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EsPCEx

2024

AULA 02
Introdução

Prof.ª Celina Gil


Prof.ª Celina Gil

Sumário
Apresentação 4

1 - Repertório de redação 5

Sociedade do consumo 5

Conceitos importantes 6

Palavras-chave 8

Casos recentes 12

2 – Estudando a Introdução 19
2.1. Tipos de contextualização 21
2.2. Exercícios: Introdução 23

3 - Propostas 34

Considerações Finais 46

AULA 02 – INTRODUÇÃO 2
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Apresentação
Olá!

Na aula de hoje vamos começar a nos aprofundar na introdução de uma dissertação. Hoje você vai
praticar a escrita de contextualizações nos modos:

• Comparação

• Dados científicos

• Definição.

• Referência histórica

Você vai também praticar a identificação da temática das redações, o desenvolvimento dos
argumentos e o planejamento geral da redação, antes de partir para a escrita em si.

Nossas aulas de redação serão sempre compostas de 3 partes:

1 - Análise social
Apontamentos acerca de assuntos ligados ao contemporâneo.
Esses apontamentos têm o objetivo de fortalecer seu repertório e auxiliar na elaboração de
argumentos.

2 - Estudo de uma parte da dissertação

Estudo aprofundado de uma das partes que compõe o texto dissertativo.


Vamos passar por introdução, desenvolvimento, conclusão e coesão/coerência.

3- Produção textual

Análise de redações/trechos de redações e/ou exemplo de produção textual.


Propostas de redação inéditas para serem executadas pelo aluno.

Vamos lá?

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1 - Repertório de redação

Tópicos da aula

Sociedade Conceitos Palavras- Casos Repertório


do consumo importantes chave recentes cultural

Sociedade do consumo

Na sociedade do consumo, tudo deve poder ser consumido. Assim, bens não compráveis – como
sentimentos ou relacionamentos – são considerados como possíveis de serem atingidos a partir do
consumo.

Cria-se uma ideia de que só é possível sermos felizes se consumirmos. A publicidade e o marketing
vendem estilos de vida que só podem ser atingidos a partir do ato da compra de algum produto.

Aquilo que não pode ser comprado ou gerar lucro, é considerado dispensável. Além disso, a própria
constituição da individualidade está ligada ao consumo: devo comprar este produto, pois ele me tornará
mais “eu mesmo”.

Termos essenciais

• Consumismo

• Mercantilismo

• Sociedade capitalista

• Sustentabilidade

Os números eram impressionantes: a produção industrial cresceu 60%, a renda per capita aumentou em
um terço, o desemprego e a inflação caíram. Avanços tecnológicos nos processos de produção na indústria
automobilística (linha de montagem e mecanização), de comunicações (rádio e telefone), eletrônicos e
plásticos (eletrodomésticos e outros bens de consumo) criaram produtos inovadores a preços cada vez
mais acessíveis. Circulavam entre as massas produtos antes restritos aos ricos – carros, luz elétrica,
gramofone, rádio, cinema, aspirador de pó, geladeira e telefone –, o “jeito americano de viver” (american
way of life) tornou-se o slogan exaltado do período.
Esta “sociedade de consumo” – na qual a capacidade de consumir era vista como o principal direito da
cidadania – não foi plenamente realizada até depois da Segunda Guerra Mundial. Não há dúvida, porém,
de que a promessa de consumo em massa brotava no período. A nova indústria de propaganda e marketing
– ajudada pelos jornais, revistas de grande circulação e rádio, que atraía grande audiência – disseminou a
ideia da liberdade associada ao consumo em oposição à ideia da liberdade associada a mudanças nas

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relações de trabalho. A busca por autonomia econômica e soberania política foi substituída, nas mentes de
muitas pessoas, pelas possibilidades de consumo como o elemento essencial de felicidade e cidadania.
KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos : das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007.

Assim, vivemos em uma sociedade que coloca o consumo não só como uma possibilidade, mas
como um direito fundamental: o que nos garantiria a possibilidade de sermos livres, seria sermos capazes
de consumir. O problema é que uma sociedade que se pauta por esse perspectiva cai facilmente no excesso
de consumo, ou simplesmente, consumismo.

Um dos efeitos da produção elevada e do consumo irrestrito é a exploração desmedida de recursos


naturais, causando efeitos ambientais muitas vezes irreversíveis – já que muitos recursos naturais não são
renováveis.

Outro aspecto que é frequentemente criticado é a obsolescência programada, uma prática de


muitas empresas, principalmente ligadas à tecnologia, em que se cria um produto em tese “durável” com
prazo de uso. Após esse prazo, o produto começa a apresentar falhas. Isso obriga as pessoas a consumirem
mais e rapidamente. A geração de lixo nesse contexto é outro tema relevante quando o assunto é
sociedade do consumo.

Conceitos importantes

Alguns termos têm sido comuns para tratar sobre as relações de meio ambiente e mercado:

Economia Crédito de Aquecimento


Greenwashing
verde Carbono global

Economia Verde
Por muito tempo acreditou-se que a deterioração dos recursos naturais era um subproduto
aceitável do crescimento econômico, entretanto, economistas especializados no tema demonstram em
estudos recentes que é possível conciliar ganhos triplos com uma política econômica bem direcionada; a
preservação do meio ambiente, crescimento econômico sustentado e geração de empregos decentes.
O Brasil obteria ainda um ganho extra: a redução da desigualdade regional, uma vez que muitas das
atividades com impacto ambiental positivo levariam dinamismo econômico a regiões historicamente
periféricas. Como o desenvolvimento de projetos de energia solar na Região Nordeste, área com alta
incidência de luminosidade, ou o aperfeiçoamento do ecoturismo na Região Norte.
Organismos como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA) realizam estudos na área de Economia Verde, aquela parte da Ciência
Econômica que incorpora a variável ambiental em suas teorias. E concluem que uma transição para um
padrão de produção e consumo da economia mundial que considere a preocupação com os recursos

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naturais, além do óbvio benefício ambiental poderia trazer outro: o econômico. Há muitos nichos de
mercado inexplorados nessa área, os primeiros empresários a empreenderem, gozariam da vantagem do
pioneiro obtendo retorno elevado.
Fonte: <http://observatoriodaimprensa.com.br/pautas-contemporaneas/crescimento-economico-e-preservacao-ambiental-
na-agenda-do-seculo-xxi/> Acesso em set. 2019.

Greenwashing
Você já ouviu falar em greenwashing? Esse termo inglês pode ser traduzido para o português como
lavagem verde ou pintando de verde. A definição de greenwashing é relativamente simples. Ele pode ser
praticado por empresas e indústrias públicas ou privadas, organizações não governamentais (ONGs),
governos ou políticos. Consiste na estratégia de promover discursos, anúncios, ações, documentos,
propagandas e campanhas publicitárias sobre ser ambientalmente/ecologicamente correto, green,
sustentável, verde, eco-friendly etc.
A intenção primordial do greenwashing é relacionar a imagem de quem divulga essas informações
à defesa do ambiente, mas, na verdade, medidas reais que colaborem com a minimização ou solução dos
problemas ambientais não são realmente adotadas e, muitas vezes, as ações tomadas geram impactos
negativos ao meio ambiente. O greenwashing é como uma propaganda enganosa - uma imagem é passada,
porém, a realidade é outra.
Fonte: <https://www.ecycle.com.br/component/content/article/6-atitude/2094-definicao-o-que-como-traducao-
greenwashing-estrategias-marketing-propaganda-consumo-produtos-servicos-atitude-apelo-ambiental-enganosa-empresas-
consciencia-ambiental-casos-exemplos-cuidados.html> Acesso em set.2019.

Crédito de carbono
O crédito de carbono funciona assim: uma entidade paga a outra pelo direito de emitir gases que provocam
o efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2). O recebedor desse dinheiro, em tese, o investe em
fontes de energia renováveis e deixa de desmatar. Cada crédito é equivalente ao aquecimento global
causado por uma tonelada métrica de CO2.
O Brasil, que concentra um terço da área de floresta tropical do mundo, é um dos maiores receptores de
recursos do crédito de carbono.
O mercado dos créditos é atraente para indústrias altamente poluentes, como companhias aéreas, e países
industrializados que assinaram o acordo climático de Paris, porque as compensações podem servir como
uma alternativa mais barata do que reduzir de fato o uso de combustíveis fósseis.
Fonte: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-48369790> Acesso em set. 2019.

Aquecimento global

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O aquecimento global é o processo de mudança da temperatura média global da atmosfera e dos oceanos.
O acúmulo de altas concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera bloqueia o calor emitido pelo sol
e o prende na superfície terrestre, aumentando a temperatura média da Terra.
(...)
Assim, o aquecimento global é um processo que decorre da intensificação do efeito estufa - a radiação que
vem da luz do sol atinge a Terra e é absorvida por gases presentes na atmosfera, os quais passam a emitir
de volta para a superfície terrestre radiação infravermelha (calor), aumentando a temperatura do planeta.
Os gases que interagem com a radiação solar produzindo radiação infravermelha são chamados de Gases
de Efeito Estufa ou GEE.
(...)
Se a ação humana não é a única causa do aquecimento global, seu impacto é considerável. Apesar de não
haver consenso sobre as causas do aquecimento global, a maior parte da classe científica reconhece a
atividade humana como sua principal desencadeadora.
(...)
As mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global aumentam a intensidade, a frequência e o
impacto de eventos climáticos extremos, sejam de frio ou de calor. Esses eventos, além de impactarem o
ambiente, que inclui a fauna, a flora, a atmosfera, o oceano, o meio geoquímico e geofísico; causam efeitos
nocivos à saúde humana, como aumento do risco de suicídio, problemas respiratórios, problemas
cardiovasculares, asma, câncer, obesidade, insolação, infertilidade, deficiência nutricional, entre outros.
(Fonte: Ecycle. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/1294-aquecimento-global> Acesso em 01/12/2019)

Palavras-chave

Alguns assuntos são bastante clássicos quando o assunto é Meio Ambiente. Ainda que não tenha
nenhum acontecimento de atualidades relevante sobre eles, são assuntos que você deve ser capaz de
escrever uma redação independentemente do que está ocorrendo.

Poluição Transgênicos Lixo

Água Agrotóxicos Desmatamento

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O desmatamento é a questão ambiental que mais importa para 53% dos brasileiros, segundo a pesquisa
Earth Day 2019 da Ipsos, divulgada por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente.
O assunto foi o mais citado quando os entrevistados foram questionados sobre os três assuntos ambientais
que mais os preocupavam. Em seguida vieram poluição da água (44%), lidar com resíduos (36%),
aquecimento global (29%) e esgotamento de recursos naturais (23%).
No mundo, o aquecimento global é considerado o tema mais prioritário, mencionado por 37% dos
entrevistados. A poluição do ar, com 35%, e como lidar com o lixo que produzimos (34%) aparecem em
seguida, e depois a poluição da água (25%). O desmatamento só aparece em 5º lugar no ranking global,
com índice de 24%. Depois do Brasil, a Turquia, a Argentina, o México e a Colômbia são os países que mais
se preocupam com desmatamento.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/06/desmatamento-e-a-questao-ambiental-que-mais-preocupa-
brasileiros.shtml

Poluição
Poluição significa a presença concentrada de determinadas substâncias ou agentes físicos no
ambiente que afetam negativamente os ecossistemas. Essas substâncias ou agentes são chamados de
poluentes. A poluição afeta diretamente o equilíbrio ambiental e impacta na saúde humana.

A poluição do ar se dá pela contaminação do ar por partículas de fumaça e gases nocivos. Os


principais poluentes do ar são o monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3), dióxido
de nitrogênio (NO2) e alguns hidrocarbonetos. Esses poluentes são liberados na queima de combustíveis
fósseis, no escape dos veículos, nos resíduos de aterros causados pela poluição do lixo, nos acidentes
nucleares, nos derramamentos de radiação, entre outros.

A poluição da água é a contaminação dos corpos d'água por elementos físicos, químicos e biológicos
que podem ser nocivos ou prejudiciais aos organismos, plantas e à atividade humana. Um fator
preocupante dessa poluição é que os lençóis freáticos, os lagos, os rios, os mares e os oceanos são o destino
final de todo e qualquer poluente solúvel em água que tenha sido lançado no ar ou no solo. Desta forma,
além dos poluentes que são lançados diretamente nos corpos d'água, as redes hídricas ainda recebem
a poluição vinda da atmosfera e da litosfera (o solo), provenientes de atividades agrícolas, industriais e
domésticas.

Há ainda outros tipos de poluição. Ainda que frequentemente não as associemos ao meio ambiente,
é interessante pensar como elas poderiam impactar de alguma maneira nesse assunto.

Sonora Visual Luminosa

Transgênicos

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São alimentos geneticamente modificados, ou seja, nos quais foi introduzido material genético de outros
organismos, que pode ser da mesma espécie ou de uma espécie diferente, com a finalidade de expressar
características desejadas do organismo doador.
O procedimento é feito em laboratório. O material introduzido pode ser um vírus ou uma bactéria. A grande
vantagem é a precisão da técnica, que consegue inserir genes específicos, só com as características
desejadas, o que não aconteceria através de cruzamentos sexuais ou outras técnicas convencionais.
As sementes transgênicas surgiram prometendo favorecer a agricultura, aumentar a produtividade e ainda
trazer benefícios ao consumidor com a otimização da composição nutricional. Porém, após pesquisas e
experimentos, vem sendo observado que este tipo de alimento alterado apresenta uma série de riscos para
a saúde, ao meio ambiente e suas desvantagens se converteram também em um problema social.
(Fonte: G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/blog/nutricao-pratica/post/alimentos-
transgenicos.html> Acesso em 01/12/2019)

Lixo
A poluição por lixo iniciou-se a partir da Revolução Industrial, quando houve a concentração da
população nas cidades, e hoje, com um padrão de consumo mais agressivo estabelecido pelo barateamento
dos produtos, o crescimento do lixo ocorre em progressão geométrica. O maior problema é a sua
destinação.

Os aterros sanitários são grandes buracos impermeabilizados onde o lixo inorgânico é depositado,
alternando com camadas de terra, impedindo, assim, a contaminação do solo, do ar e o aparecimento de
animais na região. Esse processo tem um alto custo e exige planejamento, sendo preterido pelo método
mais fácil e barato de depositar todos os detritos produzidos nas cidades em lixões a céu aberto.

Ainda, a putrefação do lixo orgânico depositado a céu aberto produz uma série de gases tóxicos,
incluindo o metano e a amônia, que podem causar lesões no aparelho respiratório humano, além disso, ela
torna o local de depósito ambiente propício para a proliferação de vetores de várias doenças. No Brasil, em
torno de 75% do lixo é descartado em lixões a céu aberto.

Aquecimento Global

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Novo relatório da ONU reforça ameaças do aquecimento global


O novo trabalho do órgão da ONU Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC, na sigla em
inglês) diz que os efeitos do aquecimento estão sendo sentidos em todo lugar, contribuindo para possíveis
crises de escassez alimentar, desastres naturais e guerras.
(...)
Os cientistas projetam que o aquecimento poderá reduzir o PIB global em 0,2 a 2 por cento ao ano, caso
as temperaturas medianas subam até 2 graus Celsius — uma estimativa que muitos países consideram
modesta demais.
“Ao longo da próxima década, a mudança climática terá impactos majoritariamente negativos”, disse
Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), citando cidades,
ecossistemas e o abastecimento hídrico como áreas de risco.
“Os pobres e vulneráveis serão mais afetados”, acrescentou. Entre os principais riscos estão a inundação
permanente de pequenas ilhas e áreas costeiras.
(Disponível em https://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPEA2U01420140331, acessado em 18.03.2019)

Esgotamento de recursos naturais


O Planeta Terra atinge nesta segunda-feira (29) o ponto máximo de uso de recursos naturais que
poderiam ser renovados sem ônus ao meio ambiente. Em 2019, a humanidade atingiu a data limite três
dias antes que em 2018 – e mais cedo do que em toda a série histórica, medida desde 1970.
Isso significa que, a partir de agora, todos os recursos usados para a sobrevivência (água, mineração,
extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros
pontos) entrarão em uma espécie de “crédito negativo” para a humanidade.
Para manter o mesmo padrão de consumo atual, seria necessário 1,75 planeta Terra.
(...)
O planeta entrou em déficit de recursos naturais em 1970. Desde então, a humanidade tem
consumido mais do que o planeta consegue se regenerar. Nos últimos 20 anos, a data-limite tem chegado
mais cedo.
(Fonte: ABIC. Disponível em: <http://abic.com.br/sobrecarga-da-terra-2019-planeta-atinge-esgotamento-de-recursos-naturais-
mais-cedo-em-toda-serie-historica/> Acesso em: 01/12/2019)

Água
No início desta semana, o instituto americano especializado em questões ambientais, o World Resources
Institute (WRI), alertou sobre os riscos de uma crise hídrica em escala global, que atingirá um quarto da
população, distribuída em 17 países.
O número é alarmante devido à grave situação da Índia, habitada por 1,36 bilhão de habitantes, o
equivalente a 16% da população mundial, e possui apenas 4% das reservas de água do planeta; os indianos
são 77% da população que sofre deste mal. Os outros 16 países também se encontram em áreas críticas
que enfrentam graves índices de escassez, por déficits de distribuição, ou pela questão geográfica de

AULA 02 – INTRODUÇÃO 11
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estarem em regiões áridas. São eles: Qatar, Israel, Líbano, Iran, Jordânia, Líbia, Kuait, Arábia Saudita,
Eritreia, Emirados Árabes, San Marino, Barein, Índia, Paquistão, Turcomenistão, Omã e Botswana.
A dificuldade de acesso a este recurso vital poderá atingir várias outras regiões do planeta: 27 pontos são
considerados de riscos potenciais para sofrer com a escassez de água. A OMS alerta que países da América
Latina, como o México e o Chile, e europeus Chipre, Itália, Espanha, Grécia, Albânia, estão vulneráveis. O
Brasil, mesmo possuindo a maior reserva de água potável do mundo, também tem regiões críticas
apontadas pelo estudo, como as cidades de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitoria, Recife, Fortaleza e
Campinas.
Fonte: UOL. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2019/08/09/crise-hidrica-faz-paises-correrem-por-
solucoes-e-ja-gera-conflitos.htm> Acesso em 01/12/2019

Agrotóxicos
O artigo de Tarcisio Miguel Teixeira, recém-publicado na Revista de Direito Sanitário, analisa a questão da
atual da presença de agrotóxicos nos alimentos, a falta de informação a respeito dos produtos aplicados
para sua produção, além de estabelecer a relação diretamente proporcional entre saúde e alimentação
saudável, ressaltando o direito essencial da informação a respeito da qualidade do que estamos servindo
à mesa.
Segundo o autor, o modelo monocultural de agricultura, hoje, é a produção de alimentos com agrotóxicos
“para controlar plantas que competem com micro-organismos e insetos”, o que acaba estimulando a ação
de plantas invasoras, doenças e pragas e aumentando a necessidade do uso de pesticidas. Mas o que mata
o mal das plantações, adoece e também pode matar o ser humano, provocando alergias perigosas e
intoxicações graves. Teixeira mostra que se o Ministério Público alerta o consumidor, o governo aprova
projetos de lei que liberam o uso de substâncias tóxicas nas lavouras brasileiras, abafando as ações da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cujo objetivo final é a defesa do consumidor, no sentido
de garantir a qualidade dos produtos que a população consome.
O autor aborda “a baixa preocupação de grupos de consumidores em relação à contaminação dos
alimentos com agrotóxicos”, na referência ao trabalho de pesquisadores sobre o tema, e comenta os
resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), de 2012, criado pela
Anvisa. De acordo com o estudo, avaliaram-se os principais alimentos consumidos pelos brasileiros quanto
à toxidade, “com resultados do uso de agrotóxicos não recomendados para a respectiva cultura e uso de
produto permitido, acima do limite máximo: o abacaxi, com 41%, a cenoura (33%), o morango (59%) e o
pepino (42%)”. Observa-se, pelos resultados obtidos nas pesquisas, que há uma contaminação crônica dos
alimentos que chegam à mesa dos brasileiros – o veneno está servido.
(Jornal da USP, Direito à informação sobre agrotóxicos em alimentos é essencial, 22/05/2017. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/direito-a-informacao-sobre-agrotoxicos-em-alimentos-e-essencial/> Acesso
em 20/11/2020)

Casos recentes

Alguns casos recentes podem ser um bom exemplo quando o assunto for discutir impactos
ambientais e as relações com o mercado:

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Trafico de
Brumadinho Queimadas na Vazamento de
animais
e Mariana Amazônia óleo
silvestres

Céu laranja Mineração


em Pequim ilegal

Brumadinho
No dia 5 de novembro de 2015 acontecia o maior desastre ambiental do Brasil: o rompimento da barragem
de rejeitos Fundão, localizada na cidade de Mariana, Minas Gerais. Pouco mais de três anos depois, surge
uma nova tragédia tão preocupante quanto: o rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Feijão, no
município de Brumadinho, no mesmo estado.
(...)
Uma barragem é uma estrutura, feita em cursos de água, que possui o objetivo de conter ou acumular
grandes quantidades de substâncias líquidas ou misturas de líquidos e sólidos. Suas principais finalidades
são: o abastecimento de água, produção de energia elétrica e prevenção de enchentes.
(...)
Bem, as barragens de rejeitos são utilizadas na mineração (processo que visa extrair substâncias minerais
a partir de depósitos ou massas). As atividades que transformam rocha em matéria prima na mineração
são chamadas de beneficiamento. Quando o beneficiamento é feito, sobram alguns resíduos (água +
resíduos sólidos), que devem ser armazenados para evitar danos ambientais à natureza.
Como nesses resíduos existe uma grande quantidade de água, é normal que essas barragens pareçam estar
cheias de lama. Esta, por sua vez, deve descansar até que suas partículas sólidas decantem (ou seja, se
separem do conteúdo líquido) e novos dejetos possam ser colocados nessa barragem, criando um novo
ciclo.

(...)
Por mais que esse rompimento tenha despejado uma quantidade menor de rejeitos em comparação ao de
Mariana, seus impactos sociais e ambientais foram tão grandes quanto.
O volume de dejetos expelido foi de cerca de 12 milhões de m³ (1m³ equivale a 1.000 litros) e a velocidade
da lama atingiu 80 quilômetros por hora.
No momento da tragédia, sirenes de segurança deveriam ter sido tocadas para alertar trabalhadores da
Vale e moradores da região. Isso, porém, não aconteceu.
A lama, que continha ferro, sílica e água, atingiu o rio Paraopeba, o que acabou por afetar, de maneira
negativa, a qualidade da água.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 13
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Até o final de agosto de 2019 (cerca de 7 meses depois), foram contabilizadas 241 mortes e outras 21
pessoas que ainda seguem desaparecidas.

(Fonte: Politize! Disponível em: <https://www.politize.com.br/barragem-de-rejeitos/> Acesso em: 01/12/2019)

Mariana
43,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos despejados e um total de 19 mortes.
A lama percorreu um total de 663 quilômetros até chegar no mar, no estado do Espírito Santo, e atingiu o
Rio Doce, que abrange 230 municípios que têm seu leito como ferramenta de subsistência.
Segundo ambientalistas, os efeitos dos rejeitos no mar serão sentidos por, no mínimo, 100 anos.
Um mês depois da tragédia, foram retiradas 11 toneladas de peixes mortos tanto em Minas Gerais quanto
no Espírito Santo.
Vidas foram levadas, distritos foram destruídos e milhares de moradores ficaram sem água, sem casa e
sem trabalho.
(Fonte: Politize! Disponível em: <https://www.politize.com.br/barragem-de-rejeitos/> Acesso em: 01/12/2019)

Brumadinho Mariana

AULA 02 – INTRODUÇÃO 14
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Fonte: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/opiniao/iotti/noticia/2019/01/iotti-coincidencia-
cjrcnaskd00j201ny61qcb1cf.html> Acesso em set. 2019.

Amazônia
Em agosto de 2019, um fenômeno combinando uma frente fria vinda do litoral, nuvens carregadas
e uma névoa de partículas de detritos em suspensão, cobriu o céu de São Paulo. Isso fez com que a luz do
Sol ficasse bloqueada. Essa névoa teria sido originada por queimadas intensas na região amazônica.

Apesar de não serem práticas recentes – as queimadas na Amazônia são uma realidade há muitos
anos – nunca antes suas consequências haviam sido sentidas tão de perto pelos grandes centros urbanos.

O Brasil tem investido em um equilíbrio entre meio ambiente e mercado. Um exemplo disso foi a
extinção das queimadas nas plantações de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, promovendo um
impacto social muito positivo nas regiões vizinhas às plantações.

A repercussão mundial desse dia em que a Amazônia ficou “em chamas”, porém, levantou
questionamentos sobre a postura do Brasil diante do meio ambiente.

De acordo com os dados da Global Forest Watch, o Brasil perdeu 53.8 milhões de hectares de cobertura
arbórea entre 2001 e 2018. Isso significa uma redução de 10% da área florestal desde 2000.
No período, estima-se que 66% desta perda ocorreu devido a fatores de urbanização e de agropecuária
para fins comerciais.
Mas quais regiões estão sendo consideradas nessa análise? Predominantemente, considera-se a área da
Amazônia Legal – afinal, é a principal área florestal do país! Entretanto, os dados também consideram a
extensão da Mata Atlântica e do Cerrado brasileiro.
Bom, além dos dados apresentados aqui, o governo brasileiro também possui órgãos oficiais que fazem o
trabalho de fiscalizar o desmatamento em território nacional – como o INPE.
Fonte: Politize! Disponível em: <https://www.politize.com.br/desmatamento-no-brasil-qual-a-situacao-2/> Acesso em
01/12/2019

AULA 02 – INTRODUÇÃO 15
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Derramamento de óleo
O derramamento de petróleo é considerado um dos mais graves e problemáticos acidentes
ambientais em águas marinhas, levando dezenas de espécies à morte. Quando ocorre um vazamento, o
petróleo permanece na superfície da água marinha e forma uma densa camada que impossibilita a
penetração dos raios solares, dificultando a fotossíntese de várias espécies de algas. Isso acarreta a morte
de uma variedade enorme de organismos.

Quanto atinge os mangues, o petróleo polui e contamina o ecossistema, provocando a morte de


espécies vegetais e animais. Como os manguezais são áreas de procriação de determinadas espécies
animais, a reprodução delas também é gravemente afetada. Em alguns casos, o petróleo pode atingir as
praias, contaminando extensas faixas de areia, deixando-as impróprias para os banhistas. Nestes casos,
todo o setor turístico de uma região pode ser afetado, trazendo prejuízos econômicos.

Tráfico de animais silvestres


O tráfico de animais silvestres não é apenas uma ameaça destrutiva para as espécies de animais e para a
preservação da biodiversidade brasileira, como é também uma prática criminosa. De acordo com a Rede
Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), a ação é considerada a terceira maior
atividade ilícita do mundo e gera uma grande rede de pessoas envolvidas em negociações clandestinas,
principalmente pela alta lucratividade.
Além disso, estima-se que o comércio ilegal movimente entre 10 e 20 bilhões de dólares por ano no mundo.
Desse total, 10% corresponde ao Brasil, o equivalente a 38 milhões de bichos das nossas florestas e matas.
Essas estimativas refletem o crescente risco de extinção de espécies e o aumento da exploração econômica
e ambiental da fauna e flora brasileiras.
Segundo a Renctas, de cada 100 animais capturados ilegalmente no país, 70 são vendidos em território
nacional e 30 são destinados ao exterior. Um dos fatores que explica o Brasil ser uma das principais rotas
do tráfico é a grande biodiversidade, o que o torna um alvo direto das quadrilhas e organizações criminosas.
(Disponível em <https://www.ufsm.br/midias/arco/trafico-animais-silvestres/> Acesso em 19 mar. 2021)

As principais finalidades do tráfico internacional de animais são:

• Espécies animais para colecionadores particulares, que têm seu valor inflacionado a depender de
quão raros são.

• Animais para pesquisa científica, além de produção de medicamentos, o que esbarra na ideia de
biopirataria.

• Matéria prima para indústria da moda.

• Bichos de estimação.

Em 2020, uma cobra naja apreendida em Brasília se tornou popular na internet. Após ter picado um
estudante de veterinária de Brasília, descobriu-se que ela havia sido colocada cativa em um esquema de
tráfico internacional de animais.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 16
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Céu laranja em Pequim


A capital chinesa, Pequim, amanheceu coberta nesta segunda-feira (15/3) por uma espessa camada de
poeira. Algo que o departamento local de meteorologia chamou de "a pior tempestade de areia em uma
década".
A tempestade de areia causou um aumento sem precedentes nas medições de poluição do ar. Em alguns
distritos, foram registrados níveis 160 vezes acima do limite recomendado.
(...)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualmente define níveis seguros de qualidade do ar com base na
concentração de partículas poluentes chamadas de material particulado (PM, na sigla em inglês)
encontradas no ar. (...)
Pequim era historicamente atingida por tempestades de areia com muito mais frequência, mas os projetos
de redução da poluição, incluindo proibições de novas usinas a carvão, restrições ao número de carros nas
estradas e reflorestamento, melhoraram significativamente a qualidade do ar. Mas tempestades de areia
como a desta semana, causadas pelo vento, são mais difíceis de controlar.
Pequim e as regiões vizinhas sofreram altos níveis de poluição nas últimas semanas, com um ativista do
Greenpeace dizendo à AFP que isso era resultado de atividades industriais "intensas".
Isso, segundo ele, exacerbou as condições para ocorrer uma tempestade de areia, que são "resultado de
condições climáticas extremas e da desertificação".
(Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56406896> Acesso em 19 mar. 2021)

Mineração ilegal
Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Mato Grosso: a mineração ilegal de ouro está
presente em praticamente todos os estados da Amazônia Legal, normalmente camuflada sob o título de
“garimpo”. O garimpeiro do século XXI, contudo, não é mais o profissional com picareta e bateia, que
percorre cursos d’água da região atrás de pepitas nos sedimentos de leitos de rios.
A extração de ouro na Amazônia faz-se, hoje, com maquinário pesado, de alto custo financeiro e vultoso
impacto ambiental e socioambiental. Balsas, dragas, pás-carregadeiras, escavadeiras hidráulicas e outros
equipamentos que custam milhões de reais deixam atrás de si um rastro de destruição. Os índices de
ilegalidade na atividade são alarmantes: o ouro, ativo financeiro de enorme importância estratégica para
as finanças nacionais, esvai-se pelas fronteiras com pouco ou nenhum controle das agências públicas, ao
mesmo tempo que recursos hídricos são contaminados por mercúrio e parcelas da floresta são postas
abaixo na busca por novos veios, e o tão prometido desenvolvimento econômico não chega.
Esse cenário é agravado pela complexidade da legislação nacional. O tratamento legislativo dado ao ouro
e, em especial, ao garimpo, ainda é refém da imagem idealizada do garimpeiro – aquela imagem
acompanhada da picareta e da bateia –, erigindo-se, assim, proteções que não fazem sentido diante das
efetivas características empresariais dos empreendimentos auríferos modernos. Além disso, a frouxidão
dos controles sobre extração e circulação de ouro e sobre as pessoas físicas e jurídicas que atuam nesse
mercado permite a evasão de divisas, a lavagem de minério proveniente de atividades criminosas e a
circulação, nacional e internacionalmente, de mercadorias – notadamente joias – vinculadas a ilícitos
financeiros, ambientais e socioambientais
(Disponível em < http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/ccr4/dados-da-atuacao/publicacoes/roteiros-da-4a-
ccr/ManualMineraoIlegaldoOuronaAmazniaVF.pdf> Acesso em 19 mar. 2021)

AULA 02 – INTRODUÇÃO 17
Prof.ª Celina Gil

ZONA DE
SPOILER!!
Capitão Fantástico (2016) Dir.: Matt Ross
Um homem que vivia isolado na floresta com seus seis filhos é forçado a deixar
sua realidade e voltar a conviver com o mundo, desafiando sua criação rigorosa e
distante das imposições sociais.
Temas:
Consumismo
Fuga da sociedade capitalista
Diferentes possibilidades de viver

Ilha das Flores (1989) Dir.: Jorge Furtado

Curta documentário que expõe questões ligadas a consumo, sustentabilidade


e geração de lixo a partir da saga de um tomate, desde sua plantação até sua
chegada ao lixão, quando se torna comida para pessoas pobres.
Temas:
Excesso de lixo
Desigualdade social
Políticas públicas

Surplus: Terrorized Into Being Consumers (2003) Dir.: Erik Gandini

Documentário que se volta para as vantagens dos sistemas capitalistas e


tecnológicos – como eficiência de produção e menor necessidade de trabalho –
ao mesmo tempo que questiona se isso está sendo atingido.
Temas:
Sociedade Capitalista
Relações de consumo
Postura das empresas em relação ao meio ambiente

AULA 02 – INTRODUÇÃO 18
Prof.ª Celina Gil

Terra (2016) Dir.: Yann Arthus-Bertrand e Michael Pitiot


Documentário que mostra nossa relação com outras criaturas num momento
em que o homem se afasta cada vez mais da natureza.
Temas:
Relação homem-natureza
Crescimento urbano X Preservação da natureza
Preocupação superficial com o planeta

2 – Estudando a Introdução
A introdução é o cartão de visitas de uma redação. Ela é a primeira impressão que o corretor terá
de sua dissertação e pode ser decisiva para o modo como o restante do seu texto será avaliado. Vamos ver
um exemplo de introdução e analisar pontos importantes a partir dela.

Texto de apoio:

Crise no ensino das artes prejudica a ciência também, alerta estudo; estudantes de cirurgia
“não conseguem costurar”
Cirurgião chefe da Imperial College of London diz que a falta de matérias ligadas à criatividade
nas escolas do Reino Unido resulta em estudantes desprovidos de habilidades manuais
importantes.
Fonte: < https://frieze.com/article/crisis-arts-education-damages-sciences-too-study-warns-surgery-students-cant-sew>
(adaptado) Acesso em 18 Mar. 2019.

A partir desse texto de apoio, pode-se depreender que um possível tema, recorte temático e a tese
a ser desenvolvida na redação são, respectivamente:

TEMA: Arte e educação.

RECORTE TEMÁTICO: A importância da arte na formação escolar.

TESE: A educação artística promove o desenvolvimento de uma série de habilidades motoras e,


consequentemente, auxilia na realização de diversas atividades em diferentes áreas.

INTRODUÇÃO:
Ao longo de sua formação, o estudante toma contato com diversas matérias, cada uma
desenvolvendo competências específicas. Algumas escolas, porém, têm optado por deixar a arte de lado
nas grades curriculares. Isso é uma medida que pode se provar equivocada, pois a educação artística
promove o desenvolvimento de uma série de habilidades motoras e, consequentemente, auxilia na
realização de diversas atividades em diferentes áreas.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 19
Prof.ª Celina Gil

Conforme vimos das aulas anteriores, a introdução é composta por duas partes: contextualização e
tese. Não se esqueça nunca diferença entre elas!

Contextualização: apresentação do tema.


Tese: sua opinião sobre o tema.

Relembre também nossa fórmula da tese:

FÓRMULA DA TESE
X, pois Y, logo Z
Você substituirá:
- X por sua opinião pessoal, sua ideia sobre o assunto.
- Y por uma informação que estabeleça relação de causa com sua ideia.
- Z por uma informação que estabeleça relação de consequência com sua ideia.

Assim, você garante que sua tese será completa e bem compreensível. Veja um exemplo:
Crianças devem ter contato com a arte desde cedo, pois ela amplia a percepção de mundo, logo, tornam-
se pessoas mais criativas.

Sobre essa introdução, deve-se observar dois pontos:

É simples e objetiva.

• Não é necessário escrever mais do que 2 ou três períodos.


• Uma introdução de 5 a 6 linhas é o ideal.
• Deve focar-se em apresentar a tese, mas não desenvolvê-la profundamente.
• Ex.: "(...) a educação artística promove o desenvolvimento de uma série de habilidades
motoras e, consequentemente, auxilia na realização de diversas atividades em
diferentes áreas." apenas faz uma afirmação, sem desenvolver argumentos que
corroborem a ideia.

Apresenta a tese textualmente.

• A contextualização introduz a tese, mas não precisa antecipar a argumentação.


Dedique-se principalmente a elaborar uma tese que possa ter desdobramentos no
desenvolvimento.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 20
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O mais importante em uma introdução é não enrolar, ou seja, ir direto ao ponto. Você deve
apresentar o tema e sua opinião sobre ele. Não antecipe os argumentos! Para construir uma boa redação
no pequeno espaço oferecido pela prova, você deve ser muito organizado!

Na última aula, vimos que uma introdução pode ser construída de diversas maneiras. Vamos nos
aprofundar em cada uma delas.

2.1. Tipos de contextualização


Observe novamente o título e subtítulo da matéria sobre arte e educação utilizada acima:

Crise no ensino das artes prejudica a ciência também, alerta estudo; estudantes de cirurgia
“não conseguem costurar”
Cirurgião chefe da Imperial College of London diz que a falta de matérias ligadas à criatividade
nas escolas do Reino Unido resulta em estudantes desprovidos de habilidades manuais
importantes.
Fonte: < https://frieze.com/article/crisis-arts-education-damages-sciences-too-study-warns-surgery-students-cant-
sew> (adaptado) Acesso em 18 Mar. 2019.

Vamos agora observar um por um dos tipos possíveis de desenvolvimento de introdução citados
para exemplificar como uma introdução sobre esse assunto poderia ser feita. Em todos os exemplos, será
desenvolvida a mesma tese: “A educação artística promove o desenvolvimento de uma série de habilidades
motoras e, consequentemente, auxilia na realização de diversas atividades em diferentes áreas”.

Comparação
Realizar uma comparação na introdução pode partir de dados existentes do texto ou em
conhecimentos compartilhados por todos no contemporâneo. Uma boa estratégia para realizar uma
comparação na introdução é utilizar elementos presentes em diferentes textos de apoio, que possam
mostrar informações contrastantes. Neste caso, vamos realizar uma comparação a partir de informações
presumidas, já que o texto de apoio é bastante conciso.

Ex.:

A importância do ensino das artes na formação escolar é por vezes questionada. Na vida prática, porém,
estudantes que tiveram contato com práticas artísticas apresentam maior facilidade em outros campos –
inclusive na ciência – do que outros que não têm a mesma vivência. A educação artística promove o
desenvolvimento de uma série de habilidades motoras e, consequentemente, auxilia na realização de
diversas atividades em diferentes áreas.

Dados científicos

AULA 02 – INTRODUÇÃO 21
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Apesar do nome, dados científicos não precisam ser apenas informações precisas como
porcentagens e número. Dados com menor grau de precisão, mas com caráter científico, também são
considerados modos de redigir uma introdução.

Ex.:

Estudo recente sobre as escolas do Reino Unido mostrou que o aprendizado das artes é importante
para outras áreas de conhecimento. Os resultados do estudo mostram que estudantes com pouca
experiência nas artes se tornam carentes de habilidades manuais, desenvolvidas nas aulas de educação
artística durante a formação escolar. A educação artística promove o desenvolvimento de uma série de
habilidades motoras e, consequentemente, auxilia na realização de diversas atividades em diferentes
áreas.

Definição
Ao optar por uma introdução que trabalhe com a ideia de definição, pode-se trabalhar em dois
campos: definir alguma das palavras ou conceitos presentes no tema da redação, justificando a sua tese;
ou definir alguma palavra ou conceito que resuma seu entendimento do texto.

Esse é um dos melhores modos de começar sua redação caso você não tenha tanto repertório. Os textos
de apoio fornecidos costumam trazer esses conceitos. Se quiser investir em praticar a fundo um tipo de
contextualização, eu aconselharia a se dedicar à definição.

Ex.:

Aulas de arte nas escolas não se resumem apenas em aprender pintura ou desenho. Na escola
também se ensinam competências como música, cinema e outros campos de desenvolvimento das
habilidades manuais e criatividade. Essa vivência também será muito importante para outras áreas de
conhecimento. A educação artística promove o desenvolvimento de uma série de habilidades motoras e,
consequentemente, auxilia na realização de diversas atividades em diferentes áreas.
OU
A interdisciplinaridade é o processo de ligar disciplinas diferentes, construindo os conceitos a partir do que
cada uma pode contribuir. Essa ideia mostra sua efetividade nos resultados de pesquisa recente no Reino
Unido: alunos com maior experiência em sua formação escolar com as artes, têm melhores resultados na
ciência também. A educação artística promove o desenvolvimento de uma série de habilidades motoras
e, consequentemente, auxilia na realização de diversas atividades em diferentes áreas.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 22
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Referência histórica
Apesar de nem sempre usada pelos alunos, realizar uma referência histórica pode ser um ótimo
jeito de começar um texto. Uma referência histórica nada mais é que um dado ou acontecimento da
histórica, situado em um espaço e tempo pontuais. Pode também fazer referência a pessoas com algum
papel importante ou a críticas sociais.

Ex.:

Ao longo do tempo as artes tiveram mais ou menos importância na educação, a depender do


momento histórico. Se na Grécia Antiga o ensino de música, escultura, pintura, dança, teatro, entre outros,
era parte do ensino padrão, atualmente muito se discute a possibilidade de não promover o ensino das
artes nas escolas. Essa medida, porém, pode se provar, a longo prazo, prejudicial. A educação artística
promove o desenvolvimento de uma série de habilidades motoras e, consequentemente, auxilia na
realização de diversas atividades em diferentes áreas.

Lembre-se que a escolha de qual maneira iniciar uma redação é uma questão ao mesmo tempo de
estilo e pertinência:

Estilo: o modo como você se sente confortável escrevendo (estilo pessoal) aliado às diretrizes do
vestibular em questão (uma dissertação deve ser escrita na norma culta, por exemplo).

Pertinência: lendo os textos você perceberá elementos que se sobrepõe e que podem ser mais
facilmente acessados para construir sua introdução. Um gráfico ou tabela, por exemplo, traz dados
concretos e, por isso, pode ser uma boa opção fazer uma introdução baseada em dados científicos. Já
textos de pessoas de grande nome (escritores ou jornalistas famosos, com grande conhecimento no
assunto) podem sugerir uma introdução baseada em uma citação.

2.2. Exercícios: Introdução


Leia os fragmentos e escreva o tema de cada um deles e a tese que você desenvolverá. Abaixo, há
um espaço para que você pratique diferentes tipos de introdução para uma mesma tese. É importante que
você tente realmente fazer mais de uma introdução para cada item para praticar bastante – ainda que nem
todas as opções sejam possíveis em todos os itens. Inclua sua tese no fim de cada contextualização para
checar se o texto faz sentido como um todo. Os temas de cada uma das redações se encontra expresso na
tabela logo abaixo dos textos.

I.

Texto 1.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 23
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Para especialistas em tendências, a grande chave de 2019 está naquilo que muitas
pessoas consideram mais íntimo: a nossa ligação com o místico, com o imaterial, com o que está
além do racional.
Astrologia, cartas de tarot, mapas, pedras e energia. Para Rebeca de Moraes, fundadora
da Soledad, consultoria brasileira de tendências, todas essas ferramentas possibilitam que nós
olhemos para o mundo e encontremos novos jeitos de pensar sobre as mesmas coisas.
“O místico sempre esteve em nossa cultura, mas ocupava um lugar nebuloso na nossa
rotina. Hoje, o assunto está em pauta, desde os memes de astrologia e política, até as astrólogas-
celebridades. Isso está muito relacionado à nossa necessidade de construir ferramentas de
autoconhecimento e autorreflexão”, explica Moraes. (...)
E os brasileiros, especialmente os jovens millennials, tendem a mergulhar de cabeça nesse
tema.
Fonte: Huffpost Brasil, 29/01/2019. Fragmento. Disponível em:
<https://www.huffpostbrasil.com/entry/misticismo-tendencia_br_5c42381ee4b027c3bbc1ae8a> Acesso em 18
Mar. 2019.

TEMA: A ligação com o misticismo no contemporâneo

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Introduções:

Comparação:

Dados científicos:

Definição:

AULA 02 – INTRODUÇÃO 24
Prof.ª Celina Gil

Referência histórica:

Tema 1.

Alguns dos recortes temáticos possíveis acerca desse tema são:

• A busca de conforto em momentos de crise no misticismo.

• A mudança de status do misticismo, de futilidade a ciência.

• O esvaziamento de significado do misticismo a partir de sua popularidade.

• Os jovens estão mais interessados no misticismo, pois esse responde melhor aos seus anseios.

Algumas possíveis teses para esses recortes temáticos são:

• Apesar de vivermos numa sociedade ligada à racionalidade, os místico e imaterial têm ganhado
espaço, pois parecem capazes de responder melhor aos anseios de uma constituição de
individualidade.

• As expressões normalmente ligadas ao íntimo já não são mais tratadas como exclusivas do
indivíduo, a ponto e se tornarem uma tendência e, consequentemente, se banalizarem.

• As redes sociais mudam a relação com o místico e a astrologia, tornando-o mais popular, correndo
o risco, porém de esvaziá-lo.

• A popularização do misticismo no contemporâneo faz com que suas expressões se aprofundem,


ultrapassando o horóscopo de jornal e alcançando os estudos.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 25
Prof.ª Celina Gil

II.

Texto 1.
Ghosting: a maneira cruel de acabar com relacionamentos na era digital
A situação pode ser familiar para muitos: você conhece alguém, troca números de telefone, vai
a vários encontros, começa um relacionamento e tudo parece ir muito bem quando, de repente...
silêncio.
A outra pessoa deixa de responder mensagens de texto e chamadas e, sem aviso, desaparece
sem dar explicações.
Em inglês isto é chamado de ghosting, palavra derivada de ghost (fantasma). O termo vem
ganhando popularidade nos últimos anos e foi eleito como uma das palavras de 2015 pelo dicionário
britânico Collins.
Encerrar um relacionamento da noite para o dia, cortando todo tipo de comunicação, não é novo.
Mas alguns especialistas afirmam que as novas tecnologias tornaram esta prática mais comum.
Em uma época em que muitas relações começam por meio de sites ou aplicativos dos celulares,
o ghosting é algo cada vez mais comum.
Trecho retirado de BBC 06/12/2015. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151206_ghosting_relacionamentos_fn> Acesso em 17 abr.
2019.

Texto 2.
“Viver junto separado” pode ser um tipo de relacionamento que aproxima as pessoas
Algumas pessoas estão desafiando o estereótipo e escolhendo ficar numa relação amorosa de longo
prazo sem o atributo de dividir o mesmo teto.
Quer escolham ou não se casar, muitos casais seguem o modelo familiar de relações em que eles
se conhecem, se apaixonam e vão morar juntos. Ultimamente, porém, algumas pessoas estão desafiando
o estereótipo e escolhendo ficar numa relação amorosa de longo prazo sem o atributo de dividir o
mesmo teto. Eles estão fazendo algo chamado “Viver junto separado” (em inglês: Living Apart Together),
ou LAT*. De acordo com dados estatísticos do Canadá de 2011, quase dois milhões de Canadenses
afirmaram estar em relacionamentos LAT. Eu acredito que hoje, haja ainda mais pessoas fazendo isso.
Para casais mais jovens, a escolha de estar junto, mas viver separado, é frequentemente causada
por circunstâncias financeiras ou por conta de demandas do trabalho e do estudo. Para casais de 60 anos
ou mais, porém, a razão mais comum para escolher esse tipo de arranjo familiar é preservar sua
independência.
* Sigla vinda do inglês.
Trecho retirado de Huffpost, 23/04/2018.
Disponível em: < https://www.huffingtonpost.ca/marcia-sirota/living-apart-together-relationship_a_23414646/>
Acesso em 17 abr.2019.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 26
Prof.ª Celina Gil

TEMA: Relacionamentos amorosos no mundo contemporâneo

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Introduções:

Comparação:

Dados científicos:

Definição:

Referência histórica:

AULA 02 – INTRODUÇÃO 27
Prof.ª Celina Gil

Tema 2.

A questão dos relacionamentos amorosos preocupa no contemporâneo por diversas aspectos. Há


uma ideia presente no senso comum de que é difícil se relacionar nos dias de hoje. Por outro lado, ideias
como “amor” e “finitude” são temas que perpassam a filosofia e literatura através do tempo. Se colocam
ainda a questões acerca das ideias de “fim” e “amor” num momento mediado por meios digitais. Há ainda
novos arranjos familiares surgindo – tema que abarca ideias como os casamentos LGBTI, as famílias
chefiadas por mulheres, adoção de crianças, entre outros. Qual a influência que o momento histórico
presente tem sobre o modo como nos relacionamos?

Alguns dos recortes temáticos possíveis acerca desse tema são:

• Os novos arranjos familiares e as expressões de afeto no contemporâneo.

• As dificuldades inerentes aos relacionamentos amorosos.

• Como os meios digitais alteraram o modo com que as pessoas estabelecem relações?

• A descrença nos moldes tradicionais de relacionamento.

Algumas possíveis teses para esses recortes temáticos são:

• Ao mesmo tempo que a internet cria uma comunicação em rede, também facilita o afastamento
entre as pessoas, pois a presença física aprofunda os relacionamentos.

• A independência é uma questão importante no contemporâneo e isso pode influenciar no modo


como as pessoas escolhem se relacionar.

• Os relacionamentos amorosos nunca foram fáceis, porém no contemporâneo a dificuldade em se


relacionar se expressa de outras maneiras.

• Nem sempre, as configurações familiares ou os modos de se relacionar que faziam sentido no


passado continuam a fazer sentido no presente, pois as relações interpessoais também
acompanham as mudanças da sociedade.

• Muitas vezes, as pressões sociais podem minar as relações pessoais, pois as pessoas sentem que
não fizeram a escolha de maneira livre.

III.

Texto 1.
Kintsugi: Por que você deveria aprender a abraçar suas imperfeições
Os reparos realizados pelos artesãos deixam visíveis as cicatrizes enquanto transformam peça em obra
de arte ainda mais preciosa.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 28
Prof.ª Celina Gil

A palavra kintsugi é utilizada para explicar o ofício japonês de remendar cerâmicas com resina de
ouro, de modo que as rachaduras e as fissuras sejam transformadas em uma teia de minúsculas veias
douradas e brilhantes. Lindo, lindo.
[...]
Às vezes, me pergunto se uma transformação semelhante seria possível todas as vezes que
vivenciamos rupturas em nossas vidas.
Se, de algum modo, nossas feridas pudessem ser honradas dessa maneira e se as nossas cicatrizes
pudessem ser entendidas como símbolos da força, e não apenas da nossa fragilidade.

Trecho retirado de Huffpost, 03/04/2019. Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/entry/kintsugi-


japao_br_5ca3bb9ae4b03174b928fb65?utm_hp_ref=br-comportamento> Acesso em 17 abr.2019

TEMA: O enfrentamento das adversidades

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Introduções:

Comparação:

Dados científicos:

Definição:

AULA 02 – INTRODUÇÃO 29
Prof.ª Celina Gil

Referência histórica:

Tema 3.

O enfrentamento das adversidades fica claro na associação entre “rachaduras” e “cicatrizes”: assim
como as cerâmicas avariadas possuem rachaduras, as pessoas ficam com cicatrizes das feridas emocionais
passadas. Aqui, é importante que o aluno perceba que o texto não se refere a machucados físicos, mas sim
a questões psicológicas.

A partir desse tema, alguns recortes temáticos possíveis são:

• Qual é a diferença entre uma peça de artesanato e uma peça de arte? Como isso pode ser
compreendido metaforicamente em relação ao ser humano?

• O que é uma ferida emocional? Como momentos da nossa vida geram marcas indeléveis?

• A possibilidade que o sofrimento possa deixar de ser tão penoso se ganhar novo sentido. Há, aqui,
possível conexão com a psicologia.

• Quais ações uma pessoa pode realizar de modo a transformar suas cicatrizes emocionais? Como
processos como o autocuidado e o olhar para a saúde mental

Algumas possibilidades de tese para essa proposta são:

• Não se deve deixar abater pelas adversidades, mas sim tirar algo bom delas, pois toda situação pode
trazer ensinamentos.

• Conhecer e aceitar sua própria história é um modo de encontrar paz, pois o futuro ainda pode ser
construído de outras maneiras.

• É impossível passar pela vida sem sentir dor, portanto, deve-se trabalhar o modo como se responde
a esses momentos para não se deixar abalar pelas dificuldades.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 30
Prof.ª Celina Gil

IV. Tema 4.

Texto 1.

Disponível em: <https://www.wilsonvieira.net.br/2014/05/charges-de-domingo-narciso-ioio.html> Acesso em 25 jul.2019.

Texto 2.
Quando as crianças percebem que sua vida inteira já está online
Jogar seu nome no Google se tornou um rito de passagem.

Por muitos meses, Cara ficou reunindo coragem para abordar sua mãe sobre o que ela tinha visto
no Instagram. Há não muito tempo, a menina de 11 anos – que, como todas as outras crianças da
reportagem, é tratada sob um pseudônimo – descobriu que a mãe tinha postado fotos dela, sem consulta
prévia, ao longo de boa parte da vida. “Eu queria falar sobre isso com ela. É estranho me ver lá, e às vezes
tem fotos em que eu não gosto de mim”, ela disse.
Como muitas outras crianças modernas, Cara cresceu imersas nas redes sociais. Facebook,
Twitter, e YouTube foram todos fundados antes dela nascer; Instagram existe desde que ela era um bebê.
Apesar de muitas crianças ainda não terem suas próprias redes sociais, seus pais, escolas, times
esportivos e clubes foram criando uma presença online para eles desde o nascimento. O choque de
perceber que detalhes sobre sua vida – ou, em alguns casos, uma narrativa inteira dela – foram
compartilhados online sem sua autorização ou consentimento se tornou uma experiência marcante na
vida de muito pré-adolescentes e adolescentes.
Trecho retirado de The Atlantic, 20/02/2019. Disponível em:
https://www.theatlantic.com/technology/archive/2019/02/when-kids-realize-their-whole-life-already-online/582916/>
Acesso em 17 abr. 2019. Tradução nossa

TEMA: Privacidade e individualidade na internet

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

AULA 02 – INTRODUÇÃO 31
Prof.ª Celina Gil

Introduções:

Comparação:

Dados científicos:

Definição:

Referência histórica:

AULA 02 – INTRODUÇÃO 32
Prof.ª Celina Gil

Tema 4.

A relação entre pais e filhos é tema de estudo em diversas áreas das ciências humanas. A questão
levantada pelo texto é como essa relação se dá no âmbito da internet. Para crianças e adolescentes
nascidas na primeira década dos anos 2000, nunca houve a opção da não utilização das redes sociais. Diante
de pais que normalizam a exposição da vida online, os filhos podem acompanhar esse sentimento, e
encarar com normalidade, ou se sentir invadidos, e rejeitar a ideia da exposição.

A construção da individualidade também é um assunto que ocupa muitos estudos nas ciências
humanas. A charge parte do mito grego de Narciso a história de um homem muito belo e que, por isso,
tornou-se arrogante. A ninfa Eco apaixonou-se por ele e passou a acompanhá-lo secretamente. Porém, Eco
não era capaz de falar, apenas repetir o que os outros diziam. Narciso, atordoado por ouvir repetir sempre
aquilo que falava, caminha até a beira de um rio. Ele nunca havia visto o próprio reflexo, pois sua mãe o
orientara a não fazê-lo. Ao ver sua própria imagem pela primeira vez, ele se apaixona perdidamente por si
próprio e mergulha na água. Ele acaba morrendo afogado, apaixonado por si mesmo. O mito de narciso
acabou se tornando uma referência comum ao comportamento excessivamente individualista.

DICA
O historiador Chistopher Lasch cunhou o termo “Cultura do Narcismo”. O termo define um comportamento
estrutural do capitalismo no contemporâneo: a preocupação profunda com a realização individual,
principalmente a partir do consumo. Assim, o homem contemporâneo investe muito mais em si do que no
coletivo.
Ambos os textos podem ser lidos a partir dessa ideia: tanto a imagem do homem se apaixona pela vida que
cria online, quanto os pais que projetam nos filhos imagens como modo de realização pessoal.

A partir desse tema, alguns recortes temáticos possíveis são:

• A construção da individualidade a partir da internet.

• A exposição pessoal nos meios digitais.

• A criação de imagens da era dos meios digitais.

Algumas possibilidades de tese para essa proposta são:

• A internet modifica o modo como entendemos a privacidade e isso pode gerar problemas
emocionais, pois nem sempre a realidade condiz com a personagem que expomos na internet.

• Muitas vezes, construímos imagens online que não condizem com a realidade, pois compartilhamos
aquilo que desejamos ser, não o que somos.

• A ideia de registro e arquivo se altera num mundo permeado pela comunicação digital, pois agora
não se guardam mais memórias no âmbito do doméstico, mas sim do público.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 33
Prof.ª Celina Gil

• A exposição desmedida online pode acarretar uma série de problemas, que vão desde crimes até
abalos na saúde mental, pois o olhar do outro se torna mais pesado sobre nós.

Vários filmes e séries discorrem sobre a questão da internet e das redes sociais. Um dos mais famosos é a
série Black Mirror (2011). Principalmente o episódio “Arkangel” (S.04e.02) pode ser fonte de bons
argumentos aqui!

3 - Propostas

(EsPCEx – 2020)
O fim do canudinho de plástico

Por Devorah Lev-Tov / Quinta-feira, 5 de Julho de 2018

Em 2015, um vídeo perturbador de uma tartaruga marinha oliva sofrendo com um canudo plástico
preso em sua narina viralizou, mudando a atitude de muitos espectadores quanto ao utensílio plástico tão
conveniente para muitos.

Mas, como pode o canudo plástico, um item insignificante utilizado brevemente antes de ser
descartado, causar tanto estrago? Primeiramente, ele consegue chegar facilmente aos oceanos devido a
sua leveza. Ao chegar lá, o canudo não se decompõe. Pelo contrário, ele se fragmenta lentamente em
pedaços cada vez menores, conhecidos como microplásticos, que são frequentemente confundidos com
comida pelos animais marinhos.

E, em segundo lugar, ele não pode ser reciclado. “Infelizmente, a maioria dos canudos plásticos são
leves demais para os separadores manuais de reciclagem, indo parar em aterros sanitários, cursos d’água
e, por fim, nos oceanos”, explica Dune Ives, diretor executivo da organização Lonely Whale. A ONG
viabilizou uma campanha de marketing de sucesso chamada “Strawless in Seattle” (ou “Sem Canudos em
Seattle”) em apoio à iniciativa “Strawless Ocean” (ou “Oceanos Sem Canudos”).

Nos Estados Unidos, milhões de canudos de plástico são descartados todos os dias. No Reino Unido,
estima-se que pelo menos 4,4 bilhões de canudos sejam jogados fora anualmente. Hotéis são alguns dos
piores infratores: o Hilton Waikoloa Village, que se tornou o primeiro resort na ilha do Havaí a banir os
canudos plásticos no início deste ano, utilizou mais de 800 mil canudos em 2017.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 34
Prof.ª Celina Gil

Mas é claro que os canudos são apenas parte da quantidade monumental de resíduos que vão parar
em nossos oceanos. “Nos últimos 10 anos, produzimos mais plástico do que em todo o século passado e
50% do plástico que utilizamos é de uso único e descartado imediatamente”, diz Tessa Hempson, gerente
de operações do Oceans Without Borders, uma nova fundação da empresa de safáris de luxo & Beyond.
“Um milhão de aves marinhas e 100 mil mamíferos marinhos são mortos anualmente pelo plástico nos
oceanos. 44% de todas as espécies de aves marinhas, 22% das baleias e golfinhos, todas as espécies de
tartarugas, e uma lista crescente de espécies de peixes já foram documentados com plástico dentro ou em
volta de seus corpos”.

Mas, agora, o próprio canudo plástico começou a finalmente se tornar uma espécie ameaçada, com
algumas cidades nos Estados Unidos (Seattle, em Washington; Miami Beach e Fort Myers Beach, na Flórida;
e Malibu, Davis e San Luis Obispo, na Califórnia) banindo seu uso, além de outros países que limitam itens
de plástico descartável, o que inclui os canudos. Belize, Taiwan e Inglaterra estão entre os mais recentes
países a proporem a proibição.

Mesmo ações individuais podem causar um impacto significativo no meio ambiente e influenciar a
indústria: a proibição em uma única rede de hotéis remove milhões de canudos em um único ano. As redes
Anantara e AVANI estimam que seus hotéis tenham utilizado 2,49 milhões de canudos na Ásia em 2017, e
a AccorHotels estima o uso de 4,2 milhões de canudos nos Estados Unidos e Canadá também no último
ano.

Embora utilizar um canudo não seja a melhor das hipóteses, algumas pessoas ainda os preferem ou
até necessitam deles, como aqueles com deficiências ou dentes e gengivas sensíveis. Se quiser usar um
canudo, os reutilizáveis de metal ou vidro são a alternativa ideal. A Final Straw, que diz ser o primeiro
canudo retrátil reutilizável do mercado, está arrecadando fundos através do Kickstarter.

“A maioria das pessoas não pensa nas consequências que o simples ato de pegar ou aceitar um
canudo plástico tem em suas vidas e nas vidas das futuras gerações” diz David Laris, diretor de criação e
chef do Cachet Hospitality Group, que não utiliza canudos de plástico. “A indústria hoteleira tem a
obrigação de começar a reduzir a quantidade de resíduos plásticos que gera”.

Adaptado de https://www.nationalgeographicbrasil.com/planeta-ou-plastico/2018/07/fim-canudinhoplastico-
canudo-poluicao-oceano . Acesso em 14 de março de 2019.

Leia os textos abaixo.

TEXTO I

Sustentabilidade

Sustentabilidade é uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que permite


a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo. Ultimamente, esse conceito tornou-se um
princípio segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode
comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Esse novo princípio foi ampliado para a
expressão “sustentabilidade no longo prazo”, um “longo prazo” de termo indefinido.

A sustentabilidade também pode ser definida como a capacidade de o ser humano interagir com o
mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras.
O conceito de sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de variáveis interdependentes, mas

AULA 02 – INTRODUÇÃO 35
Prof.ª Celina Gil

podemos dizer que deve ter a capacidade de integrar as questões sociais, energéticas, econômicas e
ambientais.

FONTE: Adaptado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Sustentabilidade. Acesso em 14/03/19.

TEXTO II

Gestão para a sustentabilidade: as empresas do futuro

Sustentabilidade empresarial é o conjunto de ações que uma empresa adota visando o respeito ao
meio ambiente e o desenvolvimento da sociedade. Assunto do momento, o tema já se faz presente em
diversas organizações, que enxergam as vantagens de se trabalhar dentro dos conceitos da
sustentabilidade e adotam uma postura ética que alinha o crescimento econômico aos aspectos sociais e
ambientais.

De acordo com um levantamento produzido em 2012 pela Iniciativa Empregos Verdes, uma parceria
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente(Pnuma), a transição para uma economia verde – que visa o desenvolvimento sustentável para
garantir o sucesso das organizações no futuro – e o ‘esverdeamento’ das atividades econômicas que
agridem o meio ambiente, poderiam gerar entre 15 e 60 milhões de novos empregos no mundo nas
próximas duas décadas, tirando milhões de trabalhadores da pobreza.

Segundo o relatório, “os empregos verdes são crucialmente importantes para superar a crise
econômica: constituem uma alternativa possível e eficaz para reativar as economias e podem contribuir
para criar rapidamente uma grande quantidade de empregos”.

Dessa forma, áreas e carreiras ligadas ao meio ambiente vêm ganhando destaque – como
engenharia, biologia, química, economia, geografia, direito, jornalismo, construção civil e muitas outras –
enquanto os profissionais que sabem calcular os impactos ambientais de suas ações no trabalho têm sido
cada vez mais valorizados pelas organizações.

FONTE: https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/colunistas/noticias/sustentabilidade-e-o-tema-da-vez/. Acesso


em 14/03/19.

TEXTO III

Por que falar de sustentabilidade na escola?

Vamos começar com uma definição básica: a sustentabilidade na escola consiste na aplicação no
meio escolar de um conjunto de práticas e ensinamentos focado na questão do desenvolvimento
sustentável do planeta.

Esse tema precisa ser trabalhado na escola devido à sua pertinência cada vez mais alta, já que a
geração atual vivencia o problema da escassez de recursos naturais e da degradação do meio ambiente.
Essa realidade está mais que presente nas dificuldades e nos desastres que presenciamos, como falta de
água, contaminação do solo ou deslizamentos causados pela destruição da vegetação natural.

Precisamos nos lembrar de que as crianças e os jovens de hoje serão os futuros tomadores de
decisão do mundo, seja porque se tornarão políticos, cientistas ou empresários. Em outras palavras: estará
em suas mãos fazer escolhas para preservar o planeta. Para isso, no entanto, precisam conhecer tanto as

AULA 02 – INTRODUÇÃO 36
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causas e consequências do problema como também entender as ações que permitirão usufruir dos
recursos naturais sem prejudicar o meio ambiente.

Outro ponto que reforça a importância de se trabalhar a sustentabilidade na escola é o fato de que
os principais hábitos de um indivíduo são desenvolvidos desde cedo, durante a infância. Portanto, a escola
precisa introduzir esse tema o quanto antes, para que a educação dos alunos leve à formação de adultos
com valores e conhecimentos sólidos a respeito das relações entre o ser humano e o meio ambiente.
Sódessa forma pode ser possível controlar o impacto dos problemas ambientais nos próximos anos.

Fonte: http://novosalunos.com.br/a-importancia-de-trabalhar-a-sustentabilidade-na-escola/. Acesso em 14/03/19.

TEXTO IV

Razão social ou nome fantasia: a comunicação empresarial na construção da sustentabilidade fantástica

O que se pode perceber é que o “discurso sustentável” vem sendo apropriado pelo mundo
empresarial corporativo, muito mais que em outros setores da nossa sociedade. As empresas se tornaram
as grandes “guardiãs” do meio ambiente, são organizações socialmente responsáveis e também promovem
o desenvolvimento sustentável do planeta. Como dizem corriqueiramente aqui no Brasil, é uma “febre”
falarem sustentabilidade no meio empresarial, podemos chamá-la de “gripe da sustentabilidade”, pois nos
últimos anos contaminou a todas as organizações empresariais instaladas aqui no país. Os discursos
empresariais estão recheados de valores que antes eram contraditórios à lógica capitalista; as propagandas
e as mensagens na mídia corporativa mais parecem viagens utópicas dos hippies nos anos 70. CEOs e
dirigentes deliram frases de efeito. Eventos corporativos, publicações, rankings e outros acontecimentos
que enaltecem a atuação sustentável das empresas ganharam um valor imensurável pela contribuição à
imagem e reputação corporativa. O foco obstinado no lucro e a guerra de mercado parecem ter sofrido
uma mudança brusca no seu direcionamento.

Neste ambiente atual, onde a sustentabilidade empresarial é um fator preponderante, a


comunicação é cada vez mais estratégica para empresas, capaz de promover um ganho intangível para sua
imagem e reputação e também agregar valor a sua marca e seus produtos. Entretanto, há muita descrença
em relação à comunicação que se produz, seja em relação às campanhas desenvolvidas, à publicidade
verde (greenwashing) ou aos discursos e ações socioambientais que são disseminadas aos diferentes
veículos de comunicação institucional. A visão empresarial ainda é muito míope. Numa recente publicação,
a diretora de comunicação de uma indústria multinacional presente no Brasil citou que a sustentabilidade
é um fator estratégico de sobrevivência, agrega valor à imagem institucional, dá credibilidade pública e
liderança competitiva. Mas será somente essa a questão a ser levada em consideração? Será necessário
passar por uma crise, um risco à imagem e reputação para que ocorra uma revisão de valores institucionais
e mudança na condução dos negócios?

FONTE: Adaptado de RIBEIRO, Becker. Razão social ou nome fantasia: a comunicação empresarial na construção da
sustentabilidade fantástica. Revista Conexxión 4 (4) 2015 ISSN: 2305-7467.
revistas.pucp.edu.pe/index.php/conexion/article/download/14979/15510.Acesso em 14/03/19.

Com base nos textos de apoio e em seus conhecimentos gerais, construa um texto dissertativo-
argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema:

“A sustentabilidade e a imagem das empresas junto aos consumidores”

AULA 02 – INTRODUÇÃO 37
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OBSERVAÇÕES:

1. Aborde o tema sem se restringir a casos particulares ou específicos ou a uma determinada pessoa.

2. Formule uma opinião sobre o assunto e apresente argumentos que defendam seu ponto de vista, sem
transcrever literalmente trechos dos textos de apoio.

3. Não se esqueça de atribuir um título ao texto.

4.A redação será considerada inválida (grau zero) nos seguintes casos:

– texto com qualquer marca que possa identificar o candidato;

– modalidade diferente da dissertativa;

– insuficiência vocabular, excesso de oralidade e/ou graves erros gramaticais;

– constituída de frases soltas, sem o emprego adequado de elementos coesivos;

– fuga do tema proposto;

– texto ilegível;

– em forma de poema ou outra que não em prosa;

– linguagem incompreensível ou vulgar;

– texto em branco ou com menos de 17 (dezessete) ou mais de 38 (trinta e oito) linhas; e- uso de
lápis ou caneta de tinta diferente da cor azul ou preta.

5. Se sua redação tiver entre 17 (dezessete) e 24 (vinte e quatro) linhas, inclusive, ou entre 31 (trinta e
uma) e 38 (trinta e oito) linhas, também inclusive, sua nota será diminuída, mas não implicará grau zero.

(Estratégia Militares - 2021)


‘Velhenials’: o grande negócio de aproveitar a velhice

Maior longevidade pode salvar as contas da UE. Consumo dos idosos representará 32% do PIB e 38% do
emprego em 2025

SANDRA LÓPEZ LETÓN

Madri - 15 DEZ 2019 - 12:45 BRT

O mundo penteia cabelos grisalhos, mostra rugas e faz anos. Muitos anos. O envelhecimento da
população é uma das grandes mudanças sociais e econômicas que está acontecendo hoje em escala
mundial. Nenhum país desenvolvido pode ignorar essa realidade imparável, que assusta e entusiasma em
partes iguais. A expectativa de vida aumenta desde 1840 a um ritmo de dois anos e meio a cada década,

AULA 02 – INTRODUÇÃO 38
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seis horas por dia, de acordo com James Vaupel, professor do Centro Interdisciplinar de Populações da
Universidade do Sul da Dinamarca, considerado um dos maiores especialistas em envelhecimento.

As previsões indicam sociedades cada vez mais longevas, com a permissão da mudança climática,
das recessões econômicas e da ameaça de grandes guerras e novas doenças. O negócio que surge por
causa dessa maior sobrevivência tem dimensões estratosféricas.

Aperte os cintos. Cerca de 16% da população terá mais de 65 anos em 2050 (é 9% em 2019),
segundo a ONU. Em 2018, pela primeira vez na história, esse grupo superou o de menores de cinco anos e
em 2050 ultrapassará os jovens de 15 anos. Há um século se dizia que era impossível superar os 65 anos
de vida. Estavam errados. “Em 2050, haverá mais de 400 milhões de pessoas no mundo com 80 anos ou
mais e 3,2 milhões de centenários”, lembra o Centro Internacional sobre o Envelhecimento (Cenie). E na
Europa, um em cada três cidadãos terá mais de 65 anos em 2060, segundo a Comissão Europeia. Além
disso, metade das meninas europeias que nasceram em 2018 viverá mais de 100 anos.

Essa maior longevidade apresenta enormes desafios para os sistemas de saúde pública e de
previdência. Duas espadas de Dâmocles também para a Espanha, onde os maiores de 64 anos representam
19% da população, segundo o Eurostat. É o segundo país da OCDE com maior expectativa de vida ao nascer
(83 anos). Somente o Japão supera a marca espanhola. Mas cuidado, porque na cidade galega de Ourense
já existem taxas semelhantes às japonesas. O inverno demográfico espanhol explodirá a conta: os gastos
públicos em pensões, saúde e assistência de longa duração equivalerão a 27,1% do PIB em 2050, três
pontos a mais do que hoje, de acordo com as projeções do Ministério da Economia para o Plano de
Estabilidade 2019-2021. Além disso, é um dos países mais expostos às pressões creditícias ligadas ao
envelhecimento, segundo a Moody’s.

A bomba da longevidade dá vertigem, sim. Mas, de cinco anos para cá, não se fala apenas do colapso
e do fim do estado de bem-estar, mas da silver economy, ou economia dos cabelos grisalhos. Alguns
especialistas afirmam que os idosos não devem ser demonizados e dizem que fazer anos será o maior
estímulo para o crescimento do PIB. “Vender o envelhecimento será o maior negócio do mundo. O futuro
está nas pessoas com passado”, sentencia Juan Carlos Alcaide, especialista em silver economy e marketing
que estuda o envelhecimento e seu efeito empresarial desde 2004.

Idosos consumiram bens e serviços no valor de 3,7 bilhões de euros (cerca de 16,9 bilhões de reais)
na União Europeia em 2015. Hoje, se fosse uma nação, a silver economy seria a terceira maior economia
do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, segundo o relatório The Silver Economy (Comissão
Europeia, Technopolis e Oxford Economics), que leva em consideração a população com mais de 50 anos.
Seus gastos crescerão 5% ao ano, até os 5,7 bilhões em 2025. Nessa data representarão 32% do PIB da UE
e 38% do emprego, com 88 milhões de novos postos de trabalho.

Da visão apocalíptica da longevidade ao otimismo demográfico: viver mais e melhor é uma


oportunidade, pois exige a criação de novos negócios que atendam às necessidades dos idosos e suas
famílias, bem como a criação de produtos e serviços adaptados. “Essa revolução coloca o foco nas
oportunidades do nosso momento histórico”, diz Iñaki Ortega, diretor da Deusto Business School e autor,
juntamente com Antonio Huertas, presidente da Mapfre, do livro La Revolución de las Cañas (A Revolução
dos Cabelos Grisalhos). Graças aos avanços médicos e tecnológicos, surgiu uma nova fase da vida entre os
55 e os 70 anos batizada de geração silver. “Um extra de 15 anos que não esperávamos para viver com
cabelos grisalhos, mas com qualidade”, acrescenta Ortega.

“A crescente longevidade, adequadamente gerenciada, é o baby boom que buscamos


desesperadamente, se é que não é ainda melhor: é o greyny boom”, diz José. A. Herce, doutor em

AULA 02 – INTRODUÇÃO 39
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Economia e especialista em longevidade e pensões. É assim, diz, “que tiraremos proveito do maná da
longevidade e não com subornos para que os casais tenham mais filhos”. E acrescenta: “É mais eficaz se
livrar da tirânica barreira dos 65 anos, romper o teto de vidro dessa idade, do que promover a natalidade
para que os jovens nos paguem as pensões”.

(Disponível em <https://brasil.elpais.com/economia/2019-12-15/velhenials-o-grande-negocio-de-aproveitar-a-
velhice.html> Acesso em 13 abr. 2021)

Texto I

O que é “envelhecimento ativo”?

Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e


segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.

O envelhecimento ativo aplica-se tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais. Permite que as
pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, e que
essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades; ao
mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessários.

A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais,
espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de
trabalho. As pessoas mais velhas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem
com alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares,
companheiros, comunidades e países. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de
uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que
são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados.

O termo “saúde” refere-se ao bem-estar físico, mental e social, como definido pela Organização
Mundial da Saúde. Por isso, em um projeto de envelhecimento ativo, as políticas e programas que
promovem saúde mental e relações sociais são tão importantes quanto aquelas que melhoram as
condições físicas de saúde.

Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é uma meta


fundamental para indivíduos e governantes (veja definições). Além disto, o envelhecimento ocorre dentro
de um contexto que envolve outras pessoas – amigos, colegas de trabalho, vizinhos e membros da família.
Esta é a razão pela qual interdependência e solidariedade entre gerações (uma via de mão-dupla, com
indivíduos jovens e velhos, onde se dá e se recebe) são princípios relevantes para o envelhecimento ativo.
A criança de ontem é o adulto de hoje e o avô ou avó de amanhã. A qualidade de vida que as pessoas terão
quando avós depende não só dos riscos e oportunidades que experimentarem durante a vida, mas também
da maneira como as gerações posteriores irão oferecer ajuda e apoio mútuos, quando necessário.

(Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf> Acesso em 13 abr. 2021)

Texto II

Economia prateada é a soma de todas as atividades econômicas associadas às necessidades das


pessoas com mais de 50 anos e os produtos e serviços que elas consomem diretamente ou virão a consumir
no futuro

Estima-se que a Economia Prateada seja a terceira maior atividade econômica do mundo, uma
indústria que movimenta US$ 7,1 tri anuais.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 40
Prof.ª Celina Gil

Nos EUA, a Economia Prateada já representa mais de 25% do consumo. No Brasil, o consumidor
maduro movimenta cerca de R$1,6 tri/ano. O paradoxo é que, apesar de essa indústria movimentar tanto
dinheiro, ainda existem poucos produtos e serviços que são desenhados, construídos, testados e
distribuídos pensando na perspectiva das pessoas mais velhas. Elas acabam consumindo produtos que são
mais ou menos adequados. Que mais ou menos resolvem seus problemas. Que mais ou menos lhes
agradam. Tudo bem mais ou menos.

(Disponível em < https://tsunami60mais.com.br/> Acesso em 22 mar. 2021)

Texto III

(Disponível em <https://www.vivaalongevidade.com.br/alexandre-kalache/a-desigualdade-afeta-o-envelhecimento-
de-todos> Acesso em 13 abr. 2021)

Com base nos textos de apoio, nos texto da prova e em seus conhecimentos gerais, construa um
texto dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o
tema:

“Os desafios para envelhecer com qualidade de vida”

OBSERVAÇÕES:

1. Aborde o tema sem se restringir a casos particulares ou específicos ou a uma determinada pessoa.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 41
Prof.ª Celina Gil

2. Formule uma opinião sobre o assunto e apresente argumentos que defendam seu ponto de vista, sem
transcrever literalmente trechos dos textos de apoio.

3. Não se esqueça de atribuir um título ao texto.

4. A redação será considerada inválida (grau zero) nos seguintes casos:

– texto com qualquer marca que possa identificar o candidato;

– modalidade diferente da dissertativa;

– insuficiência vocabular, excesso de oralidade e/ou graves erros gramaticais;

– constituída de frases soltas, sem o emprego adequado de elementos coesivos;

– fuga do tema proposto;

– texto ilegível;

– em forma de poema ou outra que não em prosa;

– linguagem incompreensível ou vulgar;

– texto em branco ou com menos de 17 (dezessete) ou mais de 38 (trinta e oito) linhas; e

- uso de lápis ou caneta de tinta diferente da cor azul ou preta.

5. Se sua redação tiver entre 17 (dezessete) e 24 (vinte e quatro) linhas, inclusive, ou entre 31 (trinta e
uma) e 38 (trinta e oito) linhas, também inclusive, sua nota será diminuída, mas não implicará grau zero.

(Estratégia Militares - 2020)


Texto 1.:

“Qualquer morador ou visitante de São Paulo que já tenha caminhado pela Avenida Paulista num
domingo, quando ela fica aberta apenas aos pedestres, já viveu essa experiência de caos: a apenas alguns
metros uns dos outros estão caricaturistas, bandas de jazz, DJs tocando houses e technos, guitarristas
covers de Slayer. Ainda se veem feiras de artesanato, rodas de poesia, oficinas de cartazes – uma soma de
experiências produzidas e desfrutadas na liberdade do espaço público, despertando sorrisos, desgostos,
curiosidade, preguiça, iluminações. Sendo livre, como não poderia ser heterogênea nas reações que ela
provoca?” (Paula Carvalho, Bravo, sem data)

Fonte: < http://bravo.vc/seasons/s05e02> Acesso em 14 Mar. 2019.

Texto 2.:

“São Paulo é mundialmente reconhecida pela potência de sua arte urbana. E o que a faz assim são
as suas próprias características de cidade, positivas e negativas. A vastidão de espaços carentes de cor. A
criatividade que emerge do fluxo territorial e do caos urbano. Os artistas imersos na profusão de
influências, misturas e tendências. A força da periferia, e da arte periférica, aquela que se impõe pela
necessidade, que precisa gritar sua voz, onde seja escutada, sem pedir licença. A rebeldia. A iconoclastia.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 42
Prof.ª Celina Gil

A desigualdade e a fobia. A tensão cotidiana de uma cidade sem horizonte ou ponto de fuga, que, em vez
de escoar, concentra e aquece em pressão as sensações, sentimentos, pensamentos e opiniões,
convertidos em expressão simbólica nua e crua. Nas ruas. A paisagem urbana, erigida sob o império da
propriedade, e que requer, como imperativo, tudo aquilo que é público. Como respiro e única alternativa:
a arte pública.” (Juca Ferreira e Guilherme Varella, Nexo Jornal, 29/01/2017)

Fonte: <https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/Cidade-linda-coisa-feia> Acesso em 14 Mar. 2019

Texto 3.:

“Grafiteiros e pichadores pintam coisas nas paredes da cidade. A diferença é que os primeiros
produzem coisas coloridas, bonitas, criativas, artísticas. Os outros produzem riscos, palavras
incompreensíveis e sujeiras. Conversei com pessoas que dizem que ambas as manifestações são “irmãs” e
que nascem da mesma vontade de expressão pessoal. É possível que a gênese seja parecida, mas o
resultado, sinceramente, é muito diferente.

Basta andar pela cidade e perceber a diferença: um grafite exprime um pensamento, um


planejamento, a escolha das cores, do desenho, um tempo grande de execução e, principalmente, na maior
parte dos casos, a concordância do dono da parede, seja ele público ou privado. E gera prazer para quem
vê.

A pichação é fruto da adrenalina, da coisa proibida, da exibição. No ano passado, entrevistei um


rapaz que picha. Ele disse que a pichação não é para ser bonita, nem para agradar ninguém. A pichação é
feita para agredir. E ela agride mesmo. E por isso, é ilegal.” (Folha de São Paulo, 29/01/2017)

Fonte: < https://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/caminhadas-urbanas/pichacao-e-grafite-e-possivel-negar-


veementemente-a-depredacao-ilegal-e-abracar-incondicionalmente-a-arte-urbana/> Acesso em 14 Mar. 2019.

Por muito tempo, acreditou-se que a arte era uma atividade elevada, que pertencia ao interior dos
prédios do museu. A partir principalmente do século XX, artistas passaram a experimentar produzir arte
em outros ambientes. As ruas das cidades se tornaram campo fértil para a criação artística. O teatro de rua
e as performances, o grafitti e os cartazes (também chamados de lambe-lambes) são algumas das
expressões mais comuns de arte urbana. Os movimentos, porém, enfrentam também críticas: questões
como os limites do espaço público e do privado, a vontade de delimitar o que é arte ou não e o caráter
efêmero das manifestações artísticas de rua são alguns dos principais pontos discutidos quando o assunto
é a relação entre arte e rua.

A partir da leitura dos trechos a seguir, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da
língua portuguesa a partir do tema:

Arte urbana: como a arte de rua pode mudar nossa relação com os espaços
públicos?

• Considere os textos da prova de Língua Portuguesa como motivadores e fonte de dados. Não os copie,
sob pena de ter a redação zerada.

AULA 02 – INTRODUÇÃO 43
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• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.

• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa
alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.

• Utilize caneta de tinta preta ou azul.

• Dê um título a sua redação.

(Estratégia Militares - 2020)


Texto I

Relatórios de respeitadas organizações ambientais defendem que nós, seres humanos, já


estamos consumindo mais do que a capacidade do planeta de se regenerar, alterando o
equilíbrio da Terra. Segundo o relatório Planeta Vivo (WWF, 2008), a população mundial já
consome 30% a mais do que o planeta consegue repor. Outro relatório, o Estado do Mundo
2010, do World Watch Institute (WWI) coloca que hoje extraímos anualmente 60 bilhões de
toneladas de recursos naturais. Isto representa 50% a mais do que extraíamos 30 anos atrás.

É verdade que a população mundial cresceu muito desde sua existência. No século XVIII
(durante a revolução industrial) éramos cerca de 750 milhões de habitantes. Hoje, somos 7,6
bilhões de seres humanos na Terra. E segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a
população mundial deve chegar a 8,6 bilhões de habitantes até 2030.

(Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/consumo/consumo-e-meio-ambiente/> Acesso em 22 abr. 2020)

Texto II

A população mundial consumiu até hoje (1º) o conjunto dos recursos que a natureza pode produzir
em um ano. E, pelo restante do ano, vai consumir além da capacidade de renovação anual. As informações
são da Global Footprint Network, uma organização não governamental de pesquisa de recursos naturais e
mudanças climáticas.

Em cada ano, desde 1970, este marco é conhecido como o Dia de Sobrecarga da Terra, que
representa o momento em que o consumo de recursos naturais supera o volume que o planeta é capaz de
renovar.

“Essa data representa justamente o movimento que existe hoje no sentido de utilizar uma produção
intensiva de recursos naturais sem retornar e sem aproveitar esses mesmos recursos que já foram
extraídos”, avaliou o Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe),
Carlos Silva Filho. “Se não mudarmos o processo de produção e consumo, em um dado momento, o planeta
realmente não vai ter a capacidade de regeneração e uma série de matérias primas vão ficar realmente
esgotadas, escassas ao ponto de não poderem mais serem utilizadas”.

Ele acrescentou que o Brasil consome os recursos da natureza em um ritmo mais acelerado que a
média mundial. “Se fôssemos considerar somente os padrões de produção e consumo do Brasil, o Dia de

AULA 02 – INTRODUÇÃO 44
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Sobrecarga da Terra seria em 19 de julho. O Brasil está no sentido de consumir mais recursos e aproveitar
menos os resíduos do que a média mundial. Então esse é um problema que precisa ser encarado de frente”.

No Brasil, 20 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos poderiam ser recuperados por ano
com reciclagem, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (Abrelpe), o que representa cerca de 25% do total do lixo gerado. O país ocupa o quinto lugar na
geração de lixo no mundo e, diante dos baixos índices de reaproveitamento, contribui para o esgotamento
dos recursos naturais do planeta, segundo avaliação da entidade.

Disponível em <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-08/consumo-de-recursos-naturais-superou-
que-o-planeta-pode-renovar-no-ano> Acesso em 07 jul. 2020

Texto III

O consumo é um conceito que vai muito além do “consumismo” ou do consumo de produtos


tangíveis, em especial os encontrados no varejo. Consumimos produtos, serviços, informações e símbolos,
diariamente, consciente ou inconscientemente. O próprio conceito de sustentabilidade tem sido
“consumido” exaustivamente nas últimas décadas. Consumir não é necessariamente negativo e seríamos
incapazes de renunciar a essa prática. Porém, o crescimento do número de pessoas e da capacidade de
produção impõe uma responsabilização individual e coletiva sobre o seu impacto.

A sustentabilidade que costumava ser uma bandeira de especialistas e um assunto visto como
importante, mas de certa forma distante das urgências cotidianas, hoje está no centro do debate social e
econômico. E, no World Economic Forum (WEF), que encerrou na semana passada, em Davos, na Suíça,
não foi diferente. O evento é um dos mais importantes encontros do mundo entre líderes de diferentes
setores e países e serve de palco para governos e empresas apresentarem suas propostas no
equacionamento dessa problemática.

Pela primeira vez, seu relatório anual de riscos globais aponta que aqueles relacionados ao meio
ambiente ocupam agora as primeiras posições, tanto em termos de probabilidade como impacto. Deixou
de ser um problema setorizado ou regionalizado e, desta forma, nenhuma organização, pública ou privada,
pode prescindir desta questão.

Dentre as temáticas debatidas, uma economia livre de lixo (waste-free economy) atinge
diretamente as estratégias das empresas. Em geral, convivemos com um desconforto relacionado à
questão, mas não temos a real dimensão das marcas que causamos ao meio ambiente. Quantos quilos de
lixo um indivíduo produz anualmente? Estudos apontam que um brasileiro está perto de superar a geração
de 300 quilos de lixo ao ano. Considerando o peso médio do brasileiro (aproximadamente 70kg) podemos
dizer que cada um de nós despeja quatro vezes o seu peso em resíduos. Estamos acima da média mundial,
mas abaixo dos países de alta renda, mesmo que estes representem uma fatia pequena da população
planetária.

Disponível em <https://www.istoedinheiro.com.br/existe-consumo-com-sustentabilidade-ambiental/> Acesso em


07 jul. 2020

Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo,
escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte tema:

Consumo consciente de recursos naturais

AULA 02 – INTRODUÇÃO 45
Prof.ª Celina Gil

Considerações Finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não
acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir.

Na próxima aula, vamos nos aprofundar no estudo do tópico frasal.

Até lá, procure ler textos relacionados a tecnologia. Assim, você já vai chegar na próxima aula com
bagagem para construir argumentos para suas redações. Qualquer dúvida estamos à disposição no fórum
ou nas redes sociais.

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AULA 02 – INTRODUÇÃO 46

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