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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENCIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022
Todos os direitos reservados.

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa


Hexag Sistema de Ensino

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Letícia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

projeto gráfiCo e Capa


Raphael de Souza Motta

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Freepik (https://www.freepik.com)
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ISBN: 978-85-9542-194-3

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusi-
vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre-
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2022
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SUMÁRIO
FÍSICA
CINEMÁTICA 5
AULAS 1 E 2: VETORES 7
AULAS 3 E 4: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS MOVIMENTOS 19
AULAS 5 E 6: MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME 29
AULAS 7 E 8: GRÁFICOS DO MRU 39

CALORIMETRIA 49
AULAS 1 E 2: CALOR SENSÍVEL 51
AULAS 3 E 4: MUDANÇAS DE ESTADO 62
AULAS 5 E 6: TRANSMISSÃO DE CALOR 74
AULAS 7 E 8: EXPANSÃO TÉRMICA DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS 84

ELETROSTÁTICA 95
AULAS 1 E 2: PRINCÍPIOS DA ELETROSTÁTICA 97
AULAS 3 E 4: LEI DE COULOMB 107
AULAS 5 E 6: CAMPO ELÉTRICO 112
AULAS 7 E 8: FORÇA ELÉTRICA E CAMPO ELÉTRICO 120
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
FÍSICA

CINEMÁTICA
CIÊNCIAS DA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

A cinemática possui grande incidência nas O tema cinemática sempre está presente
provas do ENEM, sempre relacionando com na prova da Fuvest, com questões que
o cotidiano e em praticamente em todas as exigem interpretrações gráficas (MRU e
questões, e quase sempre possuem análise MRUV) e manipulações em equações ho-
gráfica. rárias de movimento.

O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente
na prova da Unicamp, com questões que na prova da Unifesp, com questões que na prova da Unesp, com questões que exi-
exigem interpretrações gráficas e manipu- exigem interpretrações gráficas (MRU e gem interpretrações gráficas e manipula-
lações em equações horárias de movimen- MRUV) e manipulações em equações ho- ções em equações horárias de movimento.
to relacionando com dinâmica. rárias de movimento.

O tema cinemática está presente com O tema cinemática está presente com O tema cinemática é cobrado com ques- O tema cinemática é abordado com ques-
questões que exigem manipulações em questões que exigem manipulações em tões de manipulações de equações horárias tões que exigem interpretrações gráficas e
equações horárias de movimento. equações horárias de movimento. de movimento. manipulações em equações matemáticas.

UFMG
O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente
na prova da UEL, com questões que exigem na prova da UFPR. As questões abordadas com questões que exigem interpretrações,
interpretrações gráficas e manipulações em não apenas exigem interpretrações gráficas análise de figuras e manipulações em
equações horárias de movimento. e manipulações em equações horárias de equações horárias de movimento.
movimento, mas também conceitos.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente
na prova, com questões que exigem in- na prova da Unigranrio, com questões que na prova, com questões que exigem inter-
terpretrações gráficas e manipulações em exigem análise de figuras e manipulações pretrações de gráficos e análise de figuras
equações horárias de movimento. em equações horárias de movimento. com manipulações em equações horárias
de movimento.

6
Grandezas escalares Grandezas vetoriais
intensidade da
força de reação normal
corrente elétrica
resistência elétrica força elástica
capacidade térmica força tensora
VETORES calor específico sensível força centrípeta
calor latente empuxo
fluxo magnético quantidade de movimento
vazão momento
capacitância impulso

CN AULAS
1E2 2. Vetor
Representam-se as grandezas físicas vetoriais por meio
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) de vetores. A notação de um vetor é dada por uma letra
5 17 (maiúscula ou minúscula) com uma pequena flecha para a
direita acima da mesma. Vetor é um ente matemático repre-
sentado por um segmento de reta orientado (flecha).

1. Grandezas escalares e vetoriais O


NO
N
NE

L
Uma grandeza escalar é caracterizada apenas pela sua SO

S
SE

intensidade, ou seja, o valor numérico, acompanha- r (reta suporte)

do de sua unidade de medida. O tempo, a massa e a



v ou v B (final ou extremidade: sentido)
“para onde”
temperatura de um corpo são exemplos de grandezas →
v (vetor v)
escalares. Já as grandezas vetoriais necessitam, além da θ (direção) linha
horizontal
intensidade, da informação quanto à sua direção e seu A (origem)

sentido. Ao dizer, por exemplo, que um carro se move a Resumo:


40 km/h, a informação sobre sua velocidade está incom-
pleta. A velocidade é uma grandeza vetorial e, portanto, é § sentido: é dado pela orientação do segmento (leste,
necessário informar a direção e o sentido de deslocamen- oeste, para cima, para baixo, direita, esquerda, etc).
to do carro. Nesse caso, poderia ser dito que o carro trafe-
§ direção: é dada pelo ângulo formado entre o vetor e o
ga na Rua da Consolação (direção) em sentido à Avenida
eixo horizontal (diagonal, horizontal e vertical).
Paulista (sentido).
Exemplos de grandezas escalares: § módulo ou intensidade: é dado pelo comprimento
do segmento orientado (nº + unidade).
Grandezas escalares Grandezas vetoriais
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

tempo velocidade
massa aceleração
temperatura deslocamento
trabalho posição
energia força elétrica
pressão campo elétrico multimídia: livro
potência força magnética Fonte: Youtube
potencial campo magnético Leonard Mlodonow - A janela de Euclides
diferença de potencial força gravitacional Livro que aborda de maneira simples, divertida e curiosa
quantidade de mol campo gravitacional a evolução de conceitos-chave de geometria e o modo
que o homem compreende o espaço.
carga elétrica força-peso

7
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Para a aplicação da noção de vetores, algumas ideias matemáticas são necessárias, utilizamos praticamente concei-
tos de geometria espacial e geometria analítica. Noções de ponto, reta, espaço, segmento orientado e as operações
entre os vetores são conceitos puramente matemáticos. É sempre importante lembrar que existe diferença nas ope-
rações entre grandezas escalares e operações entre grandezas vetoriais.
Da matemática de Euclides ficaram definidos os conceitos de ponto, reta, plano e segmento de reta. O ponto, “o
que não tem partes”, sendo um elemento desprovido de tamanho, sem dimensões, sem forma. A reta é definida
como um ente geométrico de apenas uma dimensão, de maneira simplista podemos dizer que uma reta é formada
por infinitos pontos “alinhados”; duas retas podem ser classificadas como paralelas, concorrentes, perpendiculares,
coincidentes ou ainda como reta tangente ou reta secante.

2.1. Vetor e suas características


O vetor pode ser representado por uma letra e um segmen-
to orientado (flecha) sobre a letra:
_​__›
a ​​   
_​__›
b ​​    multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Lembrando que as três características de um vetor são: mó-
Física - Introdução a vetores e escalares - parte 1
dulo (ou intensidade), direção e sentido.
(Khan Academy)
Caso eles estejam sobre retas paralelas ou sobre a mesma
reta (denominada reta suporte), a direção de dois vetores
são iguais. Como exemplo, suponha que as retas r e s, na​ Observações
__figura
​ _​__› a seguir, sejam paralelas. Desse modo, os os vetores​
​_​___› _​​ __› ​_›_

c ​   e​ d ​ ​
​    têm direções diferentes, mas os vetores ​a  ​ ​   , b ​
​    e c​    § Vetores paralelos: diz-se que dois ou mais vetores
possuem a mesma direção. são paralelos entre si, quando suas direções (inclina-
_​__› _​​ __› ções) forem idênticas, não importando os sentidos
Os vetores a  ​
​   e b ​ ​
​   , na figura a seguir, estão orientados
​___› ​__ em dos mesmos.

sentidos opostos,_​​__ assim como os vetores b  ​
​  e c ​
  ​  . Entre-

› _​›_
tanto, os vetores a  ​​   e c ​
​    têm sentidos iguais. Os sentidos de § Vetor nulo: denomina-se vetor nulo a todo vetor cujo
dois vetores são iguais quando possuem a mesma direção e representante é um segmento de reta orientado, nulo,
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

estão orientados para o mesmo lado. isto é, o início e o fim desse segmento de reta coinci-
dem. A representação do vetor nulo é um ponto ( . ).
Também pode ser representado​___› pelo número zero com
uma flecha acima do mesmo ( 0 ​)  .

§ Vetores simétricos ou opostos: quando dois ve-


tores possuem o mesmo módulo, a mesma direção,

8
porém sentidos opostos, diz-se que os mesmos são em sentido norte. Na figura, a flecha _(apontando para o
​_›
simétricos ou opostos entre si. norte) representa o vetor__velocidade ​v    do automóvel; o
​›
módulo desse vetor será  v  ​  ​= 80 km/h. É importante des-
§ Vetores iguais: dois vetores são iguais se, e somen-
tacar que todo vetor que possuir mesma direção, mesmo
te se, tiverem o mesmo módulo, a mesma direção e o
sentido e mesma intensidade, representando, portanto, a
mesmo sentido.
mesma grandeza, representa uma classe de equipotência.
A intensidade, módulo ou norma de uma grandeza veto-
rial, é o módulo do valor numérico do vetor.
_​›_
v ​​    N
O L
S
_​›_
multimídia: vídeo |​v ​|   = 80 km/h

Fonte: Youtube Se um objeto estiver em repouso, por exemplo, sua veloci-


​___›
Física I - Aula 5 - Grandezas escalares e vetoriais dade será nula. Desse modo, o vetor nulo, denotado por 0 ​ ,  
pode ser utilizado para representar essa grandeza. A dire-
ção e o sentido não são definidos para o vetor nulo. Uma
grandeza pode ter valor numérico igual a zero.
Aplicação do conteúdo
O exemplo mais elementar de grandeza vetorial é o deslo-
1.Ao olhar a figura, você consegue definir os vetores que: camento vetorial.
(UFB adaptado)
Suponha que uma partícula desloca-se do ponto P até o
ponto Q, seguindo a trajetória descrita pela figura.

P
Q
a) têm a mesma direção.
b) têm o mesmo sentido.
c) são iguais. ​___›
d ​​   
Resolução:
___
​ › ___
​› P
a) Os vetores ​C ​  e ​D ​  ___estão
___ em
__ uma direção oblíqua (in-
​› ​ › ​›
clinada), os vetores
___ ___ ​E ​  , ​A ​  e ​F ​  estão na direção vertical,
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​› ​› O deslocamento vetorial
​___› realizado pela partícula é repre-
e os vetores ​B ​  e ​G ​  estão na horizontal.
___
​› ___
​› sentado pelo vetor d ​
​ .  
b) Os vetores
___ __ ​
C ​   e ​D ​   estão no sentido nordeste e os
​ › ​› Que une o ponto inicial P (chamado origem do vetor) ao
vetores ​A ​  e ​F ​  estão no sentido norte.
ponto final Q (chamado extremidade do vetor).
c) Para que um vetor seja igual ao outro, as três carac-
terísticas (módulo, direção e sentido) devem ser iguais.
___
​ › ​__› Aplicação do conteúdo
Observando o desenho, concluímos que os vetores A ​ ​    e F ​​   
são iguais, pois compartilham de um___módulo
​› ___
​›
2u, direção 1. (UEM) Na ilustração abaixo, um trabalhador puxa por
vertical e sentido norte. Os vetores C ​
​  
  e D ​
​    também são uma corda um carrinho que se desloca em linha reta.
__

iguais por terem módulo 2 ​ 2 ​u,
  uma direção oblíqua e
O puxão da corda efetuado pelo trabalhador pode ser des-
sentido nordeste.
crito como uma força que:
O módulo de um vetor, graficamente, é proporcional ao seu a) possui somente magnitude.
comprimento. Suponha, por exemplo, que um automóvel b) possui somente direção.
esteja se deslocando com velocidade escalar de 80 km/h c) possui direção e magnitude.

9
d) não possui nem direção nem magnitude. Resolução:
e) realiza um torque.
Alternativa C
Um vetor força com um módulo (magnitude), uma direção
e um sentido, caracteriza o puxão da corda. Nesse caso, a
direção é oblíqua (inclinada) e o sentido é nordeste, porém
o sentido não é citado.

Como surgiu o vetor


O conceito formal de vetores é trabalho de alguns matemáticos e físicos que estudavam os números complexos, entre eles
podemos destacar Willian Rowan Hamilton (1805-1865), Josian Willard Gibbs (1839-1903) e Carl Friedrich Gauss (1777-
1855). Porém, conceitos mais intuitivos remontam a Herão de Alexandria (século I) e Aristóteles (385-322 a.C.)

VIVENCIANDO

Apesar de algumas pessoas pensarem que a utilização de conceitos vetoriais está restrita aos campos da Física e da
Matemática, elas o fazem sem perceber. Atualmente, muitas pessoas utilizam GPS para se localizar ou localizar um
destino. Só no fato de localizar um ponto em relação a um referencial já temos um vetor, mas quando localizamos um
destino e seguimos os passos designados pelo GPS, cada passo trata-se de um vetor, e, a cada instrução realizada,
estamos compondo uma soma vetorial pela regra do polígono.
Se nos dias atuais pequenos deslocamentos nas cidades se dão através da utilização de aplicativos de localização
como o WAZE, é possível imaginar a necessidade e a importância da localização em mapas cartográficos, cartas de
navegação e a revolução que foi a organização utilizando latitude e longitude.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2.2. Soma de vetores


As grandezas vetoriais podem ser somadas (ou adiciona­ P
das). Por exemplo, ao efetuar a soma de 1 kg de tomates
com mais 2 kg de tomates, o resultado sempre será 3 kg M
de tomates. ___
​›
___​› b ​ ​  
Para somarmos vetores, no entanto, outra abordagem é a ​ ​  
necessária. Acompanhe
​___›
a seguir, uma partícula que efetua
N
​​___›  do ponto M ao ponto N e, em seguida,
um deslocamento a ​
um deslocamento b ​ ​   do ponto N ao ponto P.

10
_​__› _​__›
P a ​​   
___​› b ​​   
s ​ ​  
M
___
​›
___​› b ​ ​  
a ​ ​  
N

O deslocamento final da partícula, que se moveu do ponto _​__› _​__›


​_›_ a ​​   
M ao ponto P, é indicado na figura pelo vetor s  ​ .   Desse modo, b ​​   
os dois deslocamentos anteriores​_podem ser substituídos por
›_
um deslocamento único,
_​__› ​___› o vetor s ​
​ .

  Esse vetor é a soma (ou _​›_
resultante) de a ​
​   e b ​
​ ,   e indicamos: s ​​   

_​›_ _​__› _​__›


​   = a ​
s ​ ​   + b ​
​   
_​›_ _​__› _​__›
s ​
​   = a ​
​   + b ​​   
​___›
Ou: pode-se desenhar
_​__› um vetor igual a a ​
​ ,   a partir da ex-
tremidade de b ​
​ .  
_​›_ _​__›
O vetor s ​
​   é a soma
_​__› dos vetores, ligamos a origem de b ​
​   à
extremidade de a ​ ​ .  

_​__›
multimídia: vídeo a ​​   

Fonte: Youtube
​___›
Khan Academy: Módulo do vetor soma b ​​   

2.2.1. Polígono e sua regra


​___› _​__›
Para somar dois vetores quaisquer (não nulos), a ​
​   e b ​
​ :  
_​__›
Desenhamos um vetor igual a b ​ ​   (mesmo módulo, mesma
direção
​___›
e mesmo sentido) a partir da extremidade do
vetor a ​
​ .  
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​___› ​___› _​›_ ​___›


A soma de a ​
​   e b ​
​ ,   o​___› vetor s ​
​ ,   é obtida ligando a origem de a ​​    ​___› _​›_
à extremidade de b ​ ​ .   b ​​    s ​​    _​__›
a ​​   

_​__› ​___› _​__›


a ​​    b ​​    a ​​   

​___›
b ​​    A propriedade comutativa na adição de vetores apresenta:
​___› _​__› _​__› _​__

​   + b ​
a ​ ​   = b ​
​   + a ​
​   

Em caso de um dos vetores ser nulo:


_​__› ​___› ​___› _​__› _​__›
​   + 0 ​
a ​ ​   = 0 ​
​   + a ​
​   = a ​
​   

11
Preste atenção:
​__ ​___ _​__›
​   ​+ ​ b ​ 
​   ​
› ›
​ ​s ​   ​< ​ a ​ 
_​›_ ​___› _​__›
O módulo de s ​
​   é menor que a soma dos módulos de a ​
​   e b ​
​ .  
_​›_
Portanto, o módulo de_​__ s ​ ​   ​_será
__› obrigatoriamente igual à

soma dos módulos de a ​
​___› _​__›
​   e b ​
​ ,   somente no caso em que os
vetores a ​
​   e b ​
​   tenham direção e sentido iguais.

Aplicação do conteúdo
_​_› ​
1.
__› Determinar o módulo da resultante dos vetores ​x ​   e​
y .   Cada quadradinho mede uma unidade.

_​›_
x ​​   
_​›_
y ​​   

A regra do polígono pode ser aplicada para qualquer quanti-


dade de vetores, basta adicionar a origem de um vetor à extre-
Resolução: midade do vetor anterior e, por fim, traçar o vetor resultante.
_​›_
O módulo de s ​  é obtido aplicando o teorema de Pitágoras
ao triângulo retângulo sombreado na figura: 2.2.2. Paralelogramo e sua regra
_​›_ _​›_
Considere os vetores x ​
​   e y ​
​   representados na figura.
_​›_
x ​​    _​›_
x ​​   
_​›_
y ​​   
_​›_
_​›_ y ​​   
s ​​   
3 _​›_ _​›_
Desenhe vetores iguais a x ​
​    e y ​
​    a partir de uma mesma
origem P.
4 A seguir, ​_o_ segmento MQ​
​XXX paralelo a PN​
​XXX a partir da extremi-

dade de x ​​   (ponto M), e o segmento NQ​​XXX paralelo a PM​
​XXX, de
_​_
​ s ​ ​›  2​ = 32 + 42 = 9 + 16 = 25 modo a obter o paralelogramo PMQN.
​_›_ ​__ ___ ​__ _​›_ _​›_ _​›_
​ s ​ ​   2​ = 25 ä ​ s ​ ​›  ​= √​ 25 ​ ä ​ s ​ ​›  ​= 5 unidades
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Assim temos o vetor s ​ ​   e y ​​ ,   unindo P a Q:


​ ,   que é a soma de x ​
M M M
Para fazer a soma de três ou mais vetores, basta aplicar _​›_
x ​​   
_​›_
x ​​   
_​›_
x ​​    _​›_
P P Q P s ​​    Q
esse mesmo processo.
​___› _​__› ​_›_
_​›_ _​›_
y ​​    y ​​   
A seguir, estão representados os vetores a ​
​ ​_,  _ b ​
​   e c ​
​ .   Para ob- N N N


ter a soma dos três vetores, isto é, o vetor s ​​ ,   tal que:
A seguinte relação pode ser usada para calcular o módulo
_​›_ _​__› _​__› _​›_ da soma de dois vetores quaisquer.
​s ​  = a ​
​   + b ​
​   + c ​
​   
_​__› _​__›
a ​​    a ​​   
​___›
_​›_
Desenhamos um vetor igual ao vetor partir
​___›
da extre- b ​ ​
​    a θ θ s ​​   
_​__›
midade de a​​ ,   e a ​_partir da extremidade de b ​  ​​​   desenhamos​___
›_ › ​___› ​___›
um vetor igual a c ​ ​​​_​,  _ como na figura. Unindo
_​›_ a origem de a ​​​​    b ​​    b ​​   

à extremidade de c ​ ​​​ ,   obtemos o vetor s ​​​​ .  

12
___
a) Fr = √
​ __
19 ​  N
​__ ​___ ​___› ​___ ​___›
​   ​² + ​ b ​ 
​ s ​ ​›  ​² = ​ a ​  ​   ​² + 2 · ​ a ​ 
​   ​· ​ b ​ 
​   ​· cos u
› ›
b) Fr = √
​ 8 ​  N
___
c) Fr = √
​ 34 ​
 N
___
A regra do paralelogramo é uma prática comum na soma d) Fr = √
​ 49 ​  N
__
de vetores. e) Fr = √
​ 2 ​  N

Aplicação do conteúdo Resolução:


​___›
1. (Unesp - adaptado) Em escala, temos duas forças ​​​a ​ ​   e​​ Alternativa A
___

b  ​
   , atuando num mesmo ponto material P. O ângulo de 120° está no segundo quadrante, onde o cos-
seno é negativo. O valor de cos(120°) é –0,5.
Aplicando a regra do paralelogramo, temos
a
(Fr)² = (3)² + (5)² + 2 · 3 · 5 · cos(120°) ⇔
P
⇔ (Fr)² = 9 + 25 + 30(–0,5) ⇔
b ___
⇔ (Fr)² = 34 –15 ⇔ (Fr)² = 19 ⇔ Fr = ​√19 ​ N.
1N
1N
___
​› 2.3. Vetor oposto
a) Represente na _____
figura_____
​ › reproduzida a força R ​
​  ,  resul- ​___›
​›
tante das forças a ​
​   e b ​
​  ,  e determine o valor de seu Um vetor a ​
​   ​___com a mesma direção, não nulo, e o mesmo

módulo, em newtons. ___ ___ módulo de a ​ ​​___,   mas com sentido contrário, é denominado
​› ​ › ›
b) Determine o cosa formado entre os vetores a ​ ​   e b ​
​  .  oposto de ​a ​  .
_​__› _​__›
Resolução: ___
O vetor oposto de a ​
​   é indicado por –​a ​.  
​›
a) Pela regra do paralelogramo, temos que |​R ​ |  = 3 N. s
r
​___›
a ​​   
_​__›
–​a ​  

2.4. Subtração de vetores


De modo semelhante ao que _se
__ faz com os números reais, ​___› ​›
b) Os módulos dos vetores são: diferença de dois vetores a ​
​   e b ​
​   é obtida:
___
​› ​___› _​__› ​___› _​__›
módulo de ___​a ​  : a = 2 N a ​ ​  – b ​
​​​   = a ​ ​
​​​   + (–​​​b ​ ​  )
​›
módulo de ​b ​  : b² = 2² + 3² ⇔ _​__› ​___› ​
___ Isto
___› é, o vetor a ​
​   – b ​​ _​__  ›é obtido efetuando a adição do vetor​
⇔ b² = 13 ⇔ b = √
​ 13 ​ N a ​  com o oposto de b ​ ​ .  
Aplicando a regra do paralelogramo, temos:
R² = a² + b² + 2 · a · b · cosa ⇔
Por exemplo _​__› ​___›
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

___ ___ § Dados_​__› os vetores


_​__› a ​
​​___   e b ​
​_​__›   da figura, determinaremos o
⇔ 3² = 2² + (​√13 ​) ² + 2 · 2 · (​√13 ​)  cosa ⇔ ›
___ vetor d ​
​   tal que d ​
​   = a ​
​   – b ​ ​ .   Utilizando a relação apresen-
⇔ 9 = 4 + 13 + 4(​√13 ​)  cosa ⇔ tada acima, temos:
___
⇔ cosa = (9 – 4 – 13)/4 (​√13 ​)  ⇔ ​___› _​__› _​__› _​__› ​___›
–2
⇔ cosa = ​ ____
___  ​   d ​
​   = a ​
​   – b ​
​   = a ​
​   + (–​b ​)  
​√13 ​ 
___
​› ​_____›
2. (UEM) Sobre uma superfície lisa (atrito desprezível), Então, fazemos a adição de a ​
​   com –b ​
​ :  
um corpo está sendo tracionado por duas cordas. Qual
a intensidade da força resultante Fr?

13

2.
___› Dados
___
​ › ___ ​›
os vetores representados na figura, obtenha​
D ​   = ​X ​   – ​Y
  ​ .

O módulo da diferença de dois vetores quaisquer pode ser


calculado usando a seguinte relação: Resolução:
_​__› ​___› _​__› ​___› _​__› ___
​ d ​ 
​   ​² = ​ a ​ 
​   ​² + ​ b ​ 
​   ​² – 2 · ​ a ​ 
​   ​· ​ b ​ 
​   ​ cosu
​›
Para a subtração
___
​›
vetorial,soma-se o vetor X ​
​   com o oposto
_​__› ​___› do vetor Y ​
​ .  
Onde u é o ângulo formado entre os vetores a ​ ​   e b ​
​ ,   quando ​___› ​___› ​___› ​___› ​___› ​___›
​   = X ​
D ​ ​   ⇔ D ​
​   – Y ​ ​   = X ​
​   + (–1) Y ​
​   
ambos estão partindo da mesma origem. ​___› ​___›
Para encontrar o vetor D ​
​ ,   invertemos o sentido do vetor Y ​​   
Aplicação do conteúdo e aplicamos a regra da poligonal .

1. (UFPI) Os vetores representam quatro forças, todas


de mesmo módulo F. Qual alternativa representa uma
força resultante nula.

_____
​› _____
​› _____
​›
a)  
F​_____1  ​+_____ 
F​ 4  ​+_____ ​F ​ 2 
​› ​› ​› 2.5. Multiplicação e divisão de
b) _____F ​ ​ 1 – F ​ ​_____4 +  
F​_____3  ​
​› ​› ​› um vetor por um número
c) F ​ ​_____1 + F ​ ​_____2 + F ​ ​ _____3  ​___›
Sendo a ​ __› nulo e k um número real não​___›nulo.
​   um vetor ​_não
​› ​› ​›
d) F ​_____ ​ 1  –  
F_____​ 4  ​+_____

F​ 2  ​
​› ​› ​› ​   pelo número k, e obter o vetor b ​
Multiplicar o vetor a ​ ​ :  
e) F ​ ​ 1  – F ​ ​ 2 + F​ 3 ​ 
​___› ​___›
Resolução: ​   =
b ​ k · a ​
​   
Alternativa A _​__›
b ​
​   tem como característica:
Montar o seguinte diagrama vetorial, de acordo com a re- ___
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​› ​___›
gra do polígono: ​  ​= ​ k ​· ​ a ​ 
§ ​ b ​   ​   ​
​___› ​___›
§ b ​
​  tem a mesma direção de a ​
​ .  
​___›
​___›

§ ___
Se›
k > 0, b ​
​   tem o mesmo sentido
​___›
de a ​
​   , caso seja k < 0,​
b ​  tem sentido oposto ao de a ​​ .  
Sendo assim, temos:
_____
​› ​___›
​  = m . a 
a) F ​ ​   (m escalar positivo)
_____
​› _____
​›
​  = |q| . E​  (q > 0 ou q < 0)
b) F ​

Por exemplo
Sendo qualquer um desses vetores ponto de partida, o
​___› ​___› ​___›
ponto inicial sempre coincide com o ponto final, tornando § Na figura, representamos os vetores a ​
​ ,   2​a ​  e –2​a ​.   Note
​___› ​___›
a resultante nula. que tanto 2​a ​  como –2​a ​  têm módulos iguais ao dobro

14
​___› ​___›
do módulo
​___›
de a ​
​ .   O​___vetor 2​a ​  tem o mesmo sentido do
​___›
No entanto, nesse caso, temos:

vetor a ​,
​   e o vetor –2​a ​  tem sentido oposto ao do vetor a ​ ​ .   ​__ ​__ ​__
​ s ​ ​   ​= ​ x ​ ​   ​– ​ y ​ ​   ​= 5 – 3 = 2 unidades
› › ›

_​__›
_​__› 2​a ​   _​__›
a ​​    –2​a ​   Observação
§ Versor é um vetor unitário que possui a mesma dire-
​___› ​_›_
​   por k, obtendo o vetor c ​​ :  
Podemos também dividir o vetor a ​ ção e mesmo sentido do eixo que o contém.
_​›_ ​​_a ​ __›
y
__
c ​​   = ​   ​    y →

k →
i
1

j →
1 j
→ j =1u →
0 1 x j =1u →

i
i
Sendo: →
i =1u x
k =1u 0 1 x
​___›
0 1 →
1
→ i =1u
​__

​ c ​ ​›  ​ = __|​ ​|

a  i =1u
z
k
​   ​  u=
... unidade de medida
k
__​›
Quanto à direção e ao sentido de c ​ ​ ,   valem as mesmas con- 2.6. Projeções ortogonais
siderações feitas para a multiplicação.
_​__› ou decomposição de um vetor
Se k = 0, não podemos calcular ​ ​  ​.   
a ​
__
k O plano cartesiano é o sistema de referenciais que auxilia
adequadamente
​___›
toda representação vetorial. Seja um ve-
Aplicação do conteúdo tor a ​,   conforme a representação abaixo:
_​_› _​_›
1. Qual a soma dos vetores ​x ​   e ​y ​   , se cada quadradinho
tem lados iguais a uma unidade? y
a) _​›_
 ​a ​  
_​›_ θ
x ​​   
_​›_ x
y ​​   
​___›
A projeção
_​__› de a,   no eixo (x) pode ser representada
_​__› pelo
b) vetor a ​x  , bem como a projeção ​___›
do vetor a ​  no eixo (y) pode
_​›_ ser representado pelo vetor a ​y  .
x ​​   
_​›_
y ​​   

Resolução:
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) Nesse caso, temos:


_​›_ _​›_
x ​​    y ​​   
O vetor analisado pode ser representado como uma soma
_​›_ vetorial, ou seja:
s ​​   
_​_ _​_ _​_ ___› _​__› ___›
​ s ​ ​›  ​= ​ x ​ ​›  ​+ ​ y ​ ​›  ​= 3 + 2 = 5 unidades a   = ax  + ay  
_​›_ _​›_ _​›_
b) O vetor s ​
​   é a soma de x ​
​   e y ​
​ ,   isto é: Nesse caso:
___› ​___›
_​›_ ax   = 3i  
x ​​    ___› _​__›
ay   = 3j   
_​›_ _​›_ ___› _​__›
s ​​    y ​​    Sendo i   e j   os vetores unitários nas direções indicadas
_​›_ _​_› _​›_ pelos eixos (x) e (y) respectivamente, dessa forma o vetor
​   = x ​
s ​ ​   + y ​
​    também pode ser representando por:

15
___› ​___› ​___› __
​› __
​› ​› __
__ ​› __
​› __
​›
a   = 3 
i +
  3j    O vetor F ​
​ 1   será: F ​ ​  ⇔ F ​
​ 1   = |​F ​1  |   ​i  ​ 1  = 12   ​i 
​ (N)

__
​› __
​› ​› __
__ ​› __
​› ​__›
Devemos lembrar que os módulos dos componentes tam- O vetor F ​
​ 3   será: F ​ ​  ⇔ F ​
​ 3   = |​F ​3  |   ​j  ​ 3  = 15 j  ​
​  (N)
__
​› __
​› ​› ​__›
__ __
​› ​__›
bém podem ser representados por relações trigonométricas: O vetor F ​
​ 4   será: F ​ ​  ⇔ F ​
​ 4   = (–1) |​F ​4  |   ​i  ​ 4  = –6   ​i 
​ (N)

ay __
​› __
​› ​› __
__ ​› __
​› __
​›
senθ = __
​ a ​ → ay = a · senθ O vetor F ​
​ 6   será: F ​ ​⇔
​ 6   = (–1) |​F ​6  |   ​j   F ​
​ 6  = –7   ​j 
​ (N)

a Como resultante das forças, temos a soma vetorial de


cosθ = __
​ ax ​ → ax = a · cosθ todas elas:
__
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​›
Os vetores unitários, quando indicarem sentido oposto aos F ​
​ r   = F ​
​ 1   + F ​
​ 2   + F ​
​ 3   + F ​
​ 4   + F ​ ​ 6   ⇔
​ 5   + F ​
__
​› ___
​› __
​› __
​› __
​› __
​›
eixos considerados, serão representados por: ⇔ F ​
​ r   = 12 i​  ​ +
  (8cosx) i  ​
​  + (8senx) j  ​
​  + 15 j  ​
​  + (– 6)   ​i 
​  +
__
​› __
​› __
​›
___› ​___›
(– 8cosx) i  ​
​  + (– 8senx) j  ​ ​  ⇔
​  + (– 7)   ​j 
– i   e – j    __
​› ​__›
⇔ F ​
​ r   =__
​›
(12 – 6 + 8cosx – 8cosx) i  ​
​  + ( 15 – 7 + 8senx –
​  ⇔
8senx )   ​j 
Aplicação do conteúdo __
​› __
​› __
​›
⇔ F ​
​ r   = (6) i  ​
​  + (8) j  ​
​  (N).
1. Em um ponto material P, estão aplicadas seis forças __
​›
__
​› __ ​› __ ​› __ ​› __ __
​› ​› ​ r   será: (Fr )²= (6)² + (8)² ⇔
Assim, o módulo do vetor F ​
coplanares ​F ​  1, ​F ​  2, ​F ​  3 ,​F ​  4 , ​F ​  5 e ​F ​  6 , representadas confor-
me figura a seguir, cujas intensidades são, respectiva- (Fr )² = 36 + 64 ⇔
__
​› ____ __
​›
mente, 12 N, 8,0 N, 15 N, 6,0 N, 8,0 N e 7,0 N. ​ 100 ​  N ⇔ |​F ​r  | = 10 N.
⇔ (Fr )² = 100 ⇔ |​F ​r  | = √

multimídia: site

www.respondeai.com.br/resumos/1/capitulos/1
pt.khanacademyorg/math/precalculus/vectors-precalc

A resultante desse sistema de forças tem intensidade:


VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) 10 N.
b) 8,0 N.
c) zero. multimídia: vídeo
d) 12 N.
Fonte: Youtube
e) 16 N.
Cursos Unicamp: Física Geral | I - Aula 4
Resolução:
Alternativa A
__
​› __
​› __
​ › __
​›
Vamos decompor os vetores F ​
​ 2   e F ​
​ 5   nos eixos i  ​
​  e   ​j 
​ : 
__
​› __
​› __
​› ​__› __
​› ​__›
O
__
​›
vetor F ​
​ 2   será:
__
​› 2
F ​
​    = (|​F ​2  |__
cos x) i  ​
​›
​  ⇔
​  + (|​F ​2  | senx)   ​j 
F 
​ ​2   = (8cosx) i  ​
​  + (8senx) j  ​ ​  (N)
__
​› __
​› __
​› ​__› __
​› ​__›
O vetor F ​
__
​ 5   será: F ​
​   =(–1)(|​F ​5  |__cosx) i  ​
__ 5
​  ⇔
​  +(–1)(|​F ​5  | senx)   ​j 
› ​› ​›
F ​
​ 5   =(–8cosx) i  ​
​  + (–8senx) j  ​
​  (N)

16
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A Matemática entra como ferramenta fundamental para a interpretação e/ou construção de fenômenos no
contexto da física, dessa forma se faz necessário saber o manuseio, aplicabilidade além da capacidade inter-
pretativa dessa linguagem simbólica. Tal qual o terceiro eixo cognitivo da matriz de referência do Ensino Médio
diz: “selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para
tomar decisões e enfrentar situações-problema.”
A utilização de vetores é inerente à física, dada a grande quantidade de grandezas vetoriais, sendo vital para a
compreensão a fixação desse assunto, mais básico e, como dito anteriormente, uma ferramenta fundamental
para a Física.

MODELO 1

(Enem) Um foguete foi lançado do marco zero de uma estação e após alguns segundos atingiu a posição (6, 6,
7) no espaço, conforme mostra a figura. As distâncias são medidas em quilômetros.

Considerando que o foguete continuou sua trajetória, mas se deslocou 2 km para frente na direção do eixo-x,
3 km para trás na direção do eixo-y, e 11 km para frente, na direção do eixo-z, então o foguete atingiu a posição:
a) (17, 3, 9).
b) (8, 3, 18).
c) (6, 18, 3).
d) (4, 9, –4).
e) (3, 8, 18).
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA

No Ensino Médio, o contato inicial que se tem em Física com vetores é em cinemática. A ideia de representar
a posição de um objeto no espaço é o exemplo mais clássico da utilização de vetores, além de ser um dos
motivadores de sua criação.
Adotando como referência “para trás” como sendo no sentido negativo e, “para frente”, como um
deslocamento no sentido positivo de cada eixo, devemos somar o número inteiro correspondente ao
deslocamento em cada coordenada, sendo assim
(6 + 2,6 – 3,7 + 11) = (8, 3, 18).

RESPOSTA Alternativa B

17
DIAGRAMA DE IDEIAS

PROCESSO
MÓDULO
GEOMÉTRICO

VETOR

PROCESSO
DIREÇÃO
ANALÍTICO

SENTIDO
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

18
INTRODUÇÃO 80
Km

AO ESTUDO DOS
O marco quilométrico km 80 localiza o carro nessa estrada e fornece sua posição.

MOVIMENTOS
Km
80 Km
60
80
Km 60
Km

Representação esquemática de posições numa rodovia.

CN AULAS
3E4
Chamado de origem dos espaços, o marco zero foi es-
colhido arbitrariamente. A partir dessa posição, são medi-
dos os comprimentos que indicam a posição do corpo. O
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) marco zero é o referencial.
1e6 2 e 20

1. Introdução O corpo A encontra-se a 10 km do marco zero, e o corpo B, a 20 km.


A cinemática é o ramo da mecânica que descreve os movi-
mentos, que tem por objeto o estudo do movimento dos corpos
sem levar em conta os agentes que o produzem. Os conceitos
3. Grandeza escalar (distância
de posição, velocidade e aceleração ao longo do tempo são tó-
picos estudados por esse ramo. As dimensões dos corpos não
percorrida) e grandeza
interferem no estudo de determinado fenômeno, sendo assim vetorial (deslocamento)
tais corpos serão considerados pontos materiais.
A diferença entre as posições final e inicial ocupadas numa
determinada trajetória, é chamada de deslocamento escalar.
2. A posição dentro de uma trajetória + ∆S = S - S0
Determinar a posição de um corpo em cada instante é o prin- 0 S0 S
S0 .... posição inicial
cipal objetivo da cinemática. O conceito de posição pode ser S0 ∆S S ...... posição final
exemplificado pelas marcações quilométricas de uma rodo-
∆S ... variação de posição
via, ou seja, posição é o lugar geométrico em que o corpo S
ou deslocamento escalar
está no instante da observação. Esses marcos podem ser uti-
O total de movimento realizado por um móvel é a distân-
lizados para localizar os veículos que nela trafegam. Na figura
cia percorrida.
a seguir, a posição do carro é determinada pelo marco km 80.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Chamamos de trajetória o conjunto de diferentes posi- Observação: o deslocamento escalar nem sempre é igual
ções ocupadas, visto que, ao longo do tempo, um corpo à distância percorrida. Isso só é verdade quando o movi-
pode ter diferentes posições. O deslocamento é a varia- mento é sempre no mesmo sentido e a favor da trajetória.
ção da posição apresentada pelo corpo durante um inter-
valo de tempo. Em relação a um carro que ocupava a po- Aplicação do conteúdo
sição do marco de km 60 em um instante e, num instante
posterior, a posição do marco km 80, dizemos que o carro 1. Saindo de um ponto X de uma trajetória, um indiví-
duo caminha até uma posição Y e, em seguida, retorna
percorreu a distância de 20 km.
para o ponto Z. Observe a figura e responda:
Ainda na figura a seguir, existem dois carros, um na posi- t0 t2 t1

ção km 80 e outro na posição km 60, mas se deslocando


em sentidos contrários. Analisando apenas o marco
quilométrico, não é possível determinar o sentido -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 S (m)

do movimento. (X) (Z) (Y)

19
— —
a) qual a distância percorrida de X até Y? d = XY + YW ⇔
b) qual o deslocamento efetuado pelo indivíduo de
X até Y?
⇔ d = 400 + 300
c) qual a distância percorrida pelo indivíduo do ins- ⇔ d = 700 m
tante t0 até t2?
b) O deslocamento de X até W é o valor da hipotenusa, que
d) qual o deslocamento total percorrido pelo indiví- pelo teorema de Pitágoras é:
duo do instante t0 até o instante t2? — — —
(XW)2 = (XY)2 + (YW)2 ⇔
Resolução:
⇔ DS2 = (400)2 + (300)2 ⇔
a) A distância percorrida corresponde efetivamente ao que
o indivíduo percorreu, ou seja, 120 m, pois ele se desloca ⇔ DS2 = 160.000 + 90.000 ⇔
da posição –30 m e vai até a posição 90 m. Perceba que, ⇔ DS2 = 250.000
como é um movimento no mesmo sentido e com a mesma
⇔ DS = 500 m
direção da trajetória, a distância percorrida pode ser calcu-
lada através da expressão: c) A distância percorrida em uma volta completa é:
— — — —
d = DS = S – S0 ⇔ d = 90 – (–30) ⇔ d = 120 m d = XY + YW + WZ + ZX ⇔

b) DS = S – S0 ⇔ DS = 90 – (–30) ⇔ DS = 120 m ⇔ d = 400 + 300 + 400 + 300

c) Desde o instante t0 até t2, o indivíduo se desloca de X ⇔ d = 1.400 m


para Y e de Y para Z; logo, a distância percorrida é a soma e o deslocamento é ∆S = 0, pois a posição inicial e final são
dos segmentos o mesmo lugar (X).
— —
d = XY + YZ ⇔ d = 120 + 40 ⇔ d = 160 m
4. Referencial
d) O deslocamento é calculado pela expressão:
Se a posição de um corpo é alterada ao longo do tempo em
DS = S – S0 ⇔ ∆S = 50 – (–30) ⇔ DS = 80 m relação a um referencial, esse está em movimento. Pode-se
Observe que, quando o deslocamento se dá em um só analisar o movimento de um corpo comparando sua posição
sentido, a distância percorrida é numericamente igual ao em relação a outro corpo, que, nesse caso, será o referencial.
deslocamento (vide itens a e b). Assim, o estado de movimento ou repouso de um corpo de-
pende do referencial escolhido. Um mesmo corpo pode estar
2. Partindo de X, uma pessoa efetua voltas em torno em repouso em relação a um referencial e em movimento em
de uma praça retangular. Do instante da partida, cal-
cule o deslocamento e a distância percorrida, nas se-
relação a outro. A trajetória do corpo também é dependente
guintes situações: do referencial. Os corpos, por sua vez, também possuem uma
classificação. Se a dimensão do corpo comparada com a di-
mensão da trajetória for desprezível, o corpo será chamado
X 400m Y
de ponto material; se a dimensão do corpo não puder ser
desprezada, será chamado de corpo extenso. Existem muitos
casos em que o tamanho do corpo deverá ser considerado.
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300m
4.1. Definições de repouso e movimento

Quando sua posição em relação a um referencial é


Z W
alterada durante o intervalo de tempo, consideramos
que um ponto material está em movimento.
a) a distância percorrida por ela até chegar em W;
b) o deslocamento até W; Passageiro
c) a distância percorrida e o deslocamento em uma Observador
volta completa.
Resolução:
a) De X até Y, a pessoa percorreu 400 m; de Y até W, per- Motorista
O passageiro dentro do ônibus está em movimento em relação à pessoa em
Passageiro

correu 300 m; então: pé no ponto (observador).

20 Dentro do ônibus, o passageiro está em repouso em relação ao motorista.


Um ponto material é considerado em repouso quando sua posição em relação a um referencial não é alterada durante o
Passageiro

intervalo de tempo considerado. Observador

Motorista Passageiro

Dentro do ônibus, o passageiro está em repouso em relação ao motorista.

Dentro do ônibus, o passageiro está em repouso em relação ao motorista.

A forma da trajetória de um ponto material depende do referencial adotado.

A trajetória descrita por um móvel também depende do referencial adotado.


A imagem abaixo exemplifica as trajetórias diferentes de uma lâmpada em queda livre em relação a dois referenciais.

(S)

(T) (T) (T) (T)

Posição 1 Posição 2 Posição 3

A lâmpada
A lâmpada descreve
descreve umauma trajetóriaretilínea
trajetória retilínea vertical
vertical em
em relação
relaçãoaoaoobservador (T).(T).
observador
Em relação ao observador (S), a trajetória da lâmpada é parabólica.
Em relação ao observador (S), a trajetória da lâmpada é parabólica.

A escolha do referencial é feita de modo a facilitar a resolução dos exercícios e totalmente arbitrária.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

”Nada me produz tanta perplexidade como o tempo e o espaço. E, entretanto, nada me preocupa menos que o
tempo e o espaço, já que nunca penso neles.” - Charles Lamb
Muitos filósofos já discutiram sobre o tempo e para alguns é um conceito indefinível em palavras. Zenão de Eleia
(490-430 a.C.) foi um filósofo que se opôs à ideia de movimento, para ele o movimento era uma ideia que não pode-
ria existir: “Um móvel que está no ponto A e tenta atingir o ponto B. Isso é impossível, pois antes de atingir o ponto
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B, o móvel tem que atingir o meio do caminho entre A e B, isto é, um ponto C. Mas para atingir C, terá que primeiro
atingir o meio do caminho entre A e C, isto é, um ponto D. E assim infinitamente”.
Ou seja, antes de atingir o destino final, o móvel teria que passar por sucessivos pontos intermediários infinitamente,
jamais chegando ao seu destino. Seu paradoxo mais famoso trata de Aquiles, o velocista, e a tartaruga: “Imagine
uma corrida entre Aquiles e uma tartaruga. Por questões de justiça, é dada para a tartaruga uma vantagem inicial,
já que ela é mais lenta, a tartaruga irá começar a disputa na metade do caminho. Aquiles jamais a alcançará, porque
quando ele chegar ao ponto de onde a tartaruga partiu, ela já terá percorrido uma nova distância; e quando ele
atingir essa nova distância, a tartaruga já terá percorrido uma outra nova distância, e assim infinitamente”.
Desse modo, a ideia de encontro entre dois móveis é impossível.
Platão (427-348 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) disseram que o tempo tem origem cosmológica. Devido a inú-

21
meros eventos periódicos na Natureza, a ideia de tempo cíclico foi sendo desenvolvida pela humanidade (gregos,
egípcios, maias, etc. A cultura ocidental-cristã incorporou a ideia de tempo linear, sendo esse uma grandeza absoluta.
Para o filósofo Santo Agostinho (345-430), não seria correto definir o tempo em termos do movimento periódico dos
astros, pois na hipótese da ausência de movimento dos astros, automaticamente o tempo desapareceria, o que seria
um absurdo. Para filósofos mais modernos, como Immanuel Kant (1724-1804), o tempo é uma criação da mente
humana, assim como para Baruch Spinoza (1632-1677).

I. Cascão encontra-se em movimento em relação ao skate


Aplicação do conteúdo e também em relação ao amigo Cebolinha.
1. Um ônibus escolar está parado no ponto de ônibus e II. Cascão encontra-se em repouso em relação ao skate,
um aluno está sentado em uma das poltronas. Quando mas em movimento em relação ao amigo Cebolinha.
o ônibus entra em movimento, sua posição no espaço
se altera, afastando-se do ponto de ônibus. Nessa situ- III. Em relação a um referencial fixo fora da Terra, Cascão
ação, podemos afirmar que a conclusão errada é que: jamais pode estar em repouso.
a) o aluno sentado na poltrona acompanha o ônibus
Estão corretas:
e, portanto, também se afasta do ponto de ônibus.
a) apenas I.
b) podemos dizer que um corpo está em movimento
em relação a um referencial quando a sua posição b) I e II.
muda em relação a esse referencial. c) I e III.
c) o aluno está parado em relação ao ônibus e em d) II e III.
movimento em relação ao ponto de ônibus, se o refe- e) I, II e III.
rencial for o próprio ônibus. Resolução:
d) se o referencial for o ponto de ônibus, o aluno está
em movimento em relação ao ônibus. Alternativa D
e) para dizer se um corpo está parado ou em movimento,
I. Incorreta, pois Cascão está em repouso em relação ao ska-
precisamos relacioná-lo a um ponto ou a um conjunto de
pontos de referência. te, mas em relação ao Cebolinha ele está em movimento.
Resolução: II. Correta.
Alternativa D III. Correta, pois a Terra gira constantemente em torno de
Observamos que o aluno está em movimento se o referencial seu eixo e em torno do Sol; em relação a um referencial
adotado for o ponto de ônibus ou a rua; pois, como vimos, fixo fora da Terra, Cascão jamais poderia estar em repouso.
a escolha do referencial é arbitrária e é necessário escolher
apenas um único ponto como referencial. Porém, caso o re-
ferencial escolhido seja o próprio ônibus, ou o motorista do
4. Velocidade escalar média
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ônibus, a posição do aluno não irá se alterar em relação ao Definida como a razão entre a variação da posição do cor-
motorista ou ao ônibus. po e o intervalo de tempo decorrido durante essa variação
2. (PUC-SP) Analise a tirinha da Turma da Mônica consi- na posição; a velocidade escalar de um corpo determi-
derando os princípios da Mecânica Clássica e defina as na o quão rápido é o seu deslocamento.
afirmativas mais adequadas.
Um ponto material P descreve uma certa trajetória em rela-
ção a um determinado referencial. No instante t1 sua posi-
ção é S1 e no instante posterior t2 sua posição é S2. Durante
o intervalo de tempo Dt = t2 – t1, a variação espacial do
ponto material é DS = S2 – S1. A velocidade escalar média
vm no intervalo de tempo Dt é expressa pela relação:

22
S –S Resolução:
___ ​ = _____
vm = ​ DS ​  2 1 ​  
Dt t2 – t1 Alternativa C
De acordo com as informações fornecidas pelo enunciado,
No Sistema Internacional de Unidades (SI) a unidade uti-
o deslocamento do elevador foi de DS = 380 m e o inter-
lizada para velocidade é o m/s. Média ou instantânea, a valo de tempo de Dt = 40 s.
unidade de velocidade escalar é expressa em unidade de
comprimento por unidade de tempo: km/h (quilômetros Assim, a velocidade média do elevador é calculada da se-
por hora), m/s (metros por segundo), mi/h (milhas por guinte forma:
hora), cm/s (centímetros por segundo), etc.
vm = ___ ​ 380 ​ ä vm = 9,5 m/s
​ DS ​ = ___
Dt 40
As unidades de velocidades podem ser convertidas
umas nas outras, por exemplo, de km/h para m/s e 2. (Cefet) Uma escada rolante de 6 m de altura e 8
vice-versa. m de base transporta uma pessoa entre dois andares
consecutivos num intervalo de tempo de 20 s. A velo-
1 km = 1.000 m
cidade média desta pessoa, em m/s, é:
Sabemos que: 1 h = 60 min e 1 min = 60 s
a) 0,2.
1 h = 60 · 60 s = 3.600 s b) 0,5.
c) 0,9.
Então: 1 ___ ​ 1.000 m ​  
​ km ​  = _______ ​  1 m  ​  
 ____
=
h 3.600 s 3,6 s d) 0,8.
e) 1,5.
​ km ​  = ___
Portanto: 1 ___ ​  1  ​  __
​ m ​ e 1 m/s = 3,6 km/h
h 3,6 s Resolução:
× 3,6
​ km ​  
___ : 3,6 m ​ 
 ​ __
s
Alternativa B
h
Em um desenho ilustrativo do problema, percebemos:
Para converter km/h em m/s, divide-se o valor da veloci-
dade por 3,6; para converter m/s em km/h, multiplica-se o
valor da velocidade por 3,6.

Aplicação do conteúdo
1. Combinando tradição e modernidade, o edifício
Taipei 101 é um ícone de Taiwan. O edifício possui 61
elevadores, sendo dois de ultravelocidade. Suas carac-
terísticas de segurança permitem-lhe suportar tufões e
terremotos, que são frequentes nessa região.
O espaço percorrido por uma pessoa na escada rolante é
a hipotenusa do triângulo pitagórico. Aplicando o teorema
de Pitágoras, temos:
DS2 = 62 + 82 ⇔ DS2 = 100 ⇔
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

____
⇔ DS = √
​ 100 ​  ⇔ DS = 10 m
Assim, a velocidade média da escada rolante será:
vm= ___ ​ 10 ​  ⇔ vm = 0,5 m/s
​  DS ​  ⇔ vm= ___
Dt 20
3. (UFJF) Um caminhão em viagem de Juiz de Fora a Belo
Horizonte, pretende passar por Barbacena (cidade situa-
Se um desses elevadores de ultravelocidade sobe, do térreo
da a 100 km de Juiz de Fora e a 180 km de Belo Horizon-
até o 89º andar, percorrendo 380 metros em 40 segundos, te). A velocidade máxima no trecho que vai de Juiz de
conclui-se que a sua velocidade média vale, em m/s: Fora a Barbacena é de 80 km/h e de Barbacena a Belo
a) 4,7. Horizonte é de 90 km/h. Qual o tempo mínimo, em horas,
b) 7,2. de Juiz de Fora a Belo Horizonte, respeitando-se os limi-
c) 9,5. tes de velocidades.
d) 12,2. a) 4,25 h
e) 15,5. b) 3,25 h

23
c) 2,25 h a) Classifique o movimento dizendo se é progressivo ou
d) 3,50 h retrógrado.
e) 4,50 h
b) Calcule e velocidade escalar do móvel.
Resolução:
c) Qual é o espaço inicial do móvel?
Alternativa B
Resolução:
No desenho ilustrativo do exercício, temos:
a) Podemos perceber pela tabela que o móvel se locomove
no sentido contrário à trajetória, pois o espaço ao longo
do tempo diminui. Logo, temos um movimento retrógrado
(v < 0).
b) Vamos utilizar o tempo t = 0 s e o tempo
O intervalo de tempo do primeiro trecho será: t = 4 s. No primeiro, temos a posição de 20 metros e, no
v1= ​  ∆S1 ​ ⇔ v1= ​  (S1 – S0) ​ ⇔ 80 = ​ (100 – 0)​⇔ ∆t1 segundo, de 8 metros. Assim, a velocidade escalar será:
​ 100 ​   ⇔ ∆t1 = 1,25 h.
= ___ (S – S ) (8 –20)
80 v = ​ ΔS
__  ​ ⇔ v = _______   v = ​ _____ ​ 

​  f o ​   ⇔

Δt (tf – to) (4–0)
O intervalo de tempo do segundo trecho será:
(280 – 100) ⇔ v = ​ –12 ___ ​  ⇔ v = –3 m/s
v2= ​  ∆S2  ​⇔ v2= ​  (S2 – S1)  ​⇔ 90 = _________
​   ​   ⇔ ∆t2 4
180
___ t2
= ​   ​   ⇔ ∆t1 = 2 h Resposta: –3 m/s
90
Assim, o intervalo de tempo total será: Observação: em um movimento uniforme retrógrado, a ve-
locidade só pode ser negativa, o que confirmamos na letra b.
∆ttotal = ∆t1 + ∆t2 ⇔ ∆ttotal = 1,25 + 2 ⇔ ∆ttotal = 3,25
horas. c) A posição inicial será localizada no início do movimento
(t = 0 s). Temos que para t = 0 s a posição é de 20 metros.

4.1. Movimentos progressivo e retrógrado


Quando a posição de um material varia no sentido da 5. Função horária
orientação positiva da trajetória, o movimento é progres- A função que relaciona o espaço S com os instantes de
sivo. Os valores da sua posição aumentam ao longo do tempo t correspondentes é a função horária da posição,
tempo e sua velocidade escalar é positiva. e é representada genericamente por S = f(t). Essa expres-
são é lida: S é uma função de t.
Retrógrado é quando o ponto material se move no senti-
do oposto à orientação positiva da trajetória. Os valores da Para fornecer uma função horária, deve-se indicar as uni-
sua posição decrescem ao longo do tempo e sua velocida- dades do espaço e do tempo: caso S esteja em metros (m)
de escalar é negativa. e t em segundos (s), podemos apenas informar que as uni-
dades são as do SI. Nesse caso, a unidade da velocidade v
v>0 v<0
será m/s. Se S estiver em quilômetros (km) e t em horas (h),
a unidade de v será km/h.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo
© Rafael Schaffer Gimenes/Schäffer Editorial

0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 1. A partícula se desloca ao longo do eixo x. Calcule a ve-


locidade média da partícula no intervalo entre t = 2 s e
Observe que o sinal atribuído à velocidade
t = 8 s, em m/s.
escalar indica o sentido do movimento.

Aplicação do conteúdo
1. Um móvel realiza um movimento uniforme e seu es-
paço varia com o tempo segundo a tabela:

t(s) 0 1 2 3 4 5

S(m) 20 17 14 11 8 5

24
Resolução:

Observando o gráfico, o corpo encontrava-se na posição –40 m no instante de tempo t = 2 s e estava na posição +20 m no
instante de tempo t = 8 s. Desse modo, a velocidade média é calculada da seguinte maneira:
x – x0 ________
20 – (–40)
vm = ___
​ Dx ​ = ​ _____
 ​ 
 = ​   ​   = 10 m/s
Dt Dt 6

VIVENCIANDO

O conceito de velocidade média tem importantes aplicações cotidianas, entre elas podemos citar o custo no transpor-
te de mercadorias, aplicações no cálculo da vazão de reservatórios, o cálculo do custo da energia elétrica no sistema
metroviário. Na indústria, seu conceito é utilizado na produção. Atualmente, com a introdução da matemática e
estatística nos esportes, o conceito de velocidade média é amplamente utilizado na estratégia dos esportistas, seja
desde um maratonista, nadador ou mesmo um jogador de futebol (é possível analisar a velocidade média do jogador
durante uma partida, a distância efetivamente percorrida por ele, sua aceleração média e muito mais). No filme ”Mo-
neyball”, que foi baseado em fatos reais, Billy Beane emprega conceitos estatísticos para a elaboração do seu time.

multimídia: vídeo multimídia: site


Fonte: Youtube
Física - Velocidade Média (Khan Academy) pt.khanacademyorg/science/physics/one-dimensional-mo-
tion/displacement-velocity-time/a/what-is-displacement
efisica.if.usp.br/mecanica/basico/referenciais/intro/
www.estudopratico.com.br/referencial-movimento-
-espaco-e-repouso/
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

25
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 2
Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente
desenvolvimento científico e tecnológico.

A compreensão do mundo visto de forma racional, mecânica e cartesiana se faz necessária no universo acadê-
mico-científico, sendo cada vez mais importante no mundo atual, em que novas tecnologias são desenvolvidas
em altíssima velocidade.
Dentro dos eixos cognitivos, a habilidade 2 impõe ao aluno a compreensão, dentro das várias áreas do conhe-
cimento, de fenômenos físicos com a intenção de conceber os fenômenos naturais implicando na produção
tecnológica. A compreensão do mundo ao nosso redor é cada vez mais vital para a sobrevivência dentro uma
sociedade altamente desenvolvida e competitiva.
Pertence também a outro eixo cognitivo, enfrentando situações-problema em que o aluno deve saber organizar,
relacionar e interpretar as informações. Problemas relacionados ao transporte, ou mesmo à saúde, são objeto
de estudo das ciências naturais. Além, é claro, de cobrar do aluno a construção de argumentação ao relacionar
diferentes informações.

MODELO 1

(Enem) Um pesquisador avaliou o efeito da temperatura do motor (em velocidade constante) e da velocidade
média de um veículo (com temperatura do motor constante) sobre a emissão de monóxido de carbono (CO)
em dois tipos de percurso, aclive e declive, com iguais distâncias percorridas em linha reta. Os resultados são
apresentados nas duas figuras.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A partir dos resultados, a situação em que ocorre maior emissão de poluentes é aquela na qual o percurso é
feito com o motor:
a) aquecido, em menores velocidades médias e em pista em declive;
b) aquecido, em maiores velocidades médias e em pista em aclive;
c) frio, em menores velocidades médias e em pista em declive;
d) frio, em menores velocidades médias e em pista em aclive;
e) frio, em maiores velocidades médias e em pista em aclive.

26
ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse é um excelente exercício pertencente ao modelo Enem, exemplo típico do que é exigido no exame.
Além de solicitar que o aluno faça a leitura e compreensão correta dos gráficos individualmente, permite
ao aluno analisar dois diferentes gráficos da mesma situação-problema. Desse modo, requer que o alu-
no saiba ligar problemas cotidianos relacionados ao transporte, à saúde e ao mundo técnico-científico
relacionado ao movimento do móvel.
A primeira figura permite concluir que, para menores temperaturas (motor frio) e em pista em aclive,
a emissão de CO é maior ao compararmos o gráfico de aclive (mais escuro) com o gráfico de declive
(claro e tracejado). Desse modo, é interessante perceber que a emissão é maior para a temperatura
mais baixa nos dois casos do movimento do veículo, diminuindo conforme aumenta a temperatura
(funcionamento) do motor.
A segunda figura mostra que a emissão de CO é maior para baixas velocidades médias e em pista em
aclive. A análise acontece do mesmo modo que no primeiro gráfico, sendo que é interessante notar que
o veículo emite menos CO quanto maior é a velocidade média, fato interessante nas grandes cidades,
onde o congestionamento de veículos nas grandes vias, e consequentemente a baixa velocidade média,
aumenta a emissão de poluentes.

RESPOSTA Alternativa D

HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

O estudo do movimento é objeto essencial da Física e das ciências naturais. Ele pertence ao cerne da construção
do pensamento físico e filosófico. Fator importante no desenvolvimento da Física e do pensamento científico.
Para caracterizar a causa ou efeitos do movimento, é necessário que o aluno domine a linguagem matemática
e científica, primeiro eixo cognitivo para que ele possa enfrentar situações-problema. Também é importante que
o aluno saiba construir sua argumentação baseado no pensamento lógico e dedutivo.
Compreender as causas e efeitos dos movimentos dos corpos pertencentes ao Universo é importante, não só
dentro do mundo acadêmico-científico, mas também no cotidiano das pessoas, afinal os indivíduos estão em
constante movimento e cercados por objetos também em movimento. Saber compreender, prever ou antecipar
o movimento dos diferentes objetos é fundamental na produção técnico-científica.

MODELO 2
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(Enem) Uma empresa de transportes precisa efetuar a entrega de uma encomenda o mais breve possível. Para
tanto, a equipe de logística analisa o trajeto desde a empresa até o local da entrega. Ela verifica que o trajeto
apresenta dois trechos de distâncias diferentes e velocidades máximas permitidas diferentes. No primeiro tre-
cho, a velocidade máxima permitida é de 80 km/h e a distância a ser percorrida é de 80 km. No segundo trecho,
cujo comprimento vale 60 km, a velocidade máxima permitida é 120 km/h.
Supondo que as condições de trânsito sejam favoráveis para que o veículo da empresa ande continuamente na
velocidade máxima permitida, qual será o tempo necessário, em horas, para a realização da entrega?
a) 0,7 b) 1,4 c) 1,5 d) 2,0 e) 3,0

27
ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse exercício é um exemplo de que o aluno deve saber de antemão conceitos básicos de movimento,
além de dominar a manipulação matemática em equações e fórmulas.
O exercício produz uma situação-problema pertencente ao cotidiano do aluno.
Primeiramente, temos os seguintes dados: o primeiro deslocamento ∆S1 = 80 km com a velocidade
v1 = 80 km/h; já o segundo deslocamento é de ∆S2 = 60 km com a velocidade média v1 = 120 km/h.
Lembrando que a velocidade média é dada pela razão entre o deslocamento do móvel pelo intervalo de
tempo correspondente.
v = ∆S ​ 
∆t

Uma vez que o tempo total é a soma dos dois tempos parciais, segue que:
∆ = ∆t1 + ∆t2 ⇒ ∆t = ​  ∆S1 ​+ ​  ∆S2 ​= ___
80 ​ 60  ​ 
​  ​  + ____ = 1 + 0,5 ⇒ ∆t = 1,5 h.
80 120
RESPOSTA Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

A A

DESLOCAMENTO

POSIÇÃO POSIÇÃO
ESPAÇO INICIAL FINAL

VELOCIDADE
MÉDIA
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INTERVALO
TEMPO DE TEMPO RAPIDEZ

28
MOVIMENTO
RETILÍNEO
multimídia: vídeo
UNIFORME Fonte: Youtube
Física - Cinemática: MRU

1.1. Função horária


CN AULAS
5E6 Como visto anteriormente, a função horária de um movi-
mento é a expressão matemática que fornece a posição
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) para um determinado instante de tempo t. A velocidade
1e6 3 e 20 escalar instantânea, no movimento uniforme, é constante
e coincide com a velocidade escalar média, qualquer que
seja o intervalo de tempo. Portanto:

1. Movimento retilíneo ​  DS ​ 


vm = ___
Dt
​  DS ​ 
ä v = ___
Dt
uniforme (MRU) Fazendo DS = S – S0 e Dt = t – 0 = t, vem:
O conceito de velocidade média é muito importante; po- S – S0
rém, é pouco preciso. Por isso, a partir de agora, iremos v = ___
​ DS ​ ä v = _____
​   ​   
Dt t
estudar alguns casos específicos de movimento. ä v · t = S – S0
Movimentos retilíneos uniformes são todos os movi- S = S0 + v · t
mentos nos quais o vetor velocidade não se altera, ou seja,
direção, sentido e intensidade não são alterados. Dessa Função horária do movimento uniforme

forma, em um estudo unidimensional, o módulo da veloci-


dade é constante, assim, em quaisquer instantes considera- Sistema
dos a velocidade instantânea será equivalente à velocidade Internacional
escalar média: S0 → posição inicial
metro (m)
S → posição final
​  DS ​ = constante i 0
v = vm = ___  v → velocidade escalar metro por segundo (m/s)
Dt (constante e não nula)
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

t → tempo segundo (s)


Sendo assim, no movimento uniforme, o corpo percorre
distâncias iguais em intervalos de tempo iguais. Desse modo, o espaço S é composto por duas parcelas:
o espaço inicial S0 e o espaço percorrido após o início da
contagem do tempo, cujo valor é v · t. Adotamos, neste
estudo, o instante inicial (t0 = 0) para que a função horária
evidencie o comportamento do corpo como se o estudo do
movimento se desse a partir daquele instante.
Na expressão da função horária, S0 e v são constantes ao
multimídia: vídeo longo do tempo; a velocidade escalar do movimento é v;
Fonte: Youtube se o movimento é progressivo, v > 0, e se o movimento é
retrógrado, v < 0, ou seja, quando v > 0, o movimento é a
MRU (Movimento Retilíneo Uniforme) -
favor da orientação da trajetória, e quando v < 0, o movi-
Mundo Física - ENEM
mento é contra a orientação da trajetória.

29
A tabela ilustra alguns exemplos, sendo S em metros e t Para qualquer tipo de trajetória, o MRU é definido por es-
em segundos: sas funções.

progressivo/
S = S0 + vt S0 v
retrógrado
S = 50 + 20 t S0 = 50 m v = +20 m/s v > 0, progressivo

S = 60 – 9 t S0 = 60 m v = –9 m/s v < 0, retrógrado

S = –40 t S0 = 0 v = –40 m/s v < 0, retrógrado

S = 18 t S0 = 0 v = 18 m/s v > 0, progressivo


multimídia: vídeo
Resumindo os conceitos de movimento uniforme: Fonte: Youtube

​ DS ​  MRU - Esquema - Função - Tabelas - Gráficos


S = S0 + v · t, onde v = constante i 0 v = vm = ___ 
Dt

VIVENCIANDO

Assim como o conceito de velocidade média, a velocidade escalar média instantânea é aplicada em diversos casos,
afinal quando queremos uma maior precisão ao descrever o movimento de um móvel a função velocidade instantâ-
nea é muito mais reveladora. Um dos casos mais clássicos, de muito interesse, pois é aplicado em diversas situações,
é aquele em que a velocidade é constante.
A velocidade pode ser considerada constante em inúmeras situações, tal como a esteira de produção nas indústrias,
um carro que viaja numa estrada por um longo período de tempo sem mudar sua velocidade, etc.

b) Para encontrar o instante em que o móvel passa pela origem


Aplicação do conteúdo dos espaços, basta igualar a posição final a 0. Assim, temos:
1. (UC-GO) A figura mostra a posição de um móvel, em S = 30 – 5t ⇔ 0 = 30 – 5t ⇔
movimento uniforme, no instante t = 0. ​ 30 ​ ⇔ t = 6 s.
5t = 30 ⇔ t = ___
5
Resposta: O tempo será de 6 segundos.
2. O espaço inicial de uma bicicleta que descreve um mo-
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

vimento retilíneo e uniforme é –5 m. Nesse movimento, a


Sendo 5 m/s o módulo de sua velocidade escalar, pede-se: bicicleta percorre a cada intervalo de tempo de 10 s uma
distância de 50 m. Determine a função horária do espaço
a) a função horária dos espaços;
para esse movimento, e considere-o progressivo.
b) o instante em que o móvel passa pela origem dos espaços.
Resolução:
Resolução:
a) A figura nos mostra que o móvel tem uma posição A bicicleta percorre 50 metros em 10 segundos, logo, a
inicial de 30 m e movimenta-se no sentido contrário da velocidade dela será:
trajetória, logo, a sua velocidade constante é –5 m/s
ΔS ​ ⇔ v = ___
v = ​ __ ​ 50 ​  ⇔ v = 5 m/s
(movimento retrógrado). Δt 10
Assim, a função horária do movimento será: A posição inicial da bicicleta é –5 m e sua velocidade cons-
S = S0 + v · t ⇔ S = 30 + (–5)t ⇔ S = 30 – 5t tante é de 5 m/s, logo, a função horária do movimento será:

Resposta: A função horária é S = 30 – 5t. S = S0 + v · t ⇔ S = –5 + 5t.

30
3. (UFGRS) Um caminhoneiro parte de São Paulo com ve-
locidade escalar constante de módulo igual a 74 Km/h. No Considere 2 móveis (1 e 2) em MRU com funções horá-
mesmo instante, parte outro de Camaquã, no Rio Grande rias de posição S1 = S01 + v1 t e S2 = S02 + v2 t de modo
do Sul, com velocidade escalar constante de 56 km/h. que eles se encontrem e, se você quiser descobrir o
tempo de encontro é só igualar as duas funções e isolar
o tempo. Se desejar encontrar a posição do encontro,
basta, substituir esse tempo numa das funções.

Em que cidade eles vão se encontrar?


a) Camboriú
b) Garopaba
c) Laguna
d) Araranguá
e) Torres
Resolução:
O caminhão A tem posição inicial igual a 0 km, velocidade
constante de 74 km/h e o sentido é o mesmo da trajetória. Galileu Galilei
A função horária do movimento do caminhão A será:

SA = S0, A + vA t ⇔ SA = 0 + 74 t ⇔ SA = 74 t
Aplicação do conteúdo
O caminhão B tem posição inicial de 1.300 km e movimen-
ta-se contra a trajetória, logo sua velocidade será de –56 1. Dois móveis, 1 e 2, movem-se com movimento unifor-
km/h. A função horária do movimento do caminhão B será: me e no mesmo sentido num certo trecho retilíneo. Suas
velocidades escalares possuem intensidades respectiva-
SB = S0,B + vBt ⇔ SB = 1300 + (–56)t ⇔ SB = 1300 – 56 t. mente iguais a 20 m/s e 15 m/s. No tempo inicial zero, os
móveis encontram-se nas posições indicadas abaixo.
No ponto de encontro, temos que as posições finais dos
caminhões são iguais, logo:
SA = SB ⇔ 74 t = 1300 – 56 t ⇔ 74 t + 56 t = 1300 ⇔ (m)
​ 1300 ​   
130 t = 1300 ⇔ t = ____ ⇔ t = 10 h 0 100
130 Determine:
Agora, basta aplicar o tempo igual a 10 horas em uma das
duas funções horárias para encontrar a posição final. a) o instante do encontro;
SA = 74 t ⇔ SA = 74(10) ⇔ SA = 740 km b) a posição do encontro.

Os caminhões vão se encontrar na cidade de Garopaba. Resolução:

Alternativa B a) Antes de iniciarmos a resolução, vamos escrever as fun-


ções horárias da posição de cada móvel. Assim:
Galileu Galilei S1 = S01 + v1 t e S2 = S02 + v2 t
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S1 = 0 + 20 t e S2 = 100 + 15 t
Galileu Galilei (1564-1642) foi um dos fundadores do
pensamento científico moderno baseado na experimen- Encontradas as funções horárias da posição, devemos
tação, fazendo a transição da filosofia natural da anti- igualar as mesmas para determinar o instante que 1
guidade para a ciência moderna. Empregando a mate- encontra 2.
mática às suas observações experimentais, Galileu deu
S1 = S2 ⇔
importantes contribuições ao estudo do movimento uni-
0 + 20 t = 100 + 15 t ⇔
forme, percebendo ser impossível distinguir entre dois
⇔ 20 t – 15 t = 100 ⇔
objetos isolados, qual está parado ou qual está em mo-
⇔ 5 t = 100 ⇔
vimento, formulou o princípio da relatividade galineana.
⇔ t = 20 s
Encontro – o encontro entre móveis significa que os
mesmos passam pela mesma posição na trajetória ao b) Para encontrarmos a posição do encontro, basta substi-
mesmo tempo. tuir o valor do tempo encontrado no item anterior em qual-
quer uma das funções horárias. Assim:

31
S1 = 0 + 20 · 20 ⇔ Dt é o intervalo de tempo; e
⇔ S1 = 400 m DSREL é a distância relativa entre os corpos.
Portanto, a posição do encontro fica a
Dado que o movimento das partículas é realizado na mes-
400 m da origem.
ma trajetória ou em trajetórias paralelas, as partículas po-
2. Dois veículos movem-se em MRU, um de encontro ao dem se mover no mesmo sentido ou em sentidos opostos,
outro. Suas velocidades escalares têm módulos 22 m/s como ilustrado na figura abaixo.
e 18 m/s, respectivamente. No instante t = 0 os veículos
ocupam as posições sinalizadas na figura que se segue.

VA VA

(m)
0 200 VB VB

Determine:
a) o instante do encontro;
Vrelativa = | VB | – | VA | ; VB > VA Vrelativa = | VB | + | VA |
b) a posição do encontro.
Resolução: 1.2.1. As velocidades têm a mesma
A resolução deste exercício é similar ao anterior. direção e mesmo sentido
a) Escreva as funções horárias da posição de A e B. Em casos de aproximação, como de afastamento, o mó-
dulo da velocidade relativa entre as partículas é dada pela
SA = S0A + vA t e SB = S0B + vB t
diferença entre os módulos das suas velocidades.
SA = 0 + 22 t e SB = 200 – 18 t
vREL = |vMAIOR| – |vMENOR|
Nesse exercício a velocidade de B é –18 porque o veículo
move-se no sentido oposto ao da orientação da trajetória. 1.2.2. As velocidades têm a mesma
Igualando as funções, temos:
direção e sentidos contrários
0 + 22 t = 200 – 18 t ⇔
⇔ 22 t + 18 t = 200 ⇔ Em casos de aproximação, como de afastamento, o mó-
⇔ 40 t = 200 ⇔ dulo da velocidade relativa entre as partículas é dado pela
⇔t=5s soma dos módulos das suas velocidades.

b) Para determinarmos a posição em que ocorre o encontro, vREL = |vMAIOR| + |vMENOR|


basta substituir o valor do tempo em uma das funções. Assim:
SA = 0 + 22 · 5 ⇔
⇔ SA = 110 m Aplicação do conteúdo
Temos que a posição do encontro é 110 m da origem. 1. Três móveis, A, B e C, encontram-se numa trajetória
retilínea descrevendo movimentos uniformes, de acor-
1.2. Velocidade relativa do com a figura a seguir:
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Sejam duas partículas realizando movimentos uniformes, em


relação a um referencial qualquer, em uma mesma trajetória
ou em trajetórias paralelas. A velocidade relativa das duas par-
tículas pode ser calculada escolhendo uma das partículas como Determine:
um novo referencial. Como os módulos de suas velocidades a) a velocidade de A em relação a B;
são constantes em função do tempo, o módulo da velocidade b) a velocidade de B em relação a C;
relativa é dado por: c) a velocidade de C em relação a A.

Resolução:
DS
vREL = ____
​  REL
 ​  
Dt a) O móvel A está na mesma direção e sentido que o corpo
B, logo a velocidade relativa será:
Onde:
vREL é a velocidade relativa de um corpo em relação vAB = |vA| – |vB| ⇔ vAB = |5| – |8| ⇔
a outro; ⇔ vAB = –3 m/s.

32
Temos que o móvel A nunca irá encontrar o móvel B, pois a 1.3. Composição de movimentos
sua velocidade relativa é de afastamento (vAB < 0).
O movimento de uma partícula é definido apenas se for
b) O móvel B está na mesma direção porém em um sentido conhecida, ao longo do tempo, a variação da sua posição
contrário do corpo C, logo a velocidade relativa será: e em relação a um determinado referencial. De modo ge-
vBC = |vB| + |vC| ⇔ vBC = |8| + |–4| ⇔ ral, o referencial não é especificado quando se fala em
⇔ vBC = 8 + 4 ⇔ vBC = 12 m/s. velocidade. Nesse caso, adota-se, implicitamente, que o
referencial é a Terra.
Temos que o móvel B irá encontrar o corpo C, pois a sua
velocidade relativa é de aproximação (vBC > 0).
1.3.1. Princípio de Galileu ou princípio
c) O móvel C está na mesma direção, porém em um sentido
contrário do móvel A, logo, a velocidade relativa será: da independência dos movimentos
vCA = |vC| + |vA| ⇔ vCA =|–4| + |5| ⇔
⇔ vCA = 4 + 5 ⇔ vCA = 9 m/s.
Em um corpo que está sob ação de vários movimen-
Temos que o móvel C irá encontrar o móvel A, pois a sua tos simultâneos, cada movimento é realizado como se
velocidade relativa é de aproximação (vCA > 0). os outros não existissem.
2. Duas cidades, A e B, distam entre si 400 km. Da ci-
dade A parte um móvel P dirigindo-se à cidade B; no
mesmo instante, parte do B outro móvel Q dirigindo-se Galileu propôs que esses três movimentos ocorrem ao
a A. Os móveis P e Q executam movimentos uniformes mesmo tempo: o movimento relativo, o movimento de ar-
e suas velocidades escalares são de 30 km/h e 50 km/h, rastamento e o movimento resultante.
respectivamente. A distância da cidade A ao ponto de
encontro dos móveis P e Q, em km, vale: A composição de movimento de um barco se movimen-
tando em um rio é um problema clássico. Abaixo, está sua
a) 120.
descrição, em que:
b) 150.
c) 200. § vRES é velocidade resultante (velocidade do barco em
d) 240. relação à margem);
e) 250.
§ vREL é velocidade relativa (velocidade do barco em re-
Resolução:
lação à água);

§ vARR é velocidade de arrastamento (velocidade da


água em relação à margem).
1. Barco se move no mesmo sentido que as águas do rio
(θ = 0º).
Temos que o móvel P está a favor do movimento e o móvel
Q está contrário. A velocidade de P será +30 km/h e a de Q
será –50 km/h. Como os móveis estão em sentidos opos-
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

tos, a velocidade relativa entre eles será:


vPQ = |vP| + |vQ| ⇔ vPQ = |30| + |–50| ⇔
⇔ vPQ = 80 km/h. vRES = vREL + vARR

O intervalo de tempo relativo será:


ΔSR 2. Barco se move no sentido oposto que as águas do rio
​ 400 ​ ⇔ Δt = ___
vPQ = ​ ___ ​  ⇔ 80 = ___ ​ 400 ​ ⇔ (θ = 180º).
Δt Δt 80
⇔ Δt = 5 h.

Agora, para definir a posição de encontro, basta aplicar o


tempo na função horária de um dos dois móveis.
SA= S0, A + vA t ⇔ SA = 0 + 30(5) ⇔ SA= 150 km
vRES = vREL – vARR
Alternativa B

33
3. Barco atravessa o rio, mantendo a proa perpendicular à Resolução:
margem (θ = 90º).
O avião segue na direção vertical e, para que isso ocorra,
ele deve estar com sua velocidade aplicada para a direita,
pois o vento aplica uma velocidade no avião. Segue o
diagrama vetorial:

v2RES = v2REL + v2ARR

4. Barco atravessando o rio, sendo que a trajetória resul-


tante é perpendicular à margem.

​  50  ​ = 0,2 ⇔ b = 11,5°


senb = ___
250
Alternativa D
2. (PUC) Um barco sai de um ponto P para atravessar um
rio de 4,0 km de largura. A velocidade da correnteza,
em relação às margens do rio, é de 6,0 km/h. A travessia
v2RES = v2REL – v2ARR é feita segundo a menor distância PQ, como mostra o
esquema representado a seguir, e dura 30 minutos.

Aplicação do conteúdo
1. (Unesp) Entre duas cidades X e Y, sopra um vento de
50 km/h na direção indicada na figura. Um avião, que
desenvolve 250 km/h em relação ao ar, faz em linha reta
a trajetória XY. Qual das retas abaixo melhor indica (no
plano horizontal de voo), a inclinação do avião em rela-
ção à trajetória XY?
A velocidade do barco em relação à correnteza, em km/h,
é de:
a) 4,0.
b) 6,0.
c) 8,0.
d) 10.
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e) 12.

a) b) Resolução:


c) d) e) →

34
O tempo é de 30 minutos (0,5 hora) e a distância percor- Resolução:
rida pelo barco é a largura do rio; logo, a velocidade resul-
tante será:
Δs ​ ⇔ v
vresultante = ​ __ ​  4  ​  ⇔ vresultante = 8 km/h
= ___
Δt resultante 0,5
Aplicando o teorema de Pitágoras nas velocidades, temos:
Na ida, temos velocidades em mesma direção, porém em
(vbarco)² = (vcorrenteza)² + (vresultante)² ⇔ (vbarco)² = 62 + 82 ⇔ sentidos contrários; logo, a velocidade relativa será:
(vbarco)2 = 100 ⇔ vbarco = 10 km/h
vrel = |vpassaro| – |vvento| ⇔ vrel = 10 – 5 ⇔ vrel = 5 m/s.
Alternativa D
Assim, o tempo de ida será:
3. (UFBA) Um pássaro parte em voo retilíneo e horizon-
tal do seu ninho para uma árvore distante 75 m e volta, vrel = ​ ΔS ​ 75  ​ ⇔ Δt1 = ___
___  ​ ⇔ 5 = ___ ​ 75 ​ ⇔ Δt1 = 15 s.
Δt1 Δt1 5
sem interromper o voo, sobre a mesma trajetória.
Na volta, temos velocidades em mesma direção e sentido;
logo, a velocidade relativa será:
vrel = |vpássaro| + |vvento| ⇔ vrel = 10 + 5 ⇔ vrel = 15 m/s.

Assim, o tempo de volta será:


Sabendo-se que sopra um vento de 5 m/s na direção e sen- vrel = ​ ΔS ​ 75  ​ ⇔ Δt2 = ___
___  ​ ⇔ 15 = ___ ​ 75 ​  ⇔ Δt2 = 5 s.
Δt2 Δt2 15
tido da árvore para o ninho e que o pássaro mantém, em
relação à massa de ar, uma velocidade constante de 10 m/s, O tempo total será: Δttotal = Δt1 + Δt2 ⇔ Δttotal = 15 + 5
determine, em segundos, o tempo gasto na trajetória de ida ⇔ Δttotal = 20 s.
e volta. Resposta: O tempo total será 20 segundos.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


A função polinomial do primeiro grau com apenas uma variável independente e uma dependente chama-se função
afim, definida como f de  em  dada por uma lei da forma f(x) = ax + b, onde a e b são números reais dados e
a ≠ 0. Na função f(x) = ax + b, o número a é chamado de coeficiente de x e o número b é chamado termo constante.
Nesse caso, a função da posição é dada em termo dos coeficientes a, que será a velocidade do móvel, e b, que
será a posição inicial. Assim, teremos a posição S em função do tempo t.

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35
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

Como foi visto anteriormente, o movimento é objeto essencial da Física e das ciências naturais. Ele pertence
ao cerne do pensamento físico e filosófico. Trata-se de um fator importante no desenvolvimento da Física
e do pensamento científico. Após o domínio dos conceitos básicos como tempo, espaço, deslocamento, in-
tervalo de tempo e velocidade, partimos para uma nova empreitada: a classificação dos diferentes tipos de
movimento. O primeiro e mais básico é aquele em que o móvel possui velocidade constante durante todo
o movimento numa trajetória retilínea, situação essa que é explorada em inúmeras situações-problema em
diferentes contextos dentro das ciências naturais: como um automóvel que se desloca com a mesma veloci-
dade numa trajetória retilínea ou o movimento de uma onda sonora que trafega com velocidade constante.
Desse modo, sua aplicabilidade percorre todos os eixos cognitivos, como compreender fenômenos naturais e
enfrentar situações-problema relevantes ao cotidiano, sendo cobrado do estudante a capacidade de construir
argumentação consistente com a realidade das informações apresentadas e elaborar propostas através do
conhecimento obtido.

MODELO 1

(Enem) Em apresentações musicais realizadas em espaços onde o público fica longe do palco, é necessá-
ria a instalação de alto-falantes adicionais a grandes distâncias, além daqueles localizados no palco. Como
a velocidade com que o som se propaga no ar (vsom = 3,4 × 102 m/s) é muito menor do que a velocidade
com que o sinal elétrico se propaga nos cabos (vsinal = 2,6 × 108 m/s), é necessário atrasar o sinal elétrico de
modo que este chegue pelo cabo ao alto-falante no mesmo instante em que o som vindo do palco chega
pelo ar. Para tentar contornar esse problema, um técnico de som pensou em simplesmente instalar um cabo
elétrico com comprimento suficiente para o sinal elétrico chegar ao mesmo tempo que o som, em um alto-
-falante que está a uma distância de 680 metros do palco.
A solução é inviável, pois seria necessário um cabo elétrico de comprimento mais próximo de:
a) 1,1 × 103 km.
b) 8,9 × 104 km.
c) 1,3 × 105 km.
d) 5,2 × 105 km.
e) 6,0 × 1013 km.
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ANÁLISE EXPOSITIVA

Outro exercício em deve há o contraste entre o senso comum e aplicação da Física. Mesmo sem calcular a resposta,
analisando somente as alternativas, já é possível notar que o comprimento do fio seria quilométrico. Sabendo que
as ondas se propagam com velocidade constante, é possível facilmente calcular o comprimento do fio para que o
som chegue no mesmo instante.
O intuito é que o aluno perceba quão absurda seria a ideia proposta.
Primeiramente, deve-se perceber que o intervalo de tempo deverá ser o mesmo, tanto para o sinal via cabo quanto
para o som. Assim, basta igualar as equações:
Lcabo ____ d Lcabo 680
∆tsinal = ∆tsom ⇒ ____ _________
v​  sinal​  = ​ vsom ​  ⇒ ​  2,6 3   = ____
 ​   ​   ​   ⇒ Lcabo= (2,63108) ⇒ Lcabo = 5,2 3 108 m = 5,2 3 105 km.
108 340

RESPOSTA Alternativa D

36
HABILIDADE 3
Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo
ou em diferentes culturas.

Não é raro encontrarmos verdades ditas com tanta certeza, frases feitas muito populares, textos publicados
em veículos de comunicações ou em mídias sociais que veiculam fatos, fenômenos, explicações cientificamen-
te inverídicas. Além disso, não é raro quando o senso comum acaba levando a uma conclusão equivocada.
Nesse contexto, exercícios de cinemática levam o estudante ao confronto entre interpretações baseadas no
senso comum, em situações-problema contextualizadas, com a interpretação técnico-científica. Problemas
que envolvam referencial, movimento, velocidade relativa são ótimos nesse quesito.

MODELO 2

(Enem) Conta-se que um curioso incidente aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial. Quando voava a uma
altitude de dois mil metros, um piloto francês viu o que acreditava ser uma mosca parada perto de sua face.
Apanhando-a rapidamente, ficou surpreso ao verificar que se tratava de um projétil alemão.
PERELMAN, J. Aprenda física brincando. São Paulo: Hemus, 1970.

O piloto consegue apanhar o projétil, pois:


a) Ele foi disparado em direção ao avião francês, freado pelo ar e parou justamente na frente do piloto.
b) O avião se movia no mesmo sentido que o dele, com velocidade visivelmente superior.
c) Ele foi disparado para cima com velocidade constante, no instante em que o avião francês passou.
d) O avião se movia no sentido oposto ao dele, com velocidade de mesmo valor.
e) O avião se movia no mesmo sentido que o dele, com velocidade de mesmo valor.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Excelente aplicação da habilidade 3, colocando em xeque o senso comum que muitas vezes nos leva a
respostas incorretas. Apesar de conceitualmente simples, a adoção de um referencial traz conclusões
corretas mais facilmente. Ao perceber que o projétil estava parado em relação ao piloto, o estudante
compreende que o movimento depende do referencial adotado, pois, se estava parado em relação ao
piloto, estava em movimento em relação ao solo, por exemplo.
Uma vez que o projétil se encontra com velocidade nula em relação ao piloto, temos que o projétil se
encontra parado em relação ao mesmo. Logo, concluímos que ambos possuíam a mesma velocidade, com
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

o mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido.

RESPOSTA Alternativa E

37
DIAGRAMA DE IDEIAS

KM/H
POSIÇÃO
INICIAL MOVIMENTO
FUNÇÃO
VELOCIDADE HORÁRIA
REFERENCIAL CONSTANTE DA POSIÇÃO

POSIÇÃO MOVIMENTOS
INICIAL SIMULTÂNEOS

MOVIMENTO
REFERENCIAL
RELATIVO
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38
§ Retrógrado (v < 0): se o movimento é retrógrado, a
velocidade é negativa (reta decrescente) e a partícula
movimenta-se no sentido contrário da trajetória.

GRÁFICOS DO MRU
V<0

CN AULAS
7E8 2. Gráfico da velocidade do
movimento retilíneo uniforme
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17, 19 e 20

v = constante

1. Gráfico horário do O gráfico da velocidade (eixo das ordenadas) em função do


tempo (eixo das abscissas) será sempre uma reta paralela
movimento retilíneo uniforme ao eixo t.
O gráfico horário do movimento é o gráfico da função Como no MRU a velocidade é constante ao longo do tem-
horária de um movimento em um sistema de coordenadas po, a ordenada terá o mesmo valor para todos os pontos
cartesianas. No movimento retilíneo uniforme (MRU), S (eixo (instantes de tempo).
das ordenadas) é uma função do 1.º grau em t (eixo das abs-
Caso o movimento seja progressivo, a velocidade será po-
cissas), e, por isso, o gráfico é uma reta não paralela ao eixo t.
sitiva e estará acima do eixo. Já em um movimento retró-
Lembre-se de que: grado, a velocidade será negativa e estará abaixo do eixo.

S = S0 + v ∙ t Progressivo Retrógrado

v≠0

S0 → posição inicial
S → posição final v> 0
v → velocidade constante e não nula
t → tempo
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Como foi visto anteriormente, em MRU existem dois tipos


de movimento: v< 0

§ Progressivo (v > 0): se o movimento é progressivo, a


velocidade é positiva (reta crescente) e a partícula mo-
Progressivo Retrógrado
vimenta-se a favor da trajetória.

v> 0

v< 0

39
3. Propriedades do gráfico Corpo B Corpo A
t(s) S(m) t(s) S(m)
da função horária 0 0 0 4
2 8 2 8
Observe novamente o gráfico horário do movimento S × t.
5 20 5 14

É possível inferir que a velocidade do corpo B é maior do que a


velocidade do corpo A. Isso pode ser afirmado, pois a tangente
de ângulos agudos aumenta à medida que o ângulo aumenta.
Comprovando o que foi dito anteriormente, tem-se:
∆S S –S
vA = ​ N​ tgα ⇔ vA = ___ ​   ​A  ⇔ vA = ______
​  A 0A ⇔
 ​  

∆t tA – t0
⇔ vA = _____ ​ 14 – 4 ​  
⇔ vA = 2 m/s

5 – 0
∆S S –S
vB = ​ N​ tgβ ⇔ vB = ___ ​   ​B ⇔ vB = ______
​  B 0B  ​  ⇔

∆t tB – t0

​ 20 – 8 ​ 
⇔ vB = ______  ⇔ vB= 4 m/s
5–2
Pontos t S
Assim, o gráfico da velocidade do corpo A e B em função
P1 t1 S1
do tempo será:
P2 t2 S2

Assim, pela definição de tangente, tem-se:


cateto oposto
________________ ∆S ​ ⇔
tgα =  
  
​   ​ ⇔ tgα = ​ __
cateto adjacente ∆t
⇔ tgα = v.
Portanto, no gráfico S × t, a tangente do ângulo que a fun-
ção horária forma com o eixo 0 t é numericamente igual à 3.2. Exemplos de gráficos horário e de
velocidade escalar da partícula. Trata-se de uma grandeza velocidade para movimento retrógrado
numérica, uma vez que a velocidade é uma grandeza veto-
rial dimensional e a tgα é adimensional.
Outra propriedade é que, quando o gráfico cruza o eixo 0S,
obtém-se a posição inicial (S0).
Nota: quando o movimento é progressivo (v > 0), o ângulo
α formado será agudo (0º < α < 90º). Já em movimento
retrógrado, o ângulo será obtuso (90º < α < 180º).
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

3.1. Exemplos de gráficos horário e de velocidade


para movimento progressivo

Corpo A Corpo B
t(s) S(m) t(s) S(m)
0 12 0 6
4 0 1 0

5 -3 2 -6

Podemos inferir que a velocidade do corpo B é maior em


módulo do que a velocidade do corpo A. Isso pode ser afir-
mado, uma vez que a tangente de ângulo obtuso diminui,
em módulo, à medida que o ângulo aumenta.

40
∆S S –S
vA = ​ N​ tgα ⇔ vA = ___ ​  A ​  ⇔ vA = ______
​  A 0A ​  ⇔
  04) Correto. O módulo da velocidade média dos trens será:
∆tA t A
– t0A
​ ∆S ​  ⇔ |vm| = ___
|vm| = ___ ​ 720 ​   ⇔ |vm| = 60 km/h.
⇔ vA = _____ ​ 0 –  ​
12  
– 0 ⇔ vA = –3 m/s ∆t 12
4
∆S S –S 08) Correto. Vemos pelo gráfico que o trem azul parte da
vB = ​ N​ tgb ⇔ vB = ___​  B ​  ⇔ vB = ______
​  B 0B ⇔
 ​  
  cidade azul às 4 horas.
∆tB tB – t0B
(-6) – 0 16) Correto. Vemos pelo gráfico que o trem azul parte da
⇔ vB = ______ ​  ⇔ vB= –6 m/s
 ​  

2–1 origem (0 km) e chega aos 720 km, e o contrário acontece
Assim, o gráfico da velocidade do corpo A e B em função com o trem vermelho.
do tempo será: 32) Correto. No ponto de encontro, as posições dos trens
são iguais; assim, tem-se:
SA = SV ⇔ S0, A + vA(tf – t0) = S0,V + vV(tf – t0) ⇔
VA 0 + 60(t – 4) = 720 – 60(t – 6) ⇔
⇔ 60 t – 240 = 720 – 60 t + 360 ⇔
VB ​ 1320 ​   
⇔ 120 t = 1320 ⇔ t = ____ ⇔ t = 11 h
120
Resposta: A soma das corretas é 62.
2. (PUC-PR) O gráfico mostra a variação da posição de
Aplicação do conteúdo uma partícula em função do tempo.

1. (UFSC) Dois trens partem, em horários diferentes,


de duas cidades situadas nas extremidades de uma
ferrovia, deslocando-se em sentidos contrários. O
trem azul parte da cidade A com destino à cidade B,
e o trem vermelho da cidade B com destino à cidade
A. O gráfico representa as posições dos dois trens
em função do horário, tendo como origem a cidade
A (d = 0).

Considerando a situação descrita e as informações do grá- Analisando o gráfico, é correto afirmar:


fico, assinale a(s) proposição(ões) correta(s) e sua soma: a) É nulo o deslocamento da partícula de 0 a 15 s.
01) O tempo de percurso do trem vermelho é de 18 horas. b) A velocidade da partícula é negativa entre 0 e 10
segundos.
02) Os dois trens gastam o mesmo tempo no percurso: c) A aceleração da partícula vale 20 m/s2.
12 horas. d) A velocidade da partícula é nula no instante 10 s.
04) O módulo da velocidade média dos trens é de 60 km/h. e) A velocidade da partícula é constante e vale 20 m/s.

08) O trem azul partiu às 4 horas da cidade A. Resolução:

16) A distância entre as duas cidades é de 720 km.


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32) Os dois trens se encontram às 11 horas.


Resolução:
01) Incorreto. O trem vermelho parte às 6 horas da cidade
B e chega à cidade A às 18 horas; assim, o intervalo de
tempo será:
∆tvermelho = tf – t0 ⇔ ∆tvermelho = 18 – 6 ⇔
⇔ ∆tvermelho = 12 h. No gráfico de espaço em função do tempo de MRU, temos
sempre uma reta e, quando ela é crescente, a velocidade
02) Correto. O trem azul parte às 4 horas da cidade A e
será constante e positiva. A velocidade da partícula será:
chega à cidade B às 16 horas, tendo um intervalo de tempo
(200 – 0)
∆S  ​ ⇔ v =_______
igual ao do trem vermelho. v = tgx ⇔ v = ​ ___ ​  ⇔
 ​   ​ 200 ​   ⇔
  v = ___
∆t (20 – 10) 10
Δtazul = tf – t0 ⇔ Δtazul = 16 – 4 ⇔ v = 20 m/s.
⇔ Δtazul = 12 h Alternativa E

41
VIVENCIANDO

A interpretação de gráficos é fundamental no nosso cotidiano, como em notícias jornalísticas ou em apresentações


empresariais.
De maneira rápida e eficaz, é possível sintetizar inúmeras informações e apresentá-las na forma gráfica. Saber com-
preender gráficos é uma poderosa habilidade para sintetizar o movimento dos corpos. De maneira prática e visual,
todas as informações ficam disponíveis ao leitor.

4. Propriedades do gráfico v × t Assim:


AABCD = AB ∙ BC = v ∙ Dt ∴ AABCD = ​ N​  DS = S2 – S1
A representação gráfica de funções horárias nos trazem
muitas informações para o estudo do movimento de um Admita-se aqui, sem demonstração, que quando o dia-
corpo. Se considerarmos a função horária das velocidades, grama de velocidade não é uma reta paralela ao eixo dos
no MRU teremos, graficamente, um retângulo composto tempos, o movimento não é uniforme.
pelo valor da velocidade e pelo intervalo de tempo conside- Para qualquer movimento, é válida essa propriedade do
rado para o estudo. A área sob a curva será numericamente gráfico da função horária da velocidade no tempo. Sua
igual ao deslocamento do móvel. aplicação é geral e, em diversos casos, muito útil. Como é
Considere um ponto material em movimento retilíneo uni- possível observar nos exemplos abaixo:
forme, com velocidade v. O espaço percorrido até o instante
de tempo t1 é S1, e o espaço percorrido até o instante de
tempo t2 é S2.
Tem-se:
S2 = S0 + v(t2 – t0)
S1 = S0 + v(t1 – t0)

Para calcular o deslocamento S2 – S1, subtrai-se a segunda


equação da primeira, obtendo:
S2 – S1 = v t2 – v t1 ou S2 – S1 = v(t2 – t1)
É possível demonstrar que o deslocamento DS = S2 – S1
pode ser representado pela área de um retângulo, definido
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pelo gráfico da velocidade em função do tempo. Considere


o seguinte gráfico da velocidade do movimento.
Nota: É importante lembrar que o deslocamento será posi-
tivo quando a área calculada estiver acima do eixo x e será
negativo quando a área estiver abaixo do eixo x.
v

O produto da base AB pela altura BC resulta na área do


retângulo ABCD. No entanto, a base AB representa o in-
tervalo de tempo Dt = t2 – t1, e a altura BC do retângulo
representa a velocidade v.

42
2. (UFPR) Assinale a alternativa que apresenta a história
que melhor se adapta ao gráfico.

a) Assim que saí de casa, lembrei que deveria ter


Aplicação do conteúdo enviado um documento para um cliente por e-mail.
Resolvi voltar e cumprir essa tarefa. Aproveitei para
1. (Fatec) Um objeto se desloca em uma trajetória retilí-
responder a mais algumas mensagens e, quando me
nea. O gráfico a seguir descreve as posições do objeto
dei conta, já havia passado mais de uma hora. Saí
em função do tempo.
apressada e tomei um táxi para o escritório.
b) Saí de casa e quando vi o ônibus parado no pon-
to corri para pegá-lo. Infelizmente, o motorista não
me viu e partiu. Após esperar algum tempo no ponto,
resolvi voltar para casa e chamar um táxi. Passado
algum tempo, o táxi me pegou na porta de casa e
deixou-me no escritório.
c) Eu tinha acabado de sair de casa, quando tocou o
celular e parei para atendê-lo. Era meu chefe, dizendo
que eu estava atrasado para uma reunião. Minha sor-
te é que, nesse momento, estava passando um táxi.
Acenei para ele e poucos minutos depois, eu já estava
no escritório.
Analise as seguintes afirmações a respeito desse movimento: d) Tinha acabado de sair de casa quando o pneu furou.
I. Entre t = 0 s e t = 4 s, o objeto executou um movi- Desci do carro, troquei o pneu e finalmente pude ir para
o trabalho.
mento retilíneo uniformemente acelerado.
e) Saí de casa sem destino – estava apenas com von-
II. Entre t = 4 s e t = 6 s, o objeto se deslocou 50 m. tade de andar. Após ter dado umas dez voltas na qua-
dra, cansei e resolvi entrar novamente em casa.
III. Entre t = 4 s e t = 9 s, o objeto se deslocou com uma
velocidade média de 2 m/s. Resolução:

Deve-se afirmar que apenas: Pelo gráfico de posição em função do tempo, é preciso encon-
a) I é correta. trar uma história na qual a pessoa saia de casa rapidamente
b) II é correta. por uma distância considerável, pare por um tempo, volte,
c) III é correta. pare de novo e vá diretamente ao seu destino sem parar.
d) I e II são corretas.
Alternativa B
e) II e III são corretas.
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3. (UFSCar) O gráfico da figura representa a distância


Resolução: percorrida por um homem em função do tempo. Qual é
o valor da velocidade do homem quando:
I. Incorreta, pois o objeto se desloca em uma reta indicando um
movimento retilíneo e uniforme, no qual a aceleração é nula. a) t = 5 s;
b) t = 20 s.
II. Incorreta, pois o objeto entre os instantes t = 4 s e t = 6 s
fica todo o tempo na posição de 50 metros. Resolução:

III. Correta. A velocidade média do objeto entre os instan- a) Entre os instantes t = 0 s, e t = 10 s o homem está em
um MRU progressivo. Assim, a velocidade será calculada
tes 4 s e 9 s será:
pela tangente do gráfico.
(60 – 50)
ΔS ​ ⇔ v =_______
vm = ​ __ ​   ​   ​ 10 ​ ⇔
  vm = ___
⇔ (40 – 0)
ΔS ​ ⇔ v = ______
Δt m
(9 – 4) 5 v = tgx ⇔ v= ​ __ ​   ​  
Δt (10 – 0)
⇔ vm = 2 m/s. ​ 40 ​  ⇔ v = 4 m/s
⇔ V = ___
10
Alternativa C Resposta: a velocidade será 4 m/s.

43
b) Como o homem do instante t = 10 s em diante não sai Referindo-se às informações, é correto afirmar que durante
da posição de 40 metros; assim, sua velocidade no instante o percurso:
t = 20 s é 0 m/s. a) a distância percorrida por Beatriz é maior do que a
percorrida por Ana.
4. (Unesp) Considere o gráfico de velocidade em função do b) o módulo da velocidade de Beatriz é cinco vezes
tempo de um objeto que se move em trajetória retilínea. menor do que o de Ana.
c) o módulo da velocidade de Carla é duas vezes
maior do que o de Beatriz.
d) a distância percorrida por Carla é maior do que a
percorrida por suas amigas.
Resolução:
A variação de espaço de Ana será:

∆SA = 500 – 0 ⇔ ∆SA = 500 m.


No intervalo entre 0 a 4 h, o objeto percorre efetivamente
qual distância, em relação ao ponto inicial? A variação de espaço de Beatriz será:
a) 0 km d) 4 km
b) 1 km e) 8 km ∆SB = 500 – 400 ⇔ ∆SB = 100 m.
c) 2 km
A variação de espaço de Carla será:
Resolução:
∆SC = 500 – 450 ⇔ ∆SC = 50 m.
O deslocamento de um objeto em um gráfico de veloci-
dade em função do tempo será calculado pela área sob A velocidade de Ana será:
a curva. Áreas acima do eixo do tempo serão positivas, e
∆S
áreas abaixo do eixo serão negativas. ​ 500 ​  ⇔ vA= 2,5 m/s.
vA = ​ ___A ​ ⇔ vA= ___
∆t 200
Entre os instantes t = 1 h e t = 2 h, temos:
A velocidade de Beatriz será:
∆S1 = A1 ⇔ ∆S1 = 1 ∙ 4 ⇔ ∆S1 = 4 km.
∆S
Entre os instantes t = 2 h e t = 3 h temos: vB = ___ ​ 100 ​  ⇔ vB= 0,5 m/s.
​  B ​  ⇔ vB= ___
∆t 200
∆S2 = A2 ⇔ ∆S2 = 1(–6) ⇔ ∆S2 = –6 km.
A velocidade de Carla será:
Entre os instantes t = 3 h e t = 4 h, temos:
∆S
∆S3 = A3 ⇔ ∆S3 = 6 ∙ 1 ⇔ ∆S3 = 6 km. ​  50  ​  ⇔ vC = 0,25 m/s.
vC = ​ ___C ​ ⇔ vC = ___
∆t 200
Assim, o espaço total será: Alternativa B
∆Stotal = ∆S1 + ∆S2 + ∆S3 ⇔ 6. O gráfico abaixo representa a velocidade do veículo
numa viagem em função do tempo. Determine:
⇔ ∆Stotal = 4 + (–6) + 6 ⇔ ∆Stotal = 4 km.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Alternativa D
5. (CFT-MG) Ana (A), Beatriz (B) e Carla (C) combinam
um encontro em uma praça próxima às suas casas. O
gráfico, a seguir, representa a posição (x) em função do
tempo (t), para cada uma, no intervalo de 0 a 200 s. Con-
sidere que a contagem do tempo se inicia no momento
em que elas saem de casa.

a) o deslocamento do veículo na viagem;


b) a velocidade média do veículo em km/h.

44
Resolução:
a)

Pelo gráfico, é possível observar que o veículo percorreu as primeiras três horas com velocidade constante de 90 km/h e as
duas últimas com velocidade de 60 km/h.
O primeiro deslocamento será numericamente igual à área 1.
∆S1 = A1 ⇔ ∆S1 = 90(3 – 0) ⇔ ∆S1 = 90 · 3 ⇔ ∆S1 = 270 km
O segundo deslocamento será numericamente igual à área 2.
∆S2 = A2 ⇔ ∆S2 = 60(5 – 3) ⇔ ∆S2 = 60 · 2 ⇔ ∆S2 = 120 km
Assim, o deslocamento total será:
∆Stotal = ∆S1 + ∆S2 ⇔ ∆Stotal = 270 + 120 ⇔
⇔ ∆Stotal = 390 km.
Resposta: O deslocamento será de 390 km.

b) A velocidade média do veículo será:


∆S ​ ⇔ v = ______
vm = ​ __ ​  390  ​   ​ 390
⇔ vm = ___  ​  ⇔
∆t m
(5 – 0) 5
⇔ vm = 78 km/h.

Resposta: A velocidade média será de 78 km/h.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Uma determinada função do primeiro grau pode ser representada por um gráfico, sendo este uma reta. Existem duas possibili-
dades para esse gráfico: crescente (o valor da variável dependente cresce com os valores da variável independente) ou decrescente
(os valores da variável dependente diminuem quando os valores da variável independente crescem). De maneira fácil, relacionamos
a função crescente ao sinal positivo do coeficiente da variável e a função decrescente ao sinal negativo do coeficiente da variável.

45
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

A habilidade 17 sempre será recorrente nas ciências da natureza, pois a matemática é a linguagem com a qual
o homem interpreta a Natureza. Para sintetizar uma série de informações, será recorrente a apresentação dos
dados em forma de gráficos ou tabelas. Se, na aula anterior, foi visto que a posição é uma função do tempo,
agora é possível traçar o gráfico que representa o movimento. Isso sintetiza muito a informação e aumenta a
capacidade de análise.

MODELO 1

(Enem) Um sistema de radar é programado para registrar automaticamente a velocidade de todos os veículos
trafegando por uma avenida, onde passam em média 300 veículos por hora, sendo 55 km/h a máxima ve-
locidade permitida. Um levantamento estatístico dos registros do radar permitiu a elaboração da distribuição
percentual de veículos de acordo com sua velocidade aproximada.

A velocidade média dos veículos que trafegam nessa avenida é de:

a) 35 km/h.
b) 44 km/h.
c) 55 km/h.
d) 76 km/h.
e) 85 km/h.

ANÁLISE EXPOSITIVA
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Nesse exercício, o aluno deve ser capaz de relacionar o conceito de velocidade média na interpre-
tação estatística do gráfico fornecido, sendo necessário no final afirmar qual é a velocidade média
dos carros que trafegam na avenida cuja velocidade média é de 55 km/h. Típico exercício do Enem,
contextualizado com os problemas sociais, exige interpretação da tabela e noções de estatística.
Como o gráfico fornece a quantidade de carros que trafegam para cada velocidade média, basta
calcular a média ponderada das velocidades, na qual a quantidade de cada carro corresponde ao
peso. Assim, obtém-se:
​  ∙ 5 + 30 ∙ 15 + 40 ∙   
20 30 +
  50 ∙    + 70 ∙ 3 + 80 ∙ 1​  
40 + 60 ∙ 6  
Vm = _________________________________________________
100
vm = 44 km/h

RESPOSTA Alternativa B

46
HABILIDADE 19
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou
solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A habilidade 19 avalia a capacidade do estudante de analisar métodos em solucionar problemas. Como


diz o quarto eixo cognitivo: “Relacionar informações representadas em diferentes formas e conhecimentos
disponíveis em situações concretas para construir argumentação consistente”. Aqui, essa capacidade pode
ser explorada fazendo com que o estudante tenha de confrontar dados gráficos ou tabelas a fim de tomar
uma decisão a respeito.

MODELO 2

(Enem) O gráfico a seguir modela a distância percorrida em km por uma pessoa em certo período de tempo.
A escala de tempo a ser adotada para o eixo das abscissas depende da maneira como essa pessoa se desloca.

Qual é a opção que apresenta a melhor associação entre meio ou forma de locomoção e unidade de tempo,
quando são percorridos 10 km?
a) carroça – semana
b) carro – dia
c) caminhada – hora
d) bicicleta – minuto
e) avião – segundo

ANÁLISE EXPOSITIVA

Nesse exercício, o estudante deve interpretar e analisar o gráfico em questão, sendo necessário que ele
relacione qual forma de locomoção foi utilizada para percorrer o intervalo de tempo para qual a unidade de
tempo faria sentido. Além de interpretação, cobra-se do estudante poder dedutivo analítico.
Uma carroça pode se locomover como uma pessoa andando a 3 km/h ou 4 km/h. Nesse caso, 10 km são
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

percorridos em menos de 4 horas, e não em uma semana.


Um carro pode se locomover a 60 km/h ou mais. A 60 km/h, a distância de 10 km é realizada em 10 minutos,
e não em um dia.
Uma caminhada a 4 km/h precisa de 2 horas e meia para 10 km. E, dessa forma, o diagrama é compatível
com essa situação.
Para uma bicicleta realizar 10 km em 2,5 minutos, sua velocidade deveria ser de 4 km/min = 240 km/h.
Fórmula 1 tudo bem, bicicleta não.
10 km em 2,5 segundos corresponde a 4 km/s = 14400 km/h. Um avião comercial viaja próximo de
1000 km/h.

RESPOSTA Alternativa C

47
DIAGRAMA DE IDEIAS

ESPAÇO

RELAÇÕES
MATEMÁTICAS
RAPIDEZ VELOCIDADE

DESCRIÇÃO DO
MOVIMENTO

TEMPO
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

48
FÍSICA

CALORIMETRIA
CIÊNCIAS DA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Questões práticas tanto teóricas quanto O tema calorimetria é recorrente na prova


com manipulação matemática. da Fuvest, com manipulação das equações
e cobrança de questões um pouco mais
teóricas.

O tema calorimetria é recorrente na prova O tema calorimetria é recorrente na prova O tema calorimetria é recorrente na prova
da Unicamp, com maior cobrança em ma- da Unifesp, com a cobrança de leitura de da Unesp, com cobrança de leitura de grá-
nipulação de equações relacioanada com gráficos, manipulação das equações e, ficos, manipulação das equações e, eventu-
diversos assuntos da calorimetria. eventualmente, questões teóricas. almente, questões teóricas.

O tema calorimetria é cobrado com ques- O tema calorimetria é cobrado com ques- O tema calorimetria é recorrente com a O tema eletrostática é abordado com ques-
tões que exigem aplicação e manipulação tões que exigem aplicação e manipulação manipulação de equações e, eventualmen- tões que exigem interpretrações gráficas e
das equações das equações. te, questões teóricas. manipulações em equações matemáticas.

UFMG
O tema calorimetria é abordado na prova O tema calorimetria tem abordagem com O tema calorimetria exige manipulação
da UEL relacionando transmissão de calor questões que não apenas exigem interpre- das equações e, eventualmente, questões
com manipulação das equações matemá- trações gráficas e manipulações de fórmu- teóricas.
ticas. las matemáticas, mas também conceitos
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O tema calorimetria é cobrado na prova da Não há uma cobrança grande no tema


O tema calorimetria é recorrente na prova Unigranrio por leitura de gráficos e manipu- calorimetria, porém, eventualmente, apa-
da Uerj, com cobrança de interpretação de lação das equações. recem questões que exigem manipulação
gráficos (calor por temperatura) e manipu- matemática.
lação das equações matemáticas.

50
uma energia cinética média, menor que a organização de um
gás em mesmas condições termodinâmicas. Assim, são per-
cebidas as transferências de energias para as partículas mais
próximas. A energia térmica em trânsito é chamada de calor.
Os gases, por sua vez, possuem moléculas com maior grau de
CALOR SENSÍVEL energia cinética. As moléculas portadoras de maiores ener-
gias cinéticas realizam colisões com outras moléculas menos
energéticas. Nessas colisões, são percebidas transferências
energéticas de tal forma que, depois de um intervalo de
tempo, o grupo de moléculas possuirá uma energia cinética
média; nessa condição, é possível dizer que os corpos estarão
em mesma temperatura, ou seja, em equilíbrio térmico.

CN AULAS
1E2
A transferência espontânea de energia de um corpo para
outro, devido à existência de diferença de temperatura en-
tre eles, recebe o nome de transferência de energia térmica.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) A energia térmica transferida nesse processo é o calor.
6 21
A transferência de calor é cessada quando o equilí-
brio térmico é atingido, ou seja, quando os corpos estão na
mesma temperatura.

1. Introdução
Nota:
Diversos conceitos novos estão relacionados ao estudo
da termologia. A noção de equilíbrio, por exemplo, ser- Por se tratar de um processo, a transferência de ener-
ve para as mais diversas áreas do conhecimento humano. gia térmica, ou seja, calor, só é possível se houver dife-
Contudo, nessa grande área que envolve as transferências rença de temperatura entre os corpos. Justamente por
de calor, suas causas e consequências, definir adequada- se tratar de um processo, um corpo não pode estar ou
mente conceitos tornará a compreensão física dos fenôme- possuir calor, mas sim transferi-lo.
nos algo mais sólido e duradouro.
O próprio conceito de temperatura, que está associado às
energias cinéticas médias das moléculas que compõem o
corpo, oferece a exata noção de que o calor é transferi-
do do corpo de maior temperatura para o corpo de menor
temperatura, até que possam atingir juntos aquilo que é
conceituado como equilíbrio térmico.
O termo energia cinética das moléculas refere-se à multimídia: vídeo
energia cinética de translação das moléculas. Quando for
Fonte: Youtube
necessário fazer referência à energia cinética de rotação
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

das moléculas, será utilizado diretamente o termo energia Temperatura: História do termômetro
de rotação das moléculas. A grandeza termodinâmi-
ca relacionada à energia cinética média de translação das
moléculas é a temperatura. 2. Escalas termométricas
Dessa forma, quando a temperatura de um corpo aumenta, a A verificação do grau de agitação das partículas que consti-
energia cinética de suas partículas também aumenta. Quan- tuem um corpo é realizada de maneira indireta. A tempera-
do a temperatura do corpo diminui, a energia cinética de suas tura de um corpo pode ser estimada pelo equilíbrio térmico
partículas também diminui. É necessário lembrar que a ener- entre dois ou mais corpos. Assim, existem estados termodinâ-
gia de um sistema termodinâmico também é composta pela micos que servem como referência para a construção do que
energia potencial das moléculas, cujo somatório repre- se denomina escala termométrica. Todos os corpos possuem
senta a energia necessária para desagregar as moléculas. características térmicas; são exatamente essas características
A estrutura física que caracteriza os sólidos indica que as molé- termossensíveis que permitem a construção de aparelhos de
culas que os compõem possuem um nível de agitação, ou seja, medição, como os termômetros de mercúrio.

51
A definição da escala se fundamenta na escolha adequa-
da de pontos de referência. O ponto de gelo, condição em Duc = DT
que gelo e água se apresentam em equilíbrio térmico em
pressão normal, e o ponto de vapor, condição em que água
Em 1742, o físico Anders Celsius (1701-1744) propôs a
e vapor de água se apresentam em equilíbrio em condi-
escala de temperatura que leva o seu nome, mas que ori-
ções normais de pressão, podem ser escolhidos. Existe uma
ginalmente era conhecida como sistema centígrado. Daniel
equação de conversão entre as escalas termométricas que
Gabriel Fahrenheit (1686-1736) foi, além de físico e enge-
pode ser utilizada para as mais diversas conversões. Por
nheiro, um vendedor de termômetros. Ele criou o termôme-
exemplo, quando se deseja converter um valor genérico de
tro de mercúrio, além, é claro, da escala de temperatura que
temperatura θc, medido em grau Celsius, em seu respectivo
leva o seu nome e que é ainda muito utilizada em países
valor θf , medido em grau Fahrenheit. Para tanto, compa-
anglo-saxões.
rando a razão entre os segmentos a e b da figura a seguir,
essa relação não depende das unidades de medida.
Assim:
Aplicação do conteúdo
1. O álcool, ou etanol, possui ponto de fusão igual a
–114 °C e ponto de ebulição igual a +78,5 °C. É por
isso que, em temperatura ambiente (cerca de 20 °C), o
álcool permanece em estado líquido. Passando para a
escala kelvin, o ponto de fusão e o ponto de ebulição
do etanol são, respectivamente, iguais a:
a) –387 e –194,65.
b) +159 e +351,5.
c) +387,25 e +194,65.
d) –159 e –351,5.
e) +159 e –351,5.
u – 0 _______
u – 32 u u – 32 Resolução:
​  a  ​ = ______
__ ​  c   ​ 
= ​  f   ä ___
 ​  ​  c  ​ = ______
​  f  ​   
b 100 – 0 212 – 32 100 180
Sabe-se que, para transformar a temperatura de graus Cel-
sius para kelvin, é preciso somar 273:
Simplificando: __u uf – 32
​  c ​ = ______
​   ​    TK = θC + 273
5 9
Assim, basta substituir cada temperatura desejada para o
Essa é a equação de conversão entre graus Celsius e graus ponto de fusão:
Fahrenheit. Da mesma forma, é possível utilizar a conver- TK = –114 + 273 = 159 K
são utilizando a unidade kelvin, onde Tk representa a tem-
peratura em kelvin: Para o ponto de ebulição:
TK = 78,5 + 273 = 351,5 K
u uf – 32 ______ T
__
​  c ​  = ______ = ​  k – 273
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​   ​   ​   
5 9 5 Alternativa B
Em 1848, William Thomson (1824-1907), conhecido como 2. Na escala Fahrenheit, qual é a temperatura que cor-
Lorde Kelvin, estabeleceu a escala absoluta, que leva o seu responde a 40 °C?
nome. Ele determinou a menor temperatura possível, cujo a) 313
valor é 0 K (zero kelvin). b) 4,444
c) 39,2
Caso seja necessário converter variações de temperatura, d) 2,25
pode-se trabalhar com as equações apresentadas anterior- e) 104
mente e alcançar às seguintes equações de conversão
para a variação de temperaturas: Resolução:

Sabe-se que a relação entre as escalas Fahrenheit e Celsius é:


Du DuF
___
​   ​c  = ___
​   ​   θ θF - 32
5 9 ​​  __C  ​ = ​ ______
   ​​ 
5 9

52
Basta substituir θC = 40 ºC e encontrar o correspondente § variação de temperatura;
em Fahrenheit.
§ mudança de estado físico;
θF - 32
​​ 40  ​​ ​= ​ ______
__     ​​
5 9 § dilatação térmica.
θF = 104 ºF
Para as duas primeiras consequências, serão caracteriza-
Alternativa E das as quantidades de calor transferidas para substân-
3. O verão de 1994 foi particularmente quente nos Esta- cias puras: caso um corpo, ao ganhar energia, aumente a
dos Unidos da América. A diferença entre a máxima tem- energia potencial de ligação das moléculas, pode ocorrer
peratura do verão e a mínima do inverno anterior foi de a desagregação das moléculas e o estado físico pode mu-
60 °C. Qual o valor dessa diferença na escala Fahrenheit?
dar. Esse tipo de energia é denominado calor latente.
a) 108 °F
b) 60 °F 1. Se houver variação de temperatura: calor sensível.
c) 140 °F
2. Se houver mudança de estado físico: calor latente.
d) 33 °F
e) 92 °F

Resolução:

Primeiramente, é preciso identificar que o exercício não


pede a transformação de uma dada temperatura de uma
escala em outra, mas a transformação de uma variação de
temperatura numa escala em outra. A relação entre as es-
calas Fahrenheit e Celsius é:
multimídia: site
∆θ ∆θF
____
​​   ​​C  = ___
​​   ​​   www.sensacaotermica.com.br/
5 9
Substituindo o valor fornecido, obtém-se: pt.khanacademy.org/science/chemistry/thermody-
namics-chemistry/internal-energy-sal/a/heat
∆θ
​​  60 ​​ = ___
__ ​​   ​​F   mundoeducacao.bol.uol.com.br/s ica/equacao-
5 9
θF = 108 ºF -fundamental-calorimetria.htm
Alternativa A educacao.uol.com.br/disciplinas/sica/calorimetria-o-
-estudo-dos-fenomenos-detransferencia-de-calor.htm
pt.khanacademy.org/science/biology/water-acids-an-
d-bases/water-as-a-solid-liquid-andgas/a/specic-heat-
-heat-of-vaporization-and-freezing-of-water

multimídia: vídeo
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Fonte: Youtube 4. Diagrama de


Termoscópio e termômetro de Galileu.
aquecimento de água
Caso seja observado o fornecimento de calor a um bloco
3. Efeitos macroscópicos de gelo, inicialmente a –20 °C, será possível verificar que:

da variação da energia § Inicialmente a temperatura aumenta até atingir 0 °C


(ponto de fusão), indicando que a entrada de calor está
interna devido ao calor aumentando a energia cinética das moléculas.
As relações de transferências de calor, tanto para o corpo § A partir daí, o gelo permanece com a temperatura cons-
que recebe quanto para o corpo que cede, podem evidenciar tante, apesar de receber calor, e passa a mudar de estado
relações de causa e consequência, nas quais é possível isolar físico. Isso ocorre porque as moléculas estão aumentan-
três efeitos: do sua energia potencial, e não a energia cinética.

53
§ Terminada a fusão, tem-se apenas água a 0 °C, que, à medida que recebe mais calor, aumenta a temperatura até 100
°C (ponto de ebulição).

§ Durante a vaporização, a temperatura permanece constante mais uma vez, apesar do recebimento de calor, porque as
moléculas, à medida que se desagregam, aumentam a energia potencial, permanecendo a energia cinética constante.

§ Finalmente, após a vaporização completa da água, o vapor, ao receber mais calor, volta a aumentar a energia cinética de
suas moléculas, aumentando a temperatura.

Fusão

Recebe Q1 Recebe Q2 Recebe Q3 Recebe Q4 Recebe Q5

Calor Calor Calor Calor Calor


sensível latente sensível latente sensível
Gelo Gelo Água Água Vapor Vapor
-20°C 0°C 0°C 100°C 100°C 120°C

Vaporização (ebulição)

b)
Aplicação do conteúdo Temperatura
25 ºC

1. (PUC) Uma forma de gelo com água a 25 ºC é colo-


cada num freezer de uma geladeira para formar gelo. Quantidade de calor
O freezer está no nível de congelamento mínimo, cuja 0 ºC

temperatura corresponde a –18 ºC.


-18 ºC
As etapas do processo de trocas de calor e de mudança de
estado da substância água podem ser identificadas num c)
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Temperatura
gráfico da temperatura x quantidade de calor cedida. 25 ºC

Qual dos gráficos a seguir mostra, corretamente (sem con-


siderar a escala), as etapas de mudança de fase da água e 0 ºC
Quantidade de calor

de seu resfriamento para uma atmosfera?


a) -18 ºC
Temperatura
25 ºC d) Temperatura
25 ºC

Quantidade de calor
0 ºC Quantidade de calor
0 ºC

-18 ºC -18 ºC

54
e)
25 ºC
Temperatura
5.1. Capacidade térmica de um corpo (C)
Capacidade térmica é a relação entre a quantidade de
calor recebido ou cedido por um corpo e a correspondente
Quantidade de calor
0 ºC variação de temperatura Du.
A capacidade térmica representa a quantidade de calor ne-
-18 ºC cessária para variar a temperatura do corpo em uma unidade.
Resolução: Dessa forma, é possível fazer uma analogia com a mecâni-
ca, associando capacidade térmica à inércia térmica, ao
Vale lembrar que existem dois tipos de calor: sensível e la- medir a dificuldade de se variar a temperatura de um corpo.
tente. O calor sensível é aquele fornecido a algum material Ou seja, quanto maior a capacidade térmica de um corpo,
de forma a variar a sua temperatura. O calor latente, por maior a quantidade de calor necessária para aumentar sua
sua vez, é o calor fornecido a um material para que ocorra temperatura. Em linguagem matemática:
a mudança de estado físico. Durante essa etapa de mudan-
ça de estado, não há variação de temperatura. Q
C = ___
​    ​  [ Q = C · Du
Du
Assim, fica fácil perceber que o gráfico mostrado na alter-
nativa A é a resposta correta.
A unidade usual da capacidade térmica é cal/°C; no SI é
No primeiro momento, a água é resfriada até uma tempe- J/K. Para simplificar, será considerado que a capacidade
ratura de 0 °C. Em seguida, passa pela etapa de solidifica-
térmica dos corpos é constante durante os experimentos.
ção, na qual a temperatura permanece constante. Por fim,
Contudo, é importante saber que, na prática, a capacidade
o gelo continua a resfriar até atingir o equilíbrio térmico
térmica pode variar com a temperatura.
com a temperatura do freezer em –18 °C.
Alternativa A
Aplicação do conteúdo
1. Ao fornecer 300 calorias de calor para um corpo, veri-
fica-se como consequência uma variação de temperatura
igual a 50 °C. Determine a capacidade térmica desse corpo.

Resolução:

multimídia: vídeo Como, por definição, a capacidade térmica é dada pela ra-
zão entre o calor e a variação de temperatura, segue que:
Fonte: Youtube
Q 300 cal cal  ​​
Calor específico da água C = ​ ​___  ​​ = ​ ​______ ​​ = 6 ​ ​___
  
∆θ 50 ºC °C

5.2. Calor específico de


5. O calor sensível uma substância (c)
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

No exemplo anterior, foi realizada uma comparação entre


Quando a mesma quantidade de calor é fornecida a um bal-
um balde com água e um copo com água. A diferença bá-
de com água e a um copo com água, é possível verificar que,
sica entre ambos é a quantidade de água.
no balde, ocorre uma pequena variação de temperatura, ao
passo que, no copo, a variação de temperatura é bem maior. É possível argumentar que a capacidade térmica do corpo
de água contido no balde é maior do que a capacidade
Isso acontece porque o balde com água tem maior
inércia térmica do que o copo com água. Lembramos térmica do corpo de água contido no copo, uma vez que o
que inércia mecânica representa a resistência que primeiro apresenta maior massa.
todos os corpos materiais têm à modificação do seu
estado de movimento. Assim, a inércia térmica é a re-
sistência que todos os corpos materiais têm à modifi-
cação de sua temperatura.
Entretanto, por tradição, será utilizado o termo capacida-
de térmica em vez de inércia térmica.

55
No balde, com um número maior de moléculas (uma § O calor específico de uma substância depende do esta-
vez que há mais massa), a energia é transferida para um do físico em que ela se encontra.
número maior de moléculas, e, portanto, o acréscimo
§ A capacidade térmica é uma característica de um cor-
da energia de uma molécula é menor. Dessa for-
po, enquanto o calor específico sensível é uma caracte-
ma, a evidência do aumento de temperatura se mostra
rística de uma substância.
menos perceptível.
5.3. Convenção de sinais
De acordo com as equações anteriores, pode-se inferir que:

§ Se um corpo recebe calor (entrada de calor no corpo), Q


terá valor positivo, e a variação de temperatura será positiva.

§ Se um corpo perde calor (saída de calor do corpo), Q terá


No copo, com um número menor de moléculas (uma
valor negativo, e a variação de temperatura será negativa.
vez que a massa é menor), a energia é transferida para
um número menor de moléculas, e, portanto, a evidência O nome da unidade caloria vem de uma teoria abando-
do aumento da energia de uma molécula é maior, nada. A teoria calórica propunha a existência do fluido
tornando mais perceptível o aumento da temperatura. calórico que escorria de um corpo para outro, diminuindo
a temperatura do primeiro e aumentando a do segundo.
A capacidade térmica é proporcional à massa do corpo.
Entretanto, também depende do material de que é feito o Historicamente, uma caloria é a energia necessária para ele-
corpo. Assim, pode-se relacionar a capacidade térmica, a var de 14,5 °C, para 15,5 °C a temperatura de 1 g de água.
quantidade de água e um fator referente ao material: Desde 1948, por definição, 1 caloria equivale a 4,1868 joules.

C=m·c Aplicação do conteúdo


De acordo com essa expressão, a capacidade térmica (C) é 1. (UFPR) Para aquecer 500 g de certa substância de 20 °C
proporcional à massa (m). para 70 °C, foram necessárias 4 000 calorias. A capacida-
de térmica e o calor específico valem, respectivamente:
O fator c, calor específico sensível, representa a inércia
a) 8 cal/°C e 0,08 cal/g ∙ °C.
térmica de uma unidade de massa do material de que é b) 80 cal/°C e 0,16 cal/g ∙ °C.
​ cal  ​. 
feito o corpo. No caso da água, o valor é 1 ___ c) 90 cal/°C e 0,09 cal/g ∙ °C.
g°C
Para aquecer 1 g de água a 1 °C é necessário 1 caloria; d) 95 cal/°C e 0,15 cal/g ∙ °C.
para aquecer 1 g de rocha a 1 °C é necessário apenas 0,21 e) 120 cal/°C e 0,12 cal/g ∙ °C.
caloria. Dessa forma, é “mais fácil” aquecer 1 g de rocha
Resolução:
do que aquecer 1 g de água.
Em primeiro lugar, é preciso identificar os valores fornecidos:
Assim, quando o Sol surge ao amanhecer, a areia da praia
(rocha) se aquece mais do que a água, pois, quanto menor é Q = 4000 cal
o calor específico sensível, maior é a variação de temperatura.
∆θ = 70 °C – 20 °C = 50 °C
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Lembrando que:
m = 500 g
Q = C · Du Sabe-se que a capacidade térmica é dada pela razão en-
tre o calor recebido e a variação de temperatura:
É possível escrever a seguinte relação:
Q 4000 cal
C = ___
​​    ​​ = ______
​​  ​​ cal ​​  
= 80 ___
 ​​  

∆θ 50 ºC °C
Q = m · c · Du
O calor específico sensível, por sua vez, é dado pela razão
Seguem algumas observações importantes a respeito da entre a capacidade térmica e a massa:
capacidade térmica e do calor específico sensível: cal ​ 
80 ​ ___
__
c=m C _____
​​    ​​ = ​​  ºC ​​  cal  ​​  
= 0,16 ___
 ​​  
§ A capacidade térmica de um sistema composto é equi- 500 g gºC
valente à soma das capacidades térmicas individuais
dos componentes do sistema. Alternativa B

56
2. (Mackenzie) Em uma manhã de céu azul, um banhista
na praia observa que a areia está muito quente e a água
5.4. Sistema termicamente isolado
do mar está muito fria. À noite, esse mesmo banhista ob-
serva que a areia da praia está fria e a água do mar está
morna. O fenômeno observado deve-se ao fato de que:
a) a densidade da água do mar é menor que a da areia.
b) o calor específico da areia é menor que o calor
específico da água.
c) o coeficiente de dilatação térmica da água é maior
que o coeficiente de dilatação térmica da areia.
d) o calor contido na areia, à noite, propaga-se para
a água do mar.
e) a agitação da água do mar retarda seu resfriamento.
Resolução: Afirma-se que um sistema está termicamente isolado quando
as partes do sistema (os corpos) trocam calor apenas entre si,
O calor específico sensível da água é muito maior que o da mas não com o exterior do sistema. Para conseguir esse cená-
areia. Enquanto que cágua = 1 cal/g°C e o careia = 0,12 cal/g°C. rio, é necessário o uso de um recipiente que isole seu conteúdo
Isso significa que, para quantidades de massas iguais que termicamente do meio externo. Esse recipiente tem paredes
receberam a mesma quantidade de calor, a variação de isolantes térmicas, denominadas paredes adiabáticas.
temperatura é maior no caso da areia. Dito isso, segue o
Utiliza-se um termômetro para monitorar a temperatura
problema: devido ao calor específico sensível da água ser
do interior. Assim, obtém-se um equipamento que recebe o
maior, durante o dia a temperatura da água varia menos; nome de calorímetro.
dessa forma, a temperatura final da água será menor que
a da areia, que, devido ao menor calor específico sensível, Além do termômetro, são necessários um agitador e um
teve uma maior variação de temperatura, acarretando uma aquecedor caso se deseje interferir mecânica ou termica-
maior temperatura final. Assim, durante o dia, a água está mente no conteúdo no recipiente.
fria, e a areia, quente. Quando os corpos são colocados no calorímetro, eles tro-
cam calor apenas entre si. Pelo princípio da conservação
À noite, ocorre o resfriamento tanto da areia quanto da
da energia, todo calor cedido por um dos corpos será ab-
água; porém, devido ao menor calor específico sensível, a
sorvido por outro dentro do calorímetro. Assim, a equação
areia sofre uma maior variação de temperatura e, assim,
de transferência de calor para os corpos no interior no ca-
sua temperatura final será menor que a da água, que, por
lorímetro é dada por uma soma das quantidades de calor
ter o calor específico sensível maior, possui uma menor
igualada à zero, uma vez que toda a transferência de calor
variação de temperatura; logo, sua temperatura final será
só ocorre entre os corpos em seu interior.
maior. Dessa forma, fica explicado porque, à noite, a água
está morna, enquanto a areia está fria.
Alternativa B

3. Um amolador de facas, ao operar um esmeril, é atin- Matematicamente:


gido por fagulhas incandescentes, mas não se queima.
Qrecebido = –Qcedido
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Isso acontece porque as fagulhas:


a) têm calor específico muito grande.
b) têm temperatura muito baixa. Qrecebido + Qcedido = 0
c) têm capacidade térmica muito pequena.
d) estão em mudança de estado.
e) não transportam energia.
Resolução:
Apesar de as fagulhas possuírem altas temperaturas, devido
Aplicação do conteúdo
a sua pequena constituição, possuem pouca massa e, con- 1. Dentro de um calorímetro, cuja capacidade térmica é
sequentemente, uma capacidade térmica muito pequena. desprezível, colocou-se um bloco de chumbo com 4 kg,
Como o calor é proporcional à capacidade térmica, o calor a uma temperatura de 80 °C. O calorímetro contém 8 kg
trocado entre o amolador e as fagulhas é muito pequeno. de água a uma temperatura de 30 °C. Considerando
cchumbo = 0,0306 cal/g.°C e cágua =1 cal/g°C, determine a
Alternativa C temperatura final do sistema.

57
Resolução: Certos problemas também podem fornecer o equiva-
Para sistemas de trocas de calor, segue que: lente em água do calorímetro. Equivalente em água
corresponde à massa de água, cuja capacidade térmica é
Qágua + Qchumbo = 0
a mesma do calorímetro. Em outras palavras, com o valor
mágua cágua ∆θágua + mchumbo cchumbo∆θchumbo = 0 do equivalente em água (E), é possível obter a capacidade
1 cal térmica do calorímetro da seguinte forma:
8000 g · ​ ​____ ​​ · (θ – 30 ºC)
gºC
Ccalorímetro = E · cágua
0,0306 cal
+ 4000 g ​ ​________     ​​ 
(θ – 80 ºC) = 0
gºC Por exemplo, se o equivalente em água de um calorímetro
θ ≈ 30,7 ºC é 25 g, e o calor específico da água é 4 J/g °C, então:
Assim, a temperatura final do sistema é de aproximada- Ccalorímetro = E · cágua = 25 · 4 = 100 J/°C
mente 30,7 °C.

5.5. Calorímetro real 5.6. Potência


Um calorímetro real consegue impedir com eficácia a troca A definição de potência é dada pela razão entre a quanti-
de calor entre os corpos em seu interior e o meio externo. dade de calor transferido da fonte para o corpo ou de um
No entanto, participará das trocas tendo como referência a corpo para outro, pelo intervalo de tempo decorrido nesse
própria capacidade térmica. processo. A relação matemática pode ser escrita assim:
Nesses casos, é preciso considerar o calor trocado entre os
Q
corpos e o calorímetro. P = ___
​    ​ 
Dt
Se o problema fornecer a capacidade térmica do calorí-
metro, use:
É comum que se utilize como unidade da potência caloria
Qcalorímetro = Ccalorímetro · Du por segundo, cal/s. No SI, a unidade da potência é J/s, de-
nominado watt, representado pelo símbolo W.

VIVENCIANDO

No dia a dia, é comum as pessoas observarem as tabelas nutricionais que existem nos alimentos. Elas contêm o
equivalente mecânico em calorias e em joules que o alimento fornecerá àquele que o consumir.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

POR PORÇÃO
ENERGIA GORDURA SATURADOS AÇUCARES SAL

Principalmente em dias frios, é comum as pessoas dizerem que “o frio não existe”, que ele é apenas uma questão
psicológica. “Quente” ou “frio” são comparações realizadas entre a temperatura de um determinado objeto e a
nossa temperatura corporal. O calor, por sua vez, é a energia térmica em trânsito. Por isso, deve-se tomar cuidado
com o vocabulário e diferenciar o termo técnico, presente em um livro, do termo usado informalmente no cotidiano.

58
Aplicação do conteúdo
1. Deseja-se aquecer 1,0 L de água que se encontra ini-
cialmente à temperatura de 10 ºC até atingir 100 ºC sob
pressão normal, em 10 minutos, usando a queima de
carvão. Sabendo-se que o calor de combustão do car-
vão é 6 000 cal/g e que 80% do calor liberado na sua
queima é perdido para o ambiente, a massa mínima de
carvão consumida no processo, em gramas, e a potência
média emitida pelo braseiro, em watts, são:
a) 15 e 600.
b) 75 e 600.
c) 15 e 3000.
d) 75 e 3000.

Resolução:

O calor necessário Qnec para aquecer a água será dado pelo


calor sensível:
Qnec = m ⋅ c ⋅ Δθ =
1000 g ⋅ 1 cal/g °C ⋅ (100 – 10) °C = 9 ⋅ 104 cal
Como somente 20% do calor fornecido pela combustão
do carvão Qforn representa o Qnec:
Q
Qforn = ___
​​  nec ​​  = 4,5 ⋅ 105 cal
0,2
Logo, a massa de carvão será dada pela razão entre a
quantidade total de calor emitida pela combustão e o calor
de combustão por grama de carvão.
4,5 ⋅ 105 cal
m = _________
​​​ ​​   ​​ ​​​ 

= 75 g
6000 cal/g
Para o cálculo da potência, devemos transformar as unida-
des para o Sistema Internacional:
Q 4,5 ∙ 105 cal ∙ 4 J/cal
P = ____
​​  forn ​​  = ________________
  
  
​​   ​​ = 3000 W
Δt 10 min ∙ 60 s/min
Alternativa D VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

59
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21

Utilizar leis físicas e (ou) químicas para intterpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e
saber aplicá-los no cotidiano, tal qual diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas
do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção
tecnológica e das manifestações artísticas”.

MODELO 1

(Enem) Aquecedores solares usados em residências têm o objetivo de elevar a temperatura da água até
70 °C. No entanto, a temperatura ideal da água para um banho é de 30 °C. Por isso, deve-se misturar a água
aquecida com a água à temperatura ambiente de um outro reservatório, que se encontra a 25 °C.
Qual a razão entre a massa de água quente e a massa de água fria na mistura para um banho à temperatura ideal?
a) 0,111 b) 0,125 c) 0,357 d) 0,428 e) 0,833

ANÁLISE EXPOSITIVA

O Enem tem cobrado temas típicos dos principais vestibulares do país, entre eles a troca de calor entre
dois corpos. Nesse exercício, o estudante precisa dominar os conceitos básicos de calorimetria e saber
utilizar a fórmula.
Q1 + Q2 = 0 ⇒ mQ ∙ c ∙ (30 – 70) + mF ∙ c ∙ (30 – 25) = 0
___m 5​​    ​​ = 0,125
​​  Q  = ___
mF ​​ 40

RESPOSTA Alternativa B

MODELO 2

(Enem) As altas temperaturas de combustão e o atrito entre suas peças móveis são alguns dos fatores que
provocam o aquecimento dos motores à combustão interna. Para evitar o superaquecimento e consequentes
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

danos a esses motores, foram desenvolvidos os atuais sistemas de refrigeração, em que um fluido arrefecedor
com propriedades especiais circula pelo interior do motor, absorvendo o calor que, ao passar pelo radiador, é
transferido para a atmosfera.
Qual propriedade o fluido arrefecedor deve possuir para cumprir seu objetivo com maior eficiência?
a) Alto calor específico
b) Alto calor latente de fusão
c) Baixa condutividade térmica
d) Baixa temperatura de ebulição
e) Alto coeficiente de dilatação térmica

60
ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse é um exercício típico do que é exigido pelo Enem. Nessa questão, é necessário que o aluno saiba
interpretar o problema e, principalmente, entender a propriedade do fluido que está relacionada a
esse problema.
Da expressão do calor específico sensível: Q = m ∙ c ∙ DU
O fluido arrefecedor deve receber calor e não sofrer sobreaquecimento. Para isso, de acordo com a
expressão acima, o fluido deve ter alto calor específico.

RESPOSTA Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS

TERMÔMETRO

TEMPERATURA

ESCALAS VARIAÇÃO DE
TERMOMÉTRICAS TEMPERATURA

• KELVIN (ZERO ABSOLUTO)


• CELSIUS
• FAHRENHEIT CALOR SENSÍVEL

• NÃO ALTERA O
ESTADO FÍSICO
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

• POTÊNCIA

CALOR
MASSA
ESPECÍFICO

CAPACIDADE
TÉRMICA

61
o líquido é chamado de condensação ou liquefação, e passar
do estado líquido para o sólido é chamado de solidificação.
Quando ocorre de a substância passar do estado sólido para
o gasoso, sem passar para o estado líquido, ou o oposto,

MUDANÇA passar do estado gasoso para o sólido, é chamado de subli-


mação. Todo processo endotérmico é aquele em que a subs-
DE ESTADO tância recebe calor, já no exotérmico ela cede calor.
Gasoso

CN AULAS
3E4

ão

Va

po
im

riz
Co liqu
bl

ão

nd efa


Su

(
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)

en çã

ão
im

sa o)
bl

çã
Su
5e6 17 e 21

o
Fusão

Solidificação

1. Estado físico da matéria


Sólido Líquido

Em Física básica, são três os estados físicos da matéria: sólido,


líquido e gasoso. O estado sólido é aquele em que as molé-
culas estão mais fortemente ligadas e mais próximas, dando
ao corpo uma forma fixa. Já no estado líquido as moléculas
estão relativamente próximas e com uma força de atração
mediana, o corpo já não possui uma forma fixa; a substância multimídia: site
no estado líquido acaba por se adaptar ao formato do reci-
piente que a contém. Por último, no estado gasoso a subs-
tância, além de não ter forma fixa, acaba tendo uma grande educacao.globo.com/fisica/assunto/termica/mu-
variação em sua forma e volume. A força de atração entre as dancas-de-estado.html
moléculas é a menor entre os três casos citados. www.estudopratico.com.br/mudancas-de-estado-
-fisico-da-materia/
brasilescola.uol.com.br/quimica/graficos-mudan-
ca-estado-fisico.htm
pt.khanacademy.org/science/chemistry/states-of-
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

-matter-and-intermolecular-forces

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Condensação do vapor da água

Observação: em Física avançada existem mais outros dois es-


tados da matéria – o plasma e o condensado de Bose-Einstein.
multimídia: vídeo
Cada processo de alteração de um estado físico para outro
Fonte: Youtube
recebe um nome que o identifica. Ao passar do estado sólido
para o líquido, acontece a fusão; do líquido para o gasoso, IES: Fusão do gelo no ar e na água
acontece a vaporização. Já o oposto, passar do gasoso para

62
2. Calor latente de Assim, o calor necessário para efetuar a mudança de fase
de um corpo é diretamente proporcional à sua massa.
mudança de fase Logo, matematicamente:

O fornecimento de calor para um corpo pode evidenciar Q = mtransformada · L


muitas consequências, uma delas é a mudança de estado
físico. O calor fornecido é utilizado para alterar a organiza-
ção microscópica, ou seja, o estado de agregação das mo- § Unidades de L:
léculas, modificando apenas o valor da energia potencial,
mas não a energia cinética das moléculas. Usual: cal/g

A fusão dos sólidos de estrutura cristalina e a ebulição dos S.I.: J/kg


líquidos em geral obedecem a três leis básicas: O sinal de L está relacionado à absorção ou à liberação de
1. Para uma determinada pressão, cada substância possui calor pelo corpo:
uma temperatura de fusão e outra de ebulição. L > 0, quando ocorre absorção de calor.
2. Para uma mesma substância, as temperaturas de fusão L < 0, quando ocorre liberação de calor.
e de ebulição variam com a pressão.
Para a água, na pressão de 1 atm, os valores são:
3. Se, durante a fusão ou a ebulição de uma substância, a
pressão permanecer constante, sua temperatura também Lfusão 80 cal/g
permanecerá constante. Lsolidificação –80 cal/g
A quantidade de calor Q por unidade de massa m neces- Lvaporização 540 cal/g
sária para efetuar a transição de fase de uma substância é Lliquefação –540 cal/g
denominada de calor latente L.

Diagrama de aquecimento da água

Fusão

Recebe Q1 Recebe Q2 Recebe Q3 Recebe Q4 Recebe Q5


VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Calor Calor Calor Calor Calor


sensível latente sensível latente sensível
Gelo Gelo Água Água Vapor Vapor
-20°C 0°C 0°C 100°C 100°C 120°C

Vaporização (ebulição)

Diagrama de resfriamento da água

63
há o aquecimento do sólido até o momento em que alcançado
Aplicação do conteúdo o ponto de fusão, no qual encontramos duas fases distintas
1. Podemos estimar quanto é o dano de uma queima-
(sólido e líquido) sem que haja alteração da temperatura (re-
dura por vapor da seguinte maneira: considere que gião II do gráfico). Ao derreter todo o sólido, resta apenas o
0,60 g de vapor condense sobre a pele de uma pessoa. líquido, que, ao absorver mais calor, aumenta sua temperatura
Suponha que todo o calor latente é absorvido por uma até que a pressão de vapor atinja a pressão atmosférica (região
massa de 5,0 g de pele. Considere que o calor especí- III), nesse ponto estamos diante de mais uma mudança de fase
fico da pele é igual ao da água. Considere o calor la- (líquido para vapor) e a temperatura permanece constante até
tente de vaporização da água como Lv = (1000/3) cal/g.
Calcule o aumento de temperatura da pele devido à
que todo o líquido vaporize (região IV). No gráfico, temos líqui-
absorção do calor, em ºC. do quando começa a fusão até o término da vaporização, ou
seja, corresponde aos pontos II, III e IV.
a) 0,60
b) 20 Alternativa C
c) 40
3. (IFSul) Sendo:
d) 80
e) 333
§ o calor específico da água líquida igual a 1 cal/g °C;
Resolução:
§ o calor específico do gelo igual a 0,5 cal/g °C;
A quantidade de calor trocada pelo vapor para condensar
é igual ao calor sensível responsável por aumentar a tem- § o calor específico do vapor de água igual a 0,5 cal/g °C;
peratura da pele. § o calor latente de fusão do gelo igual a 80 cal/g;
Qlatente = Qsensível
§ o calor latente de solidificação da água igual a –80 cal/g;
mv ∙ Lv = mp ∙ c . ∆θ
§ o calor latente de vaporização da água igual a 540 cal/g;
Isolando a variação de temperatura e substituindo os valo-
res fornecidos no enunciado: § o calor latente de condensação do vapor de água igual
∆θ = [0,6 g ∙ (1000/3) cal/g]/(5 g ∙ 1 cal/g °C) a –540 cal/g.

∆θ = 40 °C Usando os dados acima, a fase e a temperatura de


100 g de vapor de água, inicialmente a 130 °C quan-
Alternativa C
do cede 75000 cal serão, respectivamente:
2. A mudança do estado físico de determinada substân-
a) sólida e –30 ºC.
cia pode ser avaliada em função da variação da tempe-
ratura em relação ao tempo, conforme o gráfico a seguir. b) líquida e 30 ºC.
Considere que o composto encontra-se no estado sólido. c) sólida e –67 ºC.
d) líquida e 67 ºC.
Resolução:
Calculemos a quantidade de calor cedida em cada uma das
etapas. O sinal (–) significa calor cedido.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ Resfriamento do vapor de 130 °C a 100 °C


Q1 = m ⋅ cv ⋅ ∆θ = 100 ⋅ 0,5 ⋅ (100 – 130) = –1500 cal

§ Condensação do vapor
No gráfico, encontra-se a substância no estado líquido
nos pontos: Q2 = m ⋅ LC = 100 (–540) = –54000 cal
a) I, II e IV.
§ Resfriamento da água de 100 °C a 0 °C
b) III, IV e V.
c) II, III e IV. Q3 = m ⋅ c ⋅ ∆θ = 100 ⋅ 1 ⋅ (0 – 100) = –10000 cal
d) I, III e V.
§ Congelamento da água
Resolução:
Q4 = m ⋅ Ls = 100 ⋅ (–80) = –8000 cal
Ao ser submetida ao aquecimento de uma substância pura que
A quantidade de calor cedida até essa última etapa é:
esteja no estado sólido, teremos dois pontos em que a tempera-
tura permanece constante à pressão constante. Primeiramente, Q = Q1 + Q2 + Q3 + Q4 = –73500 cal

64
O restante da quantidade de calor cedida é para resfriar o energia foi totalmente absorvida pela massa de gelo
gelo até a temperatura: (desconsidere qualquer tipo de perda) e que o forneci-
mento de energia foi constante, determine a potência
Q5 = –75000 – (–73500) = –1500 cal utilizada, em W.

Q5 = m ⋅ cg ∆θ → –1500 = 100 ⋅ 0,5 ⋅ (θ – 0) → θ = –30 ºC Pressão local = 1 atm


Portanto, o gelo (fase sólida) estará à temperatura final de Calor específico do gelo = 0,5 cal∙g–1 ∙ ºC–1
–30 ºC. Calor específico da água líquida = 1,0 cal ∙ g–1 ∙ ºC–1
Alternativa A Calor latente de fusão da água = 80 cal ∙ g–1
4. (UFF) Uma bola de ferro e uma bola de madeira, ambas Calor de vaporização da água = 540 cal ∙ g–1
com a mesma massa e a mesma temperatura, são retira-
das de um forno quente e colocadas sobre blocos de gelo. 1 cal = 4,2 J
a) 1008
b) 896
c) 1015
d) 903
e) 1512

Marque a opção que descreve o que acontece a seguir. Resolução:


a) A bola de metal esfria mais rápido e derrete mais gelo.
A quantidade de calor total é igual ao calor sensível do
b) A bola de madeira esfria mais rápido e derrete
gelo de –10 °C até 0 °C, mais o calor latente de fusão do
menos gelo.
gelo, mais o calor sensível da água de 0 °C a 100 °C e mais
c) A bola de metal esfria mais rápido e derrete menos gelo.
o calor de vaporização da água.
d) A bola de metal esfria mais rápido e ambas derretem
a mesma quantidade de gelo. Equacionando:
e) Ambas levam o mesmo tempo para esfriar e derretem
Q = Qgelo + Qfusão + Qágua + Qvaporização ⇒
a mesma quantidade de gelo.
⇒ Q = m cgelo ∆θgelo + m Lfusão + m cágua ∆θágua + m Lvap ⇒
Resolução:
Q = 100 (0,5) [0 – (–10)] + 100 (80) + 100 (1) (100 – 0)
As quantidades de calor sensível liberadas por cada uma + 100 (540) ⇒
das bolas são transferidas para os blocos de gelos.
Q = 500 + 8000 + 10000 + 54000 = 72500 cal
Como o ferro tem maior condutividade térmica que a ma-
Transformando em joules:
deira, ele transfere calor mais rapidamente, sofrendo um
resfriamento mais rápido. Q = 72 ∙ 500 (4,2) = 304 ∙ 500 J
A quantidade de calor sensível de cada esfera é igual, em Calculando a potência:
Q 304500
módulo, à quantidade de calor latente absorvida por cada P = ___
​​   ​​  = _______
​​   ​​  

= 1015 W
∆t 300
bloco de gelo.
Alternativa C
|Qbola|= |Qgelo| 6. (PUC) Dona Salina, moradora de uma cidade litorânea
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

paulista, resolve testar o funcionamento de seu recém-ad-


m ∙ c ∙ |∆θ| = mgelo ∙ Lgelo
quirido aparelho de micro-ondas. Decide, então, vaporizar
mgelo = ( m ∙ c ∙ |∆θ|) / Lgelo totalmente 1 litro de água inicialmente a 20 °C. Para tanto,
o líquido é colocado em uma caneca de vidro, de pequena
Como as massas das bolas são iguais e as variações de espessura, e o aparelho é ligado por minutos. Considerando
temperatura também, a massa de gelo fundida em cada que D. Salina obteve o resultado desejado e sabendo que o
caso é diretamente proporcional ao calor específico do ma- valor do kWh é igual a R$ 0,28. Calcule o custo aproximado,
terial que constitui a bola. Assim, analisando a expressão, em reais, devido a esse procedimento. Despreze qualquer
tipo de perda e considere que toda a potência fornecida
vemos que funde menor quantidade de gelo a bola de ma-
pelo micro-ondas, supostamente constante, foi inteiramen-
terial de menor calor específico, no caso, a de metal. te transferida para a água durante seu funcionamento.
Alternativa C a) 0,50
5. (PUC) Um cubo de gelo de massa 100 g e tempera- b) 0,40
tura inicial –10 °C é colocado no interior de um mi- c) 0,30
cro-ondas. Após 5 minutos de funcionamento, resta- d) 0,20
va apenas vapor de água. Considerando que toda a e) 0,10

65
Resolução: O estado de equilíbrio da sobrefusão é metaestável, ou
Q = Q1 + Q2 seja, existe equilíbrio aparentemente, porém ocorre a mu-
dança muito lenta do estado físico da substância. A intro-
Q = m · c · ∆θ + m · L
dução de uma pequena porção sólida ou uma agitação
Q = 1000 · 1 · (100 – 20) + 1000 · 540 perturba o fenômeno e provoca uma brusca solidificação,
Q = 620000 cal = 2604 kJ parcial ou total, do líquido. A temperatura aumenta e atin-
ge o ponto de solidificação. Esse aumento de temperatura
Como 1 kWh = 3,6 ∙ 106 J ocorre porque a queda de energia potencial (característica
Temos que Q = 0,72 kWh, dessa forma o custo C será de: da solidificação) é compensada pelo aumento da energia
cinética das moléculas.
C = 0,28 ∙ 0,72 = R$ 0,20 aproximadamente.
Alternativa D Vulgarmente, a perda de “calor erroneamente sensível”
torna-se perda de calor “latente”.
O estado de superaquecimento, isto é, quando a subs-
tância atinge temperaturas superiores à temperatura de
ebulição sem que ocorra a ebulição, pode ocorrer ao se
aquecer uma substância no forno micro-ondas. Se o aque-
cimento é feito por uma chama, existem correntes de con-
vecção no sistema e essas perturbam suficientemente o
multimídia: vídeo sistema, fervendo a substância quando a temperatura de
ebulição for atingida.
Fonte: Youtube
O superaquecimento também é um estado metaestável.
Calor específico e calor latente de fusão...
Desse modo, qualquer perturbação no sistema diminui seu
estado de energia potencial.

2.1. Sobrefusão ou superfusão 2.2. Vaporização


Durante o resfriamento de um líquido, eventualmente, po- A passagem do estado líquido para o estado gasoso de
dem ser atingidas temperaturas abaixo da que corresponde uma substância é denominada vaporização, e pode ocorrer
à de solidificação da substância, e, ainda assim, a substância de três modos: ebulição, evaporação e calefação.
se mantém líquida.
A ebulição é o processo de vaporização que acontece
quando a substância atinge uma determinada temperatu-
ra. Esse processo é turbulento.
A evaporação acontece em qualquer temperatura nos
líquidos, no entanto, especificamente na sua superfície
livre. A água líquida, por exemplo, quando colocada em
um prato, desaparece após determinado tempo, ou seja, a
Na sobrefusão (ou superfusão), uma substância encontra-se no estado água é vaporizada (transforma-se em vapor) e misturada
líquido com temperatura abaixo da sua temperatura de solidificação.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

aos outros gases da atmosfera.


A calefação é um processo rápido de vaporização e
ocorre quando o aumento de temperatura é brusco. Esse
processo acontece, por exemplo, ao colocarmos peque-
nas quantidades de água em uma frigideira bem quente.
A vaporização da água, nesse caso, é bastante rápida,
quase instantânea.

2.3. Evaporação
O processo de evaporação ocorre na superfície livre do líqui-
do, onde as moléculas têm diferentes energias: algumas estão
mais agitadas e outras menos. Ao colidirem umas com as ou-
tras, as partículas mais agitadas perdem parte de sua energia

66
para as partículas menos agitadas. Desse modo, a energia
cinética das moléculas da superfície aumenta e, então, aca-
bam por se libertar da superfície do líquido: evaporam.
As moléculas que conseguiram se vaporizar obtiveram ener-
gia cinética das demais moléculas do líquido. Assim, as molé-
culas restantes no líquido ficam com energia cinética menor,
e assim, a temperatura do líquido diminui.
Portanto, o processo de evaporação resfria o líquido rema-
nescente.
Mais energéticas:
Moléculas evaporação
mais energéticas: Escapam do líquido(evaporação).
Os fatores listados a seguir influenciam na velocidade de Moléculas de vapor com pouca energia: voltam ao líquido.
Moléculas
Moléculascom
compouca
poucaenergia:
energia permanecem no líquido

evaporação:

§ Quanto maior a pressão atmosférica, menor será a 3. Diagrama de fase


velocidade. O estado de agregação das moléculas de uma substância é
representado por sua fase ou por seu estado físico.
§ A atmosfera, pressionando a superfície do líquido, difi-
culta a vaporização. No estado sólido, as moléculas encontram-se tão agre-
gadas que não têm a possibilidade de se moverem umas
§ Quanto mais o líquido for volátil, maior será a velocidade. pelas outras.
§ Como a área livre é maior, mais moléculas estão nes- No estado líquido, existe alguma mobilidade das mo-
sa superfície, o que aumenta a probabilidade de haver léculas, o que faz com que uma substância nesse es-
moléculas “escapando” da superfície do líquido. tado não tenha um forma definida. Entretanto, a inte-
ração é suficiente para que as moléculas ocupem um
§ Quanto maior for a temperatura do líquido, maior a volume bem definido, sendo, como nos sólidos, difícil
velocidade. comprimi-las.
§ As moléculas, com temperatura maior, e, portanto, mais No estado gasoso, as substâncias não têm nem forma
agitadas, têm maior velocidade e, consequentemente, nem volume definido, ou seja, é relativamente fácil com-
maior facilidade de “escapar”. primir um gás.

§ Quanto mais úmido estiver o ar (maior a pressão par-


cial do vapor), menor será a velocidade.
3.1. Pressão e estado físico
Para determinada pressão, a temperatura dos sólidos é
Com o ar mais úmido, poderá ocorrer de as moléculas de
menor do que dos líquidos, e a temperatura desses, por
vapor presentes no ar aderirem à superfície do líquido, con-
sua vez, é menor do que a dos gases. Isso ocorre devido ao
densando-se.
aumento da agitação das moléculas (aumento da energia
cinética de translação). O movimento é tal que a interação
mevaporação A · (F – f) entre as moléculas impede que se mantenham agregadas.
vevaporação = _______
​   ​   = K_______
​  p  ​   
Dt e
Por outro lado, o estado de agregação das moléculas pode
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ser modificado alterando-se a pressão que é exercida pela


vizinhança (geralmente a atmosfera) sobre a substância.
Em que:
Comprimindo uma massa gasosa, por exemplo, é possível
§ K representa a volatilidade do líquido. aproximar as moléculas o suficiente para que elas se agre-
Vapor
guem, mudando de fase para o estado líquido (e até sólido).
§ A representa área da superfície livre do líquido.

§ pe representa a pressão externa a que o líquido está


submetido.

§ F representa a pressão máxima de vapor (que depende


da temperatura).

§ f representa a pressão parcial de vapor na atmosfera


(que caracteriza o grau de umidade). Vapor Líquido

67
VIVENCIANDO

A água é uma substância que tem constantemente seu estado físico alterado e é de suma importância para a manu-
tenção da vida no planeta. O ciclo da água é fundamental para o reabastecimento de água em rios, lagos e nascentes
e influencia o clima em todas as partes do globo.

3.2. Substâncias mais comuns O diagrama de fase é um gráfico que relaciona as fases
da substância com a pressão e temperatura. Cada ponto no
O comportamento normal do volume em função do estado gráfico corresponde a uma combinação de pressão e tem-
físico está resumido na figura abaixo. peratura bem definida, determinando a fase da substância.
Gasoso
As linhas no diagrama de fase dividem as fases e indicam
valores de pressão e temperatura, nas quais diferentes fa-
ses podem coexistir.
Redução de temperatura
Aumento de pressão
mantendo a temperatura constante

mantendo a pressão constante

Para a maioria das substâncias, as linhas de fusão, vaporiza-


ção e sublimação têm inclinação positiva e a temperatura de
mudança de estado aumenta com o aumento da pressão.

Líquido Observe, a seguir, o diagrama de fases do dióxido de carbono:

Sólido

Como observamos na figura anterior, para a maior parte


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das substâncias, na passagem do estado gasoso para o


líquido e do líquido para o sólido, ocorre a redução do vo-
lume. Observe, portanto, que é possível fazer essa transição
de fase reduzindo a temperatura ou aumentando a pressão
exercida sobre a substância.
Conclui-se, assim, que o estado físico de uma substância
não é determinado apenas pela temperatura, mas também
pela pressão.

68
Observando o diagrama de fases, é possível concluir que:

§ aumentando a pressão, o ponto de fusão aumenta (a


curva de fusão é crescente);

§ aumentando a pressão, o ponto de ebulição aumenta


(a curva de ebulição é crescente).

3.3. Comportamento da
Observando o diagrama de fases acima, é possível concluir que:
água e do bismuto
A água e o bismuto, ao passarem do estado líquido para § aumentando a pressão, o ponto de fusão diminui (a
o estado sólido, ao contrário das demais substâncias, au- curva de fusão é decrescente);
mentam de volume. § aumentando a pressão, o ponto de ebulição aumenta
Gasoso (a curva de ebulição é crescente).

Aplicação do conteúdo
1. (Esc. Naval) Observe o gráfico a seguir.

Líquido

Sólido

Esse comportamento da água ocorre porque, ao se soli-


dificar, as ligações entre as moléculas, que são pontes de
hidrogênio, formam cristais, cuja geometria afasta as molé-
culas. A figura abaixo ilustra a estrutura da água no estado Uma máquina de café expresso possui duas pequenas cal-
líquido e no estado sólido. deiras mantidas sob uma pressão de 1,0 MPa. Duas resis-
tências elétricas aquecem separadamente a água no inte-
H2O líquida H2O sólida rior das caldeiras até as temperaturas TA ºC, na caldeira com
água para o café, e TB ºC, na caldeira destinada a produzir
vapor d’água para aquecer leite. Assuma que a temperatu-
ra do café na xícara, TC ºC, não deve ultrapassar o ponto de
ebulição da água e que não há perdas térmicas, ou seja, TC
= TA. Considerando o diagrama de fases no gráfico acima,
quanto vale, aproximadamente, o menor valor, em kelvins,
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

da diferença TB – TA?
Observando o diagrama de fases da água, é possível perce-
Dado: 1,0 atm = 0,1 MPa
ber que a curva de fusão é decrescente. Assim, a tempera-
a) 180
tura de fusão diminui com o aumento da pressão. Portanto,
b) 130
é possível derreter o gelo em uma temperatura menor caso
c) 80
ele esteja em uma pressão maior.
d) 30
e) Zero

Resolução:
Do enunciado, sabe-se que existem duas caldeiras, com
temperaturas TA e TB e que ambas se encontram à pressão
constante de 1 MPa. Ainda do enunciado, a caldeira A é
destinada para a água do café, e a B, para o vapor d’água
para aquecer o leite.

69
A temperatura do café na xícara é TC e TC = TA. Congelamento
sobre o arame
Derretendo de
baixo do arame

© Pressmaster/Shutterstock
No processo de fazer o café ou do vapor, quando a caldeira
liberar o líquido contido nelas, a pressão sofrerá uma redu-
ção brusca para o valor de 1 atm (0,1 Mpa).
Com base nisso, é possível concluir que:
1. Para que a água na xícara não seja vaporizada na produ- Pesos

ção do café, a temperatura TA deve ser de 100 °C, uma vez


que, depois da redução de pressão, esta estaria no limite Do mesmo modo, um patinador ao usar patins aumenta a pressão
sobre a superfície do gelo, tornando o deslizar mais fácil.
da vaporização da água na pressão de 1 atm.
2. Para que o líquido já saia da caldeira B como um gás, TB A figura anterior exemplifica o experimento de Tyndall que
= 180 °C, ou seja, a caldeira B terá seu ponto de opera- demonstra o derretimento do gelo devido à pressão aplicada
ção de 1 atm e 180 °C em cima da curva de vaporização sobre ele por um arame preso a dois pesos. O regelo da água
do líquido. ocorre acima do arame assim que o arame desce. Dessa ma-
neira, o arame atravessa o bloco, que permanece inteiro.
Dessa forma, pode concluir-se que a diferença de tempera-
tura entre TA e TB é de 80 °C. Como a variação de tempera-
tura em graus Celsius é igual à variação de temperatura em Aplicação do conteúdo
kelvin, logo a variação em kelvin é também igual a 80 K.
1. (IFSUL) Quando um patinador desliza sobre o gelo, o
Alternativa C seu movimento é facilitado porque, enquanto ele anda,
o gelo transforma-se em água líquida, o que faz com
2. (IFSUL) A panela de pressão permite que o cozi- que diminua o atrito entre os patins e o gelo.
mento dos alimentos ocorra mais rapidamente que
em panelas comuns. Se o gelo encontra-se a uma temperatura inferior a 0°, por
Se, depois de iniciada a saída de vapor pela válvula, bai- que a água líquida é formada pela passagem do patinador?
a) A temperatura do gelo aumenta devido ao movi-
xarmos o fogo para economizar gás, o tempo gasto no
mento relativo entre os patins e o gelo.
cozimento: b) O aumento da pressão sobre o gelo imposta pela
a) aumenta, pois a temperatura diminui dentro lâmina dos patins diminui o ponto de fusão do gelo.
da panela.
c) O aumento da pressão sobre o gelo imposta pela
b) diminui, pois a temperatura aumenta dentro lâmina dos patins aumenta o ponto de fusão do gelo.
da panela.
d) A temperatura do gelo não varia devido ao movi-
c) aumenta, pois diminui a formação de vapor dentro mento relativo entre os patins e o gelo.
da panela.
d) não varia, pois a temperatura dentro da panela Resolução:
permanece constante.
A temperatura de mudança de fase de uma substância
Resolução: depende da pressão. Para a água, o aumento de pressão
Durante a mudança de fase de uma substância pura e diminui o ponto de fusão. No caso, o aumento de pressão
cristalina, a temperatura permanece constante e depen- devido aos patins diminui a temperatura de fusão do gelo,
causando o derretimento.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de somente da pressão. O aumento de pressão aumenta


a temperatura do ponto de ebulição da água. Atingida a Alternativa B
ebulição, basta mantê-la que a temperatura não se altera,
não variando o tempo de cozimento. Em fogo alto a fervura 3.5. Estado gasoso e temperatura crítica
é mais violenta, mas a temperatura é a mesma.
O estado gasoso pode ser subdividido em dois tipos: vapor
Alternativa D e gás. Toda substância possui uma temperatura denomi-
nada temperatura crítica. Acima dessa temperatura, as
3.4. Regelo da água moléculas estão tão agitadas que, por maior que seja o
aumento da pressão, não é possível forçar as moléculas a
Devido à geometria de seus cristais, o volume da água au-
se agregarem, ou seja, não é possível mudar o estado físico
menta quando se solidifica. Desse modo, o aumento de
da substância.
pressão sobre o gelo (água sólida) “quebra” os cristais,
tornando-a líquida. O efeito contrário, ou seja, a redução Abaixo da temperatura crítica, o estado gasoso é denomi-
da pressão, pode reverter o processo e provocar o regelo. nado vapor, e, acima dessa temperatura, é denominado gás.

70
Vapor

Líquido
Líquido
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O “gás” de cozinha é, na verdade, “vapor” de cozinha, pois
Gelo seco com café
coexiste com o estado líquido.

3.6. Sublimação
A sublimação de uma substância ocorre quando existe a
mudança direta do estado sólido para o estado gasoso.
Esse processo ocorre em temperaturas e pressões abaixo
dos valores do ponto triplo. A região no diagrama de fases
em que ocorre sublimação é ilustrada na figura abaixo.

VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

71
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usada nas ciências
físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem
simbólica.

A Física, a Química e a Biologia têm como finalidade entender e descrever a natureza e seus fenômenos. Uma
ferramenta essencial para a Física é a Matemática. Por muito tempo, a Física serviu como fonte de inspiração
para a Matemática. Com ela, foi possível explicar de maneira gráfica os fenômenos e até mesmo quantificá-los.

MODELO 1

(Enem) A Terra é cercada pelo vácuo espacial e, assim, ela só perde energia ao irradiá-la para o espaço. O
aquecimento global que se verifica hoje decorre de pequeno desequilíbrio energético, de cerca de 0,3%,
entre a energia que a Terra recebe do Sol e a energia irradiada a cada segundo, algo em torno de 1 W/m2.
Isso significa que a Terra acumula, anualmente, cerca de 1,6 × 1022 J. Considere que a energia necessária
para transformar 1 kg de gelo a 0 °C em água líquida seja igual a 3,2 × 105 J. Se toda a energia acumulada
anualmente fosse usada para derreter o gelo nos polos (a 0 °C), a quantidade de gelo derretida anualmente,
em trilhões de toneladas, estaria entre:
a) 20 e 40.
b) 40 e 60.
c) 60 e 80.
d) 80 e 100.
e) 100 e 120.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O aluno precisa saber interpretar o problema e identificar as informações relevantes ao problema. Além
disso, é necessário um conhecimento da fórmula de quantidade de calor latente e de transformação de
unidade.
Q = m ∙ L ⇒ 1,6 ∙ 1022 = m ∙ 3,2∙105 ⇒ m = 5 ∙ 1016 kg
m = 50 trilhões de toneladas
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

RESPOSTA Alternativa B

72
DIAGRAMA DE IDEIAS

CALOR TEMPERATURA
AQUECIMENTO LATENTE CONSTANTE

MUDANÇA DE
DIAGRAMAS
ESTADO

ESTADOS DA
RESFRIAMENTO MATÉRIA

SÓLIDO

LÍQUIDO

PROCESSO PROCESSO GASOSO


EXOTÉRMICO ENDOTÉRMICO

• SOLIDIFICAÇÃO • FUSÃO
• CONDENSAÇÃO • VAPORIZAÇÃO EVAPORAÇÃO
• SUBLIMAÇÃO • SUBLIMAÇÃO EBULIÇÃO
CALEFAÇÃO

VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

73
Átomos com Átomos com
maior agitação menor agitação

Corpos em contato
Extremidade Extremidade
menos quente menos fria

TRANSMISSÃO
Extremidade Extremidade
quente Calor fria

DE CALOR

CN
Por esse motivo, os materiais que apresentam elétrons externos
AULAS
5E6
(da última camada) ligados mais fracamente aos átomos são
melhores condutores de calor. É o que ocorre com os metais.

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
1e6 3 e 21

1. Introdução
Foi visto anteriormente que a energia térmica flui espon- multimídia: site
taneamente das regiões de maior temperatura para as re-
giões de menor temperatura. Agora, serão abordadas as educacao.globo.com/fisica/assunto/termica/propaga-
formas de propagação de calor. cao-do-calor.html

2. Condução térmica www.if.ufrgs.br/~leila/propaga.htm


midia.atp.usp.br/ensino_novo/termodinamica/ebooks/
Experimente fazer brigadeiro utilizando uma colher com- propagacao_calor.pdf
pletamente de aço inoxidável (sem a proteção de madeira www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ul-
ou de plástico). Com o tempo, não será possível segurar t305u10688.shtml
a colher devido à temperatura alta que ela terá atingido.
www.usp.br/qambiental/tefeitoestufa.htm
O calor é transferido para a colher pela extremidade em
contato com o brigadeiro e, em seguida, é transferido para
toda a colher. Isso ocorre porque as moléculas do brigadei- A madeira é um bom isolante térmico (ou um péssimo con-
ro, aquecidas, colidem com as moléculas da extremidade dutor). Por isso, é utilizada para revestir os cabos dos talheres
da colher que estão em contato com o brigadeiro. e das panelas. É interessante observar que a madeira é um
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A agitação das moléculas da extremidade é “transmitida” às mau condutor mesmo quando está em alta temperatura (cor
moléculas vizinhas por meio da interação (força) que existe avermelhada). Assim, é comum ver shows de pessoas que
entre elas e através das múltiplas colisões que ocorrem entre caminham descalças sobre a brasa sem queimar os pés.
os elétrons ligados “mais fracamente” aos átomos.

Corpo quente Corpo frio

Embora a temperatura da madeira seja suficientemente alta, o


pouco tempo de contato faz com que haja pouco calor trans-
Átomos com Átomos com
maior agitação menor agitação ferido da madeira para o pé, sendo insuficiente para queimá-lo.
Corpos em contato
74 Extremidade Extremidade
menos quente menos fria

Extremidade Extremidade
quente Calor fria
O gelo é utro exemplo de mau condutor. Os esquimós cons-
troem suas casas de gelo, os iglus, por esse motivo. O gelo,
por ser mau condutor, permite pouca transferência de calor
de seu interior para o exterior do iglu, mesmo estando a tem-
peraturas baixas. Dessa forma, o calor irradiado por uma fo-
gueira ou pelas reações do corpo humano terá um maior in-
tervalo de tempo para a sua absorção, proporcionando uma
temperatura mais agradável do que a temperatura externa.
A maior parte dos líquidos e dos gases são maus conduto-
res de calor. O ar, sendo um péssimo condutor de calor, faz
com que os materiais porosos também sejam maus con-
dutores de calor. Esse é o caso dos cobertores de lã (a lã
possui uma camada de ar entre os pelos) e do isopor.

VIVENCIANDO

No dia a dia, é possível observar inúmeras aplicações práticas de condução, convecção e irradiação. A condução, por
exemplo, está presente na escolha correta de materiais, como em panelas (o metal é um bom condutor), materiais que
sejam isolantes térmicos para a construção de casas em regiões que possuem temperaturas muito baixas, na escolha de
plástico ou madeira para o cabo da panela, nas roupas que utilizamos, em um beduíno que anda pelo deserto totalmen-
te coberto por roupas de lã (lembrando que a lã é um bom isolante térmico devido aos bolsões de ar que se formam
entre o tecido) ou nas plumagens das aves, que, assim como a lã, retêm bolsões de ar, servindo de isolante térmico.
A convecção, por sua vez, está presente nas geladeiras ou na escolha correta da posição do ar-condicionado (na parte
superior de uma sala) ou do aquecedor (na parte inferior de uma sala) a fim de otimizar o processo, na brisa marítima
e na terrestre. Infelizmente, também está presente na inversão térmica, que ocorre quando o ar carregado de poluentes
acaba ocupando regiões mais baixas da atmosfera, causando prejuízos à saúde da população de uma cidade.
A irradiação térmica, por exemplo, está presente na construção de estufas para fins agrícolas. A energia solar é co-
letada e transformada em energia elétrica, que pode abastecer casas e eletrodomésticos. Na cozinha, alimentos são
aquecidos em micro-ondas, assados são embrulhados em papel alumínio a fim de conservar o calor, além, é claro,
da presença da garrafa térmica. VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo a)

1. (Cefet) Estudantes de uma escola participaram de uma


gincana e uma das tarefas consistia em resfriar garrafas
de refrigerante. O grupo vencedor foi o que conseguiu
b)
a temperatura mais baixa. Para tal objetivo, as equipes
receberam caixas idênticas de isopor sem tampa e iguais
quantidades de jornal, gelo em cubos e garrafas de re-
frigerante. Baseando-se nas formas de transferência de
calor, indique a montagem que venceu a tarefa.

75
c) (mais frios). A cor branca apresenta maior índice de refleti-
vidade de luz, diminuindo a absorção e, consequentemen-
te, o aquecimento do tecido.
Alternativa C
d)
2.1. Fluxo de calor na condução
térmica (lei de Fourier)

e)

Resolução:

O jornal (papel) é um mau condutor térmico, isto é, um


bom isolante térmico. Assim, para evitar a troca de calor
entre o ambiente externo e o sistema proposto, o ideal é
montar o sistema com o jornal no topo, funcionando como
uma tampa.
Como o ar frio é mais denso do que o ar quente e, con-
sequentemente, ficará concentrado no fundo do isopor, o
gelo deve ficar por cima do refrigerante.
Alternativa E Q
f = ___
​    ​ 
2. (PUC) Ainda nos dias atuais, povos que vivem no Dt
deserto usam roupas de lã branca como parte de seu
vestuário para se protegerem do intenso calor, já que a O fluxo de calor (f) que atravessa a barra é diretamente
temperatura ambiente pode chegar a 50 ºC durante o proporcional à diferença de temperatura entre os extremos
dia. Para nós, brasileiros, que utilizamos a lã principal-
mente no inverno, a atitude dos povos do deserto pode
(θ1 – θ2), à área de secção reta (A), e inversamente propor-
parecer estranha ou equivocada, contudo ela pode ser cional ao comprimento (L).
explicada pelo fato de que:
a) a lã é um excelente isolante térmico, impedindo A ∙ (θ1 – θ2)
que o calor externo chegue aos corpos das pessoas f = k · _________
​​   ​​    
L
e a cor branca absorve toda a luz evitando que ela
aqueça ainda mais as pessoas.
A constante k é a constante de condutividade térmica, me-
b) a lã é naturalmente quente e, num ambiente a
50 ºC, ela contribui para resfriar um pouco os corpos dida em cal · s–1 · m–1 °C–1, e depende do material.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

das pessoas. Nota: Para uma parede, a lei é igualmente válida. Sendo L
c) a lã é um excelente isolante térmico, impedindo que a espessura da parede e A a área da secção transversal da
o calor externo chegue aos corpos das pessoas e a cor parede, o fluxo de calor através da parede é:
branca reflete toda a luz, diminuindo assim o aqueci-
mento da própria lã. k · A ∙ (θ1 – θ2)
d) a lã é naturalmente quente, e o branco é uma “cor f = ____________
  
​​   ​​ 
L
fria.” Esses fatos combinados contribuem para o res-
friamento dos corpos daquelas pessoas.

Resolução:
Os brasileiros usam lã, que é um isolante térmico, para
impedir que o calor se propague do corpo (mais quente)
para o meio ambiente (mais frio). No caso dos povos do
deserto, eles usam lã para impedir a passagem do calor do
meio ambiente (mais quente) para os próprios corpos L

76
Nesse sentido, se o objetivo for resfriar por meio do pro-
Aplicação do conteúdo cesso de convecção, o processo deve ser realizado de cima
1. (IFSC) A lei de Fourier, ou lei da condução térmica,
para baixo, como é o caso da geladeira. O congelador si-
serve para analisar e quantificar o fluxo de calor atra- tua-se na parte superior para receber o calor oriundo dos
vés de um sólido. Ele relaciona esse fluxo de calor com alimentos através da convecção. O ar em baixa tempera-
o material, com a geometria do corpo em questão e à tura, depois de resfriado pelo congelador, fica mais denso
diferença de temperatura na qual está submetido. e desce para trocar calor com os alimentos. A geladeira é
Para aumentar o fluxo de calor de um corpo, sem alterar o feita de prateleiras vazadas (grades) para não impedir que
material e a diferença de temperatura, deve-se: a convecção ocorra; por esse motivo as prateleiras não de-
a) manter a área da secção transversal e aumentar a vem ser recobertas com panos ou plásticos.
espessura (comprimento) do corpo. Outra exemplo são os aquecedores, que ficam na parte
b) aumentar a área da secção transversal e a espessu- inferior de um ambiente. Devido à convecção, o ar quen-
ra (comprimento) do corpo.
te tende a ocupar regiões mais altas. Assim, o aquecedor
c) diminuir a área da secção transversal e a espessura
(comprimento) do corpo. aquece uma camada mais baixa do ar contido numa sala,
d) diminuir a área da secção transversal e aumentar a que adquire uma temperatura maior do que o ar contido
espessura (comprimento) do corpo. numa camada superior; por convecção esse ar sobe, e o
e) aumentar a área da secção transversal e diminuir a ar que estava acima desce. Como o aquecedor continua
espessura (comprimento) do corpo. em funcionamento, ele aquece a nova camada inferior de
Resolução: ar, que, por convecção, mais uma vez, tenderá a ocupar
regiões mais altas. Devido a esse processo, todo o ar do
De acordo com a lei de Fourier, o fluxo de calor (f) através ambiente passa a ter uma temperatura mais elevada.
de um sólido de comprimento L, de secção transversal A,
sendo ∆θ a diferença de temperatura entre suas extremi- Já um aparelho de ar-condicionado é instalado na parte su-
dades, é dado pela expressão: perior de um ambiente, uma vez que seu funcionamento é o
oposto do aquecedor. Ao retirar calor de uma camada supe-
k · A ·  ∆θ 
f = ​ ​________ ​​  rior, esta tem sua temperatura diminuída, e, por convecção,
L
tenderá a ocupar camadas inferiores. Uma nova camada de
Dessa forma, para aumentar o fluxo, é possível aumentar
ar acaba tomando o lugar mais alto da antiga; porém, como
a área da secção transversal, aumentar a diferença de
o ar-condicionado continua em funcionamento, essa nova
temperatura ou diminuir o comprimento.
camada de ar também será resfriada e acabará descendo,
Alternativa E processo que resfriará todo o ar de um ambiente.
Juntamente com a diferença de calor específico entre areia
3. Convecção e água, a convecção também explica o sentido das brisas
nas proximidades da praia:
O processo de transferência de calor por meio do deslo-
camento de matéria do fluido de um local para outro é
denominado convecção.
Essa movimentação da matéria é causada pela diferença
Menor pressão
de densidade criada pelo desequilíbrio térmico do sistema.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em geral, as partes em maior temperatura são menos den- Brisa marítima


sas e tendem a subir, enquanto as partes em menor tem-
peratura são mais densas e tendem a descer. Menor temperatura Maior temperatura

Por causa desse comportamento da convecção, os proces-


sos de aquecimento por condução devem ser realizados
de baixo para cima. É por esse motivo que as panelas são
colocadas sobre o fogo e não abaixo dele.

Quente e menos
densa, a água sobre

Água fria torna-se


mais densa e desce Brisa terrestre

77
Durante o dia, o ar acima da areia está mais quente que o As ondas eletromagnéticas propagam-se no vácuo com ve-
ar acima da água, pois a areia se encontra em uma tem- locidade de c = 3 · 108 m/s e são classificadas de acordo
peratura mais alta e acaba aquecendo mais o ar que se com suas frequências ou comprimentos de onda.
encontra acima dela. Como o ar quente tende a subir, ele
Além das ondas de calor infravermelho, as ondas de
acaba criando um vácuo que deve ser preenchido, e assim
rádio, as micro-ondas, a luz visível, a radiação ultravi-
o ar que estava acima da água ocupa o seu lugar. Essa
oleta, os raios X e os raios gama também são ondas
ocorrência é chamada de brisa marítima. O oposto ocor-
eletromagnéticas.
re à noite, quando a água está a uma temperatura maior e
consequentemente o ar que está acima dela acaba sendo
aquecido. Mais uma vez, por convecção, o ar quente sobe Aplicação do conteúdo
criando uma região de vácuo, que é ocupada pelo ar que se 1. (UECE) O uso de fontes alternativas de energia tem
encontrava acima da areia. Essa ocorrência é denominada sido bastante difundido. Em 2012, o Brasil deu um im-
brisa terrestre. portante passo ao aprovar legislação específica para
micro e mini, geração de energia elétrica a partir da
Aplicação do conteúdo energia solar. Nessa modalidade de geração, a ener-
gia obtida a partir de painéis solares fotovoltaicos
1. (IFSUL) Em certos dias de inverno, é comum aconte- vem da conversão da energia de fótons em energia
cer o fenômeno físico chamado inversão térmica, que elétrica, sendo esses fótons primariamente oriundos
faz aumentar a concentração de poluentes no ar que da luz solar. Assim, é correto afirmar que essa energia
a população respira, causando doenças respiratórias, é transportada do Sol à Terra por:
principalmente, em crianças e idosos.
a) convecção.
Isso ocorre porque a: b) condução.
a) densidade das camadas superiores do ar atmosfé- c) indução.
rico é maior que a densidade das camadas inferiores. d) irradiação.
b) temperatura das camadas inferiores do ar atmos-
Resolução:
férico é igual à temperatura das camadas superiores.
c) temperatura das camadas superiores do ar atmosfé- O processo de transmissão de calor através do espaço,
rico é maior que a temperatura das camadas inferiores. por meio de ondas eletromagnéticas, é denominado irra-
d) a temperatura das camadas superiores do ar at- diação. Esse é o único processo de transmissão de calor
mosférico é menor que a temperatura das camadas
que ocorre no vácuo, ou seja, em que não há necessidade
inferiores.
de um meio material.
Resolução:
Alternativa D
A concentração de poluentes no ar aumenta porque a
temperatura das camadas superiores do ar atmosférico
4.1. Emissão de radiação
é maior que a temperatura das camadas inferiores, fator
que dificulta o fenômeno da convecção. Por meio de experimentos, foi constatado que todas as
substâncias, a qualquer temperatura acima do zero abso-
Alternativa C
luto, emitem radiação, e que a frequência de ondas mais
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

emitidas é proporcional à temperatura absoluta T:


4. Irradiação ou radiação
A condução ocorre preferencialmente em sólidos, e a con-
vecção só pode ocorrer em fluidos (líquidos ou gases). As- Baixa temperatura
sim, como a energia térmica do Sol chega à Terra?
A energia térmica do Sol é transmitida para a Terra por
meio de ondas eletromagnéticas. Essa transmissão é de-
nominada radiação. Essa transferência é possível por- Média
que os campos elétricos e magnéticos podem existir em
regiões onde não há matéria (vácuo), ou seja, a energia
radiante pode se propagar sem a necessidade de um
Alta temperatura
meio material.

78
A superfície do Sol, por estar a altas temperaturas (compara- Para isso, o entendimento completo dos mecanismos
das às da superfície terrestre), emite ondas em alta frequên- de troca de calor é imprescindível.
cia, grande parte na faixa do espectro visível. Por outro lado,
Em cada uma das situações descritas a seguir, você deve
o planeta Terra está a temperaturas bem menores, de modo
reconhecer o processo de troca de calor envolvido.
que a energia radiante emitida está a frequências mais bai-
xas do que a luz visível. Trata-se de radiações infravermelhas. I. As prateleiras de uma geladeira doméstica são grades
As radiações infravermelhas, quando atingem nossa pele, vazadas, para facilitar fluxo de energia térmica até o con-
causam-nos a sensação de calor. Assim, recebem o nome de gelador por __________.
radiação térmica. II. O único processo de troca de calor que pode ocorrer no
vácuo é por __________.
4.2. Absorção de radiação III. Em uma garrafa térmica, é mantido vácuo entre as pa-
Todo bom emissor de radiação também é um bom absor- redes duplas de vidro para evitar que o calor saia ou entre
vedor. Além disso, os corpos com cores mais escuras emi- por __________.
tem e absorvem mais rapidamente a radiação. Na ordem, os processos de troca de calor utilizados para
Dessa forma, os corpos escuros, quando expostos ao sol, preencher as lacunas corretamente são:
aquecem-se mais rapidamente, e, quando anoitece, res- a) condução, convecção e radiação.
friam-se também mais rapidamente. b) condução, radiação e convecção.
c) convecção, condução e radiação.
O comportamento oposto ocorre com os objetos de super- d) convecção, radiação e condução.
fícies claras.
Superfícies espelhadas praticamente não absorvem a ener- Resolução:
gia que as atinge, refletindo a maior parte dela.
I. Convecção. Nas antigas geladeiras, as prateleiras são
A regra seguinte é válida para todos os corpos: a tempera- grades vazadas para que o ar frio (mais denso) desça, en-
tura aumenta quando o corpo está absorvendo mais radia-
quanto o ar quente (menos denso) sobe. Nas modernas
ção do que está emitindo; e a temperatura diminui quando
geladeiras, existe o dispositivo que injeta ar frio em cada
o corpo emite mais radiação do que absorve.
compartimento, não mais necessitando de grades vazadas.
No fogão elétrico:
II. Radiação. Esse processo se dá através da propagação
de ondas eletromagnéticas, não havendo movimento de
massa, ocorrendo, portanto, também no vácuo.
III. Condução. Na verdade, condução e convecção são os
processos que movimentam massa.
Alternativa D
2. (UTF-PR) A garrafa térmica tem como função man-
ter seu conteúdo em temperatura praticamente cons-
tante durante um longo intervalo de tempo. É cons-
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

tituída por uma ampola de vidro cujas superfícies


interna e externa são espelhadas para impedir a pro-
pagação do calor por ________. As paredes de vidro
são más condutoras de calor evitando-se a ________
térmica. O vácuo entre as paredes da ampola dificulta
a propagação do calor por _________ e __________.

Marque a alternativa que completa o texto corretamente:


a) reflexão – transmissão – condução – irradiação
Aplicação do conteúdo b) condução – irradiação – irradiação – convecção
c) irradiação – condução – convecção – condução
1. (Unicamp) Um isolamento térmico eficiente é um d) convecção – convecção – condução – irradiação
constante desafio a ser superado para que o homem e) reflexão – irradiação – convecção – condução
possa viver em condições extremas de temperatura.

79
Resolução: III. Calor por condução pode ocorrer em sólidos, líquidos,
gases e, também, no vácuo.
As paredes espelhadas refletem ondas eletromagnéticas
evitando propagação por radiação; as paredes são más Está(ão) correta(s):
condutoras de calor para evitar a propagação por condu- a) apenas I.
ção e, finalmente, o vácuo entre as paredes impede a pro- b) apenas II.
pagação por convecção e condução. c) apenas III.
d) apenas I e II.
Alternativa C e) apenas II e III.
3. (UFSM) As plantas e os animais que vivem num ecos- Resolução:
sistema dependem uns dos outros, do solo, da água e
das trocas de energia para sobreviverem. Um processo I. Incorreta. Ondas eletromagnéticas quando absorvidas
importante de troca de energia é chamado de calor. transformam-se em energia térmica.

Analise, então, as afirmativas: II. Correta. Correntes convectivas formam-se em fluidos,


quando há diferenças de temperaturas causando movi-
I. Ondas eletromagnéticas na região do infravermelho são mento de massas por diferenças de densidades.
chamadas de calor por radiação.
III. Incorreta. A condução dá-se molécula a molécula,
II. Ocorre calor por convecção, quando se estabele- não ocorrendo, portanto, no vácuo.
cem, num fluido, correntes causadas por diferenças
de temperatura. Alternativa B

5. Efeito estufa
A energia irradiada pelo Sol é absorvida pelo planeta Terra e por sua atmosfera. Essa energia é composta por ondas de
frequências altas (luz visível, ultravioleta) por causa de sua temperatura alta. A atmosfera é transparente em relação à maior
parte dessa radiação, principalmente à luz visível, que atinge a superfície do planeta e é por ela absorvida.
O Sol emite ondas curtas, enquanto a Terra, em baixa temperatura, emite ondas longas, a radiação terrestre. O vapor d’água, o
dióxido de carbono, e outros “gases estufa” presentes na atmosfera refletem e/ou absorvem as ondas longas que, de outra forma,
seriam irradiadas da Terra para o espaço exterior.
A superfície da Terra “reirradia” essas ondas, em frequências infravermelhas, por estar em uma temperatura menor. Para esse
tipo de radiação, a atmosfera é opaca, ou seja, os gases atmosféricos absorvem e reemitem essas radiações de volta para a Terra,
mantendo a superfície do planeta aquecida.
Esse fato é benéfico! Caso não fosse o efeito estufa, a temperatura média da superfície da Terra seria algo em torno de –18 ºC.
Entretanto, os gases como o dióxido de carbono (emitido na combustão) intensificam esse efeito, causando um problema am-
biental, aumentando demasiadamente as temperaturas da superfície terrestre e ocasionando o aquecimento global.
O efeito tem esse nome por ser semelhante ao que ocorre nas estufas de flores, que usam vidros como cobertura. O vidro é
transparente à luz visível, mas opaco às ondas de calor. Além disso, impede a subida do ar quente por convecção, mantendo a
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

temperatura interna acima do convencional.

Radiação com comprimento


de ondas curtas vindas do Sol
transmitida através do vidro

A energia irradiada com


comprimento de onda
longa não é transmitida
através do vidro e fica
presa no interior

80
Os gases de estufa dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), CFC (CFxCøx) absorvem parte da
radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra e irradiam novamente parte da energia absorvida para a superfície
do planeta. A superfície recebe maior quantidade de energia da atmosfera do que a energia que recebe do Sol. A superfície fica,
então, com a temperatura cerca de 30 ºC mais quente do que estaria sem a presença dos gases estufa.
O metano, cerca de 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono, é um dos piores gases. Esse gás é produzido pela flatu-
lência dos ovinos e bovinos. A pecuária representa 16% da poluição mundial. Um remédio está sendo desenvolvido para
tentar resolver esse problema. Por exemplo, na Nova Zelândia, pensou-se em adotar a cobrança de taxas para compensar
o efeito dos gases emitidos pelas vacas.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A propagação de calor está intimamente relacionada com o clima e suas mudanças. O clima é influenciado pela lati-
tude, pela longitude, pelo relevo, pela maritimidade e pelas massas de ar. Todos esses fatores sofrem ação direta da
radiação solar ou da convecção térmica. A movimentação das massas atmosféricas e dos oceanos, que ocorre através
da convecção, comanda principalmente o clima no globo; relevo, latitude e longitude influenciam pela quantidade de
radiação solar recebida em cada região.
A vegetação também tem um importante papel na determinação do clima em cada localidade. Contudo, a urbani-
zação e outras ações do homem vêm ganhando cada vez mais força. A comunidade científica internacional admite
que a principal causa do aquecimento global observado, evidenciado no aumento da temperatura nas últimas
décadas, deve-se à influência humana. Os gases de efeito estufa, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido
nitroso (N2O), perfluorcarbonetos (PFC) e também o vapor de água contribuíram para o aquecimento entre 0,5 e 1,3
graus Celsius (ºC) no período entre 1951 e 2010.
Uma consequência direta da urbanização no clima das grandes cidades é a inversão térmica que ocorre em gran-
des centros urbanos industrializados, quando o ar frio e mais denso é impedido de circular por uma camada de ar
quente e menos densa; como nessas localidades as camadas mais baixas de ar estão repletas de gases poluentes,
oriundos de carros e indústrias, a dispersão desses gases é prejudicada, o que agrava problemas respiratórios.

5.1. Garrafa térmica espuma dificulta a transferência de calor. Além disso, o ar


aprisionado nas cavidades da espuma reduz a convecção,
e, por ser também um condutor ruim de calor, diminui ain-
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

da mais a transferência de calor. Por essa razão, a transfe-


rência de calor desse material é bem pequena.
TAMPA

O vácuo, no entanto, é o isolante mais poderoso. O


INVÓLUCRO EXTERNO vácuo é a ausência de átomos, sendo que, em um vá-
PAREDES cuo perfeito, não haveria nenhum átomo. Entretanto, é
ESPELHADAS
impossível criar um vácuo perfeito. No entanto, pode-se
atingir um estado bem próximo da perfeição. A condu-
ção e a convecção são eliminados completamente sem
a presença dos átomos.
VÁCUO
Em uma garrafa térmica, o elemento principal é a ampola
Uma garrafa térmica pode ser feita utilizando uma jarra de vidro de parede dupla, que tem um espaço evacuado
envolvida por um material isolante, como o isopor (polies- entre as paredes. Essa ampola é frágil, e é, em geral, pro-
tireno). Por ser um mau condutor de calor, o plástico da tegida por um invólucro externo de plástico ou metal. Na

81
maioria das garrafas, essa ampola pode ser desatarraxada
e removida
É comum que o vidro da ampola seja prateado. Assim, por
atuar como um espelho, reduz a radiação infravermelha.
Essa combinação do vácuo e do prateamento reduz signi-
ficativamente a transferência de calor por convecção, con-
dução e radiação. multimídia: livro
No entanto, mesmo na garrafa térmica os líquidos quentes Fonte: Youtube
se resfriam. Por quê? A resposta é simples: não existem Aquecimento Global -
isolantes perfeitos. Através da tampa, por exemplo, existe Frias contendas científicas
perda de calor, mesmo que seja feita de um bom isolante
térmico. Também ocorre perda de calor devido à condução Apresenta um ensaio relacionando o aquecimento global
de calor da ampola ao revestimento externo, onde ambos à ação humana, conforme constatações feitas pelo IPCC –
se encontram. Embora esfrie, o líquido quente colocado Intergovernamental Panel on Climate Change; um segundo
dentro da garrafa se resfria muito lentamente. texto associando o aquecimento global a um ciclo geológi-
co do planeta (opinião defendida pelos cientistas chama-
Existe alguma diferença se o líquido colocado na garrafa dos "céticos"); e, por fim, um terceiro ensaio que procura
está quente ou frio? conciliar argumentos das duas linhas de pensamento.
Não. A garrafa apenas impede a transferência de calor
através das paredes, evitando que a temperatura do líquido
no interior se altere.
Marshall Brain. HowStuffWorks – Como funcionam as garrafas térmicas.
Publicado em: 01 abr. 2000 (Atualizado em: 25 abr. 2007).
Disponível em: <www.casa.hsw.uol.com.br/garrafas-
termicas2.htm>. Acesso em: 08 ago. 2010. Adaptado.

multimídia: música

Aquecimento Global - Mercado Negro

multimídia: livro
Fonte: Youtube
Emissão de gases de efeito estufa
Esse livro apresenta estimativas de emissão de gases de
efeito estufa (CH4, CO, N2O e NOX) originados da queima
de resíduos agrícolas no Brasil, compreendendo as cul-
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

turas de cana-de-açúcar e de algodão. Essas estimativas


integram o inventário de emissão de gases provenientes
de atividades humanas, como parte do acordo celebrado
por países membros da Convenção Quadro de Mudanças
Globais, iniciada durante a Eco 92, no Rio de Janeiro.

82
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 3
Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo
ou em diferentes culturas.

O senso comum costuma transformar palavras e termos de um assunto como tendo o mesmo significado até
mesmo para tentar simplificá-las. O problema é que geralmente esses termos científicos possuem significados
bem diferentes, e a utilização equivocada deles dificulta o entendimento do contexto científico.

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e
saber aplicá-los no cotidiano, como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas
do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção
tecnológica e das manifestações artísticas”.

MODELO 1

(Enem) Uma garrafa de vidro e uma lata de alumínio, cada uma contendo 330 mL de refrigerante, são man-
tidas em um refrigerador pelo mesmo longo período de tempo. Ao retirá-las do refrigerador com as mãos
desprotegidas, tem-se a sensação de que a lata está mais fria que a garrafa. É correto afirmar que:
a) a lata está realmente mais fria, pois a capacidade calorífica da garrafa é maior que a da lata.
b) a lata está de fato menos fria que a garrafa, pois o vidro possui condutividade menor que o
alumínio.
c) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, possuem a mesma condutividade térmica, e a sen-
sação deve-se à diferença nos calores específicos.
d) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato de a condutividade
térmica do alumínio ser maior que a do vidro.
e) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato de a condutividade
térmica do vidro ser maior que a do alumínio.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA

Essa é uma questão que exige do aluno saber diferenciar conceitos que se misturam no cotidiano. É
preciso que o candidato saiba diferenciar temperatura de sensação térmica e saiba qual propriedade
física é responsável pela situação apresentada na questão.
A condutividade térmica do alumínio é maior que a do vidro. Assim, o calor será transferido mais
rapidamente pelo alumínio.

RESPOSTA Alternativa B

83
Chamando a variação de comprimento DL e a variação de
temperatura Dq:

EXPANSÃO TÉRMICA
DE SÓLIDOS E
LÍQUIDOS
DL = L – L0
Dq = q – q0

CN
A experiência mostra que a variação de comprimento DL e
AULAS a variação de temperatura Dq são relacionadas por:
7E8 DL = aL0 ⋅ Dq
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
6 21 em que a é uma constante de proporcionalidade chamada
de coeficiente de dilatação linear,cujo valor é depen-
dente do material.

1. Introdução Da equação apresentada anteriormente, isolando o coefi-


ciente de dilatação linear, obtemos:
A temperatura de um corpo está diretamente relaciona-
da à energia cinética das moléculas, isto é, com a agi- a = ​ DL ​  1    ​
___ ​ ⋅ ___
L0 Dq
tação das moléculas que formam o corpo. O aumento
da agitação molecular causa o aumento de temperatura Como DL e L0 têm a mesma unidade, concluímos que:
do corpo. 1 
unidade de a = ___________
​     ​= (unidade de Dq)–1
unidade de Dq
Em geral, esse processo provoca um aumento na distância
média entre as moléculas, o que faz com que o corpo sofra Em geral, adotamos o ºC–1 como unidade de a, mas pode-
uma expansão (ou dilatação). ria ser K–1 ou ºF–1.
O efeito oposto também ocorre, ou seja, a diminuição da Substituindo DL por L – L0, obtemos a seguinte equação
agitação das moléculas é acompanhada por uma redu- do comprimento final do corpo após a variação de tem-
ção de temperatura e diminuição de volume (contra- peratura:
ção) do corpo.
L – L0 = a ⋅ L0 ⋅ Dq ⇒ L = L0 + a ⋅ L0 ⋅ Dq ⇒
Nosso estudo estará limitado ao comportamento dos só-
lidos isotrópicos, isto é, sólidos cujas propriedades físicas
L = L0(1 + a ⋅ Dq)
não dependem de uma direção privilegiada.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A figura abaixo mostra o efeito da dilatação nos trilhos. De-


2. Dilatação linear dos sólidos vido ao aumento em seu comprimento, os trilhos acabaram
por se curvar.
Inicialmente, vamos estudar a expansão térmica (dilatação)
dos corpos. A dilatação linear de um corpo é a variação de
seu comprimento em apenas uma direção. Por exemplo, a
variação do comprimento dos trilhos do trem, a dilatação
do raio de uma esfera, variações no comprimento de fios
metálicos, ou da aresta de um cubo. Esses casos são estu-
dados através da análise da dilatação linear dos corpos.
Na figura a seguir, uma barra tem comprimento inicial L0
e temperatura inicial u0. Após o aumento de temperatura,
seu comprimento passa a ser L a sua temperatura u.

84
Observação: chamamos de dilatação relativa a por-
centagem da dilatação comparada ao tamanho inicial do
objeto. Isto é:
dilatação relativa = ___
​ DL ​  
L0
Observe que:
___
​  DL ​ = α ∙ Dθ 0
L0
Como L em função de θ é uma função do primeiro grau,
A tabela a seguir apresenta alguns materiais e seus res- temos uma reta com uma certa inclinação em relação à
pectivos coeficiente de dilatação linear α. Perceba que di- horizontal formando um ângulo v. Temos que:
ferentes materiais possuem coeficiente de dilatação bem
tg v = ___
​  DL ​ = aL0
discrepantes, por exemplo o chumbo αchumbo = 27 ∙ 10–6 Du
°C–1 e a porcelana αporcelanaa= 3 ∙ 10 – 6 °C–1, quase dez
vezes maior. A escolha do material em situações em que Aplicação do conteúdo
ocorram variações de temperatura é essencial na constru-
ção civil, por exemplo. 1.

Material Coeficiente de dilatação linear em °C–1


Chumbo 27 ∙ 10–6

Zinco 26 ∙ 10–6

Alumínio 22 ∙ 10–6 Uma barra de aço tem comprimento de 5,000 m a 10


ºC. Qual será o comprimento da barra se ela for aquecida
Prata 19 ∙ 10–6
até atingir a temperatura de 60 ºC, sabendo-se que o co-
Ouro 15 ∙ 10–6 eficiente de dilatação linear do aço é a = 12 · 10–6 °C–1?
Concreto 12 ∙ 10–6 Resolução:
Vidro comum 9 ∙ 10–6
As temperaturas inicial e final da barra são q0 = 10 °C e q =
Granito 8 ∙ 10–6
60 °C, respectivamente. Assim, a variação de temperatura é:
Vidro pirex 13,2 ∙ 10–6 Dq = q – q0 ⇒ 60 °C – 10 °C = 50 °C

Porcelana 3 ∙ 10–6 Sendo o comprimento inicial L0 = 5,000 m, calculamos a


variação de comprimento:
DL = aL0 ⋅ Dq ⇒ (12 ∙ 10–6) ∙ (5,000) ∙ (50) ⇒
⇒ 3,0 ∙ 10–3
DL = 3,0 ∙ 10–3 m = 0,003 m = 3 mm

Portanto, o comprimento final é igual a:


VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

L = L0 + DL ⇒
multimídia: vídeo ⇒ 5,000 m + 0,003 m = 5,003 m ⇒ 
Fonte: Youtube
⇒ L = 5,003 m
Dilatação Superficial (Dilatação Térmica) 2. (Cesgranrio) O comprimento ℓ de uma barra de latão va-
ria, em função da temperatura é, segundo o gráfico a seguir.

2.1. Gráfico da dilatação linear


Observe a equação deduzida anteriormente, L = L0[1+ α ∙ (θ – θ0)],
podemos representar graficamente o comprimento final L
em função da temperatura θ, isto é, uma função de L = L(θ).

L(θ) = L0[1 + α ∙ (θ – θ0)]

85
Assim, o coeficiente de dilatação linear do latão, no inter- 2.2. Lâmina bimetálica
valo de 0 °C a 100 °C, vale:
a) 2,0 ∙ 10–5 °C–1. INVAR

b) 5,0 ∙ 10–5 °C–1.


c) 1,0 ∙ 10–4 °C–1.
ALUMÍNIO

θ = 0 ºC θ < 0 ºC θ > 0 ºC

d) 2,0 ∙ 10–4 °C–1. invar (Ni + Fe) → αINVAR = 1,5 .10– 6 ºC– 1
alumínio → αALUMÍNIO = 22 .10– 6 ºC– 1
e) 5,0 ∙ 10–4 °C–1.
Resolução: A lâmina bimetálica é um dispositivo em que duas lâmi-
nas de materiais diferentes são soldadas e unidas forte-
Para sabermos qual é o coeficiente, devemos utilizar a fór-
mente e são utilizadas, por exemplo, como chaveamento
mula da dilatação linear: elétrico (abertura e fechamento de circuitos elétricos), pois,
DL = aL0 ⋅ Dq quando atravessadas por uma corrente elétrica, têm sua
temperatura aumentada, sofrendo assim, o conjunto, uma
Retirando do gráfico, temos: dilatação térmica. Como são constituídas de materiais di-
ferentes, dilatam diferentemente, forçando uma curva na
50,1 – 50,0 = α ∙ 50,0 ∙ 100 direção daquela que tem menor coeficiente de dilatação,
desligando assim o chaveamento, interrompendo a pas-
0,1 sagem da corrente elétrica. Contudo, se diminuirmos a
α = _____
​    ​ 
= 2 ∙ 10–5 °C–1
5 ∙ 103 temperatura, o conjunto também se curvará na direção do
Alternativa A material que possuir o maior coeficiente de dilatação linear.
Esse equipamento é muito usado como chave de seguran-
3. (ITA) Você é convidado a projetar uma ponte metáli- ça em ferros de passar roupa, torradeiras elétricas, estufas
ca, cujo comprimento será de 2,0 km. Considerando os
elétricas, termostatos, etc.
efeitos de contração e expansão térmica para tempera-
turas no intervalo de –40 °F a 110 °F e que o coeficiente
de dilatação linear do metal é de 12 ∙ 10–6 °C–1, qual a LÂMINA BIMETÁLICA
máxima variação esperada no comprimento da ponte?
(O coeficiente de dilatação linear é constante no inter-
valo de temperatura considerado.)
a) 9,3 m
b) 2,0 m
c) 3,0 m 3. Dilatação superficial
d) 0,93 m Agora abordaremos o caso em que a dilatação ocorre em
e) 6,5 m
duas dimensões. Essa situação ocorre em chapas ou fo-
Resolução: lhas de metal, na superfície de uma estrutura (uma pon-
te), na superfície da calçada ou na parede com azulejos.
A principal diferença deste exercício em relação aos de- Do mesmo modo que para a dilatação linear, imagine um
mais é que a variação de temperatura à que o material corpo cuja área inicial A0, em uma temperatura θ0 , sofra
foi submetido é fornecida na escala Fahrenheit. Para que
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

uma alteração de temperatura para θ. Experimentalmen-


possamos calcular a variação de comprimento, devemos te temos que a variação da área DA é proporcional à área
transformação a variação de temperatura para a Celsius. inicial, à variação de temperatura e a um coeficiente que
DθF = 150 depende do material.

Dθ DθF
____ DA = A – A0
​   ​C  = ___
​   ​  
5 9
DA = b ∙ A0 ⋅ Dq
​ 250
DθC = ___  ​  
3
Aplicando a fórmula da dilatação, temos:
DL = aL0 ⋅ Dq
​ 250 ​  = 2 m
DL = 12 ∙ 10–6 ∙ 2 ∙ 103 ∙ ___
3
Alternativa B

86
Dessa forma, temos que b = ______
​  DA  ,​  
cuja unidade é definida por:
A0 ∙ Dq

(unidade de b) =  
​  1   ​= (unidade de Dq)–1
_____________
unidade de Dq
b é chamado coeficiente de dilatação superficial, é uma
característica que depende do material e relaciona-se ma-
tematicamente com o coeficiente de dilatação linear pela
seguinte expressão:
4. Dilatação volumétrica
b=2∙α Por fim, temos o caso em que a dilatação ocorre em três dire-
ções: a dilatação volumétrica. Sendo rigoroso, todo corpo pos-
sui três dimensões, portanto, sempre ocorre dilatação volumé-
Combinando ambas as expressões para a dilatação super-
trica. Os dois casos anteriores, a dilatação linear e a dilatação
ficial podemos escrever: superficial, são casos particulares, ou aproximações, quando a
dilatação ocorre preferencialmente em apenas uma ou duas
A = A0[1 + b ∙ (θ – θ0)] direções. Iremos utilizar a dilatação volumétrica quando os
corpos estudados sejam, por exemplo, sólidos geométricos ou
líquidos (estes apresentam unicamente dilatação volumétrica
Observação: quando há um orifício em uma superfície de uma
em todos os casos). Imagine um corpo cujo volume inicial V0,
certa substância, e esta passa por um processo de expansão, o
em uma temperatura q0, sofra uma alteração de temperatura
orifício também aumenta, esse aumento ocorre na mesma pro-
para q. Experimentalmente, temos que a variação do volume
porção que a superfície, por isso podemos calcular o aumento
DV é proporcional ao volume inicial, à variação de temperatu-
do orifício calculando como seria o aumento de uma superfície
ra e a um coeficiente que depende do material.
da mesma substância de mesmo tamanho desse orifício.
DV = V – V0
3.1. Gráfico da dilatação superficial DV = g ∙ V0 ⋅ Dq
Observe a equação deduzida anteriormente, A = A0 [1+b ∙ (θ – θ0)],
podemos representar graficamente a área final A em fun-
ção da temperatura θ, isto é, uma função de A = A (θ). Dessa forma, temos que g = ______
​  DV  ​, cuja unidade é de-
V0 ∙ Dq
A(θ) = A0 [1 + b ∙ (θ – θ0)] finida por:

cujo gráfico também é uma função do primeiro grau. (unidade de g) =  


​  1   ​= (unidade de Dq)–1
_____________
unidade de Dq
Coeficiente g é chamado coeficiente de dilatação volumé-
trica, é uma característica que depende do material e rela-
ciona-se matematicamente com o coeficiente de dilatação
linear pela seguinte expressão:
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

g=3∙α

0 Combinando ambas as expressões para a dilatação volu-


métrica, podemos escrever:
Como A em função de θ é uma função do primeiro grau,
temos uma reta com uma certa inclinação, em relação à V = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]
horizontal formando um ângulo v. Temos que :
Observação: quando há um espaço vazio em um volume
​ ∆A ​ = b ∙ A0
tgv = ___ de uma certa substância, e este passa por um processo de
∆θ
expansão, o espaço vazio também aumenta. Esse aumento
Um claro exemplo da dilatação superficial é a necessidade ocorre na mesma proporção que o volume, por isso pode-
de juntas de dilatação em estruturas de concreto, pontes, mos calcular o aumento do espaço vazio calculando como
por exemplo, suportando as forças de tensão que se origi- seria o aumento de um volume com o mesmo volume desse
nam da expansão superficial da ponte. espaço vazio.

87
VIVENCIANDO

É comum observarmos juntas de dilatação ao passarmos numa ponte. Ao longo do dia, o concreto é banhado pelo
calor proveniente do Sol, podendo, assim, expandir o seu tamanho. Sem levar esse fator em conta, obras de enge-
nharia civil acabariam rachando e desmoronando.

Na imagem, vemos uma junta de dilatação, ela possibilita essa movimentação da estrutura, reduzindo a ocorrência
de fissuras na obra.
Pelo mesmo motivo, há uma separação entre os azulejos de uma cozinha, e/ou deixamos pequenos vãos nas calça-
das de cimento, caso contrário, devido à dilatação, elas rachariam.
Você sabia que a Torre Eiffel cresce todo verão? Isso mesmo, a torre feita de metal cresce 15 cm todo verão, mas isto
ocorre porque o metal dilata ao receber calor. Devido ao acréscimo de temperatura no verão, a Torre Eiffel, símbolo
da França, acaba aumentando de tamanho.
Até é possível notar que a torre se curva devido à dilatação.

4.1. Gráfico da dilatação volumétrica Como V em função de θ é uma função do primeiro grau,
temos uma reta com uma certa inclinação em relação à
Observe a equação deduzida anteriormente, V = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]:
horizontal formando um ângulo θ. Temos que:
podemos representar graficamente o volume final V em
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

função da temperatura θ, isto é, uma função de V = V (θ). ​  ∆V ​ = g ∙ V0


tg v = ___
∆θ
V (θ) = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]
Aplicação do conteúdo
Cujo gráfico também é uma função do primeiro grau.
1. (Mackenzie) Uma chapa de alumínio (α = 2,2·10–5 °C–1),
inicialmente a 20 °C, é utilizada numa tarefa doméstica
no interior de um forno aquecido a 270 °C. Após o equilí-
brio térmico, sua dilatação superficial, em relação à área
inicial, foi de:
a) 0,55%.
b) 1,1%.
c) 1,65%.
d) 2,2%.
0
e) 4,4%.

88
Resolução: ocorre, por exemplo, se a temperatura varia de 10 °C a
100 °C, ou se varia de 2000 °C a 3000 °C. Porém, essa
Para calcularmos a dilatação superficial, precisamos, antes
variação é pequena, e, portanto, na resolução dos exercí-
de tudo, saber qual é o coeficiente de dilatação superficial.
cios ela será desprezada.
Lembrando que:
Normalmente, o coeficiente de dilatação volumétrica dos
b=2∙a
líquidos é muito superior ao coeficiente de dilatação dos
Logo: sólidos, isso implica que quando um recipiente contém um
b = 4,4 ∙ 10–5 ºC–1 líquido e ambos são aquecidos, a dilatação do líquido será
Aplicando na fórmula de dilatação superficial, temos: maior que a dilatação do recipiente. A tabela anterior apre-
senta o coeficiente de dilatação volumétrica de algumas
DA = b ∙ A0 ∙ Du
substâncias no estado líquido.
Substituindo os valores temos:
Imagine a situação como da figura a seguir. Temos um lí-
DA = 4,4 ∙ 10–5 ∙ A0 ∙ (270 – 20)
quido dentro de um recipiente, ambos a uma temperatura
Queremos uma relação de porcentagem entre o aumento u0, aquecidos até uma temperatura final. O líquido preen-
e o tamanho inicial, isso matematicamente é: che totalmente o recipiente até a altura onde se encontra
___
​  DA ​ = 0,011 o “ladrão”, uma abertura por onde o líquido pode escorrer.
A0
Portanto:
___
​ DA ​ = 1,1%
A0

Alternativa B
Quando o conjunto é aquecido por uma fonte de calor,
ambos, o líquido e o recipiente, dilatam. Porém, devido ao
5. Dilatação dos líquidos maior coeficiente de dilatação volumétrica, o líquido ex-
Durante a variação de temperatura dos líquidos, apenas a pande mais. Assim, parte do líquido escapa pelo “ladrão”
dilatação volumétrica ocorre. Isso acontece, pois os líquidos e é recolhido em outro frasco.
assumem a forma dos recipientes onde estão contidos, ou
seja, não existe uma direção específica na qual a dilatação
ocorre. No entanto, é preciso cuidado ao estudar a dila-
tação volumétrica dos líquidos, pois também é necessário
levar em conta a dilatação do recipiente onde são coloca-
dos. Desse modo, tanto a dilatação do líquido como a do
recipiente devem ser consideradas. Erroneamente, algumas pessoas pensam que o líquido que
Os coeficientes de dilatação volumétrica de alguns líquidos, extravasou é a variação do mesmo. Na verdade, é uma par-
a 20 ºC, estão representados na tabela. Os valores do coe- te da dilatação do líquido, pois o frasco também expandiu,
ficiente desses líquidos são da ordem de 10–3, enquanto os dessa forma foi capaz de comportar mais líquido. Chama-
dos sólidos são da ordem de 10–5. Observamos, então, que remos o líquido recolhido de dilatação aparente do líquido.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

os coeficientes de dilatação dos líquidos são muito maiores Matematicamente, temos:


que os dos sólidos. DVlíquido = DVaparente + DVrecipiente
Coeficientes de dilatação volumétrica Aplicando a expressão para a dilatação do recipiente e do
de alguns líquidos a 20 ºC líquido, temos:
Líquido g (ºC–1) DVlíquido = glíquido ∙ V0 líquido ∙ Du
álcool etílico 1,2 ∙ 10–3
gasolina 0,95 ∙ 10–3
e
glicerina 0,5 ∙ 10–3 DVrecipiente = grecipiente ∙ V0 recipiente ∙ Du
mercúrio 18,2 ∙ 10–3
Sendo o volume inicial do recipiente igual ao volume inicial do
Note que os valores dos coeficientes dados pela tabela líquido, podemos dizer que a dilatação aparente é dada por:
são válidos a 20 ºC. Na prática, os coeficientes a, b e g DVaparente = (glíquido – g recipiente) ∙ V0 ∙ Du
dependem da faixa de temperatura em que a variação

89
Em que podemos chamar a diferença dos coeficientes de DV = g V0 Du
coeficiente de dilatação aparente:
Substituindo pelos valores dados, temos:
gaparente = g líquido – g recipiente 0,48 = 2 ∙ 10–4 ∙ 60 ∙ (u -20)
Isolando a temperatura final e realizando os cálculos, ob-
5.1. Dilatação anômala da água temos:
A água tem um comportamento diferente da maioria das u = 60 ºC
substâncias. Em geral, quando a temperatura de uma subs-
Alternativa A
tância aumenta, seu volume também aumenta. Porém, não
é isso que ocorre para a água. 2. (FGV) O dono de um posto de gasolina recebeu 4000 L de
combustível por volta das 12 horas, quando a temperatura
Sob pressão normal, a experiência mostra que o volume da
era de 35 °C. Ao cair da tarde, uma massa polar vinda do
água diminui com o aumento de temperatura entre 0 ºC Sul baixou a temperatura para 15 °C e permaneceu até que
e 4 ºC. E a partir de 4 ºC, o comportamento é semelhante toda a gasolina fosse totalmente vendida. Qual foi o preju-
ao das outras substâncias, isto é, o volume aumenta com o ízo, em litros de combustível, que o dono do posto sofreu?
aumento da temperatura.
Dados: coeficiente de dilatação do combustível é de
1,0 · 10–3 °C–1.
a) 4 L
b) 80 L
c) 40 L
d) 140 L
​ m ​ , o menor volume
Como a densidade é calculada por d = __ e) 60 L
V
V ocupado pela massa de água m fornece a maior densi-
dade possível da água. Desse modo, a água tem densidade Resolução:
máxima (1 g/cm3) a 4 ºC (sob pressão de 1 atm). Para descobrirmos o prejuízo do dono do posto, devemos
V (cm3) d (g/cm3) aplicar a fórmula para dilatação volumétrica:
1,0000

0,0099
DV = g ∙ V0 ∙ Du = 1 ∙ 10–3 ∙ 4000 ∙ (35 – 15) = 80 litros
V0
Vmin
0,0098
Alternativa B
0,0097
0,0096
0 4 θ (ºC) 0 θ (ºC)
2 4 6 8 10 3. Diz um ditado popular: “A natureza é sábia“. De fato! Ao
observarmos os diversos fenômenos da natureza, ficamos
encantados com muitos pormenores, sem os quais não
Aplicação do conteúdo poderíamos ter vida na face da Terra, conforme a conhe-
cemos. Um desses pormenores, de extrema importância, é
1. (PUC) O tanque de gasolina de um automóvel, de
o comportamento anômalo da água, no estado líquido, du-
capacidade 60 litros, possui um reservatório auxiliar
rante seu aquecimento ou resfriamento sob pressão nor-
de retorno com volume de 0,48 litros, que perma-
mal. Se não existisse tal comportamento, a vida subaquá-
nece vazio quando o tanque está completamente
tica nos lagos e rios, principalmente das regiões mais frias
cheio. Um motorista enche o tanque quando a tem-
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de nosso planeta, não seria possível. Dos gráficos abaixo,


peratura era de 20 °C e deixa o automóvel exposto
o que melhor representa esse comportamento anômalo é:
ao Sol. A temperatura máxima que o combustível
pode alcançar, desprezando-se a dilatação do tan-
a)
que, é igual a:

Dados: gasolina = 2,0 · 10–4 °C–1


a) 60 °C.
b) 70 °C.
c) 80 °C.
d) 90 °C.
b)
e) 100 °C.
Resolução:

Para descobrirmos a temperatura máxima, devemos aplicar


a fórmula de dilatação volumétrica:

90
c)

d)
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Tema 04 - Propriedades Térmicas de Materiais...

e)

multimídia: site
Resolução:
parquedaciencia.blogspot.com.br/2013/08/dilatacao-
-termica-o-que-e-o-que-causa.html
O comportamento anômalo advém do fato de que a água
líquida contrai-se ao ser aquecida de 0 ºC a 4 ºC e dilata-se www.if.ufrgs.br/~leila/dilata.htm
quando aquecida a partir de 4 ºC. Assim, a 4 ºC o volume educacao.globo.com/fisica/assunto/termica/dilatacao-
de dada massa de água é mínimo e a densidade é máxima. -termica.html
Alternativa A
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/a-dilatacao-ter-
mica-no-cotidiano.htm
www.if.ufrj.br/~carlos/inic/luizfernando/monografiaLui-
zFernando.pdf

VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

91
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da
termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica
e saber aplicá-los no cotidiano, tal qual diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias
áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das manifestações artísticas”.

MODELO 1

(Enem) Durante uma ação de fiscalização em postos de combustíveis, foi encontrado um mecanismo inusitado
para enganar o consumidor. Durante o inverno, o responsável por um posto de combustível compra álcool por
R$ 0,50/litro, a uma temperatura de 5 °C. Para revender o líquido aos motoristas, instalou um mecanismo na
bomba de combustível para aquecê-lo, para que atinja a temperatura de 35 °C, sendo o litro de álcool revendi-
do a R$ 1,60. Diariamente o posto compra 20 mil litros de álcool a 5 ºC e os revende.
Com relação à situação hipotética descrita no texto e dado que o coeficiente de dilatação volumétrica do
álcool é de 1 × 10–3 ºC–1, desprezando-se o custo da energia gasta no aquecimento do combustível, o ganho
financeiro que o dono do posto teria obtido devido ao aquecimento do álcool após uma semana de vendas
estaria entre:
a) R$ 500,00 e R$ 1.000,00.
b) R$ 1.050,00 e R$ 1.250,00.
c) R$ 4.000,00 e R$ 5.000,00.
d) R$ 6.000,00 e R$ 6.900,00.
e) R$ 7.000,00 e R$ 7.950,00.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Nesse exercício, o estudante é colocado para interpretar a situação proposta sendo necessário que rela-
cione a variação do volume do combustível com o lucro obtido pelo dono do posto. O principal problema
é interpretar se o volume dilatado foi ou não comprado pelo dono.
V0 = 20 ∙ 103 L; Dθ = 30 ºC, g = 10–3 ºC–1
DV = V0 ∙ g ∙ Dθ ⇒ DV = 20 ∙ 103 ∙ 10-3 ∙ 30 ⇒ DV = 600 L
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

$ = 600 ∙ 1,60 ∙ 7
$ = 6720,00

RESPOSTA Alternativa D

92
DIAGRAMA DE IDEIAS

PROPAGAÇÃO COEFICIENTE DE
DE CALOR CONDUTIVIDADE TÉRMICA

MEIO DE
PROPAGAÇÃO LEI DE FOURIER

FLUIDO VÁCUO SÓLIDO

CONVECÇÃO IRRADIAÇÃO CONDUÇÃO

GARRAFA
TÉRMICA

VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

93
ANOTAÇÕES

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
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VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

____________________________________________________________
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____________________________________________________________
____________________________________________________________

94
FÍSICA

ELETROSTÁTICA
CIÊNCIAS DA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Analisando gráficos e conceitos teóricos O vestibular da Fuvest aborda com frequ-


na prática. ência questões que exigem manipulações
matemáticas entre diversos assuntos da
eletrostática.

O vestibular da Unicamp aborda, dentro O vestibular da Unifesp aborda com frequ- O vestibular da Unesp aborda com frequ-
do conteúdo de eletrostática, questões um ência questões teóricas e exige interpreta- ência questões teóricas e exige interpreta-
pouco mais objetivas do que teóricas. ções de gráficos. ções de gráficos.

Essa prova aborda o tema eletrostática Essa prova aborda o tema eletrostática O tema eletrostática é cobrado com ques- Essa prova aborda com frequência ques-
com questões que exigem interpretações com questões que exigem interpretações tões de manipulações de equações. tões teóricas e exige interpretações de
de figuras e manipulações de fórmulas de figuras e manipulações de fórmulas gráficos.
matemáticas. matemáticas.

UFMG
O vestibular da UEL aborda com frequ- O tema eletrostática tem abordagem com Nessa prova, o tema eletrostática exige
ência questões objetivas de eletrostática questões mais teóricas. manipulação das equações e análise de
que exigem manipulação de equações figuras.
matemáticas.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Essa prova aborda questões teóricas e ob- O vestibular da Unigranrio aborda o tema Não há uma cobrança grande no tema
jetivas que exigem do aluno a manipulação eletrostática com questões que exigem in- eletrostática, porém, eventualmente, apa-
das formulas matemáticas dos principais terpretações de figuras e manipulações de recem questões que exigem análise de
temas (campo elétrico e potencial elétrico). fórmulas matemáticas. figuras e manipulação matemática.

96
Elétron
Próton

PRINCÍPIOS DA
ELETROSTÁTICA Neutron
Núcleo

Nesse modelo, o átomo é constituído de prótons, elétrons


e nêutrons. O átomo pode ser divido em duas partes: a
primeira, o núcleo (composto de prótons e nêutrons); a

CN AULAS segunda, a eletrosfera (composta de elétrons). A atração

1E2 elétrica descrita por Tales e por tantos outros físicos é justi-
ficada pela existência da carga elétrica. A carga elétrica
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
é uma propriedade intrínseca da matéria e existem dois
tipos: as positivas e as negativas.
1e5 3 e 17
No modelo atômico, a carga elétrica dos prótons foi deno-
minada de carga positiva, e a carga elétrica dos elétrons,
de carga negativa. O nêutron, como o próprio nome su-
1. Introdução gere, não possui carga elétrica. As denominações de cargas
positivas e negativas e sua associação com os prótons e
O ramo da Física que estuda as propriedades das cargas elétrons se devem a razões históricas.
elétricas em repouso e suas interações é denominado
eletrostática. A constatação do módulo e das características das cargas
elétricas que prótons e elétrons portam só se mostrou pos-
sível empiricamente. A carga elétrica que cada umas dessas
partículas porta é chamada carga elétrica elementar, e
esse é o menor valor percebido livremente na natureza. Des-
sa forma, é possível dizer que a carga elétrica é quantizada, e
seu valor em módulo é dado por: |e| = 1,6 · 10–19 C.

multimídia: vídeo carga elétrica do próton: e+ = + 1,6 · 10–19 C


carga elétrica do elétron: e– = – 1,6 · 10–19 C
Fonte: Youtube
Eletrostática História e teoria 15 No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de
carga elétrica é o coulomb, cujo símbolo é C, em homena-
gem a Charles Coulomb.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2. Cargas elétricas Um corpo é dito neutro quando possui a mesma quantidade


de prótons e elétrons. Por sua vez, um corpo será chamado
Há mais de dois mil anos a humanidade observa e des- de corpo eletrizado se o número de cargas elétricas posi-
creve os fenômenos elétricos. O filósofo grego Tales de tivas for diferente do número de cargas elétricas negativas.
Mileto (640-548 a.C.) constatou que, após atritar âm- Sabe-se que, em módulo, um próton possui a mesma quan-
bar com lã, os materiais se atraíam. Da palavra "âmbar" tidade de carga elétrica do que um elétron. Dessa forma,
originaram-se a palavra "elétron" e "eletricidade". Ao o excesso de carga elétrica que um corpo tem só pode ser
longo da história, inúmeros cientistas contribuíram para múltiplo natural da carga elétrica elementar, ou seja:
o desenvolvimento da teoria da eletricidade. No entan-
to, para que houvesse uma profunda compreensão do Q = n · |e|
assunto, foi necessário o desenvolvimento do modelo
atômico, sendo o átomo o bloco básico de toda maté- Na qual a carga Q é positiva se houver prótons em excesso,
ria. Atualmente, o modelo atômico mais difundido é o ou negativa se houver elétrons em excesso. A quantidade
modelo planetário. de elétrons ou prótons em excesso é dada por n.

97
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Desde a antiguidade, o homem se pergunta do que é feita a matéria. Demócrito de Abdera foi um dos primeiros pen-
sadores a postular a existência de um componente básico para todas as coisas: o átomo. Muito tempo depois, foi na
química que a ideia atômica ressurgiu. Primeiramente, com John Dalton, que no começo do século XIX reinventou a ideia,
postulando a existência de esferas maciças e indivisíveis, extremamente pequenas, onde cada elemento químico distinto
era composto de um átomo diferente, com propriedades iguais ao elemento, mas diferente entre os diferentes átomos; por
fim, as reações químicas seriam apenas a união ou separação de diferentes arranjos atômicos. Seu átomo ficou conhecido
como bolas de bilhar.
Após Dalton, Joseph John Thomson sugeriu outro modelo atômico, incluindo propriedades elétricas, uma vez que a
eletricidade já era conhecida e estudada. Seu modelo ficou conhecido como pudim de passas, pois o átomo seria
constituído de um pudim, representando carga elétrica positiva, e pequenas passas espalhadas, que representariam a
carga negativa, uniformemente distribuídas pelo pudim.
Depois de realizar diversas experiências, Ernest Rutherford percebeu que, na verdade, o átomo era composto por um nú-
cleo maciço composto pelas cargas positivas, sendo orbitado pelas cargas negativas.
Por fim, o modelo atômico foi corrigido por Niels Henrick David Bohr, utilizando a mecânica quântica. Ele postulou que:
I. Os elétrons descrevem ao redor do núcleo órbitas circulares, chamadas de camadas eletrônicas, com energia constante
e determinada. Cada órbita permitida para os elétrons possui energia diferente.
II. Os elétrons, ao se movimentarem numa camada, não absorvem nem emitem energia es-
pontaneamente.
III. Ao receber energia, o elétron pode saltar para outra órbita mais energética. Dessa forma,
o átomo fica instável, pois o elétron tende a voltar à sua órbita original. Quando o elétron
volta à sua órbita original, ele devolve a energia que foi recebida em forma de luz ou calor.

Aplicação do conteúdo 3. Princípio da atração


1. Um corpo condutor inicialmente neutro perde 5 · 1013 elé-
e repulsão
trons. Considerando a carga elementar e = 1,6 · 10–19 C, qual A percepção das interações elétricas entre portadores de
será a carga elétrica no corpo após essa perda de elétrons?
excessos de cargas elétricas é dada por forças que podem
Resolução:
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ser atrativas ou repulsivas. Em uma situação em que exis-


Sendo a carga do corpo igual a Q, segue que: tem corpos eletrizados com o mesmo tipo de cargas elé-
tricas, por exemplo, cargas elétricas positivas, a repulsão
Q = n · |e|
é percebida. Essa força surge, por exemplo, ao se aproxi-
Sendo n o número de elétrons ou prótons em excesso, marem dois bastões de vidro eletrizados positivamente ou
nesse caso, prótons, portanto: dois panos de lã eletrizados negativamente.
Q = 5 · 1013 · |1,6 · 10–19|
Terminando os cálculos, obtém-se:
Q = 8 · 10–6 C
Isto é:
Q = 8 µC
Lembrando que Q > 0, pois o corpo tem prótons em excesso.

98
Entretanto, caso um dos bastões de vidro seja carregado
positivamente e um dos panos de lã seja carregado negati-
5. Condutores e isolantes
vamente, haverá atração entre os corpos. Assim: Um bastão de vidro e um pano de lã, ao serem atritados
um com o outro, evidenciam, em cada um dos corpos,
Cargas elétricas de sinais opostos se atraem, e cargas um excesso de cargas elétricas nas regiões atritadas. Isso
elétricas do mesmo tipo se repelem. ocorre porque o vidro é um material isolante ou dielé-
trico. As cargas elétricas, nesses materiais, conservam-se
no local onde houve o processo de eletrização.

4. Princípio da conservação
das cargas elétricas
O princípio da conservação das cargas elétricas estabelece que:

Em um sistema isolado eletricamente (ou seja, em que


não há transferências de cargas elétricas com o ambien-
Entretanto, se essa experiência for repetida com um bastão
te externo), a quantidade de carga elétrica em excesso
metálico sendo segurado por um cabo de vidro conectado
se mostra constante.
ao bastão, a eletrização também ocorre, mas o excesso de
elétrons se espalha por toda a sua superfície. As cargas em
Por exemplo, considere um corpo A carregado com carga
excesso se distribuem pela superfície externa dos materiais
Q1, e um corpo B carregado com carga Q2.
metálicos devido ao fato de existirem, em sua superfície,
Suponha que, após haver troca de carga entre os corpos, elétrons conhecidos por elétrons livres. Assim, esse tipo de
as novas quantidades de carga sejam Q’1, para o corpo A, material é denominado condutor.
e Q’2, para o corpo B.

VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Os corpos A e B estão eletrizados com quantidades de cargas Q1 e Q2.


Após a troca de cargas entre os corpos, A e B estão
eletrizados com quantidades de cargas Q’1 e Q’2.

Pelo princípio da conservação das cargas elétricas, a quan-


tidade de carga elétrica total é igual antes e depois da tro-
ca, ou seja:

Q1 + Q2 = Q’1 + Q’2 = constante

Essa expressão é válida somente se o sistema for eletrica-


mente isolado.

99
Esses elétrons ocupam as posições mais distantes do nú-
cleo do átomo, e, por isso, estão ligados fracamente a ele.
6. Eletrização por atrito
Em consequência, esses elétrons abandonam mais facil- Quando dois corpos compostos por diferentes materiais
mente o átomo. Nos materiais isolantes, a forma como são são atritados, é possível perceber, em ambos, o que é de-
distribuídos e como ocorrem as interações faz com que es- nominado desequilíbrio eletrostático, ou seja, corpos com
ses elétrons não possuam os mesmos graus de liberdade excesso de um determinado tipo de carga elétrica. Isso
que existem nos elétrons presentes em superfícies metáli- ocorre porque um dos dois materiais possui uma tendência
cas; os elétrons estão fortemente ligados. maior em portar o excesso de elétrons. Da mesma forma,
em relação ao primeiro, o segundo corpo possui uma maior
Como não existem condutores e isolamentos perfeitos,
tendência em ceder os elétrons de camadas mais externas,
a denominação de materiais condutores ou isolantes é
ficando com excesso de cargas elétricas positivas.
apenas prática. A melhor forma para a classificação é
dada por bons condutores elétricos e maus condu- Como exemplo, ao se atritar um pedaço de seda e um bas-
tores elétricos. tão de vidro inicialmente neutros, uma certa quantidade
de elétrons do vidro é transferida para o pedaço de seda.
Assim, todos os corpos são condutores elétricos, bons ou
Então, a seda adquire eletrização negativa (excesso de
maus. Se o experimento anterior fosse repetido sem o isola-
elétrons) e o vidro adquire eletrização positiva (excesso de
mento devido, ao segurar o bastão diretamente com a mão,
prótons). É importante destacar que, ao final do processo
o corpo se comportaria como um bom condutor, e não se-
de eletrização, devido à conservação da quantidade de car-
riam percebidos quaisquer excessos de cargas elétricas. Des-
gas elétricas que compõem o sistema de corpos, a quanti-
se modo, o bastão não se eletriza, pois suas dimensões são
dade de carga que um dos dois corpos envolvidos terá em
muito reduzidas em relação às dimensões da Terra.
excesso será, em módulo, idêntica à do outro corpo.

Um condutor eletrizado é neutralizado quando em


contato com a Terra.

Quando um condutor isolado, carregado positivamente,


é conectado à Terra, sua carga é neutralizada por cargas
elétricas negativas que são transferidas da Terra para o
condutor. Caso o condutor esteja carregado negativa-
mente, a transferência de cargas ocorre de modo con-
trário: as cargas negativas são transferidas do condutor
para a Terra.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Condutor positivamente eletrizado ligado à Terra,


neutralizado devido a elétrons provenientes da Terra.

No processo de eletrização por atrito, os corpos eletri-


zados apresentam, ao final do processo, cargas elétri-
cas de sinais opostos.

A chamada série triboelétrica é uma lista de diferentes


materiais postos em ordem de tal forma que, quando atri-
tados dois materiais, aquele que está numa posição acima
Condutor negativamente eletrizado ligado à Terra, na lista fica carregado positivamente, e aquele que está
neutralizado devido ao escoamento de elétrons para a Terra. mais abaixo na lista fica carregado negativamente.

100
1. pele humana seca 11. alumínio 21. prata Terminando os cálculos, obtém-se:
2. couro 12. papel 22. ouro Q’2 = + 12 µC
3. pele de coelho 13. algodão 23. platina Assim, resulta que o vidro está com um carga de +12 µC.
4. vidro 14. aço 24. poliéster 3. Um pedaço de papel higiênico e uma régua de plás-
5. cabelo humano 15. madeira 25. isopor tico estão eletricamente neutros. A régua de plástico é,
6. nylon 16. âmbar 26. filmes PVC então, friccionada no papel higiênico. Depois do atrito,
deve-se esperar que:
7. lã 17. borracha dura 27. vinil
a) somente a régua fique eletrizada.
8. chumbo 18. níquel 28. silicone
b) somente o papel fique eletrizado.
9. pele de gato 19. cobre 29. teflon c) ambos fiquem eletrizados com cargas de mesmo
10. seda 20. latão sinal e mesmo valor absoluto.
d) ambos fiquem eletrizados com cargas de sinais
Por exemplo, se forem atritados seda e isopor, a seda, que contrários e mesmo valor absoluto.
antecede o isopor na ordem da lista, ficará carregada po- e) nenhum deles ficará eletrizado.
sitivamente, enquanto o isopor ficará carregado negativa-
Resolução:
mente. Já se forem atritados seda e lã, como a seda sucede
a lã na ordem da lista, a seda ficará carregada negativa- A eletrização por atrito faz com que os corpos atritados ad-
mente, enquanto a lã ficará carregada positivamente. quiram cargas de sinais contrários, pois um dos corpos vai
retirar elétrons do outro, ou seja, um corpo ficará com exces-
so de elétrons, e o outro com excesso de prótons, ficando,
respectivamente, um negativo e o outro positivo. Além disso,
pelo princípio da conservação das cargas elétricas, ambos
terão o mesmo valor absoluto de carga.
Alternativa D

multimídia: vídeo 7. Eletrização por contato


Fonte: Youtube
A eletrização por contato é o processo de eletrização
Processos de eletrização associado ao contato entre um corpo eletrizado e outro que
pode ou não estar eletrizado. É importante destacar que, nes-
se processo, assim como em qualquer outro, a quantidade de
carga do sistema é conservada; contudo, ao final do processo,
Aplicação do conteúdo os corpos ficam com o mesmo tipo de carga elétrica.
1. Um aluno realiza um experimento que consiste em Ao colocar em contato um condutor A, eletrizado positiva-
atritar lã num bastão de vidro, fazendo, assim, a lã ga- mente, com um condutor B, inicialmente neutro, o condu-
nhar elétrons e, por consequência, fazendo o vidro per-
der elétrons. Após o experimento, quando estes dois tor B adquire eletrização positiva. Essa eletrização ocorre
corpos forem aproximados, haverá atração ou repulsão? quando o condutor A retira parte dos elétrons livres de B.
Entretanto, A continua eletrizado positivamente, mas com
Resolução:
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

menor quantidade de carga, uma vez que a quantidade


Como os corpos possuem cargas de sinais opostos, have- de prótons em excesso diminuiu. O condutor B, por sua
rá atração, isto é, a lã está com carga negativa, enquanto vez, fica com uma menor quantidade de elétrons depois do
o vidro apresenta carga positiva. contato e, portanto, eletriza-se positivamente.
2. Com base no exercício anterior, se a lã ganhou uma car-
ga no valor –12 µC, de qual foi a carga que o vidro ficou?

Resolução:
Sabe-se, pelo princípio da conservação das cargas elétricas,
que as cargas se conservam, ou seja:
Q1 + Q2 = Q’1 + Q’2
Sabe-se que, inicialmente, tanto a lã quanto o bastão de vidro A positivo e B neutro estão isolados e afastados; colocados em contato,
durante breve intervalo de tempo,
estavam descarregados, assim, temos que: Q1 = Q2 = 0. Logo: elétrons livres vão de B para A; após o processo, A
e B apresentam-se eletrizados positivamente.
0 + 0 = –12 µC + Q’2

101
No entanto, se A estivesse carregado negativamente, par- elétrons. Quando o pai usa o calçado de borracha, impede
te de seus elétrons em excesso seriam transferidos para o o contato elétrico entre o interruptor e o solo, por isso não
condutor B. Dessa forma, o condutor A permaneceria ne- recebe o choque. Já o menino tinha seus pés como ligação
gativo (apesar de ficar com um menor número de elétrons entre o solo e o interruptor. Sabe-se que o corpo humano é
em excesso), e o condutor B, por adquirir mais elétrons, um bom condutor de eletricidade, por isso recebeu o choque.
seria eletrizado negativamente.
2. Um corpo eletrizado com carga Q a = –5 ∙ 10 –9 C é
colocado em contato com outro corpo com carga
Q b = 7 ∙ 10–9 C. Qual é a carga dos dois objetos
após ter sido atingido o equilíbrio eletrostático?

Resolução:
A negativo e B neutro estão isolados e afastados: colocados em Para descobrir qual é a situação final de equilíbrio, deve-se
contato, durante breve intervalo de tempo, elétrons vão de A para B;
depois do processo, A e B apresentam-se eletrizados negativamente.
aplicar a fórmula:
Q + Qb
Se os condutores A e B forem iguais, por exemplo, a duas Q’ = __
​  a   ​  
2
esferas condutoras de mesmo material e dimensão, as Substituindo os valores, temos:
cargas em quantidade e sinais serão idênticas para os
​ –5 · 10  ​+ 7 · 10-9 
-9 
dois corpos. Q’ = __
  
2
Finalizando a conta, obtém-se:
Q’ = 1 · 10–9 C
Ou seja:
Q’ = 1 nC

Eletrização por contato entre esferas condutoras de mesmo raio.


8. Eletrização por indução
Nesse caso de condutores idênticos, a carga final para cada Ao aproximarmos um condutor A, carregado positivamen-
condutor pode ser calculada pela média aritmética das cargas: te, de um condutor B neutro, sem que haja contato, alguns
elétrons livres de B serão atraídos por A e serão acumula-
​ Q1 + Q2 ​
   + ...+Qn  dos na região de B mais próxima de A. Isso faz com que a
Q' = _____________
n região de B mais afastada de A fique com uma quantidade
menor de elétrons e, portanto, com excesso de cargas po-
No processo de eletrização por contato, os corpos ele- sitivas. Esse processo de separação de cargas em um con-
trizados, ao final do processo, ficam eletrizados com dutor pela presença de outro corpo eletrizado é chamado
cargas elétricas de mesmo sinal. de indução eletrostática. O condutor A é chamado de
indutor, e B, de induzido.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo
1. Antes de sair do banheiro de sua casa, um garoto
que estava com os pés descalços toca no interruptor
instalado incorretamente, com o objetivo de apagar
a lâmpada, mas recebe um choque elétrico. O menino
então chama o seu pai, que averigua a situação e toca
também no interruptor, mas, calçado com um par de Caso o indutor seja afastado, o induzido voltará à sua con-
chinelos de borracha, não recebe choque. Explique con- dição inicial, na qual as cargas elétricas não estavam sepa-
ceitualmente por que o pai do garoto não recebeu o radas. Pode-se realizar o seguinte procedimento para que
choque elétrico.
o induzido se mantenha eletrizado:
Resolução: 1. Aproxima-se o indutor do induzido;
A borracha é um material isolante, ou seja, um mau condu-
2. Conecta-se ao induzido um outro condutor, e este à Ter-
tor elétrico, por isso dificulta a transmissão e/ou corrente de
ra (fio-terra);

102
3. Retira-se o fio-terra;
Caso um corpo eletrizado A atraia um condutor B, po-
4. Somente após os procedimentos acima, afasta-se o indutor. derá B estar eletrizado com carga de sinal oposto ao
de A ou estar neutro.

Nota: Só existe atração ou repulsão elétrica entre partícu-


las quando se trata de partículas elétricas, ou seja, prótons
No condutor induzido, os elétrons em excesso se espalham ou elétrons; não havendo força elétrica, trata-se de uma
pela superfície do condutor. Caso o indutor esteja carrega- partícula neutra, um nêutron, por exemplo. Diferentemen-
do negativamente, os elétrons livres do induzido vão escoar te, quando analisamos corpos extensos, em que um corpo
para a Terra, quando a conexão do fio-terra for feita. Desse neutro é atraído por um corpo carregado, pode haver atra-
modo, no final do processo, o induzido ficará carregado ção ou repulsão caso estejam carregados.
positivamente.

Condutor B, neutro e isolado; aproximando A de B, ocorre indução


eletrostática; ligando B à Terra, elétrons de B
escoam para a Terra; a ligação de B com a Terra é desfeita; Uma pequena esfera neutra de isopor é atraída quando aproximada
o indutor A é afastado e B está positivamente. da esfera metálica eletrizada de um gerador eletrostático.

Reprodução
Na eletrização por indução, o induzido ficará eletrizado
com cargas elétricas de sinais opostos às cargas elétri-
cas apresentadas pelo indutor. A carga do indutor não
se altera.

É possível explicar porque ocorre atração dos corpos ao se


aproximar um corpo eletrizado de um condutor neutro, a
partir do fenômeno da indução eletrostática.
Considere um condutor metálico B, neutro, suspenso por O filete de água desvia-se da vertical ao ser atraído por um bastão
plástico previamente eletrizado por atrito com um pedaço de flanela.
um fio isolante. Quando é aproximado de B um corpo A
com carga positiva, o condutor B é induzido, uma parcela O primeiro registro de observações de fenômenos elétri-
de suas cargas elétricas negativas é atraída pelo corpo A, e cos, como dito anteriormente, pertence a Tales de Mileto.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

suas cargas positivas são repelidas. As forças de atração e O estudo científico só foi ocorrer muito tempo depois com
repulsão dependem das distâncias entre as cargas e, nes- William Gilbert (1544-1603). Em seus estudos sobre ele-
se caso, como as cargas negativas do induzido estão mais tricidade estática, Gilbert utilizou âmbar, que, em grego, é
próximas das cargas positivas do indutor, a intensidade da chamado elektron, dando origem à palavra eletricidade,
força de atração é maior que a de repulsão, de modo que a cunhando, assim, entre outros termos, a força elétrica.
força resultante é de atração.
Inúmeros cientistas contribuíram para o desenvolvimento
da teoria da eletricidade. Entre eles é possível citar Ben-
jamin Franklin (1706-1790), inventor do para-raios, que
imaginou o fluido elétrico como sendo apenas um tipo
de espécie, onde um corpo poderia ficar eletrizado posi-
tivamente ou negativamente. Quando atritado, um corpo
ganharia e outro perderia a mesma quantidade do flui-
do, mantendo a soma líquida total das cargas constante.

103
Franklin percebeu também que um globo metálico não elétrico é um desses aparelhos e é constituído por uma
conseguiria manter eletricidade no seu interior. Além disso, esfera de material leve (isopor ou cortiça), recoberta por
ele relacionou o relâmpago com descargas elétricas iguais uma camada metálica fina e suspensa por um fio isolante
às produzidas por uma garrafa de Leiden. (seda ou náilon) em uma haste-suporte.
Foram os franceses Charles Augustin Coulomb (1736- Pode-se determinar a eletrização de um corpo A aproxi-
1806) e Charles Fraçois de Cisternay du Fay (1698-1739) mando-o da esfera do pêndulo elétrico. Se a esfera não se
que perceberam que existiam apenas dois tipos de fluidos mover, o corpo A não está eletrizado. Contudo, se a esfera
elétricos, sendo que a designação de positivo e negativo foi for atraída, o corpo A está eletrizado.
dada por Benjamin Franklin.

multimídia: vídeo Aplicação do conteúdo


Fonte: Youtube
1. Uma esfera metálica, positivamente carregada, é
Eletrização por indução aproximada, sem encostar, da esfera do eletroscópio. Em
qual das seguintes alternativas melhor se representa a
configuração das folhas do eletroscópio, e suas cargas,
enquanto a esfera positiva estiver perto de sua esfera?

Aplicação do conteúdo
1. A figura abaixo representa um condutor A, eletri-
camente neutro, ligado à Terra. Aproxima-se de A um
corpo B carregado positivamente. Pode-se afirmar que:

Resolução:
Ao se aproximar uma carga positiva, pelo princípio da
atração e repulsão, elétrons de todo o eletroscópio serão
atraídos a ficarem fixos na esfera, inclusive das folhas, ou
a) os elétrons da Terra são atraídos para A.
seja, os elétrons das folhas vão migrar e se concentrar na
b) os elétrons de A escoam para a Terra.
esfera. Com essa migração, as folhas ficarão com excesso
c) os prótons de A escoam para a Terra. de prótons e, assim, ficarão positivas. Ficando ambas posi-
d) os prótons da Terra são atraídos para A. tivas, elas irão se repelir, logo, irão abrir.
e) há troca de prótons e elétrons entre A e B. Alternativa C
Resolução:
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Há elétrons e prótons em abundância na Terra. Isso causa 9.1. Gerador de Van de Graaff
como consequência o fato de que todo corpo carregado,
quando conectado à Terra, fica descarregado. Quando o
corpo B, positivamente carregado, é aproximado do corpo
A, ocorre, pelo princípio da atração e repulsão, a tendên-
cia para atrair elétrons. Assim, os elétrons da Terra serão
atraídos e irão migrar para a esfera A.

Alternativa A

9. Eletroscópios O gerador Van de Graaff, criado por Robert Van de Graaff


Os aparelhos utilizados para verificar a eletrização de (1901-1967), é uma máquina utilizada para acumular car-
um corpo são denominados eletroscópios. O pêndulo ga elétrica, produzindo, assim, altas tensões elétricas em

104
uma esfera de metal. Baseia-se no princípio de eletrização por atrito, no qual uma correia é atritada com uma roldana de
plástico. Hoje em dia, é muito comum a utilização de um gerador de Van de Graaff em shows de Física.

multimídia: site multimídia: vídeo


Fonte: Youtube
educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/eletrizacao-eletri- FIBRA - GERADOR DE VAN DER GRAAF (18/03/15)
zacao-por-atrito-contato-e-inducao.htm
www.efeitojoule.com/2008/04/eletrizacao-condutores-e-
-isolantes.html
educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/
carga-eletrica-e-eletrizacao.html
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/processos-eletriza-
cao.htma
multimídia: vídeo
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/condutores-isolan-
Fonte: Youtube
tes-eletricos.htm
Aprenda a fazer uma máquina de choques caseira

VIVENCIANDO

A eletricidade está presente em todos os lugares no dia a dia moderno e tecnológico. Fugindo um pouco do óbvio,
observe algumas aplicações cotidianas da eletricidade. Em caminhões que carregam combustíveis, existe uma cor-
rente metálica que é arrastada pelo chão a fim de descarregar para a Terra um possível excesso de carga elétrica, que
se deve ao atrito do caminhão com o ar e que poderia originar uma faísca e provocar uma explosão. Ao caminhar
sobre carpetes com os pés descalços, é possível, através do atrito entre eles, que a pessoa possua um excesso de
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

cargas, e, ao encostar em um objeto ou em outra pessoa, pode-se gerar um pequeno choque devido à descarga elé-
trica. Em dias secos, é mais fácil eletrizar por atrito, por exemplo, ao escovarmos os cabelos; a repulsão elétrica entre
os fios de cabelo será maior, e atrair pequenos objetos com a escova será mais fácil. Já em dias úmidos, o efeito é
menor. Isso se deve ao fato de que as moléculas de água presentes no ar acabam roubando os elétrons e dificultando
a eletrização por atrito.

105
DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA

ELETRIZAÇÃO DOIS TIPOS

CONTATO INDUÇÃO ATRITO

CARGA CARGA
POSITIVA NEGATIVA

CARGA
FUNDAMENTAL
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

106
O físico Charles Coulomb determinou a relação que expri-
LEI DE COULOMB me o módulo da interação existente entre dois portadores
de cargas elétricas, conhecida como lei de Coulomb.

A intensidade da força de interação entre duas cargas


elétricas puntiformes é diretamente proporcional ao
produto dos módulos das cargas e inversamente pro-
porcional ao quadrado da distância entre as cargas.

CN AULAS
3E4
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 20
Na qual k é uma constante eletrostática que depende do
meio físico em que estão inseridas as cargas elétricas que
compõem o sistema estudado. Para o vácuo, essa constan-
1. Introdução te é denotada por k0 e é chamada de constante eletrostáti-
ca do vácuo ou simplesmente constante eletrostática, e seu
Ao aplicar sistematicamente o método científico em seus valor, determinado experimentalmente, é:
problemas, o físico francês Charles Augustin Coulomb
(1736-1806) criou um modelo científico para a eletricidade.
Para a determinação da força elétrica, Coulomb utilizou da
fórmula newtoniana para atração gravitacional entre dois
corpos. Era de conhecimento geral a lei da gravitação de Nota: A constante eletrostática k é definida a partir da
m1· m2 constante de permissividade elétrica «, que, no vácuo, as-
Newton Fg a ​ __  ​  ​, isto é, que a atração era proporcio-
d2 sume o valor «0 = 8,854187 · 10–12 F · m–1. Assim, a cons-
nal ao produto das massas e inversamente proporcional ao
tante eletrostática no vácuo é:
quadrado da distância que as separava. Coulomb, ao perce-
ber semelhanças entre essas forças, pois em ambas atuava a ​  1   ​  
k0 = ____
4π«0
distância (ação fantasmagórica à distância), utilizou-se dessa
fórmula para supor a sua fórmula para força elétrica. Para tes-
tar sua teoria, Coulomb utilizou a balança de torção, utilizada
Aplicação do conteúdo
por Henry Cavendish, fazendo algumas alterações e melhorias. 1. Duas partículas de cargas elétricas Q1 = 4 · 10–16 C
e Q2 = 6 · 10–16 C estão separadas no vácuo por uma
distância de 3,0 · 10–9 m. Sendo k0 = 9 · 109 N · m2/C2,
2. Forças entre cargas elétricas
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a intensidade da força de inte ação entre elas, em


newtons, é de:
puntiformes: lei de Coulomb Resolução:
Para o cálculo da força entre as partículas, é preciso aplicar
As interações eletrostáticas podem ser evidenciadas a fórmula da lei de Coulomb:
pela força percebida entre portadores de cargas elétri- k  · |Q | · |Q2|
cas. Essas interações podem ser atrativas ou repulsivas, F = __
​  0 21 ​​.   
d
sendo atrativas entre portadores de cargas elétricas de
sinais opostos e repulsivas entre portadores de cargas Substituindo os valores do exercício, obtém-se:
elétricas de mesmo sinal. De acordo com a terceira
​ 9 · 10   
 · 4 · 10-16  ​
· 6 · 10-16.
9
lei de Newton, para cada ação existe uma reação, de F = _____________________
  
mesma direção, mesma intensidade, sentidos opostos (3 · 10 )
-9 2

e que atuam em corpos diferentes. Assim, serão carac- Finalizando os cálculos, temos:
terizadas as forças de interações elétricas.
F = 2,4 · 10–4 N

107
2. Duas cargas elétricas puntiformes encontram-se num
determinado meio e interagem mutuamente por meio
de uma força eletrostática, cuja a intensidade F varia
com a distância d entre elas de acordo com o diagrama
da figura. Determine a intensidade da força de intera-
ção eletrostática entre essas cargas, quando a distância
entre elas for de 0,5 m.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Lei de Coulomb

Resolução:
Para calcular, é preciso retirar alguns valores do gráfico, multimídia: site
como para d = 0,1 m, temos F = 9 N, assim:
k  · |Q | · |Q2| pt.khanacademy.org/science/physics/electric-charge-
F = __
​  o 21 ​   
d -electric-force-and-voltage#charge- electricforce
k  · |Q | · |Q2|
9 = __
​  o 12 ​  
  mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/forca-eletrica.htm
0,1
Por consequência, tem-se: www.if.ufrgs.br/fis/EMVirtual/cap1/cargas.htm

9 · 0,12 = k0 · |Q1| · |Q2| educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/


medindo-forca-eletrica-repulsao.htm
Assim:

k0 · |Q1| · |Q2| = 9 · 10–2


3. Força elétrica de várias
O valor do produto dos valores constantes foi encontrado; cargas puntiformes fixas
agora é possível encontrar o valor da força:
Considere cargas puntiformes fixas Q1, Q2, Q3. A cada par
k  · |Q | · |Q2| de cargas, tem-se uma_____​›força_____​› elétrica,
_____ seja_____​›de atração
_____ _____ ou de
F = __
​  0 21 ​ . 
  repulsão; logo, temos F ​ ​ 1,2
  , F ​ ​ 1,3
​›
  , F ​ ​ 2,3
​›
  , F ​ ​ 2,1
  , F ​ ​ 3,1
​›
  e F ​ ​ 3,2
  . A força
d
9 · 0,12 resultante elétrica que atua em cada partícula será a soma
F = __ ​    ​. 
(5 · 10-1)2 vetorial de todas as forças que as outras cargas exercem
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Finalizando, temos: sobre ela, ou seja:

F = 0,36 N

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Força Elétrica - Lei de Coulomb

108
_____
​› _____
​› _____
​›
Na carga Q1: F ​ ​ e1
  = F ​ ​ 2,1
  + F ​ ​ 3,1
  Resolução:
_____
​› _____
​› _____
​›
Na carga Q2: F ​ ​ e2
  = F ​ ​ 1,2
  + F ​ ​ 3,2
  Se elas estão alinhadas, então há duas forças aplicadas em
_____
​› _____
​› _____
​› Q3, na mesma direção, mas em sentidos opostos, pois Q1
Na carga Q3: F ​ ​ e3
  = F ​ ​ 1,3
  + F ​ ​ 2,3

e Q2 possuem o mesmo sinal de carga. Aplicando a lei de
Quanto maior for a quantidade de cargas elétricas envolvi- Coulomb, a resultante será:
das, mais complicado será calcular a força elétrica resultan-

* *
te. Por isso será importante detalhar cada força envolvida, k  · |Q | · |Q |
k  · |Q | · |Q3| __
Fr = ​ __
​  0 21 ​  – ​  0 22 ​ 3 
   
​.
representar geometricamente seu vetor, prestando atenção d d
se a força é de atração ou de repulsão, para o cálculo veto-
Substituindo os valores, temos:
rial da força resultante.

Considerações importantes *​ 9 · 10  · 2 · 10


​ __
Fr =   
9

9
-6 
 ​ · 4 · 10-6    ​ 9 · 10  · 2 · 10
– __
  
9

9
 ​ 
-6
*
 · 4 · 10 
-6

§ Massa do elétron: 9,1 · 10–31 kg Observa-se que os valores das forças são os mesmos; logo,
temos:
§ Massa do próton: 1,67 · 10–27 kg
1 C é, em eletrostática, uma carga enorme. Em virtude dis- Fr = 0 N
so, são muito utilizados os submúltiplos do Coulomb:
2. Considere duas cargas elétricas pontuais, sendo uma
§ 1 milicoulomb = 1 mC = 10–3 C delas Q1, localizada na origem de um eixo x, e a outra
§ 1 microcoulomb = 1 mC = 10–6 C Q2, localizada em x = L. Uma terceira carga pontual, Q3,
é colocada em x = 0,4 L. Considerando apenas a intera-
§ 1 nanocoulomb = 1 nC = 10–9 C ção entre as três cargas pontuais e sabendo que todas
Q2
§ 1 picocoulomb = 1 pC = 10–12 C elas possuem o mesmo sinal, qual é a razão ​  __ ​   para
Q1
A carga de um elétron ou de um próton é a menor car- que fique submetida a uma força resultante nula?
ga elétrica livre encontrada na natureza. Essas cargas são
iguais em valores absolutos, constituindo a chamada carga Resolução:
elementar (e):
Segue a representação do caso:

Sendo n o número de elétrons em excesso de um corpo ele-


trizado negativamente, sua carga elétrica, em módulo, vale:
__​› __
​›
​* F ​
​ 1   *​= *​ F ​
​ 2   *​
Usando a lei de Coulomb, temos:
Essa expressão é utilizada para calcular a carga elétrica de
um corpo carregado positivamente, e, nesse caso, n é o nú- k  · |Q | · |Q3| __
__ k  · |Q | · |Q |
​  0 21 ​  = ​  0 22 ​3 
   
mero de prótons em excesso ou o número de elétrons em d d
falta no corpo. O excesso de cargas elétricas que um corpo Assim, temos:
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

porta é múltiplo natural da carga elétrica elementar. |Q | __ |Q |


__
​  1   ​  
= ​  2   ​  
É preciso lembrar que força é uma grandeza vetorial. Dessa for- (0,4L)2 (0,6L)2
ma, suas operações, causas e consequências devem respeitar
Por consequência, temos:
os métodos e procedimentos inerentes aos estudos vetoriais.
__ (0,6L)2 __ Q
​  = ​  2  ​
 ​  
(0,4L) Q1
Aplicação do conteúdo
2

__Q
1. Três cargas elétricas encontram-se alinhadas no vácuo. ​  2  ​= 2,25
Sendo Q1 = 2 µC, que está a 3 m de Q3 = 4 µC, e Q2 = 2 µC, Q1
que está a 3 m de Q3; determine a força resultante sobre Q3. 3. Duas cargas elétricas puntiformes idênticas Q1 e Q2,
cada uma com 1 · 10–7 C, encontram-se fixas sobre um
plano horizontal, como pode ser observado na figura
abaixo. Uma terceira carga q, de massa 10 g, encontra-
-se em equilíbrio no ponto P, formando, assim, um

109
triângulo isósceles vertical. Sabendo que as únicas forças Por fim, sabe-se que a deve anular a própria força-peso do
que agem em q são as de interação eletrostática com Q1 corpo q, logo:
e Q2 e seu próprio peso, o valor dessa terceira carga é:
FER = P
Substituindo:
1 · 106 · q = 10 · 10–3 · 10
Finalizando:

Adote: k0 = 9 · 109 N · m2/C2; g = 10 m/s2 q = 1 · 10–7 C

Resolução:

Para que o corpo de carga q fique em equilíbrio, é neces-


sário que a força resultante seja nula, ou seja, a soma das
forças elétricas com a força-peso deve ser zero.
Sabendo que Q1 e Q2 são positivas, é fácil concluir que q
deve ser positiva também, para que ocorra força de repul- multimídia: vídeo
são; caso contrário, q nunca iria ficar em equilíbrio.
Fonte: Youtube
Assim, há duas forças de repulsão aplicadas em q com Cabo de guerra elétrico - experiência de Física
direções diferentes, mas de mesmo módulo, F, que vale:
k  · |Q1| · |q|
F = __
​  0 2 ​   
d
3.1. Medição da carga elementar
9 · 109 · 1 · 10-7 · q 
F = _____________________
  
​   ​   A carga elementar, cujo valor corresponde em módulo a
9 · 10-4
1,6021176462 ∙ 10–19 C, possui uma incerteza apenas nos
Simplificando, tem-se:
dois últimos algarismos. Deve-se a Robert Andrews Milli-
F = 1 · 106 · q kan (1858-1953) a primeira medida. Em um atomizador,
Como o módulo da força já é conhecido, é interessante Millikan eletrizou gotículas de óleo; quando era atingido o
saber a direção e sentido; para somá-las vetorialmente, equilíbrio dinâmico, Millikan, de forma simplificada, igualou
temos então: a força-peso com a força elétrica, percebendo que todos os
valores de carga elétrica em excesso para cada gotícula de
óleo eram múltiplos de um certo valor. Ele deduziu que o
valor de cada carga elementar era de 1,64 ∙ 10–19 C.

Como já se sabe que as forças têm mesmo módulo, é fá-


cil concluir que, na horizontal, a soma das componentes é
nula, enquanto que, na vertical, a soma das componentes
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

será o dobro.
Retirando, por geometria, temos:

FQ1Y = F · sen(30º) multimídia: site


Assim, teremos como FER a força elétrica resultante,
de módulo: pt.khanacademy.org/science/physics/electric-charge-e-
FER = 2 · F · sen(30º) lectric-force-and-voltage#charge- electricforce
Logo: mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/forca-eletrica.htm
FER = 2 · 1 · 106 · q · 0,5 www.if.ufrgs.br/fis/EMVirtual/cap1/cargas.htm
educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/
Terminando os cálculos, obtém-se:
medindo-forca-eletrica-repulsao.htm
FER = 1 · 106 · q

110
VIVENCIANDO

A força elétrica é uma das quatro forças fundamentais da Natureza. Graças à força elétrica, há união entre os dife-
rentes átomos, moléculas, etc, possibilitando condições para que a vida exista. A atração e a repulsão elétrica estão
presentes quando um pente é capaz de atrair pequenos corpos depois de ser atritado com o cabelo de uma pessoa.
Elas também ocorrem nos processos em que gotículas de água são ionizadas a fim de atrair pequenas partículas de
poeira ou sujeira, processo que ocorre nas chaminés industriais ou em climatizadores, por exemplo.

DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA

GRANDEZA
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

VETORIAL
DEPENDE DO INVERSO
FORÇA ELÉTRICA DA DISTÂNCIA AO
AÇÃO A QUADRADO
DISTÂNCIA

NATUREZAS NATUREZAS
OPOSTAS IGUAIS

ATRAÇÃO REPULSÃO

111
unificou as leis de Coulomb, Oersted, Ampère, Biot-Savart,
Faraday e Lenz expressando todas essas leis em apenas
quatro equações.

CAMPO ELÉTRICO

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube

CN AULAS Campo elétrico


5E6
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 21

1. Conceito de campo elétrico multimídia: vídeo


Em Física, é muito comum criarmos modelos que possam Fonte: Youtube
tornar nossa compreensão da natureza mais adequada às
Linhas de campo elétrico - Cargas iguais e anel
nossas observações e aos dados coletados. Exatamente
aqui se enquadra o conceito de campo elétrico. Como vi-
mos anteriormente, as interações entre portadores de car-
gas elétricas podem ser analisadas do ponto de vista das 2. Intensidade
___
de campo elétrico
​› ​
forças existentes entre esses portadores. Uma carga elétri-
__› campo elétrico ​E ​   foi definido a partir da força elétrica​
O
ca puntiforme Q, ou uma distribuição de cargas, origina um F ,   sendo a razão entre a força eletrostática e o módulo da
campo elétrico no espaço ao seu redor. Ao colocarmos carga de prova q.
uma carga de prova ​_›_ q puntiforme em um ponto P dessa
​ e   de origem elétrica age sobre a carga q.
região, uma força F ​

A unidade de campo elétrico é definida por:


VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

No Sistema Internacional de Unidades (SI), tem-se:


De modo equivalente, a carga elétrica de prova q também
produz um campo elétrico, a força de origem elétrica tam- ​ newton ​  
1 unidade de E = 1 _______ N ​ 
= 1​ __

coulomb C
bém age sobre Q ou sobre as cargas da distribuição.
No SI, é utilizado o volt por metro (V/m), que é equivalente
Michael Faraday (1791-1867) inovou ao introduzir na Físi-
ao newton por coulomb (N/C).
ca o conceito das linhas de força, que, mais tarde, origina-
ria a ideia de campo. James Clerk Maxwell (1831-1879),
aluno de Faraday, apoiou-se principalmente nos trabalhos Aplicação do conteúdo
de seu professor e de Ampère para a formulação da sua
1. Um corpo esférico carregado com uma carga Q = 5 C
teoria eletromagnética, descrevendo desde os campos ele- positiva provocou em uma carga de prova q = 2 C uma
tromagnéticos até a sua propagação em seu trabalho Tre- força de repulsão de 20 N de intensidade. Calcule qual
atise on Eletricity and Magnetism. Nesse trabalho, Maxwell foi o valor do campo gerado pelo corpo.

112
Resolução: O gráfico de E em função de d, mantendo a carga Q fixa, é
apresentado na figura a seguir:
Pela definição de campo elétrico, tem-se:
E = __ F
q​    ​
Sendo F a força elétrica provocada, e q a carga de prova,
cujo valor, nesse caso, é 2 C.
Assim, substituindo na fórmula, temos:
​ 20 ​ 
E = __ Gráfico de E versus d
2
Terminando os cálculos, temos:
Aplicação do conteúdo
E = 10 N/C
1. Calcule o valor do campo elétrico produzido por uma
carga Q = 5 µC, num ponto que dista 5 cm dessa carga.

Adote: k0 = 9 · 109 N · m2/C2


Resolução:
Aplicando a fórmula do campo elétrico, tem-se:

k  · |Q|
multimídia: site E = __
​  0 2 ​
d
.  

Substituindo os valores, obtém-se:


guiadoestudante.abril.com.br/estudo/resumo-de-fisi-
ca-campo-eletrico/
​ 9 · 10  · 5 · 10
9 -6
E = __
    ​  
.
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/campo-eletrico.htm 5 · 10
2  -4

Realizando os cálculos, resulta:


www.todamateria.com.br/campo-eletrico/
E = 1,8 · 107 N/C
www.efeitojoule.com/2009/01/campo-eletrico-e-con-
ceito-campo.html Direção:
_​›_
www.rc.unesp.br/showdesica/99_Explor_Eletrizacao/ A direção do campo é a mesma da força F ​
​ e  .
paginas%20htmls/Campo%20el%C3%A9trico.htm
Sentido:
§ 1.° caso: a carga Q é positiva (Q > 0)

3. Campo elétrico de uma Se em P for colocada a carga pontual


repelem (pois
​_›_ Q > 0 e q > 0). Então
_​__› q > 0, as cargas se
E ​
​ ,   em P, tem o mesmo
carga puntiforme Q fixa sentido de F ​
​ e  , isto é, de Q para P.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A seguir, são​___›apresentadas as características do vetor cam-


po elétrico ​E ​   em um ponto P, devido a uma carga punti-
forme Q, fixa no ponto O.
Intensidade:

Igualando as equações Fe = |q| · E (definida acima) e a lei


|Q| . |q|
de Coulomb, Fe = k0 ·______
​   ​,   tem-se:

|Q| · |q|
|q| · E = k0 · ______
​   ​   

|Q|
E = k0 · ___
​   ​   Se em P for colocada a carga
_​__› pontual q < 0, as cargas se
d² atraem. Como q < 0, então E ​​​​​​​​    , em P, tem sentido oposto ao

113
_​›_
de F ​
​ e  , ​e, isto é, de Q para P. Observando as duas situações, Se em P for colocada a carga ​___›
q < 0, as cargas se repelem.
é possível ​___› verificar que, Q > 0, o sentido do vetor campo Como​_›_
q < 0, segue-se que E ​
​   em P tem sentido oposto ao
elétrico E ​ ​   em P é de Q para P, qualquer que seja o sinal da de F ​
​ e  , isto é, de P para Q. Observe agora_​__› que, sendo Q <
carga de prova. 0, o sentido do vetor campo elétrico E ​ ​   em P é de P para Q.

​___› ​___›
O campo elétrico E ​
​   produzido por uma carga posi- O campo elétrico E ​
​   produzido por carga negativa fixa
tiva fixa é de afastamento (divergente) em qual- é de aproximação (convergente) em qualquer ponto.
quer ponto.

Vetores campo elétrico produzido por Q < 0 fixa


Vetores campo elétrico produzido por Q > 0 fixa

§ 2° caso: a carga Q é negativa (Q < 0)


Se em P for colocada a carga de prova q > 0, as cargas se
4. Campo elétrico de várias
atraem. Como
​_›_
​___›
​   em P tem o mesmo
q > 0, segue-se que E ​ cargas puntiformes fixas
​ e  , isto é, de P para Q.
sentido de F ​ Considere as cargas puntiformes fixas Q1, Q2..., Qn. Caso a
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

carga​___›Q1 estivesse sozinha, originaria em P o campo elé-


trico E ​ ​___› Q2 estivesse sozinha, originaria em P o
​ 1  . Se a carga
campo elétrico E ​ ​ 2  , e assim por diante,
​___› até Qn que, sozinha,
originaria em P o campo elétrico E ​ ​ n  .

114
2. Sabendo-se que o vetor campo elétrico no ponto A é
Aplicação do conteúdo nulo, a relação entre d1 e d2 é:

1. Represente abaixo, separadamente, os vetores q


campo elétrico produzidos por duas cargas QA = 12
C e QB = –20 C, no ponto P, situado a 2 m de distân-
cia de ambas as cargas.

d1
a) ​ __ ​ = 4.
d2
d1
b) ​ __ ​ = 2.
d2
d1
c) ​ __ ​ = 1.
d2
d1 1
d) ​ __ ​ = __
​   ​ .
d2 2
Resolução: d1 1
e) ​ __ ​ = __
​   ​ .
Calculando o valor do campo elétrico produzido pela d2 4
carga A:
k  · |Q| Resolução:
E = __ ​  0 2 ​   
d Para que as distâncias sejam encontradas, é preciso anali-
Substituindo os valores, tem-se:
sar os campos elétricos no ponto A gerado por cada carga.
​ 9 · 102  ​ · 12 
9
E = __   Se o campo no ponto A é nulo, isso significa que os campos
2
de A e B possuem o mesmo módulo e direção, mas em
Assim: sentidos opostos.
E = 2,7 · 1010 N/C Sendo Ed1 e Ed2, os campos produzidos pela carga +4q e
+q, respectivamente, temos:
Calculando o valor do campo elétrico produzido pela
carga B: Ed1 = Ed2

​ 9 · 102  ​
 · 20 
9
E = __   Substituindo:
2
Assim: k · |+q|
k · |+4q| ________
________
​  0  2 ​  = ​  0  2 ​
   

E = 4,5 · 1010 N/C d​ ​1​  ​ d​ ​2​  ​
Simplificando:
Lembre-se de que, para cargas positivas, o campo tem sen-
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

tido divergente à carga; para cargas negativas, o campo +4q +q


________
tem sentido convergente à carga, ou seja: ​  2 ​  = ________
​   ​ 
d​ ​1​  ​ d​ ​22​  ​
Logo:

__ d​ ​ 2​  ​
​  21 ​ = 4
d​ ​2​  ​

__d
​  1 ​ = 2
d2

Alternativa B
3. Duas cargas puntiformes no vácuo, de mesmo valor
Q = 125 µC e de sinais opostos, geram campos elétricos
no ponto P (vide figura). Qual o módulo do campo elé-
trico resultante, em P, em unidades de 107 N/C?

115
Sabendo que o sen(a) = 3/5, temos:
ER = 2 · 45 · 107 · ​ __
5 ()
​  3 ​  ​
Concluindo, temos:
ER = 54 · 107 N/C

Resolução: 5. Linhas de força ​___›


Para o cálculo do valor do campo elétrico resultante no A cada ponto de um campo elétrico associa-se um vetor E ​
​ .  
ponto P, é preciso somar, vetorialmente, os campos produ-
Esse campo elétrico pode ser representado
​___› desenhando-se
zidos por –Q e +Q .
um número conveniente de vetores E ​​ ,   conforme indicado
Esquematizando os vetores, segue: na figura a seguir:

Sendo E-q o campo produzido pela carga –Q, e Eq o campo


Um campo elétrico também pode ser representado utili-
produzido pela carga +Q.
zando linhas de força.
Decompondo-se os campos, obtém-se:
As linhas de força são linhas tangentes, em cada pon-
to, ao vetor campo elétrico naquele ponto. O sentido
de orientação é o mesmo do campo elétrico.

Lembrando que:
|E–q| = |Eq|

Calculando o módulo de Eq:


k0 · 125 · 10-6
Eq = ​ ________  ​  

d​ ​ 2​  ​ As linhas de força em uma determinada região represen-_​__›
Por Pitágoras, é possível descobrir que d = 5 cm, segue então: tam, aproximadamente, a direção e sentido do vetor E ​​   
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​ 9 · 10  · 125 · 10
9 -6
Eq = __
    ​   nessa região.
(5 · 10 ) -2 2 

As figuras a seguir mostram linhas de força de alguns cam-


Terminando os cálculos, tem-se:
pos elétricos particulares:
Eq = 45 · 107 N/C

Calculando as componentes, temos:


Eqy = E–qy = Eq · sen(a) e Eqx = E–qx = Eq · cos(a)

Analisando os sentidos, observa-se que as componentes ho-


rizontais se anulam, enquanto as verticais são somadas, logo:
ER = 2 · Eqy
Substituindo:
Carga puntiforme Q > 0.
ER = 2 · Eq · sen(a) As linhas de forças partem das cargas positivas.

116
O número de linhas de força por unidade de área é
proporcional à quantidade de carga elétrica do corpo
ou partícula.

Aplicação do conteúdo
1. Observe o desenho das linhas de força do campo ele-
Carga puntiforme Q < 0.
As linhas de forças chegam às cargas negativas. trostático gerado pelas pequenas esferas carregadas
com cargas elétricas e.
Quanto maior for o módulo da carga que origina o campo
elétrico, maior será o número de linhas de força. Na figura
a seguir, o módulo da carga positiva é maior que o da carga
negativa. Nas regiões em que as linhas estão mais próxi-
mas, a concentração de linhas de força é maior e o campo
elétrico é mais intenso. O campo elétrico é mais intenso
em A do que em B, por exemplo. No ponto N, o campo
elétrico é nulo.

a) Qual é o sinal do produto QA · QB?


b) Em que ponto, C ou D, o vetor campo elétrico resul-
tante é mais intenso?
Resolução:
a) Observando a figura, é possível notar que as linhas
de campo saem de QA e entram em QB. Assim, a carga
QA é positiva, e QB é negativa. Portanto, o produto en-
tre suas cargas resultará num valor negativo. Assim,
Duas cargas puntiformes de sinais opostos e módulos diferentes QA · QB < 0.
b) No ponto C, o vetor campo elétrico é mais intenso,
pois ele se encontra numa região em que as linhas de
campo são mais próximas umas das outras.

VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Duas cargas puntiformes de mesmo módulo e positivas.


Em N, o vetor campo elétrico é nulo. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Física Geral III - Aula 2 - Campo Elétrico - Parte 1

Duas cargas puntiformes de mesmo módulo e de sinais opostos

117
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

Fenômenos eletromagnéticos estão presentes no cotidiano do mundo moderno. Desde a Segunda Revo-
lução Industrial, a eletricidade tomou conta da vida das pessoas. Entretanto, ainda trata-se de uma área
mais abstrata da física, uma vez que o objeto de estudo é pequeno demais aos olhos. A habilidade 21
cobra justamente que o estudante seja capaz de perceber, relacionar e interpretar os fenômenos eletro-
magnéticos cotidianos e trazer à luz a verdade por meio de respostas científicas.

MODELO 1

(Enem) Em museus de ciências, é comum encontrarem-se máquinas que eletrizam materiais e geram intensas
descargas elétricas. O gerador de Van de Graaff (Figura 1) é um exemplo, como atestam as faíscas (Figura 2) que
ele produz. O experimento fica mais interessante quando se aproxima do gerador em funcionamento, com a mão,
uma lâmpada fluorescente (Figura 3). Quando a descarga atinge a lâmpada, mesmo desconectada da rede elétri-
ca, ela brilha por breves instantes. Muitas pessoas pensam que é o fato de a descarga atingir a lâmpada que a faz
brilhar. Contudo, se a lâmpada for aproximada dos corpos da situação (Figura 2), no momento em que a descarga
ocorrer entre eles, a lâmpada também brilhará, apesar de não receber nenhuma descarga elétrica.

A grandeza física associada ao brilho instantâneo da lâmpada fluorescente, por estar próxima a uma descarga
elétrica, é o(a):
a) carga elétrica.
b) campo elétrico.
c) corrente elétrica.
d) capacitância elétrica.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

e) condutividade elétrica.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Essa é uma questão que exige do aluno saber diferenciar conceitos que se misturam no cotidiano. É
preciso que o candidato saiba diferenciar temperatura de sensação térmica e saiba qual propriedade
física é responsável pela situação apresentada na questão.
A condutividade térmica do alumínio é maior que a do vidro. Assim, o calor será transferido mais
rapidamente pelo alumínio.

RESPOSTA Alternativa B

118
MODELO 2
(Enem) Durante a formação de uma tempestade, são observadas várias descargas elétricas, os raios, que podem
ocorrer: das nuvens para o solo (descarga descendente), do solo para as nuvens (descarga ascendente) ou entre
uma nuvem e outra. As descargas ascendentes e descendentes podem ocorrer por causa do acúmulo de cargas
elétricas positivas ou negativas, que induz uma polarização oposta no solo.
Essas descargas elétricas ocorrem devido ao aumento da intensidade do(a):
a) campo magnético da Terra.
b) corrente elétrica gerada dentro das nuvens.
c) resistividade elétrica do ar entre as nuvens e o solo.
d) campo elétrico entre as nuvens e a superfície da Terra.
e) força eletromotriz induzida nas cargas acumuladas no solo.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Excelente questão, pois cobra do aluno a explicação de um fenômeno natural muito comum, que é a ocorrência
de relâmpagos. O estudante deve ser capaz de explicar cientificamente o fato, utilizando-se dos seus conheci-
mentos em eletricidade.
O aumento do campo elétrico entre as nuvens e o solo favorece o deslocamento de partículas carregadas (íons)
que causam as descargas elétricas.

RESPOSTA Alternativa D

DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

DEPENDE DO INVERSO
GRANDEZA
CAMPO ELÉTRICO DA DISTÂNCIA AO
VETORIAL
QUADRADO

CARGA NEGATIVA CARGA POSITIVA

CAMPO CAMPO
CONVERGENTE DIVERGENTE

119
Assim como a força elétrica, o campo elétrico é uma gran-
deza vetorial. Os dois sempre terão a mesma direção, mas
o sentido depende do sinal da carga de prova q.

FORÇA ELÉTRICA E
CAMPO ELÉTRICO
_​›_ _​__›
Observe que F ​
​ e   e E ​
​   são grandezas
​_›_ físicas diferentes,
​___› ainda
que sejam grandezas vetoriais: F ​ ​ e   é força e E ​
​   é vetor campo

CN
elétrico.
AULAS
7E8
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 20

1. Força elétrica e campo elétrico Aplicação do conteúdo


Como foi visto nas aulas anteriores, quando ocorre uma 1. Uma partícula carregada com uma carga de 5 C está
distribuição de partículas, a força resultante que atua sobre imersa num campo elétrico de 10 N/C. Qual é o módulo
da força que irá atuar na partícula?
uma partícula é a soma vetorial de todas as forças individu-
ais que atuam sobre a partícula. Da mesma forma, quando Resolução:
ocorre uma distribuição de partículas, o campo resultante é
a soma vetorial dos campos individuais. Para o cálculo da força, é preciso utilizar a fórmula de rela-
ção entre força elétrica e campo elétrico:
O módulo da força elétrica entre duas partículas é dado por:
F=q·E

Substituindo pelos valores do exercício, obtém-se:


F = 5 · 10

E o módulo do campo criado por uma partícula é dado pela Assim:


expressão: F = 50 N

2. Uma carga elétrica puntiforme com carga de 4,0 C é


colocada em um ponto P do vácuo e fica sujeita a uma
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

força elétrica de intensidade 1,2 N. O campo elétrico


nesse ponto P tem intensidade de:
O campo elétrico existe independentemente da carga de pro-
va. Ele só depende da carga Q que origina o campo, porém só Resolução:
é possível perceber a existência dele quando é colocada uma
carga de prova q e constatada a existência da força elétrica. Para o cálculo do campo, é preciso utilizar a fórmula de
relação entre força elétrica e campo elétrico:
No entanto, a relação entre força e campo elétrico tende a
facilitar o processo. Caso seja conhecido o campo resultan- F=q·E
te num determinado ponto, o cálculo para se conhecer a Substituindo pelos valores do exercício, obtém-se:
força resultante nesse ponto se torna muito mais simples.
1,2 = 4 · E
Assim:
F = 0,3 N/C

120
comparada com suas dimensões. É importante saber que
em placas reais existe um efeito de borda, no qual o campo
elétrico é distorcido nas extremidades das placas.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Força Elétrica

Campo elétrico uniforme entre duas placas eletrizadas

multimídia: site multimídia: vídeo


Fonte: Youtube
educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/eletrizacao-eletri-
A Lei de Coulomb (atração e repulsão)
zacao-por-atrito-contato-e-inducao.htm
entre duas cargas...
www.efeitojoule.com/2008/04/eletrizacao-condutores-
-e-isolantes.html
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/processos-eletri-
zacao.htma Aplicação do conteúdo
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/condutores-iso- ​___›
1. Considere o campo elétrico uniforme, ​E ​  , representa-
lantes-eletricos.htm
do pelo conjunto de linhas de força na figura a seguir.
educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/ Sobre o campo elétrico nos pontos A, B e C, marcados
forca-eletrica-e-campo-eletrico.html com o sinal, é correto afirmar que:

2. Campo elétrico uniforme (CEU)


_​__›
Campo elétrico uniforme é aquele em que o vetor E ​ ​    é o
mesmo em todos os_​__› pontos. Dessa forma, em cada ponto
do campo, o vetor E ​
​   tem a mesma intensidade, a mesma
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

direção e o mesmo sentido.


As linhas de força de um campo elétrico uniforme são retas
paralelas igualmente espaçadas e com o mesmo sentido. a) é mesmo em todos os pontos;
b) o campo elétrico do ponto A é igual ao do ponto B;
E E E c) o campo elétrico do ponto A é igual ao do ponto C;
d) o campo elétrico do ponto B é maior que o do
E E E ponto C;
E E e) o campo elétrico do ponto A é menor que o do
ponto B.
Linhas de força de um campo uniforme Resolução:
Por definição, um campo elétrico uniforme é um campo
É possível criar um campo uniforme com duas placas eletri-
que tem a mesma intensidade em todos os pontos.
zadas com cargas elétricas de sinais opostos. Para que isso
ocorra, a distância entre as placas deve ser muito pequena Alternativa A

121
2.1. Movimento de uma carga 3.º caso: a carga é lançada
elétrica puntiforme num CEU obliquamente às linhas de força

1.º caso: a carga é lançada paralelamente às y

linhas de força ou abandonada do repouso hmáx →


E

g
→ +
E →
V0 →
P

F
q
+ → +

m v0 v q α
A B +
0 A x

Nesse caso. a carga executará um lançamento oblíquo.


Considere uma partícula de massa m, eletrizada com carga
elétrica q, a partir do repouso ou lançada com velocidade
v0 do ponto A, como mostra a figura. Sobre a carga atuará Aplicação do conteúdo
uma força F de intensidade F = IqI ∙ E. Pela segunda lei de
Newton, FR = m ∙ a. 1. Uma carga elétrica puntiforme q = 4 μC, cuja massa
é m = 2 ∙ 10– 6 kg, é abandonada, a partir do repouso,
Então, IqI ∙ E = m ∙ a ⇒ a = ±IqI ∙ __​  E  ​ 
m num ponto P de um campo elétrico uniforme de módulo
E = 2 ∙ 105 N/C, conforme a figura. Determine:
Analisando a fórmula acima, é possível perceber que a ace-
leração é constante e que a partícula executará um MRUV. a) o módulo da força elétrica que age na carga elétrica;
b) a aceleração do movimento da carga elétrica q;
Notas: c) a velocidade da carga elétrica q ao passar por Q,
1. v = v0 + a ∙ t; distante 20 cm de P.
Despreze as ações gravitacionais.
​ t  ​ ; e
2
S = S0 + v0 ∙ t + a ∙ __
2 →
v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ ∆S E

2. Análise do sinal da aceleração. q, m, v0 = 0


P Q
Considere o eixo referencial do movimento, orientado no
sentido do campo elétrico. d
A aceleração será positiva para cargas elétricas positivas que
se deslocam no sentido positivo do eixo ou para cargas elé- Resolução:
tricas negativas que se deslocam no sentido negativo do eixo. a) Sendo a carga elétrica positiva, implica que a força elé-
A aceleração será negativa para cargas elétricas posi- trica tem o mesmo sentido que o campo elétrico. O módulo
da força elétrica que atua na carga elétrica q é dado por:
tivas que se deslocam no sentido negativo do eixo ou
F = IqI ∙ E ⇒ F = 4 ∙ 10– 6 ∙ 2 ∙ 105 ⇒
para cargas elétricas negativas que se deslocam no sen-
⇒ F = 8 ∙ 10–1 N ⇒ F = 0,8 N
tido positivo do eixo.
b) Pelo Princípio Fundamental da Dinâmica, FR = m ∙ a.
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Sendo a força elétrica a força resultante que atua na car-


2.º caso: a carga é lançada ga elétrica, tem-se:
​ 10 ​  ∙ 106 ⇒
​  E ​ ⇒ a = 4 ∙ 10– 6 ∙ 2 ∙ ___
5
perpendicularmente às linhas de força a = ± IqI ∙ __
m 2

E

E a = 4 ∙ 105 m/s2
→ →
c) Sendo o movimento da carga elétrica um MRUV, é
V0 V0possível aplicar a equação de Torricelli:

vQ2 = vP2 + 2 ∙ a ∙ DS ⇒
q + − q
⇒ vQ2 = 0 + 2 ∙ 4 ∙ 105 ∙ 0,2 ⇒
→ →
F F
→ →
E E ⇒ vQ = 4 ∙ 102 m/s
→ →
V0 V0

q + → → − q
3. Pêndulo eletrostático
F F
Como foi visto, dois corpos carregados com cargas opostas
Nesse caso, a carga executará um lançamento horizontal. se atraem. Considere dois corpos esféricos idênticos (de

122
mesma massa m) A e B, presos por fios ideais e isolantes
carregados com cargas de mesmo módulo, mas de sinais Aplicação do conteúdo
opostos. Quando próximos a eles, passa a atuar em cada
1. Um pêndulo simples, cuja extremidade inferior é com-
um uma força elétrica. No entanto, já atuavam, e conti- posta por um corpo de massa “m“ e carga elétrica posi-
nuam atuando, a força-peso, uma vez que o corpo possui tiva “q“, está imerso em um campo elétrico uniforme de
massa e está imerso no campo gravitacional terrestre, e a intensidade “E“, conforme a ilustração a seguir. Conside-
força tensora no fio, pois o fio está tensionado. re como “g“ o módulo da aceleração da gravidade local.

A B
A B a) Represente, em uma figura, todas as forças que
atuam sobre o corpo de massa “m“.
Primeiramente, deve-se indicar cada força que atua em cada b) Expresse, em termos das grandezas “m“, “q“, “E“
e “g“, se o ângulo é correspondente à situação de
corpo. A força-peso é dada pela fórmula P = m · g, e a força equilíbrio acima.
k |Q | · |Q2|
elétrica é dada por Fe =_________
​  0 12 ​.    Resolução:
d
a) Seguem as forças que estão sendo aplicadas no
corpo:

T T
Fe Fe
A B
A P P
B

Assim, no equilíbrio, a soma das forças será nula, e é pos- b) A soma da força P com a força elétrica resultará em
sível afirmar que o módulo da força tensora é igual ao mó- uma força que irá igualar a força T em módulo. Por
geometria, não é difícil visualizar que:
dulo da soma vetorial da força elétrica e da força-peso.
Fel
______ tan(θ) = __
​   ​ 
T=√
​ P2 + Fe2 
 ​ P
Logo:
E·q
No equilíbrio, o fio e a horizontal formam um ângulo fixo tan(θ) = ____
​ m · g  ​ 
θ. Utilizando as relações métricas no triângulo retângulo, é
Então:
possível escrever que:
F (  )
E·q
θ = arctan ​ ​ ____
m · g  
​  ​
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

tgθ = __
​  e ​ 
P
2. Duas bolinhas iguais, de material dielétrico, de massa
m, estão suspensas por fios isolantes de comprimento
θ θ
L, presos no ponto P (ver a figura a seguir).

P T

T
Fe
A
Fe
A P

Essa relação trigonométrica entre a força elétrica e o peso é


uma poderosa informação, pois simplifica significativamen-
te a resolução dos exercícios. Um raciocínio semelhante po-
deria ser realizado caso as cargas fossem de sinais iguais
e houvesse repulsão ou fosse informado o campo elétrico.

123
As bolinhas são carregadas com cargas “q”, iguais em mó-
dulo e sinal, permanecendo na posição indicada. Calcule o
ângulo θ em função de “m”, “g”, “q”, “d” e «0 (permissi-
vidade elétrica do ar).
Resolução:

De modo análogo à solução anterior, tem-se: multimídia: vídeo


(  )
E·q
θ = arctan ​ ​ ____
m · g  
​  ​
Campo elétrico e força elétrica
Fonte: Youtube

Além disso, sabe-se que:


k0 · |q|
E = _____
​  2 ​  

d
​  1   ​ 
k0 = _______
4 · π · «0
Substituindo a segunda e a terceira equações na primeira,
obtém-se:

(
θ = arctan ​ ​ ____
  
q2

4 · π. «0 · m · g · d2 )

​  ​ multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Péndulo eletrostático

DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGAS
ELÉTRICAS

DEPENDEM DO INVERSO
GRANDEZA
CAMPOS ELÉTRICOS DO QUADRADO
VETORIAL
DA DISTÂNCIA
VOLUME 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

NA PRESENÇA DE
OUTRA CARGA:
FORÇA ELÉTRICA

124

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