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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

DAYANA CANDIDO DE OLIVEIRA

GUILHERME GUSMÃO PEREIRA

LIDIANE ALVES PINHEIRO

REBECA VIERA CALIRI

YURI ALVES SOARES

RESUMO: Pierre Bourdieu e as Teorias dos Campos aplicadas à Educação

MANAUS

2023
Biografia de Pierre Bourdieu

Pierre Félix Bourdieu nasceu em 1º de agosto de 1930, em Béarn, sudoeste da


França, em uma família humilde. Ele estudou em Pau, cidade vizinha, durante o
ensino médio, destacando-se nos estudos e no esporte. Mais tarde, mudou-se para
Paris e se formou em Filosofia na École Normale Supérieure em 1954. Após lecionar
filosofia em uma cidade francesa, foi convocado para servir no exército em Versalhes,
onde seu comportamento rebelde resultou em uma convocação para a Argélia, uma
colônia francesa em meio a lutas por independência. Na Argélia, tornou-se professor-
assistente e interessou-se pela antropologia, estudando a sociedade argelina e o
conflito entre o capitalismo colonial e a busca pela independência. De volta a Paris,
trabalhou na Universidade de Lille e na Sorbonne, onde aprofundou seus estudos em
sociologia clássica. Em 1962, fundou o Centro Europeu de Sociologia e se tornou
diretor de estudos da Escola de Estudos Superiores em Ciências Sociais. Suas
pesquisas na década de 1960 e 1970 tiveram um grande impacto na sociologia,
especialmente sua obra mais importante, "A Distinção: Crítica Social do Julgamento",
lançada em 1979. Bourdieu alcançou reconhecimento internacional e assumiu a
cátedra de Sociologia no Collège de France em 1981. Lecionou em universidades de
prestígio ao redor do mundo e recebeu títulos honorários de várias instituições.
Considerado um dos mais importantes intelectuais do século XX, sua obra tornou-se
referência na antropologia e na sociologia, abordando diversos temas como
educação, comunicação, política, cultura, linguística e artes. Bourdieu era conhecido
pela defesa da interdisciplinaridade nas ciências humanas e sociais, buscando
constantemente a independência intelectual. Ele apoiava escritores jovens
editorialmente e apoiava greves de trabalhadores, sendo chamado de "sociólogo do
povo". Bourdieu faleceu em 23 de janeiro de 2002, em Paris, vítima de câncer.

Teoria de Pierre Bourdieu

Para Bourdieu, a estrutura social é um sistema hierárquico em que os diversos


arranjos interdependentes de poder material e simbólico determinam a posição social
ocupada por cada grupo. O poder tem múltiplas fontes, por isso, a influência que um
determinado grupo exerce sobre os demais é fruto da articulação entre elas: poder
financeiro, poder cultural, poder social e poder simbólico.
Violência Simbólica

A violência simbólica é algo que passa despercebido, a sociedade possuí um poder


simbólico, pessoas ou instituições que usam seu conhecimento e suas ideias sobre
algo como arma ou para persuadir outros indivíduos. E existe a violência simbólica
mais sútil como diz Pierre Bourdieu em uma citação em seu livro: "(...) violência suave,
insensível, invisível e suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias
puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento." (Bourdieu, 1998), em
exemplos pode ser um professor em sala de aula que interage com os alunos de forma
autoritária para os alunos mostrar respeito e até um certo medo. Outro exemplo é
violência simbólica no trabalho, chefe que monitora as redes sociais de seus
funcionários, e acaba descontando em seu funcionário coisas que não tem nada a ver
com trabalho de uma forma sútil de constranger.

Pierre Bourdieu, Educação e escola.

Na Teoria Social de Bourdieu acredita que a Educação é uma importante ferramenta


para constituição do mundo social e acontece no seio familiar e continuada nas
escolas.

Até meados do século 20, predominava, nas ciências sociais, uma visão
extremamente otimista sobre a escolarização, atribuindo a ela o papel de superação
do atraso econômico, do autoritarismo e dos privilégios da sociedade. Esta seria justa,
democrática, baseada na meritocracia, nos conhecimentos científicos e
fundamentada na autonomia individual. Também, acreditava-se, que por meio da
escola, mesmo pública e gratuita, seria resolvido o problema de acesso à educação,
garantindo dessa maneira, a igualdade de oportunidades entre todos. Entretanto, nos
anos 60, houve uma forte crise dessa concepção de escola, em que o desempenho
escolar não só dependia dos dons individuais mas também da origem, da classe
social, da etnia, do sexo e de outros aspectos de ordem social.

Decorrente dessa abordagem, Bourdieu, lança a concepção de que a escola não é


neutra. Formalmente ela trataria todos iguais, obedecendo as mesmas regras,
assistindo as mesmas aulas, sendo submetidos as mesmas formas de avaliações e,
portanto, teriam as mesmas chances. Entretanto, Bourdieu mostra que, na pratica, as
chances são desiguais, pois alguns estariam em uma condição mais favorável que
outros para atenderem as exigências da escola. Bourdieu, relata que cada ser passa
a ser caracterizado por uma bagagem socialmente herdada, essa bagagem possui
alguns componentes objetivos, externos ao sujeito, e que podem ser postos a serviço
do sucesso escolar. Fazem parte desses componentes objetivos o capital econômico,
o capital social e o capital cultural institucionalizado.

Desse modo, a educação escolar, para as crianças oriundas de meios culturalmente


favorecidos, seria uma espécie de continuação da educação familiar, enquanto, para
as outras crianças, significaria algo estranho, distante ou mesmo ameaçador.

Principais Obras de Pierre Bourdieu

Em suas obras, Bourdieu tenta explicar a diversidade do gosto entre os seguimentos


sociais, analisando a variedade das práticas culturais entre os grupos. Além disso,
autor se dedicou a pesquisar temas como cultura, trabalho, campesinato, arte,
funcionamento das instituições acadêmicas, escola, religião e política.

Pierre Bourdieu tem uma vasta obra escrita. Entre seus livros mais importantes, estão:

• A distinção: crítica social do julgamento (1979)

Obra central na carreira sociológica do autor, este livro constrói uma correspondência
entre práticas culturais e classes sociais, evidenciando as relações de poder como
categorias de dominação pelo capital cultural. Violência simbólica que aparece na
ação sutil de comer, vestir, cuidar do corpo, ouvir música ou até mesmo na ação de
apreciar uma obra de arte.

• O poder simbólico (1989)

O Poder Simbólico é o primeiro de um conjunto de ensaios onde sobressai uma


reflexão sobre o ofício de sociólogo, um aprofundamento dos conceitos de hábitos,
campo, identidade e representação, um estudo sistemático do campo político, do
campo jurídico e do campo artístico.

O Poder Simbólico é esse poder invisível, o qual só pode ser exercido com a
cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que
o exercem.
Poder quase mágico, que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força
(física ou económica), sé se exerce se for reconhecido, quer dizer, ignorado como
arbitrário.

• A dominação masculina (1998)

Em A Dominação Masculina Bourdieu discute as origens dos papéis impostos para as


mulheres e os homens na sociedade. Para tal, o autor relaciona a cultura ocidental
com a cultura do povo Cabila — povo berbere, "homens livres", que habita
tradicionalmente a região montanhosa da Cabília, no nordeste da Argélia. Tal povo
acredita que as funções dos homens e das mulheres são tradicionalmente opostas e
assimétricas, sendo o homem hierarquicamente superior —, tendo em vista
principalmente o comportamento masculino.

A partir do estudo, Bourdieu expõe que a posição social da mulher desde os


primórdios é de submissão, até que os movimentos feministas, que surgiram no século
XX, aconteceram as primeiras mudanças reais. A inserção da mulher no mercado de
trabalho, por exemplo, antes um direito exclusivamente dos homens, foi um ponto
extremamente importante para nossa luta ganhar força. Ainda assim, de uma forma
bastante sofisticada — e até bastante difícil, confesso —, ele mostra o quanto essa
dominação masculina está imposta na sociedade mesmo nos dias de hoje.

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