Você está na página 1de 136

Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral,
com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totali-
zando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla,
de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a
aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENCIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2023
Todos os direitos reservados.

Coordenador-geral
Murilo de Almeida Gonçalves

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Editora

Editoração eletrônica
Letícia de Brito
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


Raphael de Souza Motta

Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
Pixabay (https://www.pixabay.com)

Projeto gráfico e capa


978-85-9542-246-9

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo
por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a in-
clusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo,
fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens pub-
licadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não rep-
resentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2023
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
SUMÁRIO

FÍSICA
CINEMÁTICA 5
AULAS 1 E 2: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS MOVIMENTOS 007
AULAS 3 E 4: MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME E GRÁFICOS NO M.R.U. 017
AULAS 5 E 6: MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO E GRÁFICOS NO M.R.U.V. 035
AULAS 7 E 8: QUEDA LIVRE E LANÇAMENTO VERTICAL 057

CALORIMETRIA  67
AULAS 1 E 2: GRANDEZAS FÍSICAS 069
AULAS 3 E 4: INTRODUÇÃO AOS FENÔMENOS TÉRMICOS 076
AULAS 5 E 6: ESTUDO DO CALOR SENSÍVEL 081
AULAS 7 E 8: MUDANÇAS DE ESTADO 088

ELETROSTÁTICA 99
AULAS 1 E 2: VETORES 101
AULAS 3 E 4: PRINCÍPIOS DA ELETROSTÁTICA 113
AULAS 5 E 6: LEI DE COULOMB 123
AULAS 7 E 8: CAMPO ELÉTRICO 128
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
FÍSICA

CINEMÁTICA
LIVRO
TEÓRICO
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

A cinemática possui grande incidência nas O tema cinemática sempre está presente
provas do ENEM, sempre relacionando com na prova da Fuvest, com questões que
o cotidiano e em praticamente em todas as exigem interpretrações gráficas (MRU e
questões, e quase sempre possuem análise MRUV) e manipulações em equações ho-
gráfica. rárias de movimento.

O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente
na prova da Unicamp, com questões que na prova da Unifesp, com questões que na prova da Unesp, com questões que exi-
exigem interpretrações gráficas e manipu- exigem interpretrações gráficas (MRU e gem interpretrações gráficas e manipula-
lações em equações horárias de movimen- MRUV) e manipulações em equações ho- ções em equações horárias de movimento.
to relacionando com dinâmica. rárias de movimento.

O tema cinemática está presente com O tema cinemática está presente com O tema cinemática é cobrado com ques- O tema cinemática é abordado com ques-
questões que exigem manipulações em questões que exigem manipulações em tões de manipulações de equações horárias tões que exigem interpretrações gráficas e
equações horárias de movimento. equações horárias de movimento. de movimento. manipulações em equações matemáticas.

O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente
na prova da UEL, com questões que exigem na prova da UFPR. As questões abordadas com questões que exigem interpretrações,
interpretrações gráficas e manipulações em não apenas exigem interpretrações gráficas análise de figuras e manipulações em
equações horárias de movimento. e manipulações em equações horárias de equações horárias de movimento.
movimento, mas também conceitos.

O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente
na prova, com questões que exigem in- na prova da Unigranrio, com questões que na prova, com questões que exigem inter-
terpretrações gráficas e manipulações em exigem análise de figuras e manipulações pretrações de gráficos e análise de figuras
equações horárias de movimento. em equações horárias de movimento. com manipulações em equações horárias
de movimento.
 VOLUME 1

6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


INTRODUÇÃO
AO ESTUDO
DOS
MOVIMENTOS 80

CN
Km

O marco quilométrico km 80 localiza o carro nessa estrada e fornece sua posição.

COMPETÊNCIA(s)
1e6

AULAS HABILIDADE(s)
2 e 20
Km
80
80
Km
Km
60
60
Km

1E2 Representação esquemática de posições numa rodovia.

Chamado de origem dos espaços, o marco zero foi es-


colhido arbitrariamente. A partir dessa posição, são medi-
dos os comprimentos que indicam a posição do corpo. O
marco zero é o referencial.

1. Introdução O corpo A encontra-se a 10 km do marco zero, e o corpo B, a 20 km.


A cinemática é o ramo da mecânica que descreve os movi-
mentos, que tem por objeto o estudo do movimento dos corpos
sem levar em conta os agentes que o produzem. Os conceitos
3. Grandeza escalar (distância
de posição, velocidade e aceleração ao longo do tempo são tó- percorrida) e grandeza
picos estudados por esse ramo. As dimensões dos corpos não
interferem no estudo de determinado fenômeno, sendo assim vetorial (deslocamento)
tais corpos serão considerados pontos materiais.
A diferença entre as posições final e inicial ocupadas numa
determinada trajetória, é chamada de deslocamento escalar.
2. A posição dentro de uma trajetória + ∆S = S - S0
Determinar a posição de um corpo em cada instante é o prin- 0 S0 S
S0 .... posição inicial
cipal objetivo da cinemática. O conceito de posição pode ser S0 ∆S S ...... posição final
exemplificado pelas marcações quilométricas de uma rodo-
∆S ... variação de posição
via, ou seja, posição é o lugar geométrico em que o corpo S
ou deslocamento escalar
está no instante da observação. Esses marcos podem ser uti-
O total de movimento realizado por um móvel é a distân-
lizados para localizar os veículos que nela trafegam. Na figura
cia percorrida.
a seguir, a posição do carro é determinada pelo marco km 80.
Observação: o deslocamento escalar nem sempre é igual
Chamamos de trajetória o conjunto de diferentes posi-
à distância percorrida. Isso só é verdade quando o movi-
ções ocupadas, visto que, ao longo do tempo, um corpo
pode ter diferentes posições. O deslocamento é a varia- mento é sempre no mesmo sentido e a favor da trajetória.
ção da posição apresentada pelo corpo durante um inter-
valo de tempo. Em relação a um carro que ocupava a po- Aplicação do conteúdo
sição do marco de km 60 em um instante e, num instante
posterior, a posição do marco km 80, dizemos que o carro 1. Saindo de um ponto X de uma trajetória, um indiví-
duo caminha até uma posição Y e, em seguida, retorna
percorreu a distância de 20 km.
para o ponto Z. Observe a figura e responda:
 VOLUME 1

Ainda na figura a seguir, existem dois carros, um na posi- t0 t2 t1

ção km 80 e outro na posição km 60, mas se deslocando


em sentidos contrários. Analisando apenas o marco
quilométrico, não é possível determinar o sentido -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 S (m)

do movimento. (X) (Z) (Y)

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  7


a) qual a distância percorrida de X até Y? b) O deslocamento de X até W é o valor da hipotenusa, que
b) qual o deslocamento efetuado pelo indivíduo de pelo teorema de Pitágoras é:
X até Y? — — —
(XW)2 = (XY)2 + (YW)2 ⇔
c) qual a distância percorrida pelo indivíduo do ins-
tante t0 até t2? ⇔ DS2 = (400)2 + (300)2 ⇔
d) qual o deslocamento total percorrido pelo indiví- ⇔ DS2 = 160.000 + 90.000 ⇔
duo do instante t0 até o instante t2? ⇔ DS2 = 250.000
Resolução: ⇔ DS = 500 m
a) A distância percorrida corresponde efetivamente ao que c) A distância percorrida em uma volta completa é:
o indivíduo percorreu, ou seja, 120 m, pois ele se desloca — — — —
d = XY + YW + WZ + ZX ⇔
da posição -30 m e vai até a posição 90 m. Perceba que,
⇔ d = 400 + 300 + 400 + 300
como é um movimento no mesmo sentido e com a mesma
direção da trajetória, a distância percorrida pode ser calcu- ⇔ d = 1.400 m
lada através da expressão: e o deslocamento é ∆S = 0, pois a posição inicial e final são
d = DS = S – S0 ⇔ d = 90 – (–30) ⇔ d = 120 m o mesmo lugar (X).
b) DS = S – S0 ⇔ DS = 90 – (–30) ⇔ DS = 120 m
c) Desde o instante t0 até t2, o indivíduo se desloca de X 4. Referencial
para Y e de Y para Z; logo, a distância percorrida é a soma
Se a posição de um corpo é alterada ao longo do tempo em
dos segmentos
— — relação a um referencial, esse está em movimento. Pode-se
d = XY + YZ ⇔ d = 120 + 40 ⇔ d = 160 m
analisar o movimento de um corpo comparando sua posição
d) O deslocamento é calculado pela expressão: em relação a outro corpo, que, nesse caso, será o referencial.
DS = S – S0 ⇔ ∆S = 50 – (–30) ⇔ DS = 80 m Assim, o estado de movimento ou repouso de um corpo de-
Observe que, quando o deslocamento se dá em um só pende do referencial escolhido. Um mesmo corpo pode estar
sentido, a distância percorrida é numericamente igual ao em repouso em relação a um referencial e em movimento em
deslocamento (vide itens a e b). relação a outro. A trajetória do corpo também é dependente
do referencial. Os corpos, por sua vez, também possuem uma
2. Partindo de X, uma pessoa efetua voltas em torno
de uma praça retangular. Do instante da partida, cal- classificação. Se a dimensão do corpo comparada com a di-
cule o deslocamento e a distância percorrida, nas se- mensão da trajetória for desprezível, o corpo será chamado
guintes situações: de ponto material; se a dimensão do corpo não puder ser
desprezada, será chamado de corpo extenso. Existem muitos
X 400m Y casos em que o tamanho do corpo deverá ser considerado.

4.1. Definições de repouso e movimento


300m

Quando sua posição em relação a um referencial é


alterada durante o intervalo de tempo, consideramos
que um ponto material está em movimento.
Z W

Passageiro
a) a distância percorrida por ela até chegar em W;
Observador
b) o deslocamento até W;
c) a distância percorrida e o deslocamento em uma
volta completa.
Motorista Passageiro
Resolução:
a) De X até Y, a pessoa percorreu 400 m; de Y até W, per-
 VOLUME 1

correu 300 m; então:


— — O passageiro
Dentrodentro
do ônibus, odo ônibus
passageiro está
está em em
repouso movimento
em relação ao motorista.em relação

d = XY + YW ⇔ à pessoa em pé no ponto (observador).


⇔ d = 400 + 300 ⇔
⇔ d = 700 m

8  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Passageiro
Um ponto material é considerado em repouso quando sua posição em relação a um referencial não é alterada durante o
Observador
intervalo de tempo considerado.

Motorista Passageiro

Dentro do ônibus, o passageiro está em repouso em relação ao motorista.

Dentro do ônibus, o passageiro está em repouso em relação ao motorista.

A forma da trajetória de um ponto material depende do referencial adotado.

A trajetória descrita por um móvel também depende do referencial adotado.


A imagem abaixo exemplifica as trajetórias diferentes de uma lâmpada em queda livre em relação a dois referenciais.

(S)

(T) (T) (T) (T)

Posição 1 Posição 2 Posição 3

A lâmpada
A lâmpada descreve
descreve umauma trajetóriaretilínea
trajetória retilínea vertical
vertical em
em relação
relaçãoaoaoobservador (T).(T).
observador
Em relação ao observador (S), a trajetória da lâmpada é parabólica.
Em relação ao observador (S), a trajetória da lâmpada é parabólica.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

”Nada me produz tanta perplexidade como o tempo e o espaço. E, entretanto, nada me preocupa menos que o
tempo e o espaço, já que nunca penso neles.” - Charles Lamb
Muitos filósofos já discutiram sobre o tempo e para alguns é um conceito indefinível em palavras. Zenão de Eleia
(490-430 a.C.) foi um filósofo que se opôs à ideia de movimento, para ele o movimento era uma ideia que não pode-
ria existir: “Um móvel que está no ponto A e tenta atingir o ponto B. Isso é impossível, pois antes de atingir o ponto
B, o móvel tem que atingir o meio do caminho entre A e B, isto é, um ponto C. Mas para atingir C, terá que primeiro
atingir o meio do caminho entre A e C, isto é, um ponto D. E assim infinitamente”.
Ou seja, antes de atingir o destino final, o móvel teria que passar por sucessivos pontos intermediários infinitamente,
jamais chegando ao seu destino. Seu paradoxo mais famoso trata de Aquiles, o velocista, e a tartaruga: “Imagine
uma corrida entre Aquiles e uma tartaruga. Por questões de justiça, é dada para a tartaruga uma vantagem inicial,
já que ela é mais lenta, a tartaruga irá começar a disputa na metade do caminho. Aquiles jamais a alcançará, porque
quando ele chegar ao ponto de onde a tartaruga partiu, ela já terá percorrido uma nova distância; e quando ele
atingir essa nova distância, a tartaruga já terá percorrido uma outra nova distância, e assim infinitamente”.
Desse modo, a ideia de encontro entre dois móveis é impossível.
Platão (427-348 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) disseram que o tempo tem origem cosmológica. Devido a inú-
 VOLUME 1

meros eventos periódicos na Natureza, a ideia de tempo cíclico foi sendo desenvolvida pela humanidade (gregos,
egípcios, maias, etc. A cultura ocidental-cristã incorporou a ideia de tempo linear, sendo esse uma grandeza absoluta.
Para o filósofo Santo Agostinho (345-430), não seria correto definir o tempo em termos do movimento periódico dos

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  9


astros, pois na hipótese da ausência de movimento dos astros, automaticamente o tempo desapareceria, o que seria
um absurdo. Para filósofos mais modernos, como Immanuel Kant (1724-1804), o tempo é uma criação da mente
humana, assim como para Baruch Spinoza (1632-1677).

A escolha do referencial é feita de modo a facilitar a reso- I. Cascão encontra-se em movimento em relação ao skate
lução dos exercícios e totalmente arbitrária. e também em relação ao amigo Cebolinha.
II. Cascão encontra-se em repouso em relação ao skate,
Aplicação do conteúdo mas em movimento em relação ao amigo Cebolinha.
1. Um ônibus escolar está parado no ponto de ônibus e III. Em relação a um referencial fixo fora da Terra, Cascão
um aluno está sentado em uma das poltronas. Quando jamais pode estar em repouso.
o ônibus entra em movimento, sua posição no espaço
se altera, afastando-se do ponto de ônibus. Nessa situ- Estão corretas:
ação, podemos afirmar que a conclusão errada é que: a) apenas I.
b) I e II.
a) o aluno sentado na poltrona acompanha o ônibus
e, portanto, também se afasta do ponto de ônibus. c) I e III.
b) podemos dizer que um corpo está em movimento d) II e III.
em relação a um referencial quando a sua posição e) I, II e III.
muda em relação a esse referencial. Resolução:
c) o aluno está parado em relação ao ônibus e em
movimento em relação ao ponto de ônibus, se o refe- I. Incorreta, pois Cascão está em repouso em relação ao ska-
rencial for o próprio ônibus. te, mas em relação ao Cebolinha ele está em movimento.
d) se o referencial for o ponto de ônibus, o aluno está
II. Correta.
em movimento em relação ao ônibus.
e) para dizer se um corpo está parado ou em movimento, III. Correta, pois a Terra gira constantemente em torno de
precisamos relacioná-lo a um ponto ou a um conjunto de seu eixo e em torno do Sol; em relação a um referencial
pontos de referência. fixo fora da Terra, Cascão jamais poderia estar em repouso.
Resolução: Alternativa D
Observamos que o aluno está em movimento se o referencial
adotado for o ponto de ônibus ou a rua; pois, como vimos,
a escolha do referencial é arbitrária e é necessário escolher 4. Velocidade escalar média
apenas um único ponto como referencial. Porém, caso o re- Definida como a razão entre a variação da posição do cor-
ferencial escolhido seja o próprio ônibus, ou o motorista do
po e o intervalo de tempo decorrido durante essa variação
ônibus, a posição do aluno não irá se alterar em relação ao
na posição; a velocidade escalar de um corpo determi-
motorista ou ao ônibus.
na o quão rápido é o seu deslocamento.
Alternativa D
Um ponto material P descreve uma certa trajetória em rela-
2. (PUC-SP) Analise a tirinha da Turma da Mônica consi-
ção a um determinado referencial. No instante t1 sua posi-
derando os princípios da Mecânica Clássica e defina as
afirmativas mais adequadas. ção é S1 e no instante posterior t2 sua posição é S2. Durante
o intervalo de tempo Dt = t2 – t1, a variação espacial do
ponto material é DS = S2 – S1. A velocidade escalar média
vm no intervalo de tempo Dt é expressa pela relação:
 VOLUME 1

S –S
___ ​ = _____
vm = ​ DS ​  2 1 ​
Dt t2 – t1

10  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


No Sistema Internacional de Unidades (SI) a unidade uti- Resolução:
lizada para velocidade é o m/s. Média ou instantânea, a De acordo com as informações fornecidas pelo enunciado,
unidade de velocidade escalar é expressa em unidade de o deslocamento do elevador foi de DS = 380 m e o inter-
comprimento por unidade de tempo: km/h (quilômetros valo de tempo de Dt = 40 s.
por hora), m/s (metros por segundo), mi/h (milhas por
Assim, a velocidade média do elevador é calculada da se-
hora), cm/s (centímetros por segundo), etc.
guinte forma:
As unidades de velocidades podem ser convertidas
umas nas outras, por exemplo, de km/h para m/s e vm = ___ ​ 380 ​ ä vm = 9,5 m/s
​ DS ​ = ___
Dt 40
vice-versa.
Alternativa C
1 km = 1.000 m
Sabemos que: 1 h = 60 min e 1 min = 60 s 2. (Cefet) Uma escada rolante de 6 m de altura e 8
m de base transporta uma pessoa entre dois andares
1 h = 60 · 60 s = 3.600 s consecutivos num intervalo de tempo de 20 s. A velo-
cidade média desta pessoa, em m/s, é:
Então: 1 ___ ​ 1.000 m ​ = ____
​ km ​ = _______ ​  1 m ​
h 3.600 s 3,6 s a) 0,2. d) 0,8.
b) 0,5. e) 1,5.
​ km ​ = ___
Portanto: 1 ___ ​  1  ​ __
​ m ​e 1 m/s = 3,6 km/h
h 3,6 s c) 0,9.
× 3,6 Resolução:
​ km ​ 
___ : 3,6 m ​
 ​ __
s
h Em um desenho ilustrativo do problema, percebemos:

Para converter km/h em m/s, divide-se o valor da veloci-


dade por 3,6; para converter m/s em km/h, multiplica-se o
valor da velocidade por 3,6.

Aplicação do conteúdo
1. Combinando tradição e modernidade, o edifício
Taipei 101 é um ícone de Taiwan. O edifício possui 61
O espaço percorrido por uma pessoa na escada rolante é
elevadores, sendo dois de ultravelocidade. Suas carac-
terísticas de segurança permitem-lhe suportar tufões e
a hipotenusa do triângulo pitagórico. Aplicando o teorema
terremotos, que são frequentes nessa região. de Pitágoras, temos:
DS2 = 62 + 82 ⇔ DS2 = 100 ⇔
____
⇔ DS = √
​ 100 ​ ⇔ DS = 10 m
Assim, a velocidade média da escada rolante será:
vm= ___ ​ 10 ​ ⇔ vm = 0,5 m/s
​  DS ​ ⇔ vm= ___
Dt 20
Alternativa B
3. (UFJF) Um caminhão em viagem de Juiz de Fora a Belo
Horizonte, pretende passar por Barbacena (cidade situa-
da a 100 km de Juiz de Fora e a 180 km de Belo Horizon-
te). A velocidade máxima no trecho que vai de Juiz de
Fora a Barbacena é de 80 km/h e de Barbacena a Belo
Se um desses elevadores de ultravelocidade sobe, do térreo Horizonte é de 90 km/h. Qual o tempo mínimo, em horas,
até o 89º andar, percorrendo 380 metros em 40 segundos, de Juiz de Fora a Belo Horizonte, respeitando-se os limi-
tes de velocidades.
conclui-se que a sua velocidade média vale, em m/s:
a) 4,25 h
 VOLUME 1

a) 4,7.
b) 7,2. b) 3,25 h
c) 2,25 h
c) 9,5.
d) 3,50 h
d) 12,2.
e) 4,50 h
e) 15,5.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  11


Resolução:
Aplicação do conteúdo
No desenho ilustrativo do exercício, temos:
1. Um móvel realiza um movimento uniforme e seu es-
paço varia com o tempo segundo a tabela:

t(s) 0 1 2 3 4 5

S(m) 20 17 14 11 8 5

O intervalo de tempo do primeiro trecho será:


a) Classifique o movimento dizendo se é progressivo ou
v1= ​  ∆S1 ​ ⇔ retrógrado.
⇔ v = ​  (S1 – S0) ​ ⇔
1
b) Calcule e velocidade escalar do móvel.
⇔ 80 = ​ (100 – 0)​⇔ c) Qual é o espaço inicial do móvel?

​ 100 ​ ⇔
⇔ ∆t1 = ___ Resolução:
80
⇔ ∆t1 = 1,25 h. a) Podemos perceber pela tabela que o móvel se locomove
no sentido contrário à trajetória, pois o espaço ao longo
O intervalo de tempo do segundo trecho será: do tempo diminui. Logo, temos um movimento retrógrado
v2= ​  ∆S2  ​⇔ (v < 0).
⇔ v2= ​  (S2 – S1) ⇔ b) Vamos utilizar o tempo t = 0 s e o tempo
(280 – 100) t = 4 s. No primeiro, temos a posição de 20 metros e, no
⇔ 90 =_________
​   ​ ⇔
t2 segundo, de 8 metros. Assim, a velocidade escalar será:
⇔ ∆t2 = ___ ​ 180 ​ ⇔ (S – S ) (8 –20)
90 v = ​ ΔS
__ ​ ⇔ v = _______
​  f o ​ ⇔ v = ​ _____ ​ ⇔
Δt (tf – to) (4–0)
⇔ ∆t1 = 2 h
⇔ v = ​ –12
___ ​ ⇔ v = –3 m/s
Assim, o intervalo de tempo total será: 4

∆ttotal = ∆t1 + ∆t2 ⇔ Resposta: –3 m/s

⇔ ∆ttotal = 1,25 + 2 Observação: em um movimento uniforme retrógrado, a ve-


locidade só pode ser negativa, o que confirmamos na letra b.
⇔ ∆ttotal = 3,25 horas.
c) A posição inicial será localizada no início do movimento
Alternativa B
(t = 0 s). Temos que para t = 0 s a posição é de 20 metros.
4.1. Movimentos progressivo e retrógrado
Quando a posição de um material varia no sentido da
5. Função horária
orientação positiva da trajetória, o movimento é progres- A função que relaciona o espaço S com os instantes de
sivo. Os valores da sua posição aumentam ao longo do tempo t correspondentes é a função horária da posição,
tempo e sua velocidade escalar é positiva. e é representada genericamente por S = f(t). Essa expres-
Retrógrado é quando o ponto material se move no senti- são é lida: S é uma função de t.
do oposto à orientação positiva da trajetória. Os valores da Para fornecer uma função horária, deve-se indicar as uni-
sua posição decrescem ao longo do tempo e sua velocida- dades do espaço e do tempo: caso S esteja em metros (m)
de escalar é negativa. e t em segundos (s), podemos apenas informar que as uni-
v>0 v<0 dades são as do SI. Nesse caso, a unidade da velocidade v
será m/s. Se S estiver em quilômetros (km) e t em horas (h),
a unidade de v será km/h.
 VOLUME 1

Aplicação do conteúdo
© Rafael Schaffer Gimenes/Schäffer Editorial

0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
1. A partícula se desloca ao longo do eixo x. Calcule a ve-
Observe que o sinal atribuído à velocidade locidade média da partícula no intervalo entre t = 2 s e
escalar indica o sentido do movimento.
t = 8 s, em m/s.

12  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução:

Observando o gráfico, o corpo encontrava-se na posição


–40 m no instante de tempo t = 2 s e estava na posição
+20 m no instante de tempo t = 8 s. Desse modo, a veloci-
dade média é calculada da seguinte maneira:
x – x0 ________
20 – (–40)
vm = ___
​ Dx ​ = ​ _____
 ​ = ​   ​= 10 m/s
Dt Dt 6

VIVENCIANDO

O conceito de velocidade média tem importantes aplicações cotidianas, entre elas podemos citar o custo no transpor-
te de mercadorias, aplicações no cálculo da vazão de reservatórios, o cálculo do custo da energia elétrica no sistema
metroviário. Na indústria, seu conceito é utilizado na produção. Atualmente, com a introdução da matemática e
estatística nos esportes, o conceito de velocidade média é amplamente utilizado na estratégia dos esportistas, seja
desde um maratonista, nadador ou mesmo um jogador de futebol (é possível analisar a velocidade média do jogador
durante uma partida, a distância efetivamente percorrida por ele, sua aceleração média e muito mais). No filme ”Mo-
neyball”, que foi baseado em fatos reais, Billy Beane emprega conceitos estatísticos para a elaboração do seu time.

multimídia: vídeo multimídia: site


Fonte: Youtube
Física - Velocidade Média (Khan Academy) pt.khanacademyorg/science/physics/one-dimensional-mo-
tion/displacement-velocity-time/a/what-is-displacement
efisica.if.usp.br/mecanica/basico/referenciais/intro/
www.estudopratico.com.br/referencial-movimento-
 VOLUME 1

-espaco-e-repouso/

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  13


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 2
Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente
desenvolvimento científico e tecnológico.

A compreensão do mundo visto de forma racional, mecânica e cartesiana se faz necessária no universo acadê-
mico-científico, sendo cada vez mais importante no mundo atual, em que novas tecnologias são desenvolvidas
em altíssima velocidade.
Dentro dos eixos cognitivos, a habilidade 2 impõe ao aluno a compreensão, dentro das várias áreas do conhe-
cimento, de fenômenos físicos com a intenção de conceber os fenômenos naturais implicando na produção
tecnológica. A compreensão do mundo ao nosso redor é cada vez mais vital para a sobrevivência dentro uma
sociedade altamente desenvolvida e competitiva.
Pertence também a outro eixo cognitivo, enfrentando situações-problema em que o aluno deve saber organizar,
relacionar e interpretar as informações. Problemas relacionados ao transporte, ou mesmo à saúde, são objeto
de estudo das ciências naturais. Além, é claro, de cobrar do aluno a construção de argumentação ao relacionar
diferentes informações.

MODELO 1

(Enem) Um pesquisador avaliou o efeito da temperatura do motor (em velocidade constante) e da velocidade
média de um veículo (com temperatura do motor constante) sobre a emissão de monóxido de carbono (CO)
em dois tipos de percurso, aclive e declive, com iguais distâncias percorridas em linha reta. Os resultados são
apresentados nas duas figuras.

A partir dos resultados, a situação em que ocorre maior emissão de poluentes é aquela na qual o percurso é
feito com o motor:
a) aquecido, em menores velocidades médias e em pista em declive;
b) aquecido, em maiores velocidades médias e em pista em aclive;
c) frio, em menores velocidades médias e em pista em declive;
d) frio, em menores velocidades médias e em pista em aclive;
e) frio, em maiores velocidades médias e em pista em aclive.
 VOLUME 1

14  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse é um excelente exercício pertencente ao modelo Enem, exemplo típico do que é exigido no exame.
Além de solicitar que o aluno faça a leitura e compreensão correta dos gráficos individualmente, permite
ao aluno analisar dois diferentes gráficos da mesma situação-problema. Desse modo, requer que o alu-
no saiba ligar problemas cotidianos relacionados ao transporte, à saúde e ao mundo técnico-científico
relacionado ao movimento do móvel.
A primeira figura permite concluir que, para menores temperaturas (motor frio) e em pista em aclive,
a emissão de CO é maior ao compararmos o gráfico de aclive (mais escuro) com o gráfico de declive
(claro e tracejado). Desse modo, é interessante perceber que a emissão é maior para a temperatura
mais baixa nos dois casos do movimento do veículo, diminuindo conforme aumenta a temperatura
(funcionamento) do motor.
A segunda figura mostra que a emissão de CO é maior para baixas velocidades médias e em pista em
aclive. A análise acontece do mesmo modo que no primeiro gráfico, sendo que é interessante notar que
o veículo emite menos CO quanto maior é a velocidade média, fato interessante nas grandes cidades,
onde o congestionamento de veículos nas grandes vias, e consequentemente a baixa velocidade média,
aumenta a emissão de poluentes.

RESPOSTA Alternativa D

HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

O estudo do movimento é objeto essencial da Física e das ciências naturais. Ele pertence ao cerne da construção
do pensamento físico e filosófico. Fator importante no desenvolvimento da Física e do pensamento científico.
Para caracterizar a causa ou efeitos do movimento, é necessário que o aluno domine a linguagem matemática
e científica, primeiro eixo cognitivo para que ele possa enfrentar situações-problema. Também é importante que
o aluno saiba construir sua argumentação baseado no pensamento lógico e dedutivo.
Compreender as causas e efeitos dos movimentos dos corpos pertencentes ao Universo é importante, não só
dentro do mundo acadêmico-científico, mas também no cotidiano das pessoas, afinal os indivíduos estão em
constante movimento e cercados por objetos também em movimento. Saber compreender, prever ou antecipar
o movimento dos diferentes objetos é fundamental na produção técnico-científica.

MODELO 2

(Enem) Uma empresa de transportes precisa efetuar a entrega de uma encomenda o mais breve possível. Para
tanto, a equipe de logística analisa o trajeto desde a empresa até o local da entrega. Ela verifica que o trajeto
apresenta dois trechos de distâncias diferentes e velocidades máximas permitidas diferentes. No primeiro tre-
cho, a velocidade máxima permitida é de 80 km/h e a distância a ser percorrida é de 80 km. No segundo trecho,
cujo comprimento vale 60 km, a velocidade máxima permitida é 120 km/h.
Supondo que as condições de trânsito sejam favoráveis para que o veículo da empresa ande continuamente na
velocidade máxima permitida, qual será o tempo necessário, em horas, para a realização da entrega?
a) 0,7 b) 1,4 c) 1,5 d) 2,0 e) 3,0
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  15


ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse exercício é um exemplo de que o aluno deve saber de antemão conceitos básicos de movimento,
além de dominar a manipulação matemática em equações e fórmulas.
O exercício produz uma situação-problema pertencente ao cotidiano do aluno.
Primeiramente, temos os seguintes dados: o primeiro deslocamento ∆S1 = 80 km com a velocidade
v1 = 80 km/h; já o segundo deslocamento é de ∆S2 = 60 km com a velocidade média v1 = 120 km/h.
Lembrando que a velocidade média é dada pela razão entre o deslocamento do móvel pelo intervalo de
tempo correspondente.
v = ∆S ​ 
∆t
Uma vez que o tempo total é a soma dos dois tempos parciais, segue que:
∆ = ∆t1 + ∆t2 ⇒ ∆t = ​  ∆S1 ​+ ​  ∆S2 ​= ___
80 ​60 ​= 1 + 0,5 ⇒ ∆t = 1,5 h.
​ ​+ ____
80 120
RESPOSTA Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

A A

DESLOCAMENTO

POSIÇÃO POSIÇÃO
ESPAÇO INICIAL FINAL

VELOCIDADE
MÉDIA

INTERVALO
TEMPO DE TEMPO RAPIDEZ
 VOLUME 1

16  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


MOVIMENTO
RETILÍNEO
UNIFORME
E GRÁFICOS
NO M.R.U.

CN COMPETÊNCIA(s)
1e6
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Física - Cinemática: MRU
AULAS HABILIDADE(s)
3 e 20

3E4 1.1. Função horária


Como visto anteriormente, a função horária de um movi-
mento é a expressão matemática que fornece a posição
para um determinado instante de tempo t. A velocidade
escalar instantânea, no movimento uniforme, é constante
e coincide com a velocidade escalar média, qualquer que
seja o intervalo de tempo. Portanto:

1. Movimento retilíneo ​  DS ​


vm = ___
Dt
​  DS ​
ä v = ___
Dt
uniforme (M.R.U.) Fazendo DS = S – S0 e Dt = t – 0 = t, vem:
O conceito de velocidade média é muito importante; po- S – S0
rém, é pouco preciso. Por isso, a partir de agora, iremos v = ___
​ DS ​ ä v = _____
​   ​
Dt t
estudar alguns casos específicos de movimento. ä v · t = S – S0
Movimentos retilíneos uniformes são todos os movi- S = S0 + v · t
mentos nos quais o vetor velocidade não se altera, ou seja,
direção, sentido e intensidade não são alterados. Dessa Função horária do movimento uniforme
forma, em um estudo unidimensional, o módulo da veloci-
Sistema
dade é constante, assim, em quaisquer instantes considera- Internacional
dos a velocidade instantânea será equivalente à velocidade
S0 → posição inicial
escalar média: metro (m)
S → posição final

​  DS ​ = constante i 0
v = vm = ___ v → velocidade escalar metro por
Dt (constante e não nula) segundo (m/s)

t → tempo segundo (s)


Sendo assim, no movimento uniforme, o corpo percorre
distâncias iguais em intervalos de tempo iguais.
Desse modo, o espaço S é composto por duas parcelas:
o espaço inicial S0 e o espaço percorrido após o início da
contagem do tempo, cujo valor é v · t. Adotamos, neste
estudo, o instante inicial (t0 = 0) para que a função horária
evidencie o comportamento do corpo como se o estudo do
movimento se desse a partir daquele instante.
Na expressão da função horária, S0 e v são constantes ao
multimídia: vídeo longo do tempo; a velocidade escalar do movimento é v;
 VOLUME 1

Fonte: Youtube se o movimento é progressivo, v > 0, e se o movimento é


MRU (Movimento Retilíneo Uniforme) - retrógrado, v < 0, ou seja, quando v > 0, o movimento é a
Mundo Física - ENEM favor da orientação da trajetória, e quando v < 0, o movi-
mento é contra a orientação da trajetória.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  17


A tabela ilustra alguns exemplos, sendo S em metros e t Para qualquer tipo de trajetória, o MRU é definido por es-
em segundos: sas funções.

progressivo/
S = S0 + vt S0 v
retrógrado
S = 50 + 20 t S0 = 50 m v = +20 m/s v > 0, progressivo

S = 60 – 9 t S0 = 60 m v = –9 m/s v < 0, retrógrado

S = –40 t S0 = 0 v = –40 m/s v < 0, retrógrado

S = 18 t S0 = 0 v = 18 m/s v > 0, progressivo


multimídia: vídeo
Resumindo os conceitos de movimento uniforme: Fonte: Youtube

​ DS ​ MRU - Esquema - Função - Tabelas - Gráficos


S = S0 + v · t, onde v = constante i 0 v = vm = ___
Dt

VIVENCIANDO

Assim como o conceito de velocidade média, a velocidade escalar média instantânea é aplicada em diversos casos,
afinal quando queremos uma maior precisão ao descrever o movimento de um móvel a função velocidade instantâ-
nea é muito mais reveladora. Um dos casos mais clássicos, de muito interesse, pois é aplicado em diversas situações,
é aquele em que a velocidade é constante.
A velocidade pode ser considerada constante em inúmeras situações, tal como a esteira de produção nas indústrias,
um carro que viaja numa estrada por um longo período de tempo sem mudar sua velocidade, etc.

b) Para encontrar o instante em que o móvel passa pela origem


Aplicação do conteúdo dos espaços, basta igualar a posição final a 0. Assim, temos:
1. (UC-GO) A figura mostra a posição de um móvel, em S = 30 – 5t ⇔ 0 = 30 – 5t ⇔
movimento uniforme, no instante t = 0. ​ 30 ​ ⇔ t = 6 s.
5t = 30 ⇔ t = ___
5
Resposta: O tempo será de 6 segundos.
2. O espaço inicial de uma bicicleta que descreve um mo-
vimento retilíneo e uniforme é –5 m. Nesse movimento, a
Sendo 5 m/s o módulo de sua velocidade escalar, pede-se: bicicleta percorre a cada intervalo de tempo de 10 s uma
distância de 50 m. Determine a função horária do espaço
a) a função horária dos espaços;
para esse movimento, e considere-o progressivo.
b) o instante em que o móvel passa pela origem dos espaços.
Resolução:
Resolução:
a) A figura nos mostra que o móvel tem uma posição A bicicleta percorre 50 metros em 10 segundos, logo, a
inicial de 30 m e movimenta-se no sentido contrário da velocidade dela será:
trajetória, logo, a sua velocidade constante é –5 m/s
ΔS ​ ⇔ v = ___
v = ​ __ ​ 50 ​ ⇔ v = 5 m/s
 VOLUME 1

(movimento retrógrado). Δt 10
Assim, a função horária do movimento será: A posição inicial da bicicleta é –5 m e sua velocidade cons-
S = S0 + v · t ⇔ S = 30 + (–5)t ⇔ S = 30 – 5t tante é de 5 m/s, logo, a função horária do movimento será:

Resposta: A função horária é S = 30 – 5t. S = S0 + v · t ⇔ S = –5 + 5t.

18  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


3. (UFGRS) Um caminhoneiro parte de São Paulo com ve-
locidade escalar constante de módulo igual a 74 Km/h. No Considere 2 móveis (1 e 2) em MRU com funções horá-
mesmo instante, parte outro de Camaquã, no Rio Grande rias de posição S1 = S01 + v1 t e S2 = S02 + v2 t de modo
do Sul, com velocidade escalar constante de 56 km/h. que eles se encontrem e, se você quiser descobrir o
tempo de encontro é só igualar as duas funções e isolar
o tempo. Se desejar encontrar a posição do encontro,
basta, substituir esse tempo numa das funções.

Em que cidade eles vão se encontrar?


a) Camboriú
b) Garopaba
c) Laguna
d) Araranguá
e) Torres
Resolução:
O caminhão A tem posição inicial igual a 0 km, velocidade
constante de 74 km/h e o sentido é o mesmo da trajetória.
A função horária do movimento do caminhão A será:
Galileu Galilei
SA = S0, A + vA t ⇔ SA = 0 + 74 t ⇔ SA = 74 t

O caminhão B tem posição inicial de 1.300 km e movimen-


ta-se contra a trajetória, logo sua velocidade será de –56
km/h. A função horária do movimento do caminhão B será: Aplicação do conteúdo
SB = S0,B + vBt ⇔ SB = 1300 + (–56)t ⇔ SB = 1300 – 56 t. 1. Dois móveis, 1 e 2, movem-se com movimento unifor-
me e no mesmo sentido num certo trecho retilíneo. Suas
No ponto de encontro, temos que as posições finais dos velocidades escalares possuem intensidades respectiva-
caminhões são iguais, logo: mente iguais a 20 m/s e 15 m/s. No tempo inicial zero, os
SA = SB ⇔ 74 t = 1300 – 56 t ⇔ 74 t + 56 t = 1300 ⇔ móveis encontram-se nas posições indicadas abaixo.
​ 1300 ​ ⇔ t = 10 h
130 t = 1300 ⇔ t = ____
130
Agora, basta aplicar o tempo igual a 10 horas em uma das
(m)
duas funções horárias para encontrar a posição final. 0 100
SA = 74 t ⇔ SA = 74(10) ⇔ SA = 740 km Determine:
Os caminhões vão se encontrar na cidade de Garopaba. a) o instante do encontro;
b) a posição do encontro.
Alternativa B
Resolução:
Galileu Galilei
a) Antes de iniciarmos a resolução, vamos escrever as fun-
Galileu Galilei (1564-1642) foi um dos fundadores do ções horárias da posição de cada móvel. Assim:
pensamento científico moderno baseado na experi-
S1 = S01 + v1 t e S2 = S02 + v2 t
mentação, fazendo a transição da filosofia natural da
S1 = 0 + 20 t e S2 = 100 + 15 t
antiguidade para a ciência moderna. Empregando a
matemática às suas observações experimentais, Galileu
Encontradas as funções horárias da posição, devemos
deu importantes contribuições ao estudo do movimento
igualar as mesmas para determinar o instante que 1
uniforme, percebendo ser impossível distinguir entre dois
encontra 2.
objetos isolados, qual está parado ou qual está em mo-
vimento, formulou o princípio da relatividade galineana. S1 = S2 ⇔
 VOLUME 1

0 + 20 t = 100 + 15 t ⇔
Encontro – o encontro entre móveis significa que os ⇔ 20 t – 15 t = 100 ⇔
mesmos passam pela mesma posição na trajetória ao ⇔ 5 t = 100 ⇔
mesmo tempo. ⇔ t = 20 s

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  19


b) Para encontrarmos a posição do encontro, basta substi- Onde:
tuir o valor do tempo encontrado no item anterior em qual- vREL é a velocidade relativa de um corpo em relação
quer uma das funções horárias. Assim: a outro;
Dt é o intervalo de tempo; e
S1 = 0 + 20 · 20 ⇔
DSREL é a distância relativa entre os corpos.
⇔ S1 = 400 m
Portanto, a posição do encontro fica a Dado que o movimento das partículas é realizado na mes-
400 m da origem. ma trajetória ou em trajetórias paralelas, as partículas po-
dem se mover no mesmo sentido ou em sentidos opostos,
2. Dois veículos movem-se em MRU, um de encontro ao
como ilustrado na figura abaixo.
outro. Suas velocidades escalares têm módulos 22 m/s
e 18 m/s, respectivamente. No instante t = 0 os veículos
ocupam as posições sinalizadas na figura que se segue.
VA VA

(m)
0 200 VB VB

Determine:
a) o instante do encontro;
b) a posição do encontro. Vrelativa = | VB | – | VA | ; VB > VA Vrelativa = | VB | + | VA |

Resolução: 1.2.1. As velocidades têm a mesma


A resolução deste exercício é similar ao anterior. direção e mesmo sentido
a) Escreva as funções horárias da posição de A e B. Em casos de aproximação, como de afastamento, o mó-
SA = S0A + vA t e SB = S0B + vB t dulo da velocidade relativa entre as partículas é dada pela
diferença entre os módulos das suas velocidades.
SA = 0 + 22 t e SB = 200 – 18 t
vREL = |vMAIOR| – |vMENOR|
Nesse exercício a velocidade de B é –18 porque o veículo
move-se no sentido oposto ao da orientação da trajetória. 1.2.2. As velocidades têm a mesma
Igualando as funções, temos: direção e sentidos contrários
0 + 22 t = 200 – 18 t ⇔
Em casos de aproximação, como de afastamento, o mó-
⇔ 22 t + 18 t = 200 ⇔
dulo da velocidade relativa entre as partículas é dado pela
⇔ 40 t = 200 ⇔
soma dos módulos das suas velocidades.
⇔t=5s
vREL = |vMAIOR| + |vMENOR|
b) Para determinarmos a posição em que ocorre o encontro,
basta substituir o valor do tempo em uma das funções. Assim:
SA = 0 + 22 · 5 ⇔
Aplicação do conteúdo
⇔ SA = 110 m 1. Três móveis, A, B e C, encontram-se numa trajetória
Temos que a posição do encontro é 110 m da origem. retilínea descrevendo movimentos uniformes, de acor-
do com a figura a seguir:
1.2. Velocidade relativa
Sejam duas partículas realizando movimentos uniformes, em
relação a um referencial qualquer, em uma mesma trajetória Determine:
ou em trajetórias paralelas. A velocidade relativa das duas par- a) a velocidade de A em relação a B;
tículas pode ser calculada escolhendo uma das partículas como b) a velocidade de B em relação a C;
um novo referencial. Como os módulos de suas velocidades c) a velocidade de C em relação a A.
são constantes em função do tempo, o módulo da velocidade Resolução:
relativa é dado por:
 VOLUME 1

a) O móvel A está na mesma direção e sentido que o corpo


B, logo a velocidade relativa será:
DS
vREL = ____
​  REL
 ​ vAB = |vA| – |vB| ⇔ vAB = |5| – |8| ⇔
Dt
⇔ vAB = –3 m/s.

20  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Temos que o móvel A nunca irá encontrar o móvel B, pois a Resolução:
sua velocidade relativa é de afastamento (vAB < 0).
b) O móvel B está na mesma direção porém em um sentido
contrário do corpo C, logo a velocidade relativa será:
vBC = |vB| + |vC| ⇔ vBC = |8| + |–4| ⇔
⇔ vBC = 8 + 4 ⇔ vBC = 12 m/s.
Temos que o móvel P está a favor do movimento e o móvel
Temos que o móvel B irá encontrar o corpo C, pois a sua Q está contrário. A velocidade de P será +30 km/h e a de Q
velocidade relativa é de aproximação (vBC > 0). será –50 km/h. Como os móveis estão em sentidos opos-
tos, a velocidade relativa entre eles será:
c) O móvel C está na mesma direção, porém em um sentido
contrário do móvel A, logo, a velocidade relativa será: vPQ = |vP| + |vQ| ⇔ vPQ = |30| + |–50| ⇔

vCA = |vC| + |vA| ⇔ vCA =|–4| + |5| ⇔ ⇔ vPQ = 80 km/h.


⇔ vCA = 4 + 5 ⇔ vCA = 9 m/s. O intervalo de tempo relativo será:
Temos que o móvel C irá encontrar o móvel A, pois a sua ΔSR
vPQ = ​ ___ ​ ⇔
velocidade relativa é de aproximação (vCA > 0). Δt
⇔ 80 = ___ ​ 400 ​ ⇔
2. Duas cidades, A e B, distam entre si 400 km. Da ci- Δt
dade A parte um móvel P dirigindo-se à cidade B; no 400
___
⇔ Δt = ​   ​ ⇔
mesmo instante, parte do B outro móvel Q dirigindo-se 80
a A. Os móveis P e Q executam movimentos uniformes ⇔ Δt = 5 h.
e suas velocidades escalares são de 30 km/h e 50 km/h,
respectivamente. A distância da cidade A ao ponto de Agora, para definir a posição de encontro, basta aplicar o
encontro dos móveis P e Q, em km, vale: tempo na função horária de um dos dois móveis.
a) 120. d) 240. SA= S0, A + vA t ⇔ SA = 0 + 30(5) ⇔ SA= 150 km
b) 150. e) 250.
c) 200. Alternativa B

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


A função polinomial do primeiro grau com apenas uma variável independente e uma dependente chama-se função
afim, definida como f de  em  dada por uma lei da forma f(x) = ax + b, onde a e b são números reais dados e
a ≠ 0. Na função f(x) = ax + b, o número a é chamado de coeficiente de x e o número b é chamado termo constante.
Nesse caso, a função da posição é dada em termo dos coeficientes a, que será a velocidade do móvel, e b, que
será a posição inicial. Assim, teremos a posição S em função do tempo t.
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  21


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

Como foi visto anteriormente, o movimento é objeto essencial da Física e das ciências naturais. Ele pertence
ao cerne do pensamento físico e filosófico. Trata-se de um fator importante no desenvolvimento da Física
e do pensamento científico. Após o domínio dos conceitos básicos como tempo, espaço, deslocamento, in-
tervalo de tempo e velocidade, partimos para uma nova empreitada: a classificação dos diferentes tipos de
movimento. O primeiro e mais básico é aquele em que o móvel possui velocidade constante durante todo
o movimento numa trajetória retilínea, situação essa que é explorada em inúmeras situações-problema em
diferentes contextos dentro das ciências naturais: como um automóvel que se desloca com a mesma veloci-
dade numa trajetória retilínea ou o movimento de uma onda sonora que trafega com velocidade constante.
Desse modo, sua aplicabilidade percorre todos os eixos cognitivos, como compreender fenômenos naturais e
enfrentar situações-problema relevantes ao cotidiano, sendo cobrado do estudante a capacidade de construir
argumentação consistente com a realidade das informações apresentadas e elaborar propostas através do
conhecimento obtido.

MODELO 1

(Enem) Em apresentações musicais realizadas em espaços onde o público fica longe do palco, é necessá-
ria a instalação de alto-falantes adicionais a grandes distâncias, além daqueles localizados no palco. Como
a velocidade com que o som se propaga no ar (vsom = 3,4 × 102 m/s) é muito menor do que a velocidade
com que o sinal elétrico se propaga nos cabos (vsinal = 2,6 × 108 m/s), é necessário atrasar o sinal elétrico de
modo que este chegue pelo cabo ao alto-falante no mesmo instante em que o som vindo do palco chega
pelo ar. Para tentar contornar esse problema, um técnico de som pensou em simplesmente instalar um cabo
elétrico com comprimento suficiente para o sinal elétrico chegar ao mesmo tempo que o som, em um alto-
-falante que está a uma distância de 680 metros do palco.
A solução é inviável, pois seria necessário um cabo elétrico de comprimento mais próximo de:
a) 1,1 × 103 km.
b) 8,9 × 104 km.
c) 1,3 × 105 km.
d) 5,2 × 105 km.
e) 6,0 × 1013 km.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Outro exercício em deve há o contraste entre o senso comum e aplicação da Física. Mesmo sem calcular a resposta,
analisando somente as alternativas, já é possível notar que o comprimento do fio seria quilométrico. Sabendo que
as ondas se propagam com velocidade constante, é possível facilmente calcular o comprimento do fio para que o
som chegue no mesmo instante.
O intuito é que o aluno perceba quão absurda seria a ideia proposta.
Primeiramente, deve-se perceber que o intervalo de tempo deverá ser o mesmo, tanto para o sinal via cabo quanto
para o som. Assim, basta igualar as equações:
 VOLUME 1

Lcabo ____ d Lcabo 680


∆tsinal = ∆tsom ⇒ ____ _________ ____
v​  sinal​ = ​ vsom​ ⇒ ​  2,6 3 108 ​ = 340
​   ​ ⇒ Lcabo= (2,63108) ⇒ Lcabo = 5,2 3 108 m = 5,2 3 105 km.

RESPOSTA Alternativa D

22  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


HABILIDADE 3
Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo
ou em diferentes culturas.

Não é raro encontrarmos verdades ditas com tanta certeza, frases feitas muito populares, textos publicados
em veículos de comunicações ou em mídias sociais que veiculam fatos, fenômenos, explicações cientificamen-
te inverídicas. Além disso, não é raro quando o senso comum acaba levando a uma conclusão equivocada.
Nesse contexto, exercícios de cinemática levam o estudante ao confronto entre interpretações baseadas no
senso comum, em situações-problema contextualizadas, com a interpretação técnico-científica. Problemas
que envolvam referencial, movimento, velocidade relativa são ótimos nesse quesito.

MODELO 2

(Enem) Conta-se que um curioso incidente aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial. Quando voava a uma
altitude de dois mil metros, um piloto francês viu o que acreditava ser uma mosca parada perto de sua face.
Apanhando-a rapidamente, ficou surpreso ao verificar que se tratava de um projétil alemão.
PERELMAN, J. Aprenda física brincando. São Paulo: Hemus, 1970.

O piloto consegue apanhar o projétil, pois:


a) Ele foi disparado em direção ao avião francês, freado pelo ar e parou justamente na frente do piloto.
b) O avião se movia no mesmo sentido que o dele, com velocidade visivelmente superior.
c) Ele foi disparado para cima com velocidade constante, no instante em que o avião francês passou.
d) O avião se movia no sentido oposto ao dele, com velocidade de mesmo valor.
e) O avião se movia no mesmo sentido que o dele, com velocidade de mesmo valor.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Excelente aplicação da habilidade 3, colocando em xeque o senso comum que muitas vezes nos leva a
respostas incorretas. Apesar de conceitualmente simples, a adoção de um referencial traz conclusões
corretas mais facilmente. Ao perceber que o projétil estava parado em relação ao piloto, o estudante
compreende que o movimento depende do referencial adotado, pois, se estava parado em relação ao
piloto, estava em movimento em relação ao solo, por exemplo.
Uma vez que o projétil se encontra com velocidade nula em relação ao piloto, temos que o projétil se
encontra parado em relação ao mesmo. Logo, concluímos que ambos possuíam a mesma velocidade, com
o mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido.

RESPOSTA Alternativa E
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  23


DIAGRAMA DE IDEIAS

KM/H
POSIÇÃO
INICIAL MOVIMENTO
FUNÇÃO
VELOCIDADE HORÁRIA
REFERENCIAL CONSTANTE DA POSIÇÃO

POSIÇÃO MOVIMENTOS
INICIAL SIMULTÂNEOS

MOVIMENTO
REFERENCIAL
RELATIVO

2. Gráficos no M.R.U. Como foi visto anteriormente, em MRU existem dois tipos
de movimento:
O conceito de velocidade média é mu § Progressivo (v > 0): se o movimento é progressivo, a
velocidade é positiva (reta crescente) e a partícula mo-
2.1. Gráfico horário do movimento vimenta-se a favor da trajetória.
retilíneo uniforme
O gráfico horário do movimento é o gráfico da função
horária de um movimento em um sistema de coordenadas
cartesianas. No movimento retilíneo uniforme (MRU), S (eixo
das ordenadas) é uma função do 1.º grau em t (eixo das abs-
cissas), e, por isso, o gráfico é uma reta não paralela ao eixo t.
Lembre-se de que:
S = S0 + v ∙ t
v≠0
§ Retrógrado (v < 0): se o movimento é retrógrado, a
S0 → posição inicial velocidade é negativa (reta decrescente) e a partícula
S → posição final movimenta-se no sentido contrário da trajetória.
v → velocidade constante e não nula
t → tempo
 VOLUME 1

V<0

24  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


2.2. Gráfico da velocidade do Pontos t S
movimento retilíneo uniforme P1 t1 S1

P2 t2 S2
v = constante
Assim, pela definição de tangente, tem-se:
O gráfico da velocidade (eixo das ordenadas) em função do cateto oposto
tgα =   
   ∆S ​ ⇔
​ ________________ ​ ⇔ tgα = ​ __
tempo (eixo das abscissas) será sempre uma reta paralela cateto adjacente ∆t
ao eixo t. ⇔ tgα = v.
Como no MRU a velocidade é constante ao longo do tem- Portanto, no gráfico S × t, a tangente do ângulo que a fun-
po, a ordenada terá o mesmo valor para todos os pontos ção horária forma com o eixo 0 t é numericamente igual à
(instantes de tempo). velocidade escalar da partícula. Trata-se de uma grandeza
Caso o movimento seja progressivo, a velocidade será po- numérica, uma vez que a velocidade é uma grandeza veto-
sitiva e estará acima do eixo. Já em um movimento retró- rial dimensional e a tgα é adimensional.
grado, a velocidade será negativa e estará abaixo do eixo. Outra propriedade é que, quando o gráfico cruza o eixo 0S,
Progressivo Retrógrado ).
obtém-se a posição inicial (S
Progressivo 0

Nota: quando o movimento é progressivo (v > 0), o ângu-


lo α formado será agudo (0º < α < 90º). Já em movimento
retrógrado, o ângulo será obtuso (90º < α < 180º).
v> 0
2.3.1. Exemplos de gráficos horário e de
velocidade para movimento progressivo

v< 0

Progressivo Retrógado
Retrógrado

v> 0

Corpo B Corpo A
v< 0 t(s) S(m) t(s) S(m)
0 0 0 4
2 8 2 8

2.3. Propriedades do gráfico da função horária 5 20 5 14

Observe novamente o gráfico horário do movimento S × t. É possível inferir que a velocidade do corpo B é maior do
que a velocidade do corpo A. Isso pode ser afirmado, pois
a tangente de ângulos agudos aumenta à medida que o
ângulo aumenta.
Comprovando o que foi dito anteriormente, tem-se:
∆S S –S
vA =​ N​tgα ⇔ vA = ___ ​   ​A ⇔ vA = ______
​  A 0A  ​ ⇔
∆t tA – t0
⇔ vA = _____​ 14 – 4 ​ ⇔ vA = 2 m/s
 VOLUME 1

5–0
∆S S –S
vB =​ N​tgβ ⇔ vB = ___ ​   ​B ⇔ vB = ______
​  B 0B  ​ ⇔
∆t tB – t0

​ 20 – 8 ​ ⇔ vB= 4 m/s


vB = ______
5–2

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  25


Assim, o gráfico da velocidade do corpo A e B em função
do tempo será: Aplicação do conteúdo
1. (UFSC) Dois trens partem, em horários diferentes,
de duas cidades situadas nas extremidades de uma
ferrovia, deslocando-se em sentidos contrários. O
trem azul parte da cidade A com destino à cidade B,
e o trem vermelho da cidade B com destino à cidade
A. O gráfico representa as posições dos dois trens
em função do horário, tendo como origem a cidade
A (d = 0).
2.3.2. Exemplos de gráficos horário e de velo-
cidade para movimento retrógrado Considerando a situação descrita e as informações do grá-
fico, assinale a(s) proposição(ões) correta(s) e sua soma:
01) O tempo de percurso do trem vermelho é de 18 horas.
02) Os dois trens gastam o mesmo tempo no percurso:
12 horas.
04) O módulo da velocidade média dos trens é de 60 km/h.
08) O trem azul partiu às 4 horas da cidade A.
16) A distância entre as duas cidades é de 720 km.
32) Os dois trens se encontram às 11 horas.
Resolução:
01) Incorreto. O trem vermelho parte às 6 horas da cidade
B e chega à cidade A às 18 horas; assim, o intervalo de
tempo será:
∆tvermelho = tf – t0 ⇔ ∆tvermelho = 18 – 6 ⇔
Corpo A Corpo B
t(s) S(m) t(s) S(m) ⇔ ∆tvermelho = 12 h.
0 12 0 6
02) Correto. O trem azul parte às 4 horas da cidade A e
4 0 1 0
chega à cidade B às 16 horas, tendo um intervalo de tempo
5 -3 2 -6 igual ao do trem vermelho.
Podemos inferir que a velocidade do corpo B é maior em Δtazul = tf – t0 ⇔ Δtazul = 16 – 4 ⇔
módulo do que a velocidade do corpo A. Isso pode ser afir- ⇔ Δtazul = 12 h
mado, uma vez que a tangente de ângulo obtuso diminui,
em módulo, à medida que o ângulo aumenta. 04) Correto. O módulo da velocidade média dos trens será:
∆S S –S ​ ∆S ​ ⇔ |vm| = ___
|vm| = ___ ​ 720 ​ ⇔ |vm| = 60 km/h.
vA =​ N​tgα ⇔ vA = ___ ​  A ​ ⇔ vA = ______
​  A 0A ​ ⇔ ∆t 12
∆tA tA – t0A
08) Correto. Vemos pelo gráfico que o trem azul parte da
⇔ vA = _____​ 0 –  ​
12 – 0 ⇔ v = –3 m/s
cidade azul às 4 horas.
4 A
∆S S –S
vB =​ N​tgb ⇔ vB = ​   ​ ⇔ vB = ______
___ B
​  B 0B ​ ⇔ 16) Correto. Vemos pelo gráfico que o trem azul parte da
∆tB tB – t0B
(-6) – 0 origem (0 km) e chega aos 720 km, e o contrário acontece
⇔ vB = ______
​   ​ ⇔ vB= –6 m/s com o trem vermelho.
2–1
Assim, o gráfico da velocidade do corpo A e B em função 32) Correto. No ponto de encontro, as posições dos trens
do tempo será: são iguais; assim, tem-se:
SA = SV ⇔ S0, A + vA(tf – t0) = S0,V + vV(tf – t0) ⇔
0 + 60(t – 4) = 720 – 60(t – 6) ⇔
 VOLUME 1

VA ⇔ 60 t – 240 = 720 – 60 t + 360 ⇔


​ 1320 ​ ⇔ t = 11 h
⇔ 120 t = 1320 ⇔ t = ____
120
VB
Resposta: A soma das corretas é 62.

26  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


2. (PUC-PR) O gráfico mostra a variação da posição de Para calcular o deslocamento S2 – S1, subtrai-se a segunda
uma partícula em função do tempo. equação da primeira, obtendo:

S2 – S1 = v t2 – v t1 ou S2 – S1 = v(t2 – t1)
É possível demonstrar que o deslocamento DS = S2 – S1
pode ser representado pela área de um retângulo, definido
pelo gráfico da velocidade em função do tempo. Considere
o seguinte gráfico da velocidade do movimento.

Analisando o gráfico, é correto afirmar:


a) É nulo o deslocamento da partícula de 0 a 15 s.
b) A velocidade da partícula é negativa entre 0 e 10 v
segundos.
c) A aceleração da partícula vale 20 m/s2.
d) A velocidade da partícula é nula no instante 10 s.
e) A velocidade da partícula é constante e vale 20 m/s.
Resolução: O produto da base AB pela altura BC resulta na área do
retângulo ABCD. No entanto, a base AB representa o in-
tervalo de tempo Dt = t2 – t1, e a altura BC do retângulo
representa a velocidade v.
Assim:
AABCD = AB ∙ BC = v ∙ Dt ∴ AABCD =​ N​ DS = S2 – S1
Admita-se aqui, sem demonstração, que quando o dia-
grama de velocidade não é uma reta paralela ao eixo dos
tempos, o movimento não é uniforme.
No gráfico de espaço em função do tempo de MRU, temos
sempre uma reta e, quando ela é crescente, a velocidade Para qualquer movimento, é válida essa propriedade do
será constante e positiva. A velocidade da partícula será: gráfico da função horária da velocidade no tempo. Sua
(200 – 0)
∆S ​ ⇔ v =_______ aplicação é geral e, em diversos casos, muito útil. Como é
v = tgx ⇔ v = ​ ___ ​  ​ 200 ​ ⇔
 ​ ⇔ v = ___
∆t (20 – 10) 10 possível observar nos exemplos abaixo:
v = 20 m/s.
Alternativa E

2.3. Propriedades do gráfico v × t


A representação gráfica de funções horárias nos trazem
muitas informações para o estudo do movimento de um
corpo. Se considerarmos a função horária das velocidades,
no MRU teremos, graficamente, um retângulo composto
pelo valor da velocidade e pelo intervalo de tempo conside-
rado para o estudo. A área sob a curva será numericamente
igual ao deslocamento do móvel.
Considere um ponto material em movimento retilíneo uni-
forme, com velocidade v. O espaço percorrido até o instante
de tempo t1 é S1, e o espaço percorrido até o instante de
 VOLUME 1

tempo t2 é S2.
Tem-se: Nota: É importante lembrar que o deslocamento será posi-
S2 = S0 + v(t2 – t0) tivo quando a área calculada estiver acima do eixo x e será
S1 = S0 + v(t1 – t0) negativo quando a área estiver abaixo do eixo x.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  27


VIVENCIANDO

A interpretação de gráficos é fundamental no nosso cotidiano, como em notícias jornalísticas ou em apresentações


empresariais.
De maneira rápida e eficaz, é possível sintetizar inúmeras informações e apresentá-las na forma gráfica. Saber com-
preender gráficos é uma poderosa habilidade para sintetizar o movimento dos corpos. De maneira prática e visual,
todas as informações ficam disponíveis ao leitor.

Deve-se afirmar que apenas:


a) I é correta.
b) II é correta.
c) III é correta.
d) I e II são corretas.
e) II e III são corretas.

Resolução:
I. Incorreta, pois o objeto se desloca em uma reta indicando um
movimento retilíneo e uniforme, no qual a aceleração é nula.
II. Incorreta, pois o objeto entre os instantes t = 4 s e t = 6 s
fica todo o tempo na posição de 50 metros.
III. Correta. A velocidade média do objeto entre os instan-
tes 4 s e 9 s será:
(60 – 50)
ΔS ​ ⇔ v =_______
vm = ​ __ ​  ​ 10 ​ ⇔
 ​ ⇔ vm = ___
Δt m
(9 – 4) 5
⇔ vm = 2 m/s.
Aplicação do conteúdo Alternativa C
1. (Fatec) Um objeto se desloca em uma trajetória retilí- 2. (UFPR) Assinale a alternativa que apresenta a história
nea. O gráfico a seguir descreve as posições do objeto que melhor se adapta ao gráfico.
em função do tempo.

a) Assim que saí de casa, lembrei que deveria ter


enviado um documento para um cliente por e-mail.
Resolvi voltar e cumprir essa tarefa. Aproveitei para
responder a mais algumas mensagens e, quando me
Analise as seguintes afirmações a respeito desse movimento: dei conta, já havia passado mais de uma hora. Saí
apressada e tomei um táxi para o escritório.
I. Entre t = 0 s e t = 4 s, o objeto executou um movimento b) Saí de casa e quando vi o ônibus parado no pon-
 VOLUME 1

retilíneo uniformemente acelerado. to corri para pegá-lo. Infelizmente, o motorista não


II. Entre t = 4 s e t = 6 s, o objeto se deslocou 50 m. me viu e partiu. Após esperar algum tempo no ponto,
resolvi voltar para casa e chamar um táxi. Passado
III. Entre t = 4 s e t = 9 s, o objeto se deslocou com uma algum tempo, o táxi me pegou na porta de casa e
velocidade média de 2 m/s. deixou-me no escritório.

28  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


c) Eu tinha acabado de sair de casa, quando tocou o Resolução:
celular e parei para atendê-lo. Era meu chefe, dizendo
que eu estava atrasado para uma reunião. Minha sor- O deslocamento de um objeto em um gráfico de veloci-
te é que, nesse momento, estava passando um táxi. dade em função do tempo será calculado pela área sob
Acenei para ele e poucos minutos depois, eu já estava a curva. Áreas acima do eixo do tempo serão positivas, e
no escritório. áreas abaixo do eixo serão negativas.
d) Tinha acabado de sair de casa quando o pneu furou.
Desci do carro, troquei o pneu e finalmente pude ir para Entre os instantes t = 1 h e t = 2 h, temos:
o trabalho.
∆S1 = A1 ⇔ ∆S1 = 1 ∙ 4 ⇔ ∆S1 = 4 km.
e) Saí de casa sem destino – estava apenas com von-
tade de andar. Após ter dado umas dez voltas na qua- Entre os instantes t = 2 h e t = 3 h temos:
dra, cansei e resolvi entrar novamente em casa.
∆S2 = A2 ⇔ ∆S2 = 1(–6) ⇔ ∆S2 = –6 km.
Resolução:
Entre os instantes t = 3 h e t = 4 h, temos:
Pelo gráfico de posição em função do tempo, é preciso encon-
trar uma história na qual a pessoa saia de casa rapidamente ∆S3 = A3 ⇔ ∆S3 = 6 ∙ 1 ⇔ ∆S3 = 6 km.
por uma distância considerável, pare por um tempo, volte, Assim, o espaço total será:
pare de novo e vá diretamente ao seu destino sem parar.
∆Stotal = ∆S1 + ∆S2 + ∆S3 ⇔
Alternativa B ⇔ ∆Stotal = 4 + (–6) + 6 ⇔ ∆Stotal = 4 km.
3. (UFSCar) O gráfico da figura representa a distância
percorrida por um homem em função do tempo. Qual é
Alternativa D
o valor da velocidade do homem quando: 5. (CFT-MG) Ana (A), Beatriz (B) e Carla (C) combinam
a) t = 5 s; um encontro em uma praça próxima às suas casas. O
b) t = 20 s. gráfico, a seguir, representa a posição (x) em função do
tempo (t), para cada uma, no intervalo de 0 a 200 s. Con-
Resolução: sidere que a contagem do tempo se inicia no momento
a) Entre os instantes t = 0 s, e t = 10 s o homem está em em que elas saem de casa.
um MRU progressivo. Assim, a velocidade será calculada
pela tangente do gráfico.
(40 – 0)
ΔS ​ ⇔ v = ______
v = tgx ⇔ v= ​ __ ​   ​
Δt (10 – 0)
​ 40 ​ ⇔ v = 4 m/s
⇔ V = ___
10
Resposta: a velocidade será 4 m/s.
b) Como o homem do instante t = 10 s em diante não sai
da posição de 40 metros; assim, sua velocidade no instante
t = 20 s é 0 m/s.
4. (Unesp) Considere o gráfico de velocidade em função do Referindo-se às informações, é correto afirmar que durante
tempo de um objeto que se move em trajetória retilínea. o percurso:
a) a distância percorrida por Beatriz é maior do que a
percorrida por Ana.
b) o módulo da velocidade de Beatriz é cinco vezes
menor do que o de Ana.
c) o módulo da velocidade de Carla é duas vezes
maior do que o de Beatriz.
d) a distância percorrida por Carla é maior do que a
percorrida por suas amigas.

Resolução:
 VOLUME 1

No intervalo entre 0 a 4 h, o objeto percorre efetivamente A variação de espaço de Ana será:


qual distância, em relação ao ponto inicial? ∆SA = 500 – 0 ⇔ ∆SA = 500 m.
a) 0 km d) 4 km
b) 1 km e) 8 km A variação de espaço de Beatriz será:
c) 2 km ∆SB = 500 – 400 ⇔ ∆SB = 100 m.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  29


A variação de espaço de Carla será: O segundo deslocamento será numericamente igual à área 2.
∆SC = 500 – 450 ⇔ ∆SC = 50 m. ∆S2 = A2 ⇔ ∆S2 = 60(5 – 3) ⇔

A velocidade de Ana será: ⇔ ∆S2 = 60 · 2 ⇔ ∆S2 = 120 km


∆S Assim, o deslocamento total será:
​ 500 ​ ⇔ vA= 2,5 m/s.
vA = ​ ___A ​ ⇔ vA= ___
∆t 200 ∆Stotal = ∆S1 + ∆S2 ⇔ ∆Stotal = 270 + 120 ⇔
A velocidade de Beatriz será: ⇔ ∆Stotal = 390 km.
∆S
vB = ___ ​ 100 ​ ⇔ vB= 0,5 m/s.
​  B ​ ⇔ vB= ___ Resposta: O deslocamento será de 390 km.
∆t 200
b) A velocidade média do veículo será:
A velocidade de Carla será:
∆S ​ ⇔ v = ______
vm = ​ __ ​  390  ​ ⇔ vm = ___
​ 390
 ​ ⇔
∆S ∆t m
(5 – 0) 5
​  50  ​ ⇔ vC = 0,25 m/s.
vC = ​ ___C ​ ⇔ vC = ___
∆t 200 ⇔ vm = 78 km/h.
Alternativa B Resposta: A velocidade média será de 78 km/h.
6. O gráfico abaixo representa a velocidade do veículo
numa viagem em função do tempo. Determine:

a) o deslocamento do veículo na viagem;


b) a velocidade média do veículo em km/h.

Resolução:
a)

Pelo gráfico, é possível observar que o veículo percorreu as


primeiras três horas com velocidade constante de 90 km/h
e as duas últimas com velocidade de 60 km/h.
 VOLUME 1

O primeiro deslocamento será numericamente igual à área 1.


∆S1 = A1 ⇔ ∆S1 = 90(3 – 0) ⇔
⇔ ∆S1 = 90 · 3 ⇔ ∆S1 = 270 km

30  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Uma determinada função do primeiro grau pode ser representada por um gráfico, sendo este uma reta. Existem duas possibili-
dades para esse gráfico: crescente (o valor da variável dependente cresce com os valores da variável independente) ou decrescente
(os valores da variável dependente diminuem quando os valores da variável independente crescem). De maneira fácil, relacionamos
a função crescente ao sinal positivo do coeficiente da variável e a função decrescente ao sinal negativo do coeficiente da variável.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

A habilidade 17 sempre será recorrente nas ciências da natureza, pois a matemática é a linguagem com a qual
o homem interpreta a Natureza. Para sintetizar uma série de informações, será recorrente a apresentação dos
dados em forma de gráficos ou tabelas. Se, na aula anterior, foi visto que a posição é uma função do tempo,
agora é possível traçar o gráfico que representa o movimento. Isso sintetiza muito a informação e aumenta a
capacidade de análise.

MODELO 1

(Enem) Um sistema de radar é programado para registrar automaticamente a velocidade de todos os veículos
trafegando por uma avenida, onde passam em média 300 veículos por hora, sendo 55 km/h a máxima ve-
locidade permitida. Um levantamento estatístico dos registros do radar permitiu a elaboração da distribuição
percentual de veículos de acordo com sua velocidade aproximada.
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  31


A velocidade média dos veículos que trafegam nessa avenida é de:

a) 35 km/h.
b) 44 km/h.
c) 55 km/h.
d) 76 km/h.
e) 85 km/h.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse exercício, o aluno deve ser capaz de relacionar o conceito de velocidade média na interpre-
tação estatística do gráfico fornecido, sendo necessário no final afirmar qual é a velocidade média
dos carros que trafegam na avenida cuja velocidade média é de 55 km/h. Típico exercício do Enem,
contextualizado com os problemas sociais, exige interpretação da tabela e noções de estatística.
Como o gráfico fornece a quantidade de carros que trafegam para cada velocidade média, basta
calcular a média ponderada das velocidades, na qual a quantidade de cada carro corresponde ao
peso. Assim, obtém-se:
​  ∙ 5 + 30 ∙ 15 + 40 ∙   
20 30 + 50 ∙    + 70 ∙ 3 + 80 ∙ 1​
40 + 60 ∙ 6  
Vm = _________________________________________________
100
vm = 44 km/h

RESPOSTA Alternativa B
 VOLUME 1

32  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


HABILIDADE 19
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou
solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A habilidade 19 avalia a capacidade do estudante de analisar métodos em solucionar problemas. Como


diz o quarto eixo cognitivo: “Relacionar informações representadas em diferentes formas e conhecimentos
disponíveis em situações concretas para construir argumentação consistente”. Aqui, essa capacidade pode
ser explorada fazendo com que o estudante tenha de confrontar dados gráficos ou tabelas a fim de tomar
uma decisão a respeito.

MODELO 2

(Enem) O gráfico a seguir modela a distância percorrida em km por uma pessoa em certo período de tempo.
A escala de tempo a ser adotada para o eixo das abscissas depende da maneira como essa pessoa se desloca.

Qual é a opção que apresenta a melhor associação entre meio ou forma de locomoção e unidade de tempo,
quando são percorridos 10 km?
a) carroça – semana
b) carro – dia
c) caminhada – hora
d) bicicleta – minuto
e) avião – segundo

ANÁLISE EXPOSITIVA

Nesse exercício, o estudante deve interpretar e analisar o gráfico em questão, sendo necessário que ele
relacione qual forma de locomoção foi utilizada para percorrer o intervalo de tempo para qual a unidade de
tempo faria sentido. Além de interpretação, cobra-se do estudante poder dedutivo analítico.
Uma carroça pode se locomover como uma pessoa andando a 3 km/h ou 4 km/h. Nesse caso, 10 km são
percorridos em menos de 4 horas, e não em uma semana.
Um carro pode se locomover a 60 km/h ou mais. A 60 km/h, a distância de 10 km é realizada em 10 minutos,
e não em um dia.
Uma caminhada a 4 km/h precisa de 2 horas e meia para 10 km. E, dessa forma, o diagrama é compatível
com essa situação.
Para uma bicicleta realizar 10 km em 2,5 minutos, sua velocidade deveria ser de 4 km/min = 240 km/h.
Fórmula 1 tudo bem, bicicleta não.
10 km em 2,5 segundos corresponde a 4 km/s = 14400 km/h. Um avião comercial viaja próximo de
 VOLUME 1

1000 km/h.

RESPOSTA Alternativa C

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  33


DIAGRAMA DE IDEIAS

ESPAÇO

RELAÇÕES
MATEMÁTICAS
RAPIDEZ VELOCIDADE

DESCRIÇÃO DO
MOVIMENTO

TEMPO
 VOLUME 1

34  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


MOVIMENTO
RETILÍNEO
UNIFORMEMENTE 2. Aceleração escalar média
VARIADO E
GRÁFICOS NO
M.R.U.V.

CN COMPETÊNCIA(s)
5e6
Considere que a velocidade escalar de uma partícula, em
um instante t1, seja v1 e, em um instante posterior t2, a velo-
AULAS HABILIDADE(s)
17, 19 e 20
cidade escalar seja v2. A aceleração escalar média (am)

5E6 da partícula entre esses dois instantes de tempo é definida


como sendo a variação da velocidade dividida pelo tempo
transcorrido:
v –v
am = ​ Dv
___ ​= _____
​  2 1 ​
Dt t2 – t1

Nessa definição, a unidade de aceleração é igual à razão


entre a unidade de velocidade e a unidade de tempo. No
SI, tem-se:
1. Conceito de aceleração
​ m
__
s ​ ​ = __
Inicialmente, foi analisado que a velocidade é a rapidez ​  m/s
___
s ​ = ​  __ m __ 1 __ m
s​   ​ ​  s ​ ⋅ ​  s ​ = ​  s2 ​= m ⋅ s
–2
__
com que um corpo muda sua posição ao longo do tem- 1
po. Em seguida, foi estudado um caso especial em que a
velocidade permanecia constante ao longo do tempo. Con- Como o intervalo de tempo ∆t é sempre positivo, o sinal
tudo, no dia a dia é possível perceber que as pessoas e os da aceleração escalar média é igual ao sinal da variação
objetos não estão sempre com velocidade constante; pelo de velocidade ∆v.
contrário, nota-se que os objetos possuem uma determina-
da velocidade em um instante e, em um instante posterior, § Se vf > vi, temos (vf – vi) > 0 e a > 0.
possuem outra velocidade. Esse é o caso, por exemplo, de § Se vf < vi, temos (vf – vi) < 0 e a < 0.
um carro inicialmente em repouso que adquire velocidade, Note que, no caso de movimento retilíneo uniforme, vf = vi,
mas, ao se aproximar de um semáforo com o sinal verme- e, portanto, (vf – vi) = 0, ou seja, a = 0. Assim, a acelera-
lho, reduz sua velocidade até o repouso. ção é nula no movimento retilíneo uniforme.
Assim, é preciso definir uma nova grandeza que esteja rela-
cionada com essa variação da velocidade. A rapidez com que
um corpo varia sua velocidade é denominada aceleração.
3. Unidades de aceleração
A razão entre uma unidade de velocidade e uma unidade de
A ideia de aceleração está sempre ligada à variação da tempo é denominada unidade de aceleração. Por exemplo:
velocidade.
km/h
1​ ____
s ​
Entretanto, essa unidade não pertence ao SI. O exemplo
seguinte ilustra a unidade de aceleração no SI e seu sig-
nificado: uma pedra cai de uma determinada altura e sua
velocidade é de vi = 5 m/s logo depois de iniciar a queda.
Após um intervalo de tempo ∆t = 2 s, sua velocidade é de
vf = 25 m/s. A aceleração da pedra é:
 VOLUME 1

multimídia: vídeo v – vi
a = _____
​  f  ​ ​ 25 m/s –  ​
5 m/s = ______
= ____________
   ​ 20 m/s
 ​
Dt 2s 2s
Fonte: Youtube
ou
Física - Aceleração (Khan Academy)
​ 10 sm/s
a = ______ ​

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  35


Esse resultado demonstra que a velocidade de pedra au- Em geral, o resultado anterior é apresentado da forma
menta em 10 m/s a cada 1 s. Assim, no SI, a unidade de a = 10 m/s2. Dessa forma:
aceleração é 1 (m/s)/s, que se convencionou escrever da
seguinte maneira: No SI, a unidade de aceleração é 1 m/s2. A velocidade
m/s ​ = 1​ __
m ​ ∙ __
1 m varia de 1 m/s a cada 1 s.
1​ ___
s
___
s ​  s ​= 1 ​ s2 ​

VIVENCIANDO

Mudanças na velocidade são comuns no nosso dia a dia: um carro que trafega numa avenida e desacelera, parando
devido a um semáforo vermelho, ou um carro que acelera quando o semáforo está verde; também na queda dos corpos,
assunto que veremos nas próximas aulas.
Em geral, os móveis alteram entre diversos movimentos, o que tornaria o estudo completo algo mais difícil, por isso “que-
bramos” o movimento em partes, as quais conseguimos estudar com facilidade, MU e MUV. Saber distinguir entre esses
dois tipos de movimento e conhecer suas funções horárias é fundamental para a resolução de problemas.

4. Movimentos acelerado § O movimento é retardado se o módulo da velocidade


diminui:
e retardado movimento retardado ⇒ |v| diminui
O movimento pode ser classificado como progressivo ou Agora, é possível classificar o movimento como sendo
como retrógrado. Ainda assim, é possível caracterizar ainda progressivo acelerado, progressivo retardado, retrógrado
mais o movimento. Afirma-se que o movimento é acelerado acelerado ou retrógrado retardado. Observe ainda que
quando, em módulo, a velocidade aumenta com o tempo, e o fato de o movimento ser progressivo ou retrógrado se
que um movimento é retardado (freado) quando o módulo deve a uma escolha da orientação do referencial ou do
da velocidade diminui com o tempo. Matematicamente, no- observador desse movimento; entretanto, o movimento
ta-se que o sinal da aceleração e o sinal da velocidade no ser acelerado ou retardado não tem relação alguma com
movimento acelerado são idênticos, e no movimento retar- a escolha da orientação.
dado os sinais são opostos.
Aplicação do conteúdo
ƒ a > 0 e v > 0 ou a < 0 e v < 0 o movimento é
1. Um automóvel se desloca por uma estrada, e sua ve-
acelerado (a e v têm o mesmo sinal).
locidade aumenta ao longo do tempo. Em um determi-
ƒ a > 0 e v < 0 ou a < 0 e v > 0 o movimento é
nado instante, o automóvel tem velocidade escalar de
retardado (a e v têm sinais diferentes).
54 km/h e, após 2,0 segundos, sua velocidade passa a
v>0 v>0
ser 72 km/h. Determine a aceleração escalar média do
a>0 a>0
automóvel nesse intervalo de tempo.
S S
Resolução:
a>0 a>0
v>0 v>0
O intervalo de tempo é Dt = 2,0 s.
S S A variação de velocidade escalar nesse intervalo de tempo foi:
Por exemplo, se um carro tem velocidade v1 = 10 m/s em t1 Dv = (72 km/h) – (54 km/h) ⇒ Dv = 18 km/h
e, num instante posterior t2 sua velocidade é de v2 = 30 m/s, Como o intervalo de tempo foi dado em segundos, faça a trans-
afirma-se que o movimento é acelerado. O mesmo ocorre se formação da unidade de velocidade:
v1 = –10 m/s em t1 e, num instante posterior t2, sua veloci-
Dv = 18 km/h = ___​ 18  ​m/s = 5 m/s
dade é de v2 = –30 m/s. Contudo, se em t1 sua velocidade 3,6
 VOLUME 1

é de v1 = 30 m e, num instante seguinte t2, ela diminui para Assim, calcule a aceleração:
v2 = 20 m/s, seu movimento é denominado retardado. 5,0 m/s
am = ​ Dv
___ ​ = ______
​   ​= 2,5 m/s2
§ O movimento é acelerado se o módulo da velocidade Dt 2,0 s
aumenta: Esse resultado mostra que, em média, a velocidade aumentou
movimento acelerado ⇒ |v| aumenta 2,5 m/s a cada segundo.

36  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


2. Um carro de corrida é acelerado de forma que sua ve- A tabela abaixo mostra as velocidades escalares de uma
locidade em função do tempo é dada conforme a tabela: partícula em intervalos de 1 segundo. A velocidade varia
t(s) 3 6 9 de modo regular, ou seja, a cada 1 segundo, o aumento da
v(m/s) 20 30 60 velocidade é 2 m/s. Assim, a aceleração escalar é constante
e dada por:
Determine o valor da aceleração média desse carro entre
a = 2 m/s por segundo = 2 m/s2
t1 = 3 s e t2 = 9 s.
t (s) v (m/s)
Resolução:
0 5
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se: 1 7
2 9
3 11
4 13

A variação de tempo e de velocidade entre os instantes t = 3 s No caso em que a aceleração é constante e não nula, tem-
e t = 9 s será: -se um movimento uniforme.
Δt = 9 – 3 = 6 s se a = 0 → v é constante → o movimento é uniforme
Δv = v3 – v1 = 60 – 20 = 40 m/s
Dessa forma, a aceleração média será:
am = ​ Δv ​ 40 ​= 6,67 m/s2
___ ​ = ___
Δt 6
Resposta: A aceleração será de 6,67 m/s2.
Nota: Foi visto que a velocidade é a variação do espaço no
tempo; também foi vito que a aceleração é a variação da
velocidade no tempo. Não há nenhuma grandeza associa- multimídia: site
da à variação da aceleração no tempo. Todos os exercícios
de cinemática são resolvidos em função da posição, da ve- pt.khanacademy.org/science/physics/one-dimensional-
locidade, da aceleração e do tempo. -motion/acceleration-tutorial/a/acceleration-article

5. Movimento retilíneo www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20042/Luciano/cine-


matica.html
uniformemente variado (MRUV)
Além da aceleração escalar média (am), define-se também a 5.1. Funções horárias
aceleração escalar instantânea (a), que é a aceleração esca-
Considere uma partícula realizando um movimento unifor-
lar em um instante de tempo muito curto. Considere o caso
memente variado em uma linha, como na figura seguinte.
em que a aceleração escalar instantânea é constante. Assim,
No instante inicial (t = 0), a partícula passa pelo ponto
em qualquer intervalo de tempo, a aceleração escalar média
de posição S0 com velocidade escalar v0. Depois de algum
possui o mesmo valor da aceleração escalar instantânea.
tempo, em um instante qualquer t, a partícula passa pelo
​ Dv ​
aceleração constante ⇒ a = am = ___ ponto de posição S com velocidade escalar v. A aceleração
Dt escalar é constante ao longo de toda trajetória:

Pela definição da aceleração:


multimídia: vídeo v – v0
a = ​ Dv
___ ​ = _____
 VOLUME 1

​   ​
Fonte: Youtube Dt t – t0
Física Total - Aula 05 - Movimento
Rearranjando a equação:
Uniformemente Variado - MUV
v – v0 = a ∙ t

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  37


Assim:
Aplicação do conteúdo
v = v0 + a ∙ t
1. (Ufal) A velocidade de um móvel aumenta, de ma-
Função horária da velocidade escalar. neira uniforme, 2,4 m/s a cada 3,0 s. Em certo instante,
a velocidade do móvel é de 12 m/s. A partir desse ins-
É possível demonstrar que a velocidade média no movi- tante, nos próximos 5,0 s a distância percorrida pelo
mento retilíneo uniformemente variado é dada por: móvel, em metros, é igual a:

v + v0 a) 10 b) 30 c) 60 d) 70 e) 90
vm = _____
​   ​
2 Resolução:

A partir da definição de velocidade média: O enunciado afirma que a velocidade aumenta a uma taxa de
S – S0 2,4 m/s em 3 s. Assim, a aceleração do móvel será:
vm = ​ DS
___ ​ = _____
​   ​
Dt t – t0 a = ​Δv
2,4
___ ​ = ___
​   ​= +0,8 m/s2
É possível combinar ambas as equações de modo que, para Δt 3
t0 igual a zero, tem-se: Admitindo o início da trajetória o móvel com velocidade de 12
(v + v) (t – 0) ______ (v + v)t m/s, após 5 s aplica-se a função horária da posição em MRUV
DS = ___________
​  0  ​ ⇒ ​  0  ​ para encontrar a distância percorrida.
2 2
​ at ​ ⇒
2
Utilizando a função horária da velocidade escalar S = S0 + v0t + ___
2
v = v0 + a ⋅ t e Ds = s – s0, obtém-se: 0,8(5)2
S – S0 = 12 ∙ (5) + ______
​   ​ ⇒ 60 + 0,4 ∙ (25) ⇒
(v + v + at)t 2v t + at2 2
​ at ​
2
S – S0 = ___________
​  0 0  ​ ⇒ ________ ​  0  ​ ⇒v0t + ___
2 2 2 60 + 10 = 70 m

Assim: Altenativa D

​ 1 ​∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __ 2. (UFBA) Um corpo que parte do repouso deve percor-
2 rer uma distância de 3.000 m. Os primeiros 220 m ele
os percorre em 8 s, sendo que o movimento é uniforme-
Função horária da posição.
mente acelerado. O restante é percorrido a velocidade
Nota: Para t0 diferente de zero, temos as equações: constante igual à atingida quando ele alcançou aqueles
220 m. O tempo total aproximado para realizar todo o
v = v0 + a ∙ (t – t0) percurso será de:
​ 1 ​· a · (t – t0)2
S = S0 + v0 ∙ (t – t0) + __ a) 20 s b) 30 s c) 50 s d) 58 s
2

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Uma função polinomial do segundo grau em uma variável é do tipo f de  em , onde f(x) = a ∙ x² + b ∙ x + c, com
a, b e c números reais e a ≠ 0.
Para determinar a solução de equação do segundo grau 0 = a ∙ x² + b ∙ x + c, utilizamos um algoritmo desenvolvido
por Bháskara, em que temos duas raízes dadas por:

​ ​ ∆ ​​
dXX
x = ​ –b ± ___
2a
sendo:
∆ = b2 – 4ac
 VOLUME 1

Onde, se ∆ > 0, haverá duas soluções distintas; se ∆ = 0, haverá duas soluções idênticas; e se ∆ < 0, não haverá raiz real.
Para um corpo em MRUV, a função horária da posição é uma função polinomial do 2.º grau em uma variável.

38  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução: Assim, a velocidade média é:
Nos primeiros 8 segundos, o corpo percorre 220 m partindo do ​ 34 + ​
vm = ______ 4 = ___
​ 38 ​ ⇒ vm = 19 m/s
repouso. Aplicando a função horária do movimento retilíneo uni- 2 2
formemente acelerado, tem-se: 4. Em uma autoestrada, um guarda (em uma motoci-
cleta) persegue um automóvel cujo motorista cometeu
​ at ​
2
S = S0 + v0t + ___
2 uma infração e que se move com velocidade escalar
(8)²
220 = 0 + 0 ∙ 8 + a ∙ ___
​   ​ ⇒ constante de 20 m/s. A figura a seguir ilustra a situação
2 em um determinado instante.
64a
___
220 = ​   ​ ⇒
2 8,0 m/s 20 m/s
220
___
a = ​   ​= 6,875 m/s2
32
64 m
Nos mesmos 8 segundos, aplica-se a função horária da velocida-  esse instante, o guarda tem velocidade escalar 8,0
N
de escalar para se obter a velocidade final do corpo: m/s. Admitindo que ele se move com aceleração escalar
v = v0 + at = 0 + 6,875 ∙ 8 = 55 m/s constante de 2,0 m/s2 e desprezando os comprimentos
O enunciado afirma que essa velocidade permanece constante dos veículos:
e ainda faltam 2.780 metros para o corpo percorrer. Assim, o a) A partir do instante representado na figura, quanto
segundo intervalo de tempo será: tempo o guarda levará para alcançar o automóvel?
​ ∆S ​
b) Qual a velocidade do guarda ao alcançar o automóvel?
v = __
∆t c) Determine a distância percorrida pelo guarda des-
​ 2780 ​
55 = ____ ​ 556 ​ s
⇒ ∆t = ___ de o instante representado na figura até o instante
∆t 11
de encontro.
O tempo total será:
Resolução:
​ 556 ​= 58,54 ≈ 58 s.
ttotal = 8 + ___
11 a) Adotemos a posição inicial do guarda como a origem do eixo de
Altenativa D coordenadas dos espaços (S0G = 0), e 64 m como a posição inicial
do automóvel (S0A = 64 m).
3. A figura abaixo ilustra uma partícula com movimento
G A
uniformemente variado, com aceleração a = 6 m/s2. A
partícula passa pelo ponto de posição 10 m e velocida- 8,0 m/s 20 m/s

de escalar 4 m/s no instante t0 = 0. 0 64 s (m)

O movimento do guarda é uniformemente variado com S0 = 0,


v0 = 8,0 m/s e a 2,0 m/s2, e o automóvel se movimenta uniforme-
s mente com S0 = 64 m e v = 20 m/s. Assim, as funções horárias
das posições para o guarda e para o automóvel são:
a) No instante t = 5 s, qual é a posição e a velocidade
escalar da partícula? guarda (MUV) automóvel (MU)
b) Determine a velocidade escalar média da partícula
​ a ​t2
S = S0 + v0t + __ S = S0 + vt
entre os instantes t0 = 0 e t = 5 s. 2
2,0
Resolução: SG = 0 + 8,0 t + ___
​   ​t2 SA = 64 + 20 t
2
a) Sabendo que a partícula está em MUV, e sendo SG = 8,0 t + t2
a = 6 m/s2, v0 = 4 m/s e S0 = 10 m, tem-se:
Para determinar o instante de encontro, devem ser igualadas as
​ a ⋅  ​
S = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2
posições do guarda e do automóvel dadas pelas equações aci-
2
E para t = 5 s: ma. Assim:
6 ⋅ (5)2 SG = SA
S = 10 + 4 ⋅ (5) + ______
​   ​ ⇒ S = 105 m
2
v = v0 + a ⋅ t 8,0 t + t² = 64 + 20 t
t² – 12t – 64 = 0
E para t = 5 s:
Resolvendo esta equação (de 2.º grau), obtém-se:
 VOLUME 1

v = 4 + 6 ⋅ (5) ⇒ v = 34 m/s
t = 16 ou t = –4
b) Foi visto que a velocidade média no MUV pode ser
 esprezando a resposta negativa, tem-se t = 16 s, ou seja, de-
D
calculada como:
pois de 16 segundos do instante representado na figura, o guar-
Vf + V0
vm = ______
​   ​ da alcança o automóvel.
2

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  39


b) Como o movimento do guarda é uniformemente variado, ou seja, aquele que não multiplica nenhuma potência da
substituindo t = 16 s na função horária de sua velocidade es- variável t. Caso não exista, resulta que S0 = 0. A velocidade
calar, obtém-se: inicial será o coeficiente que acompanha a potência de t
v = v0 + at ⇒ v = 8,0 + 2,0 t que tem o expoente 1. Por fim, a aceleração será o dobro
t = 16 s ⇒ v = 8,0 + (2,0)(16) ⇒ v = 40 m/s do coeficiente que acompanha a potência de t que está ao
A velocidade do guarda no instante do encontro é de 40 m/s. quadrado. Caso falte alguma potência de t, isso se deve ao
fato de que o coeficiente é nulo.
c) Substituindo t = 16 s na equação horária da posição do guar-
da, resulta:
Se, por exemplo, for fornecida uma função S(t)=5 – 3 ∙t + 3 ∙ t2,
é possível comparar com a função da posição genérica e
SG = 8,0 t + t²
identificar S0 = 5 m, v0 = –3 m/s e a = 6 m/s2. Dessa forma,
t = 16 s ⇒ SG = 8,0(16) + (16)² ⇒ SG = 384 m é possível escrever a função horária da velocidade, que de
Isto é, o guarda se moveu da posição inicial S0G = 0 até a posição maneira genérica é dada por:
SG = 384 m, e, portanto, percorreu a distância de 384 metros.
v(t) = v0 + a · t
5.2. Equação de Torricelli
Os problemas de MRUV podem ser resolvidos com as fun- E, assim, temos que:
ções horárias da velocidade e da posição. Entretanto, será v(t) = –3 + 6 ∙ t
mostrada a seguir uma equação que relaciona a velocida- Do mesmo modo, pode-se inferir a velocidade inicial e
de e a posição sem envolver o tempo. Essa equação será aceleração a partir da função da velocidade. Na função
útil na solução de problemas que não envolvam a variável da velocidade, o coeficiente independente trata-se da
tempo no enunciado. velocidade inicial, e o coeficiente que acompanha a vari-
Para obter essa equação, o tempo é isolado na função ho- ável t é a aceleração. Seja uma dada função da velocida-
rária da velocidade: de v(t) = 5 + 8 ∙ t, temos que v0 = 5 m/s e a = 8 m/s2. Porém
v – v0 não conseguimos escrever a função da posição, pois ainda
v = v0 + at ⇒ at = v – v0 ⇒ t = _____
​  a ​
falta a posição inicial. Nesse caso, o enunciado irá fornecer
Esse valor de t é substituído na equação horária da posição. a informação, por exemplo S0 = –3 m . Assim, poderemos
Assim: substituir na função genérica da posição:
v – v0 __a _____ v–v 2
S = S0 + v0t + ___
2
2
(
​ at ​ ⇒ S = S0 + v0 ​ ​ _____
a ) ( )
​ ​   ​ ⋅ ​ ​  a ​ 0 ​
 ​ +
2
​ a ⋅ ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____
2
t2

Efetuando os cálculos, obtém-se uma equação denomina- Assim, teremos que:


da equação de Torricelli: S(t) = –3 + 5 · t + 4 ∙ t2

v² = v0² + 2a(S – S0)


Aplicação do conteúdo
Evangelista Torricelli (1608-1647) serviu como copista de 1. Em uma rodovia, um automóvel viaja com velocidade
Galileu durante os últimos três meses de vida do mestre escalar constante de 30 m/s. Em determinado instante,
renomado. A partir das equações de Galileu para o MUV, o motorista pisa no freio provocando uma desacelera-
ção constante de 3,0 m/s2 até o automóvel parar. Cal-
Torricelli deduziu a equação que carrega seu nome. Além cule a distância percorrida durante a frenagem.
disso, Torricelli inventou o barômetro, instrumento que ser-
ve para medir a pressão atmosférica local. Resolução:
A figura a seguir ilustra a situação:
5.2.1. Identificando as variáveis
Dada uma função horária de posição qualquer, é possível
descobrir por análise as variáveis de interesse S0, v0 e a a
fim de construir a função horária da posição. Como é sabi-
do, todo movimento uniformemente variado tem a função
 VOLUME 1

da posição do seguinte modo: Considerando a velocidade escalar positiva (mesmo sentido que
a orientação da trajetória) e sendo o movimento retardado, a
​ a ⋅  ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 aceleração escalar é negativa: a = –3,0 m/s2.
2
A velocidade inicial é v0 = 30 m/s, e a velocidade final é nula (v =
A posição inicial sempre será o coeficiente independente, 0). Pelas informações fornecidas e devido à falta de informação

40  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


sobre o intervalo de tempo, é possível suspeitar que, provavel- A distância quando o semáforo muda de verde para amarelo
mente, a melhor equação a ser usada é a equação de Torricelli. é 30 m, e a distância na reação é 6 m. Assim, a distância em
Assim: MRUV é 24 m. Aplicando a equação de Torricelli, tem-se:
v² = v0² + 2a (S – S0) v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS
0 = (30)² + 2(–3) ⋅ DS (0)2 = (12)2 + 2 ∙ a ∙ 24
Dessa forma: a = –3 m/s2
DS = 150 m Resposta: A mínima desaceleração é de 3 m/s2.
2. (PUC) Ao iniciar a travessia de um túnel retilíneo de b) O tempo total é 2,2 s, e o tempo de reação é
200 metros de comprimento, um automóvel de dimen- 0,5 s. Assim, o tempo do carro em MRUV será:
sões desprezíveis movimenta-se com velocidade de 25
ttotal = treação + tMRUV
m/s. Durante a travessia, desacelera uniformemente,
saindo do túnel com velocidade de 5 m/s. O módulo de 2,2 = 0,5 + tMRUV
sua aceleração escalar, nesse percurso, foi de: tMRUV = 1,7 s.
a) 0,5 m/s². b) 1,0 m/s². c) 1,5 m/s². Aplicando a função horária da posição em MRUV, descobre-
d) 2,0 m/s². e) 2,5 m/s². -se a aceleração do carro.
​ at ​
2
Resolução: S = S0 + v0 t + ___
2
(1,7)2
A velocidade inicial é 25 m/s e a final é 5 m/s. A variação de es- 24 = 0 + 12 ∙ (1,7) + a ∙ ​ _____
 ​
paço é de 200 m. Aplica-se a equação de Torricelli para encontrar 2
a = 2,4 m/s .
2
a desaceleração do corpo.
Resposta: A aceleração será de 2,4 m/s2.
v² = v0² + 2aDS
(5)² = (25)² + 2 ∙ a ∙ 200 4. (UEL) Um motorista está dirigindo um automóvel a
a = –1,5 m/s². uma velocidade de 54 km/h. Ao ver o sinal vermelho,
pisa no freio. A aceleração máxima para que o automó-
Assim, o módulo da aceleração é 1,5 m/s2. vel não derrape tem módulo igual 5 m/s2. Qual a menor
Alternativa C distância que o automóvel irá percorrer, sem derrapar e
até parar, a partir do instante em que o motorista acio-
3. (Unicamp) Um automóvel trafega com velocidade na o freio?
constante de 12 m/s por uma avenida e se aproxima de a) 3,0 m b) 10,8 m c) 291,6 m
um cruzamento onde há um semáforo com fiscalização d) 22,5 m e) 5,4 m
eletrônica. Quando o automóvel se encontra a uma dis-
tância de 30 m do cruzamento, o sinal muda de verde Resolução:
para amarelo. O motorista deve decidir entre parar o
Aplicando a análise dimensional na velocidade inicial, tem-se:
carro antes de chegar ao cruzamento ou acelerar o car-
ro e passar pelo cruzamento antes do sinal mudar para ​ 1000  ​
v0 = 54 km/h ∙ ______ m . ______
​  1 h  ​= 15 m/s
vermelho. Esse sinal permanece amarelo por 2,2 s. O 1 km 3600 s
tempo de reação do motorista (tempo decorrido entre Fazendo um desenho ilustrativo do problema:
o momento em que o motorista vê a mudança de sinal e
o momento em que realiza alguma ação) é 0,5 s.
a) Determine a mínima aceleração constante que o
carro deve ter para parar antes de atingir o cruzamen-
to e não ser multado.
b) Calcule a menor aceleração constante que o carro
deve ter para passar pelo cruzamento sem ser multa- O vetor aceleração é contra a trajetória; dessa forma, tem-se uma
do. Aproxime (1,7)² ≈ 3,0. desaceleração. Aplicando a equação de Torricelli, obtém-se:
Resolução: v² = v0² + 2aDS
a) O tempo de reação do motorista é 0,5 s e sua velocidade 0² = (15)² + 2 ∙ (–5) ∙ DS
constante é de 12 m/s. Assim, o deslocamento do motorista 0 = 225 – 10 DS
em MRUV será: 225 ​= 22,5 m
DS = ​ ___
 VOLUME 1

10
​ DS ​
v = ___
Dt Alternativa D
​ DS ​
12 = ___
0,5
∆S = 6 m.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  41


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 19
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou
solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A habilidade 19 avalia a capacidade do estudante de avaliar métodos em solucionar problemas cotidianos,


relacionados também ao movimento de corpos acelerados. O exemplo mais comum disso são os exercí-
cios que envolvem veículos de transporte (carros, motos, caminhões) que constantemente mudam sua
velocidade ao trafegar pelas vias públicas. Avaliar qual é a distância que um móvel percorre até frear em
um semáforo, por exemplo, é frequente nas avaliações do Enem, sendo uma situação-problema clássica.

MODELO 1
(Enem) O trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), que circula diariamente entre a cidade
de Cariacica, na Grande Vitória, e a capital mineira Belo Horizonte, está utilizando uma nova tecnologia de
frenagem eletrônica. Com a tecnologia anterior, era preciso iniciar a frenagem cerca de 400 metros antes da
estação. Atualmente, essa distância caiu para 250 metros, o que proporciona redução no tempo de viagem.
Considerando uma velocidade de 72 km/h, qual o módulo da diferença entre as acelerações de frenagem
depois e antes da adoção dessa tecnologia?
a) 0,08 m/s2
b) 0,30 m/s2
c) 1,10 m/s2
d) 1,60 m/s2
e) 3,90 m/s2

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse exercício o aluno se depara na mesma situação com duas possibilidades de sistema de
frenagem e deve calcular o módulo da diferença entre elas, fazendo-se necessárias a aplicação e
manipulação das fórmulas que regem o MRUV. O estudante deve repetir o mesmo procedimento
em ambas as situações.
Supondo essas acelerações constantes, aplicando a equação de Torricelli para o movimento uni-
formemente retardado, vem:
v2 = vO2 – 2 a ∆S ⇒ O2 = v02 – 2 a ∆S ⇒

( ​  20  ​ ⇒ a1 = 0,5 m
)
2
v02 a1 = _______
a=  ​ ⇒ ​  ​ 
   
    2 · 400
____________________________  ​  ​ ⇒ |a1 – a2| = |0,5 - 0,8| ⇒ |a1 – a2| = 0,3 m/s2.
2∆S a2 = ​  20
_______ 2
 ​ ⇒ a1 = 0,8 m/s 2
2 · 250

RESPOSTA Alternativa B
 VOLUME 1

42  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 mais uma vez aparece, já que mais um passo é acrescentado ao estudo do movimento dos corpos:
agora os corpos podem possuir aceleração não nula. No cotidiano das pessoas, os móveis estão em constante
alteração do seu movimento. O exemplo mais clássico disso é um automóvel que, após estar estacionado, adquire
movimento, sendo freado posteriormente em algum semáforo e acelerado novamente inúmeras vezes até chegar
em seu destino. A mudança da velocidade é algo normal e se faz presente em inúmeras situações-problema que o
estudante irá encontrar.

MODELO 2
(Enem) Um motorista que atende a uma chamada de celular é levado à desatenção, aumentando a possibilidade de
acidentes ocorrerem em razão do aumento de seu tempo de reação. Considere dois motoristas, o primeiro atento
e o segundo utilizando o celular enquanto dirige. Eles aceleram seus carros inicialmente a 1,00 m/s2. Em resposta a
uma emergência, freiam com uma desaceleração igual a 5,00 m/s2. O motorista atento aciona o freio à velocidade
de 14,0 m/s enquanto o desatento, em situação análoga, leva 1,00 segundo a mais para iniciar a frenagem.
Que distância o motorista desatento percorre a mais do que o motorista atento, até a parada total dos carros?
a) 2,90 m b) 14,0 m c) 14,5 m d) 15,0 m e) 17,4 m

ANÁLISE EXPOSITIVA

Excelente exercício, traz para a realidade do estudante a aplicação direta das funções horárias do mo-
vimento uniformemente acelerado em uma situação-problema comum nos dias atuais: motoristas im-
prudentes que utilizam celulares enquanto dirigem. Aplicando as funções e manipulando as equações,
o estudante será capaz de perceber qual a real diferença entre dirigir com atenção e dirigir enquanto se
manipula um celular.
Para o motorista atento, temos:
Tempo e distância percorrida até atingir 14 m/s a partir do repouso:
v = v0 + at
14 = 0 + 1 · t1 ⇒ t1 = 14 s
v2 = v02 + 2a∆S
142 = 02 + 2 · 1 · d1 ⇒ d1 = 98 m
Distância percorrida até parar:
02 = 142 + 2 · (–5) · d1’ ⇒ d1’ = 19,6 m
Distância total percorrida:
∆S1 = d1 + d1’ = 98 + 19,6 ⇒ ∆S1 = 117,6 m
Para o motorista que utiliza o celular, temos:
t2 = t1 + 1 ⇒ t2 = 15 s
Velocidade atingida e distância percorrida em 15 s a partir do repouso:
v2 = 0 + 1 · 15 ⇒ v2 = 15 m/s
152 = 02 + 2 · 1 · d2 ⇒ d2 = 112,5 m
Distância percorrida até parar:
02 = 152 + 2 · (–5) . d2’ ⇒ d2’ = 22,5 m
Distância total percorrida:
∆S2 = d2 + d2’ = 112,5 + 22,5 ⇒ ∆S2 = 135 m
Portanto, a distância percorrida a mais pelo motorista desatento é de:
 VOLUME 1

∆S = ∆S2 – ∆S1 = 135 – 117,6 ∴∆S = 17,4 m

RESPOSTA Alternativa E

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  43


DIAGRAMA DE IDEIAS

MOVIMENTO

VELOCIDADE ALTERAÇÃO DA
REFERENCIAL
INICIAL VELOCIDADE

VELOCIDADE
FINAL

FUNÇÕES CONDIÇÕES
HORÁRIAS INICIAIS
ACELERAÇÃO

6. Gráfico da aceleração 7. Gráficos da velocidade


escalar em função do tempo escalar em função do tempo
No movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV), a A função horária da velocidade escalar v é uma função
aceleração escalar a é constante e não nula. Em consequên- do 1.° grau (v = v0 + at). Assim, o gráfico v × t, da velo-
cia, o gráfico a x t, da aceleração (no eixo das ordenadas) em cidade escalar em função do tempo, é uma reta incli-
função do tempo (no eixo das abscissas), é uma reta paralela nada. Quando a aceleração escalar for positiva (a > 0), a
ao eixo dos tempos. inclinação da reta será positiva, ou seja, o gráfico será
Existem duas possibilidades para o gráfico da aceleração. crescente; quando a aceleração escalar for negativa
Caso a aceleração seja favorável à orientação adotada, o (a < 0), a inclinação da reta será negativa, ou seja, o gráfico
gráfico será uma reta paralela ao eixo horizontal e acima será decrescente. Observe as figuras a seguir.
dele. Entretanto, se a aceleração for contrária à orientação
adotada, o gráfico será uma reta paralela ao eixo horizon-
tal e abaixo do mesmo.
 VOLUME 1

44  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Nos gráficos acima, foram assinalados dois triângulos re- Resolução:
tângulos em que o cateto vertical corresponde à variação Dos valores dos catetos do triângulo, calcula-se:
da velocidade escalar (Dv), e o cateto horizontal representa
a variação do tempo (Dt). A aceleração escalar pode ser a = ​ Dv ​ 20 m/s
___ ​ = ______ ​= 5 m/s2
Dt 4s
obtida com base no gráfico. Calculando:
Observando ainda a figura, no instante t = 0 a velocidade é
a = tg α = ​ Dv
___ ​ 10 m/s, ou seja, a velocidade inicial é v0 = 10 m/s.
Dt
Assim, encontra-se a função horária da velocidade escalar:
Observe que, se a função for crescente, o resultado será v = v0 + at ⇒ v = 10 + 5t
uma aceleração positiva; se a função for decrescente, o re-
sultado será uma aceleração negativa. O gráfico da aceleração escalar em função do tempo para esse
movimento é representado na figura abaixo:

2. Na figura a, está representado um gráfico v × t. Nova-


multimídia: vídeo mente o gráfico é uma reta e, portanto, representa um
MUV. Para calcular a aceleração, considere o triângulo
Fonte: Youtube
retângulo sombreado na figura b.
G1 - Saiba como interpretar gráficos de movimento

Aplicação do conteúdo
1. Na figura a, está representado o gráfico da velocida-
de escalar em função do tempo de uma partícula. Como
o gráfico é retilíneo, o movimento é uniformemente va-
riado (MUV). A aceleração escalar do movimento, como
foi visto acima, pode ser calculada a partir de um triân-
gulo retângulo qualquer, cuja hipotenusa esteja sobre o
gráfico, e os catetos horizontal e vertical, como o triân-
gulo retângulo sombreado na figura b.

Resolução:
Para o cateto vertical desse triângulo, tem-se:
|Dv| = 27 – 9 = 18
Entretanto, é possível observar no gráfico que a velocidade es-
calar diminui ao longo do tempo. Desse modo, a variação da
velocidade é negativa ∆v < 0, então:
Dv = –18 m/s
 VOLUME 1

Calculando a aceleração:
a = ​ Dv ​ –18 m/s
___ ​ = ______ ​= –3 m/s2
Dt 6s
Ou seja, a aceleração escalar é negativa.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  45


Do gráfico, obtém-se a velocidade inicial v0 = 27 m/s, e a função 7.2. Propriedade do gráfico da
horária da velocidade escalar é:
v = v0 + at ⇒ v = 27 – 3t
velocidade pelo tempo (v x t)
Como foi visto anteriormente, a função da velocidade pelo
Observe a seguir o gráfico a × t para esse movimento: tempo é uma função do primeiro grau v = v(t) = v0 + a . t;
nesse sentido, existem dois pontos de extremo interesse. O
primeiro é o ponto no qual a função corta o eixo vertical.
Esse ponto é a velocidade inicial v0. O segundo é o ponto
no qual a função corta o eixo horizontal. Esse ponto marca
o instante em que a velocidade é nula e pode indicar o ins-
tante em que ocorreu a inversão do sentido de movimento.
A partir do gráfico v × t também é possível caracterizar o
movimento. Se a função v(t) for crescente (a aceleração é
positiva), nos instantes em que a velocidade for negativa
tem-se movimento retrógrado retardado, e nos instantes
em que a velocidade for positiva tem-se movimento pro-
gressivo acelerado.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Gráficos do MRUV

7.1. Propriedade do gráfico da v<0 v>0


a>0 a>0
aceleração pelo tempo (a x t) movimento movimento
retardado acelerado
No gráfico da aceleração pelo tempo a = a(t), tem-se uma
propriedade de grande importância. A área compreendida Caso a função v(t) seja decrescente (a aceleração é nega-
entre a função e o eixo das abscissas é numericamente tiva), nos instantes em que a velocidade for negativa tem-
equivalente à variação da velocidade. -se movimento retrógrado acelerado, e nos instantes que
a velocidade for positiva tem-se movimento progressivo
retardado.

Em ambos os casos, t’ é o instante em que ocorre a in-


versão do movimento, ou seja, quando o móvel para e
Por convenção, se a área estiver acima do eixo das abs- passa a deslocar-se em sentido contrário ao anterior.
 VOLUME 1

cissas, a variação da velocidade será positiva. Se a área No caso do movimento uniforme (MU), a área da figura
estiver abaixo, a variação da velocidade será negativa. entre o gráfico da velocidade escalar e o eixo do tempo é
numericamente igual à variação de posição. Essa proprie-
dade também é válida para o movimento uniformemente
variável (MUV).

46  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução:
É possível resolver o problema calculando a aceleração do
movimento usando a função horária da velocidade e subs-
tituindo o valor da aceleração na função horária da posição
(ou na equação de Torricelli). Entretanto, vamos calcular gra-
ficamente (trata-se um método mais rápido): esboce o gráfi-
co v × t, embora o problema não o tenha pedido.
Na figura a seguir está representado o esboço do gráfico v × t. A
área do triângulo sombreado, como foi visto, é numericamente
igual à variação de posição:

(4,0)(20)
DS = _______
​   ​ ⇒ Ds = 40 m
2
Como é possível observar nos gráficos acima, as áreas dos
Dessa forma, o automóvel percorreu 40 m durante a frenagem.
trapézios sombreados são numericamente iguais aos mó-
dulos das variações de posição (DS) entre os instantes t1 e 2. (UFLA) O diagrama a seguir, velocidade versus tempo,
t2. Vale lembrar que, se a área está acima do eixo das abs- representa o movimento de um corpo ao longo de uma
cissas, o deslocamento é positivo; e se a área se encontra
trajetória retilínea.
abaixo do eixo, o deslocamento é negativo.

Aplicação do conteúdo
1. Um automóvel se move com velocidade constante
de 20 m/s. Então o motorista pisa no freio de modo que
o automóvel adquire movimento uniformemente retar-
dado e para 4 segundos depois. Calcule a distância per-
corrida pelo automóvel durante a frenagem.

VIVENCIANDO

As funções parabólicas são aplicadas de diversas maneiras na engenharia, como no uso para construção de antenas
parabólicas e faróis de carro. A construção dos gráficos possibilita a criação de modelos que ajudam a entender e a
prever os desenvolvimentos dos movimentos a serem estudados. Apesar de o universo possuir muitas dimensões,
é possível se deparar com movimentos unidimensionais ou que podem ser aproximados para esse modelo. A porta
automática que abre quando você avança ou o correr de uma cortina são exemplos disso.
O modelo matemático proporcionado pelos gráficos criados permite a compreensão de diversos movimentos acelera-
dos, como um carro de Fórmula 1 acelerando em direção à linha de chegada na reta final de um Grand Prix.
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  47


Considerando que o corpo parte da posição S0 = 10 m no Resolução:
instante t0 = 0 s, é CORRETO afirmar que o diagrama que Em um gráfico de velocidade em função do tempo no MRUV, a
representa esse movimento é: aceleração constante é o coeficiente angular (tg x).
a) b)
a m/s2 a m/s2

(vf – v0) ________


(–20 – (+ 20)
c) d) ​ ∆v ​ = ______
a = tg x = ___ ​   ​ = ​   ​= – 20 m/s².
∆t (tf – t0) (2 – 0)
A velocidade inicial é 20 m/s, e a posição inicial é 10 m; assim, a
função horária do espaço será:
​ at ​ ⇒ S(t) = 10 + 20t –10t2
2
S(t)= S(0) + v(0) t + ___
2
Substituindo o tempo por 2 segundos, tem-se:
S(2) = 10 + 20 ∙ (2) – 10(2)² = 10 + 40 – 40 = 10 m.
Alternativa A

3. (Unesp - adaptada) No gráfico a seguir são apresentados os valores da velocidade v, em m/s, alcançada por um dos
pilotos em uma corrida em um circuito horizontal e fechado, nos primeiros 14 segundos do seu movimento

Sabe-se que de 8 a 10 segundos a trajetória era retilínea. Considere g = 10 m/s2 e que para completar uma volta o piloto
deve percorrer uma distância igual a 400 m.
A partir da análise do gráfico, são feitas as afirmações:
I. O piloto completou uma volta nos primeiros 8 segundos de movimento.
II. O piloto demorou 9 segundos para completar uma volta.
III. A distância percorrida nos 14 segundos é menor que 600 metros.
IV. Em todo tempo o movimento é acelerado.
São verdadeiras apenas as afirmações:
a) II e III.
 VOLUME 1

b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

48  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução:
Afirmativa I – Incorreta. A distância percorrida pelo piloto nos primeiros 8 segundos será:

(80) ∙ (8)
DS0-8 = A1 =______
​   ​= 320 m
2
Afirmativa II – Correta.
(80) ∙ (8)
DS0-9 = ______
​   ​+ (80) ∙ (9 – 8) = 320 + 80 = 400 m.
2
Afirmativa III – Correta. A distância percorrida pelo piloto nos 14 segundos será:
(80) ∙ (8) (80 + 20) ∙ (12 – 10) _________
(20) ∙ (13 – 12)
DS0-14 = A1 + A2 + A3 + A4 = ______
​   ​ + 80(10 – 8) + ​ _____________
    ​+    ​   ​
2 2 2
DS0-14 = 320 + 160 + 100 + 10
DS0,14 = 590 m.

Afirmativa IV – Incorreta. Como é possível observar no gráfico, entre os instantes 8 e 10 s o movimento é uniforme, e nos instantes
10 e 13 s o movimento é retardado (a < 0).
Alternativa A

7.3. Propriedades do gráfico Aplicação do conteúdo


da velocidade média
1. Determine a velocidade escalar média entre os ins-
O gráfico v × t pode ser utilizado para calcular a variação tantes t = 3 s e t = 6 s para o movimento representado
de posição e a velocidade escalar média entre os instantes no gráfico abaixo.
t1 e t2:

Resolução:
A partir da área sombreada na figura abaixo, é possível calcular a
variação de posição DS. Por ser um trapézio, tem-se:
A área sombreada representa o deslocamento entre os
instantes t1 e t2. Se a área estiver acima do eixo horizon-
tal, a velocidade média é positiva; se a área estiver abaixo
do eixo horizontal, a velocidade média é negativa. Para o
cálculo da velocidade média, é preciso calcular a razão
entre a área e a diferença entre intervalos de tempo.
 VOLUME 1

(20 + 30)(3)
DS = __________
​   ​ ⇒ DS = 75 m
2
Dessa forma, a velocidade escalar média é:
Dv ​ = ____
vm = ​ ___ ​ 75 m
 ​= 25 m/s
Dt 3 s

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  49


CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Matemática e Física estão fundamentalmente relacionadas. O desenvolvimento das duas disciplinas tem diversas
conexões, e o uso de gráficos em experimentos científicos é um passo importante da construção do conhecimento
na Física, além de uma das formas de criar uma interpretação para os eventos e experimentos científicos. Gráficos
são uma técnica gráfica para representar um conjunto de dados, geralmente relacionando duas ou três variáveis.
A parábola, curva gráfica característica de funções polinomiais de equações do 2.º grau, aparece aqui como uma
forma de modelar matematicamente a relação entre espaço × tempo de um móvel em MRUV.
f(x) f(x)

x x

8. Gráfico da posição em Nem sempre o gráfico apresentará o aspecto dos gráficos


descritos acima; como não foram considerados os tempos
função do tempo (S x t) negativos, foi considerado apenas o trecho de linha contí-
nua da parábola, à direita do eixo vertical.
A função horária da posição do movimento retilíneo
O ponto A assinalado em cada figura é o vértice da parábo-
uniformemente variado (MRUV) é uma equação do
la e corresponde ao instante em que a velocidade se anula,
segundo grau em t.
isto é, v = 0 no instante t’. Será nesse instante que poderá
​ a ⋅  ​
S = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 ocorrer mudança no sentido do movimento.
2
O gráfico da posição pelo tempo também é útil para caracteri-
Assim, o gráfico da posição em função do tempo (s × t) zar o movimento. No caso de a aceleração ser positiva, tem-se:
deve ser um arco de parábola. Ele pode ocorrer de dois
modos: a concavidade pode ser para cima ou para baixo.
Como na função do segundo grau, a concavidade é deter-
minada pelo sinal que acompanha o coeficiente da variável
de grau dois; no caso da função da posição, a concavidade
é determinada pela aceleração. É importante ressaltar que
o gráfico da posição pelo tempo não informa necessaria-
mente a trajetória descrita pelo móvel. S’

a > 0 ⇒ concavidade para cima


a < 0 ⇒ concavidade para baixo

Observe que, à esquerda do ponto A, a posição diminui


com o tempo, fator que indica uma velocidade negativa
(v < 0); como a aceleração é positiva (a > 0), tem-se um
movimento retrógrado retardado. No ponto A, o móvel tem
velocidade nula e nele ocorre a inversão do sentido do mo-
 VOLUME 1

vimento. Por fim, à direita do ponto A, a posição aumenta


com o tempo, fator que indica uma velocidade positiva
(v > 0); como a aceleração é positiva (a > 0), tem-se um
movimento progressivo acelerado.

50  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


No caso de a aceleração ser negativa, tem-se: Resolução:
a) De acordo com o gráfico, a posição inicial é 8 metros, o
S’ instante que o móvel inverte o sentido do seu movimento
é 3 segundos, e os instantes em que o móvel passa pela
origem (S(t) = 0 m) são 2 e 4 segundos.
b) O movimento é progressivo quando o móvel se desloca
no sentido dos marcos crescentes (v > 0), o que ocorre
após t = 3 s, e retrógrado quando o móvel se desloca no
sentido dos marcos decrescentes (v < 0), o que ocorre entre
0 e 3 s.
c) O movimento é acelerado após 3 s, uma vez que a acele-
ração e a velocidade têm mesmo sinal (a é positiva, ou seja,
“a concavidade da parábola é para cima”, e v é positiva,
isto é, “se desloca no sentido dos marcos crescentes”). O
movimento é retardado entre 0 e 3 s, pois a aceleração é
Observe que, à esquerda do ponto A, a posição aumenta positiva e a velocidade é negativa.
com o tempo, fator que indica uma velocidade positiva d) Sendo a função do espaço S(t) = a + bt + ct², basta
(v > 0); como a aceleração é negativa (a < 0), tem-se um substituir os pontos conhecidos para encontrar as incóg-
nitas da função.
movimento progressivo retardado. No ponto A, o móvel
tem velocidade nula e nele ocorre a inversão do sentido S(0) = 8
do movimento. Por fim, à direita do ponto A, a posição a + b(0) + c(0)² = 8
a=8
diminui com o tempo, fator que indica uma velocidade
negativa (v < 0); como a aceleração é negativa (a < 0), S(2) = 0
tem-se um movimento retrógrado acelerado. a + b(2) +c(2)² = 0
8 + 2b + 4c = 0
b + 2c = –4 (equação 1)
Aplicação do conteúdo
S(3) = –1
1. (UFB - adaptada) O espaço (posição) de um móvel a + b(3) + c(3)² = –1
varia com o tempo conforme o gráfico abaixo. 8 +3b + 9c = –1
–b – 3c = +3 (equação 2)
Ao realizar a soma das equações 1 e 2, tem-se:
(b + 2c) + (–b –3c) = –4 + 3
b + 2c – b – 3c = –1
c=1
É preciso voltar à equação 1 para encontrar b.
b + 2c = –4
b = –6
Dessa forma, a função horária do móvel será:
S(t) = 8 + (–6)t + (1)t²
Pede-se determinar: S(t) = 8 – 6t + 1t²
a) O espaço (posição) inicial S0, o instante ti em que
e) Comparando a função horária do móvel com a função
o móvel inverte o sentido de seu movimento e o(s)
horária da posição em MRUV, tem-se:
instante(s) em que passa pela origem dos espaços
(posições, marco zero). S(t) = 8 – 6t + 1t²
b) O intervalo de tempo em que o movimento é pro- ​ at² ​
S(t) = S0 +v0t + ___
2
gressivo e o intervalo de tempo em que o movimento Assim, segue: S0 = 8 m; v0 = –6 m/s; a = 2 m/s2.
é retrógrado.
c) O intervalo de tempo em que o movimento é acele- Aplicando a velocidade inicial e a aceleração na função ho-
rado e em que é retardado. rária da velocidade em MRUV, tem-se:
 VOLUME 1

d) A função horária do espaço. v(t) = v0 + at


e) A função horária da velocidade e sua represen- v(t) = (–6) + (2) ∙ t = –6 +2t .
tação gráfica. v(t) = 0
f) A função horária da aceleração e sua representação –6 + 2t = 0
gráfica. t=3s

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  51


O gráfico da velocidade é uma reta crescente, pois a acele-
ração é positiva.

Em um teste, um automóvel é colocado em movimento


retilíneo uniformemente acelerado a partir do repouso
até atingir a velocidade máxima. Um técnico constrói
o gráfico em que se registra a posição x do veículo em
função de sua velocidade v. Através desse gráfico, po-
de-se afirmar que a aceleração do veículo é:
t v(t) a) 1,5 m/s2. d) 3,0 m/s2.
0 –6 b) 2,0 m/s2. e) 3,5 m/s2.
3 0 c) 2,5 m/s2.
f) A aceleração é uma constante durante todo o tempo. Resolução:
Assim a sua função e o seu gráfico serão:
É preciso encontrar dois pontos no gráfico e aplicar a Equa-
a(t) = 2 m/s²
ção de Torricelli para encontrar a aceleração.
v S(t)
0 0
6 9

v² = v0 + 2 ∙ a ∙ (Sf – S0)
(6)² = (0)² + 2 ∙ a ∙ (9 – 0)
a = 2 m/s²
Alternativa B
3. (UERJ) Um trem de brinquedo, com velocidade inicial
de 2 cm/s, é acelerado durante 16 s.

multimídia: site

brasilescola.uol.com.br/fisica/graficos-movimento-
uniformemente-variado.htm
efisica.if.usp.br/mecanica/basico/mruv/intro/
physics.tutorvista.com/motion/motion-graphs.html

2. (Unifesp)
O comportamento da aceleração nesse intervalo de tempo
é mostrado no gráfico a seguir:
 VOLUME 1

52  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Calcule, em cm/s, a velocidade do corpo imediatamente
após esses 16 s.
Resolução:

As acelerações são: a1 = 4 cm/s² ; a2 = –3 cm/s² ; a3 = 4 cm/s².


Aplicando a função horária da velocidade, acharemos a velocida-
de final no instante t = 6 s.
v6 = v0 + a1t = 2 + 4(6 – 0) = 26 cm/s.
Aplicando a função horária da velocidade, acharemos a velocida-
de final no instante t = 10 s.
v10 = v6 + a2t = 26 + (–3) ∙ (10 – 6) = 14 cm/s.
Aplicando a função horária da velocidade, acharemos a velocida-
de final no instante t = 10 s.
v16 = v10 + a3t = 14 + (4) ∙ (16 – 10) = 38 cm/s.
Resposta: A velocidade final será 38 cm/s.
De maneira mais rápida poderíamos fazer:
∆v = v – vi
onde ∆v é dado pelas áreas A1, A2 e A3:
∆v = (6 · 4) + (–3 · 4) + (6 · 4) = 36 cm/s
Logo: v = ∆v + vi
v = 36 + 2 = 38 cm/s

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Telecurso 2000 - Aulas 04/50 - Física - MRUV
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  53


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A habilidade 17 é constantemente acionada nas ciências exatas, e o aluno deverá ser capaz de interpretar
fórmulas, gráficos, tabelas e relações matemáticas traduzindo, interpretando ou colhendo informações
conceituais de situações contextualizadas.

MODELO 1

(Enem) Em uma colisão frontal entre dois automóveis, a força que o cinto de segurança exerce sobre o tórax e
abdômen do motorista pode causar lesões graves nos órgãos internos. Pensando na segurança do seu produto,
um fabricante de automóveis realizou testes em cinco modelos diferentes de cinto. Os testes simularam uma
colisão de 0,30 segundo de duração, e os bonecos que representavam os ocupantes foram equipados com
acelerômetros. Esse equipamento registra o módulo da desaceleração do boneco em função do tempo. Os pa-
râmetros como massa dos bonecos, dimensões dos cintos e velocidade imediatamente antes e após o impacto
foram os mesmos para todos os testes. O resultado final obtido está no gráfico de aceleração por tempo.

Qual modelo de cinto oferece menor risco de lesão interna ao motorista?


a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

ANÁLISE EXPOSITIVA

O modelo de cinto que oferece menor risco é aquele que permite maior tempo de contato. De acordo
com o gráfico, a curva que representa o maior tempo de contato é a 2, pois apresenta o menor valor de
amplitude para a aceleração, sendo, portando, o mais seguro.

RESPOSTA Alternativa B
 VOLUME 1

54  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 cobra do estudante que ele saiba compreender fenômenos mecânicos relacionados ao movi-
mento dos corpos: posição, velocidade e aceleração são conceitos fundamentais para essa compreensão.

MODELO 2
(Enem) Para melhorar a mobilidade urbana na rede metroviária é necessário minimizar o tempo entre estações.
Para isso a administração do metrô de uma grande cidade adotou o seguinte procedimento entre duas estações: a
locomotiva parte do repouso em aceleração constante por um terço do tempo de percurso, mantém a velocidade
constante por outro terço e reduz sua velocidade com desaceleração constante no trecho final, até parar.
Qual é o gráfico de posição (eixo vertical) em função do tempo (eixo horizontal) que representa o movimento
desse trem?

a) d)

b) e)

c)

ANÁLISE EXPOSITIVA

Em muitos casos, esse tipo de exercício é rápido e de fácil resolução. Apesar de cobrar conceitos, a
simplicidade do conteúdo facilita a interpretação da informação.
1.º trecho: movimento acelerado (a > 0)→o gráfico da posição em função do tempo é uma
curva de concavidade para cima.
2.º trecho: movimento uniforme (a = 0)→o gráfico da posição em função do tempo é um
segmento de reta crescente.
3.º trecho: movimento desacelerado (a < 0)→o gráfico da posição em função do tempo é uma
 VOLUME 1

curva de concavidade para baixo.

RESPOSTA Alternativa C

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  55


DIAGRAMA DE IDEIAS

ACELERAÇÃO
GRÁFICOS MRUV
CONSTANTE

GRÁFICOS

POSIÇÃO VELOCIDADE

CONCAVIDADE CONCAVIDADE RETA RETA


PARA CIMA PARA BAIXO CRESCENTE DECRESCENTE

a>0 a<0 a>0 a<0


 VOLUME 1

56  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


QUEDA LIVRE E
LANÇAMENTO
2. Queda livre
Ao serem soltas simultaneamente de uma mesma altura,
VERTICAL uma pedra e uma folha não atingem o solo ao mesmo tem-

CN
po: a pedra cairá com mais rapidez e atingirá o solo primeiro.
Galileu elaborou a hipótese de que o ar talvez exercesse uma
COMPETÊNCIA(s)
ação retardadora maior sobre a folha. Caso isso acontecesse,
a folha gastaria mais tempo do que a pedra para cair.
5e6
Tempos depois, foi possível comprovar experimentalmente

AULAS HABILIDADE(s)
17 e 20
que a hipótese de Galileu estava correta: retirando o ar de
um tubo fechado, isto é, fazendo vácuo nesse tubo, e rea-

7E8 lizando a experiência de queda de uma folha e uma pedra,


constatou-se que os dois objetos atingiam a extremidade
inferior do tubo ao mesmo tempo, ou seja, o tempo gasto na
queda era o mesmo para os dois objetos. Galileu estava cer-
to ao afirmar que todos os objetos caem simultaneamente
quando a queda ocorre no vácuo ou quando a resistência do
ar sobre os objetos pode ser desprezada por ser muito menor
do que seus pesos (como a resistência do ar sobre as pedras
lançadas do alto da torre). Nessas duas condições, os objetos
estão em queda livre.
1. De Aristóteles a Galileu
Aristóteles, um dos grandes filósofos gregos, viveu por vol-
ta de 300 a.C. Ele afirmou que, caso duas pedras, uma com
massa menor e outra com massa maior, fossem abandona-
das da mesma altura e ao mesmo tempo, a pedra de maior
massa cairia mais rapidamente e atingiria o solo antes da
pedra com menos massa. Durante muitos séculos, essa
afirmação foi aceita como verdadeira, e, ao que parece,
Aristóteles e seus seguidores não se preocuparam em veri-
ficar, por meio de experiência, se isso realmente acontecia.
Galileu Galilei, famoso físico italiano do século XVII, acredi- Ar Vácuo
tava que deveriam ser realizadas experiências cuidadosas
para comprovar as afirmativas acerca do comportamento
da Natureza. Por esse motivo, ele é considerado um dos
introdutores do método experimental na Física. Conta-se
a seguinte lenda de um experimento realizado por Galileu
para testar as ideias de Aristóteles: do alto de uma torre,
Galileu teria abandonado simultaneamente algumas esferas
de massas diferentes. Ele verificou que todas elas atingiam o
multimídia: vídeo
solo ao mesmo tempo. Essa experiência contradizia as ideias Fonte: Youtube
de Aristóteles. Contudo, muitos seguidores do pensamento Experimento: queda livre
aristotélico não se deixaram convencer, e Galileu chegou a
ser alvo de perseguições por defender ideias consideradas
revolucionárias. Galileu conseguiu observar que a queda livre é um movi-
mento uniformemente acelerado, isto é, a velocidade
Ainda hoje é comum as pessoas serem guiadas pelo senso
 VOLUME 1

de um objeto qualquer em queda livre aumenta sempre


comum e afirmarem que um corpo mais massivo atinge o em quantidades iguais a cada intervalo de tempo de 1
solo mais rapidamente. A seguir, essa questão será estuda- s. Para chegar a essa conclusão, Galileu estudou o mo-
da mais detalhadamente. vimento de pequenos corpos que partiam do repouso e
desciam um plano inclinado. Assim, ele verificou que o tem-

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  57


po de movimento não se alterava, assim como as posições
assumidas em instantes idênticos, desde que o ângulo do Aplicação do conteúdo
plano inclinado não fosse alterado. Com efeito, ele perce- 1. (PUC) Dois corpos de pesos diferentes são abandona-
beu que o movimento de queda dos corpos não de- dos no mesmo instante de uma mesma altura.
pendia da massa dos corpos envolvidos. Como todos Desconsiderando-se a resistência do ar, é CORRETO afir-
os corpos partiam do repouso e ganhavam velocidade, Gali- mar:
leu supôs que se tratava de um movimento uniformemente a) Os dois corpos terão a mesma velocidade a cada
acelerado, ou seja, que a velocidade aumentava sempre nas instante, mas com acelerações diferentes.
mesmas proporções. b) Os corpos cairão com a mesma aceleração e suas
Ao alterar o ângulo do plano inclinado, Galileu observou velocidades serão iguais entre si a cada instante.
que havia alteração no tempo de movimento e nas posições c) O corpo de menor volume chegará primeiro ao solo.
assumidas em instantes idênticos, quando comparados a d) O corpo de maior peso chegará primeiro ao solo.
outro plano inclinado com ângulo distinto. Quanto maior Resolução:
fosse o ângulo do plano inclinado, menos tempo o móvel
Como a resistência do ar é desprezada, eles caem com a mesma
levava no seu movimento. Assim, Galileu afirmou que, se aceleração, que é a da gravidade. Em consequência, suas veloci-
o ângulo do plano inclinado fosse de 90°, em uma queda dades, em cada instante, serão sempre as mesmas, independen-
livre, a aceleração sofrida pelo mesmo seria igual a 9,8 m/s temente de seus pesos.
a cada 1 s. Essa aceleração é denominada aceleração da
Alternativa B
gravidade e representada por g. Neste curso, será adotado
para a aceleração da gravidade terrestre um valor aproxi- 2. (FEI - adaptada) Um atleta, na Vila Olímpica, deixa
mado: |g| = 10 m/s2. Sempre será possível adotar esse valor seu tênis cair pela janela. Ao passar pela janela do
para a aceleração da gravidade, a não ser que o exercício 3.º andar, verifica-se que a velocidade do tênis é de
aproximadamente v = 11 m/s. Sabendo-se que cada
forneça outro.
andar possui, aproximadamente, altura h = 3 m, e
Adotando a orientação dos espaços como sendo positiva considerando o movimento do tênis uma queda livre,
“para baixo”, uma vez que durante a queda livre os objetos determine (considere g = 10 m/s²):
se movimentam em sentido ao solo, a aceleração é positiva a) a velocidade do tênis ao passar por uma janela
(a = +|g|). Sendo a posição inicial S0 e a velocidade inicial do térreo;
é v0, são escritas as seguintes equações para a queda livre: b) de que andar o tênis caiu.
Resolução:
v = v0 + |g| ⋅ t
a) Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se:

|g| ⋅ t²
S = S0 + v0 ⋅ t + ​  ____
 ​
2 SS00== 00 3.º ANDAR Vv33 == 11
11m/s
m/s

v² = v0² + 2 ⋅ |g| ⋅ DS

Sendo o deslocamento DS do móvel do ponto inicial até g = 1010m/s


m/s

o chão e lembrando que, como o móvel foi abandonado,


v0 = 0, o tempo de queda pode ser calculado por:

v=g·t SS==99 m
m TÉRREO Vt = ?

(+)
|g| ∙ t2
DS = ​  _____​ Aplicando a Equação de Torricelli do terceiro andar até o térreo,
2 tem-se:

_____ v² = v3² + 2 ∙ g ∙ DS

√ ​ 2∙DS
tqueda = ​ ____
g ​ ​ vt² = (11)² +2 ∙ 10 ∙ 9
 VOLUME 1

_____
Vt = √
​ 301 ​= 17,3 m/s
Nessa situação, é adotada a orientação com sentido para Resposta: A velocidade no térreo será aproximadamente
baixo, e é importante ressaltar que os valores da posição de 17,3 m/s.
aumentam de cima para baixo.

58  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


b) Aplicando a Equação de Torricelli do andar inicial até Quando o objeto atinge sua altura máxima, a sua velocida-
o térreo, tem-se: de instantânea é nula
vt² = vx² + 2 ∙ g ∙ DS
(17,3)² = (0)² + 2 ∙ g ∙ (3x)
​ 301 ​≈ 5,0167
x = ___
60
Resposta: O tênis caiu do 5.º andar da Vila Olímpica.

3. (PUC-RJ) Uma pedra, deixada cair de um edifício, leva


4 s para atingir o solo. Desprezando a resistência do ar
e considerando g = 10 m/s², escolha a opção que indica
a altura do edifício em metros.
a) 20. b) 40. c) 80. d) 120. e) 160.
Resolução:
A velocidade inicial é 0 m/s, a aceleração é a da gravidade
(g = 10 m/s²) e o tempo de queda é 4 segundos. Assim, a altura Para encontrar o instante em que isso ocorre, é preciso
do prédio será: substituir v = 0 na equação da velocidade. Assim, tem-se:

​ at² ​
S= S0 + v0t + ___ v
2 tsubida = __
​  0 ​
|g|
H = 5t² = 5 · (4)² = 80 m.
É importante notar que, devido ao fato de a aceleração ser
Alternativa C
constante, o tempo de subida e de descida são idênticos.

3. Lançamento vertical tsubida = tdescida


O módulo da velocidade de um objeto com velocidade inicial
v0, ao ser lançado para cima, diminui (movimento retarda- Conhecido o instante tsubida, é possível encontrar a altura má-
do) à medida que o objeto sobe. Ao atingir o ponto mais xima alcançada pelo móvel Hmáxima substituindo o tempo na
alto de sua trajetória, sua velocidade é nula. Em seguida, o equação da posição. Uma maneira alternativa e mais simples
objeto começa a cair e o módulo de sua velocidade aumenta é substituir o valor da velocidade na Equação de Torricelli:
(movimento acelerado). Entretanto, os sinais da velocidade e v2 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ DS
da aceleração dependem da orientação do sistema de coor-
denadas. Serão adotadas orientações diferentes para ambas 0 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ Hmáxima
as situações. v2
Hmáxima = _____
​  0  ​
1.º caso – o objeto é lançado para cima com velocidade 2 ∙ |g|
inicial v0.
2.º caso – o objeto é lançado para baixo com velocidade
inicial v0.

redução do
módulo da
velocidade
aumento do
módulo da
velocidade

Nesse caso, será adotada orientação para cima, ou seja, os


valores de posição aumentam de baixo para cima. Assim, a
velocidade inicial será positiva (v0 > 0), e a aceleração será
negativa (a = –|g|). Tem-se um movimento progressivo re-
 VOLUME 1

tardado. Adotando |g| = 10 m/s², tem-se: Nesse caso, será adotada orientação para baixo, ou seja, os
v = v0 – |g| ∙ t valores de posição aumentam de baixo para cima. Assim,
​ 1 ​∙ |g| ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t – __ a velocidade inicial será positiva (v0 > 0), e a aceleração
2 será positiva (a = +|g|). Tem-se um movimento progressi-
v2 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ DS

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  59


vo acelerado. Adotando |g| = 10 m/s², segue:
Aplicação do conteúdo
v = v0 + |g| ∙ t
1. Considere que uma bolinha seja lançada verticalmen-
​ 1 ​∙ |g| ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __ te para cima, a partir do solo (ver figuras abaixo), com
2
v2 = v02 + 2 ∙ |g| ∙ DS velocidade inicial v0, cujo módulo é 30 m/s. Adote uma
trajetória orientada para cima. Isso significa que, na su-
Tanto no primeiro caso quanto no segundo caso, a escolha bida, o movimento será progressivo e terá velocidade
da orientação é arbitrária; contudo, deve-se tomar cuida- escalar positiva; na descida, porém, o movimento será
do com o sinal das variáveis envolvidas, evitando possíveis retrógrado e terá velocidade escalar negativa. Como a
confusões. Sempre teremos as equações do MRUV em sua velocidade varia entre t = 0 s até t = 6 s?
forma genérica: s (m) s (m) s (m) s (m) s (m) s (m) s (m) s (m) s (m)

v = v0 + a ∙ t
v>0 v>0 v>0

​ 1 ​∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __ v<0 v<0 v<0
2 2 2 2

v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS 1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0

Se a orientação for para cima: a = –Figura


|g| a Figura a Figura aFigura ab
Figura Figura b Figura bFigura b Figura c Figura c c
Figura Figura c
Se a orientação for para baixo: a = +|g| Resolução:
Como o módulo da aceleração da gravidade é |g| = 10 m/s², con-
clui-se que, na subida, o módulo da velocidade diminui 10 m/s a
cada segundo, e, na descida, o módulo da velocidade aumenta 10
m/s a cada segundo. Assim, é possível construir a seguinte tabela
da velocidade escalar da bolinha em função do tempo.

t (s) v (m/s)
multimídia: site 0 30
1 20
2 10
www.juliantrubin.com/bigten/galileofallingbodies.html 3 0
4 –10
5 –20
6 –30

VIVENCIANDO

Bungee jumping e saltos com paraquedas não podem ser considerados movimentos de queda livre, nem mesmo
antes de o elástico começar a puxar a pessoa ou o paraquedas se abrir. Isso porque existe a influência causada pelo
ar, que não pode ser ignorada. Devido à tensão causada pelo tamanho da corda, a pessoa em busca de adrenalina
cai, durante a primeira etapa do bungee jumping, com uma aceleração maior que g.
Os eventos de queda livre só ocorrem se o movimento dos objetos acontece quando a resistência do ar pode ser
desconsiderada, como nos experimentos realizados na Space Power Facility, a maior câmara de vácuo do mundo,
construída em Ohio para testar espaçonaves e para resistir à pressão atmosférica. Ela possui 37 metros de altura e
30 metros de diâmetro. São necessárias 3 horas para bombear o ar todo para fora e formar o vácuo.
 VOLUME 1

60  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Note que, algebricamente, a velocidade diminui 10 m/s a cada Resolução:
segundo, ou seja, tanto na subida quanto na descida a acelera-
a) Adotando uma trajetória orientada para cima com ori-
ção é a = g = –10 m/s². gem no solo, tem-se: S0 = 0 e a = –|g| = –10 m/s². A
Observe que, ao se analisar um problema de queda livre ou lança- velocidade inicial tem o mesmo sentido da trajetória e,
mento vertical para cima (livre da resistência do ar), são utilizadas portanto, é positiva: v0 = 40 m/s.
as equações do MUV fazendo a = + g ou a = – g, dependendo da A equação horária da velocidade escalar é:
orientação adotada para trajetória. Se a trajetória for orientada para v = v0 + at
baixo, tem-se a = + g, e, se a trajetória for orientada para cima, v = 40 – 10 ⋅ t
tem-se a = – g. No ponto mais alto, a velocidade escalar é nula. Assim:
v=0
0 = 40 – 10t → t = 4,0 s

b) A equação horária da posição é:


​ a ​ t²
S = s0 + v0t + __
2
​ 10 ​t² = 40t – (5,0)t²
S = 0 + 40t – ___
2
Como calculado no item (a), a altura máxima ocorre quando
multimídia: vídeo t = 4,0 s. Substituindo esse valor na equação acima:
Fonte: Youtube t = 4,0 s → S = 40(4,0) – (5,0)(4,0)² → S = 80 m
Hammer X Feather - Física na Lua Essa altura máxima também pode ser calculada pela Equa-
ção de Torricelli:
2. (PUC-MG) Um helicóptero está descendo verticalmen- v² = v0² + 2a(S – S0)
te e, quando está a 100 m de altura, um pequeno objeto 0 = (40)² + 2(–10)(S – 0)
se solta dele e cai em direção ao solo, levando 4 s para
Assim:
atingi-lo.
S = 80 m
Considerando-se g = 10 m/s², a velocidade de descida do
c) No instante em que o corpo retorna ao solo, sua posi-
helicóptero, no momento em que o objeto se soltou, vale
ção é nula, ou seja, S = 0:
em km/h:
s = 40t – (5,0)t²
a) 25. b) 144. c) 108. d) 18. 0 = 40t – (5,0)t²
Resolução: R esolvendo essa última equação, obtém-se dois valores para
t: t = 0 ou t = 8,0 s. O valor t = 0 corresponde ao instante
A altura do objeto é 100 m, a sua aceleração é a gravidade inicial (quando S = 0), e o valor t = 8,0 s, ao segundo instan-
(g = 10 m/s²) e o seu tempo é 4 s. Assim, a velocidade inicial será: te em que S = 0 novamente.
​ at² ​
S = S0 + v0t + ___ Assim, o intervalo de tempo total de subida e descida é 8,0
2
gt² segundos. Como o tempo de subida foi 4,0 segundos, con-
H = v0t + ___
​   ​ clui-se que o tempo de descida é de 4,0 segundos, isto é, o
2
(4)² tempo de subida foi igual ao tempo de descida.
100 = v0 (4) + 10∙​ ___ ​
2 É importante ressaltar que não se trata de uma coincidência.
100 = 4v0 + 80 Em um lançamento vertical para cima, desprezada a resis-
v0= 5 m/s = 18 km/h. tência do ar, o tempo de subida é sempre igual ao tempo que
o corpo gasta na descida até atingir o ponto de lançamento.
Alternativa D d) Como foi visto acima, a equação horária da velocidade
3. Um corpo é lançado para cima a partir do solo, com a escalar é:
velocidade de módulo 40 m/s. A resistência do ar pode v = 40 – 10t
ser desprezada e o módulo da aceleração da gravidade É sabido que o corpo retorna ao solo no instante t = 8,0 s.
é |g| = 10 m/s². Dessa forma, substituindo esse valor na equação, obtém-se:
a) Qual o tempo gasto pelo corpo para atingir a altura v = 40 – 10(8,0)
 VOLUME 1

máxima? v = –40 m/s


b) Qual o valor da altura máxima?  velocidade é negativa em decorrência da orientação da
A
c) Quanto tempo é gasto na descida, até o corpo trajetória escolhida. Contudo, ao retornar ao ponto de lança-
atingir o solo? mento, a velocidade do corpo, em módulo, é a mesma que
d) Qual a velocidade do corpo ao atingir o solo? ele tinha ao ser lançado.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  61


4. (CFT) Da janela de um apartamento, uma pedra é lan- O vetor v0 é contrário à trajetória, assim o seu valor será –20
çada verticalmente para cima, com velocidade de 20 m/s. m/s. Aplicando a função horária da velocidade entre a janela do
apartamento e a ascensão máxima, temos:
vmáxima = v0 + gtsubida
0 = –20 + (10)tsubida
tsubida = 2s.
Utilizando a razão entre os tempos de subida e descida, temos:
tsubida __
Após a ascensão máxima, a pedra cai até a rua, sem resis- ____
​   ​ = ​  2 ​ t = 3 s.
tdescida 3 descida
tência do ar. A relação entre o tempo de subida e o tempo Assim o tempo total será:
​ 2 ​. Qual a altura dessa janela, em metros, em
de descida é __ ttotal = tsubida + tdescida = 5 s.
3
relação à rua? (g = 10 m/s2) Aplicando o tempo total na função horária do espaço em MRUV,
Resolução: temos:
gt2
Ssolo = S0 + v0t + ___
​   ​
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se: 2
(5)²
Smáx = ? Vmáx = 0 m/s H = 0 + (–20) ∙ (5) + (10) ∙ ___
​   ​= 25 m.
2
Reposta: A altura do prédio é de 25 metros.
V0
S0 = 0 m V0 = 20 m/s

g = 10 m/s2

Ssolo = H(m) SOLO Vsolo = ?

(+)

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Contrariando as ideias aristotélicas, Galileu Galilei foi o primeiro cientista a observar que o tempo de queda dos
corpos não é influenciado pela massa, isto é, que corpos com massas diferentes, ao serem abandonados de uma
mesma altura, atingem o solo ao mesmo tempo. Isso ocorre se a força de resistência do ar não for significativa em
qualquer um dos corpos.
Estudando a queda de corpos em um plano inclinado, Galileu concluiu que,
quando os corpos caem na vertical, todos ficam sujeitos à mesma aceleração
de 9,8 m/s2. Robert Boyle (1627-1691) realizou experimentos dentro de uma
câmara de vácuo e comprovou as ideias de Galileu.
Em 1971, o astronauta David Scott, pertencente à missão Apollo 15, realizou
na superfície lunar o seguinte experimento: deixou cair no vácuo um martelo
e uma pluma. Assim como Galileu afirmara séculos antes, os dois objetos
(livres de qualquer força de resistência) tocaram o solo simultaneamente. Na
 VOLUME 1

internet, é possível encontrar vídeos do ocorrido.


Fonte: <http://spaceflight.nasa.gov/gallery/images/apollo/apollo15/html/s71-43788.html>

62  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

É comum nas ciências exatas a aplicação da matemática como ferramenta básica para a tradução dos
fenômenos físicos. Por esse motivo ela está presente em inúmeras questões, sempre exigindo do aluno
a compreensão de gráficos, tabelas, fórmulas, etc.

MODELO 1
(Enem) Para medir o tempo de reação de uma pessoa, pode-se realizar a seguinte experiência:
I. Mantenha uma régua (com cerca de 30 cm) suspensa verticalmente, segurando-a pela extremidade superior,
de modo que o zero da régua esteja situado na extremidade inferior.
II. A pessoa deve colocar os dedos de sua mão, em forma de pinça, próximos do zero da régua, sem tocá-la.
III. Sem aviso prévio, a pessoa que estiver segurando a régua deve soltá-la. A outra pessoa deve procurar
segurá-la o mais rapidamente possível e observar a posição onde conseguiu segurar a régua, isto é, a distância
que ela percorre durante a queda.
O quadro seguinte mostra a posição em que três pessoas conseguiram segurar a régua e os respectivos tempos
de reação.

Distância percorrida pela régua


Tempo de reação (segundo)
durante a queda (metro)
0,30 0,24
0,15 0,17
0,10 0,14
Disponível em: <http://br.geocities.com>. Acesso em: 1 fev. 2009.

A distância percorrida pela régua aumenta mais rapidamente que o tempo de reação porque a:
a) energia mecânica da régua aumenta, o que a faz cair mais rápido;
b) resistência do ar aumenta, o que faz a régua cair com menor velocidade;
c) aceleração de queda da régua varia, o que provoca um movimento acelerado;
d) força-peso da régua tem valor constante, o que gera um movimento acelerado;
e) velocidade da régua é constante, o que provoca uma passagem linear de tempo.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Trata-se de um exercício de fácil compreensão para o aluno que estudou o conteúdo.


Desprezando a resistência do ar, ocorre uma queda livre, que é um movimento uniformemente
acelerado, com aceleração de módulo a = g.
A distância percorrida na queda (h) varia com o tempo conforme a expressão h = 1/2gt2.
Dessa expressão, conclui-se que a distância percorrida é diretamente proporcional ao quadrado do
tempo de queda, por isso ela aumenta mais rapidamente que o tempo de reação.

RESPOSTA Alternativa D
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  63


HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 compreende o estudo dos movimentos dos corpos e abrange da cinemática à astronomia.

MODELO 2
(Enem) O Super-homem e as leis do movimento
Uma das razões para pensar sobre física dos super-heróis é, acima de tudo, uma forma divertida de explorar
muitos fenômenos físicos interessantes, desde fenômenos corriqueiros até eventos considerados fantásticos. A
figura seguinte mostra o Super-homem lançando-se no espaço para chegar ao topo de um prédio de altura H.
Seria possível admitir que com seus superpoderes ele estaria voando com propulsão própria, mas considere
que ele tenha dado um forte salto. Nesse caso, sua velocidade final no ponto mais alto do salto deve ser zero,
caso contrário, ele continuaria subindo. Sendo g a aceleração da gravidade, a relação entre a velocidade inicial
do Super-homem e a altura atingida é dada por: v2 = 2gH.
A altura que o Super-homem alcança em seu salto depende do quadrado de sua velocidade inicial porque:
a) a altura do seu pulo é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele per-
manece no ar ao quadrado;
b) o tempo que ele permanece no ar é diretamente proporcional à aceleração da gravidade e essa é direta-
mente proporcional à velocidade;
c) o tempo que ele permanece no ar é inversamente proporcional à aceleração da gravidade e essa é inver-
samente proporcional à velocidade média;
d) a aceleração do movimento deve ser elevada ao quadrado, pois existem duas acelerações envolvidas: a
aceleração da gravidade e a aceleração do salto;
e) a altura do seu pulo é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permanece
no ar, e esse tempo também depende da sua velocidade inicial.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Trata-se de um exercício que cobra do aluno conceitos mais fundamentais em um nível de exigência maior.
Desprezando os efeitos do ar e orientando a trajetória para cima, a aceleração do Super-homem é a = –g.
O gráfico da velocidade em função do tempo até o ponto mais alto está dado a seguir.

A área acinzentada é numericamente igual ao espaço percorrido pelo Super-homem, no caso, a altura H.
Assim: H = área = v/2t
Mas v/2 é a velocidade média vm.
Então, H = vmt.
A equação da velocidade na subida é: v’ = v – gt.
Como no ponto mais alto a velocidade se anula, tem-se: 0 = v – gt ⇒ t = v/g
Assim: H = vm t ⇒ H = vm (v/g)
Ou seja, a altura atingida é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permane-
ce no ar, e esse tempo também depende da sua velocidade inicial.
Finalizando: H = (v/2) (v/g) ⇒ v2 = 2gH
 VOLUME 1

RESPOSTA Alternativa E

64  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

QUEDA LIVRE E LANÇAMENTO VERTICAL

ACELERAÇÃO DA MOVIMENTO
V0 0
GRAVIDADE VERTICAL

INDEPENDE LANÇAMENTO
V0 = 0
DA MASSA VERTICAL

VERTICAL
QUEDA LIVRE
PARA BAIXO

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  65


ANOTAÇÕES

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
 VOLUME 1

____________________________________________________________
____________________________________________________________

66  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


FÍSICA

CALORIMETRIA

LIVRO
TEÓRICO
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Questões práticas tanto teóricas quanto O tema calorimetria é recorrente na prova


com manipulação matemática. da Fuvest, com manipulação das equações
e cobrança de questões um pouco mais
teóricas.

O tema calorimetria é recorrente na prova O tema calorimetria é recorrente na prova O tema calorimetria é recorrente na prova
da Unicamp, com maior cobrança em ma- da Unifesp, com a cobrança de leitura de da Unesp, com cobrança de leitura de grá-
nipulação de equações relacioanada com gráficos, manipulação das equações e, ficos, manipulação das equações e, eventu-
diversos assuntos da calorimetria. eventualmente, questões teóricas. almente, questões teóricas.

O tema calorimetria é cobrado com ques- O tema calorimetria é cobrado com ques- O tema calorimetria é recorrente com a O tema eletrostática é abordado com ques-
tões que exigem aplicação e manipulação tões que exigem aplicação e manipulação manipulação de equações e, eventualmen- tões que exigem interpretrações gráficas e
das equações das equações. te, questões teóricas. manipulações em equações matemáticas.

O tema calorimetria é abordado na prova O tema calorimetria tem abordagem com O tema calorimetria exige manipulação
da UEL relacionando transmissão de calor questões que não apenas exigem interpre- das equações e, eventualmente, questões
com manipulação das equações matemá- trações gráficas e manipulações de fórmu- teóricas.
ticas. las matemáticas, mas também conceitos

O tema calorimetria é cobrado na prova da Não há uma cobrança grande no tema


O tema calorimetria é recorrente na prova Unigranrio por leitura de gráficos e manipu- calorimetria, porém, eventualmente, apa-
da Uerj, com cobrança de interpretação de lação das equações. recem questões que exigem manipulação
gráficos (calor por temperatura) e manipu- matemática.
lação das equações matemáticas.
 VOLUME 1

68  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


GRANDEZAS 1.1. Equações dimensionais
FÍSICAS Utilizando o produto de potências de bases M, L, T, u, N, J
e I, é possível representar qualquer outra grandeza física. A

CN
potência de cada uma dessas bases diferencia as grande-
zas físicas relacionadas.
COMPETÊNCIA(s) A equação dimensional é a denominação dada ao
5 produto de potências para determinada grandeza física.
As fórmulas dimensionais para grandezas mecânicas (A),
AULAS HABILIDADE(s)
17
térmicas (B) e elétricas (C) são expressas, genericamente,

1E2
da seguinte maneira:

[A] = Ma Lb Tc
[B] = Md Le Tf ug
[C] = Mh Li Tl Ik

No estudo da Mecânica, as grandezas estão associadas


às grandezas massa (M), comprimentos (L) e intervalos

1. Grandezas físicas e/ou instantes de tempo (T). Assim, as dimensões de


temperatura e intensidade de corrente elétrica não estão
fundamentais e derivadas relacionadas. De modo semelhante, para a grandeza tér-
mica (B), na fórmula dimensional, não aparece a potência
O comprimento, a massa e o tempo – as três grande-
de base (I).
zas mecânicas – são grandezas físicas que independem de
outras grandezas e são denominadas grandezas funda- Dado que uma potência de zero é sempre igual a 1,
mentais (ou primitivas). quando uma grandeza qualquer é independente da
massa, por exemplo, a potência M0 não precisa ser
Os símbolos dimensionais L, M e T serão atribuídos, respec-
incluída na fórmula, uma vez que 1 (M0 = 1) é o ele-
tivamente, ao comprimento, à massa e ao tempo.
mento neutro da multiplicação.
A grandeza térmica fundamental é a temperatura (sím-
Para se obter a fórmula dimensional de uma grandeza, de-
bolo u), e a grandeza elétrica fundamental é a intensi-
ve-se partir de sua fórmula física e expressar todos os fatores
dade de corrente elétrica (símbolo dimensional I). Por
que dela participam em função das grandezas fundamentais.
conveniência, adotou-se a intensidade de corrente elétrica
como grandeza fundamental da eletricidade, em vez da A seguir, serão apresentados alguns exemplos de fórmulas
escolha mais natural, que seria a carga elétrica. dimensionais:
As grandezas físicas cujas definições dependem da
relação entre outras grandezas são denominadas
(
a) Velocidade ​ v = ___ )
​ DS ​  ​
Dt
grandezas derivadas. Por exemplo, a velocidade e a Como [DS] = L e [Dt] =T, tem-se [v] = _​ L ​ ä [v] = LT–1.
aceleração dependem dos conceitos de comprimento T
e de tempo. (
b) Aceleração ​ a = ___ )
​ Dv ​  ​
Dt

​  LT1 ​ ä [a] = LT–2.


-1
Grandeza fundamental Símbolo fundamental Como [v] = LT–1 e [Dt] = T, tem-se [a] =___
T
comprimento L
c) Força (F = ma)
tempo T
massa M Como [m] = M e [a] = LT–2, tem-se [F] = MLT–2.
 VOLUME 1

temperatura u
intensidade de corrente elétrica I d) Trabalho (t = Fdcosw)
quantidade de matéria N
Como [F] = MLT–2 [d] = L e cosw é adimensional (não
intensidade luminosa J tem dimensão física), tem-se [t] = MLT–2L = ML2T–2.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  69


(
​ 1 ​ mv2 ​
e) Energia cinética ​ Ec = __
2 ) (
Q
l) Capacidade térmica ​ C = ___
​  ​  ​
Du )
​ ML T ​ ä
2 –2
Como [Q] = ML2T–2 e [Du] = u, tem-se [C] = _____
Como [m] = M, [v] = LT–1 e 2 é adimensional, tem-se u
[C] = ML2T–2u–1.
[Ec] = M(LT–1)2 ä [Ec] = ML2T–2.
( Q
m) Carga elétrica ​ i = ___
​   ​ ä Q = iDt ​
Dt )
Notas Como [i] = I e [Dt] = T, tem-se [Q] = IT.
§ Foi obtida a equação dimensional da energia EP
cinética, mas essa fórmula também se aplica a (
n) Potencial elétrico ​ V = __ )
​ q ​ ​
qualquer outra grandeza de energia, por exemp-
​ ML  ​
T ä
2 –2

lo, o calor (Q): [Q] = ML–2T–2.


Como [Ep] = ML2T–2 e [q] = IT, tem-se [V] = _____
IT
§ Energia e trabalho têm a mesma fórmula dimen- [V] = ML2T–3I–1.
sional, consequentemente são grandezas medi- Se, para determinada grandeza, a sua fórmula dimensional for
das nas mesmas unidades. conhecida, será possível obter diretamente sua unidade de medi-
da em termos das unidades de outras grandezas fundamentais.
f) Potência ​ Pot = ___
(​  t ​  ​ ) No SI, a unidade de tempo é segundo (s), a de temperatura
Dt
é kelvin (K) e a de intensidade de corrente é ampère (A).
​ ML  ​
T ä
2 –2
Como [t] = ML2T–2 e [Dt] = T, tem-se [Pot] = _____ Como exemplos:
T
[Pot] = ML2T–3. § Para a pressão:

g) Impulso (I = FDt)
[p] = ML1T–2 · unidade · SI (p):
kg · m1 · s–2 = pascal (Pa)
Como [F] = MLT–2 e [Dt] = T, tem-se [I] = MLT–2T ä
[I] = MLT–1. § Para a capacidade térmica:
[C] = ML2T–2u–1 · unidade · SI (C):
h) Quantidade de movimento (Q = mv) kg · m2 · s–2 · K–1
Como [m] = M e [v] = LT–1, tem-se [Q] = MLT–1.
§ Para a resistência elétrica:
[R] = ML2T–3I–2 · unidade · SI (R):
Nota
kg · m2 · s–3 · A–2 = ohm (V)
§ As quantidades de movimento e impulso também
têm a mesma equação dimensional e são, por-
tanto, grandezas medidas nas mesmas unidades.
Aplicação do conteúdo
1. Faça a análise dimensional para a grandeza momento
angular, cuja fórmula é dada por:
​ m ​  ​
i) Densidade ​ m = __ ( )
V momento angular = r ⋅ p ⋅ senθ
​ M ​ ä
Como [m] = M e [V] = L³, tem-se [m] = __
L³ Em que:
[m] = ML–3.
§ r é a distância;
( ​ F  ​  ​
j) Pressão ​ p = __
A ) § p é o momento linear (ou quantidade de movimento); e
​ MLT
Como [F] = MLT–2 e [A] = L², tem-se [p] = _____
–2
 ​ ä § θ é o ângulo entre a distância e o momento linear.
L2
[p] = ML–1T–2. Resolução:
Q
k) Calor específico ​ c = ____
​ 
mDθ (
 ​  ​
) Para determinar a dimensão de L, basta conhecer a dimen-
são das variáveis envolvidas, uma vez que:
 VOLUME 1

Como [Q] = ML2T–2, [m] = M e [Du] = u, tem-se


§ [momento angular] = [r] ⋅ [p] ⋅ [senθ]
​ ML T ​ ä [c] = L2T–2u–1.
2 –2
c = _____ § [momento angular] = (L) ⋅ (MLT–1) ⋅ (1)
Mu
§ [momento angular] = M ⋅ L2 ⋅ T–1

70  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


1.3. Sistema Internacional de Unidades
No passado, as trocas de mercadorias enfrentavam alguns
obstáculos, pois em localidades distintas eram utilizadas
unidades padrões distintas. Em geral, utilizavam-se me-
didas do corpo humano como padrão (especialmente dos
líderes); no entanto, como pessoas diferentes possuem ta-
multimídia: vídeo manhos diferentes, não era um método muito confiável. Foi
Fonte: Youtube apenas em 1789 que a Academia de Ciências da França
Interpretação de unidades em fórmulas ... pensou em criar um sistema de unidades padrão. Assim,
surgiu o metro (m), sendo a décima milionésima parte da
quarta parte do meridiano terrestre; o litro (L), como equi-
1.2. Homogeneidade dimensional valente a um decímetro cúbico; e o quilograma (kg), como
a massa de 1 L de água a 4,44 °C. Em 1875, o Brasil ade-
As equações físicas devem ser dimensionalmente ho-
riu, assim como outros 17 países, a essa proposta.
mogêneas. Isso significa que ambos os lados da equação
devem satisfazer a mesma fórmula dimensional. Em 1960, o sistema recebeu o nome de Sistema Interna-
cional de Unidades (SI). Desde 1962, o Brasil adotou o SI,
Nas equações I e II a seguir, A, B, C, D, E e F são grandezas adoção ratificada em 1988 pelo Conmetro.
físicas, e [A], [B], [C], [D], [E] e [F] são, respectivamente, suas
fórmulas dimensionais:

Equação I: A = B + C

Equação II: D = E · F

A homogeneidade dimensional exige que as fórmulas di-


mensionais sejam:
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Em I: [A] = [B] = [C] Inmetro – O tempo todo com você
Em II: [D] = [E] · [F]
Existem sete unidades fundamentais no Sistema Inter-
Como exemplo, considere uma equação física do tipo
nacional de Unidades (SI), e cada uma delas corresponde
p = mAh, em que p representa pressão, m representa
a uma grandeza:
densidade e h representa altura. Se a equação for di-
mensionalmente homogênea, qual será a unidade da Unidade Símbolo Grandeza
grandeza A? metro m comprimento
As fórmulas dimensionais da pressão, densidade e altura são: quilograma kg massa

segundo s tempo
[p] = ML–1T–2, [m] = ML–3 e [h] = L
ampère A intensidade da corrente elétrica

kelvin K quantidade de termodinâmica


Então, tem-se:
mol mol quantidade de matéria

candela cd intensidade luminosa


[p] = [m] · [A] · [h] ä ML–1T–2 = ML–3 [A]L

A medida de ângulos é realizada por duas unidades suple-


Ou seja, é necessário que: mentares: o radiano (rad), para ângulos planos, e o esterra-
diano (sr), para ângulos sólidos.
 VOLUME 1

[A] = LT–2 A partir das unidades fundamentais, é possível reduzir ou


derivar, direta ou indiretamente, as unidades derivadas. Por
Pela fórmula dimensional obtida para A, é possível concluir se tratar de um número muito grande, essas variáveis não
que essa grandeza é uma aceleração. serão reproduzidas aqui.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  71


Oficialmente, a norma estabelecida para a grafia de todas Por razões históricas, a unidade fundamental de massa é
as unidades, fundamentais ou derivadas, quando escritas o quilograma, obtido pelo acréscimo do prefixo “quilo”
por extenso, é que se iniciem por letra minúscula, incluindo à unidade grama. Por esse motivo, as unidades de mas-
o caso de unidades que recebem nomes de pessoas. Assim, sa múltiplas e submúltiplas são obtidas pelo acréscimo do
devem ser escritos: metro, ampère, newton, coulomb, qui- prefixo ao grama, e não ao quilograma.
lômetro, pascal, etc. A unidade de temperatura da escala
Prefixo Símbolo Base de 10
Celsius é a única exceção (escreve-se grau Celsius, símbolo
°C). Quando a frase é iniciada pelo nome da unidade, ini- yotta Y 1024
cia-se também com letra maiúscula.
zetta Z 1021
Em geral, os símbolos são grafados com letras minúsculas,
exa E 1018
exceto quando se trata de nomes de pessoas. Por exem-
plo: A para ampère, N para newton, W para watt, Pa para peta P 1015
pascal, etc.
tera T 1012
Se a unidade for composta, os símbolos devem ser coloca-
dos um em seguida do outro, e podem ou não ser separa- giga G 109
dos por um ponto, por exemplo: quilowatt-hora: kWh ou mega M 106
kW · h; newton-metro: Nm ou N ∙ m, etc.
quilo k 103
Os símbolos e as unidades por extenso não devem ser mis-
turados. Assim, é incorreto escrever quilômetro/h ou km/ hecto h 102
hora. A forma correta da grafia é quilômetro por hora ou
deca da 101
km/h.
deci d 10–1
Quando o símbolo de uma unidade contém divisão, é pos-
sível utilizar qualquer uma das três maneiras exemplifica- centi c 10–2
das a seguir:
mili m 10–3
​ N · 2m ​
2
N · m2/kg2 = N · m2 · kg–2 = _____
kg micro µ 10–6
Para se obter o plural das unidades, simplesmente acres-
nano n 10–9
centa-se a letra s, mesmo no caso de violar as regras gra-
maticais: metros, ampères, pascals, decibéis, etc. Algumas pico p 10–12
exceções existem para as unidades que terminam por s, x e
femto f 10–15
z. Essas unidades não variam no plural (siemens, lux, hertz).
Caso as unidades sejam palavras compostas por multipli-
cação de elementos independentes, ambos são flexiona- 1.4. Operações com algarismos
dos: quilowatts-horas, newtons-metros, ohms-metros, etc. significativos
A flexão também ocorre quando as palavras compostas
O resultado de uma multiplicação ou de uma divisão deve
não são ligadas por hífen: metros quadrados, milhas ma-
ser apresentado com um número de algarismos signifi-
rítimas, etc.
cativos igual ao do fator que possui o menor número
Nas unidades formadas por divisão, o denominador não de algarismos significativos. Por exemplo, ao realizar
recebe a letra s: quilômetros por hora; newtons por metro o produto 2,31 · 1,4, o resultado é 3,234. O primeiro fator
quadrado, etc. Em palavras compostas, nas quais os ele- tem três algarismos significativos (2,31), e o segundo tem
mentos complementares de nomes de unidades são liga- dois (1,4). Assim, o resultado é apresentado com dois alga-
dos por hífen ou preposição, também não se acrescenta a rismos significativos, ou seja, 3,2.
letra s: anos-luz, quilogramas-força, elétrons-volt, unidades
O arredondamento é realizado da seguinte maneira: de-
de massa atômica, etc.
pois de abandonar o primeiro algarismo (4), sendo menor
 VOLUME 1

Os símbolos nunca flexionam no plural. Assim, para 50 do que 5, o valor do último algarismo significativo (2) será
metros deve-se escrever 50 m e não 50 ms. Múltiplos e mantido se o segundo algarismo a ser abandonado for me-
submúltiplos, que são obtidos pela adição de um prefixo nor do que 5, como no exemplo, que o valor é 3; se esse va-
anteposto à unidade, são admitidos em todas as unidades, lor for maior ou igual a 5, deve-se acrescentar uma unida-
derivadas ou fundamentais. de ao último algarismo significativo. Portanto, no exemplo,

72  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


VIVENCIANDO

No cotidiano, é frequente as pessoas se referirem de maneira equivocada a algumas unidades. Por exemplo, é
comum uma pessoa ir à padaria, pedir “meio quilo de queijo” e receber meio quilograma de queijo. No entanto,
quando alguém pede meio quilo de queijo, está pedindo 500 pedaços de queijo, e não a massa de 500 gramas.
Outra situação que poderia acontecer na mesma padaria seria a pessoa pedir “duzentas gramas de queijo” e acabar
recebendo duzentos gramas de queijo; a grama é uma planta, e a unidade de massa pertence ao gênero masculino.
Além disso, saber converter diferentes unidades é uma tarefa importante, ainda mais quando a pessoa está visi-
tando outro país.

o primeiro algarismo abandonado é o 4. Como o próximo Resolução:


algarismo tem valor 3, que é menor do que 5, mantém-se
Como se pede:
o número 2, que é o último algarismo significativo.
A = 1,23 + 23,2 = 24,43.
Considere o produto 2,33 ∙ 1,4. O resultado da operação
é 3,262. Novamente, o resultado deve apresentar dois al- Entretanto, como a primeira parcela possui duas casas deci-
garismos significativos. Desse modo, o resultado fica 3,3. mais e a segunda parcela possui apenas uma casa decimal,
Abandona-se o primeiro algarismo, 2, e, sendo o segundo deve-se dar a solução com o menor número de casas deci-
algarismo, 6, maior do que 5, acrescenta-se uma unidade mais. Assim, a solução deve apresentar uma casa decimal.
ao número 2, que é o último algarismo significativo. A = 24,4
O resultado da adição e da subtração deve conter um
2. Um estudante está calculando a área superficial de
número de casas decimais igual ao da parcela com menos uma folha de papel. Ele mede o comprimento como
casas decimais. Por exemplo, a adição 3,32 + 3,1 resulta sendo b = 27,9 cm e a largura como sendo h = 21,6 cm.
6,42. A primeira parcela tem duas casas decimais (3,32), e a O estudante deve expressar a área do papel como:
segunda tem somente uma (3,1). Assim, o resultado deve ser a) 602,64 cm². c) 602,6 cm².
apresentado com apenas uma casa decimal. Desse modo, o b) 602 cm². d) 603 cm².
resultado é 6,4. Já na operação 3,37 + 3,1 = 6,47, o resultado
deve apresentar uma casa decimal. Considerando a regra do Resolução:
arredondamento, obtém-se como resultado o valor 6,5. Para o cálculo da área, basta conhecer a fórmula da área
do retângulo:
A = comprimento ⋅ largura
A=b⋅h
A = (27,9 cm) ⋅ (21,6 cm) = 602,64 cm2
Como o enunciado pede a solução com o número correto
multimídia: vídeo de algarismos significativos, tem-se então que em 27,9 cm
Fonte: Youtube e em 21,6 há 3 algarismos significativos. Como se trata de
uma multiplicação, deve-se dar a resposta com o menor
Lucie conta a História das Ciências – Pesos e Medidas
número de algarismos significativos que algum dos fatores
possuir. Ou seja, a resposta deve ser dada com 3 algaris-
Aplicação do conteúdo mos significativos:
 VOLUME 1

1. Calcule a soma a seguir e dê a resposta levando em A = 603 cm2


conta o número de casas decimais.
Alternativa D
A = 1,23 + 23,2

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  73


___
3. Uma estudante está calculando a espessura de uma No primeiro caso, N = 6,37 > ​√10 ​, e, portanto, a ordem de
folha de papel. Ela mede a espessura de uma pilha de grandeza do raio da Terra é dada
___ por: 10 m =107 m. No
6+1
80 folhas de papel com um paquímetro e descobre que
segundo caso, N = 1,49 < ​√10 ​, e, consequentemente, a
a espessura é l = 1,27 cm. Ao calcular a espessura de
uma folha, ela irá encontrar? Dê a resposta com o nú- distância da Terra ao Sol tem ordem de grandeza de 1011 m.
mero correto de algarismos significativos.
Resolução:
Uma vez que as 80 folhas possuem juntas uma espessura de 1,27
cm, temos que, para encontrar a espessura de cada uma, basta divi-
dir a espessura total pela quantidade de folhas.
1,27
x = ____
​   ​cm = 0,015875 cm
80
multimídia: livro
Como o enunciado pede a solução com o número correto de alga-
rismos significativos, temos que em 1,27 há 3 algarismos significa-
tivos; já em 80, temos 2 algarismos significativos. Logo, a resposta Introdução à Física – Aspectos históricos,
final deve possuir apenas 2 algarismos significativos, respeitando unidades de medidas e vetores
as regras de aproximação. Essa obra aborda os principais conceitos e aspectos históri-
x = 0,016 cm cos da Física. Ao longo de seis capítulos, o leitor conhecerá
as principais unidades de tempo, massa e comprimento,
bem como as ferramentas e técnicas necessárias para a
1.5. Notação científica realização de operações. Além disso, aprenderá a distinguir
A notação científica é utilizada para apresentar um nú- as grandezas escalares e vetoriais.
mero na forma N · 10n, em que n é um expoente inteiro e
N é tal que 1 ≤ N < 10. Em notação científica, o número
N deve ser formado por todos os algarismos significativos Aplicação do conteúdo
de uma grandeza.
1. (Cesgranrio) Um recipiente cúbico tem 3,000 m de
Considere os algarismos significativos das medidas a se- aresta, n é o número máximo de cubos, de 3,01 mm de
guir expressas corretamente: 360 s e 0,0035 m. Levando aresta, que cabem no recipiente. A ordem de grandeza
de n é:
em conta o número de algarismos significativos, a nota-
ção científica para essas medidas será, respectivamente: a) 109. b) 102. c) 104. d) 101. e) 1010.
3,60 · 102 s e 3,5 · 10–3 m. Resolução:
Para encontrar o valor de n, basta dividir o volume do recipiente
1.6. Ordem de grandeza pelo volume de cada cubo menor. Dessa forma, tem-se:

A ordem de grandeza de uma medida é a potência de


10 mais próxima da potência dada para o valor encontrado ( )
3000 mm ​  3​ = 990 ⋅ 106 cubos = 9,90 ⋅ 108 cubos
n = ​  ​ _______
3,01 mm
___
para a grandeza. Como 9,90 é maior que ​√10 ​ ≈ 3,16 , deve-se somar +1 no expo-
Essa potência deve ser determinada da___ seguinte maneira: ente da base dez para determinar a ordem de grandeza. A ordem
se o número N for maior ou igual a ​√10 ​, deverá ser uti- de grandeza de n é 108+1 = 109
lizada a potência de 10 de expoente ___ um grau maior, ou Alternativa A
seja, 10n + 1; se N for menor que ​√10 ​, deverá ser utilizada a
mesma potência da notação científica, ou seja, 10n. 2. (UFU) A ordem de grandeza, em segundos, em um pe-
Em resumo: ríodo correspondente a um mês, é:

___ a) 10.
​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n + 1
N≥√ b) 103.
___
​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n
N<√ c) 106.
 VOLUME 1

d) 109.
Exemplo: o raio da Terra é igual a 6,37 · 106 m e a distância e) 1012.
da Terra ao Sol é igual a 1,49 · 1011 m. Qual a ordem de
grandeza desses valores?

74  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução: Resolução:

Para determinar a quantidade x de segundo que há em 1 mês, Sabendo que a frequência cardíaca normal de uma pessoa sau-
tem-se: dável entre 15 e 20 anos pertence ao intervalo de 60 a 90 vezes
segundos por minuto, fica evidente que a ordem de grandeza é de 102.
​ hora ​· 60 ____
x = 30 dias ⋅ 24 ____ ​ min ​· 60 ___
​   ​= 2.592.000
dia hora min Alternativa B
segundos = 2,592 · 106 segundos
___
Como 2,592 é menor que ​√10 ​ ≈ 3,16, deve-se manter a potên-
cia de 10, ela será a ordem de grandeza. Sendo assim, a ordem
de grandeza é de 106.

Alternativa C

3. (Unirio) multimídia: site


”Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo pt.khanacademy.org/math/algebra/units-in-modeling/in-
Ela se riu tro-to-dimensional-analysis/e/working-with-units
Foi o meu primeiro alumbramento.”
macbeth.if.usp.br/~gusev/unidades.pdf
(Manuel Bandeira)
educacao.globo.com/matematica/assunto/matematica-
A ordem de grandeza do número de batidas que o coração -basica/sistemas-de-unidades-de-medidas.html
humano dá em um minuto de alumbramento como esse é:
a) 101. b) 102. c) 100. d) 103. e) 104.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Como foi visto, existem diversas unidades de medidas para a mesma grandeza física. Assim, é fundamental conhecer
as regras de conversão entre as diferentes unidades. Para isso, basta conhecer a razão de proporcionalidade entre as
grandezas e realizar uma regra de três simples.
No caso das unidades de medidas, as grandezas serão diretamente proporcionais, ou seja, aumentando uma das
duas, a segunda também aumentará.
O procedimento para a resolução de uma regra de três simples diretamente proporcional é simples. Em primeiro lu-
gar, deve-se montar uma tabela de duas colunas. Na primeira coluna, devem ser colocados valores em determinada
unidade; os valores correspondentes em outra unidade devem ser colocados na segunda coluna. Em seguida, basta
igualar a razão obtida com os valores na primeira coluna com a razão dos elementos da segunda coluna.
Exemplo:

Tempo em horas Tempo em segundos


1h 3600 s
5h x

​ 3600
1h ​= _______
​  ___ s
 VOLUME 1

5h x ​
X = 18000 s

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  75


INTRODUÇÃO
uma energia cinética média, menor que a organização de um
AOS gás em mesmas condições termodinâmicas. Assim, são per-
FENÔMENOS cebidas as transferências de energias para as partículas mais
TÉRMICOS próximas. A energia térmica em trânsito é chamada de calor.

CN
Os gases, por sua vez, possuem moléculas com maior grau de
energia cinética. As moléculas portadoras de maiores ener-
COMPETÊNCIA(s) gias cinéticas realizam colisões com outras moléculas menos
6 energéticas. Nessas colisões, são percebidas transferências
energéticas de tal forma que, depois de um intervalo de
AULAS HABILIDADE(s)
21
tempo, o grupo de moléculas possuirá uma energia cinética

3E4
média; nessa condição, é possível dizer que os corpos estarão
em mesma temperatura, ou seja, em equilíbrio térmico.
A transferência espontânea de energia de um corpo para
outro, devido à existência de diferença de temperatura en-
tre eles, recebe o nome de transferência de energia térmica.
A energia térmica transferida nesse processo é o calor.
A transferência de calor é cessada quando o equilí-
brio térmico é atingido, ou seja, quando os corpos estão na
mesma temperatura.

1. Introdução
Nota:
Diversos conceitos novos estão relacionados ao estudo
da termologia. A noção de equilíbrio, por exemplo, ser- Por se tratar de um processo, a transferência de ener-
ve para as mais diversas áreas do conhecimento humano. gia térmica, ou seja, calor, só é possível se houver dife-
Contudo, nessa grande área que envolve as transferências rença de temperatura entre os corpos. Justamente por
de calor, suas causas e consequências, definir adequada- se tratar de um processo, um corpo não pode estar ou
mente conceitos tornará a compreensão física dos fenôme- possuir calor, mas sim transferi-lo.
nos algo mais sólido e duradouro.
O próprio conceito de temperatura, que está associado às
energias cinéticas médias das moléculas que compõem o
corpo, oferece a exata noção de que o calor é transferi-
do do corpo de maior temperatura para o corpo de menor
temperatura, até que possam atingir juntos aquilo que é
conceituado como equilíbrio térmico.
O termo energia cinética das moléculas refere-se à multimídia: vídeo
energia cinética de translação das moléculas. Quando for
Fonte: Youtube
necessário fazer referência à energia cinética de rotação
das moléculas, será utilizado diretamente o termo energia Temperatura: História do termômetro
de rotação das moléculas. A grandeza termodinâmi-
ca relacionada à energia cinética média de translação das
moléculas é a temperatura. 2. Escalas termométricas
Dessa forma, quando a temperatura de um corpo aumenta, a A verificação do grau de agitação das partículas que consti-
energia cinética de suas partículas também aumenta. Quan- tuem um corpo é realizada de maneira indireta. A tempera-
do a temperatura do corpo diminui, a energia cinética de suas tura de um corpo pode ser estimada pelo equilíbrio térmico
partículas também diminui. É necessário lembrar que a ener- entre dois ou mais corpos. Assim, existem estados termodinâ-
gia de um sistema termodinâmico também é composta pela
 VOLUME 1

micos que servem como referência para a construção do que


energia potencial das moléculas, cujo somatório repre- se denomina escala termométrica. Todos os corpos possuem
senta a energia necessária para desagregar as moléculas. características térmicas; são exatamente essas características
A estrutura física que caracteriza os sólidos indica que as molé- termossensíveis que permitem a construção de aparelhos de
culas que os compõem possuem um nível de agitação, ou seja, medição, como os termômetros de mercúrio.

76  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


A definição da escala se fundamenta na escolha adequa-
da de pontos de referência. O ponto de gelo, condição em Duc = DT
que gelo e água se apresentam em equilíbrio térmico em
pressão normal, e o ponto de vapor, condição em que água
Em 1742, o físico Anders Celsius (1701-1744) propôs a
e vapor de água se apresentam em equilíbrio em condi-
escala de temperatura que leva o seu nome, mas que ori-
ções normais de pressão, podem ser escolhidos. Existe uma
ginalmente era conhecida como sistema centígrado. Daniel
equação de conversão entre as escalas termométricas que
Gabriel Fahrenheit (1686-1736) foi, além de físico e enge-
pode ser utilizada para as mais diversas conversões. Por
nheiro, um vendedor de termômetros. Ele criou o termôme-
exemplo, quando se deseja converter um valor genérico de
tro de mercúrio, além, é claro, da escala de temperatura que
temperatura θc, medido em grau Celsius, em seu respectivo
leva o seu nome e que é ainda muito utilizada em países
valor θf , medido em grau Fahrenheit. Para tanto, compa-
anglo-saxões.
rando a razão entre os segmentos a e b da figura a seguir,
essa relação não depende das unidades de medida.
Assim:
Aplicação do conteúdo
1. O álcool, ou etanol, possui ponto de fusão igual a
–114 °C e ponto de ebulição igual a +78,5 °C. É por
isso que, em temperatura ambiente (cerca de 20 °C), o
álcool permanece em estado líquido. Passando para a
escala kelvin, o ponto de fusão e o ponto de ebulição
do etanol são, respectivamente, iguais a:
a) –387 e –194,65.
b) +159 e +351,5.
c) +387,25 e +194,65.
d) –159 e –351,5.
e) +159 e –351,5.
u – 0 _______
u – 32 u u – 32 Resolução:
​  a ​ = ______
__ ​  c  ​ = ​  f  ​ ä ___
​  c  ​ = ______
​  f  ​
b 100 – 0 212 – 32 100 180
Sabe-se que, para transformar a temperatura de graus Cel-
sius para kelvin, é preciso somar 273:
Simplificando: __u uf – 32
​  c ​ = ______
​   ​ TK = θC + 273
5 9
Assim, basta substituir cada temperatura desejada para o
Essa é a equação de conversão entre graus Celsius e graus ponto de fusão:
Fahrenheit. Da mesma forma, é possível utilizar a conver- TK = –114 + 273 = 159 K
são utilizando a unidade kelvin, onde Tk representa a tem-
peratura em kelvin: Para o ponto de ebulição:
TK = 78,5 + 273 = 351,5 K
u uf – 32 ______ T
​   ​ = ​  k – 273
​ __c ​ = ______  ​
5 9 5 Alternativa B
Em 1848, William Thomson (1824-1907), conhecido como 2. Na escala Fahrenheit, qual é a temperatura que cor-
Lorde Kelvin, estabeleceu a escala absoluta, que leva o seu responde a 40 °C?
nome. Ele determinou a menor temperatura possível, cujo a) 313
valor é 0 K (zero kelvin). b) 4,444
c) 39,2
Caso seja necessário converter variações de temperatura, d) 2,25
pode-se trabalhar com as equações apresentadas anterior- e) 104
mente e alcançar às seguintes equações de conversão
 VOLUME 1

para a variação de temperaturas: Resolução:

Sabe-se que a relação entre as escalas Fahrenheit e Celsius é:


Du DuF
___
​   ​c = ___
​   ​ θ θF - 32
5 9 ​​  __C​ = ​ ______ ​​
5 9

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  77


Basta substituir θC = 40 ºC e encontrar o correspondente § variação de temperatura;
em Fahrenheit. § mudança de estado físico;
θF - 32 § dilatação térmica.
__ ​ ​ ______
​​ 40​​ = ​​
5 9 Para as duas primeiras consequências, serão caracteriza-
θF = 104 ºF das as quantidades de calor transferidas para substân-
Alternativa E cias puras: caso um corpo, ao ganhar energia, aumente a
energia potencial de ligação das moléculas, pode ocorrer
3. O verão de 1994 foi particularmente quente nos Esta-
dos Unidos da América. A diferença entre a máxima tem- a desagregação das moléculas e o estado físico pode mu-
peratura do verão e a mínima do inverno anterior foi de dar. Esse tipo de energia é denominado calor latente.
60 °C. Qual o valor dessa diferença na escala Fahrenheit?
1. Se houver variação de temperatura: calor sensível.
a) 108 °F
b) 60 °F 2. Se houver mudança de estado físico: calor latente.
c) 140 °F
d) 33 °F
e) 92 °F

Resolução:

Primeiramente, é preciso identificar que o exercício não


pede a transformação de uma dada temperatura de uma
escala em outra, mas a transformação de uma variação de multimídia: site
temperatura numa escala em outra. A relação entre as es-
calas Fahrenheit e Celsius é:
www.sensacaotermica.com.br/
∆θ ∆θF
____
​​   ​​C = ___
​​   ​​ pt.khanacademy.org/science/chemistry/thermody-
5 9 namics-chemistry/internal-energy-sal/a/heat
Substituindo o valor fornecido, obtém-se:
mundoeducacao.bol.uol.com.br/s ica/equacao-
∆θ -fundamental-calorimetria.htm
​​ 60 ​​ = ___
__ ​​   ​​F
5 9
educacao.uol.com.br/disciplinas/sica/calorimetria-o-
θF = 108 ºF
-estudo-dos-fenomenos-detransferencia-de-calor.htm
Alternativa A
pt.khanacademy.org/science/biology/water-acids-an-
d-bases/water-as-a-solid-liquid-andgas/a/specic-heat-
-heat-of-vaporization-and-freezing-of-water

4. Diagrama de
multimídia: vídeo aquecimento de água
Fonte: Youtube
Caso seja observado o fornecimento de calor a um bloco
Termoscópio e termômetro de Galileu. de gelo, inicialmente a –20 °C, será possível verificar que:
§ Inicialmente a temperatura aumenta até atingir 0 °C

3. Efeitos macroscópicos (ponto de fusão), indicando que a entrada de calor está


aumentando a energia cinética das moléculas.
da variação da energia § A partir daí, o gelo permanece com a temperatura cons-
interna devido ao calor tante, apesar de receber calor, e passa a mudar de estado
físico. Isso ocorre porque as moléculas estão aumentan-
 VOLUME 1

As relações de transferências de calor, tanto para o corpo do sua energia potencial, e não a energia cinética.
que recebe quanto para o corpo que cede, podem evidenciar § Terminada a fusão, tem-se apenas água a 0 °C, que, à
relações de causa e consequência, nas quais é possível isolar medida que recebe mais calor, aumenta a temperatura
três efeitos: até 100 °C (ponto de ebulição).

78  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


§ Durante a vaporização, a temperatura permanece constante mais uma vez, apesar do recebimento de calor, porque as
moléculas, à medida que se desagregam, aumentam a energia potencial, permanecendo a energia cinética constante.
§ Finalmente, após a vaporização completa da água, o vapor, ao receber mais calor, volta a aumentar a energia cinética de
suas moléculas, aumentando a temperatura.

Fusão

Recebe Q1 Recebe Q2 Recebe Q3 Recebe Q4 Recebe Q5

Calor Calor Calor Calor Calor


sensível latente sensível latente sensível
Gelo Gelo Água Água Vapor Vapor
-20°C 0°C 0°C 100°C 100°C 120°C

Vaporização (ebulição)

b)
Aplicação do conteúdo Temperatura
25 ºC

1. (PUC) Uma forma de gelo com água a 25 ºC é colo-


cada num freezer de uma geladeira para formar gelo. Quantidade de calor
O freezer está no nível de congelamento mínimo, cuja 0 ºC

temperatura corresponde a –18 ºC.


-18 ºC
As etapas do processo de trocas de calor e de mudança de
estado da substância água podem ser identificadas num c) Temperatura
gráfico da temperatura x quantidade de calor cedida. 25 ºC

Qual dos gráficos a seguir mostra, corretamente (sem con-


Quantidade de calor
siderar a escala), as etapas de mudança de fase da água e 0 ºC
de seu resfriamento para uma atmosfera?
a) -18 ºC
Temperatura
25 ºC d) Temperatura
25 ºC
 VOLUME 1

Quantidade de calor
0 ºC
Quantidade de calor
0 ºC

-18 ºC
-18 ºC

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  79


e) Temperatura
25 ºC

Quantidade de calor
0 ºC

-18 ºC

Resolução:

Vale lembrar que existem dois tipos de calor: sensível e la-


tente. O calor sensível é aquele fornecido a algum material
de forma a variar a sua temperatura. O calor latente, por
sua vez, é o calor fornecido a um material para que ocorra
a mudança de estado físico. Durante essa etapa de mudan-
ça de estado, não há variação de temperatura.
Assim, fica fácil perceber que o gráfico mostrado na alter-
nativa A é a resposta correta.
No primeiro momento, a água é resfriada até uma tempe-
ratura de 0 °C. Em seguida, passa pela etapa de solidifica-
ção, na qual a temperatura permanece constante. Por fim,
o gelo continua a resfriar até atingir o equilíbrio térmico
com a temperatura do freezer em –18 °C.
Alternativa A

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Calor específico da água
 VOLUME 1

80  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ESTUDO A unidade usual da capacidade térmica é cal/°C; no SI é
DO CALOR J/K. Para simplificar, será considerado que a capacidade
térmica dos corpos é constante durante os experimentos.
SENSÍVEL Contudo, é importante saber que, na prática, a capacidade

CN
térmica pode variar com a temperatura.

COMPETÊNCIA(s) Aplicação do conteúdo


6
1. Ao fornecer 300 calorias de calor para um corpo, veri-
fica-se como consequência uma variação de temperatura
AULAS HABILIDADE(s)
21 igual a 50 °C. Determine a capacidade térmica desse corpo.

5E6 Resolução:

Como, por definição, a capacidade térmica é dada pela ra-


zão entre o calor e a variação de temperatura, segue que:
Q 300 cal cal​​
C = ​ ​___​​ = ​ ​______ ​​ = 6 ​ ​___
∆θ 50 ºC °C

1.2. Calor específico de


uma substância (c)
1. O calor sensível No exemplo anterior, foi realizada uma comparação entre
Quando a mesma quantidade de calor é fornecida a um bal- um balde com água e um copo com água. A diferença bá-
de com água e a um copo com água, é possível verificar que, sica entre ambos é a quantidade de água.
no balde, ocorre uma pequena variação de temperatura, ao É possível argumentar que a capacidade térmica do corpo
passo que, no copo, a variação de temperatura é bem maior. de água contido no balde é maior do que a capacidade
Isso acontece porque o balde com água tem maior inércia térmica do corpo de água contido no copo, uma vez que o
térmica do que o copo com água. Lembramos que inércia primeiro apresenta maior massa.
mecânica representa a resistência que todos os corpos
materiais têm à modificação do seu estado de movimen-
to. Assim, a inércia térmica é a resistência que todos os
corpos materiais têm à modificação de sua temperatura.
Entretanto, por tradição, será utilizado o termo capacida-
de térmica em vez de inércia térmica.
No balde, com um número maior de moléculas (uma
1.1. Capacidade térmica de um corpo (C) vez que há mais massa), a energia é transferida para um
número maior de moléculas, e, portanto, o acréscimo
Capacidade térmica é a relação entre a quantidade de
da energia de uma molécula é menor. Dessa for-
calor recebido ou cedido por um corpo e a correspondente
variação de temperatura Du. ma, a evidência do aumento de temperatura se mostra
menos perceptível.
A capacidade térmica representa a quantidade de calor ne-
cessária para variar a temperatura do corpo em uma unidade.
Dessa forma, é possível fazer uma analogia com a mecâni-
ca, associando capacidade térmica à inércia térmica, ao
medir a dificuldade de se variar a temperatura de um corpo.
Ou seja, quanto maior a capacidade térmica de um corpo,
maior a quantidade de calor necessária para aumentar sua
 VOLUME 1

No copo, com um número menor de moléculas (uma


temperatura. Em linguagem matemática: vez que a massa é menor), a energia é transferida para
um número menor de moléculas, e, portanto, a evidência
Q
C = ___
​  ​ [ Q = C · Du do aumento da energia de uma molécula é maior,
Du
tornando mais perceptível o aumento da temperatura.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  81


A capacidade térmica é proporcional à massa do corpo. Historicamente, uma caloria é a energia necessária para ele-
Entretanto, também depende do material de que é feito o var de 14,5 °C, para 15,5 °C a temperatura de 1 g de água.
corpo. Assim, pode-se relacionar a capacidade térmica, a Desde 1948, por definição, 1 caloria equivale a 4,1868 joules.
quantidade de água e um fator referente ao material:

C=m·c
Aplicação do conteúdo
1. (UFPR) Para aquecer 500 g de certa substância de 20 °C
De acordo com essa expressão, a capacidade térmica (C) é para 70 °C, foram necessárias 4 000 calorias. A capacida-
proporcional à massa (m). de térmica e o calor específico valem, respectivamente:
a) 8 cal/°C e 0,08 cal/g ∙ °C.
O fator c, calor específico sensível, representa a inércia
b) 80 cal/°C e 0,16 cal/g ∙ °C.
térmica de uma unidade de massa do material de que é
c) 90 cal/°C e 0,09 cal/g ∙ °C.
​ cal  ​.
feito o corpo. No caso da água, o valor é 1 ___
g°C d) 95 cal/°C e 0,15 cal/g ∙ °C.
Para aquecer 1 g de água a 1 °C é necessário 1 caloria; e) 120 cal/°C e 0,12 cal/g ∙ °C.
para aquecer 1 g de rocha a 1 °C é necessário apenas 0,21
Resolução:
caloria. Dessa forma, é “mais fácil” aquecer 1 g de rocha
do que aquecer 1 g de água. Em primeiro lugar, é preciso identificar os valores fornecidos:
Assim, quando o Sol surge ao amanhecer, a areia da praia Q = 4000 cal
(rocha) se aquece mais do que a água, pois, quanto menor é
o calor específico sensível, maior é a variação de temperatura. ∆θ = 70 °C – 20 °C = 50 °C

Lembrando que: m = 500 g


Sabe-se que a capacidade térmica é dada pela razão en-
Q = C · Du tre o calor recebido e a variação de temperatura:

Q 4000 cal
É possível escrever a seguinte relação: C = ___
​​  ​​ = ______
​​  ​​ cal ​​
 ​​ = 80 ___
∆θ 50 ºC °C

Q = m · c · Du O calor específico sensível, por sua vez, é dado pela razão


entre a capacidade térmica e a massa:
Seguem algumas observações importantes a respeito da
cal ​
80 ​ ___
capacidade térmica e do calor específico sensível: C ºC
__
c=m _____
​​   ​​ = ​​  ​​  cal  ​​
 ​​ = 0,16 ___
500 g gºC
§ A capacidade térmica de um sistema composto é equi-
valente à soma das capacidades térmicas individuais Alternativa B
dos componentes do sistema.
2. (Mackenzie) Em uma manhã de céu azul, um banhista
§ O calor específico de uma substância depende do esta- na praia observa que a areia está muito quente e a água
do físico em que ela se encontra. do mar está muito fria. À noite, esse mesmo banhista ob-
§ A capacidade térmica é uma característica de um cor- serva que a areia da praia está fria e a água do mar está
po, enquanto o calor específico sensível é uma caracte- morna. O fenômeno observado deve-se ao fato de que:
rística de uma substância. a) a densidade da água do mar é menor que a da areia.
b) o calor específico da areia é menor que o calor
1.3. Convenção de sinais específico da água.
c) o coeficiente de dilatação térmica da água é maior
De acordo com as equações anteriores, pode-se inferir que: que o coeficiente de dilatação térmica da areia.
d) o calor contido na areia, à noite, propaga-se para
§ Se um corpo recebe calor (entrada de calor no corpo), Q
a água do mar.
terá valor positivo, e a variação de temperatura será positiva.
e) a agitação da água do mar retarda seu resfriamento.
§ Se um corpo perde calor (saída de calor do corpo), Q terá
valor negativo, e a variação de temperatura será negativa. Resolução:
 VOLUME 1

O nome da unidade caloria vem de uma teoria abando- O calor específico sensível da água é muito maior que o da
nada. A teoria calórica propunha a existência do fluido areia. Enquanto que cágua = 1 cal/g°C e o careia = 0,12 cal/g°C.
calórico que escorria de um corpo para outro, diminuindo Isso significa que, para quantidades de massas iguais que
a temperatura do primeiro e aumentando a do segundo. receberam a mesma quantidade de calor, a variação de

82  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


temperatura é maior no caso da areia. Dito isso, segue o Utiliza-se um termômetro para monitorar a temperatura
problema: devido ao calor específico sensível da água ser do interior. Assim, obtém-se um equipamento que recebe o
maior, durante o dia a temperatura da água varia menos; nome de calorímetro.
dessa forma, a temperatura final da água será menor que Além do termômetro, são necessários um agitador e um
a da areia, que, devido ao menor calor específico sensível, aquecedor caso se deseje interferir mecânica ou termica-
teve uma maior variação de temperatura, acarretando uma mente no conteúdo no recipiente.
maior temperatura final. Assim, durante o dia, a água está Quando os corpos são colocados no calorímetro, eles trocam
fria, e a areia, quente. calor apenas entre si. Pelo princípio da conservação da ener-
À noite, ocorre o resfriamento tanto da areia quanto da gia, todo calor cedido por um dos corpos será absorvido por
água; porém, devido ao menor calor específico sensível, a outro dentro do calorímetro. Assim, a equação de transferên-
areia sofre uma maior variação de temperatura e, assim, cia de calor para os corpos no interior no calorímetro é dada
sua temperatura final será menor que a da água, que, por por uma soma das quantidades de calor igualada à zero,
ter o calor específico sensível maior, possui uma menor uma vez que toda a transferência de calor só ocorre entre os
variação de temperatura; logo, sua temperatura final será corpos em seu interior.
maior. Dessa forma, fica explicado porque, à noite, a água
está morna, enquanto a areia está fria.
Alternativa B
Matematicamente:
3. Um amolador de facas, ao operar um esmeril, é atin-
gido por fagulhas incandescentes, mas não se queima. Qrecebido = –Qcedido
Isso acontece porque as fagulhas:
a) têm calor específico muito grande.
b) têm temperatura muito baixa. Qrecebido + Qcedido = 0
c) têm capacidade térmica muito pequena.
d) estão em mudança de estado.
e) não transportam energia.
Resolução:
Apesar de as fagulhas possuírem altas temperaturas, devido Aplicação do conteúdo
a sua pequena constituição, possuem pouca massa e, con- 1. Dentro de um calorímetro, cuja capacidade térmica é
sequentemente, uma capacidade térmica muito pequena. desprezível, colocou-se um bloco de chumbo com 4 kg,
Como o calor é proporcional à capacidade térmica, o calor a uma temperatura de 80 °C. O calorímetro contém 8 kg
trocado entre o amolador e as fagulhas é muito pequeno. de água a uma temperatura de 30 °C. Considerando
cchumbo = 0,0306 cal/g.°C e cágua =1 cal/g°C, determine a
Alternativa C temperatura final do sistema.
Resolução:
1.4. Sistema termicamente isolado Para sistemas de trocas de calor, segue que:
Qágua + Qchumbo = 0
mágua cágua ∆θágua + mchumbo cchumbo∆θchumbo = 0
1 cal
8000 g · ​ ​____​​ · (θ – 30 ºC)
gºC
0,0306 cal
+ 4000 g ​ ​________​​ (θ – 80 ºC) = 0
gºC
θ ≈ 30,7 ºC
Assim, a temperatura final do sistema é de aproximada-
mente 30,7 °C.
Afirma-se que um sistema está termicamente isolado quando
1.5. Calorímetro real
 VOLUME 1

as partes do sistema (os corpos) trocam calor apenas entre si,


mas não com o exterior do sistema. Para conseguir esse cená- Um calorímetro real consegue impedir com eficácia a troca
rio, é necessário o uso de um recipiente que isole seu conteúdo de calor entre os corpos em seu interior e o meio externo.
termicamente do meio externo. Esse recipiente tem paredes No entanto, participará das trocas tendo como referência a
isolantes térmicas, denominadas paredes adiabáticas. própria capacidade térmica.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  83


Nesses casos, é preciso considerar o calor trocado entre os É comum que se utilize como unidade da potência caloria
corpos e o calorímetro. por segundo, cal/s. No SI, a unidade da potência é J/s, de-
Se o problema fornecer a capacidade térmica do calorí- nominado watt, representado pelo símbolo W.
metro, use:
Qcalorímetro = Ccalorímetro · Du Aplicação do conteúdo
1. Deseja-se aquecer 1,0 L de água que se encontra ini-
Certos problemas também podem fornecer o equiva- cialmente à temperatura de 10 ºC até atingir 100 ºC sob
lente em água do calorímetro. Equivalente em água pressão normal, em 10 minutos, usando a queima de
corresponde à massa de água, cuja capacidade térmica é carvão. Sabendo-se que o calor de combustão do car-
a mesma do calorímetro. Em outras palavras, com o valor vão é 6 000 cal/g e que 80% do calor liberado na sua
queima é perdido para o ambiente, a massa mínima de
do equivalente em água (E), é possível obter a capacidade
carvão consumida no processo, em gramas, e a potência
térmica do calorímetro da seguinte forma: média emitida pelo braseiro, em watts, são:
Ccalorímetro = E · cágua a) 15 e 600.
b) 75 e 600.
Por exemplo, se o equivalente em água de um calorímetro c) 15 e 3000.
é 25 g, e o calor específico da água é 4 J/g °C, então: d) 75 e 3000.
Ccalorímetro = E · cágua = 25 · 4 = 100 J/°C
Resolução:
1.6. Potência O calor necessário Qnec para aquecer a água será dado pelo
A definição de potência é dada pela razão entre a quanti- calor sensível:
dade de calor transferido da fonte para o corpo ou de um
Qnec = m ⋅ c ⋅ Δθ =
corpo para outro, pelo intervalo de tempo decorrido nesse
1000 g ⋅ 1 cal/g °C ⋅ (100 – 10) °C = 9 ⋅ 104 cal
processo. A relação matemática pode ser escrita assim:
Como somente 20% do calor fornecido pela combustão
Q do carvão Qforn representa o Qnec:
P = ___
​   ​ Q
Dt
Qforn = ___
​​  nec ​​ = 4,5 ⋅ 105 cal
0,2

VIVENCIANDO

No dia a dia, é comum as pessoas observarem as tabelas nutricionais que existem nos alimentos. Elas contêm o
equivalente mecânico em calorias e em joules que o alimento fornecerá àquele que o consumir.

POR PORÇÃO
ENERGIA GORDURA SATURADOS AÇUCARES SAL

Principalmente em dias frios, é comum as pessoas dizerem que “o frio não existe”, que ele é apenas uma questão
 VOLUME 1

psicológica. “Quente” ou “frio” são comparações realizadas entre a temperatura de um determinado objeto e a
nossa temperatura corporal. O calor, por sua vez, é a energia térmica em trânsito. Por isso, deve-se tomar cuidado
com o vocabulário e diferenciar o termo técnico, presente em um livro, do termo usado informalmente no cotidiano.

84  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Logo, a massa de carvão será dada pela razão entre a
quantidade total de calor emitida pela combustão e o calor
de combustão por grama de carvão.
4,5 ⋅ 105 cal
m = _________
​​​ ​​   ​​ ​​​ = 75 g
6000 cal/g
Para o cálculo da potência, devemos transformar as unida-
des para o Sistema Internacional:
Q 4,5 ∙ 105 cal ∙ 4 J/cal
P = ____
​​  forn ​​= ________________
  
  
​​   ​​ = 3000 W
Δt 10 min ∙ 60 s/min
Alternativa D

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  85


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21

Utilizar leis físicas e (ou) químicas para intterpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e
saber aplicá-los no cotidiano, tal qual diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas
do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção
tecnológica e das manifestações artísticas”.

MODELO 1

(Enem) Aquecedores solares usados em residências têm o objetivo de elevar a temperatura da água até
70 °C. No entanto, a temperatura ideal da água para um banho é de 30 °C. Por isso, deve-se misturar a água
aquecida com a água à temperatura ambiente de um outro reservatório, que se encontra a 25 °C.
Qual a razão entre a massa de água quente e a massa de água fria na mistura para um banho à temperatura ideal?
a) 0,111 b) 0,125 c) 0,357 d) 0,428 e) 0,833

ANÁLISE EXPOSITIVA

O Enem tem cobrado temas típicos dos principais vestibulares do país, entre eles a troca de calor entre
dois corpos. Nesse exercício, o estudante precisa dominar os conceitos básicos de calorimetria e saber
utilizar a fórmula.
Q1 + Q2 = 0 ⇒ mQ ∙ c ∙ (30 – 70) + mF ∙ c ∙ (30 – 25) = 0
___m 5​​   ​​ = 0,125
​​  Q = ___
mF ​​ 40

RESPOSTA Alternativa B

MODELO 2

(Enem) As altas temperaturas de combustão e o atrito entre suas peças móveis são alguns dos fatores que
provocam o aquecimento dos motores à combustão interna. Para evitar o superaquecimento e consequentes
danos a esses motores, foram desenvolvidos os atuais sistemas de refrigeração, em que um fluido arrefecedor
com propriedades especiais circula pelo interior do motor, absorvendo o calor que, ao passar pelo radiador, é
transferido para a atmosfera.
Qual propriedade o fluido arrefecedor deve possuir para cumprir seu objetivo com maior eficiência?
a) Alto calor específico
b) Alto calor latente de fusão
c) Baixa condutividade térmica
d) Baixa temperatura de ebulição
 VOLUME 1

e) Alto coeficiente de dilatação térmica

86  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse é um exercício típico do que é exigido pelo Enem. Nessa questão, é necessário que o aluno saiba
interpretar o problema e, principalmente, entender a propriedade do fluido que está relacionada a
esse problema.
Da expressão do calor específico sensível: Q = m ∙ c ∙ DU
O fluido arrefecedor deve receber calor e não sofrer sobreaquecimento. Para isso, de acordo com a
expressão acima, o fluido deve ter alto calor específico.

RESPOSTA Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS

TERMÔMETRO

TEMPERATURA

ESCALAS VARIAÇÃO DE
TERMOMÉTRICAS TEMPERATURA

• KELVIN (ZERO ABSOLUTO)


• CELSIUS
• FAHRENHEIT CALOR SENSÍVEL

• NÃO ALTERA O
ESTADO FÍSICO
• POTÊNCIA

CALOR
MASSA
ESPECÍFICO

CAPACIDADE
 VOLUME 1

TÉRMICA

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  87


o líquido é chamado de condensação ou liquefação, e passar
MUDANÇAS do estado líquido para o sólido é chamado de solidificação.
DE ESTADO Quando ocorre de a substância passar do estado sólido para
o gasoso, sem passar para o estado líquido, ou o oposto,

CN
passar do estado gasoso para o sólido, é chamado de subli-
mação. Todo processo endotérmico é aquele em que a subs-
COMPETÊNCIA(s) tância recebe calor, já no exotérmico ela cede calor.
5e6 Gasoso

AULAS HABILIDADE(s)
17 e 21

7E8

ão

Va

po
im

riz
Co liqu
bl

ão

nd efa


Su

(
en çã

ão
im

sa o)
bl

çã
Su

o
Fusão

Solidificação
Sólido Líquido

1. Estado físico da matéria


Em Física básica, são três os estados físicos da matéria: sólido,
líquido e gasoso. O estado sólido é aquele em que as molé-
culas estão mais fortemente ligadas e mais próximas, dando
ao corpo uma forma fixa. Já no estado líquido as moléculas
estão relativamente próximas e com uma força de atração
mediana, o corpo já não possui uma forma fixa; a substância multimídia: site
no estado líquido acaba por se adaptar ao formato do reci-
piente que a contém. Por último, no estado gasoso a subs-
educacao.globo.com/fisica/assunto/termica/mu-
tância, além de não ter forma fixa, acaba tendo uma grande
dancas-de-estado.html
variação em sua forma e volume. A força de atração entre as
moléculas é a menor entre os três casos citados. www.estudopratico.com.br/mudancas-de-estado-
-fisico-da-materia/
brasilescola.uol.com.br/quimica/graficos-mudan-
ca-estado-fisico.htm
pt.khanacademy.org/science/chemistry/states-of-
-matter-and-intermolecular-forces

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Condensação do vapor da água

Observação: em Física avançada existem mais outros dois es-


tados da matéria – o plasma e o condensado de Bose-Einstein.
multimídia: vídeo
 VOLUME 1

Cada processo de alteração de um estado físico para outro


Fonte: Youtube
recebe um nome que o identifica. Ao passar do estado sólido
IES: Fusão do gelo no ar e na água
para o líquido, acontece a fusão; do líquido para o gasoso,
acontece a vaporização. Já o oposto, passar do gasoso para

88  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


2. Calor latente de Assim, o calor necessário para efetuar a mudança de fase
de um corpo é diretamente proporcional à sua massa.
mudança de fase Logo, matematicamente:

O fornecimento de calor para um corpo pode evidenciar Q = mtransformada · L


muitas consequências, uma delas é a mudança de estado
físico. O calor fornecido é utilizado para alterar a organiza-
ção microscópica, ou seja, o estado de agregação das mo- § Unidades de L:
léculas, modificando apenas o valor da energia potencial,
mas não a energia cinética das moléculas. Usual: cal/g

A fusão dos sólidos de estrutura cristalina e a ebulição dos S.I.: J/kg


líquidos em geral obedecem a três leis básicas: O sinal de L está relacionado à absorção ou à liberação de
1. Para uma determinada pressão, cada substância possui calor pelo corpo:
uma temperatura de fusão e outra de ebulição. L > 0, quando ocorre absorção de calor.
2. Para uma mesma substância, as temperaturas de fusão L < 0, quando ocorre liberação de calor.
e de ebulição variam com a pressão.
Para a água, na pressão de 1 atm, os valores são:
3. Se, durante a fusão ou a ebulição de uma substância, a
pressão permanecer constante, sua temperatura também Lfusão 80 cal/g
permanecerá constante. Lsolidificação –80 cal/g
A quantidade de calor Q por unidade de massa m neces- Lvaporização 540 cal/g
sária para efetuar a transição de fase de uma substância é Lliquefação –540 cal/g
denominada de calor latente L.

Diagrama de aquecimento da água

Fusão

Recebe Q1 Recebe Q2 Recebe Q3 Recebe Q4 Recebe Q5

Calor Calor Calor Calor Calor


sensível latente sensível latente sensível
Gelo Gelo Água Água Vapor Vapor
-20°C 0°C 0°C 100°C 100°C 120°C

Vaporização (ebulição)

Diagrama de resfriamento da água


 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  89


No gráfico, temos líquido quando começa a fusão até o término da
Aplicação do conteúdo vaporização, ou seja, corresponde aos pontos II, III e IV.

1. Podemos estimar quanto é o dano de uma queima- Alternativa C


dura por vapor da seguinte maneira: considere que 3. (IFSul) Sendo:
0,60 g de vapor condense sobre a pele de uma pessoa.
§ o calor específico da água líquida igual a 1 cal/g °C;
Suponha que todo o calor latente é absorvido por uma
§ o calor específico do gelo igual a 0,5 cal/g °C;
massa de 5,0 g de pele. Considere que o calor especí-
fico da pele é igual ao da água. Considere o calor la- § o calor específico do vapor de água igual a
tente de vaporização da água como Lv = (1000/3) cal/g. 0,5 cal/g °C;
Calcule o aumento de temperatura da pele devido à § o calor latente de fusão do gelo igual a 80 cal/g;
absorção do calor, em ºC. § o calor latente de solidificação da água igual a
–80 cal/g;
a) 0,60 d) 80
§ o calor latente de vaporização da água igual a
b) 20 e) 333 540 cal/g;
c) 40 § o calor latente de condensação do vapor de água
Resolução: igual a –540 cal/g.
Usando os dados acima, a fase e a temperatura de
A quantidade de calor trocada pelo vapor para condensar é igual 100 g de vapor de água, inicialmente a 130 °C quando
ao calor sensível responsável por aumentar a temperatura da pele.
cede 75000 cal serão, respectivamente:
Qlatente = Qsensível
a) sólida e –30 ºC.
mv ∙ Lv = mp ∙ c . ∆θ b) líquida e 30 ºC.
Isolando a variação de temperatura e substituindo os valores for- c) sólida e –67 ºC.
necidos no enunciado: d) líquida e 67 ºC.
∆θ = [0,6 g ∙ (1000/3) cal/g]/(5 g ∙ 1 cal/g °C) Resolução:
∆θ = 40 °C Calculemos a quantidade de calor cedida em cada uma das eta-
Alternativa C pas. O sinal (–) significa calor cedido.
2. A mudança do estado físico de determinada substân- § Resfriamento do vapor de 130 °C a 100 °C
cia pode ser avaliada em função da variação da tempe- Q1 = m ⋅ cv ⋅ ∆θ = 100 ⋅ 0,5 ⋅ (100 – 130) = –1500 cal
ratura em relação ao tempo, conforme o gráfico a seguir.
Considere que o composto encontra-se no estado sólido. § Condensação do vapor
Q2 = m ⋅ LC = 100 (–540) = –54000 cal
§ Resfriamento da água de 100 °C a 0 °C
Q3 = m ⋅ c ⋅ ∆θ = 100 ⋅ 1 ⋅ (0 – 100) = –10000 cal
§ Congelamento da água
Q4 = m ⋅ Ls = 100 ⋅ (–80) = –8000 cal
A quantidade de calor cedida até essa última etapa é:
Q = Q1 + Q2 + Q3 + Q4 = –73500 cal
O restante da quantidade de calor cedida é para resfriar o gelo
No gráfico, encontra-se a substância no estado líquido até a temperatura:
nos pontos: Q5 = –75000 – (–73500) = –1500 cal
Q5 = m ⋅ cg ∆θ → –1500 = 100 ⋅ 0,5 ⋅ (θ – 0) → θ = –30 ºC
a) I, II e IV. c) II, III e IV.
b) III, IV e V. d) I, III e V. Portanto, o gelo (fase sólida) estará à temperatura final de
–30 ºC.
Resolução:
Ao ser submetida ao aquecimento de uma substância pura que
Alternativa A
esteja no estado sólido, teremos dois pontos em que a temperatu- 4. (UFF) Uma bola de ferro e uma bola de madeira, ambas
ra permanece constante à pressão constante. Primeiramente, há o com a mesma massa e a mesma temperatura, são retira-
aquecimento do sólido até o momento em que alcançado o ponto das de um forno quente e colocadas sobre blocos de gelo.
de fusão, no qual encontramos duas fases distintas (sólido e líquido)
sem que haja alteração da temperatura (região II do gráfico). Ao
 VOLUME 1

derreter todo o sólido, resta apenas o líquido, que, ao absorver mais


calor, aumenta sua temperatura até que a pressão de vapor atinja
a pressão atmosférica (região III), nesse ponto estamos diante de
mais uma mudança de fase (líquido para vapor) e a temperatura
permanece constante até que todo o líquido vaporize (região IV).

90  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Marque a opção que descreve o que acontece a seguir. Equacionando:
a) A bola de metal esfria mais rápido e derrete mais gelo. Q = Qgelo + Qfusão + Qágua + Qvaporização ⇒
b) A bola de madeira esfria mais rápido e derrete ⇒ Q = m cgelo ∆θgelo + m Lfusão + m cágua ∆θágua + m Lvap ⇒
menos gelo. Q = 100 (0,5) [0 – (–10)] + 100 (80) + 100 (1) (100 – 0) + 100
c) A bola de metal esfria mais rápido e derrete menos gelo. (540) ⇒
d) A bola de metal esfria mais rápido e ambas derretem
Q = 500 + 8000 + 10000 + 54000 = 72500 cal
a mesma quantidade de gelo.
e) Ambas levam o mesmo tempo para esfriar e derretem Transformando em joules:
a mesma quantidade de gelo. Q = 72 ∙ 500 (4,2) = 304 ∙ 500 J
Calculando a potência:
Resolução: Q 304500
P = ___
​​   ​​ = _______
​​   ​​ = 1015 W
As quantidades de calor sensível liberadas por cada uma das bo- ∆t 300
las são transferidas para os blocos de gelos. Alternativa C
Como o ferro tem maior condutividade térmica que a madeira,
ele transfere calor mais rapidamente, sofrendo um resfriamento 6. (PUC) Dona Salina, moradora de uma cidade litorânea
mais rápido. paulista, resolve testar o funcionamento de seu recém-ad-
quirido aparelho de micro-ondas. Decide, então, vaporizar
A quantidade de calor sensível de cada esfera é igual, em módulo,
totalmente 1 litro de água inicialmente a 20 °C. Para tanto,
à quantidade de calor latente absorvida por cada bloco de gelo. o líquido é colocado em uma caneca de vidro, de pequena
|Qbola|= |Qgelo| espessura, e o aparelho é ligado por minutos. Considerando
que D. Salina obteve o resultado desejado e sabendo que o
m ∙ c ∙ |∆θ| = mgelo ∙ Lgelo valor do kWh é igual a R$ 0,28. Calcule o custo aproximado,
mgelo = ( m ∙ c ∙ |∆θ|) / Lgelo em reais, devido a esse procedimento. Despreze qualquer
tipo de perda e considere que toda a potência fornecida
Como as massas das bolas são iguais e as variações de tempe- pelo micro-ondas, supostamente constante, foi inteiramen-
ratura também, a massa de gelo fundida em cada caso é direta- te transferida para a água durante seu funcionamento.
mente proporcional ao calor específico do material que constitui
a) 0,50 d) 0,20
a bola. Assim, analisando a expressão, vemos que funde menor
quantidade de gelo a bola de material de menor calor específico, b) 0,40 e) 0,10
no caso, a de metal. c) 0,30

Alternativa C Resolução:
Q = Q1 + Q2
5. (PUC) Um cubo de gelo de massa 100 g e tempera-
tura inicial –10 °C é colocado no interior de um mi- Q = m · c · ∆θ + m · L
cro-ondas. Após 5 minutos de funcionamento, resta- Q = 1000 · 1 · (100 – 20) + 1000 · 540
va apenas vapor de água. Considerando que toda a Q = 620000 cal = 2604 kJ
energia foi totalmente absorvida pela massa de gelo Como 1 kWh = 3,6 ∙ 106 J
(desconsidere qualquer tipo de perda) e que o forneci-
Temos que Q = 0,72 kWh, dessa forma o custo C será de:
mento de energia foi constante, determine a potência
utilizada, em W. C = 0,28 ∙ 0,72 = R$ 0,20 aproximadamente.
Pressão local = 1 atm Alternativa D
Calor específico do gelo = 0,5 cal∙g–1 ∙ ºC–1
Calor específico da água líquida = 1,0 cal ∙ g–1 ∙ ºC–1
Calor latente de fusão da água = 80 cal ∙ g–1
Calor de vaporização da água = 540 cal ∙ g–1
1 cal = 4,2 J
a) 1008
b) 896
c) 1015
multimídia: vídeo
d) 903
e) 1512 Fonte: Youtube
Calor específico e calor latente de fusão...
Resolução:
 VOLUME 1

A quantidade de calor total é igual ao calor sensível do


gelo de –10 °C até 0 °C, mais o calor latente de fusão do
gelo, mais o calor sensível da água de 0 °C a 100 °C e mais
o calor de vaporização da água.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  91


2.1. Sobrefusão ou superfusão 2.2. Vaporização
Durante o resfriamento de um líquido, eventualmente, po- A passagem do estado líquido para o estado gasoso de
dem ser atingidas temperaturas abaixo da que corresponde uma substância é denominada vaporização, e pode ocorrer
à de solidificação da substância, e, ainda assim, a substância de três modos: ebulição, evaporação e calefação.
se mantém líquida. A ebulição é o processo de vaporização que acontece
quando a substância atinge uma determinada temperatu-
ra. Esse processo é turbulento.
A evaporação acontece em qualquer temperatura nos
líquidos, no entanto, especificamente na sua superfície
livre. A água líquida, por exemplo, quando colocada em
um prato, desaparece após determinado tempo, ou seja, a
água é vaporizada (transforma-se em vapor) e misturada
Na sobrefusão (ou superfusão), uma substância encontra-se no estado
líquido com temperatura abaixo da sua temperatura de solidificação.
aos outros gases da atmosfera.
A calefação é um processo rápido de vaporização e
ocorre quando o aumento de temperatura é brusco. Esse
processo acontece, por exemplo, ao colocarmos peque-
nas quantidades de água em uma frigideira bem quente.
A vaporização da água, nesse caso, é bastante rápida,
quase instantânea.

2.3. Evaporação
O processo de evaporação ocorre na superfície livre do lí-
quido, onde as moléculas têm diferentes energias: algumas
estão mais agitadas e outras menos. Ao colidirem umas
com as outras, as partículas mais agitadas perdem parte
de sua energia para as partículas menos agitadas. Desse
modo, a energia cinética das moléculas da superfície au-
O estado de equilíbrio da sobrefusão é metaestável, ou menta e, então, acabam por se libertar da superfície do
seja, existe equilíbrio aparentemente, porém ocorre a mu- líquido: evaporam.
dança muito lenta do estado físico da substância. A intro-
As moléculas que conseguiram se vaporizar obtiveram
dução de uma pequena porção sólida ou uma agitação
energia cinética das demais moléculas do líquido. Assim, as
perturba o fenômeno e provoca uma brusca solidificação,
moléculas restantes no líquido ficam com energia cinética
parcial ou total, do líquido. A temperatura aumenta e atin-
menor, e assim, a temperatura do líquido diminui.
ge o ponto de solidificação. Esse aumento de temperatura
ocorre porque a queda de energia potencial (característica Portanto, o processo de evaporação resfria o líquido rema-
da solidificação) é compensada pelo aumento da energia nescente.
cinética das moléculas. Os fatores listados a seguir influenciam na velocidade de
Vulgarmente, a perda de “calor erroneamente sensível” evaporação:
torna-se perda de calor “latente”. § Quanto maior a pressão atmosférica, menor será a
velocidade.
O estado de superaquecimento, isto é, quando a subs-
tância atinge temperaturas superiores à temperatura de § A atmosfera, pressionando a superfície do líquido, difi-
ebulição sem que ocorra a ebulição, pode ocorrer ao se culta a vaporização.
aquecer uma substância no forno micro-ondas. Se o aque- § Quanto mais o líquido for volátil, maior será a velo-
cimento é feito por uma chama, existem correntes de con- cidade.
vecção no sistema e essas perturbam suficientemente o § Como a área livre é maior, mais moléculas estão nes-
sistema, fervendo a substância quando a temperatura de sa superfície, o que aumenta a probabilidade de haver
 VOLUME 1

ebulição for atingida. moléculas “escapando” da superfície do líquido.


O superaquecimento também é um estado metaestável. § Quanto maior for a temperatura do líquido, maior a
Desse modo, qualquer perturbação no sistema diminui seu velocidade.
estado de energia potencial.

92  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


§ As moléculas, com temperatura maior, e, portanto, mais 3.1. Pressão e estado físico
agitadas, têm maior velocidade e, consequentemente,
Para determinada pressão, a temperatura dos sólidos é
maior facilidade de “escapar”.
menor do que dos líquidos, e a temperatura desses, por
§ Quanto mais úmido estiver o ar (maior a pressão par- sua vez, é menor do que a dos gases. Isso ocorre devido ao
cial do vapor), menor será a velocidade. aumento da agitação das moléculas (aumento da energia
Com o ar mais úmido, poderá ocorrer de as moléculas de cinética de translação). O movimento é tal que a interação
vapor presentes no ar aderirem à superfície do líquido, con- entre as moléculas impede que se mantenham agregadas.
densando-se. Por outro lado, o estado de agregação das moléculas pode
ser modificado alterando-se a pressão que é exercida pela
mevaporação vizinhança (geralmente a atmosfera) sobre a substância.
A · (F – f)
vevaporação = _______
​   ​= K_______
​  p  ​ Comprimindo uma massa gasosa, por exemplo, é possível
Dt e
aproximar as moléculas o suficiente para que elas se agre-
guem, mudando de fase para o estado líquido (e até sólido).
Vapor
Em que:
§ K representa a volatilidade do líquido.
§ A representa área da superfície livre do líquido.
§ pe representa a pressão externa a que o líquido está
submetido.
§ F representa a pressão máxima de vapor (que depende
da temperatura).
§ f representa a pressão parcial de vapor na atmosfera Vapor Líquido

(que caracteriza o grau de umidade).


3.2. Substâncias mais comuns
O comportamento normal do volume em função do estado
físico está resumido na figura abaixo.
Gasoso

Redução de temperatura
Aumento de pressão
mantendo a temperatura constante

mantendo a pressão constante


Líquido

Mais energéticas:
Moléculas evaporação
mais energéticas: Escapam do líquido(evaporação).
Líquido
Moléculas de vapor com pouca energia: voltam ao líquido.
Moléculas
Moléculascom
compouca
poucaenergia:
energia permanecem no líquido

3. Diagrama de fase Sólido


O estado de agregação das moléculas de uma substância é
representado por sua fase ou por seu estado físico. Como observamos na figura anterior, para a maior parte
No estado sólido, as moléculas encontram-se tão agre- das substâncias, na passagem do estado gasoso para o
gadas que não têm a possibilidade de se moverem umas líquido e do líquido para o sólido, ocorre a redução do vo-
pelas outras. lume. Observe, portanto, que é possível fazer essa transição
de fase reduzindo a temperatura ou aumentando a pressão
No estado líquido, existe alguma mobilidade das mo-
exercida sobre a substância.
léculas, o que faz com que uma substância nesse es-
tado não tenha um forma definida. Entretanto, a inte- Conclui-se, assim, que o estado físico de uma substância
não é determinado apenas pela temperatura, mas também
ração é suficiente para que as moléculas ocupem um
volume bem definido, sendo, como nos sólidos, difícil pela pressão.
 VOLUME 1

comprimi-las.
No estado gasoso, as substâncias não têm nem forma
nem volume definido, ou seja, é relativamente fácil com-
primir um gás.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  93


VIVENCIANDO

A água é uma substância que tem constantemente seu estado físico alterado e é de suma importância para a manu-
tenção da vida no planeta. O ciclo da água é fundamental para o reabastecimento de água em rios, lagos e nascentes
e influencia o clima em todas as partes do globo.

O diagrama de fase é um gráfico que relaciona as fases Observando o diagrama de fases, é possível concluir que:
da substância com a pressão e temperatura. Cada ponto no § aumentando a pressão, o ponto de fusão aumenta (a
gráfico corresponde a uma combinação de pressão e tem- curva de fusão é crescente);
peratura bem definida, determinando a fase da substância. § aumentando a pressão, o ponto de ebulição aumenta
As linhas no diagrama de fase dividem as fases e indicam (a curva de ebulição é crescente).
valores de pressão e temperatura, nas quais diferentes fa-
ses podem coexistir. 3.3. Comportamento da água e do bismuto
A água e o bismuto, ao passarem do estado líquido para
Para a maioria das substâncias, as linhas de fusão, vaporiza-
o estado sólido, ao contrário das demais substâncias, au-
ção e sublimação têm inclinação positiva e a temperatura de
mentam de volume.
mudança de estado aumenta com o aumento da pressão.
Gasoso

Observe, a seguir, o diagrama de fases do dióxido de carbono:

Líquido

Sólido

Esse comportamento da água ocorre porque, ao se soli-


dificar, as ligações entre as moléculas, que são pontes de
hidrogênio, formam cristais, cuja geometria afasta as molé-
culas. A figura abaixo ilustra a estrutura da água no estado
líquido e no estado sólido.
 VOLUME 1

94  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Observando o diagrama de fases da água, é possível perce- turas TA ºC, na caldeira com água para o café, e TB ºC,
ber que a curva de fusão é decrescente. Assim, a tempera- na caldeira destinada a produzir vapor d’água para
tura de fusão diminui com o aumento da pressão. Portanto, aquecer leite. Assuma que a temperatura do café na
é possível derreter o gelo em uma temperatura menor caso xícara, TC ºC, não deve ultrapassar o ponto de ebu-
ele esteja em uma pressão maior. lição da água e que não há perdas térmicas, ou seja,
TC = TA. Considerando o diagrama de fases no gráfico
acima, quanto vale, aproximadamente, o menor valor,
em kelvins, da diferença TB – TA?
Dado: 1,0 atm = 0,1 MPa
a) 180 d) 30
b) 130 e) Zero
c) 80
Resolução:
Do enunciado, sabe-se que existem duas caldeiras, com tempe-
raturas TA e TB e que ambas se encontram à pressão constante de
1 MPa. Ainda do enunciado, a caldeira A é destinada para a água
do café, e a B, para o vapor d’água para aquecer o leite.
A temperatura do café na xícara é TC e TC = TA.
No processo de fazer o café ou do vapor, quando a caldeira libe-
rar o líquido contido nelas, a pressão sofrerá uma redução brusca
para o valor de 1 atm (0,1 Mpa).
Com base nisso, é possível concluir que:
1. Para que a água na xícara não seja vaporizada na produção do
café, a temperatura TA deve ser de 100 °C, uma vez que, depois
da redução de pressão, esta estaria no limite da vaporização da
água na pressão de 1 atm.
2. Para que o líquido já saia da caldeira B como um gás,
TB = 180 °C, ou seja, a caldeira B terá seu ponto de operação
Observando o diagrama de fases acima, é possível concluir que: de 1 atm e 180 °C em cima da curva de vaporização do líquido.
§ aumentando a pressão, o ponto de fusão diminui (a Dessa forma, pode concluir-se que a diferença de temperatura
entre TA e TB é de 80 °C. Como a variação de temperatura em
curva de fusão é decrescente);
graus Celsius é igual à variação de temperatura em kelvin, logo a
§ aumentando a pressão, o ponto de ebulição aumenta variação em kelvin é também igual a 80 K.
(a curva de ebulição é crescente). Alternativa C
2. (IFSUL) A panela de pressão permite que o cozi-
mento dos alimentos ocorra mais rapidamente que
Aplicação do conteúdo em panelas comuns.
1. (Esc. Naval) Observe o gráfico a seguir. Se, depois de iniciada a saída de vapor pela válvula,
baixarmos o fogo para economizar gás, o tempo gas-
to no cozimento:
a) aumenta, pois a temperatura diminui dentro da panela.
b) diminui, pois a temperatura aumenta dentro da panela.
c) aumenta, pois diminui a formação de vapor dentro da
panela.
d) não varia, pois a temperatura dentro da panela perma-
nece constante.

Resolução:
Durante a mudança de fase de uma substância pura e cristalina,
a temperatura permanece constante e depende somente da pres-
 VOLUME 1

são. O aumento de pressão aumenta a temperatura do ponto de


Uma máquina de café expresso possui duas peque- ebulição da água. Atingida a ebulição, basta mantê-la que a tem-
nas caldeiras mantidas sob uma pressão de 1,0 MPa. peratura não se altera, não variando o tempo de cozimento. Em
Duas resistências elétricas aquecem separadamen- fogo alto a fervura é mais violenta, mas a temperatura é a mesma.
te a água no interior das caldeiras até as tempera- Alternativa D

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  95


3.4. Regelo da água aumento da pressão, não é possível forçar as moléculas a
se agregarem, ou seja, não é possível mudar o estado físico
Devido à geometria de seus cristais, o volume da água au- da substância.
menta quando se solidifica. Desse modo, o aumento de
pressão sobre o gelo (água sólida) “quebra” os cristais, Abaixo da temperatura crítica, o estado gasoso é denomi-
tornando-a líquida. O efeito contrário, ou seja, a redução nado vapor, e, acima dessa temperatura, é denominado gás.
da pressão, pode reverter o processo e provocar o regelo.
Derretendo de
Congelamento baixo do arame

Vapor
sobre o arame

Líquido
Líquido

Pesos

Do mesmo modo, um patinador ao usar patins aumenta a pressão O “gás” de cozinha é, na verdade, “vapor” de cozinha, pois
sobre a superfície do gelo, tornando o deslizar mais fácil. coexiste com o estado líquido.
A figura anterior exemplifica o experimento de Tyndall que
demonstra o derretimento do gelo devido à pressão aplicada
sobre ele por um arame preso a dois pesos. O regelo da água
ocorre acima do arame assim que o arame desce. Dessa ma-
neira, o arame atravessa o bloco, que permanece inteiro.

Aplicação do conteúdo
1. (IFSUL) Quando um patinador desliza sobre o gelo, o
seu movimento é facilitado porque, enquanto ele anda,
o gelo transforma-se em água líquida, o que faz com 3.6. Sublimação
que diminua o atrito entre os patins e o gelo. A sublimação de uma substância ocorre quando existe a
Se o gelo encontra-se a uma temperatura inferior a 0°, mudança direta do estado sólido para o estado gasoso.
por que a água líquida é formada pela passagem do
Esse processo ocorre em temperaturas e pressões abaixo
patinador?
dos valores do ponto triplo. A região no diagrama de fases
a) A temperatura do gelo aumenta devido ao movimen-
em que ocorre sublimação é ilustrada na figura abaixo.
to relativo entre os patins e o gelo.
b) O aumento da pressão sobre o gelo imposta pela lâ-
mina dos patins diminui o ponto de fusão do gelo.
c) O aumento da pressão sobre o gelo imposta pela lâ-
mina dos patins aumenta o ponto de fusão do gelo.
d) A temperatura do gelo não varia devido ao movimen-
to relativo entre os patins e o gelo.
Resolução:
A temperatura de mudança de fase de uma substância depende
da pressão. Para a água, o aumento de pressão diminui o ponto
de fusão. No caso, o aumento de pressão devido aos patins di-
minui a temperatura de fusão do gelo, causando o derretimento.
Alternativa B

3.5. Estado gasoso e temperatura crítica


 VOLUME 1

O estado gasoso pode ser subdividido em dois tipos: vapor


e gás. Toda substância possui uma temperatura denomi-
nada temperatura crítica. Acima dessa temperatura, as
moléculas estão tão agitadas que, por maior que seja o

96  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usada nas ciências
físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem
simbólica.

A Física, a Química e a Biologia têm como finalidade entender e descrever a natureza e seus fenômenos. Uma
ferramenta essencial para a Física é a Matemática. Por muito tempo, a Física serviu como fonte de inspiração
para a Matemática. Com ela, foi possível explicar de maneira gráfica os fenômenos e até mesmo quantificá-los.

MODELO 1

(Enem) A Terra é cercada pelo vácuo espacial e, assim, ela só perde energia ao irradiá-la para o espaço. O
aquecimento global que se verifica hoje decorre de pequeno desequilíbrio energético, de cerca de 0,3%,
entre a energia que a Terra recebe do Sol e a energia irradiada a cada segundo, algo em torno de 1 W/m2.
Isso significa que a Terra acumula, anualmente, cerca de 1,6 × 1022 J. Considere que a energia necessária
para transformar 1 kg de gelo a 0 °C em água líquida seja igual a 3,2 × 105 J. Se toda a energia acumulada
anualmente fosse usada para derreter o gelo nos polos (a 0 °C), a quantidade de gelo derretida anualmente,
em trilhões de toneladas, estaria entre:
a) 20 e 40.
b) 40 e 60.
c) 60 e 80.
d) 80 e 100.
e) 100 e 120.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O aluno precisa saber interpretar o problema e identificar as informações relevantes ao problema. Além
disso, é necessário um conhecimento da fórmula de quantidade de calor latente e de transformação de
unidade.
Q = m ∙ L ⇒ 1,6 ∙ 1022 = m ∙ 3,2∙105 ⇒ m = 5 ∙ 1016 kg
m = 50 trilhões de toneladas

RESPOSTA Alternativa B
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  97


DIAGRAMA DE IDEIAS

CALOR TEMPERATURA
AQUECIMENTO LATENTE CONSTANTE

MUDANÇA DE
DIAGRAMAS
ESTADO

ESTADOS DA
RESFRIAMENTO MATÉRIA

SÓLIDO

LÍQUIDO

PROCESSO PROCESSO GASOSO


EXOTÉRMICO ENDOTÉRMICO

• SOLIDIFICAÇÃO • FUSÃO
• CONDENSAÇÃO • VAPORIZAÇÃO EVAPORAÇÃO
• SUBLIMAÇÃO • SUBLIMAÇÃO EBULIÇÃO
CALEFAÇÃO
 VOLUME 1

98  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ELETROSTÁTICA

LIVRO
TEÓRICO
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Analisando gráficos e conceitos teóricos O vestibular da Fuvest aborda com frequ-


na prática. ência questões que exigem manipulações
matemáticas entre diversos assuntos da
eletrostática.

O vestibular da Unicamp aborda, dentro O vestibular da Unifesp aborda com frequ- O vestibular da Unesp aborda com frequ-
do conteúdo de eletrostática, questões um ência questões teóricas e exige interpreta- ência questões teóricas e exige interpreta-
pouco mais objetivas do que teóricas. ções de gráficos. ções de gráficos.

Essa prova aborda o tema eletrostática Essa prova aborda o tema eletrostática O tema eletrostática é cobrado com ques- Essa prova aborda com frequência ques-
com questões que exigem interpretações com questões que exigem interpretações tões de manipulações de equações. tões teóricas e exige interpretações de
de figuras e manipulações de fórmulas de figuras e manipulações de fórmulas gráficos.
matemáticas. matemáticas.

O vestibular da UEL aborda com frequ- O tema eletrostática tem abordagem com Nessa prova, o tema eletrostática exige
ência questões objetivas de eletrostática questões mais teóricas. manipulação das equações e análise de
que exigem manipulação de equações figuras.
matemáticas.

Essa prova aborda questões teóricas e ob- O vestibular da Unigranrio aborda o tema Não há uma cobrança grande no tema
jetivas que exigem do aluno a manipulação eletrostática com questões que exigem in- eletrostática, porém, eventualmente, apa-
das formulas matemáticas dos principais terpretações de figuras e manipulações de recem questões que exigem análise de
temas (campo elétrico e potencial elétrico). fórmulas matemáticas. figuras e manipulação matemática.
 VOLUME 1

100  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Grandezas escalares Grandezas vetoriais
VETORES intensidade da
força de reação normal
corrente elétrica
resistência elétrica força elástica

CN
capacidade térmica força tensora
calor específico sensível força centrípeta
COMPETÊNCIA(s)
calor latente empuxo
5
fluxo magnético quantidade de movimento

AULAS HABILIDADE(s)
17
vazão momento

1E2
capacitância impulso

2. Vetor
Representam-se as grandezas físicas vetoriais por meio
de vetores. A notação de um vetor é dada por uma letra
(maiúscula ou minúscula) com uma pequena flecha para a
direita acima da mesma. Vetor é um ente matemático repre-
sentado por um segmento de reta orientado (flecha).

1. Grandezas escalares e vetoriais O


NO
N
NE

L
Uma grandeza escalar é caracterizada apenas pela sua SO

S
SE

intensidade, ou seja, o valor numérico, acompanha- r (reta suporte)

do de sua unidade de medida. O tempo, a massa e a



v ou v B (final ou extremidade: sentido)
“para onde”
temperatura de um corpo são exemplos de grandezas →
v (vetor v)
escalares. Já as grandezas vetoriais necessitam, além da θ (direção) linha
horizontal
intensidade, da informação quanto à sua direção e seu A (origem)

sentido. Ao dizer, por exemplo, que um carro se move a Resumo:


40 km/h, a informação sobre sua velocidade está incom-
pleta. A velocidade é uma grandeza vetorial e, portanto, é § sentido: é dado pela orientação do segmento (leste,
necessário informar a direção e o sentido de deslocamen- oeste, para cima, para baixo, direita, esquerda, etc).
to do carro. Nesse caso, poderia ser dito que o carro trafe-
§ direção: é dada pelo ângulo formado entre o vetor e o
ga na Rua da Consolação (direção) em sentido à Avenida
eixo horizontal (diagonal, horizontal e vertical).
Paulista (sentido).
Exemplos de grandezas escalares: § módulo ou intensidade: é dado pelo comprimento
do segmento orientado (nº + unidade).
Grandezas escalares Grandezas vetoriais
tempo velocidade
massa aceleração
temperatura deslocamento
trabalho posição
energia força elétrica
pressão campo elétrico multimídia: livro
potência força magnética Fonte: Youtube
potencial campo magnético Leonard Mlodonow - A janela de Euclides
 VOLUME 1

diferença de potencial força gravitacional Livro que aborda de maneira simples, divertida e curiosa
quantidade de mol campo gravitacional a evolução de conceitos-chave de geometria e o modo
que o homem compreende o espaço.
carga elétrica força-peso

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  101


CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Para a aplicação da noção de vetores, algumas ideias matemáticas são necessárias, utilizamos praticamente concei-
tos de geometria espacial e geometria analítica. Noções de ponto, reta, espaço, segmento orientado e as operações
entre os vetores são conceitos puramente matemáticos. É sempre importante lembrar que existe diferença nas ope-
rações entre grandezas escalares e operações entre grandezas vetoriais.
Da matemática de Euclides ficaram definidos os conceitos de ponto, reta, plano e segmento de reta. O ponto, “o
que não tem partes”, sendo um elemento desprovido de tamanho, sem dimensões, sem forma. A reta é definida
como um ente geométrico de apenas uma dimensão, de maneira simplista podemos dizer que uma reta é formada
por infinitos pontos “alinhados”; duas retas podem ser classificadas como paralelas, concorrentes, perpendiculares,
coincidentes ou ainda como reta tangente ou reta secante.

2.1. Vetor e suas características


O vetor pode ser representado por uma letra e um segmen-
to orientado (flecha) sobre a letra:
_​__›
a ​​
_​__›
b ​​ multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Lembrando que as três características de um vetor são: mó-
Física - Introdução a vetores e escalares - parte 1
dulo (ou intensidade), direção e sentido.
(Khan Academy)
Caso eles estejam sobre retas paralelas ou sobre a mesma
reta (denominada reta suporte), a direção de dois vetores Observações
são iguais. Como exemplo, suponha que as retas r e s, na​
§ Vetores paralelos: diz-se que dois ou mais vetores
__figura

​ ​___› a seguir, sejam paralelas. Desse modo, os os vetores​
​_​___› ​​___› ​_›_
c ​ e​ d ​ ​
​ têm direções diferentes, mas os vetores ​a  ​ ​ , b ​
​ e c​ são paralelos entre si, quando suas direções (inclina-
possuem a mesma direção. ções) forem idênticas, não importando os sentidos
​___› ​​___› dos mesmos.
Os vetores a  ​
​ e b ​ ​
​ , na figura a seguir, estão orientados
_​__› ​__ em
sentidos opostos,​​___ assim como os vetores b  ​ ​ e c ​

​ . Entre- § Vetor nulo: denomina-se vetor nulo a todo vetor cujo
› ​_›_ representante é um segmento de reta orientado, nulo,
tanto, os vetores a  ​
​ e c ​
​ têm sentidos iguais. Os sentidos de
dois vetores são iguais quando possuem a mesma direção e isto é, o início e o fim desse segmento de reta coinci-
estão orientados para o mesmo lado. dem. A representação do vetor nulo é um ponto ( . ).
Também pode ser representado​___› pelo número zero com
uma flecha acima do mesmo ( 0 ​).

§ Vetores simétricos ou opostos: quando dois ve-


tores possuem o mesmo módulo, a mesma direção,
porém sentidos opostos, diz-se que os mesmos são
 VOLUME 1

simétricos ou opostos entre si.


§ Vetores iguais: dois vetores são iguais se, e somen-
te se, tiverem o mesmo módulo, a mesma direção e o
mesmo sentido.

102  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


A intensidade, módulo ou norma de uma grandeza veto-
rial, é o módulo do valor numérico do vetor.
_​›_
v ​​ N
O L
S
_​›_
multimídia: vídeo |​v ​| = 80 km/h

Fonte: Youtube Se um objeto estiver em repouso, por exemplo, sua veloci-


_​__›
Física I - Aula 5 - Grandezas escalares e vetoriais dade será nula. Desse modo, o vetor nulo, denotado por 0​ ,
pode ser utilizado para representar essa grandeza. A dire-
ção e o sentido não são definidos para o vetor nulo. Uma
grandeza pode ter valor numérico igual a zero.
Aplicação do conteúdo O exemplo mais elementar de grandeza vetorial é o deslo-
1.Ao olhar a figura, você consegue definir os vetores que: camento vetorial.
(UFB adaptado) Suponha que uma partícula desloca-se do ponto P até o
ponto Q, seguindo a trajetória descrita pela figura.

P
Q

a) têm a mesma direção.


b) têm o mesmo sentido. _​__›
c) são iguais. d ​​

Resolução:
P
___
​ › ___
​›
a) Os vetores ​C ​e ​D ​___estão
___ em
__ uma direção oblíqua (in-
​› ​ › ​› O deslocamento vetorial
​___› realizado pela partícula é repre-
clinada), os vetores
___ ___ ​E ​, ​A ​e ​F ​estão na direção vertical, sentado pelo vetor d ​
​.
​› ​›
e os vetores ​B ​e ​G ​estão na horizontal. Que une o ponto inicial P (chamado origem do vetor) ao
​___› ​___›
b) Os vetores ​C ​e ​D ​estão no sentido nordeste e os ponto final Q (chamado extremidade do vetor).
​___› ​__›
vetores ​A ​e ​F ​estão no sentido norte.
c) Para que um vetor seja igual ao outro, as três carac- Aplicação do conteúdo
terísticas (módulo, direção e sentido) devem ser iguais.
___
​ › __
​› 1. (UEM) Na ilustração abaixo, um trabalhador puxa por
Observando o desenho, concluímos que os vetores A ​ ​ e F ​​ uma corda um carrinho que se desloca em linha reta.
são iguais, pois compartilham de um​___módulo
› ​___›
2u, direção O puxão da corda efetuado pelo trabalhador pode ser
vertical e sentido norte. Os vetores
__ C ​
​ e D ​
​ também são descrito como uma força que:
iguais por terem módulo 2 √ ​ 2 ​u, uma direção oblíqua e a) possui somente magnitude.
sentido nordeste. b) possui somente direção.
O módulo de um vetor, graficamente, é proporcional ao seu c) possui direção e magnitude.
comprimento. Suponha, por exemplo, que um automóvel d) não possui nem direção nem magnitude.
e) realiza um torque.
esteja se deslocando com velocidade escalar de 80 km/h
em sentido norte. Na figura, a flecha _(apontando para o
​_›
norte) representa o vetor__velocidade ​v do automóvel; o
 VOLUME 1

​›
módulo desse vetor será  v ​  ​= 80 km/h. É importante des-
tacar que todo vetor que possuir mesma direção, mesmo
sentido e mesma intensidade, representando, portanto, a
mesma grandeza, representa uma classe de equipotência.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  103


Resolução:
Como surgiu o vetor
Um vetor força com um módulo (magnitude), uma direção
e um sentido, caracteriza o puxão da corda. Nesse caso, a O conceito formal de vetores é trabalho de alguns ma-
direção é oblíqua (inclinada) e o sentido é nordeste, porém temáticos e físicos que estudavam os números comple-
o sentido não é citado. xos, entre eles podemos destacar Willian Rowan Ha-
milton (1805-1865), Josian Willard Gibbs (1839-1903)
Alternativa C
e Carl Friedrich Gauss (1777-1855). Porém, conceitos
mais intuitivos remontam a Herão de Alexandria (século
I) e Aristóteles (385-322 a.C.)

VIVENCIANDO

Apesar de algumas pessoas pensarem que a utilização de conceitos vetoriais está restrita aos campos da Física e da
Matemática, elas o fazem sem perceber. Atualmente, muitas pessoas utilizam GPS para se localizar ou localizar um
destino. Só no fato de localizar um ponto em relação a um referencial já temos um vetor, mas quando localizamos um
destino e seguimos os passos designados pelo GPS, cada passo trata-se de um vetor, e, a cada instrução realizada,
estamos compondo uma soma vetorial pela regra do polígono.
Se nos dias atuais pequenos deslocamentos nas cidades se dão através da utilização de aplicativos de localização
como o WAZE, é possível imaginar a necessidade e a importância da localização em mapas cartográficos, cartas de
navegação e a revolução que foi a organização utilizando latitude e longitude.

2.2. Soma de vetores


As grandezas vetoriais podem ser somadas (ou adiciona­ P
das). Por exemplo, ao efetuar a soma de 1 kg de tomates
com mais 2 kg de tomates, o resultado sempre será 3 kg M
de tomates. ___
​›
 VOLUME 1

___​› b​ ​
Para somarmos vetores, no entanto, outra abordagem é a​ ​
necessária. Acompanhe
​___›
a seguir, uma partícula que efetua
N
​​___› do ponto M ao ponto N e, em seguida,
um deslocamento a ​
um deslocamento b ​ ​ do ponto N ao ponto P.

104  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


_​__› _​__›
P a ​​
___​› b ​​
s​ ​
M
___
​›
___​› b​ ​
a​ ​
N

O deslocamento final da partícula, que se moveu do ponto _​__› _​__›


​_›_ a ​​
M ao ponto P, é indicado na figura pelo vetor s​ . Desse modo, b ​​
os dois deslocamentos anteriores​_podem ser substituídos por
›_
um deslocamento único,
_​__› ​___› o vetor s ​
​ . Esse vetor é a soma (ou _​›_
resultante) de a ​
​ e b ​
​ , e indicamos: s ​​

_​›_ ​___› ​___›


​ = a ​
s ​ ​ + b ​

_​›_ _​__› _​__›
s ​
​ = a ​
​ + b ​​
​___›
Ou: pode-se desenhar
_​__› um vetor igual a a ​
​ , a partir da ex-
tremidade de b ​
​.
_​›_ _​__›
O vetor s ​
​ é a soma
_​__› dos vetores, ligamos a origem de b ​
​ à
extremidade de a ​
​.

_​__›
multimídia: vídeo a ​​

Fonte: Youtube
​___›
Khan Academy: Módulo do vetor soma b ​​

2.2.1. Polígono e sua regra


​___› _​__›
Para somar dois vetores quaisquer (não nulos), a ​
​ e b ​
​:
_​__›
Desenhamos um vetor igual a b ​​ (mesmo módulo, mesma
direção
​___›
e mesmo sentido) a partir da extremidade do
vetor a ​
​.
​___› ​___› _​›_ ​___›
A soma de a ​
​ e b ​
​ , o​___› vetor s ​
​ , é obtida ligando a origem de a ​​ ​___› _​›_
à extremidade de b ​ ​. b ​​ s ​​ _​__›
a ​​

_​__› ​___› _​__›


a ​​ b ​​ a ​​

​___›
b ​​ A propriedade comutativa na adição de vetores apresenta:
​___› ​___›
 VOLUME 1

​___› ​___›
​ + b ​
a ​ ​ = b ​
​ + a ​

Em caso de um dos vetores ser nulo:


_​__› ​___› ​___› _​__› _​__›
​ + 0 ​
a ​ ​ = 0 ​
​ + a ​
​ = a ​

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  105


Preste atenção:
​__ ​___ _​__›
​ ​+ ​b ​ 
​ ​
› ›
​ ​s ​  ​< ​a ​ 
_​›_ ​___› _​__›
O módulo de s ​
​ é menor que a soma dos módulos de a ​
​ e b ​
​.
_​›_
Portanto, o módulo de_​__ s ​
​ ​_será
__› obrigatoriamente igual à

soma dos módulos de a ​
​___› _​__›
​ e b ​
​ , somente no caso em que os
vetores a ​
​ e b ​
​ tenham direção e sentido iguais.

Aplicação do conteúdo
_​_› ​
1.
__› Determinar o módulo da resultante dos vetores ​x ​ e​
y . Cada quadradinho mede uma unidade.

_​›_
x ​​
_​›_
y ​​

A regra do polígono pode ser aplicada para qualquer quanti-


dade de vetores, basta adicionar a origem de um vetor à extre-
Resolução: midade do vetor anterior e, por fim, traçar o vetor resultante.
_​›_
O módulo de s ​é obtido aplicando o teorema de Pitágoras
ao triângulo retângulo sombreado na figura: 2.2.2. Paralelogramo e sua regra
_​›_ _​›_
Considere os vetores x ​
​ e y ​
​ representados na figura.
_​›_
x ​​ _​›_
x ​​
_​›_
y ​​
_​›_
_​›_ y ​​
s ​​
3 _​›_ _​›_
Desenhe vetores iguais a x ​
​ e y ​
​ a partir de uma mesma
origem P.
4 A seguir, ​_o_ segmento MQ​
​XXX paralelo a PN​
​XXX a partir da extremi-

dade de x ​​ (ponto M), e o segmento NQ​ ​XXX paralelo a PM​
​XXX, de
_​_
​s ​ ​› 2​ = 32 + 42 = 9 + 16 = 25 modo a obter o paralelogramo PMQN.
​_›_ ​__ ___ ​__ _​›_ _​›_ _​›_
​s ​ ​ 2​ = 25 ä ​s ​ ​› ​= √​ 25 ​ ä ​s ​ ​› ​= 5 unidades Assim temos o vetor s ​ ​ e y ​​ , unindo P a Q:
​ , que é a soma de x ​
M M M
Para fazer a soma de três ou mais vetores, basta aplicar _​›_
x ​​
_​›_
x ​​
_​›_
x ​​ _​›_
P P Q P s ​​ Q
esse mesmo processo.
​___› _​__› ​_›_
_​›_ _​›_
y ​​ y ​​
A seguir, estão representados os vetores a ​
​ ​_,_ b ​
​ e c ​
​ . Para ob- N N N


ter a soma dos três vetores, isto é, o vetor s ​
​ , tal que:
A seguinte relação pode ser usada para calcular o módulo
_​›_ ​___› ​___› _​›_ da soma de dois vetores quaisquer.
​s ​= a ​
​ + b ​
​ + c ​

_​__› _​__›
a ​​ a ​​
 VOLUME 1

​___›
_​›_
Desenhamos um vetor igual ao vetor b ​ ​ ​ a partir
​___›
da extre- θ θ s ​​
_​__›
midade de a​​ , e a ​_partir da extremidade de b ​  ​​​ desenhamos​___
›_ › ​___› ​___›
um vetor igual a c ​​​​_​,_ como na figura. Unindo
_​›_ a origem de a ​​​​ b ​​ b ​​

à extremidade de c ​ ​​​ , obtemos o vetor s ​​​​ .

106  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


___
a) Fr = √
​ __
19 ​ N
​__ ​___ ​___› ​___ ​___›
​ ​² + ​b ​ 
​s ​ ​› ​² = ​a ​  ​ ​² + 2 · ​a ​ 
​ ​· ​b ​ 
​ ​· cos u
› ›
b) Fr = √
​ 8 ​ N
___
c) Fr = √
​ 34 ​ N
___
A regra do paralelogramo é uma prática comum na soma d) Fr = √
​ 49 ​ N
__
de vetores. e) Fr = √
​ 2 ​ N

Aplicação do conteúdo Resolução:


​___›
1. (Unesp - adaptado) Em escala, temos duas forças ​​​a ​ ​ e​​ Alternativa A
___

b  ​, atuando num mesmo ponto material P. O ângulo de 120° está no segundo quadrante, onde o cos-
seno é negativo. O valor de cos(120°) é –0,5.
Aplicando a regra do paralelogramo, temos
a
(Fr)² = (3)² + (5)² + 2 · 3 · 5 · cos(120°) ⇔
P
⇔ (Fr)² = 9 + 25 + 30(–0,5) ⇔
b ___
⇔ (Fr)² = 34 –15 ⇔ (Fr)² = 19 ⇔ Fr = ​√19 ​ N.
1N
1N
___
​› 2.3. Vetor oposto
a) Represente na _____
figura_____
​ › reproduzida a força R ​
​ , resul- ​___›
​›
tante das forças a ​
​ e b ​
​ , e determine o valor de seu Um vetor a ​
​ ​___com a mesma direção, não nulo, e o mesmo

módulo, em newtons. ___ ___ módulo de a ​
​​___, mas com sentido contrário, é denominado
​› ​ › ›
b) Determine o cosa formado entre os vetores a ​ ​ e b ​
​. oposto de ​a ​.
_​__› _​__›
Resolução: ___
O vetor oposto de a ​
​ é indicado por –​a ​.
​›
a) Pela regra do paralelogramo, temos que |​R ​| = 3 N. s
r
​___›
a ​​
_​__›
–​a ​

2.4. Subtração de vetores


De modo semelhante ao que _se
__ faz com os números reais, ​___› ​›
b) Os módulos dos vetores são: diferença de dois vetores a ​
​ e b ​
​ é obtida:
___
​› ​___› ​___› ​___› ​___›
módulo de ___​a ​: a = 2 N a ​ ​– b ​
​​​ = a ​ ​
​​​ + (–​​​b ​ ​)
​›
​___› ​___›
módulo de ​b ​: b² = 2² + 3² ⇔ ​
___ Isto
___› é, o vetor a ​
​ – b ​
​ ​___›é obtido efetuando a adição do vetor​
⇔ b² = 13 ⇔ b = √ ​ 13 ​ N a ​com o oposto de b ​ ​.
Aplicando a regra do paralelogramo, temos:
R² = a² + b² + 2 · a · b · cosa ⇔
Por exemplo _​__› ​___›
___ ___ § Dados_​__› os vetores
_​__› a ​
​​___ e b ​
​_​__› da figura, determinaremos o
⇔ 3² = 2² + (​√13 ​)² + 2 · 2 · (​√13 ​) cosa ⇔ ›
___ vetor d ​
​ tal que d ​​ = a ​​ – b ​ ​ . Utilizando a relação apresen-
⇔ 9 = 4 + 13 + 4(​√13 ​) cosa ⇔ tada acima, temos:
___
⇔ cosa = (9 – 4 – 13)/4 (​√13 ​) ⇔ ​___› _​__› _​__› _​__› ​___›
–2
⇔ cosa = ​ ____
___ ​ d ​
​ = a ​
​ – b ​
​ = a ​
​ + (–​b ​)
​√13 ​
___
​› ​_____›
2. (UEM) Sobre uma superfície lisa (atrito desprezível), Então, fazemos a adição de a ​
​ com –b ​
​ :
um corpo está sendo tracionado por duas cordas. Qual
a intensidade da força resultante Fr?
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  107



2. Dados
___ ___ os vetores representados na figura, obtenha​
​ › ___
​›

D ​= ​X ​– ​Y ​ .

O módulo da diferença de dois vetores quaisquer pode ser


calculado usando a seguinte relação: Resolução:
_​__› ​___› _​__› ​___› _​__› ___
​ d ​ 
​ ​² = ​a ​ 
​ ​² + ​b ​ 
​ ​² – 2 · ​a ​ 
​ ​· ​b ​ 
​ ​ cosu
​›
Para a subtração
___
​›
vetorial,soma-se o vetor X ​
​ com o oposto
_​__› _​__› do vetor Y ​
​.
Onde u é o ângulo formado entre os vetores a ​
​ e b ​
​ , quando ​___› ​___› ​___› ​___› ​___› ​___›
​ = X ​
D ​ ​ ⇔ D ​
​ – Y ​ ​ = X ​
​ + (–1) Y ​

ambos estão partindo da mesma origem. ​___› ​___›
Para encontrar o vetor D ​
​ , invertemos o sentido do vetor Y ​​
Aplicação do conteúdo e aplicamos a regra da poligonal .

1. (UFPI) Os vetores representam quatro forças, todas


de mesmo módulo F. Qual alternativa representa uma
força resultante nula.

_____
​› _____
​› _____
​›
a) F​_____1 ​+_____F​ 4 ​+_____ ​F​ 2
​› ​› ​› 2.5. Multiplicação e divisão de
b) _____F ​​ 1– F ​​_____4+ F​_____3 ​
​› ​› ​› um vetor por um número
c) F ​​_____1+ F ​​_____2+ F ​​ _____3 ​___›
Sendo a ​ __› nulo e k um número real não​___›nulo.
​ um vetor ​_não
​› ​› ​›
d) F ​_____​ 1 – F_____​ 4 ​+_____
F​ 2 ​
​› ​› ​› ​ pelo número k, e obter o vetor b ​
Multiplicar o vetor a ​ ​:
e) F ​​ 1 – F ​​ 2+ F​ 3 ​
​___› ​___›
Resolução: ​ = k · a ​
b ​ ​
Alternativa A _​__›
b ​
​ tem como característica:
Montar o seguinte diagrama vetorial, de acordo com a re- ___
​› ​___›
gra do polígono: § ​ b ​ ​ ​= ​k ​· ​a ​ 
​ ​
​___› ​___›
§ b ​
​ tem a mesma direção de a ​
​.
​___›
​___›

Se
§ ___

k > 0, b ​
​ tem o mesmo sentido
​___›
de a ​
​ , caso seja k < 0,​
b ​tem sentido oposto ao de a ​
​.
Sendo assim, temos:
_____
​› ​___›
​ = m . a​ (m escalar positivo)
a) F ​
_____
​› _____
​›
​ = |q| . E​ (q > 0 ou q < 0)
b) F ​
 VOLUME 1

Por exemplo
Sendo qualquer um desses vetores ponto de partida, o
​___› ​___› ​___›
ponto inicial sempre coincide com o ponto final, tornando § Na figura, representamos os vetores a ​
​ , 2​a ​e –2​a ​. Note
​___› ​___›
a resultante nula. que tanto 2​a ​como –2​a ​têm módulos iguais ao dobro

108  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


​___› ​___›
do módulo
​___›
de a ​
​ . O​___vetor 2​a ​tem o mesmo sentido do
​___›
No entanto, nesse caso, temos:

vetor a ​,
​ e o vetor –2​a ​tem sentido oposto ao do vetor a ​​. ​__ ​__ ​__
​ s ​ ​ ​= ​x ​ ​ ​– ​y ​ ​ ​= 5 – 3 = 2 unidades
› › ›

_​__›
_​__› 2​a ​ _​__›
a ​​ –2​a ​ Observação
§ Versor é um vetor unitário que possui a mesma dire-
​___› _​›_
​ por k, obtendo o vetor c ​​ :
Podemos também dividir o vetor a ​ ção e mesmo sentido do eixo que o contém.
_​›_ ​___›
y
​a ​ ​
c ​​ = ​ __ y →

k →
i
1

j →
1 j
→ j =1u →
0 1 x j =1u →

i
i
Sendo: →
i =1u x
k =1u 0 1 x
​___›
0 1 →
1
→ i =1u
​__

​c ​ ​› ​ = __|​ ​|
a i =1u
z
k
​   ​ u=
... unidade de medida
k
__​›
Quanto à direção e ao sentido de c ​ ​ , valem as mesmas con- 2.6. Projeções ortogonais
siderações feitas para a multiplicação.
_​__› ou decomposição de um vetor
Se k = 0, não podemos calcular ​ ​  ​.
a ​
__
k O plano cartesiano é o sistema de referenciais que auxilia
adequadamente
​___›
toda representação vetorial. Seja um ve-
Aplicação do conteúdo tor a ​, conforme a representação abaixo:
_​_› _​_›
1. Qual a soma dos vetores ​x ​e ​y ​, se cada quadradinho
tem lados iguais a uma unidade? y
a) _​›_
 ​a​
_​›_ θ
x ​​
_​›_ x
y ​​
​___›
A projeção
_​__› de a, no eixo (x) pode ser representada
_​__› pelo
b) vetor a ​x, bem como a projeção
​___›
do vetor a ​no eixo (y) pode
_​›_ ser representado pelo vetor a ​y.
x ​​
_​›_
y ​​

Resolução:

a) Nesse caso, temos:


_​›_ _​›_
x ​​ y ​​
O vetor analisado pode ser representado como uma soma
_​›_ vetorial, ou seja:
s ​​
_​›_ _​_› _​›_ ___› _​__› ___›
​s ​ ​ ​= ​x ​ ​ ​+ ​y ​ ​ ​= 3 + 2 = 5 unidades a = ax + ay
_​›_ _​›_ _​›_
b) O vetor s ​
​ é a soma de x ​
​ e y ​
​ , isto é: Nesse caso:
___› ​___›
_​›_ ax = 3i
x ​​
 VOLUME 1

___› _​__›
ay = 3j
_​›_ _​›_ ___› _​__›
s ​​ y ​​ Sendo i e j os vetores unitários nas direções indicadas
_​›_ _​_› _​›_ pelos eixos (x) e (y) respectivamente, dessa forma o vetor
​ = x ​
s ​ ​ + y ​
​ também pode ser representando por:

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  109


___› ​___› ​___› __
​› __
​› ​› __
__ ​› __
​› __
​›
a = 3i + 3j O vetor F ​ ​ 1 = |​F ​1|   ​i​ ⇔ F ​
​ 1 será: F ​ ​ 1= 12   ​i​ (N)
__
​› __
​› ​› __
__ ​› __
​› ​__›
Devemos lembrar que os módulos dos componentes tam- O vetor F ​ ​ 3 = |​F ​3|   ​j​ ⇔ F ​
​ 3 será: F ​ ​ 3= 15 j  ​
​ (N)
__
​› __
​› ​› ​__›
__ __
​› ​__›
bém podem ser representados por relações trigonométricas: O vetor F ​ ​ 4 = (–1) |​F ​4|   ​i​ ⇔ F ​
​ 4 será: F ​ ​ 4= –6   ​i​ (N)
ay __
​› __
​› ​› __
__ ​› __
​› __
​›
senθ = __
​ a ​ → ay = a · senθ O vetor F ​ ​ 6 = (–1) |​F ​6|   ​j​ ⇔ F ​
​ 6 será: F ​ ​ 6= –7   ​j​ (N)

a Como resultante das forças, temos a soma vetorial de


cosθ = __
​ ax ​ → ax = a · cosθ todas elas:
__
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​›
Os vetores unitários, quando indicarem sentido oposto aos F ​
​ r = F ​
​ 1 + F ​
​ 2 + F ​
​ 3 + F ​
​ 4 + F ​ ​6⇔
​ 5 + F ​
__
​› ___
​› __
​› __
​› __
​› __
​›
eixos considerados, serão representados por: ⇔ F ​
​ r = 12 i​  ​+ (8cosx) i  ​
​ + (8senx) j  ​
​ + 15 j  ​
​ + (– 6)   ​i​ +
__
​› __
​› __
​›
___› ​___›
(– 8cosx) i  ​
​ + (– 8senx) j  ​ ​ + (– 7)   ​j​ ⇔
–i e–j __
​› ​__›
⇔ F ​
​ r =__
​›
(12 – 6 + 8cosx – 8cosx) i  ​
​ + ( 15 – 7 + 8senx –
8senx )   ​j​ ⇔
Aplicação do conteúdo __
​› __
​› __
​›
⇔ F ​
​ r = (6) i  ​
​ + (8) j  ​
​ (N).
1. Em um ponto material P, estão aplicadas seis forças __
​›
__
​› __ ​› __ ​› __ ​› __ __
​› ​› ​ r será: (Fr )²= (6)² + (8)² ⇔
Assim, o módulo do vetor F ​
coplanares ​F ​1, ​F ​2, ​F ​3 ,​F ​4 , ​F ​5 e ​F ​6 , representadas confor-
me figura a seguir, cujas intensidades são, respectiva- (Fr )² = 36 + 64 ⇔
__
​› ____ __
​›
mente, 12 N, 8,0 N, 15 N, 6,0 N, 8,0 N e 7,0 N. ​ 100 ​ N ⇔ |​F ​r| = 10 N.
⇔ (Fr )² = 100 ⇔ |​F ​r| = √

multimídia: site

www.respondeai.com.br/resumos/1/capitulos/1
pt.khanacademyorg/math/precalculus/vectors-precalc

A resultante desse sistema de forças tem intensidade:


a) 10 N.
b) 8,0 N.
c) zero. multimídia: vídeo
d) 12 N.
Fonte: Youtube
e) 16 N.
Cursos Unicamp: Física Geral | I - Aula 4
Resolução:
Alternativa A
__
​› __
​› __
​ › __
​›
Vamos decompor os vetores F ​
​ 2 e F ​
​ 5 nos eixos i  ​
​ e   ​j​ :
__
​› __
​› __
​› ​__› __
​› ​__›
 VOLUME 1

O
__
​›
vetor F ​
​ 2 será:
__
​› 2
F ​
​ = (|​F ​2|__ ​ + (|​F ​2| senx)   ​j​ ⇔
cos x) i  ​
​›
F​ ​2 = (8cosx) i  ​
​ + (8senx) j  ​​ (N)
__
​› __
​› __
​› ​__› __
​› ​__›
O vetor F ​
__
​ 5 será: F ​ ​ +(–1)(|​F ​5| senx)   ​j​ ⇔
​ =(–1)(|​F ​5|__cosx) i  ​
__ 5
› ​› ​›
F ​
​ 5 =(–8cosx) i  ​
​ + (–8senx) j  ​
​ (N)

110  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A Matemática entra como ferramenta fundamental para a interpretação e/ou construção de fenômenos no
contexto da física, dessa forma se faz necessário saber o manuseio, aplicabilidade além da capacidade inter-
pretativa dessa linguagem simbólica. Tal qual o terceiro eixo cognitivo da matriz de referência do Ensino Médio
diz: “selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para
tomar decisões e enfrentar situações-problema.”
A utilização de vetores é inerente à física, dada a grande quantidade de grandezas vetoriais, sendo vital para a
compreensão a fixação desse assunto, mais básico e, como dito anteriormente, uma ferramenta fundamental
para a Física.

MODELO 1

(Enem) Um foguete foi lançado do marco zero de uma estação e após alguns segundos atingiu a posição (6, 6,
7) no espaço, conforme mostra a figura. As distâncias são medidas em quilômetros.

Considerando que o foguete continuou sua trajetória, mas se deslocou 2 km para frente na direção do eixo-x,
3 km para trás na direção do eixo-y, e 11 km para frente, na direção do eixo-z, então o foguete atingiu a posição:
a) (17, 3, 9).
b) (8, 3, 18).
c) (6, 18, 3).
d) (4, 9, –4).
e) (3, 8, 18).

ANÁLISE EXPOSITIVA

No Ensino Médio, o contato inicial que se tem em Física com vetores é em cinemática. A ideia de representar
a posição de um objeto no espaço é o exemplo mais clássico da utilização de vetores, além de ser um dos
motivadores de sua criação.
Adotando como referência “para trás” como sendo no sentido negativo e, “para frente”, como um
deslocamento no sentido positivo de cada eixo, devemos somar o número inteiro correspondente ao
deslocamento em cada coordenada, sendo assim
 VOLUME 1

(6 + 2,6 – 3,7 + 11) = (8, 3, 18).

RESPOSTA Alternativa B

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  111


DIAGRAMA DE IDEIAS

PROCESSO
MÓDULO
GEOMÉTRICO

VETOR

PROCESSO
DIREÇÃO
ANALÍTICO

SENTIDO
 VOLUME 1

112  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


PRINCÍPIOS DA Próton
Elétron

ELETROSTÁTICA

CN COMPETÊNCIA(s)
1e5
Neutron
Núcleo

AULAS HABILIDADE(s)
3 e 17
Nesse modelo, o átomo é constituído de prótons, elétrons

3E4
e nêutrons. O átomo pode ser divido em duas partes: a
primeira, o núcleo (composto de prótons e nêutrons); a
segunda, a eletrosfera (composta de elétrons). A atração
elétrica descrita por Tales e por tantos outros físicos é justi-
ficada pela existência da carga elétrica. A carga elétrica
é uma propriedade intrínseca da matéria e existem dois
tipos: as positivas e as negativas.
No modelo atômico, a carga elétrica dos prótons foi deno-
minada de carga positiva, e a carga elétrica dos elétrons,
de carga negativa. O nêutron, como o próprio nome su-
1. Introdução gere, não possui carga elétrica. As denominações de cargas
positivas e negativas e sua associação com os prótons e
O ramo da Física que estuda as propriedades das cargas elétrons se devem a razões históricas.
elétricas em repouso e suas interações é denominado
eletrostática. A constatação do módulo e das características das cargas
elétricas que prótons e elétrons portam só se mostrou pos-
sível empiricamente. A carga elétrica que cada umas dessas
partículas porta é chamada carga elétrica elementar, e
esse é o menor valor percebido livremente na natureza. Des-
sa forma, é possível dizer que a carga elétrica é quantizada, e
seu valor em módulo é dado por: |e| = 1,6 · 10–19 C.

multimídia: vídeo carga elétrica do próton: e+ = + 1,6 · 10–19 C


carga elétrica do elétron: e– = – 1,6 · 10–19 C
Fonte: Youtube
Eletrostática História e teoria 15 No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de
carga elétrica é o coulomb, cujo símbolo é C, em homena-
gem a Charles Coulomb.

2. Cargas elétricas Um corpo é dito neutro quando possui a mesma quantidade


de prótons e elétrons. Por sua vez, um corpo será chamado
Há mais de dois mil anos a humanidade observa e des- de corpo eletrizado se o número de cargas elétricas posi-
creve os fenômenos elétricos. O filósofo grego Tales de tivas for diferente do número de cargas elétricas negativas.
Mileto (640-548 a.C.) constatou que, após atritar âm- Sabe-se que, em módulo, um próton possui a mesma quan-
bar com lã, os materiais se atraíam. Da palavra "âmbar" tidade de carga elétrica do que um elétron. Dessa forma,
originaram-se a palavra "elétron" e "eletricidade". Ao o excesso de carga elétrica que um corpo tem só pode ser
longo da história, inúmeros cientistas contribuíram para múltiplo natural da carga elétrica elementar, ou seja:
o desenvolvimento da teoria da eletricidade. No entan-
 VOLUME 1

to, para que houvesse uma profunda compreensão do Q = n · |e|


assunto, foi necessário o desenvolvimento do modelo
atômico, sendo o átomo o bloco básico de toda maté- Na qual a carga Q é positiva se houver prótons em excesso,
ria. Atualmente, o modelo atômico mais difundido é o ou negativa se houver elétrons em excesso. A quantidade
modelo planetário. de elétrons ou prótons em excesso é dada por n.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  113


CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Desde a antiguidade, o homem se pergunta do que é feita a matéria. Demócrito de Abdera foi um dos primeiros pen-
sadores a postular a existência de um componente básico para todas as coisas: o átomo. Muito tempo depois, foi na
química que a ideia atômica ressurgiu. Primeiramente, com John Dalton, que no começo do século XIX reinventou a ideia,
postulando a existência de esferas maciças e indivisíveis, extremamente pequenas, onde cada elemento químico distinto
era composto de um átomo diferente, com propriedades iguais ao elemento, mas diferente entre os diferentes átomos; por
fim, as reações químicas seriam apenas a união ou separação de diferentes arranjos atômicos. Seu átomo ficou conhecido
como bolas de bilhar.
Após Dalton, Joseph John Thomson sugeriu outro modelo atômico, incluindo propriedades elétricas, uma vez que a
eletricidade já era conhecida e estudada. Seu modelo ficou conhecido como pudim de passas, pois o átomo seria
constituído de um pudim, representando carga elétrica positiva, e pequenas passas espalhadas, que representariam a
carga negativa, uniformemente distribuídas pelo pudim.
Depois de realizar diversas experiências, Ernest Rutherford percebeu que, na verdade, o átomo era composto por um nú-
cleo maciço composto pelas cargas positivas, sendo orbitado pelas cargas negativas.
Por fim, o modelo atômico foi corrigido por Niels Henrick David Bohr, utilizando a mecânica quântica. Ele postulou que:
I. Os elétrons descrevem ao redor do núcleo órbitas circulares, chamadas de camadas eletrônicas, com energia constante
e determinada. Cada órbita permitida para os elétrons possui energia diferente.
II. Os elétrons, ao se movimentarem numa camada, não absorvem nem emitem energia es-
pontaneamente.
III. Ao receber energia, o elétron pode saltar para outra órbita mais energética. Dessa forma,
o átomo fica instável, pois o elétron tende a voltar à sua órbita original. Quando o elétron
volta à sua órbita original, ele devolve a energia que foi recebida em forma de luz ou calor.

Aplicação do conteúdo 3. Princípio da atração


1. Um corpo condutor inicialmente neutro perde 5 · 1013 elé-
e repulsão
trons. Considerando a carga elementar e = 1,6 · 10–19 C, qual A percepção das interações elétricas entre portadores de
será a carga elétrica no corpo após essa perda de elétrons?
excessos de cargas elétricas é dada por forças que podem
Resolução: ser atrativas ou repulsivas. Em uma situação em que exis-
Sendo a carga do corpo igual a Q, segue que: tem corpos eletrizados com o mesmo tipo de cargas elé-
tricas, por exemplo, cargas elétricas positivas, a repulsão
Q = n · |e|
é percebida. Essa força surge, por exemplo, ao se aproxi-
Sendo n o número de elétrons ou prótons em excesso, marem dois bastões de vidro eletrizados positivamente ou
nesse caso, prótons, portanto: dois panos de lã eletrizados negativamente.
Q = 5 · 1013 · |1,6 · 10–19|
Terminando os cálculos, obtém-se:
Q = 8 · 10–6 C
 VOLUME 1

Isto é:
Q = 8 µC
Lembrando que Q > 0, pois o corpo tem prótons em excesso.

114  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Entretanto, caso um dos bastões de vidro seja carregado
positivamente e um dos panos de lã seja carregado negati-
5. Condutores e isolantes
vamente, haverá atração entre os corpos. Assim: Um bastão de vidro e um pano de lã, ao serem atritados
um com o outro, evidenciam, em cada um dos corpos,
Cargas elétricas de sinais opostos se atraem, e cargas um excesso de cargas elétricas nas regiões atritadas. Isso
elétricas do mesmo tipo se repelem. ocorre porque o vidro é um material isolante ou dielé-
trico. As cargas elétricas, nesses materiais, conservam-se
no local onde houve o processo de eletrização.

4. Princípio da conservação
das cargas elétricas
O princípio da conservação das cargas elétricas estabelece que:

Em um sistema isolado eletricamente (ou seja, em que


não há transferências de cargas elétricas com o ambien-
Entretanto, se essa experiência for repetida com um bastão
te externo), a quantidade de carga elétrica em excesso
metálico sendo segurado por um cabo de vidro conectado
se mostra constante.
ao bastão, a eletrização também ocorre, mas o excesso de
elétrons se espalha por toda a sua superfície. As cargas em
Por exemplo, considere um corpo A carregado com carga
excesso se distribuem pela superfície externa dos materiais
Q1, e um corpo B carregado com carga Q2.
metálicos devido ao fato de existirem, em sua superfície,
Suponha que, após haver troca de carga entre os corpos, elétrons conhecidos por elétrons livres. Assim, esse tipo de
as novas quantidades de carga sejam Q’1, para o corpo A, material é denominado condutor.
e Q’2, para o corpo B.

Os corpos A e B estão eletrizados com quantidades de cargas Q1 e Q2.


Após a troca de cargas entre os corpos, A e B estão
eletrizados com quantidades de cargas Q’1 e Q’2.

Pelo princípio da conservação das cargas elétricas, a quan-


tidade de carga elétrica total é igual antes e depois da tro-
ca, ou seja:

Q1 + Q2 = Q’1 + Q’2 = constante


 VOLUME 1

Essa expressão é válida somente se o sistema for eletrica-


mente isolado.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  115


Esses elétrons ocupam as posições mais distantes do nú-
cleo do átomo, e, por isso, estão ligados fracamente a ele.
6. Eletrização por atrito
Em consequência, esses elétrons abandonam mais facil- Quando dois corpos compostos por diferentes materiais
mente o átomo. Nos materiais isolantes, a forma como são são atritados, é possível perceber, em ambos, o que é de-
distribuídos e como ocorrem as interações faz com que es- nominado desequilíbrio eletrostático, ou seja, corpos com
ses elétrons não possuam os mesmos graus de liberdade excesso de um determinado tipo de carga elétrica. Isso
que existem nos elétrons presentes em superfícies metáli- ocorre porque um dos dois materiais possui uma tendência
cas; os elétrons estão fortemente ligados. maior em portar o excesso de elétrons. Da mesma forma,
em relação ao primeiro, o segundo corpo possui uma maior
Como não existem condutores e isolamentos perfeitos,
tendência em ceder os elétrons de camadas mais externas,
a denominação de materiais condutores ou isolantes é
ficando com excesso de cargas elétricas positivas.
apenas prática. A melhor forma para a classificação é
dada por bons condutores elétricos e maus condu- Como exemplo, ao se atritar um pedaço de seda e um bas-
tores elétricos. tão de vidro inicialmente neutros, uma certa quantidade
de elétrons do vidro é transferida para o pedaço de seda.
Assim, todos os corpos são condutores elétricos, bons ou
Então, a seda adquire eletrização negativa (excesso de
maus. Se o experimento anterior fosse repetido sem o isola-
elétrons) e o vidro adquire eletrização positiva (excesso de
mento devido, ao segurar o bastão diretamente com a mão,
prótons). É importante destacar que, ao final do processo
o corpo se comportaria como um bom condutor, e não se-
de eletrização, devido à conservação da quantidade de car-
riam percebidos quaisquer excessos de cargas elétricas. Des-
gas elétricas que compõem o sistema de corpos, a quanti-
se modo, o bastão não se eletriza, pois suas dimensões são
dade de carga que um dos dois corpos envolvidos terá em
muito reduzidas em relação às dimensões da Terra.
excesso será, em módulo, idêntica à do outro corpo.

Um condutor eletrizado é neutralizado quando em


contato com a Terra.

Quando um condutor isolado, carregado positivamente,


é conectado à Terra, sua carga é neutralizada por cargas
elétricas negativas que são transferidas da Terra para o
condutor. Caso o condutor esteja carregado negativa-
mente, a transferência de cargas ocorre de modo con-
trário: as cargas negativas são transferidas do condutor
para a Terra.

Condutor positivamente eletrizado ligado à Terra,


neutralizado devido a elétrons provenientes da Terra.

No processo de eletrização por atrito, os corpos eletri-


zados apresentam, ao final do processo, cargas elétri-
cas de sinais opostos.
 VOLUME 1

A chamada série triboelétrica é uma lista de diferentes


materiais postos em ordem de tal forma que, quando atri-
tados dois materiais, aquele que está numa posição acima
Condutor negativamente eletrizado ligado à Terra, na lista fica carregado positivamente, e aquele que está
neutralizado devido ao escoamento de elétrons para a Terra. mais abaixo na lista fica carregado negativamente.

116  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


1. pele humana seca 11. alumínio 21. prata Terminando os cálculos, obtém-se:
2. couro 12. papel 22. ouro Q’2 = + 12 µC
3. pele de coelho 13. algodão 23. platina Assim, resulta que o vidro está com um carga de +12 µC.
4. vidro 14. aço 24. poliéster 3. Um pedaço de papel higiênico e uma régua de plás-
5. cabelo humano 15. madeira 25. isopor tico estão eletricamente neutros. A régua de plástico é,
6. nylon 16. âmbar 26. filmes PVC então, friccionada no papel higiênico. Depois do atrito,
deve-se esperar que:
7. lã 17. borracha dura 27. vinil
a) somente a régua fique eletrizada.
8. chumbo 18. níquel 28. silicone
b) somente o papel fique eletrizado.
9. pele de gato 19. cobre 29. teflon c) ambos fiquem eletrizados com cargas de mesmo
10. seda 20. latão sinal e mesmo valor absoluto.
d) ambos fiquem eletrizados com cargas de sinais
Por exemplo, se forem atritados seda e isopor, a seda, que contrários e mesmo valor absoluto.
antecede o isopor na ordem da lista, ficará carregada po- e) nenhum deles ficará eletrizado.
sitivamente, enquanto o isopor ficará carregado negativa-
Resolução:
mente. Já se forem atritados seda e lã, como a seda sucede
a lã na ordem da lista, a seda ficará carregada negativa- A eletrização por atrito faz com que os corpos atritados ad-
mente, enquanto a lã ficará carregada positivamente. quiram cargas de sinais contrários, pois um dos corpos vai
retirar elétrons do outro, ou seja, um corpo ficará com exces-
so de elétrons, e o outro com excesso de prótons, ficando,
respectivamente, um negativo e o outro positivo. Além disso,
pelo princípio da conservação das cargas elétricas, ambos
terão o mesmo valor absoluto de carga.
Alternativa D

multimídia: vídeo 7. Eletrização por contato


Fonte: Youtube
A eletrização por contato é o processo de eletrização
Processos de eletrização associado ao contato entre um corpo eletrizado e outro que
pode ou não estar eletrizado. É importante destacar que, nes-
se processo, assim como em qualquer outro, a quantidade de
carga do sistema é conservada; contudo, ao final do processo,
Aplicação do conteúdo os corpos ficam com o mesmo tipo de carga elétrica.
1. Um aluno realiza um experimento que consiste em Ao colocar em contato um condutor A, eletrizado positiva-
atritar lã num bastão de vidro, fazendo, assim, a lã ga- mente, com um condutor B, inicialmente neutro, o condu-
nhar elétrons e, por consequência, fazendo o vidro per-
der elétrons. Após o experimento, quando estes dois tor B adquire eletrização positiva. Essa eletrização ocorre
corpos forem aproximados, haverá atração ou repulsão? quando o condutor A retira parte dos elétrons livres de B.
Entretanto, A continua eletrizado positivamente, mas com
Resolução:
menor quantidade de carga, uma vez que a quantidade
Como os corpos possuem cargas de sinais opostos, have- de prótons em excesso diminuiu. O condutor B, por sua
rá atração, isto é, a lã está com carga negativa, enquanto vez, fica com uma menor quantidade de elétrons depois do
o vidro apresenta carga positiva. contato e, portanto, eletriza-se positivamente.
2. Com base no exercício anterior, se a lã ganhou uma car-
ga no valor –12 µC, de qual foi a carga que o vidro ficou?

Resolução:
Sabe-se, pelo princípio da conservação das cargas elétricas,
que as cargas se conservam, ou seja:
 VOLUME 1

Q1 + Q2 = Q’1 + Q’2
Sabe-se que, inicialmente, tanto a lã quanto o bastão de vidro A positivo e B neutro estão isolados e afastados; colocados em contato,
durante breve intervalo de tempo,
estavam descarregados, assim, temos que: Q1 = Q2 = 0. Logo: elétrons livres vão de B para A; após o processo, A
e B apresentam-se eletrizados positivamente.
0 + 0 = –12 µC + Q’2

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  117


No entanto, se A estivesse carregado negativamente, par- elétrons. Quando o pai usa o calçado de borracha, impede
te de seus elétrons em excesso seriam transferidos para o o contato elétrico entre o interruptor e o solo, por isso não
condutor B. Dessa forma, o condutor A permaneceria ne- recebe o choque. Já o menino tinha seus pés como ligação
gativo (apesar de ficar com um menor número de elétrons entre o solo e o interruptor. Sabe-se que o corpo humano é
em excesso), e o condutor B, por adquirir mais elétrons, um bom condutor de eletricidade, por isso recebeu o choque.
seria eletrizado negativamente.
2. Um corpo eletrizado com carga Q a = –5 ∙ 10 –9 C é
colocado em contato com outro corpo com carga
Q b = 7 ∙ 10–9 C. Qual é a carga dos dois objetos
após ter sido atingido o equilíbrio eletrostático?

Resolução:
A negativo e B neutro estão isolados e afastados: colocados em Para descobrir qual é a situação final de equilíbrio, deve-se
contato, durante breve intervalo de tempo, elétrons vão de A para B;
depois do processo, A e B apresentam-se eletrizados negativamente.
aplicar a fórmula:
Q + Qb
Se os condutores A e B forem iguais, por exemplo, a duas Q’ = __
​  a  ​
2
esferas condutoras de mesmo material e dimensão, as Substituindo os valores, temos:
cargas em quantidade e sinais serão idênticas para os
​ –5 · 10  ​+ 7 · 10-9
-9
dois corpos. Q’ = __
  
2
Finalizando a conta, obtém-se:
Q’ = 1 · 10–9 C
Ou seja:
Q’ = 1 nC

Eletrização por contato entre esferas condutoras de mesmo raio.


8. Eletrização por indução
Nesse caso de condutores idênticos, a carga final para cada Ao aproximarmos um condutor A, carregado positivamen-
condutor pode ser calculada pela média aritmética das cargas: te, de um condutor B neutro, sem que haja contato, alguns
elétrons livres de B serão atraídos por A e serão acumula-
​ Q1 + Q2 ​
   + ...+Qn dos na região de B mais próxima de A. Isso faz com que a
Q' = _____________
n região de B mais afastada de A fique com uma quantidade
menor de elétrons e, portanto, com excesso de cargas po-
No processo de eletrização por contato, os corpos ele- sitivas. Esse processo de separação de cargas em um con-
trizados, ao final do processo, ficam eletrizados com dutor pela presença de outro corpo eletrizado é chamado
cargas elétricas de mesmo sinal. de indução eletrostática. O condutor A é chamado de
indutor, e B, de induzido.

Aplicação do conteúdo
1. Antes de sair do banheiro de sua casa, um garoto
que estava com os pés descalços toca no interruptor
instalado incorretamente, com o objetivo de apagar
a lâmpada, mas recebe um choque elétrico. O menino
então chama o seu pai, que averigua a situação e toca
também no interruptor, mas, calçado com um par de Caso o indutor seja afastado, o induzido voltará à sua con-
chinelos de borracha, não recebe choque. Explique con- dição inicial, na qual as cargas elétricas não estavam sepa-
ceitualmente por que o pai do garoto não recebeu o radas. Pode-se realizar o seguinte procedimento para que
choque elétrico.
 VOLUME 1

o induzido se mantenha eletrizado:


Resolução: 1. Aproxima-se o indutor do induzido;
A borracha é um material isolante, ou seja, um mau condu-
2. Conecta-se ao induzido um outro condutor, e este à Ter-
tor elétrico, por isso dificulta a transmissão e/ou corrente de
ra (fio-terra);

118  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


3. Retira-se o fio-terra;
Caso um corpo eletrizado A atraia um condutor B, po-
4. Somente após os procedimentos acima, afasta-se o indutor. derá B estar eletrizado com carga de sinal oposto ao
de A ou estar neutro.

Nota: Só existe atração ou repulsão elétrica entre partícu-


las quando se trata de partículas elétricas, ou seja, prótons
No condutor induzido, os elétrons em excesso se espalham ou elétrons; não havendo força elétrica, trata-se de uma
pela superfície do condutor. Caso o indutor esteja carrega- partícula neutra, um nêutron, por exemplo. Diferentemen-
do negativamente, os elétrons livres do induzido vão escoar te, quando analisamos corpos extensos, em que um corpo
para a Terra, quando a conexão do fio-terra for feita. Desse neutro é atraído por um corpo carregado, pode haver atra-
modo, no final do processo, o induzido ficará carregado ção ou repulsão caso estejam carregados.
positivamente.

Condutor B, neutro e isolado; aproximando A de B, ocorre indução


eletrostática; ligando B à Terra, elétrons de B
escoam para a Terra; a ligação de B com a Terra é desfeita; Uma pequena esfera neutra de isopor é atraída quando aproximada
o indutor A é afastado e B está positivamente. da esfera metálica eletrizada de um gerador eletrostático.

Reprodução
Na eletrização por indução, o induzido ficará eletrizado
com cargas elétricas de sinais opostos às cargas elétri-
cas apresentadas pelo indutor. A carga do indutor não
se altera.

É possível explicar porque ocorre atração dos corpos ao se


aproximar um corpo eletrizado de um condutor neutro, a
partir do fenômeno da indução eletrostática.
Considere um condutor metálico B, neutro, suspenso por O filete de água desvia-se da vertical ao ser atraído por um bastão
plástico previamente eletrizado por atrito com um pedaço de flanela.
um fio isolante. Quando é aproximado de B um corpo A
com carga positiva, o condutor B é induzido, uma parcela O primeiro registro de observações de fenômenos elétri-
de suas cargas elétricas negativas é atraída pelo corpo A, e cos, como dito anteriormente, pertence a Tales de Mileto.
suas cargas positivas são repelidas. As forças de atração e O estudo científico só foi ocorrer muito tempo depois com
repulsão dependem das distâncias entre as cargas e, nes- William Gilbert (1544-1603). Em seus estudos sobre ele-
se caso, como as cargas negativas do induzido estão mais tricidade estática, Gilbert utilizou âmbar, que, em grego, é
próximas das cargas positivas do indutor, a intensidade da chamado elektron, dando origem à palavra eletricidade,
força de atração é maior que a de repulsão, de modo que a cunhando, assim, entre outros termos, a força elétrica.
força resultante é de atração.
Inúmeros cientistas contribuíram para o desenvolvimento
da teoria da eletricidade. Entre eles é possível citar Ben-
jamin Franklin (1706-1790), inventor do para-raios, que
imaginou o fluido elétrico como sendo apenas um tipo
 VOLUME 1

de espécie, onde um corpo poderia ficar eletrizado posi-


tivamente ou negativamente. Quando atritado, um corpo
ganharia e outro perderia a mesma quantidade do flui-
do, mantendo a soma líquida total das cargas constante.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  119


Franklin percebeu também que um globo metálico não elétrico é um desses aparelhos e é constituído por uma
conseguiria manter eletricidade no seu interior. Além disso, esfera de material leve (isopor ou cortiça), recoberta por
ele relacionou o relâmpago com descargas elétricas iguais uma camada metálica fina e suspensa por um fio isolante
às produzidas por uma garrafa de Leiden. (seda ou náilon) em uma haste-suporte.
Foram os franceses Charles Augustin Coulomb (1736- Pode-se determinar a eletrização de um corpo A aproxi-
1806) e Charles Fraçois de Cisternay du Fay (1698-1739) mando-o da esfera do pêndulo elétrico. Se a esfera não se
que perceberam que existiam apenas dois tipos de fluidos mover, o corpo A não está eletrizado. Contudo, se a esfera
elétricos, sendo que a designação de positivo e negativo foi for atraída, o corpo A está eletrizado.
dada por Benjamin Franklin.

multimídia: vídeo Aplicação do conteúdo


Fonte: Youtube
1. Uma esfera metálica, positivamente carregada, é
Eletrização por indução aproximada, sem encostar, da esfera do eletroscópio. Em
qual das seguintes alternativas melhor se representa a
configuração das folhas do eletroscópio, e suas cargas,
enquanto a esfera positiva estiver perto de sua esfera?

Aplicação do conteúdo
1. A figura abaixo representa um condutor A, eletri-
camente neutro, ligado à Terra. Aproxima-se de A um
corpo B carregado positivamente. Pode-se afirmar que:

Resolução:
Ao se aproximar uma carga positiva, pelo princípio da
atração e repulsão, elétrons de todo o eletroscópio serão
atraídos a ficarem fixos na esfera, inclusive das folhas, ou
a) os elétrons da Terra são atraídos para A.
seja, os elétrons das folhas vão migrar e se concentrar na
b) os elétrons de A escoam para a Terra.
esfera. Com essa migração, as folhas ficarão com excesso
c) os prótons de A escoam para a Terra. de prótons e, assim, ficarão positivas. Ficando ambas posi-
d) os prótons da Terra são atraídos para A. tivas, elas irão se repelir, logo, irão abrir.
e) há troca de prótons e elétrons entre A e B. Alternativa C
Resolução:
Há elétrons e prótons em abundância na Terra. Isso causa 9.1. Gerador de Van de Graaff
como consequência o fato de que todo corpo carregado,
quando conectado à Terra, fica descarregado. Quando o
corpo B, positivamente carregado, é aproximado do corpo
A, ocorre, pelo princípio da atração e repulsão, a tendên-
cia para atrair elétrons. Assim, os elétrons da Terra serão
atraídos e irão migrar para a esfera A.

Alternativa A
 VOLUME 1

9. Eletroscópios O gerador Van de Graaff, criado por Robert Van de Graaff


Os aparelhos utilizados para verificar a eletrização de (1901-1967), é uma máquina utilizada para acumular car-
um corpo são denominados eletroscópios. O pêndulo ga elétrica, produzindo, assim, altas tensões elétricas em

120  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


uma esfera de metal. Baseia-se no princípio de eletrização por atrito, no qual uma correia é atritada com uma roldana de
plástico. Hoje em dia, é muito comum a utilização de um gerador de Van de Graaff em shows de Física.

multimídia: site multimídia: vídeo


Fonte: Youtube
educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/eletrizacao-eletri- FIBRA - GERADOR DE VAN DER GRAAF (18/03/15)
zacao-por-atrito-contato-e-inducao.htm
www.efeitojoule.com/2008/04/eletrizacao-condutores-e-
-isolantes.html
educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/
carga-eletrica-e-eletrizacao.html
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/processos-eletriza-
cao.htma
multimídia: vídeo
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/condutores-isolan-
Fonte: Youtube
tes-eletricos.htm
Aprenda a fazer uma máquina de choques caseira

VIVENCIANDO

A eletricidade está presente em todos os lugares no dia a dia moderno e tecnológico. Fugindo um pouco do óbvio,
observe algumas aplicações cotidianas da eletricidade. Em caminhões que carregam combustíveis, existe uma cor-
rente metálica que é arrastada pelo chão a fim de descarregar para a Terra um possível excesso de carga elétrica, que
se deve ao atrito do caminhão com o ar e que poderia originar uma faísca e provocar uma explosão. Ao caminhar
sobre carpetes com os pés descalços, é possível, através do atrito entre eles, que a pessoa possua um excesso de
cargas, e, ao encostar em um objeto ou em outra pessoa, pode-se gerar um pequeno choque devido à descarga elé-
trica. Em dias secos, é mais fácil eletrizar por atrito, por exemplo, ao escovarmos os cabelos; a repulsão elétrica entre
os fios de cabelo será maior, e atrair pequenos objetos com a escova será mais fácil. Já em dias úmidos, o efeito é
menor. Isso se deve ao fato de que as moléculas de água presentes no ar acabam roubando os elétrons e dificultando
a eletrização por atrito.
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  121


DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA

ELETRIZAÇÃO DOIS TIPOS

CONTATO INDUÇÃO ATRITO

CARGA CARGA
POSITIVA NEGATIVA

CARGA
FUNDAMENTAL
 VOLUME 1

122  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


LEI DE
COULOMB

CN
O físico Charles Coulomb determinou a relação que expri-
me o módulo da interação existente entre dois portadores
COMPETÊNCIA(s) de cargas elétricas, conhecida como lei de Coulomb.
5e6
A intensidade da força de interação entre duas cargas
AULAS HABILIDADE(s)
17 e 20
elétricas puntiformes é diretamente proporcional ao

5E6
produto dos módulos das cargas e inversamente pro-
porcional ao quadrado da distância entre as cargas.

Na qual k é uma constante eletrostática que depende do


meio físico em que estão inseridas as cargas elétricas que
compõem o sistema estudado. Para o vácuo, essa constan-
1. Introdução te é denotada por k0 e é chamada de constante eletrostáti-
ca do vácuo ou simplesmente constante eletrostática, e seu
Ao aplicar sistematicamente o método científico em seus valor, determinado experimentalmente, é:
problemas, o físico francês Charles Augustin Coulomb
(1736-1806) criou um modelo científico para a eletricidade.
Para a determinação da força elétrica, Coulomb utilizou da
fórmula newtoniana para atração gravitacional entre dois
corpos. Era de conhecimento geral a lei da gravitação de Nota: A constante eletrostática k é definida a partir da
m1· m2 constante de permissividade elétrica «, que, no vácuo, as-
Newton Fg a ​ __  ​ ​, isto é, que a atração era proporcio-
d2 sume o valor «0 = 8,854187 · 10–12 F · m–1. Assim, a cons-
nal ao produto das massas e inversamente proporcional ao
tante eletrostática no vácuo é:
quadrado da distância que as separava. Coulomb, ao perce-
ber semelhanças entre essas forças, pois em ambas atuava a ​  1  ​
k0 = ____
4π«0
distância (ação fantasmagórica à distância), utilizou-se dessa
fórmula para supor a sua fórmula para força elétrica. Para tes-
tar sua teoria, Coulomb utilizou a balança de torção, utilizada
Aplicação do conteúdo
por Henry Cavendish, fazendo algumas alterações e melhorias. 1. Duas partículas de cargas elétricas Q1 = 4 · 10–16 C
e Q2 = 6 · 10–16 C estão separadas no vácuo por uma
distância de 3,0 · 10–9 m. Sendo k0 = 9 · 109 N · m2/C2,
2. Forças entre cargas elétricas a intensidade da força de inte ação entre elas, em
newtons, é de:
puntiformes: lei de Coulomb Resolução:
Para o cálculo da força entre as partículas, é preciso aplicar
As interações eletrostáticas podem ser evidenciadas a fórmula da lei de Coulomb:
pela força percebida entre portadores de cargas elétri- k · |Q | · |Q2|
cas. Essas interações podem ser atrativas ou repulsivas, F = __
​  0 21 ​​.
d
sendo atrativas entre portadores de cargas elétricas de
sinais opostos e repulsivas entre portadores de cargas Substituindo os valores do exercício, obtém-se:
elétricas de mesmo sinal. De acordo com a terceira
 VOLUME 1

​ 9 · 10   
· 4 · 10-16 ​
· 6 · 10-16.
9
lei de Newton, para cada ação existe uma reação, de F = _____________________
  
mesma direção, mesma intensidade, sentidos opostos (3 · 10 )
-9 2

e que atuam em corpos diferentes. Assim, serão carac- Finalizando os cálculos, temos:
terizadas as forças de interações elétricas.
F = 2,4 · 10–4 N

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  123


2. Duas cargas elétricas puntiformes encontram-se num
determinado meio e interagem mutuamente por meio
de uma força eletrostática, cuja a intensidade F varia
com a distância d entre elas de acordo com o diagrama
da figura. Determine a intensidade da força de intera-
ção eletrostática entre essas cargas, quando a distância
entre elas for de 0,5 m.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Lei de Coulomb

Resolução:
Para calcular, é preciso retirar alguns valores do gráfico, multimídia: site
como para d = 0,1 m, temos F = 9 N, assim:
k · |Q | · |Q2| pt.khanacademy.org/science/physics/electric-charge-
F = __
​  o 21 ​
d -electric-force-and-voltage#charge- electricforce
k · |Q | · |Q2|
9 = __
​  o 12 ​ mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/forca-eletrica.htm
0,1
Por consequência, tem-se: www.if.ufrgs.br/fis/EMVirtual/cap1/cargas.htm

9 · 0,12 = k0 · |Q1| · |Q2| educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/


medindo-forca-eletrica-repulsao.htm
Assim:

k0 · |Q1| · |Q2| = 9 · 10–2


3. Força elétrica de várias
O valor do produto dos valores constantes foi encontrado; cargas puntiformes fixas
agora é possível encontrar o valor da força:
Considere cargas puntiformes fixas Q1, Q2, Q3. A cada par
k · |Q | · |Q2| de cargas, tem-se uma_____​›força_____​› elétrica,
_____ seja_____​›de atração
_____ _____ ou de
F = __
​  0 21 ​ . ​› ​› ​›
repulsão; logo, temos F ​​ 1,2, F ​​ 1,3, F ​​ 2,3, F ​​ 2,1, F ​​ 3,1 e F ​​ 3,2. A força
d
9 · 0,12 resultante elétrica que atua em cada partícula será a soma
F = __ ​   ​.
(5 · 10-1)2 vetorial de todas as forças que as outras cargas exercem
Finalizando, temos: sobre ela, ou seja:

F = 0,36 N

multimídia: vídeo
 VOLUME 1

Fonte: Youtube
Força Elétrica - Lei de Coulomb

124  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


_____
​› _____
​› _____
​›
Na carga Q1: F ​​ e1 = F ​​ 2,1 + F ​​ 3,1 Resolução:
_____
​› _____
​› _____
​›
Na carga Q2: F ​​ e2 = F ​​ 1,2 + F ​​ 3,2 Se elas estão alinhadas, então há duas forças aplicadas em
_____
​› _____
​› _____
​› Q3, na mesma direção, mas em sentidos opostos, pois Q1
Na carga Q3: F ​​ e3 = F ​​ 1,3 + F ​​ 2,3
e Q2 possuem o mesmo sinal de carga. Aplicando a lei de
Quanto maior for a quantidade de cargas elétricas envolvi- Coulomb, a resultante será:
das, mais complicado será calcular a força elétrica resultan-

* *
te. Por isso será importante detalhar cada força envolvida, k · |Q | · |Q |
k · |Q | · |Q3| __
Fr = ​__
​  0 21 ​ – ​  0 22 ​ 3 ​.
representar geometricamente seu vetor, prestando atenção d d
se a força é de atração ou de repulsão, para o cálculo veto-
Substituindo os valores, temos:
rial da força resultante.

Considerações importantes *​ 9 · 10 · 2 · 10


​__
Fr =   
9

9
-6
 ​ · 4 · 10-6 – __
​ 9 · 10 · 2 ​ 
  
9

9 *
· 10-6 · 4 · 10-6 ​

§ Massa do elétron: 9,1 · 10–31 kg Observa-se que os valores das forças são os mesmos; logo,
temos:
§ Massa do próton: 1,67 · 10–27 kg
1 C é, em eletrostática, uma carga enorme. Em virtude dis- Fr = 0 N
so, são muito utilizados os submúltiplos do Coulomb:
2. Considere duas cargas elétricas pontuais, sendo uma
§ 1 milicoulomb = 1 mC = 10–3 C delas Q1, localizada na origem de um eixo x, e a outra
§ 1 microcoulomb = 1 mC = 10–6 C Q2, localizada em x = L. Uma terceira carga pontual, Q3,
é colocada em x = 0,4 L. Considerando apenas a intera-
§ 1 nanocoulomb = 1 nC = 10–9 C ção entre as três cargas pontuais e sabendo que todas
Q2
§ 1 picocoulomb = 1 pC = 10–12 C elas possuem o mesmo sinal, qual é a razão ​  __ ​ para
Q1
A carga de um elétron ou de um próton é a menor car- que fique submetida a uma força resultante nula?
ga elétrica livre encontrada na natureza. Essas cargas são
iguais em valores absolutos, constituindo a chamada carga Resolução:
elementar (e):
Segue a representação do caso:

Sendo n o número de elétrons em excesso de um corpo ele-


trizado negativamente, sua carga elétrica, em módulo, vale:
__​› __
​›
​*F ​
​ 1 *​= *​F ​
​ 2 *​
Usando a lei de Coulomb, temos:
Essa expressão é utilizada para calcular a carga elétrica de
um corpo carregado positivamente, e, nesse caso, n é o nú- k · |Q | · |Q3| __
__ k · |Q | · |Q |
​  0 21 ​ = ​  0 22 ​3
mero de prótons em excesso ou o número de elétrons em d d
falta no corpo. O excesso de cargas elétricas que um corpo Assim, temos:
porta é múltiplo natural da carga elétrica elementar. |Q | |Q |
__
​  1  ​ = __
​  2  ​
É preciso lembrar que força é uma grandeza vetorial. Dessa for- (0,4L)2 (0,6L)2
ma, suas operações, causas e consequências devem respeitar
Por consequência, temos:
os métodos e procedimentos inerentes aos estudos vetoriais.
__ (0,6L)2 __ Q
​   ​ = ​  2  ​
(0,4L) Q1
Aplicação do conteúdo
2

__Q
1. Três cargas elétricas encontram-se alinhadas no vácuo. ​  2  ​= 2,25
Sendo Q1 = 2 µC, que está a 3 m de Q3 = 4 µC, e Q2 = 2 µC, Q1
 VOLUME 1

que está a 3 m de Q3; determine a força resultante sobre Q3. 3. Duas cargas elétricas puntiformes idênticas Q1 e Q2,
cada uma com 1 · 10–7 C, encontram-se fixas sobre um
plano horizontal, como pode ser observado na figura
abaixo. Uma terceira carga q, de massa 10 g, encontra-
-se em equilíbrio no ponto P, formando, assim, um

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  125


triângulo isósceles vertical. Sabendo que as únicas forças Por fim, sabe-se que a deve anular a própria força-peso do
que agem em q são as de interação eletrostática com Q1 corpo q, logo:
e Q2 e seu próprio peso, o valor dessa terceira carga é:
FER = P
Substituindo:
1 · 106 · q = 10 · 10–3 · 10
Finalizando:

Adote: k0 = 9 · 109 N · m2/C2; g = 10 m/s2 q = 1 · 10–7 C

Resolução:

Para que o corpo de carga q fique em equilíbrio, é neces-


sário que a força resultante seja nula, ou seja, a soma das
forças elétricas com a força-peso deve ser zero.
Sabendo que Q1 e Q2 são positivas, é fácil concluir que q
deve ser positiva também, para que ocorra força de repul- multimídia: vídeo
são; caso contrário, q nunca iria ficar em equilíbrio.
Fonte: Youtube
Assim, há duas forças de repulsão aplicadas em q com Cabo de guerra elétrico - experiência de Física
direções diferentes, mas de mesmo módulo, F, que vale:
k · |Q1| · |q|
F = __
​  0 2 ​
d
3.1. Medição da carga elementar
9 · 10 · 1 · 10-7 · q
9
F = _____________________
  
​   ​ A carga elementar, cujo valor corresponde em módulo a
9 · 10-4
1,6021176462 ∙ 10–19 C, possui uma incerteza apenas nos
Simplificando, tem-se:
dois últimos algarismos. Deve-se a Robert Andrews Milli-
F = 1 · 106 · q kan (1858-1953) a primeira medida. Em um atomizador,
Como o módulo da força já é conhecido, é interessante Millikan eletrizou gotículas de óleo; quando era atingido o
saber a direção e sentido; para somá-las vetorialmente, equilíbrio dinâmico, Millikan, de forma simplificada, igualou
temos então: a força-peso com a força elétrica, percebendo que todos os
valores de carga elétrica em excesso para cada gotícula de
óleo eram múltiplos de um certo valor. Ele deduziu que o
valor de cada carga elementar era de 1,64 ∙ 10–19 C.

Como já se sabe que as forças têm mesmo módulo, é fá-


cil concluir que, na horizontal, a soma das componentes é
nula, enquanto que, na vertical, a soma das componentes
será o dobro.
Retirando, por geometria, temos:

FQ1Y = F · sen(30º) multimídia: site


Assim, teremos como FER a força elétrica resultante,
de módulo: pt.khanacademy.org/science/physics/electric-charge-e-
FER = 2 · F · sen(30º) lectric-force-and-voltage#charge- electricforce
Logo: mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/forca-eletrica.htm
 VOLUME 1

FER = 2 · 1 · 106 · q · 0,5 www.if.ufrgs.br/fis/EMVirtual/cap1/cargas.htm


educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/
Terminando os cálculos, obtém-se:
medindo-forca-eletrica-repulsao.htm
FER = 1 · 106 · q

126  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


VIVENCIANDO

A força elétrica é uma das quatro forças fundamentais da Natureza. Graças à força elétrica, há união entre os dife-
rentes átomos, moléculas, etc, possibilitando condições para que a vida exista. A atração e a repulsão elétrica estão
presentes quando um pente é capaz de atrair pequenos corpos depois de ser atritado com o cabelo de uma pessoa.
Elas também ocorrem nos processos em que gotículas de água são ionizadas a fim de atrair pequenas partículas de
poeira ou sujeira, processo que ocorre nas chaminés industriais ou em climatizadores, por exemplo.

DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA

GRANDEZA
VETORIAL
DEPENDE DO INVERSO
FORÇA ELÉTRICA DA DISTÂNCIA AO
AÇÃO A QUADRADO
DISTÂNCIA

NATUREZAS NATUREZAS
OPOSTAS IGUAIS
 VOLUME 1

ATRAÇÃO REPULSÃO

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  127


unificou as leis de Coulomb, Oersted, Ampère, Biot-Savart,
CAMPO Faraday e Lenz expressando todas essas leis em apenas
ELÉTRICO quatro equações.

CN COMPETÊNCIA(s)
5e6

AULAS HABILIDADE(s)
17 e 21 multimídia: vídeo
7E8 Campo elétrico
Fonte: Youtube

1. Conceito de campo elétrico multimídia: vídeo


Em Física, é muito comum criarmos modelos que possam Fonte: Youtube
tornar nossa compreensão da natureza mais adequada às
Linhas de campo elétrico - Cargas iguais e anel
nossas observações e aos dados coletados. Exatamente
aqui se enquadra o conceito de campo elétrico. Como vi-
mos anteriormente, as interações entre portadores de car-
gas elétricas podem ser analisadas do ponto de vista das 2. Intensidade
___
de campo elétrico
​› ​
forças existentes entre esses portadores. Uma carga elétri-
__› campo elétrico ​E ​ foi definido a partir da força elétrica​
O
ca puntiforme Q, ou uma distribuição de cargas, origina um F , sendo a razão entre a força eletrostática e o módulo da
campo elétrico no espaço ao seu redor. Ao colocarmos carga de prova q.
uma carga de prova ​_›_ q puntiforme em um ponto P dessa
​ e de origem elétrica age sobre a carga q.
região, uma força F ​

A unidade de campo elétrico é definida por:

No Sistema Internacional de Unidades (SI), tem-se:


De modo equivalente, a carga elétrica de prova q também
produz um campo elétrico, a força de origem elétrica tam- ​ newton ​ = 1​ __
1 unidade de E = 1 _______ N ​
coulomb C
bém age sobre Q ou sobre as cargas da distribuição.
No SI, é utilizado o volt por metro (V/m), que é equivalente
Michael Faraday (1791-1867) inovou ao introduzir na Físi-
ao newton por coulomb (N/C).
ca o conceito das linhas de força, que, mais tarde, origina-
ria a ideia de campo. James Clerk Maxwell (1831-1879),
Aplicação do conteúdo
 VOLUME 1

aluno de Faraday, apoiou-se principalmente nos trabalhos


de seu professor e de Ampère para a formulação da sua
1. Um corpo esférico carregado com uma carga Q = 5 C
teoria eletromagnética, descrevendo desde os campos ele- positiva provocou em uma carga de prova q = 2 C uma
tromagnéticos até a sua propagação em seu trabalho Tre- força de repulsão de 20 N de intensidade. Calcule qual
atise on Eletricity and Magnetism. Nesse trabalho, Maxwell foi o valor do campo gerado pelo corpo.

128  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução: O gráfico de E em função de d, mantendo a carga Q fixa, é
apresentado na figura a seguir:
Pela definição de campo elétrico, tem-se:
E = __ F
q​   ​
Sendo F a força elétrica provocada, e q a carga de prova,
cujo valor, nesse caso, é 2 C.
Assim, substituindo na fórmula, temos:
​ 20 ​
E = __ Gráfico de E versus d
2
Terminando os cálculos, temos:
Aplicação do conteúdo
E = 10 N/C
1. Calcule o valor do campo elétrico produzido por uma
carga Q = 5 µC, num ponto que dista 5 cm dessa carga.

Adote: k0 = 9 · 109 N · m2/C2


Resolução:
Aplicando a fórmula do campo elétrico, tem-se:

k · |Q|
multimídia: site E = __
​  0 2 ​
d
.

Substituindo os valores, obtém-se:


guiadoestudante.abril.com.br/estudo/resumo-de-fisi-
ca-campo-eletrico/
​ 9 · 10 · 5  ​
· 10-6.
9
E = __
  
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/campo-eletrico.htm 5 · 10
2 -4

Realizando os cálculos, resulta:


www.todamateria.com.br/campo-eletrico/
E = 1,8 · 107 N/C
www.efeitojoule.com/2009/01/campo-eletrico-e-con-
ceito-campo.html Direção:
_​›_
www.rc.unesp.br/showdesica/99_Explor_Eletrizacao/ A direção do campo é a mesma da força F ​
​ e.
paginas%20htmls/Campo%20el%C3%A9trico.htm
Sentido:
§ 1.° caso: a carga Q é positiva (Q > 0)

3. Campo elétrico de uma Se em P for colocada a carga pontual _​__› q > 0, as cargas se
repelem (pois
​_›_ Q > 0 e q > 0). Então E ​
​ , em P, tem o mesmo
carga puntiforme Q fixa sentido de F ​
​ e, isto é, de Q para P.

A seguir, são_​__›apresentadas as características do vetor cam-


po elétrico ​E ​ em um ponto P, devido a uma carga punti-
forme Q, fixa no ponto O.
Intensidade:

Igualando as equações Fe = |q| · E (definida acima) e a lei


|Q| . |q|
de Coulomb, Fe = k0 ·______
​   ​, tem-se:

|Q| · |q|
|q| · E = k0 · ______
 VOLUME 1

​   ​

|Q|
E = k0 · ___
​   ​ Se em P for colocada a carga
d² _​__› pontual q < 0, as cargas se
atraem. Como q < 0, então E ​​​​​​​​ , em P, tem sentido oposto ao

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  129


_​›_
de F ​
​ e, ​e, isto é, de Q para P. Observando as duas situações, Se em P for colocada a carga ​___›
q < 0, as cargas se repelem.
é possível ​___› verificar que, Q > 0, o sentido do vetor campo Como​_›_
q < 0, segue-se que E ​
​ em P tem sentido oposto ao
elétrico E ​​ em P é de Q para P, qualquer que seja o sinal da de F ​
​ e, isto é, de P para Q. Observe agora_​__› que, sendo Q <
carga de prova. 0, o sentido do vetor campo elétrico E ​ ​ em P é de P para Q.

​___› ​___›
O campo elétrico E ​
​ produzido por uma carga posi- O campo elétrico E ​
​ produzido por carga negativa fixa
tiva fixa é de afastamento (divergente) em qual- é de aproximação (convergente) em qualquer ponto.
quer ponto.

Vetores campo elétrico produzido por Q < 0 fixa


Vetores campo elétrico produzido por Q > 0 fixa

§ 2° caso: a carga Q é negativa (Q < 0)


Se em P for colocada a carga de prova q > 0, as cargas se
4. Campo elétrico de várias
atraem. Como
​_›_
​___›
​ em P tem o mesmo
q > 0, segue-se que E ​ cargas puntiformes fixas
​ e, isto é, de P para Q.
sentido de F ​ Considere as cargas puntiformes fixas Q1, Q2..., Qn. Caso a
carga​___›Q1 estivesse sozinha, originaria em P o campo elé-
trico E ​ ​___› Q2 estivesse sozinha, originaria em P o
​ 1. Se a carga
campo elétrico E ​ ​ 2, e assim por diante,
​___› até Qn que, sozinha,
originaria em P o campo elétrico E ​ ​ n.
 VOLUME 1

130  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


2. Sabendo-se que o vetor campo elétrico no ponto A é
Aplicação do conteúdo nulo, a relação entre d1 e d2 é:

1. Represente abaixo, separadamente, os vetores q


campo elétrico produzidos por duas cargas QA = 12
C e QB = –20 C, no ponto P, situado a 2 m de distân-
cia de ambas as cargas.

d1
a) ​ __ ​= 4.
d2
d1
b) ​ __ ​= 2.
d2
d1
c) ​ __ ​= 1.
d2
d1 1
d) ​ __ ​ = __
​   ​.
d2 2
Resolução: d1 1
e) ​ __ ​ = __
​   ​.
Calculando o valor do campo elétrico produzido pela d2 4
carga A:
k · |Q| Resolução:
E = __ ​  0 2 ​
d Para que as distâncias sejam encontradas, é preciso anali-
Substituindo os valores, tem-se:
sar os campos elétricos no ponto A gerado por cada carga.
​ 9 · 102  ​ · 12
9
E = __ Se o campo no ponto A é nulo, isso significa que os campos
2
de A e B possuem o mesmo módulo e direção, mas em
Assim: sentidos opostos.
E = 2,7 · 1010 N/C Sendo Ed1 e Ed2, os campos produzidos pela carga +4q e
+q, respectivamente, temos:
Calculando o valor do campo elétrico produzido pela
carga B: Ed1 = Ed2

​ 9 · 102  ​· 20


9
E = __ Substituindo:
2
Assim: k · |+4q| k0 · |+q|
________
​  0 2 ​ = ________
​  2 ​
E = 4,5 · 1010 N/C d​ ​1​  ​ d​ ​2​  ​
Simplificando:
Lembre-se de que, para cargas positivas, o campo tem sen-
tido divergente à carga; para cargas negativas, o campo +4q +q
________
tem sentido convergente à carga, ou seja: ​  2 ​ = ________
​   ​
d​ ​1​  ​ d​ ​22​  ​
Logo:

__ d​ ​ 2​  ​
​  21 ​= 4
d​ ​2​  ​

__d
​  1 ​= 2
d2
 VOLUME 1

Alternativa B
3. Duas cargas puntiformes no vácuo, de mesmo valor
Q = 125 µC e de sinais opostos, geram campos elétricos
no ponto P (vide figura). Qual o módulo do campo elé-
trico resultante, em P, em unidades de 107 N/C?

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  131


Sabendo que o sen(a) = 3/5, temos:
ER = 2 · 45 · 107 · ​ __
5 ()
​  3 ​ ​
Concluindo, temos:
ER = 54 · 107 N/C

Resolução: 5. Linhas de força ​___›


Para o cálculo do valor do campo elétrico resultante no A cada ponto de um campo elétrico associa-se um vetor E ​
​.
ponto P, é preciso somar, vetorialmente, os campos produ-
Esse campo elétrico pode ser representado
​___› desenhando-se
zidos por –Q e +Q .
um número conveniente de vetores E ​​ , conforme indicado
Esquematizando os vetores, segue: na figura a seguir:

Sendo E-q o campo produzido pela carga –Q, e Eq o campo


Um campo elétrico também pode ser representado utili-
produzido pela carga +Q.
zando linhas de força.
Decompondo-se os campos, obtém-se:
As linhas de força são linhas tangentes, em cada pon-
to, ao vetor campo elétrico naquele ponto. O sentido
de orientação é o mesmo do campo elétrico.

Lembrando que:
|E–q| = |Eq|

Calculando o módulo de Eq:


k0 · 125 · 10-6
Eq = ​ ________  ​
d​ ​ 2​  ​ As linhas de força em uma determinada região represen-_​__›
Por Pitágoras, é possível descobrir que d = 5 cm, segue então: tam, aproximadamente, a direção e sentido do vetor E ​​
​ 9 · 10 · 125 · 10-6
9
Eq = __
    ​ nessa região.
(5 · 10 ) -2 2

As figuras a seguir mostram linhas de força de alguns cam-


Terminando os cálculos, tem-se:
pos elétricos particulares:
Eq = 45 · 107 N/C

Calculando as componentes, temos:


Eqy = E–qy = Eq · sen(a) e Eqx = E–qx = Eq · cos(a)

Analisando os sentidos, observa-se que as componentes ho-


 VOLUME 1

rizontais se anulam, enquanto as verticais são somadas, logo:


ER = 2 · Eqy
Substituindo:
Carga puntiforme Q > 0.
ER = 2 · Eq · sen(a) As linhas de forças partem das cargas positivas.

132  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


O número de linhas de força por unidade de área é
proporcional à quantidade de carga elétrica do corpo
ou partícula.

Aplicação do conteúdo
1. Observe o desenho das linhas de força do campo ele-
Carga puntiforme Q < 0.
As linhas de forças chegam às cargas negativas. trostático gerado pelas pequenas esferas carregadas
com cargas elétricas e.
Quanto maior for o módulo da carga que origina o campo
elétrico, maior será o número de linhas de força. Na figura
a seguir, o módulo da carga positiva é maior que o da carga
negativa. Nas regiões em que as linhas estão mais próxi-
mas, a concentração de linhas de força é maior e o campo
elétrico é mais intenso. O campo elétrico é mais intenso
em A do que em B, por exemplo. No ponto N, o campo
elétrico é nulo.

a) Qual é o sinal do produto QA · QB?


b) Em que ponto, C ou D, o vetor campo elétrico resul-
tante é mais intenso?
Resolução:
a) Observando a figura, é possível notar que as linhas
de campo saem de QA e entram em QB. Assim, a carga
QA é positiva, e QB é negativa. Portanto, o produto en-
tre suas cargas resultará num valor negativo. Assim,
Duas cargas puntiformes de sinais opostos e módulos diferentes QA · QB < 0.
b) No ponto C, o vetor campo elétrico é mais intenso,
pois ele se encontra numa região em que as linhas de
campo são mais próximas umas das outras.

Duas cargas puntiformes de mesmo módulo e positivas.


Em N, o vetor campo elétrico é nulo. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Física Geral III - Aula 2 - Campo Elétrico - Parte 1
 VOLUME 1

Duas cargas puntiformes de mesmo módulo e de sinais opostos

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  133


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

Fenômenos eletromagnéticos estão presentes no cotidiano do mundo moderno. Desde a Segunda Revo-
lução Industrial, a eletricidade tomou conta da vida das pessoas. Entretanto, ainda trata-se de uma área
mais abstrata da física, uma vez que o objeto de estudo é pequeno demais aos olhos. A habilidade 21
cobra justamente que o estudante seja capaz de perceber, relacionar e interpretar os fenômenos eletro-
magnéticos cotidianos e trazer à luz a verdade por meio de respostas científicas.

MODELO 1

(Enem) Em museus de ciências, é comum encontrarem-se máquinas que eletrizam materiais e geram intensas
descargas elétricas. O gerador de Van de Graaff (Figura 1) é um exemplo, como atestam as faíscas (Figura 2) que
ele produz. O experimento fica mais interessante quando se aproxima do gerador em funcionamento, com a mão,
uma lâmpada fluorescente (Figura 3). Quando a descarga atinge a lâmpada, mesmo desconectada da rede elétri-
ca, ela brilha por breves instantes. Muitas pessoas pensam que é o fato de a descarga atingir a lâmpada que a faz
brilhar. Contudo, se a lâmpada for aproximada dos corpos da situação (Figura 2), no momento em que a descarga
ocorrer entre eles, a lâmpada também brilhará, apesar de não receber nenhuma descarga elétrica.

A grandeza física associada ao brilho instantâneo da lâmpada fluorescente, por estar próxima a uma descarga
elétrica, é o(a):
a) carga elétrica.
b) campo elétrico.
c) corrente elétrica.
d) capacitância elétrica.
e) condutividade elétrica.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O campo elétrico gerado pelos corpos eletrizados faz com que partículas existentes no interior das lâmpa-
das movam-se, chocando-se umas com as outras, emitindo luz.
 VOLUME 1

RESPOSTA Alternativa B

134  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


MODELO 2
(Enem) Durante a formação de uma tempestade, são observadas várias descargas elétricas, os raios, que podem
ocorrer: das nuvens para o solo (descarga descendente), do solo para as nuvens (descarga ascendente) ou entre
uma nuvem e outra. As descargas ascendentes e descendentes podem ocorrer por causa do acúmulo de cargas
elétricas positivas ou negativas, que induz uma polarização oposta no solo.
Essas descargas elétricas ocorrem devido ao aumento da intensidade do(a):
a) campo magnético da Terra.
b) corrente elétrica gerada dentro das nuvens.
c) resistividade elétrica do ar entre as nuvens e o solo.
d) campo elétrico entre as nuvens e a superfície da Terra.
e) força eletromotriz induzida nas cargas acumuladas no solo.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Excelente questão, pois cobra do aluno a explicação de um fenômeno natural muito comum, que é a ocorrência
de relâmpagos. O estudante deve ser capaz de explicar cientificamente o fato, utilizando-se dos seus conheci-
mentos em eletricidade.
O aumento do campo elétrico entre as nuvens e o solo favorece o deslocamento de partículas carregadas (íons)
que causam as descargas elétricas.

RESPOSTA Alternativa D

DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA

DEPENDE DO INVERSO
GRANDEZA
CAMPO ELÉTRICO DA DISTÂNCIA AO
VETORIAL
QUADRADO

CARGA NEGATIVA CARGA POSITIVA


 VOLUME 1

CAMPO CAMPO
CONVERGENTE DIVERGENTE

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  135


ANOTAÇÕES

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
 VOLUME 1

____________________________________________________________
____________________________________________________________

136  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Você também pode gostar