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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A
seguir, apresentamos cada seção:

incidência do tema nas principais provas vivenciando

De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas
o território nacional. para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em
teoria seu dia a dia.

Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção


tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas aplicação do conteúdo
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados,
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer
momento, as explicações dadas em sala de aula.
multimídia
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com áreas de conhecimento do Enem
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
o conhecimento do nosso aluno. Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
conexão entre disciplinas -las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos diagrama de ideias
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
grande engrenagem no mundo em que ele vive. ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.

Herlan Fellini

1
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Herlan Fellini
Felipe Filatte
Kevork Soghomonian

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor-editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)

ISBN: 978-65-88825-06-8

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o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
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SUMÁRIO
FÍSICA
CINEMÁTICA
Aulas 9 e 10: Movimento retilíneo uniformemente variado 6
Aulas 11 e 12: Gráficos do MRUV 17
Aulas 13 e 14: Queda livre e lançamento vertical 29
Aulas 15 e 16: Lançamento oblíquo 38

TERMODINÂMICA
Aulas 9 e 10: Lei geral dos gases 50
Aulas 11 e 12: Primeira lei da termodinâmica 57
Aulas 13 e 14: Segunda lei da termodinâmica 67
Aulas 15 e 16: Introdução à óptica geométrica 77

ELETROSTÁTICA
Aulas 9 e 10: Potencial elétrico 88
Aulas 11 e 12: Trabalho no campo elétrico 96
Aulas 13 e 14: Potencial elétrico no CEU e equilíbrio eletrostático 102
Aulas 15 e 16: Corrente elétrica 110

3
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.

4
CINEMÁTICA: Incidência do tema
nas principais provas

Um dos temas recorrentes na prova da Fuvest


A cinemática possui grande incidência nas é a relação entre lançamento oblíquo de uma
provas do Enem, sempre relacionando o partícula em um campo elétrico. O aluno deve
tema com o cotidiano. Muitas questões saber os dois movimentos que compõe o movi-
costumam exigir a habilidade de análise mento oblíquo. Há também uma importância
gráfica. na interpretação de gráficos, em
especial velocidade x
tempo.

Dentre os temas abordados neste caderno, o Dentre os temas abordados neste caderno, Um dos temas deste livro muito cobrado na
de maior incidência no vestibular da Unicamp o de maior incidência no vestibular da prova da Unesp é o de lançamento obliquo. O
é o estudo do MRUV e a interpretação de Unifesp é o estudo da cinemática escalar, aluno deve saber interpretar imagens e coletar
gráficos (MRUV). com questões de MRUV, nas quais se exige informações, dedicando atenção às equações
do candidato a interpretação de gráficos. dos dois movimentos, vertical e horizontal.

Dentre os temas abordados neste caderno, A prova da FMABC tem uma grande variação A prova da Puc de Campinas tem uma grande A prova da Santa Casa tem uma grande
o de maior incidência no vestibular Albert de temas. No entanto, o tema cinemática es- variação de temas. No entanto, o tema cine- variação de temas. No entanto, o tema cine-
Einstein é o estudo da cinemática escalar, calar (MRUV) aparece com alguma frequência. mática escalar (MRUV) aparece com alguma mática escalar (MRUV) aparece com alguma
com questões de movimento uniformemente frequência, exigindo cuidado nas equações frequência, exigindo cuidado nas equações
acelerado (MRUV), exigindo do aluno conhe- horárias de movimento de lançamentos horárias de movimento acelerado.
cimento das equações. oblíquos.

UFMG

O tema cinemática sempre está presente na O tema cinemática sempre está presente A prova da CMMG tem uma grande variação
prova da UEL em questões que exigem um na prova da UFPR. As questões abordadas de temas. No entanto, o tema cinemática es-
alto nível de manipulações em equações exigem análise dos movimentos por meio de calar (MRUV) aparece com alguma frequência,
horárias de movimento. gráficos de velocidade por tempo e posição exigindo cuidado nas equações horárias de
por tempo. movimento de lançamentos oblíquos.

O tema cinemática sempre está presente na A prova da UNIGRANRIO tem uma grande O tema cinemática sempre está presente na
prova da UERJ. As questões abordadas exigem variação de temas. No entanto, o tema cine- prova da FTESM com questões que exigem
análise dos movimentos por meio de gráficos mática escalar (MRUV) aparece com alguma interpretações de gráficos e análise de
de velocidade por tempo e posição por tempo. frequência, exigindo cuidado nas equações figuras (MRUV e lançamento oblíquo) com
horárias de movimento acelerado em um manipulações em equações horárias de
plano inclinado. movimento.

5
AULAS Movimento retilíneo
9 e 10 uniformemente variado
Competências: 5e6 Habilidades: 19 e 20

1. Conceito de aceleração Considere que a velocidade escalar de uma partícula, em


um instante t1 seja v1, e em um instante posterior, t2, a ve-
Inicialmente, foi analisado que a velocidade é a rapidez locidade escalar seja v2. A aceleração escalar média
com que um corpo muda sua posição ao longo do tem- (am) da partícula entre esses dois instantes de tempo é
po. Em seguida, foi estudado um caso especial em que a definida como sendo a variação da velocidade dividida
velocidade permanecia constante ao longo do tempo. Con- pelo tempo transcorrido:
tudo, no dia a dia é possível perceber que as pessoas e os
v –v
objetos não estão sempre com velocidade constante; pelo am = ​ Dv
___ ​ = _____
​  2 1 ​ 
Dt t2 – t1
contrário, nota-se que os objetos possuem uma determina-
da velocidade em um instante e, em um instante posterior, Nessa definição, a unidade de aceleração é igual à razão
possuem outra velocidade. Esse é o caso, por exemplo, de entre a unidade de velocidade e a unidade de tempo. No
um carro inicialmente em repouso que adquire velocidade, SI, tem-se:
mas, ao se aproximar de um semáforo com o sinal vermel-
ho, reduz sua velocidade até o repouso. m ​ 
​ __
m/s
​  s ​  = ​  ss  ​ = __
___ __ ​  m ​ ⋅ __
​ 1 ​ = __
​ m2 ​ = m ⋅ s–2
Assim, é preciso definir uma nova grandeza que esteja rela- ​ __  ​ s s s
cionada com essa variação da velocidade. A rapidez com que 1
um corpo varia sua velocidade é denominada aceleração. Como o intervalo de tempo ∆t é sempre positivo, o sinal
da aceleração escalar média é igual ao sinal da variação
A ideia de aceleração está sempre ligada à variação de velocidade ∆v.
da velocidade.
§ Se vf > vi, temos (vf – vi) > 0 e a > 0.
§ Se vf < vi, temos (vf – vi) < 0 e a < 0.
Note que, no caso de movimento retilíneo uniforme, vf = vi,
e, portanto, (vf – vi) = 0, ou seja, a = 0. Assim, a aceler-
ação é nula no movimento retilíneo uniforme.

3. Unidades de aceleração
A razão entre uma unidade de velocidade e uma unidade de
tempo é denominada unidade de aceleração. Por exemplo:
km/h
1​ ____
multimídia: vídeo s ​  
Entretanto, essa unidade não pertence ao SI. O exemplo
Fonte: Youtube
seguinte ilustra a unidade de aceleração no SI e seu sig-
Física - Aceleração (Khan Academy)
nificado: uma pedra cai de uma determinada altura e sua
velocidade é de vi = 5 m/s logo depois de iniciar a queda.
2. Aceleração escalar média Após um intervalo de tempo ∆t = 2 s, sua velocidade é de
vf = 25 m/s. A aceleração da pedra é:
v – vi
a = _____
​  f  ​  ​ 25 m/s –  ​
  = ____________
   5 m/s  ​ 20 m/s
= ______  ​
  
Dt 2 s 2 s
ou
​ 10 sm/s
a = ______  ​  

6
Esse resultado demonstra que a velocidade de pedra au- Em geral, o resultado anterior é apresentado da forma a =
menta em 10 m/s a cada 1 s. Assim, no SI, a unidade de 10 m/s2. Dessa forma:
aceleração é 1 (m/s)/s, que se convencionou escrever da
seguinte maneira: No SI, a unidade de aceleração é 1 m/s2. A velocidade
m/s ​  = 1​ __
1​ ___ m ​  ∙ __
1 m
___ varia de 1 m/s a cada 1 s.
s s ​  s ​ = 1 ​ s2 ​ 

VIVENCIANDO

Mudanças na velocidade são comuns no nosso dia a dia: um carro que trafega numa avenida e desacelera, parando
devido a um semáforo vermelho, ou o mesmo um carro que acelera, quando o semáforo está verde; também na
queda dos corpos, que veremos nas próximas aulas.
No geral, os móveis alteram entre diversos movimentos, o que tornaria o estudo completo algo mais difícil, por isso
“quebramos” o movimento em partes, das quais conseguimos estudar com facilidade, MU e MUV, saber distinguir
entre esses dois tipos de movimento, conhecer suas funções horárias, é fundamental para a resolução de problemas.

4. Movimentos acelerado ade é de v2 = –30 m/s. Contudo, se em t1 sua velocidade é


de v1 = 30 m e, num instante seguinte t2, ela diminui para v2
e retardado = 20 m/s, seu movimento é denominado retardado.
§ O movimento é acelerado se o módulo da velocidade
O movimento pode ser classificado como progressivo ou
aumenta:
como retrógrado. Ainda assim, é possível caracterizar ainda
mais o movimento. Afirma-se que o movimento é acelerado movimento acelerado ⇒ |v| aumenta
quando, em módulo, a velocidade aumenta com o tempo, e § O movimento é retardado se o módulo da velocidade
que um movimento é retardado (freado) quando o módulo diminui:
da velocidade diminui com o tempo. Matematicamente,
nota-se que o sinal da aceleração e o sinal da velocidade movimento retardado ⇒ |v| diminui
no movimento acelerado são idênticos, e no movimento Agora, é possível classificar o movimento como sendo
retardado os sinais são opostos. progressivo acelerado, progressivo retardado, retrógrado
acelerado ou retrógrado retardado. Observe ainda que
§ a > 0 e v > 0 ou a < 0 e v < 0 o movimento é o fato de o movimento ser progressivo ou retrógrado se
acelerado (a e v têm o mesmo sinal). deve a uma escolha da orientação; entretanto, o movi-
§ a > 0 e v < 0 ou a < 0 e v > 0 o movimento é mento ser acelerado ou retardado não tem relação algu-
retardado (a e v têm sinais diferentes). ma com a escolha da orientação.

v>0 v>0
Aplicação do conteúdo
a>0 a>0

1. Um automóvel se desloca por uma estrada, e sua ve-


S S
locidade aumenta ao longo do tempo. Em um determi-
a>0
a>0 v>0 v>0 nado instante, o automóvel tem velocidade escalar de
S S
54 km/h e, após 2,0 segundos, sua velocidade passa a
ser 72 km/h. Determine a aceleração escalar média do
Por exemplo, se um carro tem velocidade v1 = 10 m/s em t1 automóvel nesse intervalo de tempo.
e, num instante posterior, t2 sua velocidade é de v2 = 30 m/s,
afirma-se que o movimento é acelerado. O mesmo ocorre se Resolução:
v1 = –10 m/s em t1 e, num instante posterior t2, sua velocid- O intervalo de tempo é Dt = 2,0 s.

7
A variação de velocidade escalar nesse intervalo de tempo foi:
aceleração constante ⇒ a = am = ​  Dv
___ ​ 
Dv = (72 km/h) – (54 km/h) ⇒ Dv = 18 km/h Dt

Como o intervalo de tempo foi dado em segundos, faça a


transformação da unidade de velocidade:
18  ​ m/s = 5 m/s
Dv = 18 km/h = ​ ___
3,6
Assim, calcule a aceleração:
5,0 m/s
am = ​ Dv
___ ​ = ______
​   ​ 
 = 2,5 m/s2
Dt 2,0 s
Esse resultado mostra que, em média, a velocidade aumentou
2,5 m/s a cada segundo.
2. Um carro de corrida é acelerado de forma que sua ve- multimídia: vídeo
locidade em função do tempo é dada conforme a tabela:
Fonte: Youtube
t(s) 3 6 9 Física Total - Aula 05 - Movimento Uniformemente
v(m/s) 20 30 60 Variado - MUV

Determine o valor da aceleração média desse carro entre A tabela abaixo mostra as velocidades escalares de uma
t1 = 3 s e t2 = 9 s. partícula em intervalos de 1 segundo. A velocidade varia
Resolução: de modo regular, ou seja, a cada 1 segundo, o aumento da
velocidade é 2 m/s. Assim, a aceleração escalar é constante
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se:
e dada por:
a = 2 m/s por segundo = 2 m/s2
t (s) v (m/s)
0 5
A variação de tempo e de velocidade entre os instantes t = 1 7
3 s e t = 9 s será: 2 9
Δt = 9 – 3 = 6 s 3 11
4 13
Δv = v3 – v1 = 60 – 20 = 40 m/s
Dessa forma, a aceleração média será: No caso em que a aceleração é constante e não nula, tem-
se um movimento uniforme.
​ 40 ​ = 6,67 m/s2
Δv ​ = ___
am = ​ ___
Δt 6 se a = 0 → v é constante → o movimento é uniforme
Resposta: A aceleração será de 6,67 m/s2.
Nota: Foi visto que a velocidade é a variação do espaço no
tempo; também foi vito que a aceleração é a variação da
velocidade no tempo. Não há nenhuma grandeza associa-
da à variação da aceleração no tempo. Todos os exercícios
de cinemática são resolvidos em função da posição, da ve-
locidade, da aceleração e do tempo.

5. Movimento retilíneo
uniformemente variado (MRUV) multimídia: sites
Além da aceleração escalar média (am), define-se também a pt.khanacademy.org/science/physics/one-
aceleração escalar instantânea (a), que é a aceleração esca- -dimensional-motion/acceleration-tutorial/a/
lar em um instante de tempo muito curto. Considere o caso acceleration-article
em que a aceleração escalar instantânea é constante. Assim, www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20042/Luciano/
em qualquer intervalo de tempo, a aceleração escalar média cinematica.html
possui o mesmo valor da aceleração escalar instantânea.

8
5.1. Funções horárias É possível demonstrar que a velocidade média no movi-
mento retilíneo uniformemente variado é dada por:
Considere uma partícula realizando um movimento uni-
v + v0
formemente variado em uma linha, como na figura se- vm = _____
​   ​   
guinte. No instante inicial (t = 0), a partícula passa pelo 2
ponto de posição S0 com velocidade escalar v0. Depois de A partir da definição de velocidade média:
algum tempo, em um instante qualquer t, a partícula pas-
S – S0
sa pelo ponto de posição S com velocidade escalar v. A vm = ​ DS
___ ​ = _____
​   ​ 
aceleração escalar é constante ao longo de toda trajetória Dt t – t0
É possível combinar ambas as equações de modo que, para
t0 igual a zero, tem-se:
(v0 + v) (t – 0) ______
(v + v)t
DS = ​ ___________
 ​   = ​  0  ​   
v 2 2
Utilizando a função horária da velocidade escalar v = v0 +
a ⋅ t e Ds = s – s0, obtém-se:
Pela definição da aceleração:
(v + v + at)t ________2v t + at2
​ at ​ 
2
v – v0 S – S0 = ___________
​  0 0  ​   = ​  0  ​   = v0t + ___
a = ​ Dv
___ ​ = _____
​   ​   2 2 2
Dt t – t0
Assim:
Rearranjando a equação:
​ 1 ​ ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
v – v0 = a ∙ t 2
Função horária da posição.
Assim:
Nota: Para t0 diferente de zero, temos as equações:
v = v0 + a ∙ t v = v0 + a ∙ (t – t0)

Função horária da velocidade escalar.


​ 1 ​ · a · (t – t0)2
S = S0 + v0 ∙ (t – t0) + __
2

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Uma função polinomial do segundo grau em uma variável é do tipo f de  em , onde f(x) = a ∙ x² + b ∙ x + c,
com a, b e c números reais e a ≠ 0.
Para determinar a solução de equação do segundo grau 0 = a ∙ x² + b ∙ x + c, utilizamos um algoritmo desenvolvi-
do por Bháskara, em que temos duas raízes dadas por:

​ ​ ∆ ​ ​  
dXX
x = ​ –b ± ___
2a

sendo:

∆ = b2 – 4ac

Onde se ∆ > 0 haverá duas soluções distintas, se ∆ = 0 haverá duas soluções idênticas e se ∆ < 0 não haverá raiz real.
Para um corpo em MRUV, a função horária da posição é uma função polinomial do 2º grau, em uma variável.

9
Nos mesmos 8 segundos, aplica-se a função horária da ve-
Aplicação do conteúdo locidade escalar para se obter a velocidade final do corpo:
1. (Ufal) A velocidade de um móvel aumenta, de ma- v = v0 + at = 0 + 6,875 ∙ 8 = 55 m/s
neira uniforme, 2,4 m/s a cada 3,0 s. Em certo instante,
a velocidade do móvel é de 12 m/s. A partir desse ins-
O enunciado afirma que essa velocidade permanece cons-
tante, nos próximos 5,0 s a distância percorrida pelo
móvel, em metros, é igual a: tante e ainda faltam 2.780 metros para o corpo percorrer.
Assim, o segundo intervalo de tempo será:
a) 10
v = __​ ∆S ​  
b) 30 ∆t
c) 60 55 = ​ 2780 ​
____   
∆t
d) 70
e) 90 ​ 556 ​   s
∆t = ___
11
Resolução: O tempo total será:
O enunciado afirma que a velocidade aumenta a uma taxa ​ 556 ​  = 58,54 ≈ 58 s.
ttotal = 8 + ___
11
de 2,4 m/s em 3 s. Assim, a aceleração do móvel será:
Altenativa D
2,4
Δv ​ = ___
a = ​ ___ ​   ​  = +0,8 m/s2
Δt 3 3. A figura abaixo ilustra uma partícula com mo-
vimento uniformemente variado, com aceleração
Admitindo o início da trajetória o móvel com velocidade de
a = 6 m/s2. A partícula passa pelo ponto de posição 10 m
12 m/s, após 5 s aplica-se a função horária da posição em e velocidade escalar 4 m/s no instante t0 = 0.
MRUV para encontrar a distância percorrida.
​ at ​ 
2
S = S0 + v0t + ___
2
0,8(5)2 s
S – S0 = 12 ∙ (5) + ______
​   ​   = 60 + 0,4 ∙ (25) =
2
= 60 + 10 = 70 m a) No instante t = 5 s, qual é a posição e a velocidade
escalar da partícula?
Altenativa D b) Determine a velocidade escalar média da partícula
entre os instantes t0 = 0 e t = 5 s.
2. (UFBA) Um corpo que parte do repouso deve percor-
rer uma distância de 3.000 m. Os primeiros 220 m ele Resolução:
os percorre em 8 s, sendo que o movimento é uniforme- a) Sabendo que a partícula está em MUV, e sendo
mente acelerado. O restante é percorrido a velocidade a = 6 m/s2, v0 = 4 m/s e S0 = 10 m, tem-se:
constante igual à atingida quando ele alcançou aqueles
220 m. O tempo total aproximado para realizar todo o ​ a ⋅  ​
S = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 

percurso será de: 2
E para t = 5 s:
a) 20 s
6 ⋅ (5)2
b) 30 s S = 10 + 4 ⋅ (5) + ______
​   ​   ⇒ S = 105 m
2
c) 50 s
v = v0 + a ⋅ t
d) 58 s
E para t = 5 s:
Resolução:
v = 4 + 6 ⋅ (5) ⇒ v = 34 m/s
Nos primeiros 8 segundos, o corpo percorre 220 m partin- b) Foi visto que a velocidade média no MUV pode ser
do do repouso. Aplicando a função horária do movimento calculada como:
retilíneo uniformemente acelerado, tem-se:
V + V0
​ at ​ 
S = S0 + v0t + ___
2
vm = ______
​  f  ​
  
2 2
(8)²
220 = 0 + 0 ∙ 8 + a ∙ ___ ​   ​   Assim, a velocidade média é:
2
64a
___
220 = ​   ​  
2 ​ 34 + ​
vm = ______ 4  ​ 38 ​ ⇒
 = ___
2 2
220
___
a = ​   ​  = 6,875 m/s2
32 vm = 19 m/s

10
4. Em uma autoestrada, um guarda (em uma motoci- Desprezando a resposta negativa, tem-se t = 16 s, ou seja,
cleta) persegue um automóvel cujo motorista cometeu depois de 16 segundos do instante representado na figura,
uma infração e que se move com velocidade escalar
o guarda alcança o automóvel.
constante de 20 m/s. A figura a seguir ilustra a situação
em um determinado instante. b) Como o movimento do guarda é uniforme-
mente variado, substituindo t = 16 s na função
8,0 m/s 20 m/s
horária de sua velocidade escalar, obtém-se:

v = v0 + at ⇒ v = 8,0 + 2,0 t
64 m
t = 16 s ⇒ v = 8,0 + (2,0)(16) ⇒ v = 40 m/s
 esse instante, o guarda tem velocidade escalar 8,0
N
m/s. Admitindo que ele se move com aceleração escalar A velocidade do guarda no instante do encontro é de 40 m/s.
constante de 2,0 m/s2 e desprezando os comprimentos
c) Substituindo t = 16 s na equação
dos veículos:
horária da posição do guarda, resulta:
a) A partir do instante representado
na figura, quanto tempo o guarda le- SG = 8,0 t + t²
vará para alcançar o automóvel? t = 16 s ⇒ SG = 8,0(16) + (16)² ⇒ SG = 384 m
b) Qual a velocidade do guar-
da ao alcançar o automóvel? Isto é, o guarda se moveu da posição inicial S0G = 0 até a
c) Determine a distância percorrida pelo
posição SG = 384 m, e, portanto, percorreu a distância de
guarda desde o instante representado na
figura até o instante de encontro. 384 metros.

Resolução:
5.2. Equação de Torricelli
a) Adotemos a posição inicial do guarda como a ori-
gem do eixo de coordenadas dos espaços (S0G = 0), e Os problemas de MRUV podem ser resolvidos com as fun-
64 m como a posição inicial do automóvel (S0A = 64 m). ções horárias da velocidade e da posição. Entretanto, será
G A mostrada a seguir uma equação que relaciona a velocida-
8,0 m/s 20 m/s de e a posição sem envolver o tempo. Essa equação será
0 64 s (m) útil na solução de problemas que não envolvam a variável
tempo no enunciado.
O movimento do guarda é uniformemente variado com S0
= 0, v0 = 8,0 m/s e a 2,0 m/s2, e o automóvel se movimen- Para obter essa equação, o tempo é isolado na função ho-
ta uniformemente com S0 = 64 m e v = 20 m/s. Assim, rária da velocidade:
as funções horárias das posições para o guarda e para o v – v0
automóvel são: v = v0 + at ⇒ at = v – v0 ⇒ t = _____
​  a ​  

guarda (MUV) automóvel (MU) Esse valor de t é substituído na equação horária da posição.
Assim:
​ a  ​t2
S = S0 + v0t + __ S = S0 + vt
2
2,0
SG = 0 + 8,0 t + ​ ___ ​t 2 SA = 64 + 20 t
S = S0 + v0t + ___
2
v–v
​ at ​ ⇒ S = S0 + v0 ​ _____
2
( 
​  a ​0  ​ __
   + )2 (  v – v0 2
​  a  ​ ⋅ ​ ​ _____ )
a ​  
 ​
2 Efetuando os cálculos, obtém-se uma equação denomina-
SG = 8,0 t + t 2
da equação de Torricelli:

Para determinar o instante de encontro, devem ser igua-


ladas as posições do guarda e do automóvel dadas pelas v² = v0² + 2a(S – S0)
equações acima. Assim:

SG = SA
8,0 t + t² = 64 + 20 t Evangelista Torricelli (1608-1647) serviu como copista de
Galileu durante os últimos três meses de vida do mestre
t² – 12t – 64 = 0 renomado. A partir das equações de Galileu para o MUV,
Torricelli deduziu a equação que carrega seu nome. Além
Resolvendo esta equação (de 2.º grau), obtém-se:
disso, Torricelli Inventou o barômetro, instrumento que ser-
t = 16 ou t = –4 ve para medir a pressão atmosférica local.

11
3. (Unicamp) Um automóvel trafega com velocidade
Aplicação do conteúdo constante de 12 m/s por uma avenida e se aproxima de
um cruzamento onde há um semáforo com fiscalização
1. Em uma rodovia, um automóvel viaja com velocidade eletrônica. Quando o automóvel se encontra a uma dis-
escalar constante de 30 m/s. Em determinado instante, tância de 30 m do cruzamento, o sinal muda de verde
o motorista pisa no freio provocando uma desacelera- para amarelo. O motorista deve decidir entre parar o
ção constante de 3,0 m/s2 até o automóvel parar. Cal- carro antes de chegar ao cruzamento ou acelerar o car-
cule a distância percorrida durante a frenagem. ro e passar pelo cruzamento antes do sinal mudar para
vermelho. Esse sinal permanece amarelo por 2,2 s. O
Resolução: tempo de reação do motorista (tempo decorrido entre
o momento em que o motorista vê a mudança de sinal e
A figura a seguir ilustra a situação: o momento em que realiza alguma ação) é 0,5 s.
a) Determine a mínima aceleração constante que o
carro deve ter para parar antes de atingir o cruzamen-
to e não ser multado.
b) Calcule a menor aceleração constante que o carro
deve ter para passar pelo cruzamento sem ser multa-
Considerando a velocidade escalar positiva (mesmo sen- do. Aproxime (1,7)² ≈ 3,0.
tido que a orientação da trajetória) e sendo o movimento Resolução:
retardado, a aceleração escalar é negativa: a = –3,0 m/s2. a) O tempo de reação do motorista é 0,5 s e sua veloci-
dade constante é de 12 m/s. Assim, o deslocamento do
A velocidade inicial é v0 = 30 m/s, e a velocidade final é
motorista em MRUV será:
nula (v = 0). Pelas informações fornecidas e devido à falta
de informação sobre o intervalo de tempo, é possível sus- ​ DS ​  
v = ___
Dt
peitar que, provavelmente, a melhor equação a ser usada é
a equação de Torricelli. Assim: ​ DS ​ 
12 = ___
0,5
v² = v0² + 2a (S – S0) ∆S = 6 m.
0 = (30)² + 2(–3) ⋅ DS A distância quando o semáforo muda de verde para amarelo
é 30 m, e a distância na reação é 6 m. Assim, a distância em
Dessa forma:
MRUV é 24 m. Aplicando a equação de Torricelli, tem-se:
DS = 150 m
v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS
2. (PUC) Ao iniciar a travessia de um túnel retilíneo de
200 metros de comprimento, um automóvel de dimen- (0)2 = (12)2 + 2 ∙ a ∙ 24
sões desprezíveis movimenta-se com velocidade de 25 a = –3 m/s2
m/s. Durante a travessia, desacelera uniformemente,
saindo do túnel com velocidade de 5 m/s. O módulo de Resposta: A mínima desaceleração é de 3 m/s2.
sua aceleração escalar, nesse percurso, foi de:
b) O tempo total é 2,2 s, e o tempo de reação é
a) 0,5 m/s². 0,5 s. Assim, o tempo do carro em MRUV será:
b) 1,0 m/s².
c) 1,5 m/s². ttotal = treação + tMRUV
d) 2,0 m/s². 2,2 = 0,5 + tMRUV
e) 2,5 m/s².
tMRUV = 1,7 s.
Resolução:
Aplicando a função horária da posição em MRUV, desco-
A velocidade inicial é 25 m/s e a final é 5 m/s. A variação de bre-se a aceleração do carro.
​ at ​ 
2
espaço é de 200 m. Aplica-se a equação de Torricelli para S = S0 + v0 t + ___
2
encontrar a desaceleração do corpo. (1,7)2
24 = 0 + 12 ∙ (1,7) + a ∙ ​ _____ ​  
2
v² = v0² + 2aDS
a = 2,4 m/s2.
(5)² = (25)² + 2 ∙ a ∙ 200 Resposta: A aceleração será de 2,4 m/s2.
a = –1,5 m/s². 4. (UEL) Um motorista está dirigindo um automóvel a
Assim, o módulo da aceleração é 1,5 m/s . 2 uma velocidade de 54 km/h. Ao ver o sinal vermelho,
pisa no freio. A aceleração máxima para que o automó-
Alternativa C vel não derrape tem módulo igual 5 m/s2. Qual a menor

12
distância que o automóvel irá percorrer, sem derrapar e é possível escrever a função horária da velocidade, que de
até parar, a partir do instante em que o motorista acio- maneira genérica é dada por:
na o freio?
a) 3,0 m v(t) = v0 + a · t
b) 10,8 m
c) 291,6 m
d) 22,5 m E, assim, temos que:
e) 5,4 m v(t) = –3 + 6 ∙ t
Resolução:
Do mesmo modo, pode-se inferir a velocidade inicial e
Aplicando a análise dimensional na velocidade inicial, tem-se: aceleração a partir da função da velocidade. Na fun-
ção da velocidade, o coeficiente independente trata-se
​ 1000  ​
v0 = 54 km/h ∙ ______ m  ​  1 h  ​ 
. ______
  = 15 m/s
1 km 3600 s da velocidade inicial e o coeficiente que acompanha
Fazendo um desenho ilustrativo do problema: a variável t é a aceleração. Seja uma dada função da
velocidade v(t) = 5 + 8 ∙ t, temos que v0 = 5 m/s e
a = 8 m/s2. Porém não conseguimos escrever a função
da posição, pois ainda falta a posição inicial, neste caso
o enunciado irá fornecer a informação, por exemplo
S0 = –3 m . Assim, poderemos substituir na função gené-
rica da posição:
O vetor aceleração é contra a trajetória; dessa forma, tem-
-se uma desaceleração. Aplicando a equação de Torricelli, ​ a ⋅ ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2  
2
obtém-se:
Assim, teremos que:
v² = v0² + 2aDS
S(t) = –3 + 5 · t + 4 ∙ t2
0² = (15)² + 2 ∙ (–5) ∙ DS
0 = 225 – 10 DS
225 ​  = 22,5 m
DS = ​ ___
10
Alternativa D

5.3. Identificando as variáveis


Dada uma função horária de posição qualquer, é possível
descobrir por análise as variáveis de interesse S0, v0 e a afim
de construir a função horária da posição. Como é sabido,
todo movimento uniformemente variado tem a função da
posição do seguinte modo:

​ a ⋅  ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 

2

A posição inicial sempre será o coeficiente independente,


ou seja, aquele que não multiplica nenhuma potência da
variável t. Caso não exista, resulta que S0 = 0. A velocidade
inicial será o coeficiente que acompanha a potência de t
que tem o expoente 1. Por fim, a aceleração será o dobro
do coeficiente que acompanha a potência de t que está ao
quadrado. Caso falte alguma potência de t, isso se deve ao
fato de que o coeficiente é nulo.
Se, por exemplo, for fornecida uma função S(t)=5 – 3 ∙t + 3 ∙ t2,
é possível comparar com a função da posição genérica e
identificar S0 = 5 m, v0 = –3 m/s e a = 6 m/s2. Dessa forma,

13
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar
19 problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A habilidade 19 avalia a capacidade do estudante de avaliar métodos em solucionar problemas cotidianos, rela-
cionados também ao movimento de corpos acelerados. O exemplo mais comum disto são os exercícios que en-
volvem veículos de transporte (carros, motos, caminhões) que constantemente mudam sua velocidade ao trafegar
pelas vias públicas. Avaliar qual é a distância que um móvel percorre até frear em um semáforo, por exemplo, é
frequente nas avaliações do Enem, sendo esta uma situação-problema clássica.

Modelo 1
(Enem) O trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), que circula diariamente entre a cidade de
Cariacica, na Grande Vitória, e a capital mineira Belo Horizonte, está utilizando uma nova tecnologia de frenagem
eletrônica. Com a tecnologia anterior, era preciso iniciar a frenagem cerca de 400 metros antes da estação. Atual-
mente, essa distância caiu para 250 metros, o que proporciona redução no tempo de viagem.
Considerando uma velocidade de 72 km/h, qual o módulo da diferença entre as acelerações de frenagem depois e
antes da adoção dessa tecnologia?
a) 0,08 m/s2
b) 0,30 m/s2
c) 1,10 m/s2
d) 1,60 m/s2
e) 3,90 m/s2

Análise expositiva 1 - Habilidade 19: Neste exercício o aluno se depara na mesma situação com duas possibilida-
B des de sistema de frenagem e deve calcular o módulo da diferença entre elas, fazendo-se necessária a aplicação e ma-
nipulação das fórmulas que regem o MRUV, o estudante deve repetir o mesmo procedimento em ambas as situações.
Supondo essas acelerações constantes, aplicando a equação de Torricelli para o movimento uniformemente retardado, vem:

v2 = vO2 – 2 a ∆S ⇒ O2 = v02 – 2 a ∆S ⇒

( ​  20   ​  
)
2
v 2 a1 = _______ ⇒ a1 = 0,5 m /s2
a =  0  ​ ⇒         2 · 400
​ ​  ____________________________  ​  ​ ⇒ |a1 – a2| = |0,5 - 0,8| ⇒ |a1 – a2| = 0,3 m/s2.
2∆S a2 = ​  20 2
_______ ⇒ a1 = 0,8 m/s
  ​   2
2 · 250

Alternativa B

14
Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 mais uma vez aparece, já que mais um passo é acrescentado ao estudo do movimento dos corpos: agora
os corpos podem possuir aceleração não nula. No cotidiano mundano das pessoas, os móveis estão em constante alter-
ação do seu movimento, o exemplo mais clássico disto é um automóvel que após estar estacionado adquire movimento,
sendo freado posteriormente em algum semáforo e acelerado novamente inúmeras vezes até chegar em seu destino. A
mudança da velocidade é algo normal e se faz presente em inúmeras situações-problema que o estudante irá encontrar.

Modelo 2
(Enem) Um motorista que atende a uma chamada de celular é levado à desatenção, aumentando a possibilidade de
acidentes ocorrerem em razão do aumento de seu tempo de reação. Considere dois motoristas, o primeiro atento e o
segundo utilizando o celular enquanto dirige. Eles aceleram seus carros inicialmente a 1,00 m/s2. Em resposta a uma
emergência, freiam com uma desaceleração igual a 5,00 m/s2. O motorista atento aciona o freio à velocidade de 14,0
m/s enquanto o desatento, em situação análoga, leva 1,00 segundo a mais para iniciar a frenagem.
Que distância o motorista desatento percorre a mais do que o motorista atento, até a parada total dos carros?
a) 2,90 m
b) 14,0 m
c) 14,5 m
d) 15,0 m
e) 17,4 m
Análise expositiva 2 - Habilidade 20: Excelente exercício, traz para a realidade do estudante a aplicação direta das
E funções horárias do movimento uniformemente acelerado em uma situação-problema comum nos dias atuais: moto-
ristas imprudentes que utilizam celulares enquanto dirigem. Aplicando as funções e manipulando as equações o estu-
dante será capaz de perceber qual a real diferença entre dirigir com atenção e dirigir enquanto se manipula um celular.
Para o motorista atento, temos:
Tempo e distância percorrida até atingir 14 m/s a partir do repouso:
v = v0 + at
14 = 0 + 1 · t1 ⇒ t1 = 14 s
v2 = v02 + 2a∆S
142 = 02 + 2 · 1 · d1 ⇒ d1 = 98 m
Distância percorrida até parar:
02 = 142 + 2 · (–5) · d1’ ⇒ d1’ = 19,6 m
Distância total percorrida:
∆S1 = d1 + d1’ = 98 + 19,6 ⇒ ∆S1 = 117,6 m
Para o motorista que utiliza o celular, temos:
t2 = t1 + 1 ⇒ t2 = 15 s
Velocidade atingida e distância percorrida em 15 s a partir do repouso:
v2 = 0 + 1 · 15 ⇒ v2 = 15 m/s
152 = 02 + 2 · 1 · d2 ⇒ d2 = 112,5 m
Distância percorrida até parar:
02 = 152 + 2 · (–5) . d2’ ⇒ d2’ = 22,5 m
Distância total percorrida:
∆S2 = d2 + d2’ = 112,5 + 22,5 ⇒ ∆S2 = 135 m
Portanto, a distância percorrida a mais pelo motorista desatento é de:
∆S = ∆S2 – ∆S1 = 135 – 117,6
∴∆S = 17,4 m
Alternativa E

15
DIAGRAMA DE IDEIAS

MOVIMENTO

VELOCIDADE ALTERAÇÃO DA
REFERENCIAL
INICIAL VELOCIDADE

VELOCIDADE
FINAL

FUNÇÕES CONDIÇÕES
HORÁRIAS INICIAIS
ACELERAÇÃO

16
AULAS Gráficos do MRUV
11 e 12
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 20

1. Gráfico da aceleração
escalar em função do tempo
No Movimento Retilíneo Uniformemente Variado(M.R.U.V.),
a aceleração escalar a é uma constante e não nula. Em
consequência, o gráfico a x t, da aceleração (no eixo das
ordenadas) em função do tempo (no eixo das abscissas), é
uma reta paralela ao eixo dos tempos.
Existem duas possibilidades para o gráfico da aceleração.
Caso a aceleração seja favorável à orientação adotada, o
gráfico será uma reta paralela ao eixo horizontal e acima
dele. Entretanto, se a aceleração for contrária à orientação
adotada, o gráfico será uma reta paralela ao eixo horizon-
tal e abaixo do mesmo.
Nos gráficos acima foram assinalados dois triângulos
retângulos em que o cateto vertical corresponde à variação
da velocidade escalar (Dv), e o cateto horizontal representa
a variação do tempo (Dt). A aceleração escalar pode ser
obtida com base no gráfico. Calculando:

a = tg α = ​ Dv
___ ​ 
Dt

Observe que, se a função for crescente, o resultado será


uma aceleração positiva; se a função for decrescente, o re-
sultado será uma aceleração negativa.

Gráficos da velocidade
escalar em função do tempo
A função horária da velocidade escalar v é uma função
do 1.° grau (v = v0 + at). Assim, o gráfico v × t, da velo-
cidade escalar em função do tempo, é uma reta incli-
nada. Quando a aceleração escalar for positiva (a > 0), a multimídia: vídeo
inclinação da reta será positiva, ou seja, o gráfico será
Fonte: Youtube
crescente; quando a aceleração escalar for negativa G1 - Saiba como interpretar gráficos de
(a < 0), a inclinação da reta será negativa, ou seja, o gráfico movimento
será decrescente. Observe as figuras a seguir.

17
Aplicação do conteúdo
1. Na figura a, está representado o gráfico da velocida-
de escalar em função do tempo de uma partícula. Como
o gráfico é retilíneo, o movimento é uniformemente va-
riado (MUV). A aceleração escalar do movimento, como
foi visto acima, pode ser calculada a partir de um triân-
gulo retângulo qualquer, cuja hipotenusa esteja sobre o Resolução:
gráfico, e os catetos horizontal e vertical, como o triân-
gulo retângulo sombreado na figura b. Para o cateto vertical desse triângulo, tem-se:
|Dv| = 27 – 9 = 18
Entretanto, é possível observar no gráfico que a velocidade
escalar diminui ao longo do tempo. Desse modo, a variação
da velocidade é negativa ∆v < 0, então:
Dv = –18 m/s
Calculando a aceleração:
a = ​ Dv ​  –18 m/s
___ ​ = ______  ​  = –3 m/s2
Dt 6 s
Ou seja, a aceleração escalar é negativa.
Do gráfico, obtém-se a velocidade inicial v0 = 27 m/s, e a
função horária da velocidade escalar é:
v = v0 + at ⇒ v = 27 – 3t

Observe a seguir o gráfico a × t para esse movimento:


Resolução:
Dos valores dos catetos do triângulo, calcula-se:

a = ​ Dv ​  20 m/s
___ ​ = ______  ​ 
 = 5 m/s2
Dt 4 s
Observando ainda a figura, no instante t = 0 a velocidade é
10 m/s, ou seja, a velocidade inicial é v0 = 10 m/s.
Assim, encontra-se a função horária da velocidade escalar:
1.1. Propriedade do gráfico a × t
v = v0 + at ⇒ v = 10 + 5t No gráfico da aceleração pelo tempo a = a(t), tem-se uma
propriedade de grande importância. A área compreendida
O gráfico da aceleração escalar em função do tempo para
entre a função e o eixo das abscissas é numericamente
esse movimento é representado na figura abaixo:
equivalente à variação da velocidade.

2. Na figura a, está representado um gráfico v × t. Nova-


mente o gráfico é uma reta e, portanto, representa um
MUV. Para calcular a aceleração, considere o triângulo
retângulo sombreado na figura b.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Gráficos do MRUV

18
Caso a função v(t) seja decrescente (a aceleração é negativa),
nos instantes em que a velocidade for negativa tem-se mov-
imento retrógrado acelerado, e nos instantes que a veloci-
dade for positiva tem-se movimento progressivo retardado.

Em ambos os casos, t’ é o instante em que ocorre a in-


versão do movimento, ou seja, quando o móvel para e
passa a deslocar-se em sentido contrário ao anterior.
No caso do movimento uniforme (MU), a área da figura
entre o gráfico da velocidade escalar e o eixo do tempo é
numericamente igual à variação de posição. Essa proprie-
dade também é válida para o movimento uniformemente
variável (MUV).
Por convenção, se a área estiver acima do eixo das ab-
scissas, a variação da velocidade será positiva. Se a área
estiver abaixo, a variação da velocidade será negativa.

1.2. Propriedade do gráfico v × t


Como foi visto anteriormente, a função da velocidade pelo
tempo é uma função do primeiro grau v = v(t) = v0 + a . t;
nesse sentido, existem dois pontos de extremo interesse. O
primeiro é o ponto no qual a função corta o eixo vertical.
Esse ponto é a velocidade inicial v0. O segundo é o ponto
no qual a função corta o eixo horizontal. Esse ponto marca
o instante em que a velocidade é nula e pode indicar o ins-
tante em que ocorreu a inversão do sentido de movimento.
A partir do gráfico v × t também é possível carac-
terizar o movimento. Se a função v(t) for crescente
(a aceleração é positiva), nos instantes em que a velocid-
ade for negativa tem-se movimento retrógrado retardado,
e nos instantes em que a velocidade for positiva tem-se
movimento progressivo acelerado.

Como é possível observar nos gráficos acima, as áreas dos


trapézios sombreados são numericamente iguais aos mód-
v<0 v>0 ulos das variações de posição (DS) entre os instantes t1 e
a>0 a>0 t2. Vale lembrar que, se a área está acima do eixo das ab-
movimento movimento scissas, o deslocamento é positivo; e se a área se encontra
retardado acelerado
abaixo do eixo, o deslocamento é negativo.

19
VIVENCIANDO

As funções parabólicas são aplicadas de diversas maneiras na engenharia, como no uso para construção de antenas
parabólicas e faróis de carro. A construção dos gráficos possibilita a criação de modelos que ajudam a entender e a
prever os desenvolvimentos dos movimentos a serem estudados. Apesar de o universo possuir muitas dimensões,
é possível se deparar com movimentos unidimensionais ou que podem ser aproximados para esse modelo. A porta
automática que abre quando você avança ou o correr de uma cortina são exemplos disso.
O modelo matemático proporcionado pelos gráficos criados permite a compreensão de diversos movimentos acele-
rados, como um carro de Fórmula 1 acelerando em direção à linha de chegada na reta final de um Grand Prix.

Aplicação do conteúdo
1. Um automóvel se move com velocidade constante
de 20 m/s. Então o motorista pisa no freio de modo que
o automóvel adquire movimento uniformemente retar-
dado e para 4 segundos depois. Calcule a distância per-
corrida pelo automóvel durante a frenagem.

Resolução:

É possível resolver o problema calculando a aceleração do


movimento usando a função horária da velocidade e subs-
tituindo o valor da aceleração na função horária da posição
(ou na equação de Torricelli). Entretanto, vamos calcular Considerando que o corpo parte da posição S0 = 10 m no
graficamente (trata-se um método mais rápido): esboce o instante t0 = 0 s, é CORRETO afirmar que o diagrama que
gráfico v × t, embora o problema não o tenha pedido. representa esse movimento é:
Na figura a seguir está representado o esboço do gráfico a) b)
a m/s2 a m/s2
v × t. A área do triângulo sombreado, como foi visto, é
numericamente igual a variação de posição:

c) d)

(4,0)(20)
DS =_______
​   ​   ⇒ Ds = 40 m
2
Dessa forma, o automóvel percorreu 40 m durante a frenagem.
Resolução:
2. (UFLA) O diagrama abaixo, velocidade versus tempo,
representa o movimento de um corpo ao longo de uma Em um gráfico de velocidade em função do tempo no MRUV,
trajetória retilínea. a aceleração constante é o coeficiente angular (tg x).

20
Resolução:
Afirmativa I – Incorreta.
A distância percorrida pelo piloto nos primeiros 8 segundos
será:

(v – v ) ________
(–20 – (+ 20)
​ ∆v ​ = ______
a = tg x = ___ ​  f 0 ​   
= ​   ​ =
  – 20 m/s².
∆t (tf – t0) (2 – 0)
A velocidade inicial é 20 m/s, e a posição inicial é 10 m;
assim, a função horária do espaço será:
(80) ∙ (8)
DS0-8 = A1 =______
​   ​   = 320 m
​ at ​ 
2
S(t)= S(0) + v(0) t + ___ 2
2
Afirmativa II – Correta.
S(t) = 10 + 20t –10t2
(80) ∙ (8)
Substituindo o tempo por 2 segundos, tem-se: DS0-9 =______
​   ​   + (80) ∙ (9 – 8) =
2
S(2) = 10 + 20 ∙ (2) – 10(2)² = 10 + 40 – 40 = 10 m. = 320 + 80 = 400 m.
A única resposta possível é a alternativa A. Afirmativa III – Correta.
Alternativa A A distância percorrida pelo piloto nos 14 segundos será:
2. (Unesp) No gráfico a seguir são apresentados os va- (80) ∙ (8)
lores da velocidade v, em m/s, alcançada por um dos DS0-14 = A1 + A2 + A3 + A4 = ______
​   ​   +
2
pilotos em uma corrida em um circuito horizontal e fe- (80 + 20) ∙ (12 – 10)
chado, nos primeiros 14 segundos do seu movimento 80(10 – 8) + ​ _____________
    ​  +
2
(20) ∙ (13 – 12)
_________
​ 
    ​ 
2
DS0-14 = 320 + 160 + 100 + 10
DS0,14 = 590 m.
Afirmativa IV – Incorreta, pois, como é possível observar no
gráfico, entre os instantes 8 e 10 s o movimento é uniforme,
e nos instantes 10 e 13 s o movimento é retardado (a < 0).
Alternativa A.

1.3. Propriedade da velocidade média


Sabe-se que de 8 a 10 segundos a trajetória era retilínea. O gráfico v × t pode ser utilizado para calcular a variação de
Considere g = 10 m/s2 e que para completar uma volta o posição e a velocidade escalar média entre os instantes t1 e t2:
piloto deve percorrer uma distância igual a 400 m.
A partir da análise do gráfico, são feitas as afirmações:
I. O piloto completou uma volta nos primeiros 8 segundos
de movimento.
II. O piloto demorou 9 segundos para completar uma volta.
III. A distância percorrida nos 14 segundos é menor que
600 metros.
IV. Em todo tempo o movimento é acelerado. A área sombreada representa o deslocamento entre os in-
São verdadeiras apenas as afirmações: stantes t1 e t2. Se a área estiver acima do eixo horizontal,
a velocidade média é positiva; se a área estiver abaixo do
a) II e III. d) I, III e IV.
eixo horizontal, a velocidade média é negativa. Para o cál-
b) II e IV. e) II, III e IV. culo da velocidade média, é preciso calcular a razão entre
c) III e IV. a área e a diferença entre intervalos de tempo.

21
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Matemática e Física estão fundamentalmente relacionadas. O desenvolvimento das duas disciplinas tem diversas
conexões, e o uso de gráficos em experimentos científicos é um passo importante da construção do conhecimento
na Física, além de uma das formas de criar uma interpretação para os eventos e experimentos científicos. Gráficos
são uma técnica gráfica para representar um conjunto de dados, geralmente relacionando duas ou três variáveis.
A parábola, curva gráfica característica de funções polinomiais de equações do 2.º grau, aparece aqui como uma
forma de modelar matematicamente a relação entre espaço × tempo de um móvel em MRUV.

f(x) f(x)

x x

Dessa forma, a velocidade escalar média é:


Aplicação do conteúdo
Dv ​ = ____
vm = ​ ___ ​ 75 m
 ​  = 25 m/s
1. Determine a velocidade escalar média entre os ins- Dt 3 s
tantes t = 3 s e t = 6 s para o movimento representado
no gráfico abaixo.

2. Gráfico da posição
em função do tempo
A função horária da posição do movimento retilíneo
uniformemente variado (M.R.U.V.) é uma equação do
segundo grau em t.

​ a ⋅  ​
S = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2  
Resolução: 2

 partir da área sombreada na figura abaixo, é possível cal-


A Assim, o gráfico da posição em função do tempo (s × t)
cular a variação de posição DS. Por ser um trapézio, tem-se: deve ser um arco de parábola. Ele pode ocorrer de dois
modos: a concavidade pode ser para cima ou para baixo.
Como na função do segundo grau, a concavidade é deter-
minada pelo sinal que acompanha o coeficiente da variável
de grau dois; no caso da função da posição, a concavidade
é determinada pela aceleração. É importante ressaltar que
o gráfico da posição pelo tempo não informa necessaria-
mente a trajetória descrita pelo móvel.

a > 0 ⇒ concavidade para cima


(20 + 30)(3) a < 0 ⇒ concavidade para baixo
DS =__________
​   ​   ⇒ DS = 75 m
2

22
Observe que, à esquerda do ponto A, a posição aumenta
com o tempo, fator que indica uma velocidade positiva (v
> 0); como a aceleração é negativa (a < 0), tem-se um
movimento progressivo retardado. No ponto A, o móvel
tem velocidade nula e nele ocorre a inversão do sentido
do movimento. Por fim, à direita do ponto A, a posição
diminui com o tempo, fator que indica uma velocidade
negativa (v < 0); como a aceleração é negativa (a < 0),
tem-se um movimento retrógrado acelerado.

Aplicação do conteúdo
1. (UFB) O espaço (posição) de um móvel varia com o
tempo conforme o gráfico abaixo.

Nem sempre o gráfico apresentará o aspecto dos gráficos


descritos acima; como não foram considerados os tempos
negativos, foi considerado apenas o trecho de linha con-
tínua da parábola, à direita do eixo vertical.
O ponto A assinalado em cada figura é o vértice da parábo-
la e corresponde ao instante em que a velocidade se anula,
isto é, v = 0 no instante t’. Será nesse instante que poderá Pede-se determinar:
ocorrer mudança no sentido do movimento. a) O espaço (posição) inicial S0, o instante ti em que
o móvel inverte o sentido de seu movimento e o(s)
O gráfico da posição pelo tempo também é útil para caracteri- instante(s) em que passa pela origem dos espaços
zar o movimento. No caso de a aceleração ser positiva, tem-se: (posições, marco zero).
b) O intervalo de tempo em que o movimento é pro-
gressivo e o intervalo de tempo em que o movimento
é retrógrado.
c) O intervalo de tempo em que o movimento é acele-
rado e em que é retardado.
S’
d) A função horária do espaço.
e) A função horária da velocidade e sua represen-
tação gráfica.
f) A função horária da aceleração e sua representação
Observe que, à esquerda do ponto A, a posição diminui
gráfica.
com o tempo, fator que indica uma velocidade negativa
(v < 0); como a aceleração é positiva (a > 0), tem-se um Resolução:
movimento retrógrado retardado. No ponto A, o móvel a) De acordo com o gráfico, a posição inicial é 8 metros,
tem velocidade nula e nele ocorre a inversão do sentido do o instante que o móvel inverte o sentido do seu movi-
movimento. Por fim, à direita do ponto A, a posição aumen- mento é 3 segundos, e os instantes em que o móvel
passa pela origem (S(t) = 0 m) são 2 e 4 segundos.
ta com o tempo, fator que indica uma velocidade positiva
b) O movimento é progressivo quando o móvel se des-
(v > 0); como a aceleração é positiva (a > 0), tem-se um
loca no sentido dos marcos crescentes (v > 0), o que
movimento progressivo acelerado. ocorre após t = 3 s, e retrógrado quando o móvel se
No caso de a aceleração ser negativa, tem-se: desloca no sentido dos marcos decrescentes (v < 0), o
que ocorre entre 0 e 3 s.
S’ c) O movimento é acelerado após 3 s, uma vez que
a aceleração e a velocidade têm mesmo sinal (a é
positiva, ou seja, “a concavidade da parábola é para
cima”, e v é positiva, isto é, “se desloca no sentido
dos marcos crescentes”). O movimento é retardado
entre 0 e 3 s, pois a aceleração é positiva e a veloci-
dade é negativa.
d) Sendo a função do espaço S(t) = a + bt + ct², bas-
ta substituir os pontos conhecidos para encontrar as
incógnitas da função.

23
S(0) = 8 t v(t)
a + b(0) + c(0)² = 8 0 –6
a=8 3 0
S(2) = 0 f) A aceleração é uma constante durante todo o
a + b(2) +c(2)² = 0 tempo. Assim a sua função e o seu gráfico serão:
8 + 2b + 4c = 0 a(t) = 2 m/s²
b + 2c = –4 (equação 1)
S(3) = –1
a + b(3) + c(3)² = –1
8 +3b + 9c = –1
–b – 3c = +3 (equação 2)
Ao realizar a soma das equações 1 e 2, tem-se:
(b + 2c) + (–b –3c) = –4 + 3
b + 2c – b – 3c = –1
c=1
É preciso voltar à equação 1 para encontrar b.
b + 2c = –4
b = –6
Dessa forma, a função horária do móvel será:
S(t) = 8 + (–6)t + (1)t²
S(t) = 8 – 6t + 1t²
multimídia: sites
e) Comparando a função horária do móvel com brasilescola.uol.com.br/fisica/graficos-
a função horária da posição em MRUV, tem-se:
movimento-uniformemente-variado.htm
S(t) = 8 – 6t + 1t²
efisica.if.usp.br/mecanica/basico/mruv/
​ at² ​  
S(t) = S0 +v0t + ___
2 intro/physics.tutorvista.com/motion/
Assim, segue: S0 = 8 m; v0 = –6 m/s; a = 2 m/s2. motion-graphs.html
Aplicando a velocidade inicial e a aceleração na função ho-
rária da velocidade em MRUV, tem-se: 3. (Unifesp)
v(t) = v0 + at
v(t) = (–6) + (2) ∙ t = –6 +2t .
v(t) = 0
–6 + 2t = 0
t=3s
O gráfico da velocidade é uma reta crescente, pois a ace-
leração é positiva.

24
Em um teste, um automóvel é colocado em movimento Calcule, em cm/s, a velocidade do corpo imediatamente
retilíneo uniformemente acelerado a partir do repouso até após esses 16 s.
atingir a velocidade máxima. Um técnico constrói o gráfico
Resolução:
em que se registra a posição x do veículo em função de sua
velocidade v. Através desse gráfico, pode-se afirmar que a As acelerações são: a1 = 4 cm/s² ; a2 = –3 cm/s² ; a3 = 4 cm/s² ;
aceleração do veículo é:
a) 1,5 m/s2. Aplicando a função horária da velocidade acharemos a ve-
b) 2,0 m/s2. locidade final no instante t = 6 s.
c) 2,5 m/s2. v6 = v0 + a1t = 2 + 4(6 – 0) = 26 cm/s.
d) 3,0 m/s2.
e) 3,5 m/s2. Aplicando a função horária da velocidade acharemos a ve-
locidade final no instante t = 10 s.
Resolução:
v10 = v6 + a2t = 26 + (–3) ∙ (10 – 6) = 14 cm/s.

É preciso encontrar dois pontos no gráfico e aplicar a Equa- Aplicando a função horária da velocidade acharemos a ve-
ção de Torricelli para encontrar a aceleração. locidade final no instante t = 10 s.
v16 = v10 + a3t = 14 + (4) ∙ (16 – 10) = 38 cm/s.
v S(t)
0 0
Resposta: A velocidade final será 38 cm/s.
6 9 De maneira mais rápida poderíamos fazer:
v² = v0 + 2 ∙ a ∙ (Sf – S0) ∆v = v – vi
(6)² = (0)² + 2 ∙ a ∙ (9 – 0) onde ∆v é dado pelas áreas A1, A2 e A3:
a = 2 m/s²
∆v = (6 · 4) + (–3 · 4) + (6 · 4) = 36 cm/s
Alternativa B
Logo: v = ∆v + vi
4. (UERJ) Um trem de brinquedo, com velocidade inicial v = 36 + 2 = 38 cm/s
de 2 cm/s, é acelerado durante 16 s.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Telecurso 2000 - Aulas 04/50 - Física - MRUV

O comportamento da aceleração nesse intervalo de tempo


é mostrado no gráfico a seguir:

25
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A habilidade 17 é constantemente acionada nas ciências exatas, e o aluno deverá ser capaz de interpretar fórmulas,
gráficos, tabelas e relações matemáticas traduzindo, interpretando ou colhendo informações conceituais de situações
contextualizadas.

Modelo 1
(Enem 2017) Em uma colisão frontal entre dois automóveis, a força que o cinto de segurança exerce sobre o tórax e
abdômen do motorista pode causar lesões graves nos órgãos internos. Pensando na segurança do seu produto, um
fabricante de automóveis realizou testes em cinco modelos diferentes de cinto. Os testes simularam uma colisão de
0,30 segundo de duração, e os bonecos que representavam os ocupantes foram equipados com acelerômetros. Esse
equipamento registra o módulo da desaceleração do boneco em função do tempo. Os parâmetros como massa dos
bonecos, dimensões dos cintos e velocidade imediatamente antes e após o impacto foram os mesmos para todos os
testes. O resultado final obtido está no gráfico de aceleração por tempo.

Qual modelo de cinto oferece menor risco de lesão interna ao motorista?


a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Análise expositiva 1: O aluno deve ser capaz de ler o gráfico e, a partir dele, retirar as informações necessárias.
B De acordo com o gráfico, o cinto que apresenta o menor valor de amplitude para a aceleração é o 2, sendo, portanto,
o mais seguro.
Alternativa B

20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

26
A habilidade 20 cobra do estudante que ele saiba compreender fenômenos mecânicos relacionados ao movimento
dos corpos: posição, velocidade e aceleração são conceitos fundamentais para essa compreensão.

Modelo 2
(Enem) Para melhorar a mobilidade urbana na rede metroviária é necessário minimizar o tempo entre estações. Para
isso a administração do metrô de uma grande cidade adotou o seguinte procedimento entre duas estações: a locomo-
tiva parte do repouso em aceleração constante por um terço do tempo de percurso, mantém a velocidade constante
por outro terço e reduz sua velocidade com desaceleração constante no trecho final, até parar.

Qual é o gráfico de posição (eixo vertical) em função do tempo (eixo horizontal) que representa o movimento desse trem?

a) d)

b) e)

c)

Análise expositiva: Em muitos casos, esse tipo de exercício é rápido e de fácil resolução. Apesar de cobrar concei-
C tos, a simplicidade do conteúdo facilita a interpretação da informação.

1.º trecho: movimento acelerado (a > 0)→o gráfico da posição em função do tempo é uma curva de concavidade
para cima.

2.º trecho: movimento uniforme (a = 0)→o gráfico da posição em função do tempo é um segmento de reta
crescente.

3.º trecho: movimento desacelerado (a < 0)→o gráfico da posição em função do tempo é uma curva de concavida-
de para baixo.
Alternativa C

27
DIAGRAMA DE IDEIAS

ACELERAÇÃO
GRÁFICOS MRUV
CONSTANTE

GRÁFICOS

POSIÇÃO VELOCIDADE

CONCAVIDADE CONCAVIDADE RETA RETA


PARA CIMA PARA BAIXO CRESCENTE DECRESCENTE

a>0 a<0 a>0 a<0

28
AULAS Queda livre e lançamento vertical
13 e 14
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 20

1. De Aristóteles a Galileu zando a experiência de queda de uma folha e uma pedra,


constatou-se que os dois objetos atingiam a extremidade
Aristóteles, um dos grandes filósofos gregos, viveu por vol- inferior do tubo ao mesmo tempo, ou seja, o tempo gasto
ta de 300 a.C. Ele afirmou que, caso duas pedras, uma com na queda era o mesmo para os dois objetos. Galileu es-
massa menor e outra com massa maior, fossem abandona- tava certo ao afirmar que todos os objetos caem simulta-
das da mesma altura e ao mesmo tempo, a pedra de maior neamente quando a queda ocorre no vácuo ou quando a
massa cairia mais rapidamente e atingiria o solo antes da resistência do ar sobre os objetos pode ser desprezada por
pedra com menos massa. Durante muitos séculos, essa ser muito menor do que seus pesos (como a resistência do
afirmação foi aceita como verdadeira, e, ao que parece, ar sobre as pedras lançadas do alto da torre). Nessas duas
Aristóteles e seus seguidores não se preocuparam em veri- condições, os objetos estão em queda livre.
ficar, por meio de experiência, se isso realmente acontecia.
Galileu Galilei, famoso físico italiano do século XVII, acredi-
tava que deveriam ser realizadas experiências cuidadosas
para comprovar as afirmativas acerca do comportamento
da Natureza. Por esse motivo, ele é considerado um dos
introdutores do método experimental na Física. Conta-se
a seguinte lenda de um experimento realizado por Galileu
para testar as ideias de Aristóteles: do alto de uma tor-
re, Galileu teria abandonado simultaneamente algumas
esferas de massas diferentes. Ele verificou que todas elas
atingiam o solo ao mesmo tempo. Essa experiência contra-
dizia as ideias de Aristóteles. Contudo, muitos seguidores
do pensamento aristotélico não se deixaram convencer, e
Galileu chegou a ser alvo de perseguições por defender
ideias consideradas revolucionárias.
Ainda hoje é comum as pessoas serem guiadas pelo senso Ar Vácuo
comum e afirmarem que um corpo mais massivo atinge o
solo mais rapidamente. A seguir, essa questão será estuda-
da mais detalhadamente.

2. Queda livre
Ao serem soltas simultaneamente de uma mesma altura,
uma pedra e uma folha não atingem o solo ao mesmo
tempo: a pedra cairá com mais rapidez e atingirá o solo
primeiro. Galileu elaborou a hipótese de que o ar talvez
exercesse uma ação retardadora maior sobre a folha. Caso
isso acontecesse, a folha gastaria mais tempo do que a
pedra para cair.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Tempos depois, foi possível comprovar experimentalmente
que a hipótese de Galileu estava correta: retirando o ar de Experimento: queda livre
um tubo fechado, isto é, fazendo vácuo nesse tubo, e reali-

29
Galileu conseguiu observar que a queda livre é um movi- _____
mento uniformemente acelerado, isto é, a velocidade
de um objeto qualquer em queda livre aumenta sempre
√​ 2∙DS
tqueda = ​ ____
g ​ ​   

em quantidades iguais a cada intervalo de tempo de 1


s. Para chegar a essa conclusão, Galileu estudou o mo- Nessa situação, é adotada a orientação com sentido para
vimento de pequenos corpos que partiam do repouso baixo, e é importante ressaltar que os valores da posição
e desciam um plano inclinado. Assim, ele verificou que aumentam de cima para baixo.
o tempo de movimento não se alterava, assim como as
posições assumidas em instantes idênticos, desde que Aplicação do conteúdo
o ângulo do plano inclinado não fosse alterado. Com
1. (PUC) Dois corpos de pesos diferentes são abandona-
efeito, ele percebeu que o movimento de queda dos no mesmo instante de uma mesma altura.
dos corpos não dependia da massa dos corpos
envolvidos. Como todos os corpos partiam do repouso Desconsiderando-se a resistência do ar, é CORRETO
e ganhavam velocidade, Galileu supôs que se tratava de afirmar:
um movimento uniformemente acelerado, ou seja, que a a) Os dois corpos terão a mesma velocidade a
velocidade aumentava sempre nas mesmas proporções. cada instante, mas com acelerações diferentes.
b) Os corpos cairão com a mesma aceleração e suas
Ao alterar o ângulo do plano inclinado, Galileu observou que velocidades serão iguais entre si a cada instante.
havia alteração no tempo de movimento e nas posições as- c) O corpo de menor volume che-
sumidas em instantes idênticos, quando comparados a outro gará primeiro ao solo.
plano inclinado com ângulo distinto. Quanto maior fosse o d) O corpo de maior peso chegará primeiro ao solo.
ângulo do plano inclinado, menos tempo o móvel levava no Resolução:
seu movimento. Assim, Galileu afirmou que, se o ângulo do
plano inclinado fosse de 90°, em uma queda livre, a acelera- Como a resistência do ar é desprezada, eles caem com a
ção sofrida pelo mesmo seria igual a 9,8 m/s a cada 1 s. Essa mesma aceleração, que é a da gravidade. Em consequên-
aceleração é denominada aceleração da gravidade e repre- cia, suas velocidades, em cada instante, serão sempre as
sentada por g. Neste curso, sera adotado para a aceleração mesmas, independentemente de seus pesos.
da gravidade terrestre um valor aproximado: |g| = 10 m/s2. Alternativa B
Sempre será possível adotar esse valor para a aceleração da
gravidade, a não ser que o exercício forneça outro. 2. (FEI) Um atleta, na Vila Olímpica, deixa seu tênis
cair pela janela. Ao passar pela janela do 3.º andar,
Adotando a orientação dos espaços como sendo positiva verifica-se que a velocidade do tênis é de aproxima-
“para baixo”, uma vez que durante a queda livre os objetos damente v = 11 m/s. Sabendo-se que cada andar pos-
se movimentam em sentido ao solo, a aceleração é positiva sui, aproximadamente, altura h = 3 m, e consideran-
do o movimento do tênis uma queda livre, determine
(a = +|g|). Sendo a posição inicial S0 e a velocidade inicial
(considere g = 10 m/s²):
é v0, são escritas as seguintes equações para a queda livre:
a) a velocidade do tênis ao passar por uma janela
do térreo;
v = v0 + |g| ⋅ t
b) de que andar o tênis caiu.

|g| ⋅ t² Resolução:
S = S0 + v0 ⋅ t + ​  ____
 ​   a) Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se:
2

v² = v0² + 2 ⋅ |g| ⋅ DS SS00== 00 3.º ANDAR Vv33 == 11


11m/s
m/s

Sendo o deslocamento DS do móvel do ponto inicial até o


chão e lembrando que, como o móvel foi abandonado, v0
= 0, o tempo de queda pode ser calculado por: g = 1010m/s
m/s

v=g·t
SS==99 m
m TÉRREO Vt = ?
|g| ∙ t
2
DS = ​  _____    ​
2
(+)

30
Aplicando a Equação de Torricelli do terceiro andar até o
térreo, tem-se: 3. Lançamento vertical
v² = v3² + 2 ∙ g ∙ DS O módulo da velocidade de um objeto com velocidade
vt² = (11)² +2 ∙ 10 ∙ 9 inicial v0, ao ser lançado para cima, diminui (movimento
_____ retardado) à medida que o objeto sobe. Ao atingir o ponto
Vt = √
​ 301 ​ = 17,3 m/s
mais alto de sua trajetória, sua velocidade é nula. Em se-
Resposta: A velocidade no térreo será aproximadamente guida, o objeto começa a cair e o módulo de sua velocida-
de 17,3 m/s. de aumenta (movimento acelerado). Entretanto, os sinais
b) Aplicando a Equação de Torricelli do andar inicial da velocidade e da aceleração dependem da orientação
até o térreo, tem-se: do sistema de coordenadas. Serão adotadas orientações
vt² = vx² + 2 ∙ g ∙ DS diferentes para ambas as situações.
(17,3)² = (0)² + 2 ∙ g ∙ (3x) 1.º caso – o objjeto é lançado para cima com velocidade
​ 301 ​  ≈ 5,0167
x = ___ inicial v0.
60
Resposta: O tênis caiu do 5.º andar da Vila Olímpica.
3. (PUC-RJ) Uma pedra, deixada cair de um edifício, leva
4 s para atingir o solo. Desprezando a resistência do ar
e considerando g = 10 m/s², escolha a opção que indica redução do
a altura do edifício em metros. módulo da
velocidade
a) 20.
b) 40.
c) 80.
d) 120.
e) 160.
Resolução: Nesse caso, será adotada orientação para cima, ou seja, os
A velocidade inicial é 0 m/s, a aceleração é a da gravidade valores de posição aumentam de baixo para cima. Assim, a
(g = 10 m/s²) e o tempo de queda é 4 segundos. Assim, a velocidade inicial será positiva (v0 > 0), e a aceleração será
altura do prédio será: negativa (a = –|g|). Tem-se um movimento progressivo re-
tardado. Adotando |g| = 10 m/s², tem-se:
​ at² ​  
S= S0 + v0t + ___ v = v0 – |g| ∙ t
2
H = 5t² = 5 · (4)² = 80 m. ​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t – __
2
Alternativa C v2 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ DS

VIVENCIANDO

Bungee jumping e saltos com paraquedas não podem ser considerados movimentos de queda livre, nem mesmo
antes de o elástico começar a puxar a pessoa ou o paraquedas se abrir. Isso porque existe a influência causada pelo
ar, que não pode ser ignorada. Devido à tensão causada pelo tamanho da corda, a pessoa em busca de adrenalina
cai, durante a primeira etapa do bungee jumping, com uma aceleração maior que g.
Os eventos de queda livre só ocorrem se o movimento dos objetos acontece quando a resistência do ar pode ser
desconsiderada, como nos experimentos realizados na Space Power Facility, a maior câmara de vácuo do mundo,
construída em Ohio para testar espaçonaves e para resistir à pressão atmosférica. Ela possui 37 metros de altura e
30 metros de diâmetro. São necessárias 3 horas para bombear o ar todo para fora e formar o vácuo.

31
Quando o objeto atinge sua altura máxima, a sua velocida- Nesse caso, será adotada orientação para baixo, ou seja, os
de instantânea é nula valores de posição aumentam de baixo para cima. Assim,
a velocidade inicial será positiva (v0 > 0), e a aceleração
será positiva (a = +|g|). Tem-se um movimento progressi-
vo acelerado. Adotando |g| = 10 m/s², segue:
v = v0 + |g| ∙ t
​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
2
v2 = v02 + 2 ∙ |g| ∙ DS
Tanto no primeiro caso quanto no segundo caso, a escolha
da orientação é arbitrária; contudo, deve-se tomar cuida-
do com o sinal das variáveis envolvidas, evitando possíveis
confusões. Sempre teremos as equações do M.R.U.V. em
sua forma genérica:
v = v0 + a ∙ t
​ 1 ​ ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
Para encontrar o instante em que isso ocorre, é preciso 2
substituir v = 0 na equação da velocidade. Assim, tem-se: v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS
v Se a orientação for para cima: a = – |g|
tsubida = __
​  0  ​  
|g| Se a orientação for para baixo: a = +|g|
É importante notar que, devido ao fato de a aceleração ser
constante, o tempo de subida e de descida são idênticos.

tsubida = tdescida

Conhecido o instante tsubida, é possível encontrar a altura má-


xima alcançada pelo móvel Hmáxima substituindo o tempo na
equação da posição. Uma maneira alternativa e mais simples
é substituir o valor da velocidade na Equação de Torricelli:
v2 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ DS
0 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ Hmáxima multimídia: sites
v2 www.juliantrubin.com/bigten/galileofallingbodies.
Hmáxima = _____
​  0   ​  
2 ∙ |g| html
2.º caso – o objeto é lançado para baixo com velocidade
inicial v0.
Aplicação do conteúdo
1. Considere que uma bolinha seja lançada verticalmen-
te para cima, a partir do solo (ver figuras abaixo), com
velocidade inicial v0, cujo módulo é 30 m/s. Adote uma
trajetória orientada para cima. Isso significa que, na su-
aumento do bida, o movimento será progressivo e terá velocidade
módulo da escalar positiva; na descida, porém, o movimento será
velocidade retrógrado e terá velocidade escalar negativa. Como a
velocidade varia entre t = 0 s até t = 6 s?

s (m) s (m) s (m)

v>0
v<0
2
1 1 1
0 0 0

Figura
Figura a
a Figura
Figura b
b Figura
Figura c
c

32
Resolução: Observe que, ao se analisar um problema de queda livre ou
lançamento vertical para cima (livre da resistência do ar),
Como o módulo da aceleração da gravidade é |g| = 10
são utilizadas as equações do MUV fazendo a = + g ou a
m/s², conclui-se que, na subida, o módulo da velocidade
= – g, dependendo da orientação adotada para trajetória.
diminui 10 m/s a cada segundo, e, na descida, o módulo
Se a trajetória for orientada para baixo, tem-se a = + g,
da velocidade aumenta 10 m/s a cada segundo. Assim, é
e, se a trajetória for orientada para cima, tem-se a = – g.
possível construir a seguinte tabela da velocidade escalar
da bolinha em função do tempo.

t (s) v (m/s)
0 30

1 20

2 10

3 0

4 –10

5 –20

6 –30
multimídia: vídeo
Note que, algebricamente, a velocidade diminui 10 m/s a Fonte: Youtube
cada segundo, ou seja, tanto na subida quanto na descida Hammer X Feather - Física na Lua
a aceleração é a = g = –10 m/s².

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Queda livre no espaço


Contrariando as ideias aristotélicas, Galileu Galilei foi o primeiro cientista a observar que o tempo de queda dos
corpos não é influenciado pela massa, isto é, que corpos com massas diferentes, ao serem abandonados de uma
mesma altura, atingem o solo ao mesmo tempo. Isso ocorre se a força de resistência do ar não for significativa em
qualquer um dos corpos.
Estudando a queda de corpos em um plano inclinado, Galileu concluiu que, quando os corpos caem na vertical, todos
ficam sujeitos à mesma aceleração de 9,8 m/s2. Robert Boyle (1627-1691) realizou experimentos dentro de uma
câmara de vácuo e comprovou as ideias de Galileu.
Em 1971, o astronauta David Scott, pertencente à missão Apollo 15, realizou na superfície lunar o seguinte experimento:
deixou cair no vácuo um martelo e uma pluma. Assim como Galileu afirmara séculos antes, os dois objetos (livres de
qualquer força de resistência) tocaram o solo simultaneamente. Na internet, é possível encontrar vídeos do ocorrido.

Fonte: <http://spaceflight.nasa.gov/gallery/images/apollo/apollo15/html/s71-43788.html>

33
2. (PUC-MG) Um helicóptero está descendo vertical- v² = v0² + 2a(S – S0)
mente e, quando está a 100 m de altura, um pequeno
objeto se solta dele e cai em direção ao solo, levando 4 0 = (40)² + 2(–10)(S – 0)
s para atingi-lo. Assim:
Considerando-se g = 10 m/s², a velocidade de descida do S = 80 m
helicóptero, no momento em que o objeto se soltou, vale c) No instante em que o corpo retorna ao solo, sua
em km/h: posição é nula, ou seja, S = 0:
a) 25.
b) 144. s = 40t – (5,0)t²
c) 108.
0 = 40t – (5,0)t²
d) 18.
R esolvendo essa última equação, obtém-se dois valores
Resolução:
para t: t = 0 ou t = 8,0 s. O valor t = 0 corresponde ao ins-
A altura do objeto é 100 m, a sua aceleração é a gravidade
tante inicial (quando S = 0), e o valor t = 8,0 s, ao segundo
(g = 10 m/s²) e o seu tempo é 4 s. Assim, a velocidade
instante em que S = 0 novamente.
inicial será:
​ at² ​  
S = S0 + v0t + ___ Assim, o intervalo de tempo total de subida e descida é
2
gt² 8,0 segundos. Como o tempo de subida foi 4,0 segundos,
H = v0t + ___
​   ​   conclui-se que o tempo de descida é de 4,0 segundos, isto
2 (4)²
100 = v0 (4) + 10∙​ ___ ​   é, o tempo de subida foi igual ao tempo de descida.
2
100 = 4v0 + 80 É importante ressaltar que não se trata de uma coincidência.
v0= 5 m/s = 18 km/h. Em um lançamento vertical para cima, desprezada a resis-
Alternativa D tência do ar, o tempo de subida é sempre igual ao tempo que
3. Um corpo é lançado para cima a partir do solo, com a o corpo gasta na descida até atingir o ponto de lançamento.
velocidade de módulo 40 m/s. A resistência do ar pode d) Como foi visto acima, a equação horária da velo-
ser desprezada e o módulo da aceleração da gravidade cidade escalar é:
é |g| = 10 m/s². v = 40 – 10t
a) Qual o tempo gasto pelo corpo para atingir a altura
É sabido que o corpo retorna ao solo no instante t = 8,0 s.
máxima?
b) Qual o valor da altura máxima? Dessa forma, substituindo esse valor na equação, obtém-se:
c) Quanto tempo é gasto na descida, até o corpo v = 40 – 10(8,0)
atingir o solo?
v = –40 m/s
d) Qual a velocidade do corpo ao atingir o solo?
 velocidade é negativa em decorrência da orientação da
A
Resolução:
a) Adotando uma trajetória orientada para cima com trajetória escolhida. Contudo, ao retornar ao ponto de lan-
origem no solo, tem-se: S0 = 0 e a = –|g| = –10 m/s². çamento, a velocidade do corpo, em módulo, é a mesma
A velocidade inicial tem o mesmo sentido da trajetó- que ele tinha ao ser lançado.
ria e, portanto, é positiva: v0 = 40 m/s.
4. (CFT) Da janela de um apartamento, uma pedra é lan-
A equação horária da velocidade escalar é:
çada verticalmente para cima, com velocidade de 20 m/s.
v = v0 + at
v = 40 – 10 ⋅ t
No ponto mais alto, a velocidade escalar é nula. Assim:
v=0
0 = 40 – 10t → t = 4,0 s
b) A equação horária da posição é:
S = s0 + v0t + __ ​ a ​ t²
2
​ 10 ​ t² = 40t – (5,0)t²
S = 0 + 40t – ___
2
Como calculado no item (a), a altura máxima ocorre quan-
do t = 4,0 s. Substituindo esse valor na equação acima: Após a ascensão máxima, a pedra cai até a rua, sem resis-
t = 4,0 s → S = 40(4,0) – (5,0)(4,0)² → S = 80 m tência do ar. A relação entre o tempo de subida e o tempo
Essa altura máxima também pode ser calculada pela Equa- ​ 2 ​.  Qual a altura dessa janela, em metros, em
de descida é __
3
ção de Torricelli: relação à rua? (g = 10 m/s2)

34
Resolução: Utilizando a razão entre os tempos de subida e descida,
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se: temos:
t
Smáx = ? Vmáx = 0 m/s ____ ​  2 ​ 
​  subida ​ = __ tdescida = 3 s.
tdescida 3
V0
Assim o tempo total será:
S0 = 0 m V0 = 20 m/s

ttotal = tsubida + tdescida = 5 s.


g = 10 m/s2
Aplicando o tempo total na função horária do espaço em
Ssolo = H(m) SOLO Vsolo = ?
M.R.U.V., temos:
gt2
(+) Ssolo = S0 + v0t + ___
​   ​ 
2
(5)²
O vetor v0 é contrário à trajetória, assim o seu valor será H = 0 + (–20) ∙ (5) + (10) ∙ ___
​   ​  = 25 m.
–20 m/s. Aplicando a função horária da velocidade entre a 2
janela do apartamento e a ascensão máxima, temos: Reposta: A altura do prédio é 25 metros.

vmáxima = v0 + gtsubida

0 = –20 + (10)tsubida
tsubida = 2s.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

É comum nas ciências exatas a aplicação da matemática como ferramenta básica para a tradução dos fenômenos
físicos. Por esse motivo ela está presente em inúmeras questões, sempre exigindo do aluno a compreensão de grá-
ficos, tabelas, fórmulas, etc.

Modelo 1
(Enem) Para medir o tempo de reação de uma pessoa, pode-se realizar a seguinte experiência:
I. Mantenha uma régua (com cerca de 30 cm) suspensa verticalmente, segurando-a pela extremidade superior, de modo
que o zero da régua esteja situado na extremidade inferior.
II. A pessoa deve colocar os dedos de sua mão, em forma de pinça, próximos do zero da régua, sem tocá-la.
III. Sem aviso prévio, a pessoa que estiver segurando a régua deve soltá-la. A outra pessoa deve procurar segurá-la o
mais rapidamente possível e observar a posição onde conseguiu segurar a régua, isto é, a distância que ela percorre
durante a queda.
O quadro seguinte mostra a posição em que três pessoas conseguiram segurar a régua e os respectivos tempos de reação.

Distância percorrida pela régua durante a queda (metro) Tempo de reação (segundo)
0,30 0,24
0,15 0,17
0,10 0,14

Disponível em: <http://br.geocities.com>. Acesso em: 1 fev. 2009.

35
A distância percorrida pela régua aumenta mais rapidamente que o tempo de reação porque a:
a) energia mecânica da régua aumenta, o que a faz cair mais rápido;
b) resistência do ar aumenta, o que faz a régua cair com menor velocidade;
c) aceleração de queda da régua varia, o que provoca um movimento acelerado;
d) força peso da régua tem valor constante, o que gera um movimento acelerado;
e) velocidade da régua é constante, o que provoca uma passagem linear de tempo.

Análise expositiva 1 - Habilidades 17 e 20: Trata-se de um exercício de fácil compreensão para o aluno que
D estudou o conteúdo.
Desprezando a resistência do ar, ocorre uma queda livre, que é um movimento uniformemente acelerado,
com aceleração de módulo a = g.
A distância percorrida na queda (h) varia com o tempo conforme a expressão h = 1/2gt2.
Dessa expressão, conclui-se que a distância percorrida é diretamente proporcional ao quadrado do tempo
de queda, por isso ela aumenta mais rapidamente que o tempo de reação.
Alternativa D

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 compreende o estudo dos movimentos dos corpos e abrange da cinemática à astronomia.

Modelo 2
(Enem) O Super-homem e as leis do movimento

Uma das razões para pensar sobre física dos super-heróis é, acima de tudo, uma forma divertida de explorar muitos
fenômenos físicos interessantes, desde fenômenos corriqueiros até eventos considerados fantásticos. A figura se-
guinte mostra o Super-homem lançando-se no espaço para chegar ao topo de um prédio de altura H. Seria possível
admitir que com seus superpoderes ele estaria voando com propulsão própria, mas considere que ele tenha dado um
forte salto. Nesse caso, sua velocidade final no ponto mais alto do salto deve ser zero, caso contrário, ele continuaria
subindo. Sendo g a aceleração da gravidade, a relação entre a velocidade inicial do Super-homem e a altura atingida
é dada por: v2 = 2gH.

A altura que o Super-homem alcança em seu salto depende do quadrado de sua velocidade inicial porque:
a) a altura do seu pulo é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permanece no ar
ao quadrado;
b) o tempo que ele permanece no ar é diretamente proporcional à aceleração da gravidade e essa é diretamente propor-
cional à velocidade;
c) o tempo que ele permanece no ar é inversamente proporcional à aceleração da gravidade e essa é inversamente pro-
porcional à velocidade média;
d) a aceleração do movimento deve ser elevada ao quadrado, pois existem duas acelerações envolvidas: a aceleração da
gravidade e a aceleração do salto;
e) a altura do seu pulo é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permanece no ar, e esse
tempo também depende da sua velocidade inicial.

36
Análise expositiva 2 - Habilidades 17 e 20: Trata-se de um exercício que cobra do aluno conceitos mais fun-
E damentais em um nível de exigência maior.
Desprezando os efeitos do ar e orientando a trajetória para cima, a aceleração do Super-homem é a = –g.
O gráfico da velocidade em função do tempo até o ponto mais alto está dado a seguir.

A área acinzentada é numericamente igual ao espaço percorrido pelo Super-homem, no caso, a altura H. Assim:
H = área = v/2t
Mas v/2 é a velocidade média vm.
Então, H = vmt.
A equação da velocidade na subida é: v’ = v – gt.
Como no ponto mais alto a velocidade se anula, tem-se:
0 = v – gt ⇒ t = v/g
Assim:
H = vm t ⇒ H = vm (v/g)
Ou seja, a altura atingida é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permanece no ar, e
esse tempo também depende da sua velocidade inicial.
Finalizando:
H = (v/2) (v/g) ⇒ v2 = 2gH
Alternativa E

DIAGRAMA DE IDEIAS

QUEDA LIVRE E LANÇAMENTO VERTICAL

ACELERAÇÃO DA MOVIMENTO
V0 0
GRAVIDADE VERTICAL

INDEPENDE LANÇAMENTO
V0 = 0
DA MASSA VERTICAL

VERTICAL
QUEDA LIVRE
PARA BAIXO

37
AULAS Lançamento oblíquo
15 e 16
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 20

Até o momento foram estudados os movimentos de corpos bolas estão sempre na mesma altura. Nota-se também que
que se deslocavam em apenas uma direção; agora serão a bola amarela se move para a direita com velocidade cons-
estudados os movimentos de corpos que variam em duas tante, como se esse movimento horizontal fosse indepen-
direções ao mesmo tempo. dente do movimento vertical.
Para simplificar a situação do lançamento horizontal, serão
utilizados os conteúdos vistos até aqui: em primeiro lugar,
é possível estudar separadamente o movimento em cada
direção, como Galileu observou; em segundo lugar, o mov-
imento na vertical se caracteriza como uma queda livre,
movimento que foi estudado anteriormente.

1. Lançamento horizontal

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Velocidade horizontal

Anteriormente foi estudado o lançamento vertical. Nele o


objeto se desloca em apenas uma direção. Agora será ana-
lisado o movimento de lançamento horizontal. A figura a O corpo possui velocidade constante na direção hori-
seguir mostra ambas as situações. A bola vermelha é aban- zontal, realizando um movimento uniforme (M.U.).
donada e cai em queda livre, e a bola amarela é lançada Sx = S0x + vx ∙ t
horizontalmente, ou seja, sua velocidade inicial só possui
componente horizontal. Observando a foto de exposição Na direção vertical, o corpo possui aceleração constante
múltipla, é possível notar que a posição vertical das duas (igual a aceleração da gravidade), realizando, dessa forma,
bolas é sempre a mesma: a cada instante de tempo as duas um movimento uniformemente variado (M.U.V.).

38
Nessa situação, adota-se a orientação com sentido para
baixo. É importante ressaltar que os valores da posição au-
mentam de cima para baixo.

vy = |g| ∙ t

​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + __
2

vy2 = 2|g| ∆Sy

Também é importante lembrar que o tempo de queda é


dado por:
______

√​ 
2 ∙ DSy
tqueda = ​ ______
|g|
 ​ ​ 
  

A combinação desses dois movimentos cria uma trajetória


com o formato de um arco de parábola.

O sistema de coordenadas adotado, eixo Ox e eixo Oy, está


ilustrado na figura a seguir. Como Oy está orientado para
baixo, a aceleração escalar é positiva: a = + g = 10 m/s2.

À medida que o corpo cai, ele desloca-se


______ na horizontal;


2 ∙ DSy
sendo o tempo de queda tqueda = ​ ______
​   ​ ​,  pode-se
|g|
a distância horizontal percorrida pelo móvel.
  calcular

Sx = S0x + vx ∙ t
______


​ 
2 ∙ DSy
DSx = vx ∙ ​ ______
|g|
 ​ ​ 
  

A velocidade em cada instante é dada pela soma vetorial Como foi visto, o movimento é uniforme (M.U.) na direção
da componente horizontal e vertical. horizontal. Dessa forma, tem-se:
S = S0 + vt → x = v0t → x = 8t
v2 = vx2 + vy2
Na direção vertical, o movimento é uniformemente variado
(M.U.V.). A velocidade vertical inicial é nula, uma vez que no
Exemplo instante inicial a velocidade não é nula somente na horizontal.
Na situação da figura a seguir, uma pedra é lançada hori- S = S0 + v0t + __ ​ a  ​t2

zontalmente do topo de um edifício com velocidade inicial​ 2
___› 10
___
v0 ​.  Desprezando
___ a resistência do ar, adotando g = 10 m/s2 y = 0 + 0 ⋅ t + ​   ​t  ⇒ y = 5t2
2
​› 2
e supondo |​v0 ​|  = 8 m/s, é possível analisar o movimento da
vy = v0y + at
pedra. A distância A, do ponto P ao ponto Q, é denominada
alcance horizontal. vy = 0 + 10t ⇒ vy = 10 t

39
Quando a pedra atinge o solo, sua posição é y = 45 m. É preciso encontrar uma equação que descreva a trajetória
Substituindo na equação horária da posição, tem-se: do movimento. Para isso, elimina-se o tempo na equação
anterior da posição horizontal e se faz a substituição na
45 = 5t² ⇒ t² = 9 ⇒ t = 3 s
equação da posição vertical:
Assim, a pedra demora 3 segundos para atingir o solo. x = 8t ⇒ t = ​ __x  ​
Usando esse intervalo de tempo na equação do movimen- 8
to horizontal, obtém-se o alcance A:
Substituindo:
x=8t
y = 5t² = 5​ ​ __x  ​  ²​ ⇒ y = ___
() ​  5  ​ x²
A = (8)(3) ⇒ A = 24 m 8 64
As aulas de Matemática ensinam que uma equação desse
A velocidade horizontal se mantém constante e igual a
tipo corresponde a uma parábola. Dessa forma, entre os pon-
8,0 m/s durante todo o trajeto, mas a velocidade vertical
tos O e Q, a trajetória da pedra é um arco de parábola.
vy aumenta. Substituindo os valores de t nos instantes da-
dos por t = 1 s, t = 2 s e t = 3 s, nas equações anteriores,
determinam-se os valores de x, y e vy: Aplicação do conteúdo
1. (FEI) Em uma competição de tiro, o atirador posiciona
t(s) x(m) y(m) vy(m/s) seu rifle na horizontal e faz mira exatamente no centro
do alvo. Se a distância entre o alvo e a saída do cano é d
1 8 5 10 = 30 m, a velocidade de disparo do rifle é 600 m/s, qual
a distância do centro do alvo que o projétil atingirá?
2 16 20 20
Considere g = 10 m/s² e despreze a resistência do ar.
3 24 45 30 a) 0,25 cm.
b) 0,5 cm.
c) 0,75 cm.
d) 1,00 cm.
e) 1,25 cm.

Resolução:

Na horizontal, tem-se um MRU, e, na vertical, tem-se um


MRUV acelerado. A distância horizontal é 30 m e sua ve-
locidade v é 600 m/s. Assim, o tempo que o projétil atinge
o alvo será:
ΔS
​ 30 ​ ⇒ Δt = ___
vx = ​ ___x ​ ⇒ 600 = ___ ​  30  ​  ⇒
Δt Δt 600
⇒ Δt = 0,05 s

Na vertical, a velocidade inicial é zero e a aceleração é a


Para calcular a velocidade (total) no instante t = 2 s, por exem- favor de sua trajetória. Assim, aplicando o tempo na função
plo, considera-se a soma vetorial, como na figura abaixo: horária do MRUV vertical, tem-se:

gt²
ΔSy = Voy · t + ___
​   ​  ⇒
2
(10)(0,05)²
⇒ ΔSy = (0) · (0,05) +_________________
​   ​  ⇒

2
⇒ ΔSy = 0 + 0,0125 ⇒ ΔSy = 0,0125 m.

Aplicando análise dimensional na distância vertical, tem-se:

ΔSy = 0,0125 m · (​ 100 cm


______
 ​) 
 ⇒ ΔSy = 1,25 cm.
1 m
v² = (8)² + (20)² = 64 + 400 = 464
____
v=√ ​ 464 ​ v ≅ 21,5 m/s Alternativa E

40
2. (Unesp) Uma pequena esfera, lançada com velocida- Resolução:
de horizontal vo do parapeito de uma janela a 5,0 me-
tros do solo, cai num ponto a 10 metros da parede. Con- Na vertical, tem-se um M.R.U.V., e, na horizontal, tem-se
siderando g = 10 m/s² e desprezando a resistência do ar, um M.R.U.
podemos afirmar que a velocidade vo, em m/s, é igual a:
A velocidade inicial vertical é zero e a aceleração é a favor da
​  5  ​ .
a) ___ trajetória. Aplicando a função horária do MRUV na vertical,
10
tem-se:
b) ​ 10 ​. 
___
5 gt² (10)t²
c) 5.
ΔSy = voy · t + ___
​   ​  ⇒ H = (0) · t + _________
​   ​   ⇒
2 __ __2
d) 10. ⇒ H = 5t² ⇒ t = ​ __
5 √
​ H ​ ​  ⇒ t = ​ __
5 √
​ D ​ ​ . 
e) 15. A velocidade constante na horizontal é 10m/s. Assim, a
distância D será:
Resolução:
ΔS
​ D  ​  ⇒
vx= ​ ___ ​x ⇒ 10.t = D ⇒ t = ___
A altura vertical é 5 m, sua velocidade inicial é zero e Δt 10
__
a aceleração é a favor da trajetória. Aplicando a função

​ D ​ ​  = ___ (  )
​ D ​ = ​​ 10
​  D  ​  ⇒ __
2

horária do M.R.U.V. vertical, tem-se: ⇒ ​ __ D     ​​ ⇒


5 10 5
gt²
ΔSy = voy · t + ___
(10)t²
​   ​  ⇒ 5 = (0)t + _________
​   ​   ⇒
__ ​  D²  ​  ⇒ 100D = 5D2 ⇒ 20D = D² ⇒
​  D ​ = ___
2 2 5 100
__
​  ​1  ⇒ t = 1 s.
⇒ 5 = 5t² ⇒ t² = 1 ⇒ t = √ ⇒ D² – 20D = 0 ⇒
A distância horizontal é 10 e o tempo é 1 s. Assim, sua
velocidade constante será: (D – 0) · (D – 20) = 0

ΔS Assim, tem-se:
​ 10 ​ ⇒ v0 = 10 m/s
v0= ​ ___ ​x ⇒ v0= ___
Δt 1 D = 0 m ou D = 20 m
Alternativa D
Como D = 0 m não convém, a distância horizontal será
3. (Fuvest) Um motociclista de MotoCross move-se com 20 metros.
velocidade v = 10 m/s, sobre uma superfície plana, até
atingir uma rampa (em A), inclinada de 45º com a hori- Alternativa A
zontal, como indicado na figura.
2. Lançamento oblíquo

A trajetória do motociclista deverá atingir novamente a


rampa a uma distância horizontal D (D = H), do ponto A, multimídia: vídeo
aproximadamente igual a: Fonte: Youtube
(g = 10 m/s²) Lançamento oblíquo em um plano inclinado
a) 20 m.
b) 15 m. No lançamento
___ oblíquo, o objeto lançado tem velocidade
​›
c) 10 m. inicial v​0 ​  , inclinada em relação à horizontal e à vertical,
d) 7,5 m. formando ângulo θ com a horizontal, como mostra a figura
e) 5 m. a seguir.

41
todo o movimento (até___a bola atingir o solo). Entretanto,
V0 ​›
a componente vertical   v​y ​  da velocidade varia sob a ação
da aceleração da gravidade (como___no lançamento vertical):
P ​›
θ durante a subida, o módulo de   v​y ​  diminui até se anular
no ponto mais alto M (denominado vértice). Nesse____ ponto,
​ ›
somente a componente horizontal da velocidade v​0x ​  não
é nula. Em ___
seguida, a bola começa a cair, de modo que o
​›
módulo de  v​ y ​ aumenta.

Para estudar esse tipo de movimento, é preciso utilizar um


procedimento denominado decomposição vetorial; o in-
tuito é obter uma componente horizontal da velocidade,
​____›
vetor horizontal v​ 0x ​ ____
, e uma componente ___ vertical da veloci-
​ › ​›
dade, vetor vertical v​ 0y ​,  de modo que v​  ​ possa ser consider-
​____› 0 ​____›
ado como a resultante dos vetores v​ 0x ​ e v​ 0y ​.  A figura a seguir
demonstra que a velocidade inicial é dada pela soma vetorial Assim como no lançamento horizontal, o estudo do lan-
das componentes vertical e horizontal da velocidade. çamento oblíquo parte da independência do movimento;
observe como separar o movimento horizontal e o movi-
mento vertical.
Na direção horizontal, o corpo possui velocidade cons-
tante e, assim, realiza um movimento uniforme (M.U.).

Sx = S0x + v0x ∙ t
onde v0x = v0 ∙ cos θ

___
​› Na direção vertical, o corpo possui aceleração constan-
Diz-se, então,____
que v​ 0 ​ foi decomposto nas componentes per-
​ › ____ ​ › te (igual a aceleração da gravidade), realizando um mo-
pendiculares v​ 0x ​ e v​ 0y ​.  Considerando o triângulo retângulo
vimento uniformemente variado (M.U.V.). Adotando
sombreado na imagem anterior, tem-se da Trigonometria:
orientação vertical para cima (durante todo o movimento),
cateto oposto __ v0y tem-se que a = –|g|:
sen q = ___________
​  = ​  v  ​ ⇒ v0y = v0 ⋅ sen q
 ​ 

hipotenusa 0
cateto adjacente v0x vy = v0y – |g| ∙ t
cos q = _____________
  
​   ​  = ​ __
v0 ​ ⇒ v0x = v0 ⋅ cos q
hipotenusa
​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + v0y ∙ t – __
2
Assim, é possível fazer uma comparação: o movimento se-
ria o mesmo
____ se a bola fosse lançada para cima com veloci-
​ ›
dade v​ 0y ​ dentro de um vagão de trem que se desloca para vy2 = v20y – 2 ∙ |g| ∙ DSy
​____›
a direita com velocidade v​ 0x ​.  onde v0y = v0 ∙ sen θ

Normalmente será adotado |g| = 10 m/s².


Assim como no lançamento vertical, tem-se que na altura
máxima vy = 0 e:
v0y
tsubida = tdescida = __
​   ​  
|g|
Sendo o tempo dado por:

2 · v · senθ
2 · voy _________
A trajetória curva da bola____é mostrada na figura a seguir. A ttotal = tsubida + tdescida = ​ ______ ​ = ​  0    
    ​ 
​ › |g| |g|
componente horizontal v​0x ​ se mantém constante durante

42
A velocidade em cada instante é dada pela soma vetorial v 2 ∙ sen(2θ)
da componente horizontal e vertical. A = _________
​  0  ​   
|g|
v2 = vx2 + vy2
Analisando a expressão do alcance horizontal, segue que
A será máximo quando θ = 45º. Nessa situação, tem-se a
Para se calcular a altura máxima atingida pelo móvel, po- seguinte relação:
de-se substituir o tempo total na equação da posição. No
entanto, substituindo vy = 0 na Equação de Torricelli, ob-
tém-se a altura máxima Hmáxima de maneira mais simples. A = 4 ∙ Hmáxima

vy2 = v0y2 – 2 ∙ |g| ∙ DSy


É importante ressaltar que, para a mesma velocidade ini-
v20y cial, o alcance A será o mesmo para ângulos complemen-
Hmáxima = _____
​    ​  
2 ∙ |g| tares, ou seja, tanto para 30° quanto para 60° o alcance
será o mesmo.
Para o cálculo da distância horizontal A percorrida, basta
substituir o tempo na equação do movimento horizontal:

Sx = S0x + vx ∙ t
2 ∙ v0y
Para o tempo total t = ttotal = _____
​   ​,  tem-se
|g|
DSx = vx ∙ t

( 2 ∙ v0 ∙ senθ
A = (v0 ∙ cosθ)∙ ​  ​ _________
|g| )
 ​    

VIVENCIANDO

O lançamento oblíquo é facilmente encontrado nos esportes. Nos saques de uma partida de tênis ou nos arremessos
para a cesta num jogo de basquete, estão presentes as trajetórias parabólicas, em que a altura máxima atingida
pela bola é o vértice da parábola, e a distância que separa o início e o final da jornada da bola é o alcance máximo.
Quando o jogador de futebol cobra uma falta próxima da grande área, é possível observar claramente a trajetória
parabólica da bola, caso a barreira ou o goleiro não atrapalhem o percurso até o gol. A trajetória parabólica também
pode ser identificada no salto em distância, como mostra a figura a seguir.

Fonte: <http://jornal.usp.br/ciencias/cientistas-desvendam-a-fisica-por-tras-da-performance-dos-atletas>

43
O ponto mais alto é atingindo no instante em que vy = 0:
vy = 0 ⇒ 60 – 10t = 0 ⇒ t = 6,0 s

Substituindo esse intervalo de tempo na equação da posi-


ção vertical, obtém-se a altura máxima H:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Física Total - Aula 10 - Lançamento
oblíquo no vácuo... t = 6,0 s ⇒ y = 60(6,0) – (5,0) ∙ (6,0)2

Exemplo y = 360 – 180 ⇒ y = 180 m

A figura ilustra uma bolinha lançada do ponto O, no solo, Portanto, a altura máxima é H = 180 m.
___
​›
com velocidade inicial v​0 ​ , formando um ângulo θ com a Neste caso, como a bolinha foi lançada a partir do solo, o
horizontal. A bolinha atinge novamente o solo no ponto tempo de subida é igual ao tempo de descida, e, assim, a
P. Desprezando a resistência do ar e adotando o sistema bolinha atinge o ponto P no instante t = 12 s. Substituindo
de coordenadas mostrado na figura, serão determinados o esse valor na equação da posição horizontal, obtém-se o
alcance horizontal A e a altura máxima atingida pela bo- alcance máximo:
linha, supondo g = 10 m/s2, v0 = 100 m/s, sen θ = 0,60 e
cos θ = 0,80. t = 12 s ⇒ x = 80 (12) ⇒ x = 960 m ⇒A = 960 m

É importante destacar que a altura máxima também pode


ser calculada das seguintes maneiras:
§ Usando a Equação de Torricelli, na direção vertical, fa-
zendo vy = 0:
v2 = v​  
0y​  + 2a(S – S0)
2

Como o eixo está orientado para cima, na vertical, a acele- v2y = v20y – 2(10) ∙ (H – 0)
ração escalar é a = – |g| = –10 m/s2.
0 = 602 – 2(10) ∙ (H – 0)
Inicialmente,
___ realiza-se a decomposição da velocidade ini-
​›
cial v​ 0 ​,  como mostrado na figura. Resolvendo essa equação, obtém-se H = 180 m.
§ A partir do gráfico da velocidade em função do tem-
po até o instante t = 6 s, que é o instante em que
a bolinha atinge a altura máxima. A área sombreada
na figura é numericamente igual à variação de posição
vertical entre t = 0 e t = 6,0 s, ou seja, à altura máxima:

Assim, obtém-se v0x = 80 m/s e v0y = 60 m/s. (6, 0)(60)


H = ​ _______
 ​   ⇒ H = 180 m
2
Escrevem-se, então, as principais equações do movimento
horizontal e do movimento vertical:

Horizontal Vertical
S = S0 + vt ​ a t​2,  vy = v0y + at
S = S0 + v0t + __
2
g
x = 0 + v0x ∙ t y = 0 + v0y t – __​   ​t2,  vy = v0y – gt
2
x = 80t y = 60t – 5,0t2,   vy = 60 – 10 t

44
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As guerras moldaram o mundo atual e foram decididas pelo poderio bélico. As primeiras catapultas apareceram na
Grécia, entre 400 e 300 a.C., e foram utilizadas por Alexandre, o Grande, em seus cercos e batalhas. Os romanos
aperfeiçoaram as catapultas, inventando o trabuco, que, em vez de usar energia elástica, utilizava energia potencial
gravitacional para lançar seus projéteis.
A utilização de canhões foi comum em guerras e, em certos momentos, foi fator decisivo. Durante a Segunda Guerra
Mundial, os obuseiros – canhões melhorados capazes de alcançar distâncias entre 11 km e 23 km – foram utilizados
em larga escala por ambos os lados. O obuseiro M-10,1, criado para a Segunda Guerra Mundial, foi utilizado pelos
norte-americanos contra os japoneses e por brasileiros contra os italianos.

O conhecimento a respeito do movimento balístico foi fundamental para a correta utilização de tal peça de artilha-
ria. Depois de ser fixado, é necessário ajustar a sua mira. Por meio de manivelas, o tubo pode ser movido tanto na
horizontal quanto na vertical. A posição correta é calculada a partir da distância do alvo.

Durante a Primeira Guerra Mundial, e principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, os aviões foram utilizados
para o lançamento de projéteis. Os pilotos lançavam seus projéteis sem a utilização dos modernos computadores,
que fazem todos os cálculos necessários para acertar o alvo. Nesse caso, tem-se um lançamento horizontal, e o
piloto deveria saber que não deveria abandonar o projétil quando estivesse exatamente acima do alvo, pois, se o
fizesse, o projétil não acertaria o alvo quando atingisse o solo.

45
04) Correto. O alcance (A) de um corpo será:
Aplicação do conteúdo
ΔSx = vx · Δttotal ⇒ A = v0 ∙ cosB ∙ t
1. (UEPG-PR) Um projétil quando é lançado obliqua-
mente, no vácuo, descreve uma trajetória parabólica. 08) Correto. Aplicam-se a função horária da velocidade
Essa trajetória é resultante de uma composição de dois
entre os instantes iniciais e o ponto de máximo para en-
movimentos independentes. Analisando a figura abai-
xo, que representa o movimento de um projétil lançado contrar o tempo de subida.
obliquamente, assinale o que for correto.
vy = v0 · senB – gtsubida ⇒

⇒ 0 = V0 ∙ senB – gtsubida ⇒

​​ senB
⇒ tsubida = v0 ∙ _____g ​​.  
Sendo o tempo de subida igual ao tempo de descida, o
tempo total será:

01) As componentes da velocidade do projétil, em ttotal = tsubida + tdescida ⇒ ttotal = 2 ∙ (tsubida) ⇔


qualquer instante nas direções x e y, são respectiva- (2v ∙ senB)
ttotal =_________
​​  0 g ​​.   
mente dadas por:
vx = v0 ∙ cosB e vy = v0 ∙ senB – gt. 16) Correto.
02) As componentes do vetor posição do projétil, em 2. (PUC-RJ) Um superatleta de salto em distância realiza
qualquer instante, são dadas por: o seu salto procurando atingir o maior alcance possível.
gt² Se ele se lança ao ar com uma velocidade cujo módulo
x = v0 ∙ cosB ∙ t e y = v0 ∙ senB – ___
​   ​  é 10 m/s, e fazendo um ângulo de 45º em relação a ho-
2
04) O alcance do projétil na direção horizontal de- rizontal, é correto afirmar que o alcance atingido pelo
pende da velocidade e do ângulo de lançamento. atleta no salto é de: (Considere g = 10 m/s²).

08) O tempo que o projétil permanece no ar é a) 2 m.


(2v0 ∙ senB) b) 4 m.
t = ​ _________
g  ​   
c) 6 m.
16) O projétil executa simultaneamente um movi- d) 8 m.
mento variado na direção vertical e um movimento
uniforme na direção horizontal. e) 10 m.

Resolução: Resolução:

01) Correto. Na horizontal, tem-se um MRU, e, na verti-


cal, um MRUV com a aceleração gravitacional contrária à
trajetória. Assim, as componentes da velocidade em função
do tempo serão:
vx = v0 ∙ cosB

vy = vo,y + (–g)t ⇒ vy = v0 ∙ senB – gt .


Assim as componentes da velocidade inicial serão:
02) Incorreto. Aplicam-se a função horária do MRU na __
__

horizontal e a função horária do MRUV na vertical. ​ ​  ​2  ​  ⇒ vx= 5 ∙ √
vx= v0 ∙ cos(45º) ⇒ vx = 10 ∙ ___ ​ 2 ​ m/s ;
2
__
Sx = S0 + vx · t ⇒ x = 0 + v0 vo,y = v0 ∙ sen(45º) ⇒ voy = 5 ∙ √
​ 2 ​ m/s;
∙ cosB ∙ t ⇒ x = v0 ∙ cosB ∙ t Aplicaremos a função horária da velocidade para encontrar
(–g)t² o tempo de subida.
Sy = S0,y + v0,y · t + ​ ____
 ​  ⇒
2 __
gt² vy = vo,y – gtsubida ⇒ 0 = 5 ∙ √
​ 2 ​ – 10tsubida ⇒
⇒ y = 0 + v0 ∙ senBt – ___ ​   ​  ⇒
2 __ __
√ √
⇒ y = v0 ∙ senBt – ___
gt²
​   ​   ​ ​ 2 ​ ​   ⇒ tsubida = ___
⇒ tsubida = 5 ∙ ___ ​ ​ 2 ​ ​   s.
2 10 2

46
Sendo o tempo de subida igual ao tempo de descida, o
tempo total será:

ttotal = tsubida + tdescida ⇒ ttotal = 2 ∙ (tsubida) ⇒


__

(  ) √ __
​ ​ 2 ​ ​    ​ ⇒ ttotal = √
⇒ ttotal = ​ 2 ∙ ___ ​ 2 ​ s.
2
Aplicando o tempo total na velocidade horizontal, temos:

ΔS __ ΔS
vx = ​ ____x  ​  ⇒ 5 ∙ √
​ 2 ​ = ​ ___
__x ​  ⇒ ΔS = 5 ∙ 2 ⇒
Δttotal √
​ 2 ​  x

⇒ ΔSx = 10 m. multimídia: sites


brasilescola.uol.com.br/fisica/lancamento-
Alternativa E
obliquo.htm
physics.tutorvista.com/motion/projectile-
motion.html
www.efeitojoule.com/2011/04/lancamento-
obliquo-lancamento-obliquo.html

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 concentra um tema fundamental no ramo das ciências exatas: saber descrever o movimento dos corpos. O
aluno deve ser capaz de descrever qualitativamente o movimento do móvel: saber sua posição, sua velocidade e sua aceleração.
Nesse quesito, o estudo de lançamento horizontal e oblíquo necessita da junção de conceitos estudados anterior-
mente, pois se trata de um assunto mais complexo e que exige mais do estudante.

Modelo 1
(Enem 2.ª aplicação) Para um salto no Grand Canyon usando motos, dois paraquedistas vão utilizar uma moto cada,
sendo que uma delas possui massa três vezes maior. Foram construídas duas pistas idênticas até a beira do precipício,
de forma que no momento do salto as motos deixem a pista horizontalmente e ao mesmo tempo. No instante em que
saltam, os paraquedistas abandonam suas motos e elas caem praticamente sem resistência do ar.
As motos atingem o solo simultaneamente porque:
a) possuem a mesma inércia;
b) estão sujeitas à mesma força resultante;
c) têm a mesma quantidade de movimento inicial;
d) adquirem a mesma aceleração durante a queda;
e) são lançadas com a mesma velocidade horizontal.
Análise expositiva 1 - Habilidade 20: Sendo desprezível a resistência do ar, durante a queda as duas motos
D adquirem a mesma aceleração, que é a aceleração da gravidade.
Alternativa D

47
Modelo 2
(Enem PPL) Na Antiguidade, algumas pessoas acreditavam que, no lançamento oblíquo de um objeto, a resultante das
forças que atuavam sobre ele tinha o mesmo sentido da velocidade em todos os instantes do movimento. Isso não
está de acordo com as interpretações científicas atualmente utilizadas para explicar esse fenômeno.
Desprezando a resistência do ar, qual é a direção e o sentido do vetor força resultante que atua sobre o objeto no
ponto mais alto da trajetória?
a) Indefinido, pois ele é nulo, assim como a velocidade vertical nesse ponto.
b) Vertical para baixo, pois somente o peso está presente durante o movimento.
c) Horizontal no sentido do movimento, pois devido à inércia o objeto mantém seu movimento.
d) Inclinado na direção do lançamento, pois a força inicial que atua sobre o objeto é constante.
e) Inclinado para baixo e no sentido do movimento, pois aponta para o ponto onde o objeto cairá.
Análise expositiva 2 - Habilidade 20: No ponto mais alto da trajetória, a força resultante sobre o objeto é seu
B próprio peso, de direção vertical e sentido para baixo.
Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

LANÇAMENTO
OBLÍQUO

LANÇAMENTOS

MOVIMENTOS
SIMULTÂNEOS

VERTICAL M.R.U.V. HORIZONTAL M.R.U.

LANÇAMENTO
V0Y = 0 HORIZONTAL

LANÇAMENTO
V0Y ≠ 0
OBLÍQUO

EM HMÁX ;
VY = 0

48
TERMODINÂMICA: Incidência do tema
nas principais provas

Os temas deste livro – lei geral dos gases e as


As questões de termodinâmica do leis da termodinâmica – aparecem com fre-
Enem são contextualizadas a partir de quência na prova da Fuvest. São questões que
ilustrações. exigem interpretações gráficas e manipulações
em equações.

Os principais temas deste livro mais frequentes Dentre os temas abordados neste caderno, Os temas deste livro – lei geral dos gases e a
nas provas da Unicamp são o estudo da lei o de maior incidência no vestibular da 1.ª lei da termodinâmica – aparecem com fre-
geral dos gases e as leis da termodinâmica. Unifesp é a termodinâmica. quência na prova da Unesp. São questões que
São questões que exigem interpretações de exigem interpretações gráficas e manipulações
imagens e gráficos. em equações.

Dentre os temas abordados neste caderno, A prova da FMABC tem uma grande variação A prova da da Puc de Campinas tem uma A prova da Santa Casa tem uma grande
o de maior incidência no vestibular Albert de temas. No entanto, podem aparecer os te- grande variação de temas. Eventualmente variação de temas. No entanto, podem
Einstein é a óptica, relacionada com espelhos mas óptica (relacionando lentes ou espelhos) podem aparecer o tema óptica (relacio- aparecer os temas óptica (relacionando lentes
planos. e lei geral dos gases. nando lentes ou espelhos) e o estudo da ou espelhos) e a termodinâmica, exigindo
termodinâmica. interpretação de gráficos.

UFMG

A prova da UEL tem uma grande variação A prova da UFPR tem uma grande variação A prova da CMMG tem uma grande variação
de temas. Eventualmente podem aparecer de temas. Eventualmente pode aparecer o de temas. Eventualmente podem aparecer o
o estudo dos gases e da termodinâmica tema lei dos gases, exigindo manipulações tema óptica (relacionando lentes ou espelhos)
com questões que exigem um alto nível de das equações. e o estudo da 1.ª lei da termodinâmica.
manipulações matemáticas.

O tema dos gases sempre está presente na A prova da UNIGRANRIO tem uma grande A prova da FTESM tem uma grande varia-
prova da UERJ, apresentando questões mais variação de temas. Eventualmente pode ção de temas. Eventualmente pode aparecer
objetivas. aparecer o tema óptica (relacionando lentes o tema lei dos gases, exigindo manipulações
ou espelhos). das equações e interpretação de gráficos.

49
AULAS Lei geral dos gases
9 e 10
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21

1. Introdução Em 1834, o físico francês Émile Clapeyron (1799-1864), de-


pois de estudar diversos gases com quantidades de massa
Nas aulas anteriores, foi estudado o comportamento de diferentes, descobriu que a constante da equação acima não
expansão dos sólidos e dos líquidos; agora será abordado é proporcional à massa do gás, mas depende do número de
o comportamento dos gases. Estudos sobre esse tema re- moléculas do gás. Assim, a equação é escrita como:
montam aos séculos XVII, XVIII e XIX, com apresentações de ___pV
​​   ​​ = R ⋅ n
balões para a nobreza e o surgimento da máquina a vapor. T
ou
Em primeiro lugar, o estudo analisará a definição de gás pV = nRT
ideal. Gás ideal ou perfeito é um gás hipotético composto
por partículas com interações elétricas que devem ser de- Em que o número de mols de moléculas do gás é dado por n,
e a constante R é denominada constante universal dos
sprezadas. As colisões entre as partículas são elásticas, e
gases ideais, por seu valor ser o mesmo para todos os ga-
não ocorre perda de energia na forma de calor. Na prática,
ses. Essa equação é chamada de Equação de Clapeyron.
apenas gases que se encontram em baixa pressão e altas
temperaturas se aproximam de tal comportamento. Isolando a constante R na equação, obtém-se:
pV
Algumas variáveis são importantes para o estudo do com- R = ​​ ___ ​​ 
nT
portamento dos gases: pressão p; volume V; massa m e Assim:
temperatura T. Por certas razões, em vez do uso da massa, (unidade de pressão) ⋅ (unidade de volume)
______________________________________
unidade de R =    
    
​​   ​​
foi adotado o número de mols n, Sendo que o número de (unidade de molaridade) ⋅ (unidade de temperatura)
mols é dado pela razão entre a massa do gás e a massa
molar da composição do gás. O valor de R, determinado experimentalmente, vale:
​​ atm ⋅ L 
R = 0,082 ______ ​​  Pa ⋅ m³ ​​ 
= 8,31 ______
 ​​ 
​​  m   ​​  
n = _____ mol ⋅ K mol ⋅ K
Mmolar
Adiante, será visto que o produto Pa ⋅ m3 é equivalente ao
joule (J). Assim, pode-se reescrever o valor de R como:
Nota: O número de mols também pode ser calculado pela
razão entre o número de partículas que compõe o gás N e ​​  J   ​​ 
R = 8,31 ______ ​​  cal   ​​ 
≅ 2,0 ______
mol ⋅ K mol ⋅ K
o número de Avogadro NA = 6,023 ∙ 1023 mol-1

​​  N  ​​  
n = __
NA

2. Lei geral dos gases –


equação de Clapeyron
A Lei Geral dos Gases estabelece a seguinte relação, válida
para uma quantidade de gás que tem massa constante: multimídia: vídeo
pV
​​ ___ ​​ = constante Fonte: Youtube
T
Física - Lei dos Gases Ideais: a Equação
Em que p é a pressão exercida pelo gás, V é o volume ocu- de Clapeyron
pado pelo gás e T é a temperatura do gás em kelvin.

50
2.1. Estado normal de um gás 3.1. Transformação isotérmica
Quando um gás se encontra nas condições normais de Durante a transformação do gás de um estado para outro,
temperatura e pressão (CNTP), afirma-se que ele está em caso a temperatura permaneça constante, a transformação
estado normal: será denominada isotérmica. Nesse caso, a Lei Geral dos
p = 1 atm = 760 mmHg e T = 273 K (0°C) Gases fica:

Nota: VOLUME MOLAR é o volume ocupado por um mol pV = constante


de gás, independentemente da natureza do gás. “Nas
CNTP o volume molar de qualquer gás perfeito é igual a
p1V1 ou
= p2V2
22,4 litros”.

Aplicação do conteúdo O gráfico de p em função de V, em uma transformação iso-


1. Determine o volume de um recipiente que contém térmica, é uma hipérbole equilátera chamada de isoterma.
4,0 mols de moléculas de um gás ideal à pressão de
Quanto maior a temperatura do gás, maior será o produto
2,0 atm e à temperatura de 27 °C. Dados: 1 atm ≅ 105 Pa
do pV, e a isoterma ficará mais afastada dos eixos (lembre-
e R = 8,3 J/mol ⋅ K.
-se de que a quantidade de gás é constante).
Resolução:

 omo o valor de R foi dado em unidades do SI, deve-se


C
transformar unidade de pressão para pascal e unidade de T1
T2 > T1

temperatura para kelvin:

p = 2,0 atm @ 2,0 × 105 Pa


A transformação isotérmica também é conhecida como Lei
T = 27 °C = 300 K de Boyle-Mariotte e foi desenvolvida separadamente por
n = 4,0 mols ambos os cientistas. Robert Boyle (1627-1691) publicou
sua descoberta em 1660. Edme Mariotte (1620-1684)
publicou sua descoberta em 1676, mas cedeu todos os
Pela Equação de Clapeyron, isola-se V e se calcula: créditos a Boyle.
pV = nRT ⇒ V = ___​​ nRT
 ​​  
P
(4,0 mols) ∙ (8,3 J/mol ∙ k) ∙ (300 k) 
3.2. Transformação isobárica
V = ______________________
   
​​      ​​
2,0 · 105 Pa Durante a transformação do gás de um estado para outro,
V = 4,98 · 10 m
–2 3 caso a pressão permaneça constante, a transformação será
denominada isobárica. Nesse caso, a Lei Geral dos Gases fica:
Na utilização da equação de Clapeyron, é importante observar
que a temperatura sempre deve estar na unidade kelvin. ​​ V ​​ = constante
__
T

3. Transformações particulares ou

Considerando o número de mols de um gás constante, isto __ V V


​​  1 ​​ = ​​ __2 ​​ 
é, um sistema isolado, a transformação do gás de um esta- T1 T2
do A para um estado B é relacionada pela equação:

p ⋅ V _____
_____ p ⋅V
​​  A  ​​A 
 = ​​  B  ​​B 

TA TB

Se uma das variáveis da equação acima permanecer cons-


tante, somente as outras duas podem variar, e, nesse caso,
existem algumas transformações particulares que serão
abordadas a seguir.

51
3.3. Transformação isocórica
Durante a transformação do gás de um estado para outro, multimídia: vídeo
caso o volume permaneça constante, a transformação será Fonte: Youtube
denominada isocórica, isométrica ou isovolumétrica. Nesse Por que desodorante spray gela as coisas?
caso, a Lei Geral dos Gases fica:

__ p
​​   ​​ = constante
3.4. Transformação adiabática
T A transformação de um gás pode acontecer muito rapid-
ou amente, e, nesse caso, a expansão ou compressão de um
gás pode ocorrer sem trocas de calor com o meio externo
__ p p (devido à rapidez da transformação).
​​  1 ​​ = ​​ __2 ​​ 
T1 T2 Essa transformação é denominada transformação adiabáti-
ca. A relação que satisfaz essa transformação é dada por:

p ⋅ Vg = constante

ou

p1v1g = p2v2g

Em que g é a razão entre as capacidades caloríficas mo-


lares à pressão constante (Cp) e o volume constante (Cv);
trata-se do chamado coeficiente de Poisson. Para um gás
ideal monoatômico g = __​​ 5 ​​  e para um gás ideal diatômico
3
​​ 7 ​​. 
g = __
5

Tanto a transformação isobárica, que também recebe o


nome de Lei de Charles e Gay-Lussac, quanto a transfor-
mação isocórica, que também é conhecida como Lei de
Charles, recebem os nomes de seus autores, que desen-
volveram suas ideias separadamente: Jacques Alexandre
César Charles (1746-1823) fez sua descoberta da relação
Em relação à temperatura, pode-se escrever:
para a transformação isobárica em 1787, e Louis Joseph
Gay-Lussac (1778-1850) fez sua descoberta em 1802. T1 · v1γ = T2 · v2γ

52
VIVENCIANDO

Apesar de ser útil na caracterização do estado de um gás, a lei geral dos gases pressupõe o comportamento ideal de
um gás, que é impossível de ser obtido na prática; contudo, pode ser considerada prática na maioria das situações.
Os fundamentos da lei geral são utilizados na produção de diversos produtos que presentes no cotidiano, como o
ar-condicionado, o spray aerossol e a geladeira.
O aerossol é constituído por um reservatório de metal e por uma válvula que se conecta a uma mistura entre o pro-
duto (desodorante, repelente, inseticida) e um gás propelente. O produto e o gás se encontram através de um tubo.
Quando a válvula é acionada, a mistura que estava pressurizada dentro da embalagem acaba entrando em contato
com a pressão atmosférica do ambiente, que é diferente da encontrada dentro da lata. A pressão interna do gás,
inicialmente alta, sofre uma diminuição. A diminuição brusca da pressão causa o aumento do volume da mistura, que
acaba sendo espalhada em forma gasosa pelo ambiente.

4. O Mol Lorenzo Romano Amedeo Carlo Avogadro (1776-1856) foi


um químico italiano que elaborou pela primeira vez a ideia de
Nas aulas de química é ensinado que a contagem do nú- que uma amostra de um elemento, com massa em gramas
mero de átomos e moléculas é realizada usando-se o mol: numericamente igual à sua massa atômica, apresenta sem-
pre o mesmo número de átomos. Entretanto, ele não foi ca-
paz de determinar o valor da constante que leva o seu nome.
1 mol = 6,023 · 1023 partículas
Aplicação do conteúdo
Desse modo, tem-se: 1. Uma amostra de CO2 tem massa m = 88 gramas. De-
termine o número de mols de moléculas da amostra,
§ 1 mol de átomos = 6,023 · 1023 átomos sabendo que:
§ 2 mols de átomos = 2(6,023 · 1023) átomos = 12,046
· 1023 átomos Massa molar do carbono: MC = 12 gramas/mol

A quantidade 6,023 · 1023 é denominada número de Massa molar do oxigênio: MO = 16 gramas/mol


Avogadro e comumente representada por NA: Resolução:

Como há dois átomos de oxigênio na molécula, a massa


NA = 6,023 · 1023 partículas/mol = 6,023 · 1023 mol–1
molar de CO2 é:

Note que o plural de mol é mols. M = MC + 2MO = (12 g/mol) + 2(16 g/mol) = 44 g/mol

A massa molar (M) de um elemento é definida como a Assim, calcula-se o número de mols (n) da amostra:
massa de 1 mol de átomos desse elemento. De modo se-
88 g
melhante, para uma substância, a massa molar é a massa ​​  m  ​​ = _______
n = __ ​​    ​​ 
= 2 mols
M 44 g/mol
de 1 mol de moléculas dessa substância. Assim, é possível
calcular o número n de mols de átomos de um elemento de P ortanto, essa amostra é composta por 2 mols de moléculas
massa m, a partir da seguinte relação: de CO2, ou seja, existem 2(6,023 × 1023) moléculas de CO2.
2. (G1) Um gás perfeito está sob pressão de 20
​​  m  ​​
n = __ atm, na temperatura de 200 K e apresenta um
M volume de 40 litros. Se o referido gás tiver sua
pressão alterada para 40 atm, na mesma tempera-
Note que essa relação também é válida para determinar o tura, isto é, transformação isotérmica, qual será o
número de mols de moléculas de uma substância de massa m. novo volume?

53
Resolução: Resolução:

Como a transformação é isotérmica, pode-se aplicar a fór- Como a transformação é isovolumétrica, ou seja, isocórica,
mula específica para esse tipo de transformação: segue que o volume é constante; assim:
__ p p2
p1 ⋅ V1 = p2 ⋅ V2 ​​  1 ​​ = __
​​   ​​  
T1 T2
Substituindo os valores na fórmula, obtém-se: Lembrando que, nessa fórmula, a temperatura deve ser
mantida em kelvin. Substituindo os valores na fórmula,
20 ⋅ 40 = 40 ⋅ V2
obtém-se:
Finalizando os cálculos: ________
​​  2   ​​   = __ ​​ 4  ​​
20 + 273 T2
V2 = 20L
Finalizando os cálculos:
Assim, 20 litros será o novo volume. T2 = 586 K
3. (Unesp) Um gás ideal, inicialmente à temperatura de
Alternativa D
320 K e ocupando um volume de 22,4 L, sofre expansão
em uma transformação isobárica. Considerando que a 5. (UFRGS) Um gás monoatômico sofre uma transfor-
massa do gás permaneceu inalterada e a temperatura mação adiabática durante a qual sua pressão absoluta
final foi de 480 K, calcule a variação do volume do gás. passa de P para 4P. Sendo o volume inicial igual a 1 litro,
podemos afirmar que o volume final será o valor de?
Resolução:
Resolução:
Como a transformação é isobárica, segue que a pressão é
Como a transformação é adiabática, segue que não há tro-
constante; assim:
ca de calor com o meio externo; assim:
__ V V2
​​  1 ​​ = __
​​   ​​   p1 ⋅ ​​V1​ g​  ​​ = p2 ⋅ ​​V2​ g​  ​​
T1 T2
Para um gás monoatômico, segue que a constante de
Substituindo os valores na fórmula, obtém-se:
​​ 5 ​​: 
transformação vale __
3
____22,4 V2
​​   ​​  = ___
​​    ​​   P ⋅ 15/3 = 4P ⋅ V25/3
320 480
Finalizando os cálculos: Finalizando os cálculos, obtém-se:

V2 = 33,6 L V2 5/3 = 0,25

Assim, a variação de volume foi: Logo:


V2 ≅ 0,43 L
V2 - V1 = 11,2 L
Portanto, tem-se uma variação de volume de 11,2 litros.

4. (Unirio) Com base no gráfico a seguir, que represen-


ta uma transformação isovolumétrica de um gás ideal,
podemos afirmar que, no estado B, a temperatura é de:

multimídia: sites
www.efeitojoule.com/2009/09/equacao-
de-clapeyron-equacao-clapeyron.html
www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/transf_
termodinamicas.htm
a) 273 K quantumfreak.com/derivation-of-pvnrt-
b) 293 K the-equation-of-ideal-gas/
c) 313 K mundoestranho.abril.com.br/saude/como-
d) 586 K se-forma-o-pum/
e) 595 K

54
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A lei geral dos gases é objeto de estudo de pesquisadores


da Química e da meteorologia, uma vez que as modificações
gasosas que ocorrem com o aumento de temperatura são im-
portantes para determinar fatores que influenciam o clima e a
dinâmica atmosférica. A compreensã dos fenômenos atmos-
féricos e do funcionamento dos processos gasosos encontra-
dos na atmosfera contribui para uma visão completa dos pro-
cedimentos que envolvem diversas áreas, como saúde, política
e ecologia.
Outro exemplo de pesquisas interdisciplinares com os gases são
os estudos sobre combustíveis alternativos, como o nitrogênio
líquido e o ar comprimido, que são utilizados com base nos
fenômenos de compressão e expansão dos gases para se criar
motores utilizados em carros e outros tipos de transporte.

5. Mistura de gases perfeitos Lei das Pressões Parciais - Lei de Dalton


A pressão final P da mistura é dada pela soma das pressões
Sejam misturados n1 e n2 mols de gás ideal, a quantidade
parciais dos componentes da mistura se cada gás ocupasse
final de mols é dada pela soma das quantidades individuais.
sozinho todo o volume final V, na mesma temperatura T que
n = n1 + n2 a mistura final. Matematicamente, temos que, para a mistura,
Sejam p, V, n e T as variáveis termodinâmicas da mistura, p⋅V
pela equação de Clapeyron temos que: n = ____
​​   ​​  
R⋅T
p⋅V
n = ____
​​   ​​   para os gases individuais, teríamos:
R⋅T
p’ ⋅ V
Sendo p1, V1, n1 e T1 as variáveis termodinâmicas do primei- n’ = ____
​​   ​​  
ro gás antes da mistura, e p2, V2, n2 e T2 as variáveis termo- R⋅T
dinâmicas do segundo gás antes da mistura, pela equação e
de Clapeyron, temos que:
p” ⋅ V
n” = ____
​​   ​​  

p ⋅V R⋅T
n1 = ____
​​  1 1 ​​ 
  Como o número de mols da mistura é a soma das quanti-
R ⋅ T1
dades individuais dos gases, temos:
e
n = n’ + n”
p ⋅V
n2 = ____
​​  2 2 ​​ 
  p
____ ⋅ V p’ ⋅ V ____
= ____
​​    ​​   ​​    ​​  
p” ⋅ V
+ ​​    ​​  
R ⋅ T2 T T T
Finalmente,
Finalmente podemos dizer que:
p = p' + p"
p ⋅ V ____
____ p ⋅ V ____ p ⋅V
= ​​  1   1​​ 
​​    ​​   + ​​  2   2​​  
   
T T1 T2

55
DIAGRAMA DE IDEIAS

LEI GERAL
DOS GASES

EQUAÇÃO DE ESTA- EXPANSIBILIDADE E


GÁS IDEAL
DO DE CLAPEYRON COMPRESSIBILIDADE

VARIÁVEIS
TRANSFORMAÇÕES
DE ESTADO

• ISOTÉRMICA • PRESSÃO
• ISOBÁRICA • VOLUME
• ISOVOLUMÉTRICA • TEMPERATURA
• ADIABÁTICA

56
AULAS Primeira lei da termodinâmica
11 e 12
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21

1. Máquinas térmicas
Durante a chamada Revolução Industrial, entre o final
do século XVIII e meados do século XIX, a economia
europeia foi alterada devido a uma série de transforma-
ções tecnológicas.
Um elemento fundamental para essa revolução foi a má- A força exercida pelo gás sobre o êmbolo e o deslocamen-
quina a vapor. Utilizando a força do vapor resultante da to têm o mesmo sentido; assim, o trabalho é dado por:
ebulição da água para produzir movimento, a máquina a τG = FG ⋅ d
vapor era utilizada inicialmente para retirar água do fundo
das minas; aos poucos, porém, passou a ser utilizada nas Chamando de pG a pressão exercida pelo gás sobre o
indústrias e nos transportes. êmbolo, temos:
FG = pG ⋅ A
As máquinas a vapor transformam calor em trabalho
(ou energia mecânica), e por isso são denominadas Substituindo na equação do trabalho, obtém-se:
máquinas térmicas. τG = FG ⋅ d = pG ⋅ A ⋅ d ⇒

1.1. O motor de combustão interna τG = pG ⋅ DV


No fim do século XIX, outro tipo de máquina térmica foi cria-
do: o motor de combustão interna. Nesse motor, uma Se, em vez de uma expansão, o gás sofrer​____uma compressão
› ​___›
mistura de ar e vapor de combustível, como gasolina, álcool isobárica, o trabalho será negativo, pois F​ G ​  e d ​
​   terão senti-
ou óleo diesel, é usada em vez do vapor de água. Essa mis- dos opostos, do mesmo modo que DV será negativo, pois:
tura é introduzida em um cilindro, e um dispositivo, chamado DV = (volume final) – (volume inicial)
vela de ignição, emite uma faísca elétrica, provocando a
combustão da mistura e uma rápida expansão (explosão) do No caso de uma compressão:
gás, movimentando o pistão dentro do cilindro. Esse tipo de volume final < volume inicial
motor é usado, por exemplo, nos automóveis.
Assim, a equação acima do trabalho realizado pelo gás é
Devido a essa característica da explosão da mistura den- válida tanto na expansão isobárica quanto na compressão
tro do cilindro, o motor de combustão interna é conhecido isobárica do gás. Por se tratar de processos isobáricos, a
também como motor a explosão. pressão é constante, e o gráfico de pG em função do volu-
De forma resumida, nas máquinas térmicas, um gás recebe me é uma reta paralela ao eixo das abcissas (eixo do volu-
me). A área sob a curva, limitada pela variação de volume,
calor e realiza trabalho.
como mostrado na figura a seguir, é numericamente igual
ao trabalho realizado pelo gás.
2. Trabalho realizado por um gás pG

Na figura a seguir, um gás ideal está contido em um cilin- pG


dro munido de um embolo (região mais escura). A seção
reta do cilindro tem área A. A força
​____› exercida pelo gás sobre
o êmbolo é representada por F​ G ​  . Considere que o êmbolo
se desloque de d depois de uma expansão isobárica (pres-
são constante) do gás.

57
É possível demonstrar que, mesmo quando a pressão não é Assim como o calor, o trabalho também está relacionado
constante, o trabalho ainda é numericamente igual à área com a transferência de energia. Entretanto, distingue-se pelo
sob o gráfico. A figura a seguir ilustra esse caso. fato de não causar a alteração de temperatura do corpo.
pG Resumidamente, é possível afirmar que, quando o gás rea-
liza trabalho (trabalho interno), seu valor é positivo; quan-
do o trabalho é realizado sobre o gás (trabalho externo),
seu valor é negativo. De modo geral, o módulo do trabalho
é numericamente igual à área abaixo da curva p x V que
caracteriza os estados termodinâmicos do gás. Na transfor-
mação isobárica, a relação é dada por:

τ = p ⋅ DV
Aplicação do conteúdo
1. O gráfico a seguir mostra a mudança de um gás
ideal do estado A para o estado B. Sabendo que
1 atm @ 105 Pa, determine o trabalho realizado pelo gás
na transformação.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Energia interna, calor, trabalho e sua relação...

3. Energia interna
A soma das energias de todas as moléculas de um corpo
determina sua energia interna (U). As energias cinéti-
Resolução: cas dos átomos e das moléculas, assim como as energias
potenciais correspondentes às forças elétricas existentes
 gráfico representa a variação de pressão em função do
O entre os átomos ou moléculas, somam-se para compor a
volume do gás. Como foi visto, o trabalho realizado pelo gás, energia interna. No caso de um gás ideal, a energia interna
em módulo, é numericamente igual à área da figura sombre- é proporcional à temperatura absoluta (T) do gás. Assim:
ada no gráfico. Calculando a área do trapézio, segue:
§ Se T aumenta, U aumenta;
(2, 0 atm + 4, 0 atm) (8, 0 L)
|τG| = ______________________
  
​     ​= 24 atm ⋅ L § Se T é constante, U é constante;
2
Como 1 atm = 105 Pa e 1L = 10–3 m3, tem-se: § Se T diminui, U diminui.
No caso de um gás ideal constituído por apenas um átomo
|τG| = 24 ⋅ (105 Pa) ⋅ (10–3 m3) = 2,4 ∙ 103 Pa ⋅ m3 (gás monoatômico), a energia interna é dada por:

As unidades Pa e m3 são as unidades padrões do SI e, por-


tanto, o trabalho é expresso em joules: ​ 3 ​ nRT
U = __
2
|τG| = 2,4 ∙ 103 J
Em que n é o número de mols de moléculas, e R é a cons-
Pelo gráfico, verifica-se que o volume diminuiu (∆V < 0); tante universal dos gases. É importante salientar que essa
assim, o trabalho é negativo: equação é válida somente para gases monoatômicos e não
é válida se as moléculas que formam o gás forem compostas
τG = –2,4 ∙ 103 J por mais de um átomo.

58
Lembrando da equação de Clapeyron, pV = nRT, a energia in- § se Q < 0, o sistema perde calor;
terna de um gás ideal pode ser reescrita da seguinte maneira:
§ se τ > 0, o sistema se expande, e o gás realiza trabalho;

​ 3 ​ pV
U = __ § se τ < 0, o sistema se contrai, e o trabalho é realizado
2 sobre o gás.
Sendo U0 a energia interna inicial do sistema, e Uf a energia
interna final, tem-se:
DU = Uf – U0

Assim:
DU > 0 ⇔ Uf > U0
DU < 0 ⇔ Uf < U0

Aplicação do conteúdo
multimídia: vídeo
1. Um gás é comprimido por um agente externo e, ao
Fonte: Youtube mesmo tempo, recebe 400 J de calor de uma chama.
Primeira Lei da Termodinâmica - Energia Sabendo-se que o trabalho do agente externo foi 700 J,
Interna determine a variação de energia interna do gás.

Resolução

4. Primeira lei da termodinâmica Como o gás recebeu calor, Q > 0:


No início do século XVIII, quando as primeiras máquinas a Q = + 400 J
vapor foram construídas, ainda não se tinha certeza sobre
a natureza do calor. Entretanto, em meados do século XIX,  agente externo realizou trabalho positivo. Contudo,
O
a observação do funcionamento dessas máquinas, juntam- como esse trabalho foi realizado sobre o gás (seu volume
ente com as tentativas de aperfeiçoá-las, e depois de diver- diminuiu), τ < 0:
sos experimentos, os físicos chegaram a duas conclusões: t = –700 J
§ o calor é uma forma de energia; Substituindo na equação da Primeira Lei da Termodinâmica:
§ a energia total do Universo se conserva (é constan- DU = Q – t = 400 J – (–700 J) = 400 J + 700 J ⇒ ⇒ DU
te), mas uma forma de energia pode se transformar = 1.100 J
em outra.
A segunda sentença constitui o Princípio da Conser- A variação de energia interna ∆U é positiva. Isso significa
vação da Energia, e foi enunciada, à época, como a Pri- que a energia interna aumentou uma quantidade igual a
meira Lei da Termodinâmica. 1.100 J.

Considere um sistema (conjunto de corpos) qualquer que


receba uma quantidade de calor Q. Parte desse calor pode
ser utilizada pelo sistema para realizar trabalho (τ). O
5. Transformações particulares
restante do calor ficará armazenado no sistema, contribu- A seguir, será aplicada a Primeira Lei da Termodinâmica nos
indo para o aumento de sua energia interna U. Sendo ∆U casos de transformações isotérmica, isocórica, isobárica e
a variação da energia interna, o calor e o trabalho se rela- adiabática de um gás ideal.
cionam da seguinte maneira:
5.1. Transformação isotérmica
Em uma transformação isotérmica, devido à temperatura
ser constante, a energia interna também não se altera, ou
A equação acima traduz a Primeira Lei da Termodinâmica e seja, ∆U = 0. Assim:
foi convencionado que: Q = τ + DU
⇒Q=τ
§ se Q > 0, o sistema recebe calor; DU = 0

59
VIVENCIANDO

As ciências que estudam as propriedades físicas e químicas de diversos elementos e materiais estão relacionadas
com a termodinâmica. Os processos de fabricação de novos componentes exige um conhecimento extenso de como
ocorre a transferência de calor nesses materiais e como eles são usados como matéria-prima para a elaboração de
novas ferramentas, como roupas mais confortáveis e aparelhos eletrônicos mais eficientes.
O desenho e a construção de habitações devem sempre considerar os aspectos de troca de energia, tema central da
termodinâmica. Os projetos residenciais e urbanos levam em conta os limites de conforto do organismo humano, que
acontecem numa pequena faixa de temperatura em torno dos 20 ºC. Assim, é necessário pensar como os materiais
se comportam com as situações climáticas da região. Um exemplo disso é o uso da energia solar em regiões onde se
encontra uma alta incidência de radiação solar para substituir aquecedores de água que funcionam com energia elétrica.

5.1. Transformação isocórica § No caso de expansão isobárica, DV > 0 e


DU > 0, isto é:
Em uma transformação isocórica (ou isométrica ou isovolu-
métrica), devido ao volume ser constante, o gás não realiza Q–t>0  ou  Q > t
trabalho. Assim:
Q = τ + DU § No caso de compressão isobárica, DV < 0 e DU < 0,
⇒ Q = DU
τ=0 isto é:
Quando o gás passa por uma transformação isócorica, o
Q – t < 0  ou  Q < t
calor Q pode ser calculado utilizando a capacidade o calor
específico a um volume constante CV.
Quando o gás passa por uma transformação isobárica, o
Qv = m · CV · Δu
calor Q pode ser calculado utilizando o calor específico à
Ou ainda a capacidade o calor molar à pressão constante CV. pressão constante cp.
QV = n · CV · Δu QP = m · cP · Δu

5.2. Transformação isobárica Ou ainda a capacidade molar à pressão constante CP.


QP = n · CP · Δu
Em uma transformação isobárica, a pressão permanece
constante e, pela Lei Geral dos Gases, o volume e a tem- Para um dado gás, a diferença entre a capacidade molar, a
peratura estão relacionados por: pressão constante e o volume constante.

​  V ​  = constante
__
R = CP – CV
T
Assim:
§ V aumenta ⇒ T aumenta ⇒ U aumenta ⇒ 5.3. Transformação adiabática
⇒ DU > 0 Foi visto que uma transformação adiabática ocorre
§ V diminui ⇒ T diminui ⇒ U diminui ⇒ quando, durante a transformação, o sistema não recebe
e nem cede calor ao meio ambiente (não existe troca de
⇒ DU < 0
calor com o meio).
Por outro lado:
Processos desse tipo ocorrem se o gás está contido em um
Q = τ + DU ⇒ DU = Q – τ recipiente de paredes feitas de um material isolante térmi-
Com isso, o calor e o trabalho se relacionam da seguinte co, ou em um processo em que o gás sofra uma compres-
maneira: são ou expansão muito rápida de modo que não receba ou

60
forneça calor ao meio no curto intervalo de tempo durante
a variação de seu volume. Aplicando a Primeira Lei da Ter- Aplicação do conteúdo
modinâmica a esse caso, tem-se: 1. Qual a energia interna de 3 m³ de gás ideal
Q = t + DU monoatômico sob pressão de 0,5 atm?
⇒ DU = –t
Q=0 Resolução:
Assim:
Para calcular a energia interna do gás, deve-se aplicar a fórmula:
§ Se o gás sofrer uma compressão adiabática:
DU = –t ​ 3 ​ · p · V
U = __
⇒ DU > 0 2
t<0
Substituindo os valores, obtém-se:
Ou seja, a energia interna aumenta e, portanto, sua tempe- ​ 3 ​ · 0,5 · 105 · 3
U = __
ratura também aumenta. 2
Finalizando os cálculos:
§ Se o gás sofrer uma expansão adiabática:
DU = – t U = 2250 J
⇒ DU < 0
t>0
2. (Unirio) Qual é a variação de energia interna de um
Ou seja, a energia interna do gás diminui e, em consequên- gás ideal sobre o qual é realizado um trabalho de 80J
cia, sua temperatura também diminui. durante uma compressão isotérmica?
a) 80 J
Em um gráfico de pressão pelo volume (p x V), uma trans-
b) 40 J
formação adiabática é uma curva denominada curva c) Zero
adiabática. A forma dessa curva é semelhante à de uma d) – 40 J
isoterma, mas com inclinação diferente, como mostrado na e) – 80 J
figura a seguir.
Resolução

Durante uma compressão isotérmica, sabe-se que a varia-


ção da energia interna é nula; assim:
∆U = 0

Alternativa C

3. (Uece) Uma garrafa hermeticamente fechada contém


1 litro de ar. Ao ser colocada na geladeira, onde a tem-
peratura é de 3 °C, o ar interno cedeu 10 calorias até
entrar em equilíbrio com o interior da geladeira. Des-
prezando-se a variação de volume da garrafa, a varia-
ção da energia interna desse gás foi:
a) – 13 cal
b) 13 cal
c) – 10 cal
d) 10 cal
Resolução:

É possível saber pelo enunciado que a transformação


em questão é isocórica, pois o volume da garrafa não
varia; assim:
multimídia: vídeo Q = τ + ∆U
Fonte: Youtube
Nas transformações isocóricas, ocorre que o trabalho reali-
Construa um motor movido a vela (motor
zado pelo gás é nulo; assim:
stirling)
Q = ∆U

61
Sabe-se também que o calor foi fornecido para o ambiente; Substituindo os valores, obtém-se:
conclui-se que Q = – 10 cal, logo:
τ = 3p ⋅ (3V – V)
∆U = –10 cal Finalizando os cálculos:
Alternativa C
τ = 6 ⋅ p ⋅V
4. Um gás ideal, inicialmente no estado A, sofre uma Voltando à equação inicial, tem-se:
transformação termodinâmica:
Q = 6 ⋅ p ⋅ V + ∆U
A → B: expansão isobárica;
Assim:
O gráfico da pressão em função do volume mostra a trans-
∆U = Q – 6 ⋅ p ⋅ V
formação A → B desse gás:

Sabendo que o gás em questão recebeu uma quantidade


de calor Q do ambiente, calcule em função de p, V e Q a
variação da energia interna do gás. multimídia: sites
Resolução: www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/primeira_
Para calcular a variação da energia interna, deve-se apli-
lei.htm
car a fórmula da Primeira Lei da Termodinâmica: web.mit.edu/16.unified/www/FALL/
thermodynamics/notes/node11.html
Q = τ + ∆U
A priori, é necessário calcular o trabalho realizado pelo gás:
τ = p ⋅ ∆V

62
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Revolução Industrial e a máquina a vapor


A primeira máquina a vapor de que se tem notícia foi criada por Herão de Alexandria
(10-80 d.C.); chamada de olípila ou máquina de Herão, consistia numa esfera com tubos
curvos por onde o vapor de água era expelido, fazendo com que o aparelho girasse. A
imagem a seguir representa a máquina criada por Herão.
O britânico Thomas Newcomen (1663-1729) foi o inventor da primeira máquina a vapor
capaz de bombear água em profundidade. A princípio, a máquina era utilizada para a extração de água em minas
de carvão. Newcomen recebeu permissão para melhorar a máquina de Thomas Savery (1650-1712), que, em 1698,
patenteou uma máquina a vapor que usava a condensação de vapor para criação de vácuo e, assim, puxar a água.
Entretanto, a máquina só era capaz de bombear água no máximo a 15 metros
de profundidade. Newcomen, junto com John Cally, melhorou a máquina a
vapor adicionando um êmbolo num cilindro para uma alavanca que descia até
a mina, sendo capaz de bombear água a mais de 50 metros de profundidade.
No ano de 1763, o britânico James Watt (1736-1819) foi convidado a mel-
horar o modelo da máquina de Newcomen. Watt percebeu que, se a câmara
de condensação fosse separada do cilindro, evitaria perdas de energia. Em
1765, Watt inventou uma máquina a vapor que, além de perder menos
calor, era capaz de gerar movimento circular. Devido aos seus trabalhos, a
unidade de potência no SI – a relação entre joule e segundo – recebeu o
nome de watt.
Em 1804, a locomotiva de Richard Trevithick fez seu primeiro percurso. No Brasil, em 1854, uma locomotiva
inaugurou a Estrada de Ferro Petrópolis, graças ao empreendedorismo do brasileiro Irineu Evangelista de Sousa,
o barão de Mauá; sua inauguração contou com a presença do imperador Dom Pedro II.
O estudo das máquinas térmicas foi fundamental para o desenvolvi-
mento tecnológico do homem durante a Primeira Revolução In-
dustrial. Durante o final do século XVIII e início do século XIX, surgi-
ram a máquina a vapor moderna e a locomotiva, ambas invenções que
transformavam a energia térmica, proveniente da queima do carvão,
em energia mecânica. A utilização da máquina a vapor dinamizou o
setor industrial, como a industrial têxtil, que até aquele momento ain-
da se desenvolvia de maneira artesanal.

63
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e saber
aplicá-los no cotidiano. Como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhe-
cimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e
das manifestações artísticas”.

Modelo 1
(Enem) O ar atmosférico pode ser utilizado para armazenar o excedente de energia gerada no sistema elétrico, diminu-
indo seu desperdício, por meio do seguinte processo: água e gás carbônico são inicialmente removidos do ar atmos-
férico e a massa de ar restante é resfriada até –198 ºC. Presente na proporção de 78% dessa massa de ar, o nitrogênio
gasoso é liquefeito, ocupando um volume 700 vezes menor. A energia excedente do sistema elétrico é utilizada nesse
processo, sendo parcialmente recuperada quando o nitrogênio líquido, exposto à temperatura ambiente, entra em
ebulição e se expande, fazendo girar turbinas que convertem energia mecânica em energia elétrica.
MACHADO, R. Disponível em: <www.correiobraziliense.com.br>. Acesso em: 09 set. 2013 (adaptado).

No processo descrito, o excedente de energia elétrica é armazenado pela:


a) expansão do nitrogênio durante a ebulição;
b) absorção de calor pelo nitrogênio durante a ebulição;
c) realização de trabalho sobre o nitrogênio durante a liquefação;
d) retirada de água e gás carbônico da atmosfera antes do resfriamento;
e) liberação de calor do nitrogênio para a vizinhança durante a liquefação.

Análise expositiva 1: O aluno precisa entender as formas de possíveis transformações de energia, como
C calor e trabalho. É necessário Identificar quando o sistema se resfria por essas transformações e identificar
as informações que são relevantes no enunciado.
Alternativa C

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A Matemática é uma ferramenta fundamental para a interpretação e/ou construção de fenômenos no contexto da
Física. Assim, faz-se necessário conhecer o manuseio e a aplicabilidade, além da capacidade interpretativa, dessa
linguagem simbólica. Como afirma o terceiro eixo cognitivo da matriz de referência do ensino médio: “Selecionar,
organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e
enfrentar situações-problema”.

64
Modelo 2
(Enem) Um sistema de pistão contendo um gás é mostrado na figura. Sobre a extremidade superior do êmbolo, que
pode movimentar-se livremente sem atrito, encontra-se um objeto. Através de uma chapa de aquecimento é possível
fornecer calor ao gás e, com auxílio de um manômetro, medir sua pressão. A partir de diferentes valores de calor for-
necido, considerando o sistema como hermético, o objeto elevou-se em valores ∆h como mostrado no gráfico. Foram
estudadas, separadamente, quantidades equimolares de dois diferentes gases, denominados M e V.

A diferença no comportamento dos gases no experimento decorre do fato de o gás M, em relação ao V, apresentar:
a) maior pressão de vapor;
b) menor massa molecular;
c) maior compressibilidade;
d) menor energia de ativação;
e) menor capacidade calorífica.

Análise expositiva 2: Para resolver o problema, o aluno precisa saber interpretar gráficos e retirar informações do
E enunciado para aplicar os seus conhecimentos de termodinâmica.
Alternativa E

65
DIAGRAMA DE IDEIAS

TERMODINÂMICA

CONSERVAÇÃO PRIMEIRA LEI DA


DA ENERGIA TERMODINÂMICA

TRANSFORMAÇÕES

ΔU = 0 ISOTÉRMICA

= P • ΔV ISOBÁRICA

=0 ISOVOLUMÉTRICA

Q=0 ADIABÁTICA

66
AULAS Segunda lei da termodinâmica
13 e 14
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21

1. Transformação cíclica
Em um ciclo: DUciclo = 0

O estado final e o estado inicial do sistema são iguais em


uma transformação cíclica. Considere que um gás sofra as Lembrando da Primeira Lei da Termodinâmica:
transformações representadas no diagrama p × V abaixo. Qciclo = τciclo + DUciclo ⇒ Qciclo = tciclo + 0
Como é possível observar no gráfico, as transformações
sofridas pelo gás formam um caminho fechado. Esse pro- Conclui-se:
cesso é denominado ciclo. (É importante estudar os ciclos,
pois as máquinas térmicas funcionam executando ciclos Em um ciclo: Q = t
consecutivos).
No gráfico acima, o ciclo realizado pelo gás tem sentido
horário. Entretanto, as transformações também podem
ocorrer no sentido anti-horário. Nos dois casos, porém, a
área da região interna do gráfico (em um diagrama p × V)
é numericamente igual ao módulo do trabalho realizado
pelo gás, valendo:
Ciclo horário: tciclo > 0
Considerando o ponto A como estado inicial do gás, após
sofrer as transformações AB, BC, CD e DA, o gás volta ao Ciclo anti-horário: tciclo < 0
estado A e completa um ciclo. Devido ao estado final (A) p p
coincidir com o estado inicial (A), a temperatura final é a
τ>0
mesma que a temperatura inicial; assim, não existe varia-
ção da energia interna U no ciclo completo. |τ|
O trabalho do ciclo será dado pela soma do trabalho de
cada passagem individual:
O V O
tciclo = tABCDA = tAB + tBC + tCD + tDA
Sentido horário
Assim como a quantidade de calor do ciclo será igual à
soma de cada passagempindividual: p
Qciclo = QABCDA = QAB + QBC + QCD + QDA τ<0
τ>0
Ou como a variação da energia interna:|τ| |τ|
DUciclo = DUABCDA = DUAB + DUBC + DUCD + DUDA = 0

Lembrando que a Primeira


O Lei da Termodinâmica é válida O V
V
tanto para cada passagem individual quanto para o ciclo
completo: Sentido anti-horário

DUciclo = Qciclo – tciclo


Como em cada ciclo Qciclo = tciclo, resulta que:
DUAB = QAB – tAB DUBC = QBC – tBC Em um ciclo realizado no senti-
DUCD = QCD – tCD DUDA = QDA – tDA do horário: tciclo > 0 e Qciclo > 0

67
A quantidade de calor recebida pelos gás é totalmente
transformada em trabalho realizado pelo gás, isto é, todo o 2. Segunda lei da termodinâmica
calor é convertido em trabalho. A segunda Lei da Termodinâmica foi enunciada de maneiras
Em ciclo realizado no sentido anti-horário: diferentes, embora equivalentes. Uma delas é a seguinte:
tciclo < 0 e Qciclo < 0
“O calor não pode fluir espontaneamente de um cor-
O gás fornece calor devido a um trabalho realizado pelo po de temperatura menor para um outro corpo de
meio exterior sobre o gás, ou seja, o trabalho é convertido temperatura mais alta”.
em calor cedido pelo gás.

Aplicação do conteúdo A primeira formulação da Lei, realizada em 1850 pelo ale-


mão Rudolf Emmanuel Clausius (1822-1888), foi:
1. (Unirio) Um gás sofre a transformação cíclica ABCA, in-
dicada no gráfico a seguir. A variação da energia interna
e o trabalho realizado pelo gás, valem, respectivamente: “O calor flui espontaneamente de um corpo quente
para um corpo frio. O inverso só ocorre com a realiza-
ção de trabalho”.

Outra formulação, de Lorde Kelvin e do físico alemão Max


Planck (1858-1947), é:

“É impossível, para uma máquina térmica que opera


em ciclos, converter integralmente calor em trabalho”.

Considere as trocas de energia em uma máquina térmica


representadas na figura a seguir. A fonte quente, à tempe-
a) DU = 0 J e t = 0 J ratura T1, fornece uma quantidade de calor Q1 à máquina
b) DU = 0 J e t = 8,0 ∙ 102 J térmica (no caso de uma locomotiva a vapor, por exemplo,
c) DU = 0,5 ∙ 102 J e t = 1,5 ∙ 103 J a fonte quente é a fornalha onde é queimado o combustí-
d) DU = 8,0 ∙ 102 J e t = 0 J vel). Do calor Q1, uma parte é convertida em trabalho (τ), e
e) DU = 8,5 ∙ 102 J e t = 8,0 ∙ 102 J o restante |Q2| é fornecido a uma segunda fonte à tempe-
Resolução: ratura T2, menor que T1 (T2 < T1) (no caso da locomotiva a
vapor, a fonte fria é o ambiente externo).
Para calculars os dados pedidos, deve-se lembrar que a
área de um gráfico de P x V FONTE QUENTE T1

apresenta o trabalho exercido pelo gás; assim:


Q1

​ b ∙ ​
t = ____ h  
2
MÁQUINA τ
Substituindo os valores:
(5 – 1) ∙ (600 – 200)
t = ________________
  
​   ​  
2 Q2

Finalizando os cálculos, resulta: T2


FONTE FRIA

t = 800 ou 8 ∙ 10 J 2
Esquema de uma máquina térmica
Além disso, numa transformação cíclica, a energia interna
Assim:
do gás não varia, ou seja, a variação da energia interna é
nula; assim: Q1 = τ + |Q2|
DU = 0 Ou:
Alternativa B τ = Q1 – |Q2|

68
Essa relação demonstra que a diferença entre o calor da
fonte quente e a fonte fria é igual ao trabalho realizado Aplicação do conteúdo
em cada ciclo. 1. Uma máquina térmica recebe, a cada ciclo, uma quan-
tidade de calor Q1 = 500 J da fonte quente, e fornece
O rendimento de uma máquina térmica h (lê-se “eta”) uma quantidade de calor Q2 = 400 J para a fonte fria.
define-se por: Cada ciclo é executado em um intervalo de tempo
Dt = 0,25 s. Determine:
t
h = ​ __   ​  a) o trabalho realizado pela máquina em cada ciclo;
Q1
b) o rendimento da máquina;
c) a potência útil da máquina.
Substituindo τ = Q1 – |Q2|, obtém-se:
Resolução:
t Q1 – | Q2 | |Q2|
h = ​ __   ​ = ________
​   ⇒ h = 1 – __
 ​  ​   ​  a) t = Q1 – Q2 = 500 J – 400 J ⇒ t = 100 J
Q1 Q1 Q1
b) η = ​ __
t  ​ = _____
​ 100 J 
 ​ ⇒ η = 0,20 = 20%
Q1 500 J
Nessa expressão, nota-se que o rendimento seria de
100% caso todo o calor fosse convertido em traba- ​  t   ​ = _____
c) Pu = ___ ​  100 J 
 ​ = 400 J/s ⇒ Pu = 400 W
Dt 0,25 s
lho, nesse caso, Q2 = 0. Contudo, sempre há uma
quantidade de calor Q2 transferido à fonte fria e, por-
tanto, sempre t < Q1 e Q2 > 0. Por esse motivo, o
rendimento de uma máquina térmica é sempre me-
3. O ciclo de Carnot
Depois de as primeiras máquinas térmicas terem sido cons-
nor do que 100%. No caso das máquinas a vapor,
truídas no início do século XVIII, a primeira análise teórica
o rendimento é aproximadamente 0,15 (ou 15%).
dessas máquinas surgiu em 1824, em uma obra do físico
O rendimento de uma máquina térmica também é de-
francês Nicolas Leonard Sadi Carnot (1796-1832).
nominado eficiência.
Carnot nasceu em Paris e, apesar de ter morrido com ape-
A potência útil (Pu) de uma maquina térmica é a razão en-
nas 36 anos, foi de vital importância para o desenvolvimen-
tre o trabalho τ realizado por ela e o intervalo de tempo Dt
to da termodinâmica. Ele estudou as máquinas térmicas,
gasto para realizá-lo.
além de ter enunciado a Segunda Lei da Termodinâmica da
seguinte maneira: “Para haver conversão contínua de calor
​  t  ​  
Pu = __
Dt em trabalho, um sistema deve realizar ciclos entre fontes
No SI sua unidade é o watt (W), que representa a razão quentes e frias, continuamente. Em cada ciclo, é retirada
uma certa quantidade de calor da fonte quente (energia
entre joule e o segundo.
útil), que é parcialmente convertida em trabalho, sendo o
restante rejeitado para a fonte fria (energia dissipada)”.
Em seu trabalho de 1824, Carnot mostrou que uma máqui-
na térmica, operando com uma fonte quente à temperatu-
ra T1, e uma fonte fria à temperatura T2, tem rendimento
máximo quando executa um ciclo especial, denominado
ciclo de Carnot, representado na figura a seguir. Esse ci-
clo é formado pelas seguintes transformações (duas isotér-
micas e duas adiabáticas), na seguinte ordem:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Mauá - O Imperador e o Rei
O filme mostra o enriquecimento e a falência
de Irineu Evangelista de Sousa, mais conhecido
como barão de Mauá, considerado o primeiro
grande empresário brasileiro.

69
T
1. O gás recebe calor Q1 da fonte quente e sofre uma hmáx = 1 – __ ​ 300 K 
​  2 ​  = 1 – _____  ​= 1 – 0,60 ⇒
expansão isotérmica AB à temperatura T1. T1 500 K
⇒ hmáx = 0,40 = 40%
2. Expansão adiabática BC; o gás atinge a temperatura T2.

4. Máquinas frigoríficas
3. O gás fornece o calor Q2 à fonte fria e sofre uma com-
pressão isotérmica CD à temperatura T2.

4. Compressão adiabática DA; o gás volta ao seu estado Diferentemente das máquinas térmicas, as máquinas frigo-
inicial à temperatura T1. ríficas retiram o calor de uma fonte fria e o fornecem para
uma fonte quente. Obviamente, esse processo não ocorre
A seguinte relação é válida para esse ciclo: espontaneamente, pois, de acordo com a Segunda Lei da
Termodinâmica, a tendência natural do calor é fluir de um
__|Q | T2
​  2 ​ = __
​   ​  corpo quente para um corpo frio. Assim, é necessário rea-
Q1 T1
lizar trabalho (por exemplo, por meio de um motor) que
faça com que o calor siga um percurso não natural. Essa
Já foi visto que o rendimento (ou eficiência) de uma máqui- é a base de funcionamento de aparelhos como o ar-condi-
na térmica qualquer é dado por: cionado e o refrigerador doméstico.
t   ​ = ​  Q
h = ​ __
1
– |Q2|
______ ​ 
|Q2|
 ⇒ h = 1 – ​ __ ​ 
FONTE QUENTE T2

Q1 Q1 Q1
Q2
O rendimento de uma máquina realizando o ciclo de Car-
not pode ser calculado a partir das temperaturas das fontes
τ
quente e fria. Substituindo as variáveis Q1 e |Q2| pelos valo- MÁQUINA

res de temperatura T1 e T2:

T T1 – T2 Q1
h = 1 – __
​  2 ​ = _____
​   ​


T1 T1
FONTE FRIA T1

O rendimento do ciclo de Carnot é independente do gás


utilizado pela máquina e é um ciclo ideal. Na prática, O esquema de funcionamento de uma máquina frigorífica
entretanto, as máquinas que funcionam usando o ciclo está representado na figura anterior. O trabalho τ executa-
de Carnot têm um rendimento inferior ao previsto. Isso do por um motor faz com que o calor Q1, retirado da fonte
acontece devido às transformações adiabáticas não ocor- fria, à temperatura T1, seja enviado para a fonte quente, à
rerem perfeitamente, e também devido às perdas de ca- temperatura T2 (sendo T2 > T1), que recebe uma quantidade
lor por atrito e isolamento térmico imperfeito. Máquinas de calor |Q2|. Assim, a cada ciclo executado:
térmicas reais atingem de 60% a 80% do rendimento
previsto por Carnot. Q1 + |τ| = |Q2|
Nota: Observe que nem mesmo o ciclo de Carnot pode
alcançar um rendimento de 100%.

Aplicação do conteúdo
1. Uma máquina térmica funciona entre duas fontes
às temperaturas de 227 ºC e 27 ºC. Qual o rendimento
máximo possível para essa máquina?

Resolução:
Tem-se:
T1 = 227 °C = 500 K
T2 = 27 °C = 300 K multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O maior rendimento possível é obtido usando um ciclo de Noções de entropia
Carnot:

70
Nas máquinas frigoríficas é usado um fluido que, durante Q
parte do ciclo, é gás e, no restante do ciclo, permanece na e = __
​  1 ​  
|t|
forma líquida.
Dessa forma, a máquina térmica transforma calor em tra- Em que Q1 é o calor retirado da fonte fria, e τ é o trabalho
balho, fazendo com que o fluido (vapor) execute um ciclo realizado pelo motor. Considerando o calor Q2 enviado à
no sentido horário: fonte quente, reescreve-se a equação do ciclo, isolando
o trabalho:
Q1 + |t| = |Q2| ou |t| = |Q2| – Q1

Substituindo na equação anterior, obtém-se a seguinte


expressão:
Q1
e = ______
​     ​  
|Q2| – Q1
A máquina frigorífica transforma trabalho em calor, fazen-
do com que o fluido (gás refrigerante) execute um ciclo no
Em geral, refrigeradores domésticos têm eficiência e = 5,
sentido anti-horário.
isto é, a cada ciclo, a quantidade de calor retirada de den-
tro do refrigerador é cinco vezes maior do que o trabalho
executado pelo compressor.

Assim, o trabalho do gás refrigerante é negativo em uma


máquina frigorífica. Isso significa que o gás é comprimido
pela ação do motor, que, por esse motivo, é denominado
motor compressor.

5. Eficiência de uma multimídia: vídeo


Máquina Frigorífica Fonte: Youtube
A eficiência ou coeficiente de desempenho de uma máqui- Ciclos termodinâmicos e máquinas térmicas
na frigorífica é número e definido por:

VIVENCIANDO

Como foi visto ao longo das aulas sobre termodinâmica, o estudo dos gases foi fundamental na história da humani-
dade, não só pela construção de dirigíveis, mas principalmente como ferramenta para as revoluções industriais. As
máquinas térmicas, por sua vez, permitiram a construção de bombas de água, tornando possível a extração de carvão
a grandes profundidades, a criação de máquinas que aumentaram a produtividade nas indústrias (por exemplo, na
produção têxtil), o advento do motor a combustão, que está presente nos automóveis utilizados cotidianamente, e a
criação da geladeira, onde são guardados e conservados os alimentos.

71
rário. Nesse caso ele é denominado refrigerador de Carnot.
Aplicação do conteúdo Para o refrigerador de Carnot também vale a equação:
1. Tem-se uma máquina térmica frigorífica que realiza, Q |Q2|
durante um ciclo completo, um trabalho de 4 ∙ 104 J e ​ __1 ​ = __
​   ​ 
cede, à fonte fria, 12 ∙ 104 J. Com essas informações, T1 T2
calcule a eficiência da máquina frigorífica. Assim, pode-se expressar o rendimento em função das
temperaturas das fontes fria e quente:
Resolução:
Q1 T
A eficiência de uma máquina frigorífica é dada pela eCarnot = ______
​     ​  = _____
​  1   ​ 
|Q2| – Q1 T2 – T1
seguinte equação:
Q
e = __
​  1 ​
|τ|
Substituindo pelos valores, obtém-se:
​ 12 ∙ 104 ​ 
4
e = ______
4 ∙ 10
Logo:
e=3

2. (PUC- Camp) A turbina de um avião tem rendimento


de 80% do rendimento de uma máquina ideal de Car-
not operando às mesmas temperaturas.
multimídia: vídeo
Em voo de cruzeiro, a turbina retira calor da fonte quente a
Fonte: Youtube
127 °C e ejeta gases para a atmosfera que está a –33 °C.
Ciclos termodinâmicos e máquinas térmicas
O rendimento dessa turbina é de
a) 80 %
b) 64 %
7. Terceira lei da termodinâmica
c) 50 % A Terceira Lei da Termodinâmica resultou dos trabalhos de
d) 40 % Walther Nernst (1864-1941) e Max Planck (1858-1947).
e) 32 % As transformações naturais ocorrem em um certo sentido e
Resolução: nem sempre são reversíveis, isto é, apesar de ocorrer a con-
servação da energia total, à medida que o tempo passa, me-
Aplicando a fórmula de rendimento, tem-se:
T – T2 nor é a possibilidade de se obter energia útil em um sistema.
η = _____
​  1  ​   A evolução dos sistemas naturais tende para um estado de
T1
Substituindo os valores: maior desordem. Essa medida de desordem de um sistema
(127 + 273) – (–33 + 273) é denominada entropia. Assim, quando a desordem de um
η = ____________________
  
​      ​ sistema aumenta, ocorre um aumento de entropia.
(127 + 273)
Finalizando os cálculos, obtém-se: Considere uma xícara de chá que cai e se parte ao atingir
η = 0,4 o chão. Se todos os cacos da xícara fossem recolhidos e
Para calcular a eficiência da asa, deve-se achar 80% de a xícara caísse novamente, do mesmo modo que a xícara
0,4, ou seja: intacta, os cacos recolhidos da xícara não se reorganizam,
e é mais provável que se partam em pedaços ainda meno-
easa = 0,4 ∙ 0,8
res. Esse exemplo ilustra o fato de que a desordem tende
Assim: a aumentar conforme o tempo passa, sendo mais provável
easa = 0,32 atingir um estado de maior desordem do que um estado
Alternativa E bem ordenado. Assim, a Terceira Lei da Termodinâmica
pode ser enunciada da seguinte maneira:

6. Refrigerador de Carnot As transformações naturais sempre resultam em um


Da mesma forma que a máquina térmica, um refrigerador aumento da entropia do Universo.
pode executar o ciclo de Carnot, mas no sentido anti-ho-

72
Desse modo, pode-se definir processos irreversíveis como
aqueles processos que, por meios naturais, ocorrem apenas
7.1. Motor a combustão
em um sentido. Dessa forma, quando ocorre um processo De modo geral, o motor a combustão é uma máquina tér-
irreversível, a entropia do sistema sempre aumenta. Já os mica que transforma a energia da queima de certos gases
processos reversíveis são aqueles em que, depois de ocorrer em trabalho. Um motor padrão é composto por quatro fases.
uma pequena mudança, é possível reverter essa mudança, Na primeira, o gás preenche um cilindro à medida que um
de forma que o sistema volte às suas condições iniciais. pistão abre espaço, mantendo uma pressão constante. Na
Tecnicamente, processos reversíveis são uma idealização, fase 2, o pistão comprime a mistura gasosa numa transfor-
uma vez que na natureza todos os processos envolvem mação adiabática, de tal forma que, no final do processo, a
turbulência ou atrito, ou ainda algum outro aspecto que os temperatura e a pressão do gás estão com valores elevados.
torna irreversíveis. Na terceira fase, uma faísca faz com que o gás entre em
combustão devido a reações químicas entre o gás e o ar.
A definição de entropia para um sistema em que ocorre
Novas substâncias são produzidas, causando uma rápida ex-
uma transformação isotérmica é a razão entre a quantidade
de calor que o sistema troca pela temperatura do sistema pansão do gás e outra transformação adiabática. Por fim, na
última fase, os gases decorrentes da queima são expulsos do
durante a transformação reversível:
cilindro por meio de uma transformação isobárica.
Q
DS = __
​   ​ 
T
A unidade de entropia S no SI é o joule por kelvin J/K.
Para o cálculo da entropia de uma transformação irreversí-
vel, devido ao fato de a entropia ser uma variável de esta-
do, basta escolher um processo reversível que interligue os
mesmos dois estados do processo irreversível. A entropia
calculada será equivalente à do processo irreversível.
Agora, é possível reescrever a Terceira Lei da Termodinâmi- 7.2. Ciclo de Otto
ca em termos da entropia:
Idealizado por Beau de Rochas (1815-1893), mas colocado
Quando ocorrem mudanças em um sistema fechado, sua en- em prática, em 1875, pelo engenheiro Nikolaus Otto (1832-
tropia nunca diminui; ela pode crescer para processos irrever- 1891), é o motor que se encontra na maioria dos automó-
síveis ou permanecer constante para processos reversíveis: veis atualmente. É composto dos seguintes processos:
DS ≥ 0 1. Admissão isobárica (0-1).
Nota: No ciclo de Carnot todas as transformações
2. Compressão adiabática (1-2).
são reversíveis.
3. Combustão isocórica (2-3).

4. Expansão adiabática (3-4).

5. Abertura de válvula (4-5).

6. Exaustão isobárica (5-0).

multimídia: sites
cienciaetecnologias.com/demonio-de-
maxwell/
www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/ciclo_
carnot.htm
coral.ufsm.br/gef/Calor/calor28.pdf

73
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A Revolução Industrial, que ocorreu na Europa entre os séculos XVIII e XIX, foi um conjunto de mudanças estruturais
no modo de produção, quando o trabalho artesanal foi substituído pelo trabalho assalariado e pelo uso das máquinas.
Até o final do século XVIII, a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. Nesse sentido,
um artesão conhecia todo o processo produtivo de seu produto. Com o passar do tempo, começaram a surgir grandes
oficinas, em que diversos artesãos, realizando manualmente todo o processo, fabricavam os produtos, mas eram subor-
dinados ao proprietário da manufatura.
Devido à sua localização, ao fato de possuir uma rica burguesia em expansão e ter sofrido um êxodo rural, a Inglaterra
possuía as características que fizeram com que estivesse na vanguarda da Revolução Industrial entre 1760 e 1860.
Com o desenvolvimento tecnológico, as oficinas se transformaram em pequenas fábricas; nas indústrias de tecidos
de algodão surgiu o tear mecânico. Nessa época, o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a contin-
uação da revolução, tanto para o transporte da mercadoria quanto para a produção. A Inglaterra possuía reservas
de minas de carvão mineral, mas máquinas de bombear água eram necessárias para a exploração das minas – com
a máquina a vapor foi possível explorar minas a grandes profundidades. O carvão era utilizado para movimentar a
locomotiva a vapor, aquecer os fornos das indústrias ou alimentar algumas máquinas a vapor.
No início da Revolução Industrial, as fábricas não eram um bom local de trabalho: condições de trabalho precárias,
longas jornadas de trabalho, baixo salário, péssima iluminação, falta de ventilação, muita sujeira e até mesmo cas-
tigos físicos por parte dos patrões forçaram revoltas e greves dos trabalhadores, que passaram a se organizar por
meio de sindicatos, exigindo melhores condições de trabalho, melhores salários e direitos trabalhistas.

7.3. Ciclo de Diesel O ciclo de Diesel é utilizado em automóveis, caminhões,


barcos, compressores, navios e em geradores diesel-elétri-
Diferentemente do ciclo de Otto, o motor de Diesel faz a ig- cos industriais.
nição do combustível pelo aumento da temperatura devido
à compressão do ar. Foi inventado em 1893 pelo engenheiro
Rudolf Diesel (1858-1913). Ainda hoje se destaca devido à
economia de combustível. O ciclo de Diesel é composto por
quatro processos:
1. Uma compressão isentrópica, ou seja, sem o aumento
da entropia do sistema (1-2).
2. Fornecimento de calor à pressão constante (isobárico)
(2-3).
3. Expansão isentrópica, sem o aumento da entropia do
sistema (3-4).
multimídia: livros
4. Por fim, uma transformação isovolumétrica, enquan-
Germinal - Zola, Émile
to o calor é cedido. (4-1).
Cultuado por muito tempo como o romance
por excelência das relações humanas no
universo da organização dos trabalhadores,
‘Germinal’ retrata os primórdios da Interna-
cional Socialista, constituindo simultanea-
mente um painel revelador da lógica patronal
no início do capitalismo industrial.

74
Para achar o trabalho necessário, deve-se aplicar outra fórmula:
Aplicação do conteúdo Q
1. Quanto trabalho deve ser realizado por um refrigera- |t| = e____
​  1  ​  
carnot
dor Carnot para transferir 1,0 J sob a forma de calor de Substituindo, tem-se:
um reservatório a 7,0 ºC para um a 27 ºC?
​  1  ​ 
|t| = ___
Resolução: 14
Assim:
Para calcular o valor do trabalho necessário, deve-se, ini-
cialmente, calcular a eficiência da máquina: |t| = 0,071 J
T
ecarnot = _____
​  1   ​   2. O que é entropia?
T2 – T1
Substituindo os valores, tem-se:
Resolução:
(7 + 273)
_________________
ecarnot =   
  
​   ​
(27 + 273)–(7 + 273) Quantidade termodinâmica de um sistema físico associada
Finalizando os cálculos, tem-se: ao grau de desordem desse sistema. Quanto mais desorde-
nado o sistema, maior sua entropia.
ecarnot = 14

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e saber
aplicá-los no cotidiano. Como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhe-
cimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e
das manifestações artísticas”.

Modelo
(Enem) Aumentar a eficiência na queima de combustível dos motores a combustão e reduzir suas emissões de poluen-
tes são a meta de qualquer fabricante de motores. É também o foco de uma pesquisa brasileira que envolve expe-
rimentos com plasma, o quarto estado da matéria e que está presente no processo de ignição. A interação da faísca
emitida pela vela de ignição com as moléculas de combustível gera o plasma que provoca a explosão liberadora de
energia que, por sua vez, faz o motor funcionar.
Disponível em: <www.inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em: 22 jul. 2010 (adaptado).
No entanto, a busca da eficiência referenciada no texto apresenta como fator limitante:
a) O tipo de combustível, fóssil, que utilizam. Sendo um insumo não renovável, em algum momento estará esgotado.
b) Um dos princípios da termodinâmica, segundo o qual o rendimento de uma máquina térmica nunca atinge o ideal.
c) O funcionamento cíclico de todo os motores. A repetição contínua dos movimentos exige que parte da energia seja
transferida ao próximo ciclo.
d) As forças de atrito inevitável entre as peças. Tais forças provocam desgastes contínuos que com o tempo levam qualquer
material à fadiga e ruptura.
e) A temperatura em que eles trabalham. Para atingir o plasma, é necessária uma temperatura maior que a de fusão do
aço com que se fazem os motores.

75
Análise expositiva - Habilidade 21: Nessa questão, o aluno precisa se lembrar do enunciado da Segunda Lei
B da Termodinâmica e relacioná-la com o rendimento para a máquina de Carnot.
Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

TERMODINÂMICA

MÁQUINA IDEAL CICLOS 2ª LEI DA


DE CARNOT TERMODINÂMICOS TERMODINÂMICA

DEGRADAÇÃO
DE ENERGIA

RENDIMENTO
ENTROPIA
MÁXIMO

ANTI-HORÁRIO HORÁRIO

MÁQUINA MÁQUINA
FRIGORÍFICA TÉRMICA

76
AULAS Introdução à óptica geométrica
15 e 16
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 22

1. Óptica geométrica 2. Classificação dos


Será iniciado o estudo da Óptica (do grego optiké, que raios luminosos
significa “visão”), que trata do estudo da luz.
Os feixes de raios luminosos são classificados em três tipos:
A propagação da luz será analisada nos tópicos de On- paralelos, divergentes e convergentes.
dulatória. Agora, porém, será estudada de modo relativa-
mente simples a propagação da luz usando leis empíricas Um feixe é denominado paralelo quando todos os raios
e construções geométricas que representam o percurso da luminosos que o constituem são paralelos.
luz por linhas denominadas raios de luz. Esse estudo re-
cebe o nome de Óptica Geométrica.
O que torna possível um objeto ser visualizado é o fato de
ele conseguir enviar luz para os olhos do observador. Feixe paralelo

Os corpos luminosos são capazes de produzir e emitir Um feixe é divergente quando todos os raios que o consti-
luz própria, como o Sol, a chama de uma vela ou o fil- tuem são oriundos de um mesmo ponto.
amento de uma lâmpada incandescente acesa. Os cor-
pos iluminados, por sua vez, não produzem luz própria,
mas refletem a luz que incide sobre eles. Assim, apesar de
emitirem luz, a origem da luz não é o corpo, ela apenas foi
absorvida e reemitida pelo objeto. Feixe divergente

O exemplo da figura a seguir ilustra esses dois tipos de Por fim, um feixe é chamado de convergente quando todos
corpos. O Sol emite luz própria, e parte dessa luz atinge os raios se cruzam num determinado ponto.
a árvore que, por sua vez, reflete uma parte dessa luz em
direção aos olhos do observador, o que torna possível
enxergar a árvore. Os corpos luminosos são denominados
fontes primárias de luz, e os corpos iluminados são de-
Feixe convergente
nominados fontes secundárias de luz.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Faça um holograma para celular (muito
fácil!)

77
3. Classificação dos meios A figura a seguir apresenta o comportamento dos raios de
luz em meios transparente, translúcido e opaco.
A luz não se propaga somente no vácuo, mas também em
diferentes tipos de meios materiais.
Quando é possível observar claramente os objetos através
de um meio, como o vidro polido, o meio é denominado
transparente.

No entanto, alguns objetos são vistos sem nitidez através


de alguns meios materiais. Isso acontece porque, apesar de
o objeto permitir a passagem de parte da luz, a passagem
não é regular e ocorre de modo difuso. Nesse caso, a ima-
gem vista através do material não é perfeita. Esse tipo de
meio é denominado translúcido.

4. Princípios da óptica geométrica

Alguns meios não permitem a propagação da luz. Nesse


caso, não é possível observar os materiais através do meio,
que é denominado opaco. A madeira e o tijolo são exem-
plos de meios opacos.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Princípios da óptica geométrica
Quando as propriedades de um material, como composi-
ção química, densidade, entre outras, são iguais, o meio
Conheça a seguir os princípios básicos da óptica geométrica:
é denominado homogêneo. O meio não homogêneo é
chamado de heterogêneo. § Lei da Propagação Retilínea da Luz
Quando as propriedades do meio são independentes da di- A luz se propaga em linha reta nos meios homogêneos e
reção, o meio é denominado isotrópico. No entanto, se as transparentes.
propriedades dependerem da direção, o meio é anisotrópi-
§ Reversibilidade dos Raios Luminosos
co. Por exemplo, a velocidade da luz atravessando um cristal
pode depender da direção em que a luz incide no cristal; as- A trajetória seguida pelo raio de luz em um sentido será
sim, esse meio é anisotrópico em relação à velocidade da luz. igual se o sentido do raio de luz for invertido.

78
§ Lei da Independência dos Raios Luminosos
A trajetória de um raio luminoso não é afetada por outro
que cruza essa trajetória. Os raios de luz seguem trajetórias
independentes, ainda que se cruzem.

Aplicação do conteúdo
1. Entre os princípios da Óptica Geométrica, talvez o
mais importante, seja o princípio da Propagação Retilí-
nea da Luz. Explique de forma sucinta esse princípio.

Resolução: Se a fonte de luz não for pontual (ou puntiforme), a fon-


te será denominada extensa (por exemplo, o filamento de
O princípio da Propagação Retilínea da Luz garante que a uma lâmpada fluorescente). Na figura a seguir, a fonte F foi
luz se propague em linha reta nos meios homogêneos e trocada por uma lâmpada e, nesse caso, além da sombra,
transparentes. uma outra região recebe apenas parte da luz emitida pela
fonte. Essa região é denominada penumbra.
2. Explique o que ocorre quando dois raios de luz se
encontram ortogonalmente.

Resolução:
O Princípio da Independência dos Raios Iluminosos garante
que os raios que se cruzam ortogonalmente não alteram
suas trajetórias, isto é, cada raio segue sua trajetória nor-
malmente como se nada tivesse acontecido.

5. Propagação retilínea da luz


A luz se propaga em linha reta nos meios transparentes, As ocorrências de eclipses são decorrentes desse princípio:
homogêneos e isotrópicos.
Eclipse solar
Considere o exemplo da figura abaixo. Uma lâmpada é
acesa e emite luz em todas as direções. Os anteparos P1 e
P2 são meios opacos com orifícios O1 e O2 alinhados. Um
observador atrás do anteparo P2 somente poderá observar
a lâmpada se olhar pelo orifício O2. Nesse caso, a luz per-
corre um trajeto linear da lâmpada, passando pelos orifí-
cios até os olhos do observador.

O Sol é totalmente bloqueado pela Lua, no cone de som-


bra, e nessa região ocorre o eclipse total. Contudo, nas
regiões do cone de penumbra ocorre o eclipse parcial,
pois o Sol é parcialmente bloqueado.

5.1. Sombra e penumbra Eclipse lunar

A propagação retilínea da luz também é observada pela


formação de sombras. Na figura a seguir, uma fonte de luz
puntiforme F (ou seja, de tamanho desprezível) ilumina
uma esfera opaca e uma placa opaca P. Devido ao fato de a
luz não desenvolver uma trajetória curva, uma região atrás
da esfera não recebe luz. Essa região é a sombra causada
pela esfera e projetada no anteparo.

79
O eclipse lunar ocorre quando a Lua não recebe ne- Em que:
nhuma luz proveniente do Sol devido ao bloqueio da luz
o é o tamanho do objeto.
pela Terra, que é muito maior do que a Lua. Nesse eclipse,
não é possível observar a Lua. i é o tamanho da imagem.
p é a distância do objeto ao orifício.
Aplicação do conteúdo p' é a distância da imagem ao orifício.
1. Quando ocorre um eclipse solar parcial?

Resolução:
Aplicação do conteúdo
1. (FEI) Um dos métodos para medir o diâmetro do Sol
O eclipse solar parcial ocorre quando a Lua se encontra
consiste em determinar o diâmetro de sua imagem
entre o Sol e a Terra, de modo que a Lua impeça total ou nítida, produzida sobre um anteparo, por um orifício
parcialmente que a luz solar atinja determinadas regiões pequeno feito em um cartão paralelo a esse anteparo,
da Terra. A Lua projeta na Terra uma região de sombra, na conforme ilustra a figura. Em um experimento realizado
qual o eclipse solar é total, e uma região de penumbra, na por esse método, foram obtidos os seguintes dados:
qual o eclipse solar é parcial. I. diâmetro da imagem = 9,0 mm
II. distância do orifício até a imagem = 1,0 m
2. O que é o eclipse lunar?
III. distância do Sol à Terra = 1,5 · 1011 m
Resolução: Qual é, aproximadamente, o diâmetro do Sol medido
O eclipse lunar ocorre quando a Terra se encontra entre o Sol por esse método?
e a Lua, de modo que a Lua não receba luz proveniente do
Sol, pois ela fica na região de sombra provocada pela Terra.
Uma vez que a Lua não recebe luz, não é possível vê-la.

6. Câmara escura de orifício


A câmara escura de orifício também evidencia a pro-
pagação retilínea da luz. Como é possível observar na fi-
gura a seguir, a câmara é uma caixa opaca com apenas
a) 1,5 ∙ 108 m
um orifício que permite a entrada da luz. Quando um ob- b) 1,35 ∙ 108 m
jeto luminoso de dimensões AB é colocado em frente ao c) 2,7 ∙ 108 m
orifício, os raios de luz do objeto incidem sobre a câmara d) 1,35 ∙ 109 m
e penetram apenas pelo orifício. Na figura, o ponto A da e) 1,5 ∙ 109 m
vela segue a trajetória retilínea incidindo na parte inferior
da câmara, e o ponto B incide de modo horizontal. Como Resolução:
pode ser visto, os pontos de incidência A’B’ formam uma O exercício tem o intuito de descobrir o diâmetro do Sol;
imagem invertida do objeto. É possível visualizar a forma- para isso, deve-se usar a fórmula já simplificada para exer-
ção da imagem se a luz incidir em um anteparo translúcido, cícios de câmara de orifício.
como o papel vegetal.
_​  y ​ = __y'
​   ​ 
A x x'
0
Utilizando os dados pelo exercício, tem-se:
B’
B
i x = 1,5 ⋅ 1011

A’ x'= 1

p y' = 9 ⋅10-3
p’
Substituindo na fórmula, obtém-se:
y
Através da semelhança de triângulos, é válida a seguinte ​ 9 ⋅ 10
-3
________
​  = ______
  11 ​    ​  
relação: 1,5 ⋅ 10 1
p' i Resolvendo a expressão, tem-se:
__
​  p ​ = __
​ o  ​ 
y = 9 ⋅ 10-3 1,5 ⋅ 1011

80
Terminando os cálculos, resulta:
y = 13,5 ⋅ 108 = 1,35 ⋅ 109 m
Alternativa D

7. Reflexão e refração da luz


Considere o exemplo ilustrado na figura a seguir, em que
um raio de luz propagando-se no meio A encontra o meio
B. Nesse caso, três fenômenos podem ocorrer:
§ uma parte da luz é refletida e volta para o meio A;
§ uma parte da luz é transmitida e propaga-se no meio B;
§ uma parte da luz é absorvida e transforma-se em ou-
tras formas de energia (por exemplo, em calor).
Se os meios são transparentes, isotrópicos e homogêneos,
ocorre a refração regular; nos meios translúcidos, ocorre a
refração difusa.

Dependendo da natureza dos meios e da cor da luz, es-


ses três fenômenos podem ou não ocorrer. A madeira, por
exemplo, por ser opaca, não transmite a luz.
A reflexão regular ocorre quando raios incidentes pa-
ralelos são refletidos mantendo-se paralelos. Um objeto multimídia: vídeo
metálico bem polido é capaz de produzir reflexão regular.
Fonte: Youtube
Qual é a cor? What is the color - Colm
Kelleher

Em geral, o espectro do arco-íris é separado em 7 cores,


que, quando unidas, produzem luz branca. São elas: verme-
lho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.

Se a superfície S entre os meios é áspera, os raios refle-


tidos se espalham em todas as direções e deixam de ser
paralelos. Nesse caso, a reflexão é difusa, e essa proprie-
dade é que torna possível os objetos serem observados.
No caso da transmissão (ou refração) da luz, como na
reflexão, duas situações são possíveis: a refração regular Um feixe de luz é denominado monocromático quando
e a refração difusa. é composto por apenas um tipo de cor. É claro que um feixe

81
monocromático não existe na realidade, uma vez que não Quando se trata de feixes de luz, tem-se as seguintes co-
é possível criar um feixe com uma única frequência, mas res primárias: azul, vermelho e verde. Suas combinações
uma faixa de frequência. Um feixe é chamado de policro- produzem as cores secundárias: ciano, magenta e amarelo.
mático quando é composto por diferentes cores.
luz vermelha + luz verde = sensação visual de amarelo
Para que o olho humano tenha a sensação de branco, não
luz vermelha + luz azul = sensação visual de magenta
é necessário que todas as cores do arco-íris o atinjam. Um
cruzamento de um feixe de luz vermelha, um feixe de luz luz verde + luz azul = sensação visual de ciano.
azul e um feixe de luz verde atuando simultaneamente nos
olhos do observador é o suficiente para causar a sensação
visual de luz branca.
Aplicação do conteúdo
1. O que é refração da luz?

Resolução:
Magenta Refração da luz é o nome dado ao fenômeno da passa-
gem da luz para um meio diferente do meio proveniente.
Existem dois tipos: a refração regular e a difusa. Nos meios
transparentes, ocorre a refração regular; e nos meios trans-
lúcidos, ocorre a refração difusa.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O triângulo foi inventado ou foi descoberto pela Matemática? Na verdade, esse objeto matemático, amplamente utili-
zado no estudo dos fenômenos da propagação retilínea da luz, foi definido matematicamente. Definir é atribuir forma
e nome a um determinado objeto que apresenta determinadas características. Assim, a definição é arbitrária. O nome
triângulo foi atribuído à forma dos objetos que ocupam o espaço interno limitado por três segmentos de reta que con-
correm, dois a dois, em três pontos diferentes, formando três lados e três ângulos internos que somam 180°.
Na geometria plana, considera-se que dois triângulos são semelhantes quando guardam uma proporção entre eles,
de forma que seus ângulos sejam iguais, e os lados do primeiro triângulo sejam proporcionais aos lados do segundo.
Os triângulos semelhantes são usados em diversas áreas, como na arquitetura, para a estabilização de pontes, e na
fotografia, para determinação de amplas distâncias.

82
7.1. A cor de um corpo proveniente da fonte sem refletir nenhuma; assim, o corpo
apresentará a cor preta.
Como foi visto, os fenômenos de reflexão, transmissão e
Alternativa C
absorção da luz dependem das características do meio e
da cor da luz.
Por exemplo, se a luz branca incidir sobre um material que
reflete todas as cores, o objeto terá cor branca; caso o ma-
terial não reflita nenhuma cor, sua cor será preta. Entre-
tanto, pode acontecer de o meio refletir apenas uma cor.
Observe o exemplo a seguir:

multimídia: sites
brasilescola.uol.com.br/fisica/conceitos-
basicos-otica-geometrica.htm
fep.if.usp.br/~profis/arquivos/GREF/
optica08-1.pdf
spie.org/Documents/Publications/00%20
STEP%20Module%2003.pdf
O abacate absorve todas as cores da luz branca que inci-
de sobre ele, com exceção da luz verde, que é refletida de
modo difuso; dessa forma, a fruta é vista na cor verde. A
maçã absorve todas as cores, com exceção da luz verme-
lha, que é refletida de modo difuso; assim, a maçã é vista
na cor vermelha.
A cor de um corpo diante do olho humano depende da
luz que ele reflete. Contudo, por convenção, considera-se
a cor “principal” do corpo aquela que ele apresenta ao ser
iluminado por luz branca.

Aplicação do conteúdo
1. (Ufes) Um objeto amarelo, quando observado em
uma sala iluminada com luz monocromática azul, será
visto:
a) amarelo;
b) azul;
c) preto;
d) violeta;
e) vermelho.
Resolução:
Tem-se, nesse caso, um objeto amarelo. Isso significa que,
quando esse corpo é exposto à luz branca, constituída de
várias cores, ele absorve todas as outras cores e reflete a
cor amarela.
Se esse corpo for levado para uma sala que projeta uma
luz monocromática azul, o objeto absorverá a única cor

83
VIVENCIANDO

Os conceitos básicos de óptica geométrica são utilizados para iluminação em ambientes, em espetáculos de teatro
ou shows de música, em que a combinação de feixes de luzes distintos produz efeitos espetaculares de luz, cor e
sombra. A correta iluminação em estúdios de fotografia e cinema elimina sombras e penumbras que atrapalhariam
a imagem fotografada.
No cotidiano, a absorção da luz pode ser percebida nas vestimentas das pessoas. Em um dia claro e quente, não é
aconselhável a utilização de roupas escuras, uma vez que esse tipo de cor absorve mais radiação e, em consequência,
a roupa fica mais quente. Num dia quente e iluminado, é recomendável a utilização de roupas de cores claras. Em dias
frios, por outro lado, o oposto se torna verdade, e é recomendável a utilização de cores escuras, pois absorvem mais calor.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Habilidade 22 – Compreender fenômenos decorrentes da interação entre radiação e a matéria em suas manifesta-
22 ções em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

A habilidade 22 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos de radiação, que são importantes para o
entendimento de óptica geométrica.

Modelo
(Enem) É comum aos fotógrafos tirar fotos coloridas em ambientes iluminados por lâmpadas fluorescentes, que
contêm uma forte composição de luz verde. A consequência desse fato na fotografia é que todos os objetos claros,
principalmente os brancos, aparecerão esverdeados. Para equilibrar as cores, deve-se usar um filtro adequado para
diminuir a intensidade da luz verde que chega aos sensores da câmera fotográfica. Na escolha desse filtro, utiliza-se
o conhecimento da composição das cores-luz primárias: vermelho, verde e azul; e das cores-luz secundárias: amarelo
= vermelho + verde, ciano = verde + azul e magenta = vermelho + azul.
Disponível em: <http://nautilus.fis.uc.pt>. Acesso em: 20 de maio 2014 (adaptado).

Na situação descrita, qual deve ser o filtro utilizado para que a fotografia apresente as cores naturais dos objetos?
a) Ciano.
b) Verde.
c) Amarelo.
d) Magenta.
e) Vermelho.

84
Análise expositiva - Habilidade 22: Para resolver a questão, o aluno precisa ter domínio sobre introdução geomé-
D trica, em especial a parte que envolve os conhecimentos sobre cor de um corpo.
Alternativa D

DIAGRAMA DE IDEIAS

ÓPTICA GEOMÉTRICA

LUZ

PROPAGAÇÃO
INDEPENDÊNCIA REVERSIBILIDADE
RETILÍNEA

FORMAÇÃO
ECLIPSE CÂMARA ESCURA
DE SOMBRA

FENÔMENOS REFLEXÃO REFRAÇÃO

85
ELETROESTÁTICA: Incidência do tema
nas principais provas

Exige análise de gráficos e aplicação Os temas deste livro mais cobrados são corren-
prática de conceitos teóricos. te elétrica (exigindo atenção em cargas elétricas
relacionadas com outros temas da eletricidade)
e potencial elétrico.

Os temas deste livro mais cobrados são Dentre os temas abordados neste Um dos temas deste livro mais cobrado é o de
corrente elétrica (exigindo atenção em cargas caderno, corrente elétrica é o assunto mais corrente elétrica, com atenção aos conceitos
elétricas relacionadas com outros temas da frequente, ligando-se com outros temas da fundamentais de cargas elétricas relacionados
eletricidade) e potencial elétrico. eletricidade. com outros temas da eletricidade.

Dentre os temas abordados neste caderno, Dentre os temas abordados neste caderno, Dentre os temas abordados neste caderno, Dentre os temas abordados neste caderno,
corrente elétrica é o assunto mais frequente, corrente elétrica é o assunto mais frequente, corrente elétrica é o assunto mais frequente corrente elétrica é o assunto mais frequente
ligando-se com outros temas da eletricidade, ligando-se com outros temas da eletricidade, na prova da Puc de Campinas, ligando-se com na prova da Santa Casa, ligando-se com
como potência elétrica e campo magnético. como potência elétrica e circuitos elétricos. outros temas da eletricidade, como potência outros temas da eletricidade, como potência
elétrica e potencial elétrico. elétrica e circuitos elétricos.

UFMG

A prova da UEL tem uma grande variação A prova da UFPR tem uma grande variação de A prova da CMMG tem uma grande variação
de temas. Eventualmente pode aparecer o temas. Eventualmente podem aparecer os te- de temas. Eventualmente pode aparecer o
tema corrente elétrica relacionado com outros mas corrente elétrica e potencial elétrico, com tema corrente elétrica (com especial cuidado
assuntos da eletricidade em questões mais questões que exigem interpretação gráfica. na definição de corrente elétrica), com ques-
objetivas e que exigem um alto nível de tões mais objetivas.
manipulações matemáticas.

O tema corrente elétrica está presente na pro- Dentre os temas abordados neste caderno, Não há uma cobrança grande do tema
va da UERJ. Eventualmente aparece o assunto corrente elétrica é o assunto mais frequente eletrostática; eventualmente, porém,
trabalho do campo elétrico, com questões na prova da UNIGRANRIO, ligando-se com aparecem questões que exigem análise de
mais objetivas. outros temas da eletricidade, como potência figuras e manipulação matemática do tema
elétrica e circuitos elétricos. corrente elétrica relacionado com circuitos
elétricos.

87
AULAS Potencial elétrico
9 e 10
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 20

1. Energia potencial elétrica q = +3,0 nC = 3,0 ∙ 10–9 C  

A seguir, serão estudadas duas grandezas associadas a um Q = +4,0 mC = +4,0 ∙ 10–6 C  
campo vetorial conservativo: energia potencial elétrica
d = 2,0 cm = 2,0 ∙ 10–2 m
e potencial elétrico. Em um campo elétrico conservativo,
o trabalho realizado ao se mover uma carga de prova in- k ⋅Q⋅q 4,0 ∙ 10–6 ⋅ 3,0 ∙ 10–9
Epot =_______
​  0  ​  = (9,0 ∙ 109)_________________
  
​      ​ =
depende da trajetória realizada pela carga; com efeito, ele d 2,0 ∙ 10–2
depende apenas da posição inicial e final da carga. 5,4 ∙ 10–3 J.
Considere um sistema formado por uma carga elétrica A carga de prova possui energia potencial de 5,4 ∙ 10–3 J.
pontual Q (carga fonte) e uma carga de prova q, separadas É possível dizer também que a energia potencial elétrica
pelas distancia d. associada ao par de cargas q e Q vale 5,4 ∙ 10–3 J.
A energia potencial elétrica para esse sistema formado
pelo par de cargas é: 2. Potencial elétrico
§ proporcional ao produto das duas cargas, Q e q; Uma carga elétrica isolada Q (chamada de carga fonte)
§ inversamente proporcional à distância d entre as cargas. gera à sua volta um campo elétrico. Considere um ponto P,
fixo próximo à carga fonte, como na figura a seguir. Con-
Considerando que a energia potencial é zero no infinito, no
referencial adotado, a energia potencial vale: sidere também que uma carga de prova q seja trazida do
infinito até o ponto P.
Q
Epot = k0 ∙ __
​   ​ q
d

Como ensina a Mecãnica, a unidade de energia no Sl


é o joule (J). Como foi visto, a energia potencial da carga de prova é
Epot. O potencial elétrico V associado ao ponto P é a
Nesse sistema composto por somente uma carga fonte (Q), grandeza escalar dada por:
a equação acima relaciona a energia potencial da carga de Epot
prova q em relação à carga Q. V = ___
​  q ​ 

Aplicação do conteúdo
A unidade de potencial elétrico no SI é o volt, homenagem
1. No vácuo, uma carga de prova q = +3,0 nC está a uma ao pesquisador italiano Alessandro Volta (1745-1827).
distância de 2,0 cm de uma carga fonte Q = +4,0 mC.
Determine a energia potencial da carga de prova. (k0 = Assim, as unidades volt, joule e coulomb estão relaciona-
9,0 ∙ 109 unidades SI). das por:
Resolução: 1 joule
1 volt = ​ ________   ​ 
Para aplicar a equação, é preciso ter todas as unidades 1 coulomb
no SI:

88
Em geral, a grandeza física potencial é simbolizada pela equação. Dessa forma, o potencial elétrico no ponto P não
letra V. Atente-se para não confundir com a respectiva uni- depende da carga de prova. Se o ponto P estiver no infinito,
dade, o volt, também simbolizado por V. a distância d é infinita e o potencial no infinito é nulo.
É importante ressaltar que:
§ O potencial elétrico é definido para um ponto P próxi-
mo a uma carga elétrica (carga fonte Q).
§ O potencial elétrico é uma grandeza escalar e pode ser
positivo ou negativo, conforme o sinal da carga fonte Q.

Q>0⇔V>0
Q<0⇔V<0

multimídia: vídeo Aplicação do conteúdo


Fonte: Youtube 1. Considere uma carga elétrica Q = +8,0 µC no vácuo.
Energia potencial elétrica Determine o potencial elétrico no ponto P distante 4,0
cm da carga fonte.

Resolução:
2.1. Potencial elétrico gerado Inicialmente, é necessário deixar todas as unidades no SI:
por uma carga elétrica pontual Q = +8,0 µC = +8,0 ∙ 10–6 C
Considere novamente o sistema de cargas formado por
d = 4,0 cm = 4,0 ∙ 10–2 m
uma carga fonte Q e uma carga de prova q, separadas por
uma distância d, como na figura a seguir. A carga de prova Substituindo na equação do potencial elétrico, tem-se:
q possui energia potencial elétrica dada pela equação: Q +8,0 · 10-6
Vp = k0 __
​   ​ = (9,0 ∙ 109) _________
​  = +18 ∙ 105 V ⇒
 ​ 
d 4,0 · 10-2
Vp = +1,8 ∙ 106 V

O potencial elétrico é uma grandeza escalar, e, portanto,


Q⋅q basta dizer que no ponto P ele vale 1,8 ∙ 106 V. Não há di-
Epot = k0 ____
​   ​   reção e nem sentido para serem especificados. O potencial
d
elétrico representa um nível de energia no ponto P.
2. (UEG) Uma carga Q está fixa no espaço; a uma distân-
O potencial elétrico no ponto P, pela definição, é dado por:
cia d dela existe um ponto P, no qual é colocada uma
Epot carga de prova q0. Considerando-se esses dados, verifi-
V = ​ ___
q ​ ⇒ ca-se que no ponto P:
a) O potencial elétrico devido a Q diminui com in-
Epot = q ⋅ V verso de d.
b) A força elétrica tem direção radial e aproximando
de Q.
Igualando o termo da energia potencial das duas equa- c) O campo elétrico depende apenas do módulo da
ções, obtém-se: carga Q.
q⋅Q d) A energia potencial elétrica das cargas depende
q ⋅ V = k0 ____
​   ​  ⇒ com o inverso de d2.
d
Q Resolução:
V = k0 __
​   ​ 
d Com as expressões de força elétrica, campo elétrico, poten-
cial elétrico e energia potencial elétrica abaixo, é possível
Essa equação representa o potencial elétrico gerado pela tecer algumas considerações sobre as alternativas expostas.
carga fonte no ponto P, distante d da carga fonte. Note O potencial elétrico de uma carga puntiforme é dado pelo
que a carga de prova q foi cancelada e não aparece na produto do campo elétrico pela distância à carga geradora

89
Q Q
V = E ∙ d = k0 __
​  2  ​∙ d ⇒ V = k0 __
​   ​.  Q = 8,0 pC = 8,0 ∙ 10–12 C;
d d
Q ∙ q d = 2,0 mm = 2,0 ∙ 10–3 m.
A força elétrica, dada pela lei de Coulomb Fe = k0_____
​  2 ​,0  
d Então, pela equação do potencial, calcula-se V:
tem a direção da reta que une os centros das duas cargas,
podendo ter o sentido de afastamento, caso as cargas se- Q 8,0 ∙ 10–12
V = k0 __
​   ​ = 9,0 ∙ 109 ∙ _________
​  ⇒
 ​  
jam de mesmo sinal (repulsão), ou de aproximação (atra- d 2,0 ∙ 10–3
ção), caso as cargas sejam de sinais contrários. Alternativa
​ 72 ∙ 10  ​  
–3
⇒ V = ________ ⇒ V = 36 V

[B] incorreta. 2,0 ∙ 10–3
O campo elétrico é a razão entre a força e a carga de prova b) A energia potencial é dada por:
Fe Q Epot = q ⋅ V.
E = __ __
q​  0 ​ = k0 d​  2  ​. Assim, ele não depende apenas da carga Q,
mas também da distância entre as cargas. Alternativa [C] Sendo q = 5,0 ∙ 10–12 C, tem-se:
incorreta.
Epot = 5,0 ∙ 10–12 ∙ 36 = 180 ∙ 10–12 ⇒
A energia potencial elétrica é dada pelo produto do po-
⇒ Epot = 1,8 ∙ 10–10 J
tencial elétrico e a carga de prova, então Ep = q0 ∙ V = q0 ∙
Q k ∙ Qq
k0 __
​   ​ ⇒ Ep = ______
​  0  ​.0  A alternativa [D] está incorreta, pois
d d 2.2. Potencial elétrico de
a dependência é com o inverso de d.
diversas cargas elétricas
Alternativa A
Foi visto como calcular o potencial elétrico de uma carga.
Agora, considere que, em uma certa região do espaço, esté
2. 1. 1. Comparações entre o campo um conjunto de n partículas eletrizadas com cargas elétricas
elétrico e o potencial elétrico Q1, Q2,..., Qn. Juntas, essas cargas geram um campo elétrico
§ Ambos são gerados por uma carga fonte Q e aplicam- nessa região. Considere também um ponto P fixo próximo a
-se a um ponto P, distante d da carga fonte. essas partículas. Calcule o potencial elétrico resultante nesse
ponto P. Para isso, siga o seguinte procedimento:
§ O potencial elétrico em P é uma grandeza escalar, en-
quanto o campo elétrico é vetorial, isto é, tem módulo,
direção e sentido.
§ O potencial elétrico depende do sinal da carga gera-
dora (pode ser positivo ou negativo); o campo elétrico,
porém, só depende do módulo dessa carga.

§ O potencial elétrico varia com o inverso da distância ​__


d (  )
​ 1 ​  ​,
e o módulo do campo elétrico varia com o inverso do
quadrado da distância ​__ (  )
​  1  ​   .​
d2
§ O campo elétrico está relacionado com a força elétrica,
enquanto o potencial elétrico está relacionado com a 1. Calcule o potencial que cada uma das cargas elétricas
energia potencial elétrica. gera em P isoladamente. Esse potencial é dado pela equa-
ção do potencial vista anteriormente:
Aplicação do conteúdo
Q
1. Uma partícula eletrizada com carga elétrica V = k0 __
​   ​  
Q = 8,0 pC está em um meio onde é criado vácuo. Ado- d
tando-se k0 = 9,0 ∙ 109 unidade SI, determine:
A distância d é variável e corresponde à distância de cada
a) O potencial elétrico no ponto P distante 2 mm da
carga elétrica Q. uma das cargas até o ponto P.
b) A energia potencial adquirida por uma segunda 2. Por ser uma grandeza escalar, o potencial resultante no
partícula dotada de carga elétrica q = 5,0 ∙ 10–12 C ponto P é “cumulativo”, ou seja, é dado pela soma dos
colocada no ponto P.
potenciais de cada uma das cargas que o geram. Dessa
Resolução: forma, somando todos os potenciais obtidos pelo cálculo
a) É preciso ajustar as unidades: anterior, obtém-se o potencial resultante Vres:

90
Vres = V1 + V2 + V3 + ... + Vn

Aplicação do conteúdo
multimídia: vídeo
1. Duas partículas eletrizadas com cargas elétricas Q1 =
4,0 ∙ 10–7 C e Q2 = –2,0 ∙ 10–7 C estão fixas nos extremos Fonte: Youtube
do segmento AB, cujo ponto médio é M. Mapeamento de equipotenciais de terminais
Conjunto de superfícies equipotenciais
lineares

Geralmente, uma superfície equipotencial é uma superfície


Usando k0 = 9,0 ∙ 10+9 Vm/C, determine: complicada. Para facilitar a visualização, será apresentada
a) o potencial elétrico no ponto M gerado por cada apenas a intersecção dessa superfície com o plano da fo-
uma das cargas; lha, obtendo as linhas equipotenciais.
b) o potencial elétrico resultante no ponto M.
Para um carga puntiforme, as equipotenciais são superfícies
Resolução: esféricas concêntricas. Assim, a intersecção com o plano da
a) O potencial de cada uma das cargas em M é cal-
Q folha resulta em círculos concêntricos. Na figura a seguir, es-
culado usando a equação V = k0 __
​   ​  , em que d = 2,0
cm = 2,0 ∙ 10–2 m. d tão representadas as equipotenciais em torno de uma carga
elétrica pontual Q. Os pontos A, B e C estão na mesma equi-
Para a carga Q1 = +4,0 ∙ 10–7 C, tem-se: potencial, e, portanto, seus potenciais são iguais:
+4,0 ∙ 10-7
V1 = 9,0 ∙ 109 ∙ __________
​  = +18 ∙ 104 ⇒ ⇒ V1 =
 ​ 
  VA = VB = VC = +10 V
2 ∙ 10–2
+1,8 ∙ 105 V

Para a carga Q2 = –2,0 ∙ 10–7 C, tem-se:

​ –2 ∙ 10 ​  
–7
V2 = 9,0 ∙ 109 ∙ _________ = –9 ∙ 104 ⇒
2 ∙ 10–2
⇒ V2 = –9,0 ∙ 104 V
b) O potencial elétrico resultante no ponto M é dado
pela soma dos dois valores anteriores: VM = V1 + V2
(levando-se em conta os sinais).
Para facilitar a conta, são expressados os dois valores na
mesma potência 104:
VM = (+18 ∙ 104) + (–9,0 ∙ 104) ⇒
Linhas de equipotenciais de uma carga pontual Q positiva
⇒ VM = +9,0 ∙ 104 V
Quando as linhas de força aparecem juntamente com as
linhas equipotenciais, ambas devem formar um ângulo
3. Equipotenciais reto em cada cruzamento, uma vez que são sempre per-
pendiculares.
São denominadas de equipotenciais as linhas ou superfí-
cies imaginárias cujos pontos possuem o mesmo potencial. As linhas de força de um campo elétrico uniforme são retas
Em geral, as representações de campo elétrico são feitas paralelas. As linhas equipotenciais são, assim, perpendicu-
por um conjunto de superfícies equipotenciais. lares a cada uma delas. Nesse caso, as equipotenciais são
paralelas entre si.

91
08) dois objetos eletrizados por contato são afasta-
dos um do outro por uma distância D. Nesta situa-
ção, podemos afirmar que existe um ponto entre eles
onde o vetor campo elétrico resultante é zero;
16) o meio em que os corpos eletrizados estão imer-
sos tem influência direta no valor do potencial elétri-
co e do campo elétrico criado por eles.
Campo elétrico uniforme. As linhas de força estão representadas Resolução:
por linhas cheias, e as linhas equipotenciais por linhas tracejadas
01) Falsa. As cargas somente se distribuem unifor-
Nas figuras abaixo, é possível identificar dois casos particu- memente pela superfície de um corpo eletrizado se
lares. O campo elétrico é gerado por duas cargas elétricas ele for de material condutor perfeitamente esférico e
do mesmo módulo. estiver em equilíbrio eletrostático.
02) Falsa. São as cargas negativas, isto é, os elétrons
Em ambas as figuras, convenciona-se que: são transferidos de um corpo para outro por meio da
§ linhas cheias são linhas de força; eletrização por atrito.
04) Falsa. Pelo contrário, dias úmidos prejudicam a
§ linhas tracejadas são linhas equipotenciais. eletrização dos corpos devido ao excesso de umidade
do ar, que funciona como se fosse um fio terra, des-
carregando os corpos mais rapidamente através das
moléculas polares da água na fase vapor.
08) Verdadeira. Quando se faz eletrização por conta-
to, depois de separadas as cargas assumem o mesmo
sinal de carga elétrica; com isso, o vetor campo elétrico
se anula em um ponto entre os dois corpos eletrizados.
16) Verdadeira. Tanto o potencial elétrico como o
campo elétrico são influenciados pelo meio em que
Campo elétrico de duas cargas elétricas opostas estão imersos, basta verificar a presença da constante
eletrostática do meio (k) nas equações de ambas.
Q Q
V = k __
​   ​ e E = k __
​  2  ​ 
d d
2. (Udesc) Ao longo de um processo de aproximação de
duas partículas de mesma carga elétrica, a energia po-
tencial elétrica do sistema:
a) diminui;
b) aumenta;
c) aumenta inicialmente e, em seguida, diminui.
d) permanece constante;
e) diminui inicialmente e, em seguida, aumenta.
Resolução:
Campo elétrico de duas cargas elétricas positivas
Sabendo que a energia potencial elétrica é dada por Ep
k∙Q∙q
= ​  ______
 ​,  
se a distância entre as partículas diminui, a
Aplicação do conteúdo d
energia potencial Ep aumenta.
1. (UFSC) O ato de eletrizar um corpo consiste em gerar
uma desigualdade entre o número de cargas positivas e Alternativa B
negativas, ou seja, em gerar uma carga resultante dife-
rente de zero. Em relação aos processos de eletrização
e às características elétricas de um objeto eletrizado, é 4. Gráfico do potencial elétrico
correto afirmar que:
Dada a expressão para o potencial elétrico de carga pun-
01) em qualquer corpo eletrizado, as cargas se distri- tiforme, sendo o potencial uma função da distância, V = V
buem uniformemente por toda a sua superfície; (d), tem-se:
02) no processo de eletrização por atrito, as cargas
positivas são transferidas de um corpo para outro; k ∙Q
04) em dias úmidos, o fenômeno da eletrização é poten- V(d) = _____
​  0  ​  

d
cializado, ou seja, os objetos ficam facilmente eletrizados;

92
Analisando o gráfico, é possível observar que, quanto mais
próximo à carga negativa, menor é o potencial elétrico; por
outro lado, quanto mais distante à carga elétrica negativa,
maior é o potencial elétrico.

4. 1. Linhas de força e potencial elétrico


Considere uma carga elétrica Q positiva (Q > 0). Considere
também que, quanto mais próximo a ela, maior é o valor
do potencial elétrico; por outro lado, enquanto mais dis-
multimídia: sites tante da carga, menor é o potencial elétrico. Assim, VA >
VB > VC. É sabido que, no campo elétrico, a carga positiva
puntiforme é divergente, ou seja, o campo é de afastamen-
pt.khanacademy.org/science/physics/electric- to. Dessa forma, o sentido da linha de força também é de
charge-electric-force-and-voltage afastamento, coincidentemente na mesma direção em que
www.estudopratico.com.br/potencial-eletrico- o potencial diminui.
historia-definicao-e-superficie-equipotencial/
www.tecnogerageradores.com.br/blog/saiba-
o-que-e-diferenca-de-potencial-eletrico-e- +
como-calcular/ Carga Q > 0

Para uma carga positiva (Q > 0), o gráfico do potencial em Sendo uma carga elétrica Q negativa (Q < 0), foi visto que,
função da distância à partícula é da seguinte forma: quanto mais próximo a ela, menor será o valor do poten-
cial elétrico; e, quanto mais distante da carga, maior será
o potencial elétrico. Assim, VA < VB < VC. É sabido que, no
campo elétrico, a carga puntiforme negativa é convergente,
ou seja, o campo é de aproximação. Dessa forma, o sentido
da linha de força também é de aproximação, coincidente-
mente na mesma direção em que o potencial diminui.

Carga Q < 0
(Q > 0)
De maneira geral, podemos dizer que:
Analisando o gráfico, é possível perceber que, quanto mais
próximo à carga positiva, maior é o potencial elétrico; e, O potencial elétrico diminui no mesmo sentido da li-
quanto mais distante da carga, menor é o potencial elétrico. nha de força.
Para uma carga negativa (Q < 0), todos os valores do po-
tencial elétrico serão negativos; Assim, o gráfico da função Por exemplo, analisando a figura a seguir:
do potencial elétrico em função da distância à partícula é
da seguinte forma:

Percebemos que o potencial elétrico é maior no ponto C do


(Q < 0) que no ponto B.

93
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A habilidade 17 é quase onipresente nos exercícios da prova de ciências da natureza, uma vez que ela cobra do aluno a
capacidade de relacionar os fenômenos naturais com diferentes formas de linguagem, fórmulas matemáticas e a capaci-
dade de interpretação gráfica.

Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 cobra do aluno a capacidade de interpretar os processos naturais ou tecnológicos relacionados ao eletro-
magnetismo e termodinâmica. De forma abrangente esta habilidade cobra do aluno conhecimento em duas grandes
áreas. Por isso, talvez questões relacionadas ao eletromagnetismo tenham aparecido um pouco menos em provas anteri-
ores, salvo é claro a prova de 2017, na qual esteve muito mais presente.

Modelo
(Enem) As células possuem potencial de membrana, que pode ser classificado em repouso ou ação, e é uma estratégia
eletrofisiológica interessante e simples do ponto de vista físico. Essa característica eletrofisiológica está presente
na figura a seguir, que mostra um potencial de ação disparado por uma célula que compõe as fibras de Purkinje,
responsáveis por conduzir os impulsos elétricos para o tecido cardíaco, possibilitando assim a contração cardíaca.
Observa-se que existem quatro fases envolvidas nesse potencial de ação, sendo denominadas fases 0, 1, 2 e 3.

O potencial de repouso dessa célula é –100 mV e quando ocorre influxo de íons Na+ e Ca2+ a polaridade celular pode
atingir valores de até +10 mV o que se denomina despolarização celular. A modificação no potencial de repouso pode
disparar um potencial de ação quando a voltagem da membrana atinge o limiar de disparo que está representado
na figura pela linha pontilhada. Contudo, a célula não pode se manter despolarizada, pois isso acarretaria a morte

94
celular. Assim, ocorre a repolarização celular, mecanismo que reverte a despolarização e retorna a célula ao potencial
de repouso. Para tanto, há o efluxo celular de íons K+

Qual das fases, presentes na figura, indica o processo de despolarização e repolarização celular, respectivamente?
a) Fases 0 e 2.
b) Fases 0 e 3.
c) Fases 1 e 2.
d) Fases 2 e 0.
e) Fases 3 e 1.

Análise expositiva - Habilidade 17 e 21: Essa é uma excelente questão, onde o estudante é cobrado tanto na parte
B interdisciplinar, quanto na interpretação gráfica do potencial de membrana em relação ao tempo. o estudante deve
relacionar conceitos, fenômenos com as fases destacadas no gráfico.
A despolarização ocorre na fase em que o potencial sobe, que é a fase 0. A repolarização ocorre quando o potencial
está voltando ao potencial de repouso, como acontece na fase 3.
Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA

GRANDEZA DEPENDE DO INVERSO


POTENCIAL ELÉTRICO
ESCALAR DA DISTÂNCIA

NA PRESENÇA DE OUTRA CARGA:


ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA

95
AULAS Trabalho no campo elétrico
11 e 12
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 21

1. Introdução Sendo tAB o trabalho total realizado pelas forças que atuam
na partícula entre os pontos A e B, pode-se demonstrar que:
O trabalho da energia elétrica será abordado a partir do
mv 2 mvA2
potencial e da energia potencial elétrica. Antes, porém, é τAB = ____
​   ​B   - ____
​   ​  
2 2
necessário definir alguns conceitos, como trabalho, energia
cinética e energia mecânica. Tais conceitos vão ser revistos Note que, na equação acima, vB é o módulo da velocidade
mais detalhadamente em outra oportunidade. no fim do percurso, e vA é o módulo da velocidade no início
do percurso.
1.1. Trabalho de uma força Como será visto, a equação acima tem bastante utilidade,
Considere um corpo que se move _____ em trajetória
_____ retilínea, e, por esse motivo, os físicos decidiram definir a energia
​› ​›
efetuando um deslocamento d ​ ​ .  Sendo F ​ ​   uma das forças cinética (Ec) de uma partícula de massa m e velocidade v
que atuam sobre corpo, suponha que essa força seja constan- do seguinte modo:
te (em módulo, direção e sentido) e forme​_____› um ângulo u com
​ ​  mv ​
2
​_____› Ec = ____   
o deslocamento d ​
​ .  O trabalho da força F ​
​   é definido por: 2

3. Princípio da
conservação da energia
Todo movimento ou atividade ocorre por meio da transfor-
t = F · d · cos u
mação de um tipo de energia em outra forma de energia.
No SI, a unidade de trabalho é o joule, cujo símbolo é J.

1.2. O trabalho total “Energia não se cria, energia não se perde, en-
ergia apenas se transforma de um tipo em outro, em
Suponha que um corpo esteja sob a ação de várias forças. quantidades iguais”
O trabalho total ao longo de um deslocamento é definido
como a soma dos trabalhos de cada força:
ttotal = tF1 + tF2 + tF3 + tF4 + ... A soma de energia cinética com todas as energias poten-
​___›
ciais de um corpo é denominada energia mecânica (EM):
das forças for F​ r ​,   é possível demonstrar que
Se a resultante___
​› EM = EC + EP
o trabalho de F​ r ​  é igual ao trabalho total:
Assim: Ec é a energia cinética do corpo; e Ep é a energia
tFr = ttotal
potencial desse corpo (incluindo-se todas as energias po-
tenciais)
2. Teorema da energia cinética É possível demonstrar que:
Considere que uma partícula de massa m passe por um
ponto A com velocidade A e, em seguida, passe por um A energia mecânica do corpo será constante se, dentre
ponto B com velocidade B, movendo-se ao longo de uma todas as forças que atuarem sobre ele, as únicas que
trajetória qualquer. realizarem trabalho não nulo forem conservativas.

Esse enunciado é denominado Princípio da Conservação


VB
da Energia Mecânica.

96
4. Trabalho da força elétrica Essa maneira de calcular o trabalho pode ser aplicada
apenas para campos ditos conservativos. Como o campo
elétrico é um campo conservativo, é possível utilizar esse
método para obter o trabalho.

Aplicação do conteúdo
1. Em uma região onde há campo elétrico, uma carga
elétrica negativa q = –4,0 nC é deslocada de um pon-
to A, de potencial +5,0 V, até um ponto B, de potencial
–5,0 V. Determine o trabalho da força elétrica.

multimídia: vídeo
Resolução:
Fonte: Youtube
TRABALHO FORÇA ELÉTRICA HD Calcule o trabalho usando a equação:
τAB = q(VA – VB).
Para determinar o trabalho da força elétrica sobre uma car-
ga de prova, considere a situação da figura a seguir. Uma Substituindo os valores dados, tem-se:
carga de prova q é movida do ponto A para o ponto B, em
τAB = –4,0 · 10–9 [(+5,0) – (–5,0)] = –4,0 · 10–9 · 10
uma região onde existe um campo elétrico. A carga elétrica
⇒ ⇒ τAB = –4,0 · 10–8 J
fonte que dá origem ao campo elétrico foi omitida por sim-
plificação. O movimento da carga de prova pode ocorrer
espontaneamente por ação de um agente externo (oper-  sinal negativo do trabalho indica que ocorre uma re-
O
ador). Devido ao fato de estar em uma região de campo sistência ao movimento, isto é, na situação considerada, a
elétrico, uma força elétrica F atua sobre a partícula. força elétrica opõe-se ao deslocamento da carga.

2. A figura a seguir representa um campo elétrico uni-


forme e suas linhas de forças e equipotenciais. Uma
partícula de carga q = 2,0 pC foi deslocada do ponto A
para o ponto B.

Deslocamento da carga de prova entre A e B

Como será visto em Mecânica, o trabalho da força elétri-


ca não é obtido pela aplicação da definição de trabalho,
uma vez que a força elétrica pode não se manter constante
durante o deslocamento. Entretanto, o trabalho pode ser
obtido por meio da variação da energia potencial da carga.
Quando a carga está no ponto A, sua energia potencial é
proporcional ao potencial VA. Do mesmo modo, no ponto Determine o trabalho da força elétrica.
B, a carga tem energia potencial proporcional ao potencial Resolução:
VB. Assim:
Da figura são obtidos os potenciais de A e B:
Epot = q ⋅ VA   e   EpotB = q ⋅ VB
A
VA = +20 V e VB = +5,0 V
O trabalho da força elétrica é dado pela diferença entre
a energia potencial no ponto A (ponto inicial) e a energia
Como o trabalho da força elétrica não depende da traje-
potencial no ponto B (ponto final):
tória, apenas dos potenciais em A e B, calcule:
τAB = Epot – Epot ⇒ τAB = q ⋅ V – q ⋅ V
A B A B
τAB = q (VA – VB) ⇒
⇒ τAB = 2,0 · 10–12 · (20 – 5,0) = 2,0 · 10–12 · 15
τAB = q(VA – VB)
= 30 · 10–12

97
Então: Uma carga puntiforme q > 0 abandonada livremente no
τAB = 3,0 · 10 –11
J ponto A sofrerá a ação exclusiva da força elétrica F e se
deslocará ao longo da linha de força que liga o ponto A e o
É importante saber: o trabalho da força elétrica é es-
ponto B. Nesse deslocamento, o trabalho será:
pontâneo. Uma carga livre deixada em um local onde há
campo elétrico vai se deslocar naturalmente e, por conse- ——
τAB = F ⋅ AB​
​  ⇒ τAB = F ⋅ d
quência, haverá trabalho da força elétrica. As cargas posi-
tivas se deslocam naturalmente no sentido decrescente do
potencial elétrico, enquanto as cargas negativas se deslo- Considerando que F = q ⋅ E, obtém-se:
cam no sentido crescente do potencial elétrico. Resumindo:
τAB = q ⋅ E ⋅ d

Carga positiva procura menor potencial.


Caso fosse abandonada uma carga elétrica negativa em
Carga negativa procura maior potencial.
B, o sentido da força elétrica atuante seria inverso e o des-
locamento da carga ocorreria do ponto B para o ponto A.
Nesse deslocamento, o trabalho realizado seria:
5. Trabalho da força elétrica ——
τBA = F ⋅ AB​
​  ⇒ τBA = F ⋅ d
em um campo elétrico uniforme Considerando que F = |–q| ⋅ E, obtém-se:
τBA = |–q| ⋅ E ⋅ d

Ou seja, em ambos os casos o trabalho realizado pela força


elétrica é o mesmo.
É preciso cuidado quando o deslocamento de uma partícu-
la em um campo elétrico uniforme não ocorre sobre uma
mesma linha de força, como mostra a figura a seguir. Nes-
ses casos, o deslocamento da partícula é sempre calculado
paralelamente às linhas de forças.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Campo elétrico | Carga elétrica, energia
elétrica e voltagem

O campo elétrico uniforme é um caso muito particular de


campo elétrico. As linhas de forças desse campo são re-
tas paralelas, e o módulo da força elétrica é constante em
qualquer local do campo. Em consequência, o trabalho re-
alizado pela força elétrica nesse campo pode ser calculado
usando-se as simples equações da Mecânica.
Em um campo elétrico uniforme, representado na figura a
seguir, os pontos A e B possuem potenciais elétricos iguais
a VA e VB, respectivamente.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Potencial elétrico, trabalho no campo elétrico
Carga puntiforme deslocada de A para B sob a ação - Fisica
de uma força elétrica

98
6. Diferença de potencial (d.d.p.) a) a velocidade dos elétrons ao atingirem a placa cole-
tora é a mesma dos elétrons no fio externo à ampola;
b) se quisermos saber a velocidade dos elétrons é
É chamada de d.d.p. entre dois pontos de um campo elétrico
necessário conhecermos a distância entre as placas;
a razão entre o trabalho realizado pela força elétrica para
c) a energia fornecida pela fonte aos elétrons coletados
deslocar uma carga entre esses pontos e o valor da carga: é proporcional ao quadrado da diferença de potencial.
τ
VA – VB = UAB = U = ___
​  AB ​  d) a velocidade dos elétrons ao atingirem a placa co-
|q| letora é de aproximadamente 1,0 × 107 m/s;
Notas: e) depois de algum tempo a corrente vai se tornando
§ no SI, a d.d.p. é expressa em J/C = V(volt); nula, pois a placa coletora vai ficando cada vez mais
negativa pela absorção dos elétrons que nela chegam.
§ se q é + ⇒ VA – VB > 0 ⇒ VA > VB;
Resolução:
se q é – ⇒ VA – VB < 0 ⇒ VA < VB.
U = 250 V qe = – 1,6 ∙ 10-19 C
Aplicação do conteúdo i = 5 mA me = 9,11 ∙ 10-31C
1. Na figura a seguir, o campo elétrico tem intensidade
E = 4,5 N/C. No ponto A, é abandonada uma partícula Pelo teorema da energia cinética:
eletrizada de carga elétrica q = 4,0 pC. Despreze a ação
da força gravitacional. A partícula desloca-se espontan- DEc = DFR
eamente no sentido da linha de força. Determine o tra- mv02
​ m ∙ ​
v   
2
_____ – ____
​   ​   = |q| U
balho da força elétrica no deslocamento AB. 2 2
9,11 · 10 ∙ v
____________
-31 2
  
​   ​  = 1,6 ∙ 10-19 ∙ 250
2
v2 ≈ 87,82 ∙ 10-2

v ≈ 9,3 ∙ 106 m/s


v ≈ 1 ∙ 107 m/s

Resolução: Alternativa D
Tem-se:
q = 4,0 pC = 4,0 · 10–12 C
E = 4,5 N/C
d = AB = 20 cm = 20 · 10–2 m

O trabalho no deslocamento AB é dado por:


τAB = q ⋅ E ⋅ d = 4,0 × 10–12 · 4,5 · 20 · 10–2
= 360 · 10–4 ⇒ τAB = 3,6 · 10–12 J

2. (Ita) Um feixe de elétrons é formado com a aplicação


de uma diferença de potencial de 250 V entre duas
placas metálicas, uma emissora e outra coletora, colo-
cadas em uma ampola na qual se fez vácuo. A corrente multimídia: sites
medida em um amperímetro devidamente ligado é de
5,0 mA. Se os elétrons podem ser considerados como
emitidos com velocidade nula, então: osfundamentosdafisica.blogspot.com.
br/2013/04/cursos-do-blog-eletricidade_10.
html
hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/electric/
elewor.html
www.physicsclassroom.com/class/circuits/
Lesson-1/Electric-Field-and-the-Movement-
of-Charge

99
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.

Nesse caso, a habilidade 21 exige que o aluno domine conceitos eletromagnéticos, especificamente a definição de po-
tencial elétrico, de polarização e despolarização. Como se trata de uma área mais abstrata, os exercícios são altamente
contextualizados com o intuito de mostrar ao aluno que, apesar de abstrato, o tema está presente no cotidiano.

Modelo
(Enem) As células possuem potencial de membrana, que pode ser classificado em repouso ou ação, e é uma estratégia
eletrofisiológica interessante e simples do ponto de vista físico. Essa característica eletrofisiológica está presente
na figura a seguir, que mostra um potencial de ação disparado por uma célula que compõe as fibras de Purkinje,
responsáveis por conduzir os impulsos elétricos para o tecido cardíaco, possibilitando assim a contração cardíaca.
Observa-se que existem quatro fases envolvidas nesse potencial de ação, sendo denominadas fases 0, 1, 2 e 3.

O potencial de repouso dessa célula é –100 mV, e quando ocorre influxo de íons Na+ e Ca2+, a polaridade celular pode
atingir valores de até +10 mV, o que se denomina despolarização celular. A modificação no potencial de repouso pode
disparar um potencial de ação quando a voltagem da membrana atinge o limiar de disparo que está representado
na figura pela linha pontilhada. Contudo, a célula não pode se manter despolarizada, pois isso acarretaria a morte
celular. Assim, ocorre a repolarização celular, mecanismo que reverte a despolarização e retorna a célula ao potencial
de repouso. Para tanto, há o efluxo celular de íons K+.

Qual das fases, presentes na figura, indica o processo de despolarização e repolarização celular, respectivamente?
a) Fases 0 e 2
b) Fases 0 e 3
c) Fases 1 e 2
d) Fases 2 e 0
e) Fases 3 e 1

Análise expositiva - Habilidade 21: Mesmo apresentando um texto acompanhado de um gráfico, o exercício possui
B rápida resolução. Cabe ao aluno saber reconhecer aquilo que é pedido e extrair a resposta do gráfico fornecido.
A despolarização ocorre na fase em que o potencial sobe, que é a fase 0. A repolarização ocorre quando o
potencial está voltando ao potencial de repouso, o que ocorre na fase 3.
Alternativa B

100
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRABALHO NO CAMPO ELÉTRICO

TRABALHO DE
FORÇA ELÉTRICA

VARIAÇÃO DE
ENERGIA CINÉTICA

ΔEC > 0 ΔEC < 0

TRABALHO TRABALHO
MOTOR RESISTENTE

CARGA POSITIVA CARGA NEGATIVA

MAIOR PARA MENOR PARA


MENOR POTENCIAL MAIOR POTENCIAL

101
AULAS Potencial elétrico no CEU
13 e 14 e equilíbrio eletrostático

Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 21

1. Potencial elétrico no Essa equação será demonstrada a seguir. Para isso,


suponha que uma partícula de prova com carga elétrica
campo elétrico uniforme positiva q é abandonada no ponto A. Despreze a ação da
aceleração gravitacional. Assim, a partícula se desloca e
Apesar de a intensidade de um campo elétrico uniforme pontaneamente de A para B, e o trabalho do campo nesse
ser constante em qualquer ponto do campo, o valor do deslocamento AB é calculado pela equação:
potencial elétrico não é constante. O campo elétrico varia
uniformemente ao longo de uma linha de força. Para uma τAB = E ⋅ d · q
carga positiva, percorrendo uma linha de força, no mesmo
sentido do campo, o potencial decrescerá uniformemente, Entretanto, o trabalho também é dado pela diferença entre
como é possível observar no gráfico a seguir. os potenciais em A e B:

τAB = q(VA – VB) = q ⋅ U

Juntando ambas as equações:


q⋅E⋅d=q⋅U

Variação da intensidade do campo elétrico E e variação do potencial


elétrico V em função da abcissa x tomando em uma linha de força, E⋅d=U
e no mesmo sentido desta, para uma carga geradora positiva.

A unidade oficial de campo elétrico vem da equação anterior:


1.1. Relação entre o potencial e a
intensidade do campo elétrico ​ U ​ 
E = __
d
Considere os pontos A e B em uma mesma linha de força
de um campo elétrico uniforme de intensidade E. Os po- Então:
tenciais elétricos nesses pontos são, respectivamente, VA
e VB. ​  volt  ​ = V/m
unidade (E) = _____
metro

No SI, a unidade oficial de campo elétrico é V/m. A unidade


N/C é equivalente, ou seja:

V ___
1​ __ 1N
m  ​ = ​  C ​ 
Assim:

§ U = VA – VB (diferença de potencial (d.d.p.)) entre 1.2. O elétron-volt


os pontos A e B;
A unidade de energia igual à energia adquirida por um
§ d = distância entre os pontos A e B. elétron acelerado a partir do repouso, entre dois pontos de
ddp 1,0 V, sob um campo elétrico uniforme, é o elétron-
A diferença de potencial U é dada por:
volt (eV).
A energia cinética de 1 eV, atingida pelo elétron, é equiva-
E⋅d=U
lente a 1,6 · 10–19 J.

102
02) A diferença de potencial elétrico, na atmosfera,
entre um ponto A e um ponto B, situando 2 m abaixo
de A, é de 200 V.
04) Cátions existentes na atmosfera tendem a mov-
er-se para cima, enquanto que ânions tendem a mov-
er-se para a superfície terrestre.
08) O trabalho realizado pela força elétrica para des-
locar uma carga elétrica de 1 μC entre dois pontos, A
e C, distantes 2 m entre si e situados a uma mesma
altitude, é 200 μJ.
16) Este campo elétrico induzirá cargas elétricas em
uma nuvem, fazendo com que a parte inferior desta,
multimídia: vídeo voltada para a Terra, seja carregada positivamente.
Fonte: Youtube Resolução:
O elétron-volt 01) Verdadeira. A Terra é geralmente negativa.
02) Verdadeira. U = Ed ⇒ U = 100 ∙ 2 = 200 V
04) Falsa. O campo elétrico está orientado para baixo. As-
Aplicação do conteúdo sim, as cargas positivas tendem a se mover para baixo.
08) Falsa. Eles estão numa mesma superfície de
1. Dois planos equipotenciais, p1 e p2, são represen- equipotencial.
tados na figura abaixo. Os potenciais elétricos nesse
16) Verdadeira. Igual ao item 4.
planos são V1 = 40 V e V2 = 5,0 V, respectivamente. Sa-
bendo que a intensidade do campo elétrico é constan- 01 + 02 + 16 = 19
te e igual a 5 V/m , determine a distância (d) entre os
dois planos equipotenciais. 3. (Unirio)

Resolução:
Uma superfície plana e infinita, positivamente carregada, ori-
Aplica-se a equação da diferença de potencial em um campo gina um campo elétrico de módulo 6,0 · 107 N/C. Considere
elétrico uniforme: que os pontos B e C da figura são equidistantes da superfície
carregada e, além disso, considere também que a distância
​ U ​ 
E ⋅ d = U ⇒ d = __ entre os pontos A e B é de 3,0 m, e entre os pontos B e C é de
E
Mas: 4,0 m. Com isso, os valores encontrados para a diferença
de potencial elétrico entre os pontos A, B e C, ou seja: UAB,
U = V1 – V2 UBC e UAC são, respectivamente, iguais a:
a) Zero; 3,0 · 108 V; 1,8 · 108 V.
Substituindo os valores dos potenciais, obtém-se: b) 1,8 · 108 V; zero; 3,0 · 108 V.
V1 – V2 _______
40 – 5,0 ___ c) 1,8 · 108 V; 1,8 · 108 V; 3,0 · 108 V.
d = ​ ______
 ​ 
 = ​   = ​  35  ​ m ⇒ d = 7,0 m
 ​  d) 1,8 · 108 V; 3,0 · 108 V; zero.
E 5,0 5,0
e) 1,8 · 108 V; zero; 1,8 · 108 V.
2. (UFPR) Um físico realiza experimentos na atmosfera
Resolução:
terrestre e conclui que há um campo elétrico vertical e
orientado para a superfície da Terra, com módulo E = UAB = E ∙ dAB = 6 ∙ 107 ∙ 3 = 1,8 · 108 V
100 N/C. Considerando que para uma pequena região
da superfície terrestre o campo elétrico é uniforme, é UBC = 0 V, pois estão numa mesma superfície de equipotencial
correto afirmar:
UAC = UAB = 1,8 ∙ 108 V
01) A Terra é um corpo eletrizado, com carga elétrica
negativa em excesso. Alternativa E

103
2. O equilíbrio eletrostático No interior de um condutor eletrizado em equilíbrio
As cargas elétricas em um condutor se movimentam à eletrostático, o potencial não é nulo e tem o mesmo
procura de uma posição de equilíbrio. Quando as cargas valor em todos os pontos.
atingem essa posição, e não há mais movimento, afirma-se
que o condutor atingiu o seu equilíbrio eletrostático. Caso houvesse dois pontos, A e B, no interior do condutor
Depois de atingir o equilíbrio eletrostático, o condutor adquire tal que VA > VB, existiria trabalho da força elétrica que mov-
certas propriedades físicas que serão abordadas a seguir. imentaria espontaneamente os elétrons livres de B para
A, o que perturbaria o equilíbrio eletrostático do condutor.
Em um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostá-
Dessa maneira, o potencial deve ser o mesmo em todos os
tico, as cargas elétricas em excesso se localizam na
pontos do interior do condutor.
sua superfície. O pesquisador inglês Michael Faraday (1791-1867)
elaborou um experimento interessante. Em um dia de
tempestades elétricas, permaneceu dentro de uma grande
As cargas em excesso possuem o mesmo sinal, isto é, ou são gaiola construída de arame metálico. Apesar de a gaiola ter
positivas ou são negativas. Por se repelirem mutuamente e sido atingida por raios (descargas elétricas), conta-se que
por não se movimentarem no condutor, ficam na superfície. Faraday, ao sair dela, relatou não ter sentido nenhum choque
No caso de um condutor esférico, a distribuição de cargas elétrico. Essa gaiola foi denominada Gaiola de Faraday.
é simétrica e uniforme, como é possível observar na figura.
O uso da Gaiola de Faraday se tornou consagrado, e, atu-
almente, uma malha de ferro, que não aparece externa-
mente, é construída em torno de grandes edifícios para
proteger as pessoas que estejam em seu interior contra
descargas elétricas provocadas por tempestades.

Esfera eletrizada com Esfera eletrizada com


Nos carros, aviões ou ônibus, o conceito da Gaiola de Fa-
cargas positivas cargas negativas raday também é aplicado. Os veículos metálicos estão blin-
Se a forma do condutor não for esférica, as cargas não se dados eletricamente, o que torna seguro permanecer em
espalham uniformemente, e a maior densidade de carga seu interior.
elétrica fica localizada nas extremidades.

Fórmula da densidade

A Gaiola de Faraday

Condutor alongado com cargas elétricas Adiante, será estudado o que ocorre com uma esfera eletri-
aglomeradas nas suas extremidades zada isolada de outras cargas. A partir daqui, será admitido
que a esfera sempre está em equilíbrio eletrostático. Con-
Nos pontos internos de um condutor eletrizado em forme foi visto anteriormente, em uma esfera, as cargas
equilíbrio eletrostático, o campo elétrico é sempre elétricas em excesso distribuem-se uniformemente pela
nulo, independentemente de sua forma geométrica. sua superfície, como mostra a figura a seguir.

Lembre-se de que, no interior do condutor, os elétrons não


se movimentam, pois, por definição, essa é uma das prem-
issas do equilíbrio eletrostático. Caso houvesse no interior
do condutor um campo elétrico não nulo, o campo atuaria
sobre os elétrons livres e os aceleraria, o que pertubaria o
equilíbrio eletrostático do condutor. Assim, o campo elétri-
co interno do condutor em equilíbrio eletrostático é nulo. Superfície esférica uniformemente eletrizada

104
Convém recordar duas propriedades importantes: Para qualquer ponto no interior da esfera, foi visto que o po-
tencial é constante e igual ao potencial na superfície. Assim:
§ Em todos os pontos internos o campo elétrico é nulo.
§ Em todos os pontos (internos ou da superfície da esfera) Q
Vint = Vsup = k0 __
​    ​
o potencial elétrico é constante, ou seja, todos os pontos R 
têm o mesmo valor de potencial elétrico, não nulo.
A seguir, será demonstrado como determinar o valor do po- 4. Cálculo do campo elétrico
tencial elétrico e a intensidade do campo elétrico e do po- Foi visto que, nos pontos internos da esfera, o campo elé-
tencial elétrico para os pontos externos e próximos da esfera. trico é nulo. Será determinado agora o campo elétrico nos
pontos externos. Nas figuras a seguir, foi representado o
campo elétrico em um ponto P, através do seu vetor E.
Lembre-se de que as cargas positivas geram um campo de
afastamento, e as negativas, um campo de aproximação.

Campo de uma esfera Campo de uma esfera


com carga positiva com carga negativa

multimídia: vídeo A intensidade do campo elétrico no ponto P também é cal-


culada com a mesma equação vista anteriormente, de uma
Fonte: Youtube carga puntiforme:
A terrível gaiola de celular (ex-
periência de Física) |Q|
Ep = k0 ___
​  2 ​ 
d

3. Cálculo do potencial elétrico Note que essa equação não é válida para calcular o campo
elétrico em pontos na superfície da esfera.
Inicialmente, será calculado o potencial elétrico em um pon-
to P fora da esfera. Existe uma simetria na distribuição de
Aplicação do conteúdo
cargas na esfera, além da uniformidade na distribuição em
sua superfície. Assim, podemos admitir que toda a carga Q 1. Uma esfera metálica de raio R = 4,0 cm, no vácuo,
esteja concentrada no centro (ponto O) da esfera. Sendo d a tem a sua superfície uniformemente carregada com
uma carga elétrica de 12 nC. Adotando k0 = 9,0 · 109
distância do centro O ao ponto P, o potencial pode ser obtido
unidades do SI, determine:
pela seguinte equação, vista em aulas anteriores:
a) O potencial elétrico em um ponto da superfície da esfera.
b) O potencial elétrico em um ponto P distante 12 cm
do centro da esfera.
c) A intensidade do campo elétrico no ponto P do
item anterior.
Resolução:
a) Cálculo potencial elétrico é igual para qualquer
ponto da superfície da esfera:
Dessa forma, ajustando as unidades:

Q R = 4,0 cm = 4,0 · 10–2 m


Vext = k0 __
​   ​  Q = 12 nC = 12 · 10–9 C
d
​ Nm² ​ 
k0 = 9 · 109 ____

Essa equação também é válida para a superfície da esfera,
onde d = R: Calculando o potencial elétrico na superfície da esfera:
Q
​  12 · 10 –2 
–9
Vsup = k0 __
​   ​ = 9 · 109 · ________ = 27 · 102 ⇒
 ​ 
Q R 4,0 · 10
Vsup = k0 __
​    ​
R  ⇒ Vsup = 2,7 · 103 V

105
b) Como a esfera tem raio de 4,0 cm, e o ponto P está
a 12 cm do centro, o ponto P é externo à esfera.
4.1. Gráfico do Potencial Elétrico
Assim: d = 12 cm = 12 · 10–2 m
de um Condutor Carregado
Considere o potencial elétrico uma função da distância,
Então:
isto é, V = V (d). Seu gráfico é do tipo:
Q
​ 12 · 10–2 
–9
Vext = k0 __
​   ​ ⇒ VP = 9 · 109 · _______  ​
d 12 · 10
= 9,0 · 102 ⇒ VP = 9,0 · 102 V

c) Cálculo da intensidade do campo elétrico no ponto P:


Q
​ 12 · 10–2 
–9
EP = k0 __
​    ​ = 9 · 109 · _______  ​= 0,75 · 104 ⇒
d² 12 · 10
⇒ EP = 7,5 · 103 N/C
Para uma distribuição positiva (Q > 0)
2. (Ufrgs) A figura a seguir representa uma esfera
metálica oca, de raio R e espessura desprezível. A es-
fera é mantida eletricamente isolada e muito distante
de quaisquer outros objetos, num ambiente onde se
fez vácuo.

Para uma distribuição negativa (Q < 0)

Analisando ambos os gráficos, é possível perceber que


Em certo instante, uma quantidade de carga elétrica nega- o potencial é constante enquanto d ≤ R, e a partir de
tiva, de módulo Q, é depositada no ponto P da superfície d > R uma hipérbole equilátera (da mesma forma que uma
da esfera. Considerando nulo o potencial elétrico em pon- partícula puntiforme centrada na origem).
tos infinitamente afastados da esfera e designando por k a
“constante eletrostática”, podemos afirmar que, após terem 4.2. Gráfico do Campo Elétrico
decorrido alguns segundos, o potencial elétrico no ponto S,
situado à distância 2R da superfície da esfera, é dado por
de um Condutor Carregado
–kQ Sendo o campo elétrico uma função da distância, ou seja,
a) ​  ___ ​ . E = E (d), para um condutor carregado, o gráfico será da
2R
–kQ seguinte forma:
b) ​  ___ ​ .
3R
+kQ
c) ____
​   ​. 
3R
–kQ
d) ​  ____ ​.  
9R2
+kQ
e) ​ ____
 ​. 
9R2
Resolução:
O cálculo do potencial num ponto externo é dado por:
k∙q
V = ____
​   ​   
d Analisando o gráfico é possível perceber que, se
k(–Q) d < R, tem-se E = 0, isto é, o campo interno do condutor
V = ​ ____ ​  
3R carregado é nulo. Quando d = R, o campo elétrico é dado
kQ k |Q|
V = – ___
​   ​  por E (R) = _____
​  0 2 ​  . Já para pontos mais distantes d > R,
3R 2R
tem-se que o gráfico é idêntico ao de uma carga puntifor-
Alternativa B me centrada na origem.

106
VIVENCIANDO

Os para-raios
De que maneira as indústrias fabricantes de para-raios costumam testar seus produtos antes de colocá-los à venda?
Um dos testes consiste em submeter o produto a descargas elétricas semelhantes aos raios. Para simular um raio
causado por uma nuvem eletrizada, uma esfera de cobre de aproximadamente 1 metro de diâmetro é suspensa, a
mais ou menos 10 metros do chão, e ligada a um gerador de cargas elétricas para ser eletrizada. Abaixo da esfera
é colocado o para-raios que será testado. A esfera, eletrizada, atinge potenciais de alguns milhões de volts e produz
uma descarga elétrica que salta e atinge o para-raios. Um engenheiro elétrico de operações verifica pessoalmente, a
poucos metros do local, o funcionamento correto do para-raios. Entretanto, o engenheiro se protege dentro de uma
Gaiola de Faraday contra as descargas elétricas que circulam no ambiente.
O efeito de blindagem eletrostática, conhecido como Gaiola de Faraday, é amplamente utilizado para proteger equi-
pamentos que não podem ser submetidos a influências elétricas externas, ou na proteção de passageiros de aviões
ou carros. Os veículos, ao serem atingidos por relâmpagos, protegem seus tripulantes, uma vez que as cargas elétricas
serão distribuídas pelas estruturas metálicas.
O forno de micro-ondas e a ressonância magnética são outras duas aplicações cotidianas da blindagem eletrostática.
No micro-ondas, a blindagem eletrostática não permite que escapem as ondas eletromagnéticas que esquentam
os alimentos, pois a casca metálica que reveste o interior do equipamento e
a malha metálica que cobre o visor de vidro funcionam como uma Gaiola de
Faraday. Para o exame de ressonância magnética, são necessárias salas de
exames equipadas com uma cabine de radiofrequência. Essa cabine consiste
numa caixa de alumínio ou outro material similar e serve para proteger o fun-
cionamento do equipamento, que pode sofrer alteração de ondas de radiof-
requência externas que causariam interferências nos resultados dos exames.

5. Equilíbrio eletrostático § As cargas das duas esferas passam a ser Q’1 e Q’2, res-
pectivamente, e por conservação da carga elétrica:
entre duas esferas interligadas
Na figura a seguir, duas esferas condutoras, 1 e 2, inicial- Q’1 + Q’2 = Q1 + Q2
mente isoladas uma da outra, foram carregadas com car-
gas elétricas Q1 e Q2, respectivamente. As esferas foram
interligadas por um fio condutor, mas foram mantidas  u seja, a soma das cargas das duas esferas permanece
O
constante, uma vez que nenhuma carga foi inserida ou
afastadas a fim de evitar a indução eletrostática. Depois de
retirada do sistema.
serem conectadas, ocorreu uma troca de cargas elétricas
devido à diferença de potencial elétrico entre ambas. § Devido ao equilíbrio, os potenciais se igualam, V1 = V2,
assim:
Q’ Q’ Q’ Q’2
k0 ___
​  1 ​ = k0 ___
​  2 ​ ⇒ ___
​  1 ​ = ___
​   ​ 
R1 R2 R1 R2

Essa equação mostra que, após as esferas atingirem o


Depois de um período de tempo, os potenciais das duas esfe- equilíbrio eletrostático, as novas cargas elétricas de cada
ras se equilibram e a troca de cargas termina. Após o equilíbrio: esfera são proporcionais ao raio de cada uma.

107
Aplicação do conteúdo
1. Uma esfera de raio R1 = 2,0 cm e carregada com carga
Q1 = 6,0 pC e uma esfera de raio R2 = 6,0 cm carrega-
da com carga Q2 = –2,0 pC são conectadas por um fio e
mantidas afastadas uma da outra. Depois de atingirem o
equilíbrio eletrostático, qual é a carga de cada uma delas?

Resolução:

Devido à conservação da carga e à relação de proporciona-


lidade da carga e do raio da esfera: multimídia: sites
Q’1 + Q’2 = Q1 + Q2 ⇒ Q’1 + Q’2 www.sabereletrica.com.br/gaiola-de-faraday
= 6,0 pC + (-2,0) pC ⇒ Q’1 + Q’2
www.differencebetween.net/science/difference-
= + 4,0 pC
between-electric-field-and-electric-potential/
Q’ Q’2 ___
___ Q’ Q’
​  1 ​ = ___
​   ​ ⇒ ​  1  ​ = ___
​  2  ​ ⇒ 3Q’1 = Q’2 physics.bu.edu/~duffy/PY106/Potential.html
R1 R2 2,0 6,0

Resolvendo o sistema para Q’1, obtém-se:


Q’1 + 3Q’1 = 4,0 ⇒ 4Q’1 = 4,0 pC ⇒
⇒ Q’1 = 1,0 pC

Voltando à equação anterior, obtém-se Q’2:


Q’2 = 3,0 pC

108
DIAGRAMA DE IDEIAS

POTENCIAL ELÉTRICO NO CEU E


EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO

CAMPO UNIFORME Ed = U

GAIOLA DE
FARADAY

CARGA NA DENSIDADE
EQ. ELETROSTÁTICO
SUPERFÍCIE SUPERFICIAL

CAMPO
INTERIOR NULO
POTENCIAIS
IGUAIS

109
AULAS Corrente elétrica
15 e 16
Competências: 2, 5 e 6 Habilidades: 5, 17 e 21

1. Introdução a outro e, durante o movimento, forma-se uma “nuvem


eletrônica” no interior do metal.
O fluxo de elétrons que atravessa um condutor é deno- Os meios materiais denominados isolantes elétricos são, em
minado corrente elétrica. Uma lâmpada, por exemplo,
geral, os não metais, como vidro, mica, ebonite, etc. A quanti-
emite luz quando o fluxo de elétrons atravessa o filamento
dade de elétrons livres nesses materiais é bastante pequena
dentro de seu bulbo, e o chuveiro elétrico esquenta a água
e, por isso, eles não conduzem bem a corrente elétrica.
devido ao fluxo de elétrons que passa pelo seu resistor.

3. Sentido da corrente elétrica


Em geral, o fluxo de partículas eletrizadas em movimento
é ordenado.
A natureza da corrente elétrica depende do meio em que Ao se estabelecer uma diferença de potencial nas extremi-
o fluxo de cargas ocorre. Nos metais, o fluxo é constituí- dades de um condutor metálico, pode-se ordenar o movi-
do exclusivamente por elétrons; contudo, os elétrons não mento dos elétrons em seu interior. Um modo de fazer isso
compõem a corrente elétrica nos líquidos, onde o fluxo é é ligando-o entre os polos de um gerador elétrico (pilha,
formado por cátions (+) e ânions (–). bateria, etc.). Mais adiante será demonstrado que a pilha
“empurra” os elétrons, ordenando o movimento.
Na figura a seguir, um fio condutor metálico está ligado
aos polos de uma bateria elétrica. Como é possível obser-
var, o movimento dos elétrons livres no fio tem sentido an-
ti-horário: do polo negativo para o polo positivo.
Nos metais, os elétrons constituem a corrente elétrica

ELETRÓNS

3.1. O sentido convencional


Na solução água + sal, a corrente elétrica é formada de cátions
da corrente elétrica
(Na+) e ânions (CI-) que caminham em sentidos opostos O sentido real do movimentos dos elétrons não é o mes-
mo que o sentido convencional da corrente elétrica.
2. Condutores e isolantes SENTIDO CONVENCIONAL
DA CORRENTE
Um meio material capaz de conduzir corrente elétrica é i

denominado condutor elétrico. Nesse tipo de material, as


partículas eletrizadas conseguem se movimentar com fac-
ilidade. Nos metais em geral, as partículas eletrizadas que SENTIDO REAL DO
MOVIMENTO DOS ELÉTRONS
constituem a corrente elétrica são os elétrons, dado que os
metais possuem um grande número de elétrons livres, que Por motivos históricos, o sentido convencional da corrente
são os elétrons mais fracamente ligados ao núcleo atômi- elétrica foi estabelecido considerando-se que as cargas em
co. Assim, esses elétrons podem se mover de um átomo movimento fossem positivas.

110
Essa convenção não foi alterada, pois, sob o ponto de vista No SI, a unidade da intensidade de corrente elétrica é o
do eletromagnetismo, o movimento de cargas negativas ampère, de símbolo A, em homenagem ao físico francês
em determinada direção é equivalente ao movimento de André-Marie Ampère (1775-1836).
cargas positivas na direção oposta.
A unidade de carga elétrica, o Coulomb (C), é definida a
O sentido da corrente elétrica é indicado, também por con- partir da equação anterior: Q = i ⋅ Dt. Em unidades:
venção, por uma flecha com a letra i.
ampère · segundo = coulomb

4. Intensidade da corrente elétrica 4.1. Propriedade gráfica


Como na figura a seguir, um fio metálico é ligado nos polos
de um gerador. Nesse circuito, o movimento convencional Quando é plotado o gráfico da corrente pelo tempo,
da corrente elétrica é do polo positivo para o polo negati- decorre que a área que a função faz com a horizontal é
vo. Entretanto, o movimento dos elétrons livres ocorre no equivalente à quantidade de carga elétrica que passou en-
sentido oposto. tre os intervalos de tempo.
ELÉTRONS

i i

BATERIA

Durante o intervalo de tempo ∆t, uma quantidade n de


elétrons atravessa uma seção transversal S do fio.
A carga elétrica do elétron foi denominada de carga elétri-
ca elementar, e seu valor absoluto é representado pelo
símbolo e:
e = 1,6 · 10–19 C

multimídia: vídeo
Assim, o valor absoluto da quantidade de carga elétrica Q
Fonte: Youtube
que atravessou a seção S é:
Física Total - Aula 61 - eletrod-
|Q| = n ⋅ |e| inâmica - corrente elétrica

Nesse condutor, a intensidade média da corrente elétrica, no


intervalo de tempo ∆t, é definida como sendo a grandeza:
|Q|
5. Efeitos da corrente elétrica
im = ___
​   ​  § Efeito Fisiológico – quando uma corrente elétrica
Dt
atravessa um organismo vivo, ela produz contrações
musculares conhecidas como choque elétrico. O ser
Quando a corrente elétrica fornecida pelo gerador tem in-
humano, ao ser atravessado por uma corrente de in-
tensidade constante, resulta que im = i, e a equação anteri-
tensidade de 10 mA ou mais, pode sofrer efeitos fatais.
or poderá ser escrita como:
§ Efeito Químico – quando uma corrente elétrica at-
|Q|
i = ___
​   ​ ⇔ |Q| = i ⋅ ∆t ravessa uma solução iônica, ocorre a eletrólise, oca-
Dt sionando o movimento de íons negativos e positivos

111
para o ânodo e o cátodo, respectivamente. Esse efeito 2. Durante um intervalo de tempo ∆t = 16 s, uma quanti-
é aplicado na galvanização de metais (cromeação, dade de 2,0 · 1022 elétrons atravessou a seção transversal
de um condutor. Sendo e = 1,6 · 10–19 C o valor de carga
prateação, niquelação, etc.).
elétrica elementar, determine:
§ Efeito Magnético – quando um condutor é percorri- a) a carga elétrica que atravessa o condutor;
do por uma corrente elétrica e produz nas suas proxim- b) a intensidade média da corrente elétrica.
idades um campo magnético. Esse efeito é facilmente Resolução:
comprovado pela deflexão da agulha imantada de uma
a) Sendo |Q| = n ∙ e, obtém-se a carga elétrica:
bússola colocada próxima do condutor.
|Q| = (2,0 · 1022) ⋅ (1,6 · 10–19 C) ∴
§ Efeito Luminoso – quando a corrente elétrica Q = 3,2 · 103 C
atravessa um gás, sob baixa pressão, ocorre emissão de
b) A intensidade média (im) da corrente vale:
luz. Esse efeito é aplicado nas lâmpadas fluorescentes,
lâmpadas de vapor de sódio, etc. |Q| 3,2 · 10³ C _________
im = ___
​   ​ = _________
​   ​  = ​ 32 · 10² ​
  C 
=

Dt 16 s 16 s
§ Efeito Térmico ou Efeito Joule – quando os elétrons
livres colidem com os átomos, ocorre o aquecimento do ​ Cs ​ 
= 2,0 · 10² __
condutor. Esse efeito é aplicado em aparelhos que pro- = 2,0 · 10² A
duzem calor (aquecedores elétricos: chuveiros, tornei-
ras, ferros elétricos, etc.).

7. O gerador elétrico
6. O amperímetro Para se produzir uma corrente elétrica é necessário um gera-
dor elétrico. Os geradores elétricos mais comuns e conheci-
A intensidade da corrente elétrica que passa por um fio é dos são: pilha comum, bateria de automóvel, bateria de celu-
medida por um aparelho chamado amperímetro. lar, os grandes e potentes geradores das hidroelétricas, etc.
A figura a seguir mostra um amperímetro ligado a um cir-
cuito. No mostrador do aparelho é indicada a intensidade
da corrente elétrica que o atravessa.

Turbinas do gerador elétrico de uma usina de energia


hidroelétrica em Itatinga, São Paulo.

O gerador elétrico é um aparelho capaz de mover os


Circuito com um amperímetro. Há amperímetros analógicos e digitais. elétrons. É o gerador que “empurra” os elétrons em um
circuito, sendo, assim, o seu principal elemento.
Aplicação do conteúdo Neste curso, os geradores serão eletroquímicos, como as pil-
1. Uma corrente elétrica de intensidade constante ig- has e baterias, que produzem uma corrente elétrica contínua
ual a 4,0 A atravessa um condutor de eletricidade. De- e constante. Esses geradores são compostos por um polo
termine a carga elétrica transportada pelos elétrons positivo, de maior nível de energia, e um polo negativo, com
durante um intervalo de tempo de 2,0 minutos. energia menor, de modo que o potencial elétrico no polo
Resolução: positivo seja maior do que o potencial no polo negativo.

A unidade do intervalo de tempo deve ser transformada


para segundos: ∆t = 2,0 min = 120 s. Utilizando a defini-
ção de intensidade de corrente elétrica, tem-se:

|Q|
i = ___
​    ​ ⇔ |Q| = i ⋅ ∆t = 4,0 A ⋅ 120 s ⇒
Dt
⇒ |Q| = 480 C

112
É através do polo positivo que o gerador fornece corrente é uma relação entre energia elétrica e carga elétrica. Assim,
elétrica ao circuito. Depois de atravessar o circuito, a cor- a origem do termo, pensando-se que se tratava de uma
rente retorna ao gerador pelo polo negativo. Na figura aci- força aplicada às cargas elétricas, é equivocada.
ma é possível observar um circuito composto por uma ba-
As pilhas e baterias comuns indicam o valor de sua f.e.m.
teria e uma lâmpada. O sentido convencional da corrente
elétrica está indicado pelas setas.
Os polos de um gerador são, comumente, chamados de
ativos passivos. Isso significa que, mesmo em um circuito
desligado, existe potencial nos polos do gerador.

 Pilha de 1,5 V       Bateria de 12 V


Resumindo
O gerador elétrico possui dois polos ativos, um positivo, O italiano Alessandro Volta, nascido em 1745, foi o in-
de maior potencial elétrico, e um negativo, de menor ventor da pilha elétrica (em 1800) que leva o seu nome,
potencial elétrico. O gerador produz corrente elétrica a chamada pilha de Volta. Volta percebeu que discos de
em um circuito e mantém uma diferença de potencial zinco e cobre, separados por pedaços de tecido embe-
elétrico entre seus dois polos. bidos em ácido sulfúrico, eram capazes de produzir cor-
rente elétrica se um fio fosse conectado às suas extremi-
dades. Nesse caso, a produção de corrente elétrica se dá
8. Força eletromotriz (f.e.m.) em função de reações químicas.

Diferentes geradores fornecem quantidades diferentes de 8.1. A f.e.m. e a tensão elétrica


energia. Em função disso, foi definida uma grandeza car-
acterística de cada gerador, denominada força eletromotriz Ocorre perda de energia elétrica durante o funcionamen-
(f.e.m.), que se relaciona com essa quantidade de energia to de um gerador no transporte de carga elétrica de um
e com a carga elétrica. polo a outro. Inicialmente, porém, essa perda de energia
elétrica será desconsiderada e os geradores serão consid-
Os exemplos a seguir ilustram essa ideia de força eletromotriz. erados ideais. Nesse caso, a força eletromotriz do gerador
corresponde à diferença de potencial entre o polo positivo
Exemplos e o polo negativo. Essa diferença também é denominada
Uma pilha forneceu uma quantidade de energia elétrica de tensão elétrica (U).
1,5 J a um grupo de partículas que transportou uma carga
Assim, nos geradores ideais:
unitária de eletricidade de 1,0 C. Asssim, diz-se que essa
pilha tem uma força eletromotriz de 1,5 J/C ou de 1,5 volt.
f.e.m. = tensão entre os polos ⇒ U = f.e.m.
Uma bateria de carro forneceu uma quantidade de energia
elétrica Eelétr = 24 J a um grupo de partículas que trans-
portou uma quantidade de eletricidade Q = 2,0 C. Assim,
cada coulomb recebeu uma quantidade de energia elétrica
8.2. Símbolo do gerador ideal
de 12 joules, e a força eletromotriz dessa bateria é 12 J/C Nos circuitos elétricos, os geradores ideais de corrente con-
ou 12 volts. tínua (pilhas, baterias, etc.) são representados pelo símbolo
da figura a seguir.
Sintetizando: A força eletromotriz é o quociente da
quantidade de energia elétrica fornecida por um gerador
a um grupo de partículas eletrizadas transportando uma
carga elétrica Q. Por definição:

energia elétrica Eelétr


f.e.m. = ​ ____________
   ​  ⇒ f.e.m. = ___
​   ​ 
carga elétrica |Q|

No SI, a unidade de f.e.m. é o volt (V), definida pela razão


O polo positivo do gerador é indicado pelo traço maior, e
joule/coulomb.
o polo negativo pelo traço menor. O sentido convencional
Embora o termo força eletromotriz (f.e.m.) se refira a uma da corrente elétrica é indicado por uma seta ao lado do
força, não se trata de uma grandeza física de força. A f.e.m símbolo, com sentido do polo negativo para o positivo.

113
9. O Voltímetro
O aparelho utilizado para medir a diferença de poten-
cial (d.d.p.) entre os polos de um gerador é denomina-
do voltímetro. O voltímetro é comumente chamado
de medidor de voltagem.
a) Quais são os pontos de mesmo potencial elétrico?
b) Qual é a d.d.p. em cada lâmpada?
c) Quanto indicaria um voltímetro se fosse conectado
às extremidades dos fios 1 e 2?

Resolução:
a) Os pontos de um mesmo fio têm o mesmo potencial.

VA = VC = V1 e VB = VD = V2

Voltímetro
No entanto: V1 > V2
Para medir a d.d.p. de uma pilha, deve-se ligar o voltímetro
b) A ddp (tensão elétrica U) em cada lâmpada é a
em paralelo com a pilha, como ilustra a figura a seguir.
mesma, pois:

§ em L1 ⇒ U1 = VA – VB= U ∴ U1 = 6,0 V

§ em L2 ⇒ U2 = VC – VD = U ∴ U2 = 6,0 V
1,5V 1,5 volt c) O voltímetro indicaria a d.d.p. entre fios, ou seja:
d.d.p. = 6,0 V

10. Efeito Joule


Nos circuitos elétricos, o voltímetro é representado pelo Um condutor elétrico sólido esquenta ao ser percorrido por
símbolo da figura abaixo: uma corrente elétrica. Esse aumento de temperatura do
condutor devido à passagem da corrente elétrica é denom-
inado efeito Joule. Esse fenômeno ocorre pois as partícu-
las eletrizadas da corrente elétrica colidem com átomos e
Além de medir a d.d.p. dos geradores, o voltímetro pode moléculas do material condutor, transformando parte da
ser usado para medir a diferença de potencial entre dois corrente elétrica em energia térmica.
pontos quaisquer de um circuito elétrico.

Aplicação do conteúdo
1. Um gerador elétrico fornece às partículas elétricas
que o atravessam 6,0 J para cada 4,0 C de carga elétrica.
Quanto vale sua f.e.m.?

Resolução:

Eelétrica _____6,0 J
f.e.m. = ​ _____
 ​  = ​    ​ = 1,5 J/C ⇒
Q 4,0 C
⇒ f.e.m. = 1,5 V multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
2. No circuito da figura a seguir, duas lâmpadas, L1 e L2, Novo Telecurso - Ensino Médio - Física -
estão ligadas a um gerador por meio de fios ideais. O Aula 41 (1 de 2)
gerador é ideal e sua f.e.m. é de 6,0 V.

114
11. Resistor e resistência No SI, a unidade de resistência elétrica é ohm, simboliza-
do por W (letra grega ômega), em homenagem ao físico
O resistor é um elemento cuja função exclusiva em um cir- George Simon Ohm.
cuito elétrico é transformar energia elétrica em energia tér- Assim, um resistor que, submetido à d.d.p. de 1 V, deixa-se
mica. Em geral, os resistores são condutores feitos de aço, atravessar por uma corrente elétrica de intensidade 1 A,
tungstênio ou carvão. Diversos aparelhos eletrodomésticos tem resistência elétrica de 1 W.
que requerem um aquecimento elétrico possuem resis-
unidade d.d.p.
tores, como o ferro elétrico de passar roupa, o chuveiro Unidade de resistência = _____________
​    ​ = ______
   ​  volt   ​  ​  V  ​
= __
unidade corrente ampère A
elétrico, a torneira de água quente, o secador de cabelos, =Ω
os aquecedores elétricos de ambiente, as lâmpadas incan-
descentes, etc.
Aplicação do conteúdo
Embora conduza corrente elétrica, o resistor é feito de um
material que dificulta a passagem dos elétrons. A medida 1. Um resistor de resistência elétrica R = 6,0 Ω foi sub-
metido a uma d.d.p. 24,0 V. Determine a intensidade de
dessa dificuldade é denominada resistência elétrica.
corrente elétrica que atravessa o resistor.
Nos circuitos elétricos, o resistor será representado por uma
linha em ziguezague, como na figura a seguir. Resolução:

Sendo U = 24,0 V e R = 6,0 Ω,tem-se:


Nota: O resistor variável que suporta a passagem de cor- U=R⋅i
rentes intensas é denominado reostato.
24,0 V
24,0 = 6,0 ⋅ i ⇒ i = _____
​   ​ ⋅ i = 4,0 A
6,0 W

12.1. Resistor ôhmico e não ôhmico

12. Primeira lei de OHM Os resistores que obedecem à Lei de Ohm são denomina-
dos resistores ôhmicos. Entretanto, nem todos os resistores
O físico alemão George Simon Ohm (1787-1854) descobriu, são ôhmicos, e os que escapam à Lei de Ohm são denomi-
em seus experimentos de eletricidade, que a intensidade da nados resistores não ôhmicos.
corrente elétrica em um condutor estava relacionada com a
d.d.p. em seus extremos. Ele percebeu que, ao variar a d.d.p., Os resistores fabricados com metais ou carbono são exem-
a intensidade da corrente elétrica também variava. plos de resistores ôhmicos. O gráfico da d.d.p. pela corrente
elétrica em um resistor ôhmico é uma reta. A tabela e o gráfi-
Usando um resistor metálico e mantendo-o a uma tem-
co a seguir ilustram o comportamento de um resistor ôhmico.
peratura constante, verificou que a razão entre a d.d.p. e a
corrente elétrica se mantinha constante:
Comportamento de um resistor ôhmico
d.d.p.
__________________
​    ​= constante ⇒ __
   ​ U ​ = constante Diferença de Intensidade Resistência
intensidade de corrente i potencial d.d.p., de corrente do resistor
U (em V) i (em A) R (em Ω)
Essa constante é a resistência do resistor, indicada por R. 1,0 0,5 2,0
Assim, a relação entre corrente elétrica, d.d.p. e resistência 2,0 1,0 2,0
em um condutor é: 3,0 1,5 2,0
4,0 2,0 2,0
​ U ​ = R
__
5,0 2,5 2,0
i
A propriedade acima é válida para diversos tipos de metais. 12.2. Curva característica de um resistor ôhmico
Essa é a Primeira Lei de Ohm:
Considerando um resistor ôhmico, ou seja, que obedeça
a relação de Ohm R = __ ​ U ​ , em que R é constante, pode-se
Para determinados resistores, mantidos a uma tempe- i
ratura constante, a intensidade de corrente i e a d.d.p.
escrever a d.d.p. em função da corrente. Plotando o gráfico,
são diretamente proporcionais: é possível notar que se trata de uma função linear com in-
clinação crescente, afinal a resistência sempre é um núme-
U=R∙i
ro constante e positivo.

115
U(i) = R ⋅ i A resistência elétrica do filamento da lâmpada é de 100 W.
Esse valor é bastante elevado; no entanto, se a temperatu-
ra do filamento aumentar ainda mais, o filamento pode se
fundir e a lâmpada deixa de funcionar.
Popularmente se diz que a lâmpada queimou.

2. Um resistor é submetido à tensão elétrica U = 60 V,


Seja u o ângulo que o gráfico faz com a horizontal, tem-se: e a intensidade de corrente que o atravessa é de 6,0 A.
​ U ​ = R
tan u = __ a) Qual é o valor de sua resistência elétrica?
i
b) Se o mesmo resistor for submetido a uma nova
tensão elétrica U’ = 30 V, qual será a intensidade da
corrente que o atravessará? Considere que a tempera-
tura se mantém constante.

Resolução:
​ U ​ = _____
a) R = __ ​  60 V  ​ = 10 ohms ⇒ R = 10 Ω
i 6,0 A
b) Como a resistência elétrica se mantém constante:
R = 10 Ω
Aplicação do conteúdo
1. Uma lâmpada incandescente é um exemplo de resis-
tor presente no nosso cotidiano. O filamento aquecido
dessas lâmpadas atinge uma temperatura aproximada
de 1.300ºC. Submetido à tensão elétrica de 110 V, a cor-
rente elétrica no filamento tem intensidade de 1,1 A.
Determine a resistência elétrica desse filamento.

Resolução:

Pela Lei de Ohm: U = R ⋅ i


​ U’ ​ = ____
U’ = R ⋅ i’ = i = __ ​ 30 V  ​= 3,0 ampères ⇒
R 10 
Substituindo U = 110 V e i = 1,1 A, obtém-se: ⇒ i’ = 3,0 A

​ 110 V ​ ⇒ R = 100 Ω


110 = R ⋅ 1,1 ⇒ R = _____
1,1 A

VIVENCIANDO

A corrente elétrica é um fenômeno que permite o uso da energia elétrica, a principal fonte de energia
do mundo moderno. A utilização em larga escala da eletricidade se deve à multiplicidade de efeitos pro-
duzidos pela corrente. Não é possível visualizar diretamente o fluxo de elétrons; no entanto, seus efeitos
são percebidos facilmente, como ao ligar o interruptor de uma lâmpada, o computador ou o smartphone.
No Brasil, a energia elétrica é gerada em sua maior parte por hidrelétricas, mas também é gerada por
meio de termelétricas e usinas nucleares. Obtida a partir da conversão de outros tipos de energia, a
eletricidade é transportada através de um sistema composto de quatro etapas: geração, transmissão, dis-
tribuição e consumo. A eletricidade é fundamental para tornar funcional os aparelhos criados para serem
utilizados no dia a dia. Celulares, televisores, computadores, máquinas de lavar roupa e muitos objetos
comuns nos lares brasileiros são movidos à base de energia elétrica.

116
3. O gráfico a seguir foi obtido para um resistor subme- Em que:
tido a diversas tensões elétricas.
R: é a resistência elétrica do resistor;
r (lê-se “rô”): é a resistividade do material;
A: é a área da secção transversal do material;
ø: é o comprimento do material.
Essa relação expressa o fato de que, quanto maior é o con-
dutor, maior é a dificuldade que as cargas elétricas têm
para atravessá-lo. A dificuldade de circulação das cargas
a) Calcule a resistência elétrica considerando os va- é menor à medida que for maior a área da secção trans-
lores do ponto 1. versal do material. Cada tipo de material também oferece
b) Calcule novamente a resistência elétrica consid- uma dificuldade diferente à circulação das cargas, que é
erando agora os valores do ponto 2. chamada de resistividade. Dessa forma, a resistência do
c) O resistor é ôhmico? resistor é diretamente proporcional ao comprimento (ø) e
inversamente proporcional à área (A).
Resolução:
A característica de resistividade (r) de cada material no SI
​ U ​ 
a) Sendo U = R ⋅ i ⇒ R = __ tem unidade V · m.
i
No ponto 1, tem-se U1 = 10 V e i1 = 2,5 A.
Georg Simon Ohm candidatou-se a uma vaga para
​ 10 V  ​ = 4,0 ohms ⇒ R1 = 4,0 Ω
R1 = _____ professor em uma universidade; contudo, para tal, era
2,5 A necessária a produção de um trabalho de pesquisa inédi-
b) No ponto 2, tem-se U2 = 20 V e i2 = 5,0 A to. Realizando experiências com eletricidade, Ohm per-
cebeu experimentalmente relações matemáticas entre as
​ 20 V ​ A = 4,0 ohms ⇒ R2 = 4,0 Ω
R2 = ____ dimensões dos fios e as grandezas elétricas. Nascia então
5,0
seu conceito sobre resistência elétrica.
c) O resistor é ôhmico, pois R1 = R2. Esse resultado já
era esperado, uma vez que a curva características dos Em 1827, Ohm apresentou um trabalho defendendo que a
resistores ôhmicos é sempre uma reta oblíqua passando intensidade da corrente elétrica era diretamente proporcio-
pela origem. nal à diferença de potencial e inversamente proporcional a
essa nova grandeza física, a resistência elétrica. Somente
13. Segunda lei de OHM em 1849, cinco anos antes de falecer, Ohm conseguiu al-
cançar o seu tão sonhado cargo de professor universitário.

Resistor em forma de fio cilíndrico, de comprimento


L e área de secção transversal

multimídia: vídeo A resistividade do material pode variar com a temperatura.


Nessas condições, a resistividade do material é dada por:
Fonte: Youtube
Segunda Lei de Ohm r = r0 ∙ [1 + a(u – u0)]
Em que r0 é a resistividade do material à temperatura de
A segunda Lei de Ohm expressa a relação entre a resistên- u0, e o coeficiente a depende do material.
cia elétrica do resistor e suas características. Observe essa Assim, pode-se reescrever a resistência em função
relação a seguir: da temperatura.

r∙ø R = R0 ∙ [1 + a (u – u0)]
R = ____
​   ​
  
A
Em que R0 é a resistência a uma temperatura u0.

117
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Térmico, químico, magnético e fisiológico são alguns efeitos


da corrente elétrica. Em primeiro lugar, a passagem da cor-
rente elétrica transforma energia elétrica em energia térmica
por meio do chamado efeito Joule. Isso é perceptível quan-
do aparelhos elétricos em funcionamento aumentam de
temperatura. O efeito químico, por sua vez, pode ser notado
quando uma corrente atravessa soluções eletrolíticas (hi-
drólise, por exemplo), e é comum sua utilização para o reco-
brimento de metais (galvanização). A passagem de corrente
elétrica também é capaz de gerar um campo magnético. Por
fim, a passagem de corrente elétrica pode produzir um choque elétrico. Quando uma corrente elétrica age no sistema
nervoso, ela pode contrair os músculos. Correntes menores que 1 mA não são percebidas pelo corpo humano; entre
1 mA e 10 mA, pequenos choques podem ser observados; já correntes maiores que 10 mA podem ser fatais.

Entre 0,6 s e 1,0 s, a área do fio 1 é maior; assim, a quanti-


Aplicação do conteúdo dade de carga foi maior no fio 1 nesse intervalo de tempo.
1. (Ufrgs) Selecione a alternativa que preenche correta- Entre 0 s e 1,0 calcularemos as áreas:
mente as lacunas do texto a seguir, na ordem em que
elas aparecem. (A)
Fio1
As correntes elétricas em dois fios condutores variam em 0,8
função do tempo de acordo com o gráfico mostrado a seguir, Fio2
onde os fios estão identificados pelos algarismos 1 e 2.
0,3

0
0,6 1 t(s)
Área do Fio 2 > Área do Fio 1
No intervalo de tempo entre zero e 0,6 s, a quantidade
de carga elétrica que atravessa uma seção transversal do Q2 > Q1
fio é maior para o fio ...... do que para o outro fio; no
intervalo entre 0,6 s e 1,0 s, ela é maior para o fio ...... do Desse modo, nesse intervalo de tempo, passou mais carga
que para o outro fio; e no intervalo entre zero e 1,0 s, ela pelo fio 2.
é maior para o fio ...... do que para o outro fio.
a) 1 – 1 – 2 Alternativa D
b) 1 – 2 – 1 2. (Acafe) A insegurança das pessoas quanto a assaltos
c) 2 – 1 – 1 em suas residências faz com que invistam em acessóri-
d) 2 – 1 – 2 os de proteção mais eficientes. A cerca elétrica é um
e) 2 – 2 – 1 adicional de proteção residencial muito utilizado hoje
em dia, pois tem como um de seus objetivos afugentar
Resolução: o invasor dando-lhe um choque de aproximadamente
10 mil volts de forma pulsante, com 60 pulsos por se-
Entre 0 s e 0,6 s, é possível observar que a área do gráfico gundo. Dessa forma, um ladrão, com perfeita condição
do fio 2 é maior; assim, a quantidade de carga no fio 2 foi de saúde, recebe o choque e vai embora, pois não che-
maior nesse intervalo. ga a ser um choque mortal.

118
Distância do quadro
Bitola 127V 220V
2,5 mm2 até 29 m até 70 m
4,0 mm2 30 a 48 71 a 116m
6,0 mm2 49 a 70 m -
10, 0 mm2 71 a 116 m -

Baseando-se nas informações da tabela, considere o fio de


cobre de resistividade r = 1,70 ⋅ Vm de bitola 2,5 mm2 a
Considere o exposto e seus conhecimentos de eletricidade distância da tomada até o quadro de distribuição geral L =
e assinale a alternativa correta.
25 m e a rede elétrica de U = 127V para calcular o valor da
a) A corrente elétrica recebida pelo ladrão na des-
carga é alta, porém, como é pulsante, não causará
resistência elétrica desse condutor para esse comprimento.
perigo de morte. Resolução:
b) Para não causar morte, a corrente elétrica recebida
pelo ladrão por meio do choque é muito baixa, provo- Pela Segunda Lei de Ohm, tem-se que um condutor depen-
cando apenas queimaduras.
de da resistividade do material, do seu comprimento e da
c) Se o ladrão estiver calçando sapatos com solado de
borracha, não receberá o choque, pois a borracha é
sua área. Então:
um isolante elétrico. ​  L  ​
R = r ⋅ __
d) Mesmo que fosse possível o ladrão tocar em ape- A
nas um único condutor da cerca sem que seu corpo Como o condutor possui secção circular, sua área é igual a
tocasse em qualquer outro lugar, não deixaria de gan- área de um círculo:
har o choque, pois a tensão é muito alta.
​  L  ​ ⇒ R = 1,7 · 25-6 = 1,7 · 25-7 = 1,7 · 107
R = r ⋅ __
A 2,5 · 10 2,5 · 10
Resolução:
⇒ R = 17 · 106 Ω → R = 17M Ω
a) INCORRETA. O que é responsável pela morte de
uma pessoa relacionado à energia elétrica é a corrente
elétrica. Para que a descarga recebida pelo ladrão ao
tocar na cerca elétrica não seja mortal (como mencio-
nado no enunciado), ela deve ser de valor muito baixo.
b) CORRETA. Como mencionado no item [A], a cor-
rente elétrica muito baixa evita que o choque elétrico
sofrido cause a morte. Vale salientar que, devido à alta
tensão (10 mil volts), o ladrão vai sofrer queimaduras.
c) INCORRETA. O termo isolante elétrico só está rela-
cionado ao fato de ser mais difícil que esse elemento
conduza corrente elétrica; no entanto, dependendo do
estímulo (tensão elétrica aplicada ao mesmo), ele pode
conduzir corrente elétrica. Se uma pessoa calçando um
sapato de borracha encostar na cerca, e o calçado não multimídia: sites
suportar a tensão de 10 mil volts, a pessoa vai levar um
choque. educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/cor-
d) INCORRETA. Se fosse possível o ladrão tocar apenas rente-eletrica-o-movimento-ordenado-de-
um condutor da cerca sem que seu corpo tocasse em -eletrons-em-condutores.htm
qualquer outro lugar, não haveria uma diferença de po-
tencial aplicada a ele, tampouco um caminho fechado www.feiradeciencias.com.br/sala12/12_T06.
para a corrente elétrica circular. Assim, o ladrão não le- asp
varia choque. Segue o mesmo princípio de manutenção
www.audioacustica.com.br/exemplos/Lei_
de linhas de transmissão de extra-alta tensão.
de_Ohm/Lei_de_Ohm.html
Alternativa B

3. (UEMA) Em um manual de instalação de uma máqui-


na de lavar roupa de determinado fabricante, há as se-
guintes informações:

Os diâmetros dos fios da rede elétrica devem estar de acor-


do com a tabela ao lado:

119
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
A habilidade 5, dentre todos os conteúdos abordados em Física 3, é a de maior frequência nas provas do Enem. Possui um
caráter muito mais concreto, pois faz com que o aluno saiba dimensionar circuitos elétricos, que naturalmente são muito mais
presentes no cotidiano da vida moderna. Saber calcular corrente, potência e resistência são os exemplos mais comuns dos
assuntos mais abordados. A leitura de tabelas, de gráficos e dos esquemas é naturalmente presente nesse tipo de exercício.

Modelo 1
(Enem) A resistência elétrica de um fio é determinada pela suas dimensões e pelas propriedades estruturais do
material. A condutividade (σ) caracteriza a estrutura do material, de tal forma que a resistência de um fio pode ser
determinada conhecendo-se L, o comprimento do fio e A, a área de seção reta. A tabela relaciona o material à sua
respectiva resistividade em temperatura ambiente.

Tabela de condutividade
Material Condutividade (S·m/mm2)
alumínio 34,2
cobre 61,7
ferro 10,2
prata 62,5
tungstênio 18,8
Mantendo-se as mesmas dimensões geométricas, o fio que apresenta menor resistência elétrica é aquele feito de:
a) tungstênio;
b) alumínio;
c) ferro;
d) cobre.
e) prata.

Análise expositiva - Habilidade 5: Além de saber diferenciar conceitualmente condutividade e resistividade


E elétrica, esse exercício cobra que aluno saiba ler os valores fornecidos na tabela e que ele faça uma escolha
de qual dos materiais mais se encaixava na situação descrita.
O fio que apresenta menor resistência é aquele que apresenta maior condutividade. Pela tabela, é possível
notrar que é o fio feito de prata.
Alternativa E

Modelo 2
Enem 2017) Dispositivos eletrônicos que utilizam materiais de baixo custo, como polímeros semicondutores, têm
sido desenvolvidos para monitorar a concentração de amônia (gás tóxico e incolor) em granjas avícolas. A polianilina
é um polímero semicondutor que tem o valor de sua resistência elétrica nominal quadruplicado quando exposta a
altas concentrações de amônia. Na ausência de amônia, a polianilina se comporta como um resistor ôhmico e a sua
resposta elétrica é mostrada no gráfico.

120
O valor da resistência elétrica da polianilina na presença de altas concentrações de amônia, em ohm, é igual a:
a) 0,5 × 100.
b) 0,2 × 100.
c) 2,5 × 105.
d) 5,0 × 105.
e) 2,0 × 106.
Análise expositiva - Habilidade 5: Trata-se de um exercício que possui uma rápida resolução e exige que o aluno
E saiba ler e interpretar o gráfico fornecido, além, é claro, de domínio do assunto.
Escolhendo o ponto (1, 2) do gráfico, tem-se:
U
r = __ ​  1  ​  
​  ​ = ______ ⇒ r = 0,5 · 106 Ω
i 2·10-6
Como a resistência quadruplica nas condições dadas, obtém-se:
R = 4r = 4 · 0,5 · 106
∴ R = 2 · 106 Ω
Alternativa E

121
DIAGRAMA DE IDEIAS

CORRENTE ELÉTRICA

CONDUTOR E
LEIS DE 0hm CORRENTE ELÉTRICA
ISOLANTE

MOVIMENTO DE
DDP
CARGAS ELÉTRICAS

RESISTOR E
TENSÃO
RESISTÊNCIA

122

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