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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENCIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.

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SUMÁRIO
QUÍMICA
ELETROQUÍMICA E QUÍMICA DESCRITIVA 5
AULAS 45 E 46: ELETROQUÍMICA: ELETRÓLISE AQUOSA 7
AULAS 47 E 48: ELETROQUÍMICA: ELETRÓLISE QUANTITATIVA 13
AULAS 49 E 50: TITULAÇÃO 18
AULAS 51 E 52: QUÍMICA DESCRITIVA AMBIENTAL 23

QUÍMICA ORGÂNICA E CONCEITOS MODERNOS DE


ÁCIDOS E BASES 35
AULAS 45 E 46: POLÍMEROS DE ADIÇÃO 37
AULAS 47 E 48: POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO 44
AULAS 49 E 50: ACIDEZ E BASICIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS 51
AULAS 51 E 52: CONCEITOS MODERNOS DE ÁCIDOS E BASES 57

EQUILÍBRIOS QUÍMICOS 63
AULAS 45 E 46: EQUILÍBRIOS IÔNICOS: PH E POH 65
AULAS 47 E 48: EQUILÍBRIOS IÔNICOS: HIDRÓLISE SALINA 71
AULAS 49 E 50: EQUILÍBRIOS HETEROGÊNEOS 79
AULAS 51 E 52: EQUILÍBRIOS HETEROGÊNEOS: PRODUTO DE SOLUBILIDADE 85
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
QUÍMICA

6
CIÊNCIAS DA
ELETROQUÍMICA E
QUÍMICA DESCRITIVA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Eletrólise aquosa é um dos temas mais Um assunto recorrente é o da eletrólise,


recorrentes dentro da Química descritiva sendo necessários conhecimentos de ele-
ambiental em questões sobre o meio am- troquímica. Além disso, aborda assuntos de
biente. titulação em questões bem analíticas.

O principal tópico é o da Química descritiva O assunto de eletrólise é cobrado de uma Os assuntos de eletrólise e Química des-
ambiental, em que são exigidos conheci- maneira bem direta. Por isso, é importante critiva ambiental são os principais. Por
mentos de diversas propriedades químicas que os conteúdos relacionados à eletroquí- serem cobrados de maneira bem objetiva,
de diversos compostos correlacionados mica estejam bem fixados. é importante uma boa interpretação para
com a temática do meio ambiente. organizar todo o raciocínio.

Titulação e eletrólise são recorrentes, por- O tema da Química descritiva é o mais O tópico mais cobrado está relacionado Os assuntos mais cobrados estão relacio-
tanto, é importante que estejam bem fixa- cobrado, sendo necessário que todo o com a titulação, por isso, é importante que nados com titulação e eletrólise. Assim, é
dos os conteúdos relacionados a cálculos conteúdo relacionado às propriedades de esse assunto seja trabalho com calma, já importante que os dados fornecidos sejam
estequiométricos, soluções e pH para titula- compostos esteja fixado, principalmente que se faz necessário que os conteúdos bem interpretados, para que os tópicos de
ção, além de toda a eletroquímica. aquelas que são nocivas ao meio ambiente. de cálculo estequiométrico, soluções e pH cálculo estequiométrico, soluções e todo o
estejam bem definidos. conteúdo de eletroquímica estejam bem
fixados.

UFMG
São mais recorrentes os assuntos de ele-
São recorrentes titulação e eletrólise aquo- O assunto de titulação é bem recorrente,
trólise e Química descritiva ambiental, por
sa, tonando-se importante que os conteú- tornando-se necessário que os conteúdos
isso, é importante que todo o conteúdo re-
dos relacionados a cálculos estequiométri- referentes a cálculos estequiométricos e
lacionado com eletroquímica esteja fixado
cos, soluções e eletroquímica estejam bem soluções estejam bem fixados para inter-
e ter uma boa compreensão das proprieda-
fixados. pretar os diversos dados fornecidos.
des de compostos químicos.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Titulação e Química descritiva ambiental O tema de eletrólise é cobrado de maneira Eletrólise tem uma incidência alta, então, é
são recorrentes, por isso, os assuntos direta, porém, é importante que os concei- muito importante que os conteúdos sobre
referentes a cálculos estequiométricos, tos referentes ao assunto de eletroquímica eletroquímica estejam bem fixados, já que
soluções e propriedades químicas dos estejam fixados para que se tenha melhor as questões são bem interpretativas.
compostos tornam-se importantes para a interpretação do enunciado.
melhor interpretação dos fenômenos que
podem afetar o meio ambiente.

6
§ Os ânions movimentam-se em direção ao ânodo e so-
frem descarga elétrica (reação anódica).

Bx– → x.e– + B0
Estabelecida a igualdade entre o número de elétrons perdi-
ELETROQUÍMICA: dos (x) e o número de elétrons recebidos (y) e somadas as

ELETRÓLISE AQUOSA semirreações, obtém-se a reação global da eletrólise:

cátodo e polo (–) (redução): [Ay+ + y.e– → A0].x


ou
x.A y+
+ x.y.e– → x·A0

ânodo e polo (+) (oxidação): [Bx– → x.e– + B0].y

CN AULAS
45 E 46
ou
y.B → y.x.e– + y.B0
x–

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) reação global (eletrólise): x.Ay+ + y.Bx– → x.A0 + y.B0


5, 6 e 7 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27
Observe que, para igualar os números de elétrons doados
e recebidos, aplica-se o princípio do “mínimo múltiplo co-
mum”: x . y = y . x
1. Eletrólise em solução aquosa A eletrólise em solução aquosa pode promover a formação
dos gases H2 ou O2 pela redução ou oxidação da água,
Na eletrólise aquosa, a substância pura está dissolvida respectivamente, de acordo com as equações químicas:
e dissociada em água (solução aquosa).
Descarga no ânodo – oxidação:
A eletrólise é um processo que transforma energia elétrica
​ 1 ​ O + 2 H+(aq) + 2 e-
H2O(ℓ) → __
em energia química. 2 2(g)
Na eletrólise aquosa as espécies que sofrem descarga Descarga no cátodo – redução:
elétrica estão presentes em solução aquosa. Note que as
2 H2O(ℓ) + 2 e- → H2(g) + 2 OH-(aq)
reações químicas promovidas pela eletrólise não são es-
pontâneas, então será necessário o fornecimento de uma Somando as equações anteriores, temos:
certa quantidade de energia para que o processo ocorra,
​ 1 ​ O + (2 H+(aq) + 2 OH(aq)
3 H2O(ℓ) + 2 e- → __ -
) + 2 e- + H2(g)
geralmente se utiliza uma fonte de corrente contínua, veja: 2 2(g)
Fonte de corrente contínua 2H2O(ℓ)
Simplificando a equação anterior:
​ 1 ​ O
H2O(ℓ) → H2(g) + __
2 2(g)
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2. Exemplos de reações anódicas


Cátodo Ânodo No ânodo ocorre oxidação:
2 OH–(aq) → 2 e– + H2O(ℓ) + 1/2 O2(g)
Considere uma substância pura genérica AxBy.
Dissolução da substância pura: 2 Cℓ(aq)

→ 2 e– + Cℓ2(g)

AxBy → x.Ay+ + y.Bx– 2 I–(aq) → 2 e– + I2(s)

H2O(ℓ) → ​ __1 ​ O2(g) + 2 H+(aq) + 2 e–


§ Os cátions movimentam-se em direção ao cátodo e 2
sofrem descarga elétrica (reação catódica).

Ay+ + y.e– → A0 –2 oxidação 0

7
4.1. Eletrólise aquosa do cloreto de sódio NaCℓ
Na solução há:
NaCℓ → Na+(aq) + Cℓ–(aq)
H2O → H+(aq) + OH–(aq) (autoionização da água)

multimídia: vídeo
Cátodo Ânodo
Fonte: Youtube
Eletrólise Aquosa

Migração de íons H+ e Na+ Cℓ– e OH–

3. Exemplos de
reações catódicas Facilidade de
H+ > Na+ Cℓ– > OH–
descarga
No cátodo ocorre redução:
2 H+(aq) + 2 e– → H2(g)
Semirreação Redução: Oxidação:
Aℓ3+
(aq)
+ 3 e– → Aℓ(s)0 (íons que sofrem
2 H + 2 e → H2
+ –
2 Cℓ → Cℓ2 + 2 e–

Cu2+(aq) + 2 e– → Cuº(s) descarga)

Zn2+ + 2 e– → Znº(s)
(aq) Íons presentes
Ag+(aq) + e– → Agº(s) na solução
(pois não Na+ OH–
Mg2+(aq) + 2 e– → Mgº(s) sofreram
descarga)
2 H2O(ℓ) + 2 e– → H2(g) + 2 OH–(aq)
Somadas as quatro equações, obtém-se a reação global
+1 redução
0 do processo:
dissolução: 2 NaCℓ → 2 Na+ + 2 Cℓ–
autoionização: 2 H2O → 2 H+ + 2 OH–
4. Ordem de descarga cátodo (redução): 2 H+ + 2 e– → H2
A eletrólise aquosa apresenta uma dificuldade a mais
em relação à eletrólise ígnea: além dos íons liberados ânodo (oxidação): 2 Cℓ– → Cℓ2 + 2 e–
pela substância que se deseja eletrolisar, sempre há os íons reação global: 2 NaCℓ + 2 H2O(ℓ) → 2 Na+(aq) + 2 OH(aq)

+ H2(g) + Cℓ2(g)
produzidos pela autoionização da água (o solvente), razão solução cátodo ânodo
pela qual haverá uma “competição” entre os íons.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Conclusão: a eletrólise do NaCℓ(aq) é um processo que


Em razão disso, deve-se obedecer à ordem de descarga: permite obter soda cáustica (NaOH), gás hidrogênio (H2)
e gás cloro (Cℓ2).
Observe que a presença de OH– na solução final da eletró-
lise caracteriza soluções básicas.
Em vez de escrever a descarga do H+ proveniente da água,
pode-se escrever a descarga da própria água, cuja reação
é dada por:
autoionização: 2 H2O → 2 H+ + 2 OH–
cátodo (redução): 2 H+ + 2 e– → H2
_____________________________________
Examinemos duas eletrólises em meio aquoso. reação global: 2 H2O + 2 e– → H2 + 2 OH–

8
Somadas as quatro equações, obtém-se a reação global
Cloro líquido do processo:

Nas condições ambientes, o cloro (Cℓ2) é um gás. Por dissolução:


isso, ao ler a propaganda “temos cloro líquido”, bas- CuSO4 → Cu2+ + SO42–
tante comum em lojas de materiais para piscina, en-
tenda-se que o produto anunciado é o cloro gasoso autoionização:
borbulhado em solução de hidróxido de sódio. 2 H2O → 2 H+ + 2 OH–
Cℓ2(g) + 2 NaOH(aq) → NaCℓ(aq) + NaCℓO(aq) + H2O(ℓ) cátodo (redução):
Essa solução é utilizada na produção de desinfetantes Cu2+ + 2 e– → Cu
e alvejantes domésticos.
ânodo (oxidação):
​ 1 ​ O + 2 e–
2 OH– → H2O + __
4.2. Eletrólise aquosa do sulfato de cobre CuSO4 2 2
reação global:
Na solução obtém-se:
​ 1 ​ O
CuSO4 (aq) + H2O(ℓ) → 2 H+(aq) + SO-24(aq) + Cu(s) + __
2 2(g)
dissolução: CuSO4 → Cu2+ (aq) + SO42– (aq)
solução cátodo ânodo
autoionização: H2O → H+ + OH–
Conclusão: na eletrólise do CuSO4, são obtidos cobre me-
Cátodo Ânodo tálico (Cu) e gás oxigênio (O2), e a solução final apresenta
Migração caráter ácido graças aos íons H+.
Cu2+ e H+ OH– e SO42–
de íons
Em vez de escrever a descarga do OH– proveniente da
Facilidade de
Cu2+ > H+ OH– > SO42–
água, pode-se escrever a descarga da própria água, cuja
descarga reação é dada por:
Semirreação autoionização: 2 H2O → 2 H+ + 2 OH–
(íons que redução oxidação
sofrem Cu2+ + 2 e– → Cu –
​ 1 ​ O2 + 2 e–
2 OH → H2O + __
2 ânodo (oxidação):
descarga)
Íons presentes 2 OH– → H2O + ​  __1 ​ O + 2 e–
na solução
2 2
____________________________________
(pois não H+ SO42–
sofreram
__1 ​ O + 2 e–
reação global: H2O → 2 H+ + ​ 
descarga) 2 2

VIVENCIANDO
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O hidróxido de sódio é um composto químico muito utilizado na indústria de papel, para se fazer sabão, salitre, corantes
e produtos de limpeza doméstica. Suas aplicações na indústria são diversas e, para isso, um método muito comum é feito
para sua obtenção. Como se sabe, a água do mar contém NaCℓ, e este sal, em meio aquoso, será o responsável pela
obtenção de hidróxido de sódio na indústria química. A partir do processo de eletrólise, é possível obter esse composto
por causa da formação de cloro gasoso e hidrogênio molecular nos eletrodos. Com isso, na solução, ficam na forma
dissociada os íons Na+ e OH−, conferindo ao sistema o caráter básico.

9
II. no polo positivo, o iodeto ganha elétrons e for-
Aplicação do conteúdo ma iodo;
III. o grafite atua como condutor de elétrons.
1. (Unicamp) Observe o esquema representativo da ele-
trólise da água. Dessas afirmações, apenas a:
a) I é correta.
A B b) II é correta.
eletrodos c) III é correta.
d) I e a III são corretas.
água e) II e a III são corretas.
bateria
Resolução:
As semirreações que ocorrem nos eletrodos são:
Antes de fazer as semirreações, é necessário verificar quais íons
2 H2O(ℓ) + 2 e– → 2 OH–(aq) + H2(g)
serão oxidados e reduzidos na solução de KI:
2 H2O(ℓ) → 4 H+(aq) + O2(g) + 4 e–
Disponíveis Facilidade de
A partir dessas informações: Onde ocorre
na solução descarga
a) Identifique os gases A e B. Cátions H+ e K+ H+ > K+
b) Indique se, após certo tempo de eletrólise, o meio Ânions OH e I
– –
I– > OH–
estará ácido, básico ou neutro. Por quê?
Sabendo quais são as facilidades de descarga dos íons, pode-se
Resolução: montar as semirreações no cátodo e ânodo:
a) Obtém-se a reação global: Onde ocorre Reação
Cátodo 2 H2O + 2 e- → H2 + 2 OH-
cátodo (redução): 2 H2O(ℓ) + 2 e– → 2 OH–(aq) + H2(g) (x2)
Ânodo 2 KI → I2 + 2 K+ + 2 e-
ânodo (oxidação): 2 H2O(ℓ) → 4 H+(aq) + O2(g) + 4 e–
Global 2 KI + 2 H2O → H2 + I2 + 2 K+ + 2 OH-
____________________________________
reação global: H2O(ℓ) → H2(g) + ½O2(g) Analisando as afirmativas, temos que os itens estão:
I. Correta, pois no polo negativo (cátodo) ocorre a
Lembrando que n.º de e– cedidos = n.º de e– recebidos, são redução da água, formando OH- e H2.
produzidos 2 H2(g) para 1 O2(g); logo, o volume de H2 produzi- II. Incorreta, pois no polo positivo (ânodo), iodeto per-
do será maior que o de O2. de elétrons (oxida), formando iodo (I2).
III. Correta, grafite atua como eletrodo, ou seja, con-
gás A = H2 e gás B = O2
dutor de elétrons.
b) Observando a equação da reação global, nota-se
que a quantidade (concentração) de H+ é igual à de Alternativa D
OH–. Portanto, pela equação 4 H+ → 4 OH–, a solução
final é neutra. 3. (Fuvest) Para pratear eletroliticamente um objeto
de cobre e controlar a massa de prata depositada no
2. Uma solução aquosa de iodeto de potássio (KI) foi ele- objeto, foi montada a aparelhagem esquematizada na
trolisada, usando-se a aparelhagem esquematizada na figura a seguir, onde I, II e III são, respectivamente:
figura. Após algum tempo de eletrólise, adicionaram-se
algumas gotas de solução de fenolftaleína na região do
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

eletrodo A e algumas gotas de solução de amido na região


do eletrodo B. Verificou-se o aparecimento da cor rosa na
região de A e da cor azul (formação de iodo) na região de B.

a) o objeto de cobre, uma chapa de platina e um amperí-


metro;
b) uma chapa de prata, o objeto de cobre e um voltímetro;
KI c) o objeto de cobre, uma chapa de prata e um voltímetro;
d) o objeto de cobre, uma chapa de prata e um amperímetro;
Nessa eletrólise:
e) uma chapa de prata, o objeto de cobre e um amperímetro
I. no polo negativo, ocorre redução da água
com formação de OH¯ e de H2;

10
Resolução:
O item I é polo positivo, logo é o ânodo (onde ocorre oxidação); deve-se colocar uma chapa de prata, de onde ocorre a oxidação da prata.
No item II é polo negativo, logo é o cátodo (onde ocorre a redução); deve-se colocar o objeto de cobre que deseja ser recoberto pela prata,
que é onde a prata da solução será reduzida. No item III deve ir o amperímetro, pois o item III está ligado em série com o circuito (sendo que
o amperímetro deve ser ligado em série para medir a corrente e o voltímetro deve ser ligado em paralelo para medir a tensão, do contrário,
não irá medir nenhum valor).
Alternativa E

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Uma das preocupações ambientais é a presença de metais pesados na água. Os metais pesados podem ser considera-
dos quaisquer metais de transição, se presentes em excesso na água. É, muitas vezes, um processo natural decorrente do
acúmulo de minérios que acabam por se concentrar ou de ações humanas displicentes. Ingerir água com esses metais
pode causar problemas funcionais decorrentes do acúmulo do metal no organismo, trazendo como consequências, por
exemplo, o cálculo renal, o acúmulo de metais no sistema nervoso central causando debilitação de movimentos, insani-
dade ou até mesmo a morte. Para retirar esses metais da água, é necessário passar por um processo de eletrólise aquosa,
no qual serão separados os metais dessa solução. Uma das dificuldades desse processo é a energia gasta e a quantidade
de água que tem para se desinfectar, o que, muitas vezes, torna o processo inviável.

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

11
DIAGRAMA DE IDEIAS

CELA ELETROQUÍMICA ELETRÓLISE

PODE SER CHAMADA

OXIRREDUÇÃO NÃO
CELA ELETROLÍTICA
ESPONTÂNEA

TEM É

MEIO CONDUTOR FORÇADA PELA


IÔNICO CORRENTE ELÉTRICA

PODE SER

SOLUÇÃO AQUOSA
DE ELETRÓLITO

NESSE CASO É UMA

ELETRÓLISE AQUOSA

NA QUAL HÁ

ORDEM DE FACILIDADE
DE DESCARGA
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

12
de experimentos e percebeu que, quando uma corrente elé-
trica (eletrólise) passa em uma solução de determinado íon
metálico, o metal desse íon se deposita no fundo do recipien-
te. Desse modo, ele concluiu que a massa de uma substância
ELETROQUÍMICA: formada na eletrólise é diretamente proporcional à quanti-
dade de carga elétrica do sistema. Isso significa que, quanto
ELETRÓLISE maior for a intensidade da corrente elétrica usada na eletró-
QUANTITATIVA lise, maior será a quantidade formada de massa do produto.
A carga elétrica (Q) é dada pela seguinte fórmula, usada
com frequência na Física:

CN
Q=i·t
AULAS
47 E 48 Em que:

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
Q = quantidade de carga elétrica (coulomb – C)
5, 6 e 7 17, 21, 23, 24, 25, 26 e 27 i = intensidade da corrente elétrica (ampère – A);
t = tempo decorrido na eletrólise (segundos – s).

Em 1909, outro passo importante para a eletrólise quanti-


tativa foi dado pelo físico Robert Andrews Millikan (1868-
1953), que determinou a carga elétrica de 1 elétron como
1. Eletrólise quantitativa e a igual a 1,6 · 10-19 C.
carga de 1 mol de elétrons A constante de Avogadro afirma que em 1 mol de elétrons
há 6,02 · 1023 elétrons. Assim, é possível calcular a carga de
A eletrólise é um processo muito utilizado na indústria
1 mol de elétrons pela regra de três:
(principalmente na produção de substâncias simples que
servem de matérias-primas e na purificação de metais). Por 1 elétron —— 1,6 ·10–19 C
esse motivo, os aspectos quantitativos relacionados a esse 6,02 · 1023 elétrons —— x
processo tornam-se de extrema necessidade.
x = 96500 coulombs
Por exemplo:
Esse valor é conhecido como Constante de Faraday (unidade: F).
Qual seria a quantidade de eletricidade necessária para
depositar 10 g de prata?
Constante de Faraday é a carga elétrica de 1 mol de
Dado: Ag = 108 g/mol elétrons e vale 96.500 C/mol.
A equação de redução da prata é: 1 F = 96.500 C

Ag+ + 1 e– → Ag0
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Assim, se a carga utilizada no processo for dada em fa-


Nesse caso, sabe-se que: raday (ou em quantidade de cargas), então será possível
utilizar relações estabelecidas por regras de três e calcular
108 g de prata —— 1 mol de elétrons a quantidade de massa que será depositada na eletrólise.
10 g de prata —— Quantidade de elétrons? No exemplo do início, a quantidade de carga necessária
para depositar 10 g de prata seria:
Como é possível resolver o problema acima e chegar à quan-
tidade de eletricidade mencionada na relação? A depender 108 g de prata ——— 1 mol de elétrons —— 96.500 C
de como a prata é depositada, a qualidade da cor do objeto
10 g de prata ——————————— x
que foi revestido, a espessura da camada de metal deposita-
do e a eficiência da proteção contra a sua corrosão variam. x = 8.935 coulombs
O físico e químico Michael Faraday (1791-1867) contribuiu
decisivamente para identificar esse fato. Ele realizou uma série

13
Ou seja, a quantidade de carga necessária será de 8.935
coulombs. Ressaltando que, para um valor de intensidade
da corrente elétrica e tempo decorrido na eletrólise, quando
a quantidade de carga chegar ao valor de 8.935 C, 10 g de
prata serão depositados no polo negativo do sistema.

Pelo esquema, é possível observar que as quantidades de


multimídia: vídeo cargas envolvidas nas duas cubas são iguais.
Fonte: Youtube
Q1 = Q2
Galvanização do anel - Super química

2. Carga de 1 mol de
elétrons (faraday)
Em 1909, Millikan determinou que a carga elétrica de um
multimídia: vídeo
elétron é igual a 1,6 · 10–19 C. Sabe-se que 1 mol de elétrons
corresponde a 6,02 · 1023 elétrons. Em função disso, é pos- Fonte: Youtube
sível calcular a carga de 1 mol de elétrons pela regra de três: conheça o processo para banhar
a ouro suas joias
1 elétron —— 1,6 ·10–19 C
6,02 · 1023 elétrons —— x
Aplicação do conteúdo
1. Uma peça de bijuteria recebeu um “banho de prata” (pra-
Nota: teação) por um processo eletrolítico. Sabendo que nessa
Nos exercícios que compreendem estequiometria na deposição o Ag+ reduz-se a Ag e que a quantidade de carga
eletrólise, é comum a aplicação da seguinte fórmula: envolvida no processo foi de 0,01 faraday, qual é a massa de
Q=i·t prata depositada? (massa molar: Ag = 108 g · mol–1)

Q = quantidade de carga em coulombs (C); Ag+ + e– é Ag


i = corrente elétrica em ampères (A); ç ç
t = tempo decorrido em segundos (s); 1 mol e– 1 mol
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

formação de prata metálica no cátodo. ç ç


1 faraday —— 108 g
Ag+ + e– é Ag
0,01 faraday —— x
ç ç ç
1 mol 1 mol 1 mol
Resolução:
Em razão disso, pode-se deduzir que:
1 mol de elétrons (e–) produz 1 mol de Ag (108 g); 0,01 F · 108g
ä x = ___________
​   ​
96 500 C produzem 1 mol de Ag (108 g); 1F
1 F produz 1 mol de Ag (108 g). ä x = 1,08 g de prata

2. Considerando que uma quantidade de carga igual a

3. Eletrólise em série 9.650 C é responsável pela deposição de cobre se fizer


uma eletrólise de CuSO4(aq), qual será a massa de cobre
É possível realizar diversas eletrólises com a utilização de depositada? (massa molar: Cu = 64 g·mol–1)
um mesmo gerador e formar um circuito em série. CuSO4 é Cu2+ + SO42–

14
Cu2+ + 2 e– é Cu0 Resolução:
ç ç Tem-se:
2 mol e –
1 mol
Cuba 1:
ç ç
2 (96.500 C) —— 64 g MgCℓ2(s) →

Mg(ℓ)
2+
+ 2 Cℓ(ℓ)
-

9.650 C —— x
(+) 2 Cℓ(ℓ)
-
→ 2 e- + Cℓ2(g) (oxidação; ânodo)
Resolução:
9 650 C · 64g (-) Mg(ℓ)
2+
+ 2 e- → Mg(ℓ) (redução; cátodo)
ä x = ___________
​   ​ __________________________________
2 · 96 500 C
ä x = 3,2 g de Cu MgCℓ2(s) ___ →Cℓ2(g) + Mg(ℓ)
Global

3. Numa pilha antiga de flash, o eletrólito está contido Conhecendo as filas de descarga:
numa lata de zinco que funciona como um dos eletrodos.
Durante a descarga desse tipo de pilha, que massa de Zn é
oxidada a Zn2+, por um período de 30 minutos, envol-
vendo uma corrente de 5,36 · 10–1 A?
(massa molar do Zn = 65 g · mol–1)

i = 5,36 · 10–1 A
t = 30 minutos = 30 · 60 s = 1.800 s
Q=i·t
Q = 5,36 · 10–1 A · 1.800 s ä Q = 965 C

Zn é Zn2+ + 2 e-
Cuba 2 :
ç ç H2O(ℓ) → H+(aq) + OH-(aq)
1 mol 2 mol e-
NiCℓ2(s) → Ni(aq)
2+
+ 2 Cℓ(aq)
-
ç ç
65 g —— 2 (96.500 C) (+) 2 Cℓ(aq)
-
→ 2 e- +Cℓ2(g) (oxidação; ânodo)
x —— 965 (-) Ni2+ + 2 e-→Ni(s) (redução; cátodo)
(aq)

Resolução: __________________________________

965 C · 65 g NiCℓ2(s) + H2O(ℓ) ___ →H+(aq) + OH(aq)


Global -
+ Cℓ2(g) + Ni(s)
ä x = __________
​   ​
2 · 96 500 C
NiCℓ2(s)___ →Cℓ2(g) + Ni(s)
Global
ä x = 3,25 · 10–1 g de Zn
Na superfície do polo negativo da cuba 2, forma-se Ni(s).
4. Considere duas cubas eletrolíticas ligadas em série, Como as cubas eletrolíticas estão ligadas em série, elas devem
montadas com eletrodos inertes, sendo que a primeira
ser percorridas pela mesma corrente elétrica. Chamando a quan-
(cuba 1) contém MgCℓ2 fundido e a segunda (cuba 2)
contém uma solução aquosa de NiCℓ2. Faz-se atravessar tidade de eletricidade que percorre as duas cubas de Q, tem-se:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

uma corrente elétrica pelo circuito e observa-se que, Mg2+ + 2 e- → Mg0


após um determinado tempo, houve um depósito de
3,0 g de Mg metálico. Com base nessas informações, 2 · 96.500 C —— 24 g
assinale o que for correto.
Q —— 3 g
Dados: 1 F = 96.500 C; Mg =24; Ni =58,7
Q = 24.125 C
01. A massa de Ni depositada, no mesmo tempo, na cuba 2, é
de aproximadamente 7,4 . Ni2+ + 2 e- → Ni0
02. Na superfície do ânodo da cuba 1, forma-se cloro gasoso. 2 · 96.500 C —— 58,7 g
04. Na superfície do polo negativo da cuba 2, forma-se H2(g). 24.125 C —— mNi
08. Na superfície do ânodo da cuba 2, forma-se cloro gasoso. mNi = 7,34 g ≈ 7,4 g
16. A equação da reação global referente à cuba 2 é NiCℓ2(aq)
Resposta:
→ Ni0(s) + Cℓ2(aq), e o que resta no meio eletrolítico, após uma
eletrólise completa, é apenas água. 01 + 02 + 08 +16 = 27.

15
VIVENCIANDO

A galvanização ou eletrodeposição é o processo de revestimento de superfícies metálicas com outros metais por um
meio eletrolítico. Processos como douração, prateação, niquelação, cromeação, entre outros, são realizados industrial-
mente. Esses processos são de deposição eletrolítica ou galvanoplastia. O objeto metálico que será revestido com outro
metal é utilizado como cátodo e ligado ao polo negativo do gerador. A solução eletrolítica contém os cátions do metal
que se deseja aplicar como revestimento. É possível, por exemplo, pratear um anel de cobre por meio de uma eletrólise
de um sal de prata, ligando o anel ao polo negativo (cátodo). O ânodo pode ser inerte a um eletrodo de prata.
O ferro galvanizado é revestido por uma camada de zinco. Ele é obtido mergulhando-se chapas de ferro no zinco fundi-
do e retirando-as logo a seguir. O zinco solidifica sobre a superfície do ferro, constituindo o revestimento. O nome “ferro
galvanizado” sugere que o processo de obtenção é a galvanoplastia ou eletrodeposição e, por isso, é inconveniente.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 23
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, consideran-
do implicações éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas.

O reino vegetal é abordado no Enem principalmente com enfoque nos quatro grandes grupos e suas interações
com o ambiente, assim como suas relações evolutivas. A fisiologia vegetal, que abrange também a atuação dos
fito-hormônios, é fundamental por ter aplicação direta no aprimoramento da agricultura.

MODELO 1
(Enem) A eletrólise é muito empregada na indústria com o objetivo de reaproveitar parte dos metais suca-
teados. O cobre, por exemplo, é um dos metais com maior rendimento no processo de eletrólise, com uma
recuperação de aproximadamente 99,9%. Por ser um metal de alto valor comercial e de múltiplas aplicações,
sua recuperação torna-se viável economicamente.
Suponha que, em um processo de recuperação de cobre puro, tenha-se eletrolisado uma solução de sulfato de
cobre (II) (CuSO4) durante 3 h, empregando-se uma corrente elétrica de intensidade igual a 10 A. A massa de
cobre puro recuperada é de aproximadamente:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Dados: constante de Faraday (F = 96.500 C/mol); massa molar em g/mol: Cu = 63,5.


a) 0,02 g. b) 0,04 g. c) 2,40 g. d) 35,5 g. e) 71,0 g.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Tem-se:
Q = i · t ⇒ 10 · 3 · 3.600 s = 108.000 C
Cu2+ + 2 e– → Cu
2 · 96.500 C ____ 63,5 g
108.000 C ____ m
m = 35,5 g

RESPOSTA Alternativa D

16
DIAGRAMA DE IDEIAS

CELA ELETROQUÍMICA

PODE SER

CELA ELETROLÍTICA

OBTENÇÃO REFINO ELETROLÍTICO


GALVANOPLASTIA
DE SUBSTÂNCIAS DE METAIS

MASSA DE SUBSTÂNCIA
GASTA OU FORMADA EM
UMA SEMIRREAÇÃO

DEPENDE DA

CARGA QUE ATRAVESSA MASSA MOLAR


O CIRCUITO DA SUBSTÂNCIA

CALCULADA A
PARTIR DE
AMPERE (A)

INTERVALO CORRENTE
DE TEMPO ELÉTRICA

AMPERÍMETRO

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

17
Erlenmeyer início ä

ä erlenmeyer final
TITULAÇÃO
2. Princípio da titulometria
Considere as soluções aquosas A e B.
n
solução A: MA = __
​  A ​

CN
VA
AULAS n
solução B: MB = __
​  B ​
49 E 50 VB
Para que a reação entre A e B seja completa, as substâncias
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
devem reagir na proporção indicada pelos coeficientes da
5, 6 e 7 17, 21, 24, 25, 26 e 27
equação balanceada:
aA + bB é cC
a—b
1. Titulação nA — nB
n m ·V
A titulação é um procedimento em laboratório para de-  ​ __a ​ = __
​  nA ​  ou ​ __a ​ = ______
​  A A ​
b B b mB · VB
terminar a concentração de uma solução a partir de uma
solução de concentração conhecida. Exemplos:
As principais titulações são: 1. Titulação entre H2SO4 e NaOH
§ acidimetria, que determina a concentração de um 2 NaOH + H2SO4 é Na2SO4 + 2 H2O
ácido; e n mNaOH · VNaOH
____ ​ 2 ​  ou ​ __________
​ nNaOH ​ = __ ​
§ alcalimetria, que determina a concentração de uma base. H2SO4 1 mH SO · VH SO
2 4 2 4

1.1. Esquema da titulação


Em geral, são utilizados na titulação uma bureta e um
erlenmeyer.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Solução de concentração
bureta conhecida (ácido ou base)
Volume gasto na titulação

Solução de concentração
desconhecida (ácido ou base)
erlenmeyer
Volume conhecido
Algumas gotas de indicador

Quando a torneira da bureta é aberta, ocorre a reação en-


tre o ácido e a base.
Depois que o ácido ou a base do erlenmeyer é consumido
totalmente, a titulação termina (fecha-se a torneira). O si-
nal disso é a mudança de cor da solução no erlenmeyer.

18
2. Titulação entre HC e NaOH Casos possíveis de titulação:
a) Titulação de ácido forte com base forte
NaOH + HC é NaC + H2O
O sal formado produz solução neutra. Assim, no ponto final,
o meio será neutro.

HC(aq) + NaOH(aq) é NaC(aq) + H2O()

Em geral, o pH de viragem dos indicadores está compreen-


dido entre 4 e 10. Portanto, qualquer indicador poderá ser
usado. Na prática, são usados com frequência fenolftaleína
ou alaranjado de metila.
b) Titulação de ácido fraco com base forte
O sal formado produz solução básica. Assim, no ponto final,
o meio será básico.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Titulação de vinagre

3. Indicador em acidimetria
e alcalimetria H3CCOOH(aq) + NaOH (aq) é H3CCOO–Na+(aq) + H2O()
ácido acético
O indicador é uma substância qualquer que, ao ser adi- Deve ser usado um indicador cujo ponto de viragem ocorra
cionada ao erlenmeyer, indica o ponto final da reação por em meio básico. Nesse caso, utiliza-se fenolftaleína, cujo pH
meio de mudança de coloração. Em outras palavras, ele de viragem está entre 8,3 e 10.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

indica quando a titulação deve terminar. Os indicadores


c) Titulação de ácido forte com base fraca
mais comuns são:
O sal formado produz solução ácida. Assim, no ponto final,
Indicador Ácido Base a solução será ácida.

Tornassol vermelho azul

Fenolftaleína incolor rosa/vermelho

Alaranjado de metila vermelho amarelo

Azul de bromotimol amarelo azul

HC(aq) + NH4OH(aq) é NH4C(aq) + H2O()

19
Deve ser usado um indicador que vire em meio ácido. O indicador Desse vinagre, retirou-se uma amostra de 5 mL, que foi
mais usado é o alaranjado de metila, cujo pH de viragem está titulada com uma solução 0,6 mol/L de NaOH da qual foram
entre 3,1 e 4,4. gastos 8,5 mL. Qual é o título da solução?
Dado: massa molar do ácido acético = 60 g/mol.
Aplicação do conteúdo
Primeira resolução: emprego das relações de titulação
Serão examinados os típicos casos de problemas com
titulação. NaOH + CH3COOH é NaCH3COO–Na+ + H2O
nNaOH
______
​ n ​ 1 ​ ä nNaOH = nCH COOH
 ​ = __
CH3COOH 1 3
§ Titulação ácido-base
Uma vez que M = n / V ä n = M · V:
1. Para titular 150 mL de hidróxido de sódio, foram gas-
tos 200 mL de ácido sulfúrico 0,3 mol/L. Qual a concen- MNaOH · VNaOH = MCH COOH · VCH COOH
3 3
tração, em mol/L, de NaOH? 0,6 mol/L · 8,5 mL = MCH COOH · 5 mL
3

Primeira resolução: emprego das relações de titulação ä MCH COOH = 1,02 mol/L
3

Relação entre concentrações:


2 NaOH + 1 H2SO4 é Na2SO4 + 2 H2O
M · M = d · t · 1000
nNaOH 2
____ mNaOH · VNaOH
​ n  ​ = ​ __ ​  ou ​ __________  ​ 1,02 · 60
H SO 1 mH SO · VH SO ä t = _________
​   ​
2 4 2 4 2 4 1,02 · 1000
mNaOH · 150 __ ä t = 0,06 ou 6 % (porcentagem em massa de ácido acético
_________
​   ​ = ​  2 ​
0,3 · 200 1 no vinagre)
ä MNaOH = 0,8 mol/L
Segunda resolução: estequiometricamente

Segunda resolução: estequiometricamente Para o NaOH:

2 NaOH + 1 H2SO4 é Na2SO4 + 2 H2O n = M · V ä n = 0,6 · 0,0085 ä n = 0,0051 mol de NaOH

Cálculo da quantidade de H2SO4 empregado para neutralizar o Para o CH3COOH:


NaOH: n = 0,0051 mol de CH3COOH (proporção 1:1)
0,3 mol H2SO4 –—— 1 L de solução Concentração molar do ácido acético:
x –—— 0,2 L de solução
0,0051
M = ______
​   ​
ä x = 0,06 mol H2SO4 (presente em 200 mL de sua solução) 0,005
ä M = 1,02 mol/L
Cálculo da quantidade de NaOH neutralizada pelo H2SO4 utiliza-
do - estequiometria: Uma vez que C = M · M

2 mol NaOH –—— 1 mol H2SO4 Assim:


y –—— 0,06 mol H2SO4 C = 1,02 mol/L · 60 g/mol = 61,2 g/L
ä y = 0,12 mol NaOH (neutralizado pelo H2SO4) Relação entre concentrações: C = t · d · 1000
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Cálculo da concentração de NaOH na sua solução: ä 61,2 g/L = t · 1,02 g/cm3 · 1000 cm3/L
0,12 mol NaOH –—— 0,150 L 61,2
ä t = _________
​   ​
z –—— 1L 1,02 · 1000

ä z = 0,8 mol/L de NaOH ä t = 0,06 ou 6 % (porcentagem em massa de ácido acético


no vinagre)
§ Titulação ácido-base e porcentagem em massa
§ Titulação ácido-base e pureza
2. No rótulo de uma garrafa com vinagre lê-se:
3. 25 g de hidróxido de sódio impuro são dissolvidos em
Conteúdo: solução de ácido acético obtido a partir de vinho água suficiente para 500 mL de solução.
branco
Na titulação, uma alíquota de 50 mL dessa solução gasta 25 mL
Densidade: 1,02 g/mL de ácido sulfúrico 1 molar. Qual é a porcentagem de pureza do
Volume: 500 mL hidróxido de sódio inicial?

20
A quantidade de NaOH em 1 é igual à existente em 2, uma vez
amostra inicial que de 1 para 2 ocorreu somente a adição de água;
25 g de NaOH impuro;
% de pureza? Portanto, em 1 há:
H2O
1 mol de NaOH ——— 40 g
0,5 mol de NaOH ——— y
ä y = 20 g de NaOH puro
traço de referência
Se a massa da amostra inicial são 25 g:
25 g de NaOH impuro ——— 100 %
20 g de NaOH puro ——— p
500 mL de solução
ä p = 80 %
Segunda resolução:
Concentração molar de NaOH em 3:
nH SO
____ ​ 1 ​
4 __
​ n 2  ​ =
NaOH 2
MH SO ⋅ 25
⇒ ________ ​ 1 ​
​  2 4  ​ = __
MNaOH ⋅ 50 2
solução titulada;

25 mL de H2SO4 (1 M) ⇒ MNaOH = 1 mol/L

Concentração molar NaOH em 2 = concentração molar de NaOH


em 3
Quantidade em mol de NaOH em 2:
1 L de solução ——— 1 mol NaOH
0,5 L de solução ——— y
solução-problema e indicador
50 mL de solução ⇒ y = 0,5 mol de NaOH
Quantidade em grama de NaOH em 2:
Esse problema é um exemplo típico de análise volumétrica. Antes da
resolução, convém comentar o que ocorre nessa sequência. mNaOH = 0,5 · 40 = 20 g

De 1 para 2: apenas dissolução do NaOH em água. Se a massa da amostra inicial são 25 g:

​ 1  ​da solução de


De 2 para 3: apenas retirada (separação) de ___ 25 g de NaOH impuro ——— 100 %
10
NaOH. 20 g de NaOH puro ——— p
⇒ p = 80 %
Somente entre 3 e 4 ocorre uma reação química, que é:
H2SO4 + 2 NaOH → Na2SO4 + 2 H2O
A resolução típica desses problemas exige que se retroceda da
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

solução titulada 4 para a amostra inicial 1:


Primeira resolução: H2SO4 em 4: n = M . V = 1 . 0,025
ä n = 0,025 mol
Quantidade de NaOH em 3:
H2SO4 + 2 NaOH → Na2SO4 + 2 H2O
1 mol 2 mol
0,025 mol x
x = 0,050 mol de NaOH
Quantidade de NaOH em 2:

50 mL de solução em 3 ——— 0,05 mol


500 mL de solução 2 ——— y
ä y = 0,5 mol de NaOH

21
VIVENCIANDO

Caso um laboratório químico possua um grande estoque de uma solução aquosa de NaOH, mas o rótulo tenha
sido danificado, impossibilitando saber a concentração da solução, seria possível determinar essa concentração? A
técnica de titulação ácido-base consiste em adicionar lentamente uma solução ácida (solução titulante) à solução da
base (solução titulada). Muitas vezes, pode ocorrer o contrário. Com o auxílio de uma bureta, é possível identificar
o volume gasto da solução titulante e encontrar a concentração da solução titulada. No entanto, como saber que a
reação chegou ao final e se deve parar de adicionar a solução titulante? Para isso, existe o ponto de equivalência,
ou seja, o ponto em que a reação acabou de se completar. Toda substância foi titulada pelo titulante por meio de
um indicador. Numa titulação, a viragem do indicador permite avaliar o instante em que foi atingido o ponto final da
titulação e em que momento se deve parar de adicionar a solução.

DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA CONCENTRAÇÃO

PODE SER PODE SER ESSA EM

HOMOGÊNEA g/L

É UMA

TÍTULO EM
SOLUÇÃO
MASSA
COM DUAS OU MAIS SOLUÇÕES,
PODE-SE FAZER
MISTURA DE CONCENTRAÇÃO EM
SOLUÇÕES QUANTIDADE DE
MATÉRIA (mol/L)
HÁ CASOS EM QUE
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

UTILIZADA EM

HÁ REAÇÃO
TITULAÇÃO
ENTRE OS SOLUTOS
POR EXEMPLO

22
Nestas aulas, vamos estudar a ocorrência dos elementos
na natureza, onde eles podem ser encontrados, o estado
físico e suas combinações químicas mais comuns.
É bastante interessante estudar os processos usados para

QUÍMICA DESCRITIVA obtenção dos elementos, a partir de fontes naturais, e


como são fabricadas algumas substâncias de grande inte-
AMBIENTAL resse industrial e comercial.
Vamos agora conhecer algumas noções sobre a consti-
tuição da Terra.

1. Constituição da Terra

CN AULAS Para efeitos de estudos, o planeta Terra é dividido basica-


mente em três partes: litosfera, hidrosfera e atmosfera.
51 E 52 ATMOSFERA é a camada gasosa ao redor da Terra.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) Sete elementos gasosos podem ser obtidos industrialmente
3, 5, 6 e 7 10, 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 a partir do ar atmosférico, com exceção do gás hélio (He),
que é extraído do gás natural de certos poços no Kansas,
Oklahoma e Texas, onde sua concentração é bem superior à
encontrada no ar atmosférico.
Dependendo do local, do clima e da altitude, a composição da atmosfera pode variar. Em geral, no entanto, ela é apresentada
em ordem decrescente de porcentagem em volume:

Componentes Fórmula Massa molecular Porcentagem (em volume)

Nitrogênio N2 28 78

Oxigênio O2 32 20,9

Argônio Ar 40 0,93

Água H2O 18 0,1 a 2,8

Gás carbônico CO2 44 0,03

Neônio Ne 20 0,0018 VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Hélio He 4 0,00052

Criptônio Kr 84 0,00015

Hidrogênio H2 2 0,00005

Xenônio Xe 131 0,00008

HIDROSFERA é a parte líquida da Terra, que corresponde a cerca de 80 % de sua superfície.


A água dos oceanos apresenta uma grande variedade de sais dissolvidos, constituindo-se em fonte principal de obtenção de
vários elementos, como bromo, magnésio, sódio, cloro, etc.
Os sais dissolvidos correspondem a 3,3 % da água dos oceanos.

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Os elementos obtidos da água dos oceanos apresentam a A formação de grande parte dos minerais conta com elemen-
seguinte abundância: tos metálicos, cuja extração é desejada. Tratando-se de um
mineral que apresenta fácil extração, condições de transporte,
Forma em Porcentagem
Componentes baixo custo de mercado, ele passa a ser chamado de minério.
que aparece (em massa)
Minério é todo o mineral do qual se pode extrair elemento
Hidrogênio H2O 10,74 %
químico de forma econômica viável.
Oxigênio H2O 85,95 %
Principais minérios e seus elementos químicos extraídos:
Cloro Cℓ–(aq) 1,9 %
Minério Metal
Sódio Na+(aq) 1,1 %
Fe2O3 (hematita) – Fe3O4­(magnetita) – FeS2 (Pirita) Fe
Magnésio Mg2+(aq) 0,13 %

Enxofre SO42– 0,088 % SnO2 (cassiterita) Sn

MnO2(pirolusita) Mn
Cálcio Ca2+(aq) 0,04 %
Aℓ2O3 . 2H2O (bauxita) Aℓ
Potássio K+(aq) 0,03 %
Cu (cobre nativo) – Cu2O (cupri-
Bromo Br–(aq) 0,0065 % ta) – Cu2S (calcocita) – CuFeS2 (pirita Cu
de cobre) – FeO . Cu2S (calcoprita)

LITOSFERA é a parte sólida da Terra, com cerca de 6,5 Hg (mercúrio nativo) – HgS (cinábrio) Hg
mil km de raio, e mais externa, que corresponde a uma PbS (galena) Pb
espessura de aproximadamente 30 km, chamada de crosta
terrestre. Dela se extraem estes elementos, que, em ordem ZnS (blenda) Zn
decrescente de abundância, são: FeO . Cr2O­3 (cromista) Cr
Porcentagem
Componentes Símbolo
(em massa) TiO2 (rutilo) Ti
Oxigênio O 49,20
Au (ouro nativo) Au
Silício Si 25,67
Ag (prata nativa) – Ag2S (argentita) Ag
Alumínio Aℓ 7,50

Ferro Fe 4,71 Desses elementos, alguns ocorrem na natureza em estado


nativo: Au, Ag, Pt, Hg e Cu, chamados de metais nobres.
Cálcio Ca 3,39

Sódio Na 2,63 O minério encontra-se na natureza, em locais chamados


minas ou jazidas. O processo de extração do minério das
Potássio K 2,40
minas é chamado mineração.
Magnésio Mg 1,93
A obtenção dos metais a partir de seus minérios é a metalurgia.
Hidrogênio H 0,87

Titânio Ti 0,58 De modo geral, esses processos consistem em:


Cloro Cℓ 0,19 1. Purificação (ou concentração) do minério
Fósforo P 0,11
O minério obtido da jazida traz consigo uma quantidade
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Manganês Mn 0,09 muito grande de impurezas, material rochoso inútil que


Carbono C 0,08 deve ser removido.
Enxofre S 0,06
2. Redução do cátion metálico ao átomo metálico
Demais elementos
Os elementos metálicos encontram-se nos minerais na for-
O oxigênio e o silício são os elementos mais abundantes da ma de cátions metálicos. Para que se possa obter o metal,
crosta terrestre, seguidos do alumínio e do ferro. Esses e os de- é necessário que se faça a redução do cátion:
mais elementos compõem os chamados minerais – substâncias
Mex+ + xe- ⎯⎯→ Me0
redução
sob forma de depósitos. São provenientes da concentração de
cátion metálico átomo metálico
vários elementos que ocorreram com o passar das eras geológi-
cas graças a vários processos, como fusão, cristalização, dissolu- 3. Purificação do metal
ção e precipitação, que formam compostos estáveis. O metal obtido nas etapas anteriores contém pequenas
Em resumo: mineral é uma substância simples ou com- quantidades de outros metais e/ou de não metais, que devem
posta que se forma naturalmente na crosta terrestre. ser removidos ou não, dependendo da aplicação do metal.

24
2. Substâncias simples e Cl2(g) + H2O(ℓ) → HCℓO–(aq) + 2 H+(aq) + Cℓ–(aq)
O cloro é encontrado combinado na forma de cloreto,
compostas importantes como o mineral halita (NaCℓ) e silvina (KCℓ), em depósitos
HALOGÊNIOS são elementos da família VIIA (atual 17), subterrâneos e nos oceanos.
conhecidos como halogênio (formadores de sal), altamente Germicida poderoso, é usado na purificação da água de beber.
reativos, não são encontrados livres na natureza e ocorrem
como íons halogenetos: F–, Cℓ–, Br– e I–. É obtido industrialmente pela eletrólise, mediante solução
aquosa de cloreto de sódio.
2.1. Flúor (F2) 2 NaCl + 2 H2O → 2 NaOH + H2 + Cl2
Gás amarelo pálido que ocorre em minerais, como fluorita Em laboratórios, mediante reação do ácido clorídrico com
(CaF2), criolita (Na3AℓF6) e flúor apatita [Ca5F(PO4)3]. A molécu- dióxido de manganês:
la de flúor F2 é, em princípio, o mais forte dos agentes oxidantes: MnO2 + 4 HCl → MnCl2 + H2O + Cl2
F2(g) + 2 e– → 2 F–(aq)  E0red = + 2,87 V
Também é usado como alvejante industrial no tratamento
Na prática, o flúor raramente é utilizado como agente oxi- da celulose para a fabricação de papel e na obtenção de
dante, uma vez que o manuseio dele é extremante perigo- compostos, como o ácido clorídrico, o inseticida BHC (ben-
so. A molécula de F2 retira elétrons de praticamente todas zeno hexaclorado), etc.
as espécies, incluindo a água, mediante violenta explosão.
Se o cloro for borbulhado em solução de hidróxido de sódio
O flúor (F2) é obtido pela eletrólise de uma mistura fundida à temperatura ambiente, ocorre a reação:
de HF e KF, que usa ânodo de carbono. Nele se produz F2,
e um cátodo de prata ou aço inoxidável, no qual se forma Cl2(g) + 2 OH-(aq) → Cl-(aq) + ClO-(aq) + H2O(l)
o H2. Os produtos devem ser mantidos separados porque
reagem explosivamente. cuja solução é comercializada como água sanitária e desin-
fetante para uso doméstico.
O F2 pode ser armazenado tão somente em recipientes de
aço, de cobre ou de certas ligas, uma vez que ele forma ra-
pidamente uma película de fluoreto na superfície do metal 2.3. Bromo (Br2)
que impede o prosseguimento da reação. É um líquido castanho-avermelhado, de cheiro repugnante
O flúor reage violentamente com o hidrogênio, formando o e tóxico. Parcialmente solúvel em água, reage com ela e
fluoreto de hidrogênio (HF). produz água de bromo:
F2(g) + H2(g) → 2 HF(g) Br2 + H2O → H+ + Br– + HBrO

O HF, apesar de ser um ácido fraco, tem propriedades que É obtido industrialmente pela oxidação em meio ácido de
tornam difícil seu manuseio. O HF(g), ou em solução aquosa, Br- das águas do mar, do qual o cloro é seu agente oxidante:
ataca o vidro. Cl2(g) + 2 Br –(aq) → 2 Cl– + Br2(g)
As soluções de HF devem ser guardadas em recipientes de O bromo gasoso é arrastado por uma corrente de ar e con-
plástico como o polietileno, pois interagem com o vidro, densado em seguida ao estado líquido.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

corroendo-o.
No laboratório, o bromo pode ser obtido pela oxidação de
O HF tem outras propriedades que o tornam extremamen- bromo (Br –) por manganato (MnO4) em meio ácido ou ou-
te perigoso, causa queimaduras extremamente dolorosas tro agente oxidante. Causa queimaduras dolorosas que di-
que custam vários meses para cicatrizarem. ficilmente cicatrizam. Em razão disso, deve ser manuseado
Os íons fluoretos (F-) são usados em prevenção de cárie com extremo cuidado.
dentária, cuja fonte pode ser SnF2 (fluoreto estanoso), en- É usado na fabricação de desinfetantes, corantes e na in-
contrado no creme dental, ou NaF, adicionado à água po- dústria fotográfica, principalmente na forma de brometo
tável, na proporção de 1 ppm. de prata (AgBr).

2.2. Cloro (Cℓ2) 2.4. Iodo (I2)


É um gás amarelo-esverdeado, tóxico, pouco solúvel em É um sólido cinza-escuro com um brilho semimetálico.
água, que reage com ela gerando íons cloreto e hipoclorito. Sublima a 184 ºC, gerando vapor violeta. É praticamente

25
insolúvel em água. Solúvel em etanol, forma a tintura de O hidrogênio é usado na hidrogenação de óleos vegetais
iodo utilizada como desinfetante e antisséptico. para a produção de margarina, combustível e na formação
de vários compostos, como NH3 e HCl.
É produzido industrialmente pela oxidação de I– com gás Cl2:

Cl2 + 2 I– → 2 Cl– + l2 2.6. Oxigênio (O2)


É um gás incolor, inodoro e, em estado líquido, é azul pálido. É
Ou pela redução do IO–3 a I–:
o elemento mais abundante na Terra, quer em porcentagem de
IO–3 + 3 SO2 + 3 H2O → I– + 3 HSO–4 + 3 H+ átomos, quer em massa. Ocorre livre na atmosfera, combinado
com hidrogênio na hidrosfera e combinado com o silício, ferro,
Seguido de oxidação pelo próprio iodato: alumínio e outros elementos na crosta terrestre (litosfera).
IO–3 + 5 l – + 6 H+ → 3 I2 + 3 H2O É usado como comburente, substância que alimenta as
combustões.
Em laboratório, é obtido pelo tratamento de uma mis- É obtido industrialmente por liquefação e posterior destila-
tura de iodeto de potássio e dióxido de manganês com ção fracionada do ar atmosférico.
ácido sulfúrico:
Inicialmente, o ar atmosférico é submetido a suces-
2 Kl + MnO2 + 3 H2SO4 → 2 KHSO4 + MnSO4 + 2 H2O + I2 sivas compressões e resfriamentos até alcançar uma
temperatura de aproximadamente –200 ºC. O ar
O iodo é usado na produção do iodofórmio (CHI3), para torna-se líquido e, então, faz-se a destilação fracionada.
fabricação de remédios, desinfetantes, corantes e na indús-
Inicialmente destila o componente mais leve que é o nitro-
tria fotográfica (KI e Agl).
gênio (PE = –195 ºC), depois o argônio (PE = –190 ºC) e,
O sal de cozinha iodado (NaCl + Nal) tem a finalidade de por ultimo, o oxigênio (PE = –185 ºC).
prevenir o hipertireoidismo (doença do bócio).
É obtido também pela eletrólise da água:
2 H2O → 2 H2 + O2
2.5. Hidrogênio (H2)
Na Medicina é aplicado em inalações e em aparelhos de
É um gás incolor, inodoro, combustível (chamado combus- respiração artificial contra envenenamentos provocados
tível do futuro). Na Terra, o hidrogênio raramente se encon- por certos gases, como monóxido de carbono (CO). É usa-
tra livre, mas combinado com o oxigênio, formando a água. do na fabricação do aço e em equipamentos de mergulho.
A molécula de hidrogênio é tão leve que, ao ser libertada,
rapidamente sobe aos níveis mais altos da atmosfera, de 2.7. Nitrogênio (N2)
onde aos poucos se perde no espaço.
É um gás incolor, inodoro, insípido e inerte. Ocorre na Terra
É obtido industrialmente: como o principal constituinte do ar atmosférico (~78%
a) a partir do carvão: em volume).

C + H2O ⎯⎯→ CO + H2 É difícil encontrar compostos inorgânicos do nitrogênio,


1000º C

gás d'água como minerais, uma vez que a maioria é solúvel em água.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O nitrogênio é encontrado em compostos orgânicos em


b) pelo processo Lane:
todos os seres vivos, animais e plantas.
3 Fe + 4 H2O ⎯⎯→
1000º C
Fe3O4 + 4 H2 Certas bactérias no solo e raízes de algumas plantas, espe-
cialmente os legumes, convertem o nitrogênio atmosférico
c) por eletrólise: em nitrogênio orgânico, que é transformado por outras
2 H2O → 2 H2 + O2 bactérias em nitrato, a forma de nitrogênio mais usada pe-
las plantas na síntese de proteínas.
2 NaCl + 2 H2O → 2 NaOH + H2 + Cl2
(eletrólise aquosa) O nitrogênio é obtido industrialmente por liquefação e pos-
terior destilação fracionada do ar atmosférico.
d) em laboratório, pela reação de ácidos com metais mais Em laboratório, é obtido pela decomposição do nitrito de
reativos que o hidrogênio: amônia (NH4NO2):

Zn(s) + 2 HCl(aq) → ZnCl2(aq) + H2(g) NH4NO2 ⎯⎯→ N2 + 2 H2O


D

26
Uma vez inerte, é usado na forma gasosa no empacotamen- ​ 1 ​ O → NO2
Torre de oxidação: NO + __
2 2
to de alimentos e no interior de lâmpadas incandescentes.
Torre de absorção: 3 NO2 + H2O → 2 HNO3 + NO
Na forma líquida, é usado na conservação de alimentos e

de sêmen para inseminação artificial. reciclado para
torre de oxidação
É usado também na síntese da amônia e na do ácido nítrico.

2.8. Amônia ou gás amoníaco (NH3)


É um gás incolor (ponto de ebulição normal
a –33,4 ºC), com odor característico, sufocante, cuja inala-
ção em altas concentrações causa problemas respiratórios.
A amônia é extremamente solúvel em água, produzindo o
hidróxido de amônio, que não existe isoladamente:
NH3 + H2O → NH4OH
NH4OH → NH4+ + OH-

É obtida industrialmente pela síntese catalítica: Em laboratório:


N2 + 3 H2 → 2 NH3 NaNO3 + H2SO4 ⎯⎯→ NaHSO4 + HNO3
D

a) Processo de Haber-Bosch Principais aplicações: fertilizantes e explosivos (pólvora,


A temperatura fica entre 500 a 600 ºC, a pressão é de 200 TNT, nitroglicerina).
atmosferas e o catalisador é o ósmio ou o urânio.
O resultado é uma solução amoníaca com rendimento de 15%. 2.10. Enxofre
b) Processo de Claude Encontrado livremente na crosta terrestre, bem como com-
binado com outros elementos, principalmente sob a forma
A temperatura é também de 500 a 600 ºC, mas a pressão é
de sulfetos, como a galena (PbS), pirita (FeS2) e de vários
de 1.00 atmosferas e o catalisador é o ferro. Resulta o gás
sulfatos, como o sulfato de cálcio, etc.
amoníaco liquefeito, com rendimento de 40%.
É obtido industrialmente pelo processo Flasch, segundo o
c) Processo Solvay
qual o vapor de água superaquecido (a cerca de 170 ºC e
Ação da cal viva quente sobre o cloreto de amônio: sob pressão) e ar comprimido são injetados por encana-
mentos até os depósitos subterrâneos. O enxofre funde-se
2 NH4Cl + CaO ⎯⎯→ CaCl2 + 2 NH3 + H2O
D
e é forçado a subir para a superfície como uma espuma de
a) Sal de amônio com base solúvel: ar-água-enxofre.
NH4NO3 + NaOH ⎯⎯→ NaNO3 + H2O + NH3
D
O enxofre é um sólido cristalino amarelo, insolúvel em
água e solúvel em dissulfeto de carbono (CS2).
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A amônia é utilizada em refrigeração, na produção de fer-


Apresenta-se sob uma variedade de formas alotrópicas.
tilizantes e na preparação de ácido nítrico.
À temperatura ambiente ou abaixo de 95,5 ºC, o enxofre
2.9. Ácido nítrico (HNO3) estável é o rômbico ou enxofre a, cuja molécula é cíclica (S8).

O HNO3 é um líquido incolor, mas adquire coloração Se aquecido lentamente, transforma-se na forma cristalina
castanha quando exposto à luz, em razão da reação de monoclínica, acima de 95,5 ºC.
fotodecomposição: Se o enxofre líquido (ponto de fusão = 119 ºC) for resfria-
2 HNO3 ⎯⎯→ 2 NO2 + __
do rapidamente e despejado em água, forma-se o enxo-
​ 1 ​ O2 + H2O
Luz
2 fre plástico ou amorfo, bem parecido com uma goma de
incolor castanha
mascar. Aparentemente consiste em cadeias muito longas
O HNO3 é obtido industrialmente a partir do NH3, do O2 e e entrelaçadas.
da água.
O enxofre é usado na vulcanização da borracha, na fabrica-
​ 5 ​ O2 ⎯⎯→
Reator: 2 NH3 + __ Pt
2 NO + 3 H2O ção de pólvora e em fogos de artifício.
2

27
Em Medicina, é empregado em pomadas e sabonetes, no Sua baixa densidade torna-se útil na construção de aero-
combate a certas moléstias da pele. naves e vem sendo cada vez mais utilizado nas indústrias
É usado na síntese do ácido sulfúrico. automobilísticas para obter veículos mais leves. É utilizado
na fabricação de utensílios domésticos – panelas, bacias,
formas, etc., bem como na produção de fios elétricos.
2.11. Ácido sulfúrico (H2SO4)
O H2SO4 é um líquido viscoso, corrosivo, denso e de alto 2.13. Ferro (Fe)
ponto de ebulição (338 °C). O contato com a pele provoca Ocorre na natureza sob a forma de minérios, como hema-
queimadura e ulceração. A dissolução em água ocorre com tita (Fe2O­3), magnetita (Fe3O4) e pirita (FeS2).
grande liberação de calor, o que pode provocar ebulição vio-
O ferro é obtido industrialmente pela redução da hemati-
lenta, explosiva e espirros quentes e corrosivos da solução.
ta num alto-forno, mediante a siderurgia do ferro.
O alto-forno funciona continuamente e tem a parte supe-
rior carregada, periodicamente, com minério de ferro, cal-
cário (CaCO3) e coque (carbono). O ferro fundido e a escó-
ria, um material semifundido e constituído principalmente
de silicatos, são drenados por aberturas de separação na
parte inferior do forno.
O ar quente injetado na parte inferior do alto-forno queima
o carbono que está ali e dá origem ao monóxido de carbo-
no (CO), principal agente redutor no forno:
O ácido sulfúrico é fabricado a partir das matérias-primas
enxofre mineral, oxigênio do ar e água. 2 C(s) + O2(g) → 2 CO(g)
S(s) + O2(g) ⎯⎯→ SO2(g)
V2O5
Se o minério for Fe2O3, ele é reduzido pelo CO a Fe3O4 na
parte superior do forno (300 ºC):
​ 1 ​ O2(g) → SO3(g)
SO2(g) + __
2
CO(g) + 3 Fe2O3(s) → 2 Fe3O4(s) + CO2(g)
SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(aq)
O Fe3O4 vai aos poucos descendo para a parte inferior do
É utilizado como eletrólito de bateria de autos, na fabri- forno onde é reduzido a FeO (600 ºC):
cação de outros ácidos, na produção de fertilizantes e na CO(g) + Fe3O4(s) → 3 FeO(s) + CO2(g)
fabricação de explosivos.
Na parte mais baixa do forno, FeO é reduzido a ferro (Fe)
2.12. Alumínio (Al) (de 800 a 1600 ºC):
CO(g) + FeO(s) → Fe(l) + CO2(g)
É o metal mais abundante da litosfera. Ocorre nos alumi-
nossilicatos, argilas, micas e feldspatos. O calcário introduzido no forno sofre uma decomposição
É obtido industrialmente pelo processo Hall, que consiste térmica:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

na eletrólise ígnea da alumina (Al2O3) proveniente da bau- CaCO3(g) → CaO(s) + CO2(g)


xita. O mineral de alumínio é bauxita, óxido de alumínio e
hidrato impuro Al2O3 . n H2O. Depois de produzido, CaO(s) reage com as impurezas de sí-
lica e silicato, formando uma escória de silicato que é muito
Inicialmente, a bauxita é purificada pelo processo de Bayer, menos densa que o ferro, de modo que flutua e pode sair
que dá origem à alumina (Al2O3). separadamente:
A alumina é dissolvida em criolita (Na3AlF6), fundida e ele- CaO(s) + SiO2(s) → CaSiO3(s)
trolisada a cerca de 1.000 ºC:         escória

Parte da escória é utilizada para construção de estradas,


2 Al2O3 → 4 Al + 3 O2
blocos, pedras artificiais, fabricação de adubos, etc.
O alumínio é um metal extremamente versátil. Pode ser O produto do alto-forno é o ferro-gusa, que contém até
prensado, curvado, enrolado, moldado e estruturado nas 5% de Si, P, Mn e S. Essas impurezas são geralmente oxi-
mais variadas formas. dadas e removidas do ferro.

28
A purificação parcial fornece o ferro fundido, que ainda Por essa razão, a chuva ácida é também considerada
contém quantidades consideráveis de carbono. uma forma de poluição transfronteiriça; regiões que
não poluem podem ser severamente prejudicadas por
O aço é o ferro que contém de 0,1% a 1,5% de carbono.
sua precipitação.
Aços inoxidáveis são ligas resistentes à corrosão e apresen-
tam geralmente crômio e/ou níquel. Outros metais, incluin-
do o vanádio, o titânio e o manganês, também podem ser
3.1. Como se formam as chuvas ácidas?
usados em aços. Os dois principais compostos originários desse problema ambien-
tal desencadeiam processos diferentes de formação de ácidos.

3. Chuvas ácidas 3.1.1. Enxofre


A denominação chuva ácida é utilizada para qualquer Impureza frequente nos combustíveis fósseis, principal-
chuva cujo valor de pH seja inferior a 4,5. mente no carvão mineral e no petróleo, que promovem a
Essa acidez da chuva é causada pela solubilização de alguns combustão desse composto quando queimados também,
gases presentes na atmosfera terrestre cuja hidrólise seja de acordo com estas reações químicas:
ácida. Entre eles destacam-se os gases com enxofre, prove- S(s) + O2(g) → SO2(g)
nientes das impurezas da queima dos combustíveis fósseis. 2 SO2(g) + O2(g) → 2 SO3(g)
Pode-se dizer também que as chuvas “normais” são ligeira- O enxofre e os óxidos de enxofre também são lançados na
mente ácidas, uma vez que o valor de pH delas está próximo atmosfera pelos vulcões.
de 5,6. Essa acidez natural é causada pela dissolução do dió-
xido de carbono em água, formando um ácido fraco conheci- Os óxidos ácidos formados reagem com a água para for-
do como ácido carbônico, de acordo com esta reação química: mar ácido sulfúrico (H2SO4), de acordo com a equação:
SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(aq)
CO2(g) + H2O(l) → H2CO3(aq)
ou também pode ocorrer esta reação, formando-se ácido
Os principais contribuintes para a produção dos gases lan- sulfuroso (H2SO3):
çados na atmosfera que provocam as chuvas ácidas na-
turais são as emissões dos vulcões e processos biológicos SO2(g) + H2O(l) → H2SO3(aq)
que ocorrem nos solos, pântanos e oceanos.
A ação humana também é bastante responsável por esse fe- 3.1.2. Nitrogênio
nômeno. As principais fontes humanas desses gases são as O nitrogênio (N2) é um gás abundante na composição da
indústrias, as centrais termoelétricas e os veículos de transporte. atmosfera e muito pouco reativo. Para reagir com o oxigê-
Esses gases podem ser transportados durante muito tem- nio do ar precisa de muitíssima energia, como a de uma
po, percorrer milhares de quilômetros na atmosfera antes descarga elétrica ou à do funcionamento de um motor de
de reagirem com partículas de água, que dão origem aos combustão – atualmente, os maiores responsáveis pela re-
ácidos que mais tarde se precipitam. Essa precipitação ação de oxidação do nitrogênio. Ao reagirem com água, os
ocorre se a concentração de dióxido de enxofre (SO2) e de óxidos formam ácido nitroso (HNO2) e ácido nítrico (HNO3),
óxidos de nitrogênio (NO, NO2, N2O5) for suficiente para de acordo com estas reações químicas.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

reagir com as gotas de água suspensas no ar (as nuvens). Na câmara de combustão dos motores, ocorre a seguinte
Tipicamente, o pH da chuva ácida está por volta de 4,5 reação química:
e pode transformar a superfície do mármore em gesso. N2(g) + O2(g) → 2 NO(g)
A chuva ácida industrial é um problema substancial na China,
na Europa Ocidental, na Rússia e em áreas sob a influência O monóxido de nitrogênio (NO) formado, na presença do
de correntes de ar provenientes desses países. Os poluentes oxigênio do ar, produz dióxido de azoto:
resultam essencialmente da queima de carvão com enxofre
2 NO(g) + O2(g) → 2 NO2(g)
na sua composição, utilizado para gerar calor e eletricidade.
Mas nem sempre as áreas onde são libertados os poluen- Por sua vez, o dióxido de nitrogênio formado, na presença
tes, como as áreas industriais, sofrem as consequências da água (proveniente da chuva), forma ácidos de acordo
dessas chuvas, justamente porque a constante movimen- com esta equação:
tação das massas de ar transporta esses poluentes para
2 NO2(g) + H2O(l) → HNO3(aq) + HNO2(aq)
zonas distantes.

29
As evidências de um crescente aumento nos níveis de chu- anos; o dióxido de carbono é proveniente da quei-
va ácida são resultado da análise das camadas de gelo ma de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo,
oriundas dos glaciares. gás natural, turfa), queimadas e desmatamentos, que
destroem reservatórios naturais e sumidouros, cuja
Verifica-se uma repentina diminuição do pH a partir da
propriedade é absorver o CO2 do ar. De acordo com o
Revolução Industrial: de 6 para 4,5 ou 4. Desde então, as
IPCC (1995), as emissões globais de CO2 hoje são da
emissões de óxidos de enxofre e nitrogênio na atmosfera
ordem de 7,6 Gt por ano. E a natureza não tem capa-
aumentaram.
cidade de absorção de todo esse volume, o que vem
As indústrias e as centrais termoelétricas que queimam resultando em aumento da concentração atmosférica
combustíveis fósseis, principalmente o carvão, são a prin- mundial desses gases.
cipal fonte desses gases. Já chegaram a ser registrados
§ CH4, responsável por 15 % a 20 % do efeito estufa, é
valores de pH abaixo de 2,4 em algumas áreas indus-
componente primário do gás natural, também produzi-
triais. O setor dos transportes, de veículos movidos a com-
bustíveis fósseis, juntam-se às duas fontes de poluição do por bactérias no aparelho digestivo do gado, aterros
mencionadas, que, somados, são considerados os gran- sanitários, plantações de arroz inundadas, mineração e
des responsáveis pelo aumento dos óxidos de nitrogênio. queima de biomassa.

Com o crescimento populacional e industrial, o problema § N2O participa com cerca de 6 % do efeito estufa, o
das chuvas ácidas aumentou e espalhou-se. óxido nitroso é liberado por micro-organismos no solo
(processo denominado nitrificação, que libera igual-
A utilização de grandes chaminés, a fim de reduzir a po- mente nitrogênio – NO). A concentração desse gás teve
luição local, contribuiu para a disseminação da chuva um vultoso aumento em razão do uso de fertilizantes
ácida, liberando gases na atmosfera circulante da região. químicos, da queima de biomassa, do desmatamento e
Há uma significativa relação entre baixos níveis de pH e perda das emissões de combustíveis fósseis.
de populações de peixes em lagos. Com o pH abaixo de 4,5,
§ CFCs são responsáveis por até 20 % do efeito estufa; os
praticamente nenhum peixe sobrevive, ao passo que níveis
clorofluorcarbonos são utilizados em geladeiras, aparelhos
iguais ou superiores a 6 promovem populações saudáveis.
de ar condicionado, isolamento térmico e espumas, como
O baixo pH também faz circular nos lagos metais pe- propelentes de aerossóis (até 1978), além de outros usos
sados, como o alumínio. Ele faz com que alguns peixes comerciais e industriais. Como se sabe, esses gases reagem
produzam muco em excesso, nas guelras, que prejudica com o ozônio na estratosfera, decompondo-o e reduzindo a
muito a respiração. O crescimento do fitoplâncton é ini- camada de ozônio que protege a vida na Terra dos nocivos
bido pelos grandes níveis de acidez e os animais que se raios ultravioletas. Estudos recentes sugerem que as pro-
alimentam dele também são bastante prejudicados. priedades de reter calor, próprias do CFCs, podem ser com-
As árvores são prejudicadas pelas chuvas ácidas de vários pensadas pelo resfriamento estratosférico resultante do seu
modos. A superfície cerosa das folhas é rompida e os nu- papel na destruição do ozônio. Ao longo das últimas duas
trientes perdem-se, tornando as árvores mais susceptíveis décadas, um ligeiro resfriamento, de 0,3 ºC a 0,5 ºC, foi me-
ao gelo, a fungos e a insetos. O crescimento das raízes tor- dido na baixa estratosfera, onde a perda do ozônio é maior.
na-se mais lento e, consequentemente, menos nutrientes
§ O3 contribuindo com 8 % para o aquecimento global;
são transportados. Os lixos tóxicos acumulam-se no solo
o ozônio é um gás formado na baixa atmosfera, sob
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

e os minerais valiosos para essas espécies são dispersados


estímulo do sol, a partir de óxidos de nitrogênio (Nox)
ou tornam-se próximos à argila (caso dos fosfatos).
e hidrocarbonetos produzidos em usinas termoelétricas,
Os lixos tóxicos libertados pelas chuvas ácidas constituem a pelos veículos, pelo uso de solventes e pelas queimadas.
maior ameaça aos humanos. O cobre mobilizado foi implica-
do nas epidemias de diarreia em crianças e acredita-se que § O vapor de água presente na atmosfera também ab-
existam ligações entre o abastecimento de água contaminado sorve parte da radiação emanada pela Terra e é um dos
com alumínio e a ocorrência de casos da doença de Alzheimer. maiores contribuintes para o aquecimento natural do
mundo. Apesar de não ser produzido em quantidade sig-
nificativa por atividades antrópicas, considera-se que, com
3.2. Principais gases mais calor haverá mais evaporação de água e, por conse-
Os principais gases que contribuem para o aumento do guinte, aumento de sua participação para o efeito estufa.
efeito estufa e suas respectivas fontes antropogênicas são:
O Protocolo de Quioto também menciona os gases: hidro-
§ CO2, responsável por cerca de 60 % do efeito estu- fluorocarbonos (HFCs), perfluorocarbonos (PFCs) e hexa-
fa, cuja permanência na atmosfera é de centenas de fluoreto de enxofre (SF6).

30
contribuem para a eliminação do CO2 na atmosfera.
b) A grande parte da energia que sustenta as indústrias
provém da queima de carvão ou de derivados de pe-
tróleo, ou seja, da combustão dos compostos citados,
liberando uma grande quantidade de gás carbônico no
ar, contribuindo para o aquecimento do planeta.
c) O gás carbônico obtido como subproduto no pro-
cesso de fermentação de açúcares não é derivada da
multimídia: vídeo combustão, e sim da fermentação.
Fonte: Youtube d) As águas naturais (ou minerais) carbonatadas ou
bicarbonatadas contém CO2, mas não exemplifica
Consequências das chuvas ácidas uma reação de combustão.
e) Os extintores a base de gás carbônico contém gás car-
bônico, mas não exemplifica uma reação de combustão.
Aplicação do conteúdo Alternativa B
1. (Enem) Qual das seguintes fontes de produção de 3. (FMTM) As pilhas de níquel-cádmio, o “botão” de mer-
energia é a mais recomendável para a diminuição dos cúrio e as pequenas baterias de chumbo, chamadas de
gases causadores do aquecimento global? SLA, são muito usadas na atualidade. O manual de apare-
lhos com essas baterias (laptops, celulares, pagers) orien-
a) Óleo diesel. d) Gás natural.
ta o usuário para descartar tais dispositivos como resí-
b) Gasolina. e) Vento. duo doméstico perigoso. Essa preocupação justifica-se:
c) Carvão mineral.
a) pela toxidez de solventes orgânicos existentes nas
Resolução: baterias;
Um dos gases que contribui para o aquecimento global é o dióxido b) em função da alta alcalinidade da pasta eletrolítica
de carbono (ou gás carbônico). No caso dos itens acima, a pro- das baterias;
dução de energia pelo óleo diesel, gasolina, carvão mineral e gás c) pelo risco de reação química explosiva entre o lixo
natural é através da queima dessas fontes; mas a combustão delas e essas baterias;
geram uma certa quantidade de gás carbônico, que é liberado no d) como consequência da radiação emitida por tais
ar, contribuindo para o aquecimento global. O único que não libera baterias;
o gás carbônico no ar (ou outro gás que contribua para o aqueci- e) por serem o Cd, Hg e Pb metais muito tóxicos.
mento global) é o vento, ou seja, a energia eólica.
Resolução:
Alternativa E
As pilhas e baterias são classificadas como resíduo doméstico
2. (ETE) A presença do gás carbônico na atmosfera ter- perigoso devido a sua composição (no caso, níquel, cádmio,
restre resulta, dentre outras coisas, de reações químicas mercúrio e chumbo). Esses metais são classificados como metais
do tipo combustão. Aponte a alternativa que exemplifi- pesados, ou seja, são tóxicos tanto para seres vivos como para
ca uma reação de combustão e que tenha relação com
o ambiente.
o aquecimento do planeta.
Nas pilhas e baterias não são usados solventes orgânicos e no
a) No processo de respiração, os seres vivos colaboram mercado existem tanto as ácidas (secas) como alcalinas; as pi-
para a eliminação do gás carbônico da atmosfera.
lhas e baterias podem explodir em certas condições, como aque-
b) A grande parte da energia que sustenta as indús-
cimento ou recarregar uma pilha não recarregável; as pilhas e
trias provém da queima de carvão ou de derivados
de petróleo. baterias não contêm elementos radioativos, logo não emitem
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

c) Na indústria do álcool, o gás carbônico pode ser radiação.


obtido como subproduto no processo de fermentação Alternativa E
de açúcares.
4. (UEMG) Monumentos históricos da cidade de Congo-
d) As águas naturalmente carbonatadas ou bicarbo-
nhas são constituídos principalmente por pedra sabão,
natadas, em geral classificadas no grupo de águas
um tipo de rocha calcárea, rica em carbonato de cálcio,
minerais, contêm gás carbônico.
CaCO3. Os óxidos de enxofre SO3, e de nitrogênio NO2,
e) Os extintores de gás carbônico são empregados
são os principais causadores da chuva ácida que pode
para apagar focos de fogo em líquidos inflamáveis.
danificar esses monumentos. Pesquisadores têm identi-
Resolução: ficado cada vez mais a presença de ranhuras nos monu-
mentos provocadas pela ação da chuva sobre eles. Sobre
A combustão consiste na reação química entre dois ou mais
o fenômeno descrito acima é INCORRETO afirmar que:
reagentes (combustíveis e comburentes) com grande liberação
de energia na forma de calor. A partir dessa definição, podemos a) a diminuição da poluição nos grandes centros urbanos
analisar os itens acima: ajudaria na preservação dos monumentos históricos;
a) No processo de respiração, é liberada uma quan- b) as ranhuras nos monumentos são provocadas pela
tidade de CO2 na atmosfera, mas os seres vivos não dissolução da pedra sabão;

31
c) os ácidos presentes na chuva ácida apresentam as fórmulas H2SO4 e HNO3;
d) os óxidos citados apresentam características ácidas.
Resolução:
a) Correto, pois os principais poluentes emitidos no ar são os óxidos de enxofre SO3, e de nitrogênio NO2.
b) Incorreto, pois as ranhuras são provocadas pela formação do CaSO4, produto formado na reação entre pedra sabão e H2SO4.
c) Correto, H2SO4 é o ácido formado da reação entre SO3 e água; HNO3 é o ácido formado entre NO2 e água.
d) Correto, pois os óxidos citados (SO3 e NO2) reagem com água para formar ácidos.

Alternativa B

VIVENCIANDO

Cobre
Ocorre na natureza tanto em estado nativo, Cu, como em forma de minérios, Cu2S (calcocita), Cu2O (cuprita), CuFeS2
(cacoprita), etc.
A obtenção do cobre pode ser feita a partir de sulfetos, aos quais se faz a ustulação do minério concentrado por flotação:
2 CuFeS2 + 5 02 ⎯⎯→ 2 Cu + 2 FeO + 4 SO2
D

O cobre assim obtido apresenta uma pureza de 97 % a 99 %.


Para se obter o cobre com aproximadamente 99,99 %, faz-se uma purificação por eletrólise (cobre eletrolítico),
usado em fios de eletricidade.
A liga de latão é uma mistura de Cu e Zn, e a liga de bronze, de Cu e Sn.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Consequências das chuvas ácidas


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Saúde
A chuva ácida liberta metais tóxicos que estavam no solo, que podem contaminar rios e serem inadvertidamente
utilizados pelo homem, causando sérios problemas de saúde.
Casas, prédios e demais edifícios
A chuva ácida também ajuda a corroer materiais utilizados nas construções, danificando estruturas, como as barra-
gens, as turbinas de geração de energia, etc.
Lagos e meio ambiente
Os lagos podem ser os mais prejudicados com o efeito das chuvas ácidas; podem ficar totalmente acidificados, per-
dendo toda sua vida.

32
Desflorestamento
A chuva ácida provoca clareiras ao matar árvores a cada ocorrência delas. Imagine uma floresta progressivamente
dizimada ou mesmo destruída pelas ocorrências de chuvas ácidas.

Agricultura
A chuva ácida afeta as plantações, assim como as florestas; no entanto, essa destruição é mais rápida, uma vez que
as plantas são mais uniformes e são igualmente atingidas pelas chuvas ácidas.

Gases do efeito estufa e fontes de emissão

No século XVIII, a revolução industrial inglesa associou-se diretamente ao aumento do uso de combustíveis fósseis,
como carvão, gás natural e derivados de petróleo – gasolina, óleo diesel, óleos combustíveis, entre outros. A queima
desses combustíveis significa a emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera. Da mesma forma, o desmatamento
ocorrido com a expansão agrícola em todo o mundo também tem como consequência a transferência de carbono,
da forma sólida para a forma gasosa, pela queima da biomassa representada pela vegetação.

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

33
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 10
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e/ou destino dos poluentes ou prevendo
efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.

É de enorme importância reduzir o uso de combustíveis fósseis, pois seus produtos apresentam malefícios para
o meio ambiente, como efeito estufa, chuva ácida, etc.

MODELO 1
(Enem) O ciclo biogeoquímico do carbono compreende diversos compartimentos, entre os quais a Terra, a
atmosfera e os oceanos, e diversos processos que permitem a transferência de compostos entre esses reser-
vatórios. Os estoques de carbono armazenados na forma de recursos não renováveis, por exemplo, o petróleo,
são limitados, sendo de grande relevância que se perceba a importância da substituição de combustíveis fósseis
por combustíveis de fontes renováveis.
A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo do carbono, pois provoca:
a) aumento da porcentagem de carbono contido na Terra;
b) redução na taxa de fotossíntese dos vegetais superiores;
c) aumento da produção de carboidratos de origem vegetal;
d) aumento na quantidade de carbono presente na atmosfera;
e) redução da quantidade global de carbono armazenado nos oceanos.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo do carbono, pois provoca aumento na quantidade de
carbono presente na atmosfera.

RESPOSTA Alternativa D

DIAGRAMA DE IDEIAS
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

PROBLEMAS AMBIENTAIS

POLUIÇÃO DA ATMOSFERA

BURACO NA
EFEITO ESTUFA CHUVA ÁCIDA
CAMADA DE OZÔNIO
CAUSADO CAUSADA CAUSADO
POR POR POR

CO2 E CH4 SO2, SO3 E NO2 CFC

34
QUÍMICA

6
CIÊNCIAS DA
QUÍMICA ORGÂNICA
E CONCEITOS
MODERNOS DE
NATUREZA
e suas tecnologias
ÁCIDOS E BASES

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Polímeros são cobrados de modo a iden- Os conceitos mais importantes estão re-
tificar as diferenças de tipos de polímero lacionados aos conceitos de acidez e ba-
com base em sua estrutura. Os conceitos sicidade e suas teorias, visto que eles são
de acidez e basicidade e suas teorias são importantes para questões mais complexas
importantes para determinar diferentes ti- que podem aparecer na segunda fase.
pos de propriedades dos compostos.

Em polímeros, é necessário compreender as Os conceitos que relacionam acidez e ba- Os assuntos relacionados com a produção
diferentes propriedades com base na estru- sicidade são importantes, pois conseguem de polímeros são cobrados relacionados
tura. Para acidez e basicidade é importante explicar algumas peculiaridades relaciona- aos conceitos de Química ambiental. É im-
entender os diversos tipos de propriedades, das a alguns tipos de propriedades, princi- portante também identificar as diferentes
principalmente aqueles relacionados aos palmente de compostos orgânicos. propriedades de cada polímero, frente às
compostos orgânicos. suas diferentes estruturas.

Os tópicos que abordam os conceitos de Os tópicos que abordam os polímeros são Os conceitos que abordam as teorias de É importante que os conceitos e teorias de
acidez e basicidade e suas teorias são co- cobrados de maneira bem sucinta. Assim, ácido e base são importantes para enten- ácido e base sejam bem compreendidos,
brados de maneiras bem diretas, tornando- é importante identificar suas propriedades der diferentes propriedades, principalmente visto que são necessários para que se en-
-se importante entender e saber identificar com base nas diferentes estruturas. de compostos orgânicos. tendam diferentes propriedades, principal-
essas diferenças. mente de compostos orgânicos.

UFMG
É necessário entender as diferentes pro-
Os conceitos relacionados com os políme- Os temas principais são aqueles relaciona-
priedades dos polímeros causadas pelos
ros são cobrados de maneira bem direta. dos com os conceitos e teorias de ácido e
diferentes tipos de estrutura, além dos con-
É importante identificar e entender as dife- base. É importante entender as diferenças,
ceitos e teorias de ácido e base, já que com
rentes propriedades que estão diretamente assim como são consideradas para deter-
eles pode-se compreender melhor algumas
relacionadas com as diferentes estruturas. minado tipo de composto.
propriedades de compostos orgânicos.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Os assuntos que abordam os conceitos e Para os conceitos que envolvem polímeros, Os assuntos que envolvem toda a parte de
teorias de ácido e base são importantes, é importante identificar as suas diferentes conceitos e teorias de ácidos e bases são
visto que eles contribuem para compre- propriedades com base nas distintas es- cobrados, de maneira a entender as dife-
ender diversos tipos de propriedades de truturas. renças de cada um, assim como em qual
compostos, principalmente os orgânicos. situação devem ser aplicados.

36
Essas moléculas são formadas por repetição de unidades
menores, os monômeros, que, por reações de polimeriza-
ção, ligam-se covalentemente uns aos outros, formando
os polímeros. Essas reações podem ser esquematizadas de
forma bem simplificada:
POLÍMEROS monômeros polímero
DE ADIÇÃO A +A +A +A + → [ -A -A -A -A - ]
n · A → (A)n
O número de unidades de monômeros repetidas na cadeia
de uma macromolécula é chamado grau de polimerização.
As macromoléculas dos polímeros apresentam massa mo-

CN AULAS
45 E 46
lecular que vai de 1.000 u a 1.500 u e podem atingir, nos
altos-polímeros, valores da ordem de 106 u.
Celulose, amido e glicogênio são exemplos de polímeros
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
formados pelo monômero glicose (C6H12O6), representados
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27
pela fórmula (C6H10O5)n. A massa molecular da celulose varia
de 250.000 u a 1.000.000 u, e suas cadeias poliméricas são
formadas a partir de cerca de 1.500 unidades de glicose.

1. Polímeros A massa molecular do glicogênio muscular é de aproxi-


madamente 1.000.000 u (6.000 unidades de glicose). O
No dia a dia, estamos em constante contato com diferentes glicogênio do fígado apresenta grau de polimerização de
polímeros, que podem ser naturais (encontrados na natureza) cerca de 30.000, o que corresponde à massa molecular de
ou sintéticos (fabricados industrialmente). Celulose, proteínas, aproximadamente 5.000.000 u. Ao ser tratado com água
amido, borracha e ácidos nucleicos são polímeros naturais. quente, o amido separa-se em duas frações: a amilose,
Polietileno, náilon, PVC, teflon, poliéster e borracha sintética solúvel, e a amilopectina, insolúvel. A massa molecular da
são polímeros sintéticos, empregados na fabricação de frascos amilose varia de 10.000 u a 50.000 u e o grau de polime-
para acondicionar líquidos, sacos plásticos, carpetes, gabinetes rização da amilopectina varia de 300 a 6.000, cuja massa
de computador, pneus, tintas e vernizes, assentos de carro, etc. molecular corresponde de 50.000 u a 1.000.000 u.
Nos últimos cinquenta anos, a química dos polímeros evo-
luiu de forma muito acentuada. Eles foram e continuam
sendo criados em grande número. Utilizados de diferentes
2. Reações de polimerização
maneiras, substituem com vantagens os polímeros naturais Existem dois tipos de reações de polimerização: reações de
e permitem várias aplicações práticas para as quais os po- adição, nas quais ocorre apenas a formação do polímero,
límeros naturais não são adequados. chamado polímero de adição; e reações de condensação,
nas quais, além do polímero, formam-se subprodutos como a
Esse desenvolvimento deve-se basicamente a estes fatores:
água. Neste capítulo vamos estudar os polímeros de adição.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ oferta barata e em grande quantidade de petróleo e


gás natural, a partir dos quais são obtidas as substân- 2.1. Polimerização por adição
cias utilizadas na fabricação dos polímeros;
As reações de adição ocorrem normalmente em moléculas
§ aplicação de recursos para pesquisa deles, que estabe- insaturadas, geralmente com ligação dupla entre carbonos.
leceu a relação entre a estrutura dos polímeros e suas Sob altas temperaturas e pressões – eventualmente na
propriedades químicas e físicas, bem como o mecanis- presença de catalisadores –, a ligação dupla dos monôme-
mo das reações da formação deles; e ros é rompida e eles podem ligar-se, formando moléculas
§ desenvolvimento de processos tecnológicos que permitam maiores. Estes são alguns polímeros de adição importantes.
a produção em grande escala de polímeros e sua utilização
na fabricação de diferentes bens e materiais de consumo. a. Polietileno
P,T
O termo polímero significa “muitas partes” e é aplicado a n (CH2 = CH2) catalisador (— CH2 — CH2 —)n
materiais constituídos por moléculas grandes (macromolé- etileno (eteno) polietileno
culas), com até centenas de milhares de átomos. monômero polímero

37
Os polímeros do etileno (eteno) chamam-se polietilenos.
Os de massa molecular relativamente baixa são ótimos P,t
óleos lubrificantes. Os com massa molecular média asse- catalisador

melham-se às ceras. Os de cadeia maior são duros e resis-


tentes a altas temperaturas. isopreno (2-metil-buta-1,3-dieno) poli-isopreno

Se empregados catalisadores especiais, consegue-se a poli- O poli-isopreno formado tem exatamente a mesma estru-
merização em uma pressão próxima à atmosférica. tura da borracha natural. Evidentemente, nas árvores que
produzem a borracha, as reações são muito mais comple-
O polietileno é insolúvel, isolante elétrico e inatacável por xas do que nessa equação.
ácido ou base. É usado no recobrimento de cabos para ve-
las de ignição, em fios telefônicos, na fabricação de tubos No entanto, os químicos conseguiram realizar essa reação
plásticos, recipientes domésticos, etc. demonstrada e uma série de reações análogas, como estas:
P,t
b. Teflon (politetrafluoretileno) n CH2 = CH – CH = CH2 (– CH2 – CH = CH – CH2 –)n
catalisador
buta-1,3-dieno polibutadieno
A polimerização do monômero tetrafluoretileno (CF2 = CF2, P,t
tetrafluoreteno) sob 50 atmosferas de pressão e em presen- n CH2 = C – CH = CH2 catalisador (– CH2 – C = CH – CH2 –)n
ça de catalisadores à base de peróxido, resulta em um polí- | |
mero conhecido como teflon (massa molecular de 500.000 Cℓ Cℓ
a 2.000.000 u). cloropreno policloropreno

P,T
Esses polímeros são denominados polímeros diênicos
n (CF2 = CF2) catalisador (— CF2 — CF2 —)n
porque seus monômeros têm a estrutura de um dieno
tetrafluoretileno politetrafluoretileno
conjugado (CH2 = CH – CH = CH2). Todos eles têm pro-
priedades elásticas semelhantes às da borracha natural,
O teflon caracteriza-se por sua extrema inércia química, o
razão pela qual são denominados borrachas sintéticas
que o torna resistente ao ataque de todos os materiais rea-
ou elastômeros.
tivos, com exceção dos materiais alcalinos fundidos. A super-
fície é extremamente lisa e é resistente a altas temperaturas f. Polimetacrilato de metila (plexiglás ou lucite)
sem fundir. Graças a essas qualidades, o teflon é usado como É o vidro plástico comum, usado em óculos, anúncios lumi-
revestimento antiaderente de panelas, frigideiras, etc. nosos, globos para lâmpadas, domos de iluminação, etc. É
c. PVC produzido pela reação:
O cloreto de vinila (CH2 = CHCℓ, cloro-eteno), é um gás
que polimeriza rapidamente em presença de peróxido e CH3 CH3
resulta em uma resina (polímero) chamada cloreto de po- | P,t |
livinila (PVC). n CH2 = C catalisador
(– CH2 – C –)n
| |
n (CH2 = CHCℓ) catalisador (– CH2 – CH Cℓ –)n COOCH 3
COOCH 3
cloreto de vinila (cloro-eteno) cloreto de polivinila meta-acrilato de metila polimetacrilato de metila
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

É usado em toalhas de mesa, garrafas de água, cortina g. Poliacrilonitrila (orlon ou darlon)


para banheiros, tubulações de encanamentos, couro arti-
É a lã sintética usada em cobertores, carpetes, forração de
ficial para estofamento, etc.
móveis, bichos de pelúcia, etc. É produzida pela reação:
d. Benzeno
P,t
Uma polimerização importante é a trimerização do acetile- n CH = CH2 catalisador
(– CH – CH2 –)
no (H – C ≡ C – H, etino), que produz benzeno. | |
Fe CN CN
3 (H – C ≡ C – H) D C6H6 acrilonitrila poliacrilonitrila

Esses polímeros apresentados são chamados polímeros


e. Polimerização dos alcadienos
vinílicos, uma vez que todos apresentam o grupo vinila
Os polímeros diênicos (com duas duplas ligações), como (CH2 = CH–), da qual varia apenas a “ramificação” presen-
o isopreno, polimerizam-se de acordo com a equação: te, como foi demonstrado nas fórmulas.

38
VIVENCIANDO

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Polimerização

39
3. Copolímeros
São polímeros formados por mais de um tipo de monômero, cuja estrutura é variada.
a. Buna–S
É obtido pela copolimerização do 1,3-butadieno com o vinil-benzeno, usando como catalisador o sódio metálico.

Uma vez que é muito resistente ao atrito, esse polímero é usado nas bandas de rodagem dos pneus.
b. Buna–N
É obtido pela copolimerização do 1,3-butadieno (buta-1,3-dieno) com o propeno-nitrilo, na qual o catalisador é o sódio
metálico.

n H2C = CH – CH = CH2 + n H2C = CH  


|
C
|||
N

(– CH2 – CH = CH – CH2 – CH2 – CH –)n


|
C
|||
N

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os polímeros são uma parte importante da nossa vida, aparecendo em muitos processos biológicos dos seres vivos.
Por exemplo, nas células animais há o amido, que funciona como reserva energética; nessa macromolécula, consti-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

tuída de 250 a 300 resíduos de d-glicopiranose, as suas ligações são feitas por pontes glicosídicas α-1,4, as quais
conferem à molécula uma estrutura helicoidal, formando um grande polímero no nosso organismo. Também há a ce-
lulose, que é um polímero de cadeia longa composto de um só monômero (glicose), classificado como polissacarídeo
ou carboidrato. É um dos principais constituintes das paredes celulares das plantas, em combinação com a lignina,
com a hemicelulose e a pectina, e não é digerível pelo homem, constituindo uma fibra dietética. Alguns animais,
particularmente os ruminantes, podem digerir celulose com a ajuda de micro-organismos simbióticos.

40
Monômeros
Aplicação do conteúdo Nome Fórmula
1. Complete as seguintes reações de polimerização por Eteno H2C = CH2
adição: Cloreto de vinila H2C = CHCℓ
a) Estireno HC(C6H5) = CH2
Acrilonitrila CH2 = CH(CN)
Tetrafluoreteno F2C = CF2

Assinale a alternativa incorreta.


b) a) O eteno é o monômero do polietileno.
b) O teflon é um polímero de tetrafluoreteno.
c) A fórmula do Orlon, polímero resultante da adição
do acrilonitrila, é (–CH(CN) – CH2–)n.
c) d) O cloreto de vinila produz o polímero cloreto de
polivinila (PVC), cuja fórmula é (–CHCℓ – CH2–)n.
e) A fórmula do poliestireno, polímero do estireno, é
(CH(C6H5)Cℓ – CH2–)n.
Resolução:
d)
a) Correta, o monômero do polietileno é eteno.
b) Correta, o monômero do teflon (politetrafluoretile-
no) é tetrafluoreteno.
c) Correta, a fórmula molecular do Orlon é
(–CH(CN) – CH2–)n.
Resolução:
d) Correta, o polímero do cloreto de vinila é clore-
a) to de polivinila (PVC) e a sua fórmula molecular é
(– CHCℓ – CH2–)n.
e) Incorreta, a fórmula molecular do poliestireno é
(– CH(C6H5) – CH2–)n

b) Alternativa E

3. (UFMG) Considere estas fórmulas de dois polímeros:

c)
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

d)

Os monômeros correspondentes aos polímeros I e II


são, respectivamente:
a) propano e cloroetano;
2. Os polímeros sintéticos estão presentes em nossa so- b) propano e cloroeteno;
ciedade de forma bastante intensa. Atualmente, os po- c) propeno e cloroetano;
límeros de adição dominam a economia das indústrias
d) propeno e cloroeteno.
químicas. Cinco deles, cujos monômeros estão listados
na tabela abaixo, estão envolvidos em mais da metade
da produção mundial de plásticos.

41
Resolução:
Fazendo a reação inversa para obter o monômero, temos:
I.

II.

Logo, os monômeros serão propeno e cloreto de vinila


(ou cloroeteno).

Alternativa D

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 27
Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos
ou benefícios.

Uma das principais preocupações é o uso sustentável de nossos recursos e a economia no uso de materiais
descartáveis, como plástico, papel, etc. Para isso, são necessárias novas formas de produção de polímeros que
sejam tão resistentes quanto os plásticos já inventados, mas que apresentem um tempo de degradação menor.

MODELO 1
(Enem) Com o objetivo de substituir as sacolas de polietileno, alguns supermercados têm utilizado um novo tipo
de plástico ecológico, que apresenta em sua composição amido de milho e uma resina polimérica termoplásti-
ca, obtida a partir de uma fonte petroquímica.
ERENO, D. “Plásticos de vegetais”. Pesquisa Fapesp, n. 179, jan. 2011 (adaptado).

Nesses plásticos, a fragmentação da resina polimérica é facilitada porque os carboidratos presentes:


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) dissolvem-se na água;
b) absorvem água com facilidade;
c) caramelizam por aquecimento e quebram;
d) são digeridos por organismos decompositores;
e) decompõem-se espontaneamente em contato com água e gás carbônico.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesses plásticos, a fragmentação da resina polimérica é facilitada porque os carboidratos presentes são digeridos
por organismos decompositores, ou seja, o polímero é biodegradável.

RESPOSTA Alternativa D

42
DIAGRAMA DE IDEIAS

POLÍMERO ÉO
PRODUTO
DA
CUJO REAGENTE
PODE SER É CHAMADO DE PODE SER
MONÔMERO POLIMERIZAÇÃO

SOFRE POLIMERIZAÇÃO
VINÍLICO (C = C)
POR ADIÇÃO
POR EXEMPLO

H2C = CH2 F2C = CF2 H2C = CH - C6H5 H2C = CCℓH H2C = CH - CH3

PRODUZ PRODUZ PRODUZ PRODUZ PRODUZ

POLIETILENO TEFLON POLIESTIRENO PVC POLIPROPILENO

DIENO DO TIPO SOFRE POLIMERIZAÇÃO


C=C-C=C POR ADIÇÃO

CH3 H2C = C - CH = CH2


H2C = CH - CH = CH2

H2C = C - CH = CH2 Cℓ

PRODUZ PRODUZ PRODUZ

POLI-ISOPRENO
POLIBUTADIENO NEOPRENO
(BORRACHA NATURAL) VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

43
2. Náilon (poliamida)
Esse polímero é obtido da condensação do ácido adípico
HOOC – (CH2)4 – COOH (hexanodioico) e da hexameti-
lenodiamina H2N – (CH2)6 – NH2 (1,6-hexanodiamina).
POLÍMEROS DE Foi a primeira fibra têxtil sintética produzida. Trata-se de
um polímero que queima com dificuldade e é bastante re-
CONDENSAÇÃO sistente aos agentes químicos, à água quente e aos óleos.
Por estiramento, os fios de náilon adquirem grande re-
sistência à tração. Dos fios desse polímero fabricam-se o
velcro e os tecidos usados em meias femininas, roupas
íntimas, maiôs, biquínis, bermudas, shorts e outras roupas

CN
esportivas. Além de fios, o náilon e as demais poliamidas
AULAS também podem ser moldados sob outras formas para a
47 E 48 confecção de parafusos, engrenagens, pulseiras para
relógios, etc.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
O náilon também é muito utilizado para suturas em ferimen-
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27
tos, uma vez que é um material inerte ao organismo e não
provoca reação inflamatória como outros fios de sutura.

1. Polímeros de condensação
Em geral, os polímeros de condensação são formados da
reação entre dois monômeros diferentes, com a eliminação
de moléculas pequenas, como a água. Nesse tipo de poli-
náilon 66
merização, os monômeros não precisam apresentar duplas
ligações entre carbonos, mas é necessária a existência de 3. Baquelite (polifenol)
duas unidades de grupos funcionais. É preparada por condensação de aldeído fórmico (meta-
Observe a condensação da glicose com produção de amido: nal) com fenol comum (hidroxibenzeno). É bastante usada
Clorofila como isolante na fabricação de materiais elétricos (pinos,
n (C6H12O6) (C6H10O5)n + n H2O tomadas, plugues, etc.).
Luz

1.1. Polímeros de condensação


e suas aplicações
1. Dácron (poliéster)
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A condensação de ácido tereftálico com etilenoglicol


produz um polímero denominado terilene ou dácron,
usado na fabricação de fibras sintéticas bastante resisten-
tes à tração, como filmes, garrafas PET, etc.
A reação pode ser representada pela equação:

4. Silicones
etilenoglicol (etanodiol) ácido tereftálico São polímeros com silício, obtidos a partir da condensação
(ácido 1,4-benzoldicarboxílico) do dimetilsiloxana.
                          

poli(tereflato de etileno), poliéster

44
São usados em lubrificação de moldes, borrachas, lamina- Quando aquecida com enxofre, essa massa viscosa produz
dos, resinas, agentes antiespumantes, cirurgias plásticas. a borracha vulcanizada, material bastante elástico que não
sofre alteração significativa com pequenas variações de
temperatura e é bastante resistente ao atrito.
Esta estrutura corresponde a um fragmento da cadeia da
borracha vulcanizada utilizada na fabricação de pneus:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube Vulcanização

Produzindo Plástico
Cadeia polimérica
de borracha

2. Polímeros naturais Cadeias de borracha unidas por ponte de enxofre

Os polímeros naturais são a borracha, os polissacarídeos


(como celulose, amido e glicogênio) e as proteínas. 2.2. Polissacarídeos
A borracha natural é um polímero de adição, enquanto os A celulose, o amido e o glicogênio são denominados po-
polissacarídeos e as proteínas são polímeros de conden- lissacarídeos, uma vez que são obtidos pela polimerização
sação, obtidos, respectivamente, de monossacarídeos e dos monossacarídeos de fórmula molecular C6H12O6.
aminoácidos.
Esquematicamente, sua formação é:

2.1. Borracha monossacarídeo


– H2O
dissacarídeo
A borracha natural é obtida da árvore Hevea brasiliensis C6H12O6 C12H22O11
(seringueira); por incisão feita no caule, obtém-se um líqui-
do branco de aspecto leitoso, denominado látex. glicose + frutose sacarose

O monômero da borracha natural é o 2-metil-1,3-bu-


glicose + galactose lactose
tadieno (isopreno):
glicose + glicose maltose
CH3
|
Entre os dissacarídeos, o mais importante é a sacarose,
H2C = C – CH = CH2
também conhecida por açúcar de cana ou açúcar comum.
A reação de polimerização ocorre ainda na seringueira com A união de diversas moléculas de monossacarídeos origina
o auxílio de uma enzima. os polissacarídeos, como o amido, o glicogênio e a celulose:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

n C6H12O6 → (C6H10O5)n + (n – 1) . H2O


CH3 glicose   amido, glicogênio ou celulose
|
catalisador
n H2C = C – CH = CH2 (– CH2 – C = CH – CH2 –)n A principal fonte de carboidratos para o organismo huma-
| no é o amido. Ele está presente nas sementes e nas raízes
CH3 de numerosas plantas, como batata, trigo, arroz, milho,
mandioca, centeio, cevada, etc.
O polissacarídeo mais abundante na natureza é a celulose,
2.1.1. Vulcanização
que o ser humano é incapaz de digerir, ao contrário dos
O látex obtido da seringueira é precipitado e dá origem a bovinos e outros ruminantes. Bactérias presentes no trato
uma massa viscosa, que é a borracha natural. No entanto, digestório deles produzem enzimas (celulase) capazes de
a utilização desse tipo de borracha é limitada, uma vez que metabolizá-la. No sistema digestório dos cupins, há um
ela se torna quebradiça em dias frios e extremamente gos- protozoário (triconinpha), produtor de enzimas, que tam-
menta em dias quentes. bém metaboliza a celulose.

45
2.3. Proteínas ou polipeptídeos Exemplo da interação entre a glicina e a alanina, que dá
origem a um dipeptídeo:
As proteínas são polímeros formados a partir condensação
de –aminoácidos presentes em todas as células vivas. Al-
gumas proteínas fazem parte da estrutura dos organismos,
como fibras musculares, cabelo e pele; outras funcionam
como catalisadores nas reações orgânicas; nesse caso, são
denominadas enzimas.
Existem também proteínas que atuam como reguladores
do metabolismo (os hormônios) e as que fazem parte do
sistema imunológico.
Os –aminoácidos podem ser representados genericamente por:

Em que R são agrupamentos diversos que dão origem aos A união de –aminoácidos dá origem a uma proteína (po-
diferentes aminoácidos. lipeptídeo).

A interação responsável pela formação de proteínas ocorre


entre o grupo ácido – COOH, presente em uma molécula
de aminoácido, e o grupo básico – NH2, presente em outra
molécula; com a eliminação de uma molécula de água, é Cada proteína apresenta uma sequência característica de
originada uma ligação amídica ou peptídica: -aminoácidos (-aa) denominada estrutura primária, que
identifica os -aa presentes e a sequência em que estão
unidos, dando origem a uma cadeia principal, em que os
grupos R constituem cadeias laterais.

VIVENCIANDO

O PET também é conhecido por outros nomes, como drácon, terilene ou tergal. Esse polímero de condensação é um poliéster,
sendo que sua reação de formação ocorre entre o álcool etilenodiol (etileno-glicol) e o ácido tereftálico (ácido p-benzenodioico):
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Etileno-glicol Ácido tereftálico

H2O
n água
Polietilenotereflato

Esse polímero é usado principalmente em garrafas plásticas, mas ele também é utilizado na fabricação de tecidos,
cordas, filmes fotográficos, fitas de áudio e vídeo, guarda-chuvas, gabinetes de fornos e em embalagens.

46
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Proteínas são macromoléculas biológicas formadas por uma ou mais cadeias de aminoácidos. As proteínas estão
presentes em todos os seres vivos e participam de praticamente todos os processos celulares, desempenhando um
amplo conjunto de funções no organismo, como a replicação de DNA, a resposta a estímulos e o transporte de molé-
culas. Muitas proteínas são enzimas que catalisam reações bioquímicas vitais para o metabolismo. As proteínas têm
também funções estruturais ou mecânicas, como é o caso da actina e da miosina, nos músculos, e das proteínas no
citoesqueleto, que formam um sistema de andaimes que mantém a forma celular. Outras proteínas são importantes
na sinalização celular, na resposta imunitária e no ciclo celular. As proteínas diferem entre si fundamentalmente na
sua sequência de aminoácidos, que é determinada pela sua sequência genética e que, em geral, provoca o seu eno-
velamento numa estrutura tridimensional específica que determina a sua atividade.
Uma proteína contém pelo menos uma cadeia polimérica linear derivada da condensação de aminoácidos, chama-
da de polipeptídeo. Os resíduos individuais de aminoácidos estão unidos entre si por meio de ligações peptídicas.
A sequência dos resíduos de aminoácidos em cada proteína é definida pela sequência de um gene, a qual está
codificada no código genético. Durante ou após o processo de síntese, os resíduos de uma proteína são, muitas
vezes, alterados quimicamente por meio de modificação pós-traducional, a qual modifica as propriedades físicas e
químicas das proteínas, o seu enovelamento, a estabilidade, a atividade e, por fim, a sua função. Em alguns casos, as
proteínas apresentam anexados grupos não peptídicos, os quais são denominados cofatores ou grupos prostéticos.
As proteínas podem também trabalhar em conjunto para desempenhar determinada função, agrupando-se em com-
plexos proteicos. As proteínas podem ser purificadas a partir de outros componentes celulares recorrendo a diversas
técnicas, como a precipitação, ultracentrifugação, eletroforese e cromatografia. Entre os métodos usados para estudar
a estrutura e as funções das proteínas estão a imuno-histoquímica, a mutagênese sítio-dirigida, a ressonância mag-
nética nuclear e a espectrometria de massa.

a) Esquematize a reação de polimerização entre o eti-


multimídia: site lenoglicol e o ácido tereftálico. Esta é uma reação de
adição ou condensação?
b) Reescreva em seu caderno de respostas as fórmulas
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

quimicapolimero.blogspot.com.br/2010/11/polimeros- dos reagentes e a fórmula geral do polímero e identifi-


-encontrados-no-nosso-dia-dia_08.html que as funções orgânicas presentes em cada uma delas.

Resolução:

Aplicação do conteúdo a) A reação de polimerização pode ser esquematizada por:

1. (UFSCar) Existe um grande esforço conjunto, em muitas


cidades brasileiras, para a reciclagem do lixo. Especial-
mente interessante, tanto do ponto de vista econômico
como ecológico, é a reciclagem das chamadas garrafas
PET. Fibras têxteis, calçados, malas, tapetes, enchimento
de sofás e travesseiros são algumas das aplicações para
o PET reciclado. A sigla PET se refere ao polímero do qual
as garrafas são constituídas, o polietileno tereftalato. Trata-se de uma reação de condensação.
Este polímero é obtido da reação entre etilenoglicol e
ácido tereftálico, cujas fórmulas são:

47
b) Resolução:
a) Náilon - amida
Dexon = éster
b)

amida
O Náilon é uma poliamida

2. (Vunesp) Estão representados a seguir fragmentos éster


dos polímeros Náilon e Dexon, ambos usados como fios
de suturas cirúrgicas. O Dexon é um poliéster

Náilon

álcool ácido carboxílico

Dexon

a) Identifique os grupos funcionais dos dois polímeros.


b) O Dexon sofre hidrólise no corpo humano, sendo
integralmente absorvido no período de algumas se-
manas. Nesse processo, a cadeia polimérica é rompi-
da, gerando um único produto, que apresenta duas
funções orgânicas.
Escreva a fórmula estrutural do produto e identifique es-
sas funções.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

48
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 27
Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos
ou benefícios.

Atualmente, uma das principais preocupações é o uso sustentável dos recursos naturais e a economia no uso
de materiais descartáveis, como plástico, papel, etc. Para isso, são necessárias novas formas de produção de
polímeros que sejam tão resistentes quanto os plásticos já inventados, mas que apresentem um tempo de
degradação menor.

MODELO 1
(Enem) O uso de embalagens plásticas descartáveis vem crescendo em todo o mundo, juntamente com o
problema ambiental gerado por seu descarte inapropriado. O politereftalato de etileno (PET), cuja estrutura é
mostrada, tem sido muito utilizado na indústria de refrigerantes e pode ser reciclado e reutilizado. Uma das op-
ções possíveis envolve a produção de matérias-primas, como o etilenoglicol (1,2-etanodiol), a partir de objetos
compostos de PET pós-consumo.

Disponível em: <www.abipet.org.br>. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado).

Com base nas informações do texto, uma alternativa para a obtenção de etilenoglicol a partir do PET é a:
a) solubilização dos objetos; d) hidrólise dos objetos;
b) combustão dos objetos; e) fusão dos objetos.
c) trituração dos objetos;

ANÁLISE EXPOSITIVA
A reação de hidrólise do PET produz o etilenoglicol:

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

RESPOSTA Alternativa D

49
DIAGRAMA DE IDEIAS

POLÍMERO
ÉO
PRODUTO DA

CUJO REAGENTE
É CHAMADO DE
MONÔMERO POLIMERIZAÇÃO

CASO SEJA PODE SER

POLIMERIZAÇÃO
MAIS DE UM TIPO
POR CONDENSAÇÃO

É CHAMADO DE FORMA

POLÍMERO DE
COPOLÍMERO
CONDENSAÇÃO

POR EXEMPLO

POLIAMIDA PET POLIURETANO SILICONE BAQUELITE


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

50
O efeito indutivo pode ser transmitido pela cadeia car-
bônica e diminui à medida que a distância aumenta.
Em geral, o efeito indutivo torna-se fraco a partir do
ACIDEZ E segundo carbono.

BASICIDADE DOS Grupos eletroatraentes produzem efeito indutivo negativo.

COMPOSTOS –X (7A ou 17, halogênios), –OH, –C6H5 ,


–CH = CH2 , –NO2 , –SO3H , –COOH , –NH2
ORGÂNICOS
b. Efeito indutivo positivo (+I) ocorre quando o átomo
(ou grupo atômico) repele elétrons.
CH3 – MgCl

CN AULAS
49 E 50
O magnésio, que é um elemento eletropositivo (+), tende
a repelir elétrons da ligação em direção ao carbono, que,
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) em consequência, tem sua densidade eletrônica aumenta-
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 da (–).
Grupos eletrodoadores produzem efeito indutivo positivo.

Radicais alquila: R3C– > R2HC– > RH2C– > H3C– > H , do qual
1. O caráter ácido-base R = radical saturado.

De acordo com as definições mais clássicas de ácidos e ba-


ses (Brönsted-Lowry), a força de um ácido está associada à CH3
|
sua tendência de doar prótons (H+), e a força de uma base
CH3 – C – > CH3 – CH – > CH3 – CH2 – > CH3 – > H –
associa-se à sua tendência de receber prótons. Nesse senti- |   | etil metil
do, um ácido será mais forte quanto mais fraca for a ligação
CH   
3
CH3
entre o próton (H+) e a molécula do ácido. Uma base, por sua terc-butil isopropi

vez, será mais forte quanto maior for a densidade eletrônica


em torno do átomo que recebe o próton (H+). Quanto maior o número de carbonos e hidrogênios em liga-
ções simples, mais eletrorrepelente será o radical. Em conse-
Por exemplo, existem substituintes (átomos ou grupos quência, maior será o efeito indutivo positivo produzido.
atômicos) que, quando presentes na estrutura de um ácido
carboxílico, tornam a ligação (O – H) mais fraca, aumen- Ao comparar a acidez de algumas substâncias, a influência
tando o caráter ácido da molécula. Outros substituintes do efeito indutivo na reatividade das substâncias orgânicas
elevam a densidade eletrônica em torno do átomo de ni- torna-se mais evidente.
trogênio nas aminas, aumentando o caráter básico delas.
Considere a substituição de um dos hidrogênios do grupo
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

CH3 do ácido acético (etanoico) por –Cl ou por –CH3. Se-


2. Efeito eletrônico rão obtidos dois novos ácidos:

ácido cloro-acético
O efeito eletrônico é o deslocamento de pares de elétrons Ka = 1,3 · 10–3
em ligações simples (sigma). Esse efeito é provocado pela
presença de átomos ou grupos atômicos que atraem ou re-
pelem elétrons.
a. Efeito indutivo negativo (–I) ocorre quando o átomo ácido propanoico
(ou grupo atômico) atrai elétrons. Ka = 1,8 · 10–5

H3C – CH2 – Cl As constantes de ionização Ka revelam que a substituição


O átomo de cloro (–), que é mais eletronegativo, atrai o par de um H por um –Cl aumenta a força ácida (o Ka aumen-
de elétrons da ligação, aumentando sua própria densidade tou), ao passo que a substituição por um –CH3 diminui a
eletrônica e diminuindo a do átomo de carbono (+). força ácida (o Ka diminuiu).

51
Pelo fato de o –Cl ser um elemento muito eletronegativo, Cl Cl
ele atrai a nuvem eletrônica da molécula em sua direção, | |
enfraquecendo a ligação O–H, que se quebra mais facil- Cl – CH2 – COOH < Cl – CH – COOH < Cl – C – COOH
mente, liberando o H+. Por esse motivo, o cloro torna o áci- |
do mais forte. Essa acidez do cloro é denominada efeito Cl
indutivo eletroatraente. cloro-etanoico    dicloro-etanoico    tricloro-etanoico

Se o H for substituído pelo –CH3, ocorrerá o inverso: a ten- 3. se o grupo eletroatraente estiver em carbono  (carbono
dência para atrair elétrons do grupo CH3 é menor do que a adjacente ao grupo –COOH), a acidez deverá aumentar muito:
do H; o CH3 fortalece a ligação O–H e torna mais difícil a saí-
da do H+. Em razão disso, o –CH3 faz o ácido ficar mais fraco.   
Trata-se do denominado efeito indutivo eletrodoador. CH2 – CH2 – COOH < CH3 – CH – COOH
| |
Cl Cl
3-cloro-propanoico      2-cloro-propanoico
(-cloro-propanoico)      (-cloro-propanoico)

4. os ácidos dicarboxílicos são mais ácidos do que os mo-


nocarboxílicos correspondentes:
CH3 COOH < HOOC – COOH
etanoico    etanodioico

3. Acidez e basicidade em
compostos orgânicos
multimídia: vídeo
3.1. Acidez de ácidos carboxílicos,
Fonte: Youtube
fenóis e álcoois
ÁCIDOS ORGÂNICOS
O ácido carboxílico, o fenol e o álcool são compostos orgâ-
nicos com caráter ácido:
A acidez é diretamente proporcional ao efeito indutivo. 3.3. Fenol
Ordem decrescente de força ácida: O fenol, também denominado ácido fênico, é considera-
ácido carboxílico > fenol > H2O > álcool velmente ácido em razão do radical arila (aromático), que
é eletroatraente.
Em geral, os ácidos orgânicos são mais fracos do que os
ácidos inorgânicos.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ou C6H5 – O–
3.2. Ácidos carboxílicos
Devido à presença do radical acila (R – COO–), os ácidos ânion fenóxi

carboxílicos são as substâncias mais ácidas. O ácido pícrico (2,4,6 – trinitro – fenol) é um ácido forte.
Suas características mais importantes são:
1. quanto maior a cadeia carbônica (efeito +I), menor
a acidez:
CH3–COOH > CH3–CH2–COOH > CH3–CH2–CH2–COOH
etanoico    propanoico      butanoico

2. quanto maior o número de grupos eletroatraentes,


3.4. Álcool
em compostos com o mesmo número de carbonos, Em geral, os álcoois são compostos de pouquíssima acidez, que,
maior a acidez: por sua vez, diminui à medida que aumenta a cadeia carbônica.

52
Isso ocorre devido ao efeito eletrorrepelente dos radicais alquila: CH3 – CH2 – NH2 > CH3 – NH2
CH3 – OH > CH3 – CH2 – OH
A presença de ligações  próximas ao nitrogênio diminui a
Síntese da força ácida dos compostos orgânicos. basicidade, uma vez que aumenta a acidez.
CH3 – CH2 – NH2 > CH2 = CH – NH2

Ordem decrescente de força ácida Nota:

Ar – COOH > C6H5OH > R – COOH > H2O > R – OH a. Em geral, as bases inorgânicas são mais fortes do que as
ácido fenol ácido água álcool bases orgânicas.
carboxílico carboxílico
aromático b. As amidas têm caráter anfótero e são bases muito fracas.

Em que R = radical alquila e Ar = radical arila (aromático).


5. Resumo dos fatores
Nota:
a. Ácidos carboxílicos e fenóis reagem com NaOH, mas
que influenciam o
álcoois não reagem. caráter ácido-base
b. Ácidos carboxílicos reagem com NaHCO3, liberando CO2
(efervescência), mas fenóis e álcoois não reagem. Acidez Basicidade

4. Basicidade das aminas Aumento do tamanho


da cadeia carbônica
diminui muito aumenta muito

A basicidade (alcalinidade) de uma amina é diretamente


proporcional ao efeito +I . Presença de radicais
aumenta muito diminui muito
eletronegativos
As aminas são as substâncias orgânicas com maior caráter
básico (bases de Lewis).
Presença de
aumenta diminui
núcleo aromático
Ordem decrescente de força básica
secundária > primária > terciária > NH3 > aromática

CH3 – NH – CH3 > CH3 – NH2 > Aplicação do conteúdo


(CH3)3N > NH3 > C6H5 – NH2
1. (UEMS) A tabela demonstra as constantes de ioniza-
Em geral, o aumento da cadeia carbônica provoca o au-
mento da alcalinidade, uma vez que radicais alquila (–R)
são eletrorrepelentes.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

VIVENCIANDO

Por que a picada de uma formiga pode causar dor e ardência? Para responder a essa pergunta é preciso recorrer
a uma explicação química. A formiga produz em seu organismo o ácido fórmico, oficialmente conhecido como
ácido metanoico. O ácido fórmico pode ser tóxico ao homem e ao meio ambiente e exige manipulação cuidadosa.
Em contato com o ser humano, esse ácido pode ser absorvido pelas vias oral, dérmica e inalatória, apresentando
potencial para irritação local e, possivelmente, o desenvolvimento de sintomas desagradáveis. No meio ambiente,
o ácido fórmico ocorre naturalmente como produto de biotransformação de reações metabólicas nos organismos
vivos. O ácido é facilmente biodegradável, tanto na água quanto no solo. Ele é nocivo para organismos aquáticos,
como peixes e plânctons. Esse efeito prejudicial se deve principalmente ao fato de o ácido fórmico alterar o pH

53
do meio.
O ácido fórmico pode ser irritante e corrosivo para a pele e as mucosas, dependendo de sua concentração. Depois da expo-
sição dérmica, pode ocorrer acidose metabólica. Sintomas após a ingestão aguda (50 g ou mais) podem incluir salivação,
vômito com sangue, sensação de dormência na boca, diarreia e dores severas. Também podem ocorrer colapso circulatório,
depressão do sistema nervoso central e morte. A exposição constante (ocupacional) pode causar albuminúria e hematúria.
O ácido fórmico apresenta-se mutagênico para Escherichia coli e células germinativas de Drosophila, mas não apre-
senta evidências de causar alterações no DNA de Bacillus subtilis em concentrações acima de 0,46%.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O vinagre é um dos produtos mais consumidos ao redor do mundo. Sua composição é basicamente ácido acético, um
ácido orgânico fraco. Na Bíblia, há referências ao vinagre. A passagem mais conhecida talvez seja a da crucificação,
em que os romanos oferecem para Jesus uma esponja embebida em vinagre.
Para Hipócrates, na Grécia Antiga, a substância continha propriedades medicinais. Era conhecida como porca, uma
mistura de galinha e vinagre. Entretanto, apesar de ser conhecido desde os tempos remotos, a indicação técnica é
propriedade de Geber, alquimista árabe, que o destilou. Prega-se uma fermentação por leveduras para a produção
do álcool. A concentração alcoólica é ajustada entre 10% e 13%, sendo, então, exposta às bactérias do ácido acético
(é um processo aeróbio), que vai oxidar a solução alcoólica até que se produza o vinagre na concentração desejada.
A fermentação, em que se deseja um aroma bom, é obtida pela ação de cultura pura de Saccharomyces cerevisi-
ae, ou S. cerevisiae da variedade ellipsoideus. Para fermentação acética, são empregados organismos mistos do
gênero Acetobacter.
Com o aumento da produção de bebidas em embalagens plásticas, as bactérias acéticas não fermentativas tor-
naram-se mais importantes. Diversas razões contribuíram para esse fato, como a resistência de Gluconobacter a
sanitizantes (empregados na indústria engarrafadora de bebidas), sua habilidade de crescer na presença de ácido
ascórbico e benzoico e os altos níveis que caracterizam as bebidas em recipientes plásticos.

ção ácida de substâncias orgânicas em água a 25°C. d) O ácido acético é o ácido mais forte das substân-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

cias listadas na tabela quando estas estão dissolvidas


Substância Ka no solvente polar.
Ácido acético (CH3COO 1,8 · 10-5 e) O etanol é o ácido mais fraco das substâncias lis-
Etanol (CH3CH2OH) 1,0 · 10-18 tadas na tabela quando estas estão dissolvidas no
Fenol (C6H5OH) 1,3 · 10-10 solvente polar.
2 - nitrofenol (C6H4(NO2)OH) 6,2 · 10-8
Resolução:
A partir dos dados da tabela, é incorreto dizer que: a) Incorreta, pois quanto maior for o valor do Ka, mais
a) O ácido acético é o ácido mais fraco das substân- forte será o ácido. Ácido acético é o ácido mais forte
cias listadas na tabela quando estas estão dissolvidas da tabela apresentada.
em água. b) Correta, pois quanto menor for o valor do Ka, mais
b) O etanol é o ácido mais fraco das substâncias listadas fraco será o ácido.
na tabela quando estas estão dissolvidas em água. c) Correta, fenol possui valor de Ka mais baixo do que
c) Fenol é menos ácido que 2-nitrofenol em água. o 2-nitrofenol.
d) Correta, o ácido acético é o ácido mais forte da

54
tabela, pois possui maior valor de Ka. tantes de basicidade.
e) Correta, o etanol é o ácido mais fraco da tabela,
pois possui menor valor de Ka.
C, D e E são aminas aromáticas, pois possuem as menores
constantes de basicidade.
Alternativa A
A presença de radicais eletrorrepelentes aumenta a basici-
2. (UFSCar) O caráter ácido dos compostos orgânicos dade de um composto, ou seja, o caráter básico:
difere bastante um dos outros. Uma comparação da
acidez pode ser feita por meio das estruturas e das H3C – NH2 < H3C – H2C – NH – CH2 – CH3
constantes de ionização, Ka. Os valores das constantes (B) (A)
ao redor de 10–42, 10–18 e 10–10 podem ser atribuídos,
respectivamente, a: A presença de radicais eletroatraentes diminuem a basici-
a) fenóis, álcoois e alcanos; dade de um composto, ou seja, o caráter básico:
b) fenóis, alcanos e álcoois;
c) álcoois, fenóis e alcanos;
d) alcanos, fenóis e álcoois;
e) alcanos, álcoois e fenóis.

Resolução: (C) (D) (E)

Quanto menor o valor do Ka, menos ácido o composto Assim, os valores atribuídos a cada composto serão:
será. Para o primeiro valor (10–42), um número extrema-
composto Ka
mente baixo, a acidez para esse composto é quase nula.
Um composto que apresenta essa característica são os hi- A – dietilamina 1,0 · 10-3
drocarbonetos, em que seus hidrogênios são praticamente B – metilamina 4,5 · 10-4
não ionizáveis. C – 2 - metilanilina 2,6 · 10-10

Para o segundo valor (10–18), a acidez aumentou muito em D – 2 - bromoanilina 3,0 · 10-12
relação ao primeiro valor, mas ainda continua baixa, ou E – 2 - nitroanilina 6,0 · 10-15
seja, não se trata de um composto que tem uma acidez
apreciável. Quem possui essas características é o álcool,
que, apesar de o hidrogênio da hidroxila ser ionizável, é
pouco ácido.
Para o último valor (10–10), apesar de ainda ser baixo, este
possui um valor razoavelmente perceptível. O fenol apre-
senta essas características, pois, apesar de ionizar pouco,
o grau de ionização é maior e mais perceptível do que no multimídia: site
álcool ou mesmo num hidrocarboneto.
Assim, os compostos atribuídos aos valores são: alcanos, iq.usp.br/wjbaader/qfl2345/Capitulo_1%273_QFL%20
álcoois e fenóis. 2345.pdf
Alternativa E
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

3. São fornecidas as seguintes informações relativas


aos cinco compostos amínicos: A, B, C, D e E. Os com-
postos A e B são muito solúveis em água, enquanto os
compostos C, D, e E são pouco solúveis. Os valores das
constantes de basicidade dos compostos A, B, C, D e E
são, respectivamente, 1,0 · 10-3; 4,5 · 10-4; 2,6 · 10-10;
3,0 · 10-12 e 6,0 · 10-15.
Atribua corretamente os dados experimentais apre-
sentados aos seguintes compostos:
2-nitroanilina, 2-metilanilina, 2-bromoanilina, metila-
mina e dietilamina. Justifique a sua resposta.

Resolução:
A e B são aminas alifáticas, pois possuem as maiores cons-

55
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA ORGÂNICA

PERTENCE À

CLASSE FUNCIONAL

CARACTERIZADA POR

GRUPO FUNCIONAL

CARACTERÍSTICA CARACTERÍSTICA
ÁCIDA BÁSICA
É O CASO DE
É O CASO DE

ÁCIDO
FENOL AMINA
CARBOXÍLICO
EM ÁGUA SOFREM EM ÁGUA

É RECEPTOR
IONIZAÇÃO
DE ÍONS H+

QUE PRODUZ

H+ OU H3O+ TORNANDO O
MEIO COM
TORNANDO O MEIO COM

pH < 7
pH > 7

SOLUÇÃO ÁCIDA SOLUÇÃO BÁSICA


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

56
2. Teoria ácido-base de
Brönsted-Lowry
CONCEITOS De forma independente, Johannes Nicolaus Brönsted
(1879-1947) e o inglês Thomas Martin Lowry (1874-1936)
MODERNOS DE propuseram no mesmo ano a teoria ácido-base conhecida
como Teoria Brönsted-Lowry, que diz o seguinte:
ÁCIDOS E BASES
Ácido é a espécie química que doa prótons (H+). Base é
a espécie química receptora de prótons.

CN AULAS
51 E 52
Nesse caso, considera-se como próton o íon hidrogênio,
que é visto nesta reação, na qual o ácido cianídrico doa um
próton para a água, que atua, portanto, como base:
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5, 6 e 7 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27
1. HCN + H2O  CN– + H3O+
Essa reação é reversível, uma vez que o íon hidrônio (H3O+)
pode doar um próton para o íon CN–. Dessa forma, o íon
hidrônio (H3O+) atua como ácido e o CN– como base:
1. Teoria ácido-base CN– + H3O+ → HCN + H2O
de Arrhenius 2.
+
H       H
+

À luz de seus experimentos com condutividade elétrica em HCℓ + H2O  H3O+ + Cℓ–
meio aquoso, o químico, físico e matemático sueco Svante
August Arrhenius (1859-1927) propôs, em 1884, estas de- A reação no sentido direto (→) mostra que:
finições de ácidos e bases:
HCℓ doa H+ (próton) a H2O ⇒ HCℓ é o ácido.
Ácidos são compostos que em solução aquosa ionizam, H2O recebe H+ (próton) do HCℓ ⇒ H2O é a base.
produzindo como íon positivo apenas o cátion hidrogê-
A reação no sentido inverso (←)
nio (H+) ou, mais corretamente, o íon H3O+, denominado
íon hidrônio ou hidroxônio. H3O+ doa H+ (próton) ao Cℓ– ⇒ H3O+ é o ácido.
Cℓ– recebe H+ (próton) do H3O+ ⇒ Cℓ– é a base.
Portanto, o que existe genericamente são:
Portanto:
H+ + H2O → H3O+
HCℓ + H2O  H3O+ + Cℓ–
HCl + H2O → H3O+ + Cl– ácido base  ácido base
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

HNO3 + H2O → H3O+ + NO3– par


conjugado
H2SO4 + 2 H2O → 2 H3O+ + SO42–
par conjugado

HCℓ é o ácido conjugado da base Cℓ–.


Bases ou hidróxidos são compostos que, por dissociação
iônica, liberam, como íon negativo, apenas o ânion hi- Cℓ– é a base conjugada do ácido HCℓ.
dróxido (OH-), também chamado de hidroxila ou oxidrila. H2O é a base conjugada do ácido H3O+.
H3O+ é o ácido conjugado da base H2O.
NaOH → Na+ + OH–
Ácidos e bases conjugados são os que diferem entre si
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH– por um H+.

57
3. Teoria ácido-base de Lewis CH3OH não é base de Arrhenius, uma vez que não libera OH−.
CH3OH é base de Brönsted, uma vez que recebe H+.
Em 1923, Lewis propôs um novo conceito de ácido-ba-
se, mais amplo que o de Brönsted-Lowry e o de Arrhe- CH3OH é base de Lewis, uma vez que fornece par de
nius, uma vez que compreendeu pares de elétrons da elétrons para o H+.
base e do ácido. 3.
Base de Lewis: espécie química que fornece pares de
elétrons (agente nucleófilo) para um ácido.
Ácido de Lewis: espécie química que recebe pares de
elétrons (agente eletrófilo) provenientes de uma base. ácido de lewis
base de Lewis

A + :B → A:B Nesse exemplo, os conceitos de Arrhenius e Brönsted não


ácido  base complexo coordenado podem ser aplicados.
Quadro resumo
Arrhenius Brönsted Lewis
recebe par
Ácido libera H+
doa H+
de elétrons
doa par de
Base libera OH– recebe H+
elétrons
Zn2+ + 4 :NH3 → [Zn(NH3)4]2+
ácido base
Mg + 6 :OH2 → [Mg(H2O)6]2+
2+

ácido  base
4. Forças de ácidos e
Observe com atenção: Os conceitos de ácidos e bases de Ar- bases conjugadas
rhenius, de Brönsted-Lowry e de Lewis não são contraditóri- De acordo com Brönsted e Lowry, portanto, as reações áci-
os nem se excluem. Pelo contrário, eles se completam, uma do-base são reversíveis. O valor da constante de equilíbrio
vez que as ideias de ácidos e bases de Lewis compreendem (K) vai indicar se o rendimento da reação é alto ou baixo.
os demais conceitos. Observemos estes exemplos. H+       H+
1. H+
ácido1 + base2  ácido2 + base1 K
HCℓ + H2O  H3O + Cℓ + –

Observe: pares conjugados ácido-base


HCℓ é ácido de Arrhenius, uma vez que libera H . +
Há, portanto, duas possibilidades:
HCℓ é ácido de Brönsted, uma vez que doa H+. 1. K > 1, a transferência de H+ é mais intensa entre o
H+ é ácido de Lewis, uma vez que recebe um par de elétrons ácido1 e a base2 do que entre o ácido2 e a base1; logo, o
proveniente do oxigênio da água. ácido1 é mais forte que o ácido2, e a base2 é mais forte
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

H2O não é base de Arrhenius. que a base1.

H2O é base de Brönsted, uma vez que recebe H+. ácido1 + base2  ácido2 + base1 K > 1
mais forte mais forte   mais fraco mais fraca
H2O é base de Lewis, uma vez que fornece par de elétrons
para o H+.
pares conjugados ácido-base
2.
HCℓ não é ácido de Arrhenius, uma vez que o meio não é H+     H+
aquoso.
HCℓ + H2O  H3O+ + CN– K > 1
HCℓ é ácido de Brönsted, uma vez que doa H+.
H+ é ácido de Lewis, uma vez que recebe o par de elétrons
do oxigênio do álcool. pares conjugados ácido-base

58
2. K < 1, a transferência de H+ é mais intensa entre o ácido2 H+       H+
e a base1 do que entre o ácido1 e a base2; logo, o ácido2 é
mais forte que o ácido1 e a base1 é mais forte que a base2. HCOOH + CN–  HCN + HCOO–
ácido1 + base2  ácido2 + base1 K < 1 K = 2 ·10–4    K = 6 · 10–10
mais fraco mais fraca   mais forte mais forte ácido mais forte   ácido mais fraco

Pelos exemplos citados, quando um ácido é forte, a sua


pares conjugados ácido-base
base conjugada é fraca, e vice-versa.
H      
+
H+ HCl + H2O  H3O+ + Cl– K > 1
HCN + H2O  H3O+ + CN– K < 1 ácido forte   base fraca
mais fraco mais fraca mais forte mais forte
HCN + H2O  H3O+ + CN– K < 1
ácido fraco   base forte
4.1. Conclusão
Generalizando:
Se os reagentes (ácido e base) forem misturados em igual
ácido forte – base conjugada fraca
concentração, a formação dos produtos será favorecida e
se formará um ácido mais fraco. ácido fraco – base conjugada forte

VIVENCIANDO

É possível encontrar a ligação covalente com facilidade em nosso dia a dia. Substâncias de uso muito comum têm
em sua estrutura átomos com esse caráter de ligação, como a água, o gás oxigênio, a solução de vinagre, o álcool
etílico, o açúcar e o grafite.
Contudo, também podemos abordar substâncias que não estão tão evidentes em nosso cotidiano, mas que estão
ligadas diretamente à nossa vida.
O gás ozônio (O3) é o principal gás situado na atmosfera, responsável pela proteção do planeta Terra contra os raios
ultravioletas (UV) emitidos pelo Sol. Sem essa camada de gás existente na atmosfera, a vida na Terra não seria possível.
Bem como o elemento carbono (C), que pode ser encontrado na forma de diamante, passado por processos de
formação diferentes do carbono encontrado no grafite, sendo essa a diferença primordial entre essas substâncias
constituídas por átomos do mesmo elemento químico.

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Ácidos sempre foram substâncias primordiais para o desenvolvimento e manutenção da civilização. Desde as primei-
ras civilizações, suas propriedades são conhecidas e utilizadas de forma proveitosa. Do latim, ácido vem de acidum,
que significava azedo, ou seja, uma referência direta ao sentido do paladar para dar um significado à palavra.

59
Ácidos podem ser encontrados em muitos segmentos da indústria e em nossa vida; vide a tabela abaixo:

Nome do ácido suas ocorrências


acético Encontrado no vinagre.
Derivado do benzeno, é um ácido orgânico utilizado como conservante de
benzoico
bebidas e na fabricação de corantes.
bórico Utilizado como antisséptico medicinal, em cosméticos e corantes.
butírico Encontrado na manteiga.
Obtido na dissolução do dióxido de carbono, é muito utilizado em refrigeran-
carbônico
tes e pode ser um dos produtos da chuva ácida.
Encontrado nas frutas cítricas, é utilizado como antioxidante, acidulante e anti-
cítrico
coagulante.
fórmico Leva esse nome por ser o ácido injetado pela picada das formigas.
Muito utilizado em várias atividades industriais, como produção de fertili-
nítrico
zantes, pólvora negra, salitre, corantes e fibras sintéticas.
Encontrado em óleos vegetais e animais, tendo seu maior uso na produção
oleico
de sabões e pomadas.
Utilizado principalmente na fabricação de detergentes, fertilizantes, pigmen-
sulfúrico
tos, catalisadores e baterias de automóveis.

2. Observe as equações a seguir e selecione aquelas nas


quais a água (H2O) comporta-se como um ácido de Bröns-
ted-Lowry.
I. HN03 + H20 → H30− + NO2−
II. H− + H20 → 0H− + H2
III. NH2− + H2O → NH3 + OH−

multimídia: vídeo IV. CO32− + H3O+ → HCO3− + H2O


a) I e II.
Fonte: Youtube
b) II e III.
O carbono escondido no açúcar (SuperQUÍMICA)
c) III e IV.
d) II e IV.
e) I e III.
Aplicação do conteúdo
Resolução:
1. Aponte os ácidos e as bases de Brönsted-Lowry, nes-
tes exemplos: Para se comportar como ácido de Bronsted-Lowry, a água tem
de doar o próton (H+) à outra molécula ou composto.
a) H2SO4 + C2H5 – O – C2H5  C2H5 – O+ – C2H5 + HSO4–
| I. A água recebe H+ do HNO3; atua como base de Brönsted-Lowry.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

H II. A água doa H+ para H−; atua como ácido de Brönsted-Lowry.


b) CH3 – NH2 + H2O  (CH3NH3)+ + OH– III. A água doa H+ para NH2−; atua como ácido de Brönsted-Lowry.

Resolução: IV. A água (que está no produto) recebe H+ do HCO3−; atua como
base de Brönsted-Lowry.
a) Ácidos (doa prótons H+): H2SO4 e C2H5 – O+ – C2H5
|
Alternativa B
H
3. Considere as seguintes equações químicas:
Bases (recebe prótons H+): C2H5 – O – C2H5 e HSO4–
HCℓ + H2O  H3O+ + Cℓ−
b) Ácidos (doa prótons H+): H2O e (CH3NH3)+
NH3 + H2O  NH4+ + OH−
Bases (recebe prótons H+): CH3 – NH2 e OH–
NH3 + HCℓ  NH4+ + Cℓ −

60
De acordo com a teoria de Brönsted-Lowry, pode se afirmar que:
a) HCℓ, NH3 e H2O são ácidos.
b) NH3, Cℓ−, NH4+, H2O e HCℓ são ácidos.
c) H3O+, H2O, HCℓ e NH3 são ácidos.
d) NH3, Cℓ− e OH− são bases.
e) H3O+, OH−, Cℓ− e são bases.
Resolução:

Temos que:
HCℓ + H2O → H3O+ + Cℓ-
Ácido de Brönsted Base de Brönsted Ácido conjugado Base conjugada

NH3 + H2O → NH-4 + OH-


Base de Brönsted Ácido de Brönsted Ácido conjugado Base conjugada

NH3 + HCℓ → NH4- + Cℓ-


Base de Brönsted Ácido de Brönsted Ácido conjugado Base conjugada

Alternativa D

DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA

PODE SER

INORGÂNICA

COMO

DIVIDIDOS ÁCIDOS
EM DIFERENTES
DEFINIÇÕES, COMO

ARRHENIUS LEWIS
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ÁCIDO
BASE ÁCIDO BASE DOA PAR
RECEBE PAR
PRODUZ OH- PRODUZ H+ DE ELÉTRONS
DE ELÉTRONS

BRÖNSTED-LOWRY

ÁCIDO DOA PRÓTON (H+) BASE RECEBE PRÓTON (H+)

61
ANOTAÇÕES

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62
QUÍMICA

6
CIÊNCIAS DA
EQUILÍBRIOS
QUÍMICOS
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Os conceitos mais abordados são pH e Temos como assuntos principais pH e pOH,


pOH, visto que são importantes para enten- visto que são necessários para interpretar
der diversas propriedades das substâncias diversos dados fornecidos nos enunciados.
descritas. Torna-se importante também en- É importante que os conceitos relacionados
tender como seu cálculo é realizado, assim com os equilíbrios estejam fixados para
como a relação que existe entre eles. melhor compreensão da parte de produto
de solubilidade.

Temos os temas pH e pOH cobrados de Os temas mais cobrados envolvem pH e Os principais conteúdos cobrados são pH e
maneira que se deve interpretar e organi- pOH, pois podem aparecer na forma de pOH, pois servem para melhor compreen-
zar todos os dados fornecidos. É importante dado fornecido, assim como o assunto são de diversos dados que são fornecidos
também entender como esses valores são central da questão. em diferentes tipos de questão.
calculados e o que o resultado significa.

O assunto principal está relacionado com Para melhor entendimento dos dados for- Como imprescindível temos pH e pOH, Os assuntos mais importantes são pH e
pH e pOH, de maneira que é necessário necidos em diversas questões, é importante sendo importante entender como são cal- pOH, visto que são importantes para ajudar
entender como seu cálculo é feito e como entender o significado e como são calcula- culados e como é a relação entre eles. É na interpretação de diversas informações
um se relaciona com o outro, assim como dos os valores de pH e pOH. interessante compreender e interpretar os fornecidas em diversas questões. Porém,
interpretar e organizar todos os dados que dados que são fornecidos, para uma me- é importante entender como esses valo-
são fornecidos no enunciado. lhor organização da resolução. res são calculados, assim como a relação
entre eles.

UFMG
Os conceitos que abordam pH e pOH são
Os assuntos principais são pH e pOH, ne- Os conteúdos relacionados com pH e pOH
importantes, pois são necessários para
cessários para interpretação de diversos são os mais importantes, pois ajudam na
melhor interpretar dados fornecidos. É
dados fornecidos nas questões. É impor- melhor compreensão e interpretação de
importante compreender todo o propósito
tante entender como esses valores são diversas questões. É necessário entender
relacionado com equilíbrio para assimilar o
calculados, assim como suas variações como estão relacionados, assim como de-
conteúdo de produto de solubilidade.
afetam o sistema. vem ser calculados.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

As questões que abordam os conceitos de Os temas pH e pOH são cobrados de ma- Os assuntos mais recorrentes são pH e
pH e pOH cobram como esses valores são neira que é importante entender como as pOH, tornando-se importante compreender
calculados, assim como devem ser inter- informações estão relacionadas com as como esses valores são calculados, assim
pretados quando aparecem na forma de propriedades das substâncias. É necessário como estão relacionados.
dados. É importante que os conceitos de entender como esses valores são calcula-
equilíbrio estejam fixados para compreen- dos e como devem ser interpretados.
der produto de solubilidade.

64
[H+] = [OH–]
a 25°C, Kw = 1,0 · 10–14 ä [H+] = [OH–] = 1,0 ·10–7 mol/L

2. Solução ácida

EQUILÍBRIOS Ao adicionar um ácido em água, haverá aumento da con-


centração hidrogeniônica; portanto, a concentração hidro-
IÔNICOS: PH E POH geniônica será maior que a hidroxiliônica:
[H+] > [OH–]

a 25 °C, [H+] > 1,0 · 10–7 mol/L


e

CN AULAS
45 E 46
[OH–] < 1,0 · 10–7 mol/L

3. Solução básica
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) Ao adicionar uma base em água, haverá aumento da con-
2, 5, 6 e 7 7, 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27 centração hidroxiliônica; portanto, a concentração hidroge-
niônica será menor que a hidroxiliônica.

[H+] < [OH–]


1. Produto iônico da água a 25 °C, [H+] < 1,0 · 10–7 mol/L
A água é um eletrólito bastante fraco, cuja ionização pode e
ser expressa por: [OH ] > 1,0 · 10–7 mol/L

H2O + H2O  H3O+ + OH-


ou também:
H2O  H+ + OH- 3. Cálculo do pH e do pOH
A constante de ionização será: O potencial hidrogeniônico (pH) é o cologaritmo da
[H3O+] . [OH–] concentração hidrogeniônica:
Ki = _________  ​
[H2O]2
Medidas experimentais revelam que a 25 ºC a constante pH = colog [H+] = –log [H+]
de ionização da água é igual a 1,82 · 10-16. A concentração
[H2O] de moléculas não ionizadas praticamente é constante: O potencial hidroxiliônico (pOH) é o cologaritmo da
[H2O] = concentração molar = número de mols de água em 1 L concentração hidroxiliônica:
Como 1 L de água tem massa de 1.000 g, obtém-se:
[H2O]= __ ​ 1000 ​ (mol/L) ä [H2O] j 55,6 mol/L
​  m  ​ j ____ pOH = colog [OH–] = –log [OH–]
__M
​   ​ ___ ​  18 ​
V 1
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em razão disso, o produto Ki · [H2O] é igual a:


1,82 · 10–16 · 55,6 = 101 · 10–16 = 1,0 · 10–14 = kw
4. pH e pOH de soluções
1. Solução neutra
Ki · [H2O] = [H+] · [OH–]
constante a 25°C, Kw = [H+] · [OH–] = 10–14
O produto Ki · [H2O] é chamado produto iônico da água, Kw. [H+] = [OH–] = 10–7 mol/L
Kw = [H+] · [OH–] pH = pOH = 7
pH + pOH = 14
2. Caráter das soluções aquosas 2. Solução ácida
1. Solução neutra
Um meio é neutro se a concentração hidrogeniônica for a 25°C, [H+] > 10–7 ä pH < 7
igual à concentração hidroxiliônica: [OH–] < 10–7 ä pOH > 7

65
3. Solução básica
a 25°C, [H+] < 10–7 ⇒ pH > 7
[OH–] > 10–7 ä pOH < 7

Numa escala, os valores de [H+] e [OH–] serão:


H+ 1 10–1 10–2 10–3 10–4 10–5 10–6 10–7 10–8 10–9 10–10 10–11 10–12 10–13 10–14

OH– 10–14 10–13 10–12 10–11 10–10 10–9 10–8 10–7 10–6 10–5 10–4 10–3 10–2 10–1 1

soluções ácidas soluções básicas

soluções neutras

Quanto menor é o pH de uma solução, mais ácida ela é. A da solução. Uma ou duas gotas delas são suficientes para
acidez crescente é representada pelos valores de pH < 7. que haja mudança de coloração.
Quanto maior é o pH de uma solução, mais básica ela é. A
Os indicadores mais comuns são:
basicidade crescente é representada pelos valores de pH > 7.
A título de curiosidade, observe alguns valores de pH de Faixa de
soluções líquidas a 25 °C em ordem de acidez crescente: viragem Cor em pH Cor em pH
Indicador
de cor inferiores superiores
Soda cáustica 1 M 14,0 (pH)

Água de lavanderia
12,0
(solução de NaCO) fenolftaleína 8–9 incolor vermelho

Clara de ovo 8,0

Água do mar 7,7 tornassol j7 vermelho azul

Sangue 7,4

Lágrima 7,0 – 7,2 alaranjado


2,5 – 4,5 vermelho amarelo
de metila
Saliva humana 6,5 – 7,5

Leite de vaca 6,3 – 6,6


azul de
6 – 7,5 amarelo azul
Café preparado 6,0 bromotimol

Refrigerante 5,0
vermelho de
Suco de tomate 3,5 – 5,0
clorofenol
4,8 – 6,4 amarelo vermelho

Urina 4,8 – 8,4


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Cerveja 4,5
Em laboratório, é possível observar o clássico papel tornas-
Suco de laranja 4,0 sol em tiras. É um método muito prático para determinar
Vinho 3,0 – 4,0
unicamente se a solução é ácida ou básica. Sua faixa de
viragem, no entanto, é mal definida, em torno de 7:
Vinagre 3,0

Suco de limão 2,2 – 2,4 Meio Meio Meio


ácido neutro básico
(pH < 7) (pH = 7) (pH > 7)
Na prática, mede-se o valor de pH de uma solução direta-
Papel de
mente em aparelhos chamados pHmetros (peagâmetros). tornassol azul
vermelho azul azul

Outro processo menos preciso consiste em usar indica- Papel de tornas-


vermelho vermelho azul
dores, que são substâncias orgânicas, cuja propriedade é sol vermelho
mudar de coloração de acordo com a acidez ou basicidade

66
a) A nova concentração hidroxiliônica é:
​ 10  ​= 0,5 · 10–5 = 5 · 10–6 mol/L
–5
[OH–] = ____
2
b) O novo pOH é:
pOH = – log (5 · 10–6) = (– log 5) + (– log 10–6) ä
ä pOH = – 0,7 + 6 = 5,3

O novo pH é:
multimídia: vídeo pH = 14 – 5,3 = 8,7
Fonte: Youtube
4. Dissolveram-se 3,65 g de HC e 6,0 g de NaOH em
fita medidora ph fita teste PH água suficiente para 1 L de solução. Calcule o pH da
solução resultante a 25 °C.
Resolução:
Aplicação do conteúdo MHC = 36,5 g/mol; MNaOH = 40 g/mol

1. Qual é o pH e o pOH de uma solução, cuja concen- 3,65


Número de mols de HC = ____
​   ​= 0,10 mol
tração de íons H+ é 10–3 mol/L? A solução é ácida, básica 36,5
ou neutra? 6,0
Número de mols de NaOH = ___
​   ​= 0,15 mol
Resolução: 40

A 25°C, [H+] · [OH–] = 10–14, obtém-se: HC + NaOH é NaC + H2O


[H+] = 10–3 é [OH–] = 10–11 mol/L 1 mol 1 mol
pH = – log [H+] = – log 10–3 é pH = 3 0,10 mol 0,15 mol

pOH = – log [OH–] = – log 10–11 é pOH = 11 Número de mols de NaOH em excesso = 0,15 – 0,10 = 0,05 mol

Se pH < 7, a solução é ácida. Volume de solução = 1 L


Concentração molar do NaOH em excesso
2. Calcule a concentração molar da solução de um
0,05 mol
monoácido de pOH = 10 e de grau de ionização igual = _______
​   ​= 0,05 mol/L
a 2,5%. 1L
[OH–] = 5 · 10–2 mol/L
Resolução: pOH = –log [OH–] = –log (5 · 10–2)
pOH = –log 5 + (– log 10–2) = – 0,7 + 2 = 1,3
pOH = 10 é pH = 4 é [H+] = 10–4 mol/L
2,5 pH = 14 – 1,3 ä pH = 12,7
a = 2,5 % = ___
​   ​= 2,5 · 10–2
100 5. (ITA) Quantos mols de ácido acético (HAc) precisam
para monoácidos: ser adicionados a 1,0 litro de água pura para que a
solução resultante, a 25 °C, tenha o pH igual a 4,0? Sa-
[H+]
​  10 –2 ​= 0,4 · 10–2 ä
–4
[H+] = a · M ä M = ___
​   ​ = ________ be-se que nesta temperatura:
a 2,5 · 10
ä [H+]= 4 · 10–3 molar HAc(aq)  H+(aq) + Ac-(aq) Kc = 1,8 ∙ 10-5 VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

3. Há 100 mL de uma solução de hidróxido de potássio Deixe claro os cálculos efetuados, bem como eventuais
de pH = 9. A ela adicionam-se 100 mL de água pura. hipóteses simplificadoras.
Calcule:
Resolução:
Dado: log 5 = 0,7
Sendo – log [H+] = pH, [H+] = 10-4 mol/L no equilíbrio para
a) a nova concentração hidroxiliônica;
pH = 4. Como a proporção de H+ e Ac–1 é igual, a [Ac–] é igual
b) o novo pH. a [H+] = 10-4 mol/L no equilíbrio. Sabendo disso, montaremos a
Resolução: tabela abaixo:

Como KOH é uma base forte, considera-se a = 100 %. Como se HAc H+ Ac–
trata de uma base, opta-se por [OH–]: Equilíbrio n 10–4 10–4
pH = 9 ä pOH = 5 ä [H–] = 10–5 mol/L na solução inicial.
Montando a equação da constante de ionização da água,
Adicionados os 100 mL de água pura, o volume duplica e a concen- temos:
tração molar dos íons OH– reduz-se à metade, portanto:

67
[H+] ∙ [Ac–]
Kc = ________
​   ​
[HAc]
Substituindo os valores, temos:
​ 10 ∙ 10 ​ 10  ​
–4 –4 –8
1,8 ∙ 10–5 =________  ​ 1,8 ∙ 10-5 = ___
[HAc] [HAc]
[HAc] = ​  10–8
_______  ​
1,8 ∙ 10–5
[HAc] = 5,6 ∙ 10–4 mol · L–1
Já que o volume é de 1 litro, o número de mol de ácido
acético que deve ser adicionado será de 5,6 ∙ 10–4 mol.

VIVENCIANDO
Praticamente todas as substâncias do nosso cotidiano apresentam, muitas vezes, um pH básico ou ácido. A seguir,
estão listados alguns produtos encontrados corriqueiramente e seu pH correspondente:

soda cáustica água de lavanderia clara água saliva leite de


sangue lágrima
1M (solução de NaCO) de ovo do mar humana vaca

14,0 12,0 8,0 7,7 7,4 7,0 a 7,2 6,5 a 7,5 6,3 a 6,6

café suco de suco de suco de


urina cerveja refrigerante vinho vinagre
preparado tomate laranja limão

6,0 3,5 a 5,0 4,8 a 8,4 4,5 4,0 3,0 a 4,0 3,0 a 4,0 3,0 2,0

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


O pH é uma medida do grau de acidez ou alcalinidade da água, sendo 7 o pH neutro. Valores acima de 7 (até 14)
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

indicam o aumento do grau de alcalinidade e, abaixo de 7 (até 0), o aumento do grau de acidez do meio.
Algumas substâncias têm seus efeitos tóxicos atenuados ou magnificados em pH extremos, como aquelas presentes
em despejos de produtos químicos.
Com a diminuição do pH da água (por exemplo, por meio do despejo de ácidos), os peixes apresentarão uma maior
frequência respiratória, passando a abocanhar o ar na superfície; em pH extremamente baixo, têm morte imediata.
Com o aumento do pH (por exemplo, pelo despejo de soda), há formação de óxido de cálcio, que provoca corrosão do epitélio
branquial e das nadadeiras, levando os peixes à morte. A amônia, por exemplo, quando presente no meio em pH acima de 9
e altas temperaturas, tende a ser altamente tóxica. Já alguns metais em pH menor que 4 apresentam uma maior toxicidade.

68
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 7
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo
em vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.

O uso de substâncias ácidas usadas como conservantes é muito grande. Por conta disso, é de extrema importância
testes com indicadores ácido-base para a identificação de um produto com uma acidez muito alta, para assim
evitar danos irreparáveis.

MODELO 1
(Enem) O pH informa a acidez ou a basicidade de uma solução. A escala a seguir apresenta a natureza e o pH
de algumas soluções e da água pura, a 25 ºC.

Uma solução desconhecida estava sendo testada no laboratório por um grupo de alunos. Esses alunos decidi-
ram que deveriam medir o pH dessa solução como um dos parâmetros escolhidos na identificação da solução.
Os resultados obtidos estão na tabela a seguir.

Aluno Valor de pH Aluno Valor de pH


Carlos 4,5 Wagner 5,0
Gustavo 5,5 Renata 5,0
Simone 5,0 Rodrigo 5,5
Valéria 6,0 Augusta 5,0
Paulo 4,5 Eliane 5,5

Da solução testada pelos alunos, o professor retirou 100 mL e adicionou água até completar 200 mL de
solução diluída. O próximo grupo de alunos a medir o pH deverá encontrar para o mesmo:
a) valores inferiores a 1,0; d) valores entre 5 e 3;
b) os mesmos valores; e) sempre o valor 7.
c) valores entre 5 e 7;
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA
De acordo com a tabela, o pH da solução é inferior a 7, varia entre 4,5 e 6,0 (solução ácida).
O professor fez uma diluição da solução ao retirar 100 mL e adicionar água até completar 200 mL.
Com a adição de água, a concentração de cátions H+ diminui e, consequentemente, o pH aumenta, nesse
caso ficando acima de 5 (pH = –log[H+]).
Devido à existência de ácido na solução, o pH não poderá ficar acima de 7 (água pura).

RESPOSTA Alternativa C

69
DIAGRAMA DE IDEIAS

AO SOFRER
AUTOIONIZAÇÃO
FORMA
H2O H+ + OH-

Kw = [H+] · [OH-] A 25ºC E


1 atm. ONDE KW = 10-14

UMA SOLUÇÃO
PODE SER

ÁCIDA NEUTRA BÁSICA


[H+] > [OH-] [H+] = [OH-] [H+] < [OH-]

pH < 7 pH = 7 pH > 7

POTENCIAL POTENCIAL
HIDROGENIÔNICO (pH) HIDROXILIÔNICO (pOH)

pH = -log [H+] pOH = -log [OH-]


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

70
C. NaCℓ é um sal de ácido forte e base forte. Ocorre
um “empate” entre caráter ácido e caráter básico, e
a solução de NaCℓ é neutra.
D. NH4CN é um sal de ácido fraco e base fraca.
EQUILÍBRIOS Nesse caso, para decidir se o meio é ácido ou básico
deve-se consultar Ka e Kb:
IÔNICOS:
HCN → Ka = 4,9 · 10–10
HIDRÓLISE SALINA NH4OH → Kb = 1,8 · 10–5
⇒ Kb > Ka (solução básica)

Como Kb > Ka, isso significa que a base é mais forte (me-
nos fraca) que o ácido, e a solução do sal será básica.

CN
Caso Ka > Kb a solução seria ácida. E se Ka e Kb fossem
AULAS iguais, a solução seria neutra.
47 E 48 Assim, os 4 casos possíveis são:
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5, 6 e 7 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27
Resumindo:
Sal de ácido forte e de base fraca ⇒ solução ácida
Sal de ácido fraco e de base forte ⇒ solução básica
Sal de ácido forte e de base forte ⇒ solução neutra
Sal de ácido fraco e de base fraca:
1. Hidrólise salina se Ka > Kb solução ácida
É denominada hidrólise salina a reação entre um sal e a se Ka < Kb solução básica
água que produz o ácido e a base correspondentes. Portan- se Ka = Kb solução neutra
to, a hidrólise do sal é a reação inversa da neutralização.

hidrólise salina
sal + água         ácido + base 1.2. O conceito de hidrólise salina
neutralização ou salificação
Por que razão aparece H+? Quando a solução salina é ácida
ou de OH– é básica?
Voltando aos exemplos:
1.1. Previsão do caráter ácido-básico a) sal de ácido forte e base fraca:
de uma solução de sal
NH4Br + H2O  HBr + NH4OH
O pensamento de que a solução aquosa de um sal é neutra
iônico molecular forte fraca
é muito frequente. Entretanto, isso nem sempre é verda-
Logo:
deiro, como indicam três dos quatro experimentos A, B, C e
NH4+ Br– + H2O  H+ + Br- + NH4OH
D mostrados a seguir:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em resumo:
A. NaCN(aq) (solução básica)
NH4+ + H2O  H+ + NH4OH
B. NH4Cℓ(aq) (solução ácida)
íons livres responsáveis pelo
C. NaCℓ(aq) (solução neutra) caráter ácido da solução

D. NH4CN(aq) (solução básica) Observe: O que sofre a hidrólise não é o sal, mas o íon
Observe um modo de prever se a solução de um sal é neu- NH4+ (da base fraca), que libera íons H+, os quais conferem
tra, ácida ou básica. à solução caráter ácido com pH menor que 7.
b) sal de ácido fraco e base forte:
Perceba que os sais escolhidos como exemplos são deriva-
dos dos ácidos HCℓ (ácido forte) e HCN (ácido fraco) e das NaCN + H2O  HCN + NaOH
bases NaOH (base forte) e NH4OH (base fraca): iônico molecular fraco forte
(quase não ioniza) (portanto dissocia muito)
A. NaCN é um sal de ácido fraco e de base forte. Há pre-
domínio do caráter básico e a solução de NaCN é básica. Assim:
B. NH4Cℓ é um sal de ácido forte e base fraca. Há pre-
domínio do caráter ácido e a solução de NH4C é ácida. Na+ + CN– + H2O  HCN + Na+ + OH–

71
Em resumo:

CN– + H2O  HCN + OH–


íons livres responsáveis pelo
caráter básico da solução

Observe: Nesse caso, o que sofre a hidrólise é o íon CN-


(do ácido fraco), que libera íons OH– , os quais conferem à
solução caráter básico com pH maior que 7. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
c) sal de ácido forte e base forte
Bolhas explosivas - Eletrólise da água (experiência)
NaBr + H2O  HBr + NaOH
iônico molecular forte forte

Na+ + Br– + H2O  H+ + Br– + Na+ + OH–


2. Grau e constante de
Assim:
hidrólise (αh e Kh)
O grau de hidrólise (αh) de um sal é definido como:
H2O  H+ + OH–
quantidade de mols hidrolisados
_________________________
αh =   
​       ​ ​
Uma vez que o NaOH é uma base forte, os íons Na+ não quantidade inicial de mols
vão captar os íons OH– da água.
Do mesmo modo, uma vez que o HBr é um ácido forte, os Em relação à constante de hidrólise, são necessárias duas
íons Br– não vão captar os íons H+ da água. pequenas ressalvas:
Nesse caso, portanto, não há hidrólise. § considerar sempre a equação “iônica” de hidrólise; e
A solução terá caráter neutro, com pH igual a 7. § simplificar a fórmula de K, admitindo a concentração
de H2O praticamente constante.
Conclusão: Na solução salina, predomina sempre o cará-
ter mais forte. Para explicar essas considerações, será retomado o primei-
ro caso: sal de ácido forte e base fraca.
Se o sal for formado por ácido/base de mesma força (2
fortes), a solução final será neutra NH4+ + H2O  H+ + NH4OH
d) sal de ácido fraco e base fraca
A expressão usual do Kc é:

NH4CN + H2O  HCN + NH4OH [H+][NH OH] [H+][NH4OH]


Kc = __________
​  + 4  ​ ⇒ KC ⋅ [H2O] =__________
​   ​
iônico molecular fraco fraco [NH4 ][H2O] [NH4+]
Considerando que as soluções são em geral bastante dilu-
Assim:
ídas, conclui-se que o pouco de H2O gasto na reação não
vai alterar a concentração de H2O. Portanto, se [H2O] =
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

NH4+ CN– + H2O  HCN + NH4OH


praticamente praticamente constante, Kc · [H2O] também é constante.
não se ioniza não se dissocia

A esse produto denomina-se constante de hidrólise, que


Uma vez que tanto o ácido como a base são fracos, vai representa-se por Kh.
ocorrer a hidrólise do sal e não apenas de um dos íons –
Portanto:
como nos dois casos anteriores. [H+][NH4OH]
Kh =__________
​   ​
Conclusão: O que sofre hidrólise são os íons correspon- [NH4+]
dentes ao ácido e/ou à base fracas. Retomando o segundo caso:
Nesse caso, o meio pode ficar ácido, básico ou neutro. CN– + H2O  HCN + OH–
O meio será ligeiramente ácido se a ionização do ácido Por raciocínio análogo, nessa equação tem-se:
for maior que a da base (Ka > Kb), ligeiramente básico se a
[HCN][OH–]
ionização do ácido for menor que a da base (Ka < Kb) ou Kh =_________
​   ​
[CN–]
neutro se forem iguais (Ka = Kb).

72
Para o terceiro caso, tem-se: 2.1. Solução tampão
NH4+ + CN– + H2O  HCN + NH4OH Trata-se de soluções que mantêm o pH aproximadamente
[HCN][NH OH] constante, mesmo que elas venham a receber ácidos ou
Kh = ___________
​  + 4–  ​
   bases fortes. As soluções tampão são geralmente forma-
[NH4 ][CN ]
das por um ácido fraco e um sal desse ácido ou por uma
Observe que a constante de hidrólise é escrita regularmen- base fraca e um sal dessa base. As soluções tampão são
te e não aparece na fórmula o valor de [H2O], que já está usadas sempre que um químico necessita de um meio com
incluído no Kh. pH aproximadamente constante. Elas são preparadas com
a dissolução dos solutos em água.
Essas relações entre a constante de hidrólise e as constan-
tes do ácido e/ou da base fracos podem ser demonstradas
matematicamente.
2.1.1. Solução de ácido acético (H3CCOOH)
e acetato de sódio (H3CCOONa):
Para um sal de ácido forte e base fraca:
k H3CCOONa  Na+ + H3CCOO–
Kh = __
​  w ​
Kb
H3CCOOH  H+ + H3CCOO–
Para um sal de ácido fraco e base forte:
k Observe que a solução terá muitos íons Na+ + H3CCOO– e
Kh = __
​  w ​ muitas moléculas H3CCOOH não ionizadas.
Ka
O pH dessa solução não varia, pois a base adicionada rea-
Para um sal de ácido e base fracos:
ge com o CH3COOH formando CH3COO–.
kw
Kh = ​ ​ _____ ​ ​ O ácido adicionado, por sua vez, reage com o CH3COO–
Ka ⋅ Kb formando CH3COOH.
Observe que nas três últimas fórmulas sempre há: Exemplos de outros sistemas tamponantes:
§ no numerador: Kw, que é o produto iônico da água
(Kw = 10–14); e NH4OH / NH4Cℓ; H2CO3 / NaHCO3;

§ no denominador: K da parte fraca (da base fraca, do NaCN/HCN ; HCN/CN– etc.


ácido fraco ou de ambos).

VIVENCIANDO

Um sistema-tampão é formado por um ácido fraco e o seu sal. Em condições normais, o ácido fraco e o sal do siste-
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ma-tampão existem em uma relação constante que o organismo tende a preservar. Se ácido clorídrico for gotejado
continuamente em água durante um intervalo de 90 minutos, será possível verificar que o pH da água passará de 7
para 1,84. Já se for administrada proporcionalmente a mesma quantidade de ácido clorídrico a um cão no mesmo
período de tempo, será possível verificar que o pH do sangue do animal passará de 7,44 para 7,14. A diferença
de comportamento diante da mistura com o ácido clorídrico reflete a atuação dos sistemas-tampão do plasma do
animal, que impedem a variação mais acentuada do pH. O sistema-tampão do bicarbonato e ácido carbônico cor-
responde a cerca de 64% do total de tampões. Esse sistema é essencial à regulação do equilíbrio ácido-base, pois o
metabolismo celular gera muito ácido como produto final sob a forma de ácido carbônico.

73
3. Mediu-se o pH de soluções aquosas de NaCℓ,
Aplicação do conteúdo C6H5COONa (benzoato de sódio) e NH4Cℓ.
Os resultados obtidos indicaram que a solução NaCℓ é
1. Para se obter uma solução aquosa de pH maior que 7,
deve-se dissolver em água pura: neutra, a de C6H5COONa é básica e a de NH4Cℓ é ácida.
a) Explique por que as soluções apresentam essas
a) bicarbonato de sódio; características.
b) ácido bromídrico; b) Escreva a equação química correspondente à dis-
c) brometo de sódio; solução de cada substância em água dos casos em
d) álcool metílico; que ocorre hidrólise. Escreva a expressão da constan-
e) brometo de amônio. te de equilíbrio em cada um desses casos.

Resolução: Resolução:
a) NaHCO3 ⇒ sal de ácido fraco e base forte ⇒ meio a) NaCℓ – sal de ácido e base forte não sofre hidró-
básico, pH > 7. lise, pH = 7.
b) HBr  H+ + Br– meio ácido, pH < 7. C6H5COONa – sal de ácido fraco e base forte, pH > 7.
c) NaBr ⇒ sal de ácido forte e base forte não hidro- NH4Cℓ – sal de ácido forte e base fraca, pH < 7.
lisa, pH = 7. b) C6H5COO– + H2O  C6H5COOH + OH–
d) H3C – OH ⇒ meio neutro, pH = 7.
[C6H5COOH][OH–]
e) NH4Br ⇒ sal de ácido forte e base fraca meio áci- Kh = _____________
​    
    ​
do, pH < 7. [C6H5COO–]

Alternativa A NH4+ + H2O  NH4OH + H+

[NH4OH][H+]
2. As propriedades de um indicador ácido-base estão Kh = __________
​   ​
esquematizadas na equação e na figura a seguir: [NH+4]

HInd(aq)  H+(aq) + Ind–(aq) 4. A constante de ionização do ácido nitroso (HNO2), a


25 °C, é 4 · 10–4.
(amarelo) (verde) (azul)
A constante de hidrólise do nitrito de sódio (NaNO2) é:
cor

Dado: Kw = 10–14
pH 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Que cor apresentará esse indicador se adicionado em Resolução:
cada uma das soluções aquosas destas substâncias? NaNO2 = sal de ácido fraco e base forte para um sal de ácido
a) ácido acético fraco e base forte:
b) amônia
kw
c) acetato de sódio Kh = __
​   ​
Ka
d) cloreto de hidrogênio
e) cloreto de sódio Ka = 4 ⋅ 10–4, Kh = ?

​  10 –4 ​
–14
Resolução: Kh = _______
4 × 10
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) H3C–COOH  H+ + CH3COO–, meio ácido ⇒ ⇒ Kh = 2,5 ⋅ 10–11

pH < 7 cor amarela. 5. O ácido fosfórico (H3PO4) é um ácido triprótico e


possui três valores de pKa (pKa1 = 2,14; pKa2 = 6,86;
b) NH3 + H2O  NH+4 + OH–, meio básico ⇒
pKa3 = 12,4). Qual é a razão molar de HPO4-2 e H2PO4-
pH > 7 cor azul. que produziria uma solução de pH 7,0? Dica: somente
um dos valores de pKa é relevante.
c) CH3COONa ⇒ sal de ácido fraco e base forte meio
básico ⇒ cor azul. Resolução:
d) HCℓ(g) + H2O(ℓ)  H3O+(aq) + Cℓ–(aq), solução ácida ⇒ Pela mesma ideia do pH, pKa = - log Ka; então, segue que:
pH < 7 cor amarela.
H3PO4  H+ + H2PO4- Ka1 = 10–2,14
e) NaCℓ ⇒ sal de ácido forte e base forte, não hidro-
H2PO 4-  H+ + HPO42- Ka2 = 10–6,86
lisa; meio neutro ⇒ pH = 7 cor verde.
HPO42-  H+ + PO43- Ka3 = 10–12,4

74
Em pH 7,0, todas as moléculas do ácido fosfórico estarão na Substituindo os valores dos pKa e pH, tem-se:
forma de HPO4-2 e H2PO4-, o que corresponde à segunda dissocia-
[HPO​2-4]​
ção desse ácido, ou seja, deve-se utilizar a segunda equação de 6,86 = 7,0 – log______
​   ​
ionização com o pKa2 = 6,86. [H2PO​ 4-]​
[HPO​2-4]​ [HPO​2-4]​
Tomando a segunda equação de ionização, tem-se que a sua –0,14 = -log ______
​   ​ ⇒ 0,14 = log______ ​   ​
constante de ionização é: H2PO​ 4-]​ [H2PO​ 4-]​
[HPO​2-4]​
______
[H+] · [HPO​2-4]​ ​   ​ = 100,14
Ka = __________
​   ​ [H2PO​ 4-]​
[H2PO​ 4-]​
[HPO​2-4]​
______
​   ​= 1,38
Rearranjando as incógnitas, tem-se: [H2PO​ 4-]​
[HPO​2-4]​ Assim, a razão molar de HPO4-2 e H2PO4- será de 1,38.
Ka = [H+] ·______
​   ​
[H2PO​ 4-]​

Aplicando [– log] em cada lado da equação, tem-se:


[HPO​2-4]​
–log(Ka) = – log [H+] ∙ ______
​   ​
[H2PO​ 4-]​

( )
[HPO​2-4]​
–log(Ka) = –log[H+] + ​ – log ______
​   ​  ​
[H2PO​ 4-]​
multimídia: site
[HPO​2-4]​
pKa = pH – log ______
​   ​
[H2PO​ 4-]​
qnesc.sbq.org.br/online/qnesc24/eeq1.pdf

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Um dos sistemas-tampão mais importantes é o do sangue, que permite a manutenção das trocas gasosas e das
proteínas (ver desnaturação). O pH do sangue é de 7,4, e o principal sistema-tampão é um equilíbrio entre o ácido
carbônico e o íon a ele associado, o bicarbonato. Esse sistema evita variações de 0,3 unidades de pH, as quais po-
deriam trazer graves consequências ao ser humano. Os tampões, denominação traduzida do original inglês buffer
(amortecedor), são as substâncias que limitam as variações do pH do sangue e demais líquidos orgânicos ao se
combinarem com os ácidos ou as bases que alcançam aqueles líquidos. As substâncias que constituem os tampões
agem aos pares ou, menos comumente, em grupos, constituindo um sistema protetor.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

75
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

É necessário o uso de uma linguagem universal para nomear os compostos químicos existentes. Esses compos-
tos podem ser de natureza ácida, básica ou neutra. Para isso, é importante conhecer suas diferentes formas de
interação enquanto soluções aquosas.

MODELO 1
(Enem) Visando minimizar impactos ambientais, a legislação brasileira determina que resíduos químicos lan-
çados diretamente no corpo receptor tenham pH entre 5,0 e 9,0. Um resíduo líquido aquoso gerado em um
processo industrial tem concentração de íons hidroxila igual a 1,0 · 10-10 mol/L. Para atender a legislação, um
químico separou as seguintes substâncias, disponibilizadas no almoxarifado da empresa: CH3COOH, Na2SO4,
CH3OH, K2CO3 e NH4Cl.
Para que o resíduo possa ser lançado diretamente no corpo receptor, qual substância poderia ser empregada
no ajuste do pH?
a) CH3COOH
b) Na2SO4
c) CH3OH
d) K2CO3
e) NH4Cl

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para um resíduo líquido aquoso gerado em um processo industrial com concentração de íons hidroxila igual a
1,0 · 10-10 mol/L, tem-se:
[OH-] = 10-10 mol/L
pOH = -log 10-10 = 10
pH = 14 – 10 = 4
pH = 4 (meio ácido)
Fazendo a hidrólise dos compostos fornecidos nas alternativas, têm-se:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

diminuirá.

76
CH3OH
Não sofre hidrólise. Meio neutro.
O pH do meio não sofrerá alteração.

O excesso de ânions OH- neutralizará os cátions H+ em excesso e o pH do meio aumentará.

O pH do meio diminuirá.

RESPOSTA Alternativa D

VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

77
DIAGRAMA DE IDEIAS

SAIS

PODEM SER

ÁCIDOS NEUTROS BÁSICOS

EM ÁGUA EM ÁGUA EM ÁGUA


FORMAM FORMAM FORMAM

ÁCIDO FORTE E BASE E ÁCIDO BASE FORTE E ÁCIDO


BASE FRACA DE MESMA FORÇA FRACO OU MODERADO
FORMANDO
FORMANDO FORMANDO
SOLUÇÃO COM
SOLUÇÃO COM SOLUÇÃO COM

PH = 7
PH < 7 PH > 7
EXEMPLO
EXEMPLO NaCℓ + H2O → EXEMPLO
Na+ + OH- + H+ + Cℓ-
NH4Br + H2O  OU NaCN + H2O 
NH4OH + H+ + Br – Na+ + OH– + HCN
NH4S + H2O 
NH4OH + H2S
PARA CALCULAR pH PARA CALCULAR pH
PARA CALCULAR pH

Kh = ​ 10
____ 10-14  ​
Kh = ​ ______ Kh = ​ 10
____
-14 -14
 ​  ​
Kb Ka · Kb Ka
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

78
Em geral, a fase que melhor se presta à aplicação da Lei da
Ação das Massas é a fase gasosa, pois ela reúne o maior
número de substâncias – gases e vapores dos sólidos e
dos líquidos existentes no equilíbrio, casos em que é mais
frequente o uso de KP do que o de Kc.
EQUILÍBRIOS Por exemplo: a dissociação (decomposição) térmica do car-
HETEROGÊNEOS bonato de cálcio num recipiente fechado:
CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)

Essa reação ocorre por volta de 1.000 °C. Quando realizada


dentro de um recipiente fechado, ela se torna reversível. Como
acontece com todas as reações reversíveis, certo tempo depois

CN
ela alcança um equilíbrio (equilíbrio químico heterogêneo).
AULAS
Nesse processo existem três fases (porções homogêneas):
49 E 50 duas fases sólidas (CaCO3 e CaO) e uma fase gasosa. A fase
gasosa é formada principalmente por CO2; no entanto, é
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
possível considerar que nela também há vestígios de CaCO3
5, 6 e 7 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27
e CaO, que volatilizaram em razão da alta temperatura.
Constante de equilíbrio Kp:
p(CaO) p(CO2)
1. Equilíbrios heterogêneos Kp = ___________
​ 
p(CaCO3)
 ​
Equilíbrio heterogêneo é o equilíbrio que se estabelece em Em outras palavras, os valores pCaO e pCaCO3 representam
um sistema heterogêneo. as pressões máximas de vapor dos sólidos CaO e CaCO3 à
Entre os equilíbrios heterogêneos encontram-se casos de: temperatura de equilíbrio. Esses valores são extremamente
§ Equilíbrios físicos que compreendem apenas fenô- pequenos. Entretanto, o mais importante são valores cons-
menos físicos. Por exemplo, o fenômeno que se esta- tantes a uma dada temperatura, independentemente das
belece entre a água líquida e o seu vapor em um reci- quantidades dos sólidos CaO e CaCO3 existentes no siste-
piente fechado: ma. Por esse motivo, a fórmula anterior pode ser reescrita:
p(CaCO3)
HO HO
2 (ℓ) 2 (v) Kp ⋅ _______
​   ​ = p(CO2) ⇒ Kp ⋅ K = K’p = p(CO2)
equilíbrio de vaporização
p(CaO)
constante
§ Equilíbrios químicos que compreendem reações químicas:
Ao escrever a fórmula de KP, podem constar apenas os
CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)
gases, e os sólidos (e líquidos eventualmente existentes)
FeO(s) + CO(g)  Fe(s) + CO2(g) podem ser omitidos:
Ocorrem também entre uma solução saturada e o precipi- p(CO)2
2 C(s) + O2(g)  2 CO(g) ⇒ KP = _____
​   ​
tado correspondente: p(O2)
p(CO2)
BaSO4(s)  Ba2+(aq) + SO42–(aq) FeO(s) + CO(g)  Fe(s) + CO2(g) ⇒ KP = _____
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​   ​
p(CO)
Fe(OH)3(s)  Fe3+(aq) + 3 OH–(aq) p(H O)4
Fe3O4(s) + 4 H2(g)  3 Fe(s) + 4 H2O(g) ⇒ KP = ______
​  2 4 ​
p(H2)
2. Aplicação da Lei da Observe que os sólidos (e os líquidos) não foram de fato
Ação das Massas aos omitidos, considerando que as pressões de vapor dos só-
lidos (e líquidos) são constantes a uma dada temperatura
equilíbrios heterogêneos cujos valores já estão inseridos no próprio valor de KP.
A Lei da Ação das Massas ou Lei de Guldberg-Waage, O que foi dito para KP vale, de modo idêntico, para Kc –
que corresponde às expressões KC e KP, só vale para sistemas em relação à fase gasosa, as concentrações dos sólidos (e
homogêneos. Ela não pode ser aplicada a um sistema hete- líquidos) também são constantes a uma dada temperatura.
rogêneo considerado no seu todo. Contudo, nada impede de
Assim:
aplicá-la a cada uma das fases (porções homogêneas) que [CO]2
2 C(s) + O2(g)  2 CO(g) ⇒ Kc = ____
​   ​
constituem um sistema heterogêneo. [O2]

79
3. Relação entre KP e KC
KP = KC . (RT)Dn
Para que ela possa ser aplicada a equilíbrios heterogêneos,
é necessário considerar apenas os gases no cálculo de
Dn, uma vez que apenas eles participam de KP.
Por exemplo: multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
CaCO3(s)  CaO(s) + CO2 (g) Experiência de Equilíbrio Químico | Cromato e Dicrom.
KP = KC ∙ RT1
0 mol de gás    1 mol de gás Dn = 1 – 0 = 1

2 Pb(NO3)2(s)  2 PbO(s) + 4 NO2(g) + O2(g) KP = KC ∙ RT5 3.1. Princípio de Le Chatelier em


Dn = 5 – 0 = 5
0 mol de gás      5 mol de gás
equilíbrios heterogêneos
NH3(g) + HCℓ(g)  NH4Cℓ(s) KP = KC ∙ RT-2 O princípio de Le Chatelier, estudado anteriormente,
2 mol de gás    0 mol de gás Dn = 0 – 2 = - 2 continua valendo para os equilíbrios heterogêneos, embora
com certas ressalvas que serão discutidas a seguir.
Não existe relação
PbCℓ2(s)  Pb2+(aq) + 2 Cℓ–(aq) 1. Influência da temperatura
entre KP e KC,
nenhum gás participa do equilíbrio pois não existe KP
A influência da temperatura nos equilíbrios heterogêneos
segue exatamente as mesmas regras já explicadas para os
equilíbrios homogêneos, ou seja:
Aplicação do conteúdo
1. O aumento de temperatura desloca o equilíbrio no
2 NaHCO3(s)  Na2CO3(s) + CO2(g) + H2O(g) sentido endotérmico.

Relativamente a essa equação, a constante de equilíbrio A diminuição de temperatura desloca o equilíbrio


no sentido exotérmico.
(KP) é igual a 0,36 se as pressões forem medidas em at-
mosferas a uma certa temperatura. Ao se estabelecer o
equilíbrio, a pressão parcial do CO2 nessa temperatura será: Por exemplo, na decomposição endotérmica:
a) 0,36 atm.
CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)
b) 0,12 atm.
c) 0,60 atm. experimentalmente há:
d) 0,18 atm.
Temperatura (ºC) Kp = pco2
e) 0,09 atm.
700 22,2
Resolução:
800 167
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Na equação dada, observa-se que, partindo de 2 mols de 900 793


NaHCO3(s) puro, chega-se a 1 mol de CO2(g) e 1 mol de H2O(g).
1.000 2.942
Em consequência, as pressões parciais desses dois gases,
no equilíbrio, serão iguais (x atmosferas). Substituídos os O aumento de temperatura desloca o equilíbrio para a di-
valores na expressão KP = p(CO2) ⋅ p(H2O), obtém-se: reita, sentido que faz aumentar a quantidade de CO2, ou
0,36 = x ⋅ x seja, sentido endotérmico.
⇒ x2 = 0,36 2. Influência da pressão total sobre o sistema
____
⇒x=√
​ 0,36 ​
Considerando que a influência da pressão sobre os sólidos
⇒ x =0,60 atm e os líquidos é desprezível, pode-se concluir que, ao aplicar
Alternativa C o princípio de Le Chatelier a um sistema heterogêneo,
deve-se considerar apenas a presença das substâncias ga-
sosas, empregando o que foi estudado anteriormente.

80
Exemplo:
O aumento de pressão desloca o equilíbrio no CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)
sentido de menor volume (menor número de CaCO3 e CaO são sólidos, a pressão pouco influi;
mols). CO2 é gasoso, a pressão influi no volume.
A diminuição de pressão desloca o equilíbrio no Na reação, um aumento de pressão desloca o equilíbrio para
sentido de maior volume (maior número de mols). a esquerda, favorecendo a reação inversa, que é o sentido de
menor volume. Assim, forma-se maior quantidade de CaCO3,
que, sendo sólido, escapa do aumento de pressão.

VIVENCIANDO

A perda de biodiversidade de ecossistemas marinhos causa diversas consequências, uma delas é a erosão de plata-
formas continentais, que não apresentarão mais corais, que ajudam a fixar os sedimentos. Estima-se que até 2100,
cerca de 70 % dos corais de águas frias estarão expostos a águas corrosivas.
Por outro lado, outras pesquisas apontam para a direção oposta, afirmando que alguns microrganismos se beneficiam
com esse processo. Isso ocorre porque a acidificação dos oceanos pode ser positiva para alguns microrganismos ma-
rinhos. A diminuição do pH altera a solubilidade de alguns metais, como o ferro III, que é um micronutriente essencial
para o plâncton, tornando-o, assim, mais disponível, favorecendo um aumento da produção primária, que acarreta em
uma maior transferência de CO2 para os oceanos. Além disso, o fitoplâncton produz um componente denominado di-
metilssulfeto, que, ao ser lançado para a atmosfera, contribui para a formação de nuvens, que refletem os raios solares,
controlando o aquecimento global. Esse efeito é positivo até que sejam reduzidas as absorções de CO2 pelo oceano,
devido à saturação desse gás nas águas, situação sob a qual o fitoplâncton, pela menor oferta de ferro III, produzirá
menos dimetilssulfeto.

3.2. Influência da adição ou retirada Nesse caso, a adição ou a retirada (não total) – seja de
CaCO3, seja de CaO – não deslocam o equilíbrio. No en-
de um participante do equilíbrio tanto, a adição ou a retirada de CO2 afetam o equilíbrio:
A adição ou retirada de um participante sólido ou líquido
§ adição de CO2: o equilíbrio desloca-se para a esquerda;
não afeta o equilíbrio (desde que, evidentemente, esse
participante continue existindo no sistema). Apenas a § retirada de CO2: o equilíbrio desloca-se para a direita.
adição ou a retirada de um participante gasoso é que Outro exemplo:
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

desloca o equilíbrio.
FeO(s) + CO(g)  Fe(s) + CO2(g)
Nesse caso, o deslocamento obedece aos mesmos critérios
Nesse caso, a adição ou a retirada (não total) de FeO ou Fe
que foram vistos para o equilíbrio homogêneo.
não deslocam o equilíbrio; apenas as variações nas quanti-
dades de CO e CO2 afetam-no:
A adição de uma substância desloca o equilíbrio no § adição de CO: o equilíbrio desloca-se para a direita;
sentido que irá consumi-la.
§ retirada de CO: o equilíbrio desloca-se para a esquerda;
A retirada de uma substância desloca o equilíbrio
§ adição de CO2: o equilíbrio desloca-se para a esquerda;
no sentido que irá refazê-la.
§ retirada de CO2: o equilíbrio desloca-se para a direita.

Exemplo: Essas conclusões podem também ser obtidas da análise da


fórmula de Kp:
CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g) p(CO2)
Kp = _____
​   ​
P(CO)

81
Quando adicionado CO, sua pressão parcial (p(CO)) au- De acordo com o princípio de Le Chatelier, a produção da
menta. Para manter KP constante, deve-se aumentar cal virgem pode ser aumentada pelo calor e pela rápida
p(CO2), o que significa deslocar o equilíbrio para a direita. retirada de CO2 que se forma durante o aquecimento.
A partir de raciocínio análogo é possível interpretar: A segunda reação (FeO + CO  Fe + CO2) é uma das re-
ações mais importantes que ocorrem no interior de um al-
§ retirada de CO;
to-forno siderúrgico que produz ferro-gusa, matéria-prima
§ adição de CO2;
da produção de aço. Também de acordo com o princípio de
§ retirada de CO2.
Le Chatelier, a produção de ferro pode ser ampliada se for
Sob o ponto de vista industrial, as reações do primeiro e do aumentada a concentração de CO no forno. Entretanto, a
segundo exemplos são bastante relevantes. pressão total não influi nesse equilíbrio.
De fato, a primeira (CaCO3  CaO + CO2) representa a
decomposição do calcário (CaCO3, abundante na natureza)
e a formação do CaO, cal virgem, muito usada em constru-
ções, na agricultura e na indústria.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Por menor que seja uma mudança, ela pode alterar drasticamente o meio ambiente. As mudanças de temperatura, do
clima, do nível de chuva ou até do número de animais podem causar o total desequilíbrio ambiental. O mesmo pode
ser dito sobre a alteração do pH (índice que indica o nível de alcalinidade, neutralidade ou acidez de uma solução
aquosa) dos oceanos.
Estudos preliminares apontam que a acidificação dos oceanos afeta diretamente organismos calcificadores, como
alguns tipos de mariscos, algas, corais, plânctons e moluscos, dificultando sua capacidade de formar conchas, levando
ao seu desaparecimento. Em quantidades normais de absorção de CO2 pelo oceano, as reações químicas favorecem
a utilização do carbono na formação de carbonato de cálcio (CaCO3), utilizado por diversos organismos marinhos na
calcificação. O aumento intenso das concentrações de CO2 na atmosfera e consequente diminuição de pH das águas
oceânicas acaba por alterar o sentido dessas reações, fazendo com que o carbonato dos ambientes marinhos se ligue
com os íons H+, ficando menos disponível para a formação do carbonato de cálcio, essencial para o desenvolvimento
de organismos calcificadores.
A diminuição das taxas de calcificação afeta, por exemplo, o estágio de vida inicial desses organismos, bem como
sua fisiologia, reprodução, distribuição geográfica, morfologia, crescimento, desenvolvimento e tempo de vida. Além
disso, afeta também a tolerância a mudanças na temperatura das águas oceânicas, tornando-os mais sensíveis, in-
terferindo na distribuição de espécies mais sensíveis. Ambientes que naturalmente apresentam altas concentrações
de CO2, como regiões vulcânicas hidrotermais, são demonstrações dos ecossistemas marinhos futuros, apresentando
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

baixa biodiversidade e elevado número de espécies invasoras.

82
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

É fundamental o uso de uma linguagem universal para nomear os compostos químicos existentes. Para isso, é
importante conhecer suas diferentes formas de interação enquanto soluções aquosas.

MODELO 1
(Enem) Os refrigerantes têm-se tornado cada vez mais o alvo de políticas públicas de saúde. Os de cola apre-
sentam ácido fosfórico, substância prejudicial à fixação de cálcio, o mineral que é o principal componente da
matriz dos dentes. A cárie é um processo dinâmico de desequilíbrio do processo de desmineralização dentária,
perda de minerais em razão da acidez. Sabe-se que o principal componente do esmalte do dente é um sal
denominado hidroxiapatita. O refrigerante, pela presença da sacarose, faz decrescer o pH do biofilme (placa
bacteriana), provocando a desmineralização do esmalte dentário. Os mecanismos de defesa salivar levam de 20
a 30 minutos para normalizar o nível do pH, remineralizando o dente. A equação química seguinte representa
esse processo:

GROISMAN, S. Impacto do refrigerante nos dentes é avaliado sem tirá-lo da dieta.


Disponível em: <www.isaude.net>. Acesso em: 1 maio 2010 (adaptado).

Considerando que uma pessoa consuma refrigerantes diariamente, poderá ocorrer um processo de desminera-
lização dentária, devido ao aumento da concentração de:
a) OH-, que reage com os íons Ca2+, deslocando o equilíbrio para a direita;
b) H+, que reage com as hidroxilas OH-, deslocando o equilíbrio para a direita;
c) OH-, que reage com os íons Ca2+, deslocando o equilíbrio para a esquerda;
d) H+, que reage com as hidroxilas OH-, deslocando o equilíbrio para a esquerda;
e) Ca2+, que reage com as hidroxilas OH-, deslocando o equilíbrio para a esquerda.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Considerando que uma pessoa consuma refrigerante diariamente, poderá ocorrer um processo de des-
mineralização dentária, devido ao aumento da concentração de H+, que reage com as hidroxilas OH-,
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

deslocando o equilíbrio para a direita.


vmineração = K[Ca2+]5 [PO4-3]3 [OH-]

Como H(aq)
+
+ OH(aq)
-
→ H2O(l), os íons OH- são consumidos e a velocidade de mineralização diminui, ou seja, o
equilíbrio desloca-se para a direita.

RESPOSTA Alternativa B

83
DIAGRAMA DE IDEIAS

É UM
EQUILÍBRIO QUÍMICO EQUILÍBRIO DINÂMICO

TEM

PARA SEU CÁLCULO SÃO CONSIDERADAS


CONSTANTE DE
APENAS SUBSTÂNCIAS NO
EQUILÍBRIO (K)
ESTADO GASOSO OU AQUOSO
PODE ESTAR EM
FUNÇÃO DA

CONCENTRAÇÃO (KC) PRESSÃO (KP)

SE RELACIONAM
PELA EXPRESSÃO

KC = KP · (R · T)∆n
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

84
1. escreva a equação de equilíbrio devidamente balan-
ceada; e
2. escreva a expressão da constante de equilíbrio sem con-
EQUILÍBRIOS siderar o sólido precipitado.
HETEROGÊNEOS: Observe estes exemplos:

PRODUTO DE Equilíbrio
Expressão do
produto de
SOLUBILIDADE solubilidade
BaSO4(s)  Ba2+
(aq)
+ SO42-(aq) KPS = [Ba2+] [SO2–
4
]

CaF2(s)  Ca2+(aq) + 2 F–(aq) KPS = [Ca2+] [F–]2

CN AULAS Ca3(PO4)2(s)  3 Ca2+(aq) + 2 PO43 (aq)


- KPS = [Ca2+ ]3 [PO3–
4
]2

51 E 52 Observe: As concentrações molares que aparecem na


COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
expressão de KPS sempre correspondem às concentrações
3, 6 e 7 17, 21, 24, 25, 26 e 27
da solução saturada pelos íons que estariam em equilíbrio
com o precipitado.

1.2. Produto de solubilidade


1. Constante do produto de (KPS) e solubilidade (S)
solubilidade (ps ou kps) Saber calcular o valor de KPS é fundamental, mas também
é fundamental saber interpretar o significado e as relações
Suponhamos uma solução do eletrólito A2B3, pouco solú- dessa constante com outros conceitos já estudados. Por
vel, em presença de seu corpo de fundo (parte insolúvel). exemplo: qual é a diferença entre os conceitos de solubili-
A parte que se dissolve está sob a forma de íons A3+ e dade (S) e de produto de solubilidade (KPS)?
B2– ,e a parte não solúvel está na forma não ionizada Veja neste quadro a comparação desses conceitos.
A2B3 e seus íons na solução, que pode ser representada
pela equação: Produto de
Solubilidade (S)
A2B3(s)  2 A 3+
+3B 2– solubilidade (KPS)
(aq) (a)

Como todo o equilíbrio, esse também deve obedecer à lei: É a quantidade da substância que
se dissolve para formar uma solução
[A3+]2 ⋅ [B2–]3
Ki = __________
​   ​ saturada. Corresponde à concen- É a constante de equilíbrio
[A2B3] tração de uma solução saturada. do processo sólido iônico 
Ki ⋅ [A2B3] = [A3+]2 ⋅ [B2–]3 íons dissolvidos
Pode ser expressa em gramas de solu-
Como a concentração de um sólido tem valor constante, o to / 100g de H2O ou g/L ou em mol/L.
produto Ki.[A2B3] da fórmula mencionada também é cons-
A solubilidade (S) e o produto de solubili-
tante e é chamado de produto de solubilidade.
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

dade (KPS) variam com a temperatura.


KPS = [A3+]2.[B2-]3
Para um equilíbrio genérico, em 1,0 L:
Portanto, o produto de solubilidade (KPS ou Ps) é o produ-
(C+)x (A–)y  x⋅C+ + y⋅A–
to das concentrações molares dos íons existentes em
uma solução saturada, da qual cada concentração é eleva- S mol x⋅S mol y⋅S mol
da a um expoente igual ao respectivo coeficiente do íon na A expressão de Kps, é dada por:
correspondente equação de dissociação.
Kps = [C+]x ⋅ [A–]y

1.1. Como achar a expressão de Kps? Uma vez que:

Nas considerações que faremos sobre o produto de so- [C+] = x ⋅ S mol/L e [A–] = y ⋅ S mol/L
lubilidade (Kps), é fundamental que seja analisada a ex- Logo:
pressão matemática correta, facilmente obtida mediante
estes passos: KPS = [x ⋅ S]x ⋅ [y ⋅ S]y

85
A expressão do KPS é utilizada apenas para soluções sa-
turadas de eletrólitos considerados insolúveis, porque a
concentração de íons em solução é pequena, o que resulta
soluções diluídas.
O KPS é uma grandeza que só depende da temperatura.
Quanto mais solúvel o eletrólito, maior a concentração de
multimídia: vídeo íons em solução e, consequentemente, maior o valor de KPS.
Quanto menos solúvel o eletrólito, menor o valor de KPS, des-
Fonte: Youtube
de que as substâncias comparadas apresentem a mesma
Como fazer cristais com vinagre
proporção entre íons.
(experiência de química fácil)
Exemplo:
Exemplo: BaCO3(s)  Ba2+(aq) + CO23 –(aq)  Kps = 2 · 10–9
Cloreto de prata sólido, AgCℓ adicionado em água pura a CaCO3(s)  Ca2+(aq) + CO32–(aq)  Kps = 5 · 10–9
25 ºC. Como apresenta a mesma proporção em íons (1:1), o CaCO3
O sistema é deixado em repouso por alguns dias para que é mais solúvel que o BaCO3 porque tem valor maior de KPS.
se tenha certeza de que foi alcançado o equilíbrio entre o Se as substâncias comparadas tiverem proporção em íons
sólido e os íons Ag+ e Cℓ– em solução. diferentes, a mais solúvel será a que apresenta maior solu-
Uma análise mostra que a concentração de Ag+ é de bilidade. Por exemplo:
1,34 · 10–5 mol/L. Ag2CrO4(s)  2 Ag+(aq) + CrO42–(aq)
Qual é o Kps do cloreto de prata? Solubilidade: x 2x x
Dados: Kps,AgCrO4 = 4 · 10-12
Portanto:
Kps = [Ag+]2 ⋅ [CrO2–
4
]
4 · 10–12 = (2 x)2 ⋅ x
⇒ 4 ⋅ 10–12 = 4 x3
A concentração de íons prata corresponde à concentração ⇒ x3 = 10–12
existente na solução saturada, ou seja, corresponde à con- ⇒ x = 10–4 mol/L (solubilidade do Ag2CrO4)
centração de íons que existe no equilíbrio de solubilidade.
Logo, em 1 L de solução é possível dissolver até 10–4 mol
Observe: de Ag2CrO4.
AgCℓ(s)  Ag+(aq) + Cℓ–(aq) BaSO4(s)  Ba2+
(aq)
+ SO42–(aq) KPS = 1 x 10–10
Não nos interessa y mol/L y mol/L y mol/L
Início 0 0
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(constante)
No KPS = [ Ba2+ ] ⋅ [ SO42– ]
1,34 · 10–5 1,34 · 10–5
equilíbrio
⇒ 10–10 = (y)2
Esta última linha obedece à proporção dos coeficientes.
⇒ y = 10–5 mol/L (solubilidade do BaSO4)
[Ag+] = [Cℓ–] porque a proporção dos coeficientes é 1 : 1. Logo, em 1 L de solução é possível dissolver até 10–5 mol
Portanto, a expressão de Kps é: de BaSO4.

KPS = [Ag+] ⋅ [Cℓ–] Conclusão: Ag2CrO4 é mais solúvel que BaSO4.

Substituídos na expressão os valores apresentados na ta-


bela, obtém-se: 2. Previsão de precipitação
KPS = [1,34 · 10–5] ⋅ [1,34 · 10–5] Se 2 eletrólitos diferentes forem misturados em solução,
é possível saber quando o precipitado vai começar a se
⇒ KPS = 1,8 · 10–10
formar, a partir de dois íons desses eletrólitos.

86
Exemplo: Resolução:
CaF2 (s)  Ca2+(aq) + 2 F–(aq)
Foram misturados volumes iguais de Pb(NO3)2 0,2 mol/L e
S mol/L S 2S
KI 0,2 mol/L.
KPS = [ Ca ] ⋅ [ F ] = [ S ] ⋅ [ 2 S ]2 = 4 ⋅ S3
2+ – 2

Haverá formação de um precipitado de PbI2?


De acordo com o enunciado, S = 2,0 ⋅ 10–4 mol/L.
Dado: KPS do PbI2 = 1,4 · 10 –8
Substituído esse valor na expressão de KPS:
Solução: concentração de cada íon em solução: KPS = 4 ⋅ S3 = 4 ⋅ ( 2,0 ⋅ 10–4 )3 = 4 ⋅ 8,0
⋅ 10–12 = 32 ⋅ 10–12 = 3,2 ⋅ 10–11
Pb(NO3)2  Pb2+ + 2 NO3–
0,2 0,2 0,4 ⇒ KPS = 3,2 ⋅ 10–11
KI  K+ + I– 2. O fosfato de cálcio, Ca3(PO4)2, é um sal pouco solúvel.
0,2 0,2 0,2
Chamando de S sua solubilidade em mol/L, o valor do KS
Se as duas soluções forem misturadas, o volume da solu- desse sal é dado por:
ção final duplicará; portanto, as concentrações de Pb2+ e
a) 9 S5. d) 108 S5.
I– caem pela metade.
b) 8 S3. e) 144 S6.
A equação iônica que representa a precipitação é: c) 6 S5.
Pb2+(aq) + 2 I–(aq)  PbI2(s) Resolução:
Uma vez que seu inverso representa a dissolução do PbI2, Ca3(PO4)2  3 Ca2+ + 2 PO43–
ao alcançar o equilíbrio haverá: S 3S 2S
PbI2(s)  Pb 2+
(aq)
+2I –
(aq) Na solução saturada há [ Ca2+ ] = 3 S mol/L e [ PO43– ] = 2 S
mol/L.
2.1. Quociente da reação (QPS) Substituídos esses valores na expressão de KS:

É calculado em razão da concentração de íons misturados. KS = [Ca2+ ]3 · [PO43– ]2 = ( 3 S )3 . ( 2 S )2 = 27 S3 · 4 S2

A precipitação ocorre se QPS for maior ao KPS. ⇒ KS = 108 S5

Neste caso: 3. O sulfato de bário, BaSO4, tem KS = 1,0 · 10–10, a 25 ºC.


Qual é a solubilidade desse sal em mol/L?
QPS = [ Pb2+ ] · [ I– ]2 = (0,1) · (0,1)2
Resolução:
⇒ QPS = 1,0 ⋅ 10–3
Chamando a solubilidade de S, obtém-se:
Se KPS = 1,4 · 10–8, concluímos que QPS > KPS.
BaSO4  Ba2+ + SO2–
4
Portanto, ocorre precipitação. S S S
Na solução saturada, [ Ba2+ ] · [ SO2–4] = S · S.
O produto de solubilidade é dado por:
KS = [ Ba2+ ] · [ SO42– ] = S . S = S2
VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

⇒ S = d​ KXXS ​= d​ 1,0 ⋅ 10 –10 ​= 1,0 · 10–5 mol/L


XXXXXXXXX

Observe: Também é possível saber qual é a solubilidade em


gramas por litro. Como a massa de BaSO4 vale 233 g/mol,
multimídia: site obtém-se:
S = 1,0 · 10–5 mol/L = 1,0 · 10–5 (233) g/L = 2,33 · 10–3 g/L
https://portal.ufpa.br/quimicanalitica/pdesolubilidade.htm Esse cálculo corresponde a esta proporcionalidade:
1 mol de BaSO4––––––233 g
1,0 · 10–5 mol de BaSO4––––––x
⇒ x = 1,0 · 10–5 ⋅ (233) = 233 · 10–5 g = 2,33 · 10–3 g
Aplicação do conteúdo
1. A solubilidade do CaF2 é igual a 2,0 ⋅ 10–4 mol/L.
Qual é o valor da KPS?

87
VIVENCIANDO

Alguns produtos químicos presentes no cotidiano tem seus Kps definidos. A tabela a seguir mostra a solubilidade de
cada composto. É uma boa forma de relembrar a solubilidade de sais e de bases e agora entender por que elas são
tão insolúveis. Lembre-se, porém, que não é necessário decorar nenhum destes valores para a realização da prova.

Substância Fórmula Kps

hidróxido de alumínio Aℓ(OH)3 2 · 10-32

carbonato de bário BaCO3 8,1 · 10-9

cromato de bário BaCrO4 2,4 · 10-10

fluoreto de bário BaF2 1,7 · 10-6

iodato de bário Ba(IO3)2 1,5 · 10-9

permanganato de bário BaMnO4 2,5 · 10-10

oxalato de bário BaC2O4 2,3 · 10-8

sulfato de bário BaSO4 1,0 · 10-10

hidróxido de berílio Be(OH)2 7,0 · 10-22

hipoclorito de bismuto BiCℓO 7,0 · 10-9

sulfeto de bismuto Bi2S3 1,0 · 10-97

carbonato de cádmio CdCO3 2,5 · 10-14

oxalato de cádmio CdC2O4 1,5 · 10-8

sulfeto de cádmio CdS 1,0 · 10-28

carbonato de cálcio CaCO3 8,7 · 10-9

fluoreto de cálcio CaF2 4,0 · 10-11

hidróxido de cálcio Ca(OH)2 5,5 · 10-6

oxalato de cálcio CaC2O4 2,6 · 10-9

sulfato de cálcio CaSO4 1,9 · 10-4

brometo de cobre I CuBr 5,2 · 10-9

cloreto de cobre I CuCℓ 1,2 · 10-6


VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

iodeto de cobre I CuI 5,1 · 10-12

tiocianeto de cobre I CuSCN 4,8 · 10-15

hidróxido de cobre II Cu(OH)2 1,6 · 10-19

sulfeto de cobre II CuS 9,0 ·10-36

hidróxido de ferro II Fe(OH)2 8,0 · 10-16

hidróxido de ferro III Fe(OH)3 4,0 · 10-38

88
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O oxalato de cálcio é um composto químico que forma cristais monoclínicos aciculares que ocorrem em diferentes quan-
tidades na generalidade dos seres vivos. As pedras nos rins ou cálculos renais são formados por depósitos de oxalato de
cálcio. A pedra nos rins ou areia na urina ocorre devido a um desequilíbrio entre líquidos e substâncias sólidas dissolvidas
na urina, que fica sobrecarregada, formando cristais monoclínicos aciculares que não se dissolvem.
Mudando alguns aspetos nos seus hábitos alimentares e na sua rotina, poderá prevenir a pedra nos rins. Sementes
de tomates, por exemplo, contêm uma quantidade significativa de íons oxalato, facilitando o aparecimento de pedras
indesejadas no organismo. Para se ter uma ideia, o oxalato de cálcio apresenta um Kps de 2,6 · 10-9 e, portanto, é um
composto muito pouco solúvel.

DIAGRAMA DE IDEIAS

PODEM SER
SAIS INSOLÚVEIS

TEM

PRODUTO DE
SOLUBILIDADE (KPS)

CALCULADO DE
DUAS MANEIRAS

1.º CASO: ÍONS DISSOL-


2.º CASO: ÍONS DISSOLVI-
VIDOS SÃO TODOS PRO-
DOS SÃO PROVENIENTES
VENIENTES DA DISSOLU-
DE SOLUÇÕES DISTINTAS
ÇÃO DO ELETRÓLITO VOLUME 6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

SE
EXEMPLO
> KPS ⇒ PRECIPITAÇÃO
Aℓ(OH)3  Aℓ3+ + 3 OH- = KPS ⇒ SOLUÇÃO SATURADA,
S 3S SEM PRECIPITAÇÃO
< KPS ⇒ SOLUÇÃO INSATURADA

Kps = S · (3S)3 → 27S4

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ANOTAÇÕES

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