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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Herlan Fellini
Felipe Filatte
Kevork Soghomonian

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor-editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


Raphael de Souza Motta

Imagens
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)

ISBN: 978-65-88825-86-0

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e
localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição
para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para
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2021
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SUMÁRIO

FÍSICA
ASTRONOMIA E ESTÁTICA
Aulas 45 e 46: Leis de Kepler 6
Aulas 47 e 48: Força gravitacional   17
Aulas 49 e 50: Equilíbrio do ponto material  29
Aulas 51 e 52: Equilíbrio do corpo extenso  36

HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
Aulas 45 e 46: Hidrostática: conceitos iniciais 50
Aulas 47 e 48: Hidrostática: empuxo  61
Aulas 49 e 50: Hidrodinâmica 71
Aulas 51 e 52: Grandezas físicas  79

INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA E FÍSICA MODERNA


Aulas 45 e 46: Indução eletromagnética: conceitos iniciais 90
Aulas 47 e 48: Indução eletromagnética: Lei de Faraday  100
Aulas 49 e 50: Mecânica quântica  115
Aulas 51 e 52: Teoria da relatividade  129
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Dentre os temas deste livro, o mais frequente é Dentre os assuntos mais abordados deste
estática de um corpo material, com aplicações livro, podem aparecer com mais frequência
do cotidiano, diferenciando os tipos de questões sobre equilíbrio de corpos, que é
alavanca e aplicando o conceito de equilíbrio o tema estática de corpos extensos, com
do corpo. questões mais objetivas.

Dentre os assuntos mais abordados deste livro, Estática de corpos extensos, mesmo com Dentre os temas deste livro, o que pode apa-
podem aparecer com mais frequência questões baixa incidência no vestibular, é o que recer com mais frequência é estática de corpos
sobre atrações gravitacionais, como entre satélites e pode aparecer com certa frequência, extensos, com questões mais objetivas.
a Terra, ou um certo planeta e o Sol. exigindo conhecimento de equilíbrio de
corpos extensos.

Dentre os temas abordados neste livro, podem A prova tem grande variação de temas, porém, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
aparecer estática de ponto material, exigindo podem aparecer questões relacionadas com temas. Eventualmente, pode aparecer o porém, pode aparecer alguma questão
conhecimento de montar o diagrama de forças forças gravitacionais. conteúdo de força gravitacional. relacionada à força gravitacional entre corpos
no corpo estudado, e, possivelmente, alguma e às leis de Kepler.
questão sobre força gravitacional entre
planetas, a Terra e o Sol.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
Eventualmente, podem aparecer questões temas, porém, podem aparecer questões porém, pode aparecer alguma questão sobre
sobre problemas de mecânica relacionados sobre estática de ponto material, exigindo força gravitacional.
ao equilíbrio de um corpo considerado ponto interpretação de desenhos.
material.

Eventualmente, podem aparecer questões A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de temas,
sobre estática de um ponto material, exigindo Eventualmente, podem aparecer questões so- porém, podem aparecer questões relacionadas
conhecimento de forças aplicadas em um bre força gravitacional, exigindo conhecimento ao equilíbrio de forças em um corpo extenso,
corpo em equilíbrio. básico da gravitação. exigindo conceitos fundamentais do torque
de forças.
ASTRONOMIA E
ESTATÍSTICA

5
As principais teorias propostas por eles se dividem em dois
AULAS 45 e 46 grupos: as geocêntricas e as heliocêntricas. Nas teorias ge-
ocêntricas, a Terra ocuparia uma posição que seria o centro
do Universo (o prefixo geo vem do grego ge, que significa
“terra”), e todos os demais astros estariam girando em tor-
no da Terra. Nas teorias heliocêntricas, o centro do Univer-
so seria ocupado pelo Sol (hélio vem do grego helios, que
significa “Sol”), e a Lua, a Terra e os outros astros estariam
LEIS DE KEPLER girando em torno dele.
As teorias heliocêntricas foram abandonadas, por terem pou-
cos seguidores, uma vez que era muito difícil naquela época
aceitar a ideia de que a Terra se movia. Outro fator impor-
tante foi que Aristóteles (384-322 a.C.), o filósofo de maior
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 prestígio da Antiguidade, defendia uma teoria geocêntrica.
No século II, surgiu a teoria geocêntrica que dominou o
HABILIDADES: 1, 17 e 20 pensamento ocidental até o século XVI: a teoria de Cláudio
Ptolomeu (d.C. 100-178).

2. O sistema geocêntrico
1. As primeiras teorias de Ptolomeu
A figura apresenta um dos modelos geocêntricos anterio-
res a Ptolomeu.

Nesse modelo, a Lua, o Sol e os cinco planetas conhecidos


na época (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) teriam
órbitas circulares em torno da Terra (que não era considera-
Na Antiguidade, diferentes povos fizeram observações dos da planeta), com movimentos uniformes. A circunferência
movimentos dos astros e, com algumas das regularidades mais externa seria uma casca esférica onde estariam fixa-
observadas, dividiram, por exemplo, o ano em aproximada- das as estrelas. Como o movimento da casca também seria
mente 365 dias. No entanto, essas civilizações apenas ob- uniforme, as estrelas se moveriam mantendo suas posições
servavam e descreviam o movimento dos astros, sem pro- relativas, e, por isso, chamadas de estrelas fixas. Os outros
por teorias que explicassem os movimentos observados. A astros teriam movimentos independentes uns dos outros,
partir do século VI a.C., os filósofos gregos propuseram as e cada um completaria uma volta em torno da Terra em
primeiras teorias para esses movimentos. tempos diferentes.

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É importante notar que os telescópios ainda não tinham sido Em outros casos, foi necessário supor que o centro da de-
inventados (eles só apareceram no século XVII) e todas as ferente fosse um ponto B, que não coincidia com o centro
observações eram feitas a olho nu. Assim, poucos astros eram da Terra (figura anterior). Além dessas, ainda outras modi-
conhecidos e divididos em dois grupos: as estrelas fixas e os ficações foram feitas por Ptolomeu em sua teoria, que não
planetas (o Sol e a Lua também eram considerados planetas), mencionaremos aqui.
que se moviam independentemente uns dos outros (a pala-
Esse modelo, proposto por Ptolomeu, apesar de complexo,
vra planeta vem do grego planetes, que significa “errante”).
explicava de forma aproximada os movimentos dos astros
No entanto, verificou-se que o modelo da figura não expli- e, por isso, não foi contestado até meados do século XVI.
cava os então observados movimentos dos planetas. Pto-
lomeu introduziu várias modificações na teoria existente,
aprimorando esse modelo. 3. O modelo heliocêntrico
Uma das modificações feita por Ptolomeu foi a introdução de Copérnico
do epiciclo (figura abaixo) para alguns planetas.
No século XVI, o monge polonês Nicolau Copérnico (1473-
1543) apresentou um modelo do movimento dos astros. A
figura apresenta um esquema simplificado desse modelo
proposto por Copérnico, com os planetas orbitando o Sol.

Com essa modificação, o planeta não orbitaria diretamente


a Terra em uma trajetória circular, mas se moveria em uma
órbita circular em torno do ponto A (chamado epicentro), e
o epicentro, por sua vez, teria uma órbita circular centrada
na Terra. Para a órbita em torno do ponto A foi dado o
nome epiciclo, e à órbita do ponto A em torno da Terra foi
dado o nome deferente.
A figura a seguir ilustra um dos casos em que foi necessário
recorrer a mais de um epiciclo para se explicar o movimen-
to do planeta.

Modelo simplificado do sistema heliocêntrico de Copérnico

No modelo de Copérnico, a Lua tem órbita em torno da


Terra, a qual, além de orbitar o Sol em um ano também
teria um movimento de rotação com período de 24 horas.
A esfera das estrelas fixas ficaria imóvel e o movimento
observado das estrelas seria devido à rotação da Terra.
Como mencionado, a figura ilustra simplificadamente o
modelo. Como Ptolomeu, Copérnico também utilizou re-
cursos mais complexos (epiciclos, etc.) para explicar alguns
dos movimentos e, assim, seu modelo era tão complexo
quanto o de Ptolomeu. Outra característica comum aos
dois modelos é que ambos explicavam apenas aproxima-
damente os movimentos dos planetas.

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4. As Leis de Kepler como um planeta do Sistema Solar. Porém, em um congres-
so da União Astronômica Internacional realizado naquele
O alemão Johannes Kepler (1571-1630) criou uma teoria ano, ficou decidido que, por ter características diferentes
mais precisa e simples que as teorias anteriores de Ptolo- daquelas dos outros planetas, Plutão passaria à categoria
meu e Copérnico. Essa teoria foi publicada na forma de três de planeta-anão.
leis, entre 1609 e 1619. Hoje, sabemos que essas três leis
estão corretas.

4.1. Primeira Lei de Kepler


O sistema adotado por Kepler era heliocêntrico com a Lua
girando em torno da Terra, a qual, juntamente com os ou-
tros planetas, obedeceria à seguinte lei: multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Primeira Lei de Kepler: Lei das Órbitas Elípticas

4.2. Segunda Lei de Kepler


Como ilustrado pela figura, imagine uma linha ligando o Sol
Os planetas movem-se em trajetória elíptica, com o a um planeta. Após o movimento do planeta, por exemplo,
Sol na posição em um dos focos da elipse. entre P e P’, durante um intervalo de tempo Dt, essa linha
percorre uma região do espaço caracterizando uma região
de área A. Calculando a área A, “varrida pela linha” para
O periélio é o ponto da órbita (trajetória) que está mais pró- vários intervalos de tempo, Kepler chegou à sua segunda lei:
ximo do Sol, e o afélio é o ponto que está mais afastado
(figura acima).
Quando a Terra está no periélio é verão no hemisfério norte e
inverno no hemisfério sul. O oposto ocorre quando a Terra está
no afélio, isto é, é verão no hemisfério sul e inverno no hemis-
fério norte. Apesar de ser elíptica, a órbita da Terra possui pe-
quena excentricidade, isto é, a trajetória é praticamente circular.
Mas desse modo não deveria existir muita discrepância entre
diferentes épocas do ano. Porém, o eixo de rotação da Terra é A linha que liga o Sol a um planeta varre áreas iguais
inclinado em relação ao plano da órbita e essa inclinação causa
em intervalos de tempo iguais.
as diferentes estações do ano.
As órbitas dos planetas estão aproximadamente contidas em
um mesmo plano, sendo o plano da órbita da Terra chamado Uma consequência dessa lei é a velocidade variável do pla-
plano da eclíptica. Como já mencionado para a órbita da neta. Para mostrar essa consequência, comparemos a área
Terra, as órbitas apesar de serem elipses têm pequenas ex- A1 com a área A2 da figura abaixo. Para as áreas serem
centricidades, isto é, são quase circunferências. A figura abai- iguais, o arco BC deve ser maior do que o arco DE. Porém,
xo representa os oitos planetas conhecidos e o movimento se o planeta percorrer esses arcos no mesmo intervalo de
que fazem em torno do Sol. tempo, é preciso que a velocidade do planeta no trecho BC
seja mais rápida que no trecho DE. Portanto:

Na época de Kepler, os planetas Urano e Netuno não eram A velocidade de um planeta é variável. A velocidade aumenta à medida que se
conhecidos. Também, até o ano de 2006, admitia-se Plutão aproxima do Sol e diminui à medida que se afasta do Sol.

8
De modo equivalente, o movimento de um planeta é acele-
rado à medida que vai do afélio para o periélio, e o movimen- Distância
Período Constante
Planeta média ao Sol
to é retardado à medida que vai do periélio para o afélio. De (anos) de Kepler
(UA ≅ 15.1010m)
acordo com essa lei, é fácil perceber que, se a trajetória fosse
exatamente circular, o movimento seria uniforme. Júpiter 11,85654 5,203 0,9981

Saturno 29,44750 9,537 0,9997

Urano 84,01697 19,191 0,9987

Netuno 164,79124 30,069 0,9989

​ T  é praticamente o
2
Como podemos observar, o valor de __
R3
mesmo para todos os planetas.
multimídia: vídeo É interessante notar que as leis de Kepler valem para qual-
quer sistema semelhante ao Sistema Solar. Essas relações
Fonte: Youtube são válidas sempre que um corpo de massa “grande” é or-
Segunda Lei de Kepler (Astronomia) bitado por corpos de massas “pequenas”, como na situação
de um planeta e seus satélites.
A Terra tem apenas um satélite natural, que é a Lua. O planeta
4.3. Terceira Lei de Kepler Saturno, por exemplo, tem vinte satélites que giram em torno
Kepler também encontrou uma relação entre o período (T) dele, obedecendo, aproximadamente, às três leis de Kepler. Es-
de cada planeta, isto é, o tempo que cada planeta gasta sas leis aplicam-se também aos satélites artificiais que orbitam
para executar uma volta completa em torno do Sol e a me- a Terra. Nesse caso, supõe-se, geralmente, que as órbitas são cir-
dida do semieixo maior (R) da elipse da órbita. culares e, assim, o raio médio coincide com o raio R da trajetória.
Também é possível chegar a resultados próximos utilizan-
A relação obtida foi:
do-se o raio médio, em vez do do semieixo maior.
planeta

A Sol A`

multimídia: vídeo
a a Fonte: Youtube
Física - Gravitação - Leis de Kepler
​ T  = constante
2
​  __
R3

Essa relação expressa que o cubo da média da distância do Aplicação do conteúdo


planeta do Sol e o quadrado do período da órbita de um
planeta são diretamente proporcionais. 1. Os semieixos maiores da órbita da Terra e da órbita
de Marte em torno do Sol são 1,5 · 1011 m e 2,3 · 1011
​ ​ T ​ 
2
Na tabela a seguir, apresentamos os valores de R, T e __ m, respectivamente. Calcule o período de translação de
R3
para os oito planetas que giram em torno do Sol. Marte, isto é, o tempo gasto para o planeta completar
Os dados da terceira Lei de Kepler para uma volta em torno do Sol.
os planetas do Sistema Solar

Distância
Período Constante
Planeta média ao Sol
(anos) de Kepler
(UA ≅ 15.1010m)

Mercúrio 0,24085 0,387 1,001

Vênus 0,61520 0,723 1,001

Terra 1,00000 1,000 1,000

Marte 1,88071 1,524 0,999

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DS DS
Resolução: AA = AP → DSA · rA = DSP · rP → ___
​   ​A  rA = ___
​   ​p  · rP
Dt Dt
Resumindo as informações apresentadas acima, temos: → vA · rA = vP · rP →
v ·r
TT = período de translação da Terra = 1 ano → vA = ____
​  Pr  ​P  = 29 km/s
A
A figura mostra que a passagem no afélio caracteriza o
TM = período de translação de Marte = ?
solstício de inverno no hemisfério sul.
RT = medida de semieixo maior da órbita da Terra Logo, a resposta correta é a alternativa B.
RM = medida do semieixo maior da órbita de Marte 3. (UFV) A figura ilustra dois satélites, S1 e S2, colocados
em órbitas circulares, de raios R1 e R2, respectivamente,
Pela terceira lei de Kepler, temos: em torno da Terra.

R 3 RT3 ___
___
​  M2 ​ = ___
TM TT
R 3 TM2
​  2 ​  → ​  M3 ​  = ___
RT TT (  ) (  
​  2 ​  → ​__
T 2 2,3 · 1011 3
​  M ​  ​ = ​_______
1
​ 
1,5 · 1011)
 ​   

→ TM < 1,9 ano


2. (UFG) As estações do ano devem-se basicamente à
inclinação do eixo de rotação da Terra, a qual possui
um período de precessão próximo de 26.000 anos. Na
época atual, os solstícios ocorrem próximos ao afé-
lio e ao periélio. Dessa maneira, o periélio ocorre no
mês de dezembro, quando a distância Terra–Sol é de
145 · 106 km, e a velocidade orbital da Terra é de 30 Após análisar a figura, é CORRETO afirmar que:
km/s. Considere que, no afélio, a distância Terra–Sol é a) a aceleração é nula para S1 e S2;
de 150 · 106 km. Nesse sentido, a velocidade de trans- b) a velocidade de S2 é maior que a velocidade de S1;
lação da Terra no afélio e o momento astronômico c) a aceleração de S2 é igual à aceleração de S1;
que caracteriza o início da respectiva estação do ano d) a aceleração de S2 é maior que a aceleração de S1;
devem ser:
e) a velocidade de S1 é maior que a velocidade de S2.
a) 28 km/s durante o solstício de verão do hemisfério norte.
b) 29 km/s durante o solstício de inverno do hemisfério sul. Resolução:
c) 29 km/s durante o equinócio de outono do hemisfério sul. Segundo as leis de Kepler vistas anteriormente, quanto mais
d) 31 km/s durante o equinócio de primavera do he- afastado um planeta está de sua estrela, maior será o perío-
misfério sul. do de revolução do mesmo, e menor sua velocidade. Dessa
e) 31 km/s durante o solstício de verão do hemisfério norte. maneira, a velocidade de S1 é maior que a velocidade de S2.
Resolução: Alternativa E
Dados: rA = 150 · 106 km; rP = 145 · 106 km; vP = 30 km/s
4. (UFPI)
Considerando um intervalo de tempo bem pequeno na
passagem da Terra pelo periélio e pelo afélio, os arcos (DSA
e DSP) podem ser aproximados por segmentos de reta.
Pela segunda lei de Kepler, as duas áreas triangulares de-
marcadas (AA e AP), mostradas na figura, são iguais, de
alturas aproximadamente iguais aos próprios raios.

Como ilustrado na figura, um planeta gira, em órbita


elíptica, em torno do Sol. Considere as afirmações:
I. Na posição A, a quantidade de movimento linear do
planeta tem módulo máximo.
Aplicando, então, a segunda lei e dividindo membro a II. Na posição C, a energia potencial do sistema (Sol +
membro por Dt: planeta) é máxima.

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III. Na posição B, a energia total do sistema (Sol + pla- Considerando que o texto se refere a Galileu Galilei
neta) tem um valor intermediário, situado entre os cor- (1564-1642):
respondentes valores em A e C. a) identifique uma das “leis” do mundo natural pro-
Assinale a alternativa correta. posta por ele;
b) indique dois dos principais motivos pelos quais ele
a) I e III são verdadeiras. foi julgado pelo Tribunal da Inquisição.
b) I e II são verdadeiras.
c) II e III são verdadeiras. Resolução:
d) Apenas II é verdadeira. a) Galileu é um dos proponentes do heliocentrismo,
teoria que previa a movimentação dos planetas ao
e) Apenas I é verdadeira.
redor do Sol. Galileu, por meio da observação, foi ca-
Resolução: paz de reforçar o discurso de outros sábios, que esta-
vam se tornando cientistas, no final da Idade Média e
A primeira afirmação é correta, pois, no periélio, o planeta início da Idade Moderna. Todos os corpos em queda
possui velocidade máxima, e, por consequência, o momen- livre na ausência de resistência do ar caem com a
to linear tem valor máximo (momento linear é o produto da mesma aceleração independentemente da massa.
massa pela velocidade). b) Galileu foi julgado pela Inquisição por alguns motivos,
entre eles a proposta do heliocentrismo, o que contrariava a
A segunda afirmação é correta, pois é nessa posição (afé- visão de mundo da Igreja católica – defensora do geocentris-
lio) em que o planeta está mais afastado da estrela e pos- mo. Outro motivo que podemos apontar é a forma de produ-
sui menor velocidade, e, por consequência, menor energia ção do conhecimento proposta por ele e seus pares. A noção
cinética. Por conservação da energia mecânica, quanto de se produzir conhecimento a partir da observação (como
o tempo de queda livre independer da massa) e usando ins-
menor a energia cinética, maior será a energia potencial.
trumentos, tais como a luneta, e com um método próprio (o
A terceira afirmativa é falsa. A energia mecânica é constan- método científico), preocupava a Igreja católica que, naquele
te quando existem apenas forças conservativas. momento, ainda era a maior detentora de conhecimentos
capazes de explicar o funcionamento do universo.
Alternativa B
2. (IFSP) Os planetas do Sistema Solar giram em tor-
Massas e períodos dos planetas em relação à Terra
no do Sol. A Terra, por exemplo, está a aproximada-
Planeta Massa Período (área territorial) mente 150 milhões de km (1u.a.) do Sol e demora
Mercúrio 0,054 0,241 1 ano para dar uma volta em torno dele. A tabela a
Vênus 0,814 0,815
seguir traz algumas informações interessantes sobre
o Sistema Solar.
Terra 1,000 1,080
Distância média Diâmetro
Marte 0,107 1,881 Planeta
ao Sol (u.a.) equatorial (km)
Júpiter 317,45 11,865
Mercúrio 0,4 4.800
Saturno 95,00 29,650
Vênus 0,7 12.000
Urano 14,6 89,745
Terra 1,0 13.000
Netuno 17,6 165,951 Marte 1,5 6.700

Massa da Terra (M1) ≃ 5,98 ∙ 10 kg 24 Júpiter 5,2 140.000


Saturno 9,5 120.000
Massa do Sol ≃ 333.000 MT ≃ 1,99 ∙ 1030 kg
​  1   ​  M ≃ 7,3 ∙ 1022 kg
Massa da Lua ≃ ____
Urano 20,0 52.000
81,3 T Netuno 30,0 49.000
Período da Terra (1 ano terrestre) ≃ 365,2 dias
De acordo com a tabela, a razão entre os diâmetros
Período de rotação da Terra ≃ 23h 56 min 4s equatoriais de Júpiter e da Terra vale, aproximadamente:
Período da Lua em torno da Terra ≃ 27,3 dias a) 10,8.
b) 0,2.
Aplicação do conteúdo c) 0,9.
d) 1,0.
1. (Fuvest) O grande mérito do sábio toscano estava e) 5,2.
exatamente na apresentação de suas conclusões na for-
ma de “leis” matemáticas do mundo natural. Ele não Resolução:
apenas defendia que o mundo era governado por essas A razão (r) pedida é:
“leis”, como também apresentava as que havia “desco- D 140.000 ___
berto” em suas investigações. r = ___
​  J  ​ = ______
​  = ​ 140 ​   ⇒ r ≅10,8
 ​  

DT 13.000 13
Carlos Z. Camenietzki, Galileu em sua órbita. 01/02/2014.
www.revistadehistoria.com.br. Alternativa A

11
3. (Udesc) Um satélite artificial, em uma órbita geoes- Resolução:
tacionária em torno da Terra, tem um período de órbita
de 24 h. Para outro satélite artificial, cujo período de Sabendo que:
órbita em torno da Terra é de 48 h, o raio de sua órbita, Rx = 10 . RT
sendo RGeo o raio da órbita geoestacionária, é igual a:
a) 3 ∙ RGeo. TT = 1 ano
b) 31/4 ∙ RGeo. Tx = ?
c) 2 ∙ RGeo. Utilizando a terceira lei de Kepler:
d) 41/3 ∙ RGeo.
e) 4 ∙ RGeo. R 3 RT2
___
​  2x ​ = ___
​   2 ​ 
Tx TT
Resolução:
(10 . RT)3 ___
_______ RT3
Aplicando a terceira lei de Kepler ao sistema Terra–satéli- ​   ​=  
  ​   ​ 
Tx2 12
tes, podemos relacionar os períodos de revolução às suas
​ 1000
____  ​  = 1
distâncias médias em relação ao centro da Terra. Tx2
T​ 2​   T​2 2​   ______
___ (24 h)2 ____(48h)2 Tx2 = 1000
​   31  ​  = __
​   3 ​  ⇒ ​   3  ​    ⇒
= ​   3 ​    _____
R​1​   R​​  
2 Geo R​  ​   
2 R​​  Tx = √
​ 1000 ​ 
______


3 (48 h)2
R2 = ​  ______
​     ​  
· R3    ∴ R2 = 41/3 · RGeo
(24 h)2 Geo Alternativa E
Tx ≈ 32 anos

Alternativa D

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO.

Em seu livro O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry


imaginou haver vida em certo planeta ideal. Tal planeta teria
dimensões curiosas e grandezas gravitacionais inimaginá-
veis na prática. Pesquisas científicas, entretanto, continuam
sendo realizadas e não se descarta a possibilidade de haver
multimídia: site
mais planetas no sistema solar, além dos já conhecidos.
Imagine um hipotético planeta, distante do Sol 10 vezes educacao.globo.com/fisica/assunto/mecanica/leis-de-
mais longe do que a Terra se encontra desse astro, com -kepler.html
massa 4 vezes maior que a terrestre e raio superficial igual
à metade do raio da Terra. Considere a aceleração da gra-
vidade na superfície da Terra expressa por g.
4. (FGV) Esse planeta completaria uma volta em torno
do Sol em um tempo, expresso em anos terrestres, mais
próximo de:
a) 10. d) 28.
b) 14. e) 32.
c) 17.

12
VIVENCIANDO

O bilionário sul-africano Elon Musk tem um plano audacioso: transformar a humanidade numa raça multiplanetária.
Parte desse projeto é tornar o planeta Marte habitável para seres humanos. Recentemente, Musk publicou um artigo
descrevendo uma espaçonave gigantesca que transportaria 100 pessoas até o planeta vermelho, para daqui um
século tornar Marte um planeta habitável e sustentável.
A viagem interplanetária alimenta constantemente a imaginação de artistas e cientistas. Inspirado por um livro de
ficção científica chamado Two Planets, e pela terceira lei de Kepler, o engenheiro alemão Walter Hohmann criou uma
manobra para mover uma espaçonave entre duas órbitas diferentes, que é a rota mais eficiente para ir da Terra à
Marte. As leis propostas por Kepler, apesar de serem criadas há muitos séculos, influenciam diretamente como enten-
demos os objetos espaciais, sejam criados por nós ou não.

Órbita de transferência de Hohmann (em amarelo): transferência entre duas órbitas aproximadamente circulares.
A órbita azul é a da Terra e a vermelha se refere à de Marte, ambas com o Sol como centro.

13
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

Essa habilidade cobra do aluno que seja capaz de descrever o movimento de corpos celestes. Especificamente
nesta aula, o aluno deverá compreender o funcionamento das Leis de Kepler e como elas regem o movimento dos
astros, desde o sistema solar até um conjunto de satélites artificiais que orbitam a Terra, por exemplo.

MODELO 1
(Enem) A característica que permite identificar um planeta no céu é o seu movimento relativo às estrelas fixas.
Se observarmos a posição de um planeta por vários dias, verificaremos que sua posição em relação às estrelas
fixas se modifica regularmente. A figura destaca o movimento de Marte observado em intervalos de 10 dias,
registrado da Terra.

Qual a causa da forma da trajetória do planeta Marte registrada na figura?


a) A maior velocidade orbital da Terra faz com que, em certas épocas, ela ultrapasse Marte;
b) A presença de outras estrelas faz com que sua trajetória seja desviada por meio da atração gravitacional;
c) A órbita de Marte, em torno do Sol, possui uma forma elíptica mais acentuada que a dos demais planetas;
d) A atração gravitacional entre a Terra e Marte faz com que este planeta apresente uma órbita irregular
em torno do Sol;
e) A proximidade de Marte com Júpiter, em algumas épocas do ano, faz com que a atração gravitacional de
Júpiter interfira em seu movimento.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Considerando órbitas circulares, a força gravitacional age como resultante centrípeta. Sendo m a massa
do planeta, M a massa do Sol e r o raio da órbita do planeta:

14
Essa expressão final mostra que a velocidade orbital é inversamente proporcional à raiz quadrada do raio da
órbita. Como a Terra está mais próxima do Sol que Marte, sua velocidade orbital é maior, possuindo, em conse-
quência, também maior velocidade angular e menor período.

A figura mostra seis posições da Terra e as seis correspondentes posições de Marte, bem como a trajetória de
Marte para um observador situado na Terra. Os intervalos de tempo entre duas posições consecutivas são, apro-
ximadamente, iguais. Note que devido à maior velocidade orbital da Terra, da posição 1 até a 3, Marte parece
avançar, de 3 a 5 ele parece regredir, tornando a avançar de 5 a 6. Aliás, esse fenômeno foi um dos grandes
argumentos para que o heliocentrismo de Copérnico superasse o geocentrismo de Ptolomeu.

RESPOSTA Alternativa A

MODELO 2
(Enem) Sabe-se que a posição em que o Sol nasce ou se põe no horizonte muda de acordo com a estação do
ano. Olhando-se em direção ao poente, por exemplo, para um observador no Hemisfério Sul, o Sol se põe mais
à direita no inverno do que no verão.
O fenômeno descrito deve-se à combinação de dois fatores: a inclinação do eixo de rotação terrestre e a:
a) precessão do periélio terrestre.
b) translação da Terra em torno do Sol.
c) nutação do eixo de rotação da Terra.
d) precessão do eixo de rotação da Terra.
e) rotação da Terra em torno de seu próprio eixo.

ANÁLISE EXPOSITIVA
O fenômeno descrito depende também da posição relativa entre os corpos celestes, ou seja, do movimen-
to de translação da Terra em torno do Sol.

RESPOSTA Alternativa B

15
DIAGRAMA DE IDEIAS

MODELOS/TEORIAS

GEOCENTRISMO HELIOCENTRISMO
Terra no centro: Ptolomeu Sol no centro: Copérnico

KEPLER

1.a LEI 2.a LEI 3.a LEI


lei das órbitas lei das áreas lei dos períodos

Se A1 = A2, T2 = CTE
Órbita elíptica
então ∆t1 = ∆t2 R3

Sol em um
vperiélio > vafélio
dos focos

16
§ As trajetórias dos planetas em torno do Sol são trajetó-
AULAS 47 e 48 rias elípticas, o que indica que o Sol exerce uma força
de atração em cada planeta.

§ As três Leis de Kepler podem ser explicadas pela


seguinte relação:

Existe uma força de atração entre duas partículas


FORÇA GRAVITACIONAL de massa m1 e m2, cuja intensidade F é diretamente
proporcional ao produto das massas e inversamente
proporcional ao quadrado da distância R entre elas.

m · m2
F = G · ______
​  1 2 ​
  
R
COMPETÊNCIAS: 5e6

HABILIDADES: 17 e 20

R
Essa equação é a denominada lei da gravitação universal.
A constante de proporcionalidade G é denominada cons-
1. Introdução tante gravitacional universal e é determinada experi-
mentalmente. Seu valor no SI é:
Foi visto que a força-peso ou força gravitacional (da pala-
vra latina gravitas, que significa “peso”) é a força exercida G = 6,673 · 10-11
pela Terra sobre corpos próximos a ela. Newton, no século
A unidade de G pode ser verificada a partir da equação:
XVII, apresentou uma compreensão mais profunda dessa
força com sua lei da gravitação universal. m · m2
F = G · ______
​  1 2 ​


R

​ m R· m
2
G = F · ______    ​ 
1 2

No SI, a unidade da força F é o newton (N), a unidade da


distância R é o metro (m) e a unidade das massas m1 e m2
é o quilograma (kg):
​ N · m
2
Unidade de G = _____  ​  
kg 2

Assim:

​ N · m
2
G = 6,673 · 10–11 _____  ​
  
kg 2

Nota:
A palavra "universal", na expressão “lei da gravita-
ção universal”, tem o sentido de indicar que a lei é
válida para todos os corpos do Universo. Na época de
Newton, essa ideia não era óbvia. Até o século XVII, a
maior parte dos pensadores acreditava que os corpos
celestes obedeciam a leis diferentes das que regem os
Depois de estudar as Leis de Kepler, Newton chegou a duas corpos terrestres.
conclusões importantes:

17
A lei também é válida para corpos extensos, ainda que o Pela lei da gravitação universal, tem-se:
cálculo seja mais complicado. Entretanto, para dois corpos
mA · mB (8,0)(5,0)
esféricos em que a massa esteja distribuída de forma simé- F=G·​ ______
 ​  = (6,7 · 10–11) · _______
​   ​ 

=
trica, a lei da gravitação universal pode ser utilizada, sendo R2 (2,0)2
R a distância entre os centros das esferas (figura a seguir). = 6,7 · 10–10 N
Ou seja:
F = 0,00000000067 N

Como é possível observar no exercício anterior, quando a


massa dos objetos é pequena, a intensidade da força tam-
bém é muito pequena, tornando-se difícil de ser observada.
R Esse cenário é o que ocorre com os objetos no cotidiano:
pessoas, automóveis, pedras, etc., estão continuamente
Há duas considerações importantes sobre os movimentos se atraindo, mas com forças de intensidade desprezíveis.
dos planetas em torno do Sol: Somente quando um dos corpos tem massa “grande”,
§ De acordo com a lei da ação e reação, se o Sol exerce a força de atração gravitacional tem efeitos perceptíveis,
uma força de atração em um planeta, o planeta tam- como é o caso dos planetas, da Lua e do Sol. Para massas
bém exerce uma força de atração sobre o Sol. Assim, pequenas, a força tem valor pequeno devido ao valor de G
o Sol sofre uma força de atração de cada um dos ser muito pequeno. Dessa forma, a determinação de G em
planetas do sistema solar e, portanto, não fica em laboratório não é fácil, e tal feito foi realizado apenas em
repouso. No entanto, a massa do Sol é muito maior 1798 pelo inglês Henry Cavendish (1731-1810), 71 anos
que a dos planetas, e, consequentemente, o movi- depois da morte de Newton.
mento do Sol é muito menor em comparação com o
movimento dos planetas. Em geral, quando se tem
um corpo de massa m girando em torno de um corpo
2. Lei da gravitação universal
de massa M, tais que M >> m (lê-se “M muito maior e terceira Lei de Kepler
do que m”), admite-se que o corpo de massa M está
A seguir, será obtida a terceira Lei de Kepler, a partir da lei
praticamente em repouso.
da gravitação universal de Newton, para o caso particular
§ Assim, os movimentos dos planetas também devem em que a órbita (trajetória) do planeta é circular.
ser considerados com as forças de atração que existem Como na figura a seguir, considere o movimento circular,
entre cada par de planetas, além das forças que o Sol de raio R, e uniforme, de um planeta de massa m em tor-
exerce em cada planeta. no do Sol (supostamente em repouso), cuja_​›_ massa é M. A
figura indica apenas a força gravitacional F ​ ​   exercida pelo
Aplicação do conteúdo Sol sobre o planeta; mas_​›_ lembre-se de que também existe
a força gravitacional –​F ​,   que o planeta exerce sobre o Sol.
1. Calcule a intensidade das forças de atração entre
duas bolas de aço A e B, homogêneas, de massa 8,0 kg
e 5,0 kg, respectivamente, separadas por uma distância
R = 2,0 m. Adote G = 6,7 ⋅ 10-11 Nm²/kg²

Resolução:

Tem-se mA = 8,0 kg, mB = 5,0 kg, R = 2,0 m e


G = 6,7 · 10-11Nm²/kg².

18
Pela lei da gravitação universal, sabe-se que: 2.1. Satélite geoestacionário
​ M ·2m
F = G · _____  ​
   Como foi visto, a terceira Lei de Kepler é válida para a órbi-
R
_​›_ ta circular, de raior R, de um satélite artificial S em torno da
Contudo, a força F ​
​    é a resultante centrípeta que atua no Terra, cuja massa é M:
planeta. Então, sendo v o módulo da velocidade do plane-
​ G · M
​  R2 ​ = _____
3
__  ​ = constante
ta, tem-se: T 4p2
​ m ·  ​
F = _____ v2 
  Essa equação determina que, independentemente da mas-
R
sa do satélite, para cada valor de R existe um período bem
Igualando as duas equações, resulta: definido, T, da órbita.
Considere um satélite cuja órbita esteja no mesmo plano do
​ M ·2m
G · _____ m ·  ​
v2 
 = ​ _____
 ​   
R R equador da Terra e com movimento no mesmo sentido do
movimento de rotação da Terra. Caso o período T do movi-
d
​  G ·  ​ ​
XXXXX
v = ​ _____
R
M     mento do satélite seja igual ao período de rotação da Terra,
ou seja, 24 horas, o satélite será denominado geoesta-
cionário. Essa denominação se deve ao fato de que nessa
Essa equação determina a velocidade com que o planeta
situação um observador na Terra terá a impressão de que
orbita o Sol. Note que a velocidade do planeta não depen-
o satélite está parado no céu, ou seja, o satélite será visto
de de sua massa, mas apenas de G, M e R.
sempre na mesma posição, como ilustra a figura a seguir.
O período T do movimento pode ser calculado por:

​ 2pR
v = ____ ​
  
T

Das equações anteriores, obtém-se:

d ​  G ·  ​ ​
XXXXX M  2pR G ·  ​
M  4p2R ​2
​ _____ = ​ ____
    ​    → ​ _____  = ​ _____   
R T R T 2

ou ainda:
​ G · M
​ R2 ​ = _____
3
__  ​ 
T 4p2 As telecomunicações (televisão, telefonia, etc.) utili-
zam satélites geoestacionaários. Como ilustra a figura
A última expressão é a equação da terceira Lei de Kepler, uma
a seguir, um sinal enviado do ponto A para o satélite
​ G · M
vez que o termo _____  ​  

é constante para todos os planetas.
4p2 pode ser reemitido até o ponto B.
As equações anteriores podem ser utilizadas para o mo-
vimento de um corpo de massa pequena em torno de um
corpo de massa M muito “grande”. Um exemplo dessa si-
tuação são os satélites (naturais ou artificiais) girando em
torno de um planeta.

  

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Introdução à Gravitação - Física Geral - Mecânica

19
Os astronautas são devidamente treinados para se acos-
tumarem com a imponderabilidade. Eles são colocados
dentro de um avião especial que, depois de atingir grande
altitude, adquire a trajetória parabólica de queda livre, a
mesma que seria seguida por um projétil sob ação apenas
da gravidade. Obviamente, o experimento não dura muito
tempo. Em geral, dura em torno de 20 segundos.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Força gravitacional 3. Campo gravitacional
Qualquer massa possui um campo gravitacional em seu
entorno. A intensidade do campo é determinada pela
2.2. Imponderabilidade massa. Quanto maior for a massa, maior será a inten-
Uma nave espacial ou um satélite em órbita ao redor da sidade do campo. Nas proximidades da Terra, os corpos
Terra tem a velocidade dada pela equação: são atraídos para o centro do planeta devido ao cam-
po gravitacional terrestre. A força de atração, ou força
gravitacional, provoca a variação da velocidade (uma
dXXXXX
​ G ·  ​ ​
v = ​ _____
R
M     aceleração) nos corpos em queda livre. Essa aceleração
é uma característica específica do planeta, diretamente
relacionada à quantidade de matéria (massa) que ele
Sendo R o raio da órbita e M a massa da Terra. Como foi possui. Essa aceleração é denominada aceleração da
visto, a velocidade não depende da massa do satélite (ou gravidade, indicada pela letra g.
da nave espacial).
No caso do planeta
_​›_ Terra, de massa M e raio R, a força
No caso de uma nave espacial, a velocidade da nave e de gravitacional F ​
​  
  pela qual um corpo é atraído é o próprio
​___›
todos os objetos dentro da nave, incluindo os astronau- peso P ​
​   do corpo.
tas, são as mesmas. Nessa situação, os astronautas têm a
sensação de estarem flutuando. O que ocorre é chamado
de imponderabilidade, ou seja, o peso de cada corpo faz o F=P
papel de força centrípeta, mantendo o movimento circular.
​  M · m 
G · ______  ​ 
=m·g
(R + h)2

​  G · M 
g = ______  ​ 
(R + h)2

Se o corpo está na superfície do planeta, então h = 0:

​ M2  ​
gsuperficie = G · _____
R

Observe na tabela a seguir o valor aproximado da aceleração da gravidade na superfície de alguns corpos celestes do sis-
tema solar.

Corpo
Lua Mercúrio Vênus Terra Marte Júpiter Saturno Urano Netuno Plutão
celeste

g (m/s2) 1,7 3,8 8,5 9,8 3,7 24,9 10,4 10,3 13,7 8,1

20
A aceleração da gravidade de um planeta depende tan- Assim, o peso da nave é:
to de sua massa quanto de seu raio. Por exemplo, a Lua
P = m · g ä P = 120 · 103 · 9,10 ä
possui massa 81 vezes menor que a massa da Terra e raio
3,7 vezes menor. Por esse motivo, na superfície da Lua a ä P . 1092000 N ou P = 1,1 · 106 N
aceleração da gravidade é de aproximadamente 1/6 da
aceleração da gravidade na superfície da Terra. 2. (UFSC) Quer subir de elevador até o espaço? Apesar de
essa ideia já ter surgido há mais de 100 anos, um avanço
Observe também que a aceleração da gravidade diminui em nanotecnologia pode significar que iremos de eleva-
com a altitutde, ou seja, à medida que se afasta da super- dor até o espaço com um cabo feito de diamante ou de
fície do planeta. Para a Terra, a variação de g é dada pela carbono. A empresa japonesa de construção Obayashi in-
vestiga a viabilidade de um elevador espacial, visando a
tabela a seguir, para alguns valores de altitude.
uma estação espacial ligada ao equador por um cabo de
Para o planeta Terra 96000 quilômetros feito de nanotecnologia de carbono,
conforme a figura abaixo. A estação espacial orbitaria a
Altitude (km) g (m/s2) Terra numa posição geoestacionária e carros robóticos
0 9,83 com motores magnéticos levariam sete dias para alcan-
çar a estação espacial, transportando carga e pessoas
20 9,75
até o espaço por uma fração dos custos atuais.
60 9,63

100 9,51

200 9,22

multimídia: vídeo
01) A estação espacial japonesa deve possuir movi-
Fonte: Youtube
mento circular ao redor da Terra com velocidade line-
Considerando G o valor do campo gravitacional da Terra ar igual à velocidade linear de rotação da superfície
da Terra.
02) As pessoas que visitarem a estação espacial po-
derão flutuar no seu interior porque lá não haverá
Aplicação do conteúdo atração gravitacional.
04) A velocidade angular da estação espacial deve ser
1. Supondo-se que a Terra seja uma esfera homogênea
igual à velocidade angular de rotação da Terra.
de raio 6.370 km e massa igual a 5,98 · 1024 kg, calcule:
08) Um carro robótico terá, no trajeto da Terra até a
a) a aceleração da gravidade na superfície da Terra; estação espacial, vetor velocidade constante.
b) o peso de uma nave de 120 t que esteja a 250 km 16) O período do movimento da estação espacial ao
de altitude. redor da Terra deve ser igual ao período de rotação
Resolução: diária da Terra.
a) Dados: G = 6,67 · 10–11 · m2/kg2; R = 6,37 · 106 m; 32) A força de atração gravitacional da Terra será a
M = 5,98 · 1024 kg. força centrífuga, responsável por manter a estação
espacial em órbita.
A aceleração da gravidade na superfície é dada por: 64) O valor da aceleração da gravidade (g) na posição
da estação espacial terá um módulo menor que seu
5,98 · 1024
​ M2  ​= 6,67 · 10–11 · ________
g = G · __ ​   ​

 = 9,83 m/s2 valor na superfície da Terra.
R 6,37 · 106 Resolução:
b) Para 250 km = 0,25 · 106 m de altitude, a acele-
ração vale: 01) Falsa. A velocidade linear varia com o raio; por-
tanto, são as velocidades angular da estação e da
g = G · M · m/(R + h)2 = superfície da Terra que seriam iguais.
02) Falsa. A atração gravitacional na estação espacial
5,98 · 1024 seria equivalente a 0,04g. Ainda haveria a sensação
6,67 · 10–11 · ___________
​    ​ 
= 9,10 m/s2
(6,37 + 0,25)2 de imponderabilidade, mas com a gravidade reduzida.

21
04) Verdadeira. A velocidade angular seria a mesma, 4. (Acafe) A Nasa vem noticiando a descoberta de novos
pois o local da Terra onde o cabo estivesse ancorado planetas em nosso sistema solar e, também, fora dele.
faria uma volta completa na sua rotação, no mesmo Independente de estarem mais próximos ou mais afas-
tempo da estação espacial. tados de nós, eles devem obedecer às leis da gravitação
08) Falsa. À medida que o carro subisse no cabo da e da Física. Dessa forma, vamos imaginar um planeta
Terra rumo à estação, mesmo que com velocidade de (P) girando em volta de sua estrela (E), ambos com as
subida constante, a velocidade final seria a soma veto- características apresentadas na tabela a seguir.
rial com a velocidade linear que aumenta com a altura.
Com isso, a velocidade resultante também aumentaria. Objeto
Planeta (P) Estrela (E)
16) Verdadeira. Como as velocidades angulares da estação Característica
espacial e da superfície da Terra são iguais, os períodos e Massa
Dobro da massa Dobro da
frequências de rotação de ambos serão iguais entre si. da Terra massa do Sol

32) Falsa. A força responsável em manter a estação Metade do Mesmo raio


Raio do objeto
raio da Terra do Sol
em órbita é a força centrípeta devido ao peso.
64) Verdadeira. Considerando o raio da Terra de apro- Raio da órbita Triplo do raio
(distância entre os da órbita da ---
ximadamente 6.400 km, então a altura da estação centros de massa) Terra ao Sol
equivale, em raios da Terra, a:
Utilize o que foi exposto acima e os conhecimentos físicos
​ 96000 ​ 
h(RT) = _____ = 15 RT
  para colocar V, quando verdadeiro, ou F, quando falso,
6400
nas proposições a seguir.
Como o peso equivale à força gravitacional: ( ) A gravidade na superfície do planeta P é 8 vezes
maior que a gravidade da superfície da Terra.
​ GMm
P = Fg → mg = _____ ​  GM   ​  
→ g = _________
 ​    ( ) A força gravitacional entre o planeta P e sua estre-
d2 (RT + 15RT)2 la (E) é 4/9 da força gravitacional entre a Terra e o Sol.
gsup. ( ) A gravidade na superfície do planeta P é 4 vezes
​  GM2  ​ →
g = ______ ​  GM 2 ​  
  g = _______ ∴ gest. = ___
​   ​  ≈ 0,004gsup. maior que a gravidade da superfície da Terra.
(16RT) 256(RT) 256
( ) A velocidade orbital
__
(linear) do planeta P em torno
Assim, a aceleração da gravidade sentida na estação es-
pacial seria aproximadamente de 0,4% da aceleração da √ 2
__
da estrela (E) é ​ ​    ​ ​  da velocidade orbital da Terra em
torno do Sol.
3
gravidade da superfície da Terra.
( ) A força gravitacional entre o planeta P e sua estre-
3. (IFBA) Considere que um satélite de massa = 5,0 kg la (E) é maior que a força gravitacional entre a Terra
seja colocado em órbita circular ao redor da Terra, a e o Sol.
uma altitude h = 650 km. Sendo o raio da Terra igual a
A sequência correta, de cima para baixo, é:
6.350 km, sua massa igual a 5,98 · 1024 kg e a constante
de gravitação universal G = 6,67 · 10-11 N · m2 /Kg2 , o a) F – F – V – V – V.
módulo da quantidade de movimento do satélite, em b) V – V – F – V – F.
kg · m/s, é, aproximadamente, igual a:
c) F – V – V – F – F.
a) 7,6 × 103. d) 2,8 × 1011.
d) V – F – V – F – V.
b) 3,8 × 104. e) 5,6 × 1011.
c) 8,0 × 104. Resolução:
Resolução:
Verdadeira. Fazendo a razão entre as forças gravitacio-
nais colocando os dados em função da Terra, tem-se:
A velocidade orbital é obtida igualando-se a força centrípe-
______ 2MT
ta e a força gravitacional: ​    ​  
_____ (0,5R )2 F
Fp

​  G ·  ​ ​
M    T
m · v /R = G · M · m/R → v = ​ _____
2 2 __ ______
​   ​ = ​        ​ __

p
​   ​ = 8
R FT ____ MT FT
​    ​  
A intensidade da quantidade de movimento linear é dada por: (RT)2
_____
Q = m · v → Q = m · ​ _____
______ R√
​  G ·  ​ ​
M   → Verdadeira. Fazendo a razão entre as forças gravitacionais
dos planetas e sua estrela usando a referência da Terra:


6,67 10-11 N · m2/kg2 · 5,98 · 1024kg
Q = 5kg · ​ ​ ______
  
  
(650000 m + 6350000m)
 ​ ​
F__
2M  2MT
______
​  s 2 ​
(3R)

  F
Q = 37742,8 kg · __​ m m
__
s ​ = 3,8 · 10 kg · ​ s ​ 
4
​  PE ​ = ______
​   ​ 
 → __ ​ 4 ​ 
​  PE ​  = __
FTS ____ MS · MT FTS 9
​   2 ​    
Alternativa B (R)

22
Falsa. Essa razão já foi calculada na primeira afirmativa. F = ma (1)
Verdadeira. A velocidade orbital, quando aproximada a ​ G M
F = ______ m  
 ​ (2)
r2
uma trajetória circular, fornece a seguinte expressão:
_____
Para o MCU, a aceleração é centrípeta:


​ G ·  ​ ​
v = ​ _____
R
M    Substituindo (3) em (1) e igualando a (2), tem-se:
​ 4π2 ​
r   ​ G 2M
2
____ = ____  ​  
Em que G é a constante de gravitação universal, M é a T r
massa da estrela, R é a distância entre os centros de massa Isolando a massa de Plutão:
e v é a velocidade orbital.
​ 4π 2 ​r  
2 3
M = _____  
Assim, fazendo a razão entre as velocidades orbitais da Ter- GT
ra e do planeta P, tem-se: Com isso, para determinar a massa de um planeta, é preciso
____ obter apenas a distância entre o satélite e o planeta para uma


____ 2M __ órbita circular, em MCU, e o período de cada volta completa.
v__P ____ ​   ​S   v

___
3R
v​  T ​ = ​ ​  M  ​ ​  ∴
S
​   ​ 
__ P
√ __2
  ​   ​ = ​ ​   ​ ​  
vT 3 Alternativa A
R
6. (Epcar (Afa)) Considere a Terra um planeta esférico, ho-
Falsa. Foi determinado na segunda afirmativa. mogêneo, de raio R, massa M concentrada no seu centro
Alternativa B de massa e que gira em torno do seu eixo E com veloci-
dade angular constante ω isolada do resto do universo.
5. (UPE-SSA 1) Em 16 de julho de 2015, a equipe da Um corpo de prova colocado sobre a superfície da Terra, em
Nasa, responsável pela sonda New Horizons, que tirou
fotografias de Plutão, publicou a seguinte mensagem:
um ponto de latitude ϕ, descreverá uma trajetória circular de
raio r e centro sobre o eixo E da Terra, conforme a figura abaixo.
Uau! Acabamos de tirar mais de 1.200 fotos de Plutão. Nessas condições, o corpo de prova ficará sujeito a uma força
Vamos tentar ter mais algumas enquanto estamos na vizi- de atração gravitacional F que admite duas componentes, uma
nhança. #PlutoFlyBy centrípeta, Fcp, e outra que traduz o peso aparente do corpo, P.
Disponível em: Twitter.com, usuário: @NASANewHorizons.
Publicado em 16 de julho de 2015, traduzido e
acessado em 19 de julho de 2015.

Uma das fotografias mostrava uma cadeia de montanhas


em sua superfície. Suponha que você é um participante da
missão aqui na Terra e precisa auxiliar a equipe no cálcu-
lo da massa de Plutão. Assinale a alternativa que oferece
o método de estimativa mais preciso na obtenção de sua
massa. Para efeitos de simplificação, suponha que Plutão é
rochoso, esférico e uniforme.
a) Medir o seu raio e posicionar a sonda em órbita circu-
lar, em torno de Plutão, em uma distância orbital conhe-
cida, medindo ainda o período de revolução da sonda.
Quando ϕ = 0º, então o corpo de prova está sobre a linha
b) Medir o seu raio e compará-lo com o raio de Júpi-
ter, relacionando, assim, suas massas. do equador e experimenta um valor aparente da acelera-
c) Observar a duração do seu ano em torno do Sol, es- ção da gravidade igual a ge. Por outro lado, quando o corpo
timando sua massa utilizando a terceira lei de Kepler. de prova se encontra em um dos polos, experimentando
d) Medir a distância percorrida pela sonda, da Terra um valor aparente da aceleração da gravidade igual a gp.
até Plutão, relacionando com o tempo que a luz do g
Sol leva para chegar a ambos. Sendo G a constante de gravitação universal, a razão g__
​  e ​ vale:
p
e) Utilizar a linha imaginária que liga o centro do Sol
​ ω R  ​ 
2 3
ao centro de Plutão, sabendo que ela percorre, em a) 1 – ____ .
tempos iguais, áreas iguais. GM
(GM – ω2r)R2
Resolução: b) ​ __________  ​ 

.
GM
1 – ω ​
c) ​ ______
2
r 

.
Para estimar a massa de Plutão, deve-se utilizar a lei da gravi- GM
tação universal de Newton e o seu princípio fundamental da GMR2 –  ​ω2r2 
d) ​ __________  
.
dinâmica aplicada ao movimento circular uniforme do satélite: GM

23
Resolução: Maré Alta
Maré Baixa
Atração
gravitacional
do Sol

A força resultante centrípeta representa a diferença entre a


força gravitacional e o peso aparente em cada localização
no globo terrestre.
Lua

Fc = Fg – P Sol

Maré Alta
Atração

Sendo,
gravitacional
da Lua

​ G · M2 ​
Fg =________ · m  Maré Baixa

R
Então:

​ G · M
m · ω2 · r =________· m 
 ​  
–m·g
R2
Para o corpo no equador, tem-se r = R:
multimídia: site
​ G · M
m · ω2 · R =________· m 
 ​  
– m · ge
R2
Isolando ge e simplificando: www.respondeai.com.br/resumos/5/capitulos/1
www.if.ufrgs.br/cref/?area=questions&id=886

​ G ·2 M
ge = _____ – ω2 · R (1)
 ​   
R
Para o corpo localizado em um dos polos: r = 0, e: 5. Velocidade de escape
Para conseguir escapar do campo gravitacional terrestre, é
​ G · M2 ​
0 =________ · m 

– m · gp preciso atingir uma velocidade mínima, denominada velo-
R
cidade de escape. Por conservação de energia, para escapar
Isolando gp e simplificando:
da Terra um objeto tem de ter energia cinética equivalente
ao acréscimo de energia potencial resultante para mover-se
​ G ·2 ​
gp = _____ M  (2)
R para o infinito. A energia potencial gravitacional é dada por:
(1)
Fazendo a razão ___
​   ​:  M ·m
(2) EPg = G · _____
​  T  ​
  
R

g ​  G ·2 ​
_____ M   – ω2 · R g Em que G é constante universal da gravidade;
R ​ ω · R ​ 
2 3
__ e ___________
​ g  ​ = ​   ​   → g__
​   ​e = 1 – ______  
p ​ G ·2 ​
_____ M   p G·M
MT é a massa da Terra;
R
Alternativa A m é a massa do corpo; e
R é o raio da Terra.
4. Marés Igualando com a energia cinética, calcula-se a velocidade
de escape ve:
Um dos fenômenos naturais mais conhecidos, a formação Ec = EPg
de marés, pode ser explicado pela força gravitacional.
m · VE2
_____ M ·m
​   ​ = G · _____
   ​  T  ​  
Newton foi capaz de explicar satisfatoriamente o fenôme- 2 R
no: as marés são causadas pela atração gravitacional da G · MT
V 2 = 2 · _____
​   ​   
Lua e do Sol sobre as águas. E R
________
Observe na imagem a seguir como a força gravitacional
atua sobre a água: as marés altas ocorrem nas regiões que E

2·G·M
V = ​ ​________
   ​ ​ T 
R

estão mais próximas do Sol e da Lua; nas demais regiões,


ocorrem marés baixas. Durante o dia, há uma alternância
​ N · m ​,  
2
Substituindo G = 6,67 · 10-11 _____
entre maré alta e baixa a cada 6 horas em média. log

24
MT = 5,97 · 1024 log, R = 6,37 · 106 m e calculando a velocidade de escape:

VE ≅ 11,2 · 103 m/s

VE ≅ 11,2 km/s

VIVENCIANDO

Existe uma força que sempre pode ser observada no dia a dia: a força gravitacional. As pessoas estão “presas” à
Terra devido a essa força. E a Terra está orbitando ao redor do Sol devido à interação gravitacional. Assim, tudo o que
existe na Terra está o tempo todo sob a ação dessa força, que, curiosamente, é a força menos intensa da natureza.
A força gravitacional é uma das quatro forças, ou interações, fundamentais do Universo. As outras são: a interação
eletromagnética, que descreve os fenômenos elétricos e magnéticos; a força fraca, que descreve os processos de de-
caimentos radioativos; e a força forte, que produz os fenômenos que ocorrem a curta distância no interior do núcleo
atômico e são responsáveis pela estabilidade nuclear dos átomos.
O surgimento do conceito de campo na Física mudou a concepção de como as forças agem. Cada partícula criava à
sua volta uma perturbação, seu campo, que é sentido pelas outras partículas. Seguindo uma teoria quântica de campos
(TCQ), cada uma das forças que existe na natureza é mediada pela troca de uma partícula, que é denominada mediado-
ra. Nas TCQ, são as mediadoras que transmitem a força entre uma partícula e outra. A força eletromagnética é mediada
pelo fóton, a força forte, pelos glúons, e a força fraca, pelas partículas W e Z, que são denominadas bósons fracos.
As forças forte, fraca e eletromagnética são descritas pelo modelo padrão, que pode ser organizado como uma tabela peri-
ódica das partículas elementares. Apenas uma equação governa as interações de quarks e léptons (partículas de matéria) e
bósons (partículas de força). Esse modelo teórico, desenvolvido e parcialmente confirmado ao longo do último século, ainda
não é capaz de compatibilizar a força gravitacional com as demais interações, uma vez que a relatividade geral e a mecânica
quântica se contradizem. Uma possibilidade de incorporação da força gravitacional no modelo padrão seria entender as inte-
rações gravitacionais como mediadas também por um bóson, chamado de gráviton. Uma dificuldade experimental da busca
pelo gráviton seria a fraca intensidade da força gravitacional. Pode ser estranho afirmar que a força gravitacional é fraca, uma
vez que ela é a força mais facilmente perceptível no dia a dia, mas isso só ocorre porque a Terra é gigantesca e possui uma
quantidade incrível de massa. Em níveis atômicos, a gravidade é muitas ordens de grandeza menor do que as outras três forças.
Força (ou interação)
Intensidade relativa Teoria Mediador
fundamental
Forte 1 Cromodinâmica quântica glúon
Eletromagnética 1/7 Eletrodinâmica quântica fóton
Fraca 10 –6
Teoria eletrofraca W± e Z0
Gravitacional 6 × 10–39 Relatividade geral gráviton (não confirmado)

25
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

O aluno deverá ser capaz de compreender teoricamente a teoria gravitacional de Newton e o movimento dos cor-
pos celestes, explicando, dessa forma, a conclusão empírica desenvolvida por Kepler graças às suas observações.

MODELO 1
(Enem) Conhecer o movimento das marés é de suma importância para a navegação, pois permite definir com
segurança quando e onde um navio pode navegar em áreas, portos ou canais. Em média, as marés oscilam
entre alta e baixa num período de 12 horas e 24 minutos. No conjunto de marés altas, existem algumas que
são maiores do que as demais.
A ocorrência dessas maiores marés tem como causa:
a) a rotação da Terra, que muda entre dia e noite a cada 12 horas;
b) os ventos marítimos, pois todos os corpos celestes se movimentam juntamente;
c) o alinhamento entre a Terra, a Lua e o Sol, pois as forças gravitacionais agem na mesma direção;
d) o deslocamento da Terra pelo espaço, pois a atração gravitacional da Lua e do Sol são semelhantes;
e) a maior influência da atração gravitacional do Sol sobre a Terra, pois este tem a massa muito maior que
a da Lua.

ANÁLISE EXPOSITIVA
As marés ocorrem devido às forças gravitacionais de atração entre a Terra e a Lua e entre a Terra e o Sol.
Portanto, quando os centros desses astros estão na mesma linha, nos pontos da superfície da Terra que
estão sobre essa linha, a maré é ainda mais alta, sendo mais baixa nos pontos a 90º.

Ação das marés, mostrada de maneira exagerada para melhor entendimento


A – situação isopotencial (sem maré); B – maré lunar; C – maré lunissolar

RESPOSTA Alternativa C

26
MODELO 2
(Enem) A lei da gravitação universal, de Isaac Newton, estabelece a intensidade da força de atração entre duas
massas. Ela é representada pela expressão:
m1m2
F = G ​ _____
 ​  
d2
onde m1 e m2 correspondem às massas dos corpos, d é a distância entre eles, G é a constante universal da
gravitação e F é a força que um corpo exerce sobre o outro. O esquema representa as trajetórias circulares de
cinco satélites, de mesma massa, orbitando a Terra.

Qual gráfico expressa as intensidades das forças que a Terra exerce sobre cada satélite em função do tempo?
a) c)

d)

b)

e)

27
ANÁLISE EXPOSITIVA
A intensidade da força de atração gravitacional é inversamente proporcional ao quadrado da distância
entre a Terra e o satélite. Como as órbitas são circulares, a distância para cada satélite é constante, sendo
também constante a intensidade da força gravitacional sobre cada um. Como as massas são iguais, o
satélite mais distante sofre força de menor intensidade.
Assim: FA < FB < FC < FD < FE

RESPOSTA Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

LEI DA GRAVITAÇÃO
UNIVERSAL

FORÇA DE ATRAÇÃO |F| = GM⋅m


ENTRE CORPOS R2

VELOCIDADE v= G⋅M
DA ÓRBITA R

R3 G⋅M Relação
NEWTON + KEPLER =
T 2
4π2 constante

CAMPO G⋅M Satélite


g=
GRAVITACIONAL (R+h)² estacionário

VELOCIDADE VE = 2⋅G⋅MT
DE ESCAPE R

28
AULAS 49 e 50

EQUILÍBRIO DO ​__› ​__›


Decompondo as forças de tração T ​
​ 1   e T ​
​ 2   nos eixos ortogo-
PONTO MATERIAL nais, tem-se:

COMPETÊNCIAS: 5e6

HABILIDADES: 17 e 20

T1X = T1 · cos a  e  T1y = T1 · sen α


T2X = T2 · cos b  e  T2y = T2 · sen β
1. Equilíbrio estático
Se o sistema está em equilíbrio, a soma das forças em cada
Quando os objetos estão parados em relação à superfície
direção também é nula, ou seja:
da Terra, afirma-se que estão em uma condição de equi-
líbrio estático.
FRx = SFx = 0 e FRy = SFy = 0
É possível verificar se um corpo está em equilíbrio está-
tico a partir da primeira e da segunda lei de Newton. De Para a direção x, a força resultante deve ser nula (FRx = 0):
acordo com essas leis, se a força resultante sobre um
objeto for nula, sua velocidade permanecerá constante, FRx = T2x – T1x = 0
isto é, a velocidade não se modificará. Caso um obje-
A mesma condição deve ser válida para a direção y, ou
to esteja em repouso, o corpo se movimentará apenas
seja, a força resultante também deve ser nula (FRy = 0):
quando a soma de todas as forças que atuam no corpo
não for nula. FRy = T2y – T1y – P = 0
Nas situações em que mais de uma força atua sobre
Essas equações fornecem a relação entre as forças que
um corpo, uma vez que as linhas de ação de cada
atuam sobre o equilibrista na corda:
força se cruzam, o efeito final é equivalente a quando
as forças são aplicadas num único ponto desse corpo. FRx = 0 ä T2x = T1x
Assim, pode-se desconsiderar o tamanho do corpo,
imaginando-o como um ponto sobre o qual todas as FRx = 0 ä T2y – T1y = P
forças são aplicadas. Esse ponto é denominado pon-
to material. Se o peso do equilibrista for conhecido, e os ângulos a e
b entre a corda e o plano estiverem na posição horizontal,
A seguir, como exemplo do estudo de equilíbrio estático, será possível determinar a intensidade da força de tensão
será analisado o sistema corda-equilibrista, ilustrado na fi- que atua sobre a corda enquanto o homem se equilibra.
gura. Em cada instante, o equilibrista se apoia em um pon-
to da corda que o sustenta. Para analisar o equilíbrio de
forças, é preciso verificar cada uma das forças que atuam 2. Condição de equilíbrio
sobre a corda. Para isso, é necessário estabelecer um siste-
ma de coordenadas cartesianas, o que permitirá decompor de um ponto material
as forças nas direções de x e y e, em seguida, realizar a Foi visto que o equilíbrio de um ponto material ocorre
soma vetorial. quando a soma das forças que atuam sobre ele é nula.

29
Assim, o equilíbrio pode ser classificado em:

§ equilíbrio
​_›_ ​___›
estático: o ponto material está em repou-
so (​v ​  = 0 ​
​ )  ;

§ equilíbrio dinâmico:
​_›_
o ponto material
_​__› está em movi-
mento constante (​v ​  = constante ≠ 0 ​
​ )  .

Dessa forma, independentemente do tipo de equilíbrio, se​___



a velocidade vetorial for constante, a aceleração vetorial a ​​   
será nula. Portanto, se um ponto material estiver em equilí-
brio, será necessário e suficiente que a resultante de forças
que atuam sobre ele seja nula.
Componentes na direção do eixo x:
ponto material em equilíbrio ä FR = 0 dXX
​ ​ 3 ​ ​   T1
T1x = T1 · cos 30º = ___
2
T
T2x = T2 · cos 60º = __ ​  2 ​ 
2
Px = P · cos 90º = P = 0

Assim, a resultante na direção do eixo x é FRx:

FRx = T1x – T2x


multimídia: vídeo
dXX T
Fonte: Youtube ​ ​ 3 ​ ​   T1 – __
FRx = ___ ​  2 ​ 
2 2
Fisica - Estática - Estática do Ponto Material
Componentes na direção do eixo y:
T
T1y = T1 · sen 30º = __ ​  1 ​ 
Aplicação do conteúdo 2
dXX
1. Um corpo de peso 100 N é mantido em equilíbrio ​ ​ 3 ​ ​   T2
T2y = T2 · sen 60º = ___
2
pendurado por dois fios, como ilustra a figura. Deter-
mine as intensidades das trações nos fios, admitindo-os Py = P · sen 90º = P · 1 = 100 N
ideais (inextensíveis e de massas desprezíveis).
E, então, a resultante na direção do eixo y é FRy:

FRy = T1y+ T2y– Py


T d​ XX
FRy = + __ ​  3 ​ ​   T2 – 100
​  1 ​ + ___
2 2
Utilizando a condição de equillíbrio, FRx = 0 e FRy = 0:
dXX T
​ ​ 3 ​ ​   T1 – __
___ ​  2 ​  = 0
2 2
T__1 ___ d
​ 3 ​
XX 
+ ​   ​ + ​   ​  T2 – 100 = 0
2 2
Resolução:
Resolvendo o sistema formado pelas duas equações, ob-
É possível resolver o problema de dois modos. tém-se: T1 = 50 N e T2 = 50​dXX 3 ​ N.

1.º modo: isolando o ponto A 2.º modo: método do polígono


​__› ​__› ​___›
Nesse caso, três forças atuam no ponto A: T ​
​ 1  , T ​
​ 2   e P ​
​ .   Esse método de resolução será aplicado quando houver
apenas três forças.
Adotanto um sistema de eixos x e y com origem no ponto
A, para que o ponto A fique em equilíbrio, tem-se: Deve-se procurar construir um polígono fechado com as
três forças; para isso, é preciso deslocar os pontos de apli-
FR = 0 ä FRx = 0 e FRy = 0 cação de P e T2:

30
CG ⇒ CM

cubo homogêneo

Quando um corpo é lançado obliquamente, seu centro de


massa descreve a mesma trajetória que uma partícula lan-
çada com a mesma velocidade inicial, com o mesmo ângulo.
Para o caso em que se tem um sistema de pontos materiais
Aplicando a lei dos senos ao triângulo formado (em todo P1, P2, P3,...,Pn de massas m1, m2, m3,..., mn, respectivamente.
triângulo as medidas dos lados são proporcionais aos se- y
nos dos ângulos opostos), tem-se: P3

______T1 T2 T3
= ______ = ______
P1
​     ​  ​     ​  ​     ​ 
sen 30° sen 60° sen 90°
P2
T T
__
​  1 ​ = ___ ​ 100 ​
​  2  ​ = ___   
​   ​  ​   ​  1
__1 d Pn
​ 3 ​
XX
___  
2 2
x
A partir dessa expressão, é possível obter duas igualdades:
Sejam as coordenadas do ponto P1 = (x1y1), de P2 = (x2, y3), até
T 100
​ __1 ​ = ___
​   ​
   Pn = (xn, yn), segue que as coordenadas do centro de massa são:
1 ​  1
​ __
2
m . x1 + m2 . x2 + m3 . x3 + ... + mn . xn
T1 = 50 N xCM = _____________________________
​  1 m
       
+ m + m + ... + m  ​
1 2 3 n
m . y1 + m2 . y2 + m3 . y3 + ... + mn . yn
e yCM = ___________________________
​  1 m
       + m2 + m3 + ... + mn ​
T 1
___
​  2  ​ = ___ ​ 100 ​
  
d 3 ​ ​   1
​​  XX
___
2
T2 = 50​dXX
3 ​ N

3. Centro de massa
O ponto no qual é possível considerar que toda a massa
se concentra é denominado o centro de massa ou centro multimídia: vídeo
de gravidade de um corpo. Por exemplo, se um corpo é Fonte: Youtube
homogêneo, seu centro de massa (CM) coincide com o seu Estática do corpo rígido - Mãozinha em Física 023
centro geométrico (GM).

31
4. Classificação dos diferentes Se o centro de gravidade coincidir com o ponto de suspen-
são, o equilíbrio será indiferente. Nesse caso, ao movimen-
tipos de equilíbrio tar a placa, girando-a em torno do ponto O, ela permane-
O equilíbrio de um corpo pode ser estável, instável ou indi- cerá em equilíbrio na nova posição, qualquer que seja a
ferente. Para exemplificar cada um desses tipos, considere nova posição.
uma placa com centro de gravidade indicado pela sigla
“CG” e que esteja suspensa pelo ponto O.
Se a placa estiver em uma posição de equilíbrio, as forças
que agem na placa, que são o peso P, aplicado no centro
de gravidade CG, e a força de suspensão F, aplicada em O,
deverão ser opostas; para que isso seja possível, o ponto de
suspensão O e o centro de gravidade CG deverão pertencer
à mesma reta vertical.

As situações de equilíbrio podem ser compreendidas por


meio dos exemplos de uma pequena esfera sobre três su-
perfícies com características distintas:

§ No equilíbrio instável, ao retirar o corpo da sua posição


de equilíbrio, o corpo se afasta ainda mais dela quando
Caso a placa seja deslocada ligeiramente da posição de
abandonado.
equilíbrio, girando-a em torno de O e abandonando-a em se-
guida, a placa se movimentará de modo a retornar à posição § No equilíbrio estável, o corpo retorna à posição de
de equilíbrio. Nesse caso, afirma-se que o equilíbrio é estável. equilíbrio ao ser deslocado e abandonado da posição
de equilíbrio.

§ No equilíbrio indiferente, ao ser deslocado, o objeto


permanece em equilíbrio na nova posição em que
foi deslocado.

No equilíbrio estável, o centro de gravidade CG está abai-


xo do ponto de suspensão O. A figura anterior ilustra uma
placa deslocada da posição de equilíbrio estável (indicado Equilíbrio instável Equilíbrio estável
pelo retângulo tracejado). A placa girará em torno do pon-
to O até se equilibrar novamente.
Se o centro de gravidade estiver acima do centro de suspen-
são, o equilíbrio será instável. Nesse caso, qualquer desvio
da placa da posição de equilíbrio, girando-a em torno de O e
abandonando-a em seguida, fará com que a placa se movi-
mente e se afaste ainda mais da posição de equilíbrio.
Equilíbrio instável Equilíbrio estável Equilíbrio indiferente

Equilíbrio instável Equilíbrio estável Equilíbrio indiferente

32
Em que,
NDY = ND ⋅ sen(45º) – comp. vertical de ND
NEY = NE ⋅ sen(45º) – comp. vertical de NE
Sabe-se que, devido ao ângulo formado entre os apoios
DB e EA, o esforço devido ao peso do cilindro é dividido
multimídia: site igualmente entre estes. Dessa forma:
ND = NE = N

www.if.ufrgs.br/cref/?area=questions&id=570 Assim, para o equilíbrio de forças no eixo, tem-se:


P = NDY + NEY
100 = (N ⋅ cos (45º)) + (N ⋅ cos (45º))
Aplicação do conteúdo
​ 1000
N = ____ ​  2__  ​  
 ​  ⋅ ___
2 √ ​ 2 ​ 
1. (Espcex (Aman)) Um cilindro maciço e homogêneo __
de peso igual a 1.000 N encontra-se apoiado, em equi- N = 500 √
​ 2 ​N

líbrio, sobre uma estrutura composta de duas peças
rígidas e iguais, DB e EA, de pesos desprezíveis, que É fácil observar também que, para o equilíbrio horizontal
formam entre si um ângulo de 90º e estão unidas por de forças, a tração no fio deverá ser igual à componente
um eixo articulado em C. As extremidades A e B estão horizontal de uma das componentes normal. Assim:
apoiadas em um solo plano e horizontal. O eixo divide
as peças de tal modo que DC = EC e CA = CB, conforme NEX = T
a figura a seguir. T = N ⋅ cos(45º)__
__ √
​ ​ 2 ​ ​   
T = 500​√2 ​ ⋅ ___
2
T = 500N
Alternativa C
2. (UERJ) Em um pêndulo, um fio de massa desprezível
sustenta uma pequena esfera magnetizada de massa
igual a 0,01. O sistema encontra-se em estado de equi-
líbrio, com o fio de sustentação em uma direção per-
Um cabo inextensível e de massa desprezível encontra-se pendicular ao solo.
na posição horizontal em relação ao solo, unindo as extre-
midades D e E das duas peças. Desprezando o atrito no Um ímã, ao ser aproximado do sistema, exerce uma força
eixo articulado e o atrito das peças com o solo e do cilindro horizontal sobre a esfera, e o pêndulo alcança um novo
com as peças, a tensão no cabo__ DE é: estado de equilíbrio, com o fio de sustentação formando
um ângulo de 45º com a direção inicial.
Dados: cos 45º = sen45º = ​ __√ ​ 2 ​ ​  
2 Admitindo a aceleração da gravidade igual a 10 m ⋅ s-2, a
g é a aceleração da gravidade
magnitude dessa força, em newtons, é igual a:
a) 200 N. d) 600 N.
b) 400 N. e) 700 N. a) 0,1. c) 1,0.
c) 500 N. b) 0,2. d) 2,0.

Resolução: Resolução:

Decompondo as forças que estão atuando na bola, segue que: A figura mostra as forças que agem na esfera: peso, tração
e força magnética.

33
Como a esfera está em equilíbrio, pela regra da poligonal, as três forças devem fechar um triângulo.

tg 45º = __​ F ​ ⇒ F = P tg 45º = mg(1) = 0,01(10)⇒


P
⇒ F = 0,1 N.

Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O equilíbrio é uma característica importante da arte. Nas artes plásticas, o equilíbrio é o estudo da relação das partes com
o todo. A noção de equilíbrio só faz sentido se a composição da obra for observada num panorama geral. A sensação
visual de equilíbrio se associa à concepção física de estática, ou seja, o conceito está associado ao “peso visual”. Elemen-
tos muito grandes ou muito escuros têm maior peso visual do que elementos menores e claros, assim como objetos de
materiais metálicos ou de pedra têm maior peso visual do que outros constituídos de tecido, vidro ou materiais orgânicos.
Nos espetáculos circenses, o funambulismo é a arte de usar o equilíbrio que consiste em caminhar sobre uma corda
− conhecida como corda bamba ou, tecnicamente, funâmbulo − presa nos dois extremos, tensionada e em posição
elevada. Para manter o equilíbrio enquanto caminha em cima da corda, o acrobata posiciona o seu centro de massa
diretamente sobre sua base de suporte, deslocando a maior parte de seu peso sobre as pernas e posicionando os
pés paralelos entre si, um na frente do outro, de forma que aumente o momento de inércia e diminua a aceleração
angular, tornando sua posição mais estável.
Em 7 de agosto de 1974, o equilibrista francês Philippe Petit se equilibrou (sem a permissão das autoridades) em uma
corda bamba estendida entre as Torres Gêmeas, em Nova Iorque. Depois da façanha, Petit foi levado para um exame
psicológico e, posteriormente, preso. Para realizar o feito, ele ficou oito meses planejando o “crime” com amigos,
buscando um meio de enganar a segurança do World Trade Center e entrar no prédio com a corda de aço e equi-
pamentos. A trajetória de Petit é apresentada no premiado documentário O equilibrista, dirigido por James Marsh.

O equilibrista Philippe Petit atravessando as Torres Gêmeas numa corda bamba

34
DIAGRAMA DE IDEIAS

EQUILÍBRIO

PONTO MATERIAL

∑FX = 0 e ∑FY = 0

EQUILÍBRIO
ESTÁTICO v=0

EQUILÍBRIO
DINÂMICO v = constante

Corpo homogêneo Centro geométrico


CENTRO DE
MASSA
Pontos materiais Coordenadas

Média ponderada

EQUILÍBRIO
Corpo se afasta da posição
INSTÁVEL

EQUILÍBRIO
Corpo volta à posição
ESTÁVEL

EQUILÍBRIO
Corpo permanece na nova posição
INDIFERENTE

35
aplicada e a distância do ponto de aplicação dessa força
AULAS 51 e 52 até o eixo de rotação.
Essa relação é denominada momento de uma força
ou torque.
A grandeza momento
_​›_ (M) pode ser definida conside-
rando uma força F ​
​   ​_›_e um ponto O denominado polo. O
EQUILÍBRIO DO momento da força F ​ ​    em relação _​›_a um ponto O fixo é o
produto da intensidade da força F ​ ​    pela distância d entre
CORPO EXTENSO o ponto de aplicação da força e o ponto O, conforme a
figura a seguir.

COMPETÊNCIAS: 5e6

HABILIDADES: 17 e 20

Assim,

1. Momento de uma força MFO = F · d

Quando uma chave de boca é girada, em qual dos pontos


se deve segurá-la (A ou B) para que fique mais fácil ros- O momento de uma força sempre tende a causar um movi-
quear a porca? mento de rotação do corpo em torno do polo considerado
sob a ação dessa força.
O momento pode ser positivo ou negativo e a convenção
de sinais é arbitrária; no entanto, será adotada a seguinte:

§ Rotação no sentido anti-horário: momento positivo.

§ Rotação no sentido horário: momento negativo.

1.1. Binário
Os cofres possuem segredos para que possam ser abertos.
Além de conhecer a sequência de números correta, é neces-
Quando alguém tenta fechar uma porta, ocorre uma situ- sário girar o botão. Para isso, é preciso aplicar um par de forças
ação semelhante à de rosquear a porca. Se uma força é paralelas de mesma intensidade e sentidos opostos. A mesma
exercida no ponto B, nota-se que há uma dificuldade maior situação ocorre com os pés nos pedais de uma bicicleta.
para se abrir a porta do que quando a mesma força é exer-
cida no ponto A. Isso acontece porque o eixo de rotação é
o que contém as dobradiças. Assim, no caso da chave de
boca e no caso da porta, é possível observar que há uma
relação entre o efeito produzido em uma rotação, a força

36
​__›
As forças binárias são aquelas aplicadas a esses sistemas. a) o momento da força F ​
​   em relação ao ponto A;
Assim, por serem duas forças de mesma intensidade e dire- b) o momento da força-peso da barra em relação ao
ção, mas de sentidos opostos, como mostrado na imagem ponto A.
anterior, e por serem aplicadas em pontos distintos, elas Dados: sen 30° = 0,5; cos 30° = 0,8; g = 10 m/s2; F = 80
produzem rotação. Assim, a soma dos momentos das for- N; mbarra = 3 kg
ças é diferente de zero.
Resolução:
O momento de um binário é dado pelo módulo do momen-
to resultante. Observe a figura: a) Da figura, tem-se que a força não é perpendicular ao
eixo de rotação; logo, para resolver o problema, é preci-
so encontrar a distância (representada pela letra d) que
passa pelo ponto A e é perpendicular à projeção da força
F. Assim, por trigonometria, encontra-se o valor de d.

M-F,D = +F · AD
MF,D = +F · DB
Mbinário = MF,D + MF,D = F · (AD + DB)

Mbinário = F · b

Sendo:

§ b: braço do binário ​  d  ​  ∫ __


sen 30° = ___ ​ d ​ 
​ 1 ​ = __
AB 2 2
§ F: intensidade da força d=1m
_​›_
Portanto, o momento de F ​
​   em relação ao ponto A é:
Aplicação do conteúdo MF,A = +F · d ä MF,A = 80 · 1 = 80 N · m
1. Considerando as forças atuantes na barra AD, de peso b) Como a força-peso atua no centro de massa da
desprezível, indicadas na figura, determine o momento barra, representada pelo ponto G, e é perpendicular
de cada uma das forças em relação ao ponto O. ao eixo de rotação, tem-se:

Dados: F1 = 10 N; F2 = 20 N; F3 = 30 N; F4 = 40 N.
MP,A = –P · AG ä MP,A = –mg · AG
Resolução:
MP,A = –3 · 10 · 1
MF1,O = –F1 · DO = –60 N · m
MP,A = –30N · m
MF2,O = +F2 · CO = 60 N · m
MF3,O = –F3 · BO = –30 N · m
MF4,O = –F4 · AO = –80 N · m

2. Sabendo que a barra representada na figura pode gi-


rar em relação ao ponto A, determine:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Introdução ao torque

37
2. Equilíbrio de um Resolução:

corpo extenso Analisando as forças apenas sobre a viga, tem-se:

Quando um corpo é submetido a diversas forças e em pon-


tos distintos, ele é denominado corpo extenso. O equilíbrio
desse corpo deve satisfazer duas condições:

§ 1.ª condição: a resultante de todas as forças que


agem sobre o corpo deve ser nula.
A força-peso da viga está localizada no ponto G, que é seu
centro de gravidade; assim, seu peso total é P = 50 N, pois
tem 5 m de comprimento e pesa 10 N/m. Portanto, se a
viga está em equilíbrio, tem-se:

R = 0 ä RA + RB – P1 – P2 – P = 0

RA + RB­ – 20 – 40 – 50 = 0
A ponte é um exemplo de corpo extenso.
___
​› __
​› RA + RB = 110
​ 
F ​  R = S​F ​  
Considerando os momentos em relação ao ponto G, ob-
O que implica em: tém-se:
___
​› __
​› ___
​›

F​ ​  RX = S​F ​  x = O
 ​

​   MRG = 0 ä MRA,G + MP1,G + MP,G + MP2,G + MRB,G = 0
___ __ ___
​›
​›

​›
 ​F​  RY = S​F ​  Y = O ​
​    –RA ⋅ AG + P1 ⋅ CG + P ⋅ 0 – P2 ⋅ DG + R2 ⋅ BG = 0

–RA ⋅ 2,5 + 20 ⋅ 1,5 + 0 – 40 ⋅ 2 + RB ⋅ 2,5 = 0


Por essa condição, o corpo não apresenta movimento de
–2,5 ⋅ RA + 2,5 ⋅ RB = 50
translação.
–RA + RB = 20
§ 2.ª condição: a soma algébrica dos momentos de to-
das as forças que atuam sobre o corpo, em relação ao Resolvendo o sistema:
mesmo ponto, deve ser nula. RA + RB = 110
​____› ​____› ​___› –RA + RB = 20
​   R
M ​ = S​M ​  = 0 ​
​   
Conclui-se que:
Por essa condição, o corpo não apresenta movimento de 2RB = 130
rotação. RB = 65 N
Assim:
Aplicação do conteúdo
RA + RB = 110 ä RA + 65 = 110 ä RA = 45 N
1. Uma viga de 5 m de comprimento, que pesa 10 N/m,
está apoiada em duas extremidades, A e B. Ela suporta
dois pesos, um de 20 N e outro de 40 N, conforme a figura.

Determine a intensidade da força de reação nos apoios A e B.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O desafio do centro de gravidade (experiência)

38
3. Máquinas simples Um exemplo disso é o caso de se ter uma carga de
peso P = 1.600 N, a ser levantada por um sistema de duas
A capacidade muscular limitada do ser humano estimu- polias móveis. A força que a pessoa deveria exercer para
lou a criação de equipamentos práticos que facilitassem equilibrar esse sistema deve ser Fm = 400 N, isto é, quatro
as atividades de erguer e locomover grandes pesos. Esses vezes menor do que o peso P. Dessa forma, a vantagem
equipamentos são denominados máquinas simples. mecânica dessa máquina seria igual a 4.
A utilização de máquinas simples possibilitou a realização
de determinados trabalhos em intervalos menores de tem-
po. Com elas é possível multiplicar o esforço, ou seja, obter
forças de grande intensidade aplicando forças de menor in-
tensidade. Além disso, essas máquinas também permitem
mudar a direção e o sentido de uma força.
Essas máquinas simples são muito utilizadas, sendo multimídia: vídeo
as mais comuns a talha exponencial e a alavanca. Fonte: Youtube
Telecurso2000 - Física - Momento da força (torque)
3.1. Talha exponencial
A talha exponencial consiste em uma associação de polias 3.2. Alavanca
móveis, tendo apenas​_›_ uma das polias fixa. Será obtido o
valor da força motriz F ​
​ M   que uma pessoa deve exercer para Uma alavanca nada mais é do que uma barra rígida que pode
sustentar um peso P, considerando o sistema de polias mó- girar em torno de um ponto fixo denominado apoio ou fulcro.
veis da figura:
Em princípio, o peso P está em equilíbrio devido às duas
forças de intensidade __ ​ P ​;  na segunda polia, por sua vez,
2
o peso __ ​ P ​  é equilibrado por duas forças de intensidade __ ​ P ​ 
2 4
​  P  ​. 
ou __
22
Como é possível observar, cada polia móvel “divide” o
_​›_ assim, se houver n polias móveis, o valor
peso pela metade;
da força motriz F ​
​ M   para sustentar um peso P será:

Em uma alavanca, pode-se destacar:


Elementos:
O: ponto de apoio;
AO: braço da força motriz;
OB: braço da força resistente.

​ Pn  ​ 
FM = __ Forças atuantes:
​___›
2
N ​
​ :   reação normal do apoio;
​____›
A relação entre a força resistente e a força motriz é deno- F​ M ​:   força motriz ou potente;
minada vantagem mecânica da talha; assim: ​___›
R ​
​ :   força resistente.

​ P  ​ 
vantagem mecânica = __ Existem três tipos de alavancas: interfixas, inter-resistentes
FM
e interpotentes.

39
§ Alavanca interfixa
Nesse tipo de alavanca, o apoio fica entre a carga e o esfor-
ço. O alicate e a tesoura (associações de duas alavancas), o
martelo e o guindaste são exemplos de alavancas interfixas.

O pegador de gelo é um exemplo de alavanca interpotente.

3.3. Condição de equilíbrio


de uma alavanca
Considerando a alavanca interfixa da figura, para que ela
permaneça em equilíbrio, tem-se:
MR = 0 ä MR,0 + MN,0 + MF,0 = 0
Quando um pedaço de fio é dobrado ou cortado com
um alicate, a força aplicada no cabo é transferida
R · BO + N · 0 – F · AO = 0
e ampliada para a extremidade contrária.
Assim:
§ Alavanca inter-resistente
Nesse tipo de alavanca, a carga fica entre o apoio e o esfor- R · BO = F · AO
ço. O carrinho de mão, o amassador de alho, o espremedor
de limão e o quebra-nozes são alguns exemplos de alavan-
Observe que o produto da força resistente pelo seu braço
cas inter-resistentes.
de ação é igual ao produto da força motriz pelo seu braço.

Aplicação do conteúdo

Quando um alho é amassado ou um limão é espremido,


aplica-se a força na extremidade do cabo para
esmagar a carga que se encontra entre as mãos e a
outra extremidade, onde se localiza o ponto de apoio.

§ Alavanca interpotente
Nesse tipo de alavanca, o esforço é aplicado entre o apoio
e a carga. O pegador de gelo, de macarrão e de salada e
a vara de pescar são exemplos de alavanca interpotente.

40
1. Para um determinado experimento, dispõe-se de um Como o corpo tem aceleração de 10 m/s2, após 1 segundo
conjunto de fios e polias ideais. As polias são associadas de queda livre adquire velocidade de:
conforme a ilustração, sendo três móveis e uma fixa. No
fio que passa pela polia fixa, suspende-se um corpo de v = v0 + at
massa m e o conjunto é mantido em repouso, uma vez v = 10 · (1) ä v = 10 m/s
que está preso ao solo por meio de fios e de um dina-
mômetro (d) de massas desprezíveis, que registra 400 N. Assim, sua quantidade de movimento será:
Q = mv
Num determinado instante, corta-se o fio no ponto onde
se mostra a tesoura (t), e, assim, o corpo de massa m cai Q = 5 (10) ä Q = 50 kg · m/s
livremente. Passado 1,00 segundo de queda, qual a quan-
tidade de movimento, em módulo, desse corpo?
Dado: g = 10 m/s2
a) 5,0 kg ⋅ m/s. d) 50 kg ⋅ m/s.
b) 10 kg ⋅ m/s. e) 80 kg ⋅ m/s.
c) 40 kg ⋅ m/s.

Resolução:
Para a configuração das polias apresentadas (são três po-
lias móveis), o peso e a massa do corpo em equilíbrio de-
vem ser, respectivamente, 50 N e 5 kg, já que:
​ 400 ​  = 50N
​ Rn  ​ = ___
P = __
2 8
P = mg ä 50 = m · 10 ä m = 5 kg Alternativa D

VIVENCIANDO

Os conceitos de estática são fundamentais


em construções. Em um prédio, por exemplo,
noções equivocadas de estática podem com-
prometer toda a construção. Os conceitos de
estática são utilizados diariamente em guin-
dastes, pontes e gruas.
No cotidiano, movimentando o corpo pelas idas
e vindas de um dia atribulado, uma pessoa está
lidando constantemente com conceitos físicos.
Para estudar o funcionamento do corpo huma-
no, é necessário aplicar princípios da estática. A
biomecânica é o ramo da medicina que estuda o
funcionamento estático e dinâmico das partes do
corpo. Entender como o sistema locomotor opera
possibilita otimizar o desempenho esportivo dos
atletas e uma melhora qualitativa no tratamento
Diagrama de forças do bíceps e antebraço
de doenças que afetam a capacidade motora.

41
2. (UECE) Um fio de nylon é inicialmente tensionado e Para o caso em que a perna esteja orientada horizontal-
fixado por suas extremidades a dois pontos fixos. Poste- mente, com β = 60º e m = 7,50 kg, calcule:
riormente, no ponto médio do fio, é feita uma força per- a) o módulo da tração, em newtons, exercida ao lon-
pendicular à direção inicial do fio. Durante a aplicação go da perna, considerando g = 10 m/s2;
dessa força, é correto afirmar que a força feita sobre o
b) a massa da perna, considerando que seu comprimen-
fio nos pontos de fixação:
to seja L = 1,0 m, que seu centro de massa fique a uma
a) tem direção diferente e é menor que a tensão inicial; distância de 45 cm da cabeça do fêmur e que a faixa de
b) tem direção diferente e é maior que a tensão inicial; suporte esteja colocada a 10 cm da planta do pé.
c) tem a mesma direção e é maior que a tensão inicial;
d) tem a mesma direção e é menor que a tensão inicial. Resolução:

Resolução: a) A intensidade da força de tração (F) no fio é igual


ao peso da massa suspensa (m).
A partir da figura a seguir, é possível tirar algumas conclusões: F = mg = 7,5 ⋅ 10 = 75 N.
A tração na haste (T) é dada pela lei dos cossenos.

T2 = F2 + F2 + 2 FFcos120º →
A aplicação da força F no fio, mesmo que para pequenos → T = F2 + F2 – F2 → T = F →
valores de ângulos a, provoca a tensão T’ na corda que não → T = 75 N
tem a mesma direção da tensão inicial T. b) A figura mostra as forças verticais atuantes na perna.

Por outro lado, o valor de T’ é obtido pelo equilíbrio das


forças no eixo vertical:
​  F   ​  
F = 2T’ sen a → T’ = ______
2 sen a
Para ângulos pequenos, tem-se que 2 sen a < 1.
Assim, T’ > F.

Alternativa B

3. (UFG) Para tratar fraturas do fêmur, é comumente utili-


O momento resultante é nulo.
zado um aparato chamado de sistema de tração de Rus-
sel, em que uma haste rígida A traciona o fêmur, como M​P__​› ​  + M​F__​› ​  = 0 ⇒ Mg(45) – mg(90) = 0 ⇒
esquematizado na figura a seguir. Considere que a perna ⇒ M = 2m = 2 ⋅ 7,5 ⇒ M = 15 kg
esteja completamente engessada, que a massa da haste
seja desprezível e que as polias e fios sejam ideais. 4. (IME)

42
A figura mostra duas barras AC e BC que suportam, em Para haver equilíbrio, é preciso que ∑F = 0 e ∑MF0(qualquer) = 0
equilíbrio, uma força F aplicada no ponto C. Para que os
Calculando a resultante vertical das forças, tem-se:
esforços nas barras AC e BC sejam, respectivamente, 36
N (compressão) e 160 N (tração), o valor e o sentido das Fy + T2 sen30º = 0
componentes vertical e horizontal da força F devem ser:
__ ⇒ Fy = – T2 ⋅ sen30º = –80 N
Observação: despreze os pesos das barras e adote √
​ 3 ​ = 1,7.
a) 80N (↓), 100 N (→). Calculando a resultante horizontal das forças, tem-se:
b) 100N (↓), 100 N (→). Fx + C1 – T2 cos30º = 0
1,7
c) 80N (↑), 100 N (←). ⇒ Fx + 36 – 160 . ___
​   ​  = 0
2
d) 100N (↑), 100 N (←).
⇒ Fx = 100 N
e) 100N (↓), 100 N (←).
Alternativa A
Resolução:

A figura a seguir mostra as forças externas que agem


na estrutura:

multimídia: site

www.educacao.globo.com/fisica/assunto/mecanica/
momento-de-uma-forca-em-relacao-um-eixo.html
www.resumoescolar.com.br/fisica/equilibrio-de-um-cor-
po-extenso/

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Alguns antropólogos determinam que o desenvolvimento de máquinas simples é o marco da transição dos homi-
nídeos para o Homo sapiens. As máquinas simples são instrumentos que permitem a mudança da direção e/ou
módulo de uma força aplicada. A primeira máquina simples da qual se tem notícia é um objeto análogo a uma
machadinha. De acordo com a definição proposta na Renascença, uma máquina simples é formada por apenas
uma peça; entre essas máquinas, estão a polia, o plano inclinado e a alavanca.
O princípio de construção das máquinas simples pode ser aplicado para a construção de qualquer outra máquina,
seja ela constituída de apenas uma peça ou de muitas. Esses equipamentos permitem alterar o mundo ao redor e
interagir com ele. As ferramentas são o principal mecanismo de interação física com o mundo. Um exemplo disso está
na famosa história contada pelo escritor grego Plutarco, na qual Arquimedes, ao descobrir as leis das alavancas, teria
afirmado: “Deem-me um ponto de apoio e eu levantarei o mundo”.

43
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

O aluno deve explorar a habilidade 20 com o objetivo de compreender situações de equilíbrio de corpos exten-
sos, compreendendo, assim, situações nas quais existe torque. Além, é claro, de descrever os tipos de alavanca
e seu correto funcionamento.

MODELO 1
(Enem) A figura mostra uma balança de braços iguais, em equilíbrio, na Terra, onde foi colocada uma massa m,
e a indicação de uma balança de força na Lua, onde a aceleração da gravidade é igual a 1,6 m/s2, sobre a qual
foi colocada uma massa M.

M ​  é:
A razão das massas __
​ m
a) 4,0.
b) 2,5.
c) 0,4.
d) 1,0.
e) 0,25.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para a primeira figura, na superfície da Terra, se os braços da balança são iguais, as massas nas extremi-
dades também são iguais. Assim, m = 0,5 + 0,5 ⇒ m = 1 kg.
A segunda figura mostra que o peso do bloco na superfície da Lua é 4 N. Então:
​  P  ​=  ___
P = MgLua ⇒ M = ___ ​  4  ​ ⇒
  M = 2,5 kg.
gLua 1,6
Fazendo a relação pedida:

RESPOSTA Alternativa B

44
MODELO 2
(Enem) Retirar a roda de um carro é uma tarefa facilitada por algumas características da ferramenta utilizada,
habitualmente denominada chave de roda. As figuras representam alguns modelos de chaves de roda:

Em condições usuais, qual desses modelos permite a retirada da roda com mais facilidade?
a) 1, em função de o momento da força ser menor.
b) 1, em função da ação de um binário de forças.
c) 2, em função de o braço da força aplicada ser maior.
d) 3, em função de o braço da força aplicada poder variar.
e) 3, em função de o momento da força produzida ser maior.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para forças de mesma intensidade (F), aplicadas perpendicularmente nas extremidades das alavancas,
para os três modelos, 1, 2 e 3, tem-se os respectivos momentos:

RESPOSTA Alternativa B

45
DIAGRAMA DE IDEIAS

ESTÁTICA DE
CORPO EXTENSO

MOMENTO DE
MO = F·d
UMA FORÇA

MOMENTO DE
MBinário = F·b
UM BINÁRIO

EQUILÍBRIO DO ∑F = 0 e
CORPO EXTENSO ∑MO = 0

TALHA Vantagem P
= n
EXPONENCIAL mecânica 2

Interfixa: Inter-resistente: Interpotente:


ALAVANCA apoio entre carga carga entre apoio esforço entre
e esforço e esforço apoio e carga

46
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Dentre os temas deste livro, o que pode Dentre os assuntos mais abordados deste
aparecer é grandezas físicas, com questões livro, podem aparecer com mais frequência
mais objetivas. questões sobre conceitos fundamentais de
hidrostática, exigindo conhecimento sobre
as forças em um corpo submerso, como a
do empuxo.

Dentre os assuntos mais abordados deste livro, Dentre os temas abordados neste livro, o Dentre os assuntos abordados deste livro, podem
podem aparecer com mais frequência questões de maior incidência é conceitos fundamen- aparecer com mais frequência os conceitos
sobre conceitos fundamentais da hidrostática, como tais da hidrostática, exigindo conhecimen- fundamentais sobre hidrostática, com questões
teorema de Stevin. to de corpos submersos em um líquido e mais objetivas.
interpretação das forças aplicadas nesses
corpos, como a do empuxo.

Os assuntos abordados neste livro não têm A prova tem grande variação de temas, porém, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
muita incidência na prova, porém, pode apare- pode aparecer alguma questão que envolva temas. Eventualmente, podem aparecer porém, pode aparecer hidrostática, exigindo
cer alguma questão que envolva os conceitos análise dimensional de grandezas físicas. questões básicas sobre pressão hidros- conhecimento da interpretação de forças em
fundamentais da hidrostática, relacionados tática. um corpo submerso em um certo líquido,
com questões de Química. como a força de empuxo.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
Eventualmente, podem aparecer questões temas. Eventualmente, podem aparecer porém, pode aparece o conteúdo básico de
conceituais sobre hidrostática. questões de análise dimensional de hidrostática.
grandezas físicas mais objetivas.

Eventualmente, podem aparecer questões A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de temas.
sobre pressão de corpos dentro de um Eventualmente, pode aparecer o estudo da Eventualmente, podem aparecer questões re-
fluido, exigindo conceitos fundamentais de hidrostática, com questões que envolvam um lacionadas ao equilíbrio de corpos submersos
hidrostática. corpo submerso em um certo líquido, exigindo em um líquido, exigindo o uso de equações e
conhecimento da interpretação de forças conceitos fundamentais da hidrostática.
nesse corpo em equilíbrio, como
a força de empuxo.
HIDROSTÁTICA E
HIDRODINÂMICA

49
Na tabela a seguir são dados os valores de densidades (ou
AULAS 45 e 46 massas específicas) de alguns materiais.
Densidade de alguns materiais
Material ou corpo Densidade (g/cm3)
Água (a 4ºC) 1,0

Gelo 0,917
HIDROSTÁTICA: Óleo (a 20ºC) 0,8 a 0,9

CONCEITOS INICIAIS Álcool etílico (a 20ºC) 0,79

Corpo humano (média) 1,0

Material Densidade (g/cm3)


Cortiça 0,22
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 Madeira 0,12 a 1,3

Alumínio 2,7
HABILIDADES: 2, 17 e 20
Aço 7,86

Mercúrio (a 0ºC) 13,6

O ramo da Física que estuda o comportamento mecânico


dos fluidos (líquidos e gases) em equilíbrio estático, ou seja,
Aplicação do conteúdo
em repouso, é a fluidostática. Outro termo empregado 1. Um corpo tem massa de 800 g e ocupa um volume de
nesse tipo de estudo é hidrostática, do grego hydro, que 200 cm3. Determinaremos a densidade desse corpo em:
significa “água”. a) g/cm3
Existem duas grandezas importantes no estudo da fluidostáti- b) kg/m3
ca e que serão definidas inicialmente: a densidade e a pressão. c) kg/L

Resolução:
1. Densidade e massa a) A partir dos dados fornecidos, encontramos diretamente

específica a densidade em g/cm3. Como a massa é m = 800 g e o


volume V = 200 cm3, temos:
Suponhamos um corpo com volume V e com massa m. 800 g
d = _______
​    ​ 
= 4,0 g/cm3
Chamamos de densidade d do corpo a relação definida por: 200 cm3
b) Nesse caso, devemos alterar as unidades:
​ m ​ 
d = __
V 1 kg = 103 g ä 1 g = 10–3 kg
Nessa expressão, o valor de V do volume do corpo é o vo- 1 m = 102 cm ä 1 cm = 10–2 m
lume total do corpo, ou seja, o volume incluindo quaisquer 1 cm3 = (1 cm)3 = (10–2 m)3 = 10–6 m3
espaços ocos (vazios) em seu interior. Portanto:
Caso o corpo seja maciço, isto é, sem espaços vazios em seu in- 10–3 kg
d = 4,0 g/cm3 = 4,0 · ______ = 4,0 ⋅ 103 kg/m3
​  –6 3 ​ 
terior, e homogêneo, então a densidade do corpo recebe a de- 10 m
nominação de massa específica do material do que é feito. c) Convertendo a unidade de volume:
A unidade de massa específica ou densidade, no SI, é 1 L = 103 cm3 ä 1 cm3 = 10–3 L
o kg/m3. Frequentemente, são usadas as unidades g/cm3 e Portanto:
kg/L, sendo L o símbolo do litro. 10–3 kg
d = 4,0 g/cm3 = 4,0 · ______
​  –3  ​ 

= 4,0 kg/L
Lembremos que: 10 L
1 L = 103 cm3 e 1m3 = 103 L
No estudo da Termologia, aprendemos que a densidade de
2. Pressão
uma substância depende da temperatura, e no caso dos Em Dinâmica, as forças, de um modo geral, atuam em um
gases, também depende da pressão. único ponto de um corpo. No entanto, os fluidos exercem

50
forças sobre os corpos que se “espalham” ao longo de sua Resolução:
superfície, isto é, a força é exercida sobre a superfície do corpo
A intensidade da força F que o tijolo exerce sobre a mesa é
e não em um ponto apenas. Esse “espalhamento” é levado
igual à intensidade de seu peso:
em consideração com uma nova grandeza chamada pressão.
F = P = m ⋅ g = (1,2 kg)(10m/s2) ä F = 12 N
Como na figura, consideremos uma superfície de área A
sobre​_›_ a qual estão aplicadas forças perpendiculares, sendo A área da base do tijolo é:
​    é a resultante dessas forças. Definimos a pressão
que F ​
média (pm) exercida por essa força como a razão do mó-
dulo da força pela área:

A = (20 cm)(6,0 cm) = 120 cm2

Assim, a pressão média exercida pelo tijolo é:


​__
 ​__›  ​
p = ​ ​ F ​   ​  = 12 N/120 cm2 = 0,1 N/cm2
A
​__› Mas:
 ​   ​
​ ​ F ​ 
pm = ___  ​  1 cm2 = (1cm)2 = (10–2 m)2 = 10–4 m2
A
Portanto:
A partir dessa definição, podemos obter a unidade de
pressão: ​  N 2 ​ = 1,0 · 103 N/m2
p = 0,1 ___
cm
unidade de intensidade de força
unidade de pressão = ________________________
​         ​ 2.1. Pressão em fluidos
unidade da área
A figura a seguir ilustra uma característica importante das
No SI, a unidade de pressão é o newton por metro qua-
drado (N/m2), que foi chamada de pascal (Pa) em ho- forças exercidas por um fluido em repouso: essas forças
menagem ao matemático e físico francês Blaise Pascal, que são perpendiculares às superfícies em contato com o fluido.
deu contribuições significativas para o estudo dos fluidos.
Assim:
1 N/m2 = 1 pascal = 1 Pa

Na prática, existem outras unidades de pressão que são


usadas. Elas serão apresentadas ao longo do nosso estudo.
Agora, como indica a primeira figura a seguir, considere um
ponto p no interior de um fluido em equilíbrio. Usaremos
Aplicação do conteúdo a expressão pressão no ponto p para nos referirmos à
1. Um tijolo de massa 1,2 kg está apoiado sobre uma pressão nesse ponto. Imaginando uma superfície nesse
mesa horizontal, como mostra a figura abaixo. ponto P, a força de intensidade F (causada pelo fluido no
entorno) atua de cada lado da superfície, mantendo em
Calculemos, em N/m2, a pressão exercida pelo tijolo sobre
equilíbrio aquela porção de fluido. A orientação dessa su-
a mesa, considerando g = 10 m/s2.
perfície é arbritrária, pois o fluido está em equilíbrio e, por-
tanto, deve haver equilíbrio para qualquer superfície.

51
3. Lei de Stevin
A figura abaixo ilustra um fluido em repouso, sob a ação da
aceleração da gravidade. Considere que as pressões nos pon-
tos B e C sejam pB e pC, respectivamente. O físico e matemáti-
co flamenco Simon Stevin (1548-1620) encontrou a seguinte
expressão que relaciona as pressões nesses dois pontos:

Uma propriedade importante dos fluidos em equilíbrio é que


a pressão em dois pontos distintos, mas em um mesmo nível,
isto é, na mesma altura em relação ao fundo do recipiente,
por exemplo, como os B e C da figura a seguir, é igual, isto é,
a pressão pB é igual a pressão pC, ou ainda, pB = pC.

pC = pB + d · g · h

Nessa expressão, d é a massa específica do líquido, h é o des-


nível entre os pontos B e C e g é a aceleração da gravidade.
Essa equação foi determinada experimentalmente por Ste-
vin, chamada Lei de Stevin. No entanto, usando as leis
de Newton, é possível deduzir essa equação.
Podemos verificar essa relação considerando uma porção
de fluido no formato de um cilindro horizontal muito fino, Uma vez que a pressão de dois pontos em um mesmo nível
sendo que os pontos B e C estejam nas bases desse é igual, tomemos os pontos B e C, de modo que ambos
​____› cilin-
​____›
dro. Sobre essas bases, atuam forças horizontais F​B ​   e F​C ​    estejam na mesma direção vertical.
causadas pelo restante do fluido. Considerando o equilíbrio
do fluido, ou seja, que o fluido está em repouso, devemos ter:

FB = FC
Chamando de A a área das bases do cilindro, temos:
A seguir, suponhamos que os pontos B e C pertencem à
FB = pB · A e FC = pC · A base de um pequeno cilindro de líquido na direção verti-
Substituindo em FB = FC, obtemos: cal (figura abaixo). ​___› No cilindro, existem três forças verticais​
atuando:
____
› ​____›
o peso P ​
​   do líquido contido no cilindro e as forças​
pB · A = pC · A ou pB = pC FB ​  e F​ C ​  exercidas pelo líquido restante (ao redor desse ci-
lindro). Devido à condição de equilíbrio do cilindro, temos:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Revelação da água que se multiplica

52
FC = FB + P 3.1. Vasos comunicantes
Considerando que pB e pC são as pressões nas bases do Vimos uma aplicação da Lei de Stevin para situações sim-
cilindro, ou seja, nos pontos B e C e que A é a área das ples de líquidos em um recipiente. No entanto, essa lei é vá-
bases do cilindro, temos: lida independentemente da forma do recipiente, bastando
FC = pC · A e FB = pB · A o líquido estar em equilíbrio e sob a ação da aceleração da
gravidade. Assim, por exemplo, no caso da figura a seguir
Sendo V o volume e m a massa do líquido dentro do cilindro, podemos escrever:
podemos escrever, utilizando a densidade do líquido (d):
P=m·g=d·V·g=d·A·h·g
Substituindo na primeira equação, obtemos a Lei de Stevin:

pC · A = pB · A + d ( A · h · g )
pC = pB + d · g · h

A superfície livre do líquido sofre a ação da pressão atmos-


férica (figura abaixo). Essa pressão se deve à camada de ar
que envolve a Terra. Adiante, veremos como calculá-la. A py = px + dgh ou py = pz + dgh
pressão atmosférica que é exercida nos corpos próximos à
superfície tem um valor de aproximadamente patm j 105 Pa. Nesse exemplo, as pressões nos pontos X e Z são iguais
pelo fato desses pontos estarem no mesmo nível:
px = pz

Por essa razão, se um recipiente tiver várias aberturas, de


modo que o líquido esteja submetido à pressão atmosfé-
rica, então o nível do líquido deve ser o mesmo em todas
essas aberturas (figura abaixo).

Aplicação do conteúdo
1. A pressão atmosférica vale patm =1,01 · 105 N/m2 em
uma determinada região. Considere que um peixe em
uma profundidade h de 15,0 m. Sabendo que nesse lo-
cal a densidade da água do mar é d = 1,03 · 103 kg/m3,
vamos calcular a pressão suportada pelo peixe, conside-
rando que a aceleração da gravidade vale g = 10,0 m/s2.

Porém, se houver mais de um líquido que não se mistura


(imiscível) nesse recipiente, então os níveis dos líquidos em
contato com o ar podem ser diferentes. A seguir veremos
um exemplo desse caso.

Resolução:

De acordo com a lei de Stevin, a pressão para uma profun-


didade h = 15,0 m é dada por:
multimídia: vídeo
p = patm + dgh = (1,01 · 105) + (1,03 · 103)(10,0)
Fonte: Youtube
(15,0)
Pressão - Vasos comunicantes -
p = (1,01 · 105) + (1,55 · 105) = 2,56 · 105
Mãozinha em Física 028
p = 2,56 · 105 N/m2 = 2,56 · 105 Pa

53
Aplicação do conteúdo 3.2. Validade da Lei de Stevin
A validade da Lei de Stevin depende da densidade do flui-
1. O recipiente, representado na figura a seguir, tem do. Uma condição é que a densidade deve ser a mesma em
um formato em U e contém dois líquidos imiscíveis em
todas as porções do fluido. No caso dos líquidos, em geral,
equilíbrio: água, de densidade dA = 1,0 g/cm3, e o óleo
de oliva, de densidade dO = 0,90 g/cm3. Sabendo que a essa condição é verdadeira, devido à resistência que existe
coluna de óleo mede hO = 20 cm, calcularemos o desní- para comprimir um líquido.
vel h entre as duas superfícies livre dos líquidos. No caso dos gases, porém, a situação é diferente. Os gases
podem ser comprimidos com muita facilidade, e assim, sob
a ação da gravidade, as camadas inferiores são comprimi-
das pelas camadas superiores. Desse modo, a densidade
das porções inferiores é maior do que a das porções supe-
riores, devido ao fato de as moléculas ficarem mais próxi-
mas uma das outras do que nas camadas superiores. Con-
sequentemente, a densidade do gás diminui com a altitude
em relação à superfície da Terra. No entanto, essa variação
Resolução: é pequena, caso o desnível seja de apenas poucos metros.
Outro ponto é que a variação de pressão relacionada ao
Na figura, os pontos X e Y estão no nível do mesmo líquido termo do produto (d · g · h) é pequena em comparação
(água). Consequentemente, a pressão nesses dois pontos com a dos líquidos.
são iguais: Dessa forma, se um gás estiver em um recipiente cuja
dimensão vertical seja pequena, podemos admitir que a
pressão é a mesma em todos os pontos do gás.

4. Princípio de Pascal
O matemático e físico francês Blaise Pascal (1623-1662),
em 1651, enunciou o seguinte princípio em um importante
trabalho denominado Sobre o equilíbrio dos líquidos:
px = py

Calculando px pelo ramo esquerdo do tubo, temos: Uma pressão externa aplicada a um líquido dentro
de um recipiente é transmitida, sem diminuição, para
px = patm + dA · g · hA todo o líquido e para as paredes do recipiente.

Calculando py pelo ramo direito do tubo, obtemos:


Veremos os detalhes desse resultado no exemplo a seguir.
pg = patm + do · g · ho

Dessa forma, igualando as duas expressões: Aplicação do conteúdo


patm + dA · g · hA = pAtm+ do · g · ho ä 1. A figura representa o esquema de um sistema hidráu-
lico, sendo que os êmbolos X e Y, têm massas desprezí- ​__›
ä dA · hA = do · ho veis e áreas Ax = 20 cm2 e Ay = 50 cm2. Uma força ​F ​  x é
aplicada sobre o êmbolo X, que é imediatamente​__› sentida
e então, obtemos o valor de hA: no êmbolo Y, com intensidade de força igual a ​F ​  y. Supon-

(  )
d do Fx = 60 N, vamos calcular Fy.
0,90
hA = ​  __o ​· ho = ​ ____
​   ​  ​· 20 = 18 cm
dA 1,0

Assim:
h = ho – hA = 20 cm – 18 cm = 2 ä h = 2 cm

Nesse caso, o desnível da superfície em contato com o ar


do óleo e da água é de 2 cm.

54
Resolução:
De acordo com o princípio de Pascal, a pressão deve ser a
mesma nos êmbolos:
F FY ______ F
p = __ ​   ​ ä ​  60 N2 
​  X  ​ = __ = _______
 ​  ​  Y  2  ​ ä FY = 150 N
AX AY 20 cm 50 cm
No resultado do exercício anterior, podemos notar que a
força no segundo êmbolo é maior do que a força aplicada
no primeiro êmbolo, ou seja, Fy > Fx. De outro modo, nota-
mos que a aplicação de uma força de pequena intensida-
de no lado “fino” causa uma força de grande intensidade
no lado “grosso”. Os mecanismos hidráulicos usados, por Na parte superior do tubo, que ficou vazia, cria-se um vá-
exemplo, nos freios de veículos, utilizam esse princípio para cuo. No entanto, esse vácuo não é perfeito, pois um pou-
transmitir forças, como ilustra a figura abaixo. co de mercúrio evapora, preenchendo o espaço. Porém, a
pressão do vapor de mercúrio é muito pequena e pode ser
desconsiderada, isto é, podemos admitir que pX j 0.
A interpretação dada por Torricelli sobre esse resultado é
que a coluna de mercúrio é mantida nessa altura devido à
pressão atmosférica no líquido do recipiente. Desse modo,
o ar comprime a superfície livre do mercúrio, “empurran-
do-o” para cima no interior do tubo. Se a região superior
(vazia) do tubo for aberta e colocada em contato com o ar,
então a coluna de mercúrio irá abaixar.
O valor de 76 cm da coluna de mercúrio é o valor obser-
vado no nível do mar. Como dito anteriormente, a pressão
atmosférica diminui à medida que nos afastamos da su-
perfície da Terra. Por exemplo, na cidade paulista de Cam-
pos do Jordão, situada a 1.800 metros acima do nível do
5. Pressão atmosférica mar, a altura da coluna de mercúrio mede apenas 61 cm.
A unidade de pressão (que não pertence ao SI), chamada
Anteriomente, foi mencionado que a atmosfera exerce uma atmosfera (atm), é definida assim:
pressão sobre os corpos próximos à superfície da Terra. No
entanto, como é possível medir essa pressão?
1 atmosfera (1 atm) é a pressão equivalente à exer-
Um dos modos de medir a pressão atmosférica é através cida por uma coluna de mercúrio de altura 76 cm, à
do experimento realizado pelo matemático e físico italiano temperatura de 0º C, num local onde a gravidade é
Evangelista Torricelli, em 1643. normal (g = 9,80665 m/s2).
Primeiramente, Torricelli encheu um tubo de vidro de apro-
ximadamente 1 metro com mercúrio (Hg). Em seguida, com Determinaremos, agora, a relação entre as unidades de pres-
o tubo fechado, mergulhou-o invertido num recipiente que são: atmosfera e pascal.
também continha mercúrio. Por último, a extremidade tapa-
da do tubo foi liberada. Nessa situação, o nível de mercúrio Consideremos o tubo sob um recipiente, como na figura
desce um pouco, e estabiliza-se em uma altura de aproxima- abaixo.:
damente 76 cm acima da superfície livre do mercúrio.

55
Nessa situação, temos:
pA = pX + dgh

Mas pX = 0 e pA é a pressão atmosférica (patm). Assim:


patm = 0 + dgh = dgh

A densidade do mercúrio a 0 ºC é d = 13.5955 kg/m3. Assim:


patm = dgh = (13.5955 kg/m3)(9,80665 m/s2)(0,760 m)
a) Calcule a razão mínima entre os raios dos pistões A e B
patm j 1,013 · 105 N/m2 ä 1atm = 1,013 · 105 para que o elevador seja capaz de elevar o equipamento.
Pa j 105 Pa b) Sabendo que a área do pistão A é de 0,05 m2,
calcule a área do pistão B.
As unidades de pressão centímetro de mercúrio c) Com base no desenho, calcule a pressão manomé-
(cmHg) e o milímetro de mercúrio (mmHg) também trica no ponto C situado a uma distância h = 0,2 m
são utilizadas, em geral. abaixo do ponto, onde a força F é aplicada.
Essas unidades de pressão são as exercidas por colunas de Resolução:
mercúrio de alturas 1 cm e 1 mm, à temperatura de 0 ºC
(zero grau Celsius), numa região onde a aceleração da gra- a) Do teorema de Pascal:

(  )
vidade tem seu valor normal. Desse modo, temos: __ _____
rA 2 __ rA __F ____
1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg
__ __ F
r​ B 2​   r​ A 2​  
__
B P
F __
B
√ √
​   ​ = ​   ​   ⇒ ​ r​   ​  ​ = ​    ​  ⇒ r​   ​ = ​ ​   ​ ​  = ​ ​  250  ​ ​  
P
P 4000
rA __1
⇒ __ r​  B ​ = 4​   ​. 
Aplicação do conteúdo b) Aplicando novamente o teorema de Pascal:
1. Se Torricelli tivesse usado água ao invés de mercúrio
​  P  ​ = __
__ ​  4000
​  F  ​  ⇒ ____ ​  250  ​  ⇒
 ​  = ____
para fazer o seu experimento de medida da pressão at- AB AA AB 0,05
mosférica, qual seria a altura da coluna de água corres-
4000 . 0,05
pondente a 1 atm? ⇒ AB = __________ ​   ​    
250

Resolução: ⇒ AB = 0,8 m2
c) A pressão manométrica corresponde à pressão da colu-
Sendo d a densidade da água, h a altura da coluna e g a na líquida.
aceleração da gravidade, a pressão atmosférica (patm) no
p = dgh = 700 . 10 . 0,2 ⇒ p = 1400 N/m2
experimento de Torricelli deve ser dada por:
3. (CPS) Se cavarmos um buraco na areia próxima às
patm = dgh
águas de uma praia, acabaremos encontrando água, de-
e assim: vido ao princípio físico denominado Princípio dos Vasos
Comunicantes.
p
h = ___
​  atm  ​  Assinale a alternativa que apresenta a aplicação desse
d . g
princípio, no sistema formado pelos três recipientes aber-
Como patm = 1 atm j 105 Pa, d j 103 kg/m3 e tos em sua parte superior e que se comunicam pelas ba-
g j 10 m/s2, substituindo os valores, obtemos: ses, considerando que o líquido utilizado é homogêneo.

a)
​  10
5
h j ______ ä h j 10 m
   ​ 
10 · 10
3

2. (UFJF-PISM 2) Um dos laboratórios de pesquisa da


UFJF recebeu um equipamento de 400 kg. É necessá-
rio elevar esse equipamento para o segundo andar do
prédio. Para isso, eles utilizam um elevador hidráulico, b)
como mostrado na figura abaixo. O fluido usado nos
pistões do elevador é um óleo com densidade de 700
kg/m3. A força máxima aplicada no pistão A é de 250 N.
Com base nessas informações, RESPONDA:

56
c) Supondo que o nível da água está coincidindo com o nível
médio do mar, podemos dizer que nesse ponto a pressão
é de 1 atm, e sabendo-se que a cada 10 m de coluna de
água temos aproximadamente 1 atm, como a altura da
coluna de água é de 100 m, então a pressão no ponto B
comparada ao nível da água será de 10 atm.
d)
Já a coluna de ar vai influenciar a pressão na terceira casa
decimal, portanto, a coluna de ar pode ser desprezada.
Logo, pB – pA = 10 · patm

e) Alternativa C

Resolução:

De acordo com o teorema de Stevin, pontos de um mesmo multimídia: site


líquido que estão na mesma horizontal suportam a mesma
pressão. A recíproca é verdadeira: se os níveis estão sob mes-
ma pressão, então eles devem estar na mesma horizontal. www.fisica.net/hidrostatica/pressao_liquidos_stevin.php
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/EstaticaeHi-
Alternativa C drostatica/pressao.php

4. (Udesc) De acordo com a figura, considerando h = 100 m


e a densidade do ar sendo uniforme, ao longo da dis-
tância h, a variação de pressão entre as posições B e A
é aproximadamente:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Hidrostática - Teorema de
Stevin e vasos comunicantes

a) 0.
b) 1 · patm.
c) 10 · patm.
d) 1000 · patm.
e) 100 · patm.

Resolução:

Essa questão poderia ser mais esclarecida quanto à pres-


são de referência ao nível da água e, também, poderia for-
necer mais dados, como as densidades da água e do ar.

57
VIVENCIANDO

As aplicações dos conceitos físicos da hidrostática estão presentes em diversos momentos do nosso cotidiano. Quando o
motorista pisa no pedal do freio, provoca uma pressão que atua sobre o compartimento com o fluido de freio. A pressão
se transmite por todo o fluido, inclusive dentro de um sistema de tubos que vai agir sobre as rodas do carro, travando-as.
Assim, é o fluido que empurra as pastilhas contra os discos de freio, fazendo o carro parar. O fluido de freio é um compos-
to sintético ou semissintético e uma das suas principais características é a capacidade de não se comprimir. Esse sistema
de fluido de freio facilita muito o processo de frear os automóveis e pode ser usado também em bicicletas.
Quando bebemos um suco ou um refrigerante com o canudinho, a hidrostática também está presente. Quando
puxamos o ar de um canudinho, a pressão diminui em seu interior. Isso acontece porque o ar que permanece no
canudo se espalha, fazendo com que a pressão de dentro fique menor. Como a pressão atmosférica no líquido não
se modificou, ela empurra o líquido para dentro, fazendo o líquido subir pelo canudo. Se tentássemos beber algo com
um canudinho na Lua, isso não seria possível pela falta de atmosfera no nosso satélite natural.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Cerca de 70% da biosfera terrestre estão debaixo d’água, e todos os organismos que vivem em ambientes aquáticos
estão submetidos à pressão hidrostática. Essa pressão pode variar bastante, comparando por exemplo os animais que
vivem próximo da superfície e os peixes abissais.

Anoplogaster cornuta, exemplo de peixe abissal, que vive onde a pressão hidrostática pode chegar a 40 atmosferas

A pressão hidrostática é definida fisicamente como a pressão exercida pelo peso de uma coluna de algum fluido
(líquido ou gasoso) em equilíbrio. A determinação da pressão depende da densidade do fluido, da altura da coluna
onde o fluido se encontra e da gravidade local. A pressão hidrostática é capaz de induzir uma variedade de adapta-
ções morfológicas e fisiológicas nos seres vivos e nos organismos que os compõem, como as células.
As proteínas e enzimas estão entre as macromoléculas mais estudadas para compreender como a pressão hidros-
tática pode alterar o funcionamento de componentes orgânicos, devido ao fato de que mudanças de volume estão
associadas a importantes alterações nas proteínas. Muitas enzimas podem ter suas atividades moduladas sob alta
pressão hidrostática, como a especificidade das proteases. Isso é possível porque altos valores de pressão podem
alterar a estabilidade e a funcionalidade das enzimas, fazendo com que elas deixem de funcionar.

58
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

Atualmente, as bancas pedem que o aluno saiba captar informações do enunciado, como relações matemáticas e
tabelas, além de saber relacionar com os conhecimentos aprendidos em sala de aula.

MODELO 1
(Enem) Um dos problemas ambientais vivenciados pela agricultura, hoje em dia, é a compactação do solo,
devido ao intenso tráfego de máquinas cada vez mais pesadas, reduzindo a produtividade das culturas.
Uma das formas de prevenir o problema de compactação do solo é substituir os pneus dos tratores por pneus mais:
a) largos, reduzindo a pressão sobre o solo;
b) estreitos, reduzindo a pressão sobre o solo;
c) largos, aumentando a pressão sobre o solo;
d) estreitos, aumentando a pressão sobre o solo;
e) altos, reduzindo a pressão sobre o solo.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Essa é uma questão bem simples, que pede ao aluno a aplicação do conceito de pressão (fundamental na
hidrostática) em outras situações usuais.
A pressão média (pm) é a razão entre o módulo da força normal aplicada sobre uma superfície e a área
(A) dessa superfície:
pm = Fnormal/A
De acordo com essa expressão, para prevenir a compactação, deve-se diminuir a pressão sobre o solo: ou
se trabalha com tratores de menor peso, ou aumenta-se a área de contato dos pneus com o solo, usando
pneus mais largos.

RESPOSTA Alternativa A

59
DIAGRAMA DE IDEIAS

HIDROSTÁTICA

FLUIDOS IDEAIS

DENSIDADE OBJETO OCO

d=m
V
MASSA ESPECÍFICA OBJETO MACIÇO

PRESSÃO FORÇA ESPALHADA p= F


A

LEI DE STEVIN ∆p = d⋅g⋅∆h

PONTOS NO
VASOS COMUNICANTES
MESMO NÍVEL
Mesma pressão

VASOS COMUNICANTES dA⋅hA = dB⋅hB

FA FB
PRINCÍPIO DE PASCAL =
AA AB
PRENSA HIDRÁULICA

60
para cima. Considere, por exemplo, a situação representa-
AULAS 47 e 48 da na figura a seguir, em que um corpo C está imerso no
interior de um fluido em repouso, sob a ação da gravidade.
A partir da Lei de Stevin, sabe-se que a pressão no inte-
rior do fluido aumenta com a profundidade. Dessa forma,
a intensidade da força que é exercida pelo fluido em cada
unidade de área da superfície do corpo também aumenta.
Assim, como as forças exercidas na parte inferior do corpo
HIDROSTÁTICA: EMPUXO são mais intensas do ​___› que as forças exercidas na parte su-
perior, a resultante E ​
​   dessas forças tem sentido para cima.

COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6

HABILIDADES: 2, 3, 17 e 20

1. Empuxo
É fácil perceber a diferença entre segurar uma pedra, ou
outro objeto qualquer, dentro e fora da água. Quando a
pedra é segurada dentro da água, nota-se que ela parece Aplicação do conteúdo
mais leve. Isso ocorre
​___› porque a água exerce sobre a pedra
1. Um corpo em formato de paralelepípedo, de área da
uma força vertical E ​
​ ,   com sentido para cima. Essa força é
base A e altura h, é colocado no interior de um fluido
denominada empuxo. em equilíbrio, de modo que as arestas laterais do para-
Quando a pedra é retirada de dentro da água, o empuxo lelepípedo ficam verticais, como mostra a figura.
que era exercido pela água desaparece, e a pedra parece
ficar mais pesada.

De modo geral, a experiência mostra que:


Dados: df = 1,0 · 103 kg/m3, g = 10 m/s2, h = 3,0 m, A = 2,0 m2,
dc = 1,5 · 103 kg/m3
Um corpo que esteja total ou parcialmente submerso a) Sabendo que V é o volume do corpo, expresse, em
função de V, dF e g, o módulo do empuxo exercido
num fluido em equilíbrio (e sob a ação da gravidade)
pelo fluido sobre o corpo.
recebe a ação de uma força vertical para cima, isto é, b) Calcule o módulo do empuxo e módulo do peso do
de sentido oposto ao da gravidade. Essa força é deno- corpo. Que conclusão podemos tomar a partir desses
minada empuxo. cálculos?

Resolução:
É possível explicar com certa facilidade não apenas a exis- a) Sendo p1 a pressão do fluido na face superior do
​____› ​____›
tência do empuxo, mas também o fato de ele ter sentido centro e p2 a pressão na face inferior, as forças F​ 1 ​  e F​ 2 ​  

61
exercidas pelo fluido nessas faces têm intensidades Assim, substituindo os valores fornecidos, obtém-se:
dadas por:
P = (1,5 · 103 kg/m3)(3,0 m)(2,0 m2)(10 m/s2)
P = 9,0 · 104 N

É possível concluir, então, que o corpo deverá afundar, pois


F1 = p1 · A e F2 = p2 · A P > E.
Da figura anterior, pode-se ver que p2 > p1 e F2 > F1
Por simetria, as forças exercidas pelo fluido sobre as faces​
laterais
___

do paralelepípedo se cancelam. Assim, a resultante​
E ​,   mostrada na figura a seguir, das forças exercidas pelo
fluido sobre o corpo tem módulo dado por:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Empuxo de Arquimedes - Mãozinha em Física 030

E = F2 – F1 = p2A – p1A = (p2 – p1) · A


2. Princípio de Arquimedes
No entanto, pela Lei de Stevin, a relação da pressão na face
No exercício resolvido, foi visto que o empuxo pode ser cal-
superior e inferior é:
culado a partir da Lei de Stevin, quando o corpo está no
p2 – p1 = dFgh interior do fluido. Isso é possível em duas condições:
Substituindo, segue que: § quando o objeto apresenta um formato especial ou
E = dF · g · h · A conhecido (isto é, volume fácil de calcular ou densi-
dade conhecida);
Como h ∙ A é o volume V do paralelepípedo, a equação
fica: § quando o objeto está numa determinada posição (flu-
E = dF · g · V tua, está imerso ou afunda).
b) Pela equação obtida no item anterior, tem-se:
Caso o corpo tenha um formato qualquer, o cálculo do em-
E = dF · g · h · A puxo poderá ser muito complexo.
O físico e matemático grego Arquimedes (287-212 a.C.)
Substituindo os valores dados, tem-se:
descobriu uma maneira muito simples e engenhosa de
E = (1,0 ∙ 103 kg/m3)(10 m/s2)(3,0 m)(2,0m2) calcular o empuxo. Como em sua época ainda não exis-
tia o conceito moderno de força – que foi introduzido por
E = 6,0 · 104 N
Newton muito mais tarde –, o princípio de Arquimedes
Como m é a massa e P é o peso do corpo, segue que: será apresentado por meio de argumentos ligeiramente
diferentes.
P=m·g
No interior de um fluido em equilíbrio e sob a ação da gra-
No entanto: vidade, considere uma porção desse fluido delimitada por
m = dc · V = dc (hA) uma superfície S.

62
Nota:
A parte do corpo que está submersa, ou imersa, é
aquela que está no interior do líquido. Já a parte que
está fora do líquido é a parte emersa.

O fluido que caberia no espaço ocupado pela parte sub-


mersa do corpo foi chamado por Arquimedes de fluido
deslocado. Assim, o princípio de Arquimedes pode
Na figura, é possível observar que essa​____porção de fluido ser enunciado da seguinte maneira:
› ​___›
está sob a ação de duas forças: o peso P​ F ​  e o empuxo E ​
​ ,  
que resulta das forças exercidas pelo restante do fluido que O empuxo exercido por um fluido sobre um corpo que está
age sobre essa porção de fluido interna a S. Deve-se ter a total ou parcialmente submerso nesse fluido tem módulo
seguinte condição, uma vez que o fluido está em equilíbrio: igual ao módulo do peso do fluido deslocado pelo corpo.

E = PF
A partir da equação E = PF e sabendo que mF , dF e VF são,
Suponha agora que um corpo C substitua o espaço ocu- respectivamente, a massa, a densidade e o volume do flui-
pado pelo fluido no interior de S. As forças exercidas sobre do deslocado, tem-se:
S pelo fluido que está fora de S são as mesmas, tanto no E = PF
caso da figura anterior como no da figura a seguir, pois a
PF = mF · g
superfície S não mudou. Dessa forma, em ambos os casos,
o empuxo é o mesmo e é dado pela equação: mF = dF · VF
E = PF Portanto, tem-se:

E = dF · VF · g

Essa equação é igual à do exercício resolvido anteriormente.

Assim:

O módulo do empuxo é igual ao módulo do peso do multimídia: vídeo


líquido do recipiente que caberia dentro do espaço Fonte: Youtube
ocupado pelo corpo. Empuxo e suas propriedades e o
princípio de Arquimed...
Portanto, se o corpo estiver parcialmente submerso em um
líquido, como no caso do navio mostrado na figura a seguir, o
empuxo será igual ao peso do líquido (no caso, da água) que Aplicação do conteúdo
caberia no espaço ocupado pela parte submersa do corpo.
1. Calcule a intensidade do empuxo, o peso e a densidade
de um corpo homogêneo de volume VC = 0,16 m3 que flutua
em um líquido de massa específica d1 = 0,80 · 103 kg/s2.

63
Resolução: PC = dcVg e E = dfVg

Do enunciado, segue que o volume total do corpo é É possível considerar três casos relacionados às densidades
VC = 0,16 m3; logo, o volume da parte emersa é V1 = 0,04 m3. dF e dC:
Assim, o volume da parte submersa, isto é, do volume do
líquido deslocado será: § Se dC > dF:
​____›
VL = Vc – V1 = 0,16 m – 0,04 m = 0,12 m
3 3 3 Tem-se PC > E, e, portanto, a força resultante F​ R ​  apontará
_​__› para baixo, conforme a figura a seguir. Tendo partido do
Foi visto que a intensidade do empuxo (​E ​)   é igual ao peso repouso, o corpo afundará até atingir o fundo do reci-
do líquido deslocado, ou seja, é o peso do líquido que ca- piente. Assim, a diferença PC – E é o peso aparente do
beria no espaço ocupado pela parte submersa do corpo, corpo.
que nada mais é do que o espaço de volume VL. Portanto:
§ Se dc = dF:
E = PL = mL · g = dL · VL · g = (0,80 · 103 kg/m3 (0,12m3) (10m/s2) ​____›
Tem-se PC = E, e, portanto, a força resultante F​ R ​  será nula e
E = 9,6 · 102 N
o corpo permanecerá em repouso.
Como o corpo flutua, significa
_​___› que ele está em equilíbrio.
Assim, o peso do corpo P​ C ​  e o empuxo têm a mesma in- § Se dc < dF:
_​___›
tensidade: tem-se E > PC, e, nesse caso, a força resultante F​ R ​  apontará
para cima, como mostrado na figura, fazendo com que o
PC = E = 9,6 · 102 N
corpo suba até ficar parcialmente submerso.
PC = E = PL ä PC = PL ä mC · g = mL · g ä mC = mL ä
V
ä dC · VC = dL · VL ä dC = __
​  1  ​ dL ä
VC
0,12
dC = ____
​   ​ · (0,80 · 103) ä dC = 0,60 · 103 kg/m3
0,16

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Fluidos

3. Empuxo e densidade
Considere um corpo qualquer, de densidade dc, abando-
nado no interior de um fluido de densidade dF, como na
imagem a seguir. Uma vez que o corpo está totalmente
imerso, o volume do fluido deslocado será igual ao volume
do corpo: VF = VC = V. Dessa forma, as intensidades do peso
e do empuxo serão dadas por: Aplicação do conteúdo
1. Nas regiões frias, há diversos blocos de gelo que
flutuam no mar, os chamados icebergs. Isso acontece
devido à densidade do gelo ser um pouco inferior à da
água líquida. Sabendo que a densidade da água do mar
(dA) é aproximadamente 1020 kg/m3 e a densidade do
gelo (dc) é de aproximadamente 920 kg/m3, calcule que
fração do volume de um iceberg fica emersa.

64
E=P

ou:

da · VA · g = dG · VG · g

Rearranjando a equação e substituindo os dados fornecidos:

dg
VA = __ ​ 920  ​ VG
​    ​ VG = ____
dA 1020
Resolução:
​___›
VA = 0,90 VG = 90% VG
Considerando
​___› iceberg (​P ​)   e
as intensidades do peso do do
empuxo (​E ​)   exercido pelo mar sobre o gelo, sendo VG o Assim, o volume submerso é 90% do volume total de gelo.
volume total do gelo e VA o volume da água deslocada, Em consequência, apenas 10% do volume de gelo perma-
tem-se: necem acima da superfície do mar.
E = da · VA · g   e   P = dG · VG · g

Como o iceberg está em equilíbrio, deve-se ter: 3.1. Navios


Sabe-se que a densidade do aço é maior que a da água.
Dessa forma, conforme os casos discutidos anterior-
mente sobre densidade e empuxo, se um bloco maciço
de aço for atirado na água, ele afundará. No entanto,
embora os navios tenham seus cascos feitos de aço,
eles não afundam; eles flutuam na água, parcialmente
submersos. Isso ocorre porque o navio não é um bloco
maciço de aço. Os navios possuem partes vazias (ocas)
que fazem com que sua densidade seja menor que a da
água e, por isso, eles boiam.

VIVENCIANDO

O princípio do empuxo de Arquimedes pode explicar tudo que flutua. No dia a dia, é fácil perceber coisas flutuando,
como os balões. Pode ser estranho citar o balão como um objeto que flutua, mas os gases também são fluidos. Eles
diferem dos líquidos por possuírem uma densidade menor. A Terra é envolta por uma mistura de gases, conhecida como
a atmosfera terrestre. Portanto, o planeta está envolto por uma camada de fluido. Objetos cujas densidades sejam
menores do que a densidade da atmosfera tendem a flutuar. Os dirigíveis são grandes objetos contendo em seu interior
gases mais leves do que o ar. O hélio é o gás mais usado para preencher balões meteorológicos e de publicidade.
Outro exemplo da atuação do empuxo são os icebergs. Eles são formados por grandes massas de água doce (as massas
de água salgada são denominadas banquisas), no estado sólido, que se deslocam seguindo as correntes dos oceanos.
Na maioria das vezes, apenas 10% do volume total do iceberg emergem à superfície, e os outros 90% ficam submersos,
oferecendo enorme perigo às navegações. A massa específica do gelo, em condições polares, vale 0,917 g · cm−3. Assim,
a densidade do gelo é ligeiramente menor que a da água, o que faz com que os icebergs flutuem.

65
Assim:
Aplicação do conteúdo
T = E – P = daVg – dHVg = (da – dH) · Vg 
1. Um garoto segura uma bexiga cheia de gás hélio,
como ilustra a figura a seguir. Calcule a intensidade da
força exercida pelo garoto sobre a bexiga desprezando No entanto:
as massas do fio que o garoto segura e da borracha da
qual a bexiga é feita. 1 m3 = 103 L ä 1L = 10–3 m3 ä 10 L = 10–2 m3

Dados: dH = densidade do hélio = 0,17 kg/m3 , da = densidade Assim:


do ar = 1,20 kg/m3; V = volume da bexiga 10-2 m3g = 10 m/s2. V = 10 L = 10-2 m3

Substituindo os valores dados na equação (*),


tem-se:

T = (dar – dHr) · Vg = (1,20 kg/m3 – 0,17 kg/m3)(10–2 m3)(10 m/s2)


j 0,10 j 0,10 N
T j 0,10 N

2. (FMJ) Uma esfera rígida de volume 5 cm3 e massa


100 g é abandonada em um recipiente, com velocidade
inicial nula, totalmente submersa em um líquido, como
mostra a figura.

Resolução:

Nesse caso, o fluido que envolve a bexiga é o ar. Sabe-se


que a densidade do hélio é menor do que a do ar; assim,
se o garoto soltasse o fio, a bexiga subiria.
Desprezando as massas do fio e da borracha, as forças que ​___›
atuam na bexiga, conforme a figura, são: o empuxo (​E ​)  
exercido pelo ar sobre a bexiga, a tração exercida pelo fio e
a força-peso. Como a bexiga está em repouso, deve-se ter:

Verifica-se que a esfera leva 4s para atingir o fundo do re-


cipiente, a 80 cm de profundidade. Considerando g = 10/
s2, e que apenas as forças peso e empuxo atuem sobre a
esfera, determine:
a) a velocidade, em m/s, com que a esfera toca o fun-
do do recipiente;
b) a densidade do líquido, em g/cm3.

Resolução:
a) Trata-se de um movimento retilíneo uniformemente
acelerado, em que a velocidade média é dada pela
média das velocidades, sendo possível calcular a ve-
locidade final:
E = T + P ou T = E – P v–v
​ Ds ​ = _____
vm = ___ Ds ​ + v ⇒
⇒ v = 2​ ___
​   ​0  
Dt 2 Dt 0
Mas:
0,8m
⇒ v = 2 ∙ ____ + 0 ∴ v = 0,4 m/s
​   ​  
P = dH · V · g e E = dar · V · g (4s)

66
Outra possibilidade é calcular a aceleração e, depois, a ve- a) B é menor que a de A.
locidade final: b) A é menor que a de B.
v0 = 0 e s0= 0 c) A é menor que a da água.
​  a ​ t2
s = s0 + v0t + __ ​ 2s2 ​  =
a = __ d) B é menor que a da água.
2 t
2 · 0,8 m
_______ Resolução:
= ​  ∴ a = 0,1 m/s2
 ​  

(4s)2
v = v0 + at ⇒ O bloco A continua na mesma posição: sua densidade é
igual à da água;
⇒ v = 0 + 0,1 m/s2 . 4s ∴ v = 0,4 m/s
b) A força resultante é dada pela diferença entre o O bloco B vai para o fundo: sua densidade é maior que a
peso da esfera e o empuxo: da água.
Assim:
dA = dág dB > dág dA < dB

Alternativa B

4. (UFPR) Uma esfera homogênea e de material pou-


co denso, com volume de 5,0 cm3 está em repouso,
completamente imersa em água. Uma mola, disposta
verticalmente, tem uma de suas extremidades presa ao
fundo do recipiente e a outra à parte inferior da esfera,
conforme figura abaixo. Por ação da esfera, a mola foi
deformada em 0,1 cm, em relação ao seu comprimento
quando não submetida a nenhuma força deformadora.
Considere a densidade da água como 10 g/cm3, a ace-
leração gravitacional como 10 m/s2 e a densidade do
Fr = P – E material do qual a esfera é constituída como 0,1 g/cm3.
Usando o princípio fundamental da dinâmica e as defini-
ções do peso e do empuxo, obtém-se a massa específica
do líquido:
ma = mg – μligVg ⇒
m(g – a)
⇒ μlig = _______
​   ​  
 =
Vg
100 g · (10 – 0,1)m/s2
= ________________
  
​      ​ ∴ μlig = 19,8g/cm3 Com base nas informações apresentadas, assinale a alter-
5 cm3 ∙ 10 m/s2
nativa que apresenta a constante elástica dessa mola.
3. (CFT-MG) Dois blocos A e B de mesmas dimensões a) 0,45 N/cm. d) 450 N/cm.
e materiais diferentes são pendurados no teto por fios b) 4,5 N/cm. e) 4500 N/cm.
de mesmo comprimento e mergulhados em uma cuba
c) 45 N/cm.
cheia de água, conforme a figura a seguir. Cortando-se
os fios, observa-se que A permanece na mesma posição Resolução:
dentro da água, enquanto B vai para o fundo.
Dados: V = 5 cm3 = 5 × 10-6 m3;
x = 0,1cm = 10-3 m; da = 1 g/cm3; dc = 0,1 g/cm3 = 10-2 kg/m3.
A figura mostra as forças agindo na esfera: peso (P); empu-
xo (E) e força elástica (F).

Com relação a esse fato, pode-se afirmar que a densidade


do bloco

67
Como a esfera é homogênea, sua densidade é igual à do
material que a constitui. Assim, ela é menos densa que a
água; portanto, sua tendência é flutuar, provocando na
mola uma distensão. Por isso, a força elástica na esfera é
para baixo.
Do equilíbrio de forças:
F + P = E ⇒ F = E – P ⇒ F = da Vg – dc Vg ⇒
multimídia: site
⇒ kx = (da – dc) Vg ⇒
www.pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/buoyant-
(103 – 102) · 5 · 10-6 · 10
_____________________
k = (da – dc)Vg/x =
   ​      ​ = -force-and-archimedes-principle/a/buoyant-force-and-archi-
10-3
= 9 · 102 · 5-2 ⇒ k = 45 N/m ⇒ medes-principle-article

⇒ k = 0,45 N/cm. www.fisica.net/hidrostatica/principio_de_arquimedes_


empuxo.php
Alternativa A
www.web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/museu%20
virtual/curiosidades%20e%20descobertas/Massas_e_
Volumes/empuxo.html

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Arquimedes de Siracusa foi um matemático, inventor e astrônomo grego que nasceu em 287 a.C. Apesar de existirem
poucos documentos sobre sua vida, ele é considerado por muitos pesquisadores o maior matemático da antiguidade
e o fundador dos estudos da estática e da hidrostática dentro da Física. Foi morto por um soldado romano, durante
o cerco de Siracusa.
Uma famosa lenda sobre Arquimedes conta que um rei de Siracusa, chamado Hierão, consultou o cientista grego
para resolver um problema envolvendo sua coroa. O rei estava em dúvida se sua coroa era realmente feita comple-
tamente de ouro ou se o ourives real havia misturado outros metais mais baratos para confeccionar a coroa. Certo
dia, entretido com essa questão, Arquimedes tomava banho numa banheira. De repente, ele teve um vislumbre da
solução e saiu correndo pelado pelas ruas da cidade, gritando “eureka, eureka”, que quer dizer “descobri, descobri”.
A água que transbordava da banheira cheia tinha o mesmo volume de seu corpo. Utilizando-se dessa propriedade
física, Arquimedes poderia provar se o ourives era um trapaceiro. Ele observou que blocos de massa iguais, mas feitos
um de ouro e outro de prata, faziam transbordar volumes de água: por serem materiais de densidades diferentes, os
blocos não tinham o mesmo volume. Utilizando uma bacia cheia de água, ele descobriu que o bloco de prata des-
locava um maior volume de água que o bloco de ouro. Em seguida, ele verificou que o volume de água que a coroa
transbordava era maior que o do bloco de ouro e menor que o do bloco de prata. Arquimedes concluiu que o ourives
não havia usado ouro puro na coroa, mas feito uma mistura de metais. Ele usou a densidade para provar que a coroa
tinha sido feita com uma liga de ouro e prata.
Com efeito, trata-se de uma lenda. Arquimedes nunca escreveu sobre o suposto episódio. O registro mais antigo
sobre essa história aparece, pela primeira vez, na introdução de um livro escrito pelo arquiteto romano Vitruvius,
mais de 300 anos depois da morte de Arquimedes. Galileu foi um dos primeiros a duvidar da história, questionando
a precisão dos experimentos realizados por Arquimedes na lenda. Atualmente, acredita-se que o desafio proposto
por Hierão na verdade envolvia a construção de um imenso barco, que seria construído e dado de presente para um
imperador no Egito.

68
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

É cada vez mais importante que o aluno desenvolva a capacidade de relacionar e utilizar os conhecimentos
adquiridos de Física em diversas situações.

MODELO 1
(Enem) Durante uma obra em um clube, um grupo de trabalhadores teve de remover uma escultura de ferro
maciço colocada no fundo de uma piscina vazia. Cinco trabalhadores amarraram cordas à escultura e tentaram
puxá-la para cima, sem sucesso.
Se a piscina for preenchida com água, ficará mais fácil para os trabalhadores removerem a escultura, pois a:
a) escultura flutuará. Dessa forma, os homens não precisarão fazer força para remover a escultura do fundo;
b) escultura ficará com peso menor. Dessa forma, a intensidade da força necessária para elevar a escultura
será menor;
c) água exercerá uma força na escultura proporcional a sua massa, e para cima. Essa força será somada à
força que os trabalhadores fazem para anular a ação da força-peso da escultura;
d) água exercerá uma força na escultura para baixo, e esta passará a receber uma força ascendente do piso
da piscina. Essa força ajudará a anular a ação da força-peso na escultura;
e) água exercerá uma força na escultura proporcional ao seu volume, e para cima. Essa força será somada à
força que os trabalhadores fazem, podendo resultar em uma força ascendente maior que o peso da escultura.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Trata-se de uma questão muito interessante. A banca procurou complicar com alternativas muito pa-
recidas. O candidato que não entendeu muito bem o conceito teve muitas dificuldades em resolver e,
inevitavelmente, ficou na dúvida entre duas ou mais alternativas.
Com a piscina cheia, a água exercerá na escultura uma força vertical, para cima, denominada empuxo, cuja inten-
sidade é igual ao peso do volume de água deslocado pela escultura. Matematicamente, o empuxo é dado por:
E = dlíquido · Vimerso g

RESPOSTA Alternativa E

69
DIAGRAMA DE IDEIAS

EMPUXO

FORÇA

VERTICAL
PARA CIMA

PRINCÍPIO DE
ARQUIMEDES

E = dF·VF·g

dC > dF dC = dF dC < dF

Corpo em equilíbrio
Corpo afunda Corpo em
parcialmente
repouso submerso
submerso

70
corrente nunca se cruzam e são tangentes à velocidade das
AULAS 49 e 50 partículas de fluido em todos os seus pontos.
Na figura a seguir, é possível observar que todas as partí-
​____› ​____› ​____›
culas de fluido têm velocidade v​ A ​,  v​ B ​ e v​ C ​ quando passam
por A, B, e C, respectivamente, sendo que essas velocidades
podem ou não ser iguais.
A velocidade de escoamento é o que diferencia o escoa-
HIDRODINÂMICA mento estacionário do escoamento turbulento. Quando a
velocidade é baixa, o escoamento é estacionário, como no
caso do escoamento manso das águas de um rio ou do
escoamento de ar e gases. Quando as velocidades variam
de um ponto a outro e também de instante em instante, o
escoamento é não estacionário ou turbulento, como
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 no caso das quedas de água.
O escoamento por meio de tubos pode ser afetado devido
HABILIDADES: 2, 3, 17 e 20 a fatores como o diâmetro dos tubos e a viscosidade do
fluido. No movimento do fluido, a viscosidade tem o mes-
mo papel do atrito no movimento dos sólidos. É devido à
viscosidade que surgem forças tangenciais entre as cama-
das do fluido, que possuem movimento relativo, ocorrendo
1. Fluido em movimento então dissipação de energia mecânica.
A palavra “fluido” pode ser utilizada tanto para líquidos
quanto para gases. Na hidrodinâmica, líquidos e gases
serão tratados conjuntamente, uma vez que são semelhan-
tes quando em movimento. O deslocamento desses fluidos
é denominado escoamento.

Fluxo estacionário e uma de suas linhas de corrente.

2. Vazão e equação
da continuidade
Considere um tubo cilíndrico em que um fluido escoa em
Hidrelétrica de ilha Solteira no rio Paraná
regime estacionário. Suponha que, em um intervalo de
tempo Dt, um volume DV de líquido passe por uma seção
1.1. Tipos de escoamento transversal S desse tubo, como ilustra a figura a seguir:
Há dois tipos de escoamentos de um fluido: o estacionário
(ou permanente) e o turbulento.
No escoamento estacionário, cada partícula do fluido
passa por um determinado ponto sempre com a mesma ve-
locidade, isto é, a velocidade de uma partícula (ou porção
de massa do fluido) em um determinado ponto é sempre
a mesma independentemente do tempo. Em outro ponto,
a partícula pode passar com velocidade diferente. É impor-
tante ressaltar que qualquer outra partícula que passe por A vazão Z do fluido por meio da seção S do tubo é,
esse segundo ponto no fluido se comportará como a primei- por definição:
ra partícula quando passou por ele. As trajetórias descritas
pelas partículas de um fluido escoando em regime estacio- Z = ___
​ DV ​  
Dt
nário são denominadas linhas de corrente. As linhas de

71
A vazão é expressada, na unidade do Sl, em metros cúbicos Como o volume de fluido que passa pela seção de maior
por segundo. Assim, se 1 m3 = 103 L, tem-se: diâmetro é o mesmo que vai passar pela seção de menor
diâmetro, a velocidade do fluido nas seções mais largas
1 m3/s = 103 L/s
é menor do que a velocidade do fluido nas seções mais
A vazão também pode ser dada em função da velocidade estreitas, isto é, são inversamente proporcionais.
de escoamento. Considerando novamente o volume de lí-
Um exemplo disso é a corrente da água num rio: observa-
quido DV que passa pela seção S de área A, no intervalo
-se que a velocidade é maior nos locais em que o leito é
de tempo Dt, tem-se que esse volume pode ser dado pelo
mais estreito e menor nos locais onde o leito é mais largo.
produto da área pela distância percorrida pelo fluido nesse
intervalo de tempo.
DV = A · Ds
Aplicação do conteúdo
1. Qual a velocidade de escoamento da água em uma
Z = ___ A · Ds
​ DV ​ = ​ _____ ​ 
 = A · v mangueira de diâmetro interno de 4 cm que jorram 5 L
Dt Dt de água em 5 s?
Resolução:
Onde v é a velocidade de escoamento do fluido
Dados: D = 4 cm = 0,04 m, V = 5 L = 5 · 103 m3, Dt = 5 s
A área da seção transversal da mangueira é dada por:
A = pr2 ä A = p · (0,02)² ä A = 0,001256 m2
Assim,
Z = ___ 5 · 10
​ DV ​ = ​ ______
–3
 ​   = 1 · 10–3 m3/s
Dt 5
Z = Av ä 1 · 10–3 = 0,001256v ä v = 0,80 m/s
É possível observar que, através de cada seção do tubo,
durante certo intervalo de tempo, passa o mesmo volume 2. Em um tubo, cujo diâmetro é de 0,5 m, passam 100 L
de fluido. de água por segundo. Em outra região, o tubo sofre um
estreitamento e passa a ter 0,2 m de diâmetro. Calcule
No caso de um tubo em que as seções variam por todo a velocidade da água nessas duas seções do tubo.
comprimento, o volume de fluido que passa por S1 passará
por S2, embora S2 seja menor do que S1, conforme a figura Resolução:
a seguir. Dados: D1 = 0,5 m; Z = 100 L/s = 100 · 10–3 m3/s = 0,1 m3/s1
D2 = 0,2 m
Na primeira seção, tem-se que o cálculo da
velocidade é:

Z = A1v1 ä Z = 3,14 · (0,25)² · v1 ä v1 j 0,51 m/s

Na segunda seção, tem-se:

Considerando que nem todo o fluido que passa por S1 pas- A1v1 = A2v2 ä (0,25)² · 0,51 = (0,1)² · v2 ä v2 j 3,19 m/s
se por S2, ou seja, considerando que através da seção S2
passe um volume de fluido menor do que o que passou
através da seção S1, existiria um excesso de fluido em al-
gum lugar entre as duas seções.
Sendo o volume de fluido que atravessa as seções S1 e S2
iguais, não há acumulação nem diminuição de fluido. Por-
tanto, a vazão do fluido através dessas seções é igual:
Z1 = Z2 multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
A1 · v1 = A2 · v2 Princípio de Bernoulli (conceito)

72
3. Equação de Bernoulli ​ dv ​ = constante
p + ___
2

A equação de Bernoulli resulta da aplicação do teorema da 2


conservação da energia para o fluxo de um líquido em regi-
me estacionário e é denominada equação fundamental A seguir, serão apresentadas algumas aplicações do teore-
da hidrodinâmica. Ela relaciona a pressão, a velocidade ma de Bernoulli.
e a elevação (altura) de pontos numa mesma linha da cor-
§ Ao assoprar uma tira de papel de seda, observa-se que
rente de fluxo.
o papel começa a subir. Nessa situação, ao assoprar o
A figura a seguir apresenta o fluxo de um fluido em que papel, a velocidade de escoamento do ar sobre a tira se
estão indicados dois pontos, 1 e 2, sobre uma mesma linha torna maior, o que faz com que a pressão nessa superfí-
da corrente de fluxo. Nesses pontos, as velocidades são v1 e cie fique menor do que a pressão atmosférica exercida
v2, as pressões são p1 e p2, as alturas são h1 e h2 em relação sobre a face de baixo. Em consequência, a folha sobe e
ao nível de referência, sendo que d é a densidade do fluido fica praticamente na horizontal.
e g é a aceleração da gravidade local.

A equação de Bernoulli relaciona essas variáveis da seguin-


te maneira:

d · v12 d · v22
p1 + d · g · h1 + _____
​   ​   = p2 + d · g · h2 + _____
​   ​   
2 2

Portanto, em qualquer ponto do fluido é válida a relação:

​ d ·  ​
p + d · g · h + ____ v2 
 = constante
2
A tira de papel se eleva quando é assoprada
pela sua superfície superior.
Os termos nessa equação são:

§ p: a pressão;

§ d · g · h: corresponde à energia potencial gravitacional por


unidade de volume, denominada pressão hidrostática;

​ d ·  ​
v :  é a energia cinética por unidade de volume, tam-
2
§ ____
2
bém chamada de pressão dinâmica;
multimídia: vídeo
No caso particular, quando o movimento do fluido ocorre Fonte: Youtube
somente na direção horizontal, não existe variação da altu-
Me Salva! EINV01 - Princípio de Bernoulli
ra (h); assim, a energia potencial gravitacional não varia, de
modo que a equação de Bernoulli se reduz a:
§ O mesmo fenômeno que ocorre na tira de papel de seda
ocorre na asa de um avião. O ar que flui na parte superior
da asa tem velocidade maior, pois tem de percorrer uma
distância maior do que o ar que flui na parte inferior na
asa. Essa diferença causa a redução da pressão na parte
superior da asa, o que produz a força resultante ascen-
sional, que é a força de sustentação do avião no ar.

73
§ Nos carros de corrida, os aerofólios têm o mesmo fun-
multimídia: vídeo
cionamento que o de uma asa de avião, mas de modo Fonte: Youtube
invertido, para que a força resultante tenha o sentido Fonte mágica (como fazer fonte de Heron - experiênci...
para baixo, forçando o veículo contra o solo. Assim, o
carro tem mais aderência e estabilidade, o que lhe per-
mite atingir elevadas velocidades com segurança.
4. Equação de Torricelli
É possível determinar a velocidade horizontal de escoa-
mento de um líquido pelo orifício de um recipiente a partir
do teorema de Bernoulli.
Torricelli estudou primeiramente esse problema e compro-
vou experimentalmente que a intensidade da velocidade
de escoamento do líquido era igual à velocidade que um
corpo teria caso caísse da superfície livre do líquido até o
ponto de escoamento, ou seja:

§Sobre um telhado, a velocidade do vento é maior ao pas-
sar acima da cumeeira do telhado. A pressão onde as
linhas de corrente se aproximam na parte superior do te-
lhado é menor do que a pressão do ar abaixo deste. Du-
rante uma tempestade, essa diferença de pressão pode
produzir uma força ascensional tão intensa capaz de
levantar o telhado se ele não estiver corretamente fixado.

v = d​ XXXXXXX
2 · g · h ​ 

O alcance horizontal do líquido aumenta com a profundi-


dade do furo. Pela equação de Torricelli, se a profundidade
do orifício for quatro vezes maior (quadruplicar), então a
intensidade da velocidade de saída do fluido será duas ve-
zes maior (dobrar).
§ Nas plataformas de trem, o efeito da diminuição da
pressão devido ao aumento da velocidade pode fazer
com que as pessoas sejam “puxadas” em direção a um
trem que passe muito rápido. Essa é uma das razões da
faixa de segurança de embarque.

Diferentes velocidades horizontais do líquido


Trem expresso, que sai da estação da Luz, em São Paulo. pelos orifícios em diferentes posições.

74
VIVENCIANDO

A hidrodinâmica é um segmento da física que estuda o comportamento de fluidos, sejam eles líquidos ou gases em
movimento. O fato de a atmosfera estar repleta de gases demonstra que os estudos da hidrodinâmica são funda-
mentais, uma vez que determinam previsões de condições meteorológicas. Além disso, quando uma pessoa pratica
natação ou joga futebol, ela esta à mercê do comportamento dos fluidos e da hidrodinâmica. Outras aplicações da
hidrodinâmica são a determinação da taxa de fluxo de massa de petróleo através de gasodutos e a construção de
sistemas de irrigação.
A equação de Bernoulli, por exemplo, é aplicada na medição da velocidade de um avião. Um dos instrumentos
usados para essa medição é o tubo de Pitot. Esse equipamento é um tubo fino, posicionado paralelamente à asa
da aeronave, com um orifício frontal e uma tubulação interna que liga até um outro orifício lateral. O orifício frontal,
muito pequeno em comparação ao diâmetro frontal do tubo, recebe ar a uma pressão correspondente ao ar em re-
pouso com relação ao tubo e, portanto, com relação à asa. O orifício lateral recebe ar a uma pressão correspondente
ao ar em movimento com relação à aeronave. Utilizando-se das informações dessa variação de pressão e com as
informações de um manômetro, é possível determinar a velocidade do avião.

a) Utilizando a equação da continuidade, tem-se:


Aplicação do conteúdo
A1v1 = A2v2 ä pR12v1 = pR22v2 ä
1. Em tubo horizontal de 10 cm, um líquido de densi-
dade 0,9 g/cm3 flui com velocidade de 2 m/s. Em uma ä (5 · 10–2)2 · 2 = (4 · 10-2)2 · v2 ä
parte desse tubo, de diâmetro igual a 8 cm, a pressão é
de 1,2 N/cm2. ä v2 = 3,125 m/s
a) Qual a velocidade do líquido na parte mais estreita
b) A partir da equação de Bernoulli para o tubo hori-
do tubo?
zontal, tem-se:
b) Qual a pressão na parte mais larga?
Resolução: 9 · 102 · 3,1252
​ 9 · 10  ​
· 22 
2
p1 + ________  = 1,2 · 104 + ____________
​     ​  
2 2
Dados: d = 0,9 g/cm3 = 9 · 102 kg/m3
p1 = 14.594 N/m2
Como o tubo é horizontal, tem-se:
2. Na figura a seguir, está representado um recipiente
que contém água até uma altura de 4 m. A 1,5 m abaixo
da superfície livre de água, faz-se um furo de área 5 cm2.
Considere g = 10 m/s2 e suponha que a superfície da água
se mantenha no mesmo nível durante o escoamento.

§ Secção mais larga:


R1 = 0,05 m = 5 · 10–2 m
V1 = 2 m/s
p2 = ?

§ Secção mais estreita:


R2= 0,04 m = 4 · 10–2 m
p2 = 1,2 N/cm2 = 1,2 · 104 N/m2 a) Calcule a intensidade da velocidade de escoamento.
V2= ? b) Determine a vazão da água através do furo.

75
Resolução:
a) Pela equação de Torricelli, é possível encontrar a
intensidade da velocidade de escoamento:

v = d​ XXXX
2gh ​ 
v = d​ XXXXXXXXX
2 · 10 · 1,5 ​ 
multimídia: site
v j 5,5 m/s
b) Para o cálculo da vazão, tem-se:
www.pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/fluid-dyna-
Z = Av ä Z = 5 · 10–4 · 5,5 ä mics/a/what-is-bernoullis-equation
ä Z j 0,00274 m3/s j 2,74 · 10–3 m3/s http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/equacao-
-bernoulli.htm
Como 1 m3 = 103 L:
https://www.if.ufrgs.br/cref/?area=questions&id=1827
Z j 2,74 L/s

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As ondas seguem o nosso barco enquanto navegamos pelo lago e correntes de ar turbulentas seguem nosso voo em
avião. Por que isso acontece? Físicos, matemáticos e engenheiros acreditam que uma explicação para a turbulência
pode ser encontrada por meio de uma compreensão das soluções para as equações de Navier-Stokes. Os cientistas
Claude Louis Marie Henri Navier e George Gabriel Stokes criaram a equação que é um dos pilares da mecânica de
fluidos. Essas equações descrevem o movimento de um fluido (líquido ou gás) no espaço físico. Embora tenham sido
escritas no século XIX, de forma descontínua, nossa compreensão delas permanece mínima. Inclusive, o desafio
de encontrar soluções analíticas para as equações de Navier-Stokes é um dos “problemas do milênio”, e quem
resolvê-lo ganha um milhão de dólares. O problema consiste “em fazer um progresso substancial em direção a uma
teoria matemática que destrave os segredos escondidos nas equações”, segundo a fundação que oferece o prêmio.
Geralmente, as soluções dessas equações in-
cluem turbulência, as quais se mantêm como
um dos maiores problemas em aberto da físi-
ca, apesar de sua imensa importância para a
física teórica e a engenharia. Na matemática,
as equações de Navier-Stokes são um sistema
não linear com equação de derivadas parciais
para campos de vetores abstratos de qualquer
tamanho. Ninguém ainda conseguiu encontrar
soluções algébricas dessas equações, pois só é
possível resolver por meio de computadores e
encontrando soluções específicas.
Fonte: http://www.prof-edigleyalexandre.com/2014/01/problemas-do-milenio-matematico-
encontra-solucao-parcial-para-equacao-navier-stokes.html

76
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

A habilidade 17 exige que o aluno consiga compreender situações habituais. Para isso, ele deve utilizar as di-
versas formas de informação (gráfico e tabela, por exemplo) e relacioná-las com o problema apresentado a ele.

MODELO 1
(Enem) Uma pessoa, lendo o manual de uma ducha que acabou de adquirir para a sua casa, observa o gráfico,
que relaciona a vazão na ducha com a pressão, medida em metros de coluna de água (mca).

Nessa casa residem quatro pessoas. Cada uma delas toma um banho por dia, com duração média de 8 minu-
tos, permanecendo o registro aberto com vazão máxima durante esse tempo. A ducha é instalada em um ponto
seis metros abaixo do nível da lâmina de água, que se mantém constante dentro do reservatório.
Ao final de 30 dias, esses banhos consumirão um volume de água, em litros, igual a:
a) 69.120. d) 8.640.
b) 17.280. e) 2.880.
c) 11.520.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Trata-se de uma questão típica do Enem, em que o aluno deve interpretar um gráfico e relacioná-lo com
o problema proposto pela banca.
Da leitura direta do gráfico, encontra-se para a pressão estática de 6 mca uma vazão z = 12 L/min. O
tempo mensal de funcionamento do chuveiro é:
∆t = 4 × 8 × 30 = 960 min
Calculando o consumo em litros:
z = V/∆t ⇒ V = z∆t = 12 × 960 ⇒ V = 11.520 L

RESPOSTA Alternativa C

77
DIAGRAMA DE IDEIAS

HIDRODINÂMICA

ESCOAMENTO FLUIDO EM ESCOAMENTO


ESTACIONÁRIO MOVIMENTO TURBULENTO

Equação da ∆V
Vazão Z=
continuidade ∆t

v1·A1 = v2·A2

Equação de p + d⋅g⋅h + d⋅v2 = constante


Bernoulli 2

Equação de
Torricelli v= √2.g.h

78
1.1. Equações dimensionais
AULAS 51 e 52 Utilizando o produto de potências de bases M, L, T, u, N, J
e I, é possível representar qualquer outra grandeza física. A
potência de cada uma dessas bases diferencia as grande-
zas físicas relacionadas.
A equação dimensional é a denominação dada ao
produto de potências para determinada grandeza física.
GRANDEZAS FÍSICAS As fórmulas dimensionais para grandezas mecânicas (A),
térmicas (B) e elétricas (C) são expressas, genericamente,
da seguinte maneira:

[A] = Ma Lb Tc
COMPETÊNCIA: 5 [B] = Md Le Tf ug
[C] = Mh Li Tl Ik
HABILIDADE: 17

No estudo da Mecânica, as grandezas estão associadas


às grandezas massa (M), comprimentos (L) e intervalos
e/ou instantes de tempo (T). Assim, as dimensões de
1. Grandezas físicas temperatura e intensidade de corrente elétrica não estão
relacionadas. De modo semelhante, para a grandeza tér-
fundamentais e derivadas mica (B), na fórmula dimensional, não aparece a potência
O comprimento, a massa e o tempo – as três grande- de base (I).
zas mecânicas – são grandezas físicas que independem de Dado que uma potência de zero é sempre igual a 1,
outras grandezas e são denominadas grandezas funda- quando uma grandeza qualquer é independente da
mentais (ou primitivas). massa, por exemplo, a potência M0 não precisa ser
Os símbolos dimensionais L, M e T serão atribuídos, respec- incluída na fórmula, uma vez que 1 (M0 = 1) é o ele-
tivamente, ao comprimento, à massa e ao tempo. mento neutro da multiplicação.

A grandeza térmica fundamental é a temperatura (sím- Para se obter a fórmula dimensional de uma grandeza, de-
bolo u), e a grandeza elétrica fundamental é a intensi- ve-se partir de sua fórmula física e expressar todos os fatores
dade de corrente elétrica (símbolo dimensional I). Por que dela participam em função das grandezas fundamentais.
conveniência, adotou-se a intensidade de corrente elétrica A seguir, serão apresentados alguns exemplos de fórmulas
como grandeza fundamental da eletricidade, em vez da dimensionais:
escolha mais natural, que seria a carga elétrica.
As grandezas físicas cujas definições dependem da ( 
a) Velocidade ​ v = ___
​ DS ​  ​
Dt )
relação entre outras grandezas são denominadas
Como [DS] = L e [Dt] =T,
grandezas derivadas. Por exemplo, a velocidade e a
aceleração dependem dos conceitos de comprimento
tem-se [v] = _​ L ​ ä [v] = LT–1.
e de tempo. T

Grandeza fundamental
Símbolo ( 
b) Aceleração ​ a = ___
​ Dv ​  ​
Dt )
fundamental
Como [v] = LT–1 e [Dt] = T,
comprimento L

​ LT1 ​  ä [a] = LT–2.


-1
tempo T
tem-se [a] = ___
massa M T
temperatura u c) Força (F = ma)
intensidade de corrente elétrica I
Como [m] = M e [a] = LT–2,
quantidade de matéria N
intensidade luminosa J
tem-se [F] = MLT–2.

79
d) Trabalho (t = Fdcosw) ( 
j) Pressão ​ p = __
A )
​ F  ​   ​
Como [F] = MLT [d] = L e cosw é adimensional (não
–2
Como [F] = MLT–2 e [A] = L²,
tem dimensão física),
​ MLT
–2
tem-se [p] = _____ ä [p] = ML–1T–2.
 ​   
tem-se [t] = MLT–2L = ML2T–2. L2

e) Energia cinética ​ Ec = __
2 (  )
​ 1 ​ mv2  ​
Q
k) Calor específico ​ c = ____
​     
mDθ ( 
 ​  ​
)
Como [Q] = ML T , [m] = M e [Du] = u, tem-se
2 –2

Como [m] = M, [v] = LT–1 e 2 é adimensional, tem-se


​ ML T  ​  
2 –2
c = _____ ä [c] = L2T–2u–1.

Mu
[Ec] = M(LT–1)2 ä [Ec] = ML2T–2.

Notas
Q
l) Capacidade térmica ​ C = ___
​    ​  ​
Du (  )
Como [Q] = ML2T–2 e [Du] = u,
§ Foi obtida a equação dimensional da energia
​ ML  T ​  
2 –2
cinética, mas essa fórmula também se aplica a tem-se [C] = _____ ä [C] = ML2T–2u–1.
u
qualquer outra grandeza de energia, por exemplo,
o calor (Q): [Q] = ML–2T–2.
Q
m) Carga elétrica ​ i = ___ ( 
​    ​ ä Q = iDt  ​
Dt )
§ Energia e trabalho têm a mesma fórmula dimen- Como [i] = I e [Dt] = T, tem-se [Q] = IT.
sional, consequentemente são grandezas medidas
( 
EP
nas mesmas unidades. n) Potencial elétrico ​ V = __
​ q ​ ​ )
Como [Ep] = ML2T–2 e [q] = IT,

( 
f) Potência ​ Pot = ___
​  t  ​   ​
Dt ) ​ ML  ​
tem-se [V] = _____ T   
2 –2
ä [V] = ML2T–3I–1.
IT
Como [t] = ML2T–2 e [Dt] = T, Se, para determinada grandeza, a sua fórmula dimensional for
conhecida, será possível obter diretamente sua unidade de medi-
​ ML  ​
T   
2 –2
tem-se [Pot] = _____ ä [Pot] = ML2T–3. da em termos das unidades de outras grandezas fundamentais.
T
No SI, a unidade de tempo é segundo (s), a de temperatura
g) Impulso (I = FDt) é kelvin (K) e a de intensidade de corrente é ampère (A).
Como [F] = MLT–2 e [Dt] = T, Como exemplos:

tem-se [I] = MLT–2T ä [I] = MLT–1. § Para a pressão:


[p] = ML1T–2 · unidade · SI (p):
h) Quantidade de movimento (Q = mv)
kg · m1 · s–2 = pascal (Pa)
Como [m] = M e [v] = LT–1,
§ Para a capacidade térmica:
tem-se [Q] = MLT–1.
[C] = ML2T–2u–1 · unidade · SI (C):

Nota kg · m2 · s–2 · K–1

§ As quantidades de movimento e impulso também


§ Para a resistência elétrica:
têm a mesma equação dimensional e são, portanto, [R] = ML2T–3I–2 · unidade · SI (R):
grandezas medidas nas mesmas unidades. kg · m2 · s–3 · A–2 = ohm (V)

Aplicação do conteúdo
i) Densidade ​ m = __( 
​ m ​   ​
V )
1. Faça a análise dimensional para a grandeza momento
Como [m] = M e [V] = L³, angular, cuja fórmula é dada por:
​ M ​  ä [m] = ML–3.
tem-se [m] = __ momento angular = r ⋅ p ⋅ senθ

80
Em que: As fórmulas dimensionais da pressão, densidade e altura são:

§ r é a distância;
[p] = ML–1T–2, [m] = ML–3 e [h] = L
§ p é o momento linear (ou quantidade de movimento); e

§ θ é o ângulo entre a distância e o momento linear.


Então, tem-se:
Resolução:
[p] = [m] · [A] · [h] ä ML–1T–2 = ML–3 [A]L
Para determinar a dimensão de L, basta conhecer a dimen-
são das variáveis envolvidas, uma vez que:
Ou seja, é necessário que:
§ [momento angular] = [r] ⋅ [p] ⋅ [senθ]

§ [momento angular] = (L) ⋅ (MLT–1) ⋅ (1) [A] = LT–2


§ [momento angular] = M ⋅ L2 ⋅ T–1
Pela fórmula dimensional obtida para A, é possível concluir
que essa grandeza é uma aceleração.

1.3. Sistema Internacional de Unidades


No passado, as trocas de mercadorias enfrentavam alguns
obstáculos, pois em localidades distintas eram utilizadas
unidades padrões distintas. Em geral, utilizavam-se me-
multimídia: vídeo didas do corpo humano como padrão (especialmente dos
líderes); no entanto, como pessoas diferentes possuem ta-
Fonte: Youtube
manhos diferentes, não era um método muito confiável. Foi
Interpretação de unidades em fórmulas ...
apenas em 1789 que a Academia de Ciências da França
pensou em criar um sistema de unidades padrão. Assim,
surgiu o metro (m), sendo a décima milionésima parte da
1.2. Homogeneidade dimensional quarta parte do meridiano terrestre; o litro (L), como equi-
valente a um decímetro cúbico; e o quilograma (kg), como
As equações físicas devem ser dimensionalmente ho-
a massa de 1 L de água a 4,44 °C. Em 1875, o Brasil ade-
mogêneas. Isso significa que ambos os lados da equação
riu, assim como outros 17 países, a essa proposta.
devem satisfazer a mesma fórmula dimensional.
Em 1960, o sistema recebeu o nome de Sistema Interna-
Nas equações I e II a seguir, A, B, C, D, E e F são grandezas cional de Unidades (SI). Desde 1962, o Brasil adotou o SI,
físicas, e [A], [B], [C], [D], [E] e [F] são, respectivamente, suas adoção ratificada em 1988 pelo Conmetro.
fórmulas dimensionais:

Equação I: A = B + C

Equação II: D = E · F

A homogeneidade dimensional exige que as fórmulas di-


mensionais sejam:

Em I: [A] = [B] = [C] multimídia: vídeo


Fonte: Youtube
Em II: [D] = [E] · [F]
Inmetro – O tempo todo com você
Como exemplo, considere uma equação física do tipo
p = mAh, em que p representa pressão, m representa
densidade e h representa altura. Se a equação for di- Existem sete unidades fundamentais no Sistema Inter-
mensionalmente homogênea, qual será a unidade da nacional de Unidades (SI), e cada uma delas corresponde
grandeza A? a uma grandeza:

81
Unidade Símbolo Grandeza
Caso as unidades sejam palavras compostas por multipli-
cação de elementos independentes, ambos são flexiona-
metro m comprimento
dos: quilowatts-horas, newtons-metros, ohms-metros, etc.
quilograma kg massa A flexão também ocorre quando as palavras compostas
segundo s tempo não são ligadas por hífen: metros quadrados, milhas ma-
intensidade da cor-
rítimas, etc.
ampère A
rente elétrica
Nas unidades formadas por divisão, o denominador não
kelvin K quantidade de termodinâmica recebe a letra s: quilômetros por hora; newtons por metro
mol mol quantidade de matéria quadrado, etc. Em palavras compostas, nas quais os ele-
candela cd intensidade luminosa
mentos complementares de nomes de unidades são liga-
dos por hífen ou preposição, também não se acrescenta a
letra s: anos-luz, quilogramas-força, elétrons-volt, unidades
A medida de ângulos é realizada por duas unidades suple-
de massa atômica, etc.
mentares: o radiano (rad), para ângulos planos, e o esterra-
diano (sr), para ângulos sólidos. Os símbolos nunca flexionam no plural. Assim, para 50
metros deve-se escrever 50 m e não 50 ms. Múltiplos e
A partir das unidades fundamentais, é possível reduzir ou
submúltiplos, que são obtidos pela adição de um prefixo
derivar, direta ou indiretamente, as unidades derivadas. Por
anteposto à unidade, são admitidos em todas as unidades,
se tratar de um número muito grande, essas variáveis não
derivadas ou fundamentais.
serão reproduzidas aqui.
Por razões históricas, a unidade fundamental de massa é
Oficialmente, a norma estabelecida para a grafia de todas
o quilograma, obtido pelo acréscimo do prefixo “quilo”
as unidades, fundamentais ou derivadas, quando escritas
à unidade grama. Por esse motivo, as unidades de mas-
por extenso, é que se iniciem por letra minúscula, incluindo
sa múltiplas e submúltiplas são obtidas pelo acréscimo do
o caso de unidades que recebem nomes de pessoas. Assim,
prefixo ao grama, e não ao quilograma.
devem ser escritos: metro, ampère, newton, coulomb, qui-
lômetro, pascal, etc. A unidade de temperatura da escala Prefixo Símbolo Base de 10
Celsius é a única exceção (escreve-se grau Celsius, símbolo
yotta Y 1024
°C). Quando a frase é iniciada pelo nome da unidade, ini-
cia-se também com letra maiúscula. zetta Z 1021

Em geral, os símbolos são grafados com letras minúsculas, exa E 1018


exceto quando se trata de nomes de pessoas. Por exem-
peta P 1015
plo: A para ampère, N para newton, W para watt, Pa para
pascal, etc. tera T 1012

Se a unidade for composta, os símbolos devem ser coloca- giga G 109


dos um em seguida do outro, e podem ou não ser separa-
dos por um ponto, por exemplo: quilowatt-hora: kWh ou mega M 106
kW · h; newton-metro: Nm ou N ∙ m, etc.
quilo k 103
Os símbolos e as unidades por extenso não devem ser mis-
hecto h 102
turados. Assim, é incorreto escrever quilômetro/h ou km/
hora. A forma correta da grafia é quilômetro por hora ou deca da 101
km/h.
deci d 10–1
Quando o símbolo de uma unidade contém divisão, é pos-
sível utilizar qualquer uma das três maneiras exemplifica- centi c 10–2

das a seguir: mili m 10–3


​ N · 2m ​
2
N · m2/kg2 = N · m2 · kg–2 = _____   
kg micro µ 10–6

Para se obter o plural das unidades, simplesmente acres- nano n 10–9


centa-se a letra s, mesmo no caso de violar as regras gra-
maticais: metros, ampères, pascals, decibéis, etc. Algumas pico p 10–12

exceções existem para as unidades que terminam por s, x e femto f 10–15


z. Essas unidades não variam no plural (siemens, lux, hertz).

82
VIVENCIANDO

No cotidiano, é frequente as pessoas se referirem de maneira equivocada a algumas unidades. Por exemplo, é
comum uma pessoa ir à padaria, pedir “meio quilo de queijo” e receber meio quilograma de queijo. No entanto,
quando alguém pede meio quilo de queijo, está pedindo 500 pedaços de queijo, e não a massa de 500 gramas.
Outra situação que poderia acontecer na mesma padaria seria a pessoa pedir “duzentas gramas de queijo” e acabar
recebendo duzentos gramas de queijo; a grama é uma planta, e a unidade de massa pertence ao gênero masculino.
Além disso, saber converter diferentes unidades é uma tarefa importante, ainda mais quando a pessoa está visi-
tando outro país.

1.4. Operações com algarismos deve apresentar uma casa decimal. Considerando a regra do
arredondamento, obtém-se como resultado o valor 6,5.
significativos
O resultado de uma multiplicação ou de uma divisão deve
ser apresentado com um número de algarismos signifi-
cativos igual ao do fator que possui o menor número
de algarismos significativos. Por exemplo, ao realizar
o produto 2,31 · 1,4, o resultado é 3,234. O primeiro fator
tem três algarismos significativos (2,31), e o segundo tem
dois (1,4). Assim, o resultado é apresentado com dois alga-
multimídia: vídeo
rismos significativos, ou seja, 3,2. Fonte: Youtube
Lucie conta a História das Ciências – Pesos e Medidas
O arredondamento é realizado da seguinte maneira: de-
pois de abandonar o primeiro algarismo (4), sendo menor
do que 5, o valor do último algarismo significativo (2) será
mantido se o segundo algarismo a ser abandonado for me- Aplicação do conteúdo
nor do que 5, como no exemplo, que o valor é 3; se esse va-
1. Calcule a soma a seguir e dê a resposta levando em
lor for maior ou igual a 5, deve-se acrescentar uma unida-
conta o número de casas decimais.
de ao último algarismo significativo. Portanto, no exemplo,
o primeiro algarismo abandonado é o 4. Como o próximo A = 1,23 + 23,2
algarismo tem valor 3, que é menor do que 5, mantém-se Resolução:
o número 2, que é o último algarismo significativo.
Como se pede:
Considere o produto 2,33 ∙ 1,4. O resultado da operação
A = 1,23 + 23,2 = 24,43.
é 3,262. Novamente, o resultado deve apresentar dois al-
garismos significativos. Desse modo, o resultado fica 3,3. Entretanto, como a primeira parcela possui duas casas deci-
Abandona-se o primeiro algarismo, 2, e, sendo o segundo mais e a segunda parcela possui apenas uma casa decimal,
algarismo, 6, maior do que 5, acrescenta-se uma unidade deve-se dar a solução com o menor número de casas deci-
ao número 2, que é o último algarismo significativo. mais. Assim, a solução deve apresentar uma casa decimal.
O resultado da adição e da subtração deve conter um A = 24,4
número de casas decimais igual ao da parcela com menos 2. Um estudante está calculando a área superficial de
casas decimais. Por exemplo, a adição 3,32 + 3,1 resulta uma folha de papel. Ele mede o comprimento como
6,42. A primeira parcela tem duas casas decimais (3,32), e a sendo b = 27,9 cm e a largura como sendo h = 21,6 cm.
segunda tem somente uma (3,1). Assim, o resultado deve ser O estudante deve expressar a área do papel como:
apresentado com apenas uma casa decimal. Desse modo, o a) 602,64 cm². c) 602,6 cm².
resultado é 6,4. Já na operação 3,37 + 3,1 = 6,47, o resultado b) 602 cm². d) 603 cm².

83
Resolução: 1.6. Ordem de grandeza
Para o cálculo da área, basta conhecer a fórmula da área
do retângulo: A ordem de grandeza de uma medida é a potência de
10 mais próxima da potência dada para o valor encontrado
A = comprimento ⋅ largura para a grandeza.
A=b⋅h Essa potência deve ser determinada da___ seguinte maneira:
A = (27,9 cm) ⋅ (21,6 cm) = 602,64 cm 2 se o número N for maior ou igual a ​√10 ​,  deverá ser uti-
lizada a potência de 10 de expoente
___ um grau maior, ou
Como o enunciado pede a solução com o número correto
seja, 10 ; se N for menor que ​√10 ​, deverá ser utilizada a
n+1
de algarismos significativos, tem-se então que em 27,9 cm
mesma potência da notação científica, ou seja, 10n.
e em 21,6 há 3 algarismos significativos. Como se trata de
uma multiplicação, deve-se dar a resposta com o menor Em resumo:
número de algarismos significativos que algum dos fatores
___
possuir. Ou seja, a resposta deve ser dada com 3 algaris- ​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n + 1
N≥√
mos significativos: ___
​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n
N<√
A = 603 cm2

Alternativa D Exemplo: o raio da Terra é igual a 6,37 · 106 m e a distância


da Terra ao Sol é igual a 1,49 · 1011 m. Qual a ordem de
3. Uma estudante está calculando a espessura de uma
folha de papel. Ela mede a espessura de uma pilha de
grandeza desses valores?
___
80 folhas de papel com um paquímetro e descobre que No primeiro caso, N = 6,37 > ​√10 ​, e, portanto, a ordem de
a espessura é l = 1,27 cm. Ao calcular a espessura de grandeza do raio da Terra é dada
___ por: 10 m =107 m. No
6+1
uma folha, ela irá encontrar? Dê a resposta com o nú-
mero correto de algarismos significativos.
segundo caso, N = 1,49 < ​√10 ​ , e, consequentemente, a
distância da Terra ao Sol tem ordem de grandeza de 1011 m.
Resolução:
Uma vez que as 80 folhas possuem juntas uma espessura de
1,27 cm, temos que, para encontrar a espessura de cada uma,
basta dividir a espessura total pela quantidade de folhas.
1,27
x = ____
​   ​  cm = 0,015875 cm
80
Como o enunciado pede a solução com o número correto de
algarismos significativos, temos que em 1,27 há 3 algaris- multimídia: livro
mos significativos; já em 80, temos 2 algarismos significati-
vos. Logo, a resposta final deve possuir apenas 2 algarismos Introdução à Física – Aspectos históricos,
significativos, respeitando as regras de aproximação. unidades de medidas e vetores
Essa obra aborda os principais conceitos e aspectos históri-
x = 0,016 cm
cos da Física. Ao longo de seis capítulos, o leitor conhecerá
as principais unidades de tempo, massa e comprimento,
1.5. Notação científica bem como as ferramentas e técnicas necessárias para a
A notação científica é utilizada para apresentar um nú- realização de operações. Além disso, aprenderá a distinguir
mero na forma N · 10n, em que n é um expoente inteiro e as grandezas escalares e vetoriais.
N é tal que 1 ≤ N < 10. Em notação científica, o número
N deve ser formado por todos os algarismos significativos
de uma grandeza.
Aplicação do conteúdo
Considere os algarismos significativos das medidas a se-
1. (Cesgranrio) Um recipiente cúbico tem 3,000 m de
guir expressas corretamente: 360 s e 0,0035 m. Levando aresta, n é o número máximo de cubos, de 3,01 mm de
em conta o número de algarismos significativos, a nota- aresta, que cabem no recipiente. A ordem de grandeza
ção científica para essas medidas será, respectivamente: de n é:
3,60 · 102 s e 3,5 · 10–3 m. a) 109. b) 102. c) 104. d) 101. e) 1010.

84
Resolução: Resolução:
Para encontrar o valor de n, basta dividir o volume do re-
Sabendo que a frequência cardíaca normal de uma pessoa
cipiente pelo volume de cada cubo menor. Dessa forma,
saudável entre 15 e 20 anos pertence ao intervalo de 60
tem-se:
a 90 vezes por minuto, fica evidente que a ordem de gran-
( 3000 mm ​  
n = ​  ​ _______ )
3
​ = 990 ⋅ 106 cubos = 9,90 ⋅ 108 cubos deza é de 102.
3,01 mm
___ Alternativa B
Como 9,90 é maior que ​√10 ​ ≈ 3,16 , deve-se somar +1 no
expoente da base dez para determinar a ordem de grande-
za. A ordem de grandeza de n é 108+1 = 109
Alternativa A
2. (UFU) A ordem de grandeza, em segundos, em um pe-
ríodo correspondente a um mês, é:
a) 10.
b) 103.
multimídia: site
c) 106.
d) 109. pt.khanacademy.org/math/algebra/units-in-modeling/in-
tro-to-dimensional-analysis/e/working-with-units
e) 1012.
macbeth.if.usp.br/~gusev/unidades.pdf
Resolução:
educacao.globo.com/matematica/assunto/matematica-
Para determinar a quantidade x de segundo que há em 1 -basica/sistemas-de-unidades-de-medidas.html
mês, tem-se:

segundos
​ hora ​  · 60 ____
x = 30 dias ⋅ 24 ____ ​ min ​  · 60 ___
​   ​ 
 = 2.592.000
dia hora min
segundos = 2,592 · 106 segundos
___
Como 2,592 é menor que ​√10 ​ ≈ 3,16, deve-se manter
a potência de 10, ela será a ordem de grandeza. Sendo
assim, a ordem de grandeza é de 106.
Alternativa C

3. (Unirio)

”Um dia eu vi uma moça nuinha no banho


Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento.”
(Manuel Bandeira)

A ordem de grandeza do número de batidas que o coração


humano dá em um minuto de alumbramento como esse é:
a) 101.
b) 102.
c) 100.
d) 103.
e) 104.

85
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Como foi visto, existem diversas unidades de medidas para a mesma grandeza física. Assim, é fundamental conhecer
as regras de conversão entre as diferentes unidades. Para isso, basta conhecer a razão de proporcionalidade entre as
grandezas e realizar uma regra de três simples.
No caso das unidades de medidas, as grandezas serão diretamente proporcionais, ou seja, aumentando uma das
duas, a segunda também aumentará.
O procedimento para a resolução de uma regra de três simples diretamente proporcional é simples. Em primeiro lu-
gar, deve-se montar uma tabela de duas colunas. Na primeira coluna, devem ser colocados valores em determinada
unidade; os valores correspondentes em outra unidade devem ser colocados na segunda coluna. Em seguida, basta
igualar a razão obtida com os valores na primeira coluna com a razão dos elementos da segunda coluna.
Exemplo:

Tempo em horas Tempo em segundos


1h 3600 s
5h x

​ 3600
1h ​ = _______
​  ___ x ​
s  
5h
X = 18000 s

86
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Podem aparecer questões que exigem interpre- Os conceitos fundamentais da Física mo-
tação de figuras, como máquinas, dispositivos derna são cobrados, exigindo a interpre-
ou equipamentos que funcionam à base da tação de gráficos ou figuras relacionados
indução eletromagnética, requerendo as defini- à interação entre partículas ou moléculas,
ções de variação de fluxo magnético. com atenção à quantização de energia.

Podem aparecer na prova conceitos fundamentais Os assuntos abordados neste livro não têm Um dos temas deste livro mais cobrado é
da Física de partículas, exigindo conhecimento sobre muita incidência na prova, porém, pode campo magnético, com atenção aos conceitos
os tipos de partícula e suas propriedades. aparecer alguma questão que envolva fundamentais de ímãs, relacionando com
relação entre força magnética e indução espiras e fios que passam corrente elétrica,
eletromagnética. além de conceitos fundamentais de indução
eletromagnética.

Os assuntos abordados neste livro não têm A prova tem uma grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
muita incidência na prova, porém, pode apare- porém, o conteúdo sobre quantização de temas. Os assuntos deste livro não apa- porém, podem aparecer questões que envol-
cer alguma questão que envolva os conceitos energia de uma onda eletromagnética pode receram nos últimos anos, porém, podem vam a quantização de energia (E = hf).
fundamentais de indução eletromagnética. aparecer, exigindo a aplicação da equação aparecer questões conceituais sobre
E = hf. decaimento de partículas.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas.
Eventualmente, podem aparecer questões temas. Eventualmente, podem aparecer Porém, campo magnético pode aparecer
sobre problemas de mecânica relacionados questões mais teóricas, por exemplo, sobre em questões relacionadas à quantização de
ao equilíbrio de um corpo considerado ponto o efeito fotoelétrico. energia e campo magnético.
material.

A prova tem uma grande variação de temas. O conteúdo deste livro não é muito cobrado Os temas deste livro não têm predominância
Eventualmente, pode aparecer alguma ques- na prova, porém, pode aparecer alguma ques- na prova, porém, podem aparecer questões
tão teórica sobre indução eletromagnética. tão relacionada à interação entre partícula e que exigem análise de figuras de campos
campo magnético. magnéticos.
INDUÇÃO
ELETROMAGNÉTICA
E FÍSICA MODERNA

89
A indução eletromagnética é a denominação do fenôme-
AULAS 45 e 46 no de produção de corrente elétrica a partir do campo mag-
nético. A corrente gerada a partir do campo magnético recebe
a denominação de corrente induzida. A descoberta de
Faraday lhe valeu reconhecimento do mundo científico, que
atribuiu a ele o título de “pai da indução eletromagnética”.
INDUÇÃO
ELETROMAGNÉTICA: 2. Indução eletromagnética
CONCEITOS INICIAIS Um dos experimentos feitos por Faraday, na tentativa de
produzir a corrente elétrica induzida, ao que tudo indica,
foi realizado utilizando-se dois solenoides próximos um do
outro. Um dos solenoides era conectado a uma bateria e
a uma chave interruptora de corrente, e o outro, ligado em
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6
um circuito com apenas um galvanômetro (amperímetro
sensível a baixas correntes).
HABILIDADES: 2, 17 e 21
Para ilustrarmos o experimento, serão utilizadas espiras ao
invés dos solenoides (figura abaixo). Faraday notou que, ao
abrir ou fechar a chave interruptora, o ponteiro do galva-
nômetro acusava uma corrente momentânea (ocorria uma
1. Um pouco de história pequena oscilação do ponteiro indicador do galvanômetro).
Um fato que também chamou a atenção foi que, ao abrir a
do eletromagnetismo chave, o ponteiro do galvanômetro girava para um lado e, ao
fechar a chave, o ponteiro girava para o lado oposto. Porém,
a corrente induzida momentanemente logo caía para zero,
mesmo mantendo a chave na espira 1 fechada.
Mas qual a origem da pequena e momentânea quantidade de
energia elétrica que produz a corrente elétrica no anel da es-
pira 2, acusada pela oscilação do ponteiro do galvanômetro?

Michel Faraday
Oersted, em 1820, descobriu que um campo magnético
era produzido por um fio percorrido por corrente elétrica.
Experimento de Faraday simplificado
Essa relação entre eletricidade e magnetismo despertou a
curiosidade dos físicos, que começaram a procurar o efeito A bateria fornece a corrente elétrica que circula na espira 1.
inverso: se a corrente elétrica em um fio poderia ser produ- Essa espira dá origem a um campo magnético e as linhas
desse campo penetram no interior do anel da espira 2, pro-
zida a partir de um campo magnético (na ciência, esse tipo
duzindo um fluxo magnético. Quando a chave é ligada ou
de relação inversa é chamada de simetria da natureza).
desligada, o fluxo do campo magnético é variável e produz
Em 1831, Michael Faraday (1791-1867) conseguiu detec- a corrente momentânea observada no anel da espira 2.
tar esse fenômeno inverso através de alguns experimen- Com esses resultados, Faraday realizou um novo experi-
tos. Essa descoberta foi uma das mais importantes para mento: utilizou um ímã no lugar da espira 1. Ao movimen-
o mundo atual, possibilitando a construção dos geradores tar o ímã para baixo ou para cima na direção da espira 2, o
eletrodinâmicos de grande potência. Antes disso, apenas a galvanômetro indicou uma corrente induzida. No entanto,
pilha de Alessandro Volta existia (inventada em 1800), que ao manter o ímã em repouso, abaixo do anel, nenhuma
era de baixa potência. corrente era induzida.

90
Nesse experimento, ao aproximar o ímã do anel da espira, Como mencionado, Faraday já havia observado esse fenô-
o número de linhas do campo magnético que penetram no meno. O físico Heinrich Friedrich Emil Lenz (1804-1864),
anel aumenta, gerando uma corrente induzida. Analoga- nascido na Estônia, deu a explicação mais simples para
mente, ao afastar o ímã do anel, o número de linhas no anel esse comportamento. Segundo ele:
diminui, gerando do mesmo modo uma corrente induzida.
Com esses dois experimentos e outros similares, a conclu- O sentido da corrente induzida é tal que o campo
são de Faraday foi que a corrente induzida no anel da es- magnético por ela produzido se opõe à variação do
pira 2 apenas ocorria quando houvesse variação do fluxo fluxo que a originou.
magnético no anel. Essa constatação deu origem à lei de
Faraday para a indução eletromagnética. Em outras palavras, o sentido da corrente é tal que seu
efeito tenta cancelar a origem da mesma.
Esse enunciado constitui a Lei de Lenz para a indução ele-
tromagnética. Vejamos alguns exemplos:
Um ímã é aproximado de um anel, com o polo norte para
baixo. A corrente induzida no anel tem sentido anti-horário,
como mostra a figura. Por que isso acontece?
movimento

movimento

Quando o fluxo magnético que atravessa o circuito


elétrico fechado varia no tempo, uma corrente elétrica
induzida circula no circuito.

2.1. A Lei de Lenz A explicação, dada pelas Leis de Faraday e de Lenz, é


a seguinte:
No segundo experimento descrito acima, ao aproximar o
ímã do anel da espira, a corrente induzida faz o galvanôme- § O ímã, ao se aproximar da espira, produz uma variação
tro apontar em um sentido, e, quando o ímã é afastado, o de fluxo magnético no anel, gerando neste uma corren-
galvanômetro indica o sentido oposto. Por que isso aconte- te induzida – Lei de Faraday.
ce? Como é obtido o sentido da corrente induzida?
§ Devido à corrente induzida, o anel fica polarizado mag-
neticamente. Como esse campo tenta a cancelar o cam-
po que o gerou, o polo formado deve repelir o polo norte
do ímã que está se aproximando. Portanto, em relação
ao ímã, o polo formado é um polo norte – Lei de Lenz.
A conclusão é que para se formar um polo norte na face
superior do anel, a corrente induzida deverá ter o sentido
anti-horário.
Um imã é afastado de um anel com o polo norte para baixo
O ímã, ao ser aproximado do anel da espira, gera uma corrente induzida
e o sul para cima. A corrente induzida no anel tem sentido
horário, como mostra a figura. Por que isso acontece?

movimento

i
O ímã, ao ser afastado do anel da espira, gera uma corrente i
induzida de sentido oposto ao da imagem anterior

91
De modo análago, as leis de Faraday e de Lenz explicam o Novamente, pelas Leis de Faraday e de Lenz:
fenômeno assim:
§ A variação de fluxo magnético no anel gera uma cor-
§ O afastamento do ímã produz uma variação de fluxo no rente induzida – Lei de Faraday.
anel, gerando uma corrente induzida – Lei de Faraday.
§ A corrente induzida polariza magneticamente o anel. O
§ Devido à corrente induzida, o anel fica polarizado mag- polo formado deve repelir o polo sul do ímã. Então, em
neticamente. O polo formado deve atrair o polo norte relação ao ímã, o polo formado é um polo sul – Lei de Lenz.
do ímã que está se afastando. Portanto, o polo forma- Para que a face superior do anel seja um polo sul, a corren-
do, em relação ao ímã, é um polo sul – Lei de Lenz. te induzida deverá ter o sentido horário.
Para que a face superior do anel seja um polo sul, a corren-
te induzida deverá ter o sentido horário.
Se a orientação do ímã for invertida, e afastado do anel
com o polo norte para cima e o sul para baixo, a corrente
induzida no anel também se inverte, e tem sentido anti-ho-
rário, como mostra a figura.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
movimento Física - Indução Eletromagnética:
Lei de Faraday

i 2.2. A força eletromotriz


i
induzida – Lei de Faraday
Considere que um fluxo magnético variável atue sobre uma
Vejamos como as Leis de Faraday e de Lenz se aplicam espira. Sendo i a intensidade da corrente elétrica induzida e
nessa situação: r a resistência elétrica dessa espira, a força eletromotriz
§ O afastamento do ímã produz uma variação de flu- induzida (¶ind) na espira é:
xo no anel, gerando uma corrente induzida – Lei de ¶ind = r · i
Faraday; A força eletromotriz induzida também é medida em volt.
§ Devido à corrente induzida, o anel fica polarizado mag-
neticamente. O polo formado deve atrair o polo sul do
ímã. Em relação ao ímã, o polo formado tem que ser
um polo norte – Lei de Lenz.
Assim, conclui-se que, para que a face superior do anel seja
um polo norte, a corrente induzida deverá ter o sentido
anti-horário. multimídia: vídeo
A figura ilustra um ímã, com o polo sul para baixo, sendo Fonte: Youtube
aproximado de um anel. A corrente induzida que surge no Lei de Lenz | Forças magnéticas,
anel tem sentido horário. campos magnéticos e lei de faraday

movimento 3. Força eletromotriz induzida


em condutor móvel
Um condutor, de comprimento L, se desloca verticalmen-

i te
__› para baixo, como mostrado na figura, com velocidade
_​__› ​
v ​  perpendicular a um campo magnético uniforme B ​
​ ,   cujas
i linhas de indução “saem” perpendicularmente da página.

92
Esse resultado mostra que a fem induzida é proporcional à
velocidade v do condutor em relação ao campo magnético;
assim, quanto maior a velocidade, maior será o valor da
fem induzida.
Se o condutor realiza um movimento do tipo MHS, por
exemplo, com frequência igual a 60 Hz em relação ao
campo magnético, os elétrons livres oscilarão, e a corren-
te elétrica será alternada. Essa corrente é do tipo que as
usinas oferecem para o uso doméstico e industrial. Nessas
condições, o condutor desempenhará a função de gerador
de tensão induzida alternada.

multimídia: vídeo
Os elétrons livres​____›do condutor ficarão sujeitos à ação de
Fonte: Youtube
força magnética F​ m ​  de intensidade constante. Assim, o con-
dutor ficará com elétrons em excesso em uma das extremi- Como fazer um motor elétrico com
dades, e falta de elétrons na outra extremidade (excesso um ímã (experiência de física)
de carga positiva).
Essa diferença de cargas dá origem a um campo elétrico
Aplicação do conteúdo
com sentido oposto à direção da força magnética, e as ​___›
cargas elétricas ficam sujeitas também à força elétrica F​e ​    1. Uma espira circular está fixada e um ímã, em forma
de sentido
​____› contrário.
​___› Até o momento em que essas duas de barra, passa pelo centro da espira, conforme indica
forças, F​ m ​  e F​ e ​,   se equilibrem, haverá separação de cargas. a figura. Determine o sentido da corrente induzida na
espira à medida que o ímã se aproxima.
A partir do momento que forças tiverem a mesma inten-
sidade, os excessos de cargas elétricas nas extremidades
permanecerão constantes.
Ao ligar um fio no condutor, de modo a formar um percurso
fechado, uma corrente elétrica induzida irá circular no fio. movimento
Como no interior do condutor o campo elétrico não é nulo,
entre seus terminais existe uma ddp chamada força ele-
tromotriz induzida ¶.
Quando a ddp. é constante tem-se:
Fe = Fm
O
qE = qvB

E = vB
Resolução:
​ U ​,  neste caso E = _​ ¶ ​. 
Mas E = __
d L
Substituindo, temos: A corrente induzida, pela lei de Lenz, deve ter um sentido
_​ ¶ ​  = vB de modo a criar um polo que se opõe ao polo norte que
L se aproxima. Desse modo, a face da espira voltada para o
polo norte do ímã é um polo norte. Aplicando a regra da
ε = BLv mão direita na espira, determinamos que a corrente deverá
circular no sentido anti-horário.

93
Logo, a corrente elétrica induzida na barra circula no senti-
do de M para N (horário).
c) A barra MN, ao ser percorrida por uma corrente, imersa
2. Uma barra condutora MN, de resistência desprezível em um campo magnético uniforme, fica sujeita a uma força
e comprimento 2 m, move-se sobre dois trilhos condu- magnética dada por:
tores, com velocidade constante v = 10 m/s, como indi-
cado na figura. Perpendicularmente ao plano dos tri- Fm = Biº · sen £.
lhos, existe um campo de indução magnética uniforme ​___›

de intensidade 4 · 10–2 T. O resistor R tem resistência de


​ ,  £ = 90º:
Como a direção da velocidade é perpendicular a B ​
1 V. Determine: Fm = Biº · sen £ ä Fm = 4 · 10–2 · 0,8 · 2 sen 90º ä
ä Fm 6,4 · 10–2 N
Como a barra se move com velocidade constante, Fext = Fm.
3. (UFPR) Michael Faraday foi um cientista inglês que
viveu no século XIX. Através de suas descobertas fo-
ram estabelecidas as bases do eletromagnetismo, re-
lacionando fenômenos da eletricidade, eletroquímica e
magnetismo. Suas invenções permitiram o desenvolvi-
a) a fem induzida na barra;
mento do gerador elétrico, e foi graças a seus esforços
b) a intensidade e o sentido da corrente induzida no que a eletricidade tornou-se uma tecnologia de uso
circuito; prático. Em sua homenagem uma das quatro leis do
c) a intensidade da força externa que desloca a barra eletromagnetismo leva seu nome e pode ser expressa
MN.
como: ε =​  D F ​  onde ε é a força eletromotriz induzida
___
Dt
Resolução: em um circuito, F é o fluxo magnético através desse
circuito e t é o tempo.
Dados: B = 4 · 10–2T; º =2 m; R = 1 V; Considere a figura abaixo, que representa um ímã pró-
V = 10 m/s ximo a um anel condutor e um observador na posição
O. O ímã pode se deslocar ao longo do eixo do anel e a
distância entre o polo norte e o centro do anel é d. Ten-
do em vista essas informações, identifique as seguintes
afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):

a) A fem do condutor que se desloca num campo magné-


tico é dada por:
¶ = Bºv ä ¶ = 4 · 10–2 · 2 · 10 ä ε = 0,8 V (  ) Mantendo-se a distância d constante se observará o
surgimento de uma corrente induzida no anel no senti-
b) U = Ri ä ¶ = Ri ä 0,8 = 1 · i = 0,8 A
do horário.
O sentido convencional da corrente é o sentido do movi- (  ) Durante a aproximação do ímã à espira, observa-se
mento das cargas positivas. Portanto, podemos determinar o surgimento de uma corrente induzida no anel no sen-
pela regra da mão esquerda. tido horário.

94
(  ) Durante o afastamento do ímã em relação à espira, Norte para se opor ao movimento de aproximação do ímã.
observa-se o surgimento de uma corrente induzida no Pela regra da mão direita, podemos checar que a corrente
anel no sentido horário. induzida no anel será no sentido anti-horário.
(  ) Girando-se o anel em torno do eixo z, observa-se o
surgimento de uma corrente induzida.
Verdadeira. Pela mesma explicação do item acima.
Verdadeira. Pois com esse movimento haverá uma varia-
Assinale a alternativa que apresenta a sequência corre-
ção do fluxo magnético.
ta, de cima para baixo.
a) F – F – V – V. Alternativa A
b) F – V – F – V.
c) V – V – F – F.
d) V – F – V – V.
e) F – F – V – F.

Resolução:

Falsa. Para que surja uma corrente induzida no anel, é ne-


cessário que haja um movimento relativo entre ímã e espira multimídia: site
e, consequentemente, uma variação de fluxo magnético.
Falsa. De acordo com a lei de Lenz, quando se aproxima um educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/
ímã de uma espira, surgirá uma corrente elétrica circulando inducao.html
nesta espira que, por sua vez, criará um campo magnético no www.infoescola.com/eletromagnetismo/lei-de-lenz/
entorno da espira, de forma que esta irá se opor ao campo efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/inducao/ex_indu-
magnético que originou a corrente elétrica. Assim, podemos cao_eletromag/
dizer que no centro da espira surgirá um “polo magnético”

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O químico e engenheiro francês Henry Louis Le Chatelier trabalhava para construir uma relação da química com a
indústria. Em 1884, ele enunciou um princípio sobre o comportamento de sistemas em equilíbrio ao serem pertur-
bados. Esse princípio mostra que, quando alteramos um sistema em equilíbrio, ele buscará adquirir um novo estado
que anule essa perturbação. Ele foi chamado de princípio de Le Chatelier e pode ser descrito assim: “Se for imposta
uma alteração de concentrações, de temperatura ou de pressão a um sistema químico em equilíbrio, a composição
do sistema irá se descolar no sentido de contrariar a alteração a que foi sujeita“.
De acordo com Le Chatelier, quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se reajustar procu-
rando diminuir os efeitos dessa força. Esse princípio enunciado pelo cientista francês se assemelha às leis de indução
propostas por Faraday e Lenz. Apesar de ser um enunciado simples, ele tem ampla aplicação nas ciências da natureza.

95
VIVENCIANDO

As aplicações para a lei de indução de Faraday-Lenz são as mais diversas. Praticamente, quase todos os equipa-
mentos eletroeletrônicos utilizam o fenômeno da indução, como dínamos, geradores, transformadores, alternadores
e indutores, todos por meio da variação no campo magnético. A energia elétrica que utilizamos em nossas casas é
fornecida por meio das aplicações das leis de indução.
A produção da energia que consumimos em nossas casas é feita em usinas elétricas através de um gerador elétrico.
Este tipo de gerador funciona de forma inversa do motor elétrico, ou seja, enquanto o motor transforma a energia
elétrica em energia mecânica, o gerador transforma energia mecânica em elétrica. A energia elétrica que chega às
residências e às muitas indústrias é obtida através de geradores que transformam em energia elétrica a energia me-
cânica das quedas d’água, nas usinas hidrelétricas, ou da energia térmica oriunda da combustão de óleo, carvão ou
gás natural, nas usinas termelétricas.
Os indutores, por outro lado, são equipamentos com um dispositivo elétrico capaz de armazenar energia criada
em um campo magnético formado por uma corrente alternada. Esse componente é usado em circuitos elétricos,
eletrônicos e digitais, para armazenar energia através de um campo magnético. Por sua capacidade de alterar sinais
de corrente alternada, os indutores são amplamente usados em processamento de sinais, incluindo recepções e
transmissões de rádio.

96
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 diz respeito à capacidade de interpretar processos naturais e/ou tecnológicos dentro dos fenôme-
nos eletromagnéticos. O aluno deve compreender como se dá o fenômeno natural da indução eletromagnética,
além de compreender como é possível aplicar o fenômeno em processos tecnológicos.

MODELO 1
(Enem) Os dínamos são geradores de energia elétrica utilizados em bicicletas para acender uma pequena
lâmpada. Para isso, é necessário que a parte móvel esteja em contato com o pneu da bicicleta e, quando ela
entra em movimento, é gerada energia elétrica para acender a lâmpada. Dentro desse gerador, encontram-se
um imã e uma bobina.

O princípio de funcionamento desse equipamento é explicado pelo fato de que a:


a) corrente elétrica no circuito fechado gera um campo magnético nessa região;
b) bobina imersa no campo magnético em circuito fechado gera uma corrente elétrica;
c) bobina em atrito com o campo magnético no circuito fechado gera uma corrente elétrica;
d) corrente elétrica é gerada em circuito fechado por causa da presença do campo magnético;
e) corrente elétrica é gerada em circuito fechado quando há variação do campo magnético.

ANÁLISE EXPOSITIVA
De acordo com a lei de Faraday-Neumann, a corrente elétrica induzida num circuito fechado ocorre quan-
do há variação do fluxo magnético através do circuito.

RESPOSTA Alternativa E

97
MODELO 2
(Enem) Há vários tipos de tratamentos de doenças cerebrais que requerem a estimulação de partes do cérebro
por correntes elétricas. Os eletrodos são introduzidos no cérebro para gerar pequenas correntes em áreas espe-
cíficas. Para se eliminar a necessidade de introduzir eletrodos no cérebro, uma alternativa é usar bobinas que,
colocadas fora da cabeça, sejam capazes de induzir correntes elétricas no tecido cerebral.
Para que o tratamento de patologias cerebrais com bobinas seja realizado satisfatoriamente, é necessário que:
a) haja um grande número de espiras nas bobinas, o que diminui a voltagem induzida;
b) o campo magnético criado pelas bobinas seja constante, de forma a haver indução eletromagnética;
c) se observe que a intensidade das correntes induzidas depende da intensidade da corrente nas bobinas;
d) a corrente nas bobinas seja contínua, para que o campo magnético possa ser de grande intensidade;
e) o campo magnético dirija a corrente elétrica das bobinas para dentro do cérebro do paciente.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A intensidade da corrente induzida depende da variação do fluxo magnético gerado pela corrente na bobi-
na: quanto mais intensa for a corrente na bobina, maior será a intensidade da corrente induzida no cérebro.

RESPOSTA Alternativa C

98
DIAGRAMA DE IDEIAS

INTRODUÇÃO
ELETROMAGNÉTICA

VARIAÇÃO DO CORRENTE
LEI DE FARADAY
FLUXO MAGNÉTICO ELÉTRICA INDUZIDA

Corrente sentido
Afasta-se
horário
FACE NORTE
Corrente sentido
Aproxima-se
anti-horário
LEI DE LENZ
Corrente sentido
Aproxima-se
horário
FACE SUL
Corrente sentido
Afasta-se
anti-horário

O SENTIDO DA CORRENTE INDUZIDA


É TAL QUE O CAMPO MAGNÉTICO
GERADO SE OPÕE À VARIAÇÃO DO FLUXO.

FORÇA ELETROMOTRIZ CONDUTOR MÓVEL E = B ·ℓ·V

MHS
Corrente
alternada

99
​____›
Caso o campo magnético B​ 2 ​  fosse representado atraves-
AULAS 47 e 48 sando uma superfície plana de área 2 m2, o número de
linhas na representação seria de 16 linhas. Assim, a densi-
dade de linhas permanece igual a 8 linhas/m2.
O exemplo anterior permite concluir que o número de li-
nhas que atravessam uma superfície A é proporcional ao
INDUÇÃO produto B ∙ A, ou seja, do campo magnético pela área.
ELETROMAGNÉTICA: Faraday chamou esse produto de fluxo magnético. O

LEI DE FARADAY símbolo utilizado para o fluxo magnético é a letra grega


F (lê-se “fi”), e sua unidade no SI é o weber (Wb), em ho-
menagem ao físico alemão Wilhelm Weber (1804-1891).
Assim, tem-se:
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 F=B·A

HABILIDADES: 2, 17 e 21 No entanto, existe uma limitação nessa equação do fluxo


magnético: as linhas de campo devem ser perpendiculares
à superfície que atravessam. Quando a superfície tem uma
orientação arbitrária, deve-se utilizar uma relação que leva
em conta a direção do plano, dada pela reta normal ao
1. Fluxo magnético plano, ou seja, uma reta ortogonal que atravessa o plano e
a direção das linhas do campo magnético. Como indica a
O conceito de linhas de campo foi criado por Faraday para
figura, o ângulo a é o ângulo entre as linhas de campo e a
representar o campo magnético por meio de linhas orien-
tadas. Trata-se apenas de uma representação, uma vez que reta normal ao plano.
seria necessário um número infinito de linhas para repre-
sentar um campo na realidade. Uma convenção adotada
por Faraday é que a densidade de linhas é proporcional à
intensidade do campo.
Como exemplo dessa convenção, considere duas situações,
ilustradas na figura a seguir: na figura da esquerda, está
representado um campo uniforme de intensidade B1 = 1 Plano inclinado em relação ao campo
T; na figura da direita, está representado um campo uni-
forme de intensidade B2 = 2 T. Nas duas figuras, o campo,
F = B · A · cos a
representado pelas linhas, atravessa uma superfície plana,
perpendicular a essas linhas, com área igual a 1 m2. Como,
por convenção, a intensidade do campo é proporcional à 1.1. Variações do fluxo magnético
densidade de linhas, se o primeiro campo for represen- Como foi visto, o fluxo magnético é uma grandeza interpre-
tado com apenas quatro linhas, o segundo deverá ser tada pela proporção do número de linhas de campo mag-
representado com o dobro de linhas, ou seja, oito linhas. nético que atravessam uma superfície considerada.
Observe que a densidade de linhas no primeiro caso é de
Em relação ao conceito de indução magnética, a variação
4 linhas/m2, enquanto que, no segundo caso, esse valor é o
do fluxo magnético em certo intervalo de tempo será im-
dobro, isto é, a densidade de linhas é de 8 linhas/m2. portante, e não o valor instantâneo do fluxo magnético.
A variação do fluxo magnético pode ocorrer quando:

§ uma fonte de campo magnético se afasta ou se aproxi-


ma da superfície considerada;

§ a área da superfície considera é alterada;

§ o ângulo entre a superfície e as linhas de campo mag-


Representação do campo magnético nético varia.

100
Tem-se, então, DF = F2 – F1 e Dt = t2 – t1.
Caso o fluxo de campo magnético através de uma es-
Segundo a Lei de Faraday, a força eletromotriz média («m)
pira sofra variação, então uma força eletromotriz sur-
girá na espira e existirá enquanto durar a variação de nesse intervalo de tempo é dada por:
fluxo. A força eletromotriz se anulará quando cessar a
variação do fluxo de campo magnético.
«m = – ____
​ DF ​ 
Dt
Considere uma espira, sendo que a variação de fluxo de
campo magnético nessa espira seja tal que: Essa equação representa quantitativamente a Lei de Fara-
§ no instante t1, o fluxo é F1; day. O sinal negativo é devido à Lei de Lenz. Na resolução
de exercícios, trabalha-se com valores em módulo.
§ no instante t2, o fluxo é F2;

VIVENCIANDO

As leis do eletromagnetismo, reunidas pelo formalismo matemático desenvolvido por Maxwell, estão presentes no dia a
dia. Os equipamentos eletrônicos, como celulares, computadores, videogames, eletrodomésticos, etc., têm todos como
base de funcionamento os conceitos desenvolvidos pelos cientistas que estudaram os fenômenos eletromagnéticos.
O forno de micro-ondas é um belo exemplo disso. No interior desse aparelho, existe uma onda eletromagnética de
frequência específica, gerada por um magnétron. O magnétron é uma válvula eletrônica responsável pela transfor-
mação de energia elétrica em ondas eletromagnéticas. Essas ondas são irradiadas para o interior do micro-ondas.
Por meio do processo de ressonância, as ondas eletromagnéticas fazem com que as moléculas de água aumentem
sua agitação, provocando, assim, o aquecimento dos alimentos.

Esquema descritivo de um magnétron

Resolução:
Aplicação do conteúdo
Como o plano da espira é perpendicular às linhas de cam-
1. Em uma região de campo magnético uniforme, há po, o fluxo é calculado pela equação:
uma espira de área A = 1,0 · 10–3 m2. No intervalo de
tempo de 0,50 s, a intensidade do campo magnético é F=B·A
aumentada de B1 = 1,20 T para B2 = 1,40 T. Sabendo que Sendo F1 = B1 · A e F2 = B2 · A, tem-se:
o plano da espira é perpendicular às linhas de campo,
nesse intervalo de tempo, determine: DF = F2 – F1 = B2 · A – B1 · A = (B2 – B1) · A
a) o módulo da força eletromotriz média induzida;
DF = (1,40 – 1,20) · 1,0 · 10–3 = 0,20 · 1,0 ·
b) a intensidade média da corrente elétrica induzida, saben-
do que a resistência elétrica da espira é r = 2,0 · 10–3 W. 10–3 ä DF = 2,0 · 10–4 Wb

101
a) O módulo da força eletromotriz média é calculado c) Correta. Durante um ciclo, a força eletromotriz é
pela equação: inicialmente nula para a posição em que se encontra;
depois de 1/4 de volta, atinge um valor máximo +
     
​« ​= ​____
Dt
2,0 · 10–4
​  DF ​  ​ = ________
​ 
0,50
 ​   
= 4,0 · 10–4 V εmax , e depois de 1/2 volta, é zero novamente. 3/4 de
volta depois, atinge o valor − εmax e, ao completar a
volta, atinge o valor zero mais uma vez. Assim, a força
b) Sendo r = 2,0 · 10–3 W, a intensidade média da
eletromotriz induzida oscila conforme a função senoide
corrente é calculada pela equação:
entre os valores ± εmax , portanto, de forma alternada.
d) Incorreta. A frequência de oscilação da rede
​ « ​= r · i é i = ___
​ |«|
r ​  (f) é dada em ciclo por segundo ou Hz e vale
​ ω  .​ 
f = ___
4,0 · 10–4
i = ________
​    ​= 0,20 A 2π
2,0 · 10–3 e) Incorreta. O valor da força eletromotriz varia de
− εmax a + εmax e, portanto, não é constante e nem
2. (PUC-PR) O dispositivo tecnológico mostrado na figu- varia Bω.
ra a seguir é um gerador elétrico simples e sua criação
é devido à aplicação da Lei de Faraday e da Lei de Lenz. Alternativa C
Nesse​ › dispositivo, a espira, imersa num campo magné-
___
3. (IMED) Para a indução de corrente elétrica em um
tico ​B ​   gira com velocidade angular ω em torno do eixo
solenoide, é utilizado um ímã em barra. Para tanto, são
de rotação e está acoplada aos anéis coletores. Sobre
testadas as seguintes possibilidades:
esses anéis estão as escovas de carvão, que fornecem
uma força eletromotriz ao circuito externo. O campo I. Movimenta-se o ímã com velocidade constante, manten-
magnético entre os polos é uniforme e a área da espira
do o solenoide próximo e parado.
é igual a A.
II. Gira-se o ímã com velocidade angular constante, man-
tendo o solenoide próximo e parado.
III. Movimenta-se o solenoide com velocidade constante,
mantendo o ímã próximo e parado.
IV. Movimenta-se ambos com velocidades iguais em módu-
lo, direção e sentido.
Dessas possibilidades, quais podem gerar corrente elétrica
no solenoide?
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas III e IV.
d) Apenas I, II e III.
e) Apenas I, III e IV.

Considerando o dispositivo da figura anterior, é Resolução:


CORRETO afirmar que:
Haverá corrente induzida no solenoide se houver movimen-
a) o fluxo do campo magnético através da espira é constante;
to relativo entre o ímã e o solenoide, provocando variação
b) o sentido da corrente induzida na espira é horário
e independe do tempo; no campo magnético interno ao solenoide, produzindo-se,
c) a força eletromotriz induzida e produzida pelo assim, a corrente induzida no mesmo. O único item em que
gerador é alternada; não há movimento relativo entre os dois é o da afirmativa
d) a frequência de oscilação produzida pelo gerador e [IV], que é falsa. As afirmativas restantes são verdadeiras.
fornecida ao circuito externo é ω;
e) o valor da força eletromotriz gerada é Bω. Alternativa D

Resolução: 4. (UPE-SSA 3) A eletricidade facilita a vida de muitas pes-


soas. A única desvantagem é a quantidade de fios com
a) Incorreta. O fluxo do campo magnético varia que se tem de lidar, se houver problemas: se você preci-
conforme a direção do vetor normal à superfície da sa desligar determinada tomada, pode ter que percorrer
espira, isto é, Φ = AB cosθ. uma grande quantidade de fios até encontrar o fio certo.
b) Incorreta. A frequência da corrente induzida será
alternada devido à variação do fluxo do campo mag- Por isso, os cientistas tentaram desenvolver métodos de
nético que ora aumenta, ora diminui. transmissão de energia sem fio, o que facilitaria o processo

102
e lidaria com fontes limpas de energia. A ideia pode soar
futurista, mas não é nova. Nicola Tesla propôs teorias de
2. Corrente alternada (C.A.)
transmissão sem fio de energia, no fim dos anos 1800 e A corrente alternada pode ser obtida a partir de um circuito
começo de 1900. Uma de suas demonstrações energizava condutor fechado ligado a um condutor deslizante, imersos
remotamente lâmpadas no chão de sua estação de experi- em um campo magnético uniforme, de modo que o conjun-
mentos em Colorado Springs. to oscile numa frequência determinada. No entanto, é mais
conveniente, do ponto de vista prático, utilizar uma espira
O trabalho de Tesla era impressionante, mas não gerou
girando com velocidade angular constante em torno de um
imediatamente métodos práticos de transmissão de ener-
eixo dentro de um campo magnético criado por um ímã.
gia sem fio. Desde então, os pesquisadores desenvolveram
diversas técnicas para transferir eletricidade através de lon-
gas distâncias, sem utilizar fios. Algumas técnicas só exis-
tem em teoria ou protótipos, mas outras já estão em uso.
http://ciencia.hsw.uol.com.br/
eletricidade-sem-fio.htm (Adaptado)

Atualmente, muitos dispositivos eletrônicos têm suas ba-


terias carregadas pelo processo de indução eletromagné-
tica, baseado nos estudos realizados por Tesla há vários
anos. Diversos celulares utilizam uma base que produz
um campo magnético, capaz de atravessar uma espira A relação entre a velocidade angular do movimento de rotação
resistiva instalada no celular. Um modelo simples é mos- da espira e a frequência f da corrente alternada é dada por:
trado na figura a seguir. Sabendo que o campo da figu-
ra aponta para dentro do plano da página, que a área
da espira é igual a 40 cm2 e que sua resistência é igual v = 2pf
a 0,5 mΩ, determine a variação de campo magnético
produzida pela base, para que uma corrente induzida de Na sequência de figuras a seguir, está representado o prin-
q140 mA atravesse a espira. cípio de funcionamento de um alternador ou gerador de
tensão alternada. O alternador é composto por uma espira
que pode girar em torno de um eixo em um campo magné-
tico uniforme existente entre os polos de um ímã. Quando
a espira gira, ocorre a variação do fluxo magnético, e, assim,
surge na espira uma corrente elétrica induzida.

a) 175 mT/s.
b) 350 mT/s.
c) 450 mT/s.
d) 525 mT/s.
e) 700 mT/s.
Resolução:
A · (Bf – Bi) |ε| · Dt
​ DΦ ​   ⇒ _________
|ε| = ___ ​   ​   ⇒ (Bf – Bi) = ______
  ​   ​  
Dt Dt A
ε =r·i
(Bf – Bi) =______ Dt  
​ r · i · ​ ⇒
A
0,5 · 10-3 · 140 · 10-3 · Dt
⇒ (Bf – Bi) = ___________________
  ​      ​
4 · 10-4
Observe na figura a indicação da corrente elétrica na espira.
considerando Dt = 1
Durante uma rotação completa, o fluxo do campo magné-
(Bf – Bi) = 17,5 · 10-2 ⇒ (Bf – Bi) = 175 · 10-3 ⇒ tico aumenta e diminui periodicamente, fazendo com que
⇒ (Bf – Bi) = 175 · mT/s a corrente elétrica inverta de sentido toda vez que a espira
completa meia-volta. Nesse caso, tem-se uma corrente
Alternativa A alternada na espira.

103
Ao ligar um resistor de resistência R em um circuito com a De modo semelhante, o valor eficaz da tensão alternada
espira, a corrente alternada (C.A.) induzida terá intensida- veficaz­é obtido pela comparação entre o efeito térmico em
de dada por: um circuito de C.A. e o mesmo circuito de C.C.
i = __
​ « ​  Dessa forma, uma tensão alternada eficaz de 220 V deve
R
Em que e é a força eletromotriz induzida entre os terminais elevar a temperatura da água em uma torneira elétrica, no
da espira. intervalo de um período, na mesma quantidade que uma
tensão contínua de 220 V elevaria, no mesmo intervalo de
tempo. Assim, a energia elétrica e a consumida no tempo
correspondente a um período seriam iguais nos dois casos.
Tem-se:

U
Ueficaz = ____
​  máx ​ j 0,707 Umáx
d
​ XX
2 ​ 

A variação da corrente elétrica ao longo do tempo é repre- A especificação de tensão e corrente alternada nos apa-
sentada no gráfico, em que o intervalo de tempo igual a um relhos elétricos são dadas sempre em valores eficazes. A
período T correspondente a uma volta completa da espira.
tensão fornecida por uma tomada 110 V ou 220 V se refere
Na C.A., os elétrons livres no interior do condutor oscilam ao valor eficaz da tensão alternada. Assim, os valores má-
em MHS em torno de posição de equilíbrio. Entretanto, não ximos, chamados de valores de pico, são, respectivamente:
é possível perceber a variação de tensão e da corrente al-
ternada nos equipamentos elétricos utilizados no dia a dia, Umáx = 110 · d​ XX
2 ​  = 156 V
pois a frequência das oscilações é, em geral, muito acima Umáx = 220 · d​ XX
2 ​ = 311 V
de nossa capacidade perceptiva (por exemplo, 60 Hz na
rede elétrica residencial).
Por outro lado, os equipamentos que são utilizados para 2.1. Transformador
medir a tensão e a corrente alternadas são calibrados para
fornecer o valor eficaz da tensão ou da corrente alternada. É possível observar que existe em alguns dos postes de ele-
O valor eficaz de uma C.A. tem o mesmo valor da corrente tricidade nas ruas um equipamento no formato de uma caixa
contínua que dissiparia, por efeito Joule, em um resistor, a grande. Não é raro testemunhar uma explosão ou algum tipo
mesma quantidade de energia dissipada pela corrente alter- de defeito nesses equipamentos, imediatamente antes de
nada no intervalo de tempo correspondente a um período. ocorrer a queda de energia nas casas próximas a esse poste.

É possível demonstrar o valor eficaz da corrente alternada Essa “caixa” em questão é um transformador. A função do
que é igual a: transformador é modificar a tensão elétrica, seja para diminuí-
-la ou aumentá-la. Em outras palavras, o transformador conver-
te a alta-tensão eficaz em baixa tensão eficaz ou o contrário.
i
ieficaz = ___
​ máx ​ j 0,707 imax O transformador é formado por um núcleo de ferro lami-
d
​ XX
2 ​  nado sobre o qual são enroladas duas bobinas indepen-
dentes e com diferentes números de espiras. A tensão que
se deseja modificar é aplicada na denominada bobina pri-
mária (P). Já a outra bobina, com a tensão modificada, é
a bobina secundária (S). Essas duas bobinas podem ser
intercambiáveis.

104
A base de funcionamento do transformador é a proprie- A partir do número de espiras em cada bobina, tem-se que
dade de indução eletromagnética. Quando uma tensão Ns< Np, assim, o transformador em questão é um abaixador
alternada, de valor eficaz igual a Up, é aplicada na bobina de tensão. A tensão eficaz de saída é calculada pela relação:
primária, essa bobina fica sujeita a uma corrente elétrica
oscilante que dá origem a um campo magnético oscilan- U NP
__
​  P ​ = __ ​ 220 ​ = 2.000/1.000 ∫ Us = 110V
​   ​ ∫ ___
te. Esse campo faz com que haja um fluxo magnético no US NS US
núcleo de ferro. Como a bobina secundária também está
ligada ao núcleo, a passagem desse fluxo pelo enrolamen- b) Como as perdas são desprezíveis, o transformador
to secundário induz neste uma corrente alternada e uma é considerado ideal. Então, tem-se:
tensão alternada de valor eficaz Us nos seus terminais. P = Upip = Usis
A relação entre a tensão eficaz na bobina primária Up e na bo-
bina secundária Us depende do número de espiras na bobina P = Upip ä 55 = 220 ip = 0,25 A
primária Np e na secundária Ns. A razão de transformação é:
P = Usis ä 55 = 110 is = 0,50 A

Up Np A indução eletromagnética é bastante presente no dia a


__
​   ​ = ​ __ ​ 
Us Ns dia. Algumas das aplicações que fazem uso dessa pro-
priedade são o gerador eletromagnético, o microfone e
o gravador.
Assim, a característica do transformador de aumentar ou 2. (UFSM)
diminuir a tensão depende da relação entre o número de
espiras em cada bobina. Tem-se que:

§ quando Ns > Np é , o transformador é um elevador


de tensão;

§ quando Ns < Np é , o transformador é um abaixador


de tensão.
A utilização em larga escala da C.A. para uso doméstico e A transmissão de energia elétrica se dá a altas volta-
gens, mas, nas residências, as tomadas fornecem baixas
industrial tornou-se possível graças aos transformadores,
voltagens. Transformadores são dispositivos eletromag-
pois pode-se adequar a tensão da rede elétrica (110 V ou néticos que, baseados na Lei de ____________, mudam
220 V) para a tensão de funcionamento de aparelhos elé- o valor da ____________ elétrica ____________.
tricos de uso doméstico.
Assinale a alternativa que completa as lacunas.
A energia dissipada por condutor de resistência R é igual a) Faraday – tensão – alternada.
a Pd = R · i2. Desse modo, os sistemas de transmissão b) Faraday – tensão – contínua.
e distribuição de energia utilizam transformadores para c) Ampère – tensão – alternada.
operarem de modo a produzir alta-tensão e baixa inten- d) Ampère – força – alternada.
sidade de corrente. Assim, são reduzidas as perdas de e) Ampère – força – contínua.
energia por efeito Joule nos cabos condutores das linhas.
Resolução:

Aplicação do conteúdo A alteração de voltagens é a alteração de tensões elétri-


cas em correntes alternadas. Isso está de acordo com a
1. Um transformador de corrente alternada tem a bo- Lei de Faraday.
bina secundária com 1.000 espiras e a bobina primária,
alimentada com tensão de 220 V, com 2.000 espiras. Alternativa A
Considerando desprezíveis as perdas por atritos,
calcule: 3. (Acafe) O carregador de celular é um dispositivo que
a) a tensão eficaz da saída no secundário; consegue transferir energia elétrica da rede elétrica
residencial para as baterias do aparelho. No entanto,
b) a intensidade eficaz máxima da corrente em cada
para realizar essa transferência utiliza um equipamento
terminal quando operando a potência 55 W.
bastante conhecido, o transformador. Na figura a se-
Resolução: guir, recortamos o esquema do transformador de um
carregador de celular que é igual à de qualquer trans-
a) Dados: Np = 2.000; Ns =1.000, Up = 220 V, P = 55 W formador comum.

105
a) 12 V, pois a tensão de saída é igual à tensão de entrada;
b) zero, pois o número de espiras do enrolamento
secundário é maior do que o dobro do número de
espiras do primário;
c) zero, pois não há força eletromotriz induzida nas
espiras do secundário;
d) 72 V, pois a razão entre a tensão de saída e a ten-
são de entrada é igual à razão entre o número de
espiras do enrolamento secundário e o número de
espiras do enrolamento primário;
Considere a figura e assinale a alternativa correta que com-
e) 48 V, pois a razão entre a tensão de entrada e a
pleta as lacunas da frase a seguir.
tensão de saída é igual à razão entre o número de es-
O princípio de funcionamento do transformador é piras do enrolamento primário e o número de espiras
__________. Com base na figura, deduzimos que a ten- do enrolamento secundário.
são do enrolamento da __________ é __________ que Resolução:
a tensão do enrolamento da __________.
a) a indução eletromagnética – direita – igual – esquerda; O transformador somente funciona com corrente alter-
b) a indução eletrostática – esquerda – menor – direita; nada, pois a corrente no secundário é induzida, devido
c) a indução eletromagnética – esquerda – maior – direita; à variação do fluxo magnético. Como a bateria fornece
d) a indução eletrostática – direita – maior – esquerda. tensão constante ao primário, a corrente através dele é
Resolução: contínua, não havendo variação de fluxo magnético no
secundário. Em consequência, é nula a força eletromo-
O funcionamento dos transformadores é baseado no prin- triz nele induzida.
cípio da indução eletromagnética, descoberto pelo físico Alternativa C
inglês Michael Faraday, em 1831. Quando a corrente de
uma bobina varia, seu campo magnético induz uma força
eletromotriz (f.e.m.) numa bobina vizinha.
Para um transformador ideal, tem-se:
__V N1 __ I
​  1 ​ = __
​   ​ = ​  2  ​  
V2 N2 I1
Em que: multimídia: vídeo
V1 é a tensão no primário Fonte: Youtube

V2 é a tensão no secundário Física - Indução eletromagnética:


fluxo de campo mag...
N1 é o número de espiras do primário
N2 é o número de espiras do secundário
I1 é a corrente no primário 2.2. O gerador eletromagnético
I2 é a corrente no secundário A lei de indução eletromagnética de Faraday deu origem a
uma grande invenção que possibilitou a geração de ener-
Observa-se pela expressão que o número de espiras é dire- gia elétrica em larga escala: o gerador eletromagnético.
tamente proporcional à tensão e inversamente proporcio-
nal à corrente. Portanto, para o enrolamento da esquerda, A figura a seguir ilustra o princípio de funcionamento de
tem-se maior número de espiras e maior tensão. um gerador de corrente alternada, também denominado
gerador eletromagnético. Uma bobina de n espiras ligada
Alternativa C a um eixo capaz de girar é colocada entre os polos de um
ímã. Ao girar, o movimento causa uma variação de fluxo
4. (Udesc) Um transformador possui 50 espiras no enro- em cada uma das espiras, originando uma força eletromo-
lamento primário e 200 espiras no secundário. triz induzida nas espiras.
Ao ligar o primário a uma bateria de tensão contínua e Em geral, a rotação imposta ao conjunto é uniforme, e as-
constante de 12 V, o valor da tensão de saída, no enrola- sim é produzida uma corrente alternada periódica e senoi-
mento secundário, é igual a: dal, como mostra o gráfico da figura.

106
A produção de energia pelos geradores não viola qual-
quer princípio físico. O que ocorre é a conversão de ener-
gia mecânica em energia elétrica. Nos exemplos das fi-
guras anteriores, a energia mecânica inserida no sistema
é feita a partir da manivela, pelo eixo da roda hidráulica
ou pela turbina da hidroelétrica. A quantidade de ener-
gia elétrica produzida nos terminais do gerador é igual
à energia mecânica injetada no seu eixo (desprezando
Gerador elétrico
possíveis perdas que ocorrem).
O Brasil é um importante fabricante de geradores eletro-
magnéticos de grande potência, que são importados por
países do Primeiro Mundo. Os rendimentos obtidos por
esse geradores são altíssimos, superiores a 90%.

Corrente alternada senoidal

A corrente elétrica que é produzida no enrolamento (espi-


ras) do gerador é feita por uma técnica que utiliza anéis ou
escovas. Os terminais da espira que estão em rotação são
ligados a dois anéis, e os terminais de uma lâmpada, por multimídia: vídeo
exemplo, são conectados a duas escovas de carvão que
Fonte: Youtube
fazem contato externo com os anéis em rotação. Dessa
maneira, é possível retirar a corrente elétrica do gerador Fluxo e fluxo magnético | Forças magnéticas, campos ...
para o circuito externo.
Denomina-se rotor o conjunto do eixo giratório e a bobina.
Existem diversas maneiras de fazer o rotor girar. Um modo 2.3. Usinas hidroelétricas
mais simples é um sistema mecânico acoplado ao seu eixo, Com o objetivo de gerar grande quantidade de energia,
que pode ser até uma simples manivela, caso o interesse não uma usina hidroelétrica (ou hidrelétrica) precisa armazenar
seja a produção de grande quantidade de energia elétrica. uma grande quantidade de água em uma represa (imagem
No caso de geradores de maior porte, pode-se utilizar uma a seguir).
roda hidráulica (figuras a seguir). No caso das usinas hidro-
elétricas, a água é utilizada para mover grandes turbinas.

Uma simples manivela pode girar o rotor,


como se usava nos antigos telefones.

A partir da represa, um desnível é utilizado para criar uma


queda de água, fazendo com que a água ganhe energia
cinética e possa movimentar as turbinas (sistema de pás
semelhante ao de um ventilador). Essas turbinas são aco-
pladas a geradores elétricos, que, por sua vez, produzem a
corrente elétrica. A corrente elétrica gerada é, então, distri-
buída para as cidades por meio de torres de transmissão.
Essa cadeia é denominada GTD: geração, transmissão e
Uma roda hidráulica pode fazer girar o rotor. distribuição de energia elétrica.

107
2.4. Usinas termoelétricas
As usinas termoelétricas utilizam o vapor de água para
movimentar uma turbina. O vapor é obtido por uma cal- Usina nuclear horizontal em Angra dos Reis, Rio de Janeiro
deira. A força do vapor formado com o aquecimento da
água movimenta a turbina, que, por sua vez, movimenta o Existe ainda um outro tipo de problema que pode resultar
gerador. A caldeira utiliza diversas fontes de energia para das termoelétricas: a poluição atmosférica causada pelos
aquecer a água, entre elas a queima de combustíveis (óleo, resíduos da queima dos combustíveis. Nas usinas nuclea-
carvão) ou reações nucleares, como a da quebra (fissão) do res, existe o problema do lixo atômico, formado pelo que
núcleo do urânio. Em Angra dos Reis (no Rio de Janeiro), as sobra depois da fissão do urânio. Esse material é radioativo
usinas são termoelétricas, e o calor que utilizam é gerado e muito perigoso para os seres vivos, pois causa câncer e
pela liberação de energia nuclear. mutações genéticas. Esse lixo deve ser guardado em locais
especiais, que impeçam a passagem da radiação.

2.5. Outras usinas eletromagnéticas


Há outros meios para se obter energia elétrica, mas em
menores quantidades. Um deles utiliza a energia dos
ventos: as usinas eólicas. Nessas usinas, o vento provoca
a rotação de grandes pás que são acopladas aos gerado-
res. Outro tipo são as usinas solares, onde são utilizados
espelhos para concentrar a luz solar sobre um recipiente
que contém água, que é aquecida até entrar em ebulição,
produzindo o vapor que vai acionar as turbinas.

Ao passar pela turbina, o vapor segue para um condensa-


dor, um mecanismo que o resfria, e, assim, transforma-se
novamente em água líquida. Então, a água é bombeada
novamente para a caldeira, para reiniciar o processo.
O resfriamento do vapor que é feito no condensador é re-
alizado utilizando-se um rio ou um lago. Entretanto, isso
tem uma consequência ecológica. As águas do rio ou lago Geradores de energia eólica em Fortaleza, Ceará
se tornam mais quentes e, consequentemente, ocorre a
diminuição do oxigênio existente nela, o que altera as con-
dições de vida de vários organismos aquáticos. Dessa alte-
ração pode resultar o aumento de organismos patológicos,
como certos tipos de bactérias.
Outro modo utilizado para resfriar o vapor interno nas usi-
nas termoelétricas é a utilização de água contida em torres.
No entanto, essa água é transformada em vapor e vai para
a atmosfera, podendo alterar o regime de chuvas. Painéis para captação de energia solar

108
Existem ainda locais em que as marés apresentam grandes Essa células fotovoltaicas são utilizadas em algumas calcu-
desníveis, de modo que a água pode ser represada. Assim, é ladoras eletrônicas. Como necessitam apenas de uma pe-
possível empregar uma usina hidroelétrica de pequeno porte: a quena corrente, essas calculadoras funcionam até mesmo
marelétrica. Outra possibilidade é colocar a turbina no interior com a luz produzida por uma lâmpada. Contudo, a produ-
de um rio, de modo que a turbina seja movimentada pela cor- ção de correntes maiores só é possível utilizando-se a luz
renteza. Esse processo é adotado em países do Primeiro Mundo. solar. Nesse caso, as células fotovoltaicas são denominadas
células solares.
A produção de corrente elétrica por meio do uso de cé-
lulas solares ainda é uma técnica cara e menos eficiente
do que as demais. Apesar disso, os pesquisadores esperam
que, por volta do ano 2050, esse processo já tenha sido
aperfeiçoado, e cerca de 30% da energia elétrica usada no
multimídia: vídeo planeta sejam obtidos pelo processo fotovoltaico. Não obs-
Fonte: Youtube tante, atualmente essa técnica tem várias aplicações. Os
Trem magnético caseiro (experiência de Física) satélites artificiais utilizam painéis de células solares (figura
a seguir) para captar a luz do Sol e gerar energia elétrica;
algumas cidades pequenas utilizam os painéis solares de
2.6. Outros tipos de geradores
grande área para obter energia elétrica.
Um gerador de menor porte é o eletroquímico. Por meio
de reações químicas (estudadas nas aulas de Química),
é possível obter uma corrente elétrica. Alguns exemplos
de geradores eletroquímicos são as pilhas de lanterna, as
baterias de automóveis e as baterias de relógios.
Outra fonte de pequeno porte utiliza o efeito fotovol-
taico para produzir energia elétrica. Contudo, esse efeito
ocorre apenas em alguns materiais denominados semi-
condutores, pois só conduzem a corrente elétrica em
condições especiais. Alguns semicondutores conduzem a Estação espacial Skylab: satélite com painéis solares
corrente elétrica quando recebem luz.
A figura a seguir representa, esquematicamente, uma cé-
lula fotovoltaica. Essa célula é formada por duas pla-
cas de semicondutores diferentes, A e B, cuja espessura é
de aproximadamente 0,5 mm. A luz, ao incidir sobre uma
das placas, fornece energia, que é absorvida por alguns
elétrons que podem, então, entrar em movimento. Ape-
sar de essa energia não ser suficiente para remover os
elétrons do material, ela é suficiente para se obter uma
corrente elétrica em um fio metálico ligado às placas. A
Carro movido a energia solar fotografado no Hawaii, Estados Unidos
intensidade dessa corrente depende da área das placas e
também da intensidade da luz. Num dia claro (sem nu- Até aqui foram estudados diversos tipos de geradores de
vens), pode-se obter aproximadamente 0,03 A para cada energia elétrica. Entretanto, é importante lembrar que a
centímetro quadrado de luz solar. principal fonte de energia é o Sol. O Sol fornece a energia
que mantém a Terra aquecida e o processo de fotossíntese,
proporcionando os alimentos e os combustíveis orgânicos:
lenha, petróleo, carvão, gás natural. O Sol também atua
fornecendo a energia para a evaporação da água dos rios
e dos oceanos, por meio da qual as nuvens se formam,
causando as chuvas e dando continuidade ao ciclo que
alimenta os rios, que, por sua vez, são utilizados para a
Esquema simplificado de uma célula fotovoltaica construção de usinas hidroelétricas.

109
3. O microfone 4. Supercondutores e magnetismo
Há diversos tipos de microfone. Um desses tipos funciona Sabe-se que a resistividade dos metais diminui à medida que
baseado na indução eletromagnética. a temperatura diminui. Abaixo de uma determinada tem-
peratura, denominada temperatura crítica (Tc), para alguns
materiais, a resistividade fica nula. Como exemplo, para o
mercúrio, Tc = 4,15 K, e para uma liga formada por tálio (Ti),
bário (Ba), cálcio (Ca), cobre (Cu) e oxigênio (O), Tc = 125 K.
A corrente elétrica abaixo da temperatura crítica, nesses ma-
teriais, pode ser mantida indefinidamente no interior do con-
dutor. Esse fenômeno é denominado supercondutividade.
Dentro dos microfones, existe uma membrana que é aco-
plada a um conjunto de espiras (bobina) que fica próximo Um desafio que os físicos têm tentado superar é o de obter ma-
de um ímã. O som provoca uma vibração de mesma fre- teriais que se tornem supercondutores em temperaturas mais
quência nessa membrana. Assim, é induzida na bobina próximas da temperatura ambiente. Caso isso seja possível,
existirão diversas aplicações, como a levitação magnética.
uma corrente elétrica alternada que tem a mesma frequ-
ência do som. Em um supercondutor, devido à resistência ser nula (con-
dutividade infinita), o campo elétrico no seu interior tam-
bém deve ser nulo. Assim, pela Lei de Faraday, o campo
magnético não varia, ou seja, o campo magnético é cons-
tante (qualquer alteração no campo magnético produz um
campo elétrico).
Assim, ao aproximar um ímã de um supercondutor, em
uma região na qual inicialmente o campo magnético é
nulo, o campo magnético dentro do supercondutor (ini-
3.1. Gravação magnética cialmente nulo) não pode se alterar e deve continuar nulo.
No passado, a gravação de som (ou imagem) era feita em Como consequência da Lei de Faraday, um campo mag-
fitas magnéticas. Essas fitas eram obtidas colocando-se nético que cancela o campo do ímã será induzido no su-
uma fina camada de um material ferromagnético (óxido percondutor, isto é, haverá um campo oposto ao do ímã
de ferro ou óxido de cromo) sobre uma fita de plástico. produzindo uma repulsão entre o ímã e o supercondutor.
A gravação do som (ou da imagem) se dava por meio da No entanto, por se tratar de um material supercondutor, a
transformação desse sinal em uma corrente elétrica vari- corrente persiste, e essa repulsão se manterá, fazendo com
ável enviada para a cabeça de gravação. Nesse local, um que o ímã levite indefinidamente.
pequeno eletroímã magnetizava a estreita região da fita O número de pesquisas sobre levitação magnética aumen-
que passava diante da pequena abertura da cabeça, regis- tou devido à possibilidade de utilização desse fenômeno
trando a gravação. no desenvolvimento dos meios de transporte. No Japão,
já foi construído o trem maglev, capaz de flutuar devido à
repulsão entre seus ímãs supercondutores e os trilhos, em
razão do campo magnético induzido. Com essa tecnologia,
já é possível atingir a velocidade de 580 km/h.

Na reprodução do som ou da imagem gravados na fita,


o campo magnético variável da fita móvel na abertura da
cabeça induzia uma corrente variável na bobina. Depois
de ser amplificada, essa corrente elétrica era enviada a um
alto-falante ou a um tubo de imagem de um televisor (dos
mais antigos).

As gravações feitas nos antigos disquetes de computador ou em Demonstração de levitação magnética de um dos
cartões magnéticos de bancos eram feitas de modo semelhante. novos supercondutores de alta temperatura.

110
6. Ondas eletromagnéticas
Outro fenômeno descrito por Maxwell foi o seguinte: um
campo elétrico variável produz um campo magnético, que
também é variável; então, esse campo magnético variável
produz um campo elétrico variável, e assim sucessivamen-
te. Esses campos, em sequências, são capazes de se propa-
garem no espaço, formando uma onda eletromagnética.
Uma onda eletromagnética pode ser produzida pela ace-
leração de uma carga elétrica. Caso a oscilação da carga
elétrica tenha frequência f, então a onda eletromagnética
Trem maglev, em Emsland, Alemanha
resultante também terá frequência igual a f.
No dia a dia, o contato com as ondas eletromagnéticas é
Maxwell demonstrou, por meio de sua equações, que as on-
constante, por mais que sua presença não seja percebida.
das eletromagnéticas se propagam no vácuo sempre com a
Como exemplos, é possível citar a luz visível, as ondas de
mesma velocidade, igual a 3,0 · 108 m/s, independentemen-
infravermelho que aquecem o planeta, as ondas do forno te de onde se formam. Em geral, utiliza-se a letra “c” para
de micro-ondas, as ondas que transportam imagens até a designar essa velocidade. Como a velocidade de propagação
TV das casas, as ondas que chegam aos rádios, etc. da luz no vácuo tem essa mesma velocidade, os cientistas
A seguir, será estudada a formação das ondas eletromag- concluíram que a luz é uma onda eletromagnética.
néticas e algumas das suas propriedades básicas. Em resumo, uma onda eletromagnética consiste na
​___›
propagação de um campo ​___› elétrico E ​
​    e, simultaneamente,
5. Campos induzidos de um campo magnético B ​
​ ,   ambos variáveis com o tempo,
com as seguintes propriedades:
No estudo da indução magnética, verificou-se que sempre _​__› _​__›
§ B ​
​   e E ​
​   são perpendiculares entre si;
surge corrente induzida em um circuito quando há uma _​__›
variação de fluxo magnético. Essa variação de fluxo pode § a onda
___
​›
se propaga em uma direção perpendicular a B ​​   
ser obtida mantendo o circuito em repouso e fazendo com e a  ​E 
​ ,  simultaneamente;
que um campo magnético variável incida sobre o circuito. § o módulo da velocidade da onda no vácuo é
Entretanto, o campo magnético não atua sobre cargas elé-
c = 3,0 · 108 m/s;
tricas em repouso. Então, como explicar o aparecimento da
corrente induzida? § os campos variáveis
​___› são​___ gerados um do outro,
​___› ou seja,
​___›

a variação de B ​
​    gera E ​
​ ,   e a variação de E ​
​    gera B ​
​ ,   e
Em 1831, Faraday apresentou uma explicação para o fenô-
assim sucessivamente.
meno. De acordo com ele, a corrente induzida é produzida
pelo aparecimento de um campo elétrico. Com essa propo- É possível observar na figura a seguir que a direção dos
​_›_ _​__› _​__›
sição, a Lei de Faraday pode ser enunciada como: vetores v ​​ ,   E ​
​   e B ​
​   pode ser determinada pela regra da mão
esquerda, vista no capítulo “Força magnética”.
Campo magnético variável produz campo elétrico
Observe na figura uma representação esquemática de uma
onda eletromagnética em que:
Em 1864, o físico escocês James Clerk Maxwell (1831-
1879), com grande habilidade matemática e notável intui-
ção física, propôs o efeito inverso:

Campo elétrico variável produz campo magnético

Maxwell agrupou quatro equações que levam em consi-


deração os fenômenos elétricos e magnéticos e que são Onda eletromagnética
conhecidas como equações de Maxwell para o ele- ​___›
tromagnetismo. Essas equações dão suporte matemáti- § o campo elétrico E ​
​   oscila na direção de y;
_​__›
co para as duas leis de indução enunciadas anteriormente.
§ o campo magnético B ​
​   oscila na direção de z;
Contudo, devido à sua complexidade matemática, elas não
serão analisadas aqui. § a onda se propaga na direção de x.

111
A visualização da propagação
​___› ​___› ​__

da onda se torna mais fácil 6.1. Raios X
quando os vetores E ​
​ ,   B ​
​   e v ​
​   são representados em interva-
los de tempo iguais ao período T da onda. A figura a seguir Para determinado tipo de onda eletromagnética, um meio
mostra os três vetores nos instantes 0, T e 2T. O compri- pode ser opaco ou transparente. A musculatura do cor-
mento de onda é dado pelo valor de l. Essa representação po, por exemplo, é opaca à luz visível, pois não é possível
esquemática da onda eletromagnética considerada fica enxergar através de uma pessoa. No entanto, ela é trans-
então como na figura: parente aos raios X, que são as ondas eletromagnéticas
utilizadas para se obter as radiografias médicas. Os raios X
conseguem atravessar os músculos e outros tecidos, mas
não os ossos. Desse modo, obtém-se a imagem dos ossos
na chapa fotográfica.
A obtenção de raios X é feita por meio da aceleração
de elétrons em um equipamento específico, que é capaz
de deixá-los colidir com uma chapa metálica. A brusca
desaceleração faz com que os elétrons emitam ondas de
altas frequência.

A equação fundamental da ondulatória é válida para


essa onda:
v=l·f
Sendo que f é a frequência. A velocidade de propagação
da onda depende do meio (material) em que está. Nova-
mente, observe que essa velocidade é máxima no vácuo e é
igual a c. Em qualquer outro meio, a velocidade será menor. 6.2. Raios e televisão
Contudo, o valor da frequência f não se modifica, mesmo
que a luz mude de meio. O som pode ser transformado em corrente elétrica alterna-
da que passa através de fios, como foi estudado anterior-
Na aula de “Ondas”, foi representado o espectro de fre-
mente. No entanto, existem elétrons acelerados em uma
quência das ondas eletromagnéticas. Observe o espectro
corrente alternada que emitem ondas eletromagnéticas.
de frequência de algumas das mais conhecidas:
Assim, a “informação” pode ser transmitida sem fio, por
meio de ondas eletromagnéticas.
§ luz visível:
O rádio, a televisão e o telefone celular utilizam esse princí-
1014 1015
f (Hz) pio. O aparelho emissor transforma a informação (som, luz)
em corrente elétrica, que produz ondas eletromagnéticas
§ raios X: emitidas por antenas.
1016 1020
f (Hz)

§ micro-ondas:

108 1012
f (Hz)

Devido a essa diferença de frequência, é possível identificar


diferentes ondas eletromagnéticas.
Veja a seguir algumas aplicações das ondas eletromagnéticas.

112
Na antena receptora, o campo elétrico variável da onda 6.3. Micro-ondas
eletromagnética faz com que os elétrons livres da antena
oscilem, produzindo as correntes alternadas que serão Semelhante ao caso das ondas de rádio, as micro-ondas
novamente transformadas em som ou imagem. são produzidas por instrumentos eletrônicos e são utilizadas
principalmente em comunicações e nos sistemas de radar.
As ondas médias de rádios, as ondas de FM e as ondas de
TV têm alcance pequeno devido à curvatura da Terra. Assim, Um radar é formado basicamente por um emissor de
esse tipo de transmissão é utilizado apenas dentro de uma micro-ondas e um receptor das micro-ondas refletidas
mesma cidade. Para que essas ondas atinjam pontos mais por um objeto qualquer. Sabendo a velocidade de pro-
distantes, usam-se estações retransmissoras e também saté- pagação da onda eletromagnética e o intervalo de tempo
lites artificiais, que servem de “refletores” das ondas: são os decorrido entre a emissão da onda e a recepção da onda
satélites geoestacionários. refletida, é possível determinar a posição do objeto no
qual as ondas refletiram.
As micro-ondas também são utilizadas para acelerar o co-
zimento de alimentos. Essa ondas produzidas pelos fornos
de micro-ondas causam a agitação das moléculas de água
dos alimentos, aquecendo-os mais rapidamente.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Sabe-se que a eletricidade flui constantemente do polo negativo para o positivo. É assim que funciona com pilhas e
baterias. No entanto, não é isso o que ocorre nas tomadas das casas. Na corrente alternada, os polos são invertidos
dezenas de vezes por segundo, e a eletricidade não “corre” diretamente, mas sim em zigue-zague. Parece que não
é tão útil ou prático fazer isso, mas é a forma como a energia elétrica pode ser gerada por indução. Um gerador com
ímãs fixos e um eixo móvel – um alternador – produz corrente alternada.
A disputa entre Thomas Alva Edison e Nikola Tesla sobre qual seria a corrente mais eficiente, contínua ou alternada,
ficou conhecida como a “guerra das correntes“. Thomas Edison foi um empresário estadunidense que patenteou e
financiou o desenvolvimento de muitos dispositivos importantes, como a lâmpada incandescente e o cinematógrafo,
a primeira câmera cinematográfica bem-sucedida. Nikola Tesla foi um cientista e inventor austríaco (hoje, sua cidade
natal está situada na Croácia), conhecido por suas contribuições para o eletromagnetismo no fim do século. Seu
trabalho teórico forma as bases dos modernos sistemas de potência elétrica e distribuição de energia.
A guerra se formou porque Edison acreditava ferrenhamente que a corrente contínua era a mais eficiente, e Tesla
era defensor da corrente alternada. Ainda existia uma desavença pessoal entre os dois, que surgiu quando Tesla
trabalhava para Edison, e este renegou o trabalho do inventor austríaco. Tesla é considerado por muitos como um
gênio incompreendido que foi enganado por Edison. Atualmente, utiliza-se a corrente alternada para a transmissão
de energia elétrica, pois ela tem bem menos perdas em longas distâncias de transmissão.

Aplicação do conteúdo
1. Uma onda eletromagnética, com frequência de 150 MHz, se propaga pelo vácuo. Determine:
a) o comprimento da onda; ​___›
b) a frequência de oscilação do campo elétrico E ​
​   .

113
(Use: velocidade das ondas eletromagnéticas no vácuo:
c = 3 · 108 m/s.)
Dado: f = 150 MHz = 150 · 106 Hz

Resolução:
a) Aplicando a equação das ondas, tem-se:
multimídia: site
v = lf ä 3 · 108 = l · 150 · 106 ä = l = 2 m
b) Um onda eletromagnética é composta por campos
elétrico e magnético que oscilam em fase
www.pt.khanacademy.org/science/physics/magnetic-for-
​___› e com a mes-
ma frequência. Assim, a frequência de ​E ​  é de 150 MHz.
ces-and-magnetic-fields/magnetic-flux-faradays-law/a/
what-is-magnetic-flux
2. Por que os circuitos oscilantes das estações de rádios
operam em alta frequência? www.mundoestranho.abril.com.br/ciencia/qual-a-dife-
renca-entre-corrente-alternada-e-corrente-continua
Resolução:
www.newtoncbraga.com.br/index.php/como-funciona/
Se a frequência é maior, então o comprimento de onda é menor, 12484-como-funciona-a-corrente-alternada-art2980
o que dificulta a absorção da onda pelo meio. Outro fator impor-
tante está no fato de que nessas frequências é mais difícil ocorrer
interferências por frequências mais baixas, como as produzidas
por fios de alta-tensão e de outros equipamentos elétricos.

DIAGRAMA DE IDEIAS

FLUXO
MAGNÉTICO

LINHAS PERPENDICULARES
À SUPERFÍCIE
F=B·A

LINHAS INCLINADAS
F = B · A · cosa
À SUPERFÍCIE

VARIAÇÃO DO
«m = – ____
​ DF ​ 
FLUXO MAGNÉTICO Dt

UP N
TRANSFORMADOR = P
US NS

114
AULAS 49 e 50

MECÂNICA QUÂNTICA
No fim do século XIX, muitos físicos buscavam obter, a partir
das leis do Eletromagnetismo, uma equação que envolvesse
I, f e a temperatura que fosse condizente com os resultados
experimentais obtidos. Esse problema ficou conhecido como
problema do corpo negro, uma vez que esse era o nome
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 dado a um corpo ideal que emitisse e absorvesse igualmente
bem todas as radiações, isto é, as ondas eletromagnéticas.
HABILIDADES: 3, 17 e 22
Diversos físicos tentaram sem sucesso resolver esse proble-
ma. Contudo, em 1900, o alemão Max Planck (1858-1947)
chegou a uma solução. Para isso, ele apresentou uma hi-
pótese que contrariava o Eletromagnetismo estabelecido
1. Introdução até então. Sua hipótese era a de que a radiação emitida
pelo corpo não ocorria de modo contínuo, mas na forma de
A Mecânica Quântica foi formalmente desenvolvida a par- pequenos “pacotes”, sendo que a energia E de cada “pa-
tir da segunda década do século XX. Dentro dela, existem cote” seria proporcional à frequência f da radiação, ou seja:
diferentes modelos que revolucionaram a Física no início
do século XX e possibilitaram uma melhor compreensão da E=h·f
estrutura da matéria. Muitas partículas elementares foram
descobertas e, com isso, foi possível formular hipóteses so-
Sendo h uma constante, denominada constante de
bre a origem do Universo.
Planck, cujo valor é:

2. Mecânica quântica h = 6,63 · 10–34 J · s

Planck, embora aceitasse provisoriamente sua hipótese,


2.1. A radiação do corpo negro pois ela funcionava, tentou durante os anos seguintes ob-
ter uma outra solução, mas não teve êxito. Ainda assim,
A partir do estudo da Termologia, é possível concluir que
admitiu que somente durante a emissão da radiação a
todos os corpos emitem ondas eletromagnéticas continua-
energia se dividia em “pacotes” e, logo depois, se transfor-
mente, cujas intensidades dependem da temperatura. Essa
mava numa onda contínua.
emissão de ondas ocorre devido à constante agitação dos
elétrons no interior do corpo, sendo que sua frequência
também depende da temperatura. Um pedaço de ferro,
que esteja à temperatura ambiente, emite ondas cujas fre-
quências são inferiores à da luz; no entanto, quando o ferro
é aquecido, é possível notar que, a partir de certa tempe-
ratura, ele passa a emitir luz, que é inicialmente vermelha;
em seguida, alaranjada; depois, amarela, chegando quase
à cor branca. multimídia: vídeo
O gráfico da intensidade I da radiação em função da fre- Fonte: Youtube
quência f na figura a seguir mostra o aspecto obtido, ex- Osvaldo Pessoa Jr - Interpretações da
perimentalmente, quando um metal é aquecido (para cada Mecânica Quânt...
temperatura tem-se uma curva diferente).

115
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Efeito Fotoelétrico | Estrutura eletrônica
de átomos ...

3. O efeito fotoelétrico Caso haja emissão de elétrons, a placa positiva (X) os atrai-
rá, estabelecendo assim uma corrente elétrica no circuito
A hipótese de Planck não foi levada a sério durante alguns que poderá ser detectada por um amperímetro sensível (A).
anos, até que, em 1905, Albert Einstein (1879-1955) reto-
mou essa ideia. Olhando novamente para o problema do A onda eletromagnética transfere energia ao elétron. Par-
corpo negro, Einstein demonstrou que a análise ficava mais te dessa energia é usada para realizar o trabalho (W) de
coerente quando se admitia que a radiação se comporta- extração do elétron; o restante transforma-se em energia
va como se fosse composta de “pacotes”, mesmo depois cinética (Ec) do elétron. Dessa forma, à primeira vista, o
de abandonar o corpo. Einstein chamou cada “pacote” de efeito fotoelétrico tem uma aplicação simples; no entanto,
quantum (palavra latina cujo plural é quanta); mais tarde, do ponto de vista da Física Clássica, os resultados experi-
cada quantum foi denominado fóton. mentais são intrigantes.

Einstein mostrou que o efeito fotoelétrico, cujas caracterís- Em primeiro lugar, há a questão da frequência. De acor-
ticas também intrigavam os físicos, podia ser explicado por do com a Física Clássica, esse efeito não deveria depender
essa hipótese. da frequência da onda incidente. Entretanto, a experiência
demonstra que, para cada metal, o efeito é obtido apenas
Quando um corpo é atingido por ondas eletromagnéticas, quando a frequência é maior ou igual a um valor mínimo
observa-se que, às vezes, elétrons são “arrancados” desse denominado frequência de corte (fc). Na tabela a seguir
corpo. Esse efeito é mais facilmente observável em metais, é possível verificar os valores de fc para alguns metais. Em
embora possa acontecer em diversos materiais. A emissão metais alcalinos (sódio, potássio, etc.), essa frequência cor-
de elétrons pela absorção de radiação é denominada efei- responde à da luz visível; já para os outros metais, o valor
to fotoelétrico. de fc está na região do ultravioleta.

Frequência de corte (fc) para alguns metais


Metal Fc (Hz)
Sódio 5,5 · 1014

Potássio 4,22 · 1014

Cobre 1,13 · 1015

Prata 1,14 · 1015

Platina 1,53 · 1015

Em segundo lugar, existe a questão do tempo. Na Física


Clássica, para que um elétron adquira a energia neces-
sária para escapar de um corpo, é preciso um tempo que
O efeito fotoelétrico pode ser observado por meio da cha- pode variar horas, dias ou mesmo meses. No entanto, o
mada fotocélula (dispositivo esquematizado na imagem que se observa é que, no efeito fotoelétrico, a emissão é
a seguir). Nela, duas placas metálicas, X e Y, são colocadas praticamente imediata, isto é, o tempo entre o momento
no interior de uma ampola de vidro, onde se tem vácuo. A em que a radiação atinge o metal e o momento em que o
radiação incide na placa Y. elétron escapa é extremamente curto (3 · 10-9 s).

116
Existe ainda a questão da intensidade da radiação. O efeito angular será h, como mostrado no gráfico do césio e do
sempre ocorre quando a frequência está acima da frequência sódio na figura a seguir. Para todos os metais, as semirre-
de corte, mesmo que a intensidade da radiação seja menor. tas devem ter a mesma inclinação, uma vez que h é uma
Ela influencia no número de elétrons que serão arrancados e, constante universal; dessa forma, como é possível observar,
portanto, influenciará também na corrente (i) medida no cir- elas serão paralelas.
cuito. Contudo, a energia cinética adquirida por cada elétron
não sofre influência da intensidade da radiação. Em geral, utiliza-se a unidade elétron-volt (eV) no estu-
do do efeito fotoelétrico, em que:
Einstein explicou essa questão dizendo que a radiação é
formada por quanta (fótons) e cada elétron absorve ape- 1 eV = 1,6 · 10-19 J
nas um fóton; este, por sua vez, não será absorvido se sua
energia for menor do que a necessária para extrair o elé-
tron, que, então, não será emitido, mesmo que a radiação
fique incidindo sobre o corpo por muito tempo.
Sendo E a energia do fóton, Ec a energia cinética adquirida
pelo elétron e W o trabalho realizado para arrancar o elé-
tron, tem-se:
E = Ec + W
4. O átomo de Bohr
Assim, a energia do fóton é dada por E = h · f. Em 1911, o físico neozelandês naturalizado britânico Ernest
Como a velocidade adquirida pelo elétron é menor do que Rutherford (1871-1937) propôs um modelo de átomo em
a da luz no efeito fotoelétrico, a energia cinética pode ser que a carga positiva estaria concentrada no núcleo, e, giran-
calculada pela fórmula clássica: do em torno dele, estariam os elétrons, de carga negativa.
Entretanto, havia um problema com esse modelo, pois um
​ 1 ​  m · v2
Ec = __
2 elétron em movimento curvo tem aceleração, e, de acordo
com o eletromagnetismo clássico, cargas aceleradas emitem
Assim, a equação fica:
ondas eletromagnéticas. Portanto, o elétron deveria emitir
ondas perdendo energia, o que o levaria a cair rapidamente
​ 1 ​  m · v2 + W
hf = __ no núcleo. Mas não era isso o que estava sendo observado.
2

Para se arrancar o elétron, o trabalho W que deverá ser re-


alizado dependerá da profundidade em que está o elétron
dentro do material. Os que estão em lugares mais profundos
são mais difíceis de arrancar do que aqueles que estão próxi-
mos da superfície. Assim, quanto maior o trabalho necessário
para arrancar o elétron, menor será sua energia cinética. O
trabalho mínimo necessário para se arrancar um elétron é
denominado função trabalho (W0), sendo que, nesse caso
a energia cinética adquire seu valor máximo (Ecmáx):
E = Ecmáx + W

Se a frequência for a de corte, energia cinética será nula;


assim, da equação seque que:
hfc = W0 Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962)
propôs então um novo modelo para o átomo. A princípio,
Assim, tem-se: ele analisou o átomo de hidrogênio, que possui apenas
um elétron movendo-se em torno do núcleo. Sua primeira
Ecmáx = hf – W0 hipótese foi a de que o elétron de carga –e gira em uma
órbita circular em torno do núcleo de carga +e, pois tem
Se for elaborado um gráfico da energia cinética em função somente um próton. Pela Lei de Coulomb, é possível calcu-
da frequência, será obtida uma semirreta, cujo coeficiente lar a ação da força elétrica entre essas duas cargas:

117
e
F = k · __
​ r 2 ​ 
2

A primeira das hipóteses revolucionárias que Bohr apre-


sentou pode ser descrita assim:

O raio da trajetória não pode ter qualquer valor, ou


seja, apenas certas órbitas são possíveis. Essas órbitas
são denominadas estados estacionários, e, enquanto
o elétron está nessas órbitas, ele não emite energia.
Da mesma forma, um elétron que estiver em uma das ór-
bitas possíveis só “absorverá” um fóton se esse possuir a
energia exata que permita ao elétron ir para uma outra
Bohr utilizou a fórmula da Física Clássica para calcular a órbita possível, mais longe do núcleo. Nesse caso, a energia
energia em cada órbita. E do fóton deverá ser dada por:
A força elétrica desempenha o papel de força centrípeta.
Portanto, sendo m a massa do elétron, tem-se: E = Ef – Ei = hf

​ e2 ​  = m __
​ vr ​ 
2 2
F = k __
r Bohr também admitiu o seguinte postulado:
__e 2
k ​  r ​  = m v²

Assim, a energia cinética do elétron é: O produto de mvr deve ser um múltiplo


​  h  ​, ou seja, mvr = n ___
inteiro de ___ ​  h  ​  (em que n = 1, 2,
​ e   ​
​ mv ​  = k __
2 2
Ec = ___ 2p 2p
2 2r 3, ...).
A energia potencial do elétron é dada por:
A partir dessa igualdade, segue que:
​ er ​ 
2
Ep = – k __
​  nh   ​ 
v = ______
mr(2p)
Assim, a energia total é:
Substituindo na equação o valor de v, tem-se:
​  2h   2 ​ 
2
​ e  ​  r = _______
2
E = Ec + Ep = –k __ n2
2r 4p mke
Substituindo:
É possível observar que, quanto mais distante o elétron es-
tiver do núcleo, maior será a energia total, pois a energia
total é negativa e r aparece no denominador.
n (  )
​  12  ​   ​
En = –2p2mk2e4/h2 ​ __

Em seguida, Bohr admitiu que o elétron só emite energia Substituindo os valores das constantes na equação acima,
quando passa de uma órbita possível para outra órbita tem-se:

(  )
possível mais interna. Sendo Ei a energia na órbita inicial e
Ef a energia na órbita final, durante o salto o elétron emite ​  12  ​   ​ joule
En = (–2,17 · 10–18) ​ __
n
um fóton de energia E e frequência f, tais que:
ou

E = hf En = (–13,6) ​ __
n (  )
​  12  ​   ​ eV

118
Se n for substituído por 1, 2, 3, ..., serão obtidas as ener- Como l = _​ c ​,  segue que:
f
gias correspondentes, e, assim, será possível construir um
diagrama como o da figura a seguir. ​  h  ​
l= __
Q

6. A mecânica quântica
A partir do efeito fotoelétrico, foi visto que a luz se com-
porta algumas vezes como onda e, outras vezes, como
partícula. Em 1924, o físico francês Louis De Broglie
(1892-1987) propôs que as partículas materiais em mo-
vimento também poderiam se comportar como ondas.
Ele sugeriu que seria possível atribuir um comprimento de
onda a uma partícula a partir da mesma equação válida
para o fóton, ou seja:

​  h  ​
l= __
Q

O estado de menor energia, que corresponde a n = 1, é de- Isso significa que, microscopicamente, o comportamento
nominado estado fundamental. O elétron está normal- das partículas é descrito por equações semelhantes às
mente no estado fundamental; no entanto, caso receba a que descrevem as ondas. Um feixe de elétrons, por exem-
energia adequada, passará para um estado de maior ener- plo, quando incide num cristal, é difratado (espalhado) de
gia, denominado estado excitado. Entretanto, o elétron fi- modo semelhante ao que acontece com as ondas.
cará nesse estado por um intervalo de tempo muito curto, Por outro lado, quando é analisado o que ocorre com um
retornando rapidamente ao estado fundamental. elétron em um átomo, as equações não fornecem a posi-
A teoria de Bohr era capaz de explicar apenas o átomo de hi- ção exata e a velocidade exata do elétron. As equações
drogênio. Para explicar os demais átomos, houve a necessidade fornecem somente a probabilidade de o elétron estar em
de se criar uma outra teoria, a chamada Mecânica Quântica. uma posição ou ter uma determinada velocidade.

5. Quantidade de movimento 6.1. O princípio de complementaridade


do fóton O princípio de complementaridade, estabelecido por
Em repouso, o fóton não existe e, portanto, não possui Bohr em 1928, pode ser enunciado da seguinte maneira:
massa de repouso. No entanto, como possui energia, pela
equação de Einstein é possível atribuir a ele uma massa A radiação e a matéria possuem um comportamen-
que é dada por: to dual, ou seja, se comportam ora como onda, ora
como partícula, mas apenas um dos comportamentos
E = mc²
se manifesta em cada experimento; assim, os dois
​ E  ​ 
m = __ comportamentos se complementam.

​ hf ​. 
Como E = hf indica a energia do fóton, tem-se: m = __

Uma partícula de massa m e velocidade v tem o módulo da
6.2. O princípio da incerteza
quantidade de movimento dado por: Na Física Clássica, a precisão com que se pode medir uma
grandeza não tem limite. Contudo, o físico alemão Wer-
Q=m·v
ner Heisenberg (1901-1976), no final da década de 1920,
​ hf ​ e v = c; assim, sua quantidade
Para o fóton, tem-se m = __ depois de ter feito uma profunda análise do processo de

de movimento fica: medida, impôs restrições à precisão com que se podem
efetuar medidas simultâneas, chegando ao que hoje é de-
​ hf
Q = __ __E
c ​ = ​  c ​  nominado princípio da incerteza:

119
O “experimento mental” sugerido por Heisenberg, ilustra-
É impossível conhecer simultaneamente e com preci- do na figura a seguir, é uma das maneiras de se interpretar
são a posição e a quantidade de movimento de uma o princípio da incerteza.
partícula. Sendo a incerteza na posição dada por Dx
e a incerteza na quantidade de movimento dada por
DQ, tem-se:
Dx · DQ ≥ h

Assim, caso se obtenha uma grande precisão no valor da


posição, o valor da quantidade em movimento será pouco
preciso, e vice-versa.
Para que um elétron possa ser “visto”, é necessário enviar
A energia E de uma partícula medida num intervalo de tempo ao menos um fóton de luz a seu encontro. Entretanto, a
Dt também pode ser relacionada pelo princípio de incerteza: colisão do fóton com o elétron altera sua quantidade de
movimento; assim, o ato de medir a posição altera o valor
DE · Dt ≥ h da quantidade de movimento.

VIVENCIANDO

A física está presente em diversos equipamentos eletrônicos usados no cotidiano. Um deles é o laser, que produz radia-
ção eletromagnética que se propaga como um feixe de ondas paralelas, com um mesmo comprimento de onda. Lasers
funcionam quando os elétrons que orbitam átomos são agitados por um impulso elétrico. Esses elétrons emitem fótons
conforme retornam aos seus níveis mais baixos de energia. Os fótons emitidos inicialmente excitam outros átomos, que
liberam fótons com o mesmo nível de energia e direção, criando um feixe como o raio laser. Os lasers são muito usados
na gravação e leitura de dados, como scanners de código de barras e gravadores/leitores de DVD e Blu-Ray.
Os transistores são outro produto direto da teoria. O transistor é um componente eletrônico criado em 1948, como
resultado das pesquisas de três físicos, John Bardeen, Walter Brattain e William Shockley, sendo considerados os prin-
cipais responsáveis pela revolução da eletrônica na década de 1960. O transistor é o mais importante componente
dos circuitos eletrônicos digitais que formam os computadores. Ele funciona como uma válvula eletrônica que regula
o fluxo de elétrons em um condutor elétrico, de modo semelhante ao que uma válvula hidráulica regula o fluxo de
água (ou vazão) em um cano. Sua função é atuar como um interruptor de corrente. Os dados eletrônicos, lidos como
bits, são basicamente informações codificadas em 0 e 1. O transistor é o elemento que determina se o sinal deve ser
lido como zero (transistor fechado) ou 1 (transistor aberto).

Exemplos de transistores

120
7. Partículas elementares Quando um fóton de alta energia passa próximo a um nú-
cleo, em vez de produzir um par elétron-pósitron, ele pode
De acordo com os cientistas que estudam a estrutura da produzir um próton (p) e um antipróton p​X​ : 
matéria, se um corpo não é formado por outros corpos me-
nores, ele é denominado partícula elementar. O átomo
g = p + p​
​ 
X
é um exemplo de corpo não elementar, uma vez que é for-
mado por prótons, nêutrons e elétrons.
Em 1932, os físicos acharam que o problema da estrutu- O antipróton possui a mesma massa do próton, mas sua
ra do Universo estava resolvido, pois haviam descoberto o carga é negativa. O antipróton, assim como o pósitron, tem
nêutron. Contudo, uma série de experimentos os levou à vida curta, pois ao encontrar um próton pode sofrer ani-
conclusão de que existiam outras partículas – atualmente quilação (transformando-se em fóton) ou ainda pode se
já foram descobertas mais de duzentas. Essas partículas, transformar em outras partículas.
porém, não fazem parte do átomo e se formam em proces- Outra maneira de produzir antiprótons é provocando uma
sos que serão exemplificados a seguir. Em geral, elas têm colisão violenta, isto é, a altas velocidades entre dois pró-
vida curta, pois se transformam rapidamente em outras tons ou entre um próton e um nêutron; para isso, é neces-
partículas mais estáveis, como prótons, elétrons e fótons. sário usar um acelerador de partículas (figura a seguir). Os
processos são:
8. Outras partículas e p + p ∫ p + p + p + p​
​ 
X

as antipartículas p + n é p + p + n + p​
​ 
X

Um fóton g, ao passar próximo de um núcleo, às vezes


se transforma em duas partículas: um elétron (e–) e um
pósitron (e+), conforme a figura a seguir.

LHC (Genebra, Suíça)

O pósitron possui carga positiva e a mesma massa do elétron: Da colisão de dois prótons, pode-se obter também a pro-
dução de um antinêutron (​n​X) :
Carga do pósitron = +e
p + p é p + p + n + n​
​ 
X
Carga do elétron = –e
Foi visto que, quando um antipróton e um próton colidem,
Afirma-se que o pósitron é a antipartícula do elétron (e vi-
pode ocorrer a aniquilação. Contudo, pode ocorrer tam-
ce-versa). Esse processo é denominado produção de pares.
bém o seguinte processo (ou reação):
O elétron é uma partícula estável. O pósitron, por sua vez,
tem vida curta, pois encontra rapidamente outro elétron e, ​X + p é 4p+ + 4p–
p​
da colisão entre eles, são gerados dois fótons, processo que
Em que p+ é uma partícula denominada píon positivo, e
é chamado de aniquilação.
p–, píon negativo.
A detecção do píon foi realizada pela primeira vez, em 1947,
pelo grupo liderado por Cecil Powell, em que o italiano Giu-
seppe Occhialini e o brasileiro Cesar Lattes tiveram partici-
pações decisivas. Em 1950, porém, o prêmio Nobel por essa
descoberta foi atribuído injustamente apenas a Powell.
A seguir será estudada a existência de outras partículas
e será visto que, de modo geral, quando uma partícula

121
possui carga elétrica, sua antipartícula tem carga oposta. Em consequência, há também mudança de elemento
Mas como fica, por exemplo, o caso das partículas como o químico, pois o número de prótons no interior do núcleo
nêutron, que possuem carga nula? Qual a diferença entre diminui uma unidade. Um exemplo é a transformação de
um nêutron e um antinêutron? A seguir serão apresenta- um núcleo de nitrogênio –14 em um núcleo de carbono
das essas explicações. –13:
   ​  →  
​ 7N
14
   + e+ + ν
​ 6​C
13

8.1. Decaimentos
8.2. Quarks
O processo em que uma partícula se transforma em outra é
denominado decaimento. Observe alguns exemplos: Muitas outras partículas foram detectadas em es-
Um nêutron livre (fora do núcleo) é uma partícula instável tudos da radiação cósmica e nos aceleradores de
partículas a partir de colisões entre partículas e
e decai em pouco tempo produzindo um próton (p), um
decaimentos.
elétron (e–) e uma partícula denominada antineutrino (​ν​
X ):
Em 1964, os físicos Murray Gell-Mann (1929-2019) e Ge-
n ∫ p + e– + ν​
​ 
X
orge Zweig (1937-) sugeriram que muitas dessas partículas
poderiam ser formadas por outras menores, as quais Gell-
O antineutrino é uma partícula de carga elétrica nula, que
-Mann chamou de quarks.
se move com velocidade próxima à da luz e cuja massa de
repouso é nula (ou quase nula, ainda não se sabe). O elé-
tron, por razões históricas, é chamado de partícula b–; seu
decaimento pode ocorrer também quando o núcleo decai
espontaneamente emitindo um elétron e um antineutrino
ou um pósitron e um neutrino. Por isso, ocorre uma mudan-
ça de elemento químico, uma vez que o número de prótons
no interior do núcleo aumenta uma unidade.
Um exemplo disso é a transformação de um núcleo de   ​6C
14
  
em um núcleo de  
​7​N
14
   , conforme representado na figura a
seguir.
Na tabela a seguir, estão relacionados os seis tipos de
Como é possível observar, o núcleo de   ​6​C
14
   possui 6 prótons quarks que foram identificados até hoje. Para cada quark
e 8 nêutrons, o que totaliza 14 partículas. A equação que existe um antiquark, que possui carga elétrica oposta à do
representa o decaimento b– do  ​6C
14
​   é: respectivo quark. No entanto, o que mais chama a atenção
   ​  →  
​ 6C
14
   + e– + ν
​ 7​N
14 é que os quarks têm cargas elétricas menores do que a
carga elementar e.

Cargas elétricas de quarks e antiquarks

Quark Símbolo Carga

Up U + ​  2__  ​ e
3

Down D –  ​  1__  ​ e


3

Strange S –  ​  1__  ​ e


3
Um próton que está no interior de um núcleo pode tam-
bém sofrer decaimento, sendo chamado de decaimento b+, Charmed C + ​  2__  ​ e
em que se transforma em nêutron, pósitron e neutrino (ν): 3

p → n + e+ + ν Bottom B –  ​  1__   ​ e


3

Nesse decaimento, o nêutron permanece no interior do Top T + ​  2__  ​ e


3
núcleo, ocorrendo a emissão do pósitron e do neutrino.

122
antes depois
Antiquark Símbolo Carga

Antiup ​X 
u​ – ​   2__  ​e n
3

p
Antidown ​X 
d​ +  ​  1__  ​ e +
3

Antistrage ​X 
s​ +  ​  1__  ​ e
3 p n+

Anticharmed ​X 
c​ –  ​  2__   ​ e
3 carga: 0 + e+ 0 + e+
Antibotton X
​ 
b​ + ​  1__  ​ e
3 Tem-se, depois da colisão, um nêutron (n) e um píon (p+),
Antitop Xf​
​  –  ​  2__  ​ e cuja carga é +e. O píon ​___› é formado por um quark up (u)
3 e um antiquarkdown (​d ​).   Dessa forma, de acordo com a
De acordo com essa teoria, o próton é formado por dois quarks tabela anterior, é possível confirmar que, quando somadas,
up e um quark down; o nêutron, por sua vez, é formado por as cargas desses quarks resultam na carga do píon: +e.
um quark up e dois quarks down, conforme ilustrado a seguir.
8.3. Léptons, mésons e bárions
próton u u d nêutron
u d d
As partículas, em sua maioria, podem ser divididas em dois
u u grupos:d os hádrons
d e os léptons.1e 1e
qp = 2e +
2e − 1e = e
qn = 2e + − =0
d 3 3 3 Os hádronsu são partículas3formadas
3 por3 quarks e são sub-
divididos em mésons e bárions. Os bárions são partículas
u d nêutron formadas por três quarks (ou antiquarks); os mésons são
u d d
formados por um quark e um antiquark.
d d
+ 2e − 1e = e qn = 2e +
1e − 1e = 0
O próton (uud), o nêutron (udd) e a partícula D++ (uuu) são
3 3 u 3 3 3
exemplos de bárions. Já o píon p+ (ud) e a partícula K+ (us)
são exemplos de mésons.
Assim, é possível compreender a diferença entre um nêu-
tron e um antinêutron. Na figura a seguir, pode-se observar Os léptons não são partículas formadas por quarks, como
que os quarks que formam o antinêutron são os antiquarks os elétrons (e–), os pósitrons (e+), os neutrinos (ν), os múons
dos quarks que formam o nêutron, de modo que a carga (m) e o tau (t). Até o momento, sabe-se que os léptons são
elétrica se mantenha nula em ambos. realmente partículas elementares, ou seja, não são consti-
tuídos de partículas menores.
nêutron antinêutron
O fóton está num grupo à parte, não é lépton nem hádron.
− − Esse grupo é formado por partítulas denominadas bósons.
d d d d
u −
u

u d d − −−
u d d
8.4. Unidades de massa e energia
2e
+ 1e − 1e q = − 2e +
1e 1e Em geral, os físicos que estudam o átomo e as partículas
q= +
3 3 3 3 3 3
q =0 q =0 elementares usam unidades que não pertencem ao SI.
Em vez de utilizarem o joule como unidade de energia, os
É importante ressaltar que as evidências da existência dos físicos preferem utilizar o elétron-volt (eV). No estudo da ele-
quarks são indiretas, uma vez que até hoje não foi possível tricidade, foi visto que 1 eV expresso em joule é numerica-
obter um quark isolado. Além disso, os quarks se combi- mente igual à carga elementar expressa em coulomb. Ado-
nam sempre formando partículas, cujas cargas são múlti- tando para a carga elementar o valor mais preciso, tem-se:
plas da carga elementar e. Assim, a afirmação de que a
menor carga elétrica isolada encontrada na natureza é a e = 1,6021773 · 10–19 C
carga elementar e continua sendo verdadeira. assim,
1 eV = 1,6021773 · 10–19 joule
Exemplo:
Quando um fóton (γ) de alta energia encontra um próton (p+), Outras unidades usadas frequentemente são o keV, o MeV,
pode ocorrer a transformação indicada na figura a seguir. GeV e o TeV, sendo que:

123
1 keV = 103eV, 1 MeV = 106eV, 1 GeV= 109eV, Um nêutron atinge um núcleo de urânio-235, que transfor-
1 TeV = 1012eV ma-se em um núcleo de urânio-236, o qual é instável. Esse
núcleo começa a oscilar e, num intervalo de tempo muito pe-
Para a massa, uma das unidades utilizadas é a de massa atô- queno, divide-se em dois núcleos (bário-141 e criptônio-92),
mica (u), a qual é aproximadamente igual à massa do próton emitindo ainda três nêutrons. Esses dois núcleos também
(ou do nêutron), sendo definida a partir do átomo de  
​6C
12
​   (que são instáveis e sofrem vários decaimentos b– até se trans-
contém 6 prótons, 6 elétrons e 6 nêutrons) em repouso; assim: formarem em núcleos estáveis. Durante o processo, também
massa do átomo de   ​ 6C
12
  ​ _
são emitidos fótons de alta energia (raios gama). Assim que
1 unidade de massa atômica = 1 u = _________________
​     ​   o  ​92U
236
​   se quebra, há uma grande repulsão elétrica entre os
12
núcleos de bário e criptônio, que saem com altas velocidades e
Obtém-se, experimentalente, que:
muita energia cinética. Durante a fissão, ocorre principalmente
1u ≅ 1,66057 · 10 kg 27 uma transformação de energia potencial elétrica em energia
cinética dos fragmentos (e um pouco de energia dos fótons).
As massas de repouso do próton (mp) e do nêutron (mn)
expressas em termos de u são: Uma fissão nuclear libera energia cerca de 10 milhões de ve-
zes mais do que a energia liberada em uma reação química.
mp = 1,00728 u  e  mn = 1,00867 u
Pode-se obter uma outra unidade de massa a partir da 8.6. Reação em cadeia
equação E = mc2:
Outras fissões ocorrem depois da primeira fissão, pois os dois
E = mc2 ⇒ m = E/c² (ou três) nêutrons liberados atingirão outros dois (ou três)
Expressando a energia em MeV, obtém-se uma outra uni- núcleos de  ​92​U
235
   , provocando, assim, outras fissões. Esse pro-
dade de massa: o MeV/c². cesso se repete e se amplia, resultando na reação em cadeia.

Adotando o valor mais preciso para a velocidade da luz, Os reatores nucleares são equipamentos em que a reação
c = 2,9979246 · 108 m/s, tem-se: em cadeia é controlada, de modo que a energia elétrica
não fique “muito grande”. Quando a reação em cadeia
1MeV/c² = 1,78266 · 10–30 kg não é controlada, tem-se uma bomba atômica, representa-
Ou ainda: da na figura a seguir, de grande poder destrutivo, como a
1 kg ≅ 5,6096 · 1029MeV/c² que arrasou as cidades de Hiroshima e Nagasaki.
Dessa forma, as massas de repouso do elétron, do próton
e do nêutron são, respectivamente:
me = 9,1094 · 10–31 kg = 0,511 MeV/c2
mp = 1,6726 · 10–27 kg = 9,38,27 MeV/c2
mn = 1,6749 · 10–27 kg = 939,57 MeV/c2

8.5. Fissão nuclear


Quando um nêutron atinge um núcleo com grande núme- Um cogumelo atômico se
levanta depois do detonamento
ro de prótons e nêutrons (núcleo “pesado”), pode ocorrer de bomba atômica sobre Nagasaki,
uma quebra desse núcleo, dividindo-o em dois de tama- no Japão, em 1945.
nhos quase iguais, mais dois ou três prótons. Esse processo
é denominado fissão nuclear (do latim fissio, que signifi-
ca “fender”, “quebrar”). Observe a figura a seguir. 9. Força nuclear
Foi visto no estudo da eletricidade que existe um par de
forças de repulsão entre dois prótons, pois eles possuem
cargas elétricas de mesmo sinal (figura a seguir). Então,
como é possível que os prótons fiquem juntos no núcleo?

124
Isso ocorre porque entre os prótons existe outro tipo de O hidrogênio participa de um dos tipos de fusão que ocorre
força (além da gravitacional e da elétrica) com as seguintes no interior do Sol, que é a seguinte:
características:
1
1 H + 2
1H 3
2 He + 
§ é uma força de atração;

§ só existe quando a distância d entre os prótons for < + + + + + + fóton


10–15 m;
Sendo 2 3​​H
   e o núcleo de hélio, que possui dois prótons e
§ para d < 10–15 m, essa força é mais intensa do que a
um nêutron.
força de repulsão elétrica.
Consultando uma tabela periódica, pode-se observar que:
Essa força é denominada força nuclear (ou interação forte).
massa do 1 1​​H
   = 1,00728 u
A força nuclear garante a estabilidade do núcleo; assim,
atua também entre dois neutros, como entre um próton e massa do 1 2​​H
   = 2,01592 u
um nêutron. Por isso, é tão difícil arrancar prótons e nêu-
trons de um átomo; os elétrons, por sua vez, são mais fá- totalizando uma massa de 3,0232 u. E também que:
ceis de arrancar, pois não sofrem a ação da força nuclear.
massa do 3 2​  ​H
  e = 3,01629 u

Ou seja, ocorreu uma diminuição de massa na fusão:


9.1. Fusão nuclear
|Dm| = 3,02320 u – 3,01629 u
Uma fusão nuclear ocorre quando dois núcleos se unem
|Dm| = 0,00691 u
para formar um terceiro núcleo. Existe um obstáculo óbvio
para que ocorra a fusão nuclear, uma vez que a repulsão O fato de a massa ter diminuído, significa que houve libe-
elétrica entre os núcleos dificulta a aproximação entre eles. ração de uma energia DE dada por:
Assim, é necessário arremessá-los uns contra os outros a
DE = |Dm| ⋅ c2
velocidades muito altas, de modo que consigam se aproxi-
mar o suficiente para que comece a atuar a força nuclear, e, A energia que o Sol envia para o espaço é resultado da fu-
assim, os núcleos se unam. Fusões ocorrem naturalmente são de núcleos leves, sendo que as três principais reações de
no interior das estrelas, onde a temperatura é muito alta e, fusão que ocorrem em seu interior são:
por isso, os núcleos se movem com velocidades muito altas. § 1 1​​H
   + 1 1​H
​   → 1 2​​H
   + e+ + ν + 0,42 MeV
No interior do Sol, por exemplo, a temperatura chega à 15
milhões de kelvins. § 1 1​​H
   + 1 2​H
​   → 2 3​​H
   e + y + 5,49 MeV

§ 2 ​3​H
   + 2 3​H
​   → 2 4​​H
   e + 1 1​​H
   + 1 1​​H
   +12,86 MeV

9.2. Fusão de núcleos leves A reação de fusão nuclear ainda não pode ser controlada
pelo homem em usinas nucleares para a produção de eletri-
Quando núcleos “leves” (prótons e nêutrons) se fundem, cidade, ao contrário da fissão nuclear. No entanto, os cientis-
ocorre liberação de energia. Para exemplificar, será usado o tas vêm estudando essa reação com o intuito de conseguir
caso do hidrogênio, que apresenta três isótopos: aproveitar a enorme quantidade de energia liberada.
+
+ +
Núcleo de apenas Núcleo com um próton Núcleo com um próton
um próton (11H) e um nêutron (21H) e dois nêutrons (31H)
+
+ +
Núcleo de apenas Núcleo com um próton Núcleo com um próton
um próton (11H) e um nêutron (21H) e dois nêutrons (31H)
multimídia: vídeo
+ Fonte: Youtube
+ Princípio da Incerteza de Heisenberg |
Núcleo com um próton Núcleo com um próton Estrutura eletrôn...
e um nêutron (21H) e dois nêutrons (31H)

125
a) Rn = n2R1 e En = E1/n2.
Aplicação do conteúdo b) Rn = n2R1 e En = n2E1.
c) Rn = n2R1 e En = E1/n.
1. (Feevale) O efeito fotoelétrico foi descoberto por
d) Rn = nR1 e En = nE1.
Hertz no final do século XIX, e a explicação do fenôme-
e) Rn = nR1 e En = E1/n2.
no foi dada por Einstein no começo do século XX. Com
base nessa explicação, são feitas três afirmações:
Resolução:
I. A energia contida no fóton depende da frequência
da radiação incidente. De acordo com o modelo atômico de Bohr, para o átomo
II. A radiação, ao incidir sobre uma superfície, pode de hidrogênio, os possíveis raios das órbitas de seu elétron
arrancar elétrons desta.
e as respectivas energias desse elétron em sua órbita são
III. A energia cinética do elétron arrancado de uma su-
quantizados e ambos dependem do quadrado de n, sendo
perfície depende da intensidade da radiação incidente.
Marque a alternativa correta.
que, para o raio, sua dependência com n2 é direta, enquan-
a) Apenas a afirmação I está correta. to que, para a energia, a dependência com n2 é inversa.
b) Apenas a afirmação II está correta. Alternativa A
c) Apenas a afirmação III está correta.
d) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
3. (UEL) O positrônio é um átomo formado por um elé-
e) Apenas as afirmações I e III estão corretas. tron e sua antipartícula, o pósitron, que possui uma car-
ga elétrica oposta e massa igual à do elétron. O positrô-
Resolução: nio é semelhante ao átomo de hidrogênio, que possui
um elétron e um próton. A energia do nível fundamen-
I. Verdadeira. A energia dos fotoelétrons depende da tal desses átomos pode ser obtida a partir da equação
frequência da radiação incidente, mas não depende
13,6
da intensidade da mesma. ε = ______
​  m    ​ e V
II. Verdadeira. A radiação incidente, tendo uma fre- 1 +​m___
  e ​ 
quência mínima, que varia de acordo com o material p

metálico alvo, poderá remover fotoelétrons da su- em que me é a massa do elétron e mp é a massa do pósi-
perfície do metal. Acima dessa frequência mínima, o tron, no caso do positrônio, ou a massa do próton, no caso
efeito fotoelétrico pode ser ampliado aumentando a do átomo de hidrogênio.
intensidade do raio incidente.
III. Falsa. A energia cinética dos fotoelétrons emiti- A partir dessas informações, responda aos itens a seguir.
dos depende, de acordo com os estudos de Einstein, a) Sabendo que a massa do próton é muito maior do
da diferença entre a energia do fóton incidente e a que a massa do elétron, estime a energia do nível
energia mínima necessária para remover o elétron do fundamental do átomo de hidrogênio.
material – chamada de função trabalho do material, b) Calcule a energia do nível fundamental do positrônio.
Φ de acordo com a equação:
Resolução:
Ec = h · f – ϕ
a) Sabendo que a massa do próton é cerca de 2.000
em que, vezes maior que a massa do elétron, a energia do
nível fundamental do átomo de hidrogênio será:
h = constante de Planck
13,6 13,6
f = frequência do raio incidente (em hertz) ε = − ______
​  m  e V = – ______
 ​  ​  m   ​eV
 =
1+m ___e
​   ​  ___
1 + ​  e 
  ​  
ϕ = função trabalho do material alvo p 200 me
13,6
Ec = energia cinética dos fotoelétrons = – _________
​  eV ∴ ε = –13,59 eV
  ​  
1 + 5 · 10-4
Alternativa D b) De mesma forma, para o positrônio:
13,6 13,6 13,6
ε = – ______
​  m  ​e  V = ______
​  m  ​e  V – _____
​  eV ∴ ε = -6,8 eV
 ​  
___ ___ 1 +1
2. (UFRGS) Segundo o modelo atômico de Bohr, no 1+m ​  e ​   1+m ​  e ​  
p p
qual foi incorporada a ideia de quantização, o raio da
órbita e a energia correspondentes ao estado funda- 4. (PUC-RS) Em Física de Partículas, uma partícula é dita
mental do átomo de hidrogênio são, respectivamente: elementar quando não possui estrutura interna. Por
R1 = 0,53 · 10-10 m e E1 = –13,6 eV. muito tempo se pensou que prótons e nêutrons eram
partículas elementares, contudo as teorias atuais consi-
Para outras órbitas do átomo de hidrogênio, os raios Rn e as deram que essas partículas possuem estrutura interna.
energias En em que n = 2, 3, 4, ..., são tais que: Pelo modelo padrão da Física de Partículas, prótons e

126
nêutrons são formados, cada um, por três partículas Resolução:
menores denominadas quarks. Os quarks que consti-
tuem tanto os prótons quanto os nêutrons são dos tipos Analisando primeiramente a energia cinética dos elétrons
up e down, cada um possuindo um valor fracionário do emitidos, sabe-se que o efeito fotoelétrico dessa energia
valor da carga elétrica elementar e (e = 1,6 · 10-19 C). é igual à diferença entre a energia da fonte e a função
A tabela a seguir apresenta o valor da carga elétrica trabalho do material.

desses quarks em termos da carga elétrica elementar e. Ec = Efonte – ϕ

A energia da fonte é calculada com a expressão:


Quark up Quark down
+2 -1 Efonte = h · f
Carga elétrica ​  ___ ​ e ​  __ ​  e
3 3
Sendo,
Assinale a alternativa que melhor representa os quarks que f = frequência da fonte em hertz e
constituem os prótons e os nêutrons. h = constante de Planck.
Próton Nêutron Calculando a frequência com a equação que relaciona a velo-
a) up; up; down up; up; up cidade das ondas eletromagnéticas considerada no vácuo
b) down;down; down up; down; down
(v = 3 · 108 m/s) com a frequência f e comprimento de onda λ.
c) up; down; down up; up; down
​  3 · 10 -9m/s ​  
​ V ​ ⇒ f =__________
8
d) up; up; down up; down; down v = λf ⇒ f = __ ∴

λ 600 · 10 m
e) up; down; down down; down; down
f = 5 · 1014 Hz
Resolução:
Assim, a energia da fonte, será:
A resolução está tão somente na soma de cargas de quarks
que reproduzem a carga relativa do próton e do nêutron: ​  1eV  ​ ∴ 
Efonte = 3,3 · 10-19 J . __________
1,6 · 10-19 J
Próton: a soma das cargas deve ser igual a +1, equiva- Efonte = 2,0625 eV
lendo a dois quarks up e um down:
Passando para elétron volts:
​  2 ​ + __
__ ​ 2 ​ – __​ 1 ​ = __​ 3 ​ = +1
3 3 3 3 Finalmente, a energia cinética dos elétrons emitidos pelo
Nêutron: a soma das cargas deve ser igual a zero, equiva- material pode ser calculada:
lendo a dois quarks down e um up:
Ec = Efonte – ϕ ⇒ Ec = 2,0625 eV – 1,2 eV ∴
​ 2 ​ – __
__ ​ 1 ​ – __​ 1 ​ = __​ 0 ​ = 0
3 3 3 3 Ec ≈ 0,9 eV
Alternativa D Alternativa A
5. (Ulbra) Uma lâmpada de potência de 200 W emite
um feixe de luz de comprimento de onda de 600 nm.
Esse feixe de luz incide sobre uma superfície metálica,
excitando e arrancando da mesma um número 600 m
de elétrons.

Sendo h = 6,6 · 10-34 J · s e 1 eV = 1,6 · 10-19J e a função


trabalho do metal 1,2 eV, é correto afirmar que: multimídia: site
a) a energia cinética dos elétrons excitados é de apro-
ximadamente 0,9 eV;
b) a energia dos fótons é de 1,6 eV; www.sbfisica.org.br/v1/index.php?option=com_con-
c) a função trabalho do metal aumenta com o aumen- tent&view=article&id=516:atomo-de-bohr-completa-
to da potência da lâmpada; -100-anos&catid=132:novembro-2013&Itemid=315
d) se aumentarmos a frequência da luz, diminui a ve-
locidade dos elétrons excitados; www.sbfisica.org.br/fne/Vol6/Num1/charme.pdf
e) a energia cinética dos elétrons excitados é de apro- www.if.ufrgs.br/~betz/iq_XX_A/fotoElec/aFotoElecText.htm
ximadamente 2 eV.

127
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A física quântica é a descrição científica de moléculas, átomos e partículas elementares e suas interações. Os átomos e
elétrons, assim como a luz, têm propriedades ondulatórias, podendo não ter uma posição nem uma velocidade bem defi-
nida. Quando o cientista interage com um objeto quântico para efetuar uma medição, ele geralmente modifica o estado
do objeto de maneira imprevisível. Por exemplo, uma onda espalhada associada a um único elétron, ao interagir com
o aparelho de medição, sofre uma espécie de “colapso”, passando a ter uma posição bem definida. A natureza dessa
transição não é compreendida de maneira completa pela teoria quântica e constitui o chamado problema da medição.
Foram muitas as discussões sobre como funcionavam essas medições e como era importante discutir o papel do observador,
que passou a alterar o estado dos objetos investigados. Como determinar as características de um objeto se apenas o fato de
observá-lo já altera o seu estado? As interpretações das teorias físicas da mecânica quântica causaram uma revolução dentro
da filosofia da ciência. Foram muitas as interpretações filosóficas propostas por diversos cientistas para os fenômenos obser-
vados no início do desenvolvimento da física quântica, como o experimento do interferômetro de Young ou os experimentos
de Rutherford. Os cientistas buscaram propor teorias que dessem conta de explicar os fenômenos quânticos, mas nenhuma
dessas explicações foi totalmente aceita. O universo quântico ainda desafia a compreensão do mundo e da própria ciência.

DIAGRAMA DE IDEIAS

MECÂNICA
QUÂNTICA

RADIAÇÃO NO
E=h⋅f
CORPO NEGRO

EFEITO
E = EC + W
FOTOELÉTRICO

E = EC+ EP = -k ⋅ e2
ÁTOMO DE BOHR
2r

QUANTIDADE DE Q= h
MOVIMENTO DO FÓTON l

PRINCÍPIO DA Δx ⋅ ΔQ ≥ h
INCERTEZA ΔE ⋅ Δt ≥ h

128
observadores em referenciais diferentes, mas de modo
AULAS 51 e 52 que um dos referenciais tivesse velocidade constante em
relação a outro. Nesse caso, quando a velocidade de um
corpo é constante em relação a um referencial, a veloci-
dade também é constante em relação ao outro referen-
cial. De modo equivalente, se a aceleração é nula em um
referencial, também é nula no outro. Desse modo, a lei
da inércia vale para qualquer um dos referenciais ou para
TEORIA DA RELATIVIDADE qualquer outro que se mova com velocidade constante.
Esses referenciais, nos quais a lei da inércia é válida, são
denominados referenciais inerciais.
Para os referenciais inerciais (um movendo-se com veloci-
dade constante em relação ao outro), as leis da Mecânica
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 são as mesmas, ou seja, se um determinado experimento
mecânico for realizado em qualquer um desses referen-
ciais, o resultado obtido será o mesmo, independentemen-
HABILIDADES: 3, 17 e 20
te do referencial em que for realizado. Assim, não é possível
utilizar algum experimento para determinar se o referencial
está parado ou em movimento retilíneo uniforme.
Considere o seguinte caso já discutido no estudo da Mecânica:
1. Introdução
No final do século XIX, muitos cientistas pensavam que a
tarefa da Física tinha sido concluída e não havia mais nada
a ser descoberto. Apesar de ainda existirem alguns “pe-
quenos” problemas, os físicos acreditavam que eles seriam
resolvidos apenas com um pouco de empenho. Contudo, o
tempo passou e ficou evidente que esses problemas não
eram tão pequenos. Eles só seriam resolvidos a partir de
duas novas teorias: a teoria da relatividade e a mecâ-
nica quântica.
A teoria da relatividade, criada pelo físico alemão Albert
Einstein (1879-1955), foi estabelecida em duas etapas:
em 1905, Einstein publicou um trabalho que mais tarde
ficou conhecido como teoria da relatividade especial,
que trata do movimento uniforme; e, em 1915, publicou a
teoria da relatividade geral, que trata do movimento
acelerado e da gravitação.
Na figura, um indivíduo B está sobre um vagão que se
move com velocidade constante v em relação ao solo. Ao
2. Referenciais inerciais jogar uma bola para cima, o indivíduo B observa que a
bola sobe e cai novamente na sua mão, exatamente como
De acordo com a lei da inércia, um corpo livre da ação aconteceria se tivesse feito o experimento em repouso em
de forças deverá estar em repouso ou em movimento relação ao solo. Contudo, para um observador A, fixo em
retilíneo e uniforme. Entretanto, no estudo da Mecâni- relação ao solo, a trajetória da bola será uma parábola.
ca foi visto que esse movimento é descrito em relação A velocidade da bola apresenta valores diferentes para os
a um referencial. Assim, um corpo pode ter velocida- dois observadores; no entanto, independentemente do ob-
de constante em relação a um referencial e velocidade servador, a aceleração da bola é a mesma (a aceleração da
variável em relação a outro. Qual referencial deve ser gravidade), e a força resultante sobre a bola também é a
adotado nessa situação? mesma (o peso).
No estudo da composição de movimentos, foram analisa- Esse exemplo simples ilustra a dificuldade em reconhecer
dos alguns casos em que o movimento era descrito por um referencial inercial. Mas como então isso é possível?

129
Em geral, o que se faz é considerar como inercial um refe- A conclusão possível foi a de que as leis do Eletromagnetis-
rencial que esteja em repouso em relação às estrelas fixas, mo pareciam depender do referencial, diferentemente das
ou seja, as estrelas muito distantes e que parecem estar leis da Mecânica.
em repouso. A partir desse referencial, qualquer outro com
movimento de translação retilínea e uniforme em relação
a ele também será inercial. Devido ao movimento de rota- 4. Os postulados de Einstein
ção e de translação, a Terra não é um referencial inercial. Em 1905, Einstein publicou a solução desse problema em
No entanto, para a maioria das aplicações práticas, a Terra um trabalho intitulado “Sobre a eletrodinâmica dos corpos
pode ser considerada como um referencial aproximada- em movimento” na revista científica alemã chamada Anais
mente inercial. da Física.
A argumentação foi desenvolvida a partir de dois postu-
lados, cujas afirmações foram consideradas válidas sem
necessidade de demonstração.
O primeiro desses postulados foi o princípio de relatividade:

As leis da Física são as mesmas em todos os referenciais


multimídia: vídeo
inerciais.
Fonte: Youtube
TEORIA DA RELATIVIDADE - O ESPAÇO 1.avi
Como consequência desse postulado, tanto as leis da Me-
cânica como as leis do Eletromagnetismo devem ter a mes-
ma forma em qualquer referencial inercial.
3. Origem da teoria O segundo postulado refere-se à velocidade da luz:

da relatividade
Para Einstein, um dos problemas era a falta de simetria ob- A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c em
servada em alguns fenômenos eletromagnéticos. qualquer referencial inercial, independentemente da
velocidade da fonte da luz.
Na figura a seguir, um indivíduo A está em repouso em
relação ao solo e observa um vagão que se move na linha
reta e com velocidade constante. Dentro do vagão, existe
Esse segundo postulado teve uma maior dificuldade de
um indivíduo B, que segura duas esferas carregadas x e y,
aceitação, principalmente por físicos famosos, pois contra-
de modo que a reta que une as duas esferas é perpendicu-
riava a experiência diária.
lar à direção da velocidade do vagão.
Como exemplo, considere a situação: o observador A
está fixo em relação ao solo, e um vagão se move com
velocidade v em relação ao solo. O observador B, dentro
do vagão, joga uma bola que se move com velocida-
de vB em relação ao vagão. A velocidade da bola para
esse observador, fixo em relação ao vagão, também é
vB. Contudo, para o indivíduo A, a velocidade da bola é
vB + v.
Nessa situação, as esferas estão em repouso para o indiví- De acordo com o segundo postulado de Einstein, as coisas
duo B. Assim, existe um par de forças eletrostáticas entre são diferentes no caso da luz. A mesma situação é repre-
as esferas dado pela lei de Coulomb. A situação para o sentada; entretanto, em vez de jogar uma bola, o obser-
indivíduo A é um pouco diferente, pois as esferas se movem vador B acende uma lanterna de modo que, para ele, a
em trajetórias paralelas com a velocidade v. Com isso, além velocidade da luz é c. Para o observador A, a velocidade da
das forças dadas pela lei de Coulomb, deverá existir um par luz emitida pela lanterna também é c, e não c + v, como
de forças magnéticas entre as esferas. Esse experimento o o resultado obtido para a bola. Pelo segundo postulado,
indicaria que a força resultante em cada esfera depende tanto para o observador A quanto para o observador B, a
do observador. velocidade da luz é c.

130
Na época de Einstein, a maioria dos físicos acreditava que um espelho situado no teto do vagão, a uma altura d’. Para
a luz precisava de um meio para se propagar, do mesmo o observador O’, o intervalo de tempo gasto para o pulso
modo que o som precisava do ar ou de outro meio mate- de luz subir e votar (Dt’) se relaciona com a altura d’ pela
rial. O nome dado a esse meio hipotético no qual a luz se seguinte equação:
propagaria foi éter. No entanto, com o segundo postula-
do, Einstein eliminou o éter da Física. Segundo ele, a luz 2d’ = c · Dt’
pode se propagar no vácuo (espaço vazio). A validade do Sendo que c é a velocidade da luz.
segundo postulado foi verificada por diversos experimen-
tos durante o século XX. Na figura anterior, também está representado o trajeto da
luz visto pelo observador O. Esse observador vê a luz subir
A partir desses dois postulados, Einstein deduziu uma série e descer enquanto o trem percorre uma distância igual a
de consequências e, com isso, resolveu alguns dos proble- v · Dt. Assim, o tempo que a luz gasta no percurso tam-
mas mencionados anteriormente que afligiam os físicos no bém é Dt. Contudo, a distância percorrida pela luz vista
fim do século XIX. A seguir, serão apresentadas algumas pelo observador O é dada pela figura a seguir:
dessas consequências.

5. A relatividade do tempo
Uma das consequências dos postulados de Einstein é a se-
guinte: a medida do intervalo de tempo em que ocorre de-
terminado fenômeno depende do referencial em que está
o observador. Se dois observadores estiverem situados em
dois referenciais inerciais diferentes, sendo que um tenha
velocidade constante em relação ao outro, então os inter-
valos de tempo medidos por esses observadores serão di-
ferentes. Considere as situações apresentadas na imagem
a seguir.
2d = c · Dt

A velocidade da luz é a mesma (c) para os dois observadores.


Das equações, obtém-se:
d’ < d e Dt’ < Dt

A partir desse resultado, é possível concluir que um relógio


que está em um referencial que se move em relação a um
observador “bate” ou “anda” mais devagar do que o reló-
gio do observador. Essa relação é valida não apenas para
o relógio, mas para todos os processos físicos, incluindo
reações químicas e processos biológicos.
O intervalo de tempo Dt’, no qual dois eventos (nesse caso,
a emissão e a recepção da luz) ocorrem no mesmo local, é
denominado tempo próprio. O intervalo de tempo (Dt),
para qualquer outro referencial inercial, é maior do que o
tempo próprio. Esse fenômeno é chamado de dilatação
temporal.
Na figura, um trem se move com velocidade cons- Uma equação que relaciona Dt com Dt’ pode ser obtida
tante v em relação ao solo. Dentro do vagão, existe aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo
um observador O’ fixo em relação ao vagão; fora do sombreado na imagem anterior. Assim, tem-se:
vagão, existe um outro observador O fixo em relação
(  )
2
ao solo. d2 = d’2 + ​ _____​ v · Dt
 ​  
 ​
2
Dentro do vagão, o observador O’ aciona uma fonte de luz
(  ) (  ) (  )
2 2 2
​ c · Dt
​ _____  ​ = ​ c · ___
 ​   ​  v · Dt
​ Dt’ ​  ​ + ​ _____  ​  
 ​
que emite um pulso para cima, que é, então, refletido por 2 2 2

131
Desenvolvendo os cálculos, obtém-se: Portanto:
2,2 · 10–6
Dt = ______
Dt’   
​  _____  ​ = ________
​   ​  
= 35 · 10–6 s
Dt = ______
Dt’   ​ 
​ 1 – ​ v__2  0,063

2
​  _____   ​ ​ 
√ ​  v22  ​ ​ 
​ 1– __ c
c
Dessa forma, para um observador na Terra, a distância per-
corrida pelo múon, antes de se desintegrar, é:
d = v · Dt > 10.000 m

No fim do século XX, outro experimento realizado diversas


vezes para testar a dilatação temporal consistia em com-
parar relógios atômicos, que são relógios bastante precisos.
Um dos relógios era mantido no solo e o outro colocado
multimídia: vídeo em um avião. Esse avião percorria uma grande distância a
Fonte: Youtube uma grande velocidade em relação à Terra. Depois do voo,
Dilatação do tempo | Relatividade especial os relógios eram comparados e constou-se que o relógio
(ou restrita) ... do avião estava ligeiramente atrasado em relação ao re-
lógio mantido no solo, confirmando a dilatação temporal.

6. Evidências da dilatação temporal 7. A relatividade do


Uma das primeiras evidências da dilatação temporal foi
obtida por meio de experimentos com uma partícula de- comprimento
nominada múon. O tempo de vida médio dos múons em Considere um objeto de comprimento L’ quando em repou-
repouso, observados em experimentos no laboratório, é de so em relação a um observador. Outro resultado
_​›_ obtido por
2,2 · 10–6 s. Os múons são criados na alta atmosfera, como Einstein foi que, ao se mover com velocidade v ​
​   (em relação
resultado do bombardeio dos raios cósmicos, e a veloci- a esse mesmo observador) e na mesma direção em que foi
dade com que se movem é próxima à velocidade da luz: medido o comprimento, o objeto tem um comprimento L
v > 2,994 · 108 m/s. menor do que L’, ou seja, L < L’.
A partir desses dados, seria possível esperar que, entre o
momento em que são criados e o momento em que se
desintegram, os múons deveriam percorrer, em média, uma
distância d, igual a:

d = v · Dt = 650 m

No entanto, os múons, que são criados a quase 10 km


de altitude, são detectados na superfície da Terra. Isso é
possível devido ao efeito da dilatação temporal. Para um
referencial fixo no múon, o tempo de desintegração é
Dt’ = 2,2 · 10–6 s.
Para um referencial fixo na Terra, tem-se:

Dt = ______
Dt’   ​ 
​  _____ Observe que o comprimento h não se modifica. Esse efeito

√ ​ v2 ​ ​  
de diminuição do comprimento é denominado contração
2
​ 1 – __
c de comprimento. A equação que relaciona os comprimen-
Mas: tos L’ e L é:
2,994 · 108
_​ v ​ > _________
c ​   ​ > 0,998
  _____
3 · 108
√ ​ v2 ​ ​  
2
​ 1 – __
Assim: L = L’ · c
_____
​ 1 – ​ v__2 

2
  ​ ​  > d​ XXXXXXXX
1 – 0,996 ​
  > 0,063 Esse fenômeno é denominado contração do espaço.
c

132
8. Campos elétricos
e magnéticos
Uma das questões que perturbava Einstein era a questão
de força eletromagnética. Entretanto, Einstein conseguiu
demonstrar que os campos produzidos por uma carga são
diferentes se a carga está em repouso ou em movimento.
Essa diferença é tal que, em qualquer referencial inercial, a Outro resultado obtido por Einstein foi o de que essa rela-
equação da força total que atua em cada carga é a mesma. ção é uma aproximação válida para quando a velocidade
do corpo é muito pequena comparada à velocidade da luz.
Quando a velocidade do corpo é comparável à velocidade
da luz, os gráficos das figuras anteriores transformam-se em:

Por exemplo, a intensidade do campo elétrico produzido


por uma carga puntiforme é dada pela equação:
k|Q|
E = ____
​  2 ​ 
d
As linhas de força do campo têm o aspecto da figura ante-
rior (esquerda). Contudo, essa relação é válida apenas para
cargas em repouso. A equação do campo e a configuração
das linhas de força são outras para uma carga em movimen-
to. Na figura, é possível observar também as linhas de força
para uma carga que se move para a direita com velocidade
v = 0,9 c. _​›_
No segundo gráfico, é possível observar que v ​​   aumenta sempre,
mas nunca atinge a velocidade da luz, que é 3 · 108 m/s. No
9. Inércia e velocidade ​___›
primeiro gráfico, a aceleração ​ a ​ 
​   ​diminui continuamente, sem
Considere um corpo, inicialmente em repouso, em relação nunca atingir o valor zero.
a um referencial inercial. Se uma força constante F for apli-
cada sobre esse corpo, de acordo com as leis de Newton, _​›_ ​___›
o corpo deveria adquirir um movimento uniformemente ​   é constante e ​ a ​ 
Uma vez que F ​ ​   ​diminui com o tempo, à

  
_​›_
variado de aceleração constante tal que: medida que a velocidade aumenta, a razão ​__ F ​
​   
​_​  __› ​   ​ também
a ​
​   

aumenta. Se a interpretação de que a razão ​ __


_​›_
__​  F ​ = constante = m = massa do corpo
a 0

​___
​ F ​
a ​


​  ​   ​é a massa
_​__›   
  

A partir dessa relação, o gráfico de ​ a ​ 
​   ​em função do tempo do corpo a ser mantida, então chega-se à conclusão de
deveria ser da forma como o primeiro gráfico a seguir, e o que a massa do corpo aumenta à medida que a velocida-
​_›_
 
gráfico do módulo da velocidade ​ v ​ ​   ​em função do tempo, de aumenta. Entretanto, o significado disso não é que a
como o segundo gráfico a seguir.
quantidade de matéria do corpo aumentou, mas apenas
a inércia do corpo. Desse modo, conforme a velocidade de
um corpo cresce, o aceleramento fica mais difícil.
A partir dessa interpretação, quando um corpo tem veloci-
dade nula, sua massa é denominada massa de repouso
e é indicada por m0. Já a massa m do corpo a uma veloci-
dade v é denominada massa relativística.

133
  
_​›_
Existe um problema devido a essa diferença na massa: não é possível obter uma expressão para ​__ F ​
​   
​_​  __› ​   ​que valha para todas
a ​
​   
as situações. Alguns físicos não utilizam o nome massa relativística. Para eles, só existe uma massa, que é a massa de

  
​_›_
repouso m0. Outros físicos, por sua vez, usam esse nome, porém, para eles, essa massa não é definida como ​__ F ​
​   
​_​  __› ​   ​. A seguir, será
a ​
​   
analisada como é a definição de massa relativística.

VIVENCIANDO

Podemos vivenciar diversos efeitos relativísticos na nossa rotina, sem precisar ir a laboratórios sofisticados. Um dos mecanis-
mos que utiliza a relatividade para funcionar é o GPS. Para que o GPS de seu carro funcione com precisão, os satélites devem
ter em conta os efeitos relativistas. Isso ocorre porque, embora os satélites não estejam se movendo em nada perto da
velocidade da luz, eles ainda estão indo muito rápido, e isso pode afetar na determinação de posições na superfície terrestre.
Outra comprovação da teoria da relatividade está presente em todos os nossos dias. O brilho e a energia emitidos pelo
Sol podem ser descritos pela teoria da relatividade. As grandes quantidades de energia geradas através da fissão nuclear
podem ser explicadas pela famosa equação representada na figura abaixo. A própria luz é um fenômeno relativístico e
nossa compreensão de seu funcionamento; utilizá-la em sistemas ópticos, a fim de armazenar e transportar informação,
como as fibras ópticas, foi imensamente importante para o desenvolvimento tecnológico que nos cerca.

Fonte: <https://educacao.uol.com.br/album/2013/09/24/conheca-11-equacoes-que-mudaram-o-mundo.htm>.

10. Quantidade de movimento Em que c é a velocidade da luz no vácuo e m0 é a massa


de repouso.
Para que o princípio da conservação da quantidade de mo-
Se a massa relativística (m) for definida por:
vimento continue valendo para altas velocidades (velocida-
des próximas à velocidade da luz),​___› é possível demonstrar m
m = ______
​  0 2 ​  
que a quantidade de movimento Q ​
​   do corpo, cuja veloci-
​_›_
dade é v ​
​ ,   deve ser dada por:
XXXXX
d
​ v  ​ ​  
​ 1 – __
c2
___
​› m0 ​_›_ Então, a equação adquire a mesma forma válida para a
​   = ______
Q ​ ​   2 ​ v ​
​ 
  
Mecânica Clássica:
d XXXXX
v
__
​ 1 – ​  2 ​ ​  
c ​___› _​_›
Q ​
​   = m · v ​
​   

134
Exemplos
§ Um tijolo quente tem massa maior do que a de um
tijolo frio.

§ A massa de uma mola comprimida é maior do que quan-


do não está comprimida, pois o acréscimo de energia
multimídia: vídeo potencial elástica causa o aumento da massa da mola.
Fonte: Youtube
Gravidade visualizada 11.1. Energia de repouso
Existem processos em que ocorre a geração de uma partí-
cula de massa e módulo da carga iguais aos do elétron, mas
Aplicação do conteúdo com carga elétrica positiva. Essa partícula é denominada
pósitron ou antipartícula do elétron. A representação
1. A massa de repouso de um corpo é m0 = 16 kg. Esse
corpo se move com velocidade de módulo v = 0,60 c, do pósitron é realizada pelo símbolo e+, e o elétron é repre-
sendo c a velocidade da luz. Determine, para esse corpo: sentado por e–. A meia-vida do pósitron é curta, pois essa
a) a massa relativística;
partícula facilmente encontra um elétron, ocasionando um
b) o módulo da quantidade de movimento. processo denominado aniquilação. Como resultado desse
processo, as duas partículas desaparecem e se transformam
Resolução: em uma onda eletromagnética. Utilizando o símbolo g para
a) A partir da equação para a massa relativística, obtém-se: a onda eletromagnética, a aniquilação pósitron-elétron é
m representada da seguinte maneira:
m = ______
​  0 2  ​  ​  16  ​ = 20 kg
= ____
0,80
d
XXXXX
​ v2 ​ ​  
​ 1 – __
c
e– + e+ é g
O próton também tem sua antipartícula, que é denomina-
b) Sendo c = 3 · 108 m/s, tem-se que da antipróton. A massa e o módulo da carga elétrica são
v = 0,60 c = 1,8 · 108 m/s. Assim:
iguais aos do próton, mas a carga é negativa. O antipróton
Q = m · v = 20 kg · 1,8 · 108 m/s = ​  (e o próton por p). Ao encontrar um
é representado por p​
X
= 3,6 · 109 kg · m/s próton, o processo de aniquilação também gera uma onda
eletromagnética:
10.1. A segunda Lei de Newton p + p​X​  ∫ g
Considerando que m é a massa relativística de um corpo,
A antipartícula do nêutron n é o antinêutron n​​X.  Nesse
para velocidade próxima à da luz, a segunda Lei de Newton,
caso, ambas as partículas têm carga elétrica nula, mas há
na forma F = m ∙ a, deixa de ser válida. No entanto, a lei
entre elas uma diferença (que será analisada adiante), de
continua válida na forma:
modo que a aniquilação que ocorre quando um nêutron
DQ encontra um antinêutron gera uma onda eletromagnética:
F = ___
​   ​ 
Dt
n + n​X​  ∫ g
​___›
Sendo Q ​
​   a quantidade de movimento do corpo. A energia (E) da onda eletromagnética resultante do pro-
cesso de aniquilação pode ser calculada pela fórmula:
11. Massa e energia E = m · c2
Einstein também demonstrou que um corpo, ao ganhar
uma quantidade de energia DE, sofre um acréscimo Dm Em que m é a massa relativística total do conjunto partícu-
em sua massa dado por: la-antipartícula e c é a velocidade da luz no vácuo.
DE = (Dm) · c2 Considere que a massa de repouso de um corpo seja m0.
Pelos conceitos abordados, pode-se afirmar que esse corpo
Em que c é a velocidade da luz no vácuo. tem uma energia de repouso E0, dada por:
Essa equação também é válida no caso de o corpo perder E0 = m0 · c²
energia. Se isso acontecer, a massa sofrerá uma redução.

135
E0 é a soma de todas as energias no seu interior com as pontos, e Einstein percebeu que, devido ao efeito da gravida-
energias das ondas eletromagnéticas que resultariam da de, as geodésicas são na verdade curvas no espaço-tempo.
aniquilação de todas as partículas que compõem o corpo.
Um meio de verificar esse percurso curvo da luz no espaço-
-tempo é a observação da luz de uma estrela ao passar perto
11.2. Energia cinética do Sol. Nesse caso, a trajetória seria ligeiramente deformada
A energia cinética de um corpo de massa m e velocidade pelo Sol. A confirmação dessa teoria aconteceu em 19 de maio
v é dada por: de 1919. Nesse dia, ocorreu um eclipse do Sol que propiciou
a obtenção de fotos de estrelas durante o dia. Ao comparar a
​ m · ​
Ec = _____v2   posição obtida da estrela (posição aparente) com a posição
2 em que ela deveria estar, foi possível constatar que o raio de
luz vindo da estrela sofreu desvio ao passar perto do Sol.
Essa é a expressão que foi vista no estudo de Física Clássi-
ca. Entretanto, na teoria da relatividade, essa equação for-
nece o valor aproximado da energia cinética para um caso
particular: quando a velocidade v é pequena em compara-
ção com c, a velocidade da luz. O valor exato da energia
cinética é dado pela equação:

Ec= (m – m0)c²

Em que m é a massa relativística do corpo.


Esse experimento foi realizado por duas equipes de astrô-
Reescrevendo a equação como: nomos que foram enviadas a dois locais de onde se ob-
servaria o eclipse total: a cidade de Sobral, no Ceará, e a
Ec= m · c² – m0 · c² ilha de Príncipe, situada na África ocidental. Pelo fato de o
E = E0 + Ec céu estar mais limpo, os resultados obtidos pela equipe de
Sobral foram melhores. Assim, o Brasil entrou na história da
teoria da relatividade.
E é a energia total do corpo.
É importante ressaltar que a energia E não inclui as even-
tuais energias potenciais que o corpo pode ter caso esteja
sob a ação de algum campo.

12. Teoria da relatividade geral multimídia: vídeo


Em 1915, Einstein publicou a teoria da relatividade geral. Fonte: Youtube
Nesse trabalho, Einstein analisa as leis da Física em refe- Brian Cox visits the world’s biggest
renciais acelerados e desenvolve uma nova teoria da gravi- vacuum | Human Universe - BBC
tação. A seguir, será comentado apenas um aspecto dessa
teoria da gravitação.
Uma das conclusões de Einstein foi de que a luz (e as on- Aplicação do conteúdo
das eletromagnéticas em geral) é atraída pelos corpos, sen-
1. (UFJF) Em um reator nuclear, átomos radioativos são
do que essa atração se deve à massa do corpo. Entretanto,
quebrados pelo processo de fissão nuclear, liberando
como esse efeito é muito pequeno, somente poderia ser energia e átomos de menor massa atômica. Esta ener-
observado quando a luz passasse perto de corpos de gran- gia é convertida em energia elétrica com um aprovei-
de massa, como o Sol. tamento de aproximadamente 30%. A teoria da relati-
vidade de Einstein torna possível calcular a quantidade
Segundo a teoria da relatividade geral, existe um espaço- de energia liberada no processo de fissão nuclear. Nes-
-tempo que é deformado pelos corpos com grande massa. sa teoria, a energia de uma partícula é calculada pela
O percurso da luz continua sendo em linha reta, mas as “re- expressão
______
tas” na nova geometria do espaço-tempo são diferentes do
espaço cartesiano. A geodésia é a menor distância entre dois √ (  )
E = mc2 onde m = m0/​ 1 + ​ ​  v_c  ​  2​ 
 ​.

136
Em uma residência comum, se consome, em média, 200 Resolução:
kWatt - hora por mês. Nesse caso, CALCULE qual deveria
ser a massa, em quilogramas, necessária para se manter 01) Verdadeira. Einstein recuperou uma teoria defendida por
essa residência por um ano, considerando que a trans- Newton, que depois foi colocada de lado após o experimento
formação de massa em energia ocorra no repouso. de Young, de que a luz é composta de unidades fundamentais
corpusculares denominadaqs fótons, e que cada um transpor-
Dado: c = 3 . 108 m/s. ta uma quantidade de energia equivalente ao produto da sua
a) 3,6 . 10-8 kg. frequência pela constante de Planck, sendo capaz de transferir
b) 6,3 . 10-5 kg. essa energia na colisão com os elétrons do material metálico.
c) 3,2 . 10-7 kg. 02) Falsa. A potência é diretamente proporcional à
d) 9,6 . 10-8 kg. quantidade de elétrons arrancados do material e a fre-
e) 5,3 . 10-5 kg. quência da onda incidente está relacionada à energia
cinética dos elétrons ejetados do material metálico.
Resolução: 04) Verdadeira. A afirmativa compreende o primeiro
postulado da relatividade, em que as leis da Física são
A energia útil consumida pela residência em as mesmas em todos os sistemas referenciais iner-
ciais, isto é, não existe nenhum sistema referencial
1 ano (12 meses) é: inercial preponderante sobre os demais.
EU = 200 kWh . 12 = 2.400 kW · h = 08) Verdadeira. O segundo postulado da relativida-
de de Einstein propõe a invariância da velocidade da
= (2.400 . 103 W) . (3,6 . 103s) = luz em qualquer sistema referencial inercial. Isso quer
dizer que a velocidade da luz no vácuo (c ≈ 300.000
= 8,64 . 109 W · s ⇒ km/s), não depende do observador nem da velocida-
EU = 8,64 . 109 J de da fonte emissora de luz.

Considerando o rendimento de 30%, a energia total pro- 3. (Fuvest) O elétron e sua antipartícula, o pósitron, pos-
suem massas iguais e cargas opostas. Em uma reação
duzida pela fissão é:
E E em que o elétron e o pósitron, em repouso, se aniqui-
n = __
​  U ​  ⇒ ET = __
​ nU ​ = 8,64 . 109/0,3 ⇒ lam, dois fótons de mesma energia são emitidos em
ET sentidos opostos.
⇒ ET = 2,88 . 1010 J
A energia de cada fóton produzido é, em MeV, aproximadamente:
Usando a relação massa-energia:
E 2,88 . 1010 Note e adote:
ET = m0 c2 ⇒ m0 =​ __2T ​ =_________
​   ​ ⇒


c 9 . 1016 Relação de Einstein entre energia (E) e massa (m): E = mc2
⇒ m = 3,2 . 10-7 kg
0 Massa do elétron = 9 . 10-31 kg
Alternativa C Velocidade da luz c = 3,0 . 108 m/s
2. (UFSC) Em 6 de novembro de 2014, estreava no Bra- 1 e V = 1,6 . 10-19 J
sil o filme de ficção científica Interestelar, que abordou,
em sua trama, aspectos de Física Moderna. Um dos fe- 1MeV = 106 eV
nômenos mostrados no filme foi a dilatação temporal, a) 0,3. d) 1,6.
já prevista na Teoria da Relatividade de Albert Einstein. b) 0,5. e) 3,2.
Além da relatividade, Einstein explicou o efeito fotoelé- c) 0,8.
trico, que lhe rendeu o prêmio Nobel de 1921.
Resolução:
Sobre os fenômenos referidos acima, é CORRETO afir-
mar que: Substituindo os dados na expressão dada:
01) o efeito fotoelétrico foi explicado atribuindo-se à 2
luz o comportamento corpuscular; E = mc2 = 9 . 10-31 (3 . 108) = 8,1 . 10-14J.
02) a alteração da potência de uma radiação que pro-
Convertendo para elétron-volt:
voca o efeito fotoelétrico altera a energia cinética dos
elétrons arrancados e não o número de elétrons;
04) de acordo com a Teoria da Relatividade, as leis da
Física são as mesmas para qualquer referencial inercial;
{
  
​ ​1  
e V       
E ⇒ 8,1 . 10-14 J }
⇒ 1,6 . 10-19 ​ J  ​ E = 5,0625 . 105

08) de acordo com a Teoria da Relatividade, a veloci-


dade da luz no vácuo é uma constante universal, é a eV ≅ 0,5 . 106 eV ⇒ E = 0,5 MeV.
mesma em todos os sistemas inerciais de referência e
não depende do movimento da fonte de luz. Alternativa B

137
4. (Udesc) A proposição e a consolidação da Teoria da Re- Resolução:
latividade e da Mecânica Quântica, componentes teóricos
do que se caracteriza atualmente como Física Moderna, O tempo total Dt para o referencial da Terra é:
romperam com vários paradigmas da Física Clássica. Ba- ​ Ds
Dt = ___ ​ 2 · 20  ​ 
_______
v ​ + tplaneta ⇒ Dt =0,999 +5∴

seando-se especificamente em uma das teorias da Física c
Moderna, a Relatividade Restrita, analise as proposições. Dt = 45,04 anos
I. A massa de um corpo varia com a velocidade e ten- A equação a seguir expressa a dilatação dos tempos
derá ao infinito quando a sua velocidade se aproxi-
mar da velocidade da luz no vácuo. da relatividade:
II. A Teoria da Relatividade Restrita é complexa e ​  1   ​ . 
Dt = ______
_____
Dt’ → Dt = γ . Dt’
abrangente, pois, descreve tanto movimentos retilíne-
√ ​ v2 ​ ​  
2
os e uniformes quanto movimentos acelerados. ​ 1 - __
c
III. A Teoria da Relatividade Restrita superou a visão
clássica da ocupação espacial dos corpos, ao provar Então, o tempo total na visão do viajante, é dado por:
que dois corpos, com massa pequena e velocidade
igual à velocidade da luz no vácuo, podem ocupar o ​ Dt
Dt’ = __ ​  40  ​ + 5 ∴
____
γ ​ + tplaneta → Dt’ = 22,4
mesmo espaço ao mesmo tempo. Dt’ = 6,79 anos
Assinale a alternativa correta.
Alternativa D
a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. 6. (Unisc) Em uma explosão de uma mina de carvão
c) Somente a afirmativa II é verdadeira. foram utilizadas 1.000 toneladas de explosivo trini-
d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. trotolueno (TNT), o que equivale a 1,0 . 1012 calorias.
e) Todas afirmativas são verdadeiras. Qual foi, aproximadamente, a quantidade de massa
convertida em energia equivalente a essa explosão?
Resolução:
(1 caloria = 4,18J e c = 3,0 . 108 m/s)
I. CORRETA. Pela teoria da massa relativística, tem-se que:
_____ a) 4,6 . 10-5 kg. d) 1,1 . 10-8 kg.
b) 4,6 . 10-8 kg. e) 1,1 . 10-13 kg.
√ ​ v2 ​ ​  
2
m = m0/​ 1 - __ .
c c) 1,1 10 kg.
-5

Se a velocidade do corpo (v) aproximar-se da velocidade da Resolução:


luz (c), pode-se observar que a massa relativística tenderá
ao infinito. Essa questão traz uma consequência da teoria da relati-
II. INCORRETA. A Teoria da Relatividade Restrita não vidade, que implica na mais famosa equação da Física de
é abrangente, pois, quando a velocidade do corpo é todos os tempos, a relação universal entre massa e energia
muito menor do que a velocidade da luz, as equações de Albert Einstein.
da mecânica newtoniana são suficientes para repre-
sentar os movimentos.
E = m ∙ c2
III. INCORRETA. O Princípio da Impenetrabilidade diz
que dois corpos distintos não podem ocupar o mes-
Essa equação afirma que a massa também é uma forma
mo lugar no espaço ao mesmo tempo. de energia e vice-versa. Nesse caso, uma parte da massa
do explosivo utilizado deve ser responsável pela energia
Alternativa A da explosão.
5. (Udesc) De acordo com o paradoxo dos gêmeos, tal- Isolando a massa, substituindo os valores e transformando
vez o mais famoso paradoxo da relatividade restrita, calorias para joule, tem-se:
pode-se supor a seguinte situação: um amigo da sua 1 · 1012 cal · 4,18 J
idade viaja a uma velocidade de 0,999c para um plane- m = E/c2 ⇒ m =______________
  
  
​   ​ =
cal/(3 · 108 m/s)2
ta de uma estrela situado a 20 anos-luz de distância. Ele
passa 5 anos nesse planeta e retorna para casa a 0,999 4,18 · 1012J
___________
=  ​  16 2 2    ​
c. Considerando que γ = 22,4, assinale a alternativa que 9 · 10 m /s
representa corretamente quanto tempo seu amigo pas-
sou fora de casa do seu ponto de vista e do ponto de m = 4,64 · 10-5 kg
vista dele, respectivamente.
Alternativa A
a) 20,0 anos e 1,12 anos.
b) 45,04 anos e 1,79 anos. 7. (Cefet–MG) Um observador A está em uma espaçonave
c) 25,00 anos e 5,00 anos. que passa perto da Terra afastando-se da mesma com uma
d) 45,04 anos e 6,79 anos. velocidade relativa de 0,995 c. A espaçonave segue via-
e) 40,4 anos e 5,00 anos. gem até que o observador A constata que a mesma já dura

138
2,50 anos. Nesse instante, a espaçonave inverte o sentido
da sua trajetória e inicia o retorno à Terra, que dura igual-
mente 2,50 anos, de acordo com o relógio de bordo. Um
observador na superfície da Terra envelhece, aproximada-
mente, entre a partida e o retorno da espaçonave,
a) 50 anos. d) 2,5 anos.
b) 25 anos. e) 0,50 ano.
c) 5,0 anos. multimídia: site
Resolução:
Trata-se de uma questão sobre a Teoria da Relatividade, mais es- www.cartaeducacao.com.br/aulas/medio/um-seculo-
pecificamente sobre a dilatação do tempo. -de-relatividade/
____Para isso, segue que:

√ v2 ​ ​  
Dt2 = Dt1 . ​ 1 -​ __
c2
www.efisica.if.usp.br/moderna/relatividade/transforma-
coes_lorentz/
Onde,
www.educabras.com/vestibular/materia/fisica/fisica_mo-
Dt1 → Tempo decorrido para o observador em repouso;
derna/aulas/teoria_da_relatividade
Dt2 → Tempo decorrido dentro da aeronave;
v → Velocidade da aeronave.
Assim,
Dt1
____________
Dt1 =  
​  ​  5   ​ = 50 anos
   ​ = ____
____ 0,01

√ (0995 . c)2
​ 1 - ​ __
c2
 ​ ​    

Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em novembro de 1915, o físico alemão Albert Einstein criou a teoria da relatividade. No entanto, nem todo mundo sabe
que sua teoria foi comprovada graças a um experimento realizado aqui no Brasil, mais precisamente na cidade de Sobral,
no interior do Ceará. Einstein formulou que a luz sofreria um desvio devido ao campo gravitacional do Sol, e esse desvio,
que comprovaria sua tese de como a gravidade deforma o espaço-tempo, poderia ser observado em um eclipse solar.
Seis anos mais tarde, a hipótese de Einstein seria
comprovada por uma expedição científica de pesqui-
sadores ingleses enviados ao Brasil. O eclipse ocorreu
no dia 29 de maio de 1919, e os cientistas tiraram
fotografias do fenômeno com um telescópio. Ao serem
reveladas, os pesquisadores ingleses puderam verificar
a existência do denominado ”efeito Einstein”, ou seja,
a curvatura da luz ao se aproximar de um corpo de
grande massa – no caso, o desvio da luz emitida por
estrelas ao passar nas proximidades do Sol.

Monumento em Sobral-CE em homenagem à confirmação da teoria da relatividade

139
DIAGRAMA DE IDEIAS

TEORIA DA
RELATIVIDADE

REFERENCIAIS Velocidade constante de


INERCIAIS um em relação ao outro

POSTULADOS REFERENCIAIS
Mesmas leis da física
DE EINSTEIN INERCIAIS

VELOCIDADE Mesmo valor em


DA LUZ qualquer referencial

Δt = Δt'
RELATIVIDADE DILATAÇÃO
DO TEMPO TEMPORAL
v2
1-
c2

RELATIVIDADE DO CONTRAÇÃO L = L'. v2


COMPRIMENTO DO ESPAÇO 1-
c2

MASSA E ENERGIA ΔE = Δm·c2

140
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
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econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
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produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
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ambiente.
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