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Aula 1
EDUCAÇÃO E VIOLÊNCIAS
PONTO DE PARTIDA
Olá, estudante!
Você vai estudar nesta aula as relações entre educação, as políticas da diferença e as formas de violência
cotidianamente reproduzidas em nossa sociedade, pautada pelo modo de produção capitalista. Você
conhecerá, de forma introdutória, a perspectiva crítica do sociólogo Pierre Bourdieu, sobretudo em suas
análises sobre a reprodução da violência simbólica. Em seguida, você vai estudar o fenômeno do
poder. Com isso espera-se que você possa compreender o papel da ideologia burguesa e como ela opera na
escola e em nossa sociedade nos dias atuais. Por fim, você vai estudar a intolerância na educação: produto e
Para começar, vamos propor alguns questionamentos que nos ajudarão a conduzir a problematização
proposta para esta aula: quem é Pierre Bourdieu e qual a sua importância para os estudos em educação e
diversidade? Segundo Bourdieu, qual o significado da teoria da reprodução da violência simbólica? O que é
epistemicídio? De que forma é possível perceber o fenômeno do epistemicídio, ou seja, a morte da construção
Abrindo os estudos da unidade sobre educação e políticas da diferença, convidamos você a estudar e refletir
conosco acerca das problematizações, perspectivas, avanços e retrocessos em relação à educação e suas
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VAMOS COMEÇAR
A partir de agora, você vai estudar as características das desigualdades oriundas das relações presentes nas
sociedades capitalistas modernas ocidentais, a partir da segunda metade do século XX. Conhecerá um pouco
mais da sociologia de Pierre Bourdieu e sua teoria da reprodução simbólica. Você vai estudar as disputas de
Por fim, você vai retomar essas discussões relacionando-as ao campo da educação e o fenômeno da
intolerância.
dias atuais, é fundamental acrescentar nesses estudos a perspectiva do sociólogo Pierre Bourdieu,
fundamental para refletir sobre educação e diversidade. Pierre Bourdieu nasceu em 1930, em Béarn, região
rural de uma província periférica da França, filho de operários, pequenos comerciantes e camponeses. Ou
As contribuições de Pierre Bourdieu para a sociologia são muitas, e inovadoras, especialmente nas áreas do
pensamento científico, no qual o sociólogo articula aspectos objetivos e subjetivos no campo metodológico da
pesquisa social. É uma contribuição também do ponto de vista político, pois Bourdieu desenvolve uma
sociologia engajada, ou seja, ele toma a questão das desigualdades presentes na sociedade capitalista como o
A sociologia engajada de Pierre Bourdieu influenciou diversos estudos posteriormente, bem como a ação de
diversos cidadãos envolvidos nos movimentos sociais. Como você estudou na unidade anterior, os novos
movimentos sociais, que surgiram no final dos anos de 1960 e década de 1970, lutavam por pautas
ambientais, raciais, ambientais, de gênero, entre outras, que emergiram naquele contexto cultural e político.
A teoria da reprodução da violência simbólica está presente na educação e seus sistemas de ensino
transmitidos pelas escolas e pelos centros educacionais, ou seja, está embrenhada na estrutura da sociedade
capitalista. Os tipos de conhecimentos, o sistema de avaliação, a estrutura de ensino, entre outros, presentes
hegemônica.
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É justamente nesse sentido que se percebe a importância do pensamento de Pierre Bourdieu para pensar nas
características das escolas e seus sistemas, modelos e métodos de ensino, afinal, eles reproduzem as
desigualdades sociais e educacionais. Esses métodos de ensino são tradicionais, segundo o sociólogo, do ponto
de vista da manutenção do status quo vigente, e sua estrutura de reprodução, que preserva os interesses da
classe dominante.
educador) deve descobrir as motivações pelas quais ocorre esse fenômeno social. No entanto, deve-se
descobrir: i) as causas objetivas, ou seja, a estrutura social e o cotidiano vivenciado pelas pessoas; e ii) as
razões subjetivas, isto é, as orientações/motivações individuais, que estavam “em alta”, diga-se de passagem,
sobretudo naquele contexto de maior protagonismo por estudos em identidade e dos (novos) movimentos
sociais. Para Bourdieu o papel da ciência é compreender a articulação entre agência, ou seja, a ação do
indivíduo, com a estrutura, a realidade objetiva propriamente dita, que condiciona as ações dos indivíduos.
Pierre Bourdieu desenvolve conceitos e problematizações importantes da estrutura social e sua reprodução
em seu livro A economia das trocas simbólicas. O conceito de capital em Bourdieu corresponde à unidade de
medida que determina a posição social de cada indivíduo no interior de uma sociedade, a partir das relações
e trocas simbólicas que ocorrem em diversos “campos” da vida social. Capital, segundo Bourdieu,
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corresponde à quantidade e à qualidade de capital de um agente, e define a sua posição social, seu prestígio e
seu poder. Capital político, capital econômico, capital social, capital cultural, portanto, são exemplos de tipos
de capital que os seres humanos possuem como riqueza, fatores diferenciadores na estrutura social.
O campo social, para Bourdieu, corresponde à socialização dos indivíduos em meio à estrutura social. Cada
um dos campos se constitui por relações de força entre agentes e instituições, que lutam entre si pelo domínio
e hegemonia. O mundo social, segundo Bourdieu, se explica sendo formado por campos, que nada mais são
do que espaços, microcosmos, em que possuem uma lógica própria de dinamicidade e organização.
Para Pierre Bourdieu, o habitus (hábito), ou seja, a maneira como estamos habituados a ser e viver no
convívio social, é a produção e reprodução das condutas individuais na vida em sociedade. Esse conceito tem
a ver com os sistemas simbólicos subjetivos, internalizados nos indivíduos, tendo as instituições sociais papel
A reprodução das desigualdades significa a distribuição desigual de recursos, oportunidades e poder, gerando
a pobreza e suas diversas expressões. A reprodução das desigualdades se realiza, nesse sentido, de forma
recursos e a estrutura social estabelecida contribui para determinar a posição social que cada indivíduo
ocupa.
Enfim, você pode perceber a importância das contribuições trazidas pela sociologia de Bourdieu que enfatiza
a articulação dos aspectos objetivo e subjetivo na análise científica do fenômeno da reprodução da violência
simbólica. No livro A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino, Pierre Bourdieu e Jean-
Claude Passeron analisam a educação, os sistemas de ensino e a violência simbólica como fenômeno que se
A violência simbólica corresponde à existência de um conflito, uma luta pelo poder, entre os agentes no
interior de um mesmo campo, e com outros agentes e demais campos. A violência simbólica, segundo
Bourdieu, é considerada legítima no interior de cada campo porque é vista pelos agentes como própria do
Epistemicídio
A educação, os sistemas de ensino e a reprodução da violência simbólica são conceitos entrelaçados com o
conceito de epistemicídio: episteme, que significa conhecimento; cídio, do latim cide, é um elemento que
exprime a ação que provoca a morte ou o extermínio de algo. Epistemicídio, termo cunhado pelo sociólogo
Boaventura Sousa Santos, que, aliás, você conheceu na unidade anterior, corresponde à morte da construção
do conhecimento.
A escola, em conjunto com universidades, centros técnicos e/ou outras áreas de conhecimento formativo
estabelecidos na sociedade, são instituições ligadas ao conhecimento humano. Nessas instituições, ensina-se o
saber científico construído ao longo da história sob influência do pensamento ocidental. Como você já deve
ter visto, existem diversos tipos de conhecimento: científico, filosófico, religioso e popular (ou vulgar), que é o
senso comum. Nesse sentido, o conceito de cultura nos ajuda a refletir sobre os diferentes tipos de
conhecimento que são produzidos e sua relevância, a partir de uma perspectiva multicultural.
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No entanto, à luz da compreensão da educação e dos sistemas de ensino tradicionais, como os que se
verificam nos dias atuais, é preciso trazer à tona a teoria da reprodução da violência simbólica, de Pierre
Bourdieu, internalizada nas escolas e seus sistemas de ensino. Na instituição de ensino transmite-se o
conhecimento científico, portanto, saberes interligados aos conhecimentos, cultura e visão de mundo das
classes dominantes. É a classe dominante quem determina os tipos de conhecimentos a serem apreendidos na
escola, bem como a moldagem de seus currículos a serviço da reprodução das desigualdades sociais.
A reprodução da violência simbólica nas escolas acaba sendo, nesse sentido, uma forma de violência
constituída nas relações sociais e de poder que, por sua vez, relaciona-se ao epistemicídio. Os estudos em
educação e diversidade nos ajudam a pensar como a escola lida (e tem lidado) com a questão das diferenças
culturais nos sistemas de ensino, currículos e matrizes curriculares. Quando pensamos na história da
As políticas públicas de educação inclusiva e as ações afirmativas são exemplos de aspectos positivos para a
construção de um modelo de educação mais inclusivo e democrático, que valorize a diversidade cultural nas
últimas décadas. No entanto, é preciso avançar ainda mais e reunir esforços para a construção de uma escola
mais inclusiva, que não reproduza as desigualdades sociais, mediante o constante pensar dos papéis dos
educadores e de todos os atores da escola, bem como o combate ao epistemicídio e em defesa da construção
A cultura escolar, segundo Bourdieu, é dominada pela cultura burguesa. O sistema educacional e a estrutura
detrimento da exclusão de parcela significativa da sociedade, oriundos das classes populares (classe
trabalhadora).
Bourdieu e Passeron (1975) chamam a atenção para essa atitude da escola, isto é, o ato de ignorar as
diferenças culturais perante a educação, uma “violência simbólica”. Isso quer dizer que a ação pedagógica
envolve tanto a reprodução cultural quanto social. Assim, ela tem uma atitude “arbitrária”, isto é, coercitiva,
pois, apresenta a cultura dominante (das classes mais abastadas) como uma cultura geral, concebida como
[...] o sistema escolar cumpre uma função de legitimação cada vez mais necessária à
perpetuação da “ordem social” uma vez que a evolução das relações de força entre as
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Pode-se perceber que o sistema escolar reproduz a ordem social vigente e o status quo dominante, portanto, a
violência simbólica, aquela produzida pela cultura dominante como uma cultura geral, que todos devem
seguir. E isso se demonstra com relação à construção do conhecimento, no qual se priorizam os saberes das
elites e culturas dominantes. A violência simbólica praticada nas escolas e nos sistemas educacionais, nesse
sentido, relaciona-se ao epistemicídio.
A morte da construção do conhecimento, ou seja, quando não se prioriza a diversidade e variedade de formas
de pensamento e de conhecimentos, ainda que de modo imperceptível, do ponto de vista da criticidade dos
transmitidas pelas instituições de ensino e a educação reproduzem as formas de ver e de conhecer das
O Sul é, neste caso, um conceito epistêmico não geográfico, uma metáfora dos
dominação moderna
— (Santos, 2022, p. 16).
luta (Santos, 2022), advindas das classes sociais oprimidas no âmbito das relações sociais. A teoria social da
burguesia é a teoria dos vencedores, e é o conhecimento geral que se produz e que é ministrado na maioria
das universidades modernas e nas escolas. Nesse sentido, os atores sociais reproduzem as relações de
realiza nas relações de poder entre os atores (agentes) sociais de uma escola ou de uma sociedade. Como se
pode perceber, a intolerância está relacionada às práticas de violência, como as de gênero, étnico-raciais,
entre outras, como as que acontecem no cotidiano de uma escola. No entanto, as formas de violência, como a
intolerância na educação, está subliminarmente presente na escola desde as escolhas (currículos) com que os
O produto da intolerância em nossa sociedade, portanto, aquilo que é produzido por essa prática, ou seja, os
seus resultados, correspondem em formas diversas de violência simbólica e material que se manifesta nas
práticas de preconceito, discriminação e intolerância. O produto é, portanto, a perpetuação da estrutura de
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Os produtores na sociedade são a estrutura social em que a escola está inserida, a classe dominante que
mantém o status quo vigente, e as escolas, bem como a reprodução da violência (os agentes), de acordo com o
que você estudou em Bourdieu. Produto e produtores são, nesse sentido, elementos entrelaçados, um não
existe sem o outro. Eles são reproduzidos no dia a dia, conforme as relações e as estruturas de dominação são
contribua para a superação do modelo de exclusão com que vivemos em nossa sociedade.
O epistemicídio é abordado por Boaventura de Sousa Santos em seus estudos sobre as epistemologias do Sul,
ou seja, as narrativas e formas de apreensão da realidade que nascem das massas, classes subalternas no
processo histórico de dominação. Santos destaca que os conhecimentos não hegemônicos são
Frantz Fanon, um dos importantes filósofos e psiquiatras (pós) coloniais, discute o fenômeno do colonialismo
e seus efeitos psicológicos e sociais. Os estudos de Franz Fanon, assim como o de Léopold Senghor, que tem
maior representatividade depois da consolidação das independências das colônias africanas e asiáticas em
relação às grandes potências mundiais, são percebidos como bases importantes do pensamento das ciências
Segundo Fanon, para além da opressão física e calcada no âmbito das questões políticas e econômicas nas
relações de poder, as relações de colonização também atuaram (e atuam) para destruir modos de vida,
epistemologias do sul. Isso indica a forma com que ocorre o epistemicídio e a reprodução de práticas de
intolerância na educação.
É preciso, dessa forma, analisar de que modo a intolerância na educação é um prisma que deve ser
compreendido como fruto da sociedade, isto é, como consequência das relações socioeconômicas
previamente estruturadas para uma distribuição desigual das relações de poder e de oportunidades. Desse
modo, a estrutura social (sociedade capitalista) e as relações de poder influenciam a sociedade, a educação e a
cultura. Contudo, é preciso reconhecer os esforços e os avanços que ocorreram (e ocorrem) na educação,
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VAMOS EXERCITAR
Você se lembra das problematizações propostas no começo desta aula. Para os estudos das relações entre
educação e as políticas da diferença, você conheceu Pierre Bourdieu e sua importância nos estudos sobre
educação e diversidade. O sociólogo de origem humilde e simples nasceu em 1930 na região rural de Béarn,
uma província periférica da França. Segundo Bourdieu, qual o significado da teoria da reprodução da
violência simbólica? A teoria da reprodução da violência simbólica está presente na educação e seus sistemas
de ensino transmitidos pelas escolas e pelos centros educacionais, ou seja, esse conceito está embrenhado na
estrutura da sociedade capitalista. A reprodução da violência simbólica nos ajuda a pensar nas características
das escolas e seus sistemas, modelos e métodos de ensino, afinal, segundo Bourdieu, eles reproduzem as
desigualdades sociais e educacionais. Esses métodos de ensino são tradicionais do ponto de vista da
manutenção do status quo vigente, e contribuem para manter a estrutura de reprodução, que preserva os
Retomemos outros questionamentos do início desta aula: O que é epistemicídio? De que forma é possível
perceber o fenômeno do epistemicídio, ou seja, a morte da construção de conhecimento? Como você estudou,
epistemicídio é um termo cunhado pelo sociólogo Boaventura Sousa Santos que corresponde à morte da
sistemas de ensino tradicionais, a teoria da reprodução da violência simbólica de Pierre Bourdieu nos ajuda
nesses estudos. A reprodução da violência simbólica se verifica internalizada nas escolas e seus sistemas de
ensino. Nessa instituição de ensino se transmite o conhecimento científico, e, portanto, saberes interligados
aos conhecimentos, cultura e visão de mundo das classes dominantes. Nesse sentido, se verifica uma forma de
violência praticada pela (e na) escola, que é constituída a partir das relações sociais e de poder, o que por sua
Por fim, questionamos o significado da intolerância na educação. Quem a produz e como se manifesta? Você
viu que o produto da intolerância corresponde a formas diversas de violência simbólica e material
reproduzida pela sociedade e que se manifesta nas práticas de preconceito, discriminação e intolerância. O
e de gênero, historicamente estabelecidas em nosso meio social. Nesse sentido, o(s) produtor(es) na sociedade
são a estrutura social em que a escola está inserida, a classe dominante que mantém o status quo vigente e as
escolas; e esses também fazem a reprodução da violência (os agentes), segundo Bourdieu. Enfim, produto e
produtores são elementos entrelaçados em que um não existe sem o outro. Eles são reproduzidos no dia a dia
pensar um modelo de educação que contribua para a superação da exclusão que vivemos em nossa
sociedade.
Saiba mais
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Para saber mais sobre a teoria da reprodução da violência simbólica em Pierre Bourdieu, leia o livro
Escritos da educação, do próprio autor. Você encontra este material em nossa Biblioteca Virtual, além de
outros títulos de Bourdieu e de outros autores que comentam os conceitos desenvolvidos pelo sociólogo.
Epistemicídio
Para aprofundar seus estudos sobre o tema do epistemicídio, indicamos a leitura do Capítulo 1 – Pós-
da introdução do livro Léopold Senghor e Frantz Fanon: Intelectuais (pós) coloniais entre o político e o
cultural, de Gustavo de Andrade Durão. A ideia é que você possa se inteirar nos debates sobre a questão
do colonial e pós-colonial, fundamental para o pensamento das ciências humanas e sociais
contemporâneas.
Aula 2
PONTO DE PARTIDA
Nesta aula, veremos os avanços obtidos na educação e na sociedade de modo geral no que se refere à
Para a problematização vamos refletir sobre os questionamentos: do que trata a Lei 10.639/03? Qual a sua
importância para a educação e diversidade? E a Lei 11.645/08 , do que trata? Qual a sua importância para a
educação e diversidade? Por que as Leis 10.639/03 e 11.645/08 são essenciais para o estabelecimento de uma
educação democrática, inclusiva e diversa? Qual o objetivo e a importância da Lei de Cotas nas
Universidades? Em que medida a legislação brasileira avançou em relação à inclusão e quais são os desafios?
Perceba que são muitas as problematizações possíveis para esses estudos, e que já temos questionamentos
suficientes para o começo de uma boa conversa sobre o tema. Então, estudante, fica a dica para que você
possa aprofundar suas leituras e conhecimentos sobre essa temática. Bons estudos.
VAMOS COMEÇAR
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Agora, você vai estudar algumas leis que contribuem para a inclusão, a democracia e a pluralidade na
educação e para a redução das desigualdades sociais e raciais: serão objetos de nossos estudos a Lei 10.639/03,
que trata do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, a Lei 11.645/08, sobre o ensino da história
e cultura dos povos indígenas, a Lei 12.711/12, sobre as cotas nas Universidades e a Lei Brasileira de Inclusão,
advento das políticas educacionais de ações afirmativas no Brasil. Essas políticas que emergem especialmente
no contexto da década de 2000, foram resultado de pressões e lutas históricas de movimentos sociais e grupos
engajados por melhores condições e oportunidades mais justas e equitativas para as minorias sociais.
A Lei 10.639/03, que completou duas décadas no ano de 2023, aborda a questão da história e cultura afro-
brasileira e africana, tornando esses conteúdos obrigatórios em todos os componentes curriculares das
matrizes dos sistemas educacionais de ensino no país. Isso quer dizer que não é somente em História, Arte ou
Língua Portuguesa que essas questões devem ser abordadas, mas em todas as disciplinas e por toda a escola.
História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
A Lei 10.639/03 torna o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana obrigatório nos
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares de todo o país. Como se pode
perceber, de acordo com a Lei, incluem-se nos conteúdos e currículos, e de forma obrigatória, os estudos da
História da África e dos africanos, a luta dos negros, a cultura negra e as contribuições da população negra de
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É importante contextualizar que a Lei 10.639/03 foi aprovada em meio a um conjunto de mudanças
importantes no currículo da educação básica e de avanços de pautas progressistas na política brasileira. Essa
Lei foi implementada no mesmo contexto em que se aprovou a obrigatoriedade da oferta do espanhol como
língua estrangeira, em 2005, a obrigatoriedade dos conteúdos relativos à história e à cultura indígena, em
2008, e a introdução das disciplinas de sociologia e filosofia no currículo da educação básica, em 2008.
Figura 1 | Arte indígena - Curumim, Guardador de Memórias, Rafaela Campos Alves (2020)
No entanto, como você estudou na aula anterior, há uma hegemonia do que se ensina na escola, e nessa
com o conceito de violência simbólica de Bourdieu. Temos um paradoxo, pois as políticas públicas
educacionais de ação afirmativa e de inclusão vão na contramão dessa perspectiva. Este é o exercício
reflexivo que você deve fazer, ou seja, reconhecer os avanços e os retrocessos da educação e da sociedade
brasileira.
Entendemos que a educação e a conscientização caminham juntas, por isso a importância das políticas
educacionais de ação afirmativa e de inclusão em nosso país. Entretanto, sabemos que a conscientização das
classes populares não é de interesse das classes dominantes, uma vez que o interesse é que o pobre pense que
é pobre por falta de oportunidades, de esforço individual ou, ainda, que não atingiu melhores condições de
vida porque não tem mérito para isso (Previtelli; Vieira, 2017, p. 27). Por isso a necessidade de a escola
repensar constantemente seus sistemas educacionais, de modo a proporcionar um ensino mais acessível a
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manipulá-las de modo a que sirvam aos interesses dominantes e não passem dos
limites
— (Freire, 2006, p. 25).
Há, portanto, retrocessos que ainda perduram nas atitudes pedagógicas tradicionais na educação formal.
Afinal, Paulo Freire, patrono da educação brasileira, apontava para a necessidade de uma educação popular,
de modo que a classe trabalhadora possa se emancipar cultural e socialmente. Como contraponto positivo a
essa realidade, temos a proposta da multiculturalidade presente nos currículos por meio das Leis 10.639/03 e
11.645/08, que veremos mais adiante. Trata-se da adoção de práticas de diversidade e pluralidade para a
educação das relações étnico-raciais, bem como a superação de formas de discriminação e de violência.
educacional e social em que estamos inseridos. Como podemos perceber, as produções culturais das classes
trabalhadoras são desvalorizadas por serem consideradas inferiores às das classes dominantes. Nessas
reflexões, devemos nos lembrar de Marx e suas explicações sobre as contradições da sociedade capitalista e o
Enfim, sabemos do nosso papel de educadores, no sentido de buscar superar qualquer forma de desigualdade
e de injustiça social que ainda persiste em nossa sociedade. Por isso reconhecemos a importância da Lei
10.639/03, que busca o reconhecimento e a valorização da diversidade cultural, como o ensino das
contribuições diversas da formação da população brasileira: cultura e saberes dos povos indígenas, da
população negra e dos europeus, assim como de outras etnias que contribuíram com o desenvolvimento do
Com isso, espera-se que as instituições de ensino contribuam significativamente para desconstruir
valorização da multiculturalidade, para que se possa pensar uma educação mais inclusiva e democrática,
refletindo as características múltiplas da população brasileira.
autoestima da população negra, além de proporcionar meios de inclusão e de ajuda no combate ao racismo
estrutural, culminando com a educação para a igualdade racial. Assim, é possível estabelecer mecanismos
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A Lei 11.645/08 vai na esteira das políticas educacionais voltadas à inclusão e a valorização da diversidade
sociocultural. Sabemos da importância da contribuição dos povos indígenas, seus modos de vida e
cosmovisão, saberes e conhecimentos, cultura, arte, economia, entre outros elementos, fundamentais para a
formação social e cultural do Brasil. A Lei 11.645/08 trata da questão da diversidade cultural dos povos
Art. 1o O art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a
seguinte redação:
A Lei 11.645/08 , como se percebe, inclui a abordagem sobre a cultura indígena, tornando-a obrigatória na
educação básica em todas as modalidades de ensino, bem como em todos os componentes curriculares. Você
pode perceber que a obrigatoriedade do ensino das culturas indígenas e negras contribui significativamente
para retratar todos os aspectos da população brasileira, afinal estamos falando de duas populações que
correspondem à base de nosso povo, que tiveram seus saberes ignorados durante séculos.
Ao pensarmos a formação do povo brasileiro, na qual aparecem o negro, o indígena e o europeu, não se pode
esquecer da exploração do negro e do indígena pelo sistema de trabalho compulsório durante séculos. Essas
duas populações foram vítimas, e existe um trabalho árduo para a educação no sentido de descolonizar
conteúdos e matrizes curriculares, sendo necessário reforçar essas contradições históricas junto aos agentes
sociais envolvidos no processo educacional. Nesse sentido, da mesma forma que os negros encontram
dificuldades para serem incluídos dignamente na sociedade, também os indígenas vivem uma situação
Em conjunto com a Lei 10.639/03, a Lei 11.645/08 contribui significativamente para promover mudanças que
ampliam a perspectiva de uma escola inclusiva do ponto de vista social, plural e democrática, sobretudo
porque promove o reconhecimento da diversidade cultural. A população brasileira tem como característica a
Apesar de ter havido muito extermínio de grupos indígenas, eles ainda resistem no Brasil. Segundo o Instituto
Socioambiental
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Vários desses povos também habitam países vizinhos. No Brasil, a grande maioria das
comunidades indígenas vive em terras coletivas, declaradas pelo governo federal para
seu usufruto exclusivo. As chamadas Terras Indígenas (TIs) somam, hoje, 703. (ISA,
2016, p. 1)
Muitas dessas populações passaram a exigir seus direitos a partir dos anos 1970,
considerando que deveriam não somente contar com os cuidados do Estado, mas
reivindicarem seus direitos por si sós. Uma das conquistas foi a Lei 11.645,
A Lei 11.645/08 , que trata do ensino da cultura dos povos indígenas, contribui com a desconstrução de
estereótipos e preconceitos do senso comum e em muitos outros segmentos de nossa sociedade. É preciso
destacar a concepção ecológica e a economia de subsistência com que os povos indígenas estabelecem nas
mediações entre homem e natureza. Com isso, o conjunto dessas legislações contribui para promover o
respeito e a valorização, bem como uma educação para a cidadania e respeito à diversidade.
instituições de ensino, de modo a garantir as vagas e as condições para todos os estudantes. Elas estabelecem
conexões com a abordagem das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que trazem a obrigatoriedade do ensino da
história e cultura afro-brasileira e indígena e são essenciais para o estabelecimento de uma educação
Para que se possa entender a Lei de Cotas nas Universidades, devemos nos lembrar que a palavra cota
significa parte. As cotas descrevem um dos aspectos mais importantes das políticas de ações afirmativas, pois
correspondem a uma reserva de vagas na universidade ou em qualquer outro espaço social no qual o acesso
de algum grupo étnico, religioso, de gênero ou qualquer outro não tenha acesso garantido com uma base de
oportunidades realmente equivalentes. A igualdade de oportunidades deve estar baseada em uma igualdade
Quando a igualdade de oportunidades não acontece por motivos diversos, são construídas as ações
afirmativas que forem necessárias para a reparação desse problema social. Ações afirmativas, portanto,
correspondem a um conjunto de ações temporárias construídas pela sociedade para resolver algum problema
que afeta de forma negativa um grupo social. São afirmativas, pois afirmam a necessidade de encontrar
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A Lei 12.711/12, conhecida como a Lei de Cotas nas Universidades, foi sancionada em agosto de 2012 e garante
a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais e 38 institutos federais de
educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares
ou da educação de jovens e adultos (Previtelli; Vieira, 2017, p. 105). Os demais 50% das vagas permanecem
− metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou
inferior a um salário mínimo e meio, per capita, e metade para estudantes de escolas
A Lei de Cotas, por meio da reserva de vagas, das cotas raciais e dos critérios socioeconômicos têm como
objetivo promover a democratização do acesso ao ensino superior, buscando estimular a inclusão nas
universidades federais brasileiras e, assim, diminuir as desigualdades sociais e raciais no país, promovendo a
inclusão no ensino superior. Essa Lei é importantíssima, pois contribui para a diminuição das desigualdades
A Lei 13.146/15, ou seja, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, tem como objetivo garantir e
promover os direitos e a inclusão das pessoas com deficiência em diferentes aspectos da vida social, cultural,
econômica e política (Brasil, 2015). Isso representou um avanço significativo na garantia dos direitos das
pessoas com deficiência, pois se baseia nos princípios da dignidade, igualdade, autonomia e inclusão e
participação na sociedade.
São garantias proporcionadas com essa legislação: o acesso à educação mediante a oferta de recursos e
estratégias que busquem promover a educação escolar em todas as modalidades de ensino, a acessibilidade e
mobilidade urbana, cujo objetivo consiste na facilitação de locomoção e acesso das pessoas com deficiência,
trabalho e emprego, para a inclusão no mercado de trabalho, o atendimento à saúde e a assistência social,
sendo assegurado o atendimento e a garantia de condições dignas de vida (Brasil, 2015). Os direitos civis e
políticos são também contemplados às pessoas com deficiência com a garantia de participação política e de
VAMOS EXERCITAR
Vamos retomar as problematizações propostas no início desta aula: do que trata a Lei 10.639/03? Qual a sua
importância para a educação e diversidade? E a Lei 11.645/08, do que trata? Qual a sua importância para a
educação e diversidade? Por que as Leis 10.639/03 e 11.645/08 são essenciais para o estabelecimento de uma
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educação democrática, inclusiva e diversa? Qual o objetivo e importância da Lei de Cotas nas Universidades?
Em que medida a legislação brasileira avançou em relação à inclusão e quais são os desafios?
Você estudou que a Lei 10.639/03 torna o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana obrigatório
nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares de todo o país. Com essa Lei,
incluem-se os estudos da História da África e dos africanos, a luta dos negros, a cultura negra e as
contribuições da população negra, de modo geral, na formação da sociedade brasileira, ou seja, seus saberes e
conhecimentos, de forma obrigatória nos conteúdos e currículos. A Lei 11.645/08 inclui a abordagem sobre a
cultura indígena, tornando-a igualmente obrigatória na educação básica em todas as modalidades de ensino e
em todos os componentes curriculares (disciplinas). Essa Lei contribui com a desconstrução de estereótipos e
preconceitos que existem no senso comum e em muitos outros segmentos de nossa sociedade.
Você compreendeu que o ensino das culturas indígenas e negras contribuem significativamente para retratar
todos os aspectos da população brasileira, afinal estamos falando de duas populações que correspondem à
base de nosso povo, que tiveram seus saberes ignorados durante séculos. Em conjunto, as Leis 10.639/03 e
11.645/08 contribuem significativamente para promover mudanças que ampliam a perspectiva de uma escola
inclusiva do ponto de vista social, plural e democrática, sobretudo porque promove o reconhecimento da
diversidade cultural. Você pode perceber a importância do papel de educador, no sentido de buscar superar
qualquer forma de desigualdades e injustiças sociais que ainda persistem em nossa sociedade.
Também de acordo com o que aprendemos, a Lei 12.711/12, conhecida como a Lei de Cotas nas Universidades
garante a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais e 38 institutos
federais de educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em
cursos regulares ou da educação de jovens e adultos. Essa Lei tem como objetivo reservar vagas, a partir de
buscando estimular a inclusão nas universidades federais brasileiras e diminuir as desigualdades sociais e
Por fim, você viu a importância da Lei 13.146/15, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Como
discutimos, essa política pública tem como objetivo garantir e promover os direitos e a inclusão das pessoas
com deficiência em diferentes aspectos da vida social, cultural, econômica e política. Isso representou um
avanço significativo na garantia dos direitos das pessoas com deficiência, pois se baseia nos princípios da
Saiba mais
leitura do livro Cotas para negros em universidades: função social do estado contemporâneo e o
princípio da proporcionalidade, de Everaldo Medeiros Dias. Você encontra esse material em nossa
Biblioteca Virtual.
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você conheça a página do Instituto Socioambiental. Ali você encontra muitos materiais interessantes
A inclusão e as mudanças por ela requeridas, do livro Inclusão de pessoas com deficiência e/ou
necessidades específicas: avanços e desafios, de Margareth Diniz. Nesse capítulo, a autora discute a
inclusão como um processo de mudança e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo
de assegurar que todos os estudantes tenham acesso a todas as oportunidades educacionais e sociais
Aula 3
PONTO DE PARTIDA
Nesta aula, você vai estudar a importância do movimento negro e as relações com a educação, sobretudo a
partir de suas contribuições que culminam com o advento das políticas públicas de ações afirmativas, de
inclusão e de redução das desigualdades sociais, e sua relação com o desenvolvimento da diversidade na
educação. A questão das discriminações raciais, especialmente no contexto pós-abolicionista, será retomada
nos estudos desta aula. O acesso igualitário, a permanência na educação e o combate ao racismo estrutural
Alguns questionamentos se fazem necessários para iniciarmos nossas reflexões: de que modo as formas
diversas de discriminações raciais estão presentes no contexto pós-abolicionista? No atual contexto, é possível
garantir a permanência e o acesso igualitário para todas as pessoas na educação, independentemente de sua
identidade sociocultural? De que forma isso é possível? O que é racismo estrutural? Quais as ações mais
eficazes para combater o racismo estrutural em nosso país? Qual o papel da educação nesse processo?
Veja que esses são questionamentos interessantes para uma abordagem inicial, nos permitindo traçar um
percurso de estudos sobre educação e movimento negro. Desejamos que você tenha uma excelente leitura.
Bons estudos.
VAMOS COMEÇAR
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Nesta aula, que aborda um dos eixos da unidade sobre educação e políticas da diferença, como já anunciado,
você vai estudar o movimento negro e sua importância para a educação. Primeiramente, você compreenderá
seguida, você vai compreender a importância de lutar e preservar o acesso igualitário e a permanência na
educação por todos os povos que constituem a identidade brasileira. Por fim, você vai acompanhar os estudos
violência simbólica que infelizmente acompanham a história da humanidade. E, no Brasil, não é diferente.
Como já estudamos, preconceito corresponde a um pré-julgamento, ou seja, conceito ou opinião formado por
alguém antecipadamente, sem algum filtro ponderativo. É um julgamento ou opinião formada sem levar em
conta os fatos que o contestem. Eles ocorrem na sociedade, mas não necessariamente segregam ou
discriminam as diferenças.
existem raças superiores e inferiores. No entanto, como vimos, “raça” é um termo equivocado, pois a raça que
estamos adotando em nossa perspectiva é a de “raça humana”. O que existem são diferenças na aparência
dos indivíduos, não relacionadas a inteligência ou capacidade. Essas diferenças e a diversidade devem ser
O racismo, termo que se relaciona ao conceito de discriminação, nesse sentido, produz ódio e morte entre
grupos e indivíduos, ou seja, parte da perspectiva de que existe superioridade de “raças”, que propõe a
segregação racial ou, até mesmo, a extinção de determinadas minorias. Sabemos que o racismo deve ser
combatido, como o que se conquistou com o advento das políticas públicas de ação afirmativa, influenciado
pelo movimento negro, e a escola tem um papel preponderante nesse processo. A partir desse breve resgate
A abolição da escravatura no Brasil ocorreu em 1888 e determinou o fim da escravização dos negros no país.
No entanto, o período que sucede a abolição da escravatura não representou o fim das desigualdades e das
discriminações raciais, mas foi uma espécie de reatualização de práticas discriminatórias em formas mais
sutis e estruturais, como as políticas de branqueamento e de eugenia desenvolvidas no país no final do século
XIX e começo do século XX. No contexto pós-abolição da escravatura, o negro foi largado à própria sorte e não
houve no Brasil medidas efetivas de reparação social ou inclusão da população negra. O que se observou ao
longo do tempo foram mecanismos de discriminações raciais, que impediram a inclusão e integração da
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A falta de medidas de reparação, de políticas públicas voltadas à integração do negro na sociedade brasileira
e/ou de formas de inclusão que pudessem amenizar as dificuldades encontradas pela população negra
naquelas condições provocou o fenômeno de marginalização social e exclusão desses povos. É o que explica,
por exemplo, o processo de favelização no Brasil, pois as faltas de condições econômicas e oportunidades
levaram os negros a buscar regiões mais afastadas das cidades, muitas vezes desamparadas pelo Estado,
como com o que se deu com o processo de formação e desenvolvimento dos grandes centros no Brasil.
Parte das explicações que contribuíram para o processo de desigualdades étnico-raciais no Brasil, desde o
contexto pós-abolicionista, se sustentam no conceito de democracia racial desenvolvida por Gilberto Freyre
(Previtelli; Vieira, 2017). O mito da democracia é uma concepção que explica a inexistência de conflitos raciais
no Brasil, partindo da perspectiva de que existe uma harmonia étnico-racial, ou seja, a ideia de que diferentes
povos convivem pacificamente. Com isso, mesmo que não se possa afirmar, essa perspectiva indica que nessa
Essa concepção se baseou no conceito de miscigenação da população brasileira, segundo Gilberto Freyre, no
seu livro Casa Grande e Senzala, desde a formação histórica. Freyre construiu a visão de que, no Brasil, se
vivia uma democracia racial, caracterizado pela miscigenação, da mistura étnica que se faz presente na
cultura brasileira. Essa concepção parte da ideia de que a mistura étnico-racial em nosso país contribuiu para
homogênea e inclusiva. Por isso, quando analisamos e comparamos as relações étnico-raciais com os Estados
Unidos, por exemplo, percebe-se que, naquele país, os conflitos são mais segregados e explícitos.
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Para isso, temos que partir de uma diferença fundamental que é o “mito da
democracia racial” que considerava que no Brasil não havia discriminação racial ou
miscigenação cultural
— (Previtelli; Vieira, 2017, p. 101).
O sociólogo Florestan Fernandes critica a perspectiva do mito da democracia racial. Diferentemente dos
Estados Unidos, por exemplo, o racismo e a violência étnico-racial presente no Brasil ocorrem de forma
velada, escamoteada, embrenhada nas relações sociais que historicamente apresentam uma estrutura
desigual, em que a população negra foi considerada inferior. A perspectiva de que as diferentes culturas
étnico-raciais convivem pacificamente, serviria para encobrir as contradições e conflitos que a segregação
Florestan Fernandes, em seu livro A integração do negro na sociedade de classes, destaca as dificuldades
encontradas pela população negra para se inserir em um mundo cuja lógica é a da dominação capitalista e de
uma reprodução desigual de dominação, que não oferece condições para o desenvolvimento e o acesso às
riquezas produzidas socialmente. No Brasil, isso se verifica a partir das influências das históricas
desigualdades sociais e econômicas, que provocaram formas de discriminação e uma estrutura racial de
exclusão.
vista do desenvolvimento social em que se deve contemplar a utilização de várias ideias, saberes e
conhecimentos advindos da diversidade dos diversos povos que compõem a sociedade brasileira, são
primordiais para os estudos em educação e diversidade. A educação é muito importante, pois através dela
O movimento negro unificado, fundado em 1978, foi o grande responsável pelas mudanças mais recentes e
que significam conquistas de direitos para negros e negras (Oliveira, 2016, p. 332). Nesse sentido, a política de
cotas é um exemplo de política de ações afirmativas, uma das medidas importantes que contribuem para a
superação do racismo no Brasil, proporcionando a inclusão e a permanência dessa população nas instituições
de ensino.
Para que possamos pensar nas possibilidades e garantias para a permanência e o acesso igualitário na
educação, precisamos nos lembrar de algumas das políticas públicas, voltadas à educação, desde o advento da
Constituição de 1988. A própria Constituição Cidadã já apontava para os avanços sociais na área da educação,
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democrático. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 foi importante na década de 1990, pois ofereceu as bases
ensino fundamental e médio veio com a Lei 10.639/03, sendo uma importante conquista do movimento negro.
Trabalhar nas escolas a luta da população negra no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação
da sociedade nacional, nos currículos, de forma sistemática contribui para o desenvolvimento de uma
Nessa perspectiva do acesso igualitário e a permanência na educação, você percebeu que a Lei 11.645/08, que
trata da obrigatoriedade do ensino da cultura dos povos indígenas, população autóctone que habitava o
Brasil, a Lei de Cotas nas universidades brasileiras, e a Lei brasileira da inclusão, também conhecida como o
Estatuto Nacional da pessoa com deficiência, são políticas públicas, oriundas das lutas e reivindicações de
Outra política pública igualmente importante para a inclusão e a democratização da educação foi a Lei
12.288/10, conhecida como o Estatuto da Igualdade Racial, que se destina a garantir “à população negra a
efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o
Essas políticas públicas, em conjunto, contribuem com o acesso igualitário à educação. Mas isso não basta. É
racistas, mas, para isso, é preciso que haja cada vez mais pessoas com entendimento dessas políticas, para
que se estenda para a sociedade de modo geral. Que os estudantes e atores da escola (professores,
funcionários, comunidade escolar) possam obter os conhecimentos sobre a importância dessas políticas
Como você pode perceber, o mito da democracia racial oculta as desigualdades étnico-raciais históricas.
Podemos perceber a existência do racismo estrutural, que se reverbera até os dias de hoje com a segregação
racial, que se contrasta com a realidade de discriminação e de desigualdade racial vivenciada por muitos
A abolição da escravatura e a Proclamação da República não trouxeram ganhos para o negro no Brasil. Sem
um programa que o introduzisse social e economicamente em nossa sociedade, o negro ficou marginalizado,
foram negligenciados seus direitos de várias maneiras, seja pela questão da cidadania, pois não tinham
direito a voto, seja por problemas com a moradia, saúde e trabalho, uma vez que competiam com a migração
europeia. Além disso, havia o desprestígio relacionado às teorias eugênicas, em voga na época, que
que se adaptar às condições precárias, resultando em altos índices de pobreza e marginalização. O racismo
estrutural está presente na formação histórica brasileira, a partir de uma hierarquização rígida da estrutura
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social brasileira reverberando em condições precárias da população negra no Brasil, que se verifica no acesso
agravam as desigualdades sociais e econômicas. Durante muito tempo, não houve no país políticas públicas
de inclusão que buscassem a reparação histórica que o racismo estrutural aqui provocou. Isso tem começado
a mudar nas últimas décadas, mas há muito trabalho a ser feito do ponto de vista da educação e da
conscientização.
pós-abolicionista do Brasil, reflexo de nossa formação histórica e que ecoa até os dias atuais. O conceito
explica o fenômeno da hierarquização da cor da pele desde o período da colonização, fazendo com que se
estabeleça um sistema em que pessoas negras ocupem a base da estratificação social, com menor acesso a
condições e oportunidades.
Pode-se perceber que a educação tem papel fundamental no combate ao racismo estrutural e as formas de
violência associadas às questões étnico-raciais. A educação e suas ações, para além dos muros da escola, são
políticas públicas servem para proporcionar maior conscientização e sensibilização dos estudantes e da
sociedade brasileira.
competências da história e da cultura negra, africana, afro-brasileira e indígena, que devem estar presentes
nos currículos de todos níveis da educação básica, de modo a contemplar e valorizar a diversidade étnico-
racial. Com isso, espera-se promover o respeito e a compreensão das diferentes culturas, sendo todas elas
A promoção da igualdade e da equidade social por meio da educação e da cultura, bem como de outras áreas
importantes e estratégicas na sociedade brasileira, contribui para que seja possível alcançar a igualdade de
e da origem étnico-racial. Afinal, somos um país multicultural e as diversas culturas aqui existentes devem
inclusivas, contribui para o combate ao racismo estrutural. A formação e a capacitação adequada, com
mecanismos que valorizem a diversidade sociocultural, são, nesse sentido, amplamente importantes para o
que estamos tratando nesta aula. As oficinas temáticas e culturais para professores da educação básica, a
ação das equipes multidisciplinares para a educação das relações étnico-raciais e o desenvolvimento de um
plano de ação conjunto na escola corroboram amplamente para o estímulo e reflexão crítica acerca da
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VAMOS EXERCITAR
Vamos rever as questões levantadas no início desta aula: de que modo as formas diversas de discriminações
raciais estão presentes no contexto pós-abolicionista? A abolição da escravatura no Brasil se deu em 1888 e
determinou o fim da escravização dos negros no Brasil. O período que sucede a abolição da escravatura
reatualizou práticas discriminatórias de formas mais sutis e estruturais, como as políticas de branqueamento
e de eugenia. Isso esteve longe de indicar o fim das desigualdades e das discriminações raciais.
No atual contexto, é possível garantir a permanência e o acesso igualitário para todas as pessoas na educação,
independentemente de sua identidade sociocultural? De que forma isso é possível? Você compreendeu a
importância do movimento negro unificado, movimento social responsável pelas mudanças mais recentes e
que significam conquistas de direitos para negros e negras. A política de cotas é um exemplo de política de
ação afirmativa, uma medida que contribui com a garantia de acesso igualitário para todas as pessoas. É
também importante, pois contribui para a superação do racismo no Brasil, proporcionando a inclusão e a
O que é racismo estrutural? Quais as ações mais eficazes para combater o racismo estrutural em nosso país?
Qual o papel da educação nesse processo? Você estudou o conceito do mito da democracia racial e percebeu
que essa perspectiva oculta as desigualdades étnico-raciais existentes historicamente em nosso país. A
existência do racismo estrutural, que se reverbera até os dias de hoje com a segregação racial, escancara as
formas de discriminação e as desigualdades raciais aqui vivenciadas por muitos grupos excluídos social e
economicamente. Segundo o que aprendemos, o racismo estrutural está presente na formação histórica
brasileira, desde o advento de uma hierarquização rígida da estrutura social brasileira, trazida com os
portugueses, que resultou em condições precárias da população negra no Brasil. Isso se verifica no acesso a
serviços públicos, na representação política e/ou no mercado de trabalho. Nesse sentido, a educação tem um
étnico-raciais. A educação precisa estender suas ações para além dos muros da escola, fundamentais no
combate ao preconceito, à discriminação e à intolerância. Como discutimos, das muitas funções sociais, as
políticas públicas servem para proporcionar maior conscientização e sensibilização dos estudantes e da
sociedade brasileira.
Saiba mais
discriminação no Brasil de Luana Tolentino. Você encontra esse material disponibilizado em nossa
Biblioteca Virtual.
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Para pensar a questão do acesso e permanência na educação, sugerimos que você assista ao filme Que
horas ela volta?. O filme revela e explicita as múltiplas contradições da sociedade de classes no Brasil e
nos leva a refletir sobre a importância das políticas públicas de ações afirmativas e de inclusão.
recomendamos a leitura do livro Educação: um pensamento negro contemporâneo, de Sales Augusto dos
Santos. O livro demonstra mais de cem anos de luta de movimentos contra o racismo e por educação no
Aula 4
PONTO DE PARTIDA
Nesta aula, você vai estudar sobre educação e políticas da diferença, a partir da perspectiva dos povos
conhecimentos oriundos das populações originárias que compuseram a formação da sociedade brasileira.
Para esta aula sobre educação e povos indígenas, alguns questionamentos se fazem necessários para
iniciarmos as nossas reflexões: Qual a importância da preservação cultural dos povos indígenas? Quais as
principais reivindicações do movimento indígena brasileiro? No atual contexto em que estamos inseridos, de
que modo é possível estabelecer justiça social para os povos indígenas? Qual a importância da educação
intercultural e bilíngue nas escolas de educação indígena? Por que se devem valorizar nas escolas e na
Você pode perceber que esses são alguns questionamentos que nos levam a refletir sobre as relações entre
educação e os povos indígenas. Sabemos que precisamos contextualizar essa discussão com as questões que
envolvem a formação histórica da sociedade, marcada pela desigualdade e por formas diversas de
discriminação e de violência. Você é o nosso convidado especial. Aprofunde, sempre que possível, os seus
VAMOS COMEÇAR
A partir de agora, você vai estudar os embaraços e desembaraços envolvendo os povos indígenas, a questão
da preservação cultural e a justiça social. Em seguida, você vai estudar a educação intercultural e bilíngue nas
escolas. Por fim, vai analisar a importância de valorizar os conhecimentos dos povos tradicionais,
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indígenas são as bases da identidade sociocultural de nosso povo. A preservação cultural dos povos indígenas,
bem como o direito à terra, diante de todo o contexto que envolve a nossa formação histórica, se faz mais do
que necessário e se justifica por si só, de modo que possa haver justiça social. Somente assim seria possível
Tratar sobre educação e diversidade cultural dos povos indígenas consiste em reconhecer a importância das
políticas da diferença presentes na educação e sociedade brasileira. Preservar a cultura dos povos originários
do Brasil, que é dever de todos os brasileiros, não beneficia apenas os povos indígenas, mas a sociedade
brasileira de modo geral e a diversidade cultural com que nos constituímos ao longo da história.
O resgate cultural dos povos indígenas está presente em nossas memórias quando nos lembramos das
maneiras tradicionais estabelecidas no manuseio das relações com a natureza, que contribuem amplamente
A defesa por esses direitos, a autodeterminação, a terra e a cultura dos povos indígenas são bandeiras
próprias do movimento indígena brasileiro, órgão que se constituiu visando à preservação cultural dos povos
originários do Brasil e à conquista de direitos. Não à toa, é fundamental que seja promovida a justiça social
para os povos indígenas e para a população negra, historicamente explorados pelo trabalho compulsório
realizado no Brasil. Ou seja, da mesma forma que os negros encontram dificuldades para serem incluídos, os
povos indígenas também sofrem por causa da formação desigual e excludente da sociedade brasileira.
Durante o século XX, pensou-se na construção de algumas instituições que buscassem promover a justiça
social para os indígenas. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) nasce do Serviço de Proteção ao
Índio (SPI), órgão criado no contexto da ditadura militar. A SPI, por sua vez, nasceu do projeto do Marechal
Cândido Rondon, que tinha como objetivo a assimilação do indígena junto à sociedade brasileira de forma
inclusiva, sem violência. No contexto da ditadura, esses projetos buscavam a integração dos povos indígenas
na sociedade brasileira, no sentido de que os indígenas fossem “adaptados” à cultura brasileira, deixando de
lado suas percepções e cosmovisões de mundo, no contexto de nacionalismo exacerbado proposto pelos
A questão da demarcação de terras para os povos indígenas é uma maneira de se fazer a justiça social,
restaurativa, afinal eram eles que aqui estavam antes da chegada dos europeus colonizadores. Por isso, é
direito dos povos indígenas acessar as terras que foram retiradas de suas posses em favor de uma política de
colonização.
O Art. 231 da Constituição de 1988 assegura os direitos à cultura, direitos legais e direito à terra para os povos
indígenas, e o Estado terá a obrigação de zelar por esses direitos. É dever de todo o cidadão contribuir para
que esse direito seja preservado, ajudando a desconstruir qualquer estereótipo ou preconceito contra a
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população indígena. Somente em 2002 foi declarado no código civil a competência dos indígenas em gestar
suas vidas, pois, até então, eram considerados incapazes (Previtelli; Vieira, 2017, p. 107), o que nos faz
processo de demarcação das terras indígenas; inspeção das áreas demarcadas para
que não sejam descaracterizadas; ampliação das terras demarcadas, que muitas vezes
são insuficientes para o sistema de vida do grupo indígena ali estabilizado; combate
às empresas que possam se instalar próximos ou até invadir as terras indígenas e que
Ao encontro dessas políticas de valorização da cultura indígena, a Lei 11.645/08, como você estudou em aulas
anteriores, foi extremamente importante para a preservação cultural dos povos indígenas, assegurando a
obrigatoriedade dos seus conteúdos nas escolas. Você pode perceber a importância de preservar a cultura dos
povos indígenas, pois ela é fundamental para um mecanismo de inclusão na sociedade de modo geral. A
cultura indígena é bastante vasta, rica e diversa, além de amplamente valiosa, especialmente quando se
considerados os guardiões das terras e dos recursos naturais, é algo extremamente importante para a
capitalismo contemporâneo. Os conhecimentos tradicionais sobre medicina, agricultura, religião, arte, entre
outros, devem assim ser apreendidos e trabalhados nas escolas, para que todos os estudantes tenham a
Figura 1 | Instrumentos musicais indígenas - fotografia de Álvaro Eugénio Neves da Fontoura e António de Almeida
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Munidos de conhecimentos sobre os conflitos que envolvem a demarcação de terras em território nacional,
os povos indígenas têm lutado para preservar as poucas terras que possuem, algo em torno de 13% do
território nacional, em detrimento das severas ameaças e pressões sofridas por ruralistas e grandes
latifundiários (ISA, 2021). Recentemente, como retrocesso dessa perspectiva da diversidade e da educação, a
aprovação do Marco Temporal fez com que os povos indígenas tivessem direito de ocupar apenas as terras
Como se pode perceber, é preciso que haja justiça social e o reconhecimento de direitos, das terras indígenas,
de modo que essa população tenha autonomia e autodeterminação. Estabelecer meios de diálogo
intercultural e de valorização da diversidade nos espaços da escola contribui para uma maior
conscientização social e para o estreitamento da convivência entre diferentes culturas promovido pelos povos
É preciso que os povos indígenas estejam juntos no processo de tomada de decisões de nossa sociedade. Isto é,
deve-se reconhecer a diversidade cultural, ambiental e a luta por justiça social e inclusão. A preservação
cultural dos povos indígenas, portanto, é fundamental para a construção de uma sociedade plural,
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A educação intercultural e bilíngue é primordial para que os povos indígenas possam ser incluídos na
sociedade de modo mais efetivo, pois assim se contribui para a promoção da igualdade e da valorização da
diversidade cultural. Como se pode perceber, somos uma sociedade multicultural e, por isso, não devemos
economizar esforços para a construção de sociedades mais inclusivas e respeitosas em relação às diferentes
culturas.
O foco dos estudos em educação e diversidade consiste na construção de uma identidade coletiva, mais plural
e democrática. Apesar de todo um processo histórico marcado pelo genocídio e tentativas do Estado brasileiro
de integração da população indígena e suas culturas, muitos povos indígenas resistem na luta pela sua
afirmação. No Brasil, existem catalogadas 274 línguas (IBGE, 2010), entre os 305 povos indígenas (Oliveira,
2016, p. 382).
Tronco linguístico corresponde às afinidades linguísticas que costumam ser organizadas em famílias de
línguas, de modo a identificar origens comuns ou semelhanças. As escolas de educação indígena, e não
apenas elas, devem proporcionar em seus currículos um modelo de educação intercultural e bilíngue que
contribua com a preservação das línguas e das culturas indígenas, uma vez que possibilita aos povos
indígenas o acesso à língua materna e que a trabalhem ao longo de sua formação. A língua, nesse sentido,
possibilita o reconhecimento e a valorização das tradições, cosmovisões e conhecimentos próprios dos povos
indígenas, estreita diálogos entre saberes tradicionais e acadêmicos, empodera e dá autonomia em uma
relação bilateral.
capacidade comunicativa, a partir dos conhecimentos da língua materna e da língua portuguesa, entre outras
línguas que porventura aprenderem. Esses conhecimentos são fundamentais para que a população indígena
Em educação e diversidade, estima-se que esses diálogos sejam acompanhados do respeito entre as diferentes
culturas. A educação intercultural e bilíngue preserva e fortalece a identidade cultural de grupos étnicos
culturas.
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colaboração, posto pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases
Estados e Municípios a execução para a garantia deste direito dos povos indígenas
— (Educação..., 2013, [s. p.]).
Com isso, esses modelos educacionais buscam reduzir as desigualdades e os preconceitos, favorecendo a
inclusão e o acesso igualitário na educação escolar indígena, a partir do fortalecimento de mecanismos que
incentivem o desenvolvimento da língua e cultura indígenas. Essas medidas, ou seja, a educação intercultural
cultural. Infelizmente, em muitas situações, esses saberes são ignorados e/ou recusados pela cultura
dominante e hegemônica. Você deve se lembrar do conceito de epistemicídio que estudamos no começo desta
unidade, e perceber que esse fenômeno tem um propósito nas escolas e demais instituições de ensino.
No entanto, sabemos que as escolas são espaços necessários para a desconstrução de estereótipos,
Afinal, sabemos da riqueza dos saberes acumulados pelos povos indígenas, comunidades quilombolas, povos
tradicionais e/ou minoritários ao longo do tempo e por diferentes comunidades. Os saberes e conhecimentos
dos povos originários são transmitidos ao longo do tempo e abrangem agricultura, medicina tradicional,
técnicas de preservação ambiental (rotação de culturas), artes, mitologia, cosmologia, entre outros
conhecimentos.
existentes nas diferentes culturas que coabitam um mesmo meio social. Como se pode perceber até aqui, em
educação e diversidade, não existem conhecimentos melhores ou piores, eles são apenas formas de
Os conhecimentos tradicionais são elementos essenciais para a preservação da identidade cultural e para a
transmissão de valores e tradições de um grupo étnico. Por isso, é importante que as equipes
multidisciplinares para a educação das relações étnico raciais nas escolas trabalhem conteúdos e saberes das
Os afro-brasileiros, embora pela diáspora, tenham tido uma história diversa quanto à
separação em grupos étnicos, também têm uma identidade que os identifica como tal.
De alguma forma foram preservadas suas culturas, seus modos de falar, de viver sua
cosmovisão dessas populações, das histórias orais, que suas memórias podem ser
mantidas. Stuart Hall (2004, p. 29) escreve que: “Possuir uma identidade cultural [...] é
passado, o futuro e o presente numa linha ininterrupta. Esse cordão umbilical é o que
É preciso dar o devido empoderamento e autonomia para os saberes das comunidades indígenas,
especialmente quando esses saberes se tornam cada vez mais relevantes no enfrentamento dos desafios
vivenciados pela humanidade no contexto atual, marcado por problemas como o aquecimento global, a
Nesse sentido, como se pode perceber, os povos indígenas contribuem a partir dos saberes tradicionais para o
VAMOS EXERCITAR
Você estudou nesta aula sobre educação e povos indígenas, tomando como percurso um breve roteiro de
direito à terra, diante de todo o contexto que envolve a nossa formação histórica, algo que se faz mais do que
necessário e se justifica por si só, de modo que possa haver o mínimo de justiça social. Os ensinamentos e as
relações estabelecidas nessa mediação com a natureza contribuem amplamente para a preservação do meio
ambiente, pauta essencial no contexto da contemporaneidade.
Quais as principais reivindicações do movimento indígena brasileiro? É um órgão que se constituiu visando à
preservação cultural dos povos originários do Brasil e à conquista de direitos. Assim, tem como objetivo a
No atual contexto em que estamos inseridos, de que modo é possível estabelecer justiça social para os povos
indígenas? A justiça social é fundamental para os povos indígenas e para a população negra, historicamente
explorados pelo trabalho compulsório realizado no Brasil. Como você estudou, da mesma forma que os
negros encontram dificuldades para serem incluídos, os povos indígenas também sofrem por causa da
formação desigual e excludente da sociedade brasileira. A questão da demarcação de terras para os povos
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indígenas é uma maneira de se fazer a justiça social, restaurativa, afinal eram eles que aqui estavam antes da
chegada dos europeus colonizadores. Você percebeu a necessidade da justiça social e o reconhecimento de
direitos das terras indígenas, de modo que essa população tenha autonomia e autodeterminação.
Outro questionamento proposto foi: qual a importância da educação intercultural e bilíngue nas escolas de
educação indígena? Como você estudou, a educação intercultural e bilíngue é primordial para que os povos
indígenas possam ser incluídos na sociedade de modo mais efetivo, pois assim se contribui para a promoção
da igualdade e da valorização da diversidade cultural. As escolas de educação indígena, e não apenas elas,
devem proporcionar em seus currículos um modelo de educação intercultural e bilíngue, pois contribui para
preservar e fortalecer a identidade cultural de grupos étnicos minoritários, permitindo que os estudantes se
Enfim, por que se devem valorizar nas escolas e na sociedade de modo geral os conhecimentos tradicionais?
Como você estudou, as escolas são espaços necessários para a desconstrução de estereótipos, discriminações e
qualquer forma de violência e para a construção de espaços democráticos e inclusivos. Nessas instituições, é
saberes e conhecimentos das diferentes culturas que coabitam um mesmo meio social, sendo elementos
essenciais para a preservação da identidade cultural e para a transmissão de valores e tradições de um grupo
étnico.
Saiba mais
memórias narradas por Gilda Wankyly Kuita e Iracema Gãh Té Nascimento, com imagens e sons
captados na Terra Indígena Kaingang Apucaraninha (PR) durante o encontro de mulheres Ga vī : a voz do
barro, conversando com a terra. Você pode encontrar essa animação, pesquisando na internet.
página Cartas Indígenas ao Brasil. Conheça as perspectivas apresentadas pelos povos indígenas no Brasil.
Aula 5
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ENCERRAMENTO DA UNIDADE
PONTO DE CHEGADA
Educação e violências
Nos estudos sobre as relações entre educação e as políticas da diferença, você conheceu Pierre Bourdieu e sua
importância nos estudos sobre educação e diversidade. O sociólogo desenvolveu a teoria da reprodução da
violência simbólica que está presente na educação e seus sistemas de ensino transmitidos pelas escolas e
pelos centros educacionais. Esse conceito nos ajuda a pensar nas características das escolas e seus sistemas,
modelos e métodos de ensino, afinal, segundo Bourdieu, eles reproduzem as desigualdades sociais e
educacionais. Relacionado a essas discussões, o conceito de epistemicídio ilustra a maneira com que as
formas de violência simbólica ocorrem nas escolas. O epistemicídio é um termo cunhado pelo sociólogo
Boaventura Sousa Santos que explica a morte da construção do conhecimento. Na instituição de ensino, na
qual se transmite o conhecimento científico, portanto, saberes interligados aos conhecimentos, cultura e visão
de mundo das classes dominantes, verifica-se uma forma de violência praticada pela (e na) escola, que é
constituída a partir das relações sociais e de poder, o que, por sua vez, se relaciona ao epistemicídio. O
produto da intolerância corresponde a formas diversas de violência simbólica e material reproduzida pela
sociedade e que se manifesta nas práticas de preconceito, discriminação e intolerância. O produto é, portanto,
estrutura social em que a escola está inserida, a classe dominante que mantém o status quo vigente e as
escolas, bem como a reprodução da violência (os agentes), segundo Bourdieu.
brasileira como resultado das reivindicações dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada.
A Lei 10.639/03 torna o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana obrigatório nos
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares de todo o país. A Lei 11.645/08 inclui
a abordagem sobre a cultura indígena, tornando-a igualmente obrigatória na educação básica em todas as
do ponto de vista social, plural e democrática, sobretudo porque promove o reconhecimento da diversidade
cultural. A Lei nº 12.711/12, conhecida como a Lei de Cotas nas Universidades garante a reserva de 50% das
matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciência e
tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de
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jovens e adultos. E a Lei 13.146/15, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência tem como objetivo
garantir e promover os direitos e a inclusão das pessoas com deficiência em diferentes aspectos da vida
social, cultural, econômica e política. Isso representou um avanço significativo na garantia dos direitos das
pessoas com deficiência, pois se baseia nos princípios da dignidade, igualdade, autonomia e inclusão e
participação na sociedade.
abolição da escravatura no Brasil, em 1888, que determinou o fim da escravização dos negros no Brasil, isso
não representou condições igualitárias de acesso a oportunidades e direitos para essa população, como o que
de políticas de ações afirmativas, uma medida que contribui para garantir o acesso igualitário para todas as
pessoas. Outro conceito importante que estudamos nesta aula foi o mito da democracia racial, que oculta as
desigualdades étnico-raciais existentes historicamente em nosso país. A existência do racismo estrutural, que
se reverbera até os dias de hoje com a segregação racial, escancara as formas de discriminação e as
desigualdades raciais aqui vivenciadas por muitos grupos excluídos social e economicamente. Enfim, a
educação tem um papel importante no combate ao racismo estrutural e às formas de violência associadas às
questões étnico-raciais. Deve-se promover suas ações para além dos muros da escola, no combate ao
preconceito, à discriminação e à intolerância.
dos povos indígenas, o direito à terra, diante de todo o contexto que envolve a nossa formação histórica. A
educação é uma instituição que promove justiça social nesse contexto.
O movimento indígena brasileiro defende a preservação cultural dos povos originários do Brasil e a conquista
de direitos, tendo como objetivo a defesa desses direitos, a autodeterminação, a terra e a cultura dos povos
indígenas. A educação intercultural e bilíngue é primordial para que os povos indígenas possam ser incluídos
na sociedade de modo mais efetivo, contribuindo para a promoção da igualdade e da valorização da
diversidade cultural. Nesse sentido, as escolas são espaços necessários para a desconstrução de estereótipos,
discriminações e qualquer forma de violência e para a construção de espaços democráticos e inclusivos, onde
seja possível valorizar os diversos saberes e os conhecimentos tradicionais proporcionados pelos povos
originários. Isso significa respeitar à diversidade de saberes e conhecimentos existentes nas diferentes
Reflita
1. Quais os aspectos legais da diversidade na educação?
2. Quais são as estratégias para trabalhar a história e cultura negra e indígena nas escolas?
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3. De que forma a violência simbólica está presente na escola e nas instituições de ensino em nossa
sociedade?
É HORA DE PRATICAR
Para o estudo de caso desta unidade, imagine-se como um educador que integra a Equipe Multidisciplinar
para a Educação das Relações Étnico-Raciais de uma escola brasileira. Para o encaminhamento deste estudo
de caso, você deve se lembrar que a escola é reflexo da sociedade brasileira, ou seja, um país multicultural e
caracterizado pela diversidade com que se constitui a população brasileira. Além disso, você também deve
levar em consideração as reformas educacionais da educação básica no atual contexto proposto pela Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) que levou à reformulação da organização curricular das escolas
brasileiras, sob a perspectiva da emergência de novas possibilidades na abordagem dos conteúdos por
competências e habilidades, de forma interdisciplinar, entre as áreas do conhecimento.
Sabemos que a educação para as relações étnico-raciais e o ensino de história e cultura afro-brasileira,
africana e indígena têm sido um grande desafio para os educadores, diante das contradições sociais presentes
historicamente em nossa sociedade, e das formas de violência simbólica que são reproduzidas na escola. No
entanto, sabemos que a temática do ensino da história e da cultura afro-brasileira, africana e indígena tem
Étnico- Raciais. Como vimos, a escola é o lócus, por excelência, de estudos, reflexões, diálogos, debates e
mobilizações diversas sobre a diversidade cultural em suas matrizes étnicas que compõem a nossa
Sabendo das possibilidades múltiplas da Equipe Multidisciplinar para a Educação das Relações Étnico-Raciais,
de que modo você pode contribuir para uma educação mais inclusiva visando a diversidade étnico-racial?
Como você poderia contribuir para a erradicação de manifestações de discriminação, estereótipos e de
Para a resolução desse estudo de caso sobre as relações entre educação e políticas da diferença, você deve se
lembrar que nos estudos em educação e diversidade, devemos reconhecer a formação das identidades
socioculturais e o papel da educação com o reconhecimento da valorização da diversidade, compreendendo
os aspectos formadores das desigualdades, que se manifesta de diversas formas em nosso país. Nesse estudo
de caso, lembre-se de que se encontra na condição de um educador que integra a Equipe Multidisciplinar
movimento coletivo no ambiente escolar, envolvendo todos os agentes educacionais de uma escola. Não
devemos supor que essa tarefa é de um ou de outro componente curricular, mas deve haver um movimento
que envolva toda a comunidade escolar, trabalhando a interdisciplinaridade de maneira pedagógica, com
questões latentes no cotidiano escolar, como a discriminação racial e também o ocultamento da diversidade
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étnico-racial presente em nossa sociedade. Lembre-se sempre de que a instituição escolar se propõe a
valorizar e respeitar a diversidade étnica e cultural da história dos povos africanos, indígenas e da cultura
Assim, retomamos os questionamentos propostos em nosso estudo de caso: de que modo você, na condição de
integrante da equipe multidisciplinar da escola, poderia contribuir para uma educação mais inclusiva para a
diversidade étnico-racial? Como você poderia contribuir para a erradicação de manifestações de
comportamento de maneira positiva, em relação à posição ocupada pelos negros e indígenas na sociedade.
Trata-se de promover atividades que incentivem as ações culturais indígenas e afro-brasileiras na escola e de
práticas pedagógicas, que se objetivam pelo respeito entre os seres humanos e a valorização das
contribuições de todas as culturas que ajudaram a enriquecer a cultura brasileira. Afinal, desejamos uma
sociedade com justiça social e, para isso, não devemos poupar esforços para que as escolas se tornem
territórios de equidade e respeito, espaço adequado à formação de todos os cidadãos.
Devemos ter sempre em mente que a sociedade brasileira é plural, e mais do que compreender essa
pluralidade, torna-se importante o conhecimento, o respeito e a valorização de todas elas, especialmente a
presença negra e indígena, que muitas vezes são invisibilizadas no currículo escolar. Devemos conectar essas
experiências ao cotidiano escolar, para torná-las reconhecidas por todos os atores envolvidos com o processo
pedagógico, em especial professores, agentes educacionais, pais, mães, responsáveis e estudantes. Portanto, é
necessário que haja essa reflexão coletiva dos agentes educadores para que a escola não seja um espaço
excludente, mas que seja um local integrador, no qual as diferenças não sejam apagadas ou escondidas, mas
reconhecidas.
Dessa forma, você pode contribuir com a equipe multidisciplinar de sua escola, participando, conduzindo e
mobilizando toda a escola em ações das equipes multidisciplinares, com a oportunidade de estender o
afro-brasileira e indígena nos materiais didáticos e nas metodologias pedagógicas, além de outras atividades
extracurriculares que envolvam estudantes, professores e comunidade escolar para a discussão de questões
Por fim, você deve considerar sempre nesse trabalho as Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tratam da necessidade
de trabalhar a cultura indígena, africana e afro-brasileira em todos os componentes da escola, bem como as
ações desenvolvidas no plano de ação da equipe multidisciplinar da escola que você ajudou a construir. E
DÊ O PLAY!
ASSIMILE
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O mapa mental a seguir mostra as principais políticas públicas de ações afirmativas e de inclusão no Brasil
REFERÊNCIAS
Aula 1
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.
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Aula 2
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BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada
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BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716,
de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm. Acesso em: 31 jan. 2024.
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BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
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INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). Marco Temporal Não: entenda por que não tem “muita terra para pouco
OLIVEIRA, L. F. de. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio de Janeiro: Imperial Novo
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