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Lei de Execução Penal – Lei 7.

210/84
Professor Carlos Alfama

LEI DE EXECUÇÃO PENAL (Lei nº 7.210/84)


DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
(ARTS. 1º A 4º)

01) OBJETO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL

O objeto da Lei de Execução Penal é a regulamentação da


execução penal em todo território nacional.

Dito isso, importante saber, então, o que é a execução penal.

Inicialmente, verifica-se que o verbo “executar” significa “tornar


efetivo”, “cumprir”.

É justamente nessa linha de raciocínio que podemos concluir que


a execução penal é a fase do processo penal em que o Estado faz
valer o comando contido na sentença ou decisão criminal, ou seja, é
o momento em que se torna efetiva a determinação do Poder
Judiciário em relação ao caso julgado.

Nesse sentido, o art. 1º da Lei de Execução Penal, prevê:

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as


disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração
social do condenado e do internado.

Veja que o dispositivo deixa claro quais são os dois OBJETIVOS


DA EXECUÇÃO PENAL:

1º OBJETIVO DA EXECUÇÃO PENAL: Efetivar as


disposições de sentença ou decisão criminal.

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2º OBJETIVO DA EXECUÇÃO PENAL: Proporcionar


condições para a harmônica integração social do condenado e do
internado (ou seja, possibilitar a ressocialização do apenado).

Em relação ao primeiro objetivo, a pergunta que costuma


aparecer em provas de concurso é a seguinte é a seguinte:

# Quando se diz que a finalidade da LEP é efetivar as


disposições de sentença ou decisão criminal, a quais
sentenças o artigo se refere?

Refere-se a duas espécies de sentença:

• À sentença condenatória (aquela que aplica uma pena);

• À sentença absolutória imprópria (aplica uma medida de


segurança).

Em relação ao segundo objetivo (ressocialização), são


exemplos de instrumentos de reintegração social do apenado na LEP
os seguintes:

• A progressão de regime;
• O livramento condicional;
• A saída temporária;
• O trabalho penitenciário e o estudo (que permitem a remição).
• A assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e
religiosa.
• Assistência ao egresso do sistema prisional.

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02) NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO PENAL

A execução penal tem natureza jurídica de processo judicial


(processo judicial de execução).

Nesse sentido, o art. 2º da LEP:

Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça


ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo
de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo
Penal.

Também nesse sentido, o art. 194 da LEP:

Art. 194. O procedimento correspondente às situações previstas


nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da
execução.

CUIDADO!

Apesar de ser um processo judicial, a execução penal é uma


ATIVIDADE COMPLEXA, que se desenvolve tanto no plano judicial
como no plano administrativo. Participam da execução penal, tanto o
Poder Judiciário como o Poder Executivo. Enquanto o Poder Judiciário
é encarregado de proferir a maioria das determinações pertinentes à
execução da pena, o cumprimento sanção penal se dá em
estabelecimentos sob a responsabilidade do Poder Executivo.

Além disso, a lei ainda reserva à administração penitenciária a


decisão sobre pontos secundários da execução penal (ex.: horário
do banho de sol), no entanto, mesmo nesse caso, se o apenado não
concordar com a decisão administrativa poderá, por intermédio de
seu advogado, peticionar ao juiz (ATENÇÃO! Aqui não se trata de um
recurso ao judiciário, mas sim a um pedido ao juiz da execução).

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03) APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Neste ponto, as perguntas que podem ser cobradas na sua prova


são as seguintes:

# Quais são as espécies de sanções penais que podem ser


impostas em uma sentença?

São duas as espécies de sanção penal: as penas e as


medidas de segurança.

• PENA: Sanção penal, de caráter aflitivo, imposta pelo


Estado ao condenado pela prática de uma infração penal, que
consiste em uma restrição de um bem jurídico, cuja finalidade é
aplicar uma retribuição ao delinquente, promover sua
readaptação social e prevenir novas transgressões.
o Privativas de Liberdade
✓ Reclusão;
✓ Detenção;
✓ Prisão Simples (para as contravenções
penais).
o Restritivas de Direito
o Multa: A multa é uma espécie de pena por
meio da qual o condenado fica obrigado a pagar uma
quantia em dinheiro que será revertida em favor do
Fundo Penitenciário.

• MEDIDA DE SEGURANÇA: Sanção penal imposta pelo


Estado ao acusado inimputável ou semi-imputável cuja
finalidade é exclusivamente preventiva, no sentido de evitar
que o autor de fato definido como infração penal que tenha
demonstrado periculosidade volte a delinquir.

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# A execução de todas as sanções penais é regida pela Lei de


Execução Penal?

SIM!

A execução da pena privativa de liberdade é regida pela LEP


(arts. 105 a 146-D).

Da mesma forma, a execução da pena restritiva de direitos é


regida pela LEP (arts. 147 a 163).

A medida de segurança também é regida pela Lei de Execução


Penal (arts. 171 a 179).

Por fim, a pena de multa, mesmo considerada dívida de valor


desde 1996 (Lei nº 9.268/1996), permanece tendo natureza de
sanção penal. Logo, sua execução é considerada execução penal,
regida pelos arts. 164 a 170 da LEP.

No entanto, é importante registrar que, no que diz respeito à


pena de multa, apesar de sua execução ter natureza penal, sua
execução recebe determinações da LEP e, também, da Lei de
Execuções Fiscais (LEF).

Nesse sentido, o art. 51 do Código Penal:

Art. 51 - Transitada em julgado a sentença


condenatória, a multa será executada perante o
juiz da execução penal e será considerada dívida
de valor, aplicáveis as normas relativas à
dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no
que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)

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Sobre a pena de multa...

No que diz respeito à pena de multa, importante saber que,


antes da alteração no Código Penal ocorrida em 1996, a multa,
quando não era paga ou quando o condenado frustrava sua
execução, era convertida em privação de liberdade (detenção).

Entretanto, desde que ocorreu essa alteração, quando não paga,


a multa não se converte mais em prisão. Nesse caso, ela será
cobrada como dívida de valor perante o Juízo de Execução
Penal, na forma do art. 51 do Código Penal (alterado pelo Pacote
Anticrime) e dos arts. 164 a 170 da LEP, aplicáveis, ainda, as normas
relativas à dívida ativa da Fazenda Pública.

LEGITIMIDADE PARA EXECUTAR A PENA DE MULTA

Apesar de a multa ser dívida de valor, a legitimidade para


executá-la é do Ministério Público.

Isso porque, dizer que a multa é dívida de valor não significa


dizer que ela perdeu a natureza de sanção penal. Não há como retirar
do MP essa competência.

A multa criminal apenas pode ser cobrada pela Fazenda


Pública se o Ministério Público não atuar em 90 dias (ADI
3150/STF e AP 470/STF, ambos julgados em 2018).

SUMULA SUPERADA:

A Súmula nº 521 do STJ está superada e, portanto, não tem


mais aplicabilidade. Essa súmula dizia que “A legitimidade para a
execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda
Pública”.

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Neste ponto, cabe observar que o Pacote Anticrime (Lei


13.964/2019) alterou o art. 51 do Código Penal. Antes dessa
alteração, a pena de multa era executada perante o Juízo de
Execução Fiscal. Agora (desde 2019), é executada perante o Juízo da
Execução Penal.

Não obstante, importante registrar que a alteração promovida


pelo Pacote Anticrime no art. 51 da Lei de Execuções Penais
não alterou a possibilidade de a Fazenda Pública executar a
pena de multa em caso de inércia do Ministério Público. Nesse
sentido, podemos citar ainda os seguintes julgados:

“O Ministério Público é o órgão legitimado para


promover a execução da pena de multa, perante a Vara
de Execução Criminal, sendo que a Fazenda Pública
mantém a competência subsidiária para execução dos
respectivos valores, mesmo após a alteração
decorrente da nova redação do art. 51 do Código Penal
pela Lei 13.964/2019.”

STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.993.920/RS, Rel. Min.


Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT),
julgado em 22/11/2022.

“Mesmo após a alteração decorrente da nova redação


do art. 51 do Código Penal pela Lei 13.964/2019, a
Fazenda Pública mantém a competência subsidiária
para execução dos respectivos valores.”

STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.096.601/RS, Rel. Min.


Ribeiro Dantas, DJe de 24/8/2022.

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Por fim, importante registrar que no ano de 2023 o STF fixou


entendimento no sentido de que “Não cabe a determinação do
pagamento da pena de multa, de ofício, ao juízo da execução.”
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.222.146-GO, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 9/5/2023 (Info 779).

# A Lei de Execução penal tem aplicação apenas no que


diz respeito às penas e medidas de segurança?

NÃO! A LEP também se aplica ao preso provisório. Nesse


sentido, o art. 2º, parágrafo único, da LEP:

Art. 2º (...) Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente


ao preso provisório (...).

É importante que você se lembre aqui quais as espécies de


prisão provisória (ou prisão cautelar) em nosso processo penal: a
prisão em flagrante, a prisão preventiva e a prisão temporária.

# A Lei de Execução penal se aplica aos condenados por


crimes militares? E por crimes eleitorais?

SIM. No caso dos condenados por crimes militares, somente se


aplica a LEP quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à
jurisdição ordinária. Nesse sentido, o art. 2º, parágrafo único, da
LEP:

Art. 2º (...)

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente (...) ao


condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

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Veja, então, que a Lei de Execução Penal não tem sua aplicação
limitada aos condenados pela Justiça Comum (Estadual e Federal). A
LEP também se aplica ao condenado pela Justiça Militar ou Eleitoral,
quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

# A Lei de Execução Penal se aplica aos menores


infratores?

NÃO! Em relação ao menor infrator, não se aplica a LEP, mas


sim o ECA e a legislação correlata. Até mesmo porque, ao menor não
se impõe uma sanção penal, mas uma medida socioeducativa.

# A partir de que momento a pena imposta na sentença


pode ser executada?

Em outras palavras, em que momento a sentença condenatória


se torna um “título executivo judicial”?

Vamos analisar cada uma das possibilidades:

• Sentença que aplica pena privativa de


liberdade: Em regra, após o trânsito em julgado da
sentença penal ou acórdão penal condenatório.

CUIDADO!
De acordo com a literalidade da Lei de Execução Penal, a
sentença que aplica pena privativa de liberdade apenas pode ser
executada após o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.

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“Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena


privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz
ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução”.

No entanto, importante saber que o Código de Processo Penal,


alterado pelo Pacote Anticrime, passou a prever a execução
provisória da pena no caso de condenação no tribunal do júri a
pena superior a 15 anos de reclusão (art. 492, I, ‘e’ e §4º, do
CPP).
Apesar de o tema estar pendente de análise pelo Supremo
Tribunal Federal (Tema 1068), já se formou maioria para entender
constitucional a execução provisória da pena nos julgamentos do
tribunal do júri.

o Sentença que aplica pena restritiva de


direitos: A execução da pena somente é possível após o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Nesse sentido:

Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena


restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento
do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto,
requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou
solicitá-la a particulares”.

Súmula 643-STJ: A execução da pena restritiva de direitos depende


do trânsito em julgado da condenação. STJ. 3ª Seção. Aprovada em
10/02/2021.

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# Se o acusado faz acordo de transação penal, mas


descumpre as condições impostas, a pena do crime pelo qual
foi denunciado deve ser executada de acordo com as normas
da LEP?

NÃO! Nesse caso o MP deve oferecer a denúncia para que se


forme, ao final do processo, a sentença. A LEP não serve para
executar transação penal homologada judicialmente e descumprida.

Nesse sentido, a Súmula Vinculante nº 35 prevê que “A


homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei
9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas
cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial”.

# A execução penal é uma exceção ao princípio da inércia


(ou princípio do “ne procedat iudex ex oficio”)?

SIM! A execução penal tem seu início determinado de ofício pelo


Judiciário. Ou seja, não depende de requerimento de nenhuma das
partes.

# Para início do processo de execução, é necessária nova


citação do apenado?

NÃO! Para o início da execução penal, não há necessidade de


nova citação do apenado, salvo quanto à execução da pena de multa,
pois o condenado já foi intimado da sentença condenatória.

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04) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NA EXECUÇÃO PENAL

Ainda em relação à aplicação da Lei de Execução Penal, é


importante conhecer o princípio da legalidade no âmbito da execução
penal.

Inicialmente, cumpre saber que não se trata do princípio da


legalidade previsto no art. 1º, do CP (não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal).

O princípio da legalidade na execução penal previsto no art. 3º


da LEP, que prevê o seguinte:

Art. 3º, LEP: Ao condenado e ao internado serão assegurados todos


os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.

Antes de mais nada, registra-se que “condenado” é a pessoa


contra quem foi prolatada uma sentença condenatória e “internado”
é a pessoa contra quem foi prolatada sentença absolutória imprópria
(aquela que impõe a medida de segurança).

Dito isso, temos que o CONTEÚDO DO PRINCÍPIO DA


LEGALIDADE NA EXECUÇÃO PENAL é o seguinte: as penas serão
executadas no modo previsto na lei. Assim, o preso tem
preservados todos os direitos não retirados em sua condenação
judicial ou em lei.

Ex.: A visita íntima. Apesar de não prevista expressamente na


LEP como direito do apenado, não é proibida ao preso. Por isso, deve
ser, via de regra, possibilitada a ele.

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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES!

Por força do art. 3º da LEP, o art. 41 (da mesma lei) configura


um rol meramente exemplificativo. O art. 41 trata dos direitos dos
presos. Trata-se de um rol exemplificativo, pois, conforme vimos, o
preso tem preservados todos os direitos não retirados pela sentença
ou pela lei.

# Diante do princípio da legalidade na execução penal,


como ficam os direitos políticos do preso?

A CF/88 prevê a suspensão dos direitos políticos nos casos de


condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus
efeitos (art. 15, III). Assim, os presos em virtude de condenação
transitada em julgado têm os direitos políticos suspensos.

ATENÇÃO! Os presos provisórios não podem sofrer nenhuma


restrição a seus direitos políticos. Na sua prova, lembre-se: preso
provisório pode votar.

05) PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU DA IGUALDADE

Também em relação à aplicação da Lei de Execução Penal, é


importante conhecer o princípio da isonomia no âmbito da execução
penal. Trata-se do princípio previsto no art. 3º, parágrafo único, da
LEP:

Art. 3º, parágrafo único: “Não haverá qualquer


distinção de natureza racial, social, religiosa ou
política”.

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ATENÇÃO!

Veja que a LEP proíbe que se faça distinção racial, social,


religiosa ou política. É possível, no entanto, que, na execução penal,
se faça distinção quanto à natureza do delito, a idade e quanto ao
sexo do preso. É o que prevê a própria Constituição Federal:

CF/88, art. 5º, XLVIII - a pena será cumprida em


estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;

Importante! Também há distinção entre preso primário e preso


reincidente, bem como entre o preso provisório e os condenados
definitivos (art. 84, LEP).

PRISÃO ESPECIAL (art. 295, CPP): A prisão especial prevista


no CPP somente se aplica antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória, ou seja, somente às prisões cautelares.

INCONSTITUCIONALIDADE DA PRISÃO ESPECIAL PARA


PORTADORES DE DIPLOMA DE ENSINO SUPERIOR (STF, ADPF
334, DJe 03/04/2023): A prisão especial, em relação aos portadores
de diploma de nível superior, é inconciliável com o preceito
fundamental da isonomia (art. 3º, IV, e art. 5º, caput, CF).

PRISÃO DE PESSOAS AUTODECLARADA LGBTI (STF, ADPF


527 – 14/08/2023): O STF derrubou decisão do ministro Luís Roberto
Barroso que permitia a pessoas trans a opção de cumprir pena em
presídio feminino ou em masculino, com ala reservada. Os ministros,
por 6 a 5, não conheceram da ação que discutia o tema, de modo que
devem ser seguidas regras definidas em resolução do CNJ (348/20,
com modificações da 366/21), segundo a qual cabe ao juiz decidir,
de forma fundamentada, o local de pena mais apropriado.

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06) COOPERAÇÃO DA COMUNIDADE

Prevê o art. 4º da LEP que “O Estado deverá recorrer à


cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da
medida de segurança”.

07) COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE EXECUÇÃO PENAL

É privativa da União, por ser uma fase do processo penal (art.


22, I).

Neste ponto, é importante não confundir execução penal com


“direito penitenciário”. Veja:

EXECUÇÃO PENAL X DIREITO PENITENCIÁRIO: O Direito


Penitenciário é aquele que versa sobre a organização e
funcionamento dos estabelecimentos prisionais, normas de
assistência ao preso e outros temas correlatos.

Enquanto a competência para legislar sobre execução penal é


privativa da União, a competência para legislar sobre direito
penitenciário é concorrente entre União, Estados e DF (nos termos
do art. 24, I, da CF/88).

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ESTUDO DIRIGIDO

1) Qual é o objeto da Lei de Execução Penal?

2) O que é execução penal?

3) Quais são os objetivos da execução penal?

4) Quais são as sentenças efetivadas pela execução penal?

5) Qual a natureza jurídica da execução penal?

6) A execução penal é uma atividade complexa? O que isso


significa?

7) Quais são as espécies de sanções penais?

8) A Lei de Execução Penal regulamenta totalmente a execução de


todas as espécies de sanção penal?

9) A Lei de Execução Penal se aplica ao preso provisório?

10) A Lei de Execução Penal se aplica aos condenados pela


Justiça Militar? E aos condenados pela Justiça Eleitoral?

11) A Lei de Execução Penal se aplica aos menores infratores?

12) A partir de que momento a pena imposta na sentença


pode ser executada?

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13) O acordo de transação penal descumprido é executado


nos termos da Lei de Execução Penal?

14) O início do processo de execução depende da citação do


apenado?

15) Qual o conteúdo do princípio da legalidade na execução


penal?

16) Qual a diferença entre condenado e internado?

17) Os presos sofrem alguma limitação em seus direitos


políticos? Neste ponto, há diferença entre o preso definitivo e o
preso provisório?

18) Qual o conteúdo do princípio da isonomia na execução


penal?

19) É possível que se faça distinção entre presos? Em quais


situações é possível e em quais situações não é?

20) A Lei de Execução Penal prevê o que em relação à


cooperação da comunidade?

21) De quem é a competência para legislar sobre execução


penal? De quem é a competência para legislar sobre direito
penitenciário?

22) Qual a diferença entre execução penal e direito


penitenciário?

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QUESTÕES – DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEP

01. (IBADE – SEPLAG/SE – GUARDA PRISIONAL) Segundo a Lei


n° 7.210/1984, a execução penal tem por objetivo:

A) viabilizar os resultados de projetos restritos às funções


penitenciárias, mediante ato do Poder Executivo, após autorização
legislativa prévia.

B) separar do meio social os indivíduos inaptos ao convívio em


sociedade, selecionados após análise criteriosa baseada nas teorias
criminológicas de Lombroso.

C) ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da


comunidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

D) prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da


competência de a União, por lei, estabelecer normas de objetivo igual
ao de uma condenação.

E) efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e


proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado e do internado.

02. (AOCP - SUSIPE-PA - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) A


execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença
ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.

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03. (AOCP - SUSIPE-PA - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) Ao


condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não
atingidos pela sentença ou pela lei.

04. (AOCP - SUSIPE-PA - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) O


Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades
de execução da pena e da medida de segurança.

05. (IDECAN - SEJUC-RN - Agente Penitenciário) Segundo a Lei


nº 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução Penal, é
INCORRETO afirmar que:

A) O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas


atividades de execução da pena e da medida de segurança.

B) A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de


sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a
harmônica integração social do condenado e do internado.

C) A Lei de Execuções Penais não aplicar-se-á ao preso provisório


e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando
recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

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D) Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os


direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Não haverá
qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou
política.

06. (VUNESP – SEJUS – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA) A


execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença
ou decisão criminal com o fim de:

A) obter a cooperação da comunidade nas atividades de execução da


pena e da medida de segurança.

B) classificar os condenados segundo os seus antecedentes e


personalidade para orientar a individualização da execução penal.

C) aplicar-se unicamente ao preso provisório e ao condenado pela


Justiça Eleitoral ou Militar.

D) proporcionar condições para a harmônica integração social do


condenado e do internado.

E) assegurar ao condenado e ao internado todos os direitos atingidos


pela sentença ou pela lei.

07. (CESPE - SEJUS-ES - Agente Penitenciário) O objetivo da


execução penal é efetivar as disposições de decisão criminal
condenatória, ainda que não definitiva, de forma a proporcionar
condições para a integração social do condenado, do internado e do
menor infrator.

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GABARITO

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