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Caro aluno

Você está recebendo o primeiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 1 e 2, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões dissertativas que preparam o candidato
para as provas de segunda fase dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas per-
mitem avaliar a capacidade de análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido.
É também uma oportunidade de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de
maneira sistematizada e com linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!

Herlan Fellini

SUMÁRIO
ENTRE LETRAS
GRAMÁTICA 3
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: ENTRE TEXTOS 19
LITERATURA 27

ENTRE FRASES
ESTUDO DA ESCRITA - REDAÇÃO 39

BETWEEN ENGLISH AND PORTUGUESE


ESTUDO DA LÍNGUA INGLESA 55
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Lucas Limberti
Murilo Almeida Gonçalves
Pércio Luis Ferreira

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Imagens
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ISBN: 978-85-9542-072-4

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GRAMÁTICA
FORMAÇÃO DE PALAVRAS

Exemplo: guarda (flexão do verbo guardar;


FORMAÇÃO DE PALAVRAS sentinela) + roupa (vestuário) = guarda-rou-
As palavras da língua portuguesa são formadas basica- pa (mobiliário).
mente pelos processos de derivação e composição, mas São dois os processos de formação por composição:
também por onomatopeia, neologismo e hibridismo.
ƒ Composição por justaposição: quando não ocorre
a alteração fonética das palavras. A justaposição tam-
Formação por derivação bém pode ocorrer por hifenização.
No processo de formação por derivação, a palavra primiti-
va (primeiro radical) sofre acréscimo de afixos. São seis os Exemplos: girassol (gira + sol); guarda-chuva
tipos de formação por derivação. (guarda + chuva).

ƒ Derivação prefixal: acréscimo de prefixo à pala- ƒ Composição por aglutinação: quando ocorre alte-
vra primitiva. ração fonética, em decorrência da perda de elementos
das palavras.
Exemplo: in-capaz.
Exemplos: aguardente (água + ardente); embora
ƒ Derivação sufixal: acréscimo de sufixo à pala- (em + boa + hora).
vra primitiva.
Exemplo: papel-aria.
Outros processos
ƒ Derivação prefixal + sufixal: acrescenta-se um pre-
fixo e um sufixo a um mesmo radical de modo sequen- Hibridismo
cial, ou seja, os afixos não são encaixados ao mesmo No processo de formação por hibridismo, as palavras
tempo. Percebe-se facilmente, ao remover um dos afi- compostas ou derivadas são constituídas por elementos
xos, a presença de uma palavra com sentido completo. originários de línguas diferentes:
Exemplo: in-feliz-mente.
ƒ grego + latim: automóvel e monóculo
ƒ Derivação parassintética: acréscimo simultâneo de um ƒ latim + grego: sociologia, bicicleta
prefixo e de um sufixo a um mesmo radical ou à palavra
ƒ árabe + grego: alcaloide, alcoômetro
primitiva. Em geral, as formações parassintéticas originam-
-se de substantivos ou adjetivos para formarem verbos. ƒ tupi + grego: caiporismo
Exemplo: en-triste-cer. ƒ africano + latim: bananal
ƒ africano + grego: sambódromo
ƒ Derivação regressiva: ocorre redução da palavra pri-
mitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstratos ƒ francês + grego: burocracia
por derivação regressiva de formas verbais.
Exemplo: ajuda (substantivo abstrato da deriva-
Neologismo
Neologismo é o nome dado ao processo de criação de
ção regressiva do verbo ajudar).
novas palavras. São três tipos: Semântico (a palavra já
ƒ Derivação imprópria: ocorre a alteração da classe existe no dicionário, mas adquire um novo significado); Le-
gramatical da palavra primitiva. xical (criação de uma palavra nova, sem necessariamente
Exemplos: (o) jantar – de verbo para substantivo; seguir regras formais); Sintático (construção sintática que
(um) Judas – de substantivo próprio para comum. passa a ter um significado específico).
Exemplo:
Formação por composição Originalmente, a palavra bonde significava certo
Nos processos de formação de palavras por composição, veículo utilizado como meio de transporte. Hoje,
ocorre a junção de dois ou mais radicais. Palavras com na variedade linguística utilizada por falantes inse-
significados distintos formam uma nova palavra com um ridos no estilo do funk carioca, foi dado um novo
novo significado. significado para a palavra bonde: turma, galera.

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ARTIGOS, SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS

ARTIGO Preposições
o, os a, as
Artigos
um, uns uma, umas
Artigo é a palavra que se antepõe a um substantivo (é um a ao, aos à, às — —
marcador pré-nominal), com a função inicial de determiná-
de do, dos da, das dum, duma,
-lo ou indeterminá-lo. Subdivide-se em dois grupos: defini-
duns dumas
dos e indefinidos.
em no, nos na, nas num, numa,
ƒ Artigos definidos: determinam o substantivo de ma- nuns numas
neira precisa. São eles: o(s), a(s). por pelo, pela, — —
Exemplo: Preciso que você me traga a cadeira pelos pelas
branca. (O artigo definido marca a necessidade
de se pegar uma cadeira determinada.) SUBSTANTIVO
ƒ Artigos indefinidos: determinam o substantivo de Classe de palavras variável que dá nome aos seres, obje-
maneira vaga/imprecisa. São eles: um(uns), uma(s). tos e coisas em geral. Os substantivos são classificados em
Exemplo: Preciso que você me traga uma cadeira próprios, comuns, concretos, e abstratos. Eles se fle-
branca. (O artigo indefinido marca a necessidade xionam em número, gênero e grau.
de se pegar uma cadeira qualquer, indeterminada.)
ADJETIVO
Artigo combinado com preposições Palavra que acompanha e modifica o substantivo, podendo
A contração de artigos com preposições é um movimento caracterizá-lo ou qualificá-lo.
essencial para a demarcação de sentido em construções
textuais. Muitas vezes, fazer ou não fazer a contração do Nomes substantivos e
artigo com a preposição pode alterar significativamente o nomes adjetivos
entendimento que se tem de um texto. Esses eventos tex-
tuais serão discutidos no próximo tópico (o artigo aplicado No contexto de uma frase, é possível identificar palavras de
ao texto). Ficaremos aqui com as possibilidades de contra- outras classes, entre elas os adjetivos, que se transformam
ção do artigo com a preposição. em nomes (substantivos) desde que precedidas de um artigo.

VERBOS: NOÇÕES PRELIMINARES E


MODOS INDICATIVO E SUBJUNTIVO

VERBO Ela bebeu chá fervendo. (advérbio)


Fervendo, desligue. (advérbio)
ƒ Particípio
Formas nominais do verbo
A feira foi inaugurada. (adjetivo)
O infinitivo, o particípio (regular e irregular) e o gerúndio
O parque foi inaugurado. (adjetivo)
são chamados formas nominais do verbo porque podem
funcionar como nomes – substantivo, adjetivo, advérbio.
ƒ Infinitivo
Modos e tempos verbais
Os modos verbais traduzem a intencionalidade com que
O comer demais faz mal. (substantivo)
se emprega a forma verbal. São classificados em indi-
O viver é bom. (substantivo) cativo (fato), subjuntivo (desejo, hipótese) e imperativo
ƒ Gerúndio (ordem, apelo).

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Quando lemos, falamos ou escrevemos, posicionamo-nos Pretérito imperfeito
em um determinado tempo. No momento do enunciado,
ƒ Indica um processo ocorrido anteriormente ao mo-
os verbos ocorrem (presente), ocorreram (passado) ou
mento da declaração, mas contemporâneo a outro
ocorrerão (futuro), dependendo do modo verbal.
fato passado.

Tempos do modo indicativo Eu ouvia samba quando se deu o estouro.


Ele comia quando da sua chegada.
Presente
ƒ Indica processo no momento da fala. ƒ É empregado para indicar processo em desenvolvimento.

Faço minhas escolhas. (atualmente, agora) Eu dançava quando ele entrou.

ƒ Indica processo habitual, constante, fato real, verdade. ƒ Indica processo em continuidade, habitual, constan-
te, frequente.
Ela cumpre seus acordos. (ação habitual)
Eu residia nesta casa.
ƒ Indica processo ocorrido até o momento da declaração.
ƒ Indica processo idealizado, não realizado.
Moro com meus colegas.
Pretendíamos ir à Bahia, mas o frio repentino
ƒ Em narrativas históricas (presente histórico), em lugar não permitiu.
do pretérito perfeito.
ƒ Como manifestação de cortesia, de polidez, em lugar
Colombo chega à América e, em 1492, conquis-
do presente do indicativo ou do imperativo.
ta o Novo Mundo.
Queria só um abraço.
ƒ Em acontecimento próximo, em lugar do futuro.
ƒ Em lugar do futuro do pretérito do indicativo.
Não posso almoçar contigo amanhã.
Se ele pagasse, já estávamos (em
ƒ Em expressões condicionais (se...), em lugar do subjuntivo.
vez de “estaríamos“) na França.
Se tudo corre bem, podemos viajar.
Pretérito mais-que-perfeito
Pretérito perfeito ƒ Indica uma ação passada, um fato concluído que
ƒ Indica um processo, algo já realizado, concluído, ter- aconteceu antes de outro fato (ambos no passado).
minado, sem necessidade de referência à outra ação O trem partira quando ele enfim chegou.
anterior ou contemporânea.
Ela estivera presente a toda reunião.
João saiu ontem.
Ele dançara muito.
Fiz as compras.
ƒ Em construções exclamativas.
Cheguei.
Quem lhe dera tê-la nos braços naquela tarde!
ƒ Indica processo ocorrido antes da declaração expressa ƒ Em lugar do pretérito imperfeito do subjuntivo.
pelo verbo.
Nadou como se estivera (estivesse) à beira
Em 1939, Hitler invadiu a Polônia. da morte.
ƒ É frequente o emprego do pretérito perfeito compos- ƒ É bastante frequente o emprego do mais-que-
to – presente do indicativo do verbo auxiliar “ter“ ou -perfeito composto – imperfeito do verbo auxiliar
“haver“ e particípio do verbo principal. “ter“ ou “haver“ e particípio do verbo principal.
Pode indicar ato habitual: Eu tinha falado bastante.
Eu tenho lido bastante. Já havia ocorrido o pior.
Os alunos têm estudado muito. Futuro do pretérito
ƒ Também pode indicar fato ocorrido até o momento ƒ Exprime ação futura em relação ao passado, ação que te-
da declaração: ria ocorrido em relação a um fato já ocorrido no passado.
Tenho comprado muitos carros iguais a este. Eu iria se você chegasse a tempo.

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ƒ Designa ações posteriores à época em que se fala. ƒ É frequente o emprego do futuro do presente compos-
to – futuro do presente do verbo auxiliar “ter“ ou “ha-
Ainda ficaria. Esperaria a noite.
ver“ e particípio do verbo principal.
(Marques Rabelo)
Quando você chegar, eu já terei ido.
ƒ Designa incerteza, probabilidade, dúvida, suposição so-
bre fatos passados. ƒ Indica ação futura a ser consumada antes de outra.
Seriam mais ou menos dez horas quando che- Quando o guarda chegar, já teremos fugido.
garam. (Monteiro Lobato) ƒ Indica possibilidade de um fato passado.
ƒ Forma polida do presente para denotar um desejo. Terá passado o furacão dentro de oito dias?
Eu precisaria namorar aquela moça. ƒ Indica certeza de uma ação futura.
ƒ O futuro do pretérito composto expresso – verbo auxi- Se não voltarmos em algumas horas, teremos
liar “ter“ ou “haver“ no futuro do pretérito e particípio perdido a oportunidade.
do verbo principal.
Eu teria dito (diria) umas verdades a você. Tempos do modo subjuntivo
ƒ Indica fato que teria acontecido no passado mediante Presente
certa condição.
ƒ Expressa hipótese, desejo, suposição, dúvida.
Teria sido diferente, se eu a amasse.
(Ciro dos Anjos) Tomara que você tenha boas festas!

ƒ Indica possibilidade de um fato passado. Bons ventos o levem!

Teria sido melhor não escrever nada. Pretérito imperfeito


(Ruben Braga)
ƒ É empregado nas orações subordinadas da oração
ƒ Indica incerteza sobre fatos passados em certas frases principal em que o verbo esteja no pretérito imper-
interrogativas. feito, no pretérito perfeito ou no futuro do pretérito
Ele só teria falado ou também...? do indicativo.
Ela desejava que todos morressem.
Futuro (do presente)
Esperei que eles fizessem os trabalhos direito.
ƒ Indica a ação ainda não ocorrida, mas já declarada
Apreciaria que você me beijasse.
pelo verbo.
Ora (direis) ouvir estrelas! / (...) E eu vos direi: Pretérito mais-que-perfeito (composto)
amai para entendê-las! (Olavo Bilac)
ƒ Verbo auxiliar “ter“ ou “haver“ no pretérito imperfeito
ƒ Empregado para indicar um fato aproximado ou para do subjuntivo seguido do particípio do verbo principal.
enfatizar uma expressão.
Imaginei que ele tivesse trazido a grana.
Na África, quantos não estarão mortos de fome! (Indica fato anterior a outro, ambos no passado.)
ƒ Indica incerteza, probabilidade, dúvida, suposição.
Futuro simples
Há uma várzea em meu sonho, mas não sei onde
ƒ Designa fato provável, eventualidade futura.
será. (Augusto Meyer)
Quando ela vier, encontrará uma bagunça.
ƒ Indica fatos de realização provável.
Vem, dizia ele na última carta; se não vieres Futuro composto
depressa, acharás tua mãe morta. (Machado
ƒ Verbo auxiliar “ter“ ou “haver“ no futuro do subjuntivo
de Assis)
seguido do particípio do verbo principal. Designa fato futu-
ƒ Como forma polida, em vez do presente. ro como encerrado em relação a outro também no futuro.
Mas como foi que aconteceram? E eu lhe direi: Só deixarei esta casa, quando ele tiver trazido
sei lá, aconteceram: eis tudo. (Drummond) todos os meus pertences.

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VERBOS: MODO IMPERATIVO
E VOZES VERBAIS

MODO IMPERATIVO Voz passiva analítica


O modo imperativo manifesta ordem, conselho, súplica ou ƒ A voz passiva dos verbos é formada pelo verbo auxiliar
exortação do emissor e pode ser imperativo afirmativo ou ser, conjugado no tempo e na pessoa desejados, segui-
imperativo negativo. do do particípio do verbo principal: A árvore foi cortada
pelo lenhador./ Muitas mansões foram alugadas em Bra-
ƒ Se beber, não dirija!
sília./ Muita gente ainda vai ser julgada inocente.
ƒ Dorme, que já está na hora!
ƒ A voz passiva analítica sempre é formada por tempos
TABELA PARA CONJUGAÇÃO DO MODO IMPERATIVO compostos – ser + verbo principal transitivo direto –,
presente imperativo
imperativo negativo
presente bem como pelos verbos auxiliares ter e haver.
do indicativo afirmativo do subjuntivo
(ainda que) Têm sido (foram) alugadas muitas mansões
eu compro x x
eu compre em Brasília.
(ainda que)
tu compras compra tu* compres tu
tu compres Voz passiva sintética
(ainda que)
ele compra compre você compre você
ele compre ƒ Formada com o verbo principal transitivo direto na voz
(ainda que) ativa, na terceira pessoa do singular ou do plural, acom-
nós compramos compremos nós compremos nós
compremos nós panhado da partícula apassivadora “se“.
(ainda que)
vós comprais comprai vós compreis vós
vós compreis
Aluga-se casa.
(ainda que) Alugam-se casas.
eles compram comprem vocês comprem vocês
eles comprem
Compra-se apartamento.
*AS DUAS PASSAGENS DO PRESENTE DO INDICATIVO PARA O IMPERATIVO AFIRMATIVO
IMPLICAM NA PERDA DO “S” FINAL QUE COMPÕE A CONSTRUÇÃO VERBAL.
Compram-se apartamentos.

VOZES VERBAIS Voz reflexiva


O fato expresso pelo verbo pode ser representado em três vozes. ƒ Necessariamente formada pelos verbos pronominais
– acompanhados de “me“, “te“, “se“, “nos“, “vos“,
ƒ João cortou árvores. “se“ –, cuja ação designada parte do sujeito e volta-se
O fato (cortou) é praticado pelo sujeito (João). Por- para ele mesmo.
tanto, o verbo está na voz ativa.
Eu me feri. (O ato e o efeito do ferimento par-
ƒ Árvores foram cortadas por João. tem e voltam para o “eu”, que é o sujeito.)
O sujeito (árvores) é alvo, ou seja, sofre a ação de Tu te feriste.
João. Portanto, o verbo está na voz passiva.
Ele se machucou.
ƒ João cortou-se com o machado.
O sujeito (João) é alvo (cortou-se) do machado. Nós nos prejudicamos.
Portanto, o verbo está na voz reflexiva. Eles se feriram com faca.

ADVÉRBIOS

ADVÉRBIOS advérbios, cada qual com intenções bastante específicas.


ƒ Associam-se a verbos para indicar com maior precisão
Os advérbios formam uma classe de palavras invariá- as circunstâncias da ação verbal.
veis que se associam a verbos, a adjetivos ou a outros

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Exemplo: Paula viajou ontem. (O advérbio tanto; que (quão); tudo; nada; todo; quase; de todo;
“ontem” indica com maior precisão quando de muito; por completo; extremamente; intensamente;
Paula viajou.) grandemente; bem (aplicado a propriedades graduá-
ƒ Associam-se a adjetivos para intensificar o adjetivo já veis), etc.
apresentado. ƒ Interrogativos: onde; aonde; donde; quando; como;
Exemplo: Roberto ficou bastante preocupado. por que; empregados em interrogações diretas ou indi-
(O advérbio “bastante” intensifica o adjetivo pre- retas – entende-se por interrogações diretas aquelas em
ocupado.) que as palavras em destaque iniciam uma frase interro-
gativa. As interrogações indiretas, por sua vez, são aque-
ƒ Associam-se a advérbios para intensificar outro advér-
bio já apresentado. las em que os termos destacados não iniciam a frase.

Exemplo: O jogador do Corinthians está se Interrogação direta Interrogação indireta


recuperando muito bem. (O advérbio “muito” Como isso aconteceu? Queria saber como isso aconteceu.
intensifica o outro advérbio “bem”.) Onde ela mora? Precisava saber onde ela mora.
Quero entender por
Por que ela não veio?
que ela não veio.
Classificação dos advérbios Aonde você vai? Quero saber aonde você vai.
Os advérbios e as locuções adverbiais estabelecem diferen- Necessito entender don-
Donde vem esse rapaz?
tes relações semânticas, que são as seguintes: de vem esse rapaz.

ƒ De lugar: aqui; antes; dentro; ali; adiante; fora; acolá; Quando que chega a carta? Quero saber quando chega a carta.
atrás; além; lá; detrás; aquém; cá; acima; onde; perto;
aí; abaixo; aonde; longe; debaixo; algures; defronte; ne- Locuções adverbiais
nhures; adentro; afora; alhures; aquém; embaixo; exter-
Locuções adverbiais são expressões formadas a partir de
namente; a distância; a distância de; de longe; de perto;
duas ou mais palavras que exercem função adverbial. Em
em cima; à direita; à esquerda; ao lado; em volta, etc.
geral, são constituídas por uma preposição seguida de ou-
ƒ De tempo: hoje; logo; primeiro; ontem; tarde; outro- tra palavra, como substantivo, advérbio ou verbo, que seja
ra; amanhã; cedo; depois; ainda; antigamente; antes; capaz de indicar a circunstância.
doravante; nunca; então; ora; jamais; agora; sempre; já;
enfim; afinal; amiúde; breve; constantemente; imediata- ƒ De lugar: à esquerda; à direita; de longe; de perto;
mente; primeiramente; provisoriamente; sucessivamente; para dentro; por aqui, etc.
às vezes; à tarde; à noite; de manhã; de repente; de vez ƒ De afirmação: por certo; sem dúvida, etc.
em quando; de quando em quando; a qualquer momen-
ƒ De modo: às pressas; passo a passo; de cor; em vão;
to; de tempos em tempos; em breve; hoje em dia, etc.
em geral; frente a frente, etc.
ƒ De modo: bem; mal; assim; melhor; pior; depressa; de-
ƒ De tempo: à noite; de dia; de vez em quando; à tarde;
balde; devagar; às pressas; às claras; às cegas; à toa; à
hoje em dia; nunca mais, etc.
vontade; às escondidas; aos poucos; desse jeito; desse
modo; dessa maneira; em geral; frente a frente; lado a Amanhã precisarei acordar cedinho.
lado; a pé; de cor; em vão; e a maior parte dos que termi- Ela mora pertinho daqui.
nam em ”–mente”: calmamente; tristemente; proposi-
tadamente; pacientemente; amorosamente; docemente; O advérbio aplicado ao texto
escandalosamente; bondosamente; generosamente, etc.
Em relação aos advérbios aplicados ao texto, existe uma
ƒ De afirmação: sim; certamente; realmente; decerto; gradação semântica entre os advérbios frásicos e advérbios
efetivamente; certo; decididamente; deveras; indubita- extrafrásicos, além da distribuição de advérbios modais
velmente, etc. (terminados em –mente).
ƒ De negação: não; nem; nunca; jamais; de modo algum; ƒ Advérbios frásicos: são aqueles que se relacionam com
de forma alguma; tampouco; de jeito nenhum, etc. um elemento específico da frase. Não apresentam mar-
ƒ De dúvida: acaso; porventura; possivelmente; provavel- cas de deslocamento (vírgulas).
mente; talvez; casualmente; por certo; quem sabe, etc. Exemplo: O veículo corre muito.
ƒ De intensidade: muito; demais; pouco; tão; em exces- ƒ Advérbios extrafrásicos: são aqueles exteriores à fra-
so; bastante; mais; menos; demasiado; quanto; quão; se, que estão no âmbito da enunciação e, geralmente,

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deslocados por vírgula. Quando ocorre uma frase que congrega mais de um
Exemplo: Ele, infelizmente, não jogou bem hoje. advérbio terminado em “–mente”, deve-se fazer a con-
tração dos advérbios centrais (retirar o termo “– men-
Observação: os advérbios extrafrásicos atuam
te”) e preservar apenas o último advérbio flexionado.
como elementos de avaliação do enunciador
acerca do conteúdo enunciado. Errado: Ele saiu calmamente, sorrateiramen-
te e rapidamente.
ƒ Distribuição textual de advérbios modais (mais de um
advérbio terminado em “–mente”) Certo: Ele saiu calma, sorrateira e rapidamente.

PRONOMES PESSOAIS

PRONOME fim, para apontar a pessoa de quem se fala (3ª pessoa), são
utilizados ele(s) e ela(s).
Pronome é a palavra variável que identifica os participantes De acordo com o posicionamento nos processos sintáticos,
da interlocução (pessoas do discurso), os seres e objetos os pronomes pessoais podem funcionar como:
no mundo, além de eventos ou situações aos quais o dis-
curso faça referência. ƒ Caso reto: são pronomes pessoais que, em uma cons-
trução sintática, ocupam a posição de sujeito ou de
Em geral, os pronomes, operam em conjunto com os subs- predicativo do sujeito.
tantivos (nomes), podendo substituí-los, referenciá-los ou,
ainda, acompanhá-los em um processo qualificativo. Exemplos: Eu fiquei bastante chateado. (sujeito)
O encarregado do projeto sou eu. (predicativo
Pronomes pessoais do sujeito)

Os pronomes pessoais são aqueles que substituem os ƒ Caso oblíquo: são pronomes pessoais que, em uma
substantivos. Eles se caracterizam por evidenciar as três construção sintática, ocupam a posição de comple-
pessoas do discurso. Para designar a pessoa que fala (1ª mento verbal (objeto direto ou indireto) ou
pessoa), são usados os pronomes eu (singular) e nós (plu- complemento nominal.
ral). Para marcar a pessoa com quem se fala (2ª pessoa), Exemplo: Compraram-nos alguns presentes. (O
são utilizados os pronomes tu (singular) e vós (plural). Por pronome é complemento do verbo comprar.)

PRONOMES DEMONSTRATIVOS E POSSESSIVOS

PRONOMES POSSESSIVOS ou em relação a um contexto. Esses processos ocorrem em


relações espaciais, temporais e sintáticas.
São pronomes que acrescentam à pessoa gramatical a ƒ Os pronomes demonstrativos dividem-se em dois gru-
ideia de posse sobre algo. pos: os variáveis e os invariáveis.
Exemplo: Este dinheiro é meu.
ƒ Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),

PRONOMES DEMONSTRATIVOS aquela(s).


ƒ Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Os demonstrativos são utilizados para situar, no espaço e
no tempo, a pessoa ou a coisa designada. O aspecto funda-
mental dos pronomes demonstrativos é sua capacidade de
Relações espaciais
indicar um objeto sem nomeá-lo. Também evidenciam o po- ƒ Os pronomes este, esta e isto indicam que o item/
sicionamento de uma palavra em relação a outras palavras objeto está perto de quem fala.

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Exemplo: Usarei este lápis (aqui) mesmo. de rua, chamados de orelhões. / Aquelas praças
costumavam ser seguras.
ƒ Os pronomes esse, essa e isso indicam que o item/
objeto está perto da pessoa a quem se fala.
Exemplo: Usarei esse lápis (aí) mesmo.
Relações Sintáticas
ƒ O pronome este e suas variantes são utilizados para
ƒ Os pronomes aquele, aquela e aquilo indicam que
anunciar/adiantar o que será dito na sequência frasal
o item/objeto está afastado tanto de quem fala ou para remeter a um termo imediatamente anterior
como da pessoa a quem se fala. (recém-mencionado).
Exemplo: Usarei aquele lápis (ali) mesmo. Exemplo (anunciando informação): O maior
problema está neste relatório: ele não dá conta
Relações temporais de explicar todos os problemas.
ƒ O pronome este e suas variantes são utilizados para Exemplo (retomando termo recente): Não
indicar tempo presente em relação ao momento em sei se eu adquiro uma moto ou um carro. Acho que
que se fala. este (último = carro) é um pouco mais seguro.
Exemplo: Esta noite eu vou ao shopping / Neste ƒ O pronome esse e suas variantes são utilizados
mês chove bastante. para retomar um termo, uma ideia ou uma oração
já mencionados.
ƒ O pronome esse e suas variantes são utilizados para
indicar tempo futuro ou passado recente em relação ao Exemplo: Duas vezes por ano, o Sol atinge sua
momento em que se fala. maior declinação em latitude. Esse fenômeno é
conhecido como solstício.
Exemplo (futuro): Nessa reunião definiremos
os parâmetros de venda. ƒ O pronome aquele e suas variantes são utilizados para
retomar um termo mais distante entre dois apresenta-
Exemplo (passado): Esse aumento da crise
dos em uma sentença (em geral, ele é trabalhado em
ocorreu em todos os países da América do Sul. conjunto com o pronome este, que retomará o item
ƒ O pronome aquele e suas variantes são utilizados mais próximo).
para indicar tempo passado distante em relação ao Exemplo: Na empresa há dois funcionários que
momento em que se fala. se destacam: Pedro e Rogério. Este pela sua or-
Exemplo: Naquela época ainda havia telefones ganização, e aquele pela sua eficiência.

PRONOMES RELATIVOS,
INTERROGATIVOS E INDEFINIDOS

PRONOMES INDEFINIDOS Exemplo: A escola tem um calendário que pos-


sui muitos feriados.
Os pronomes indefinidos fazem referência à 3a pessoa do dis- No exemplo apresentado, o pronome “que” recupera o subs-
curso, dando-lhe caráter indeterminado, vago ou impreciso. tantivo calendário (o antecedente).
Exemplo: Alguém quebrou os copos da cristaleira. Observação 1: Os pronomes que, o qual, os quais, a qual
Nota-se que o termo alguém refere-se a uma terceira pes- e as quais são equivalentes; no entanto, o pronome que é
soa (de quem se fala), mas não é possível atribuir identi- invariável, cabendo em qualquer circunstância, enquanto os
dade a essa pessoa, pois a informação é vaga e imprecisa. demais necessitam de um substantivo já determinado.
Exemplo: Esta é a garota com a qual conversei.
PRONOMES RELATIVOS Observação 2: Para evitar ambiguidades e outros pro-
Pronomes relativos são aqueles que se referem a nomes blemas de sentido, o pronome relativo onde deve ser uti-
anteriormente mencionados (antecedentes), estabelecen- lizado para recuperar lugares físicos/localidades (regiões,
do com eles relação. cidades, ambientes, etc.).

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Exemplo: Este é o armazém onde estocamos
os produtos. PRONOMES INTERROGATIVOS
Observação 3: O pronome relativo cujo não realiza a re- Os pronomes interrogativos são utilizados nas formulações
cuperação de um antecedente, mas aponta para uma rela- de perguntas diretas ou indiretas. Fazem referência direta
ção de posse com o consequente. aos pronomes de 3ª pessoa. Os principais pronomes in-
terrogativos são que, quem, qual e quanto (e suas va-
Exemplo: A mulher cuja casa foi invadida já riações). Entende-se como pergunta direta aquela em que
está em segurança. o pronome interrogativo aparece no início do questiona-
Observação 4: O pronome quem faz referência a pesso- mento (há sinal de interrogação no fim da pergunta). A
as e ocorre sempre precedido de preposição. pergunta indireta, por sua vez, é aquela em que o pronome
interrogativo aparece em outra posição na frase, e não no
Exemplo: Aquele é o sujeito a quem devo mui-
início (não há sinal de interrogação).
to dinheiro.
Pergunta direta Pergunta indireta
Quanto custou a Gostaria de saber quanto
reforma da casa? custou a reforma da casa.

12
U.T.I. - Sala Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
1. (Fuvest 2018) Leia o texto. fiquei sendo o da Maria
Um tema frequente em culturas variadas é o do desafio à ordem do finado Zacarias.
divina, a apropriação do fogo pelos mortais. Nos mitos gregos, Pro- Mas isso ainda diz pouco:
meteu é quem rouba o fogo dos deuses. Diz Vernant que Prome- há muitos na freguesia,
teu representa no Olimpo uma vozinha de contestação, espécie de por causa de um coronel
movimento estudantil de maio de 1968. Zeus decide esconder dos que se chamou Zacarias
homens o fogo, antes disponível para todos, mortais e imortais, na e que foi o mais antigo
copa de certas árvores – os freixos – porque Prometeu tentara tape- senhor desta sesmaria.
á-lo numa repartição da carne de um touro entre deuses e homens. Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Na mitologia dos Yanomami, o dono do fogo era o jacaré, que cui- Vejamos: é o Severino
dadosamente o escondia dos outros, comendo taturanas assadas da Maria do Zacarias,
com sua mulher sapo, sem que ninguém soubesse. Ao resto do lá da serra da Costela,
povo – animais que naquela época eram gente – eles só davam as limites da Paraíba.
taturanas cruas. O jacaré costumava esconder o fogo na boca. Os Mas isso ainda diz pouco:
outros decidem fazer uma festa para fazê-lo rir e soltar as chamas. se ao menos mais cinco havia
Todos fazem coisas engraçadas, mas o jacaré fica firme, no máxi- com nome de Severino
mo dá um sorrisinho. filhos de tantas Marias
Betty Mindlin. O fogo e as chamas dos mitos. mulheres de outros tantos,
Revista Estudos Avançados. Adaptado. já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
a) O emprego do diminutivo nas palavras “vozinha” e magra e ossuda em que eu vivia.
“sorrisinho”, consideradas no contexto, produz o mes- Somos muitos Severinos
mo efeito de sentido nos dois casos? Justifique. iguais em tudo na vida:
b) Reescreva o trecho “Os outros decidem fazer uma na mesma cabeça grande
festa para fazê-lo rir (...). Todos fazem coisas engraça- que a custo é que se equilibra,
das”, substituindo o verbo “fazer” por sinônimos ade- no mesmo ventre crescido
quados ao contexto em duas de suas três ocorrências. sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
2. (Unicamp 2018) Enquanto viveu em Portugal, o es- que usamos tem pouca tinta.
critor Mário Prata reuniu centenas de vocábulos e ex- E se somos Severinos
pressões usados no português falado na Europa que iguais em tudo na vida,
são diferentes dos termos correspondentes usados no morremos de morte igual,
português do Brasil. Reproduzimos abaixo um dos ver- mesma morte severina:
betes de seu dicionário. que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
Descapotável de emboscada antes dos vinte,
É outra palavra que em português faz muito mais sentido do que de fome um pouco por dia
em brasileiro. Não é mais claro dizer que um carro é descapotável, (de fraqueza e de doença
do que conversível? é que a morte severina
Mário Prata. Dicionário de português: ataca em qualquer idade,
schifaizfavoire. São Paulo: Globo, 1993, p. 48. e até gente não nascida).
NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina e outros
a) Identifique os dois afixos que formam a palavra “des- poemas em voz alta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
capotável” a partir do substantivo “capota” (cobertura
de um automóvel) e explique a função de cada um. O meu nome é Severino,
b) Explique por que o autor considera, com certo humor, não tenho outro de pia. (l. 2-3)
que a palavra “descapotável“ do português europeu faz
E se somos SEVERINOS
mais sentido de que o termo “conversível”, usado no por-
tuguês brasileiro. iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
3. (Uerj 2018) MORTE E VIDA SEVERINA (AUTO DE NATAL mesma morte SEVERINA: (l. 40-43)
PERNAMBUCANO)
No poema, o autor lança mão da mudança de classe de
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai palavras como recurso expressivo da criação poética.
— O meu nome é Severino, a) Com base nisso, indique a classe gramatical das palavras
não tenho outro de pia. sublinhadas, na ordem em que aparecem.
Como há muitos Severinos, b) Em seguida, explique o sentido que o termo severina assume
que é santo de romaria, na expressão “morte severina”, tendo em vista a representa-
deram então de me chamar ção que se faz do retirante.

13
4. (Uerj 2018) b) Sem prejuízo para o sentido dos versos, que expressões
poderiam substituir os termos “onde” (2º verso da 1ª es-
Ao oferecer-se para ajudar o cego, o homem que depois roubou o trofe) e “pelo” (4º verso da 3ª estrofe), respectivamente?
carro não tinha em mira, nesse momento preciso, qualquer inten-
ção malévola, muito pelo contrário, o que ele fez não foi mais que
obedecer àqueles sentimentos de generosidade e altruísmo que são,
como toda a gente sabe, duas das melhores características do gêne- U.T.I. - E.O.
ro humano, podendo ser encontradas até em criminosos bem mais
1. (Unesp) A questão a seguir toma por base um poema
empedernidos do que este, simples 1ladrãozeco de automóveis sem
de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
esperança de avanço na carreira, explorado pelos verdadeiros donos
do negócio, que esses é que se vão aproveitando das necessidades Fuga
de quem é pobre. (...) Foi só quando já estava perto da casa do cego De repente você resolve: fugir.
que a ideia se lhe apresentou com toda a naturalidade (...). Os cép- Não sabe para onde nem como
ticos acerca da natureza humana, que são muitos e teimosos, vêm nem por quê (no fundo você sabe
sustentando que se é certo que a ocasião nem sempre faz o ladrão, a razão de fugir; nasce com a gente).
também é certo que o ajuda muito. 2Quanto a nós, permitir-nos-e-
mos pensar que se o cego tivesse aceitado o segundo oferecimento É preciso FUGIR.
do afinal falso samaritano, naquele derradeiro instante em que a Sem dinheiro sem roupa sem destino.
bondade ainda poderia ter prevalecido, referimo-nos o oferecimento Esta noite mesmo. Quando os outros
de lhe ficar a fazer companhia enquanto a mulher não chegasse, estiverem dormindo.
Ir a pé, de pés nus.
quem sabe se o efeito da responsabilidade moral resultante da
Calçar botina era acordar os gritos
confiança assim outorgada não teria inibido a tentação criminosa e
que dormem na textura do soalho1.
feito vir ao de cima o que de luminoso e nobre sempre será possível
encontrar mesmo nas almas mais perdidas. Levar pão e rosca; para o dia.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. Comida sobra em árvores
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. infinitas, do outro lado do projeto:
um verdor
O narrador de Ensaio sobre a cegueira emite uma opi- eterno, frutescente (deve ser).
nião sobre o homem que roubou o carro ao chamá-lo de Tem à beira da estrada, numa venda.
ladrãozeco (ref. 1). O dono viu passar muitos meninos
a) Considerando os diferentes tipos de narrador, clas- que tinham necessidade de fugir
sifique o do romance de José Saramago. e compreende.
Toda estrada, uma venda
b) Em seguida, indique o processo de formação da pala- para a fuga.
vra ladrãozeco e aponte o morfema responsável pela
avaliação depreciativa que se faz do ladrão. Fugir rumo da fuga
que não se sabe onde acaba
5. (Unesp 2018) Leia o poema de Murilo Mendes (1901- mas começa em você, ponta dos dedos.
1975). Cabe pouco em duas algibeiras2
e você não tem mais do que duas.
O pastor pianista Canivete, lenço, figurinhas
Soltaram os pianos na planície deserta de que não vai se separar
Onde as sombras dos pássaros vêm beber. (custou tanto a juntar).
Eu sou o pastor pianista, As mãos devem ser livres
Vejo ao longe com alegria meus pianos para pesos, trabalhos, onças
que virão.
Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.
Fugir agora ou nunca. Vão chorar,
vão esquecer você? ou vão lembrar-se?
Acompanhado pelas rosas migradoras (Lembrar é que é preciso,
1
Apascento os pianos: gritam compensa toda fuga.)
E transmitem o antigo clamor do homem Ou vão amaldiçoá-lo, pais da Bíblia?
Você não vai saber. Você não volta nunca.
Que reclamando a contemplação, (Essa palavra nunca, deliciosa.)
Sonha e provoca a harmonia, Se irão sofrer, tanto melhor.
Trabalha mesmo à força, Você não volta nunca nunca nunca.
E pelo vento nas folhagens, E será esta noite, meia-noite.
em ponto.
Pelos planetas, pelo andar das mulheres,
Pelo amor e seus contrastes,
Você dormindo à meia-noite.
Comunica-se com os deuses.
(Menino antigo, 1973)
(As metamorfoses, 2015) 1
soalho: o mesmo que “assoalho”.
1
apascentar: vigiar no pasto; pastorear. 2
algibeira: bolso de roupa.

a) Explique por que se pode afirmar que o verso inicial desse a) Identifique uma forma verbal e um substantivo que, bas-
poema opera uma perturbação ou quebra do discurso lógico. tante retomados ao longo do poema, ilustram seu tema.

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b) Em seguida, valendo-se dessa informação, explique a oposi- Razões de sobra tinha, pois, o pretenso facultativo para sentir a
ção entre o último verso e o restante do poema. mão fria e um tanto incerta, e não poder atinar com o pulso de
tão gentil cliente.
2. (Uerj) Inocência
Visconde de Taunay. Inocência. São Paulo: Ática, 2011.
Depois das explicações dadas ao seu hóspede, sentiu-se o mineiro
mais despreocupado. graúna – pássaro de plumagem negra, canto me-
lodioso e hábitos eminentemente sociais
— Então, disse ele, se quiser, vamos já ver a nossa doentinha. livro de horas – livro de preces
secundou – respondeu
— Com muito gosto, concordou Cirino.
lavrados – na província de Mato Grosso, cola-
E, saindo da sala, acompanhou Pereira, que o fez passar por duas res de contas de ouro e adornos de ouro e prata
cercas e rodear a casa toda, antes de tomar a porta do fundo, fron- lobrigar – enxergar
teira a magnífico laranjal, naquela ocasião todo pontuado das bran- escabelo – assento
cas e olorosas flores. facultativo – médico

1
— Neste lugar, disse o mineiro apontando para o pomar, todos — Neste lugar, disse o mineiro apontando para o pomar, todos os
os dias se juntam tamanhos bandos de graúnas, que é um barulho dias se juntam tamanhos bandos de graúnas, que é um barulho dos
dos meus pecados. Nocência gosta muito disso e vem sempre coser meus pecados. Nocência gosta muito disso e vem sempre coser de-
debaixo do arvoredo. É uma menina esquisita... baixo do arvoredo. (ref. 1)

Parando no limiar da porta, continuou com expansão: Nesta passagem, há duas palavras, de mesma classifica-
2
— Nem o Sr. imagina... Às vezes, aquela criança tem lembranças e ção gramatical, empregadas pelo locutor para indicar a
perguntas que me fazem embatucar... Aqui, havia um livro de horas proximidade ou distância do elemento a que se referem.
da minha defunta avó... Pois não é que 3um belo dia ela me pediu a) Cite essas palavras e identifique sua classificação gramatical.
que lhe ensinasse a ler? ... Que ideia! Ainda há pouco tempo me disse b) Transcreva o trecho em que uma dessas palavras se refere
que quisera ter nascido princesa... Eu lhe retruquei: E sabe você o que a uma informação presente no próprio texto.
é ser princesa? Sei, me secundou ela com toda a clareza, é uma moça
muito boa, muito bonita, que tem uma coroa de diamantes na cabeça, 3. (G1 CP2) ANTIGUIDADES (fragmento)
muitos lavrados no pescoço e que manda nos homens... Fiquei meio Quando eu era menina
tonto. 4E se o Sr. visse os modos que tem com os bichinhos?! ... Parece bem pequena,
que está falando com eles e que os entende... (...) Quando Cirino pe- em nossa casa,
netrou no quarto da filha do mineiro, era quase noite, de maneira que, certos dias da semana
no primeiro olhar que atirou ao redor de si, só pôde lobrigar, além de se fazia um bolo,
diversos trastes de formas antiquadas, uma dessas camas, muito em assado na panela com um 1testo de 2borralho em cima.
uso no interior; altas e largas, feitas de tiras de couro engradadas. (...)
Mandara Pereira acender uma vela de sebo. Vinda a luz, aproxima- Era um bolo econômico,
ram-se ambos do leito da enferma que, achegando ao corpo e pu- como tudo, antigamente.
xando para debaixo do queixo uma coberta de algodão de Minas, se Pesado, grosso, pastoso.
encolheu toda, e voltou-se para os que entravam. (Por sinal que muito ruim.)

— Está aqui o doutor, disse-lhe Pereira, que vem curar-te de vez. Eu era menina em crescimento.
— Boas noites, dona, saudou Cirino. Gulosa,
abria os olhos para aquele bolo
Tímida voz murmurou uma resposta, ao passo que o jovem, no seu que me parecia tão bom
papel de médico, se sentava num escabelo junto à cama e tomava e tão gostoso.
o pulso à doente.
Caía então luz de chapa sobre ela, iluminando-lhe o rosto, par- A gente mandona lá de casa
te do colo e da cabeça, coberta por um lenço vermelho atado cortava aquele bolo
por trás da nuca. com importância.
Com atenção.
Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era Inocência de Seriamente.
beleza deslumbrante. Com vontade de comer o bolo todo.
Do seu rosto, irradiava singela expressão de encantadora ingenuida- Era só olhos e boca e desejo
de, realçada pela meiguice do olhar sereno que, a custo, parecia coar daquele bolo inteiro.
por entre os cílios sedosos a franjar-lhe as pálpebras, e compridos a
ponto de projetarem sombras nas mimosas faces. Minha irmã mais velha
governava. 3Regrava.
Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca pequena, e o quei-
Me dava uma fatia,
xo admiravelmente torneado.
tão fina, tão delgada...
Ao erguer a cabeça para tirar o braço de sob o lençol, descera um E fatias iguais às outras 4manas.
nada a camisinha de crivo que vestia, deixando nu um colo de fas- E que ninguém pedisse mais!
cinadora alvura, em que ressaltava um ou outro sinal de nascença. E o bolo inteiro,

15
quase intangível, a hidrelétrica fora construída, concluiu por sua morte biológica.
se guardava bem guardado, Em Tucuruí não foi muito diferente. Quase dez mil famílias fica-
com cuidado, ram sem suas terras, entre indígenas e ribeirinhos. Diante desse
num armário, alto, fechado, quadro, em relação à Belo Monte, é preciso questionar a forma
impossível. antidemocrática como o projeto vinha sendo conduzido, a relação
Cora Coralina. Melhores poemas. custo-benefício da obra, o destino da energia a ser produzida e a
2. ed. São Paulo: Global, 2004.
inexistência de uma política energética para o país, que privilegie
1
testo: camada; energias alternativas.
2
borralho: brasido coberto de cinzas; cinzas quentes, rescaldo;
3
regrar: traçar linhas ou regras sobre; (...)
4
mana: irmã; A persistência governamental em construir Belo Monte está ba-
Na terceira estrofe, o eu lírico caracteriza a si mesmo, quando seada numa sólida estratégia de argumentos dentro da lógica e
criança, por meio de um adjetivo.
vantagens comparativas da matriz energética brasileira. Os rios
a) Transcreva esse adjetivo. da margem direita do Amazonas têm declividades propícias à
b) Copie o verso por meio do qual o eu lírico justifica essa sua geração de energia, e o Xingu se destaca, também, pela sua po-
característica.
sição em relação às frentes de expansão econômica (predatória)
4. (G1 CP2) A POLÊMICA DA USINA DE BELO MONTE da região central do país. O desenho de Belo Monte foi revisto e
(fragmento) os impactos reduzidos em relação à proposta da década de 80.
O lago, por exemplo, inicialmente previsto para ter foi reduzido,
A polêmica em torno da construção da usina de Belo Monte na Ba-
depois do encontro, para Os socioambientalistas, entretanto,
cia do Rio Xingu, em sua parte paraense, já dura mais de 20 anos.
estão convencidos de que além dos impactos diretos e indiretos,
Entre muitas idas e vindas, a hidrelétrica de Belo Monte, hoje con-
Belo Monte é um cavalo de 1troia, porque outras barragens virão
siderada a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimen-
depois, modificando totalmente e para pior a vida na região.
to (PAC), do governo federal, vem sendo alvo de intensos debates
Fonte: <www.socioambiental.org/esp/bm/
na região, desde 2009, quando foi apresentado o novo Estudo de
indez.asp>. Acesso em: 24 out. 2011.
Impacto Ambiental (EIA) intensificando-se a partir de fevereiro de 1
Cavalo de Troia – A lenda do Cavalo de Troia diz que os gregos
2010, quando o MMA [Ministério do Meio Ambiente] concedeu a deram de presente aos troianos um grande cavalo de madeira como sinal
licença ambiental prévia para sua construção. de que estavam desistindo da guerra. O cavalo, porém, escondia, em
seu interior, soldados gregos, que, durante a noite, saíram e abriram os
Os movimentos sociais e lideranças indígenas da região são con- portões de Troia para o exército grego. Este invadiu e dominou a cidade.
trários à obra porque consideram que os impactos socioambientais
não estão suficientemente dimensionados. Em outubro de 2009, Texto I – ETNIA (fragmento)
por exemplo, um painel de especialistas debruçou-se sobre o EIA Somos todos juntos uma miscigenação
e questionou os estudos e a viabilidade do empreendimento. Um E não podemos fugir da nossa etnia
mês antes, em setembro, diversas audiências públicas haviam sido Todos juntos uma miscigenação
realizadas sob uma saraivada de críticas, especialmente do Mi- E não podemos fugir da nossa etnia
nistério Público Estadual, seguido pelos movimentos sociais, que
Índios, brancos, negros e mestiços
apontava problemas em sua forma de realização.
Nada de errado em seus princípios
Ainda em outubro, a Funai [Fundação Nacional do Índio] liberou a O seu e o meu são iguais
obra sem saber exatamente que impactos causaria sobre os índios Corre nas veias sem parar
e lideranças indígenas kayapó enviaram carta ao Presidente Lula Costumes, é folclore, é tradição
Capoeira que rasga o chão
na qual diziam que, caso a obra fosse iniciada, haveria guerra. Para
Samba que sai da favela acabada
culminar, em fevereiro de 2010, o Ministério do Meio Ambiente con- É hip hop na minha embolada [...]
cedeu a licença ambiental, também sem esclarecer questões centrais
em relação aos impactos socioambientais. 1
Maracatu 2psicodélico
Capoeira da pesada
(...)
Bumba meu rádio
3
Exemplos infelizes como a construção das usinas hidrelétricas de Berimbau elétrico
Tucuruí (PA) e Balbina (AM), as últimas construídas na Amazônia,
nas décadas de 1970 e 1980, estão aí de prova. Desalojaram co- Frevo, samba e cores
munidades, inundaram enormes extensões de terra e destruíram Cores unidas e alegria
Nada de errado em nossa etnia.
a fauna e flora daquelas regiões. Balbina, a 146 quilômetros de
Manaus, significou a inundação da reserva indígena Waimiri-Atro- Lucio Maia e Chico Science. In: <http://vagalume.
ari, mortandade de peixes, escassez de alimentos e fome para as com.br/ chicoscience-nação-zumbi/etniahtml>.
populações locais. A contrapartida, que era o abastecimento de 1
Maracatu: dança e música de origem africana, em que se executam pas-
energia elétrica da população local, não foi cumprida. O desastre sos e sapateados ao som de violas, flautas, cuícas, chocalhos, pandeiros etc.
foi tal que, em 1989, o Instituto Nacional de Pesquisas da Ama- 2
Psicodélico: que remete a coisas muito coloridas.
3
zônia (Inpa), depois de analisar a situação do Rio Uatumã, onde Berimbau: instrumento musical usado na capoeira.

16
Texto II – Na Bélgica, presidenta destaca diversidade Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá--los me
cultural brasileira sinto como que desonrado e fujo para o
Pantanal ONDE sou abençoado a garças.
Na abertura do Festival 1Europalia, em Bruxelas, a presidenta Dilma
Rousseff fez uma homenagem à diversidade cultural do Brasil, que a) A palavra “onde”, destacada acima, remete a um ter-
estará presente em manifestações artísticas e culturais na capital mo anteriormente expresso. Transcreva esse termo.
da Bélgica. Segundo ela, são exposições desde a pré-colonização
b) Nomeie também a classe gramatical de “onde”, substitua-a
até a “vanguarda mais experimental em mais de 400 atividades por uma expressão equivalente e indique seu valor semântico.
envolvendo as mais variadas linguagens artísticas e manifestações
regionais do país”. 7. (G1 CP2) A DEVASTAÇÃO, UMA HERANÇA PARA AS
FUTURAS GERAÇÕES
Para a presidenta Dilma, a cultura é a expressão maior da alma de
uma sociedade e, no momento em que o mundo precisa reaprender Quando fecho os olhos à noite, onde quer que esteja, minha mente
a importância do diálogo, o Brasil e a América do Sul têm a oferecer volta com frequência ao passado, à época em que o recém-constru-
a capacidade de conviver em paz nessa diversidade. ído Calypso flutuava sob o céu do Mediterrâneo. O barco foi meu lar
durante a infância, embora nunca tivesse nele um local só para mim.
“A diversidade cultural do Brasil integra nossas raízes históricas. Eu dormia num beliche diferente todas as noites, às vezes com mi-
2
Somos um país mestiço, no qual migrantes de todas as regiões do nha mãe, às vezes com meu pai, e algumas vezes dentro da gaveta
mundo somam-se às três matrizes onde surgiram o povo brasileiro: a da cômoda. O Calypso foi minha identidade infantil.
indígena, a europeia e a africana. Eis uma mistura que nos orgulha e
Tive sorte: o barco de meu pai foi minha base, o começo de meu
define. 3Os brasileiros orgulham-se muito de seu patrimônio cultural
futuro. À medida que o Calypso percorria os mares do mundo, ele
e de suas tradições populares, mas também ousam reinventá-los e
passou a abarcar a filosofia de que a vida em nosso planeta é frágil,
reinterpretá-los. Mostraremos aqui, na Europalia, 4um pouco dessa
e sua beleza, embora aclamada, é perecível.
cultura viva em movimento permanente.”
5
Meu pai imbuiu em mim a convicção de que não somos donos dos
A presidenta avaliou ainda que o Festival Europalia poderá contri-
recursos do mundo, apenas seus administradores. Somos responsá-
buir para que a Europa supere “os percalços do momento”. Além veis pela proteção daquilo que legaremos a nossos sucessores.
disso, acrescentou, “é mais um passo no aprofundamento do co-
nhecimento mútuo, fundamental para a construção do mundo mais Hoje, tento viver por essa cartilha, mas em minhas viagens me dou
democrático, aberto e plural que todos queremos”. conta de quão raramente os adultos pensam nas gerações futuras.
No mundo inteiro, vemos pais que parecem pouco se importar com
Disponível em: <blog.planalto.gov.
a condição do planeta que seus filhos herdarão.
br>. Acesso em: 4 out. 2011.
1
Europalia: Festival Internacional de Cultura da Eu- Poluímos os rios e mananciais que serão a fonte de água potável
ropa, que homenageia, este ano, o Brasil. de nossos filhos, interferimos com a camada de ozônio, que pro-
tege nossos filhos contra os perigosos raios solares. Pusemos em
“SOMOS UM PAÍS MESTIÇO (...)” (TEXTO II, REF. 2) andamento o que parece ser um perigoso aquecimento da Terra,
Que substantivo do texto I tem sentido semelhante ao do adjetivo do ameaçando nossos filhos com a seca e a calamidade. As crianças
trecho acima? por nascer não podem se pronunciar, mas nem por isso somos
menos responsáveis por gerações que não conhecemos.
6. (Uerj) AUTORRETRATO FALADO [...]
Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas. Atentem para o caso, agora clássico, de Wezip Alolum, que tem
Meu pai teve uma venda de bananas no Beco da que ver simplesmente com a lama. Alolum, habitante da aldeia
Marinha, onde nasci. Jobto, na província papua de Madang, era dono de terras com
Me criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do matas nas quais havia um poço de lama. Durante gerações sua
chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios. família ganhou a vida trocando bolas de lama e potes de lodo
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de barrento por alimentos. O poço, sua herança, lhe fora confiado
estar entre pedras e lagartos. intacto por seus ancestrais.
Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz.
Um dia chegaram estrangeiros, que lhe pediam permissão para
Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me
abater árvores nas terras de sua família. “Você não precisa mais
sinto como que desonrado e fujo para o
de lama, agora que tem dinheiro”, disseram. Alolum hesitou, mas
Pantanal onde sou abençoado a garças.
finalmente concordou.
Me procurei a vida inteira e não me achei – pelo
que fui salvo. Contudo, ele não percebera que a companhia pretendia abater ou
Descobri que todos os caminhos levam à ignorância. queimar todas as árvores, não deixando nenhuma para o replantio.
Não fui para a sarjeta porque herdei uma Nunca lhe passara pela cabeça que a companhia trataria a terra sem
[fazenda de gado. Os bois me recriam. o menor respeito por seu futuro. Não demorou para que todas as
Agora eu sou tão ocaso! árvores desaparecessem e, com a resultante erosão, o poço de lama
Estou na categoria de sofrer do moral, porque só fosse afetado.
faço coisas inúteis. Seu barro ficou arruinado, seco demais para ser utilizado. Pouco de-
No meu morrer tem uma dor de árvore. pois, o dinheiro de Alolum acabou. Sem lama, pela primeira vez na
Manoel de Barros. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010. história de sua família ele estava pobre.

17
Alolum procurou a companhia florestal, exigindo que o reembolsas- Para o berço onde pousou um mosquito.
se pela perda do poço, mas quem paga compensação por lama? No E dava um suspiro... que fundo!
entanto para Wezip Alolum o poço de lama representava o capital
herdado de seus antepassados. 2
Lá longe meu pai campeava
Ele fora dono e administrador, mas agora não tinha nada para deixar no mato sem fim da fazenda.
para seus filhos, e o ciclo de sua família fora rompido. Alolum foi E eu não sabia que minha história
vítima da falta de visão ao trocar recursos por dinheiro. era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
Mas o que dizer de nós? Ao desperdiçarmos recursos naturais não Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
estamos nos comportando irresponsavelmente em relação a nossos
filhos? Quando perceberem que lhes legamos um sem-número de No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
perigos ambientais, um inventário de recursos completamente exau-
rido, o que pensarão de nós, a despeito de nossa tendência a lhes a ninar nos LONGES da senzala – e nunca se esqueceu (ref. 1)
comprar o que há de melhor ao nosso alcance?
O Calypso foi mais que um presente da infância. Ele continua sen- Lá LONGE meu pai campeava
do uma herança para mim, um lembrete de continuidade e o ideal no mato sem fim da fazenda. (ref. 2)
de herança combinada com responsabilidade. Ele é um documento
vivo, minha Constituição do amanhã. Classifique gramaticalmente as palavras sublinhadas e
Talvez, se modificarmos nossos modos, uma Constituição global prote- aponte a diferença de sentido entre elas.
ja um dia o ar, a água, as florestas e a vida selvagem – nossa herança
natural – para futuras gerações. Nossos filhos talvez a escrevam. 10. (Unicamp) UM CHAMADO JOÃO
Jean-Michel Cousteau, em reportagem João era fabulista?
publicada no Jornal da Tarde fabuloso?
fábula?
Releia o seguinte trecho do texto: Sertão místico disparando
“Meu pai imbuiu em mim a convicção de que não somos donos dos no exílio da linguagem comum?
recursos naturais do mundo, APENAS seus administradores.” Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas
Reescreva-o, substituindo o termo sublinhado por outro que
mantenha o mesmo sentido. inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
8. (Fuvest) Leia a seguinte fala, extraída de uma peça para disfarçar, para farçar
teatral, e responda ao que se pede. o que não ousamos compreender?
(...)
Odorico – Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Pre-
Mágico sem apetrechos,
feito, aqui estou para receber a confirmação, ratificação, a autentica-
civilmente mágico, apelador
ção e, por que não dizer, a sagração do povo que me elegeu.
de precípites prodígios acudindo
Dias Gomes. O Bem-Amado: farsa sócio- a chamado geral?
político-patológica em 9 quadros.
(...)
a) A linguagem utilizada por Odorico produz efeitos humorísti- Ficamos sem saber o que era João
cos. Aponte um exemplo que comprove essa afirmação. Justifi- e se João existiu
que sua escolha. deve pegar.
b) O que leva Odorico a empregar a expressão ”por que não Carlos Drummond de Andrade, em Correio da
Manhã, 22/11/1967, publicado em Rosa, J.G.
dizer”, para introduzir o substantivo ”sagração”?
Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
9. (Uerj) INFÂNCIA
a) No título, ”chamado” sintetiza dois sentidos com que
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. a palavra aparece no poema. Explique esses dois senti-
Minha mãe ficava sentada cosendo. dos, indicando como estão presentes nas passagens em
Meu irmão pequeno dormia. que ”chamado” se encontra.
Eu sozinho menino entre mangueiras b) Na primeira estrofe do poema, ”fábula” é deriva-
lia a história de Robinson Crusoé, da em ”fabulista” e ”fabuloso”. Mostre de que modo
comprida história que não acaba mais. a formação morfológica e a função sintática das três
palavras contribuem para a formação da imagem de
1
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu Guimarães Rosa.
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
— Psiu... Não acorde o menino.

18
INTERPRETAÇÃO

19
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

A teoria das funções da linguagem afirma que a lingua- ƒ Referencial ou denotativa: foco no contexto ou na
gem apresenta funções mais amplas do que simplesmen- referência de mundo (o assunto, situação ou objeto so-
te as de caráter informativo. Nesse sentido, os sistemas bre o qual se fala);
comunicativos seriam pautados por seis funções da lin- ƒ Fática ou de contato: foco no canal de comunicação
guagem, que seriam determinadas a partir de um “foco” ou a partir da abertura de contato (físico ou psicológi-
(ou uma ênfase) que recai em pontos específicos da men- co) com terceiros;
sagem observada. As funções seriam as seguintes:
ƒ Poética: foco nos modos de elaboração da mensagem
ƒ Emotiva ou expressiva: foco no emissor, locutor ou e do texto que a compõe;
enunciador (a pessoa que fala ou escreve);
ƒ Metaliguística: foco no código comunicativo (nas
ƒ Apelativa ou conativa: foco no receptor ou interlo- bases prévias de comunicação, sejam elas verbais ou
cutor (a pessoa para quem se fala ou escreve, ou, em não verbais).
algumas abordagens, aquele com quem se conversa);

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

A variação linguística é a diversificação dos sistemas de uma ƒ frases inacabadas, porque foram cortadas ou inter-
língua em relação às possibilidades de mudança de seus ele- rompidas;
mentos (vocabulário, fonologia, morfologia, sintaxe). ƒ uso frequente da omissão de palavras;
Exemplo: Eu vou com minha mãe e com meu pai; em-
Linguagem formal versus presta o seu caderno?
linguagem informal ƒ formas contraídas;
a. Norma culta/padrão: é a denominação dada à varieda-
Exemplo: prof, med, refri, facul
de linguística dos membros da classe social de maior prestí-
gio dentro da classe literária. ƒ afastamento das regras gramaticais;

Observação: não se trata da única forma correta. Exemplo: Eu vi ele.

b. Linguagem informal/popular: é a denominação dada ƒ possibilidade de adequar o discurso de acordo com as


reações dos ouvintes.
à variedade linguística utilizada no cotidiano e que não exige
a observância total da gramática. b. Língua escrita: recorre a sinais de pontuação e de
acentuação para exprimir os recursos rítmicos e melódicos
Língua falada versus língua escrita da oralidade:

a. Língua falada/oral: dispõe de um número incontável de ƒ uso de descrições ricas;


recursos rítmicos e melódicos – entonação, pausas, ritmo, flu- ƒ obedece às regras gramaticais com maior rigor;
ência, gestos – porque, claro, o emissor (pessoa que fala ou
ƒ sinais de pontuação e acentuação para transmitir a ex-
transmite uma mensagem numa dada linguagem) está pre-
pressividade oral;
sente fisicamente. Algumas das características principais são:
ƒ frases longas, apesar de também poder usar frases curtas;
ƒ frequência da ocorrência de repetições, hesitações e
bordões de fala (“Pois, eu aaa... eu acho que... pronto, ƒ uso de vocabulário mais amplo e cuidadoso;
não sei...“, “Cara, o que é isso, cara?“); ƒ conectivos e estruturas sintáticas para garantir a coe-
ƒ frases curtas; são textual.

20
Variação diatópica Variação diamésica
Também conhecida como variação regional ou variação Ocorre quando a linguagem apresenta variações de acordo
geográfica, ocorre quando a linguagem apresenta va- com os diferentes “meios” em que ela é usada, entenden-
riações de acordo com o espaço em que ela é operada. do esses “meios” como espaços de uso oral da linguagem
É por meio dessa variação que são estudados os so- (fala) e uso escrito.
taques ou dialetos interioranos (como o dialeto caipira).
Preconceito linguístico
Variação diacrônica Denomina-se preconceito linguístico aquele gerado
Também conhecida como variação histórica, ocorre quan- pelas diferenças linguísticas existentes dentro de um mes-
do a linguagem apresenta variações de acordo com o tem- mo idioma. Ele está associado a diferenças de base lin-
po em que ela é operada. Parte-se do pressuposto que a guística, especialmente as regionais (envolvendo dialetos,
linguagem é um sistema vivo e constantemente mutável. socioletos, regionalismos, gírias e sotaques). Também é ge-
rado em menor grau pelos outros tipos de variação.
Variação diastrática O preconceito linguístico tem sido muito praticado na atu-
Também conhecida como variação social, ocorre quando a alidade (de modo voluntário e involuntário), sendo forte
linguagem apresenta variações por causa de dois fatores marcador de exclusão social.
mais gerais: fatores socioeconômicos e uso de socioleto (na
Não existe uma forma “certa“ ou “errada“ dos usos da
linguística, um socioleto é a variante de uma língua falada
língua e que o preconceito linguístico, gerado pela ideia
por um grupo social, uma classe social ou subcultura).
de que existe uma única língua correta (baseada na gra-
mática normativa), colabora com a prática da exclusão
Variação diafásica social. No entanto, é necessário lembrar que a língua é
Também conhecida como variação situacional, ocorre quan- mutável e vai se adaptando ao longo do tempo de acordo
do a linguagem apresenta variações de acordo com o con- com as ações dos falantes.
texto/situação em que ela é usada. É verificável quando um Além disso, as regras da língua, determinada pela gramá-
indivíduo, adaptado a um tipo de uso linguístico, é obrigado tica normativa, não incluem expressões populares e varia-
a fazer uma alteração momentânea em seu registro por cau- ções linguísticas, como gírias, regionalismos, dialetos, etc.
sa de uma situação de mundo específica.

FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de palavra Figuras de sintaxe


Também conhecidas como tropos (figuras em que ocorrem O objetivo das figuras sintáticas é dar maior expressivida-
mudanças internas ou externas de significado), as figuras de ao significado geral de uma frase. As principais figuras
de palavra funcionam a partir da “realização de um em- sintáticas do português são as seguintes:
préstimo“ de uma determinada palavra ou expressão que, 1. Hipérbato
por uma aproximação de sentidos, funciona de maneira
2. Anáfora
específica dentro de um contexto determinado. Observe a
seguir as principais figuras de palavra do português: 3. Pleonasmo
4. Catáfora
1. Metáfora
2. Comparação ou símile 5. Elipse
3. Catacrese 6. Zeugma
4. Metonímia 7. Silepse
5. Antonomásia ou perífrase 8. Anacoluto
6. Sinestesia 9. Polissíndeto

21
10. Assíndeto
Figuras de pensamento
11. Hipálage
As figuras de pensamento são formadas a partir do empre-
go de termos conotativos, contrariando a expectativa do
Figuras de som ou de harmonia ouvinte. As principais figuras de pensamento são:
As figuras de som ou de harmonia são aquelas formadas 1. Antítese
a partir de parâmetros sonoros da língua. São divididas da
seguinte forma: 2. Paradoxo ou oximoro

1. Aliteração 3. Eufemismo

2. Assonância 4. Ironia

3. Paronomásia 5. Hipérbole

4. Onomatopeia 6. Prosopopeia ou personificação


7. Apóstrofe
8. Gradação
9. Quiasmo
10. Preterição

U.T.I. - Sala
1. (Ufjf) Observe a charge abaixo:

Agora, responda:
a) Qual é a temática principal da charge acima?
b) Quais são os elementos verbais e não verbais utilizados na charge para construir o seu significado? Justifique sua
resposta por menção direta a esses elementos.

2. (G1 CP2) O SAL DA TERRA Pra banir do mundo a opressão


Para construir a vida nova
Anda!
Quero te dizer nenhum segredo Vamos precisar de muito amor
Falo nesse chão da nossa casa A felicidade mora ao lado
Vem que tá na hora de arrumar... E quem não é tolo pode ver...

Tempo! A paz na Terra, amor


Quero viver mais duzentos anos O pé na terra
Quero não ferir meu semelhante A paz na Terra, amor
Nem por isso quero me ferir O sal da...
Vamos precisar de todo mundo

22
Terra! (por assim dizer) no vácuo de um leque potencialmente infinito de
És o mais bonito dos planetas interpretações possíveis. Wilkins poderia ter objetado que, no seu
Tão te maltratando por dinheiro relato, o senhor tinha certeza de que a cesta mencionada na carta
Tu és a nave nossa irmã era a mesma levada pelo escravo, que o escravo que a levara era
exatamente o mesmo a quem seu amigo dera a cesta, e que havia
Canta! uma relação entre a expressão “30” escrita na carta e o número de
Leva tua vida em harmonia figos contidos na cesta. Naturalmente, bastaria imaginar que, ao lon-
E nos alimenta com seus frutos go do caminho, o escravo original fora assassinado e outra pessoa
Tu que és do homem, a maçã... o substituíra, que os trinta figos originais tinham sido substituídos
por outros figos, que a cesta foi levada a um destinatário diferente,
Vamos precisar de todo o mundo que o novo destinatário não sabia de nenhum amigo ansioso por
Um mais um é sempre mais que dois lhe mandar figos. Mesmo assim seria possível concluir o que a carta
Pra melhor juntar as nossas forças estava dizendo? Entretanto, temos o direito de supor que a reação
É só repartir melhor o pão do novo destinatário seria algo do tipo: “Alguém, e Deus sabe quem,
Recriar o paraíso agora mandou-me uma quantidade de figos menor do que o número men-
Para merecer quem vem depois... cionado na carta que os acompanha.” Vamos supor agora que não
apenas o mensageiro tivesse sido morto, como também que seus
Deixa nascer o amor
assassinos tivessem comido todos os figos, destruído a cesta, co-
Deixa fluir o amor
locado a carta numa garrafa e a tivessem jogado no oceano, de
Deixa crescer o amor
modo que fosse encontrada setenta anos depois por Robinson Cru-
Deixa viver o amor
soé. Não havia cesta, nem escravo, nem figos, só uma carta. Apesar
Beto Guedes e Ronaldo Bastos. Disponível em: <http://
letras.terra.com.br>. Acesso em: 05 dez. 2009. disso, aposto que a primeira reação de Robinson Crusoé teria sido:
“Onde estão os figos?”
Na quinta estrofe do texto, o uso da linguagem colo- Adaptado de: ECO, Umberto. Interpretação e
quial é evidente. Reescreva o verso que exemplifica a superinterpretação. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 47-49.
afirmação, empregando o registro formal.
a) Explique como se ilustra no Texto 1 a relação entre
3. (PUC-RJ) No começo de seu “Mercury; Ou: O Mensa- a interpretação de um texto e as circunstâncias de
geiro Secreto e Rápido“ (1641), John Wilkins conta a sua leitura.
seguinte história: b) Umberto Eco imagina contextos alternativos para
a circulação da carta mencionada por John Wilkins.
O quanto 1essa Arte de escrever pareceu estranha quando da sua Explicite o conteúdo que se mantém inalterado nos
Invenção primeira é algo que podemos imaginar pelos Americanos diferentes contextos imaginados.
recém-descobertos, que ficaram espantados ao ver Homens conver-
sarem com Livros, e não conseguiam acreditar que um Papel pu- 4. (UFSC) Leia as citações a seguir e responda à questão
desse falar... proposta.
Há um relato excelente a esse Propósito, referente a um Es- “Mas muito lhe será perdoado, à TV, pela sua ajuda aos doentes, aos
cravo Índio; que, ao ser mandado por seu Senhor com uma velhos, aos solitários.“
Cesta de Figos e uma Carta, comeu durante o Percurso uma BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de
grande Parte de seu Carregamento, entregando o Restante Janeiro/São Paulo: Record, 2004, p. 486.
à Pessoa a quem se destinava; que, ao ler a Carta e não
encontrando a Quantidade de Figos correspondente ao que “Sinhô e Sinhá num mêis ou dois mêis se há de casá!“
se tinha dito, acusa o Escravo de comê-los, dizendo que a LIMA, Jorge de. Novos poemas. Rio de
Carta afirmava aquilo contra ele. Mas o Índio (apesar dessa Janeiro: Lacerda Editores, 1997, p. 3.
Prova) negou o Fato, acusando o Papel de ser uma Testemu-
nha falsa e mentirosa. “... eu osvi falá que os bugre ero uns bicho brabo...“
CASCAES, Franklin. O fantástico na Ilha de Santa
Depois disso, sendo mandado de novo com um Carregamento se- Catarina. Florianópolis: Editora da UFSC, 2004, p. 27.
melhante e uma Carta expressando o Número exato de Figos que
deviam ser entregues, ele, mais uma vez, de acordo com sua Prática “... morreu segunda que passou de uma anemia nos rim...“
anterior, devorou uma grande Parte deles durante o Percurso; mas, Machado de Assis. Brás, Bexiga e Barra Funda.
antes de comer o primeiro (para evitar as Acusações que se segui- São Paulo: Martin Claret, 2004, p. 55.
riam), pegou a Carta e a escondeu sob uma grande Pedra, assegu-
rando-se de que, se ela não o visse comer os Figos, nunca poderia Levando em conta as diferentes formas linguísticas uti-
acusá-lo; mas, sendo agora acusado com muito mais rigor do que lizadas pelos autores na composição de suas obras,
antes, confessou a Falta, admirando a Divindade do Papel e, para o comente sobre a linguagem usada como recurso na
futuro, promete realmente toda a sua Fidelidade em cada Tarefa. construção dos textos. Para tanto, considere as duas
proposições a seguir:
Poder-se-ia dizer que um texto, depois de separado de seu autor (as-
sim como da intenção do autor) e das circunstâncias concretas de sua a) variação linguística versus erro linguístico;
criação (e, consequentemente de seu referente intencionado), flutua b) funções da linguagem na literatura.

23
5. (Uerj) COPLAS1 um Rio de Janeiro que se modernizava no início do sé-
I culo XX.
O GERENTE - Este hotel está na berra2! a) Aponte o gênero de composição em que se enquadra
Coisa é muito natural! esse texto e um aspecto característico desse gênero.
Jamais houve nesta terra b) A fala do gerente revela atitudes distintas, quando se
Um hotel assim mais tal! dirige aos criados e quando está só. Identifique o modo
Toda a gente, meus senhores, verbal e a função da linguagem predominantes na fala
Toda a gente ao vê-lo diz: dirigida aos criados.
Que os não há superiores
Na cidade de Paris!
Que belo hotel excepcional
O Grande Hotel da Capital U.T.I. - E.O.
Federal! 1. (Unesp 2018) Para responder à questão, leia o soneto
CORO – Que belo hotel excepcional etc... de Raimundo Correia (1859-1911).
Esbraseia o Ocidente na agonia
II
O sol... Aves em bandos destacados,
O GERENTE – Nesta casa não é raro
Por céus de ouro e de púrpura raiados,
Protestar algum freguês:
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
Acha bom, mas acha caro
Quando chega o fim do mês.
Delineiam-se, além, da serrania
Por ser bom precisamente,
Os vértices de chama aureolados,
Se o freguês é do bom-tom
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Vai dizendo a toda a gente
Uns tons suaves de melancolia...
Que isto é caro mas é bom.
Que belo hotel excepcional!
Um mundo de vapores no ar flutua...
O Grande Hotel da Capital
Como uma informe nódoa, avulta e cresce
Federal!
A sombra à proporção que a luz recua...
CORO – Que belo hotel excepcional etc...
O GERENTE (Aos criados) – Vamos! Vamos! Aviem-se! Tomem as A natureza apática esmaece...
malas e encaminhem estes senhores! Mexam-se! Mexam-se!... Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
(Vozerio. Os hóspedes pedem quarto, banhos etc... Os criados res- Surge trêmula, trêmula... Anoitece.
pondem. Tomam as malas, saem todos, uns pela escadaria, outros
pela direita.)
a) Transcreva da primeira estrofe um exemplo de perso-
nificação. Justifique sua resposta.
CENA II b) Cite duas características que permitem filiar esse so-
O GERENTE, depois, FIGUEIREDO neto à estética parnasiana.
O GERENTE (Só.) – Não há mãos a medir! Pudera! Se nunca houve 2. (Uerj 2018) MORTE E VIDA SEVERINA (AUTO DE NATAL
no Rio de Janeiro um Hotel assim! Serviço elétrico de primeira or- PERNAMBUCANO)
dem! Cozinha esplêndida, música de câmara durante as refeições da 01
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai.
mesa redonda! Um relógio pneumático em cada aposento! Banhos 02
— O meu nome é Severino,
frios e quentes, duchas, sala de natação, ginástica e massagem! 03
não tenho outro de pia.
Grande salão com um plafond3 pintado pelos nossos primeiros artis- 04
Como há muitos Severinos,
tas! Enfim, uma verdadeira novidade! – Antes de nos estabelecer- 05
que é santo de romaria,
mos aqui, era uma vergonha! Havia hotéis em S. Paulo superiores 06
deram então de me chamar
aos melhores do Rio de Janeiro! Mas em boa hora foi organizada 07
Severino de Maria;
a Companhia do Grande Hotel da Capital Federal, que dotou esta 08
como há muitos Severinos
cidade com um melhoramento tão reclamado! E o caso é que a 09
com mães chamadas Maria,
empresa está dando ótimos dividendos e as ações andam por empe- 10
fiquei sendo o da Maria
nhos! (Figueiredo aparece no topo da escada e começa a descer.) Ali 11
do finado Zacarias.
vem o Figueiredo. Aquele é o verdadeiro tipo do carioca: nunca está 12
Mas isso ainda diz pouco:
satisfeito. Aposto que vem fazer alguma reclamação. 13
há muitos na freguesia,
AZEVEDO, Arthur. A capital federal. Rio de 14
por causa de um coronel
Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1972. 15
que se chamou Zacarias
16
1
espécie de estrofe e que foi o mais antigo
17
2
estar na moda senhor desta sesmaria.
18
3
teto Como então dizer quem fala
20
ora a Vossas Senhorias?
O texto faz parte de uma peça de teatro, forma de ex- 21
Vejamos: é o Severino
pressão que se destacou na captação das imagens de 22
da Maria do Zacarias,

24
22
lá da serra da Costela, Outro dia vi um Ivanildo fuçando uma lata de lixo à procura de
23
limites da Paraíba. comida que sobra dos nossos pratos, mas o dono da lanchonete
24
Mas isso ainda diz pouco: apareceu para expulsá-lo com um cabo de vassoura.
25
se ao menos mais cinco havia
26
Fiquei com a impressão de que mendigos trazem má sorte para o
com nome de Severino
27 comércio, e que restos de comida não são para restos de pessoas.
filhos de tantas Marias
28
mulheres de outros tantos, “Nós, os filhos de Deus, privatizamos até as migalhas”.
29
já finados, Zacarias,
30
Tenho a impressão que os únicos que gostam dos moradores de
vivendo na mesma serra
31 rua são os cachorros. Aliás, de raça ou não, não conheço nenhum
magra e ossuda em que eu vivia.
32 cachorro que não tenha um mendigo pra cuidar.
Somos muitos Severinos
33
iguais em tudo na vida: Moradores de rua são uma espécie rara de seres humanos: Eles não
34
na mesma cabeça grande têm dentes, eles não cortam os cabelos, eles não tomam banho,
35
que a custo é que se equilibra, pedem-nos esmolas, dormem no nosso caminho de casa, e nós, a
36
no mesmo ventre crescido não ser que peguem fogo, simplesmente não os vemos.
37
sobre as mesmas pernas finas,
38 É difícil vê-los. Somos cristãos demais para enxergá-los. E tem mais,
e iguais também porque o sangue
39 dizem que são invisíveis a olho nu.
que usamos tem pouca tinta.
40
E se somos Severinos Mas não são, suas sombras miúdas se arrastam em nossas orações,
41
iguais em tudo na vida, para o deleite da nossa hipocrisia. Fingir que gostamos de deus é a
42
morremos de morte igual, melhor forma de agradar o diabo.
43
mesma morte severina:
44 Um ser humano pegando fogo na calçada e os nossos joelhos doen-
que é a morte de que se morre
45
de velhice antes dos trinta, do de tanto rezar pela nossa felicidade material...
46
de emboscada antes dos vinte, Deus sabe o que faz, a gente não. Devia ser o contrário.
47
de fome um pouco por dia
48 Se dependesse de mim, a humanidade (?) já tinha pegado fogo há
(de fraqueza e de doença
49 muito tempo. Um por um.
é que a morte severina
50 VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo
ataca em qualquer idade,
51
e até gente não nascida). lindo e inteligente. São Paulo: Global, 2011. p. 67-68.

João Cabral de Melo Neto. Morte e vida severina e outros


Segundo o Dicionário Houaiss, ironia é “figura por
poemas em voz alta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a
vivendo na mesma serra entender“ (2001, p. 1651). Localize no texto de Sér-
magra e ossuda em que eu vivia. (l. 30-31) gio Vaz dois casos em que se emprega a ironia e ex-
plique a utilização delas.
a) Na descrição da serra, observa-se o emprego de uma
figura de linguagem. Nomeie essa figura. 4. (Unesp 2018) Leia o poema de Murilo Mendes (1901-
b) Indique, ainda, a relação estabelecida entre a per- 1975) para responder à questão.
sonagem e o ambiente, a partir do efeito produzido por
essa descrição. O PASTOR PIANISTA
Soltaram os pianos na planície deserta
3. (UFJF-Pism 1) SOMBRAS MIÚDAS Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
Eu sou o pastor pianista,
A história de Ivanildo é que ele simplesmente não tem história. Mora-
Vejo ao longe com alegria meus pianos
dor de rua, virou notícia porque teve corpo queimado por gasolina e
faleceu na última terça-feira (27), e é só, mais nada. Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.
O assassino, conforme as investigações policiais, era outro mo-
rador de rua, e o crime, vejam vocês a ironia da miséria humana, Acompanhado pelas rosas migradoras
foi motivado por conquista de território. Dizem que precisavam Apascento1 os pianos: gritam
de mais espaço para viverem na rua.
E transmitem o antigo clamor do homem
Pois é, as calçadas! Há pessoas em guerra pelas calçadas frias
da cidade de São Paulo. Não conheci Ivanildo nem o seu algoz Que reclamando a contemplação,
piromaníaco, mas tenho uma vaga ideia de quem sejam os Sonha e provoca a harmonia,
infelizes. Já os vi queimando na retina dos meus olhos, numa Trabalha mesmo à força,
dessas noites geladas e indignas, em suas casas de papelão E pelo vento nas folhagens,
que se movem como fantasmas pela nossa imaginação. Pelos planetas, pelo andar das mulheres,
Ivanildo não devia ter documentos, tampouco identidade. Indigente, Pelo amor e seus contrastes,
deve ter sido enterrado com seus trapos numa vala qualquer, de um Comunica-se com os deuses.
cemitério qualquer, que é o lugar certo para qualquer um de nós, (As metamorfoses, 2015.)
miserável ou não. 1
apascentar: vigiar no pasto; pastorear.

25
a) Na segunda estrofe, verifica-se a personificação dos Na luta, cede ao cansaço,
pianos. Que outro elemento também é personificado E cai da máquina à beira,
nessa estrofe? Justifique sua resposta. E a roda esmaga-lhe um braço...
b) Quem é o sujeito do verbo “comunica-se” (3ª estro- Ai! o infortúnio é severo!
fe)? Justifique sua resposta. Bastou por tanto um só dia
Para entrar o desespero
5. (Unesp) A questão focaliza um trecho de um poema Donde fugiu a alegria!
de 1869 do poeta romântico português Guilherme Bra- Empenha em vão tudo, a esmo,
ga (1845-1874) e uma marcha de carnaval de Wilson Pouco dinheiro lhe fica,
Batista (1913-1968) e Roberto Martins (1909-1992), E não lhe cobre esse mesmo
gravada em 1948. As despesas da botica.
Pobre mãe, pobres crianças!
EM DEZEMBRO Já, de momento em momento,
Vão minguando as esperanças,
Olhai: naquele operário Vai crescendo o sofrimento;
Tudo é força, ânimo e vida;
(Heras e violetas, 1869)
Se o trabalho é o seu calvário
Sobe-o de cabeça erguida.
Deus deu-lhe um anjo na esposa, PEDREIRO WALDEMAR
E as filhas são tão pequenas Você conhece
Que delas a mais idosa O pedreiro Waldemar?
Conta dez anos apenas. Não conhece?
Tem cinco, e todas tão belas Mas eu vou lhe apresentar
Que, ao ver-lhes a alegre infância, De madrugada
Julga estar vendo as estrelas Toma o trem da Circular
E o céu a menos distância; Faz tanta casa
Por isso, quando o trabalho E não tem casa pra morar
Lhe fatiga as mãos calosas, Leva a marmita
Tem no suor o fresco orvalho Embrulhada no jornal
Que dá seiva àquelas rosas, Se tem almoço,
[...] Nem sempre tem jantar
Depois, da ceia ao convite, O Waldemar,
Toda a família o rodeia Que é mestre no ofício
À mesa, aonde o apetite Constrói um edifício
Faz soberba a humilde ceia. E depois não pode entrar.
[...] (Roberto Lapiccirella (Org.). “Antologia
No entanto, como a existência musical popular brasileira”, 1996.)
Não tem em si nada estável,
Num dia de decadência Explique o caráter metafórico do emprego da palavra rosas na quar-
Este obreiro infatigável, ta estrofe do trecho reproduzido do poema de Guilherme Braga.
Por ter gasto a noite inteira

26
LITERATURA

27
A ARTE LITERÁRIA E
O ESTUDO DOS GÊNEROS

na expressão do “eu poético” ou “eu poemático” – voz que


Prosa e poesia fala no poema, não necessariamente correspondente à voz
Prosa e poesia são formas diferentes de comunicação lite- do autor.
rária. A prosa é mais referencial e se vale do uso do texto
corrido organizado da esquerda para a direita no papel Menos grandiosos que os da epopeia, seus temas dizem
ocidental sem preocupação com a forma, apenas com o respeito ao mundo interior do eu lírico, aos sentimentos,
conteúdo e as linhas cheias. ao individualismo, às relações consigo mesmo. Pronomes
e verbos vêm normalmente na primeira pessoa do singu-
Já o poema está primordialmente preocupado com a for- lar e predominam emoções, rimas, ritmo, sonoridade das
ma e adquire, no decorrer da história, várias estruturas a palavras, metáforas, repetições, entre outras figuras de lin-
partir da lógica do verso, que é a linha do poema, e de guagem que trazem aos versos musicalidade e suavidade.
um conjunto deles, denominado estrofe. Estão imersos
num trabalho de ritmo e rimas que podem ou não seguir O gênero lírico é subdividido em: soneto, elegia, ode, ma-
padrões de tamanho e convenção. Os termos “poesia”, drigal, écloga etc. São formas poéticas mais afeitas ao
“poética” e “poeta” derivam dos termos gregos poíesis, gênero lírico.
poiêtikê, poiêtês, que significam criar.
Natureza das rimas
O QUE É GÊNERO LITERÁRIO? ƒ Ricas – entre palavras de classes gramaticais diferentes:

Gênero é o modo como se veicula a mensagem literária, Cristina e ensina


o padrão a ser utilizado na composição artística. Há gran- ƒ Pobres – entre palavras de mesma classe gramatical:
des diferenças entre o conteúdo e a forma dos textos. Um
Precisava esconder sua afeição...
poema não se confunde com um conto, e um romance
segue padrões bastante próprios em relação a uma peça Na Idade Média, uma imortal paixão
de teatro, por exemplo. ƒ Toantes – entre sons vocálicos repetidos:
Na Antiguidade Clássica, Aristóteles conceituou o con- hora e bola; saltava e mata
teúdo como elemento constitutivo da representação das
paixões, das ações e do comportamento humano. A for- ƒ Aliterantes – entre sons consonantais idênticos
ma desse conteúdo, a princípio aplicada apenas à poesia, ou semelhantes:
compreende três gêneros: épico, lírico e dramático.
vozes, veladas, veludosas, vozes

O gênero épico vagam nos velhos vórtices velozes

Épico é derivado do grego épos que, entre outras coisas, ƒ Consoantes – entre sons e letras repetidos:
significa palavra, verso, discurso. Esse gênero, também terra e serra;
chamado de epopeia, nasceu com a Ilíada e a Odisseia,
de Homero. Oriundas das tradições orais, as epopeias amoníaco e zodíaco;
contam histórias que auxiliam os homens a entender a rutilância e infância
trajetória de seus povos.
ƒ Esdrúxulas – entre palavras proparoxítonas:
Narrados de maneira elevada e com vocabulário grandilo-
quente e solene, os assuntos históricos sofrem influência É um flamejador, dardânico
uma explosão de rápidas ideias,
do imaginário e não se privam de recorrer à imaginação,
que com um mar de estranhas odisseias
bem como à mitologia. As epopeias são divididas em “clás- saem-lhe do crânio escultural, titânico!...
sicas ou primárias” ou de “imitação ou secundárias”.
(CRUZ E SOUSA)

ƒ Agudas – entre palavras oxítonas:


O gênero lírico
dó e só; fez e vez; ti e vi
Esse gênero nasceu na Grécia antiga, cujos poemas eram
acompanhados musicalmente pela lira. É o gênero centrado ƒ Preciosas – entre palavras combinadas:

28
múmia e resume-a; réstea e veste-a; Caracterizam o gênero dramático a ausência de narrador,
águia e alague-a; estrela e vê-la o discurso direto – estrutura dialogada – e as rubricas –
instruções que sinalizam ao diretor e aos atores a postura
ƒ Versos brancos – verso sem rimas.
no palco, o tom de voz etc.
Classificação das rimas Em vez do narrador, o texto dramático conta a história pre-
tendida por meio do diálogo entre os personagens, que
ƒ Monossílabos: uma sílaba.
estabelecem com o público uma relação direta, a fim de
ƒ Dissílabos: duas sílabas. comprometê-lo emocionalmente com a história contada e
ƒ Trissílabos: três sílabas. com os personagens dela. O termo teatro deriva do grego
théatron, que significa “ver”, “contemplar”.
ƒ Tetrassílabos: quatro sílabas.
Esse gênero subdivide-se em tragédia, comédia, drama,
ƒ Pentassílabos: cinco sílabas ou redondilha menor.
auto e farsa.
ƒ Hexassílabos: seis sílabas.
ƒ Heptassílabos: sete sílabas ou redondilha maior. O gênero narrativo
ƒ Octossílabos: oito sílabas. Oriunda do gênero épico, a narrativa organiza uma história
ƒ Eneassílabos: nove sílabas. levando em consideração aspectos primordiais de sua es-
trutura: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
ƒ Decassílabos: dez sílabas.
Os gêneros narrativos apresentam-se como:
ƒ Hendecassílabos: onze sílabas.
ƒ Dodecassílabos: doze sílabas ou alexandrino. ƒ Conto
Narrativa curta centrada em um único acontecimento. Apre-
ƒ Verso bárbaro: mais de doze sílabas.
senta uma ação que se encaminha para uma tensão (clí-
max) entre personagens, delimitados num tempo e espaço
Classificação dos versos reduzidos. Exemplos: Amor, de Clarice Lispector; O menino
ƒ Monossílabos – uma única sílaba. do boné cinzento, de Murilo Rubião; e A causa secreta, de
ƒ Dissílabos – duas sílabas. Machado de Assis.

ƒ Trissílabos – três sílabas. ƒ Novela


Narrativa situada entre a brevidade do conto e a longevi-
ƒ Tetrassílabos – quatro sílabas.
dade do romance. Exemplos: A hora e a vez de Augusto
ƒ Pentassílabos ou redondilha menor – cinco sílabas Matraga, de Guimarães Rosa; e Os crimes da rua Morgue,
ƒ Hexassílabos – seis sílabas. de Edgar Allan Poe.
ƒ Heptassílabos ou redondilha maior – sete sílabas. ƒ Crônica
ƒ Octossílabos – oito sílabas. Narrativa breve baseada na vida cotidiana, delimitada por
ƒ Eneassílabos – nove sílabas. tempo cronológico curto, em linguagem coloquial e leve to-
ƒ Decassílabos ou Medida Nova – dez sílabas. que de humor e crítica. Exemplos: Comédias da vida priva-
da – 101 crônicas escolhidas, de Luís Fernando Veríssimo.
ƒ Hendecassílabos – onze sílabas.
ƒ Dodecassílabos ou Alexandrinos – doze sílabas. ƒ Romance
ƒ Bárbaros – mais de doze sílabas. Narrativa longa que discorre sobre um grande conflito cen-
tral que dá origem a outros secundários, compreendendo
O gênero dramático vários personagens em constante conflito psicológico, envol-
A característica e a finalidade primordiais do gênero dramático vidos pela trama que caminha para um clímax. Exemplos:
(do grego drân: agir) é ser levado à representação, à “ação”. Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa; São Bernardo,
de Graciliano Ramos; e O senhor dos anéis, de J.R.R. Tolkien.
Compreende o gênero teatral, cuja encenação, no entanto,
escapa à alçada da literatura propriamente. O eu poético ƒ Anedota
relaciona-se com um tu/vós, segunda pessoa do discurso, Relato de um acontecimento curioso ou engraçado. Como o
a plateia. O texto dramático pressupõe essa plateia, que o provérbio, a anedota, além da tradição oral, vem inserida em
vivencia e tem probabilidade de fruir emoções mediante a textos literários. Exemplos: O asno de ouro, do escritor latino
representação do texto. Apuleio, é uma constelação de pequenas aventuras picantes.

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ƒ Apólogo caixinha de costura. Faze como eu, que não abro cami-
nho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Historinha entre objetos inanimados com moral implícita
ou explícita. Um apólogo, de Machado de Assis, trata da Contei esta história a um professor de melancolia, que
conversa entre uma agulha e uma linha que discutem so- me disse, abanando a cabeça:
bre a importância delas. Observe o último parágrafo em – Também eu tenho servido de agulha a muita linha
que está implícita a moral: ordinária!”
“Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, ƒ Fábula
de cabeça grande e não menor experiência, murmurou
à pobre agulha: Difere do apólogo, uma vez que seus personagens são ani-
mais. Esse gênero teve ilustres cultores na literatura ociden-
– Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para tal, como Esopo, Fedro e La Fontaine, cujas fábulas estão
ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na reunidas em doze livros.

TROVADORISMO: A LITERATURA DA IDADE MÉDIA

CONTEXTO TIPOS DE CANTIGA


ƒ Idade Média (século XII–XIV). As cantigas trovadorescas são divididas em dois grupos:
as líricas, que falam de sentimento e são subdivididas em
ƒ Formação dos países europeus e de suas línguas.
cantigas de amor e cantigas de amigo; e as cantigas
ƒ Reconhecimento do reino de Portugal, no ano de 1179. satíricas, intencionalmente críticas e cômicas, também
subdivididas em cantigas de escárnio e de cantigas
ƒ Feudalismo.
de maldizer.
ƒ Teocentrismo (Deus como centro do Universo / motivo
de tudo). Líricas
ƒ Sociedade com estamentos estáticos: o clero (os padres A poesia lírica diz respeito à lira, instrumento musical da
= homens de oração), a nobreza e a cavalaria (poder Antiguidade clássica que acompanhava as canções expres-
mundano e defesa militar) e os servos (o povo = tra- sando sentimentos.
balhadores).
cantigas de amor cantigas de amigo
eu-lírico masculino, pobre eu-lírico feminino, pobre
O código do amor cortês amor impossível saudade
Os termos que definiam as relações feudais foram trans- poucos refrãos muitos refrãos
postos para as cantigas, caracterizando a linguagem do ausência de paralelismo paralelismo
Trovadorismo: a mulher era a senhora, o homem era o seu linguagem refinada (amor cortês) linguagem popular
servidor. Eram muito prezadas a generosidade, a lealdade
submissão à dama
e, acima de tudo, a cortesia. grau de igualdade
“mulher idealizada”
“mulher atrevida”
(vassalagem amorosa)
As cantigas de amor do Trovadorismo desenvolvem um mes-
coita d’amor amor correspondido
mo tema: o sofrimento provocado pelo amor não correspon-
dido – a “coita de amor”. Como o princípio do amor cortês é origem em Provença, sul da França península Ibérica (galega)

a idealização da dama pelo trovador, os textos não manifes-


tam a expectativa de correspondência amorosa. Satíricas
As cantigas satíricas passeiam por muitos temas, sempre As cantigas satíricas fazem críticas ao comportamento das
expressando um olhar crítico sobre a conduta de nobres, pessoas em suas ações sociais e usam o humor e o vocabu-
homens e mulheres, nas esferas individual e social. É bas- lário chulo para denunciar alguns nobres e damas.
tante comum os trovadores ridicularizarem um nobre que Além disso, a sátira se estende a instituições sociais, censu-
se envolve com uma serviçal ou que não percebe a trai- rando os males da sociedade ou dos indivíduos, quase tudo
ção da esposa. com tom sarcástico, irônico e obsceno.

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Cantigas de escárnio Cantigas de maldizer XII. Elas contam as aventuras vividas pelos cavaleiros an-
Crítica sutil Crítica direta dantes e tiveram origem com o declínio do prestígio da
Linguagem ambígua e velada Linguagem direta e clara
poesia dos trovadores.
Vocabulário comedido Vocabulário agressivo Estão organizadas em três ciclos, de acordo com o tema
que desenvolvem e com o tipo de herói que apresentam:

TRÊS CANCIONEIROS ƒ Ciclo clássico: novelas que narram a guerra de Troia


e as aventuras de Alexandre, o Grande. O ciclo recebe
Os cancioneiros são manuscritos, coletâneas de cantigas essa denominação porque seus heróis vêm do mundo
com características variadas e escritas por diversos autores. clássico mediterrâneo.
Os mais importantes são os três cancioneiros que concen- ƒ Ciclo arturiano ou bretão: histórias envolvendo o rei
tram boa parte da produção conhecida dos séculos XII, XIII e Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda. Nessas nove-
XIV: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacio- las, podem ser identificados vários núcleos temáticos: a
nal e Cancioneiro da Vaticana. história de Percival, a história de Tristão e Isolda, as aven-
turas dos cavaleiros da corte do rei Arthur e a demanda

AS NOVELAS DE CAVALARIA do Santo Graal.


ƒ Ciclo carolíngio ou francês: histórias sobre o rei
As novelas de cavalaria são os primeiros romances, Carlos Magno e os Doze Pares de França.
ou seja, longas narrativas em verso, surgidas no século

HUMANISMO E CLASSICISMO

HUMANISMO .
e da Esparsa. Toda a produção de poesia palaciana foi
reunida num volume chamado Cancioneiro geral, or-
ganizado por Garcia de Resende.
Contexto ƒ Teatro – voltado para temas religiosos e didáticos, ou
ƒ Século XV – fim da Idade Média. seja, feito para ensinar religião. Representava cenas bí-
blicas, vidas dos santos e mártires da Igreja. O teatro
ƒ Grandes navegações. propriamente dito, com texto elaborado, inaugurou-se
ƒ Desenvolvimento das cidades e do comércio. em Portugal com a obra de Gil Vicente, que mostrou
peças cheias de sátira à sociedade, com temas tanto
ƒ Burguesia. profanos, nas farsas, como religiosos, nos autos. Seu
ƒ Período de transição dos valores medievais para os va- teatro desenvolveu essencialmente “tipos sociais”, isto
lores do Renascimento, ou seja, do teocentrismo para o é, personagens que representavam figuras que desen-
antropocentrismo. volviam papéis específicos na sociedade e apontavam
os defeitos da personalidade humana. A sua crítica al-
ƒ Valorização da cultura.
cançou desde os mais pobres aos mais ricos ou mais
graduados clérigos. Sua obra aponta o equilíbrio entre
Produção literária a razão e a emoção, que norteou a arte do século XV,
ƒ Crônicas – histórias curtas sobre o cotidiano dos no- considerando que ele alcançou o século XVI e viveu o
bres que queriam registrar seus grandes feitos. O mais início e o auge do Renascimento. Por isso, notam-se em
sua obra valores teocêntricos e antropocêntricos.
famoso cronista de Portugal foi Fernão Lopes, nome-
ado cronista-mor da Torre do Tombo, por D. Duarte.
ƒ Poesia palaciana – poemas compostos em redondi- CLASSICISMO
lhas, sem o acompanhamento musical, e impressos,
feitos para declamação dentro dos palácios; além de tra-
tar da vida da corte, retomavam os temas das cantigas
Contexto
trovadorescas, porém com preocupação técnica e novas ƒ Renascimento – século XVI – resgate da Antiguida-
formas poemáticas, como é o caso do Vilancete, da Trova de clássica.

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ƒ Crescimento do comércio e fortalecimento da burguesia. sombreado realçava a ideia de volume dos corpos. Também
teve início a utilização da tela e da tinta a óleo.
ƒ Descobrimentos.
ƒ Antropocentrismo (homem como centro das preocu- Na escultura, o que mais chama a atenção é a busca pela
pações). representação ideal do homem, normalmente retratado nu
a fim de exaltar as formas humanas.
Produção artística A arquitetura também se inspirou nos traços clássicos, re-
tratando a figura humana e o conceito de beleza dos tem-
O classicismo seguiu os modelos da cultura greco-latina,
plos construídos de maneira harmônica, normalmente co-
uma vez que representavam o equilíbrio e a perfeição.
bertos por uma cúpula.
Nesse sentido, as características gerais do período fo-
ram o racionalismo, o universalismo, a perfeição formal, Entre os artistas mais importantes da arte renascentista es-
o resgate da mitologia clássica e o humanismo. tão Leonardo da Vinci (1452-1519), Michelangelo (1475-
1564) e Rafael Sanzio (1483-1520)..
A Itália foi onde essa tendência renascentista apareceu
com mais intensidade, sendo o palco desse retorno ao
mundo da Antiguidade, ou seja, fez renascer, desde me- Literatura
ados do século XIII, os ideais de valorização dos gre- O poeta Dante Alighieri, autor da Divina comédia, introduziu
gos e latinos, dos esforços individuais, da perfeição, da o verso decassílabo, chamado de “medida nova”, o dolce stil
superioridade humana e da razão como parâmetro de nuovo (doce estilo novo), em contraponto à redondilha, con-
observação e interpretação da realidade. siderada como “medida velha”. O poeta Francesco Petrarca,
criador do soneto, influenciou vários poetas europeus, entre
Pintura, escultura e arquitetura o quais o inglês William Shakespeare e os portugueses Luís
Vaz de Camões e Sá de Miranda.
Na pintura, alguns dos principais traços do Renascimento
foram a noção de perspectiva e a tematização de elemen- Em 1527, Sá de Miranda, retornando da Itália, introduziu em
tos da Antiguidade, bem como a humanização do tema Portugal a “medida nova”. Contudo, foi Luís Vaz de Camões
sacro. A técnica era levada em conta acima de tudo, e o quem se destacou na literatura portuguesa desse período.

CLASSICISMO: CAMÕES ÉPICO E LÍRICO

LUIS VAZ DE CAMÕES língua portuguesa. Teve como modelos estruturais as epope-
ias da Antiguidade: a Ilíada e a Odisseia. Entretanto, Camões
Luís Vaz de Camões teria nascido em 1524 ou 1525, pro- introduziu uma novidade, pois, em Os Lusíadas, o herói é
vavelmente na cidade de Lisboa (talvez Coimbra ou San- coletivo, ou seja, é o povo português; ao contrário do que
tarém). Morreu em 10 de junho de 1580. Curiosamente, ocorre nas epopeias modelares. Essa modalidade de escrita
o herói da poesia portuguesa expirou quando se iniciou o passou a ser chamada de epopeia secundária.
declínio do poderio imperial de Portugal, no mesmo ano Os Lusíadas conseguiu conciliar a mitologia pagã (fruto do
da União da Península Ibérica, em que o país ficou sob o gosto renascentista pelo estudo da cultura pagã) e a mitolo-
domínio da coroa espanhola.
gia cristã (ideologia pessoal do autor).
Em 1572, publicou Os Lusíadas, sua obra-prima. Em 1595,
foi publicada a obra Rimas, com uma compilação de sua
obra lírica, de versos redondilhos elaborados à maneira
Estrutura da obra
medieval, e também de seus sonetos decassílabos de in- A obra de Camões apresenta 8.816 versos decassílabos, di-
fluência petrarquiana. vididos em 1.102 estrofes, todas em oitava-rima, organizada
em dez cantos. Além disso, existem outras cinco partes:
CAMÕES ÉPICO ƒ Proposição (canto I, estrofes 1 a 3)
O poeta apresenta o que vai cantar, ou seja, o tema dos fei-
Engenho e arte tos heroicos dos ilustres barões de Portugal, o herói, Vasco
A obra épica Os Lusíadas é a mais importante epopeia em da Gama, e o destino da viagem.

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ƒ Invocação (canto I, estrofes 4 e 5) poesia de tradição popular, na forma e no conteúdo. São
O poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedindo a elas exploradas as redondilhas, de cinco ou de sete sílabas (me-
para inspirá-lo na composição da obra. nor ou maior, respectivamente).

ƒ Dedicatória ou oferecimento (canto I, estrofes Os poemas em medida nova são relacionados à tradição
6 a 18) clássica: sonetos, éclogas, elegias, oitavas, sextinas. Quan-
to ao conteúdo, a poesia lírica clássica se relaciona com
O poeta dedica seu poema a D. Sebastião, rei de Portu-
o petrarquismo. Francesco Petrarca foi o responsável por
gal na época em que o poema foi publicado, visto como
fixar a forma do soneto, no século XIV; o conteúdo de sua
a esperança de propagação da fé cristã e continuação dos
grandes feitos de Portugal. poesia delineia um lirismo amoroso platônico, relacionado
indissoluvelmente a uma mulher inacessível, Laura, a que
ƒ Narração (canto I, estrofe 19 até canto X, es- dedicou perto de 360 sonetos, no seu Cancioneiro.
trofe 144)
O poeta relata a viagem propriamente dita dos portugueses A lírica amorosa
ao Oriente. O desenrolar dos fatos começa In Media Res, ou O tema amoroso é explorado na lírica camoniana sob du-
seja, no meio da ação, quando Vasco da Gama e sua esqua-
pla perspectiva. Com frequência, aparece o amor sensual,
dra se dirigem ao Cabo da Boa Esperança.
próprio da sensualidade renascentista, inspirada no paga-
ƒ Epílogo nismo da cultura greco-latina. Predomina, porém, o amor
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do canto X), neoplatônico, espécie de extensão e aprofundamento da
em que o poeta demonstra cansaço e, em tom melancólico tradição da poesia medieval portuguesa ou da poesia hu-
e pessimista, aconselha ao rei e ao povo português que manista italiana, em que o amor e a mulher se configuram
sejam fiéis à pátria e ao cristianismo. como idealizados e inacessíveis.
Em Camões, percebe-se o conflito entre o sentimento espi-
CAMÕES LÍRICO ritual, idealizado, e o sentimento de manifestação carnal. O
amor é, dessa forma, complexo, contraditório.

“Tu, só tu, puro amor” Esses sentimentos contraditórios, bem como certo pessimis-
mo existencial que marca a poesia lírica de Camões, fogem
A obra lírica de Camões compreende poemas feitos na me- ao espírito harmonioso e racional do Renascimento e pre-
dida velha e na medida nova. A medida velha obedece à nunciam o movimento literário do século XVII: o Barroco.

QUINHENTISMO E BARROCO

Os períodos literários do Brasil Colônia:


Quinhentismo (1500-1601) Barroco (1601-1768) Neoclassicismo (1768-1836)
O primeiro documento escrito foi a Carta
Publicação do poema épico Prosopopeia, de Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Man-
de Pero Vaz de Caminha, destinada a Dom
Bento Teixeira. uel da Costa.
Manuel, rei de Portugal.
Florescimento da chamada literatura de
Poesias lírica, religiosa e satírica, de Atuação do Grupo Mineiro em Vila Rica,
informação, cujo objetivo era descrever
Gregório de Matos, em Salvador, Bahia. Minas Gerais.
para a Corte portuguesa a terra descoberta.
Desenvolvimento da literatura de Oratória doutrinária do padre Antônio
Poesia árcade de Cláudio Manuel da Costa
catequese com a finalidade de doutri- Vieira, em Salvador, Maranhão, e outras
(sonetos).
nar os indígenas. áreas do Nordeste brasileiro.
Tomás Antônio Gonzaga escreve Marília de
Textos de teatro com teor catequético. Sermões, do padre Antônio Vieira.
Dirceu.
Poesia épica indianista: O Uraguai, de
Produção de poesia religiosa. Conceptismo e cultismo. Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita
Durão.
José de Anchieta é o principal expoente da
Contexto de reformas religiosas. A natureza é a base temática.
literatura catequética.

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QUINHENTISMO OU A arte barroca
LITERATURA COLONIAL O barroco traduz o drama do homem “entre o céu e a Terra”,
atormentado pela fé, pela existência após a morte e pelo
julgamento de atos praticados durante o “trânsito terreno”.
Contexto histórico A expressão plástica barroca caracteriza-se pela exacer-
ƒ Século XVI. bação dos tons mais altos e mais coloridos e das texturas
mais ricas: mais decoração, mais luz e sombra em busca
ƒ Início da colonização do Brasil. deliberada de efeitos.
Na literatura, duas tendências de estilo se manifestam no
Literatura de informação Barroco: o cultismo e o conceptismo. O cultismo é mais
Textos criados para enviar a Portugal notícias sobre as ter- próprio da poesia, e o conceptismo, da prosa.
ras descobertas. Esses relatórios, denominados “crônicas de ƒ Cultismo
viagem”, possuem caráter mais histórico do que literário, e a Trata-se da preferência pelo rebuscamento formal da lingua-
linguagem é predominantemente referencial ou denotativa. gem por meio de jogos de palavras, figuras de linguagem,
Considerada o primeiro documento da literatura no Brasil, vernáculo preciosista, efeitos sensoriais – cor, som, forma,
A carta, de Pero Vaz de Caminha, inaugurou, em 1500, a volume, sonoridade, imagens eloquentes e fantasiosas. Me-
chamada literatura informativa. táforas, antíteses, sinestesias, trocadilhos, dicotomias e hi-
pérbatos compõem os textos barrocos. A tendência cultista
também recebeu o nome de gongorismo, cujo escritor
Literatura de formação ou jesuítica mais eloquente foi o poeta espanhol Luis de Góngora.
Ao lado da prosa informativa, ocorreram manifestações ƒ Conceptismo (do espanhol concepto, ideia)
em poesia e teatro escritas por jesuítas com a finalidade
Trata-se de linguagem pautada no raciocínio e no pensa-
de catequizar os índios. Essa produção é denominada mento lógico. Os argumentos são centrados na inteligên-
literatura de formação, em decorrência do aspecto di- cia e na razão em busca da concisão e da coesão, sempre
dático que apresenta. Seus principais expoentes são os disciplinados pela lógica e seus mecanismos oferecidos por
padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega. analogias, silogismos e sofismas. Essa tendência também re-
cebeu o nome de quevedismo, graças ao estilo marcante do
BARROCO OU SEISCENTISMO poeta espanhol Francisco Gómez de Quevedo.

Contexto histórico Autores de destaque


ƒ Gegório de Matos, poeta baiano que viveu muitos
ƒ Séculos XVI e XVII
anos em Portugal e escreveu poemas religiosos, líricos,
ƒ Reforma protestante. filosóficos e satíricos, sendo que, por esses últimos, ga-
ƒ Contrarreforma. nhou a alcunha de “O Boca do Inferno”.

ƒ Desaparecimento de D. Sebastião (1578). ƒ Padre Antônio Vieira, português, jesuíta, autor de


vários sermões em que apontou aspectos da sociedade
ƒ União Ibérica (1580). do século XVII, tanto no Brasil como em Portugal.

GREGÓRIO DE MATOS GUERRA, O BOCA DO INFERNO

Gregório de Matos (1633-1696) é o maior poeta bar- Seus poemas são dados ao gosto pelo jogo de palavras
roco brasileiro e um dos fundadores da poesia lírica e e das brincadeiras.
satírica no Brasil. Em sua obra, Gregório acolheu a poe-
sia religiosa, os costumes e a reflexão moral. Em relação O “língua de trapo”
aos temas, convivem em seus poemas um desenfreado Irreverente como poeta lírico, Gregório seguiu e ao mes-
sentimento de sensualismo, erotismo e paixão idealizada. mo tempo implodiu os modelos barrocos europeus. Foi

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apelidado de Boca do Inferno, graças à sua poesia emocional, às vezes conceitual, mas frequentemente
satírica, dirigida aos governantes corruptos, a religiosos preocupada em entender contradições. A lírica sacra
licenciosos e às hipocrisias da sociedade. ressalta o senso do pecado ao lado do desejo do perdão.
O lirismo amoroso é contraditório, marcado pela ambigui-
Poesia satírica dade da mulher, vista como uma dualidade entre matéria
e espírito.
Não poupa aspecto algum do sistema e do poder, o que faz
dele um poeta maldito. Provoca os políticos e ridiculariza
os que viviam para bajular e louvar os poderosos, traços Poesia lírica filosófica
que contribuíram para o “abrasileiramento” do Barroco A lírica filosófica de Gregório de Matos revela um poeta
importado da Europa. que, tal qual os clássicos, transmite um forte senso do
“desconcerto do mundo”, ocupando-se com a transito-
Poesia lírica: sacra e amorosa riedade da vida, o escoamento do tempo e a fragilidade
A poesia lírica de Gregório de Matos é idealista, às vezes do homem.

PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Antônio Vieira (1608-1697) é a principal expressão do Entre sua vasta produção de mais de duzentos sermões e
Barroco em Portugal. Sua obra pertence tanto à literatu- quinhentas cartas, destacam-se:
ra portuguesa quanto à brasileira. Sua característica mais ƒ Sermão da sexagésima, proferido na Capela Real de
marcante é a de orador e pregador da fé cristã. Lisboa, em 1655, cujo tema é a arte de pregar.
As qualidades de Vieira como orador são incompará- ƒ Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal con-
veis. Dotado de boa formação jesuítica, pronunciou tra as de Holanda, proferido na Bahia, em 1640, posi-
sermões que se tornaram ao mesmo tempo a expres- ciona-se contra à invasão holandesa.
são máxima do Barroco em prosa sacra e uma das ƒ Sermão de Santo Antônio (aos peixes), proferido no
principais expressões ideológicas e literárias da Con- Maranhão, em 1654, ataca a escravização de índios.
trarreforma. Pregou no Brasil, em Portugal e na Itália, ƒ Sermão do mandato, proferido na Capela Real de Lis-
sempre com grande repercussão. boa, em 1645, desenvolve o tema do amor místico.

ARCADISMO EM PORTUGAL: BOCAGE

ARCADISMO profundas transformações sociais e econômicas que


anunciavam revoluções intelectuais nas sociedades euro-
peias, desenvolve-se um novo estilo literário, o Arcadismo.
Contexto histórico O Arcadismo foi chamado também de Neoclassicismo, um
Europa novo Classicismo, em decorrência da retomada dos modelos
ƒ Iluminismo – século XVIII (o século das Luzes). clássicos. As principais características do estilo são:
ƒ Retomada da cultura clássica. ƒ Busca pela perfeição.
ƒ Linguagem simples. ƒ Referências mitológicas.
Brasil ƒ Racionalismo.
ƒ Inconfidência Mineira. ƒ Pastoralismo.
ƒ Bucolismo: proposta de uma vida no campo como
Características alternativa à agitação das cidades e contraponto às
A partir da segunda metade do século XVIII, junto às normas sociais e religiosas.

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ƒ Valorização da cultura greco-latina. em Portugal, e a Nova Arcádia (1790), da qual participou
ƒ Eu lírico = pastor. o maior poeta português do século XVIII: Bocage.

ƒ Uso de psudônimos.

Autores de destaque
MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE
Bocage entrou para a história da literatura portuguesa como um
Em Portugal, Manuel Maria Barbosa Du Bocage, que poeta erótico, embora sua poesia lírica árcade seja considerada
já prenuncia o Romantismo.
superior. A obra Rimas, de 1791, valeu-lhe o convite para a Nova
No Brasil, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel Arcádia, onde usava o pseudônimo Elmano Sadino.
da Costa, Alvarenga Peixoto, Santa Rita Durão e
Basílio da Gama. A fase inicial da poesia de Bocage é marcada por for-
mas e temas próprios do Arcadismo: o ambiente bucólico
Os poetas brasileiros, na verdade, refletiam a maneira de (fugere urbem ), o ideal de vida simples e alegre (aurea
pensar dos europeus, porque estudaram na Europa, apesar mediocritas ), a simplicidade e a clareza das ideias e da
de o país ainda ser colônia.
linguagem, etc.
Para recuperar a perfeição e o equilíbrio dos clássicos e do
Renascimento, era comum entre os autores o uso de cli- Idílios marítimos, Rimas (três volumes) e Parnaso bocagia-
chês árcades ditos sempre em latim: no reúnem a produção literária de Bocage. Os sonetos de
ƒ Carpe diem (aproveitar o dia). Rimas são o ponto alto de sua produção. e alguns estudio-
sos chegam a compará-lo a Camões. A solidão, a desilu-
ƒ Fugere urbem (fugir da cidade).
são amorosa, o sentimento de desamparo e a dor de viver
ƒ Locus amoenus (lugar tranquilo).
impactaram de tal maneira sua poesia que ela acabou se
ƒ Aurea mediocritas (equilíbrio de ouro, desprezo aos afastando da estética árcade para se enveredar pelo cam-
bens materiais).
po dramático e confessional, fato que inseriu Bocage num
ƒ Inutilia truncat (cortar o inútil). contexto pré-romântico.
A produção satírica de Bocage foi uma das que mais se po-
Arcádias pularizou, embora seja considerada inferior à poesia lírica.
As Arcádias eram academias literárias. Em Portugal existi- Foi por meio dessa poesia que o poeta recebeu a alcunha
ram duas importantes academias árcades: a Arcádia Lu- de “poeta maldito”, uma vez que tratava de temas de na-
sitana, que efetivamente deu início ao movimento árcade tureza grosseira, vulgar e obscena.

36
U.T.I. - Sala Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;
Leia o texto a seguir para responder às questões 1 e 2. (...)
Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho
À SUA MULHER ANTES DE CASAR Destemperada e a voz enrouquecida,
Discreta, e formosíssima Maria, E não do canto, mas de ver que venho
Enquanto estamos vendo a qualquer hora Cantar a gente surda e endurecida.
Em tuas faces a rosada Aurora, O favor com que mais se acende o engenho
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia: Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Enquanto com gentil descortesia Duma austera, apagada e vil tristeza
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
5. Durante o século XIV, a poesia trovadoresca entra em
Quando vem passear-te pela fria:
decadência, surgindo uma nova forma de poesia, total-
mente distanciada da música, apresentando amadureci-
“Goza, goza da flor da mocidade,
mento técnico, com novos recursos estilísticos e novas for-
Que o tempo trata a toda ligeireza,
mas poemáticas. Qual é o nome deste momento literário e
E imprime em toda a flor sua pisada,
qual a determinação dada para a poesia da época?

U.T.I. - E.O.
Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”.
(Gregório de Matos) Leia o texto a seguir para responder às questões 1 a 3.
Ondas do mar de Vigo,
1. A preocupação com a brevidade da vida induz o po- se vistes meu amigo!
eta barroco a assumir uma atitude que revela qual as- E ai Deus, se verrá1 cedo!
pecto do Barroco? Ondas do mar levado2,
se vistes meu amado!
2. Determine a estrutura formal do poema em seus vári- E ai Deus, se verrá cedo!
os aspectos. Martim Codax
1. verrá = virá\ 2. levado = agitado
3. Leia o poema a seguir e determine de qual fase da
poesia do escritor Bocage ela se enquadra. Justifique 1. Segundo a tradição da poesia medieval, como pode-
sua resposta. -se classificar a cantiga de Martim Codax?
Ó retrato da morte, ó Noite amiga 2. Determine as características que justificam sua clas-
Por cuja escuridão suspirou há tanto! sificação.
Calada testemunha de meu pranto, 3. A estrutura paralelística é, neste poema, particular-
De meus desgostos secretária antiga! mente expressiva, pois revela uma relação importante
com o aspecto da temática. Determine qual é esta relação.
Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto; Leia o texto a seguir para responder às questões 4 e 5.
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga: Mote:
Perdigão perdeu a pena,
E vós, ó cortesão da escuridade, Não há mal que lhe não venha.
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Volta:
Inimigos, como eu, da claridade!
Perdigão que o pensamento
Em bandos acudi aos meus clamores; Subiu a um alto lugar,
Quero a vossa medonha sociedade, Perde a pena do voar,
Quero fartar meu coração de horrores. Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
4. Leia o trecho a seguir de Luiz Vaz de Camões e de- Asas com que se sustenha:
termine de qual obra ele foi retirado. Em seguida, justi- Não há mal que lhe não venha.
fique do ponto de vista temático e formal sua resposta. (Camões)

As armas e os Barões assinalados 4. De que fase da poesia de camões este poema se en-
Que da Ocidental praia lusitana, quadra?
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana, 5. Do ponto de vista formal, como pode se classifi-
Em perigos e guerras esforçados, car o poema classicista de Luís Vaz de Camões?

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Leia o texto a seguir para responder às questões 6 a 8. Leia o texto a seguir para responder às questões 12 e 13.
Passada esta tão próspera vitória, Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam
Tornado Afonso à Lusitana terra,
os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais
A se lograr da paz com tanta glória
própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os
Quanta soube ganhar na dura guerra,
reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das provín-
O caso triste, e dino da memória cias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com
Que do sepulcro os homens desenterra, força roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um
Aconteceu da mísera e mesquinha homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo
Que despois de ser morta foi Rainha. do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros se furtam, são
(Luis Vaz de Camões) enforcados, estes furtam e enforcam.
6. De que obra de Luis Vaz de Camões o trecho apresen- Padre Antônio Vieira – “Sermão do bom ladrão”
tado foi retirado?
12. O jesuíta padre Antônio Vieira ficou famoso por seu
7. Qual o ano da publicação da obra em que o trecho poder de argumentação em função do projeto de coloni-
se enquadra? zação catequética de Portugal. Um de seus instrumentos
8. O texto faz menção a uma passagem importante era o “silogismo aristotélico”. Determine suas premissas
da obra que se enquadra. Qual é esta passagem e e conclusão no trecho do “Sermão do bom ladrão”.
qual o seu significado no todo da obra? 13. Padre Antônio Vieira escrevia seus sermões antes
de proferi-los em sua missa. Além disso, ele organizava
Leia o texto a seguir para responder às questões 9 a 11. seus escritos com uma estrutura específica que muito
Eu cantarei de amor tão Docemente, se parece com a estrutura da epopeia. Determine o
Por uns termos em si tão concertados, nome e a ordem de cada uma destas partes que com-
Que dois mil acidentes namorados põe esta estrutura.
Faça sentir ao peito que não sente.
14. Qual é o documento que na história da Literatura
pode ser considerado a “Certidão de nascimento da
Farei que amor a todos avivente,
Literatura Brasileira”? Determine também quem foi o
Pintando mil segredos delicados,
responsável por sua autoria e a data de sua publicação.
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente. 15. Uma das marcas da escola literária do Barroco é a
contradição. Do ponto de vista técnico, pode-se afirmar
Também, Senhora, do desprezo honesto que existem duas modalidades específicas de escrita
De vossa vista branda e rigorosa que simbolizam essa dualidade seiscentista. Quais são
Contentar-me-ei dizendo a menor parte. elas e quais suas características?

Porém, para cantar de vosso gesto


A composição alta a milagrosa,
Aqui fala saber, engenho e arte.

9. De que fase da obra de Luis Vaz de Camões o trecho


a cima foi retirado?
10. Camões possui temas fundamentais em sua poesia.
Determine qual a temática predominante no texto “Eu
cantarei de amor tão docemente”?
11. Do ponto de vista formal, como se pode classificar o
poema acima? Justifique com pelo menos um aspecto.

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REDAÇÃO

39
DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA

A dissertação é um gênero textual que se caracteriza por crenças e preconceitos ou numa visão menos esclarecida
apresentar, analisar e explicar um determinado assunto. Ou sobre determinada situação.
seja, ela propõe a discussão de um tema a partir da análise e
do questionamento dos elementos de um todo. A disserta- Linguagem
ção argumentativa segue a mesma linha; contudo, além
A linguagem utilizada na redação deve respeitar a norma
da exposição, ela exige a defesa um ponto de vista claro e
padrão da língua portuguesa e prezar pela clareza e pela
coerente, sustentado por argumentos convincentes.
objetividade. Os termos que atribuem incerteza e impreci-
são às afirmações devem ser deixados de lado. Além disso,
Elementos básicos é importante evitar palavras pouco usadas na língua e com
nível muito alto de erudição. Às vezes, empregar uma pala-
Tese vra rebuscada para “impressionar” o corretor pode ser um
É a formulação da ideia principal a ser defendida grande equívoco.
no texto. Em outras palavras, trata-se do posiciona- É importante lembrar que a linguagem do texto disserta-
mento do autor a respeito do tema abordado. A função da
tivo-argumentativo é basicamente denotativa, e, portanto,
tese é resumir em um período a visão que o autor pretende
não pode estar recheada de clichês, ironias, frases de efeito
desenvolver ao longo do texto. Por isso, seu desenvolvi-
ou recursos de estilo. Em princípio, as figuras de linguagem
mento pressupõe a escrita de um período argumentativo,
são ferramentas que exploram os sentidos das palavras e,
ou seja, composto pela opinião do autor do texto.
consequentemente, atrapalham a objetividade da redação.
A criatividade é bem-vinda quando é aplicada no título
Argumento do texto ou na apresentação de alguma ideia, mas, para
Argumentos são elementos que servem para comprovar empregá-la, é preciso ter um domínio considerável dos ele-
e sustentar a tese ou o desdobramento de tese e devem mentos básicos do texto dissertativo.
ser reconhecidos como verdadeiros na discussão do tema.
O desenvolvimento da argumentação estará comprometi- Existe um detalhe fundamental: é necessário que o autor
do se os argumentos forem falsos ou pouco prováveis. Os empregue a 3.ª pessoa do singular para manifestar suas
argumentos costumam apresentar exemplos, compara- ideias e opiniões.
ções, relações de causa e consequência, analogias
e argumentos de autoridade destinados a comprovar Aspectos exigidos nas redações
a ideia a ser defendida.
(principais critérios)
Reflexão crítica ƒ Adequação entre o tema proposto e o texto do candidato.
A elaboração da redação exige um momento de reflexão ƒ Adequação ao tipo de texto solicitado (dissertação, car-
especial do candidato. Na maior parte dos casos, é mais ta, artigo de opinião).
produtivo dedicar um tempo maior para a análise do tema ƒ Coesão textual – emprego correto de conjunções, pro-
e para a seleção dos argumentos que para a própria escri- nomes e preposições entre os períodos.
ta, uma vez que a construção de um ponto de vista claro e
objetivo é a principal finalidade do texto. ƒ Coerência dos argumentos.

Uma das maneiras de refletir criticamente sobre um assun- ƒ Correção gramatical e seleção vocabular adequada.
to é separar o “joio do trigo”. No caso das dissertações-
-argumentativas, a reflexão pode ser iniciada separando o Aspectos INDESEJADOS
senso comum do senso crítico. O senso crítico se encarrega na dissertação
de analisar a fundo as problemáticas discutidas observan-
do seu surgimento, suas causas e seus principais agentes; ƒ Emprego de vocabulário rebuscado ou excessivamente
o senso comum, por sua vez, apenas reflete uma opinião expressivo.
superficial ou limitada, usualmente baseada em hábitos, ƒ Composição de parágrafos isolados.

40
ƒ Ausência de posicionamento crítico diante do tema ƒ Repetição meramente descritiva das problemáticas apre-
proposto (textos argumentativos). sentadas na coletânea (paráfrase).
ƒ Desconexão entre exemplos, citações e análises críticas. ƒ Conclusão contraditória em relação aos argumentos e
posicionamentos apresentados.

ESPECIFICIDADES DO ENEM

De modo geral, o Enem exige que o aluno produza um introdução, desenvolvimento e conclusão. Além disso, a
texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentati- competência avalia se a redação do aluno está adequada
vo, a respeito de um tema de ordem social, científica, ao recorte temático proposto, observando se há tangen-
cultural ou política. Por isso, é importante estar sempre ciamento do tema. Por último, avalia-se a capacidade do
antenado com as principais discussões de cada uma dessas aluno em relacionar repertório sociocultural de outras de
naturezas no país e no mundo. áreas do conhecimento aos argumentos desenvolvidos ao
longo do texto.
A cartilha do Enem também propõe que o aluno defenda uma
tese apoiada em argumentos consistentes, estruturados Nesse sentido, a cartilha do Enem recomenda que aluno
com coerência e coesão. Além disso, o aluno deve apresen- reflita sobre o tema apresentado pela coletânea e apresen-
tar proposta de intervenção social para o problema te um ponto de vista baseado nessa reflexão. É importante
apresentado no desenvolvimento do texto. Isso sig- não se prender às ideias desenvolvidas nos textos apresen-
nifica que o aluno precisa: expor seu posicionamento so- tados, e muito menos copiar trechos desses textos.
bre a problemática adotada, apresentar argumentos Para sair desse ponto inicial, o aluno deve buscar informa-
que comprovem sua visão sobre o tema e sugerir ções de várias áreas do conhecimento na composição
uma intervenção social para o problema abordado, de sua dissertação. Isso demonstra que ele possui repertó-
lembrando que tal ação deve respeitar os direitos humanos. rio e que sabe interpretar corretamente um proble-
ma apresentado pela proposta. Entretanto, é preciso ter
Entendendo as competências do Enem cuidado: todas as informações devem estar ligadas à
construção do ponto de vista. Qualquer dado desconec-
tado da argumentação, ainda que seja importante, não tem
Competência 1 - Demonstrar domínio da
relevância nenhuma para a dissertação, pois não ajuda a con-
modalidade escrita formal da língua portuguesa vencer o leitor a respeito do posicionamento do autor.
A primeira competência do Enem verifica se o aluno é ca-
paz de compor um texto sem problemas de construção Competência 3 - Selecionar, relacionar,
sintática e sem desvios (gramaticais, de convenções organizar e interpretar informações,
da escrita, de escolha de registro e de escolha vo-
cabular). Em outras palavras, é preciso cuidar tanto dos
fatos, opiniões e argumentos em
aspectos fonológicos e morfossintáticos da escrita – como defesa de um ponto de vista
acentuação, ortografia, pontuação, concordância e regên- De modo geral, a terceira competência do Enem avalia o pro-
cia – como dos aspectos de adequação vocabular à norma jeto de texto do aluno, observando se os argumentos apre-
padrão da língua portuguesa, o que significa evitar gírias, sentados realmente comprovam a tese defendida. Segunda
marcas da oralidade, vocabulário impreciso, entre outros. a cartilha, trata-se da “forma como você, em seu texto,
seleciona, relaciona, organiza e interpreta informa-
Competência 2 - Compreender a proposta ções, fatos, opiniões e argumentos em defesa do
ponto de vista escolhido como tese.”
de redação e aplicar conceitos das várias
áreas de conhecimento para desenvolver Muitas vezes, no projeto de redação, os alunos possuem um
posicionamento e também argumentos correspondentes ao
o tema, dentro dos limites estruturais do seu ponto de vista. No entanto, na hora de compor o texto,
texto dissertativo-argumentativo em prosa muitos deles têm dificuldade de organizar os parágrafos e de
Essa competência avalia se o aluno é capaz de construir explicar as informações que sustentam a tese. Nesse caso, a
um texto dissertativo-argumentativo, isto é, um texto com má seleção, explicação e distribuição dessas informações en-

41
tre os parágrafos – e também dentro deles – prejudica a com- A quinta competência do Enem avalia se o texto do aluno
preensão geral da dissertação, ou seja, o corretor não con- apresenta uma proposta de intervenção para o proble-
segue entender o raciocínio que o aluno desejou apresentar. ma levantado. Por isso, é fundamental que esse problema
esteja discutido na tese e nos argumentos, a fim de que
Competência 4 - Demonstrar conhecimento a intervenção a ser proposta esteja coerente com o as-
dos mecanismos linguísticos necessários sunto abordado e realmente apresente uma solução
para o problema exposto no texto.
para a construção da argumentação
A quarta competência do Enem avalia os mecanismos de Além disso, é imprescindível que a proposta de intervenção seja
coesão do texto. Em outras palavras, trata-se da forma como completa. Isso significa dizer que ela deve contemplar quem
o aluno realiza as conexões entre as partes de sua redação a serão os atores sociais responsáveis pela solução de acordo
fim de garantir uma sequenciação coerente do seu raciocínio. com o âmbito que ela demanda: individual, familiar, comunitá-
rio, social, político, governamental e mundial. Do mesmo modo,
Nesse sentido, o aluno é avaliado pela forma como ele re- é preciso detalhar qual será essa ação e qual será o meio de
aliza o encadeamento de suas ideias, seja por meio do uso sua execução, incluindo também quais são os resultados que
conjunções, pronomes, preposições, advérbios e locuções ela pode gerar com relação ao problema discutido. Ademais,
adverbiais; seja pela articulação da própria estrutura textu- é fundamental detalhar ao menos 1 desses elementos
al. O grande objetivo é observar se o aluno conhece os me- para que a intervenção seja completa.
canismos de coesão “que garantem a conexão de ideias
tanto entre os parágrafos quanto dentro deles”. Nesse sentido, recomenda-se que o aluno apresente inter-
venções mais concretas, mais factíveis e mais próxi-
mas da realidade brasileira. As generalizações acerca
Competência 5 - Elaborar proposta de dos “verdadeiros responsáveis” pelos problemas ou as so-
intervenção para o problema abordado, luções muito gerais, como “é preciso investir na educação”
respeitando os direitos humanos devem ser evitadas.

PLANEJAMENTO DE TEXTO

ETAPAS coletânea de textos que são fundamentais para a compre-


ensão do direcionamento proposto pela banca. Assim, é
possível afirmar que um mesmo assunto pode abran-
Análise do recorte temático ger diferentes recortes.
Pode parecer desnecessário dedicar alguns minutos para
refletir sobre a dimensão do recorte temático numa pro- Leitura da coletânea
posta de redação, dado que a identificação desse fator não A primeira leitura da coletânea tem como objetivo compre-
se revela tão complicada para muitos alunos. Contudo, é ender atentamente o tema abordado no exame. É a partir
muito comum que alguns candidatos se percam ao desen- dessa primeira leitura que o aluno começa a definir seu
volver seu raciocínio, justamente porque não compreende- posicionamento a respeito do tema e o que pode vir a ser a
ram o tema de modo correto, o que gera prejuízos graves, sua tese principal. Nesse momento, é importante realizar
podendo causar a anulação do texto. uma leitura atenta, destacando as informações principais e
analisando a fonte de cada um dos excertos.
Em vista disso, é fundamental compreender a diferença en-
Em seguida, é preciso relacionar as informações dadas
tre assunto e recorte temático. Embora as palavras possam
pela coletânea. Ou seja, o aluno deve avaliar os posicio-
ser sinônimas em alguns contextos, é necessário diferenciar namentos dos autores, analisar criticamente os dados
esses conceitos quando se trata de uma redação de vesti- de infográficos e verificar como todas essas informações
bular. O assunto pertence a uma instância mais ampla aparecem no meio social abordado. O aluno pode criar
de determinada questão, mais genérica, mais aberta e que orações que ilustrem a reflexão gerada a partir dessas
engloba uma infinidade de debates diferentes. O recor- análises. De todo modo, é fundamental que os textos
te temático, por sua vez, pressupõe um direcionamento, sejam avaliados em conjunto, pois eles constituem a base
uma especificidade e, na maior parte das vezes, possui uma da abordagem temática proposta na prova.

42
O aluno deve relacionar as informações lidas com a ora- não esteja confiante em relação a uma das ideias desen-
ção-tema orientadora do exame, habitualmente apresen- volvidas, é melhor não arriscar: esses elementos devem
tada na maior parte dos vestibulares do país. Caso essa ficar de fora. É preferível prezar pela clareza, objetividade
oração seja uma pergunta, é indispensável que a redação e coerência dos argumentos do que pela ousadia ou pelo
forneça uma resposta. risco na hora de escrever.

Brainstorm A importância da seleção


O segundo passo da elaboração consiste na realização de
cuidadosa do projeto de texto
um brainstorm, ou seja, uma tempestade de ideias acerca do A contradição é uma das consequências óbvias de um
tema, que pode ser feita depois ou durante uma segunda lei- texto mal planejado. Isso ocorre quando, no mesmo texto,
tura da coletânea. Nesse momento, é necessário anotar tudo é possível identificar duas ideias distintas sendo igualmen-
aquilo que vier na cabeça: exemplos, analogias, compara- te defendidas. Outra evidência do mal planejamento é a la-
ções, citações, definições, ilustrações, etc. Essas ideias podem cuna argumentativa, um problema textual que consiste
ser organizadas em pequenas orações que ajudarão o aluno no mal desenvolvimento de ideias. Por exemplo: iniciar o
a construir uma visão mais clara do conjunto. texto com uma referência que não terá qualquer relação
com o conteúdo abordado nas linhas seguintes.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO Estratégias para organizar


O aluno dispõe de muitos elementos para determinar seu o planejamento
projeto depois de realizadas as etapas anteriores. Agora, a O projeto pode ser feito com uma lista organizada ou
tarefa é selecionar apenas aquilo que entrará no corpo do com um mapa mental com o conteúdo por parágrafo a
texto e organizar esse conteúdo em parágrafos. Para isso, ser desenvolvido. Para iniciá-lo, é preciso retomar as ideias
considere os critérios abaixo na ordem que seguem: desenvolvidas ao longo do brainstorm ou ainda recorrer
a algumas perguntas básicas para a formação do pensa-
ƒ Selecione os argumentos que apresentem uma relação
mento crítico.
mais direta com a tese a ser desenvolvida e com a te-
mática abordada nos textos motivadores. Para garantir o projeto ideal, é importante definir es-
tratégias para o início do texto que deverão nortear o per-
ƒ Selecione os argumentos que tenham uma melhor sus-
curso até a conclusão.Esse fator preservará o paralelismo
tentação: exemplos, argumentos de autoridade, dados
introdução-conclusão. A partir das ideias desenvolvidas
históricos, comparações, etc.
no brainstorm, é possível tentar definir qual será a ideia
ƒ Selecione os argumentos que possam ser embasados inicial e como ela será retomada ao longo do texto.
por alguma teoria (sociológica, filosófica).
Com a estratégia definida, é preciso estruturar o proje-
É importante lembrar que deve ser escolhido para o texto to ou o mapa de ideias, buscando reservar um destaque
o que estiver mais bem sustentado pelos argumentos e/ central ao tema em discussão, o qual deve ser desenvol-
ou o que for mais fácil e mais seguro de redigir. Caso o vido ao longo da análise e reflexão, até que se chegue à
aluno não tenha certeza de algum exemplo ou citação, e tese a ser defendida.

INTRODUÇÃO

As principais funções da introdução são apresentar o


tema ao leitor, anunciar o direcionamento e criar Contextualização
empatia com o leitor.
Em sua obra “O cortiço”, publicada em 1890, o escritor Aluísio
Azevedo retrata parte da população pobre do Rio de Janeiro
Composição da introdução obrigada a viver em espaços aglomerados e a pagar altos alu-
A estrutura da introdução pressupõe duas partes. Uma
guéis por essas habitações. No livro, mesmo as personagens
mais geral, que situa o leitor a respeito do assunto (con-
que trabalhavam horas a fio não possuíam situação financeira
textualização); e uma mais específica, responsável por
apresentar a perspectiva adotada pelo autor diante daque- suficiente para habitar outros espaços com condições mínimas
le tema (direcionamento). Observe os exemplos: de dignidade.

43
na introdução. A citação pode ser de um personagem da
Direcionamento literatura, de uma canção popular, de um poema, e até
mesmo, de um artigo de lei. A única restrição é selecio-
Na contemporaneidade, de modo análogo, o acesso à moradia
nar essas fontes por meio do bom senso.
digna para as classes baixas nas cidades continua a ser prati-
camente inviável, seja em razão da irresponsabilidade do Esta-
do ao negligenciar esse direito, ou da especulação imobiliária Desconstrução do senso comum
que se apropria ferozmente dos espaços urbanos. A redação também pode ser introduzida com a contesta-
ção de conceitos generalizantes a respeito do tema. Nes-

ESTRATÉGIAS DE INTRODUÇÃO se modelo, apresenta-se um discurso próprio do senso


comum que, em seguida, é invalidado pelos argumentos
do autor. Em outros termos, trata-se de apresentar de uma
Apresentação da questão questão que parece ser coerente, e na sequência, exibir as
razões que a tornam equivocada.
Esse modelo de introdução, usado por muitos alunos, é um
dos mais seguros para os que possuem mais dificuldade
de iniciar a redação. Ele pode ser iniciado por afirmações,
declarações gerais e até mesmo exemplos a respeito do as-
ELABORAÇÃO DA TESE
sunto, seguidos de exposição da problemática que envolve A tese representa o direcionamento da abordagem que será
o tema e, finalmente, a tese do autor. feita ao longo do texto. Ela funciona como um norte, como
o posicionamento central a ser defendido. E, para que essa
opinião fique muito clara para o leitor, é fundamental que a
Uso de imagens frase esteja apresentada – de modo muito claro – no primei-
Esse modelo consiste em apropriar-se de uma imagem/ ro parágrafo.
metáfora que, de alguma forma, relacione-se com o as- Nos exames cuja oração-tema é constituída por uma per-
sunto em questão. Trata-se de selecionar uma imagem gunta, a tese deve ser uma elaboração síntese da resposta a
(dentro de um universo simbólico) que conduzirá o ra- essa questão. Não se trata de respondê-la de modo escolar,
ciocínio a ser construído. mas é preciso construir um período que apresente um po-
sicionamento claro sobre a pergunta realizada. Nos outros
Essa imagem pode ser uma história, uma anedota, um di-
casos, a tese deve resumir a opinião do autor diante da ora-
to-popular, isto é: algo que aparentemente não se relacio-
ção-tema oferecida, podendo inclusive ser elaborada a partir
na com o tema, mas que é usado como forma de construir
da recombinação das palavras presentes na oração tema.
uma analogia.

Dados históricos Tipos de tese


O uso de dados históricos é um dos modelos mais usados Tese analítica
na redação, justamente por ser uma forma segura de iniciar Também conhecida como tese organizadora, esse é o
o período. No entanto, é preciso ter cuidado: a informação modo de formulação de tese no qual são apresentados os
deve estar diretamente relacionada com o tema e deve ser argumentos a serem defendidos ao longo do texto. Trata-se
usada apenas para introduzir a questão. Muitas vezes, al- da formulação de um período que descreva resumidamente
guns alunos exageram nos detalhes históricos e esquecem a articulação dos argumentos apresentados no segundo e
o objetivo principal, deixando a introdução longa e tediosa. no terceiro parágrafo. Não é necessário apresentar muitos
detalhes de cada um deles, já que as justificativas serão es-
Uso de citações pecificadas nos parágrafos seguintes.

Esse é um dos modelos de introdução mais presentes nas


melhores redações do Enem. No entanto, a recomendação
Tese sintética
é a mesma do uso de dados históricos: a citação só deve Esse modelo de formulação também é conhecido como
entrar se estiver diretamente conectada ao tema. É funda- tese sugestiva, uma vez que sua principal característi-
mental evitar as velhas citações que podem servir aos mais ca é anunciar o posicionamento sem fazer referência aos
variados assuntos, já que – por serem usadas tantas vezes argumentos a serem desenvolvidos. Baseia-se apenas na
– não despertam nenhum interesse no leitor da redação. construção de um período síntese que oferece o direciona-
mento a ser defendido pelo autor do texto e costuma ser
No entanto, não é preciso se prender aos maiores no- comum entre as redações que pressupõem uma resposta
mes da filosofia e da sociologia para garantir o sucesso à pergunta em alguns temas de redação mais reflexivos.

44
Recomendações para a b. Tecer julgamentos positivos ou negativos: As
estratégias desenvolvidas pelo Ministério da Saú-
elaboração de uma tese
de não funcionam. A medida de incluir a leitura
Para facilitar a composição de sua tese, são recomendadas nos presídios é um grande acerto.
algumas estratégias:
c. Empregar adjetivos: Esse problema ainda ocor-
a. Compor definições próprias a partir do uso de re em razão de políticas públicas ineficazes do
verbos de ligação: A rede social passou a ser o uso problemático das verbas privadas.
novo ópio da modernidade. / As pautas identitá-
rias também se tornaram mercadorias. / A cultura d. Verbos no presente: A questão ambiental per-
manece à mercê da iniciativa privada e da ausên-
de massa está morta.
cia de políticas do Estado.

ESPECIFICIDADES DA FUVEST E DA VUNESP

ESPECIFICIDADES FUVEST Posicionamento


De acordo com último manual do candidato da Fuvest, a Assim como o Enem, a Fuvest exige que o candidato ela-
bore um posicionamento a respeito do tema abordado e
prova de redação exigia “uma dissertação de caráter ar-
discuta tais reflexões a partir de argumentos. Para tanto,
gumentativo, na qual se espera que o candidato, visando
convém ressaltar que esses argumentos não devem ser
sustentar um ponto de vista sobre o tema, demonstre ca-
meramente expositivos: eles só fazem sentido se estiverem
pacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões; argu-
alinhados ao ponto de vista adotado. Como a presença
mentar de forma coerente e pertinente; de articular efi-
de informações aleatórias e desconectadas da elaboração
cientemente as partes do texto e expressar-se de modo
de um raciocínio lógico implica na penalização da nota, é
claro, correto e adequado.”
interessante caprichar no projeto de texto e segui-lo rigida-
mente, evitando a inclusão de informações desnecessárias.
O conceito de autoria
A Fuvest, assim como o Enem, valoriza a elaboração de Formato do recorte temático
textos em que a noção de autoria possa ser reconhecida.
Caso a prova seja composta por um questionamento no re-
Ou seja, o aluno deve fugir de estruturas pré-fabricadas
corte temático, é fundamental que o texto do aluno procure
e deve mostrar que possui competência para elaborar um
elaborar reflexões respondendo à indagação, ainda que para
texto argumentativo a partir de suas próprias reflexões e
isso seja necessário tecer hipóteses e fazer ressalvas – isto é,
dos textos abordados na coletânea. Além disso, o concei-
expor a legitimidade de posicionamentos contrários. Só não
to de autoria também se estende à noção de repertório.
vale “ficar em cima do muro”, nem levar a discussão para
A Fuvest determina que o candidato não se prenda apenas
longe, abandonando a pergunta inicial.
aos textos da coletânea, mas que consiga articular o texto
com um repertório pessoal de exemplos e de reflexões. Nes-
se ponto, o mais importante é a capacidade de relacionar o Valorização da reflexão
tema abordado com elementos pertinentes ao assunto e que De modo geral, o vestibular da Fuvest valoriza muito a capa-
a reflexão seja bem construída. cidade de reflexão do aluno, já que poucas de suas pro-
postas contemplaram temas polêmicos ou aguardados nos
Filosofia e vida em sociedade grandes vestibulares. Além disso, não se costuma adotar um
modelo padrão de apresentação da coletânea: ela pode ser
A introdução da filosofia nas propostas de redação não
composta de excertos de gêneros diferentes – texto jorna-
representa uma limitação ou uma abordagem ampla des-
lístico, texto filosófico, texto literário, verbetes, entre outros;
conectada de exemplos concretos. Ao contrário disso, o
pode ser feita com apenas um texto filosófico –, ou pode ser
desafio proposto pela Fuvest é de que o candidato encon- projetada a partir de textos não verbais. É importante que o
tre exemplos e conceitos reais que permitam compreender candidato esteja preparado para lidar com qualquer modelo
determinado princípio filosófico. de proposta de redação.

45
Tendo em vista esse cenário, a solução mais adequada é Assim como a Fuvest, a Vunesp elabora sua prova com base
treinar bastante a reflexão a partir dos textos e também em CONCEITO DE AUTORIA, PERGUNTA-TEMA e NÃO EXI-
caprichar na construção de um repertório pessoal, uma GÊNCIA DE PROPOSTA DE INTERVENÇÃO. Além disso, é
vez que o candidato pode encontrar um tema sobre o qual fundamental conhecer outras características da prova.
nunca se debruçou, e, portanto, não possui um posiciona-
mento definido. Padrão de coletânia
Diferentemente da Fuvest, a Vunesp possui um modelo pa-
Apresentação direta dronizado de apresentação da proposta. Ele consiste na
da problemática seleção de dois a cinco textos que servem de auxílio para
Não é recomendável que o candidato perca tempo apre- a compreensão do tema e para a elaboração dos argu-
sentando ideias gerais sobre o assunto e demore para ini- mentos pelo candidato. Como a maior parte desses excer-
ciar a discussão da problemática apresentada. As redações tos é proveniente do meio jornalístico, entende-se que as
que já trazem na introdução a posição do autor costumam propostas da VUNESP dialogam com temas em constante
ser bem avaliadas. Quanto mais cedo as contradições são debate na mídia, o que facilita a construção dos argumen-
expostas e o senso crítico aparece, mais linhas o candidato tos. No entanto, é importante saber interpretar todos os
tem para argumentar a favor de seu ponto de vista. gêneros textuais: quadrinhos, charges, textos filosóficos,
poemas, etc., pois algumas coletâneas podem ser compos-
tas de diferentes tipos de texto.
Não exigência de proposta
de intervenção Análise de diferentes pontos de vista
A Fuvest não exige uma proposta de intervenção para as
Os excertos escolhidos pela Vunesp costumam apresentar
discussões apresentadas na prova de redação, até mesmo
pontos de vista divergentes sobre o assunto em questão. Essa
porque seus temas não se vinculam necessariamente a um
problema cuja resolução esteja ao alcance de diferentes escolha não é aleatória: ela induz o candidato a criar argumen-
setores, como esperado no Enem. Caso seja pertinente e tos que sejam capazes de corroborar ou contestar os posicio-
esteja em consonância com a argumentação construída, namentos apresentados na coletânea, fazendo – sobretudo
em alguns temas específicos o candidato pode sugerir in- – o uso de ressalvas. Sendo assim, é importante observar se
tervenções em diferentes níveis. os argumentos escolhidos para sustentar a tese já não estão
“invalidados” por um desses excertos da coletânea.

ESPECIFICIDADES VUNESP Abordagem contemporânea


A redação da Vunesp exige uma “dissertação em prosa na As propostas da VUNESP costumam trabalhar com temas
norma padrão da língua portuguesa, a partir da leitura de de diferentes áreas do conhecimento – social, econômica,
textos auxiliares, que servem como um referencial para am- política, comportamental, etc. Entretanto, esses temas sem-
pliar os argumentos produzidos pelo próprio candidato. Ele pre se referem a discussões de caráter atual. Por isso, uma
deverá demonstrar domínio dos mecanismos de coesão e boa dica é estar antenado aos assuntos que permeiam o
coerência textual, considerando a importância de apresen- debate contemporâneo no Brasil e no mundo, conhecendo
tar um texto bem articulado.” as fontes de onde os excertos costumam ser extraídos.

PARÁGRAFO PADRÃO E TÓPICO FRASAL

PARÁGRAFO PADRÃO sua unidade. A maior parte dos parágrafos confusos são
aqueles que se propõem a discutir – num mesmo espaço
Na dissertação argumentativa, parágrafo padrão é a uni- – dois ou três assuntos diferentes, prejudicando a com-
dade composta por vários períodos na qual se desenvolve preensão geral do texto, sobretudo por apresentarem
uma ideia central. Ele deve conter apenas um assunto, grandes saltos temáticos.
pois é justamente a centralidade da ideia que garante

46
TÓPICO FRASAL O uso da afirmação/declaração é o principal modo de
empregar tópico frasal. Trata-se de uma ideia do autor que
Chama-se tópico frasal o período-síntese que anuncia a orientará o parágrafo. Por se tratar de uma declaração ge-
ideia a ser desenvolvida no parágrafo. Ele deve ser curto ral, deve ser redigida por períodos argumentativos,
e conciso, e deve sempre pressupor explicações. Outro de- isto é, períodos que contenham julgamentos, avaliações,
talhe importante: em boa parte dos empregos eles estão ou definições do próprio autor que, obrigatoriamente, exi-
acompanhados de conjunções que fazem a conexão com jam explicações.
o parágrafo anterior.

ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS

Explicação Narração
A explicação é uma estratégia argumentativa articulada Os processos argumentativos também podem ser encade-
em duas etapas sequenciais. A primeira vale-se do tópi- ados por meio da construção de uma narrativa. Em termos
co frasal para fazer uma declaração do posicionamento mais claros, ocorre quando se recupera uma história/um
do autor. Em seguida, no desenvolvimento, é necessário caso, com seus personagens, localidades e vínculos tem-
complementar a informação, explicando o motivo dos porais. Para que não haja confusões entre o entendimento
fatos anteriormente apresentados. Em outros termos, tra- do que é uma narração e, por exemplo, uma descrição ou
ta-se de uma elucidação mais ampla das causas do que exemplificação, é necessário lembrar desses três pontos:
se afirma no tópico frasal. É importante destacar também I. O processo narrativo configura um conjunto de altera-
que a explicação do tópico frasal geralmente vem acom- ções de situações referentes a personagens determinadas.
panhada de outras estratégias que constituem o repertó- Essas personagens podem ser unitárias ou coletivas (po-
rio do aluno, como exemplificações ou citações. de-se ter um indivíduo sobre o qual se conta algo, como
o prefeito de São Paulo, ou uma personagem coletiva,
Exemplificação como a sociedade ou os jovens da geração 2000).
Outra estratégia interessante de desenvolvimento do tó- II. A história dessa(s) personagem(ns) precisa(m) estar
pico frasal é a exemplificação. O movimento consiste em vinculada(s) a uma temporalidade precisa e a um espaço
apresentar uma afirmação geral mais simples para, na se- bem configurado. A narrativa é um texto figurativo que vai
quência, realizar uma prova dessa afirmação por meio de compor um argumento concreto de seu texto.
exemplos que sustentem o tópico. III. Toda história possui uma progressão temporal (eventos
anteriores, concomitantes e posteriores). Aqui, é essencial sa-
Dados estatísticos / científicos ber manipular os elementos verbais, inclusive para que seja
possível organizar a disposição desses eventos em ordens
O desenvolvimento do tópico frasal também pode ser re-
variadas, de acordo com a necessidade imposta pelo tema.
alizado por meio de dados estatísticos / científicos. Essa
estratégia requer um pouco de cautela, pois não se reco-
menda que o estudante forneça dados estatísticos de sua Contra-argumentação
memória, principalmente se não há certeza sobre as fontes A contra-argumentação é uma estratégia argumentativa
de obtenção. A principal recomendação é que o texto repli- que consiste em apresentar um argumento oposto ao seu,
que dados fornecidos pela própria coletânea de textos que para depois questioná-lo, desconstruí-lo ou condená-lo.
acompanha a proposta de redação.

47
PROPOSTA DE REDAÇÃO – A AUTOMEDICAÇÃO NA SAÚDE BRASILEIRA
ACERVO
TEXTO I
Pesquisa mostra que 77% dos brasileiros têm o hábito da automedicação
Prática é considerada de alto risco à saúde em razão dos efeitos negativos que
os medicamentos podem provocar quando não há prescrição médica
Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, a pedido do Conselho Federal de Farmácia (CFF), constatou que a automedicação é um hábito comum
a 77% dos brasileiros. Quase metade (47%) dos entrevistados disse que toma remédio por conta própria pelo menos uma vez por mês. Um quarto
(25%) faz isso todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Especialistas alertam que, quando usado de forma errada, o medicamento pode provo-
car danos graves à saúde, como lesões nos rins, hemorragia digestiva, hepatite medicamentosa, dependência e, em caso extremo, pode levar à morte.
“A automedicação é um problema de saúde pública no Brasil. A busca pela cura imediata e a facilidade para adquirir medicamentos são fatores
que estão relacionados com essa prática”, afirma Dimas dos Santos Rocha Júnior, docente da área de saúde e bem-estar do Senac Itapetininga e
formado em farmácia e bioquímica.
Ainda segundo a pesquisa, familiares, amigos e vizinhos foram citados como os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem
prescrição médica. “O medicamento que é bom para o vizinho ou algum parente pode não surtir o mesmo efeito em outra pessoa. Pode, inclusive,
fazer mais mal do que bem”, adverte Dimas. Ele alerta que a automedicação pode, ainda, mascarar os sintomas e dificultar o diagnóstico correto.
Um levantamento feito com base nos atendimentos realizados pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) da Unicamp, em
Campinas, em 2017, concluiu que o consumo de remédios foi responsável por 33% dos casos de intoxicação naquele ano. Isso representava mais
que o dobro dos atendimentos por picadas de animais peçonhentos e consumo de produtos químicos. De acordo com o docente, outros estudos
indicam resultados semelhantes e igualmente preocupantes.
Neste caso, Dimas avalia que o papel do farmacêutico e do atendente de farmácia é fundamental para orientar e minimizar os riscos de intoxicações
severas decorrentes do consumo de medicamento sem prescrição médica. Segundo o docente, em um cenário bastante competitivo, como é o
ramo farmacêutico, a qualidade do atendimento é o diferencial. “Orientar corretamente o cliente, com ética e responsabilidade, pode ser um fator
preponderante no esforço para diminuir o hábito perigoso da automedicação”, afirma.

HTTP://OLAITAPETININGA.COM.BR/PESQUISA-MOSTRA-QUE-77-DOS-BRASILEIROS-TEM-O-HABITO-DA-AUTOMEDICACAO/ (03.03.2020)

TEXTO II
Os perigos do autodiagnóstico e da automedicação por pesquisas no Google
Quem nunca se automedicou? A prática é muito comum, principalmente quando surgem sintomas considerados simples pelo paciente, como
coceiras e dores no corpo. A saída é quase sempre perguntar às pessoas mais próximas, principalmente aos mais velhos, referências de remédios
que possam aliviar os incômodos. Mas, na era digital, os conselhos dos mais experientes começam a perder espaço para a ferramenta de busca na
internet: o Google. Uma pesquisa britânica divulgada recentemente mostrou que 25 por cento das mulheres na Inglaterra utilizam o Google como
pesquisa para autodiagnóstico. Os perigos dessa prática são diversos: desde efeitos colaterais até a piora no quadro da doença.
O gerente de Monitoramento e de Fiscalização de Medicamentos da Anvisa, Tiago Rauber, alerta para os riscos da automedicação. ”A automedi-
cação é um tipo de prática não recomendada por nenhuma autoridade de saúde no Brasil. Esse tipo de prática acarreta uma série de riscos como,
por exemplo, você mascarar os sintomas de uma doença, e ter uma dificuldade de diagnosticar corretamente, futuramente essa enfermidade. Pode
acarretar também, maior número de intoxicações. Além do mais, temos a questão de você não fazer realmente o tratamento efetivo daquela en-
fermidade. Então, todos esses elementos corroboram a tese de que essa é uma prática altamente perigosa, e que temos tido resultados bastante
complicados”, alerta Tiago.
O gerente da Anvisa, Tiago Rauber, destaca que o uso de medicamento precisa sempre ser acompanhado por um profissional de saúde. ”Qualquer
sintoma, qualquer problema, por mais simples que seja, ele pode ser o início de um diagnóstico de uma enfermidade mais complexa. Então, todo
tipo de sintoma necessita um atendimento de um profissional habilitado, de um médico. Medicamento não é um bem de consumo qualquer, não é
uma caneta, não é uma camiseta. Medicamento tem uma série de benefícios, mas ele também tem riscos”, ressalta o gerente.
Tiago Rauber alerta ainda para os riscos do estoque de medicamentos em casa, a chamada farmacinha caseira que se forma pelo uso indiscrimina-
do de remédios. Além dos riscos da automedicação, essa prática pode levar a pessoa a ingerir o medicamento vencido, o que piora ainda mais os
sintomas de quem fizer uso do remédio.
HTTP://WWW.BLOG.SAUDE.GOV.BR

48
TEXTO III
Conforme a própria definição, a publicidade influência o julgamento de usuários e prescritores sobre medicamentos. Vários estudos têm demons-
trado que propagandas são empregadas como fonte de informação pelos prescritores, sendo consideradas determinantes da prescrição (LEXCHIN,
2002; JONES, 2001). Dentre as intervenções fundamentais para se promover um uso mais racional destes produtos, proposta pela Organização
Mundial de Saúde, estão à informação independente sobre medicamentos e a regulamentação da promoção de medicamentos a fim de assegurar
que a mesma seja ética e imparcial. Todas as informações utilizadas para promover um medicamento devem ser precisas, verídicas, informativas,
atuais e comprováveis (OMS, 2002). Diversos estudos visando à análise da qualidade de peças publicitárias, em diferentes veículos de comunicação,
têm sido realizados considerando as regulamentações e recomendações internacionais.

“ANÁLISE DA PUBLICIDADE DE MEDICAMENTOS VEICULADA EM GOIÁS - BRASIL” REVISTA ELETRÔNICA DE FARMÁCIA VOL 2(2), 80-86, 2005. ISSN 1808-0804

TEXTO IV
Centro de Informação Toxicológica orienta sobre
uso racional de medicamentos
A automedicação e uso indiscriminado de medicamentos são apontados como os principais responsáveis pelos altos índices de intoxicação. Para
alertar e conscientizar a população, 5 de maio foi estabelecido como o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos. O Centro de Informação
Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS) realizou, nos últimos cinco anos (2014 a 2018), em torno de 120 mil atendimentos, sendo 36 mil (30%)
envolvendo medicamentos. Os dados indicam que, de cada três casos atendidos no serviço, um envolve medicamento.

Do total de ocorrências registradas pelo CIT no período, crianças menores de seis anos ocupam a primeira posição em número de atendimentos,
respondendo por cerca de 30 mil (25%). Nesta faixa etária, o pico máximo das intoxicações ocorreu em crianças de dois anos e a grande maioria
foi pela ingestão acidental ou inadequada de medicamentos.

“É importante que os pais ou responsáveis adotem medidas simples de cuidados e prevenção para que ocorra uma redução do número de acidentes
tóxicos com crianças”, alerta o médico toxicologista do CIT, Carlos Augusto Mello da Silva. De acordo com ele, as crianças são vulneráveis à intoxi-
cação por medicamentos via ingestão acidental. Por segurança, eles devem estar longe do alcance das crianças e, de preferência, armazenados em
locais fechados e chaveados.

Recomenda que não sejam colocados em “mesinhas de cabeceiras” ou gavetas de armários abaixo de 1,5m. Lembra também que, ao medicar uma
criança, não se deve dizer que é bala ou guloseima. Destaca a importância do uso da dosagem adequada. “Uma criança não é um meio adulto. As
doses pediátricas são precisas e levam em consideração aspectos como o peso. Nem todo medicamento para adultos pode ser utilizado por crianças.”

O médico orienta que, no caso de suspeita de intoxicação ou de reações adversas, o usuário deve relatar imediatamente ao profissional de saúde
que lhe receitou o medicamento ou buscar orientação junto ao CIT/RS. O serviço funciona há 42 anos, 24 horas por dia, sete dias na semana. O
atendimento, prestado exclusivamente por telefone pelo número 0800-7213000, é gratuito e dá as primeiras orientações.

Idosos
Os cuidados também devem ser intensificados com pessoas idosas e que já apresentam problemas de visão e de memória. O objetivo é prevenir
confusões com o uso da medicação. “Uma forma de ajudar é etiquetar o medicamento com indicações de dosagem, horários de administração e
modo de usar. Também é importante observar o momento em que o idoso não tem mais condições de administrar sozinho sua medicação. Nesses
casos, o ideal é delegar essa tarefa para um cuidador ou familiar”, avalia o médico. Segundo ele, os casos de intoxicação entre idosos vem crescendo
com o aumento da longevidade desta população.
Ele alerta que as intoxicações por medicamentos atendidas no CIT/RS incluem anticonvulsivantes, drogas de efeito no sistema nervoso central,
ansiolíticos e drogas para melhorar o estado de humor. Mas também remédios mais populares, como os analgésicos. Usar medicamento em dose
superior à recomendada pelo médico ou até mesmo não prescrito aumenta as chances de reações adversas. Os efeitos no organismo podem levar à
intoxicação e causar vários tipos de reações que variam de leves alergias até a morte. “Doses terapêuticas preconizadas para melhorar os sintomas
são seguras. As acima da recomendação, que excedem à dose terapêutica diária, ampliam as chances de reações adversas. As muito acima do
preconizado são consideradas overdose e são tóxicas ao organismo”, explica o toxicologista.

Uso Racional
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há uso racional quando pacientes recebem medicamentos para suas condições clínicas em
doses indicadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. O uso irracional ou ina-
dequado é um dos maiores problemas em nível mundial. A OMS estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados
ou vendidos de forma inadequada e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente.

49
Silva cita a automedicação como uma das principais causas de intoxicação ou reações adversas entre adultos. “Não devemos tomar uma medicação
porque fez bem a um amigo ou a uma vizinha. A medicação é individualizada e o médico assistente considera a situação de saúde de cada pessoa,
doenças preexistentes e medicamentos que o paciente já utiliza para evitar interação medicamentosa.” O toxicologista alerta que a automedicação
pode também mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico e o consequente tratamento adequado. “Doenças diferentes podem apresentar alguns
sintomas similares.”

HTTPS://JORNALBOMDIA.COM.BR/NOTICIA/29645/CENTRO-DE-INFORMACAO-TOXICOLOGICA-ORIENTA-SOBRE-USO-RACIONAL-DE-MEDICAMENTOS (07.05.2019)

TEXTO V
O risco da automedicação, uma prática comum entre os brasileiros
Estudo aponta que 77º dos brasileiros se automedicaram nos últimos seis meses. No
Nordeste, 21º dos entrevistados declararam utilizar remédios por conta própria
O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, que foi celebrado no último domingo (5), não condiz com a realidade do Brasil. Uma pesquisa
realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, constatou que 77% dos brasileiros fizeram automedicação nos
últimos seis meses. Entre os menos conscientes da importância de se procurar um profissional especializado estão os moradores da região Nordeste,
onde apenas 21% dos entrevistados declaram não utilizar medicamentos por conta própria, sem prescrição.

Na última semana, entidades ligadas à ONU publicaram relatório alertando que o uso excessivo de medicamentos pode levar a dez milhões de mor-
tes por ano até 2050. As entidades apontam problemas ligados aos remédios antimicrobianos, entre os quais estão antibióticos, antivirais, antifún-
gicos e antiprotozoários. De acordo com uma das diretoras do Conselho Regional de Farmácia em Pernambuco, Joyce Nunes, o uso indiscriminado
de remédios pode mascarar sintomas relacionados a outras doenças. “Alguns pacientes, às vezes, têm vergonha de perguntar ao médico. Outras
pessoas alegam dificuldade em conseguir uma consulta. Mas, o que muitos não sabem é que toda farmácia tem um farmacêutico devidamente
capacitado para tirar dúvidas e prescrever alguns medicamentos”, explica.

Inédita na história dos conselhos de Farmácia, o levantamento


do CFF investigou o comportamento dos brasileiros
Por meio do estudo foram identificados, também, os medicamentos
mais utilizados pelos brasileiros nos últimos seis meses. É surpre-
endente o alto índice de utilização de antibióticos (42%), somente
superado pelo porcentual declarado para analgésicos e antitérmi-
cos (50%). Empatado com os moradores da região Sul do Brasil,
os nordestinos estão no topo da lista quando o assunto é dúvida
sobre a quantidade ou dose que deveria tomar do medicamento. No
Nordeste, 21% declararam ter esse tipo de incerteza.
A coleta de dados foi feita entre os dias 13 e 20 de março de 2019.
Com uma amostra de 2.074 pessoas, o estudo teve abrangência
nacional, incluindo capitais/regiões metropolitanas e cidades do
Interior em todas as regiões do País. A turismóloga Ana Clarice Ro-
drigues, 32 anos, conta que as circunstâncias da vida adulta foram
fatores importantes para começar a se automedicar. Ela costuma
ingerir analgésicos, anti-inflamatórios, ansiolíticos e até mesmo anti-
bióticos sem prescrição médica.
“Pela correria porque fica mais prático resolver o problema. Consultas
em gerais demoram muito, mesmo com plano de saúde”, comenta.
Contudo, recentemente, ela teve problemas por não consultar um pro-
fissional de saúde. “Tive dores lombares e tomei vários medicamentos
que contêm sódio. Aliado ao estresse fez com que minha pressão des-
regulasse. Atualmente, estou tomando remédios de pressão, passado
pelo cardiologista, para tentar regularizar. Acredito que não tomarei
mais remédios sem antes passar pelo especialista”, afirma.
HTTPS://WWW.FOLHAPE.COM.BR/NOTICIAS/NOTICIAS/COTIDIANO/2019/05/06/
NWS,103959,70,449,NOTICIAS,2190-O-RISCO-AUTOMEDICACAO
UMA-PRATICA-COMUM-ENTRE-BRASILEIROS.ASPX (06.05.2019)

50
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE
A pesquisa foi feita pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e 25% faz todo
dia ou pelo menos uma vez por semana.
HTTPS://G1.GLOBO.COM/BEMESTAR/NOTICIA/2019/05/13/AUTOMEDICACAO-E-UM-HABITO-COMUM-A-77PERCENT-DOS-BRASILEIROS.GHTML (13.05.2019)

II. DADO HISTÓRICO RELEVANTE


No Brasil, até 2010, antes da publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 44/2010, os antibióticos eram vendidos livremente, sem neces-
sidade de retenção de receita médica, em farmácias e drogarias, e muitas vezes vendidos até mesmo sem a prescrição médica. Esta dispensação sem
controle e os casos de resistência bacteriana descritos nos últimos anos colaboraram para elaboração de uma Resolução que obrigasse a retenção de
receita, para que seja realizado um controle maior sobre a possível evolução que as bactérias podem sofrer ao longo dos tratamentos, tornando-se
bactérias mais resistentes a antibióticos
CONTROLE DA DISPENSAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS – PANORAMA ATUAL NO BRASIL. HTTP://WWW.CPGLS.PUCGOIAS.EDU.BR/8MOSTRA/ARTIGOS/SAUDE%20E%20BIOLOGICAS/
CONTROLE%20DA%20DISPENSA%C3%87%C3%83O%20DE%20ANTIBI%C3%93TICOS%20%E2%80%93%20PANORAMA%20ATUAL%20NO%20BRASIL.PDF

III. ARGUMENTO DE AUTORIDADE


O gerente de Monitoramento e de Fiscalização de Medicamentos da Anvisa, Tiago Rauber, alerta para os riscos da automedicação. ”A automedi-
cação é um tipo de prática não recomendada por nenhuma autoridade de saúde no Brasil. Esse tipo de prática acarreta uma série de riscos como,
por exemplo, você mascarar os sintomas de uma doença, e ter uma dificuldade de diagnosticar corretamente, futuramente essa enfermidade. Pode
acarretar também, maior número de intoxicações. Além do mais, temos a questão de você não fazer realmente o tratamento efetivo daquela en-
fermidade. Então, todos esses elementos corroboram a tese de que essa é uma prática altamente perigosa, e que temos tido resultados bastante
complicados”, alerta Tiago.
HTTP://WWW.BLOG.SAUDE.GOV.BR

IV. EXEMPLOS DO COTIDIANO


Em meio à discussão sobre a disposição dos MIPs para fora do balcão, muitas farmácias paulistas, apesar de uma lei aprovada no Estado permitir a
disposição desses medicamentos no autosserviço, os mantêm atrás do balcão.

A Revista do Farmacêutico ouviu profissionais que estão à frente de drogarias e que mantiveram os medicamentos fora do alcance do consumidor,
justamente por entenderem a importância da orientação do farmacêutico.

Sócia-responsável da Drogaria Popular, em Atibaia (SP), dra. Maria Luzia Bondança focou na saúde ao manter sua postura. “Na minha drogaria os MIPs
estão fora do alcance do consumidor e não pretendo mudar isso, apesar da RDC da Anvisa permitir. Os pacientes já se acostumaram a pedir orientação,
perguntam sobre o risco de interação. É uma facilidade a mais para que eu possa informá-los e por conta disso não mudarei meu posicionamento”.
HTTP://PORTAL.CRFSP.ORG.BR/COMPONENT/CONTENT/ARTICLE/268-REVISTA-107/3820-CAPA.HTML

V. CITAÇÃO
Não há nada na natureza que não seja venenoso. A diferença entre remédio e veneno está na dose de prescrição.
PARACELSO, CIENTISTA SUÍÇO DO SÉCULO XVIII.

VI. DIREITOS HUMANOS


A saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no artigo XXV, que define que todo ser humano tem direito a um padrão
de vida capaz de assegurar-lhe e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis. Ou seja, o direito à saúde é indissociável do direito à vida, que tem por inspiração o valor de igualdade entre as pessoas.

No contexto brasileiro, o direito à saúde foi uma conquista do movimento da Reforma Sanitária, refletindo na criação do Sistema Único de Saúde
(SUS) pela Constituição Federal de 1988, cujo artigo 196 dispõe que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a
promoção, proteção e recuperação”.
HTTPS://PENSESUS.FIOCRUZ.BR/DIREITO-A-SAUDE (ACESSO EM03.06.2019)

51
INTERATIVIDADE
LER
• As novas tecnologias da informação e o consumismo em saúde Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 26(8):1473-1482, ago, 2010.
https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/riscos-da-automedicacao-entrevista/
• Automedicação: algumas reflexões sociológicas
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65292001000300008

VER
•https://drauziovarella.uol.com.br/videos/coluna/por-que-tomar-medicamentos-por-conta-propria-e-perigoso-coluna-82/

PROPOSTA ENEM
TEXTO 1
Automedicação é o ato de tomar remédios por conta própria, sem orientação médica. Muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato
de alguns sintomas pode trazer consequências mais graves do que se imagina.

HTTP://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/DICAS/255_AUTOMEDICACAO.HTML

TEXTO 2
Automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros
A pesquisa foi feita pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e 25% faz
todo dia ou pelo menos uma vez por semana.
Quase metade dos brasileiros se automedica pelo menos uma vez por mês e 25% o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Esses
dados fazem parte de uma pesquisa feita pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). De acordo com o estudo, a automedicação é um hábito
comum a 77% dos brasileiros.
As mulheres são as que mais usam medicamentos por conta própria, pelo menos uma vez ao mês – 53%. Familiares, amigos e vizinhos são os
principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição (25%).

HTTPS://G1.GLOBO.COM/BEMESTAR/NOTICIA/2019/05/13/AUTOMEDICACAO-E-UM-HABITO-COMUM-A-77PERCENT-DOS-BRASILEIROS.GHTML (13.05.2019)

TEXTO 3

HTTP://PORTAL.ANVISA.GOV.BR/(ACESSADO EM 03.06.2019)

52
TEXTO 4
Segundo pesquisa do Instituto Hibou, realizada em 2014 com 1.216 moradores do estado de São Paulo, mesmo tendo consciência dos malefícios
da ingestão excessiva ou inadequada, 45% da população acredita que automedicar-se só é prejudicial no caso de remédios identificados com tarja
vermelha ou preta.

HTTP://G1.GLOBO.COM/SP/BAURU-MARILIA/ESPECIAL-PUBLICITARIO/MEDECELL-DO-BRASIL/DESLIGUE-A-DOR/NOTICIA/2016/08/
AUTOMEDICACAO-E-PRATICA-COMUM-EM-MAIS-DE-90-DA-POPULACAO.HTML (08.08.2016)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre
o tema A CULTURA DA AUTOMEDICAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA, apresentando proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.

53
54
INGLÊS

55
OVERVIEW AND ANALYSIS

TIPOS DE PROVAS vocabulário ou gramática. Além disso, os enunciados e


alternativas dessas questões podem ser apresentados em
No Brasil, existem dois tipos de provas de vestibular que português ou inglês.
são comuns: as provas compostas por questões de múltipla
escolha e as provas compostas por questões dissertativas Provas Dissertativas
com respostas em português. Além desses dois casos, é
A principal característica das provas de Inglês dos princi-
comum encontrar provas de somatória e provas com ques-
pais vestibulares é a prevalência de questões que deman-
tões do tipo certo/errado.
dem domínio de vocabulário e leitura de texto. Questões
objetivas sobre gramática são cada vez mais raras. No
Provas de múltipla escolha entanto, três tópicos ainda são muito comuns: Pronomes,
Os vestibulares brasileiros, em sua maior parte apresen- Conectores e Modal Verbs. Estes temas são pedidos exa-
tam questões de múltipla escolha, sendo que elas podem tamente porque sem esse domínio não se faz uma leitura
demandar habilidades de leitura e compreensão de texto, de texto correta neste idioma.

DO YOU UNDERSTAND?
(TEXT INTERPRETATION)

ALGUNS FALSOS COGNATOS ƒ condom (preservativo)


ƒ convict (condenado)
IMPORTANTES ƒ corporate (cabo na hierarquia militar)
ƒ actual (real, verdadeiro) ƒ costume (fantasia)
ƒ actually (na verdade, na realidade, o fato é que) ƒ deception (fraude, falsificação)
ƒ admiral (almirante) ƒ devolve (transferir)
ƒ alias (pseudônimo, nome falso) ƒ diversion (desvio)
ƒ amass (acumular, juntar) ƒ durex (preservativo)
ƒ animus (rivalidade) ƒ eventually (finalmente, por fim)
ƒ anthem (hino) ƒ exit (saída, sair)
ƒ appoint (nomear, indicar) ƒ fabric (tecido)
ƒ argument (discussão, debate) ƒ grip (agarrar algo firmemente)
ƒ beef (carne bovina) ƒ hospice (albergue)
ƒ braces (aparelho dental) ƒ idiom (expressão idiomática)
ƒ collar (gola) ƒ ingenious (engenhoso)
ƒ college (faculdade) ƒ inhabitable (habitável)
ƒ commodity (mercadoria) ƒ injury (ferimento)
ƒ comprehensive (abrangente, extenso, amplo) ƒ interest (juros)
ƒ compromise (entrar em acordo, fazer concessão, acordo) ƒ lecture (palestra, aula)

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ƒ library (biblioteca) ƒ realize (perceber)
ƒ lunch (almoço) ƒ requirement (requisito)
ƒ mayor (prefeito) ƒ retired (aposentado)
ƒ novel (romance escrito) ƒ retribution (represália, punição)
ƒ office (escritório) ƒ scholar (erudito)
ƒ parents (pais) ƒ sensible (sensato)
ƒ phony (trapaceiro , mau caráter) ƒ service (atendimento)
ƒ prejudice (preconceito) ƒ support (appoiar, apoio)
ƒ preservative (conservante) ƒ tax (imposto)
ƒ private (recruta) ƒ tenant (inquilino)
ƒ push (empurrar)

WHO IS WHO?

PERSONAL PRONOUNS Em linhas gerais, a função desSa classe de pronomes nas


duas linguagens é similar: pronomes substituem nomes.
Não é comum repetirmos o mesmo nome muitas vezes,
Subject Pronouns Object Pronouns mas sim usar um pronome, uma vez que sabemos a quem
I ME tal pronome se refere.
YOU YOU
HE HIM
Exemplos:
SHE HER Kate loves Brian.

IT IT She loves Brian.


WE US O exemplo acima faz a substituição do nome Kate pelo
YOU YOU pronome She. Observe o exemplo a seguir

THEY THEM Brian loves Kate.


Brian loves her.
Os personal pronouns da língua inglesa podem, com al-
A diferença entre eles é que no exemplo 1 o nome Kate
gumas variacões, ser relacionados aos pronomes pesso-
tem função de sujeito e foi substituído por um pronome
ais da língua portuguesa. O que o português chama de
pronomes pessoais do caso reto, a língua inglesa chama de sujeito (She). Já no exemplo 2, o nome Kate tem
de subject pronouns, e os pronomes oblíquos são análo- função de objeto e foi substituído por um pronome de
gos aos object pronouns. objeto (her).
Veja mais exemplos:
Observe alguns usos dos subject pronouns:
Brazilians agree with you.
I am Brazilian – Eu sou brasileiro
You are Brazilian – Você(s) é(são) brasileiro(s) We agree with you.
He is Brazilian – Ele é brasileiro They agree with other Brazilians.
She is Brazilian – Ela é brasileira
They agree with them.
It is Brazilian – Isto/Esta coisa é brasileira
We are Brazilian – Nós somos brasileiros The police officer will adress the issue
They are Brazilian – Elas/Eles são brasileiros(as) She/He will adress the issue.

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POSSESSIVE PRONOUNS I can’t find my pen. Can I use yours?
(Eu não consigo encontrar minha caneta. Pos-
so usar a sua (caneta)?
Possessive Adjective Possessive Substantive
Pronouns Pronouns 2. Quando o substantivo a que se refere o pronome estiver
MY MINE antes do próprio pronome.
YOUR YOURS Exemplo:
HIS HIS It belongs to a friend of mine.
HER HERS (Isto pertence a um amigo meu).
ITS ------- 3. Após preposições.
OUR OURS
Exemplo:
YOUR YOURS
They will come with their parents, and we’ll come
THEIR THEIRS with ours.
Os pronomes desse tópico, como o próprio nome supõe, in- (Eles virão com os pais deles e nós, com os nossos).
troduzem uma relação de posse com um substantivo e são
bastante semelhantes ao que encontramos na língua portu-
guesa. Mas aqui podemos enfrentar alguns problemas. Se
REFLEXIVE PRONOUNS
por um lado o português apresenta marcação quádrupla de
pronomes (Eu – meu, minha, meus, minhas) e o inglês apre- Reflexive Pronouns
sente marcação simples para eles, este tem dois tipos de pro- Myself
nomes possessivos (Adjective e Substantive), enquanto aque- Yourself
le tem apenas um, o que pode gerar algumas dificuldades.
Himself
Herself
Possessive Adjective ou
Itself
Possessive Substantive?
Ourselves
Em alguns casos, pode ser pedido que o vestibulando opte Yourselves
entre os dois tipos de pronomes acima mencionados. Além
de ser um ponto que gera uma dúvida razoável, ele tam- Themselves
bém é muito solicitado em questões gramaticais.
O uso dos pronomes reflexivos é de certa forma simples. Uti-
Tenha em mente que os pronomes Possessive Adjectives lizado como uma autorreferencia do sujeito. Ao contrário do
(my, your, his, her, its, our, their) são aqueles que que ocorre na Língua Portuguesa, a autorreferência não faz
são normalmente usados. Você só os substituirá pelos uso do mesmo pronome do objeto e sim de um específico. É
Possessive Substantives (mine, yours, his, hers, ours, uma referência a si mesmo e que não possui tradução direta.
theirs) em situações específicas. São elas:
Exemplo:
1. Quando o substantivo a que se referir o pronome estiver
Farei isso por mim mesmo.
omitido/subentendido.
I will do it by myself (jamais me, como
Exemplo: uma tradução direta poderia sugerir)

THE HERE AND NOW

SIMPLE PRESENT (REGRA GERAL) To need = precisar, necessitar


I need to work better. (Eu preciso trabalhar melhor)
Ao contrário do português, que apresenta múltiplas desinên- You need to work better. (Você precisa traba-
cias, o inglês tem como regra geral (exceções serão vistas no lhar melhor)
final deste item) a adição da letra “s” às terceiras pessoas do He needs to work better. (Ele precisa trabalhar
singular (he, she, it). Observe os exemplos a seguir: melhor)

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She needs to work better. (Ela precisa trablhar
melhor)
Formas interrogativas
Para que se obtenham as formas interrogativas do verbo to
It needs improvements. (Isto precisa de melhorias)
be, deve-se apenas inverter a posição do verbo e do sujeito.
We need to work better. (Nós precisamos trab-
lhar melhor)
You need to work better. (Vocês precisam trab-
THERE TO BE
lhar melhor) A estrutura there to be é usualmente entendida como o
verbo haver, existir, ocorrer. Ele apresenta duas formas no
They need to work better. (Eles/elas precisam tra- presente there is (para o singular) e there are (para o plural).
blhar melhor)
Deve-se acrescentar a partícula not às formas afirmativas
Percebe-se que, enquanto a língua inglesa acrescenta ao do there to be para que se obtenham suas respectivas for-
bare infinitive dos verbos (infinitivo sem a partícula ‘to’) a mas negativas.
letra ‘s’ aos pronomes de terceira pessoa do singular (he,
she, it), a língua portuguesa acrescenta várias desinências Formas interrogativas
ao verbo (preciso, precisa, precisamos, etc).
Para que se obtenham as formas interrogativas do verbo
there to be, deve-se apenas inverter a posição do verbo e
Formas negativas do simple present do sujeito.
A forma negativa dos verbos no simple present segue uma

PRESENT CONTINUOUS
norma bem simples: acrescente do not (don’t) quando o
sujeito for I, you, we, they; acrescente does not (doesn’t)
quando o sujeito for he, she, it.
Importante: Após o uso dos auxiliares do ou does, utilize
(PRESENT PROGRESSIVE)
o base form (infinitivo sem o to). O Present Continuous apresenta enorme semelhança com
o tempo verbal Presente Contínuo da língua portuguesa.
Ele é um tempo verbal que serve para expressar ações que
Formas interrogativas estão acontecendo simultâneas à fala. O Present Conti-
Para que se obtenham as formas interrogativas dos ver- nuous (ou Progressive) é formado pelo presente do verbo
bos no simple present, deve-se fazer uso dos verbos au- to be (concordando com cada sujeito) mais um outro verbo
xiliares do (para os pronomes I, you, we, they) e does (he, no gerund (sufixo ING).
she, it), colocados antes dos respectivos sujeitos.
Veja os exemplos:

TO BE
ƒ I am composing a song right now. (Eu estou compon-
do uma música neste exato momento.)
O verbo to be não segue as mesmas regras que orientam a ƒ You are listening my music. (Você está ouvindo minha
maioria dos verbos em inglês. Ele é o único que apresenta música.)
três formas de presente. São elas:
ƒ He is composing a song on his acoustic guitar. (Ele está
ƒ I am Brazilian. (Eu sou brasileiro)
compondo uma música em sua guitarra.)
ƒ He, she it is from the Netherlands. (Ele/ela/isto é da
Holanda.) ƒ She is singing in her room. (Ela está cantando no quar-
ƒ You, we, they are thirsty. (Você(s), nós, eles(as) estão to dela.)
com sede) ƒ It is working very well. (Isto está funcionando mui-
Talvez a maior dificuldade ao se lidar com o verbo to be to bem.)
resida no fato de que, ao ser vertido para o português, ele ƒ We are watching a very interesting movie.
possa ter tanto estar quanto ser como significado, depen-
dendo do contexto em que o verbo está inserido. ƒ (Nós estamos assistindo um filme muito interessante.)
ƒ You are wasting money. (Vocês estão desperdiçando
Formas negativas dinheiro.)
Para se conseguir as formas negativas do verbo to be, deve-se ƒ They are surfing the web on their computers. (Elas(es)
apenas acrescentar a partícula not à forma afirmativa. estão navegando na internet em computadores.)

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As formas interrogativas do Present Continuous são dadas As formas negativas do Present Continuous são dadas pela
pela inversão do sujeito com o to be. adição de not às formas do to be.
ƒ She is not (isn’t) composing a music. (Ela não está
Exemplos: compondo uma música.)
ƒ Are you paying attention to the instructions? (Você ƒ I am not thinking about it. (Eu não estou pensando
está prestando atenção às instruções?) sobre isso.)
ƒ Is it working properly? (Isto está funcionando cor-
retamente?)

FOCUS ON THE PAST

SIMPLE PAST língua inglesa se parece com a portuguesa, apresentan-


do formas verbais variadas (daí o termo irregular), e as-
sim como para aprender o português, também se torna
Regular verbs (verbos regulares) necessário memorizar tais formas. Entretanto, tenha em
mente que há apenas uma forma de passado para cada
Os verbos regulares são os “queridinhos”dos alunos bra-
verbo, independente do sujeito. Seguem-se apenas al-
sileiros por se configurarem de forma mais simples. Para
guns exemplos.
obter o passado dos verbos regulares, basta acrescentar
o sufixo ED a sua base form (infinitivo sem a partícula to), ƒ to take – took (past)
independente de quem seja o sujeito. Observe os exem- I took the subway to work. (Eu peguei o metro
plos a seguir: para trabalhar)
to need (precisar, necessitar) She took the subway to work. (Ela pegou o me-
I needed to be smarter (Eu precisei ser mais in- tro para o trabalho)
teligente.) We took the subway to work. (Nós tomamos o
You needed to be smarter (Você precisou ser metro para o trabalho)
mais inteligente.) ƒ to go – went (past)
He needed to be smater. (Ele precisou ser mais You went to school. (Você foi para a escola)
inteligente)
He went too far. (Ele foi longe demais.)
She needed to be more careful. (Ela precisou ser
mais cuidadosa.) They went home together. (Eles foram juntos
para casa)
It needed to be practical(Isto precisava ser mais
prático.) ƒ to eat – ate (past)
We needed to be more practical. (Nós precisa- I ate the whole pizza (Eu comi a pizza inteiro)
mos ser mais práticos(as).) The dog ate our food (O cachorro comeu a nos-
You needed to be more practical (Vocês precisa- sa comida)
ram ser mais práticos)
We ate pasta toguether (Nós comemos ma-
They needed to be more practical. (Elas(es) preci- carrão juntos)
saram ser mais práticos(as).)
Formas Negativas
Irregular verbs (verbos irregulares) Para chegar as formas negativas dos verbos no simple
Encarar os verbos irregulares talvez seja a maior dificul- past, é preciso acrescentar, após o sujeito e antes do
dade para o estudante brasileiro quando esse se depara verbo principal, o verbo auxiliar did mais a partícula not,
com o simple past da língua inglesa. Nesse aspecto na independentemente do verbo ser regular ou irregular.

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Formas interrogativas Formas negativas
Para se verter uma frase para a forma interrogativa quando Para chegar as formas negativas de passado do there to be,
um verbo está no simple past é preciso acrescentar o verbo é preciso acrescentar a palavra not às formas afirmativas.
auxiliar did antes do sujeito da oração. O verbo principal
deve permanecer no base form (infinitivo sem to). Formas interrogativas
Ao trocar a posição da forma verbal was ou were com o
TO BE pronome there, obtém-se a forma interrogativa do verbo
there to be.
O verbo to be tem duas formas de passado: was (I, he, she,
it) e were (you, we, they).
Observe os exemplos: CAN
I was at work yesterday. O verbo can tem todas as suas formas de passado (incluí-
(Eu estava no trabalho ontem). das as de subjuntivo) concentradas na palavra could com
qualquer que seja o sujeito envolvido.
You were at home yesterday.
(Você estava em casa ontem.) Sophia could play sing very well when she was
He was an French singer. a child. (Sophia podia cantar muito bem quando
(Ele era um cantor francês.) ela era criança.)

She was an Spanish doctor. Two years ago we could buy a car, but today this
(Ela era uma médica espanhola) is impossible. (Há dois anos nós podíamos com-
prar um carro, mas hoje isto é impossível.)
The bike (it) was here four hours ago.
(A bicicleta estava aqui há quatro horas atrás.) I would go home if I could. (Eu iria para casa se
eu pudesse.)
We were busy yesterday.

USED TO
(Nós estávamos ocupados(as) ontem.)
They were bought in Russia in 2019.
(Eles foram comprados na Rússia em 2019.) Ao se deparar com textos em língua inglesa, o aluno sem-
pre lida com um problema comum de quem tem português
como língua materna: as formas de passado do inglês são
Formas interrogativas correspondentes aos nossos verbos do pretérito perfeito ou
Para chegar as formas interrogativas de passado do do pretérito imperfeito? Como devo entender uma frase
verbo to be, deve-se trocar a posição do verbo com o como ‘I played very well’? ‘Eu joguei muito bem’ ou ‘Eu
sujeito da oração. jogava muito bem’?
As frases grafadas em simple past em inglês usualmente
Formas negativas correspondem ao que nós nomeamos como pretérito per-
Para chegar as formas negativas do verbo to be no passa- feito (ex: joguei, comi, bebi). Para se obter o mesmo sig-
do, deve-se inserir a palavra not após o verbo. nificado das nossas sentenças no pretérito imperfeito (ex:
jogava, comia, bebia), a língua inglesa faz uso da estrutura
THERE TO BE used to. Em linhas gerais, ela é utilizada para expressar
uma ação que era verdadeira no passado, mas que não é
Assim como no presente, duas formas de passado para o mais. Observe os exemplos:
verbo there to be se apresentam: there was (para passa-
do singular) e there were (para passado plural). Veja os I used to play basketball very well. (Eu costuma-
exemplos a seguir. va jogar/jogava basquete muito bem)

There was a restaurant near here. She used to be a great singer. (Ela era/costu-
mava ser uma grande cantora)
(Havia/existia um restaurante perto daqui.)
Did you use to travel to the country when you
There were many restaurants here.
lived abroad? (Você costumava viajar/viajava
(Havia/existiam muitas restaurantes perto daqui.) para o interior quando você morou no exterior?)

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I didn’t use to like it, but now I do. (Eu não gativas, cada um dos verbos seguindo suas próprias regras.
costumava gostar disso, mas agora eu gosto) Estude os exemplos abaixo:
Didn’t they like their new clothes? (Eles(as) não
PAST CONTINUOUS gostaram de suas novas roupas?)
Didn’t you talk to him? (Você não conversou
Muito parecido com o caso previamente apresentado do com eles?)
present continuous, o past continuous da língua inglesa é
um tempo verbal utilizado para expressar uma ação que Weren’t you at home yesterday? (Você não es-
estava acontecendo simultaneamente à outra, no passado tava em casa ontem?)
e é formado por uma forma de passado do verbo to be Wasn’t there a person waiting here? (Não havia
(was ou were) mais um outro verbo de ação acrescido do uma pessoa esperando aqui?)
sufixo ING (gerund). Estude os exemplos: Couldn’t you ride bicycles when you were 6?
When you called, I was taking a shower. (Quan- (Você não conseguia andar de bicicleta quando
do você ligou eu estava tomando banho) você tinha 6 anos de idade?)
Were you sleeping when I called you yester- Apêndice #2: Uso enfático do auxiliar did
day? (Você estava dormindo quando eu te Além das formas interrogativas e negativas,há outro uso
liguei ontem? para o auxiliar did: o enfático. Veja os exemplos a seguir.
She wasn’t paying attention when the tea- I liked the show (Eu gostei do show) – I did like
cher assigned her homework. (Ela não estava the show (Eu gostei muito do show)
prestando atenção quando o professor passou She told you not to be mad (Ela te pediu que
a lição de casa.) não se chateasse) – She did tell you not to be
Apêndice #1: formas interrogativa-negativas mas (Ela realmente te pediu/foi muito clara
As diversar formas verbais abordadas nesta unidade (sim- ao te pedir que não se chateasse.)
ple past, to be, there to be e can) mostram, além das for- Apêndice #3: Tabela dos 150 verbos mais comuns da
mas apresentadas (afirmativa, negativa e interrogativa) língua inglesa (regulares e Irregulares). A segunda coluna
uma quarta forma: a interrogativa-negativa. As formas apresenta as formas de passado desses verbos, e a terceira
interrogativa-negativas são obtidas a partir das formas ne- coluna as formas de particípio passado (past participle).

LOOKING FORWARD

Existem duas estruturas verbais básicas para se apresentar me perdoar.)


ações futuras em língua inglesa: will e going to. Those two countries will face a war. (Aqueles
dois países vão encarar uma guerra.)
WILL
É a forma mais comum. Serve para expressar um futuro
Negativa: Sujeito + WILL NOT
mais incerto, sem data definida ou que acontecerá em um (WON”T) + verbo (base form)
futuro mais distante.
Exemplos:
Afirmativa: Sujeito + WILL I will not (won’t) marry to her. (Eu não vou ca-
+ verbo (base form) sar com ela)
She will never forgive me. (Ela nunca me perdoará)
Exemplos:
Those two countries will not (won’t) face a
I will buy a house (Eu vou comprar uma casa.) war. (Aqueles dois países não vão enfrentar
She will forgive me someday. (Ela um dia vai uma guerra)

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Interrogativa: WILL + Sujeito Negativa: Sujeito + to be (present)
+ verbo (base form) + NOT + going to + verb
Exemplos: Exemplos:
Will you marry her? (Você vai casar com ela?) You are not going to buy it! (Você não vai
comprar isso!)
Will she ever forgive you? (Ela algum dia irá
te perdoar?) People are going to accept any changes. (As
pessoas vão aceitar quaisquer mudanças)
Will those two countries face a war? (Aqueles
dois países enfrentarão uma guerra) This is going to be designed in China. (Isto vai
ser projetado na China)
WILL: expressa também decisão
pessoal súbita, sem programação. Interrogativa: to be (present)
Exemplo: + sujeito + going to + verb
“Look that dog! It is very cute. I will buy it!” Exemplos:
Are we going to accept his apologies? (Nós
Observações: vamos aceitar suas desculpas?)
Am I going to obey you? (Eu vou obedecer vocês?)
NUNCA utilize to antes ou depois do verbo au-
xiliar WILL. Is Laura going to live abroad? (Laura vai viver
no exterior?)
I will to help you. (incorrect)

I will help you. (correct) Going to: expressa também ideia de


NUNCA acrescente ‘s’ no verbo auxiliar WILL para futuro a partir de evidências notáveis.
as terceiras pessoas do singular she, he, it. Exemplo:
She wills help you. (incorrect) “The sky is cloudy. It is going to rain soon.”
She will help you. (correct) Apêndice #1
Embora muito menos comuns, existem duas outras estru-
turas verbais que também apresentam ações futuras. Estu-
GOING TO de os exemplos abaixo:
A estrutura verbal going to é utilizada para expressar um
futuro mais próximo, com data ou preparação já definidos.
Present Continuous
Exemplos:
Afirmativa: Sujeito + to be I can’t go to the club with you because I am
(present) + going to + verbo seeing my dentist tomorrow. (Eu não posso ir
para balada com você porque eu vou no meu
Exemplos: dentista amanhã)
I am going to marry her. (Eu vou casar com ela.) They are answering the e-mail very soon. (Eles
George is going to take your credibility into ac- estarão respondendo ao e-mail muito em breve)
count. (George vai levar em conta sua credibilidade.)
Simple Present
Japan is going to host the 2020 Olympic Games.
(O Japão vai sediar os jogos olímpicos de 2020) Exemplos:
Those two countries are certainly going to face Governments are likey to face challenges in a
a war (Aqueles dois países certamente vão entrar near future. (Governos estão propensos a ter de-
em guerra.) safios em um futuro próximo)

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His schoolmates play basketball every Friday sin- mais comumente encontrado associado aos sujeitos I e
ce 1993. (Os colegas de escola dele jogam bas- WE. Estude os exemplos a seguir:
quete toda sexta-feira desde 1993)
I shall/will talk to the principal about that. (Eu
Apêndice #2 conversarei o diretor sobre isso)

O verbo auxiliar SHALL tem a mesma função de WILL, We shall/will not pass beyond this point. (Nós
embora seja muito mais formal e raro. SHALL é muito não iremos além desse ponto)

SHOULD WE CONTINUE

Os verbos modais são: can, could, may, might, should,


must, ought to, will, shall e would. SHOULD, MUST, OUGHT
Veja as regras gramaticais dos verbos modais: TO, HAVE TO
ƒ Não adicione ‘s’ à terceira pessoa do singular. Normalmente expressam sugestões, conselhos, ordens,
ƒ Não são usados verbos auxiliares para frases negativas proibições e obrigações. Eles são normalmente entendi-
ou interrogativas. dos em português como os verbos dever (ria) ou ter que.

ƒ Nunca acrescente a partícula to nem antes nem depois Todos os verbos desse grupo são verbos auxiliares, ou seja,
de um verbo modal (com exceção de have to e ought to). não têm sentido sozinhos, mas somente associados ou re-
ferindo-se a outros verbos.

CAN/COULD, MAY/MIGHT Formas negativas


Expressam capacidade, habilidade, possibilidade, probabi- As formas negativas dos modal verbs são obtidas através
lidade, para pedir e dar permissão e pedir auxílio. Todas da adição da palavra not.
as leituras possíveis incluem, no português, o verbo poder,
sendo que o verbo can está sempre no presente. Could, Formas interrogativas
além de ser a forma de passado de can, também pode ser As formas interrogativas dos modal verbs são obtidas atra-
compreendido como futuro do pretérito do verbo can (po- vés da inversão do sujeito da oração e do verbo modal.
deria, poderíamos). May e might também são usualmente
compreendidos como poderia, poderíamos, etc.

PERFECTION

1. PRESENT PERFECT saiu da casa e ainda não retornou.


Be quiet, please! I haven’t finished it yet. (Fi-
HAVE/HAS + PAST PARTICIPLE que quieto, por favor! Eu ainda não terminei.)
O Present Perfect é um tempo verbal utilizado para expres- Ou seja, eu comecei algo e ainda estou executan-
sar uma ação que começou no passado e cujas consequên- do esta tarefa.
cias se estendem (e são relevantes) até o momento da fala. ƒ Ele é utilizado para expressar ações que têm se repeti-
Exemplos: do nos últimos tempos.

I have lost my bag (Eu perdi minha bolsa). Exemplos:


Neste caso, meu passaporte continua perdido. She has worked a lot recently. (Ela tem traba-
She has left the house(Ela saiu da casa). Ela lhado muito recentemente)

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I have slept very well since I changed room with A definição e o uso são quase os mesmos. Eles servem
my sister. (Eu tenho dormido muito bem desde para expressar uma ação que está no passado do pas-
que eu troquei de quarto com a minha irmã.) sado. Ou seja,caso se faça necessário expressar duas
We have been responsible for her for 5 years. ações não simultâneas no passado, a ação mais antiga
(Nós somos/temos sido os responsáveis por (que aconteceu primeiro) deve ser estar no Past Perfect,
ela nos últimos 5 anos.) Nós começamos e ainda enquanto a mais recente (que aconteceu depois), deve
somos responsáveis por ele. estar no Simple Past. Estude os exemplos a seguir.
ƒ Ele é utilizado por ações que acabaram de acontecer
ou estão quase acontecendo. Exemplos:
Don’t be mad! When you arrived work, we had
Exemplos: already finished the meeting (Não fique bravo!
I have just sent you my report. (Eu acabei de Quando você chegou ao trabalho, nós já tínha-
te mandar meu relatório) mos terminado a reunião.)
Rush! The plane has arrived. (Apresse-se! O Portugal and Spain had already signed the
avião está chegando) Tordesilhas treat when Pedro Àlvares Cabral ar-
ƒ Com as palavras ever (ou never) normalmente expres- rived in the Brazilian Coast in 1500. (Portugal e
sam-se experiências de uma vida inteira. Espanha já tinham/haviam assinado o trata-
do de Tordesilhas quando Pedro Álvares Cabral
Exemplos: chegou na costa brasileira em 1500)
Have you ever seen a lion? (Você já viu um
leão?) Ou seja, desde o nascimento até o mo- Past Perfect Continuous
mento da fala.
HAD + BEEN + VERB (ING)
No, I have never seen a lion. (Não, eu nunca
vi um leão) Ou seja, desde o nascimento até o O Past Perfect também pode ser utilizado em sua forma
momento da fala. contínua, e, assim como o Present Perfect Continuous, a
She has never been abroad (Ela nunca esteve ênfase está na duração e continuidade da ação.
no exterior)
Exemplos:
Present Perfect Continuous I was short of breath on the phone because I
had been running in the park. (Eu estava
HAVE/HAS + BEEN + VERB(ING)
ofegante ao telefone porque eu tinha corrido/
É uma variação do Present Perfect. Ele é utilizado quando estava correndo no parque.)
se quer enfatizar a continuidade de uma ação que come-
She had been waiting for a long time when
çou no passado e continua no presente.
you arrived. (Ela havia esperado/ esteve esperan-
do por um longo tempo quando você chegou.)
Exemplos:
She has been washing the dishes since she
arrived. (Ela está lavando louça desde que ela FUTURE PERFECT CONTINUOUS
chegou) Ou seja, ela não interrompeu a lavagem Mesmo que sejam muito mais raros, é possível que você
em nenhum momento. encontre os dois tempos acima em textos mais sofisticados,
They have been married for 35 years. (Eles es- portanto, vamos aprender um pouco sobre eles. Ambos são
tão casados há 35 anos.) Ou seja, há 35 anos, usados para expressar ações no futuro que se iniciaram em
eles estão casados. algum ponto do passado.

Estude os exemplos a seguir:


PAST PERFECT In a near future, Brazil will have hosted the two greatest
HAD + PAST PARTICIPLE events in the world. (Em um futuro próximo, o Brazil terá se-
diado os dois maiores eventos do mundo.) – Future Perfect.
O Past Perfect corresponde ao tempo verbal que a lín-
gua portuguesa chama de Pretérito mais-que-perfeito. By 2030, I will have been living for 59 years. (Quando

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2030 chegar, eu terei vivido por 59 anos.) – Future Per- TEXTO II
fect Continuous.
EXPERIENCE, NOT THINGS

Alan Krueger devoted part of his career as an economist to studying


Formas interrogativas happiness. Alan died last March 16, at 58, from suicide. News of
As formas negativas dos tempos perfeitos são conseguidas his death sent shock and sadness through the world of economics
por meio da inversão do verbo auxiliar to have com o su- – including his fellow economists at Princeton and elsewhere; his
former colleagues in the Obama and Clinton administrations; and
jeito da oração.
journalists whom Alan had informally tutored over the years.

“To some economists, investigating happiness probably seemed


Formas Negativas silly,” Catherine Rampell, the Washington Post columnist,
As formas negativas dos tempos perfeitos são consegui- wrote. “But Alan saw it as a central mission of his discipline.
das através da adição do advérbio not junto ao verbo The whole point of economics is to figure out how, in a world of
scarce resources, we can make people’s lives better.”
auxiliar to have, ou em alguns casos por meio da adição
do advérbio never. The first lesson that Alan gave us comes from a finding that sounds a
bit like a letdown: people waste a lot of money on gifts. Surveys show
that gift recipients don’t have much use for many objects that they
receive. They usually appreciate the thought behind the gift, but the
actual item isn’t of much value to them. In economic terms, they place

U.T.I. - Sala a lower value on the gift than it cost.But experiences are different.
When someone receives an experience – say, a nice meal out – they
often both appreciate the thought and enjoy the actual gift.
Leia ambos os textos para a resolução das questões 1 a 5
The second lesson involves spending time with friends. It’s one of the
TEXTO I best ways to increase happiness, according to the survey data.Alan
said this finding had stayed with him. At the end of a long day or long
HE’S HAPPIER, SHE’S LESS SO
week, he said his instinct was sometimes to skip a social gathering.
Researchers added a twist to something known as a time-use In the moment, he felt too tired. But the data had persuaded him to
survey. Instead of simply asking people what they had done push through his fatigue more often. Sure enough, he was almost
over the course of their day, the researchers also asked how always glad he had, he said.
people felt during each activity. Not surprisingly, men and
Alan pushed for economics to become less theoretical and more
women often gave similar answers about what they liked to
empirical. He did pathbreaking work on the minimum wage,
do (hanging out with friends) and didn’t like (paying bills). But
occupational licensing and other subjects. He threw himself into
there were also a number of activities that produced different
messy policy debates. He wrote not just for other economists but for
reactions from the two sexes: Men apparently enjoy being with
the rest of us too.
(__1__) parents, while women find time with their parents to
be slightly less pleasant than doing laundry. He relished debate: three different times, he stepped out of academia
to serve in the federal government, including to help the Treasury
Alan Kruger, a Princeton economist who studies happiness, figures
Department fight the financial crisis in 2009.
that there is an explanation for the difference. For a woman, time
with (__2__) parents often resembles work, whether it’s helping The New York Times, March, 19th, 2019 (adaptado).
them pay bills or plan a family gathering. “For men, (__3__) tends
to be sitting on the sofa and watching football with their dad,” 1. According to the text I
said Mr. Krueger, who is analyzing time-use studies over the last
four decades. He has found a pattern. Since the 1960s, men have 2. According to the text I, Women are sadder than
gradually cut back on activities they find unpleasant. They now work men because
less and relax more .Women, on their turn, have replaced housework
with paid work – and, as a result, are spending much time doing 3. The best alternative that fill the blanks 1, 2 and 3 in
things they don’t enjoy as in the past. But women are not actually the text I is:
working more than they were 30 or 40 years ago. They are instead
doing different kinds of work. They’re spending more time on paid 4. Descreva as lições deixadas pelo economista Alan
work and less on cleaning and cooking. Krueger segundo o jornalista autor do texto II
What has changed – and what seems to be the most likely 5. Os textos I e II têm tempos verbais predominantes
explanation for the happiness trends – is that women now bem definidos. Identifique que tempos verbais predo-
have a much longer to-do list than they once did (including minantes são estes e por que são utilizados.
helping their aging parents). They can’t possibly get it all done,
and many end up feeling as if they are somehow falling short.
The New York Times, September, 26th, 2007 (adaptado).

66
U.T.I. - E.O.
1. ECONOMICS is “not a ‘gay science’,” wrote Thomas Carlyle in 1849. No, it is “a dreary, desolate, and indeed
quite abject and distressing one; what we might call, by way of eminence, the dismal science.”
Carlyle was a fine one to talk. He was a brooding curmudgeon who thundered against industry, progress and the young science that sought to
explain them. He found economists dismal not for the obvious reasons, such as their1 dry arithmetic or their gloomy preoccupation with scarcity and
subsistence. Instead, he took against them2 because they were so wedded to the idea of happiness.

The economists of his3 day took their cue from Jeremy Bentham and his “utilitarian” philosophy. They calculated happiness, or utility, as the sum of good
feelings minus bad, and argued that the pursuit of pleasure and the avoidance of pain were the sole springs of human action. One even looked forward
to the invention of a hedonimeter, a “psychophysical machine” that would record the ups and downs of a man’s feelings just as a thermometer might
plot his temperature. Such people, Carlyle complained, fancied that man was a “dead Iron-Balance for weighing Pains and Pleasures on”.
Fonte: <www.economist.com> (adaptado).

Pronomes substituem nomes e substantivos e são usados para retomá-los ou evitar a repetição dos mesmos. Indique
o que os pronomes marcados com 1, 2 e 3 retomam ou substituem.

2. A quem ou o que o pronome THEM, no quarto quadro, se refere? Qual o efeito cômico da tira?

3. Qual o tempo verbal na fala do personagem do cartum? Como isto explica o efeito cômico da tirinha?

4. No último quadrinho, o garoto faz uso de qual tempo verbal? Qual o efeito cômico obtido?

67
5. Campanhas publicitárias de sucesso são reconhecidas pela forma engenhosa com que trabalham a língua, criando
efeitos inusitados ou inesperados. Esta campanha da Leo Burnett foi amplamente premiada pela forma como veicu-
lou a ideia do impacto dos fatos inesperados na vida das pessoas de forma muito adequada ao principal de seu clien-
te, a seguradora SwissLife. Descreva a ideia presente e o efeito obtido para cada um dos três cartazes da campanha
indicados acima.

6. Com base na leitura da charge, explique, em português, qual é o ponto de humor apresentado.

7. Indique o tempo verbal mais usado na história escrita por Calvin. Em seguida, retire, em inglês, dois verbos regu-
lares conjugados nesse tempo.

68
8.

a) A figura 1 refere-se a uma campanha. Qual é o objetivo dessa campanha?


b) Por que o cachorro que aparece na figura 2 não consegue abrir a porta? Justifique sua resposta.

9.

a) Cite os conselhos irônicos que o primeiro pôster dá aos adolescentes que se sentem incomodados pelos pais.
b) Explique as duas leituras possíveis do segundo pôster.

69
10.

a) O texto acima corresponde ao modelo de um documento. De que documento se trata? Qual seria a cor dos olhos
da sua pretensa portadora?
b) Em que mês a pretensa portadora do documento teria nascido e a que se refere a data expressa pela sequência
numérica ”09-30-08”?

11. Lolita
By Vladmir Nabokov

First published in France by a pornographic press, this 1955 novel explores the mind of a self-loathing and highly intelligent pedophile named
Humbert Humbert, who narrates his life and the obsession that consumes it: his lust for “nymphets” like 12-year-old Dolores Haze. French
officials banned it for being “obscene,” as 1did England, Argentina, New Zealand and South Africa. Today, the term “lolita” has come to imply an
oversexed teenage siren, although Nabokov, for his part, never intended to create such associations. In fact, he nearly burned the manuscript in
disgust, and fought with his publishers over whether an image of a girl should be included on the book’s cover.

Transcreva do trecho sobre o livro “Lolita” o que é solicitado:


a) o vocábulo substituído por DID (ref. 1);
b) um conectivo que estabelece uma relação de oposição de ideias;
c) um conectivo que introduz uma exemplificação;
d) as palavras que expressam o mesmo sentido de BECAUSE IT WAS.

12. Global Handwashing Day


October 15, 2009

Although people around the world wash their hands with water, very few wash their hands with soap at critical moments. Global Handwashing
Day will be the centerpiece of a week of activities that will mobilize millions of people across five continents to turn handwashing with soap before
eating and after using the toilet into an ingrained habit. This could save more lives than any single vaccine or medical intervention, cutting deaths
from diarrhea by almost half and deaths from acute respiratory infections by about a quart.
Adaptado de: <www.globalhandwashingday.org/Global_Handwashing_Day_2nd_Edition.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2009.

a) Que hábito a campanha descrita no texto pretende incentivar?


b) Segundo o texto, em quanto esse hábito pode reduzir as taxas de mortalidade?

70
Caro aluno

Você está recebendo o primeiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 1 e 2, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões dissertativas que preparam o candidato
para as provas de segunda fase dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas per-
mitem avaliar a capacidade de análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido.
É também uma oportunidade de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de
maneira sistematizada e com linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!

Herlan Fellini

SUMÁRIO
HISTÓRIA
HISTÓRIA GERAL 73
HISTÓRIA DO BRASIL 101

ENTRE PENSAMENTOS E ENTRE SOCIEDADES


FILOSOFIA 125
SOCIOLOGIA 139

GEOGRAFIA
GEOGRAFIA 1 151
GEOGRAFIA 2 193

71
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Autores
Eduardo Antôno Dimas
Tiago Rozante
Alessandra Alves
Vinicius Gruppo Hilário
Márcio Cavalcanti de Andrade

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
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Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
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Projeto gráfico e capa


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Imagens
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ISBN: 978-85-9542-129-5

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo
o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
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direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre-
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72
HISTÓRIA GERAL

73
ANTIGUIDADE ORIENTAL

EGITO o culto monoteísta ao deus Áton, simbolizado pelo dis-


co solar, chegando a mudar seu nome para Akhenaton
A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste da África. A (“aquele que agrada a Aton”).
vida girava em torno do ciclo de cheias e vazantes do rio Nilo. Tutancáton, seu sucessor, restaurou o deus Amon e pôs fim
O rio Nilo dividia o Egito em duas partes bem distintas: o à revolução. Mudou o próprio nome para Tutancâmon.
Alto e o Baixo Egito. O Alto Egito é a região do interior Os faraós da dinastia de Ramsés II (1320-1232 a.C.) enfren-
do território, com cerca de 10 quilômetros de largura e taram novos obstáculos, como a invasão dos hititas, vindos
que chega até a primeira catarata. O Baixo Egito é a da Ásia Menor. O Império entrava em declínio. Em 525 a.C.,
região do delta, cheia de alagadiços e que se alarga à o rei persa Cambises derrota o faraó Psamético III. A inde-
medida que se aproxima do Mediterrâneo.
pendência acabou. Nos séculos seguintes, os povos do Nilo
seriam dominados pelos gregos e, finalmente, cairiam nas
Império Antigo (3200-2200 a.C.) mãos do imperialismo romano, em 30 a.C.
A história do Egito começa quando as populações que vi-
viam às margens do Nilo tornam-se comunidades dedica- Sociedade e Economia
das mais à agricultura do que à caça ou à pesca. No quarto
A agricultura de regadio era a principal atividade eco-
milênio antes de Cristo, evoluem para pequenas unidades
nômica no Egito Antigo. Estava diretamente ligada às
políticas, chamadas nomos. Formaram-se dois reinos, um
obras hidráulicas que tornavam possível o controle das
ao norte e outro ao sul. Por volta de 3200 a.C., o faraó
Menés (ou Narmer) unificou os reinos, com capital em Tínis, águas do Nilo.
daí o período até 2800 a.C. chamar-se Tinita. A economia egípcia pode ser enquadradada no modo
Os sucessores de Menés organizaram uma monarquia de produção asiático, em que coexistiam comunida-
poderosa e de maior prosperidade do Antigo Império. des caracterizadas pela propriedade coletiva do solo e
Entre 2700 e 2600 a.C., foram construídas as célebres organizadas sobre as relações de parentesco, com um
pirâmides de Gizé, atribuídas aos faraós Quéops, Qué- poder estatal que representava a unidade verdadeira ou
fren e Miquerinos, da terceira dinastia, fundada por Djo- aparente de tais comunidades.
ser em cerca de 2850 a.C. , com a nova capital era Mênfis. O Estado organizava as atividades produtivas por meio
de uma rígida estrutura repressiva. A população campone-
Império Médio (2000-1750 a.C.) sa pagava impostos em produto ou em trabalho, numa
Entre 1800 e 1700 a.C., chegam os hebreus, mas são os estrutura denominada servidão coletiva.
hicsos, vindos da Ásia, que criam as maiores dificulda- O governo do Egito antigo era teocrático. O faraó era con-
des. Trazem cavalos e carros de combate, que os egípcios siderado filho de Amon-Rá, o deus Sol, e encarnação
desconhecem. Dominaram a região e instalaram-se no de Hórus, simbolizado pelo falcão. A nobreza era formada
delta de 1750 a 1580 a.C. pelos parentes do faraó, altos funcionários do palácio, oficiais
do exército, chefes administrativos e sacerdotes.
Império Novo (1580-1085 a.C.) Camponeses e artesãos eram a camada inferior da socieda-
Depois da expulsão dos hicsos, a nova fase, de enorme desen- de, mas deles dependia a prosperidade do país. Recebiam
volvimento militar, transformou o Egito em potência imperia- míseros pagamentos em forma de produtos, moravam em
lista. O Novo Império marca o apogeu da civilização egípcia. cabanas, vestiam-se pobremente e comiam pouco. Aquilo
No reinado de Tutmés III (1480-1448 a.C.), o império que poupavam, guardavam para o funeral, para garantir
atingiu sua maior expansão territorial, ampliando-se até o uma vida melhor após a morte.
rio Eufrates, na Mesopotâmia.
Marido da rainha Nefertiti, Amenófis IV empreendeu Cultura e religião
uma revolução religiosa, provavelmente para anular o Os egípcios eram politeístas, ou seja, adoravam vários deu-
poder e a autoridade da camada sacerdotal, instituindo ses. Antropozoomórficos esse deuses apresentavam forma

74
de homem e animal. As principais divindades eram: Osíris, Primeiro Império Babilônico
Amon-Rá, Isis, Hórus, Ápis e Anúbis. (1800-1600 a.C.)
Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma. Hamurábi foi um dos primeiros reis babilônicos (1728-
Por isso, era preciso conservar o corpo. Com essa finalidade, 1686 a.C.). Ampliou o Império e foi sobretudo um legis-
os egípcios desenvolveram técnicas de mumificação. lador, responsável pelo primeiro código de leis que se
conhece: o Código de Hamurábi.
Ciência e arte
Império Assírio (1875-612 a.C.)
Com origem por volta de 1800 a.C., o Império Assírio teve
seu período de maior expansão entre 883 e 612 a.C., con-
quistando a Síria e o Egito. O Império Assírio chegou ao
fim com a invasão e o domínio dos medos.

Novo Império ou Segundo


Império Babilônico
PIRÂMIDES DE QUÉOPS, QUEFREN E MIQUERINOS
(612-539 a.C.)
Nabucodonosor (605 a 563 a.C.) tomou Jerusalém em
A arquitetura egípcia é reconhecida pelos seus templos,
587 a.C., levou numerosos israelitas cativos para a Babi-
as pirâmides, as mastabas e os hipogeus.
lônia), conquistou a Síria, a Fenícia e construiu grandiosas
Seus escritores se inspiravam em temas morais, poéticos ou obras, como os Jardins Suspensos da Babilônia e a Torre de
religiosos, como o Texto das Pirâmides e o Livro dos Mortos. Babel. O Segundo Império Babilônico foi tomado por Ciro
Tinham três tipos de escrita. Uma sagrada, em túmulos e em 539 a.C.
templos, a hieroglífica; uma versão mais simplificada, a
hierática, em documentos administrativos; e a demócri- Cultura e religião
ta, mais popular.
Estado teocrático, a religião mesopotâmica tinha cará-

MESOPOTÂMIA ter politeísta.


A escrita era em forma de cunha (cuneiforme). Na literatura,
Mesopotâmia (atual Iraque), é uma palavra de origem grega as principais obras foram o Poema da Criação e a Epopeia
que significa “terra entre rios”. Localizava-se numa exten- de Gilgamesh. Também avançaram em Matemática, criando
sa faixa de terra conhecida como Crescente Fértil, entre tábuas de multiplicação e divisão. Na astronomia, desenvol-
os rios Tigre e Eufrates veram um calendário baseado nos ciclos da Lua. A arquite-
tura se destacou pela construção de palácios e zigurates.
A Mesopotâmia era formada por cidades-Estado com au-
tonomia religiosa, política e econômica e governadas por
um sacerdote.
HEBREUS
A Palestina, localizada no Oriente Próximo, era formada
Sua cidade mais famosa foi Acad, que deu origem ao termo
pelo vale do rio Jordão, as áridas terras da Judeia e a
acádios. Estes estabeleceram uma organização centralizada
planície costeira. Inicialmente habitada por cananeus,
em seu Império, afastando a influência dos sacerdotes. Por filisteus e arameus, foi povoada por volta de 2000 a.C.
volta de 2330 a.C., o rei semita Sargão unificou as cidades pelos hebreus, povo de origem semita.
sumérias, criando o Primeiro Império Mesopotâmico.
Segundo a Bíblia, Abraão foi o primeiro patriarca, tendo
conduzido seu povo à terra prometida por Deus, Canaã,
Sociedade e economia ou Palestina. De seu neto, Jacó, originaram-se as 12 tribos
Marcadas pela agricultura de regadio e pela servidão de Israel.
coletiva, várias civilizações mesopotâmicas inseriram-se Por volta de 1800 a.C., as secas obrigaram os hebreus a
no chamado modo de produção asiático. A estrutura social emigrarem para o Egito. Os hebreus deixaram o Egito rumo
mesopotâmica assemelhava-se à egípcia à Palestina por volta de 1250 a.C.

75
A luta pela reconquista da Palestina desencadeou um pro-
cesso de unificação das tribos hebraicas e centralização polí-
Sociedade e economia
tica, cujo desfecho foi a fundação do reino de Israel. Na Fenícia, a agricultura cedeu lugar ao comércio, à pesca
e a um rico artesanato. As vastas florestas de cedros e
As relações comerciais com a Fenícia foram intensificadas. os bons portos naturais favoreceram a atividade marítimo-
A morte do rei Salomão, em 933 a.C., desencadeou uma -comercial. Isso fez dos fenícios os principais navegantes
crise política conhecida como o cisma hebraico, resul- e comerciantes da antiguidade. Era uma sociedade de
tando na divisão do reino em duas partes: o Reino de Judá castas constituída por sacerdotes, aristocratas, comerciantes,
(duas tribos), situado ao sul, e o Reino de Israel (dez tri- homens livres e escravos.
bos), localizado no norte. Em 722 a.C., o Reino de Israel
A Fenícia não constituiu um Estado unificado com um go-
foi conquistado por Sargão II e transformado em província
verno centralizado. Agrupavam-se em cidades-Estado,
do Império Assírio. O Reino de Judá foi conquistado por
de governo autônomo e soberano.
Nabucodonosor em 587 a.C. O Templo de Jerusalém foi
destruído e os hebreus foram levados como escravos para
a Babilônia (Cativeiro da Babilônia). Cultura e religião
Em 539 a.C. termina o Cativeiro da Babilônia. Os he- A religião era politeísta, de divindades associadas às forças
breus retornam à Palestina, reconstroem o Templo de da natureza. A principal contribuição dos fenícios foi a in-
Jerusalém e se tornam parte do Império Persa. Situados venção do alfabeto fonético. Criaram 22 sinais dos sons
nos territórios da antiga tribo de Judá, os habitantes das palavras. Com as vogais, tornou-se o alfabeto grego.
dessa região passaram a ser chamados de judeus.
Os judeus foram dominados por vários povos. Em 63 a.C.,
a Palestina foi conquistada por Pompeu e transformada em
IMPÉRIO PERSA
província do Império Romano. Em 70 d.C., os judeus se Dois grupos arianos ocuparam o Irã a partir de 2000 a.C.,
rebelaram contra o domínio dos romanos, que destruíram os medos e os persas. Tornaram-se pequenos reinos rivais
Jerusalém, inclusive o Templo, e expulsaram os judeus da no século VIII a.C.. No século VI a.C., Ciro I, rei dos persas,
Palestina. A dispersão dos judeus pelo mundo ficou conhe- conquistou o Reino da Média, provocando a unificação po-
cida como Diáspora. lítica dos povos do Planalto Iraniano em 550 a.C.

Sociedade e economia Sociedade e Economia


A economia era predominantemente agropastoril. Duran- Ocorreu um rápido expansionismo territorial durante o go-
te o Período dos Reis, a terra ficou concentrada nas mãos verno de Ciro I (559-529 a.C.). O dárico, moeda-padrão
da aristocracia ligada ao Estado. Camponeses, pastores e cunhada em ouro e prata, facilitou a integração econômica
uma pequena parcela de escravos estavam subordinados das regiões e dos povos do império.
a essa aristocracia. A rede de estradas reais, o dárico e a padronização dos pesos
e medidas possibilitaram o desenvolvimento das ativi-
Cultura e religião dades comerciais.
No Direito, os hebreus produziram o Código Deuteronômio, A elite persa era composta pelo imperador e sua família e
e sua literatura está contida no Antigo Testamento. Constitu- por altos burocratas, comandantes militares e sacerdotes.
íram a única civilização monoteísta da antiguidade orien- A massa da população era sujeita ao trabalho compulsório
tal. Vale dizer que o monoteísmo judaico exerceu grande nos sistemas de regadio e/ou nas obras públicas, e ainda
influência sobre o cristianismo e o islamismo. tinha que pagar uma pesada tributação.

FENÍCIOS Cultura e religião


OIs persas desenvolveram uma arquitetura monumental. Ti-
Os fenícios nham uma religião dualista, em que o deus do bem, Ahura-
A estreita faixa de terra entre as montanhas e o mar -Mazda (ou Ormuz), opunha-se ao deus do mal, Arimã. E fun-
Mediterrâneo, atualmente região do Líbano, começou damentava-se na crença do Juízo Final, onde o bem triunfaria
a ser ocupada por povos de origem semita por volta de sobre o mal, descritos no livro sagrado Zend Avesta, escrito
3000 a.C. pelo lendário Zoroastro ou Zaratustra.

76
GRÉCIA

GEOGRAFIA O nome “homérico” é baseado em dois poemas épicos atri-


buídos a Homero: a Ilíada e a Odisseia.
O território grego era composto por duas regiões distintas: a Depois do século XII a.C., a célula básica da sociedade
parte continental, ao sul da península dos Balcãs, e a Grécia grega era o genos (comunidade gentílica), uma grande fa-
insular, que ocupava as ilhas do mar Egeu e a costa da Ásia mília. Os descendentes de um mesmo antepassado viviam
Menor. Com a expansão colonial, ela ocupou também a cos- no mesmo lar. Cada membro (gens) dependia da unidade
ta egeia da Ásia Menor e o sul da península Itálica. da família, cujo chefe era o páter-famílias. Seu poder era
passado para o filho mais velho.
Período Pré-homérico A sociedade era igualitária e sem classes sociais. Os meios
(2000-1200 a.C.) de produção e o resultado da produção pertenciam à comu-
nidade. A falta de terras férteis e o crescimento demográfico
De origem indo-europeias, os gregos ou helenos chegaram levou as comunidades gentílicas a lutas internas e desagre-
à Grécia em cerca de 2000 a.C. gação. Era o fim do Período Homérico.
Antes deles, os aqueus já ocupavam as melhores terras. Os Os gregos passaram do sistema de propriedade coletiva para
aqueus formaram os núcleos urbanos de Micenas, Tirinto e o de propriedade privada. Os parentes mais próximos do pa-
Argos. Os habitantes de Micenas integraram sua cultura à ter, os eupátridas, ficaram com as áreas mais férteis; aos seus
dos cretenses, cuja civilização era bastante avançada, o que parentes mais distantes, os georgóis (agricultores) destirna-
deu origem à civilização creto-micênica. ram as restantes. Os denominados thetas (marginais) fica-
ram sem terra. Uma parte deles se dedicou ao comércio e ao
Com a chegada de novos grupos indo-europeus, os jônios e artesanato. Os demais deixaram a Grécia e fundaram colô-
os eólios, por volta de 1700 a.C., os núcleos arianos instala- nias nos mares Negro e Mediterrâneo, processo conhecido
dos na Grécia foram fortalecidos. Os troianos, outra impor- como Segunda Diáspora Grega (século VIII a.C.).
tante civilização pré-helênica, desenvolveram-se ao norte da
Foram os eupátridas que originaram a aristocracia grega,
Anatólia. Troia tinha uma população aparentada com os pri-
cujo poder resultava da posse de terra. Eles uniam-se em
meiros gregos, e foi erguida por volta de 1900 a.C. No início
irmandades, as frantrias, que se uniam em tribos. Da reu-
do século XII a.C., os gregos destruíram Troia. nião de seus vilarejos surgiu a organização política da
Os dórios, último grupo de povos arianos a penetrar na antiga Grécia: a cidade-Estado (pólis).
Grécia, chegaram enquanto a civilização micênica se ex-
pandia em direção à Ásia. Aguerridos, nômades e conhe- Período Arcaico (séc. VIII-VI a.C.)
cedores de armas de ferro, os dórios arrasaram as cidades
gregas, causando fugas para o interior e para o exterior. A evolução e consolidação das cidades-Estado foi o que
Numerosas colônias gregas formaram-se na costa da Ásia marcou o Período Arcaico grego. Isoladas geograficamente,
Menor e nas ilhas do mar Egeu. Essa foi a Primeira evoluíram de modos distintos, gerando modelos por vezes
Diáspora Grega. antagônicos e rivais.

Período Homérico (séc. XII-VIII a.C.) Esparta, a cidade-estado militarista.


Esparta foi uma das primeiras cidades-Estado gregas, fun-
dada pelos invasores dórios no século IX a.C. Sem saída
para o mar e isolada pelas montanhas, Esparta era uma
cidade-estado avessa a influências externas.
A sociedade espartana se dividida em: espartanos
ou esparciatas, a camada dominante; periecos, agri-
cultores livres, dedicavam-se também ao artesanato e
ao comércio; hilotas, a camada mais baixa da socieda-
de espartana, servos pertencentes ao Estado e à dispo-
sição dos esparciatas para o cultivo da terra.

77
Política Em 507 a.C., ocorreu uma insurreição do partido popular
(demos) e a ascensão de Clístenes ao governo de Atenas.
A economia e sociedade imobilistas explicam o governo
espartano menos progressista e mais conservador.
A democracia ateniense
Apenas uma minoria de cidadãos, os esparciatas, par-
ticipava do governo oligárquico, os homoioi (iguais). Clístenes, apesar de sua origem aristocrática, traçou um
Seu objetivo fundamental era conservar o status quo, governo baseado na isonomia, a igualdade dos cidadãos
a situação vigente de privilégios da aristocracia e de perante a lei. A primeira medida foi a divisão da popula-
dominação sobre os escravos. ção da Ática em três zonas: o litoral (parália), o interior
(mesógia) e a cidade (ásty). Cada uma dessas zonas foi
Esparta regrediu culturalmente com as mudanças es-
dividida em dez unidades. Da reunião das unidades de
truturais do século VII a.C. O governo passou a esti-
cada zona formou-se uma tribo, totalizando dez tribos. A
mular o laconismo: falar tudo em poucas palavras,
o que limitava a capacidade de raciocínio e o espírito menor unidade de divisão eram as demos, base desse sis-
crítico dos falantes. tema de governo, razão pela qual a reforma de Clístenes
ficou conhecida pelo nome de democracia.
Rigidamente militarista, a educação dos esparciatas con-
tribuía significativamente para a manutenção dessa es-
trutura política e social fechada. Aos sete anos de idade, Período Clássico (séc. V e IV a.C.)
os meninos eram entregues aos cuidados do Estado para Período de hegemonias e imperialismo no mundo grego.
que tivessem uma rígida educação militar. Dos dezoito Atenas foi a primeira potência dominante, seguida por Es-
aos sessenta anos, serviam no exército. Só depois dos parta e Tebas. A vitória dos gregos nas guerras médi-
trinta anos, quando então recebiam seu lote de terra e cas ou pérsicas projetaram a hegemonia ateniense até a
passavam a ser cidadãos, poderiam casar.
Guerra do Peloponeso. Filipe II anexou o mundo grego ao
A fim de evitar mudanças radicais e de garantir o domí- Reino da Macedônia e, na fase seguinte, ao Império Helê-
nio da minoria dória sobre a maioria escrava, Esparta nico de Alexandre Magno.
permaneceu nesse sistema até o século IV a.C.
A hegemonia de Atenas (443-429 a.C.)
A cidade-estado democrática, Atenas. Atenas alcançou seu apogeu sob o governo de Péricles.
Atenas foi fundada numa planície, a Ática, uma península O controle do mar Egeu, o comando da Confederação de
do mar Egeu. Os atenienses se consideravam originários Delos e a prosperidade econômica contribuíram para o
dos povos aqueus, eólios e jônios. fortalecimento do partido democrático formado pelos ricos
comerciantes e armadores. Sob a direção desse partido,
A economia de Atenas, no século VIII a.C., era ainda essen-
Atenas desenvolveu, ao mesmo tempo, uma política de-
cialmente rural. Mas atividades artesanais e comerciais já
mocrática e imperialista.
ultrapassavam os limites da Ática. A proximidade de Ate-
nas do mar Egeu abriu-a a influências externas, facilitou
sua participação no movimento de colonização e transfor-
mou-a numa pólis de navegadores e comerciantes.
Os eupátridas, grandes proprietários de terras, eram a
camada social dominante. Os georgois eram agriculto-
res donos de terras pouco férteis perto das montanhas. Os
thetas eram os marginalizados (recebiam menos de 200
medimnos por ano).
Na região litorânea, concentravam-se os artesãos (demiur-
gos), trabalhadores livres. Cerca de 100 mil estrangeiros
residiam em Atenas, os metecos, dedicados ao artesanato PARTENON
e ao comércio. A maioria da população de Atenas era de es-
cravos, que desempenhavam todas as atividades manuais. A Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.)
A primeira forma de governo de Atenas foi a monarquia ou A Grécia foi assolada por uma terrível guerra, envolvendo
realeza. No século VII a. C. ocorreu a substituição da realeza todas as cidades-Estado gregas. A disputa era entre a Liga
pelo arcontado, órgão de caráter executivo. Assim o regime do Peloponeso, liderada por Esparta, e a Confederação de
de governo passou de monárquico para oligárquico. Delos, por Atenas.

78
Essa disputa entre as duas pólis foi se tornando tão acir- Atenas abrigou alguns dos maiores pensadores e artistas
rada que desembocou em um conflito de grandes propor- que a humanidade conheceu.
ções. No final do conflito, do qual Esparta saiu vencedora, a A filosofia grega divide-se em antes e depois de Sócrates.
Grécia se encontrava materialmente arrasada, com grande Foram pré-socráticos: Tales de Mileto (fim do século VII-in-
diminuição de sua população masculina mais jovem e en- ício do século VI a.C.); Pitágoras (582-497 a.C.); Demócri-
fraquecida militarmente. Esparta, assim como Atenas, ado- to (460-370 a.C.); Heráclito (535-475 a.C.); e Parmênides
tou uma política imperialista. (540-? a.C.). No tempo de Sócrates, predominava a escola
dos sofistas, que se serviam da reflexão para atingir fins
Período Helenístico (séc. IV-I a.C.) imediatos, ainda que por falsos argumentos. O maior dos
sofistas foi Protágoras.
No século IV a.C., Filipe apoderou-se da Grécia. Conhece-
dor do individualismo das cidades-Estado e de muita astúcia Sócrates (470-399 a.C.) – fundou a filosofia humanista.
política, respeitou-lhes a autonomia. Assim, foi proclamado Platão (427-347 a.C.) – principal discípulo de Sócrates,
hegemon (líder), com o direito de chefiar uma liga contra os fundou a Academia de Atenas.
persas, a Liga de Corinto.
Aristóteles (384-322 a.C) – considerado por muitos o
Filho de Filipe II, Alexandre Magno assumiu o trono maior filósofo de todos os tempos, compreendeu todos os
com uma Macedônia organizada e bem armada pelo exér- conhecimentos de seu tempo: Lógica, Física, Metafísica,
cito, usou de violência e arrasou as cidades gregas, exceto Moral, Política, Retórica e Poética.
Atenas. Como líder supremo do helenismo, deveria libertar
Marcada pela harmonia, a simplicidade, o equilíbrio e uma
as cidades da Ásia e levar os gregos à vingança contra os
decoração perfeitamente adaptada ao conjunto, a arte
persas. Alexandre rumou para a Ásia com 40 mil homens, 12
grega era religiosa e manifestada em templos e esculturas
mil dos quais na infantaria, o forte de seu exército.
representando deuses e passagens mitológicas.
Recusou o acordo de paz oferecido por Dario III, derrotou-o
em pleno centro do Império Persa em 331 a.C. Já impera-
dor persa, avançou para a Índia, percorreu a região do rio
Indo e só não chegou ao Ganges porque os soldados recu-
saram-se ir com ele. Aos 33 anos, morreu na Babilônia em
323 a.C., deixando um dos mais vastos impérios já criados.

CULTURA E RELIGIÃO
Os gregos eram politeísta: cultuavam grandes deuses, que
habitavam o Olimpo, e os heróis, homens que praticaram
ações extraordinárias e se igualavam aos deuses. Mito-
logia é o conjunto dos mitos, as lendas que contam as
aventuras de deuses e heróis.

A arquitetura grega desenvolveu três estilos: o dórico, mais


antigo, era simples e despojado; o jônico, leve e flexível; o
coríntio, mais recente, era complexo e rebuscado.
A Acrópole é um de seus monumentos mais belos. O es-
plendor da arte grega ainda pode ser admirado nas ruínas
do Partenon e na Acrópole de Atenas.
A Matemática de Euclides e os teoremas de Tales e Arqui-
medes foram incorporados ao patrimônio cultural da hu-
manidade. Hipócrates, o mais ilustre médico da Antiguida-
de, impulsionou o conhecimento do corpo humano.
Atenas e seu regime democrático serviu de exemplo para
ESTÁTUA DE POSEIDON - O DEUS DOS MARES - EM HUA HIN, TAILÂNDIA. todos os povos.

79
ROMA: MONARQUIA E REPÚBLICA

ORIGENS Roma teve sete reis, dos quais os quatro primeiros foram
latinos, e os três últimos, etruscos, de acordo com a tradição
Acredita-se que Roma tenha sido fundada por latinos em lendária. Durante o período de reinado etrusco, houve uma
fuga das invasões etruscas. Roma era um pequeno povo- série de tentativas dos reis de limitarem o poder patrício ao
ado na península Itálica influenciado por diversos povos. se aliarem a setores populares. Tarquínio, o Antigo (616-578
a.C.), iniciou a construção de grandes obras públicas. Sérvio
O poeta Virgílio, em sua obra Eneida, leva a crer na mítica
Túlio (578-534 a.C.) edificou a primeira muralha de Roma e
fundação de Roma por Rômulo e Remo, descendentes do
estabeleceu um regime censitário, dividindo a população em
guerreiro troiano Enéas.
cinco categorias sociais de acordo com sua renda.
Por fim, o terceiro rei etrusco, Tarquínio, o Soberbo, edificou
o Templo de Júpiter e construiu a Cloaca Máxima (sistema
de esgoto de Roma). Governou com o apoio dos plebeus
e latinos inimigos dos patrícios. Dessa forma, manteve os
patrícios praticamente fora do poder político decisório das
cidades. Em razão disso, os patrícios conspiraram e o der-
rubaram por meio de um golpe de Estado, no ano 509 a.C.

REPÚBLICA (SÉC. VI-I A.C.)


A LOBA CAPITOLINA REPRESENTA A LOBA DAS NARRATIVAS ROMANAS A queda da monarquia foi um ato reacionário dos patrícios,
SOBRE A FUNDAÇÃO DE ROMA.
que afastaram a realeza comprometida com as camadas

SOCIEDADE E ECONOMIA populares. O monopólio do poder passou ao patriciado, e a


plebe ficou à margem.
Em razão de sua terra de melhor riqueza e graças ao caráter
aristocrático de sua sociedade, Roma baseou sua economia
em atividades agropastoris. Grandes proprietários rurais,
os patrícios, formavam a camada social dominante. Os não
proprietários, clientes, prestavam serviços e beneficiavam-
-se da proteção de famílias patrícias. Estrangeiros, artesãos,
pastores, comerciantes e donos de pequenos lotes pouco
férteis eram os plebeus e não pertenciam a um clã.
Os escravos não possuíam grande peso na sociedade e
na economia romanas, pois ainda eram pouco numerosos.
Isso mudaria em consequência das guerras de expansão,
quando as conquistas externas transformaram a economia
romana num sistema de produção escravista. CÍCERO ACUSANDO CATILINA NO SENADO (AFRESCO
DE CESARE MACCARI, SÉCULO XIX)

MONARQUIA (SÉC. VIII-VI A.C.) O Senado era, sem dúvida, uma das mais importantes
instituições da República, pois praticamente detinha o po-
Da fundação de Roma até a implantação da República, exis- der, apesar das demais instituições. Era composto por 300
tiu um governo monárquico, em que o rei (rex) tinha função senadores de origem patrícia. Entre outras tarefas, cabia-
de chefe supremo, sumo sacerdote e juiz, poderes esses de -lhes eleger os magistrados, autorizar ou não a concessão
origem divina. A realeza apoiava-se no Imperium (comando das honras do triunfo aos generais vencedores, conduzir a
supremo) e no Auspicium (conhecimento da vontade divi- política externa, administrar as províncias, dar seu parecer
na). Os chefes das principais famílias patrícias assessoravam sobre a escolha de um ditador e zelar pela tradição e pela
o rei e compunham o Conselho de Anciãos e o Senado. religião, além de supervisionar as finanças públicas

80
Os mais altos magistrados eram os cônsules, respon-
sáveis pelo comando do exército e pelo controle da
Conquistas, a expansão romana
administração, além de exercer o Poder Executivo. Par- A dominação da península Itálica constitui a primeira fase
ticipavam das reuniões do Senado e propunham leis. das conquistas romanas. Inicialmente, dominaram as tribos
latinas próximas de Roma. A conquista da Campânia, em
Seriamente discriminados, os plebeus recebiam sempre a 290 a.C., região ameaçada pelos samnitas, abriu as portas
menor parte dos espólios de guerra; se precisassem contrair para a conquista das cidades gregas do sul da Itália. Poste-
empréstimos, não conseguiam pagar os juros; julgados por riormente, Roma subjugou o norte (Etrúria), cujos domínios
magistrados patrícios e com base em leis orais, os devedo- compreendiam a Itália central e parte da Itália setentrional.
res acabavam escravizados por dívida. Há indícios de cinco Os romanos demonstraram um talento notável para conver-
revoltas levadas a cabo pelos plebeus, entre 494 e 287 a.C. ter antigos inimigos em aliados e finalmente cidadãos roma-
ƒ Primeira revolta (494 a.C.) – a primeira greve de nos, ao estender seu domínio sobre a península Itálica.
caráter social da História, em razão da qual os patrí-
cios tiveram de conceder a criação dos tribunos da As guerras púnicas
plebe, magistrados que atuavam em defesa
dos direitos e interesses da plebe no Sena-
do. Em 471 a.C., os plebeus constituíram a Assem-
bleia da Plebe para eleger seus tribunos, o que
aumentou seu poder de veto e de ação.
ƒ Segunda revolta (450 a.C.) – os patrícios enviaram
representantes a Atenas para estudar as leis com a
promessa de resolver os problemas da plebe. O re-
sultado foi a criação do primeiro código de direito
escrito em Roma, a Lei das Doze Tábuas. A plebe
conseguiu que as leis votadas em sua Assembleia ti-
vessem validade, mesmo dependendo da aprovação
do cônsul ou do Senado. DISPONÍVEL EM: <HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/
GUERRAS_PÚNICAS>. ACESSO EM: 22 DEZ. 2015.
ƒ Terceira revolta (445 a.C.) – a Lei das Doze Tábuas
manteve a proibição de casamento entre patrícios e Roma travou longa guerra contra Cartago, outra grande
plebeus, o que levou os plebeus a se revoltarem pelo potência do Mediterrâneo ocidental, assim que consoli-
fim da proibição, conscientes de que os casamentos dou sua supremacia na Itália. Fundada em 800 a.C. pelos
mistos quebrariam a tradição patrícia de exercer o fenícios, a cidade norte-africana tornara-se um próspero
entreposto comercial. Um império que abrangia a África
poder com exclusividade. A reivindicação foi atendida
do Norte, as regiões do litoral meridional da Espanha, a
com a Lei Canuleia, mas apenas para os plebeus
Sardenha, a Córsega e a Sicília ocidental.
que tinham mais posses.
O confronto romano-cartaginês acabou se transformando
ƒ Quarta revolta (367-366 a.C.) – a pressão da plebe numa disputa pela hegemonia marítimo-comercial no Me-
resultou na Lei Licínia Sextia, promulgada pelo diterrâneo ocidental e desdobrou-se em três guerras púnicas.
senado romano, obrigando que, a cada ano, um dos
Em seguida, os romanos ocuparam a Espanha e a Gália do
dois cônsules fosse um plebeu. Mais tarde, em 326
sul, constituindo a província da Gália. A conquista da região
a.C., foi abolida a escravidão por dívidas por meio do Mediterrâneo Oriental foi completada por uma rápida
da Lei Papiria Poetelia. sucessão de campanhas militares. No fim do século I a.C.,
ƒ Quinta revolta (287-286 a.C.) – os plebeus conse- o Mediterrâneo havia se transformado num “lago romano”
guiram impor aos patrícios a validade das leis vota- (mare nostrum = nosso mar). Foram também conquistados
das na Assembleia da Plebe para todo o Estado: era os reinos do Ponto, Bitínia, Síria, Egito, Macedônia e Grécia.
a decisão da plebe ou plebiscito.
A preocupação com as leis levou os romanos a desen- A expansão romana e
volver minuciosamente o seu direito. Sendo adotado suas consequências
por vários outros povos europeus, o Direito Romano Com a expansão, o vasto comércio que se desenvolvia
mantém e conserva sua importância até os dias atuais. ocupava o lugar antes pertencente à atividade agrícola.

81
A concorrência com gêneros advindos das províncias Expansão romana
e do latifúndio patrício, cujo crescimento dependia da
Com a conquista do Mediterrâneo, foram criadas condi-
mão de obra escrava, levou ao desaparecimento da am-
ções para um grande desenvolvimento da manufatura e do
pla camada de pequenos proprietários.
comércio. A consequência dessa prosperidade econômica
Efeito direto da expansão, o crescimento da escravi- foi a formação de uma nova classe de comerciantes e mi-
dão esteve ligado à miséria da plebe, visto que gran- litares que enriqueceram com as guerras: os homens no-
de parte dos escravos era prisioneira de guerra. Mesmo vos ou cavaleiros. Ao mesmo tempo em que sua condi-
abolida a escravidão por dívida, denominada “nexo” na ção plebeia impunha-lhes uma situação de marginalização
Roma Antiga, ao plebeu endividado só restava entregar política, sua riqueza tornava-os naturalmente adversários
a terra ao patrício em troca da dívida. Paulatinamente, da oligarquia patrícia, fato que também representou um
Roma entrou em um processo de concentração fundiária, elemento a mais a conspirar contra a ordem republicana.
com as grandes propriedades patrícias transformadas em No rastro das conquistas romanas e da necessidade de
latifúndios voltados para a produção extensiva de expor- uma força militar mais eficiente, o exército romano pas-
tação, ideal para o trabalho escravo. sou por um processo de profissionalização, uma força
Um processo de êxodo rural, devido à miséria da plebe sem permanente cujos guerreiros recebiam o soldo para com-
terra e sem trabalho no campo, acabou concentrando em bater (origem do termo soldado). Uma força à margem
da estrutura republicana, que alimentou as ambições po-
Roma uma massa miserável, aumentando a tensão social
líticas dos generais.
e política. Com a finalidade de alienar essa multidão, cuja
potencialidade revolucionária era evidente, o Estado fornecia Novas lutas sociais assinalaram a crise da República,
pão, vinho e espetáculos (política do pão e circo). desencadeadas por essas transformações em Roma.

ROMA: CRISE DA REPÚBLICA E IMPÉRIO

CRISE NA REPÚBLICA sultou no massacre de seus seguidores. Foi morto por um


escravo, seguindo suas próprias ordens.
(133-27 A.C.) Mario e Sila, duas ditaduras
Alguns senadores, depois das transformações resultantes militares (107-79 a.C.)
da conquista do Mediterrâneo, concluíram que a estrutura
do Estado precisava de reformas. Uma das primeiras medi- A crise da República, agravada pelo fracasso das reformas
das, a votação secreta nas assembleias, permitiu a eleição propostas pelos irmãos Graco, mergulhou Roma numa
de magistrados bem-intencionados, os irmãos Tibério e sangrenta guerra civil, abrindo caminho para as ditadu-
Caio Graco. ras militares dos generais Mario e Sila. De origem plebeia,
Mario era o homem mais rico de Roma, um homem novo
Tibério Graco foi eleito tribuno da plebe e conseguiu a que, graças à sua riqueza, foi galgando postos dentro do
aprovação de uma lei agrária que limitava a extensão dos exército romano, no qual chegou a general. Mario foi eleito
latifúndios da aristocracia patrícia e autorizava a distribui- para o cargo de cônsul, já que dispunha de grande prestí-
ção de terras para os desempregados. Tibério Graco e mais gio entre as camadas populares.
de 300 partidários seus foram assassinados e lançados ao
rio Tibre por proprietários rurais que se opuseram-se à apli- Com o apoio do exército, Mario implantou uma ditadura
cação da lei agrária em 132 a.C. em Roma e, violando as leis, reelegeu-se seis vezes para o
consulado. Aumentou o poder dos cavaleiros e reduziu a
Caio Graco, irmão mais novo de Tibério, eleito tribuno da
autoridade do Senado.
plebe em 123 a.C, retomou e aplicou a lei de reforma agrá-
ria em Cápua e Tarento; permitiu aos cavaleiros o acesso Em 86 a.C, após a morte de Mario, o general Sila, aristocra-
aos tribunais que julgavam as finanças provinciais; prome- ta apoiado pelos patrícios e pelo Senado, assumiu o poder
teu a cidadania romana aos aliados itálicos e decretou a e proclamou-se ditador perpétuo de Roma. Líder da reação
Lei Frumentária, que determinava a venda de trigo a preços do partido aristocrático, Sila realizou uma violenta repres-
baixos aos plebeus. Reeleito em 122 a.C., mas derrotado são contra os cavaleiros e as camadas populares, restabe-
no ano seguinte, Caio tentou um golpe de Estado, que re- lecendo os privilégios da aristocracia patrícia e restaurando

82
a autoridade do Senado. A crise da República piorou com a César instigou a plebe contra o Senado a fim de se tor-
ditadura de Sila, que morreu em 79 a.C. nar rei, título que era sinônimo de traição depois que o
Senado abolira a monarquia. Sofrendo forte oposição
O primeiro triunvirato (60-48 a.C.) do Senado, que via nele uma clara ameaça graças a
sua ambição de instaurar uma monarquia hereditária,
em 44 a.C., Julio César foi assassinado por um grupo
de aristocratas liderados por Cássio e Bruto.

O segundo triunvirato (43-30 a.C.)


Marco Antônio sublevou o povo contra os assassinos de
César, que não tomaram o poder. Cícero aconselhou o
PRIMEIRO TRIUNVIRATO: (DA ESQUERDA PARA A DIREITA) Senado, que entregou o poder ao sobrinho e herdeiro de
POMPEU, JULIO CÉSAR E CRASSO César, Caio Otávio, que parecia não ter ambições políticas.
A República estava ainda ameaçada por comandantes mi- Os senadores tinham-no como um instrumento em suas
mãos. Otávio atacou Antônio em Módena para, em segui-
litares que se serviam das tropas em seu próprio interesse
da, aliar-se a ele e a Lépido, banqueiro que havia fornecido
político. O Senado não conseguiu impor efetivamente a au-
dinheiro para a guerra contra os assassinos de César. O
toridade que lhe fora restituída. Em 60 a.C., Julio César,
Segundo Triunvirato estava formado.
um político, Pompeu, um general, e Crasso, um abastado
banqueiro, compuseram um triunvirato para tomar o poder Em 40 a.C., os triúnviros dividiram novamente o Império
em Roma. pelo Acordo de Brindisi. A Itália foi considerada neutra. An-
tônio ficou com o Oriente; Lépido, com a África; e Otávio,
Pontífice Máximo, questor eleito pela assembleia do povo com o Ocidente.
e cônsul, Júlio César subiu depressa. Pompeu havia voltado
do Oriente, e o Senado desaprovara seu trabalho de reor- Otávio aumenta suas posses na África ao conseguir elimi-
ganizar as províncias orientais. O ambicioso Crasso fez uma nar Lépido do triunvirato, no ano 36 a.C.
aliança secreta com César e Pompeu a fim de tomar o poder
do Senado: nascia o primeiro triunvirato.
Em 55 a.C., Pompeu ficou com a Espanha; Crasso, com
as províncias no Oriente; e César, com a Gália (França
atual). Em 53 a.C., Crasso morreu combatendo os partas
na Síria, povo que reconstruiu o Império Persa. Sobreveio
uma crise agravada pela ação de bandos armados que
espalhavam o terror em Roma. Contra as ambições polí- SEGUNDO TRIUNVIRATO: (DA ESQUERDA PARA A DIREITA)
ticas de César, em 49 a.C., o Senado confiou a Pompeu a MARCO EMÍLIO LÉPIDO, MARCO ANTÔNIO E OCTAVIO AUGUST
defesa da República. Para garantir a fidelidade de Antônio, Otávio tinha arran-
Julio César entrou em Roma à frente de seus exércitos, jado o casamento dele com sua irmã, Otávia. Porém, An-
pronunciando a famosa frase Alea jacta est, (A sorte está tônio separou-se de Otávia em 36 a.C. para se casar com
Cleópatra. Deixou sua herança para ela, nomeada também
lançada), configurando um inegável golpe de Estado. Aba-
regente do filho que tivera com César, a quem Antônio con-
lado com o prestígio popular de César, Pompeu fugiu para
siderava igualmente herdeiro, Cesarion.
a Grécia, onde foi derrotado em 48 a.C.
Revoltado, Otávio partiu para combater Antônio. Em Ácio,
perto da Grécia, Antônio foi derrotado e fugiu com Cleópa-
A ditadura de César (48-44 a.C.) tra para o Egito. Antônio e Cleópatra se suicidaram.
O Senado concedia cada vez mais títulos a César. Tais po-
O Egito era considerado por Otávio sua conquista pessoal.
deres permitiram numerosas reformas. César acabou com
Apoderou-se do tesouro dos faraós, acumulado durante
a guerra civil, começou a construção de obras públicas e
milênios, e, com essa fortuna, organizou 70 legiões, o que
pôs as finanças em ordem.
o tornou indestrutível. Otávio voltou à Roma triunfante, re-
Tentou unificar o mundo romano, chegou a elevar gauleses cebido como um deus. Otávio ganhou o controle das duas
ao Senado. Nomeava pessoalmente os governadores e maiores fontes de poder: o exército e a plebe romana. Surgia
mantinha-os sob controle, para evitar que espoliassem o imperator, uma nova forma de governo exercido pelo co-
as províncias. mandante do exército.

83
Em 27 a.C., Otávio recebeu o título de Augusto (escolhi- O cristianismo
do dos deuses), fato que marcou o fim da República e o
início do principado, inaugurando o culto ao imperador. Sob controle romano desde 64 a.C., a região da Palestina
foi o local do surgimento do cristianismo, uma dissidên-
cia do judaísmo.
O IMPÉRIO ROMANO O cristianismo se fundamenta nas pregações de Jesus, que
(27 A.C.-476 D.C.) se dizia o Messias, isto é, o Filho de Deus. A crença na exis-
tência de um só Deus, que enviou à Terra seu filho para
redimir os homens, era o princípio fundamental do cristia-
O Alto Império (27 a.C.-235 d.C.) nismo. Foram os discípulos de Jesus, os apóstolos, que
difundiram a nova religião pelo mundo romano.
O Império Romano se dividiu em duas fases: o Alto Impé-
rio e o Baixo Império. A primeira fase assinalou o apogeu No século I da Era Cristã, durante a Dinastia Júlio-Claudia-
do Império Romano. A segunda marcou o declínio do Im- na, começou a perseguição aos cristãos, que, crentes na
pério Romano e sua destruição pelas invasões germâni- existência de um único Deus, recusavam-se a reconhecer
cas. A cidade de Roma chegou a possuir uma população os deuses oficiais do politeísmo romano e negavam-se a
de 1,2 milhão de habitantes, e o império abrangia uma prestar culto ao imperador. Além disso, graças a sua mensa-
área de 5 milhões de km2 em seu auge. gem redentora, o cristianismo obteve enorme sucesso entre
os excluídos da sociedade romana, o que lhe rendeu um
O governo de Augusto (27-14 a.C.) caráter subversivo.

Otávio Augusto, durante seu governo, assumiu o controle


das principais magistraturas, concentrando mais poderes O Baixo Império (284-476)
ainda em suas mãos. Foi reconhecido como Princeps Sena- Em 313, Constantino (313-337) promulgou o Édito de
tus, ou seja, o líder do Senado (razão pela qual seu governo Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos. Em
também ficou conhecido como principado). Como impera- 330, fundou uma nova capital, Constantinopla, no local da
dor, assumiu o comando supremo do exército. antiga colônia grega de Bizâncio.
A política do pão e circo foi a forma que Augusto encon- Em 391, Teodósio (379-395) transformou o Cristianismo
trou de apaziguar a plebe romana, distribuindo alimentos gra- em religião oficial do Império Romano pelo Édito de
tuitamente e realizando monumentais espetáculos públicos. Tessalônica. Em 395, dividiu o império em duas unidades
Otávio Augusto inaugurou o que os romanos chamavam de político-administrativas: o Império Romano do Ocidente e
pax romana, período esse em que as províncias romanas o Império Romano do Oriente.
foram pacificadas, estradas foram construídas, portos foram Os bárbaros esfacelaram o Império do Ocidente ao lon-
reformados e pântanos foram drenados. Os aquedutos le- go do século V. Os visigodos saquearam Roma em 410, os
vavam água fresca para grandes parcelas da população ro- vândalos, em 455, e, em 476, os hérulos depuseram Rômu-
mana e o sistema de esgoto eficaz melhorou a qualidade lo Augústulo, o último imperador.
de vida. Na política externa, as guerras de conquista foram
substituídas pela política de consolidação das fronteiras. O Império Romano e a crise
Em14 d.C., Otávio morreu, e recebeu a apoteose, isto é, o O Império Romano começou a declinar a partir do século
direito de ter um lugar entre os deuses. III. Entre inúmeras razões, destaca-se a crise do escra-
Dinastias que governaram Roma durante o Alto Império: a vismo. Desde o final do século II, as guerras de conquista
praticamente cessaram, fato que diminuiu muito o nú-
Dinastia Julio-Claudiana (Tibério, Calígula, Cláudio e Nero)
mero de escravos à venda. Com isso, o preço deles foi
estava ligada à aristocracia patrícia romana; a Dinastia
ficando cada vez mais alto. Os proprietários começaram
Flávia (Vespasiano, Tito e Domiciano) ascendeu ao poder
a arrendar partes das suas terras a trabalhadores livres
pelo exército e estava associada aos grandes comercian- denominados colonos. A partir do momento em que os
tes da Itália central; a Dinastia Antonina (Nerva, Trajano, colonos ganhavam o direito de cultivar a terra, eram
Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio e Cômodo) ligava-se obrigados a ceder parte de sua colheita para o senhor
às famílias italianas estabelecidas na Espanha e na Gália e a trabalhar, gratuitamente, alguns dias da semana nas
(o governo dessa dinastia marcou o apogeu do Império plantações do senhorio. Esse novo sistema de trabalho
Romano); a Dinastia Severa (Sétimo Severo, Caracala, He- foi denominado colonato. A diminuição da produção e
liogábalo e Severo Alexandre) assinalou a transição do Alto o declínio do comércio foram resultantes da crise do es-
para o Baixo Império. cravismo e do advento do colonato.

84
O desequilíbrio entre a arrecadação fiscal do Estado e sua e Plutarco. As grandes obras da arquitetura romana foram
despesa com a manutenção do aparelho administrativo e o Panteon e o Coliseu. Na filosofia, o epicurismo de Lu-
militar foram a origem da crise financeira. A falta de crécio e o estoicismo de Sêneca, Epiteto e Marco Aurélio
gêneros alimentícios e a inflação provocaram o êxodo deixaram legado. Gaio, Ulpiano e Paulo foram os maiores
urbano e o despovoamento das cidades. jurisconsultos romanos.
De 235 a 285, grassaram os motins militares e guerras Os etruscos deixaram muitos legados para os romanos,
civis, e muitos imperadores foram assassinados. Ao mes- mas o maior foi o uso do arco e da abóbada nas cons-
mo tempo em que desmoronavam os pilares internos truções. Esses elementos arquitetônicos permitiram aos ro-
do império, nas fronteiras do Reno, do Danúbio e do
manos criar amplos espaços internos. Assim, nos edifícios
Eufrates, as contínuas pressões externas abriam novas
destinados à apresentação de espetáculos – os anfitea-
brechas no dispositivo de defesa militar provocadas pe-
tros – os construtores romanos, usando filas sobrepostas
las invasões bárbaras.
de arcos, obtiveram apoio para construir o local destinado
Descendentes dos indo-europeus ou arianos, os povos ao público. Isso pode ser observado no mais belo dos anfi-
bárbaros germânicos habitavam os territórios da Europa teatros romanos: o Coliseu.
Centro-Oriental. Enfraquecido por uma crise mais agu-
da, o Império Romano do Ocidente foi destruído pelas
invasões germânicas. Sob o impacto delas, o Império
fragmentou-se e seus territórios foram ocupados por dife-
rentes povos germânicos, que neles fundaram os Reinos
Bárbaros da Idade Média.

A CULTURA VINDA DE ROMA


A cultura grega influenciou a cultura desenvolvida pelos ro-
manos. Na religião politeísta, os deuses romanos tinham por
modelo os deuses gregos. A literatura romana teve grandes
nomes: Cícero, Virgílio (Eneida), Horácio, Ovídio, Tito Lívio COLISEU

IMPÉRIO BIZANTINO E CIVILIZAÇÃO MUÇULMANA

IMPÉRIO BIZANTINO O comércio proporcionou o enriquecimento de Bizâncio,


que se tornou a maior metrópole do Oriente. Centro de
A morte do imperador Teodósio, em 395 d.C., determi- importantes rotas comerciais, a cidade passou a controlar o
nou o fim da unidade do Império Romano, que foi divi- intercâmbio de produtos entre o mar Mediterrâneo e o mar
dido entre os seus filhos em duas partes: o Império Ro- Negro. No setor agrícola, predominavam os latifúndios. A
mano do Ocidente e o Império Romano do Oriente, com Igreja concentrava em suas mãos uma ampla porcentagem
sede em Constantinopla, antiga Bizâncio. Dessa forma, da riqueza agrária, tornando os mosteiros as entidades
mais ricas do império.
o Império Romano do Oriente se consolidou como Im-
pério Bizantino. A sociedade era urbanizada. Banqueiros, mercadores, ma-
nufatureiros e grandes proprietários de terras constituíam
uma elite extremamente enriquecida. Nas camadas inter-
Economia e sociedade mediárias estavam os trabalhadores urbanos do comércio
A região oriental, dotada de estruturas econômica, política e e das manufaturas. No campo, predominavam os servos,
administrativas mais sólidas, teve mais capacidade de absorver proibidos de saírem das terras onde nasceram. Os escravos
a crise do Império Romano. Sua agricultura sofreu um peque- realizavam trabalhos domésticos.
no declínio, mas a manufatura e o comércio mantiveram-se O Estado beneficiou-se do enriquecimento proporciona-
articulados. As levas bárbaras do Oriente chegaram a ocupar do pelo comércio, possibilitando seu fortalecimento como
algumas províncias, mas Constantinopla conseguiu manter uma monarquia centralizada, despótica, teocrática e here-
sua autoridade. ditária. O imperador tinha grandes poderes políticos, além

85
de ser o chefe do Exército e da Igreja, com direito de intervir do Oriente levou à formação de duas igrejas distintas:
nos assuntos eclesiásticos (cesaropapismo). a Igreja Católica Apostólica Romana, dirigida pelo
Papa, e a Igreja Cristã Ortodoxa, liderada pelo Patriar-
O auge do império: Justiniano ca de Constantinopla.
(527-565 d.C.)
O principal imperador bizantino foi Justiniano (527-565).
Durante seu governo, o poder imperial atingiu seu auge.
Os gastos militares forçaram a elevação dos impostos a
níveis insuportáveis. As pressões da arrecadação desenca-
dearam, em 532, um violento levante conhecido por Re-
volta de Nika, que foi duramente reprimida por Justiniano.
A publicação do Corpus Juris Civilis ou Código de
Justiniano, que serviu de referência para códigos civis de
diversas nações, foi a grande realização de Justiniano no
campo jurídico. O código resultou de uma compilação do
Direito Romano.

A Igreja bizantina
No Oriente, o cristianismo foi integrado à cultura local, in-
corporando aspectos da realidade bizantina, inteiramente di-
versos da realidade ocidental. Assim, o cristianismo oriental A ENTRADA DE MAOMÉ II EM CONSTANTINOPLA,
passou a ter características próprias, diferenciando-se cada DE JEAN-JOSEPH-BENJAMIN CONSTANT

vez mais do ocidental, com grande ênfase na valorização da


espiritualidade.
Decadência do Império Bizantino
Além do fortalecimento do poder dos grandes proprietários
Os cristãos orientais denominavam de ícones quaisquer
imagens tridimensionais de Cristo ou santos incorporadas rurais, do enfraquecimento do poder do imperador e das
às cerimônias religiosas. Dentre os principais produtores disputas religiosas, contribuíram para o declínio do Império
de ícones encontravam-se os monges, que auferiam grandes Bizantino os constantes ataques que Bizâncio passou a so-
lucros nesse ramo comercial. Isentos de tributação, proprie- frer, especialmente das cidades italianas, a partir do século
tários de grandes propriedades, exercendo grande influência XIII, e das investidas de bárbaros e árabes.
na sociedade, representavam uma ameaça ao poder central. Depois de um longo cerco, em 1453, os turcos otomanos,
A corriqueira utilização de ícones nos templos e mesmo nas comandados pelo sultão Maomé II, conquistaram a cida-
casas era vista por muitos como uma prática idólatra, ou de de Constantinopla, ou Bizâncio, destruindo o Império
seja, de adoração de ídolos. Bizantino. Constantinopla tornou-se a capital de outro Es-
tado poderoso, o Império Otomano, passando a se chamar
Com o intuito de enfraquecer o poder dos monges, o
imperador Leão III, em 725, proibiu o uso de imagens tridi- Istambul e permanecendo, até os dias atuais, como a maior
mensionais nos templos, determinando sua destruição ou e mais importante cidade da República da Turquia.
iconoclastia. O papa manifestou-se declarando herética A tomada de Constantinopla marcou a transição
a proibição de imagens, aprofundando os desentendimen- da Idade Média para a Idade Moderna.
tos entre o imperador e a Igreja.

O Cisma do Oriente (1054) CIVILIZAÇÃO MUÇULMANA


A Arábia é uma península árida localizada no Oriente Mé-
O patriarca de Constantinopla era a figura eclesiástica de dio. Os diversos povos da Arábia estavam divididos em
maior poder no Oriente. Ele recusava a supremacia do várias tribos; portanto, não formavam um Estado com
papa sobre sua Igreja, considerando-se o supremo man- unidade política. Mas tinham elementos culturais co-
datário do povo cristão. muns, como o idioma árabe e certas crenças religiosas. A
As inúmeras divergências levaram à separação entre as principal cidade árabe era Meca, onde havia um san-
igrejas orientais e ocidentais em 1054. O chamado Cisma tuário religioso, Caaba (casa de Deus), que reunia as

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principais divindades de toda a Arábia (mais de 300 ído- implantada por Maomé, no início do século VII, quando
los pertencentes às tribos do deserto). Ali estava a Pedra foi criado um estado teocrático islâmico.
Negra, provavelmente um pedaço de meteorito protegido
por uma tenda de seda preta, na forma de um cubo, que
Fases da expansão
era bastante venerada, pois se acreditava ter sido trazida Depois da morte de Maomé, os membros mais influentes
do céu pelo anjo Gabriel. dos conselhos municipais das cidades de Meca e Medi-
na decidiram apontar um califa, isto é, um sucessor de
O santuário ajudou a transformar Meca no centro re-
Maomé, que deveria concentrar em suas mãos o poder
ligioso e comercial dos árabes, já que a cidade era o
político, militar e religioso. O primeiro califa foi Abu Bekr,
ponto de encontro de pessoas e de mercadorias de di-
sogro de Maomé, e os outros três que o sucederam foram
versas regiões.
também apontados entre seus familiares.
O responsável pela unidade política e religiosa da península
As conquistas tiveram início com esses califas de Meca.
Arábica foi Maomé, criador e divulgador da religião mu-
Sucessivamente, a partir de 634, a Síria, a Palestina, a Ásia
çulmana. Nas suas viagens, Maomé entrou em contato com
Menor, a Mesopotâmia, a Pérsia, o Egito e a Tunísia caíram
povos e religiões diferentes. Esteve várias vezes no Egito,
sob o domínio muçulmano.
Palestina, Pérsia, regiões onde fervilhava o espírito religioso.
Conheceu principalmente o cristianismo e o judaísmo, so- Alguns anos depois dessas conquistas, o novo império foi
frendo profunda influência dessas crenças religiosas. abalado por lutas internas, e o controle do califado passou
para as mãos de outra família, os Omíadas, que transferiram
Por volta de 610, já com quase 40 anos, Maomé teve sua
a capital para Damasco, na Síria. Sob a liderança dos Omía-
primeira visão do anjo Gabriel, que lhe teria ordenado “reci-
das (660-750), os árabes retomaram o processo de expan-
tar o nome do Senhor” e que “havia um só deus, Alá, e um
são conquistando territórios na Ásia central (Índia), Norte da
só profeta, Maomé”. No ano de 622, Maomé teria realizado
África e península Ibérica. Os muçulmanos só foram contidos
um milagre para provar que era profeta de Alá: “quebrou” a
na Europa pelos francos, liderados por Carlos Martel, da di-
Lua. Provavelmente tratava-se de um eclipse e talvez Mao-
nastia carolíngia, em 732, na Batalha de Poitiers. O domínio
mé tivesse informações sobre o acontecimento, porque tinha
árabe sobre a costa do Mediterrâneo contribuiu para a crise
muito contato com o Oriente, onde a astronomia era alta-
do comércio e a feudalização europeia.
mente desenvolvida.
Em 750, a dinastia Omíada chegou ao fim, sendo derrota-
Perseguido pelos coraixitas, que mandaram assassiná-
da por uma conspiração interna que inaugurou a dinastia
-lo, Maomé fugiu para Iatreb (Yathrib), cidade rival de Meca,
Abássida (750-1258). A capital passou de Damasco para
onde já possuía seguidores. Esse evento ficou conhecido
Bagdá, mudança essa que provocou a primeira divisão do
como Hégira, e é utilizado como marco inicial do calendário
mundo islâmico. A divisão do Império Islâmico foi uma con-
muçulmano. Em latreb, Maomé conquistou rapidamente
sequência de sua enorme expansão, obtida em um período
prestígio e poder, controlando a cidade que passou a ser
muito curto de tempo. As seitas religiosas sunita e xiita
chamada de Medina al Nabi – a Cidade do Profeta.
contribuíram para esse fenômeno.
Depois da conquista de Iatreb, o alvo principal passou a ser a
cidade de Meca. O crescente número de seguidores possibi-
litou a formação de um exército numeroso, que cercou a ci-
A religião muçulmana
dade, preservando apenas a Caaba. Em seguida, Maomé fez
um acordo com os coraixitas, estabelecendo a peregrinação
a Meca como uma das obrigações da religião muçulmana.
Em 632, Maomé morreu, deixando difundida sua doutrina
religiosa. Ao mesmo tempo, a península Arábica, que era
um aglomerado de tribos e clãs dispersos, teve sua unifi-
cação política realizada por meio da unificação religiosa.

Expansão islâmica
A partir do século VII, os árabes muçulmanos expandiram-
-se, dominando vasta extensão territorial que se estendia
da Ásia à Europa, passando pelo Norte da África. Essa
expansão teve origem na unidade política e religiosa CAABA, GRANDE MESQUISTA EM MECA

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A doutrina islâmica, muçulmana ou maometana é marcada
pelo sincretismo religioso. Possui elementos do cristianis-
A cultura árabe
mo e do judaísmo, de onde provêm suas bases fundamen- Os árabes foram os responsáveis pela difusão, no Oci-
tais. O principal fundamento da religião é o monoteísmo, a dente, dos conhecimentos adquiridos pelos impérios bi-
crença no Deus único Alá e em seu profeta Maomé. zantino e persa.
Os fundamentos da religião estão no livro sagrado – Alco- Na Astronomia, os muçulmanos traduziram a obra de Pto-
rão ou Corão –, que determina a total submissão do lomeu, que passou a ser conhecida pelo nome de Alma-
homem à vontade de Alá (Islão). gesto. Na Matemática, desenvolveram a álgebra e a trigo-
nometria, além dos conhecimentos deixados pelos gregos.
Um aspecto importante da religião islâmica são as inter-
Propagaram o sistema numérico arábico, cuja invenção
pretações e os significados que foram sendo agregados à
provém dos hindus. Na Química, descobriram substâncias
jihad, que passou cada vez mais a ser interpretada como
como o álcool, o ácido sulfúrico e o salitre. Foram os pri-
Guerra Santa e vinculada ao expansionismo. Foi graças à
meiros a descrever os processos químicos de destilação,
concepção do jihadismo como “esforço” de difusão da fé
filtração e sublimação.
no islamismo que a expansão territorial foi estimulada e as
conquistas de vários territórios pelos árabes muçulmanos Na Medicina, fizeram importantes descobertas, como o con-
foram consumadas. tágio proveniente da água e do solo e o diagnóstico
de doenças como a varíola e o sarampo. O mais famoso
Outra característica importante do islamismo é o secta-
médico muçulmano foi Avicena, cuja obra Canon foi o
rismo, com a formação de seitas rivais desde a morte de
manual médico na Europa até o século XVII. Na Literatu-
Maomé, quando ocorreram sérias divergências em rela-
ra, destacam-se os poemas épicos e de amor e contos de
ção à liderança religiosa e política dos muçulmanos. As
aventura, como a coletânea As mil e uma noites e Ru-
principais seitas são xiitas e sunitas. Os primeiros acei-
baiat. Nome célebre é o de Averróis, filósofo de Córdova,
tam somente o Corão como fonte de verdade, bem como
que traduziu as obras de Aristóteles para a língua árabe e
um chefe político religioso descendente de Maomé. Os
introduziu-as no Ocidente.
sunitas admitem, além do Alcorão, os ensinamentos con-
tidos no Suna, livro de relatos de seguidores próximos de Merece destaque a arquitetura de palácios e mesquitas. Gra-
Maomé, bem como admitem que o chefe possa ser esco- ças à dominação da península Ibérica, o árabe influenciou a
lhido entre os fiéis que reúnam as virtudes necessárias. formação da língua portuguesa.

REINO FRANCO E A IGREJA CATÓLICA

REINO FRANCO damental para manter a conquista do território, atualmente a


França. A formação desse reino teve início no período da Alta
Rômulo Augusto, o último imperador romano, foi deposto, Idade Média europeia, a expansão territorial ocorreu entre as
em 476, por Odoacro, líder hérulo que decretou o fim do dinastias Merovíngia e Carolíngia.
Império Romano do Ocidente, marco utilizado pelos his-
toriadores para determinar o fim da Idade Antiga e o Dinastia Merovíngia (481-751)
início da Idade Média. Chefiados por Meroveu, os francos venceram os hunos no
Os reinos bárbaros final do século V, na Batalha dos Campos Catalúnicos. Mas
a dinastia Merovíngia foi consolidada, efetivamente, por seu
O encontro entre romanos e bárbaros reuniu características neto, Clóvis, a partir da unificação das tribos francas. Clo-
culturais de ambos os povos e deu início à estrutura do vis reinou durante os anos de 482 a 511. Nesse período,
sistema feudal.
aliou-se à Igreja Católica, oferecendo-lhe proteção militar;
À medida que os bárbaros entravam no Império Romano do em troca, obteve o apoio do papado, o que contribuiu para
Ocidente, formavam reinos que, de maneira geral, não tinham o fortalecimento da sua autoridade real. Com a morte de
longa duração. Por esse motivo, os povos germânicos não Clóvis, em 511, o Reino Franco foi dividido em quatro partes,
resistiram às pressões externas e foram dominados ou des- entre seus filhos, de acordo com o costume germânico de
truídos. Entretanto, os francos conseguiram organizar uma divisão do poder. Mais tarde, uma nova divisão ocorreu entre
estrutura política na Gália. A centralização do poder foi fun- os netos de Clóvis.

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Nesse período, um novo sistema econômico se estru- ao Papa e fortalecendo ainda mais a aliança entre a Igreja
turou – o feudalismo –, com a ruralização da econo- e o reino fanco. Os territórios da Igreja ficaram conhecidos
mia e o fortalecimento das relações pessoais entre o como Patrimônio de São Pedro.
rei a seus vassalos. A fidelidade ao rei, suserano de
Pepino foi sucedido por seu filho Carlos Magno, em 768,
um feudo, era estabelecida mediante o juramento da
que governou até 814, tornando-se o mais importante rei
vassalagem,composta pelos senhores feudais e pelos
franco, concedendo seu nome à dinastia Carolíngia. Carlos
cavaleiros, que assumiam o compromisso de servir ao
Magno ampliou as fronteiras do reino franco, anexando a
soberano. Em troca, o rei oferecia proteção, terras e
Itália lombarda, a Saxônia, a Frísia e a Catalunha, tornan-
outros bens, mantendo o sistema de servidão e enfra-
do-se o único rei da Europa cristã.
quecendo o poder dos monarcas merovíngios.
A expansão foi favorecida pelo apoio da Igreja e da nobre-
O poder nobiliárquico também se baseava no contato
za guerreira. O reino de Carlos Magno tornou-se o maior
direto dos majordomus (mordomos ou prefeitos do
Império Ocidenta, durante o período medieval. No Natal do
palácio) com os reis. Oriundos de famílias nobres, os
ano 800, Carlos Magno foi coroado pelo Papa Leão III im-
majordomus passaram a exercer o poder no reino, a
perador romano do Ocidente.
partir do comando do exército, da administração e di-
visão das terras e, por fim, da coleta de impostos. Aos O imperio de Carlos Magno também foi marcado pelo estímu-
reis eram atribuídas funções cerimoniais. lo imperial ao desenvolvimento cultural. Ocorreu um grande
incentivo à cultura e às artes, quando houve um florescimento
Pepino de Heristal, majordomus do Reino da Austrásia,
cultural e intelectual, o Renascimento Carolíngio.
conseguiu submeter os outros majordomus, promovendo
a centralização do Reino Franco. Mas foi somente com seu Em 806, Carlos Magno fez seu testamento dividindo o império
sucessor, Carlos Martel, que os majordomus passaram a ser entre seus filhos, conforme o costume sucessório germânico,
considerados reis. mas acabou sendo sucedido por seu filho mais novo, Luís I, o
Piedoso, que governou de 814 a 841, mantendo o império e
Carlos Martel conquistou prestígio e poder ao liderar os
a estrutura político-administrativa herdados de seu pai.
francos na vitória contra os muçulmanos na Batalha de
Poitiers, na França, no ano de 732, contendo o avanço A decadência do Império Carolíngio teve início após a mor-
islâmico sobre a Europa ocidental. te de Luís I, em 841, quando se iniciou um conflito entre
seus filhos pelo trono. Lotário, Carlos e Luís travaram várias
batalhas, arruinando as finanças e enfraquecendo militar-
mente o império.
Em 843, a disputa foi solucionada com a assinatura do Tra-
tado de Verdun, que estabeleceu a divisão do império en-
tre os netos de Carlos Magno: Lotário recebeu a Lotaríngia,
que correspondia aos Países Baixos, Suíça e Norte da Itália;
a Luis, o Germânico, coube a parte oriental do Império (Ger-
mânia); e a Carlos, O Calvo, coube o território da França. O
Tratado de Verdun marcou, segundo as divisões dos
períodos da História, o final da Alta Idade Média.
CARLOS MARTEL NA BATALHA DE POITIERS. CHARLES STEUBEM (1788-1856)
A quebra da unidade política e o enfraquecimento militar
Ao ser considerado pela Santa Sé como o “salvador do cris- favoreceram as invasões externas – magiares, árabes e vi-
tianismo ocidental”, Carlos Martel fortaleceu sua autoridade kings –, levando o império franco ao declínio.
pessoal, fato aproveitado por seu filho Pepino, o Breve, que,
com o apoio do papa Zacarias, destronou o último rei merovín-
gio Childerico III, no ano de 751, e proclamou-se rei dos fran- IGREJA CATÓLICA MEDIEVAL
cos, iniciando a Dinastia Carolíngia, que perdurou até 987. A Igreja católica foi a grande catalisadora dos aconteci-
mentos e da vida medieval; nesse período, sua trajetória foi
Dinastia Carolíngia (751-987) marcada pelo crescimento e desenvolvimento em virtude
Pepino iniciou a administração de seu reinado lutando con- do grande poder conquistado.
tra os lombardos na Itália. Os territórios conquistados, no O crescente poder da Igreja católica na Europa ocidental
centro da península Itálica, foram cedidos à Igreja, que pela durante a Idade Média pode ser explicado pelo acúmulo
primeira foi dona de suas terras, concedendo maior poder dos poderes espiritual e temporal. O poder espiritual cor-

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responde ao controle sobre a religião e o monopólio da in- Um importante instrumento de manutenção do domí-
terpretação das Escrituras Sagradas, permitindo o controle nio da Igreja Católica Medieval foi a criação do Tribunal
ideológico e a interpretação da realidade vigente. O poder da Santa Inquisição, em 1231, pelo papa Gregório
temporal era exercido politicamente como resultado do con- IX. A principal função do Tribunal era julgar e punir
trole da Igreja sobre um número crescente de populações as heresias. As penas variavam de simples penitências
que a alimentavam mediante pagamento dos dízimos, do- ao confisco de bens, além da excomunhão, torturas e
ações, além de outras ações realizadas por fiéis crentes da morte na fogueira.
salvação em troca de seus recursos materiais.
A Igreja contava com uma rígida organização hierárquica.
A Igreja concentrava uma grande quantidade de terras, re- Havia o alto clero e o baixo clero; este era composto de
sultado da acumulação de um montante significativo de elementos vindos das camadas mais pobres da sociedade;
riquezas materiais. aquele, ligado à aristocracia, detinha os cargos de direção:
dele faziam parte o Papa, os bispos, os abades, etc.
A Igreja era responsável pela educação, mantendo uma
série de escolas nos mosteiros, conventos e, mais tarde, Os mosteiros eram os responsáveis pela preservação da
nas paróquias. No século XIII, começou a organizar as uni- cultura, além de serem importantes centros econômicos. O
versidades. Com isso, o poder da Igreja sobre os fiéis era clero regular era constituído por todos os clérigos consa-
incontestável. Os pecadores deviam cumprir penitências, grados da Igreja católica, que seguiam as regras de uma
que variavam de orações e jejuns a peregrinações e partic- determinada ordem religiosa, dona de sua própria hierar-
ipação nas Cruzadas. quia e de títulos específicos.

SISTEMA FEUDAL

ORIGENS DO FEUDALISMO
Na Europa, a Idade Média caracterizou-se pelo surgimento de um sistema econômico, político e social denominado feuda-
lismo. Esse sistema foi fruto de uma lenta integração entre algumas características de duas estruturas sociais: a romana e a
germânica. Esse processo de integração, que resultou na formação do feudalismo, ocorreu no período histórico compreen-
dido entre os séculos V e IX.
A nova onda de invasões dos séculos VIII ao X

FONTE: <28NAVEGADORES.BLOGSPOT.COM.BR/2013_04_01_ACHIVE.HTML>.

90
Próximo ao fim do Império Romano do Ocidente, os gran- culo IX, os normandos também se lançaram à conquista
des senhores romanos começaram a abandonar as cida- da Europa. Penetraram no continente europeu pelos rios,
des, fugindo da crise econômica e das invasões germâni- saqueando suas cidades. A leste, os magiares (húngaros),
cas. Os senhores rumaram para latifúndios no campo, onde cavaleiros nômades originários das estepes euroasiáticas,
passaram a desenvolver uma economia agrária voltada invadiram a Europa oriental.
para a subsistência.
O comércio, com o desaparecimento quase total da moe-
Um grande contingente de romanos de menos posses pas- da, regrediu ao patamar da troca direta. Com a agrarização
sou a buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes da economia, as cidades foram despovoadas, completando
senhores. Para utilizar as terras, eram obrigados a ceder ao o processo de ruralização da sociedade. O poder político
proprietário parte do que produziam. Dessa forma, nesses descentralizou-se em uma multiplicidade de poderes loca-
centros rurais conhecidos por vilas romanas, começaram a lizados e particularistas. O feudalismo se estabeleceu em
ser criados os feudos medievais. Com algumas alterações fu- sua plenitude.
turas, esse sistema de trabalho resultou nas relações servis
de produção, um dos traços fundamentais do feudalismo.
Com a contínua ruralização do Império Romano, o poder
CARACTERÍSTICAS GERAIS
central foi perdendo controle sobre os grandes senhores A sociedade feudal era estamental, ou seja, os indivídu-
agrários. Gradativamente, as vilas romanas tornaram-se os nasciam num determinado estamento (grupo social) e
cada vez mais autônomas, à medida que o poder político dificilmente poderiam ascender a outro; tendiam a perma-
descentralizava-se, permitindo ao proprietário de terras ad- necer sob a própria condição de nascimento. Segundo a
ministrar de forma independente sua vila. divisão clássica, a sociedade medieval era formada pelos
seguintes estamentos: clero, nobreza e servos.
O contato dos romanos com os povos de origem germâni-
ca promoveu a troca de hábitos e costumes entre eles, prin- Os senhores feudais eram os proprietários ou os pos-
cipalmente num momento de ruralização e de organização suidores do feudo. Originários da nobreza e do clero, for-
de uma economia baseada nas atividades agropastoris. As mavam uma aristocracia dominante. A nobreza se subdivi-
várias tribos germânicas viviam de maneira autônoma, es- dia em duques, condes, barões e marqueses.
tabelecendo relações apenas quando se defrontavam com Os senhores feudais eclesiásticos, vinculados à Igreja
um inimigo comum, unindo-se, nessas ocasiões, sob o co- Romana, também pertenciam à alta hierarquia do clero.
mando de um só chefe. Em geral, eram bispos, arcebispos e abades.
As relações entre o suserano e o vassalo, fundamentadas O estamento dos dependentes, que compreendia a maioria
na honra, lealdade e liberdade, tiveram suas origens no da população medieval, compunha-se de servos e vilões.
comitatus germânico. O comitato era um grupo forma- Os servos não tinham a propriedade da terra, embora,
do pelos guerreiros e seu chefe com obrigações mútuas na maioria dos casos, tivessem posse parcial dela, o que
de serviço e lealdade. Os guerreiros juravam defender seu justificava o fato de estarem adstritos a ela. É importante
chefe, que se comprometia a equipá-los com cavalos e observar que, embora fossem trabalhadores semilivres –
armas. Mais tarde, essas relações de honra e lealdade de- donos de seus instrumentos de trabalhos, sementes, etc. –,
ram origem às relações de suserania e vassalagem. apenas uma pequena parcela do que produziam era desti-
nada ao próprio sustento.
A formação do Direito no feudalismo também teve influên-
cia germânica. Baseando-se nos costumes orais, e não nas Em número reduzido, havia outro tipo de trabalhador me-
leis escritas, o direito era considerado uma propriedade do dieval: o vilão. Os vilões não estavam presos à terra e des-
indivíduo, um direito inerente a ele em qualquer local em cendiam de antigos pequenos proprietários romanos. Não
que estivesse. Essa forma do Direito, produto dos costumes podendo defender suas propriedades, entregavam suas
e da sua prática reiterada e constante, sem ser resultado de terras em troca de proteção de um grande senhor feudal.
um processo formal de criação das leis escritas, é denomi-
nada direito consuetudinário. Economia feudal
As invasões dos séculos VIII e IX aceleraram a lenta in- As terras eram divididas em domínio senhorial, cuja pro-
tegração entre aspectos da sociedade romana e da so- dução destinava-se ao senhor feudal, manso servil, cujo
ciedade germânica. Em 711, os muçulmanos, vindos do produto do trabalho pertencia aos servos, e terras comu-
Norte da África, conquistaram a península Ibérica, a Sicília, nais, isto é, pastos e florestas utilizadas tanto pelos senhores
a Córsega e a Sardenha, fechando o mar Mediterrâneo à como pelos camponeses. O feudo, cujas terras eram des-
navegação e ao comércio dos europeus. Ao norte, no sé- contínuas, constituía-se como a unidade geral de produção.

91
A terra arável era dividida em três partes: o terreno de plantio ou trabalho pelo uso de instrumentos do senhor: ferra-
da primavera, o de plantio do outono e outro que ficava em mentas, moinhos, armazéns;
pousio (descanso). Esse sistema surgiu na Europa, no século ƒ capitação: pagamento de imposto per capita dos fa-
VIII, e ficou conhecido como sistema dos três campos. miliares dos servos; e
Nessa sociedade rural, de economia essencialmente
agrária, a propriedade e a posse da terra determinavam a ƒ mão-morta: pagamento de imposto pelos filhos do
posição do indivíduo na hierarquia social. A terra era a ex- servo morto para que continuassem ocupando as terras
pressão da riqueza, da influência, da autoridade e do poder. fornecidas a seu pai pelo senhor.

Além da obediência e fidelidade por juramento que os ser- O feudo produzia tudo o que necessitava e consumia tudo
vos deviam ao seu senhor, as obrigações nas formas de que produzia. Era uma economia autossuficiente, orga-
trabalho e produtos eram as seguintes: nizada para suprir as necessidades do próprio feudo. O co-
mércio não desapareceu da Europa, mas era retraído e sem
ƒ corveia: obrigação de trabalhar nas terras do senhor
feudal sem direito ao que era produzido; relevância econômica. A troca de mercadorias realizava-se
semanalmente dentro do próprio feudo, em um mercado
ƒ talha: obrigação de entregar parte da produção no junto de uma Igreja, de um castelo ou na própria aldeia.
manso servil ao seu senhor; As trocas ocorriam de bens por bens. O uso de moedas
ƒ banalidades: pagamento de impostos com produtos não era frequente.

O senhorio medieval
Manso comum
Os produtos retirados dessas terras eram de uso tanto dos servos quanto dos
senhores. As terras comunais eram constituídas de pastos para criar animais
e de florestas e baldios, onde os camponeses colhiam frutos e raízes, extraíam
a madeira e o mel. A caça nas florestas era exclusiva dos senhores.

No senhorio, em geral, também havia coleiros para armazenar a colheita;


um moinho para triturar os grãos; e fornos para assar os pães.

Domínio Senhorial
Os produtos dessas
terras perteciam
exclusivamente
ao senhor. Nelas
trabalhavam servos
e outros camponeses.
Ali se produzia tudo o
que o senhor necessitava
para manter sua família
e outros dependentes.

Manso servil
Terras destinadas aos servos. Nelas os servos
produziam o que era necessário para a sua
sobrevivência, devendo em troca cumprir
Ilustração atual de
uma série de obrigações para com o senhor.
como poderia ter sido
um senhorio medieval.

FONTE: <HISTORIADEMESTRE.BLOGSPOT.COM.BR/2014/10/A-IDADE-MEDIA-E-O-FEUDALISMO.HTML>.

feudal, proprietário de grandes porções de terra, doava


Política feudal uma parcela dela a outro nobre. O doador passava a ser
Notadamente durante os séculos de IX ao XII, havia um rei, o suserano, e o recebedor, o vassalo. Essas relações eram
cujo poder era meramente formal. estabelecidas por contrato de direitos e deveres. Entre ou-
No feudo, cada senhor feudal era o soberano supremo e tras obrigações, o vassalo obrigava-se a pôr seu exército
detinha o monopólio da força como chefe do exército. Esse à disposição do suserano, a dar-lhe hospedagem quando
monopólio, porém, não ultrapassava seu pequeno exérci- necessário, a contribuir para o dote e o armamento de seus
to mantido dentro de seus domínios feudais. Quando em filhos. Ao suserano, por seu vez, cabia proteger militarmen-
estado de guerra, havia uma centralização político-militar te o vassalo, garantir a posse do feudo doado, tutelar os
desses exércitos sob as ordens e comando do rei. herdeiros e a viúva do vassalo depois de sua morte. Para
Os laços de suserania e vassalagem estabeleciam os oficializar a vassalagem, havia uma série de cerimônias
vínculos e a hierarquia entre a nobreza feudal. Um senhor conhecida como homenagem. O vassalo ajoelhava-se

92
diante do senhor, com a cabeça descoberta e sem espada, cultura teocêntrica foi gradualmente substituída pela an-
punha as mãos entre as mãos do suserano e pronuncia- tropocêntrica – o homem como centro do Universo.
va as palavras sacramentais do juramento. Em seguida,
o senhor permitia que ele se levantasse, beijava-o e rea- Cultura feudal
lizava a investidura com a entrega de um objeto simbóli-
co – um punhado de terra, um ramo, uma lança ou uma A cultura feudal era fundamentalmente teocêntrica, ou
chave – que representava a terra enfeudada. Os laços de seja, caracterizou-se pela visão do homem voltado para
suserania e vassalagem vinculavam toda a nobreza feudal. Deus e para a vida após a morte.
Nos últimos anos do século XI, no início das Cruzadas, o A moral religiosa condenava o comércio, o lucro e a usura
feudalismo entrou em gradativa decadência. O Renasci- (empréstimo a juros). As artes, as letras, as ciências e a
mento comercial fez com que as estruturas feudais fossem filosofia eram determinadas pela visão religiosa imposta
progressivamente modificadas: as cidades ressurgiram, a pela Igreja, sempre com predominância de temas e inspi-
figura do rei voltou a ganhar progressiva centralização e a ração religiosos.

BAIXA IDADE MÉDIA

AS CRUZADAS (1095-1270) O contexto político do período criou um ambiente favorável


para que os nobres despossuídos ou empobrecidos engros-
As Cruzadas foram expedições de cunho religioso-militar que sassem o contingente de voluntários a atender os desejos da
ocorreram a partir dos últimos anos do século XI com o intuito Igreja de lutar contra os heréticos e pagãos como modo de
de combater os inimigos da cristandade. As Cruzadas tam- manter seu poder, conquistar novas terras e riquezas e con-
bém atuaram como uma forma de aliviar as pressões provo- trolar uma população cada vez mais difícil de ser dominada.
cadas pelo aumento populacional ocorrido a partir do século Para a Igreja romana, a conquista dos locais santos da Ásia
X. Uma de suas principais consequências foi a reabertura ocidental pelas Cruzadas configurava-se instrumento de
do Mediterrâneo ao comércio europeu. Ao lado do expansão do cristianismo, da supremacia do papado sobre
fervor religioso, fatores de ordem econômica, social e política o Império e da expansão de sua influência religiosa.
atuaram como elementos determinantes das Cruzadas.
O movimento das Cruzadas teve como causa imediata o blo-
Com o fim das invasões bárbaras no século X, a Europa pas- queio à peregrinação dos cristãos ao Santo Sepulcro (túmulo
sou por um período de relativa tranquilidade.Com a diminui- de Cristo em Jerusalém), dominado pelos muçulmanos.
ção das guerras e o quase desaparecimento das epidemias,
criou-se um ambiente favorável à estabilidade social, que
favoreceu o crescimento populacional.
Cruzadas do Ocidente:
As novas técnicas agrícolas permitiram o aumento da pro-
a Guerra de Reconquista
dução, e os excedentes passaram a ser comercializados. Em 711, os árabes muçulmanos haviam conquistado e sub-
Por outro lado, bens produzidos fora da Europa passaram a metido ao seu poder a península Ibérica, com exceção das
ser adquiridos. Os mercados bizantino e muçulmano tam- Astúrias, onde se formaram os pequenos reinos cristãos de
bém passaram a demandar matérias-primas e gêneros ali- Leão, Castela, Aragão e Navarra. Reunidos, esses reinos ini-
mentícios ocidentais. O incremento desse comércio de am- ciaram no século XI a Guerra de Reconquista.
bos os lados do Mediterrâneo favoreceu muito as cidades As terras reconquistadas dos muçulmanos foram doadas
italianas de Veneza e Gênova, que viram suas condições ao clero ou incorporadas pela nobreza. Esses territórios
econômicas aumentarem, bem como suas possibilidades foram explorados segundo as regras do sistema feudal de
de desempenharem um papel importante, quando não produção. Da Guerra de Reconquista, resultou a formação
fundamental, nas Cruzadas. das monarquias nacionais de Portugal e Espanha.
A produção do excedente agrícola permitia que os campo- Na Itália, os muçulmanos haviam conquistado a Sicília, a
neses vissem no comércio uma alternativa mais vantajosa. Córsega e a Sardenha. A Guerra de Reconquista na Itália
A vida urbana passou a ser expressão da liberdade em con- teve início no século X. Entretanto, o contato entre cristãos e
traposição à vida rural ligada à servidão. Essa situação fez muçulmanos, inicialmente bélico, assumiu gradualmente um
aumentar a população que buscava viver do comércio e caráter mercantil e resultou na reabertura do Mediterrâneo
das atividades artesanais. para os europeus.

93
Cruzadas do Oriente

Dominíos muçulmanos, 1095


Metz Primeira Cruzada, 1096-1099
Ratisbona
Segunda Cruzada, 1147-1149
Vézelay
Terceira Cruzada, 1189-1192
Quarta Cruzada, 1202-1204
Clermont Veneza

Marselha

Roma
Constantinopla

Edessa

Antioquia

Tripoli
Acre

Jerusalém

FONTE: <PT.SLIDESHARE.NET/LUCAO1NAVARRO/AS-CRUZADAS-SET-FINAL>.

ƒ Primeira Cruzada (1095-1099): As peregrinações foram derrotados pelos turcos na Ásia Menor em 1148.
de cristãos ao Santo Sepulcro não eram raras. Os ca- Algumas décadas mais tarde, em 1187, Saladino, um
lifas árabes não se opunham às visitas, que acabavam sultão muçulmano, reconquistou Jerusalém, causando
sendo lucrativas paras os muçulmanos. Contudo, na grande comoção na Europa.
segunda metade do século XI, os turcos dominaram ƒ Terceira Cruzada (1189-1192): Com a notícia da
grande parte da Ásia ocidental, expulsaram os cristãos perda da Terra Santa, o papa passou a preparar a Terceira
e proibiram suas peregrinações no local. Cruzada. Os três mais importantes soberanos da Europa
O papa Urbano II incentivou a Primeira Cruzada sob o pre- atenderam ao chamado do papa. Em 1190, Frederico
texto de libertar a Terra Santa e impedir o avanço muçul- Barba Ruiva, do Sacro Império, Felipe Augusto, da Fran-
mano na Europa oriental. ça, e Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, lideraram a
Cruzada dos Reis. Barba Ruiva avançou por terra, venceu
As terras conquistadas dos muçulmanos foram organizadas os turcos na Ásia Menor, mas morreu acidentalmente ao
em Estados cristãos: o reino de Jerusalém, o principado de banhar-se em um rio. Ricardo e Felipe Augusto seguiram
Antioquia e os condados de Edessa e Trípoli. Nesses Estados, por mar. Obtiveram algumas vitorias na Síria, mas Feli-
doados a nobres europeus, foi implantada uma estrutura es- pe decidiu retornar à França. Ricardo Coração de Leão
sencialmente feudal, comparável à da Europa medieval. não conseguiu retomar Jerusalém. No entanto, obteve
Foram fundadas novas ordens religiosas, integradas por do sultão Saladino a autorização para que os cristãos
soldados religiosos, entre os quais os mais importantes pudessem peregrinar até Jerusalém.
eram os hospitalários, os cavaleiros da Ordem Teutônica e ƒ Quarta Cruzada (1202-1204): Com o ardor religio-
os templários, que se alojaram no local do antigo templo so já bastante arrefecido, os comerciantes de Gênova
de Jerusalém. Em 1140, os muçulmanos passaram à con- e Pisa, enriquecidos pelo comércio com o Oriente, pre-
traofensiva e reconquistaram o condado de Edessa. Pres- tendiam conquistar os portos de suas cidades rivais. Em
sionados, os Estados cristãos recorreram aos europeus. 1200, durante o pontificado de Inocêncio III, foi organi-
zada a Quarta Cruzada. Desvirtuada de seus objetivos,
ƒ Segunda Cruzada (1147-1149): Em 1147, Luis VII,
tornou-se a primeira cruzada contra cristãos. Como condi-
rei da França, Conrado III, imperador do Sacro Império,
ção para seu financiamento, Veneza exigiu a destruição
e um grupo formado por europeus do norte – ingleses,
de Zara, cidade cristã e sua rival mercantil no comércio
flamengos e frísios – organizaram a Segunda Cruzada.
no Mar Adriático.
Esse terceiro grupo atravessou a península Ibérica aju-
dando os cristãos a expulsarem os muçulmanos de Lis- Depois da destruição de Zara, os cruzados marcharam so-
boa. Entretanto, os integrantes dessa segunda cruzada bre Constantinopla. A Quarta Cruzada assinalou o declínio

94
mercantil de Constantinopla, região que passou a ser co- Ambas foram um fracasso. Luis IX morreu vítima da pes-
nhecida por Império Latino, e a ascensão das cidades italia- te, em Tunis, e foi canonizado pela Igreja.
nas, que passaram a monopolizar o comércio de especiarias
no Mediterrâneo. Consequências das Cruzadas
ƒ Quinta Cruzada (1217-1221): Tornou-se conhecida Do ponto de vista econômico, a maior conquista das Cru-
como a Cruzada das Crianças. Para justificar as derrotas zadas foi a reabertura do Mediterrâneo à navegação
anteriores, foi difundida a lenda de que o Santo Sepulcro e ao comércio da Europa, fator que permitiu o reatamento
só poderia ser conquistado por crianças, uma vez que das relações entre Ocidente e Oriente, interrompidas pela
suas almas eram puras e livres de pecados. Em 1212, expansão muçulmana, e contribuiu para acelerar o renasci-
foram reunidas 20 mil crianças alemãs e 30 mil france- mento comercial no ocidente da Europa.
sas em uma cruzada que seria enviada para Jerusalém.
As que não foram exterminadas foram aprisionadas ou O malogro das Cruzadas acelerou indiretamente a deca-
vendidas como escravas nos mercados do Oriente. dência do sistema feudal. A conjugação de fatores polí-
ticos, econômicos e sociais agravou significativamente essa
ƒ Sexta Cruzada (1228-1229): Organizada por André situação. De um lado, houve enfraquecimento da aristocracia
II, rei da Hungria, e comandada por Frederico II, do Sa- feudal e da servidão como forma de trabalho; de outro lado,
cro Império, a Sexta Cruzada resultou em um acordo ocorreu o fortalecimento da burguesia comercial, bem como
com o sultão, que determinava a posse de Jerusalém o reaparecimento do comércio, que se intensificou com a re-
pelos cristãos durante dez anos. Mais tarde, os muçul- abertura do Mediterrâneo, propiciando o renascimento das
manos dominaram a região e o acordo foi rompido. Je- cidades e o crescimento da burguesia mercantil. Em síntese,
rusalém voltou a ser controlada pelos turcos até 1917. o renascimento comercial e urbano da Europa ocidental, a
ƒ Sétima (1248-1250) e Oitava Cruzadas (1270): decadência do feudalismo, o declínio do poder da nobreza e
A Sétima e a Oitava Cruzadas foram organizadas entre o fortalecimento da burguesia foram, direta ou indiretamen-
1248 e 1270, sob o comando de Luís IX, rei da França. te, consequências das Cruzadas.

RENASCIMENTO COMERCIAL
Principais rotas comerciais da Europa, durante o renascimento comercial

FONTE: <SLIDESHARE.COM.BR/SLIDE/1865844>.

95
Ao possibilitarem as condições para o desenvolvimento in- todas foi a Hansa Teutônica ou Liga Hanseática, que reuniu
cipiente da atividade mercantil, as Cruzadas, conjugadas às cerca de noventa cidades do norte da Europa.
condições intrínsecas ao modo de produção feudal, impul-
sionaram o que se transformou no renascimento comercial.
A abertura do mar Mediterrâneo aos mercados da Europa RENASCIMENTO URBANO E
ocidental restabeleceu as relações entre Ocidente e Oriente FORMAÇÃO DA BURGUESIA
e dinamizou as atividades comerciais.
O processo de reurbanização da Europa, caracterizado pelo
O comércio se desenvolveu principalmente por rotas flu- ressurgimento das cidades, está estreitamente ligado ao re-
viais e marítimas, devido às péssimas condições das estra- nascimento comercial, que, embora não tenha sido o único fa-
das. Os mares Mediterrâneo, ao sul, e do Norte e Báltico, tor do renascimento urbano, foi, sem dúvida, o fator principal.
ao norte, foram os eixos econômicos da Europa entre os Prova disso é o fato de as cidades ressurgirem com mais inten-
séculos XI e XIV. sidade onde primeiro renasceu o comércio: Itália e Flandres.
O Mediterrâneo voltou a ser a via principal das atividades À medida que o comércio se ampliava, surgiam cidades. Nas
mercantis. As cidades italianas de Veneza, Gênova e Pisa cidades medievais, conhecidas genericamente como burgos,
redistribuíam pela Europa os produtos vindos do Oriente. foi-se formando uma nova classe social ligada ao comércio,
Ao norte da Europa florescia outro eixo comercial impor- que passou a ser conhecida como burguesia.
tante. Os produtos vindos do mar Báltico e do Norte en- Para criar condições básicas para a expansão da nova eco-
contravam na região de Flandres (parte das atuais Holanda nomia mercantil e monetária, era preciso abolir as relações
e Bélgica) um dinâmico polo comercial nas suas principais de vassalagem e o direito consuetudinário, bem como
cidades, Bruges e Antuérpia. unificar o mercado, diminuir os impostos, padronizar a le-
gislação, a moeda, os pesos e as medidas. Para isso, seria
A região de Champagne, no leste da França, passou a ser
necessário subordinar a nobreza e fortalecer o poder cen-
um ponto de confluência entre Flandres\e a Itália. Mercado- tralizador do rei, que poderia impor essas reformas.
res de todo o continente se dirigiam para Champagne, o que
dinamizava um comércio intenso e diversificado. As feiras A formação do Estado moderno, como expressão do mo-
nopólio do poder e da força, seria, no plano político, a res-
realizadas em Champagne ganharam fama.
posta para os novos problemas que impediam a expansão
Os últimos dias das feiras eram dedicados às transações do comércio e das cidades.
financeiras. Faziam-se empréstimos, liquidavam-se velhas
dívidas, movimentavam-se letras de câmbio. A terra deixa-
va de ser a única riqueza na Europa Ocidental. Essa verda-
CRISE DO SÉCULO XIV E
deira revolução econômica enfraquecia a nobreza, ligada DECADÊNCIA DO FEUDALISMO
à terra, e fortalecia a burguesia, ligada ao comércio e A partir do início do século XIV, uma profunda crise se dis-
às finanças. seminou pela Europa. Fome, pestes, guerras e rebeliões
camponesas atingiram a essência do sistema feudal já
As associações de artesãos bastante desgastado. Ao fim do século XV, as monarquias
nacionais estavam consolidadas, a nobreza enfraquecida
e comerciantes e as obrigações feudais contestadas pelas frequentes re-
Os artesãos organizaram-se em associações para defender voltas camponesas.
seus interesses. Todos que trabalhavam em uma mesma ati-
vidade juntavam-se e formavam uma associação denomina-
da corporação de ofício.
As corporações tinham o objetivo de regulamentar a
profissão evitando excesso de pessoas no mesmo ofício,
controlar a qualidade e o preço do produto dificultando a
concorrência, dirigir o aprendizado da profissão e amparar
os artesãos necessitados.
Os mercadores também associaram-se para defender seus
interesses. No século XII, as hansas ou guildas aglutina-
vam mercadores de diversas cidades. A mais poderosa de

96
U.T.I. - Sala lhe apraz, nem o olhamos com ares de reprovação que,
embora inócuos, lhe causariam desgosto. Ao mesmo
tempo que evitamos ofender os outros em nosso con-
1. O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) definiu a cidada- vívio privado, em nossa vida pública nos afastamos
nia em Atenas da seguinte forma: da ilegalidade principalmente por causa de um temor
reverente, pois somos submissos às autoridades e às
A cidadania não resulta do fato de alguém ter o domi-
leis, especialmente àquelas promulgadas para socor-
cílio em certo lugar, pois os estrangeiros residentes e os
rer os oprimidos e às que, embora não escritas, trazem
escravos também são domiciliados nesse lugar e não
aos agressores uma desonra visível a todos.
são cidadãos. Nem são cidadãos todos aqueles que par-
ticipam de um mesmo sistema judiciário. Um cidadão Oração fúnebre de Péricles, 430 a.C. In: Tucídides.
História da Guerra do Peloponeso. Brasília:
integral pode ser definido pelo direito de administrar Editora UnB, 2001, p. 109. Adaptado.
justiça e exercer funções públicas.
Adaptado de Aristóteles, Política. a) Quais as principais características do regime político
Brasília: Editora UnB, 1985, p. 77-78. de Atenas?
b) Qual a cidade que foi a principal adversária de Ate-
Relacionando aquilo que você aprendeu sobre o tema nas na Guerra do Peloponeso?
com o texto acima, quais as duas principais condições c) Cite e comente as principais diferenças entre elas.
para que um ateniense fosse considerado cidadão na
Grécia clássica? 5. Cite o nome e a principal característica de cada um
dos três Períodos da História de Roma.
2. Num antigo documento egípcio, um pai dá o seguinte
conselho ao filho: 6. O historiador grego Heródoto (484-420 a.C.) viajou
muito e deixou vivas descrições com reflexões sobre os
Decide-te pela escrita, e estarás protegido do trabalho povos e as terras que conheceu. Deve-se a ele a seguin-
árduo de qualquer tipo; poderás ser um magistrado de te afirmação: “o Egito, para onde se dirigem os navios
elevada reputação. O escriba está livre dos trabalhos gregos, é uma dádiva do rio Nilo“.
manuais [...] é ele quem dá ordens [...]. Não tens na mão
a palheta do escriba? É ela que estabelece a diferença “No Antigo Egito, existia uma profunda ligação entre o
entre o que és e o homem que segura o remo. meio natural e a vida daquele povo.”
Apud Luiz Koshiba. História – origens, estrutura e processos. Explique a afirmação acima, relacionando seus conhe-
cimentos sobre o tema com o texto.
Lendo o texto e lembrando o que você aprendeu sobre
o tema, argumente sobre a seguinte afirmação: 7. “Com relação ao ornamento, Roma não correspondia,
Nas Civilizações do Antigo Oriente, a Escrita é um dos absolutamente, à majestade do Império e, além disso,
fundamentos da própria ideia de “Civilização”. estava exposta às inundações, como também aos in-
cêndios. Porém, Augusto fez dela uma cidade tão bela
3. Alguns povos da Antiguidade foram mercadores e que pode se envaidecer, principalmente por ter deixado
praticavam intensamente o comércio marítimo. uma cidade de mármore no lugar onde encontrara uma
a) Qual a relação entre a localização geográfica da Fení- de tijolos”.
cia e as características econômicas de seu povo? Adaptado de: Suetônio. A vida dos doze Césares.
b) Cite o nome de suas três principais cidades. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 91.

c) Cite e comente um legado importante que os fenícios Considerando o texto e o período de Otávio Augusto no
deixaram na História. governo de Roma, responda:
a) Qual a relação da reurbanização de Roma durante o
4. Vivemos numa forma de governo que não se baseia
Governo de Otávio Augusto, com aquilo que simboliza-
nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, ser-
va a PAX ROMANA?
vimos de modelo a alguns, ao invés de imitar outros.
[...] Nela, enquanto no tocante às leis todos são iguais b) Identifique uma medida social e uma medida políti-
para a solução de suas divergências privadas, quando ca estabelecidas por Augusto para adaptar as tradições
se trata de escolher (se é preciso distinguir em algum romanas àquele momento histórico.
setor), não é o fato de pertencer a uma classe, mas o
mérito, que dá acesso aos postos mais honrosos; in- 8. Durante o período das Cruzadas, São Bernardo de
versamente, a pobreza não é razão para que alguém, Claraval (1090-1153) escreveu:
sendo capaz de prestar serviços à cidade, seja impedi- “Mas os soldados de Cristo combatem confiantes nas
do de fazê-lo pela obscuridade de sua condição. Con- batalhas do Senhor, sem nenhum temor de pecar por
duzimo-nos liberalmente em nossa vida pública, e não pôr-se em perigo de morte e por matar o inimigo.
observamos com uma curiosidade suspicaz [desconfia- Para eles, morrer ou matar por Cristo não implica
da] a vida privada de nossos concidadãos, pois não qualquer crime, pelo contrário, traz a máxima glória.
nos ressentimos com nosso vizinho se ele age como (...) Em outras palavras: o soldado de Cristo mata

97
com a consciência tranquila e morre com a consciên- a) Do ponto de vista religioso e cultural, qual o signifi-
cia mais tranquila ainda.” cado dessa batalha para as regiões ocidentais do con-
(São Bernardo de Claraval apud COSTA, Ricardo da. tinente europeu?
Apresentação: A Cruzada Renasceu? BLASCO VALLÈS, b) Qual a nova força militar que desempenhou um pa-
Almudena, e COSTA, Ricardo da (coord.). Mirabilia 10. A Idade pel fundamental nessa batalha e que depois se tornaria
Média e as Cruzadas. jan.-jun. 2010/ISSN 1676- 5818, p. XIII) durante todo o período medieval uma das instituições
de sustento ao feudalismo?
No que se refere às Cruzadas no período medieval, de-
termine quem eram esses soldados de Cristo referen-
4. Qual o significado simultaneamente político e religio-
ciados no trecho acima, quais as motivações para em- so da coroação de Carlos Magno, ocorrida no Natal do
preender suas batalhas e quais as suas consequências ano 800?
para o mundo ocidental daquele período.
5. Observe a ilustração e leia a citação a seguir. Em se-
9. Godrici de Finchale foi um mercador que viveu no sécu- guida, responda ao que se pede.
lo XI, na Baixa Idade Média, no leste da atual Inglaterra.
"Quando o rapaz, depois de ter passado os anos da in-
fância sossegadamente em casa, chegou à idade varo-
nil, principiou a aprender com cuidado e persistência o
que ensina a experiência do mundo. Para isso decidiu
não seguir a vida de lavrador, mas estudar, aprender e
exercer os rudimentos de concepções mais sutis. Por
esta razão, aspirando à profissão de mercador, come-
çou a seguir o modo de vida do vendedor ambulante,
aprendendo primeiro como ganhar em pequenos ne-
gócios e coisas de preço insignificante; e, então, sendo
ainda um jovem, o seu espírito ousou pouco a pouco
comprar, vender e ganhar com coisas de maior preço.”
(Adaptado de Reginald of Durnham, "Libellus de
Vita et Miraculis S. Godrici", em Fernando Espinosa,
Antologia de textos históricos medievais. 3ª ed.,
Lisboa: Sá da Costa Editora, 1981, p. 198.) Nascida nos quadros do Império Romano, a Igreja ia
a) Segundo o texto, o ofício de mercador exigia uma aos poucos preenchendo os vazios deixados por ele
preparação diferente daquela do lavrador. Quais eram até, em fins do século IV, identificar-se com o Estado,
as diferenças entre esses dois ofícios? quando o cristianismo foi reconhecido como religião
oficial. (...) Estreitavam-se, portanto, as relações Esta-
b) Cite duas características do renascimento comercial do-Igreja. (...) No Império Carolíngio, a aliança entre
e urbano ocorrido no final do período medieval. os reis e a Igreja foi fundamental para a consolidação
de ambos os poderes e, por vezes, a Igreja assumia

U.T.I. - E.O.
funções que hoje consideramos ser do Estado e este
por sua vez interferia nos assuntos religiosos.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média. Nascimento do
1. A palavra árabe iman significa ‘ter certeza’ e designa Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001. p. 67 e 71.
fé, no sentido da certeza. A fé, por conseguinte, não con-
tradiz o conhecimento nem a compreensão. Pelo contrá- Sobre as relações entre Estado e Igreja, no período me-
rio, o desejo de saber é uma obrigação religiosa, e os dieval, responda:
tempos pré-islâmicos (século VI) na Arábia são chamados a) Qual o papel administrativo desempenhado pela
pelos islâmicos de jahiliya, ignorância. Igreja católica durante o Período Medieval?
Adaptado de: Burkhard Scherer (Org.). As grandes religiões: b) Como o Poder Real dos francos – merovíngios e caro-
temas centrais comparados. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 77. língios – contribuiu para a expansão do cristianismo na
Europa ocidental?
Como a fé e o conhecimento científico estavam relacio-
nados entre si no mundo islâmico na Alta Idade Média? 6. Qual a importância do ponto de vista geopolítico da-
quele período, o surgimento, estabelecimento e expan-
2. “O desenvolvimento da arte bizantina da produção são do Islão a partir do século VII?
de ícones em mosaicos não contradiz as razões que ori-
ginaram o Cisma do Oriente, em 1054.” 7. O Imperador Justiniano (527-565) entre outras reali-
zações, consolidou o conceito e as práticas do Cesaro-
Explique essa afirmação justificando-a.
papismo, que iriam ter muitas consequências ao longo
do tempo naquela região, particularmente no Leste eu-
3. A famosa “Batalha de Poitiers”, ocorrida no ano de
ropeu e na Rússia.
732, teve em Carlos Martel, líder dos francos e avô de
Carlos Magno uma figura central. O que é Cesaropapismo?

98
8. “O aparecimento da polis constitui, na história do 11. Considere os dois trechos de documento a seguir:
pensamento grego, um acontecimento decisivo (...).
1º trecho (século XI):
O que implica o sistema da polis é primeiramente
uma extraordinária preeminência da palavra sobre “I- A Igreja Romana foi fundada só pelo Senhor. (...)
todos os outros instrumentos do poder. Torna-se o III- Só ele [o pontífice romano] pode depor ou absolver
instrumento político por excelência, a chave de toda os bispos. (...)
a autoridade no Estado, o meio de comando e de do- IX- O papa é o único homem a quem todos os príncipes
mínio sobre outrem (...). Uma segunda característica beijam os pés. (...)
da polis é o cunho de plena publicidade dada às ma- XII- É-lhe permitido depor os imperadores. (...)”
nifestações mais importantes da vida social. Pode-se
mesmo dizer que a polis existe apenas na medida em (Papa Gregório VII – 1075 apud ESPINOSA,
Fernanda. Antologia de textos medievais.
que se distinguiu um domínio público, nos dois senti- Lisboa: Sá da Costa Editora, 1981, p. 289)
dos diferentes mas solidários do termo: um setor de
interesse comum, opondo-se aos assuntos privados; 2º trecho (século XIV):
práticas abertas, estabelecidas em pleno dia, opon-
“E aprendemos das palavras do Evangelho que nesta
do-se a processos secretos. Essa exigência de publici-
Igreja e em seu poder estão duas espadas, a espiritual
dade leva a apreender progressivamente em proveito
e a temporal. Uma espada, portanto, deverá estar sob a
do grupo e a colocar sob o olhar de todos o conjunto
outra, e a autoridade temporal sujeita à espiritual. (...)
de condutas, dos processos, dos conhecimentos que
constituíam na origem o privilégio exclusivo.” Por tudo isso que declaramos, estabelecemos e defini-
mos que é necessário para a salvação de toda criatura
(Jean-Pierre Vernant. As origens do pensamento grego. 1984.)
humana estar submetida ao pontífice romano”
a) O que era a polis? (Papa Bonifácio VIII, 1302 apud ESPINOSA,
Fernanda. Antologia de textos medievais.
b) Por que a PALAVRA é tão importante nesse contexto Lisboa: Sá da Costa Editora, p. 337-338).
ao qual o autor se refere?
Identifique nesses dois trechos o conflito a que os dois
9. O que significa o termo “Mesopotâmia” e qual a rela- papas se referem e explique as razões de sua persistên-
ção entre esse significado e as civilizações que surgiram cia no período da Baixa Idade Média europeia.
nas várias cidades-Estado daquela região?

10. As perseguições aos cristãos no Império Romano 12. No início do século XIV, o inquisidor Bernardo Guy
estavam ligadas especialmente a uma atitude dos cris- escreveu um Manual do Inquisidor, no qual descrevia
tãos com relação à figura do Imperador e que era ao como se ingressava na seita herética que ficou conhe-
mesmo tempo política e religiosa. cida pelo nome de pseudoapóstolos: “Perante algum
altar, na presença de membros da seita, o candidato se
a) Qual era essa questão? despe de suas roupas, como sinal de renúncia a tudo
que possui, para seguir com perfeição a pobreza evan-
b) Por que ela era simultaneamente política e religiosa? gélica. Também se exige que ele prometa não obede-
cer a nenhum mortal, mas só a Deus, como se fosse um
apóstolo sujeito apenas a Cristo e a ninguém mais.”
(Adaptado de Nachman Falbel, Heresias medievais.
São Paulo: Perspectiva, 1977, p. 66.)

a) Por quais razões essa heresia era uma ameaça para a


Igreja do período?
b) Caracterize a relação entre o poder religioso e o pod-
er temporal na baixa Idade Média.

99
HISTÓRIA DO BRASIL

101
FORMAÇÃO DE PORTUGAL E
NAVEGAÇÕES ULTRAMARINAS

PORTUGAL E SUA FORMAÇÃO


Guerra de reconquista
Da guerra dos cristãos contra os mouros (muçulmanos do
norte da África) nasceram os reinos de Aragão, Leão, Castela
e Navarra.
Com a união desses reinos cristãos, iniciou-se a Guerra de
Reconquista, com o objetivo de expulsar os mouros da pe-
nínsula Ibérica.
Henrique de Borgonha (nobre francês), em virtude da sua BATALHA DE ALJUBARROTA (1385)
atuação na Guerra de Reconquista, recebeu do rei Afonso
A burguesia, a pequena nobreza e a população pobre
VI, de Leão, em 1094, o condado Portucalense e a mão de
derrotaram os castelhanos na Batalha de Aljubarrota (Pa-
sua filha Tereza. Afonso Henriques foi fruto deste casamento.
deira), consolidando a independência portuguesa em
Ele lutaria contra a submissão do condado Portucalense a
1385. A aliança entre a dinastia de Avis e a burguesia for-
Leão, no ano de 1139, proclamando sua independência
taleceu a centralização monárquica e abriu caminho
e tornando-se o primeiro rei da dinastia de Borgonha.
para as grandes navegações.

A Borgonha (1139-1383)
Foi a primeira dinastia e configurou plenamente as ca- AS GRANDES NAVEGAÇÕES
racterísticas do feudalismo português. Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente
Sem se mostrar capaz de acompanhar as transformações so- portugueses e espanhóis, lançaram-se aos oceanos com
ciais e econômicas ocorridas em Portugal, a dinastia de Bor- dois objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima
gonha se indispôs com a classe dos mercadores, que cresce- para as Índias e encontrar novas terras.
ra bastante nesse período; assim a dinastia de Avis, mais As navegações ajudaram a marcar a passagem da Idade
ligada aos interesses comerciais e urbanos, tomou seu lugar.
Média para a Idade Moderna e impulsionaram o aumento
Portugal era predominantemente agrário, e nos fins do sé- do comércio da Europa com a Ásia e a África. Além disso,
culo XIV, passou a desenvolver uma economia mais voltada resultaram na descoberta, em 1492, de um novo continen-
para a navegação e o comércio. te a ser explorado pelos europeus: a América.

Revolução de Avis (1383-1385) O “Novo Mundo” dividido


A morte de D. Fernando desencadeou uma luta pela su-
Os reis da Espanha e de Portugal passaram a disputar en-
cessão do trono português, em 1383, e serviu de estopim
tre si a posse das terras descobertas e das terras a serem
para a Revolução de Avis. O rei não havia deixado um filho
descobertas, assim que a notícia do descobrimento da
varão, e sua filha, D. Beatriz, era casada com D. João I, de
América chegou à Europa.
Castela. Se ela herdasse a coroa, o reino se tornaria domí-
nio de Castela e perderia a independência política. Em 1493, os reis da Espanha obtinham o apoio do papa
A nobreza portuguesa era partidária da união com Cas- Alexandre VI, espanhol de nascimento, na edição da Bula
tela, que era feudal. A burguesia, que considerava a per- Inter Coetera. A Bula determinava uma divisão do mun-
da da independência uma ameaça aos seus interesses, do ultramarino, tomando-se por base um limite a 100 lé-
apoiava as pretensões de D. João, mestre de Avis, irmão guas a oeste de Cabo Verde. Portugal ficaria com as terras
bastardo do rei. Quando D. João foi proclamado rei, Cas- a leste dessa linha. As terras situadas a oeste dessa linha
tela invadiu Portugal. imaginária caberiam à Espanha.

102
Tratado de Tordesilhas A expansão ultramarina e suas consequências
ƒ implantação do trabalho compulsório indígena na Amé-
rica espanhola; expansão do comércio europeu;
ƒ afluxo de metais preciosos para o continente europeu,
Ilhas
Canárias

Cabo

que gerou uma enorme inflação na Europa, processo


Verde
ilhas
Equador

conhecido como a Revolução dos Preços, em razão


Linhas de demarcação coloniais
entre Espanha e Portugal nos
da desvalorização da moeda e do aumento geral dos
séculos XV e XVI.
Linha do Papa Alexandre VI
(Bula Inter Caetera, 1493)

Tratado de Tordesilhas (1494)


preços; diversificação dos artigos de consumo: batata,
Tratado de Zaragoza (1529)
tabaco, cacau e o milho oriundos da América;
DISPONÍVEL EM: <HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/ERA_DOS_
DESCOBRIMENTOS>. ACESSO EM 23 DEZ. 2015. ƒ destruição das civilizações pré-colombianas astecas
e incas;
Devido à insignificância dos territórios lusos, Portugal se opôs
ƒ enriquecimento da burguesia mercantil europeia;
a essa Bula,o que levou a sua revogação e assinatura, em
1494, do Tratado de Tordesilhas. Pelos termos do novo ƒ fortalecimento dos Estados absolutistas;
Tratado, deslocava-se para 370 léguas a oeste de Cabo ƒ europeização do mundo, ou seja, a difusão da cultura
Verde o limite entre os domínios portugueses e espanhóis. europeia (vestimentas, língua, hábitos alimentares).
ƒ mudança do eixo econômico europeu do mar
Algumas nações europeias não iriam respeitar O Tratado de
Mediterrâneo para o oceano Atlântico;
Tordesilhas, pois julgavam injusta a partilha do mundo en-
tre as nações ibéricas. Os países mais contrariados foram: a ƒ expansão do mercantilismo;
Grã-Bretanha, o Reino dos Países Baixos e a França. ƒ implantação do sistema colonial na América;
ƒ adoção do trabalho escravo e consequente intensifica-
ção do tráfico negreiro;
ƒ expansão da fé cristã.

AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA, MERCANTILISMO E


ADMINISTRAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA

AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA .
Conheciam a astronomia, uma vez que foram encontrados
registros de datas muito antigas. Também conheciam a es-
crita e sistemas matemáticos. Muitos traços e tradições dos
Olmecas olmecas sobreviveram entre as diversas culturas que os su-
cederam, como é o caso das culturas dos astecas e maias.
Originada na costa sul do golfo do México, a cultura olmeca
é considerada a primeira cultura elaborada da Mesoaméri-
ca e matriz de todas as culturas posteriores dessa área. As Maias
características marcantes do Império olmeca, que se esten- Ocupando as planícies da península do Iucatã, os maias
deu do México ocidental à Costa Rica, foram a presença de elaboraram uma das mais complexas e influentes culturas
centros cívicos religiosos a que se subordinavam áreas da América.
periféricas e a escultura monumental.
A economia agrícola considerava o milho um alimen-
A população olmeca era bastante desenvolvida. Espalhada to sagrado do qual teria se originado o homem. A terra era
pelo império, dividia-se entre uma minoria (sacerdotes, cultivada coletivamente e os camponeses eram obrigados
artífices de elite), que habitava os centros cerimoniais, a pagar o imposto coletivo. A pecuária ainda era des-
e a maioria do povo (camponeses), que vivia nas aldeias. conhecida, e a caça e a pesca atividades complementares.
A arte olmeca se caracterizou pela valor religioso. A escultura
era bastante desenvolvida: monumentais cabeças de pedra Os maias formavam uma sociedade rigidamente hie-
com rosto redondo, lábios grossos e nariz achatado; estatue- rarquizada, em que a posição social era determinada pelo
tas com formas humanas; e outras apresentando uma mistu- nascimento. Uma elite (militares e sacerdotes) constituía
ra de traços humanos e felinos. o grupo dominante, de caráter hereditário, que habitava os

103
numerosos centros cerimoniais circundados pelas aldeias a base da pirâmide social. A maior parte de terra pertencia
onde vivia a numerosa mão de obra de camponeses sub- aos sacerdotes e elites locais (líderes dos clãs), enquanto as
metidos ao regime de servidão coletiva. comunidades camponesas conservavam pequena parcela
para uso familiar.
Responsável pela política interna e externa e pelo recolhi-
mento do imposto coletivo das aldeias, acredita-se que o go-
verno maia fosse uma teocracia de caráter hereditário

PIRÂMIDE DO SOL

PIRÂMIDE DE KUKULCÁN, EM CHICHÉN ITZÁ O imperador possuía representação religiosa, militar e políti-
ca, seja por suas conquistas, seja pelo domínio sobre vários
Os maias construíram templos de forma retangular sobre povos, o que tornou o Império Asteca um Estado milita-
pirâmides truncadas com escadarias que se estendiam ao rista e teocrático.
redor de praças. Também edificaram palácios, que prova-
velmente serviam de residências dos sacerdotes. Construíram obras arquitetônicas colossais: templos e pa-
lácios com terraços em forma piramidal, objetos decorati-
Ao preverem os eclipses solares, o movimento dos planetas vos, obras de ourivesaria em prata, ouro e pedras preciosas
e elaborarem um calendário cíclico, bem como ao desen- utilizadas na decoração de palácios e templos. Os astecas
volverem noções avançadas, como um símbolo para o zero também se destacaram na astronomia, ao elaborarem um
e o princípio do valor relativo, os maias fizeram notáveis calendário solar que lhes possibilitava planejar as épocas
progressos na astronomia e na matemática. de plantio e colheita.
Por volta do ano 900, a civilização maia sofreu declínio de A religião asteca era politeísta, com prática de sacrifícios
população. Há estudiosos que atribuem o abandono dos humanos. Na crença asteca, para que o mundo fosse pre-
centros maias à guerra, à insurreição, à revolta social, a servado, os deuses exigiam oferendas do bem mais precio-
invasões bárbaras, etc. A exploração intensiva de meios de so que os homens possuíam: a vida.
subsistência inadequados, que provocaram a exaustão do
solo, ao lado dos intensos conflitos entre as cidades-Esta-
do, são as hipóteses mais prováveis. Até a conquista defi- Incas
nitiva pelos espanhóis, a cultura maia posterior se fundiu A região ocupada pelos incas ainda se estendia ao lon-
com a dos toltecas. go da cordilheira dos Andes, ocupando parte dos atuais
territórios de Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Ar-
Astecas gentina. Originariamente nômades, os incas faziam parte
do grupo quéchua. Entre os séculos XII e XIII, realizaram
Os astecas ocuparam originalmente a região noroeste do
várias conquistas na região andina (civilizações de Tiahua-
atual México. Guerreiros e expansionistas, domi-
naco, Huari e Chimu), alcançando seu apogeu na época da
naram os toltecas e outros povos da região. Construíram pa-
conquista espanhola no século XVI.
lácios, templos, mercados e canais de irrigação e, em 1325,
fundaram a cidade de Tenochtitlán, capital do império. A propriedade era divida em terras do Estado, terras dos
sacerdotes e terras comunitárias. Rigidamente estratifica-
Com destaque para o cultivo do milho, do algodão, do fei-
das, essa sociedade experimentou a formação de classes
jão e do cacau, cuja semente era utilizada como moeda, a
sociais, tornando-se estamental. Abaixo do imperador,
economia era essencialmente agrária.
havia uma elite de sacerdotes e militares (nobreza);
A sociedade era rigidamente hierarquizada: o imperador e artífices do Estado, médicos e contabilistas com-
sua família ocupavam a posição mais elevada da pirâmi- punham o grupo intermediário; a base da pirâmide so-
de social; em posição intermediária estavam os artesãos cial era constituída por escravos e uma grande massa
e comerciantes; os camponeses e os escravos ocupavam de camponeses.

104
Em 1503, a Coroa espanhola criou as Casas de Con-
tratação, órgão responsável por fiscalizar a cobrança
do quinto. Com o passar do século XVI, a Espanha foi
aprimorando seu sistema de administração colonial e
foram criadas as Audiências, instituições com compe-
tência jurídica instaladas nas mais importantes regiões
da América hispânica. Para centralizar a administração
da colônia espanhola, foi criado o Conselho das Ín-
dias em 1524.
O passo final para a melhor administração das terras ame-
MACHU PICCHU FOI, AO LADO DE CUZCO, UM DOS DOIS ricanas foi sua divisão em Capitanias (terras de menor
MAIS IMPORTANTES CENTROS URBANOS DA CIVILIZAÇÃO INCA.
representatividade econômica) e Vice-Reinos (terras de
O imperador era considerado um deus (Sapa Inca), descen- maior valor econômico).
dente direto do Sol. Os incas acreditavam em vários deuses
vinculados a elementos da natureza. Construíram grandes
templos e faziam sacrifícios animais e humanos.
Mercantilismo
A estruturação do capitalismo comercial coincidiu com
Sem escrita, a cultura era transmitida oralmente. O idio-
ma quéchua serviu de instrumento unificador do Império a formação dos Estados nacionais, organizando e impondo
Inca. Um conjunto de nós e barbantes coloridos, denomi- uma série de práticas econômicas visando a proporcionar o
nados quipus, permitiu aos Incas desenvolverem um en- acúmulo de metais preciosos como forma de dinami-
genhoso sistema de contabilidade. Na astronomia, foram zar as relações comerciais e fortalecer as moedas nacionais.
autores de um calendário. Na matemática, utilizavam o Essa política econômica dos Estados modernos ficou conhe-
sistema numérico decimal. cida como mercantilismo.
A intervenção do Estado na economia e o me-
A CONQUISTA ESPANHOLA E O talismo (acúmulo de metais preciosos) foram as princi-
pais bases do mercantilismo. A principal forma de obtenção
CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES e acúmulo de metais era o comércio, o que levou os gover-
Os impérios existentes na América foram vistos pelos coloni- nos a estimularem as exportações e a inibirem, mediante
zadores espanhóis como as principais ameaças ao projeto de protecionismo marcado por altas taxas alfandegárias, as
exploração do novo território. Os astecas e os incas foram os importações de artigos estrangeiros, caracterizando, assim,
que mais sofreram com o contato com os europeus. uma balança comercial favorável. Eram muito fortes os
estímulos governamentais à produção de artigos manufatu-
Uma grande vantagem dos espanhóis sobre os ameríndios
rados cujos preços eram bastante elevados no exterior e nas
foi o fato de possuírem armas de fogo, canhões e cavalos,
áreas coloniais.
todos elementos desconhecidos na América. Outro fator
que contribuiu para uma rápida conquista por parte dos Chamado também de sistema colonial, o colonialismo
europeus foi a disseminação de doenças até então inexis- figura como parte integrante da política mercantilista. Ele
tentes na América (ex.: gripe). correspondia ao conjunto de relações entre metrópoles
e colônias, quando aquelas impuseram uma série de re-
strições à economia colonial. As determinações metropoli-
Sob a administração da Espanha
tanas às colônias baseavam-se no monopólio e na comple-
No início, a Coroa espanhola não desejava gastar muitos mentaridade, conhecidas por Pacto Colonial.
recursos com a exploração das colônias americanas. Assim,
indivíduos que investiam seus recursos particulares para Matérias-primas – gêneros tropicais
explorar as novas terras eram chamados de adelanta-
dos. Eles ganhavam uma série de prerrogativas jurídicas
e militares, como o direito de fundar núcleos de ocupação, Colônia Pacto colonial Metrópole
explorar o solo e erguer fortalezas. Em troca, entregavam
um quinto de tudo o que fosse explorado na América e
Manufaturas – escravos
promoviam a cristianização dos ameríndios.

105
PERIODO PRÉ-COLONIAL, ADMINISTRAÇÃO
COLONIAL E INVASÕES FRANCESAS

BRASIL: PERÍODO A partir de 1530, a posição de Portugal em relação ao Brasil


mudou. As necessidades portuguesas de garantir a posse
PRÉ-COLONIAL (1500-1530) do território e obter uma nova fonte de lucros que substitu-
ísse o decadente comércio oriental levaram a Coroa a dar
Logo depois do Descobrimento, o Brasil permaneceu ligado início à colonização da nova terra.
à sua Metrópole por umas poucas expedições ocasionais
Para dar início ao empreendimento, foi organizada a expedi-
que aqui chegavam com o objetivo de reconhecer mais
ção comandada por Martim Afonso de Souza, em 1530,
amplamente o litoral ou de explorar o pau-brasil, ma-
com o objetivo de percorrer o litoral e, quando necessário,
deira com possibilidade de comercialização, ou, ainda, de
explorar o interior em busca de ouro e prata, expulsar os
afugentar os franceses, atraídos pela mesma mercadoria.
franceses, criar núcleos de povoamento e aumentar o domí-
As primeiras expedições de reconhecimento e explo- nio português até o Rio da Prata.
ração foram comandadas respectivamente por Gaspar Le-
Em 1532, ao voltar do Rio da Prata, Martin Afonso fundou
mos, em 1501, e Gonçalo Coelho, em 1503.
São Vicente, no litoral do atual estado de São Paulo. São
A crescente presença de franceses exigiu mais esforços para Vicente foi dotado de um engenho para produzir açúcar,
garantir a segurança das novas terras. A mão de obra além de ser o primeiro núcleo de colonização no Brasil.
livre dos índios mediante escambo, que consistia na tro-
ca de objetos de pouco valor – espelhos, miçangas, objetos Capitanias hereditárias (1534)
de ferro – pelo corte e transporte do pau-brasil até locais
na costa, era favorável aos contrabandistas franceses, que O Estado português adotou o sistema de capitanias he-
não tinham compromisso com o Tratado de Tordesilhas. reditárias. Assim, a iniciativa privada arcaria com os gas-
tos da colonização.
Esses fatores forçaram a colonização do litoral, que mu-
dou radicalmente a política oficial do Estado português e o Em 1534, a costa brasileira foi dividida em quinze faixas
montante de investimentos por parte da burguesia. de terra. Chamavam-se capitanias hereditárias, pois pas-
sariam dos donatários a seus herdeiros. Os donatários
Os portugueses criaram as feitorias – estabelecimentos
dispunham de grandes poderes sobre as terras, inclusive o
fundados no litoral da Colônia para armazenar o pau-brasil
de distribuir sesmarias (porções de terra que permane-
e assegurar a posse do território contra os invasores.
ceriam em poder do sesmeiro e seus descendentes desde
A exploração do pau-brasil era monopólio do rei (Estan- que eles as cultivassem) àqueles que as requeressem para
co Régio), como toda atividade ultramarina. Só poderia estimular a colonização.
se dedicar a ela quem tivesse uma concessão da Coroa,
que cobrava por isso o quinto (20% do lucro adquirido Martim Afonso de Sousa, em São Vicente, e Duarte Co-
com o produto). elho, em Pernambuco, foram os únicos donatários que
tiveram sucesso (em parte porque receberam muita ajuda

INÍCIO DA COLONIZAÇÃO BRASILEIRA


do rei de Portugal e de banqueiros flamengos). Ataques
constantes de índios, falta de recursos, a longa distância

(1530-1580) até a Metrópole, as dificuldades de comunicação entre as


capitanias e a descentralização político-administrativa fo-
ram os principais motivos do fracasso do sistema de capi-
tanias hereditárias.

Governo-Geral (1548)
Depois do fracasso do sistema de capitanias, Portugal
criou o Governo-Geral, que deveria corrigir as falhas das
capitanias hereditárias e não extingui-las. O novo órgão
OBRA DE BENEDITO CALIXTO, “FUNDAÇÃO DE SÃO VICENTE”, MOSTRA A VISÃO deveria centralizar a administração colonial,
DO ARTISTA SOBRE A CHEGADA DOS PORTUGUESES NO LITORAL PAULISTA. sendo o Governador-Geral a maior autoridade da Colônia

106
e representante direto do rei. O sistema de Governo-Geral Além disso, problemas internos na França colaboraram
foi criado por D. João III (o colonizador), que, por meio do para a formação de um núcleo colonial no Brasil: a Fran-
Regimento de 1548, determinou as principais funções do ça Antártica.
Governo: ajudar os donatários no que fosse necessário;
ƒ Mem de Sá (1558-1572)
combater índios e piratas; fundar núcleos de povoamento;
estimular a catequese e defender a fé cristã e organizar O terceiro Governador-Geral iniciou a luta contra os
expedições em busca de metais preciosos. franceses. O Forte de São Sebastião do Rio de Janeiro,
que seria o núcleo inicial da cidade do Rio de Janeiro, foi
fundado, em 1565, pelo sobrinho do governador, Estácio
Câmaras municipais de Sá, para auxiliar na luta contra os franceses. Dois anos
As vilas e cidades coloniais eram administradas pelas câ- depois, os franceses foram expulsos da região e a França
maras municipais, que representavam os interesses Antártica foi destruída.
de ricos proprietários chamados de homens bons.
D. Luís de Vasconcelos, nomeado como quarto Go-
Por vezes, as câmaras municipais gozavam de enorme au- vernador-Geral, não chegou ao Brasil, pois sua es-
tonomia, ignorando leis impostas pela capital e apostando quadra foi destroçada por corsários franceses. Também
na ausência de qualquer punição, considerando a precarie- morreram nessa ocasião quarenta jesuítas que acompa-
dade dos meios de comunicação e transporte. nhavam o governador. Ficaram conhecidos na história
como os Quarenta Mártires do Brasil.
Governadores-Gerais O Brasil foi dividido em dois governos: o do norte, com
ƒ Tomé de Souza (1549 – 1553) capital em Salvador e governado por Luís de Brito
Almeida, e o do sul, com capital no Rio de Janeiro e
Primeiro Governador-geral do Brasil. Chegou acompa-
governado por Antônio Salema.
nhado de aproximadamente mil homens (soldados, pro-
fissionais, funcionários públicos, etc.) a fim de construir Luís de Brito Almeida ficou apenas quatro anos no poder.
a primeira cidade do Brasil, Salvador, que se tornou Ele foi substituído por Lourenço da Veiga, que governava
a capital, sendo originalmente denominada Salvador da quando, em 1580, Portugal e sua Colônia passaram para o
Bahia de Todos os Santos. domínio espanhol, na chamada União Ibérica.
ƒ Duarte da Costa (1553-1558)
Um novo grupo de jesuítas, dentre os quais o padre José
Conselho Ultramarino
de Anchieta, desembarcou no Brasil acompanhado do se- D. João IV se tornou rei, pondo fim à União Ibérica depois
gundo Governo-Geral, que, juntamente com Manuel da da restauração do trono português, em 1640, quando foi
Nóbrega, fundou, em 1554, o colégio de São Paulo criado o Conselho Ultramarino, regulamentado em 1642.
de Piratininga, origem do povoado que se transforma- O novo órgão nasceu subordinado à Secretaria de Estado
ria na cidade de São Paulo. dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos e esta-
A invasão francesa no Rio de Janeiro, em 1555, foi va encarregado exclusivamente da administração colonial,
também um fato marcante desse governo. Ela estava concluindo o processo iniciado em 1548 com a instalação
vinculada aos problemas enfrentados pelos franceses na do Governo-Geral, sendo um passo decisivo para a centra-
extração do pau-brasil por causa do maior policiamento. lização administrativa colonial.

ECONOMIA COLONIAL, SOCIEDADE


E INVASÕES HOLANDESAS

A CANA-DE-AÇÚCAR ƒ A possibilidade de atrair investimentos externos.


ƒ Solo e clima favoráveis, especialmente o solo de massa-
(SÉCULOS XVI E XVII) pé e o clima quente e úmido do Nordeste.
ƒ O açúcar era um produto altamente lucrativo.
A cana-de-açúcar foi o produto escolhido para dar início
à ocupação econômica do Brasil por uma série de razões: ƒ A aceitação do produto no mercado europeu.

ƒ A experiência portuguesa na produção de cana na cos- No Brasil, a atividade açucareira funcionava da seguinte ma-
ta africana (Cabo Verde, Madeira, São Tomé). neira: os portugueses ficavam responsáveis pela produção, e

107
os holandeses financiavam a montagem dos engenhos, bem A substituição da escravidão indígena pela escravidão dos
como controlavam o transporte, o refino e a comercialização negros foi favorecida pela questão da obtenção de escra-
do açúcar, obtendo a maior porcentagem de lucros. vos. Os índios brasileiros eram nômades e seminômades e,
portanto, migravam constantemente. Além disso, a exten-
A primeira grande divisão de terras foi fundamental para
são do território era outro fator que dificultava a captura
determinar o modelo de colonização. Esse modelo ficou co-
de índios. Já os negros eram obtidos na África por meio
nhecido como plantation e baseava-se em três elementos:
de escambos entre os traficantes e os próprios africanos,
grande propriedade (latifúndio), monocultura e tra-
que capturavam negros de tribos rivais e trocavam-nos por
balho escravo (escravismo).
aguardente, rapadura e fumo trazido do Brasil.
O rei simplesmente legalizava a escravidão do índio sob pre-
texto de defendê-lo. Para aprisionar índios, foram organiza-
dos as chamadas bandeiras, expedições que se tornaram
um dos principais fatores da atual extensão do território
brasileiro, principalmente na região mais ao sul do Brasil
Colônia (atual Sudeste).

A organização da produção
do engenho
A grande produção só começa oficialmente com Martim NEGROS NO PORÃO DE UM NAVIO NEGREIRO
Afonso de Souza, em 1533, em São Vicente. As construções Havia a prática de aborto, infanticídio, suicídio e o banzo”(-
principais são a casa-grande, a senzala, as estrebarias e caracterizando por greve de fome e depressão por conta da
as oficinas. As principais instalações do engenho são: moen- privação da liberdade). Menos comum, mas ocorrente, era o
da, caldeira e casa de purgar. ataque à casa do senhor e a sua família. A resistência negra
A unidade produtora da agromanufatura açucareira era o podia se dar por meio de fugas indivíduais, fugas coletivas e
engenho, que se constituía basicamente de: a formação de quilombos.
ƒ Casa do engenho: formada pelas instalações desti-
nadas à produção de açúcar. Engenhos e a sociedade
ƒ Casa-grande: residência, geralmente assobradada, Essencialmente a sociedade colonial era:
onde viviam o senhor e sua família. Nela também mo-
ƒ Inculta – pois mesmo os membros da elite só recebiam
ravam os empregados de confiança (capatazes) que
o ensino das “letras básicas”, que não passavam do
cuidavam de sua segurança. Era a central administra-
aprender a ler, escrever e contar de modo primário.
tiva das atividades econômicas do engenho.
ƒ Aristocrática – porque dominada pelos ricos propri-
ƒ Capela: local das cerimônias religiosas.
etários de terras e de escravos.
ƒ Senzala: habitação de um único compartimento, rústi-
ƒ Rural – porque a vida econômica baseava-se na agri-
ca e pobre, onde viviam os escravos.
cultura. A vida urbana ainda era muito incipiente, com
a quase totalidade da população habitando o campo.
ƒ Escravista – porque a força de trabalho baseava-se
na escravidão do índio ou do negro.
ƒ Sem mobilidade social – porque não havia opor-
tunidade para trabalhadores e escravos saírem de sua
condição e ascenderem socialmente.
ENGENHO DE AÇÚCAR MOVIDO A ÁGUA
ƒ Patriarcal – porque o proprietário rural e pai de família,
ao considerar-se responsável pelo provimento material
Escravidão negreira do lar, impôs a obrigação de ser respeitado e obedeci-
A escravidão dos negros permitia a obtenção de grandes do no âmbito familiar. Esse poder sobre a família era
lucros por parte dos traficantes portugueses, que domina- estendido à sociedade, já que, como dono das riquezas
vam áreas fornecedoras de escravos na África, como Ango- materiais, o senhor considerava toda a população não
la, Goa, São Tomé e, posteriormente, Moçambique. proprietária dependente dele.

108
INVASÕES HOLANDESAS Bahia e a invasão holandesa
(SÉCULO XVII) (1624-1625)
A Companhia das Índias Ocidentais planejou a conquista
da Bahia. Para os holandeses, conquistar o Nordeste bra-
União Ibérica (1580-1640) sileiro significava assegurar o controle da produção açuca-
Em 1578, ocupava o trono português D. Sebastião, que reira, manter o funcionamento da economia metropolitana
viria a ser o último monarca da Dinastia de Avis. As dificul- e opor-se com eficácia ao embargo espanhol.
dades socioeconômicas e o espírito cruzadista levaram-no a Atacadas de surpresa, as forças luso-brasileiras, coman-
lutar contra os mouros no norte da África. dadas pelo bispo D. Marcos Teixeira e pelo governador
D. Sebastião desapareceu, não deixando herdeiros, durante Mendonça Furtado, foram forçadas a uma rápida rendi-
a batalha de Alcácer-Quibir. O velho cardeal D. Henri- ção em maio de 1624. O bispo escapou e refugiou-se no
que, único sobrevivente masculino da linhagem de Avis, as- Arraial do Espírito Santo, nos arredores de Salvador, de
sumiu a regência enquanto não se solucionava o problema onde iniciou a resistência, apoiado pelo governador de
da sucessão. Em 1580, o cardeal-regente morreu. Felipe II, Pernambuco, Matias de Albuquerque.
rei da Espanha, neto de D. Manuel, o Venturoso (o mes- Embora tivessem obtido com certa facilidade a rendição
mo que organizara a esquadra de Pedro Álvares Cabral), luso-brasileira, Jacob Willekens e Johan van Dorth, os co-
achou-se no direito de ocupar o trono português. mandantes das forças holandesas, não conseguiram con-
Portugal ficou submetido à Espanha durante 60 anos. Con- solidar a conquista. Faltou-lhes maior apoio da Holanda
sequentemente, o Brasil também passou para o domínio que, envolvida na Guerra dos Trinta Anos contra a Espa-
espanhol, sofrendo alterações em sua estrutura interna e no nha, não enviou reforços, suprimentos, armas e munições.
seu relacionamento internacional. A ocupação holandesa ficou ameaçada e não resistiu aos
Em 1580, quando da união das Coroas Ibéricas, Portu- frequentes ataques de grupos de guerrilheiros sediados no
gal viu-se envolvido pelas rivalidades espanholas, so- Arraial do Espírito Santo. Em maio de 1625, os holandeses
foram expulsos da Bahia.
bretudo com relação à Holanda. Rebelados desde 1567
contra os altos impostos e a repressão religiosa do cató-
lico Felipe II contra o calvinismo, os holandeses tiveram Invasão holandesa em
de sustentar longos anos de lutas para preservar sua Pernambuco (1630-1654)
liberdade diante do poderio espanhol. Visando preju-
Em 1630, os holandeses decidiram atacar a Capitania de
dicá-los, Felipe II decretou o fechamento dos portos do
Pernambuco, a maior produtora de cana-de-açúcar, que
Brasil, de Portugal e de qualquer domínio espanhol aos tinha uma defesa menos eficiente que a da Bahia, além
navios e comerciantes flamengos. de ser mais próxima da Europa.
A Holanda não teve outra alternativa senão lançar-se em A resistência foi organizada pelo Governador-Geral Matias
busca de mercadorias nas áreas produtoras. Paulatinamen- de Albuquerque, mas os flamengos não encontraram difi-
te, a hegemonia holandesa se firmou no Oriente, à custa do culdades para ocupar Olinda.
recuo dos portugueses que, sem autonomia, dependiam de
Os holandeses contaram com o apoio de Domingos Fer-
ações espanholas na região.
nandes Calabar, profundo conhecedor da região que os au-
Assim, já nos últimos anos do século XVI, os holandeses ti- xiliou em várias batalhas, inclusive na conquista do Arraial
nham atingindo o Oriente pela rota do Cabo, e, em 1602, do Bom Jesus.
fundaram a Companhia das Índias Orientais, que con- Apesar da resistência, os holandeses conquistaram novas
quistou o monopólio do comércio oriental, compreendido posições, consolidando sua ocupação de uma área que
entre o Cabo da Boa Esperança e o Estreito de Magalhães ia do Rio Grande do Norte ao Sergipe. A Companhia das
por todo o Índico e o Pacífico. Índias Ocidentais passou a organizar a administração da
Os holandeses fundaram, então, a Companhia das Ín- região conquistada.
dias Ocidentais, também conhecida pela sigla em inglês Tanto os senhores de engenho como os holandeses queriam
WIC (West Indian Company), monopolizando o comércio um ambiente de ordem e paz para que pudessem obter lu-
no Atlântico. A luta entre Espanha e Holanda impediu que cros com a atividade açucareira. A Companhia enviou ao Bra-
os holandeses se abastecessem de produtos americanos sil o conde João Maurício de Nassau Siegen, nomeado
como o açúcar e o tabaco. Governador-Geral do Brasil holandês (Nova Holanda).

109
Nassau, um governo habilidoso a Espanha, enfrentando dificuldades econômicas. Essas
dificuldades provocaram mudanças na atitude da Com-
(1637-1644) panhia das Índias Ocidentais em relação ao Brasil, ele-
Maurício de Nassau chegou ao Brasil em 1637 e desen- vando impostos e cobrando dívidas dos senhores de en-
volveu uma habilidosa política administrativa: genho. Os colonos passaram a lutar pela expulsão dos
holandeses, movimento iniciado em 1645 e conhecido
ƒ Obras urbanas – a cidade do Recife foi remodelada e
como Insurreição Pernambucana. Essa mudança
foram construídas pontes e obras sanitárias.
de atitude levou ao desentendimento entre Nassau e
ƒ Concessão de crédito – a Companhia concedeu
a Companhia.
créditos aos senhores de engenho, destinados ao rea-
parelhamento dos engenhos, à recuperação dos cana- Com o fim da trégua dos dez anos assinada em 1641, Por-
viais e à compra de escravos. tugal passou a lutar abertamente contra os holandeses, que
ƒ Vida cultural – o governo de Nassau promoveu a se renderam em 1654.
vinda para o Brasil de artistas, médicos, astrônomos,
naturalistas, etc. As invasões holandesas e
ƒ Tolerância religiosa – as diversas religiões da po- suas consequências
pulação (catolicismo, protestantismo, judaísmo, etc.) A decadência da lavoura de cana-de-açúcar pode
foram toleradas pelo governo de Nassau. Deve-se notar, ser apontada como a principal consequência da expulsão
entretanto, que a religião oficial era o protestantis- dos holandeses do Brasil.
mo calvinista,.
Os flamengos dominaram as técnicas de produção de ca-
Insurreição Pernambucana na-de-açúcar (plantation) e e se estabeleceram na região
das Antilhas. Assim, dominaram completamente o merca-
(1645-1654) do, mas sem depender de Portugal e da produção brasilei-
O trono português foi restaurado com a ascensão de D. ra, que não tinha como vencer a concorrência.
João IV, dando início à Dinastia de Bragança. Portugal as-
Restou a Portugal se aproximar da Inglaterra, que viria a se
sinou, em 1641, uma trégua de dez anos com a Holanda.
aproveitar da crise da lavoura açucareira para colocar Por-
A Holanda se beneficiaria com essa trégua por estar en- tugal sob sua esfera de influência, gerando uma tutela eco-
volvida na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) contra nômica e política que penduraria por quase dois séculos.

BANDEIRISMO, MINERAÇÃO E TRATADOS DE LIMITES

BANDEIRISMO E EXPANSÃO em meados do século XVI. Ela faz parte da lógica de


exploração colonial numa região sem condições econô-
TERRITORIAL micas de utilizar o escravo africano em virtude do seu
alto custos.
Em janeiro de 1554, os jesuítas fundaram o colégio que
deu origem à vila de São Paulo de Piratininga. Se, por Essa empreitada de captura dos índios pode ser dividida
um lado, a localização geográfica de São Paulo dificulta- em duas fases. A primeira vai de meados do século XVI
va o contato com a região litorânea, por outro facilitava ao início do século XVII. Nesse período, os grupos de
o acesso ao interior. apresamento, os sertanistas, pouco preparados e inex-
perientes, saíam de São Vicente, alcançavam o povoado
Em São Paulo foi organizada a maior parte das bandei-
ras em direção ao interior. A prática comum na região de São Paulo e partiam para capturar os índios no inte-
acabou por dar a São Paulo a futura alcunha de “Terra rior da mata inexplorada e desconhecida.
dos Bandeirantes”. No final do século XVII, essas expedições, denominadas ban-
deiras, tornaram-se grandes negócios, verdadeiras empresas
Bandeirismo de apresamento que envolviam centenas de homens e muitos recursos.
A atividade de apresamento de indígenas, com o obje- O tráfico negreiro e os centros de abastecimento de es-
tivo de escravizá-lo, remonta ao início da colonização, cravos na África haviam sido dominados pelos holandeses.

110
Com isso, o apresamento dos indígenas tornou-se muito
Bandeirismo de caça ao ouro ou
cobiçado em razão dos grandes lucros que rendia.
sertanismo de prospecção
Nesse período, os jesuítas de São Paulo tentaram impedir
A perda do grande mercado comprador de mão de obra indí-
a saída das expedições, despertando uma reação imediata
gena em decorrência da crise da economia agrícola obrigou
dos colonos paulistas. Em 1641, tentaram expulsar os je- o bandeirismo a transferir seus esforços para outro objetivo:
suítas de São Paulo, fato conhecido como a botada dos a procura de metais preciosos.
padres para fora.
Percorrendo extensas regiões à procura de índios para es- Formação de missões jesuíticas
cravizar, os bandeirantes, simultaneamente, abriram cami- O Governador-Geral Tomé de Sousa trouxe para o Brasil, em
nho para a integração e ocupação do interior. 1549, o primeiro grupo de jesuítas, liderados por Manuel da
Nóbrega. O principal motivo de sua presença na América era
A rivalidade entre jesuítas e bandeirantes se estendeu pe-
promover a catequese dos nativos. Com esse intuito, funda-
los séculos XVII e XVIII, ficando muito violenta em várias
ram vários aldeamentos conhecidos como missões ou redu-
situações, levando os dois lados a recorrer à Coroa Por- ções, onde educavam e catequisavam os nativos.
tuguesa. A contenda entre eles só foi resolvida durante o
governo do Marquês de Pombal, o qual, por não concordar Os jesuítas entravam com frequência em atrito com os colo-
nos, pois não aceitavam a escravidão indígena. Eram cons-
com as práticas dos jesuítas, expulsou-os do Brasil, mas
tantes os ataques de colonos, especialmente bandeirantes,
também proibiu a escravização de indígenas.
aos aldeados, com o objetivo de capturar índios para utilizá-
-los como escravos.
Sertanismo de contrato Os jesuítas foram os principais responsáveis pela educação
O bandeirismo, ou sertanismo de contrato, era formado por colonial até sua expulsão, em 1759, de Portugal e do Brasil,
expedições de caráter militar, contratadas por governantes, por ordem do Marquês de Pombal, primeiro-ministro do rei
donatários e proprietários rurais para capturar escravos fu- D. José I.
gidos das lavouras, arrasar quilombos e submeter popula-
ções indígenas hostis.
MINERAÇÃO
O sertanismo de contrato assegurou aos grandes proprie-
As primeiras jazidas de metais preciosos foram descobertas
tários de engenhos e plantações do litoral e aos criadores na última década do século XVII, por volta de 1693, por
de gado do sertão a posse de largas extensões de terras. bandeirantes paulistas, no território do atual estado de Mi-
nas Gerais. As expedições para a região das Gerais se mul-
Ataque a Palmares tiplicaram, e a região se povoou rapidamente, tornando-se
o mais importante centro econômico da Colônia no século
Os quilombos eram agrupamentos de escravizados fugi-
XVIII. Depois do ouro de Minas Gerais, foram realizadas
dos que resistiam em várias partes do sertão, desde o século descobertas menos importantes no Mato Grosso (1718) e
XVI, tornando-se uma das mais relevantes formas de rebe- em Goiás (1725). Dessa forma, a atividade mineradora deu
lião dos cativos. Palmares, liderado por Zumbi, foi um dos impulso à ocupação do interior do Brasil.
quilombos mais importantes, situado ao sul de Pernambuco,
no atual estado de Alagoas.. 2.5. Consequências da mineração
A Coroa contratou um grupo de sertanistas já fixados em As minas esgotaram-se no final do século XVIII, e a ati-
fazendas de gados no sertão da Bahia. Formavam um bando vidade mineradora entrou em declínio, bem como toda a
de quase mil homens, liderados por Domingos Jorge Velho. região, uma vez que não existia outra atividade que pu-
Depois de uma primeira tentativa fracassada, os sertanistas desse substituí-la. A mineração provocou profundas trans-
organizaram uma nova expedição com a ajuda governa- formações e consequências econômicas, sociais, políticas e
mental, e um novo ataque iniciou-se em janeiro de 1694. culturais na Colônia.

Comandados por Zumbi e entricheirados na serra da Bar- ƒ Aumento populacional, em razão da descober-
riga, os palmarinos resistiram até a morte. Zumbi e alguns ta das minas.
companheiros ainda conseguiram romper o cerco e fugir, ƒ Urbanização, com a fundação de vilas e cidades,
mas foram capturados e mortos algum tempo depois. como Mariana, Vila Rica, São João del-Rei, Sabará e

111
Congonhas do Campo, onde se desenvolveram ativi- comércio no estuário platino.
dades tipicamente urbanas de comércio, artesanato,
ƒ Tratado de Lisboa (1681): a Espanha reconheceu a
marcenaria, etc.
Colônia de Sacramento como legítima possessão portuguesa.
ƒ Crescimento e diversificação de um segmento
ƒ Tratado de Utrecht (1713): estabelecia que o rio
médio na sociedade e ampliação da camada dos ho-
Oiapoque, ou Vicente Pinzón, seria considerado como
mens livres.
limite entre o Brasil e a Guiana Francesa.
ƒ Mais mobilidade social, pois a mineração possibilitou
ƒ Tratado de Utrecht (1715): assinado entre Portugal
o enriquecimento e a melhoria na vida de muitas pessoas.
e Espanha, na cidade de Ultrech, na Holanda, restabe-
ƒ Surgimento do mercado interno para abastecer a lecia a posse da Colônia de Sacramento a Portugal, que
região mineradora e desenvolvimento de rotas comerciais. havia sido tomada pelos espanhóis.
ƒ Melhoria das estradas, com o intuito de favorecer o ƒ Tratado de Madrid (1750): em relação à Colônia de
abastecimento das minas e controlar o fluxo do ouro. Sacramento, vigoraria o velho princípio de direito ro-
mano do “uti possidetis, ita possideatis”, ou seja, as-
ƒ Mudança do eixo econômico do Nordeste para o
sim “como possuis, assim possuais”. Quem possui de
Centro-Sul.
fato deve possuir de direito. A propriedade da terra foi
ƒ Transferência da capital da Colônia de Salvador para atribuída a Portugal, seu ocupante de fato. Portugal, no
o Rio de Janeiro (1763). entanto, aceitaria negociar a Colônia de Sacramento
ƒ Incentivo às artes, bem como desenvolvimento cultu- recebendo em troca as terras de colonização portugue-
ral da Colônia. sa além de Tordesilhas e uma região denominada Sete
Povos das Missões, localizada a noroeste do Rio
ƒ Conflitos, como a Guerra dos Emboabas, entre paulis- Grande do Sul, onde existiam aldeamentos guaranis di-
tas e forasteiros, pelo direito de explorar as minas, sobre rigidos por jesuítas espanhóis. Portugal aceitou de ime-
as quais os paulistas queriam exclusividade. diato. Ficou estabelecido também que, se porventura
ƒ Aumento da opressão fiscal, em razão da minera- as duas nações entrassem em guerra na Europa, a paz
ção, que fez aumentar os impostos e acirrar a fiscalização deveria continuar reinando nas colônias da América.
administrativa, burocrática e militar por parte da Coroa. ƒ Tratado de El-Pardo (1761): assinado entre Es-
ƒ Revoltas, em razão da forte opressão e dos altos impos- panha e Portugal, revogou o Tratado de Madrid. Em
tos, como a Revolta de Vila Rica e a Inconfidência Mineira. face da vigorosa resistência dos jesuítas espanhóis dos
Sete Povos das Missões, Portugal teve muitas dificul-
dades para ocupar aquela região, recebida em troca da
TRATADOS DE LIMITES Colônia de Sacramento. De 1754 a 1756, as tropas
portuguesas e espanholas atacaram e venceram
Posteriormente ao Tratado de Tordesilhas, de 7 de junho de
um grande número de índios na região. Todavia,
1494, Portugal celebrou uma série de outros tratados com
terminada a luta, o comandante português, Gomes
países europeus, visando solucionar problemas de frontei-
Freire, julgou seguro apoderar-se da área que ain-
ras do Brasil Colonial.
da contava com muitos índios rebelados. Todo o
O Tratado de Tordesilhas foi deixado de lado, uma vez que Tratado de Madrid perdera sua validade, sendo anulado
os bandeirantes, as missões jesuíticas e os criadores de gado pelo Tratado de El Pardo.
não o respeitavam mais.
ƒ Tratado de Santo Ildefonso (1777): no reinado de
As desavenças entre portugueses e espanhóis no Sul giravam D. Maria I, os portugueses cederam os Sete Povos das
em torno da Colônia de Sacramento, surgida em 1680, na Missões à soberania espanhola, celebrando o acordo
margem esquerda do rio da Prata. Os portugueses fundaram que transferia à Espanha o controle exclusivo sobre o
essa colônia comprometendo a segurança de Buenos Aires, rio da Prata.
prestes a se tornar vice-reino espanhol. Os espanhóis ataca-
ƒ Tratado de Badajós (1801): os conflitos travados
ram Sacramento e aprisionaram todos os seus ocupantes.
em solo europeu entre Portugal e Espanha surtiram
efeitos sobre os seus territórios na América e resul-
Colônia de Sacramento taram na assinatura do Tratado de Badajós. Embora
A Colônia do Santíssimo Sacramento foi fundada em 1680, ele tenha determinado que a Colônia de Sacramento
na margem esquerda do rio da Prata, próxima a Buenos Ai- passaria para a Espanha e tenha se omitido em relação
res, pelo governador e capitão-mor da capitania do Rio de aos Sete Povos das Missões, passado algum tempo, os
Janeiro, D. Manuel Lobo. O avanço português em direção gaúchos recuperaram a região de Sete Povos e incor-
ao Sul, especialmente na região da Bacia do Prata, visava poraram-na definitivamente ao Brasil, em 1804, com o
garantir acesso às minas de prata de Potosí, bem como ao reconhecimento da Espanha.

112
CRISE DO SISTEMA COLONIAL, REVOLTAS
NATIVISTAS E MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS

SISTEMA COLONIAL EM CRISE prietários de terras foi a escravização de indígenas. Contudo,


logo se defrontaram com a resistência dos jesuítas, que se
A crise do sistema colonial brasileiro resultou, além do co- opunham à escravização dos índios.
lapso do mercantilismo português, das próprias contradi- Em busca de uma solução para a questão da escassez de mão
ções internas da colonização. A partir da segunda metade de obra escrava, a coroa portuguesa criou, em 1682, a Com-
do século XVIII, exatamente por ocasião do apogeu da eco- panhia Geral de Comércio do Maranhão, que seria responsável
nomia mineradora, as relações e interesses entre a Colônia pelo monopólio do comércio de escravos na região pelo perí-
e a Metrópole começaram a apresentar suas contradições. odo de 20 anos. Ela deveria garantir a entrega, na capitania,
de 500 escravos negros por ano.

REBELIÕES NATIVISTAS Entretanto, a Companhia Geral de Comércio não cumpriu


suas funções de modo satisfatório: trazia poucos e caros
As primeiras rebeliões não ocorreram em defesa da inde- escravos. A companhia também não oferecia valores sa-
pendência do Brasil. Na verdade, eram a expressão dos tisfatórios pelos produtos produzidos pelos colonos. Esses
conflitos de interesses entre os habitantes da Colônia e fatos causaram grande descontentamento e provocaram
os portugueses ou reinóis. Essas manifestações, denomi- uma revolta contra a Companhia e contra os jesuítas.
nadas rebeliões nativistas, por serem comandadas pela
Comandados por Jorge Sampaio e pelos irmãos Manoel
população “nativa”, a princípio contestavam aspectos
e Tomás Beckman, grandes proprietários de terras, auxi-
específicos do pacto colonial e não a dominação da Me-
liados por outros fazendeiros, expulsaram os jesuítas do
trópole. Elas eram regionalistas e não expressavam uma Maranhão, fecharam os armazéns da Companhia Geral de
consciência nacional, uma vez que a ideia de nação foi Comércio e tomaram o poder na capitania.
construída posteriormente.
A revolta levou à abolição do monopólio da Companhia e à
Aclamação de Amador Bueno (1641) nomeação de Gomes Freire de Andrade como novo gover-
nador do Maranhão. Contudo, ao chegar de Portugal em
Em 1641, os paulistas, incitados pelos espanhóis que mo-
1685, o governador determinou a prisão e o enforcamento
ravam na região, tentaram se desligar de Portugal e acla-
de Manoel Beckman, líder da rebelião, e a condenação dos
maram rei Amador Bueno de Ribeira, membro de uma rica
demais envolvidos à prisão perpétua ou ao degredo.
família de origem hispânica.
O que incomodava os espanhóis era o fato de Portugal ter
restaurado seu trono e coroado D. João IV, rei que os hispâ-
Guerra dos Emboabas (1708-1709)
nicos não reconheciam. Os paulistas ficaram profundamente incomodados com
esse grande fluxo de forasteiros em Minas Gerais, uma
A notícia da coroação do novo rei foi recebida festivamen- vez que atribuíam a si a façanha de descobridores das
te. Os motivos para isso foram a atitude dos espanhóis de minas. Os portugueses, por sua vez, como representantes
insuflar a população contra Portugal e o desejo dos pau- da coroa na Colônia, acharam-se no legítimo direito des-
listas em manter o comércio com a região do rio da Prata. se privilégio e assumiram a exclusividade da exploração
Um grande número de pessoas se dirigiu à casa de Ama- das minas.
dor Bueno, aclamando-o rei de São Paulo. Contudo, gra- Uma série de conflitos armados ocorreu na região.
ças à insistente recusa do aclamado, o ânimo da popu- Derrotados, muitos paulistas saíram da região em direção
lação esfriou e o movimento não chegou a passar de um ao oeste de Minas Gerais. Ali, descobriram novas minas e
episódio histórico que deixou um legado significativo: a iniciaram a ocupação dos territórios dos atuais estados de
noção de que era possível unir pessoas contra Portugal. Mato Grosso e Goiás.

Revolta de Beckman (1684) Guerra dos Mascates (1710-1711)


No Maranhão, a falta de escravos para as plantações tor- O conflito denominado Guerra dos Mascastes ocorreu
nou-se um grave problema. A solução encontrada pelos pro- em função das diferenças de interesses entre os senhores

113
de engenho, cuja maioria morava em Olinda, então sede dos Estados Unidos ajudaram a desenvolver na Colônia a
do poder público da capitania de Pernambuco, e os co- consciência da opressão colonial.
merciantes do Recife, de maioria portuguesa, chamados Gradativamente, foi amadurecendo uma incipiente ideia
pejorativamente de mascates. da necessidade de defesa da liberdade política, econômica
Em 1709, Recife ganhou autonomia em relação à Olinda, e cultural da Colônia. As lutas não mais se restringiam à
uma vez que foi elevada à categoria de vila. Inconformados, simples resistência aos monopólios ou aos impostos, mas
os senhores de engenho, moradores de Olinda, invadiram se voltavam contra o pacto colonial e a favor do rompimen-
Recife e destruíram o pelourinho, símbolo da autonomia da to político de dependência da Metrópole.
vila. Os mascates revidaram o ataque, desencadeando uma
série de conflitos entre as duas vilas. Inconfidência Mineira (1789)
Os combates só terminaram em 1711, mediante a firme A Inconfidência Mineira foi o primeiro movimento a pregar
intervenção das autoridades coloniais. No mesmo ano a separação política da capitania de Minas Gerais em rela-
chegaram à Colônia as novas autoridades enviadas pela ção a Portugal, uma vez que a ideia de Brasil ainda não era
Coroa portuguesa. Embora conciliador, o novo governa- consistente. A Inconfidência Mineira ocorreu em 1789, em
dor vindo de Portugal confirmou a autonomia de Recife, Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto. Entre as causas que
que foi transformada em capital de Pernambuco. determinaram o movimento, é possível destacar:
ƒ os excessos cometidos pelas autoridades portuguesas
Revolta de Filipe dos Santos para administrar a região das Minas;
ou de Vila Rica (1720) ƒ a decadência da produção de ouro e o sistema de co-
brança dos quintos. Caso a arrecadação do ouro não
Em 1719, devido à criação das casas de fundição em Mi-
chegasse a 100 arrobas (cerca de 1,5 mil quilos), era
nas Gerais, a circulação de ouro em pó foi proibida, fa-
decretada a derrama: a diferença que faltava para com-
tor que criou diversos inconvenientes para a população
pletar a quantia determinada era cobrada de toda a
da cidade, que estava acostumada a usá-lo como moeda
população pela força das armas;
corrente. Além disso, as casas de fundição tornavam mais
efetivo o controle da Coroa portuguesa sobre o imposto do ƒ as ideias liberais trazidas por brasileiros que estudavam
quinto, ou 20% do ouro encontrado no Brasil. Ao fundir as nas universidades europeias; e
barras de ouro, já era realizada a cobrança do imposto. As ƒ a independência dos Estados Unidos, cujos colonos,
punições sobre quem fosse pego sonegando o pagamento também revoltados contra o sistema fiscal de sua me-
do imposto aumentaram e se tornaram mais severas. trópole, tinham conseguido se libertar da Inglaterra.
Essas medidas causaram forte impacto sobre os minera- Os objetivos dos inconfidentes eram os seguintes:
dores, provocando uma revolta, que eclodiu em 1720, sob ƒ estabelecer um governo independente de Portugal,
a liderança de Filipe dos Santos. As principais reivindica- abolindo todos os vínculos coloniais;
ções do movimento eram: redução de impostos sobre ƒ adotar o regime republicano;
a atividade mineradora, diminuição dos preços dos
ƒ instituir o serviço militar obrigatório;
produtos cujo comércio era monopolizado pelos por-
ƒ adotar uma bandeira com o lema Libertas quae sera
tugueses e fechamento das casas de fundição.
tamen (Liberdade ainda que tardia);
Os revoltosos procuraram o governador das minas – o
ƒ criar indústrias, particularmente a têxtil e a bélica;
conde de Assumar – e apresentaram suas reivindicações.
ƒ transformar São João del-Rei na sede do governo; e
O governador prometeu atendê-los. Na verdade, ganhou
tempo para organizar tropas e, em seguida, ordenou que ƒ criar uma universidade em Vila Rica.
suas tropas invadissem Vila Rica, prendessem os insurretos Os inconfidentes foram traídos e denunciados por três partici-
e reprimissem violentamente qualquer tipo de manifestação. pantes da conspiração. Eles procuraram o então governador,
Alguns mineradores foram punidos com o degredo e Filipe Visconde de Barbacena, e delataram o movimento.
dos Santos foi enforcado e esquartejado.
Barbacena expediu ordens de prisão contra os inconfidentes e
MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS deu início ao processo de devassa, que durou até 1792. Feita
a triagem, 30 conjurados, acorrentados e algemados, ouvi-
O aumento do número de profissionais liberais e de ho- ram a sentença pelos seus “hediondos crimes e infâmias”
mens livres, o desenvolvimento das classes proprietárias, a praticados contra Portugal: nove foram condenados à morte
influência das ideias liberais da Europa e da independência na forca, e os outros, ao degredo perpétuo. Sobre Joaquim

114
José da Silva Xavier, o Tiradentes, considerado líder, recaiu a A insatisfação popular foi impulsionada pelos ideais da
violência maior da devassa: foi condenado à morte na forca Revolução Francesa, pelo sucesso da independência das
e ao esquartejamento. Treze Colônias Inglesas, pelas ideias iluministas divulga-
das por lojas maçônicas, como a dos Cavaleiros da Luz,
e pelo propagandista dessas ideias, o cirurgião e filósofo
Cipriano Barata.
A rebelião baiana propunha mudanças verdadeiramente re-
volucionárias na estrutura da Colônia. Pregava a igualdade
de raça e cor, o fim da escravidão (inspirados nos processo
de independência do Haiti) e a abolição de todos os privi-
BANDEIRA DOS INCONFIDENTES QUE INSPIROU A légios, o que permite considerá-la a primeira tentativa de
ATUAL BANDEIRA DOESTADO DE MINAS GERAIS.
revolução social no Brasil. No dia 12 de agosto de 1798,
a cidade de Salvador amanheceu com os muros cheios de
Conjuração Baiana ou panfletos. Os rebeldes desejavam conclamar o povo por
Revolta dos Alfaiates (1798) meio dos informes espalhados pela cidade.

Em 1798, ocorreu em Salvador a Conjuração Baiana, resulta- Entretanto, a pouca organização e preparação dos rebeldes
do da insatisfação das camadas médias urbanas e da popula- e o grande número de analfabetos facilitaram a rápida ação
ção pobre com o agravamento da crise econômica da região. do governo. No dia 25 de agosto, a prisão da maioria dos
envolvidos destruiu qualquer possibilidade de levante. Os
Foi um movimento de caráter popular, também denominado líderes negros e mestiços foram presos. Os únicos brancos
Revolta dos Alfaiates (ou Revolta dos Búzios), graças ao consi- detidos foram Cipriano Barata e Aguilar Pantoja. Depois do
derável número de participantes que exerciam essa profissão. julgamento, quatro envolvidos foram condenados à forca:
A situação econômica provocou desemprego, fome e mi- os mestiços João de Deus Nascimento, Manuel Faustino dos
séria, além de deixar a região fora do interesse dos comer- Santos, Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens. Como
ciantes, que preferiam enviar seus produtos para o Sudeste sempre acontecia nesses casos, foram executados e esquar-
e o Sul, onde encontravam melhores preços. tejados para servir de exemplo.

PERÍODOS POMBALINO E JOANINO

AS REFORMAS POMBALINAS Entre as alterações na divisão administrativa da Colônia,


foi extinto o sistema de capitanias hereditárias, e
(1750-1777) o Estado do Brasil foi elevado à categoria de vice-reino,
com o objetivo de possibilitar maior controle dos exce-
Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pom- dentes coloniais.
bal, foi primeiro-ministro do Rei D. José I entre os anos de Quando morreu D. José I, Em 1777, o governo de Pom-
1750 a 1777. Influenciado pelas ideias iluministas, procu- bal apresentava fortes sinais de desgaste. Havia acu-
rou realizar em Portugal um governo nos moldes do des- mulado vários fracassos e assistia ao crescimento da
potismo esclarecido. oposição de seus velhos inimigos: clero e nobreza, que
Os objetivos de Pombal eram: modernizar a administra- tiveram um momento de triunfo com a ascensão de D.
ção pública portuguesa; implementar uma série de medi- Maria I, adversária das “ideias francesas”, como eram
das com o intuito de ampliar e maximizar os lucros pro- conhecidas as ideias Iluministas. Pombal foi demitido e
o novo governo revogou boa parte de sua obra, num
venientes da exploração colonial; e tornar a Metrópole
processo denominado sugestivamente de Viradeira.
menos dependente das importações de produtos indus-
trializados, incentivando a instalação de manufaturas em
Portugal e na colônias (principalmente o Brasil). PERÍODO JOANINO (1808-1821)
Outro objetivo da política pombalina foi perseguir im-
placavelmente os jesuítas, expulsá-los da Metrópole e A transferência da Corte
das colônias e confiscar-lhes os bens. portuguesa para o Brasil
115
No início do século XIX, a Europa estava quase inteira- O embarque e fuga da Corte portuguesa para o Brasil foi re-
mente sob o domínio de Napoleão Bonaparte, impe- alizado às pressas, com cerca de 15 mil pessoas fugindo ape-
rador da França. Em 1806, em mais uma investida contra a nas um dia antes das tropas napoleônicas ocuparem Lisboa.
Inglaterra, Napoleão decretou o Bloqueio Continental,
Na manhã do dia 29 de novembro de 1807, partia a es-
obrigando todas as nações da Europa a fecharem seus por-
quadra britânica, transportando o Estado luso para o Rio
tos ao comércio inglês.
de Janeiro.
Portugal era governado pelo Príncipe Regente D. João, pois
A população portuguesa assistiu atônita a toda essa movi-
sua mãe, a rainha D. Maria I, encontrava-se impedida de
mentação. Não podia acreditar que estava sendo abando-
exercer suas funções por sofrer das faculdades mentais.
nada pela Coroa e demais membros do Estado, ficando to-
Portugal não queria aderir ao Bloqueio Continental por- talmente desamparada para enfrentar as tropas francesas.
que a economia portuguesa dependia basicamente da
Junot, general francês responsável pela tomada de Lisboa,
Inglaterra. A Inglaterra, por sua vez, também não queria
apesar de estar com sua tropa muito desfalcada, não en-
perder seu velho aliado, principalmente porque o Brasil
controu dificuldade para tomar a cidade.
representava um excelente mercado consumidor de seus
produtos. Além disso, Portugal tinha uma grande dívida
financeira com a Inglaterra. A abertura dos portos às
Pressionado pelo embaixador inglês Lorde Strangford, D. nações amigas (1808)
João assinou uma convenção secreta com a Inglaterra, Ao desembarcar em Salvador, o Príncipe Regente D. João as-
mediante a qual a Família Real Portuguesa seria transfe- sinou a Carta Régia de 28 janeiro de 1808, determinando
rida para o Brasil escoltada por uma esquadra britânica. O a abertura dos portos brasileiros às nações amigas de
acordo estabelecia ainda que a Inglaterra teria direito a um Portugal. Essa medida marcou o fim do Pacto Colonial,
porto livre na Ilha da Madeira e outro em Santa Catarina, uma vez que extinguiu o monopólio português sobre o co-
bem como poderia comercializar livremente com o Brasil. mércio brasileiro. No entanto, tal medida tinha caráter tran-
sitório; deveria vigorar apenas no período em que a Corte
portuguesa permanecesse no Brasil.
Com a Família Real instalada no Rio de Janeiro, iniciou-se
um período de desenvolvimento econômico e político no
Brasil, criando bases fundamentais para sua independên-
cia política.

A liberdade industrial e outras


medidas econômicas
D. João assinou o Alvará de Liberdade Industrial,
permitindo a instalação de manufaturas e fábricas no Brasil
e anulando as proibições impostas pelo Alvará de 1785,
assinado por sua mãe, D Maria I.
D. JOÃO VI. PARTIDA DO PRÍNCIPE REGENTE DE PORTUGAL PARA Com a criação de algumas manufaturas têxteis e siderúrgi-
O BRASIL, 27 DE NOVEMBRO DE 1807. LITOGRAVURA, DE F.
cas, ocorreu um relativo surto industrial, mas a medida não
BARTOLOZZI (GRAVADOR) E H.L.E. VÊQUE (DESENHISTA).
foi suficiente para promover a industrialização no Brasil. Não
Ao tomar conhecimento do acordo anglo-português, Na- havia capital suficiente para ser aplicado em fábricas, o mer-
poleão Bonaparte assinou com a Espanha o Tratado de cado consumidor era pequeno, a concorrência inglesa era in-
Fontainebleau, estabelecendo a invasão de Portugal por superável, e, principalmente, o investimento do capital estava
tropas franco-espanholas, a deposição da dinastia de Bra- voltado quase exclusivamente para o mercado de escravos.
gança e a divisão das colônias portuguesas entre os dois O Príncipe Regente determinou a criação da Casa da Moe-
países. Entretanto, Napoleão rompeu o acordo com a Es- da, responsável pela emissão monetária, e do Banco do
panha e, durante a marcha francesa em direção a Portugal, Brasil, que serviria para atender às necessidades bancá-
ocupou o território espanhol com suas tropas, depondo o rias das elites portuguesas e brasileiras e regulamentar a
rei da Espanha. Ao mesmo tempo, era iniciada a invasão arrecadação tributária, extremamente necessária para cus-
francesa no território português. tear o aparelho burocrático montado no Brasil.

116
Tratados de 1810 A Revolução Pernambucana de 1817
Em 1810, Lorde Strangford, representante inglês, e Sousa A presença da Corte portuguesa no Rio de Janeiro deman-
Coutinho, ministro de D. João, firmaram os seguintes acor- dava altos gastos para o Estado e, para sustentá-la, D. João
dos: o Tratado de Aliança e Amizade e o Tratado de promovia constantes aumentos de tributos, elevando
Comércio e Navegação, que estabeleciam: ainda mais o custo de vida e a expropriação dos brasileiros.
ƒ nomeação de juízes ingleses para julgar os súditos bri- Esse cenário levou alguns segmentos sociais pernambuca-
tânicos que viviam no Brasil; nos, influenciados pelas ideias iluministas, pela Revolução
ƒ liberdade religiosa para os ingleses (na sua maioria pro- Francesa e pelo liberalismo político do movimento de Inde-
testantes anglicanos); pendência dos EUA, a organizarem um movimento revolu-
cionário cujo objetivo era a independência de Pernambuco.
ƒ cobrança de taxa de 15% na importação de mercadorias
inglesas, mais baixa que os 16% cobrados das mercado- Os revolucionários pernambucanos queriam a adoção de
rias portuguesas e que os 24% cobrados de mercadorias uma República Federalista, o fim dos monopólios
de outras nacionalidades; comerciais e dos tributos excessivos, a adesão de
ƒ um porto livre: o de Santa Catarina; outras províncias do norte e nordeste contrárias à presença
da Corte portuguesa no Brasil e o fim das políticas imple-
ƒ proibição da atuação da Santa Inquisição no Brasil, que mentadas pelos portugueses.
julgava quaisquer desvios da fé católica;
Os revoltosos anteciparam o levante, tomando o poder e
ƒ gradual extinção do tráfico negreiro para a Colônia. instituindo um governo provisório. Enquanto não era con-
O resultado direto desses acordos foi a total abertura do mer- vocada uma Assembleia Constituinte, foi instituída uma
cado consumidor brasileiro aos produtos ingleses. Lei Orgânica, que determinava a adoção do regime re-
publicano e a liberdade de comércio e de imprensa.
Nos 13 anos em que permaneceu no Brasil, D. João tomou
uma série de medidas que contribuíram para o desenvolvi- A reação do governo português foi imediata. Enviou
mento e a autonomia do Brasil: tropas da Bahia e do Rio de Janeiro, que bloquearam o
porto de Recife e atacaram os revoltosos por terra e mar.
ƒ instalação da imprensa e da Biblioteca Régia;
Despreparado, o exército revolucionário foi derrotado fa-
ƒ criação do Horto Real (Jardim Botânico); cilmente pelas tropas leais ao governo Joanino.
ƒ criação das Escolas de Medicina de Salvador e do Rio
de Janeiro; A política externa
ƒ criação da Escola de Comércio e da Escola Real de Ar- O Período Joanino foi marcado por intensos combates
tes, Ciências e Ofícios; visando à defesa do território ou à anexação de alguma
região, sempre usando como pretexto a ameaça francesa
ƒ financiamento de uma Missão Artística Francesa, lide-
ou espanhola.
rada por Joachim Lebreton, que trouxe para o Brasil
pintores como Nicolas Taubay e Jean-Baptiste Debret, Em 1809, com o apoio militar britânico, D. João VI orde-
o escultor Auguste Taunay, o arquiteto Grandjean de nou a invasão da Guiana Francesa. Embora tenha sido
Montigny e o gravador Marc Ferrez; a Missão lançou as anexado pelo Brasil, o território foi devolvido para a Fran-
bases para a Real Academia de Belas Artes; ça em 1817, por determinação do Congresso de Viena.
ƒ fundação da Academia Real Militar e Academia da Em 1816, o velho sonho português de estender as frontei-
Marinha; ras brasileiras até o rio da Prata se tornou realidade com a
invasão do Uruguai. Liderados pelo general Lecor, as tropas
ƒ criação da Fábrica de Pólvora;
luso-brasileiras dominaram Montevidéu em 1821. A região
ƒ criação das fábricas de ferro Ipanema (Sorocaba-SP) e foi anexada ao Brasil com o nome de Província Cispla-
Patriótica (Congonhas-MG); tina. Em 1828, ao conquistar sua Independência, ganhou o
ƒ inauguração do Real Teatro São João, no Rio de nome de Estado Oriental do Uruguai.
Janeiro;
ƒ instalação de novos bairros, sistema de esgoto, drena-
Revolução Liberal do Porto (1820)
gem dos pântanos e calçamentos das ruas principais Depois da queda de Napoleão Bonaparte, o seu Império
do Rio de Janeiro. esfacelou-se. Os governos europeus trataram de se unir

117
para planejar a reordenação política da Europa. Organi- Dessa forma, os burgueses que defendiam uma Monarquia
zou-se, então, de 2 de maio de 1814 a 9 de julho de 1815, Constitucional começaram a se sentir fortalecidos. Entre
o Congresso de Viena, que, de fato, foi uma conferência 1817 e 1818, ocorreu o primeiro levante burguês de cunho
entre os embaixadores das principais potências europeias liberal; e, em 1820, teve início a Revolução Liberal do
com o objetivos de reordenar o mapa político da Europa, Porto, que reivindicava a volta de D. João VI para Portugal
restabelecer a colonização e tentar reviver o mundo colo- e a assinatura e o juramento de fidelidade à Constituição
nial, além de reconduzir ao trono as famílias reais subjuga- que seria elaborada, transformando o país numa Monar-
das por Napoleão, resgatando o Absolutismo. quia Constitucional.
No Brasil, com a morte da rainha-mãe, D. Maria I (1816), D. João Quanto ao Brasil, os liberais portugueses resolveram
foi, em 1818, aclamado rei com o título de D. João VI. que todas as concessões feitas aos colonos deviam ser
Em Portugal, por sua vez, o rei era representado pela Regência anuladas, uma vez que defendiam a recolonização do Bra-
do governo militar britânico de William Carr Beresford, o que sil. Sob a ameaça de perder o trono, D. João VI voltou para
provocava o descontentamento da população e o acirramento Lisboa no dia 25 de abril de 1821. Um de seus filhos, D.
da oposição ao governo do marechal inglês. Pedro, ficou como príncipe regente do Brasil.

PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA DO
BRASIL E DA AMÉRICA ESPANHOLA

PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA integrantes temiam que a luta pela independência cau-


sasse mudanças na estrutura econômico-social do país,
DO BRASIL como a extinção do escravismo.
ƒ O grupo dos Radicais Liberais, liderado por Gonçal-
Em 1820 a burguesia de Portugal conseguiu se desven- ves Ledo, defendia que a independência fosse acom-
cilhar da ocupação inglesa, processo que deu início à re- panhada por reformas – abolição da escravatura, esta-
volução liberal e à convocação extraordinária das Cortes belecimento de um sufrágio amplo e mais autonomia
Constituintes de Lisboa para a elaboração da primeira das províncias.
Constituição portuguesa.
Os grupos dos Brasileiros e dos Radicais Liberais se uniram
Depois de algumas hesitações, D. João VI partiu no dia 25 nos anos de 1821 e 1822, lutando pela mesma causa: a
de abril de 1821, deixando D. Pedro como regente no go- independência.
verno do Brasil.
Era importante que houvesse um posicionamento claro do
O caráter recolonizador das Cortes gerou a reação príncipe regente. Pressionado pelo presidente do Senado e
anticolonialista dos brasileiros. Porém, a burguesia da Câmara, comprometeu-se diante do povo a permanecer
portuguesa não permitiu a separação. Por outro lado, a aris- no Basil. Essa decisão foi solenizada no Dia do Fico (9 de
tocracia rural brasileira não podia admitir a volta ao status janeiro de 1822). Além disso, foi convocada uma Assem-
colonial. Os grupos anticolonialistas haviam se fortalecido e bleia Geral e Constituinte.
seus ideais foram propagados e popularizados.
As tropas metropolitanas sediadas no Brasil movimenta-
Perante a ação das Cortes e a regência de D. Pedro, forma- ram-se contra o regente D. Pedro. Em desespero, as Cortes
ram-se três grandes agrupamentos políticos no Brasil: de Lisboa tomaram medidas radicais: declararam ilegítima
ƒ o Partido Português, formado principalmente por mi- a Assembleia Constituinte reunida no Brasil, o governo do
litares reinóis e por comerciantes portugueses radicados príncipe foi declarado ilegal e ele foi convocado a regressar
nas cidades brasileiras mais importantes, beneficiários imediatamente para Portugal.
da antiga política mercantilista e defensores da política Em agosto de 1822, D. Pedro viajou para São Paulo. José
recolonizadora das Cortes. Bonifácio enviou um mensageiro ao encontro de D. Pedro,
ƒ o Partido Brasileiro, formado por grandes proprie- no Ipiranga, em São Paulo. D. Pedro proclamou a inde-
tários de terras e de escravos, altos funcionários da pendência em 7 de setembro de 1822.
burocracia governamental e comerciantes brasileiros e O Império de D. Pedro I consolidaria a hegemonia dos lati-
ingleses. Liderado por José Bonifácio, o Partido Brasi- fúndios; o regime de trabalho escravo esvaziaria o ideal re-
leiro era a principal força no processo de independência, publicano, refutando o federalismo e optanado por uma for-
embora fosse caracterizado pelo conservadorismo. Seus ma unitarista, com o poder centralizado no Rio de Janeiro.

118
É possível associar a Independência do Brasil aos interesses federativa, renunciando ao centralismo que provocara
externos, com destaque para a atuação da Inglaterra, uma disputas acirradas.
vez que o país ambicionava a ampliação dos mercados con- Na América Central, depois da vitória de Iturbide, os cabil-
sumidores para seus produtos manufaturados. Ressalte-se dos começaram a declarar sua independência. Em 1823,
ainda que a maior parte da população não participou do formaram as Províncias Unidas da América Central.
processo de independência do Brasil, uma vez que ele foi Em face da tentativa de domínio da Guatemala sobre os
tão somente um acordo entre os detentores do poder eco- demais, a união começou a desintegrar-se, originando as
nômico e político que seria mantido no futuro Império. regiões autônomas da Guatemala, Nicarágua, Honduras, El
A Independência brasileira foi sui generis no contexto america- Salvador e Costa Rica. Esse processo de separação foi con-
no. O Brasil foi o único país, com exceção do México, a adotar cluído somente em 1888.
a monarquia como forma de governo. O processo de rompi-
mento com a metrópole foi liderado por um representante das América do Sul
elites dominantes, ou seja, por um defensor dos seus interesses
e os de outros países, como os da Inglaterra, por exemplo, que A campanha de Bolívar
não precisava, nem desejava, o apoio popular. Simon Bolívar teve uma importante participação nas in-
O liberalismo da Independência brasileira era essencial- dependências da Colômbia (1819), da Venezuela (1821),
mente econômico, não político nem social. O que explica a do Equador (1830) e da Bolívia (1825). A origem desses
marginalização popular e a manutenção da escravidão. países não fazia parte do seu projeto, que visava à consti-
tuição de uma nação forte e coesa, formada pela união dos
Os grupos dominantes temiam que a América Portuguesa se povos de uma mesma língua.
fragmentasse politicamente, como ocorria na América Espa-
nhola. Em razão disso, firmaram com D. Pedro um acordo por
meio do qual a monarquia aproveitaria o aparelho burocrático
Independência do Vice-reino de Nova
já instalado, mantendo um governo centralizado e afastando Granada e da Capitania Geral da Venezuela
os grupos sociais indesejados das decisões políticas. Em 1806, ocorreu uma primeira tentativa de independên-
cia num movimento liderado por Francisco de Miranda.

A INDEPENDÊNCIA DA Com receio, no entanto, de que se repetissem os aconte-


cimentos ocorridos no Haiti, a própria elite criolla aliou-se
AMÉRICA ESPANHOLA ao exército realista. Em 1810 foi instalado um congresso
eleito num pleito em que apenas os homens com emprego
A Independência das colônias espanholas na América foi autônomo e renda poderiam votar. Em 5 de julho daquele
um processo que resultou na fragmentação dos anti- ano, foi proclamada a independência da Venezuela. A
gos vice-reinos e na criação de diferentes países. Primeira República tinha uma característica federalista: as
diversas províncias que a constituíam tinham grande poder
de decisão e autonomia.
México e América Central
O federalismo foi duramente criticado por Bolívar, que via
O Vice-Reino da Nova Espanha corresponde à parte do ter- nele um instrumento fragilizado. A situação em Nova Gra-
ritório do México atual. As notícias a respeito da deposição nada era de disputa entre federalistas, que defendiam a au-
de Fernando VII, em 1808, pelas tropas napoleônicas, foram tonomia das diversas províncias, e centralistas, defensores
o estopim para o acirramento dos conflitos políticos entre os de um poder unitário centralizado. Em 1813, em Caracas,
peninsulares (espanhóis de nascimento), denominados rea- Bolívar liderou o movimento contra o domínio espanhol.
listas, e os criollos (espanhóis nascidos na América), chama- A Segunda República também não resistiu e, em 1814,
dos autonomistas. A proposta de subordinação à Espanha Bolívar e seus seguidores voltaram para Nova Granada.
acabou vencendo a disputa contra os autonomistas criollos.
Em 1819, o exército de Bolívar cruzou os Andes e entrou
O ambiente de tensão política persistiu no México e na Amé- na cidade de Bogotá. A repercussão da vitória na Colômbia
rica Central. Em 1821, foi promulgado o Plano de Iguala, abriu caminho para negociações e mais apoio ao exército
que defendia os princípios liberais da Constituição de Cádiz. bolivariano, que libertou a Venezuela em 1821.
O plano tinha por objetivo estabelecer a base constitucional
para um Império Mexicano Independente.
A campanha de San Martín e as
O idealizador do Plano de Iguala, assinado na cidade de Igua-
la, atual Guerrero, Agustín de Iturbide, tornou-se imperador em
independências da Argentina, Chile e Peru
1821, marcando a ruptura política definitiva com a Espanha. O libertador da porção meridional do continente foi José
Por ser muito centralista, o Império de Agustín teve curta de San Martín, que nasceu em 1778, na atual província
duração. Em 1824, o México estabeleceu uma república de Corrientes (Argentina).

119
Durante as discussões sobre a legitimidade do governo de enfrentou novos distúrbios e, em 1825, teve início um levan-
Bonaparte na Espanha, Buenos Aires jurou lealdade ao rei te que contou com a ajuda dos argentinos. Em 1828, houve
Fernando VII, mas recusou fidelidade à Junta Central. Nesse o estabelecimento do Estado Oriental do Uruguai,
imbróglio, a cidade, em 1810, declarou-se cabildo abier- livre dos domínios tanto brasileiro como argentino e garan-
to. O vice-rei, que não tinha apoio suficiente, entregou tido pela Grã-Bretanha, que desejava o mercado local para
o cargo e o poder ficou nas mãos do cabildo, que, dessa seus produtos.
forma, iniciava uma nova fase política, desencadeada pela
Revolução de Maio. A junta afirmou a igualdade básica Paraguai
entre indígenas e descendentes de espanhóis e esboçou a A região do atual Paraguai também pertencia à vice-pro-
adoção de princípios liberais. víncia do Prata. No entanto, não se juntou a Buenos Aires
no rompimento com a Metrópole, manifestando apoio à
Após sucessivas juntas de governo e disputas internas, foi
Espanha. Pouco depois, em virtude das ameaças argenti-
declarada, em 1816, a independência das Províncias
nas, buscou uma forma de convívio com esse país. Retirou
Unidas do Rio da Prata, na cidade de Tucumán. seu apoio à Metrópole e proclamou sua independência
Em 1813, San Martín passou a integrar o exército. Estava em em 1811. No entanto, tropas portenhas foram enviadas
curso a libertação do Peru. As lutas na região do Alto e Baixo para reprimir os paraguaios, que conseguiram vencer as
Peru não ocorreram como os portenhos supunham. Havia forças da futura Argentina. José Gaspar Francia assumiu
muito mais resistência leal à Espanha do que se pensava. o poder e obteve o título de “Ditador supremo” e, depois,
“Ditador perpétuo”. Francia exerceu o poder até 1840.
Foi nesse instante que San Martín ganhou destaque. Estra-
tegista, elaborou um plano para a libertação do Peru a partir
da consolidação da unidade territorial. A proposição de San Bolívia
Martín era de que a revolução não seria vitoriosa enquanto o Boa parte do território da Bolívia integrava o Vice-Reino do
Peru, realista, não fosse liberado, considerando sua indepen- Prata, região que despertava grande interesse em Buenos
dência fundamental para a liberdade de todo o continente. Aires por causa da prata. As disputas entre realistas e por-
As campanhas de Chacabuco (1817) e de Maipú tenhos fez com que os bolivianos passassem a alimentar o
(1818) consolidaram a independência do Chile, ten- desejo de um governo independente.
do Bernardo O’Higgins, militar e político chileno, assu- O clima de guerra civil na região levou a uma intervenção
mido o poder. das tropas peruanas. Em 1825, o general Sucre ajudou a
Usando Valparaíso, no Chile, como base, em 1820 San Mar- derrotar os partidários da Espanha e promoveu a inde-
tín e seu exército partiram de barcos para tomar a cidade pendência nomeando o novo país de Bolívia, em
de Lima, então capital do Vice-Reino do Peru. Após cercar a homenagem ao líder da independência, Simon Bolívar.
cidade, finalmente em julho de 1821, San Martín entrou em
Lima e proclamou a independência do Peru no dia 28 A independência do Haiti (1804)
de julho daquele ano, apoiado pelo general Sucre.
Em 1789, Santo Domingo (ex-Hispaniola, hoje Haiti) era
uma colônia francesa. Em 1791, parte da população
As independências de Uruguai, branca foi massacrada num levante de escravos. O es-
Paraguai e Bolívia cravo liberto Toussaint-Louverture liderou esse movi-
mento emancipacionista, enfrentando tropas francesas
Uruguai que vieram em socorro dos brancos. Toussaint-Louverture
Com os movimentos portenhos de 1810, o território conhe- saiu vitorioso, aboliu a escravidão e deu uma Constitui-
cido como Banda Oriental (à direita do rio da Prata) dividiu- ção à colônia.
-se. Aos poucos, os grupos ligados à Espanha venceram a Em 1802, Napoleão enviou um exército para derrotar Lou-
disputa interna, e os derrotados, liderados por José Gervá- verture, mas não obteve sucesso. Assinaram um tratado
sio Artigas, apoiavam Buenos Aires por causa do rompi-
de paz, mas Louverture foi traído, e acabou morrendo em
mento com a Metrópole espanhola. O caminho do Uruguai,
Paris, no cárcere.
que fazia parte do Vice-Reino do Prata, foi a negação da
unificação perseguida por Buenos Aires. Nesse contexto de O movimento emancipacionista foi retomado por Jean-Ja-
divisão, Portugal invadiu a Província Oriental, pois desejava cques Dessalines, Henri Cristophe e Alexandre Pétion, que
acesso ao rio da Prata e temia a propagação das ideias de in- conquistaram a independência do Haiti em 1804.
dependência. Em 1821, o Uruguai foi incorporado ao Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com a independência
do Brasil (1822), a Província Cisplatina, região incorporada,

120
U.T.I. - Sala
1. O triunfo holandês seria coroado com a chegada do conde Maurício de Nassau-Siegen, que desembarcou como
governador em janeiro de 1637. Transformado em mito de nossa história seiscentista, Nassau ficaria também ce-
lebrizado pela missão de pintores e naturalistas que financiou no seu governo. Frans Post (1612-1680) foi o mais
renomado componente da missão nassoviana, dedicando-se à pintura de paisagens, retratando a natureza tropical e
as construções humanas.

Adaptado de: VAINFAS, R. “Tempo dos Flamengos: a experiência colonial holandesa”.


In: FRAGOSO, J.L.R.; GOUVEA, M. de F. (Org.). O Brasil colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.

a) Quais as principais realizações do Governo Maurício de Nassau?


b) Do ponto de vista colonial, quais as principais diferenças entre a administração holandesa e a administração por-
tuguesa no Brasil?

2. No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que comecem
mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir
como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com instrumentos de muito
rigor, ainda quando os crimes são certos, de que se não usa nem com os brutos animais...
Adaptado de: ANTONIL, A.J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982. p. 89.
Coleção Reconquista do Brasil. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000026.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2012.

De acordo com o texto, como o padre Antonil se posiciona perante a questão da escravidão?

3. Durante o processo de independência do Brasil, não haviam ideias claras sobre o federalismo. Empregava-se “fed-
eração” como sinônimo de “república” e de “democracia. Mas a historiografia oficial da independência procurou
ocultar a existência do projeto federalista, encarando-o apenas como resultado de impulsos anárquicos e de am-
bições personalistas e antipatrióticas.
a) Identifique no texto os dois significados opostos para o federalismo.
b) Qual o projeto político que dominou a conclusão do nossa independência?

4. “A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos
como são os das minas, que dificultosamente poderá dar-se conta do número das pessoas que atualmente lá estão.“
(ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas.)

De acordo com o texto, quais as principais consequências da corrida do ouro no Brasil?

5. No início do século XIX, iniciaram-se as revoltas coloniais na América hispânica, acompanhando os movimentos
separatistas ocorridos no Brasil.

Qual a principal característica do processo de independência das colônias hispânicas e as diferenças marcantes entre
sua emancipação política e a emancipação ocorrida no Brasil?

6. As expedições destinadas ao apresamento dos nativos, como se pode observar no mapa abaixo,eram a principal
atividade econômica dos bandeirantes paulistas entre os séculos XVI e XVIII.

121
a) Qual a relação existente entre as expedições de apresamento e as atividades econômicas realizadas pelos mora-
dores da Capitania de São Vicente?
b) Cite um efeito dessas expedições para a colônia portuguesa na América nesse período.

7.

a) Identifique e analise dois elementos representados na imagem, ligados ao contexto histórico de Portugal na se-
gunda metade do século XVIII.
b) Cite e explique duas medidas tomadas pelo governo português com relação ao Brasil, nesse período.

8. A transformação do Rio de Janeiro em corte real começou apenas dois meses antes da chegada do príncipe re-
gente, quando notícias do exílio real – tão “agradáveis” quanto “chocantes”, cheias de “sustos e alegrias” – foram
recebidas. Entretanto, como descobriram os residentes da cidade, os preparativos iniciais para acomodar Dom João e
os exilados marcaram apenas o começo da transformação do Rio de Janeiro em corte real, pois o projeto de construir
uma “nova cidade” e capital imperial perdurou por todo o reinado brasileiro do príncipe regente. Construir uma corte
real significava construir uma cidade ideal; uma cidade na qual tanto a arquitetura mundana como a monumental,
juntamente com as práticas sociais e culturais dos seus residentes, projetassem uma imagem inequivocamente pode-
rosa e virtuosa da autoridade e do governo reais.
Adaptado de: Kirsten Schultz. Versalhes tropical. 2008.

a) Qual o principal motivo que trouxe a corte portuguesa para o Brasil?


b) Cite duas transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro com a chegada e presença da corte portuguesa.

122
U.T.I. - E.O.
1. Frans Post chegou ao Brasil em 1637 e fazia parte do grupo de artistas ligados ao governo holandês sob o comando
de Maurício de Nassau. Paisagens, cenas cotidianas e personagens foram os temas principais representados por Post
durante essa época. Observe atentamente a imagem abaixo, de sua autoria, e depois responda às questões.

Identifique na pintura: a instalação representada; a força motriz utilizada; a mão de obra predominante e o produto
processado.

2. “Por mais de um século, o Brasil foi o principal exportador mundial de açúcar. De 1600 a 1650, o açúcar respondia
por 90% a 95% dos ganhos brasileiros com exportações. Mesmo no período em torno de 1700, quando o setor açu-
careiro declinou, ele continuava a representar 15% dos ganhos do Brasil com exportações.”
SKIDMORE, Thomas E. Uma história do Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 1998, p. 36.

Qual o principal acontecimento, ocorrido ainda no século XVII, que iniciou esse vertiginoso declínio?

3. “A primeira coisa que os moradores desta costa do Brasil pretendem são índios escravizados para trabalharem nas
suas fazendas, pois sem eles não se podem sustentar na terra”.
Adaptado de: GANDAVO, Pero Magalhães. Tratado descritivo da terra do Brasil. São Paulo: Itatiaia e Edusp, 1982, p. 42 [1576]

Nesse trecho, percebe-se que o autor compactua com sua afirmação sobre o Brasil do final do século XVI. Com base
no texto e considerando que Portugal era governado por uma hierarquia social aristocrática e católica, explique por
que, quando desembarcavam na América portuguesa da época, os colonos imediatamente procuravam se utilizar da
mão de obra escrava.

4. “O ser senhor de engenho, diz o cronista, é título a que muitos aspiram porque traz consigo o ser servido, obedecido
e respeitado de muitos.”
ANTONIL, A.J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas

Relacionando esse texto acima com seus conhecimentos sobre o período colonial no Brasil, faça um comentário
a respeito.

5. No Brasil, em finais do século XVIII, havia grande descontentamento e revolta contra o governo metropolitano e
isso deu origem a rebeliões que questionavam o domínio político português. As rebeliões, que tiveram caráter clara-
mente separatistas, foram as Conjurações Mineira (1789) e Baiana (1798).

“Aviso ao Povo Bahiense


Ó vós, Povo, que nascestes para ser livres e para gozar dos bons efeitos da Liberdade, ó vós, Povos, que viveis flagela-
dos com o pleno poder do indigno coroado, esse mesmo rei que vós criastes; esse mesmo rei tirano é quem se firma
no trono para vos vexar, para vos roubar e para vos maltratar. Homens, o tempo é chegado para a vossa ressurreição,
sim, para vós ressuscitardes do abismo da escravidão, para levantardes a sagrada Bandeira da Liberdade. As nações
do mundo todas têm seus olhos fixos na França, a liberdade é agradável para todos. O dia da nossa revolução, da
nossa Liberdade e da nossa felicidade está para chegar. Animai-vos que sereis felizes.”
Trecho do panfleto revolucionário afixado nas ruas de Salvador na manhã de 12 de agosto de 1798. Adaptado de
PRIORE, M. del e outros. Documentos de história do Brasil: de Cabral aos anos 90. São Paulo: Scipione, 1997.

123
a) Qual a diferença essencial entre as duas conjurações?
b) Relacione cada uma delas com os respectivos movimentos que as inspiraram.

6. Analise a imagem a seguir.

Pintada em 1822, esta obra era uma alegoria do Estado brasileiro na época da independência. Com ela se construiu
uma imagem positiva do Império e da figura política do monarca, chamado de “Defensor Perpétuo do Brasil”.
Mas durante o Primeiro Reinado, entretanto, a imagem de D. Pedro foi se modificando.
Diante disso e analisando a pintura, cite e explique:
a) uma característica do projeto político monárquico do Primeiro Reinado;
b) um dos motivos que levaram à mudança da imagem de D. Pedro I durante seu governo.

7. Os historiadores são quase unânimes em reconhecer que a atividade mineradora do século XVIII resultou numa
forma específica de colonização que a diferenciava do resto do Brasil.
FARIA, Sheila de Castro. Dicionário do Brasil colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, p. 397.

Considere o contexto histórico da América portuguesa, no que se refere à sociedade e à economia colonial do século
XVIII, e diferencie esta forma de colonização daquela realizada no Nordeste açucareiro, dos séculos XVI e XVII.

8. Alguns historiadores afirmam que a história econômica do Brasil se divide em ciclos econômicos desde o período
colonial até a época atual.
Defina no contexto histórico brasileiro o conceito de “ciclo econômico”.

9. A solução dada à questão dinástica portuguesa, após o desaparecimento do rei D. Sebastião em Alcácer-Quibir
(1578), teve consequências na Europa e nas colônias.
No contexto da produção açucareira no Brasil, qual foi a consequência imediata?

10. Os tratados de 1810 trouxeram consequências econômicas para o Brasil bastante prejudiciais.
Quais foram elas?

124
FILOSOFIA

125
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA GREGA

O mundo helenístico se beneficiou do momento histórico, caráter transitório e mutável das coisas – para explicar esse
quando as cidades-Estados na Grécia antiga eram prós- pensamento, emerge a metáfora que “não podemos nos
peros centros comerciais e culturais. Desse modo, favore- banhar no mesmo rio duas vezes”.
ceu-se o desenvolvimento do pensamento humano, isto
é, ocorreu a supremacia do logos, que significa “palavra”, Parmênides de Eleia (530-460 a.C.)
“discurso”, “razão”.
O filósofo Parmênides concentrou seu pensamento no imo-

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO
bilismo universal, indo contra o mobilismo de Heráclito. Se-
gundo Parmênides, o ser era uno, indivisível, pleno e eter-
no, de modo que não há espaço para o não ser. Visto que,
OU COSMOLÓGICO para o pensador, as coisas não surgiram do nada, isto é,
Sendo uma explicação racional e sistemática diante da ori- tudo que existe sempre existiu.
gem e da transformação da Natureza, a cosmologia nega
que as coisas tenham surgido do nada, pois a própria Empédocles (490-430 a.C.)
Natureza está em transformação. Os pensadores desse
período tiveram a preocupação de compreender a physis, O pensamento de Empédocles consistia em que as coisas
ou seja, os aspectos da Natureza ou da nossa realidade, eram constituídas por quatro elementos: fogo, terra, água
que se encontra em movimento. Assim, o termo filósofo e ar. Ele observa que o amor e o ódio aproximam e afastam
significa “investigador da Natureza”. os indivíduos, caracterizando-os como forças antagônicas
cósmicas. Isso quer dizer que o semelhante atrai o seme-
Tales de Mileto (624-546 a.C.) lhante e o dessemelhante repulsa o dessemelhante, num
Tales é um famoso matemático. Ele foi o primeiro a afir- movimento eterno – assim, ao se ter harmonia, o amor
mar que a água era a origem de todas as coisas, sendo a prevalece e, caso tenha desequilíbrio, o ódio está atuando.
fonte originária de explicação da physis. Diante disso, o filósofo inaugura o pluralismo, que orienta
e ordena a Natureza; não mais um único elemento, como
pensavam os outros filósofos.
Anaximandro (610-547 a.C.)
Anaximandro foi o primeiro a formular o conceito de uma Demócrito (460-370 a.C.)
lei universal presidindo o processo cósmico total, numa cla-
ra ampliação da visão de Tales. Segundo o pensamento de Demócrito, tudo o que existe
na physis, ou seja, na Natureza, é composto por átomos,
que eram partículas indivisíveis e eternas. Seu método foi
Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.) a observação.
Heráclito preocupou-se com a questão da transformação,
ou seja, da physis. A base de seu pensamento consiste no

FILOSOFIA DE ATENAS

A cidade-Estado de Atenas tornou-se um centro cultu-


ral, feito este ocorrido no século de Péricles, época de SOFISMO
maior florescimento da democracia ateniense. Com o Com o crescimento da polis grega, surgiu uma prática edu-
controle de quaisquer ataques de outras cidades, Ate- cacional, em que os seus integrantes eram chamados
nas se favoreceu econômica e culturalmente, desenvol- de sofistas, sábios que vendiam o conhecimento, mas di-
vendo a Filosofia. recionavam esse conhecimento conforme as suas próprias

126
convicções. Os principais sofistas foram Protágoras de Ab-
dera (490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (487-380 a.C.),
Dialética socrática
Pródico de Creos (465-395 a.C.), dentre outros. Apresenta- O método de investigação desenvolvido por Sócrates, co-
vam-se como mestres da oratória, de modo que, para eles, nhecido como dialética, consistia em alcançar a verdade
era possível ensinar as técnicas de oratórias e da persuasão por meio do diálogo. O objetivo dessa dialética era des-
para qualquer cidadão. Devido a isso, muitos jovens procu- mascarar a falsa sabedoria, chegando a um conhecimento
ravam os sofistas para alcançarem status na cidade, onde da natureza do homem.
o logos era elemento fundamental. Afinal, numa cidade
democrática, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de Das aparências ao mundo das ideias
persuadir os outros com o auxílio das palavras.
Com o pensador ateniense Platão (428-354 a.C.), a Filoso-
fia ganhou uma característica epistemológica. Após a mor-
de Sócrates, ele fundou a Academia, um recinto onde se
discutiam diversos temas, da Matemática, passando pela
Astronomia e até a Música. Na Academia, o conhecimento
deveria ser baseado numa episteme, ou seja, numa ciência,
com o intuito de ultrapassar o plano instável da opinião.

Reminiscência
Segundo o filósofo grego, o ato de conhecer as coisas signifi-
ca, necessariamente, o ato de lembrar, sustentando a hipóte-
PARTHENON se da reminiscência, contida no diálogo Ménon. Nesse diálo-
go, Sócrates demonstra que, através de um escravo, o homem
Sócrates (469-399 a.C.) só precisa recordar as coisas que sua alma um dia aprendeu.
Nesse momento, Platão salienta que a alma é eterna.
O filósofo ateniense foi um dos maiores críticos à prática
Para o filósofo Platão, a concepção de mimesis significa “imi-
do sofismo, pelo direcionamento da verdade pelo sofista,
tação”. Nesse momento, o pensador faz uma separação do
além de discordar que eram filósofos, visto que não investi-
conhecimento e da arte, pautando a filosofia como o conhe-
gavam nada, só reproduziam fatos. Sócrates foi um marco
cimento baseado na verdade, enquanto a arte se postula na
na história da Filosofia, por modificar a investigação do
reprodução, na imitação, de modo a construir uma posição
pensamento, pretendendo direcionar para uma análise do
de superioridade e inferioridade entre esses elementos.
indivíduo, e não mais para a compreensão da physis.

MITO DA CAVERNA

O MUNDO DAS IDEIAS


Platão apresenta que o conhecimento é elaborado quando
o indivíduo alcança a ideia, rompendo com as aparências,
enquanto que a opinião nasce da percepção da aparência.
Nesse instante, o filósofo compreende uma separação en-
tre dois mundos: o mundo inteligível e o mundo sensível.
ƒ Mundo inteligível: o filósofo encontra os elementos
com o olhar da ciência.
ƒ Mundo sensível: o homem vê as coisas não muito
claramente.
Com essa concepção, Platão questiona a realidade do mun-
do sensível, pois esse universo está em constante transfor-
mação, o que nos leva ao mundo das incertezas.

127
ALEGORIA DA CAVERNA gível. Isso ocorre, pois no mundo inteligível estão as ideias
perfeitas, como a beleza, a coragem, a justiça e a felicidade.
Segundo Platão, o filósofo é o sujeito que consegue enxer-
gar as coisas mais claramente do que as outras pessoas. Política
Para ilustrar essa ideia, surge a alegoria da caverna, conti-
Para o filósofo, todos os tipos de governo existentes no
do no Livro VII de A República:
mundo são degenerados por natureza, pois a sua forma
Um grupo de pessoas acorrentado numa caverna só vê original tende a ter uma versão degenerada.
sombras e julga que elas são a realidade.
Forma original Forma degenerada
Um homem consegue escapar das correntes e sai da ca-
verna. Lá fora, ele vê um mundo bem diferente, o mundo Aristocracia Oligarquia
real. Ele volta à caverna para contar a novidade ao resto
das pessoas, porém, ofuscado pela luz (da verdade), parece Monarquia Tirania
abobado. Com isso, os outros prisioneiros não acreditam
na sua versão maluca e acabam matando o pobre infeliz. Democracia Anarquia

Diante disso, Platão defende que o melhor sistema de gover-


A felicidade, segundo Platão no deveria ser a monarquia, associada com o saber filosófico,
Para o filósofo grego Platão, o conceito de felicidade con- visto que somente indivíduos que detêm o conhecimento po-
sistia no resultado final de uma vida dedicada a um conhe- dem efetuar com melhor desempenho para o coletivo, sem
cimento progressivo. Numa valorização pelo conhecimen- sofrerem as interferências do pensar e agir particular. Sendo
to, Platão vai interligar a felicidade com a ciência. assim, os melhores governantes seriam os reis-filósofos.

Dessa maneira, o homem só atingirá a felicidade quando


abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteli-

ARISTÓTELES

ARISTÓTELES (384-323 A.C.)


Aristóteles foi o último e mais influente dos grandes filó-
sofos gregos. Tornou-se o crítico mais feroz do pensa-
mento platônico.
Em 343 a.C., Filipe da Macedônia confiou a Aristóteles a
educação de seu filho, Alexandre. O jovem imperador da
Macedônia, já ganhando as titulações de senhor do mun-
do conhecido, mencionou que “Se a meu pai devo a minha
existência, a meu preceptor devo à arte de me saber con-
duzir. Se governo com alguma glória, a ele sou devedor”.
Em 335 a.C., em Atenas, fundou sua própria escola, o Li-
ceu, que foi muito superior à Academia.
O filósofo deixou muitos escritos, sendo a maioria tratados
bem fundamentados. Dividiu e subdividiu áreas de investiga-
ção, sendo o primeiro a fazer uma classificação do conheci-
mento, de modo que versou perante diferentes áreas, como
biologia, retórica, lógica, ética, dentre outras.
A crítica para Platão consiste em analisar corretamente os
REPRESENTAÇÃO DE PLATÃO (À ESQUERDA, APONTANDO PARA CIMA) E DE
fenômenos da natureza, indo além da superficialidade inte-
ARISTÓTELES (QUE APONTA PARA BAIXO)
ligível, construindo uma nova concepção de conhecimento.

128
Entre seus textos temos: bloco de construção básico de qualquer argumento era
o silogismo; constituído por premissas e uma conclusão,
ƒ A Física: aborda a relação dos quatro elementos (ter-
desenvolvendo um primeiro estudo da linguagem de ar-
ra, água, ar e fogo) com o planeta Terra. Seus princípios
gumentação baseada na coerência lógica. Logo, a lógi-
não são descritos com exatidão. Porém, essas estrutu-
ca se torna uma ferramenta na busca do conhecimento.
ras auxiliaram outros experimentos e tecnologias.
ƒ A Metafísica: trata da ciência das causas primeiras Todos os homens são mortais. premissa 1
do ser enquanto ser geral. O filósofo define quatro cau-
Sócrates é mortal. premissa 2
sas das coisas:
1. causa formal (a forma da coisa); Logo, Sócrates é mortal. conclusão
2. causa material (matéria de que uma coisa é feita);
ƒ Arte Poética: examina as formas de poesia – epo-
3. causa eficiente (a origem da coisa); e
peia, comédia e tragédia –, que tentam imitar a reali-
4. causa final (a finalidade do objeto). dade, porém, de modos diferentes. A poesia é o gênero
ƒ Ética a Nicômaco: apresenta a ética como algo pal- literário que mais se aproxima da filosofia, pois tende
pável, não sendo um elemento abstrato. Seguindo a para o conhecimento do universal.
teoria da justa-medida, ou seja, do equilíbrio, o filósofo ƒ Arte Política: define que o homem é um animal po-
demonstra que, ao seguirmos esse equilíbrio em nossos lítico – politikón zoón – que vive naturalmente em so-
atos particulares, conseguimos atingir a felicidade, sen- ciedade. Ao tratar do tema em Política, Aristóteles, ao
do que existe uma inclinação para essa finalidade últi- contrário de Platão, não se interessa por idealizar uma
ma do ser humano. Entretanto, o conceito de felicidade cidade justa. Ele classifica as formas de governo em três:
varia de indivíduo para indivíduo e de como é sua vida. o governo de um só indivíduo (monarquia), de alguns
Para o filósofo, existem três tipos de vida: (aristocracia) e de todos (democracia). Cada um desses
1. vida dos prazeres: onde o ser se tor- regimes políticos apresenta vantagens e desvantagens,
na refém daquilo que deseja; formas boas e corrompidas. Aristóteles não questionou a
2. vida política: onde o ser busca a hon- escravidão e achava as mulheres despreparadas para a
ra pelo convencimento; e liberdade e para os direitos políticos.
3. vida contemplativa: onde o ser busca os ele- ƒ A Arte: entende que o Belo é o resultado da justa-
mentos dentro de si, o prazer intelectual – essa -medida, da simetria. Assim, o Belo faz parte do ser hu-
vida contém a essência da felicidade. mano, podendo imitar a natureza, mas também abor-
dar o impossível e o inverossímil, podendo completar o
ƒ A Lógica: explica que a lógica não é uma ciência, mas
que falta na natureza.
um instrumento para o correto pensar. Para Aristóteles o

FILOSOFIA MEDIEVAL

Durante o período que corresponde ao Império Romano e à


Idade Média, a filosofia sofreu um processo de reclusão ao
acesso popular, estando cada vez mais reservada a poucos
nichos intelectuais. Desse modo, entre os séculos V e XV,
a filosofia e a religião estiveram interligadas intimamente,
tendo diversas correntes filosófico-católicas que monopoli-
zaram o conhecimento nesse período.

AGOSTINHO (354-430 D.C.)


Com Agostinho – figura mundana que, já adulto, se con-
verteu de livre vontade para o mundo espiritual –, a filoso-
fia se mesclou com o cristianismo.

129
Agostinho propôs uma conciliação entre fé e razão. Com
a dualidade platônica, o pensador medieval ressaltou que PEDRO ABELARDO (1079-1142)
o conhecimento se consolida quando o homem tem aces- Na Idade Média, significou uma mudança do pensamen-
so ao eterno, ao divino, ou seja, tem acesso ao mundo in- to dos dominantes, seguiu-se o ideal de ora et labora
teligível platônico. (reza e trabalha). Assim, iniciou-se a “querela dos univer-
Para o pensador, Deus é eterno, portanto, está fora do sais”, a qual discutia a relação entre o nome e a coisa, a
tempo – que sempre existiu, num eterno presente; porém, linguagem e a realidade.
para o homem, o tempo começou quando o mundo foi
criado. Com o intuito de ilustrar esse procedimento, Agos- O nome da rosa
tinho propôs uma cidade de Deus, feita com as virtudes do
homem, e uma cidade do Diabo, constituída pelos vícios A palavra “rosa” pode sobreviver à morte ou ao desapare-
do ser humano. Essa ideia está contida em sua obra mais cimento da própria rosa; então, a palavra fala até de coisas
famosa, intitulada A cidade de Deus. Nesse instante, o fi- inexistentes. Como podemos entender isso? Nesse instan-
lósofo direciona os hábitos das pessoas, com o intuito de te, acontece uma questão ou querela de como os nomes
conseguir a iluminação divina. dos objetos não estão atrelados com os objetos. Os nomes
são elementos arbitrários que rotulam as coisas, não tendo
nenhuma relação direta com o próprio objeto.

Segundo Pedro Abelardo, os universais só existem no inte-


lecto, mas, ao mesmo tempo, mantêm relação com as coisas
particulares, à medida que lhes dão significado. Desse modo,
é como significado que os universais subsistem às coisas.
Sua obra mais conhecida é Sic et Non (Sim e Não), a qual
revitaliza a dialética, afirmando que esse processo era a
via para a verdade e fazia bem à mente.

TOMÁS DE AQUINO (1226-1274)


Com Tomás de Aquino, existe um domínio comum à razão
e à fé. Diante de uma forte influência de Aristóteles, buscou
organizar todos os ramos do conhecimento em um sistema
ILUSTRAÇÃO DO LIVRO A CIDADE DE DEUS, DE AGOSTINHO completo. Foi um dos principais representantes da escolás-
Essa cidade de Deus só pode ser conhecida através da au- tica, uma das escolas medievais.
toridade infalível da Igreja. Assim, Agostinho comenta que o
Estado deve subjugar-se ao poder do clero, demonstrando
que o ser humano pode atingir o entendimento mediante
as leituras das Escrituras Sagradas, fato este que propicia a
esse indivíduo a felicidade. Entretanto, nem todos os homens
recebem a graça das mãos de Deus, sendo que somente al-
guns são predestinados à salvação. Agostinho se tornou o
principal filósofo da patrística.

Patrística
A patrística é a doutrina religiosa elaborada pelos pais
ou padres da Igreja (por isso o nome), nos séculos II ao
VIII, que tinha como objetivo ordenar as verdades da fé,
para defender-se dos ataques dos hereges. Para conso-
lidar o dogma religioso, tem uma construção lógica das
ideias. Os inúmeros textos dessa doutrina almejavam
orientar as ações dos indivíduos de dentro e de fora dos
muros da Igreja católica.

130
O pensamento de Aquino procura apresentar o equilíbrio
entre a fé e a razão. Para ele, quando há algum desacordo, ESCOLÁSTICA
a razão é sempre o elemento que se apresenta em equívo- A escolástica foi o método utilizado nos recintos educacio-
co, pois a razão que se excede torna-se indiscreta e invade nais da Idade Média, durante o século XI, principalmente
o terreno exclusivo da fé, que são os mistérios divinos – nas universidades. Seguindo um modelo romano de ensi-
fato que provoca, devido à desconfiança, a impossibilidade no, eram ensinadas Gramática, Retórica, Dialética, Geome-
de demonstrar a existência de Deus. Seu pensamento assu- tria, Aritmética, Astronomia e Música.
miu a condição de doutrina oficial do catolicismo.
A influência do aristotelismo na escolástica adentra no sé-
Em sua Summa contra gentilles, Aquino propõe-se a provar
culo XII, salientando a concepção de divisão de matérias,
para um não cristão, mediante um raciocínio natural, a im-
em que existem diversos tipos de conhecimento.
portância do cristianismo e a existência de Deus. Essa obra
é considerada um manual de teologia destinado a conver-
ter os muçulmanos, evitando, assim, o avanço do islã.

FILOSOFIA POLÍTICA

Diante das transformações sociais e políticas que a Europa que esse poder ficará eternamente para esse ser, pois o
passava durante a Baixa Idade Média – conjunto com os que vai garantir tal poder são suas ações no agrupamento
ideais e as ações do Renascimento Cultural, que privilegia social. Desse modo, o principal objetivo desse governante
o ser humano e as suas próprias criações –, emerge um é perpetuar-se no poder.
novo ramo na área da filosofia – a filosofia política –, que
Assim, para o pensador, a figura mais importante dessa so-
se debruça perante os limites e a organização do Estado
ciedade é o governante. Isso ocorre, pois esse indivíduo pos-
frente ao indivíduo. O termo “política” já existia na polis
sui algo que poucos têm: a virtù.
grega; porém, essa nova concepção representa um novo
olhar perante as relações da sociedade. Os pensadores com A virtù representa as qualidades que esse indivíduo terá
maior destaque nessa área foram Maquiavel e Hobbes. em determinadas situações, sendo ações ou atitudes que
devem ser tomadas rápidas, sem prejuízos ao seu maior

NICOLAU MAQUIAVEL objetivo, sem precisar seguir qualquer moral religiosa.


Só que esse governante também precisa ter ao seu favor
(1469-1527) a fortuna, ou seja, a sorte, de modo que ele não pode, de
forma alguma, renegar as situações de sorte que podem
O filósofo da região de Florença é considerado um teórico
surgir em seu caminho. Assim, para conseguir perpetuar-se
da política. Com uma observação perspicaz da história dos
no poder, o bom governante precisa, necessariamente, unir
governos, Maquiavel analisa as atitudes dos governantes e
a virtù e a fortuna.
como esse Estado é organizado.
Em sua obra mais conhecida, O príncipe (1513), Maquiavel
tinha como pretensão propiciar a união das províncias ita-
lianas, para garantir a paz nessas terras.

Tendo uma experiência de análise histórica, em conjunto


com uma orientação de valorização do governante, Ma-
quiavel tem a preocupação de saber como os governan-
tes agem de fato e como essas atitudes podem garantir ou
não a sua permanência no poder.

A estrutura do poder para Maquiavel


O poder, segundo Maquiavel, foi adquirido pelo uso da
força excessiva ou pela herança. Entretanto, não significa MAQUIAVEL, PINTURA DE SANTI DI TITO, SÉCULO XV

131
THOMAS HOBBES (1588-1679) Para romper essa situação de guerra, os homens decidem
sair do estado de natureza e partir para a sociedade civil,
criando um pacto social entre os integrantes dessa comu-
nidade, visando à tranquilidade e à paz. O que fundamen-
tará esse pacto é a preservação da vida, o grupo decide
ceder suas forças (ou armas) para um líder soberano, que
deveria cumprir com alguns deveres, como trazer a paz
para o grupo e o bem comum. Diante desse pacto, os ho-
mens não devem se rebelar contra o governante escolhido,
com a intenção de fomentar a tranquilidade desejada.

O leviatã: o perigo do monstro


O filósofo inglês Thomas Hobbes explanou a sua teoria sobre Hobbes aponta que nessa sociedade civil insurge um líder
a formação da sociedade. Foi um pensador jusnaturalista, supremo que precisa utilizar-se da força para se manter no
isto é, acreditava que os princípios e direitos dos homens poder. O problema é que, tendo o poder legal nas mãos, o
têm-se como ideia universal e imutável de justiça. Hobbes governante, se não tiver destreza, inclinará para um poder
foi uma das bases filosóficas para a consolidação do abso- incontrolável, absoluto, transformando-se num monstro com
lutismo europeu. poderes ilimitados. Aqui, Hobbes compara esse governante
incontrolável, tendo o aval das leis criadas por ele próprio,
Em seu livro O leviatã (1651), ele pretende compreender
com o monstro que dá título à sua obra, o leviatã (um pei-
a formação da sociedade. Segundo o filósofo, no início,
xe feroz citado no Antigo Testamento), que deve concentrar
os homens viviam no Estado de natureza, onde os seres
todo o poder em torno de si, para, assim, ordenar todas as
sobrevivem num conflito de todos contra todos, onde a re-
decisões da sociedade. Isso prejudica completamente a con-
gra máxima era a lei da sobrevivência. Nesse instante, a
solidação do pacto social, perdendo com isso o objetivo de
competição entre os indivíduos fazia com que a paz ficasse
preservação da paz entre os homens.
cada vez mais longe do convívio humano.

FILOSOFIA MODERNA

ERASMO DE ROTTERDAM MICHEL DE MONTAIGNE


(1466-1536) (1533-1592)
Nascido Herasmus Gerritzsoon, o pensador humanista ne- O filósofo francês Michel de Montaigne reintroduz a ideia de
erlandês faz uma crítica mordaz e feroz sobre a insensibi- investigação crítica permanente, concebeu uma nova manei-
lidade dos detentores do poder, sobre a perda dos valores ra de descobrir o conhecimento.
da vida, com uma sátira da sociedade dos séculos XV e Com formação em Direito, acabou adentrando na política,
XVI. Assim, ele redigiu o seu Elogio da Loucura. sendo prefeito de Bordeaux, entre 1580 e 1581. No fim da
Nesse caso, a Loucura é uma deusa que se apresenta como vida, escolheu a reclusão, a fim de escrever a sua maior obra,
condutora das ações humanas, ou seja, a Loucura domina intitulada Ensaios, niciada em 1572.
o mundo, do modo que a felicidade suprema do homem Em seu ensaio mais famoso, intitulado Dos canibais, Mon-
está nas loucuras que comete. Com isso, Loucura é o próprio taigne apresenta uma crítica aos europeus, em relação às
mundo que o homem construiu, pois os seres se tornam práticas com os povos do Novo Mundo.
medíocres e hipócritas.
Analisa o cotidiano constituído por homens “estranhos” e
A crítica maior recai sobre a Igreja, sua hierarquia e suas ins- “absurdos”, mas também “milagres”. O homem é um ser
tituições. Assim, Erasmo propõe o retorno da Igreja à simpli- verdadeiro em sua contínua mutação; equívocas são as teo-
cidade dos tempos iniciais. Foi considerado o homem mais rias e as convenções sociais e políticas que pretendem apri-
erudito de sua época. sioná-lo em uma única imagem.

132
RENÉ DESCARTES (1596-1650) 1. Só aceitar ideias claras e definidas.
2. Dividir cada problema em tantas partes necessárias
O francês René Descartes é considerado o pai da filosofia à solução.
moderna. Na intenção de encontrar a certeza de alguma
3. Ordenar os pensamentos do simples ao complexo.
coisa, o filósofo utiliza a sua maior arma – a dúvida –, pro-
curando, assim, uma base de certeza em suas próprias fa- 4. Verificar exaustivamente se existe alguma falha.
culdades racionais. Esse pensamento está contido no Discurso do método: o
homem deve desconfiar de seus sentidos. Descartes, notou
que o único momento de que não se pode duvidar é quando
pensa, mesmo que pense estar sonhando ou se iludindo. As-
sim, se duvido, penso e, ao pensar, logo, existo.
Descartes supôs que a essência do ser era o pensamento, e
que a mente era separada do corpo. Surgira, assim, o pro-
blema mente–corpo, a qual o corpo tinha os seus próprios
princípios de movimento, agindo de forma mecânica.
Em seguida, era necessário comprovar a existência de Deus,
O ceticismo cartesiano consiste numa formulação sistemá- para garantir que nossas ideias claras e definidas são ver-
tica, em que não se trata mais de duvidar por duvidar, mas dadeiras e que não estamos sendo iludidos por um gênio
de examinar criteriosamente todas as coisas, a fim de nelas maligno. Se Deus é perfeito por ter uma causa, o homem, por
descobrir elementos sobre os quais possa recair alguma possuir inúmeros defeitos, não pode ser essa causa. Assim,
suspeita. A dúvida é conduzida por um método rigoroso: Deus deve ser a causa de nossa ideia de perfeição dele.

RACIONALISTAS

BARUCH DE ESPINOZA foi que o conteúdo bíblico não se refere à verdade, mas
apenas estabelece preceitos de conduta para guiar os ho-
(1632-1677) mens, o que reduz a nada todo o esforço da teologia.
Segundo Espinoza, existe uma só substância, que é um prin-
cípio científico unificador, figurando-se em Deus ou Nature-
za, do modo que a mente e a matéria são apenas atributos
da substância única. Deus é a causa primeira e eficiente de
todas as coisas, porém, isso não significa que seja o criador,
pois, sendo Deus a única substância, nada pode existir fora
dele. Assim, Deus é a causa do mundo, mas o mundo existe
em Deus, que é, por isso, causa imanente, isto é, causa que
produz efeito em si mesma. Em outras palavras, Deus é Na-
tureza (Deus sive Natura).
A filosofia de Espinoza tinha como propósito esclarecer a
identidade existente entre nossa mente e a natureza. Essa
identidade só acontece, quando conhecemos a nós mes-
mos e a própria natureza, como uma coisa una. Diante disso,
o conhecimento da natureza se concretiza quando enten-
demos a essência dos objetos.
O filósofo holandês Espinoza foi um dos grandes raciona-
listas do século XVII. Em sua obra Tratado teológico-polí- Espinoza foi um daqueles raros filósofos que, além de acre-
tico (1670), o filósofo submete o Velho Testamento a uma ditar no que dizia, era fiel a seus princípios. Chegou a recu-
rigorosa crítica, baseando-se numa análise gramatical da sar uma cátedra de Filosofia em Heidelberg, posição que,
língua hebraica e na história do povo judeu. A conclusão por ser oficial, implicava aceitar ideias e limitações oficiais.

133
Definições de Espinoza
I. Por sua causa entendo aquilo cuja essência implica a exis-
tência e cuja natureza só pode ser concebida como existente.
II. Diz-se finita no seu gênero uma coisa que pode ser li-
mitada por uma outra da mesma natureza. Por exemplo,
dizemos que um corpo é finito porque concebemos sempre
um outro maior. Do mesmo modo, um pensamento é limi-
tado por um outro pensamento. Mas nem um corpo pode
ser limitado por um pensamento nem um pensamento por
um corpo.
III. Por substância entendo aquilo que existe em si e por si
é concebido, isto é, aquilo cujo conceito, para ser formado,
não precisa do conceito de uma outra coisa.
Leibniz escreveu prodigiosamente sobre muitos temas das
IV. Por atributo entendo aquilo que o intelecto percebe
áreas filosófica e matemática. O filósofo procurou a harmo-
como a essência da substância.
nia entre elementos aparentemente díspares: o mundo na-
V. Por modo entendo aquilo que existe em outra coisa pela tural e o mundo moral; o corpo e a alma; Platão e Aristóteles.
qual também é concebido.
Em sua maior obra filosófica intitulada Monadologia, o
VI. Por Deus entendo o ente absolutamente infinito, isto é, pensador apresenta como a natureza é constituída, de
uma substância que consta de infinitos atributos, cada um modo a salientar uma lógica racional. A força motora da
dos quais exprime uma essência eterna e infinita. natureza é acionada por Deus, que também está conti-
Destinada aos homens livres, o filósofo trata também sobre da na própria natureza.
a Ética, obra escrita em axiomas, no ano de 1677. Para Es- Segundo Leibniz, todos os elementos da natureza são com-
pinoza, o que os indivíduos pensam reflete diretamente na postos por mônadas (do grego monas, que significa “uni-
sua maneira de viver, colhendo frutos positivos ou negati- dade”, o que é uno), concebidas como verdadeiros átomos
vos de suas ações. Seguindo uma lógica racional, o filósofo da natureza, elementos das coisas, fechadas, sem janelas,
tenta provar a natureza racional de Deus. reguladas, em seu funcionamento pela harmonia preestabe-
lecida, de modo que, cada mônada é diferente e reflete o

GOTTFRIED WILJHELM universo inteiro; porém, não está no espaço e nem no tempo.

LEIBNIZ (1646-1716)
Cada elemento que existente no universo é composto por
inúmeras mônadas, da sendo que alguns possuem mais
O filósofo alemão Leibniz é uma figura central na história que outras. Deus, por exemplo, também é composto por
da matemática e da filosofia, que concebeu as ideias de mônadas, sendo uma substância infinita, perfeita, criadora
cálculo diferencial e integral, sem sofrer influência dos es- de todas as coisas e da harmonia preestabelecida. As mô-
tudos de Isaac Newton. nadas que compõem Deus, criam as mônadas da natureza.

134
U.T.I. - Sala “O deus é dia noite, inverno verão, guerra paz, sacie-
dade fome; mas se alterna como fogo, quando se mis-
tura a incensos, e se denomina segundo o gosto de
1. (UEL) Leia o diálogo a seguir. cada.” (Fr. 67)

Glauco: — Que queres dizer com isso? “Por fogo se trocam todas (as coisas) e fogo por to-
das, tal como por ouro mercadorias e por mercadorias
Sócrates: — O seguinte: que me parece que há muito ouro.” (Fr. 90)
estamos a falar e a ouvir falar sobre o assunto, sem nos
apercebermos de que era da justiça que de algum modo Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural,
1973, p. 85 e 87. Col. Os pensadores.
estávamos a tratar.
Glauco: — Longo proémio – exclamou ele – para quem A partir das citações acima:
deseja escutar! a) explicite quais são esses temas.
Sócrates: — Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princípio b) comente cada um deles de modo a caracterizar a Fi-
que de entrada estabelecemos que devia observar-se em losofia de Heráclito.
todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse
princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das suas 5. (UFU) Há um abismo imenso que separa esta escala
formas, a justiça. de valores que Sócrates proclama com tanta evidência
e a escala popular vigente entre os gregos e expressa
PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Fundação na famosa canção báquica antiga:
Calouste Gulbenkian, 1993. p. 185-186.
O bem supremo do mortal é a saúde;
Com base nesse fragmento, que aponta para o debate
em torno do conceito de justiça na obra A República, de O segundo, a formosura do corpo;
Platão, explique como Platão compreende esse conceito. O terceiro, uma fortuna adquirida sem mácula;
O quarto, desfrutar entre amigos o esplendor da juventude.
Leia o texto a seguir para responder às questões 2 e 3. JAEGER, W. Paideia. São Paulo: Martins
Fontes, 1995, p. 528-529.
“... não é fácil determinar de que maneira, e com quem e
por que motivos, e por quanto tempo devemos encol- a) O que é o homem para Sócrates?
erizar-nos; às vezes nós mesmos louvamos as pessoas b) Qual é a relação entre o que define o homem e a
que cedem e as chamamos de amáveis, mas às vezes máxima délfica “Conhece-te a ti mesmo”?
louvamos aquelas que se encolerizam e as chamamos
6. (UFU) A respeito da fortuna, Maquiavel escreveu:
de viris. Entretanto, as pessoas que se desviam um
pouco da excelência não são censuradas, quer o façam [...] penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra
no sentido do mais, quer o façam no sentido do menos; de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela
nos deixe governar quase a outra metade.
censuramos apenas as pessoas que se desviam consid-
eravelmente, pois estas não passarão despercebidas. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução de: Lívio Xavier. São
Mas não é fácil determinar racionalmente até onde e Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção “Os Pensadores”. p. 103.
em que medida uma pessoa pode desviar-se antes de Com base na citação, responda:
tornar-se censurável (de fato, nada que é percebido
a) O que é a fortuna para Maquiavel?
pelos sentidos é fácil de definir); tais coisas dependem
de circunstâncias específicas, e a decisão depende b) Como deve agir o príncipe em relação à fortuna?
da percepção. Isto é bastante para determinar que a
7. (Unesp)
situação intermediária deve ser louvada em todas as
circunstâncias, mas que às vezes devemos inclinar-nos TEXTO 1
no sentido do excesso, e às vezes no sentido da falta,
pois assim atingiremos mais facilmente o meio-termo Para santo Tomás de Aquino, o poder político, por ser
e o que é certo.” uma instituição divina, além dos fins temporais que jus-
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Livro II. São Paulo: tificam a ação política, visa outros fins superiores, de
Nova Cultural, 1996, p. 150 (Col. Os Pensadores). natureza espiritual. O Estado deve dar condições para a
realização eterna e sobrenatural do homem. Ao discutir
2. (UFPR) Agir de modo virtuoso é, segundo Aristóteles, a relação Estado-Igreja, admite a supremacia desta so-
agir sempre do mesmo modo? Por quê? bre aquele. Considera a Monarquia a melhor forma de
governo, por ser o governo de um só, escolhido pela sua
3. (UFPR) Uma vez que Aristóteles antes define as vir- virtude, desde que seja bloqueado o caminho da tirania.
tudes como disposições de caráter e, na passagem acima,
TEXTO 2
acrescenta que as virtudes situam-se num “meio-termo”,
de que modo devem ser definidos os vícios? Por quê? Maquiavel rejeita a política normativa dos gregos, a qual,
ao explicar “como o homem deve agir”, cria sistemas
4. (UFU) Os fragmentos abaixo representam três te- utópicos. A nova política, ao contrário, deve procurar a
mas fundamentais que configuram o pensamento de verdade efetiva, ou seja, “como o homem age de fato”.
Heráclito de Éfeso. O método de Maquiavel estipula a observação dos fatos,

135
o que denota uma tendência comum aos pensadores 9. (UFU) Segundo Agostinho de Hipona (354-430),
do Renascimento, preocupados em superar, através as ideias ou formas originárias de todas as coisas,
da experiência, os esquemas meramente dedutivos razões estáveis e imutáveis das coisas de nosso mun-
da Idade Média. Seus estudos levam à constatação de do, estão contidas na mente divina e não nascem
que os homens sempre agiram pelas formas da cor- nem morrem, e tudo o que, em nosso mundo, nasce
rupção e da violência. e morre é formado a partir delas. Essas ideias eter-
Adaptado de: ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, nas não são criaturas, antes, participam da Sabedoria
Maria Helena. Filosofando. 1986.
eterna, mediante a qual Deus criou todas as coisas e
Explique as diferentes concepções de política expressa- são idênticas a Ele. Assim, conhecemos verdadeira-
das nos dois textos. mente quando nos voltamos para tais ideias; sendo
o fundamento da natureza das coisas são também
8. (UFU) Leia a afirmação a seguir e responda. o fundamento para o conhecimento dessas mesmas
coisas; assim, por meio delas podemos formar juízos
A função que Hobbes atribui ao pacto de união é a de verdadeiros sobre elas.
fazer passar a humanidade do estado de guerra para o INÁCIO, Inês. C.; LUCA, Tânia R. de. O pensamento
estado de paz, instituindo o poder soberano. medieval. São Paulo: Ática, 1988, p. 26.

BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio Levando em consideração o texto acima e a teoria da
de Janeiro: Campus, 1991. p. 43.
iluminação de Agostinho, responda:
a) Por que, sem o pacto, não há paz entre os homens? a) O que são as ideias eternas?
b) Por que a instituição do poder soberano é resultado b) Qual o seu papel ou função em nosso conhecimento
de uma passagem? do mundo?

10. (UEL) Leia o texto e o quadrinho a seguir.

Aqueles que somente por fortuna se tornam príncipes pouco trabalho têm para isso, é claro, mas se mantêm muito
penosamente. Não têm nenhuma dificuldade em alcançar o posto, porque por aí voam; surge, porém, toda sorte de
dificuldades depois da chegada. Tais príncipes estão na dependência exclusiva da vontade e boa fortuna de quem lhes
concedeu o Estado, isto é, duas coisas extremamente volúveis e instáveis.
Adaptado de: MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 55.

a) Desenvolva os conceitos de fortuna e de virtù, em conformidade com Maquiavel.


b) O que diferencia o pensamento político de Maquiavel daquele concebido pela tradição cristã?

U.T.I. - E.O. 3. Em 399 a.C., o filósofo Sócrates é acusado de graves


crimes por alguns cidadãos atenienses. (...) Em seu jul-
gamento, segundo as práticas da época, diante de um
1. O que significa dizermos que os primeiros filósofos júri de 501 cidadãos, o filósofo apresenta um longo
tinham uma “preocupação cosmológica”? discurso, sua apologia ou defesa, em que, no entanto,
longe de se defender objetivamente das acusações,
2. Platão considera as opiniões e as percepções senso- ironiza seus acusadores, assume as acusações, dizen-
riais, ou conhecimento das imagens das coisas, como do-se coerente com o que ensinava, e recusa a declarar-
fonte de erro, pois nunca alcançam a verdade plena. se inocente ou pedir uma pena. Com isso, ao júri, tendo

136
que optar pela acusação ou pela defesa, só restou como Com base na leitura desse trecho e em outras infor-
alternativa a condenação do filósofo à morte. mações presentes na obra em referência, explique por
(Danilo Marcondes). que não é toda e qualquer semelhança entre os homens
que motiva uma amizade verdadeira.
Com base no texto apresentado, explique quais foram
os motivos da condenação de Sócrates à morte. 6. (Unesp) “O homem é o lobo do homem” é uma das
frases mais repetidas por aqueles que se referem a
4. (UFPR) Se há, então, para as ações que praticamos, Hobbes. Essa máxima aparece coroada por uma outra,
alguma finalidade que desejamos por si mesma, sen- menos citada, mas igualmente importante: “guerra de
do tudo mais desejado por causa dela, e se não escol- todos contra todos”. Ambas são fundamentais como
hemos tudo por causa de algo mais (se fosse assim, síntese do que Hobbes pensa a respeito do estado nat-
o processo prosseguiria até o infinito, de tal forma ural em que vivem os homens. O estado de natureza
que nosso desejo seria vazio e vão), evidentemente é o modo de ser que caracterizaria o homem antes de
tal finalidade deve ser o bem e o melhor dos bens. seu ingresso no estado social. O altruísmo não seria,
Não terá então uma grande influência sobre a vida portanto, natural. No estado de natureza o recurso à
o conhecimento deste bem? Não deveremos, como violência generaliza-se, cada qual elaborando novos
arqueiros que visam a um alvo, ter maiores proba- meios de destruição do próximo, com o que a vida se
bilidades de atingir assim o que nos é mais conve- torna “solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta,
niente? Sendo assim, cumpre-nos tentar determinar, na qual cada um é lobo para o outro, em guerra de to-
mesmo sumariamente, o que é este bem, e de que dos contra todos”. Os homens não vivem em cooper-
ciências ou atividades ele é o objeto. Aparentemente ação natural, como fazem as abelhas e as formigas. O
ele é o objeto da ciência mais imperativa e predomi- acordo entre elas é natural; entre os homens, só pode
nante sobre tudo. Parece que ela é a ciência política. ser artificial. Nesse sentido, os homens são levados a
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, 1094a, p. 18-28. estabelecer contratos entre si. Para o autor do Leviatã,
o contrato é estabelecido unicamente entre os mem-
Que razões Aristóteles alega para justificar a afirmação bros do grupo, que, entre si, concordam em renunciar
de que a ciência mais imperativa e predominante sobre a seu direito a tudo para entregá-lo a um soberano
tudo parece ser a ciência política? capaz de promover a paz. Não submetido a nenhuma
lei, o soberano absoluto é a própria fonte legisladora.
5. (Ufmg) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles propõe uma A obediência a ele deve ser total.
compreensão da amizade em que a semelhança entre
João Paulo Monteiro. Os pensadores. 2000.
os homens é importante, embora não a caracterize
completamente, como se comprova neste trecho: Caracterize a diferença entre estado de natureza e
vida social, segundo o texto, e explique por que a é
A amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins atribuída a Hobbes a concepção política de um “ab-
na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao solutismo sem teologia”.
outro enquanto bons, e são bons em si mesmos. Ora, os
que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são 7. (UFMG) Leia este trecho:
os mais verdadeiramente amigos, porque o fazem em
razão da sua própria natureza e não acidentalmente. Ouvi dizer a um homem instruído que o tempo não é
Por isso sua amizade dura enquanto são bons – e a bon- mais que o movimento do sol, da lua e dos astros. Não
dade é uma coisa muito durável. E cada um é bom em concordei. Por que não seria antes o movimento de
si mesmo e para o seu amigo, pois os bons são bons em todos os corpos? Se os astros parassem e continuasse
absoluto e úteis um ao outro. […] Uma tal amizade é, a mover-se a roda do oleiro, deixaria de haver tempo
como seria de esperar, permanente, já que eles encon- para medirmos suas voltas? [...] Ou, ao dizermos isto,
tram um no outro todas as qualidades que os amigos não falamos nós no tempo, e não há nas nossas pala-
devem possuir. vras sílabas longas e sílabas breves, assim chamadas,
porque umas ressoam durante mais tempo e outras du-
Com efeito, toda a amizade tem em vista o bem ou o rante menos tempo?
prazer – bem ou prazer, quer em abstrato, quer tais que SANTO AGOSTINHO. Confissões (Livro XI: o Homem
possam ser desfrutados por aquele que sente a amiza- e o Tempo). Tradução de: SANTOS, J. Oliveira; PINA,
de –, e baseia-se numa certa semelhança. E à amizade Ambrósio de. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 286.
entre homens bons pertencem todas as qualidades que
mencionamos, devido à natureza dos próprios amigos, Nesse trecho, o autor argumenta contra a identificação
pois numa amizade desta espécie as outras qualidades do tempo ao movimento dos astros. Apresente o argu-
também são semelhantes em ambos; e o que é irrestri- mento proposto por Santo Agostinho.
tamente bom também é agradável no sentido absoluto
do termo, e essas são as qualidades mais estimáveis 8. (Unesp) “Três maneiras há de preservar a posse de
que existem. Estados acostumados a serem governados por leis
próprias; primeiro, devastá-los; segundo, morar neles;
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de:
VALLANDRO, L.; BORNHEIM, G. In: Os pensadores. terceiro, permitir que vivam com suas leis, arrancando
São Paulo: Abril, 1979, VIII, 3, 1156b. um tributo e formando um governo de poucas pessoas,

137
que permaneçam amigas. Sucede que, na verdade, a A partir da leitura das informações acima, responda às
garantia mais segura da posse é a ruína. Os que se seguintes perguntas.
tornam senhores de cidades livres por tradição, e não a) De acordo com Hobbes, os seres humanos são natu-
as destroem, serão destruídos por elas. Essas cidades ralmente sociáveis? Justifique sua resposta.
costumam ter por bandeira, em suas rebeliões, tanto a
b) Quais seriam, para esse filósofo, as principais carac-
liberdade quanto suas antigas leis, jamais esquecidas,
terísticas do homem em estado de natureza?
nem com o passar do tempo, nem por influência dos
favores que receberam. c) Tendo em vista o fragmento da reportagem publi-
cada pelo jornal Folha Online, é correto dizer que o
Por mais que se faça, e sejam quais forem os cuidados, Estado, hoje, do ponto de vista hobbesiano, cumpre
sem promover desavença e desagregação entre os ha- sua obrigação em relação aos cidadãos?
bitantes, continuarão eles a recordar aqueles princípios
e a estes irão recorrer em quaisquer oportunidades 10. (UFU) Leia com atenção o texto abaixo em que o
e situações”. autor comenta e cita Santo Agostinho, e, em seguida,
responda as questões apresentadas.
Adaptado de: Nicolau Maquiavel. Publicado
originalmente em 1513.
“Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis e eter-
Partindo de uma definição de moralidade como con- nos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões não
junto de regras de conduta humana que se pretendem existem em um mundo à parte, como afirmava Platão,
válidas em termos absolutos, responda se o pensamen- mas na própria mente ou sabedoria divina, conforme o
to de Maquiavel é compatível com a moralidade cristã. testemunho da Bíblia.”
Justifique sua resposta, comentando o teor prático ou
“Que a mesma sabedoria divina, por quem foram cria-
pragmático do pensamento desse filósofo.
das todas as coisas, conhecia aquelas primeiras, divinas,
9. (UFU) Ser vítima de bala perdida é o maior medo at- imutáveis e eternas razões de todas as coisas antes de
ual dos cariocas e moradores da região metropolitana serem criadas, a Sagrada Escritura dá este testemunho:
do Rio. Foi o que responderam 57% dos 4500 entrevis- No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus e
tados em levantamento do ISP (Instituto de Segurança o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas pelo Verbo
Pública), órgão ligado à Secretaria de Segurança do Rio, e sem Ele nada foi feito. Quem seria tão néscio a ponto
divulgado na tarde desta terça-feira. [...] um quinto dos de afirmar que Deus criou as coisas sem conhecê-las? E
entrevistados (21,7%) foi vítima de um dos 21 tipos de se as conheceu, onde as conheceu senão em si mesmo,
crimes elencados na pesquisa (agressão, furto...). junto a quem estava o Verbo pelo qual tudo foi feito?”
(Santo Agostinho, Sobre o Gênese, V, 29). COSTA,
BELCHIOR, L. Mais da metade dos moradores do RJ
José Silveira da. A Filosofia Cristã. In: RESENDE,
não confia na PM. In: Folha Online, 19/08/2008.
Antônio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar/SEAF, 1986, p. 78, capítulo 4.
Estatísticas como essas retratam a situação de medo
e de insegurança geral vivenciada nas metrópoles bra- a) Explique a relação, sugerida neste texto, entre a teo-
sileiras e conferem atualidade a teorias como a do filó- ria das Ideias de Platão e o pensamento de Agostinho.
sofo Thomas Hobbes. Para ele, a função do Estado e do
b) Explique como Agostinho usa essa teoria para expli-
corpo político é a de garantir a paz e o direito de cada
car o conhecimento humano, na sua conhecida Doutri-
um à vida, impedindo o desencadeamento natural da
na da Iluminação Divina.
guerra de todos contra todos.

138
SOCIOLOGIA

139
A SOCIOLOGIA: AUGUSTE COMTE

A Sociologia surge como um fruto das diversas transfor- Pensando no controle da sociedade, Comte estruturou que
mações do cotidiano, oriundo da Revolução Industrial, que todos os elementos deveriam ter a razão científica como
impulsionou ainda mais as desigualdades sociais entre os norteador dessas ações. Esse pensamento ganhou força na
homens – fato este que modificou as relações interpesso- Europa durante o século XIX, entre governos monárquicos
ais, tendo como referência as relações do trabalho e sua e republicanos. Uma nação que seguiu com toda ênfase o
desvalorização do trabalho humano. pensamento positivista foi o Império Austro-Húngaro.
Diante disso, emerge uma ciência que se preocupava em
oferecer uma explicação para os novos fenômenos sociais. Positivismo no Brasil
Com o início da República, no século XIX, o positivismo
AUGUSTE COMTE (1798-1857) ganhou força, principalmente na cidade do Rio de Janeiro.
Com suas características de que existe uma hierarquia, a
Comte introduz o positivismo, corrente filosófica que buscava
qual deve seguir uma ordenação científica, o positivismo
uma reorganização intelectual, moral e política da ordem so-
teve muitos adeptos dos altos oficiais do Exército e algu-
cial, com o intuito de controle de todas as instituições sociais.
O seu pensamento consistia em três estágios, contida em seu mas camadas da burguesia brasileira. Diante disso, a nova
Curso de filosofia positiva: bandeira do Brasil ganhou um lema positivista.

ƒ Estado teológico: corresponde à infância da humanida-


de, pois a mente humana se baseia a um conhecimento
provisório, ilusório, ou seja, tenta explicações da realida-
de por meio de entidades sobrenaturais. Segundo Com-
te, a religião se encaixa nesse estado, pois ela inicia o
processo do conhecimento; porém, é um tipo de conhe-
cimento não tão confiável.
ƒ Estado metafísico: as explicações dos fenômenos da re-
alidade são feitas por entidades abstratas, mas contêm
traços de elementos teológicos. Sendo um estado inter-
mediário para o conhecimento definitivo.
ƒ Estado positivo: representa a realidade, sendo a forma
definitiva. Aqui a ciência predomina, de modo que se
busca os fatos e não as causas ou princípios; se preo- BANDEIRA DO IMPÉRIO BRASILEIRO
cupa com o processo do conhecimento, e não com os
motivos dessas causas.

Positivismo
O pensamento científico e experimental é o único guia para
o ser humano, de forma que a ciência é a base dessa doutri-
na, com o intuito de organizar todos os elementos da socie-
dade, inclusive a área religiosa.
Em sua obra Sistema de política positiva (1854), Comte cria
a religião da humanidade ou a religião positivista, que tem
como princípios ou diretrizes “o amor, por princípio”, “a
BANDEIRA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
ordem, por base” e “o progresso, por fim”.
Esse processo evolutivo também recairia entre as ciências Entre os brasileiros que propagaram o pensamento positivis-
positivas – matemática, física, astronomia, química, biologia ta, podemos destacar os primeiros presidentes da República
–, e teria como a maior entre essas ciências uma nova ciên- Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, os militares Benjamin
cia – a sociologia –, que englobaria todas elas. Constant e Cândido Rondon e o escritor Euclides da Cunha.

140
ÉMILE DURKHEIM

A Europa passava por um momento de tranquilidade polí- Já as características dos fatos sociais devem ter traços de:
tica e econômica, chamada de Belle Époque, entre o fim da ƒ generalidade: comum a todos ou à maioria dos inte-
Guerra Franco-Prussiana, em 1871, e o começo da Primeira grantes desse grupo social;
Guerra Mundial, em 1914. ƒ exterioridade: não depende do indivíduo; e
Diante da efervescência tecnológica da época, ocorreu uma ƒ coercitividade: se impõe de diversas formas.
grande transformação nos hábitos das pessoas, que direcio-
nou os indivíduos para o consumo de bens de consumos e o A religião para Durkheim
encantamento desses produtos perante os indivíduos.
Émile Durkheim nota que o elemento primordial que entre-
laça todos os seres é a religião, pois, mesmo serem monote-
ÉMILE DURKHEIM (1858-1917) ístas ou politeístas, todas as religiões separam radicalmente
o mundo profano do mundo sagrado. Ele considera todas as
religiões como iguais, contendo um sistema de crenças e de
cultos, conjuntos de atitudes rituais, nas quais os seus “movi-
mentos são estereotipados”. A religião constrói a sociedade,
na qual “as divisões em dias, semanas (...) correspondem à
periodicidade dos ritos, das festas”, sendo assim uma mani-
festação natural da atividade humana.
A religião, para Durkheim, é uma espécie de especulação de
tudo que escapa à ciência, ou seja, o sobrenatural, possuin-
do assim na sua essência um conjunto de símbolos (os ritos).
O homem é um ser social, porque pensa por conceitos. A
Um dos precursores da escola sociológica francesa, o soci- concepção de mito é entendida como a representação de
ólogo Émile Durkheim sofreu uma forte influência do positi- uma espécie de herói histórico.
vismo comteano, contendo traços do funcionalismo social,
em que considera as funções sociais contidas em seu obje-
to de pesquisa, trabalhando a moral, a religião etc. O método científico
Ele compreende a “cultura” como algo coletivo, um elemen- Durkheim inaugura o processo de investigação sobre os
to vivo por assim dizer, que acaba se transformando ao fenômenos sociais, pautado na observação dos fatos. Esse
longo do tempo. Assim, a sociedade se constrói mediante procedimento deve ser guiado por uma análise neutra do
essas transformações culturais, consolidando ou rejeitando pesquisador, pois é necessário a esse observador suprimir
princípios morais e éticos. todos os seus juízos de valores pessoais para que conclusões
não sejam precipitadas. Precisa, ainda, apresentar um retrato
fiel do objeto analisado, observando todos os elementos que
O fato social compõem essa estrutura vista. Nesse momento, Durkheim
Os fatos sociais são maneiras de pensar, agir e sentir que apresenta a importância da sociologia como a ciência.
existem independentemente das manifestações individu-
Nesse processo, é saliente notar que Durkheim aponta al-
ais, isto é, são ações exteriores ao indivíduo, sendo gene-
guns direcionamentos:
ralizados na sociedade, de modo que são dotados de uma
força imperativa e coercitiva perante os indivíduos. ƒ o processo deve ser objetivo;
ƒ os fatos analisados podem ser normais ou anômicos; e
Segundo Durkheim, existem tipos de fatos sociais:
ƒ e como esses fatos se interligam ou afetam os inte-
ƒ Fato social normal: é o fato social coercitivos, feitos de
forma exterior, desencadeando ações coletivas e gerais. grantes desse grupo estudado.
ƒ Fato social patológico: é o fato que aponta elementos Assim, aconteceram fatos corriqueiros, que serão caracteri-
de desequilíbrio. zados como normais; e também fatos que fogem desse es-
ƒ Fato social anômico: é o fato que apresenta uma au- tereótipo de normalidade, que acarretarão anomias sociais,
sência de normas e de valores morais. isto é, coisas estranhas que fogem da normalidade.

141
DIVISÃO DO TRABALHO DURKHEIMIANA

O SUICÍDIO O sociólogo afirma que a sociedade existe pela reprodução


dos fatos sociais, transcendendo um consenso entre seus
Em sua obra intitulada O suicídio, de 1897, Durkheim pre- membros. Essa sociedade é constituída por duas formas de
tende provar que o suicídio é um fato social, ocasionado solidariedade, que distingue dois tipos de sociedade.
pela coerção exterior e independente do indivíduo. ƒ Sociedades tradicionais: consolidadas pela solidarie-
Construindo uma definição útil do suicídio, classificando em dade mecânica, isto é, é um acordo presente em grupos
três tipos: sociais que compartilham os mesmos valores e crenças
sociais, os quais são responsáveis pela coesão social.
ƒ Egoísta: ato desencadeado pelo individualismo extre-
mo, de forma que o indivíduo encontra-se isolado de ƒ Sociedades modernas ou contemporâneas: con-
seus grupos sociais. Esse tipo de suicídio predomina nas solidadas pela solidariedade orgânica, isto é, esses indi-
sociedades modernas. víduos não compartilham das mesmas crenças religiosas,
pois cada indivíduo possui uma consciência própria. Nes-
ƒ Altruísta: ato que desencadeado pelo indivíduo toma-
se tipo de sociedade, a divisão do trabalho é crescente,
do pela obediência coercitiva do coletivo. Um exemplo
sendo reproduzida pelas formas legais da sociedade,
desse altruísmo são os terroristas, chamados “homens/
com regras e leis.
mulheres-bombas”, que por uma ideologia, tiram as
suas próprias vidas em prol de um ideal. Solidariedade mecânica Solidariedade orgânica
ƒ Anômico: ato que representa uma mudança abrup- Sociedade simples Sociedade complexas
ta, anormal na taxa de normalidade do suicídio.
Apontada por uma crise social, como o desemprego Com inúmeras formas
Sem divisão do trabalho
de divisão do trabalho
ou por processos de transformações sociais, como a
modernização, que substituiu o homem no mercado Seres iguais Seres diferentes
de trabalho.
Funções iguais Funções especializadas

A DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL Consciência social menor Consciência social maior

Para Durkheim, a divisão do trabalho concretiza-se mediante Coerção pelo


Coerção pela força e violência
uma interação social, inserida na sociedade. controle formalizado

KARL MARX

KARL HEINRICH MARX


(1818-1883)
O filósofo alemão analisou as transformações ocorridas na
sociedade durante a Revolução Industrial no século XIX,
quando as máquinas começaram a substituir o trabalho
manual dos homens, modificando radicalmente as relações
humanas e os seus hábitos na sociedade. Com isso, Marx vai
ser um dos responsáveis em promover uma discussão crítica
da sociedade capitalista, bem como da origem dos proble-
mas sociais que este tipo de organização social originou. TIPO DE FÁBRICA DO SÉCULO XIX

142
Segundo Marx, nas sociedades capitalistas, a forma princi- Segundo Marx, o trabalhador acaba sendo alienado pelo
pal de conflito ocorre entre duas classes sociais fundamen- próprio processo de produção, do modo que esse traba-
tais: a burguesia e o proletariado. Essa formação assim se lhador não tem consciência do seu próprio papel na so-
constitui, porque a classe assalariada (o proletariado), que ciedade, pois ele, devido às suas necessidades, constitui
não tendo os meios de produção, cedem a sua força de toda a sua vida em torno do seu trabalho.
trabalho em troca de um benefício econômico, sendo parte Em 1848, redigiu com Friedrich Engels, o Manifesto do Parti-
fundamental do enriquecimento da burguesia, ou seja, os do Comunista. Nele, Marx convoca o proletariado à luta pelo
donos dos meios de produção exploram aqueles que não socialismo. Nesse período, ocorreram diversas manifestações
detêm os artifícios, pois só vendem o seu trabalho humano. de cunho liberal, socialista e democrático, denominada Pri-
Desse modo, o conflito entre essas duas classes acaba ge- mavera dos Povos.
rando uma mudança na história da humanidade, pois um Fundou, em 1864, a Associação Internacional dos Traba-
grupo pretende conquistar novas condições, que alguns lhadores – depois chamada de Primeira Internacional dos
entenderam como direitos, e o outro grupo não pretende Trabalhadores –, com o objetivo de organizar a conquista do
ceder essas condições, modificando-se a consciência e as poder pelo proletariado em todo mundo. Em 1867, publicou
próprias relações humanas. Entretanto, a classe dominante o primeiro volume de sua obra mais importante, O capital, na
(a burguesia) tem maiores chances de construir a história qual faz uma crítica ao capitalismo e à sociedade burguesa.
como deseja, visto que possuem o poder econômico e polí-
Marx é o principal idealizador do socialismo e do comu-
tico nas mãos; algo bem diferente da classe proletária, que
nismo revolucionário. O marxismo – conjunto das ideias
não têm esses meios de produção.
político-filosóficas de Marx – propõe a derrubada da clas-
Mediante a isso, Marx observa que no capitalismo o mer- se dominante (a burguesia) por uma revolução do prole-
cado é o centro das relações sociais, sendo que, no merca- tariado. Marx critica o capitalismo e seu sistema de livre
do, a força de trabalho é comercializada como mercadoria. empresa que, segundo ele, pelas contradições econômi-
Quando o trabalhador excede o tempo de trabalho neces- cas internas, levaria a classe operária à miséria. Propunha
sário, ele cria uma riqueza para os donos da produção, de- uma sociedade na qual os meios de produção fossem de
nominada mais-valia. toda a coletividade.

IDEOLOGIA

IDEOLOGIA
O processo de dominação social se utiliza de artifícios que
iludem a população. Esse encantamento se perfaz com o
auxílio das propagandas, que disseminam imagens e men-
sagens para um condicionamento social. Essas propagan-
das têm a tarefa de conquistar o outro para vender o pro-
duto, estimulando um comportamento social capitalista.
Segundo Karl Marx, a ideologia dominante, será respon-
sável por repassar ideias, formas de pensar e explicar o
mundo. Marx questiona que ao seguir uma ideologia, os
indivíduos não fazem uma crítica de seus atos. A ideologia
A CAPA DA PRIMEIRA REVISTA TRAZ O CAPITÃO AMÉRICA
vem para enfeitiçar o público a um estilo ou a um condi- DANDO UM SOCO EM HITLER. A SUA ARMA É UM ESCUDO,
cionamento social. SIMBOLIZANDO QUE ELE SÓ ATACA PARA SE DEFENDER.

Essa prática se consolida mediante ao processo de aliena-


A ideologia nos quadrinhos ção, que os indivíduos sofrem um processo de exterioriza-
As histórias em quadrinhos é um tipo de arte, que influen- ção de uma essência humana e um não-reconhecimento
ciam a indústria cinematográfica, apresentam também uma de sua atividade. Marx atrela a alienação ao trabalho, que
ideologia contida em seus quadrinhos e textos. Buscando condiciona ao ser a não pensar sobre os seus atos, tendo
privilegiar uma nação ou uma forma de governo. um estranhamento diante os seus atos.

143
Marx retrata a alienação em quatro tipos: Fetiche da mercadoria
ƒ em relação ao produto do trabalho;
O conceito de fetichismo da mercadoria foi desenvolvido por
ƒ no processo de produção; Marx, em sua obra “O Capital”, atrelado ao conceito de alie-
ƒ em relação à existência do indivíduo enquanto mem- nação. O produto perde a relação com o produtor e parece
bro do gênero humano; ganhar vida própria, ganhando novas formas em si.

ƒ em relação aos outros indivíduos. Para compreendermos esse processo de fetichismo, é preci-
so retornar a uma definição a mercadoria.
A estranheza de não se reconhecer no produto criado, isso
representa o primeiro tipo. Segundo Marx, todo e qualquer objeto, no sistema capitalis-
ta, possui um valor de mercadoria. Tendo uma utilidade nesse
No segundo tipo, essa alienação está no próprio proces- produto, quando foi pensado para a sua produção. Esse seria o
so do trabalho, condicionando ao indivíduo a viver pelo seu valor de USO, o que os condiciona a consumi-lo. Enquanto
trabalho, deixando de viver apenas para satisfazer às ati- o valor de TROCA do produto representa no sistema capi-
vidades laborais. talista, atrelado a esse produto um valor mercadológico.
O terceiro tipo, por sua vez, representa o individualismo, Assim, as mercadorias adquirem uma forma fantástica, ga-
que só pensará as suas atividades do trabalho referentes a nhando mais de uma utilidade ao indivíduo, podendo ser
si mesmo, sem se importar as outras pessoas. um status, um poder ou uma felicidade. Com esse proces-
O último tipo, representa no sujeito que não se reconhece so, o sujeito acaba dando novos elementos a mercadoria,
no trabalho e nem é reconhecido como parte essencial da de forma a humanizá-la, e consequentemente a própria mer-
vida humana. cadoria coisifica esse ser.

MAX WEBER

MAX WEBER (1864-1920) Observador da sociedade


O alemão Maximilian Karl Emil Weber consolida a ciência O sociólogo analisa as estruturas das sociedades, não se
sociológica, analisando os processos do capitalismo na so- concentrando nas particularidades individuais. Apropria-se
ciedade contemporânea. Grande parte de seus estudos se de um método compreensivo para suas análises. Para We-
ber, a Sociologia é uma ciência que pretender compreender a
preocupou para o capitalismo e no seu processo racionali-
Ação Social. Toda ação social segue certos requisitos:
zado, conjunto com um estudo sobre o desencantamento
do mundo. Seus trabalhos desenvolveram descobertas do ƒ o ser lhe dá um sentido;
papel da subjetividade na ação e na pesquisa social. Weber ƒ esse sentido se remete ao outro.
não admite que existe uma lei preexistente que regule o
desenvolvimento da sociedade. Ação Afetiva Determinada por sentimentos
Determinada por cos-
Ação tradicional
tumes ou hábitos
Ação racional com Determinada por um valor
relação a valores e se realiza pelo mesmo
Determinada pelos fins que
Ação racional com
perseguem, predominante-
relação a fins mente na vida econômica.

Weber faz uma crítica aos positivistas, entre eles Comte


e Durkheim, por não concordar que todos os tipos de ciên-
cias seguem o mesmo procedimento. Segundo Weber, a
sociologia precisa desenvolver procedimentos de investiga-
ção que permitem verificar os valores e as motivações que
condicionam as ações humanas.

144
O poder da religião Dominação - É a dominação burocrática no Estado;
Weber empreendeu análises comparativas entre as religiões,
com o objetivo de compreender as razões do desenvolvi- - Constituído por formas legais, hierárquicas,
mento do capitalismo europeu. Ele conclui que o mundo Legal mediante uma formação eleita ou nomeada;
oriental não oferecia condições para este tipo de orga- - Deve seguir um estatuto.
nização econômica, pois pregava valores de harmonia; - Dominação patriarcal;
enquanto as religiões cristãs incentivaram o trabalho e - Controle feito pelo “senhor” perante seus
Dominação
a competição. “súditos”;
Tradicional
- Não é possível criar novos direitos diante
das normas da tradição.
A dominação
- Dominação por uma devoção afetiva;
Para Weber, o capitalismo é dominado pela ascensão da ciên- Dominação
- Sendo um “líder” que constrói uma imagem
cia e da burocracia. Weber aponta uma relação entre domi- Carismática
de adoração, controlando seus “súditos”.
nantes e dominados, constituídas com bases legítimas.

CAPITAL HUMANO

PIERRE BOURDIEU (1930-2002) Econômico Atrelado aos meios de produção e renda.


A saber: institucionalizado, com títulos e diplomas.
Com uma análise das sociedades capitalistas, que privile-
Cultural Incorporado: pela forma da expressão oral.
gia a reprodução social, o francês Pierre Bourdieu denota a
presença de trocas simbólicas. Objetivo: pela posse de quadros ou obras de arte.
Sendo o conjunto das relações sociais que dispõe
Social
um indivíduo, a reprodução das relações sociais.
Atrelado ao reconhecimento, correspondendo ao
Simbólico
conjunto de rituais, como etiquetas, protocolo.

Diante disso, um indivíduo que possui o capital econômi-


co teria mais oportunidades de adquirir e se apropriar dos
outros capitais.

Habitus
O habitus, para Bourdieu, condiciona que os indivíduos con-
vivam em um mesmo agrupamento social, tendo estilos de
O bem simbólico é um conjunto de práticas sociais regidas
vida parecidos, onde os “fatos sociais” se assemelham. O
pelo poder, consolidando uma dominação social, que con-
habitus qualifica a relação do sujeito com a sociedade, ten-
tém hierarquias e subdivisões, propagando uma desigual-
do uma base estratificação de poder.
dade nessa sociedade.

A escola A violência simbólica


Para Bourdieu, a instituição escolar é um exemplo de titulari- Segundo Bourdieu, a violência simbólica é uma violência
zação de bens simbólicos, pelo seu caráter de reprodutora de “invisível”, concretizada por formas de comunicação, ten-
costumes desiguais. Isso ocorre, porque a escola transmite do uma relação de subjugação e submissão, numa típica
aos estudantes a forma de conhecimento da classe domi- situação de dominação. Só que o dominado é cúmplice e
nante, tendo um discurso aparentemente neutro e oficial. aceita essa dominação.
O capital é um conceito que discute a quantidade de acú- A violência simbólica pode ser tomada pelas instituições da
mulo de forças dos agentes em suas posições no campo. Os sociedade, como o Estado, a mídia, a escola. Consolidando
quatro tipos de capital humano, a saber: uma forma de opressão entre os segmentos da sociedade.

145
JESSÉ SOUZA (1960) Camada popular que consegue melhorar a renda.
Características:
O sociólogo desenvolveu uma pesquisa empírica da realidade Trabalhadores Não desenvolveram e consolidaram
brasileira que caracterizou quatro classes nessa sociedade, que o capital cultural; trabalham em 2 a
segue a mesma lógica do capital humano de Bourdieu: 3 empregos; são pentecostais.
Pessoas que abaixo da linha de dignidade.
Camada que comanda o mercado.
Características:
Endinheira- Características: Ralé Serviços braçais, não são valorizados e nem re-
Tem elevado capital cultural e eleva- conhecidas; não recebem estímulos familiares;
dos
do capital econômico; controlam e correspondem a 1/3 da população brasileira;
condicionam as ações sociais. precisam de proteção do Estado.
Classe que possui capital cultural
e parte do capital econômico. Segundo Jessé, as desigualdades socioculturais são frutos de
Classe média uma reprodução de costumes ordenados por uma elite do-
Características:
tradicional minante. Evidenciando, com isso, uma continuidade de uma
Possui a ilusão da meritocracia; domina
a classe subalterna (os trabalhadores).
divisão social brasileira, que segregam culturalmente e espa-
cialmente boa parte da população.

O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA

VIOLÊNCIA ƒ Tradição cultural violenta: a repetição cultural da violência


entre os indivíduos, seja pela forma verbal de tratamen-
A sociologia se debruça sobre como a violência afeta as to, seja pelo contato físico. Como consequência de uma
relações humanas, tendo a preocupação em analisar os prática histórica, que trata os seus membros da sociedade
fenômenos recorrentes na sociedade (não só tratando da com uma violência cotidiana, naturalizada com o tempo.
violência física, mas a violência simbólica), a sociologia
precisa estudar esses dados que tendem a ser escondi- Violência doméstica
dos, mascarados ou abordados com excessiva sutileza.
Na sociedade brasileira, a violência doméstica ainda é um
Violência urbana tema alarmante, estando presente em todas as classes so-
ciais, com mais frequência nas classes de menos favorecidas,
A definição para violência urbana é o fenômeno social de
sendo a parcela das vítimas crianças, mulheres e idosos.
comportamento agressivo e transgressor exercido por in-
divíduos ou coletivamente nos limites do espaço urbano. O perfil do agressor, homem adulto na maioria dos delitos,
é caracterizado pelo autoritarismo, falta de empatia, irri-
Os fatores para a existência da violência urbana são:
tabilidade, grosseiras e xingamentos constantes, acompa-
ƒ Instituições frágeis: os órgãos fiscalizadores sociais, re- nhado com o uso de drogas lícitas e ilícitas.
gidos por regras que sofrem alterações por aqueles que
precisam segui-las, condicionam hábitos de descredibi-
lidade nessas próprias instituições. Aqui estão contidos
Violência psicológica
alguns órgãos institucionais e a própria família. Na violência psicológica, se destrói a moral e a autoestima
ƒ Mal funcionamento dos mecanismos de controle jurídi- do indivíduo, desencadeada por ações repetitivas de injúrias
co: as falhas no exercício da coerção legal, o que impede e humilhações.
a realização das normas legais da sociedade.
ƒ Invisibilidade social: quando uma parcela da população Violência sexual
se torna invisível socialmente, perdendo a sua relevân- A violência sexual configura-se mediante abuso, violação
cia na constituição social. e assédio sexual, de modo que não existe consentimento
ƒ Desigualdade social: quanto mais a região apresentar do ato de violação, sendo uma agressão focalizada na se-
uma desigualdade social entre os seus integrantes, maior xualidade da pessoa. A maioria das vítimas são mulheres
será desequilíbrio nos acessos territoriais e econômicos. e crianças, e o agressor é conhecido pela vítima.

146
U.T.I. - Sala objeto de estudo dessa nova ciência os fatos sociais,
compreendidos como “coisa”. O texto adaptado retrata
as características dos fatos sociais.
1. (UFU) Segundo Aron, para Marx, “o tempo de trabalho
necessário para o operário produzir um valor igual ao Não somos obrigados a falar a língua do nosso país,
que recebe sob forma de salário é inferior à duração efe- usar a moeda vigente ou adaptar-nos à tecnologia mo-
tiva do seu salário”. derna; mas se assim não o fizermos, nossas vidas serão
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. um fracasso, portanto, não temos escolha, todos nós
São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 148. somos coagidos a acatá-las. Estas decisões não são
determinadas individualmente, são exteriores à nossa
Com base no trecho, faça o que se pede.
vontade, elas já estão prontas na sociedade.
a) A proposição apresentada por Aron está ligada a
qual conceito dentro da teoria marxista? Explique BOELTER, C.; PLUMER, E. Sobre o pensamento de Durkheim
esse conceito. e Weber. In: TESKE, Ottmar (Coord.). Sociologia: textos e
contextos. Canoas: Ed. Ulbra, 1999, p. 41. Adaptado.
b) Como este conceito, dentro da teoria marxista, pode
ser desdobrado como absoluto e relativo? Explique es- Explique as características dos fatos sociais, na visão de
ses desdobramentos, caracterizando-os e definindo-os. Émile Durkheim, contidas no texto acima.

2. (Ufpr) O fragmento abaixo foi retirado do livro O que 4. (UEL) Leia o texto a seguir.
é Sociologia? e refere-se ao pensamento do sociólogo
Max Weber. O homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a
religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de
A Sociologia por ele [Max Weber] desenvolvida con- si do homem, que ou não se encontrou ou voltou a se
siderava o indivíduo e a sua ação como ponto-chave perder. Mas o homem não é um ser abstrato, acocorado
da investigação. Com isso, ele queria salientar que fora do mundo. O homem é o mundo do homem, o Esta-
o verdadeiro ponto de partida da Sociologia era a do, a sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem
compreensão da ação dos indivíduos e não a análise a religião, uma consciência invertida do mundo, porque
das “instituições sociais” ou do “grupo social”, tão eles são um mundo invertido.
enfatizadas pelo pensamento conservador. Com essa
MARX, Karl. Crítica à Filosofia do Direito de
posição, não tinha a intenção de negar a existência ou
Hegel. São Paulo: Boitempo, 2005. p. 145.
a importância dos fenômenos sociais, como o Estado,
a empresa capitalista, a sociedade anônima, mas tão Na teoria do pensador Karl Marx, há um conceito que
somente a de ressaltar a necessidade de compreender explica essa inversão da realidade (por conseguinte,
as intenções e motivações dos indivíduos que vivenci- da consciência) e, em razão dela, da relação do sujeito
am estas situações sociais. A sua insistência em com- (seres humanos) com aquilo que, objetiva e subjetiva-
preender as motivações das ações humanas levou-o a mente, ele produz.
rejeitar a proposta do positivismo de transferir para
a Sociologia a metodologia de investigação utilizada Com referência às ideias de Marx, responda aos itens
pelas ciências naturais. Não havia, para ele, funda- a seguir.
mento para essa proposta, uma vez que o sociólogo a) Qual é esse conceito?
não trabalha sobre uma matéria inerte, como acon-
b) O que significa inverter a relação sujeito-objeto? Ex-
tece com os cientistas naturais [...]. Vivendo em uma
plique como isso se manifesta na religião.
nação retardatária quanto ao desenvolvimento capi-
talista, Weber procurou conhecer a fundo a essência
5. (UEL 2017) Max Weber é considerado pioneiro em
do capitalismo moderno. Ao contrário de Marx, não
definir o Estado por duas características fundamentais.
considerava o capitalismo um sistema injusto, irracio-
A primeira é o monopólio legítimo do uso da força físi-
nal e anárquico. Para ele, as instituições produzidas
ca. A segunda reside no fato de que tal monopólio é
pelo capitalismo, como a grande empresa, constituíam
restrito a determinado território. O controle das fron-
clara demonstração de uma organização racional que
teiras, incluindo a permissão de quem pode adentrar
desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de
e permanecer em seu território segundo aquelas car-
precisão e eficiência.
acterísticas, seria prerrogativa do Estado. É necessário
(MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia? São Paulo: lembrar, entretanto, que o conceito de Estado elabora-
Brasiliense, 2011, p. 69 e 72. Coleção Primeiros Passos.)
do por Weber é um tipo ideal.

Com base nos conhecimentos sociológicos, caracterize Com base nessas informações e nos acontecimentos
a Sociologia na perspectiva weberiana, discorrendo so- da recente “crise migratória na Europa”, cujo fluxo de
bre os aspectos relevantes dessa perspectiva aponta- refugiados exemplifica alterações significativas dos pa-
dos no texto-base. péis atribuídos ao Estado moderno, cite e explique um
fato que se afasta do tipo ideal de Estado definido por
3. (Uema) Émile Durkheim (1858-1917) é considerado um Weber, apontando para algumas configurações recen-
dos teóricos fundadores da Sociologia e definiu como tes das ações ou reações dos Estados nacionais.

147
6. (UEL) Émile Durkheim considera o fato social o objeto TEXTO 1
de estudo da Sociologia e propõe regras para explicá-lo. Ora, a propriedade privada atual, a propriedade bur-
Duas dessas regras são formuladas da seguinte maneira: guesa, é a última e mais perfeita expressão do modo de
produção e de apropriação baseado nos antagonismos
I. A causa determinante de um fato social deve ser bus- de classes, na exploração de uns pelos outros. Neste
cada entre os fatos sociais anteriores, e não entre os sentido, os comunistas podem resumir sua teoria nesta
estados de consciência individual. fórmula única: a abolição da propriedade privada. (…)
II. A função de um fato social deve ser sempre buscada
na relação que mantém com algum fim social. A ação comum do proletariado, pelo menos nos países
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. civilizados, é uma das primeiras condições para sua
5. ed. São Paulo: Editora Nacional, 1968. p. 102. emancipação. Suprimi a exploração do homem pelo
homem e tereis suprimido a exploração de uma nação
Com base nas regras I e II e nos conhecimentos sobre o por outra. Quando os antagonismos de classes, no inte-
fato social, explique como se dá a relação entre indivíduo rior das nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a
e sociedade para Durkheim. Exemplifique essa relação. hostilidade entre as próprias nações.
Marx e Engels. Manifesto comunista. 1848.
7. Cada um desses estágios do desenvolvimento da bur-
guesia se fez acompanhar do correspondente progresso
político. Estamento oprimido sob a dominação dos sen- TEXTO 2
hores feudais, associação armada e autogovernante na Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para
comuna, ora república municipal independente, ora ter- nos livrar de nossos males. Segundo eles, o homem é in-
ceiro estamento tributável da monarquia; depois, à época teiramente bom e bem disposto para com seu próximo,
da manufatura, contrapeso para a nobreza na monarquia mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe
estamental ou na absoluta, fundamento central de todas a natureza. (…) Se a propriedade privada fosse abolida,
as grandes monarquias – a burguesia por fim conquistou possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos
para si, desde o estabelecimento da grande indústria e a partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade
do mercado mundial, a exclusiva dominação política no desapareceriam entre os homens. (…) Mas sou capaz de
moderno Estado representativo. O moderno poder es- reconhecer que as premissas psicológicas em que o siste-
tatal é apenas uma comissão que administra os negócios ma se baseia são uma ilusão insustentável. (…) A agres-
comuns de toda a classe burguesa. sividade não foi criada pela propriedade. (…) Certamente
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto do (…) existirá uma objeção muito óbvia a ser feita: a de que
Partido Comunista. São Paulo: Penguin Classics/ a natureza, por dotar os indivíduos com atributos físicos e
Companhia das Letras, 2012, p. 46. capacidades mentais extremamente desiguais, introduziu
A partir do texto, responda: Para Marx, qual a relação injustiças contra as quais não há remédio.
entre sistema político e sistema econômico? Sigmund Freud. Mal-estar na civilização. 1930. Adaptado.

8. (UEL) Considere os trechos a seguir. Qual a diferença que os dois textos estabelecem sobre
a relação entre a propriedade privada e as tendências
A classe operária não pode apossar-se simplesmente da
de hostilidade e agressividade entre os homens e as
maquinaria de Estado já pronta e fazê-la funcionar para
nações? Explicite, também, a diferença entre os méto-
os seus próprios objetivos.
dos ou pontos de vista empregados pelos autores dos
MARX, Karl. A revolução antes da revolução. São textos para analisar a realidade.
Paulo: Expressão Popular, 2008, p. 399.

U.T.I. - E.O.
Também do ponto de vista histórico, contudo, o “pro-
gresso” a caminho do Estado regido e administrado se-
gundo um direito burocrático e racional e regras pensa-
das racionalmente, atualmente, está intimamente ligado 1. Em seu estudo sobre o suicídio, Émile Durkheim pro-
ao moderno desenvolvimento capitalista. curou chamar a atenção para a dimensão sociológica
WEBER, Max. Parlamento e governo na Alemanha
deste fato. Assim, “considerando que o suicídio é um
reordenada: crítica política do funcionalismo e da ato da pessoa e que só a ela atinge, tudo indica que
natureza dos partidos. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 43. deva depender exclusivamente de fatores individuais e
que sua explicação, por conseguinte, caiba tão somen-
Com base nos trechos, compare as concepções clás-
te à psicologia. De fato, não é pelo temperamento do
sicas de Estado formuladas nas obras de Karl Marx e
suicida, por seu caráter, por seus antecedentes, pelos
Max Weber.
fatores de sua história privada que em geral se explica
9. (UFPR) Descreva dois dos principais acontecimentos a sua decisão.[...]”. E complementa: “o suicídio varia na
históricos que favoreceram o surgimento da sociolo- razão inversa do grau de integração dos grupos sociais
gia na Europa do século XIX. de que faz parte o indivíduo.”
O suicídio. Estudo de Sociologia.
10. (Unesp) Leia os textos. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

148
a) Explique os tipos de suicídio definidos por Durkheim. 7. (UFF) Escrito em 1880, o livro de Friederich Engels, Do
b) Discorra a respeito da relação estabelecida por Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, buscou dis-
Durkheim entre os tipos de suicídio e os tipos de sol- cutir os limites do chamado Socialismo Utópico. Os filó-
idariedade por ele definidos. sofos do Socialismo Utópico acreditavam que a partir da
compreensão e da boa vontade da burguesia se poderia
transformar a sociedade capitalista, eliminando o indi-
2. Qual o princípio da lei dos três Estados na teoria de vidualismo, a competição, a propriedade individual e os
Auguste Comte? lucros excessivos, todos responsáveis pela miséria dos
trabalhadores. Como alternativa àquela corrente, Engels
3. Segundo Augusto Comte, a sociedade humana deve e Marx propunham o Socialismo Científico.
passar por três estados: o teológico, o metafísico e, por
último, o positivo. É nesse último estado que, para Com- Com base nessa informação:
te, a Sociologia se torna tão importante. a) caracterize a alternativa proposta por Engels e Marx
a) Qual a razão dessa importância? – o Socialismo Científico – em relação ao papel dos tra-
b) Esse tipo de argumento continua sendo válido? balhadores na transformação da sociedade.
b) mencione uma proposta levada a efeito pelos social-
4. Explique qual a importância do conceito de coerção istas utópicos.
segundo Émile Durkheim e o conceito de fato social.
8. (Unesp)
5. (Uel) A análise do tema modernidade, por pensado-
res clássicos da Sociologia, está presente também em TEXTO 1
autores contemporâneos, atentos às condições da so- O positivismo representa amplo movimento de pensa-
ciedade atual. No século XIX, Karl Marx, em seu livro mento que dominou grande parte da cultura europeia,
O manifesto comunista, de 1848, refere-se à sociedade no período de 1840 até às vésperas da Primeira Guerra
burguesa de seu tempo como formação social em que Mundial. Nesse contexto, a Europa consumou sua trans-
tudo o que era sólido desmancha no ar, tudo que era formação industrial, e os efeitos dessa revolução sobre
sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente for- a vida social foram maciços: o emprego das descobertas
çadas a encarar com serenidade sua posição social e científicas transformou todo o modo de produção. Em
suas relações recíprocas. poucas palavras, a Revolução Industrial mudou radical-
mente o modo de vida na Europa. E os entusiasmos se
MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto Comunista. In:
COUTINHO, C.N. et al. O Manifesto Comunista: 150 anos cristalizaram em torno da ideia de progresso humano e
depois. Rio de Janeiro: Contraponto, 1998. p. 11. social irrefreável, já que, de agora em diante, possuíam-se
os instrumentos para a solução de todos os problemas. A
Zigmunt Bauman, em Confiança e medo na cidade, afir- ciência pelos positivistas apresentava-se como a garan-
ma que se, entre as condições da modernidade sólida, a tia absoluta do destino progressista da humanidade.
desventura mais temida era a incapacidade de se con- Giovanni Reale; Dario Antiseri.
formar, agora – depois da reviravolta da modernidade História da filosofia. 1991. Adaptado.
“líquida” – o espectro mais assustador é o da inade-
quação. Temor bem justificado quando consideramos a
TEXTO 2
enorme desproporção entre a quantidade e a qualidade
de recursos exigidos por uma produção efetiva de segu- O “progresso” não é nem necessário nem contínuo. A
rança do tipo “faça você mesmo”. humanidade em progresso nunca se assemelha a uma
pessoa que sobe uma escada, acrescentando para cada
Adaptado de: BAUMAN, Z. Confiança e medo na cidade.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. p. 21-22. um dos seus movimentos um novo degrau a todos aque-
les já anteriormente conquistados. Nenhuma fração da
Com base nesses trechos e nos conhecimentos sobre humanidade dispõe de fórmulas aplicáveis ao conjunto.
modernidade, apresente: Uma humanidade confundida num gênero de vida único
a) uma característica particular para Marx e uma para é inconcebível, pois seria uma humanidade petrificada.
Bauman; Claude Lévi-Strauss. A noção de estrutura
em etnologia. 1985. Adaptado.
b) duas características comuns para ambos os autores.
a) Considerando o texto 1, explique o que significa “eu-
6. (UFU) Para Weber, a Sociologia é uma ciência que pro- rocentrismo” e por que o conceito de progresso pres-
cura compreender a ação social; a compreensão implica suposto pelo positivismo é eurocêntrico.
a percepção do sentido que o ator atribui à sua conduta.
b) Por que o método empregado pelo autor do texto 2
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. é considerado relativista? Como sua concepção de pro-
São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 465.
gresso se opõe ao conceito de progresso positivista?
Em vista do exposto, faça o que se pede.
9. (UFPR) Leia com atenção o fragmento abaixo.
a) Defina o que é ação social para Weber.
b) Caracterize os quatro tipos puros de ação social para Segundo a citação de Maia e Pereira (2009, p. 7-8), re-
Weber. tirada do livro Pensando com a Sociologia, “em seu

149
famoso livro sobre as formas de fazer sociologia, Wri- na sociedade e no período no qual sua situação e seu
ght Mills utilizou a expressão ‘imaginação sociológica’. ser se manifestam. Mills também sugere que “por meio
[...] essa imaginação poderia ser aprendida e exercida da ‘imaginação sociológica’ os homens podem perce-
por qualquer pessoa educada que se mostrasse curiosa ber o que está acontecendo no mundo e compreender
a respeito das relações entre biografia e história. Ou o que acontece com eles, como minúsculos pontos de
seja, a sociologia não seria simplesmente uma disci- cruzamento da biografia e da história, na sociedade”
plina acadêmica ou uma ciência ultrassofisticada, mas (MILLS, 1969, p. 14).
uma forma de argumento público capaz de revelar as MAIA, João Marcelo Ehlert; PEREIRA, Luís Fernando Almeida.
conexões entre as transformações na vida cotidiana e Pensando com a Sociologia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.
os processos mais amplos de mudança histórica”. Nas
palavras de Wright Mills: “A ‘imaginação sociológica’ No fragmento de texto acima, o autor usa o divórcio
é um ato que permite ir além das experiências e das para exemplificar de que forma as experiências individ-
observações pessoais para compreender temas públi- uais se conectam com as transformações sociais mais
cos de maior amplitude. O divórcio, por exemplo, é um amplas. Com base nos conhecimentos sociológicos, car-
fato pessoal inquestionavelmente difícil para o mari- acterize a “imaginação sociológica”, discorrendo sobre
do e para a esposa que se separam, bem como para os aspectos relevantes dessa perspectiva apontados no
os filhos. Entretanto, o uso da ‘imaginação sociológi- texto-base, e mencione e explique outro fato social para
ca’ permite compreender o divórcio não apenas como exemplificar o raciocínio da “imaginação sociológica”.
problema pessoal individual, mas também como uma
preocupação social. O aumento da taxa de divórcio re- 10. (UFU) Considere a seguinte citação.
define uma instituição fundamental – a família”. Cabe
salientar que a ‘imaginação sociológica’ não consistiria É evidente que, tecnicamente, o grande Estado moder-
simplesmente em aumentar o grau de informação das no é absolutamente dependente de uma base burocrá-
pessoas, mas numa “[...] qualidade de espírito que lhes tica. Quanto maior é o Estado e principalmente quanto
ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a mais é, ou tende a ser, uma grande potência, tanto mais
fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no incondicionalmente isso ocorre.
mundo e o que pode estar acontecendo dentro deles WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. 5. ed. Rio de
mesmos” (MILLS, 1969, p. 11). A imaginação sociológica Janeiro: Guanabara Koogan, 1982, p. 246.
é uma forma crítica de pensar em sociologia, que nos
a) De acordo com a Sociologia de Max Weber, explique
permite conectar a nossa experiência vivida (e a expe-
a diferença entre poder e dominação.
riência vivida dos outros) no contexto mais amplo das
instituições sociológicas em que ocorre. A utilização da b) Cite os três tipos puros de dominação legítima e ex-
‘imaginação sociológica’ se fundamenta na necessida- plique cada um deles.
de de conhecer o sentido social e histórico do indivíduo

150
GEOGRAFIA 1

151
MOVIMENTOS DA TERRA

MOVIMENTOS DA TERRA
Do ponto de vista da ciência, a Terra possui um único movimento, que pode, dependendo de suas causas, ser dividido nos
seguintes componentes:
ƒ movimento de rotação em torno de seu eixo;
ƒ movimento de translação em torno do Sol;
ƒ movimentos de precessão e de nutação;
ƒ movimento dos polos;
ƒ movimento em torno do centro de nossa galáxia.
Os dois primeiros são os principais, pois suas influências podem ser sentidas diariamente.

Movimento de rotação

O movimento de rotação ocorre quando a Terra gira em torno de si mesma, de oeste para leste, isto é, em torno de um eixo
imaginário que passa por seus polos. A duração do chamado dia sideral, ou seja, o tempo necessário para a Terra completar
uma volta em torno de seu eixo (360º exatos), é de 23 horas, 56 minutos, 4 segundos e 9 décimos. Em relação ao Sol, o
tempo de rotação médio, o chamado dia solar médio, é de 24 horas. O dia solar é compreendido como o período entre duas
passagens sucessivas do Sol sobre o meridiano local e varia ao longo do ano, sendo sempre superior ao dia sideral.

Movimento de translação
A Terra, ao mesmo tempo em que gira em torno do seu eixo, também realiza o movimento de translação, que consiste em dar
uma volta completa em torno do Sol. Para realizar esse movimento, ela utiliza cerca de 365 dias – ou precisamente 365 dias, 5
horas, 48 minutos e 46 segundos. O trajeto percorrido com esse movimento é denominado órbita terrestre.
A órbita terrestre é elíptica, onde o Sol está ligeiramente deslocado em relação ao centro do movimento.
A Terra está mais próxima do Sol entre 4 a 7 de janeiro e mais distante entre 4 e 7 de julho.

152
Periélio e afélio
O periélio é o ponto da órbita de um corpo, seja ele planeta, asteroide ou cometa, que está mais perto do Sol. Quando um corpo
está no periélio, ele tem a maior velocidade de translação de toda a sua órbita.
O afélio, por sua vez, é o ponto da órbita em que um planeta ou um corpo está mais distante do Sol. Quando um astro está
no afélio, ele tem a menor velocidade de translação de toda a sua órbita, proporcionando invernos mais longos no HS e
verões mais longos no HN.
MOVIMENTO ACELERADO TERRA

SOL

PERIÉLIO AFÉLIO

MOVIMENTO RETARDADO

EQUINÓCIO, SOLSTÍCIO E ESTAÇÕES DO ANO


Quatro pontos do trajeto de translação são significativos ao longo do ano: dois solstícios e dois equinócios. Os dois equinócios
são os momentos nos quais os raios solares incidem perpendicularmente no Equador. Dias 21 ou 22 de março e 23 de setembro
são datas que marcam, respectivamente, o início do outono e da primavera no hemisfério Sul e o início da primavera e do outono
no hemisfério Norte.

Já os solstícios são os momentos nos quais os raios solares incidem perpendicularmente sobre um dos trópicos. Eles
ocorrem em 22 de junho, no Trópico de Câncer (no hemisfério Norte), e em 21 de dezembro, no Trópico de Capricórnio
(hemisfério Sul). Essas duas datas marcam, respectivamente, o início do inverno e do verão no hemisfério Sul, e o início
do verão e do inverno no hemisfério Norte. No dia de solstício, os raios solares tangenciam um dos polos, fazendo com
que este tenha 24 horas de luz, e o outro, 24 horas de escuridão.

COODERNADAS GEOGRÁFICAS E FUSO HORÁRIO

COORDENADAS GEOGRÁFICAS
Meridianos
Os meridianos são linhas imaginárias que ligam os Polos Norte e Sul, formando “meias circunferências” na Terra.
O meridiano de Greenwich divide a Terra em dois hemisférios: ocidental e oriental. A partir dele, é possível traçar diversos
meridianos, até o limite de 180°, tanto para Oeste quanto para Leste, o que totaliza os 360° da “circunferência” da Terra.

153
Paralelos
A linha imaginária traçada na parte mais larga da Terra é o paralelo de zero grau (0°), cujos pontos são equidistantes dos
polos. Ele foi denominado Equador, o principal paralelo, e divide o planeta em dois hemisférios, Norte e Sul.
Os outros paralelos são traçados seguindo a linha do Equador, tanto para o Norte quanto para o Sul. Além do Equador,
existem quatro paralelos notáveis: no hemisfério Norte, há o Círculo Polar Ártico (90° N) e o Trópico de Câncer (23° N); no
hemisfério Sul, há o Círculo Polar Antártico (90° S) e o Trópico de Capricórnio (23° S).

MERIDIANOS PARALELOS
antimeridiano Polo norte 90º N Latitudes
180º
de Greenwich norte


Greenwich

Equador

© César da Mata/Schäffer Editorial


Latitudes
0º sul
Longitudes Longitudes
oeste leste

Latitude e longitude
ƒ Latitude é a distância, medida em graus, que separa a linha do Equador de um ponto qualquer da superfície terrestre.
Ela varia de 0° a 90° ao Norte e ao Sul.
ƒ Longitude é a distância, medida em graus, do meridiano de Greenwich a um ponto qualquer da superfície da Terra. Ela
varia de 0° a 180° a Leste ou a Oeste.

LONGITUDES LATITUDES

ZONAS DE ILUMINAÇÃO
Nas áreas próximas aos polos, onde a curvatura da Terra é mais acentuada, os raios do sol se distribuem por uma superfície
menor, determinando menor concentração de calor.
Nas baixas latitudes (próximas ao Equador), os raios solares tocam perpendicularmente a superfície do planeta, determinan-
do maior concentração e, consequentemente, maior aquecimento. Temperaturas médias ocorrem nas latitudes médias (entre
os trópicos e os círculos polares).
1. Zona Tropical ou Tórrida (ou de baixas latitudes) – situada entre os trópicos.
2. Zona Temperada do Norte (ou de médias latitudes) – situada entre o Trópico de Câncer e o Círculo Glacial Ártico.
3. Zona Temperada do Sul (ou de médias latitudes) – situada entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Glacial Antártico.
4. Zona Glacial Ártica (ou de altas altitudes) – situada ao Norte do Círculo Glacial Ártico.
5. Zona Glacial Antártica (ou de altas latitudes) – situada ao Sul do Círculo Glacial Antártico.

154
FUSO HORÁRIO
Dividindo-se os 360º da “esfera” terrestre pelo número de horas em que a Terra leva para completar seu movimento de
rotação, tem-se 15º (quinze graus), ou seja, a cada hora, a Terra gira 15º. Partindo desse raciocínio, o planeta foi dividido em 24
fusos horários, correspondentes às 24 horas do dia e limitados por meridianos, distantes 15º uns dos outros.
O meridiano 0º tem como referência o observatório de Greenwich. Como a Terra gira de Oeste para Leste, os fusos à leste de
Greenwich têm as horas adiantadas em relação ao fuso inicial. Os fusos situados à oeste, por sua vez, têm as horas atrasadas
em relação à hora de Greenwich.

MERIDIANO 0, MARCADO NO OBSERVATÓRIO REAL DE GREENWICH, A LESTE DE LONDRES

Definiu-se o antimeridiano de Greenwich, ou seja, a linha de longitude 180º, oposta ao meridiano inicial, chamada Linha
Internacional de Mudança de Data. Esse meridiano divide um fuso em que todos os lugares têm a mesma hora, mas,
a oeste da linha, a data está um dia na frente da data a leste.

155
Fuso horário legal
Fusos horários do Brasil
ƒ primeiro fuso (UTC-2): Atol das Rocas, Fernando de Noronha, Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Trindade e
Martim Vaz;
ƒ segundo fuso – horário de Brasília (UTC-3): regiões Sul, Sudeste e Nordeste; Estados de Goiás, Tocantins, Pará e
Amapá; e o Distrito Federal;
ƒ terceiro fuso (UTC-4): Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e a parte do Amazonas que
fica a leste da linha que interliga Tabatinga e Porto Acre;
ƒ quarto fuso (UTC-5): Estado do Acre e a porção do Amazonas que fica a oeste da linha.

Brasil: fuso horário


70° O 60° O GUIA NA 50° O 40° O
VENEZUELA FRA NCESA N
SURINA ME
COLÔMBIA
- 4:30 O
GUIANA
horas RR
OC S
AP EA
Linha do Equador NO
AT
L Â

N
TI
AM PA

CO
MA CE
RN
PB
PI
PE
AC AL
10° S TO
RO SE

MT BA
PERU

DF
GO

BOLIVIA MG
MS ES
20° S

PA RA GUA I
SP RJ
Capricórnio
O

Trópico de CHILE PR
IC

T
PACÍFICO

N
OCEANO

SC LÂ
AT
ARGENTINA RS O
N
A
E

Escala 1:40 000 0


30° S
C

400 200 0
O

URUGUA I

Horário de verão

NOÇÕES DE CARTOGRAFIA

CARTOGRAFIA
Definições de mapas e cartas
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “carta é a representação no plano, em escala média ou
grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas
por linhas convencionais – paralelos e meridianos – com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de pre-
cisão compatível com a escala”. Ainda segundo o IBGE, “mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena,
dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária, delimitada
por elementos físicos, político-administrativos, destinadas aos mais variados usos, temáticos, culturais e ilustrativos”.
ƒ cadastrais – escalas de 1:500 a 1:10.000;
ƒ topográficos – escalas de 1:25.000 a 1:250.000;
ƒ geográficos – escalas de 1:500.000 a 1:1.000.000.

156
Escala
ƒ Escala numérica: representada por uma fração, na qual o numerador indica a distância no mapa, e o denominador
indica a distância na superfície real. Uma escala 1:100.000 (um por cem mil) significa que a superfície representada foi
reduzida 100 mil vezes. Nesse caso, 1 cm no mapa = 100.000 cm = 1.000 m = 1 km na realidade.
ƒ Escala gráfica: é uma linha reta graduada, por meio da qual se indica a relação da distância real com as distâncias
representadas no mapa. Por exemplo: 1 cm = 100 km.

2 1 0 2 4

km © César da Mata/
Schäffer Editorial

A fórmula para calcular a distância real entre dois pontos em um mapa é D = E × d, em que D é distância real, d é a distância
no mapa e E é a escala.

CONSTRUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS MAPAS


Orientação no mapa
A maioria dos mapas traz uma rosa dos ventos ou uma seta indicando o Norte. Quando não há essa indicação, convencionou-se
que o Norte está na parte superior do mapa.
N

Elementos de um mapa
ƒ Título: informa o tema que está sendo representado.
ƒ Legenda: mostra o significado dos símbolos e é importante para explicar o que o mapa comunicou visualmente.
ƒ Escala: indica quantas vezes o mapa foi reduzido, possibilitando o cálculo das distâncias e das dimensões reais do
espaço representado.

157
Topografia e curvas de nível

EXEMPLO DE CURVA DE NÍVEL E PERFIL TOPOGRÁFICO

A interpretação das curvas de nível exige o conhecimento de algumas noções básicas:


ƒ Quanto maior a declividade do terreno representado, mais próximas são as curvas de nível; elas são mais afastadas na
representação de terrenos pouco íngremes.
ƒ Há sempre a mesma diferença de altitude entre duas curvas de nível.
ƒ Pontos situados na mesma curva de nível têm a mesma altitude.
ƒ Os rios nascem nas áreas mais altas e correm para as áreas mais baixas.

EXEMPLO DE UMA ÁREA MAIOR REPRESENTADA EM CURVAS DE NÍVEL

Sensoriamento remoto
O sensoriamento remoto é uma tecnologia de obtenção de imagens e dados da superfície terrestre por meio da captação e
registro da energia refletida/emitida pela superfície, sem que haja contato físico entre o sensor e a superfície estudada (por
isso é denominado remoto).

158
Quando a imagem for capturada, ela será analisada, transformada em mapas ou constituirá um banco de dados georrefe-
renciados, caracterizando o que é chamado de geoprocessamento.

ESQUEMA DE UM SIG

PRINCIPAIS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS


Quanto à superfície
Projeção cônica
Os paralelos formam círculos concêntricos, e os meridianos são linhas retas que convergem para os polos.
© César da Mata/Schäffer Editorial

Projeção cilíndrica
© Pearson Prentice Hall, Inc.

Os paralelos e os meridianos são linhas retas que convergem entre si.

159
Projeção azimutal, plana ou polar
Parte sempre de um ponto para a representação da(s) área(s) – por isso é usada para pequenas áreas. Pode ser de três tipos:
polar, equatorial e oblíqua (chamada também de horizontal).

Equador

Eq
ua
do
r

Quanto às propriedades
ƒ Projeção conforme: preserva os ângulos e deforma as áreas.
ƒ Projeção equivalente: preserva as áreas e altera os ângulos.
ƒ Projeção afilática: não conserva propriedades, mas minimiza as deformações em conjunto (ângulos, áreas e distâncias).
ƒ Projeção equidistante: as distâncias se preservam, e as áreas e os ângulos (consequentemente, a forma) são deformados.

Projeção de Mercator ou cilíndrica conforme


Conserva a forma dos continentes, direções e ângulos, mas altera a proporção das superfícies, principalmente as regiões
de alta latitude.
© César da Mata/Schäffer Editorial

PROJEÇÃO DE MECATOR

Projeção de Peters ou cilíndrica equivalente


Conserva as áreas das superfícies representadas, apesar de distorcer suas formas.
© César da Mata/Schäffer Editorial

PROJEÇÃO DE PETERS

160
ELEMENTOS DO CLIMA E FATORES CLIMÁTICOS

CLIMA E TEMPO
O tempo é algo momentâneo, de curta duração. Tempo é a condição atmosférica de um determinado lugar em um dado
momento.
O clima é algo duradouro, permanente, que não muda de um momento para outro. Clima é a sucessão habitual dos tipos de
tempo num determinado lugar da superfície terrestre.

Elementos do clima
Radiação solar
Uma parte da energia em forma de radiação eletromagnética emitida pelo Sol é interceptada pelo sistema Terra-atmosfera
e convertida em outras formas de energia, como calor e energia cinética da circulação atmosférica.

Temperatura do ar
Temperatura é a medida da energia cinética média das moléculas ou átomos individuais. A temperatura do ar é variável de
acordo com os seguintes fatores: radiação solar, massas de ar, aquecimento diferencial do continente e da água, correntes
oceânicas, altitude e posição geográfica.

Umidade do ar
Trata-se da presença de vapor de água no ar. As principais maneiras de descrever quantitativamente a presença de vapor
d’água no ar são a umidade absoluta e a umidade relativa (U.R.), que é a relação entre a quantidade de água existente no ar
(umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderá haver na mesma temperatura (saturação). Isso significa que, em vez
de indicar a real quantidade de vapor de água no ar, esse índice indica quão próximo o ar está de se tornar saturado. Quando
o ar está saturado, a umidade relativa é de 100%.

Precipitação
Em meteorologia, precipitação descreve qualquer tipo de fenômeno relacionado à queda de água do céu. Isso inclui neve,
chuva e chuva de granizo. A precipitação é uma parte fundamental do ciclo hidrológico, sendo responsável por retornar a
maior parte da água doce ao planeta.

Tipos de chuvas

REPRESENTAÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE CHUVA

161
ƒ As chuvas convectivas ou de convecção (I) são típicas da região intertropical, principalmente na Zona Equatorial, e
de verão, no interior dos continentes, devido às altas temperaturas. O calor do Sol esquenta o ar, que tende a subir e a esfriar
enquanto sobe. Dessa forma, o vapor de água contido no ar esfria e precipita. A evaporação também é intensa; assim, esse
ar que sobe carrega muita umidade; à medida que aumenta a quantidade de vapor no ar, aumenta também a instabilidade,
ou seja, o ar está à beira de atingir o ponto de saturação. A umidade elevada de tal forma atingirá níveis muito altos por
volta das 15/16 horas, desencadeando tempestades e aguaceiros. A chuva manifesta-se intensamente e é de curta duração,
sendo fácil identificá-la, pois decorrem de nuvens brancas, densas e algodoadas, os cúmulos. Quando há muita umidade, o
branco torna-se cinza-escuro e a nuvem ganha o nome de cumulonimbus, que verterá sua carga de modo particularmente
intenso, acompanhada de tormenta, raios e, às vezes, granizos. As chuvas são ditas de convergência, pois as massas de ar
sobem com a ajuda de ventos alísios, que convergem para as áreas equatoriais.
ƒ As chuvas frontais (II) resultam do encontro de duas massas de ar com características distintas de temperatura e
umidade. A partir desse choque, a massa de ar quente sobe e o ar esfria, aproximando-se do ponto de saturação,
originando nuvens e, é claro, chuva. São do tipo chuvisco, à passagem de uma frente quente; e do tipo aguaceiro, de
frente fria. Essas precipitações são típicas em áreas de baixa pressão, principalmente nas zonas dos trópicos ou tempe-
radas, onde ocorrem o encontro das massas de ar polares com as massas de ar tropicais. Caracteriza-se uma frente fria
quando ocorre precipitação pelo ar frio procedente dos polos. Contudo, também poderá ser causada por um processo
oposto: uma frente quente e úmida que atropela massas de ar em região fria.
ƒ As chuvas orográficas ou de relevo (III) são as que derivam de uma subida forçada do ar, quando, no seu traje-
to, apresenta-se uma cadeia de montanhas. Ao subir, o ar esfria, o ponto de saturação diminui, a umidade relativa
aumenta e dá-se a condensação e, consequentemente, a formação de nuvens e chuva. Essas chuvas são frequentes
nas áreas de relevo acidentado, ao longo de serras, de onde sopram ventos úmidos. Um bom exemplo de obstáculo
orográfico é a Serra do Mar em São Paulo.

Pressão atmosférica
Trata-se da força exercida pelo ar em um determinado ponto da superfície. Está intimamente relacionada à temperatura, ao
vapor d’água, à altitude e à latitude. Quanto mais baixa a altitude, maior a pressão atmosférica.

Velocidade e direção do vento


O vento consiste na circulação da atmosfera. Os ventos são denominados a partir da direção de onde eles sopram. Um vento norte
sopra do norte para o sul; um vento leste sopra de leste para oeste. Assim, a direção do vento é o ponto cardeal de onde vem o
vento: N, NE, E, SE, S, SW, W e NW. As medidas básicas do vento referem-se à sua direção e velocidade.

FATORES CLIMÁTICOS
Latitude
Altitude

O aumento da altitude faz com que o ar se torne mais rarefeito e frio.

162
Massas de ar
Correntes marítimas

Maritimidade e continentalidade
Relevo
Vegetação

DINÂMICAS CLIMÁTICAS

ATMOSFERA
A atmosfera é uma camada relativamente fina de gases e material particulado (aerossóis) que envolve a Terra. Cerca de 97%
da massa total da atmosfera concentra-se nos primeiros 302 km, contados a partir da superfície terrestre.
ƒ Troposfera;
ƒ Estratosfera;
ƒ Mesosfera;
ƒ Termosfera.

Circulação geral da atmosfera


ƒ de nordeste, entre cerca de 30°N e o equador, e de sudeste entre 30°S (os quais existem e chamam-se “ventos alíseos”);
ƒ de sudoeste entre 30°N e 60°N, e no noroeste entre 30°S e 60°S (os quais existem e chamam-se “ventos de oeste”);
ƒ de noroeste entre 60°N e 90°N, e de sudeste entre 60°S e 90°S (os quais existem e chamam-se “ventos polares”).
Como a convergência e divergência dos ventos na superfície estão ligados à regiões de baixa e alta pressão. A região de con-
vergência dos alíseos na região equatorial é chamada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

163
Analisando essa atmosfera descrita numa seção vertical, observamos o aparecimento de três pares de células de circulação,
na escala global:
ƒ Célula de Hadley (entre 0° e 30°);
ƒ Célula de Ferrel (entre 30° e 60°); e
ƒ Célula Polar (entre 60° e 90°).
Célula polar

Alta polar

Célula de Ferrel
60º Frente polar

Baixa subpolar
Célula
Ventos contra alísios
de
Hadley

A Alta A
subtropical

Zona de
Ventos alísios
convergencial
Baixa 0º Intertropical
Equatorial (ZCTT)

B
B B

30º
A Alta A
subtropical

60º

FENÔMENOS METEOROLÓGICOS DEVASTADORES


Tornados
Quanto mais intensas as correntes de ar ascendentes e descendentes dentro da nuvem, maior será a possibilidade de formar-se
um rodamoinho que evolui para o tornado e que aparece como uma protuberância na base da nuvem. Quando ocorrem sobre
o mar ou sobre grandes corpos d’água, os tornados recebem o nome de tromba d’água.

FORMAÇÃO DE UMA TROMBA D’ÁGUA

164
2

3 4

Furacão, tufão e ciclone


Furacões e tufões são o mesmo fenômeno meteorológico: ciclones tropicais.
Para ser classificado como furacão, tufão ou ciclone, uma tempestade deve atingir velocidades de vento de pelo menos
119 km/h. São aglomerados de tempestades que têm origem em oceanos onde a temperatura superficial da água está
acima de 27 ºC.

El Niño
De tempos em tempos, as águas equatoriais do Pacífico aquecem de maneira anormal, resultando no aparecimento do
fenômeno El Niño, que altera profundamente o clima em escala planetária. Esse aquecimento manifesta-se nos meses de
setembro/outubro.
No Brasil, os efeitos de El Niño foram sentidos em diferentes regiões. O Nordeste foi flagelado por uma forte seca, enquanto
o Rio Grande do Sul enfrentava enchentes. Na úmida região Norte choveu muito menos do que o esperado, propiciando o
aparecimento de grandes incêndios, como o que devastou 15% do estado de Roraima.

La Niña
La Niña também é um fenômeno cíclico cuja manifestação opõe-se a do El Niño. Acontece quando ocorre um resfriamento
maior que o normal das águas do Pacífico, em média, a cada dois ou sete anos, e pode durar aproximadamente um ano.
No Brasil, La Niña alterou o regime de chuvas nordestino e provocou uma primavera atípica na região Sudeste, com índices plu-
viométricos maiores do que a média nesse período, e temperaturas mais baixas que o normal, provocadas pela sucessão de dias
nublados ou chuvosos. As áreas em azul representam regiões frias, onde ocorre o fenômeno do La Niña.

165
AS MANCHAS EM AZUL INDICAM QUE AS ÁGUAS DO PACÍFICO EQUATORIAL ESTÃO MAIS FRIAS

frio

frio
seco e
quente

chuvoso
frio chuvoso seco
seco e frio seco chuvoso
e frio

frio e frio
chuvoso

Dezembro, Janeiro e Fevereiro

chuvoso frio e
chuvoso
frio chuvoso quente e seco
chuvoso
frio
quente
seco
chuvoso

Junho, Julho e Agosto


LA NIÑA E SEUS EFEITOS SOBRE O CLIMA

OS GRANDES CLIMAS DO PLANETA TERRA


Clima equatorial
As temperaturas médias anuais situam-se entre 24 ºC e 27 ºC.
As chuvas são abundantes o ano todo.

166
Clima mediterrâneo
Podemos afirmar que esse clima tem como características
gerais um verão quente, seco e prolongado e um inverno
suave, chuvoso e curto.

Clima tropical
A amplitude térmica anual é 15 ºC e 20 ºC. Clima temperado continental
O clima tropical caracteriza-se genericamente pela ex- ƒ Considerável amplitude térmica anual.
istência de duas estações ou períodos: a estação mais
ƒ Pluviosidade é baixa.
úmida e a estação seca.

Clima desértico Clima temperado oceânico


ƒ As temperaturas médias anuais giram em torno de 20
A aridez, reforçada pela presença de correntes frias que
ºC e a amplitude térmica anual é considerável.
fornecem pouquíssima umidade para os litorais, é a princi-
pal característica do clima desértico. ƒ Não há meses secos.

167
Clima subpolar Clima polar
As temperaturas médias anuais são muito baixas, e a A média do mês mais quente não chega a 10 ºC, e a média
média do mês mais quente não supera os 10 ºC; As chuvas do mês mais frio é muito inferior a 0 ºC. As chuvas inex-
são escassas e a maior parte das precipitações ocorre sob istem, e as precipitações ocorrem sob forma de neve.
forma de neve ao longo do ano.

Clima frio de montanha ou clima de altitude


Todas as precipitações ocorrem sob forma de neve, e as temperaturas chegam, nos pontos mais frios, a –30 ºC; durante o
verão não chegam a 10 ºC.

CLIMAS DO BRASIL

ELEMENTOS DO CLIMA DO BRASIL: AS MASSAS DE AR


Frentes quentes e frentes frias
ƒ Frente quente: as frentes quentes deslocam-se do equador para os polos.
ƒ Frente fria: as frentes frias deslocam-se dos polos para o Equador.

O mecanismo das massas de ar no Brasil


As massas de ar constituem elemento determinante dos climas brasileiros porque podem mudar bruscamente o tempo nas
áreas onde atuam.
O Brasil sofre a influência de praticamente todas as massas de ar que atuam na América do Sul, exceto as que têm origem no
oceano Pacífico (oeste), cuja influência é limitada pela cordilheira dos Andes que barra a sua passagem para o interior do continente.
O mecanismo das massas de ar no Brasil depende da circulação geral da atmosfera na Terra.
Por ter 92% de seu território na zona tropical e estar localizado no Hemisfério Sul, onde as massas líquidas (oceanos e
mares) ocupam mais espaço do que as massas sólidas (terras), o Brasil é influenciado predominantemente pelas massas
de ar quente e úmida.

168
Massa equatorial continental (mEc)
Quente e úmida.

Massa equatorial atlântica (mEa)


Quente e úmida

Massa tropical atlântica (mTa)


Quente e úmida.

Massa tropical continental (mTc)


Quente e seca.

Massa polar atlântica (mPa) FONTE: <PROFWLADIMIR.BLOGSPOT.COM.BR/2012/09/


MAPAS-BRASIL-CLIMA.HTML>. (ADAPTADO)
Fria e úmida.

Atuação das massas de ar no Brasil – inverno e verão


Clima tropical continental
O clima tropical envolve a maior parte da região Cen-
Brasil - Massas de ar Brasil - Massas de ar
Verão Inverno
tro-Oeste, do Sudeste e partes do Nordeste.
mEa
Equador mEa Equador

mEc mEc

mEa oEquatorial
atlântica
mEc oEquatorial
continental
mTa o Tropical
atlântica
mTc mTc o Tropical mTc mTa
continental
mTa mPa oPolar atlântica Alísio de
mPa sudeste
Fonte: educação.globo.com/geografia

OS FATORES DO CLIMA NO BRASIL FONTE: <PROFWLADIMIR.BLOGSPOT.COM.BR/2012/09/


Diversos fatores podem modificar os elementos que compõem MAPAS-BRASIL-CLIMA.HTML>. (ADAPTADO)

o clima. No caso brasileiro, destacamos a altitude, a latitude, a


continentalidade, a maritimidade e as correntes marinhas, que Clima tropical semiárido
podem ter maior ou menor influência no clima brasileiro.
O clima semiárido abraça uma região, cujo limite apre-
senta algumas variações nos diferentes mapas. É o clima
Altitude denominado sertão nordestino.

Latitude semiárido

Continentalidade e maritimidade
Correntes marítimas
Corrente do Brasil e a corrente das Guianas.

CLIMAS DO BRASIL
Clima equatorial
O clima equatorial abrange a região norte brasileira, o norte FONTE: <PROFWLADIMIR.BLOGSPOT.COM.BR/2012/09/
do Mato Grosso e de Tocantins e, ainda, o oeste do Maranhão. MAPAS-BRASIL-CLIMA.HTML>. (ADAPTADO)

169
Clima tropical úmido

FONTE: <PROFWLADIMIR.BLOGSPOT.COM.BR/2012/09/MAPAS-BRASIL-CLIMA.HTML>. (ADAPTADO)

Vai da divisa do Paraná e de São Paulo até próximo ao “cotovelo” do Rio Grande do Norte.

Clima tropical de altitude


Nos planaltos e serras do leste e sudeste do Brasil.

FONTE: <PROFWLADIMIR.BLOGSPOT.COM.BR/2012/09/MAPAS-BRASIL-CLIMA.HTML>. (ADAPTADO)

Em geral, as precipitações são pouco mais acentuadas que na região de clima tropical. A região com as maiores médias plu-
viométricas do Brasil estão na serra do Mar, no estado de São Paulo, e o lugar no qual já foram registrados os maiores índices de
precipitação do Brasil é Itapanhaú (próxima à cidade paulista de Mogi das Cruzes), onde já choveu 4500 mm num único ano.
No domínio do clima tropical de altitude, sobreleva-se a ação da massa tropical atlântica. Além disso, é frequente a ação
da massa polar atlântica. O encontro dessas duas traz muitas chuvas à região, sobretudo no verão, quando a mPa faz um
caminho quase marinho, chegando carregada de umidade às regiões serranas.

170
Clima subtropical
A parte do Brasil ao sul do Trópico de Capricórnio.

FONTE: <PROFWLADIMIR.BLOGSPOT.COM.BR/2012/09/MAPAS-BRASIL-CLIMA.HTML>. (ADAPTADO)

HIDROLOGIA E BACIAS HIDROGRÁFICAS

INTRODUÇÃO À HIDROLOGIA
Ciclo hidrológico
Vapor transportado para
terra firme

Precipitação
Transpiração

Evaporação
Percolação Precip
Evaporação

Lago

Rio
Terra
Oceano

Fluxo subterrâneo

171
MARES E OCEANOS
ƒ Oceano.
ƒ 71% do planeta.
ƒ Pacífico, Atlântico, Índico e Glacial Ártico.
Mares fazem parte dos oceanos. Grandes massas de água salgada cercadas por terra, parcial ou completamente.
ƒ Mar fechado: é aquele que não possui nenhuma ligação com o oceano.
ƒ Mar interior (ou Mediterrâneo): possui uma pequena ligação com o oceano;
ƒ Mar aberto: é aquele que tem grande ligação com o oceano.

Mares da Europa

Oceano Atlântico Mar do Norte Mar Báltico


Mar da Irlanda

Canal da Mancha

Golfo de Vizcaya
Mar de Azov
Mar Caspio
Mar Negro
Mar Adriático

Mar de Mármara
Mar Mediterrâneo
Mar Egeo

IMAGENS DO MAR CÁSPIO (FECHADO), DO MAR DO NORTE OU DE BERENTS (ABERTO) E DO MAR MEDITERRÂNEO (CONTINENTAL)

Glacial Ártico

Oceano
Pacífico

Oceano
Oceano Oceano Índico
Pacífico Atlântico

Oceano Antártico

DISTRIBUIÇÃO DOS OCEANOS NO PLANETA TERRA

172
Ondas e marés
As ondas são produzidas pelos ventos.

As marés correspondem ao movimento diário das águas que avançam e recuam, fenômeno esse resultante de forças gravi-
tacionais que o Sol e a Lua exercem sobre a Terra.

Correntes marítimas
As correntes marítimas são massas menores de água que se deslocam em direções distintas. Elas mantêm suas carac-
terísticas de cor, salinidade e temperatura, ou seja, não se misturam. Esse deslocamento é causado pela ação dos ventos
e pelo movimento de rotação da Terra. Em razão disso, as correntes marítimas se deslocam de acordo com os hemisférios
da Terra. No Hemisfério Norte, seguem no sentido horário e, no Hemisfério Sul, no sentido anti-horário.
Corrente do Golfo, corrente do Brasil, corrente de Humboldt e a corrente de Benguela.

CORRENTES MARÍTIMAS – TEMPERATURA E DIREÇÃO

Degradação e poluição marinha


Derramamento de petróleo, lançamento de esgotos urbanos e de lixo atômico em águas marítimas e oceânicas são preocupantes.
Resultado: contaminação das águas marinhas com prejuízo de pontos turísticos litorâneos, da oferta e da saúde de peixes.

173
INFOGRÁFICO DAS PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DOS VAZAMENTOS DE PETRÓLEO

ÁGUAS CONTINENTAIS
Uma pequena parte de toda a água do mundo localiza-se nas áreas continentais. Os rios representam apenas uma pequena
porcentagem delas, e suas águas sempre foram um fator determinante para a fundação das cidades.
Será que as pessoas que vivem em áreas urbanizadas conseguem imaginar qual a origem dos rios que cortam sua cidade?

Diagrama de barras da distribuição da água na Terra

174
Rios

Boa porosidade e
Nível boa permeabilidade
hidroestático

Aquifero livre

Camada Fraca porosidade e


impermeável fraca permeabilidade

Aquífero cativo

Camada Boa porosidade e


impermeável boa permeabilidade

LENÇOL DE ÁGUA FREÁTICO OU AQUÍFEROS

Origem:
ƒ Pluvial.
ƒ Glacial.
ƒ Lacustre.
Lençol freático, se esses lençóis atingirem a superfície, dão origem às nascentes dos rios.
Alguns nascem do degelo.
Existem rios perenes, ou seja, que nunca secam.

Regime fluvial
A variação do volume de água dos rios durante o ano.
Fatores também interferem no comportamento de um rio, como relevo, cobertura vegetal e natureza do solo.
Os rios que deságuam em outros rios são chamados de afluentes. Ponto onde termina o curso de um rio recebe o nome de foz.
ƒ Estuário.
ƒ Delta.
ƒ Mista.

FOZ EM ESTUÁRIO E FOZ EM DELTA

175
Bacias e rede hidrográficas
Rede hidrográfica corresponde ao conjunto de rios de uma bacia.
Bacia hidrográfica corresponde à rede hidrográfica e à sua área de captação de água.
Tipos de drenagem:
ƒ Exorreica.
ƒ Endorreica.
ƒ Arreica.
ƒ Criptorreica.

A MODELAGEM DO RELEVO
Os rios realizam um trabalho ininterrupto de destruição, transporte e sedimentação, denominado ciclo de erosão fluvial. Eles
escavam seu próprio leito, enquanto que, em suas margens, a erosão forma as vertentes dos vales por onde eles correm. A
velocidade de suas águas é determinada pela declividade dos terrenos que cortam.

GRAND CANYON SENDO ERODIDO PELO RIO COLORADO

Lagos
A maioria deles é formada por depressões ou falhas preenchidas por águas na superfície terrestre; outros, no entanto, como o
caso dos lagos do Canadá, possuem origem glacial.

176
Poluição das águas
Decorrente da expansão das atividades industriais e agrárias e do crescimento das cidades e da população mundial.
Principais fontes poluidoras são:
ƒ lixo sólido.
ƒ agrotóxicos em geral.
ƒ esgotos sem tratamento.
ƒ resíduos das mineradoras.

ESPUMA RESULTANTE DA CONCENTRAÇÃO DE DETERGENTES ORIUNDA DO ESGOTO NO RIO TIETÊ

BACIAS HIDROGRÁFICAS
Principais bacias hidrográficas do Brasil
Bacia Amazônica

BACIA HIDROGRÁFICA AMAZÔNICA

Maior bacia hidrográfica do mundo. Nasce no Peru, com o nome de Apurimac; ao entrar no Brasil, recebe o nome de Soli-
mões. Depois do encontro com o rio Negro, perto de Manaus, recebe o nome de Amazonas.

177
As águas dos rios amazônicos são barrentas, claras e negras.
Transporte hidroviário. É o caso dos rios Madeira, Xingu, Tapajós, Negro, Trombetas e Jari.

ENCONTRO DAS ÁGUAS DOS RIOS NEGRO E SOLIMÕES

Hidrelétricas na Amazônia
ƒ Santo Antonio
ƒ Jirau
ƒ Balbina
ƒ Belo Monte

USINA DE BELO MONTE

178
Bacia do São Francisco
Nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, corta o sertão da Bahia, na divisa com Pernambuco e entre Alagoas e Sergipe,
e deságua no Atlântico.
Navegação, irrigação e produção de energia.

BACIA HIDROGRÁFICA DO SÃO FRANCISCO

Plenamente navegável até Petrolina, em Pernambuco. Paulo Afonso, Sobradinho e Itaparica, que são três usinas hidrelé-
tricas de grande porte.
Transposição do rio São Francisco.

MAPA DOS EIXOS DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Bacia do Tocantins-Araguaia
É a maior bacia localizada totalmente em território brasileiro, com 813 mil km2 e formada pelos rios Tocantins e Araguaia. O rio
Tocantins nasce em Goiás, ao norte da cidade de Brasília, percorre 2,6 mil km e desemboca na foz do rio Amazonas, junto à ilha
de Marajó. Usina de Tucuruí, no Pará. Rio Araguaia nasce na serra das Araras, no Mato Grosso, próximo à divisa com Goiás, e
desemboca no rio Tocantins.

179
BACIA HIDROGRÁFICA DO TOCANTINS-ARAGUAIA

Hidrovia Araguaia-Tocantins tem sido muito questionada pelas ONGs em razão dos impactos socioambientais.

ESCOAMENTO DE RECURSOS MINERAIS NA HIDROVIA TOCANTINS-ARAGUAIA

Bacia do Prata
É formado pelas bacias dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai. Banha a área mais desenvolvida e urbanizada do país.

BACIA HIDROGRÁFICA PLATINA

Bacia do Paraguai
ƒ Amplamente navegável;
ƒ Pequeno potencial hidrelétrico;
ƒ Pantanal.

180
Bacia do Uruguai
Pouco aproveitada para navegação e para geração de energia. Essa bacia é fronteiriça entre Brasil e Argentina e, portan-
to, exige acordos internacionais para a realização de projetos.

Bacia do Paraná
Maior potencial hidrelétrico
Garante o abastecimento de energia elétrica para a região Sudeste, região Sul e Centro-Oeste.

Bacias secundárias

As 12 Regiões
Hidrográficas Brasileiras
Amazonas
Tocantins-Araguaia
Atlântico NE Ocidental
Parnaíba
Atlântico NE Oriental
São Francisco
Atlântico Leste
Atlântico Sudeste
Paraná
Paraguai
Uruguai
Atlântico Sul

Fonte: ANA - Agência Nacional das Águas, 2005

Bacias hidrográficas mundiais

181
Grandes rios da África
Rio Nilo e Rio Congo.

MAPA FÍSICO DA REDE HIDROGRÁFICA DO CONTINENTE AFRICANO

Principais rios da Europa


Rio Reno é famosa por abrigar o vale do Ruhr, rio Pó, rio Volga e o rio Ródano.

PRINCIPAIS RIOS DA EUROPA

182
Principais rios da América do Norte
Rio São Lourenço, Colorado, rio Mackenzie, rio Yukon e a bacia do Mississipi-Missouri.

MAPA FÍSICO DA REDE HIDROGRÁFICA DA AMÉRICA DO NORTE

Principais rios da Ásia


Rio Jordão, rios Tigre e Eufrates, rio Huang-ho (rio Amarelo), Yang-tsé (rio Azul), rios Ganges e Indo e rio Mekong.

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS I

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS
Formações florestais
Domínio das terras baixas florestadas da Amazônia (floresta Amazônica)
ƒ clima quente e úmido;
ƒ relevo com predomínio de planícies;
ƒ floresta latifoliada (folhas largas);
ƒ ombrófila;
ƒ higrófila;

183
ƒ perene (sempre verde);
ƒ densa (de difícil penetração);
ƒ heterogênea;
ƒ biodiversa;
ƒ solos pouco férteis (pouco húmus e muito lixiviado);
ƒ acelerado processo de desvastação;
ƒ política de integração intensificam os fluxos migratórios.

Domínio dos mares de morros florestados


ƒ clima quente e úmido;
ƒ relevo com predomínio de planaltos;
ƒ floresta latifoliada (folhas largas);
ƒ ombrófila;
ƒ higrófila;
ƒ perene (senpre verde);
ƒ densa (de difícil penetração);
ƒ heterogênea;
ƒ biodiversa;
ƒ ficou reduzida a menos de 7% da cobertura original.

Domínio do planalto das araucárias


ƒ clima frio e úmido
ƒ relevo planáltico;
ƒ floresta subtropical aciculifoliada;
ƒ aberta (de fácil penetração);
ƒ homogênea;
ƒ restam apenas pouco mais de 10% da mata original;
ƒ solos férteis (terra roxa).

Formações arbustivas
Domínio das depressões interplanálticas do semi-árido do nordeste
ƒ clima quente e seco;
ƒ relevo com predomínio de depressões;
ƒ vegetação xerófila e caducifólia;
ƒ solos ricos em sais minerais e pobre em húmus;
ƒ ocorrência de brejos em regiões mais úmidas;
ƒ produção de frutas;
ƒ rios intermitentes em sua maioria.

184
Domínios dos chapadões recobertos por cerrados e penetrados por mata galeria
ƒ clima tropical (chuvas no verão e estiagem no inverno);
ƒ relevo planáltico com chapadas;
ƒ solos com baixa fertilidade (alta concentração de alumínio);
ƒ 45% devastado em função da expansão agropecuária;
ƒ nascentes de rios importantes como o São Francisco.

Formação herbácea
Domínio das Pradarias mistas do Rio Grande do Sul
ƒ clima frio e úmido;
ƒ terras baixas com colinas (cochilias);
ƒ vegetação de gramíneas;
ƒ imensa pastagem (favoreceu a pecuária de corte);
ƒ rizicultura.

Formações complexas
ƒ Pantanal.
ƒ Mata dos Cocais.
ƒ Manguezais.

Brasil: domínios morfoclimáticos

185
BIOMAS DO BRASIL
Formações florestais: vegetação com árvores de grande porte
ƒ Floresta Amazônica.
ƒ Mata Atlântica.
ƒ Floresta de araucárias.
Formações arbustivas e herbáceas: constituíta por arbustos dispersos e isolados por vegetação rasteira
ƒ Cerrado
ƒ Caatinga.
ƒ Campos.
Formações complexas: ocorrem em áreas de transição entre formações a apresentam características de duas ou mais
dessas formações
ƒ Mata dos cocais.
ƒ Pantanal.
ƒ Mangue.

Áreas protegidas no Brasil


Unidades de conservação
São espaços destinados à conservação de paisagens naturais. Existem unidades de uso indireto, onde os recursos não po-
dem ser explorados. São elas: estação ecológica, monumento natual, parque nacional, refúgio de vida silvestre e
reserva biológica.
Outra categoria é a unidade é a unidade de uso sustentável (como a reserva extrativista), onde é permitido o uso racional dos recusos
naturais. São elas: área de proteção ambiental, área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva de
desenvolvimento sustentável, reserva de fauna, reserva extrativista e reserva particular do patrimônio natual.

PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BRASIL


Problemas urbanos
ƒ Poluição atmosférica;
ƒ Efeito estufa;
ƒ Inversão térmica;
ƒ Chuva ácida;
ƒ Ilha de calor;
ƒ Carência de áreas verdes;
ƒ Problemas no abastecimento de água e poluição dos rios.

Problemas no espaço agrário


ƒ Agrotóxicos;
ƒ Poluição do solo;
ƒ Perda de nutrientes;
ƒ Desertificação.

186
U.T.I. - Sala
1. (UFPR 2019) As figuras A, B, C e D abaixo fazem a representação cartográfica da sede do município de Cornélio Pro-
cópio, obtidas de distintas bases de dados.

Diferencie-as sob o ponto de vista cartográfico e explique por que elas apresentam conteúdos distintos.

2. (Enem 2014 - Modificada) Quando é meio-dia nos Estados Unidos, o Sol, todo mundo sabe, está se deitando na França.
Bastaria ir à França num minuto para assistir ao pôr do sol.
SAINT-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 1996.
A diferença espacial citada é causada por qual característica física da Terra?

3. (AVAJ 2020) A taxa de mortalidade infantil expressa o número de crianças de um determinado local que morre antes
de completar 1 ano de vida a cada mil nascidas vivas. Esse dado é um indicador da qualidade dos serviços de saúde,
saneamento básico e educação.

O mapa acima determina as regiões geográficas mundiais com maiores taxas de mortalidade infantil. Discorra sobre
a forma que as regiões do globo se apresentam no mapa, destacando qual técnica de representação cartográfica foi
escolhida no mapa.

187
4. (UFU 2019)

De acordo com a projeção cartográfica de Peters, utilizada para representar o mapa-múndi, responda.
a) Por que essa projeção do mapa-múndi é criticada e pouco utilizada?
b) Quais são as principais características dessa projeção?

5. (ENEM 2010 / Modificada) Pensando nas correntes e prestes entrar no braço que deriva da Corrente do Golfo
para o norte, lembrei-me de um vidro de café solúvel vazio. Coloquei no vidro uma nota cheia de zeros, uma bola
cor rosa-choque. Anotei a posição e data: Latitude 49°49’N, Longitude 23°49’W. Tampei e joguei na água. Nunca
imaginei que receberia uma carta com a foto de um menino norueguês, segurando a bolinha e a estranha nota.
KLINK, A. Parati: entre dois pólos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998 (adaptado).

Defina o conceito de coordenada geográfica.

6. (CBM/SC 2018) Diariamente, os telejornais e os jornais, em seus serviços de previsão do tempo, mostram imagens de
satélites onde se veem as posições das frentes frias e quentes e das áreas de instabilidade, acompanhadas de informa-
ções de interesse meteorológico. A cada dia a situação muda, e mesmo dentro de um mesmo período de 24 horas podem
ocorrer alterações significativas, exigindo uma observação permanente para entender e, se possível, prever a variação
dos elementos que compõem o complicado mecanismo do clima. Indique quais são os elementos constitutivos do clima.

7. “El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no
oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, e
afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias”.
(Fonte: Copyright ©INPE/CPTEC 1995-2011 ).

“Os efeitos do ‘El Niño’ no Brasil podem causar prejuízos e benefícios. Mas os danos causados são superiores aos bene-
fícios, por isso o fenômeno é temido, principalmente, pelos agricultores.”
Laboratório de Meteorologia da universidade Estadual do Maranhão. Disponível em: WWW.uema.br. Acesso em: 6 de jul. 2009.

No Brasil esse fenômeno caracteriza-se por provocar: Estiagem no Sul seguida de estação chuvosa e aumento da seca
em todo o Nordeste. Considerando o texto Quais outros prejuízos esse fenômeno pode ocasionar?

8. (CONSULPLAN 2018) Representar a superfície terrestre com a maior precisão possível tem sido um desafio enfrentado
pela humanidade desde a Antiguidade. Diante disso, vêm sendo criadas, desde o século XVI e por diversos cartógrafos, as
projeções cartográficas, que são técnicas usadas para representar a superfície terrestre num plano, como o mapa-múndi
ou planisfério. O termo projeção sugere que continentes, oceanos, mares e demais porções da superfície terrestre são

188
“projetados” num plano, sobre o qual se desenha um sistema de coordenadas geográficas. Observe a imagem da pro-
jeção cartográfica a seguir.

“Tal projeção mantém a proporção real entre terras e águas. Possibilita a visão de conjunto da superfície terrestre, asso-
ciada à esfericidade, graças ao seu ‘formato de coração’. As distorções da forma dos continentes são menores ao longo
do Meridiano de Greenwich e do Polo Norte, que estão no centro dessa projeção.” Trata-se de qual Projeção cartográfia?:

9. (AVAJ 2020) Um avião decolou do aeroporto Internacional de Guarulhos (cidade A; 45°W) às 7 horas com destino à
cidade B (126°W). O vôo tem duração de oito horas. Que horas serão na cidade B quando o avião pousar?

U.T.I. - E.O.
1. Mapa de fuso horário

Fonte: <www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/01/fuso-horario-mapa-conceito-em-geografia.jpg>

Um fotógrafo sai do Rio de Janeiro às 18:00 hs do dia 1º (sábado), em direção à Hong Kong. A duração do voo foi de
12 horas. Que horas será no Rio de Janeiro quando essa pessoa chegar no seu destino?

2. Os climogramas abaixo representam dois tipos climáticos que ocorrem no Brasil. Observe-os e responda:

189
a) Quais são os tipos de clima nas localidades A e B?
b) Discorra sobre as características dos dois climas e quais são as massas de ar que atuam nessas localidades.

3. O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
de só cantar quando chove

“Chover, ou invocação para um dia líquido”


Mas o povo que sente na pele os efeitos diretos desse calor – extensivos à economia regional, pela ausência de
perenidade dos rios e de água nos solos – não tem dúvida em designá-lo simbolicamente por “verão”. Em con-
trapartida, chama o verão chuvoso de “inverno”. Tudo porque os conceitos tradicionais para as quatro estações
somente são válidos para as regiões que vão dos subtrópicos até a faixa dos climas temperados, tendo validade
muito pequena ou quase nenhuma para as regiões equatoriais, subequatoriais e tropicais.
AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003, p. 85.

Como bem exemplificou o professor Aziz Ab’Saber, os sertanejos costumam chamar o verão de inverno porque, irregular-
mente, a Massa Equatorial Continental traz chuvas esporádicas à região. A partir do texto e da música do grupo “Cordel
do Fogo Encantado“, explique a origem da mancha semiárida no Nordeste brasileiro e o por quê desse deficit hídrico, já
que a mEc é uma massa úmida.

4. Os homens que vivem ao longo dos igarapés foram fadados a conviver com as sombras e a solidão. Trabalharam ou
trabalham para alguém que mal conhecem. Na qualidade de serem gregários, para garantir um tributo básico da con-
dição humana, transformaram os igarapés em caminhos vicinais. O “caminho da canoa” do índio tornou-se a via vicinal
dos amazônides, oriundos de muitas procedências étnicas e subculturas em contato. Ninguém melhor do que Euclides
da Cunha conseguiu fixar o drama dos habitantes da beira dos igarapés, tal como está gravado em seus escritos, como
o Judas Asverus, de “A Margem da História”.
AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003, p. 73.

Com base no texto, responda:


A qual domínio morfoclimático o texto se refere? Explique suas principais características, levando em consideração
os três patamares de vegetação existentes.

5. (UNESP 2018) O sensoriamento remoto é a técnica que permite a obtenção de informações acerca de objetos, áreas
ou fenômenos localizados na superfície terrestre. O termo restringe-se à utilização de energia eletromagnética no
processo de obtenção de informações, as quais podem ser apresentadas na forma de imagens, sendo as mais utili-
zadas, atualmente, aquelas captadas por sensores ópticos orbitais instalados em satélites, como ilustrado na figura.

190
a) Considerando a fonte de emissão de energia, especifique o tipo de sensor representado na figura e descreva o seu
funcionamento.
b) Mencione duas aplicações dos produtos derivados do sensoriamento remoto.

6. Observe a figura que mostra o esquema de circulação geral da atmosfera e responda:

a) O que são ventos alísios e contra alísios?


b) Qual é a relação dos ventos alísios com o fenômeno El Niño?

7. Dentre as estratégias de aproveitamento dos recursos hídricos superficiais do Nordeste Brasileiro, admite-se a
transposição de águas entre bacias hidrográficas. Sobre este tema, resolva os itens a seguir.
a) Indique dois possíveis projetos de transposição de águas entre bacias hidrográficas, que são discutidos na
mídia.
b) Descreva dois prováveis impactos ambientais negativos resultantes desses projetos.

8. (Unesp) No mapa estão indicadas as principais correntes marítimas.

Explique a influência da corrente do golfo no Atlântico Norte sobre a Europa ocidental, e destaque os motivos das
cidades de Londres e Paris terem invernos mais amenos do que Montreal e Nova Iorque.

9. (UFPR) A bacia hidrográfica como unidade de análise ambiental tem ganhado destaque, o que pode ser exemplifi-
cado com o caso do Brasil, onde, nas últimas décadas, ela tem sido considerada um importante recorte espacial para
o planejamento e para diagnósticos ambientais. Explique o que é uma bacia hidrográfica, apresentando os elementos
que a compõem, e justifique por que ela é utilizada como recorte espacial para diagnósticos ambientais.

191
10. (Uerj) O potencial de produção de energia hidrelétrica está relacionado a um grupo de fatores naturais que inter-
ferem na construção de barragens em bacias hidrográficas. Observe no mapa abaixo a localização das dez principais
bacias hidrográficas brasileiras:

Considerando as características socioambientais da bacia I, cite duas consequências negativas ocasionadas pela cons-
trução de hidrelétricas nessa área.
Indique, ainda, dois fatores que favorecem a geração de energia elétrica nas usinas instaladas na bacia V.

192
GEOGRAFIA 2

193
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO GEOGRÁFICO

Princípios da Geografia
ƒ Princípio da extensão: Segundo ele, o geógrafo, ao estudar um fato ou
área, deve proceder a sua localização e delimitação, utilizando os recursos
da cartografia. Nesse princípio, o importante é localizar fenômenos na
superfície terrestre.
ƒ Princípio da analogia ou geografia geral: Segundo eles, após a área
ser observada e delimitada, o geógrafo deve compará-la com outras áreas
buscando as semelhanças e as diferenças existentes.
ƒ Princípio da causalidade: princípio que propõe explicar as causas do
fato observado.
ƒ Princípio da conexão ou interação: esse princípio estabelece que os fa-
tos geográficos, físicos ou humanos nunca aparecem isolados; estão sempre
interligados por elos de relacionamento. Seu objetivo é identificar e analisar
as relações existentes.
ƒ Princípio da atividade: o princípio da atividade estabelece o caráter dinâ-
mico do fato geográfico que deve ser estudado em seu passado para poder
ser compreendido no presente e se ter uma imagem do seu futuro. ALEXANDER VON HUMBOLDT

1.2. Espaço geográfico

ALEXANDER VON HUMBOLDT


Espaço geográfico, um produto social, fruto das interações sociais e naturais da superfície terrestre. Esse conceito possui
várias visões conflitantes entre si. No entanto, há um consenso: o espaço geográfico representa a intervenção do homem
sobre o meio, ou seja, um produto (que, dependendo da abordagem, pode também ser um produtor) das relações humanas
e suas práticas sobre o substrato natural.

Determinismo geográfico (Séc XIX)


O homem é considerado um produto do meio, portanto, a natureza seria o fator determinante do seu modo de vida.

194
Possibilismo geográfico (Início do Séc XX)
Seus defensores acreditam na possibilidade de haver influências recíprocas entre o homem e o meio natural, e que o homem
se adapta ao meio natural. Como ser racional, o homem é elemento ativo e, portanto, tem condições de modificar o meio
natural e adaptá-lo às suas necessidades.

Método regional (1940)


Método que enfatiza a diferenciação de área não a partir das relações entre o homem e a natureza, mas a partir da integra-
ção de fenômenos heterogêneos em uma dada porção da superfície da Terra.

KARL RITTER

Nova Geografia / Geografia quantitativa (1950)


Uso de técnicas estatísticas e matemáticas para analisar os dados coletados e as distribuições espaciais dos fenômenos.
Geografia Quantitativa.

Geografia Crítica (1960 - 70)


De orientação marxista.

KARL MARX

Procurava analisar primeiramente os processos sociais, e não os espaciais, o oposto do que se costumava praticar na geografia
teórica quantitativa.

195
CONCEITOS IMPORTANTES
Conceito de Lugar
“O homem não vê o universo a partir do universo, o homem vê o universo desde um lugar.”
MILTON SANTOS

As análises geográficas pautadas no conceito de lugar concebem o espaço analisado não de uma maneira direta ou racional,
mas por meio da compreensão humana e, muitas vezes, com base em valores afetivos ou de identidade.

Conceito de Paisagem
“Tudo aquilo que nós vemos, que a nossa visão alcança, é a paisagem [...]. Não apenas for-
mada de volumes, mas também de cores, odores, movimentos, sons, etc.”
MILTON SANTOS

Em algumas análises, a paisagem é diretamente definida como o “aquilo que a visão alcança” ou como o “mundo conforme
a sua aparência externa”. Portanto, a paisagem costuma ser definida como formas que se revelam diante dos nossos olhos
na produção do espaço geográfico.
Outras concepções desse modelo são apresentadas a partir da contestação desse conceito. Em muitas abordagens acadê-
micas, a paisagem é concebida não apenas a partir da visão, mas da multissensorialidade, ou seja, da utilização dos demais
sentidos (tato, olfato, paladar e audição). Além disso, a paisagem é, muitas vezes, reveladora de experiências e atrelada a
fatores da expressão humana e pessoais, o que lhe dá uma dimensão cultural.

PAISAGEM NATURAL PAISAGEM MODIFICADA

Conceito de Território
“[...] o território é um nome político para o espaço de um país. Em outras palavras, a existência de
um país supõe um território. Mas a existência de uma nação nem sempre é acompanhada da pos-
se de um território e nem sempre supõe a existência de um Estado. Pode-se falar, portanto, de territoria-
lidade sem Estado, mas é praticamente impossível nos referirmos a um Estado sem território.”
MARIA LAURA SILVEIRA E MILTON SANTOS

O território, um termo muito empregado no âmbito da política, é normalmente definido como uma área delimitada por
fronteiras. Entretanto, nem sempre essas fronteiras são visíveis ou bem delineadas. Na maioria das abordagens geográficas,
o conceito de território está relacionado a uma configuração de poder. É, por isso, uma área apropriada, uma porção do
espaçogeográfico onde uma relação hierárquica se estabelece.

Conceito de Região
Na Geografia, a região é definida como uma porção superficial designada a partir de uma característica que lhe é marcante
ou que é escolhida por aquele que concebe a região em questão. Assim, existem regiões naturais, econômicas, políticas, entre
muitas outras.
Portanto, a região não existe diretamente, mas é uma construção intelectual humana. No âmbito da Literatura, essa noção
está vinculada ao conceito de regionalismo, que expressa o conjunto de costumes, expressões linguísticas e outros valores
que apresentam variação entre uma região e outra, dando uma identidade coletiva para os diferentes lugares.

196
GEOLOGIA

As eras geológicas
A história geológica do planeta é dividida em fases chamadas eras geológicas, divididas em períodos.

Escala geológica
Datação (em
Era Período Eventos no Planeta Eventos no Brasil
milhões de anos)
ƒ Solidificação dos minerais e
formação das primeiras rochas
Azoica - cristalinas - 4500 a 3800
ƒ Inexistência de vida
ƒ Formação das rochas magmáti-
Arque- cas e metamórficas ƒ Formação das serras do Mar e da Man-
tiqueira 3800 a 2500
ozoico ƒ Formação dos escudos cristali-
Pré-cambriana nos
Protero- ƒ Formação das primeiras rochas ƒ Formação dos escudos brasileiro e guiano 2500 a 590
zoico sedimentares

Cambriano 590 a 500


Ordovi- ƒ Glaciação e diastrofismo 500 a 438
ciniano ƒ Formação das bacias sedimentares antigas,
ƒ Rochas sedimentares e do varvito de Itu (SP), e do carvão mineral
Siluriano metamórficas 438 a 408
Paleozoica do sul do Brasil
Devoniano ƒ Início da formação da bacia sedimentar do 408 a 360
Início do processo de formação do Paraná e do São Francisco
Carbonífero 360 a 286
carvão mineral
Permiano - 286 a 248
Triássico 248 a 213
ƒ Formação das bacias sedimentares do
Paraná, Sanfranciscana e do meio Norte
Jurássico 213 a 144
ƒ Grande atividade vulcânica ƒ Formação das ilhas de Trindade, Martin Vaz
Mesozoica e do arquipélago de Fernando de Noronha
ƒ Formação de baciais sedimen- e Penedos de São Pedro e São Paulo
tares
Cretáceo ƒ Derrames basálticos na região Sul 144 a 65

ƒ Fomação do planalto arenito basáltico

Formação das grandes cadeias de


Formação da bacia sedimentar (Ex.: bacia sedi-
Terciário montanhas (dobramentos moder- 65 a 2
Cenozoica mentar Amazônica)
nos)
Quaternário Surgimento do homem moderno Formação da bacia sedimentar do Pantanal 2 a hoje

A ESTRUTURA DA TERRA
ƒ Litosfera – camada sólida da Terra formada por minerais e rochas, também chamada de crosta terrestre. Para fins eco-
nômicos, sua utilização limita-se a poucos quilômetros de profundidade, de onde são extraídas algumas riquezas minerais.
ƒ Hidrosfera – camada líquida formada por oceanos, mares, rios e aquíferos, lagos subterrâneos e água. Os interesses do
homem limitam-se a mais ou menos mil metros de profundidade.
ƒ Atmosfera – camada gasosa, formada por uma mistura de gases (oxigênio, gás carbônico e nitrogênio). Ela envolve a Terra
e a protege. É dividida em cinco camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, ionosfera e exosfera. A troposfera é a mais
importante, mais próxima da superfície terrestre (onde vive o homem e ocorrem quase todos os fenômenos metereológicos).

197
ƒ Biosfera – é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra; ela inclui a biota e os compartimentos terrestres com os quais a
biota interage (Litosfera, Hidrosfera e Atmosfera).

As camadas da estrutura interna da Terra


A estrutura da Terra é formada por camadas de diferentes formações químicas (modelo 1) e físicas (modelo 2).

1) MODELO BASEADO NA COMPOSIÇÃO 2) MODELO BASEADO NA RIGIDEZ DOS MATERIAIS


DOS MATERIAIS DO INTERIOR DA TERRA. DO INTERIOR DA TERRA. (B) MAGMA PASTOSO
(A) LITOSFERA OU CROSTA TERRESTRE

Os dados que se tem a respeito do interior da Terra foram obtidos através de perfurações para extrair petróleo, e não ultra-
passam os 5 mil metros ou 6 mil metros de profundidade. Essas perfurações são executadas em bacias sedimentares, não
alcançando as estruturas rígidas mais profundas.
A divisão da estrutura da Terra foi baseada principalmente nos estudos sobre abalos sísmicos, pois o comportamento das
ondas sísmicas altera-se na passagem de uma camada para a outra em função da natureza dos materiais.

O modelo atualmente aceito da estrutura interna do planeta revela três grandes camadas: o núcleo (NiFe), o manto e a crosta
terrestre (litosfera).

Núcleo
Acredita-se que o núcleo da Terra, formado por níquel e ferro, possua uma divisão entre núcleo externo e núcleo interno.
Provavelmente o núcleo externo encontra-se no estado líquido, envolvendo o núcleo interno que, por estar submetido a altas
pressões, esteja no estado sólido, exibindo temperaturas superiores a 5.000 ºC.

Manto
O manto, encontrado em estado pastoso ou magmático, é responsável por 80% do volume total do planeta. As perturba-
ções geológicas que atingem a crosta, como terremotos e vulcanismos, são provocadas pela pressão exercida por ele. Para
entender melhor: o magma (composto essencialmente de silicatos de magnésio), que é expelido pelas erupções vulcânicas,
é componente do manto. O manto terrestre estende-se desde cerca de 30 km de profundidade até 2.900 km abaixo da
superfície (transição para o núcleo).

Crosta terrestre
A crosta terrestre é subdividida em duas camadas ou crostas: a crosta oceânica ou inferior (de constituição basáltica, com predo-
mínio de silicatos de magnésio e ferro – SIMA), que recobre toda a superfície do planeta, e a crosta continental ou superior, que
fica sobre a oceânica. Na crosta continental predominam silicatos de alumínio (SIAL), com espessura que varia de 30 a 70 quilô-
metros. É formada de rochas – granitos, migmatitos, basaltos e rochas sedimentares –, semelhantes às que afloram na superfície.

198
A GÊNESE DAS ROCHAS
Sua origem pode ser orgânica ou inorgânica e apresentam composição química definida.
As rochas se classificam em três grandes grupos conforme sua origem e características minerais de textura:

Rochas magmáticas ou ígneas


Exemplo: granito, basalto.
As rochas magmáticas foram formadas em ambiente com temperaturas muito elevadas, o que permitiu a existência de
materiais rochosos em fusão (magma). Formadas pela lenta solidificação (cristalização) do magma pastoso.
ƒ Rochas intrusivas ou plutônicas ƒ Rochas extrusivas ou vulcânicas

GRANITO BASALTO

Rochas sedimentares
Exemplo: calcário, arenito.
As rochas sedimentares podem ser provenientes da erosão de rochas preexistentes e da precipitação de substâncias ou,
ainda, de material correspondente a conchas e esqueletos de organismos mortos.

ARENITO EM PARIA CANYON-VERMILLION CLIFFS WILDERNESS, ARIZONA, EUA.

Sedimentação num lago


ou num mar

Mais recente
Mais antiga

ILUSTRAÇÃO DE BACIA SEDIMENTAR, LOCAL DE OCORRÊNCIA


DAS ROCHAS SEDIMENTARES.

Rochas metamórficas
Exemplo: mármore, calcário. Elas são provenientes das transformações (metamorfismos) sofridas pelas rochas mag-
máticas, pelas rochas sedimentares ou por outras rochas metamórficas. Essas mudanças ocorrem em função das
condições de temperatura e pressão no interior da Terra.

199
GEOLOGIA DO BRASIL E EXPLORAÇÃO MINERAL

AS MACROESTRUTURAS E SUAS CARACTERÍSTICAS


As macroestruturas do relevo terrestre estão representadas pelos escudos cristalinos, pelas bacias sedimentares e pelas cadeias oroge-
néticas; esta última não ocorre no território brasileiro.

Escudos cristalinos
Exemplo: Quadrilatero ferrífero (MG), Serra dos Carajós (PA).
Constituído durante o período Pré-cambriano.
Basicamente, é a porção das placas continentais que, durante um período mínimo de 100 milhões de anos, não sofre ações
diretas do tectonismo e do vulcanismo, o que caracteriza a sua estabilidade. É composto de rochas cristalinas (magmáticas
e metamórficas).
Os escudos são divididos em dois tipos principais de estruturas: os crátons cristalinos e as plataformas.

Bacia sedimentar
As bacias sedimentares começaram a se constituir efetivamente na era Paleozoica. Correspondem a 64% da estrutura
geológica brasileira – Amazônica, Meio Norte (Maranhão e Piauí) e Paranaica (Paraná).

Durante esse processo de constituição das bacias sedimentares muitos corpos ou restos de animais mortos e materiais
orgânicos foram “enterrados” pelos sedimentos que foram depositados no fundo dos oceanos. E, conforme as condições de
temperatura e pressão, parte dos restos desses materiais foi conservada, e deu origem aos fósseis.
Contudo, quando a pressão e as temperaturas (geralmente influenciadas pelo aquecimento provocado pelas camadas mais
baixas da Terra) são elevadas, a tendência é que esses restos orgânicos passem pelo processo de litificação e se tornem líquido.
Assim, conforme as condições de armazenamento, esse material acumula-se e transforma-se em petróleo.

200
Cadeias orogenéticas: dobramentos modernos

CADEIAS DO HIMALAIA

Os dobramentos modernos, também conhecidos como cadeias orogênicas ou cinturões orogênicos, são estruturas geológicas
que resultaram das ações do tectonismo e correspondem à formação de cadeias montanhosas, que apresentam as maiores
altitudes do planeta. Em geral, são compostos por rochas magmáticas e metamórficas. Como exemplo temos a Cordilheira dos
Andes, na América do Sul, e a Cordilheira do Himalaia, na Ásia, onde se encontra o monte Everest.
Do ponto de vista do tempo geológico, os dobramentos modernos são considerados de origem recente, com cerca de 250
milhões de anos.

Figura A Figura B

AÇÕES TECTÔNICAS DAS PLACAS CONVERGENTES

Combustíveis fósseis
Petróleo
O termo petróleo, a rigor, envolve todas as misturas naturais de compostos de carbono e hidrogênio, os chamados hidrocar-
bonetos, que incluem o óleo e o gás natural, embora seja também empregado para designar somente os compostos líqui-
dos. Na natureza ele ocupa os vazios existentes entre grãos de areia e rocha, ou pequenas fendas com intercomunicações.
Sua formação ocorre em regiões deprimidas da crosta terrestre depois do acúmulo de sedimentos trazidos pelos agentes
erosivos. A teoria mais aceita é a de sua origem orgânica, ou seja, da deposição de matéria orgânica e do seu consequente
soterramento em condições de falta de oxigênio, altas pressões e temperaturas.

Gás Natural
Se os materiais provenientes de plantas e animais são enterrados em profundidade e temperatura suficientes, elesse trans-
formam quimicamente em petróleo e gás natural. No Brasil, a produção de gás Natural se dá predominantemente no estado
do Rio de Janeiro (52%). Amazonas (19%), Bahia (9%) e Rio Grande do Norte (9%) também são estados produtores.

Carvão mineral
O carvão mineral, além de ser insuficiente no Brasil, apresenta baixo teor colorífico, alto teor de umidade, cinzas e sulfeto de
ferro. No Brasil, Santa Catarina (62,8%), Rio Grande do Sul (36,4%) e Paraná (0,8%) são os estados produtores.

201
GEOMORFOLOGIA: FORÇAS ESTRUTURAIS E ESCULTURAIS

A DINÂMICA DO RELEVO
Os agentes modificadores do relevo podem, certamente, ser divididos em dois grandes grupos, de acordo com as origens de
suas ações: os agentes estruturais (internos) e os agentes esculturais (externos).
Os agentes estruturais, como o tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos ocorrem no interior da Terra e atuam de forma
temporária e concentrada.
Os agentes esculturais, como o intemperismo, as águas correntes, o mar, o vento, os animais, o homem, modificam externamente
a crosta terrestre e atuam de forma constante.

Teoria da tectônica de placas: o tectonismo


Os movimentos convergentes correspondem ao choque de duas placas tectônicas que se movimentam uma no sentido
da outra, como é o caso na cordilheira dos Andes, na América do SuL. No movimento divergente, as placas tectônicas,
quando se afastam, formam regiões geradoras de placas. A principal consequência disso é a abertura do oceano Atlântico.

Dorsal
Médio-Atlântica

Placa ricana Euro Placa


-Asi
Ame ática
Norte-

DORSAL MESOATLÂNTICA

Limites transformantes – um tipo de limite entre placas tectônicas em que elas deslizam e roçam uma na outra. Normal-
mente não há nem destruição nem criação de crosta.

AGENTES INTERNOS (ESTRUTURAIS)


Vulcanismo
Tectonismo ou diastrofismo
Orogênese
São os movimentos geológicos que levam à formação de montanhas ou cadeias montanhosas.
Epirogênese
Lento movimento de subida e descida de grandes porções da crosta.

Sísmicos
Terremoto ou abalo sísmico é uma vibração da superfície terrestre.

202
AGENTES EXTERNOS (ESCULTURAIS) Marinha ou abrasão
Duas formas básicas: o intemperismo e a erosão. O intem- Erosão acelerada (Antrópica)
perismo é responsável pelo desgaste e/ou fragmentação
das estruturas e a erosão é responsável pelo transporte do
material desagregado pelo intemperismo. UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS
Principais formas de relevo, relacionadas com a geomor-
Intemperismo fologia local:
Físico, químico e biológico.

Erosão (tipos)
Eólica (ventos)

ƒ Planícies;
ƒ Planaltos;
ƒ Depressões;
ƒ Montanhas;
ƒ Serras;
ƒ Escarpas;
ƒ Tabuleiros;
ƒ Chapadas;
TAÇA OU CÁLICE, EM PONTA GROSSA, PARANÁ ƒ Cuestas;
ƒ Inselberg.
Pluvial
Fluvial RELEVO SUBMARINO
Plataforma continental
Talude continental ou vertente continental
Região pelágica
Região abissal

O GRAND CANYON É UM EXEMPLO DE INTEMPERISMO FÍSICO COM GÊNESE FLUVIAL.

Glacial

203
SOLOS

GÊNESE DO SOLO
O solo é a camada superficial de terra arável dotada de vida microbiana. Pode ser espesso ou formado por uma delgada película.
As rochas que afloram na superfície do globo estão submetidas a ações modificadoras dos diversos agentes exodinâmicos. Um
dos processos mais importantes na formação dos solos é a alteração do material inicial, que fica no próprio local sem ser trans-
portado. O que pode ser solo também pode ser rocha decomposta. A diferença primordial é dada pelo estado mais avançado da
decomposição da rocha que não tem vida microbiana. Os solos possuem vida nascida geralmente com a alteração das rochas,
cujas associações vegetais desenvolvem-se com elas.
A pedogênese tem início com o aparecimento da vida microbiana.

O solo é o único ambiente em que se encontram reunidos em associação íntima os quatro elementos: domínios das rochas
(litosfera); domínio das águas (hidrosfera); domínio do ar (atmosfera); e domínio da vida (biosfera).
É um mundo vivo; pode ser jovem (de formação incompleta), adulto (bem formado), velho e morto (fóssil). Deve ser consi-
derado um quarto reino.

O solo é um ambiente poroso onde circulam a água e os gases; atmosfera do solo. Não há luz nem fotossíntese, predominando
os processo de respiração ou oxidação. Em consequência, os solos possuem menos oxigênio e muito mais CO2.
Siltes, areias e argilas apresentam proporções que determinam uma das características mais importantes do solo, a textura, que
determinará a facilidade ou não da penetração de raízes, a quantidade de água, a temperatura, a oração e o fluxo dos nutrientes.

204
Intemperismo e composição dos solos
O intemperismo é o conjunto de modificações físicas (desagregação) e químicas (decomposição) que as rochas sofrem ao
aflorarem na superfície da Terra.
Os fatores que controlam a ação do intemperismo são:
a) clima – que se expressa na variação sazonal da temperatura e na distribuição das chuvas;
b) relevo – que influencia no regime de infiltração e drenagem das águas pluviais;
c) flora e a fauna – que fornecem matéria orgânica para reações químicas e remobilizam materiais;
d) rocha – que, segundo sua natureza, apresenta resistência diferenciada aos processos de alteração intempérica;
e) tempo – que a rocha fica exposta aos agentes intempéricos.

Tipos de intemperismo
ƒ Intemperismo Físico;
ƒ Intemperismo Químico.

O relevo na formação dos solos


ƒ Infiltração;
ƒ Escorrimentos superficiais;
ƒ Temperatura e umidade.

O clima na formação dos solos


ƒ Temperatura;
ƒ Precipitação pluvial;
ƒ Deficiência e o excedente hídrico;
ƒ Latitude.

Na região amazônica: solos bastantes intemperizados, profundos, essencialmente cauliníticos, muito pobres quimicamente,
com reações bastante ácidas.
No Nordeste semiárido: solos pouco desenvolvidos, rasos ou pouco profundos, cascalhentos ou pedregosos e/ou com relativa
abundância de minerais primários pouco alterados e minerais de argila de elevada atividade coloidal.
Nos planaltos sulinos: solos com espessas camadas superficiais escuras e ricas em matéria orgânica.

Os organismos na formação dos solos


Microflora, macroflora, microfauna e macrofauna.

205
O tempo na formação dos solos
O tempo é o mais passivo dos fatores de formação.
A idade (cronologia) do solo é a medida dos anos transcorridos desde seu início até determinado momento, enquanto a
maturidade (evolução) é expressa pela evolução sofrida, manifestada por seus atributos em dado momento de sua existên-
cia. Dessa forma, alguns solos podem apresentar idade absoluta relativamente pequena e serem bem mais maduros do que
outros com idade absoluta bem maior.

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS


Os solos estão agrupados em três categorias:

Zonais
Apresentam os horizontes (A, B e C) bem caracterizados.

Interzonais
Características do relevo local ou da rocha de origem.

Azonais
Referem-se aos solos cujas características não se apresentam bem desenvolvidas. São geralmente recentes e desprovidos
do horizonte B.
Quanto à origem, os solos podem ser:
ƒ Eluviais.
ƒ Aluviais.
ƒ Avermelhados.
ƒ Amarelados.
ƒ Claros.

HORIZONTES OU CAMADAS DO SOLO


Horizontes são seções horizontais isoladas encontradas no perfil do solo que sofreram a pedogênese.
Características: padrão granulométrico, composição mineralógica, hidratação e coesão.
Se bem formados, os solos apresentam horizontes, identificados pelas letras O, A, B e C e situados acima da rocha matriz (R):

206
SOLOS DO BRASIL
Os solos férteis de fato ocorrem em pequena quantidade e compreendem uma parcela relativamente restrita do território
brasileiro.
ƒ Espessura – profundos.
ƒ Origem – subdivide-se em: eluviais e aluviais.

Grupos de solos
ƒ Latossolos – profundos (espessos), lixiviados e áreas tropicais úmidas.
ƒ Litossolos – rasos, sem diferenciação de horizontes. Relevo acidentado (encostas) e áreas secas (sertão nordestino).
ƒ Podzólicos – pouco profundos, vermelhos ou amarelos, e típicos de climas úmidos frios.
ƒ Aluviões – O horizonte superficial é cinzento. Espalham-se por todo o país, preferencialmente nas várzeas.

Problemas dos solos brasileiros


ƒ Lixiviação.
ƒ Laterização.
ƒ Compactação.
ƒ Salinização.

A “CANGA” PODE SER OBSERVADA NA PARTE SUPERIOR DO SOLO.


ƒ Erosão.

VOÇOROCA NO INTERIOR PAULISTA

207
5.2.1. Combate à erosão e ao esgotamento dos solos
ƒ o terraceamento e as curvas de nível;
ƒ o reflorestamento;
ƒ o emprego de adubos e fertilizantes; e
ƒ a rotação de culturas e o pousio da terra.

SOLOS FÉRTEIS DO BRASIL


ƒ Terra-roxa.
ƒ Massapé ou massapê.
ƒ Salmourão.
ƒ Solos aluviais.

PRINCIPAIS TIPOS DE SOLOS DAS REGIÕES BRASILEIRAS

Regiões Tipos e características dos solos


Norte Solos rasos, formados por acumulação de sedimentos fluviais (litos solos aluvionais), com
presença de materiais orgânicos.
1. Várzea
Solos profundos (latossolos), ricos em óxido de ferro e alumínio (apresentando intensa
2. Tessos e terra firme laterização), ácidos, de baixa fertilidade e coloração vermelho-amarela.
Solos profundos (latossolos) argilosos, originários da decomposição do calcário e gnaisse –
massapé ou massapê – de cor escura devido à presença de materiais orgânicos; são férteis
Nordeste e utilizados principalmente no cultivo de cana-de-açúcar.
1. Zona da Mata Solos resultantes da decomposição do granito e gnaisse em clima semiárido; são rasos
2. Sertão nordestino e Agreste (litossolos) e ricos em sais minerais. No sertão, os solos são mais rasos e sujeitos à erosão
devido às chuvas que aparecem concentradas e torrenciais. No Agreste apresentam maior
profundidade e estão menos sujeitos à erosão.
Latossolos – solos profundos de cor vermelho-escuro e vermelho-amarelado, formados em
clima subúmido; apresentam lateritas; em geral, são pobres em materiais orgânicos. Cobertos
Centro-Oeste pelos cerrados, são usados principalmente para a pecuária. Solos de terra roxa – principal-
mente no sul de Mato Grosso do Sul, onde aparecem em manchas. Solos orgânicos nos vales
fluviais no sul de Mato Grosso do Sul e de Goiás.
Latossolos roxos – solos profundos com a presença de óxido de ferro. Ocorrem principal-
mente no Triângulo Mineiro e Nordeste de São Paulo.
Terra roxa – manchas de solo rico em materiais orgânicos, formado pela decomposição do
Sudeste
basalto e dotado de muita fertilidade. Ocorrem principalmente no Estado de São Paulo.
Salmourão – solo argiloso originado da decomposição de granito e gnaisse em clima úmi-
do. Aparece em áreas do planalto Atlântico.
Solos pouco desenvolvidos, rasos, de cor avermelhada, formados em clima subtropical e
originados de rochas ricas em ferromagnesianos, o basalto. São os solos da floresta Ar-
aucária; Solos lateríticos, rasos, muito meteorizados, ligados também à presença de basalto,
Sul
aparecem nas porções elevadas do planalto meridional, do Sudeste do Paraná até o Norte
do Rio Grande do Sul. Litossolos podzólicos de cor acinzentada, ricos em material orgânico
e pouco ácidos. São os solos da Campanha Gaúcha.

208
PROBLEMAS AMBIENTAIS MUNDIAIS

OSCILAÇÃO DECADAL DO PACÍFICO


A Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) representa as alterações climáticas da Terra decorrentes das variações de temperatura
das águas do oceano Pacífico.
Uma positiva, quando as temperaturas são mais elevadas, e outra negativa, quando elas diminuem.
ODP positiva, a tendência mais considerável são manifestações climáticas do tipo El Niño, na costa do Peru, que costumam ser
mais intensas do que a média. Por outro lado, na ODP negativa, a tendência mais considerável são manifestações climáticas
do tipo La Niña, que costumam ser mais frequentes e intensas do que a média de acontecimentos climáticos desse tipo.
Anomalias.
Oscilação Interdecadal do Pacífico (OIP). Essas mudanças influenciam na pressão do ar, na temperatura do mar e na di-
reção do vento, fenômenos que podem durar de semanas a décadas, dependendo da oscilação.

El Niño
Aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico tropical, influenciando diretamente a distribuição da temperatura da super-
fície da água e o clima de diversas regiões do planeta.
Ventos alísios. O El Niño faz com que esses ventos soprem com menos intensidade, interrompendo a ressurgência e
provocando mudanças significativas nos climas de várias regiões.

Anomalia de temperatura da superfície do mar – dezembro de 1997

Esquema explicativo do funcionamento do El Niño

209
Influência do El Niño
Os Estados Unidos são afetados por secas intensas. Na Índia, as temperaturas sobem consideravelmente, e tempestades
torrenciais castigam todo o território australiano.

Efeitos do El Niño no Brasil


ƒ Norte.
ƒ Centro-Oeste.
ƒ Nordeste.
ƒ Sudeste.
ƒ Sul.

La Niña
Esquema explicativo do funcionamento do La Niña.

O La Niña é um fenômeno exatamente inverso ao El Niño. Em virtude do aumento da força dos ventos alísios, o La Niña
provoca o esfriamento irregular das águas do Pacífico. No Brasil, o La Niña causa intensificação das chuvas na Amazônia,
no Nordeste e em partes do Sudeste. Na América do Norte e na Europa, por exemplo, ocorre queda das temperaturas.

Aquecimento global
Causas do aquecimento global
Causa do aquecimento global é a intensificação do efeito estufa, fenômeno natural responsável pela manutenção, a
emissão dos chamados gases-estufa seria o principal problema em questão.
ƒ Dióxido de carbono
ƒ Gás metano
ƒ Óxido nitroso
ƒ Hexafluoreto de enxofre
ƒ CFC

O DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) SERIA O GRANDE VILÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL.

210
ƒ Desmatamento das florestas.
ƒ Poluição dos mares e oceanos.

Consequências do aquecimento global


ƒ aumento das temperaturas dos oceanos e derretimento das calotas polares;
ƒ eventuais inundações de áreas costeiras e cidades litorâneas em razão da elevação do nível dos oceanos;
ƒ aumento da insolação e radiação solar em razão do aumento do buraco na camada de ozônio;
ƒ intensificação de catástrofes climáticas – furacões, tornados, secas, chuvas irregulares, entre outros fenômenos meteorológi-
cos de difícil controle e previsão; e
ƒ extinção de espécies em razão das condições ambientais adversas para a maioria delas.

Como combater o aquecimento global?


Fontes renováveis e não poluentes de energia e diminuir significativamente ou mesmo abandonar o uso de combustíveis fósseis.
Conscientização social, diminuir a produção de lixo e estimular a reciclagem.
Preservação da vegetação dos grandes biomas e dos domínios morfoclimáticos.

GRANDES BIOMAS DO MUNDO

GRANDES BIOMAS DO MUNDO

MAPA COM OS PRINCIPAIS BIOMAS NO MUNDO

211
Definições e histórico
ƒ Ecossistema é um sistema integrado e autofuncionante que consiste em interações dos elementos bióticos e abióticos cujas
dimensões podem variar consideravelmente.
ƒ Bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificá-
veis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em uma
diversidade biológica própria.

UMA CIDADE COMO LOS ANGELES PODE SER UM ECOSSISTEMA, MAS NÃO UM BIOMA.

Sistema de Holdridge

Florestas tropicais

ƒ Baixas altitudes e próximas do equador, entre os trópicos de Câncer (30o N) e Capricórnio (30o S). No Brasil: floresta
Amazônica e mata Atlântica.

212
ƒ 6% da Terra, abriga mais da metade das espécies de plantas e animais do planeta.

A DIVERSIDADE BIOLÓGICA É A GRANDE CARACTERÍSTICA DAS FLORESTAS TROPICAIS.

ƒ Maior produtividade biológica da Terra.


ƒ Árvores que alcançam entre 18 e 46 metros de altura.

Queda de folhas forma a serrapilheira, lixiviação, o solo de uma floresta tropical seja pobre em nutrientes.

FLORESTA ESTACIONAL NO OUTONO

213
Florestas temperadas
ƒ Entre os polos e os trópicos.
ƒ Decídua.
ƒ Florestas decíduas caducifólias.

ENTRE OS POLOS E OS TRÓPICOS, AS FLORESTAS TEMPERADAS


TÊM AS ESTAÇÕES DOS ANOS BEM DEFINIDAS.

ƒ Solos são abundantes em matéria orgânica


ƒ Poucas espécies de plantas.

Savanas

ƒ América do Sul, África e Austrália.


ƒ Longos períodos de seca com incidência de fogo.
ƒ A vegetação é herbácea com arbustos espaçados.
ƒ Bosques e campos.

214
Campos temperados
A vegetação é herbácea, geralmente baixa.
De todos os biomas, esse é o mais utilizado e transformado por ações humanas. Diversos alimentos são produzidos nesses
biomas, como arroz e milho, além da criação de bovinos para leite e corte.

A AGROPECUÁRIA CONFUNDE E MUDA A PAISAGEM DOS CAMPOS TEMPERADOS.

Desertos
ƒ Reduzida precipitação.
ƒ Áreas de alta pressão.
ƒ Clima é geralmente quente, embora existam desertos frios.
ƒ Oscilação de temperatura, que pode variar em até 30 °C entre a manhã e a noite.

OS DESERTOS POSSUEM POUCA VIDA ANIMAL E VEGETAL.

ƒ Vegetação é rara e espaçada.


ƒ Plantas perenes.

SAGUARO

ƒ A diversidade animal é pequena.

215
Taiga ƒ Círculo Polar Ártico, acima dos 57° N.
ƒ Um inverno longo e frio, com noites contínuas, e um
verão curto, com temperaturas amenas.

Chaparrais
ƒ Região do Mediterrâneo.
ƒ Califórnia.
ƒ México.
ƒ Floresta setentrional de coníferas. ƒ Chile.
ƒ Abaixo do Círculo Polar Ártico, limitando o domínio.
ƒ Estações bem distintas, com o predomínio do inverno
sobre o verão.

ƒ Arbustos e árvores de pequeno e médio porte.


ƒ O fogo é um fator ecológico relevante.

ƒ Árvores de conífera.

Tundra

MORADIA NA REGIÃO PRÓXIMA AO MAR MEDITERRÂNEO

Hotspots ambientais
Em biogeografia, hotspots são pontos ou manchas de altís-
sima biodiversidade.

ƒ Baixa temperatura.
ƒ Estações de crescimento curtas impedem o desenvolvi-
mento de árvores.
ƒ Líquenes, musgos, ervas e arbustos baixos. A MATA ATLÂNTICA É UM DOS HOTSPOTS AMBIENTAIS DA TERRA.

216
Existência de espécies endêmicas, isto é, restritas a um ecossistema específico, e grandes taxas de destruição do habitat.

OS 34 HOTSPOTS AMBIENTAIS DO MUNDO

CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO

AS CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO BRASILEIRO


A classificação de Aroldo de Azevedo

217
A classificação de Aziz Ab’Saber

A classificação de Jurandyr Ross

218
CONCEITUANDO AS Planalto em intrusões e coberturas
residuais de plataforma
FORMAS DE RELEVO ƒ Planalto e chapada do Parecis.

Planalto ƒ Planaltos residuais Norte-Amazônicos.

ƒ Planaltos residuais Sul-Amazônicos

PLANALTO EM FORMA DE SERRA (SERRA DA MANTIQUEIRA)

Planaltos em bacias sedimentares


ƒ Planalto da Amazônia Oriental.

ƒ Planaltos em cinturões orogênicos.


ƒ Planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste.

ƒ Planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba.

ƒ Planaltos e serras de Goiás-Minas.


ƒ Serras residuais do Alto do Paraguai.

Planaltos em núcleos
cristalinos arqueados
ƒ Planalto da Borborema.
ƒ Planaltos e chapadas da bacia do Paraná.

ƒ Planalto Sul-Rio-Grandense.

219
Feições de planaltos
ƒ Relevo cuestiforme.

FRENTE DE CUESTA DE BOTUCATU, SÃO PAULO, BRASIL

ƒ Relevo em chapada. MARES DE MORROS, ENTRE SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO

ƒ Coxilhas.

CHAPADA DIAMANTINA

ƒ Serra.
CANELA, RIO GRANDE DO SUL

Planície
ƒ Fluvial.
ƒ Fluvio-marinha.
ƒ Costeira.
ƒ Do Pantanal.

SERRA DA MANTIQUEIRA ƒ Amazônica.

ƒ Inselberg.

INSELBERG, PEDRA AZUL, MG

ƒ Mares de morro.
PLANÍCIE COSTEIRA, EM IPANEMA, RIO DE JANEIRO

220
PLANÍCIE DO PANTANAL MATO-GROSSENSE

Depressão
Formação de depressões relevantes na geomorfologia brasileira
ƒ Periférica.
ƒ Marginal.
ƒ Interplanáltica.
ƒ Relativa.
ƒ Absoluta.

DEPRESSÕES ABSOLUTA E RELATIVA

221
U.T.I. - Sala 5. (Comvest 2003 / Adaptado) identifique às formas de
relevo encontradas no bloco-diagrama, obedecendo à
sequência da ordem alfabética (A, B, C, D e E).
1. (AVAJ 2020) A ciência representa todo o conhecimen-
to adquirido através da pesquisa, estudo, ou da prática,
baseado em princípios certos. Ela pode ser definida a
partir de seus objetos de estudo e princípios metodo-
lógicos, relacionando – se aos fenômenos humanos
ou naturais. A geografia é muito importante para a
compreensão do mundo em que vivemos, pois é a ci-
ência que estuda o espaço geográfico e todas as suas
inter-relações (sociedade X natureza), o qual está em
constante transformação. Além do espaço geográfico,
as Categorias de Análise geográficas são conceitos fun-
damentais para a geografia, a exemplo da paisagem e 6. (IFSul-2019) “São formas do relevo mais ou menos
do território. Com base em seus conhecimentos sobre o planas ou suavemente onduladas, em geral de grande
assunto, defina essas categorias. extensão e que o processo de deposição de sedimentos
supera o de desgaste”.
2. (Adaptado - Uece) A partir da citação de E. Huntington :
ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Expedições Geográficas
“Os climas temperados são excelentes para a civilização...
(6º ano). São Paulo: Moderna, 2015. p. 109.
o calor excessivo, debilita... e o frio excessivo, estupidifi-
ca”. Indique qual a corrente do pensamento geográfico O fragmento de texto revela o conceito de qual forma
presente no texto e justifique sua resposta. de relevo?
3. (UFPR-2019) Os desastres naturais constituem um 7. (COPEVE / UFAL 2017) A figura mostra os processos
tema cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, tectônicos que formam o território japonês.
independentemente de residirem ou não em áreas de
risco. Ainda que num primeiro momento o termo nos
leve a associá-los com terremotos, tsunamis, erupções
vulcânicas, ciclones e furacões, os desastres naturais
contemplam, também, processos e fenômenos mais
localizados, tais como deslizamentos, inundações, sub-
sidências e erosão, que podem ocorrer naturalmente ou
induzidos pelo homem.
No [...] Brasil de uma forma geral, embora estejamos
livres dos fenômenos de grande porte e magnitude,
como terremotos e vulcões, é expressivo o registro de ac-
identes e mesmo de desastres associados principalmente
a escorregamentos e inundações, acarretando prejuízos
e perdas significativas, inclusive de vidas humanas.
(TOMINAGA et al., 2009.) O mergulho das placas tectônicas mostrado na figura
representa o movimento de placas do tipo:
Nos textos os autores afirmam que o Brasil está livre
de fenômenos como terremotos e vulcões. Justifique 8. (AVAJ / Modificada)
essa afirmativa.

4. (UEPI) A Teoria da Tectônica de Placas explica diversos


tipos de estrutura verificados na Litosfera. Observe a
ilustração a seguir.
De acordo com essa teoria, esse desenho esquemático
ilustra o (a):

Fonte: http://geoconexaomundo.blogspot.com.br/2012/08/
charges-aquecimento-global.html. Acesso em: 26-03-20
Que praticas seriam mais viáveis para minimizar o efeito
acelerado do aquecimento global provocado pelas ativi-
dades da civilização moderna?

222
9. (IESES 2017 / adaptada) COMPACTAÇÃO

ROCHA SEDIMENTAR

O esquema acima é chamado de diagênese, que des-


creve o processo de formação das rochas sedimentares.
Discorra sobre esse processo.

2. As bacias sedimentares se formaram a partir da era


Paleozoica, entrando também pela Mesozoica e pela
Cenozoica. Nesses terrenos, encontramos recursos com-
bustíveis fósseis, como o petróleo, o gás natural e o car-
vão mineral. A partir dos seus conhecimentos, explique
a formação do petróleo em áreas oceânicas.
Fonte: https://slideplayer.com.br/
slide/15455465/, acesso em:27-03-20
3. A chuva é um dos agentes erosivos mais ativos, pois
Sobre o perfil dos solos, caracterize cada horizonte do solo: provoca enchentes e enxurradas. Dependendo do grau
de intensidade das chuvas, ocorre erosão pluvial do
tipo superficial, laminar, de sulcos e de ravinamento.
10. (COPEVE/ UFAL 2017)

A figura anterior representa um processo de erosão. De-


fina esse processo e explique por que ele ocorre.

4. Analise a charge e responda à questão a seguir.

As figuras mostram uma forma de identificar quais sis-


remas de dobras?

U.T.I. - E.O.
1.
EROSÃO

TRANSPORTE

DEPOSIÇÃO
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-
uMjY1GOwDic/TwM9u81ySLI/AAAAAAAADUE/
BxkMN-hoCYc/s400/image040.gif>

SEDIMENTAÇÃO O cartunista satiriza a ordem mundial do pós-Guerra


Fria, cuja principal característica é a hegemonia do cap-
italismo mundializado.
Descreva as diferenças dos países centrais e periféricos.

223
Caro aluno

Você está recebendo o primeiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 1 e 2, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões dissertativas que preparam o candidato
para as provas de segunda fase dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas per-
mitem avaliar a capacidade de análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido.
É também uma oportunidade de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de
maneira sistematizada e com linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!

Herlan Fellini

SUMÁRIO
BIOLOGIA
BIOLOGIA 1 227
BIOLOGIA 2 247
BIOLOGIA 3 271

FÍSICA
FÍSICA 1 287
FÍSICA 2 299
FÍSICA 3 319

QUÍMICA
QUÍMICA 1 335
QUÍMICA 2 349
QUÍMICA 3 369

225
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Edson Yukishigue Oyama
Felipe Filatte
Herlan Fellini
Kevork Soghomonian
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
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Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


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Imagens
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ISBN: 978-85-9542-145-5

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226
BIOLOGIA 1

227
Origem da vida

TEORIAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA


Filósofos importantes, como Platão e Aristóteles, aceita-
vam certa explicação sobre a origem dos seres vivos. Dessa
interpretação, surgiu a teoria da geração espontânea ou
teoria da abiogênese, segundo a qual todos os seres vivos
originam-se da matéria bruta de modo contínuo. ausência
de larvas
Essa teoria, entretanto, foi contestada por vários cientistas,
que por meio de seus experimentos provaram que um ser
vivo só se origina de outro ser vivo. Surgiu, então, a atual-
mente aceita teoria da biogênese. frasco fechado com gaze

ƒ Teoria da abiogênese: os seres vivos originam-se da Experimento realizado por Redi, cujo
resultado reforçou a teoria da biogênese.

matéria bruta de maneira contínua. Principais defen-


sores: Aristóteles, Platão, Needhan, Virgílio, Aldovandro, Pasteur
Kricher e Van Helmont. Louis Pasteur, por volta de 1860, por meio de seus céle-
ƒ Teoria da biogênese: os seres vivos originam-se de bres experimentos com balões do tipo “pescoço de cisne”,
outros seres vivos. Principais defensores: Redi, Spallan- conseguiu provar definitivamente que os seres vivos origi-
navam-se de outros seres vivos. Além disso, constatou a
zani e Pasteur.
presença de micróbios no ar atmosférico.
Este experimento mostra que um líquido, ao ser fervido, não per-
Redi de a “força vital”, como defendiam os adeptos da abiogênese,
Por volta de 1660, Francesco Redi começou a combater a pois quando o pescoço do balão é quebrado, após a fervura do
teoria da geração espontânea. Para isso, colocou pedaços líquido, há aparecimento de seres vivos. O experimento rebate
de carne crua dentro de frascos, deixando alguns abertos e ainda outro argumento dos adeptos da abiogênese: a forma-
outros fechados com gaze. Veja esquema do experimento ção de ar viciado impróprio para a vida. O líquido fervido fica,
ao lado. neste caso, em contato com o ar atmosférico através do pes-
coço do balão e não ocorre o aparecimento de seres vivos, pois
Dessa forma, constatou a presença de numerosos ovos e
as gotículas de água que se acumulam nesse pescoço retêm
larvas de insetos sobre a gaze que fechava o recipiente e a
os micróbios contidos no ar que penetra no balão. A partir dos
ausência deles sobre a carne ali contida. Esse experimento
experimentos de Pasteur, a teoria da biogênese passou a ter
demonstrou que os insetos eram atraídos pela carne e que
preferência nos meios científicos.
o aparecimento de larvas era, portanto, proveniente dos
numerosos ovos colocados por esses animais. Os resulta- A hipótese da evolução gradual dos
dos de Redi fortaleceram a teoria da biogênese.
sistemas químicos
larvas
Essa hipótese sugere que moléculas orgânicas complexas
foram formadas a partir de moléculas simples nas condições
da Terra primitiva, antes do aparecimento dos seres vivos. Os
gases amônia (NH3), hidrogênio (H), metano (CH4) e vapor
de água da atmosfera primitiva, ao sofrerem os efeitos das
fortes descargas elétricas provenientes das frequentes tem-
pestades e da influência acentuada dos raios ultravioleta do
Sol, reagiram entre si, formando moléculas orgânicas sim-
ples (aminoácidos, açúcares, álcoois). Essas moléculas teriam
sido, então, arrastadas pelas águas da chuva e se acumulado
nos mares primitivos, onde outras reações teriam ocorrido.
frasco aberto
Substâncias orgânicas formaram uma “sopa nutritiva’’.

228
As moléculas de proteína aproximam-se, formando vá- levando muito tempo para se tornarem complexos; portanto,
rios aglomerados proteicos envoltos por várias molécu- os biólogos não aceitam a hipótese autotrófica, porque ela
las de água. Esses aglomerados foram chamados por vai contra a teoria da evolução.
Oparin de coacervados.
Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim A hipótese heterotrófica
uma primitiva organização das substâncias orgâni-
cas, principalmente de proteínas. Supõe que a forma mais primitiva de vida se desenvolveu
de matéria não viva, formando-se em um ambiente com-
Apesar de isolados, os coacervados podiam trocar subs- plexo um ser muito simples, incapaz de fabricar seu alimen-
tâncias com o meio externo, sendo que, em seu interior, to. A hipótese heterotrófica supõe que um ser muito sim-
havia margem para inúmeras reações químicas, permitindo ples evoluiu, vagarosamente, da matéria inanimada, e que
a duplicação e, assim, os primeiros seres vivos. isso aconteceu há milhões de anos, mas não ocorre mais.
De acordo com a hipótese heterotrófica, a vida teria surgido
O experimento de Miller por meio das seguintes etapas, ilustradas ao lado:
Stanley L. Miller construiu um aparelho que simulava as FORMAÇÃO DE AMINOÁCIDOS
condições da Terra primitiva e introduziu nele os gases que
provavelmente constituíam a atmosfera naquela época. FORMAÇÃO DE PROTEÍNAS CAPACIDADE DE REPRODUÇÃO
Esses gases foram amônia (NH3), hidrogênio (H), metano
FORMAÇÃO DE COACERVADOS APARECIMENTO DE AUTÓTROFOS
(CH4) e vapor de água.
ELETRODOS

TUBO PARA
SURGIMENTO DE HETERÓTROFOS PREDOMÍNIO DE AUTÓTROFOS
CRIAR VÁCUO POLO POSITIVO POLO NEGATIVO

AMÔNIA
METANO
HIDROGÊNIO OBTENÇÃO DE ENERGIA APARECIMENTO DE AERÓBIOS
VAPOR D’AGUA
SÁIDA DO VAPOR

CONDENSADOR
ENTRADA DE ÁGUA

ÁGUA FERVENTE PARA


GERAR VAPOR
Formação de proteínas
Na Terra primitiva, os aminoácidos teriam chegado às rochas
RESULTADOS PARA
ANÁLISE
carregados pelas chuvas. A evaporação da água teria deixa-
Experimento de Miller do os aminoácidos secos sobre a superfície das rochas quen-
tes. Em tais condições, teria ocorrido a formação de ligações
A água, ao ferver, forma vapor e promove a circulação em
peptídicas (síntese por desidratação) pela evaporação de
todo o sistema, de acordo com o sentido das setas. No
água e a consequente formação de proteínas; posteriormen-
balão em que se encontra a mistura gasosa, ocorrem des-
te, tais proteínas seriam levadas aos oceanos pelas chuvas.
cargas elétricas, simulando os raios que, naquela época,
deviam ocorrer com frequência.
Surgimento dos heterótrofos
Então, o experimento de Miller demonstrou que molécu-
Pode-se afirmar que não havia camada de ozônio na Terra
las orgânicas (aminoácidos) poderiam ter-se forma-
primitiva, portanto, a temperatura da superfície terrestre era
do nas condições da Terra primitiva, o que reforça a
muito alta.
hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos.
Nesse cenário, as combinações de elementos simples le-
vavam à formação de substâncias complexas. Assim, foi
A hipótese autotrófica possível a formação de seres unicelulares heterótrofos. A
Como todo ser vivo necessita de alimento para sobreviver, única fonte de energia disponível era a própria sopa nutri-
é lógico admitir que os primeiros seres vivos tenham sido tiva (sem O2); portanto, eram heterótrofos fermentadores
capazes de produzi-lo, isto é, tenham sido autótrofos. Contra – liberavam CO2.
essa hipótese, existe uma objeção de que os autótrofos sin-
tetizam alimentos orgânicos (a partir de substâncias inor- Capacidade de reprodução
gânicas) à custa de uma série extremamente complexa Graças a sua capacidade de retirar alimentos e energia do
de reações químicas, exigindo que o organismo também meio e organizar as moléculas em padrões definidos, os
seja complexo. Acontece, porém, que a teoria da evolução heterótrofos anaeróbios primitivos teriam crescido gradati-
biológica, contra a qual não há objeções sérias, afirma vamente, a tal ponto que teria surgido a luta pela sobrevi-
que os primeiros seres vivos devem ter sido bastante simples, vência devido a problemas no volume celular.

229
Nessas condições, eles teriam perecido ou teriam se dividido, Aparecimento dos aeróbios
como meio de reduzir o volume. Nos organismos bem-suce-
didos, teriam surgido os ácidos nucleicos, moléculas que con- Os primeiros autótrofos, a partir de um suprimento de CO2,
trolam os processos básicos de reprodução e organização. Em enzimas de ATP e aparecimento de uma molécula (talvez a
tais condições, o primitivo organismo que tivesse DNA teria clorofila, capaz de absorver a energia luminosa), realizariam
encontrado o meio para se duplicar exatamente, transmitindo uma primitiva fotossíntese.
aos seus descendentes o mesmo padrão de organização con- No processo de fotossíntese, liberam-se moléculas de oxigênio.
seguido após todo o tempo de evolução transcorrido. Portanto, podemos supor que uma certa quantidade de gás te-
nha-se acumulado gradativamente, durante milhares de anos,
Aparecimento dos autótrofos como consequência do aparecimento dos autótrofos. Todavia,
a utilização de oxigênio para a obtenção de energia a partir da
Ao longo do desenvolvimento da vida na Terra, houve diversas
glicose libera muito mais energia do que a retirada de energia
mutações no material genético dos seres vivos. A partir delas,
na ausência de oxigênio, pois a fermentação fornece um sal-
há cerca de 2,7 bilhões de anos atrás, surgiram seres vivos
do energético de apenas 2 ATP, enquanto, na reação com o
unicelulares com capacidade de sintetizar matéria orgânica a
oxigênio, o saldo é de 38 ATP. Teriam, então, levado vantagem
partir de matéria orgânica, ou seja, organismos autótrofos.
os organismos capazes de executar respiração aeróbia, pois,
assim, retirava-se mais energia do alimento disponível.

Evidências evolutivas

A IDEIA DE EVOLUÇÃO EVIDÊNCIAS EVOLUTIVAS


A evolução biológica consiste no conjunto de modifica- Fósseis
ções (mutações) sofridas pelas espécies ao longo de muito
tempo. Essas modificações podem permitir à espécie uma Correspondem à principal e mais notável evidência a favor
melhor adaptação ao meio em que vive, ou seja, realizar do transformismo e, portanto, da evolução. São, por definição,
com mais eficiência seus comportamentos reprodutivo, ali- restos ou vestígios de organismos de épocas remotas conser-
mentar e de exploração de seu habitat. vados até a atualidade. Representam uma evidência evolutiva,
pois mostram-nos que os organismos não foram criados si-
Portanto, uma espécie evoluída é adaptada ao meio em que multaneamente, ou seja, há fósseis de diferentes idades.
vive, não importando o seu grau de complexidade.
Logo, é interessante observar que tanto organismos sim- Datação radioativa dos fósseis
ples, como as bactérias, ou complexos, como os mamíferos, A idade de um fóssil pode ser estimada pela medição de
estão adaptados ao ambiente em que vivem. elementos radioativos presentes nele ou na rocha em que
está fossilizado. Em princípio, quanto mais profundo o ter-
As espécies reno, mais antigo é o fóssil.
Caso o fóssil apresente substâncias orgânicas em sua cons-
Espécies consistem em um conjunto de indivíduos, se-
melhantes anato, fisio e filogeneticamente, capazes de tituição, sua idade pode ser calculada com razoável precisão
realizar fluxo gênico entre si por mecanismos reprodu- pelo método do carbono-14 (14C), um isótopo radioativo
tivos diversos, com produção de descendentes com as do carbono (12C).
mesmas propriedades de transmissão hereditária.

Conceitos
Durante muito tempo, acreditou-se que os seres vivos que
conhecemos hoje, quase 2 milhões de espécies, fossem
exatamente iguais à época de sua criação. Essa teoria é
conhecida como fixismo.
Já o transformismo ou evolucionismo propõe que as es- Estudo comparativo ósseo entre membros anteriores (da esquerda
pécies são mutáveis, ou seja, modificam-se ao longo do tempo. para a direita) de homem, gato, baleia e morcego.

230
Estruturas análogas apresentam a mesma função ou papel
Anatomia comparada biológico, porém, apresentam origens embriológicas distintas.
No estudo dos vertebrados, é evidente que existe um padrão Veja a figura a seguir:
esquelético: um crânio ligado a uma coluna vertebral, que
apresenta uma cintura escapular, nela se conectam os mem-
bros anteriores e uma cintura pélvica, na qual estão conecta-
dos os membros posteriores. Portanto, todos os vertebrados,
apesar de diferentes, apresentam características em comum,
o que mostra parentesco e indica um ancestral comum, que,
por evolução, deu origem a todos os subgrupos.

Embriologia comparada
O estudo embriológico dos animais mostra que quanto mais
inicial é a fase de desenvolvimento do embrião, maiores
são as dificuldades de diferenciação e identificação do
grupo estudado. Isso quer dizer que o desenvolvimen-
to embriológico dos animais é extremamente semelhante
nas suas fases iniciais, ocorrendo a diferenciação só mais
tardiamente. Logo, entre espécies ou grupos evolutivamente
próximos existe uma semelhança embriológica muito grande
quanto às fases iniciais do desenvolvimento.

Bioquímica, biologia e Representação de homologia e analogia

genética molecular A homologia é evidente no processo de formação das es-


pécies, a partir de um ancestral comum, e caracteriza o que
Recentemente, estudos nas áreas da bioquímica, biologia e ge- chamamos de irradiação adaptativa.
nética molecular têm mostrado que a presença das mesmas pro-
teínas em organismos de grupos diferentes indica semelhança Estruturas vestigiais
no aparato metabólico e hereditário, o que, sem dúvida nenhu-
Trata-se de características biológicas encontradas em alguns
ma, evidencia parentesco e, portanto, ancestralidade comum.
grupos de seres vivos e que não são mais funcionais em ou-
tros grupos. Como exemplo, na espécie humana, podemos ci-
Homologias e analogias tar os músculos que movem as orelhas, a membrana nictante
Estruturas homólogas apresentam a mesma origem em- nos olhos, o apêndice intestinal, a musculatura abdominal, os
briológica, porém, podem ter destinos funcionais diferentes. dentes do siso e a presença de pelos cobrindo o corpo.

Teorias evolutivas

AS IDEIAS DE LAMARCK mais altos das árvores, que provocariam um desenvolvimento


de ossos e músculos. As girafas com pescoços desenvolvidos
Lamarck acreditava que as características necessárias à transmitiriam essa característica a seus descendentes. Logo, ao
adaptação em um certo ambiente pudessem ser adquiri- longo das gerações, todas as girafas teriam pescoços grandes.
das, simplesmente, pelo uso intensivo do órgão ou estrutu- Para Lamarck, portanto, o ambiente tem um papel direcionador
ra envolvida (1), e que essa “transformação” pudesse ser na modificação das características, ou seja, na adaptação dos
transmitida aos descendentes, ou seja, hereditariamente organismos, uma vez que estes se modificam para atender às
(2). Logo, o lamarquismo está baseado em dois pontos: necessidades impostas pelo meio.
1. Lei do uso e desuso
2. Transmissão hereditária de caracteres adquiridos
Vejamos, neste exemplo, a aplicação dessa ideia: o compri-
DARWINISMO
mento do pescoço das girafas pode ser entendido, se atentar- Darwin, por sua vez, defende a evolução em si como um
mos aos esforços diários nas tentativas de alcançar os ramos processo lento e gradual de pequenas mudanças, que vão

231
se acumulando de geração em geração até que resultem em ƒ O mimetismo batesiano (de defesa) consiste na imita-
uma grande mudança em relação aos indivíduos ancestrais. ção de um modelo tóxico ou perigoso por espécies “não
repulsivas” ou inofensivas, que se privam de ser predadas.
Em seu livro A origem das espécies, Darwin expôs a sua
teoria da evolução por seleção natural, tomando como ƒ O mimetismo mülleriano consiste na presença de
pontos de partida duas observações: padrões de coloração semelhantes entre espécies tó-
xicas ou impalatáveis. Devido a esta coloração de ad-
ƒ Os organismos vivos produzem grande número de se-
vertência, ambas ampliam o número de predadores
mentes ou ovos, mas o número de indivíduos nas po-
que passam a evitá-las.
pulações normais é mais ou menos constante, o que só
se pode explicar pela grande mortalidade natural. ƒ O mimetismo reprodutivo é bastante comum entre
plantas que mimetizam a fêmea de insetos e aprovei-
ƒ Organismos de mesma espécie, ou então de uma po- tam a tentativa de acasalamento para sua polinização.
pulação natural, são muito variáveis em forma e com-
portamento, sendo a variabilidade muito influenciada Camuflagem
pela hereditariedade.
Trata-se de um conjunto de técnicas e métodos que permite
Portanto, havendo grande variabilidade e grande mortalida- a um organismo permanecer indistinto do ambiente que o
de, uns organismos terão maior probabilidade de deixar des- rodeia. A camuflagem pode ser vantajosa para o predador,
cendentes do que outros: a tal tipo de reprodução seletiva, que cerca a presa sem ser percebido, e para a presa, que se
Darwin chamou seleção natural. Como Darwin demonstrou, a confunde com o meio, passando despercebida pelo predador.
seleção natural ou “luta pela vida com sobrevivência do mais ƒ Homocromia consiste na coloração semelhante do or-
apto” é o fator orientador da evolução, mas não a causa das ganismo com a do meio onde vive: cascas, galhos e folhas
variações, que ele foi incapaz de descobrir. A dificuldade de de árvores, cor da areia etc.
Darwin só foi resolvida com a descoberta das mutações ex-
ƒ Homotipia consiste na semelhança do indivíduo com
postas pelo mutacionismo, no século XX, por Hugo de Vries,
a forma de estruturas presentes no meio onde vive. É o
que são responsáveis pela origem das variações.
caso dos insetos bicho-folha e bicho-pau, que se asse-
O principal ponto do darwinismo, portanto, é a teoria da melham a folhas e gravetos, respectivamente.
seleção natural, que é a escolha que o ambiente faz das
características mais aptas.
Portanto, o darwinismo pode ser entendido sob três pon-
NEODARWINISMO – TEORIA
tos básicos: SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO
1. Variabilidade intraespecífica
Na época em que Darwin propôs a sua teoria, os mecanis-
2. Seleção natural
mos da herança biológica não eram conhecidos. Apesar de
3. Adaptação
ter sido contemporâneo de Gregor Mendel – pai da genética
–, eles não se conheceram. Descobertas recentes (século XX),
O meio ambiente e a adaptação nos campos da genética, biologia molecular e paleontologia,
Segundo Lamarck, o ambiente tem um papel ativo, deram origem a uma teoria moderna de evolução conhecida
pois atua como um fator de modificação das espécies. Para como neodarwinismo ou teoria sintética da evolução,
Darwin, o ambiente tem um papel passivo, pois atua que integra esses novos conhecimentos às ideias de Darwin,
apenas selecionando as variações mais aptas preexistentes. esclarecendo principalmente as causas da variabilidade.
Ele não conhecia os mecanismos de transmissão hereditária. A moderna teoria sintética da evolução envolve quatro fato-
Isso só foi elucidado com o advento da genética. res básicos: mutação, recombinação genética, sele-
ção natural e isolamento reprodutivo. Os dois primeiros
Exemplos de vantagens adaptativas determinam a variabilidade genética, que é orientada pelos
dois últimos. Três processos acessórios também atuam no pro-
Mimetismo cesso: migração, hibridação e oscilação genética.
Determinados organismos, denominados mímicos, apre- A migração é responsável pelo fluxo gênico, que traz à po-
sentam características que os confundem com outro grupo pulação novos genes. A hibridação consiste no cruzamento
de organismos, os modelos. Em geral, essa semelhança entre popuIações com patrimônios genéticos diferentes. A
dá-se pelo padrão de coloração, textura, forma corporal, oscilação genética ocorre, quando, em populações finitas
comportamento, constituição química. Ela confere ao mí- pequenas, o equilíbrio de Hardy-Weinberg é alterado pelo
mico uma vantagem adaptativa. Existem três tipos de mi- tamanho da população. Se ocorrer mutação rara, o número
metismo: batesiano, mülleriano e reprodutivo. de portadores da mutação será baixo e, pela sua morte,

232
desaparecerá da população. Poderá aparecer novamente, As mutações são aleatórias, ocorrem ao acaso sem que
quando e se ocorrer nova mutação. Esses fatores podem haja relação com a utilidade ou não para que ela venha a
contribuir para a variabilidade genética. ocorrer. Em razão disso, alterações no DNA não são uma
Sob a designação de variabilidade, enquadramos as diferen- estratégia do organismo para se adaptar a alguma situ-
ças existentes entre os indivíduos da mesma espécie. As fontes ação. No entanto, caso ocorra uma mutação favorável,
de variabilidade são as mutações e a recombinação genética. ela será selecionada positivamente; assim, a população
desses indivíduos portadores dessa mutação tenderá a
As variações são submetidas ao meio ambiente, que, pela
seleção natural, conserva as favoráveis e elimina as desfavoráveis. aumentar. Observe-se que mutações não são necessaria-
Assim, quando as condições ambientais se modificam, algumas mente benéficas, podem ser neutras ou prejudiciais para
variações serão vantajosas e permitirão, então, aos indivíduos o organismo.
que as apresentam sobreviver e produzir mais descendentes do A seguir, alguns outros exemplos de seleção natural:
que aqueles que não as têm. Resumindo, temos:
ƒ Melanismo industrial: industrialização na Inglaterra,
1. Variabilidade intraespecífica
as mariposas claras e escuras.
ƒ mutação
ƒ recombinação genética: crossing-over ƒ Resistência de bactérias a antibióticos.
2. Seleção natural ƒ Resistência de moscas ao DDT.
3. Adaptação
Porém, a recombinação genética (crossing-over) pro- Seleção sexual
move o embaralhamento dessas modificações. As muta-
ções ocorrem em todo e qualquer organismo, enquanto Seleção sexual é a seleção natural voltada para o encontro
que a recombinação genética só ocorre naqueles que so- de parceiros e o comportamento reprodutivo.
frem meiose para produzir gametas, nos animais, e espo- Os leões-marinhos machos, por exemplo, brigam entre si para
ros, nos vegetais. Logo, os organismos que se reproduzem demarcar um território e, normalmente, o maior e mais forte
sexuadamente apresentam uma variabilidade muito maior conquista mais fêmeas, logo, deixarão mais descendentes.
em suas populações do que os organismos que se reprodu-
zem assexuadamente, uma vez que sofrem meiose.
Seleção artificial
Tipos de seleção natural A seleção artificial é conduzida pelo homem, consiste na
• Seleção direcional: ocorre quando as condições adaptação e/ou seleção de seres vivos – animais e plantas
ambientais favorecem um único fenótipo. –, cujo objetivo é realçar determinadas características desses
• Seleção estabilizadora: favorece indivíduos de organismos, como a produção de carne, leite, lã e frutas.
fenótipos intermediários, eliminando aqueles de Darwin chegou à conclusão de que a seleção artificial
fenótipos extremos. pode ser comparada à exercida pela natureza sobre as
• Seleção disruptiva: ocorre quando uma popula- espécies selvagens.
ção é submetida a diferentes pressões do ambien-
te, favorecendo indivíduos com fenótipos extremos.

Especiação
Especiação é o processo evolutivo pelo qual as novas es- (gerando descendentes férteis) e que estão reprodutiva-
pécies se formam. Mas antes de falarmos mais sobre esse mente isoladas de outros grupos semelhantes, em con-
processo, falaremos primeiro sobre o que é uma espécie. dições naturais.
Melhor do que uma única definição para espécie, que facil- ƒ Unidade ecológica: apresenta características
mente a associaria a um termo ou conceito, é preferível consi- próprias e mantém relações bem definidas com o am-
derar diferentes definições. biente e com outras espécies.
ƒ Definição biológica de espécie: são grupos de po- ƒ Unidade gênica: dotada de um patrimônio gênico ca-
pulações naturais potencialmente capazes de se cruzar racterístico, que não se mistura com o de outras espécies

233
e evolui independentemente. Uma espécie, portanto, é o
maior acervo de genes possível em condições naturais.
Especiação é um evento que separa a linhagem que dá ori-
gem a duas ou mais espécies distintas, resultado de uma trans-
formação gradual de uma espécie em outra (anagênese) ou da Entre organismos da mesma espécie, há fluxo gênico,
separação de uma população em duas (cladogênese). que é consequência da semelhança e identidade genética,
além de mesmo número e tipos de cromossomos.
A ORIGEM DAS ESPÉCIES
Uma dada população pode ser submetida a uma separação
Redução de fluxo gênico
em subgrupos a partir de um isolamento geográfico. Esse A especiação, no entanto, também pode ocorrer em po-
isolamento pode ser representado por uma cordilheira, rio, pulações sem barreiras extrínsecas específicas para o fluxo
lago, cachoeira, deserto, entre outros, e permitirá a formação gênico. Suponha uma população distribuída em uma am-
de duas subpopulações A e B. Essas subpopulações, ainda pla faixa geográfica em que o acasalamento não é alea-
pertencentes à mesma espécie, estão submetidas à seleção tório. Indivíduos num determinado ponto cardeal não têm
natural de seus meios, que são diferentes. Logo, as adapta- chance alguma de se acasalarem com indivíduos de outro
ções surgidas em uma subpopulação podem ser diferentes da ponto. Esse fluxo gênico reduzido não implica isolamento
outra e vice-versa. Com isso, teremos uma progressiva dife- total dessa população, mas pode ou não ser suficiente para
renciação ao longo do tempo e enquanto durar o isolamen- caracterizar uma especiação. Provavelmente, a especiação
to, até que, com o fim deste, os indivíduos de novas gerações requer a ocorrência de diferentes pressões seletivas nos
das duas subpopulações podem, então, tentar se reproduzir.
diferentes extremos opostos. Algo assim alteraria a frequ-
No entanto, pode ocorrer que eles não mais se encontrem e
ência gênica nesses indivíduos, a ponto de eles não serem
consigam reproduzir-se, o que quer dizer que estão isolados
mais capazes de se acasalarem, caso estivessem reunidos.
reprodutivamente, ou seja, agora pertencem a espécies
diferentes. Porém, mesmo diferenciados, podem conseguir se
reproduzir, significando que não estão isolados reprodutiva-
mente. Deste modo, constituem raças geográficas.
TIPOS DE ESPECIAÇÃO
Na especiação, o papel crítico mesmo é a redução do flu-
xo gênico. A classificação dos modos de especiação de-
pende do quanto as espécies incipientes podem se separar
geograficamente. Observe na tabela a comparação entre
alguns dos modos de especiação, que, mesmo diferentes,
podem contribuir para a redução de fluxo gênico.
Origem das espécies – especiação. Hipóteses:
A × B = sem descendentes férteis > isolamento reprodutivo > são diferentes
A × B = com descendentes férteis > há fluxo gênico > subespécies / variedades / raças

Modos de especiação Características Representação

Alopátrica
As populações são geograficamente isoladas.
(alo = outros; pátrica = lugar)

Uma pequena população fica isolada na borda de uma


Peripátrica (peri = perto)
população maior.

Parapátrica (para = ao lado) A população é continuamente distribuída.

Simpátrica (sim = igual) População inserida na população ancestral.

234
Especiação alopátrica mo ocorrendo a cópula, esses mecanismos impedem ou
reduzem seu sucesso. Os principais tipos de isolamento
Ocorre por isolamento geográfico. pós-zigótico são:
ƒ Mortalidade do zigoto
Especiação peripátrica
ƒ Inviabilidade do híbrido
É um tipo de especiação com isolamento geográfico, na
qual a maior população é separada da menor. ƒ Esterilidade do híbrido

Especiação parapátrica Zigoto é a primeira célula de um novo indivíduo, for-


mada quando o gameta feminino é fecundado pelo
Isolamento geográfico é um mecanismo que não faz parte
gameta masculino.
desse tipo de especiação. Pode ser devido à adaptação a
essas novas áreas, em que conjuntos de indivíduos, gradu- Híbrido é o nome dado a um indivíduo formado pela
almente, tornam-se espécies distintas. A especiação pode união de indivíduos de espécies diferentes. É o resul-
se caracterizar apenas pela distância entre os grupos. tado da mistura genética entre espécies distintas.

Especiação simpátrica
Contrariamente aos tipos anteriores, a especiação simpátrica
Exceção à regra
não requer distância geográfica em larga escala para redução Apesar de a regra dizer que híbridos são estéreis, há re-
do fluxo gênico entre indivíduos de uma população. A simples gistros de exceções a essa regra com filhotes de mula.
exploração de um novo nicho por uma subpopulação pode
contribuir para a redução do fluxo gênico entre indivíduos.
Cladogramas e parentesco evolutivo
Isolamento reprodutivo O processo da evolução determina o relacionamento entre
espécies. Conforme as linhagens (espécies) evoluem e se-
Pode-se dizer que o isolamento reprodutivo é um subprodu- param-se, herdam as alterações e diferenciam seus cami-
to da especiação. Resume-se à incapacidade total ou parcial nhos evolutivos, é produzido um padrão ramificado de
de os indivíduos de duas subpopulações cruzarem-se. Quan- relações evolutivas.
do elas entram em contato, o isolamento reprodutivo impe-
de a mistura de genes dessas subpopulações. Nesse cladograma, o ramo principal mostra o ancestral
comum, e cada ponto de ramificação são eventos de es-
Mecanismos de isolamento reprodutivo peciação que dão origem a novas espécies, a novas ca-
racterísticas. Cada dicotomia indica um ancestral comum
Esses mecanismos podem ser classificados em pré-zigóticos partilhado. Quanto mais próximos os ramos, maior
e pós-zigóticos. Os mecanismos pré-zigóticos impedem a é o grau de parentesco entre os grupos.
fecundação, consequentemente, a formação do zigoto.
Linhagem do Táxon monofilético
táxon A Táxon parafilético
ƒ Isolamento estacional ou sazonal (ramo)

ƒ Isolamento ecológico Linhagem do


táxon D
(ramo)
ƒ Isolamento etológico ou comportamental Táxon Táxon Táxon Táxon
A B C D
ƒ Isolamento mecânico ou incompatibilidade anatômica
X espécie ancestral X
(nodo)
Nicho é um termo usado para designar a função ou
Y espécie ancestral Y
papel desempenhado pelos organismos de de- (nodo)

caráter a (sinapomorfia)
terminada espécie em seu ambiente de vida. Isso tempo
inclui suas necessidades alimentares, a temperatura Árvore filogenética: relações filogenéticas ou de parentesco entre os seres vivos
ideal de sobrevivência, os locais de refúgio, as intera-

A EXTINÇÃO DAS ESPÉCIES


ções com os “inimigos” e com os “amigos”, os locais
de reprodução, entre outros.

A extinção é o desaparecimento completo de uma espé-


Os mecanismos pós-zigóticos são aqueles que inviabili- cie animal ou vegetal, que pode ser ocasionado por proces-
zam a sobrevivência do híbrido ou a sua fertilidade. Mes- sos naturais ou por interferência humana.

235
explorar outros ambientes, abriu novos horizontes para
Os processos naturais a nossa evolução biológica. A seguir, veremos as vanta-
A extinção de espécies acontece naturalmente desde o surgi- gens angariadas com isso.
mento da vida no Planeta. Suas principais causas são as mo-
dificações climáticas, como as desertificações, glaciações e al- Vivendo em campos abertos, os indivíduos que formavam
terações da atmosfera decorrentes das atividades vulcânicas. grupos eram mais favorecidos. Dentre todos aqueles indiví-
Elas tornam o meio ambiente desfavorável à permanência de duos ancestrais do homem, havia aqueles que viviam mais
alguns grupos, que, por seleção natural, desaparecem – isolados e os que viviam em grupos. Assim, ao longo das
temos como principal exemplo os dinossauros. A maioria das gerações, os indivíduos mais isolados eram mais facilmente
espécies, porém, consegue adaptar-se e sobreviver a essas capturados por predadores e não deixavam tantos descen-
mudanças, porque elas costumam ocorrer lentamente. dentes como os que viviam em grupo. Estes últimos, mais
protegidos, deixavam um maior número de descendentes,
que tinham a tendência de se manter no grupo.
Os processos antrópicos (humanos)
Um fator essencial para que essa vocalização pudesse existir
Nas últimas décadas, o homem vem destruindo habitats de é uma pré-adaptação para essa característica. Mas o que
grande diversidade biológica, principalmente por causa da po- é uma pré-adaptacão? Muito simples: são estruturas que
luição das águas, solo e ar, do desmatamento, da caça e pesca já existem naquela espécie e que permitem que o animal
predatórias e da extração ilegal de espécies vegetais. Essas mu- tenha sucesso no novo ambiente.
danças estão acontecendo numa velocidade maior do que a de
adaptação dos seres vivos. Dessa forma, eles não se ajustam O bipedalismo ajudaria na cobertura de extensas áreas, ao
às novas condições de vida e desaparecem. Uma das consequ- mesmo tempo que liberava os membros anteriores desses
ências da extinção das espécies é o desequilíbrio das cadeias animais (braços e mãos) para tarefas de recolher frutas e
alimentares, responsáveis pela transferência de alimento nos manusear alimentos. Desse modo, os indivíduos que tinham
ecossistemas. A redução drástica dos animais carnívoros, por mais habilidade em lidar com o alimento foram favorecidos
exemplo, pode levar à proliferação dos animais herbívoros e, e deixaram mais descendentes, tendo maior sucesso evoluti-
como consequência, haveria escassez de algumas plantas. vo. Chamamos isso de uma “pressão positiva” para os mais
habilidosos, ou seja, aqueles que tivessem mais habilidade
teriam vantagem em relação aos que não tivessem tanta ha-
FILOGENIA DOS SERES VIVOS bilidade, e prevaleceriam em termos de evolução.
Da célula primitiva originaram-se todos os seres vivos. As estruturas da mão também iam sendo selecionadas, que fa-
Portanto, todos descendem de um único ancestral, isto é, cilitavam o manuseio do alimento, gerando maior habilidade.
formam um grupo monofilético. A universalidade do Todos esses fatores, em conjunto, resultaram em um cérebro
código genético para todas as células sugere essa origem mais desenvolvido. Não devem ser deixados de lado também
comum. Uma origem polifilética implicaria a existência os custos de se ter um cérebro maior, pois o cérebro consome
de vários ancestrais para os seres vivos. muita energia. Apenas para se ter uma ideia, o nosso cérebro,
em termos energéticos, custa três vezes mais do que o cérebro

EVOLUÇÃO HUMANA
de chimpanzé, e 22 vezes mais do que um tecido muscular em
repouso. A taxa metabólica específica (por grama) é nove ve-
Você já deve ter reparado que nós, humanos, possuímos zes maior do que o resto do corpo, como um todo. Para bancar
um cérebro muito grande, se comparado com outros ma- esse grande gasto, os nossos ancestrais tinham que ter uma
míferos ou primatas. dieta de melhor qualidade proteica e energética.

Quando o ancestral do homem teve a necessidade de A mudança de dieta retroalimenta a expansão cerebral;
descer das árvores para sobreviver (isso pode ter ocorri- isso significa que, para manter o cérebro, nossos ancestrais
do devido a uma mudança no habitat – menos árvores, tinham que comer melhor, tendo que apresentar, portan-
talvez), teve que lidar com um ambiente relativamente to, um comportamento forrageador (de busca de alimen-
diferente, onde o bipedalismo permitia algumas vanta- to) mais complexo e eficiente, que, por sua vez, fazia uma
gens. Essa característica, associada à possibilidade de pressão seletiva para a expansão cerebral.

Introdução à ecologia

236
Um ecossistema consiste numa rede complexa de rela- químicos do meio.
ções de mútua influência entre a flora, a fauna e os micro-
Os ecossistemas também podem ser subdivididos em pe-
-organismos de uma determinada área ou região e todos
quenas unidades bióticas, conhecidas como comunida-
os elementos físicos naturais (geológicos, climáticos etc.).
des biológicas.
Como nenhum ecossistema natural é completamente se-
O ecossistema é, ainda, caracterizado pelos ciclos da maté-
parado de outro, pode-se considerar que todo o Planeta
ria e pelos fluxos de energia.
constitui um imenso conjunto de ecossistemas, a biosfera.

Níveis de organização ecológicos Cadeias alimentares


A cadeia alimentar é a sequência de transferências de ma-
téria e energia de um organismo para outro, sob a forma
organismo > população > comunidade > de alimento.
ecossistema > bioma > biocora > biociclo > biosfera

ƒ Um conjunto de organismos da mesma espécie, que inte-


rage e habita uma dada região durante um certo perío-
do de tempo, constitui uma população. Cadeia alimentar
ƒ O conjunto de várias populações de espécies diferen- As setas usadas nos diagramas e esquemas de teias e
tes, que interage e habita uma dada área durante um cadeias indicam o sentido da matéria e energia. A cadeia
período de tempo, forma uma comunidade bioló- alimentar é formada por três níveis distintos: produtores,
gica, biota ou biocenose. consumidores e decompositores. Os produtores são os
organismos clorofilados, como as plantas e algas, os únicos
Conceitos fundamentais seres vivos capazes de produzir matéria orgânica que servi-
rá de alimento para toda a biota, por meio da fotossíntese.
ƒ Habitat é o local mais provável de encontrarmos a Esse material orgânico sustenta, direta ou indiretamente,
espécie. É o local onde vive, ou seja, onde realiza suas os organismos consumidores, assim denominados por
atividades. precisarem “consumir” ou ingerir o seu próprio alimento
ƒ Nicho ecológico é o papel e/ou função que a es- (seres heterótrofos).
pécie desempenha no ambiente. Envolve informações Esses consumidores podem ser primários (animais herbívo-
acerca da sua biologia reprodutiva, alimentar e com- ros) ou secundários, terciários e assim por diante (animais
portamental. carnívoros). Quando os dejetos desses animais são lança-
Espécies diferentes podem compartilhar habitats, porém, dos no solo e se juntam a toda matéria morta (animal e
nichos não. A sobreposição de nichos causa competição vegetal) ali presente, entram em ação os chamados orga-
interespecífica que pode levar à mútua exclusão – princí- nismos decompositores, fungos e bactérias.
pio de Gause.
O nicho ecológico é caracterizado pelo total de infor-
Nível trófico
mações que podemos ter acerca de uma espécie: quan- Os organismos em uma cadeia têm à sua disposição
to à biologia alimentar, à biologia comportamental e à quantidades diferentes de energia no alimento que inge-
sua reprodução. rem. A posição que o organismo ocupa na cadeia é cha-
mada de nível trófico. Portanto, quanto mais próximo
Composição e estrutura do início da cadeia está o organismo, maior é a energia
disponível para este organismo. Logo, o número de níveis
dos ecossistemas tróficos em uma cadeia é limitado, visto que as perdas
A zona de transição entre ecossistemas diferentes, cha- energéticas de um nível para outro são muito grandes, ou
mada ecótono, possui características de cada uma das seja, da ordem de 90%.
comunidades fronteiriças e específicas nelas existentes.
Os percursos ou trajetos da matéria e energia nos ecossis-
Os ecossistemas apresentam dois componentes básicos: temas são muito distintos. A matéria sempre cicla, en-
o biótico, representado pelas comunidades biológicas, quanto que a energia flui. Portanto, fala-se em ciclos da
e o abiótico, representado pelos elementos físicos e matéria e fluxo de energia.

237
Pirâmides e eficiência ecológicas

O FLUXO DE ENERGIA
A energia acumulada na matéria orgânica – chamada de
produtividade primária bruta (PPB), por fotossíntese,
Cadeia terrestre Cadeia aquática
pelos produtores não está totalmente disponível para os de biomassa de biomassa
herbívoros, pois os produtores “gastam” uma parcela –
correspondente a processos metabólicos como a respi- ƒ Energia – mostra a energia acumulada em cada ní-
ração celular (RC) para se manterem vivos, o mesmo vel trófico ( cal / g / área).
acontece com os primeiros carnívoros em relação aos
próximos carnívoros. Esse “saldo” é chamado de produ-
Consumidores de
tividade líquida (PL) e é efetivamente a energia que Terceira Ordem

está disponível para ser “ingerida” pelo próximo organis-


Consumidores de
mo sob a forma de matéria orgânica. Segunda Ordem

Isso quer dizer que a energia disponível ao longo da ca-


Consumidores de
deia alimentar diminui e as perdas não podem ser rea- Primeira Ordem
proveitadas, ou seja, o fluxo de energia é unidirecio-
nal e decrescente.
Produtores

AS PIRÂMIDES ECOLÓGICAS Energia captada pelo produtor Energia retida


no sistema vivo
Energia perdida
pelo sistema vivo

São representações gráficas das relações existentes entre


os organismos nas cadeias e teias alimentares.
ƒ Número – mostra a quantidade de organismos em
cada nível trófico.
PRODUTIVIDADE DE
UM ECOSSISTEMA
A produtividade de um ecossistema indica a sua capacida-
de de crescimento e de manutenção de espécies.

PPL = PPB – RC

A produtividade primária de um ecossistema depende, es-


sencialmente, do alto desempenho fotossintético de seus
produtores e, portanto, dos fatores limitantes da fotossínte-
se, como luminosidade, altitude nos terrestres, profundida-
de nos aquáticos, tipo do comprimento de onda luminosa,
temperatura, água líquida disponível, disponibilidade de
nutrientes e pluviosidade.
A eficiência na transferência de energia de um nível tró-
fico para outro é fundamental, pois as taxas das perdas
são enormes, o que impede o acúmulo de biomassa e
o crescimento das populações. Quanto maiores as po-
ƒ Biomassa – mostra a quantidade de biomassa (kg pulações, mais numerosas e interligadas as cadeias ali-
ou g) em cada nível trófico, ou seja, a massa total de mentares de um ecossistema, maior, também, será a sua
todos os organismos vivos em qualquer área dada ou produtividade primária.
seu equivalente em energia.

238
Relações ecológicas

RELAÇÕES ECOLÓGICAS ƒ o caranguejo-bernardo-eremita e a anêmona;


ƒ o pássaro-palito e o crocodilo;
NAS COMUNIDADES ƒ o anu e o gado.
As relações ecológicas representam estratégias esco-
lhidas pelas espécies e selecionadas ao longo do tempo, Mutualismo
para melhor se adaptarem aos ambientes, diminuindo as Trata-se de uma associação com benefícios mútuos. É mais
taxas de competição, explorando de maneira mais eficiente íntima que a cooperação, sendo necessária à sobrevivência
os recursos neles presentes. das espécies, que não podem viver isoladamente.
Divididas em interespecíficas ou heterotípicas, ƒ Bacteriorriza é a associação entre as bactérias do gê-
quando dois ou mais organismos de espécies diferentes nero Rhizobium e as raízes de leguminosas. Nas mi-
estão associados, e intraespecíficas ou homotípi- crorrizas, tem-se uma associação entre fungos e raízes de
cas, quando dois ou mais organismos da mesma espécie árvores florestais. O fungo, que é um decompositor, for-
estão interagindo. nece ao vegetal nitrogênio e outros nutrientes minerais;
As interações ainda podem ser classificadas em harmô- em “troca”, recebe matéria orgânica fotossintetizada.
nicas, quando nenhum dos organismos envolvidos sofre ƒ Cupins ou térmitas e certos protozoários.
algum tipo de prejuízo, e desarmônicas, quando um dos
organismos envolvidos sofre algum tipo de prejuízo ou mes- ƒ O líquen é uma associação entre alga e fungo.
mo a morte.
Comensalismo
Relações harmônicas No comensalismo, uma espécie (comensal) se beneficia,
enquanto a outra (hospedeira) não leva vantagem alguma.
Relações harmônicas Um caso típico é a rêmora ou peixe-piolho, que vive
intraespecíficas ou homotípicas como comensal do tubarão.

Colônias Inquilinismo
São constituídas por organismos da mesma espécie, que É a associação em que uma espécie (inquilino) procura abri-
se mantêm, anatomicamente, unidos entre si. São exem- go ou suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem
plos de colônias homomorfas as colônias de espongiários, prejudicá-la:
e de colônias heteromorfas a obelia, uma colônia de celen-
ƒ o peixe-agulha e a holotúria;
terados. As colônias polimórficas são estruturadas por vá-
rios tipos de indivíduos adaptados para funções distintas. ƒ epifitismo.
Como exemplo clássico, citamos as caravelas.

Sociedades Relações desarmônicas


São associações de indivíduos da mesma espécie que não Relações desarmônicas
estão ligados anatomicamente e formam uma organização
social que se expressa através do cooperativismo; são re-
intraespecíficas ou homotípicas
presentadas por cupins, vespas, formigas e abelhas. Competição intraespecífica
É a relação que se estabelece entre os indivíduos da mes-
Relações harmônicas interespecíficas ma espécie, quando concorrem pelos mesmos fatores am-
ou heterotípicas bientais, principalmente espaço e alimento. Exemplo de
competição intraespecífica: territorialidade.
Protocooperação
Canibalismo
Trata-se de uma associação entre duas espécies diferentes,
na qual ambas se beneficiam: Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie.

239
Relações desarmônicas e defesa. A camuflagem dos animais, pela cor ou forma, as-
semelham-se ao meio ambiente, com o qual se confundem.
interespecíficas ou heterotípicas
Tanto as presas como os predadores procuram esconder-se.
Acontecem entre indivíduos de espécies diferentes e com-
preendem: competição interespecífica, predatismo, amen- Herbivoria
salismo e parasitismo.
A herbivoria é uma interação em que um organismo conso-
me uma planta, seja inteira ou apenas partes.
Competição interespecífica
A competição entre espécies diferentes se estabelece quan- Parasitismo
do tais espécies possuem o mesmo habitat e o mesmo ni-
cho ecológico. Nesse caso, uma das espécies, chamada parasita, vive na
superfície ou interior de outra, designada hospedeiro.
Amensalismo
Esclavagismo ou sinfilia
Amensalismo é um tipo de associação na qual uma es-
pécie, chamada amensal, é inibida no crescimento ou na Relação ecológica entre indivíduos que se beneficiam da
reprodução por substâncias secretadas por outra espécie, exploração das atividades, do trabalho ou dos produtos de
denominada inibidora. outros organismos.
ƒ Formigas e pulgões ou afídeos
Predatismo ƒ Chupim e outros pássaros
Predador é o indivíduo que ataca e devora outro, chamado
presa, pertencente a uma espécie diferente. Tanto os preda- Resumo das relações ecológicas
dores quanto as presas apresentam adaptações para ataque

relações harmônicas interespecíficas


mutualismo (+ / +) vínculo obrigatório liquens, micorriza, rhizóbio
cooperação (+ / +) sem vínculo obrigatório paguru e anêmona; ruminantes e aves
comensalismo (+ / 0) indiferença epífitas; tubarão e rêmora
relações harmônicas intraespecíficas
sociedade divisão de trabalho insetos sociais: abelha, cupins
colônia vínculo físico água-viva, corais, bactérias

relações desarmônicas interespecíficas


predatismo (+ / –) com morte onça e capivara
parasitismo (+ / –) com exploração sem morte pulga, tênia, esquistossomo
competição (– / –) sobreposição de nichos introdução de espécies
esclavagismo (+ / –) exploração de trabalho pulgões e formigas
herbivoria (+ / –) herbívoro e planta vaca e capim
relações desarmônicas intraespecíficas
canibalismo comer indivíduo da mesma espécie viúva-negra
competição disputa por recursos leões

240
Dinâmica populacional e sucessão ecológica

DINÂMICA POPULACIONAL A SUCESSÃO ECOLÓGICA


NOS ECOSSISTEMAS
A: CAPACIDADE SUPORTE DO MEIO As comunidades podem sofrer mudanças em sua composição
B: POTENCIAL BIÓTICO
C: CRESCIMENTO REAL ao longo do tempo, o que caracteriza a sucessão ecológica.
D: RESISTÊNCIA DO MEIO Durante a sucessão, comunidades vão se sucedendo e alteran-
CURVAS DE CRESCIMENTO POPULACIONAL do, significativamente, o ambiente físico.A comunidade que pri-
meiro se estabelece no ambiente é a ecese ou comunidade
No gráfico apresentado, observa-se a dinâmica das duas cur- pioneira; os estágios sucessionais seguintes são chamados de
vas representativas do crescimento das populações: “S” e seres; e, finalmente, a comunidade que se estabelece ao final
“J”. Os habitats fornecem recursos de diversos tipos: água, é chamada de comunidade clímax, sendo autossuficiente e
refúgio, área mínima comportamental e alimento. Todos homeostática. Ao longo do processo sucessional, aumentam o
esses recursos podem ser compartilhados dentro de alguns número de espécies, habitats, biomassa e interações.
limites que o próprio ambiente determina. A essa caracterís- A sequência de seres que constituem a sucessão primária de
tica “limitada” do ambiente chamamos de capacidade de uma área rochosa ou de um solo desnudo pode ser a seguinte:
suporte: o número de espécies, de indivíduos em cada po-
pulação, os tipos de interações entre os organismos também liquens > bactérias > briófitas > gramíneas > samambaias
determinam e caracterizam essa propriedade do ambiente. > sequência de arbustos > arvoretas > árvores maiores

Resistência do meio (RM) Ao longo da sucessão, teremos aumento do número de es-


A resistência do meio se traduz na quantidade de impactos pécies, de simbioses, de biomassa, de habitats, de produti-
ou alterações que um meio pode sofrer e suportar. vidade primária bruta e da taxa de respiração. A sucessão
nem sempre recupera a formação original, porém alcançará
Capacidade de suporte (CS) uma composição de espécies e uma estrutura máxima para
as atuais condições.
A capacidade de suporte de um ambiente pode ser entendi-
da como o conjunto de limites a que esse meio está imposto. Sucessões primária e secundária
Curva de sobrevivência Fala-se que o processo sucessivo é primário quando ocorre
em substratos (solo, rocha, água ou o corpo de um ser vivo)
A taxa de sobreviventes ao longo da vida para cada es- não previamente ocupados por organismos.
pécie determina a sua curva de sobrevivência, ou seja, em
O processo é considerado secundário quando os referidos
que momento do ciclo de vida há mais mortes e em que
substratos já foram anteriormente ocupados por uma co-
momentos há maior adaptação à vida.
munidade e, consequentemente, contêm matéria orgânica
viva ou morta (detritos, propágulos).
Taxas e parâmetros
I + TN > E + TM
O contingente está aumentando; logo, há crescimento
O contingente populacional é variável e pode sofrer influên-
populacional.
cia de movimentos migratórios. A imigração (I) consiste na
chegada de indivíduosI +àTN < E + TMenquanto que a emi-
população,
O contingente está diminuindo; logo, da
gração (E) consiste na saída de indivíduos a população
população.
está decrescendo.
O total de nascimentos, em =um
I + TN E +intervalo
TM de tempo, carac-
teriza a taxa de tende
O contingente natalidade (TN), enquanto
a ficar constante; logo, a que o total
popula-
de mortes caracteriza a
ção parou de crescer. taxa de mortalidade (TM).

241
U.T.I. - SALA a destruição da vegetação natural. Após a ocorrência de
queimadas em uma floresta, que tipo de sucessão ecoló-
gica ocorre e por quê? Descreva as fases deste processo
1. (Enem adaptado) Em certos locais, larvas de moscas, e algumas das possíveis vegetações correspondentes.
criadas em arroz cozido, são utilizadas como iscas para
pesca. Alguns criadores, no entanto, acreditam que es- 4. (FEI adaptado) Num ecossistema, um fungo, uma grama,
sas larvas surgem espontaneamente do arroz cozido, tal
uma coruja e um coelho podem desempenhar quais papéis
como preconizado pela teoria da geração espontânea.
em uma cadeia trófica? Se aumentássemos a população de
Cite um dos primeiros pesquisadores que refutou esta
teoria e qual foi seu experimento. coruja, o que ocorreria com a quantidade de grama?

2. (PUC adaptado) Certa espécie animal apresenta uma 5. (Unicamp adaptado) A produtividade primária em um
série de mutações que determinam a variedade de fe- ecossistema pode ser avaliada de várias formas. Nos
nótipos relativos à coloração. Essa diversidade genética, oceanos, um dos métodos para medir a produtividade
orientada pela seleção natural, garante a adaptação dos primária utiliza garrafas transparentes e garrafas escu-
indivíduos dessa espécie a diversos tipos de ambiente. ras, totalmente preenchidas com água do mar, fechadas
O trecho não é referente a Mendel, Darwin ou Lamarck. e mantidas em ambiente iluminado. Após um tempo de
Trata-se de qual teoria evolutiva? Descreva essa teoria. incubação, mede-se o volume de oxigênio dissolvido na
água das garrafas. Os valores obtidos são relacionados à
3. (UFJF adaptado) As queimadas, comuns na estação fotossíntese e à respiração. Por que o volume de oxigê-
seca em diversas regiões brasileiras, podem provocar nio é utilizado na medição da produtividade primária?

U.T.I. - E.O.
1. (Fuvest) Acredita-se que organismos semelhantes a bactérias heterotróficas anaeróbicas tenham sido os primeiros
seres vivos a surgirem na face da Terra. Apresente duas justificativas para essa hipótese.

2. (Unicamp) A evolução biológica é tema amplamente debatido, e as teorias evolucionistas mais conhecidas são as de
Lamarck e Darwin, a que remete a tira do Calvin abaixo.

Quadro 1: Uma das criaturas mais peculiares da natureza, a girafa, está singularmente adaptada ao seu ambiente.
Quadro 2: Sua tremenda altura lhe permite mastigar os suculentos petiscos mais difíceis de alcançar.
Quadro 3: Biscoitos.
a) Como a altura da girafa, lembrada pela tira do Calvin, foi utilizada para explicar a teoria de Lamarck?
b) Como a teoria de Darwin poderia explicar a situação relacionada com a altura da girafa?

3. (UFC) Em 1860, Pasteur conseguiu uma vitória para a teoria da biogênese, enfraquecendo a confiança na abiogê-
nese, com uma experiência simples e completa. Analise o esquema dessa experiência, mostrado a seguir, e descreva
sucintamente o objetivo de cada etapa como também a conclusão da experiência.

242
Etapa 1: A solução nutritiva é colocada no frasco. a) Qual dos seguintes conceitos – ecossistema, ha-
bitat, nicho ecológico – está implícito nesse gráfico?
Etapas 2 e 3: O gargalo do frasco é curvado em S ao ca-
lor da chama e a solução é fervida fortemente durante b) Os dados de mortalidade representados nesse grá-
fico referem-se a que nível de organização: espécie,
alguns minutos.
população ou comunidade?
Etapa 4: A solução é resfriada lentamente e permanece c) Temperatura e salinidade são fatores abióticos que,
estéril muito tempo. nesse caso, provocaram mortalidade das fêmeas do
Etapa 5: O gargalo é quebrado. camarão-da-areia. Cite dois fatores bióticos que tam-
bém possam produzir mortalidade.
4. (UFSCar) Em recente artigo publicado on-line na revis- 7. (Unicamp) Os navios são considerados introdutores
ta científica Evolution, pesquisadores identificaram um potenciais de espécies exóticas através da água de lastro
processo de diversificação gênica nos ecossistemas tro- (utilizada nos tanques para dar aos navios estabilidade
picais de Madagascar, numa população de sapos (Anura quando vazios). Essa água pode conter organismos de
microhylidae) de habitat montanhoso, em que foram diversos grupos taxonômicos. Com certa frequência, le-
identificadas 22 novas espécies. em-se informações relacionadas a essas e introduções:
a) O que é seleção natural e qual o seu papel na evo- I. O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), um bi-
lução das espécies? valve de água doce originário do sul da Ásia, chegou
b) Segundo o neodarwinismo, além da seleção na- ao Brasil em 1998 e já infestou rios, lagos e reserva-
tural, quais fatores explicam a diversidade entre as tórios da região Sul e do Pantanal. Além de causar
espécies de sapos encontradas? problemas ecológicos, esse invasor ameaça o setor
elétrico brasileiro, a agricultura irrigada, a pesca e o
5. (PUC-MG) O bioquímico russo Oparin, em seu livro A
abastecimento de água devido à sua capacidade de se
origem da vida, admitiu que a vida sobre a Terra surgiu
incrustar em qualquer superfície submersa.
há mais ou menos 3,5 bilhões de anos.
(ADAPTADO DE EVANILDO DA SILVEIRA, “MOLUSCO CHINÊS AMEAÇA
a) CITE dois gases presentes na atmosfera primitiva. AMBIENTE E PRODUÇÃO NO BRASIL”. HTTP://WWW.ESTADAO.
COM.BR/CIÊNCIA/NOTÍCIAS/2004/MAR/18/75.HTM)
b) A que condições estavam submetidos os gases da
atmosfera primitiva? II. As autoridades sanitárias acreditam que o vibrião co-
c) Que compostos químicos se originaram a partir dos lérico, originário da Indonésia, chegou ao Peru através
gases iniciais? de navios e de lá se espalhou pela América latina.
d) Atualmente, sabemos que seres autótrofos consti- (ADAPTADO DE ILÍDIA A.G.M.JURAS, “PROBLEMAS CAUSADOS PELA ÁGUA DE
tuem fonte básica de alimento. No entanto, admite-se LASTRO”. CONSULTORIA LEGISLATIVA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2003.)

que os primeiros organismos devem ter sido heteró- Além de problemas como os citados acima, a introdu-
trofos. A partir de onde os heterótrofos conseguiam ção de espécies oferece risco de extinção de espécies
seu alimento na Terra primitiva? nativas. Explique por quê.
e) Qual o mecanismo utilizado pelos primeiros orga-
nismos para obtenção de energia? 8. (Fuvest) Num campo, vivem gafanhotos que se
alimentam de plantas e servem de alimento para
6. (Fuvest) Analise o gráfico abaixo, relativo à mortali- passarinhos. Estes são predados por gaviões. Essas
dade de fêmeas férteis do camarão-da-areia (Crangon quatro populações se mantiveram em números está-
septemspinosa) em água aerada, em diferentes tempe- veis nas últimas gerações.
raturas e salinidades, durante determinado período.
a) Qual é o nível trófico de cada uma dessas populações?
b) Explique de que modo a população de plantas poderá
ser afetada, se muitos gaviões imigrarem para esse campo.
c) Qual é a trajetória dos átomos de carbono que
constituem as proteínas dos gaviões desde sua ori-
gem inorgânica?
d) Qual é o papel das bactérias na introdução do ni-
trogênio nessa cadeia alimentar?

9. (Fuvest) Devido ao aparecimento de uma barreira


geográfica, duas populações de uma mesma espécie fi-
caram isoladas por milhares de anos, tornando-se mor-
fologicamente distintas.
a) Explique sucintamente como as duas populações
podem ter-se tornado morfologicamente distintas no
decorrer do tempo.
b) No caso de as duas populações voltarem a entrar
em contato, pelo desaparecimento da barreira geo-
gráfica, o que indicaria que houve especiação?

243
10. (Enem adaptado) Segundo a teoria evolutiva mais um tipo de vagalume, o Photuris, cuja fêmea engana e
aceita hoje, as mitocôndrias, assim como os cloroplas- atrai os machos de outro tipo, o Photinus, fingindo ser
tos, teriam sido originados de procariontes ancestrais desse gênero. Quando o macho Photinus se aproxima
que foram incorporados por células mais complexas. da fêmea Photuris, muito maior que ele, é atacado e
Qual característica da mitocôndria que sustenta essa devorado por ela.
teoria? Qual o nome dessa teoria? E qual a função da
BERTOLDI, O.G.; VASCONCELOS, J.R. CIÊNCIAS &
mitocôndria na célula? SOCIEDADE: A AVENTURA DA VIDA, A AVENTURA DA TECNOLOGIA.
SÃO PAULO: SCIPIONE, 2000 (ADAPTADO).
11. (Uerj adaptado) Na maioria dos casos, a energia de
um ecossistema origina-se da energia solar. A figura Qual é o tipo de interação e como é denominada?
abaixo mostra alguns seres componentes do ecossis-
tema de um lago. 17. (Enem adaptado) O menor tamanduá do mundo é
solitário e tem hábitos noturnos, passa o dia repousando,
geralmente em um emaranhado de cipós, com o corpo cur-
vado de tal maneira que forma uma bola. Quando em ativi-
dade, se locomove vagarosamente e emite um som seme-
lhante a um assobio. A cada gestação, gera um único filhote.
A cria é deixada em uma árvore à noite e é amamentada
pela mãe até que tenha idade para procurar alimentos. As
fêmeas adultas têm territórios grandes e o território de um
macho inclui o de várias fêmeas, o que significa que ele tem
sempre diversas pretendentes à disposição para namorar!
CIÊNCIA HOJE DAS CRIANÇAS, ANO 19, N. 174. NOV.2006 (ADAPTADO)
Considere que, no lago, existam quatro diferentes es-
Essa descrição sobre o tamanduá diz respeito ao nicho
pécies de peixes. Cada uma dessas espécies se ali-
ecológico ou habitat? Por quê?
menta exclusivamente de um dos quatro componentes
indicados. Qual seria o peixe que teria melhores con- 18. (Fuvest adaptado) Considere as seguintes compara-
dições de desenvolvimento, em função da disponibi-
ções entre uma comunidade pioneira e uma comunidade
lidade energética?
clímax, ambas sujeitas às mesmas condições ambientais,
em um processo de sucessão ecológica primária:
12. (Fuvest adaptado) “O tico-tico tá comendo meu
fubá/ Se o tico-tico pensa/ em se alimentar/ que vá co- I. A produtividade primária bruta é maior numa comuni-
mer/ umas minhocas no pomar (…)/ Botei alpiste para dade clímax do que numa comunidade pioneira.
ver se ele comia/ Botei um gato, um espantalho e um II. A produtividade primária líquida é maior numa co-
alçapão (…)” munidade pioneira do que numa comunidade clímax.
(ZEQUINHA DE ABREU, TICO-TICO NO FUBÁ). III. A complexidade de nichos é maior numa comunida-
No contexto da música, qual é a teia alimentar da qual de pioneira do que numa comunidade clímax.
fazem parte tico-tico, fubá, minhoca, alpiste e gato?
Comente as afirmativas.
13. (UEL adaptado) Considere o seguinte relato: “O pás- 19. (Unicamp) O gráfico abaixo ilustra as curvas de cres-
saro-palito penetra na boca aberta do crocodilo remo- cimento populacional de duas espécies de mamíferos
vendo os restos de alimento e parasitas encontrados en- (A e B) que vivem na savana africana, um pastador e
tre seus dentes. Assim, o pássaro obtém o seu alimento um predador. Analise o gráfico e responda às questões.
e livra o crocodilo de seus parasitas”. Que tipo de intera-
ção ecológica é essa? E como ela é denominada?

14. (Unesp adaptado) Um gavião, que tem sob suas pe-


nas carrapatos e piolhos, traz preso em suas garras um
rato, com pulgas em seus pelos. Entre o rato e as pulgas,
entre os carrapatos e os piolhos e entre o gavião e o
rato, que tipo de relações interespecíficas existem?

15. Como é denominada a associação existente entre os


ruminantes e as bactérias que vivem em seu estômago?
a) Qual curva representa a população do mamífero
16. (Enem adaptado) Os vagalumes machos e fêmeas predador? Qual das duas espécies tem maior capaci-
emitem sinais luminosos para se atraírem para o aca- dade de suporte (carga biótica máxima)?
salamento. O macho reconhece a fêmea de sua espécie b) Cite duas adaptações defensivas contra predação
e, atraído por ela, vai ao seu encontro. Porém, existe apresentadas por mamíferos pastadores da savana.

244
20. (Fuvest) O esquema abaixo representa as principais 21. (Famerp) Um ecossistema é composto tanto por fa-
relações alimentares entre espécies que vivem num tores bióticos (comunidade ou biota) como por fatores
lago de uma região equatorial. abióticos (variáveis físicas e químicas do ambiente).
Nos ecossistemas, tais fatores estão fortemente rela-
cionados, proporcionando diversas interações entre os
seres vivos e o ambiente físico. Um impacto ambiental
é, essencialmente, uma alteração relevante nos compo-
nentes bióticos ou abióticos dos ecossistemas.
a) A queima de combustíveis fósseis (como o óleo diesel
e a gasolina) em veículos automotores promove alteração
direta em fatores bióticos ou em fatores abióticos de um
ecossistema? Justifique sua resposta.
b) Explique de que maneira uma alteração biótica em de-
terminado ecossistema pode gerar um impacto ambiental.

Com relação a esse ambiente:


a) Indique os consumidores primários.
b) Dentre os consumidores, indique quais ocupam um
único nível trófico.
c) Explique como o aumento das populações das aves
pode impactar as populações de mosquitos.

245
BIOLOGIA 2

247
Taxonomia e reinos

Os seres vivos podem ter o corpo constituído por uma ou


mais células, sendo chamados de, respectivamente, unice-
Reprodução
lulares, como as bactérias, e pluricelulares (multicelula- Qualquer ser vivo é capaz de reproduzir-se, ou seja, originar
res), como os animais e plantas. organismos semelhantes. A reprodução pode ser assexu-
Membrana Plasmídeo ada ou sexuada. A reprodução assexuada resulta em por
celular Parede celular Flagelo duas células-filhas, exatamente iguais à célula-mãe que as
originou. A reprodução sexuada é feita a partir da mistura
de material genético, o que ocorre geralmente pela fusão
de duas células especializadas denominadas gametas, que
formam o zigoto ou célula-ovo.

Grânulo DNA
Ribossomos Material genético
Célula bacteriana
Em cada célula aparece uma extensa molécula, o DNA (áci-
Complexidade e organização do desoxirribonucleico), no qual estão contidos os genes.
Passando de pais para filhos, os genes mantêm as caracte-
Os seres vivos são complexos e bastante organizados. Mesmo rísticas específicas de cada organismo.
quando unicelular, o organismo apresenta extrema complexi-
dade, presente tanto na estrutura quanto no funcionamento
da célula. No corpo humano, que é um organismo pluricelular, Evolução
encontramos 200 tipos de célula, que se organizam em qua- O material genético é responsável pelas características de
tro tipos básicos de conjunto, chamados de tecidos: epitelial, um organismo. Mutação é qualquer alteração do material
conjuntivo, muscular e nervoso. Esses tecidos reúnem for- genético que provoca o aparecimento de uma nova carac-
mando órgãos, como a pele, estômago e coração. Por sua vez, terística, conhecida como variação. Quando estas variações
atuando em conjunto, uma série de órgãos passa a constituir são herdáveis, ou seja, passam para as próximas gerações,
um sistema, como é o caso do digestório ou do circulatório. ocorre o processo chamado de evolução: a transformação
sofrida pelos organismos no transcorrer da história da Terra.
Metabolismo
O metabolismo é responsável pelo crescimento, manutenção Biodiversidade: diversidade de
e reparo das células, consequentemente, de todo o organis- espécies e de ecossistemas
mo. Dividimos os processos metabólicos em duas etapas:
Conceito que designa a diversidade biológica existente en-
anabolismo e catabolismo. O termo anabolismo compre-
tre os seres vivos, exprime a riqueza de espécies de uma
ende os processos químicos sintéticos, nos quais substân-
dada região. Engloba, também, a diversificação de habitats
cias mais simples são combinadas para formar outras mais
e ambientes de uma macrorregião.
complexas; o catabolismo abrange processos analíticos, nos
quais as substâncias complexas são quebradas, originando
substâncias mais simples e liberação de energia. A longevidade natural das espécies
A probabilidade de que uma dada espécie se torne extinta
em um certo tempo, depois que ela se separa de outras
espécies, pode ser aproximada como uma constante.

A ancestralidade dos seres vivos


Durante os séculos XIX e XX, deu-se maior importância
aos estudos de arqueologia e dos fósseis, o que ocasionou
descobertas a respeito da evolução. As novas evidências
permitiram afirmar que os seres vivos de hoje derivam de
As atividades metabólicas outros que existiram há milhares de anos.

248
A organização das informações e os graus de semelhanças Alguns autores reúnem Eubactéria e Arqueobactéria em
e diferenças são utilizadas nos estudos de classificação um único reino denominado Monera.
dos seres vivos ou taxonomia.
Domínio Reino
Por volta da metade do século XVIII, o naturalista sueco
Bacteria Eubacteria
Carl von Linnée, ou Lineu, classificou os organismos segun-
Archaea Archaeabacteria
do a estrutura e anatomia dos seres vivos. Esse sistema de
classificação é utilizado até hoje. Protoctista ou (Protista)
Fungi
Eukarya
Plantae (Vegetalia)

OS TRÊS DOMÍNIOS, OS SERES Animalia

VIVOS E OS TIPOS DE CÉLULA Categorias taxonômicas


A análise das sequências do RNA ribossômico permitiu di- e a filogenética
vidir o mundo vivo em três grandes grupos conhecidos por Cada uma das categorias usadas na classificação é deno-
domínios, a saber: Bacteria, Archaea e Eukarya. O domí- minada táxon, assim, o ramo da Biologia que se ocupa
nio Bacteria é constituído pelas chamadas “bactérias verda- da classificação e nomenclatura é chamado taxonomia.
deiras”, seres procariontes nos quais observam-se as células A categoria básica na classificação é a espécie. Espécies
primitivas chamadas de procarióticas ou procariotas. que apresentam características em comum são agrupa-
Archaea é um domínio de organismos conhecidos como ar- das em um gênero. Os gêneros, agrupados em famílias;
queobactérias, também procariontes e com uma característi- as famílias, em ordens; as ordens, em classes; as classes,
ca de viver em ambientes inóspitos com grandes salinidades, em filos ou divisões (para vegetais); e os filos, em reinos.
altas temperaturas, ácidos e outros. O domínio Eukarya inclui Assim, cada uma das categorias é um conjunto composto
todos os demais seres vivos, isto é, protistas (protoctistas),
de vários subconjuntos.
fungos, vegetais e animais. São chamados eucariontes e
possuem as células eucarióticas ou eucariotas. A célula vege- O sistema de Lineu não considerava a ideia de parentesco
tal se diferencia da animal pela presença da parede celular, entre os seres, pois, para ele, todos os seres haviam surgido
dos cloroplastos e de grandes vacúolos. no momento da Criação Divina.

Tubarão Golfinho Homem


Reino Animal Animal Animal
Filo Cordado Cordado Cordado
Classe Chondrichthyes Mammalia Mammalia
Ordem Elasmobranchii Cetacea Primates
Família Carcharhinidae Delphinidae Hominidae
Gênero Negaprion Delphinus Homo
Espécie Negaprion brevirostris Delphinus delphis Homo sapiens

A definição de quais são as características relevantes é Para que seja padronizada a nomenclatura, deve-se seguir
uma tarefa complexa. Devido à falta de informações e à sempre certas regras:
discordância entre os cientistas, o sistema de classificação ƒ os nomes devem estar em latim;
precisa ser constantemente revisado. Atualmente, técnicas
ƒ o primeiro nome deve ser escrito com inicial maiúscula
modernas permitem que sejam comparadas a composição
e o segundo com inicial minúscula; e
química das proteínas e dos genes que compõem os seres
vivos, elucidando algumas relações de parentesco. ƒ nomes devem ser sempre destacados do texto (em ne-
grito, itálico ou sublinhado).
A nomenclatura binomial
Os reinos
De Lineu foi também a ideia de atribuir uma nomenclatura
a cada organismo. Essa nomenclatura é composta por dois Atualmente, destacam-se dois sistemas de classificação que
nomes: o primeiro indica o gênero e o segundo, a espécie – consideram os seis reinos:
por exemplo: Canis lupus (lobo), na qual Canis é o epíteto ƒ Reino Arquea: as arqueobactérias possuem a capaci-
genérico (gênero) e lupus é o epíteto específico. dade de viver em locais onde as condições de vida são

249
extremamente adversas para a grande maioria dos seres ƒ Reino dos Fungos, que inclui os fungos e líquens, com
vivos. Habitam em locais com grande presença de sal, aproximadamente 47 mil espécies descritas.
extremamente ácidos, baixíssima umidade, ausência de
ƒ Reino dos Vegetais, que inclui as plantas, com aproxi-
oxigênio, temperaturas muito elevadas ou muito baixas.
madamente 250 mil espécies descritas.
ƒ Reino Eubacteria, que inclui bactérias e cianobactérias,
ƒ Reino dos Animais, que inclui os animais invertebrados
com aproximadamente 5 mil espécies descritas.
(com cerca de 992 mil espécies descritas – destas, cer-
ƒ Reino dos Protoctistas, que inclui protozoários e algas, ca de 880 mil são artrópodes) e vertebrados (cerca de
com aproximadamente 58 mil espécies descritas. 44 mil espécies descritas).

Vírus

Os vírus são uma estrutura que está no limite entre um ser


ENVELOPE:
vivo e a matéria bruta. Não apresentam célula – e assim MEMBRANA BIMOLECULAR DE
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS ESPECÍFICAS
não trazem a unidade básica de vida, não sendo consi- DO VÍRUS

derados seres vivos. Contudo, conseguem se multiplicar CAPSÍDIO: PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS
DNA VIRAL
quando infectam uma célula, algo que uma matéria sem
vida não consegue fazer. Por isso, são alvo de discussão, em H (HEMAGLUTINA)

que alguns autores os consideram seres vivos e outros não. N (NEURAMINIDASE)

ESTRUTURA VIRAL
É formada por uma cápsula proteica, o capsídeo, com di- O vírus é uma partícula basicamente proteica que pode infectar organismos vivos.
versas subunidades, os capsômeros. No interior do cap-
sídeo, há um ácido nucleico que, dependendo do tipo de
vírus, pode ser DNA ou RNA.
CLASSIFICAÇÃO
O capsídeo, juntamente com o ácido nucleico que ele en-
Os vírus apresentam formas diversas, e os principais crité-
volve, é denominado nucleocapsídeo. Alguns vírus são
rios de divisão são:
formados apenas por essa estrutura, enquanto outros pos-
suem um envoltório ou envelope externo ao nucleocapsí- ƒ os tipos de ácidos nucleicos: diferenciam-se os desoxir-
deo. Esses vírus são denominados vírus encapsulados ribovírus e os ribovírus;
ou envelopados.
ƒ a simetria do complexo ácido nucleico-cápside (exem-
Envelope consiste em duas camadas de lipídios, deri- plos: bastonete ou esférico);
vadas da membrana plasmática da célula hospedeira, e em
ƒ a presença ou ausência de um envoltório;
moléculas de proteínas virais, específicas para cada tipo de
vírus, imersas nas camadas de lipídios. ƒ as propriedades sorológicas do capsídeo e do envoltório; e
ƒ a presença de determinadas enzimas. Alguns ribovírus
apresentam a enzima transcriptase reversa e são co-
nhecidos como retrovírus.
PROTEÍNAS VIARIS ESPECÍFICAS

REPRODUÇÃO
CAPSÍDEO:
PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS
DNA VIRAL

São considerados parasitas intracelulares obriga-


tórios, o que significa que somente se reproduzem pela
invasão e possessão do controle da maquinaria de autorre-
produção celular. Parasita refere-se a um organismo que
se aproveita dos recursos de outro ser vivo, o hospedeiro,
para sobreviver.

250
Esquema de um bacteriófago

Representação ciclo lítico e lisogênico

MECANISMOS DE
MANIFESTAÇÃO VIRAL
ƒ Quando o material genético for DNA.
O bacteriófago é um dos vírus mais estudados, dentre os O DNA viral passa por uma transcrição, sintetizando
quais, aqueles que infectam a bactéria intestinal Escheri- várias moléculas de RNA traduzidas em uma proteína.
chia coli, conhecidos como fagos T. É o caso dos vírus da varíola, da hepatite e da herpes.
Existem dois tipos de ciclo reprodutivo o ciclo lítico e o ƒ Quando o material genético for o RNA.
ciclo lisogênico. Ambos os casos iniciam-se com o vírus
aderindo à superfície da célula bacteriana – há um encaixe A ação viral pode ocorrer por duas vias, de acordo com
específico entre a proteína do vírus e as proteínas da super- o vírus.
fície da célula – e injetando seu material genético, deixando Na primeira, os vírus de RNA sintetizam mais RNA tra-
a cápsula do lado de fora – em alguns vírus, como o cau- duzidos em proteínas pelo maquinário da célula hospe-
sador da gripe, a cápsula penetra nas células, é destruída e deira, como os vírus da gripe, da poliomielite e da raiva.
libera o ácido nucleico. A partir desse momento, começa a
Na segunda, o RNA é convertido em DNA por meio de
diferenciação entre ciclo lítico e ciclo lisogênico.
uma enzima denominada transcriptase reversa.
No ciclo lítico, o vírus invade a célula, na qual as funções
normais são interrompidas na presença de ácido nucleico
do vírus (DNA ou RNA). Por sua vez, ao mesmo tempo que VIROSES
o vírus é replicado, comanda a síntese das proteínas que
irão compor o capsídeo. Os capsídeos organizam-se e en- Viroses humanas
volvem as moléculas de ácido nucleico, produzindo, então,
novos vírus. Ocorre, assim, a lise, ou seja, a célula infectada Principais viroses que acometem
se rompe e os novos vírus são liberados. os seres humanos
No ciclo lisogênico, o vírus invade a célula hospedeira, 1. Gripe
incorporando o DNA viral ao da célula infectada, fazendo 2. Hepatite
com que seu DNA torne-se parte do DNA da célula invadi- 3. Herpes
da. Uma vez infectada, a célula continua com suas funções 4. Poliomielite
normais, como reprodução e ciclo celular. Ao realizar divisão 5. Raiva
celular, o material genético da célula sofre duplicação, junta- 6. Rubéola
mente com o material genético do vírus que foi incorporado; 7. Sarampo
em seguida, são divididos igualmente entre as células-filhas.
8. Varíola
Assim, uma vez infectada, uma célula começará a transmitir
9. Catapora
o vírus sempre que se multiplicar e todas as novas células
também estarão infectadas. Os sintomas causados por um 10. Caxumba
vírus como este demoram a aparecer em um organismo 11. Dengue
multicelular, e suas causas tendem a ser incuráveis. É o caso 12. Febre chikungunya
do HIV e da herpes. 13. Febre por zika vírus

251
14. Febre amarela ƒ uso de curativos impermeáveis em todos os ferimentos
15. Ebola que eventualmente ocorram;
16. Aids: conhecida também por síndrome da imunode- ƒ impossibilidade de doar sangue; e
ficiência adquirida, é provocada pelo vírus da imuno de-
ficiência humana (HIV – família Retroviridae) e apresen- ƒ separação dos seus próprios objetos de uso pessoal,
ta subtipos 1 e 2. Pode ser transmitida pelo contato com como toalha, alicate de unhas e escova de dente; para
mucosas corporais, áreas feridas do corpo de um indivíduo evitar a contaminação de outras pessoas pelo vírus, e
portador, esperma, secreção vaginal, leite materno ou san- a manifestação de infecções oportunistas no paciente.
gue contaminado pelo vírus. A principal via de transmissão
é o contato sexual (genital, anal ou oral). Mães gestantes Vírus HIV
também podem transmitir o vírus ao feto, assim como pelo O HIV (vírus da imunodeficiência adquirida) pertence a
uso de objetos perfurocortantes contaminados e que não uma família de retrovírus de mamíferos. Diferentemente do
estejam devidamente esterelizados. Picadas de mosquito herpes vírus, multiplica-se constantemente no hospedeiro,
não são capazes de transmitir o vírus em questão. apesar de algumas células apresentarem vírus em estado
Como seu próprio nome indica, ele faz com que o sistema latente. Os seres humanos e outros primatas são os únicos
imunológico (responsável pela defesa do organismo) enfra- hospedeiros naturais do vírus HIV.
queça – uma vez que ataca os glóbulos brancos, reduzin- Existem duas grandes famílias de vírus HIV: o HIV-1, que cau-
do sua quantidade. Assim, o portador do vírus está sujeito a sa infecções em primatas não humanos, no caso os símios,
adoecer com mais facilidade, inclusive por aquelas doenças encontrados na África ocidental; e o HIV-2, que se subdivide
que não fariam muito mal a pessoas com boa imunidade. Se em, pelo menos, cinco grandes subfamílias e causa a infecção
não tratada, a pessoa fica cada vez mais debilitada podendo na população humana pelo mundo.
morrer. Felizmente, os portadores do vírus têm maior expecta-
O HIV tem como alvo celular os linfócitos T-CD4, respon-
tiva de vida. A terapia antirretroviral (oferecida gratuitamente
sáveis pela proteção do organismo contra agentes infec-
pelo SUS) é capaz de controlar a multiplicação do vírus e, con-
ciosos que penetrem no indivíduo. Ele utiliza essas células
sequentemente, reduzir a destruição dos glóbulos brancos.
e todo o maquinário celular para reproduzir-se, causando
Com isso, a Aids deixou de ser encarada como uma moléstia
a destruição do sistema imunológico do hospedeiro, o que
fatal para transformar-se em doença passível de controle.
o torna suscetível a qualquer infecção oportunista, como
Embora possa provocar efeitos colaterais, estas pessoas uma simples gripe, podendo levá-lo à morte.
podem exercer suas atividades normalmente, exceto em
Todos os tratamentos são associados à supressão da replica-
casos que se apresentem incapacitadas, e terão cuidados
ção do vírus e à repleção das células CD4 periféricas. Durante
constantes para o resto de sua vida, como:
o período gestacional, o bebê está protegido da contaminação
ƒ uso dos fármacos prescritos; contra o HIV, por conta da placenta, mas, em seu rompimento
ƒ adoção da camisinha em todas as relações sexuais e momento do nascimento, o neonatal corre riscos de conta-
(mesmo se tratando de parceiro também HIV positivo); minação, devido ao contato com o sangue da mãe.

QUADRO RESUMO DAS VIROSES


Doença Transmissão
Catapora (varicela) Contato da pele com as bolhas ou pelo ar, que contenha o vírus Varicela zoster.
Caxumba (parotidite infecciosa) Por gotículas de saliva expelidas pelo doente, que contenham o Paramyxovírus sp.
Vertical (placentária), amamentação materna, ato sexual, de pessoa para pessoa e por
Citomegalia
transfusão sanguínea.
Dengue Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus.
Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus (tigre asiático). Ocorre quando
Dengue hemorrágica
um indivíduo que teve um tipo de vírus da dengue recebe outro vírus diferente, também da dengue.
A febre chikungunya pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus,
Febre chikungunya
os mesmos que transmitem o vírus da dengue e da febre amarela
O Aedes aegypti infecta-se com o zika vírus toda vez que ele pica uma pessoa ou macaco previamente
infectado. Assim como ocorre na dengue e na febre amarela, o mosquito não torna-se imediatamente
Febre por zica vírus um transmissor do vírus. Após ser ingerido pelo mosquito, o zika vírus ainda precisa de cerca de 10 dias
para multiplicar-se e migrar do sistema digestivo para as glândulas salivares do Aedes. Só a partir deste
momento é que o mosquito passa a ser capaz de transmitir o vírus durante a picada.

252
QUADRO RESUMO DAS VIROSES
Doença Transmissão
Febre aftosa Via respiratória, inalando o Aphthovirus sp.
Febre amarela silvestre Picada da fêmea dos mosquitos Haemagogus sp ou Sabethes sp contendo o Flavivirus sp.
Febre amarela urbana Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus contendo o Flavivirus sp.
Febre hemorrágica do ebola Por meio de secreções corpóreas e sangue contaminado pelo Filovirus sp.
Gripe Contato com o ar contaminado pelo Mixovirus influenzae.
Hantavirose Via respiratória, água e alimentos contendo o Hantavirus sp.
Hepatite Contato pessoa a pessoa; oral-fecal, transfusão sanguínea.
Contato íntimo com indivíduo transmissor, a partir de superfície mucosa ou de lesão infectante
Herpes
contendo, por exemplo, o Herpes simplex.
Mononucleose Contato íntimo de secreções orais (saliva) contendo o vírus Epstein-Barr, da família Herpesviridae.
Papiloma (condiloma) Vertical (placentária); ato sexual; o agente etiológico é o HPV.
Poliomielite (paralisia infantil) Contato direto com secreções faríngeas de doentes.
Hidrofobia (raiva) Por meio da saliva de animais doentes.
Resfriado Contato com o ar contaminado pelos vírus sincicial respiratório, parainfluenza ou rinovírus.
Rubéola Por meio de gotículas de muco e saliva ou pelo contato direto com as secreções do nariz.
Sarampo Por meio de gotículas de muco e saliva ou pelo contato direto com as secreções do nariz.
Síndrome da imunodeficiência adquirida Ato sexual (hétero e homo) sem preservativo, seringa contaminada, transfusão sanguínea, via
(Sida ou Aids, em inglês) vertical (placentária).
Contato com as secreções das vias respiratórias, com as lesões da pele, das mucosas e com
Varíola
os objetos de uso do doente.

Imunização
Uma das alternativas para a prevenção de algumas des-
sas doenças virais é a vacinação, processo de imuniza-
ção ativa que consiste na inoculação de antígenos mortos
ou enfraquecidos que estimulam a produção de anticorpos
no organismo. Essa primeira produção de anticorpos – res-
posta imune primária – é lenta e pequena. O segundo
encontro com o antígeno desencadeará a resposta imu- Gráfico que representa o processo de vacinação e a quantidade
de anticorpos produzidos pelo organismo.
ne secundária, que é rápida e produz grande quantidade
de anticorpos. Quando o vírus tem uma taxa de mutação e O processo de imunização passiva, conhecido por sorolo-
reprodução muito alta, como é o caso da gripe, o processo gia, consiste na inoculação de anticorpos prontos para ina-
é ineficaz, pois o antígeno muda muito. tivarem os antígenos que estão parasitando no organismo.

Reino Monera

BACTÉRIAS próvoras e, se utilizam matéria viva, são parasitas. A parede


celular que envolve e protege a membrana plasmática é o
Podem ser encontradas em todos os meios: ar, água, solo citosol (citoplasma). Este possui apenas um tipo de organoi-
ou mesmo no interior de outros organismos. Isso deve-se de, o ribossomo, no qual ocorre a síntese de proteínas. Apre-
ao fato de suportarem grandes pressões, temperaturas ele- senta um único cromossomo constituído por uma molécula
vadas, concentrações osmóticas mortais para outros orga- gigante de DNA unida pelas extremidades (DNA circular), o
nismos e valores de pH radicais. material genético encontra-se disperso no citoplasma.
As bactérias heterótrofas são aquelas incapazes de produ- A célula bacteriana não possui núcleo verdadeiro, uma vez
zirem seu próprio alimento. Quando se nutrem de matéria que não apresenta a membrana que envolve o material
orgânica morta, são conhecidas por decompositoras ou sa- genético (envoltório nuclear ou carioteca).

253
As cianobactérias são produtoras de seu próprio alimento Mesossomo
por meio do fenômeno da fotossíntese, segundo a equação:
Invaginações da membrana celular. Possui diversas fun-
luz
6CO2 + 12H2O C6H12O6 + 6O2 + 6H20 ções: papel na divisão celular e na respiração.
clorofila

As cianobactérias do passado deram origem aos cloroplas-


tos das células eucarióticas (vegetais e algas). Parede
De acordo com a constituição da parede, as bactérias po-
Caracterização geral das bactérias dem ser divididas em dois grandes grupos:
Na maioria das espécies, a proteção da célula é feita por ƒ Gram-negativas: apresentam-se de cor avermelhada
uma camada extremamente resistente, a parede celular, quando coradas pelo método de Gram.
havendo imediatamente abaixo uma membrana plasmá-
ƒ Gram-positivas: apresentam-se de cor roxa quando
tica que delimita um único compartimento contendo DNA,
coradas pelo método de Gram.
RNA, proteínas e pequenas moléculas.
A habilidade em dividir-se de maneira rápida possibilita Cápsula
populações de bactérias a se adaptar às mudanças de am-
biente. Dois grupos de bactérias distantemente relacionados Muitas bactérias apresentam externamente à parede ce-
são reconhecidos: as eubactérias, que são os tipos comuns lular uma camada viscosa denominada cápsula. São ge-
encontrados na água, solo e organismos vivos maiores; e as ralmente de natureza polissacarídica, e estão relacionadas
arqueobactérias, que são encontradas em ambientes real- com a virulência da bactéria, uma vez que a cápsula confe-
mente inóspitos, como os pântanos, fontes termais, fundo do re resistência à fagocitose.
oceano, salinas, vulcões, fonte ácidas etc.
Esporos
Morfologia e estrutura O endosporo é uma célula formada no interior da célula
da célula bacteriana vegetativa, altamente resistente ao calor, dessecação e ou-
tros agentes físicos e químicos, capaz de permanecer em
Cromossomo estado latente por longos períodos e depois germinar, dan-
do início à nova célula vegetativa. A esporulação tem iní-
Cromossomo circular, que é constituído por uma única mo-
cio quando os nutrientes bacterianos se tornam escassos,
lécula de DNA circular, tendo sido também chamado de
geralmente pela falta de fontes de carbono e nitrogênio.
corpo cromatínico.

Plasmídios Nutrição
Esses elementos extracromossômicos, denominados plas- As bactérias podem ser autótrofas ou heterótrofas. As
mídios, são autônomos, isto é, capazes de autoduplicação autótrofas incluem as fotossintetizantes e as quimios-
independente da replicação do cromossomo, e podem sintetizantes. As bactérias fotossintetizantes, com cloro-
existir em número variável no citoplasma bacteriano. Os fila específica, são as cianobactérias.
ribossomos acham-se espalhados no interior da célula e As bactérias fotossintetizantes apresentam um pigmento
conferem uma aparência granular ao citoplasma. disperso no hialoplasma, conhecido como bacterioclorofila,
e apresentam um fotossistema simples.
Bactéria Nas quimiossintetizantes, ocorre uma reação química es-
plasmídeo pecífica, que libera energia formando ATP, utilizado na for-
cromossomo mação de carboidratos, como a glicose.
bacteriano
As bactérias podem realizar respiração celular aeróbia, res-
piração anaeróbica ou fermentação (alcóolica ou láctica).

Reprodução das bactérias


A reprodução assexuada mais comum nas bactérias é a di-
Plasmídeo bacteriano
visão binária.

254
ƒ Transdução: moléculas de DNA são transferidas de
uma bactéria à outra usando vírus (bacteriófagos)
como vetores (transmissores).
ƒ Conjugação: o DNA passa diretamente da bactéria
macho para a bactéria fêmea através de microscópi-
cos tubos proteicos, chamados pili, que as bactérias
“macho” possuem em sua superfície.

Importância das bactérias


As bactérias, juntamente com os fungos, são os principais
decompositores dos ecossistemas. Outro destaque é a par-
ticipação essencial de bactérias na ciclagem do nitrogênio;
as cianobactérias fazem esse papel, também, nos ecossiste-
mas aquáticos. Quanto à decomposição, pode-se destacar
a possível competição estabelecida, há milhões de anos, en-
Divisão binária bacteriana tre fungos e bactérias. É conhecido o fato de certos fungos
desenvolverem substâncias que impedem o crescimento de
A reprodução sexuada também existe, sendo a consequên- bactérias. Lembre-se que o primeiro antibiótico conhecido
cia da transferência de segmentos de DNA de uma célula pelo homem foi a penicilina extraída de um fungo do gê-
doadora (macho) para uma célula receptora (fêmea). nero Penicillium.
A passagem de segmentos de DNA entre bactérias pode As bactérias são utilizadas, cada vez mais, em tecnologia
ocorrer de vários modos: destinada à humanidade. Há tempos, elas são utilizadas
ƒ Transformação: bactéria absorve moléculas de DNA dis- em formação de antibióticos e vitaminas, na produção de
persas no meio, provenientes de outras bactérias mortas. laticínios e na produção de vinagre.

BACTÉRIAS PATOGÊNICAS
A seguir, abordaremos as principais doenças causadas por bactérias ao ser humano.
Resumo das bacterioses
DOENÇA TRANSMISSÃO AGENTE INFECCIOSO
Antraz Através da inalação de esporos ou ingestão de ali-
Bacillus antracis
(carbúnculo) mentos contaminados, ou ferimentos cutâneos.
Ingestão de alimentos contaminados (ex-
Botulismo Clostridium botulinum
emplo: enlatados de palmito).
Brucelose
Contato com secreções animais contaminadas; com a
(febre ondulante ou Brucella sp.
placenta; fetos abortados; ingestão de leite cru.
do Mediterrâneo)
Cólera Ingestão de água ou de alimentos contaminados. Vibrio cholerae
Coqueluche (tosse comprida) Contato direto ou indireto com a saliva do doente. Bordetella pertussis
Difteria Contato com a secreção do nariz, ou da gar-
Corynebacterium diphteriae
(crupe) ganta, ou através do leite cru.
Fasciíte necrosante Penetração através de cortes na pele. Estreptococo do tipo A
Febre purpúrica Contato direto pessoa a pessoa (com conjuntivite) ou indi-
Haemophilus influenzae
brasileira reto por intermediação mecânica (insetos, toalhas, mãos).
Febre tifoide (tifo) Contato direto ou indireto com fezes ou urina do doente. Salmonella typhi
Gonorreia (blenorragia) Contato sexual. Neisseria gonorrhoeae
Lepra (hanseníase) Penetração no organismo pela pele ou mucosas (ex.: nasais). Mycobacterium leprae
Penetração no organismo pelas mucosas, pela pele
Leptospirose Leptospira sp.
ferida ou via oral (alimentos contaminados).
Lyrre (doença de Lyme) Adesão de carrapatos à pele sucção de sangue. Bonnelia bungdorferi
Meningite meningocócica Por via respiratória, quando o doente fala, tosse, espirra ou pelo beijo. Neisseria meningitidis
Peste Picada de pulgas infectadas; pessoa a pessoa. Yersinia pestis

255
DOENÇA TRANSMISSÃO AGENTE INFECCIOSO
Diplococcus pneumoniae, micoplas-
Pneumonia Por via respiratória; contato pessoa a pessoa; infecção hospitalar.
mas, clamídias, legionelas etc.
Psitacose Por via respiratória: contato pessoa a pessoa. Chlamydia psittaci
Shigelose (disenteria) Ingestao de água ou de alimentos contaminados. Shigella sp.
Sífilis Contato sexual; transfusão de sangue; via vertical (placentária). Treponema pallidum
Tetano Penetração dos esporos através de ferimentos perfurantes. Clostridium tetani
Tuberculose Por via respiratória (inalando o bacilo). Mycobacterium tuberculosis
Uretrite Ato sexual. Chlamydia trachomatis

ARQUEAS sido a perda da capacidade de produzir a parede celular,


para ocorrer a evolução da célula eucariótica. A célula,
Elas têm capacidade de viver em ambientes extremos e então, desprovida dessa parede, adquiriu a capacidade de
são divididas em: halófilas extremas, suportando grandes mudar de forma, crescer e envolver substâncias extrace-
salinidades; termófilas extremas, vivendo em temperaturas lulares através da invaginação da membrana plasmática,
superiores a 100 °C. Algumas crescem em ambientes áci- fenômeno conhecido por endocitose. Células procarióticas
dos com pH igual a zero, são as acidófilas. de cianobactérias, por meio da fagocitose, são englobadas,
As arqueas vivem tipicamente em ambientes extremos (ex- originando os cloroplastos. Aí está formada, ao longo do
tremófilas), como fontes termais, fendas vulcânicas, águas tempo, uma célula eucariótica autotrófica.
extremamente salgadas ou geladas, entre outros. Muitas A edição número 76 da revista Scientific American Brasil, de
delas não possuem parede celular, no entanto, há aquelas 2008, noticiou que pesquisadores da Harvard Medical Scho-
nas quais tal estrutura está presente e são constituídas por ol, nos Estados Unidos, conseguiram construir um modelo da
polissacarídeos ou proteínas. Já nas bactérias, a parede está célula primitiva que surgiu há, aproximadamente, 3,5 bilhões
sempre presente, sendo composta por peptidioglicanos. de anos e que deu início à jornada da vida na Terra. A partir
dessa célula primitiva, surgiram os dois tipos fundamentais
CIANOBACTÉRIAS de células: um presente em bactérias e cianobactérias; e o
outro presente em todos os demais seres vivos conhecidos
A maioria das bactérias fotossintéticas é denominada cia- atualmente, exceto vírus. Esse feito científico é de extrema
nobactérias, e, durante longos anos, eram conhecidas por
importância, pois pode fornecer informações mais precisas
algas azuis.
de como esse processo de diversificação aconteceu.
As cianobactérias são maiores que os restantes dos pro-
Diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas
cariontes, não apresentam órgãos locomotores e reali-
zam fotossíntese com o auxílio de pigmentos fotossin- Estrutura Célula procariótica Célula eucariótica
téticos variados, como a clorofila A, os carotenoides Membraba plasmática Presente Presente
(pigmentos amarelos), a ficocianina (pigmento azul) e a Citosol Presente Presente
ficoeritrina (pigmento vermelho). Ribossomos Presente Presente
Algumas cianobactérias são capazes de fixar o nitrogênio Endomembranas Ausente Presente
do ar atmosférico, aproveitando esse gás para construir Envoltório nuclear Ausente Presente
suas proteínas. Mitocôndria Ausente Presente
Presente em
Liberação de toxinas Cloroplasto Ausente
vegetais e algas
Algumas espécies produzem e liberam toxinas na água que 2 ou mais
Cromossomo 1 por célula
podem envenenar outros animais que habitam o mesmo por célula
ambiente ou contaminar a água potável, levando doenças DNA Circular Linear
aos seres humanos. As mais prejudiciais para os seres
humanos são as hepatotoxinas e as neurotoxinas. Teoria da endossimbiose
TEORIA DA ENDOSSIMBIOSE E ORIGEM DAS
As provas que confirmam a teoria endossimbiótica da ori-
gem dos cloroplastos e mitocôndrias são:
CÉLULAS EUCARIONTES VEGETAL E ANIMAL ƒ presença do DNA circular, típico de bactérias;
A célula vegetal originou-se a partir de uma célula pré-eu- ƒ presença de ribossomos para a síntese de suas proteínas;
cariótica heterótrofa. É possível que o primeiro passo tenha ƒ capacidade de autoduplicação.

256
Reino protoctista I: protozoários

PROTOCTISTAS HETERÓTROFOS: Flagelados (mastigóforos)


São protozoários que se locomovem por meio de flagelos.
PROTOZOÁRIOS Reproduzem-se por cissiparidade ou divisão binária. Têm
A maioria desses seres é heterótrofa, e alguns autores di- vida livre, sendo abundantes na água doce e nos mares;
zem que são animais. Caracterizam-se por serem unicelula- outros vivem como parasitas.
res, eucariontes e viverem isolados ou em colônias.
São divididos em quatro classes, de acordo, principalmente, Trypanosoma cruzi
com o modo de locomoção ou forma de reprodução típica: Esse protozoário é causador da doença de Chagas, sendo
transmitida ao homem pela picada do inseto Triatoma in-
festans (percevejo barbeiro), que é hematófago e de hábito
noturno. A picada do inseto não transmite a moléstia,
pois nas suas glândulas salivares não existe a forma infectan-
te. Depois de picar e sugar o hospedeiro, o barbeiro elimina
fezes infectadas com tripanossomos na pele, geralmente no
rosto, daquele. O próprio hospedeiro pode introduzir as fe-
paramécio balantídeo tripanossomo zes contaminadas nas mucosas ou, coçando-se, pode causar
uma escoriação, facilitando a penetração dos tripanossomas.
Outras formas de contato ocorrem na vida intrauterina, por
meio de gestantes contaminadas, transfusões sanguíneas
ou ingestão de caldo de cana; bem mais raras são por in-
gestão de cremes de açaí ou acidentes com instrumentos
de punção em laboratórios, por profissionais da saúde. A
doença possui uma fase aguda e outra crônica. No local
giárdia ameba da picada, a área torna-se vermelha e endurecida, consti-
tuindo o chamado chagoma. Quando essa lesão ocorre
Rizópodes (sarcodinos) próxima aos olhos, leva o nome de sinal de Romaña.

Deslocam-se por pseudópodes e reproduzem-se por cissi- Após um período de incubação, ocorre febre, ínguas por
paridade. Como exemplo, temos a Entamoeba histolystica, todo o corpo, inchaço do fígado e do baço e um vermelhi-
causadora da amebíase. dão no corpo semelhante a uma alergia e que dura pouco
tempo. Nessa fase, nos casos mais graves, pode ocorrer
Os sintomas mais comuns da amebíase são disenteria agu- inflamação do coração. Mesmo sem tratamento, a doença
da com muco e sangue nas fezes, náuseas, vômitos e cóli- fica mais branda e os sintomas desaparecem após algumas
cas intestinais. Existem casos em que a ameba pode passar semanas ou meses.
a parasitar outras regiões do organismo, causando lesões
no fígado, pulmões e, mais raramente, no cérebro. A pessoa contaminada pode permanecer muitos anos ou
mesmo o resto da vida sem sintomas, aparecendo que está
A contaminação é direta. Ocorre pela ingestão de água ou contaminada apenas em testes de laboratório.
alimentos contaminados por cistos.
Eliminar ou evitar o contato com o vetor e melhorar as con-
No ciclo, os cistos passam pelo estômago, resistindo à ação dições das habitações (evitando o pau-a-pique) são as me-
do suco gástrico, chegam ao intestino delgado, quando lhores medidas preventivas.
ocorre o desencistamento. Então, migram para o intestino
grosso e ali se estabelecem. Giardia lamblia
A profilaxia é feita pela ingestão de alimentos bem lavados A giardíase é uma parasitose intestinal que tem como
e/ou cozidos, pela higiene pessoal, pela construção de fossas agente etiológico a Giardia lamblia. A giardíase se mani-
e redes de esgoto e pelo tratamento das pessoas doentes. festa por azia e náusea.

257
A contaminação ocorre quando os cistos maduros são in- Leishmania sp
geridos pelo indivíduo. Os cistos podem ser encontrados
na água (mesmo que clorada), alimentos contaminados Esse protozoário é causador da Leishmaniose, sendo trans-
e, em alguns casos, a transmissão pode se dar por meio mitido pela picada da fêmea do mosquito hematófago
de mãos contaminadas. Phlebotomus (mosquito-palha ou birigui). Entre as princi-
pais espécies de protozoários parasitas do gênero Leishma-
Para se evitar a giardíase, devem-se tomar as mesmas me-
didas profiláticas usadas contra a amebíase, uma vez que nia, destacamos a Leishmania braziliensis, a Leishmania
há ingestão de cistos. donovani e a Leishmania tropica.

Ciclo de vida da leishmaniose

Ciliados sexuada por esporulação. Como exemplos, citamos os


plasmódios e o toxoplasma. No Brasil, são causadores
São protozoários que se locomovem por meio de cílios e da malária o Plasmodium vivax, Plasmodium falciparium
apresentam reprodução por cissiparidade e conjuga- e Plasmodium ovale. Os protozoários são transmitidos
ção. Um típico representante é o paramécio. Além dos pela picada da fêmea do Anopheles (mosquito-prego). O
vacúolos contrácteis, evidenciam os dois núcleos: o macro- Toxoplasma gondii causa a toxoplasmose e é transmitido
núcleo, relacionado com a nutrição; e o micronúcleo, envol- pela urina de gatos, ratos e também pela ingestão de car-
vido com a reprodução. O paramécio se reproduz assexu- ne contaminada.
adamente por bipartição e sexuadamente por conjugação.
Nesse caso, acontece a fusão temporária de dois indivídu-
os, entre os quais se formam pontes citoplasmáticas para
trocas de partes dos micronúcleos. Após a troca e a fusão
de micronúcleos, os paramécios separam-se e dividem-se
duas vezes, produzindo um total de oito indivíduos.

Esporozoários
Esses protozoários não possuem organelas de loco-
moção, portanto, são parasitas e apresentam reprodução

258
Esporozóitos
do plasmodium

1º Vetor

Hospedeiro Hospedeiro
humano humano
inicial seguinte

Infecção
hepática 2º Vetor

Infecção
sanguínea

Transmissão
no útero

Ciclo de transmissão da malária

Reprodução
Assexuada (divisão binária)
A partir de um indivíduo, ocorre a duplicação do núcleo e posterior divisão do citoplasma.

Sexuada (conjugação)
Ocorre uma troca de material genético que permite um aumento da variabilidade.

Encistamento
Em condições ambientais desfavoráveis, ocorre o encistamento.

Quadro das principais protozooses


Parasita Classe Doença Local de infecção e sintomas Transmissão Profilaxia
• sangue e fígado Picada do mos-
Plasmodium sp. Esporozoário Malária • febre terçã, dores de Combate ao vetor
quito-prego
cabeça, sudorese
Medidas de sanea-
Entamoeba Amebíase • Intestino grosso Alimentos e água
Rizópode mento, higiene pessoal
histolytica (disenteria) • Ulcerações e diarreia contaminados
e com os alimentos
Medidas de sanea-
Giardíase • Intestino delgado Alimentos e água
Giardia lamblia Flagelado mento, higiene pessoal
(disenteria) • Dores abdominais e diarreia contaminados
e com os alimentos
Medidas de sanea-
Balantidium Balantidiose • Intestino Alimentos e água
Ciliado mento, higiene pessoal
coli (disenteria) • Diarreia contaminados
e com os alimentos

Leishmania Úlcera de • Vias respiratórias Picada da fêmea do


Telas, repelentes,
Flagelado • Lesões nas mucosas habitações longe
brasiliensis Bauru mosquito-palha
da boca e do nariz de matas

Trichomonas Trico- • Uretra e próstata (homem); Relação sexual,


Higiene pessoal, com
Flagelado vagina (mulher) piscinas e sanitários,
vaginalis moníase sanitários e piscinas
• Uretrite e corrimentos uso de preservativos
Trypanosoma Doença • Sangue e sistema nervoso
Flagelado Picada da mosca-tsé-tsé Combate à mosca
gambiensis do sono • Lesões nas meninges
Evitar contato com ani-
Toxoplasma Toxoplas- • Mal-estar, prostração, febre; no Fezes de animais
mais domésticos (fezes
Esporozoário feto pode causar retardamento domésticos e via
gondii mose e urina), principalmente
mental, cegueira e hidrocefalite placentária
para mulher gestante

259
Reino protoctista II: algas

PROTOCTISTAS AUTÓTROFOS São considerados os mais importantes produtores no mar


e na água doce. Formam parte do fitoplâncton e são,
São seres eucariotos, unicelulares ou pluricelulares com pig- portanto, alimentos de animais.
mentos fotossintéticos variados, além das clorofilas. Vivem
no mar, na água doce e em ambientes terrestres úmidos. Algas pirrofíceas (filo Dinophyta)
As pirrofíceas são algas unicelulares, eucarióticas, fla-
Algas verdes (filo Chlorophyta) geladas e apresentam uma parede celular impregnada de
São seres unicelulares (isolados ou coloniais) ou plurice- carbonato de cálcio (CaCO3), com clorofila A, xantofilas e
lulares. Os principais pigmentos são as clorofilas A e B e carotenos. Também são chamadas de dinoflagelados.
os carotenos (laranja) e xantofilas (amarelo). A reserva
é representada por amido e as paredes celulares pos- Podem causar as marés vermelhas, que correspondem a um
suem celulose. aumento do número de indivíduos de uma dada espécie, for-
mando manchas de coloração visível nos mares, devido à alta
intensidade. Ocorrem principalmente em águas costeiras ricas em
Algas pardas (filo Phaeophyta) nutrientes. Esse fenômeno causa a morte de peixes, decorrente do
São pluricelulares, possuem um pigmento marrom-amare- consumo exagerado de oxigênio pelo grande número de indivídu-
lado: a fucoxantina ou xantofila (amarelo), que junto os e produção de toxinas das algas.
com a clorofila (verde) dá a cor parda que as distingue dos Essas toxinas agem no sistema nervoso. Os moluscos geral-
outros filos. Além disso, quando exploradas, são utilizadas mente não são sensíveis, mas podem acumular tais toxinas,
diretamente como adubo, fonte de nutrientes e delas se que podem atingir o homem e outros mamíferos através de
extrai o iodo, o ágar-ágar. sua ingestão. Alguns gêneros de Dinophyta (Pyrrophyta) apre-
O corpo é revestido por uma mucilagem chamada algina sentam bioluminescência. Através da oxidação de uma
ou alginato. Essa mucilagem estabilizante é extraída das substância presente em suas células, na luciferina, pela en-
algas pardas e utilizada na fabricação de sorvetes, carame- zima luciferase, ocorre a formação de um produto molecular
los e cosméticos. excitado que libera energia luminosa na forma de fótons.

Algas vermelhas (filo Rodophyta) Euglenoides (filo Euglenophyta)


Conhecidas também pelo nome de rodofíceas, são plu- São unicelulares, não apresentam parede celular e se loco-
ricelulares. Nos plastos além da clorofila, encontra-se movem por flagelos. Vivem principalmente em água doce
outro pigmento predominante, a ficoeritrina (verme- e apresentam um vacúolo pulsátil, que, ao se contrair, ex-
lho), ocorrendo também a ficocianina (azul). As algas pulsa o excesso de água, por osmose em relação ao meio.
vermelhas podem fornecer ágar (ágar-ágar) e a carra-
Os seus cloroplastos realizam a fotossíntese, mas, na au-
gem (carragim), outra mucilagem com finalidade ali-
sência da luz e na escassez de reservas nutritivas, os eu-
mentícia. Algumas espécies revestem-se de carbonato
glenoides são capazes de ingerir partículas alimentares,
de cálcio (CaCO3).
que entram pela boca da célula (citóstoma), passam pela
citofaringe, sofrem digestão de vacúolos digestórios e os
Diatomáceas (filo Bacillariophyta) resíduos são eliminados pelo citopígeo, como em unicelu-
Também chamadas de crisofíceas ou algas doura- lares heterótrofos. Essa capacidade e a estrutura de suas
das, a maioria é unicelular e apresentam os pigmentos células assemelha-se muito a alguns protozoários, o que
caroteno (laranja) e xantofila (amarelo), além da clorofi- culminou com o estudo das euglenas também como pro-
la. As diatomáceas têm suas células recobertas por uma tozoários flagelados. Têm uma região chamada estigma,
carapaça chamada de frústula, que é de dióxido de responsável pela percepção de luz. A reserva é um tipo de
silício (SiO2), podendo ser formadas por duas partes amido conhecido por paramilo.
ou valvas que se encaixam.

260
REPRODUÇÃO NAS ALGAS
As algas apresentam processos de reprodução assexuada por cissiparidade (divisão binária), fragmentação de seus
talos e reprodução sexuada (isogamia, anisogamia e oogamia).

Plasto Valva menor


B

Vacúolo Núcleo Valva maior


Representações esquemáticas de divisão binária em protistas.

Reprodução sexuada União


Fusão
sexual
citoplasmática

Organismos adultos Fusão dos


núcleos e
haploides (n)
formação
do zigoto (2n)

Zigósporo

MEIOSE

Ciclo sexuado da
alga verde
Organismos jovens unicelular
haploides (n) Chlam ydomonas sp.

A reprodução sexuada é comum em quase todas as algas. Cada organismo pode se comportar como um gameta e, ao se fundirem, formam um zigoto.
Esse zigoto sofre meiose e forma quatro novos indivíduos haploides.

A maioria das algas multicelulares apresenta o fenômeno de alternância de gerações.

IMPORTÂNCIA DAS ALGAS


O fitoplâncton é responsável por cerca de 90% do oxigênio atmosférico. Climaticamente, é importante pela
liberação na atmosfera de DMS (dimetil-sulfeto), substância que age como facilitador na formação de núcleos de con-
densação e, portanto, de chuvas.

261
Poríferos e cnidários

INTRODUÇÃO AO ESTUDO celomados os animais cuja cavidade é o celoma, ou seja,


revestida unicamente por mesoderne.
DOS METAZOÁRIOS Em um dos estágios no desenvolvimento embriológico cha-
mado gástrula, que corresponde a uma forma tridimensional
Esses animais são seres multicelulares e heterótrofos, ou seja,
(semelhante a uma pera) com uma cavidade chamada de ar-
obtêm a sua alimentação por ingestão. O reino dos metazo-
quêntero (intestino primitivo), o qual se comunica com o meio,
ários é dividido em dois sub-reinos: parazoários, que in-
através de uma abertura chamada blastóporo, será formada a
cluem as esponjas (poríferos), animais que não apresentam
boca, nos seres protostômios (a grande maioria), ou o ânus,
organização em tecidos, e os eumetazoários, que incluem
nos deuterostômios (equinodermos e cordados).
todos os demais grupos, pois suas células se organizam em
tecidos, órgãos e sistemas.
Chamamos os cnidários, por exemplo, de animais diblásti-
cos, pois formam apenas dois folhetos germinativos: endo-
derme e ectoderme. Já, a partir dos platelmintos, são cha-
mados todos de triblásticos, pois observa-se a presença
de três folhetos embrionários ou germinativos: a ectoderme,
a endoderme e a mesoderme. Nos animais triblásticos
pode-se formar uma cavidade corpórea, que é fundamental
para acomodar órgãos e estruturas internas, para circulação
de substâncias ao longo do corpo, para acolher resíduos ce-
lulares que serão eliminados do corpo e pode, ainda, estar Cladograma dos metazoários
preenchida de líquido sob pressão, que funciona como es-
trutura de sustentação em um esqueleto hidrostático. Cha- A simetria corporal
mam-se acelomados os animais sem cavidade corpórea; A simetria bilateral corresponde a duas metades semelhan-
pseudocelomados os animais cuja cavidade corpórea é tes; a direita e a esquerda .Na simetria radial, há mais de um
revestida pela mesoderme e pela endoderme; e, finalmente, plano imaginário que divide o ser em metades semelhantes.

PORÍFEROS (ESPONGIÁRIOS)
A maioria desses animais é marinha, e não possuem tecidos verdadeiros, que favorece a grande capacidade de
regeneração.

ESPONJA
VIVA REORGANIZAÇÃO
CELULAR
CÉLULAS CAPAZES
DE ORIGINAR
NOVAS ESPONJAS

FORMAÇÃO DE
ESPONJA NOVAS ESPONJAS
DESAGREGADA
ESPÍCULAS

GEMULAÇÃO

REGENERAÇÃO
Esquema representativo da regeneração dos poríferos

262
Estrutura e fisiologia
As esponjas são animais filtradores. Possuem uma cavidade chamada de átrio ou espongiocele, além de coanó-
citos, amebócitos e pinacócitos.
A organização do corpo de um porífero

saída de água

ósculo
porócito
espículas
pinacócitos
poros
espículas
entrada
de água átrio
(espongiocela)
amebócito

colarinho coanócito

flagelo

Existem três tipos estruturais de esponjas – áscon, sícon e lêucon –, que apresentam gradual aumento da superfície de
contato dos coanócitos com a água, de modo que, as esponjas tipo lêucon estão mais adaptadas a promover uma filtração
mais eficiente da água e aproveitam melhor os nutrientes disponíveis.

Câmaras
flageladas

Átrio Átrio

Água Água

Ascon Sycon Leucon

Tipos estruturais das esponjas

Reprodução CNIDÁRIOS (CELENTERADOS)


As esponjas podem se reproduzir de forma sexuada, quando
São organismos com simetria radial, predominantemente
ocorre a união de gametas masculino e feminino, formando um
aquáticos marinhos, podem nadar livremente (medusas)
zigoto que origina uma larva ciliada (anfiblástula), ou assexu-
ou viver fixos (pólipos), no fundo do mar ou dos rios, sozi-
ada, que pode ocorrer por brotamento, regeneração e através
de gêmulas que aparecem mais em esponjas de água doce. nhos ou formando colônias.

Sustentação do corpo A importância da cavidade digestiva


A presença de uma cavidade digestiva permite ao animal
Os espongiários possuem um endoesqueleto. O esquele- ingerir alimentos maiores, que gradativamente sofrerão o
to mineral é constituído por espículas calcárias e silicosas ao ataque de sucos digestivos constituídos por enzimas que
esqueleto orgânico, apresenta-se formado por uma densa catalizarão a sua degradação em substâncias menores
rede de fibras de espongina. absorvíveis e utilizáveis no metabolismo, posteriormente,

263
pelas demais células do corpo. Neste grupo, a digestão é,
portanto, extracelular e intracelular.
Fisiologia
Ainda não possuem sistema respiratório e circulatório definidos.
Os cnidoblastos
Tanto os pólipos como as medusas são animais predado-
Reprodução
res, carnívoros que capturam suas presas descarregando
uma substância urticante, presente em células nos tentá-
Brotamento
culos: os cnidócitos ou cnidoblastos. A reprodução dos celenterados pode ser assexuada e sexuada.

Sistema nervoso difuso Metagênese


e o arcorreflexo A alternância de gerações, em que uma fase se reproduz
assexuadamente e a outra sexuadamente, é conhecida
Esses animais apresentam reações a estímulos externos,
como metagênese. A fase sexuada é representada pela
que os permitem se defenderem ou capturarem sua presa.
forma medusoide.
Trata-se da primeira ocorrência de células nervosas.

Classificação dos cnidários


CLASSES DE CELENTERADOS

Classe Relação pólipo/medusa Representantes

Hydra sp (dulcícolas), Obelia sp (colonial),


Hydrozoa Pólipos predominantes
Physalia sp (caravelas e coloniais)

Scyphozoa Medusas predominantes (água-vivas) Aurelia sp

Actinia sp (anêmonas-do-mar) e corais


Anthozoa Exclusivamente polipoides (com exoesqueletos calcários que par-
ticipam da formação de recifes)

Cubozoa Pólipo dá origem à medusa Chironex fleckerí

Platelmintos

SURGE A SIMETRIA BILATERAL FISIOLOGIA


E A TRIBLASTIA ƒ Nutrição – o sistema digestório é incompleto. A digestão
ocorre nos meios extracelular e intracelular. Existem espécies
Os platelmintos são os primeiros animais nos quais ocorre parasitas, totalmente desprovidas de sistema digestório.
a simetria bilateral; possuem corpo alongado e dorso ven-
ƒ Respiração e trocas gasosas – as espécies de vida
tralmente achatado. Hábitos de vida são variados: nos de
livre são aeróbias e as trocas são realizadas por simples
vida livre existem os parasitas que vivem às custas de outros difusão entre o epitélio permeável do animal e o meio.
seres, explorando-os como ecto ou endoparasitas. Os endoparasitas são anaeróbios.

264
ƒ Excreção – célula-flama.

Células-flama
Poros excretores Canal
excretor
Canal
excretor

Tufo de
cílios

Citoplasma
Cordões nervosos Núcleo
longitudinais
Nervos

ƒ Coordenação nervosa – gânglios cerebroides ou um anel nervoso, ligados a cordões nervosos longitudinais.
cordão nervoso

nervos

gânglio cerebral
ocelo
parte
fotossensível

células com
pigmento

nervos para o célula


gânglio cerebral fotossensível

ƒ Reprodução – normalmente, são hermafrodi-


tas ou monoicos com fecundação interna e um de- A ESQUISTOSSOMOSE -
senvolvimento, que pode ser direto ou indireto. Existem
espécies que se reproduzem assexuadamente, princi-
SCHISTOSOMA MANSONI
palmente por regeneração. A barriga-d’água é uma doença provocada pelo platelminto
Schistosoma mansoni, um verme dioico com nítido dimorfis-

CLASSIFICAÇÃO DOS PLATELMINTOS


mo sexual.
As medidas profiláticas mais comuns são:
ƒ Classe Turbellaria (turbelários): seres de vida 1. Tratamento dos infestados por meio da destruição dos ver-
livre com epitélio ciliado. mes no organismo humano.
Exemplo: planária. 2. Saneamento básico, que impede que os ovos contami-
ƒ Classe Trematoda (trematódios): seres parasitas nem a água.
com epiderme não ciliada e uma ou mais ventosas. 3. Combate aos caramujos hospedeiros intermediários.
Exemplo: Schistosoma.
4. Impedir a penetração das larvas, não tendo contato com
ƒ Classe Cestoda (cestódios): seres parasitas com cor- a água contaminada.
po dividido em anéis ou proglotes.
Exemplos: Taenia solium e Taenia saginata.

265
A TAENIA SP E DOENÇAS 1. não comer carne malpassada;
2. inspeção de matadouros para verificar a presença de
RELACIONADAS cisticercos na carne;

ƒ A teníase é uma doença provocada pela presença das 3. saneamento básico.


formas adultas das tênias ou solitárias (Taenia sagina- ƒ Cisticercose – é a enfermidade causada pela loca-
ta) no intestino delgado humano. A cisticercose é deter- lização da larva no organismo do homem, que passa
minada pela presença das larvas da Taenia solium no ho- a funcionar como hospedeiro intermediário. O homem
mem, localizadas principalmente nos olhos e no cérebro. se infesta ingerindo ovos existentes em água poluída,
São medidas profiláticas: hortaliças e frutos contaminados.

Nematelmintos

OS ASQUELMINTOS (NEMATELMINTOS): ƒ Excreção – célula H.


ƒ Circulação e trocas gasosas – nas espécies de vida
O SURGIMENTO DO TUBO livre, a respiração é aeróbia, cutânea e ocorre por difusão
simples. Nos parasitas, ocorre a respiração anaeróbia.
DIGESTIVO COMPLETO
ƒ Coordenação nervosa – constituído por um anel
Os nematelmintes são organismos vermiformes, ou seja, de nervoso anterior e uma série de cordões nervosos
corpo cilíndrico, mas não segmentado, com típica simetria longitudinais.
bilateral e extremidades afiladas. As principais parasitoses
ƒ Reprodução – os nematoides são, com raras exceções,
que infestam o homem são: ascaridíase, ancilostomía-
animais dioicos, quase sempre com dimorfismo sexual.
se, oxiurose e elefantíase.

Fisiologia ASCARIDÍASE
ƒ Digestão – sistema digestório completo com boca É uma parasitose intestinal cujo agente etiológico é o Ascaris
anterior e ânus posterior. A digestão é exclusivamen- lumbricoides, vulgarmente conhecido como lombriga.
te extracelular.

1. Ovos contendo larva L3 contaminam


2 água e/ou alimentos;
2. Ingestão dos alimentos contaminados
1 7 com os ovos larvados;
3. Passagem do ovo pelo estômago e
8 liberação da larva L3 no intestino
delgado;
6 4. Penetração das larvas na parede
intestinal;
5. Larvas carregadas pelo sistema porta
até os pulmões;
5 3 6. Larvas sofrem muda para L4, sendo
12 que posteriormente rompem os
capilares e caem nos alvéolos, sofrendo
nova muda (L5). Migração das larvas para
4 a faringe;
9 7. Expulsão das larvas pela expectoração
Fezes ou deglutinação das mesmas;
8. Larvas atingem novamente o duodeno
9 transformando-se em adultos. Fêmeas,
11 após a cópula, iniciam a ovoposição.
10 9. Eliminação dos ovos pelas fezes e
contaminação do ambiente;
Ovo infértil 10 a 12. Evolução dos ovos férteis até se
tornarem larvados, com L3.
Ovo fértil
Ciclo de vida do Ascaris lumbricoides

266
ANCILOSTOMOSE FILARÍASE OU ELEFANTÍASE
Também conhecida por amarelão ou opilação, a ancilosto- O causador da elefantíase é o verme Wuchereria bancrofti,
mose é uma parasitose causada pelos vermes Ancylostoma os vermes adultos parasitam os gânglios e vasos linfáticos.
duodenale e Necator americanus. No Brasil, o principal transmissor é o mosquito Culex fati-
gans, vulgarmente conhecido como pernilongo. A filariose
A ancilostomose causa no homem intensa anemia, va-
provoca edemas que causam deformações, principalmente
riando a gravidade com o grau de infestação. Por isso, o nos membros inferiores.
indivíduo parasitado perde cor, tornando-se amarelado
(daí o nome amarelão) e fraco. A redução de hemácias
afeta o transporte de oxigênio, afetando o coração e ENTEROBIOSE OU OXIUROSE
o cérebro, ocorrendo insuficiência cardíaca, sonolência, A enterobiose ou oxiuríase é uma doença intestinal causada
apatia e confusão mental. A profilaxia envolve higiene, pelo nematelminte Enterobius vermicularis, verme pequeno
saneamento básico e uso de calçados. e filiforme (formato de fio). O sintoma mais típico é o intenso
prurido anal.

Ingestão de ovos com


I
embrião pela pessoa
2

Larvas eclodem no
intestino delgado
3

1
D Ovos nas pregas perianais
Adultos no
Larvas nos ovos maturam lúmen do
em 4 a 6 horas. cFco. 4
I Estágio de Infecção
prenhas migram para
5 a região perianal à noi-
D Estágio de Diagnóstico te, botando os ovos

Ciclo de vida do Enterobius vermicularis

O BICHO-GEOGRÁFICO
Animais silvestres, como o cão e o gato, apresentam parasitas específicos, cujas larvas infestantes só completam o ciclo
quando penetram no hospedeiro próprio. No homem, migrando e realizando um trajeto sinuoso no tecido subcutâneo.
Os agentes etiológicos são o Ancylostoma caninum e o Ancylostoma braziliense.

267
U.T.I. - SALA da função cardíaca? Identifique o grupo ao qual perten-
ce o causador da doença, assim como os filos do vetor
e do hospedeiro.
1. (Unifesp adaptado) Considerando os mecanismos de
replicação do genoma viral, qual a principal diferença 2. (Unifesp) Cientistas criaram em laboratório um bac-
entre o vírus da gripe e o vírus que causa a Aids? teriófago (fago) composto que possui a cápsula protei-
ca de um fago T2 e o DNA de um fago T4. Após esse
2. Dentro da microscopia existe uma diferença eviden- bacteriófago composto infectar uma bactéria, os fagos
te entre o tamanho de vírus e de bactérias. Qual dos produzidos terão:
dois organismo tem sua ação bloqueada por uso de an-
tibióticos? E em que estruturas esses medicamentos a) a cápsula proteica de qual dos fagos? E o DNA,
podem agir? será de qual deles?
b) Justifique sua resposta.
3. (Vunesp) Ao longo do primeiro semestre de 2004, jor- 3. (Unifesp) Agentes de saúde pretendem fornecer um
nais e estações de rádio e TV do interior do Estado de curso para moradores em áreas com alta ocorrência de
São Paulo noticiaram o aumento de casos de cães que tênias (Taenia solium) e esquistossomos (Schistosoma
apresentaram resultado positivo para os testes de de- mansoni). A ideia é prevenir a população das doenças
tecção do agente causador da leishmaniose. Em alguns causadas por esses organismos.
municípios, foram confirmados casos de leishmaniose
humana. Em algumas cidades, o combate à epidemia foi a) Em qual das duas situações é necessário alertar a
feito pela eliminação dos cães infectados. população para o perigo do contágio direto, pessoa a
pessoa? Justifique.
a) A que reino e filo pertence o organismo causador
b) Cite duas medidas – uma para cada doença – que
da leishmaniose?
dependem de infraestrutura criada pelo poder público
b) Como se transmite a doença e por que os cães para preveni-las.
infectados representam perigo ao homem?
4. (Fuvest) Os portadores do vírus HIV, agente causa-
4. (UFSJ adaptado) As esponjas (poríferos), organismos dor da aids (síndrome da imunodeficiência adquirida),
primitivos na escala evolutiva, são insensíveis ao to- são tratados com os chamados coquetéis antivirais, que
que. Já as anêmonas e os corais (cnidários) retraem-se combinam drogas inibidoras da transcriptase reversa
quando os tocamos. A que você atribui esta diferença com drogas inibidoras de proteases.
comportamental nos dois grupos de animais? E qual é
a) Por que a transcriptase reversa é essencial para
a célula de defesa dos cnidários?
que o vírus HIV se multiplique?
5. Digestão somente intracelular, ausência dos sistemas b) Como o vírus HIV causa a imunodeficiência em
nervoso, excretor, circulatório, respiratório e órgãos re- humanos?
produtores e de locomoção também ausentes. São es- 5. (Unirio adaptado) Lineu, em 1735, publicou um traba-
sas as características de qual grupo? Dê um exemplo de lho apresentando um plano para classificação de seres
animal desse grupo. vivos. Nele estavam propostos o emprego de palavras
latinas e o uso de categorias de classificação hierarqui-
6. (Unicamp adaptado) A anemia falciforme é uma doença zadas. Deve-se também a Lineu a regra de nomenclatu-
genética autossômica recessiva, caracterizada pela ra binominal para identificar cada organismo. Seguindo
presença de hemácias em forma de foice e deficiên- as regras proposta por Lineu como devem ser escrito os
cia no transporte de gases. O alelo responsável por nomes das espécies?
essa condição é o HbS, que codifica a forma S da glo-
bina. Sabe-se que os indivíduos heterozigotos para 6. (Unesp adaptado) Uma determinada moléstia que
a HbS não têm os sintomas da anemia falciforme e pode causar lesões nas mucosas, pele e cartilagens é
apresentam uma chance 76% maior de sobreviver transmitida por um artrópode e causada por um pro-
à malária do que os indivíduos homozigotos para o tozoário flagelado. Qual é o nome da doença, do artró-
alelo normal da globina (alelo HbA). Algumas regiões pode transmissor e do agente causador?
da África apresentam alta prevalência de malária e
acredita-se que essa condição tenha influenciado a 7. (Esal-MG) Em relação à malária, mencione a forma in-
frequência do alelo HbS nessas áreas. O que ocorre fectante do parasita e o gênero do transmissor.
com a frequência do alelo HbS nas áreas com alta
incidência de malária? Por quê? 8. (PUC-SP) Na espécie humana, ocorrem várias doenças,
cujos microrganismos causadores estão presentes no san-
gue de pessoas infectadas, podendo inclusive ser transmi-
U.T.I. - E.O. tidos através de transfusões ou por seringas usadas.
a) Cite duas dessas doenças que sejam causadas por
1. (Unesp adaptado) A doença de Chagas atinge milhões protozoários, indicando para cada uma o nome do
de brasileiros, podendo apresentar, como sintomas, pro- parasita responsável.
blemas no miocárdio, que levam à insuficiência cardíaca. b) Escolha uma das doenças por você citadas e indi-
Por que, na doença de Chagas, ocorre comprometimento que dois métodos para sua profilaxia.

268
9. (Unesp adaptado) Considerando as doenças gripe, 12. (Ufop adaptado) Monteiro Lobato criou o persona-
paralisia infantil, gonorreia, doença de Chagas, ama- gem Jeca Tatu, o brasileiro do meio rural que andava
relão, cólera, tuberculose e febre amarela, responda: descalço e, por isso, era acometido por uma vermino-
quais delas são passíveis de tratamento com antibió- se que o deixava fraco, pálido (com características de
ticos? Por quê? anemia) e magro. Monteiro Lobato retratava o perso-
nagem: “ele está assim; ele não é assim”. Quais são os
10. (UFC) As verminoses ainda acometem uma grande vermes causadores dos sintomas apresentados pelo
parcela da população, principalmente as de baixa renda. personagem em questão?
Doenças como ascaridíase e amarelão (ancilostomose)
ainda são bastante comuns, principalmente em crianças. 13. (Unesp adaptado) Maré vermelha deixa litoral
a) Qual a característica comum a essas doenças em em alerta
relação ao seu modo de contágio? Uma mancha escura formada por um fenômeno co-
b) Outras doenças bastante comuns são a teníase e a nhecido como “maré vermelha” cobriu ontem uma
cisticercose, causadas por vermes do gênero Taenia. Qual parte do canal de São Sebastião (...) e pode provocar a
a diferença entre essas duas doenças no que se refere ao morte em massa de peixes. A Secretaria de Meio Am-
contágio e ao local de alojamento do parasita? biente de São Sebastião entrou em estado de alerta.
O risco para o homem está no consumo de ostras e
11. (Mackenzie adaptado) As verminoses representam moluscos contaminados.
um grande problema de saúde, principalmente nos paí- (JORNAL “VALE PARAIBANO”, 01.02.2003.)
ses subdesenvolvidos. A falta de saneamento, de campa-
nhas de esclarecimento público, de higiene pessoal e de A maré vermelha é causada por qual organismo?
programas de combate aos transmissores leva ao apare-
14. Nos poríferos existem estruturas denominadas gêmu-
cimento de milhares de novos casos na população bra-
las. Explique o que são e para que servem.
sileira. Cite três verminoses causadas por nematódeos.

269
BIOLOGIA 3

271
Composição química celular

A análise do conteúdo celular revela a existência de com-


ponentes minerais e orgânicos.

ÁGUA
ƒ Solvente universal
ƒ Termorregulação
ƒ Transporte de células e de substâncias
ƒ Eliminação de excretas celulares
ƒ Função lubrificante

A quantidade de água varia de acordo com a taxa meta- Devido à tensão superficial, alguns insetos são capazes de pousar sobre
a água e não afundar-se.
bólica. Quanto maior a atividade química (metabolismo) de
um órgão, maior o teor hídrico. ƒ Adesão – a água tem a tendência de se unir à molé-
culas polares.
A taxa de água, em geral, decresce com a idade e, final-
mente, com a espécie. Por exemplo, na espécie humana há ƒ Capilaridade – fenômeno físico resultante das intera-
64% de água, nas medusas 98% e nos esporos e semen- ções entre as forças de adesão e coesão da molécula
tes vegetais, 15%. de água. Esse fenômeno é muito utilizado pelas plan-
tas no transporte de substâncias da raiz até as folhas.
Outras propriedades da água
ƒ Coesão – Capacidade de uma substância permanecer SAIS MINERAIS
unida. Nos líquidos intra e extracelular, encontramos grande va-
ƒ Tensão superficial riedade de sais minerais dissociados em cátions e ânions.
Principais sais minerais
Componente dos ossos e dentes. Ativador de certas enzimas, participando de processos como a contração
Cálcio (Ca2+)
muscular e a coagulação.
Magnésio (Mg2+) Faz parte da molécula de clorofila; é necessário, portanto, à fotossíntese.
Presente na hemoglobina do sangue, pigmento fundamental para o transporte de oxigênio. Componente de
Ferro (Fe2+)
substâncias importantes na respiração e na fotossíntese (citocromos e ferrodoxina).
Tem concentração intracelular sempre mais baixa que nos líquidos externos. A membrana plasmática, por
Sódio (Na+) transporte ativo, constantemente bombeia o sódio, que tende a penetrar por difusão. Importante compo-
nente da concentração osmótica do sangue juntamente com o K+.
É mais abundante dentro das células. Por transporte ativo, a membrana plasmática absorve o potássio do
Potássio (K+) meio externo. Os íons sódio e potássio estão envolvidos nos fenômenos elétricos que ocorrem na
membra-na plasmática, na conUSBÎÍP muscular e na condução nervosa.
Componente dos ossos e dentes. Está no ATP, molécula energética das atividades celulares. É parte inte-
Fosfato (PO4–3)
grante do DNA e RNA, no código genético.
Cloro (Cl–) Componente dos neurônios (transmissão de impulsos nervosos).

Iodo (I ) Entra na formação de hormônios tireoidianos.

CARBOIDRATOS Podemos citar os seguintes polímeros: proteínas, ácidos


nucleicos e polissacarídeos, cujos monômeros são, respec-
Entre os compostos orgânicos, aparecem os polímeros, tivamente, aminoácidos, nucleotídeos e monossacarídeos.
moléculas gigantes (macromoléculas) formadas por uma Os glicídios são também conhecidos como açúcares, saca-
cadeia de moléculas chamadas de monômeros. rídeos, carboidratos ou hidratos de carbono. São moléculas

272
compostas principalmente de carbono, hidrogênio e oxigênio. Apresentam fórmula geral CnH2nOn. São monossacarídeos impor-
tantes: glicose, frutose, galactose, ribose e desoxirribose. A junção de dois monossacarídeos dá origem a um dissacarídeo. Quando
temos muitos monossacarídeos ligados, ocorre a formação de um polissacarídeo, tal como amido, glicogênio, celulose, quitina etc.
Os glicídios são a fonte primária de energia para as atividades celulares e possuem também funções estruturais.

PRINCIPAIS MONOSSACARÍDEOS
Carboidrato Papel biológico
Ribose (5C) Uma das matérias-primas necessárias à produção de ácido ribonucleico.

Desoxirribose (5C) Matéria-prima necessária à produção de ácido desoxirribonucleico (DNA).


É a molécula mais usada pelas células para obtenção de energia. Sintetizada pelos seres clorofilados, na
Glicose (6C)
fotossíntese. Abundante em vegetais, no sangue e no mel.
Frutose (6C) Muito comum em frutas e, também, apresenta papel fundamentalmente energético.
Galactose (6C) Um dos monossacarídeos constituintes da lactose do leite. Papel energético.

PRINCIPAIS DISSACARÍDEOS
Carboidrato Unidades Fontes Papel biológico
Sacarose glicose + frutose Cana-de-açúcar e beterraba Papel energético
Lactose glicose + galactose Leite Papel energético
Maltose glicose + glicose Vegetais Papel energético

PRINCIPAIS POLISSACARÍDEOS
Carboidrato Unidades Fontes Papel biológico
Amido (n) moléculas de glicose raízes e caules reserva energética vegetal
Celulose (n) moléculas de glicose parede de células vegetais sustentação
Glicogênio (n) moléculas de glicose fígado e músculos reserva energética animal
Quitina (n) moléculas de glicose exoesqueleto de artrópodes sustentação

No corpo, o fígado e o músculo são responsáveis por armazenar glicogênio e o sangue, pela glicose.

LIPÍDIOS ƒ LDL (lipoproteína de baixa densidade) – leva o coleste-


rol até o sangue (colesterol “ruim”).
Compreendem um grupo muito heterogêneo, cuja caracte- ƒ HDL (lipoproteína de alta densidade) – tira o colesterol
rística comum é a insolubilidade em água e a solubilidade do sangue (colesterol “bom”).
em solventes orgânicos.
O acúmulo de LDL está vinculado com infarto do miocárdio,
ƒ Glicerídeos (ácido graxo mais glicerol) – compostos pois o aumento de colesterol no sangue pode ocasionar o en-
pelos óleos e as gorduras. A principal diferença entre
tupimento de artérias que nutrem o coração. Dessa forma, não
os óleos e as gorduras é que os óleos são de origem
chega um aporte de oxigênio e nutrientes para as células car-
vegetal e a gordura, de origem animal.
díacas e essas entram em falência, o que caracteriza o infarto.
ƒ Cerídeos (ácido graxo mais glicerol de cadeias longas) –
os principais representantes são as ceras. Exemplos: cera
do ouvido, maçã (proteção contra desidratação) e outros.
Funções gerais dos lipídios
ƒ Membrana plasmática
ƒ Fosfolípideos (ácido graxo, glicerol e fosfato) – princi-
pais componentes da membrana plasmática. Possuem ƒ Energia
uma parte hidrofílica (contato com o meio aquoso) e ƒ Reserva energética
hidrofóbico (contato com o meio não aquoso).
ƒ Vitaminas (A, D, E e K)
ƒ Esteroides – são os lipídeos que formam os hormônios ƒ Hormônios (andrógenos, progesterona etc.)
sexuais (testosterona, progesterona, estradiol). Outro
componente desse grupo é o colesterol. O colesterol ƒ Prostaglandinas:ajudam na proteção contra a desseca-
pode ser classificado quanto ao tipo de lipoproteína ção e excesso de transpiração.
que o transporta. ƒ Isolamento térmico, elétrico e mecânico

273
VITAMINAS ƒ Vitamina K (anti-hemorrágica) – a sua falta retar-
da o processo de coagulação. Encontrada em vegetais
ƒ Vitamina A (antixeroftálmica) – evita a “cegueira verdes, tomate, castanha, espinafre, alface, repolho, cou-
noturna”; xeroftalmina, “olhos secos” em crianças; ce- ve, óleos vegetais.
gueira total. Pode ser encontrada em vegetais amarelos
(cenoura, abóbora, batata-doce, milho), pêssego, nec-
tarina, abricó, gema de ovo, manteiga, fígado.
METABOLISMO CELULAR
Podemos considerar mais duas ideias sobre metabolismo
ƒ Vitamina B1 (tiamina) – evita a perda de apetite,
celular: anabolismo – reações químicas de síntese, que a
fadiga muscular, nervosismo, beribéri (homem) e po-
partir de moléculas menores produzem moléculas maiores;
lineurite (pássaros). Encontrada em cereais na forma
e catabolismo – reações químicas de degradação que
integral e pães, feijão, fígado, carne de porco, ovos, fer-
transformam moléculas grandes em unidades menores.
mento de padaria, vegetais de folhas.
ƒ Vitamina B2 (riboflavina) – evita a ruptura da mu-
cosa da boca, lábios, língua e bochechas. Encontrada
A glicose e o metabolismo
em vegetais de folhas (couve, repolho, espinafre etc.), Como já mencionado, a glicose é o combustível mais uti-
carnes magras, ovos, fermento de padaria, fígado, leite. lizado pelos seres vivos, substância altamente energética
cuja quebra no interior das células libera a energia arma-
ƒ Vitamina B (PP – ácido nicotínico) – previne a
zenada nas ligações químicas e produz resíduos, entre eles
inércia e falta de energia, nervosismo extremo, distúr-
gás carbônico e água.
bios digestivos, pelagra (homem) e língua preta (cães).
Encontrada no levedo de cerveja, carnes magras, ovos, A energia liberada é utilizada na realização de ativida-
fígado, leite. des metabólicas.
ƒ Vitamina B6 (piridoxina) – evita doenças de pele,
distúrbios nervosos, inércia e extrema apatia. Encon- A energia sob a forma de ATP
trada no lêvedo de cerveja, cereais integrais, fígado, Cada vez que ocorre a “desmontagem” da molécula de
carnes magras, peixe, leite. glicose, a energia não é simplesmente liberada para o
ƒ Vitamina B12 (cianocobalamina) – evita a anemia meio. Ela é transferida para outras moléculas – chama-
perniciosa. Encontrada no fígado, leite e seus deriva- das de adenosina trifosfato (ATP) –, que servirão de
dos, carnes, peixes, ostras e leveduras. reservatórios temporários de energia.

ƒ Vitamina C (ácido ascórbico – antiescorbútica) –


previne escorbuto, inércia e fadiga em adultos, insônia PROTEÍNAS
e nervosismo em crianças, sangramento das gengivas,
As proteínas são polímeros, nos quais os monômeros são
inflamações nas juntas, dentes alterados, escorbuto. En-
moléculas de aminoácidos (AA).
contrada em frutas cítricas (limão, lima, laranja), tomate,
couve, repolho e outros vegetais de folha, pimentão, mo-
rango, abacaxi, goiaba, caju.
ƒ Vitamina D (ergosterol – precursor da vitamina
D – antirraquítica) – atua no metabolismo do cálcio
e do fósforo. Mantém os ossos e os dentes em bom
estado. Previne o raquitismo, problemas nos dentes, os-
sos fracos, contribui para os sintomas da artrite, raqui-
tismo, osteomalácia (adultos). Encontrada no levedo,
óleo de fígado de bacalhau, gema de ovo, manteiga.
Estrutura básica do aminoácido
ƒ Vitamina E (tocoferol – antioxidante) – promove
a fertilidade. Previne o aborto. Atua no sistema nervoso A ligação química entre dois AA chama-se ligação pep-
involuntário, sistema muscular e músculos involuntários. tídica, e acontece sempre entre o C do radical ácido de
Previne a esterilidade do macho. Oxidação de ácidos gra- um AA e o N do radical amina do outro AA. Veja a figura
xos insaturados e enzimas mitocondriais. Encontrada no a seguir:
óleo de germe de trigo, carnes magras, laticínios, alface,
óleo de amendoim.

274
Formação da ligação peptídica

Os aminoácidos podem ser classificados em essenciais, quando não são produzidos pelo organismo e, portanto, devem
estar presentes em sua dieta; e naturais, quando podem ser produzidos pelo organismo.

Aminoácidos naturais Aminoácidos essenciais


Asparagina (Asn) Prolina (Pro) Cisteína (Cis) Metionina (Met) Triptofano (Tri)
Glutamina (Gln) Alanina (Ala) Tirosina (Tir) Isoleucina (Iso) Valina (Val)
Arginina (Arg) Glutamato (Glu) Serina (Ser) Leucina (Leu) Treonina (Tre)
Histidina (His) Aspartato (Asp) Glicina (Gli) Lisina (Lis) Fenilalanina (Fen)

Apesar de existirem somente 20 AA, o número de proteí- requerida pelas reações, tornando-as mais espontâneas e
nas possível é praticamente infinito. As proteínas diferem aumentando suas velocidades.
entre si devido à quantidade de aminoácidos na molécula, Uma mesma enzima não catalisa duas reações diferentes.
aos tipos presentes e a sua sequência na molécula. Duas A especificidade das enzimas é explicada pelo modelo da
proteínas podem ter os mesmos AA nas mesmas quantida- chave (reagente) e fechadura (enzima). As enzimas são
des, porém, se a sequência dos AA for diferente, as proteí- reutilizáveis, ou seja, a mesma molécula pode ser usada
nas serão diferentes. diversas vezes. Um inibidor enzimático tem forma seme-
lhante ao substrato (reagente). Encaixando-se na enzima,
Estrutura proteica bloqueia a entrada do substrato, inibindo a reação química.
A sequência dos AA na cadeia polipeptídica é o que cha- Cinética enzimática
mamos de estrutura primária da proteína.
A temperatura, o pH e a concentração do substrato são
As estruturas secundária e terciária são resultantes da fatores importantes na determinação da velocidade da
interação entre aminoácidos não adjacentes, principalmen- atividade enzimática.
te por ligações de hidrogênio: a secundária é a mudança
de conformação local da cadeia polipeptídica, enquanto a
terciária é a sua conformação tridimensional.

Desnaturação proteica
Vários fatores, tais como temperatura, grau de acidez (pH),
concentração de sais e outros podem alterar a estrutura
espacial de uma proteína, sem alterar a sua estrutura pri-
mária. Mas a principal consequência é a perda do papel
biológico. Esse fenômeno é chamado de desnaturação.

Funções das proteínas


Uma das funções das proteínas é a função estrutural, pois
fazem parte da arquitetura das células e tecidos dos or-
ganismos. Além da função estrutural, as proteínas atuam
como enzimas ou biocatalisadoras das reações bioquímicas
que ocorrem nas células. Diminuem a energia de ativação

275
Hormônios Funções
São substâncias químicas que desempenham a função de O DNA é o material genético propriamente e possui duas
mensageiras e apresentam diferentes naturezas químicas. propriedades fundamentais: replicação e transcrição.

ÁCIDOS NUCLEICOS: DNA Replicação (duplicação)


Ao final, há a produção de duas novas moléculas – filhas,
Composição química cada uma das quais com uma cadeia nova recém-sinteti-
zada e uma outra, que pertencia à molécula-mãe. Por esse
O ácido desoxirribonucleico (DNA) é um polímero defini- motivo, a replicação é chamada de semiconservativa, dado
do como polinucleotídeo, por ser constituído por uma que cada molécula-filha conserva na sua estrutura uma
sucessão de unidades menores, os nucleotídeos. das metades da molécula-mãe.
As bases nitrogenadas pertencem a duas categorias: pú-
ricas e pirimídicas. As púricas são a adenina (A) e a
guanina (G). As pirimídicas são a citosina (C) e a timina
(T). Observe a figura:

Relações de Chargaff
Modelo da Duplicação semiconservativa

A = T e C = G ou A/T = 1 e C/G = 1
Transcrição
Na transcrição, o DNA cromossômico sintetiza o RNA nu-
clear, para o qual transcreve a sequência de nucleotídeos
Estrutura representada pela mensagem genética. Saindo do núcleo,
“O corrimão da escada” é constituído por grupos fosfato o RNA leva a mensagem genética para os ribossomos.
ligados a desoxirriboses em uma ligação fosfodiéster. Cada
degrau é formado por uma base púrica (A ou G) ligado a
uma base pirimídica (C ou T). Em cada degrau, as bases são
ÁCIDOS NUCLEICOS: RNA
unidas por ligações de hidrogênio.
Estrutura
Existem vírus que apresentam DNA formado por uma ca-
O RNA difere do DNA em três aspectos:
deia única de nucleotídeos. Evidentemente que, neste caso,
não ocorre a relação de Chargaff, pois as quantidades de A 1. Possui ribose (pentose), em vez de desoxirribose.
e T, bem como de C e G são diferentes. 2. A base pirimídica uracila ou uracil substitui a timina, que
não existe no RNA.
Localização do DNA nas células 3. Sua molécula é formada por apenas uma fita ou cadeia
simples. Portanto, não existe pareamento nem igualdade
Evidencia uma cor púrpura e indica os cromossomos no
nas quantidades de bases.
núcleo. Pequena quantidade de DNA também é encontra-
da nos cloroplastos e mitocôndrias. A enzima responsável pelo processo é a RNA-polimerase.

276
O RNAm é a cópia da mensagem genética, ou seja, do
Tipos de RNA e suas funções gene. É enviada para os ribossomos.
Existem três tipos de RNA: RNA-ribossômico (RNAr), RNA-
-mensageiro (RNAm) e RNA-transportador (RNAt), e todos O RNAt tem como função o transporte de aminoácidos do
estão relacionados com o processo da síntese proteica. hialoplasma para os ribossomos, onde são encadeados se-
quencialmente para formar uma proteína.
O RNAr, associado a nucleoproteínas, forma os ribossomos,
organoides citoplasmáticos granulares responsáveis pela
síntese de proteínas.

Código genético e síntese proteica

O DOGMA CENTRAL DA CÓDIGO GENÉTICO


GENÉTICA MOLECULAR No caso do código genético, existem quatro símbolos, re-
presentados pelos quatro tipos de nucleotídeos, abreviados
A relação DNA–RNA–proteínas é conhecida como o dog- pela letra inicial: A, C, G e U.
ma central da genética molecular, que estuda as atividades
gênicas celulares por meio da ação dessas macromoléculas.
Códons de iniciação e terminalização
ƒ Replicação – é o processo de replicação do DNA,
A síntese de uma proteína é iniciada quando um ribos-
na intérfase, que determina a divisão celular respon-
somo se organiza, no RNAm, sobre o códon de iniciação
sável pelo crescimento, regeneração e reprodução
AUG. Esse códon codifica o aminoácido metionina (Met),
dos organismos.
de forma que todas as proteínas começem com a metioni-
ƒ Transcrição – por meio da transcrição, o DNA forma na. A cadeia termina quando o ribossomo atinge um dos
o RNA mensageiro (RNAm), para o qual transcreve a três códons de terminalização ou finalização representados
mensagem genética, na verdade, uma receita para sín- por UAA, UAG e UGA.
tese de uma proteína.
ƒ Tradução – na tradução, o ribossomo, de acordo com Propriedades do código genético
as instruções codificadas no RNAm, seleciona e enca- O código genético apresenta duas propriedades: degene-
deia os aminoácidos, sintetizando a proteína. ração e universalidade. Dizemos que o código é degenera-
do porque a maioria dos aminoácidos é codificada por dois
ou mais códons.
O código é universal porque cada códon codifica sempre
o mesmo aminoácido em qualquer organismo, inclusive
os vírus.

Etapas da síntese proteica


ƒ Transcrição
A primeira etapa da síntese proteica e, portanto, da ação
gênica, é a transcrição, que corresponde à formação do
RNA mensageiro. O gene que codifica uma proteína sinte-
tiza o RNAm. Destacando-se do DNA, o RNAm atravessa
um poro do envoltório nuclear, e atinge o citoplasma, em
que se associa a um ribossomo, formando um molde para
a síntese de uma proteína.

Modelo da ação gênica ƒ Tradução

277
MUTAÇÃO
Conceito
A mutação gênica é uma mudança na estrutura do gene.
Consiste numa alteração na sequência de bases do DNA
ocorrida por um erro no processo de replicação. A mutação
pode alterar o código genético e, consequentemente, uma
característica do organismo.

Tipos de mutação
ƒ Substituição – consiste na substituição de uma base
por outra, transição, que é a substituição de purina
por purina (A por G ou G por A) ou pirimidina por pi-
rimidina (C por T ou T por C); e transversão, que é a
troca de purina por pirimidina ou vice-versa.
ƒ Deleção ou deficiência – é a perda de bases.
ƒ Inserção – é a colocação de um ou mais nucleotídeos.

Modelo representativo da tradução

Introdução à citologia

Teoria celular teriam aparecido o retículo endoplasmático, o aparelho de


Golgi, os lisossomos e as mitocôndrias. Pelo mesmo proces-
ƒ Todos os organismos vivos são formados por células. so surgiria a membrana nuclear, principal característica das
ƒ Todas as reações metabólicas de um organismo ocor- células eucariontes.
rem em nível celular.
ƒ As células originam-se unicamente de células preexistentes. Teoria da simbiose de procariontes
ƒ As células são portadoras de material genético. (teoria endossimbiótica)
Segundo essa teoria, alguns procariontes passaram a viver
ORIGEM DAS CÉLULAS em simbiose no interior de alguma célula, criando células
A questão da origem das células está diretamente relacio- mais complexas e mais eficientes. Vários dados apoiam a
nada com a origem da vida em nosso planeta. suposição de que as mitocôndrias e os cloroplastos surgi-
ram por esse processo.
Teoria da invaginação da membrana
plasmática (teoria de Robertson) Teoria mista
Por mutação genética, alguns procariontes teriam passado É possível que as organelas que não contêm DNA, como o
a sintetizar novos tipos de proteínas, e isso levaria ao desen- retículo endoplasmático e o aparelho de Golgi, tenham se
volvimento de um complexo sistema de membranas, que, formado a partir de invaginações da membrana celular, en-
invaginando-se da membrana plasmática, teria dado origem quanto as organelas com DNA (mitocôndrias, cloroplastos)
às diversas organelas delimitadas por membranas. Assim, apareceram por simbiose entre procariontes.

278
ORGANIZAÇÃO CELULAR DE SERES PROCARIONTES E EUCARIONTES
COMPARAÇÃO ENTRE PROCARIONTES E EUCARIONTES
Procariontes Eucariontes
Organismo Bactéria e cianobactéria Protoctistas, fungos, plantas e animais

Tamanho da célula Geralmente de 1 a 10 micrômetros Geralmente de 5 a 100 micrômetros

Metabolismo Aeróbico ou anaeróbico Aeróbico e anaeróbico


Núcleo, mitocôndrias, cloroplastos, retículo
Organelas Ribossomos endoplasmático, complexo de Golgi,
lisossomos, ribossomos, centríolos
Longas moléculas de DNA contendo muitas regiões não
DNA DNA circular no hialoplasma
codificantes: envolvidas por uma membrana nuclear
Sintetizados no mesmo com- RNA sintetizado e processado no núcleo,
RNA e proteína
partimento: hialoplasma proteínas sintetizadas no citoplasma
Ausência de citoesqueleto, fluxo citoplasmáti- Citoesqueleto composto de filamentos de proteínas, fluxo
Citoplasma
co, ausência de endocitose e exocitose citoplasmático, presença de endocitose e exocitose
Cromossomos se separam pela ação
Divisão celular Cromossomos se separam ligados ao mesossomo
do fuso do citoesqueleto
Maioria multicelular, com diferen-
Organização celular Maioria unicelular
ciação de muitos tipos celulares
Tempo de existência Cerca de 3 bilhões de anos Cerca de 1 bilhão de anos

carioteca. No citoplasma estão presentes um complexo sis-


A organização da célula tema membranoso, organelas membranosas e granulares,
A membrana plasmática além de estruturas proteicas microtubulares e microfilamen-
tosas, que conferem forma à célula.
A membrana plasmática “seleciona” as substâncias que en-
tram na célula e dela saem, de acordo com suas necessida- Membrana plasmática
des. Diz-se, portanto, que ela possui permeabilidade seletiva.
Consiste de uma dupla camada contínua (uma bicamada) de
O citoplasma e os organoides celulares moléculas de lipídios, na qual as proteínas estão embebidas.

O citoplasma é o constituinte celular mais volumoso; for- Existem três classes principais de moléculas lipídicas da
mado pelo citosol e pelos organoides celulares. membrana: fosfolipídios, esteróis e glicolipídios.
As proteínas de membrana são responsáveis pela maioria
O núcleo das funções, tal como o transporte de pequenas moléculas
Situado, geralmente, na parte central da célula, o núcleo hidrossolúveis pela bicamada lipídica.
apresenta uma membrana, a carioteca, que envolve o cario- Conclui-se, portanto, que a membrana é relativamente fluida,
plasma, líquido (cariolinfa ou nucleoplasma) no qual estão pois as moléculas de proteínas apresentam certa liberdade
imersos o nucléolo e os cromossomos, onde encontram-se de movimentação. Por isso, o modelo de Singer e Nicholson
os genes, elementos responsáveis pela coordenação das di- é denominado mosaico fluido.
versas atividades celulares, constituídos por DNA.
Especializações da membrana
A célula procariótica ƒ Microvilosidades
Possui estrutura celular muito simples. Está presente a ƒ Invaginações de base
membrana plasmática e o material genético (cromatina) ƒ Especializações de contato
aparece disperso no hialoplasma, onde a única organela
ƒ Desmossomos
presente é o ribossomo.
ƒ Interdigitações
A célula eucariótica ƒ Junções estreitas ou oclusivas
Possui estrutura celular mais complexa, apresentando mem- ƒ Junções comunicantes ou nexos
brana plasmática, o citoplasma e o núcleo envolvido pela ƒ Glicocálix e reconhecimento intercelular

279
Parede celular para isso, com o trabalho de proteínas carreadoras ou
permeases (proteínas transportadoras).
A parede celular é uma estrutura rígida. Por isso, as cé-
lulas que a possuem têm menos possibilidade de modi- ƒ Osmose – transporte de água através de uma mem-
ficar sua forma. brana semipermeável.

Transporte ativo (com gasto de energia)


As funções da membrana plasmática
ƒ Bomba de sódio e potássio
ƒ Manutenção da integridade celular
ƒ Reconhecimento intercelular
ƒ Permeabilidade seletiva

A permeabilidade seletiva e os
transportes de membrana
Transporte passivo (sem gasto de energia)
ƒ Difusão passiva – neste processo não há consu- Funcionamento da bomba Na+ / K+ ATPase.
mo de energia.
ƒ Difusão facilitada – algumas substâncias passam ƒ endocitose (fagocitose ou pinocitose)
através da membrana, por transporte passivo, contando, ƒ exocitose (excreção ou secreção)

Citoplasma

ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS
Ribossomos Membranas

Ribossomos
São as organelas que sintetizam as proteínas. O ribossomo
consiste em RNA ribossômico e nucleoproteínas estruturais.

Retículo endoplasmático
É uma rede de estruturas tubulares e vesiculares acha- O retículo endoplasmático com suas cisternas.
tadas, sendo que os túbulos e as vesículas são interco-
nectados uns aos outros. Pode ser dividido em rugoso
(região do retículo endoplasmático em que estão aderi-
Complexo de Golgi
dos vários ribossomos, e que portanto tem capacidade Formado por camadas empilhadas de delgadas vesículas
de sintetizar proteínas) e liso. achatadas.

Funções do retículo endoplasmático Funções do complexo de Golgi


ƒ Produção de lipídios ƒ Secreção de enzimas digestivas
ƒ Desintoxicação ƒ Formação do acrossomo do espermatozoide
ƒ Armazenamento de substâncias ƒ Síntese de glicoproteínas
ƒ Produção de proteínas ƒ Síntese de glicolipídios

280
ƒ Formação da lamela média em células vegetais
Peroxissomos
ƒ Formação do lisossomo
Contêm oxidases e não hidrolases. Enzimas que degradam
gorduras e aminoácidos têm também grande quantidade
da enzima catalase, que converte o peróxido de hidrogênio
(água oxigenada) em água e gás oxigênio.

Mitocôndrias
São formadas por duas bicamadas lipídicas: uma membra-
na externa e uma membrana interna.
As mitocôndrias produzem moléculas de ATP.

Plastos
São orgânulos citoplasmáticos encontrados nas células de
Formação da lamela média em células vegetais recém-formadas (isso é
plantas e de algas.
legendada)
Centríolos
Lisossomos São estruturas citoplasmáticas que estão presentes na maio-
São vesículas responsáveis pelo processo de digestão in- ria dos organismos eucariontes, não ocorrendo nos vegetais
tracelular. superiores, fungos complexos e nematoides.
ƒ Tipos de lisossomo:
1. Lisossomo primário;
Função dos centríolos
2. Lisossomo secundário; ƒ Orientar a divisão celular
3. Corpúsculo residual; ƒ Originar cílios e flagelos
4. Vacúolo autofágico.
Autofagia – quando os lisossomos digerem uma partícu- Citoesqueleto
la pertencente à própria célula.
O citoplasma de uma célula eucariótica é sustentado e or-
Heterofagia – quando a partícula digerida pelos lisosso- ganizado por um citoesqueleto de filamentos intermediá-
mos é proveniente do meio extracelular. rios, microtúbulos e filamentos de actina.

Núcleo

A intérfase é o período que separa duas divisões e carac-


teriza-se por intensa atividade celular. O ENVOLTÓRIO NUCLEAR
Heterocromatina
Carioplasma
Carioteca E O NUCLEOPLASMA
(envoltório
Também chamado de envelope nuclear, é constituído por
nuclear)
uma dupla membrana com duas lâminas, externa e in-
Poro terna, separadas pelo espaço perinuclear e providas de
uma série de poros. Os poros do envoltório intervêm na
regulação das trocas entre o núcleo e o citoplasma.

Eucromatina Nucléolo
Composição do núcleo celular durante a intérfase

281
O NUCLÉOLO A forma do cromossomo
Nucléolos são corpúsculos intranucleares ricos em RNA ribossô-
mico. A função do nucléolo é a produção dos ribossomos.

A CROMATINA 1 2 3 4
No núcleo interfásico, os filamentos de DNA (cromonemas) 1. Telocêntrico
estão representados por um amontoado de grânulos e fila- 2. Acrocêntrico
mentos dificilmente observados ao microscópio óptico. As 3. Submetacêntrico
4. Metacêntrico
porções enroladas são chamadas de condensadas, e as dis-
tendidas, descondensadas. Os cromonemas são constituí- Tipos de cromossomo
dos por DNA e proteínas básicas, chamadas de histonas.
A eucromatina aparece descondensada na intérfase, sendo
geneticamente ativa, ou seja, capaz de produzir o RNA-men-
A DUPLICAÇÃO DOS CROMOSSOMOS
sageiro. A heterocromatina apresenta-se condensada, sen- A duplicação cromossômica é feita longitudinalmente e
do chamada de inativa por não produzir o RNA-mensageiro. acontece no período S.

A ESTRUTURA CROMOSSÔMICA O NÚMERO DE CROMOSSOMOS


Cada cromossomo é constituído por uma única molécula E A PLOIDIA
de DNA associada a proteínas. A célula que possui apenas um conjunto simples de cromos-
somos é dita haploide, ou seja, tem apenas um único exem-
plar de cada tipo de cromossomo. Pode-se dizer, também, que
apresenta apenas um genoma, que é o conjunto das molé-
culas de DNA que a célula possui. Lembre-se que uma molé-
cula de DNA é equivalente geneticamente a um cromossomo.
A célula diploide possui dois conjuntos de cromossomos,
ou pares de homólogos ou, ainda, dois genomas. O geno-
ma é representado por (n).

Divisão celular: mitose

CICLO CELULAR E MITOSE Em S (S de síntese), há a síntese de DNA, permitindo a


replicação da molécula e a consequente duplicação dos
O ciclo compreende duas etapas: intérfase e mitose filamentos de cromatina. Nesta fase, cada filamento ou
ou divisão celular. molécula de DNA aparece constituído por duas cromátides
unidas pelo centrômero.
A intérfase Durante a G2, em menor escala, a célula novamente cres-
ce e sintetiza proteínas necessárias para a divisão celular,
Na intérfase, distinguimos três fases designadas por: G 1,
como os microtúbulos que formarão o fuso mitótico. A se-
S e G 2.
guir, a célula entra em M, etapa que corresponde à divisão
A fase G 1 (do inglês gap, intervalo) é caracterizada por celular, ou mitose.
dois processos: crescimento e diferenciação. Nesta fase,
acontece a síntese de proteínas, processo que depende da
atividade dos genes.

282
Características e funções da mitose A MITOSE E AS ORGANELAS
A mitose é o processo de divisão celular que permite a distri-
buição dos cromossomos e dos constituintes citoplasmáticos CITOPLASMÁTICAS
da célula-mãe, equitativamente, entre as duas células-filhas. Organelas que se autoduplicam, como é o caso de cloro-
A mitose é dividida em duas etapas: a cariocinese, ou divi- plastos e mitocôndrias, dobram a cada ciclo celular e são
são do material genético do núcleo, e a citocinese, ou divi- distribuídas pelas células-filhas.
são do citoplasma. A cariocinese é um processo dividido em

DIFERENÇAS ENTRE A MITOSE


quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.

Variação da quantidade de ANIMAL E A VEGETAL


DNA no ciclo celular
ƒ Mitose astral e anastral
PrófasePrófase
até anáfase
e metáfase

ƒ Citocinese
Anáfase e citocinese
Telófase
Quantidade de DNA

Telófase

G1 S G2 Tempo

Na variação da quantidade de material genético no ciclo celular, note


como, na mitose, a quantidade de DNA se mantém ao final da divisão.

283
U.T.I. - SALA Qual será a sequência de aminoácidos que resultará da
tradução da sequência inicial de RNA mensageiro, refe-
rente a um dos genes deste vírus indicada em 1?
1. O esquema abaixo representa uma célula animal.
4. (Unifesp) O esquema representa parte da membrana
plasmática de uma célula eucariótica.

Cite os nomes das estruturas em 1, 2, 3, 4 e 5 e uma


função de cada.

2. (Unifesp adaptado) Acidentes cardiovasculares estão a) A que correspondem X e Y?


entre as doenças que mais causam mortes no mundo. b) Explique, usando o modelo do “mosaico fluido” para
Há uma intricada relação de fatores, incluindo os here- a membrana plasmática, como se dá a secreção de pro-
ditários e os ambientais, que se conjugam como fatores dutos do meio intracelular para o meio extracelular.
de riscos. Considerando os estudos epidemiológicos até
agora desenvolvidos, altas taxas de colesterol no san- 5. (Fuvest) No desenho abaixo, estão representados dois
gue aumentam o risco de infarto do miocárdio. cromossomos de uma célula que resultou da 1ª divisão
da meiose de um indivíduo heterozigótico AaBb.
a) Em que consiste o “infarto do miocárdio” e qual a
relação entre altas taxas de colesterol e esse tipo de
acidente cardiovascular? Qual tipo de colesterol está
envolvido e por quê?
b) Considerando a relação entre os gases O2 e CO2 e
o processo de liberação de energia em nível celular,
explique o que ocorre nas células do miocárdio em
uma situação de infarto.

3. (Unifesp adaptado) No ano de 2009, o mundo foi alvo


da pandemia provocada pelo vírus Influenza A (H1N1), Esquematize esses cromossomos, com os genes men-
causando perdas econômicas, sociais e de vidas. O re- cionados:
ferido vírus possui, além de seus receptores proteicos,
uma bicamada lipídica e um genoma constituído de 8 a) no final da intérfase da célula que originou a célula
genes de RNA. Considerando: do desenho.
1. a sequência inicial de RNA mensageiro referente a b) nas células resultantes da 2ª divisão meiótica da
um dos genes deste vírus: célula do desenho.
c) em todas as células resultantes da meiose que ori-
5’ AAAUGCGUUACGAAUGGUAUGCCUACUGAAU 3’
ginou a célula do desenho.
2. a tabela com os códons representativos do código
genético universal: 6. (UFPR adaptado) Abaixo, pode-se observar a repre-
sentação esquemática de uma membrana plasmática
celular e de um gradiente de concentração de uma pe-
quena molécula “X” ao longo dessa membrana.

Descreva o transporte por difusão simples e facilitada,


relacione gasto energético e gradiente de concentração.

284
U.T.I. - E.O. GAC
GGC
ácido aspártico
glicina
1. (Unifesp adaptado) Recomenda-se frequentemente aos UCA serina
vestibulandos que, antes do exame, prefiram alimentos UGG triptofano
ricos em carboidratos (glicídios) em vez de gorduras (lípi-
dios), pois estas são digeridas mais lentamente. Além da a) Escreva a sequência de bases nitrogenadas do RNA
função energética, os carboidratos exercem também fun- mensageiro, transcrito a partir desse segmento de DNA.
ções estruturais, participando, por exemplo, dos sistemas b) Utilizando a tabela de código genético fornecida,
de sustentação do corpo de animais e vegetais. indique a sequência dos três aminoácidos seguintes à
Cite duas estruturas, uma no corpo de um animal e ou- metionina, no polipeptídio codificado por esse gene.
tra no corpo de um vegetal, em que se verifica a função c) Qual seria a sequência dos três primeiros aminoácidos
estrutural dos carboidratos. de um polipeptídio codificado por um alelo mutante des-
se gene, originado pela perda do sexto par de nucleotí-
2. (Ufscar) Há exatamente dez anos, em 13 de abril de deos (ou seja, a deleção do par de bases T = A)?
1998, nasceu Bonnie, cria de um carneiro montanhês e
da ovelha Dolly, o primeiro animal clonado a partir de 5. (Unifesp) Muitas gelatinas são extraídas de algas.
uma célula adulta de outro indivíduo. O nascimento de Tais gelatinas são formadas a partir de polissacarídeos
Bonnie foi celebrado pelos desenvolvedores da técnica e processadas no complexo golgiense sendo, posterior-
de clonagem animal como uma “prova” de que Dolly era mente, depositadas nas paredes celulares.
um animal saudável, fértil e capaz de ter crias saudáveis. a) Cite o processo e as organelas envolvidos na for-
(FOLHA ONLINE, 13.04.2008.) mação desses polissacarídeos.
a) Apesar de gerar animais aparentemente “férteis b) Considerando que a gelatina não é difundida atra-
e saudáveis”, qual a principal consequência para a vés da membrana da célula, explique sucintamente
evolução das espécies se a clonagem for realizada em como ela atinge a parede celular.
larga escala? Justifique sua resposta. 6. (Unifesp adaptado) Parte da bile produzida pelo nosso
b) Como se denomina o conjunto de genes de um organismo não é reabsorvida na digestão. Ela se liga às
organismo? Qual a constituição química dos genes? fibras vegetais ingeridas na alimentação e é eliminada
pelas fezes. Recomenda-se uma dieta rica em fibras para
3. (Unifesp) Alguns antibióticos são particularmente
pessoas com altos níveis de colesterol no sangue. Qual é
usados em doenças causadas por bactérias. A tetraci-
a relação que existe entre a dieta rica em fibras e a dimi-
clina é um deles; sua ação impede que o RNA trans-
nuição dos níveis de colesterol no organismo? Justifique.
portador (RNAt) se ligue aos ribossomos da bactéria,
evitando a progressão da doença. 7. (Unifesp) Uma fita de DNA tem a seguinte sequência
a) Que processo celular é interrompido pela ação da de bases 5’ATGCGT3’.
tetraciclina? Qual é o papel do RNAt nesse processo? a) Considerando que tenha ocorrido a ação da DNA-
b) Em que local, na bactéria, ocorre a síntese do polimerase, qual será a sequência de bases da fita
RNAt? Cite dois outros componentes bacterianos en- complementar?
contrados nesse mesmo local. b) Se a fita complementar for usada durante a trans-
4. (Fuvest adaptado) Abaixo está representada a sequ- crição, qual será a sequência de bases do RNA resul-
ência dos 13 primeiros pares de nucleotídeos da região tante e que nome recebe esse RNA se ele traduzir
codificadora de um gene. para síntese de proteínas?

--- A T G A G T T G G C C T G --- 8. (Unesp) Um estudante colocou dois pedaços recém-


--- T A C T C A A C C G G A C --- -cortados de um tecido vegetal em dois recipientes, I e
II, contendo solução salina. Depois de algumas horas,
A primeira trinca de pares de bases nitrogenadas à es- verificou que no recipiente I as células do tecido vege-
querda, destacada em negrito, corresponde ao aminoá- tal estavam plasmolisadas. No recipiente II, as células
cido metionina. A tabela a seguir mostra alguns códons mantiveram o tamanho normal. Qual a conclusão do
do RNA mensageiro e os aminoácidos codificados por estudante quanto:
cada um deles. a) a concentração das soluções salinas nos recipien-
tes I e II, em relação ao suco celular desse tecido?
Códon do RNAm Aminoácido
b) O que significa dizer que em I as células estavam
ACC treonina plasmolisadas?
AGU serina
9. (UFPR) O atual modelo de estrutura da membrana
AUG metionina
plasmática celular é conhecido por modelo do mosai-
CCU prolina co fluido, proposto em 1972 pelos pesquisadores Sin-
CUG leucina ger e Nicholson. Como todo conhecimento em ciência,
esse modelo foi proposto a partir de conhecimentos

285
prévios. Um importante marco nessa construção foi II. O raquitismo é uma doença que surge pela falta de
o experimento descrito a seguir. Hemácias humanas, ____________.
que só possuem membrana plasmática (não há mem-
III. A xeroftalmia, que pode levar à cegueira, é consequ-
branas internas) foram lisadas (rompidas) em solução
ência da falta de __________.
de detergente, e os lipídios foram cuidadosamente
dispersos na superfície da água. Foi então medida a IV. O beribéri é causado pela falta de ____________.
área ocupada por esses lipídios na superfície da água
e ficou constatado que ela correspondia ao dobro do 16. (UFRN adaptado) Embora seja visto como um vilão,
valor da superfície das hemácias. o colesterol é muito importante para o organismo hu-
a) Que conclusão foi possível depreender desse ex- mano. Dê exemplos dessa afirmação.
perimento, com relação à estrutura das membranas
celulares? 17. (Uerj) O gráfico a seguir demonstra a distribuição ci-
b) Baseado em que informação foi possível chegar a toplasmática do número de ribossomos isolados e polir-
essa conclusão? ribossomos, em comparação com o número de cadeias
polipeptídicas em formação durante um certo período
10. (Cefet-MG) A ilustração abaixo refere-se à composi- de tempo.
ção celular de seres vivos

Analisando a figura e a partir de seus conhecimentos a) Defina a relação existente entre os ribossomas iso-
quais são as diferenças de uma célula animal e uma cé- lados e a formação das cadeias polipeptídicas. Justi-
lula vegetal? fique sua resposta.
b) Descreva a estrutura das cadeias polipeptídicas e a
11. (PUC) Preencha de forma correta as lacunas do texto.
dos polirribossomos.
No homem, a carência da vitamina ________ provoca a
chamada cegueira noturna, um problema visual caracte- 18. (UFF) O esquema a seguir representa a participa-
rizado por dificuldade para enxergar em situações de luz ção de organelas no transporte de proteínas de uma
fraca. Essa vitamina é necessária, pois associa-se a proteí- célula eucariótica.
nas dos bastonetes, os quais são células fotorreceptoras da
_________, que permitem a visão da luminosidade.

12. (UFMG adaptado) Segundo estudo feito na Etiópia,


crianças que comiam alimentos preparados em pane-
las de ferro apresentaram uma redução da taxa de
anemia de 55% para 13%. Como pode ser explicada
essa redução?

13. Preencha de forma correta as lacunas do texto.

Pessoas que sofrem de osteoporose apresentam a redu-


ção de ________ no organismo, o que leva a fragilidade
dos ossos e pode causar fraturas. A dieta do paciente a) Nomeie as estruturas indicadas, respectivamente,
deve ser rica em ________ e _______ . pelos números 1, 2, 3, 4, e 5, identificando as orga-
nelas envolvidas na síntese de enzimas lisossomais.
14. Qual a diferença entre macronutrientes e micro- b) Cite uma função de cada uma das estruturas 1, 2 e 5.
nutrientes?
19. (UFRJ) A célula possui diversas organelas com fun-
15. (PUC-PR adaptado) Analise as afirmações sobre avita- ções próprias e que, muitas vezes, estão relacionadas
minoses ou doenças de carência, que são formas de es- entre si. Dos processos como digestão intracelular, di-
tados mórbidos, ou seja, são doenças causadas pela falta fusão e transporte ativo, em qual deles a mitocôndria
ou carência de uma ou mais vitaminas no organismo: tem participação imprescindível? Explique.

I. O escorbuto é uma doença que se instala pela falta 20. Como se dá a ligação peptídica?
de __________.

286
FÍSICA 1

287
VETORES

ADIÇÃO DE VETORES __ ___ ___› ___ ___›


u s› u² = u a› u² + u b u² + 2 · u a› u · u b u · cosu

Regra do polígono SUBTRAÇÃO DE VETORES


___› ___›
a
b
___›
a
___›
b
___› ___›
a
b

__›
s ___›
___› b
d
__› ___› ___›
s =a +b ___›
a
Regra do paralelogramo
M
__›
x
___ ___ ___
P u u d› u² = u ___a› u² + u b› u² – 2 · u ___a› u · u b› u cos u

COMPONENTES DE UM VETOR
N
M
__›
x __›
P u s
y
__›
y __›
N ay __›
a__
T
A seguinte relação pode ser usada para calcular o módulo ›
ax
da soma de dois vetores quaisquer.

___› ___› x
a a
__› ___› ___› ___›
T T s a = ax + ay
___› ___›
b b senθ = ay/a oay = a · senθ
cosθ = ax/a oax = a · cosθ

288
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS MOVIMENTOS

VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA v<0

S2 – S1
vm = DS
___ = _____
Dt t2 – t1

MOVIMENTOS PROGRESSIVO

© Rafael Schaffer Gimenes/Schäffer Editorial


E RETRÓGRADO
v>0
0 1 2 3 4 5

0 1 2 3 4 5

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME (MRU)

As velocidades têm a mesma


DS = constante i 0
v = vm = ___
Dt direção e mesmo sentido
vREL = |vMAIOR| – |vMENOR|

FUNÇÃO HORÁRIA As velocidades têm a mesma


direção e sentidos contrários
DS ä v = ___
vm = ___ DS vREL = |vMAIOR| + |vMENOR|
Dt Dt
Princípio de Galileu ou
S = S0 + v · t
princípio da independência
dos movimentos
VELOCIDADE RELATIVA
Em um corpo que está sob ação de vários movimentos
DSREL simultâneos, cada movimento é realizado como se os
vREL = ____ outros não existissem.
Dt

289
vRES = vREL + vARR v2RES = v2REL + v2ARR

vRES = vREL – vARR v2RES = v2REL – v2ARR

GRÁFICOS DO MRU

GRÁFICO HORÁRIO DO MOVIMENTO ƒ Retrógrado (v < 0): se o movimento é retrógrado,


a velocidade é negativa (reta decrescente) e a partícula
RETILÍNEO UNIFORME se movimenta no sentido contrário da trajetória.

S = S0 + v ∙ t
v z

ƒ Progressivo (v > 0): se o movimento é progressi-


vo, a velocidade é positiva (reta crescente) e a partícula
se movimenta a favor da trajetória.

V<0

GRÁFICO DA VELOCIDADE DO
MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME

v = constante

290
Progressivo PROPRIEDADE DO GRÁFICO V × t

V>0

Retrógrado

V<0

MOVIMENTO RETILÍNEO
UNIFORMEMENTE VARIADO

ACELERAÇÃO ESCALAR MÉDIA FUNÇÕES HORÁRIAS


v2 – v1
am = 'v
___ = _____
't t2 – t1 v = v0 + a ∙ t

MOVIMENTOS ACELERADO
v+v
vm = _____0
2
E RETARDADO
1 ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
2
ƒ a > 0 e v > 0 ou a < 0 e v < 0 – o movimento é
acelerado (a e v têm o mesmo sinal).
ƒ a > 0 e v < 0 ou a < 0 e v > 0 – o movimento é
retardado (a e v têm sinais diferentes).
EQUAÇÃO DE TORRICELLI
v² = v0² + 2a(S – S0)
MOVIMENTO RETILÍNEO
UNIFORMEMENTE VARIADO (MRUV)

Aceleração constante Ÿ a = am = 'v


___
't

291
GRÁFICOS DE MRUV

GRÁFICO DA ACELERAÇÃO Propriedade do gráfico a × t


ESCALAR EM FUNÇÃO DO TEMPO

Propriedade do gráfico V × t

GRÁFICOS DA VELOCIDADE
ESCALAR EM FUNÇÃO DO TEMPO

a = tgα = 'v
___
't

292
GRÁFICO DA POSIÇÃO EM
FUNÇÃO DO TEMPO

a > 0 Ÿ concavidade para cima


a < 0 Ÿ concavidade para baixo S’

S’

ACELERAÇÃO ESCALAR POSITIVA: A > 0

ACELERAÇÃO ESCALAR NEGATIVA: A < 0

QUEDA LIVRE E LANÇAMENTO VERTICAL

QUEDA LIVRE LANÇAMENTO VERTICAL


v
v = v0 + |g| ˜ t tsubida = __0
|g|

|g| ˜ t²
S = S0 + v0 ˜ t + ____
2 tsubida = tdescida

v² = v0² + 2 ˜|g| ˜ 'S v02


Hmáxima = _____
2 ∙ |g|

|g| ∙ t2
'S = _____
2

_____


2∙'S
tqueda = ____
g

293
LANÇAMENTO OBLÍQUO

LANÇAMENTO HORIZONTAL Sy = S0y + v0y ∙ t – __1 ∙ |g| ∙ t2


2

vy = |g| ∙ t 1 ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + __
2
vy2 = v20y – 2 ∙ |g| ∙ DSy
______
2 ∙ DS
2
vy = 2|g| ∆S tqueda =
√ ______y
|g|
em qual v0y = v0 ∙ senθ

______
2 ∙ DS v0y
DSx = vx ∙
√ ______y
|g|
tsubida = tdescida = __
|g|

LANÇAMENTO OBLÍQUO v2 = vx2 + vy2

cateto oposto v0y


senT = ___________ = __v0 Ÿ v0y = v0 ˜ senT v20y
hipotenusa
Hmáxima = _____
cateto adjacente v0x 2 ∙ |g|
cosT = _____________ = __v0 Ÿ v0x = v0 ˜ cosT
hipotenusa

v02 ∙ sen(2θ)
Sx = S0x + v0x ∙ t A =_________
|g|
em qual v0x = v0 ∙ cosθ

vy = v0y – |g| ∙ t

294
U.T.I. - SALA U.T.I. - E.O.
1. Um navio parte de um porto navegando 68 km em 1. Em uma brincadeira de caça ao tesouro, o mapa diz
direção leste. Em seguida, para atingir seu destino, na- que para chegar ao local onde a arca de ouro está en-
vega mais 100 km na direção norte. O comandante, ao terrada, deve-se, primeiramente, dar dez passos na di-
perceber um erro de cálculo na trajetória, desloca-se reção norte, depois doze passos para a direção leste,
mais 20 km na direção oeste e 36 km na direção sul, em seguida, sete passos para o sul, e finalmente oito
atingindo, assim, seu objetivo. Determine o desloca- passos para oeste.
mento total do navio em relação ao porto de origem.

2. Um ciclista, ao cruzar um bairro, percorre três ave-


nidas. A primeira avenida (2000 m), o ciclista percorre
com velocidade média de 10 m/s; a segunda avenida
(400 m), com velocidade média de 8 m/s; e a última ave-
nida (1800 m), com velocidade média de 12 m/s. Calcule
a velocidade média do ciclista para cruzar o bairro. A partir dessas informações, responda aos itens a seguir.
a) Desenhe a trajetória descrita no mapa, usando um
3. Dois carros se deslocam numa pista, ambos no mes- diagrama de vetores.
mo sentido e com velocidades constantes. O carro que
b) Se um caçador de tesouro caminhasse em linha
está na frente desenvolve uma velocidade de 28 m/s e
reta, desde o ponto de partida até o ponto de chega-
o que está atrás desenvolve uma velocidade de 33 m/s.
da, quantos passos ele daria?
Num certo instante, a distância entre eles é de 205 m.
Determine em quanto tempo ocorre a ultrapassagem e Justifique sua resposta, apresentando os cálculos en-
as distâncias percorridas por ambos os carros. volvidos na resolução deste item.

4. Um avião supersônico, partindo do repouso, é subme- 2. Um entregador de pizza ao fazer uma entrega, partiu
tido a uma aceleração constante de 5 m/s². Para fazer da pizzaria e percorreu uma distância de 6 km, até virar à
a decolagem, o avião tem que estar a uma velocidade esquerda em uma __ segunda rua, para então percorrer uma
de 200 m/s. Determine o intervalo de tempo necessário distância de 3√3 km até chegar ao ponto de entrega.
para o avião atingir a velocidade de decolagem e a dis- Dado que as ruas formam entre elas um ângulo de 30°,
tância percorrida na decolagem. determine a distância da pizzaria até ponto de entrega.

5. O gráfico abaixo descreve a posição de um móvel 3. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, o corredor dos 100
em MRUV. Determine a aceleração e a velocidade ini- metros rasos Usain Bolt venceu a prova com o tempo de
cial do móvel. 9 segundos e 81 centésimos de segundo. Um radar foi
usado para medir a velocidade de cada atleta e os va-
lores foram registrados em curtos intervalos de tempo,
x(m) gerando gráficos de velocidade em função do tempo. O
gráfico do vencedor é apresentado a seguir.
10

0 4,0 8,0 t(s)

6. Em uma cobrança de tiro de meta, o goleiro chuta a


bola a uma velocidade inicial de 20 m/s a um ângulo de
30º com a horizontal. Sabendo que o chute corresponde Considerando o gráfico de V × t, responda aos itens a seguir.
a um lançamento oblíquo, determine o alcance máximo a) Calcule a quantidade de metros que Bolt percorreu
da bola. desde o instante 2,5 s até o instante 4,5 s, trecho no
Dados: qual a velocidade pode ser considerada aproximada-
mente constante.
• g = 10 m/s²
b) Calcule o valor aproximado da aceleração de Usain
• sen(30°) = 0,5 Bolt nos instantes finais da prova, ou seja, a partir
• cos(30°) = 0,87 de 9s

295
4. Um carro com uma velocidade de 90 km/h passa pelo sistema de coordenadas, os deslocamentos serão dados
km 360 de uma rodovia às 7h40min. Às 9h00min, o em função do tempo (em segundos) por:
motorista reduz sua velocidade para 60 km/h, perma-
necendo assim até 10h40min. Determine a distância x(t) = v0cos(θ)t e y(t) = v0sen(θ)t – __1 gt2
2
percorrida e a velocidade média do carro.
FONTE: <WWW.FISICA.UFPB.BR/PROLICEN/CURSOS/CURSO!/MR35IP.HTML>
5. Um trem de 60 m de comprimento, com movimento a) Esboce o gráfico do deslocamento de y em função
retilíneo uniforme, demora 1 minuto para ultrapassar do tempo.
completamente uma ponte de 180 m de comprimento. b) Qual valor mínimo da velocidade inicial v0 deve ser
Qual é a velocidade escalar do trem? imposto ao projétil para que, ao ser lançado com ângulo
θ = 45°, ultrapasse a muralha de 18 metros__de altura
6. Se um motorista percorrer uma distância d a 30 km/h, com 2 metros de folga? Use g = 10 m/s2 e √2 = 1,41.
gastará 2 h a menos do que se a percorrer a 12 km/h. c) A que distância da muralha a catapulta se encon-
Qual é o valor de d? tra, ou seja, qual o valor de d?

7. Maurício parte de São Paulo, com pretensão de viajar 11. Duas motos A e B passaram, simultaneamente, no
com velocidade constante igual a 80 km/h. Meia hora instante t = 0, pela posição zero de uma mesma traje-
após a partida de Maurício, seu amigo Pedro parte do tória retilínea. Suas velocidades escalares variam com o
mesmo lugar, para o mesmo destino. Pretendendo al- tempo, segundo o gráfico abaixo. Determine o instante
cançar Maurício, Pedro pretende manter uma velocida- da posição do encontro das motos.
de constante de 100 km/h. Em quanto tempo e em qual
distância de São Paulo, Pedro alcança Maurício?
v(m/s) A

8. Um ônibus circular faz determinado percurso em 90


minutos, se manter uma velocidade média de 60 km/h. 8,0 B
Quanto tempo seria economizado se o motorista fizesse
o mesmo percurso com velocidade média de 75 km/h?

9. Em um feriado prolongado, uma família decide passar 2,0


uns dias na praia, a 200 km da capital. A mãe sai de casa
às 14 h e mantém velocidade constante de 80 km/h. Às 0 3,0 t(s)
14:45 h o pai sai, e mantém velocidade constante du-
rante todo o trajeto. Os dois chegam juntos na casa de 12. Um automóvel passa por um ponto A com veloci-
praia. Calcule a velocidade média do pai. dade v1 = 20 m/s, mantendo-a constante durante 5 s.
Ao final desse intervalo de tempo, sua velocidade cai
10. Os professores de História e de Física lançaram um instantaneamente para v2 = 10 m/s, que permanece
desafio a uma turma de terceiro ano do Ensino Médio, constante por 15 s. A seguir, fica parada durante 20 s e,
para que compreendessem alguns métodos de comba- finalmente, adquire aceleração constante a durante 10
te em larga escala. O professor de História descreveu s, alcançando um ponto B.
alguns combates medievais, onde eram feitos cercos a
Se a velocidade média é vm = 11 m/s (no percurso total),
castelos de grandes muralhas. Com o objetivo de causar
determine a aceleração no último trecho.
maior dano aos castelos e assim levá-los à rendição, os
exércitos invasores faziam uso de grandes catapultas,
capazes de atirar enormes projéteis para dentro das 13. Uma partícula inicialmente em repouso descreve
muralhas dos castelos. um movimento retilíneo uniformemente variado e, em
O professor de Física forneceu o seguinte diagrama es- 20 s, percorre metade do espaço total previsto. Qual é o
quemático: tempo necessário para a partícula percorrer a segunda
metade do trajeto?

14. Um motorista dirige um carro com velocidade constan-


te de 80 km/h, em linha reta, quando percebe uma “lomba-
da” eletrônica indicando a velocidade máxima permitida
de 40 km/h. O motorista aciona os freios, imprimindo uma
desaceleração constante, para obedecer à sinalização e
passar pela “lombada” com a velocidade máxima permi-
tida. Observando-se a velocidade do carro em função do
tempo, desde o instante em que os freios foram acionados
até o instante de passagem pela “lombada”, podemos tra-
A partir dele, explicou que os projéteis eram lançados çar o gráfico abaixo. Determine a distância percorrida en-
com uma velocidade inicial v0 e um ângulo θ em relação tre o instante t = 0, em que os freios foram acionados, e o
ao plano. Considerando que o projétil parte da origem do instante t = 3,0 s, em que o carro ultrapassa a “lombada”.

296
Dê sua resposta em metros.

15. Um balão sobe verticalmente com movimento uni-


forme. Seis segundos após a partida, o piloto abando-
na uma pedra que alcança o solo 9 s após a saída do
balão. Determine (em metros) a altura em que a pedra
foi abandonada.

16. Um objeto é atirado verticalmente de baixo para


cima com velocidade v0 = 40 m/s. Uma pessoa situada a
75 m de altura o vê passar na subida e, após um intervalo
de tempo ∆t, o vê voltar. Desprezando a resistência do
ar e supondo a aceleração local da gravidade 10 m/s2,
o tempo ∆t decorrido entre as duas observações foi de:

17. Um canhão lança um projétil obliquamente, fazendo


um ângulo de 30° com a horizontal, de uma altura igual
a 55 m. Dado que a velocidade de lançamento é igual
a 100 m/s, determine o alcance horizontal do canhão.

18. Um projétil é lançado obliquamente no ar, com velo-


cidade inicial v0 = 40 m/s, a partir do solo. No ponto mais
alto de sua trajetória, verifica-se que ele tem velocidade
igual à metade de sua velocidade inicial. Qual a altura
máxima, em metros, atingida pelo projétil? (g = 10m/s2)

19. Um atleta, lançador de dardos, na última Olimpíada,


atingiu a marca de 62,5 m. Sabendo que, no instan-
te do lançamento, o ângulo formado pelo dardo e a
horizontal era de 45°, determine a velocidade inicial
do lançamento.

20. Um corpo foi lançado horizontalmente de uma al-


tura igual a 320 m com alcance horizontal de 200 m.
Determine a velocidade de lançamento do corpo.

297
FÍSICA 2

299
CALOR SENSÍVEL

ESCALAS TERMOMÉTRICAS uc – 0 _______


__a = ______ u – 32
= f
b 100 – 0 212 – 32
uc ______
ä ___
100
u – 32
= f
180
372 K
uc ______
__ u – 32
Simplificando: = f
5 9

uc ______
u – 32 ______
T __ = f = T – 273
5 9 5

Duc ___
___ Du
= F
5 9

272 K Duc = DT

DIAGRAMA DE AQUECIMENTO DE ÁGUA

Capacidade térmica de um corpo (C)

Q
C = ___ [ Q = C · Du
Du

300
Calor específico de uma Sistema termicamente isolado
substância (c)

Matematicamente:
Qrecebido = – Qcedido

Qrecebido + Qcedido = 0

CALORÍMETRO REAL
Qcalorímetro = Ccalorímetro · Du
Ccalorímetro = E · cágua
C=m·c

Q = C · Du
POTÊNCIA
Q
P = ___
Q = m · c · Du Dt

MUDANÇAS DE ESTADO

ESTADO FÍSICO DA MATÉRIA

CALOR LATENTE DE MUDANÇA DE FASE


Q = mtransformada · L

301
ƒ Unidades de L:
Usual: cal/g
S.I.: J/kg
O sinal de L está relacionado à absorção ou à liberação de calor pelo corpo:
L > 0, quando ocorre absorção de calor.
L < 0, quando ocorre liberação de calor.

Diagrama de aquecimento da água

Diagrama de resfriamento da água

Sobrefusão ou superfusão

NA SOBREFUSÃO (OU SUPERFUSÃO), UMA SUBSTÂNCIA SE ENCONTRA NO ESTADO


LÍQUIDO COM TEMPERATURA INFERIOR A SUA TEMPERATURA DE SOLIDIFICAÇÃO.

302
ƒ F representa a pressão máxima de vapor (que depende
Vaporização da temperatura); e
A ebulição é o processo de vaporização que acontece
ƒ f representa a pressão parcial de vapor na atmosfera
quando a substância atinge uma determinada temperatu-
(que caracteriza o grau de umidade).
ra. Esse processo é turbulento.
A evaporação acontece em qualquer temperatura nos
líquidos, no entanto, especificamente na sua superfície
livre. A água líquida, por exemplo, quando colocada em
um prato, desaparece após determinado tempo, ou seja, a
água é vaporizada (transforma-se em vapor) e misturada
aos outros gases da atmosfera.
A calefação é um processo rápido de vaporização e ocorre MAIS ENERGÉTICAS: EVAPORAÇÃO
MOLÉCULAS DE VAPOR COM POUCA ENERGIA VOLTAM AO LÍQUIDO.
quando o aumento de temperatura é brusco. Esse processo MOLÉCULAS COM POUCA ENERGIA PERMANECEM NO LÍQUIDO.
acontece, por exemplo, ao colocarmos pequenas quantida-
des de água em uma frigideira bem quente. A vaporização
da água nesse caso é bastante rápida, quase instantânea. DIAGRAMA DE FASE
Evaporação Pressão e estado físico
ƒ Quanto maior a pressão atmosférica, menor será a
velocidade.
ƒ A atmosfera, pressionando a superfície do líquido, difi-
culta a vaporização.
ƒ Quanto mais o líquido for volátil, maior será a
velocidade.
ƒ Como a área livre é maior, mais moléculas estão nes-
VAPOR
sa superfície, o que aumenta a probabilidade de haver
moléculas “escapando” da superfície do líquido.
ƒ Quanto maior for a temperatura do líquido, maior a
velocidade.
ƒ As moléculas, com temperatura maior e, portanto, mais
agitadas, têm maior velocidade e, consequentemente,
maior facilidade de “escapar”.
ƒ Quanto mais úmido estiver o ar, maior será a pressão LÍQUIDO

parcial do vapor e menor será a velocidade. Substâncias mais comuns


Com o ar mais úmido, poderá ocorrer de as moléculas de O comportamento normal do volume em função do estado
vapor presentes no ar aderirem à superfície do líquido, físico está resumido na figura abaixo.
condensando-se.

mevaporação A · (F – f)
vevaporação = _______ = K_______
pe
Dt

Onde:
ƒ K representa a volatilidade do líquido;
ƒ A representa área da superfície livre do líquido;
ƒ pe representa a pressão externa a que o líquido está
submetido;

303
Estado gasoso e temperatura crítica

Comportamento da água
Observando o diagrama de fases da água, é possível perce-
ber que a curva de fusão é decrescente. Assim, a tempera-
tura de fusão diminui com o aumento da pressão. Logo, é
possível derreter o gelo em uma temperatura menor, caso
ele esteja em uma pressão maior.

TRANSMISSÃO DE CALOR

CONDUÇÃO TÉRMICA Fluxo de calor na condução


térmica (lei de Fourier)

Q
f = ___
Dt

304
O fluxo de calor (f) que atravessa a barra é diretamente
proporcional à diferença de temperatura entre os extremos
(T1 – T2), à área de secção reta (A) e inversamente propor-
cional ao comprimento (L).

A ∙ (T1 – T2)
f = k · _________
L micro-ondas

CONVECÇÃO
Convecção é o processo de transferência de calor por meio
do deslocamento de matéria do fluido de um local para outro.

Emissão de radiação
Foi constatado experimentalmente que todas as substân-
cias, a qualquer temperatura acima do zero absoluto, emi-
tem radiação e que a frequência de ondas mais emitidas é
proporcional à temperatura absoluta T.

Baixa temperatura
A convecção, juntamente com a diferença de calor específi-
co entre areia e água, também explica o sentido das brisas
nas proximidades da praia. Média

Alta temperatura

Absorção de radiação
Todo bom emissor de radiação também é um bom ab-
sorvedor. Além disso, os corpos com cores mais escu-
ras emitem e absorvem mais rapidamente a radiação.

EFEITO ESTUFA
IRRADIAÇÃO OU RADIAÇÃO
As ondas eletromagnéticas propagam-se no vácuo com ve-
locidade de c = 3 × 108 m/s e são classificadas de acordo
com suas frequências ou comprimentos de onda.
Além das ondas de calor infravermelho, as ondas de rádio,
as micro-ondas, a luz visível, a radiação ultravioleta, os raios
X e os raios gama também são ondas eletromagnéticas.

305
EXPANSÃO TÉRMICA DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS

DILATAÇÃO LINEAR DOS SÓLIDOS

'LŸaL = _______
tgv =___
50,1 – 50
'T 0 100 – 0
0,1
___ 0,001
'L = L – L0 Ÿ aL0 = Ÿ a = _____ Ÿ
100 50
'T = T – T0 Ÿ a = 2,10 °C–1
–5

A experiência mostra que a variação de comprimento DL e a


variação de temperatura 'T são relacionadas por:
DILATAÇÃO SUPERFICIAL
DA = A – A0
'L = DL0 ˜ 'T
'A = b ∙ A0 ˜ 'T

D = 'L 1
___ ˜ ___
L0 'T

L = L0(1 + D ˜ 'T)

DL
dilatação relativa = ___
L0
DL
___ = α ∙ Dθ
L0 b=2∙α

Gráfico da dilatação linear A = A0[1 + b ∙ (θ – θ0)]


L(θ) = L0[1 + α ∙ (θ – θ0)]

Gráfico da dilatação superficial

0 0

'A= b ∙ A
tgv = ___
tgv = DL/Du = aL0 'T 0

306
DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA DILATAÇÃO DOS LÍQUIDOS
DV = V – V0
Coeficientes de dilatação volumétrica de alguns líquidos
a 20 ºC
'V = g ∙ V0 ˜ 'T Líquido g (ºC–1)
álcool etílico 1,2 ∙ 10–3
gasolina 0,95 ∙10–3
g=3∙α glicerina 0,5 ∙ 10–3
mercúrio 18,2 ∙ 10–3

V = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]

Gráfico da dilatação volumétrica


V (θ) = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]

DVlíquido = DVaparente + DVrecipiente

gaparente = glíquido – grecipiente

DILATAÇÃO ANÔMALA DA ÁGUA

'V= g ∙ V
tgv = ___
'T 0

LEI GERAL DOS GASES

EQUAÇÃO DE CLAPEYRON p = 1 atm = 760 mmHg e T = 273 K (0 °C)

pV
___
T
= constante TRANSFORMAÇÕES PARTICULARES
pV
___ =R˜n
T
ou pA ˜ VA ______
_____ p ˜V
= B B
TA TB
pV = nRT

Estado normal de um gás Transformação isotérmica


O estado normal de um gás é definido quando o gás
se encontra nas condições normais de temperatura e pres- pV = constante ou p1V1 = p2V2
são (CNTP).

307
T2 > T1
T1

Transformação isobárica
V = constante
__ V1 __
__ V
ou = 2
T T1 T2
Transformação adiabática

p ˜ VJ = constante

ou

p1V1J= p2V2J

Transformação isocórica
ou isovolumétrica
MOL
__p = constante p1 __
__ p 1 mol = 6,023 × 1023 partículas
ou = 2
T T1 T2

308
p ˜V p2 ˜V2
p ˜V ____
____ = 1 1 + ____
NA = 6,023 × 1023 partículas/mol = 6,023 × 1023 mol–1
T T1 T2

m
n = __
M Lei das pressões parciais
(lei de Dalton)
MISTURA DE GASES PERFEITOS p ˜V ____
____
T
=
p’ ˜V ____
T
+
p” ˜V
T
n = n1 + n2
Sejam p, V, n e T as varáveis termodinâmicas da mistura, p = p' + p"
pela equação de Clapeyron temos que:
p ˜V
n = ____
R˜T

PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

TRABALHO REALIZADO POR UM GÁS ENERGIA INTERNA


ƒ Se T aumenta, U aumenta.
ƒ Se T é constante, U é constante.
ƒ Se T diminui, U diminui.

3 nRT
U = __
2

WG = pG ˜ 'V 3 pV
U = __
2

pG
PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA
pG

ƒ Se Q > 0, o sistema recebe calor.


ƒ Se Q < 0, o sistema perde calor.

pG
ƒ Se W > 0, o sistema se expande e o gás realiza trabalho.
ƒ Se W < 0, o sistema se contrai e o trabalho é realizado
sobre o gás.
Sendo U0 a energia interna inicial do sistema e Uf a energia
interna final, temos:
'U = Uf – U0

309
Portanto: ƒ No caso de expansão isobárica, 'V > 0 e
'U > 0, ou seja:
'U > 0 œ Uf > U0
Q–W>0 ou Q>W
'U < 0 œ Uf < U0

ƒ No caso de compressão isobárica, 'V < 0 e


TRANSFORMAÇÕES PARTICULARES 'U < 0, ou seja:
Q–W<0 ou Q<W
Transformação isotérmica
Q = W + 'U
Ÿ Q = W Transformação adiabática
'U = 0
Q = W + 'U
Ÿ 'U = –W
Transformação isocórica Q=0
Q = W + 'U
Ÿ Q = 'U ƒ Se o gás sofrer uma compressão adiabática:
W=0 'U = –W
Qv = m ∙ cV ∙ ∆u
W<0 Ÿ 'U > 0

Ou, ainda, o calor molar à pressão constante CV. ƒ Se o gás sofrer uma expansão adiabática:
QV = n ∙ CV ∙ ∆u 'U = –W
Ÿ 'U < 0
W> 0
Transformação isobárica
V = constante
__
T

ƒ V aumenta Ÿ T aumenta ŸU aumenta Ÿ 'U > 0


ƒ V diminui Ÿ T diminui ŸU diminui Ÿ 'U < 0
Q = W + 'U Ÿ 'U = Q – W

SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA

TRANSFORMAÇÃO CÍCLICA DUBC = QBC – WBC

DUCD = QCD – WCD

DUDA = QDA – WDA

Em um ciclo: 'Uciclo = 0
Em um ciclo: Q = W
Ciclo horário: Wciclo > 0
Ciclo anti-horário: Wciclo < 0
Wciclo = WABCDA = WAB + WBC + WCD + WDA
Qciclo = QABCDA = QAB + QBC + QCD + QDA
DUciclo = DUABCDA = DUAB + DUBC + DUCD + DUDA = 0
DUciclo = Qciclo – Wciclo
DUAB = QAB – WAB SENTIDO HORÁRIO

310
CICLO DE CARNOT

SENTIDO ANTI-HORÁRIO

Em um ciclo realizado no senti-


do horário: Wciclo > 0 e Qciclo > 0

Em ciclo realizado no sentido anti-horário: 1. O gás recebe calor Q1 da fonte quente e sofre uma ex-
Wciclo < 0 e Qciclo < 0 pansão isotérmica AB, à temperatura T1.
2. Expansão adiabática BC; o gás atinge a temperatura T2.
SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA 3. O gás fornece o calor Q2 à fonte fria e sofre uma com-
pressão isotérmica CD, à temperatura T2.
4. Compressão adiabática DA; o gás volta a seu estado
“O calor não pode fluir espontaneamente de um cor-
inicial, à temperatura T1.
po de temperatura menor para um outro corpo de
temperatura mais alta.”
|Q2| __
__ T
= 2
Q1 T1

“O calor flui espontaneamente de um corpo quente T T1 – T2


K = 1 – __2 = _____
para um corpo frio. O inverso só ocorre com a realiza- T1 T1
ção de trabalho.”

MÁQUINAS FRIGORÍFICAS
“É impossível, para uma máquina térmica que opera
em ciclos, converter integralmente calor em trabalho.”

Q1 + |W_ = |Q2|
ESQUEMA DE UMA MÁQUINA TÉRMICA

Q1 = W + |Q2|

W = Q1 – |Q2|
W
K = __
Q1
W Q - |Q | |Q2|
K = __ = ______
1 2
Ÿ K = 1 – __
Q1 Q1 Q1
W
Pu = __
't

311
5. Abertura de válvula (4-5).
6. Exaustão isobárica (5-0).

Eficiência de uma
máquina frigorífica
Q
e = __1 Ciclo de Diesel
_W_
1. Uma compressão isentrópica, isto é, sem o aumento da
Q1 + |W_ = |Q2| ou |W_ = |Q2| – Q1 entropia do sistema (1-2).
Q1 2. Fornecimento de calor à pressão constante (isobárico) (2-3).
e = ______
|Q2| – Q1 3. Expansão isentrópica, sem o aumento da entropia do
sistema (3-4).
4. Por fim, uma transformação isovolumétrica, enquanto o
Refrigerador de Carnot calor é cedido (4-1).
Q1 __
__ |Q |
= 2
T1 T2
Q1 T1
eCarnot = ______ = _____
|Q2| – Q1 T2 – T1

TERCEIRA LEI DA TERMODINÂMICA


As transformações naturais sempre resultam em
um aumento da entropia do universo.

Q
DS = __
T

DS t

Ciclo de Otto
1. Admissão isobárica (0-1).
2. Compressão adiabática (1-2).
3. Combustão isocórica (2-3).
4. Expansão adiabática (3-4).

312
INTRODUÇÃO A ÓPTICA GEOMÉTRICA

ÓPTICA GEOMÉTRICA
CLASSIFICAÇÃO DOS
RAIOS LUMINOSOS
PRINCÍPIOS DA
ÓPTICA GEOMÉTRICA
FEIXE PARALELO ƒ Lei da propagação retilínea da luz
A luz se propaga em linha reta nos meios homogêneos e
transparentes.
ƒ Reversibilidade dos raios luminosos
FEIXE DIVERGENTE A trajetória seguida pelo raio de luz em um sentido é igual,
se o sentido do raio de luz for invertido.
ƒ Lei da Independência dos raios luminosos
A trajetória de um raio luminoso não é afetada por outro
FEIXE CONVERGENTE
que cruza essa trajetória. Os raios de luz seguem trajetórias
independentes, mesmo que se cruzem.
CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS
Meio transparente
PROPAGAÇÃO RETILÍNEA DA LUZ

Meio translúcido

Sombra e penumbra

Meio opaco

313
_y = __
y'
x x'

REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA LUZ

Eclipse solar

Eclipse lunar

CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO A cor de um corpo

314
U.T.I. - SALA 5. O gráfico p x T abaixo representa 4 transformações
termodinâmicas sofridas por um gás ideal. Na transfor-
mação 1 o 2 são adicionados 400 J de calor ao gás,
1. Quando o Sol está a pino, uma menina coloca um lápis levando esse gás a atingir a temperatura de 350 K no
de 7,0 × 10-3 m de diâmetro, paralelamente ao solo e ponto 2.
observa a sombra por ele formada pela luz do Sol. Ela
nota que a sombra do lápis é bem nítida quando ele está
próximo ao solo, mas, à medida que vai levantando o lá-
pis, a sombra perde a nitidez até desaparecer, restando
apenas a penumbra. Sabendo-se que o diâmetro do Sol é
de 14 x 108 m e a distância do Sol à Terra é de 15 x 1010
m, pode-se afirmar que a sombra desaparece quando a
altura do lápis em relação ao solo é de (em m)?

2. Um professor de Física decidiu criar uma escala ter-


mométrica, utilizando para isso um composto líquido
“x” desconhecido. Após criar a escola termométrica, o
Determine:
professor fez a medição dos pontos de fusão e ebulição
da água, em sua escala termométrica denominada es- a) a variação da energia interna do gás no processo
cala Z. O gráfico abaixo determina os pontos anotados 1 o 2;
pelo professor. Após o experimento o professor deter- b) a temperatura do gás no ponto 5;
minou o calor específico no estado líquido “x” e o calor c) a variação da energia interna do gás em todo o
latente de vaporização do líquido. processo termodinâmico 1 o 5.

6. Um motor de Carnot opera entre duas fontes de


temperaturas a 200 ºC e 20 ºC, respectivamente. Se
o trabalho desejado for de 15 kJ, determine a trans-
missão de calor do reservatório de temperatura alta
e a transmissão de calor para o reservatório de tem-
peratura baixa.

Th = 200 ºC

• Dados: Motor

• cx = 0,8 cal/g °C
• Lvx = 30 cal/g
x Tvaporização(x) = 80 °C
TL = 20 ºC
a) Obtenha uma equação de conversão entre as es-
calas Z e Celsius.
b) Determine a quantidade de calor necessária
para vaporizar 50 g do líquido em questão, inicial- U.T.I. - E.O.
mente a uma temperatura igual a 20 °C.
1. (UFPR 2018) No desenvolvimento de uma certa má-
3. Um abrigo na região da Antártida é mantido em uma quina térmica, o ciclo termodinâmico executado por um
temperatura de 20 °C devido ao uso de um aquece- gás ideal comporta-se como o apresentado no diagra-
dor elétrico. As paredes do abrigo são todas compos- ma P × V (pressão × volume) a seguir.
tas pelo mesmo material, de condutividade térmica
k = 0,05 J/s.m. °C e de espessura « = 26 cm. Dado que as
dimensões do abrigo são 2 · 3 · 4 m3 e a temperatura fora
do abrigo é de –40 °C, determine a potência do aquece-
dor para manter o abrigo na temperatura de 20 °C.

4. Um recipiente de vidro encontra-se completamente


cheio de um líquido a 0 °C. Quando se aquece o conjunto
até 80 °C, o volume do líquido que transborda corresponde
a 4% do volume que o líquido possuía a 0 °C. Sabendo que
o coeficiente de dilatação volumétrica do vidro é 27 · 10–6 a) Qual o trabalho realizado pelo gás durante o
°C–1, determine o coeficiente de dilatação real do líquido. processo AB?

315
b) Sabendo que a temperatura do gás no ponto B a) Qual é a quantidade total de líquido (em kg) que deve
vale TB = 300 K, determine a temperatura do gás no passar pela serpentina de modo a derreter todo o gelo?
ponto C. b) Quanto de calor (em kcal) a água (formada pelo
c) O processo DA é isotérmico. Qual a variação de gelo derretido) ainda pode retirar − do líquido que
energia interna do gás nesse processo? passa pela serpentina − até que a temperatura de
saída se iguale à de entrada (28 ºC)?
2. Uma escala de temperatura arbitrária X está relaciona-
da com a escala Celsius, de acordo com o gráfico abaixo. 6. Num calorímetro ideal, misturam-se 200 g de gelo a
0 ºC com 200 g de água a 40 ºC. Sabendo que o calor de
fusão do gelo é de 80 cal/g, qual é a temperatura de equi-
líbrio térmico e qual é a massa do gelo que se funde?

7. Quantas calorias são transmitidas por metro qua-


drado de um cobertor de 2,5 cm de espessura, durante
uma hora, estando a pele a 33 °C e o ambiente a 0 °C?
O coeficiente de condutibilidade térmica do cobertor é
0,00008 cal/s · m · °C.

Quanto valem, respectivamente, as temperaturas de fu- 8. Uma barra de alumínio (K = 0,5 cal/s · cm · °C) está em con-
são do gelo e de ebulição da água, sob pressão normal, tato numa extremidade com gelo em fusão e na outra
na escala X? com vapor de água em ebulição sob pressão normal. Seu
comprimento é 25 cm e a seção transversal tem 5 cm2 de
3. O gráfico abaixo representa a temperatura θ (ºC) área. Sendo a barra isolada lateralmente e dados os ca-
em função do tempo de aquecimento (t min) da água lores latentes de fusão do gelo e de vaporização da água
contida numa panela que está sendo aquecida por um (LF = 80 cal/g; LV = 540 cal/g), determine a massa do gelo
fogão. A panela contém inicialmente 0,2 kg de água e que se funde em meia hora.
a potência calorífica fornecida pelo fogão é constante.
9. Têm-se duas barras A e B de comprimentos LA = 0,8 LB
à temperaturas TA = TB e de coeficiente de dilatação li-
near aA = 5aB, sendo aB = __1 ∙ 10−4 ºC−1. Nessas condições,
3
de quanto é o aumento ∆T da temperatura de ambas,
para que as barras alcancem o mesmo comprimento?

10. Um líquido, cujo coeficiente de dilatação é 20 ·


10–4 ºC–1, a 0 ºC, preenche completamente um frasco,
cuja capacidade é 1000 ml. Se o material com que o
frasco é fabricado tem coeficiente de dilatação linear
20 · 10–6 ºC–1, qual é o volume de líquido que transbor-
Dados: da quando o conjunto é aquecido até 50 ºC?
• Lvaporização da água = 540 cal/g
11. Na figura, a plataforma A é sustentada pelas barras
• CH O = 1 cal/g ºC
2 B e C. A 0 ºC, o comprimento de C é três vezes maior que
o de B. Para que a plataforma A se mantenha horizontal
a) Determine a quantidade de calor absorvida pela em qualquer temperatura, qual deve ser a relação entre
água no primeiro minuto. os coeficientes de dilatação linear das barras B e C?
b) Determine a massa de água que ainda permanece
na panela após 3,7 min de aquecimento. A

4. Uma câmara escura cúbica, de lado 10 cm, encontra-


-se a uma distância de 20 m de uma árvore de altura 8 B C
m. Qual a altura da imagem projetada sobre o anteparo
fosco da câmara escura?

5. Um recipiente isolado contém uma massa de gelo,


M = 5,0 kg, à temperatura T = 0 ºC. Por dentro desse reci- 12. Um mergulhador, a 4,0 m de profundidade, ao res-
piente, passa uma serpentina pela qual circula um líqui- pirar, solta uma bolha de ar de volume 10 mL. A bolha
do que se quer resfriar. Suponha que o líquido entre na sobe até a superfície, onde a pressão é atmosférica.
serpentina a 28 ºC e saia dela a 8 ºC. O calor específico Considerando que a temperatura da bolha permaneceu
do líquido é cL = 1,0 cal/(g · ºC), o calor latente de fusão constante e que a pressão aumenta cerca de 1,0 atm
do gelo é LF = 80 cal/g e o calor específico da água é a cada 10 m de profundidade, determine o volume da
CA = 1,0 cal/(g · ºC). bolha de ar ao atingir a superfície.

316
13. O diagrama a seguir indica três transformações de Calcule hMAQ e compare com hCARNOT.
um gás perfeito, sendo uma delas isotérmica. A tempe-
ratura do gás no estado 2 é 360 K. Determine: 17. Uma máquina de Carnot é operada entre duas fon-
tes, cujas temperaturas são, respectivamente, 327 ºC e
227 ºC. Admitindo-se que a máquina receba da fonte
quente uma quantidade de calor igual a 1000 cal por
ciclo, pede-se:
a) o rendimento máximo térmico da máquina;
b) o trabalho realizado pela máquina em cada ciclo;
c) a quantidade de calor rejeitada para a fonte fria.

18. Tem-se uma máquina térmica frigorífica que realiza,


a) a pressão e a temperatura no estado 3; durante um ciclo completo, um trabalho de 4 · 104 J e
b) o trabalho realizado pelo gás na transformação 1 o 3. cede, à fonte fria, 12 · 104 J. Determine a quantidade
de calor absorvida pela fonte quente e a eficiência da
14. Um sistema é composto por um cilindro com êm- máquina térmica.
bolo móvel, de massa 200 kg e área A = 100 cm2, que
contém inicialmente 2,4 litros de um gás ideal a 27 ºC. 19. (UFPR 2018) Numa experiência para demonstrar prin-
Aquece-se o sistema até a temperatura estabilizar-se cípios de calorimetria, um estudante fez o seguinte pro-
em 127 ºC. A pressão atmosférica é igual a 105 N/m2. cedimento: colocou 100 g de água, na forma de gelo, a
Determine o volume final do gás e o trabalho mecânico 0 °C, num recipiente vazio, e o aqueceu até obter água
realizado. a 10 °C. Na sequência, ele removeu aquela quantidade
Adote g = 10 m/s2 de água do recipiente e colocou novamente 100 g de
água, só que agora líquida, a 0 °C, no recipiente vazio,
15. Determinada massa de gás monoatômico ideal so- e forneceu a mesma quantidade de calor utilizada na
fre a transformação cíclica ABCDA mostrada no gráfico. etapa anterior. Sabe-se que, no local, água congela a
As transformações AB e CD são isobáricas, BC é isotér- 0 °C o calor latente de fusão da água vale L = 80 cal/g,
mica e DA é adiabática. Considere que, na transforma- e o calor específico da água (tomado como constante
ção AB, 700 kJ de calor tenham sidos fornecidos ao gás em toda a faixa de temperatura da experiência) vale
e que, na transformação CD, ele tenha perdido 750 kJ de c = 1 cal/g° C. Além disso, desprezam-se todas as perdas
calor para o meio externo. de calor para o ambiente, e a capacidade térmica do
recipiente também deve ser desprezada.
Considerando esses dados, determine a temperatura
final da massa de água após a segunda etapa.

20. Um aparelho fotográfico rudimentar é constituído


por uma câmara escura com um orifício numa face e
um anteparo de vidro fosco na face oposta. Um objeto
luminoso em forma de L se encontra a 2 m do orifício e
a sua imagem no anteparo é 5 vezes menor que o seu
tamanho natural. Determine a largura d da câmara.

Calcule o trabalho realizado pelas forças de pressão do


gás na expansão AB e a variação de energia interna so-
frida pelo gás na transformação adiabática DA.

16. A figura abaixo representa o funcionamento de uma


máquina térmica.

TQ = 550ºC

TF = 27ºC

317
FÍSICA 3

319
PRINCÍPIOS DA ELETROSTÁTICA

INTRODUÇÃO
A eletrostática é o ramo da Física que estuda as proprie-
dades das cargas elétricas em repouso e suas interações.
Vejamos os princípios que fundamentam a eletrostática. OS CORPOS A E B ESTÃO ELETRIZADOS COM QUANTIDADES DE CARGAS Q1 E Q2.
APÓS A TROCA DE CARGAS ENTRE OS CORPOS, A E B ESTÃO
ELETRIZADOS COM QUANTIDADES DE CARGAS Q’1 E Q’2.

CARGAS ELÉTRICAS
Q1 + Q2 = Q’1 + Q’2 = constante
carga elétrica do próton: e+ = +1,6 · 10–19 C
carga elétrica do elétron: e– = –1,6 · 10–19 C Essa expressão é válida somente se o sistema for eletrica-
mente isolado.
No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de

ELETRIZAÇÃO POR ATRITO


carga elétrica é o coulomb, cujo símbolo é C, em homena-
gem a Charles Coulomb.

Q = n · |e|

Na qual, a carga Q é positiva, se houver prótons em exces-


so, ou negativa, se houver elétrons em excesso. A quantida-
de de elétrons ou prótons em excesso é dada por n.

PRINCÍPIO DA ATRAÇÃO
E REPULSÃO No processo de eletrização por atrito, os corpos ele-
trizados apresentam, ao final do processo, cargas
Cargas elétricas de sinais opostos se atraem, e cargas elétricas de sinais opostos.
elétricas do mesmo tipo se repelem.

ELETRIZAÇÃO POR CONTATO

PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO
DAS CARGAS ELÉTRICAS
Em um sistema isolado eletricamente (ou seja, não há
transferências de cargas elétricas com o ambiente externo),
A POSITIVO E B NEUTRO ESTÃO ISOLADOS E AFASTADOS; COLOCADOS EM CONTATO,
a quantidade de carga elétrica, em excesso, é constante. DURANTE BREVE INTERVALO DE TEMPO, ELÉTRONS LIVRES VÃO DE B PARA A;
APÓS O PROCESSO, A E B APRESENTAM-SE ELETRIZADOS POSITIVAMENTE.

320
Na eletrização por indução, o induzido ficará eletrizado
com cargas elétricas de sinais opostos às cargas elétri-
cas apresentadas pelo indutor. A carga do indutor não
A NEGATIVO E B NEUTRO ESTÃO ISOLADOS E AFASTADOS: COLOCADOS EM CONTATO, se altera.
DURANTE BREVE INTERVALO DE TEMPO, ELÉTRONS
VÃO DE A PARA B; APÓS O PROCESSO, A E B APRESENTAM-
SE ELETRIZADOS NEGATIVAMENTE.

ELETRIZAÇÃO POR CONTATO ENTRE ESFERAS CONDUTORES DE MESMO RAIO Se um corpo eletrizado A atrair um condutor B, poderá
B estar eletrizado com carga de sinal oposto ao de A
ou estar neutro.
Q1 + Q2 + ... +Qn
Q’ =______________
n

Reprodução

No processo de eletrização por contato, os corpos UMA PEQUENA ESFERA


eletrizados, ao final do processo, ficam eletrizados NEUTRA DE ISOPOR
É ATRAÍDA QUANDO
com cargas elétricas de mesmo sinal. APROXIMADA DA ESFERA
METÁLICA ELETRIZADA
DE UM GERADOR
ELETROSTÁTICO.

ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO


Reprodução

O FILETE DE ÁGUA
DESVIA-SE DA VERTICAL
AO SER ATRAÍDO POR
UM BASTÃO PLÁSTICO
PREVIAMENTE ELETRIZADO
POR ATRITO COM UM
PEDAÇO DE FLANELA.

ELETROSCÓPIOS

CONDUTOR B, NEUTRO E ISOLADO; APROXIMANDO A DE B, OCORRE INDUÇÃO


ELETROSTÁTICA; LIGANDO
B À TERRA, ELÉTRONS DE B ESCOAM PARA A TERRA;
A LIGAÇÃO DE B COM A TERRA É DESFEITA; O INDUTOR A É
AFASTADO E B ESTÁ POSITIVAMENTE ELETRIZADO.

321
LEI DE COULOMB

FORÇAS ENTRE CARGAS


ELÉTRICAS PUNTIFORMES

As interações eletrostáticas podem ser evidenciadas


pela força percebida entre portadores de cargas elé-
tricas. Essas interações podem ser atrativas ou repul-
sivas, sendo atrativas entre portadores de cargas elé-
tricas de sinais opostos, e repulsivas entre portadores
de cargas elétricas de mesmo sinal. De acordo com
a terceira lei de Newton, para cada ação existe uma
reação, de mesma direção, mesma intensidade, senti-
dos opostos e que atuam em corpos diferentes. Assim,
caracterizaremos as forças de interações elétricas.

+ –

+ +

A intensidade da força de interação entre duas cargas


elétricas puntiformes é diretamente proporcional ao
produto dos módulos das cargas e inversamente pro-
porcional ao quadrado da distância entre as cargas.

FORÇA ELÉTRICA DE VÁRIAS _____› _____› _____›


CARGAS PUNTIFORMES FIXAS Na carga Q1: F e1 = F 2,1 + F 3,1
_____› _____› _____›
Sejam cargas puntiformes fixas Q1, Q2 e Q3. A cada par de car- Na carga Q2: F e2 = F 1,2 + F 3,2
gas, temos uma
_____› força
_____› elétrica,
_____› _____› seja
_____› de atração
_____› ou de repulsão; _____› _____› _____›
logo, temos F 1,2, F 1,3, F 2,3, F 2,1, F 3,1 e F 3,2. A força resultante Na carga Q3: F e3 = F 1,3 + F 2,3
elétrica que atua em cada partícula será a soma vetorial de
todas as forças que as outras cargas exercem sobre ela.

322
CAMPO ELÉTRICO

CONCEITO DE CAMPO ELÉTRICO CAMPO ELÉTRICO DE VÁRIAS


CARGAS PUNTIFORMES FIXAS

+ –

___›
O campo elétrico resultante E R em P, devido as várias ___›
cargas
___› ___›Q1, Q2, ..., Qn, é dado pela soma vetorial de E 1,
E 2, ..., E n, na qual cada campo elétrico parcial é determi-
nado como se a carga correspondente estivesse sozinha:
___› ___› ___› ___›
E R = E 1 + E 2 + ... + E n
Esse é o princípio da superposição dos campos elétricos.

LINHAS DE FORÇA

INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO


As linhas de força são linhas tangentes, em cada
ponto, ao vetor campo elétrico naquele ponto. O
sentido de orientação é o mesmo do campo elétrico.

CAMPO ELÉTRICO DE UMA


CARGA PUNTIFORME Q FIXA
|Q|
E = k0 · ___

CARGA PUNTIFORME Q > 0.


GRÁFICO DE E × D AS LINHAS DE FORÇA PARTEM DAS CARGAS POSITIVAS.

323
DUAS CARGAS PUNTIFORMES DE MESMO MÓDULO E POSITIVAS.
EM N, O VETOR CAMPO ELÉTRICO É NULO.
CARGA PUNTIFORME Q < 0.
AS LINHAS DE FORÇA CHEGAM ÀS CARGAS NEGATIVAS.

DUAS CARGAS PUNTIFORMES DE MESMO MÓDULO E DE SINAIS OPOSTOS.


DUAS CARGAS PUNTIFORMES DE SINAIS OPOSTOS E MÓDULOS DIFERENTES

FORÇA ELÉTRICA E CAMPO ELÉTRICO

CAMPO ELÉTRICO UNIFORME (CEU)

LINHAS DE FORÇA DE UM CAMPO UNIFORME

CAMPO ELÉTRICO UNIFORME ENTRE DUAS PLACAS ELETRIZADAS

324
PÊNDULO ELETROSTÁTICO F
tgθ = __e
P

POTENCIAL ELÉTRICO

ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA Q˜q


Epot = k0 ____
d
Q
Epot = k0 ∙ __ q
d
Epot = q ˜ V

Q
V = k0 __
POTENCIAL ELÉTRICO d

POTENCIAL ELÉTRICO DE
DIVERSAS CARGAS ELÉTRICAS
Epot
V = ___
q

POTENCIAL ELÉTRICO GERADO POR


UMA CARGA ELÉTRICA PONTUAL

325
Q
V = k0 __
d

Vres = V1 + V2 + V3 + ... + Vn

EQUIPOTENCIAIS CAMPO ELÉTRICO DE DUAS CARGAS ELÉTRICAS POSITIVAS

GRÁFICO DO POTENCIAL ELÉTRICO

CONJUNTO DE SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS

(Q > 0)

(Q < 0)
LINHAS EQUIPOTENCIAIS DE UMA CARGA PONTUAL Q POSITIVA

Linhas de força e potencial elétrico


+

CARGA Q > 0

CARGA Q < 0
CAMPO ELÉTRICO UNIFORME. AS LINHAS DE FORÇA ESTÃO REPRESENTADAS
POR LINHAS CHEIAS, E AS LINHAS EQUIPOTENCIAIS, POR LINHAS TRACEJADAS.
O potencial elétrico diminui no mesmo sentido da
linha de força.

CAMPO ELÉTRICO DE DUAS CARGAS ELÉTRICAS OPOSTAS

326
TRABALHO NO CAMPO ELÉTRICO

PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO WAB = q(VA – VB)

DA ENERGIA
TRABALHO DA FORÇA ELÉTRICA EM
Energia não se cria, energia não se perde, energia UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME
apenas se transforma de um tipo em outro, em
quantidades iguais.

Se entre todas as forças que atuam num corpo as úni-


cas que realizam trabalho não nulo são forças con-
servativas, a energia mecânica do corpo é constante.

TRABALHO DA FORÇA ELÉTRICA

CARGA PUNTIFORME DESLOCADA DE A PARA B SOB A AÇÃO DE UMA FORÇA ELÉTRICA

DESLOCAMENTO DA CARGA DE PROVA ENTRE A E B WAB = F ˜ d

Epot = q ˜ VA e Epot = q ˜ VB
A B WAB = q ˜ E ˜ d

POTENCIAL ELÉTRICO NO CEU E


EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO

POTENCIAL ELÉTRICO NO
CAMPO ELÉTRICO UNIFORME

VARIAÇÃO DA INTENSIDADE DO CAMPO ELÉTRICO


E E VARIAÇÃO DO POTENCIAL ELÉTRICO V, EM
FUNÇÃO DA ABSCISSA X TOMANDO EM UMA
LINHA DE FORÇA, E NO MESMO SENTIDO DESTA,
PARA UMA CARGA GERADORA POSITIVA.

327
Relação entre o potencial e a No interior de um condutor eletrizado em equilíbrio
intensidade do campo elétrico eletrostático, o potencial não é nulo e tem o mesmo
valor em todos os pontos.

E˜d=U

WAB = E ˜ d ˜ q

WAB = q(VA – VB) = q ˜ U


SUPERFÍCIE ESFÉRICA UNIFORMEMENTE ELETRIZADA

U
E = __
d CÁLCULO DO POTENCIAL ELÉTRICO
V ___
1__ 1N
m= C

EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO
Q
Em um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostático, as Vext = k0 __
cargas elétricas em excesso se localizam na sua superfície. d

Q
Vsup = k0 __
R

Q
Vint = Vsup = k0 __
R

CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO

CONDUTOR ALONGADO COM CARGAS ELÉTRICAS


AGLOMERADAS NAS SUAS EXTREMIDADES

Nos pontos internos de um condutor eletrizado em


equilíbrio eletrostático, o campo elétrico é sempre
nulo, independentemente de sua forma geométrica.

328
|Q|
Ep = k0 ___2
Gráfico do campo elétrico de
d um condutor carregado

Gráfico do potencial elétrico


de um condutor carregado

EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO ENTRE


PARA UMA DISTRIBUIÇÃO POSITIVA (Q > 0)
DUAS ESFERAS INTERLIGADAS

Q’1 ___
___ Q’
= 2
R1 R2
PARA UMA DISTRIBUIÇÃO NEGATIVA (Q < 0)

CORRENTE ELÉTRICA E LEIS DE OHM

INTRODUÇÃO SENTIDO DA CORRENTE ELÉTRICA

O sentido convencional
da corrente elétrica

329
INTENSIDADE DA FORÇA ELETROMOTRIZ (FEM)
CORRENTE ELÉTRICA energia elétrica Eelétr
f.e.m. = ____________ Ÿ f.e.m. = ___
carga elétrica |Q|

PILHA DE 1,5 V BATERIA DE 12 V

e = 1,6 × 10–19 C
A f.e.m. e a tensão elétrica

|Q| = n ˜ |e| f.e.m. = tensão entre os polos Ÿ U = f.e.m.

|Q|
im = ___
't Símbolo do gerador ideal
|Q|
i = ___ œ |Q| = i ˜ 't
't

Propriedade gráfica

VOLTÍMETRO

GERADOR ELÉTRICO

VOLTÍMETRO

O gerador elétrico possui dois polos ativos: um po-


sitivo, de maior potencial elétrico, e um negativo, de
menor potencial elétrico. O gerador é capaz de pro-
duzir corrente elétrica em um circuito, e mantém uma
diferença de potencial elétrico entre seus dois polos.

330
PRIMEIRA LEI DE OHM
d.d.p.
__________________ U = constante
= constante Ÿ __
intensidade de corrente i

U=R
__
i

A intensidade de corrente i e a ddp são diretamente


proporcionais para determinados resistores, mantidos
SEGUNDA LEI DE OHM
a uma temperatura constante:
U=R∙i r∙ø
R = ____
A
Em que:
Resistor ôhmico e não ôhmico
ƒ R é a resistência elétrica do resistor;
Comportamento de um resistor ôhmico ƒ r é a resistividade do material;
Diferença de Intensidade Resistência ƒ A é a área da secção transversal do material; e
potencial d.d.p., de corrente do resistor
U (em V) i (em A) R (em Ω) ƒ ø é o comprimento do material.
1,0 0,5 2,0
2,0 1,0 2,0
3,0 1,5 2,0
4,0 2,0 2,0
5,0 2,5 2,0

Curva característica de um resistor ôhmico


RESISTOR EM FORMA DE FIO CILÍNDRICO,
DE COMPRIMENTO L E ÁREA DE SECÇÃO TRANSVERSALBATQUE PUBLIC VERO VISSITI
LISTI, NOS, ERICAPERIS, QUID REI PROPORTU SENDAM UT L. CUPIO, ORI FACI ETIUS
ET ATELLER FECTUM IN DENDIUR ESIMERNIT VICAE INCEMENAM NOXIMMO CASDAM.

GERCENAT. RATIUS HORBERI CONSCRIS PRIT, CATUS OC MUS LA NOCAE TE DEM


AVES VOCCHUMULTUS FACCIS PAT FACTUS, FORTESIT. NOS ARIVIVIT VIVIRIBUS
CONFESSOLI COMMORAE QUI IN DIT, FECERFERENA, VESTORARE PATRENATEM
INTIAM, ET OCREI IUS, ET CONSULUM DIUS BONDAM COMPOTALA QUI PLICERIS,
SENTEREM VENI SUS CONST NE PERIU SERET VIRMIS VERIVICAE PUBLIUM HEBESIT,
QUAM OMNOSULIC FITI, CON PRIO, DUCESCERI PROPONTEM UBLIAM CAM OBSED ATA
PUBLICON NIUM VIDICON DI, UR. VALIUMUSA MAIOREMUS, OMNICIO CTORTELABIS.

ES CEPERI CONIMILI, SE ATUS OC TAM PRACCION TERENAM FITRA VERIBERTERIS


U=R MEDI, CATURBIT; NOXIMOV ERIONLO SSENA, PALABEME NUM NESILISQUI PULTIAE
tgu = __
i

331
U.T.I. - SALA Com base no esquema acima, que representa a configu-
ração das linhas de forças e das superfícies equipoten-
ciais de um campo elétrico uniforme de intensidade E =
1. Considere quatro esferas metálicas idênticas, separa- 8,0 ∙ 102 V/m, determine:
das e apoiadas em suportes isolantes. Inicialmente, as es-
feras apresentam as seguintes cargas: QA = 8 C, QB = 4 C, a) a distância entre as superfícies equipotenciais VA =
QC = 0 C (neutra) e QD = –8 C. Faz-se, então, a seguinte 100 V e VB = 80 V;
sequência de contatos entre as esferas: b) o trabalho da força elétrica que age em uma carga
I. Contato entre as esferas A e B e esferas C e D. Após os q = 2,0 · 10–6 C quando deslocada de A para B.
respectivos contatos, as esferas são novamente separadas. 6. Um pássaro pousa em um dos fios de uma linha de
II. Contato apenas entre as esferas C e B. Após o conta- transmissão de energia elétrica. O fio de cobre conduz
to, as esferas são novamente separadas. uma corrente igual a 1∙103 A e a ddp entre os pés do
III. Contato apenas entre as esferas A e C. Após o conta- passarinho é igual a 3∙10–3 V. Determine a distância que
to, as esferas são separadas. separa os pés do passarinho.
Determine a carga da esfera C, após as sequências Dados:
de contatos descritas. • Área da secção transversal do fio = 70 mm2
• Resistividade do cobre: 2,1∙10–2 Ω · mm2/m
2. Duas pequenas esferas A e B, de mesmo diâmetro e
inicialmente neutras, são atritadas entre si. Devido ao
atrito, 6 · 1012 elétrons passam da esfera A para a B. Em
seguida, as esferas são separadas em uma distância de U.T.I. - E.O.
4 mm. Determine a força de interação elétrica entre as
1. A figura a seguir mostra três esferas iguais, A e B,
cargas A e B na situação descrita.
fixas sobre um plano horizontal e carregadas eletrica-
Dados: mente com QA = +20 nC e QB = +8 nC, e C, que pode des-
• |e–| = 1,6 · 10–19 C lizar sem atrito sobre o plano, carregada com QC = –4
• k = 9 ∙ 109 N · m2/C2 nC. Não há troca de carga elétrica entre as esferas e o
plano. Estando solta, a esfera C dirige-se de encontro à
3. Duas esferas A e B de raios desprezíveis, com cargas esfera A, com a qual interage eletricamente, retornando
QA = +8 ∙ 10–2 C e QB = –3 · 10–2 C, estão separadas por de encontro a B, e assim por diante, até que o sistema
uma distância igual a 4 cm. Determine: atinge o equilíbrio, com as esferas não mais se tocando.
Dado: k = 9 · 109 N · m²/C² Nesse momento, as cargas A, B e C, em nC, serão, res-
pectivamente:
a) a intensidade do campo elétrico no ponto médio A C B
entre as partículas.
b) a força elétrica exercida em uma partícula C, com
carga QC = + 2 · 20–2 C colocada no ponto médio +20 nC –4 nC +8 nC
entre A e B.
2. Tem-se 3 esferas condutoras idênticas A, B e C. As es-
4. No campo elétrico gerado por uma carga Q = 1,2 · 10–4 C,
feras A (positiva) e B (negativa) estão eletrizadas com
são dados dois pontos A e B, no vácuo, conforme a figura
cargas de mesmo módulo Q, e a esfera C está inicial-
abaixo. Determine:
+Q A B mente neutra. São realizadas as seguintes operações:
+ 1) Toca-se C em B, com A mantida à distância, e em se-
q guida, separa-se C de B.
30 cm 2) Toca-se C em A, com B mantida à distância, e em se-
60 cm guida, separa-se C de A.

a) os potenciais elétricos de A e de B; 3) Toca-se A em B, com C mantida à distância, e em se-


b) o trabalho da força elétrica que atua sobre uma car- guida, separa-se A de B.
ga elétrica q = 3 · 10–2 C, no deslocamento de A para B. Determine a carga final das esferas A, B e C.
5. O esquema a seguir representa um campo elétrico uni-
3. Duas cargas Q1 (1,8 C) e Q2 (5 C) estão fixas nos pontos
forme e duas superfícies equipotenciais.
+ –
A e B. Uma terceira carga q é inserida em um ponto p, en-
+ – tre Q1 e Q2, de acordo com a figura. Determine a distância
B –
+
+ –
x entre Q1 e p, em que a carga q fique em equilíbrio.
+ – Q1 q Q2
A
+ –
+ –
+ – x
+ –
d 16 cm
110 V 80 V

332
4. Sabe-se, atualmente, que os prótons e nêutrons não elétrico resultante (direção, sentido e valor do ângulo
são partículas elementares, mas sim partículas forma- com a reta AB) e determine o módulo do vetor campo
das por três quarks. Uma das propriedades importantes elétrico em função de k, q e d no centro do triângulo.
do quark é o sabor, que pode assumir seis tipos diferen- C
tes: top, bottom, charm, strange, up e down. Apenas os
quarks up e down estão presentes nos prótons e nos –q
nêutrons. Os quarks possuem carga elétrica fracioná- d
ria. Por exemplo, o quark up tem carga elétrica igual a
qup = +2/3 e, e o quark down qdown = –1/3 e, em que e é
o módulo da carga elementar do elétron.
a) Quais são os três quarks que formam os prótons e +q +q
os nêutrons? B A
b) Calcule o módulo da força de atração eletrostática
9. Um próton é injetado no ponto O e passa a se mover
entre um quark up e um quark down separados por
no interior de um capacitor plano de placas paralelas,
uma distância d = 0,2 × 10–15 m. Caso necessário, use
cujas dimensões estão indicadas na figura abaixo.
k = 9 × 109 e Nm2/C2 e = 1,6 × 10–19 C.

5. Uma lâmina muito fina e minúscula de cobre, con-


tendo uma carga elétrica, flutua em equilíbrio numa
região de um campo elétrico uniforme, de intensidade
25 kN/C, cuja direção é vertical e cujo sentido se dá de
cima para baixo. Considerando que a massa da lâmina
é igual a 8 mg, determine o número de elétrons em
excesso na lâmina.
Dados:
• carga do elétron: 1,6 × 10–19 C __ ›
O próton tem velocidade inicial v 0 com módulo 1,0 × 105
• g = 10 m/s2
m/s e direção formando um ângulo igual a 45° com o eixo x
horizontal. O campo elétrico está orientado na direção do
6. Considere o arranjo de cargas a seguir.
eixo y conforme mostrado na figura. Considere a massa do
P
próton igual a 1,6 × 10–27 kg e sua carga igual 1,6 × 10–19 C.
q2 Supondo que somente o campo elétrico uniforme no in-
terior do capacitor atue sobre o próton, calcule qual deve
ser o mínimo módulo deste campo para que o próton
d não colida com a placa inferior.
90º
10. A presença de íons na atmosfera é responsável pela
existência de um campo elétrico dirigido e apontado
q1 q3 para a Terra. Próximo ao solo, longe de concentrações
d urbanas, num dia claro e limpo, o campo elétrico é uni-
Considerando que q2 = q3 = q, determine a razão entre q1 forme e perpendicular ao solo horizontal e sua intensi-
e q, para que no ponto p o vetor campo elétrico seja nulo. dade é de 100 V/m. A figura mostra as linhas de campo
e dois pontos dessa região, M e N.
7. Nos pontos A, B e C de uma circunferência de raio 5
cm, fixam-se cargas elétricas puntiformes de valores 7 M
μC, 3 μC e 4 μC , respectivamente. Determine: E
a) a intensidade do vetor campo elétrico resultante
no centro do círculo; 2,5 m
b) o potencial elétrico no centro do círculo. (Considere
N
as cargas no vácuo, onde k = 9 × 109 N × m2/C2.)
A

Determine o trabalho da força elétrica para transportar


B um elétron do ponto M ao ponto N.
e– = 1,6 · 10–19 C

11. Três cargas elétricas são dispostas no vácuo de


C acordo com a figura a seguir. Dado que Q1 = 5 ∙ 10–6 C,
8. Considere as cargas puntiformes colocadas nos vér- Q2 = –8 ∙ 10–6 C e Q3 = 9 ∙ 10–6 C, determine o potencial
tices de um triângulo equilátero. Desenhe o campo elétrico no ponto P.

333
P

+ 1m
Q1 1m
2m

Q2 Q3 +

16.Um resistor cilíndrico feito de zinco (rzinco = 6 · 10–8 Ω ∙ m),
apresenta um comprimento de 20 m e área transversal de
12. Uma partícula A, com carga qA = 2 · 10–7 C, gera um 6 ∙ 10–5 m2. Determine a resistência elétrica deste resis-
campo elétrico ao seu redor. Determine o trabalho da tor e a corrente que atravessa o resistor, quando nele
força elétrica para deslocar um próton de um ponto for aplicada uma d.d.p. de 200 V.
p1 (distante 2 cm) de A, até um ponto p2 (distante 5
cm de A).
17. O feixe de elétrons num tubo de televisão percorre
Dado: K = 9 · 109 N · m2/C2 uma distância de 36 cm no espaço evacuado entre o
emissor de elétrons e a tela do tubo, sendo que a ve-
13. Um elétron penetra numa região de campo elétrico locidade dos elétrons é aproximadamente 6 ∙ 107 m/s.
uniforme de intensidade 360 N/C, com velocidade ini- Se a corrente no feixe é 2,0 mA, calcule o número de
cial v0 = 4,0 ∙ 106 m/s na mesma direção e sentido do elétrons que há no feixe em qualquer instante. (carga
campo. Sabendo-se que a massa do elétron é igual a do elétron = 1,6 . 10–19 coulombs).
9,0 · 10–31 kg e a carga do elétron é igual a –1,6 ∙ 10–19
C, determine: 18. O gráfico da corrente elétrica em função do tempo
a) a energia potencial elétrica no instante em que a através e de um condutor metálico é dado abaixo. De-
velocidade do elétron, no interior desse campo, é nula; termine a quantidade de carga elétrica que atravessa
b) a distância percorrida pelo elétron até atingir ve- uma secção transversal do condutor, de 0 a 5 s.
locidade nula. i(A)
14. Uma carga pontual de 8 μC e 2 g de massa 5
é lançada horizontalmente com velocidade de 20
m/s num campo elétrico uniforme de módulo 2,5
kN/C, com direção e sentido conforme mostra a
figura a seguir. A carga penetra o campo por uma 0 1 4 5 t(s)
região indicada no ponto A, quando passa a so-
frer a ação do campo elétrico e também do campo 19. Dois resistores de resistência R1 = 5 Ω e R2 = 10 Ω
gravitacional, cujo módulo é 10 m/s 2, direção ver- são associados em série fazendo parte de um circuito
tical e sentido de cima para baixo. elétrico. A tensão U1 medida nos terminais de R1 é igual
a 100 V. Nessas condições, determine a corrente que
passa por R2 e a tensão em seus terminais.

A V0 E 20. Determine a resistência equivalente, a corrente em


(m, q) cada resistor e a tensão, para a associação abaixo:
g
10 Ω 8Ω 5Ω
A B

12 V
Ao considerar o ponto A a origem de um sistema de co-
ordenadas x0y, determine as velocidades vx e vy, quan-
do a carga passa novamente pela posição x = 0 em m/s.

15. Uma partícula de massa 2 g, eletrizada com carga


elétrica positiva de 120 μC, é abandonada do repou-
so no ponto A de um campo elétrico uniforme, no qual
o potencial elétrico é 500 V. Devido a ação do campo
elétrico, a partícula adquire movimento e se desloca
até um ponto B. Sabendo-se que o potencial elétrico
do ponto B é de 200 V, determine a velocidade dessa
partícula ao passar pelo ponto B.

334
QUÍMICA 1

335
MODELOS E ESTRUTURAS ATÔMICAS

O que é átomo? Modelo de Rutherford (sistema


Átomo é o menor componente de toda a matéria existente. solar ou sistema planetário)
Em 1911, Ernest Rutherford, ao estudar a trajetória de
MODELOS ATÔMICOS partículas D (partículas positivas), percebeu que a maioria
das partículas D atravessava a lâmina de ouro sem sofrer
desvio em sua trajetória; que algumas sofriam desvio; po-
Modelo de Dalton rém outras, em número muito pequeno, batiam na lâmina
e voltavam.
(bola de bilhar)
Em 1808, o professor inglês John Dalton, baseado em suas ex- O experimento de Rutherford
periências, propôs uma explicação para a natureza da matéria.
1. Toda matéria é composta por minúsculas partículas
Lâmina
chamadas átomos. de ouro
Fonte de
partículas alfa
2. Os átomos de um determinado elemento são idênticos
em massa e apresentam as mesmas propriedades químicas. Partículas
alfa
3. Átomos de elementos diferentes apresentam massa e
propriedades diferentes. Detector de
partículas
4. Átomos são maciços e indivisíveis. Não podem ser cria-
dos, nem destruídos.
5. As reações químicas comuns não passam de uma reor- Partículas alfa Núcleo do
átomo
ganização dos átomos.
6. Os compostos são formados pela combinação de áto-
mos de elementos diferentes em proporções fixas.
Átomo de ouro
Modelo de Thomson
(pudim de passas) A partir deste experimento, Rutherford concluiu que:
Utilizando uma ampola de Crookes, o cientista inglês Jo- ƒ o átomo não é uma esfera maciça. Existem grandes es-
seph John Thomson verificou que o feixe de raios catódicos paços vazios, visto que a maior parte das partículas D
era desviado, sempre indo na direção e sentido da placa atravessou a lâmina de ouro;
carregada positivamente. Concluiu, portanto, que estas
emissões possuíam cargas negativas, além disso, estas ƒ o átomo possui uma região central, onde está con-
cargas negativas estavam presentes em toda e qualquer centrada a sua massa. Foi contra essa região, denom-
matéria e eram parte integrante delas. inada por ele de núcleo, que as partículas D se cho-
caram e retornaram;
Desse modo, provou-se que, ao contrário do que Dalton
havia afirmado, o átomo não era indivisível, pois possuía ƒ esse núcleo apresenta carga positiva, pois repeliu a
partícula D – que também possui carga positiva.
uma partícula subatômica negativa, que ficou denomina-
da elétron.
Assim, em 1897, propôs um novo modelo atômico, para Modelo clássico
Thomson, o átomo era uma esfera formada por “pasta“ O físico Eugen Goldstein descobriu, em 1886, o próton,
positiva “recheada“ de elétrons de carga negativa. Esse comprovando que essa partícula apresentava carga posi-
modelo ficou conhecido como “pudim de passas“. tiva de valor igual a do elétron.

336
O número atômico (Z) sempre coincide com o
número de prótons (P).

Dessa forma:

A=Z+N

Elemento químico
Modelo de Böhr (modelo quântico) Elemento químico é o conjunto de átomos com o
mesmo número atômico (Z).
Em 1913, o cientista Niels Bohr aprimorou o modelo atô-
mico de Rutherford e foram propostos os seguintes postu-
lados, os chamados postulados de Bohr:
ƒ Na eletrosfera, os elétrons descrevem sempre órbitas ISÓTOPOS, ISÓBAROS E ISÓTONOS
circulares ao redor do núcleo, denominadas órbitas es-
tacionárias. Movendo-se em uma órbita estacioná-
ria, o elétron não emite nem absorve energia.
Isótopos
ƒ Os elétrons só podem ocupar os níveis que tenham
Isótopos são átomos com o mesmo número de
uma determinada quantidade de energia (quantum)
e assumem valores bem determinados de energia em prótons (P = Z) e diferentes números de massa (A) e
cada órbita estacionária, não sendo possível ocupar es- de nêutrons (N).
tados intermediários.
ƒ Ao saltar de uma órbita estacionária para outra, os elé-
trons absorvem ou emitem uma quantidade bem defi- Isóbaros
nida de energia (quantum de energia) e, ao retornar à
órbita de origem, o elétron emite ou absorve um quan-
Isóbaros são átomos com o mesmo número
tum de energia igual ao absorvido em intensidade, na
de massa (A) e diferentes números de prótons
forma de luz de cor bem definida ou outra radiação
(P = Z) e nêutrons (N).
eletromagnética, como ultravioleta ou raios X (deno-
minado fóton).

NÚMEROS ATÔMICO E DE MASSA Isótonos


Observe os dados, a seguir, referentes à composição
do átomo. Isótonos são átomos com o mesmo número de
nêutrons (N) e diferentes números de prótons (P = Z)
Partícula Massa relativa Carga relativa e de massa (A).

Nêutron 1 0
Próton 1 +1

Elétron 1
_____ –1
1.836

Em um átomo eletricamente neutro (em


equilíbrio de cargas), o número de prótons (P) é
igual ao número de elétrons (E).

337
ÍONS E DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA

ÍONS
Quando um átomo está eletricamente neutro, ele pos- 2 8 18 32 32 18 8
sui prótons e elétrons em igual quantidade.
K

L
Quando um átomo eletricamente neutro perde ou re-
M N O P Q
cebe elétrons, ele se transforma em um íon.

Uma das principais características destas camadas é que


Um átomo neutro que recebe elétrons passa a ficar com cada uma delas possui um número máximo de elétrons
excesso de cargas negativas, ou seja, transforma-se em que pode comportar. Pauling apresentou essa distribuição
um íon negativo ou ânion. Por outro lado, se um átomo dividida em níveis e subníveis de energia, em que subníveis
neutro perde elétrons, passa a ter excesso de prótons
são divisões dos níveis ou camadas, representados pelas le-
e se transforma em um íon positivo ou cátion.
tras s, p, d, f. Cada subnível também apresenta um núme-
Exemplos: ro máximo de elétrons.

ƒ Ânion cloreto (Cℓ–): Diagrama de Linus Pauling

1s2
2s2 2p63s2
2
- (K) 1; 2e- 1s
3p64s2
2 6
3d104p65s2
2s 2p
(L) 2; 8e-
4d105p66s2
3s2 3p6 3d10 4f145d106p67s2
(M) 3; 18e-
ƒ Cátion sódio (Na+):
4d10 5f146d10 7p6
4s2 4p6 4f14
(N) 4; 32e-

5s2 5p6 5d10 5f14


(O) 5; 32e-

(P) 6; 18e- 6s2 6p6 6d10

(Q) 7; 8e- 7s2 7p6

CAMADAS ELETRÔNICAS DO ÁTOMO: Na figura, as setas indicam a ordem crescente dos níveis

DIAGRAMA DE LINUS PAULING


de energia:
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d10
Os elétrons são dispostos nos átomos em ordem crescente 6p6 7s2 5f14 6d107p6
de energia, visto que todas as vezes que o elétron rece-
be energia, ele salta para uma camada mais externa em
relação à qual ele se encontra, e, no momento da volta Distribuição eletrônica nos íons
para sua camada de origem, ele emite luz, em virtude da Serão inseridos ou retirados elétrons da camada eletrônica
energia absorvida anteriormente. mais externa (camada de valência).

338
TABELA PERIÓDICA

ORGANIZAÇÃO DA Características da
distribuição eletrônica
Localização e classificação

TABELA PERIÓDICA 3 camadas (K, L, M) 3º período


elétron de maior energia bloco s elemento (rep-
situado no subnível s (3s1) resentativo)
Famílias ou grupos 1 elétron na camada família IA (metais al-

Hoje, a tabela periódica é constituída por 18 famílias de valência (3s1) calinos) = grupo 1

ou grupos. Cℓ Ÿ 1s2 2s2 2p6 3s 2 3p 5 Ÿ 3 camadas eletrônicas


17
K L M (K, L e M); 3º período
Períodos Características da Localização e
Na tabela atual, existem sete períodos (linhas horizontais), distribuição eletrônica classificação
que correspondem à quantidade de níveis (camadas) ele- 3 camadas (K, L, M) 3º período
elétron de maior energia situado no bloco p (elemento repre-
trônicos apresentados pelos elementos químicos.
subnível p (3p5) sentativo)
7 elétrons na camada de valência família 7A (halogênios) =
LOCALIZAÇÃO NA (3s23p5) 17

TABELA PERIÓDICA Fe Ÿ 1s2 2s22p6 3s23p6 4s2 3d6 Ÿ 4 camadas eletrônicas


26
(K, L, M e N); 4º período
A distribuição eletrônica de um elemento permite que de-
terminemos sua localização na tabela. Características da Localização e
distribuição eletrônica classificação
Exemplo de como se pode localizar o elemento químico a 4 camadas (K, L, M e N) 4º período
partir da distribuição eletrônica: elétron de maior energia situado no bloco d (elemento de tran-
subnível d (3d6) sição)
Na Ÿ 1s2 2s22p6 3s1
11 2 elétrons na camada de valência (4s2) + 6
família 8B = 8
camadas (níveis): K = 2; L = 8; M = 1 elétrons no subnível de maior energia (3d6)

PROPRIEDADES PERIÓDICAS
A tabela periódica permite deduzir quais elementos têm
propriedades químicas e físicas semelhantes, e as proprie-
dades periódicas variam de acordo com o número atômico,
ou seja, assumem valores que crescem e decrescem ao lon-
go de cada período da tabela periódica.
OS GASES NOBRES NÃO SE INCLUEM NESSA PROPRIEDADE. A

ELETRONEGATIVIDADE
ELETRONEGATIVIDADE NÃO ESTÁ DEFINIDA PARA ESSES GASES.

ELETROPOSITIVIDADE
É a tendência que um átomo possui de atrair elétrons. É a capacidade que um átomo tem de doar elétrons.
ƒ Variação da eletronegatividade: cresce da esquer- ƒ Variação da eletropositividade: ocorre de forma
da para a direita nos períodos e de baixo para cima nas oposta à eletronegatividade e também não está defini-
famílias (grupos). da para os gases nobres.

339
Representação do processo no qual o átomo ganha um
elétron e libera energia.

X(g) + e– o X1–(g) + energia


ƒ Variação da eletroafinidade: a eletroafinidade va-
ria de acordo com a eletronegatividade, uma vez que
quanto mais eletronegativo for um átomo, maior é a
RAIO ATÔMICO sua tendência de ganhar elétrons.
ƒ Variação do raio atômico: nas famílias (colunas
verticais), aumenta de cima para baixo, e nos períodos
(linhas horizontais), cresce da direita para a esquerda.

OUTRAS PROPRIEDADES
PERIÓDICAS
Raios iônicos
1. Pontos de fusão e de ebulição
1. Raio do cátion: ao perder elétron, a repulsão da nu-
vem eletrônica diminui, diminuindo o seu tamanho. Variação do ponto de fusão e do ponto de ebulição.

2. Raio do ânion: ao ganhar um elétron, aumenta a re-


pulsão da nuvem eletrônica, aumentado o seu tamanho.

ENERGIA OU POTENCIAL
DE IONIZAÇÃO
É a energia necessária para remover um elétron de um áto- 2. Densidade
mo (ou íon) na fase gasosa. Variação da densidade.
Obs.: à medida que o íon se torna cada vez mais positiva-
mente carregado, é necessário cada vez mais energia para
retirar um elétron de sua camada mais externa.
ƒ Variação da energia de ionização: nas famílias e
nos períodos, a energia de ionização aumenta confor-
me diminui o raio atômico

3. Volume atômico
É o volume ocupado por 1 mol (6,02 ∙ 1023) de seus
átomos no estado sólido.
Variação do volume atômico.

ELETROAFINIDADE OU
AFINIDADE ELETRÔNICA
É a quantidade de energia liberada por um átomo, no esta-
do gasoso, ao ganhar um elétron.

340
LIGAÇÃO IÔNICA

Produzida entre íons positivos (cátions) e negati-


vos (ânions), logo, um cátion se une com um ânion for-
Regra para formulação das
mando, assim, um composto iônico, o qual é formado por substâncias iônicas
várias partículas que se distribuem no espaço originando
uma estrutura denominada retículo cristalino. Ax+ By – Ÿ AyBx

TEORIA DO OCTETO
Um átomo é estável, se possuir 8 elétrons na camada de Propriedades das
valência ou 2 elétrons, se a camada de valência for a K. substâncias iônicas
Átomos tendem a adquirir uma configuração estável, isto é, ƒ São sólidos em condições normais de temperatura
uma configuração semelhante à de um gás nobre. Para isso, (25 °C) e pressão (1 atm).
os átomos ligam-se através dos elétrons de valência.
ƒ São duros e quebradiços.
Importante: o número total de elétrons cedidos deve
ƒ Possuem pontos de fusão e de ebulição elevados.
ser igual ao número total de elétrons recebidos.
ƒ Em solução aquosa (dissolvidos em água) ou no estado

FÓRMULA ELETRÔNICA DE LEWIS


líquido (fundidos), conduzem corrente elétrica.
ƒ Seu melhor solvente é a água, pois são polares como ela.
Esta fórmula representa os elementos e os elétrons do seu
último nível (elétrons de valência) indicando-os por • ou X.

ℓ ℓ

LIGAÇÕES COVALENTE E METÁLICA

Ocorre entre átomos de ametais (não metais) – incluin- Fórmula Fórmula Pares
do o hidrogênio – mediante compartilhamento de pares Classificação
eletrônica estrutural eletrônicos
de elétrons.
1 par
A A A –A Ligação simples
eletrônico

2 pares
A A A =A Ligação dupla
eletrônicos
Representação da ligação covalente
3 pares
A A A ;A Ligação tripla
a. Fórmula eletrônica, fórmula de Lewis ou eletrônicos
estrutura de Lewis
O compartilhamento dos pares eletrônicos é representado c. Fórmula molecular
por bolinhas (•) dentro de retângulos. Mostra apenas quais e quantos átomos têm a molécula.
b. Fórmula estrutural plana
Os pares eletrônicos compartilhados são representados por
traços (–) que unem os átomos participantes da ligação.

341
Ligação covalente LIGAÇÃO METÁLICA
coordenada ou dativa O metal é um aglomerado de átomos neutros e cátions
São ligações covalentes adicionais usando pares eletrôni- mergulhados em uma nuvem (ou mar) de elétrons livres e
cos de um único átomo. É representada por uma seta (é) mantidos unidos.
na fórmula estrutural.
HNO3 Propriedades dos metais
ou 1. Brilho característico.
2. Alta condutividade térmica e elétrica, graças aos
elétrons livres.
Propriedades das substâncias 3. Altos pontos de fusão e ebulição característicos dos me-
moleculares (covalentes) tais, à exceção do mercúrio.
4. Maleabilidade – os metais são facilmente maleáveis,
1. São encontradas nos três estados físicos.
transformados em lâminas.
2. Apresentam ponto de fusão e ponto de ebulição meno-
res que os dos compostos iônicos. 5. Ductibilidade – os metais também são facilmente trans-
formados em fios.
3. Se puros, não conduzem eletricidade, à exceção do
grafite, que é condutor.
4. Se em estado sólido, apresentam retículos moleculares
ou retículos covalentes.

GEOMETRIA E POLARIDADE MOLECULARES

É o estudo da distribuição espacial dos átomos em uma molécula.

Orientação
Número de
Fórmula (geometria) das Disposição Geometria
nuvensao redor
eletrônica nuvens (pares dos ligantes molecular
do átomo central
eletrônicos)

Sempre
Linear O=C=O
2
H—C;N
Linear

Angular

3
2 átomos ligantes Trigonal plana
(triangular) Trigonal plana

342
Orientação
Número de
Fórmula (geometria) das Disposição Geometria
nuvensao redor
eletrônica nuvens (pares dos ligantes molecular
do átomo central
eletrônicos)

Angular

2 átomos ligantes

N Piramidal
4

3 átomos ligantes
g
Tetraédrica

Tetraédrica
4 átomos ligantes

ƒ Bipirâmide Trigonal: acontece quando há cinco Ligação entre átomos de diferentes eletronegatividades ä
nuvens eletrônicas na camada de valência do átomo ligação covalente polar.
central, todas fazendo ligação química.
Para comparar a intensidade de polarização das ligações,
ƒ Octaédrica: acontece quando há seis nuvens ele- recorre-se à escala de eletronegatividade de Pauling:
trônicas na camada de valência do átomo central e
todas fazem ligações químicas.

Geometria de íons
A determinação de sua geometria segue exatamente as
À luz dos itens já discutidos, pode-se estabelecer a se-
mesmas regras usadas para a geometria das moléculas.
guinte relação:

POLARIDADE MOLECULAR
Polaridade das ligações
O acúmulo de cargas elétricas em determinada região é
Polaridade molecular
denominado polo, que pode ser de dois tipos: Como se determina a polaridade ou apolaridade de
uma molécula?
a) Experimentalmente
b) Teoricamente
a. Ligações iônicas
c) Método alternativo para determinação da
As ligações iônicas apresentam máxima polarização. Toda polaridade molecular:
substância iônica é polar por natureza.
número de nuvens eletrônicas ≠ número de átomos iguais
b. Ligações covalentes o molécula polar
Ligação entre átomos de mesma eletronegatividade ä número de nuvens eletrônicas = número de átomos iguais
ligação covalente apolar. o molécula apolar

343
FORÇAS INTERMOLECULARES

São forças de atração que ocorrem entre as moléculas, as


Segundo caso
quais determinam os pontos de fusão e de ebulição e a
solubilidade das substâncias umas nas outras, bem como a Moléculas com mesmo tipo de interação e tamanhos (mas-
tensão superficial e a viscosidade dos líquidos. sas moleculares) diferentes.

ƒ Forças de dipolo-dipolo ou de dipolo per-


Aumenta a massa molecular.
manente: entre moléculas polares

ƒ Forças de dipolo instantâneo + dipolo in- Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.
duzido ou forças de London ou forças de
Van Der Waals: ocorre entre moléculas apolares
Terceiro caso
LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO Moléculas com mesmo tipo de interação e mesma massa
É um caso particular das forças de dipolo permanente (di- molecular.
polo-dipolo). Ocorre em moléculas que apresentam áto-
mos de hidrogênio (elemento com baixa eletronegativida- Diminui a ramificação.
de) com elementos muito eletronegativos, como o flúor, o
Aumenta área de contato entre as moléculas.
oxigênio ou o nitrogênio.

TEMPERATURAS DE FUSÃO (TF OU PF) Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

E DE EBULIÇÃO (TE OU PE)


Primeiro caso
SOLUBILIDADE
Moléculas com tamanhos (massas moleculares) semelhantes. ƒ Substâncias polares tendem a se dissolver em solventes
polares.

Aumenta a intensidade da interação: ƒ Substâncias apolares tendem a se dissolver em sol-


ventes apolares.
dipolo instantâneo-dipolo induzido < dipolo permanente
< ligação de hidrogênio

Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

344
U.T.I. - SALA F2
TF (ºC)
–220
TE (ºC)
–188
1. (UERJ 2020) Na tabela periódica proposta pelo russo
Cø2 –101 –35
Dimitri Mendeleiev, os elementos químicos conhecidos
à época foram agrupados de acordo com a ordem cres- Br2 –7 59
cente de suas massas atômicas, deixando-se espaços I2 114 184
livres para outros que ainda seriam descobertos.
HF –83 20
Considere o seguinte fragmento da tabela de Mende- HCø –115 –85
leiev, no qual estão indicados os símbolos químicos de
HBr –89 –67
alguns elementos e suas respectivas massas atômicas.
HI –51 –35
Rb Sr ? Zr Nb Mo ? Dados: H = 1; F = 19; C" = 35,5; Br = 80; I = 127.
85 87 88 90 94 96 100 a) Justifique a escala crescente das temperaturas TF
e TE do F2 ao I2.
Ag Cd In Sn Sb Te I b) Justifique a escala decrescente das temperaturas
108 112 113 118 122 125 127 TF e TE do HF e do HCℓ.
c) Justifique a escala crescente das temperaturas TF e
Símbolo TE do HCℓ ao HI.
Massa atômica 4. (Ufjf 2019) Em breve, telas de telefones celulares serão
produzidas com um material capaz de se autorregene-
Atualmente, a tabela de classificação periódica apresen- rar quando riscado ou mesmo quebrado. Considere um
ta outro modelo de agrupamento, no qual os elementos composto sólido hipotético, constituído por moléculas
químicos encontram-se organizados por famílias. altamente polares e que contenha apenas átomos de
Dentre os elementos presentes no fragmento da tabela carbono, nitrogênio e oxigênio. Quando telas produzidas
de Mendeleiev, indique o número de camadas eletrôni- com esse material forem quebradas, as forças intermole-
cas daquele com maior massa atômica e escreva, ainda, culares serão fortes o suficiente para unir as duas partes:
a fórmula química da substância formada pelo metal as moléculas do material irão se juntar e colar as duas
alcalino terroso e pelo halogênio. partes, restaurando seu estado original.
Sabendo hoje que a massa atômica do telúrio é maior Agora responda aos itens abaixo:
que a do iodo, explique por que esses dois elementos a) Classifique o composto sólido hipotético como iô-
mantêm na classificação periódica atual a mesma posi- nico ou molecular.
ção que tinham na de Mendeleiev. b) Indique qual força intermolecular seria a responsável
pela autorregeneração da tela do telefone celular.
Dado: c) Uma opção para se proteger a tela de vidro co-
mum é o uso de películas adesivas. Os adesivos são
compostos por substâncias apolares e podem aderir a
praticamente qualquer superfície. Qual força intermo-
lecular mantém a película colada ao vidro?

U.T.I. - E.O.
1. Descreva as principais características do átomo de
2. (Unicid) Considere as seguintes substâncias químicas: Dalton, Rutherford e Bohr.
CC"4, HCC"3, CO2, H2S, C"2, H3CCH3 e NH3.
a) Qual o tipo de ligação química que ocorre nessas 2. Com o auxílio da tabela periódica, responda:
moléculas? Classifique-as em substâncias polares e a) Qual a quantidade de prótons e de nêutrons pre-
não polares. sentes no núcleo do 137Cs.
b) Separe essas substâncias de acordo com o tipo b) Faça a distribuição eletrônica em camadas desse átomo.
de interação intermolecular (forças de Van der Waals,
dipolo-dipolo e ligações de hidrogênio) que apre- 3. Três átomos estão representados pelas letras A, B
sentam quando em presença de outras substâncias e C. xA, x+1B e x+2C pertencem a um mesmo período da
iguais a elas. tabela periódica e B é um halogênio. Classifique A e C
segundo seu grupo e justifique.
3. A tabela adiante apresenta os valores das tempera-
turas de fusão (TF) e de ebulição (TE) de halogênios e 4. O elemento bário pode ser encontrado na forma do
haletos de hidrogênio. íon Ba2+. Determine quantos prótons e quantos elé-

345
trons o íon Ba2+ possui e qual apresenta maior raio À medida que a bixina é o principal constituinte da par-
atômico, Ba ou Ba2+? te corante do urucum, responda:
CH3 CH3
5. O cálcio e o bário são elementos que pertencem à H3CO COOH
família 2A (grupo 2) da tabela periódica. Mesmo sendo
da mesma família, seus compostos possuem algumas O CH3 CH3
aplicações distintas, por exemplo: o carbonato de cálcio
é encontrado nos tecidos ósseos, enquanto o carbonato Bixina
de bário pode ser empregado nas armadilhas de ratos
ou na construção civil. Explique por que o raio atômico Qual dos solventes extrai melhor a bixina do urucum:
do elemento cálcio é menor do que o raio atômico do água (H2O) ou clorofórmio (CCℓ3H)? Por quê?
elemento bário.
10. Qual a fórmula unitária resultante da combinação
6. Sabe-se que quanto maior for o raio atômico, me- química entre os átomos de magnésio (Z = 12) e nitro-
nos eletronegativo é o elemento químico. Assim sendo, gênio (Z = 7)?
analise as afirmativas a seguir, identificando, e justifi-
que sua resposta, quando essas forem falsas, por meio 11. A afirmativa “as moléculas dos gases SO2 e CO2
deste critério. apresentam geometria angular e são polares” está cor-
reta? Justifique sua resposta.
I. O potássio (K) é mais eletronegativo que o cálcio (Ca).
II. O frâncio (Fr) é o mais eletronegativo de todos os 12. Desenhe as fórmulas eletrônicas do H2S e do SO2.
elementos. Qual o tipo de ligação existente?
III. O carbono (C) é mais eletronegativo que o silício (Si).
13. (Ebmsp)
7. Na tabela abaixo estão representados alguns elemen-
tos pelas letras A, B, C e D.
a) Coloque-os em ordem crescente de eletronegativi-
dade e de raio atômico.
b) Explique que relação há entre essas duas proprie-
dades periódicas.

O ácido desoxirribonucleico, DNA, é uma macromolécula


que carrega informações genéticas necessárias para a re-
produção e desenvolvimento das células. Essa substância
química é constituída por duas cadeias polinucleotídicas
formadas por grupos fosfato e açúcar desoxirribose al-
8. Alguns produtos químicos, tais como liga de ferro- ternados, com bases orgânicas ligadas às moléculas de
titânio, benzoato de sódio (C7H5O2Na), hexacloroetano açúcar e interligadas duas a duas, de maneira específica,
(C2Cℓ6) e cloreto de cálcio (CaCℓ2), podem ser utilizados como a interação entre a guanina e a citosina, represen-
para obter efeitos especiais em fogos de artifício. tada de maneira simplificada na figura.
A tabela a seguir fornece informações relativas à natureza Considerando essas informações e a figura, identifique
das ligações químicas presentes nesses quatro produtos. o tipo da interação intermolecular entre a guanina e a
citosina e o tipo da interação que une os átomos de ni-
Produto Natureza das trogênio e hidrogênio, nas bases orgânicas, destacando
Efeito qual dessas interações é a mais fácil de ser “rompida”,
químico ligações químicas justificando a sua resposta.
estrelas de
A somente iônica 14. (Uninove – Medicina) O oleocantal é isolado a par-
cor laranja
tir do azeite de oliva extra virgem, é responsável pelo
B somente covalente fumaça
sabor pungente desse tipo de azeite e possui atividade
centelhas biológica análoga à de agentes anti-inflamatórios.
C metálica
branco-amarelada
(JOURNAL OF CHEMICAL EDUCATION, 2014.)
D covalente e iônica assovia
Identifique os produtos químicos A, B, C e D.

9. O urucum é material patenteado por uma companhia


cosmética francesa, que detém os direitos de comercia-
lização do pigmento.

346
a) Qual tipo de ligação química une os átomos cons-
tituintes da molécula de oleocantal?
b) Com base na estrutura apresentada, classifique o
oleocantal como substância polar ou apolar. Justifi-
que sua classificação.

15. (UFPR) A estrutura molecular que compõe as


fibras dos tecidos define o comportamento deles,
como maciez, absorção de umidade do corpo e
tendência ao encolhimento. As fibras de algodão
contêm, em maior proporção, celulose, um políme-
ro carboidrato natural. Já os tecidos sintéticos de
poliéster têm propriedades diferentes do algodão.
O poliéster é uma classe de homopolímeros e copo-
límeros que contém o grupo funcional éster na sua
estrutura, como o politereftalato de etileno.

a) Tecidos de algodão absorvem muito bem a umidade,


diferentemente do poliéster. Com base nas estruturas quí-
micas mostradas, escreva um texto explicando a razão pela
qual a fibra do algodão apresenta essa propriedade.
b) Roupas de tecidos de algodão tendem a encolher após
as primeiras lavagens, principalmente se secas em seca-
doras, diferentemente dos tecidos de poliéster. Isso ocorre
porque as fibras de algodão são esticadas a altas tensões
no processo de tecelagem. Porém esse estado tensionado
não é o mais estável da fibra. Com o movimento propor-
cionado pela lavagem e o aquecimento na secadora, as
fibras tendem a relaxar para conformação mais estável,
causando o encolhimento. Escreva um texto explicando
qual é o tipo de interação responsável por atrair as fibras e
resultar no encolhimento do tecido.

347
QUÍMICA 2

349
PROPRIEDADES DA MATÉRIA

ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA Mudanças de estado físico


ƒ Estados físicos da matéria, estados de agrega-
ção ou fases são as diferentes formas nos quais a ma-
téria pode se apresentar.
ƒ Forma e volume são alguns fatores que distinguem
cada um dos estados físicos.

Sólido
ƒ As partículas estão em agitação térmica mínima.
ƒ Átomos concentrados em um mesmo espaço físico.
ƒ Forma e volume são fixos. Ressublimação

Observação: a vaporização pode ocorrer de três for-


mas, recebendo nomes específicos:

Ocorre naturalmente num


Líquido líquido a temperaturas infe-
ƒ As partículas apresentam maior agitação térmica. Evaporação riores ao ponto de ebulição.
ƒ Estão um pouco mais dispersas. É lenta, praticamente im-
perceptível e superficial.
ƒ As substâncias têm volume fixo.
ƒ A sua forma pode variar. Ocorre na temperatura de ebu-
lição, característica da substân-
Ebulição cia. É rápida, visível, turbulenta
e, normalmente, demanda
o aquecimento do líquido.

Ocorre quando o líquido entra


em contato com superfícies
Calefação muito quentes, a temperaturas
acima do seu ponto de ebuli-
Gasoso ção. É instantânea e violenta.
ƒ Estado de maior agitação térmica.
ƒ As partículas estão muito afastadas, dispersas no espaço.
ƒ Forma e volume variáveis.
TEMPERATURAS DE
MUDANÇA DE ESTADO
Ponto de fusão (PF) e
ponto de ebulição (PE)
Ponto de fusão (temperatura de fusão) é a temperatura
sob a qual uma substância passa do estado sólido para o es-

350
tado líquido. Ponto de ebulição (temperatura de ebulição)
massa Ÿ d = __
d = ______ m
é a temperatura na qual uma substância passa do estado v
volume
líquido para o estado gasoso a uma determinada pressão.
O fator característico para uma substância ser pura é, à de-
Obs.: para sólidos e líquidos, a densidade geralmente é expres-
terminada pressão, ter o ponto de fusão constante.
sa em grama por centímetro cúbico (g/cm3 ou g · cm–3) ou
Do mesmo modo que no ponto de fusão, quando se determi- grama por mililitro (g/mL ou g · mL–1). Para gases, cos-
na o ponto de ebulição de uma substância pura, não é admis- tuma ser expressa em gramas por litro (g/L ou g · L–1).
sível que surjam variações superiores a 1 °C na temperatura.

DENSIDADE OU MASSA ESPECÍFICA


Densidade é o quociente da massa pelo volume do
material (a uma dada temperatura).

DIAGRAMAS DE MUDANÇA DE ESTADO

Representações gráficas de mudanças de estado físico.


SUBSTÂNCIA PURA × MISTURA
Exemplo 1: Substâncias puras são sistemas formados por um único
tipo de substância. Exemplos: água destilada; ferro puro;
Curva de aquecimento da água gás oxigênio.
Misturas são sistemas formados por, no mínimo, duas
substâncias juntas. Exemplos: água e sal; água e álcool;
ar atmosférico.

Substâncias puras
Apresentam dois patamares: trechos horizontais que cor-
respondem ao ponto de fusão e ao ponto de ebulição
constantes.

Exemplo 2:

Curva de resfriamento da água

351
Misturas (homogêneas)
Há variação na temperatura durante as duas mudanças
de estado. Portanto, misturas (homogêneas) não possuem
nem ponto de fusão e nem ponto de ebulição definidos.
Vamos exemplificar com uma solução aquosa de NaCℓ:

ƒ Mistura azeotrópica: comporta-se como uma subs-


tância pura somente durante a ebulição. Assim, apre-
senta ponto de ebulição constante, mas a sua tempe-
ratura de fusão é variável.
Exemplo: mistura de álcool etílico (96%) e água (4%),
que sofre ebulição (ferve) a 78,1 ºC.

Misturas especiais
ƒ Mistura eutética: comporta-se como se fosse uma PE = 78,1
substância pura somente durante a fusão. Portanto,
possui ponto de fusão constante, mas a sua tempera-
tura de ebulição varia.
Exemplo: solda de funilaria – mistura de estanho (63%)
e chumbo (37%), que se funde (derrete) a Tf = 183 °C.

SISTEMAS

MATÉRIA Elemento Símbolo

Matéria é tudo o que tem massa e ocupa espaço, pode Carbono C


ser líquida, sólida ou gasosa. Hidrogênio H
Sódio (Natrium) Na

CONCEITOS FUNDAMENTAIS Prata (Argentum) Ag


Chumbo (Plumbum) Pb
Átomo e elemento químico Potássio (Kalium) K
Átomos são as partículas que formam a matéria. Ele-
mento, por sua vez, é um conjunto de átomos com o mes-
mo número atômico (Z).
Molécula
Um agrupamento de átomos de um mesmo elemento ou
Cada elemento químico recebe um nome e um símbolo.
de elementos diferentes é chamado molécula, caracteri-
Veja alguns exemplos a seguir: zando, assim, uma substância. Essa pode ser representa-

352
da graficamente por uma fórmula molecular, que indica
o número de átomos de cada elemento existente na molé- TIPOS DE MISTURAS
cula da substância. ƒ Mistura homogênea – é a que apresenta aspecto
uniforme e propriedades iguais em todos os seus pon-
Substância Fórmula tos. São chamadas soluções.
água H2O Todas as misturas de quaisquer gases são sempre misturas
álcool C2H6O homogêneas.

cloreto de sódio NaCℓ ƒ Mistura heterogênea – é a que apresenta aspecto não


uniforme e propriedades variáveis de um ponto a outro.
açúcar (sacarose) C12H22O11
Exemplos: água e óleo (a camada de óleo apresenta pro-
ozônio O3 priedades diferentes em relação à água), água e areia etc.
Matéria

SISTEMAS MATERIAIS Substância Pura Mistura


A uma porção de matéria, damos o nome de sistema.
Sistemas podem ser classificados de duas formas:
Simples Composta Homogênea Heterogênea
ƒ Quanto à constituição (composição) – substância
pura (ou, simplesmente, substância) ou mistura.
ƒ Quanto ao aspecto visual (nem sempre confiável, se Fases de um sistema
usarmos apenas a visão humana para análise) – ho- Fase é cada uma das porções homogêneas que com-
mogêneo ou heterogêneo. põem um sistema heterogêneo. A fase pode ser contínua
ou fragmentada.
Substância pura (ou ƒ Sistemas monofásicos: têm uma única fase, logo,
simplesmente substância) são homogêneos.
ƒ Sistemas bifásicos (2 fases), trifásicos (3 fases),
1. Substância (pura) simples – formada por um único
tetrafásicos (4 fases) e polifásicos (5 ou mais
elemento químico, ou seja, um único tipo de átomo, inde-
fases): possuem mais de uma fase, portanto, sempre
pendente da sua quantidade.
são heterogêneos.
Exemplos: H2 (hidrogênio); O2 (oxigênio); Fe (ferro); S8
(enxofre) etc.
ALOTROPIA
2. Substância (pura) composta ou composto – for- É a característica que alguns elementos químicos possuem
mada por mais de um elemento químico, ou seja, mais de de formar várias substâncias simples diferentes (formas
um tipo de átomo. ou variedades alotrópicas ou, ainda, alótropos).
Exemplos: H2O (água); CO2 (gás carbônico); C6H12O6 (gli- Exemplos:
cose); HCℓ (ácido clorídrico) etc.
Nome da
Elemento Figura no
substância Fórmula Atomicidade
químico espaço
Mistura simples

É a espécie de matéria formada, literalmente, pela mistura gás oxigênio O2 diatômico

de duas ou mais substâncias puras. Oxigênio


gás ozônio O3 triatômico

Exemplos:
Fósforo
ƒ gasolina branco
P4 tetratômico
Fósforo
ƒ ar atmosférico Fósforo
Pn ou P macromolécula
vermelho
ƒ álcool hidratado

353
Elemento Nome da
Fórmula Atomicidade Figura no espaço
químico substância simples

macro-
grafite Cn ou C
molécula

macro-
diamante Cn ou C
molécula

Carbono

macro-
fulereno C60
molécula

macro-
enxofre rômbico S8
molécula
Enxofre
macro-
enxofre monoclínico S8
molécula

FENÔMENOS 2. Químico: quaisquer transformações sofridas por um


material, de modo que haja alteração na sua composição.
1. Físico: quaisquer transformações sofridas por um ma- Exemplo: a formação de ferrugem, a transformação do
terial, sem que haja alteração na sua composição. Exem- vinho em vinagre, decomposição de matéria orgânica.
plo: qualquer mudança de estado físico.

ANÁLISE IMEDIATA

MÉTODOS DE SEPARAÇÃO MISTURAS HETEROGÊNEAS


DE MISTURAS Misturas heterogêneas [sólido-sólido]
Para a separação dos componentes de uma mistura, uti-
lizamos um conjunto de processos físicos denominados ƒ Catação: separam-se os componentes sólidos usando
análise imediata. a mão ou uma pinça.

354
Exemplo: escolher feijão. ƒ Filtração simples: a fase sólida é separada com o
auxílio de papéis de filtro.
ƒ Ventilação: o sólido menos denso é separado por
uma corrente de ar.
Exemplo: separação dos grãos de arroz de suas cascas.

ƒ Levigação: o sólido menos denso é separado por uma


corrente de água.
Exemplo: separação, no garimpo, de areia e ouro.

ƒ Separação magnética: um dos sólidos é atraído por


um ímã.
Exemplo: separação em larga escala de alguns minérios
de ferro de suas impurezas.

ƒ Dissolução fracionada: um dos componentes sóli-


ƒ Filtração a vácuo: o processo de filtração pode ser
dos da mistura é dissolvido em um líquido.
acelerado pelo uso de uma trompa de vácuo que
Exemplo: mistura de sal e areia. “suga” o ar existente na parte interior do kitassato.

Métodos Exemplo
Peneiração ou tamisação: usa-
Separação de
da para separar sólidos formados por
areia e cascalho.
partículas de dimensões diferentes.
Fusão fracionada: usada para Separar uma
separar sólidos cujos pontos de fusão mistura de ferro,
são muito diferentes. chumbo e estanho.
Sublimação: é usada quando um
dos sólidos, por aquecimento, sub-
Sal (ou areia)
lima (passa diretamente do estado
e iodo.
sólido para vapor), e o outro perman- ƒ Centrifugação: é uma maneira de acelerar o proces-
ece sólido. so de decantação, utilizando um aparelho denominado
centrífuga. As partículas de maior densidade, por in-
Misturas heterogêneas ércia, são depositadas no fundo do tubo.
[sólido-líquido]
ƒ Decantação: a fase sólida, por ser mais densa, sedi-
menta-se. Pode ser feita de duas maneiras:
a) Vira-se lentamente a mistura em um outro frasco;
b) Com o auxílio de um sifão, transfere-se a fase líquida
para um outro frasco (sifonação).

Misturas heterogêneas
[líquido-líquido]
ƒ Decantação: separam-se líquidos imiscíveis com
densidades diferentes.

355
Termômetro

Misturas homogêneas
[líquido-líquido]
Misturas heterogêneas [gás-sólido] ƒ Destilação fracionada: são separados líquidos mis-
ƒ Decantação: a mistura passa através de obstáculos, cíveis, cujas temperaturas de ebulição são distantes.
em forma de zigue-zague, onde as partículas sólidas Termômetro

perdem velocidade e se depositam.


Condensador

Coluna
de fracionamento

Balão

Saída de água
Entrada de água
Bico Bunsen

ƒ Filtração: a mistura passa através de um filtro, onde o


sólido fica retido.
Observação: a destilação é muito utilizada em indústrias pe-
troquímicas, na separação dos diferentes derivados do petróleo.

MISTURAS HOMOGÊNEAS
Misturas homogêneas
[sólido-líquido]
O componente sólido encontra-se totalmente dissolvido
no líquido, o que impede a sua separação por filtração.
ƒ Evaporação: a mistura é deixada em repouso ou é
aquecida até o líquido (componente mais volátil) sofrer
evaporação. Esse processo apresenta um inconveni-
ente: a perda do componente líquido.
ƒ Destilação simples: a mistura é aquecida em uma
aparelhagem apropriada, de tal maneira que o compo-
nente líquido inicialmente vaporiza-se e, a seguir, sofre
condensação, sendo recolhido em outro frasco.

356
O ESQUEMA MOSTRA O TRADICIONAL ALAMBIQUE, USADO PARA PREPARAR BEBIDAS ALCOÓLICAS PROVENIENTES DA FERMENTAÇÃO DE AÇÚCARES OU CEREAIS.

ƒ Adsorção: consiste na retenção superficial de gases.


Misturas [gás-gás]
Uma das principais aplicações da adsorção são as más-
ƒ Liquefação fracionada: a mistura de gases passa caras contra gases venenosos.
por um processo de liquefação e, posteriormente, pela
destilação fracionada.
A liquefação fracionada é utilizada na separação dos com- ANÁLISE CROMATOGRÁFICA
ponentes do ar atmosférico: N2, O2 e outros gases. OU CROMATOGRAFIA
A separação e identificação dos componentes de uma mis-
tura, a partir de colorações diferentes. A cromatografia tem
a vantagem de permitir até mesmo a separação de compo-
nentes em quantidades muito pequenas.

DECAIMENTOS RADIOATIVOS

INTRODUÇÃO À RADIOATIVIDADE Fatores químicos, estado físico, pressão e temperatura não


influem na radioatividade de um elemento, uma vez que ela
Radioatividade é o fenômeno pelo qual um núcleo instável depende, mas apenas, do fato de seu núcleo ser instável.
emite espontaneamente determinadas entidades (partícu-
(+)
las e ondas), genericamente chamadas de radiações, trans- bloco de chumbo

raios
formando-se em outro núcleo mais estável. raios
raios
substância radioativa (–)
campo magnético
O esquema mostra o comportamento das radiações , e em um campo eletromagnético.

Das três radiações mencionadas, a gama (g) é a mais pene-


trante – e a mais perigosa para o ser humano –, a beta (b)
tem penetração média e a alfa (a) é a menos penetrante.

357
Emissões radioativas
Principais emissões radioativas

Emissão Constituição Massa Carga Representação Velocidade

alfa 2 prótons e 2 nêutrons 4u +2 a


4
+2
1/10 c

beta 1 elétron >0 –1 b


0
–1
9/10 c
gama onda eletromagnética 0 0 g
0
0
c
C = VELOCIDADE DA LUZ NO VÁCUO = 300 MIL KM/S

Emissão Constituição Massa Carga Representação


1
próton 1 próton 1u +1 +1
p
1
nêutron 1 nêutron 1u 0 0
n
pósitron “elétron positivo” >0 +1 0
–1 b

LEIS DAS EMISSÕES RADIOATIVAS Exemplo


ƒ Se um átomo de 146C emitir uma partícula b, ele se trans-
1a lei: lei de Soddy – emissão forma em 147N. A reação nuclear pode ser representada por:

de partículas a 14
6 C 0
–1b + 14
7 N

Se um átomo X emitir uma partícula a, seu número de Os raios gama (g)


massa diminui em 4 unidades e seu número atômico
diminui em 2 unidades: AZ X 4
a + ZA––42 Y.
ƒ As emissões, radiações ou raios gama (00g) não são
+2
partículas, mas ondas eletromagnéticas semelhantes
à luz, cujo comprimento de onda é muitíssimo menor,
As equações nucleares obedecem a um balanço dos números portanto, cuja energia é muito mais elevada, superando
de massa (A) e das cargas nucleares (Z), que são conservados. inclusive os raios X.
ƒ Sem massa nem carga elétrica, eles não sofrem desvio
ao atravessar um campo elétrico ou magnético.
ƒ As emissões g têm sempre um poder de penetração
bem maior que as partículas a e b.
ƒ Uma emissão g não altera nem o número atômico (Z)
Exemplo nem o número de massa (A) do elemento. Em razão
ƒ Se um átomo de 239 94 Pu emitir uma partícula a, ele se
disso, não se costuma escrever a emissão g nas equa-
235
transforma em 92 U. Essa reação nuclear pode ser re- ções nucleares.
presentada por:
2a + 92U
TRANSMUTAÇÕES
239 4 235
94Pu

2a lei: lei de Soddy-Fajans-Russel ƒ transmutação natural


– emissão de partículas b Ocorre se um elemento químico emitir espontaneamente
uma radiação e transformar-se em outro.
Se um átomo X emitir uma partícula b, seu número
de massa permanece inalterado e seu número atômi- ƒ transmutações artificiais
–1b + Z + 1Y.
0
co aumenta em 1 unidade: AZX A
Ocorre se as transmutações forem obtidas por bombardea-
mento de núcleos estáveis com partículas a, prótons, nêutrons.

358
ENERGIA NUCLEAR Na fissão nuclear, a energia desprendida por um reator nu-
clear transforma a água líquida em vapor, o qual movimenta
Energia proveniente dos núcleos atômicos, mediante rea- uma turbina que produz energia elétrica mediante um gera-
ções de fissão e fusão nucleares. dor. A energia liberada em uma reação de fissão nuclear é
imensamente maior do que as liberadas em reações químicas.
Fissão nuclear
Fusão nuclear
É o processo em que ocorre ruptura do núcleo que é bom-
bardeado com partículas. Fusão nuclear é o processo mediante o qual ocorre a fusão de
dois núcleos mais leves para formar um núcleo mais pesado.
ƒ No processo de fissão ocorre uma reação em cadeia.
Essa reação exige temperatura elevadíssima.
1
n
0
Em 1952, conseguiram realizar a primeira fusão não con-
93
36 Kr 1
0 n trolada, que constituiu a primeira bomba de hidrogênio.
235
92 U 1
n
Digamos que a bomba atômica é a “espoleta” da bomba
0

140
Ba
de hidrogênio, que libera a energia necessária para a fusão.
93 56
36 Kr
1
0 n 1
93 0 n
36 Kr

1 1
1
n 0 n 0 n
0
Nêutron 235 235
U
92 92 U 140
56 Ba 1
n
0
1
0 n
140 93
Ba
56 36 Kr
1
0 n

235
92 U 1
0 n
140
56 Ba
1
0 n

REAÇÃO EM CADEIA DO URÂNIO-235

CINÉTICA DOS DECAIMENTOS RADIOATIVOS

MEIA-VIDA OU PERÍODO DE
SEMIDESINTEGRAÇÃO
Vida-média
Curva de decaimento radioativa
Considere uma amostra de material radioativo de massa
inicial m 0. A cada meia-vida decorrida, a massa da amostra
reduz-se à metade.
CURVA DE DECAIMENTO RADIOATIVO.

De uma quantidade de material radioativo inicial m 0, após


n meias-vidas decorridas chega-se a uma quantidade m,
que será dada por:

m
m = ___n0
2

359
E o tempo total decorrido Dt, desde o valor inicial m 0 até Esquematicamente:
se atingir o valor m, será de:

Dt = n · P

't = n · P
m
m = ___n0
2

INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA

Origem da expressão Ponto de Moleculares, na sua maioria, os com-


Química orgânica fusão e de postos orgânicos apresentam pontos
ebulição de fusão e ebulição baixos.
Torbern Olof Bergman, químico sueco (1777), empregou
Os compostos orgânicos, em geral,
pela primeira vez a expressão Química orgânica.
são solúveis em solventes apolares
Solubilidade
ƒ Compostos orgânicos: substâncias de organismos vivos. e insolúveis em solventes polares,
como a água.
ƒ Compostos inorgânicos: substâncias do reino mineral.
As reações orgânicas da maioria das

CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS


Velocidade substâncias moleculares e de grande
das reações massa molar são lentas. Por isso, re-
querem o uso de catalisadores.
MOLÉCULAS ORGÂNICAS
Compostos orgânicos CARACTERÍSTICAS DO
Orgânicos são constituídos fundamentalmente por quatro ele-
mentos: C, H, O e N, denominados elementos organógenos.
ÁTOMO DE CARBONO
São dotados de combustão, uma vez que são compostos Postulados de Kekulé
de C e de H, na sua maioria. A queima completa dessas
substâncias produz CO2 e H2O; a incompleta produz CO; e 1. O carbono teria quatro valências.
a parcial, apenas C (fuligem). 2. Os átomos de C poderiam formar cadeias.
Ligações covalentes. Em razão disso, 3. Os átomos de C poderiam unir-se, utilizando uma ou
as forças de atração intermolecu- mais valências.
Ligações e lares predominantes são as forças de
forças inter- dipolo instantâneo-dipolo induzido
e as forças de atração entre dipolos
REPRESENTAÇÃO DE
moleculares
permanentes, dentre elas as ligações CADEIAS CARBÔNICAS
de hidrogênio.
Exemplos
Em princípio, os compostos orgâni-
Ÿ
cos apresentam pouca estabilidade
Estabilidade diante de agentes externos, como
temperatura, pressão, ácidos con- Ÿ
centrados, entre outros.

360
ƒ Primário: ligado a 1 ou a nenhum átomo de carbono.
Ÿ ƒ Secundário: ligado a 2 átomos de carbono.
ƒ Terciário: ligado a 3 átomos de carbono.
ƒ Quaternário: ligado a 4 átomos de carbono.
Ÿ
Exemplo

CLASSIFICAÇÃO DOS CARBONOS P = PRIMÁRIO


S = SECUNDÁRIO
T = TERCIÁRIO
De acordo com os átomos Q = QUATERNÁRIO

a ele ligados
Um átomo de carbono pode ser classificado de acordo com
o número de átomos de carbono diretamente ligados a ele.

De acordo com o tipo de ligação (sigma/V e pi/S)


e com o tipo de hibridação (hibridização)
Ligação do Hibridação Ângulo
Ligações
átomo do átomo Geometria entre as Exemplo
estabelecidas
de carbono de carbono ligações
4 simples 4s sp3 tetraédrica 109º28’ CH4
2 simples e trigonal
3s e 1p sp2 120º H2C = O
1 dupla plana
1 simples
2s e 2p sp linear 180º H—C;N
e 1 tripla
2 duplas 2s e 2p sp linear 180º O=C=O

CLASSIFICAÇÃO DAS 2. Quanto à disposição


ƒ Cadeia normal, reta ou linear: se contiver apenas
CADEIAS CARBÔNICAS átomos de carbono primários e/ou secundários.
1. Quanto ao fechamento da cadeia ƒ Cadeia ramificada: se contiver átomos de carbono
terciários e/ou quaternários.
ƒ Cadeia aberta ou acíclica: se percorrida num senti-
do qualquer para chegar a uma extremidade.
3. Quanto à saturação
ƒ Cadeia fechada ou cíclica: se houver fechamento
ƒ Saturada: se entre átomos de carbono houver apenas
na cadeia em forma de ciclo, núcleo ou anel.
ligações simples.
ƒ Cadeia mista: quando um composto apresenta
ƒ Insaturada: se entre átomos de carbono houver liga-
cadeia carbônica com uma parte cíclica e outra parte
ções duplas e/ou triplas.
acíclica ao mesmo tempo na molécula.
ƒ Cadeia alifática ou Cadeia não aromática: 4. Quanto à natureza
pode ser cadeia aberta, fechada ou conter ambas. ƒ Homogênea: se entre átomos de carbono houver
ƒ Cadeia alicíclica: é aquela que apresenta cadeia apenas átomos de carbono.
carbônica fechada saturada ou insaturada, sem a pre- ƒ Heterogênea: se entre átomos de carbono houver
sença de aromaticidade. um ou mais átomos diferentes de carbono.

361
COMPOSTOS AROMÁTICOS RESUMO DAS CADEIAS
Cadeia cíclica com presença do anel aromático (os elétrons CARBÔNICAS
estão em ressonância).
1. Compostos aromáticos mononucleares ou mono-
nucleados: se contiver um único anel benzênico.
2. Compostos aromáticos polinucleares ou polinucle-
ados: se contiver vários anéis benzênicos subdivididos em:
ƒ polinucleares isolados: se os anéis não tiverem áto-
mos de carbono em comum;
ƒ polinucleares condensados: se os anéis tiverem
átomos de carbono em comum.

HIDROCARBONETOS

Compostos formados unicamente por carbono e hidro- Propriedades físicas dos alcenos
gênio podem ser representados, genericamente, por CxHy,
cuja nomenclatura leva o sufixo o. ƒ São insolúveis em água e solúveis em solventes apo-
lares.
Alcanos ou parafinas – ƒ São menos densos que a água.
fórmula geral CnH2n + 2 ƒ Os pontos de ebulição aumentam de forma igual, se-
São hidrocarbonetos alifáticos saturados com ligações gundo o número de carbonos na cadeia.
simples. ƒ Os alcenos são mais reativos do que os alcanos por
possuírem uma ligação dupla, que é mais fácil de
Propriedades físicas dos alcanos ser quebrada.
ƒ Os alcanos são pouco reativos, porque as ligações en- ƒ Sofrem reações de adição e também de polimerização.
tre C – H e C – C são muito estáveis e difíceis de serem
quebradas.
Alcinos (alquinos) –
ƒ São mais utilizados para a queima (combustão), como
combustíveis.
fórmula geral CnH2n – 2
São hidrocarbonetos acíclicos contendo uma única liga-
ƒ Os alcanos são compostos apolares, apresentando in-
ção tripla entre os carbonos em sua cadeia carbônica.
teração dipolo induzido-dipolo induzido entre as mo-
léculas.
ƒ Eles são insolúveis em água e solúveis em solventes
Propriedades físicas dos alcinos
apolares. ƒ São compostos de baixa polaridade.
ƒ Possuem densidades menores que 1 g ∙ cm-3, flutuando ƒ São insolúveis em água e solúveis em solventes apo-
sobre a água. lares.
ƒ São menos densos que a água.
Alcenos (alquenos) – ƒ Têm os pontos de fusão e ebulição crescentes com o
fórmula geral CnH2n aumento do número de carbonos na cadeia.
Também conhecidos como olefinas, são hidrocarbonetos ƒ Os alcinos são preparados em laboratório porque não
acíclicos contendo uma única ligação dupla entre os se encontram livres na natureza, devido a sua tripla li-
carbonos em sua cadeia carbônica. gação, que é muito reativa.

362
Alcadienos (dienos) – Função Grupo funcional Sufixo
fórmula geral CnH2n – 2 Álcool -ol
São hidrocarbonetos acíclicos contendo duas ligações
duplas entre os carbonos em sua cadeia carbônica.
Ácido carboxílico -oico

Cicloalcanos, ciclanos ou
cicloparafinas – fórmula geral CnH2n Aldeído -al

São hidrocarbonetos de cadeia fechada (cíclica) com liga-


ções simples tão somente. Cetona -ona

Cicloalcenos, cicloalquenos, Amina -amina


ciclenos ou ciclolefinas –
fórmula geral CnH2n – 2 Exemplos:
São hidrocarbonetos cíclicos insaturados com uma li-
gação dupla. H3C — CH2 — CH2 — CH3

Nº de
Aromáticos (não há fórmula geral) átomos
Ligação Função Nome

São hidrocarbonetos de cadeia fechada que apresentam 4C ä but simples ä an hidrocarboneto ä o butano
pelo menos um anel benzênico (núcleo aromático).
5 4 3 2 1
H3C — CH2 — C ; C — CH3
NOMENCLATURA OFICIAL IUPAC
Nº de
O nome de uma molécula orgânica é composto de três ele- Ligação Função Nome
átomos
mentos fundamentais:
tripla entre os
prefixo + infixo + sufixo 5C ä pent carbonos 2 e hidrocarboneto ä o pent–2–ino
3 ä 2 – in
ƒ Prefixo: indica o número de átomos de carbono da
cadeia principal.

1C MET 6C HEX 11C UNDEC


2C ET 7C HEPT 12C DODEC
3C PROP 8C OCT 13C TRIDEC
4C BUT 9C NON 14C TETRADEC
5C PENT 10C DEC 15C PENTADEC
Nº de
Ligação Função Nome
ƒ Infixo: indica o tipo de ligação entre os átomos de átomos
carbono. 3C em cadeia
hidrocarboneto
cíclica ä dupla ä en ciclopropeno
äo
cicloprop

GRUPOS ORGÂNICOS OU RADICAIS


Esses radicais se formam por meio de cisão homolítica, que
ƒ Sufixo: indica a função orgânica. No caso específico é um rompimento de uma ligação covalente, em que cada
dos hidrocarbonetos, o sufixo é o. Alguns sufixos bas- um desses átomos fica com um dos elétrons que antes es-
tante usuais: tavam sendo compartilhados na ligação.

363
Esses radicais livres são bastante instáveis, ou seja, pos- 3. Para montar o nome do composto, o grupo substituinte,
suem vida curta, pois eles possuem elétrons livres ou elé- precedido pelo número que designa a sua localização na
trons desemparelhados dos radicais, reagem ativamente cadeia (quando necessário), é colocado em primeiro lugar;
com qualquer molécula próxima, formando novos com- o nome da cadeia principal é colocado em último lugar.
postos. Quando dois radicais orgânicos ligam-se, forma-se
Os grupos devem ser escritos em ordem alfabética.
uma cadeia carbônica.

Exemplo:
Principais grupos ou radicais
Radical Nome
Metil

Etil
4. Quando duas ou mais cadeias de comprimento igual
— Propil ou n-propil competem pela seleção com a cadeia principal, escolher a
que tiver o maior número de substituintes.
Isopropil 5. Quando a ramificação acontecer numa distância igual
em qualquer dos lados da cadeia principal, escolher o
nome em que a soma das posições das rami-
Butil ou n-butil
ficações dá o menor número.
Sec-butil ou
s-butil

Isobutil

PARA HIDROCARBONETOS
Terc-butil
ou t-butil
INSATURADOS (ALCENOS, ALCINOS
E DIENOS) RAMIFICADOS
Vinil ou etenil Nomenclatura segue a mesma regra dos alcanos ramifica-
dos, com algumas diferenças:
Benzil 1. A cadeia principal é a cadeia mais longa, que deve con-
ter a dupla ou a tripla ligação.
2. A numeração da cadeia é sempre feita a partir da ex-
Fenil tremidade mais próxima da ligação dupla ou tripla.
3. É necessário indicar a localização da ligação dupla ou
tripla usando o menor número do átomo da ligação

NOMENCLATURA DE
dupla ou tripla.
4. Para dienos, as regras de nomenclatura dos alcanos e alce-
HIDROCARBONETOS RAMIFICADOS nos são válidas, sendo diferente somente na hora de selecio-
nar a cadeia principal, que deve conter as duas duplas.
É feita de acordo com as seguintes regras da IUPAC:
1. Localizar a cadeia de átomos de carbono Cadeias cíclicas ramificadas
mais comprida (cadeia principal).
ƒ Cicloalcanos (ciclanos) – a nomenclatura de
2. A numeração da cadeia principal começa onde o cicloalcanos ramificados segue as mesmas regras que
substituinte estiver mais próximo, ou seja, de modo a dos alcanos ramificados, acrescentando o pre-
com que se obtenham os menores números possíveis para fixo – ciclo na cadeia principal, seguindo os
os substituintes. Depois, identifique os substituintes. seguintes passos para a numeração das ramificações:

364
ƒ Se apenas um substituinte estiver presente, não será
necessário atribuir sua posição.
Aromáticos ramificados
Se a cadeia principal apresentar apenas um anel benzê-
ƒ Quando dois ou mais substituintes estiverem presentes, nico, ela é chamada simplesmente de benzeno e pode
numeramos o anel começando pelo substituinte, pri- apresentar um ou mais grupos (ramificações).
meiro em ordem alfabética, e o número na direção que
dá aos substituintes o menor número possível.

Exemplo:

Caso haja duas ramificações, são bastante empregados os


prefixos orto- (o), meta- (m) e para- (p), a fim de indicar
as posições 1,2 (ou 1,6); 1,3 (ou 1,5) e 1,4, respectivamente.
Exemplos:

ƒ Cicloalcenos – a nomenclatura de cicloalcenos


ramificados segue as mesmas regras que a dos alce-
nos ramificados, acrescentando-se o prefixo –ciclo na
cadeia principal e seguindo os mesmos passos dos
cicloalcanos para a numeração das ramificações. Só
não será necessário identificar a posição da dupla, pois
sempre irá começar com C1 e C2.

Exemplo:

365
U.T.I. - SALA Bi o 212Po + b
212

Bi o 210Tℓ + a
214

1. (UFG) Uma solução contendo água e cloreto de sódio Observe o gráfico, cujas curvas representam as varia-
foi inadvertidamente misturada a n-hexano e ciclohexa- ções das massas desses radioisótopos ao longo das
no. Para separar essas quatro substâncias, foi realizada duas horas de duração do experimento.
uma sequência de procedimentos (métodos de separa-
ção), que seguiram um ordenamento lógico, baseado
nas propriedades físicas das substâncias citadas.
Considerando a tabela a seguir:

Ponto Ponto de
Sub- Densidade Polari-
de fusão ebulição
stância (g/mL) dade
(°C) (°C)

H2O 0 100 1 polar


Determine o tempo de meia-vida do radioisótopo 214Bi.
C6H12 6,6 80,7 0,77 apolar
C6H14 –95,3 68,7 0,65 apolar 4. (UEL) As fórmulas de linhas na química orgânica são
muitas vezes empregadas na tentativa de simplificar a
NaCℓ 800,7 1465 2,17 polar notação de substâncias. Dessa maneira, as fórmulas de
a) indique um método de separação capaz de separar linhas para o butano e o metil-butano são representa-
as substâncias polares das apolares; das, respectivamente, por:
b) indique um método de separação capaz de separar
as substâncias polares e outro método de separação
capaz de separar as substâncias apolares.

2. (Unesp 2020) Parte das areias das praias do litoral


sul do Espírito Santo é conhecida pelos depósitos mi-
Considere a substância representada pela estrutura
nerais contendo radioisótopos na estrutura cristalina.
a seguir.
A inspeção visual, por meio de lupa, de amostras des-
sas areias revela serem constituídas basicamente de
misturas de duas frações: uma, em maior quantidade,
com grãos irregulares variando de amarelo escuro a
translúcido, que podem ser atribuídos à ocorrência de
quartzo, silicatos agregados e monazitas; e outra, com
grãos bem mais escuros, facilmente atraídos por um
ímã, contendo óxidos de ferro magnéticos associados
a minerais não magnéticos.
As fórmulas químicas das monazitas presentes nessas
areias foram estimadas a partir dos teores elementares A partir dessas informações, responda aos itens a seguir.
de terras raras e tório e são compatíveis com a fórmula a) Qual a fórmula molecular dessa substância?
b) Quantos substituintes estão ligados na cadeia principal?
Ce3+ 0,494La3+ 0,24Nd3+ 0,20Th4+ 0,05(PO43-).

U.T.I. - E.O.
(FLÁVIA DOS SANTOS COELHO ET AL. “ÓXIDOS DE FERRO E MONAZITA
DE AREIAS DE PRAIAS DO ESPÍRITO SANTO”. QUÍMICA NOVA,
VOL. 28, NO 2, MARÇO/ABRIL DE 2005. ADAPTADO.)

1. Em 1996, o prêmio Nobel de Química foi concedido


a) Qual o nome do processo de separação de misturas
aos cientistas que descobriram uma molécula com a for-
utilizado para separar as partes escuras das claras da areia
ma de uma bola de futebol, denominada fulereno (C60).
monazítica? Com base na fórmula química apresentada,
Além dessa substância, o grafite e o diamante também
demonstre que a monazita é eletricamente neutra.
são constituídos de carbono. Os modelos moleculares
b) O principal responsável pela radioatividade da areia dessas substâncias encontram-se representados abaixo.
monazítica é o tório-232, um emissor de partículas
alfa. Escreva a equação que representa essa emissão
e calcule o número de nêutrons do nuclídeo formado.
Dados: Th (Z = 90); Ra (Z = 88).

3. Em um experimento, foi utilizada uma amostra con-


tendo partes iguais dos radioisótopos bismuto-212 e Fulereno Diamante

bismuto-214. Suas respectivas reações nucleares de de-


caimento estão indicadas abaixo: Grafite

366
Após observar as imagens anteriores, responda: novamente filtrada, obtendo-se, como resíduo no
a) Qual o tipo de ligação existente? filtro, outro componente da mistura inicial.
b) Qual a relação entre as três estruturas? • Etapa 3: o líquido filtrado na etapa 2 foi evaporado,
obtendo-se o último componente da mistura inicial.
2. Para um químico, ao desenvolver uma análise, é Indique qual componente da mistura é recuperado em
importante verificar se o sistema com o qual está tra- cada uma das etapas do procedimento empregado para
balhando é uma substância pura ou uma mistura. De- a separação da mistura inicial.
pendendo do tipo de mistura, podemos separar seus
componentes por diferentes processos. Assinale as afir- 5. (USCS – Medicina) Em uma cooperativa de recicla-
mativas a seguir, classificando-as em certo ou errado e gem foi triturada uma mistura dos plásticos polieti-
justificando sua resposta. leno tereftalato (PET), polietileno de alta densidade
a) Uma mistura homogênea pode ser separada atra- (PEAD), policloreto de vinila (PVC) e poliestireno (PS),
vés de decantação. cujas densidades são 1,38 g/mL, 0,96 g/mL, 1,25 g/mL
b) A mistura álcool e água pode ser separada por fil- e 1,06 g/mL, respectivamente.
tração simples. A separação dos grânulos plásticos obtidos após a tri-
c) A mistura heterogênea entre gases pode ser sepa- turação foi feita colocando-se a mistura em soluções
rada por decantação. apropriadas, conforme o esquema a seguir:
d) Podemos afirmar que, ao separarmos as fases sóli-
das e líquida de uma mistura heterogênea, elas serão
formadas por substâncias puras.
e) O método mais empregado para a separação de
misturas homogêneas sólido-líquido é a destilação.

3. O gás dióxido de enxofre (SO2) pode ser produzido pela


decomposição do tiossulfato de sódio (Na2S2O3), confor-
me a equação descrita, reagindo com a água da atmos-
fera e produzindo a chuva ácida. Em altas concentrações,
a) Cite o nome da técnica empregada na separação
esse gás reage ainda com a água dos pulmões formando
dos diferentes tipos de plástico. Para qual tipo de mis-
ácido sulfuroso (H2SO3), o que provoca hemorragias.
turas tal técnica pode ser utilizada?
S2O3–2(aq) + 2H3O+(aq) oS(s) + SO2(g) + 3H2O(ℓ) b) Quais são os plásticos correspondentes às letras W,
X, Y e Z respectivamente?
Dados: H = 1; S = 32; O = 16.
6. Numa sequência de desintegração radioativa que se
a) Cite um procedimento físico que pode ser empre-
inicia com o 218
84Po, cuja meia-vida é de 3 minutos, a emis-
gado para separar o enxofre sólido da mistura resul-
são de uma partícula alfa gera o radioisótopo X, que, por
tante da decomposição do tiossulfato de sódio. Justi-
sua vez, emite uma partícula beta, produzindo Y.
fique sua resposta.
b) Escreva a equação representativa da reação do di- a) Partindo-se de 40 g de Polônio-218, qual a massa,
óxido de enxofre com a água dos pulmões e determi- em gramas, restante após 12 minutos de desintegra-
ne o teor percentual, em massa, de enxofre presente ção? Apresente os cálculos.
no produto formado. Apresente os cálculos. b) Identifique os radioisótopos X e Y, indicando suas
respectivas massas atômicas.
4. (Famema) O quadro fornece informações sobre as
solubilidades em água e em etanol de três substâncias 7. O radioisótopo 222 do 86Rn, por uma série de de-
inorgânicas. sintegrações, transforma-se no isótopo 206 do 82Pb.
Determine o número de partículas alfa e o número
Solubilidade Solubilidade de partículas beta envolvidas nessas transformações.
Substância
em água em etanol
84A o 82 B o 83 C o 84 D o 82E,
8. Na sequência radioativa 216 212 212 212 208
KCℓ solúvel insolúvel
temos, sucessivamente, emissões de quais partículas?
Aℓ2O3 insolúvel insolúvel
KOH solúvel solúvel 9. O criptônio-89 possui o tempo de meia-vida igual a 3,16
minutos. Dispondo-se de uma amostra contendo 4,0 · 1023
Uma mistura dessas três substâncias foi separada em seus átomos desse isótopo, responda:
componentes, executando-se o seguinte procedimento:
a) Defina o tempo de meia-vida.
• Etapa 1: etanol foi adicionado a essa mistura, se-
guindo-se de filtração e o líquido filtrado foi eva- b) Para esta amostra, ao fim de quanto tempo restarão
porado, obtendo-se um dos componentes da mis- 1,0 · 1023 átomos?
tura inicial. 10. (EBM-SP) Movimentos como “Outubro Rosa” esti-
• Etapa 2: ao resíduo retido no filtro utilizado na eta- mulam a associação entre empresas e profissionais de
pa 1, foi adicionada água e a mistura resultante foi saúde com o objetivo de alertar a população sobre a

367
prevenção e o tratamento do câncer de mama, causa 12. (UFJF-Pism 2) A quercetina, cuja estrutura química
mais frequente de morte por câncer em mulheres. Um está representada abaixo, está associada com proces-
dos tratamentos do câncer utiliza radioisótopos que sos de inibição de inflamação óssea. Com relação à sua
emitem radiações de alta energia, como a gama, 00 J efi- fórmula estrutural bem como a de seu análogo estrutu-
cientes na destruição de células cancerosas que são ral A, responda aos itens a seguir.
mais susceptíveis à radiação, por se reproduzirem ra-
pidamente. Entretanto é impossível evitar danos às
células saudáveis durante a terapia, o que ocasiona
efeitos colaterais como fadiga, náusea, perda de ca-
belos, entre outros. A fonte de radiação é projetada
para o uso das radiações gama, já que as radiações
alfa, 24a e beta,-10b são menos penetrantes nos tecidos
e nas células. Um dos radionuclídeos usados na radio-
60
terapia é o cobalto, 27 Co.
Com base nas informações e nos conhecimentos sobre
radioatividade:
a) apresente um argumento que justifique o maior
poder penetrante das radiações gama em relação às
radiações alfa e beta.
b) represente, por meio de uma equação nuclear, o
decaimento radioativo do cobalto 60 com a emissão
de uma partícula beta, indicando o símbolo, o número
atômico e o número de massa do elemento químico
obtido após emissão da partícula.

11. (PUC-RJ) O ácido sórbico é um ácido orgânico, cuja


fórmula molecular é C6H8O2. Ele é uma substância uti-
lizada como conservante de alimentos. Recentemente,
em uma operação deflagrada pela Polícia Federal, foi a) Represente a fórmula molecular da quercetina.
constatado que, em algumas amostras de carne bovi- b) Classifique todos os carbonos numerados como
na, este ácido estava presente em quantidade supe- primário, secundário, terciário ou quaternário.
rior à permitida pela Agência Nacional de Vigilância
c) Informe a hibridização dos átomos de carbono nu-
Sanitária (Anvisa).
merados na estrutura.

Sobre o ácido sórbico e sua utilização como conservan-


te alimentar, responda o que se pede.
a) Indique na estrutura química do ácido sórbico a
hibridização de cada átomo de carbono.
b) Na lista da Anvisa, a quantidade máxima de ácido
sórbico permitida como conservante em carne bovi-
na é de 0,02 g por 100 g de carne. Se uma análise,
em uma amostra de 100 g de carne, indicar a pre-
sença de 40% de ácido sórbico acima da quantidade
máxima permitida, qual é a quantidade de matéria,
em mol, de ácido sórbico presente nessa amostra?
Expresse o resultado sob notação científica.

368
QUÍMICA 3

369
GRANDEZAS QUÍMICAS

INTRODUÇÃO MASSA MOLECULAR (MM)


A medida de uma grandeza é feita por comparação com A massa de uma molécula é a soma das massas atômicas
uma grandeza padrão convenientemente escolhida. Desta dos átomos que constituem essa molécula.
forma, a medida da massa de um corpo é feita comparan-
do-a com a massa de um padrão adequadamente escolhido. Exemplo:
C6H12O6 (C = 12 u, H = 1 u, O = 16 u)
MASSA ATÔMICA (MA) Massa molecular do C6H12O6:
MM = (12 · 6) + (1 · 12) + (16 · 6) = 180 u
Unidade de massa atômica (u)
Átomos individuais são muito pequenos para serem vistos
e pesados. Porém, podemos determinar a massa de um CONSTANTE OU NÚMERO
DE AVOGADRO (NA)
átomo comparando-a com a massa de um átomo de outro
elemento, escolhido como padrão.
1 da
Uma unidade de massa atômica (1 u) corresponde a ___ Sejam as seguintes amostras: 12 g de carbono, 27 g de
12
massa de um átomo do isótopo 12 do elemento carbono. alumínio e 40 g de cálcio.
O valor de 1 u é 1,66 · 10–24 g, e corresponde aproximada- Experimentalmente, verifica-se que o número de átomos n,
mente à massa de um próton ou de um nêutron. existentes em cada uma das amostras, é o mesmo, embora
elas possuam massas diferentes. Porém, quantos átomos
existem em cada uma dessas amostras? Várias experiên-
Massa atômica é o número que indica quantas vezes cias foram realizadas para determinar esse número conhe-
a massa de um átomo de um determinado elemento é cido como número de Avogadro (NA) e o valor encontrado
1 da massa do átomo de 12C.
maior que 1 u, ou seja, ___
12 é 6,02 · 1023.
Assim, o número de Avogadro é o número de átomos em x
gramas de qualquer elemento, sendo x a massa atômica
Observação: não confunda massa atômica com número
do elemento. Portanto, existem:
de massa!
ƒ 6,02 · 1023 átomos de C em 12 g de C
ƒ Número de massa (A) é um número inteiro e positivo,
(MA(C) = 12u)
definido como a soma do número de prótons (Z = P)
com o número de nêutrons (N), ou seja, A = + N. ƒ 6,02 · 1023 átomos de Aℓ em 27 g de Aℓ
(MA(Aℓ) = 27u)
O aparelho utilizado na determinação da massa atômica
chama-se espectrômetro de massa. ƒ 6,02 · 1023 átomos de Ca em 40 g de Ca
(MA(Ca) = 40u)
Massa atômica de um elemento Podemos verificar que a massa de 6,02 · 1023 átomos de qual-
Um mesmo elemento é constituído, muitas vezes, por áto- quer elemento é numericamente igual a sua massa atômica.
mos de diferentes massas, denominados isótopos.
A massa atômica de um elemento é, então, determinada
pela média ponderada das massas dos isótopos naturais
CONCEITO DE MOL
Mol é a quantidade de matéria que contém tanto as en-
que compõem esse elemento:
tidades (átomos, moléculas, elétrons, partículas etc.) ele-
mentares quantos os átomos de carbono-12 contidos em
A1 · %A1 + A2 · %A2 + ... + An · %An 0,012 kg do carbono-12.
M = ___________________________
100% Portanto, é uma quantidade de 6,02 · 1023 partículas quaisquer.

370
Exemplos: Massa molar de uma substância (M)
ƒ 1 mol de átomos contém 6,02 · 10 átomos.
23

A massa molar de uma substância é a massa em


ƒ 1 mol de moléculas contém 6,02 · 1023 moléculas.
gramas de 1 mol de moléculas da referida substância.
ƒ 1 mol de íons contém 6,02 · 1023 íons. A massa molar de uma substância é numericamente
igual à sua massa molecular expressa em u.
ƒ 1 mol de elétrons contém 6,02 · 1023 elétrons etc.

MASSA MOLAR (M) Massa molar de um íon (M)


É a massa que contém 6,02 · 1023 unidades. Sua unidade
A massa molar de um íon é a massa em gramas de 1
é g/mol (grama/mol) ou g · mol–1.
mol de íons e é numericamente igual à massa do íon
expressa em u.
Massa molar de um elemento (M)

A massa molar de um elemento é a massa em


Número de mol (n)
gramas de 1 mol de átomos desse elemento, ou seja, massa em gramas
n = _____________________
6,02 · 1023 átomos. A massa molar de um elemento é massa molar em grama/mol
numericamente igual à sua massa atômica expressa m
em gramas. n = __
M

FÓRMULAS E LEIS PONDERAIS

INTRODUÇÃO FÓRMULA PERCENTUAL


Quando um químico se depara com um material desco-
nhecido, ele procura, através de diversas técnicas físicas e Indica a porcentagem, em massa, de cada elemento
químicas, encontrar a composição desse material. que constitui a substância.
A primeira providência é fazer a análise imediata do mate-
rial; a próxima providência é fazer uma análise elementar
de cada uma delas.
FÓRMULA MÍNIMA OU EMPÍRICA
Fórmula mínima: indica a menor proporção, em
números inteiros de mol, dos átomos dos elementos
que constituem uma substância.
1. Submetido à analise imediata.
2. Submetido à analise qualitativa.
3. Submetido à analise quantitativa. FÓRMULA MOLECULAR
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas em
uma reação química é chamado estequiometria, e para
Fórmula molecular: indica o número real de áto-
efetuarmos os cálculos estequiométricos, devemos conhe-
cer as proporções entre os elementos que formam as dife- mos de cada tipo na molécula.
rentes substâncias.

371
Observação: em alguns casos, a fórmula molecular é Tem-se, então:
igual à fórmula mínima; em outros, porém, é um múltiplo
inteiro da fórmula mínima. mA + mB = mC + mD

LEIS PONDERAIS Lei das proporções definidas


Relacionam as massas dos participantes de uma reação. – lei de Proust
Lei da conservação das
massas – lei de Lavoisier Toda substância apresenta uma proporção em mas-
sa constante na sua composição.
Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo
se transforma.
Lei volumétrica – lei de Gay-Lussac
Isso significa que, em reação química, a matéria não é cri-
ada nem destruída.
Nas mesmas condições de pressão e temperatura,
Em um sistema fechado, a massa total dos reagentes os volumes dos gases participantes de uma reação
é igual à massa total dos produtos. química têm entre si uma relação de números inteiros
e pequenos.

Para uma reação genérica:



A+B C+D
mA mB mC mD

massas dos reagentes produto

ESTEQUIOMETRIA

Estequiometria é o estudo das relações entre as quanti-


dades de reagentes e/ou produtos numa reação química.
Cálculos envolvendo volumes
Essas relações podem ser feitas em mol, massa, volume, de substâncias gasosas
número de moléculas etc. Não se aplica a razão entre volumes quando a substância
se encontra como líquido ou sólido. Ela é usada apenas
Roteiro para resolução de para gases e vapores. Em vários problemas envolvendo
problemas de estequiometria substâncias gasosas, fala-se de Condições Normais de
Temperatura e Pressão (CNTP) e também em Condições
ƒ Escrever a equação química da reação envolvida no problema.
Ambiente (CA). O volume molar é próximo de 25 L/mol nas
ƒ Acertar os coeficientes estequiométricos da equação. condições ambientes e 22,4 L/mol nas CNTP.
ƒ Estabelecer uma regra de três entre as grandezas. Se
necessário, fazer a transformação do número de mol
para outra grandeza. CASOS PARTICULARES
Observação: além da lei de Lavoisier, merece atenção es- DE ESTEQUIOMETRIA
pecial a lei de Proust. As duas leis respondem basicamente
por todo o cálculo estequiométrico. Excesso de reagente
A lei de Proust afirma que “as substâncias reagem em pro- As reações químicas ocorrem sempre em uma proporção
porções fixas e definidas”. constante. Se uma das substâncias que participa da reação

372
estiver em quantidade maior que a proporção correta, ela ƒ Podem ocorrer perdas de produto durante a reação,
não será consumida totalmente. Essa quantidade de subs- como ao serem usadas aparelhagens de má qualidade.
tância que não reage é chamada excesso.
Logo, as substâncias não reagem na proporção em Rendimento (R) é o quociente entre a quantidade de
que nós as misturamos, mas sim na proporção em produto realmente obtida em uma reação e a quanti-
que a equação – ou seja, a lei de Proust – determi- dade que teoricamente seria obtida, de acordo com a
na, e devemos sempre nos lembrar de que é o reagente equação química correspondente.
em falta ou reagente limitante (fator limitante) que
“comanda” toda a reação, pois, no instante em que ele
acaba, a reação será interrompida. Quantidade real
Rendimento: _______________
Quantidade teórica
Pureza
Geralmente, os reagentes utilizados nas indústrias não são
totalmente puros. %R = R ∙ 100

Portanto, ao realizar os cálculos estequiométricos da quan-


tidade de produto que será formada ou da quantidade de Volume de ar nas reações químicas
reagente que teremos que usar, temos que levar em con- O ar participa de muitas reações, principalmente nas re-
sideração o seu grau de pureza. ações de oxidação, como as combustões. Na realidade,
O grau de pureza (p) é dado pela razão entre a massa de porém, o único componente do ar que reage é o oxigênio,
substância pura e a massa total da amostra. sendo que o nitrogênio é considerado inerte.
Dessa forma, quando uma reação se processa com a par-
mpura ticipação do ar, pode ser necessário encontrarmos fatores
p = ________
mtotal (impura) como: qual a massa de oxigênio que reagiu, qual o volume
do ar utilizado, qual o volume dos gases finais da reação,
quanto de nitrogênio estava presente no ar e nos gases
%p = p ∙ 100 finais e assim por diante.

Assim, quando for preciso calcular a massa de produto ob- Misturas de reagentes
tido a partir de um reagente impuro, temos que, primeiro, Somente as substâncias puras têm fórmulas químicas e
calcular qual é a parte pura da amostra e, depois, efetuar somente com elas podemos escrever equações químicas.
os cálculos com o valor obtido.
Às vezes, é preciso saber quanto de cada componente deve
ser misturado para formar outra mistura de composição
Reações consecutivas previamente fixada.
Nesse tipo de problema, é indispensável que: Nesses problemas, a dificuldade fundamental é: as misturas
não são obrigadas a obedecer a uma proporção constante.
ƒ Todas as equações estejam balanceadas individualmente.
ƒ As substâncias “intermediárias” sejam canceladas. 1° caso: quando a composição
ƒ Daí para diante, recaímos num cálculo estequiométrico da mistura reagente é dada
comum. O ideal é resolver as equações químicas separadas, efetu-
ando o cálculo estequiométrico também separadamente.
Rendimento
Quando o rendimento da reação não é total, a quantida- 2° caso: quando a composição
de de produto obtido é menor que a quantidade esperada da mistura reagente não é
teoricamente.
conhecida, pelo contrário, constitui
Isso pode acontecer devido a diversos fatores:
a pergunta do problema
ƒ Podem ocorrer reações paralelas à que desejamos.
Neste caso, não podemos somar as equações porque
ƒ A reação pode ficar incompleta por ser reversível. não conhecemos a proporção. Assim sendo, o caminho

373
é trabalhar com cada equação química separadamente,
como foi feito no 1° caso. Inicialmente, vamos adotar o Volumes iguais de gases quaisquer, à mesma pressão e
seguinte raciocínio: temperatura, contêm o mesmo número de moléculas.

LEIS FÍSICAS DOS GASES

VOLUME MOLAR P ·V = n · R ·T
O volume ocupado por um mol de qualquer substância é
chamado volume molar. Da qual:
Um conjunto de valores de pressão e temperatura padroni- ƒ P é a pressão exercida pelo gás e é expressa em milíme-
zados no estudo dos gases é: 1 atm e 0 ºC. Essas condições tros de mercúrio (mm de Hg) ou em atmosfera (atm).
experimentais são chamadas condições normais de tempe-
ratura e pressão (CNTP ou TPN). ƒ V é o volume ocupado pelo gás.

Experimentalmente, verifica-se que o volume molar de litros (L).


qualquer gás ou vapor, se medido nas condições normais ƒ T é a temperatura absoluta do gás.
de temperatura e pressão, corresponde a 22,4 litros.
Kelvin (K)

Vmolar (CNTP) = 22,4 L/mol ou 22,4 L · mol–1 ƒ n é o número de mol.


m (mol).
n = __
M
ƒ R é a constante universal dos gases.
Equação de estado de um gás
(atm L ∙ mol-1 ∙ K-1).
A partir de estudos experimentais dos gases, o francês Clap-
eyron estabeleceu uma relação matemática entre as variáveis
de estado de um gás. Essa relação é chamada equação de
estado de um gás ideal ou equação de Clapeyron:

TRANSFORMAÇÕES GASOSAS

Em estado gasoso, as substâncias: 2. A velocidade das partículas de um gás é maior quanto


1. não apresentam forma definida; maior for a temperatura.
2. não apresentam volume próprio; 3. A força de atração entre as partículas gasosas é prati-
camente nula.
3. sofrem grandes variações de volume, se as condições de
pressão e temperatura a que estão submetidas forem alteradas; 4. Submetidas à mesma temperatura, moléculas de gases
apresentam a mesma energia cinética média.
4. apresentam baixa densidade;
5. As partículas de um gás movem-se em linha reta.
5. exercem pressão: quanto maior a quantidade de gás em
6. A distância entre as partículas gasosas é muito maior do
um recipiente, maior a pressão por ele exercida.
que o tamanho das partículas.
7. Um gás tanto ocupa todo o volume do recipiente quanto
TEORIA CINÉTICA DOS GASES pode escapar dele.
1. As partículas de um gás estão em movimento constante 8. Os gases são altamente compressíveis. No entanto, sob
e desordenado. qualquer aumento de pressão, as partículas se aproximam,

374
reduzindo o volume ocupado. Gráfico pressão-volume
9. A pressão exercida pelos gases é determinada pelo
número de colisões por unidade de tempo, entre as
partículas e as paredes do recipiente, portanto, quanto
maior a quantidade de gás maior é o número de partículas,
o número de colisões e a pressão. A pressão exercida por
um gás confinado num recipiente aumenta com o aumen-
to da temperatura.
Sob o ponto de vista microscópico, o estado de um gás
é caracterizado por três variáveis: volume, temperatura e
pressão, denominadas variáveis de estado.
ƒ Volume – espaço ocupado por uma substância. No
caso dos gases, o volume de uma dada amostra é igual P1 · V1 = P2 · V2
ao volume do recipiente que a contém.
ƒ Temperatura – é a medida do grau de agitação das
partículas.
Lei de Charles/Gay-Lussac
“À pressão constante, o volume ocupado por uma mas-
ƒ Pressão – definida como força por unidade de área.
sa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura

LEIS FÍSICAS DOS GASES


absoluta”.
Essa transformação gasosa é chamada de isobárica.
Uma dada massa de gás sofre uma transformação se ocor-
rerem variações nas suas variáveis de estado.

Lei de Boyle-Mariotte
“À temperatura constante, uma determinada massa de gás
ocupa um volume inversamente proporcional à pressão
exercida sobre ele”.
Essa transformação gasosa é chamada de isotérmica.

Experiência de Boyle-Mariotte

Graficamente:

375
Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética Graficamente:
das moléculas. Portanto, para manter a pressão constante,
ocorre um aumento do volume.

Conclusão:

V1 __
__ V
= 2
T1 T2

Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética


Lei de Gay-Lussac das moléculas. Com isso, aumenta também o número de
colisões, bem como (e consequentemente) a força aplicada
“A um volume constante, a pressão exercida por uma de-
em uma determinada área, ou seja, a pressão.
terminada massa fixa de gás é diretamente proporcional à
temperatura absoluta”. Conclusão:
Essa transformação gasosa é denominada isocórica, iso- P1 __
__ P
= 2
métrica ou isovolumétrica. T1 T2

Gás ideal × gás real


Um gás ideal é aquele cujo comportamento experimental
obedece às equações matemáticas até aqui vistas.

Equação geral dos gases


Permite conhecer o volume de um gás em determinadas
condições de temperatura e pressão e determinar seu novo
volume em outras condições de temperatura e pressão.

P · V = cte ä (para determinada massa fixa de gás).


____
T
ou

P1V1 ____
____ PV
= 2 2
T1 T2

MISTURAS GASOSAS

EQUAÇÃO GERAL DOS ƒ Para uma mistura qualquer, contendo dois ou


mais gases, a equação fica assim representada:
GASES NUMA MISTURA P1 · V1 _____
_____ +
P2 · V2 P ·V
+ ... = ____
T1 T2 T
A mistura entre dois ou mais gases sempre constitui um

PRESSÃO PARCIAL
sistema homogêneo.
ƒ Para uma mistura gasosa qualquer, a quantidade
em mol resulta: Corresponde à pressão que este gás exerceria, caso estivesse
sozinho ocupando o mesmo volume e à mesma temperatura
Sn = n1 + n2 + ... da mistura.

376
Para o gás A: PA · V = nA · R · T
A pressão total do sistema corresponde à soma das Para a mistura: PTOTAL ∙ V = nTOTAL R ∙ T
pressões parciais exercidas pelos gases que compõem
PA ____
____ n nA
a mistura. =n A = PA = = ____
n . Ptotal
PTOTAL TOTAL TOTAL
A conclusão acima é chamada de lei de Dalton.
Fazendo relação idêntica com o volume parcial, temos:
Mostrando matematicamente, temos que:
Para o gás A: P · VA = nA · R · T
PTOTAL = P1 + P2 + P3 + ... + Pn ou PTOTAL = Sp Para a mistura: P ∙ VTOTAL = nTOTAL R ∙ T

VA ____
____ n nA
A pressão exercida pela mistura gasosa está dire- = n A = VA = =____
n . Vtotal
VTOTAL TOTAL TOTAL
tamente relacionada à quantidade de partículas de
cada gás. Logo, quanto mais partículas de gases houver, nA
ƒ A razão n____ é chamada de fração molar (X), que cor-
maior será a pressão parcial de cada gás e, consequente- TOTAL

mente, maior será a pressão total. responde a um quociente entre uma quantidade
de mol e a quantidade total de mol da mistura.

VOLUME PARCIAL ƒ A fração molar é adimensional e é sempre um número


menor que 1.
Corresponde ao volume que este gás ocuparia, caso esti-
ƒ A soma das frações molares de cada gás numa mistura
vesse sozinho submetido à pressão P da mistura, na tem-
é sempre igual a 1.
peratura T da mistura.
VA
ƒ A razão ____ é chamada de fração volumétrica,
VTOTAL
O volume que um gás ocupa em uma mistura gaso-
que corresponde a um quociente entre um vo-
sa é exatamente igual à soma dos volumes parciais
de todos os gases que compõem a mistura. lume do gás e o volume total da mistura.

A conclusão acima é chamada de lei de ƒ Essa razão é adimensional.


Amagat. Mostrando matematicamente, temos que: ƒ A soma das frações volumétricas é igual a 1.

VTOTAL = V1 + V2 + V3 + ... + Vn ou VTOTAL = Sv


nA ____ P VA ____
XA = n____ = A = ____ = % em volume= 1
TOTAL PTOTAL VTOTAL 100%

FRAÇÃO MOLAR
Relacionando a pressão parcial de um gás A com a pres-
são total da mistura e tirando a razão entre eles, temos:

DENSIDADE DOS GASES, EFUSÃO E DIFUSÃO GASOSA


m com a equação de Clapey-
DENSIDADE DOS GASES Relacionada a expressão d = __
ron, obtém-se a equação:
V

A densidade é uma grandeza que relaciona a massa e o


volume ocupado por certa amostra de matéria. P·M
d = ____
R·T
m
d = __
V
A densidade de um gás pode ser calculada mediante essa ex-
pressão, mas, em razão de o volume de um gás ser facilmente DIFUSÃO E EFUSÃO
afetado pelas condições de pressão e temperatura, o cálculo A difusão gasosa é o processo espontâneo de transporte
de sua densidade deve considerar os valores dessas grandezas. de massas gasosas num sistema. As moléculas movem-se

377
espontaneamente de modo que o gás sempre ocupe o condições de temperatura e pressão. Logo, a velocidade de
maior volume possível. escoamento de um gás é inversamente proporcional à raiz
quadrada de sua densidade. Essa lei é válida tanto para
A efusão é o escoamento espontâneo das moléculas gas-
difusão quanto para efusão.
osas através de orifícios, como um gás que atravessa pare-
des porosas ou tubos capilares na separação de misturas ___ ___
gasosas. VA
___ MB
dB ___
__
Um gás com maior densidade tem velocidade menor
que a de outro gás com menor densidade, nas mesmas √ √
VB = dA = MA

378
U.T.I. - SALA 4. (UFG) Uma lata de refrigerante tem o volume total
de 350 mL. Essa lata está aberta e contém somente
o ar atmosférico, e é colocada dentro de um forno
1. (Unicamp) O processo de condenação por falsifica- a 100 °C. Após a lata atingir essa temperatura, ela
ção ou adulteração de produtos envolve a identificação é fechada. A seguir, tem sua temperatura reduzida a
do produto apreendido. Essa identificação consiste em 25 °C. Com o decréscimo da temperatura, ocorre
descobrir se o produto é aquele informado e se os com- uma redução da pressão interna da lata que levará
ponentes ali contidos estão na quantidade e na concen- a uma implosão. Ante o exposto, calcule a pressão
tração indicadas na embalagem. no interior da lata no momento imediatamente an-
Dados: citrato de sildenafila (C22H30N6O4S · C6H6O7;666,7 g/mol) terior à implosão e o volume final após a implosão.
e tadalafila (C22H19N3O4;389,4 g/mol).

U.T.I. - E.O.
a) Considere que uma análise da Anvisa tenha desco-
berto que o comprimido de um produto apresentava
5,2 . 10–5 mol do princípio ativo citrato de sildenafi-
la. Esse produto estaria ou não fora da especificação, 1. Uma vez que as massas atômicas do oxigênio
dado que a sua embalagem indicava haver 50 mg e do sódio são, respectivamente, 16 e 23, então a
dessa substância em cada comprimido? Justifique sua massa de 23 átomos de oxigênio é a mesma que
resposta. a de 16 átomos de sódio. Essa afirmativa é verda-
b) Duas substâncias com efeitos terapêuticos seme- deira ou falsa? Justifique.
lhantes estariam sendo adicionadas individualmen-
te em pequenas quantidades em energéticos. Essas 2. Considere uma xícara que contém 180 mL de água.
substâncias são o citrato de sildenafila e a tadalafila. Determine, respectivamente, o número de mol de mo-
Se uma amostra da substância adicionada ao ener- léculas de água, o número de moléculas de água e o
gético fosse encontrada, seria possível diferenciar entre número total de átomos (massas atômicas = H = 1,0; O
o citrato de sildenafila e a tadalafila, a partir do teor = 16; Número de Avogadro = 6,0 · 1023; densidade da
de nitrogênio (N = 14 g/mol) presente na amostra? água = 1,0 g/mL).
Justifique sua resposta.
3. O limite de O3 na troposfera, permitido por lei, é
2.(UFPR) O carbonato de sódio é um composto largamente de 160 microgramas por m3 de ar. No dia 30/07/95,
usado para corrigir o pH em diversos sistemas, por exem- na cidade do Rio de Janeiro, foi registrado um índi-
plo, água de piscina. Na forma comercial, ele é hidratado, ce de 760 microgramas de O3 por m3 de ar. Quantos
o que significa que uma quantidade de água está incluída mol de O3 por m3 de ar foram encontrados acima do
na estrutura do sólido. Sua fórmula mínima é escrita como limite permitido por lei, no dia considerado?
Na2CO3 · xH2O, em que x indica a razão de mols de água (Dado: 1 micrograma = 10–6 g)
por mol de Na2CO3. O valor de x pode ser determina-
do através de uma análise gravimétrica. Uma amostra 4. Estudos apontam que a amônia (NH3), adicionada
de 2,574 kg do sal hidratado foi aquecida a 125 °C, de ao tabaco, aumenta os níveis de absorção de nicotina
modo a remover toda a água de hidratação. Ao término, pelo organismo. Nos cigarros brasileiros, nos quais
a massa residual de sólido seco foi de 0,954 kg. os níveis médios de amônia são de 14 mg/cigarro,
Dados: M(g/mol): Na2CO3 = 106; H2O = 18. encontram-se, aproximadamente, quantas moléculas
de amônia por cigarro?
a) Calcule a quantidade de matéria presente no sal
seco. Mostre claramente seus cálculos. 5. Em uma prova de atletismo, um atleta gasta cer-
b) Calcule a quantidade de matéria de água que foi remo- ca de 720 kcal, o que equivale a 180 g do carboi-
vida pelo aquecimento. Mostre claramente seus cálculos. drato C3H6O3. A partir dessas informações, é cor-
c) Calcule a razão entre os resultados dos itens b) e a). reto afirmar que essa quantidade de carboidrato
d) Forneça a fórmula mínima do sal hidratado incluin- corresponde a quantos mol de carboidrato?
do o valor de x.
6. O hidrogênio, por ser mais leve que o ar, foi muito
3. (Udesc) Os compostos reduzidos de enxofre, prin- usado no passado para encher balões dirigíveis. Con-
cipalmente o sulfeto de hidrogênio (H2S), um gás de tudo, existe um grande risco de explosão. Sabe-se que
cheiro desagradável, são formados por atividade bac- a produção de hidrogênio pode ser realizada a partir
teriana anaeróbica em “lixões”. Ele pode ser removi- do metano com vapor de água, segundo a seguinte
do do ar por uma variedade de processos, entre eles, reação não balanceada CH4(g) + H2O(g) o CO2(g) + H2(g).
o bombeamento através de um recipiente com óxido
Qual a massa de CH4, em kg, consumida nesse processo
de ferro (III) hidratado, o qual se combina com sulfeto
para produzir um volume de gás hidrogênio nas CNTP
de hidrogênio:
capaz de encher um balão dirigível de 560 m3?
Fe2O3 · H2O(s) + 3H2S(g) o Fe2S3(s) + 4H2O(ℓ)
Se 208 g de Fe2S3 são obtidos pela reação, qual a quan- 7. Um balão de volume constante de 273 L é cheio com
tidade de H2S removida? Considere que Fe2S3 · H2O está oxigênio gasoso até alcançar a pressão interna de 4,1 atm
em excesso e que o rendimento da reação é de 100%. a 0 ºC. De acordo com estas informações, determine:

379
Dados: massa molar do O2 = 32 g · mol–1 tanque de 82 L, à temperatura de 300 K e pressão de
R = 0,082 atm · L · mol–1 · K–1 150 atm, sofre combustão. Admita que o metano ar-
mazenado no tanque se comporte como um gás ideal.
a) o número de mol do gás, no balão;
Dados: R = 0,082 atm · L · mol–1 · K–1; H = 1; C = 12; O = 16.
b) a massa do gás, no balão.
Reação: CH4 + O2 o CH2O + H2O
8. O air bag é uma bolsa de náilon fino, com volume de
cerca de 80 litros e que, em caso de colisão, é preenchi- 12. (UEPG) Foram misturados 5,0 g de cloreto de sódio e
da rapidamente (# 40 ms) com N2 gasoso. O N2 gasoso é 18,0 g de nitrato de prata ambos em solução aquosa, o
proveniente da seguinte sequência de reações: que levou à formação de um precipitado branco de clo-
2NaN3(s) o 2Na(s) + 3N2(g) reto de prata. Com relação à reação ocorrida, assinale
o que for correto.
10Na(s) + 2KNO3(s) o K2O + 5Na2O(s) + N2(g)
Dados: Na = 23; O = 16; Ag = 108; N = 14.
Sabendo-se que a massa molar do NaN3 é igual a 65 g/mol 01) A equação balanceada para essa reação é a se-
e considerando-se que, nas condições de reação, (I) 1 mol guinte: NaCℓ(aq) + AgNO3(aq) o NaNO3(aq) + AgCℓ(s).
de NaN3 produz, ao final do processo, 1,6 mol de N2 com 02) O reagente em excesso na reação é o NaCℓ.
100% de rendimento e (II) 1 mol de N2 gasoso ocupa um 04) A massa que sobra do reagente em excesso após
volume de, aproximadamente, 25 litros, calcule a massa a ocorrência da reação é de 3,5 g.
de NaN3 necessária para produzir 4 (quatro) litros de N2
08) A massa do precipitado de AgCℓ formado é de
nessas condições. Apresente seus cálculos.
44,1 g.
9. Nos frascos de desodorante spray, usavam-se como 16) O reagente limitante da reação é o AgNO3.
propelentes compostos orgânicos conhecidos como 13. (UFTM) O cloreto de cálcio, por ser um sal higroscópi-
clorofluorocarbonos. As substâncias mais emprega- co, absorve umidade com facilidade. Devido a essa pro-
das eram CCøF3 (Freon 12) e C2Cø3F3 (Freon 113). Num priedade, é utilizado como agente secante nos laborató-
galpão abandonado, foi encontrado um cilindro supos- rios de química e pode ser preparado a partir da reação
tamente contendo um destes gases. Identifique qual é de calcário com ácido clorídrico.
o gás, sabendo-se que o cilindro tinha um volume de
10,0 L, a massa do gás era de 85 g e a pressão era de CaCO3(s) + 2HCℓ(aq) o CaCℓ2(aq) + H2O(ℓ) + CO2(g)
2,00 atm a 27 °C. A partir do resfriamento da solução aquosa de cloreto
Dados: massas molares em (g · mol–1): H = 1, C = 12, de cálcio, resultante da reação apresentada, forma-se
F = 19, Cℓ = 35,5. o CaCℓ2(s).
a) Descreva os processos de separação envolvidos na
10. (UFG) Um cilindro contendo 64 g de O2 e 84 g de obtenção do sólido CaCℓ2.
N2 encontra-se em um ambiente refrigerado a –23 °C. b) Calcule a massa de cloreto de cálcio que pode ser
O manômetro conectado a esse cilindro indica uma obtida a partir da reação de 625 g de calcário conten-
pressão interna de 4 atm. Além disso, o manômetro do 80% de CaCO3 com excesso de solução de HCℓ.
também indica um alerta de que as paredes do cilin-
dro suportam, no máximo, 4,5 atm de pressão. Devi- 14. (Unesp) O cloreto de cobalto(II) anidro, CoCℓ2 é um
do a uma falha elétrica, a refrigeração é desligada sal de cor azul, que pode ser utilizado como indicador
e a temperatura do ambiente, em que o cilindro se de umidade, pois torna-se rosa em presença de água.
encontra, se eleva a 25 °C. Obtém-se esse sal pelo aquecimento do cloreto de co-
Dado: R = 0,082 atm · L · mol–1 · K–1 balto(II) hexa-hidratado, CoCℓ2 · 6H2O de cor rosa, com
liberação de vapor de água.
a) Calcule o volume do cilindro e a pressão parcial de
cada gás nas condições iniciais em que o cilindro se sal anidro (azul) +
sal hexa-hidratado (rosa) aquecimento
encontrava. + vapor de água
b) Demonstre, por meio de cálculos, se as paredes do Determine aproximadamente a massa de sal anidro
cilindro vão resistir à nova pressão interna, a 25 °C, obtida pela desidratação completa de 0,1 mol de
após a falha elétrica. sal hidratado.
11. Recentemente, identificou-se um aumento da con- Dados: Co = 58,9; Cℓ = 35,5.
centração de metanal (CH2O) (formaldeído) no ar da
cidade de São Paulo, possivelmente ocasionado por
combustão incompleta em motores de automóveis
adaptados para uso de gás natural. Admita que o gás
natural seja constituído exclusivamente por metano e
que, durante o processo de combustão, 1% dessa subs-
tância se converte apenas em formaldeído e água.
Determine a massa, em gramas, de metanal formado
quando todo o metano, originalmente contido em um

380
Caro aluno

Você está recebendo o primeiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares.
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 1 e 2, oferecendo um
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões dissertativas que preparam o candidato
para as provas de segunda fase dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas per-
mitem avaliar a capacidade de análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido.
É também uma oportunidade de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de
maneira sistematizada e com linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!

Herlan Felini

SUMÁRIO
MATEMÁTICA
MATEMÁTICA 1 383
MATEMÁTICA 2 397
MATEMÁTICA 3 407
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Autores
Herlan Fellini
Pedro Tadeu Vader Batista
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Diretor-geral
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Coordenador-geral
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Projeto gráfico e capa


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Imagens
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382
MATEMÁTICA 1

383
POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO

RESUMO DAS PROPRIEDADES POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO


DE POTÊNCIAS COM RADICAIS
__ __
Sendo a e b números reais e m e n números inteiros, temos: ( m√ a )n = m√an , em que a ≥ 0, m é um número natural maior
ƒ P1: am ∙ an = am + n que 1 e n é um número inteiro.
___
__ __
am = am – n, se a ≠ 0
ƒ P2: __ √√ a = m · √n a , em que a ≥ 0 e m e n são números naturais
m n
an
ƒ P3: (a ∙ b)m = am ∙ bm maiores que 1.

ƒ P4: __a = __am, se b ≠ 0


() RACIONALIZAÇÃO DE
m

b bm
ƒ P5: (am)n = am ∙ n
DENOMINADORES
PROPRIEDADES DA RADICIAÇÃO
Situação 1
1ª propriedade 2__ .
ƒ Vamos racionalizar o denominador de ____
ƒ Se o índice for ímpar (n é ímpar), o radicando poderá 3√8
__ __ __
ser qualquer número real: √xn = x, x  R.
n
2 = ____
____ dXX
2 · ___ 2√ 8 = ___
8 = ____ √8
3dXX
8 3dXX 8 dXX 8 3 ∙ 8 12
ƒ Se o índice for par (n é par), o __
radicando deverá ser
um número real não negativo: √xn = x, x t 0 (condição
n

de existência).
Situação 2
ƒ Vamos racionalizar o denominador de _______2 .
Observe que, dessa definição, segue que 24 : 2 = 23, e não 22. dXX
2 + dXX
5
Nesse denominador, há uma adição de dois números ir-
2ª propriedade racionais. Para racionalizá-lo, vamos multiplicar a fração
___ ___ dXX
2 – dXX
5.
por:_______
n:p
Dm = √Dm:p , para todo D [ R+ e n, m e p [ N,
n

dXX d
2 – XX5
com n ≥ 2, sendo p um número diferente de zero e divisor
dXX
2 – dXX 2 · ( dXX
5 = __________ 5 ) _________
2 – dXX dXX dXX
comum de m e n. 2
_______ · _______ =2 2–2 5 =
dXX 5 dXX
2 + dXX 5 ( dXX
2 – dXX 2 ) – ( dXX
2
5) 2 2–5
3ª____propriedade __ __
√ 5 – 2√ 2
__ __ = 2________
√n a ∙ b =√n a · √n b , para todo a [ R+, b [ R+ e n [ N, 3
com n ≥ 2.
POTÊNCIA COM EXPOENTE
4ª__ propriedade
__ FRACIONÁRIO
n
__a = ___
√ a, para todo a [ R , b [ R * e n  N, com n ≥ 2. __

n
b √b n
__
+ + am/n = √am para todo a [ R+, m [ Z e n [ N, com n t 2.
n

EQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU


E PROBLEMAS CLÁSSICOS

EQUAÇÕES
É expressa na forma ax + b = 0, com a i 0.
Toda equação possui um conjunto solução. Conjunto solução é o nome que se dá ao conjunto dos valores que tornam
uma equação verdadeira.

384
PROBLEMAS CLÁSSICOS Então, após pagar R$ 3,00 de estacionamento, temos que:

x – 30 – 1 – 3 = 2 Ÿ _____
_____ x – 30 = 6
O problema das torneiras 32 32
x = R$ 222,00
Uma torneira enche um tanque em 16 horas e outra, em 12
horas. Estando o tanque vazio e abrindo simultaneamente
as duas torneiras, em quanto tempo encherão o tanque? Solução aritmética
Vendo a situação-problema do fim ao começo, tem-se:
Comentários
Nessa situação-problema, não devemos aplicar a regra de
três, uma vez que as capacidades de trabalho das tornei-
ras são diferentes. A saída, aqui, é identificar as frações do
trabalho que as respectivas torneiras realizam em uma uni-
dade de tempo. No caso, ver a parte do tanque que cada 54
torneira enche em 1 hora. Veja:
ƒ Se a primeira torneira enche o tanque todo em 16 ho-
1 do tanque.
ras, então em 1 hora ela encherá ___ Resposta: Deborah tinha, inicialmente, R$ 222,00.
16
ƒ Se a segunda torneira enche o tanque todo em 12 ho-
1 do tanque.
O problema das idades
ras, então em 1 hora ela encherá ___
12 Matheus diz a Gabriel: “Hoje eu tenho o dobro da idade
Solução que tu tinhas quando eu tinha a idade que tu tens. Quando
tu tiveres a idade que eu tenho, a soma das nossas idades
Sendo x horas o tempo que as duas torneira gastarão, será 90 anos”. Determine a idade atual de cada um.
juntas, para encher o tanque, em uma hora elas enche-
1 + ___
rão __1x = ___ 1 do tanque.
Comentários
16 12
Daí, ___ 3x + 4x Ÿ x = ___
48 = ______ 48 = 6 __6 . Uma boa saída para os problemas de idade é a construção
48x 48x 7 7
de uma tabela contendo as idades dos personagens envol-
Note: __6 h = __6 · 60 min = ___
360 min = 51 __3 min
vidos, no presente e/ou no passado e/ou no futuro e, de-
7 7 7 7
pois, montar equações tendo em vista que a diferença das
Resposta: 6 __6 horas ou 6 horas e 51 __3 minutos idades não muda: “se quando Gabriel nasceu, Matheus
7 7
tinha x anos, Matheus sempre será x anos mais velho que
O problema das lojas Gabriel, no presente, no passado ou no futuro, não importa
Deborah foi ao shopping-center e entrou em cinco lojas. o tempo”.
Em cada uma gastou R$ 1,00 a mais do que a metade do
que tinha ao entrar. Ao sair do shopping-center, pagou R$ Solução
3,00 de estacionamento e ficou com R$ 2,00. Quanto De-
borah tinha, inicialmente, antes de entrar na primeira loja? Considerando os dados do problema, temos a seguinte tabela:

Passado Presente Futuro


Solução algébrica
Matheus y 2x 90 – 2x
Sendo x reais a quantia inicial de Deborah, têm-se:
Gabriel x y 2x
Loja Entrou com... Gastou... Saiu com...

1 x __x + 1 __x – 1 Se você não entendeu a construção da tabela anterior, veja


2 2
a sua construção passo a passo:
x–2
____ x – 2+ 1
____ x – 2– 1
____
2
2 4 4 1. Matheus disse: ”Hoje eu tenho o dobro da idade que tu
3 x–6
____ x – 6+ 1
____ x – 6– 1
____ tinhas”. Daí, Matheus, no presente, tem 2x anos e Gabriel,
4 8 8
x anos, no passado.
x – 14
_____ x – 14 + 1
_____ x – 14 – 1
_____
4
8 16 16 2. Matheus disse: ”(...) quando eu tinha a idade que tu
x – 30
_____ x – 30 + 1
_____ x – 30 – 1
_____ tens”. Daí, Matheus tinha y anos no passado (quando o
5
16 32 32

385
Gabriel tinha x anos), sendo y anos também a idade de 4. Em uma hora de trabalho, o primeiro trator faz ____ 1 do
x–2
Gabriel hoje, no presente. 1 = __5.
1 e os dois, juntos, fazem __
serviço, o segundo faz ____
3. Matheus disse: ”(...) quanto tu tiveres a idade que eu te- x–3 __6 6
Daí: 5
nho”. Daí, no futuro, a idade de Gabriel será 2x (a mesma
de Matheus hoje, no presente). 1 + ____
____ 5Ÿ
1 = __
x–2 x–3 6
4. Matheus disse: “(...) a soma das nossas idades será 90
6(x – 3) + 6(x – 2) 5(x – 2)(x – 3)
anos“. Daí, como no futuro a idade de Gabriel será 2x, a Ÿ______________ = ___________ Ÿ
6(x – 2)(x – 3) 6(x – 2)(x – 3)
de Matheus será o que está faltando para completar os
90 anos, ou seja, a idade de Matheus será (90 – 2x) anos. Ÿ 5x2 – 37x + 60 = 0 Ÿ

Observando que, em qualquer tempo, a diferença das res- Ÿx = 5 ou x = 2,4 (não convém)
pectivas idades será sempre a mesma, da tabela tem-se:
Assim, o primeiro, o segundo e o terceiro tratores gastam,
I. y – x = 2x – y Ÿ 2y = 3x respectivamente, x – 2 = 3 h, x – 3 = 2 h e x = 5 h. Então,
Lembra do artifício do problema da perseguição para evitar se os três, juntos, gastarem y horas para fazer o serviço, em
as frações? uma hora eles farão:
x = 2k 1 __
1 = __
__ 1 __ 31
1 ___
2y = 3x = 6k œ y 2 + 3 + 5 = 30 .
y = 3k
II. y – x = (90 – 2x) – 2x Ÿ y + 3x = 90 Ÿ 30 horas.
Resposta: ___
31
Ÿ3k + 6k = 90 Ÿ k = 10
x = 20 e y = 30 O problema da água e do vinho
Logo, hoje Matheus tem 2x = 40 anos e Gabriel, y = 30 anos. Um barril contém 30 litros de água e outro, 20 litros de
vinho. Tomam-se, simultaneamente, x litros de cada barril
e permutam-se. Repetindo a operação várias vezes pode-
O problema dos tratores -se comprovar que a quantidade de vinho em cada barril
Para arar certo campo, um primeiro trator gasta 2 horas a se manteve constante, após a primeira troca. Determinar
menos que o terceiro e uma hora a mais que o segundo. quantos litros (x) são trocados em cada operação.
Se o primeiro e o segundo tratores trabalharem juntos, a
operação pode ser feita em 1 hora e 12 minutos. Quanto Solução
tempo gastam os 3 tratores, juntos, para arar um outro
campo idêntico, nas mesmas condições? 1. De início, temos:
água = 30 L
Comentários No 1º barril:
vinho = 0
Se, para efetuar um trabalho, gastam-se 3 horas, em uma água = 0
hora faz-se __1 desse trabalho. Em geral, para efetuar um tra- No 2º barril:
3 vinho = 20 L
balho, gastam-se x horas, em uma hora, portanto, faz-se __1x
desse trabalho.
2. Após a primeira troca, ficamos com:
Solução água = (30 – x) L
No 1º barril: vinho = x L
Sendo x horas o tempo que o terceiro trator gasta sozi-
nho, temos: x
fração de vinho = ___
30
1. Tempo gasto pelo primeiro trator = (x – 2) horas. água = x L
2. Tempo gasto pelo segundo trator = tempo gasto pelo No 2º barril: vinho = (20 – x) L
primeiro trator, menos 1 hora = (x – 3) horas. 20 – x
fração de vinho = _____
20
Note: se o primeiro trator gasta uma hora a mais que o parte
segundo, então o segundo gasta uma hora a menos que (
Lembre-se: fração = ____
todo )
o primeiro.
A partir da primeira troca, as quantidades de vinho, em cada
(
3. 1 h e 20 minutos = 1 + ___
60 )
12 h = __6 h.
5 barril, permanecem inalteradas. Então, as quantidades

386
de vinho trocadas são iguais: Uma vez que x é diferente de zero, ficamos com:
Vinho que sai do 1º barril = vinho que sai do 2º barril. 20 – x Ÿ x = 12
__x = _____
Daí, obtemos: 3 2

Resposta: 12 litros
(
20 – x · x
x · x = _____
___
30 20 )

EQUAÇÕES DO SEGUNDO GRAU

É escrita na forma ax² + bx + c = 0, sendo a i 0. As so-


luções podem ser encontradas pela fórmula de Bhaskara: SOMA E PRODUTO DAS RAÍZES DE
–b ± dXXXXXXX
x = __________
b2 – 4ac_
UMA EQUAÇÃO DO SEGUNDO GRAU
2a
x² – Sx + P = 0, sendo que S = – __ab e P = __ac.

O termo b 2 – 4ac, denominado discriminante, é re-


presentado pela letra grega delta maiúscula (D). O valor EQUAÇÕES BIQUADRADAS
numérico do discriminante indica a quantidade de raízes É expressa na forma ax4 + bx² + c = 0, sendo a i 0.
reais distintas da equação: Substituindo x² por y, temos x4 = (x²)² = (y)² = y².
ƒ Se D > 0 (discriminante positivo), a equação possui Logo, a equação na variável y é ay² + by + c = 0,
duas raízes reais distintas. com raízes y1 e y2.
_
ƒ Se D = 0 (discriminante nulo), a equação possui ape- Porém, como x² = y, temos que x = ± √y , logo:
__
nas uma raiz real. ƒ x1 = √y1
__
ƒ Se D < 0 (discriminante negativo), a equação não ƒ x2 = – √y1
__
possui raízes reais. ƒ x3 = √y2
__
ƒ x4 = – √y2

TEORIA DOS CONJUNTOS

Intuitivamente, conjunto é um agrupamento de elementos.


Formas de representação:
RELAÇÕES DE PERTINÊNCIA
ƒ x [A
ƒ Por extensão: A = {0, 2, 4, 6, 8}.
Lê-se o elemento x pertence ao conjunto A.
ƒ Por diagramas de Euler Venn.
ƒ x A
Lê-se o elemento x não pertence ao conjunto A.
As relações de inclusão , e ÷ relacionam dois conjuntos.
Considerando os conjuntos A e B representados pelo dia-
grama de Venn, temos:

ƒ Por compreensão: A = {x | x é um número par menor


que 9}.

387
Intersecção de conjuntos
A intersecção de dois conjuntos A e B é o conjunto forma-
do pelos elementos que são comuns a A e a B.
Seja A = {0, 2, 4, 6} e B = {0, 1, 2, 3, 4}, então
A ∩ B = {0, 2, 4}.
Igualdade de conjuntos
Indicamos por A = B, quando os conjuntos A e B possuem Diferença de conjuntos
os mesmos elementos. Sejam os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 4, 6, 8}.
A diferença de conjuntos é definida por
Conjunto universo A – B = {x | x [ A e x Ó B}.
É o conjunto que considera todos os elementos de um de-
Sendo assim, A – B = {1, 3, 5}.
terminado tópico.
Exemplo: o conjunto dos números reais \ é um con-
junto universo.

Conjunto unitário
É aquele que possui um único elemento.
Exemplo: S = {2}
Se B , A, a diferença A – B denomina-se complementar
de B em relação a A, e indica-se CAB.
Conjunto vazio
É aquele que não possui elemento. Há duas formas de re- CAB = A – B
presentação: { } ou Ø. Por exemplo, se B = {2, 3} e A = {0, 1, 2, 3, 4}, então
CAB = A – B = {0, 1, 4}.
Subconjuntos

A = {1, 3, 7} NÚMEROS DE ELEMENTOS EM


B = {1, 2, 3, 5, 6, 7, 8}
UM CONJUNTO A: N(A)
A , B (A está contido em B) A = {x | x representa os dias de uma semana}, n(A) = 7.
B . A (B contém A)
CONJUNTOS DISJUNTOS
OPERAÇÕES Dois conjuntos A e B, não vazios, são disjuntos, se não pos-
suem elementos comuns.
União de conjuntos
A união de dois conjuntos A e B é o conjunto formado por
todos os elementos que pertencem a A ou a B.
Seja A = {0, 2, 4, 6} e B = {0, 1, 2, 3, 4}, então
A ∪ B = {0, 1, 2, 3, 4, 6}. A>B=Ø

388
NÚMEROS DE SUBCONJUNTOS Simbolicamente, B é subconjunto próprio de A, se B ⊂ A
e B ≠ A.
(CONJUNTOS DAS PARTES) Se um conjunto A possui n elementos, então A possui 2n
subconjuntos, que podemos representar por n(P(A)) = 2n(A).
1. O conjunto vazio está contido em qualquer conjunto A,
isto é, Ø ⊂ A, ∀ A.
2. Qualquer conjunto é subconjunto de si mesmo, isto é,
NÚMEROS DE ELEMENTOS DA UNIÃO
A ⊂ A, ∀ A. n(A ∪ B) = n(A) + n(B) – n(A ∩ B)
3. Chama-se subconjunto próprio de um conjunto A
qualquer subconjunto de A que seja diferente de A.

OPERAÇÕES COM INTERVALOS

ƒ Intervalo fechado
[a, b] = {x [ R | a ≤ x ≤ b}
REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA
DE INTERVALOS NA RETA REAL
ƒ Intervalo aberto
]a, b[ = {x [ R | a < x < b} [1, 4[

ƒ Intervalo fechado à esquerda (ou aberto à direita)


[a, b[ = {x [ R | a ≤ x < b}

ƒ Intervalos “infinitos”
[a, + Ü[ = {x [ R | x ≥ a}
]–Ü, a] = {x [ R | x ≤ a}

INEQUAÇÕES DO 1º E 2º GRAUS

INEQUAÇÕES Ou seja, podemos multiplicar ambos os lados de uma inequa-


ção e obter uma inequação equivalente, porém, se o valor mul-
ƒ P1: dada a inequação a > b, com a [ R e b [ R, tiplicado for negativo, o sinal da desigualdade inverte.
podemos somar um valor c [ R em ambos os lados da Veja a desigualdade a seguir:
inequação e obter uma inequação equivalente.
1 < __
__ 1
a>b e a+c>b+c x 2
possuem o mesmo conjunto solução. 1 d __
__ 1 __x
x 2Ÿ1d2
ƒ P 2: dada a inequação a > b, com a [ R e b [ R e um
valor c [ R, temos que: Quando não sabemos o valor do x devemos isolar toda
i) se c > 0, a > b e a · c > b · c, a inequação para um lado e analisar com as proprieda-
são equivalentes; des apresentadas:
ii) se c <0, a > b e a · c < b · c, 1
1 < __
__ 1 – __
__ 1 2–x<0
____
são equivalentes. x 2 x 2<0 2x

389
INEQUAÇÕES DO 1º GRAU f(X) g(X)

Denomina-se inequação do 1º grau na variável x


toda desigualdade que pode ser reduzida a uma das 3 1
formas:
ax + b > 0
ax + b > 0
(com a, b [ R e a Þ 0) Logo:
ax + b < 0
ƒ para x > 3, f(x) é positiva e para x < 3, f(x) é negativa;
ax + b < 0
ƒ para x > 1, g(x) é negativa e para x < 1, g(x) é positiva.

Sistemas de inequações do 1º grau Construímos, agora, o quadro de sinais:


1 3
O conjunto solução de um sistema de inequações é deter-
minado pela intersecção dos conjuntos soluções de cada f(X)
inequação do sistema.
g(X)

INEQUAÇÕES DO 2º GRAU f(X)g(X)

Denomina-se inequação do 2º grau na variável x toda


A terceira linha do quadro representa o sinal da função
desigualdade que pode ser reduzida a uma das formas:
f(x)g(x).
ax2 + bx + c > 0
ƒ Se x < 1, a função f(x) é negativa e g(x), positiva, por-
ax2 + bx + c > 0
(com a, b e c [ R e a Þ 0) tanto, o produto entre elas é negativo.
ax2 + bx + c < 0
ƒ Se 1 < x < 3, ambas as funções f(x) e g(x) são negati-
ax2 + bx + c < 0 vas, portanto, seu produto é positivo.

INEQUAÇÕES-PRODUTO ƒ Se x > 3, a função f(x) é positiva e g(x), negativa, por-


tanto, o produto entre elas é negativo.
Dadas duas funções f(x) e g(x), uma inequação-produto é Como queremos (x – 3)(1 – x) > 0, ou seja, não procura-
uma inequação da seguinte forma: mos os valores de x que anulam o produto (x – 3)(1 – x),
f(x) u g(x) > 0 não incluímos as raízes 1 e 3 no conjunto solução:
f(x) u g(x) > 0 S = {x [ R | 1 < x < 3}
f(x) u g(x) < 0
f(x) u g(x) < 0 Observe: ao procurar o conjunto solução de (x – 3)(1 – x) > 0,
poderíamos, também, realizar o produto do primeiro mem-
Para resolver inequações desse tipo, procedemos da seguin- bro e obter –x² + 4x – 3 > 0, de modo a resolver a inequa-
te maneira: ção do 2º grau, obtendo o mesmo conjunto solução.
1o) Fazemos o estudo dos sinais de cada função, separa-
damente. Inequações-quociente
2o) Colocamos os resultados em um quadro de sinais. Dadas duas funções f(x) e g(x), uma inequação-quociente é
uma inequação da seguinte forma:
3o) Analisamos o sinal do produto das funções, levando em f(x) f(x) f(x) f(x)
___ >0 ___ >0 ___ <0 ___ <0
conta as regras dos sinais da multiplicação de números reais. g(x) g(x) g(x) g(x)
A resolução de inequações-quociente é similar à resolu-
Exemplo ção de inequações-produto.
Resolva a inequação (x – 3)(1 – x) > 0.
A principal diferença na resolução de uma inequação-quo-
Analisaremos o sinal de cada função, separadamente: ciente em relação à inequação-produto é que temos agora
f(x)
ƒ f(x) = x – 3 uma condição de existência, pois no quociente ___ temos
g(x)
ƒ g(x) = 1 – x que g(x) Þ 0.

390
RELAÇÕES, FUNÇÕES E DEFINIÇÕES

DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E FUNÇÃO SOBREJETORA


IMAGEM DE UMA FUNÇÃO
f : A é B (função que associa valores do conjunto A a
valores do conjunto B)
x é y = f(x) (a cada elemento x [ A corresponde um único
y [ B)
ƒ Domínio da função: A é conjunto com os valores
possíveis para a variável x. Representado por D.
ƒ Contradomínio da função: no conjunto B estão os
elementos que podem corresponder aos elementos
do domínio. Representado por CD.
ƒ Imagem da função: cada elemento x do domínio tem
um correspondente y no contradomínio. A esse valor de y
damos o nome de imagem de x pela função f. O conjunto de ƒ Definição: uma função f de A em B é sobrejetora se o
todos os valores de y que são imagens de valores de x forma contradomínio (CD) for igual ao conjunto imagem (Im).
o conjunto imagem da função. Representado por Im.
ƒ Resumindo: não podem “sobrar” elementos no con-
ƒ Conjunto imagem da função: representado por Im. tradomínio (CD).

FUNÇÕES INJETORAS FUNÇÃO BIJETORA

ƒ Definição: uma função f de A em B é bijetora se for


ƒ Definição: uma função f de A em B é injetora, se a injetora e sobrejetora ao mesmo tempo.
todo x1 ≠ x2 do domínio (D) tivermos f(x1) ≠ f(x2) no
contradomínio (CD). ƒ Resumindo:
1. cada x do domínio tem seu y no contradomínio.
ƒ Resumindo: não pode haver duas flechas convergin-
2. não “sobra” ninguém no contradomínio (CD = Im).
do para uma mesma imagem (cada x do domínio tem
seu y no contradomínio).

391
FUNÇÕES DO 1º GRAU

Chama-se função do 1º grau toda função definida de R


em R por f(x) = ax + b, em que a e b [ R e a ≠ 0. ESTUDO DO SINAL DA FUNÇÃO
ƒ a é denominado de coeficiente angular. POLINOMIAL DO 1º GRAU
ƒ b é denominado de coeficiente linear. Estudar o sinal de uma função y = f(x) significa analisar para
quais valores de x do domínio da função a imagem será po-

PROPORÇÃO NA FUNÇÃO sitiva, negativa ou nula.

DO 1º GRAU
Faça o estudo de sinal da função f(x) = 10 – 5x.
Construindo o gráfico da função, temos:

 

y3 – y2
y2 – y1 _____
tga = _____
x2 – x1 = x3 – x2
PROPORÇÃO (IGUALDADE DE FRAÇÕES)

ƒ a = tga (coeficiente angular)


ƒ b = coeficiente linear
Do gráfico, temos que:
ƒ para todo x > 2, a função possui valores de f(x)
negativos;
ƒ para todo x < 2, a função possui valores de f(x)
positivos;
ƒ para x = 2, a função f(x) é nula, sendo x = 2, por-
tanto, uma raiz da função.

392
U.T.I. - Sala exatamente 2 horas de ociosidade por dia. Em relação a
2014, o número de novos documentos que chegam para
serem digitalizados aumentará 10000 por ano nos pró-
1. (Fuvest adaptado) Calcule o valor da expressão ximos três anos. Sem novas contratações, em 2017, os
1
___________ . funcionários precisarão trabalhar 8 horas por dia sem
1 + √2 – √3
qualquer tempo ocioso para conseguir processar toda
2. Resolva em \: a demanda de 2017.
a) 6x – 3(x – 3) + 2 = 2(3x + 1) a) Qual é o número atual de funcionários da empresa?
b) 4x + 2(x – 6) = 6(x – 2) b) Quantos documentos deverão ser digitalizados em
8x + 7 2015?
c) __x + __x = ______
3 5 15 c) Representando o ano de 2014 como x = 0, 2015
3. (Fuvest) Para a fabricação de bicicletas, uma empresa como x = 1, 2016 como x = 2 e assim por diante, é
comprou unidades do produto A, pagando R$ 96,00, e uni- possível expressar Y (demanda da empresa, em núme-
dades do produto B, pagando R$ 84,00. Sabendo que o to- ro de documentos para digitalização) em função de x
tal de unidades compradas foi de 26 e que o preço unitário para o período de 2014 a 2017, como Y(x) = a + bx.
do produto A excede em R$ 2,00 o preço unitário do pro- Nesta expressão, a representa o número de documen-
duto B, determine o número de unidades de A compradas. tos digitalizados em 2014. Determine o valor de b.

4. (FEI) Uma escola de línguas oferece somente dois cur-


sos: Inglês e Francês. Sabe-se que ela conta com 500 U.T.I. - E.O.
estudantes e que nenhum deles faz os dois cursos si-
multaneamente. Destes estudantes, 60% são mulheres
(–5)2 – 42 + __1
_______________5
0
()
1. (Ufrgs) Qual o valor da expressão ?
e, destas, 10% cursam Francês. Sabe-se que 30% dos 3(–2) + 1
estudantes homens também cursam Francês. Qual é o 2. Sejam a, b e c números reais, tais que a = 240, b = 320 e
número de estudantes homens que cursam Inglês? c = 710. Então coloque-os em ordem crescente (exemplo:
Nesse trecho, o autor argumenta contra a identificação x < y < z).
do tempo ao movimento dos astros. Apresente o argu-
__ __
mento proposto por Santo Agostinho. √2 √__2 + 1
__ – 1 – ______
3. (ESPM) Qual o valor da expressão ______ ?
√2 + 1 √2 – 1
5.Com o objetivo de aumentar as vendas, uma fábri-
ca de peças oferece preços promocionais aos clientes 4. (ESPM adaptado) Dê a solução real da equação:
atacadistas que compram a partir de 120 unidades. Du- 4x – 3 + 7.
x – 2= ______
_____
rante esta promoção, a fábrica só aceitará dois tipos de 3 7
encomendas: até 100 peças ou, pelo menos, 120 peças.
O preço P(x) em reais, na venda de X unidades, é dado 5. (Uerj) Em uma escola circulam dois jornais: Correio
pelo gráfico seguinte, em que os dois trechos descritos do Grêmio e O Estudante. Em relação à leitura desses
correspondem a gráficos de funções afins. jornais por parte dos 840 alunos da escola, sabe-se que:
• 10% não leem esses jornais;
• 520 leem o jornal O Estudante;
• 440 leem o jornal Correio do Grêmio.
Calcule o número total de alunos do colégio que leem
os dois jornais.

6. (UFMA) As figuras a seguir ilustram os gráficos das


funções g1: R oR, g2: R o R,g3: R o R, respectivamente:
I.

Nestas condições, qual o maior número de peças que se


pode comprar com R$ 9.800,00?

6. A empresa Alpha dedica-se exclusivamente à digi-


talização de documentos. Um funcionário leva 4 horas II.
para digitalizar um documento, a empresa opera duran-
te 250 dias por ano e não há estoque de documentos
antigos para digitalizar. Em 2014, os funcionários têm
uma jornada de trabalho de 8 horas diárias, mas têm

393
a) Quantos domicílios pesquisados tinham acesso à in-
ternet, em 2009?
b) Em 2009, quantas pessoas disseram que usavam a
internet?
c) Considere que o gráfico das porcentagens de domi-
cílios com acesso à internet, nos anos 2008, 2009
III. e 2010, seja formado por pontos aproximadamente
alinhados. Faça uma estimativa da porcentagem de
domicílios com acesso à internet em 2010.

9. (Unesp) Uma companhia telefônica oferece aos seus


clientes 2 planos diferentes de tarifas. No plano básico, a
assinatura inclui 200 minutos mensais de ligações telefô-
A partir dos gráficos acima, são feitas as seguintes nicas. Acima desse tempo, cobra-se uma tarifa de R$ 0,10
afirmações: por minuto. No plano alternativo, a assinatura inclui 400
I. g1 é sobrejetora. minutos mensais, mas o tempo de cada chamada desse
plano é acrescido de 4 minutos, a título de taxa de cone-
II. g2 é crescente.
xão. Minutos adicionais no plano alternativo custam R$
III. g3 é bijetora. 0,04. Os custos de assinatura dos dois planos são iguais
Então: e não existe taxa de conexão no plano básico. Supondo
a) II e III são falsas e I é verdadeira. que todas as ligações durem 3 minutos, qual o número
máximo de chamadas para que o plano básico tenha um
b) todas são falsas.
custo menor ou igual ao do plano alternativo?
c) I e II são verdadeiras e III é falsa.
d) todas são verdadeiras. 10. (Unicamp) Duas locadoras de automóveis oferecem
e) I e III são verdadeiras e II é falsa. planos diferentes para a diária de um veículo econômi-
co. A locadora Saturno cobra uma taxa fixa de R$ 30,00,
7. (Unesp) Duas pequenas fábricas de calçados, A e B,
além de R$ 0,40 por quilômetro rodado. Já a locadora
têm fabricado respectivamente 3000 e 1100 pares de
Mercúrio tem um plano mais elaborado: ela cobra uma
sapatos por mês. Se, a partir de janeiro a fábrica A au-
taxa fixa de R$ 90,00 com uma franquia de 200 km, ou
mentar sucessivamente a produção em 70 pares por
seja, o cliente pode percorrer 200 km sem custos adicio-
mês e a fábrica B aumentar sucessivamente a produção
nais. Entretanto, para cada km rodado além dos 200 km
em 290 pares por mês, a produção da fábrica B superará
incluídos na franquia, o cliente deve pagar R$ 0,60.
a produção de A a partir de qual mês?
a) Para cada locadora, represente no gráfico abaixo
8. (FGV) Você usa a internet? Observe os resultados de a função que descreve o custo diário de locação em
uma pesquisa sobre esse tema. termos da distância percorrida no dia.

b) Determine para quais intervalos cada locadora tem


o plano mais barato. Supondo que a locadora Satur-

­ x  ( n  1) , se n  1 d x d n
f(x) ®
¯ n  1  x, se n d x d n  1

no vá manter inalterada a sua taxa fixa, indique qual


deve ser seu novo custo por km rodado para que ela,
lucrando o máximo possível, tenha o plano mais van-
tajoso para clientes que rodam quaisquer distâncias.

11. A função f está definida da seguinte maneira: para


A pesquisa de 2009 foi feita em 500 domicílios e com
cada inteiro ímpar n,
2000 pessoas com 10 anos ou mais de idade.

394
a) Esboce o gráfico de f para 0 d x d 6. b) (A ˆ C) – B = C – B.
1
b) Encontre os valores de x, 0 d x d 6, tais que f(x) . c) (A ˆ B) ˆ C = B.
5
d) (A ˆ B) ˆ C = A.
12. A quantidade de cópias vendidas de cada edição de
e) A ‰ B ‰ C = A ˆ C.
uma revista jurídica é função linear do número de ma-
térias que abordam julgamentos de casos com ampla 16. (FGV-RJ) O idioma da Álgebra é a equação. Para re-
repercussão pública. Uma edição com quatro matérias solver um problema que envolva números ou relações
desse tipo vendeu 33 mil exemplares, enquanto que entre quantidades, é conveniente traduzir o problema
outra contendo sete matérias que abordavam aqueles da sua linguagem para a linguagem da Álgebra. Resolva
julgamentos vendeu 57 mil exemplares. estes dois antigos problemas.
a) Quantos exemplares da revista seriam vendidos, caso a) Quatro irmãos têm 45 moedas de ouro. Se a quantia
fosse publicada uma edição sem matéria alguma que do primeiro aumenta em duas moedas, a quantia do se-
abordasse julgamento de casos com ampla repercus- gundo diminui duas moedas, a do terceiro dobra e a do
são pública? quarto se reduz à metade, todos ficam com a mesma
b) Represente graficamente, no plano cartesiano, a função quantia de dinheiro. Quantas moedas tem cada um?
da quantidade (Y) de exemplares vendidos por edição, b) Dois amigos decidem, caminhando em linha reta, en-
pelo número (X) de matérias que abordem julgamentos contrar-se em algum ponto do caminho entre as suas ca-
de casos com ampla repercussão pública. sas. Um dos amigos diz ao outro: “Como sou mais velho,
c) Suponha que cada exemplar da revista seja vendido a caminho a cerca de 3 km por hora; você é muito mais
R$ 20,00. Determine qual será o faturamento, por edição, novo e, provavelmente, deve caminhar a cerca de 4 km
em função do número de matérias que abordem julga- por hora. Então, saia de casa 6 minutos depois que eu sair
mentos de casos com ampla repercussão pública. e nos encontraremos bem na metade da distância entre
nossas casas”. Qual a distância entre as duas casas?
13. O reservatório A perde água a uma taxa constante
de 10 litros por hora, enquanto o reservatório B ganha 17. (Insper adaptado) Em uma escola que funciona em três
água a uma taxa constante de 12 litros por hora. No períodos, 60% dos professores lecionam de manhã, 35%
gráfico, estão representados, no eixo y, os volumes, em lecionam à tarde e 25% lecionam à noite. Nenhum profes-
litros, da água contida em cada um dos reservatórios, sor da escola leciona tanto no período da manhã quanto
em função do tempo, em horas, representado no eixo x. no período da noite, mas todo professor leciona em pelo
menos um período. Considerando-se apenas essas infor-
mações, responda, em porcentagem, a quantidade:
a) exatamente de professores da escola que lecionam
somente no período da tarde, em relação ao total.
b) máxima de professores da escola que lecionam nos
períodos da tarde e da noite, em relação ao total.
c) mínima de professores da escola que lecionam so-
mente no período da noite, em relação ao total.
Determine o tempo x0 , em horas, indicado no gráfico.
18. (UFMT) Sejam x e y dois conjuntos com, respectiva-
14. (Unicamp) Três candidatos A, B e C concorrem à pre- mente, 5 e 6 elementos. A quantidade de funções inje-
sidência de um clube. Uma pesquisa apontou que, dos toras com domínio igual ao conjunto x e contradomínio
sócios entrevistados, 150 não pretendem votar. Dentre igual ao conjunto y?
os entrevistados que estão dispostos a participar da
eleição, 40 sócios votariam apenas no candidato A, 70 19. (Udesc) Considere a função f, cujo gráfico está repre-
votariam apenas em B e 100 votariam apenas no can- sentado na figura a seguir.
didato C. Além disso, 190 disseram que não votariam
em A, 110 disseram que não votariam em C e 10 sócios
estão na dúvida e podem votar tanto em A como em
C, mas não em B. Finalmente, a pesquisa revelou que
10 entrevistados votariam em qualquer candidato. Com
base nesses dados, pergunta-se:
a) Quantos sócios entrevistados estão em dúvida en-
tre votar em B ou em C, mas não votariam em A?
b) Dentre os sócios consultados que pretendem parti-
cipar da eleição, quantos não votariam em B? É correto afirmar que:
a) f:[–1, 4] o [–2, 2] é injetora, mas não é sobrejetora.
15. Sejam os intervalos reais A = {x  \; 2 d x d 6},
B = {x  \; –2 < x < 4} e C = {x  \; –1 d x d 6}. b) f:[–1, 4] o [–2, 2] é bijetora.
É correto afirmar que: c) f:[–1, 1] o [–2, 1] é injetora, mas não é sobrejetora.
d) f:[–1, 1] o [–2, 1] é bijetora.
a (A ˆ C) – B = A ˆ B.
e) f:[–1, 1] o [–2, 2] é sobrejetora, mas não é injetora.

395
MATEMÁTICA 2

397
TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

senT = __ab e cossecT = __a


b 0 < senT < 1 e 0 < cosT < 1
Repare que o ângulo de 30º determina um ponto P na cir-
cosT = __ac e secT = __ca cossecT > 1 e secT > 1 cunferência, determinando, assim, o triângulo retângulo OBP.
tgT > 0 e cotgT > 0 Cada ângulo diferente determina um ponto P distinto na
tgT = __bc e cotgT = __c
b circunferência, sendo, assim, o seno e o cosseno de um
ângulo definido por:

Razões trigonométricas sen T = ordenada de P


(valores notáveis) cos T = abscissa de P
T (graus) senT cosT tgT cossecT secT cotgT
senT com cos T z 0
tg T = _____
cosT
__1 dXX
3
___ dXX
3
___ dXX
2___3
30º 2 dXX
3
2 2 3 3 No sistema cartesiano, se a ordenada de P (coordenada
dXX dXX
em y) se encontra “acima” da origem, o seno do ângulo
___2 2
___ dXX dXX
45º 1 2 2 1 será positivo, enquanto que se o ordenada de P se encon-
2 2
__ tra “abaixo” da origem, o seno do ângulo será negativo.
dXX
___3 __1 dXX
2___3 √___
3
60º
2 2
dXX
3
3
2
3
Analogamente, se a abscissa de P (coordenada em x) se
encontra à direita da origem, o cosseno do ângulo será
positivo, enquanto que se a abscissa de P se encontra à
Ciclo trigonométrico esquerda da origem o cosseno do ângulo será negativo.
Observe como localizar o ângulo de 30º no círculo trigonométrico:

PRODUTOS NOTÁVEIS

No cálculo algébrico, alguns produtos são frequentes, como:


Quadrado da soma de dois termos
Produto da soma pela
(x + y) (x – y)
diferença de dois termos (x + y)² = x² + 2xy + y²
(x + y) (x + y) Quadrado da soma
= (x + y)2 de dois termos
(x – y) (x – y) Quadrado da diferença (x – y)² = x² – 2xy + y²
= (x – y)2 de dois termos

398
Produto da soma pela Fatoração
diferença de dois termos
(x + y)(x – y) = x² – y² a(x + y) = ax + ay

FATORAÇÃO

Agrupamento Trinômio do segundo grau


1. x2 + ax + bx + ab ax2 + bx + c = a(x – x1) ∙ (x – x2), sendo que x1 e x2 são raízes.
Temos:
NOVO FATOR COMUM Cubo da soma e cubo da diferença
x2 + ax + bx + ab = x (x + a) + b (x + a)
1º GRUPO 2º GRUPO
a3 + 3a2b + 3ab2 + b3 = (a + b)3 e

x2 + ax + bx + ab = (x + a)(x + b) a3 – 3a2b + 3 ab2 – b3 = (a – b)3

Diferença de dois quadrados Soma e diferença de dois cubos


x2 – y2 = (x + y)(x – y) a3 + b3 = (a + b)(a2 – ab + b2) e
a3 – b3 = (a – b)(a2 + ab + b2)
Trinômio quadrado perfeito
a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 ou a2 – 2ab + b2 = (a – b)2

CONJUNTOS NUMÉRICOS

CONJUNTO DOS NÚMEROS Z+* = N* = {x [ Z | x > 0} = {1, 2, 3, ...}


ƒ Conjunto dos inteiros não negativos:
NATURAIS (N) Z+ = N = {x [ Z | x ù 0} = {0, 1, 2, 3, ...}
N = {0, 1, 2, 3, ...} ƒ Conjunto dos inteiros negativos não nulos:
N* = {1, 2, 3, ...} indica-se por asterisco o conjunto dos Z*–= {x [ Z | x < 0} = {–1, –2, –3, ...}
números naturais não nulos. ƒ Conjunto dos inteiros não positivos:
Z– = {x [ Z | x ø 0} = {0, –1, –2, –3, ...}
CONJUNTO DOS NÚMEROS
INTEIROS (Z) Divisor de um número inteiro
Dados a, b e c números inteiros, dizemos que a é divisor
Z = {..., –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, ...}
de b, se existe c de forma que ac = b.
ƒ Conjunto dos inteiros não nulos:
Exemplo: 5 é divisor de 10, pois 5 · 2 = 10.
Z* = {x [ Z | x i 0} = {..., –3, –2, –1, 1, 2, 3, ...}
ƒ Conjunto dos inteiros positivos não nulos:

399
4. O quociente de dois números racionais, sendo o divisor
Números primos diferente de zero, é um número racional.
Um número inteiro p é considerado primo, se D(p) = {–1,

NÚMEROS IRRACIONAIS (R – Q)
1, –p, p}.
Isto é, possui apenas como divisores o número 1, o número __
–1, ele próprio e o seu oposto. Números como √2 = 1,4142135..., cuja representação de-
cimal é infinita e não periódica, são chamados de núme-

NÚMEROS RACIONAIS ros irracionais.

Os números que podem ser expressos na forma __a, onde a e


b
b são inteiros e b i 0, são chamados de números racionais
CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS (R)
e seu conjunto pode ser representado por Q = x = __a | a
{ É a reunião dos números racionais com os números irracionais.
b
[ Z e b [ Z* . }
DÍZIMA PERIÓDICA
Uma fração irredutível corresponderá a uma dízima peri-
ódica quando o denominador apresentar, em sua decom-
posição em fatores primos distintos, pelo menos um fator
primo diferente de 2 e 5, pois, assim, o denominador não
será divisor de uma potência de base 10.


ƒ __7 = 2,333 = 2,3(período = 3)
3
56 = 5,090909... = 5,09 
ƒ ___ (período = 09)
11
Método para encontrar a fração geratriz de uma dízi-
ma periódica:

Seja a dízima 0,3333... ou 0,3.
Fazendo x = 0,3333..., temos: Propriedades dos números reais
__
número √n a , com n [ N* e a [ N não é inteiro,
1. Se o __
n
então √ a é irracional.
Subtraindo x de 10x, temos: 2. A soma de um número racional com um número irracio-
10x – x = 3,33333 ... – 0,33333... nal é um número irracional.
9x = 3, x = __3 3. A diferença entre um número racional e um número irra-
9 cional, em qualquer ordem, é um número irracional.
 __3
Então, 0,3= [ Q.
9 4. O produto de um número racional, não nulo, por um

PROPRIEDADES DOS
número irracional é um número irracional.
5. O quociente de um número racional, não nulo, por um
NÚMEROS RACIONAIS número irracional é um número irracional.

No conjunto dos números racionais, valem as seguintes


propriedades:
1. A soma de dois números racionais quaisquer é um nú-
mero racional.
2. A diferença entre dois números racionais quaisquer é
um número racional.
3. O produto de dois números racionais quaisquer é um
número racional.

400
RAZÃO, PROPORÇÃO E GRANDEZAS PROPORCIONAIS

RAZÃO Grandezas proporcionais a duas


Razão entre a e b = __a.
ou mais outras grandezas
b
Se uma grandeza A é proporcional às grandezas B e C,
A = k,
então A é proporcional ao produto B · C, isto é ____
PROPORÇÃO em que k é constante.
B·C
__a = __c ou a × d = c × b (Lê-se a está para b, assim como
b d Essa propriedade se estende para mais de duas outras
c está para d). grandezas. Por exemplo:
__a = __c = k, em que k é chamada de constante de propor-
b d a. A grandeza X é proporcional às grandezas Y, Z e W.
cionalidade. X = constante.
Então, _______
Y · Z ·W

GRANDEZAS PROPORCIONAIS b. A grandeza M é diretamente proporcional às grande-


zas A e B e inversamente proporcional à grandeza C. En-
M · C = constante.
tão, _____
Grandezas diretamente proporcionais A·B

A = k, em que k é a constante de proporcionalidade.


A vB à __ c. A grandeza X é inversamente proporcional às grande-
B zas P, Q e R e diretamente proporcional à grandeza S. En-
X·P·Q·R
Grandezas inversamente proporcionais tão,_________ = constante.
S

A v ____1 à A · B = K
B

TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITMÉTICA,


M.M.C. E M.D.C.

NÚMEROS PRIMOS Número de divisores de


Um número natural é definido como primo se ele possui
um número natural
apenas dois divisores positivos: 1 e ele próprio. Sejam dois números a , b inteiros. Dizemos que b é divisor
de a se existe k também inteiro, tal que b · k = a.
TEOREMA FUNDAMENTAL Ou seja, k = __a, onde k deve ser inteiro.
b
DA ARITMÉTICA
Critérios de divisibilidade
Todo inteiro positivo maior que 1 pode ser expresso como
um produto de potências de números primos, desconsi- ƒ Divisibilidade por 2: um número é divisível por 2 quan-
derando a ordem dos fatores de maneira única. do este é par.
ƒ Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 quan-
Divisibilidade do a soma dos seus algarismos é divisível por 3.
Ao utilizar os números em sua forma fatorada em função ƒ Divisibilidade por 4: um número é divisível por 4 quan-
de seus fatores primos, podemos verificar se um número a do seus últimos 2 algarismos formam um número di-
é divisível por outro número b. visível por 4.

401
ƒ Divisibilidade por 5: um número é divisível por 5 quan-
do o último algarismo (das unidades) é 0 ou 5. TÉCNICAS PARA O CÁLCULO
ƒ Divisibilidade por 6: um número é divisível por 6 quan- DO MDC E DO MMC
do é divisível por 2 e por 3.
Uma outra maneira de se obter o MDC e o MMC é fatoran-
ƒ Divisibilidade por 7: um número é divisível por 7 quando do, simultaneamente, esses números. Nesse caso, o mdc é
a diferença entre o dobro do último algarismo e o núme- o produto apenas dos fatores comuns, enquanto o mmc é
ro formado pelos algarismos restantes for divisível por 7. o produto de todos os fatores obtidos. Veja:
ƒ Divisibilidade por 8: um número é divisível por 8 quan- 4200 720 600 2
do os dois últimos algarismos formarem um número 2100 360 300 2
múltiplo de 8 e o antepenúltimo for par.
1050 180 150 2
ƒ Divisibilidade por 9: um número é divisível por 9 quando 525 90 75 2
a soma dos seus algarismos formarem um número divi- 525 45 75 3 mdc = 23 · 3 · 5 = 120
sível por 9. 175 15 25 3
ƒ Divisibilidade por 10: um número é divisível por 10 quan- 175 5 25 5
do seu último algarismo for 0. 35 1 5 5
7 1 1 7
MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC) 1 1 1 24 · 32 · 52 · 7 = 25.200 = mmc

Dados dois números inteiros positivos A = d · k e B = d · q,


em que k e q são números inteiros, dizemos que o inteiro MMC e MDC de expressões algébricas
d é um divisor (fator) comum de A e B.
MMC
Exemplos: Escolhemos os fatores comuns e não comuns de
12 = 6 · 2
1. Ÿ 6 é divisor comum de 12 e 18 maior expoente:
18 = 6 · 3
42 = 14 · 3 x²y³ (z + 1) e x(z + 1)³
2. Ÿ 14 e divisor comum de 42 e 70
70 = 14 · 5

O MDC é o maior desses divisores.


x²y³ (z + 1)³

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM (MMC) Portanto, o MMC entre x²y³(z + 1) e x (z + 1)³ é


x²y³ (z + 1)³.
Dados dois inteiros a e b, não nulos, seu mínimo múltiplo
comum, que se indica por MMC (a, b), é o menor elemento
positivo do conjunto M(a) > M(b).
MDC
Tomamos os fatores comuns e de menor expoente:
Exemplo
Para os inteiros 10 e 12, temos: x²y³ (z + 1) e x(z + 1)³
ƒ M(10) = {..., –30, –20, –10, 0, 10, 20, 30, 40, 50, 60, ...}
ƒ M(12) = {..., –24, –12, 0, 12, 24, 36, 48, 60, ...} x(z + 1)
ƒ M(10) > M(12) = {..., –60, 0, 60, ...} é conjunto dos
múltiplos comuns de 10 e 12. O menor elemento posi- Portanto, o MDC entre (z + 1)x²y³ e x (z + 1)³ é x(z + 1).
tivo de M(10) > M(12) é 60.
Então, mmc (10, 12) = 60.

402
PORCENTAGEM

A porcentagem é uma forma usada para indicar uma fra-


ção de denominador 100 ou qualquer representação equi-
Exemplo de fator i < 1
A = 0,90.
Sejam A e B dois números tais que __
valente a ela. B
ƒ Método 1: utilizando a forma fracionária da taxa: 1. A é 10% menor que B; ou
45 = ___
45% = ___ 9 2. A é 90% de B (portanto, 10% menor).
100 20
9 · 60 = x Ÿ x = 27
AUMENTOS E DESCONTOS
___
20
ƒ Método 2: utilizando a forma decimal da taxa: valor novo
f = _________
45% = 0,45 valor antigo
0,45 · 60 = x ä x = 27 ƒ f > 1 é aumento, ganho, acréscimo
ƒ Método 3: utilizando a proporção na qual 60 corres- ƒ f < 1 é desconto, queda, perda, decréscimo
ponde a 100% (inteiro) e a parte x corresponde a 45%:
ƒ f = 1 é não houve variação
60 = ___
___ x ä 100x = 2700 ä x = 27
100 45
Portanto, 45% de 60 é 27.
Aumentos e descontos sucessivos
Para compor vários aumentos e/ou descontos, basta mul-
FATOR DE ATUALIZAÇÃO tiplicar os vários fatores individuais e, assim, obter o fator
“acumulado”, que nada mais é que o fator de atualização
entre o primeiro e o último valor considerado, independen-
Exemplo de fator i > 1 temente dos valores intermediários.
A = 1,05.
Sejam A e B dois números tais que __
B facumulado = f1 · f2 · f3 · f4 ...
Há duas interpretações:
1. A é 5% maior que B; ou
O fator acumulado é também um fator de atualização e
2. A é 105% de B (portanto, 5% maior). deve ser interpretado como tal.

403
U.T.I. - SALA sapatos diferentes. Calcule a quantidade de escolhas,
que ele pode fazer, de um conjunto contendo apenas
1 camisa, 1 calça e 1 par de sapatos do pacote.
1. Na figura abaixo, determine a medida de AB.
A
U.T.I. - E.O.
1. (CP2) Viajar de avião pode ser nada confortável! Uma
D E
das razões é o pouco espaço existente entre as poltro-
nas, o chamado seat pitch. A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) classifica as poltronas das aeronaves de
acordo com a distância entre seus assentos. No entanto,
C B para fazer essa classificação, a inclinação das poltronas
não é considerada. Suponha uma aeronave, cuja distân-
2. Sendo x um número real, tal que x + x__1= 3, obtenha os cia entre as poltronas (seat pitch) seja 73,6 cm e que
valores numéricos de: a medida do comprimento do encosto do assento seja
1. 70 cm. Quando a poltrona da frente se inclina 30° em
a) x2 + __
x2 relação ao seu eixo vertical, o espaço entre os assentos
1. diminui, conforme a figura a seguir.
b) x4 + __
x4
3. (Unesp) Uma gráfica possui 5 máquinas iguais que
produziram juntas uma encomenda de 1200 cartelas de
adesivos em 4 horas. Essa gráfica recebeu uma enco-
menda de 1300 cartelas desse adesivo, porém, 3 dessas
máquinas não poderão ser utilizadas por estarem em
manutenção. Portanto, o tempo necessário para produ-
zir essa nova encomenda será maior do que as anterio-
res em quantas horas, minutos e segundos? Essa disposição está representada abaixo:

4. (Fuvest) A porcentagem de fumantes de uma cidade


é 32%. Se 3 em cada 11 fumantes deixarem de fumar, o
número de fumantes ficará reduzido a 12800. Calcule:
a) o número de fumantes da cidade;
b) o número de habitantes da cidade.

5. (Uerj) Para comprar os produtos A e B em uma loja,


um cliente dispõe da quantia X, em reais. O preço do
produto A corresponde a __2 de X, e o do produto B cor-
3
responde à fração restante.
No momento de efetuar o pagamento, uma promoção
reduziu em 10% o preço de A. a) Determine a medida AB na figura acima, entre o
Sabendo que, com o desconto, foram gastos R$ 350,00 topo da poltrona inclinada e a poltrona
__ de trás.
__ Utilize:
na compra dos produtos A e B, calcule o valor, em reais, 1
__ √3
___ √3
___
sen 30º = , cos 30º = , tg 30º =
2 2 3
que o cliente deixou de gastar.
b) Determine a altura BC.
6. (Ufes) Uma associação de moradores arrecadou 2160 2. (CFT-RJ) Três triângulos equiláteros de lado 1 cm es-
camisas, 1800 calças e 1200 pares de sapatos, que serão tão enfileirados, como indicado na figura abaixo. Nes-
todos doados. As doações serão dispostas em pacotes. sas condições, determine o seno do ângulo T.
Dentro de cada pacote, um item poderá ter quantidade
diferente da dos demais itens (por exemplo, a quantida-
de de camisas não precisará ser igual à de calças ou à
de pares de sapatos); porém, a quantidade de camisas,
em todos os pacotes, deverá ser a mesma, assim como a
quantidade de calças e a de pares de sapatos.
a) Determine o maior número possível de pacotes que 3. Desenvolva:
podem ser preparados e qual a quantidade de cami-
sas, de calças e de pares de sapatos que, nesse caso, a) a(a – 1)
haverá em cada pacote. Justifique. b) (a2 – b3)(ab – b)
b) Pedro recebeu um pacote de doações com ℓ ca- c) (a2 – b)(a2 + b)
misas diferentes, m calças diferentes e n pares de d) (a2 + 1)2

404
e) (a2 – 1)2 20% de sua produção. Já em 2000, exportou 25% dela.
Em 2000, essa fábrica exportou 7000 pares de sapatos
f) (x + x__1)2
produzidos a mais que no ano anterior. Qual foi o nú-
g) (1 – x__1)2 mero de pares de sapatos produzidos por essa fábrica
no ano de 1999?
(
h) x2 – __ )
12
x2
11. Com 50 trabalhadores, com a mesma produtividade,
(x + y)2 – 4xy
4. (UTF-PR) Simplificando a expressão___________ com trabalhando 8 horas por dia, uma obra ficaria pronta em
x2 – y2 24 dias. Com 40 trabalhadores, trabalhando 10 horas por
x z y, obtém-se:
dia, com uma produtividade 20% menor que os primei-
ros, em quantos dias a mesma obra ficaria pronta?
5. (Cefet) Se x + x__1 = 3 e 8x6 + 4x3 y2 z 0, então o valor
4x9 + 2x6 y2 + 4x3 + 2y2
numérico da expressão _____________________ é: 12. (FGV) Carolina planeja passar suas férias no Japão.
8x6 + 4x3 y2
Suas opções para adquirir ienes japoneses (JPY) em es-
6. Desenvolva as seguintes expressões: pécie a partir de suas economias, em reais (R$) são:
a) (x + y)3
I. Comprar dólares americanos (USD) em espécie antes de
b) (x – y)3
viajar e, ao chegar ao Japão, trocar esses dólares por ienes.
c) (x + 1)3
d) (x – 1)3 II. Levar seus reais em espécie e trocá-los por ienes ao
chegar ao seu destino.
e) (x + x__1)3
No Brasil, as condições de câmbio de reais por dólares
f) (x – x__1)3
são as seguintes:
7. (UFF-RJ) Calcule 1, sendo
o valor numérico de __ • Tarifa fixa de R$ 50,00 por operação; taxa de câm-
__________ M bio de R$ 2,50 : 1,00 USD.
M = –2 + __√a2 + __
b2 a2
b2 + 2, a = 0,998 e b = 1.
No Japão, as condições de câmbio são:
• R$ 1,00 : 38,00 JPY, sem taxa por operação.
8. (UFSC) Você sabe por que as folhas que utilizamos
para impressão são chamadas A4? Esta denominação • USD 1,00 : 100,00 JPY, sem taxa por operação.
está formalizada na norma ISO 216 da International a) Carolina planeja usar R$ 5.000,00 para adquirir
Organization for Standartization. Pela norma, a série ienes. Qual das duas alternativas (I ou II) é mais van-
de formatos básicos de papel começa no A0, o maior, tajosa? Justifique.
e decresce até o A10. Os formatos são construídos de b) Para qual valor, em reais, a ser trocado por ienes, as
maneira a obter o formato de número superior do- alternativas I e II são equivalentes?
brando ao meio uma folha, na sua maior dimensão. Por c) Suponha que Carolina gaste todo o seu dinheiro em
exemplo, dobrando-se o A3 ao meio, obtém-se o A4. Em espécie antes do final da viagem e precise pagar uma con-
todos os formatos, a proporção entre as medidas dos ta de JPY 1.000,00 usando seu cartão de crédito. Con-
lados se mantém. Sabe-se que o formato inicial A0 tem sidere que transações com cartão de crédito no exterior
1 m2 de área. são taxadas com 7% de IOF e que a operadora do cartão
Com estas informações, responda às perguntas a seguir, utiliza a taxa de conversão de JPY 40,00 por real. Nessas
apresentando os cálculos. condições, qual terá sido a taxa de câmbio efetiva paga
por Carolina nessa transação, expressa em ienes por real?
a) Qual é a razão entre a medida do lado maior e a
medida do lado menor, em qualquer formato de fo- Quando necessário, aproxime as respostas para duas
lha? Expresse o resultado usando radicais. casas decimais.
b) Quais são as dimensões do formato A0? Efetue as 13. (UFSJ) Assinale a alternativa que indica quantos são
operações e expresse o resultado usando radicais. os números inteiros de 1 a 21.000, que NÃO são divisí-
c) A gramatura do papel exprime o peso, em gramas, de veis por 2, por 3 e nem por 5.
uma folha com 1 m2. Sabendo que a gramatura do A0
é 75 gramas por metro quadrado, qual é o peso exato, a) 6.300 c) 7.000
em gramas, de uma resma (500 folhas) de papel A4? b) 5.600 d) 700

9. (Fuvest) Numa certa população, 18% das pessoas 14. (Epcar) Uma fábrica vende por mês 30 camisas ao
são obesas, 30% dos homens são obesos e 10% das preço de 25 reais cada. O custo total de cada camisa
mulheres são obesas. Qual a porcentagem de homens para a fábrica é de R$ 10,00.
na população?
O gerente da fábrica observou que, a cada redução de
10. (ESPM adaptado) Um artigo de revista especializada R$ 0,50 no preço unitário de cada camisa, são vendidas
informa que um fabricante de sapatos, situado na cida- 5 camisas a mais.
de de Franca, produziu, em 2000, 15% a mais de pares Considerando essas observações, se a fábrica vender 150
de sapatos que no ano de 1999, quando ele exportou camisas, o lucro obtido na venda de cada camisa é de y%.

405
O número de divisores de y é: b) Considerando o total de eleitores aptos a votar, qual
a) 6. o percentual de votos recebidos pelo candidato eleito?
b) 8. 18. (Ifal) Marque a alternativa INCORRETA.
c) 10.
a) Todo número NATURAL é também INTEIRO.
d) 12.
b) Todo número NATURAL é também RACIONAL.
15. (Unesp) O gráfico representa a distribuição percen- c) Todo número NATURAL é também IRRACIONAL.
tual do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil por faixas d) Todo número NATURAL é também REAL.
de renda da população, também em percentagem. e) Todo número IRRACIONAL é também REAL.

19. (UEL) Os povos indígenas têm uma forte relação


com a natureza. Uma certa tribo indígena celebra o Ri-
tual do Sol de 20 em 20 dias, o Ritual da Chuva de 66
em 66 dias e o Ritual da Terra de 30 em 30 dias.
A partir dessas informações, responda aos itens a seguir.
a) Considerando que, coincidentemente, os três ritu-
ais ocorram hoje, determine a quantidade mínima de
dias para que os três rituais sejam celebrados juntos
novamente.
Baseado no gráfico, pode-se concluir que os 20% mais Justifique sua resposta apresentando os cálculos rea-
pobres da população brasileira detêm 3,5% (1% + lizados na resolução deste item.
2,5%) da renda nacional. Supondo a população brasilei- b) Hoje é segunda-feira. Sabendo que, daqui a 3.960
ra igual a 200 milhões de habitantes e o PIB brasileiro dias, os três rituais acontecerão no mesmo dia, deter-
igual a 2,4 trilhões de reais (Fonte: IBGE), a renda per mine em que dia da semana ocorrerá esta coincidência.
capita dos 20% mais ricos da população brasileira, em
Justifique sua resposta apresentando os cálculos rea-
reais, é de:
lizados na resolução deste item.
16. (Epcar) A quantidade de suco existente na cantina 20. (UFPR) A velocidade de impressão de uma impressora
de uma escola é suficiente para atender o consumo de é calculada em páginas por minuto (ppm). Suponha que
30 crianças durante 30 dias. determinada impressora tem velocidade de impressão
Sabe-se que cada criança consome, por dia, a mesma de 15 ppm em preto e branco e de 8 ppm em cores.
quantidade de suco que qualquer outra criança desta a) Quanto tempo essa impressora gasta para imprimir
escola. Passados 18 dias, 6 crianças tiveram que se au- 230 páginas em preto e branco? Dê sua resposta no
sentar desta escola por motivo de saúde. formato ,, min ,, seg.
É correto afirmar que, se não houver mais ausências b) Trabalhando ininterruptamente durante 30 minutos,
nem retornos, a quantidade de suco restante atenderá essa impressora imprimiu 366 páginas entre preto e bran-
o grupo remanescente por um período de tempo que co e colorida. Quantas dessas páginas eram coloridas?
somado aos 18 dias já passados, ultrapassa os 30 dias
inicialmente previstos em:
a) 10%. c) 5%.
b) 20%. d) 15%.

17. O município de Cefetópolis teve no segundo turno da


última eleição para prefeito grande número de absten-
ções, 40%. Isso significa que 40% dos eleitores aptos a
votar, não compareceram às urnas.
Considerando os eleitores que compareceram para vo-
tar tivemos a seguinte distribuição:
- Candidato A: 30% dos votos.
- Candidato B: 45% dos votos.
- Votos nulos ou brancos: 25% dos votos.
O TRE divulga os resultados a partir dos votos válidos,
dos quais NÃO são computados os votos nulos ou bran-
cos. Nesse caso de segundo turno, por exemplo, foram
computados como válidos apenas os votos recebidos
pelos candidatos A e B.
a) Qual o percentual de votos válidos recebidos polo
candidato A?

406
MATEMÁTICA 3

407
INTRODUÇÃO À GEOMETRIA PLANA

Ângulos opostos pelo vértice (OPV) Ângulos determinados por duas


retas e uma transversal

Bissetriz _____›
^
Dado um ângulo AOB, dizemos que a semirreta OP é bis-
^ ^ ^
setriz de AOB se, e somente se, AOP > POB. Ou seja, uma
bissetriz divide um ângulo em dois ângulos congruentes.

Ângulos suplementares adjacentes

Alternos externos:
Ângulo reto

408
Alternos internos: Retas paralelas cortadas
por uma transversal

Observação: a e b são congruentes.


Consequências

Colaterais internos:

ÂNGULOS NUM TRIÂNGULO E ÂNGULOS


NUMA CIRCUNFERÊNCIA

ÂNGULOS NUM TRIÂNGULO Teorema do ângulo externo

Soma dos ângulos internos


Considere um triângulo 'ABC e uma reta r paralela ao

lado BC,contendo o vértice A.

u=a+b

Em um triângulo ABC qualquer, o ângulo externo relativo


A soma dos ângulos internos de qualquer a um determinado vértice equivale à soma dos outros
triângulo é igual a 180°. dois ângulos internos não adjacentes a ele.

409
Teorema da soma dos Propriedade da reta tangente
ângulos externos à circunferência
Caso a reta seja tangente à circunferência, o segmento de-
terminado pelo raio e a reta tangente formam, no ponto de
tangência, um ângulo reto.

ae + be+ ge = 360°

ÂNGULOS NUMA CIRCUNFERÊNCIA


Circunferência
É o conjunto dos pontos do plano situado à mesma dis- Propriedade da reta secante à circunferência
tância de um ponto fixo. O ponto fixo é chamado centro.
Considere uma circunferência de centro C e uma reta
Tangentes (um único ponto comum) r secante à circunferência, que forma os pontos A e B.

Secantes (dois pontos comuns)


 
Sendo M o ponto médio de AB,temos que o segmento CM
será perpendicular à reta secante r.

Ângulos na circunferência
Ângulo central
É um ângulo que tem como vértice o centro da circunfe-
rência e seus lados passam por pontos pertencentes a ela.

Externas (nenhum ponto comum)

410
Ângulo inscrito Ângulo de segmento
É aquele cujo vértice é um ponto da circunferência e cujos É um ângulo que tem como vértice um ponto da circunfe-
lados passam por dois outros pontos da circunferência. rência, em um lado secante à circunferência e outro tan-
gente a ela.

Na figura, como a reta t é tangente à circunferência e


o segmento AB é secante, a é um ângulo de segmento.

Propriedade Propriedade
Se um ângulo central e um ângulo inscrito em uma mesma
A medida do ângulo de segmento é metade de medida
circunferência têm o mesmo arco correspondente, então a
angular do arco determinado na circunferência por um de
medida do ângulo central equivale ao dobro da medida do
seus lados.
ângulo inscrito.

RAZÃO PROPORCIONAL TEOREMAS DE


TALES E DA BISSETRIZ INTERNA

RAZÃO PROPORCIONAL PQ ___


AB = ___
Por Tales, ___ e AC = ___
BC QR AB PQ
PR.

   

TEOREMA DA BISSETRIZ INTERNA


Quatro segmentos AB,CD,EFe GH,nessa ordem, são seg-
AB = ___
mentos proporcionais, se existe a proporção ___ EF .
CD GH

TEOREMA DE TALES A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo divide


o lado oposto a esse ângulo em dois segmentos propor-
cionais aos lados adjacentes a esses segmentos.
Se um feixe de retas paralelas é cortado por duas retas
transversais, os segmentos determinados sobre a pri-
meira transversal são proporcionais a seus correspon-
dentes determinados sobre a segunda transversal.

411
PONTOS NOTÁVEIS DE UM TRIÂNGULO

MEDIANA Bissetriz
É o segmento que contém um dos vértices e o ponto médio Segmento com uma extremidade em um vértice e que divide o
do lado oposto. ângulo interno formado por ele em dois ângulos congruentes.

——  Todo triângulo possui três bissetrizes que se encontram em um


Na figura, o segmento AM é a mediana relativa ao lado BC, ponto denominado incentro, simbolizado na figura pela letra I.
pois BM = CM.
Todo triângulo possui três medianas que se encontram em
um ponto chamado baricentro, simbolizado na figura abai- O CENTRO DA
xo pela letra G: CIRCUNFERÊNCIA
INSCRITA AO TRIÂNGULO
ABC COINCIDE COM
SEU INCENTRO.

O baricentro divide cada mediana de forma que: Altura


AG = 2GMBC Segmento cuja extremidade é um vértice do triângulo e
BG = 2GMAC que é perpendicular ao seu lado oposto (ou do prolonga-
CG = 2GMAB mento dele).

Assim, conclui-se que é possível dividir a mediana pelo ba-


ricentro das seguintes formas equivalentes:

Em função da distân-
Em função da
cia GM (distância do
mediana
baricentro ao lado)

Todo triângulo possui três alturas que se encontram em


um ponto denominado ortocentro, simbolizado na figura
pela letra H.

412
O circuncentro de um triângulo é o centro da circunferência
circunscrita a ele.
Mediatriz
Qualquer segmento de reta que é a reta perpendicular a
um lado do triângulo, passando em seu ponto médio.

Todo triângulo possui três mediatrizes que se encontram O CENTRO DA CIRCUNFERÊNCIA CIRCUNSCRITA AO
em um ponto denominado circuncentro, simbolizado na TRIÂNGULO ABC COINCIDE COM SEU CIRCUNCENTRO.

figura pela letra C.

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

Casos de semelhança
1º caso: Ângulo–Ângulo (AA)
Conhecemos dois ângulos dos triângulos em que
^ ^ ^ ^
CA B # C’A ‘B’ e AB C #A’B ‘C’. 'ABC a 'A’B’C’

3º caso: Lado – Lado – Lado (LLL)


Conhecemos os três lados dos triângulos em que
CA = ____
AB = ____
____ BC .
A’B’ C’A’ B’C’
'ABC a 'A’B’C’

Se dois triângulos têm dois ângulos correspondentes con-


gruentes, então esses triângulos são semelhantes.
2º caso: Lado–Ângulo–Lado (LAL) 'ABC ~ 'A’B’C’

Conhecemos dois lados dos triângulos e o ângulo formado Se dois triângulos têm os três pares de lados corresponden-
CA e CA
AB = ____
por eles, em que: ____
^ ^
B # C’A ‘B’. tes proporcionais, então esses triângulos são semelhantes.
A’B’ C’A’

413
RELAÇÃO MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

TEOREMA DE PITÁGORAS Terceira relação métrica

c2 = a ∙ m
c
b2 = a ∙ n
b

a
Quarta relação métrica
a² + b² = c²

Segunda relação métrica

h2 = m ˜ n

b·c=a·h

TRIGONOMETRIA NUM TRIÂNGULO QUALQUER

LEI DOS COSSENOS Área de um 'ABC qualquer


(fórmula trigonométrica)
^ ^ ^
a2 = b2 + c2 – 2bc cosD
área ('ABC) = _______ a ˜ bsenC = _______
c ˜ bsenA = ________ a ˜ csenB
2 2 2

LEI DOS SENOS


A
____ b = ____
a = ____ c = 2R
^ ^
senA senB senC
^
^
A
b c

^
C ^
B
C a B

414
ÁREAS DOS TRIÂNGULOS

ÁREA DE UM TRIÂNGULO EM ƒ OP = R (circunraio)


ƒ a, b, c: medidas dos lados do 'ABC
FUNÇÃO DA BASE E DA ALTURA a˜b˜c
área ('ABC) = S = ______
4R
a˜h b˜h c˜h ƒ Área de um triângulo em função dos lados e
área ('ABC) = S = ____a = ____b = ____c
2 2 2 do inraio
ƒ Área de um triângulo equilátero
a² ˜ dXX
área ('ABC) = S = ______3
4
ƒ Área de um triângulo em função dos três lados

área ('ABC) = S = dXXXXXXXXXXXXXXXXXX


p(p – a) (p – b) (p – c)
(fórmula de Heron)
ƒ Área de um triângulo em função de dois lados
e o ângulo formado entre eles
^
b ˜ c ˜ senD
área ('ABC) = S =_________ b ˜ c ˜ senA
=_________
2 2
ƒ Área de um triângulo em função dos lados e do ƒ O: centro do círculo
circunraio (raio da circunferência circunscrita) ƒ P: ponto da circunferência
ƒ OP = r (inraio)
ƒ a, b, c: medidas dos lados do 'ABC
ƒ p: semiperímetro
área ('ABC) = S = p ˜ r.

ƒ O: centro do círculo
ƒ P: ponto da circunferência

415
U.T.I. - SALA 6. (Unicamp) A figura a seguir exibe um pentágono
com todos os lados de mesmo comprimento. Qual é a
medida do ângulo T?
1. (FGV) Na figura, os pontos A e B estão no mesmo pla- D
no que contém as retas paralelas r e s. Responda qual
é o valor de D. E
45°
40 C

D 90°
45°
A B

2. (Fuvest))

U.T.I. - E.O.
1. Determine x, y, z nas figuras a seguir:
a)

a) Na figura 1, calcular x.
b) Na figura 2, calcular y.

3. (UFMG) Observe a figura a seguir. Nessa figura,


^ ^
AD = BD, C = 60° e DÂC é o dobro de B.
Qual é a a razão AC/BC ?
b)

4. (Unirio) Numa cidade do interior, à noite, surgiu um


objeto voador não identificado, em forma de disco, que
estaciona a 50 m do solo, aproximadamente. Um heli- c)
cóptero do exército, situado a aproximadamente 30 m
acima do objeto, iluminou-o com um holofote, confor-
me mostra a figura a seguir. Sendo assim, quanto mede
o diâmetro do disco-voador em metros?

2. (UFMG) Observe a figura:

5. (UFPR) Uma corda de 3,9 m de comprimento conecta


um ponto na base de um bloco de madeira a uma polia
localizada no alto de uma elevação, conforme o esque-
ma a seguir. Observe que o ponto mais alto dessa polia
está 1,5 m acima do plano em que esse bloco desliza.
Caso a corda seja puxada 1,4 m, na direção indicada
abaixo, qual será a distância x que o bloco deslizará?

Suponha que as medidas dos ângulos PSQ, QSR, SPR,


assinalados na figura, sejam 45°, 18° e 38°, respectiva-
mente. Qual é a medida do ângulo PQS, em graus?

416
3. (UEL) Na figura a seguir, tem-se os ângulos XYW, XZW 7. Na figura a seguir, as retas r e s são paralelas. Qual a
e XTW, inscritos em uma circunferência de centro O. medida do ângulo b?
t
r
4x
2x

b
s
120º

8. Considerando as medidas indicadas na figura e saben-


do que o círculo está inscrito no triângulo, determine x.
Se a medida do ângulo XOW = 80°, então qual é a soma
da medida do ângulo XYW com a medida do ângulo XTW?

4. (UFMG) Na figura, os segmentos BC e DE são parale-


los, AB = 15 m, AD = 5 m e AE = 6 m. Qual é a medida O
do segmento CE?

9. (Unesp) Uma pessoa se encontra no ponto A de uma


planície, às margens de um rio e vê, do outro lado do
rio, o topo do mastro de uma bandeira, ponto B. Com o
objetivo de determinar a altura h do mastro, ela anda,
em linha reta, 50 m para a direita do ponto em que se
encontrava e marca o ponto C. Sendo D o pé do mastro,
5. (Fuvest) No triângulo acutângulo ABC, a base AB ^ ^
avalia que os ângulos BÂC e BCD valem 30°, e o ACB
mede 4 cm e a altura relativa a essa base também mede
vale 105°, como mostra a figura:
4 cm. MNPQ é um retângulo cujos vértices M e N per-
tencem ao lado AB, P pertence ao lado BC e Q ao lado
AC. Quanto mede o perímetro desse retângulo, em cm?
C

Dê a medida da altura h do mastro.


Q P
10. (Mackenzie) Na figura, ABCDEF é um hexágono re-
gular de lado 1 cm. Qual é a área do triângulo BCE, em
centímetros quadrados?

A M N B

6. (ESPM) Um mastro vertical é mantido nessa posição


por 3 cabos esticados que partem da extremidade P e
são fixados no chão nos pontos A, B e C, conforme a
figura abaixo. Sendo x, y e z as distâncias respectivas
desses pontos ao pé do mastro, determine o valor de z 11. (PUC-MG) Na figura, o triângulo ABC é equilátero e
em função de x e y. está circunscrito ao círculo de centro O e raio 2 cm. AD
é altura do triângulo. Sendo E ponto de tangência, qual
é a medida de AE, em centímetros?

417
12. (Unifesp) Tem-se um triângulo equilátero em que 18. (FGV adaptado) Na figura, AN e BM são medianas
cada lado mede 6 cm. Qual é a medida do raio do círcu- do triângulo ABC, e ABM é um triângulo equilátero, cuja
lo circunscrito a esse triângulo, em centímetros? medida do lado é 1. Qual é a medida do segmento GN?

13. (Unifesp) Na figura, o ângulo C é reto, D é ponto


médio de AB, DE é perpendicular a AB, AB = 20 cm e
AC = 12 cm. Quanto mede a área do quadrilátero ADEC,
em centímetros quadrados?

19. (FEI adaptado) Considere o triângulo retângulo ABC


dado a seguir. Sabe-se que a medida do segmento AB é
igual a 3 cm, a do AC é igual a 4 cm, a do BC é igual a 5 cm
14. No terreno ABC da figura, uma pessoa pretende cons- e a do BM é igual a 3 cm.
truir uma residência, preservando a área verde da região
assinalada. Se BC = 80 m, AC = 120 m e MN = 40 m, qual
é a área livre para a construção, em metros quadrados?

Neste caso, qual é a medida do segmento AM?


15. (FGV) Na figura abaixo, o triângulo AHC é retângulo
em H e s é a reta suporte da bissetriz do ângulo CÂH. Se
20. (Fuvest) Uma bola de bilhar, inicialmente em repou-
c = 30° e b = 110°, então qual é o valor de x?
so em um ponto P situado na borda de uma mesa de bi-
lhar com formato circular, recebe uma tacada e se des-
loca em um movimento retilíneo. A bola atinge a borda
no ponto R e é refletida elasticamente, sem deslizar.
Chame de Q o ponto da borda diametralmente oposto
^
a P e de T a medida do ângulo QPR.

16. No triângulo abaixo, temos AB = BC e CD = AC. Se x e


^ ^
y são as medidas em graus dos ângulos A e B, respecti-
vamente, então qual é o valor de x + y ?

17. Considerando que os segmentos AD e AE são, res-


pectivamente, bissetrizes interna e externa do ângu-
a) Para qual valor de T após a primeira reflexão, a
lo  do triângulo ABC abaixo, calcule a medida BD, se
trajetória da bola será paralela ao diâmetro PQ?
DC = 10 cm e CE = 18 cm.
b) Para qual valor de T após a primeira reflexão, a
trajetória da bola será perpendicular a PQ?
c) Supondo agora que 30° < T < 60°, encontre uma
expressão, em função de T, para a medida D do ân-
gulo agudo formado pela reta que contém P e Q e
pela reta que contém a trajetória da bola após a pri-
meira reflexão na borda.

418

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