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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


Raphael de Souza Motta

Imagens
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ISBN: 978-65-88825-59-4

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lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e
localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição
para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
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SUMÁRIO

BIOLOGIA
FUNGOS E BOTÂNICA
Aulas 27 e 28: Reino Fungi 6
Aulas 29 e 30: Briófitas e Pteridófitas 16
Aulas 31 e 32: Gimnospermas 25
Aulas 33 e 34: Angiospermas I 33

EMBRIOLOGIA E SISTEMAS
Aulas 27 e 28: Embriologia humana I 44
Aulas 29 e 30: Embriologia humana II 52
Aulas 31 e 32: Sistema locomotor 57
Aulas 33 e 34: Sistema cardiovascular 69

BIOQUÍMICA E GENÉTICA
Aulas 27 e 28: Fotossíntese e quimiossíntese 84
Aulas 29 e 30: Genética: primeira Lei de Mendel 91
Aulas 31 e 32: Expressão gênica e alelos múltiplos 102
Aulas 33 e 34: Sistema ABO 108
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

No Enem, são cobrados alguns conceitos As questões de botânica envolvem


básicos, mas sem muitas dificuldades e fisiologia vegetal e as relações evolutivas
aprofundamentos, normalmente associados a entre diferentes grupos vegetais. Os
fatores ecológicos. grupos mais cobrados são gimnospermas
e angiospermas.

A botânica é um tema de grande presença nesse Botânica é um assunto que cai em todas O tema dominante na área de botânica é fisio-
vestibular. É importante dominar bem anatomia, as provas da Unifesp, sendo importante logia vegetal, com destaques para o transporte
fisiologia e sistemática vegetal, além das principais dar uma atenção especial para fisiologia de seiva e fitormônios.
características dos dois grupos mais recorrentes: e anatomia vegetal, em questões sobre
gimnospermas e angiospermas. frutos e sementes.

É um vestibular bastante recente, o que Pelo recente formato, a prova encontra-se em Nessa prova, há maior incidência de Os temas garantidos são desde fungos até es-
dificulta analisar a incidência temática a longo situação semelhante ao Albert Einstein. As questões envolvendo os diversos ciclos de pécimes vegetais, abordados quanto aos ciclos
prazo. No entanto, fisiologia vegetal e fermen- últimas provas focaram em ciclos de vida e vida e a diversidade vegetal, em especial de vida, morfologia e fisiologia, fotossíntese,
tação de fungos foi um dos destaques. diversidade dos vegetais. das angiospermas. transporte nos vasos condutores e caracte-
rização das divisões: briófitas, pteridófitas,
gimnospermas e angiospermas.

UFMG

Trata-se de um vestibular bastante interdisci- A prova possui questões mais direcionadas à Trata-se de uma prova bastante abrangente,
plinar; dessa forma, as questões de botânica diversidade e anatomia vegetais; sendo assim, mas destaque-se a importância de saber
podem estar relacionadas a outros temas da é importante que o candidato atente nas aulas ler e interpretar figuras relacionadas a
Biologia ou das demais disciplinas. sobre os diversos tecidos. plantas, bem como compreender fisiologia e
anatomia vegetais.

A botânica não é um dos principais assuntos; O candidato deve se preparar para encontrar São recorrentes questões envolvendo os ciclos
quando cobrada, é no geral quanto à ativi- questões com alto nível de especificidade em de vida e a diversidade vegetal, ou seja, é
dade de fitormônios e reação das estruturas botânica, especialmente quanto à fisiologia importante atentar nas diferentes características
associadas a cada um deles. Existe a possibili- vegetal e aos processos fotossintetizantes. de cada grupo.
dade de as questões estarem relacionadas ao
balanço hídrico vegetal.
FUNGOS E BOTÂNICA
conservados e de pesquisas, é possível estimar que os an-
AULAS 27 e 28 cestrais dos fungos irradiaram como grupo independente há
cerca de 1 bilhão de anos, no éon Proterozoico (2,5 bilhões a
542 milhões de anos).
Os estudos também indicam que a partir do éon Fanerozoico
(542 milhões de anos até o presente), os fungos possivel-
mente iniciaram a colonização do ambiente terrestre. Além
REINO FUNGI disso, apontam que durante a era Paleozoica (542 a 251
milhões de anos) houve um aumento da diversidade, com
estabelecimento gradativo dos organismos. Ao final do perí-
odo Carbonífero (359 a 299 milhões de anos), observa-se a
presença de todas as classes atuais.
Atualmente, a distribuição geográfica dos fungos é ampla,
COMPETÊNCIAS: 3, 7 e 8 ocorrendo nos mais variados ambientes aquáticos (marinhos
ou água doce) e terrestres. Assim como acontece com as de-
HABILIDADES: 10, 12, 27, 29 e 30 mais espécies, a diversidade da maioria dos grupos de fungos
aumenta nas regiões tropicais e diminui em direção aos polos.

2. Características
1. O Reino Fungi Os fungos são eucariontes e não possuem tecido verdadeiro;
a distribuição de águas, gases e nutrientes ocorre por difusão
A micologia, área da ciência que estuda os fungos, é rela- (célula a célula). Apresentam parede celular composta princi-
tivamente recente quando comparada a outras disciplinas, palmente de quitina, mas sua constituição pode ter também
como a botânica. Por conta das similaridades morfológicas, outras substâncias, como celulose e betaglucano. Essa parede
até há pouco tempo esses organismos eram agrupados com rígida propicia proteção mecânica e osmótica.
as plantas, apesar de não apresentarem clorofila. Em 1969,
o cientista norte-americano Robert Whittaker propôs a nova A temperatura ideal para seu desenvolvimento varia entre 0ºC
classificação dos seres vivos, dividindo-os em 5 reinos. Den- e 35ºC, mas a maioria das espécies permanecem em ambiente
tre eles, criou o grupo próprio dos fungos (Reino Fungi). com medições por volta de 20°C e 30°C. Em geral, o pH ótimo
deve ser ligeiramente ácido, próximo a 6. Como os outros fa-
Cerca de 70.000 espécies de fungos já foram descritas, tores, a quantidade de umidade necessária para sobrevivência
mas alguns estudos estimam que esse número seja de ape- também varia de acordo com a espécie − mas costumam per-
nas 5% das espécies existentes. Isso demonstra o quanto o severar em ambientes úmidos.
grupo ainda é pouco conhecido e explorado, apresentando
um alto potencial para se tornar alvo de novas pesquisas. Em relação ao metabolismo enérgico, os fungos podem ser
classificados em aeróbios (utilizam o oxigênio para obtenção
Além disso, a maioria das pessoas não tem consciência da de energia) ou anaeróbios facultativos (na presença do
importância e do impacto dos fungos no cotidiano. Para oxigênio, utiliza-no para produção de energia, e na ausência,
exemplificar alguns dos papéis dos fungos, basta lembrar realizam o processo de fermentação).
as aplicações dos conhecimentos sobre eles nas áreas de
Medicina, Veterinária, Bioquímica, Agronomia, Produção
de alimentos e bebidas, etc.
2.1. Morfologia
A morfologia, macro e microscópia, ainda é um dos critérios
mais pertinententes para a identificação dos fungos. Alguns
1.1. Origem poucos são constituídos por uma única célula (unicelulares)
A origem da maioria dos grupos parece ser terrestre, embo- e podem desenvolver pequenas colônias, enquanto os de-
ra todos apresentem representantes aquáticos. A ressalva é mais são formados por muitas células, sem apresentar tecido
Chytridiomycetes − única classe presente no filo Chytridiomycota verdadeiro (multicelulares).
− que provavelmente teve origem aquática.
Os fungos multicelulares são caracterizados por corpos sés-
Devido a diversos motivos, como a predominância de tecidos seis (talos), geralmente constituídos de redes de filamentos
moles e facilmente degradáveis, há uma escassez de fósseis finos denominados hifas, as quais são formadas por células
e informações. Contudo, por meio dos poucos registros unidas entre si por uma longa parede celular de quitina.

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As hifas septadas apresentam compartimentos formados O micélio vegetativo determina o corpo vegetal, cuja
por septos, projeções da parede que muitas vezes não se estrutura ajuda a maximizar a eficiência na alimentação do
encontram no centro e, assim, permitem a comunicação por fungo. Assim, tem papel no crescimento, na assimilação e dis-
poros. As hifas cenocíticas, por sua vez, não possuem septo. tribuição de nutrientes, na sustenção, na fixação e na forma-
ção de processos simbióticos. Já o micélio reprodutivo é
Hifas
septadas responsável pela reprodução da espécie e, em algumas espé-
cies, caracteriza o corpo de frutificação ou esporocarpo.

Septos

Hifas

Núcleos

Hifas
cenocíticas

Comparação entre hifas com e sem septo

O conjunto de hifas forma o micélio, uma massa de ramifi-


cação enovelada que, dependendo da quantidade e organi- Esquema com micélio vegetativo e reprodutivo de
zação, pode compor corpos macroscópicos complexos. um cogumelo com corpo de frutificação

2.2. Reprodução
Em geral, os fungos se reproduzem por meio da produção de um grande número de esporos, por via sexuada ou assexuada.
De acordo com o tipo de reprodução realizada, os fungos podem ser classificados em três grupos: anamorfo (realiza apenas
reprodução assexuada), teleomorfo (realiza apenas reprodução sexuada) ou holomorfo (realiza ambas as fases reprodutivas).
Na assexuada, há produção de esporos (n) por mitose. Esses esporos podem ser móveis (zoósporos), como nos quitridio-
micetos, ou imóveis (aplanósporos), como os conídios dos ascomicetos. O esporo com mobilidade permite a locomoção em
ambientes aquáticos ou com presença de água.
Já na fase sexuada do ciclo de vida, as hifas de dois fungos diferentes se estendem uma em direção à outra e se fundem.
Primeiro, há fusão do citoplasma (plasmogamia) e depois dos núcleos (cariogamia). Porém, os núcleos não se fundem
logo em seguida e podem permanecer separados por horas, dias ou anos. Nessa configuração, afirma-se que o micélio é
heterocariótico (com dois núcleos separados), representado da forma n+n.
Na cariogamia, os núcleos haploides (n) se fundem e geram zigotos diploides (2n). Os zigotos sofrem meiose zigótica, ge-
rando esporos haploides (n) imóveis que, quando caem em um lugar suficientemente úmido em que haja alimento, germinam,
produzindo um novo organismo haploide.

fase heterocariótica
(n + n)
PLASMOGAMIA
(fusão de citoplasmas)

CARIOGAMIA
(fusão de núcleos)
esporângio

MITOSE núcleo diploide


REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO micélio SEXUADA
esporos
ASSEXUADA

fase haploide
fase diploide esporângio
GERMINAÇÃO GERMINAÇÃO
fase dicariótica
MEIOSE
esporos

Esquema de um ciclo de vida de um fundo com fase sexuada e assexuada

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2.3. Nutrição
Os fungos são heterótrofos, assim não possuem plastos ou pigmentos fotossintetizantes e não produzem seu próprio
alimento, dependendo de materiais orgânicos já formados. Além disso, sua substância de reserva predominante é o glicogê-
nio. Essas duas características em conjunto com outras informações, como dados moleculares e filogenéticos, aproximam os
fungos do grupo dos animais, em contraposição à classificação anterior com as plantas.

Amilose

Amilopectina
Amido Glicogênio fibra de celulose

O glicogênio, assim como o amido, a quitina e a celulose, é um polissacarídeo formado por vários monômeros de glicose. O que
diferencia essas moléculas são suas estruturas químicas: em comparação, o glicogênio apresenta uma cadeia mais ramificada.

A digestão dos fungos é extracorpórea e sua nutrição é por absorção. Há liberação de enzimas digestivas no meio, que
digerem as partículas de alimento, e, posteriormente, assimilação dos nutrientes derivados desse processo.
Com relação à forma de alimentação, os fungos podem ser subdivididos em:

§ Saprófitas obrigatórios − fungos que retiram seus nutrientes da matéria orgânica morta e não são parasitas.

§ Parasitas facultativos ou saprófitas facultativos − fungos que, dependendo das condições do meio, podem atuar
como saprófitos ou parasitas (causando doenças em plantas e animais).

§ Parasitas obrigatórios − fungos que dependem de outros seres para viver.

§ Simbiontes − fungos que vivem em simbiose ou mutualismo com outras espécies, como as micorrizas (associação
mutualística entre fungos e raízes de plantas) e os liquens (associação mutualística entre fungos e algas).

3. Classificação
Ainda há muitas dúvidas sobre a origem e a evolução do Reino Fungi, que apresenta grande diversidade. Assim, a classifica-
ção taxonômica desse grupo é difícil e sofreu diversas alterações nos últimos tempos.

A seguir serão estudados os quatro filos principais desse reino, que englobam a esmagadora maioria das espécies: Quitridio-
micetos, Zigomicetos, Ascomicetos e Basidiomicetos.

Observe a seguir a representação de uma das relações filogenéticas aceita hoje entre os grupos de fungos:
Chytridiomycota
Chytridiomycetes

Zygomycota (bolores das frutas, do pão, etc.−- Rhizopus, Mucor, Pilobolus,etc.)


Zygomycetes

Basidiomycota (cogumelos, orelha de pau, ferrugens, carvões, etc.)


Basidiomycetes

Ascomycota (leveduras −- Saccharomyces, bolores −- Penicillium,etc.)


Ascomycetes
Representação de uma das relações filogenéticas aceita hoje entre os grupos de fungos

3.1. Filo Quitridiomicetos (Chytridiomycota)


§ Cenocítico, com presença de septos apenas para delimitar estruturas reprodutivas.

§ Parede celular de quitina.

§ Reprodução sexuada por conjugação, copulação planogamética (gametas flagelados) ou somatogamia.

§ Zoósporos flagelados (assexual).

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Os quitridiomicetos, em geral, são organismos unicelulares, aquáticos, saprófitos ou parasitas. De acordo com análises filo-
genéticas, é o grupo mais antigo em termos de evolução e, dentre os fungos verdadeiros, é o único que apresenta células
móveis e com flagelos.

3.2. Filo Zigomicetos (Zygomycota)


§ Micélio cenocítico.
§ Septos completos, presentes apenas para delimitar estruturas reprodutivas.
§ Parede celular de quitina.

§ Não formam corpo de frutificação.


Desse grupo, são conhecidas aproxidamente mil espécies, como Rhizopus, Mucor, Absidia e Zygorhynchus, identificadas
como bolores ou mofos. A maioria é de ambiente terrestre e tem seus esporos dispersos através do ar. A nutrição dessa classe
é variada, apresentam fungos saprófitos, parasitos facultativos ou obrigatórios.

Rhizopus stolonifer em uma laranja

3.3. Filo Ascomicetos (Ascomycota)


§ Septos centralmente perfurados, apresentando poro simples.

§ Micélio filamentoso desenvolvido, multicelular ou unicelular.

§ O asco (estrutura em forma de saco) é a característica marcante dessa classe, que contém endósporos (ascósporos)
resultantes do processo de cariogamia seguida pela meiose.

Foto de trufas, espécie presente no Ascomycota

O filo apresenta cerca de 64.000 espécies descritas, sendo o grupo com mais representantes. A nutrição varia entre os
organismos e muitos deles possuem importância econômica para os seres humanos. Alguns são patógenos, mas a maioria
oferece benefícios, como as trufas, leveduras e penicilina. O micélio pode ser haploide (n) ou dicariótico (n + n).

A espécie Saccharomyces cerevisiae é unicelular e apresenta ciclo de vida haplodiplobionte, envolvendo a junção de células
gaméticas, com ascos isolados. Já os ascomicetes filamentosos possuem ciclo de vida mais complexo:
I. Os gametângios (ascogônios e anterídios) são desenvolvidos em indivíduos diferentes (+) e (-) (micélio heterotálico). A fertili-
zação ocorre por meio do contato desses gametângios.

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II. Depois da fertilização, são produzidas hifas ascógenas para propagar o resultado da fertilização; essas hifas são pro-
venientes do ascogônio, que se ramifica conservando os dois núcleos parentais (hifas dicarióticas). Ou seja, acontece
plasmogamia, mas não cariogamia.

Imagem com representação simplificada da reprodução sexuada de um ascomicete filamentoso

3.4. Filo Basidiomicetos (Basidiomycota)


§ Septos com o centro perfurado.

§ Micélio filamentoso desenvolvido e pluricelular.

§ A característica marcante da classe é o basídio, que forma os esporos exógenos (basidiósporos).

Imagem com representação simplificada da reprodução sexuada de basidiomicetes

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Os basidiomicetes apresentam muitas semelhanças com
os ascomicetes, também podendo ser haploides (n) ou
dicarióticos (n + n). Observe na tabela a seguir a compa-
ração entre as características das duas classes.

Comparação entre Ascomicetos e Basidiomicetos

multimídia: vídeo Características Ascomycetes Basidiomycetes


Fonte: Youtube
O Mundo Secreto dos Jardins - 08 - Fungos Parede celular Quitina e β-glucano Quitina e β-glucano

Micélio com hifas Ramificadas e


Esse grupo apresenta mais de 32.000 espécies descritas, Talo
desenvolvidas septadas
com nutrição bem variada entre os representantes. Os
organismos mais conhecidos são identificados por suas
Septo Poro simples Poro doliporo
estruturas macroscópicas responsáveis pela reprodução,
como os cogumelos e orelhas-de-pau.
Curta; hifas Longas; micélio
Fase dicariótica
ascógenas secundário

Produção de
Asco (endósporos) Basídio (exósporos)
esporos

Corpo de
Ascocarpo Basidiocarpo
frutificação
Orelha-de-pau
Brotamento, fissão,
fragmentação,
Brotamento,
Reprodução artrósporos, clami-
fragmentação,
vegetativa dósporos, conídios,
artrósporos, conídios
artróspores, clami-
cósgoros e conídios
Copulação de
gametângios,
contato de Espermatização,
Dicariotização
gametângios, somatograma
espermatização
e somatogamia
Amanita muscarua: fungo venenoso

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Biofilmes superficiais formados por fungos e outros micro-organismos, e associados a outros materiais particulados,
podem reduzir em até 10% a produção de energia de painéis fotovoltaicos, que transformam a energia solar em
elétrica. A descoberta, inédita no mundo, é resultado do estudo “e da avaliação da influência de biofilmes” (fungos
e fototróficos) na eficiência energética de módulos fotovoltaicos, realizado pela pesquisadora Márcia Aiko Shirakawa,
do Departamento de Engenharia de Construção Civil (DECC), da Escola Politécnica (Poli) da USP. O projeto multidis-
ciplinar teve por objetivo avaliar se o crescimento de micro-organismos, no caso fungos e organismos fototróficos
(como cianobactérias e microalgas), poderiam diminuir a aquisição da energia solar em módulos fotovoltaicos expos-
tos na cidade de São Paulo. [...]
Fonte: www5.usp.br/47464/estudo-da-usp-revela-que-microrganismos-
podem-reduzir-producao-de-energia-solar-em-paineis.

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VIVENCIANDO

Os fungos do gênero Penicillium foram os responsáveis pela descoberta acidental da penicilina na década de 1920
por Alexandre Fleming. Considerada uma das mais importantes classes de antibióticos desde sua descoberta, graças
a ela diversas doenças bacterianas, antes inevitavelmente mortais, puderam ser tratadas. Outros antibióticos, como a
eritromicina, também têm como princípio ativo substâncias produzidas por fungos.
Estudos recentes também indicam a utilização dos fungos na produção de álcool combustível, por meio do bagaço de
cana-de-açúcar, madeiras e papéis (Trichoderma reesei); na degradação do benzeno, naftaleno, fluoreno e biossorção
de metais pesados e radioativos; em estudos de genética, por crescerem e se reproduzirem com grande rapidez; na pro-
dução de vitaminas; na fabricação de detergentes biodegradáveis; entre outros usos. Algumas empresas ainda utilizam
esses organismos para o controle de qualidade de seus produtos – da Johnson & Johnson à indústria de equipamentos
de navios e submarinos –, garantindo durabilidade e resistência à ação de fungos daquilo que produzem.

4. Impacto e importância causam prejuízos em plantações porque são parasitas de


plantas, como as ferrugens da cana-de-açúcar e do café.
dos fungos Entre as parasitoses vegetais, as mais frequentes são causadas
Os fungos são fundamentais para a sobrevivência dos por fungos, os quais chamamos de fungos fitopatogênicos.
ecossistemas e do ser humano. Esses fungos, comumente, habitam o solo ou são transmitidos
por vetores, como o vento ou a chuva. As plantas doentes
4.1. Ecologia apresentam sintomas, como diminuição na produtividade,
amarelecimento, manchas, nanismo, e podem morrer.
Os fungos são decompositores de matéria orgânica e, por
esse motivo, são essenciais para o funcionamento dos ecos-
sistemas, sendo responsáveis pela reciclagem de nutrientes.
A decomposição da matéria orgânica morta libera para o
ambiente diversos sais minerais, como nitrogênio, fósforo, en-
1) 2) 3)
xofre, potássio, magnésio, ferro, cálcio e outros. Se não ocor-
resse a decomposição da matéria, todos esses sais minerais
ficariam retidos e indisponíveis para as plantas. Por outro lado,
em algumas situações os fungos geram prejuízos para o ser
humano, pois são, muitas vezes, a causa do apodrecimento de
4) 5)
alimentos, madeira, papel, couro e diversos outros materiais. Fonte: 1.http://www.jardins.com.br/cuidar/imagens/ferrugem.jpg;
2.http://4.bp.blogspot.com/_SO_JYKtl9A8/Rttqxb_Z6Zl/AAAAAAAABJ8/uX3aJcT1f_4/s320?Ustilago_
maydis_de_2.jpg; 3.http://www.portalsaofrancisco.com.br/imagem.php

É importante mencionar que os fungos realizam simbioses 4.http://www.ufv.br/dfp/bac/frsol.jpg


5.http://www.ufrgs.br/agrofitossan/galeria/tipos_detalhes.asp?id_registro=486&id_nomes=40

essenciais para a sobrevivência de diferentes organismos, Doenças de plantas: 1. Ferrugem em gramíneas; 2.


como líquens que são associações entre algas e fungos. Eles Carvão no milho; 3. Podridão no morango; 4. Mancha
castanha do amendoim; 5. Murcha em tomateiro
são usados como exemplo de simbiose mutualística, em que
o fungo absorve nutrientes orgânicos oriundos das algas, Os fungos podem parasitar animais levando a prejuízos
que adquirem proteção contra o dessecamento e a luz. Fun- na pecuária. Algumas espécies liberam metabolitos secun-
gos também podem participar de outras relações ecológicas, dários contaminando cereais e, consequentemente, trans-
podendo ser parasitas, patógenos, comensais, etc. mitindo essas toxinas para aves e mamíferos domésticos,
por meio do consumo de ração contaminada, e para o ser
4.2. Alimentação e economia humano, que se alimentará desses animais.
Por meio de uma associação simbionte mutualística entre Diversos representantes dos fungos são usados na indús-
fungos e raízes de plantas, denominadas micorrizas. As plan- tria alimentícia, como o Saccharomyces cerevisiae (levedu-
tas se beneficiam de um ambiente úmido e rico em sais mi- ra). Essa espécie realiza processos fermentativos, que estão
nerais criado pelos fungos, os quais, por sua vez, recebem envolvidos na produção da cerveja, do álcool etílico, do
substâncias orgânicas das plantas. Entretanto, certos fungos vinho, do pão, etc. Outros fungos participam da produção

12
de glicerina, vitaminas, ácidos orgânicos e enzimas. Muitos
ainda são consumidos diretamente como alimento.

4.3. Medicina e ciências


Os fungos são de fundamental importância para o ser Fontes: a. http://scielo.sld.cu/scielo.php?pid=S0375-07602005000300013&script=sci_arttext
b. http://anatpat.unicamp.br/lampele5.html c. http://www.mold.ph/fonsecaea.html

humano, pois podem fabricar certos antibióticos, como a


Micose subsutânea: a. Cromoblastomicose; b. Corpos
penicilina sintetizada pela espécie Penicillium. É importan- fumagóides; c. Cultura (Fonsecaea pedrosoi).
te destacar que os antibióticos participam da seleção de
linhagens resistentes de bactérias por meio do seu uso pela § Micoses sistêmicas: são causadas por inalação de
sociedade. propágulos fúngicos; assim, a lesão primária é pulmo-
nar. Como o fungo pode se espalhar pelo organismo
Em adicional, espécies como Saccharomyces cerevisiae, através do sangue, pode causar lesões extrapulmonares
Neurospora crassa, entre outras, são usadas como organis- nos indivíduos.
mos-modelo em diversas áreas da ciência, como genética,
bioquímica e biologia molecular.
A micologia médica tem como objetivo estudar as in-
fecções por fungos e fornecer os possíveis diagnósticos.
Veja a seguir algumas classificações das micoses:
Fontes: 1. http://www.ricardosgomez.com/paracoccidioidomicose
§ Micoses superficiais: infecções provocadas por fun- 2. http://anatpat.unicamp.br/biinflparacoo1.html
3. http://www.dac.uem.br/micologia/micoses_sistemicas.php

gos que se instalam em camadas superficiais do orga-


nismo. Os sintomas são nódulos ou manchas pigmen- Paracoccidiodomicose na cavidade oral (1); Direto:
levedura (2); Cultura P. brasiliensis (3)
tares na pele. A hifa é a forma invasiva do fungo.
§ Micoses oportunísticas: quando o organismo está
imunossuprimido, esses fungos aproveitam para inva-
dir o corpo do individuo. Esses fungos possuem porta
de entrada variável. Eles podem se instalar em diver-
1
2
sos órgãos, gerando sintomas nas regiões cutânea e
Fonte:1.http://globale-dermatologie.com/as-dermatologie.com/as-infeccoes-de-pele-fungos-e-leveduras-
micoseportugues. html; 2. http://telmeds.org/atlas/micologia/leveduras/malassezia-furfur/
subcutânea ou sistêmicamente.

Pitiríase versicolor (pano branco) em humanos,


causada pela Malassezia furfur

§ Micoses subcutâneas: o fungo se instala através de um 1 2 3


traumatismo e se dissemina, levando à lesão supurada da
pele ou do tecido subcutâneo.

4 5 6
Fontes: 1. http://www.ginorte.com.br/textos/candidiase.html
2 e 3. http://dermatlas.med.jhmi.edu/derm/indexDisplay.cmf?ImageID=.763630613
4. http://www.odontoblogia.com.br/estomatologia-2/queilite-angular-bloqueira
5. http://saude.culturamix.com/higiene/infeccao-de-unha
6. http:www.microbeword.org/index.php?option=com_jlibrary&view=article&id=1097

a b c Tipos de candidíases: 1. Vulvovaginite; 2. Balanopostite; 3. Assaduras; 4.


Fonte: a.http://diggingri.wordpress.com/2010/02/08/weird-garden-diseases-part-i/
b.http://www.saber.ula.ve/tropical/contenido/capitulo6/capitulo42/figuras/42-0002-es.html Boqueira; 5. Unhas candidosas; 6. Cultura
c.http://www.dac.uem.br/micologia/micoses_subcutaneas.php
(pseudo-hifas, blastoconídios e clamidósporos)
Micose subcutânea: a. Esporotricose; b. Direto;
c. Cultura (Sporothrix. schenckii)

13
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 29
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a
saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos industriais.

Os alunos devem saber aplicar os conhecimentos adquiridos em sala às situações-problema visando à melhoria
da qualidade de vida em situações relacionadas à saúde humana ou à qualidade ambiental, possibilitando
também o desenvolvimento sustentável das atividades antrópicas. É nesse contexto que o Enem costuma
abordar o Reino Fungi, uma vez que há certa complexidade taxonômica e variado modo de vida. Os fungos são
tratados nesse exame a partir da sua importância ecológica, econômica e até mesmo medicinal.

MODELO 1
(Enem) Foram publicados recentemente trabalhos relatando o uso de fungos como controle biológico de mos-
quitos transmissores da malária. Observou-se o percentual de sobrevivência dos mosquitos Anopheles sp após
exposição ou não a superfícies cobertas com fungos sabidamente pesticidas, ao longo de duas semanas. Os
dados obtidos estão presentes no gráfico a seguir.

No grupo exposto aos fungos, o período em que houve 50% de sobrevivência ocorreu entre os dias:
a) 2 e 4 b) 4 e 6 c) 6 e 8 d) 8 e 10 e) 10 e 12

ANÁLISE EXPOSITIVA
O Enem aborda a diversidade de fungos principalmente em relação a seu papel ecológico no ecossistema,
como também a sua utilidade empregada pelo ser humano, seja na indústria alimentícia ou na área da saúde. A
questão aborda um experimento no qual foi utilizado um fungo como pesticida, a fim de testá-lo como medida
profilática da malária, em que ele atuaria como controle biológico do mosquito transmissor. Para desenvolvê-la
é importante a análise cuidadosa do gráfico apresentado; nele é possível observar que mosquitos expostos ao
fungo apresentam queda na taxa de sobrevivência e, a partir do eixo vertical, é possível verificar que 50% de
sobrevivência são encontrados, aproximadamente, no 9.º dia de exposição.

RESPOSTA Alternativa D

14
DIAGRAMA DE IDEIAS

REINO FUNGI

EUCARIONTES

ASCOMICETOS

HETEROTRÓFICOS POR ABSORÇÃO


• EX.: LEVEDURAS
(DIGESTÃO EXTRACORPÓREA)
(SACCHAROMYCETES CEREVISIAE)

UNICELULARES (EX.: LEVEDURAS)


OU MULTICELULARES
BASIDIOMICETOS

CORPO = MICÉLIO • EXS.: COGUMELOS, ORELHA-DE-PAU


(CONJUNTO DE HIFAS)

PAREDE CELULAR: QUITINA ZIGOMICETOS

• EX.: MOFOS
RESERVA ENERGÉTICA: GLICOGÊNIO

QUITRIDIOMICETOS

• ESPOROS FLAGELADOS

15
AULAS 29 e 30 1. Introdução
As estimativas científicas indicam que as “plantas terrestres”,
pertencentes ao táxon monofilético Embryophyta, surgiram
na Era Paleozoica, derivadas de ancestrais aquáticos. Assim,
apesar de possuir adaptações próprias, as plantas terrestres
compartilham certas semelhanças com o grupo de algas ver-
des: ambos apresentam clorofila a e b como pigmentos fo-
BRIÓFITAS E tossintetizantes e armazenam amido no interior dos plastos.
PTERIDÓFITAS Além disso, algumas algas verdes também possuem parede
celular composta por celulose.
Esses dados, com outras análises bioquímicas e genéticas,
demonstram a proximidade evolutiva dos grupos e seu possí-
vel parentesco, uma vez que compartilham um ancestral em
COMPETÊNCIAS: 3, 4, 7 e 8 comum. Dessa maneira, algas verdes e embriófitas formam o
clado Viridiplantae (viridófitos ou plantas verdes).
HABILIDADES: 10, 12, 14, 27, 29 e 30
Notadamente, pesquisas apontam que a classe Charophyceae
é o grupo com parentesco mais próximo às plantas terrestres.
Em especial, as ordens Coleochaetales e Charales apresen-
tam semelhanças quanto à divisão celular e à reprodução
sexuada. Tal como as briófitas, pteridófitas e algumas gimnospermas, essas algas se reproduzem por oogamia: enquanto um
gameta é menor e móvel, o outro é grande e imóvel ou com locomoção reduzida. Na ordem Coleochaetales, verifica-se também
a retenção do zigoto no talo parental.

Árvore filogenética simplificada das embriófitas, contendo as principais características que surgiram ao longo da evolução

A origem e a evolução das plantas terrestres estão relacionadas com o aparecimento de adaptações que permitiram a gra-
dual independência da água e ocupação do ambiente terrestre. Dentre elas, pode-se destacar tanto a retenção do zigoto e
do embrião no interior do gametófito feminino, quanto a presença de uma camada de células estéreis protegendo o game-
tângio (estrutura produtora de gametas) e o esporângio (produtora de esporos) contra a desidratação.
Outras características também permitiram a sobrevivência em um meio com acesso restrito à água, por exemplo a presença de epi-
derme com células justapostas e uma camada de cera (cutícula) que reduzem a perda por evaporação. Contudo, impermeabilizar as
superfícies também dificulta as trocas gasosas com o meio. Assim, estruturas como poros e câmaras aeríferas possibilitam a passagem
de gases com uma mínima eliminação de líquido. Na grande maioria dos grupos, observa-se o surgimento de estômatos, estruturas
formadas por células especializadas da epiderme (células-guarda) que, por meio de sua abertura e fechamento, permitem a troca de
oxigênio e gás carbônico com o ambiente.

16
Para conquistar o meio terrestre foi necessário também mudanças envolvendo a absorção de água e nutrientes. O ambiente aquático pos-
sibilita que todas as células que cobrem o organismo estejam em contato com o meio, o que admite uma assimilação direta de substâncias
dissolvidas. No ambiente terrestre, por sua vez, esses elementos são, de forma geral, provenientes do substrato. Assim, estruturas como os
rizoides e as raízes permitem fixação e absorção de água e sais minerais.
As embriófitas apresentam ainda cauloide ou caule, o quais auxiliam na sustentação e na comunicação com os órgãos fotossinteti-
zantes, e as folhas ou filoides, que eliminam a água captada por evaporação.
Nas traqueófitas, em particular, o transporte de substâncias inorgânicas e orgânicas é realizado através de vasos condutores, o
xilema e o floema. Portanto, ao contrário das briófitas e algas que possuem o porte limitado por distribuir os elementos por difusão
(célula a célula), esse grupo possui um transporte mais eficiente que possibilita um aumento gradativo do tamanho das plantas. Além
disso, alguns representantes depositam lignina na parede celular do xilema, causando a morte dessas células e contribuindo para a
sustentação do vegetal.
No meio aquático existe uma dependência da água para a reprodução, uma vez que o meio líquido tem condições propícias para
o transporte e a disseminação de estruturas reprodutivas e para a ocorrência do processo de fecundação. Uma das adaptações
que facilitou a permanência no ambiente terrestre foi a produção de esporos resistentes à decomposição e à dessecação, devido
à presença da substância esporopolenina.
Entretanto, apenas nas espermatófitas a independência completa da água é garantida, pois ocorre, dentre outras coisas, a for-
mação do tubo polínico, o qual permite o encontro dos gametas, e o desenvolvimento da semente, a qual protege o embrião.
Vale destacar que todas as embriófitas possuem ciclo de vida haplodiplobionte, com alternância de gerações.
Avascular Vasculares (Traqueófitas)
Briófitas Pteridófita Gimnosperma Angiosperma

Características

Tamanho Reduzido Variável

Vasos condutores Ausentes Presentes

Transporte de Lento, por difusão


Rápido, por difusão de célula e por vasos
substâncias de célula a célula

Habitat Ambientes úmidos Ambiente terrestre

Dependência de água Só as primitivas (pteridófitas e algumas gimnospermas)


Reprodução para fecundação dependem da água para fecundação.

Tabela comparativa entre as características de plantas teerrestres, divididas aqui em avasculares e vasculares

2. Briófitas
As briófitas e pteridófitas formam as plantas criptógamas, grupo caracterizado pela presença de estruturas produtoras de
gametas pouco visíveis.
As briófitas constituem um grupo parafilético e, atualmente, são divididas em três filos: Hepatophyta (hepáticas), Anthocerophy-
ta (antóceros) e Bryophyta (musgos).
O habitat mais comum das briófitas é o ambiente terrestre úmido e sem luz solar direta. As briófitas são sempre dependentes
da água, ao menos em relação à condução do anterozoide flagelado até a oosfera.
Entretanto, algumas espécies possuem adaptações que permitem a ocupação de outros tipos de meios, como locais com alta
luminosidade e vulneráveis à desidratação ou com baixas temperaturas e difícil acesso à água líquida (ambientes polares).
Assim, são encontradas em abundância nas florestas, mas possuem exemplares em diversas partes do globo. Apenas não
posssuem representantes marinhos. As briófitas são sempre dependentes da água, ao menos em relação à condução do ante-
rozoide flagelado até a oosfera.

17
2.1. Morfologia
As briófitas são avasculares − não apresentam os tecidos de condução, xilema e floema − e transportam substâncias por
difusão (célula a célula). Seus gametófitos são constituídos por rizoides, filoides e cauloides.

Os gametófitos folhosos possuem diferença entre filoides e cauloides, ao passo que os talosos não possuem diferença e
comumente são delgados e prostrados.

Usualmente, o esporófito das briófitas é formado por um pé, que o conecta ao gametófito, uma seta responsável pela susten-
tação e uma cápsula, a qual contém os esporos (esporângio). Além disso, ao contrário das plantas vasculares, o esporófito
de briófitas não é ramificado
ESTRUTURAeDE
possui apenas
UM MUSGO um esporângio terminal.
(BRIÓFITA)

ESPORÓFITOS

Filoides

GAMETÓFITOS
Cauloide

Rizoides
ANTÓCEROS MUSGOS

Representação da morfologia de antóceros e musgos

O gametófito de briófitas é de vida livre, dominante e fotossintetizante, enquanto o esporófito é menor, temporário e par-
cialmente ou completamente dependente, permanecendo conectado ao gametófito para garantir sua sobrevivência. Em
algumas classes de Bryophyta, o esporófito pode realizar fotossíntese pelo menos durante o início de seu desenvolvimento.

2.2. Ciclo de vida e reprodução


Diversas briófitas realizam reprodução assexuada por fragmentação, na qual fragmentos do talo geram outro gametófito, ou
por gemulação (propágulos), em que corpos multicelulares de resistência (gemas) são produzidos dentro de estruturas em
formato de taça (conceptáculos).
Em relação à reprodução sexuada, as briófitas possuem um ciclo de vida haplodiplobionte, com alternância de gerações hete-
romórficas entre gametófito haploide (n) e esporófito diploide (2n).
No ápice dos gametófitos aparecem estruturas reprodutivas produtoras de gametas (gametângios) denominadas arquegô-
nios, as quais formam os gametas femininos (oosferas), e anterídios, que produzem os masculinos (anterozoides). Como todo
o corpo do gametófito é haploide, essas estruturas também são haploides e, portanto, geram os gametas por mitose.
Quando as condições ambientais de umidade estão adequadas, o anterídeo se rompe liberando os anterozoides haploides
(pequenos e biflagelados), que são transportados por gotículas de água até o arquegônio, onde se localiza uma oosfera
haploide, ocorrendo assim a fecundação.
No caso das briófitas, o zigoto diploide (2n) germina sobre a planta-mãe e, após sucessivas mitoses, forma o esporófito (2n).
Este possui uma estrutura específica, denominada cápsula ou esporângio (2n), responsável pela produção de esporos
haploides (n) através de meiose.
Conforme o embrião se desenvolve, a porção basal do arquegônio, denominada ventre, também sofre divisões. Durante
seu crescimento, o esporófito rompe o arquegônio e permanece com essa parte alargada, agora denominada caliptra (n),
recobrindo e protegendo a cápsula do esporófito. Em geral, os esporos maduros são liberados depois da perda da caliptra e,
ao cair em solo úmido, geram um gametófito por meio de mitoses.

18
Esquema simplifciado da reprodução em briófitas

por rizoides unicelulares. Além disso, ao contrário de mus-


gos e antóceros, não possui estômatos.
Representantes desse filo podem apresentar esporófitos ta-
losos ou folhosos, aclorofilados, não sendo visíveis a olho nu.
Os gametófitos, por sua vez, possuem forma de talo com
aspecto lobado, fixado por rizoides, com células com cloro-
multimídia: vídeo plastos, e apresentam arquegônios e anterídios na superfície.
A maturação dos esporos acontece de maneira simultânea
Fonte: Youtube
e sua liberação ocorre através de uma abertura, na cápsula,
Ciclo Reprodutivo dos Musgos − Briófitas
denominada deiscência longitudinal.

gametófito
Gametóforo
feminino
(n) (n)

2.3. Filo Hepatophyta

Gametóforos
femininos
(n)
Rizoides

Esquema de Marchantia mostra gametófitos femininos e gametóforos, onde se formam os gametas.


Esquema de Marchantia com gametófitos femininos, os quais
possuem arquegônios que geram, por meio de mitoses, a oosfera

2.4. Filo Anthocerophyta


Esquema de reprodução assexuada de hepáticas a partir de gemas. Possui 4 gêneros e 300 espécies. É formado por represen-
Esquema de reprodução assexuada de hepáticas a partir de gemas
tantes talosos de aspecto lobado, presos ao substrato por
As hepáticas são formadas por aproximadamente 300 meio dos rizoides unicelulares. As células do gametófito
gêneros e 10.000 espécies. A principal característica desse possuem apenas um cloroplasto. O esporófito tem uma
grupo é apresentar o corpo achatado e preso no substrato cápsula clorofilada e alongada.

19
Esporófito
(2n)
2.6. Importância das briófitas
Dentro da ecologia, as briófitas são importantes por-
que são espécies pioneiras na colonização, instituindo
condições para a disposição posterior de outros indiví-
Gametófitos
(n)
duos. Por esse motivo, são plantadas em locais sujeitos
à erosão.
Antóceros em crescimento, aderidos a Esquema de antócero O gênero Sphagnum possui uma grande capacidade
E solos e rochas úmidos.
squema do gametófito e esporófito de antóceros
de absorver e reter líquidos, por isso é muito utilizado
na horticultura.
Além disso, esse gênero pode produzir a turfa, um
material de origem vegetal parcialmente decomposto,
produzido há milhares de anos em lagos de ascen-
dência glacial no hemisfério norte. Por ser inflamável,
pode ser utilizado como combustível para aquecimen-
Marchantia polymorpha to doméstico.
A turfa também tem sido usada para recuperar ambien-
2.5. Filo Bryophyta tes degradados, pois atua como absorvente de hidrocar-
Este é o maior filo entre as briófitas, com aproximadamente bonetos, o que faz da substância um dos produtos mais
700 gêneros e 14.000 espécies. utilizados em todo o mundo para prevenir e combater
vazamentos de derivados de petróleo.
Os representantes desse grupo têm gametófitos folhosos
e aderidos ao substrato por meio de rizoides pluricelulares. Na agricultura, a aplicação de produtos à base de turfa
O esporófito é clorofilado, visível e bastante diferenciado. como um condicionador para melhorar as propriedades
Alguns musgos apresentam um tipo de tecido de condução, físicas do solo e aumentar a atividade microbiana vem
porém distinto ao tecido de condução lignificado presente se tornando cada vez mais comum. A turfa também é
em plantas vasculares. usada na destilação do uísque escocês, fornecendo a
cápsula
essa bebida seu aroma característico.
esporófito

esporos
haste Em condições geológicas adequadas, geralmente em
áreas pantanosas, pode transformar-se em carvão por
filoide
meio de emanações de metano vindas das profundezas
gametófito

cauloide
e da preservação em ambiente anóxico – que sofre com
rizoide a falta de oxigênio. Assim, trata-se de um carvão menos
Musgo
Esquema da morfologia de musgos
Esquema de musgo
rico em carbono.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Espécies indicadoras de diversos grupos distintos são utilizadas para indicar distúrbios ambientais em cursos d’água.
Um bom exemplo são as briófitas que, em ecossistemas aquáticos, possuem um alto potencial para a bioindicação,
principalmente em casos de contaminação por metais pesados. As briófitas, especialmente os musgos (devido à
ausência de cutícula), apresentam uma alta capacidade de acumular esses compostos. A análise do teor de metais
pesados nesse grupo tem baixo custo e, ao mesmo tempo, proporciona grande precisão nos resultados, exigindo
menos tempo do que uma análise direta da água.

20
VIVENCIANDO

No ciclo de renovação de espécies vegetais, as briófitas são as primeiras a surgir, preparando o solo para o desenvolvi-
mento dos demais organismos. A remoção das briófitas do solo das florestas ou dos troncos das árvores interfere na
germinação de sementes e no desenvolvimento saudável dos vegetais em geral. Pesquisas demonstram a importância
dessas plantas na fixação do nitrogênio, por viverem em simbiose com cianofíceas, e do dióxido de carbono, no ciclo de
nutrientes e na cadeia alimentar dos mamíferos. As briófitas, por depositarem o calcário retirado da água, colaboram na
formação de minerais porosos que, pela facilidade de manuseio, são utilizados na decoração.

3. Plantas vasculares 4. Pteridófitas


As traqueófitas são plantas que possuem um sistema vas- As pteridófitas formam um grupo parafilético com organis-
cular que realiza o transporte de água, sais minerais e outras mos pluricelulares, eucariontes e fotossintetizantes, sendo
substâncias através do corpo do vegetal. Estão nesse grupo as primeiras plantas a apresentarem tecido condutor e de
as pteridófitas, as gimnospermas e as angiospermas. sustentação. Seu esporófito é constituído por raiz, caule
O xilema ou lenho conduz a seiva bruta, constituída de água (tipo rizoma) e folha, não possuindo flores ou frutos. Ape-
e sais minerais absorvidos na raiz, distribuindo os elementos sar de obter maior independência em relação à água, as
por todo o organismo até chegar às folhas. O floema ou líber pteridófitas possuem anterozoides móveis que ainda ne-
transporta seiva elaborada, com substâncias sintetizadas pela cessitam da água para a fecundação.
fotossíntese, partindo das folhas e outros órgãos clorofilados em
As pteridófitas atuais podem ser divididas em dois grupos
direção às demais partes da planta. Além disso, alguns grupo
principais. No grupo encontram-se diversas epífitas, além
são capazes de sintetizar lignina no xilema, tornando as pare-
des mais rígidas e propícias para sustentar um organismo maior. de espécies de florestas temperadas. Os esporófitos das li-
cófitas têm corpo pequeno, com caules bem próximos ao
Esses organismos também apresentam um sistema ra- solo solo e muitas vezes apresentam esporófilos agrupados
dicular, com raízes que auxiliam na fixação do substrato em estróbilos.
e na assimilação de substância, e um sistema caulinar,
constituído do caule e órgãos fotossintetizantes. Os principais representantes são o gênero Lycopodium − o
qual possui uma ampla distribuição, desde regiões árticas
A partir das plantas vasculares, há uma tendência evolutiva
até tropicais − e o Selaginella, típico de regiões tropicais.
de aumento de tamanho e dominância dos esporófitos em
relação aos gametófitos, que reduzem gradualmente de di-
mensão e se tornaram cada vez mais dependentes. Assim,
nas traqueófitas, a geração livre e duradoura é o esporófito.

Selagínella tamariscina

Já o grupo Monilophyta contém a maior parte das espécies


desse grupo, incluindo espécies comuns em regiões tropi-
briófita pteridófita gimnosperma angiosperma
cais, como as samambaias, avencas e cavalinhas.
Representação da tendência evolutiva do tamanho, dependência e
dominância do gametófito haploide (n) e do esporófito diploide (2n)

21
Como a maioria das pteridófitas são homosporadas, será
descrito especificamente o ciclo reprodutivo desse grupo.
As samambaias possuem em suas folhas um conjunto de
esporângios chamados soros, estruturas especializadas que
surgem como pequenos pontos pretos na superfície da folha.
As células do esporângio (2n) sofrem meiose e produzem es-
poros (n), liberando-os em dias quentes com baixa umidade.
Quando os esporos caem em uma região propícia, podem
Equistum arvense, popularmente conhecida como cavalinha germinar, produzindo, por mitose, um gametófito bissexuado
(n) e fotossintetizante, denominado prótalo. Este possui ri-
zoides que garantem a estabilidade no substrato e a absorção
4.1. Ciclo de vida de nutrientes e água.
Como todas as plantas, as pteridófitas apresentam al-
O gametófito possui gametângios (n) que geram gametas
ternância de gerações, possuindo uma fase haploide (n),
(n) por meio de mitoses. Enquanto o arquegônio é o local de
denominada gametófito, e uma fase diploide (2n), deno-
formação da oosfera, o anterídeo é a região produtora de an-
minada esporófito.
terozoides.
As pteridófitas possuem dois tipos de ciclo de vida: no ci-
O anterozoide flagelado, na presença de água, nada até alcan-
clo homosporado, é produzido um esporo, o qual germina
çar o arquegônio e encontrar a oosfera. Dessa forma, ocorre a
dando origem a gametófitos bissexuados, ou seja, que apre-
fusão dos gametas (fecundação) e a formação de um zigoto
sentam anterídeos e arquêgonios. No ciclo heterosporado,
(2n) que se desenvolve em um embrião, que necessita do ga-
por sua vez, são produzidos esporos distintos, denominados
metófito por um pequeno período de tempo. O embrião reali-
micrósporos e megásporos, que, quando germinam, originam
za sucessivas mitoses se transformando em esporófito (2n), o
gametófitos de sexos separados, denominados microgame-
qual se fixa no solo e inicia um novo ciclo.
tófitos e megagametófitos.

anterozoides

Esquema simplifcado da reprodução em pteridófitas homosporadas

22
As divisões Psilophyta, Lycopodiophyta e Arthrophyta são as
antigas linhagens de plantas terrestres e possuem poucos re-
presentantes atuais. No período Devoniano (Era Paleozoica),
foram encontrados os primeiros fósseis de plantas vascula-
res. Certas evidências de esporos e partes do xilema indicam
uma possível existência no período anterior (Siluriano).
multimídia: vídeo Porém, foi nos períodos Carbonífero e Permiano que esses
Fonte: Youtube
organismos tiveram seu maior desenvolvimento. Assim, as
plantas da época formaram grandes florestas, que se trans-
Ciclo Reprodutivo das Samambaias − Pteridófitas
formaram nas atuais jazidas de carvão mineral. Na China,
por exemplo, essas reservas estão sendo utilizadas para o
fornecimento de energia em usinas termoelétricas.
4.2. Importância das Membros atuais desse grupo são usados na alimentação,
criptógamas vasculares como no Oriente, onde são consumidas folhas jovens e
Embora as pteridófitas atuais possuam uma impor- partes do rizoma. Na medicina popular, essas plantas são
usadas no tratamento de verminoses, reumatismos e úl-
tância econômica relativamente pequena, seus fósseis
ceras. Diversas criptógamas vasculares são utilizadas tam-
apresentam grande relevância, pois contribuem na pro-
bém para fins ornamentais.
dução de reservas de carvão vegetal usadas pelo ser
humano. No período Devoniano (Era Paleozoica), foram Na agricultura, o gênero aquático Azolla está associado a
encontrados os primeiros fósseis de plantas vasculares cianobactérias (Anabaena azollae), as quais fixam o nitro-
sem semente. Trata-se de plantas com aparência seme- gênio, e, por esse motivo, são usadas para enriquecer o
lhante às atuais, as quais se tornaram mais abundantes solo em plantações. As pteridófitas podem ser aproveita-
no Carbonífero e Permiano. das para controle da erosão do solo.

VIVENCIANDO

Você sabe de onde vem o xaxim? Sabia que ele está em extinção? Pois é! O xaxim é o nome vulgar de uma grande samam-
baia (samambaia-açu – açu, em tupi, significa “grande”), cujo nome científico é Dicksonia sellowiana. Ela pode alcançar dez
metros de altura, como uma palmeira. Essa samambaia era abundante na serra do Mar, do Rio de Janeiro ao Rio Grande do
Sul, habitando locais muito úmidos. Trata-se de um verdadeiro fóssil vivo das florestas pré-históricas.

23
DIAGRAMA DE IDEIAS

• PLURICELULAR
• FOTOSSINTETIZANTE
• CICLO DE VIDA HAPLODIPLOBIONTE
• RESERVA ENERGÉTICA: AMIDO
• PAREDE CELULAR: CELULOSE
REINO VEGETAL
• RETENÇÃO DO ZIGOTO
• GAMETÂNGIOS E ESPORÂN-
GIOS COM UMA CAMADA
DE CÉLULAS ESTÉREIS

• TAMANHO REDUZIDO
• AUSÊNCIA DE VASOS CONDUTORES
AVASCULAR BRIÓFITAS
• AMBIENTE TERRESTRE ÚMIDO
• GAMETÓFITO (N): FASE DOMINANTE

• HEPÁTICAS
FILOS • ANTÓCEROS
• MUSGOS

PTERIDÓFITAS
VASCULAR • DEPENDÊNCIA DA ÁGUA
EX: SAMAMBAIA,
(TRAQUEÓFITAS) PARA REPRODUÇÃO
AVENCA, CAVALINHA

GIMNOSPERMAS
• PRESENÇA DE VASOS
CONDUTORES
• ESPORÓFITOS (2N): ANGIOSPERMAS
FASE DOMINANTE

CICLO DE VIDA VEGETAL

ESPORÓFITO (2n)

(n) + (n) GAMETAS ESPORO (n)

GAMETÓFITO (n)

24
AULAS 31 e 32 1. Introdução
As fanerógamas, representadas pelas gimnospermas e
angiospermas, são plantas que apresentam órgãos de re-
produção nitidamente visíveis. As fanerógamas também são
chamadas de espermatófitas, pois produzem sementes.
A semente é uma estrutura adaptativa muito eficiente para

GIMNOSPERMAS a disseminação do esporófito, que permanece inativo no for-


mato de embrião. Essa caraterística foi uma das principais
razões para a hegemonia das espermatófitas. A seguir estão
listadas algumas das principais vantagens da semente:
1. Os esporos são formados por uma única célula, enquan-
to as sementes possuem uma estrutura multicelular.
COMPETÊNCIAS: 3, 7 e 8
2. As sementes possuem um tecido de reserva de nutrien-
tes, denominado endosperma (haploide em gimnosper-
HABILIDADES: 10, 12, 27, 29 e 30 mas e triploide em angiospermas). Depois da germinação,
o embrião é nutrido pelo alimento armazenado, até que
consiga ser autossuficiente.

3. As sementes são envolvidas por uma casca protetora e resistente (tegumento) que é degradada para iniciar a germinação.

Pinhões: sementes de certas espécies de gimnospermas coníferas

2. Gimnospermas
As gimnospermas apresentam uma grande variedade. Elas podem ser arbustivas, arbóreas ou trepadeiras, dioicas ou monoicas.
As folhas podem ser reduzidas em forma de agulha (aciculares) ou em formato de escamas (escamiformes); podem também se
desenvolver com a lâmina flabelada (em formato de leque), ovalada ou elíptica.

As gimnospermas são chamadas de “plantas com sementes nuas”, porque não produzem uma estrutura para revestir as
sementes, como o fruto das angiospermas. Dessa forma, para aumentar a proteção, as folhas são modificadas pelo surgi-
mento de escamas.

Na fase reprodutiva, ocorre a sobreposição dessas escamas nas extremidades dos ramos férteis (ou reprodutivos), formando
os estróbilos. Os esporângios se localizam em folhas modificadas e, nos microstróbilos (masculinos), são denominadas
microsporófilos, enquanto nos megastróbilos (femininos) são designados megasporófilos.

Os estróbilos presentes nas gimnospermas são unissexuados, isto é, possuem apenas esporófilos femininos ou masculinos.
Porém, os indivíduos podem ser monoicos e possuir, na mesma planta, ambos os estróbilos (como o Pinus sylvestris) ou ser
dioicos e apresentar apenas um tipo de estróbilo por organismo, como a Araucaria angustifolia.

Ramo de gimnospermas: detalhe de estróbilos e folhas aciculares

25
microsporófilo
Microsporângios com
Células-mãe de micrósporos

Célula-mãe de micrósporo (2n)

MEIOSE

cone
masculino
micrósporos (n)

Diferenciação

grãos de pólen

núcleo reprodutivo (n) núcleo vegetativo (n)

Esquema do desenvolvimento dos micrósporos em um estróbilo masculino de coníferas

Cone feminino

Megasporófilo

Meiose Células
Haploides

Célula-mãe de
megásporos (2n)
Tegumento Micrópila
Megásporo

3 células degenaram

1 célula forma o
Megásporo
Saco embrionário Arquegônio
ou megaprotalo
(gametófito feminino) Oosfera
Óvulo maduro
Esquema do desenvolvimento do óvulo, do megásporo e da oosfera em um estróbilo feminino de coníferas

26
2.1. Filo Cycadophyta
As Cycadophyta possuem 11 gêneros e aproximadamen-
te 140 espécies, cuja área de distribuição geográfica cor-
responde às regiões tropicais e subtropicais. Apresentam
plantas arborescentes ou arbustivas, entomófilas (poliniza-
da por insetos) e dioicas.
São formadas por caule não ramificado e folhas compostas
pinadas, assemelhando-se a pequenas palmeiras. Possuem
anterozoides multiflagelados e tubo polínico haustorial, es-
pecializado apenas para a absorção de nutrientes.
Ginkgo biloba, megastróbilos

2.3. Filo Pinophyta ou Coniferophyta


A partir desse grupo, há o estabelecimento da sinfonoga-
mia e de um gameta masculino não flagelado e imóvel.
Por conseguinte, Pinophyta, Gnetophyta e Antophyta (an-
giospermas) compartilham essa característica em comum.
As coníferas recebem esse nome devido aos estróbilos usu-
almente designados como cones. Os megastróbilos são
compostos e formados por um eixo com escamas ovu-
líferas inseridas em aspiral. O envoltório dessas escamas
se desenvolve após a fecundação, gerando uma casca que
rodeia o tegumento da semente e auxilia na proteção do
esporófito embrionado.
Cycas revoluta
São arbóreas com caule ramificado e folhas simples e pe-
2.2. Filo Ginkgophyta quenas, monoicas ou doicas. É o filo com maior distribuição
geográfico e maior número de representantes, possuindo
São árvores dioicas, formadas por folhas simples, grande valor ecológico e comercial.
flabeladas (formato de leque), longopecioladas, com
nervação dicotômica. Possuem gametas masculinos Famílias: Pinaceae (Pinus), Cupressaceae (Cupressus, Juni-
flagelados e tubo polínico haustorial. perus, Sequoia, Thuja), Araucariaceae (Araucaria, Agathis).

Atualmente, o único representante vivo das Gink- Certos representantes desse filo constituem a floresta de
gophyta é a espécie Ginkgo biloba. No Brasil, é uma araucárias, distribuindo-se no Brasil (Paraná, Santa Catari-
espécie ornamental, além de ter aplicação medicinal na e Rio Grande do Sul, com manchas esparsas no sul de
muito discutida. São Paulo, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro). A disse-
minação da semente da araucária, popularmente chamada
de pinhão, é realizada especialmente pela gralha-picaça,
gralha-azul e cutia. O estróbilo feminino de araucárias tam-
bém pode ser denominado pinha.

Dispersão de araucárias por animais (zoocoria)

O pinheiro é muitas vezes utilizado para exemplificar o


ciclo de vida das gimnospermas. O grão de pólen das es-
Ginkgo biloba, folhas flabeladas permatófitas é dividido em duas membranas, sendo a mais

27
externa (exina) composta por esporopolenina. Nas gimnospermas, a exina possui sacos aéreos, extensões preenchidas
com ar que possibilitam a polinização pelo vento (anemofilia).
Depois do desenvolvimento dos micrósporos, os microstróbilos liberam para o meio uma grande quantidade de grão de
pólen, os quais são transportados pelas correntes de ar. Após a polinização, o esporo feminino se desenvolve, formando
o megagametófito, e o tubo polínico cresce em direção a um dos arquegônios.
Nas gimnospermas, um dos núcleos espermáticos fecunda a oosfera e forma o zigoto (2n), enquanto o outro degenera. De-
pois de sucessivas divisões mitóticas, origina-se um embrião, que fica imerso no endosperma primário (n), um tecido nutritivo
oriundo do gametófito feminino. O desenvolvimento dos tegumentos do óvulo, por fim, forma o revestimento da semente.
Dessa forma, a semente abriga e protege o embrião contra o calor, o frio, a desidratação e a ação de parasitas. Também
armazena reservas que sustentam o embrião durante o desenvolvimento e o crescimento da plântula, até que as suas pri-
meiras folhas sejam formadas inteiramente. Além do embrião, do endosperma e do tegumento, as sementes de coníferas
possuem uma casca, proveniente da escama ovulífera.
cone feminino corte
jovem longitudinal

germinação

cones
dispersão masculinos
pelo vento
corte
longitudinal
semente óvulo
alada contendo
embrião

megasporângio

zigoto
microsporângio
com células-mãe
de micrósporos

célula-mãe (2n)
de micrósporos
DIPLOIDE
(2n)

HAPLOIDE
(n)

micrósporos

megásporo
funcional (n)
no megasporângio

oosfera

grão de pólen
(gametófito
masculino
jovem)

núcleos
polinização
gaméticos megaprotalo
pelo vento

arquegônio contendo
a oosfera

oosfera

Ciclo de vida uma conífera monoica

28
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Ginkgoaceae é uma família de plantas gimnospermas, em sua maior parte extinta e que ocorreu principalmente na
Era Mesozoica, da qual o único representante existente é a Ginkgo biloba, que é considerada um fóssil vivo. A Gingko
biloba foi a primeira planta a brotar depois da destruição provocada pela bomba atômica na cidade de Hiroshima, no
Japão, e é famosa por suas façanhas. O extrato obtido de suas folhas comprovadamente reduz as tonturas, refresca
a memória, alivia as dores nas pernas e nos braços e acaba com o zumbido no ouvido. A planta está sendo alvo de
estudos médicos para diferentes atuações como fármaco.

multimídia: vídeo
Pinus, microstróbilos Fonte: Youtube
Ciclo Reprodutivo dos Pinheiros − Gimnospermas
© Shchipkova Elena/Shutterstock
© Shchipkova Elena/Shutterstock

2.4. Filo Gnetophyta


São arbustivas, herbáceas ou trepadeiras, com folhas sim-
ples, escamiformes ou laminares. Compartilham diversas
Cupressus, megastróbilos
semelhanças com as angiospermas.
Existem apenas três famílias, cada uma com um gê-
nero: Ephedraceae (Ephedra), Gnetaceae (Gnetum) e
Welwitschiaceae (Welwitschia).

Ephedra, aspecto da planta Welwitschia mirabilis


com megastróbilos

Araucaria, aspecto da floresta

Araucaria, aspecto do megastróbilo com sementes Welwitschia mirabilis com microstróbilos

29
Gnetum, aspecto da planta

VIVENCIANDO

Além de possuir uma madeira de excelente qualidade, o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) fornece uma
fonte de alimento muito importante: a sua semente, conhecida como pinhão, que garante a alimentação de muitas
espécies animais, principalmente roedores e pássaros. O pinhão também é item obrigatório no cardápio de outono
e inverno em milhares de residências do Paraná. O apetite humano por esse fruto pode, inclusive, funcionar como o
principal aval para a perpetuação da araucária, que, derrubada sem piedade para a extração de madeira, figura entre
as espécies mais ameaçadas da flora paranaense. A questão não é apenas preservacionista, mas também de ordem
socioeconômica. O pinhão participa há milhares de anos da dieta humana da região e até hoje serve de sustento e
renda para diversas famílias.

30
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

O Reino Vegetal é abordado no Enem com enfoque principalmente nos quatro grandes grupos e na sua
interação com o ambiente, assim como suas relações evolutivas, sem se aprofundar muito nas classificações
taxonômicas. É primordial conhecer as novidades evolutivas que surgem em cada grupo e as implicações
dessas adaptações no ecossistema.

MODELO 1
(Enem) A imagem representa o processo de evolução das plantas e algumas de suas estruturas. Para o sucesso
desse processo, a partir de um ancestral simples, os diferentes grupos vegetais desenvolveram estruturas adap-
tativas que lhes permitiram sobreviver em diferentes ambientes.

Qual das estruturas adaptativas apresentadas contribuiu para uma maior diversidade genética?
a) As sementes aladas, que favorecem a dispersão aérea.
b) Os arquegônios, que protegem o embrião multicelular.
c) Os grãos de pólen, que garantem a polinização cruzada.
d) Os frutos, que promovem uma maior eficiência reprodutiva.
e) Os vasos condutores, que possibilitam o transporte da seiva bruta.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A questão apresenta ao aluno as novidades evolutivas que surgiram em cada grupo; entretanto, é ne-
cessário que o aluno avalie qual delas promove maior diversidade genética. A polinização cruzada é
fonte de variabilidade genética, pois, com o surgimento do grão de pólen, aumenta as possibilidades de
cruzamento com diferentes e até mais distantes indivíduos, uma vez que, além da dispersão pelo vento,
a partir das angiospermas, também há possibilidade de polinização por animais.

RESPOSTA Alternativa C

31
DIAGRAMA DE IDEIAS

REINO VEGETAL

AVASCULAR BRIÓFITAS

VASCULAR
PTERIDÓFITAS
(TRAQUEÓFITAS)

FANERÓGAMAS ÓRGÃO REPRODUTOR VISÍVEL

ESPERMATÓFITAS PRODUZEM SEMENTE

• “SEMENTES NUAS”
• ESTRUTURA DE
GIMNOSPERMAS
REPRODUÇÃO: ESTRÓBILOS
• FORMAÇÃO DE TUBO POLÍNICO

FILOS CYCADOPHYTA
• ASSEMELHA-SE A PEQUENAS PALMEIRAS
EX.: CYCAS REVOLUTA

GINKGOPHYTA
• FOLHAS FLABELADAS (LEQUE)
• APLICAÇÃO MEDICINAL
EX.: GINKGO BILOBA

PINOPHYTA
• FOLHAS SIMPLES E PEQUENAS
EX.: PINUS, ARAUCÁRIA

GNETOPHYTA
• ARBUSTIVOS, HERBÁCEAS
OU TREPADEIRAS
EX.: EPHEDRA SP.

ANGIOSPERMAS

32
AULAS 33 e 34 1. Angiospermas
As angiospermas, pertencentes ao filo monofilético Anthophyta,
são fanerógamas e espermatócitas. Assim, possuem estruturas
reprodutivas evidentes (flores) que formam, através do desen-
volvimento do óvulo e do ovário, sementes envoltas e protegida
por frutos. Esse clado foi o último grande grupo de plantas que
se diferenciou na escala evolutiva e pode ser dividido em dois
ANGIOSPERMAS I principais: as Eudicotiledôneas e as Monocotiledôneas.
Em geral, são terrestres, mas possuem representantes aquá-
ticos. Podem ser arbóreas lenhosas, herbáceas e arbustivas.
As angiospermas são, hoje em dia, o grupo com o maior
número de representantes (gênero, espécies e indivíduos),
sendo amplamente distribuído pelo mundo, além de reco-
COMPETÊNCIAS: 3, 7 e 8 nhecido e utilizado pelo ser humano.
A maioria das espécies são autótrofas fotossintetizantes. Há,
HABILIDADES: 10, 12, 27, 29 e 30
no entanto, espécies totalmente parasitas (holoparasitismo),
como é o caso do cipó-chumbo. Essa espécie é aclorofilada e
não realiza fotossíntese, portanto retira substâncias da seiva
bruta da planta hospedeira.
Outras espécies são epífitas, como orquídeas e bromélias que vivem de ramos de outros vegetais com a finalidade de obter maior
luminosidade. Nesse caso, não é uma relação de parasitismo, pois a epífita não retira nutrientes da planta que lhe fornece suporte.
A angiosperma apresenta um ciclo de alternância de gerações, com meiose espórica, e o esporófito como fase duradoura. A plan-
ta observada na natureza é o esporófito (2n), que se organiza em raiz, caule e folha. São heterosporadas e endosporadas, com
gametófitos (n) dioicos muito reduzidos e dependentes da estrutura da flor que se desenvolvem dentro. Assim como ocorria nas
gimnospermas, as angiospermas não dependem de água para a fecundação.

1.1. Flor
As flores são os órgãos reprodutivos das angiospermas. Podem ser solitárias ou agrupadas em inflorescências e nem sem-
pre apresentam todos os elementos florais; sua morfologia é bastante diversa entre os grupos. Uma flor completa é formada
por pedúnculo, receptáculo, dois verticilos estéreis (cálice e corola) e dois férteis (androceu e gineceu).
Designa-se pedúnculo quando a haste conecta a flor ao caule e pedicelo quando conecta à inflorescência. O receptáculo
é uma estrutura dilatada, na qual se inserem os verticilos florais, resultantes da modificação e especialização de um conjunto
de folhas.
O cálice é o conjunto de sépalas, tem papel na proteção do botão floral e normalmente apresenta a cor verde. Já a corola
é o conjunto de pétalas, muitas vezes coloridas, que auxiliam na atração dos polinizadores.
O cálice e a corola formam uma estrutura denominada perianto. Quando as estruturas do cálice são iguais às da corola, em
relação à forma e à cor, intitula-se perigônio. As estruturas florais do perigônio são chamadas de tépalas.
Os estames são microsporófilos compostos por antera e filete, enquanto os carpelos ou pistilos são megasporófilos
formados por estigma, estilete e ovário. O conjunto de estames forma o aparelho reprodutor masculino (androceu) e
o de carpelos, o feminino (gineceu).
estigma

antera
estame filete
estilete carpelo
pétala

óvulo ovário

receptáculo floral
sépala

pedúnculo floral

© BlueRingMedia/Shutterstock

Representação esquemática de uma flor

33
1.2. Ciclo de vida
Na antera estão presentes quatro microsprângios ou sacos polínicos (2n) que formam, por meiose, os micrósporos (grãos
de pólen). Posteriormente, cada micrósporo (n) sofre mitose e origina duas células, uma do tubo (vegetativa) grande e uma
geradora (germinativa) pequena. O conjunto de células do grão de pólen constitui o microgametófito imaturo (n).

meiose I meiose II

saco
polínico
célula-mãe de
micrósporos (2n)
ruptura de antera com 4 micrósporos (n)
liberação dos grãos de pólen

célula (n) geradora,


por mitose, de 2
núcleo gaméticos

núcleo (n), orientador


grão do pólen da formação do
(gametófito masculino jovem) tubo polínico

Formação de micrósporos e liberação de grãos de pólen

O estigma é a parte superior dilatada do carpelo, possui muitas glândula produtoras de uma substância viscosa e pegajosa
que facilita a aderência do grão de pólen. É no estigma que acontece a germinação e o desenvolvimento do tubo polínico.
O estilete é um canal longo por onde ocorre o crescimento do tubo polínico. Ele conecta o estigma ao ovário, uma
região basal, oca e alargada, na qual se encontram os óvulos. Estes podem se apresentar em diferentes números e
possuir um ou dois tegumentos, variando de acordo com a espécie. O pedúnculo sustenta o nucelo (megasporângio)
e fixa o óvulo na placenta do ovário.

Esquema simplificado do óvulo de angiospermas

No interior do óvulo, a célula-mãe dos megásporos (2n) se divide por meiose e forma quatro células haploides (n). Três delas
degeneram, restando um único megásporo fértil. Nas angiospermas, o megásporo se divide por três mitoses consecutivas,
originando oito células, que organizam o saco embrionário (megagametófito).
A oosfera (gameta feminino) permanece perto da micrópila. Ao seu lado, encontram-se duas células denominadas sinér-
gides, enquanto na extremidade oposta há três denominadas antípodas. No centro se localiza a célula central com dois
núcleos polares.

34
núcleo haploide

ovário óvulo

meiose
estas células
degeneram

oosfera (n) antípodas (n)


megásporo
funcional (n) secundina
núcleos célula-mãe de primina
polares isolados megásporo (2n)
gametófito feminino mitose
(saco embrionário)

mitose mitose

sinérgides micrópila

Formação do megásporo e do saco embrionário

O grão de pólen chega ao estigma de uma flor, germina e desenvolve o tubo polínico, que cresce pelo estilete e é orientado
por quimiotropismo. A célula germinativa se divide por mitose e produz dois núcleos espermáticos ou gaméticos. De-
pois desses processos, considera-se o tubo polínico como microgametófito maduro.
Uma característica exclusiva de angiospermas é a presença de dupla fecundação. O tubo polínico atinge o ovário e
adentra no óvulo, liberando os dois núcleos espermáticos. Um deles fecunda a oosfera e gera o zigoto (2n), ao passo que o
segundo encontra os dois núcleos polares e forma o endosperma triploide (3n) ou albúmen − um tecido que nutrirá o
embrião até que germine.
Depois da fecundação, ocorre secamento e queda das sépalas, pétalas e estames. O óvulo fecundado se desenvolve e produz
a semente. O ovário acompanha seu crescimento e forma a camada externa do fruto (pericarpo), auxiliando na proteção
e dispersão.

semente
(óvulo com embrião
e endosperma)

núcleo triploide endosperma (3n)

óvulo semente

zigoto embrião
(2n) (2n)

fruto (ovário)

Esquema com a formação da semente, a partir da fecundação do óvulo, e do fruto, por meio do desenvolvimento do ovário

VIVENCIANDO

Entre as angiospermas está a maioria das espécies arbóreas utilizadas pelo ser humano. Da grande variedade de
plantas hortícolas, frutíferas, folhosas, produtoras de essências, especiarias e extratos medicinais são obtidos nu-
merosos produtos de interesse industrial. Por exemplo: raízes (cenoura, mandioca, batata-doce, nabo); caule (cana,
batata-inglesa); folhas (couve, alface, acelga); frutos (mamão, laranja, banana); e sementes (feijão, soja, ervilha).

35
o
ent
olvim
env
des

germinação

2n
tegumento (casca)
embrião
endosperma (3n) ESPORÓFITO óvulo

semente secção

ovario
antera
semente

célula-mãe de
fruto micrósporos
(2n) pistilo

DIPLOIDE
(2n)
HAPLOIDE
(n)

tubo polinico

micrósporos
GAMETÓFITO (n)

saco
embrionário oosfera megasporo
núcleos
gaméticos funcional
(n)

Representação do ciclo de vida uma angiosperma

36
2. Polinização Os vegetais são presos ao substrato e, assim, são inibidos de
se locomover para encontrar abrigo, alimento ou parceiros
Polinização é o fenômeno de condução do grão de pólen para a reprodução. Os grãos de pólen das gimnospermas
desde a antera, local da sua produção, até o estigma do são sempre transportados passivamente pela ação do ven-
gineceu, para fusão com o gameta feminino. to. As angiospermas, por sua vez, apresentam um série de
adaptações florais que possibilitou sucesso reprodutivo em
diferentes formas de polinização.

multimídia: vídeo
Exemplo de flores de angiospermas com seus
respectivos agentes polinizadores Fonte: Youtube
O processo no qual o grão de pólen chega ao estigma da pró- Ciclo Reprodutivo de Plantas com Flores
pria flor é denominado autopolinização ou polinização − Angiospermas
direta. Apesar de permitir a produção de sementes na au-
sência de polinizadores, não promove variabilidade genética.
Assim, não ocorre com tanta frequência e diversas espécies 2.1. Flores polinizadas por
desenvolvem mecanismos para evitar a auto fecundação: insetos (entomofilia)
A. Dicogamia – trata-se do amadurecimento dos órgãos Quanto mais atraente é a planta para os insetos, maior
reprodutores em épocas distintas: é a taxa de polinização. Dessa forma, qualquer mutação
a. protandria: quando os órgãos masculinos amadu- que gere visitas mais eficientes e/ou frequentes, torna-se
recem antes dos femininos; uma vantagem reprodutiva que é selecionada positiva-
b. protoginia: quando os órgãos femininos amadure-
mente pelo meio.
cem antes dos masculinos.
Além da fonte comestível da flor e do pólen, as plantas
B. Dioicia – presença de organismos com sexos separados
(planta masculina e outra feminina). também desenvolveram glândulas especializadas, deno-
minadas nectários, que secretam uma solução açucara-
C. Hercogamia – barreira física que separa o gineceu do da e atrativa para insetos (néctar).
androceu.
A atração dos insetos pelas flores pode ser um benefício
D. Heterostilia – flores com estiletes longos e filetes curtos
ou um problema, dependendo do contexto. A necessida-
que posicionam a antera abaixo do estigma e dificultam o
chegada do grão de pólen. de de proteger o óvulo de insetos predadores, por exem-
plo, gerou uma pressão seletiva para o carpelo fechado.
E. Autoesterilidade – nesse caso, a flor é estéril em rela-
ção ao pólen que ela produz. Outra adaptação importante foi o surgimento da flor her-
mafrodita (monoica). A presença de ambos os sistemas
Quando o grão de pólen é conduzido da antera de uma de-
reprodutores torna mais eficiente a visita do polinizador,
terminada flor até o estigma de outra flor, que se encontra ou
pois o organismo coleta o grão de pólen de uma flor e
não na mesma planta, denomina-se polinização cruzada
poliniza outra. Isso resultou, em muitas plantas, na ten-
ou polinização indireta. A verdadeira polinização cruzada
dência para a autoincompatibilidade genética (inca-
ocorre quando a fecundação ocorre com gametas de plantas
pacidade de um indivíduo de se autofecundar).
diferentes, gerando, portanto, maior variabilidade genética.
B Na Era Cenozoica, insetos, como abelhas, vespas, borbole-
B tas e mariposas, começaram a ter papel de destaque nesse
A A A A contexto evolutivo. Entre os insetos e as angiospermas ocor-
reu – e ocorre – um processo de coevolução, em que um
ser vivo interfere na evolução do outro. A maioria das flores
pode ser visitada por mais de um tipo de inseto; no entanto,
A - Autopolinização
B - Polinização cruzada há uma tendência na especialização de acordo com as ca-
Esquema representando autopolinização e polinização cruzada racterísticas desses polinizadores.

37
Muitas mudanças pelas quais a flor primitiva passou foram 2.3. Flores polinizadas por
efetivas para estimular a constante visita dos insetos. Essas
transformações adaptativas abrangeram cores, formas alta- morcegos (quiropterofilia)
mente distintas, odores, etc., o que sinalizava a orientação As flores polinizadas por morcegos assemelham-se àquelas
de seus polinizadores e mudanças estruturais para excluir polinizadas por pássaros, possuindo grandes quantidades
determinados polinizadores. de néctar. Em geral, possuem cor não atrativa e se abrem à
Borboletas e mariposas são seduzidas por estímulos ol- noite. Os morcegos são atraídos por fortes odores, possuem
fativos e visuais. Esses insetos possuem a capacidade de dentes frontais reduzidos e, por meio do focinho, alimentam-
ver cores primárias como o vermelho, o azul e o amarelo. -se do néctar.
No entanto, a maioria das mariposas voa à noite, tem
hábito noturno e poliniza flores brancas que se destacam
no escuro e têm uma forte fragrância adocicada.
Os besouros polinizam espécies de angiospermas de flores
grandes e solitárias ou então que são pequenas agregadas
em inflorescências. O besouro possui o olfato mais apurado
que a visão; assim, as flores brancas e opacas, porém com
Quiropterofilia (morcego)
forte odor, são os seus alvos.
Abelhas, vespas e moscas formam o grupo fundamental de 2.4. Flores polinizadas pelo
visitantes florais. Ambos os sexos desses insetos se alimentam
do néctar, e as fêmeas, além disso, coletam pólen para alimen-
vento (anemofilia)
tar suas larvas nos ninhos. As flores anemófilas são comumente de cores não atrati-
vas, relativamente inodoras, sem néctar e com pétalas pe-
quenas ou ainda inexistentes.
Como o vento possui uma orientação aleatória, essas flo-
res costumam ter uma alta quantidade de pólen para au-
mentar a probabilidade de encontro com estigmas. Além
disso, suas estruturas reprodutivas são longas, de forma
que facilite a propagação por correntes de ar.

Entomofilia (abelha)
2.5. Flores polinizadas
pela água (hidrofilia)
2.2. Flores polinizadas por
Ocorre em plantas aquáticas, de áreas alagadas ou com
pássaros (ornitofilia) presença regular de água. Pode ocorrer na superfície ou
sob a água; na maioria das vezes o grão de pólen flutua até
Muitas espécies de pássaros polinizam flores e se alimentam do
o estigma. As flores não costumam apresentar coloração,
néctar das partes florais, que são geralmente inodoras. As aves
odor ou recompensa nutritiva.
geralmente são atraídas por cores quentes, em tons de amarelo,
laranja e vermelho. Espécies como eucalipto, brinco-de-princesa
e musácea são polinizados por ornitofilia. Os principais pássaros 3. Reprodução assexuada
polinizadores são os beija-flores na América do Sul. Muitas angiospermas se reproduzem assexuadamente;
um processo aproveitado pelo ser humano para propagar
a espécie de interesse. Nessa reprodução, as plantas for-
madas são geneticamente idênticas à planta-mãe. Partes
dos vegetais podem ser utilizadas para propagação ve-
getativa, como uma folha que, enterrada no solo, pode
germinar um novo vegetal.
Os métodos de propagação vegetativa naturais podem
acontecer por meio do desenvolvimento de brotos nas
Ornitofilia (beija-flor) margens das folhas e de gemas ou botões vegetativos

38
que originam novas plantas a partir de caules do tipo rizo-

© Chaikom/Shutterstock
ma, estolho, tubérculo e bulbo.
Com base em observações e tentativas, foram criadas téc-
nicas de propagação vegetativa artificiais, voltadas ao cul-
tivo: estarquia, mergulhia, alporquia e enxertia.
Na estaquia, partes do caule são retiradas da planta-mãe
e depois enterradas para a produção de nova planta.
Foto com produção de uma nova planta por meio da alporquia
Gemas Na enxertia, é necessário possuir duas plantas: uma
chamada de cavalo, que tem sistema radicular intacto, e
outra chamada de cavaleiro, cuja propagação pretende-
Estaca -se fazer. É preciso que ambas as plantas tenham caracte-
rísticas parecidas, isto é, sejam evolutivamente próximas.
Assim, esse processo consiste em introduzir o cavaleiro
no cavalo com a finalidade de que se desenvolva como se
fosse parte da planta original.
Imagem simplificada do método de estaquia

© Smailhodzic/Shutterstock
A mergulhia é mais realizada em plantas com caules
flexíveis, em que uma parte do caule é enterrada. Poste-
riormente, o caule enraizado é retirado da planta-mãe e
transplantado para a região definitiva.

Mergulhia: método empregado para a propagação de cajueiros

A alporquia consiste em um ramo com um pequeno


corte, envolto em um recipiente e protegido com terra
úmida. O ramo é plantado no substrato quando as raízes Foto com o processo de enxertia
se desenvolvem.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A invenção de um menino de 13 anos pode modificar a forma como a energia solar é coletada nos dias de hoje.
Aidan Dwyer, um rapazinho dos EUA, bolou uma maneira de organizar os painéis solares que garantem um melhor
aproveitamento da luz e, assim, uma maior produção de energia. Semelhante a uma pequena planta, o invento do
menino aumenta a eficiência do mecanismo entre 20% e 50%.
Instigado pelo mecanismo utilizado pelas árvores para absorver luz solar, Dwyer teve uma ideia que lhe rendeu o
prêmio de Jovem Naturalista, concedido pelo Museu Americano de História Natural. A atual maneira de gerar energia

39
através da luz do Sol consiste em arranjar os painéis solares horizontalmente, ao contrário do sistema bolado pela
própria natureza. Após estudar durante algum tempo, o menino decidiu montar, em um suporte vertical, pequenos
painéis, de forma que estes ficassem organizados como folhas em galhos. E funcionou.
Os testes realizados com o experimento mostram que, comparado ao mecanismo original, a árvore-solar de Dwyer é
muito mais eficiente. Inclusive, em épocas de menor incidência solar, tais como o inverno, a novidade leva a melhor. Além
disso, o sistema, justamente por ser vertical, não é “enterrado” pela neve e também é menos prejudicado pela chuva.
Fonte: www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2011/08/cientista-de-13-anos-
revoluciona-forma-de-captar-energia-solar.html.

ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a
implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Os alunos devem saber aplicar os conhecimentos desenvolvidos em sala às situações-problema visando à


melhoria da qualidade de vida em situações relacionadas à saúde humana ou à qualidade ambiental, possibi-
litando também o desenvolvimento sustentável das atividades antrópicas. É importante que o aluno também
seja capaz de fazer previsões dos diferentes impactos gerados pela intervenção humana em um ecossistema.

MODELO 1
(Enem) Caso os cientistas descobrissem alguma substância que impedisse a reprodução de todos os insetos,
certamente nos livraríamos de várias doenças em que esses animais são vetores. Em compensação, teríamos
grandes problemas como a diminuição drástica de plantas que dependem dos insetos para polinização, que é
o caso das:
a) algas;
b) briófitas, como os musgos;
c) pteridófitas, como as samambaias;
d) gimnospermas, como os pinheiros;
e) angiospermas, como as árvores frutíferas.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Os insetos são um dos grupos mais diversos do reino animal e, apesar dos danos causados pela trans-
missão de doenças e do fato de se tornarem pragas agrícolas, também apresentam grande importância
ecológica. Dentre elas, está a polinização das plantas com flores, como as angiospermas, que, depois
desse processo, desenvolvem seus frutos que envolvem e ajudam na dispersão das sementes.

RESPOSTA Alternativa E

40
DIAGRAMA DE IDEIAS

REINO VEGETAL

AVASCULAR BRIÓFITAS

VASCULAR
PTERIDÓFITAS
(TRAQUEÓFITAS)

FANERÓGAMAS ÓRGÃO REPRODUTOR VISÍVEL

ESPERMATÓFITAS PRODUZEM SEMENTE

GIMNOSPERMAS
• ESTRUTURA REPRODUTIVA: FLOR
• SEMENTE ENVOLVIDA POR FRUTO
ANGIOSPERMAS
• DUPLA FECUNDAÇÃO
• ENDOSPERMA (3N)
FLOR
ESTRUTURA • PEDÚNCULO
VEGETATIVA • RECEPTÁCULO
• SÉPALAS → CÁLICE
• PÉTALAS → COROLA

ESTRUTURA ESTAMES:
REPRODUTIVA ANDROCEU
• ANTERA (GRÃO DE PÓLEN)
(MASCULINO)
• FILETE

CARPELO:
GINECEU • ESTIGMA
(FEMININO) • ESTILETE
• OVÁRIO
ESTRUTURA
DE UMA FLOR ESTIGMA
ANTERA
ESTAME
FILETE ESTILETE CARPELO
PÉTALA

OVÁRIO
ÓVULO
SÉPALA
RECEPTÁCULO FLORAL

PEDÚNCULO FLORAL

41
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Os temas deste livro aparecem em poucas O vestibular tende a correlacionar os


questões, que abordam questionamentos do modos de locomoção e circulação, além
cotidiano, de forma investigativa. Exige raciocí- de comparar similaridades e diferenças
nio e dedução lógica do candidato. com os demais animais, exigindo um bom
conhecimento de zoologia.

Fisiologia é um tema pouco cobrado, aparecendo, Nos últimos anos, questões de fisiologia Apesar dos sistemas locomotor e sanguíneo
no geral, em questões contextualizadas que exigem não são frequentes, mas, quando cobradas, não serem temáticas recorrentes no vestibular,
compreensão de gráficos. é feito de forma direta e sucinta. quando cobradas serão de maneira mais
aplicada a situações do dia a dia, possibilitando
respostas intuitivas.

É um vestibular bastante recente, o que Pelo recente formato, a prova encontra-se Questões envolvendo os diversos sistemas se Os mais diferentes sistemas estão fortemente
dificulta analisar a incidência temática a em situação semelhante ao Albert Einstein. fazem presentes nessa prova, com destaques presentes e bem distribuídos nessa prova, ou
longo prazo. No entanto, há possibilidade das Contudo, questões mais gerais de sistemas para digestório, endócrino e reprodutor. seja, é possível deparar-se com questões sobre
questões envolveram comparação entre os podem aparecer. qualquer um deles.
diversos sistemas.

UFMG

Costuma conter questões sobre sistemas, Nessa prova, há questões sobre fisiologia, Fisiologia é um tema recorrente, destacando-se
especialmente urinário, nervoso e endócrino. porém, costumam aparecer associadas às sistemas cardiorrespiratório e digestório.
protozooses e verminoses.

É uma prova que utiliza gráficos e figuras para Trata-se de uma prova na qual é comum É uma prova que privilegia os sistemas
elaborar suas questões de Biologia, exigindo encontrar questões integrando sistemas. cardiovascular, nervoso e excretor.
raciocínio lógico e investigativo para respondê-
-las. Há casos mais simples em que cobra a
aplicação de conceitos.
EMBRIOLOGIA E SISTEMAS

43
Zigoto

AULAS 27 e 28
Mórula

Blástula

Gástrula
EMBRIOLOGIA HUMANA I
órgãos Nêurula tecidos
Desenvolvimento embrionário inicial

O embrião pode se desenvolver de diferentes maneiras, que


COMPETÊNCIA: 4 podem variar de acordo com o nível de cuidado materno-fetal:

§ Ovíparos – a fêmea libera o ovo fecundado interna-


HABILIDADES: 13 e 14 mente, que se desenvolve fora do seu corpo à custa de
suas reservas nutritivas. Exemplo: maioria dos répteis e
das aves e muitos invertebrados.

§ Ovovíparos – o embrião desenvolve-se no interior do


1. Embriologia animal corpo da fêmea, à custa de suas reservas energéticas, até
o nascimento. Isso garante mais proteção ao embrião.
Você já pensou como é possível que um zigoto, estrutu- Exemplo: alguns invertebrados, e peixes e répteis.
ra unicelular, dê origem a uma estrutura multicelular tão
complexa como um indivíduo humano? Para que sejam for- § Vivíparos – o embrião adquire oxigênio e nutrientes
mados tecidos e órgãos no embrião (organogênese), devem diretamente do sangue materno e elimina suas excretas
ocorrer os processos de multiplicação e diferenciação celular. pela placenta. Exemplo: mamíferos.
Da formação do zigoto até seu desenvolvimento em um
organismo com sistemas especializados, são necessários os 1.1. Fecundação
seguintes processos:
Na fecundação ocorrem diversos eventos no citoplasma do
§ Gametogênese – inclui a espermatogênese (produção óvulo, incluindo a cariogamia, fusão do pronúcleo feminino e
do gameta masculino) e a ovogênese (produção do ga- do pronúcleo masculino, o que resulta na união dos cromos-
meta feminino). somos de origem materna e paterna, formando o zigoto. De-
pois da fusão dos núcleos, entram em atividade várias subs-
§ Fecundação – fusão do gameta masculino ao fe- tâncias e moléculas, as quais acionam o processo de mitose
minino, o zigoto. no zigoto, dando origem às estruturas denominadas blas-
§ Clivagem – momento de divisões rápidas e sucessivas. tômeros. Assim, inicia-se o desenvolvimento embrionário.
Fusão do óvulo e esperma
§ Gastrulação – surgem as camadas germinativas
membranas plasmáticas
(endo, meso e ectoderme), das quais derivam os vá-
rios órgãos do corpo animal.
Reação acrossômica

§ Organogênese – pequenos grupos de células em


cada folheto germinativo, destinados a originar órgãos
ou partes deles. Acrossomo
Núcleo do esperma
§ Crescimento e diferenciação de tecidos – gru-
Conteúdo de
pos de células separados tornam-se histologicamente grânulos corticais
diferenciados, isto é, desenvolvem as estruturas e as Membrana vitelina
Espaço perivitalino
propriedades particulares específicas. Zona pelúcida Pró-núcleo feminino
Corona radiata
Além disso, do zigoto até o processo final de crescimento e Grânulos corticais

diferenciação, o organismo passa pelas fases a seguir. Entrada do espermatozoide no óvulo e união dos pronúcleos

44
1.1.1. Ovócito § Telolécito ou megalécito – o vitelo nesse ovo ocu-
pa quase todo o citoplasma, e a segmentação é mero-
Por causa da grande quantidade de citoplasma presente
blástica, ou seja, parcial e discoidal (somente no polo
no ovócito, trata-se da maior célula do corpo humano, já
animal). Exemplos: moluscos, peixes, répteis, aves, ma-
que possui substâncias indispensáveis (vitelo) ao desen-
míferos ovíparos (ornitorrinco e equidna).
volvimento dos blastômeros. As substâncias químicas que
fazem parte do vitelo podem variar a composição entre as § Centrolécito – o vitelo está na região central da cé-
espécies e também a quantidade de vitelo presente. Assim, lula. A segmentação é meroblástica e apenas parcial.
os ovócitos podem ser classificados em: Exemplo: artrópodes.
§ Oligolécito ou isolécitos – contêm uma quantidade Representação dos ovócitos
reduzida de vitelo, espalhado de maneira uniforme pelo
Polo animal
citoplasma. O grau de dependência do embrião aumen- Núcleo
ta quanto menor for a quantidade de reserva nutritiva
Núcleo
presente no ovo. Nesse tipo de ovo, a segmentação é ho- Grãos
de vitelo
loblástica. Exemplos de organismos que possuem esse Grãos
de vitelo
Polo vegetativo
tipo de ovo: mamíferos placentários, anfioxos e muitos
Ovo oligolécito Ovo heterolécito
invertebrados, como esponjas, corais e equinodermos.
Disco Núcleo
§ Heterolécito ou mesolécito – Nesses ovos, o vitelo germinativo

preenche metade do volume citoplasmático distribuído Núcleo


Vitelo
de forma não homogênea (polo vegetativo). A segmen- Grãos
de vitelo

tação nesse tipo de ovo é total e desigual. Exemplos:


anelídeos, peixes, anfíbios e moluscos. Ovo megalécito Ovo centrolécito

2. Clivagem e blastulação
Depois de formado, o zigoto sofre mitose, dando origem a duas células-filhas, cada uma das quais é denominada de blas-
tômero. As primeiras divisões celulares, no desenvolvimento embrionário, caracterizam uma etapa denominada segmen-
tação ou clivagem.
No ovo oligolécito, a primeira clivagem acontece de polo a polo, originando os dois primeiros blastômeros, que logo
depois dão origem a quatro células também por segmentação de polo a polo. A segmentação subsequente ocorre em
plano transversal. Quando eleva o número de blastômeros, o conjunto celular adquire uma forma esférica, compacta, cujo
aspecto lembra uma amora, razão pela qual essa fase é denominada de mórula. Nessa fase embrionária, existem vários
blastômeros e nenhuma cavidade interna.
Fertilização Zigoto
núcleo do óvulo e
Divisão celular
Ovócito secundário núcleo do espermatozoide do zigoto

Estágio de Estágio de Estágio de


2 células 4 células 8 células Mórula Blastocisto

Etapas da segmentação

Depois do estágio de mórula, vem a fase de blástula, resultante do arranjo dos blastômeros em volta de uma cavidade
cheia de líquido, a blastocele. Nessa fase, a estrutura celular ainda é pequena, apesar de já existir uma quantidade maior de
células (centenas).

45
blastocela
polo animal
Blastocisto
Zigoto

blástula
Mórula

Células em
Massa Celular Interna
cultura

Hemáceas
Neurônios Células Musculares

Células-tronco pluripotentes
polo vegetativo
Corte transversal da blástula

As famosas células-tronco!
As células-tronco são células indiferenciadas, isto é,
não especializadas, possuem grande potencial de di-
ferenciação e capacidade de realizar autorrenovação.
A autorrenovação é a propriedade de se autoduplicar
gerando células idênticas à célula-mãe, ou seja, outras
células-tronco. O potencial de diferenciação, por sua
multimídia: vídeo
vez, é a capacidade dessas células de gerar células Fonte: Youtube
especializadas para desenvolver funções específicas. Embriologia − Clivagem e Formação
Nos humanos, as células-tronco estão presentes na do Blastocisto
medula óssea vermelha e no sangue do cordão um-
bilical. As células-tronco são classificadas de acordo
com seu potencial de diferenciação: totipotentes, plu-
ripotentes e multipotentes.

§ Células-tronco totipotentes têm a capacidade de 2.1. Tipos de segmentação


originar tecidos embrionários e extraembrionários,
ou seja, podem originar um organismo completo. O tipo de segmentação varia nos diferentes tipos de
Exemplos dessas células-tronco são o óvulo fecun- ovos. Quando a quantidade de vitelo presente é maior, a
dado (zigoto) e as primeiras 16 células derivadas clivagem é mais lenta. Assim, ovos com uma quantidade
do zigoto (mórula inicial). menor de vitelo têm uma segmentação mais homogê-
nea, ao contrário dos ovos com maior quantidade de
§ As células-tronco pluripotentes têm a capacidade
de desenvolver as células dos três folhetos em-
vitelo, em que a segmentação é heterogênea.
brionários (endoderma, mesoderma e ectoderma)
e não geram tecidos extraembrionários. Assim, a
2.1.1. Holoblástica
célula pluripotente não pode originar um indiví-
duo como um todo. Esse tipo celular é encontrado A segmentação holoblástica, também denominada seg-
na massa celular interna do blastocisto e é deno- mentação total, ocorre em ovos oligolécitos, originando
minado célula-tronco embrionária. blastômeros com aproximadamente o mesmo tamanho;
§ As células-tronco multipotentes possuem menor
assim, a segmentação é do tipo holoblástica igual. Ela tam-
capacidade de diferenciação quando comparada bém pode ocorrer em ovos heterolécitos, em que a seg-
com as demais células-tronco. Exemplos dessas mentação origina células de tamanhos diferentes, o que é
células-tronco são as células progenitoras da me- chamado de segmentação holoblástica desigual. No polo
dula óssea que podem originar as células sanguí- animal, dos ovos heterolécitos, formam-se células peque-
neas (hemácias e leucócitos). nas (micrômeros), e, no polo vegetal, formam-se células
maiores (macrômeros).

46
Polo animal Blastômeros
2.1.2. Meroblástica
A segmentação meroblástica ocorre em ovos megalécitos.
Ela acontece excepcionalmente no disco germinativo, em
Polo vegetativo
que não há acúmulo de vitelo. Assim, é parcial e discoidal
e gera um pequeno disco de células denominado cicatrí-
Polo animal cula. Nos ovos centrolécitos, ela também é parcial. Como
o vitelo fica armazenado no centro, a segmentação ocorre
na periferia. Dessa forma, o tipo de segmentação é mero-
blástica superficial.
Polo vegetativo

Tipos de segmentação dos ovos Quantidade Distribuição Tipo de


Tipo de ovo Animal
de vitelo do vitelo clivagem
equino-
Total dermos,
Oligolécito pequena homogênea
igual anfioxo e
mamíferos
Mesolé- heterogênea
Total
cito ou média (polos animal anfíbios
desigual
Heterolécito e vegetativo)

heterogênea
multimídia: vídeo Megalécito
ou Telolécito
grande
(ocupa a
maior parte
Parcial
discoidal
répteis
e aves
do ovo)
Fonte: Youtube
heterogênea Parcial
Concepção - Fecundação, Zigoto, Mórula, Centrolécito grande (no centro super- insetos
Blastula, Nidação... do ovo) ficial

Ovo telolécito
completo CLIVAGEM MEROBLÁSTICA DISCIDAL
Mórula

Na clivagem meroblástica discoidal o ovo divide-se


parcialmente na região do pólo animal (disco germinativo).
Ovo
centrolécito CLIVAGEM MEROBLÁSTICA SUPERFICIAL Mórula
Núcleos

Na clivagem meroblástica superficial o ovo divide-se


parcialmente na região superficial.

Tipos de ovos e segmentação

3. Mamíferos: desenvolvimento
Na maioria dos mamíferos, o desenvolvimento embrionário ocorre no interior do corpo da fêmea, especificamente no
útero. Há mamíferos que geram ovos, como o onitorrinco e a equidna, e a maioria forma uma placenta, órgão composto
pela parede interna vascularizada do útero denominada endométrio. Através da placenta, nutrientes, oxigênio, anticorpos
e hormônios atravessam do sangue materno para o embrionário, e o embrião transfere para a mãe o gás carbônico e as
excretas. Na espécie humana, o ovo é oligolécito, e a segmentação é total e igual (fase de mórula). Na fase de mórula, o
embrião migra para o útero, onde inicia a fase de blástula, que, nos mamíferos, é denominada blastocisto.

47
Clivagem
(30 horas)
Estágio de
Mórula 8 células
(72 horas) Estágio de
4 células
Blastocisto
(4 dias) Estágio de
2 células

Blastocisto implantado
(6 dias) Zigoto

Núcleo do óvulo
Núcleo do esperma

Fertilização

Ovócito secundário

Fases iniciais da embriologia humana e o caminho percorrido até a fixação no útero

Dentro da cavidade blastocística, há um fluido que marca a separação dos blastômeros em dois tipos: o trofoblasto –
camada de células externas e delgada, que tem como função a penetração e aderência do embrião na parede do
endométrio, e é responsável também pela organização da parte embrionária da placenta; e o embrioblasto – massa
celular interna que possui no centro um grupo de blastômeros, o qual originará o embrião. No embrião do homem, o
trofoblasto e a mesoderme extraembrionária desenvolvem em cório, revestimento responsável pela organização das
vilosidades coriônicas, as quais colonizam o endométrio uterino. Ainda no endométrio, o blastocisto se aprofunda. À
medida que a fixação progride, pode ocorrer a corrosão de vasos e glândulas do endométrio por enzimas embrioná-
rias, fazendo com que o sangue materno jorre pelas lacunas em formação.
Vasos de sangue
Essas lacunas providenciam a nutrição inicial e o oxigenação do embrião (sem mistura de sanguematerno
materno e em-
brionário). Placenta

Sangue materno

Vilosidade coriônica
Cório
Líquido amniótico

Lúmen do útero Cordão umbilical Artéria


umbilical

Veia
umbilical

Detalhe esquemático dos vasos sanguíneos no cordão umbilical e nas vilosidades coriônicas

A placenta é formada por tecidos maternos e embrionários. A placenta não envolve o embrião. Essa função é desempenhada
pelo âmnio (bolsa de água), no interior do qual o embrião fica imerso. O âmnio e os demais anexos embrionários serão
estudados no próximo capítulo.

48
Placenta Cordão umbilical No final da oitava semana, o embrião ganha aspecto tipi-
camente humano, pois todos os órgãos já começaram o
Membrana entre
desenvolvimento: olhos, nariz, boca, braços e pernas. For-
cório e âmnio ma-se o feto. Depois de mais ou menos 40 semanas ocorre
o parto.
Líquido amniótico

Lúmen do útero
Cólo do útero
Bexiga urinária
multimídia: site
Vagina

O feto humano ocupa a cavidade uterina. A placenta também secreta www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reprodu-


hormônios que contribuem para a manutenção da gravidez. cao5.php
www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reprodu-
cao6.php

Feto
(até o nascimento)

Embrião
(1-8 semanas)

Zigoto Mórula Blastocisto


(0-3 dias) (3-7 dias)

Desenvolvimento embrionário desde o zigoto até o feto

49
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Dentro da embriologia, há diversas temáticas que podem ser abordadas tanto no contexto reprodutivo como
nos avanços da medicina ou até mesmo no estudo comparado que permite avançar a respeito da evolução
das espécies. Assim, é importante o aluno compreender as etapas que ocorrem logo depois da fecundação e
as variações que ocorrem em cada grupo animal, com enfoque nos mamíferos e no homem e suas aplicações
na saúde humana.

MODELO 1
(Enem) A utilização de células-tronco do próprio indivíduo (autotransplante) tem apresentado sucesso como tera-
pia medicinal para a regeneração de tecidos e órgãos cujas células perdidas não têm capacidade de reprodução,
principalmente em substituição aos transplantes, que causam muitos problemas devido à rejeição pelos receptores.
O autotransplante pode causar menos problemas de rejeição quando comparado aos transplantes tradicionais,
realizados entre diferentes indivíduos. Isso porque as:
a) células-tronco se mantêm indiferenciadas após sua introdução no organismo do receptor;
b) células provenientes de transplantes entre diferentes indivíduos envelhecem e morrem rapidamente;
c) células-tronco, por serem doadas pelo próprio indivíduo receptor, apresentam material genético semelhante;
d) células transplantadas entre diferentes indivíduos se diferenciam em tecidos tumorais no receptor;
e) células provenientes de transplantes convencionais não se reproduzem dentro do corpo do receptor.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A respeito das células-tronco, é importante o aluno compreender que há as células-tronco embrionárias; en-
tretanto, também é possível obter células-tronco adultas, encontradas principalmente na medula óssea e no
cordão umbilical. Há, ainda, células pluripotentes induzidas que já foram obtidas em laboratório. Elas possuem
importância médica pela possibilidade de se diferenciarem em diversos tipos celulares. O autotransplante de cé-
lulas-tronco diminui a possibilidade de rejeição, pois elas são semelhantes geneticamente às células do receptor,
diferente do que ocorre quando o órgão é originado de um doador.

RESPOSTA Alternativa C

50
DIAGRAMA DE IDEIAS

EMBRIOLOGIA
HUMANA

ESPERMATOGÊNESE
GAMETOGÊNESE
OVOGÊNESE TIPOS:
• OLIGOLÉCITO OU ISOLÉCITO
• HETEROLÉCITO OU MESOLÉCITO
ÓVULO
• TELOLÉCITO OU MEGALÉCITO
• CENTROLÉCITO

FECUNDAÇÃO ZIGOTO

CLIVAGEM BLASTÔMEROS

• HOLOBLÁSTICA
• OVOS OLIGOLÉCITOS
EX.: EQUINODERMOS E MAMÍFEROS
• HOLOBLÁSTICA DESIGUAL
• OVOS HETEROLÉCITOS
EX.: ANFÍBIOS
• MEROBLÁSTICA DISCOIDAL
• OVOS TELOLÉCITOS
EX.: PEIXES, RÉPTEIS E AVES
MÓRULA • MEROBLÁSTICA SUPERFICIAL
• OVOS CENTROLÉCITOS
EX.: INSETOS

BLÁSTULA CAVIDADE: BLASTOCELE

NIDAÇÃO

EM MAMÍFEROS
• CÉLULAS EXTERNAS: PENETRAÇÃO
TROFOBLASTO E ADERÊNCIA DO EMBRIÃO
NO ENDOMÉTRIO

• CÉLULAS INTERNAS:
EMBRIOBLASTO
ORIGINARÁ EMBRIÃO

51
AULAS 29 e 30

multimídia: vídeo
EMBRIOLOGIA HUMANA II Fonte: Youtube
Fases do desenvolvimento embrionário humano

1. Desenvolvimento embrionário
COMPETÊNCIA: 4
Depois do encontro dos gametas, ocorre a geração da célu-
la-ovo, que sofre sucessivas mitoses, caracterizando a fase
HABILIDADES: 14 e 15
de mórula; em seguida, ocorre a fase blástula. A fase se-
guinte é denominada gástrula, em que acontece a formação
dos folhetos embrionários: que darão origem aos tecidos e
órgãos do animal. Existem dois tipos de animais:
§ Diblásticos – Apenas dois folhetos embrionários estão presentes. É o caso dos cnidários que apresentam apenas en-
doderme e ectoderme.
§ Triblásticos – Apresentam os três folhetos embrionários (endoderme, mesoderme e ectoerme). Exemplos: anfioxo, maioria
dos invertebrados, cordados.
A partir do primeiro órgão formado pelo blastóporo, há duas classificações:
§ Protostômios – O blastóporo origina primeiro a boca. Exemplos: a maioria dos invertebrados, com exceção dos equinodermos.
§ Deuterostômios – O blastóporo origina primeiro o ânus. Exemplos: equinodermo e cordata.
Pólo animal

Pólo vegetativo

ZIGOTO
SEGMENTAÇÕES

MÓRULA
(vista externa)

Micrômeros
Blastocela

BLÁSTULA
(vista em corte)
Macrômeros

Blastocela

GASTRULAÇÃO

Arquêntero
Arquêntero
em formação

Arquêntero

Blastóporo
Ectoderma

GÁSTRULA
(corte longitudinal)
Mesentoderma
GÁSTRULA
(corte transversal)

Gastrulação no anfioxo

52
acelomados

pseudocelomados

2. Nêurula acelomados
celomados
acelomados
Nessa fase tem início a organogênese, ou seja, o desen-
volvimento dos órgãos. Concluída a gastrulação, o embrião
pseudocelomados
já exibe formato ovoide. Na região dorsal ocorre um acha- pseudocelomados
tamento das células da ectoderme, produzindo o desenvol-
vimento de uma placa denominada placa neural. A placa
neural afunda gradualmente, e células da ectoderme
celomados co-
acelomados
brem e escondem essa placa na região dorsal do embrião. celomados

Com o tempo, as bordas da placa neural se juntam, e ela


passa a ser chamada de tubo neural, o qual originará o
pseudocelomados Esquema comparando os animais triblásticos,
sistema nervoso. em corte transversal

2.1. A mesoderme e a notocorda Planos corporais


celomados
Ao mesmo tempo em que ocorrem essas alterações na placa A forma do corpo interfere no modo de vida de um ani-
neural, na mesoderme (teto do arquêntero) inicia-se a se-
mal. A maioria dos animais possui simetria bilateral:
paração de grupos celulares no embrião, o que resulta na
diferenciação entres somitos e notocorda. A notocorda é o corpo do indivíduo pode ser dividido em duas partes
um tubo celular cilíndrico situado abaixo do tubo neural. Nos iguais, formando lado direito e esquerdo. Além disso,
vertebrados, a notocorda será substituída, parcialmente ou essa simetria possibilita a denominação das regiões
totalmente, pela coluna vertebral, que tem como função a anterior (cefálica), posterior (caudal), dorsal e ventral. A
sustentação e a formação do eixo céfalo-caudal. região cefálica está ligada à maior complexidade de mo-
Os somitos parecem bolsas esféricas e se localizam em vimentação, imprescindível para a melhor conexão entre
ambos os lados do eixo produzido pelo tubo neural e pela os sistemas muscular e nervoso e os órgãos dos sentidos.
notocorda. A cavidade de cada somito é chamada de ce-
anterior dorsal
loma. As cavidades dos somitos crescem e se tornam uma
única cavidade. No individuo adulto, trata-se da cavidade
interna totalmente revestida pela mesoderme, o que é im-
ventral posterior
portante para a acomodação dos vários órgãos do animal.
Os animais triblásticos são classificados de acordo com o a
presença ou a ausência de celoma. Planos corporais de um animal de simetria bilateral
§ Acelomados: a cavidade interna não é revestida pela Na simetria radial, o corpo do animal pode ser dividido
mesoderme. São representados pelos platelmintos.
em várias partes iguais. É uma simetria típica de cnidários
§ Pseudocelomados: a cavidade interna é revestida e equinodermas. Essa simetria possibilita que os animais
parcialmente pela mesoderme. São representados realizem rotação ao longo de seu eixo central sem alterar
pelos nematelmintos. sua aparência. Trata-se de uma característica vantajosa
§ Celomados: a cavidade interna é totalmente reves- para um animal fixo ou que apresenta pouca mobilidade
tida pela mesoderme. São representados pelos anelí- (contato com o ambiente em diversas direções).
deos, artrópodes, moluscos, equinodermas e cordados. Simetria
Bilateral Simetria
Oral Radial
Anterior (”cabeça”)
Dorsal

Ventral

Imagem mostrando o desenvolvimento dos somitos e da notocorda Posterior (”cauda”) Aboral


Hidra (cnidário)
A partir dos folhetos embrionários, desenvolvem-se todos Planos corporais na simetria bilateral e radial
os tecidos e órgãos componentes do animal adulto.

53
Tecidos, órgãos e sistemas derivados Alantoide tem como funções:
dos folhetos germinativos
§ armazenar a excreção do embrião (ácido úrico);

Endoderme Mesoderme Ectoderme § passar para o embrião os sais de cálcio da casca;

Epitélio do tubo § realizar trocas gasosas;


digestório
Tecido conjuntivo
Órgãos associados § passar para o embrião as proteínas da clara.
Tecido muscular
ao tubo digestório Camada epidérmica
Sistema esquelético
(fígado e pâncreas) da pele e anexos O âmnio é uma membrana que circunda o embrião for-
(ossos e cartilagens)
Sistema respiratório epidérmicos
Sistema circulatório mando uma cavidade (amniótica) com um líquido denomi-
Epitélio dos (glândulas, pelos)
Sistema excretor
sistemas excretor, Sistema nervoso nado líquido amniótico. O âmnio e a cavidade amniótica
Sistema reprodutor
reprodutor e Dentes
respiratório
Camada epidérmica constituem a vesícula amniótica, que tem as funções de
da pele
Tireoide e amortecer os choques, dar mobilidade ao embrião, permitir
paratireoide
a flutuação e evitar a desidratação.
O último anexo embrionário é o cório, membrana que en-
3. Os anexos embrionários volve o âmnio, a alantoide e o saco vitelínico, localizando-
-se próximo à casca. O cório também participa do processo
Em animais ovíparos, o desenvolvimento embrionário de trocas gasosas.
ocorre dentro de um ovo, que possui casca protetora cal-
cária porosa, o que possibilita trocas gasosas e protege
o embrião de condições desfavoráveis do meio. O de-
senvolvimento dos mamíferos placentários, por sua vez,
ocorre no útero, dentro do corpo da mãe.
Na conquista do meio terrestre, existiu a pressão para que
a fecundação fosse interna, e, em consequência, a pressão
seletiva para o desenvolvimento dos anexos embrionários multimídia: site
(âmnio, cório, saco vitelínico e alantoide). Apesar de não
fazer parte do corpo do embrião, esses anexos são impres-
www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/
cindíveis para seu desenvolvimento.
reproducao14.php
âmnio

embrião
Líquido amniótico

casca

coríon

alantóide

saco vitelino

AA
presença de âmnio
presença caracteriza
de âmnio os répteis como
caracteriza vertebrados
os répteis como amniótas
vertebrados amniotas

Os anexos embrionários decorrem dos folhetos germi-


nativos. O saco vitelínico é um anexo embrionário que
está ligado ao intestino do embrião. Para se desenvolver,
o embrião vai consumindo o vitelo, e o saco vitelínico vai
diminuindo até desaparecer por completo. Esse anexo
embrionário é bem desenvolvido em peixes, répteis, aves
e mamíferos ovíparos. Nos mamíferos vivíparos, ele é re-
duzido, pois o embrião desses animais não realiza a nutri-
ção por essa reserva. Todos os répteis e aves, além do saco
vitelínico, apresentam outros três anexos embrionários: a
alantoide, o âmnio e o cório.

54
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Dentro da embriologia, existem diversas temáticas que podem ser abordadas tanto no contexto reprodutivo
quanto no contexto dos avanços da medicina ou até mesmo pelos estudos comparados que permitem avançar
a respeito da evolução das espécies. Assim, é importante o aluno compreender as etapas que ocorrem depois
da fecundação e as variações que ocorrem em cada grupo animal, com ênfase nos mamíferos e no homem e
nas suas aplicações na saúde humana.

MODELO 1
(Enem) Os gêmeos sempre exerceram um fascínio para a maioria das pessoas, principalmente os monozigóticos
ou idênticos. Parte desse interesse está relacionada ao fato de que esses indivíduos representam a manifesta-
ção natural que mais se aproxima da clonagem na espécie humana.
O mecanismo que está associado com a formação dos indivíduos citados é a:
a) divisão do feto em gestação em dois indivíduos separados;
b) divisão do embrião em dois grupos celulares independentes;
c) fecundação de um óvulo por dois espermatozoides diferentes;
d) ocorrência de duas fecundações simultâneas no útero materno;
e) fertilização sucessiva de dois óvulos por apenas um espermatozoide.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A formação dos gêmeos monozigóticos ou idênticos ocorre por meio da formação de um único zigoto (um
óvulo fecundado por apenas um espermatozoide) e envolve a divisão do embrião em dois ou mais grupos
celulares independentes. Esses grupos separados darão origem a indivíduos geneticamente idênticos e
do mesmo sexo.

RESPOSTA Alternativa B

55
DIAGRAMA DE IDEIAS

EMBRIOLOGIA
HUMANA

MÓRULA • BLASTÔMEROS

BLÁSTULA • BLASTOCISTO (EM MAMÍFEROS)

FOLHETOS EMBRIONÁRIOS:
GÁSTRULA
• ECTODERMA
• MESODERMA
• ENDODERMA

• CAVIDADE: ARQUÊNTERO
(INTESTINO PRIMITIVO)
• ABERTURA EXTERNA: BLASTÓPORO

BLASTÓPORO ORIGINA
PROTOSTÔMIO
PRIMEIRO A BOCA

BLASTÓPORO ORIGINA
DEUTEROSTÔMIOS
PRIMEIRO O ÂNUS

NÊURULA ORGANOGÊNESE DESENVOLVIMENTO DOS ÓRGÃOS

• SACO VITELÍNICO: NUTRIÇÃO


ANEXOS • ALANTOIDE: ARMAZENA EXCRETAS, TROCAS GASOSAS
EMBRIONÁRIOS • ÂMNION: AMORTECE E EVITA DESIDRATAÇÃO
• CÓRIO: MAIS EXTERNA, TROCAS GASOSAS

56
§ Esqueleto apendicular – composto pelos ossos dos
AULAS 31 e 32 membros superiores e inferiores. A união dos esquele-
tos ocorre através das cinturas escapular e pélvica.

SISTEMA LOCOMOTOR

COMPETÊNCIA: 4

HABILIDADES: 14, 15 e 16

1. Sistema locomotor Em azul, esqueleto axial e em laranja, esqueleto apendicular


O sistema locomotor é responsável pelo movimento esque- clávicula

lético. Ele é constituído por três sistemas: o sistema esque-


lético promove sustentação e funciona como alavanca dos escápula

movimentos, o sistema muscular (realiza os movimentos fêmur

por meio da contração muscular) e o sistema articular (pos-


sibilita graus distintos de movimentos do esqueleto).
patela
ulna
rádio tibía

2. Sistema esquelético carpo


metacarpo
fíbula

O sistema esquelético é formado por um conjunto de os- dedos tarsos


metatarsos
artelhos

sos (órgãos rígidos) que compõe o esqueleto. Os ossos são Cintura escapular e ossos dos membros superiores em vista anterior Vista anterior da cintura pélvica e ossos dos membros interiores.
Cintura escapular e ossos dos membros Vista anterior da cintura pélvica
unidos uns aos outros por meio de juntas ou articulações. superiores em vista anterior e ossos dos membros inferiores

O esqueleto humano é constituído por 206 ossos. O osso é Osso irregular (vértebra)
Osso plano (escápula)
formado, principalmente, pelo tecido ósseo, tipo de tecido
conjuntivo que tem como característica uma matriz celular
2.2. Classificação dos ossos
fibrosa e minaralizada (cálcio, fosfato e magnésio) de co- O critério utilizado na classificação Osso alongado
dos ossos é a sua
lágeno. No osso, através da ação das células osteoblasto forma geométrica, como osso plano, longo, Osso pneumá-
irregular (vértebra)
Osso plano (escápula)
e osteoclasto e do osteoclasto com formação e absorção tico, sesamoide ou irregular. Veja exemplos nas ima- CORPO

de matriz óssea, ocorre um processo contínuo de remode- gens abaixo.


Osso irregular (vértebra)
lamento. As funções do sistema esquelético são proteger
Osso plano (escápula)
Osso pneumática (esfenóide) Osso alongado Osso sesamóide (patela)

as estruturas vitais (coração, pulmões, encéfalo e medula


CORPO
espinal), sustentar o organismo, participar do movimento Osso alongado
e armazenar sais minerais (cálcio e fosfato). Além disso, o Osso plano (escápula) Osso irregular (vértebra)
sistema esquelético possui a medula óssea, onde ocorre a Osso pneumática (esfenóide) CORPO Osso sesamóide (patela)

hematopoiese (formação de células sanguíneas). Osso plano (escápula) Osso irregular (vértebra)

Osso alongado
Osso sesamóide (patela)
2.1. Divisão do esqueleto
Osso pneumática (esfenóide)

Osso alongado CORPO


Em geral, divide-se o esqueleto em duas partes:
§ Esqueleto axial – composto pelos ossos da cabeça, do CORPO
Osso pneumática (esfenóide) Osso sesamóide (patela)
pescoço e do tronco (coluna vertebral, costelas e esterno).
Osso pneumática (esfenóide) Osso sesamóide (patela)

57
Entre as vértebras existem aberturas denominadas de forâmens, por onde passam os nervos que conectam a medula
espinhal às diversas partes do corpo. Entre as vértebras adjacentes (com exceção da primeira e da segunda cervicais), há
discos intervertebrais (cartilaginosos) que agem como amortecedores de choques verticais e possibilitam os movimentos
da coluna vertebral. A hérnia de disco, na região lombar, ocorre quando há a ruptura desse disco e o núcleo pulposo vaza,
ultrapassando os limites do anel fibroso, o que resulta na compressão da medula espinhal ou dos nervos que dela saem.

(b)

(a)
corpo da
vértebra

canal
medular

forâmen
intervertebral

processo
espinhoso

(c)
(d)
corpo
vertebral
disco
intervertebral

(a) vértebra típica, com destaque do forâmen, por onde passa o cordão nervoso; (b) vista lateral da coluna vertebral;
(c) disco intervertebral em posição normal e (d) comprimido.

2.3. Estrutura dos ossos longos


O que confere resistência a um osso longo é a disposição de seu tecido ósseo esponjoso (interno e menos rígido) e de seu
tecido compacto (duro e externo). Os ossos longos apresentam comprimento maior que a largura ou a expessura e alguns
exemplos são o fêmur e úmero. As partes de um osso longo são:

§ Diáfise: constitui a haste longa do osso. É formada principalmente por tecido ósseo compacto, o que confere conside-
rável resistência ao osso.

§ Epífise: são as extremidades dilatadas de um osso longo. Articula-se ou junta-se a um segundo osso através de uma
articulação. Cada epífise é composta de uma fina camada de osso compacto que forra o osso esponjoso e também está
recoberto pela cartilagem.

58
§ Metáfise: é a parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise. As diferenças entre osso compacto, esponjoso e reticular depen-
de da quantidade e do tamanho dos espaços existentes e da quantidade relativa de substâncias sólidas.
Em geral, todo osso possui uma camada superficial de osso compacto em volta do osso esponjoso. A disposição do osso
esponjoso e do osso compacto se modifica de acordo com a função.

Cartilagem articular
Epífise
proximal Linha epifisária

Metáfise
Osso esponjoso

Endósteo
Osso compacto
Periósteo
Cavidade medular
Diáfise
Artéria nutrícia em
forâmen nutrício

Metáfise

Epífise
distal
Cartilagem articular

Estrutura de um osso longo

O periósteo reveste a superfície externa da diáfise. Trata-se de uma membrana de tecido conjuntivo denso fibroso que
fixa toda a superfície externa do osso, com exceção da cartilagem articular. O periósteo protege o osso e serve como
ponto de fixação para os músculos, além de possuir os vasos sanguíneos que nutrem os ossos próximos. O endósteo se
localiza no interior da cavidade medular do osso e é coberto por tecido conjuntivo. Ele contém poucos espaços em seus
componentes rígidos.

3. Sistema articular
As articulações ou juntas são os meios pelos quais os ossos se conectam entre si para compor o esqueleto. Elas são forma-
das por tecido conjuntivo denso e podem ser imóveis ou possibilitar movimentos. As articulações são classificadas em três
grupos, de acordo com a natureza do material situado entre os ossos.
ARTICULAÇÕES DE ARTICULAÇÕES DE ARTICULAÇÕES
MOVIMENTO LIVRE MOVIMENTO PARCIAL IMÓVEIS

Também chamadas Permitem apenas Estas articulações estão


sinoviais, são muito movimentos restritos. É o presentes em vários ossos
flexíveis. Encontram-se em que ocorre, por exemplo, que são soldados entre si,
vários lugares do corpo com a coluna vertebral por exemplo, os do crânio

59
3.1. Estruturas das articulações sinoviais indesejáveis e limitar a amplitude dos movimentos con-
siderados normais.
As articulações mais comuns no corpo são as sinoviais. Elas
são revestidas pela membrana sinovial e sua estrutura é § Discos e meniscos – são estruturas fibrocartilagí-
formada essencialmente por 3 elementos: ligamentos, ca- neas. Os discos e meniscos intrarticulares servem para
vidade articular e discos ou meniscos. aprimorar a adaptação das superfícies que se articulam
ou podem agir como amortecedores. Os meniscos, com
§ Ligamentos – os ligamentos são constituídos por sua característica em forma de meia-lua, são encontra-
tecido conjuntivo, principalmente por fibras colágenas dos apenas nas articulações dos joelhos.
arranjadas paralelamente ou em várias direções dife-
rentes. São flexíveis e admitem liberdade de movimen-
Articulação Sinovial
to, porém apresentam resistência à tração e à tensão,
sendo inelásticos, ou seja, não cedem à ação de forças.
Quando se rompem, causam muita dor.
Membrana sinovial
§ Cápsula articular – é uma membrana conjuntiva
que está envolta nas articulações sinoviais. Têm duas Cartilagem articular
camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana
Capsula articular fibrosa
sinovial (interna). A membrana fibrosa é mais resistente
e reforçada, em pontos, por feixes também fibrosos que
Cavidade articular
compõem os ligamentos capsulares, que aumentam com fluido sinovial
sua resistência. A membrana sinovial forma um saco
Ligamentos
fechado denominado cavidade sinovial. É fartamente
vascularizada e inervada e é encarregada da produ-
ção de líquido sinovial (sinóvia). A cápsula articular,
assim como os ligamentos, têm a função de manter
a união entre os ossos, evitar o movimento em planos

4. Sistema muscular
O sistema muscular é formado pelos músculos, órgãos com vasos sanguíneos, enervados e formados por tecido muscular,
que pode ser liso, estriado esquelético ou estriado cardíaco.

§ Tecido muscular estriado esquelético: músculo associado aos ossos sob contração voluntária.

§ Tecido muscular estriado cardíaco: músculo estriado sob contração involuntária. Essa musculatura tem a
propriedade de autoestimulação. As próprias células do coração geram as contrações, e o sistema nervoso apenas
controla o ritmo.
Fibras musculares esqueléticas Fibras musculares cardíacas Fibras musculares lisas

núcleo

núcleos estriações
discos
periféricos transversais
intercalares

Fibras musculares esqueléticas Fibras musculares cardíacas Fibras musculares lisas

60
A fibra muscular esquelética possui miofibrilas contráteis no citoplasma, que são formadas por filamentos de dois ti-
pos de proteína: a actina (filamentos finos) e a miosina (filamentos grossos). Esses filamentos se organizam formando
estrias transversais claras e escuras. A repetição em períodos de actina e miosina nesse tecido forma o sarcômero, a
unidade contrátil das células musculares estriadas. A contração do músculo esquelético é voluntária e acontece pelo
deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina. Na miosina, nas pontas dessa proteína, há pequenas
projeções capazes de formar ligações com alguns sítios dos filamentos de actina quando o músculo é estimulado.
Essas projeções presentes na miosina puxam os filamentos de actina, fazendo com que ocorra o deslizamento desse
filamento sobre os seus filamentos, processo que necessita de ATP e de cálcio para acontecer. Isso causa a sobreposi-
ção das miofibrilas e a contração muscular. Conforme vemos na imagem abaixo, na contração muscular, o sarcômero
reduz seu comprimento, pois ocorre aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer.
Actina
Miosina

Sarcômero
relaxado

H
Linha Z
A I
Actina Miosina

Sarcômero
contraído

H
Linha Z
A I
Representação da contração dos sarcômeros

Filamento Fino (actina) Linha Z

‘Cabeças’ da miosina têm


atividade ATPásica
Filamento Grosso (miosina)
microfilarilas em detalhe.

O retículo sarcoplasmático se localiza em volta do conjunto de miofibrilas de uma fibra muscular esquelética. Ele é especia-
lizado em realizar o armazenamento de cálcio (retículo endoplasmático liso). Averiguou-se, por microscopia eletrônica, que
o sarcolema (membrana plasmática) da fibra muscular sofre invaginações, produzindo túbulos (ramificados) que envolvem
cada conjunto de miofibrilas formando o sistema T. Esse sistema, que não existe nas fibras lisas e tem presença reduzida nas
fibras cardíacas, tem como função a contração uniforme de cada fibra muscular estriada esquelética.

61
tendão a b
corte transversal perimísio
do músculo

epimísio (tecido
conjuntivo denso que fascículo
músculo
reveste completamente (feixe de
esquelético fibras)
o músculo)

vasos fibra (célula)


tendão
sanguíneos muscular

endomísio (tecido conjuntivo


que envolve as fibras
musculares)

célula (fibra) estriada ou esquelética


núcleos periféricos

c
sarcoplasma (citoplasma)

miofibrila

miofilamentos

sarcolema (membrana
plasmática da célula
muscular estriada)

d detalhe da miofibrila

g
miofilamento grosso (miosina) sarcômero quando a
sarcômero
banda A célula muscular está contraída

linha M linha Z linha Z banda banda


H I
miofilamento fino (actina)

e miofilamento grosso (miosina) f miofilamento fino (actina)

Estrutura de um músculo esquelético (a-b) e detalhes de uma célula muscular estriada (c).
Detalhe do arranjo das moléculas de actina e miosina em uma miofibrila (d-g).

A contração muscular inicia-se a partir do impulso nervoso, que chega à fibra muscular por meio de um nervo motor. Esse
impulso chega à junção neuromuscular, composta pela porção terminal do axônio do nervo motor, da fenda sináptica e da
placa motora (região do sarcolema), e se propaga até atingir o retículo sarcoplasmático, realizando a liberação do cálcio ali
armazenado. O cálcio desbloqueia os sítios de ligação da actina, possibilitando que ela se ligue à miosina e iniciando a con-
tração muscular. Quando o estímulo cessa, o cálcio é imediatamente rebombeado para dentro do retículo sarcoplasmático,
o que faz cessar a contração.

62
bainha de mielina

axôno motor

vesiculas contendo
moléculas transmissoras
mitocôndrias
(neurotransmissores)

placa
motora

fibra muscular esqueletica


Representação de uma junção neuromuscular

ADP + Pi ATP

Eventos da contração:
1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam
íons Ca2+ e Mg2+ para o citoplasma.
multimídia: vídeo 2. Na presença desses dois íons, a miosina adquire uma
Fonte: Youtube propriedade ATPásica, ou seja, hidrolisa (quebra) o ATP,
liberando a energia de um radical fosfato.
A Contração Muscular (Parte 3 de 4)
3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina
entre os filamentos de miosina, caracterizando o encurta-
Para realizar o processo de contração muscular, é necessário mento das miofibrilas.
o consumo de energia (ATP), molécula produzida na respira-
ção celular. O ATP age tanto na ligação da miosina à actina Tônus muscular
(contração) quanto em sua separação (relaxamento muscu-
O músculo pode estar em estado de contração par-
lar). A ausência do ATP faz a miosina conservar-se unida à cial se algumas fibras estiverem contraídas e outras
actina, causando enrijecimento muscular. A quantidade de estiverem relaxadas. É o que se denomina tônus
ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir ape- muscular. Essa contração enrijece o músculo, mesmo
nas alguns segundos de intensa atividade muscular. O Fosfa- que não haja fibras contraídas em número suficiente
to de creatina (fosfocreatina ou creatina-fosfato) é a principal para a realização de movimento. O tônus é essencial
na manutenção de postura. O tônus da musculatura
reserva de energia nas células musculares. Assim, a energia
do pescoço, por exemplo, é responsável por manter
inicialmente dada pela respiração celular é guardada como a cabeça na posição anatômica normal, sem deixar
fosfocreatina (principalmente) e na forma de ATP. Quando o que ela caia sobre o peito, embora não exerça força
trabalho muscular é intenso, os estoques de ATP e de fosfo- suficiente para levá-la para a frente ou para os lados.
creatina têm de ser repostos nas células musculares.

63
maneira antagônica e harmônica, ou seja, a maioria dos
movimentos é coordenada por vários músculos esquelé-
ticos que agem em grupos. O músculo responsável pela
ação desejada é denominado agonista. Assim, se o grupo
agonista se contrai, o antagonista relaxa e causa o movi-
mento desejado.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
A Contração Muscular (Parte 2 de 4) e
d
b

4.1. Grupos de ação muscular


d

a
c
As fibras colágenas do tendão se conectam às do periósteo
e às do osso propriamente dito, o que é responsável pela
junção entre os sistemas esquelético e muscular. A ação
Músculo esquelético ligado ao osso: (a) ventre; (b) tendão;
muscular está relacionada com mais de um músculo de (c) aponeurose (tendão); (d) periósteo; (e) osso.

Os principais músculos do corpo

Principais músculos Ação

Frontal Eleva as sobrancelhas; contraído, produz rugas horizontais na testa.

Orbiculares das pálpebras Permitem a abertura e o fechamento dos olhos.


Cabeça

Orbiculares dos lábios Fecham os lábios e se contraem no assobio e na sucção.

Masseteres Movimentam a mandíbula.

Temporal Movimenta a mandíbula.


Pescoço

Esternocleidomastoideos Contraídos, produzem a rotação da cabeça.

Trapézio Eleva os ombros e movimenta a cabeça para trás.

Grandes dorsais Contraídos, levam os braços para trás.


Tórax

Grandes denteados Elevam as costelas para inspiração do ar.

Grandes peitorais Movimentam os braços para frente.

64
Grandes retos do abdômen Dobram o tórax sobre o abdômen e auxiliam a inspiração forçada.

Abdômen
Auxilia a inspiração e separa internamente a
Diafragma
caixa torácica da cavidade abdominal.

Oblíquos Contraem o abdômen.

Deltoides Levantam os braços.


Membros superiores

Bíceps branquiais Aproximam os antebraços dos braços.

Tríceps Afastam os antebraços dos braços.

Flexores dos dedos Flexionam ou dobram os dedos.

Extensores dos dedos Provocam a extensão dos dedos.

Grandes glúteos Músculos extensores das coxas.


Membros inferiores

Gastrocnêmio Flexiona pernas e pés.

Costureiros Flexionam as pernas sobre as coxas.

Sóleo Flexiona os pés.

m. frontal
m. orbiculares das pálpebras

m. orbiculares dos lábios m. masséteres


m. esternoclidomastoideo
m. deltoide
m. biceps branquiais
m. grandes peitorais

m. grandes retos do abdômen

m. abdominais
oblíquos

m. costureiro

m. gastrocnêmio

m. sóleo

Ilustração dos principais músculos do corpo humano

65
VIVENCIANDO

Entre os animais, as formas de sustentação e de locomoção são muito diversas, e essa diversidade pode ser resultado
de vários fatores, como a ancoragem dos músculos, a posição das articulações, os tipos de fibra muscular e os meios
de locomoção. É claro que os peixes têm um padrão de locomoção completamente diferente do de mamíferos ter-
restres, principalmente pelo meio em que se locomovem. No entanto, você já se perguntou por que os peixes ósseos
e os mamíferos aquáticos possuem um padrão de cauda completamente diferente? Isso vem do histórico evolutivo
de cada organismo. Uma vez que a baleia derivou de um organismo terrestre (seu ancestral tinha um padrão de
corpo semelhante ao do hipopótamo), o seu padrão de ancoragem de músculos e ossos é completamente diferente
do padrão do peixe ósseo. Por esse motivo, a cauda de um mamífero aquático se movimenta verticalmente, e a de
um peixe, lateralmente.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Cada vez que um indivíduo sobe uma escada ocorre uma transformação
de energia química muscular em energia potencial gravitacional. Quan-
do alguém levanta um objeto, estão em uso os princípios de alavanca.
Cada contração muscular pode ser lida como um processo físico para
o deslocamento de pessoas (ou objetos), e, assim, pode-se calcular o
trabalho realizado, a energia gasta ou a potência muscular envolvida
em uma única contração muscular. Para facilitar a visualização, observe
a figura que relaciona o bíceps humano a uma alavanca.

66
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Os diferentes sistemas são estudados para possibilitar a compreensão da interação que ocorre entre os órgãos
formados pelos quatro principais tipos de tecido. Assim, é possível conhecer a fisiologia do organismo animal e
suas implicações na saúde humana. Para isso, é importante que o aluno conheça os mecanismos normais de fun-
cionamento dos sistemas e consiga prever o dano decorrente de alguma patologia ou fazer intervenções visando
à promoção da saúde.

MODELO 1
(Enem) A toxina botulínica (produzida pelo bacilo Clostridium botulinum) pode ser encontrada em alimentos
malconservados, causando até a morte de consumidores. No entanto, essa toxina modificada em laboratório
está sendo usada cada vez mais para melhorar a qualidade de vida das pessoas com problemas físicos e/ou
estéticos, atenuando problemas como o blefaroespasmo, que provoca contrações involuntárias das pálpebras.
Adaptado de: BACHUR, T.P.R; et al. Toxina botulínica: de veneno a tratamento.
Revista Eletrônica Pesquisa Médica, n. 1, jan.-mar. 2009.

O alívio dos sintomas do blefaroespasmo é consequência da ação da toxina modificada sobre o tecido:
a) glandular, uma vez que ela impede a produção de secreção de substâncias na pele;
b) muscular, uma vez que ela provoca a paralisia das fibras que formam esse tecido;
c) epitelial, uma vez que ela leva ao aumento da camada de queratina que protege a pele;
d) conjuntivo, uma vez que ela aumenta a quantidade de substância intercelular no tecido;
e) adiposo, uma vez que ela reduz a espessura da camada de células de gordura do tecido.

ANÁLISE EXPOSITIVA
O Clostridium botulinum possui importância médica tanto pelos danos causados pela intoxição alimentar
quanto pela aplicação da toxina botulínica em procedimentos estéticos, uma vez que atua sobre a mus-
culatura estriada, inibindo a liberação de acetilcolina e, consequentemente, promovendo o relaxamento
do músculo. Desse modo, pode ser utilizado como medicamento para tratar as contrações involuntárias
decorrentes do blefaroespasmo.

RESPOSTA Alternativa B

67
DIAGRAMA DE IDEIAS

SISTEMA
LOCOMOTOR

• AXIAL: CABEÇA, PESCOÇO E TÓRAX


ESQUELETO • APENDICULAR: MEMBROS
SUPERIORES E INFERIORES
ESQUELÉTICO
• DIÁFASE: HASTE LONGA, COMPACTO
• EPÍFASE: EXTREMIDADE, ESPONJOSA
OSSOS LONGOS
• PERIÓSTEO: CONJUNTIVO,
DENSO E FIBROSO

TECIDO MUSCULAR ESTRIADO ESQUELÉTICO


• MIOFIBRILAS CONTRÁTEIS:
• ACTINA (FILAMENTOS FINOS)
• MIOSINA (FILAMENTOS GROSSOS)

MUSCULAR UNIDADE CONTRÁTIL: SARCÔMERO

• RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO LISO: SARCOPLASMÁTICO


• ARMAZENA CÁLCIO (CA2+)
• MEMBRANA PLASMÁTICA: SARCOLEMA
» SISTEMA T: CONTRAÇÃO UNIFORME

ARTICULAR CONEXÃO ENTRE OS OSSOS: TECIDO CONJUNTIVO DENSO

• RICO EM FIBRAS COLÁGENAS


LIGAMENTOS
• ADMITEM MOVIMENTO, MAS SÃO INELÁSTICAS

• ENVOLVE ARTICULAÇÃO SINOVIAL


CÁPSULA • DUPLA MEMBRANA CONJUNTIVA:
ARTICULAR » FIBROSA (EXTERNA)
» SINOVIAL (INTERNA)

FIBROCARTILAGINOSOS:
DISCOS E
• APRIMORA A ARTICULAÇÃO
MENISCOS
• AMORTECE

68
AULAS 33 e 34 1. Introdução
O sistema cardiovascular é formado por uma rede de vasos san-
guíneos (veias, artérias e capilares) que comunicam todas as par-
tes do corpo. Nos vasos, está o sangue, que circula por meio das
contrações rítmicas do coração. No homem, o coração é formado
por 4 cavidades. O sistema circulatório tem as seguintes funções:

SISTEMA § Transporte de gases – as trocas gasosas ocorrem nos


CARDIOVASCULAR alvéolos e os gases são distribuídos e captados pelos vasos.

§ Transporte de nutrientes – depois do processo de


digestão, os nutrientes são absorvidos, caem na cor-
rente sanguínea e são distribuídos para todo o corpo.

COMPETÊNCIAS: 4e5 § Transporte de resíduos metabólicos – as células


eliminam resíduos referentes ao seu metabolismo, os
quais devem ser eliminados do organismo. O sangue
HABILIDADES: 14, 15, 16 e 18
leva essas substâncias até os órgãos excretores.

§ Transporte de hormônios – os hormônios são eli-


minados das células, porém são produtos que serão
utilizados por outras células ao longo do corpo. O sistema circulatório leva-os para os locais-alvo.

§ Transporte de calor – o sangue também é usado na distribuição homogênea de calor pelas várias partes do corpo, contribuindo
para a manutenção de uma temperatura adequada em todos os locais do organismo. Assim, age na termorregulação do organismo.

§ Distribuição de mecanismos de defesa – pelo sangue circulam leucócitos e anticorpos, membros da defesa
contra agentes patogênicos.

§ Coagulação sanguínea – há plaquetas circulantes que atuam diretamente na coagulação sanguínea. Assim, devido aos
fatores de coagulação no sangue, o corpo é capaz de bloquear eventuais hemorragias causadas pelos rompimentos dos vasos.

2. Componentes do sistema cardiovascular


2.1. Coração
O coração é um órgão oco e muscular localizado no centro do peito, sob o osso esterno, levemente deslocado para a esquerda.
Em uma pessoa adulta, possui o tamanho aproximado de um punho fechado. O coração dos mamíferos possui 4 cavidades:
duas superiores, denominadas átrios (ou aurículas), e duas inferiores, denominadas ventrículos.

veia cava superior


artéria aorta

artéria pulmonar esquerda

artéria pulmonar
direita tronco pulmonar

átrio esquerdo

átrio direito

veias pulmonares esquerdas

veias pulmonares
direitas
veia cardíaca

artéria coronária

ventrículo esquerdo

veia cava inferior

ventrículo direito

Coração humano

69
O átrio direito recebe sangue venoso do corpo através da veia cava superior e da veia cava inferior. A veia cava superior
traz sangue da parte superior do corpo e da cabeça; a veia cava inferior, por sua vez, traz sangue das partes inferiores do
corpo (membros inferiores e abdômen). O sangue sai do átrio direito e vai para o ventrículo direito através da abertura de
uma válvula denominada tricúspide, que tem esse nome porque possui três cúspides.
O átrio esquerdo recebe o sangue já oxigenado (sangue arterial) por meio de quatro veias pulmonares. O sangue vai
do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo através da valva bicúspide ou mitral, que possui apenas duas cúspides.
O ventrículo direito é a maior parte anterior do coração. Ligando o átrio direito ao ventrículo direito está a valva tricúspide,
que tem como função impedir que o sangue retorne do ventrículo para o átrio. O sangue sai do ventrículo direito e vai para
os pulmões.
O ventrículo esquerdo forma o ápice do coração. O sangue vai do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo através da
valva bicúspide (mitral). O sangue sai do ventrículo esquerdo e vai para o corpo por meio da artéria aorta, maior artéria do
corpo.
O sangue circula para as artérias coronárias, que são ramificações da aorta, nutrindo o coração; o restante do sangue passa
para o arco da aorta e vai para a aorta descendente, levando o sangue para o resto do corpo.
O pericárdio é a membrana que reveste e protege o coração, permitindo liberdade de movimentação para contrações
vigorosas e rápidas. Cavidades cardiacas
Coração aberto (corte frontal)

Válvula
aórtica
Válvula
mitral

Válvula
tricúspide

Coração aberto (corte frontal) Cavidades cardíacas

2.1.1. Ciclo cardíaco


O ciclo cardíaco inclui todos os processos e eventos relacionados aos batimentos cardíacos. No ciclo cardíaco normal,
enquanto os dois átrios se contraem, os dois ventrículos relaxam e vice-versa. A sístole do coração é a fase de contração,
e a diástole é a fase de relaxamento.
Relaxamento
isovolumétrico
Ejeção Rápido enchimento
Contração Diástase
isovolumétrica
Sistole atrial

120 Abertura Fechamento


da valva da valva aórtica
100
Pressão (mmHg)

aórtica Pressão na aorta


80

60
Fechamento
40 da valva A-V Abertura
da valva A-V
20 a c v Pressão atrial
0
Pressão ventricular
130
Volume (mL)

Volume ventricular
90

30

Contração Diástole Contração

Variação do volume e pressão no ciclo cardíaco

70
Valua
semilunar
Aorta

Veia cava Artéria


superior pulmonar
Veia
pulmonar
Átrio
Átrio esquerdo
direito
valva
atrioventricular

Ventrículo
esquerdo
Veia cava Ventrículo
posterior direito

Diástole Sístole
(relaxamento)
Diástole (relaxamento) (contração)
Sístole (contração)

As valvas e válvulas atuam para impedir retornos anormais de sangue. Assim, as valvas atrioventriculares ficam aber-
tas durante a passagem de sangue, e a pulmonar e a aórtica permanecem fechadas. Na sístole ventricular, as valvas
atrioventriculares permanecem fechadas, e as semilunares ficam abertas para que ocorra a passagem de sangue. Na
diástole ventricular, as valvas atrioventriculares ficam abertas, e as semilunares permanecem fechadas.

Diástole Geral
As válvulas semilunares fecham-se
e as válvulas auriculoventriculares
continuam fechadas no início da
diástole. O sangue entra nas aurículas.

0,4 s

2º ruído
0,1 s Sístole auricular
As válvulas
0,3 s auriculoventriculares
estão abertas
1º ruído e as válvulas
semilunares
continuam
fechadas.
O sangue
passa pra
os ventrículos.

Sístole ventricular
As válvulas auriculoventriculares
fecham e as válvulas semilunares
abrem. O sangue passa para as
artérias.

Representação do ciclo cardíaco

71
multimídia: vídeo multimídia: vídeo
Fonte: Youtube Fonte: Youtube
DISSECANDO UM CORAÇÃO! O Funcionamento do Coração
— Dose de Conhecimento | Medicina é

2.1.3. Controle nervoso do


2.1.2. Automatismo cardíaco batimento do coração
Os batimentos contínuos do coração resultam de uma ativi- Embora o coração possa agir sem quaisquer estímulos ner-
dade elétrica intrínseca e rítmica, originada em uma rede de vosos para a contração, o ritmo cardíaco pode ser alterado
fibras musculares autoexcitáveis do próprio coração denomi- pelos impulsos oriundos do sistema nervoso central. O sis-
nadas células do marca-passo cardíaco. O impulso elétrico tema nervoso é ligado ao coração por meio de dois grupos
começa no nodo sinoatrial (SA), localizado na parede atrial distintos de nervos: o sistema nervoso autônomo simpático
direita, inferior à entrada da veia cava superior. O impulso atin- e parassimpático. A inervação parassimpática no coração:
ge primeiro os átrios ao se propagar ao longo das fibras mus-
culares atriais, até que o potencial de ação chegue no nodo 1. reduz a velocidade de condução dos impulsos e aumenta
atrioventricular (AV), localizado no septo interatrial, à aber- o tempo de retardo entre a contração atrial e a ventricular;
tura do seio coronário. Do nodo AV, o potencial de ação segue 2. reduz a frequência dos batimentos cardíacos;
ao feixe atrioventricular (feixe de His), única conexão elétrica
3. reduz o fluxo de sangue nos vasos coronários que mantêm a
entre os átrios e os ventrículos. Depois de ser transportado
nutrição do próprio músculo cardíaco.
ao longo do feixe AV, o potencial de ação chega aos ramos
direito e esquerdo, que atravessam o septo interventricular, em Em resumo, a estimulação parassimpática diminui todas
direção ao ápice cardíaco. Por fim, as miofibras condutoras, ou as atividades do coração. Em geral, a atividade cardíaca é
fibras de Purkinje, transportam rapidamente o potencial de reduzida pelo parassimpático em momentos de repouso,
ação, primeiramente ao ápice do ventrículo e posteriormente pois talvez essa diminuição ajude a preservar os recursos
para o restante do miocárdio ventricular. Assim, o estímulo do coração.
para que ocorra a contração do músculo cardíaco é indepen-
dente da atuação do sistema nervoso, que controla apenas o A estimulação dos nervos simpáticos proporciona efeitos
ritmo cardíaco. opostos (antagônicos) àqueles observados pela ação do
sistema parassimpático sobre o coração:
As câmaras cardíacas se contraem e se dilatam alterna-
damente 70 vezes por minuto em média. 1. eleva a frequência cardíaca;
2. eleva a força de contração;
3. eleva a velocidade de condução dos impulsos e reduz o
tempo de retardo entre a contração atrial e a ventricular;
Nó sinoatrial
4. eleva o fluxo sanguíneo através dos vasos coronários.
Em resumo, a estimulação simpática eleva a ativida-
de cardíaca como bomba. Esse efeito é imprescindível
Nó atrioventricular quando um indivíduo está em uma situação de estresse
(exercício, doença).
Os neurônios pré-ganglionares e pós-ganglionares reali-
Fibras de Purkinje
zam a transmissão autônoma. No sistema nervoso simpá-
tico, os neurônios pré-ganglionares liberam nos gânglios
Coração humano evidenciando a presença do nódulo sinoatrial,
nódulo átrioventricular e feixe de His. (conjunto de corpos celulares de neurônios fora do sistema

72
nervoso central) acetilcolina, que estimula o neurônio pós-ganglionar. O pós-ganglionar libera principalmente noradrenali-
na e estimula o órgão efetor. A estimulação simpática do cérebro também causa a liberação de adrenalina pelas glândulas
adrenais, substância química responsável pela taquicardia (aumento do batimento cardíaco), pelo aumento da pressão
arterial e da frequência respiratória e pela elevação da secreção do suor e de glicose sanguínea, entre outros efeitos. No
sistema nervoso parassimpático, os neurônios pré-ganglionares liberam acetilcolina no gânglio, estimulando o neurônio
pós-ganglionar, do mesmo modo como ocorria no sistema simpático. Entretanto, o mediador químico liberado pelo neurônio
pós-ganglionar no órgão-alvo é a acetilcolina. Assim, a estimulação parassimpática do cérebro produz bradicardia (dimi-
nuição dos batimentos cardíacos), redução da pressão arterial e da frequência respiratória, relaxamento da musculatura e
outros efeitos opostos aos da adrenalina.

área de controle
da respiração

ponte medula oblonga


área de
quimiossensores

nervos

corpo
carotídeo
artéria aorta (sangue para todo o corpo)
catótida corpo aórtico

sangue para
sangue vindo os pulmões
da cabeça

sangue vindo do
restante do corpo

Controle nervoso da contração cardíaca

2.1.4. A evolução do coração em vertebrados


Nos peixes, o coração possui duas cavidades (um átrio e um ventrículo). Os anfíbios, por sua vez, possuem coração com três
cavidades (dois átrios e um ventrículo). No caso dos anfíbios, o ventrículo recebe sangue dos dois átrios; desse modo, ocorre
mistura de sangue. Uma importante novidade evolutiva dos anfíbios é a pequena circulação (entre coração e o pulmão). Nos
répteis, inicia-se a divisão ventricular com um septo incompleto; apesar disso, ainda ocorre mistura de sangue. Nos crocodilianos,
a separação ventricular é completa; no entanto, ocorre mistura de sangue fora do coração, no forame de Panizza, entre os vasos
que emergem do coração. Nas aves e nos mamíferos, o coração atinge sua eficiência máxima, passando a ter quatro cavidades
completamente separadas (sem mistura sanguínea). A parte direita do coração carrega o sangue pobre em oxigênio, enquanto
a parte esquerda recebe sangue rico oxigenado oriundo dos pulmões e enviado para o corpo pela artéria aorta. A evolução do
coração nas aves e nos mamíferos permitiu maior eficiência na oxigenação dos tecidos e favoreceu a homeotermia. A diferença
entre o coração de mamíferos e o coração de aves está na posição da aorta: nas aves, a artéria aorta se curva para a direita e,
em mamíferos, sua curvatura é para a esquerda.

73
Aurícula
Artéria pulmonar
Cone arterial
Veia pulmonar
Aorta

Veia pulmonar Aurícula direita


Aurícula esquerda
Ventrículo
Ventrículo
Veia pulmonar
Veia cava Artéria pulmonar Aurícula esquerda

Aurícula direita Aorta Aurícula direita Artéria pulmonar


Veia cava Ventrículo esquerdo
Ventrículo
Ventrículo direito
Cone arterial Aurícula esquerda Aorta
Circulação
pulmonar
Circulação branquial

Circulação

Circulação
pulmonar

pulmonar
Capilares
Capilares Capilares pulmonares
Capilares pulmonares pulmonares
branquiais
Circulação sistémica

Circulação sistémica

Circulação sistémica
Capilares Capilares Capilares
Capilares sistémicos
Circulação

sistémicos sistémicos
sistémica

sistémicos

Seio venoso
Peixe Anfíbio Réptil Ave/Mamífero

Sangue venoso Sangue arterial

Os diferentes tipos de coração em vertebrados

Quando há mistura de sangue no coração, a circulação é chamada de incompleta. Esse tipo de circulação é encontrado em
peixes, anfíbios e répteis. Quando não ocorre, a circulação é chamada de completa. Esse tipo de circulação é observado em
aves e mamíferos.
Outra classificação do tipo de circulação se relaciona ao número de vezes que o sangue passa pelo coração. Quando
o sangue passa uma única vez pelo coração, a circulação é chamada de simples. Esse tipo de circulação é observado
nos peixes. Os demais cordados possuem circulação dupla, ou seja, o sangue passa duas vezes pelo coração ao chegar
oxigenado do pulmão e seguir para o corpo e ao chegar do corpo e seguir para o pulmão.

2.2. Vasos sanguíneos


Existem três tipos básicos de vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares.
As artérias são vasos de parede densa que saem do coração carregando sangue para órgãos e tecidos do corpo.
As artérias possuem três camadas: a interna, denominada endotélio (tecido epitelial pavimentoso), a mediana,
composta de tecido muscular liso, e a externa, que é constituída por tecido conjuntivo fibroso elástico. Quando
o sangue é bombeado pelos ventrículos e entra nas artérias, elas se dilatam e relaxam, causando a redução da
pressão sanguínea. Quando as artérias não relaxam o suficiente, a pressão sanguínea interior aumenta, produzindo
um risco de ruptura das paredes arteriais. Na diástole ventricular, a pressão sanguínea diminui. Ocorre, assim, a
contração das artérias, permitindo que o sangue circule até a próxima sístole.
As veias são vasos que retornam ao coração carregando o sangue dos órgãos e tecidos. A parede das veias possui
três camadas, composição semelhante à das artérias. A diferença, no entanto, é que a camada muscular e a conjuntiva
são menos grossas do que nas artérias. Em adicional, diferentemente das artérias, as veias de maior calibre possuem
válvulas para impedir o refluxo de sangue, garantindo que a circulação ocorra em um único sentido. Posteriormente
à passagem do sangue pelas arteríolas e capilares, a pressão sanguínea diminui, alcançando valores muito baixos no
interior das veias. O retorno sanguíneo ao coração deve-se, principalmente, às contrações dos músculos esqueléticos, os
quais comprimem as veias, possibilitando que o sangue se desloque em seu interior. Graças às válvulas semilunares, o
sangue tem um fluxo unidirecional no coração.

74
ARTÉRIA

Mais delgada Mais espessa nas artérias


que a túnica média
Túnica média Túnica íntima
(camada de músculo (endotélio)
Túnica externa (adventícia)
liso e tecido elástico)
(tecido conectivo)

(camada mais espessa) (mais delgada nas veias)

VEIA

Válvula semilunar

Os capilares sanguíneos são vasos de pequeno calibre que conectam as arteríolas às vênulas. As paredes dos capilares
são formadas por tecido epitelial simples pavimentoso, o que é chamado de endotélio nas artérias e veias. As substâncias
saem do capilar para o meio extracelular levando nutrientes e oxigênio para as células. No meio extracelular, há metabólitos
e gás carbônico resultantes do metabolismo celular, denominado líquido tissular, do qual boa parte passa para o sangue.
O restante desse líquido é reabsorvido pelo sistema linfático.

VEIA ARTÉRIA CAPILAR

As veias levam ao coração As artérias levam sangue Os capilares levam sangue


sangue vindo do corpo. do coração a todo o aos tecidos, para fornecer
Suas paredes são mais corpo. Suas paredes são oxigênio às células. Eles
finas que as das artérias. espessas e dilatáveis. ligam artérias a veias.

Comparação dos vasos sanguíneos

A pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias. Em um adulto com boa
saúde, a pressão nas artérias durante a sístole ventricular – pressão sistólica ou máxima – é da ordem de
120 mmHg (milímetros de mercúrio). Durante a diástole, a pressão diminui, ficando em torno de 80 mmHg. Essa é a
pressão diastólica ou mínima.

2.3. O sangue
O sangue é formado de plasma e elementos figurados. O plasma consiste em uma complexa mistura de substâncias
químicas (ureia, glicose, anticorpos, hormônios, proteínas, triglicerídios) e água (55% do volume total do sangue).

75
Composição plasmática Funções plasmáticas

Água § Transporte de nutrientes às células


Sais (Na+, Cℓ–, HCO–3, Ca++) § Transporte de gases respiratórios
Glicose § Transporte de hormônios e de anticorpos
Aminoácidos
§ Distribuição de calor
Proteínas (fibrinogênio, protrom-
bina, anticorpos, albumina) § Remoção de resíduos metabólicos das células
Lipoproteínas (LDL e HDL) § Coagulação
Triglicérides § Defesa
Hormônios

Ureia

Gases (O2 e CO2)

Os elementos figurados do sangue são glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos), glóbulos brancos (leucócitos) e pla-
quetas (trombócitos), que são produzidos na medula óssea vermelha, presente predominantemente no interior de ossos
longos e chatos. Os glóbulos vermelhos carregam gases respiratórios, O2 e CO2; os glóbulos brancos participam da defesa
imunológica; as plaquetas atuam no processo de coagulação do sangue.
Existem cerca de 5,6 L de sangue no corpo de um ser humano de 70 kg, o que corresponde a cerca de 8% do seu peso cor-
poral. Algumas situações podem levar à modificação do número de células sanguíneas. Por exemplo, a produção de glóbulos
vermelhos pode aumentar em resposta à redução da pressão parcial de oxigênio em regiões de altas altitudes. O contrário
também pode ocorrer: a diminuição no número de hemácias, o que é chamado de anemia.

Os elementos do sangue
Quantidade
Tipos Funções Variações
média/mL

Diminuição: anemia (verminoses, hemor-


Glóbulos
homem: 5,4 milhões ragias, deficiências de vitamina B12).
vermelhos Transporte de O2 e CO2
mulher: 4,8 milhões Aumento: pessoas que vivem em re-
(hemácias)
giões de grande altitude.

Diminuição: lesões na medula ós-


Glóbulos brancos Defesa fagocitária
4 mil a 11 mil sea e algumas infecções.
(leucócitos) e imunitária
Aumento: infecções e leucemia.

Plaquetas Diminuição e aumento provoca-


250 mil a 400 mil Coagulação do sangue
(trombócitos) dos por certas doenças.

VIVENCIANDO

Quando a luz incide sobre o sangue, todas as cores do espectro luminoso são absorvidas por esse líquido, exceto
o vermelho, o que faz com que ele apresente essa tonalidade a olho nu. A pele e a camada de gordura do corpo
possuem tonalidade amarelada. Localizadas entre nossos olhos e o sangue, elas funcionam como um filtro para o
vermelho sanguíneo, fazendo com que a cor remanescente do espectro seja o verde.

76
2.3.1. Coagulação sanguínea Em geral, isso acontece devido a um problema no fator de
coagulação VIII. Assim, todo o processo de coagulação é
Quando ocorre um ferimento, as plaquetas começam
alterado, e a fabricação de fibrina não acontece. Para tratar
um processo de coagulação. O coágulo contém uma
eventual hemorragia. os pacientes, são usadas injeções periódicas com o fator
Vaso sanguíneo normal VIII. Por meio da engenharia genética, busca-se produzir
esses fatores através de síntese em laboratório. Dessa for-
ma, seriam evitados riscos de contaminação, uma vez que
o fator VIII é retirado de pessoas sadias (doadores) e trans-
ferido para os pacientes (receptores).

Plaquetas Vaso sanguíneo lesionado


2.3.3. Hemácia e transporte de gases
O gás oxigênio é transportado principalmente nas hemácias
(glóbulo vermelho). A hemácia é composta de hemoglobina,
uma proteína que possui quatro cadeias polipeptídicas, as-
sociada a um átomo de ferro. O ferro é quem confere a cor
Coágulo - sangramento estancado
avermelhada ao sangue. Quando o O2 se liga a hemoglobi-
Plaquetas ativadas Fibrina na, é produzida a oxiemoglobina, cuja ligação é revertida
nos capilares para que ocorra a troca dos gases.
Oxigênio Molécula de
hemoglobina
Grupo heme

Esquema de coagulaçao sanguínea

O processo de coagulação envolve uma cascata de even-


tos: no começo, as plaquetas liberam uma enzima cha-
mada de tromboplastina. Na presença de íon, cálcio e Hemoglobina

vitamina K, ela converte a proteína protrombina, presente


Hemácias
no plasma, em uma enzima denominada trombina. Essa
enzima catalisa a reação química que transforma o fibri-
Hemoglobina humana e sua ligação com o oxigênio
nogênio, também presente no plasma, em fibrina, uma
proteína insolúvel, formadora de uma rede fibrosa (coá- A maior parte do gás carbônico (CO2) é transportada no
gulo) que adere à região da ferida, estancando a perda plasma sanguíneo na forma de íons bicarbonato (HCO-3),
de sangue. e uma pequena quantidade desse gás é carregada pelas
Tecidos com Plaquetas hemácias, carboemoglobina, ligação também reversível.
lesões aglomeradas

Embolia gasosa em mergulhadores


Tromboplastina
O nitrogênio é um dos gases presentes em tanques de
Fígado
mergulhos. Esse gás se dissolve no sangue de acordo
Ca++ (Plasma)
com sua pressão parcial. Quanto maior a profundidade,
Vitamina K
maior é a pressão, e maior é a pressão parcial de N2,
Protombina Trombina aumentando a dissolução desse gás no sangue. Na
(Plasma)
volta para a superfície, ocorre a descompressão, e o
Fibrina Fibrinogênio
N2 apresenta tendência a formar bolhas por causa da
(Coágulo) (Plasma)
redução da pressão. Assim, em mergulhos profundos, é
A protrombina é produzida no fígado com auxílio de vitamina K, necessário que a subida seja lenta para dar tempo de
vitamina sintetizada por bactérias que vivem no nosso intestino. o gás nitrogênio ser removido do sangue e dos tecidos.
Isso evita a embolia gasosa, uma obstrução vascular
2.3.2. A hemofilia causada, nesse caso, pela descompressão do gás ni-
trogênio, o que causa a formação de bolhas nos vasos,
A hemofilia é uma anomalia genética na qual o indivíduo podendo obstruí-los.
apresenta problemas na cascata de coagulação sanguínea.

77
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O eletrocardiógrafo é o aparelho que registra as alterações de potencial elétrico entre dois pontos do corpo. Esses
potenciais são gerados a partir da despolarização e repolarização das células cardíacas. Em geral, a atividade elétrica
cardíaca se inicia no nodo sinusal (célula autorrítmica), que induz a despolarização dos átrios e dos ventrículos.
Esse registro mostra a variação do potencial elétrico no tempo, que gera uma imagem linear em ondas. Essas ondas
seguem um padrão rítmico, tendo denominação particular.

3. As trocas entre sangue e tecidos


A constituição do líquido intersticial (extracelular) é semelhante à do sangue, com exceção dos elementos figurados. Grande
parte do fluido que deixa os capilares tende a retornar a esses vasos. A movimentação desse fluido é decorrente de diferentes
pressões, que agem de modo diferente em cada trecho do mesmo vaso sanguíneo. A pressão sanguínea impulsiona a saída
de água e substâncias nela dissolvidas pelas paredes dos capilares, e a pressão osmótica, quando alta, estimula o retorno
de água. O intercâmbio de substâncias ocorre pela relação entre a pressão osmótica e a pressão sanguínea. Na extremidade
do capilar situado próximo à artéria, a pressão sanguínea é maior do que a pressão osmótica. Assim, água e moléculas
pequenas passam na parede capilar, entrando nos tecidos. A perda de água torna o sangue mais concentrado; assim, a
pressão osmótica se torna maior que a pressão sanguínea. Na extremidade próximo à veia, ocorre o retorno da água, que
traz consigo nutrientes e também resíduos metabólicos.

O2 CO2

Artéria Veia
Capilar

Retorno do fluido
para o capilar

Líquido que permanece


no interstício

Pressão do sangue Pressão osmótica Fluxo de água

Ilustração das várias forças que interagem entre o fluxo capilar e o fluido que o envolve

4. Complicações no sistema vascular


O comprometimento dos vasos pode causar graves consequências, pois o sangue é importante para todos os tecidos do corpo.
Um infarto ocorre quando um tecido deixa de receber oxigenação devido a uma obstrução vascular, que impede o fluxo sanguí-
neo, causando a morte do tecido afetado. Quando esse processo ocorre nas artérias coronárias, que irrigam as células do coração,
denomina-se infarto do miocárdio.
Um acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame cerebral decorre da obstrução de vasos sanguíneos que irrigam o
cérebro, causando danos ao tecido nervoso. Nesse caso, a extensão da prejuízo depende do local afetado.
A obstrução de vasos pode ser causada por coágulos sanguíneos e também por placas formadas a partir do depósito de
colesterol, caracterizando a aterosclerose.

78
ARTÉRIA COMIDA
Linfonodos cervicais
Tonsila palatina
Timo

Linfonodos axilares
FÍGADO Ducto linfático
direito
Baço
COLESTEROL

Origens do colesterol

Cisterna do quilo Ducto toráxico

Linfonodos inguinais

VASO SANGUÍNEO SAUDÁVEL, VASO SANGUÍNEO PARCIALMENTE


SEM PLACA DE COLESTEROL OBSTRUÍDO POR UMA PLACA
DE COLESTEROL

Aterosclerose

5. O sistema linfático Sistema linfático humano


Por meio do sistema linfático, o resto de líquido intercelular
proveniente dos capilares sanguíneos retorna à circulação Os órgãos linfoides incluem o timo (maturação de linfóci-
sanguínea. Qualquer proteína, entre outras substâncias, to), os linfonodos e o baço.
que tenha deixado os capilares será devolvida à circulação. Esses órgãos, assim como as tonsilas, atuam no fortaleci-
O sistema linfático possui vasos finos, denominados capilares mento do sistema imune, por exemplo com a produção de
linfáticos, que possuem capacidade de contração, e se reú- anticorpos e glóbulos brancos.
nem formando vasos progressivamente maiores, que resultam O sistema linfático também é responsável pela absorção
na formação do ducto torácico. O fluxo de linfa é unidire- de lipídios, derivados da digestão de gorduras, absorvidos
cional e é auxiliado por válvulas que impedem seu retorno. pelo intestino.
Para esse fluido retornar à circulação venosa, a linfa coletada
passa antes por linfonodos ou nódulos linfáticos (local de
concentração de linfócitos). Caso patógenos sejam fagocita-
dos, são desencadeadas reações inflamatórias nos linfonodos,
o que causa um inchaço denominado íngua. Os edemas
linfáticos são o excesso de líquido intersticial devido ao exces-
so de filtração ou ainda devido à obstrução desses vasos. As
tonsilas palatinas são constituídas por tecido linfoide, em
que também pode acontecer reação imunológica a microrga-
nismos, o que resulta em amigdalite, o inchaço das tonsilas.

79
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a
implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Os diferentes sistemas são estudados de modo a compreender a interação que ocorre entre os órgãos formados pelos
quatro principais tipos de tecido. Desse modo, é possível compreender a fisiologia do organismo animal e, principal-
mente, suas implicações na saúde humana. Para isso, é importante que o aluno conheça os mecanismos normais de
funcionamento dos sistemas e consiga prever o dano decorrente de alguma patologia ou fazer intervenções visando
à promoção da saúde.

MODELO 1
(Enem) O eletrocardiograma, exame utilizado para avaliar o estado do coração de um paciente, trata-se do
registro da atividade elétrica do coração ao longo de um certo intervalo de tempo. A figura representa o eletro-
cardiograma de um paciente adulto, descansado, não fumante, em um ambiente com temperatura agradável.
Nessas condições, é considerado normal um ritmo cardíaco entre 60 e 100 batimentos por minuto.

Com base no eletrocardiograma apresentado, identifica-se que a frequência cardíaca do paciente é:


a) normal;
b) acima do valor ideal;
c) abaixo do valor ideal;
d) próxima do limite inferior;
e) próxima do limite superior.

ANÁLISE EXPOSITIVA
O Enem, assim como outros vestibulares, muitas vezes exige do aluno apenas a leitura adequada de grá-
ficos e tabelas, fornecendo os demais dados no próprio enunciado da questão. Para julgar a frequência
cardíaca do paciente em questão, é necessário o aluno observar que em seis segundos (tempo total do
eletrocardiograma apresentado) ocorreram três batimentos; desse modo, pode-se dizer que, em 60 se-
gundos, ocorrerão apenas 30 batimentos, valor bem abaixo do ideal que a própria questão informa, que
varia entre 60 e 100 batimentos por minuto.

RESPOSTA Alternativa C

80
DIAGRAMA DE IDEIAS

SISTEMA
CARDIOVASCULAR

• TRANSPORTE: GASES, NUTRIENTES, RESÍDUOS,


FUNÇÕES HORMÔNIOS E CALOR
• DEFESA
• COAGULAÇÃO SANGUÍNEA

• ÁTRIOS: RECEBEM O SANGUE


QUE CHEGA AO CORAÇÃO
• VENTRÍCULOS: BOMBEIAM O
CORAÇÃO SANGUE PARA FORA DO CORAÇÃO
• VÁLVULAS ATRIOVENTRICULARES:
» TRICÚSPIDE (DIREITA)
» MITRAL (ESQUERDA)

COMPONENTES ARTÉRIAS:
• SAEM DO CORAÇÃO
• PAREDES MAIS ESPESSAS

VEIAS:
VASOS • LEVAM SANGUE PARA O CORAÇÃO
• VÁLVULAS: EVITAM REFLUXO SANGUÍNEO

CAPILARES:
• REALIZAM A TROCA DE
SUSTÂNCIAS COM OS TECIDOS
• PEQUENO CALIBRE

PEIXES 2 CAVIDADES: SIMPLES E COMPLETA

EVOLUÇÃO DO ANFÍBIOS 3 CAVIDADES: DUPLA E INCOMPLETA


CORAÇÃO
3 CAVIDADES: DUPLA E INCOMPLETA
EM VERTEBRADOS RÉPTEIS
*CROCODILIANOS: 4 CAVIDADES
AVES E
4 CAVIDADES: DUPLA E COMPLETA
MAMÍFEROS

81
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Apesar das questões estarem vinculadas a um Bioquímica e genética são assuntos com
texto de apoio, é necessário conhecimento do grande incidência na Fuvest.
conteúdo, em especial, dos conceitos, já que,
dificilmente, haverá questões que envolvam
matemática na área de genética.

Genética é um tema recorrente, em especial, a Bioquímica e genética são dois temas de A Unesp mantém questões de bioquímica, de
segunda lei de Mendel. Questões conceituais de grande importância para o candidato que forma frequente, porém, com conceitos mais
bioquímica tendem a aparecer. deseja prestar o vestibular da Unifesp. básicos. O conteúdo de genética também é
Atente às reações bioquímicas e treine cobrado, mas em menor proporção.
cruzamentos genéticos.

É um vestibular bastante recente, o que Pelo recente formato, a prova encontra-se em Dentre os tópicos de genética, há destaque Em bioquímica, fotossíntese marca presença e
dificulta analisar a incidência temática a longo situação semelhante ao Albert Einstein. Con- para os cruzamentos e mecanismos de tende a cair associada a conceitos botânicos.
prazo. No entanto, evidenciaram-se questões tudo, aparecem questões com cruzamentos e regulação da expressão gênica. Já em genética, é possível que o candidato se
envolvendo a leitura de heredogramas e experimentos de Mendel. depare com questões envolvendo leitura de
expressão gênica (mecanismos de regulação heredograma, expressão gênica e cálculos
de DNA e RNA). com mais de um gene envolvido.

UFMG

É garantida a presença de questões que envol- Genética é um assunto recorrente nessa prova, Para essa prova, é importante dominar a
vam processos metabólicos, como respiração com questões de leitura de heredogramas e as leitura de cariótipos e conhecer bem os
celular e fotossíntese, e genética, focando, leis de Mendel. cruzamentos da primeira lei de Mendel.
principalmente, conceitos como leitura de
cariótipo e expressão gênica.

A bioquímica é um assunto extremamente co- A Unigranrio costuma cobrar conceitos rela- O candidato deve encontrar questões envolven-
brado, chegando a ocupar 50% da prova. São cionados à genética em suas provas, focando do cruzamentos e leituras de heredogramas.
recorrentes questões associadas à citologia. Já na natureza do DNA e do RNA, leitura de
a genética se faz presente, mas em proporção cariótipos e conceitos básicos.
menos expressiva.
BIOQUÍMICA E GENÉTICA

83
O cloroplasto é composto pelas seguintes estruturas:
AULAS 27 e 28 § Membranas externa e interna: delimitam a orga-
nela, e criam entre elas um espaço intermembrana.

§ Estroma: fluido denso localizado na parte interna dos


cloroplastos, onde parte das reações químicas da fotos-
síntese ocorre.
FOTOSSÍNTESE E § Tilacoides: sistema de membranas que formam es-
QUIMIOSSÍNTESE pécies de bolsinhas achatadas; é na membranas dos
tilacoides que acontecem várias reações químicas im-
portantes para a fotossíntese. Os tilacoides podem es-
tar empilhados, formando colunas que se assemelham
a uma pilha de moedas; a esse conjunto de tilacoides
COMPETÊNCIAS: 3e7 damos o nome de granun.
Os fotossistemas são complexos de proteínas localizados
HABILIDADES: 8, 9 e 25
nas membranas dos tilacoides, conhecidos como fotos-
sistemas I e II. Apesar de sua separação espacial, ambos
trabalham juntos com o objetivo de transportar elétrons,
de modo que seja possível realizar as reações de armaze-
1. Introdução namento de energia da fotossíntese.

Chamamos de autótrofos os seres vivos capazes de produ-


zir moléculas orgânicas e ricas em energia (como carboi-
dratos) a partir de moléculas inorgânicas e menos energé-
ticas (como o gás carbônico). Para isso, os seres autótrofos
utilizam energia proveniente de uma fonte externa para a
síntese das moléculas orgânicas.
Caso a energia necessária para esse processo seja de ori- multimídia: vídeo
gem luminosa, o processo é chamado de fotossíntese. Caso
Fonte: Youtube
a energia seja oriunda de uma reação química, o processo
é chamado de quimiossíntese. Fotossíntese − animação

2. Fotossíntese
A fotossíntese, como descrito, é um conjunto de reações 2.1. Etapas da fotossíntese
químicas dependentes de energia luminosa através do qual O conjunto de reações da fotossíntese pode ser dividido
temos a formação de glicose (carboidrato rico em energia; em duas fases: fase fotoquímica (fase clara) e fase química
C6H12O6 ) a partir de moléculas pouco energéticas, como (fase escura), descritas a seguir:
gás carbônico e água. Esse processo também libera, além
da glicose, gás, oxigênio e água, e ocorre em uma organela 2.1.1. Fase clara (fotoquímica)
chamada cloroplasto.
A fase fotoquímica ocorre na membrana dos tilacoides, e é
luz
6 CO2 + 12 H2O      C H O + 6 O2 + 6 H2O
6 12 6 dependente de luz. Essa etapa se inicia com a quebra de
moléculas de água (fotólise da água), que gera elétrons que
serão usados nas demais etapas do processo fotossintético.
A fotólise da água e os demais processos da fase fotoquími-
ca serão descritos a seguir:

§ Fotólise da água – é a quebra de molécula de água


frente à luz, levando à produção de oxigênio (O2), de
prótons e de elétrons. É uma das primeiras reações que
estrutura dos cloroplastos ocorrem na fotossíntese.

84
Luz

2H2O      O2
+ 4H+ + 4 e-
clorofila

A formação do gás oxigênio ocorre nessa etapa. Como é possível observar na reação acima, o oxigênio surge da quebra da
molécula de água. O oxigênio produzido é liberado para a atmosfera, fator essencial à vida da maioria dos seres vivos. A fotolíse
da água também libera eletróns e prótons (íons de H+) que são importantes para as demais reações químicas da fotossíntese.

§ Transporte de elétrons – as moléculas de clorofila presentes nos tilacoides apresentam en sua composição átomos de magnésio.
A energia luminosa absorvida pela clorofila energiza os elétrons presentes nos átomos de magnésio. Assim, esses elétrons energiza-
dos “escapam” da molécula clorofila. Esses elétrons são recolhidos por moléculas aceptoras. Elas transferem os elétrons de uma para
outra, formando cadeias transportadoras de elétrons, semelhante ao que ocorre na respiração celular. Ao passar de um aceptor para
outro, os elétrons liberam energia elétrica, que será utilizada para síntese de ATP. Como a energia que excita a clorofila e libera os
elétrons vem da luz, esse processo é denominado fotofosforilação. Dependendo do organismo e da disponibilidade e necessidade de
nutrientes, os elétrons podem sofrer dois tipos de processos: a fotofosforilação cíclica e a fotofosforilação acíclica.

§ Fotofosforilação cíclica – os elétrons perdidos pela clorofila do fotossistema I percorrem a cadeia de transportadores,
mas voltam para a mesma clorofila de onde saíram. Durante esse trajeto, é produzido o ATP a partir da energia liberada
nesse percurso, mas não é produzido NADPH, pois não ocorre a fotólise da água, ou seja, também não ocorre produção
de oxigênio.

Cadeia de ATP
transporte
de elétrons
Elétrons
excitados Energia para
(2 e) produção
de ATP
Transportador de elétrons
Luz

CLOROFILA

Esquema de representação da fotofosforilação cíclica

§ Fotofosforilação acíclica – tem a participação dos dois fotossistemas, da molécula de H2O e o do NADP, gerando a
produção de O2, NADPH e ATP. O fotossistema I recebe elétrons liberados da clorofila do fotossistema II, que se oxida, mas
retorna à forma reduzida ao capturar elétrons provenientes da fotólise da água.
Os elétrons saem da clorofila do fotossistema I para aceptores de elétrons, e a última molécula é o NADP+ que, ao mesmo
tempo, capta íons H+ resultantes da fotólise da água, formando NADPH. Durante esse transporte entre os aceptores, os elétrons
liberam energia utilizada para a formação de ATP.
Aceptor primário
de elétrons

2e
Aceptor primário
Citocromo
de elétrons 2e
Citocromo
2e 2e 2e
Citocromo Citocromo
2e 2e
ADP Citocromo Citocromo
H2O 2e 2e 2H
Citocromo NADP NADPH
ATP 2e 2e
Citocromo Luz
Fotólise
P700

1 O 2e Luz
2H Fotossistema I
2 2
P680

Fotossistema II

Esquema representando a fotofosforilação acíclica com fotólise da água

85
motivo que as folhas são verdes. Existem outros pigmentos
nas folhas que são capazes de absorver energia no com-
primento de onda da cor verde, e é devido à presença des-
ses pigmentos que mesmo que uma folha seja iluminada
apenas com luz verde, a planta ainda poderá fazer realizar
fotossíntese, embora em menor escala. Uma planta no
escuro consome O2, pois o processo de respiração ocorre
multimídia: vídeo tanto de dia quanto de noite. No entanto, ela não estará
Fonte: Youtube realizando fotossíntese (1). À medida que a intensidade de
Fotossíntese − Fase Clara (Fotoquímica) luz aumenta, a planta começa a fotossíntese. Chama-se de
Prof. Paulo Jubilut ponto de compensação fótica (2) o momento em que todo
oxigênio produzido na fotossíntese é utilizado na respira-
ção. A partir desse ponto, predomina a fotossíntese, que
2.1.2. Fase escura (química) se eleva até certo ponto (3: ponto de saturação luminosa).
A fase escura da fotossíntese acontece no estroma do Intensidade de
cloroplas­to, ou no citosol, no caso das bactérias fotossinte- fotossíntese
tizantes. As reações químicas que ocorrem nessa etapa não
Fotossíntese
são diretamente dependentes de luz, porém utilizam as
moléculas de ATP e NADPH que foram formadas na etapa
fotoquímica. Nessa fase ocorre a conversão do CO2 em um Respiração
composto orgânico (carboidrato; geralmente glicose), ou a celular
partir de um ciclo de reações conhecido como ciclo das
pentoses ou Ciclo de Calvin-Benson. A principal enzima en- 1 2 3 Intensidade
volvida nas reações do ciclo de Calvin chama-se RuBisCO. luminosa
Variação da taxa fotossintética e respiratória com a intensidade luminosa

§ Gás Carbônico
O gás carbônico é o substrato utilizado na etapa química
como fonte do carbono que será incorporado em molécu-
las orgânicas. As plantas possuem como fontes principais de
CO2: (1) o gás oriundo da atmosfera, que entra nas folhas
através de pequenas aberturas chamadas estômatos, (2) e o
gás carbônico liberado na respiração celular. A fotossíntese é
Esquema das etapas do Ciclo de Calvin nula sem o CO2. Quando a concentração de CO2 aumenta, a
intensidade da fotossíntese também aumenta; essa elevação,
As moléculas de gliceraldeído-3-fosfato (PGAL) produzidas
porém, não é um exponencial infinito. O sistema enzimático
nesse ciclo são convertidas em glicose, o principal produ-
envolvido na captura do carbono pode estar saturado, isto é,
to da fotossíntese. A glicose pode ser oxidada e utilizada
toda enzima já tem um substrato ligado; nesse caso, o au-
como fonte de energia no processo de respiração celular,
mento de gás carbônico não interfere no aumento da taxa
ou ainda pode ser armazenada na forma de amido ou con-
fotossintética.
vertida em celulose, que vai constituir a parede celular.
Taxa de fotossíntese
2.2. Fatores que influenciam
a fotossíntese
§ Intensidade luminosa
A fotossíntese pode ser influenciada pela luz. A luz branca
é uma mistura de diversos comprimentos de onda (diver-
sas “cores”). Ao iluminar a clorofila com luz branca, ela Concentração de CO2
refletirá a cor verde e absorverá as demais cores. É por esse Variação da taxa fotossintética em relação à concentração de CO2

86
§ Temperatura Intensidade de fotossíntese

A maioria das reações é catalisada por enzimas, que têm


sua atividade influenciada pela temperatura. Em geral, quan-
do a temperatura se eleva, a taxa de fotossíntese também
aumenta. No entanto, em temperaturas muito altas, ocorre
o processo de desnaturação enzimática, e a velocidade das
reações diminui. Assim, existe uma temperatura ótima, na
qual a atividade fotossintetizante é máxima, pois a atividade
T (ºC)
da enzima é máxima. Isso, porém, varia entre os vegetais. Influência da temperatura na fotossíntese

VIVENCIANDO

A compreensão do processo de fotossíntese é fundamental para a conscientização da população acerca da preserva-


ção ambiental. Manter as florestas, os mares e seus vegetais vivos é essencial para a existência da vida.

§ Segunda etapa

CO2 + H2O + energia química → substâncias orgânicas

3.2. Principais bactérias


quimiossintetizantes
multimídia: vídeo § Ferrobactérias – usam a energia química oriunda da
Fonte: Youtube oxidação de compostos de ferro para a produção de
matéria orgânica.
Fotossíntese − Fase Escura (Química)
Prof. Paulo Jubilut § Nitrobactérias – usam a energia química oriunda da
oxidação de íons nitrito ou de íons amônio para a pro-
dução de matéria orgânica. As bactérias nitrificantes
3. Quimiossíntese estão livres no solo e possuem uma grande importân-
cia no ciclo do nitrogênio.
O processo de quimiossíntese, assim como a fotossíntese,
Nitrosomonas Nitrobactérias
tem como objetivo formar moléculas orgânicas energéticas →
NH4+    NO – →
    NO –
2 3
a partir de compostos inorgânicos como gás carbônico (CO2) amônio nitrito nitrato

e água (H2O). Porém, enquanto na fotossíntese a energia exi-


gida desse processo é proveniente da luz, na quimiossíntese
a energia necessária para esse processo provém da oxidação
3.3. As arqueas e a quimiossíntese
de substâncias orgânicas. A quimiossíntese é realizada por No grupo das arqueobactérias também há representantes
algumas bactérias denominadas bactérias quimiossinteti- que realizam o processo de quimiossíntese. As arqueas
zantes. Elas podem viver em ambientes sem luz e O2. metanogênicas, por exemplo, habitam ambientes pobres
em oxigênio (anaeróbicos) e obtêm energia mediante a
3.1. Esquema do processo reação entre gás hidrogênio e gás carbôni­co, que produz
de quimiossíntese gás metano. Esse processo pode ser equacio­nado da se-
§ Primeira etapa guinte forma:
oxidação
substâncias inorgânicas → compostos inorgânicos
oxidados + energia química CO2 + 4 H2 → CH4 + 2H2O + energia

87
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
1 Fotossíntese e quimiossíntese

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Foi necessário muito conhecimento químico para que os processos de fotossíntese e quimiossíntese pudessem ser
compreendidos. No complexo metabolismo de seres fotossintetizantes e quimiossintetizantes, ocorrem diversas
reações químicas que convertem compostos inorgânicos em orgânicos – ou seu inverso, conhecendo-se moléculas
orgânicas grandes (glicose) –, tornando meios mais ácidos por meio da participação de íons.

88
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 8
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais,
energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.

Os mecanismos de produção de energia por autotróficos são de suma importância para o desenvolvimento da
vida, uma vez que, desse modo, ocorre a entrada de energia no ecossistema, a partir da transformação de molé-
culas inorgânicas em orgânicas. Assim, esse assunto pode ter diferentes abordagens no Enem, desde uma visão
ecológica até uma visão mais do ponto de vista da fisiologia vegetal. O tema pode ser abordado também a
partir da biotecnologia e, consequentemente, da importância econômica para o desenvolvimento da sociedade.

MODELO 1
(Enem) Pesquisadores conseguiram estimular a absorção de energia luminosa em plantas graças ao uso de
nanotubos de carbono. Para isso, nanotubos de carbono “se inseriram” no interior dos cloroplastos por uma
montagem espontânea, através das membranas dos cloroplastos. Pigmentos da planta absorvem as radiações
luminosas, os elétrons são “excitados” e se deslocam no interior de membranas dos cloroplastos, e a planta
utiliza em seguida essa energia elétrica para a fabricação de açúcares. Os nanotubos de carbono podem absor-
ver comprimentos de onda habitualmente não utilizados pelos cloroplastos, e os pesquisadores tiveram a ideia
de utilizá-los como “antenas”, estimulando a conversão de energia solar pelos cloroplastos, com o aumento
do transporte de elétrons.
Adaptado de: Nanotubos de carbono incrementam a fotossíntese de plantas.
Disponível em: http://lqes.iqm.unicamp.br. Acesso em: 14 nov. 2014.

O aumento da eficiência fotossintética ocorreu pelo fato de os nanotubos de carbono promoverem diretamente a:
a) utilização de água;
b) absorção de fótons;
c) formação de gás oxigênio;
d) proliferação dos cloroplastos;
e) captação de dióxido de carbono.

ANÁLISE EXPOSITIVA
O texto de apoio evidencia que a utilização dos nanotubos de carbono permite a absorção de compri-
mentos de onda habitualmente não utilizados pelos cloroplastos. Desse modo, é possível inferir que esse
experimento promoveu diretamente a maior absorção de fótons, e, consequentemente, haverá aumento
da eficiência fotossintética.

RESPOSTA Alternativa B

89
DIAGRAMA DE IDEIAS

• OCORRE NOS CLOROPLASTOS


FOTOSSÍNTESE LUZ

6CO2 + 12H2O CLOROFILA


C6H12O6 + 6O2 + 6H2O

FASE FOTOQUÍMICA • DEPENDE DA PRESENÇA DE LUZ:”FASE CLARA”.


• OCORRE NOS TILACOIDES DOS CLOROPLASTOS.

• FORMA-SE UMA CADEIA


FOTOFOSFORILAÇÃO TRANSPORTADORA DE ELÉTRONS.
• PRODUZ ATP NA PRESENÇA DE LUZ.

• FOTOSSISTEMA I
• ELÉTRONS EXCITADOS PELA LUZ
CÍCLICA RETORNAM PARA CLOROFILA.
• PRODUZ ATP.
• NÃO PRODUZ NADPH, NEM O2.

• FOTOSSISTEMAS I E II
• FOTÓLISE DA ÁGUA
FANERÓGAMAS
• PRODUZ ATP, NADPH E O2 PROVENIENTE DA
FOTÓLISE DA H2O.

• NÃO DEPENDE DIRETAMENTE DE LUZ.


• DEPENDE DOS PRODUTOS (ATP, NADPH)
FASE QUÍMICA DA FASE FOTOQUÍMICA.
• CICLO DE CALVIN: CONVERSÃO
DE CO2 EM GLICOSE.

SÍNTESE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS A


PARTIR DA ENERGIA LIBERADA DA OXIDA-
QUIMIOSSÍNTESE
ÇÃO DE SUBSTÂNCIA INORGÂNICAS
EX: FERROBACTÉRIAS E NITROBACTÉRIAS

COMPOSTOS
SUBSTÂNCIAS ENERGIA
PRIMEIRA ETAPA INORGÂNICOS +
INORGÂNICAS QUÍMICA
OXIDADOS

ENERGIA SUBSTÂNCIAS
SEGUNDA ETAPA CO2 + H2O +
QUÍMICA ORGÂNICAS

90
AULAS 29 e 30 2. Genética: o mendelismo
O biólogo, botânico e monge austríaco Gregor Mendel (1822-
1884) é considerado o pai da Genética. Mendel realizou tra-
balhos com plantas de ervilha (Pisun sativum) e, nesses expe-
rimentos, observou a transmissão de diversas características
hereditárias. Em 1865, publicou o artigo “Experiments with
Plant Hybrids”, que foi ignorado pela sociedade científica, pois
GENÉTICA: PRIMEIRA ainda não havia o conhecimento sobre genes, cromossomos
LEI DE MENDEL e as propriedades do DNA. Assim, as ideias de Mendel foram
classificadas como “insanas”. Somente a partir de 1900, com
o avanço da biologia molecular, suas teorias começaram a ser
aceitas e confirmadas por vários pesquisadores. As principais
leis da Genética, aplicadas até hoje, foram elaboradas por al-
COMPETÊNCIA: 4 guém que não tinha conhecimentos sobre a Biologia molecu-
lar básica. Por esse motivo, é evidente o notável potencial de
HABILIDADE: 13 Gregor Mendel como observador e estudioso.

2.1. A herança monoíbrida


nos estudos de Mendel
1. Introdução Mendel iniciou seus experimentos de hibridização de plantas
Desde a Antiguidade, existem relatos sobre a passagem com as ervilhas de jardim (Pisum sativum), uma vez que essa
das características físicas entre as gerações. Os antigos planta apresentava uma série de características que a tornava
gregos, por exemplo, acreditavam que o indivíduo ape- um bom modelo experimental. Entre essas características po-
nas crescia durante a gestação, pois estaria quase total- demos citar: flores e sementes com cores e formas variadas;
mente formado desde o início da gravidez. Entretanto, possibilidade de reprodução assexuada através de autopoli-
existiam outros pensamentos sobre o assunto, como as nização; possibilidade também de reprodução sexuada atra-
ideias de Aristóteles (384 a.C.−322 a.C.), que acreditava vés da polinização cruzada entre flores; e, por fim, um tempo
em um processo gradual, no qual o indivíduo não estaria de geração curto. O conjunto dessas características tornou os
formado desde o início, mas passaria por uma formação experimentos de Mendel viáveis. Depois de escolher o mode-
sequencial durante a gestação (teoria da pré-formação). lo experimental e a espécie a ser estudada, Mendel começou
Aristóteles também refletiu a respeito da mistura de ca- a desenvolver linhagens puras, que podem ser definidas
racterísticas maternas e paternas, teoria que ficou conhe- como linhagens que, quando autopolinizadas, dão origem a
cida como epigênese. descendentes iguais à linhagem parietal (ancestral). Assim,
Mendel produziu sete linhagens puras, cada uma com uma
Mais tarde, no século XVII, surgiu na história da ciência uma
característica observável. Essas características foram: cor das
ferramenta importantíssima, o microscópio de duas lentes,
flores, textura das sementes (lisa ou rugosa), cor do interior da
criado pelos microbiologistas Leeuwenhoek e Luiz Hamm,
semente (verde ou amarelo), cor das vagens (verdes ou ama-
que observaram pela primeira vez um espermatozoide, que
relas), textura das vagens (lisas ou onduladas), tipos de flores
descreveram como um ser humano em miniatura (homún-
(axiais ou terminais) e tipos de caules (longos ou curtos). Para
culo). O pensamento aristotélico sobre a pré-formação pre-
cada característica, havia dois fenótipos observáveis.
valeceu até o século XVIII. A refutação desse pensamento
ocorreu no século XIX com o surgimento da teoria celular, Posteriormente, Mendel efetuou cruzamentos entre as li-
que demonstra que todos os organismos são formados por nhagens puras. Dessa forma, ele realizou polinização cru-
células. Posteriormente, August Weisman defendeu a distin- zada entre plantas com sementes verdes e plantas com
ção entre células somáticas (células que compõe o corpo sementes amarelas. Mendel observou que todos os des-
de um organismo como um todo) e germinativas (células cendentes exibiam um único fenótipo: sementes amare-
responsáveis pela reprodução do organismo), iniciando las, apesar dos pais terem fenótipos diferentes. A primeira
assim as primeiras noções verdadeiras sobre a heredita- geração de prole foi denominada F1. Em seguida, Mendel
riedade. Mas foi Gregor Johann Mendel, por meio de seus fez um novo experimento utilizando a linhagem F1 e rea-
experimentos com ervilhas, quem causou uma revolução no lizando o autocruzamento. O resultado desse cruzamento
mundo das ciências. mostrou que a característica “cor de semente verde”, que

91
estava ausente na prole do cruzamento inicial, apareceu como resultado da autofecundação de F1 na proporção de 3
sementes amarelas para 1 semente verde. A linhagem descendente da autofecundação da geração F1 foi denominada F2.
Mendel repetiu esse procedimento para as demais características.

Experimentos de mendel

Característica Fenótipo variante F1 F2


Cor da semente Amarela e verde 100% amarelas 75% amarelas e 25% verdes
Forma de semente Lisa e rugosa 100% lisas 75% lisas e 25% rugosas
Cor da vagem Verde e amarela 100% verdes 75% lisas e 25% amarelas
Forma da vagem Lisa e ondulada 100% longos 75% verdes e 25% onduladas
Caules Longos e curtos 100% longos 75% longos e 25% curtos
Flores Axial e terminal 100% axiais 75% axiais e 25% terminais

Cor das flores Púrpura e branca 100% púrpuras 75% púrpuras e 25% brancas

Mendel percebeu que algumas características sobressaíam considere a seguinte situação: o alelo A codifica a característica
sobre as outras. Para explicar esse fenômeno, é preciso “cor da semente” amarela, e o alelo a codifica a característica
analisar alguns conceitos. O primeiro deles é que há um fa- “cor da semente” verde. Como a planta da ervilha é diploide,
tor hereditário conhecido atualmente como gene. O gene é ela apresenta duas cópias, ou seja, dois alelos para a mesma
uma região do DNA que pode ser transcrita e traduzida em característica, os quais podem ser iguais ou diferentes. Dessa
proteína e é capaz de codificar as características. O gene maneira, se a planta possuir no seu genoma duas cópias AA,
está presente no cromossomo, que é uma forma estrutural ela exibirá a característica amarela em suas sementes; contu-
do DNA, no qual se encontra condensado. do, se a planta apresentar no seu genoma duas cópias aa, ela
exibirá a característica verde em suas sementes. Por sua vez, se
Nas células diploides, os cromossomos ocorrem aos pares,
a planta possuir no seu genoma uma cópia do alelo A e uma
sendo chamados de homólogos (cromossomos de mesmo
cópia do alelo a, ela exibirá a característica amarela em suas
formato e tamanho e que carregam as mesmas característi-
sementes, uma vez que A é dominante sobre a. Com efeito, a
cas). As espécies de ervilha estudadas por Mendel eram di-
característica verde só vai ocorrer quando o alelo a estiver em
ploides. Assim, em um determinado par de homólogos, cada dose dupla, sendo, dessa forma, recessivo.
cromossomo carrega a característica “cor da semente”; no
entanto, cada cromossomo pode carregar uma variação dife-
rente para essa característica, ou seja, pode carregar o gene
para a cor verde ou o gene para a cor amarela. Nesse caso,
o verde e o amarelo constituem os denominados alelos, que
são as variações de um mesmo gene.
Os alelos podem apresentar relações de dominância, que é o
que se observa nos resultados de Mendel. A dominância ocorre
multimídia: vídeo
quando a presença de um único alelo é suficiente para deter- Fonte: Youtube
minar a característica fenotípica; por outro lado, denomina-se Me Salva! GEN08 − Genética:
recessividade quando são necessárias duas cópias idênticas Primeira Lei de Mendel
do alelo para produzir a característica fenotípica. Assim,

92
Cruzamento realizado por Mendel para cor de semente.

Quando o indivíduo apresenta dois alelos idênticos, ele é denominado homozigoto, como no caso dos indivíduos AA e aa;
quando o indivíduo apresenta apenas uma cópia de cada alelo, ele é denominado heterozigoto.
No próximo experimento, ocorrerá o cruzamento entre dois heterozigotos (Aa). Assim, como cada genitor, no momento de
formação dos gametas, doará apenas um alelo, ocorrerá a seguinte configuração possível: os genitores apresentarão ½ de
seus gametas A e ½ a, com as seguintes probabilidades: ½ A (primeiro genótipo) x ½ A (segundo genótipo) = ¼ AA amarelo
(descendentes), ½ A (primeiro genótipo) x ½ a (segundo genótipo) = ¼ Aa (descendentes), ½ a (primeiro genótipo) x ½ A
(segundo genótipo) = ¼ Aa (descendentes), e a última combinação possível será ½ a (primeiro genótipo) x ½ a (segundo ge-
nótipo) = ¼ aa. Assim, na F2 pode-se esperar ¼ de indivíduos AA, ¼ Aa + ¼ Aa = ½ de indivíduos Aa e ¼ de indivíduos aa.
Dessa maneira, Mendel formulou sua primeira lei, também chamada de Lei da Segregação dos Alelos, por meio da qual ele
mostrou que, na formação dos gametas, os alelos se separam.

Modelo teórico dos resultados obtidos por Mendel A meiose e a primeira lei

Geração P A
Célula com dois
cromossomos
homólogos
RR LL L R

Gametas
R L B

Geração F1 Cromossomos
duplicados
(duas cromátides)
L L R R

LR

C
L R
Separação dos
homólogos
L L R R
L R

Separação das
L
cromátides
LL LR D

R
L L R R
LR RR

93
Monoibridismo com dominância

VIVENCIANDO

O conhecimento da genética é largamente usado para detectar probabilidades de doenças hereditárias, aumentando
as chances de tratamentos prévios. A genética também é usada na seleção de gametas saudáveis ou com determina-
das características para a realização de inseminação artificial. Não para por aí... Esse assunto também está inserido na
biotecnologia e engenharia genética, além de estar presente na nossa alimentação: clonagem e produtos transgênicos.

2.2. Genética: o mendelismo 2.2.2. Fenótipo


e o vocabulário atual O fenótipo é expressão do genes, ou seja, é característica
manifestada no organismo. O fenótipo é resultado do genó-
2.2.1. Genótipo tipo do indivíduo em associação com as influências do meio
O genótipo é a composição genética
Genética baseada nas moléculas
- o Mendelismo ambiente
e o vocabulário sobre essas características. O fenótipo pode ser:
atual
de DNA, que determinam as características de cada indivíduo.
Gene: Unidade Hereditária § Dominante: o alelo dominante é aquele que se expressa
Genes Alelos
mesmo na presença de outro alelo diferente. O indivíduo
Lócus: local definido
pode apresentar genótipo heterozigoto ou homozigoto.
Genética - o Mendelismo e o vocabulário atual Ocupam o mesmo
ocupado pelo gene
no cromossomo Observação: nem sempre o fenótipo dominante é o mais
lócus em cromossomos
homólogos
Genética - o Mendelismo e o vocabulário atual
Gene: Unidade Hereditária
Genes Alelos apto ao meio.

Unidade Hereditária
Lócus: local definido Genes Alelos
§ Recessivo: o alelo recessivo só se manifesta em dose
ocupado pelo gene Ocupam o mesmo
no cromossomo dupla, ou seja, em homozigose. Dessa maneira, exibe
lócus em cromossomos
homólogos
Lócus: local definido um único genótipo.
ocupado pelo gene A Ocupam
A o mesmo A a a a
lócus em cromossomos
2.3. Genética: cruzamento-teste
no cromossomo
homólogos

Homozigoto Heterizigoto O cruzamento-teste


Homozigoto é usado para descobrir se um indivíduo
A/A A/a a/a
A A A a a a
com fenótipo dominante é homozigoto ou heterozigoto.
Trata-se de um cruzamento entre um individuo dominante,
A A A a a a do qual se deseja saber o genótipo, e um indivíduo reces-
Homozigoto Heterizigoto Homozigoto
Homozigoto
A/A Heterozigoto
A/a Homozigoto
a/a sivo. Por meio da análise da proporção da prole é possível
AA Aa aa determinar o genótipo.
Representação dos genótipos possíveis para um
Homozigoto
A/A
Heterizigoto
A/a
gene que possui Homozigoto
os alelos “A“ e “a”.
a/a
A_ x aa

94
Obtendo-se 100% de indivíduos dominantes, o testado é, indivíduos parentais, ou seja, os indivíduos apresentam a
com certeza, homozigoto: AA. característica “cor-de-rosa”.
Obtendo-se 50% de dominantes e 50% de recessivos, o
testado é heterozigoto: Aa. 3.2. Interações entre alelos:
Quando é utilizado o genitor recessivo para o teste, o pro-
a codominância
cesso é denominado retrocruzamento ou back-cross. A codominância é um outro tipo de interação. Trata-se do
caso de dominância completa no qual, diferentemente dos
casos estudados por Mendel, há mais de um alelo domi-
3. Variações da primeira nante. Assim, quando ambos os alelos estão presentes, o
Lei de Mendel indivíduo expressa as características de ambos os alelos. O
principal exemplo de codominância em humanos é o siste-
ma sanguíneo ABO, em que os alelos A e B são dominantes
3.1. Interações entre alelos: a
e o alelo O é recessivo.
dominância incompleta ou parcial
Em seus trabalhos, Mendel verificou um tipo muito simples de
Tipos sanguíneo Genótipo
interação entre alelos: a dominância completa, na qual existe
um alelo dominante e um recessivo. Contudo, existem outros Tipo A IAIA o Iai
tipos de interações, como a dominância incompleta. Nesse
tipo de interação, a característica codificada por um alelo não Tipo B IBIB o IBi
se sobrepõe à característica determinada por outro alelo. As-
sim, o que se observa é o surgimento de uma característica in- Tipo AB IAIB
termediária na prole. Observe a seguir o exemplo da Mirabilis
Tipo O ii
jalapa, conhecida popularmente como “maravilha”:

P Quando o indivíduo apresenta o alelo A, há a produção


de uma glicoproteína chamada Glicoproteína A, que fica
nas membranas das hemácias. Da mesma forma, quando
há a presença do alelo B, temos a produção da Glicopro-
Vermelha (VV) Branca (BB)
teína B. Porém, quando um indivíduo apresenta tanto o
alelo A quanto o alelo B, ambos se expressam, causando a
F1 produção de ambas as Gli­coproteínas A e B na membrana
Rosa (VB) da hemácias, conferindo o fenótipo sanguíneo do tipo AB.
Se o indivíduo apresentar duas cópias do alelo i ele não
F2 terá nenhum alelo responsável por produzir essas glicopro-
teínas nas membranas das hemácias, apresentando então
o fenótipo do tipo O.

Vermelha Rosa Rosa Branca 3.3. Interações entre alelos: a letalidade


(VV) (VB) (VB) (BB)
Em algumas situações a combinação entre alelos
{

1 : 2 : 1pode gerar indivíduos inviáveis. Em geral, essa


condição é condicionada pela homozigose de um
Maravilha: Mcaso de herança sem dominânciadeterminado alelo, que é denominado alelo letal.
aravilha: caso de herança sem dominância
Considere que, em uma espécie de roedores, exis-
Nesse cruzamento, um indivíduo com flores vermelhas tem dois fenótipos possíveis para a cor da pelagem:
(VV) cruza com um indivíduo de flores brancas (BB), am- amarela (AA ou Aa) ou marrom (aa), em que a cor
bos homozigotos. A segregação obedece às leis mende- amarela é dominante sobre a marrom. Indivíduos
lianas. Assim, na geração F1 há apenas indivíduos com que possuem duas cópias do alelo A, ou seja, ho-
genótipo heterozigótico (VB); no entanto, esse genótipo mozigoto para essa característica, são inviáveis e
codifica uma característica diferente daquela exibida nos não sobrevivem.

95
Alelo
Gene letal em camundongo
letal em camundongo
Amarelo Aa Amarelo Aa

Embrião morto
AA Amarelo Aa Amarelo Aa Aguti aa

O gene letal só se expressa, ou seja,“causa a morte”, em dose


dupla (homozigose), pode ser dominante ou recessivo e
sempre alterará as proporções mendelianas esperadas.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A história da genética está intimamente ligada a Mendel. Gregor Mendel foi pioneiro em estudar a hereditariedade
de características. Seus estudos iniciais foram feitos com ervilhas. A experiência buscava provas de que a passagem
de características de uma geração para outra seguia uma lógica, um cálculo, uma proporção. Seu trabalho causou
grande impacto na construção da genética, especialmente depois de sua morte, e a prática da estatística genética
passou a ser utilizada.
Fonte: http://biologia-molecular.info/genetica.html.

4. Analisando heredogramas
A análise de padrões de herança pode prever a probabili-
dade de uma característica se expressar em uma geração
futura observando o comportamento dessa característica
nos membros de uma família (construção de heredogra-
mas familiares). Os heredogramas são representações
multimídia: site gráficas das relações familiares a partir das quais é possí-
vel apontar o genótipo e o fenótipo dos indivíduos porta-
www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismen- dores de uma ou mais características. Para representação
del3.php de heredograma, usa-se uma simbologia, que pode ser
observada na figura a seguir:

96
Observe a seguir um padrão de herança autossômica dominante:
I
1 2

II
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

III ?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Heredograma representando
Heredograma representando a herança
a herança de um
de um caráter caráterdominante
autossômico (indivíduos
autossômico marcados com preto)
dominante.

No início da análise, deve-se identificar o genótipo da gera- No próximo heredograma será analisada uma característi-
ção I. Como se sabe que essa característica exibe um com- ca homozigoto recessivo (só se expressa em homozigose).
portamento autossômico dominante, conclui-se que o pai Assim como ocorre no exemplo anterior, a primeira coisa a
(indivíduo 1) tem um genótipo recessivo, uma vez que não ser analisada é o genótipo de geração I. É possível observar
é portador do caráter avaliado. A mãe (indivíduo 2), por que tanto o pai quanto a mãe são portadores da caracte-
sua vez, é portadora do caráter, e, ao se observar a geração rística, porém não são afetados. Isso mostra que eles apre-
II, pode-se concluir que a mãe é heterozigota para esse sentam um alelo recessivo e um dominante, sendo ambos
caráter, uma vez que na geração II há indivíduos que não heterozigotos. Dessa forma, apesar de não serem afetados,
são portadores dele. Para que isso seja possível, o pai está
eles podem transmitir tal característica.
passando um alelo recessivo, e a mãe, outro. Assim, a mãe
deve ser heterozigota. I
1 2
Agora, pode-se partir para uma avaliação da geração II.
Como o pai na geração I é homozigoto recessivo, ele sem- II
pre contribuirá para a geração II com uma única variedade 1 2 3 4 5
alélica. A mãe, sendo heterozigota, pode passar tanto o
alelo recessivo quanto o dominante (50% de probabilida- III
de para cada alelo). Assim, todos os indivíduos portadores 1 2
da geração II serão heterozigotos, herdando o caráter ava-
liado da mãe, e todos os indivíduos não portadores serão
homozigotos recessivos, herdando tanto da mãe quanto do IV ?
pai o alelo recessivo. Esse raciocínio pode ser usado para 1 2 3 4
todos os cruzamentos representados. É possível destacar Heredograma
Heredograma representando um caráter autossômico recessivo.
representando um caráter autossômico recessivo.
características específicas desse tipo de heredograma: a
característica avaliada aparece tanto em homens quanto Na geração II, percebe-se que os indivíduos 1 e 3, que são
em mulheres com a mesma frequência e filhos de casais filhos dos indivíduos da primeira geração, também são
não afetados não serão afetados. portadores e heterozigotos, pois receberam um alelo

97
dominante e um recessivo de cada um dos pais. O indivíduo 5, que também é filho da geração I, é afetado, possuindo assim
o genótipo homozigoto recessivo, herdando um alelo recessivo do pai e outro da mãe. Os indivíduos 2 e 4 da geração II
são homozigotos dominantes, não exibindo nenhum alelo recessivo e sendo não portadores. Os descendentes da geração II
são portadores e primos em primeiro grau. Na geração III ocorre um casamento consanguíneo. Desse casamento resultam
4 descendentes: o indivíduo de número 1 é portador e heterozigoto; o indivíduo 2 não é portador nem afetado e é homozi-
goto dominante; o indivíduo 3 é afetado e homozigoto recessivo; e o indivíduo 4 não apresenta sexo conhecido, mas não é
afetado nem portador, sendo homozigoto dominante.

Por meio da análise do heredograma, é possível observar algumas características desse tipo de herança. Nesse caso, nota-se
que a probabilidade de ocorrência é igual entre os sexos e que a chance de o caráter se expressar é maior quando ocorre
casamento consanguíneo.
Concluindo:
H. Autossômica Dominante H. Autossômica Recessiva

I I

II II

III III

Todo organismo afetado “Filho diferente de pais iguais


tem necessariamente um (com o mesmo fenótipo) é
dos pais afetados! necessariamente recessivo!”

5. Probabilidade mulher
Aa X
homem
Aa

O estudo da genética permite calcular a probabilidade de gametas: A a A a

ocorrência de eventos nas gerações futuras. Considere um


casal que, com filho portador de uma determinada ano- Montado o quadro de cruzamento:
malia, deseja saber se um segundo filho poderia também
expressar essa mesma anomalia Gametas A a
A AA Aa
É possível determinar a probabilidade (P) como sendo o
A Aa aa
resultado da divisão do número de vezes que um evento
esperado pode acontecer (r) pelo número total de resulta- Assim:
dos possíveis (n): A   ​ = __
P(AA) =​ ______
a,a,a,a ​ 1 ​ ou 25%
4
r
P= Um casal deseja saber qual a probabilidade de ter uma
n
criança do sexo masculino.
No lançamento de uma moeda, qual a probabilidade de P(♂) =     sexo masculino (♂)    __1 ​ ou 50%
_______________________
o resultado ser cara? Em um único lançamento de uma 2
sexo masculino; sexo feminino (♀)
moeda, o número de vezes que cara pode acontecer (r) é 1,
e o número de resultados possíveis (n), cara ou coroa, é 2,
o que permite supor uma probabilidade de ocorrência de 6. A primeira Lei de Mendel
cara igual a 1/2.
Analise estes dois casos:
e a genética humana
Algumas anomalias humanas são de natureza genética.
1. Um casal, heterozigoto para determinada característica,
deseja saber qual a probabilidade de ter uma criança com § Fenilcetonúria (PKU) – indivíduos homozigotos reces-
genótipo homozigoto dominante. sivos não processam o aminoácido fenilananina, que se

98
acumula no indivíduo transformando-se em ácido fenilpirúvico. Esse ácido interfere no desenvolvimento harmonioso do
cérebro, o que leva ao retardamento mental.

§ Albinismo – indivíduos recessivos são acometidos por essa anomalia, pois não produzem melanina, pigmento que
confere cor à pele humana e animal.

§ Acondroplasia – anomalia determinada por um alelo dominante. Pessoas com essa anomalia têm uma diminuição no cresci-
mento ósseo, o que resulta em fenótipo anão.

§ Polidactilia – anomalia também determinada por um gene dominante. Os portadores possuem um dedo
extra (seis dedos), apresentando um fenótipo raro.

Polidactilia

§ Braquidactilia – anomalia determinada por um alelo dominante raro; consiste em dedos curtos.

§ Doença de Huntington – também causada por um alelo dominante, leva a degeneração do sistema nervoso, causan-
do perda de memória e de controle dos movimentos do corpo, podendo ser fatal. Manifesta-se por volta dos 40 anos.

99
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 13
Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos
seres vivos.

No Enem, os conceitos de genética são abordados principalmente no contexto médico. Com frequência, são
acompanhados de um heredograma que precisará ser cuidadosamente analisado pelo aluno. As informações
também podem ser dadas no enunciado, exigindo que o aluno saiba montar seu próprio heredograma e aplicar
os conceitos estudados.

MODELO 1
(Enem) O heredograma mostra a incidência de uma anomalia genética em um grupo familiar.

O indivíduo representado pelo número 10, preocupado em transmitir o alelo para a anomalia genética a seus
filhos, calcula que a probabilidade de ele ser portador desse alelo é de:
a) 0%. b) 25%. c) 50%. d) 67%. e) 75%.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para responder a esse tipo de questão, é preciso primeiro analisar quais são os alelos envolvidos e o tipo de
herança relacionada. Em seguida, muitas vezes é necessário encontrar os genótipos dos familiares (progenitores)
a partir das informações fenotípicas apresentadas pelos parentes próximos. Desse modo, tem-se:
Alelos: a (anomalia) e A (normalidade)

Pais 7 (Aa) e 8 (Aa). Esse cruzamento apresenta as probabilidades de filhos: ½ Aa, ¼ AA e ¼ aa.
Filho 10 (A_). Como o sujeito já nasceu e sabe-se que seu fenótipo é normal (dominante), exclui-se a
possibilidade de ele ter genótipo homozigoto recessivo (aa). Portanto, a probabilidade do indivíduo 10
2​​   ​​   ≅ 67%.
ser (Aa) = __
3
RESPOSTA Alternativa D

100
DIAGRAMA DE IDEIAS

GENÉTICA
HUMANA

CONCEITOS GENÓTIPO • CONSTITUIÇÃO GENÉTICA

• HOMOZIGOTO: DOIS ALELOS IDÊNTICOS


EX.: AA OU aa
• HETEROZIGOTO: DOIS ALELOS DIFERENTES
EX.: Aa

• CARACTERÍSTICA QUE É EXPRESSA


FENÓTIPO COM INFLUÊNCIA DO AMBIENTE

• DOMINANTE: O ALELO DOMINANTE SE


EXPRESSA MESMO NA PRESENÇA DE OUTRO
• RECESSIVO: O ALELO SÓ SE
EXPRESSA EM DOSE DUPLA

• LEI DA SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE DOS ALELOS


• UM GENE COM UM PAR DE ALELOS

A A

1.ª LEI DE MENDEL A

A a A A a a

a a

• DOMINÂNCIA INCOMPLETA
FORMA-SE UM FENÓTIPO INTERMEDIÁRIO
EX.: VV FLOR VERMELHA; BB FLOR BRANCA; VB FLOR ROSA
VARIAÇÕES
• CODOMINÂNCIA
NÃO HÁ UM FENÓTIPO INTERMEDIÁRIO, AMBOS OS ALELOS
DOMINANTES SE EXPRESSAM COMPLETAMENTE
EX.: SISTEMA ABO (IAIB → SANGUE AB)
• ALELOS LETAIS
ALELO EM HOMOZIGOSE CAUSA A MORTE DO INDIVÍDUO

101
desenvolvimento. Um exemplo desse processo é a
AULAS 31 e 32 expressão da hemoglobina. O genoma humano pos-
sui um grande grupo de genes que levam à produ-
ção das hemoglobinas, proteínas que transportam o
oxigênio no sangue. No desenvolvimento humano,
para formar três tipos de hemoglobina, nove genes
de globinas se combinam. Cada hemoglobina atua
EXPRESSÃO GÊNICA E em distintos estágios da vida.

ALELOS MÚLTIPLOS § Fatores ambientais – os indivíduos necessitam agir


rapidamente em relação a mudanças no ambiente. A
indução gênica acontece quando condições externas
acionam genes. Respostas à luz e ao calor são tipos de
indução muito conhecidos.
COMPETÊNCIA: 4

HABILIDADE: 13 2.1. Controle gênico


durante a Transcrição
O processo pelo qual os genes sintetizam RNAm é cha-
mado de transcrição. O controle da transcrição dos ge-

1. Introdução nes é o que determina se uma proteína será expressa ou


não. Se houver uma intensa transcrição gênica, teremos
Na maioria dos indivíduos, todas as células do corpo huma- a formação de várias moléculas de RNAm que serão tra-
no possuem o mesmo conjunto de cromossomos, que são duzidos pelos ribossomos, formando proteínas; por outro
responsáveis pelas características e pelo funcionamento de lado, se a transcrição do gene não ocorrer, não haverá a
todo o organismo. No entanto, o que faz as células do ca- formação de RNAm e, consequentemente não teremos a
belo possuírem características diferentes, por exemplo, das produção das proteínas.
células do olho? A resposta está na expressão gênica dife-
Um gene é formado basicamente por 3 regiões: região
rencial. Apesar de todas as células terem o mesmo conjunto
promotora, região codificante e região terminal. A região
de genes, os genes não estão ativos o tempo todo e não são
promotora é a sequência que indica o início da transcri­
ativados igualmente em todas as células.
ção; trata-se do local onde a RNA polimerase se liga para
fazer a produção do RNA mensageiro. A região codifican­
2. Fatores que influenciam te é aquela que será transcrita em RNA mensageiro. A
região terminal, por sua vez, é a sequência que indica o
o controle gênico final da transcrição.
Gene
§ Posição da célula no embrião – nos eucariotos, o
controle da expressão gênica começa na formação do Região
promotora
Região
codificadora
Região
terminal
zigoto e vai até o fim da vida do indivíduo. No começo, 5’

todas as células são iguais e totipotentes (células indife- 3’


Região de ínicio Região terminal
renciadas), também denominadas células-tronco, devido da transcrição de transcrição

à alta capacidade de diferenciação. Em um determinado Representação das regiões de um gene


momento do desenvolvimento, a célula se especializa. Em eucariotos a maior parte do controle da expressão gênica
Nesse estágio, alguns genes são silenciados, enquanto ocorre durante o processo de transcrição. Para que ocorra a
outros são amplamente expressos, e dependendo da
transcrição, o gene que será transcrito precisa estar acessível,
posição da célula no embrião. Em Drosophila melano-
ou seja, DNA não pode estar condensado. Quando um gene
gaster, estudos mostraram que diferentes proteínas são
pode ser transcrito em uma célula dizemos que o mesmo está
expressas em locais específicos do embrião. Nesse caso,
ativo. O processo de transcrição é regulado por uma série de
o desenvolvimento de cada estrutura nos adultos depen-
fatores além da acessibilidade do DNA: a expressão de alguns
de da posição das distintas células no embrião.
genes pode afetar a transcrição de outros, assim como hormô-
§ Etapas do desenvolvimento – certos ge- nios e outros sinais moleculares enviados por células vizinhas,
nes são acionados em tempos diferentes do como será descrito a seguir.

102
2.1.1. Acessibilidade do DNA
Para que a transcrição de um gene ocorra, é necessário um
estímulo específico que o torne acessível para a ação das
enzimas que fazem a transcrição. É importante ressaltar
que o material genético costuma estar associado a proteí-
nas que controlam essa transcrição de forma indiscrimina-
da na célula. As proteínas associadas ao DNA podem evitar multimídia: vídeo
sua transcrição de duas formas: Fonte: Youtube
A. Proteínas “empacotadoras” do DNA: a molécula Regulação da Expressão Gênica em Eucariotos
de DNA empacotada, espiralizada ou condensada não con-
segue ser transcrita, pois os fatores de transcrição, como a
RNApolimerase, não conseguem se ligar ao DNA condensa- 2.2. Controle gênico
do para fazer a transcrição. posterior à transcrição
Cromatina não Depois da transcrição, quando já se formou o RNA men-
condensada sageiro, essa molécula pode representar outro ponto da
regulação da expressão gênica.
A. Splicing do RNA – o RNA mensageiro dos eucariotos
possui regiões codificantes, que serão traduzidas em proteínas,
denominadas éxons, e possui regiões não codificantes, que não
Cromatina serão traduzidas em proteínas, denominadas íntrons. Antes do
condensada
RNA mensageiro se associar ao ribossomo para ser traduzido,
é necessária a retirada desse material não codificante (íntron)
presente na molécula de RNA. Um RNA mensageiro pode
conter vários íntrons. A retirada dos íntrons é denominada
splicing ou maturação do RNA. Além da retirada dos íntrons,
esse processo também permite o rearranjo dos éxons, e, assim,
Representação da cromatina com regiões condensadas e outras não
a formação de várias proteínas a partir do mesmo RNA. Essa
B. Proteínas repressoras: proteínas podem se ligar ao flexibilidade genética explica como pode ser fabricada uma
sítio de ligação da RNA polimerase na região promotora, quantidade tão grande de proteínas com tão poucos genes.
impedindo que essa enzima se ligue e realize sua função,
que é transcrever o DNA em RNA mensageiro. Essas prote-
ínas bloqueadoras são denominadas repressoras.

2.1.2. Regulação por outros genes


Alguns genes, quando transcritos, são responsáveis pela
formação de proteínas que inibem ou estimulam a transcri-
ção de outros genes da mesma célula, regulando assim a
transcrição dos mesmos.

2.1.3. Hormônios Splicing alternativo de um transcrito com quatro éxons e três íntrons
São substâncias normalmente produzidas longe do seu
local de ação. Os hormônios são liberados na corrente B. Silenciamento do RNAm – depois da transcrição, o
sanguínea para atingir os alvos (podem afetar vários te- RNAm formado pode ser degradado no citoplasma antes de
cidos ao mesmo tempo). Os hormônios são importantes ser traduzido em proteínas, num processo chamado de inter-
na comunicação intracorpórea e também podem participar ferência. Quando há interferência e consequente degradação
do controle da expressão de genes. Um exemplo são os do RNAm, dizemos que o gene foi silenciado, justamente por
esteroides e as proteínas receptoras, que podem formar um não ocorrer síntese das proteínas codificadas por esse gene.
complexo que penetra no núcleo celular para agir como C. Vida útil do RNA – depois que o RNAm é transcrito e
um fator de transcrição, acionando genes específicos. tem seus íntrons removidos, ele é levado para o citoplasma.

103
A partir desse momento, o RNAm está sujeito à ação de enzimas chamadas de RNAses, que podem degradá-lo. Assim, os RNAm
têm tempo de vida relativamente curto. Isso impede que um RNAm continue sendo transcrito por muito tempo após a inativação
do gene responsável pela sua formação.

2.3. Controle gênico durante a traduação


A regulação dos genes também pode ocorrer durante a etapa de tradução do RNAm em proteínas, que ocorre nos ribosso-
mos. Alguns eventos atuam nesse tipo de regulação gênica:

A. Local da tradução – alguns genes apresentam a tradução restrita em locais específicos do citoplasma. Os embriões
usam essa estratégia no desenvolvimento. Proteínas são produzidas em lados distintos do ovo para criar, por exemplo, a
região anterior e posterior do embrião.
B. Modificações que ocorrem durante a tradução – apenas a chegada do RNA no citoplasma não é suficiente para que
ocorra a tradução. Certos genes são limitados por determinadas condições que impedem que a tradução aconteça. Um óvulo
não fertilizado, por exemplo, possui muitos RNAm produzidos pela fêmea. A tradução acontece no óvulo não fecundado, mas é
lenta e seletiva. Quando o espermatozoide penetra no óvulo, ocorrem várias modificações originadas pela tradução do RNAm
que já estava no citoplasma.
Algumas células fabricam RNAm, mas retardam sua tradução até que certas condições estejam adequadas. Por exemplo,
proteínas que necessitam se ligar a íons de ferro só são traduzidas quando o ferro está disponível, mesmo que o RNAm seja
fabricado o tempo todo. Outro exemplo é a insulina, um hormônio que controla os níveis de glicemia sanguínea e também
regula a tradução de alguns genes, que é impedida na ausência de insulina.

3. Alelos múltiplos
Os alelos múltiplos ou polialelia ocorrem quando existem mais de 2 alelos para um mesmo gene (mesma característica). Um
exemplo clássico de polialelia é a cor da pelagem em coelhos (figura abaixo), além da já citada determinação do sistema
ABO em humanos.

Ilustração Padrão Fenotípico Genótipo

Aguti - Colorido CC Ccch Cch Cc

Chinchila - Cinza prateado


(mistura de preto e branco) cchcch cchch cchc

Himalaio - Branco com


extremidades (orelha, focinho chch chc
e patas) pretas

Albino - Branco cc

Os genes alelos são aqueles que ocupam as mesmas posições em cromossomos homólogos (diz-se que ocupam o mesmo
lo­cus gênico) e que, portanto, codificam a mesma característica, representando apenas uma variação.
Por exemplo, há quatro fenótipos possíveis na cor da pelagem em coelhos:

104
§ agutí (ou selvagem): cor da pelagem é castanho- Os quatro fenótipos ocorrem devido a quatro alelos dife-
-acinzentada; rentes: C (aguti), cch (chinchila), ch (himalaia) ca (albino),
os quais apresentam uma relação de dominância entre si,
§ chinchila: cor da pelagem é cinzenta;
representada a seguir: C > cch > ch > ca. A diferença entre
§ himalaia: em que o corpo é coberto de pelos brancos, a cor na pelagem do coelho e a cor da semente das ervilhas
com exceção das extremidades onde os pelos são pretos; e se deve à ação de um número maior de alelos (4) em relação
aos dois alelos clássicos. Entretanto, a primeira Lei de Mendel
§ albino: cor da pelagem é inteiramente branca. continua sendo observada, ou seja, para a determinação da
cor da pelagem, o coelho apresentará em seu genoma dois
dos quatro genes. Nesse padrão de herança, uma caracte-
rística marcante é que o número de genótipos e fenótipos
é maior se comparado a um modelo clássico, como a cor
das sementes de ervilha. Acredita-se que o surgimento de
polialelia é causado pela ocorrência de mutações. A presen-
ça de alelos múltiplos é importante para a espécie, uma vez
multimídia: site que existirá maior variabilidade genética, o que aumenta as
possibilidades de sobrevivência no meio. Dessa forma, as
www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismen- mutações teriam sido positivamente selecionadas. Observe
del10.php a seguir uma proposta de cruzamento com as respectivas
proporções de genótipos e fenótipos:

105
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 13
Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos
seres vivos.

No Enem, os conceitos de genética e expressão gênica são abordados principalmente no contexto médico. Com
frequência, são acompanhados de um heredograma que precisará ser cuidadosamente analisado pelo aluno. As
informações também podem ser dadas no enunciado, exigindo que o aluno saiba montar as relações familiares e
aplicar os conceitos estudados. Além disso, as questões ainda podem exigir do aluno conhecimentos de citologia
e gametogênese.

MODELO 1
(Enem) O formato das células de organismos pluricelulares é extremamente variado. Existem células discoides,
como é o caso das hemácias, as que lembram uma estrela, como os neurônios, e ainda algumas alongadas, como
as musculares.
Em um mesmo organismo, a diferenciação dessas células ocorre por:
a) produzirem mutações específicas;
b) possuírem DNA mitocondrial diferentes;
c) apresentarem conjunto de genes distintos;
d) expressarem porções distintas do genoma;
e) terem um número distinto de cromossomos.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Todas as células do organismo apresentam o mesmo conjunto de cromossomos; no entanto, a cromatina
pode apresentar diferentes regiões condensadas (inativas) ou descondensadas (ativas), dependendo do
tipo e função da célula. A expressão diferencial dos genes determina as diferenças morfológicas e fisioló-
gicas entre os diferentes tipos celulares de um mesmo organismo.

RESPOSTA Alternativa D

106
DIAGRAMA DE IDEIAS

CONTROLE DE
EXPRESSÃO GÊNICA

POSIÇÃO DA CÉLULA NO EMBRIÃO


FATORES QUE
INFLUENCIAM
FASE DO DESENVOLVIMENTO DO ORGANISMO
A REGULAÇÃO
GÊNICA
LUMINOSIDADE, TEMPERATURA, ETC.

ACESSIBILIDADE DO DNA EMPACOTAMENTO

AMBIENTAL REGULAÇÃO POR OUTROS GENES REPRESSORES

HORMÔNIOS

SPLICING DO RNA

PÓS-TRANSCRICIONAL SILENCIAMENTO DO RNAm

TEMPO DE VIDA DO RNAm

LOCAL DA TRADUÇÃO NO CITOPLASMA


TRADUCIONAL
MODIFICAÇÕES QUE OCORREM DURANTE A TRADUÇÃO

ALELOS MÚLTIPLOS

• EXISTEM MAIS DE DOIS ALELOS POSSÍVEIS PARA O MESMO GEN


• EXISTEM MAIS DE DOIS ALELOS POSSÍVEIS PARA O MESMO GEN MAIOR
VARIABILIDADE GENÉTICA
• FORMA-SE UM NÚMERO MAIOR DE GENÓTIPOS E FENÓTIPOS PARA O
MESMO GENE MAIOR VARIABILIDADE GENÉTICA

107
AULAS 33 e 34 1. Determinação dos grupos
sanguíneos: sistema ABO
O caso mais conhecido de alelos múltiplos na espécie humana
é o sistema ABO. No passado, devido à ausência de conheci-
mentos sobre genética, muitos casos de transfusão sanguínea
geravam óbitos. Isso ocorria porque a transfusão sanguínea
SISTEMA ABO entre indivíduos não compatíveis gerava reações imunológi-
cas do tipo antígeno-anticorpo, que causavam aglomerações
de células em vasos sanguíneos, obstruindo-os.
Depois de muitos estudos nessa área, foram identificados
e classificados quatro tipos sanguíneos (fenótipos): A, B,
AB e O. Foram classificados de acordo com a presença ou
COMPETÊNCIA: 4 a ausência de tipos de glicoproteínas nas membranas das
hemácias denominadas aglutinogênios. Se as glicopro-
HABILIDADES: 13 e 15 teínas das hemácias do indivíduo doador e do receptor são
diferentes, essas glicoproteínas funcionam como antígenos
(moléculas que têm a capacidade de produzir uma respos-
ta imunológica). As aglutininas são anticorpos do sistema
ABO e estão presentes em condições normais, sem necessidade de sensibilidade do sistema. Assim, indivíduos de fenótipo A
têm nas hemácias aglutinogênio A e, no plasma, aglutinina anti-B. Indivíduos de fenótipo B têm nas hemácias aglutinogênio
B e, no plasma, aglutinina anti-A. Indivíduos de fenótipo AB possuem os dois aglutinogênios, mas não possuem nenhuma
das aglutininas. E indivíduos de fenótipo do grupo O (originalmente “zero”) não apresentam aglutinogênio nas hemácias,
mas possuem as duas aglutininas no plasma.

Grupo A B AB O

Tipos de
hemácias

Aglutinogênios
Nenhum
presentes
Aglutinogênio A Aglutinogênio B Aglutinogênio A e B

Anticorpos Nenhum
presentes
Anti-B Anti-A Anti-A e Anti-B

Tipos sanguíneos do sistema ABO. Os aglutinogênios estão na membrana das hemácias.

1.1. A herança dos grupos Possíveis fenótipos e genótipos do sistema ABO


sanguíneos no sistema ABO Fenótipos Genótipos
Ocorrem dois tipos de relação entre os alelos que deter-
minam o tipo sanguíneo: dominância e codominância. A A IAIA, IA i
produção de aglutinogênios A e B é determinada, respecti-
B IBIB, IB i
vamente, pelos genes IA e IB, enquanto o alelo i condiciona
a não produção de aglutinogênios. Fica claro que se trata
AB IAIB
de um caso de alelos múltiplos. Entre os genes IA e IB há
codominância (IA = IB), mas cada um deles domina o gene O ii
i (IA > i e IB > i). Observe a tabela:

108
Para descobrir o tipo sanguíneo, usa-se um método de tes-
te de amostras de sangue com aglutininas anti-A e anti-B.
Observe a ilustração:
Grupo O

Soro anti-A
multimídia: vídeo
Soro anti-B
Fonte: Youtube

Grupo A
O QUE SÃO OS TIPOS SANGUÍNEOS?
| Sistema ABO | ...

Soro anti-B Soro anti-A


Aplicação do conteúdo
Grupo B 1. O marido de um casal é do tipo sanguíneo A, filho
de pais AB; e a esposa é do tipo B, filha de pai AB e
mãe O. Qual a probabilidade de eles terem dois filhos, o
primeiro do sexo masculino com tipo sanguíneo AB, e o
Soro anti-B Soro anti-A
segundo do sexo feminino do grupo A?

Resolução:
Grupo AB
A genealogia dessa família está representada a seguir. A
determinação de tipos sanguíneos das duas crianças são
eventos independentes. A probabilidade obtida para o pri-
Soro anti-B Soro anti-A meiro descendente AB do sexo masculino deve ser multi-
plicada pela probabilidade obtida para o segundo descen-
Em transfusões sanguíneas, é fundamental observar as ca- dente A do sexo feminino.
racterísticas particulares de cada tipo sanguíneo.
A probabilidade de o primeiro descendente ser do grupo
AB é 1/2 e de ser do sexo masculino é igual a 1/2. Assim,
P ( e AB) = 1/2 × 1\2 = 1\4.
Seguindo o mesmo raciocínio, a probabilidade de que o
segundo descendente seja do grupo A é 1/2 e de que seja
do sexo feminino é 1/2. Assim, P( e A) = 1/4.

AB AB AB O
Uma pessoa do tipo sanguíneo A tem nas suas hemácias I I
A B
I I
A B
I I
A B
ii
aglutinogênio A e, no plasma, aglutinina anti-B. Caso essa
pessoa receba sangue B, ocorrerá uma reação imunológica A B
entre a aglutinina anti-B do plasma do receptor (indivíduo do I I
A A
I Bi
tipo A) e o aglutinogênio B da hemácia do doador (indivíduo
do tipo B). Essa lógica pode ser usada na transfusão oposta:
indivíduo do tipo A doa para indivíduo do tipo B. O tipo O,
como não apresenta aglutinogênio na hemácia, pode doar 1.a criança 2.a criança
para qualquer tipo sanguíneo (não há “nada” na membrana ,AB ,A
da hemácia para ser reconhecido como algo estranho). Por
isso, o tipo O é doador universal. Pessoas do tipo AB, dife- Para que os eventos ocorram nessa ordem, deve-se consi-
rentemente do tipo O, não apresentam nenhuma aglutinina derar a probabilidade do primeiro e a do segundo, ou seja:
no plasma, podendo receber sangue de qualquer grupo san-
guíneo, por isso o tipo AB é chamado de receptor universal. ​ 1 ​ × __
P ( , AB) = __ ​ 1 ​ = __
​ 1 ​ 
2 2 4

109
Esse é o fenótipo Bombaim, descoberto na cidade de mesmo
​ 1 ​ × __
P ( , A) = __ ​ 1 ​ = __ ​ 1 ​ 
2 2 4 nome. Para descobrir o fenótipo do falso, basta pingar uma
P ( e AB) e P ( e A) = __ ​ 1 ​ × __ ​ 1 ​ = __
​  1  ​  gota de sangue em uma lâmina e colocar o anticorpo anti-H.
4 4 16
Caso ocorra aglutinação, o indivíduo possuirá o antígeno H

2. Fenótipo Bombaim e terá um “sangue verdadeiro”. Caso não ocorra a aglutina-


ção, não existirá o antígeno H; assim, o indivíduo será hh, um
As glicoproteínas A e B, que podem estar presentes nas falso O. O fenótipo Bombaim é extremamente raro, pois o
hemácias dos indivíduos, são produzidas com o auxílio de gene h tem uma frequência muito baixa na população.
uma enzima que transforma uma substância precursora em
antígeno H, que depois se tornará antígeno A ou B. Indivídu-
os com os genótipos HH ou Hh produzem o antígeno H e,
consequentemente, podem produzir os antígenos A e B. Um
indivíduo hh, por sua vez, não produz antígeno H e não pode
produzir os antígenos A e B.

§ Genótipo do indivíduo: HH ou Hh e IAIA OU IAi (tipo A).


multimídia: site
§ Genótipo do indivíduo: hh e I I OU I i (falso tipo O).
AA A

Essa relação vale para os demais tipos sanguíneos (B, AB e www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismen-


o próprio O). del11.php

110
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 13
Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos
seres vivos.

No Enem, os conceitos de genética são abordados principalmente no contexto médico. Com frequência, são
acompanhados de um heredograma que precisará ser cuidadosamente analisado pelo aluno. As informações
também podem ser dadas no enunciado, exigindo que o aluno saiba montar as relações familiares e aplicar
os conceitos estudados. Além disso, as questões ainda podem exigir do aluno conhecimentos de citologia,
gametogênese e imunologia.

MODELO 1
Antes de técnicas modernas de determinação de paternidade por exame de DNA, o sistema de determinação
sanguínea ABO foi amplamente utilizado como ferramenta para excluir possíveis pais. Embora restrito à análise
fenotípica, era possível concluir a exclusão de genótipos também. Considere que uma mulher teve um filho
cuja paternidade estava sendo contestada. A análise do sangue revelou que ela era tipo sanguíneo AB e o filho,
tipo sanguíneo B.
O genótipo do homem, pelo sistema ABO, que exclui a possibilidade de paternidade desse filho é
a) IAIA
b) IAi
c) IBIB
d) IBi
e) ii

ANÁLISE EXPOSITIVA
Se o pai fosse IAIA , ele apenas poderia enviar o alelo IA para a criança. Na presença do alelo IA é impossível que
a criança tenha o fenótipo Tipo B, tendo em vista que há codominância entre os alelos IA e IB.

RESPOSTA Alternativa A

111
DIAGRAMA DE IDEIAS

SISTEMA ABO

• AGLUTINOGÊNIO: GLICOPROTEÍNA NA MEMBRANA DA HEMÁCIA


CONCEITOS
• AGLUTININA: ANTICORPOS

FENÓTIPO A B AB O

GENÓTIPO IAIA, IAi IBIB, IBi IAIB ii

AGLUTINOGÊNIO A B AEB NENHUM

ANTI-A
AGLUTININA ANTI-B ANTI-A NENHUM
ANTI-B

112
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicas.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científ-
ico-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.

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