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JUSTIÇA DO TRABALHO

A Justiça do Trabalho é o ramo do poder judiciário mais presente no dia a dia


das pessoas. Afinal, as relações de trabalho acompanham praticamente todos
os membros da sociedade brasileira. E, quando acontecem divergências entre
empregado e empregador, é necessário um órgão imparcial que resolva esse
conflito, para que a sociedade se sinta segura e pacífica.

HISTORIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

1. REVOLUÇAO INDUSTRIAL

Vamos nos ater aqui a relação de trabalho subordinada que teve


início na Primeira Revolução Industrial – entre os séculos XVIII e XIX, na
Europa. Anteriormente a ela, no trabalho artesanal, eram
utilizadas máquinas simples e o trabalhador participava de todas as
partes do processo produtivo. Contudo, depois da Revolução, o trabalho
passou a ser assalariado, e boa parte dos trabalhadores perdeu o
controle do processo de produção, se atendo apenas a parte desse
processo, controlando máquinas que pertenciam aos donos dos meios
de produção. Por exemplo, se antes um sapateiro produzia todo o
sapato, com a revolução, o trabalhador da fábrica de sapatos produzia
apenas a sola, os cadarços, na máquina específica para isso.

Uma das principais consequências dessa mudança nas relações de


trabalho (com concentração nas indústrias) foi o êxodo rural – pessoas
saindo do campo em busca de emprego na cidade (local de
concentração dessas indústrias). Dessa maneira, surgiu uma grande
concentração populacional nos novos centros urbanos, que não tinham
uma estrutura adequada e muito menos políticas públicas que
suportassem essa superpopulação. Dessa forma, muitos trabalhadores
passaram a viver em instalações precárias. Na época, os trabalhadores
não possuíam amparo legal. Isso resultava em excessivas jornadas
diárias e más condições de trabalho, acompanhados de baixos salários.
Diante desse cenário, essas camadas da sociedade passaram entende
que era necessário estabelecer regras mínimas para que o operário não
sofresse abuso dos grandes empresários das indústrias

A partir daí aconteceram vários movimentos para garantir que isso


acontecesse. Um desses movimentos era o “Cartismo”, na Inglaterra,
que propunha medidas socialistas. Pautas desse grupo, como a jornada
de trabalho de 10 horas e a participação de operários no parlamento se
converteram em leis, porém não levaram o crédito por essas conquistas.
Entre os anos de 1860 e 1869, as reivindicações dos cartistas foram
quase que totalmente incluídas na Constituição Inglesa.

2. BRASIL ÉPOCA COLONIAL

Passamos pelo tópico da Revolução Industrial, pois é um ponto onde o


Direito do Trabalho de fato se iniciou, com a regulamentação do trabalho
subordinado, visto suas precariedades. E a história da Justiça do
Trabalho por sua vez, se confunde com a do Direito do trabalho como
exposto no início do texto. Pois bem, as ideias que surgiram ali, se
espalharam pelo mundo posteriormente, observada as peculiaridades de
cada país. Agora, entrando no contexto do Brasil, é importante iniciar
com a época colonial, pois é um tema pouco abordado sobre quais eram
as relações de trabalho e como era a principal “relação de trabalho”, ou
melhor, a relação escravista.

É com a chegada da família real portuguesa, em 1808, que pela


primeira vez se falou em profissionais liberais (trabalhadores mais
“nobres” de acordo com a visão da época). Essa categoria era formada
por médicos, advogados e engenheiros.Nesse período, por mais que
existissem trabalhadores livres – muitos ligados ao comércio, serviços
técnicos e aqueles que trabalhavam com funcionalismo público ligados
à Coroa – ainda a imensa maioria da mão de obra era baseada no
trabalho escravo. A organização desse trabalho era controlada e
financiada pelos senhores de escravos, que não encontravam
praticamente nenhum obstáculo por parte do Estado. Nesse sentido, os
escravizados eram submetidos a vontade absoluta de seus donos, não
tendo nenhum direito trabalhista.

3. INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

A industrialização brasileira começou a ocorrer no final do século XIX,


em grande parte devido ao café que era responsável pelo surgimento de
grandes indústrias (têxtil, bebidas e alimentos) e pelas exportações. As
indústrias utilizavam, em grande parte, mão de
obra formada por mulheres e crianças de origem italiana. Mas o que
mais preocupava o estado era a grande quantidade de menores que
trabalhavam nas indústrias (chegando quase a ultrapassar o número de
adultos), e que ainda sofriam com péssimas condições de trabalho e o
risco iminente de acidentes.

Portanto, diante desse cenário, em que os menores eram expostos a


níveis desumanos de trabalho, era preciso uma atitude que protegesse
esses vulneráveis. Tais condições motivaram o presidente, Marechal
Deodoro da Fonseca a assinar o Decreto nº 1.313, de 17 de janeiro de
1891. O decreto buscava regulamentar o trabalho desses menores, para
impedir o crescimento enorme do uso da sua mão de obra. Essa foi uma
das primeiras atuações do Estado brasileiro, no sentido de organizar o
trabalho dos menores, visto que eram tratados como aprendizes e a sua
jornada de trabalho chegava a 12 horas diárias.

4. CONSTITUIÇÃO DE 1934 E A JUSTIÇA DO TRABALHO

Com Getúlio Vargas, em julho de 1934, foi promulgada pela Assembleia


Constituinte uma nova Constituição, que foi inspirada em duas
constituições: a Carta Magna de 1891 e a Constituição de
WEIMAR (Constituição do Império Alemão). Fonte: Tribunal Superior do
Trabalho

Na Constituição de 1934, em seu artigo 122, foi direcionado a instituição


da Justiça do Trabalho, naquela época no âmbito do Poder
Executivo – para julgar conflitos somente entre empregadores e
empregados. Apesar dessa imposição, a justiça do trabalho funcionava
categoricamente como autêntico órgão do Poder Judiciário, tanto que
executava plenamente suas decisões e enviava seus recursos ao
Supremo Tribunal Federal. Atualmente nos parece óbvio tal justiça
incorporada no Poder Judiciário, mas não era a realidade da época. A
instituição da Justiça do Trabalho no Poder Judiciário só ocorreu com
a Constituição de 1946.

5. A JUSTIÇA DO TRABALHO NO ESTADO NOVO

Como a Constituição de 1934 só trouxe a instituição da Justiça do


Trabalho, o Presidente da República, Getúlio
Vargas, publicou o Decreto-Lei nº 1237, de 2 de maio de 1939, que veio
no intuito de organizá-la, por exemplo, estabelecendo qual seria sua
composição (este tema estará descrito adiante).É importante entender
os bastidores que cercavam a instalação da Justiça do Trabalho. Antes
da publicação desse decreto, foram anos de estudo sobre a
necessidade de uma nova Instituição do Trabalho e ocorreram
discussões quentes acerca do assunto. A mais emblemática delas foi a
ocorrida entre Waldemar Ferreira (Deputado Liberal e Advogado) e
Oliveira Viana (Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio).

O Deputado tinha uma resistência à implantação de uma Justiça do


Trabalho. Ele propunha a ideia de que os conflitos trabalhistas não
necessitavam de “novos órgãos, novos processos, novos ritos ou nova
jurisprudência”, já que era partidário de um “individualismo jurídico”
enraizado “na ideia de contrato do Código Civil”. No entanto, Oliveira
Viana e sua equipe, que eram a favor da criação, foram vencedores
daquela discussão. Voltando ao decreto, seu artigo 17, dizia:
“O Conselho Nacional do Trabalho, com sede na capital da República
e jurisdição em todo território nacional, é o Tribunal Superior do
Trabalho”. Sendo assim, em 1º de maio de 1941, é oficialmente
instalado a Justiça do Trabalho no Brasil.
Organograma(composição) da Justiça do Trabalho nesse período

● Juntas de Conciliação e Julgamento (1º Instância)


● Conselhos Regionais do Trabalho (2º Instância)
● Conselho Nacional do Trabalho (3º Instância)

6. A JUSTIÇA DO TRABALHO NO GOVERNO DUTRA

Com a promulgação da Constituição Federal de 1946, a Justiça do


Trabalho foi incorporada ao Poder Judiciário, como dito anteriormente.
Além disso, manteve-se a estrutura que tinha como órgão administrativo,
inclusive, com a representação classista – que consistia na
implementação de juízes classistas temporários, representantes dos
empregados e dos empregadores, com mandato de 3 anos, permitida
uma recondução (prorrogação para mais um mandato).
Mais tarde ocorreram algumas mudanças institucionais. Em 9 de
Setembro 1946, Eurico Gaspar Dutra, publicou o Decreto-Lei nº 9797, foi
extinto o Conselho Nacional do Trabalho e criado o Tribunal Superior do
Trabalho (TST), e os Conselhos Regionais passaram a ser chamados de
Tribunais Regionais do Trabalho (TRT). No entanto, as juntas de
Conciliação e Julgamento permaneceram as mesmas.

JUSTIÇA DO TRABALHO NOS DIAS DE HOJE

depois de todos esses períodos, o que temos hoje é uma Justiça do


Trabalho célere, respeitada e que presta um trabalho de suma importância para
a sociedade, em grande parte devido as mudanças provocadas pelas emendas
constitucionais nº 24/99, nº 45/04 e nº 92/16, que serão explicadas abaixo. Em
1999, entrou em vigor a Emenda Constitucional 24/99, que extinguiu a
representação classista. Ainda na mesma emenda o TST passou a ter 17
ministros vitalícios, e as juntas deram lugar as Varas do Trabalho, que
conhecemos atualmente. Isso teve grandes mudanças para a Justiça do
Trabalho.
Anteriormente a justiça do Trabalho era caracterizada por resolver conflitos
apenas aos decorrentes da relação empregatícia, ou seja, entre empregador e
empregado. Isso tudo mudou com a Emenda Constitucional 45/2004,
ampliando a competência da Justiça do Trabalho, que passou a abranger
os conflitos de qualquer relação de trabalho, como por exemplo, autônomos e o
trabalhador eventual. Essa mesma emenda também aumentou a composição
do TST, que passou a ter 27 ministros. Com a Emenda 92 de 2016, ficou
caracterizado o TST como órgão do Poder Judiciário. É o que hoje representa
a Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho, sob o enfoque dos conflitos das
relações de trabalho, julgam os dissídios, que possuem duas espécies:

● Dissídios Individuais: se organizam pela prevalência de


interesses pessoais. A reclamação trabalhista é distribuída a uma
Vara do Trabalho. Exemplo: quando um empregado vai à Vara do
trabalho levando uma reclamação sobre horas extras não pagas
pelo empregador.
● Dissídios Coletivos: se organizam pela prevalência de
interesses coletivos dos profissiais. São ações ajuizadas pelos
sindicatos, Federações ou Confederações, para defesa dos
interesses de seus filiados. Exemplo: quando um sindicato ajuíza
uma ação em favor de seus filiados em relação ao reajuste do
piso salarial de uma determinada categoria profissional, quando a
tentativa de negociação coletiva for totalmente frustrada

IMPORTANCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


A Justiça do Trabalho sempre foi pioneira, se mostrando célere para atender ao
bem comum. No campo da conciliação, ela se mostra cada vez mais eficaz
para reduzir uma grande quantidade de litigiosidade (conflitos judiciais),
buscando a pacificação dos conflitos trabalhistas.

Um exemplo de como a Justiça do Trabalho pode ser considerada a frente do


seu tempo está na implantação do processo judicial eletrônico (é o processo
judicial sem papel, ou seja, os atos processuais são feitos por meio
do computador conectado à internet diretamente nos sítios eletrônicos
dos tribunais), que comumente vemos hoje nas Varas do Trabalho, e em
outras esferas do Poder Judiciário.

Uma das grandes funções da Justiça do Trabalho é resolver a questão


da hipossuficiência do trabalhador: o empregador detém o poder de direção
e comando da prestação de serviços do empregado, demonstrando a situação
de vulnerabilidade do empregado. Assim, a Consolidação das Leis
Trabalhistas e outras leis esparsas vieram para proteger os trabalhadores
e equilibrar a balança. A Justiça do Trabalho cumpre tais observações descritas
acima, regulamentado por princípios, leis trabalhistas e outras leis esparsas.

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Os órgãos da Justiça do Trabalho são o Tribunal Superior do Trabalho (TST),


os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e os Juízes do Trabalho.
Os Juízes do Trabalho atuam nas Varas do Trabalho e formam a 1ª
instância da Justiça do Trabalho.
Os vinte e quatro (24) Tribunais Regionais do Trabalho são
compostos por Desembargadores e representam a 2ª Instância da
Justiça do Trabalho.

PREPOSTO NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Um preposto na Justiça do Trabalho é uma pessoa designada por um


empregador para representá-lo em questões trabalhistas. O preposto atua
como o representante legal do empregador durante audiências e
procedimentos judiciais relacionados a disputas trabalhistas. Geralmente, o
preposto deve ter conhecimento sobre os fatos do caso e poderá responder a
perguntas feitas pelo juiz, pelo advogado da parte contrária e pelas
testemunhas. É importante que o preposto tenha familiaridade com os detalhes
relevantes do emprego em questão e possua autorização para representar a
empresa perante a Justiça do Trabalho.

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