Você está na página 1de 5

Faculdades Cathedral de Direito

Aula de Direito Penal II

Prof MsC. Cristiane Rodrigues Araujo da Silva

Assunto: Pena de Multa

Turmas: 4 A, B e C

Apostila elaborada pela Prof. Mestre em Direito Público Cristiane


Rodrigues Araujo da Silva, com a finalidade de dar sequência às aulas da
disciplina Penal II do Curso de Direito da Faculdade Cathedral.

Meus caros alunos, para entendermos o instituto da pena de multa, faz-se


necessário compreendermos o seu conceito.

CONCEITO: é uma modalidade de sanção de caráter patrimonial, que consiste


na entrega de dinheiro ao Fundo Penitenciário. (Art.49 CP)

OBS. Vejam bem, se refere ao Fundo Penitenciário de forma genérica,


possibilitando desta forma aos Estados que legislem acerca do tema, criando os
seus próprios Fundos. Como por exemplo ocorreu em São Paulo, onde foi criado
o FUNPESP (Fundo Penitenciário do Estado de São Paulo), objetivando a
melhoria da estrutura do sistema penitenciário, como ex. construção e reformas
de presídios, etc.

Ou seja, esse dinheiro só vai para o Fundo Penitenciário Nacional, caso não
exista o Fundo Penitenciário Estadual.

ESPÉCIES DE MULTA:

1- ORIGINÁRIA: esta espécie de multa está descrita em abstrato no próprio tipo


penal incriminador, em seu preceito secundário.

OBS. Essa pena pode ser prevista de forma ISOLADA (somente nas
Contravenções Penais), CUMULATIVA (e) (Ex. Art.155 caput CP) ou
ALTERNATIVA (ou) (Ex. Art.331 do CP).
2-SUBSTITUTIVA: (Art. 44 parágrafos 3 do CP): Também chamada de multa
substitutiva ou vicariante, essa espécie de pena de multa é aquela aplicada na
sentença em substituição a pena privativa de liberdade, DESDE QUE:

1- A pena aplicada na sentença não seja superior a 1 ano;

2-Que o réu não seja reincidente em crime doloso;

3- Que as circunstâncias judiciais sejam favoráveis a substituição (Art.59 CP); e

4- Que o crime seja cometido sem o emprego de violência contra a pessoa ou


grave ameaça.

OBS. A pena de multa não tem caráter precário, ou seja, o seu inadimplemento
não gera a reconversão em pena privativa de liberdade (verificar o pacote
anticrime acerca do tema), bem como não se trata de uma espécie de pena
restritiva de direito (conforme já estudado em sala de aula).

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (Lei 11.340 de 2006).

O Art. 17 da referida Lei, veda a substituição da pena privativa de liberdade por


pena EXCLUSIVA de multa.

REGRAS PARA FIXAÇÃO NO NÚMERO DE DIAS-MULTA (Art.49 do CP)

De acordo com este artigo, a pena deverá ser de no mínimo 10 e, no máximo


360 dias-multa. O juiz se atentara as regras para aplicação da multa de acordo
com critério trifásico (art.68 do CP). A saber: pena-base de dias-multa (art. 59
do CP), agravantes e atenuantes, causas de aumento e diminuição da pena.

OBS: é a gravidade do delito, os aspectos pessoais do réu, que permitem


estabelecer o número de dias-multa, e ao termino, o montante será determinado
pelo magistrado.

FIXAÇÃO DO VALOR DE CADA DIA-MULTA (ART.60 CP)


Atenderá ao critério da situação econômica do réu. Não podendo ser inferior a
1/30 do maior salário mínimo mensal e nem superior a 5 salários mínimos
vigentes. (Art.49 parágrafo 1 do CP).

OBS. Para os menos favorecidos economicamente o juiz aplicará o menor valor,


e para os mais abastados, um valor maior. Agora, mesmo sendo aplicado o valor
maior, ainda assim se mostrar insuficiente diante da imensa fortuna do réu, o juiz
poderá triplicar o valor da multa. (Art. 60 parágrafo 1 CP)

Ex1. Quando o réu é menos favorecido, recebendo mensalmente um salário


mínimo, o juiz deve fixar o valor do dia-multa em 1/30 para que haja
correspondência a um dia de trabalho do acusado. Assim 10 dias-multa são
correspondentes a 10 dias de trabalho.

Ex2.Agora imaginamos uma pessoa que recebe 30 salários mensais, significa


que recebe cerca de um salário mínimo por dia de trabalho, de forma que o valor
de cada dia-multa deve ser exatamente de um salário mínimo.

OBS: resumindo o valor da multa é feito por um simples cálculo aritmético,


que será multiplicado pelo número de dias-multa pelo índice de salário
mínimo fixado na sentença.

OBS. Primeiro o juiz fixará o número de dias-multa e somente depois colocará o


valor de cada um deles.

ATUALIZAÇÃO DO VALOR DA MULTA (art. 149 parágrafo 2 do CP): a multa


deverá ser atualizada no momento da execução de acordo com os índices da
correção monetária. Contudo a súmula 43 do STJ diz que a correção monetária
deve ocorrer a partir do dia em que foi cometido o delito, pacificando a
controvérsia existente na doutrina.

DO PAGAMENTO DA MULTA (Art. 50 e seguintes do CP)

Transitada em julgado a sentença que impôs a pena de multa, os autos irão ao


contador judicial para atualização de seu valor conforme acima estudado. Após
ouvir o MP, o Juiz notificará o condenado para que no prazo de 10 dias efetue o
pagamento da multa condenatória.
OBS. A pedido do condenado, o juiz poderá permitir que seja pago em parcelas
mensais. Permite ainda, que seja descontado do salário do condenado sem
prejuízo do seu sustendo e de sua família. Pago, o juiz decretará a extinção da
pena.

OBS. A pena de multa passou a ter caráter de dívida tributária. Caso não pague
seus bens serão confiscados e leiloados para pagamento da multa.

PRAZO PRESCRICIONAL (ART. 174 do CTN): A prescrição da ação para a


cobrança da multa, bem como dos créditos tributários, se dará em 05 anos,
conforme a Lei Tributária.

MORTE DO CONDENADO A PENA DE MULTA: a origem da condenação da


pena de multa é penal. Por isso, não se pode passar da pessoa do condenado
por força do art. 5, XLV, da CF/88. Em suma, falecendo o condenado durante o
procedimento executório, deve ser declarada extinta a pena, nos termos do art.
107, I, do CP.

OBS. Ao contrário da Legislação Tributária que permite que a execução prossiga


em relação aos herdeiros (art. 6 da Lei 6.830/1980).

OBS. Não cabe Habeas Corpus, óbvio por tutelar a liberdade do indivíduo, e o
não pagamento a pena de multa não pode mais ser reconvertido a pena privativa
de liberdade conforme já explicado acima, tem caráter de dívida tributária
(súmula 693 do STF). E não cabe, de acordo com o art. 80 do CP, a suspensão
condicional da pena. Ex. se o réu for condenado a uma pena privativa de
liberdade e também a pena de multa, caso o juiz aplique o sursis em relação à
primeira, continua o sentenciado obrigado a pagar a multa.

OBS. Em concurso de crimes (concurso formal, crime continuado e concurso


material), as penas de multa serão sempre somadas, ex. se o acusado praticou
5 crimes em continuação. O juiz deve aplicar no mínimo 50 dias-multa (10 para
cada delito).
EXERCICIOS aula 2

1- Comparar os artigos 60 parágrafo 2 e 44 parágrafo 2 ambos do CP, fazendo


uma analise critica com entendimento doutrinário e jurisprudencial em relação
ao montante da pena aplicado na sentença para substituição para a pena de
multa e aos crimes cometidos com violência contra a pessoa e grave ameaça.
Com suas palavras comente.

2- Comentar acerca da pena de multa em relação a competência da execução


em caso de não pagamento, com a devida alteração do Pacote Anticrime
sancionado em 24 de dezembro de 2019.

3- Há dezenas de ações penais em que a pena privativa de liberdade é prevista


em abstrato cumulativamente com a pena de multa, ´por exemplo arts. 138, 155
ambos do CP. Com base nessas informações, o que a doutrina e jurisprudência
têm entendido majoritariamente acerca da cumulação de multas na aplicação da
sentença. (Multa originaria com a substitutiva).

Você também pode gostar