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O DIREITO

CANÓNICO

História do Direito Português


FDUL - Ano letivo 2023/2024
Assistente: Carmela Arianna Martone Mateus
O Direito Canónico designa-se como «SUPRA REGNA», ou seja um direito que se coloca num plano superior
aos dos reinos ou áreas políticas existentes na Idade Média.
Representa o conjunto de normas jurídicas relativas à Igreja Romana, mais exatamente é o complexo de cânones
ou leis aprovadas pela autoridade eclesiástica para a cristandade.
A norma canónica define-se CÂNONE.
O ordenamento canónico surge a partir do IV séc. d.C.

Direito canónico Direito canónico Direito canónico Direito canónico


antigo clássico pós- clássico moderno

Decreto de Graciano (1140) Concílio de Trento Codex Iuris Canonici


ou 1545 - 1563 1917-1918
Decretais de Gregório IX
(1234)
As fontes do Direito Canónico
Fontes de direito universal

- Sagradas escrituras: Antigo Testamento e Novo Testamento; os Evangelhos constituem a lei fundamental da Igreja.

- Tradição: doutrinas originarias de transmissão oral diferente dos Evangelhos; os livros dos Padres da Igreja são fonte principal da
tradição.

- Decretais: designa genericamente uma norma ou comando pontifício; o Papa é Fons Iuris (fonte de direito)
Necessário sublinhar que até ao século XIII diferenciavam-se na doutrina:
• Decretal (epistulae decretales): resposta do Papa à consulta de alguém, sozinho ou em conjunto com os cardeais;
• Decreto: ditado do Papa, por conselho dos cardeais, dado independentemente de qualquer consulta (motu próprio)
A partir do século XIV a distinção entre decretal e decreto entrou em desuso, passando a utilizar-se só o termo DECRETAL
para designar um comando do Papa; distingue-se entre:
• decretal geral, dirigida à generalidade dos fiéis;
• decretal especial, dirigida a um circulo mais pequeno ou a uma pessoa individual.
- Cânones: em sentido restrito, são as determinações dos Consílios,
assembleias eclesiásticas convocadas pelo Papa, para deliberar
sobre assuntos religiosos; os concílios podem ser ecuménicos,
nacionais, provinciais e diocesanos. O valor das decisões
conciliares dependia da aprovação pontifícia.

- Costume: norma resultante dos usos da própria comunidade e


acompanhada da convicção de obrigatoriedade; o costume estava
subordinado à razão, à fé e à verdade.

- Doutrina: designa a atividade científica dos juristas (doutores),


cuja importância na elaboração do Ius Canonicum foi progressiva,
principalmente pela aliança entre a lei canónica e a lei secular.
CORPUS IURIS CANONICI

Decretum de Graciano (1140)


(ou Concordia discordantium canonum)

Decretais de Gregório IX (1234)


(5 livros: judex; judicium; clerus; connubia; crimen)

Sexto (Livro VI das Decretais)


(promulgado por Bonifácio VIII em 1298)

Sétimo ou Clementinas
(publicado em 1313 por Clemente V; aprovação por João XXII, 1317)

Extravagantes
(Extravagantes de João XXII e Extravagantes Comuns)
Fontes de direito particular
Matéria relativa à administração da Igreja no Reino de Portugal

CONCORDATAS:
acordos entre o poder temporal (o Rei ou o Estado) e a Santa Sé (Cúria Romana)

CONCÓRDIAS:
acordos entre o poder temporal (o Rei ou o Estado) e o Clero.
O Beneplácito Régio

Introduzido por D. Pedro I em 1361 nas Cortes de Elvas,é o instituto que atribuía
aos reis o direito de controlar a publicação das letras apostólicas (direito canónico)
no reino.
Instituto de filtro e de ‘’resistência’’ à introdução do direito canónico em Portugal.

A aplicação do beneplácito régio se suspendeu só uma vez na historia monárquica de


Portugal por ordem de D. João II no final do século XV por questões ligadas à
sucessão régia.
A aplicação do Direito Canónico nos tribunais

Aplicação nos Tribunais Eclesiásticos Aplicação nos Tribunais Civis

Problema da relação em função da aplicação entre


As causas era tratadas em: Direito Canónico e o Direito Civil.

• Lei II das Leis da Cúria de Coimbra de 1211:


• Função da MATÉRIA (ratione materiae) aplicação prioritária e preferencial do Direito
Canónico sobre o Direito Régio
competência especial da jurisdição eclesiástica
• Ordenações Afonsinas de 1446: direito canónico
é fonte de direito subsidiaria em posição paritária
• Função da PESSÕA (ratione personae) com o Direito Romano; a decisão para aplicar o
Constituía um ‘’privilégio de foro’’ para os D. Canónico ou o D. Romano era tomada
utilizando o Critério do Pecado
membros do clero e para a chamadas pessoas
miseráveis • Lei da Boa Razão de 1769 (Marquês de Pombal):
o direito canónico passa a poder ser aplicado só
nos tribunais eclesiásticos

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