha obediente da Igreja, venho respeitosamente solicitar
deste egrégio Tribunal, que estude o meu matrimônio com ........, celebrado no dia......
na Igreja........, na Diocese........ e para isso, relato os fatos abaixo.

Histórico

Para confirmar a minha história, apresento cinco testemunhas que podem


atestar os fatos relatados. São elas:

Pai; mãe; sogra; cunhada; irmão .... todas identificadas com nome, endereço,
telefone e religião.

É importante ressaltar que o Réu nesse processo é o Sacramento do Matrimônio.


Após o seu histórico, reúna os seguintes documentos: Certidão de casamento Religioso;
Processo de habilitação matrimonial com as certidões de batismo do casal ( se encontra
aonde os noivos se casaram); certidão do casamento civil, com a averbação do divórcio
e a relação das testemunhas, podendo ser parentes próximos.

As partes são chamadas de: Demandante (quem entra com o processo) e a outra
parte será Demandada. Vá ao Tribunal Eclesiástico e protocole o seu pedido. Após 30
dias, caso o tribunal não se manifeste o seu processo deverá ser aceito. Caso você não
possa pagar as custas processuais e os honorários advocatícios, solicite um patrocínio
gratuito, amparo no c. 1649§3. Apresente o seu contra cheque e todas as suas despesas.
Peça a um sacerdote para fazer uma carta de próprio punho, dizendo que lhe conhece
e ateste a sua idoneidade, que recebe aquele valor e tem aquelas despesas. O Tribunal
terá 30 dias para responder e atender o seu pedido.

Subsídio, para a aplicação do Motu próprio Mitis Iudex Dominus Iesus

Durante muitos anos a Igreja Católica, apreciava os processos de nulidade


matrimonial de uma forma altamente burocrática e por isso, tornava-se o processo com
um valor altíssimo. Hoje os processos são: Ordinário e Documental. Processos especiais:
Administrativo e Morte Presumida. E agora o processo Breve, que abordamos a seguir.

A REFORMA DO PROCESSO CANÔNICO PARA AS CAUSAS DE DECLARAÇÃO DE


NULIDADE DO MATRIMONIO (C. 1671 – 1691)

O Bispo neste caso será o único juiz. Ele se valerá de dois assessores (clérigos ou
leigos). O processo terá um prazo de 45 dias para ser concluído e deverá apresentar em
seu Libelo um fato claro com a anuência das partes. O Vigário Judicial decidirá a
procedência ou não do rito. Caso seja aceito o Tribunal garantirá a gratuidade para o
Processo Breve.

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