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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENCIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.

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SUMÁRIO
FÍSICA
ASTRONOMIA E ESTÁTICA 5
AULAS 45 E 46: LEIS DE KEPLER 7
AULAS 47 E 48: FORÇA GRAVITACIONAL 18
AULAS 49 E 50: EQUILÍBRIO DO PONTO MATERIAL 30
AULAS 51 E 52: EQUILÍBRIO DO CORPO EXTENSO 37

HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA 49
AULAS 45 E 46: HIDROSTÁTICA: CONCEITOS INICIAIS 51
AULAS 47 E 48: HIDROSTÁTICA: EMPUXO 62
AULAS 49 E 50: HIDRODINÂMICA 72
AULAS 51 E 52: GRANDEZAS FÍSICAS 80

INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA E FÍSICA MODERNA 87


AULAS 45 E 46: INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA: CONCEITOS INICIAIS 89
AULAS 47 E 48: INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA: LEI DE FARADAY 99
AULAS 49 E 50: MECÂNICA QUÂNTICA 114
AULAS 51 E 52: TEORIA DA RELATIVIDADE 128
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
4
FÍSICA

6
CIÊNCIAS DA
ASTRONOMIA E
ESTÁTICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Dentre os temas deste livro, o mais fre- Dentre os assuntos mais abordados deste
quente é estática de um corpo material, livro, podem aparecer com mais frequência
com aplicações do cotidiano, diferenciando questões sobre equilíbrio de corpos, que é
os tipos de alavanca e aplicando o conceito o tema estática de corpos extensos, com
de equilíbrio do corpo. questões mais objetivas.

Dentre os assuntos mais abordados deste Estática de corpos extensos, mesmo com Dentre os temas deste livro, o que pode
livro, podem aparecer com mais frequência baixa incidência no vestibular, é o que pode aparecer com mais frequência é estática
questões sobre atrações gravitacionais, aparecer com certa frequência, exigindo de corpos extensos, com questões mais
como entre satélites e a Terra, ou um certo conhecimento de equilíbrio de corpos objetivas.
planeta e o Sol. extensos.

Dentre os temas abordados neste livro, A prova tem grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de te-
podem aparecer estática de ponto mate- porém, podem aparecer questões relacio- mas. Eventualmente, pode aparecer o con- mas, porém, pode aparecer alguma ques-
rial, exigindo conhecimento de montar o nadas com forças gravitacionais. teúdo de força gravitacional. tão relacionada à força gravitacional entre
diagrama de forças no corpo estudado, e, corpos e às leis de Kepler.
possivelmente, alguma questão sobre força
gravitacional entre planetas, a Terra e o Sol.

UFMG
A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de te-
temas. Eventualmente, podem aparecer mas, porém, podem aparecer questões mas, porém, pode aparecer alguma ques-
questões sobre problemas de mecânica sobre estática de ponto material, exigindo tão sobre força gravitacional.
relacionados ao equilíbrio de um corpo interpretação de desenhos.
considerado ponto material.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Eventualmente, podem aparecer questões A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de te-
sobre estática de um ponto material, exi- temas. Eventualmente, podem aparecer mas, porém, podem aparecer questões
gindo conhecimento de forças aplicadas questões sobre força gravitacional, exigin- relacionadas ao equilíbrio de forças em um
em um corpo em equilíbrio. do conhecimento básico da gravitação. corpo extenso, exigindo conceitos funda-
mentais do torque de forças.

6
As principais teorias propostas por eles se dividem em dois
grupos: as geocêntricas e as heliocêntricas. Nas teorias ge-
ocêntricas, a Terra ocuparia uma posição que seria o centro
do Universo (o prefixo geo vem do grego ge, que significa
“terra”), e todos os demais astros estariam girando em tor-
no da Terra. Nas teorias heliocêntricas, o centro do Univer-
LEIS DE KEPLER so seria ocupado pelo Sol (hélio vem do grego helios, que
significa “Sol”), e a Lua, a Terra e os outros astros estariam
girando em torno dele.
As teorias heliocêntricas foram abandonadas, por terem pou-
cos seguidores, uma vez que era muito difícil naquela época
aceitar a ideia de que a Terra se movia. Outro fator impor-

CN AULAS
45 E 46
tante foi que Aristóteles (384-322 a.C.), o filósofo de maior
prestígio da Antiguidade, defendia uma teoria geocêntrica.
No século II, surgiu a teoria geocêntrica que dominou o
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) pensamento ocidental até o século XVI: a teoria de Cláudio
1, 5 e 6 1, 17 e 20 Ptolomeu (d.C. 100-178).

2. O sistema geocêntrico
1. As primeiras teorias de Ptolomeu
A figura apresenta um dos modelos geocêntricos anterio-
res a Ptolomeu.

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Nesse modelo, a Lua, o Sol e os cinco planetas conhecidos


na época (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) teriam
órbitas circulares em torno da Terra (que não era considera-
Na Antiguidade, diferentes povos fizeram observações dos da planeta), com movimentos uniformes. A circunferência
movimentos dos astros e, com algumas das regularidades mais externa seria uma casca esférica onde estariam fixa-
observadas, dividiram, por exemplo, o ano em aproximada- das as estrelas. Como o movimento da casca também seria
mente 365 dias. No entanto, essas civilizações apenas ob- uniforme, as estrelas se moveriam mantendo suas posições
servavam e descreviam o movimento dos astros, sem pro- relativas, e, por isso, chamadas de estrelas fixas. Os outros
por teorias que explicassem os movimentos observados. A astros teriam movimentos independentes uns dos outros,
partir do século VI a.C., os filósofos gregos propuseram as e cada um completaria uma volta em torno da Terra em
primeiras teorias para esses movimentos. tempos diferentes.

7
É importante notar que os telescópios ainda não tinham sido Em outros casos, foi necessário supor que o centro da de-
inventados (eles só apareceram no século XVII) e todas as ferente fosse um ponto B, que não coincidia com o centro
observações eram feitas a olho nu. Assim, poucos astros eram da Terra (figura anterior). Além dessas, ainda outras modi-
conhecidos e divididos em dois grupos: as estrelas fixas e os ficações foram feitas por Ptolomeu em sua teoria, que não
planetas (o Sol e a Lua também eram considerados planetas), mencionaremos aqui.
que se moviam independentemente uns dos outros (a pala-
Esse modelo, proposto por Ptolomeu, apesar de complexo,
vra planeta vem do grego planetes, que significa “errante”).
explicava de forma aproximada os movimentos dos astros
No entanto, verificou-se que o modelo da figura não expli- e, por isso, não foi contestado até meados do século XVI.
cava os então observados movimentos dos planetas. Pto-
lomeu introduziu várias modificações na teoria existente,
aprimorando esse modelo. 3. O modelo heliocêntrico
Uma das modificações feita por Ptolomeu foi a introdução de Copérnico
do epiciclo (figura abaixo) para alguns planetas.
No século XVI, o monge polonês Nicolau Copérnico (1473-
1543) apresentou um modelo do movimento dos astros. A
figura apresenta um esquema simplificado desse modelo
proposto por Copérnico, com os planetas orbitando o Sol.

Com essa modificação, o planeta não orbitaria diretamente


a Terra em uma trajetória circular, mas se moveria em uma
órbita circular em torno do ponto A (chamado epicentro), e
o epicentro, por sua vez, teria uma órbita circular centrada
na Terra. Para a órbita em torno do ponto A foi dado o
nome epiciclo, e à órbita do ponto A em torno da Terra foi
dado o nome deferente.
A figura a seguir ilustra um dos casos em que foi necessário
recorrer a mais de um epiciclo para se explicar o movimen-
to do planeta.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Modelo simplificado do sistema heliocêntrico de Copérnico

No modelo de Copérnico, a Lua tem órbita em torno da


Terra, a qual, além de orbitar o Sol em um ano também
teria um movimento de rotação com período de 24 horas.
A esfera das estrelas fixas ficaria imóvel e o movimento
observado das estrelas seria devido à rotação da Terra.
Como mencionado, a figura ilustra simplificadamente o
modelo. Como Ptolomeu, Copérnico também utilizou re-
cursos mais complexos (epiciclos, etc.) para explicar alguns
dos movimentos e, assim, seu modelo era tão complexo
quanto o de Ptolomeu. Outra característica comum aos
dois modelos é que ambos explicavam apenas aproxima-
damente os movimentos dos planetas.

8
4. As Leis de Kepler como um planeta do Sistema Solar. Porém, em um congres-
so da União Astronômica Internacional realizado naquele
O alemão Johannes Kepler (1571-1630) criou uma teoria ano, ficou decidido que, por ter características diferentes
mais precisa e simples que as teorias anteriores de Ptolo- daquelas dos outros planetas, Plutão passaria à categoria
meu e Copérnico. Essa teoria foi publicada na forma de três de planeta-anão.
leis, entre 1609 e 1619. Hoje, sabemos que essas três leis
estão corretas.

4.1. Primeira Lei de Kepler


O sistema adotado por Kepler era heliocêntrico com a Lua
girando em torno da Terra, a qual, juntamente com os ou-
tros planetas, obedeceria à seguinte lei: multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Primeira Lei de Kepler: Lei das Órbitas Elípticas

4.2. Segunda Lei de Kepler


Como ilustrado pela figura, imagine uma linha ligando o Sol
Os planetas movem-se em trajetória elíptica, com o a um planeta. Após o movimento do planeta, por exemplo,
Sol na posição em um dos focos da elipse. entre P e P’, durante um intervalo de tempo Dt, essa linha
percorre uma região do espaço caracterizando uma região
de área A. Calculando a área A, “varrida pela linha” para
O periélio é o ponto da órbita (trajetória) que está mais pró- vários intervalos de tempo, Kepler chegou à sua segunda lei:
ximo do Sol, e o afélio é o ponto que está mais afastado
(figura acima).
Quando a Terra está no periélio é verão no hemisfério norte e
inverno no hemisfério sul. O oposto ocorre quando a Terra está
no afélio, isto é, é verão no hemisfério sul e inverno no hemis-
fério norte. Apesar de ser elíptica, a órbita da Terra possui pe-
quena excentricidade, isto é, a trajetória é praticamente circular.
Mas desse modo não deveria existir muita discrepância entre
diferentes épocas do ano. Porém, o eixo de rotação da Terra é A linha que liga o Sol a um planeta varre áreas iguais
inclinado em relação ao plano da órbita e essa inclinação causa
em intervalos de tempo iguais.
as diferentes estações do ano.
As órbitas dos planetas estão aproximadamente contidas em
um mesmo plano, sendo o plano da órbita da Terra chamado Uma consequência dessa lei é a velocidade variável do pla-
plano da eclíptica. Como já mencionado para a órbita da neta. Para mostrar essa consequência, comparemos a área
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Terra, as órbitas apesar de serem elipses têm pequenas ex- A1 com a área A2 da figura abaixo. Para as áreas serem
centricidades, isto é, são quase circunferências. A figura abai- iguais, o arco BC deve ser maior do que o arco DE. Porém,
xo representa os oitos planetas conhecidos e o movimento se o planeta percorrer esses arcos no mesmo intervalo de
que fazem em torno do Sol. tempo, é preciso que a velocidade do planeta no trecho BC
seja mais rápida que no trecho DE. Portanto:

Na época de Kepler, os planetas Urano e Netuno não eram A velocidade de um planeta é variável. A velocidade aumenta à medida que se
conhecidos. Também, até o ano de 2006, admitia-se Plutão aproxima do Sol e diminui à medida que se afasta do Sol.

9
De modo equivalente, o movimento de um planeta é acele-
rado à medida que vai do afélio para o periélio, e o movimen- Distância
Período Constante
Planeta média ao Sol
to é retardado à medida que vai do periélio para o afélio. De (anos) de Kepler
(UA ≅ 15.1010m)
acordo com essa lei, é fácil perceber que, se a trajetória fosse
exatamente circular, o movimento seria uniforme. Júpiter 11,85654 5,203 0,9981

Saturno 29,44750 9,537 0,9997

Urano 84,01697 19,191 0,9987

Netuno 164,79124 30,069 0,9989

​ T é praticamente o
2
Como podemos observar, o valor de __
R3
mesmo para todos os planetas.
multimídia: vídeo É interessante notar que as leis de Kepler valem para qual-
quer sistema semelhante ao Sistema Solar. Essas relações
Fonte: Youtube são válidas sempre que um corpo de massa “grande” é or-
Segunda Lei de Kepler (Astronomia) bitado por corpos de massas “pequenas”, como na situação
de um planeta e seus satélites.
A Terra tem apenas um satélite natural, que é a Lua. O planeta
4.3. Terceira Lei de Kepler Saturno, por exemplo, tem vinte satélites que giram em torno
Kepler também encontrou uma relação entre o período (T) dele, obedecendo, aproximadamente, às três leis de Kepler. Es-
de cada planeta, isto é, o tempo que cada planeta gasta sas leis aplicam-se também aos satélites artificiais que orbitam
para executar uma volta completa em torno do Sol e a me- a Terra. Nesse caso, supõe-se, geralmente, que as órbitas são cir-
dida do semieixo maior (R) da elipse da órbita. culares e, assim, o raio médio coincide com o raio R da trajetória.
Também é possível chegar a resultados próximos utilizan-
A relação obtida foi:
do-se o raio médio, em vez do do semieixo maior.
planeta

A Sol A`

multimídia: vídeo
a a Fonte: Youtube
Física - Gravitação - Leis de Kepler
​ T = constante
2
​  __
R3

Essa relação expressa que o cubo da média da distância do Aplicação do conteúdo


planeta do Sol e o quadrado do período da órbita de um
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

planeta são diretamente proporcionais. 1. Os semieixos maiores da órbita da Terra e da órbita


de Marte em torno do Sol são 1,5 · 1011 m e 2,3 · 1011
​ ​ T3​
2
Na tabela a seguir, apresentamos os valores de R, T e __ m, respectivamente. Calcule o período de translação de
R
para os oito planetas que giram em torno do Sol. Marte, isto é, o tempo gasto para o planeta completar
Os dados da terceira Lei de Kepler para uma volta em torno do Sol.
os planetas do Sistema Solar

Distância
Período Constante
Planeta média ao Sol
(anos) de Kepler
(UA ≅ 15.1010m)

Mercúrio 0,24085 0,387 1,001

Vênus 0,61520 0,723 1,001

Terra 1,00000 1,000 1,000

Marte 1,88071 1,524 0,999

10
DS DS
Resolução: AA = AP → DSA · rA = DSP · rP → ___
​   ​A rA = ___
​   ​p · rP
Dt Dt
Resumindo as informações apresentadas acima, temos: → vA · rA = vP · rP →
v ·r
TT = período de translação da Terra = 1 ano → vA = ____
​  Pr  ​P = 29 km/s
A
A figura mostra que a passagem no afélio caracteriza o
TM = período de translação de Marte = ?
solstício de inverno no hemisfério sul.
RT = medida de semieixo maior da órbita da Terra Logo, a resposta correta é a alternativa B.
RM = medida do semieixo maior da órbita de Marte 3. (UFV) A figura ilustra dois satélites, S1 e S2, colocados
em órbitas circulares, de raios R1 e R2, respectivamente,
Pela terceira lei de Kepler, temos: em torno da Terra.

R 3 RT3 ___
___
​  M2 ​ = ___
TM TT
R 3 TM2
​  2 ​ → ​  M3 ​ = ___
RT TT ( ) (
​  2 ​ → ​__
T 2 2,3 · 1011 3
​  M ​  ​ = ​_______
1
​ 
1,5 · 1011 )
 ​  ​

→ TM < 1,9 ano


2. (UFG) As estações do ano devem-se basicamente à
inclinação do eixo de rotação da Terra, a qual possui
um período de precessão próximo de 26.000 anos. Na
época atual, os solstícios ocorrem próximos ao afé-
lio e ao periélio. Dessa maneira, o periélio ocorre no
mês de dezembro, quando a distância Terra–Sol é de
145 · 106 km, e a velocidade orbital da Terra é de 30 Após análisar a figura, é CORRETO afirmar que:
km/s. Considere que, no afélio, a distância Terra–Sol é a) a aceleração é nula para S1 e S2;
de 150 · 106 km. Nesse sentido, a velocidade de trans- b) a velocidade de S2 é maior que a velocidade de S1;
lação da Terra no afélio e o momento astronômico c) a aceleração de S2 é igual à aceleração de S1;
que caracteriza o início da respectiva estação do ano d) a aceleração de S2 é maior que a aceleração de S1;
devem ser:
e) a velocidade de S1 é maior que a velocidade de S2.
a) 28 km/s durante o solstício de verão do hemisfério norte.
b) 29 km/s durante o solstício de inverno do hemisfério sul. Resolução:
c) 29 km/s durante o equinócio de outono do hemisfério sul. Segundo as leis de Kepler vistas anteriormente, quanto mais
d) 31 km/s durante o equinócio de primavera do he- afastado um planeta está de sua estrela, maior será o perío-
misfério sul. do de revolução do mesmo, e menor sua velocidade. Dessa
e) 31 km/s durante o solstício de verão do hemisfério norte. maneira, a velocidade de S1 é maior que a velocidade de S2.
Resolução: Alternativa E
Dados: rA = 150 · 106 km; rP = 145 · 106 km; vP = 30 km/s
4. (UFPI)
Considerando um intervalo de tempo bem pequeno na
passagem da Terra pelo periélio e pelo afélio, os arcos (DSA
e DSP) podem ser aproximados por segmentos de reta.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Pela segunda lei de Kepler, as duas áreas triangulares de-


marcadas (AA e AP), mostradas na figura, são iguais, de
alturas aproximadamente iguais aos próprios raios.

Como ilustrado na figura, um planeta gira, em órbita


elíptica, em torno do Sol. Considere as afirmações:
I. Na posição A, a quantidade de movimento linear do
planeta tem módulo máximo.
Aplicando, então, a segunda lei e dividindo membro a II. Na posição C, a energia potencial do sistema (Sol +
membro por Dt: planeta) é máxima.

11
III. Na posição B, a energia total do sistema (Sol + pla- Considerando que o texto se refere a Galileu Galilei
neta) tem um valor intermediário, situado entre os cor- (1564-1642):
respondentes valores em A e C. a) identifique uma das “leis” do mundo natural pro-
Assinale a alternativa correta. posta por ele;
b) indique dois dos principais motivos pelos quais ele
a) I e III são verdadeiras. foi julgado pelo Tribunal da Inquisição.
b) I e II são verdadeiras.
c) II e III são verdadeiras. Resolução:
d) Apenas II é verdadeira. a) Galileu é um dos proponentes do heliocentrismo,
teoria que previa a movimentação dos planetas ao
e) Apenas I é verdadeira.
redor do Sol. Galileu, por meio da observação, foi ca-
Resolução: paz de reforçar o discurso de outros sábios, que esta-
vam se tornando cientistas, no final da Idade Média e
A primeira afirmação é correta, pois, no periélio, o planeta início da Idade Moderna. Todos os corpos em queda
possui velocidade máxima, e, por consequência, o momen- livre na ausência de resistência do ar caem com a
to linear tem valor máximo (momento linear é o produto da mesma aceleração independentemente da massa.
massa pela velocidade). b) Galileu foi julgado pela Inquisição por alguns motivos,
entre eles a proposta do heliocentrismo, o que contrariava a
A segunda afirmação é correta, pois é nessa posição (afé- visão de mundo da Igreja católica – defensora do geocentris-
lio) em que o planeta está mais afastado da estrela e pos- mo. Outro motivo que podemos apontar é a forma de produ-
sui menor velocidade, e, por consequência, menor energia ção do conhecimento proposta por ele e seus pares. A noção
cinética. Por conservação da energia mecânica, quanto de se produzir conhecimento a partir da observação (como
o tempo de queda livre independer da massa) e usando ins-
menor a energia cinética, maior será a energia potencial.
trumentos, tais como a luneta, e com um método próprio (o
A terceira afirmativa é falsa. A energia mecânica é constan- método científico), preocupava a Igreja católica que, naquele
te quando existem apenas forças conservativas. momento, ainda era a maior detentora de conhecimentos
capazes de explicar o funcionamento do universo.
Alternativa B
2. (IFSP) Os planetas do Sistema Solar giram em tor-
Massas e períodos dos planetas em relação à Terra
no do Sol. A Terra, por exemplo, está a aproximada-
Planeta Massa Período (área territorial) mente 150 milhões de km (1u.a.) do Sol e demora
Mercúrio 0,054 0,241 1 ano para dar uma volta em torno dele. A tabela a
Vênus 0,814 0,815
seguir traz algumas informações interessantes sobre
o Sistema Solar.
Terra 1,000 1,080
Distância média Diâmetro
Marte 0,107 1,881 Planeta
ao Sol (u.a.) equatorial (km)
Júpiter 317,45 11,865
Mercúrio 0,4 4.800
Saturno 95,00 29,650
Vênus 0,7 12.000
Urano 14,6 89,745
Terra 1,0 13.000
Netuno 17,6 165,951 Marte 1,5 6.700

Massa da Terra (M1) ≃ 5,98 ∙ 10 kg 24 Júpiter 5,2 140.000


Saturno 9,5 120.000
Massa do Sol ≃ 333.000 MT ≃ 1,99 ∙ 1030 kg
​  1  ​ M ≃ 7,3 ∙ 1022 kg
Massa da Lua ≃ ____
Urano 20,0 52.000
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

81,3 T Netuno 30,0 49.000


Período da Terra (1 ano terrestre) ≃ 365,2 dias
De acordo com a tabela, a razão entre os diâmetros
Período de rotação da Terra ≃ 23h 56 min 4s equatoriais de Júpiter e da Terra vale, aproximadamente:
Período da Lua em torno da Terra ≃ 27,3 dias a) 10,8.
b) 0,2.
Aplicação do conteúdo c) 0,9.
d) 1,0.
1. (Fuvest) O grande mérito do sábio toscano estava e) 5,2.
exatamente na apresentação de suas conclusões na for-
ma de “leis” matemáticas do mundo natural. Ele não Resolução:
apenas defendia que o mundo era governado por essas A razão (r) pedida é:
“leis”, como também apresentava as que havia “desco- D 140.000 ___
berto” em suas investigações. r = ___  ​ = ​ 140 ​ ⇒ r ≅10,8
​  J  ​ = ______
​ 
DT 13.000 13
Carlos Z. Camenietzki, Galileu em sua órbita. 01/02/2014.
www.revistadehistoria.com.br. Alternativa A

12
3. (Udesc) Um satélite artificial, em uma órbita geoes- Resolução:
tacionária em torno da Terra, tem um período de órbita
de 24 h. Para outro satélite artificial, cujo período de Sabendo que:
órbita em torno da Terra é de 48 h, o raio de sua órbita, Rx = 10 . RT
sendo RGeo o raio da órbita geoestacionária, é igual a:
a) 3 ∙ RGeo. TT = 1 ano
b) 31/4 ∙ RGeo. Tx = ?
c) 2 ∙ RGeo. Utilizando a terceira lei de Kepler:
d) 41/3 ∙ RGeo.
e) 4 ∙ RGeo. R 3 RT2
___
​  2x ​ = ___
​  2 ​
Tx TT
Resolução:
(10 . RT)3 ___
_______ RT3
Aplicando a terceira lei de Kepler ao sistema Terra–satéli- ​   ​= ​   ​
Tx2 12
tes, podemos relacionar os períodos de revolução às suas
​ 1000
____  ​= 1
distâncias médias em relação ao centro da Terra. Tx2
T​2​ T​22​ ______
___ (24 h)2 (48h)2 Tx2 = 1000
​  31 ​ = __
​  3 ​ ⇒ ​  3  ​ = ____
​  3 ​ ⇒ _____
R​1​ R​2​ R​ Geo​ R​2​ Tx = √
​ 1000 ​
______


3 (48 h)2
R2 = ​ ______
​     ​ · R3    ∴ R2 = 41/3 · RGeo
(24 h)2 Geo Alternativa E
Tx ≈ 32 anos

Alternativa D

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO.

Em seu livro O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry


imaginou haver vida em certo planeta ideal. Tal planeta teria
dimensões curiosas e grandezas gravitacionais inimaginá-
veis na prática. Pesquisas científicas, entretanto, continuam
sendo realizadas e não se descarta a possibilidade de haver
multimídia: site
mais planetas no sistema solar, além dos já conhecidos.
Imagine um hipotético planeta, distante do Sol 10 vezes educacao.globo.com/fisica/assunto/mecanica/leis-de-
mais longe do que a Terra se encontra desse astro, com -kepler.html
massa 4 vezes maior que a terrestre e raio superficial igual
à metade do raio da Terra. Considere a aceleração da gra-
vidade na superfície da Terra expressa por g.
4. (FGV) Esse planeta completaria uma volta em torno
do Sol em um tempo, expresso em anos terrestres, mais
próximo de:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) 10. d) 28.
b) 14. e) 32.
c) 17.

13
VIVENCIANDO

O bilionário sul-africano Elon Musk tem um plano audacioso: transformar a humanidade numa raça multiplanetária.
Parte desse projeto é tornar o planeta Marte habitável para seres humanos. Recentemente, Musk publicou um artigo
descrevendo uma espaçonave gigantesca que transportaria 100 pessoas até o planeta vermelho, para daqui um
século tornar Marte um planeta habitável e sustentável.
A viagem interplanetária alimenta constantemente a imaginação de artistas e cientistas. Inspirado por um livro de
ficção científica chamado Two Planets, e pela terceira lei de Kepler, o engenheiro alemão Walter Hohmann criou uma
manobra para mover uma espaçonave entre duas órbitas diferentes, que é a rota mais eficiente para ir da Terra à
Marte. As leis propostas por Kepler, apesar de serem criadas há muitos séculos, influenciam diretamente como enten-
demos os objetos espaciais, sejam criados por nós ou não.

Órbita de transferência de Hohmann (em amarelo): transferência entre duas órbitas aproximadamente circulares.
A órbita azul é a da Terra e a vermelha se refere à de Marte, ambas com o Sol como centro.
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14
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

Essa habilidade cobra do aluno que seja capaz de descrever o movimento de corpos celestes. Especificamente
nesta aula, o aluno deverá compreender o funcionamento das Leis de Kepler e como elas regem o movimento dos
astros, desde o sistema solar até um conjunto de satélites artificiais que orbitam a Terra, por exemplo.

MODELO 1
(Enem) A característica que permite identificar um planeta no céu é o seu movimento relativo às estrelas fixas.
Se observarmos a posição de um planeta por vários dias, verificaremos que sua posição em relação às estrelas
fixas se modifica regularmente. A figura destaca o movimento de Marte observado em intervalos de 10 dias,
registrado da Terra.

Qual a causa da forma da trajetória do planeta Marte registrada na figura?


a) A maior velocidade orbital da Terra faz com que, em certas épocas, ela ultrapasse Marte;
b) A presença de outras estrelas faz com que sua trajetória seja desviada por meio da atração gravitacional;
c) A órbita de Marte, em torno do Sol, possui uma forma elíptica mais acentuada que a dos demais planetas;
d) A atração gravitacional entre a Terra e Marte faz com que este planeta apresente uma órbita irregular
em torno do Sol;
e) A proximidade de Marte com Júpiter, em algumas épocas do ano, faz com que a atração gravitacional de
Júpiter interfira em seu movimento.
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ANÁLISE EXPOSITIVA
Considerando órbitas circulares, a força gravitacional age como resultante centrípeta. Sendo m a massa
do planeta, M a massa do Sol e r o raio da órbita do planeta:

15
Essa expressão final mostra que a velocidade orbital é inversamente proporcional à raiz quadrada do raio da
órbita. Como a Terra está mais próxima do Sol que Marte, sua velocidade orbital é maior, possuindo, em conse-
quência, também maior velocidade angular e menor período.

A figura mostra seis posições da Terra e as seis correspondentes posições de Marte, bem como a trajetória de
Marte para um observador situado na Terra. Os intervalos de tempo entre duas posições consecutivas são, apro-
ximadamente, iguais. Note que devido à maior velocidade orbital da Terra, da posição 1 até a 3, Marte parece
avançar, de 3 a 5 ele parece regredir, tornando a avançar de 5 a 6. Aliás, esse fenômeno foi um dos grandes
argumentos para que o heliocentrismo de Copérnico superasse o geocentrismo de Ptolomeu.

RESPOSTA Alternativa A

MODELO 2
(Enem) Sabe-se que a posição em que o Sol nasce ou se põe no horizonte muda de acordo com a estação do
ano. Olhando-se em direção ao poente, por exemplo, para um observador no Hemisfério Sul, o Sol se põe mais
à direita no inverno do que no verão.
O fenômeno descrito deve-se à combinação de dois fatores: a inclinação do eixo de rotação terrestre e a:
a) precessão do periélio terrestre.
b) translação da Terra em torno do Sol.
c) nutação do eixo de rotação da Terra.
d) precessão do eixo de rotação da Terra.
e) rotação da Terra em torno de seu próprio eixo.

ANÁLISE EXPOSITIVA
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O fenômeno descrito depende também da posição relativa entre os corpos celestes, ou seja, do movimen-
to de translação da Terra em torno do Sol.

RESPOSTA Alternativa B

16
DIAGRAMA DE IDEIAS

MODELOS/TEORIAS

GEOCENTRISMO HELIOCENTRISMO
Terra no centro: Ptolomeu Sol no centro: Copérnico

KEPLER

1.a LEI 2.a LEI 3.a LEI


lei das órbitas lei das áreas lei dos períodos

Se A1 = A2, T2 = CTE
Órbita elíptica
então ∆t1 = ∆t2 R3

Sol em um
vperiélio > vafélio
dos focos
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17
§ As três Leis de Kepler podem ser explicadas pela se-
guinte relação:

Existe uma força de atração entre duas partículas

FORÇA de massa m1 e m2, cuja intensidade F é diretamente


proporcional ao produto das massas e inversamente

GRAVITACIONAL proporcional ao quadrado da distância R entre elas.

m · m2
F = G · ______
​  1 2 ​
R

CN AULAS
47 E 48
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) R
5e6 17 e 20 Essa equação é a denominada lei da gravitação universal.
A constante de proporcionalidade G é denominada cons-
tante gravitacional universal e é determinada experi-

1. Introdução mentalmente. Seu valor no SI é:


G = 6,673 · 10-11
Foi visto que a força-peso ou força gravitacional (da pala-
vra latina gravitas, que significa “peso”) é a força exercida A unidade de G pode ser verificada a partir da equação:
pela Terra sobre corpos próximos a ela. Newton, no século m · m2
F = G · ______
​  1 2 ​
XVII, apresentou uma compreensão mais profunda dessa R
força com sua lei da gravitação universal.
​ m R· m  ​
2
G = F · ______
1 2

No SI, a unidade da força F é o newton (N), a unidade da


distância R é o metro (m) e a unidade das massas m1 e m2
é o quilograma (kg):
​ N · m
2
Unidade de G = _____  ​
kg 2

Assim:
​ N · m
2
G = 6,673 · 10–11 _____  ​
kg2
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Nota:
A palavra "universal", na expressão “lei da gravita-
ção universal”, tem o sentido de indicar que a lei é
válida para todos os corpos do Universo. Na época de
Newton, essa ideia não era óbvia. Até o século XVII, a
maior parte dos pensadores acreditava que os corpos
celestes obedeciam a leis diferentes das que regem os
corpos terrestres.

Depois de estudar as Leis de Kepler, Newton chegou a duas


A lei também é válida para corpos extensos, ainda que o
conclusões importantes:
cálculo seja mais complicado. Entretanto, para dois corpos
§ As trajetórias dos planetas em torno do Sol são trajetó- esféricos em que a massa esteja distribuída de forma simé-
rias elípticas, o que indica que o Sol exerce uma força trica, a lei da gravitação universal pode ser utilizada, sendo
de atração em cada planeta. R a distância entre os centros das esferas (figura a seguir).

18
Como é possível observar no exercício anterior, quando a
massa dos objetos é pequena, a intensidade da força tam-
bém é muito pequena, tornando-se difícil de ser observada.
Esse cenário é o que ocorre com os objetos no cotidiano:
pessoas, automóveis, pedras, etc., estão continuamente
R
se atraindo, mas com forças de intensidade desprezíveis.
Há duas considerações importantes sobre os movimentos Somente quando um dos corpos tem massa “grande”,
dos planetas em torno do Sol: a força de atração gravitacional tem efeitos perceptíveis,
como é o caso dos planetas, da Lua e do Sol. Para massas
§ De acordo com a lei da ação e reação, se o Sol exerce pequenas, a força tem valor pequeno devido ao valor de G
uma força de atração em um planeta, o planeta tam- ser muito pequeno. Dessa forma, a determinação de G em
bém exerce uma força de atração sobre o Sol. Assim, laboratório não é fácil, e tal feito foi realizado apenas em
o Sol sofre uma força de atração de cada um dos pla- 1798 pelo inglês Henry Cavendish (1731-1810), 71 anos
netas do sistema solar e, portanto, não fica em repou- depois da morte de Newton.
so. No entanto, a massa do Sol é muito maior que a
dos planetas, e, consequentemente, o movimento do 2. Lei da gravitação universal
Sol é muito menor em comparação com o movimento
dos planetas. Em geral, quando se tem um corpo de e terceira Lei de Kepler
massa m girando em torno de um corpo de massa M,
A seguir, será obtida a terceira Lei de Kepler, a partir da lei
tais que M >> m (lê-se “M muito maior do que m”),
da gravitação universal de Newton, para o caso particular
admite-se que o corpo de massa M está praticamente
em que a órbita (trajetória) do planeta é circular.
em repouso.
Como na figura a seguir, considere o movimento circular,
§ Assim, os movimentos dos planetas também devem
de raio R, e uniforme, de um planeta de massa m em tor-
ser considerados com as forças de atração que existem
no do Sol (supostamente em repouso), cuja_​›_ massa é M. A
entre cada par de planetas, além das forças que o Sol
figura indica apenas a força gravitacional F ​​ exercida pelo
exerce em cada planeta.
Sol sobre o planeta; mas_​›_ lembre-se de que também existe
a força gravitacional –​F ​, que o planeta exerce sobre o Sol.
Aplicação do conteúdo
1. Calcule a intensidade das forças de atração entre
duas bolas de aço A e B, homogêneas, de massa 8,0 kg
e 5,0 kg, respectivamente, separadas por uma distância
R = 2,0 m. Adote G = 6,7 ⋅ 10-11 Nm²/kg²

R
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

R
Resolução:

Tem-se mA = 8,0 kg, mB = 5,0 kg, R = 2,0 m e


G = 6,7 · 10-11Nm²/kg².
Pela lei da gravitação universal, tem-se: Pela lei da gravitação universal, sabe-se que:

mA · mB (8,0)(5,0) ​ M ·2m


F = G · _____  ​
F=G·​ ______ –11 _______
2 ​= (6,7 · 10 ) · ​   ​ = _​›_
R
R (2,0)2
Contudo, a força F ​
​ é a resultante centrípeta que atua no
= 6,7 · 10–10 N
planeta. Então, sendo v o módulo da velocidade do plane-
Ou seja: ta, tem-se:
F = 0,00000000067 N ​ m ·  ​
F = _____ v2
R

19
Igualando as duas equações, resulta: Essa equação determina que, independentemente da mas-
sa do satélite, para cada valor de R existe um período bem
​ M ·2m
G · _____ m ·  ​
v2
 ​ = ​ _____ definido, T, da órbita.
R R
Considere um satélite cuja órbita esteja no mesmo plano do
equador da Terra e com movimento no mesmo sentido do
dXXXXX
​ G ·  ​ ​
v = ​ _____
R
M
movimento de rotação da Terra. Caso o período T do movi-
mento do satélite seja igual ao período de rotação da Terra,
Essa equação determina a velocidade com que o planeta ou seja, 24 horas, o satélite será denominado geoesta-
orbita o Sol. Note que a velocidade do planeta não depen- cionário. Essa denominação se deve ao fato de que nessa
de de sua massa, mas apenas de G, M e R. situação um observador na Terra terá a impressão de que
o satélite está parado no céu, ou seja, o satélite será visto
O período T do movimento pode ser calculado por: sempre na mesma posição, como ilustra a figura a seguir.

​ 2pR
v = ____ ​
T

Das equações anteriores, obtém-se:

dXXXXX
​ G ·  ​ ​ 2pR
M = ​ ____ G ·  ​ 4p R ​
M = ​ _____2 2
​ _____  ​  → ​ _____
R T R T2

ou ainda:
​ G · M ​
R3 ​ = _____
​ __
T2 4p2

A última expressão é a equação da terceira Lei de Kepler, uma


​ G · M
vez que o termo _____  ​ é constante para todos os planetas.
4p2
As equações anteriores podem ser utilizadas para o mo-
As telecomunicações (televisão, telefonia, etc.) utili-
vimento de um corpo de massa pequena em torno de um
zam satélites geoestacionaários. Como ilustra a figura
corpo de massa M muito “grande”. Um exemplo dessa si-
a seguir, um sinal enviado do ponto A para o satélite
tuação são os satélites (naturais ou artificiais) girando em
pode ser reemitido até o ponto B.
torno de um planeta.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

  

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Introdução à Gravitação - Física Geral - Mecânica

2.1. Satélite geoestacionário


Como foi visto, a terceira Lei de Kepler é válida para a órbi-
ta circular, de raior R, de um satélite artificial S em torno da
Terra, cuja massa é M:

​ G · M
​  R2 ​ = _____
3
__  ​= constante
T 4p2

20
Os astronautas são devidamente treinados para se acos-
tumarem com a imponderabilidade. Eles são colocados
dentro de um avião especial que, depois de atingir grande
altitude, adquire a trajetória parabólica de queda livre, a
mesma que seria seguida por um projétil sob ação apenas
da gravidade. Obviamente, o experimento não dura muito
tempo. Em geral, dura em torno de 20 segundos.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Força gravitacional 3. Campo gravitacional
Qualquer massa possui um campo gravitacional em seu
entorno. A intensidade do campo é determinada pela
2.2. Imponderabilidade massa. Quanto maior for a massa, maior será a inten-
Uma nave espacial ou um satélite em órbita ao redor da sidade do campo. Nas proximidades da Terra, os corpos
Terra tem a velocidade dada pela equação: são atraídos para o centro do planeta devido ao cam-
po gravitacional terrestre. A força de atração, ou força
gravitacional, provoca a variação da velocidade (uma
dXXXXX
​  G ·  ​ ​
v = ​ _____
R
M aceleração) nos corpos em queda livre. Essa aceleração
é uma característica específica do planeta, diretamente
relacionada à quantidade de matéria (massa) que ele
Sendo R o raio da órbita e M a massa da Terra. Como foi possui. Essa aceleração é denominada aceleração da
visto, a velocidade não depende da massa do satélite (ou gravidade, indicada pela letra g.
da nave espacial).
No caso do planeta
_​›_ Terra, de massa M e raio R, a força
No caso de uma nave espacial, a velocidade da nave e de gravitacional F ​
​ pela qual um corpo é atraído é o próprio
​___›
todos os objetos dentro da nave, incluindo os astronau- peso P ​
​ do corpo.
tas, são as mesmas. Nessa situação, os astronautas têm a
sensação de estarem flutuando. O que ocorre é chamado
de imponderabilidade, ou seja, o peso de cada corpo faz o F=P
papel de força centrípeta, mantendo o movimento circular.
​  M · m 2 ​= m · g
G · ______
(R + h)

​  G · M 2 ​
g = ______
(R + h)

Se o corpo está na superfície do planeta, então h = 0:


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​ M2 ​
gsuperficie = G · _____
R

Observe na tabela a seguir o valor aproximado da aceleração da gravidade na superfície de alguns corpos celestes do sis-
tema solar.

Corpo
Lua Mercúrio Vênus Terra Marte Júpiter Saturno Urano Netuno Plutão
celeste

g (m/s2) 1,7 3,8 8,5 9,8 3,7 24,9 10,4 10,3 13,7 8,1

21
A aceleração da gravidade de um planeta depende tan- Assim, o peso da nave é:
to de sua massa quanto de seu raio. Por exemplo, a Lua
P = m · g ä P = 120 · 103 · 9,10 ä
possui massa 81 vezes menor que a massa da Terra e raio
3,7 vezes menor. Por esse motivo, na superfície da Lua a ä P . 1092000 N ou P = 1,1 · 106 N
aceleração da gravidade é de aproximadamente 1/6 da
aceleração da gravidade na superfície da Terra. 2. (UFSC) Quer subir de elevador até o espaço? Apesar de
essa ideia já ter surgido há mais de 100 anos, um avanço
Observe também que a aceleração da gravidade diminui em nanotecnologia pode significar que iremos de eleva-
com a altitutde, ou seja, à medida que se afasta da super- dor até o espaço com um cabo feito de diamante ou de
fície do planeta. Para a Terra, a variação de g é dada pela carbono. A empresa japonesa de construção Obayashi in-
vestiga a viabilidade de um elevador espacial, visando a
tabela a seguir, para alguns valores de altitude.
uma estação espacial ligada ao equador por um cabo de
Para o planeta Terra 96000 quilômetros feito de nanotecnologia de carbono,
conforme a figura abaixo. A estação espacial orbitaria a
Altitude (km) g (m/s2) Terra numa posição geoestacionária e carros robóticos
0 9,83 com motores magnéticos levariam sete dias para alcan-
çar a estação espacial, transportando carga e pessoas
20 9,75
até o espaço por uma fração dos custos atuais.
60 9,63

100 9,51

200 9,22

multimídia: vídeo
01) A estação espacial japonesa deve possuir movimento
Fonte: Youtube
circular ao redor da Terra com velocidade linear igual à
Considerando G o valor do campo gravitacional da Terra velocidade linear de rotação da superfície da Terra.
02) As pessoas que visitarem a estação espacial poderão
flutuar no seu interior porque lá não haverá atração gra-
vitacional.
Aplicação do conteúdo 04) A velocidade angular da estação espacial deve ser
1. Supondo-se que a Terra seja uma esfera homogênea igual à velocidade angular de rotação da Terra.
de raio 6.370 km e massa igual a 5,98 · 1024 kg, calcule: 08) Um carro robótico terá, no trajeto da Terra até a esta-
ção espacial, vetor velocidade constante.
a) a aceleração da gravidade na superfície da Terra;
b) o peso de uma nave de 120 t que esteja a 250 km 16) O período do movimento da estação espacial ao re-
dor da Terra deve ser igual ao período de rotação diária
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de altitude.
da Terra.
Resolução:
32) A força de atração gravitacional da Terra será a força
a) Dados: G = 6,67 · 10–11 · m2/kg2; R = 6,37 · 106 m; centrífuga, responsável por manter a estação espacial
M = 5,98 · 1024 kg. em órbita.
A aceleração da gravidade na superfície é dada por: 64) O valor da aceleração da gravidade (g) na posição da
estação espacial terá um módulo menor que seu valor na
5,98 · 1024
M ​= 6,67 · 10–11 · ________
g = G · ​ __ ​   ​ = 9,83 m/s2 superfície da Terra.
R 2
6,37 · 106
b) Para 250 km = 0,25 · 106 m de altitude, a acele- Resolução:
ração vale: 01) Falsa. A velocidade linear varia com o raio; por-
g = G · M · m/(R + h) = 2 tanto, são as velocidades angular da estação e da
superfície da Terra que seriam iguais.
5,98 · 1024
6,67 · 10–11 · ___________
​   ​= 9,10 m/s2 02) Falsa. A atração gravitacional na estação espacial
(6,37 + 0,25)2 seria equivalente a 0,04g. Ainda haveria a sensação
de imponderabilidade, mas com a gravidade reduzida.

22
04) Verdadeira. A velocidade angular seria a mesma, 4. (Acafe) A Nasa vem noticiando a descoberta de novos
pois o local da Terra onde o cabo estivesse ancorado planetas em nosso sistema solar e, também, fora dele.
faria uma volta completa na sua rotação, no mesmo Independente de estarem mais próximos ou mais afas-
tempo da estação espacial. tados de nós, eles devem obedecer às leis da gravitação
08) Falsa. À medida que o carro subisse no cabo da e da Física. Dessa forma, vamos imaginar um planeta
Terra rumo à estação, mesmo que com velocidade de (P) girando em volta de sua estrela (E), ambos com as
subida constante, a velocidade final seria a soma veto- características apresentadas na tabela a seguir.
rial com a velocidade linear que aumenta com a altura.
Objeto
Com isso, a velocidade resultante também aumentaria. Planeta (P) Estrela (E)
Característica
16) Verdadeira. Como as velocidades angulares da estação
Dobro da massa Dobro da
espacial e da superfície da Terra são iguais, os períodos e Massa
da Terra massa do Sol
frequências de rotação de ambos serão iguais entre si.
Metade do Mesmo raio
32) Falsa. A força responsável em manter a estação Raio do objeto
raio da Terra do Sol
em órbita é a força centrípeta devido ao peso.
Raio da órbita Triplo do raio
64) Verdadeira. Considerando o raio da Terra de apro-
(distância entre os da órbita da ---
ximadamente 6.400 km, então a altura da estação centros de massa) Terra ao Sol
equivale, em raios da Terra, a:
Utilize o que foi exposto acima e os conhecimentos fí-
​ 96000 ​= 15 RT
h(RT) = _____ sicos para colocar V, quando verdadeiro, ou F, quando
6400
falso, nas proposições a seguir.
Como o peso equivale à força gravitacional: ( ) A gravidade na superfície do planeta P é 8 vezes
maior que a gravidade da superfície da Terra.
​ GMm
P = Fg → mg = _____ ​  GM  ​
 ​ → g = _________
d2 (RT + 15RT)2 ( ) A força gravitacional entre o planeta P e sua es-
gsup. trela (E) é 4/9 da força gravitacional entre a Terra e
​  GM2 ​ → g = _______
g = ______ ​  GM 2 ​ ∴ gest. = ___
​   ​ ≈ 0,004gsup. o Sol.
(16RT) 256(RT) 256
( ) A gravidade na superfície do planeta P é 4 vezes
Assim, a aceleração da gravidade sentida na estação espa- maior que a gravidade da superfície da Terra.
cial seria aproximadamente de 0,4% da aceleração da gravi- ( ) A velocidade orbital__ (linear) do planeta P em tor-
dade da superfície da Terra.

no da estrela (E) é ​ ​  2__  ​ ​ da velocidade orbital da
3
3. (IFBA) Considere que um satélite de massa = 5,0 kg Terra em torno do Sol.
seja colocado em órbita circular ao redor da Terra, a ( ) A força gravitacional entre o planeta P e sua
uma altitude h = 650 km. Sendo o raio da Terra igual a estrela (E) é maior que a força gravitacional entre
6.350 km, sua massa igual a 5,98 · 1024 kg e a constante a Terra e o Sol.
de gravitação universal G = 6,67 · 10-11 N · m2 /Kg2 , o
A sequência correta, de cima para baixo, é:
módulo da quantidade de movimento do satélite, em
kg · m/s, é, aproximadamente, igual a: a) F – F – V – V – V.
a) 7,6 × 103. d) 2,8 × 1011. b) V – V – F – V – F.
b) 3,8 × 104. e) 5,6 × 1011. c) F – V – V – F – F.
c) 8,0 × 104. d) V – F – V – F – V.

Resolução: Resolução:
Verdadeira. Fazendo a razão entre as forças gravitacionais co-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A velocidade orbital é obtida igualando-se a força centrípeta e a


locando os dados em função da Terra, tem-se:
força gravitacional:
_____
______2MT
2 2
R √
​ G ·  ​ ​
m · v /R = G · M · m/R → v = ​ _____ M
__
​ 
Fp (0,5RT)
2
 ​
Fp
​   ​= ______
​  ​ __
→ ​   ​= 8
A intensidade da quantidade de movimento linear é dada por: FT ____ MT FT
​  2 ​
_____ (RT)
Q = m · v → Q = m · ​ _____
______
R √
​  G ·  ​ ​
M →
Verdadeira. Fazendo a razão entre as forças gravitacionais dos


6,67 10-11 N · m2/kg2 · 5,98 · 1024kg planetas e sua estrela usando a referência da Terra:
Q = 5kg · ​ ​ ______
  
    ​ ​
(650000 m + 6350000m) 2Ms 2MT
______
​   ​
FPE ______(3R)2 FPE 4
​ m
Q = 37742,8 kg · __ m
__
s ​= 3,8 · 10 kg · ​ s ​
4 __
​   ​= ​   ​ → __
​   ​ = __
​   ​
FTS ____ MS · MT FTS 9
​  ​
Alternativa B (R)2
Falsa. Essa razão já foi calculada na primeira afirmativa.

23
Verdadeira. A velocidade orbital, quando aproximada a uma Para o MCU, a aceleração é centrípeta:
trajetória circular, fornece a seguinte expressão: Substituindo (3) em (1) e igualando a (2), tem-se:
_____


​ G ·  ​ ​
v = ​ _____ M
​  4π2 ​
r = ____
​ G 2M
2
____  ​
R T r
Em que G é a constante de gravitação universal, M é a massa Isolando a massa de Plutão:
da estrela, R é a distância entre os centros de massa e v é a
​ 4π 2 ​r
2 3
velocidade orbital. M = _____
GT
Assim, fazendo a razão entre as velocidades orbitais da Terra e Com isso, para determinar a massa de um planeta, é preciso obter
do planeta P, tem-se: apenas a distância entre o satélite e o planeta para uma órbita
____


circular, em MCU, e o período de cada volta completa.
____ 2MS __
v__P ____ ​   ​ v
Alternativa A
3R __ P

__ 2
v​  T ​= ​ ​  M  ​ ​ ∴ v​  T ​= ​ 3​   ​ ​
___ S
​   ​ 6. (Epcar (Afa)) Considere a Terra um planeta esférico, ho-
R mogêneo, de raio R, massa M concentrada no seu centro
Falsa. Foi determinado na segunda afirmativa. de massa e que gira em torno do seu eixo E com veloci-
dade angular constante ω isolada do resto do universo.
Alternativa B
Um corpo de prova colocado sobre a superfície da Terra,
5. (UPE-SSA 1) Em 16 de julho de 2015, a equipe da em um ponto de latitude ϕ, descreverá uma trajetória cir-
Nasa, responsável pela sonda New Horizons, que tirou cular de raio r e centro sobre o eixo E da Terra, conforme
fotografias de Plutão, publicou a seguinte mensagem: a figura abaixo. Nessas condições, o corpo de prova ficará
Uau! Acabamos de tirar mais de 1.200 fotos de Plutão. sujeito a uma força de atração gravitacional F que admite
duas componentes, uma centrípeta, Fcp, e outra que traduz
Vamos tentar ter mais algumas enquanto estamos na
o peso aparente do corpo, P.
vizinhança. #PlutoFlyBy
Disponível em: Twitter.com, usuário: @NASANewHorizons.
Publicado em 16 de julho de 2015, traduzido e
acessado em 19 de julho de 2015.

Uma das fotografias mostrava uma cadeia de monta-


nhas em sua superfície. Suponha que você é um partici-
pante da missão aqui na Terra e precisa auxiliar a equi-
pe no cálculo da massa de Plutão. Assinale a alternativa
que oferece o método de estimativa mais preciso na
obtenção de sua massa. Para efeitos de simplificação,
suponha que Plutão é rochoso, esférico e uniforme.
a) Medir o seu raio e posicionar a sonda em órbita circu-
lar, em torno de Plutão, em uma distância orbital conhe-
cida, medindo ainda o período de revolução da sonda.
b) Medir o seu raio e compará-lo com o raio de Júpi-
ter, relacionando, assim, suas massas.
c) Observar a duração do seu ano em torno do Sol, es-
timando sua massa utilizando a terceira lei de Kepler.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

d) Medir a distância percorrida pela sonda, da Terra Quando ϕ = 0º, então o corpo de prova está sobre a
até Plutão, relacionando com o tempo que a luz do linha do equador e experimenta um valor aparente
Sol leva para chegar a ambos.
da aceleração da gravidade igual a ge. Por outro lado,
e) Utilizar a linha imaginária que liga o centro do Sol
quando o corpo de prova se encontra em um dos polos,
ao centro de Plutão, sabendo que ela percorre, em
tempos iguais, áreas iguais. experimentando um valor aparente da aceleração da
gravidade igual a gp.
Resolução:
ge
Para estimar a massa de Plutão, deve-se utilizar a lei da gravitação Sendo G a constante de gravitação universal, a razão g__
​   ​ vale:
p
universal de Newton e o seu princípio fundamental da dinâmica apli-
​ ω R  ​.
2 3
cada ao movimento circular uniforme do satélite: a) 1 – ____
GM
F = ma (1) (GM – ω2r)R2
b) ​ __________
 ​.
GM
​ G M
F = ______ m (2)
 ​
r2

24
1 – ω ​2
c) ​ ______r.
entre maré alta e baixa a cada 6 horas em média.
GM
Maré Baixa
Atração
GMR2 –  ​ω2r2 .
d) ​ __________
Maré Alta gravitacional
do Sol
GM
Resolução:

A força resultante centrípeta representa a diferença entre a força


gravitacional e o peso aparente em cada localização no globo Lua
terrestre. Sol

Maré Alta
Fc = Fg – P Atração
gravitacional
da Lua

Sendo, Maré Baixa

​ G · M2 ​
Fg =________ ·m
R
Então:

​ G · M
m · ω2 · r =________· m– m · g
 ​
R2

Para o corpo no equador, tem-se r = R:


multimídia: site
​ G · M
m · ω · R =________
2 · m– m · g
 ​
R2 e

www.respondeai.com.br/resumos/5/capitulos/1
Isolando ge e simplificando:
www.if.ufrgs.br/cref/?area=questions&id=886
​ G ·2 M
ge = _____  ​ – ω2 · R (1)
R

Para o corpo localizado em um dos polos: r = 0, e: 5. Velocidade de escape


Para conseguir escapar do campo gravitacional terrestre, é
​ G · M2 ​
0 =________ · m– m · g
R p
preciso atingir uma velocidade mínima, denominada velo-
Isolando gp e simplificando: cidade de escape. Por conservação de energia, para escapar
da Terra um objeto tem de ter energia cinética equivalente
​ G ·2 ​
gp = _____ M (2) ao acréscimo de energia potencial resultante para mover-se
R para o infinito. A energia potencial gravitacional é dada por:
(1)
Fazendo a razão ___
​   ​:
(2) M ·m
EPg = G · _____
​  T  ​
R
​  G ·2 ​
_____
ge ___________
M – ω2 · R
g
R ​ ω · R ​
2 3
__
​ g  ​ = ​   ​ → g__
​   ​e = 1 – ______ Em que G é constante universal da gravidade;
p
​  G ·2 ​
_____ M p G·M
R MT é a massa da Terra;
Alternativa A m é a massa do corpo; e
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

R é o raio da Terra.
4. Marés Igualando com a energia cinética, calcula-se a velocidade
de escape ve:
Um dos fenômenos naturais mais conhecidos, a formação Ec = EPg
de marés, pode ser explicado pela força gravitacional.
m · VE2
_____ M ·m
​   ​ = G · _____
​  T  ​
Newton foi capaz de explicar satisfatoriamente o fenôme- 2 R
no: as marés são causadas pela atração gravitacional da G · M
V 2 = 2 · _____
​   ​ T
Lua e do Sol sobre as águas. E R
________
Observe na imagem a seguir como a força gravitacional
atua sobre a água: as marés altas ocorrem nas regiões que E
√2 · G · MT
V = ​ ​________
R
 ​ ​
estão mais próximas do Sol e da Lua; nas demais regiões,
ocorrem marés baixas. Durante o dia, há uma alternância

25
​ N · m ​,
2
Substituindo G = 6,67 · 10-11 _____
log
MT = 5,97 · 1024 log, R = 6,37 · 106 m e calculando a velocidade de escape:

VE ≅ 11,2 · 103 m/s

VE ≅ 11,2 km/s

VIVENCIANDO

Existe uma força que sempre pode ser observada no dia a dia: a força gravitacional. As pessoas estão “presas” à
Terra devido a essa força. E a Terra está orbitando ao redor do Sol devido à interação gravitacional. Assim, tudo o que
existe na Terra está o tempo todo sob a ação dessa força, que, curiosamente, é a força menos intensa da natureza.
A força gravitacional é uma das quatro forças, ou interações, fundamentais do Universo. As outras são: a interação
eletromagnética, que descreve os fenômenos elétricos e magnéticos; a força fraca, que descreve os processos de de-
caimentos radioativos; e a força forte, que produz os fenômenos que ocorrem a curta distância no interior do núcleo
atômico e são responsáveis pela estabilidade nuclear dos átomos.
O surgimento do conceito de campo na Física mudou a concepção de como as forças agem. Cada partícula criava à
sua volta uma perturbação, seu campo, que é sentido pelas outras partículas. Seguindo uma teoria quântica de campos
(TCQ), cada uma das forças que existe na natureza é mediada pela troca de uma partícula, que é denominada mediado-
ra. Nas TCQ, são as mediadoras que transmitem a força entre uma partícula e outra. A força eletromagnética é mediada
pelo fóton, a força forte, pelos glúons, e a força fraca, pelas partículas W e Z, que são denominadas bósons fracos.
As forças forte, fraca e eletromagnética são descritas pelo modelo padrão, que pode ser organizado como uma tabela peri-
ódica das partículas elementares. Apenas uma equação governa as interações de quarks e léptons (partículas de matéria) e
bósons (partículas de força). Esse modelo teórico, desenvolvido e parcialmente confirmado ao longo do último século, ainda
não é capaz de compatibilizar a força gravitacional com as demais interações, uma vez que a relatividade geral e a mecânica
quântica se contradizem. Uma possibilidade de incorporação da força gravitacional no modelo padrão seria entender as inte-
rações gravitacionais como mediadas também por um bóson, chamado de gráviton. Uma dificuldade experimental da busca
pelo gráviton seria a fraca intensidade da força gravitacional. Pode ser estranho afirmar que a força gravitacional é fraca, uma
vez que ela é a força mais facilmente perceptível no dia a dia, mas isso só ocorre porque a Terra é gigantesca e possui uma
quantidade incrível de massa. Em níveis atômicos, a gravidade é muitas ordens de grandeza menor do que as outras três forças.
Força (ou interação)
Intensidade relativa Teoria Mediador
fundamental
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Forte 1 Cromodinâmica quântica glúon


Eletromagnética 1/7 Eletrodinâmica quântica fóton
Fraca 10 –6
Teoria eletrofraca W± e Z0
Gravitacional 6 × 10–39 Relatividade geral gráviton (não confirmado)

26
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

O aluno deverá ser capaz de compreender teoricamente a teoria gravitacional de Newton e o movimento dos cor-
pos celestes, explicando, dessa forma, a conclusão empírica desenvolvida por Kepler graças às suas observações.

MODELO 1
(Enem) Conhecer o movimento das marés é de suma importância para a navegação, pois permite definir com
segurança quando e onde um navio pode navegar em áreas, portos ou canais. Em média, as marés oscilam
entre alta e baixa num período de 12 horas e 24 minutos. No conjunto de marés altas, existem algumas que
são maiores do que as demais.
A ocorrência dessas maiores marés tem como causa:
a) a rotação da Terra, que muda entre dia e noite a cada 12 horas;
b) os ventos marítimos, pois todos os corpos celestes se movimentam juntamente;
c) o alinhamento entre a Terra, a Lua e o Sol, pois as forças gravitacionais agem na mesma direção;
d) o deslocamento da Terra pelo espaço, pois a atração gravitacional da Lua e do Sol são semelhantes;
e) a maior influência da atração gravitacional do Sol sobre a Terra, pois este tem a massa muito maior que
a da Lua.

ANÁLISE EXPOSITIVA
As marés ocorrem devido às forças gravitacionais de atração entre a Terra e a Lua e entre a Terra e o Sol.
Portanto, quando os centros desses astros estão na mesma linha, nos pontos da superfície da Terra que
estão sobre essa linha, a maré é ainda mais alta, sendo mais baixa nos pontos a 90º.

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Ação das marés, mostrada de maneira exagerada para melhor entendimento


A – situação isopotencial (sem maré); B – maré lunar; C – maré lunissolar

RESPOSTA Alternativa C

27
MODELO 2
(Enem) A lei da gravitação universal, de Isaac Newton, estabelece a intensidade da força de atração entre duas
massas. Ela é representada pela expressão:
m1m2
F = G ​ _____
 ​
d2
onde m1 e m2 correspondem às massas dos corpos, d é a distância entre eles, G é a constante universal da
gravitação e F é a força que um corpo exerce sobre o outro. O esquema representa as trajetórias circulares de
cinco satélites, de mesma massa, orbitando a Terra.

Qual gráfico expressa as intensidades das forças que a Terra exerce sobre cada satélite em função do tempo?
a) c)

d)

b)


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

e)

28
ANÁLISE EXPOSITIVA
A intensidade da força de atração gravitacional é inversamente proporcional ao quadrado da distância
entre a Terra e o satélite. Como as órbitas são circulares, a distância para cada satélite é constante, sendo
também constante a intensidade da força gravitacional sobre cada um. Como as massas são iguais, o
satélite mais distante sofre força de menor intensidade.
Assim: FA < FB < FC < FD < FE

RESPOSTA Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

LEI DA GRAVITAÇÃO
UNIVERSAL

FORÇA DE ATRAÇÃO |F| = GM⋅m


ENTRE CORPOS R2

VELOCIDADE v= G⋅M
DA ÓRBITA R

R3 G⋅M Relação
NEWTON + KEPLER =
T2 4π2 constante VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

CAMPO G⋅M Satélite


g=
GRAVITACIONAL (R+h)² estacionário

VELOCIDADE VE = 2⋅G⋅MT
DE ESCAPE R

29
EQUILÍBRIO DO
PONTO MATERIAL
​__› ​__›
Decompondo as forças de tração T ​
​ 1 e T ​
​ 2 nos eixos ortogo-
nais, tem-se:

CN AULAS
49 E 50
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 20

T1X = T1 · cos a  e  T1y = T1 · sen α


T2X = T2 · cos b  e  T2y = T2 · sen β
1. Equilíbrio estático
Se o sistema está em equilíbrio, a soma das forças em cada
Quando os objetos estão parados em relação à superfície
direção também é nula, ou seja:
da Terra, afirma-se que estão em uma condição de equi-
líbrio estático.
FRx = SFx = 0 e FRy = SFy = 0
É possível verificar se um corpo está em equilíbrio está-
tico a partir da primeira e da segunda lei de Newton. De Para a direção x, a força resultante deve ser nula (FRx = 0):
acordo com essas leis, se a força resultante sobre um
objeto for nula, sua velocidade permanecerá constante, FRx = T2x – T1x = 0
isto é, a velocidade não se modificará. Caso um obje-
A mesma condição deve ser válida para a direção y, ou
to esteja em repouso, o corpo se movimentará apenas
seja, a força resultante também deve ser nula (FRy = 0):
quando a soma de todas as forças que atuam no corpo
não for nula. FRy = T2y – T1y – P = 0
Nas situações em que mais de uma força atua sobre
Essas equações fornecem a relação entre as forças que
um corpo, uma vez que as linhas de ação de cada
atuam sobre o equilibrista na corda:
força se cruzam, o efeito final é equivalente a quando
as forças são aplicadas num único ponto desse corpo. FRx = 0 ä T2x = T1x
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Assim, pode-se desconsiderar o tamanho do corpo,


imaginando-o como um ponto sobre o qual todas as FRx = 0 ä T2y – T1y = P
forças são aplicadas. Esse ponto é denominado pon-
to material. Se o peso do equilibrista for conhecido, e os ângulos a e
b entre a corda e o plano estiverem na posição horizontal,
A seguir, como exemplo do estudo de equilíbrio estático, será possível determinar a intensidade da força de tensão
será analisado o sistema corda-equilibrista, ilustrado na fi- que atua sobre a corda enquanto o homem se equilibra.
gura. Em cada instante, o equilibrista se apoia em um pon-
to da corda que o sustenta. Para analisar o equilíbrio de
forças, é preciso verificar cada uma das forças que atuam 2. Condição de equilíbrio
sobre a corda. Para isso, é necessário estabelecer um siste-
ma de coordenadas cartesianas, o que permitirá decompor de um ponto material
as forças nas direções de x e y e, em seguida, realizar a Foi visto que o equilíbrio de um ponto material ocorre
soma vetorial. quando a soma das forças que atuam sobre ele é nula.

30
Assim, o equilíbrio pode ser classificado em:

§ equilíbrio
​_›_ ​___›
estático: o ponto material está em repou-
so (​v ​= 0 ​
​ );

§ equilíbrio dinâmico:
​_›_
o ponto material
_​__› está em movi-
mento constante (​v ​= constante ≠ 0 ​
​ ).

Dessa forma, independentemente do tipo de equilíbrio, se​___



a velocidade vetorial for constante, a aceleração vetorial a ​​
será nula. Portanto, se um ponto material estiver em equilí-
Componentes na direção do eixo x:
brio, será necessário e suficiente que a resultante de forças
dXX
que atuam sobre ele seja nula. ​ ​ 3 ​ ​ T1
T1x = T1 · cos 30º = ___
2
ponto material em equilíbrio ä FR = 0 T
T2x = T2 · cos 60º = __ ​  2 ​
2
Px = P · cos 90º = P = 0

Assim, a resultante na direção do eixo x é FRx:

FRx = T1x – T2x


dXX T
​ ​ 3 ​ ​ T1 – __
FRx = ___ ​  2 ​
multimídia: vídeo 2 2

Fonte: Youtube Componentes na direção do eixo y:


Fisica - Estática - Estática do Ponto Material T
T1y = T1 · sen 30º = __ ​  1 ​
2
dXX
​ ​ 3 ​ ​ T2
T2y = T2 · sen 60º = ___
Aplicação do conteúdo 2
Py = P · sen 90º = P · 1 = 100 N
1. Um corpo de peso 100 N é mantido em equilíbrio
pendurado por dois fios, como ilustra a figura. Deter-
mine as intensidades das trações nos fios, admitindo-os E, então, a resultante na direção do eixo y é FRy:
ideais (inextensíveis e de massas desprezíveis).
FRy = T1y+ T2y– Py
T ​dXX
FRy = + __ ​  3 ​ ​ T2 – 100
​  1 ​ + ___
2 2

Utilizando a condição de equillíbrio, FRx = 0 e FRy = 0:


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

dXX T
​  ​ 3 ​ ​ T1 – __
___ ​  2 ​= 0
2 2
T__1 ___ dXX
+ ​   ​ + ​ ​ 3 ​ ​ T2 – 100 = 0
2 2
Resolução: Resolvendo o sistema formado pelas duas equações, ob-
tém-se: T1 = 50 N e T2 = 50​dXX
3 ​ N.
É possível resolver o problema de dois modos.
2.º modo: método do polígono
1.º modo: isolando o ponto A
​__› _​_› ​___› Esse método de resolução será aplicado quando houver
Nesse caso, três forças atuam no ponto A: T ​
​ 1, T ​
​ 2 e P ​
​.
apenas três forças.
Adotanto um sistema de eixos x e y com origem no ponto
Deve-se procurar construir um polígono fechado com as
A, para que o ponto A fique em equilíbrio, tem-se:
três forças; para isso, é preciso deslocar os pontos de apli-
FR = 0 ä FRx = 0 e FRy = 0 cação de P e T2:

31
CG ⇒ CM

cubo homogêneo

Quando um corpo é lançado obliquamente, seu centro de


massa descreve a mesma trajetória que uma partícula lan-
Aplicando a lei dos senos ao triângulo formado (em todo çada com a mesma velocidade inicial, com o mesmo ângulo.
triângulo as medidas dos lados são proporcionais aos se- Para o caso em que se tem um sistema de pontos materiais
nos dos ângulos opostos), tem-se: P1, P2, P3,...,Pn de massas m1, m2, m3,..., mn, respectivamente.

______T1 T2 T3 y
​   ​ = ______
​   ​ = ______
​   ​ P3
sen 30° sen 60° sen 90°
P1
T T
__
​  1 ​ = ___ ​ 100 ​
​  2  ​ = ___
​   ​ ​   ​ 1
__1 dXX
​ 3 ​
___ P2
2 2
Pn

A partir dessa expressão, é possível obter duas igualdades:


x

__T 100
​  1 ​ = ___
​   ​
​  1 ​
__ 1 Sejam as coordenadas do ponto P1 = (x1y1), de P2 = (x2, y3), até
2 Pn = (xn, yn), segue que as coordenadas do centro de massa são:

T1 = 50 N
m . x1 + m2 . x2 + m3 . x3 + ... + mn . xn
xM = _____________________________
​  1 m
       
+ m + m + ... + m  ​
e 1 2 3 n

m . y1 + m2 . y2 + m3 . y3 + ... + mn . yn
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

T2 ___ yCM = ___________________________


​  1 m
       
+ m + m + ... + m  ​
​ ___  ​ = ​ 100 ​ 1 2 3 n
d 1
​  ​ 3 ​ ​
___ XX
2
T2 = 50​dXX
3 ​ N

3. Centro de massa
O ponto no qual é possível considerar que toda a massa
se concentra é denominado o centro de massa ou centro multimídia: vídeo
de gravidade de um corpo. Por exemplo, se um corpo é Fonte: Youtube
homogêneo, seu centro de massa (CM) coincide com o seu Estática do corpo rígido - Mãozinha em Física 023
centro geométrico (GM).

32
4. Classificação dos diferentes Se o centro de gravidade coincidir com o ponto de suspen-
são, o equilíbrio será indiferente. Nesse caso, ao movimen-
tipos de equilíbrio tar a placa, girando-a em torno do ponto O, ela permane-
O equilíbrio de um corpo pode ser estável, instável ou indi- cerá em equilíbrio na nova posição, qualquer que seja a
ferente. Para exemplificar cada um desses tipos, considere nova posição.
uma placa com centro de gravidade indicado pela sigla
“CG” e que esteja suspensa pelo ponto O.
Se a placa estiver em uma posição de equilíbrio, as forças
que agem na placa, que são o peso P, aplicado no centro
de gravidade CG, e a força de suspensão F, aplicada em O,
deverão ser opostas; para que isso seja possível, o ponto de
suspensão O e o centro de gravidade CG deverão pertencer
à mesma reta vertical.

As situações de equilíbrio podem ser compreendidas por


meio dos exemplos de uma pequena esfera sobre três su-
perfícies com características distintas:

§ No equilíbrio instável, ao retirar o corpo da sua posição


de equilíbrio, o corpo se afasta ainda mais dela quando
Caso a placa seja deslocada ligeiramente da posição de
abandonado.
equilíbrio, girando-a em torno de O e abandonando-a em se-
guida, a placa se movimentará de modo a retornar à posição § No equilíbrio estável, o corpo retorna à posição de
de equilíbrio. Nesse caso, afirma-se que o equilíbrio é estável. equilíbrio ao ser deslocado e abandonado da posição
de equilíbrio.

§ No equilíbrio indiferente, ao ser deslocado, o objeto


permanece em equilíbrio na nova posição em que
foi deslocado.

No equilíbrio estável, o centro de gravidade CG está abai-


xo do ponto de suspensão O. A figura anterior ilustra uma
placa deslocada da posição de equilíbrio estável (indicado Equilíbrio instável Equilíbrio estável
pelo retângulo tracejado). A placa girará em torno do pon-
to O até se equilibrar novamente.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Se o centro de gravidade estiver acima do centro de suspen-


são, o equilíbrio será instável. Nesse caso, qualquer desvio
da placa da posição de equilíbrio, girando-a em torno de O e
abandonando-a em seguida, fará com que a placa se movi-
mente e se afaste ainda mais da posição de equilíbrio.
Equilíbrio instável Equilíbrio estável Equilíbrio indiferente

Equilíbrio instável Equilíbrio estável Equilíbrio indiferente

33
Em que,
NDY = ND ⋅ sen(45º) – comp. vertical de ND
NEY = NE ⋅ sen(45º) – comp. vertical de NE
Sabe-se que, devido ao ângulo formado entre os apoios
DB e EA, o esforço devido ao peso do cilindro é dividido
multimídia: site igualmente entre estes. Dessa forma:
ND = NE = N

www.if.ufrgs.br/cref/?area=questions&id=570 Assim, para o equilíbrio de forças no eixo, tem-se:


P = NDY + NEY
100 = (N ⋅ cos (45º)) + (N ⋅ cos (45º))
Aplicação do conteúdo
​ 1000
N = ____ ​  2__ ​
 ​ ⋅ ___
2 √ ​ 2 ​
1. (Espcex (Aman)) Um cilindro maciço e homogêneo __
de peso igual a 1.000 N encontra-se apoiado, em equi- N = 500 √
​ 2 ​N
líbrio, sobre uma estrutura composta de duas peças
rígidas e iguais, DB e EA, de pesos desprezíveis, que É fácil observar também que, para o equilíbrio horizontal
formam entre si um ângulo de 90º e estão unidas por de forças, a tração no fio deverá ser igual à componente
um eixo articulado em C. As extremidades A e B estão horizontal de uma das componentes normal. Assim:
apoiadas em um solo plano e horizontal. O eixo divide
as peças de tal modo que DC = EC e CA = CB, conforme NEX = T
a figura a seguir. T = N ⋅ cos(45º)__
__ √
​ ​ 2 ​ ​
T = 500​√2 ​ ⋅ ___
2
T = 500N
Alternativa C
2. (UERJ) Em um pêndulo, um fio de massa desprezível
sustenta uma pequena esfera magnetizada de massa
igual a 0,01. O sistema encontra-se em estado de equi-
líbrio, com o fio de sustentação em uma direção per-
Um cabo inextensível e de massa desprezível encontra-
pendicular ao solo.
-se na posição horizontal em relação ao solo, unindo
as extremidades D e E das duas peças. Desprezando o Um ímã, ao ser aproximado do sistema, exerce uma for-
atrito no eixo articulado e o atrito das peças com o solo ça horizontal sobre a esfera, e o pêndulo alcança um
e do cilindro com as peças, a tensão no cabo DE é: novo estado de equilíbrio, com o fio de sustentação for-
__
Dados: cos 45º = sen45º = ​ __
2 √
​  2 ​ ​ mando um ângulo de 45º com a direção inicial.
Admitindo a aceleração da gravidade igual a 10 m ⋅ s-2,
g é a aceleração da gravidade
a) 200 N. d) 600 N. a magnitude dessa força, em newtons, é igual a:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

b) 400 N. e) 700 N. a) 0,1. c) 1,0.


c) 500 N. b) 0,2. d) 2,0.
Resolução: Resolução:
Decompondo as forças que estão atuando na bola, segue que: A figura mostra as forças que agem na esfera: peso, tração
e força magnética.

34
Como a esfera está em equilíbrio, pela regra da poligonal, as três forças devem fechar um triângulo.

tg 45º = __​ F ​ ⇒ F = P tg 45º = mg(1) = 0,01(10)⇒


P
⇒ F = 0,1 N.

Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O equilíbrio é uma característica importante da arte. Nas artes plásticas, o equilíbrio é o estudo da relação das partes com
o todo. A noção de equilíbrio só faz sentido se a composição da obra for observada num panorama geral. A sensação
visual de equilíbrio se associa à concepção física de estática, ou seja, o conceito está associado ao “peso visual”. Elemen-
tos muito grandes ou muito escuros têm maior peso visual do que elementos menores e claros, assim como objetos de
materiais metálicos ou de pedra têm maior peso visual do que outros constituídos de tecido, vidro ou materiais orgânicos.
Nos espetáculos circenses, o funambulismo é a arte de usar o equilíbrio que consiste em caminhar sobre uma corda
− conhecida como corda bamba ou, tecnicamente, funâmbulo − presa nos dois extremos, tensionada e em posição
elevada. Para manter o equilíbrio enquanto caminha em cima da corda, o acrobata posiciona o seu centro de massa
diretamente sobre sua base de suporte, deslocando a maior parte de seu peso sobre as pernas e posicionando os
pés paralelos entre si, um na frente do outro, de forma que aumente o momento de inércia e diminua a aceleração
angular, tornando sua posição mais estável.
Em 7 de agosto de 1974, o equilibrista francês Philippe Petit se equilibrou (sem a permissão das autoridades) em uma
corda bamba estendida entre as Torres Gêmeas, em Nova Iorque. Depois da façanha, Petit foi levado para um exame
psicológico e, posteriormente, preso. Para realizar o feito, ele ficou oito meses planejando o “crime” com amigos,
buscando um meio de enganar a segurança do World Trade Center e entrar no prédio com a corda de aço e equi-
pamentos. A trajetória de Petit é apresentada no premiado documentário O equilibrista, dirigido por James Marsh. VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O equilibrista Philippe Petit atravessando as Torres Gêmeas numa corda bamba

35
DIAGRAMA DE IDEIAS

EQUILÍBRIO

PONTO MATERIAL

∑FX = 0 e ∑FY = 0

EQUILÍBRIO
ESTÁTICO v=0

EQUILÍBRIO
DINÂMICO v = constante

Corpo homogêneo Centro geométrico


CENTRO DE
MASSA
Pontos materiais Coordenadas

Média ponderada

EQUILÍBRIO
Corpo se afasta da posição
INSTÁVEL

EQUILÍBRIO
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Corpo volta à posição


ESTÁVEL

EQUILÍBRIO
Corpo permanece na nova posição
INDIFERENTE

36
aplicada e a distância do ponto de aplicação dessa força
até o eixo de rotação.
Essa relação é denominada momento de uma força
ou torque.
EQUILÍBRIO DO A grandeza momento
_​›_ (M) pode ser definida conside-
rando uma força F ​
​ ​_›_e um ponto O denominado polo. O
CORPO EXTENSO momento da força F ​ ​ em relação _​›_a um ponto O fixo é o
produto da intensidade da força F ​​ pela distância d entre
o ponto de aplicação da força e o ponto O, conforme a
figura a seguir.

CN AULAS
51 E 52
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 20

Assim,

1. Momento de uma força MFO = F · d

Quando uma chave de boca é girada, em qual dos pontos


se deve segurá-la (A ou B) para que fique mais fácil ros- O momento de uma força sempre tende a causar um movi-
quear a porca? mento de rotação do corpo em torno do polo considerado
sob a ação dessa força.
O momento pode ser positivo ou negativo e a convenção
de sinais é arbitrária; no entanto, será adotada a seguinte:

§ Rotação no sentido anti-horário: momento positivo.


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ Rotação no sentido horário: momento negativo.

1.1. Binário
Os cofres possuem segredos para que possam ser abertos.
Além de conhecer a sequência de números correta, é neces-
Quando alguém tenta fechar uma porta, ocorre uma situ- sário girar o botão. Para isso, é preciso aplicar um par de forças
ação semelhante à de rosquear a porca. Se uma força é paralelas de mesma intensidade e sentidos opostos. A mesma
exercida no ponto B, nota-se que há uma dificuldade maior situação ocorre com os pés nos pedais de uma bicicleta.
para se abrir a porta do que quando a mesma força é exer-
cida no ponto A. Isso acontece porque o eixo de rotação é
o que contém as dobradiças. Assim, no caso da chave de
boca e no caso da porta, é possível observar que há uma
relação entre o efeito produzido em uma rotação, a força

37
​__›
As forças binárias são aquelas aplicadas a esses sistemas. a) o momento da força F ​
​ em relação ao ponto A;
Assim, por serem duas forças de mesma intensidade e dire- b) o momento da força-peso da barra em relação ao
ção, mas de sentidos opostos, como mostrado na imagem ponto A.
anterior, e por serem aplicadas em pontos distintos, elas Dados: sen 30° = 0,5; cos 30° = 0,8; g = 10 m/s2; F = 80
produzem rotação. Assim, a soma dos momentos das for- N; mbarra = 3 kg
ças é diferente de zero.
Resolução:
O momento de um binário é dado pelo módulo do momen-
to resultante. Observe a figura: a) Da figura, tem-se que a força não é perpendicular ao
eixo de rotação; logo, para resolver o problema, é preci-
so encontrar a distância (representada pela letra d) que
passa pelo ponto A e é perpendicular à projeção da força
F. Assim, por trigonometria, encontra-se o valor de d.

M-F,D = +F · AD
MF,D = +F · DB
Mbinário = MF,D + MF,D = F · (AD + DB)

Mbinário = F · b

Sendo:

§ b: braço do binário ​  d  ​ ∫ __
sen 30° = ___ ​ d ​
​ 1 ​ = __
AB 2 2
§ F: intensidade da força d=1m
_​›_
Portanto, o momento de F ​
​ em relação ao ponto A é:
Aplicação do conteúdo MF,A = +F · d ä MF,A = 80 · 1 = 80 N · m
1. Considerando as forças atuantes na barra AD, de peso b) Como a força-peso atua no centro de massa da
desprezível, indicadas na figura, determine o momento barra, representada pelo ponto G, e é perpendicular
de cada uma das forças em relação ao ponto O. ao eixo de rotação, tem-se:

Dados: F1 = 10 N; F2 = 20 N; F3 = 30 N; F4 = 40 N.
MP,A = –P · AG ä MP,A = –mg · AG
Resolução:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

MP,A = –3 · 10 · 1
MF1,O = –F1 · DO = –60 N · m
MP,A = –30N · m
MF2,O = +F2 · CO = 60 N · m
MF3,O = –F3 · BO = –30 N · m
MF4,O = –F4 · AO = –80 N · m

2. Sabendo que a barra representada na figura pode gi-


rar em relação ao ponto A, determine:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Introdução ao torque

38
2. Equilíbrio de um Resolução:

corpo extenso Analisando as forças apenas sobre a viga, tem-se:

Quando um corpo é submetido a diversas forças e em pon-


tos distintos, ele é denominado corpo extenso. O equilíbrio
desse corpo deve satisfazer duas condições:

§ 1.ª condição: a resultante de todas as forças que


agem sobre o corpo deve ser nula.
A força-peso da viga está localizada no ponto G, que é seu
centro de gravidade; assim, seu peso total é P = 50 N, pois
tem 5 m de comprimento e pesa 10 N/m. Portanto, se a
viga está em equilíbrio, tem-se:

R = 0 ä RA + RB – P1 – P2 – P = 0

RA + RB­ – 20 – 40 – 50 = 0
A ponte é um exemplo de corpo extenso.
___
​› __
​› RA + RB = 110
F ​​ R = S​F ​
Considerando os momentos em relação ao ponto G, ob-
O que implica em: tém-se:
___
​› __
​› ___
​›
​F ​ RX = S​F ​x = O
 ​
​ MRG = 0 ä MRA,G + MP1,G + MP,G + MP2,G + MRB,G = 0
​___› ​__› ​___›
F ​​ RY = S​F ​Y = O ​
​ –RA ⋅ AG + P1 ⋅ CG + P ⋅ 0 – P2 ⋅ DG + R2 ⋅ BG = 0

–RA ⋅ 2,5 + 20 ⋅ 1,5 + 0 – 40 ⋅ 2 + RB ⋅ 2,5 = 0


Por essa condição, o corpo não apresenta movimento de
–2,5 ⋅ RA + 2,5 ⋅ RB = 50
translação.
–RA + RB = 20
§ 2.ª condição: a soma algébrica dos momentos de to-
das as forças que atuam sobre o corpo, em relação ao Resolvendo o sistema:
mesmo ponto, deve ser nula. RA + RB = 110
​____› ​____› ​___› –RA + RB = 20
​ R = S​M ​= 0 ​
M ​ ​
Conclui-se que:
Por essa condição, o corpo não apresenta movimento de 2RB = 130
rotação. RB = 65 N
Assim:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo
RA + RB = 110 ä RA + 65 = 110 ä RA = 45 N
1. Uma viga de 5 m de comprimento, que pesa 10 N/m,
está apoiada em duas extremidades, A e B. Ela suporta
dois pesos, um de 20 N e outro de 40 N, conforme a figura.

Determine a intensidade da força de reação nos apoios A e B.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O desafio do centro de gravidade (experiência)

39
3. Máquinas simples A relação entre a força resistente e a força motriz é deno-
minada vantagem mecânica da talha; assim:
A capacidade muscular limitada do ser humano estimu-
lou a criação de equipamentos práticos que facilitassem ​ P  ​
vantagem mecânica = __
as atividades de erguer e locomover grandes pesos. Esses FM
equipamentos são denominados máquinas simples.
Um exemplo disso é o caso de se ter uma carga de
A utilização de máquinas simples possibilitou a realização peso P = 1.600 N, a ser levantada por um sistema de duas
de determinados trabalhos em intervalos menores de tem- polias móveis. A força que a pessoa deveria exercer para
po. Com elas é possível multiplicar o esforço, ou seja, obter equilibrar esse sistema deve ser Fm = 400 N, isto é, quatro
forças de grande intensidade aplicando forças de menor in- vezes menor do que o peso P. Dessa forma, a vantagem
tensidade. Além disso, essas máquinas também permitem mecânica dessa máquina seria igual a 4.
mudar a direção e o sentido de uma força.
Essas máquinas simples são muito utilizadas, sendo
as mais comuns a talha exponencial e a alavanca.

3.1. Talha exponencial


A talha exponencial consiste em uma associação de polias
móveis, tendo apenas​_›_ uma das polias fixa. Será obtido o multimídia: vídeo
valor da força motriz F ​
​ M que uma pessoa deve exercer para Fonte: Youtube
sustentar um peso P, considerando o sistema de polias mó- Telecurso2000 - Física - Momento da força (torque)
veis da figura:
Em princípio, o peso P está em equilíbrio devido às duas
forças de intensidade __ ​ P ​; na segunda polia, por sua vez,
3.2. Alavanca
2
o peso __ ​ P ​é equilibrado por duas forças de intensidade __ ​ P ​ Uma alavanca nada mais é do que uma barra rígida que pode
2 4 girar em torno de um ponto fixo denominado apoio ou fulcro.
​  P  ​.
ou __
22
Como é possível observar, cada polia móvel “divide” o
_​›_ assim, se houver n polias móveis, o valor
peso pela metade;
da força motriz F ​
​ M para sustentar um peso P será:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em uma alavanca, pode-se destacar:


Elementos:
O: ponto de apoio;
AO: braço da força motriz;
OB: braço da força resistente.
Forças atuantes:
​___›
N ​
​ : reação normal do apoio;
​____›
​ Pn ​
FM = __ F​ M ​: força motriz ou potente;
2 ​___›
R ​
​ : força resistente.

40
Existem três tipos de alavancas: interfixas, inter-resistentes § Alavanca interpotente
e interpotentes. Nesse tipo de alavanca, o esforço é aplicado entre o
§ Alavanca interfixa apoio e a carga. O pegador de gelo, de macarrão e de
salada e a vara de pescar são exemplos de alavanca
Nesse tipo de alavanca, o apoio fica entre a carga e o interpotente.
esforço. O alicate e a tesoura (associações de duas ala-
vancas), o martelo e o guindaste são exemplos de ala-
vancas interfixas.

O pegador de gelo é um exemplo de alavanca interpotente.

Quando um pedaço de fio é dobrado ou cortado com


3.3. Condição de equilíbrio
um alicate, a força aplicada no cabo é transferida
e ampliada para a extremidade contrária.
de uma alavanca
Considerando a alavanca interfixa da figura, para que ela
permaneça em equilíbrio, tem-se:
§ Alavanca inter-resistente
Nesse tipo de alavanca, a carga fica entre o apoio e MR = 0 ä MR,0 + MN,0 + MF,0 = 0
o esforço. O carrinho de mão, o amassador de alho, R · BO + N · 0 – F · AO = 0
o espremedor de limão e o quebra-nozes são alguns
exemplos de alavancas inter-resistentes. Assim:

R · BO = F · AO

Observe que o produto da força resistente pelo seu braço


de ação é igual ao produto da força motriz pelo seu braço. VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Quando um alho é amassado ou um limão é espremido,


aplica-se a força na extremidade do cabo para
esmagar a carga que se encontra entre as mãos e a
outra extremidade, onde se localiza o ponto de apoio.

41
Aplicação do conteúdo
1. Para um determinado experimento, dispõe-se de um
conjunto de fios e polias ideais. As polias são associadas
conforme a ilustração, sendo três móveis e uma fixa. No
fio que passa pela polia fixa, suspende-se um corpo de
massa m e o conjunto é mantido em repouso, uma vez
que está preso ao solo por meio de fios e de um dina-
mômetro (d) de massas desprezíveis, que registra 400 N.

Alternativa D
2. (UECE) Um fio de nylon é inicialmente tensionado e
fixado por suas extremidades a dois pontos fixos. Poste-
riormente, no ponto médio do fio, é feita uma força per-
pendicular à direção inicial do fio. Durante a aplicação
dessa força, é correto afirmar que a força feita sobre o
fio nos pontos de fixação:
a) tem direção diferente e é menor que a tensão inicial;
b) tem direção diferente e é maior que a tensão inicial;
c) tem a mesma direção e é maior que a tensão inicial;
d) tem a mesma direção e é menor que a tensão inicial.

Num determinado instante, corta-se o fio no ponto Resolução:


onde se mostra a tesoura (t), e, assim, o corpo de massa
m cai livremente. Passado 1,00 segundo de queda, qual A partir da figura a seguir, é possível tirar algumas conclusões:
a quantidade de movimento, em módulo, desse corpo?

Dado: g = 10 m/s2
a) 5,0 kg ⋅ m/s. d) 50 kg ⋅ m/s.
b) 10 kg ⋅ m/s. e) 80 kg ⋅ m/s.
c) 40 kg ⋅ m/s.

Resolução:
Para a configuração das polias apresentadas (são três po-
lias móveis), o peso e a massa do corpo em equilíbrio de-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

vem ser, respectivamente, 50 N e 5 kg, já que:

​ 400 ​= 50N
​ Rn ​ = ___
P = __
2 8
A aplicação da força F no fio, mesmo que para pequenos
P = mg ä 50 = m · 10 ä m = 5 kg
valores de ângulos a, provoca a tensão T’ na corda que não
Como o corpo tem aceleração de 10 m/s2, após 1 segundo tem a mesma direção da tensão inicial T.
de queda livre adquire velocidade de: Por outro lado, o valor de T’ é obtido pelo equilíbrio das
v = v0 + at forças no eixo vertical:
v = 10 · (1) ä v = 10 m/s ​  F  ​
F = 2T’ sen a → T’ = ______
2 sen a
Assim, sua quantidade de movimento será: Para ângulos pequenos, tem-se que 2 sen a < 1.
Q = mv Assim, T’ > F.
Q = 5 (10) ä Q = 50 kg · m/s
Alternativa B

42
VIVENCIANDO

Os conceitos de estática são fundamentais


em construções. Em um prédio, por exemplo,
noções equivocadas de estática podem com-
prometer toda a construção. Os conceitos de
estática são utilizados diariamente em guin-
dastes, pontes e gruas.
No cotidiano, movimentando o corpo pelas idas
e vindas de um dia atribulado, uma pessoa está
lidando constantemente com conceitos físicos.
Para estudar o funcionamento do corpo huma-
no, é necessário aplicar princípios da estática. A
biomecânica é o ramo da medicina que estuda o
funcionamento estático e dinâmico das partes do
corpo. Entender como o sistema locomotor opera
possibilita otimizar o desempenho esportivo dos
atletas e uma melhora qualitativa no tratamento
de doenças que afetam a capacidade motora.
Diagrama de forças do bíceps e antebraço

3. (UFG) Para tratar fraturas do fêmur, é comumente utili- Resolução:


zado um aparato chamado de sistema de tração de Rus-
sel, em que uma haste rígida A traciona o fêmur, como a) A intensidade da força de tração (F) no fio é igual ao
esquematizado na figura a seguir. Considere que a perna peso da massa suspensa (m).
esteja completamente engessada, que a massa da haste
F = mg = 7,5 ⋅ 10 = 75 N.
seja desprezível e que as polias e fios sejam ideais.
A tração na haste (T) é dada pela lei dos cossenos.

T2 = F2 + F2 + 2 FFcos120º →
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

→ T = F2 + F2 – F2 → T = F →
→ T = 75 N
b) A figura mostra as forças verticais atuantes na perna.

Para o caso em que a perna esteja orientada hori-


zontalmente, com β = 60º e m = 7,50 kg, calcule:
a) o módulo da tração, em newtons, exercida ao lon-
go da perna, considerando g = 10 m/s2;
b) a massa da perna, considerando que seu comprimen-
to seja L = 1,0 m, que seu centro de massa fique a uma
distância de 45 cm da cabeça do fêmur e que a faixa de
suporte esteja colocada a 10 cm da planta do pé.

43
O momento resultante é nulo. Resolução:
M​__​› ​ + M​​__› ​= 0 ⇒ Mg(45) – mg(90) = 0 ⇒
P F
A figura a seguir mostra as forças externas que agem na estrutura:
⇒ M = 2m = 2 ⋅ 7,5 ⇒ M = 15 kg

4. (IME)

Para haver equilíbrio, é preciso que ∑F = 0 e


A figura mostra duas barras AC e BC que suportam, em
∑MF0(qualquer) = 0
equilíbrio, uma força F aplicada no ponto C. Para que os
esforços nas barras AC e BC sejam, respectivamente, 36 Calculando a resultante vertical das forças, tem-se:
N (compressão) e 160 N (tração), o valor e o sentido das
componentes vertical e horizontal da força F devem ser:
Fy + T2 sen30º = 0
⇒ Fy = – T2 ⋅ sen30º = –80 N
Observação:
__ despreze os pesos das barras e adote ​
√3 ​= 1,7. Calculando a resultante horizontal das forças, tem-se:
a) 80N (↓), 100 N (→). Fx + C1 – T2 cos30º = 0
b) 100N (↓), 100 N (→). 1,7
⇒ Fx + 36 – 160 . ___
​   ​= 0
c) 80N (↑), 100 N (←). 2
⇒ Fx = 100 N
d) 100N (↑), 100 N (←).
e) 100N (↓), 100 N (←). Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Alguns antropólogos determinam que o desenvolvimento de máquinas simples é o marco da transição dos homi-
nídeos para o Homo sapiens. As máquinas simples são instrumentos que permitem a mudança da direção e/ou
módulo de uma força aplicada. A primeira máquina simples da qual se tem notícia é um objeto análogo a uma
machadinha. De acordo com a definição proposta na Renascença, uma máquina simples é formada por apenas
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

uma peça; entre essas máquinas, estão a polia, o plano inclinado e a alavanca.
O princípio de construção das máquinas simples pode ser aplicado para a construção de qualquer outra máquina,
seja ela constituída de apenas uma peça ou de muitas. Esses equipamentos permitem alterar o mundo ao redor e
interagir com ele. As ferramentas são o principal mecanismo de interação física com o mundo. Um exemplo disso está
na famosa história contada pelo escritor grego Plutarco, na qual Arquimedes, ao descobrir as leis das alavancas, teria
afirmado: “Deem-me um ponto de apoio e eu levantarei o mundo”.

44
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

O aluno deve explorar a habilidade 20 com o objetivo de compreender situações de equilíbrio de corpos exten-
sos, compreendendo, assim, situações nas quais existe torque. Além, é claro, de descrever os tipos de alavanca
e seu correto funcionamento.

MODELO 1
(Enem) A figura mostra uma balança de braços iguais, em equilíbrio, na Terra, onde foi colocada uma massa m,
e a indicação de uma balança de força na Lua, onde a aceleração da gravidade é igual a 1,6 m/s2, sobre a qual
foi colocada uma massa M.

M ​ é:
A razão das massas __
​ m
a) 4,0.
b) 2,5.
c) 0,4.
d) 1,0.
e) 0,25.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para a primeira figura, na superfície da Terra, se os braços da balança são iguais, as massas nas extremi-
dades também são iguais. Assim, m = 0,5 + 0,5 ⇒ m = 1 kg.
A segunda figura mostra que o peso do bloco na superfície da Lua é 4 N. Então:
​  P  ​= ___
P = MgLua ⇒ M = ___ ​  4  ​ ⇒ M = 2,5 kg.
gLua 1,6
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Fazendo a relação pedida:

RESPOSTA Alternativa B

45
MODELO 2

(Enem) Retirar a roda de um carro é uma tarefa facilitada por algumas características da ferramenta utilizada,
habitualmente denominada chave de roda. As figuras representam alguns modelos de chaves de roda:

Em condições usuais, qual desses modelos permite a retirada da roda com mais facilidade?
a) 1, em função de o momento da força ser menor.
b) 1, em função da ação de um binário de forças.
c) 2, em função de o braço da força aplicada ser maior.
d) 3, em função de o braço da força aplicada poder variar.
e) 3, em função de o momento da força produzida ser maior.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para forças de mesma intensidade (F), aplicadas perpendicularmente nas extremidades das alavancas,
para os três modelos, 1, 2 e 3, tem-se os respectivos momentos:

RESPOSTA Alternativa B
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

46
DIAGRAMA DE IDEIAS

ESTÁTICA DE
CORPO EXTENSO

MOMENTO DE
MO = F·d
UMA FORÇA

MOMENTO DE
MBinário = F·b
UM BINÁRIO

EQUILÍBRIO DO ∑F = 0 e
CORPO EXTENSO ∑MO = 0

TALHA Vantagem P
= n
EXPONENCIAL mecânica 2

Interfixa: Inter-resistente: Interpotente:


ALAVANCA apoio entre carga carga entre apoio esforço entre
e esforço e esforço apoio e carga

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

47
ANOTAÇÕES

________________________________________________________
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VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

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______________________________________________________

48
FÍSICA

6
CIÊNCIAS DA
HIDROSTÁTICA E
HIDRODINÂMICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Dentre os temas deste livro, o que pode Dentre os assuntos mais abordados deste
aparecer é grandezas físicas, com questões livro, podem aparecer com mais frequência
mais objetivas. questões sobre conceitos fundamentais de
hidrostática, exigindo conhecimento sobre
as forças em um corpo submerso, como a
do empuxo.

Dentre os assuntos mais abordados deste Dentre os temas abordados neste livro, o Dentre os assuntos abordados deste livro,
livro, podem aparecer com mais frequência de maior incidência é conceitos fundamen- podem aparecer com mais frequência os
questões sobre conceitos fundamentais da tais da hidrostática, exigindo conhecimen- conceitos fundamentais sobre hidrostática,
hidrostática, como teorema de Stevin. to de corpos submersos em um líquido e com questões mais objetivas.
interpretação das forças aplicadas nesses
corpos, como a do empuxo.

Os assuntos abordados neste livro não têm A prova tem grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de te-
muita incidência na prova, porém, pode porém, pode aparecer alguma questão que temas. Eventualmente, podem aparecer mas, porém, pode aparecer hidrostática,
aparecer alguma questão que envolva os envolva análise dimensional de grandezas questões básicas sobre pressão hidros- exigindo conhecimento da interpretação de
conceitos fundamentais da hidrostática, físicas. tática. forças em um corpo submerso em um certo
relacionados com questões de Química. líquido, como a força de empuxo.

UFMG
A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de
temas. Eventualmente, podem aparecer temas. Eventualmente, podem aparecer temas, porém, pode aparece o conteúdo
questões conceituais sobre hidrostática. questões de análise dimensional de gran- básico de hidrostática.
dezas físicas mais objetivas.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Eventualmente, podem aparecer questões A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de
sobre pressão de corpos dentro de um temas. Eventualmente, pode aparecer o temas. Eventualmente, podem aparecer
fluido, exigindo conceitos fundamentais de estudo da hidrostática, com questões que questões relacionadas ao equilíbrio de cor-
hidrostática. envolvam um corpo submerso em um certo pos submersos em um líquido, exigindo o
líquido, exigindo conhecimento da interpre- uso de equações e conceitos fundamentais
tação de forças nesse corpo em equilíbrio, da hidrostática.
como a força de empuxo.

50
Na tabela a seguir são dados os valores de densidades (ou
massas específicas) de alguns materiais.

Material ou corpo Densidade (g/cm3)

HIDROSTÁTICA:
Água (a 4ºC) 1,0

Gelo 0,917
CONCEITOS INICIAIS Óleo (a 20ºC) 0,8 a 0,9

Álcool etílico (a 20ºC) 0,79

Corpo humano (média) 1,0

Material Densidade (g/cm3)

CN AULAS Cortiça 0,22

45 E 46 Madeira 0,12 a 1,3

Alumínio 2,7
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
Aço 7,86
1, 5 e 6 2, 17 e 20
Mercúrio (a 0ºC) 13,6

O ramo da Física que estuda o comportamento mecânico Aplicação do conteúdo


dos fluidos (líquidos e gases) em equilíbrio estático, ou seja,
em repouso, é a fluidostática. Outro termo empregado 1. Um corpo tem massa de 800 g e ocupa um volume de
nesse tipo de estudo é hidrostática, do grego hydro, que 200 cm3. Determinaremos a densidade desse corpo em:
significa “água”. a) g/cm3
b) kg/m3
Existem duas grandezas importantes no estudo da fluidostáti-
c) kg/L
ca e que serão definidas inicialmente: a densidade e a pressão.
Resolução:

1. Densidade e massa a) A partir dos dados fornecidos, encontramos diretamente a


densidade em g/cm3. Como a massa é m = 800 g e o volume V
específica = 200 cm3, temos:
800 g
Suponhamos um corpo com volume V e com massa m. d = _______
​   ​= 4,0 g/cm3
Chamamos de densidade d do corpo a relação definida por: 200 cm3
b) Nesse caso, devemos alterar as unidades:
​ m ​
d = __
V 1 kg = 103 g ä 1 g = 10–3 kg
1 m = 102 cm ä 1 cm = 10–2 m
Nessa expressão, o valor de V do volume do corpo é o vo-
1 cm3 = (1 cm)3 = (10–2 m)3 = 10–6 m3
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

lume total do corpo, ou seja, o volume incluindo quaisquer


espaços ocos (vazios) em seu interior. Portanto:
10–3 kg
Caso o corpo seja maciço, isto é, sem espaços vazios em seu in- d = 4,0 g/cm3 = 4,0 · ______
​  –6 3 ​ = 4,0 ⋅ 103 kg/m3
terior, e homogêneo, então a densidade do corpo recebe a de- 10 m
nominação de massa específica do material do que é feito. c) Convertendo a unidade de volume:
A unidade de massa específica ou densidade, no SI, é 1 L = 103 cm3 ä 1 cm3 = 10–3 L
o kg/m3. Frequentemente, são usadas as unidades g/cm3 e Portanto:
kg/L, sendo L o símbolo do litro. 10–3 kg
d = 4,0 g/cm3 = 4,0 · ______
​  –3  ​= 4,0 kg/L
10 L
Lembremos que:
1 L = 103 cm3 e 1m3 = 103 L
No estudo da Termologia, aprendemos que a densidade de
uma substância depende da temperatura, e no caso dos
gases, também depende da pressão.

51
2. Pressão
Em Dinâmica, as forças, de um modo geral, atuam em um
único ponto de um corpo. No entanto, os fluidos exercem
forças sobre os corpos que se “espalham” ao longo de sua
superfície, isto é, a força é exercida sobre a superfície do corpo
e não em um ponto apenas. Esse “espalhamento” é levado
em consideração com uma nova grandeza chamada pressão.
Como na figura, consideremos uma superfície de área A Resolução:
sobre​_›_ a qual estão aplicadas forças perpendiculares, sendo
A intensidade da força F que o tijolo exerce sobre a mesa é igual
​ é a resultante dessas forças. Definimos a pressão
que F ​
à intensidade de seu peso:
média (pm) exercida por essa força como a razão do mó-
dulo da força pela área: F = P = m ⋅ g = (1,2 kg)(10m/s2) ä F = 12 N

A área da base do tijolo é:

_​_› A = (20 cm)(6,0 cm) = 120 cm2


 ​ ​
​ ​F ​ 
pm = ___  ​
A Assim, a pressão média exercida pelo tijolo é:
​__
​F ​ ​__› ​
A partir dessa definição, podemos obter a unidade de p = ​   ​= 12 N/120 cm2 = 0,1 N/cm2
A
pressão:
Mas:
unidade de intensidade de força
unidade de pressão = ________________________
​         ​ 1 cm2 = (1cm)2 = (10–2 m)2 = 10–4 m2
unidade da área
Portanto:
No SI, a unidade de pressão é o newton por metro qua-
​  N 2 ​= 1,0 · 103 N/m2
p = 0,1 ___
drado (N/m2), que foi chamada de pascal (Pa) em ho- cm
menagem ao matemático e físico francês Blaise Pascal, que
deu contribuições significativas para o estudo dos fluidos. 2.1. Pressão em fluidos
Assim:
A figura a seguir ilustra uma característica importante das
1 N/m2 = 1 pascal = 1 Pa forças exercidas por um fluido em repouso: essas forças
são perpendiculares às superfícies em contato com o fluido.
Na prática, existem outras unidades de pressão que são
usadas. Elas serão apresentadas ao longo do nosso estudo.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo
1. Um tijolo de massa 1,2 kg está apoiado sobre uma
mesa horizontal, como mostra a figura abaixo.

Calculemos, em N/m2, a pressão exercida pelo tijolo sobre Agora, como indica a primeira figura a seguir, considere um
a mesa, considerando g = 10 m/s2. ponto p no interior de um fluido em equilíbrio. Usaremos
a expressão pressão no ponto p para nos referirmos à
pressão nesse ponto. Imaginando uma superfície nesse
ponto P, a força de intensidade F (causada pelo fluido no
entorno) atua de cada lado da superfície, mantendo em
equilíbrio aquela porção de fluido. A orientação dessa su-
perfície é arbritrária, pois o fluido está em equilíbrio e, por-
tanto, deve haver equilíbrio para qualquer superfície.

52
3. Lei de Stevin
A figura abaixo ilustra um fluido em repouso, sob a ação da
aceleração da gravidade. Considere que as pressões nos pon-
tos B e C sejam pB e pC, respectivamente. O físico e matemáti-
co flamenco Simon Stevin (1548-1620) encontrou a seguinte
expressão que relaciona as pressões nesses dois pontos:
Uma propriedade importante dos fluidos em equilíbrio é que
a pressão em dois pontos distintos, mas em um mesmo nível,
isto é, na mesma altura em relação ao fundo do recipiente,
por exemplo, como os B e C da figura a seguir, é igual, isto é,
a pressão pB é igual a pressão pC, ou ainda, pB = pC.

pC = pB + d · g · h

Nessa expressão, d é a massa específica do líquido, h é o des-


nível entre os pontos B e C e g é a aceleração da gravidade.
Essa equação foi determinada experimentalmente por Ste-
vin, chamada Lei de Stevin. No entanto, usando as leis
Podemos verificar essa relação considerando uma porção
de Newton, é possível deduzir essa equação.
de fluido no formato de um cilindro horizontal muito fino,
sendo que os pontos B e C estejam nas bases desse ​____› cilin-
​____›
Uma vez que a pressão de dois pontos em um mesmo nível
dro. Sobre essas bases, atuam forças horizontais F​B ​e F​C ​ é igual, tomemos os pontos B e C, de modo que ambos
causadas pelo restante do fluido. Considerando o equilíbrio estejam na mesma direção vertical.
do fluido, ou seja, que o fluido está em repouso, devemos ter:

FB = FC
Chamando de A a área das bases do cilindro, temos:
FB = pB · A e FC = pC · A A seguir, suponhamos que os pontos B e C pertencem à
Substituindo em FB = FC, obtemos: base de um pequeno cilindro de líquido na direção verti-
cal (figura abaixo).​___› No cilindro, existem três forças verticais​
pB · A = pC · A ou pB = pC atuando:
____› ​____› o peso P ​
​ do líquido contido no cilindro e as forças​
FB ​e F​ C ​exercidas pelo líquido restante (ao redor desse ci-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

lindro). Devido à condição de equilíbrio do cilindro, temos:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Revelação da água que se multiplica

FC = FB + P

53
Considerando que pB e pC são as pressões nas bases do 3.1. Vasos comunicantes
cilindro, ou seja, nos pontos B e C e que A é a área das
bases do cilindro, temos: Vimos uma aplicação da Lei de Stevin para situações sim-
ples de líquidos em um recipiente. No entanto, essa lei é vá-
FC = pC · A e FB = pB · A lida independentemente da forma do recipiente, bastando
Sendo V o volume e m a massa do líquido dentro do cilindro, o líquido estar em equilíbrio e sob a ação da aceleração da
podemos escrever, utilizando a densidade do líquido (d): gravidade. Assim, por exemplo, no caso da figura a seguir
podemos escrever:
P=m·g=d·V·g=d·A·h·g
Substituindo na primeira equação, obtemos a Lei de Stevin:

pC · A = pB · A + d ( A · h · g )
pC = pB + d · g · h

A superfície livre do líquido sofre a ação da pressão atmos-


férica (figura abaixo). Essa pressão se deve à camada de ar
que envolve a Terra. Adiante, veremos como calculá-la. A
pressão atmosférica que é exercida nos corpos próximos à
superfície tem um valor de aproximadamente patm j 105 Pa. py = px + dgh ou py = pz + dgh

Nesse exemplo, as pressões nos pontos X e Z são iguais


pelo fato desses pontos estarem no mesmo nível:
px = pz

Por essa razão, se um recipiente tiver várias aberturas, de


modo que o líquido esteja submetido à pressão atmosfé-
rica, então o nível do líquido deve ser o mesmo em todas
Aplicação do conteúdo essas aberturas (figura abaixo).

1. A pressão atmosférica vale patm =1,01 · 105 N/m2 em


uma determinada região. Considere que um peixe em
uma profundidade h de 15,0 m. Sabendo que nesse lo-
cal a densidade da água do mar é d = 1,03 · 103 kg/m3,
vamos calcular a pressão suportada pelo peixe, conside-
rando que a aceleração da gravidade vale g = 10,0 m/s2.

Porém, se houver mais de um líquido que não se mistura


(imiscível) nesse recipiente, então os níveis dos líquidos em
contato com o ar podem ser diferentes. A seguir veremos
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

um exemplo desse caso.

Resolução:

De acordo com a lei de Stevin, a pressão para uma profun-


didade h = 15,0 m é dada por:
p = patm + dgh = (1,01 · 105) + (1,03 · 103)(10,0)
multimídia: vídeo
(15,0)
Fonte: Youtube
p = (1,01 · 105) + (1,55 · 105) = 2,56 · 105
Pressão - Vasos comunicantes -
p = 2,56 · 105 N/m2 = 2,56 · 105 Pa
Mãozinha em Física 028

54
Aplicação do conteúdo 3.2. Validade da Lei de Stevin
A validade da Lei de Stevin depende da densidade do flui-
1. O recipiente, representado na figura a seguir, tem do. Uma condição é que a densidade deve ser a mesma em
um formato em U e contém dois líquidos imiscíveis em
todas as porções do fluido. No caso dos líquidos, em geral,
equilíbrio: água, de densidade dA = 1,0 g/cm3, e o óleo
de oliva, de densidade dO = 0,90 g/cm3. Sabendo que a essa condição é verdadeira, devido à resistência que existe
coluna de óleo mede hO = 20 cm, calcularemos o desní- para comprimir um líquido.
vel h entre as duas superfícies livre dos líquidos. No caso dos gases, porém, a situação é diferente. Os gases
podem ser comprimidos com muita facilidade, e assim, sob
a ação da gravidade, as camadas inferiores são comprimi-
das pelas camadas superiores. Desse modo, a densidade
das porções inferiores é maior do que a das porções supe-
riores, devido ao fato de as moléculas ficarem mais próxi-
mas uma das outras do que nas camadas superiores. Con-
sequentemente, a densidade do gás diminui com a altitude
em relação à superfície da Terra. No entanto, essa variação
Resolução: é pequena, caso o desnível seja de apenas poucos metros.
Outro ponto é que a variação de pressão relacionada ao
Na figura, os pontos X e Y estão no nível do mesmo líquido termo do produto (d · g · h) é pequena em comparação
(água). Consequentemente, a pressão nesses dois pontos com a dos líquidos.
são iguais: Dessa forma, se um gás estiver em um recipiente cuja
dimensão vertical seja pequena, podemos admitir que a
pressão é a mesma em todos os pontos do gás.

4. Princípio de Pascal
O matemático e físico francês Blaise Pascal (1623-1662),
em 1651, enunciou o seguinte princípio em um importante
trabalho denominado Sobre o equilíbrio dos líquidos:
px = py

Calculando px pelo ramo esquerdo do tubo, temos: Uma pressão externa aplicada a um líquido dentro
de um recipiente é transmitida, sem diminuição, para
px = patm + dA · g · hA todo o líquido e para as paredes do recipiente.

Calculando py pelo ramo direito do tubo, obtemos: Veremos os detalhes desse resultado no exemplo a seguir.
pg = patm + do · g · ho
Aplicação do conteúdo
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Dessa forma, igualando as duas expressões:


1. A figura representa o esquema de um sistema hidráu-
patm + dA · g · hA = pAtm+ do · g · ho ä lico, sendo que os êmbolos X e Y, têm massas desprezí- ​__›

ä dA · hA = do · ho veis e áreas Ax = 20 cm2 e Ay = 50 cm2. Uma força ​F ​x é


aplicada sobre o êmbolo X, que é imediatamente_​_› sentida
e então, obtemos o valor de hA: no êmbolo Y, com intensidade de força igual a ​F ​y. Supon-
do Fx = 60 N, vamos calcular Fy.

( )
d 0,90
hA = ​  __o · ho = ​ ____
​   ​  ​· 20 = 18 cm
dA 1,0

Assim:
h = ho – hA = 20 cm – 18 cm = 2 ä h = 2 cm

Nesse caso, o desnível da superfície em contato com o ar


do óleo e da água é de 2 cm.

55
Resolução:
De acordo com o princípio de Pascal, a pressão deve ser a
mesma nos êmbolos:
F FY ______ F
p = __ ​   ​ ä ​  60 N2 ​= _______
​  X ​ = __ ​  Y 2 ​ ä FY = 150 N
AX AY 20 cm 50 cm
No resultado do exercício anterior, podemos notar que a
força no segundo êmbolo é maior do que a força aplicada
no primeiro êmbolo, ou seja, Fy > Fx. De outro modo, nota-
mos que a aplicação de uma força de pequena intensida-
de no lado “fino” causa uma força de grande intensidade
no lado “grosso”. Os mecanismos hidráulicos usados, por Na parte superior do tubo, que ficou vazia, cria-se um vá-
exemplo, nos freios de veículos, utilizam esse princípio para cuo. No entanto, esse vácuo não é perfeito, pois um pou-
transmitir forças, como ilustra a figura abaixo. co de mercúrio evapora, preenchendo o espaço. Porém, a
pressão do vapor de mercúrio é muito pequena e pode ser
desconsiderada, isto é, podemos admitir que pX j 0.
A interpretação dada por Torricelli sobre esse resultado é
que a coluna de mercúrio é mantida nessa altura devido à
pressão atmosférica no líquido do recipiente. Desse modo,
o ar comprime a superfície livre do mercúrio, “empurran-
do-o” para cima no interior do tubo. Se a região superior
(vazia) do tubo for aberta e colocada em contato com o ar,
então a coluna de mercúrio irá abaixar.
O valor de 76 cm da coluna de mercúrio é o valor obser-
vado no nível do mar. Como dito anteriormente, a pressão
atmosférica diminui à medida que nos afastamos da su-
perfície da Terra. Por exemplo, na cidade paulista de Cam-
5. Pressão atmosférica pos do Jordão, situada a 1.800 metros acima do nível do
mar, a altura da coluna de mercúrio mede apenas 61 cm.
Anteriomente, foi mencionado que a atmosfera exerce uma A unidade de pressão (que não pertence ao SI), chamada
pressão sobre os corpos próximos à superfície da Terra. No atmosfera (atm), é definida assim:
entanto, como é possível medir essa pressão?
Um dos modos de medir a pressão atmosférica é através 1 atmosfera (1 atm) é a pressão equivalente à exer-
do experimento realizado pelo matemático e físico italiano cida por uma coluna de mercúrio de altura 76 cm, à
Evangelista Torricelli, em 1643. temperatura de 0º C, num local onde a gravidade é
normal (g = 9,80665 m/s2).
Primeiramente, Torricelli encheu um tubo de vidro de apro-
ximadamente 1 metro com mercúrio (Hg). Em seguida, com
Determinaremos, agora, a relação entre as unidades de pres-
o tubo fechado, mergulhou-o invertido num recipiente que
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

são: atmosfera e pascal.


também continha mercúrio. Por último, a extremidade tapa-
da do tubo foi liberada. Nessa situação, o nível de mercúrio Consideremos o tubo sob um recipiente, como na figura
desce um pouco, e estabiliza-se em uma altura de aproxima- abaixo.:
damente 76 cm acima da superfície livre do mercúrio.

56
Nessa situação, temos:
pA = pX + dgh

Mas pX = 0 e pA é a pressão atmosférica (patm). Assim:

patm = 0 + dgh = dgh

A densidade do mercúrio a 0 ºC é d = 13.5955 kg/m3. Assim:

patm = dgh = (13.5955 kg/m3)(9,80665 m/s2)(0,760 m)

patm j 1,013 · 105 N/m2 ä 1atm = 1,013 · 105 a) Calcule a razão mínima entre os raios dos pistões A
e B para que o elevador seja capaz de elevar o equi-
Pa j 105 Pa
pamento.
As unidades de pressão centímetro de mercúrio b) Sabendo que a área do pistão A é de 0,05 m2, calcu-
(cmHg) e o milímetro de mercúrio (mmHg) também le a área do pistão B.
c) Com base no desenho, calcule a pressão manomé-
são utilizadas, em geral.
trica no ponto C situado a uma distância h = 0,2 m
Essas unidades de pressão são as exercidas por colunas de abaixo do ponto, onde a força F é aplicada.
mercúrio de alturas 1 cm e 1 mm, à temperatura de 0 ºC Resolução:
(zero grau Celsius), numa região onde a aceleração da gra-
vidade tem seu valor normal. Desse modo, temos: a) Do teorema de Pascal:
__ _____
rA 2 __ rA __F ____
1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg __ __
r​ B2​ r​ A2​
F

rA __1
() __
B P
F __
B
√ √
​   ​ = ​   ​ ⇒ ​ r​   ​  ​ = ​   ​ ⇒ r​   ​= ​ ​   ​ ​ = ​ ​  250  ​ ​
P
P 4000

⇒ __ r​  B ​ = 4​   ​.


Aplicação do conteúdo
b) Aplicando novamente o teorema de Pascal:
1. Se Torricelli tivesse usado água ao invés de mercúrio
para fazer o seu experimento de medida da pressão at- ​  P  ​ = __
__ ​  4000
​  F  ​ ⇒ ____ ​  250  ​ ⇒
 ​ = ____
AB AA AB 0,05
mosférica, qual seria a altura da coluna de água corres-
4000 . 0,05
pondente a 1 atm? ⇒ AB = __________​   ​
250
Resolução: ⇒ AB = 0,8 m2
Sendo d a densidade da água, h a altura da coluna e g a acele- c) A pressão manométrica corresponde à pressão da coluna lí-
ração da gravidade, a pressão atmosférica (patm) no experimento quida.
de Torricelli deve ser dada por:
p = dgh = 700 . 10 . 0,2 ⇒ p = 1400 N/m2
patm = dgh
3. (CPS) Se cavarmos um buraco na areia próxima às
e assim: águas de uma praia, acabaremos encontrando água, de-
patm vido ao princípio físico denominado Princípio dos Vasos
h = ___
​ Comunicantes.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

d.g
Assinale a alternativa que apresenta a aplicação desse
Como patm = 1 atm j 105 Pa, d j 103 kg/m3 e princípio, no sistema formado pelos três recipientes aber-
g j 10 m/s2, substituindo os valores, obtemos: tos em sua parte superior e que se comunicam pelas ba-
ses, considerando que o líquido utilizado é homogêneo.
​  10
5
h j ______  ​ ä h j 10 m
103 · 10 a)

2. (UFJF-PISM 2) Um dos laboratórios de pesquisa da


UFJF recebeu um equipamento de 400 kg. É necessá-
rio elevar esse equipamento para o segundo andar do
prédio. Para isso, eles utilizam um elevador hidráulico,
como mostrado na figura abaixo. O fluido usado nos b)
pistões do elevador é um óleo com densidade de 700
kg/m3. A força máxima aplicada no pistão A é de 250 N.
Com base nessas informações, RESPONDA:

57
c) Resolução:
Essa questão poderia ser mais esclarecida quanto à pressão de
referência ao nível da água e, também, poderia fornecer mais
dados, como as densidades da água e do ar.
Supondo que o nível da água está coincidindo com o nível médio
d) do mar, podemos dizer que nesse ponto a pressão é de 1 atm, e
sabendo-se que a cada 10 m de coluna de água temos aproxi-
madamente 1 atm, como a altura da coluna de água é de 100
m, então a pressão no ponto B comparada ao nível da água será
de 10 atm.

e) Já a coluna de ar vai influenciar a pressão na terceira casa deci-


mal, portanto, a coluna de ar pode ser desprezada.
Logo, pB – pA = 10 · patm

Alternativa C

Resolução:
De acordo com o teorema de Stevin, pontos de um mesmo
líquido que estão na mesma horizontal suportam a mesma
pressão. A recíproca é verdadeira: se os níveis estão sob mes-
ma pressão, então eles devem estar na mesma horizontal.
Alternativa C multimídia: site
4. (Udesc) De acordo com a figura, considerando h = 100 m
e a densidade do ar sendo uniforme, ao longo da dis- www.fisica.net/hidrostatica/pressao_liquidos_stevin.php
tância h, a variação de pressão entre as posições B e A
é aproximadamente:
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/EstaticaeHi-
drostatica/pressao.php

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Hidrostática - Teorema de
Stevin e vasos comunicantes

a) 0.
b) 1 · patm.
c) 10 · patm.
d) 1000 · patm.
e) 100 · patm.

58
VIVENCIANDO

As aplicações dos conceitos físicos da hidrostática estão presentes em diversos momentos do nosso cotidiano. Quando o
motorista pisa no pedal do freio, provoca uma pressão que atua sobre o compartimento com o fluido de freio. A pressão
se transmite por todo o fluido, inclusive dentro de um sistema de tubos que vai agir sobre as rodas do carro, travando-as.
Assim, é o fluido que empurra as pastilhas contra os discos de freio, fazendo o carro parar. O fluido de freio é um compos-
to sintético ou semissintético e uma das suas principais características é a capacidade de não se comprimir. Esse sistema
de fluido de freio facilita muito o processo de frear os automóveis e pode ser usado também em bicicletas.
Quando bebemos um suco ou um refrigerante com o canudinho, a hidrostática também está presente. Quando
puxamos o ar de um canudinho, a pressão diminui em seu interior. Isso acontece porque o ar que permanece no
canudo se espalha, fazendo com que a pressão de dentro fique menor. Como a pressão atmosférica no líquido não
se modificou, ela empurra o líquido para dentro, fazendo o líquido subir pelo canudo. Se tentássemos beber algo com
um canudinho na Lua, isso não seria possível pela falta de atmosfera no nosso satélite natural.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Cerca de 70% da biosfera terrestre estão debaixo d’água, e todos os organismos que vivem em ambientes aquáticos
estão submetidos à pressão hidrostática. Essa pressão pode variar bastante, comparando por exemplo os animais que
vivem próximo da superfície e os peixes abissais.

Anoplogaster cornuta, exemplo de peixe abissal, que vive onde a pressão hidrostática pode chegar a 40 atmosferas

A pressão hidrostática é definida fisicamente como a pressão exercida pelo peso de uma coluna de algum fluido
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(líquido ou gasoso) em equilíbrio. A determinação da pressão depende da densidade do fluido, da altura da coluna
onde o fluido se encontra e da gravidade local. A pressão hidrostática é capaz de induzir uma variedade de adapta-
ções morfológicas e fisiológicas nos seres vivos e nos organismos que os compõem, como as células.
As proteínas e enzimas estão entre as macromoléculas mais estudadas para compreender como a pressão hidros-
tática pode alterar o funcionamento de componentes orgânicos, devido ao fato de que mudanças de volume estão
associadas a importantes alterações nas proteínas. Muitas enzimas podem ter suas atividades moduladas sob alta
pressão hidrostática, como a especificidade das proteases. Isso é possível porque altos valores de pressão podem
alterar a estabilidade e a funcionalidade das enzimas, fazendo com que elas deixem de funcionar.

59
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

Atualmente, as bancas pedem que o aluno saiba captar informações do enunciado, como relações matemáticas e
tabelas, além de saber relacionar com os conhecimentos aprendidos em sala de aula.

MODELO 1
(Enem) Um dos problemas ambientais vivenciados pela agricultura, hoje em dia, é a compactação do solo,
devido ao intenso tráfego de máquinas cada vez mais pesadas, reduzindo a produtividade das culturas.
Uma das formas de prevenir o problema de compactação do solo é substituir os pneus dos tratores por pneus mais:
a) largos, reduzindo a pressão sobre o solo;
b) estreitos, reduzindo a pressão sobre o solo;
c) largos, aumentando a pressão sobre o solo;
d) estreitos, aumentando a pressão sobre o solo;
e) altos, reduzindo a pressão sobre o solo.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Essa é uma questão bem simples, que pede ao aluno a aplicação do conceito de pressão (fundamental na
hidrostática) em outras situações usuais.
A pressão média (pm) é a razão entre o módulo da força normal aplicada sobre uma superfície e a área
(A) dessa superfície:
pm = Fnormal/A
De acordo com essa expressão, para prevenir a compactação, deve-se diminuir a pressão sobre o solo: ou
se trabalha com tratores de menor peso, ou aumenta-se a área de contato dos pneus com o solo, usando
pneus mais largos.

RESPOSTA Alternativa A
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

60
DIAGRAMA DE IDEIAS

HIDROSTÁTICA

FLUIDOS IDEAIS

DENSIDADE OBJETO OCO

d=m
V
MASSA ESPECÍFICA OBJETO MACIÇO

PRESSÃO FORÇA ESPALHADA p= F


A

LEI DE STEVIN ∆p = d⋅g⋅∆h

PONTOS NO
VASOS COMUNICANTES
MESMO NÍVEL
Mesma pressão

VASOS COMUNICANTES dA⋅hA = dB⋅hB VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

FA FB
PRINCÍPIO DE PASCAL =
AA AB
PRENSA HIDRÁULICA

61
da na figura a seguir, em que um corpo C está imerso no
interior de um fluido em repouso, sob a ação da gravidade.
A partir da Lei de Stevin, sabe-se que a pressão no inte-
rior do fluido aumenta com a profundidade. Dessa forma,

HIDROSTÁTICA:
a intensidade da força que é exercida pelo fluido em cada
unidade de área da superfície do corpo também aumenta.
EMPUXO Assim, como as forças exercidas na parte inferior do corpo
são mais intensas do que as forças exercidas na parte su-
​___›
perior, a resultante E ​
​ dessas forças tem sentido para cima.

CN AULAS
47 E 48
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
1, 5 e 6 2, 3, 17 e 20

1. Empuxo Aplicação do conteúdo


É fácil perceber a diferença entre segurar uma pedra, ou
outro objeto qualquer, dentro e fora da água. Quando a 1. Um corpo em formato de paralelepípedo, de área da
base A e altura h, é colocado no interior de um fluido
pedra é segurada dentro da água, nota-se que ela parece
em equilíbrio, de modo que as arestas laterais do para-
mais leve. Isso ocorre
​___› porque a água exerce sobre a pedra lelepípedo ficam verticais, como mostra a figura.
uma força vertical E ​
​ , com sentido para cima. Essa força é
denominada empuxo.
Quando a pedra é retirada de dentro da água, o empuxo
que era exercido pela água desaparece, e a pedra parece
ficar mais pesada.
z
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Dados: df = 1,0 · 103 kg/m3, g = 10 m/s2, h = 3,0 m, A = 2,0 m2,


dc = 1,5 · 103 kg/m3

De modo geral, a experiência mostra que: a) Sabendo que V é o volume do corpo, expresse, em
função de V, dF e g, o módulo do empuxo exercido
pelo fluido sobre o corpo.
Um corpo que esteja total ou parcialmente submerso b) Calcule o módulo do empuxo e módulo do peso do
num fluido em equilíbrio (e sob a ação da gravidade) corpo. Que conclusão podemos tomar a partir desses
recebe a ação de uma força vertical para cima, isto é, cálculos?
de sentido oposto ao da gravidade. Essa força é deno-
minada empuxo. Resolução:
a) Sendo p1 a pressão do fluido na face superior do
​____› ​____›
É possível explicar com certa facilidade não apenas a exis- centro e p2 a pressão na face inferior, as forças F​ 1 ​e F​ 2 ​
tência do empuxo, mas também o fato de ele ter sentido exercidas pelo fluido nessas faces têm intensidades
para cima. Considere, por exemplo, a situação representa- dadas por:

62
Assim, substituindo os valores fornecidos, obtém-se:
P = (1,5 · 103 kg/m3)(3,0 m)(2,0 m2)(10 m/s2)
P = 9,0 · 104 N

F1 = p1 · A e F2 = p2 · A

Da figura anterior, pode-se ver que p2 > p1 e F2 > F1 É possível concluir, então, que o corpo deverá afundar,
Por simetria, as forças exercidas pelo fluido sobre as pois P > E.
faces laterais
​___›
do paralelepípedo se cancelam. Assim, a
resultante E ​
​ , mostrada na figura a seguir, das forças
exercidas pelo fluido sobre o corpo tem módulo dado
por:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Empuxo de Arquimedes - Mãozinha em Física 030

E = F2 – F1 = p2A – p1A = (p2 – p1) · A

No entanto, pela Lei de Stevin, a relação da pressão na 2. Princípio de Arquimedes


face superior e inferior é:
No exercício resolvido, foi visto que o empuxo pode ser cal-
p2 – p1 = dFgh culado a partir da Lei de Stevin, quando o corpo está no
Substituindo, segue que: interior do fluido. Isso é possível em duas condições:

E = dF · g · h · A § quando o objeto apresenta um formato especial ou


conhecido (isto é, volume fácil de calcular ou densi-
Como h ∙ A é o volume V do paralelepípedo, a equação dade conhecida);
fica:
E = dF · g · V § quando o objeto está numa determinada posição (flu-
tua, está imerso ou afunda).
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

b) Pela equação obtida no item anterior, tem-se:


Caso o corpo tenha um formato qualquer, o cálculo do em-
E = dF · g · h · A
puxo poderá ser muito complexo.
Substituindo os valores dados, tem-se: O físico e matemático grego Arquimedes (287-212 a.C.)
descobriu uma maneira muito simples e engenhosa de
E = (1,0 ∙ 103 kg/m3)(10 m/s2)(3,0 m)(2,0m2) calcular o empuxo. Como em sua época ainda não exis-
E = 6,0 · 104 N tia o conceito moderno de força – que foi introduzido por
Newton muito mais tarde –, o princípio de Arquimedes
Como m é a massa e P é o peso do corpo, segue que: será apresentado por meio de argumentos ligeiramente
diferentes.
P=m·g
No interior de um fluido em equilíbrio e sob a ação da gra-
No entanto: vidade, considere uma porção desse fluido delimitada por
m = dc · V = dc (hA) uma superfície S.

63
Nota:
A parte do corpo que está submersa, ou imersa, é
aquela que está no interior do líquido. Já a parte que
está fora do líquido é a parte emersa.

O fluido que caberia no espaço ocupado pela parte sub-


mersa do corpo foi chamado por Arquimedes de fluido
deslocado. Assim, o princípio de Arquimedes pode
Na figura, é possível observar que essa​____porção de fluido ser enunciado da seguinte maneira:
› ​___›
está sob a ação de duas forças: o peso P​ F ​e o empuxo E ​
​,
que resulta das forças exercidas pelo restante do fluido que O empuxo exercido por um fluido sobre um corpo que
age sobre essa porção de fluido interna a S. Deve-se ter a está total ou parcialmente submerso nesse fluido tem
seguinte condição, uma vez que o fluido está em equilíbrio: módulo igual ao módulo do peso do fluido deslocado
pelo corpo.
E = PF
A partir da equação E = PF e sabendo que mF , dF e VF são,
Suponha agora que um corpo C substitua o espaço ocu-
respectivamente, a massa, a densidade e o volume do flui-
pado pelo fluido no interior de S. As forças exercidas sobre
do deslocado, tem-se:
S pelo fluido que está fora de S são as mesmas, tanto no
caso da figura anterior como no da figura a seguir, pois a E = PF
superfície S não mudou. Dessa forma, em ambos os casos, PF = mF · g
o empuxo é o mesmo e é dado pela equação: mF = dF · VF
E = PF
Portanto, tem-se:

E = dF · VF · g

Essa equação é igual à do exercício resolvido anteriormente.

Assim:

O módulo do empuxo é igual ao módulo do peso do multimídia: vídeo


líquido do recipiente que caberia dentro do espaço Fonte: Youtube
ocupado pelo corpo.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Empuxo e suas propriedades e o


princípio de Arquimed...
Portanto, se o corpo estiver parcialmente submerso em um
líquido, como no caso do navio mostrado na figura a seguir, o
empuxo será igual ao peso do líquido (no caso, da água) que Aplicação do conteúdo
caberia no espaço ocupado pela parte submersa do corpo.
1. Calcule a intensidade do empuxo, o peso e a densidade
de um corpo homogêneo de volume VC = 0,16 m3 que flutua
em um líquido de massa específica d1 = 0,80 · 103 kg/s2.

64
Resolução: É possível considerar três casos relacionados às densidades
dF e dC:
Do enunciado, segue que o volume total do corpo é
§ Se dC > dF:
VC = 0,16 m3; logo, o volume da parte emersa é V1 = 0,04 m3. ​____›
Assim, o volume da parte submersa, isto é, do volume do líquido Tem-se PC > E, e, portanto, a força resultante F​ R ​ apon-
deslocado será: tará para baixo, conforme a figura a seguir. Tendo
partido do repouso, o corpo afundará até atingir o
VL = Vc – V1 = 0,16 m3 – 0,04 m3 = 0,12 m3
​___›
fundo do recipiente. Assim, a diferença PC – E é o peso
Foi visto que a intensidade do empuxo (​E ​) é igual ao peso do aparente do corpo.
líquido deslocado, ou seja, é o peso do líquido que caberia no
§ Se dc = dF:
espaço ocupado pela parte submersa do corpo, que nada mais _​___›
é do que o espaço de volume VL. Portanto: Tem-se PC = E, e, portanto, a força resultante F​R ​ será
E = PL = mL · g = dL · VL · g = (0,80 · 103 kg/m3 (0,12m3) (10m/s2) nula e o corpo permanecerá em repouso.
E = 9,6 · 102 N § Se dc < dF:
​____›
Como o corpo flutua,​____significa que ele está em equilíbrio. As- tem-se E > PC, e, nesse caso, a força resultante F​ R ​ apon-

sim, o peso do corpo P​ C ​e o empuxo têm a mesma intensidade: tará para cima, como mostrado na figura, fazendo com
que o corpo suba até ficar parcialmente submerso.
PC = E = 9,6 · 102 N
PC = E = PL ä PC = PL ä mC · g = mL · g ä mC = mL ä
V1
ä dC · VC = dL · VL ä dC = __
​   ​ dL ä
VC
0,12
dC = ____
​   ​· (0,80 · 103) ä dC = 0,60 · 103 kg/m3
0,16

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Fluidos Aplicação do conteúdo
1. Nas regiões frias, há diversos blocos de gelo que
flutuam no mar, os chamados icebergs. Isso acontece
3. Empuxo e densidade devido à densidade do gelo ser um pouco inferior à da
água líquida. Sabendo que a densidade da água do mar
Considere um corpo qualquer, de densidade dc, abando-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(dA) é aproximadamente 1020 kg/m3 e a densidade do


nado no interior de um fluido de densidade dF, como na gelo (dc) é de aproximadamente 920 kg/m3, calcule que
imagem a seguir. Uma vez que o corpo está totalmente fração do volume de um iceberg fica emersa.
imerso, o volume do fluido deslocado será igual ao volume
do corpo: VF = VC = V. Dessa forma, as intensidades do peso
e do empuxo serão dadas por:

Resolução:
​___›
Considerando
​___› as intensidades do peso do iceberg (​P ​) e do
PC = dcVg e E = dfVg
empuxo (​E ​) exercido pelo mar sobre o gelo, sendo VG o

65
volume total do gelo e VA o volume da água deslocada, 3.1. Navios
tem-se:
Sabe-se que a densidade do aço é maior que a da água.
E = da · VA · g   e   P = dG · VG · g Dessa forma, conforme os casos discutidos anterior-
mente sobre densidade e empuxo, se um bloco maciço
Como o iceberg está em equilíbrio, deve-se ter: de aço for atirado na água, ele afundará. No entanto,
embora os navios tenham seus cascos feitos de aço,
eles não afundam; eles flutuam na água, parcialmente
submersos. Isso ocorre porque o navio não é um bloco
maciço de aço. Os navios possuem partes vazias (ocas)
que fazem com que sua densidade seja menor que a da
água e, por isso, eles boiam.

Aplicação do conteúdo
1. Um garoto segura uma bexiga cheia de gás hélio,
como ilustra a figura a seguir. Calcule a intensidade da
E=P força exercida pelo garoto sobre a bexiga desprezando
as massas do fio que o garoto segura e da borracha da
ou: qual a bexiga é feita.
da · VA · g = dG · VG · g
Dados: dH = densidade do hélio = 0,17 kg/m3 , da = densidade
Rearranjando a equação e substituindo os dados fornecidos: do ar = 1,20 kg/m3; V = volume da bexiga 10-2 m3g = 10 m/s2.
dg
VA = __ ​ 920  ​ VG
​   ​ VG = ____
dA 1020

VA = 0,90 VG = 90% VG

Assim, o volume submerso é 90% do volume total de gelo.


Em consequência, apenas 10% do volume de gelo perma-
necem acima da superfície do mar.

VIVENCIANDO

O princípio do empuxo de Arquimedes pode explicar tudo que flutua. No dia a dia, é fácil perceber coisas flutuando,
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

como os balões. Pode ser estranho citar o balão como um objeto que flutua, mas os gases também são fluidos. Eles
diferem dos líquidos por possuírem uma densidade menor. A Terra é envolta por uma mistura de gases, conhecida como
a atmosfera terrestre. Portanto, o planeta está envolto por uma camada de fluido. Objetos cujas densidades sejam
menores do que a densidade da atmosfera tendem a flutuar. Os dirigíveis são grandes objetos contendo em seu interior
gases mais leves do que o ar. O hélio é o gás mais usado para preencher balões meteorológicos e de publicidade.
Outro exemplo da atuação do empuxo são os icebergs. Eles são formados por grandes massas de água doce (as massas
de água salgada são denominadas banquisas), no estado sólido, que se deslocam seguindo as correntes dos oceanos.
Na maioria das vezes, apenas 10% do volume total do iceberg emergem à superfície, e os outros 90% ficam submersos,
oferecendo enorme perigo às navegações. A massa específica do gelo, em condições polares, vale 0,917 g · cm−3. Assim,
a densidade do gelo é ligeiramente menor que a da água, o que faz com que os icebergs flutuem.

66
Resolução: Verifica-se que a esfera leva 4s para atingir o fundo
do recipiente, a 80 cm de profundidade. Considerando
Nesse caso, o fluido que envolve a bexiga é o ar. Sabe-se que a
densidade do hélio é menor do que a do ar; assim, se o garoto g = 10/s2, e que apenas as forças peso e empuxo atuem
soltasse o fio, a bexiga subiria. sobre a esfera, determine:
Desprezando as massas do fio e da borracha, as forças a) a velocidade, em m/s, com que a esfera toca o fun-
​___› que atu-
am na bexiga, conforme a figura, são: o empuxo (​E ​) exercido do do recipiente;
pelo ar sobre a bexiga, a tração exercida pelo fio e a força-peso. b) a densidade do líquido, em g/cm3.
Como a bexiga está em repouso, deve-se ter:
Resolução:

a) Trata-se de um movimento retilíneo uniformemente


acelerado, em que a velocidade média é dada pela
média das velocidades, sendo possível calcular a ve-
locidade final:
v – v0
​ Ds ​ = _____
vm = ___ Ds ​+ v ⇒
​   ​ ⇒ v = 2​ ___
Dt 2 Dt 0
0,8m
⇒ v = 2 ∙ ____
​   ​+ 0 ∴ v = 0,4 m/s
(4s)

Outra possibilidade é calcular a aceleração e, depois, a ve-


locidade final:
v0 = 0 e s0= 0
E = T + P ou T = E – P ​  a ​ t2
s = s0 + v0t + __ ​ 2s2 ​ =
a = __
2 t
Mas: 2 · 0,8 m
_______
= ​   ​ ∴ a = 0,1 m/s2
(4s)2
P = dH · V · g e E = dar · V · g
v = v0 + at ⇒
Assim: ⇒ v = 0 + 0,1 m/s2 . 4s ∴ v = 0,4 m/s
T = E – P = daVg – dHVg = (da – dH) · Vg b) A força resultante é dada pela diferença entre o
peso da esfera e o empuxo:
No entanto:
1 m3 = 103 L ä 1L = 10–3 m3 ä 10 L = 10–2 m3

Assim:
V = 10 L = 10-2 m3

Substituindo os valores dados na equação (*), tem-se:


T = (dar – dHr) · Vg ä
(1,20 kg/m3 – 0,17 kg/m3)(10–2 m3)(10 m/s2) j 0,10 j 0,10 N
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

T j 0,10 N
2. (FMJ) Uma esfera rígida de volume 5 cm3 e massa Fr = P – E
100 g é abandonada em um recipiente, com velocidade
Usando o princípio fundamental da dinâmica e as definições
inicial nula, totalmente submersa em um líquido, como
mostra a figura. do peso e do empuxo, obtém-se a massa específica do lí-
quido:

ma = mg – μligVg ⇒
m(g – a) ________________
100 g · (10 – 0,1)m/s2
⇒ μlig = _______
​   ​=   
​      ​
Vg 5 cm3 ∙ 10 m/s2
∴ μlig = 19,8g/cm3

67
3. (CFT-MG) Dois blocos A e B de mesmas dimensões Resolução:
e materiais diferentes são pendurados no teto por fios
de mesmo comprimento e mergulhados em uma cuba Dados: V = 5 cm3 = 5 × 10-6 m3;
cheia de água, conforme a figura a seguir. Cortando-se x = 0,1cm = 10-3 m; da = 1 g/cm3; dc = 0,1 g/cm3 = 10-2 kg/m3.
os fios, observa-se que A permanece na mesma posição
dentro da água, enquanto B vai para o fundo. A figura mostra as forças agindo na esfera: peso (P); empuxo (E)
e força elástica (F).

Com relação a esse fato, pode-se afirmar que a densi-


dade do bloco
a) B é menor que a de A.
Como a esfera é homogênea, sua densidade é igual à do material
b) A é menor que a de B.
que a constitui. Assim, ela é menos densa que a água; portanto,
c) A é menor que a da água.
sua tendência é flutuar, provocando na mola uma distensão. Por
d) B é menor que a da água.
isso, a força elástica na esfera é para baixo.
Resolução: Do equilíbrio de forças:
O bloco A continua na mesma posição: sua densidade é igual à F + P = E ⇒ F = E – P ⇒ F = da Vg – dc Vg ⇒
da água;
⇒ kx = (da – dc) Vg ⇒
O bloco B vai para o fundo: sua densidade é maior que a da água. (103 – 102) · 5 · 10-6 · 10
_____________________
k = (da – dc)Vg/x =
   ​      ​ =
Assim: 10-3
= 9 · 102 · 5-2 ⇒ k = 45 N/m ⇒
dA = dág dB > dág dA < dB
⇒ k = 0,45 N/cm.
Alternativa B
Alternativa A
4. (UFPR) Uma esfera homogênea e de material pou-
co denso, com volume de 5,0 cm3 está em repouso,
completamente imersa em água. Uma mola, disposta
verticalmente, tem uma de suas extremidades presa ao
fundo do recipiente e a outra à parte inferior da esfera,
conforme figura abaixo. Por ação da esfera, a mola foi
deformada em 0,1 cm, em relação ao seu comprimento
quando não submetida a nenhuma força deformadora. multimídia: site
Considere a densidade da água como 10 g/cm3, a ace-
leração gravitacional como 10 m/s2 e a densidade do
material do qual a esfera é constituída como 0,1 g/cm3. www.pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/buoyant-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

-force-and-archimedes-principle/a/buoyant-force-and-archi-
medes-principle-article
www.fisica.net/hidrostatica/principio_de_arquimedes_
empuxo.php
www.web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/museu%20
virtual/curiosidades%20e%20descobertas/Massas_e_
Volumes/empuxo.html
Com base nas informações apresentadas, assinale a
alternativa que apresenta a constante elástica dessa
mola.
a) 0,45 N/cm. d) 450 N/cm.
b) 4,5 N/cm. e) 4500 N/cm.
c) 45 N/cm.

68
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Arquimedes de Siracusa foi um matemático, inventor e astrônomo grego que nasceu em 287 a.C. Apesar de existi-
rem poucos documentos sobre sua vida, ele é considerado por muitos pesquisadores o maior matemático da anti-
guidade e o fundador dos estudos da estática e da hidrostática dentro da Física. Foi morto por um soldado romano,
durante o cerco de Siracusa.
Uma famosa lenda sobre Arquimedes conta que um rei de Siracusa, chamado Hierão, consultou o cientista grego
para resolver um problema envolvendo sua coroa. O rei estava em dúvida se sua coroa era realmente feita comple-
tamente de ouro ou se o ourives real havia misturado outros metais mais baratos para confeccionar a coroa. Certo
dia, entretido com essa questão, Arquimedes tomava banho numa banheira. De repente, ele teve um vislumbre da
solução e saiu correndo pelado pelas ruas da cidade, gritando “eureka, eureka”, que quer dizer “descobri, descobri”.
A água que transbordava da banheira cheia tinha o mesmo volume de seu corpo. Utilizando-se dessa propriedade
física, Arquimedes poderia provar se o ourives era um trapaceiro. Ele observou que blocos de massa iguais, mas feitos
um de ouro e outro de prata, faziam transbordar volumes de água: por serem materiais de densidades diferentes,
os blocos não tinham o mesmo volume. Utilizando uma bacia cheia de água, ele descobriu que o bloco de prata
deslocava um maior volume de água que o bloco de ouro. Em seguida, ele verificou que o volume de água que a
coroa transbordava era maior que o do bloco de ouro e menor que o do bloco de prata. Arquimedes concluiu que o
ourives não havia usado ouro puro na coroa, mas feito uma mistura de metais. Ele usou a densidade para provar que
a coroa tinha sido feita com uma liga de ouro e prata.
Com efeito, trata-se de uma lenda. Arquimedes nunca escreveu sobre o suposto episódio. O registro mais antigo
sobre essa história aparece, pela primeira vez, na introdução de um livro escrito pelo arquiteto romano Vitruvius,
mais de 300 anos depois da morte de Arquimedes. Galileu foi um dos primeiros a duvidar da história, questionando
a precisão dos experimentos realizados por Arquimedes na lenda. Atualmente, acredita-se que o desafio proposto
por Hierão na verdade envolvia a construção de um imenso barco, que seria construído e dado de presente para um
imperador no Egito.

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

69
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

É cada vez mais importante que o aluno desenvolva a capacidade de relacionar e utilizar os conhecimentos
adquiridos de Física em diversas situações.

MODELO 1
(Enem) Durante uma obra em um clube, um grupo de trabalhadores teve de remover uma escultura de ferro
maciço colocada no fundo de uma piscina vazia. Cinco trabalhadores amarraram cordas à escultura e tentaram
puxá-la para cima, sem sucesso.
Se a piscina for preenchida com água, ficará mais fácil para os trabalhadores removerem a escultura, pois a:
a) escultura flutuará. Dessa forma, os homens não precisarão fazer força para remover a escultura do fundo;
b) escultura ficará com peso menor. Dessa forma, a intensidade da força necessária para elevar a escultura
será menor;
c) água exercerá uma força na escultura proporcional a sua massa, e para cima. Essa força será somada à
força que os trabalhadores fazem para anular a ação da força-peso da escultura;
d) água exercerá uma força na escultura para baixo, e esta passará a receber uma força ascendente do piso
da piscina. Essa força ajudará a anular a ação da força-peso na escultura;
e) água exercerá uma força na escultura proporcional ao seu volume, e para cima. Essa força será somada à
força que os trabalhadores fazem, podendo resultar em uma força ascendente maior que o peso da escultura.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Trata-se de uma questão muito interessante. A banca procurou complicar com alternativas muito pa-
recidas. O candidato que não entendeu muito bem o conceito teve muitas dificuldades em resolver e,
inevitavelmente, ficou na dúvida entre duas ou mais alternativas.
Com a piscina cheia, a água exercerá na escultura uma força vertical, para cima, denominada empuxo, cuja inten-
sidade é igual ao peso do volume de água deslocado pela escultura. Matematicamente, o empuxo é dado por:
E = dlíquido · Vimerso g

RESPOSTA Alternativa E
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

70
DIAGRAMA DE IDEIAS

EMPUXO

FORÇA

VERTICAL
PARA CIMA

PRINCÍPIO DE
ARQUIMEDES

E = dF·VF·g

dC > dF dC = dF dC < dF

Corpo em equilíbrio
Corpo afunda Corpo em
parcialmente
repouso submerso
submerso

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

71
corrente nunca se cruzam e são tangentes à velocidade das
partículas de fluido em todos os seus pontos.
Na figura a seguir, é possível observar
____ que todas as partí-
​ › ____
​ › ____​›
culas de fluido têm velocidade v​ A ​, v​ B ​e v​ C ​quando passam
por A, B, e C, respectivamente, sendo que essas velocidades
HIDRODINÂMICA podem ou não ser iguais.
A velocidade de escoamento é o que diferencia o escoa-
mento estacionário do escoamento turbulento. Quando a
velocidade é baixa, o escoamento é estacionário, como no
caso do escoamento manso das águas de um rio ou do
escoamento de ar e gases. Quando as velocidades variam

CN
de um ponto a outro e também de instante em instante, o
AULAS escoamento é não estacionário ou turbulento, como
49 E 50 no caso das quedas de água.
O escoamento por meio de tubos pode ser afetado devido
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
a fatores como o diâmetro dos tubos e a viscosidade do
1, 5 e 6 2, 3, 17 e 20
fluido. No movimento do fluido, a viscosidade tem o mes-
mo papel do atrito no movimento dos sólidos. É devido à
viscosidade que surgem forças tangenciais entre as cama-
das do fluido, que possuem movimento relativo, ocorrendo
1. Fluido em movimento então dissipação de energia mecânica.
A palavra “fluido” pode ser utilizada tanto para líquidos
quanto para gases. Na hidrodinâmica, líquidos e gases
serão tratados conjuntamente, uma vez que são semelhan-
tes quando em movimento. O deslocamento desses fluidos
é denominado escoamento.

Fluxo estacionário e uma de suas linhas de corrente.

2. Vazão e equação
da continuidade
Considere um tubo cilíndrico em que um fluido escoa em
Hidrelétrica de ilha Solteira no rio Paraná
regime estacionário. Suponha que, em um intervalo de
tempo Dt, um volume DV de líquido passe por uma seção
1.1. Tipos de escoamento
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

transversal S desse tubo, como ilustra a figura a seguir:


Há dois tipos de escoamentos de um fluido: o estacionário
(ou permanente) e o turbulento.
No escoamento estacionário, cada partícula do fluido
passa por um determinado ponto sempre com a mesma ve-
locidade, isto é, a velocidade de uma partícula (ou porção
de massa do fluido) em um determinado ponto é sempre
a mesma independentemente do tempo. Em outro ponto,
a partícula pode passar com velocidade diferente. É impor-
tante ressaltar que qualquer outra partícula que passe por A vazão Z do fluido por meio da seção S do tubo é,
esse segundo ponto no fluido se comportará como a primei- por definição:
ra partícula quando passou por ele. As trajetórias descritas
pelas partículas de um fluido escoando em regime estacio- Z = ___
​ DV ​
Dt
nário são denominadas linhas de corrente. As linhas de

72
A vazão é expressada, na unidade do Sl, em metros cúbicos Como o volume de fluido que passa pela seção de maior
por segundo. Assim, se 1 m3 = 103 L, tem-se: diâmetro é o mesmo que vai passar pela seção de menor
diâmetro, a velocidade do fluido nas seções mais largas
1 m3/s = 103 L/s
é menor do que a velocidade do fluido nas seções mais
A vazão também pode ser dada em função da velocidade estreitas, isto é, são inversamente proporcionais.
de escoamento. Considerando novamente o volume de lí-
Um exemplo disso é a corrente da água num rio: observa-
quido DV que passa pela seção S de área A, no intervalo
-se que a velocidade é maior nos locais em que o leito é
de tempo Dt, tem-se que esse volume pode ser dado pelo
mais estreito e menor nos locais onde o leito é mais largo.
produto da área pela distância percorrida pelo fluido nesse
intervalo de tempo.
DV = A · Ds
Aplicação do conteúdo
1. Qual a velocidade de escoamento da água em uma
Z = ___ A · Ds
​ DV ​ = ​ _____ ​= A · v mangueira de diâmetro interno de 4 cm que jorram 5 L
Dt Dt de água em 5 s?
Resolução:
Onde v é a velocidade de escoamento do fluido
Dados: D = 4 cm = 0,04 m, V = 5 L = 5 · 103 m3, Dt = 5 s
A área da seção transversal da mangueira é dada por:
A = pr2 ä A = p · (0,02)² ä A = 0,001256 m2
Assim,
Z = ___ 5 · 10
​ DV ​ = ​ ______
–3
 ​= 1 · 10–3 m3/s
Dt 5
Z = Av ä 1 · 10 = 0,001256v ä v = 0,80 m/s
–3

É possível observar que, através de cada seção do tubo,


durante certo intervalo de tempo, passa o mesmo volume 2. Em um tubo, cujo diâmetro é de 0,5 m, passam 100 L
de fluido. de água por segundo. Em outra região, o tubo sofre um
estreitamento e passa a ter 0,2 m de diâmetro. Calcule
No caso de um tubo em que as seções variam por todo a velocidade da água nessas duas seções do tubo.
comprimento, o volume de fluido que passa por S1 passará
por S2, embora S2 seja menor do que S1, conforme a figura Resolução:
a seguir. Dados: D1 = 0,5 m; Z = 100 L/s = 100 · 10–3 m3/s = 0,1 m3/s1 D2 =
0,2 m
Na primeira seção, tem-se que o cálculo da
velocidade é:

Z = A1v1 ä Z = 3,14 · (0,25)² · v1 ä v1 j 0,51 m/s

Na segunda seção, tem-se:


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Considerando que nem todo o fluido que passa por S1 pas- A1v1 = A2v2 ä (0,25)² · 0,51 = (0,1)² · v2 ä v2 j 3,19 m/s
se por S2, ou seja, considerando que através da seção S2
passe um volume de fluido menor do que o que passou
através da seção S1, existiria um excesso de fluido em al-
gum lugar entre as duas seções.
Sendo o volume de fluido que atravessa as seções S1 e S2
iguais, não há acumulação nem diminuição de fluido. Por-
tanto, a vazão do fluido através dessas seções é igual:
Z1 = Z2 multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
A1 · v1 = A2 · v2 Princípio de Bernoulli (conceito)

73
3. Equação de Bernoulli ​ dv ​= constante
p + ___
2

A equação de Bernoulli resulta da aplicação do teorema da 2


conservação da energia para o fluxo de um líquido em regi-
me estacionário e é denominada equação fundamental A seguir, serão apresentadas algumas aplicações do teore-
da hidrodinâmica. Ela relaciona a pressão, a velocidade ma de Bernoulli.
e a elevação (altura) de pontos numa mesma linha da cor-
§ Ao assoprar uma tira de papel de seda, observa-se que
rente de fluxo.
o papel começa a subir. Nessa situação, ao assoprar o
A figura a seguir apresenta o fluxo de um fluido em que papel, a velocidade de escoamento do ar sobre a tira se
estão indicados dois pontos, 1 e 2, sobre uma mesma linha torna maior, o que faz com que a pressão nessa superfí-
da corrente de fluxo. Nesses pontos, as velocidades são v1 e cie fique menor do que a pressão atmosférica exercida
v2, as pressões são p1 e p2, as alturas são h1 e h2 em relação sobre a face de baixo. Em consequência, a folha sobe e
ao nível de referência, sendo que d é a densidade do fluido fica praticamente na horizontal.
e g é a aceleração da gravidade local.

A equação de Bernoulli relaciona essas variáveis da seguin-


te maneira:

d · v12 d · v22
p1 + d · g · h1 + _____
​   ​ = p2 + d · g · h2 + _____
​   ​
2 2

Portanto, em qualquer ponto do fluido é válida a relação:

​ d ·  ​
p + d · g · h + ____ v2 = constante
2
A tira de papel se eleva quando é assoprada
pela sua superfície superior.
Os termos nessa equação são:

§ p: a pressão;

§ d · g · h: corresponde à energia potencial gravitacional por


unidade de volume, denominada pressão hidrostática;
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​ d ·  ​
v : é a energia cinética por unidade de volume, tam-
2
§ ____
2
bém chamada de pressão dinâmica;
multimídia: vídeo
No caso particular, quando o movimento do fluido ocorre Fonte: Youtube
somente na direção horizontal, não existe variação da altu-
Me Salva! EINV01 - Princípio de Bernoulli
ra (h); assim, a energia potencial gravitacional não varia, de
modo que a equação de Bernoulli se reduz a:
§ O mesmo fenômeno que ocorre na tira de papel de seda
ocorre na asa de um avião. O ar que flui na parte superior
da asa tem velocidade maior, pois tem de percorrer uma
distância maior do que o ar que flui na parte inferior na
asa. Essa diferença causa a redução da pressão na parte
superior da asa, o que produz a força resultante ascen-
sional, que é a força de sustentação do avião no ar.

74
§ Nos carros de corrida, os aerofólios têm o mesmo fun-
multimídia: vídeo
cionamento que o de uma asa de avião, mas de modo Fonte: Youtube
invertido, para que a força resultante tenha o sentido Fonte mágica (como fazer fonte de Heron - experiênci...
para baixo, forçando o veículo contra o solo. Assim, o
carro tem mais aderência e estabilidade, o que lhe per-
mite atingir elevadas velocidades com segurança.
4. Equação de Torricelli
É possível determinar a velocidade horizontal de escoa-
mento de um líquido pelo orifício de um recipiente a partir
do teorema de Bernoulli.
Torricelli estudou primeiramente esse problema e compro-
vou experimentalmente que a intensidade da velocidade
de escoamento do líquido era igual à velocidade que um
corpo teria caso caísse da superfície livre do líquido até o
ponto de escoamento, ou seja:
§Sobre um telhado, a velocidade do vento é maior ao pas-
sar acima da cumeeira do telhado. A pressão onde as
linhas de corrente se aproximam na parte superior do te-
lhado é menor do que a pressão do ar abaixo deste. Du-
rante uma tempestade, essa diferença de pressão pode
produzir uma força ascensional tão intensa capaz de
levantar o telhado se ele não estiver corretamente fixado.

v = d​ XXXXXXX
2 · g · h ​

O alcance horizontal do líquido aumenta com a profundi-


dade do furo. Pela equação de Torricelli, se a profundidade
do orifício for quatro vezes maior (quadruplicar), então a
intensidade da velocidade de saída do fluido será duas ve-
zes maior (dobrar).
§ Nas plataformas de trem, o efeito da diminuição da
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

pressão devido ao aumento da velocidade pode fazer


com que as pessoas sejam “puxadas” em direção a um
trem que passe muito rápido. Essa é uma das razões da
faixa de segurança de embarque.

Diferentes velocidades horizontais do líquido


Trem expresso, que sai da estação da Luz, em São Paulo. pelos orifícios em diferentes posições.

75
VIVENCIANDO

A hidrodinâmica é um segmento da física que estuda o comportamento de fluidos, sejam eles líquidos ou gases em
movimento. O fato de a atmosfera estar repleta de gases demonstra que os estudos da hidrodinâmica são funda-
mentais, uma vez que determinam previsões de condições meteorológicas. Além disso, quando uma pessoa pratica
natação ou joga futebol, ela esta à mercê do comportamento dos fluidos e da hidrodinâmica. Outras aplicações da
hidrodinâmica são a determinação da taxa de fluxo de massa de petróleo através de gasodutos e a construção de
sistemas de irrigação.
A equação de Bernoulli, por exemplo, é aplicada na medição da velocidade de um avião. Um dos instrumentos
usados para essa medição é o tubo de Pitot. Esse equipamento é um tubo fino, posicionado paralelamente à asa
da aeronave, com um orifício frontal e uma tubulação interna que liga até um outro orifício lateral. O orifício frontal,
muito pequeno em comparação ao diâmetro frontal do tubo, recebe ar a uma pressão correspondente ao ar em re-
pouso com relação ao tubo e, portanto, com relação à asa. O orifício lateral recebe ar a uma pressão correspondente
ao ar em movimento com relação à aeronave. Utilizando-se das informações dessa variação de pressão e com as
informações de um manômetro, é possível determinar a velocidade do avião.

a) Utilizando a equação da continuidade, tem-se:


Aplicação do conteúdo A1v1 = A2v2 ä pR12v1 = pR22v2 ä
1. Em tubo horizontal de 10 cm, um líquido de densi- ä (5 · 10–2)2 · 2 = (4 · 10-2)2 · v2 ä
dade 0,9 g/cm3 flui com velocidade de 2 m/s. Em uma
ä v2 = 3,125 m/s
parte desse tubo, de diâmetro igual a 8 cm, a pressão é
de 1,2 N/cm2. b) A partir da equação de Bernoulli para o tubo hori-
a) Qual a velocidade do líquido na parte mais estreita zontal, tem-se:
do tubo? 9 · 102 · 3,1252
​ 9 · 10  ​
· 22 = 1,2 · 104 + ____________
2

b) Qual a pressão na parte mais larga? p1 + ________ ​     ​


2 2
p1 = 14.594 N/m 2
Resolução:
2. Na figura a seguir, está representado um recipiente
Dados: d = 0,9 g/cm3 = 9 · 102 kg/m3 que contém água até uma altura de 4 m. A 1,5 m abaixo
Como o tubo é horizontal, tem-se: da superfície livre de água, faz-se um furo de área 5 cm2.
Considere g = 10 m/s2 e suponha que a superfície da água
se mantenha no mesmo nível durante o escoamento.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ Secção mais larga:


R1 = 0,05 m = 5 · 10–2 m
V1 = 2 m/s a) Calcule a intensidade da velocidade de escoamento.
b) Determine a vazão da água através do furo.
p2 = ?
Resolução:
§ Secção mais estreita:
a) Pela equação de Torricelli, é possível encontrar a
R2= 0,04 m = 4 · 10–2 m intensidade da velocidade de escoamento:
p2 = 1,2 N/cm2 = 1,2 · 104 N/m2
v = d​ XXXX
2gh ​
V2= ?
v = d​ XXXXXXXXX
2 · 10 · 1,5 ​
v j 5,5 m/s

76
b) Para o cálculo da vazão, tem-se:
Z = Av ä Z = 5 · 10–4 · 5,5 ä
ä Z j 0,00274 m3/s j 2,74 · 10–3 m3/s

Como 1 m3 = 103 L:
Z j 2,74 L/s
multimídia: site

www.pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/fluid-dyna-
mics/a/what-is-bernoullis-equation
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/equacao-
-bernoulli.htm
https://www.if.ufrgs.br/cref/?area=questions&id=1827

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As ondas seguem o nosso barco enquanto navegamos pelo lago e correntes de ar turbulentas seguem nosso voo em
avião. Por que isso acontece? Físicos, matemáticos e engenheiros acreditam que uma explicação para a turbulência
pode ser encontrada por meio de uma compreensão das soluções para as equações de Navier-Stokes. Os cientistas
Claude Louis Marie Henri Navier e George Gabriel Stokes criaram a equação que é um dos pilares da mecânica de
fluidos. Essas equações descrevem o movimento de um fluido (líquido ou gás) no espaço físico. Embora tenham sido
escritas no século XIX, de forma descontínua, nossa compreensão delas permanece mínima. Inclusive, o desafio
de encontrar soluções analíticas para as equações de Navier-Stokes é um dos “problemas do milênio”, e quem
resolvê-lo ganha um milhão de dólares. O problema consiste “em fazer um progresso substancial em direção a uma
teoria matemática que destrave os segredos escondidos nas equações”, segundo a fundação que oferece o prêmio.
Geralmente, as soluções dessas equações in-
cluem turbulência, as quais se mantêm como
um dos maiores problemas em aberto da físi-
ca, apesar de sua imensa importância para a
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

física teórica e a engenharia. Na matemática,


as equações de Navier-Stokes são um sistema
não linear com equação de derivadas parciais
para campos de vetores abstratos de qualquer
tamanho. Ninguém ainda conseguiu encontrar
soluções algébricas dessas equações, pois só é
possível resolver por meio de computadores e
encontrando soluções específicas.
Fonte: http://www.prof-edigleyalexandre.com/2014/01/problemas-do-milenio-matematico-
encontra-solucao-parcial-para-equacao-navier-stokes.html

77
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

A habilidade 17 exige que o aluno consiga compreender situações habituais. Para isso, ele deve utilizar as di-
versas formas de informação (gráfico e tabela, por exemplo) e relacioná-las com o problema apresentado a ele.

MODELO 1
(Enem) Uma pessoa, lendo o manual de uma ducha que acabou de adquirir para a sua casa, observa o gráfico,
que relaciona a vazão na ducha com a pressão, medida em metros de coluna de água (mca).

Nessa casa residem quatro pessoas. Cada uma delas toma um banho por dia, com duração média de 8 minu-
tos, permanecendo o registro aberto com vazão máxima durante esse tempo. A ducha é instalada em um ponto
seis metros abaixo do nível da lâmina de água, que se mantém constante dentro do reservatório.
Ao final de 30 dias, esses banhos consumirão um volume de água, em litros, igual a:
a) 69.120. d) 8.640.
b) 17.280. e) 2.880.
c) 11.520.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Trata-se de uma questão típica do Enem, em que o aluno deve interpretar um gráfico e relacioná-lo com
o problema proposto pela banca.
Da leitura direta do gráfico, encontra-se para a pressão estática de 6 mca uma vazão z = 12 L/min. O
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

tempo mensal de funcionamento do chuveiro é:


∆t = 4 × 8 × 30 = 960 min
Calculando o consumo em litros:
z = V/∆t ⇒ V = z∆t = 12 × 960 ⇒ V = 11.520 L

RESPOSTA Alternativa C

78
DIAGRAMA DE IDEIAS

HIDRODINÂMICA

ESCOAMENTO FLUIDO EM ESCOAMENTO


ESTACIONÁRIO MOVIMENTO TURBULENTO

Equação da ∆V
Vazão Z=
continuidade ∆t

v1·A1 = v2·A2

Equação de p + d⋅g⋅h + d⋅v2 = constante


Bernoulli 2

Equação de
Torricelli v= √2.g.h

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

79
1.1. Equações dimensionais
Utilizando o produto de potências de bases M, L, T, u, N, J
e I, é possível representar qualquer outra grandeza física. A
potência de cada uma dessas bases diferencia as grande-
zas físicas relacionadas.
GRANDEZAS FÍSICAS A equação dimensional é a denominação dada ao
produto de potências para determinada grandeza física.
As fórmulas dimensionais para grandezas mecânicas (A),
térmicas (B) e elétricas (C) são expressas, genericamente,
da seguinte maneira:

CN AULAS
51 E 52
[A] = Ma Lb Tc
[B] = Md Le Tf ug
[C] = Mh Li Tl Ik
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5 17
No estudo da Mecânica, as grandezas estão associadas
às grandezas massa (M), comprimentos (L) e intervalos
e/ou instantes de tempo (T). Assim, as dimensões de
1. Grandezas físicas temperatura e intensidade de corrente elétrica não estão
relacionadas. De modo semelhante, para a grandeza tér-
fundamentais e derivadas mica (B), na fórmula dimensional, não aparece a potência
O comprimento, a massa e o tempo – as três grande- de base (I).
zas mecânicas – são grandezas físicas que independem de Dado que uma potência de zero é sempre igual a 1,
outras grandezas e são denominadas grandezas funda- quando uma grandeza qualquer é independente da
mentais (ou primitivas). massa, por exemplo, a potência M0 não precisa ser
Os símbolos dimensionais L, M e T serão atribuídos, respec- incluída na fórmula, uma vez que 1 (M0 = 1) é o ele-
tivamente, ao comprimento, à massa e ao tempo. mento neutro da multiplicação.

A grandeza térmica fundamental é a temperatura (sím- Para se obter a fórmula dimensional de uma grandeza, de-
bolo u), e a grandeza elétrica fundamental é a intensi- ve-se partir de sua fórmula física e expressar todos os fatores
dade de corrente elétrica (símbolo dimensional I). Por que dela participam em função das grandezas fundamentais.
conveniência, adotou-se a intensidade de corrente elétrica A seguir, serão apresentados alguns exemplos de fórmulas
como grandeza fundamental da eletricidade, em vez da dimensionais:
escolha mais natural, que seria a carga elétrica.
As grandezas físicas cujas definições dependem da (
a) Velocidade ​ v = ___ )
​ DS ​  ​
Dt
relação entre outras grandezas são denominadas
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Como [DS] = L e [Dt] =T, tem-se [v] = _​ L ​ ä [v] = LT–1.


grandezas derivadas. Por exemplo, a velocidade e a T
aceleração dependem dos conceitos de comprimento
e de tempo. (
b) Aceleração ​ a = ___ )
​ Dv ​  ​
Dt
​  LT1 ​ ä [a] = LT–2.
-1
Como [v] = LT–1 e [Dt] = T, tem-se [a] =___
Grandeza fundamental Símbolo fundamental T
comprimento L c) Força (F = ma)
tempo T
Como [m] = M e [a] = LT–2, tem-se [F] = MLT–2.
massa M
temperatura u d) Trabalho (t = Fdcosw)
intensidade de corrente elétrica I
Como [F] = MLT–2 [d] = L e cosw é adimensional (não
quantidade de matéria N
tem dimensão física), tem-se [t] = MLT–2L = ML2T–2.
intensidade luminosa J

80
(
​ 1 ​ mv2 ​
e) Energia cinética ​ Ec = __
2 ) (
Q
l) Capacidade térmica ​ C = ___
​  ​  ​
Du )
​ ML T ​ ä
2 –2
Como [Q] = ML2T–2 e [Du] = u, tem-se [C] = _____
Como [m] = M, [v] = LT–1 e 2 é adimensional, tem-se u
[C] = ML2T–2u–1.
[Ec] = M(LT–1)2 ä [Ec] = ML2T–2.
( Q
m) Carga elétrica ​ i = ___
​   ​ ä Q = iDt ​
Dt )
Notas Como [i] = I e [Dt] = T, tem-se [Q] = IT.
§ Foi obtida a equação dimensional da energia EP
cinética, mas essa fórmula também se aplica a (
n) Potencial elétrico ​ V = __ )
​ q ​ ​
qualquer outra grandeza de energia, por exemp-
​ ML  ​
T ä
2 –2

lo, o calor (Q): [Q] = ML–2T–2.


Como [Ep] = ML2T–2 e [q] = IT, tem-se [V] = _____
IT
§ Energia e trabalho têm a mesma fórmula dimen- [V] = ML2T–3I–1.
sional, consequentemente são grandezas medi- Se, para determinada grandeza, a sua fórmula dimensional for
das nas mesmas unidades. conhecida, será possível obter diretamente sua unidade de medi-
da em termos das unidades de outras grandezas fundamentais.
f) Potência ​ Pot = ___
(​  t ​  ​ ) No SI, a unidade de tempo é segundo (s), a de temperatura
Dt
é kelvin (K) e a de intensidade de corrente é ampère (A).
​ ML  ​
T ä
2 –2
Como [t] = ML2T–2 e [Dt] = T, tem-se [Pot] = _____ Como exemplos:
T
[Pot] = ML2T–3. § Para a pressão:

g) Impulso (I = FDt)
[p] = ML1T–2 · unidade · SI (p):
kg · m1 · s–2 = pascal (Pa)
Como [F] = MLT–2 e [Dt] = T, tem-se [I] = MLT–2T ä
[I] = MLT–1. § Para a capacidade térmica:
[C] = ML2T–2u–1 · unidade · SI (C):
h) Quantidade de movimento (Q = mv) kg · m2 · s–2 · K–1
Como [m] = M e [v] = LT–1, tem-se [Q] = MLT–1.
§ Para a resistência elétrica:
[R] = ML2T–3I–2 · unidade · SI (R):
Nota
kg · m2 · s–3 · A–2 = ohm (V)
§ As quantidades de movimento e impulso também
têm a mesma equação dimensional e são, por-
tanto, grandezas medidas nas mesmas unidades.
Aplicação do conteúdo
1. Faça a análise dimensional para a grandeza momento
angular, cuja fórmula é dada por:
​ m ​  ​
i) Densidade ​ m = __ ( )
V momento angular = r ⋅ p ⋅ senθ
​ M ​ ä
Como [m] = M e [V] = L³, tem-se [m] = __
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

L³ Em que:
[m] = ML–3.
§ r é a distância;
( ​ F  ​  ​
j) Pressão ​ p = __
A ) § p é o momento linear (ou quantidade de movimento); e
​ MLT
Como [F] = MLT–2 e [A] = L², tem-se [p] = _____
–2
 ​ ä § θ é o ângulo entre a distância e o momento linear.
L2
[p] = ML–1T–2. Resolução:
Q
k) Calor específico ​ c = ____
​ 
mDθ (
 ​  ​
) Para determinar a dimensão de L, basta conhecer a dimen-
são das variáveis envolvidas, uma vez que:
Como [Q] = ML2T–2, [m] = M e [Du] = u, tem-se
§ [momento angular] = [r] ⋅ [p] ⋅ [senθ]
​ ML T ​ ä [c] = L2T–2u–1.
2 –2
c = _____ § [momento angular] = (L) ⋅ (MLT–1) ⋅ (1)
Mu
§ [momento angular] = M ⋅ L2 ⋅ T–1

81
1.3. Sistema Internacional de Unidades
No passado, as trocas de mercadorias enfrentavam alguns
obstáculos, pois em localidades distintas eram utilizadas
unidades padrões distintas. Em geral, utilizavam-se me-
didas do corpo humano como padrão (especialmente dos
líderes); no entanto, como pessoas diferentes possuem ta-
multimídia: vídeo manhos diferentes, não era um método muito confiável. Foi
Fonte: Youtube apenas em 1789 que a Academia de Ciências da França
Interpretação de unidades em fórmulas ... pensou em criar um sistema de unidades padrão. Assim,
surgiu o metro (m), sendo a décima milionésima parte da
quarta parte do meridiano terrestre; o litro (L), como equi-
1.2. Homogeneidade dimensional valente a um decímetro cúbico; e o quilograma (kg), como
a massa de 1 L de água a 4,44 °C. Em 1875, o Brasil ade-
As equações físicas devem ser dimensionalmente ho-
riu, assim como outros 17 países, a essa proposta.
mogêneas. Isso significa que ambos os lados da equação
devem satisfazer a mesma fórmula dimensional. Em 1960, o sistema recebeu o nome de Sistema Interna-
cional de Unidades (SI). Desde 1962, o Brasil adotou o SI,
Nas equações I e II a seguir, A, B, C, D, E e F são grandezas adoção ratificada em 1988 pelo Conmetro.
físicas, e [A], [B], [C], [D], [E] e [F] são, respectivamente, suas
fórmulas dimensionais:

Equação I: A = B + C

Equação II: D = E · F

A homogeneidade dimensional exige que as fórmulas di-


mensionais sejam:
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Em I: [A] = [B] = [C] Inmetro – O tempo todo com você
Em II: [D] = [E] · [F]
Existem sete unidades fundamentais no Sistema Inter-
Como exemplo, considere uma equação física do tipo
nacional de Unidades (SI), e cada uma delas corresponde
p = mAh, em que p representa pressão, m representa
a uma grandeza:
densidade e h representa altura. Se a equação for di-
mensionalmente homogênea, qual será a unidade da Unidade Símbolo Grandeza
grandeza A? metro m comprimento
As fórmulas dimensionais da pressão, densidade e altura são: quilograma kg massa

segundo s tempo
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

[p] = ML–1T–2, [m] = ML–3 e [h] = L


ampère A intensidade da corrente elétrica

kelvin K quantidade de termodinâmica


Então, tem-se:
mol mol quantidade de matéria

candela cd intensidade luminosa


[p] = [m] · [A] · [h] ä ML–1T–2 = ML–3 [A]L

A medida de ângulos é realizada por duas unidades suple-


Ou seja, é necessário que: mentares: o radiano (rad), para ângulos planos, e o esterra-
diano (sr), para ângulos sólidos.
[A] = LT–2 A partir das unidades fundamentais, é possível reduzir ou
derivar, direta ou indiretamente, as unidades derivadas. Por
Pela fórmula dimensional obtida para A, é possível concluir se tratar de um número muito grande, essas variáveis não
que essa grandeza é uma aceleração. serão reproduzidas aqui.

82
Oficialmente, a norma estabelecida para a grafia de todas Por razões históricas, a unidade fundamental de massa é
as unidades, fundamentais ou derivadas, quando escritas o quilograma, obtido pelo acréscimo do prefixo “quilo”
por extenso, é que se iniciem por letra minúscula, incluindo à unidade grama. Por esse motivo, as unidades de mas-
o caso de unidades que recebem nomes de pessoas. Assim, sa múltiplas e submúltiplas são obtidas pelo acréscimo do
devem ser escritos: metro, ampère, newton, coulomb, qui- prefixo ao grama, e não ao quilograma.
lômetro, pascal, etc. A unidade de temperatura da escala
Prefixo Símbolo Base de 10
Celsius é a única exceção (escreve-se grau Celsius, símbolo
°C). Quando a frase é iniciada pelo nome da unidade, ini- yotta Y 1024
cia-se também com letra maiúscula.
zetta Z 1021
Em geral, os símbolos são grafados com letras minúsculas,
exa E 1018
exceto quando se trata de nomes de pessoas. Por exem-
plo: A para ampère, N para newton, W para watt, Pa para peta P 1015
pascal, etc.
tera T 1012
Se a unidade for composta, os símbolos devem ser coloca-
dos um em seguida do outro, e podem ou não ser separa- giga G 109
dos por um ponto, por exemplo: quilowatt-hora: kWh ou mega M 106
kW · h; newton-metro: Nm ou N ∙ m, etc.
quilo k 103
Os símbolos e as unidades por extenso não devem ser mis-
turados. Assim, é incorreto escrever quilômetro/h ou km/ hecto h 102
hora. A forma correta da grafia é quilômetro por hora ou
deca da 101
km/h.
deci d 10–1
Quando o símbolo de uma unidade contém divisão, é pos-
sível utilizar qualquer uma das três maneiras exemplifica- centi c 10–2
das a seguir:
mili m 10–3
​ N · 2m ​
2
N · m2/kg2 = N · m2 · kg–2 = _____
kg micro µ 10–6
Para se obter o plural das unidades, simplesmente acres-
nano n 10–9
centa-se a letra s, mesmo no caso de violar as regras gra-
maticais: metros, ampères, pascals, decibéis, etc. Algumas pico p 10–12
exceções existem para as unidades que terminam por s, x e
femto f 10–15
z. Essas unidades não variam no plural (siemens, lux, hertz).
Caso as unidades sejam palavras compostas por multipli-
cação de elementos independentes, ambos são flexiona- 1.4. Operações com algarismos
dos: quilowatts-horas, newtons-metros, ohms-metros, etc. significativos
A flexão também ocorre quando as palavras compostas
O resultado de uma multiplicação ou de uma divisão deve
não são ligadas por hífen: metros quadrados, milhas ma-
ser apresentado com um número de algarismos signifi-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

rítimas, etc.
cativos igual ao do fator que possui o menor número
Nas unidades formadas por divisão, o denominador não de algarismos significativos. Por exemplo, ao realizar
recebe a letra s: quilômetros por hora; newtons por metro o produto 2,31 · 1,4, o resultado é 3,234. O primeiro fator
quadrado, etc. Em palavras compostas, nas quais os ele- tem três algarismos significativos (2,31), e o segundo tem
mentos complementares de nomes de unidades são liga- dois (1,4). Assim, o resultado é apresentado com dois alga-
dos por hífen ou preposição, também não se acrescenta a rismos significativos, ou seja, 3,2.
letra s: anos-luz, quilogramas-força, elétrons-volt, unidades
O arredondamento é realizado da seguinte maneira: de-
de massa atômica, etc.
pois de abandonar o primeiro algarismo (4), sendo menor
Os símbolos nunca flexionam no plural. Assim, para 50 do que 5, o valor do último algarismo significativo (2) será
metros deve-se escrever 50 m e não 50 ms. Múltiplos e mantido se o segundo algarismo a ser abandonado for me-
submúltiplos, que são obtidos pela adição de um prefixo nor do que 5, como no exemplo, que o valor é 3; se esse va-
anteposto à unidade, são admitidos em todas as unidades, lor for maior ou igual a 5, deve-se acrescentar uma unida-
derivadas ou fundamentais. de ao último algarismo significativo. Portanto, no exemplo,

83
VIVENCIANDO

No cotidiano, é frequente as pessoas se referirem de maneira equivocada a algumas unidades. Por exemplo, é
comum uma pessoa ir à padaria, pedir “meio quilo de queijo” e receber meio quilograma de queijo. No entanto,
quando alguém pede meio quilo de queijo, está pedindo 500 pedaços de queijo, e não a massa de 500 gramas.
Outra situação que poderia acontecer na mesma padaria seria a pessoa pedir “duzentas gramas de queijo” e acabar
recebendo duzentos gramas de queijo; a grama é uma planta, e a unidade de massa pertence ao gênero masculino.
Além disso, saber converter diferentes unidades é uma tarefa importante, ainda mais quando a pessoa está visi-
tando outro país.

o primeiro algarismo abandonado é o 4. Como o próximo Resolução:


algarismo tem valor 3, que é menor do que 5, mantém-se
Como se pede:
o número 2, que é o último algarismo significativo.
A = 1,23 + 23,2 = 24,43.
Considere o produto 2,33 ∙ 1,4. O resultado da operação
é 3,262. Novamente, o resultado deve apresentar dois al- Entretanto, como a primeira parcela possui duas casas deci-
garismos significativos. Desse modo, o resultado fica 3,3. mais e a segunda parcela possui apenas uma casa decimal,
Abandona-se o primeiro algarismo, 2, e, sendo o segundo deve-se dar a solução com o menor número de casas deci-
algarismo, 6, maior do que 5, acrescenta-se uma unidade mais. Assim, a solução deve apresentar uma casa decimal.
ao número 2, que é o último algarismo significativo. A = 24,4
O resultado da adição e da subtração deve conter um
2. Um estudante está calculando a área superficial de
número de casas decimais igual ao da parcela com menos uma folha de papel. Ele mede o comprimento como
casas decimais. Por exemplo, a adição 3,32 + 3,1 resulta sendo b = 27,9 cm e a largura como sendo h = 21,6 cm.
6,42. A primeira parcela tem duas casas decimais (3,32), e a O estudante deve expressar a área do papel como:
segunda tem somente uma (3,1). Assim, o resultado deve ser a) 602,64 cm². c) 602,6 cm².
apresentado com apenas uma casa decimal. Desse modo, o b) 602 cm². d) 603 cm².
resultado é 6,4. Já na operação 3,37 + 3,1 = 6,47, o resultado
deve apresentar uma casa decimal. Considerando a regra do Resolução:
arredondamento, obtém-se como resultado o valor 6,5. Para o cálculo da área, basta conhecer a fórmula da área
do retângulo:
A = comprimento ⋅ largura
A=b⋅h
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A = (27,9 cm) ⋅ (21,6 cm) = 602,64 cm2


Como o enunciado pede a solução com o número correto
multimídia: vídeo de algarismos significativos, tem-se então que em 27,9 cm
Fonte: Youtube e em 21,6 há 3 algarismos significativos. Como se trata de
uma multiplicação, deve-se dar a resposta com o menor
Lucie conta a História das Ciências – Pesos e Medidas
número de algarismos significativos que algum dos fatores
possuir. Ou seja, a resposta deve ser dada com 3 algaris-
Aplicação do conteúdo mos significativos:

1. Calcule a soma a seguir e dê a resposta levando em A = 603 cm2


conta o número de casas decimais.
Alternativa D
A = 1,23 + 23,2

84
___
3. Uma estudante está calculando a espessura de uma No primeiro caso, N = 6,37 > ​√10 ​, e, portanto, a ordem de
folha de papel. Ela mede a espessura de uma pilha de grandeza do raio da Terra é dada
___ por: 10 m =107 m. No
6+1
80 folhas de papel com um paquímetro e descobre que
segundo caso, N = 1,49 < ​√10 ​, e, consequentemente, a
a espessura é l = 1,27 cm. Ao calcular a espessura de
uma folha, ela irá encontrar? Dê a resposta com o nú- distância da Terra ao Sol tem ordem de grandeza de 1011 m.
mero correto de algarismos significativos.
Resolução:
Uma vez que as 80 folhas possuem juntas uma espessura de 1,27
cm, temos que, para encontrar a espessura de cada uma, basta divi-
dir a espessura total pela quantidade de folhas.
1,27
x = ____
​   ​cm = 0,015875 cm
80
multimídia: livro
Como o enunciado pede a solução com o número correto de alga-
rismos significativos, temos que em 1,27 há 3 algarismos significa-
tivos; já em 80, temos 2 algarismos significativos. Logo, a resposta Introdução à Física – Aspectos históricos,
final deve possuir apenas 2 algarismos significativos, respeitando unidades de medidas e vetores
as regras de aproximação. Essa obra aborda os principais conceitos e aspectos históri-
x = 0,016 cm cos da Física. Ao longo de seis capítulos, o leitor conhecerá
as principais unidades de tempo, massa e comprimento,
bem como as ferramentas e técnicas necessárias para a
1.5. Notação científica realização de operações. Além disso, aprenderá a distinguir
A notação científica é utilizada para apresentar um nú- as grandezas escalares e vetoriais.
mero na forma N · 10n, em que n é um expoente inteiro e
N é tal que 1 ≤ N < 10. Em notação científica, o número
N deve ser formado por todos os algarismos significativos Aplicação do conteúdo
de uma grandeza.
1. (Cesgranrio) Um recipiente cúbico tem 3,000 m de
Considere os algarismos significativos das medidas a se- aresta, n é o número máximo de cubos, de 3,01 mm de
guir expressas corretamente: 360 s e 0,0035 m. Levando aresta, que cabem no recipiente. A ordem de grandeza
de n é:
em conta o número de algarismos significativos, a nota-
ção científica para essas medidas será, respectivamente: a) 109. b) 102. c) 104. d) 101. e) 1010.
3,60 · 102 s e 3,5 · 10–3 m. Resolução:
Para encontrar o valor de n, basta dividir o volume do recipiente
1.6. Ordem de grandeza pelo volume de cada cubo menor. Dessa forma, tem-se:

A ordem de grandeza de uma medida é a potência de


10 mais próxima da potência dada para o valor encontrado ( )
3000 mm ​  3​ = 990 ⋅ 106 cubos = 9,90 ⋅ 108 cubos
n = ​  ​ _______
3,01 mm
___
para a grandeza. Como 9,90 é maior que ​√10 ​ ≈ 3,16 , deve-se somar +1 no expo-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Essa potência deve ser determinada da___ seguinte maneira: ente da base dez para determinar a ordem de grandeza. A ordem
se o número N for maior ou igual a ​√10 ​, deverá ser uti- de grandeza de n é 108+1 = 109
lizada a potência de 10 de expoente ___ um grau maior, ou Alternativa A
seja, 10n + 1; se N for menor que ​√10 ​, deverá ser utilizada a
mesma potência da notação científica, ou seja, 10n. 2. (UFU) A ordem de grandeza, em segundos, em um pe-
Em resumo: ríodo correspondente a um mês, é:

___ a) 10.
​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n + 1
N≥√ b) 103.
___
​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n
N<√ c) 106.
d) 109.
Exemplo: o raio da Terra é igual a 6,37 · 106 m e a distância e) 1012.
da Terra ao Sol é igual a 1,49 · 1011 m. Qual a ordem de
grandeza desses valores?

85
Resolução: Resolução:

Para determinar a quantidade x de segundo que há em 1 mês, Sabendo que a frequência cardíaca normal de uma pessoa sau-
tem-se: dável entre 15 e 20 anos pertence ao intervalo de 60 a 90 vezes
segundos por minuto, fica evidente que a ordem de grandeza é de 102.
​ hora ​· 60 ____
x = 30 dias ⋅ 24 ____ ​ min ​· 60 ___
​   ​= 2.592.000
dia hora min Alternativa B
segundos = 2,592 · 106 segundos
___
Como 2,592 é menor que ​√10 ​ ≈ 3,16, deve-se manter a potên-
cia de 10, ela será a ordem de grandeza. Sendo assim, a ordem
de grandeza é de 106.

Alternativa C

3. (Unirio) multimídia: site


”Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo pt.khanacademy.org/math/algebra/units-in-modeling/in-
Ela se riu tro-to-dimensional-analysis/e/working-with-units
Foi o meu primeiro alumbramento.”
macbeth.if.usp.br/~gusev/unidades.pdf
(Manuel Bandeira)
educacao.globo.com/matematica/assunto/matematica-
A ordem de grandeza do número de batidas que o coração -basica/sistemas-de-unidades-de-medidas.html
humano dá em um minuto de alumbramento como esse é:
a) 101. b) 102. c) 100. d) 103. e) 104.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Como foi visto, existem diversas unidades de medidas para a mesma grandeza física. Assim, é fundamental conhecer
as regras de conversão entre as diferentes unidades. Para isso, basta conhecer a razão de proporcionalidade entre as
grandezas e realizar uma regra de três simples.
No caso das unidades de medidas, as grandezas serão diretamente proporcionais, ou seja, aumentando uma das
duas, a segunda também aumentará.
O procedimento para a resolução de uma regra de três simples diretamente proporcional é simples. Em primeiro lu-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

gar, deve-se montar uma tabela de duas colunas. Na primeira coluna, devem ser colocados valores em determinada
unidade; os valores correspondentes em outra unidade devem ser colocados na segunda coluna. Em seguida, basta
igualar a razão obtida com os valores na primeira coluna com a razão dos elementos da segunda coluna.
Exemplo:

Tempo em horas Tempo em segundos


1h 3600 s
5h x

​ 3600
1h ​= _______
​  ___ x ​
s
5h
X = 18000 s

86
FÍSICA

6
CIÊNCIAS DA
INDUÇÃO
ELETROMAGNÉTICA
E FÍSICA MODERNA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Podem aparecer questões que exigem Os conceitos fundamentais da Física mo-


interpretação de figuras, como máquinas, derna são cobrados, exigindo a interpre-
dispositivos ou equipamentos que funcio- tação de gráficos ou figuras relacionados
nam à base da indução eletromagnética, à interação entre partículas ou moléculas,
requerendo as definições de variação de com atenção à quantização de energia.
fluxo magnético.

Podem aparecer na prova conceitos fun- Os assuntos abordados neste livro não têm Um dos temas deste livro mais cobrado é
damentais da Física de partículas, exigindo muita incidência na prova, porém, pode campo magnético, com atenção aos con-
conhecimento sobre os tipos de partícula e aparecer alguma questão que envolva ceitos fundamentais de ímãs, relacionando
suas propriedades. relação entre força magnética e indução com espiras e fios que passam corrente
eletromagnética. elétrica, além de conceitos fundamentais
de indução eletromagnética.

Os assuntos abordados neste livro não têm A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de te-
muita incidência na prova, porém, pode mas, porém, o conteúdo sobre quantização temas. Os assuntos deste livro não apa- mas, porém, podem aparecer questões
aparecer alguma questão que envolva os de energia de uma onda eletromagnética receram nos últimos anos, porém, podem que envolvam a quantização de energia
conceitos fundamentais de indução ele- pode aparecer, exigindo a aplicação da aparecer questões conceituais sobre decai- (E = hf).
tromagnética. equação E = hf. mento de partículas.

UFMG
A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de te-
temas. Eventualmente, podem aparecer temas. Eventualmente, podem aparecer mas. Porém, campo magnético pode apa-
questões sobre problemas de mecânica questões mais teóricas, por exemplo, sobre recer em questões relacionadas à quantiza-
relacionados ao equilíbrio de um corpo o efeito fotoelétrico. ção de energia e campo magnético.
considerado ponto material.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A prova tem uma grande variação de O conteúdo deste livro não é muito cobra- Os temas deste livro não têm predomi-
temas. Eventualmente, pode aparecer do na prova, porém, pode aparecer alguma nância na prova, porém, podem aparecer
alguma questão teórica sobre indução questão relacionada à interação entre par- questões que exigem análise de figuras de
eletromagnética. tícula e campo magnético. campos magnéticos.

88
A indução eletromagnética é a denominação do fenôme-
no de produção de corrente elétrica a partir do campo mag-
nético. A corrente gerada a partir do campo magnético recebe
a denominação de corrente induzida. A descoberta de
INDUÇÃO Faraday lhe valeu reconhecimento do mundo científico, que

ELETROMAGNÉTICA: atribuiu a ele o título de “pai da indução eletromagnética”.

CONCEITOS INICIAIS 2. Indução eletromagnética


Um dos experimentos feitos por Faraday, na tentativa de
produzir a corrente elétrica induzida, ao que tudo indica,
foi realizado utilizando-se dois solenoides próximos um do

CN AULAS outro. Um dos solenoides era conectado a uma bateria e


a uma chave interruptora de corrente, e o outro, ligado em
45 E 46 um circuito com apenas um galvanômetro (amperímetro
sensível a baixas correntes).
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
Para ilustrarmos o experimento, serão utilizadas espiras ao
1, 5 e 6 2, 17 e 20
invés dos solenoides (figura abaixo). Faraday notou que, ao
abrir ou fechar a chave interruptora, o ponteiro do galva-
nômetro acusava uma corrente momentânea (ocorria uma
1. Um pouco de história pequena oscilação do ponteiro indicador do galvanômetro).
Um fato que também chamou a atenção foi que, ao abrir a
do eletromagnetismo chave, o ponteiro do galvanômetro girava para um lado e, ao
fechar a chave, o ponteiro girava para o lado oposto. Porém,
a corrente induzida momentanemente logo caía para zero,
mesmo mantendo a chave na espira 1 fechada.
Mas qual a origem da pequena e momentânea quantidade de
energia elétrica que produz a corrente elétrica no anel da es-
pira 2, acusada pela oscilação do ponteiro do galvanômetro?

Michel Faraday
Oersted, em 1820, descobriu que um campo magnético
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

era produzido por um fio percorrido por corrente elétrica.


Experimento de Faraday simplificado
Essa relação entre eletricidade e magnetismo despertou a
curiosidade dos físicos, que começaram a procurar o efeito A bateria fornece a corrente elétrica que circula na espira 1.
inverso: se a corrente elétrica em um fio poderia ser produ- Essa espira dá origem a um campo magnético e as linhas
desse campo penetram no interior do anel da espira 2, pro-
zida a partir de um campo magnético (na ciência, esse tipo
duzindo um fluxo magnético. Quando a chave é ligada ou
de relação inversa é chamada de simetria da natureza).
desligada, o fluxo do campo magnético é variável e produz
Em 1831, Michael Faraday (1791-1867) conseguiu detec- a corrente momentânea observada no anel da espira 2.
tar esse fenômeno inverso através de alguns experimen- Com esses resultados, Faraday realizou um novo experi-
tos. Essa descoberta foi uma das mais importantes para mento: utilizou um ímã no lugar da espira 1. Ao movimen-
o mundo atual, possibilitando a construção dos geradores tar o ímã para baixo ou para cima na direção da espira 2, o
eletrodinâmicos de grande potência. Antes disso, apenas a galvanômetro indicou uma corrente induzida. No entanto,
pilha de Alessandro Volta existia (inventada em 1800), que ao manter o ímã em repouso, abaixo do anel, nenhuma
era de baixa potência. corrente era induzida.

89
Nesse experimento, ao aproximar o ímã do anel da espira, Como mencionado, Faraday já havia observado esse fenô-
o número de linhas do campo magnético que penetram no meno. O físico Heinrich Friedrich Emil Lenz (1804-1864),
anel aumenta, gerando uma corrente induzida. Analoga- nascido na Estônia, deu a explicação mais simples para
mente, ao afastar o ímã do anel, o número de linhas no anel esse comportamento. Segundo ele:
diminui, gerando do mesmo modo uma corrente induzida.
Com esses dois experimentos e outros similares, a conclu- O sentido da corrente induzida é tal que o campo
magnético por ela produzido se opõe à variação do
são de Faraday foi que a corrente induzida no anel da es-
fluxo que a originou.
pira 2 apenas ocorria quando houvesse variação do fluxo
magnético no anel. Essa constatação deu origem à lei de
Faraday para a indução eletromagnética. Em outras palavras, o sentido da corrente é tal que seu
efeito tenta cancelar a origem da mesma.
Esse enunciado constitui a Lei de Lenz para a indução ele-
tromagnética. Vejamos alguns exemplos:
Um ímã é aproximado de um anel, com o polo norte para
baixo. A corrente induzida no anel tem sentido anti-horário,
como mostra a figura. Por que isso acontece?
movimento

movimento

Quando o fluxo magnético que atravessa o circuito


elétrico fechado varia no tempo, uma corrente elétrica
induzida circula no circuito.

2.1. A Lei de Lenz A explicação, dada pelas Leis de Faraday e de Lenz, é


a seguinte:
No segundo experimento descrito acima, ao aproximar o
ímã do anel da espira, a corrente induzida faz o galvanôme- § O ímã, ao se aproximar da espira, produz uma variação
tro apontar em um sentido, e, quando o ímã é afastado, o de fluxo magnético no anel, gerando neste uma corren-
galvanômetro indica o sentido oposto. Por que isso aconte- te induzida – Lei de Faraday.
ce? Como é obtido o sentido da corrente induzida?
§ Devido à corrente induzida, o anel fica polarizado mag-
neticamente. Como esse campo tenta a cancelar o cam-
po que o gerou, o polo formado deve repelir o polo norte
do ímã que está se aproximando. Portanto, em relação
ao ímã, o polo formado é um polo norte – Lei de Lenz.
A conclusão é que para se formar um polo norte na face
superior do anel, a corrente induzida deverá ter o sentido
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

anti-horário.
Um imã é afastado de um anel com o polo norte para baixo
O ímã, ao ser aproximado do anel da espira, gera uma corrente induzida
e o sul para cima. A corrente induzida no anel tem sentido
horário, como mostra a figura. Por que isso acontece?

movimento

i
O ímã, ao ser afastado do anel da espira, gera uma corrente i
induzida de sentido oposto ao da imagem anterior

90
De modo análago, as leis de Faraday e de Lenz explicam o Novamente, pelas Leis de Faraday e de Lenz:
fenômeno assim:
§ A variação de fluxo magnético no anel gera uma cor-
§ O afastamento do ímã produz uma variação de fluxo no rente induzida – Lei de Faraday.
anel, gerando uma corrente induzida – Lei de Faraday.
§ A corrente induzida polariza magneticamente o anel. O
§ Devido à corrente induzida, o anel fica polarizado mag- polo formado deve repelir o polo sul do ímã. Então, em
neticamente. O polo formado deve atrair o polo norte relação ao ímã, o polo formado é um polo sul – Lei de Lenz.
do ímã que está se afastando. Portanto, o polo forma- Para que a face superior do anel seja um polo sul, a corren-
do, em relação ao ímã, é um polo sul – Lei de Lenz. te induzida deverá ter o sentido horário.
Para que a face superior do anel seja um polo sul, a corren-
te induzida deverá ter o sentido horário.
Se a orientação do ímã for invertida, e afastado do anel
com o polo norte para cima e o sul para baixo, a corrente
induzida no anel também se inverte, e tem sentido anti-ho-
rário, como mostra a figura.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
movimento Física - Indução Eletromagnética:
Lei de Faraday

i 2.2. A força eletromotriz


i
induzida – Lei de Faraday
Considere que um fluxo magnético variável atue sobre uma
Vejamos como as Leis de Faraday e de Lenz se aplicam espira. Sendo i a intensidade da corrente elétrica induzida e
nessa situação: r a resistência elétrica dessa espira, a força eletromotriz
§ O afastamento do ímã produz uma variação de flu- induzida (¶ind) na espira é:
xo no anel, gerando uma corrente induzida – Lei de ¶ind = r · i
Faraday; A força eletromotriz induzida também é medida em volt.
§ Devido à corrente induzida, o anel fica polarizado mag-
neticamente. O polo formado deve atrair o polo sul do
ímã. Em relação ao ímã, o polo formado tem que ser
um polo norte – Lei de Lenz.
Assim, conclui-se que, para que a face superior do anel seja
um polo norte, a corrente induzida deverá ter o sentido
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

anti-horário. multimídia: vídeo


A figura ilustra um ímã, com o polo sul para baixo, sendo Fonte: Youtube
aproximado de um anel. A corrente induzida que surge no Lei de Lenz | Forças magnéticas,
anel tem sentido horário. campos magnéticos e lei de faraday

movimento 3. Força eletromotriz induzida


em condutor móvel
Um condutor, de comprimento L, se desloca verticalmen-

i te
__› para baixo, como mostrado na figura, com velocidade
_​__› ​
v ​perpendicular a um campo magnético uniforme B ​
​ , cujas
i linhas de indução “saem” perpendicularmente da página.

91
Esse resultado mostra que a fem induzida é proporcional à
velocidade v do condutor em relação ao campo magnético;
assim, quanto maior a velocidade, maior será o valor da
fem induzida.
Se o condutor realiza um movimento do tipo MHS, por
exemplo, com frequência igual a 60 Hz em relação ao
campo magnético, os elétrons livres oscilarão, e a corren-
te elétrica será alternada. Essa corrente é do tipo que as
usinas oferecem para o uso doméstico e industrial. Nessas
condições, o condutor desempenhará a função de gerador
de tensão induzida alternada.

multimídia: vídeo
Os elétrons livres​____›do condutor ficarão sujeitos à ação de
Fonte: Youtube
força magnética F​ m ​de intensidade constante. Assim, o con-
dutor ficará com elétrons em excesso em uma das extremi- Como fazer um motor elétrico com
dades, e falta de elétrons na outra extremidade (excesso um ímã (experiência de física)
de carga positiva).
Essa diferença de cargas dá origem a um campo elétrico
Aplicação do conteúdo
com sentido oposto à direção da força magnética, e as ​___›
cargas elétricas ficam sujeitas também à força elétrica F​e ​ 1. Uma espira circular está fixada e um ímã, em forma
de sentido
​____› contrário.
​___› Até o momento em que essas duas de barra, passa pelo centro da espira, conforme indica
forças, F​ m ​e F​ e ​, se equilibrem, haverá separação de cargas. a figura. Determine o sentido da corrente induzida na
espira à medida que o ímã se aproxima.
A partir do momento que forças tiverem a mesma inten-
sidade, os excessos de cargas elétricas nas extremidades
permanecerão constantes.
Ao ligar um fio no condutor, de modo a formar um percurso
fechado, uma corrente elétrica induzida irá circular no fio. movimento
Como no interior do condutor o campo elétrico não é nulo,
entre seus terminais existe uma ddp chamada força ele-
tromotriz induzida ¶.
Quando a ddp. é constante tem-se:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Fe = Fm
O
qE = qvB

E = vB
Resolução:
​ U ​, neste caso E = _​ ¶ ​.
Mas E = __
d L
Substituindo, temos: A corrente induzida, pela lei de Lenz, deve ter um sentido
_​  ¶ ​= vB de modo a criar um polo que se opõe ao polo norte que
L se aproxima. Desse modo, a face da espira voltada para o
polo norte do ímã é um polo norte. Aplicando a regra da
ε = BLv mão direita na espira, determinamos que a corrente deverá
circular no sentido anti-horário.

92
Logo, a corrente elétrica induzida na barra circula no sentido de
M para N (horário).
c) A barra MN, ao ser percorrida por uma corrente, imersa em um
2. Uma barra condutora MN, de resistência desprezível campo magnético uniforme, fica sujeita a uma força magnética
e comprimento 2 m, move-se sobre dois trilhos condu- dada por:
tores, com velocidade constante v = 10 m/s, como indi-
Fm = Biº · sen £.
cado na figura. Perpendicularmente ao plano dos tri- _​__›
lhos, existe um campo de indução magnética uniforme ​ ,£ = 90º:
Como a direção da velocidade é perpendicular a B ​
de intensidade 4 · 10–2 T. O resistor R tem resistência de
Fm = Biº · sen £ ä Fm = 4 · 10–2 · 0,8 · 2 sen 90º ä
1 V. Determine:
ä Fm 6,4 · 10–2 N
Como a barra se move com velocidade constante, Fext = Fm.

3. (UFPR) Michael Faraday foi um cientista inglês que


viveu no século XIX. Através de suas descobertas fo-
ram estabelecidas as bases do eletromagnetismo, re-
lacionando fenômenos da eletricidade, eletroquímica e
magnetismo. Suas invenções permitiram o desenvolvi-
a) a fem induzida na barra; mento do gerador elétrico, e foi graças a seus esforços
b) a intensidade e o sentido da corrente induzida no que a eletricidade tornou-se uma tecnologia de uso
circuito; prático. Em sua homenagem uma das quatro leis do
eletromagnetismo leva seu nome e pode ser expressa
c) a intensidade da força externa que desloca a barra
como: ε =​  D F​ onde ε é a força eletromotriz induzida
___
MN. Dt
em um circuito, F é o fluxo magnético através desse
Resolução: circuito e t é o tempo.

Dados: B = 4 · 10–2T; º =2 m; R = 1 V; Considere a figura abaixo, que representa um ímã pró-


ximo a um anel condutor e um observador na posição
V = 10 m/s O. O ímã pode se deslocar ao longo do eixo do anel e a
distância entre o polo norte e o centro do anel é d. Ten-
do em vista essas informações, identifique as seguintes
afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) A fem do condutor que se desloca num campo magnético é


dada por:
( ) Mantendo-se a distância d constante se observará o
¶ = Bºv ä ¶ = 4 · 10–2 · 2 · 10 ä ε = 0,8 V
surgimento de uma corrente induzida no anel no senti-
b) U = Ri ä ¶ = Ri ä 0,8 = 1 · i = 0,8 A do horário.

O sentido convencional da corrente é o sentido do movimento ( ) Durante a aproximação do ímã à espira, observa-se
o surgimento de uma corrente induzida no anel no sen-
das cargas positivas. Portanto, podemos determinar pela regra
tido horário.
da mão esquerda.

93
( ) Durante o afastamento do ímã em relação à espira, aproximação do ímã. Pela regra da mão direita, podemos checar
observa-se o surgimento de uma corrente induzida no que a corrente induzida no anel será no sentido anti-horário.
anel no sentido horário. Verdadeira. Pela mesma explicação do item acima.
( ) Girando-se o anel em torno do eixo z, observa-se o Verdadeira. Pois com esse movimento haverá uma variação do
surgimento de uma corrente induzida. fluxo magnético.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência corre- Alternativa A
ta, de cima para baixo.
a) F – F – V – V.
b) F – V – F – V.
c) V – V – F – F.
d) V – F – V – V.
e) F – F – V – F.

Resolução:
Falsa. Para que surja uma corrente induzida no anel, é necessário
multimídia: site
que haja um movimento relativo entre ímã e espira e, consequen-
temente, uma variação de fluxo magnético. educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/
Falsa. De acordo com a lei de Lenz, quando se aproxima um ímã inducao.html
de uma espira, surgirá uma corrente elétrica circulando nesta espira www.infoescola.com/eletromagnetismo/lei-de-lenz/
que, por sua vez, criará um campo magnético no entorno da espira, efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/inducao/ex_indu-
de forma que esta irá se opor ao campo magnético que originou cao_eletromag/
a corrente elétrica. Assim, podemos dizer que no centro da espira
surgirá um “polo magnético” Norte para se opor ao movimento de

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O químico e engenheiro francês Henry Louis Le Chatelier trabalhava para construir uma relação da química com a
indústria. Em 1884, ele enunciou um princípio sobre o comportamento de sistemas em equilíbrio ao serem pertur-
bados. Esse princípio mostra que, quando alteramos um sistema em equilíbrio, ele buscará adquirir um novo estado
que anule essa perturbação. Ele foi chamado de princípio de Le Chatelier e pode ser descrito assim: “Se for imposta
uma alteração de concentrações, de temperatura ou de pressão a um sistema químico em equilíbrio, a composição
do sistema irá se descolar no sentido de contrariar a alteração a que foi sujeita“.
De acordo com Le Chatelier, quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se reajustar procu-
rando diminuir os efeitos dessa força. Esse princípio enunciado pelo cientista francês se assemelha às leis de indução
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

propostas por Faraday e Lenz. Apesar de ser um enunciado simples, ele tem ampla aplicação nas ciências da natureza.

94
VIVENCIANDO

As aplicações para a lei de indução de Faraday-Lenz são as mais diversas. Praticamente, quase todos os equipa-
mentos eletroeletrônicos utilizam o fenômeno da indução, como dínamos, geradores, transformadores, alternadores
e indutores, todos por meio da variação no campo magnético. A energia elétrica que utilizamos em nossas casas é
fornecida por meio das aplicações das leis de indução.
A produção da energia que consumimos em nossas casas é feita em usinas elétricas através de um gerador elétrico.
Este tipo de gerador funciona de forma inversa do motor elétrico, ou seja, enquanto o motor transforma a energia
elétrica em energia mecânica, o gerador transforma energia mecânica em elétrica. A energia elétrica que chega às
residências e às muitas indústrias é obtida através de geradores que transformam em energia elétrica a energia me-
cânica das quedas d’água, nas usinas hidrelétricas, ou da energia térmica oriunda da combustão de óleo, carvão ou
gás natural, nas usinas termelétricas.
Os indutores, por outro lado, são equipamentos com um dispositivo elétrico capaz de armazenar energia criada
em um campo magnético formado por uma corrente alternada. Esse componente é usado em circuitos elétricos,
eletrônicos e digitais, para armazenar energia através de um campo magnético. Por sua capacidade de alterar sinais
de corrente alternada, os indutores são amplamente usados em processamento de sinais, incluindo recepções e
transmissões de rádio.

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

95
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 diz respeito à capacidade de interpretar processos naturais e/ou tecnológicos dentro dos fenôme-
nos eletromagnéticos. O aluno deve compreender como se dá o fenômeno natural da indução eletromagnética,
além de compreender como é possível aplicar o fenômeno em processos tecnológicos.

MODELO 1
(Enem) Os dínamos são geradores de energia elétrica utilizados em bicicletas para acender uma pequena
lâmpada. Para isso, é necessário que a parte móvel esteja em contato com o pneu da bicicleta e, quando ela
entra em movimento, é gerada energia elétrica para acender a lâmpada. Dentro desse gerador, encontram-se
um imã e uma bobina.

O princípio de funcionamento desse equipamento é explicado pelo fato de que a:


a) corrente elétrica no circuito fechado gera um campo magnético nessa região;
b) bobina imersa no campo magnético em circuito fechado gera uma corrente elétrica;
c) bobina em atrito com o campo magnético no circuito fechado gera uma corrente elétrica;
d) corrente elétrica é gerada em circuito fechado por causa da presença do campo magnético;
e) corrente elétrica é gerada em circuito fechado quando há variação do campo magnético.

ANÁLISE EXPOSITIVA
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

De acordo com a lei de Faraday-Neumann, a corrente elétrica induzida num circuito fechado ocorre quan-
do há variação do fluxo magnético através do circuito.

RESPOSTA Alternativa E

96
MODELO 2
(Enem) Há vários tipos de tratamentos de doenças cerebrais que requerem a estimulação de partes do cérebro
por correntes elétricas. Os eletrodos são introduzidos no cérebro para gerar pequenas correntes em áreas espe-
cíficas. Para se eliminar a necessidade de introduzir eletrodos no cérebro, uma alternativa é usar bobinas que,
colocadas fora da cabeça, sejam capazes de induzir correntes elétricas no tecido cerebral.
Para que o tratamento de patologias cerebrais com bobinas seja realizado satisfatoriamente, é necessário que:
a) haja um grande número de espiras nas bobinas, o que diminui a voltagem induzida;
b) o campo magnético criado pelas bobinas seja constante, de forma a haver indução eletromagnética;
c) se observe que a intensidade das correntes induzidas depende da intensidade da corrente nas bobinas;
d) a corrente nas bobinas seja contínua, para que o campo magnético possa ser de grande intensidade;
e) o campo magnético dirija a corrente elétrica das bobinas para dentro do cérebro do paciente.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A intensidade da corrente induzida depende da variação do fluxo magnético gerado pela corrente na bobi-
na: quanto mais intensa for a corrente na bobina, maior será a intensidade da corrente induzida no cérebro.

RESPOSTA Alternativa C

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

97
DIAGRAMA DE IDEIAS

INTRODUÇÃO
ELETROMAGNÉTICA

VARIAÇÃO DO CORRENTE
LEI DE FARADAY
FLUXO MAGNÉTICO ELÉTRICA INDUZIDA

Corrente sentido
Afasta-se
horário
FACE NORTE
Corrente sentido
Aproxima-se
anti-horário
LEI DE LENZ
Corrente sentido
Aproxima-se
horário
FACE SUL
Corrente sentido
Afasta-se
anti-horário

O SENTIDO DA CORRENTE INDUZIDA


É TAL QUE O CAMPO MAGNÉTICO
GERADO SE OPÕE À VARIAÇÃO DO FLUXO.

FORÇA ELETROMOTRIZ CONDUTOR MÓVEL E = B ·ℓ·V


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

MHS
Corrente
alternada

98
​____›
Caso o campo magnético B​ 2 ​fosse representado atraves-
sando uma superfície plana de área 2 m2, o número de
linhas na representação seria de 16 linhas. Assim, a densi-
dade de linhas permanece igual a 8 linhas/m2.
INDUÇÃO O exemplo anterior permite concluir que o número de li-
ELETROMAGNÉTICA: nhas que atravessam uma superfície A é proporcional ao

LEI DE FARADAY produto B ∙ A, ou seja, do campo magnético pela área.


Faraday chamou esse produto de fluxo magnético. O
símbolo utilizado para o fluxo magnético é a letra grega
F (lê-se “fi”), e sua unidade no SI é o weber (Wb), em ho-
menagem ao físico alemão Wilhelm Weber (1804-1891).

CN AULAS
47 E 48
Assim, tem-se:
F=B·A

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) No entanto, existe uma limitação nessa equação do fluxo


1, 5 e 6 2, 17 e 20 magnético: as linhas de campo devem ser perpendiculares
à superfície que atravessam. Quando a superfície tem uma
orientação arbitrária, deve-se utilizar uma relação que leva
em conta a direção do plano, dada pela reta normal ao
1. Fluxo magnético plano, ou seja, uma reta ortogonal que atravessa o plano e
a direção das linhas do campo magnético. Como indica a
O conceito de linhas de campo foi criado por Faraday para
figura, o ângulo a é o ângulo entre as linhas de campo e a
representar o campo magnético por meio de linhas orien-
tadas. Trata-se apenas de uma representação, uma vez que reta normal ao plano.
seria necessário um número infinito de linhas para repre-
sentar um campo na realidade. Uma convenção adotada
por Faraday é que a densidade de linhas é proporcional à
intensidade do campo.
Como exemplo dessa convenção, considere duas situações,
ilustradas na figura a seguir: na figura da esquerda, está
representado um campo uniforme de intensidade B1 = 1 Plano inclinado em relação ao campo
T; na figura da direita, está representado um campo uni-
forme de intensidade B2 = 2 T. Nas duas figuras, o campo,
F = B · A · cos a
representado pelas linhas, atravessa uma superfície plana,
perpendicular a essas linhas, com área igual a 1 m2. Como,
por convenção, a intensidade do campo é proporcional à 1.1. Variações do fluxo magnético
densidade de linhas, se o primeiro campo for represen-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Como foi visto, o fluxo magnético é uma grandeza interpre-


tado com apenas quatro linhas, o segundo deverá ser tada pela proporção do número de linhas de campo mag-
representado com o dobro de linhas, ou seja, oito linhas. nético que atravessam uma superfície considerada.
Observe que a densidade de linhas no primeiro caso é de
Em relação ao conceito de indução magnética, a variação
4 linhas/m2, enquanto que, no segundo caso, esse valor é o
do fluxo magnético em certo intervalo de tempo será im-
dobro, isto é, a densidade de linhas é de 8 linhas/m2. portante, e não o valor instantâneo do fluxo magnético.
A variação do fluxo magnético pode ocorrer quando:

§ uma fonte de campo magnético se afasta ou se aproxi-


ma da superfície considerada;

§ a área da superfície considera é alterada;

§ o ângulo entre a superfície e as linhas de campo mag-


Representação do campo magnético nético varia.

99
Tem-se, então, DF = F2 – F1 e Dt = t2 – t1.
Caso o fluxo de campo magnético através de uma es-
Segundo a Lei de Faraday, a força eletromotriz média («m)
pira sofra variação, então uma força eletromotriz sur-
nesse intervalo de tempo é dada por:
girá na espira e existirá enquanto durar a variação de
fluxo. A força eletromotriz se anulará quando cessar a
variação do fluxo de campo magnético. «m = – ____
​ DF ​
Dt

Considere uma espira, sendo que a variação de fluxo de Essa equação representa quantitativamente a Lei de Fara-
campo magnético nessa espira seja tal que: day. O sinal negativo é devido à Lei de Lenz. Na resolução
§ no instante t1, o fluxo é F1; de exercícios, trabalha-se com valores em módulo.
§ no instante t2, o fluxo é F2;

VIVENCIANDO

As leis do eletromagnetismo, reunidas pelo formalismo matemático desenvolvido por Maxwell, estão presentes no dia a
dia. Os equipamentos eletrônicos, como celulares, computadores, videogames, eletrodomésticos, etc., têm todos como
base de funcionamento os conceitos desenvolvidos pelos cientistas que estudaram os fenômenos eletromagnéticos.

O forno de micro-ondas é um belo exemplo disso. No interior desse aparelho, existe uma onda eletromagnética de
frequência específica, gerada por um magnétron. O magnétron é uma válvula eletrônica responsável pela transfor-
mação de energia elétrica em ondas eletromagnéticas. Essas ondas são irradiadas para o interior do micro-ondas.
Por meio do processo de ressonância, as ondas eletromagnéticas fazem com que as moléculas de água aumentem
sua agitação, provocando, assim, o aquecimento dos alimentos.

Esquema descritivo de um magnétron


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Resolução:
Aplicação do conteúdo Como o plano da espira é perpendicular às linhas de campo, o
1. Em uma região de campo magnético uniforme, há fluxo é calculado pela equação:
uma espira de área A = 1,0 · 10–3 m2. No intervalo de F=B·A
tempo de 0,50 s, a intensidade do campo magnético é
aumentada de B1 = 1,20 T para B2 = 1,40 T. Sabendo que Sendo F1 = B1 · A e F2 = B2 · A, tem-se:
o plano da espira é perpendicular às linhas de campo, DF = F2 – F1 = B2 · A – B1 · A = (B2 – B1) · A
nesse intervalo de tempo, determine:
DF = (1,40 – 1,20) · 1,0 · 10–3 = 0,20 · 1,0 ·
a) o módulo da força eletromotriz média induzida;
b) a intensidade média da corrente elétrica induzida, saben- 10–3 ä DF = 2,0 · 10–4 Wb
do que a resistência elétrica da espira é r = 2,0 · 10–3 W.

100
a) O módulo da força eletromotriz média é calculado tra; depois de 1/4 de volta, atinge um valor máximo
pela equação: + εmax , e depois de 1/2 volta, é zero novamente. 3/4
de volta depois, atinge o valor − εmax e, ao completar a
 
​ « ​= ​____
Dt
​ 
2,0 · 10–4
​ DF ​  ​ = ________
0,50
 ​= 4,0 · 10–4 V volta, atinge o valor zero mais uma vez. Assim, a força
eletromotriz induzida oscila conforme a função senoide
b) Sendo r = 2,0 · 10–3 W, a intensidade média da entre os valores ± εmax , portanto, de forma alternada.
corrente é calculada pela equação: d) Incorreta. A frequência de oscilação da rede
(f) é dada em ciclo por segundo ou Hz e vale
​ « ​= r · i é i = ___
​ |«|
r ​ ​ ω .​
f = ___

4,0 · 10 –4
i = ________
​   ​= 0,20 A e) Incorreta. O valor da força eletromotriz varia de
2,0 · 10–3 − εmax a + εmax e, portanto, não é constante e nem
2. (PUC-PR) O dispositivo tecnológico mostrado na figu- varia Bω.
ra a seguir é um gerador elétrico simples e sua criação
é devido à aplicação da Lei de Faraday e da Lei de Lenz. Alternativa C
Nesse​ › dispositivo, a espira, imersa num campo magné-
___ 3. (IMED) Para a indução de corrente elétrica em um
tico ​B ​gira com velocidade angular ω em torno do eixo solenoide, é utilizado um ímã em barra. Para tanto, são
de rotação e está acoplada aos anéis coletores. Sobre testadas as seguintes possibilidades:
esses anéis estão as escovas de carvão, que fornecem
uma força eletromotriz ao circuito externo. O campo I. Movimenta-se o ímã com velocidade constante, man-
magnético entre os polos é uniforme e a área da espira tendo o solenoide próximo e parado.
é igual a A.
II. Gira-se o ímã com velocidade angular constante,
mantendo o solenoide próximo e parado.
III. Movimenta-se o solenoide com velocidade constan-
te, mantendo o ímã próximo e parado.
IV. Movimenta-se ambos com velocidades iguais em
módulo, direção e sentido.
Dessas possibilidades, quais podem gerar corrente elé-
trica no solenoide?
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas III e IV.
d) Apenas I, II e III.
e) Apenas I, III e IV.

Resolução:
Considerando o dispositivo da figura anterior, é CORRE-
Haverá corrente induzida no solenoide se houver movimen-
TO afirmar que:
to relativo entre o ímã e o solenoide, provocando variação
a) o fluxo do campo magnético através da espira é constante;
no campo magnético interno ao solenoide, produzindo-se,
b) o sentido da corrente induzida na espira é horário
assim, a corrente induzida no mesmo. O único item em que
e independe do tempo;
não há movimento relativo entre os dois é o da afirmativa
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

c) a força eletromotriz induzida e produzida pelo


gerador é alternada; [IV], que é falsa. As afirmativas restantes são verdadeiras.
d) a frequência de oscilação produzida pelo gerador e
Alternativa D
fornecida ao circuito externo é ω;
e) o valor da força eletromotriz gerada é Bω. 4. (UPE-SSA 3) A eletricidade facilita a vida de muitas pes-
soas. A única desvantagem é a quantidade de fios com
Resolução:
que se tem de lidar, se houver problemas: se você preci-
a) Incorreta. O fluxo do campo magnético varia sa desligar determinada tomada, pode ter que percorrer
conforme a direção do vetor normal à superfície da uma grande quantidade de fios até encontrar o fio certo.
espira, isto é, Φ = AB cosθ. Por isso, os cientistas tentaram desenvolver métodos
b) Incorreta. A frequência da corrente induzida será de transmissão de energia sem fio, o que facilitaria o
alternada devido à variação do fluxo do campo mag- processo e lidaria com fontes limpas de energia. A ideia
nético que ora aumenta, ora diminui. pode soar futurista, mas não é nova. Nicola Tesla pro-
c) Correta. Durante um ciclo, a força eletromotriz é pôs teorias de transmissão sem fio de energia, no fim
inicialmente nula para a posição em que se encon- dos anos 1800 e começo de 1900. Uma de suas demons-

101
trações energizava remotamente lâmpadas no chão de em um campo magnético uniforme, de modo que o conjun-
sua estação de experimentos em Colorado Springs. to oscile numa frequência determinada. No entanto, é mais
O trabalho de Tesla era impressionante, mas não gerou conveniente, do ponto de vista prático, utilizar uma espira
imediatamente métodos práticos de transmissão de girando com velocidade angular constante em torno de um
energia sem fio. Desde então, os pesquisadores desen- eixo dentro de um campo magnético criado por um ímã.
volveram diversas técnicas para transferir eletricidade
através de longas distâncias, sem utilizar fios. Algumas
técnicas só existem em teoria ou protótipos, mas outras
já estão em uso.
http://ciencia.hsw.uol.com.br/eletricidade-sem-fio.htm
(Adaptado)

Atualmente, muitos dispositivos eletrônicos têm suas


baterias carregadas pelo processo de indução eletro-
magnética, baseado nos estudos realizados por Tesla há
vários anos. Diversos celulares utilizam uma base que
produz um campo magnético, capaz de atravessar uma A relação entre a velocidade angular do movimento de rotação
espira resistiva instalada no celular. Um modelo simples da espira e a frequência f da corrente alternada é dada por:
é mostrado na figura a seguir. Sabendo que o campo da
figura aponta para dentro do plano da página, que a área v = 2pf
da espira é igual a 40 cm2 e que sua resistência é igual
a 0,5 mΩ, determine a variação de campo magnético
produzida pela base, para que uma corrente induzida de Na sequência de figuras a seguir, está representado o prin-
q140 mA atravesse a espira. cípio de funcionamento de um alternador ou gerador de
tensão alternada. O alternador é composto por uma espira
que pode girar em torno de um eixo em um campo magné-
tico uniforme existente entre os polos de um ímã. Quando
a espira gira, ocorre a variação do fluxo magnético, e, assim,
surge na espira uma corrente elétrica induzida.

a) 175 mT/s.
b) 350 mT/s.
c) 450 mT/s.
d) 525 mT/s.
e) 700 mT/s.
Resolução:
A · (Bf – Bi) |ε| · Dt
​ DΦ ​ ⇒ _________
|ε| = ___ ​   ​ ⇒ (Bf – Bi) = ______
​   ​
Dt Dt A
ε =r·i
Dt ⇒
​ r · i · ​
(Bf – Bi) =______
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A
0,5 · 10-3 · 140 · 10-3 · Dt
⇒ (Bf – Bi) = ___________________
  ​      ​
4 · 10-4
Observe na figura a indicação da corrente elétrica na espira.
considerando Dt = 1
Durante uma rotação completa, o fluxo do campo magné-
(Bf – Bi) = 17,5 · 10-2 ⇒ (Bf – Bi) = 175 · 10-3 ⇒ tico aumenta e diminui periodicamente, fazendo com que
⇒ (Bf – Bi) = 175 · mT/s a corrente elétrica inverta de sentido toda vez que a espira
completa meia-volta. Nesse caso, tem-se uma corrente
Alternativa A alternada na espira.
Ao ligar um resistor de resistência R em um circuito com a
2. Corrente alternada (C.A.) espira, a corrente alternada (C.A.) induzida terá intensida-
de dada por:
A corrente alternada pode ser obtida a partir de um circuito
condutor fechado ligado a um condutor deslizante, imersos i = __
​ « ​
R

102
Em que e é a força eletromotriz induzida entre os terminais intervalo de um período, na mesma quantidade que uma
da espira. tensão contínua de 220 V elevaria, no mesmo intervalo de
tempo. Assim, a energia elétrica e a consumida no tempo
correspondente a um período seriam iguais nos dois casos.
Tem-se:

U
Ueficaz = ____
​  máx ​ j 0,707 Umáx
d
​ XX
2 ​

A variação da corrente elétrica ao longo do tempo é repre- A especificação de tensão e corrente alternada nos apa-
sentada no gráfico, em que o intervalo de tempo igual a um relhos elétricos são dadas sempre em valores eficazes. A
período T correspondente a uma volta completa da espira. tensão fornecida por uma tomada 110 V ou 220 V se refere
Na C.A., os elétrons livres no interior do condutor oscilam ao valor eficaz da tensão alternada. Assim, os valores má-
em MHS em torno de posição de equilíbrio. Entretanto, não ximos, chamados de valores de pico, são, respectivamente:
é possível perceber a variação de tensão e da corrente al-
Umáx = 110 · d​ XX
2 ​ = 156 V
ternada nos equipamentos elétricos utilizados no dia a dia,
pois a frequência das oscilações é, em geral, muito acima Umáx = 220 · d​ XX
2 ​= 311 V
de nossa capacidade perceptiva (por exemplo, 60 Hz na
rede elétrica residencial). 2.1. Transformador
Por outro lado, os equipamentos que são utilizados para
É possível observar que existe em alguns dos postes de ele-
medir a tensão e a corrente alternadas são calibrados para tricidade nas ruas um equipamento no formato de uma caixa
fornecer o valor eficaz da tensão ou da corrente alternada. grande. Não é raro testemunhar uma explosão ou algum tipo
O valor eficaz de uma C.A. tem o mesmo valor da corrente de defeito nesses equipamentos, imediatamente antes de
contínua que dissiparia, por efeito Joule, em um resistor, a ocorrer a queda de energia nas casas próximas a esse poste.
mesma quantidade de energia dissipada pela corrente alter-
nada no intervalo de tempo correspondente a um período. Essa “caixa” em questão é um transformador. A função do
transformador é modificar a tensão elétrica, seja para diminuí-
É possível demonstrar o valor eficaz da corrente alternada -la ou aumentá-la. Em outras palavras, o transformador conver-
que é igual a: te a alta-tensão eficaz em baixa tensão eficaz ou o contrário.
O transformador é formado por um núcleo de ferro lami-
i nado sobre o qual são enroladas duas bobinas indepen-
ieficaz = ___
​ máx ​ j 0,707 imax
d
​ XX
2 ​ dentes e com diferentes números de espiras. A tensão que
se deseja modificar é aplicada na denominada bobina pri-
mária (P). Já a outra bobina, com a tensão modificada, é
a bobina secundária (S). Essas duas bobinas podem ser
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

intercambiáveis.

De modo semelhante, o valor eficaz da tensão alternada A base de funcionamento do transformador é a proprie-
veficaz­é obtido pela comparação entre o efeito térmico em dade de indução eletromagnética. Quando uma tensão
alternada, de valor eficaz igual a Up, é aplicada na bobina
um circuito de C.A. e o mesmo circuito de C.C.
primária, essa bobina fica sujeita a uma corrente elétrica
Dessa forma, uma tensão alternada eficaz de 220 V deve oscilante que dá origem a um campo magnético oscilan-
elevar a temperatura da água em uma torneira elétrica, no te. Esse campo faz com que haja um fluxo magnético no

103
núcleo de ferro. Como a bobina secundária também está b) Como as perdas são desprezíveis, o transformador
ligada ao núcleo, a passagem desse fluxo pelo enrolamen- é considerado ideal. Então, tem-se:
to secundário induz neste uma corrente alternada e uma P = Upip = Usis
tensão alternada de valor eficaz Us nos seus terminais.
P = Upip ä 55 = 220 ip = 0,25 A
A relação entre a tensão eficaz na bobina primária Up e na bo-
bina secundária Us depende do número de espiras na bobina P = Usis ä 55 = 110 is = 0,50 A
primária Np e na secundária Ns. A razão de transformação é:
A indução eletromagnética é bastante presente no dia a dia.
Algumas das aplicações que fazem uso dessa propriedade
Up Np são o gerador eletromagnético, o microfone e o gravador.
__
​   ​ = ​ __ ​
Us Ns 2. (UFSM)

Assim, a característica do transformador de aumentar ou


diminuir a tensão depende da relação entre o número de
espiras em cada bobina. Tem-se que:

§ quando Ns > Np é , o transformador é um elevador


de tensão;
A transmissão de energia elétrica se dá a altas volta-
§ quando Ns < Np é , o transformador é um abaixador gens, mas, nas residências, as tomadas fornecem baixas
de tensão. voltagens. Transformadores são dispositivos eletromag-
néticos que, baseados na Lei de ____________, mudam
A utilização em larga escala da C.A. para uso doméstico e o valor da ____________ elétrica ____________.
industrial tornou-se possível graças aos transformadores,
pois pode-se adequar a tensão da rede elétrica (110 V ou Assinale a alternativa que completa as lacunas.
220 V) para a tensão de funcionamento de aparelhos elé- a) Faraday – tensão – alternada.
tricos de uso doméstico. b) Faraday – tensão – contínua.
c) Ampère – tensão – alternada.
A energia dissipada por condutor de resistência R é igual
d) Ampère – força – alternada.
a Pd = R · i2. Desse modo, os sistemas de transmissão
e) Ampère – força – contínua.
e distribuição de energia utilizam transformadores para
operarem de modo a produzir alta-tensão e baixa inten- Resolução:
sidade de corrente. Assim, são reduzidas as perdas de
energia por efeito Joule nos cabos condutores das linhas. A alteração de voltagens é a alteração de tensões elétricas
em correntes alternadas. Isso está de acordo com a Lei de
Faraday.
Aplicação do conteúdo
Alternativa A
1. Um transformador de corrente alternada tem a bo-
bina secundária com 1.000 espiras e a bobina primária, 3. (Acafe) O carregador de celular é um dispositivo que
alimentada com tensão de 220 V, com 2.000 espiras. consegue transferir energia elétrica da rede elétrica
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Considerando desprezíveis as perdas por atritos, residencial para as baterias do aparelho. No entanto,
calcule: para realizar essa transferência utiliza um equipamento
a) a tensão eficaz da saída no secundário; bastante conhecido, o transformador. Na figura a se-
b) a intensidade eficaz máxima da corrente em cada guir, recortamos o esquema do transformador de um
terminal quando operando a potência 55 W. carregador de celular que é igual à de qualquer trans-
formador comum.
Resolução:
a) Dados: Np = 2.000; Ns =1.000, Up = 220 V, P = 55 W
A partir do número de espiras em cada bobina, tem-se que
Ns< Np, assim, o transformador em questão é um abaixador
de tensão. A tensão eficaz de saída é calculada pela relação:
UP NP
__
​   ​ = __ ​ 220 ​= 2.000/1.000 ∫ Us = 110V
​   ​ ∫ ___ Considere a figura e assinale a alternativa correta que
US NS US completa as lacunas da frase a seguir.

104
O princípio de funcionamento do transformador é do fluxo magnético. Como a bateria fornece tensão constante
________. Com base na figura, deduzimos que a tensão ao primário, a corrente através dele é contínua, não havendo
do enrolamento da ________ é ________ que a tensão variação de fluxo magnético no secundário. Em consequên-
do enrolamento da ________. cia, é nula a força eletromotriz nele induzida.
a) a indução eletromagnética – direita – igual – esquerda; Alternativa C
b) a indução eletrostática – esquerda – menor – direita;
c) a indução eletromagnética – esquerda – maior – direita;
d) a indução eletrostática – direita – maior – esquerda.

Resolução:
O funcionamento dos transformadores é baseado no princípio da
indução eletromagnética, descoberto pelo físico inglês Michael
Faraday, em 1831. Quando a corrente de uma bobina varia, seu
campo magnético induz uma força eletromotriz (f.e.m.) numa multimídia: vídeo
bobina vizinha. Fonte: Youtube
Para um transformador ideal, tem-se: Física - Indução eletromagnética:
__V1 N1 __ I2 fluxo de campo mag...
​   ​ = __
​   ​ = ​   ​
V2 N2 I1
Em que:
V1 é a tensão no primário
2.2. O gerador eletromagnético
V2 é a tensão no secundário A lei de indução eletromagnética de Faraday deu origem a
N1 é o número de espiras do primário uma grande invenção que possibilitou a geração de ener-
N2 é o número de espiras do secundário gia elétrica em larga escala: o gerador eletromagnético.
I1 é a corrente no primário
I2 é a corrente no secundário A figura a seguir ilustra o princípio de funcionamento de
um gerador de corrente alternada, também denominado
Observa-se pela expressão que o número de espiras é diretamen-
te proporcional à tensão e inversamente proporcional à corrente. gerador eletromagnético. Uma bobina de n espiras ligada
Portanto, para o enrolamento da esquerda, tem-se maior número a um eixo capaz de girar é colocada entre os polos de um
de espiras e maior tensão. ímã. Ao girar, o movimento causa uma variação de fluxo
em cada uma das espiras, originando uma força eletromo-
Alternativa C triz induzida nas espiras.
4. (Udesc) Um transformador possui 50 espiras no enro- Em geral, a rotação imposta ao conjunto é uniforme, e as-
lamento primário e 200 espiras no secundário.
sim é produzida uma corrente alternada periódica e senoi-
Ao ligar o primário a uma bateria de tensão contínua e dal, como mostra o gráfico da figura.
constante de 12 V, o valor da tensão de saída, no enro-
lamento secundário, é igual a:
a) 12 V, pois a tensão de saída é igual à tensão de entrada;
b) zero, pois o número de espiras do enrolamento
secundário é maior do que o dobro do número de
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

espiras do primário;
c) zero, pois não há força eletromotriz induzida nas
espiras do secundário;
d) 72 V, pois a razão entre a tensão de saída e a ten-
são de entrada é igual à razão entre o número de Gerador elétrico
espiras do enrolamento secundário e o número de
espiras do enrolamento primário;
e) 48 V, pois a razão entre a tensão de entrada e a
tensão de saída é igual à razão entre o número de es-
piras do enrolamento primário e o número de espiras
do enrolamento secundário.
Resolução:
O transformador somente funciona com corrente alternada, Corrente alternada senoidal
pois a corrente no secundário é induzida, devido à variação

105
A corrente elétrica que é produzida no enrolamento (es- 2.3. Usinas hidroelétricas
piras) do gerador é feita por uma técnica que utiliza anéis
ou escovas. Os terminais da espira que estão em rotação Com o objetivo de gerar grande quantidade de energia,
são ligados a dois anéis, e os terminais de uma lâmpada, uma usina hidroelétrica (ou hidrelétrica) precisa armazenar
por exemplo, são conectados a duas escovas de carvão que uma grande quantidade de água em uma represa (imagem
fazem contato externo com os anéis em rotação. Dessa ma- a seguir).
neira, é possível retirar a corrente elétrica do gerador para
o circuito externo.
Denomina-se rotor o conjunto do eixo giratório e a bobina.
Existem diversas maneiras de fazer o rotor girar. Um modo
mais simples é um sistema mecânico acoplado ao seu eixo,
que pode ser até uma simples manivela, caso o interesse não
seja a produção de grande quantidade de energia elétrica.
No caso de geradores de maior porte, pode-se utilizar uma
roda hidráulica (figuras a seguir). No caso das usinas hidro- A partir da represa, um desnível é utilizado para criar uma
elétricas, a água é utilizada para mover grandes turbinas. queda de água, fazendo com que a água ganhe energia
cinética e possa movimentar as turbinas (sistema de pás
semelhante ao de um ventilador). Essas turbinas são aco-
pladas a geradores elétricos, que, por sua vez, produzem a
corrente elétrica. A corrente elétrica gerada é, então, distri-
Uma simples manivela pode girar o rotor, buída para as cidades por meio de torres de transmissão.
como se usava nos antigos telefones.
Essa cadeia é denominada GTD: geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica.

Uma roda hidráulica pode fazer girar o rotor.

A produção de energia pelos geradores não viola qualquer 2.4. Usinas termoelétricas
princípio físico. O que ocorre é a conversão de energia
As usinas termoelétricas utilizam o vapor de água para
mecânica em energia elétrica. Nos exemplos das figuras
movimentar uma turbina. O vapor é obtido por uma cal-
anteriores, a energia mecânica inserida no sistema é feita
a partir da manivela, pelo eixo da roda hidráulica ou pela deira. A força do vapor formado com o aquecimento da
turbina da hidroelétrica. A quantidade de energia elétrica água movimenta a turbina, que, por sua vez, movimenta o
produzida nos terminais do gerador é igual à energia me- gerador. A caldeira utiliza diversas fontes de energia para
cânica injetada no seu eixo (desprezando possíveis perdas aquecer a água, entre elas a queima de combustíveis (óleo,
carvão) ou reações nucleares, como a da quebra (fissão) do
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

que ocorrem).
núcleo do urânio. Em Angra dos Reis (no Rio de Janeiro), as
O Brasil é um importante fabricante de geradores eletro-
usinas são termoelétricas, e o calor que utilizam é gerado
magnéticos de grande potência, que são importados por
pela liberação de energia nuclear.
países do Primeiro Mundo. Os rendimentos obtidos por
esse geradores são altíssimos, superiores a 90%.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Fluxo e fluxo magnético | Forças magnéticas, campos ...
106
Ao passar pela turbina, o vapor segue para um condensa-
dor, um mecanismo que o resfria, e, assim, transforma-se
novamente em água líquida. Então, a água é bombeada
novamente para a caldeira, para reiniciar o processo.
O resfriamento do vapor que é feito no condensador é re-
alizado utilizando-se um rio ou um lago. Entretanto, isso
tem uma consequência ecológica. As águas do rio ou lago
se tornam mais quentes e, consequentemente, ocorre a
diminuição do oxigênio existente nela, o que altera as con-
dições de vida de vários organismos aquáticos. Dessa alte-
ração pode resultar o aumento de organismos patológicos, Geradores de energia eólica em Fortaleza, Ceará
como certos tipos de bactérias.
Outro modo utilizado para resfriar o vapor interno nas usi-
nas termoelétricas é a utilização de água contida em torres.
No entanto, essa água é transformada em vapor e vai para
a atmosfera, podendo alterar o regime de chuvas.

Painéis para captação de energia solar


Existem ainda locais em que as marés apresentam grandes
desníveis, de modo que a água pode ser represada. Assim, é
possível empregar uma usina hidroelétrica de pequeno porte: a
marelétrica. Outra possibilidade é colocar a turbina no interior
de um rio, de modo que a turbina seja movimentada pela cor-
renteza. Esse processo é adotado em países do Primeiro Mundo.

Usina nuclear horizontal em Angra dos Reis, Rio de Janeiro

Existe ainda um outro tipo de problema que pode resultar


das termoelétricas: a poluição atmosférica causada pelos
resíduos da queima dos combustíveis. Nas usinas nuclea-
res, existe o problema do lixo atômico, formado pelo que multimídia: vídeo
sobra depois da fissão do urânio. Esse material é radioativo Fonte: Youtube
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

e muito perigoso para os seres vivos, pois causa câncer e


Trem magnético caseiro (experiência de Física)
mutações genéticas. Esse lixo deve ser guardado em locais
especiais, que impeçam a passagem da radiação.
2.6. Outros tipos de geradores
2.5. Outras usinas eletromagnéticas Um gerador de menor porte é o eletroquímico. Por meio
Há outros meios para se obter energia elétrica, mas em de reações químicas (estudadas nas aulas de Química),
menores quantidades. Um deles utiliza a energia dos é possível obter uma corrente elétrica. Alguns exemplos
ventos: as usinas eólicas. Nessas usinas, o vento provoca de geradores eletroquímicos são as pilhas de lanterna, as
a rotação de grandes pás que são acopladas aos gerado- baterias de automóveis e as baterias de relógios.
res. Outro tipo são as usinas solares, onde são utilizados Outra fonte de pequeno porte utiliza o efeito fotovol-
espelhos para concentrar a luz solar sobre um recipiente taico para produzir energia elétrica. Contudo, esse efeito
que contém água, que é aquecida até entrar em ebulição, ocorre apenas em alguns materiais denominados semi-
produzindo o vapor que vai acionar as turbinas. condutores, pois só conduzem a corrente elétrica em

107
condições especiais. Alguns semicondutores conduzem a
corrente elétrica quando recebem luz.
A figura a seguir representa, esquematicamente, uma cé-
lula fotovoltaica. Essa célula é formada por duas pla-
cas de semicondutores diferentes, A e B, cuja espessura é
de aproximadamente 0,5 mm. A luz, ao incidir sobre uma
das placas, fornece energia, que é absorvida por alguns
elétrons que podem, então, entrar em movimento. Ape-
sar de essa energia não ser suficiente para remover os
elétrons do material, ela é suficiente para se obter uma
corrente elétrica em um fio metálico ligado às placas. A
Carro movido a energia solar fotografado no Hawaii, Estados Unidos
intensidade dessa corrente depende da área das placas e
também da intensidade da luz. Num dia claro (sem nu- Até aqui foram estudados diversos tipos de geradores de
vens), pode-se obter aproximadamente 0,03 A para cada energia elétrica. Entretanto, é importante lembrar que a
centímetro quadrado de luz solar. principal fonte de energia é o Sol. O Sol fornece a energia
que mantém a Terra aquecida e o processo de fotossíntese,
proporcionando os alimentos e os combustíveis orgânicos:
lenha, petróleo, carvão, gás natural. O Sol também atua
fornecendo a energia para a evaporação da água dos rios
e dos oceanos, por meio da qual as nuvens se formam,
causando as chuvas e dando continuidade ao ciclo que
alimenta os rios, que, por sua vez, são utilizados para a
Esquema simplificado de uma célula fotovoltaica
construção de usinas hidroelétricas.
Essa células fotovoltaicas são utilizadas em algumas calcu-
ladoras eletrônicas. Como necessitam apenas de uma pe-
quena corrente, essas calculadoras funcionam até mesmo 3. O microfone
com a luz produzida por uma lâmpada. Contudo, a produ- Há diversos tipos de microfone. Um desses tipos funciona
ção de correntes maiores só é possível utilizando-se a luz baseado na indução eletromagnética.
solar. Nesse caso, as células fotovoltaicas são denominadas
células solares.
A produção de corrente elétrica por meio do uso de células
solares ainda é uma técnica cara e menos eficiente do que
as demais. Apesar disso, os pesquisadores esperam que, por
volta do ano 2050, esse processo já tenha sido aperfeiço-
ado, e cerca de 30% da energia elétrica usada no planeta
sejam obtidos pelo processo fotovoltaico. Não obstante, Dentro dos microfones, existe uma membrana que é aco-
atualmente essa técnica tem várias aplicações. Os satélites plada a um conjunto de espiras (bobina) que fica próximo
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

artificiais utilizam painéis de células solares (figura a seguir) de um ímã. O som provoca uma vibração de mesma fre-
para captar a luz do Sol e gerar energia elétrica; algumas ci-
quência nessa membrana. Assim, é induzida na bobina
dades pequenas utilizam os painéis solares de grande área
uma corrente elétrica alternada que tem a mesma frequ-
para obter energia elétrica.
ência do som.

Estação espacial Skylab: satélite com painéis solares

108
3.1. Gravação magnética Assim, ao aproximar um ímã de um supercondutor, em
uma região na qual inicialmente o campo magnético é
No passado, a gravação de som (ou imagem) era feita em nulo, o campo magnético dentro do supercondutor (ini-
fitas magnéticas. Essas fitas eram obtidas colocando-se cialmente nulo) não pode se alterar e deve continuar nulo.
uma fina camada de um material ferromagnético (óxido Como consequência da Lei de Faraday, um campo mag-
de ferro ou óxido de cromo) sobre uma fita de plástico. nético que cancela o campo do ímã será induzido no su-
A gravação do som (ou da imagem) se dava por meio da percondutor, isto é, haverá um campo oposto ao do ímã
transformação desse sinal em uma corrente elétrica vari- produzindo uma repulsão entre o ímã e o supercondutor.
ável enviada para a cabeça de gravação. Nesse local, um No entanto, por se tratar de um material supercondutor, a
pequeno eletroímã magnetizava a estreita região da fita corrente persiste, e essa repulsão se manterá, fazendo com
que passava diante da pequena abertura da cabeça, regis- que o ímã levite indefinidamente.
trando a gravação. O número de pesquisas sobre levitação magnética aumen-
tou devido à possibilidade de utilização desse fenômeno
no desenvolvimento dos meios de transporte. No Japão,
já foi construído o trem maglev, capaz de flutuar devido à
repulsão entre seus ímãs supercondutores e os trilhos, em
razão do campo magnético induzido. Com essa tecnologia,
já é possível atingir a velocidade de 580 km/h.
Na reprodução do som ou da imagem gravados na fita,
o campo magnético variável da fita móvel na abertura da
cabeça induzia uma corrente variável na bobina. Depois
de ser amplificada, essa corrente elétrica era enviada a um
alto-falante ou a um tubo de imagem de um televisor (dos
mais antigos).
As gravações feitas nos antigos disquetes de computador ou em
cartões magnéticos de bancos eram feitas de modo semelhante.

4. Supercondutores e magnetismo Demonstração de levitação magnética de um dos


novos supercondutores de alta temperatura.

Sabe-se que a resistividade dos metais diminui à medida que


a temperatura diminui. Abaixo de uma determinada tem-
peratura, denominada temperatura crítica (Tc), para alguns
materiais, a resistividade fica nula. Como exemplo, para o
mercúrio, Tc = 4,15 K, e para uma liga formada por tálio (Ti),
bário (Ba), cálcio (Ca), cobre (Cu) e oxigênio (O), Tc = 125 K.
A corrente elétrica abaixo da temperatura crítica, nesses ma-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

teriais, pode ser mantida indefinidamente no interior do con-


dutor. Esse fenômeno é denominado supercondutividade.
Um desafio que os físicos têm tentado superar é o de obter ma-
teriais que se tornem supercondutores em temperaturas mais Trem maglev, em Emsland, Alemanha
próximas da temperatura ambiente. Caso isso seja possível,
No dia a dia, o contato com as ondas eletromagnéticas é
existirão diversas aplicações, como a levitação magnética. constante, por mais que sua presença não seja percebida.
Em um supercondutor, devido à resistência ser nula (con- Como exemplos, é possível citar a luz visível, as ondas de
dutividade infinita), o campo elétrico no seu interior tam- infravermelho que aquecem o planeta, as ondas do forno
bém deve ser nulo. Assim, pela Lei de Faraday, o campo de micro-ondas, as ondas que transportam imagens até a
magnético não varia, ou seja, o campo magnético é cons- TV das casas, as ondas que chegam aos rádios, etc.
tante (qualquer alteração no campo magnético produz um A seguir, será estudada a formação das ondas eletromag-
campo elétrico). néticas e algumas das suas propriedades básicas.

109
5. Campos induzidos Em resumo, uma onda eletromagnética
propagação de um campo ​___› elétrico
_​__›

E ​ e,
consiste na
simultaneamente,
No estudo da indução magnética, verificou-se que sempre de um campo magnético B ​
​ , ambos variáveis com o tempo,
surge corrente induzida em um circuito quando há uma com as seguintes propriedades:
_​__› _​__›
variação de fluxo magnético. Essa variação de fluxo pode ​ e E ​
§ B ​ ​ são perpendiculares entre si;
ser obtida mantendo o circuito em repouso e fazendo com ​___›
§ a onda
___ se propaga em uma direção perpendicular a B ​​
que um campo magnético variável incida sobre o circuito. ​›
e a  ​E​ , simultaneamente;
Entretanto, o campo magnético não atua sobre cargas elé-
tricas em repouso. Então, como explicar o aparecimento da § o módulo da velocidade da onda no vácuo é
corrente induzida? c = 3,0 · 108 m/s;
§ os campos variáveis
​___› são​___ gerados um do outro,
​___› ou seja,
​___›
Em 1831, Faraday apresentou uma explicação para o fenô- ›
a variação de B ​
​ gera E ​
​ , e a variação de E ​
​ gera B ​
​, e
meno. De acordo com ele, a corrente induzida é produzida
assim sucessivamente.
pelo aparecimento de um campo elétrico. Com essa propo-
sição, a Lei de Faraday pode ser enunciada como: É possível observar na figura a seguir que a direção dos
​_›_ ​___› ​___›
vetores v ​​ , E ​
​ e B ​
​ pode ser determinada pela regra da mão
Campo magnético variável produz campo elétrico esquerda, vista no capítulo “Força magnética”.
Observe na figura uma representação esquemática de uma
Em 1864, o físico escocês James Clerk Maxwell (1831- onda eletromagnética em que:
1879), com grande habilidade matemática e notável intui-
ção física, propôs o efeito inverso:

Campo elétrico variável produz campo magnético

Maxwell agrupou quatro equações que levam em consi-


Onda eletromagnética
deração os fenômenos elétricos e magnéticos e que são ​___›
conhecidas como equações de Maxwell para o ele- § o campo elétrico E ​
​ oscila na direção de y;
___ ​›
tromagnetismo. Essas equações dão suporte matemáti- ​ oscila na direção de z;
§ o campo magnético B ​
co para as duas leis de indução enunciadas anteriormente. § a onda se propaga na direção de x.
Contudo, devido à sua complexidade matemática, elas não
serão analisadas aqui. A visualização da propagação
_​__› _​__› ​__ da onda se torna mais fácil

quando os vetores E ​
​ , B ​
​ e v ​
​ são representados em interva-
los de tempo iguais ao período T da onda. A figura a seguir
6. Ondas eletromagnéticas mostra os três vetores nos instantes 0, T e 2T. O compri-
mento de onda é dado pelo valor de l. Essa representação
Outro fenômeno descrito por Maxwell foi o seguinte: um esquemática da onda eletromagnética considerada fica
campo elétrico variável produz um campo magnético, que então como na figura:
também é variável; então, esse campo magnético variável
produz um campo elétrico variável, e assim sucessivamen-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

te. Esses campos, em sequências, são capazes de se propa-


garem no espaço, formando uma onda eletromagnética.
Uma onda eletromagnética pode ser produzida pela ace-
leração de uma carga elétrica. Caso a oscilação da carga
elétrica tenha frequência f, então a onda eletromagnética
resultante também terá frequência igual a f.
Maxwell demonstrou, por meio de sua equações, que as on-
das eletromagnéticas se propagam no vácuo sempre com a
mesma velocidade, igual a 3,0 · 108 m/s, independentemen-
te de onde se formam. Em geral, utiliza-se a letra “c” para
designar essa velocidade. Como a velocidade de propagação
da luz no vácuo tem essa mesma velocidade, os cientistas
concluíram que a luz é uma onda eletromagnética.

110
A equação fundamental da ondulatória é válida para 6.2. Raios e televisão
essa onda:
v=l·f O som pode ser transformado em corrente elétrica alterna-
da que passa através de fios, como foi estudado anterior-
Sendo que f é a frequência. A velocidade de propagação
mente. No entanto, existem elétrons acelerados em uma
da onda depende do meio (material) em que está. Nova-
corrente alternada que emitem ondas eletromagnéticas.
mente, observe que essa velocidade é máxima no vácuo e é
Assim, a “informação” pode ser transmitida sem fio, por
igual a c. Em qualquer outro meio, a velocidade será menor.
meio de ondas eletromagnéticas.
Contudo, o valor da frequência f não se modifica, mesmo
que a luz mude de meio. O rádio, a televisão e o telefone celular utilizam esse princí-
Na aula de “Ondas”, foi representado o espectro de fre- pio. O aparelho emissor transforma a informação (som, luz)
quência das ondas eletromagnéticas. Observe o espectro em corrente elétrica, que produz ondas eletromagnéticas
de frequência de algumas das mais conhecidas: emitidas por antenas.

§ luz visível:
1014 1015
f (Hz)

§ raios X:
1016 1020
f (Hz)

§ micro-ondas:
108 1012
f (Hz) Na antena receptora, o campo elétrico variável da onda
eletromagnética faz com que os elétrons livres da antena
Devido a essa diferença de frequência, é possível identificar
oscilem, produzindo as correntes alternadas que serão
diferentes ondas eletromagnéticas.
novamente transformadas em som ou imagem.
Veja a seguir algumas aplicações das ondas eletromagnéticas.
As ondas médias de rádios, as ondas de FM e as ondas de
TV têm alcance pequeno devido à curvatura da Terra. Assim,
6.1. Raios X esse tipo de transmissão é utilizado apenas dentro de uma
Para determinado tipo de onda eletromagnética, um meio mesma cidade. Para que essas ondas atinjam pontos mais
pode ser opaco ou transparente. A musculatura do cor- distantes, usam-se estações retransmissoras e também saté-
po, por exemplo, é opaca à luz visível, pois não é possível lites artificiais, que servem de “refletores” das ondas: são os
enxergar através de uma pessoa. No entanto, ela é trans- satélites geoestacionários.
parente aos raios X, que são as ondas eletromagnéticas
utilizadas para se obter as radiografias médicas. Os raios X
conseguem atravessar os músculos e outros tecidos, mas
não os ossos. Desse modo, obtém-se a imagem dos ossos
na chapa fotográfica.
A obtenção de raios X é feita por meio da aceleração
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de elétrons em um equipamento específico, que é capaz


de deixá-los colidir com uma chapa metálica. A brusca
desaceleração faz com que os elétrons emitam ondas de
6.3. Micro-ondas
altas frequência. Semelhante ao caso das ondas de rádio, as micro-ondas
são produzidas por instrumentos eletrônicos e são utilizadas
principalmente em comunicações e nos sistemas de radar.
Um radar é formado basicamente por um emissor de
micro-ondas e um receptor das micro-ondas refletidas
por um objeto qualquer. Sabendo a velocidade de pro-
pagação da onda eletromagnética e o intervalo de tempo
decorrido entre a emissão da onda e a recepção da onda
refletida, é possível determinar a posição do objeto no
qual as ondas refletiram.

111
As micro-ondas também são utilizadas para acelerar o co- 2. Por que os circuitos oscilantes das estações de rádios
zimento de alimentos. Essa ondas produzidas pelos fornos operam em alta frequência?
de micro-ondas causam a agitação das moléculas de água Resolução:
dos alimentos, aquecendo-os mais rapidamente. Se a frequência é maior, então o comprimento de onda é menor, o que
dificulta a absorção da onda pelo meio. Outro fator importante está no
fato de que nessas frequências é mais difícil ocorrer interferências por
Aplicação do conteúdo frequências mais baixas, como as produzidas por fios de alta-tensão e
de outros equipamentos elétricos.
1. Uma onda eletromagnética, com frequência de 150
MHz, se propaga pelo vácuo. Determine:
a) o comprimento da onda; ​___›
b) a frequência de oscilação do campo elétrico E ​
​.
(Use: velocidade das ondas eletromagnéticas no vácuo:
c = 3 · 108 m/s.)
Dado: f = 150 MHz = 150 · 106 Hz
multimídia: site
Resolução:
a) Aplicando a equação das ondas, tem-se: www.pt.khanacademy.org/science/physics/magnetic-for-
ces-and-magnetic-fields/magnetic-flux-faradays-law/a/
v = lf ä 3 · 108 = l · 150 · 106 ä = l = 2 m
what-is-magnetic-flux
b) Um onda eletromagnética é composta por campos
www.mundoestranho.abril.com.br/ciencia/qual-a-dife-
elétrico e magnético que oscilam em fase
​___›
e com a mes-
renca-entre-corrente-alternada-e-corrente-continua
ma frequência. Assim, a frequência de ​E ​é de 150 MHz.
www.newtoncbraga.com.br/index.php/como-funciona/
12484-como-funciona-a-corrente-alternada-art2980

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Sabe-se que a eletricidade flui constantemente do polo negativo para o positivo. É assim que funciona com pilhas e
baterias. No entanto, não é isso o que ocorre nas tomadas das casas. Na corrente alternada, os polos são invertidos
dezenas de vezes por segundo, e a eletricidade não “corre” diretamente, mas sim em zigue-zague. Parece que não
é tão útil ou prático fazer isso, mas é a forma como a energia elétrica pode ser gerada por indução. Um gerador com
ímãs fixos e um eixo móvel – um alternador – produz corrente alternada.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A disputa entre Thomas Alva Edison e Nikola Tesla sobre qual seria a corrente mais eficiente, contínua ou alternada,
ficou conhecida como a “guerra das correntes“. Thomas Edison foi um empresário estadunidense que patenteou e
financiou o desenvolvimento de muitos dispositivos importantes, como a lâmpada incandescente e o cinematógrafo,
a primeira câmera cinematográfica bem-sucedida. Nikola Tesla foi um cientista e inventor austríaco (hoje, sua cidade
natal está situada na Croácia), conhecido por suas contribuições para o eletromagnetismo no fim do século. Seu
trabalho teórico forma as bases dos modernos sistemas de potência elétrica e distribuição de energia.
A guerra se formou porque Edison acreditava ferrenhamente que a corrente contínua era a mais eficiente, e Tesla
era defensor da corrente alternada. Ainda existia uma desavença pessoal entre os dois, que surgiu quando Tesla
trabalhava para Edison, e este renegou o trabalho do inventor austríaco. Tesla é considerado por muitos como um
gênio incompreendido que foi enganado por Edison. Atualmente, utiliza-se a corrente alternada para a transmissão
de energia elétrica, pois ela tem bem menos perdas em longas distâncias de transmissão.

112
DIAGRAMA DE IDEIAS

FLUXO
MAGNÉTICO

LINHAS PERPENDICULARES
À SUPERFÍCIE
F=B·A

LINHAS INCLINADAS
F = B · A · cosa
À SUPERFÍCIE

VARIAÇÃO DO
«m = – ____
​ DF ​
FLUXO MAGNÉTICO Dt

UP N
TRANSFORMADOR = P
US NS

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

113
MECÂNICA
QUÂNTICA
No fim do século XIX, muitos físicos buscavam obter, a partir
das leis do Eletromagnetismo, uma equação que envolvesse
I, f e a temperatura que fosse condizente com os resultados

CN
experimentais obtidos. Esse problema ficou conhecido como
AULAS problema do corpo negro, uma vez que esse era o nome
49 E 50 dado a um corpo ideal que emitisse e absorvesse igualmente
bem todas as radiações, isto é, as ondas eletromagnéticas.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
Diversos físicos tentaram sem sucesso resolver esse proble-
1, 5 e 6 3, 17 e 20
ma. Contudo, em 1900, o alemão Max Planck (1858-1947)
chegou a uma solução. Para isso, ele apresentou uma hi-
pótese que contrariava o Eletromagnetismo estabelecido
1. Introdução até então. Sua hipótese era a de que a radiação emitida
pelo corpo não ocorria de modo contínuo, mas na forma de
A Mecânica Quântica foi formalmente desenvolvida a par- pequenos “pacotes”, sendo que a energia E de cada “pa-
tir da segunda década do século XX. Dentro dela, existem cote” seria proporcional à frequência f da radiação, ou seja:
diferentes modelos que revolucionaram a Física no início
do século XX e possibilitaram uma melhor compreensão da E=h·f
estrutura da matéria. Muitas partículas elementares foram
descobertas e, com isso, foi possível formular hipóteses so-
Sendo h uma constante, denominada constante de
bre a origem do Universo.
Planck, cujo valor é:

2. Mecânica quântica h = 6,63 · 10–34 J · s

Planck, embora aceitasse provisoriamente sua hipótese,


2.1. A radiação do corpo negro pois ela funcionava, tentou durante os anos seguintes ob-
ter uma outra solução, mas não teve êxito. Ainda assim,
A partir do estudo da Termologia, é possível concluir que
admitiu que somente durante a emissão da radiação a
todos os corpos emitem ondas eletromagnéticas continua-
energia se dividia em “pacotes” e, logo depois, se transfor-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

mente, cujas intensidades dependem da temperatura. Essa


mava numa onda contínua.
emissão de ondas ocorre devido à constante agitação dos
elétrons no interior do corpo, sendo que sua frequência
também depende da temperatura. Um pedaço de ferro,
que esteja à temperatura ambiente, emite ondas cujas fre-
quências são inferiores à da luz; no entanto, quando o ferro
é aquecido, é possível notar que, a partir de certa tempe-
ratura, ele passa a emitir luz, que é inicialmente vermelha;
em seguida, alaranjada; depois, amarela, chegando quase
à cor branca. multimídia: vídeo
O gráfico da intensidade I da radiação em função da fre- Fonte: Youtube
quência f na figura a seguir mostra o aspecto obtido, ex- Osvaldo Pessoa Jr - Interpretações da
perimentalmente, quando um metal é aquecido (para cada Mecânica Quânt...
temperatura tem-se uma curva diferente).

114
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Efeito Fotoelétrico | Estrutura eletrônica
de átomos ...
Caso haja emissão de elétrons, a placa positiva (X) os atrai-
rá, estabelecendo assim uma corrente elétrica no circuito
3. O efeito fotoelétrico que poderá ser detectada por um amperímetro sensível (A).
A onda eletromagnética transfere energia ao elétron. Par-
A hipótese de Planck não foi levada a sério durante alguns te dessa energia é usada para realizar o trabalho (W) de
anos, até que, em 1905, Albert Einstein (1879-1955) reto- extração do elétron; o restante transforma-se em energia
mou essa ideia. Olhando novamente para o problema do cinética (Ec) do elétron. Dessa forma, à primeira vista, o
corpo negro, Einstein demonstrou que a análise ficava mais efeito fotoelétrico tem uma aplicação simples; no entanto,
coerente quando se admitia que a radiação se comporta- do ponto de vista da Física Clássica, os resultados experi-
va como se fosse composta de “pacotes”, mesmo depois mentais são intrigantes.
de abandonar o corpo. Einstein chamou cada “pacote” de Em primeiro lugar, há a questão da frequência. De acor-
quantum (palavra latina cujo plural é quanta); mais tarde, do com a Física Clássica, esse efeito não deveria depender
cada quantum foi denominado fóton. da frequência da onda incidente. Entretanto, a experiência
demonstra que, para cada metal, o efeito é obtido apenas
Einstein mostrou que o efeito fotoelétrico, cujas caracterís-
quando a frequência é maior ou igual a um valor mínimo
ticas também intrigavam os físicos, podia ser explicado por
denominado frequência de corte (fc). Na tabela a seguir
essa hipótese. é possível verificar os valores de fc para alguns metais. Em
Quando um corpo é atingido por ondas eletromagnéticas, metais alcalinos (sódio, potássio, etc.), essa frequência cor-
observa-se que, às vezes, elétrons são “arrancados” desse responde à da luz visível; já para os outros metais, o valor
corpo. Esse efeito é mais facilmente observável em metais, de fc está na região do ultravioleta.
embora possa acontecer em diversos materiais. A emissão
de elétrons pela absorção de radiação é denominada efei- Frequência de corte (fc) para alguns metais
to fotoelétrico. Metal Fc (Hz)
Sódio 5,5 · 1014

Potássio 4,22 · 1014

Cobre 1,13 · 1015


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Prata 1,14 · 1015

Platina 1,53 · 1015

Em segundo lugar, existe a questão do tempo. Na Física


Clássica, para que um elétron adquira a energia neces-
sária para escapar de um corpo, é preciso um tempo que
pode variar horas, dias ou mesmo meses. No entanto, o
que se observa é que, no efeito fotoelétrico, a emissão é
O efeito fotoelétrico pode ser observado por meio da cha- praticamente imediata, isto é, o tempo entre o momento
mada fotocélula (dispositivo esquematizado na imagem em que a radiação atinge o metal e o momento em que o
a seguir). Nela, duas placas metálicas, X e Y, são colocadas elétron escapa é extremamente curto (3 · 10-9 s).
no interior de uma ampola de vidro, onde se tem vácuo. A Existe ainda a questão da intensidade da radiação. O efeito
radiação incide na placa Y. sempre ocorre quando a frequência está acima da frequência

115
de corte, mesmo que a intensidade da radiação seja menor. sódio na figura a seguir. Para todos os metais, as semirre-
Ela influencia no número de elétrons que serão arrancados e, tas devem ter a mesma inclinação, uma vez que h é uma
portanto, influenciará também na corrente (i) medida no cir- constante universal; dessa forma, como é possível observar,
cuito. Contudo, a energia cinética adquirida por cada elétron elas serão paralelas.
não sofre influência da intensidade da radiação.
Em geral, utiliza-se a unidade elétron-volt (eV) no estu-
Einstein explicou essa questão dizendo que a radiação é
do do efeito fotoelétrico, em que:
formada por quanta (fótons) e cada elétron absorve ape-
nas um fóton; este, por sua vez, não será absorvido se sua 1 eV = 1,6 · 10-19 J
energia for menor do que a necessária para extrair o elé-
tron, que, então, não será emitido, mesmo que a radiação
fique incidindo sobre o corpo por muito tempo.
Sendo E a energia do fóton, Ec a energia cinética adquirida
pelo elétron e W o trabalho realizado para arrancar o elé-
tron, tem-se:

E = Ec + W

Assim, a energia do fóton é dada por E = h · f. 4. O átomo de Bohr


Como a velocidade adquirida pelo elétron é menor do que Em 1911, o físico neozelandês naturalizado britânico Ernest
a da luz no efeito fotoelétrico, a energia cinética pode ser Rutherford (1871-1937) propôs um modelo de átomo em
calculada pela fórmula clássica: que a carga positiva estaria concentrada no núcleo, e, giran-
do em torno dele, estariam os elétrons, de carga negativa.
​ 1 ​m · v2
Ec = __
2 Entretanto, havia um problema com esse modelo, pois um
elétron em movimento curvo tem aceleração, e, de acordo
Assim, a equação fica:
com o eletromagnetismo clássico, cargas aceleradas emitem
ondas eletromagnéticas. Portanto, o elétron deveria emitir
​ 1 ​m · v2 + W
hf = __ ondas perdendo energia, o que o levaria a cair rapidamente
2
no núcleo. Mas não era isso o que estava sendo observado.
Para se arrancar o elétron, o trabalho W que deverá ser re-
alizado dependerá da profundidade em que está o elétron
dentro do material. Os que estão em lugares mais profundos
são mais difíceis de arrancar do que aqueles que estão próxi-
mos da superfície. Assim, quanto maior o trabalho necessário
para arrancar o elétron, menor será sua energia cinética. O
trabalho mínimo necessário para se arrancar um elétron é
denominado função trabalho (W0), sendo que, nesse caso
a energia cinética adquire seu valor máximo (Ecmáx):
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

E = Ecmáx + W

Se a frequência for a de corte, energia cinética será nula;


assim, da equação seque que:
hfc = W0
Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962)
Assim, tem-se: propôs então um novo modelo para o átomo. A princípio,
ele analisou o átomo de hidrogênio, que possui apenas
Ecmáx = hf – W0 um elétron movendo-se em torno do núcleo. Sua primeira
hipótese foi a de que o elétron de carga –e gira em uma
Se for elaborado um gráfico da energia cinética em função órbita circular em torno do núcleo de carga +e, pois tem
da frequência, será obtida uma semirreta, cujo coeficiente somente um próton. Pela Lei de Coulomb, é possível calcu-
angular será h, como mostrado no gráfico do césio e do lar a ação da força elétrica entre essas duas cargas:

116
e
F = k · __
​ r 2 ​
2

A primeira das hipóteses revolucionárias que Bohr apre-


sentou pode ser descrita assim:

O raio da trajetória não pode ter qualquer valor, ou


seja, apenas certas órbitas são possíveis. Essas órbitas
são denominadas estados estacionários, e, enquanto
o elétron está nessas órbitas, ele não emite energia.
Da mesma forma, um elétron que estiver em uma das ór-
bitas possíveis só “absorverá” um fóton se esse possuir a
energia exata que permita ao elétron ir para uma outra
Bohr utilizou a fórmula da Física Clássica para calcular a órbita possível, mais longe do núcleo. Nesse caso, a energia
energia em cada órbita. E do fóton deverá ser dada por:
A força elétrica desempenha o papel de força centrípeta.
Portanto, sendo m a massa do elétron, tem-se: E = Ef – Ei = hf

​ e2 ​= m __
​ vr ​
2 2
F = k __
r Bohr também admitiu o seguinte postulado:
__e 2
k ​  r ​= m v²

Assim, a energia cinética do elétron é: O produto de mvr deve ser um múltiplo


​  h ​, ou seja, mvr = n ___
inteiro de ___ ​  h ​ (em que n = 1, 2,
​ e  ​
​ mv ​= k __
2 2
Ec = ___ 2p 2p
2 2r 3, ...).
A energia potencial do elétron é dada por:
A partir dessa igualdade, segue que:
​ er ​
2
Ep = – k __
​  nh  ​
v = ______
mr(2p)
Assim, a energia total é:
Substituindo na equação o valor de v, tem-se:
​  2h 2 ​ n2
2
​ e  ​ r = _______
2
E = Ec + Ep = –k __
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2r 4p mke
Substituindo:
É possível observar que, quanto mais distante o elétron es-
tiver do núcleo, maior será a energia total, pois a energia
total é negativa e r aparece no denominador.
n ( )
​  12 ​  ​
En = –2p2mk2e4/h2 ​ __

Em seguida, Bohr admitiu que o elétron só emite energia Substituindo os valores das constantes na equação acima,
quando passa de uma órbita possível para outra órbita tem-se:
possível mais interna. Sendo Ei a energia na órbita inicial e
Ef a energia na órbita final, durante o salto o elétron emite En = (–2,17 · 10–18) ​ __
n( )
​  12 ​  ​ joule
um fóton de energia E e frequência f, tais que:
ou

E = hf En = (–13,6) ​ __
n( )
​  12 ​  ​ eV

117
Se n for substituído por 1, 2, 3, ..., serão obtidas as ener- Como l = _​ c ​, segue que:
f
gias correspondentes, e, assim, será possível construir um
diagrama como o da figura a seguir. ​  h  ​
l= __
Q

6. A mecânica quântica
A partir do efeito fotoelétrico, foi visto que a luz se com-
porta algumas vezes como onda e, outras vezes, como
partícula. Em 1924, o físico francês Louis De Broglie
(1892-1987) propôs que as partículas materiais em mo-
vimento também poderiam se comportar como ondas.
Ele sugeriu que seria possível atribuir um comprimento de
onda a uma partícula a partir da mesma equação válida
para o fóton, ou seja:

​  h  ​
l= __
Q

O estado de menor energia, que corresponde a n = 1, é de- Isso significa que, microscopicamente, o comportamento
nominado estado fundamental. O elétron está normal- das partículas é descrito por equações semelhantes às
mente no estado fundamental; no entanto, caso receba a que descrevem as ondas. Um feixe de elétrons, por exem-
energia adequada, passará para um estado de maior ener- plo, quando incide num cristal, é difratado (espalhado) de
gia, denominado estado excitado. Entretanto, o elétron fi- modo semelhante ao que acontece com as ondas.
cará nesse estado por um intervalo de tempo muito curto, Por outro lado, quando é analisado o que ocorre com um
retornando rapidamente ao estado fundamental. elétron em um átomo, as equações não fornecem a posi-
A teoria de Bohr era capaz de explicar apenas o átomo de hi- ção exata e a velocidade exata do elétron. As equações
drogênio. Para explicar os demais átomos, houve a necessidade fornecem somente a probabilidade de o elétron estar em
de se criar uma outra teoria, a chamada Mecânica Quântica. uma posição ou ter uma determinada velocidade.

5. Quantidade de movimento 6.1. O princípio de complementaridade


do fóton O princípio de complementaridade, estabelecido por
Em repouso, o fóton não existe e, portanto, não possui Bohr em 1928, pode ser enunciado da seguinte maneira:
massa de repouso. No entanto, como possui energia, pela
equação de Einstein é possível atribuir a ele uma massa A radiação e a matéria possuem um comportamen-
que é dada por: to dual, ou seja, se comportam ora como onda, ora
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

como partícula, mas apenas um dos comportamentos


E = mc² se manifesta em cada experimento; assim, os dois
comportamentos se complementam.
​ E  ​
m = __

​ hf ​.
Como E = hf indica a energia do fóton, tem-se: m = __

Uma partícula de massa m e velocidade v tem o módulo da
6.2. O princípio da incerteza
quantidade de movimento dado por: Na Física Clássica, a precisão com que se pode medir uma
grandeza não tem limite. Contudo, o físico alemão Wer-
Q=m·v
ner Heisenberg (1901-1976), no final da década de 1920,
​ hf ​e v = c; assim, sua quantidade
Para o fóton, tem-se m = __ depois de ter feito uma profunda análise do processo de

de movimento fica: medida, impôs restrições à precisão com que se podem
efetuar medidas simultâneas, chegando ao que hoje é de-
​ hf
Q = __ __E
c ​ = ​  c ​ nominado princípio da incerteza:

118
O “experimento mental” sugerido por Heisenberg, ilustra-
É impossível conhecer simultaneamente e com preci- do na figura a seguir, é uma das maneiras de se interpretar
são a posição e a quantidade de movimento de uma o princípio da incerteza.
partícula. Sendo a incerteza na posição dada por Dx
e a incerteza na quantidade de movimento dada por
DQ, tem-se:
Dx · DQ ≥ h

Assim, caso se obtenha uma grande precisão no valor da


posição, o valor da quantidade em movimento será pouco
preciso, e vice-versa.
Para que um elétron possa ser “visto”, é necessário enviar
A energia E de uma partícula medida num intervalo de tempo ao menos um fóton de luz a seu encontro. Entretanto, a
Dt também pode ser relacionada pelo princípio de incerteza: colisão do fóton com o elétron altera sua quantidade de
movimento; assim, o ato de medir a posição altera o valor
DE · Dt ≥ h da quantidade de movimento.

VIVENCIANDO

A física está presente em diversos equipamentos eletrônicos usados no cotidiano. Um deles é o laser, que produz radia-
ção eletromagnética que se propaga como um feixe de ondas paralelas, com um mesmo comprimento de onda. Lasers
funcionam quando os elétrons que orbitam átomos são agitados por um impulso elétrico. Esses elétrons emitem fótons
conforme retornam aos seus níveis mais baixos de energia. Os fótons emitidos inicialmente excitam outros átomos, que
liberam fótons com o mesmo nível de energia e direção, criando um feixe como o raio laser. Os lasers são muito usados
na gravação e leitura de dados, como scanners de código de barras e gravadores/leitores de DVD e Blu-Ray.
Os transistores são outro produto direto da teoria. O transistor é um componente eletrônico criado em 1948, como
resultado das pesquisas de três físicos, John Bardeen, Walter Brattain e William Shockley, sendo considerados os prin-
cipais responsáveis pela revolução da eletrônica na década de 1960. O transistor é o mais importante componente
dos circuitos eletrônicos digitais que formam os computadores. Ele funciona como uma válvula eletrônica que regula
o fluxo de elétrons em um condutor elétrico, de modo semelhante ao que uma válvula hidráulica regula o fluxo de
água (ou vazão) em um cano. Sua função é atuar como um interruptor de corrente. Os dados eletrônicos, lidos como
bits, são basicamente informações codificadas em 0 e 1. O transistor é o elemento que determina se o sinal deve ser
lido como zero (transistor fechado) ou 1 (transistor aberto).
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Exemplos de transistores

119
7. Partículas elementares Quando um fóton de alta energia passa próximo a um nú-
cleo, em vez de produzir um par elétron-pósitron, ele pode
De acordo com os cientistas que estudam a estrutura da produzir um próton (p) e um antipróton p​X​ :
matéria, se um corpo não é formado por outros corpos me-
nores, ele é denominado partícula elementar. O átomo
g = p + p​

X
é um exemplo de corpo não elementar, uma vez que é for-
mado por prótons, nêutrons e elétrons.
Em 1932, os físicos acharam que o problema da estrutu- O antipróton possui a mesma massa do próton, mas sua
ra do Universo estava resolvido, pois haviam descoberto o carga é negativa. O antipróton, assim como o pósitron, tem
nêutron. Contudo, uma série de experimentos os levou à vida curta, pois ao encontrar um próton pode sofrer ani-
conclusão de que existiam outras partículas – atualmente quilação (transformando-se em fóton) ou ainda pode se
já foram descobertas mais de duzentas. Essas partículas, transformar em outras partículas.
porém, não fazem parte do átomo e se formam em proces- Outra maneira de produzir antiprótons é provocando uma
sos que serão exemplificados a seguir. Em geral, elas têm colisão violenta, isto é, a altas velocidades entre dois pró-
vida curta, pois se transformam rapidamente em outras tons ou entre um próton e um nêutron; para isso, é neces-
partículas mais estáveis, como prótons, elétrons e fótons. sário usar um acelerador de partículas (figura a seguir). Os
processos são:
8. Outras partículas e p + p ∫ p + p + p + Xp​

as antipartículas p + n é p + p + n + Xp​

Um fóton g, ao passar próximo de um núcleo, às vezes


se transforma em duas partículas: um elétron (e–) e um
pósitron (e+), conforme a figura a seguir.

LHC (Genebra, Suíça)

O pósitron possui carga positiva e a mesma massa do elétron: Da colisão de dois prótons, pode-se obter também a pro-
dução de um antinêutron (​n​X):
Carga do pósitron = +e
p + p é p + p + n + Xn​

Carga do elétron = –e
Foi visto que, quando um antipróton e um próton colidem,
Afirma-se que o pósitron é a antipartícula do elétron (e vi-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

pode ocorrer a aniquilação. Contudo, pode ocorrer tam-


ce-versa). Esse processo é denominado produção de pares.
bém o seguinte processo (ou reação):
O elétron é uma partícula estável. O pósitron, por sua vez,
tem vida curta, pois encontra rapidamente outro elétron e, ​Xp​+ p é 4p+ + 4p–
da colisão entre eles, são gerados dois fótons, processo que
Em que p+ é uma partícula denominada píon positivo, e
é chamado de aniquilação.
p–, píon negativo.
A detecção do píon foi realizada pela primeira vez, em 1947,
pelo grupo liderado por Cecil Powell, em que o italiano Giu-
seppe Occhialini e o brasileiro Cesar Lattes tiveram partici-
pações decisivas. Em 1950, porém, o prêmio Nobel por essa
descoberta foi atribuído injustamente apenas a Powell.
A seguir será estudada a existência de outras partículas
e será visto que, de modo geral, quando uma partícula

120
possui carga elétrica, sua antipartícula tem carga oposta. Em consequência, há também mudança de elemento
Mas como fica, por exemplo, o caso das partículas como o químico, pois o número de prótons no interior do núcleo
nêutron, que possuem carga nula? Qual a diferença entre diminui uma unidade. Um exemplo é a transformação de
um nêutron e um antinêutron? A seguir serão apresenta- um núcleo de nitrogênio –14 em um núcleo de carbono
das essas explicações. –13:
​ → 13
​147N ​ 6​C + e+ + ν
8.1. Decaimentos
8.2. Quarks
O processo em que uma partícula se transforma em outra é
denominado decaimento. Observe alguns exemplos: Muitas outras partículas foram detectadas em es-
Um nêutron livre (fora do núcleo) é uma partícula instável tudos da radiação cósmica e nos aceleradores de
partículas a partir de colisões entre partículas e
e decai em pouco tempo produzindo um próton (p), um
decaimentos.
elétron (e–) e uma partícula denominada antineutrino (​ν​
X):
Em 1964, os físicos Murray Gell-Mann (1929-2019) e Ge-
n ∫ p + e– + Xν​

orge Zweig (1937-) sugeriram que muitas dessas partículas
poderiam ser formadas por outras menores, as quais Gell-
O antineutrino é uma partícula de carga elétrica nula, que
-Mann chamou de quarks.
se move com velocidade próxima à da luz e cuja massa de
repouso é nula (ou quase nula, ainda não se sabe). O elé-
tron, por razões históricas, é chamado de partícula b–; seu
decaimento pode ocorrer também quando o núcleo decai
espontaneamente emitindo um elétron e um antineutrino
ou um pósitron e um neutrino. Por isso, ocorre uma mudan-
ça de elemento químico, uma vez que o número de prótons
no interior do núcleo aumenta uma unidade.
Um exemplo disso é a transformação de um núcleo de 14 ​6C
em um núcleo de ​147​N, conforme representado na figura a
seguir.
Na tabela a seguir, estão relacionados os seis tipos de
Como é possível observar, o núcleo de 14
​6​C possui 6 prótons quarks que foram identificados até hoje. Para cada quark
e 8 nêutrons, o que totaliza 14 partículas. A equação que existe um antiquark, que possui carga elétrica oposta à do
representa o decaimento b– do 14
​6C
​ é: respectivo quark. No entanto, o que mais chama a atenção
​ → 14
​C
14
​ 7​N + e– + ν é que os quarks têm cargas elétricas menores do que a
6
carga elementar e.

Cargas elétricas de quarks e antiquarks

Quark Símbolo Carga


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Up U ​ 2 ​ e
+ __
3

Down D 1 ​ e
–  ​ __
3

Strange S 1 ​ e
–  ​ __
3
Um próton que está no interior de um núcleo pode tam-
bém sofrer decaimento, sendo chamado de decaimento b+, Charmed C ​ 2 ​ e
+ __
em que se transforma em nêutron, pósitron e neutrino (ν): 3

1  ​ e
–  ​ __
p → n + e+ + ν Bottom B
3

Nesse decaimento, o nêutron permanece no interior do Top T ​ 2 ​ e


+ __
3
núcleo, ocorrendo a emissão do pósitron e do neutrino.

121
antes depois
Antiquark Símbolo Carga

Antiup ​Xu​ 2 ​e


– ​ __ n
3 
p
Antidown ​Xd​ 1 ​ e
+  ​ __ +
3

Antistrage ​Xs​ 1 ​ e


+  ​ __
3 p n+

Anticharmed ​X
c​ 2​ e
–  ​ __
3 carga: 0 + e+ 0 + e+
Antibotton X

b​ 1 ​ e
+ ​ __
3 Tem-se, depois da colisão, um nêutron (n) e um píon (p+),
Antitop Xf​
​ 2 ​ e
–  ​ __ cuja carga é +e. O píon ​___› é formado por um quark up (u)
3 e um antiquarkdown (​d ​). Dessa forma, de acordo com a
De acordo com essa teoria, o próton é formado por dois quarks tabela anterior, é possível confirmar que, quando somadas,
up e um quark down; o nêutron, por sua vez, é formado por as cargas desses quarks resultam na carga do píon: +e.
um quark up e dois quarks down, conforme ilustrado a seguir.

próton
8.3.nêutron
Léptons, mésons e bárions
u u d u d d
As partículas, em sua maioria, podem ser divididas em dois
u u grupos:d os hádrons
d e os léptons.1e 1e
qp = 2e +
2e − 1e = e
qn = 2e + − =0
d 3 3 3 Os hádronsu são partículas3formadas
3 por3 quarks e são sub-
divididos em mésons e bárions. Os bárions são partículas
d nêutron formadas por três quarks (ou antiquarks); os mésons são
u d d
formados por um quark e um antiquark.
d d
− 1e = e qn = 2e +
1e − 1e = 0
O próton (uud), o nêutron (udd) e a partícula D++ (uuu) são
3 u 3 3 3
exemplos de bárions. Já o píon p+ (ud) e a partícula K+ (us)
são exemplos de mésons.
Assim, é possível compreender a diferença entre um nêu-
tron e um antinêutron. Na figura a seguir, pode-se observar Os léptons não são partículas formadas por quarks, como
que os quarks que formam o antinêutron são os antiquarks os elétrons (e–), os pósitrons (e+), os neutrinos (ν), os múons
dos quarks que formam o nêutron, de modo que a carga (m) e o tau (t). Até o momento, sabe-se que os léptons são
elétrica se mantenha nula em ambos. realmente partículas elementares, ou seja, não são consti-
tuídos de partículas menores.
nêutron antinêutron
O fóton está num grupo à parte, não é lépton nem hádron.
− − Esse grupo é formado por partítulas denominadas bósons.
d d d d
u −
u

u d d − −−
u d d
8.4. Unidades de massa e energia
2e
+ 1e − 1e q = − 2e +
1e 1e Em geral, os físicos que estudam o átomo e as partículas
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

q= +
3 3 3 3 3 3
q =0 q =0 elementares usam unidades que não pertencem ao SI.
Em vez de utilizarem o joule como unidade de energia, os
É importante ressaltar que as evidências da existência dos físicos preferem utilizar o elétron-volt (eV). No estudo da ele-
quarks são indiretas, uma vez que até hoje não foi possível tricidade, foi visto que 1 eV expresso em joule é numerica-
obter um quark isolado. Além disso, os quarks se combi- mente igual à carga elementar expressa em coulomb. Ado-
nam sempre formando partículas, cujas cargas são múlti- tando para a carga elementar o valor mais preciso, tem-se:
plas da carga elementar e. Assim, a afirmação de que a
menor carga elétrica isolada encontrada na natureza é a e = 1,6021773 · 10–19 C
carga elementar e continua sendo verdadeira. assim,

Exemplo: 1 eV = 1,6021773 · 10–19 joule

Quando um fóton (γ) de alta energia encontra um próton (p+), Outras unidades usadas frequentemente são o keV, o MeV,
pode ocorrer a transformação indicada na figura a seguir. GeV e o TeV, sendo que:

122
1 keV = 103eV, 1 MeV = 106eV, 1 GeV= 109eV, Um nêutron atinge um núcleo de urânio-235, que transfor-
1 TeV = 1012eV ma-se em um núcleo de urânio-236, o qual é instável. Esse
núcleo começa a oscilar e, num intervalo de tempo muito pe-
Para a massa, uma das unidades utilizadas é a de massa atô- queno, divide-se em dois núcleos (bário-141 e criptônio-92),
mica (u), a qual é aproximadamente igual à massa do próton emitindo ainda três nêutrons. Esses dois núcleos também
​6C
(ou do nêutron), sendo definida a partir do átomo de 12​ (que são instáveis e sofrem vários decaimentos b– até se trans-
contém 6 prótons, 6 elétrons e 6 nêutrons) em repouso; assim: formarem em núcleos estáveis. Durante o processo, também
massa do átomo de 12 ​ 6C
​_
são emitidos fótons de alta energia (raios gama). Assim que
_________________
1 unidade de massa atômica = 1 u = ​     ​
12 o 236
​92U
​ se quebra, há uma grande repulsão elétrica entre os
núcleos de bário e criptônio, que saem com altas velocidades e
Obtém-se, experimentalente, que:
muita energia cinética. Durante a fissão, ocorre principalmente
1u ≅ 1,66057 · 10 kg27 uma transformação de energia potencial elétrica em energia
cinética dos fragmentos (e um pouco de energia dos fótons).
As massas de repouso do próton (mp) e do nêutron (mn)
expressas em termos de u são: Uma fissão nuclear libera energia cerca de 10 milhões de ve-
zes mais do que a energia liberada em uma reação química.
mp = 1,00728 u e mn = 1,00867 u
Pode-se obter uma outra unidade de massa a partir da 8.6. Reação em cadeia
equação E = mc2:
Outras fissões ocorrem depois da primeira fissão, pois os dois
E = mc2 ⇒ m = E/c² (ou três) nêutrons liberados atingirão outros dois (ou três)
Expressando a energia em MeV, obtém-se uma outra uni- núcleos de 235
​92​U, provocando, assim, outras fissões. Esse pro-
dade de massa: o MeV/c². cesso se repete e se amplia, resultando na reação em cadeia.

Adotando o valor mais preciso para a velocidade da luz, Os reatores nucleares são equipamentos em que a reação
c = 2,9979246 · 108 m/s, tem-se: em cadeia é controlada, de modo que a energia elétrica
não fique “muito grande”. Quando a reação em cadeia
1MeV/c² = 1,78266 · 10–30 kg não é controlada, tem-se uma bomba atômica, representa-
Ou ainda: da na figura a seguir, de grande poder destrutivo, como a
1 kg ≅ 5,6096 · 1029MeV/c² que arrasou as cidades de Hiroshima e Nagasaki.
Dessa forma, as massas de repouso do elétron, do próton
e do nêutron são, respectivamente:
me = 9,1094 · 10–31 kg = 0,511 MeV/c2
mp = 1,6726 · 10–27 kg = 9,38,27 MeV/c2
mn = 1,6749 · 10–27 kg = 939,57 MeV/c2

8.5. Fissão nuclear


Quando um nêutron atinge um núcleo com grande núme- Um cogumelo atômico se
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

levanta depois do detonamento


ro de prótons e nêutrons (núcleo “pesado”), pode ocorrer de bomba atômica sobre Nagasaki,
uma quebra desse núcleo, dividindo-o em dois de tama- no Japão, em 1945.
nhos quase iguais, mais dois ou três prótons. Esse processo
é denominado fissão nuclear (do latim fissio, que signifi-
ca “fender”, “quebrar”). Observe a figura a seguir. 9. Força nuclear
Foi visto no estudo da eletricidade que existe um par de
forças de repulsão entre dois prótons, pois eles possuem
cargas elétricas de mesmo sinal (figura a seguir). Então,
como é possível que os prótons fiquem juntos no núcleo?

123
Isso ocorre porque entre os prótons existe outro tipo de O hidrogênio participa de um dos tipos de fusão que ocorre
força (além da gravitacional e da elétrica) com as seguintes no interior do Sol, que é a seguinte:
características: 1
1 H + 2
1H 3
2 He + 
§ é uma força de atração;
+ + + + + + fóton
§ só existe quando a distância d entre os prótons for <
10–15 m; Sendo 23​​He o núcleo de hélio, que possui dois prótons e
§ para d < 10–15 m, essa força é mais intensa do que a um nêutron.
força de repulsão elétrica. Consultando uma tabela periódica, pode-se observar que:
Essa força é denominada força nuclear (ou interação forte). massa do 11​​H = 1,00728 u
A força nuclear garante a estabilidade do núcleo; assim, massa do 12​​H = 2,01592 u
atua também entre dois neutros, como entre um próton e
um nêutron. Por isso, é tão difícil arrancar prótons e nêu- totalizando uma massa de 3,0232 u. E também que:
trons de um átomo; os elétrons, por sua vez, são mais fá-
ceis de arrancar, pois não sofrem a ação da força nuclear. massa do 32​ ​He = 3,01629 u

Ou seja, ocorreu uma diminuição de massa na fusão:

9.1. Fusão nuclear |Dm| = 3,02320 u – 3,01629 u


|Dm| = 0,00691 u
Uma fusão nuclear ocorre quando dois núcleos se unem
para formar um terceiro núcleo. Existe um obstáculo óbvio O fato de a massa ter diminuído, significa que houve libe-
para que ocorra a fusão nuclear, uma vez que a repulsão ração de uma energia DE dada por:
elétrica entre os núcleos dificulta a aproximação entre eles.
DE = |Dm| ⋅ c2
Assim, é necessário arremessá-los uns contra os outros a
A energia que o Sol envia para o espaço é resultado da fu-
velocidades muito altas, de modo que consigam se aproxi-
são de núcleos leves, sendo que as três principais reações de
mar o suficiente para que comece a atuar a força nuclear, e,
fusão que ocorrem em seu interior são:
assim, os núcleos se unam. Fusões ocorrem naturalmente
no interior das estrelas, onde a temperatura é muito alta e, ​ → 12​​H + e+ + ν + 0,42 MeV
§ 11​​H + 11​H
por isso, os núcleos se movem com velocidades muito altas.
​ → 23​​He + y + 5,49 MeV
§ 11​​H + 12​H
No interior do Sol, por exemplo, a temperatura chega à 15
milhões de kelvins. ​ → 24​​He + 11​​H + 11​​H +12,86 MeV
§ 23​​H + 23​H
A reação de fusão nuclear ainda não pode ser controlada
pelo homem em usinas nucleares para a produção de eletri-
9.2. Fusão de núcleos leves cidade, ao contrário da fissão nuclear. No entanto, os cientis-
Quando núcleos “leves” (prótons e nêutrons) se fundem, tas vêm estudando essa reação com o intuito de conseguir
aproveitar a enorme quantidade de energia liberada.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ocorre liberação de energia. Para exemplificar, será usado o


caso do hidrogênio, que apresenta três isótopos:
+
+ +
Núcleo de apenas Núcleo com um próton Núcleo com um próton
um próton (11H) e um nêutron (21H) e dois nêutrons (31H)
+
+ +
Núcleo de apenas Núcleo com um próton Núcleo com um próton
um próton (11H) e um nêutron (21H) e dois nêutrons (31H)
multimídia: vídeo
+
+ Fonte: Youtube
nas Núcleo com um próton Núcleo com um próton Princípio da Incerteza de Heisenberg |
H) e um nêutron (21H) e dois nêutrons (31H)
Estrutura eletrôn...

124
a) Rn = n2R1 e En = E1/n2.
Aplicação do conteúdo b) Rn = n2R1 e En = n2E1.
c) Rn = n2R1 e En = E1/n.
1. (Feevale) O efeito fotoelétrico foi descoberto por
d) Rn = nR1 e En = nE1.
Hertz no final do século XIX, e a explicação do fenôme-
e) Rn = nR1 e En = E1/n2.
no foi dada por Einstein no começo do século XX. Com
base nessa explicação, são feitas três afirmações: Resolução:
I. A energia contida no fóton depende da frequência da
radiação incidente.
De acordo com o modelo atômico de Bohr, para o átomo
II. A radiação, ao incidir sobre uma superfície, pode ar- de hidrogênio, os possíveis raios das órbitas de seu elétron
rancar elétrons desta.
e as respectivas energias desse elétron em sua órbita são
III. A energia cinética do elétron arrancado de uma su- quantizados e ambos dependem do quadrado de n, sendo
perfície depende da intensidade da radiação incidente.
que, para o raio, sua dependência com n2 é direta, enquan-
Marque a alternativa correta. to que, para a energia, a dependência com n2 é inversa.
a) Apenas a afirmação I está correta.
b) Apenas a afirmação II está correta. Alternativa A
c) Apenas a afirmação III está correta.
d) Apenas as afirmações I e II estão corretas. 3. (UEL) O positrônio é um átomo formado por um elé-
e) Apenas as afirmações I e III estão corretas. tron e sua antipartícula, o pósitron, que possui uma car-
ga elétrica oposta e massa igual à do elétron. O positrô-
Resolução: nio é semelhante ao átomo de hidrogênio, que possui
um elétron e um próton. A energia do nível fundamen-
tal desses átomos pode ser obtida a partir da equação
I. Verdadeira. A energia dos fotoelétrons depende da
frequência da radiação incidente, mas não depende 13,6
da intensidade da mesma.
ε = ​  ______
m  ​ e V
1 +​ ___
e
II. Verdadeira. A radiação incidente, tendo uma fre- m  ​
p
quência mínima, que varia de acordo com o material
em que me é a massa do elétron e mp é a massa do pó-
metálico alvo, poderá remover fotoelétrons da su-
sitron, no caso do positrônio, ou a massa do próton, no
perfície do metal. Acima dessa frequência mínima, o
efeito fotoelétrico pode ser ampliado aumentando a caso do átomo de hidrogênio.
intensidade do raio incidente. A partir dessas informações, responda aos itens a seguir.
III. Falsa. A energia cinética dos fotoelétrons emiti- a) Sabendo que a massa do próton é muito maior do
dos depende, de acordo com os estudos de Einstein, que a massa do elétron, estime a energia do nível
da diferença entre a energia do fóton incidente e a fundamental do átomo de hidrogênio.
energia mínima necessária para remover o elétron do b) Calcule a energia do nível fundamental do positrônio.
material – chamada de função trabalho do material,
Φ de acordo com a equação: Resolução:
Ec = h · f – ϕ a) Sabendo que a massa do próton é cerca de 2.000
vezes maior que a massa do elétron, a energia do
em que, nível fundamental do átomo de hidrogênio será:
h = constante de Planck
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

13,6 13,6
f = frequência do raio incidente (em hertz) ε = − ______
​  m  ​ e V = – ______
​  m  ​eV =
1+m ___
​  e ​ 1 + ___
​  e  ​
ϕ = função trabalho do material alvo p 200 me
Ec = energia cinética dos fotoelétrons 13,6
= – _________
​   ​ eV ∴ ε = –13,59 eV
1 + 5 · 10-4
Alternativa D
b) De mesma forma, para o positrônio:

2. (UFRGS) Segundo o modelo atômico de Bohr, no 13,6 13,6 13,6


qual foi incorporada a ideia de quantização, o raio da ε = – ______
​  m  ​e V = ______
​  m  ​eV – _____
​   ​ eV
___e ___e 1 +1
órbita e a energia correspondentes ao estado funda- 1+m ​   ​ 1+m ​   ​
p p
mental do átomo de hidrogênio são, respectivamente:
R1 = 0,53 · 10-10 m e E1 = –13,6 eV. ∴ ε = -6,8 eV

Para outras órbitas do átomo de hidrogênio, os raios


Rn e as energias En em que n = 2, 3, 4, ..., são tais que:

125
4. (PUC-RS) Em Física de Partículas, uma partícula é dita Resolução:
elementar quando não possui estrutura interna. Por
muito tempo se pensou que prótons e nêutrons eram Analisando primeiramente a energia cinética dos elétrons emiti-
partículas elementares, contudo as teorias atuais consi- dos, sabe-se que o efeito fotoelétrico dessa energia é igual à di-
deram que essas partículas possuem estrutura interna. ferença entre a energia da fonte e a função trabalho do material.
Pelo modelo padrão da Física de Partículas, prótons e
nêutrons são formados, cada um, por três partículas Ec = Efonte – ϕ
menores denominadas quarks. Os quarks que consti-
tuem tanto os prótons quanto os nêutrons são dos tipos A energia da fonte é calculada com a expressão:
up e down, cada um possuindo um valor fracionário do
Efonte = h · f
valor da carga elétrica elementar e (e = 1,6 · 10-19 C).
A tabela a seguir apresenta o valor da carga elétrica Sendo,
desses quarks em termos da carga elétrica elementar e. f = frequência da fonte em hertz e
Quark up Quark down h = constante de Planck.
+2 -1
Carga elétrica ​  ___ ​ e ​  __ ​ e Calculando a frequência com a equação que relaciona a velocidade
3 3
das ondas eletromagnéticas considerada no vácuo (v = 3 · 108
Assinale a alternativa que melhor representa os quarks m/s) com a frequência f e comprimento de onda λ.
que constituem os prótons e os nêutrons.
​  3 · 10 -9m/s ​ ∴
​ V​ ⇒ f =__________
8
v = λf ⇒ f = __
λ 600 · 10 m
Próton Nêutron
a) up; up; down up; up; up f = 5 · 1014 Hz
b) down;down; down up; down; down
c) up; down; down up; up; down Assim, a energia da fonte, será:
d) up; up; down up; down; down ​  1eV  ​ ∴
Efonte = 3,3 · 10-19 J . __________
e) up; down; down down; down; down 1,6 · 10-19 J
Efonte = 2,0625 eV
Resolução:
Passando para elétron volts:
A resolução está tão somente na soma de cargas de quarks que
reproduzem a carga relativa do próton e do nêutron: Finalmente, a energia cinética dos elétrons emitidos pelo mate-
Próton: a soma das cargas deve ser igual a +1, equivalendo a rial pode ser calculada:
dois quarks up e um down: Ec = Efonte – ϕ ⇒ Ec = 2,0625 eV – 1,2 eV ∴
​ 2 ​ + __
__ ​ 2 ​ – __​ 1 ​ = __​ 3 ​= +1 Ec ≈ 0,9 eV
3 3 3 3
Nêutron: a soma das cargas deve ser igual a zero, equivalendo Alternativa A
a dois quarks down e um up:
​ 2 ​ – __
__ ​ 1 ​ – __​ 1 ​ = __​ 0 ​= 0
3 3 3 3
Alternativa D
5. (Ulbra) Uma lâmpada de potência de 200 W emite
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

um feixe de luz de comprimento de onda de 600 nm.


Esse feixe de luz incide sobre uma superfície metálica,
excitando e arrancando da mesma um número 600 m multimídia: site
de elétrons.
Sendo h = 6,6 · 10-34 J · s e 1 eV = 1,6 · 10-19J e a função
www.sbfisica.org.br/v1/index.php?option=com_con-
trabalho do metal 1,2 eV, é correto afirmar que:
tent&view=article&id=516:atomo-de-bohr-completa-
a) a energia cinética dos elétrons excitados é de apro-
ximadamente 0,9 eV; -100-anos&catid=132:novembro-2013&Itemid=315
b) a energia dos fótons é de 1,6 eV; www.sbfisica.org.br/fne/Vol6/Num1/charme.pdf
c) a função trabalho do metal aumenta com o aumen-
to da potência da lâmpada; www.if.ufrgs.br/~betz/iq_XX_A/fotoElec/aFotoElecText.htm
d) se aumentarmos a frequência da luz, diminui a ve-
locidade dos elétrons excitados;
e) a energia cinética dos elétrons excitados é de apro-
ximadamente 2 eV.

126
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A física quântica é a descrição científica de moléculas, átomos e partículas elementares e suas interações. Os átomos e
elétrons, assim como a luz, têm propriedades ondulatórias, podendo não ter uma posição nem uma velocidade bem defi-
nida. Quando o cientista interage com um objeto quântico para efetuar uma medição, ele geralmente modifica o estado
do objeto de maneira imprevisível. Por exemplo, uma onda espalhada associada a um único elétron, ao interagir com
o aparelho de medição, sofre uma espécie de “colapso”, passando a ter uma posição bem definida. A natureza dessa
transição não é compreendida de maneira completa pela teoria quântica e constitui o chamado problema da medição.
Foram muitas as discussões sobre como funcionavam essas medições e como era importante discutir o papel do observador,
que passou a alterar o estado dos objetos investigados. Como determinar as características de um objeto se apenas o fato de
observá-lo já altera o seu estado? As interpretações das teorias físicas da mecânica quântica causaram uma revolução dentro
da filosofia da ciência. Foram muitas as interpretações filosóficas propostas por diversos cientistas para os fenômenos obser-
vados no início do desenvolvimento da física quântica, como o experimento do interferômetro de Young ou os experimentos
de Rutherford. Os cientistas buscaram propor teorias que dessem conta de explicar os fenômenos quânticos, mas nenhuma
dessas explicações foi totalmente aceita. O universo quântico ainda desafia a compreensão do mundo e da própria ciência.

DIAGRAMA DE IDEIAS

MECÂNICA
QUÂNTICA

RADIAÇÃO NO
E=h⋅f
CORPO NEGRO

EFEITO
E = EC + W
FOTOELÉTRICO
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

E = EC+ EP = -k ⋅ e2
ÁTOMO DE BOHR
2r

QUANTIDADE DE Q= h
MOVIMENTO DO FÓTON l

PRINCÍPIO DA Δx ⋅ ΔQ ≥ h
INCERTEZA ΔE ⋅ Δt ≥ h

127
observadores em referenciais diferentes, mas de modo
que um dos referenciais tivesse velocidade constante em
relação a outro. Nesse caso, quando a velocidade de um
corpo é constante em relação a um referencial, a veloci-
dade também é constante em relação ao outro referen-
TEORIA DA cial. De modo equivalente, se a aceleração é nula em um

RELATIVIDADE referencial, também é nula no outro. Desse modo, a lei


da inércia vale para qualquer um dos referenciais ou para
qualquer outro que se mova com velocidade constante.
Esses referenciais, nos quais a lei da inércia é válida, são
denominados referenciais inerciais.
Para os referenciais inerciais (um movendo-se com veloci-

CN AULAS dade constante em relação ao outro), as leis da Mecânica


são as mesmas, ou seja, se um determinado experimento
51 E 52 mecânico for realizado em qualquer um desses referen-
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) ciais, o resultado obtido será o mesmo, independentemen-
1, 5 e 6 3, 17 e 20
te do referencial em que for realizado. Assim, não é possível
utilizar algum experimento para determinar se o referencial
está parado ou em movimento retilíneo uniforme.
Considere o seguinte caso já discutido no estudo da Mecânica:
1. Introdução
No final do século XIX, muitos cientistas pensavam que a
tarefa da Física tinha sido concluída e não havia mais nada
a ser descoberto. Apesar de ainda existirem alguns “pe-
quenos” problemas, os físicos acreditavam que eles seriam
resolvidos apenas com um pouco de empenho. Contudo, o
tempo passou e ficou evidente que esses problemas não
eram tão pequenos. Eles só seriam resolvidos a partir de
duas novas teorias: a teoria da relatividade e a mecâ-
nica quântica.
A teoria da relatividade, criada pelo físico alemão Albert
Einstein (1879-1955), foi estabelecida em duas etapas:
em 1905, Einstein publicou um trabalho que mais tarde
ficou conhecido como teoria da relatividade especial,
que trata do movimento uniforme; e, em 1915, publicou a
teoria da relatividade geral, que trata do movimento
acelerado e da gravitação.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Na figura, um indivíduo B está sobre um vagão que se


move com velocidade constante v em relação ao solo. Ao
2. Referenciais inerciais jogar uma bola para cima, o indivíduo B observa que a
bola sobe e cai novamente na sua mão, exatamente como
De acordo com a lei da inércia, um corpo livre da ação aconteceria se tivesse feito o experimento em repouso em
de forças deverá estar em repouso ou em movimento relação ao solo. Contudo, para um observador A, fixo em
retilíneo e uniforme. Entretanto, no estudo da Mecâni- relação ao solo, a trajetória da bola será uma parábola.
ca foi visto que esse movimento é descrito em relação A velocidade da bola apresenta valores diferentes para os
a um referencial. Assim, um corpo pode ter velocida- dois observadores; no entanto, independentemente do ob-
de constante em relação a um referencial e velocidade servador, a aceleração da bola é a mesma (a aceleração da
variável em relação a outro. Qual referencial deve ser gravidade), e a força resultante sobre a bola também é a
adotado nessa situação? mesma (o peso).
No estudo da composição de movimentos, foram analisa- Esse exemplo simples ilustra a dificuldade em reconhecer
dos alguns casos em que o movimento era descrito por um referencial inercial. Mas como então isso é possível?

128
Em geral, o que se faz é considerar como inercial um refe- A conclusão possível foi a de que as leis do Eletromagnetis-
rencial que esteja em repouso em relação às estrelas fixas, mo pareciam depender do referencial, diferentemente das
ou seja, as estrelas muito distantes e que parecem estar leis da Mecânica.
em repouso. A partir desse referencial, qualquer outro com
movimento de translação retilínea e uniforme em relação
a ele também será inercial. Devido ao movimento de rota- 4. Os postulados de Einstein
ção e de translação, a Terra não é um referencial inercial. Em 1905, Einstein publicou a solução desse problema em
No entanto, para a maioria das aplicações práticas, a Terra um trabalho intitulado “Sobre a eletrodinâmica dos corpos
pode ser considerada como um referencial aproximada- em movimento” na revista científica alemã chamada Anais
mente inercial. da Física.
A argumentação foi desenvolvida a partir de dois postu-
lados, cujas afirmações foram consideradas válidas sem
necessidade de demonstração.
O primeiro desses postulados foi o princípio de relatividade:

As leis da Física são as mesmas em todos os referenciais


multimídia: vídeo
inerciais.
Fonte: Youtube
TEORIA DA RELATIVIDADE - O ESPAÇO 1.avi
Como consequência desse postulado, tanto as leis da Me-
cânica como as leis do Eletromagnetismo devem ter a mes-
ma forma em qualquer referencial inercial.
3. Origem da teoria O segundo postulado refere-se à velocidade da luz:

da relatividade
Para Einstein, um dos problemas era a falta de simetria ob- A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c em
servada em alguns fenômenos eletromagnéticos. qualquer referencial inercial, independentemente da
velocidade da fonte da luz.
Na figura a seguir, um indivíduo A está em repouso em
relação ao solo e observa um vagão que se move na linha
reta e com velocidade constante. Dentro do vagão, existe
Esse segundo postulado teve uma maior dificuldade de
um indivíduo B, que segura duas esferas carregadas x e y,
aceitação, principalmente por físicos famosos, pois contra-
de modo que a reta que une as duas esferas é perpendicu-
riava a experiência diária.
lar à direção da velocidade do vagão.
Como exemplo, considere a situação: o observador A
está fixo em relação ao solo, e um vagão se move com
velocidade v em relação ao solo. O observador B, dentro
do vagão, joga uma bola que se move com velocida-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de vB em relação ao vagão. A velocidade da bola para


esse observador, fixo em relação ao vagão, também é
vB. Contudo, para o indivíduo A, a velocidade da bola é
vB + v.
Nessa situação, as esferas estão em repouso para o indiví- De acordo com o segundo postulado de Einstein, as coisas
duo B. Assim, existe um par de forças eletrostáticas entre são diferentes no caso da luz. A mesma situação é repre-
as esferas dado pela lei de Coulomb. A situação para o sentada; entretanto, em vez de jogar uma bola, o obser-
indivíduo A é um pouco diferente, pois as esferas se movem vador B acende uma lanterna de modo que, para ele, a
em trajetórias paralelas com a velocidade v. Com isso, além velocidade da luz é c. Para o observador A, a velocidade da
das forças dadas pela lei de Coulomb, deverá existir um par luz emitida pela lanterna também é c, e não c + v, como
de forças magnéticas entre as esferas. Esse experimento o o resultado obtido para a bola. Pelo segundo postulado,
indicaria que a força resultante em cada esfera depende tanto para o observador A quanto para o observador B, a
do observador. velocidade da luz é c.

129
Na época de Einstein, a maioria dos físicos acreditava que um espelho situado no teto do vagão, a uma altura d’. Para
a luz precisava de um meio para se propagar, do mesmo o observador O’, o intervalo de tempo gasto para o pulso
modo que o som precisava do ar ou de outro meio mate- de luz subir e votar (Dt’) se relaciona com a altura d’ pela
rial. O nome dado a esse meio hipotético no qual a luz se seguinte equação:
propagaria foi éter. No entanto, com o segundo postula- 2d’ = c · Dt’
do, Einstein eliminou o éter da Física. Segundo ele, a luz
Sendo que c é a velocidade da luz.
pode se propagar no vácuo (espaço vazio). A validade do
segundo postulado foi verificada por diversos experimen- Na figura anterior, também está representado o trajeto da
tos durante o século XX. luz visto pelo observador O. Esse observador vê a luz subir
e descer enquanto o trem percorre uma distância igual a
A partir desses dois postulados, Einstein deduziu uma série
de consequências e, com isso, resolveu alguns dos proble-
v · Dt. Assim, o tempo que a luz gasta no percurso tam-
bém é Dt. Contudo, a distância percorrida pela luz vista
mas mencionados anteriormente que afligiam os físicos no
pelo observador O é dada pela figura a seguir:
fim do século XIX. A seguir, serão apresentadas algumas
dessas consequências.

5. A relatividade do tempo
Uma das consequências dos postulados de Einstein é a se-
guinte: a medida do intervalo de tempo em que ocorre de-
terminado fenômeno depende do referencial em que está
o observador. Se dois observadores estiverem situados em
dois referenciais inerciais diferentes, sendo que um tenha 2d = c · Dt
velocidade constante em relação ao outro, então os inter-
A velocidade da luz é a mesma (c) para os dois observadores.
valos de tempo medidos por esses observadores serão di-
Das equações, obtém-se:
ferentes. Considere as situações apresentadas na imagem
a seguir. d’ < d e Dt’ < Dt

A partir desse resultado, é possível concluir que um relógio


que está em um referencial que se move em relação a um
observador “bate” ou “anda” mais devagar do que o reló-
gio do observador. Essa relação é valida não apenas para
o relógio, mas para todos os processos físicos, incluindo
reações químicas e processos biológicos.
O intervalo de tempo Dt’, no qual dois eventos (nesse caso,
a emissão e a recepção da luz) ocorrem no mesmo local, é
denominado tempo próprio. O intervalo de tempo (Dt),
para qualquer outro referencial inercial, é maior do que o
tempo próprio. Esse fenômeno é chamado de dilatação
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

temporal.
Uma equação que relaciona Dt com Dt’ pode ser obtida
aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo
sombreado na imagem anterior. Assim, tem-se:

( )
2
d2 = d’2 + ​ _____​ v · Dt
 ​  ​
2

( ) ( ) ( )
2 2 2
Na figura, um trem se move com velocidade cons- ​  c · Dt
​ _____  ​  ​ = ​ c · ___ ​  v · Dt
​ Dt’ ​  ​ + ​ _____  ​  ​
tante v em relação ao solo. Dentro do vagão, existe 2 2 2
um observador O’ fixo em relação ao vagão; fora do Desenvolvendo os cálculos, obtém-se:
vagão, existe um outro observador O fixo em relação
ao solo. Dt = ______
Dt’  ​
​  _____
Dentro do vagão, o observador O’ aciona uma fonte de luz √​  v22 ​ ​
​ 1– __
c
que emite um pulso para cima, que é, então, refletido por

130
Dessa forma, para um observador na Terra, a distância per-
corrida pelo múon, antes de se desintegrar, é:
d = v · Dt > 10.000 m

No fim do século XX, outro experimento realizado diversas


vezes para testar a dilatação temporal consistia em com-
parar relógios atômicos, que são relógios bastante precisos.
multimídia: vídeo Um dos relógios era mantido no solo e o outro colocado
Fonte: Youtube em um avião. Esse avião percorria uma grande distância a
Dilatação do tempo | Relatividade especial uma grande velocidade em relação à Terra. Depois do voo,
(ou restrita) ... os relógios eram comparados e constou-se que o relógio
do avião estava ligeiramente atrasado em relação ao re-
lógio mantido no solo, confirmando a dilatação temporal.

6. Evidências da dilatação temporal


Uma das primeiras evidências da dilatação temporal foi 7. A relatividade do
obtida por meio de experimentos com uma partícula de-
nominada múon. O tempo de vida médio dos múons em comprimento
repouso, observados em experimentos no laboratório, é de Considere um objeto de comprimento L’ quando em repou-
2,2 · 10–6 s. Os múons são criados na alta atmosfera, como so em relação a um observador. Outro resultado obtido por
​_›_
resultado do bombardeio dos raios cósmicos, e a veloci- Einstein foi que, ao se mover com velocidade v ​
​ (em relação
dade com que se movem é próxima à velocidade da luz: a esse mesmo observador) e na mesma direção em que foi
v > 2,994 · 108 m/s. medido o comprimento, o objeto tem um comprimento L
A partir desses dados, seria possível esperar que, entre o menor do que L’, ou seja, L < L’.
momento em que são criados e o momento em que se
desintegram, os múons deveriam percorrer, em média, uma
distância d, igual a:

d = v · Dt = 650 m

No entanto, os múons, que são criados a quase 10 km


de altitude, são detectados na superfície da Terra. Isso é
possível devido ao efeito da dilatação temporal. Para um
referencial fixo no múon, o tempo de desintegração é
Dt’ = 2,2 · 10–6 s.
Para um referencial fixo na Terra, tem-se:

Dt = ______
Dt’  ​
​  _____
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√ ​ v2 ​ ​
2
​ 1 – __ Observe que o comprimento h não se modifica. Esse efeito
c de diminuição do comprimento é denominado contração
Mas:
de comprimento. A equação que relaciona os comprimen-
2,994 · 108
_​ v ​ > _________
c ​   ​ > 0,998 tos L’ e L é:
3 · 108
_____
Assim:
√ ​ v2 ​ ​
2
_____ ​ 1 – __
L = L’ · c
​ 1 – ​ v__2 ​ ​ > d​ XXXXXXXX

2
1 – 0,996 ​> 0,063
c
Portanto: Esse fenômeno é denominado contração do espaço.
2,2 · 10 –6
Dt = ______
Dt’  ​ = ________
​  _____ ​   ​= 35 · 10–6 s
√ v__
2
​ 1 – ​  2 ​ ​
c
0,063
8. Campos elétricos
e magnéticos
131
Uma das questões que perturbava Einstein era a questão Outro resultado obtido por Einstein foi o de que essa rela-
de força eletromagnética. Entretanto, Einstein conseguiu ção é uma aproximação válida para quando a velocidade
demonstrar que os campos produzidos por uma carga são do corpo é muito pequena comparada à velocidade da luz.
diferentes se a carga está em repouso ou em movimento. Quando a velocidade do corpo é comparável à velocidade
Essa diferença é tal que, em qualquer referencial inercial, a da luz, os gráficos das figuras anteriores transformam-se em:
equação da força total que atua em cada carga é a mesma.

Por exemplo, a intensidade do campo elétrico produzido


por uma carga puntiforme é dada pela equação:
k|Q|
E = ____
​  2 ​ _​›_
d No segundo gráfico, é possível observar que v ​​ aumenta sempre,
As linhas de força do campo têm o aspecto da figura ante- mas nunca atinge a velocidade da luz, que é 3 · 108 m/s. No
​___›
rior (esquerda). Contudo, essa relação é válida apenas para primeiro gráfico, a aceleração ​a ​ 
​ ​diminui continuamente, sem
cargas em repouso. A equação do campo e a configuração
nunca atingir o valor zero.
das linhas de força são outras para uma carga em movimen- _​›_
› ​___
to. Na figura, é possível observar também as linhas de força ​ é constante e ​ a ​ 
Uma vez que F ​ ​ ​diminui com o tempo, à
_​›_
para uma carga que se move para a direita com velocidade
v = 0,9 c. a ​


_​​ F ​
medida que a velocidade aumenta, a razão ​__ ​__ ​  ​ também

_​›_
aumenta. Se a interpretação de que a razão ​__
​ F ​ 
​  ​  ​é a massa
9. Inércia e velocidade a ​

_​__›
do corpo a ser mantida, então chega-se à conclusão de
Considere um corpo, inicialmente em repouso, em relação
a um referencial inercial. Se uma força constante F for apli- que a massa do corpo aumenta à medida que a velocida-
cada sobre esse corpo, de acordo com as leis de Newton, de aumenta. Entretanto, o significado disso não é que a
o corpo deveria adquirir um movimento uniformemente quantidade de matéria do corpo aumentou, mas apenas
variado de aceleração constante tal que:
a inércia do corpo. Desse modo, conforme a velocidade de
__​  F ​= constante = m = massa do corpo um corpo cresce, o aceleramento fica mais difícil.
a 0

_​__ A partir dessa interpretação, quando um corpo tem veloci-



A partir dessa relação, o gráfico de ​ a ​ 
​ ​em função do tempo dade nula, sua massa é denominada massa de repouso
deveria ser da forma como o primeiro _​›_ gráfico a seguir, e o e é indicada por m0. Já a massa m do corpo a uma veloci-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

gráfico do módulo da velocidade ​v ​ ​ ​em função do tempo,


 dade v é denominada massa relativística.
como o segundo gráfico a seguir.
Existe um problema devido a essa diferença na massa: não
_​›_
é possível obter uma expressão para ​__ 
F ​

​_​  __› ​  ​que valha para
a ​

todas as situações. Alguns físicos não utilizam o nome
massa relativística. Para eles, só existe uma massa, que
é a massa de repouso m0. Outros físicos, por sua vez, usam
esse nome,_​›_ porém, para eles, essa massa não é definida

como ​__ F ​

​_​  __› ​  ​. A seguir, será analisada como é a definição de
a ​

massa relativística.

132
VIVENCIANDO

Podemos vivenciar diversos efeitos relativísticos na nossa rotina, sem precisar ir a laboratórios sofisticados. Um dos mecanis-
mos que utiliza a relatividade para funcionar é o GPS. Para que o GPS de seu carro funcione com precisão, os satélites devem
ter em conta os efeitos relativistas. Isso ocorre porque, embora os satélites não estejam se movendo em nada perto da
velocidade da luz, eles ainda estão indo muito rápido, e isso pode afetar na determinação de posições na superfície terrestre.
Outra comprovação da teoria da relatividade está presente em todos os nossos dias. O brilho e a energia emitidos pelo
Sol podem ser descritos pela teoria da relatividade. As grandes quantidades de energia geradas através da fissão nuclear
podem ser explicadas pela famosa equação representada na figura abaixo. A própria luz é um fenômeno relativístico e
nossa compreensão de seu funcionamento; utilizá-la em sistemas ópticos, a fim de armazenar e transportar informação,
como as fibras ópticas, foi imensamente importante para o desenvolvimento tecnológico que nos cerca.

Fonte: <https://educacao.uol.com.br/album/2013/09/24/conheca-11-equacoes-que-mudaram-o-mundo.htm>.

10. Quantidade de movimento


Para que o princípio da conservação da quantidade de mo-
vimento continue valendo para altas velocidades (velocida-
des próximas à velocidade da luz),​___› é possível demonstrar
que a quantidade
​_›_
de movimento Q ​
​ do corpo, cuja veloci-
dade é v ​
​ , deve ser dada por:
multimídia: vídeo
​___› m0 ​_›_ Fonte: Youtube
​ = ______
Q ​ ​   ​ v ​

dXXXXX
​ v2 ​ ​ Gravidade visualizada
2
​ 1 – __
c
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Em que c é a velocidade da luz no vácuo e m0 é a massa Aplicação do conteúdo


de repouso.
1. A massa de repouso de um corpo é m0 = 16 kg. Esse
Se a massa relativística (m) for definida por: corpo se move com velocidade de módulo v = 0,60 c,
sendo c a velocidade da luz. Determine, para esse corpo:
m
m = ______
​  0 2 ​ a) a massa relativística;
d
XXXXX
​ v  ​ ​
​ 1 – __
c2
b) o módulo da quantidade de movimento.
Resolução:
Então, a equação adquire a mesma forma válida para a a) A partir da equação para a massa relativística, obtém-se:
Mecânica Clássica: m0
___
​› _​_› m = ______
​  ​  16  ​= 20 kg
 ​ = ____
0,80
d
XXXXX
​ v2 ​ ​
2
Q ​
​ = m · v ​
​ ​ 1 – __
c

133
b) Sendo c = 3 · 108 m/s, tem-se que O próton também tem sua antipartícula, que é denomina-
v = 0,60 c = 1,8 · 108 m/s. Assim: da antipróton. A massa e o módulo da carga elétrica são
Q = m · v = 20 kg · 1,8 · 108 m/s = iguais aos do próton, mas a carga é negativa. O antipróton
= 3,6 · 109 kg · m/s ​ (e o próton por p). Ao encontrar um
é representado por p​
X
próton, o processo de aniquilação também gera uma onda
10.1. A segunda Lei de Newton eletromagnética:
Considerando que m é a massa relativística de um corpo, p + Xp​​ ∫ g
para velocidade próxima à da luz, a segunda Lei de Newton,
na forma F = m ∙ a, deixa de ser válida. No entanto, a lei A antipartícula do nêutron n é o antinêutron n​​X. Nesse
continua válida na forma: caso, ambas as partículas têm carga elétrica nula, mas há
entre elas uma diferença (que será analisada adiante), de
DQ
F = ___
​   ​ modo que a aniquilação que ocorre quando um nêutron
Dt encontra um antinêutron gera uma onda eletromagnética:
​___›
Sendo Q ​
​ a quantidade de movimento do corpo. n + Xn​​ ∫ g

A energia (E) da onda eletromagnética resultante do pro-


11. Massa e energia cesso de aniquilação pode ser calculada pela fórmula:

Einstein também demonstrou que um corpo, ao ganhar E = m · c2


uma quantidade de energia DE, sofre um acréscimo Dm
em sua massa dado por: Em que m é a massa relativística total do conjunto partícu-
la-antipartícula e c é a velocidade da luz no vácuo.
DE = (Dm) · c2
Considere que a massa de repouso de um corpo seja m0.
Em que c é a velocidade da luz no vácuo. Pelos conceitos abordados, pode-se afirmar que esse corpo
Essa equação também é válida no caso de o corpo perder tem uma energia de repouso E0, dada por:
energia. Se isso acontecer, a massa sofrerá uma redução.
E0 = m0 · c²

Exemplos
E0 é a soma de todas as energias no seu interior com as
§ Um tijolo quente tem massa maior do que a de um energias das ondas eletromagnéticas que resultariam da
tijolo frio. aniquilação de todas as partículas que compõem o corpo.
§ A massa de uma mola comprimida é maior do que quan-
do não está comprimida, pois o acréscimo de energia 11.2. Energia cinética
potencial elástica causa o aumento da massa da mola. A energia cinética de um corpo de massa m e velocidade
v é dada por:
11.1. Energia de repouso
​ m · ​
Ec = _____v2
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Existem processos em que ocorre a geração de uma partí- 2


cula de massa e módulo da carga iguais aos do elétron, mas
com carga elétrica positiva. Essa partícula é denominada Essa é a expressão que foi vista no estudo de Física Clássi-
pósitron ou antipartícula do elétron. A representação ca. Entretanto, na teoria da relatividade, essa equação for-
do pósitron é realizada pelo símbolo e+, e o elétron é repre- nece o valor aproximado da energia cinética para um caso
sentado por e–. A meia-vida do pósitron é curta, pois essa particular: quando a velocidade v é pequena em compara-
partícula facilmente encontra um elétron, ocasionando um ção com c, a velocidade da luz. O valor exato da energia
processo denominado aniquilação. Como resultado desse cinética é dado pela equação:
processo, as duas partículas desaparecem e se transformam
em uma onda eletromagnética. Utilizando o símbolo g para Ec= (m – m0)c²
a onda eletromagnética, a aniquilação pósitron-elétron é
representada da seguinte maneira: Em que m é a massa relativística do corpo.
e– + e+ é g Reescrevendo a equação como:

134
ilha de Príncipe, situada na África ocidental. Pelo fato de o
Ec= m · c² – m0 · c²
céu estar mais limpo, os resultados obtidos pela equipe de
E = E0 + Ec Sobral foram melhores. Assim, o Brasil entrou na história da
teoria da relatividade.
E é a energia total do corpo.
É importante ressaltar que a energia E não inclui as even-
tuais energias potenciais que o corpo pode ter caso esteja
sob a ação de algum campo.

12. Teoria da relatividade geral multimídia: vídeo


Em 1915, Einstein publicou a teoria da relatividade geral.
Fonte: Youtube
Nesse trabalho, Einstein analisa as leis da Física em refe-
renciais acelerados e desenvolve uma nova teoria da gravi- Brian Cox visits the world’s biggest
tação. A seguir, será comentado apenas um aspecto dessa vacuum | Human Universe - BBC
teoria da gravitação.
Uma das conclusões de Einstein foi de que a luz (e as on- Aplicação do conteúdo
das eletromagnéticas em geral) é atraída pelos corpos, sen-
do que essa atração se deve à massa do corpo. Entretanto, 1. (UFJF) Em um reator nuclear, átomos radioativos são
como esse efeito é muito pequeno, somente poderia ser quebrados pelo processo de fissão nuclear, liberando
energia e átomos de menor massa atômica. Esta ener-
observado quando a luz passasse perto de corpos de gran-
gia é convertida em energia elétrica com um aprovei-
de massa, como o Sol. tamento de aproximadamente 30%. A teoria da relati-
Segundo a teoria da relatividade geral, existe um espaço- vidade de Einstein torna possível calcular a quantidade
de energia liberada no processo de fissão nuclear. Nes-
-tempo que é deformado pelos corpos com grande massa.
sa teoria, a energia de uma partícula é calculada pela
O percurso da luz continua sendo em linha reta, mas as “re- expressão
tas” na nova geometria do espaço-tempo são diferentes do ______
espaço cartesiano. A geodésia é a menor distância entre dois E = mc onde m = m0/​ 1 + ​ ​  v_c ​  2​  ​.
2
√ ( )
pontos, e Einstein percebeu que, devido ao efeito da gravida-
Em uma residência comum, se consome, em média, 200
de, as geodésicas são na verdade curvas no espaço-tempo.
kWatt - hora por mês. Nesse caso, CALCULE qual deveria
Um meio de verificar esse percurso curvo da luz no espaço- ser a massa, em quilogramas, necessária para se manter
-tempo é a observação da luz de uma estrela ao passar perto essa residência por um ano, considerando que a trans-
formação de massa em energia ocorra no repouso.
do Sol. Nesse caso, a trajetória seria ligeiramente deformada
pelo Sol. A confirmação dessa teoria aconteceu em 19 de maio Dado: c = 3 . 108 m/s.
de 1919. Nesse dia, ocorreu um eclipse do Sol que propiciou a) 3,6 . 10-8 kg.
a obtenção de fotos de estrelas durante o dia. Ao comparar a b) 6,3 . 10-5 kg.
posição obtida da estrela (posição aparente) com a posição c) 3,2 . 10-7 kg.
d) 9,6 . 10-8 kg.
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em que ela deveria estar, foi possível constatar que o raio de


luz vindo da estrela sofreu desvio ao passar perto do Sol. e) 5,3 . 10-5 kg.

Resolução:

A energia útil consumida pela residência em


1 ano (12 meses) é:
EU = 200 kWh . 12 = 2.400 kW · h =
= (2.400 . 103 W) . (3,6 . 103s) =
= 8,64 . 109 W · s ⇒

Esse experimento foi realizado por duas equipes de astrô- EU = 8,64 . 109 J
nomos que foram enviadas a dois locais de onde se ob- Considerando o rendimento de 30%, a energia total produzida
servaria o eclipse total: a cidade de Sobral, no Ceará, e a

135
pela fissão é: 3. (Fuvest) O elétron e sua antipartícula, o pósitron, pos-
EU EU suem massas iguais e cargas opostas. Em uma reação
n = __
​   ​ ⇒ ET = __
​ n ​= 8,64 . 109/0,3 ⇒
ET em que o elétron e o pósitron, em repouso, se aniqui-
⇒ ET = 2,88 . 1010 J lam, dois fótons de mesma energia são emitidos em
sentidos opostos.
Usando a relação massa-energia:
ET 2,88 . 1010 A energia de cada fóton produzido é, em MeV, aproxi-
ET = m0 c2 ⇒ m0 =​ __2 ​ =_________
​   ​ ⇒ madamente:
c 9 . 1016
⇒ m0 = 3,2 . 10-7 kg Note e adote:
Relação de Einstein entre energia (E) e massa (m): E = mc2
Alternativa C
Massa do elétron = 9 . 10-31 kg
2. (UFSC) Em 6 de novembro de 2014, estreava no Bra- Velocidade da luz c = 3,0 . 108 m/s
sil o filme de ficção científica Interestelar, que abordou, 1 e V = 1,6 . 10-19 J
em sua trama, aspectos de Física Moderna. Um dos fe-
1MeV = 106 eV
nômenos mostrados no filme foi a dilatação temporal,
já prevista na Teoria da Relatividade de Albert Einstein. a) 0,3. d) 1,6.
Além da relatividade, Einstein explicou o efeito fotoelé- b) 0,5. e) 3,2.
trico, que lhe rendeu o prêmio Nobel de 1921. c) 0,8.
Sobre os fenômenos referidos acima, é CORRETO afir- Resolução:
mar que:
Substituindo os dados na expressão dada:
01) o efeito fotoelétrico foi explicado atribuindo-se à 2
E = mc2 = 9 . 10-31 (3 . 108) = 8,1 . 10-14J.
luz o comportamento corpuscular;
02) a alteração da potência de uma radiação que pro- Convertendo para elétron-volt:
voca o efeito fotoelétrico altera a energia cinética dos
elétrons arrancados e não o número de elétrons; {
  
​ ​1  
e V       
E ⇒ 8,1 . 10-14 J }
⇒ 1,6 . 10-19 ​ J ​ E = 5,0625 . 105

04) de acordo com a Teoria da Relatividade, as leis da eV ≅ 0,5 . 106 eV ⇒ E = 0,5 MeV.
Física são as mesmas para qualquer referencial inercial;
08) de acordo com a Teoria da Relatividade, a veloci- Alternativa B
dade da luz no vácuo é uma constante universal, é a
mesma em todos os sistemas inerciais de referência e 4. (Udesc) A proposição e a consolidação da Teoria da Re-
não depende do movimento da fonte de luz. latividade e da Mecânica Quântica, componentes teóricos
do que se caracteriza atualmente como Física Moderna,
Resolução: romperam com vários paradigmas da Física Clássica. Ba-
seando-se especificamente em uma das teorias da Física
01) Verdadeira. Einstein recuperou uma teoria defen- Moderna, a Relatividade Restrita, analise as proposições.
dida por Newton, que depois foi colocada de lado I. A massa de um corpo varia com a velocidade e tende-
após o experimento de Young, de que a luz é com- rá ao infinito quando a sua velocidade se aproximar da
posta de unidades fundamentais corpusculares de- velocidade da luz no vácuo.
nominadaqs fótons, e que cada um transporta uma II. A Teoria da Relatividade Restrita é complexa e abran-
quantidade de energia equivalente ao produto da sua gente, pois, descreve tanto movimentos retilíneos e uni-
frequência pela constante de Planck, sendo capaz de formes quanto movimentos acelerados.
transferir essa energia na colisão com os elétrons do ma- III. A Teoria da Relatividade Restrita superou a visão
terial metálico.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

clássica da ocupação espacial dos corpos, ao provar que


02) Falsa. A potência é diretamente proporcional à quan- dois corpos, com massa pequena e velocidade igual à
tidade de elétrons arrancados do material e a frequência velocidade da luz no vácuo, podem ocupar o mesmo es-
da onda incidente está relacionada à energia cinética paço ao mesmo tempo.
dos elétrons ejetados do material metálico. Assinale a alternativa correta.
04) Verdadeira. A afirmativa compreende o primeiro pos-
a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
tulado da relatividade, em que as leis da Física são as
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
mesmas em todos os sistemas referenciais inerciais, isto
é, não existe nenhum sistema referencial inercial prepon- c) Somente a afirmativa II é verdadeira.
derante sobre os demais. d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
08) Verdadeira. O segundo postulado da relatividade e) Todas afirmativas são verdadeiras.
de Einstein propõe a invariância da velocidade da luz Resolução:
em qualquer sistema referencial inercial. Isso quer dizer
que a velocidade da luz no vácuo (c ≈ 300.000 km/s), I. CORRETA. Pela teoria da massa relativística, tem-se que:
_____
não depende do observador nem da velocidade da fonte
√ ​ v2 ​ ​
2

emissora de luz.
m = m0/​ 1 - __
c

136
Se a velocidade do corpo (v) aproximar-se da velocidade da Resolução:
luz (c), pode-se observar que a massa relativística tenderá
Essa questão traz uma consequência da teoria da relatividade,
ao infinito.
que implica na mais famosa equação da Física de todos os tem-
II. INCORRETA. A Teoria da Relatividade Restrita não pos, a relação universal entre massa e energia de Albert Einstein.
é abrangente, pois, quando a velocidade do corpo é
muito menor do que a velocidade da luz, as equações E = m ∙ c2
da mecânica newtoniana são suficientes para repre-
Essa equação afirma que a massa também é uma forma de ener-
sentar os movimentos.
gia e vice-versa. Nesse caso, uma parte da massa do explosivo
III. INCORRETA. O Princípio da Impenetrabilidade diz utilizado deve ser responsável pela energia da explosão.
que dois corpos distintos não podem ocupar o mes-
mo lugar no espaço ao mesmo tempo. Isolando a massa, substituindo os valores e transformando calo-
rias para joule, tem-se:
Alternativa A 1 · 1012 cal · 4,18 J
m = E/c2 ⇒ m =______________
  
  
​   ​ =
cal/(3 · 108 m/s)2
5. (Udesc) De acordo com o paradoxo dos gêmeos, tal-
vez o mais famoso paradoxo da relatividade restrita, 4,18 · 1012J
___________
=  ​  16 2 2  ​
pode-se supor a seguinte situação: um amigo da sua 9 · 10 m /s
idade viaja a uma velocidade de 0,999c para um plane- m = 4,64 · 10-5 kg
ta de uma estrela situado a 20 anos-luz de distância. Ele
passa 5 anos nesse planeta e retorna para casa a 0,999
Alternativa A
c. Considerando que γ = 22,4, assinale a alternativa que
representa corretamente quanto tempo seu amigo pas- 7. (Cefet–MG) Um observador A está em uma espaçonave
sou fora de casa do seu ponto de vista e do ponto de que passa perto da Terra afastando-se da mesma com uma
vista dele, respectivamente. velocidade relativa de 0,995 c. A espaçonave segue via-
a) 20,0 anos e 1,12 anos. gem até que o observador A constata que a mesma já dura
b) 45,04 anos e 1,79 anos. 2,50 anos. Nesse instante, a espaçonave inverte o sentido
c) 25,00 anos e 5,00 anos. da sua trajetória e inicia o retorno à Terra, que dura igual-
d) 45,04 anos e 6,79 anos. mente 2,50 anos, de acordo com o relógio de bordo. Um
observador na superfície da Terra envelhece, aproximada-
e) 40,4 anos e 5,00 anos.
mente, entre a partida e o retorno da espaçonave,
Resolução: a) 50 anos. d) 2,5 anos.
O tempo total Dt para o referencial da Terra é: b) 25 anos. e) 0,50 ano.
c) 5,0 anos.
​ Ds
Dt = ___ ​ 2 · 20  ​+ 5 ∴
_______
v ​+ tplaneta ⇒ Dt =0,999 c
Resolução:
Dt = 45,04 anos
Trata-se de uma questão sobre a Teoria da Relatividade, mais
A equação a seguir expressa a dilatação dos tempos da re-
especificamente sobre a dilatação do tempo. Para isso, segue que:
latividade: ____

​  1  ​ . Dt’ → Dt = γ . Dt’
Dt = ______
_____ √c2
v2 ​ ​
Dt2 = Dt1 . ​ 1 -​ __

√ ​ v2 ​ ​
2
​ 1 - __ Onde,
c
Dt1 → Tempo decorrido para o observador em repouso;
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Então, o tempo total na visão do viajante, é dado por:


Dt2 → Tempo decorrido dentro da aeronave;
​ Dt
Dt’ = __ ​  40  ​+ 5 ∴
____
γ ​+ tplaneta → Dt’ = 22,4 v → Velocidade da aeronave.
Dt’ = 6,79 anos Assim,
Dt1
Alternativa D
____________
Dt1 =  
​  ​  5  ​ = 50 anos
 ​ = ____
____ 0,01
6. (Unisc) Em uma explosão de uma mina de carvão
foram utilizadas 1.000 toneladas de explosivo trini-
√ (0995 . c)2
​ 1 - ​ __
c2
 ​ ​

trotolueno (TNT), o que equivale a 1,0 . 1012 calorias. Alternativa A


Qual foi, aproximadamente, a quantidade de massa
convertida em energia equivalente a essa explosão?
(1 caloria = 4,18J e c = 3,0 . 108 m/s)
a) 4,6 . 10-5 kg. d) 1,1 . 10-8 kg.
b) 4,6 . 10-8 kg. e) 1,1 . 10-13 kg.
.
c) 1,1 10 kg.
-5

137
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em novembro de 1915, o físico alemão Albert Einstein criou a teoria da relatividade. No entanto, nem todo mundo sabe
que sua teoria foi comprovada graças a um experimento realizado aqui no Brasil, mais precisamente na cidade de Sobral,
no interior do Ceará. Einstein formulou que a luz sofreria um desvio devido ao campo gravitacional do Sol, e esse desvio,
que comprovaria sua tese de como a gravidade deforma o espaço-tempo, poderia ser observado em um eclipse solar.
Seis anos mais tarde, a hipótese de Einstein seria
comprovada por uma expedição científica de pesqui-
sadores ingleses enviados ao Brasil. O eclipse ocorreu
no dia 29 de maio de 1919, e os cientistas tiraram
fotografias do fenômeno com um telescópio. Ao serem
reveladas, os pesquisadores ingleses puderam verificar
a existência do denominado ”efeito Einstein”, ou seja,
a curvatura da luz ao se aproximar de um corpo de
grande massa – no caso, o desvio da luz emitida por
estrelas ao passar nas proximidades do Sol.

Monumento em Sobral-CE em homenagem à confirmação da teoria da relatividade


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

138
DIAGRAMA DE IDEIAS

TEORIA DA
RELATIVIDADE

REFERENCIAIS Velocidade constante de


INERCIAIS um em relação ao outro

POSTULADOS REFERENCIAIS
Mesmas leis da física
DE EINSTEIN INERCIAIS

VELOCIDADE Mesmo valor em


DA LUZ qualquer referencial

Δt = Δt'
RELATIVIDADE DILATAÇÃO
DO TEMPO TEMPORAL
v2
1-
c2

RELATIVIDADE DO CONTRAÇÃO L = L'. v2


COMPRIMENTO DO ESPAÇO 1-
c2

MASSA E ENERGIA ΔE = Δm·c2

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139
ANOTAÇÕES

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