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CONCURSO FORMAL:
De acordo com o art. 70 do CP, esta modalidade ocorre quando o agente
mediante UMA ÚNICA AÇÃO ou OMISSÃO, pratica dois ou mais crimes
idênticos ou não.
OBS. É também chamado de concurso ideal.
Se os delitos forem idênticos, o Juiz deverá aplicar uma só pena, aumentada
de 1/6 até ½ (sistema de exasperação da pena). É o chamado CONCURSO
FORMAL HOMOGÊNEO. Ex. agindo com imprudência, o agente provoca um
acidente no qual morrem duas pessoas. Neste caso, o Juiz aplica a pena de
um homicídio culposo, no patamar de um ano, supondo ter aplicado a pena no
mínimo legal e em seguida aumenta-a de 1/6, chegando a um montante final
de 1 ano e 2 meses de detenção.
Se os delitos não forem idênticos, temos o CONCURSO FORMAL
HETEROGÊNEO, neste caso, deverá ser aplicada a pena do delito mais grave,
aumentada também de 1/6 a ½.. Ex. quando alguém, agindo com imprudência,
provoca a morte de uma pessoa e lesões corporais na outra. Deverá o Juiz na
sentença aplicar a pena do homicídio culposo (crime mais grave) aumentada
de de 1/6, chegaremos a mesma pena de 1 ano e dois meses, muito embora
no exemplo acima tivesse praticado dois homicídios culposos.
OBS. A regra do concurso formal foi criada para beneficiar o réu, e evitar penas
desproporcionais, de acordo com o art. 70 parágrafo único do CP, estabelece
que a pena resultante do concurso formal não pode ser superior àquela cabível
na soma das penas.
Por isso, sempre que o montante da pena decorrente da aplicação de 1/6 a ½
resultar em quantidade superior a soma das penas, deverá neste caso, ser
desconsiderado tal índice e aplicada a pena referente a soma. Esta hipótese, é
chamada de CONCURSO MATERIAL BENÉFICO.
CRITÉRIO PARA EXASPERAÇÃO DA PENA:
Segundo o entendimento jurisprudencial, o critério será o número de crimes
praticados, que deve ser levado em conta pelo Juiz no momento da aplicação
do índice (1/6 a ½) de exasperação da pena. Ex. quando o sujeito mediante
uma única ação provoca a morte de duas pessoas, deve ser aplicado o
aumento mínimo de 1/6. Agora, se o número de vítimas for maior, o índice deve
ser maior.
CONCURSO FORMAL PRÓPRIO OU PERFEITO: quando o agente não tem
autonomia de desígnios em relação aos resultados e cuja consequência é a
aplicação de uma só pena aumentada de 1/6 até ½.
CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO OU IMPERFEITO: aqui o agente atua
com dolo direto em relação aos dois crimes, querendo provocar ambos os
resultados, neste caso, as penas são somadas.
CRIME CONTINUADO:
De acordo com o art. 71 do CP: “quando o agente, mediante, mais de uma
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro”.
FINALIDADE: evitar a aplicação de penas exorbitantes. A consequência do
reconhecimento da continuidade delitiva é a aplicação de uma pena só,
aumentada de 1/6 até 2/3.
Ex. quando um criminoso resolve furtar, por exemplo, estepes de veículos
estacionados na rua, e em uma semana consegue furtar 100 estepes de carros
diferentes, ele em tese, deveria receber uma pena mínima de 100 anos, pois
cometeu 100 furtos simples, que tem pena mínima de um ano cada.
Reconhecendo neste caso, o instituto do crime continuado, a consequência
será a aplicação de uma só pena aumentada de 1/6 até 2/3, a pena final, neste
caso será de 1 ano e 8 meses, diferença exorbitante.
APLICAÇÃO DA PENA:
No crime continuado os crimes devem ser necessariamente da mesma
espécie. Como também para os crimes na sua modalidade simples e
qualificada, desde que atinjam exatamente os mesmos bens jurídicos, são tidos
como da mesma espécie. Ex. crime de furto simples e de furto qualificado.
Nesta hipótese, segundo o art.71 caput do CP, aplica-se a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada em ambos os
casos, de 1/6 até 2/3 da pena.
EXAPERAÇÃO DA PENA:
Igual como ocorre no concurso material, o Juiz deve levar em conta para a
aplicação do índice a quantidade de infrações perpetradas. Quanto maior o
número de delitos, maior deverá ser o índice.
REQUISITOS: Art. 71 do CP
a) Pluralidade de condutas: assim como ocorre no concurso material, o crime
continuado requer a realização de duas ou mais ações ou omissões
criminosas. Já concurso formal, exige conduta única.
b) Que os crimes praticados sejam da mesma espécie, ou seja, são aqueles
previstos no mesmo tipo penal, simples ou qualificados, tentados ou
consumados. Ou seja, pode haver crime continuado entre furto e furto
qualificado; porém não haverá entre furto e roubo, por não serem da mesma
espécie. Corrente doutrinaria majoritária.
c) que os crimes sejam cometidos pelo mesmo modo de execução (conexão
modal). Por esse requisito não poderá aplicar a regra do crime continuado
entre dois roubos, caso um tenha sido praticado mediante violência e o outro
mediante grave ameaça.
d) que os crimes sejam cometidos nas mesmas condições de tempo (conexão
temporal). Neste caso, a jurisprudencial tem admitido o reconhecimento do
crime continuado quando entre as infrações penais não houver decorrido
período superior a 30 dias. Ou seja, não ocorre a continuidade delitiva se o
intervalo entre um crime e outro for superior a 30 dias.
c) que os crimes tenham sido cometidos nas mesmas condições de local
(conexão espacial): A jurisprudência admite o crime continuado, quando os
delitos forem praticados no mesmo local, em locais próximos, ou em bairros
distintos da mesma cidade e até em cidades vizinhas.
DISTINÇÃO ENTRE CRIME HABITUAL E CONTINUADO: no crime habitual
requer uma reiteração de condutas, a prática de um ato isolado não constitui
crime. Ex. curandeirismo (art. 284 do CP). No crime continuado, cada conduta
isoladamente constitui crime, mas por estarem presentes os requisitos legais,
aplica-se uma só pena seguida de exasperação.
OBS: aqui também cabe o CONCURSO MATERIAL BENÉFICO, já estudado
no crime formal.
CONCURSO ENTRE CRIMES E CONTRAVENÇÕES: neste caso deverá ser
executada a pena de reclusão ou detenção para depois ser executada a da
prisão simples.
CONCURSO DE CRIMES E PENA DE MULTA: em qualquer caso, seja no
concurso material formal ou crime continuado, a pena de multa será aplicada
distinta e integralmente. Não se submetendo a nenhum índice de aumento (art.
72 do CP).
PRESCRIÇÃO DOS CRIMES COMETIDOS EM CONTINUAÇÃO OU EM
CONCURSO FORMAL: de acordo com o art. 119 do CP, “no caso de concurso
de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
isoladamente”. De acordo a súmula 497 do STF: “quando se tratar de crime
continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se
computando o aumento decorrente da continuação”.
REFERENCIAS:
JESUS, Damásio E. de, Direito Penal, 1º Vol. – Parte Geral, Editora Saraiva.
FRAGOSO, Heleno Cláudio, Lições de Direito Penal, Nova Parte Geral, Editora
Forense.