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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENVIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
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Letícia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

projeto gráfiCo e Capa


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ISBN: 978-85-9542-201-8

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SUMÁRIO
FÍSICA
CINEMÁTICA 5
AULAS 9 E 10: MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO 7
AULAS 11 E 12: GRÁFICOS DO MRUV 17
AULAS 13 E 14: QUEDA LIVRE E LANÇAMENTO VERTICAL 29
AULAS 15 E 16: LANÇAMENTOS HORIZONTAL E OBLÍQUO 38

TERMODINÂMICA 49
AULAS 9 E 10: LEI GERAL DOS GASES 51
AULAS 11 E 12: PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA 58
AULAS 13 E 14: SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA 68
AULAS 15 E 16: INTRODUÇÃO À ÓPTICA GEOMÉTRICA 78

ELETROSTÁTICA 87
AULAS 9 E 10: POTENCIAL ELÉTRICO 89
AULAS 11 E 12: TRABALHO NO CAMPO ELÉTRICO 97
AULAS 13 E 14: POTENCIAL ELÉTRICO NO CEU E EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO 102
AULAS 15 E 16: CORRENTE ELÉTRICA 109
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
4
FÍSICA

2
CIÊNCIAS DA
CINEMÁTICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

A cinemática possui grande incidência nas Um dos temas recorrentes na prova da Fu-
provas do Enem, sempre relacionando o vest é a relação entre lançamento oblíquo
tema com o cotidiano. Muitas questões de uma partícula em um campo elétrico. O
costumam exigir a habilidade de análise aluno deve saber os dois movimentos que
gráfica. compõem o movimento oblíquo. Há tam-
bém uma importância na interpreta-
ção de gráficos, em espe-
cial velocidade x
tempo.

O tema cinemática sempre está presente Dentre os temas abordados neste caderno, O tema cinemática sempre está presente
na prova da Unicamp, com questões que o de maior incidência no vestibular da Uni- na prova da Unesp, com questões que exi-
exigem interpretrações gráficas e manipu- fesp é o estudo da cinemática escalar, com gem interpretrações gráficas e manipula-
lações em equações horárias de movimen- questões de MRUV, nas quais se exige do ções em equações horárias de movimento.
to relacionando com dinâmica. candidato a interpretação de gráficos.

Dentre os temas abordados neste caderno, A prova da FMABC tem uma grande varia- O tema cinemática é cobrado com ques- A prova da PUC de Campinas tem uma
o de maior incidência no vestibular Albert ção de temas. No entanto, o tema cinemá- tões de manipulações de equações horárias grande variação de temas. No entanto, o
Einstein é o estudo da cinemática escalar, tica escalar (MRUV) aparece com alguma de movimento. tema cinemática escalar (MRUV) aparece
com questões de movimento uniforme- frequência. com alguma frequência, exigindo cuidado
mente acelerado (MRUV), exigindo do nas equações horárias de movimento de
aluno conhecimento das equações. lançamentos oblíquos.

UFMG
O tema cinemática sempre está presente O tema cinemática sempre está presente A prova da CMMG tem uma grande varia-
na prova da UEL em questões que exigem na prova da UFPR. As questões abordadas ção de temas. No entanto, o tema cinemá-
um alto nível de manipulações em equa- exigem análise dos movimentos por meio tica escalar (MRUV) aparece com alguma
ções horárias de movimento. de gráficos de velocidade por tempo e po- frequência, exigindo cuidado nas equações
sição por tempo. horárias de movimento de lançamentos
oblíquos.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O tema cinemática sempre está presente A prova da UNIGRANRIO tem uma gran- O tema cinemática sempre está presente
na prova da UERJ. As questões abordadas de variação de temas. No entanto, o tema na prova da FTESM com questões que
exigem análise dos movimentos por meio cinemática escalar (MRUV) aparece com exigem interpretações de gráficos e análise
de gráficos de velocidade por tempo e po- alguma frequência, exigindo cuidado nas de figuras (MRUV e lançamento oblíquo)
sição por tempo. equações horárias de movimento acelerado com manipulações em equações horárias
em um plano inclinado. de movimento.

6
2. Aceleração escalar média
MOVIMENTO
RETILÍNEO
UNIFORMEMENTE
VARIADO Considere que a velocidade escalar de uma partícula, em
um instante t1, seja v1 e, em um instante posterior t2, a velo-
cidade escalar seja v2. A aceleração escalar média (am)
da partícula entre esses dois instantes de tempo é definida
como sendo a variação da velocidade dividida pelo tempo

CN AULAS
9 E 10
transcorrido:

am = ​ Dv
___ ​ =
Dt
v –v
_____
​  2 1 ​ 
t2 – t1
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 19 e 20
Nessa definição, a unidade de aceleração é igual à razão
entre a unidade de velocidade e a unidade de tempo. No
SI, tem-se:

1. Conceito de aceleração ​ m


__
​  m/s
___ __ s ​ ​  = __
m __ 1 __ m
 ​ 
 = ​  s​    ​ ​  s ​ ⋅ ​  s ​ = ​  s2 ​ = m ⋅ s
–2
Inicialmente, foi analisado que a velocidade é a rapidez s __
com que um corpo muda sua posição ao longo do tem- 1
po. Em seguida, foi estudado um caso especial em que a
velocidade permanecia constante ao longo do tempo. Con- Como o intervalo de tempo ∆t é sempre positivo, o sinal
tudo, no dia a dia é possível perceber que as pessoas e os da aceleração escalar média é igual ao sinal da variação
objetos não estão sempre com velocidade constante; pelo de velocidade ∆v.
contrário, nota-se que os objetos possuem uma determina- § Se vf > vi, temos (vf – vi) > 0 e a > 0.
da velocidade em um instante e, em um instante posterior, § Se vf < vi, temos (vf – vi) < 0 e a < 0.
possuem outra velocidade. Esse é o caso, por exemplo, de
um carro inicialmente em repouso que adquire velocidade, Note que, no caso de movimento retilíneo uniforme, vf = vi,
mas, ao se aproximar de um semáforo com o sinal verme- e, portanto, (vf – vi) = 0, ou seja, a = 0. Assim, a acelera-
lho, reduz sua velocidade até o repouso. ção é nula no movimento retilíneo uniforme.

Assim, é preciso definir uma nova grandeza que esteja rela-


cionada com essa variação da velocidade. A rapidez com que 3. Unidades de aceleração
um corpo varia sua velocidade é denominada aceleração.
A razão entre uma unidade de velocidade e uma unidade de
tempo é denominada unidade de aceleração. Por exemplo:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A ideia de aceleração está sempre ligada à variação da


velocidade. km/h
1​ ____
s ​
  
Entretanto, essa unidade não pertence ao SI. O exemplo
seguinte ilustra a unidade de aceleração no SI e seu sig-
nificado: uma pedra cai de uma determinada altura e sua
velocidade é de vi = 5 m/s logo depois de iniciar a queda.
Após um intervalo de tempo ∆t = 2 s, sua velocidade é de
vf = 25 m/s. A aceleração da pedra é:
v – vi
multimídia: vídeo a = _____
​  f  ​  ​ 25 m/s –  ​
  = ____________
   5 m/s  ​ 20 m/s
= ______ ​  
Dt 2 s 2 s
Fonte: Youtube ou
Física - Aceleração (Khan Academy)
​ 10 sm/s
a = ______ ​   

7
Esse resultado demonstra que a velocidade de pedra au- Em geral, o resultado anterior é apresentado da forma
menta em 10 m/s a cada 1 s. Assim, no SI, a unidade de a = 10 m/s2. Dessa forma:
aceleração é 1 (m/s)/s, que se convencionou escrever da
seguinte maneira: No SI, a unidade de aceleração é 1 m/s2. A velocidade
m/s ​  = 1​ __
m ​ ∙ __
1 m varia de 1 m/s a cada 1 s.
1​ ___
s
___
s ​  s ​  = 1 ​ s2 ​ 

VIVENCIANDO

Mudanças na velocidade são comuns no nosso dia a dia: um carro que trafega numa avenida e desacelera, parando
devido a um semáforo vermelho, ou um carro que acelera quando o semáforo está verde; também na queda dos corpos,
assunto que veremos nas próximas aulas.
Em geral, os móveis alteram entre diversos movimentos, o que tornaria o estudo completo algo mais difícil, por isso “que-
bramos” o movimento em partes, as quais conseguimos estudar com facilidade, MU e MUV. Saber distinguir entre esses
dois tipos de movimento e conhecer suas funções horárias é fundamental para a resolução de problemas.

4. Movimentos acelerado § O movimento é retardado se o módulo da velocidade


diminui:
e retardado movimento retardado ⇒ |v| diminui
O movimento pode ser classificado como progressivo ou Agora, é possível classificar o movimento como sendo
como retrógrado. Ainda assim, é possível caracterizar ainda progressivo acelerado, progressivo retardado, retrógrado
mais o movimento. Afirma-se que o movimento é acelerado acelerado ou retrógrado retardado. Observe ainda que
quando, em módulo, a velocidade aumenta com o tempo, e o fato de o movimento ser progressivo ou retrógrado se
que um movimento é retardado (freado) quando o módulo deve a uma escolha da orientação do referencial ou do
da velocidade diminui com o tempo. Matematicamente, no- observador desse movimento; entretanto, o movimento
ta-se que o sinal da aceleração e o sinal da velocidade no ser acelerado ou retardado não tem relação alguma com
movimento acelerado são idênticos, e no movimento retar- a escolha da orientação.
dado os sinais são opostos.
Aplicação do conteúdo
ƒ a > 0 e v > 0 ou a < 0 e v < 0 o movimento é
1. Um automóvel se desloca por uma estrada, e sua ve-
acelerado (a e v têm o mesmo sinal).
locidade aumenta ao longo do tempo. Em um determi-
ƒ a > 0 e v < 0 ou a < 0 e v > 0 o movimento é
nado instante, o automóvel tem velocidade escalar de
retardado (a e v têm sinais diferentes).
54 km/h e, após 2,0 segundos, sua velocidade passa a
v>0 v>0
ser 72 km/h. Determine a aceleração escalar média do
automóvel nesse intervalo de tempo.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a>0 a>0

S S
Resolução:
a>0 a>0
v>0 v>0
O intervalo de tempo é Dt = 2,0 s.
S S A variação de velocidade escalar nesse intervalo de tempo foi:
Por exemplo, se um carro tem velocidade v1 = 10 m/s em t1 Dv = (72 km/h) – (54 km/h) ⇒ Dv = 18 km/h
e, num instante posterior t2 sua velocidade é de v2 = 30 m/s, Como o intervalo de tempo foi dado em segundos, faça a trans-
afirma-se que o movimento é acelerado. O mesmo ocorre se formação da unidade de velocidade:
v1 = –10 m/s em t1 e, num instante posterior t2, sua veloci-
Dv = 18 km/h = ___ ​ 18  ​ m/s = 5 m/s
dade é de v2 = –30 m/s. Contudo, se em t1 sua velocidade 3,6
é de v1 = 30 m e, num instante seguinte t2, ela diminui para Assim, calcule a aceleração:
v2 = 20 m/s, seu movimento é denominado retardado. 5,0 m/s
am = ​ Dv
___ ​ = ______
​   ​ 
 = 2,5 m/s2
§ O movimento é acelerado se o módulo da velocidade Dt 2,0 s
aumenta: Esse resultado mostra que, em média, a velocidade aumentou
2,5 m/s a cada segundo.
movimento acelerado ⇒ |v| aumenta

8
2. Um carro de corrida é acelerado de forma que sua ve- A tabela abaixo mostra as velocidades escalares de uma
locidade em função do tempo é dada conforme a tabela: partícula em intervalos de 1 segundo. A velocidade varia
t(s) 3 6 9 de modo regular, ou seja, a cada 1 segundo, o aumento da
v(m/s) 20 30 60 velocidade é 2 m/s. Assim, a aceleração escalar é constante
e dada por:
Determine o valor da aceleração média desse carro entre
a = 2 m/s por segundo = 2 m/s2
t1 = 3 s e t2 = 9 s.
t (s) v (m/s)
Resolução:
0 5
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se: 1 7
2 9
3 11
4 13

A variação de tempo e de velocidade entre os instantes t = 3 s No caso em que a aceleração é constante e não nula, tem-
e t = 9 s será: -se um movimento uniforme.
Δt = 9 – 3 = 6 s se a = 0 → v é constante → o movimento é uniforme
Δv = v3 – v1 = 60 – 20 = 40 m/s
Dessa forma, a aceleração média será:
am = ​ Δv ​ 40 ​ = 6,67 m/s2
___ ​ = ___
Δt 6
Resposta: A aceleração será de 6,67 m/s2.
Nota: Foi visto que a velocidade é a variação do espaço no
tempo; também foi vito que a aceleração é a variação da
velocidade no tempo. Não há nenhuma grandeza associa- multimídia: site
da à variação da aceleração no tempo. Todos os exercícios
de cinemática são resolvidos em função da posição, da ve- pt.khanacademy.org/science/physics/one-dimensional-
locidade, da aceleração e do tempo. -motion/acceleration-tutorial/a/acceleration-article

5. Movimento retilíneo www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20042/Luciano/cine-


matica.html
uniformemente variado (MRUV)
Além da aceleração escalar média (am), define-se também a 5.1. Funções horárias
aceleração escalar instantânea (a), que é a aceleração esca-
Considere uma partícula realizando um movimento unifor-
lar em um instante de tempo muito curto. Considere o caso
memente variado em uma linha, como na figura seguinte.
em que a aceleração escalar instantânea é constante. Assim,
No instante inicial (t = 0), a partícula passa pelo ponto
em qualquer intervalo de tempo, a aceleração escalar média
de posição S0 com velocidade escalar v0. Depois de algum
possui o mesmo valor da aceleração escalar instantânea.
tempo, em um instante qualquer t, a partícula passa pelo
​ Dv ​ 
aceleração constante ⇒ a = am = ___ ponto de posição S com velocidade escalar v. A aceleração
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Dt escalar é constante ao longo de toda trajetória:

Pela definição da aceleração:


multimídia: vídeo v – v0
a = ​ Dv
___ ​ = _____
​   ​  
Fonte: Youtube Dt t – t0
Física Total - Aula 05 - Movimento
Rearranjando a equação:
Uniformemente Variado - MUV
v – v0 = a ∙ t

9
Assim:
Aplicação do conteúdo
v = v0 + a ∙ t
1. (Ufal) A velocidade de um móvel aumenta, de ma-
Função horária da velocidade escalar.
neira uniforme, 2,4 m/s a cada 3,0 s. Em certo instante,
a velocidade do móvel é de 12 m/s. A partir desse ins-
É possível demonstrar que a velocidade média no movi- tante, nos próximos 5,0 s a distância percorrida pelo
móvel, em metros, é igual a:
mento retilíneo uniformemente variado é dada por:
a) 10 b) 30 c) 60 d) 70 e) 90
v + v0
vm = _____
​   ​    Resolução:
2
O enunciado afirma que a velocidade aumenta a uma taxa de
A partir da definição de velocidade média:
2,4 m/s em 3 s. Assim, a aceleração do móvel será:
S – S0
vm = ​ DS
___ ​ = _____
​   ​  2,4
Dt t – t0 a =  ​Δv
___ ​ = ___
​   ​  = +0,8 m/s2
Δt 3
É possível combinar ambas as equações de modo que, para
Admitindo o início da trajetória o móvel com velocidade de 12
t0 igual a zero, tem-se:
m/s, após 5 s aplica-se a função horária da posição em MRUV
(v + v) (t – 0) ______ (v + v)t
DS = ___________
​  0  ​  ⇒ ​  0  ​
     para encontrar a distância percorrida.
2 2
​ at ​ ⇒
2
S = S0 + v0t + ___
Utilizando a função horária da velocidade escalar 2
v = v0 + a ⋅ t e Ds = s – s0, obtém-se: 0,8(5)2
S – S0 = 12 ∙ (5) + ______
​   ​   ⇒ 60 + 0,4 ∙ (25) ⇒
2
(v + v + at)t ________ 2v t + at2
​ at ​ 
2
S – S0 = ___________
​  0 0  ​   ⇒ ​  0  ​   ⇒v0t + ___ 60 + 10 = 70 m
2 2 2
Altenativa D
Assim:
2. (UFBA) Um corpo que parte do repouso deve percor-
​ 1 ​ ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __ rer uma distância de 3.000 m. Os primeiros 220 m ele
2 os percorre em 8 s, sendo que o movimento é uniforme-
Função horária da posição. mente acelerado. O restante é percorrido a velocidade
constante igual à atingida quando ele alcançou aqueles
Nota: Para t0 diferente de zero, temos as equações: 220 m. O tempo total aproximado para realizar todo o
percurso será de:
v = v0 + a ∙ (t – t0)
a) 20 s b) 30 s c) 50 s d) 58 s
​ 1 ​ · a · (t – t0)2
S = S0 + v0 ∙ (t – t0) + __
2

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Uma função polinomial do segundo grau em uma variável é do tipo f de  em , onde f(x) = a ∙ x² + b ∙ x + c, com
a, b e c números reais e a ≠ 0.
Para determinar a solução de equação do segundo grau 0 = a ∙ x² + b ∙ x + c, utilizamos um algoritmo desenvolvido
por Bháskara, em que temos duas raízes dadas por:

​ ​ ∆ ​ ​  
dXX
x = ​ –b ± ___
2a
sendo:
∆ = b2 – 4ac
Onde, se ∆ > 0, haverá duas soluções distintas; se ∆ = 0, haverá duas soluções idênticas; e se ∆ < 0, não haverá raiz real.
Para um corpo em MRUV, a função horária da posição é uma função polinomial do 2.º grau em uma variável.

10
Resolução: Assim, a velocidade média é:
Nos primeiros 8 segundos, o corpo percorre 220 m partindo do ​ 34 + ​
vm = ______ 4  ​ 38 ​ ⇒ vm = 19 m/s
 = ___
repouso. Aplicando a função horária do movimento retilíneo uni- 2 2
formemente acelerado, tem-se: 4. Em uma autoestrada, um guarda (em uma motoci-
cleta) persegue um automóvel cujo motorista cometeu
​ at ​ 
2
S = S0 + v0t + ___ uma infração e que se move com velocidade escalar
2
(8)² constante de 20 m/s. A figura a seguir ilustra a situação
220 = 0 + 0 ∙ 8 + a ∙ ___
​   ​  ⇒
2 em um determinado instante.
64a
___
220 = ​   ​  ⇒
2 8,0 m/s 20 m/s
220
___
a = ​   ​  = 6,875 m/s2
32 64 m

Nos mesmos 8 segundos, aplica-se a função horária da velocida-  esse instante, o guarda tem velocidade escalar 8,0
N
de escalar para se obter a velocidade final do corpo: m/s. Admitindo que ele se move com aceleração escalar
constante de 2,0 m/s2 e desprezando os comprimentos
v = v0 + at = 0 + 6,875 ∙ 8 = 55 m/s
dos veículos:
O enunciado afirma que essa velocidade permanece constante a) A partir do instante representado na figura, quanto
e ainda faltam 2.780 metros para o corpo percorrer. Assim, o tempo o guarda levará para alcançar o automóvel?
segundo intervalo de tempo será: b) Qual a velocidade do guarda ao alcançar o automóvel?
​ ∆S ​  
v = __ c) Determine a distância percorrida pelo guarda des-
∆t de o instante representado na figura até o instante
2780
____
55 = ​   ​   ⇒ ∆t = ___​ 556 ​   s de encontro.
∆t 11
O tempo total será: Resolução:
​ 556 ​  = 58,54 ≈ 58 s.
ttotal = 8 + ___ a) Adotemos a posição inicial do guarda como a ori-
11
gem do eixo de coordenadas dos espaços (S0G = 0), e
Altenativa D 64 m como a posição inicial do automóvel (S0A = 64 m).
G A
3. A figura abaixo ilustra uma partícula com movimento
8,0 m/s 20 m/s
uniformemente variado, com aceleração a = 6 m/s2. A
partícula passa pelo ponto de posição 10 m e velocida- 0 64 s (m)
de escalar 4 m/s no instante t0 = 0.
O movimento do guarda é uniformemente variado com
S0 = 0, v0 = 8,0 m/s e a 2,0 m/s2, e o automóvel se
s movimenta uniformemente com S0 = 64 m e v = 20 m/s.
Assim, as funções horárias das posições para o guarda e
a) No instante t = 5 s, qual é a posição e a velocidade para o automóvel são:
escalar da partícula?
guarda (MUV) automóvel (MU)
b) Determine a velocidade escalar média da partícula
entre os instantes t0 = 0 e t = 5 s. ​ a  ​t2
S = S0 + v0t + __ S = S0 + vt
2
Resolução: 2,0
SG = 0 + 8,0 t + ___
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​   ​t 2 SA = 64 + 20 t
2
a) Sabendo que a partícula está em MUV, e sendo
SG = 8,0 t + t 2
a = 6 m/s2, v0 = 4 m/s e S0 = 10 m, tem-se:
Para determinar o instante de encontro, devem ser igua-
​ a ⋅  ​
S = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 

2 ladas as posições do guarda e do automóvel dadas pelas
E para t = 5 s: equações acima. Assim:
6 ⋅ (5)2
S = 10 + 4 ⋅ (5) + ______
​   ​   ⇒ S = 105 m SG = SA
2
v = v0 + a ⋅ t 8,0 t + t² = 64 + 20 t
t² – 12t – 64 = 0
E para t = 5 s:
Resolvendo esta equação (de 2.º grau), obtém-se:
v = 4 + 6 ⋅ (5) ⇒ v = 34 m/s
t = 16 ou t = –4
b) Foi visto que a velocidade média no MUV pode ser
 esprezando a resposta negativa, tem-se t = 16 s, ou
D
calculada como:
Vf + V0 seja, depois de 16 segundos do instante representado
vm = ______
​   ​    na figura, o guarda alcança o automóvel.
2

11
b) Como o movimento do guarda é uniformemente va- A posição inicial sempre será o coeficiente independente,
riado, substituindo t = 16 s na função horária de sua ou seja, aquele que não multiplica nenhuma potência da
velocidade escalar, obtém-se: variável t. Caso não exista, resulta que S0 = 0. A velocidade
v = v0 + at ⇒ v = 8,0 + 2,0 t inicial será o coeficiente que acompanha a potência de t
t = 16 s ⇒ v = 8,0 + (2,0)(16) ⇒ v = 40 m/s que tem o expoente 1. Por fim, a aceleração será o dobro
A velocidade do guarda no instante do encontro é de do coeficiente que acompanha a potência de t que está ao
40 m/s. quadrado. Caso falte alguma potência de t, isso se deve ao
fato de que o coeficiente é nulo.
c) Substituindo t = 16 s na equação horária da posição
do guarda, resulta: Se, por exemplo, for fornecida uma função S(t)=5 – 3 ∙t + 3 ∙ t2,
SG = 8,0 t + t² é possível comparar com a função da posição genérica e
identificar S0 = 5 m, v0 = –3 m/s e a = 6 m/s2. Dessa forma,
t = 16 s ⇒ SG = 8,0(16) + (16)² ⇒ SG = 384 m
é possível escrever a função horária da velocidade, que de
Isto é, o guarda se moveu da posição inicial S0G = 0 até maneira genérica é dada por:
a posição SG = 384 m, e, portanto, percorreu a distância
de 384 metros. v(t) = v0 + a · t

5.2. Equação de Torricelli E, assim, temos que:


Os problemas de MRUV podem ser resolvidos com as fun- v(t) = –3 + 6 ∙ t
ções horárias da velocidade e da posição. Entretanto, será
Do mesmo modo, pode-se inferir a velocidade inicial e
mostrada a seguir uma equação que relaciona a velocida-
aceleração a partir da função da velocidade. Na função
de e a posição sem envolver o tempo. Essa equação será
da velocidade, o coeficiente independente trata-se da
útil na solução de problemas que não envolvam a variável
velocidade inicial, e o coeficiente que acompanha a vari-
tempo no enunciado.
ável t é a aceleração. Seja uma dada função da velocida-
Para obter essa equação, o tempo é isolado na função ho- de v(t) = 5 + 8 ∙ t, temos que v0 = 5 m/s e a = 8 m/s2. Porém
rária da velocidade: não conseguimos escrever a função da posição, pois ainda
v – v0
v = v0 + at ⇒ at = v – v0 ⇒ t = _____
​  a ​    falta a posição inicial. Nesse caso, o enunciado irá fornecer
a informação, por exemplo S0 = –3 m . Assim, poderemos
Esse valor de t é substituído na equação horária da posição. substituir na função genérica da posição:
Assim:
​ a ⋅ ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2  
S = S0 + v0t + ___
2 ( 
v–v
​ at ​ ⇒ S = S0 + v0 ​ _____
2
​  a ​0  ​ __
   + )2 (  v – v0 2
​  a  ​ ⋅ ​ ​ _____ )
a ​  
 ​
Assim, teremos que:
2

Efetuando os cálculos, obtém-se uma equação denomina-


S(t) = –3 + 5 · t + 4 ∙ t2
da equação de Torricelli:

v² = v0² + 2a(S – S0) Aplicação do conteúdo


1. Em uma rodovia, um automóvel viaja com velocidade
Evangelista Torricelli (1608-1647) serviu como copista de escalar constante de 30 m/s. Em determinado instante,
Galileu durante os últimos três meses de vida do mestre
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

o motorista pisa no freio provocando uma desacelera-


renomado. A partir das equações de Galileu para o MUV, ção constante de 3,0 m/s2 até o automóvel parar. Cal-
Torricelli deduziu a equação que carrega seu nome. Além cule a distância percorrida durante a frenagem.
disso, Torricelli inventou o barômetro, instrumento que ser- Resolução:
ve para medir a pressão atmosférica local.
A figura a seguir ilustra a situação:
5.2.1. Identificando as variáveis
Dada uma função horária de posição qualquer, é possível
descobrir por análise as variáveis de interesse S0, v0 e a a
fim de construir a função horária da posição. Como é sabi-
do, todo movimento uniformemente variado tem a função Considerando a velocidade escalar positiva (mesmo sentido que
da posição do seguinte modo: a orientação da trajetória) e sendo o movimento retardado, a
aceleração escalar é negativa: a = –3,0 m/s2.
​ a ⋅  ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 

2

12
A velocidade inicial é v0 = 30 m/s, e a velocidade final é nula (v = ∆S = 6 m.
0). Pelas informações fornecidas e devido à falta de informação A distância quando o semáforo muda de verde para
sobre o intervalo de tempo, é possível suspeitar que, provavel- amarelo é 30 m, e a distância na reação é 6 m. Assim,
mente, a melhor equação a ser usada é a equação de Torricelli. a distância em MRUV é 24 m. Aplicando a equação de
Assim: Torricelli, tem-se:
v² = v0² + 2a (S – S0) v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS
0 = (30)² + 2(–3) ⋅ DS (0)2 = (12)2 + 2 ∙ a ∙ 24
Dessa forma:
a = –3 m/s2
DS = 150 m
Resposta: A mínima desaceleração é de 3 m/s2.
2. (PUC) Ao iniciar a travessia de um túnel retilíneo de
200 metros de comprimento, um automóvel de dimen- b) O tempo total é 2,2 s, e o tempo de reação é
sões desprezíveis movimenta-se com velocidade de 25 0,5 s. Assim, o tempo do carro em MRUV será:
m/s. Durante a travessia, desacelera uniformemente, ttotal = treação + tMRUV
saindo do túnel com velocidade de 5 m/s. O módulo de
sua aceleração escalar, nesse percurso, foi de: 2,2 = 0,5 + tMRUV
a) 0,5 m/s². b) 1,0 m/s². c) 1,5 m/s². tMRUV = 1,7 s.
d) 2,0 m/s². e) 2,5 m/s². Aplicando a função horária da posição em MRUV,
descobre-se a aceleração do carro.
Resolução:
​ at ​ 
2
S = S0 + v0 t + ___
A velocidade inicial é 25 m/s e a final é 5 m/s. A variação de es- 2
(1,7)2
paço é de 200 m. Aplica-se a equação de Torricelli para encontrar 24 = 0 + 12 ∙ (1,7) + a ∙ ​ _____  ​  
2
a desaceleração do corpo.
a = 2,4 m/s2.
v² = v0² + 2aDS Resposta: A aceleração será de 2,4 m/s2.
(5)² = (25)² + 2 ∙ a ∙ 200
a = –1,5 m/s². 4. (UEL) Um motorista está dirigindo um automóvel a
uma velocidade de 54 km/h. Ao ver o sinal vermelho,
Assim, o módulo da aceleração é 1,5 m/s2. pisa no freio. A aceleração máxima para que o automó-
vel não derrape tem módulo igual 5 m/s2. Qual a menor
Alternativa C distância que o automóvel irá percorrer, sem derrapar e
3. (Unicamp) Um automóvel trafega com velocidade até parar, a partir do instante em que o motorista acio-
na o freio?
constante de 12 m/s por uma avenida e se aproxima de
um cruzamento onde há um semáforo com fiscalização a) 3,0 m b) 10,8 m c) 291,6 m
eletrônica. Quando o automóvel se encontra a uma dis- d) 22,5 m e) 5,4 m
tância de 30 m do cruzamento, o sinal muda de verde
para amarelo. O motorista deve decidir entre parar o Resolução:
carro antes de chegar ao cruzamento ou acelerar o car- Aplicando a análise dimensional na velocidade inicial, tem-se:
ro e passar pelo cruzamento antes do sinal mudar para
vermelho. Esse sinal permanece amarelo por 2,2 s. O ​ 1000  ​
v0 = 54 km/h ∙ ______ m  ​  1 h  ​ 
. ______
  = 15 m/s
tempo de reação do motorista (tempo decorrido entre 1 km 3600 s
o momento em que o motorista vê a mudança de sinal e Fazendo um desenho ilustrativo do problema:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

o momento em que realiza alguma ação) é 0,5 s.


a) Determine a mínima aceleração constante que o
carro deve ter para parar antes de atingir o cruzamen-
to e não ser multado.
b) Calcule a menor aceleração constante que o carro
deve ter para passar pelo cruzamento sem ser multa-
do. Aproxime (1,7)² ≈ 3,0. O vetor aceleração é contra a trajetória; dessa forma, tem-se uma
Resolução: desaceleração. Aplicando a equação de Torricelli, obtém-se:
v² = v0² + 2aDS
a) O tempo de reação do motorista é 0,5 s e sua velo-
cidade constante é de 12 m/s. Assim, o deslocamento 0² = (15)² + 2 ∙ (–5) ∙ DS
do motorista em MRUV será: 0 = 225 – 10 DS
​ DS ​  
v = ___ 225 ​  = 22,5 m
DS = ​ ___
Dt 10
​ DS ​ 
12 = ___ Alternativa D
0,5

13
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 19
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou
solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A habilidade 19 avalia a capacidade do estudante de avaliar métodos em solucionar problemas cotidianos,


relacionados também ao movimento de corpos acelerados. O exemplo mais comum disso são os exercí-
cios que envolvem veículos de transporte (carros, motos, caminhões) que constantemente mudam sua
velocidade ao trafegar pelas vias públicas. Avaliar qual é a distância que um móvel percorre até frear em
um semáforo, por exemplo, é frequente nas avaliações do Enem, sendo uma situação-problema clássica.

MODELO 1
(Enem) O trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), que circula diariamente entre a cidade
de Cariacica, na Grande Vitória, e a capital mineira Belo Horizonte, está utilizando uma nova tecnologia de
frenagem eletrônica. Com a tecnologia anterior, era preciso iniciar a frenagem cerca de 400 metros antes da
estação. Atualmente, essa distância caiu para 250 metros, o que proporciona redução no tempo de viagem.
Considerando uma velocidade de 72 km/h, qual o módulo da diferença entre as acelerações de frenagem
depois e antes da adoção dessa tecnologia?
a) 0,08 m/s2
b) 0,30 m/s2
c) 1,10 m/s2
d) 1,60 m/s2
e) 3,90 m/s2

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse exercício o aluno se depara na mesma situação com duas possibilidades de sistema de
frenagem e deve calcular o módulo da diferença entre elas, fazendo-se necessárias a aplicação e
manipulação das fórmulas que regem o MRUV. O estudante deve repetir o mesmo procedimento
em ambas as situações.
Supondo essas acelerações constantes, aplicando a equação de Torricelli para o movimento uni-
formemente retardado, vem:
v2 = vO2 – 2 a ∆S ⇒ O2 = v02 – 2 a ∆S ⇒

( ​  20   ​  
)
2
v02 a1 = _______ ⇒ a1 = 0,5 m
a =   ​ ⇒ ​  ​ 
   
    2 · 400
____________________________  ​  ​ ⇒ |a1 – a2| = |0,5 - 0,8| ⇒ |a1 – a2| = 0,3 m/s2.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2∆S a2 = ​  20
_______ 2
⇒ a1 = 0,8 m/s
  ​   2
2 · 250

RESPOSTA Alternativa B

14
HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 mais uma vez aparece, já que mais um passo é acrescentado ao estudo do movimento dos corpos:
agora os corpos podem possuir aceleração não nula. No cotidiano das pessoas, os móveis estão em constante
alteração do seu movimento. O exemplo mais clássico disso é um automóvel que, após estar estacionado, adquire
movimento, sendo freado posteriormente em algum semáforo e acelerado novamente inúmeras vezes até chegar
em seu destino. A mudança da velocidade é algo normal e se faz presente em inúmeras situações-problema que o
estudante irá encontrar.

MODELO 2
(Enem) Um motorista que atende a uma chamada de celular é levado à desatenção, aumentando a possibilidade de
acidentes ocorrerem em razão do aumento de seu tempo de reação. Considere dois motoristas, o primeiro atento
e o segundo utilizando o celular enquanto dirige. Eles aceleram seus carros inicialmente a 1,00 m/s2. Em resposta a
uma emergência, freiam com uma desaceleração igual a 5,00 m/s2. O motorista atento aciona o freio à velocidade
de 14,0 m/s enquanto o desatento, em situação análoga, leva 1,00 segundo a mais para iniciar a frenagem.
Que distância o motorista desatento percorre a mais do que o motorista atento, até a parada total dos carros?
a) 2,90 m b) 14,0 m c) 14,5 m d) 15,0 m e) 17,4 m

ANÁLISE EXPOSITIVA

Excelente exercício, traz para a realidade do estudante a aplicação direta das funções horárias do mo-
vimento uniformemente acelerado em uma situação-problema comum nos dias atuais: motoristas im-
prudentes que utilizam celulares enquanto dirigem. Aplicando as funções e manipulando as equações,
o estudante será capaz de perceber qual a real diferença entre dirigir com atenção e dirigir enquanto se
manipula um celular.
Para o motorista atento, temos:
Tempo e distância percorrida até atingir 14 m/s a partir do repouso:
v = v0 + at
14 = 0 + 1 · t1 ⇒ t1 = 14 s
v2 = v02 + 2a∆S
142 = 02 + 2 · 1 · d1 ⇒ d1 = 98 m
Distância percorrida até parar:
02 = 142 + 2 · (–5) · d1’ ⇒ d1’ = 19,6 m
Distância total percorrida:
∆S1 = d1 + d1’ = 98 + 19,6 ⇒ ∆S1 = 117,6 m
Para o motorista que utiliza o celular, temos:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

t2 = t1 + 1 ⇒ t2 = 15 s
Velocidade atingida e distância percorrida em 15 s a partir do repouso:
v2 = 0 + 1 · 15 ⇒ v2 = 15 m/s
152 = 02 + 2 · 1 · d2 ⇒ d2 = 112,5 m
Distância percorrida até parar:
02 = 152 + 2 · (–5) . d2’ ⇒ d2’ = 22,5 m
Distância total percorrida:
∆S2 = d2 + d2’ = 112,5 + 22,5 ⇒ ∆S2 = 135 m
Portanto, a distância percorrida a mais pelo motorista desatento é de:
∆S = ∆S2 – ∆S1 = 135 – 117,6 ∴∆S = 17,4 m

RESPOSTA Alternativa E

15
DIAGRAMA DE IDEIAS

MOVIMENTO

VELOCIDADE ALTERAÇÃO DA
REFERENCIAL
INICIAL VELOCIDADE

VELOCIDADE
FINAL

FUNÇÕES CONDIÇÕES
HORÁRIAS INICIAIS
ACELERAÇÃO
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

16
2. Gráficos da velocidade
escalar em função do tempo
A função horária da velocidade escalar v é uma função
do 1.° grau (v = v0 + at). Assim, o gráfico v × t, da velo-
GRÁFICOS DO MRUV cidade escalar em função do tempo, é uma reta incli-
nada. Quando a aceleração escalar for positiva (a > 0), a
inclinação da reta será positiva, ou seja, o gráfico será
crescente; quando a aceleração escalar for negativa
(a < 0), a inclinação da reta será negativa, ou seja, o gráfico
será decrescente. Observe as figuras a seguir.

CN AULAS
11 E 12
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 20

1. Gráfico da aceleração
escalar em função do tempo
No movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV), a
aceleração escalar a é constante e não nula. Em consequên-
cia, o gráfico a x t, da aceleração (no eixo das ordenadas) em
função do tempo (no eixo das abscissas), é uma reta paralela
ao eixo dos tempos.
Nos gráficos acima, foram assinalados dois triângulos re-
Existem duas possibilidades para o gráfico da aceleração. tângulos em que o cateto vertical corresponde à variação
Caso a aceleração seja favorável à orientação adotada, o da velocidade escalar (Dv), e o cateto horizontal representa
gráfico será uma reta paralela ao eixo horizontal e acima a variação do tempo (Dt). A aceleração escalar pode ser
dele. Entretanto, se a aceleração for contrária à orientação obtida com base no gráfico. Calculando:
adotada, o gráfico será uma reta paralela ao eixo horizon-
tal e abaixo do mesmo.
a = tg α = ​ Dv
___ ​ 
Dt

Observe que, se a função for crescente, o resultado será


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

uma aceleração positiva; se a função for decrescente, o re-


sultado será uma aceleração negativa.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
G1 - Saiba como interpretar gráficos de movimento

17
Aplicação do conteúdo
1. Na figura a, está representado o gráfico da velocida-
de escalar em função do tempo de uma partícula. Como
o gráfico é retilíneo, o movimento é uniformemente va-
riado (MUV). A aceleração escalar do movimento, como
foi visto acima, pode ser calculada a partir de um triân-
gulo retângulo qualquer, cuja hipotenusa esteja sobre o
gráfico, e os catetos horizontal e vertical, como o triân-
gulo retângulo sombreado na figura b.

Resolução:
Para o cateto vertical desse triângulo, tem-se:
|Dv| = 27 – 9 = 18
Entretanto, é possível observar no gráfico que a velocidade es-
calar diminui ao longo do tempo. Desse modo, a variação da
velocidade é negativa ∆v < 0, então:
Dv = –18 m/s
Calculando a aceleração:
a = ​ Dv ​ –18 m/s
___ ​ = ______  ​  = –3 m/s2
Dt 6 s
Ou seja, a aceleração escalar é negativa.
Resolução: Do gráfico, obtém-se a velocidade inicial v0 = 27 m/s, e a função
Dos valores dos catetos do triângulo, calcula-se: horária da velocidade escalar é:
v = v0 + at ⇒ v = 27 – 3t
a = ​ Dv ​ 20 m/s
___ ​ = ______ ​  = 5 m/s2
Dt 4 s Observe a seguir o gráfico a × t para esse movimento:
Observando ainda a figura, no instante t = 0 a velocidade é
10 m/s, ou seja, a velocidade inicial é v0 = 10 m/s.
Assim, encontra-se a função horária da velocidade escalar:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

v = v0 + at ⇒ v = 10 + 5t

O gráfico da aceleração escalar em função do tempo para esse


movimento é representado na figura abaixo:

multimídia: vídeo
2. Na figura a, está representado um gráfico v × t. Nova- Fonte: Youtube
mente o gráfico é uma reta e, portanto, representa um
MUV. Para calcular a aceleração, considere o triângulo Gráficos do MRUV
retângulo sombreado na figura b.

18
2.1. Propriedade do gráfico da Caso a função v(t) seja decrescente (a aceleração é nega-
tiva), nos instantes em que a velocidade for negativa tem-
aceleração pelo tempo (a x t) -se movimento retrógrado acelerado, e nos instantes que
No gráfico da aceleração pelo tempo a = a(t), tem-se uma a velocidade for positiva tem-se movimento progressivo
propriedade de grande importância. A área compreendida retardado.
entre a função e o eixo das abscissas é numericamente
equivalente à variação da velocidade.

Em ambos os casos, t’ é o instante em que ocorre a in-


versão do movimento, ou seja, quando o móvel para e
passa a deslocar-se em sentido contrário ao anterior.
No caso do movimento uniforme (MU), a área da figura
entre o gráfico da velocidade escalar e o eixo do tempo é
Por convenção, se a área estiver acima do eixo das abs- numericamente igual à variação de posição. Essa proprie-
cissas, a variação da velocidade será positiva. Se a área dade também é válida para o movimento uniformemente
estiver abaixo, a variação da velocidade será negativa. variável (MUV).

2.2. Propriedade do gráfico da


velocidade pelo tempo (v x t)
Como foi visto anteriormente, a função da velocidade pelo
tempo é uma função do primeiro grau v = v(t) = v0 + a . t;
nesse sentido, existem dois pontos de extremo interesse. O
primeiro é o ponto no qual a função corta o eixo vertical.
Esse ponto é a velocidade inicial v0. O segundo é o ponto
no qual a função corta o eixo horizontal. Esse ponto marca
o instante em que a velocidade é nula e pode indicar o ins-
tante em que ocorreu a inversão do sentido de movimento.
A partir do gráfico v × t também é possível caracterizar o
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

movimento. Se a função v(t) for crescente (a aceleração é


positiva), nos instantes em que a velocidade for negativa
tem-se movimento retrógrado retardado, e nos instantes
em que a velocidade for positiva tem-se movimento pro-
gressivo acelerado.

Como é possível observar nos gráficos acima, as áreas dos


trapézios sombreados são numericamente iguais aos mó-
dulos das variações de posição (DS) entre os instantes t1 e
v<0 v>0 t2. Vale lembrar que, se a área está acima do eixo das abs-
a>0 a>0 cissas, o deslocamento é positivo; e se a área se encontra
movimento movimento
abaixo do eixo, o deslocamento é negativo.
retardado acelerado

19
VIVENCIANDO

As funções parabólicas são aplicadas de diversas maneiras na engenharia, como no uso para construção de antenas
parabólicas e faróis de carro. A construção dos gráficos possibilita a criação de modelos que ajudam a entender e a
prever os desenvolvimentos dos movimentos a serem estudados. Apesar de o universo possuir muitas dimensões,
é possível se deparar com movimentos unidimensionais ou que podem ser aproximados para esse modelo. A porta
automática que abre quando você avança ou o correr de uma cortina são exemplos disso.
O modelo matemático proporcionado pelos gráficos criados permite a compreensão de diversos movimentos acelera-
dos, como um carro de Fórmula 1 acelerando em direção à linha de chegada na reta final de um Grand Prix.

Considerando que o corpo parte da posição S0 = 10 m no


Aplicação do conteúdo instante t0 = 0 s, é CORRETO afirmar que o diagrama que
1. Um automóvel se move com velocidade constante
representa esse movimento é:
de 20 m/s. Então o motorista pisa no freio de modo que a) b)
a m/s2 a m/s2
o automóvel adquire movimento uniformemente retar-
dado e para 4 segundos depois. Calcule a distância per-
corrida pelo automóvel durante a frenagem.
Resolução:
É possível resolver o problema calculando a aceleração do
movimento usando a função horária da velocidade e subs-
tituindo o valor da aceleração na função horária da posição
c) d)
(ou na equação de Torricelli). Entretanto, vamos calcular gra-
ficamente (trata-se um método mais rápido): esboce o gráfi-
co v × t, embora o problema não o tenha pedido.
Na figura a seguir está representado o esboço do gráfico v × t. A
área do triângulo sombreado, como foi visto, é numericamente
igual à variação de posição:
Resolução:
Em um gráfico de velocidade em função do tempo no MRUV, a
aceleração constante é o coeficiente angular (tg x).
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(4,0)(20)
DS = _______
​   ​   ⇒ Ds = 40 m
2
Dessa forma, o automóvel percorreu 40 m durante a frenagem.

2. (UFLA) O diagrama a seguir, velocidade versus tempo, (vf – v0) ________


(–20 – (+ 20)
​ ∆v ​ = ______
a = tg x = ___ ​   ​ 

= ​   ​ =
  – 20 m/s².
representa o movimento de um corpo ao longo de uma ∆t (tf – t0) (2 – 0)
trajetória retilínea. A velocidade inicial é 20 m/s, e a posição inicial é 10 m; assim, a
função horária do espaço será:
​ at ​ 
2
S(t)= S(0) + v(0) t + ___
2
S(t) = 10 + 20t –10t2
Substituindo o tempo por 2 segundos, tem-se:
S(2) = 10 + 20 ∙ (2) – 10(2)² = 10 + 40 – 40 = 10 m.
Alternativa A

20
3. (Unesp - adaptada) No gráfico a seguir são apresentados os valores da velocidade v, em m/s, alcançada por um dos
pilotos em uma corrida em um circuito horizontal e fechado, nos primeiros 14 segundos do seu movimento

Sabe-se que de 8 a 10 segundos a trajetória era retilínea. Considere g = 10 m/s2 e que para completar uma
volta o piloto deve percorrer uma distância igual a 400 m.
A partir da análise do gráfico, são feitas as afirmações:
I. O piloto completou uma volta nos primeiros 8 segundos de movimento.
II. O piloto demorou 9 segundos para completar uma volta.
III. A distância percorrida nos 14 segundos é menor que 600 metros.
IV. Em todo tempo o movimento é acelerado.
São verdadeiras apenas as afirmações:
a) II e III. b) II e IV. c) III e IV. d) I, III e IV. e) II, III e IV.
Resolução:
Afirmativa I – Incorreta. A distância percorrida pelo piloto nos primeiros 8 segundos será:

(80) ∙ (8)
DS0-8 = A1 =______
​   ​   = 320 m
2
Afirmativa II – Correta.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(80) ∙ (8)
DS0-9 = ______
​   ​   + (80) ∙ (9 – 8) = 320 + 80 = 400 m.
2

Afirmativa III – Correta. A distância percorrida pelo piloto nos 14 segundos será:

(80) ∙ (8) (80 + 20) ∙ (12 – 10) _________


(20) ∙ (13 – 12)
DS0-14 = A1 + A2 + A3 + A4 = ______
​   ​   + 80(10 – 8) + ​ _____________
    ​  +   
​   ​ 
2 2 2
DS0-14 = 320 + 160 + 100 + 10
DS0,14 = 590 m.

Afirmativa IV – Incorreta. Como é possível observar no gráfico, entre os instantes 8 e 10 s o movimento é uniforme, e nos ins-
tantes 10 e 13 s o movimento é retardado (a < 0).
Alternativa A

21
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Matemática e Física estão fundamentalmente relacionadas. O desenvolvimento das duas disciplinas tem diversas
conexões, e o uso de gráficos em experimentos científicos é um passo importante da construção do conhecimento
na Física, além de uma das formas de criar uma interpretação para os eventos e experimentos científicos. Gráficos
são uma técnica gráfica para representar um conjunto de dados, geralmente relacionando duas ou três variáveis.
A parábola, curva gráfica característica de funções polinomiais de equações do 2.º grau, aparece aqui como uma
forma de modelar matematicamente a relação entre espaço × tempo de um móvel em MRUV.
f(x) f(x)

x x

2.3. Propriedades do gráfico Resolução:


da velocidade média A partir da área sombreada na figura abaixo, é possível calcular a
O gráfico v × t pode ser utilizado para calcular a variação variação de posição DS. Por ser um trapézio, tem-se:
de posição e a velocidade escalar média entre os instantes
t1 e t2:

(20 + 30)(3)
DS = __________
​   ​   ⇒ DS = 75 m
2
A área sombreada representa o deslocamento entre os Dessa forma, a velocidade escalar média é:
instantes t1 e t2. Se a área estiver acima do eixo horizon-
Dv ​ = ____
vm = ​ ___ ​ 75 m
 ​  = 25 m/s
tal, a velocidade média é positiva; se a área estiver abaixo Dt 3 s
do eixo horizontal, a velocidade média é negativa. Para o
cálculo da velocidade média, é preciso calcular a razão
3. Gráfico da posição em
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

entre a área e a diferença entre intervalos de tempo.

Aplicação do conteúdo função do tempo (S x t)


A função horária da posição do movimento retilíneo
1. Determine a velocidade escalar média entre os ins-
tantes t = 3 s e t = 6 s para o movimento representado uniformemente variado (MRUV) é uma equação do
no gráfico abaixo. segundo grau em t.

​ a ⋅  ​
S = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2  
2
Assim, o gráfico da posição em função do tempo (s × t)
deve ser um arco de parábola. Ele pode ocorrer de dois
modos: a concavidade pode ser para cima ou para baixo.
Como na função do segundo grau, a concavidade é deter-
minada pelo sinal que acompanha o coeficiente da variável

22
de grau dois; no caso da função da posição, a concavidade (v < 0); como a aceleração é positiva (a > 0), tem-se um
é determinada pela aceleração. É importante ressaltar que movimento retrógrado retardado. No ponto A, o móvel tem
o gráfico da posição pelo tempo não informa necessaria- velocidade nula e nele ocorre a inversão do sentido do mo-
mente a trajetória descrita pelo móvel. vimento. Por fim, à direita do ponto A, a posição aumenta
com o tempo, fator que indica uma velocidade positiva
(v > 0); como a aceleração é positiva (a > 0), tem-se um
a > 0 ⇒ concavidade para cima movimento progressivo acelerado.
a < 0 ⇒ concavidade para baixo No caso de a aceleração ser negativa, tem-se:

S’

Observe que, à esquerda do ponto A, a posição aumenta


com o tempo, fator que indica uma velocidade positiva
(v > 0); como a aceleração é negativa (a < 0), tem-se um
movimento progressivo retardado. No ponto A, o móvel
tem velocidade nula e nele ocorre a inversão do sentido
Nem sempre o gráfico apresentará o aspecto dos gráficos do movimento. Por fim, à direita do ponto A, a posição
descritos acima; como não foram considerados os tempos diminui com o tempo, fator que indica uma velocidade
negativos, foi considerado apenas o trecho de linha contí- negativa (v < 0); como a aceleração é negativa (a < 0),
nua da parábola, à direita do eixo vertical. tem-se um movimento retrógrado acelerado.

O ponto A assinalado em cada figura é o vértice da parábo-


Aplicação do conteúdo
la e corresponde ao instante em que a velocidade se anula,
isto é, v = 0 no instante t’. Será nesse instante que poderá 1. (UFB - adaptada) O espaço (posição) de um móvel
ocorrer mudança no sentido do movimento. varia com o tempo conforme o gráfico abaixo.

O gráfico da posição pelo tempo também é útil para caracteri-


zar o movimento. No caso de a aceleração ser positiva, tem-se:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

S’
Pede-se determinar:
a) O espaço (posição) inicial S0, o instante ti em que
o móvel inverte o sentido de seu movimento e o(s)
instante(s) em que passa pela origem dos espaços
(posições, marco zero).
b) O intervalo de tempo em que o movimento é pro-
Observe que, à esquerda do ponto A, a posição diminui gressivo e o intervalo de tempo em que o movimento
com o tempo, fator que indica uma velocidade negativa é retrógrado.

23
c) O intervalo de tempo em que o movimento é acele- Aplicando a velocidade inicial e a aceleração na função
rado e em que é retardado. horária da velocidade em MRUV, tem-se:
d) A função horária do espaço. v(t) = v0 + at
e) A função horária da velocidade e sua represen- v(t) = (–6) + (2) ∙ t = –6 +2t .
tação gráfica. v(t) = 0
f) A função horária da aceleração e sua representação –6 + 2t = 0
gráfica. t=3s
Resolução: O gráfico da velocidade é uma reta crescente, pois a ace-
a) De acordo com o gráfico, a posição inicial é 8 metros, leração é positiva.
o instante que o móvel inverte o sentido do seu movi-
mento é 3 segundos, e os instantes em que o móvel
passa pela origem (S(t) = 0 m) são 2 e 4 segundos.
b) O movimento é progressivo quando o móvel se des-
loca no sentido dos marcos crescentes (v > 0), o que
ocorre após t = 3 s, e retrógrado quando o móvel se
desloca no sentido dos marcos decrescentes (v < 0), o
que ocorre entre 0 e 3 s.
c) O movimento é acelerado após 3 s, uma vez que a
aceleração e a velocidade têm mesmo sinal (a é positi-
va, ou seja, “a concavidade da parábola é para cima”,
e v é positiva, isto é, “se desloca no sentido dos marcos
t v(t)
crescentes”). O movimento é retardado entre 0 e 3 s,
0 –6
pois a aceleração é positiva e a velocidade é negativa.
3 0
d) Sendo a função do espaço S(t) = a + bt + ct², bas-
ta substituir os pontos conhecidos para encontrar as f) A aceleração é uma constante durante todo o tem-
incógnitas da função. po. Assim a sua função e o seu gráfico serão:
S(0) = 8 a(t) = 2 m/s²
a + b(0) + c(0)² = 8
a=8
S(2) = 0
a + b(2) +c(2)² = 0
8 + 2b + 4c = 0
b + 2c = –4 (equação 1)
S(3) = –1
a + b(3) + c(3)² = –1
8 +3b + 9c = –1
–b – 3c = +3 (equação 2)
Ao realizar a soma das equações 1 e 2, tem-se:
(b + 2c) + (–b –3c) = –4 + 3
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

b + 2c – b – 3c = –1
c=1
multimídia: site
É preciso voltar à equação 1 para encontrar b.
b + 2c = –4
b = –6 brasilescola.uol.com.br/fisica/graficos-movimento-
Dessa forma, a função horária do móvel será: uniformemente-variado.htm
S(t) = 8 + (–6)t + (1)t² efisica.if.usp.br/mecanica/basico/mruv/intro/
S(t) = 8 – 6t + 1t² physics.tutorvista.com/motion/motion-graphs.html
e) Comparando a função horária do móvel com a fun-
ção horária da posição em MRUV, tem-se:
S(t) = 8 – 6t + 1t²
​ at² ​  
S(t) = S0 +v0t + ___
2
Assim, segue: S0 = 8 m; v0 = –6 m/s; a = 2 m/s2.

24
2. (Unifesp) O comportamento da aceleração nesse intervalo de tempo
é mostrado no gráfico a seguir:

Calcule, em cm/s, a velocidade do corpo imediatamente


após esses 16 s.
Resolução:

As acelerações são: a1 = 4 cm/s² ; a2 = –3 cm/s² ; a3 = 4 cm/s².


Aplicando a função horária da velocidade, acharemos a velocida-
de final no instante t = 6 s.
Em um teste, um automóvel é colocado em movimento v6 = v0 + a1t = 2 + 4(6 – 0) = 26 cm/s.
retilíneo uniformemente acelerado a partir do repouso
até atingir a velocidade máxima. Um técnico constrói Aplicando a função horária da velocidade, acharemos a velocida-
o gráfico em que se registra a posição x do veículo em de final no instante t = 10 s.
função de sua velocidade v. Através desse gráfico, po- v10 = v6 + a2t = 26 + (–3) ∙ (10 – 6) = 14 cm/s.
de-se afirmar que a aceleração do veículo é:
Aplicando a função horária da velocidade, acharemos a velocida-
a) 1,5 m/s2. d) 3,0 m/s2.
de final no instante t = 10 s.
b) 2,0 m/s2. e) 3,5 m/s2.
c) 2,5 m/s2. v16 = v10 + a3t = 14 + (4) ∙ (16 – 10) = 38 cm/s.
Resposta: A velocidade final será 38 cm/s.
Resolução:
De maneira mais rápida poderíamos fazer:
É preciso encontrar dois pontos no gráfico e aplicar a Equa-
ção de Torricelli para encontrar a aceleração. ∆v = v – vi
onde ∆v é dado pelas áreas A1, A2 e A3:
v S(t)
0 0 ∆v = (6 · 4) + (–3 · 4) + (6 · 4) = 36 cm/s
6 9 Logo: v = ∆v + vi
v² = v0 + 2 ∙ a ∙ (Sf – S0) v = 36 + 2 = 38 cm/s
(6)² = (0)² + 2 ∙ a ∙ (9 – 0)
a = 2 m/s²
Alternativa B
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3. (UERJ) Um trem de brinquedo, com velocidade inicial


de 2 cm/s, é acelerado durante 16 s.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Telecurso 2000 - Aulas 04/50 - Física - MRUV

25
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A habilidade 17 é constantemente acionada nas ciências exatas, e o aluno deverá ser capaz de interpretar
fórmulas, gráficos, tabelas e relações matemáticas traduzindo, interpretando ou colhendo informações
conceituais de situações contextualizadas.

MODELO 1

(Enem) Em uma colisão frontal entre dois automóveis, a força que o cinto de segurança exerce sobre o tórax e
abdômen do motorista pode causar lesões graves nos órgãos internos. Pensando na segurança do seu produto,
um fabricante de automóveis realizou testes em cinco modelos diferentes de cinto. Os testes simularam uma
colisão de 0,30 segundo de duração, e os bonecos que representavam os ocupantes foram equipados com
acelerômetros. Esse equipamento registra o módulo da desaceleração do boneco em função do tempo. Os pa-
râmetros como massa dos bonecos, dimensões dos cintos e velocidade imediatamente antes e após o impacto
foram os mesmos para todos os testes. O resultado final obtido está no gráfico de aceleração por tempo.

Qual modelo de cinto oferece menor risco de lesão interna ao motorista?


a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA

O modelo de cinto que oferece menor risco é aquele que permite maior tempo de contato. De acordo
com o gráfico, a curva que representa o maior tempo de contato é a 2, pois apresenta o menor valor de
amplitude para a aceleração, sendo, portando, o mais seguro.

RESPOSTA Alternativa B

26
HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 cobra do estudante que ele saiba compreender fenômenos mecânicos relacionados ao movi-
mento dos corpos: posição, velocidade e aceleração são conceitos fundamentais para essa compreensão.

MODELO 2
(Enem) Para melhorar a mobilidade urbana na rede metroviária é necessário minimizar o tempo entre estações.
Para isso a administração do metrô de uma grande cidade adotou o seguinte procedimento entre duas estações: a
locomotiva parte do repouso em aceleração constante por um terço do tempo de percurso, mantém a velocidade
constante por outro terço e reduz sua velocidade com desaceleração constante no trecho final, até parar.
Qual é o gráfico de posição (eixo vertical) em função do tempo (eixo horizontal) que representa o movimento
desse trem?

a) d)

b) e)

c)

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA

Em muitos casos, esse tipo de exercício é rápido e de fácil resolução. Apesar de cobrar conceitos, a
simplicidade do conteúdo facilita a interpretação da informação.
1.º trecho: movimento acelerado (a > 0)→o gráfico da posição em função do tempo é uma
curva de concavidade para cima.
2.º trecho: movimento uniforme (a = 0)→o gráfico da posição em função do tempo é um
segmento de reta crescente.
3.º trecho: movimento desacelerado (a < 0)→o gráfico da posição em função do tempo é uma
curva de concavidade para baixo.

RESPOSTA Alternativa C

27
DIAGRAMA DE IDEIAS

ACELERAÇÃO
GRÁFICOS MRUV
CONSTANTE

GRÁFICOS

POSIÇÃO VELOCIDADE

CONCAVIDADE CONCAVIDADE RETA RETA


PARA CIMA PARA BAIXO CRESCENTE DECRESCENTE

a>0 a<0 a>0 a<0


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

28
2. Queda livre
Ao serem soltas simultaneamente de uma mesma altura,
uma pedra e uma folha não atingem o solo ao mesmo tem-
QUEDA LIVRE E po: a pedra cairá com mais rapidez e atingirá o solo primeiro.
Galileu elaborou a hipótese de que o ar talvez exercesse uma
LANÇAMENTO ação retardadora maior sobre a folha. Caso isso acontecesse,
VERTICAL a folha gastaria mais tempo do que a pedra para cair.
Tempos depois, foi possível comprovar experimentalmente
que a hipótese de Galileu estava correta: retirando o ar de
um tubo fechado, isto é, fazendo vácuo nesse tubo, e rea-
lizando a experiência de queda de uma folha e uma pedra,

CN AULAS constatou-se que os dois objetos atingiam a extremidade


inferior do tubo ao mesmo tempo, ou seja, o tempo gasto na
13 E 14 queda era o mesmo para os dois objetos. Galileu estava cer-
to ao afirmar que todos os objetos caem simultaneamente
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
quando a queda ocorre no vácuo ou quando a resistência do
5e6 17 e 20
ar sobre os objetos pode ser desprezada por ser muito menor
do que seus pesos (como a resistência do ar sobre as pedras
lançadas do alto da torre). Nessas duas condições, os objetos
estão em queda livre.
1. De Aristóteles a Galileu
Aristóteles, um dos grandes filósofos gregos, viveu por vol-
ta de 300 a.C. Ele afirmou que, caso duas pedras, uma com
massa menor e outra com massa maior, fossem abandona-
das da mesma altura e ao mesmo tempo, a pedra de maior
massa cairia mais rapidamente e atingiria o solo antes da
pedra com menos massa. Durante muitos séculos, essa
afirmação foi aceita como verdadeira, e, ao que parece,
Aristóteles e seus seguidores não se preocuparam em veri-
ficar, por meio de experiência, se isso realmente acontecia.
Galileu Galilei, famoso físico italiano do século XVII, acredi- Ar Vácuo
tava que deveriam ser realizadas experiências cuidadosas
para comprovar as afirmativas acerca do comportamento
da Natureza. Por esse motivo, ele é considerado um dos
introdutores do método experimental na Física. Conta-se
a seguinte lenda de um experimento realizado por Galileu
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

para testar as ideias de Aristóteles: do alto de uma torre,


Galileu teria abandonado simultaneamente algumas esferas
de massas diferentes. Ele verificou que todas elas atingiam o multimídia: vídeo
solo ao mesmo tempo. Essa experiência contradizia as ideias Fonte: Youtube
de Aristóteles. Contudo, muitos seguidores do pensamento
Experimento: queda livre
aristotélico não se deixaram convencer, e Galileu chegou a
ser alvo de perseguições por defender ideias consideradas
revolucionárias. Galileu conseguiu observar que a queda livre é um movi-
Ainda hoje é comum as pessoas serem guiadas pelo senso mento uniformemente acelerado, isto é, a velocidade
comum e afirmarem que um corpo mais massivo atinge o de um objeto qualquer em queda livre aumenta sempre
solo mais rapidamente. A seguir, essa questão será estuda- em quantidades iguais a cada intervalo de tempo de 1
da mais detalhadamente. s. Para chegar a essa conclusão, Galileu estudou o mo-
vimento de pequenos corpos que partiam do repouso e
desciam um plano inclinado. Assim, ele verificou que o tem-

29
po de movimento não se alterava, assim como as posições
assumidas em instantes idênticos, desde que o ângulo do Aplicação do conteúdo
plano inclinado não fosse alterado. Com efeito, ele perce- 1. (PUC) Dois corpos de pesos diferentes são abandona-
beu que o movimento de queda dos corpos não de- dos no mesmo instante de uma mesma altura.
pendia da massa dos corpos envolvidos. Como todos Desconsiderando-se a resistência do ar, é CORRETO afir-
os corpos partiam do repouso e ganhavam velocidade, Gali- mar:
leu supôs que se tratava de um movimento uniformemente a) Os dois corpos terão a mesma velocidade a cada
acelerado, ou seja, que a velocidade aumentava sempre nas instante, mas com acelerações diferentes.
mesmas proporções. b) Os corpos cairão com a mesma aceleração e suas
Ao alterar o ângulo do plano inclinado, Galileu observou velocidades serão iguais entre si a cada instante.
que havia alteração no tempo de movimento e nas posições c) O corpo de menor volume chegará primeiro ao solo.
assumidas em instantes idênticos, quando comparados a d) O corpo de maior peso chegará primeiro ao solo.
outro plano inclinado com ângulo distinto. Quanto maior Resolução:
fosse o ângulo do plano inclinado, menos tempo o móvel
Como a resistência do ar é desprezada, eles caem com a mesma
levava no seu movimento. Assim, Galileu afirmou que, se aceleração, que é a da gravidade. Em consequência, suas veloci-
o ângulo do plano inclinado fosse de 90°, em uma queda dades, em cada instante, serão sempre as mesmas, independen-
livre, a aceleração sofrida pelo mesmo seria igual a 9,8 m/s temente de seus pesos.
a cada 1 s. Essa aceleração é denominada aceleração da
Alternativa B
gravidade e representada por g. Neste curso, será adotado
para a aceleração da gravidade terrestre um valor aproxi- 2. (FEI - adaptada) Um atleta, na Vila Olímpica, deixa
mado: |g| = 10 m/s2. Sempre será possível adotar esse valor seu tênis cair pela janela. Ao passar pela janela do
para a aceleração da gravidade, a não ser que o exercício 3.º andar, verifica-se que a velocidade do tênis é de
aproximadamente v = 11 m/s. Sabendo-se que cada
forneça outro.
andar possui, aproximadamente, altura h = 3 m, e
Adotando a orientação dos espaços como sendo positiva considerando o movimento do tênis uma queda livre,
“para baixo”, uma vez que durante a queda livre os objetos determine (considere g = 10 m/s²):
se movimentam em sentido ao solo, a aceleração é positiva a) a velocidade do tênis ao passar por uma janela
(a = +|g|). Sendo a posição inicial S0 e a velocidade inicial do térreo;
é v0, são escritas as seguintes equações para a queda livre: b) de que andar o tênis caiu.
Resolução:
v = v0 + |g| ⋅ t a) Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se:

|g| ⋅ t²
S = S0 + v0 ⋅ t + ​  ____
 ​   
2 SS00== 00 3.º ANDAR Vv33 == 11
11m/s
m/s

v² = v0² + 2 ⋅ |g| ⋅ DS

g = 1010m/s
m/s
Sendo o deslocamento DS do móvel do ponto inicial até
o chão e lembrando que, como o móvel foi abandonado,
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

v0 = 0, o tempo de queda pode ser calculado por:

SS==99 m
m TÉRREO Vt = ?
v=g·t
(+)
|g| ∙ t2 Aplicando a Equação de Torricelli do terceiro andar até o térreo,
DS = ​  _____    ​  tem-se:
2
v² = v3² + 2 ∙ g ∙ DS
_____

√​ 2∙DS
tqueda = ​ ____
g ​ ​   
vt² = (11)² +2 ∙ 10 ∙ 9
Vt = √
_____
​ 301 ​ = 17,3 m/s

Nessa situação, é adotada a orientação com sentido para Resposta: A velocidade no térreo será aproximadamente
baixo, e é importante ressaltar que os valores da posição de 17,3 m/s.
aumentam de cima para baixo.

30
b) Aplicando a Equação de Torricelli do andar inicial Quando o objeto atinge sua altura máxima, a sua velocida-
até o térreo, tem-se: de instantânea é nula
vt² = vx² + 2 ∙ g ∙ DS
(17,3)² = (0)² + 2 ∙ g ∙ (3x)
​ 301 ​  ≈ 5,0167
x = ___
60
Resposta: O tênis caiu do 5.º andar da Vila Olímpica.
3. (PUC-RJ) Uma pedra, deixada cair de um edifício, leva
4 s para atingir o solo. Desprezando a resistência do ar
e considerando g = 10 m/s², escolha a opção que indica
a altura do edifício em metros.
a) 20. b) 40. c) 80. d) 120. e) 160.
Resolução:
A velocidade inicial é 0 m/s, a aceleração é a da gravidade
(g = 10 m/s²) e o tempo de queda é 4 segundos. Assim, a altura Para encontrar o instante em que isso ocorre, é preciso
do prédio será: substituir v = 0 na equação da velocidade. Assim, tem-se:

​ at² ​  
S= S0 + v0t + ___ v
2 tsubida = __
​  0  ​  
|g|
H = 5t² = 5 · (4)² = 80 m.
É importante notar que, devido ao fato de a aceleração ser
Alternativa C
constante, o tempo de subida e de descida são idênticos.

3. Lançamento vertical tsubida = tdescida


O módulo da velocidade de um objeto com velocidade inicial
v0, ao ser lançado para cima, diminui (movimento retarda- Conhecido o instante tsubida, é possível encontrar a altura má-
do) à medida que o objeto sobe. Ao atingir o ponto mais xima alcançada pelo móvel Hmáxima substituindo o tempo na
alto de sua trajetória, sua velocidade é nula. Em seguida, o equação da posição. Uma maneira alternativa e mais simples
objeto começa a cair e o módulo de sua velocidade aumenta é substituir o valor da velocidade na Equação de Torricelli:
(movimento acelerado). Entretanto, os sinais da velocidade e v2 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ DS
da aceleração dependem da orientação do sistema de coor-
denadas. Serão adotadas orientações diferentes para ambas 0 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ Hmáxima
as situações. v2
Hmáxima = _____
​  0   ​  
1.º caso – o objeto é lançado para cima com velocidade 2 ∙ |g|
inicial v0.
2.º caso – o objeto é lançado para baixo com velocidade
inicial v0.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

redução do
módulo da
velocidade
aumento do
módulo da
velocidade

Nesse caso, será adotada orientação para cima, ou seja, os


valores de posição aumentam de baixo para cima. Assim, a
velocidade inicial será positiva (v0 > 0), e a aceleração será
negativa (a = –|g|). Tem-se um movimento progressivo re-
tardado. Adotando |g| = 10 m/s², tem-se: Nesse caso, será adotada orientação para baixo, ou seja, os
v = v0 – |g| ∙ t valores de posição aumentam de baixo para cima. Assim,
​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t – __ a velocidade inicial será positiva (v0 > 0), e a aceleração
2 será positiva (a = +|g|). Tem-se um movimento progressi-
v2 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ DS

31
vo acelerado. Adotando |g| = 10 m/s², segue:
Aplicação do conteúdo
v = v0 + |g| ∙ t
1. Considere que uma bolinha seja lançada verticalmen-
​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __ te para cima, a partir do solo (ver figuras abaixo), com
2
v2 = v02 + 2 ∙ |g| ∙ DS velocidade inicial v0, cujo módulo é 30 m/s. Adote uma
trajetória orientada para cima. Isso significa que, na su-
Tanto no primeiro caso quanto no segundo caso, a escolha bida, o movimento será progressivo e terá velocidade
da orientação é arbitrária; contudo, deve-se tomar cuida- escalar positiva; na descida, porém, o movimento será
do com o sinal das variáveis envolvidas, evitando possíveis retrógrado e terá velocidade escalar negativa. Como a
confusões. Sempre teremos as equações do MRUV em sua velocidade varia entre t = 0 s até t = 6 s?
forma genérica: s (m) s (m) s (m) s (m) s (m) s (m) s (m) s (m) s (m)

v = v0 + a ∙ t
v>0 v>0 v>0

​ 1 ​ ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __ v<0 v<0 v<0
2 2 2 2

v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS 1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0

Se a orientação for para cima: a = –Figura


|g| a Figura a Figura aFigura ab
Figura Figura b Figura bFigura b Figura c Figura c c
Figura Figura c
Se a orientação for para baixo: a = +|g| Resolução:
Como o módulo da aceleração da gravidade é |g| = 10 m/s², con-
clui-se que, na subida, o módulo da velocidade diminui 10 m/s a
cada segundo, e, na descida, o módulo da velocidade aumenta 10
m/s a cada segundo. Assim, é possível construir a seguinte tabela
da velocidade escalar da bolinha em função do tempo.

t (s) v (m/s)
multimídia: site 0 30
1 20
2 10
www.juliantrubin.com/bigten/galileofallingbodies.html 3 0
4 –10
5 –20
6 –30

VIVENCIANDO
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Bungee jumping e saltos com paraquedas não podem ser considerados movimentos de queda livre, nem mesmo
antes de o elástico começar a puxar a pessoa ou o paraquedas se abrir. Isso porque existe a influência causada pelo
ar, que não pode ser ignorada. Devido à tensão causada pelo tamanho da corda, a pessoa em busca de adrenalina
cai, durante a primeira etapa do bungee jumping, com uma aceleração maior que g.
Os eventos de queda livre só ocorrem se o movimento dos objetos acontece quando a resistência do ar pode ser
desconsiderada, como nos experimentos realizados na Space Power Facility, a maior câmara de vácuo do mundo,
construída em Ohio para testar espaçonaves e para resistir à pressão atmosférica. Ela possui 37 metros de altura e
30 metros de diâmetro. São necessárias 3 horas para bombear o ar todo para fora e formar o vácuo.

32
Note que, algebricamente, a velocidade diminui 10 m/s a cada A velocidade inicial tem o mesmo sentido da trajetó-
segundo, ou seja, tanto na subida quanto na descida a acelera- ria e, portanto, é positiva: v0 = 40 m/s.
ção é a = g = –10 m/s². A equação horária da velocidade escalar é:
Observe que, ao se analisar um problema de queda livre ou lança- v = v0 + at
mento vertical para cima (livre da resistência do ar), são utilizadas v = 40 – 10 ⋅ t
as equações do MUV fazendo a = + g ou a = – g, dependendo da No ponto mais alto, a velocidade escalar é nula. Assim:
orientação adotada para trajetória. Se a trajetória for orientada para v=0
baixo, tem-se a = + g, e, se a trajetória for orientada para cima, 0 = 40 – 10t → t = 4,0 s
tem-se a = – g.
b) A equação horária da posição é:
S = s0 + v0t + __ ​ a ​ t²
2
​ 10 ​ t² = 40t – (5,0)t²
S = 0 + 40t – ___
2
Como calculado no item (a), a altura máxima ocorre
quando t = 4,0 s. Substituindo esse valor na equação
acima:
multimídia: vídeo t = 4,0 s → S = 40(4,0) – (5,0)(4,0)² → S = 80 m

Fonte: Youtube Essa altura máxima também pode ser calculada pela
Equação de Torricelli:
Hammer X Feather - Física na Lua
v² = v0² + 2a(S – S0)
0 = (40)² + 2(–10)(S – 0)
2. (PUC-MG) Um helicóptero está descendo verticalmen-
Assim:
te e, quando está a 100 m de altura, um pequeno objeto
se solta dele e cai em direção ao solo, levando 4 s para S = 80 m
atingi-lo. c) No instante em que o corpo retorna ao solo, sua
Considerando-se g = 10 m/s², a velocidade de descida do posição é nula, ou seja, S = 0:
helicóptero, no momento em que o objeto se soltou, vale
s = 40t – (5,0)t²
em km/h:
0 = 40t – (5,0)t²
a) 25. b) 144. c) 108. d) 18. R esolvendo essa última equação, obtém-se dois valores
Resolução: para t: t = 0 ou t = 8,0 s. O valor t = 0 corresponde ao
instante inicial (quando S = 0), e o valor t = 8,0 s, ao
A altura do objeto é 100 m, a sua aceleração é a gravidade
segundo instante em que S = 0 novamente.
(g = 10 m/s²) e o seu tempo é 4 s. Assim, a velocidade inicial será:
Assim, o intervalo de tempo total de subida e descida
S = S0 + v0t + ___​ at² ​  
2 é 8,0 segundos. Como o tempo de subida foi 4,0 se-
gt² gundos, conclui-se que o tempo de descida é de 4,0
H = v0t + ___
​   ​  
2 segundos, isto é, o tempo de subida foi igual ao tempo
(4)²
100 = v0 (4) + 10∙​ ___ ​   de descida.
2
100 = 4v0 + 80 É importante ressaltar que não se trata de uma coinci-
v0= 5 m/s = 18 km/h. dência. Em um lançamento vertical para cima, despreza-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

da a resistência do ar, o tempo de subida é sempre igual


Alternativa D ao tempo que o corpo gasta na descida até atingir o
3. Um corpo é lançado para cima a partir do solo, com a ponto de lançamento.
velocidade de módulo 40 m/s. A resistência do ar pode d) Como foi visto acima, a equação horária da velo-
ser desprezada e o módulo da aceleração da gravidade cidade escalar é:
é |g| = 10 m/s².
v = 40 – 10t
a) Qual o tempo gasto pelo corpo para atingir a altura
máxima? É sabido que o corpo retorna ao solo no instante t = 8,0 s.
b) Qual o valor da altura máxima? Dessa forma, substituindo esse valor na equação, obtém-
c) Quanto tempo é gasto na descida, até o corpo -se:
atingir o solo? v = 40 – 10(8,0)
d) Qual a velocidade do corpo ao atingir o solo? v = –40 m/s
Resolução:  velocidade é negativa em decorrência da orientação
A
da trajetória escolhida. Contudo, ao retornar ao ponto
a) Adotando uma trajetória orientada para cima com de lançamento, a velocidade do corpo, em módulo, é a
origem no solo, tem-se: S0 = 0 e a = –|g| = –10 m/s². mesma que ele tinha ao ser lançado.

33
4. (CFT) Da janela de um apartamento, uma pedra é lan- O vetor v0 é contrário à trajetória, assim o seu valor será –20
çada verticalmente para cima, com velocidade de 20 m/s. m/s. Aplicando a função horária da velocidade entre a janela do
apartamento e a ascensão máxima, temos:
vmáxima = v0 + gtsubida
0 = –20 + (10)tsubida
tsubida = 2s.
Utilizando a razão entre os tempos de subida e descida, temos:
tsubida __
Após a ascensão máxima, a pedra cai até a rua, sem resis- ____
​   ​ = ​  2 ​  t = 3 s.
tdescida 3 descida
tência do ar. A relação entre o tempo de subida e o tempo Assim o tempo total será:
​ 2 ​.  Qual a altura dessa janela, em metros, em
de descida é __ ttotal = tsubida + tdescida = 5 s.
3
relação à rua? (g = 10 m/s2) Aplicando o tempo total na função horária do espaço em MRUV,
Resolução: temos:
gt2
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se: Ssolo = S0 + v0t + ___
​   ​ 
2
Smáx = ? Vmáx = 0 m/s (5)²
___
H = 0 + (–20) ∙ (5) + (10) ∙ ​   ​  = 25 m.
2
Reposta: A altura do prédio é de 25 metros.
V0
S0 = 0 m V0 = 20 m/s

g = 10 m/s2

Ssolo = H(m) SOLO Vsolo = ?

(+)

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Contrariando as ideias aristotélicas, Galileu Galilei foi o primeiro cientista a observar que o tempo de queda dos
corpos não é influenciado pela massa, isto é, que corpos com massas diferentes, ao serem abandonados de uma
mesma altura, atingem o solo ao mesmo tempo. Isso ocorre se a força de resistência do ar não for significativa em
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

qualquer um dos corpos.


Estudando a queda de corpos em um plano inclinado, Galileu concluiu que,
quando os corpos caem na vertical, todos ficam sujeitos à mesma aceleração
de 9,8 m/s2. Robert Boyle (1627-1691) realizou experimentos dentro de uma
câmara de vácuo e comprovou as ideias de Galileu.
Em 1971, o astronauta David Scott, pertencente à missão Apollo 15, realizou
na superfície lunar o seguinte experimento: deixou cair no vácuo um martelo
e uma pluma. Assim como Galileu afirmara séculos antes, os dois objetos
(livres de qualquer força de resistência) tocaram o solo simultaneamente. Na
internet, é possível encontrar vídeos do ocorrido.
Fonte: <http://spaceflight.nasa.gov/gallery/images/apollo/apollo15/html/s71-43788.html>

34
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

É comum nas ciências exatas a aplicação da matemática como ferramenta básica para a tradução dos
fenômenos físicos. Por esse motivo ela está presente em inúmeras questões, sempre exigindo do aluno
a compreensão de gráficos, tabelas, fórmulas, etc.

MODELO 1
(Enem) Para medir o tempo de reação de uma pessoa, pode-se realizar a seguinte experiência:
I. Mantenha uma régua (com cerca de 30 cm) suspensa verticalmente, segurando-a pela extremidade superior,
de modo que o zero da régua esteja situado na extremidade inferior.
II. A pessoa deve colocar os dedos de sua mão, em forma de pinça, próximos do zero da régua, sem tocá-la.
III. Sem aviso prévio, a pessoa que estiver segurando a régua deve soltá-la. A outra pessoa deve procurar
segurá-la o mais rapidamente possível e observar a posição onde conseguiu segurar a régua, isto é, a distância
que ela percorre durante a queda.
O quadro seguinte mostra a posição em que três pessoas conseguiram segurar a régua e os respectivos tempos
de reação.

Distância percorrida pela régua


Tempo de reação (segundo)
durante a queda (metro)
0,30 0,24
0,15 0,17
0,10 0,14
Disponível em: <http://br.geocities.com>. Acesso em: 1 fev. 2009.

A distância percorrida pela régua aumenta mais rapidamente que o tempo de reação porque a:
a) energia mecânica da régua aumenta, o que a faz cair mais rápido;
b) resistência do ar aumenta, o que faz a régua cair com menor velocidade;
c) aceleração de queda da régua varia, o que provoca um movimento acelerado;
d) força-peso da régua tem valor constante, o que gera um movimento acelerado;
e) velocidade da régua é constante, o que provoca uma passagem linear de tempo.

ANÁLISE EXPOSITIVA
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Trata-se de um exercício de fácil compreensão para o aluno que estudou o conteúdo.


Desprezando a resistência do ar, ocorre uma queda livre, que é um movimento uniformemente
acelerado, com aceleração de módulo a = g.
A distância percorrida na queda (h) varia com o tempo conforme a expressão h = 1/2gt2.
Dessa expressão, conclui-se que a distância percorrida é diretamente proporcional ao quadrado do
tempo de queda, por isso ela aumenta mais rapidamente que o tempo de reação.

RESPOSTA Alternativa D

35
HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 compreende o estudo dos movimentos dos corpos e abrange da cinemática à astronomia.

MODELO 2
(Enem) O Super-homem e as leis do movimento
Uma das razões para pensar sobre física dos super-heróis é, acima de tudo, uma forma divertida de explorar
muitos fenômenos físicos interessantes, desde fenômenos corriqueiros até eventos considerados fantásticos. A
figura seguinte mostra o Super-homem lançando-se no espaço para chegar ao topo de um prédio de altura H.
Seria possível admitir que com seus superpoderes ele estaria voando com propulsão própria, mas considere
que ele tenha dado um forte salto. Nesse caso, sua velocidade final no ponto mais alto do salto deve ser zero,
caso contrário, ele continuaria subindo. Sendo g a aceleração da gravidade, a relação entre a velocidade inicial
do Super-homem e a altura atingida é dada por: v2 = 2gH.
A altura que o Super-homem alcança em seu salto depende do quadrado de sua velocidade inicial porque:
a) a altura do seu pulo é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele per-
manece no ar ao quadrado;
b) o tempo que ele permanece no ar é diretamente proporcional à aceleração da gravidade e essa é direta-
mente proporcional à velocidade;
c) o tempo que ele permanece no ar é inversamente proporcional à aceleração da gravidade e essa é inver-
samente proporcional à velocidade média;
d) a aceleração do movimento deve ser elevada ao quadrado, pois existem duas acelerações envolvidas: a
aceleração da gravidade e a aceleração do salto;
e) a altura do seu pulo é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permanece
no ar, e esse tempo também depende da sua velocidade inicial.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Trata-se de um exercício que cobra do aluno conceitos mais fundamentais em um nível de exigência maior.
Desprezando os efeitos do ar e orientando a trajetória para cima, a aceleração do Super-homem é a = –g.
O gráfico da velocidade em função do tempo até o ponto mais alto está dado a seguir.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A área acinzentada é numericamente igual ao espaço percorrido pelo Super-homem, no caso, a altura H.
Assim: H = área = v/2t
Mas v/2 é a velocidade média vm.
Então, H = vmt.
A equação da velocidade na subida é: v’ = v – gt.
Como no ponto mais alto a velocidade se anula, tem-se: 0 = v – gt ⇒ t = v/g
Assim: H = vm t ⇒ H = vm (v/g)
Ou seja, a altura atingida é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permane-
ce no ar, e esse tempo também depende da sua velocidade inicial.
Finalizando: H = (v/2) (v/g) ⇒ v2 = 2gH

RESPOSTA Alternativa E

36
DIAGRAMA DE IDEIAS

QUEDA LIVRE E LANÇAMENTO VERTICAL

ACELERAÇÃO DA MOVIMENTO
V0 0
GRAVIDADE VERTICAL

INDEPENDE LANÇAMENTO
V0 = 0
DA MASSA VERTICAL

VERTICAL
QUEDA LIVRE
PARA BAIXO

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

37
lançada horizontalmente, ou seja, sua velocidade inicial
só possui componente horizontal. Observando a foto de
exposição múltipla, é possível notar que a posição verti-
cal das duas bolas é sempre a mesma: a cada instante
LANÇAMENTOS de tempo as duas bolas estão sempre na mesma altura.

HORIZONTAL
Nota-se também que a bola amarela se move para a di-
reita com velocidade constante, como se esse movimento
E OBLÍQUO horizontal fosse independente do movimento vertical.
Para simplificar a situação do lançamento horizontal, se-
rão utilizados os conteúdos vistos até aqui: em primeiro
lugar, é possível estudar separadamente o movimento em
cada direção, como Galileu observou; em segundo lugar,

CN AULAS o movimento na vertical se caracteriza como uma queda


livre, movimento que foi estudado anteriormente.
15 E 16
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 20

Até o momento foram estudados os movimentos de corpos


que se deslocavam em apenas uma direção; agora serão
estudados os movimentos de corpos que variam em duas
direções ao mesmo tempo.

Essa foto de múltipla exposição pode ser feita em um ambiente escuro com

1. Lançamento horizontal
ajuda de uma lâmpada que acende e apaga em intervalos de tempo iguais

O corpo possui velocidade constante na direção hori-


zontal, realizando um movimento uniforme (MU).
Sx = S0x + vx ∙ t
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Na direção vertical, o corpo possui aceleração constan-


te (igual à aceleração da gravidade), realizando, dessa for-
ma, um movimento uniformemente variado (MUV).
Nessa situação, adota-se a orientação com sentido para
multimídia: vídeo
baixo. É importante ressaltar que os valores da posição au-
Fonte: Youtube mentam de cima para baixo.
Velocidade horizontal
vy = |g| ∙ t

Anteriormente foi estudado o lançamento vertical. Nele


o objeto se desloca em apenas uma direção. Agora será ​ 1 ​  ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + __
2
analisado o movimento de lançamento horizontal. A figu-
ra a seguir mostra ambas as situações. A bola vermelha
vy2 = 2|g| ∆Sy
é abandonada e cai em queda livre, e a bola amarela é

38
Também é importante lembrar que o tempo de queda é
dado por:
______

√ ​ 
2 ∙ DSy
tqueda = ​ ______
|g|
 ​ ​ 
  

A combinação desses dois movimentos cria uma trajetória


com o formato de um arco de parábola.

O sistema de coordenadas adotado, eixo Ox e eixo Oy, está


ilustrado na figura a seguir. Como Oy está orientado para
baixo, a aceleração escalar é positiva: a = + g = 10 m/s2.

À medida que o corpo cai, ele desloca-se


______ na horizontal;

√2 ∙ DSy
sendo o tempo de queda tqueda = ​ ______
​   ​ ​,  pode-se
|g|
a distância horizontal percorrida pelo móvel.
  calcular

Sx = S0x + vx ∙ t
______


​ 
2 ∙ DSy
DSx = vx ∙ ​ ______
|g|
 ​ ​ 
  
Como foi visto, o movimento é uniforme (MU) na direção
horizontal. Dessa forma, tem-se:

A velocidade em cada instante é dada pela soma vetorial S = S0 + vt → x = v0t → x = 8t


da componente horizontal e vertical. Na direção vertical, o movimento é uniformemente variado
(MUV). A velocidade vertical inicial é nula, uma vez que no
v2 = vx2 + vy2 instante inicial a velocidade não é nula somente na horizontal.
S = S0 + v0t + __ ​ a  ​t2
2
Exemplo ​ 10 ​t 2 ⇒ y = 5t2
y = 0 + 0 ⋅ t + ___
2
Na situação da figura a seguir, uma pedra é lançada hori-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​ vy = v0y + at
zontalmente
___› do topo de um edifício com velocidade inicial​
v0 ​.  Desprezando
___ a resistência do ar, adotando g = 10 m/s2 vy = 0 + 10t ⇒ vy = 10 t
​›
e supondo |​v0 ​|  = 8 m/s, é possível analisar o movimento da
pedra. A distância A, do ponto P ao ponto Q, é denominada Quando a pedra atinge o solo, sua posição é y = 45 m.
alcance horizontal. Substituindo na equação horária da posição, tem-se:
45 = 5t² ⇒ t² = 9 ⇒ t = 3 s
Assim, a pedra demora 3 segundos para atingir o solo.
Usando esse intervalo de tempo na equação do movimen-
to horizontal, obtém-se o alcance A:
x=8t
A = (8)(3) ⇒ A = 24 m

39
A velocidade horizontal se mantém constante e igual a
8,0 m/s durante todo o trajeto, mas a velocidade vertical Aplicação do conteúdo
vy aumenta. Substituindo os valores de t nos instantes da- 1. (FEI) Em uma competição de tiro, o atirador posiciona
dos por t = 1 s, t = 2 s e t = 3 s, nas equações anteriores, seu rifle na horizontal e faz mira exatamente no centro
determinam-se os valores de x, y e vy: do alvo. Se a distância entre o alvo e a saída do cano é
d = 30 m, a velocidade de disparo do rifle é 600 m/s,
t(s) x(m) y(m) vy(m/s) qual a distância do centro do alvo que o projétil atingi-
1 8 5 10 rá? Considere g = 10 m/s² e despreze a resistência do ar.
2 16 20 20
a) 0,25 cm. d) 1,00 cm.
3 24 45 30
b) 0,5 cm. e) 1,25 cm.
c) 0,75 cm.

Resolução:
Na horizontal, tem-se um MRU, e, na vertical, tem-se um MRUV
acelerado. A distância horizontal é 30 m e sua velocidade v é 600
m/s. Assim, o tempo que o projétil atinge o alvo será:
ΔSx
​ 30 ​ ⇒ Δt = ___
vx = ​ ___ ​ ⇒ 600 = ___ ​ 30  ​  ⇒ Δt = 0,05 s
Δt Δt 600
Na vertical, a velocidade inicial é zero e a aceleração é a favor
de sua trajetória. Assim, aplicando o tempo na função horária do
MRUV vertical, tem-se:
gt²
ΔSy = Voy · t + ___
​   ​  ⇒
2
(10)(0,05)²
⇒ ΔSy = (0) · (0,05) +_________________
​   ​  ⇒

2
⇒ ΔSy = 0 + 0,0125 ⇒ ΔSy = 0,0125 m.
Aplicando análise dimensional na distância vertical, tem-se:
Para calcular a velocidade (total) no instante t = 2 s, por exem- ΔSy = 0,0125 m · (​ 100 cm
______
 ​) 
 ⇒ ΔSy = 1,25 cm.
plo, considera-se a soma vetorial, como na figura abaixo: 1 m
Alternativa E
2. (Unesp) Uma pequena esfera, lançada com velocida-
de horizontal vo do parapeito de uma janela a 5,0 me-
tros do solo, cai num ponto a 10 metros da parede. Con-
siderando g = 10 m/s² e desprezando a resistência do ar,
podemos afirmar que a velocidade vo, em m/s, é igual a:

​  5  ​. 
a) ___ ​ 10 ​ .
b) ___ c) 5. d) 10. e) 15.
10 5

v² = (8)² + (20)² = 64 + 400 = 464 Resolução:


____
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

v=√ ​ 464 ​ v ≅ 21,5 m/s A altura vertical é 5 m, sua velocidade inicial é zero e a ace-
leração é a favor da trajetória. Aplicando a função horária do
É preciso encontrar uma equação que descreva a trajetória MRUV vertical, tem-se:
do movimento. Para isso, elimina-se o tempo na equação gt² (10)t²
ΔSy = voy · t + ___
​   ​  ⇒ 5 = (0)t + _________
​   ​   ⇒
anterior da posição horizontal e se faz a substituição na 2 __ 2
equação da posição vertical: ⇒ 5 = 5t² ⇒ t² = 1 ⇒ t = √ ​ 1 ​  ⇒ t = 1 s.

x = 8t ⇒ t = __ ​ x  ​ A distância horizontal é 10 e o tempo é 1 s. Assim, sua velocida-


8
de constante será:
Substituindo:
ΔSx
y = 5t² = 5​ ​ __x  ​  ²​ ⇒ y = ___ ​ 5  ​x  ² ​ 10 ​ ⇒ v0 = 10 m/s
v0= ​ ___ ​ ⇒ v0= ___
()
8 64 Δt 1
As aulas de Matemática ensinam que uma equação desse Alternativa D
tipo corresponde a uma parábola. Dessa forma, entre os pon-
tos O e Q, a trajetória da pedra é um arco de parábola.

40
3. (Fuvest) Um motociclista de MotoCross move-se com
velocidade v = 10 m/s, sobre uma superfície plana, até 2. Lançamento oblíquo
atingir uma rampa (em A), inclinada de 45º com a hori-
No lançamento
___ oblíquo, o objeto lançado tem velocidade ini-
zontal, como indicado na figura. ​›
cial v​ 0 ​ , inclinada em relação à horizontal e à vertical, forman-
V
do ângulo θ com a horizontal, como mostra a figura a seguir.

V0

A P θ
45º

H
D

A trajetória do motociclista deverá atingir novamente a


rampa a uma distância horizontal D (D = H), do ponto A,
aproximadamente igual a: Para estudar esse tipo de movimento, é preciso utilizar um
(g = 10 m/s²) procedimento denominado decomposição vetorial; o intui-
to é obter uma
____ componente horizontal da velocidade, vetor
a) 20 m. b) 15 m. c) 10 m. d) 7,5 m. e) 5 m. ​ ›
horizontal v​0x ​ ____
, e uma componente ___ vertical da velocidade,
​ › ​›
Resolução: vetor vertical v​0y ​,  de modo que____
v​  ​  possa ser considerado
​ 0› ____​ ›
Na vertical, tem-se um MRUV, e, na horizontal, tem-se um MRU. como a resultante dos vetores v​0x ​  e v​0y ​.  A figura a seguir
demonstra que a velocidade inicial é dada pela soma vetorial
A velocidade inicial vertical é zero e a aceleração é a favor da tra- das componentes vertical e horizontal da velocidade.
jetória. Aplicando a função horária do MRUV na vertical, tem-se:
gt² (10)t²
ΔSy = voy · t + ___ ​   ​  ⇒ H = (0) · t + _________ ​   ​   ⇒
2 __ __ 2
⇒ H = 5t² ⇒ t = ​ __ √ 5 √
​  H ​ ​  ⇒ t = ​ __ ​  D ​ ​ . 
5
A velocidade constante na horizontal é 10m/s. Assim, a distância
D será: ΔSx
vx= ​ __ ​   ⇒ 10· t = D ⇒ t = ___ ​ D  ​  ⇒
Δt __ 10
⇒ ​ __ √
​ D ​ ​  = ___
5 10 5
​  D  ​  ⇒ __ (  )
​  D ​ = ​​ 10 D     ​​ 2 ⇒
___
​›
__D D²
___
​   ​ = ​    ​  ⇒ 100D = 5D2 ⇒ 20D = D² ⇒ Diz-se, então,____
que v​ 0 ​ foi decomposto nas componentes per-
5 100 ​ › ​____ ›
⇒ D² – 20D = 0 ⇒ pendiculares v​ 0x ​ e v​ 0y ​.  Considerando o triângulo retângulo
(D – 0) · (D – 20) = 0 sombreado na imagem anterior, tem-se da Trigonometria:
Assim, tem-se: v0y
cateto oposto __
sen q = ___________
​  = ​  v  ​ ⇒ v0y = v0 ⋅ sen q
 ​ 

D = 0 m ou D = 20 m hipotenusa 0

Como D = 0 m não convém, a distância horizontal será 20 me- cateto adjacente __ v0x
cos q = _____________ = ​  v  ​ ⇒ v0x = v0 ⋅ cos q
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​     ​ 
tros. hipotenusa 0

Alternativa A Assim, é possível fazer uma comparação: o movimento se-


ria o mesmo
____ se a bola fosse lançada para cima com veloci-
​ ›
dade v​ 0y ​ dentro de um vagão de trem que se desloca para
​____›
a direita com velocidade v​ 0x ​. 

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Lançamento oblíquo em um plano inclinado

41
A trajetória curva da bola____é mostrada na figura a seguir. A Para se calcular a altura máxima atingida pelo móvel, po-
​ ›
componente horizontal v​0x ​ se mantém constante durante de-se substituir o tempo total na equação da posição. No
todo o movimento (até___a bola atingir o solo). Entretanto, entanto, substituindo vy = 0 na Equação de Torricelli, ob-
​›
a componente vertical v  ​y ​  da velocidade varia sob a ação tém-se a altura máxima Hmáxima de maneira mais simples.
da aceleração da gravidade (como___no lançamento vertical):
durante a subida, o módulo de v 
​›
​y ​  diminui até se anular vy2 = v0y2 – 2 ∙ |g| ∙ DSy
no ponto mais alto M (denominado vértice). Nesse____ ponto, v20y
​ › _____
Hmáxima = ​    ​  
somente a componente horizontal da velocidade v​0x ​  não 2 ∙ |g|
é nula. Em ___
seguida, a bola começa a cair, de modo que o
​›
módulo de   v​ y ​ aumenta. Para o cálculo da distância horizontal A percorrida, basta
substituir o tempo na equação do movimento horizontal:
Sx = S0x + vx ∙ t
2 ∙ v0y
Para o tempo total t = ttotal = _____
​   ​,  tem-se
|g|
DSx = vx ∙ t

Assim como no lançamento horizontal, o estudo do lan- ( |g| )


2 ∙ v0 ∙ senθ
A = (v0 ∙ cosθ)∙ ​  ​ _________ ​    

çamento oblíquo parte da independência do movimento; v 2 ∙ sen(2θ)


observe como separar o movimento horizontal e o movi- A = _________
​  0  ​   
|g|
mento vertical.
Na direção horizontal, o corpo possui velocidade cons- Analisando a expressão do alcance horizontal, segue que
tante e, assim, realiza um movimento uniforme (MU). A será máximo quando θ = 45º. Nessa situação, tem-se a
seguinte relação:
Sx = S0x + v0x ∙ t onde v0x = v0 ∙ cos θ
A = 4 ∙ Hmáxima
Na direção vertical, o corpo possui aceleração constan-
te (igual à aceleração da gravidade), realizando um mo- É importante ressaltar que, para a mesma velocidade inicial,
vimento uniformemente variado (MUV). Adotando o alcance A será o mesmo para ângulos complementares,
orientação vertical para cima (durante todo o movimento), ou seja, tanto para 30° quanto para 60° o alcance será o
tem-se que a = –|g|: mesmo.

vy = v0y – |g| ∙ t

​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + v0y ∙ t – __
2

vy2 = v20y – 2 ∙ |g| ∙ DSy onde v0y = v0 ∙ sen θ


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Normalmente será adotado |g| = 10 m/s².


Assim como no lançamento vertical, tem-se que na altura
máxima vy = 0 e:
v0y
tsubida = tdescida = __
​   ​  
|g|
Sendo o tempo dado por:
2 · v · senθ
2 · voy _________
ttotal = tsubida + tdescida = ​ ______ ​= ​  0    
   
  ​ 
|g| |g|
multimídia: vídeo
A velocidade em cada instante é dada pela soma vetorial Fonte: Youtube
da componente horizontal e vertical.
Física Total - Aula 10 - Lançamento
oblíquo no vácuo...
v2 = vx2 + vy2

42
Exemplo Nesse caso, como a bolinha foi lançada a partir do solo, o
A figura ilustra uma bolinha lançada do ponto O, no solo, tempo de subida é igual ao tempo de descida, e, assim, a
com velocidade inicial v0, formando um ângulo θ com a bolinha atinge o ponto P no instante t = 12 s. Substituindo
horizontal. A bolinha atinge novamente o solo no ponto esse valor na equação da posição horizontal, obtém-se o
P. Desprezando a resistência do ar e adotando o sistema alcance máximo:
de coordenadas mostrado na figura, serão determinados o t = 12 s ⇒ x = 80 (12) ⇒ x = 960 m ⇒A = 960 m
alcance horizontal A e a altura máxima atingida pela boli- É importante destacar que a altura máxima também pode
nha, supondo g = 10 m/s2, v0 = 100 m/s, sen θ = 0,60 e ser calculada das seguintes maneiras:
cos θ = 0,80.
§ Usando a Equação de Torricelli, na direção vertical, fa-
zendo vy = 0:
v2 = v​  2​  + 2a(S – S )
0y 0
v2y = v20y – 2(10) ∙ (H – 0)
0 = 602 – 2(10) ∙ (H – 0)
Resolvendo essa equação, obtém-se H = 180 m.

§ A partir do gráfico da velocidade em função do tem-


Como o eixo está orientado para cima, na vertical, a acele- po até o instante t = 6 s, que é o instante em que
ração escalar é a = – |g| = –10 m/s2. a bolinha atinge a altura máxima. A área sombreada
Inicialmente, realiza-se a decomposição da velocidade ini- na figura é numericamente igual à variação de posição
___
​›
cial v​ 0 ​,  como mostrado na figura. vertical entre t = 0 e t = 6,0 s, ou seja, à altura máxima:

(6, 0)(60)
H = _______
​   ​   ⇒ H = 180 m
2

Assim, obtém-se v0x = 80 m/s e v0y = 60 m/s.


Escrevem-se, então, as principais equações do movimento
horizontal e do movimento vertical:
Horizontal Vertical
S = S0 + vt S = S0 + v0t + __​ a ​t2, vy = v0y + at
2
g
x = 0 + v0x ∙ t y = 0 + v0y t – __​   ​t2, vy = v0y – gt
2 Aplicação do conteúdo
x = 80t y = 60t – 5,0t2,   vy = 60 – 10 t
O ponto mais alto é atingindo no instante em que vy = 0: 1. (UEPG-PR) Um projétil quando é lançado obliquamen-
te, no vácuo, descreve uma trajetória parabólica. Essa
vy = 0 ⇒ 60 – 10t = 0 ⇒ t = 6,0 s trajetória é resultante de uma composição de dois mo-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Substituindo esse intervalo de tempo na equação da posi- vimentos independentes. Analisando a figura a seguir,
ção vertical, obtém-se a altura máxima H: que representa o movimento de um projétil lançado
obliquamente, assinale o que for correto.

t = 6,0 s ⇒ y = 60(6,0) – (5,0) ∙ (6,0)2


y = 360 – 180 ⇒ y = 180 m
Portanto, a altura máxima é H = 180 m.

43
01) As componentes da velocidade do projétil, em 02) Incorreto. Aplicam-se a função horária do MRU na horizon-
qualquer instante nas direções x e y, são respectiva- tal e a função horária do MRUV na vertical.
mente dadas por: Sx = S0 + vx · t ⇒ x = 0 + v0∙ cosB ∙ t ⇒ x = v0 ∙ cosB ∙ t
vx = v0 ∙ cosB e vy = v0 ∙ senB – gt. (–g)t²
Sy = S0,y + v0,y · t + ​ ____
 ​  ⇒
02) As componentes do vetor posição do projétil, em 2
gt²
qualquer instante, são dadas por: ⇒ y = 0 + v0 ∙ senBt – ___ ​   ​  ⇒
gt² 2
x = v0 ∙ cosB ∙ t e y = v0 ∙ senB – ___
​   ​  gt²
2 ⇒ y = v0 ∙ senBt – ___ ​   ​  
04) O alcance do projétil na direção horizontal de- 2
pende da velocidade e do ângulo de lançamento. 04) Correto. O alcance (A) de um corpo será:
08) O tempo que o projétil permanece no ar é ΔSx = vx · Δttotal ⇒ A = v0 ∙ cosB ∙ t
(2v0 ∙ senB)
t = _________
​  g  ​    08) Correto. Aplicam-se a função horária da velocidade entre os
instantes iniciais e o ponto de máximo para encontrar o tempo
16) O projétil executa simultaneamente um movi- de subida.
mento variado na direção vertical e um movimento vy = v0 · senB – gtsubida ⇒
uniforme na direção horizontal.
⇒ 0 = V0 ∙ senB – gtsubida ⇒
Resolução:
​​ senB
⇒ tsubida = v0 ∙ _____ g ​​.  
01) Correto. Na horizontal, tem-se um MRU, e, na vertical, um
MRUV com a aceleração gravitacional contrária à trajetória. As- Sendo o tempo de subida igual ao tempo de descida, o tempo
sim, as componentes da velocidade em função do tempo serão: total será:
(2v0 ∙ senB)
vx = v0 ∙ cosB ttotal = tsubida + tdescida ⇒ ttotal = 2 ∙ (tsubida) ⇔ ttotal = _________
​​  g ​​.   
vy = vo,y + (–g)t ⇒ vy = v0 ∙ senB – gt . 16) Correto.

VIVENCIANDO

O lançamento oblíquo é facilmente encontrado nos esportes. Nos saques de uma partida de tênis ou nos arremessos
para a cesta num jogo de basquete, estão presentes as trajetórias parabólicas, em que a altura máxima atingida
pela bola é o vértice da parábola, e a distância que separa o início e o final da jornada da bola é o alcance máximo.
Quando o jogador de futebol cobra uma falta próxima da grande área, é possível observar claramente a trajetória
parabólica da bola, caso a barreira ou o goleiro não atrapalhem o percurso até o gol. A trajetória parabólica também
pode ser identificada no salto em distância, como mostra a figura a seguir.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Fonte: <http://jornal.usp.br/ciencias/cientistas-desvendam-a-fisica-por-tras-da-performance-dos-atletas>

44
2. (PUC-RJ) Um superatleta de salto em distância realiza Sendo o tempo de subida igual ao tempo de descida, o
o seu salto procurando atingir o maior alcance possível. tempo total será:
Se ele se lança ao ar com uma velocidade cujo módulo
é 10 m/s, e fazendo um ângulo de 45º em relação a ho- ttotal = tsubida + tdescida ⇒ ttotal = 2 ∙ (tsubida) ⇒
__

(  )
rizontal, é correto afirmar que o alcance atingido pelo √ __
atleta no salto é de: (Considere g = 10 m/s²). ​ ​ 2 ​ ​    ​ ⇒ ttotal = √
⇒ ttotal = ​ 2 ∙ ___ ​ 2 ​ s.
2
a) 2 m. b) 4 m. c) 6 m. d) 8 m. e) 10 m. Aplicando o tempo total na velocidade horizontal, temos:
Resolução:
ΔSx __ ΔS
vx = ​ ____ ​ 2 ​ = ​ ___
  ​ ⇒ 5 ∙ √ __x ​  ⇒ ΔS = 5 ∙ 2 ⇒ ΔS = 10 m.
Δttotal ​√2 ​  x x

Alternativa E

Assim as componentes da velocidade __


inicial serão:
√ __
​ ​  ​2  ​  ⇒ vx= 5 ∙ √
vx= v0 ∙ cos(45º) ⇒ vx = 10 ∙ ___ ​ 2 ​ m/s ;
2
vo,y = v0 ∙ sen(45º) ⇒ voy = 5 ∙ √
__
​ 2 ​ m/s; multimídia: site
Aplicaremos a função horária da velocidade para encontrar
o tempo de subida. brasilescola.uol.com.br/fisica/lancamento-obliquo.htm
__ physics.tutorvista.com/motion/projectile-motion.html
vy = vo,y – gtsubida ⇒ 0 = 5 ∙ √
​ 2 ​ – 10tsubida ⇒
__ __ www.efeitojoule.com/2011/04/lancamento-obliquo-lan-

​ 2 ​ 
___ √
​ 2 ​ 
___ camento-obliquo.html
⇒ tsubida = 5 ∙ ​   ​  ⇒ tsubida = ​   ​  s.
10 2

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

45
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As guerras moldaram o mundo atual e foram decididas pelo poderio bélico. As primeiras catapultas apareceram na
Grécia, entre 400 e 300 a.C., e foram utilizadas por Alexandre, o Grande, em seus cercos e batalhas. Os romanos
aperfeiçoaram as catapultas, inventando o trabuco, que, em vez de usar energia elástica, utilizava energia potencial
gravitacional para lançar seus projéteis.
A utilização de canhões foi comum em guerras e, em certos momentos, foi fator decisivo. Durante a Segunda Guerra
Mundial, os obuseiros – canhões melhorados capazes de alcançar distâncias entre 11 km e 23 km – foram utilizados
em larga escala por ambos os lados. O obuseiro M-10,1, criado para a Segunda Guerra Mundial, foi utilizado pelos
norte-americanos contra os japoneses e por brasileiros contra os italianos.
O conhecimento a respeito do movimento balístico foi fundamental para a correta utilização de tal peça de artilharia.
Depois de ser fixado, é necessário ajustar a sua mira. Por meio de manivelas, o tubo pode ser movido tanto na hori-
zontal quanto na vertical. A posição correta é calculada a partir da distância do alvo.

Durante a Primeira Guerra Mundial, e principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, os aviões foram utilizados
para o lançamento de projéteis. Os pilotos lançavam seus projéteis sem a utilização dos modernos computadores,
que fazem todos os cálculos necessários para acertar o alvo. Nesse caso, tem-se um lançamento horizontal, e o piloto
deveria saber que não deveria abandonar o projétil quando estivesse exatamente acima do alvo, pois, se o fizesse, o
projétil não acertaria o alvo quando atingisse o solo.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

46
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 concentra um tema fundamental no ramo das ciências exatas: saber descrever o movimen-
to dos corpos. O aluno deve ser capaz de descrever qualitativamente o movimento do móvel: saber sua
posição, sua velocidade e sua aceleração.
Nesse quesito, o estudo de lançamento horizontal e oblíquo necessita da junção de conceitos estudados
anteriormente, pois se trata de um assunto mais complexo e que exige mais do estudante.

MODELO 1

(Enem 2.ª aplicação) Para um salto no Grand Canyon usando motos, dois paraquedistas vão utilizar uma moto
cada, sendo que uma delas possui massa três vezes maior. Foram construídas duas pistas idênticas até a beira do
precipício, de forma que no momento do salto as motos deixem a pista horizontalmente e ao mesmo tempo. No
instante em que saltam, os paraquedistas abandonam suas motos e elas caem praticamente sem resistência do ar.
As motos atingem o solo simultaneamente porque:
a) possuem a mesma inércia;
b) estão sujeitas à mesma força resultante;
c) têm a mesma quantidade de movimento inicial;
d) adquirem a mesma aceleração durante a queda;
e) são lançadas com a mesma velocidade horizontal.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Sendo desprezível a resistência do ar, durante a queda as duas motos adquirem a mesma aceleração, que
é a aceleração da gravidade. O tempo de queda não depende da velocidade horizontal nem da massa
da moto.

RESPOSTA Alternativa D

MODELO 2
(Enem PPL) Na Antiguidade, algumas pessoas acreditavam que, no lançamento oblíquo de um objeto, a resultante
das forças que atuavam sobre ele tinha o mesmo sentido da velocidade em todos os instantes do movimento. Isso
não está de acordo com as interpretações científicas atualmente utilizadas para explicar esse fenômeno.
Desprezando a resistência do ar, qual é a direção e o sentido do vetor força resultante que atua sobre o objeto
no ponto mais alto da trajetória?
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) Indefinido, pois ele é nulo, assim como a velocidade vertical nesse ponto.
b) Vertical para baixo, pois somente o peso está presente durante o movimento.
c) Horizontal no sentido do movimento, pois devido à inércia o objeto mantém seu movimento.
d) Inclinado na direção do lançamento, pois a força inicial que atua sobre o objeto é constante.
e) Inclinado para baixo e no sentido do movimento, pois aponta para o ponto onde o objeto cairá.

ANÁLISE EXPOSITIVA
No ponto mais alto da trajetória, a força resultante sobre o objeto é seu próprio peso, de direção vertical e sentido
para baixo.

RESPOSTA Alternativa B

47
DIAGRAMA DE IDEIAS

LANÇAMENTO
OBLÍQUO

LANÇAMENTOS

MOVIMENTOS
SIMULTÂNEOS

VERTICAL MRUV HORIZONTAL MRU

LANÇAMENTO
V0Y = 0 HORIZONTAL

LANÇAMENTO
V0Y ≠ 0
OBLÍQUO

EM HMÁX ;
VY = 0
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

48
FÍSICA

2
CIÊNCIAS DA
TERMODINÂMICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

As questões de termodinâmica do Enem Os temas deste livro – lei geral dos gases e
são contextualizadas a partir de ilustrações. as leis da termodinâmica – aparecem com
frequência na prova da Fuvest. São ques-
tões que exigem interpretações gráficas e
manipulações em equações.

Os principais temas deste livro mais fre- Dentre os temas abordados neste caderno, Os temas deste livro – lei geral dos gases e
quentes nas provas da Unicamp são o o de maior incidência no vestibular da Uni- a 1.ª lei da termodinâmica – aparecem com
estudo da lei geral dos gases e as leis da fesp é a termodinâmica. frequência na prova da Unesp. São ques-
termodinâmica. São questões que exigem tões que exigem interpretações gráficas e
interpretações de imagens e gráficos. manipulações em equações.

Dentre os temas abordados neste caderno, A prova da FMABC tem uma grande varia- A prova da da PUC de Campinas tem uma A prova da Santa Casa tem uma grande va-
o de maior incidência no vestibular Albert ção de temas. No entanto, podem aparecer grande variação de temas. Eventualmente riação de temas. No entanto, podem apa-
Einstein é a óptica, relacionada com espe- os temas óptica (relacionando lentes ou podem aparecer o tema óptica (relacio- recer os temas óptica (relacionando lentes
lhos planos. espelhos) e lei geral dos gases. nando lentes ou espelhos) e o estudo da ou espelhos) e a termodinâmica, exigindo
termodinâmica. interpretação de gráficos.

UFMG
A prova da UEL tem uma grande variação A prova da UFPR tem uma grande variação A prova da CMMG tem uma grande va-
de temas. Eventualmente podem aparecer de temas. Eventualmente pode aparecer o riação de temas. Eventualmente podem
o estudo dos gases e da termodinâmica tema lei dos gases, exigindo manipulações aparecer o tema óptica (relacionando len-
com questões que exigem um alto nível de das equações. tes ou espelhos) e o estudo da 1.ª lei da
manipulações matemáticas. termodinâmica.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O tema dos gases sempre está presente A prova da UNIGRANRIO tem uma grande A prova da FTESM tem uma grande va-
na prova da UERJ, apresentando questões variação de temas. Eventualmente pode riação de temas. Eventualmente pode
mais objetivas. aparecer o tema óptica (relacionando len- aparecer o tema lei dos gases, exigindo
tes ou espelhos). manipulações das equações e interpreta-
ção de gráficos.

50
2. Lei geral dos gases –
equação de Clapeyron
A lei geral dos gases estabelece a seguinte relação, válida
LEI GERAL para uma quantidade de gás que tem massa constante:

DOS GASES ___pV


​​   ​​ = constante
T
Em que p é a pressão exercida pelo gás, V é o volume ocu-
pado pelo gás e T é a temperatura do gás em kelvin.
Em 1834, o físico francês Émile Clapeyron (1799-1864), de-

CN
pois de estudar diversos gases com quantidades de massa
AULAS diferentes, descobriu que a constante da equação acima não
9 E 10 é proporcional à massa do gás, mas depende do número de
moléculas do gás. Assim, a equação é escrita como:
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
___pV
​​   ​​ = R ⋅ n
5e6 17, 18 e 21 T
ou

pV = nRT

1. Introdução Em que o número de mols de moléculas do gás é dado por n,


e a constante R é denominada constante universal dos
Nas aulas anteriores, foi estudado o comportamento de ex-
gases ideais, por seu valor ser o mesmo para todos os ga-
pansão dos sólidos e dos líquidos; agora será abordado o
ses. Essa equação é chamada de equação de Clapeyron.
comportamento dos gases. Estudos sobre esse tema remon-
Isolando a constante R na equação, obtém-se:
tam aos séculos XVII, XVIII e XIX, com apresentações de
pV
balões para a nobreza e o surgimento da máquina a vapor. R = ___
​​   ​​ 
nT
Assim:
Em primeiro lugar, o estudo analisará a definição de gás
ideal. Gás ideal ou perfeito é um gás hipotético compos- (unidade de pressão) ⋅ (unidade de volume)
______________________________________
unidade de R =    
    
​​   ​​
to por partículas com interações elétricas que devem ser (unidade de molaridade) ⋅ (unidade de temperatura)

desprezadas. As colisões entre as partículas são elásticas, e O valor de R, determinado experimentalmente, vale:
não ocorre perda de energia na forma de calor. Na prática,
apenas gases que se encontram em baixa pressão e altas ​​ atm ⋅ L 
R = 0,082 ______ ​​ Pa ⋅ m³ ​​ 
= 8,31 ______
 ​​ 
mol ⋅ K mol ⋅ K
temperaturas se aproximam de tal comportamento.
Algumas variáveis são importantes para o estudo do com- Adiante, será visto que o produto Pa ⋅ m3 é equivalente ao
portamento dos gases: pressão p; volume V; massa m e joule (J). Assim, pode-se reescrever o valor de R como:
temperatura T. Por certas razões, em vez do uso da massa, ​​  J   ​​ 
R = 8,31 ______ ​​  cal   ​​ 
≅ 2,0 ______
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

foi adotado o número de mols n, sendo que o número de mol ⋅ K mol ⋅ K


mols é dado pela razão entre a massa do gás e a massa
molar da composição do gás.

​​  m   ​​  
n = _____
Mmolar

Nota: O número de mols também pode ser calculado pela


razão entre o número de partículas que compõem o gás N multimídia: vídeo
e o número de Avogadro NA = 6,023 ∙ 1023 mol-1 Fonte: Youtube
Física - Lei dos Gases Ideais: a Equação
​​  N  ​​  
n = __ de Clapeyron
NA

51
2.1. Estado normal de um gás 3.1. Transformação isotérmica
Quando um gás se encontra nas condições normais de
Durante a transformação do gás de um estado para outro,
temperatura e pressão (CNTP), afirma-se que ele está em
caso a temperatura permaneça constante, a transformação
estado normal:
será denominada isotérmica. Nesse caso, a lei geral dos
p = 1 atm = 760 mmHg e T = 273 K (0°C) gases fica:

Nota: VOLUME MOLAR é o volume ocupado por um mol de pV = constante


gás, independentemente da natureza do gás. “Nas CNTP o
ou
volume molar de qualquer gás perfeito é igual a 22,4 litros”.
p1V1 = p2V2
Aplicação do conteúdo
O gráfico de p em função de V, em uma transformação iso-
1. Determine o volume de um recipiente que contém
4,0 mols de moléculas de um gás ideal à pressão de térmica, é uma hipérbole equilátera chamada de isoterma.
2,0 atm e à temperatura de 27 °C. Dados: 1 atm ≅ 105 Pa Quanto maior a temperatura do gás, maior será o produto
e R = 8,3 J/mol ⋅ K. do pV, e a isoterma ficará mais afastada dos eixos (lembre-
-se de que a quantidade de gás é constante).
Resolução:

 omo o valor de R foi dado em unidades do SI, deve-se


C
transformar unidade de pressão para pascal e unidade de
temperatura para kelvin: T2 > T1
T1

p = 2,0 atm @ 2,0 × 105 Pa


T = 27 °C = 300 K
n = 4,0 mols A transformação isotérmica também é conhecida como Lei
de Boyle-Mariotte e foi desenvolvida separadamente por
ambos os cientistas. Robert Boyle (1627-1691) publicou
Pela equação de Clapeyron, isola-se V e se calcula: sua descoberta em 1660. Edme Mariotte (1620-1684)
publicou sua descoberta em 1676, mas cedeu todos os
pV = nRT ⇒ V = ___​​ nRT
 ​​   créditos a Boyle.
P
(4,0 mols) ∙ (8,3 J/mol ∙ k) ∙ (300 k) 
V = ______________________
   
​​      ​​
2,0 · 105 Pa 3.2. Transformação isobárica
V = 4,98 · 10–2 m3
Durante a transformação do gás de um estado para outro,
Na utilização da equação de Clapeyron, é importante observar caso a pressão permaneça constante, a transformação será
que a temperatura sempre deve estar na unidade kelvin. denominada isobárica. Nesse caso, a lei geral dos gases fica:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

V ​​ = constante
​​ __
3. Transformações gasosas T

Considerando o número de mols de um gás constante, isto ou


é, um sistema isolado, a transformação do gás de um esta- V V
do A para um estado B é relacionada pela equação: __
​​  1 ​​ = ​​ __2 ​​ 
T1 T2
p ⋅ V _____
_____ p​ ⋅ V
​​​  A  ​​A 
 = ​​  B  ​​B 

TA TB

Se uma das variáveis da equação acima permanecer cons-


tante, somente as outras duas podem variar, e, nesse caso,
existem algumas transformações particulares que serão
abordadas a seguir.

52
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
3.3. Transformação isocórica Por que desodorante spray gela as coisas?

Durante a transformação do gás de um estado para outro,


caso o volume permaneça constante, a transformação será
denominada isocórica, isométrica ou isovolumétrica. Nesse
3.4. Transformação adiabática
caso, a lei geral dos gases fica:
A transformação de um gás pode acontecer muito rapida-
__ p mente, e, nesse caso, a expansão ou compressão de um
​​   ​​ = constante
T gás pode ocorrer sem trocas de calor com o meio externo
(devido à rapidez da transformação).
ou
Essa transformação é denominada transformação adiabáti-
__ p p ca. A relação que satisfaz essa transformação é dada por:
​​  1 ​​ = ​​ __2 ​​ 
T1 T2

p ⋅ Vg = constante

ou

p1v1g = p2v2g

Em que g é a razão entre as capacidades caloríficas mo-


lares à pressão constante (Cp) e o volume constante (Cv);
trata-se do chamado coeficiente de Poisson. Para um gás
ideal monoatômico g = __​​ 5 ​​  e para um gás ideal diatômico
3
​​ 7 ​​. 
g = __
5 VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Tanto a transformação isobárica, que também recebe o


nome de Lei de Charles e Gay-Lussac, quanto a transfor-
mação isocórica, que também é conhecida como Lei de
Charles, recebem os nomes de seus autores, que desen-
volveram suas ideias separadamente: Jacques Alexandre
César Charles (1746-1823) fez sua descoberta da relação Em relação à temperatura, pode-se escrever:
para a transformação isobárica em 1787, e Louis Joseph
Gay-Lussac (1778-1850) fez sua descoberta em 1802. T1 · v1γ = T2 · v2γ

53
VIVENCIANDO

Apesar de ser útil na caracterização do estado de um gás, a lei geral dos gases pressupõe o comportamento ideal de
um gás, que é impossível de ser obtido na prática; contudo, pode ser considerada prática na maioria das situações. Os
fundamentos da lei geral são utilizados na produção de diversos produtos presentes no cotidiano, como o ar-condi-
cionado, o spray aerossol e a geladeira.
O aerossol é constituído por um reservatório de metal e por uma válvula que se conecta a uma mistura entre o pro-
duto (desodorante, repelente, inseticida) e um gás propelente. O produto e o gás se encontram através de um tubo.
Quando a válvula é acionada, a mistura que estava pressurizada dentro da embalagem acaba entrando em contato
com a pressão atmosférica do ambiente, que é diferente da encontrada dentro da lata. A pressão interna do gás,
inicialmente alta, sofre uma diminuição. A diminuição brusca da pressão causa o aumento do volume da mistura, que
acaba sendo espalhada em forma gasosa pelo ambiente.

4. O mol que uma amostra de um elemento, com massa em gramas


numericamente igual à sua massa atômica, apresenta sem-
Nas aulas de química é ensinado que a contagem do nú- pre o mesmo número de átomos. Entretanto, ele não foi ca-
mero de átomos e moléculas é realizada usando-se o mol: paz de determinar o valor da constante que leva o seu nome.

1 mol = 6,023 · 1023 partículas Aplicação do conteúdo


1. Uma amostra de CO2 tem massa m = 88 gramas. De-
Desse modo, tem-se: termine o número de mols de moléculas da amostra,
sabendo que:
§ 1 mol de átomos = 6,023 · 1023 átomos

§ 2 mols de átomos = 2(6,023 · 1023) átomos = 12,046 Massa molar do carbono: MC = 12 gramas/mol
· 1023 átomos Massa molar do oxigênio: MO = 16 gramas/mol
A quantidade 6,023 · 10 é denominada número de
23
Resolução:
Avogadro e comumente representada por NA:
Como há dois átomos de oxigênio na molécula, a massa
NA = 6,023 · 1023 partículas/mol = 6,023 · 1023 mol–1 molar de CO2 é:
M = MC + 2MO = (12 g/mol) + 2(16 g/mol) = 44 g/mol
Note que o plural de mol é mols.
Assim, calcula-se o número de mols (n) da amostra:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A massa molar (M) de um elemento é definida como a


88 g
massa de 1 mol de átomos desse elemento. De modo se- ​​  m  ​​ = _______
n = __ ​​    ​​ 
= 2 mols
M 44 g/mol
melhante, para uma substância, a massa molar é a massa
de 1 mol de moléculas dessa substância. Assim, é possível P ortanto, essa amostra é composta por 2 mols de moléculas
calcular o número n de mols de átomos de um elemento de de CO2, ou seja, existem 2(6,023 × 1023) moléculas de CO2.
massa m, a partir da seguinte relação:
2. Um gás perfeito está sob pressão de 20 atm, na
temperatura de 200 K e apresenta um volume de 40
​​  m  ​​
n = __ litros. Se o referido gás tiver sua pressão alterada
M para 40 atm, na mesma temperatura, isto é, trans-
formação isotérmica, qual será o novo volume?
Note que essa relação também é válida para determinar o nú-
mero de mols de moléculas de uma substância de massa m. Resolução:

Lorenzo Romano Amedeo Carlo Avogadro (1776-1856) foi Como a transformação é isotérmica, pode-se aplicar a fór-
um químico italiano que elaborou pela primeira vez a ideia de mula específica para esse tipo de transformação:

54
p1 ⋅ V1 = p2 ⋅ V2 Resolução:
Substituindo os valores na fórmula, obtém-se: Como a transformação é isovolumétrica, ou seja, isocórica,
segue que o volume é constante; assim:
20 ⋅ 40 = 40 ⋅ V2
__ p p2
Finalizando os cálculos: ​​  1 ​​ = __
​​   ​​  
T1 T2
V2 = 20L Lembrando que, nessa fórmula, a temperatura deve ser
mantida em kelvin. Substituindo os valores na fórmula,
Assim, 20 litros será o novo volume.
obtém-se:
3. (Unesp) Um gás ideal, inicialmente à temperatura de 2   ​​  
320 K e ocupando um volume de 22,4 L, sofre expansão
________
​​  ​​ 4  ​​
= __
20 + 273 T2
em uma transformação isobárica. Considerando que a
massa do gás permaneceu inalterada e a temperatura Finalizando os cálculos:
final foi de 480 K, calcule a variação do volume do gás. T2 = 586 K
Resolução: Alternativa D

Como a transformação é isobárica, segue que a pressão é 5. (UFRGS) Um gás monoatômico sofre uma transfor-
mação adiabática durante a qual sua pressão absoluta
constante; assim:
passa de P para 4P. Sendo o volume inicial igual a 1 litro,
__ V V2
​​  1 ​​ = __
​​   ​​   podemos afirmar que o volume final será o valor de?
T1 T2
Resolução:
Substituindo os valores na fórmula, obtém-se:
Como a transformação é adiabática, segue que não há tro-
____22,4 V2
​​   ​​  = ___
​​    ​​   ca de calor com o meio externo; assim:
320 480
Finalizando os cálculos: p1 ⋅ V
​​ 1​ g​  ​​ = p2 ⋅ ​​V​2g​  ​​

V2 = 33,6 L Para um gás monoatômico, segue que a constante de


​​ 5 ​​: 
transformação vale __
Assim, a variação de volume foi: 3
P ⋅ 15/3 = 4P ⋅ V25/3
V2 - V1 = 11,2 L
Finalizando os cálculos, obtém-se:
Portanto, tem-se uma variação de volume de 11,2 litros.
V2 5/3 = 0,25
4. (Unirio) Com base no gráfico a seguir, que represen-
ta uma transformação isovolumétrica de um gás ideal, Logo:
podemos afirmar que, no estado B, a temperatura é de:
V2 ≅ 0,43 L

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

multimídia: site

www.efeitojoule.com/2009/09/equacao-de-clapey-
ron-equacao-clapeyron.html
www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/transf_termodinamicas.htm
a) 273 K
b) 293 K
quantumfreak.com/derivation-of-pvnrt-the-equation-of-
c) 313 K ideal-gas/
d) 586 K mundoestranho.abril.com.br/saude/como-se-forma-o-pum/
e) 595 K

55
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A lei geral dos gases é objeto de estudo de pesquisadores da


Química e da meteorologia, uma vez que as modificações gaso-
sas que ocorrem com o aumento de temperatura são importantes
para determinar fatores que influenciam o clima e a dinâmica
atmosférica. A compreensão dos fenômenos atmosféricos e do
funcionamento dos processos gasosos encontrados na atmosfera
contribui para uma visão completa dos procedimentos que en-
volvem diversas áreas, como saúde, política e ecologia.
Outro exemplo de pesquisas interdisciplinares com os gases
são os estudos sobre combustíveis alternativos, como o nitrogê-
nio líquido e o ar comprimido, que são utilizados com base nos
fenômenos de compressão e expansão dos gases para se criar
motores utilizados em carros e outros tipos de transporte.

5. Mistura de gases ideais 5.1. Lei das Pressões Parciais -- Lei de Dalton
Sejam misturados n1 e n2 mols de gás ideal, a quantidade A pressão final P da mistura é dada pela soma das pressões
final de mols é dada pela soma das quantidades individuais. parciais dos componentes da mistura se cada gás ocupasse
sozinho todo o volume final V, na mesma temperatura T que
n = n1 + n2
a mistura final. Matematicamente, temos que, para a mistura:
Sejam p, V, n e T as variáveis termodinâmicas da mistura, p⋅V
n = ____
​​   ​​  
pela equação de Clapeyron temos que: R⋅T
p⋅V para os gases individuais, teríamos:
n = ____
​​   ​​   p’ ⋅ V
R⋅T n’ = ____ ​​   ​​  
R⋅T
Sendo p1, V1, n1 e T1 as variáveis termodinâmicas do primei-
ro gás antes da mistura, e p2, V2, n2 e T2 as variáveis termo- e
dinâmicas do segundo gás antes da mistura, pela equação p” ⋅ V
de Clapeyron temos que: n” = ____
​​   ​​  

R⋅T
p ⋅V Como o número de mols da mistura é a soma das quanti-
n1 = ____
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​​  1 1 ​​ 
  dades individuais dos gases, temos:
R ⋅ T1
e n = n’ + n”
p
____ ⋅ V p’ ⋅ V ____p” ⋅ V
p ⋅V = ____
​​    ​​   ​​    ​​  
+ ​​    ​​  
n2 = ____
​​  2 2 ​​ 
  T T T
R ⋅ T2 Finalmente:

Finalmente podemos dizer que: p = p' + p"

p ⋅ V ____
____ p ⋅ V ____ p ⋅V
= ​​  1   1​​ 
​​    ​​   + ​​  2   2​​  
   
T T1 T2

56
DIAGRAMA DE IDEIAS

LEI GERAL
DOS GASES

EQUAÇÃO DE ESTA- EXPANSIBILIDADE E


GÁS IDEAL
DO DE CLAPEYRON COMPRESSIBILIDADE

VARIÁVEIS
TRANSFORMAÇÕES
DE ESTADO

• ISOTÉRMICA • PRESSÃO
• ISOBÁRICA • VOLUME
• ISOVOLUMÉTRICA • TEMPERATURA
• ADIABÁTICA

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

57
2. Trabalho realizado por um gás
Na figura a seguir, um gás ideal está contido em um cilindro
munido de um êmbolo (região mais escura). A seção reta
do cilindro tem área A. A força
​____› exercida pelo gás sobre o
PRIMEIRA LEI DA êmbolo é representada por F​ G ​  . Considere que o êmbolo se

TERMODINÂMICA desloque de d depois de uma expansão isobárica (pressão


constante) do gás.

CN AULAS
11 E 12
A força exercida pelo gás sobre o êmbolo e o deslocamen-
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) to têm o mesmo sentido; assim, o trabalho é dado por:
5e6 17, 18 e 21
τG = FG ⋅ d

Chamando de pG a pressão exercida pelo gás sobre o


êmbolo, temos:
1. Máquinas térmicas FG = pG ⋅ A
Durante a chamada Revolução Industrial, entre o final do sé- Substituindo na equação do trabalho, obtém-se:
culo XVIII e meados do século XIX, a economia europeia foi
τG = FG ⋅ d = pG ⋅ A ⋅ d ⇒
alterada devido a uma série de transformações tecnológicas.
Um elemento fundamental para essa revolução foi a má- τG = pG ⋅ DV
quina a vapor. Utilizando a força do vapor resultante da
ebulição da água para produzir movimento, a máquina a
Se, em vez de uma expansão, o gás sofrer​____uma
› ​___›
compressão
vapor era utilizada inicialmente para retirar água do fundo
isobárica, o trabalho será negativo, pois F​ G ​  e d ​
​   terão senti-
das minas; aos poucos, porém, passou a ser utilizada nas
dos opostos, do mesmo modo que DV será negativo, pois:
indústrias e nos transportes.
DV = (volume final) – (volume inicial)
As máquinas a vapor transformam calor em trabalho
(ou energia mecânica), e por isso são denominadas No caso de uma compressão:
máquinas térmicas. volume final < volume inicial
Assim, a equação acima do trabalho realizado pelo gás é
1.1. O motor de combustão interna válida tanto na expansão isobárica quanto na compressão
No fim do século XIX, outro tipo de máquina térmica foi isobárica do gás. Por se tratar de processos isobáricos, a
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

criado: o motor de combustão interna. Nesse motor, uma pressão é constante, e o gráfico de pG em função do volu-
mistura de ar e vapor de combustível, como gasolina, álcool me é uma reta paralela ao eixo das abcissas (eixo do volu-
ou óleo diesel, é usada em vez do vapor de água. Essa mis- me). A área sob a curva, limitada pela variação de volume,
tura é introduzida em um cilindro, e um dispositivo, chamado como mostrado na figura a seguir, é numericamente igual
vela de ignição, emite uma faísca elétrica, provocando a ao trabalho realizado pelo gás.
combustão da mistura e uma rápida expansão (explosão) do pG
gás, movimentando o pistão dentro do cilindro. Esse tipo de
motor é usado, por exemplo, nos automóveis. pG
Devido a essa característica da explosão da mistura den-
tro do cilindro, o motor de combustão interna é conhecido
também como motor a explosão.
De forma resumida, nas máquinas térmicas, um gás recebe
calor e realiza trabalho.

58
É possível demonstrar que, mesmo quando a pressão não é Assim como o calor, o trabalho também está relacionado
constante, o trabalho ainda é numericamente igual à área com a transferência de energia. Entretanto, distingue-se pelo
sob o gráfico. A figura a seguir ilustra esse caso. fato de não causar a alteração de temperatura do corpo.
pG Resumidamente, é possível afirmar que, quando o gás rea-
liza trabalho (trabalho interno), seu valor é positivo; quan-
do o trabalho é realizado sobre o gás (trabalho externo),
seu valor é negativo. De modo geral, o módulo do trabalho
é numericamente igual à área abaixo da curva p x V que
caracteriza os estados termodinâmicos do gás. Na transfor-
mação isobárica, a relação é dada por:

τ = p ⋅ DV
Aplicação do conteúdo
1. O gráfico a seguir mostra a mudança de um gás ideal do
estado A para o estado B. Sabendo que 1 atm @ 105 Pa, de-
termine o trabalho realizado pelo gás na transformação.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Energia interna, calor, trabalho e sua relação...

3. Energia interna
A soma das energias de todas as moléculas de um corpo
determina sua energia interna (U). As energias cinéti-
cas dos átomos e das moléculas, assim como as energias
potenciais correspondentes às forças elétricas existentes
Resolução: entre os átomos ou moléculas, somam-se para compor a
energia interna. No caso de um gás ideal, a energia interna
 gráfico representa a variação de pressão em função do
O
é proporcional à temperatura absoluta (T) do gás. Assim:
volume do gás. Como foi visto, o trabalho realizado pelo gás,
em módulo, é numericamente igual à área da figura sombre- § se T aumenta, U aumenta;
ada no gráfico. Calculando a área do trapézio, segue:
§ se T é constante, U é constante;
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(2, 0 atm + 4, 0 atm) (8, 0 L)


|τG| = ______________________
  
​   ​= 24 atm ⋅ L
  
2 § se T diminui, U diminui.
Como 1 atm = 105 Pa e 1L = 10–3 m3, tem-se: No caso de um gás ideal constituído por apenas um átomo
(gás monoatômico), a energia interna é dada por:
|τG| = 24 ⋅ (105 Pa) ⋅ (10–3 m3) = 2,4 ∙ 103 Pa ⋅ m3

​ 3 ​ nRT
U = __
As unidades Pa e m3 são as unidades padrões do SI e, por- 2
tanto, o trabalho é expresso em joules:
Em que n é o número de mols de moléculas, e R é a cons-
|τG| = 2,4 ∙ 103 J tante universal dos gases. É importante salientar que essa
equação é válida somente para gases monoatômicos e não
Pelo gráfico, verifica-se que o volume diminuiu (∆V < 0);
é válida se as moléculas que formam o gás forem compostas
assim, o trabalho é negativo:
por mais de um átomo.
τG = –2,4 ∙ 103 J

59
Lembrando a equação de Clapeyron, pV = nRT, a energia in- Sendo U0 a energia interna inicial do sistema, e Uf a energia
terna de um gás ideal pode ser reescrita da seguinte maneira: interna final, tem-se:
DU = Uf – U0
​ 3 ​ pV
U = __
2 Assim:
DU > 0 ⇔ Uf > U0
DU < 0 ⇔ Uf < U0

Aplicação do conteúdo
1. Um gás é comprimido por um agente externo e, ao
multimídia: vídeo mesmo tempo, recebe 400 J de calor de uma chama.
Fonte: Youtube
Sabendo-se que o trabalho do agente externo foi 700 J,
determine a variação de energia interna do gás.
Primeira lei da termodinâmica - Energia Interna
Resolução
Como o gás recebeu calor, Q > 0:

4. Primeira lei da termodinâmica Q = + 400 J

No início do século XVIII, quando as primeiras máquinas a  agente externo realizou trabalho positivo. Contudo,
O
vapor foram construídas, ainda não se tinha certeza sobre como esse trabalho foi realizado sobre o gás (seu volume
a natureza do calor. Entretanto, em meados do século XIX, diminuiu), τ < 0:
com a observação do funcionamento dessas máquinas, jun- t = –700 J
tamente com as tentativas de aperfeiçoá-las, e depois de di-
versos experimentos, os físicos chegaram a duas conclusões: Substituindo na equação da primeira lei da termodinâmica:
DU = Q – t = 400 J – (–700 J) = 400 J + 700 J ⇒ ⇒ DU
§ o calor é uma forma de energia;
= 1.100 J
§ a energia total do Universo se conserva (é constante),
mas uma forma de energia pode se transformar em outra. A variação de energia interna ∆U é positiva. Isso significa que
a energia interna aumentou uma quantidade igual a 1.100 J.
A segunda sentença constitui o princípio da conserva-
ção da energia, e foi enunciada, à época, como a pri-
meira lei da termodinâmica.
5. Transformações gasosas
Considere um sistema (conjunto de corpos) qualquer que
receba uma quantidade de calor Q. Parte desse calor pode A seguir, será aplicada a primeira lei da termodinâmica nos
ser utilizada pelo sistema para realizar trabalho (τ). O res- casos de transformações isotérmica, isocórica, isobárica e
tante do calor ficará armazenado no sistema, contribuindo adiabática de um gás ideal.
para o aumento de sua energia interna U. Sendo ∆U a va-
5.1. Transformação isotérmica
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

riação da energia interna, o calor e o trabalho se relacio-


nam da seguinte maneira:
Em uma transformação isotérmica, devido à temperatura
ser constante, a energia interna também não se altera, ou
seja, ∆U = 0. Assim:

A equação acima traduz a primeira lei da termodinâmica e Q = τ + DU


⇒Q=τ
foi convencionado que: DU = 0
§ se Q > 0, o sistema recebe calor; 5.2. Transformação isocórica
§ se Q < 0, o sistema perde calor; Em uma transformação isocórica (ou isométrica ou isovolu-
métrica), devido ao volume ser constante, o gás não realiza
§ se τ > 0, o sistema se expande, e o gás realiza trabalho;
trabalho. Assim:
§ se τ < 0, o sistema se contrai, e o trabalho é realizado Q = τ + DU
⇒ Q = DU
sobre o gás. τ=0

60
Quando o gás passa por uma transformação isócorica, o calor Q pode ser calculado utilizando a capacidade o calor especí-
fico a um volume constante CV.
Qv = m · CV · Δu

Ou ainda a capacidade o calor molar à pressão constante CV.


QV = n · CV · Δu

VIVENCIANDO

As ciências que estudam as propriedades físicas e químicas de diversos elementos e materiais estão relacionadas
com a termodinâmica. Os processos de fabricação de novos componentes exige um conhecimento extenso de como
ocorre a transferência de calor nesses materiais e como eles são usados como matéria-prima para a elaboração de
novas ferramentas, como roupas mais confortáveis e aparelhos eletrônicos mais eficientes.
O desenho e a construção de habitações devem sempre considerar os aspectos de troca de energia, tema central da
termodinâmica. Os projetos residenciais e urbanos levam em conta os limites de conforto do organismo humano, que
acontecem numa pequena faixa de temperatura em torno dos 20 ºC. Assim, é necessário pensar como os materiais
se comportam com as situações climáticas da região. Um exemplo disso é o uso da energia solar em regiões onde se
encontra uma alta incidência de radiação solar para substituir aquecedores de água que funcionam com energia elétrica.

Quando o gás passa por uma transformação isobárica, o


5.3. Transformação isobárica calor Q pode ser calculado utilizando o calor específico à
Em uma transformação isobárica, a pressão permanece pressão constante cp.
constante e, pela lei geral dos gases, o volume e a tempe- QP = m · cP · Δu
ratura estão relacionados por:
Ou ainda a capacidade molar à pressão constante CP.
​  V ​  = constante
__
QP = n · CP · Δu
T
Assim: Para um dado gás, a diferença entre a capacidade molar, a
§ V aumenta ⇒ T aumenta ⇒ U aumenta ⇒ pressão constante e o volume constante.
⇒ DU > 0
R = CP – CV
§ V diminui ⇒ T diminui ⇒ U diminui ⇒
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

⇒ DU < 0 5.4. Transformação adiabática


Por outro lado: Foi visto que uma transformação adiabática ocorre quan-
Q = τ + DU ⇒ DU = Q – τ do, durante a transformação, o sistema não recebe e nem cede
calor ao meio ambiente (não existe troca de calor com o meio).
Com isso, o calor e o trabalho se relacionam da seguinte
maneira: Processos desse tipo ocorrem se o gás está contido em um
recipiente de paredes feitas de um material isolante térmi-
§ No caso de expansão isobárica, DV > 0 e DU > 0, isto é: co, ou em um processo em que o gás sofra uma compres-
são ou expansão muito rápida de modo que não receba ou
Q–t>0  ou  Q > t
forneça calor ao meio no curto intervalo de tempo durante
§ No caso de compressão isobárica, DV < 0 e DU < 0, a variação de seu volume. Aplicando a primeira lei da ter-
isto é: modinâmica a esse caso, tem-se:
Q = t + DU
Q – t < 0  ou  Q < t ⇒ DU = –t
Q=0

61
Assim: Finalizando os cálculos:

§ Se o gás sofrer uma compressão adiabática: U = 2250 J


DU = –t
⇒ DU > 0 2. (Unirio) Qual é a variação de energia interna de um
t<0 gás ideal sobre o qual é realizado um trabalho de 80J
durante uma compressão isotérmica?
Ou seja, a energia interna aumenta e, portanto, sua tempe-
ratura também aumenta. a) 80 J
b) 40 J
§ Se o gás sofrer uma expansão adiabática: c) Zero
DU = – t d) – 40 J
⇒ DU < 0 e) – 80 J
t>0
Ou seja, a energia interna do gás diminui e, em consequên- Resolução
cia, sua temperatura também diminui.
Durante uma compressão isotérmica, sabe-se que a variação da
Em um gráfico de pressão pelo volume (p x V), uma trans- energia interna é nula; assim:
formação adiabática é uma curva denominada curva
∆U = 0
adiabática. A forma dessa curva é semelhante à de uma
isoterma, mas com inclinação diferente, como mostrado na Alternativa C
figura a seguir.
3. (Uece) Uma garrafa hermeticamente fechada contém
1 litro de ar. Ao ser colocada na geladeira, onde a tem-
peratura é de 3 °C, o ar interno cedeu 10 calorias até
entrar em equilíbrio com o interior da geladeira. Des-
prezando-se a variação de volume da garrafa, a varia-
ção da energia interna desse gás foi:
a) – 13 cal
b) 13 cal
c) – 10 cal
d) 10 cal

Resolução:
É possível saber pelo enunciado que a transformação em
questão é isocórica, pois o volume da garrafa não varia; as-
sim:
multimídia: vídeo Q = τ + ∆U
Fonte: Youtube Nas transformações isocóricas, ocorre que o trabalho realizado
Construa um motor movido a vela (motor stirling) pelo gás é nulo; assim:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Q = ∆U

Sabe-se também que o calor foi fornecido para o ambiente; con-


Aplicação do conteúdo clui-se que Q = – 10 cal, logo:
1. Qual a energia interna de 3 m³ de gás ideal monoatô-
∆U = –10 cal
mico sob pressão de 0,5 atm?
Alternativa C
Resolução:
4. Um gás ideal, inicialmente no estado A, sofre uma
Para calcular a energia interna do gás, deve-se aplicar a fórmula:
transformação termodinâmica:
​ 3 ​ · p · V
U = __ A → B: expansão isobárica;
2
Substituindo os valores, obtém-se: O gráfico da pressão em função do volume mostra
​ 3 ​ · 0,5 · 105 · 3
U = __ a transformação A → B desse gás:
2

62
Substituindo os valores, obtém-se:
τ = 3p ⋅ (3V – V)
Finalizando os cálculos:
τ = 6 ⋅ p ⋅V
Voltando à equação inicial, tem-se:
Q = 6 ⋅ p ⋅ V + ∆U
Assim:

∆U = Q – 6 ⋅ p ⋅ V

Sabendo que o gás em questão recebeu uma quan-


tidade de calor Q do ambiente, calcule em função
de p, V e Q a variação da energia interna do gás.
Resolução:
Para calcular a variação da energia interna, deve-se aplicar a
fórmula da primeira lei da termodinâmica: multimídia: site
Q = τ + ∆U
A priori, é necessário calcular o trabalho realizado pelo gás: www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/primeira_lei.htm
τ = p ⋅ ∆V

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

63
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Revolução Industrial e a máquina a vapor


A primeira máquina a vapor de que se tem notícia foi criada por Herão de Alexandria (10-
80 d.C.); chamada de olípila ou máquina de Herão, consistia numa esfera com tubos curvos
por onde o vapor de água era expelido, fazendo com que o aparelho girasse. A imagem a
seguir representa a máquina criada por Herão.
O britânico Thomas Newcomen (1663-1729) foi o inventor da primeira máquina a vapor ca-
paz de bombear água em profundidade. A princípio, a máquina era utilizada para a extração de água em minas de
carvão. Newcomen recebeu permissão para melhorar a máquina de Thomas Savery (1650-1712), que, em 1698,
patenteou uma máquina a vapor que usava a condensação de vapor para criação de vácuo e, assim, puxar a água.
Entretanto, a máquina só era capaz de bombear água no máximo a 15 metros
de profundidade. Newcomen, junto com John Cally, melhorou a máquina a
vapor adicionando um êmbolo num cilindro para uma alavanca que descia até
a mina, sendo capaz de bombear água a mais de 50 metros de profundidade.
No ano de 1763, o britânico James Watt (1736-1819) foi convidado a melhorar
o modelo da máquina de Newcomen. Watt percebeu que, se a câmara de con-
densação fosse separada do cilindro, evitaria perdas de energia. Em 1765, Watt
inventou uma máquina a vapor que, além de perder menos calor, era capaz de
gerar movimento circular. Devido aos seus trabalhos, a unidade de potência no
SI – a relação entre joule e segundo – recebeu o nome de watt.
Em 1804, a locomotiva de Richard Trevithick fez seu primeiro percurso. No
Brasil, em 1854, uma locomotiva inaugurou a Estrada de Ferro Petrópolis, graças ao empreendedorismo do bra-
sileiro Irineu Evangelista de Sousa, o barão de Mauá; sua inauguração contou com a presença do imperador Dom
Pedro II.
O estudo das máquinas térmicas foi fundamental para o desenvolvi-
mento tecnológico do homem durante a Primeira Revolução In-
dustrial. Durante o final do século XVIII e início do século XIX, sur-
giram a máquina a vapor moderna e a locomotiva, ambas invenções
que transformavam a energia térmica, proveniente da queima do
carvão, em energia mecânica. A utilização da máquina a vapor di-
namizou o setor industrial, como a industrial têxtil, que até aquele
momento ainda se desenvolvia de maneira artesanal.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

64
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância


histórica e saber aplicá-los no cotidiano. Como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar con-
ceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos
histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas”.

MODELO 1
(Enem) O ar atmosférico pode ser utilizado para armazenar o excedente de energia gerada no sistema elétrico,
diminuindo seu desperdício, por meio do seguinte processo: água e gás carbônico são inicialmente removidos
do ar atmosférico e a massa de ar restante é resfriada até –198 ºC. Presente na proporção de 78% dessa massa
de ar, o nitrogênio gasoso é liquefeito, ocupando um volume 700 vezes menor. A energia excedente do sistema
elétrico é utilizada nesse processo, sendo parcialmente recuperada quando o nitrogênio líquido, exposto à tem-
peratura ambiente, entra em ebulição e se expande, fazendo girar turbinas que convertem energia mecânica
em energia elétrica.
MACHADO, R. Disponível em: <www.correiobraziliense.com.br>. Acesso em: 09 set. 2013 (adaptado).

No processo descrito, o excedente de energia elétrica é armazenado pela:


a) expansão do nitrogênio durante a ebulição;
b) absorção de calor pelo nitrogênio durante a ebulição;
c) realização de trabalho sobre o nitrogênio durante a liquefação;
d) retirada de água e gás carbônico da atmosfera antes do resfriamento;
e) liberação de calor do nitrogênio para a vizinhança durante a liquefação.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O aluno precisa entender as formas de possíveis transformações de energia, como calor e traba-
lho. É necessário Identificar quando o sistema se resfria por essas transformações e identificar as
informações que são relevantes no enunciado.

RESPOSTA Alternativa C
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

65
HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

A Matemática é uma ferramenta fundamental para a interpretação e/ou construção de fenômenos


no contexto da Física. Assim, faz-se necessário conhecer o manuseio e a aplicabilidade, além da
capacidade interpretativa, dessa linguagem simbólica. Como afirma o terceiro eixo cognitivo da
matriz de referência do Ensino Médio: “Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e infor-
mações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema”.

MODELO 2

(Enem) Um sistema de pistão contendo um gás é mostrado na figura. Sobre a extremidade superior do êmbolo,
que pode movimentar-se livremente sem atrito, encontra-se um objeto. Através de uma chapa de aquecimento
é possível fornecer calor ao gás e, com auxílio de um manômetro, medir sua pressão. A partir de diferentes
valores de calor fornecido, considerando o sistema como hermético, o objeto elevou-se em valores ∆h como
mostrado no gráfico. Foram estudadas, separadamente, quantidades equimolares de dois diferentes gases,
denominados M e V.

A diferença no comportamento dos gases no experimento decorre do fato de o gás M, em relação ao V, apresentar:
a) maior pressão de vapor;
b) menor massa molecular;
c) maior compressibilidade;
d) menor energia de ativação;
e) menor capacidade calorífica.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para resolver o problema, o aluno precisa saber interpretar gráficos e retirar informações do enunciado
para aplicar os seus conhecimentos de termodinâmica.

RESPOSTA Alternativa E

66
DIAGRAMA DE IDEIAS

TERMODINÂMICA

CONSERVAÇÃO PRIMEIRA LEI DA


DA ENERGIA TERMODINÂMICA

TRANSFORMAÇÕES

ΔU = 0 ISOTÉRMICA

= P • ΔV ISOBÁRICA

=0 ISOVOLUMÉTRICA

Q=0 ADIABÁTICA

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

67
Ou como a variação da energia interna:
DUciclo = DUABCDA = DUAB + DUBC + DUCD + DUDA = 0

Lembrando que a primeira lei da termodinâmica é válida

SEGUNDA LEI DA tanto para cada passagem individual quanto para o ciclo
completo:
TERMODINÂMICA DUciclo = Qciclo – tciclo
DUAB = QAB – tAB DUBC = QBC – tBC
DUCD = QCD – tCD DUDA = QDA – tDA


Em um ciclo: DUciclo = 0

CN AULAS
13 E 14 Lembrando a primeira lei da termodinâmica:

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) Qciclo = τciclo + DUciclo ⇒ Qciclo = tciclo + 0


5e6 17, 18 e 21
Conclui-se:

Em um ciclo: Q = t
1. Transformação cíclica
No gráfico acima, o ciclo realizado pelo gás tem sentido
O estado final e o estado inicial do sistema são iguais horário. Entretanto, as transformações também podem
em uma transformação cíclica. Considere que um gás so- ocorrer no sentido anti-horário. Nos dois casos, porém, a
fra as transformações representadas no diagrama p × V área da região interna do gráfico (em um diagrama p × V)
abaixo. Como é possível observar no gráfico, as transfor- é numericamente igual ao módulo do trabalho realizado
mações sofridas pelo gás formam um caminho fechado. pelo gás, valendo:
Esse processo é denominado ciclo. (É importante estudar Ciclo horário: tciclo > 0
os ciclos, pois as máquinas térmicas funcionam executan-
Ciclo anti-horário: tciclo < 0
do ciclos consecutivos).
p p

τ>0 τ<

|τ|

O V O
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Sentido horário
Considerando o ponto A como estado inicial do gás, após
sofrer as transformações AB, BC, CD e DA, o gás volta ao
p
estado A e completa ump ciclo. Devido ao estado final (A)
coincidir com o estado inicial (A), a temperatura
τ>0 final é a τ<0
mesma que a temperatura inicial; assim, não existe varia-
|τ|
ção da energia interna U no ciclo completo. |τ|

O trabalho do ciclo será dado pela soma do trabalho de


cada passagem individual:
O V O V
tciclo = tABCDA = tAB + tBC + tCD + tDA Sentido anti-horário

Assim como a quantidade de calor do ciclo será igual à Como em cada ciclo Qciclo = tciclo, resulta que:
soma de cada passagem individual: Em um ciclo realizado no sentido horário:
Qciclo = QABCDA = QAB + QBC + QCD + QDA tciclo > 0 e Qciclo > 0

68
A quantidade de calor recebida pelos gás é totalmente
transformada em trabalho realizado pelo gás, isto é, todo o
2. Segunda lei da termodinâmica
calor é convertido em trabalho. A segunda lei da termodinâmica foi enunciada de maneiras
diferentes, embora equivalentes. Uma delas é a seguinte:
Em ciclo realizado no sentido anti-horário:
tciclo < 0 e Qciclo < 0
O calor não pode fluir espontaneamente de um corpo
O gás fornece calor devido a um trabalho realizado pelo de temperatura menor para um outro corpo de tem-
meio exterior sobre o gás, ou seja, o trabalho é convertido peratura mais alta.
em calor cedido pelo gás.
A primeira formulação da lei, realizada em 1850 pelo ale-
mão Rudolf Emmanuel Clausius (1822-1888), foi:
Aplicação do conteúdo
1. (Unirio) Um gás sofre a transformação cíclica ABCA, in- O calor flui espontaneamente de um corpo quente
dicada no gráfico a seguir. A variação da energia interna para um corpo frio. O inverso só ocorre com a reali-
e o trabalho realizado pelo gás, valem, respectivamente: zação de trabalho.

P(N/m2)
Outra formulação, de Lorde Kelvin e do físico alemão Max
Planck (1858-1947), é:

É impossível, para uma máquina térmica que opera em


ciclos, converter integralmente calor em trabalho.

Considere as trocas de energia em uma máquina térmica


representadas na figura a seguir. A fonte quente, à tempe-
ratura T1, fornece uma quantidade de calor Q1 à máquina
térmica (no caso de uma locomotiva a vapor, por exemplo,
a fonte quente é a fornalha onde é queimado o combustí-
a) DU = 0 J e t = 0 J
vel). Do calor Q1, uma parte é convertida em trabalho (τ), e
b) DU = 0 J e t = 8,0 ∙ 102 J
c) DU = 0,5 ∙ 102 J e t = 1,5 ∙ 103 J o restante |Q2| é fornecido a uma segunda fonte à tempe-
d) DU = 8,0 ∙ 102 J e t = 0 J ratura T2, menor que T1 (T2 < T1) (no caso da locomotiva a
e) DU = 8,5 ∙ 102 J e t = 8,0 ∙ 102 J vapor, a fonte fria é o ambiente externo).

Resolução: FONTE QUENTE T1

Para calcular os dados pedidos, deve-se lembrar que a área de


Q1
um gráfico de P x V apresenta o trabalho exercido pelo gás; as-
sim:

​ b ∙ ​
h   τ
t = ____
MÁQUINA
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2
Substituindo os valores:
Q2
(5 – 1) ∙ (600 – 200)
t = ________________
  
​   ​  
2 FONTE FRIA T2

Finalizando os cálculos, resulta: Esquema de uma máquina térmica


t = 800 ou 8 ∙ 102 J Assim:
Além disso, numa transformação cíclica, a energia interna do gás Q1 = τ + |Q2|
não varia, ou seja, a variação da energia interna é nula; assim:
Ou:
DU = 0 τ = Q1 – |Q2|

Alternativa B Essa relação demonstra que a diferença entre o calor da


fonte quente e a fonte fria é igual ao trabalho realizado
em cada ciclo.

69
O rendimento de uma máquina térmica h (lê-se “eta”) Resolução:
define-se por:
a) t = Q1 – Q2 = 500 J – 400 J ⇒ t = 100 J
t b) η = __
​ t  ​ = _____
​ 100 J ​ ⇒ η = 0,20 = 20%
h = ​ __   ​  Q1 500 J
Q1
​  t   ​=
c) Pu = ___ ​  100 J 
  _____  ​ = 400 J/s ⇒ Pu = 400 W
Substituindo τ = Q1 – |Q2|, obtém-se: Dt 0,25 s

t Q1 – | Q2 |
h = ​ __   ​ = ________
​ 
|Q2|
 ⇒ h = 1 – __
 ​  ​   ​ 
3. O ciclo de Carnot
Q1 Q1 Q1 Depois de as primeiras máquinas térmicas terem sido cons-
truídas no início do século XVIII, a primeira análise teórica
Nessa expressão, nota-se que o rendimento seria de 100% dessas máquinas surgiu em 1824, em uma obra do físico
caso todo o calor fosse convertido em trabalho, nesse caso, francês Nicolas Leonard Sadi Carnot (1796-1832).
Q2 = 0. Contudo, sempre há uma quantidade de calor Q2
Carnot nasceu em Paris e, apesar de ter morrido com ape-
transferido à fonte fria e, portanto, sempre t < Q1 e Q2 >
nas 36 anos, foi de vital importância para o desenvolvimen-
0. Por esse motivo, o rendimento de uma máquina térmica
to da termodinâmica. Ele estudou as máquinas térmicas,
é sempre menor do que 100%. No caso das máquinas a
além de ter enunciado a segunda lei da termodinâmica da
vapor, o rendimento é aproximadamente 0,15 (ou 15%).
seguinte maneira: “Para haver conversão contínua de calor
O rendimento de uma máquina térmica também é deno-
em trabalho, um sistema deve realizar ciclos entre fontes
minado eficiência. quentes e frias, continuamente. Em cada ciclo, é retirada
A potência útil (Pu) de uma maquina térmica é a razão en- uma certa quantidade de calor da fonte quente (energia
tre o trabalho τ realizado por ela e o intervalo de tempo útil), que é parcialmente convertida em trabalho, sendo o
Dt gasto para realizá-lo. restante rejeitado para a fonte fria (energia dissipada)”.
Em seu trabalho de 1824, Carnot mostrou que uma máqui-
​  t  ​  
Pu = __
Dt na térmica, operando com uma fonte quente à temperatu-
No SI sua unidade é o watt (W), que representa a razão ra T1, e uma fonte fria à temperatura T2, tem rendimento
entre joule e o segundo. máximo quando executa um ciclo especial, denominado
ciclo de Carnot, representado na figura a seguir. Esse ci-
clo é formado pelas seguintes transformações (duas isotér-
micas e duas adiabáticas), na seguinte ordem:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Mauá - O Imperador e o Rei
O filme mostra o enriquecimento e a falência de Irineu
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Evangelista de Sousa, mais conhecido como barão de


Mauá, considerado o primeiro grande empresário brasileiro.
1. O gás recebe calor Q1 da fonte quente e sofre uma expansão
isotérmica AB à temperatura T1.
2. Expansão adiabática BC; o gás atinge a temperatura T2.
Aplicação do conteúdo 3. O gás fornece o calor Q2 à fonte fria e sofre uma compressão
isotérmica CD à temperatura T2.
1. Uma máquina térmica recebe, a cada ciclo, uma quan- 4. Compressão adiabática DA; o gás volta ao seu estado inicial
tidade de calor Q1 = 500 J da fonte quente, e fornece à temperatura T1.
uma quantidade de calor Q2 = 400 J para a fonte fria.
Cada ciclo é executado em um intervalo de tempo A seguinte relação é válida para esse ciclo:
Dt = 0,25 s. Determine:
__|Q | T2
a) o trabalho realizado pela máquina em cada ciclo; ​  2 ​ = __
​   ​ 
Q1 T1
b) o rendimento da máquina;
c) a potência útil da máquina.

70
Já foi visto que o rendimento (ou eficiência) de uma máqui- FONTE QUENTE T2
na térmica qualquer é dado por:

t   ​ = ​ Q
h = ​ __
– |Q2|
______
1
 ​ 
|Q2|
 ⇒ h = 1 – ​ __ ​ 
Q2

Q1 Q1 Q1

O rendimento de uma máquina realizando o ciclo de Car- MÁQUINA τ


not pode ser calculado a partir das temperaturas das fontes
quente e fria. Substituindo as variáveis Q1 e |Q2| pelos valo-
res de temperatura T1 e T2: Q1

T T1 – T2
h = 1 – __
​  2 ​ = _____
​   ​

  FONTE FRIA T1
T1 T1

O rendimento do ciclo de Carnot é independente do gás O esquema de funcionamento de uma máquina frigorífica
utilizado pela máquina e é um ciclo ideal. Na prática, está representado na figura anterior. O trabalho τ executa-
entretanto, as máquinas que funcionam usando o ciclo do por um motor faz com que o calor Q1, retirado da fonte
de Carnot têm um rendimento inferior ao previsto. Isso fria, à temperatura T1, seja enviado para a fonte quente, à
acontece devido às transformações adiabáticas não ocor- temperatura T2 (sendo T2 > T1), que recebe uma quantidade
rerem perfeitamente, e também devido às perdas de ca- de calor |Q2|. Assim, a cada ciclo executado:
lor por atrito e isolamento térmico imperfeito. Máquinas
térmicas reais atingem de 60% a 80% do rendimento Q1 + |τ| = |Q2|
previsto por Carnot.
Nota: Observe que nem mesmo o ciclo de Carnot pode
alcançar um rendimento de 100%.

Aplicação do conteúdo
1. Uma máquina térmica funciona entre duas fontes
às temperaturas de 227 ºC e 27 ºC. Qual o rendimento
máximo possível para essa máquina?
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Resolução:
Noções de entropia
Tem-se:
T1 = 227 °C = 500 K
T2 = 27 °C = 300 K Nas máquinas frigoríficas é usado um fluido que, durante
O maior rendimento possível é obtido usando um ciclo de Carnot: parte do ciclo, é gás e, no restante do ciclo, permanece na
T2 forma líquida.
hmáx = 1 – __ ​ 300 K ​ = 1 – 0,60 ⇒
​   ​  = 1 – _____
T1 500 K Dessa forma, a máquina térmica transforma calor em tra-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

⇒ hmáx = 0,40 = 40% balho, fazendo com que o fluido (vapor) execute um ciclo
no sentido horário:

4. Máquinas frigoríficas
Diferentemente das máquinas térmicas, as máquinas frigo-
ríficas retiram o calor de uma fonte fria e o fornecem para
uma fonte quente. Obviamente, esse processo não ocorre
espontaneamente, pois, de acordo com a segunda lei da
termodinâmica, a tendência natural do calor é fluir de um
corpo quente para um corpo frio. Assim, é necessário rea-
lizar trabalho (por exemplo, por meio de um motor) que
A máquina frigorífica transforma trabalho em calor, fazen-
faça com que o calor siga um percurso não natural. Essa
do com que o fluido (gás refrigerante) execute um ciclo no
é a base de funcionamento de aparelhos como o ar-condi-
sentido anti-horário.
cionado e o refrigerador doméstico.

71
5. Eficiência de uma
máquina frigorífica
A eficiência ou coeficiente de desempenho de uma máqui-
na frigorífica é número e definido por:
Q
e = __
​  1 ​  
|t|

Assim, o trabalho do gás refrigerante é negativo em uma Em que Q1 é o calor retirado da fonte fria, e τ é o trabalho
máquina frigorífica. Isso significa que o gás é comprimido realizado pelo motor. Considerando o calor Q2 enviado à
pela ação do motor, que, por esse motivo, é denominado fonte quente, reescreve-se a equação do ciclo, isolando o
motor compressor. trabalho:
Q1 + |t| = |Q2| ou |t| = |Q2| – Q1

VIVENCIANDO

Como foi visto ao longo das aulas sobre termodinâmica, o estudo dos gases foi fundamental na história da humani-
dade, não só pela construção de dirigíveis, mas principalmente como ferramenta para as revoluções industriais. As
máquinas térmicas, por sua vez, permitiram a construção de bombas de água, tornando possível a extração de carvão
a grandes profundidades, a criação de máquinas que aumentaram a produtividade nas indústrias (por exemplo, na
produção têxtil), o advento do motor a combustão, que está presente nos automóveis utilizados cotidianamente, e a
criação da geladeira, onde são guardados e conservados os alimentos.

Substituindo na equação anterior, obtém-se a seguinte


expressão: Aplicação do conteúdo
Q1 1. Tem-se uma máquina térmica frigorífica que realiza,
e = ______
​     ​  
|Q2| – Q1 durante um ciclo completo, um trabalho de 4 ∙ 104 J e
cede, à fonte fria, 12 ∙ 104 J. Com essas informações, cal-
cule a eficiência da máquina frigorífica.
Em geral, refrigeradores domésticos têm eficiência e = 5,
isto é, a cada ciclo, a quantidade de calor retirada de den- Resolução:
tro do refrigerador é cinco vezes maior do que o trabalho A eficiência de uma máquina frigorífica é dada pela seguin-
executado pelo compressor. te equação:
Q1
e = __
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​   ​
|τ|
Substituindo pelos valores, obtém-se:
12 ∙ 104
e = ______
​   ​ 
4 ∙ 104
Logo:
e=3
multimídia: vídeo
2. (PUC-Campinas) A turbina de um avião tem rendimen-
Fonte: Youtube to de 80% do rendimento de uma máquina ideal de Car-
Ciclos termodinâmicos e máquinas térmicas not operando às mesmas temperaturas.
Em voo de cruzeiro, a turbina retira calor da fonte quente
a 127 °C e ejeta gases para a atmosfera que está a –33 °C.
O rendimento dessa turbina é de
a) 80 % b) 64 % c) 50 % d) 40 % e) 32 %

72
Resolução: A evolução dos sistemas naturais tende para um estado de
Aplicando a fórmula de rendimento, tem-se: maior desordem. Essa medida de desordem de um sistema
T1 – T2 é denominada entropia. Assim, quando a desordem de um
η = _____
​   ​    sistema aumenta, ocorre um aumento de entropia.
T1
Substituindo os valores: Considere uma xícara de chá que cai e se parte ao atingir
(127 + 273) – (–33 + 273) o chão. Se todos os cacos da xícara fossem recolhidos e
η = ____________________
  
​      ​ a xícara caísse novamente, do mesmo modo que a xícara
(127 + 273)
intacta, os cacos recolhidos da xícara não se reorganizam,
Finalizando os cálculos, obtém-se:
e é mais provável que se partam em pedaços ainda meno-
η = 0,4
res. Esse exemplo ilustra o fato de que a desordem tende
Para calcular a eficiência da asa, deve-se achar 80% de 0,4, ou a aumentar conforme o tempo passa, sendo mais provável
seja: atingir um estado de maior desordem do que um estado
easa = 0,4 ∙ 0,8 bem ordenado. Assim, a terceira lei da termodinâmica pode
ser enunciada da seguinte maneira:
Assim:
easa = 0,32
As transformações naturais sempre resultam em um
Alternativa E aumento da entropia do Universo.

6. Refrigerador de Carnot Desse modo, pode-se definir processos irreversíveis como


aqueles processos que, por meios naturais, ocorrem apenas
Da mesma forma que a máquina térmica, um refrigerador
em um sentido. Dessa forma, quando ocorre um processo
pode executar o ciclo de Carnot, mas no sentido anti-ho-
irreversível, a entropia do sistema sempre aumenta. Já os
rário. Nesse caso ele é denominado refrigerador de Carnot.
processos reversíveis são aqueles em que, depois de ocorrer
Para o refrigerador de Carnot também vale a equação:
uma pequena mudança, é possível reverter essa mudança,
__Q |Q2| de forma que o sistema volte às suas condições iniciais.
​  1 ​ = __
​   ​ 
T1 T2 Tecnicamente, processos reversíveis são uma idealização,
Assim, pode-se expressar o rendimento em função das uma vez que na natureza todos os processos envolvem
temperaturas das fontes fria e quente: turbulência ou atrito, ou ainda algum outro aspecto que os
torna irreversíveis.
Q1 T
eCarnot = ______
​  = _____
   ​  ​  1   ​  A definição de entropia para um sistema em que ocorre
|Q2| – Q1 T2 – T1
uma transformação isotérmica é a razão entre a quantidade
de calor que o sistema troca pela temperatura do sistema
durante a transformação reversível:
Q
DS = __
​   ​ 
T

A unidade de entropia S no SI é o joule por kelvin J/K.


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

multimídia: vídeo Para o cálculo da entropia de uma transformação irreversí-


vel, devido ao fato de a entropia ser uma variável de esta-
Fonte: Youtube do, basta escolher um processo reversível que interligue os
Ciclos termodinâmicos e máquinas térmicas mesmos dois estados do processo irreversível. A entropia
calculada será equivalente à do processo irreversível.
Agora, é possível reescrever a terceira lei da termodinâmica
7. Terceira lei da termodinâmica em termos da entropia:
Quando ocorrem mudanças em um sistema fechado, sua en-
A terceira lei da termodinâmica resultou dos trabalhos de tropia nunca diminui; ela pode crescer para processos irrever-
Walther Nernst (1864-1941) e Max Planck (1858-1947). síveis ou permanecer constante para processos reversíveis:
As transformações naturais ocorrem em um certo sentido e DS ≥ 0
nem sempre são reversíveis, isto é, apesar de ocorrer a con-
Nota: No ciclo de Carnot todas as transformações são
servação da energia total, à medida que o tempo passa, me-
reversíveis.
nor é a possibilidade de se obter energia útil em um sistema.

73
7.1. Motor a combustão 7.3. Ciclo de Diesel
De modo geral, o motor a combustão é uma máquina tér- Diferentemente do ciclo de Otto, o motor de Diesel faz a ig-
mica que transforma a energia da queima de certos gases nição do combustível pelo aumento da temperatura devido
em trabalho. Um motor padrão é composto por quatro fases. à compressão do ar. Foi inventado em 1893 pelo engenheiro
Na primeira, o gás preenche um cilindro à medida que um Rudolf Diesel (1858-1913). Ainda hoje se destaca devido à
pistão abre espaço, mantendo uma pressão constante. Na economia de combustível. O ciclo de Diesel é composto por
fase 2, o pistão comprime a mistura gasosa numa transfor- quatro processos:
mação adiabática, de tal forma que, no final do processo, a 1. Uma compressão isentrópica, ou seja, sem o aumento da en-
temperatura e a pressão do gás estão com valores elevados. tropia do sistema (1-2).
Na terceira fase, uma faísca faz com que o gás entre em 2. Fornecimento de calor à pressão constante (isobárico) (2-3).
combustão devido a reações químicas entre o gás e o ar. 3. Expansão isentrópica, sem o aumento da entropia do sistema
Novas substâncias são produzidas, causando uma rápida ex- (3-4).
pansão do gás e outra transformação adiabática. Por fim, na 4. Por fim, uma transformação isovolumétrica, enquanto o calor
última fase, os gases decorrentes da queima são expulsos do é cedido. (4-1).
cilindro por meio de uma transformação isobárica.

7.2. Ciclo de Otto


O ciclo de Diesel é utilizado em automóveis, caminhões,
Idealizado por Beau de Rochas (1815-1893), mas colocado barcos, compressores, navios e em geradores diesel-elétri-
em prática, em 1875, pelo engenheiro Nikolaus Otto (1832- cos industriais.
1891), é o motor que se encontra na maioria dos automó-
veis atualmente. É composto dos seguintes processos:
1. Admissão isobárica (0-1).
2. Compressão adiabática (1-2).
3. Combustão isocórica (2-3).
4. Expansão adiabática (3-4).
5. Abertura de válvula (4-5). multimídia: livro
6. Exaustão isobárica (5-0).

Germinal, de Émile Zola


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Cultuado por muito tempo como o romance por exce-


lência das relações humanas no universo da organiza-
ção dos trabalhadores, Germinal retrata os primórdios
da Internacional Socialista, constituindo simultanea-
mente um painel revelador da lógica patronal no início
do capitalismo industrial.

74
Para achar o trabalho necessário, deve-se aplicar outra fórmula:
Aplicação do conteúdo Q1
|t| = e____
​    ​  
1. Quanto trabalho deve ser realizado por um refrigera- carnot
dor Carnot para transferir 1,0 J sob a forma de calor de Substituindo, tem-se:
um reservatório a 7,0 ºC para um a 27 ºC?
​ 1  ​ 
|t| = ___
14
Resolução:
Assim:
Para calcular o valor do trabalho necessário, deve-se, inicialmen-
|t| = 0,071 J
te, calcular a eficiência da máquina:
T1
ecarnot = _____
​     ​   2. O que é entropia?
T2 – T1
Substituindo os valores, tem-se: Resolução:
(7 + 273)
_________________ Quantidade termodinâmica de um sistema físico associada ao
ecarnot =   
  
​   ​
(27 + 273)–(7 + 273) grau de desordem desse sistema. Quanto mais desordenado o
Finalizando os cálculos, tem-se: sistema, maior sua entropia.

ecarnot = 14

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A Revolução Industrial, que ocorreu na Europa entre os séculos XVIII e XIX, foi um conjunto de mudanças estruturais
no modo de produção, quando o trabalho artesanal foi substituído pelo trabalho assalariado e pelo uso das máquinas.
Até o final do século XVIII, a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. Nesse sentido,
um artesão conhecia todo o processo produtivo de seu produto. Com o passar do tempo, começaram a surgir grandes
oficinas, em que diversos artesãos, realizando manualmente todo o processo, fabricavam os produtos, mas eram subor-
dinados ao proprietário da manufatura.
Devido à sua localização, ao fato de possuir uma rica burguesia em expansão e ter sofrido um êxodo rural, a Inglaterra
possuía as características que fizeram com que estivesse na vanguarda da Revolução Industrial entre 1760 e 1860.
Com o desenvolvimento tecnológico, as oficinas se transformaram em pequenas fábricas; nas indústrias de tecidos de
algodão surgiu o tear mecânico. Nessa época, o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação
da revolução, tanto para o transporte da mercadoria quanto para a produção. A Inglaterra possuía reservas de minas
de carvão mineral, mas máquinas de bombear água eram necessárias para a exploração das minas – com a máquina
a vapor foi possível explorar minas a grandes profundidades. O carvão era utilizado para movimentar a locomotiva a
vapor, aquecer os fornos das indústrias ou alimentar algumas máquinas a vapor.
No início da Revolução Industrial, as fábricas não eram um bom local de trabalho: condições de trabalho precárias,
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

longas jornadas de trabalho, baixo salário, péssima iluminação, falta de ventilação, muita sujeira e até mesmo casti-
gos físicos por parte dos patrões forçaram revoltas e greves dos trabalhadores, que passaram a se organizar por meio
de sindicatos, exigindo melhores condições de trabalho, melhores salários e direitos trabalhistas.

75
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância


histórica e saber aplicá-los no cotidiano. Como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar con-
ceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos
histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas”.

MODELO 1

(Enem) Aumentar a eficiência na queima de combustível dos motores a combustão e reduzir suas emissões
de poluentes são a meta de qualquer fabricante de motores. É também o foco de uma pesquisa brasileira que
envolve experimentos com plasma, o quarto estado da matéria e que está presente no processo de ignição. A
interação da faísca emitida pela vela de ignição com as moléculas de combustível gera o plasma que provoca
a explosão liberadora de energia que, por sua vez, faz o motor funcionar.
Disponível em: <www.inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em: 22 jul. 2010 (adaptado).

No entanto, a busca da eficiência referenciada no texto apresenta como fator limitante:


a) O tipo de combustível, fóssil, que utilizam. Sendo um insumo não renovável, em algum momento estará
esgotado.
b) Um dos princípios da termodinâmica, segundo o qual o rendimento de uma máquina térmica nunca
atinge o ideal.
c) O funcionamento cíclico de todo os motores. A repetição contínua dos movimentos exige que parte da
energia seja transferida ao próximo ciclo.
d) As forças de atrito inevitável entre as peças. Tais forças provocam desgastes contínuos que com o tempo
levam qualquer material à fadiga e ruptura.
e) A temperatura em que eles trabalham. Para atingir o plasma, é necessária uma temperatura maior que a
de fusão do aço com que se fazem os motores.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Nessa questão, o aluno precisa se lembrar do enunciado da segunda lei da termodinâmica e rela-
cioná-la com o rendimento para a máquina de Carnot.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

RESPOSTA Alternativa B

76
DIAGRAMA DE IDEIAS

TERMODINÂMICA

MÁQUINA IDEAL CICLOS 2.ª LEI DA


DE CARNOT TERMODINÂMICOS TERMODINÂMICA

DEGRADAÇÃO
DE ENERGIA

RENDIMENTO
ENTROPIA
MÁXIMO

ANTI-HORÁRIO HORÁRIO

MÁQUINA MÁQUINA
FRIGORÍFICA TÉRMICA

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

77
2. Classificação dos
raios luminosos
Os feixes de raios luminosos são classificados em três tipos:
INTRODUÇÃO À paralelos, divergentes e convergentes.
Um feixe é denominado paralelo quando todos os raios
ÓPTICA GEOMÉTRICA  luminosos que o constituem são paralelos.

CN
Feixe paralelo
AULAS
Um feixe é divergente quando todos os raios que o consti-
15 E 16 tuem são oriundos de um mesmo ponto.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 22

Feixe divergente
1. Óptica geométrica Por fim, um feixe é chamado de convergente quando todos
Será iniciado o estudo da óptica (do grego optiké, que os raios se cruzam num determinado ponto.
significa “visão”), que trata do estudo da luz.
A propagação da luz será analisada nos tópicos de on-
dulatória. Agora, porém, será estudada de modo relativa-
mente simples a propagação da luz usando leis empíricas
e construções geométricas que representam o percurso Feixe convergente
da luz por linhas denominadas raios de luz. Esse estudo
recebe o nome de óptica Geométrica.
O que torna possível um objeto ser visualizado é o fato de
ele conseguir enviar luz para os olhos do observador.
Os corpos luminosos são capazes de produzir e
emitir luz própria, como o Sol, a chama de uma vela ou
o filamento de uma lâmpada incandescente acesa. Os
corpos iluminados, por sua vez, não produzem luz
multimídia: vídeo
própria, mas refletem a luz que incide sobre eles. Assim, Fonte: Youtube
apesar de emitirem luz, a origem da luz não é o corpo, Faça um holograma para celular (muito fácil!)
ela apenas foi absorvida e reemitida pelo objeto.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O exemplo da figura a seguir ilustra esses dois tipos de


corpos. O Sol emite luz própria, e parte dessa luz atinge
a árvore que, por sua vez, reflete uma parte dessa luz 3. Classificação dos meios
em direção aos olhos do observador, o que torna possível A luz não se propaga somente no vácuo, mas também em
enxergar a árvore. Os corpos luminosos são denominados diferentes tipos de meios materiais.
fontes primárias de luz, e os corpos iluminados são
Quando é possível observar claramente os objetos atra-
denominados fontes secundárias de luz.
vés de um meio, como o vidro polido, o meio é denomi-
nado transparente.

78
No entanto, alguns objetos são vistos sem nitidez através
de alguns meios materiais. Isso acontece porque, apesar de
o objeto permitir a passagem de parte da luz, a passagem
não é regular e ocorre de modo difuso. Nesse caso, a ima-
gem vista através do material não é perfeita. Esse tipo de
meio é denominado translúcido.

Alguns meios não permitem a propagação da luz. Nesse


caso, não é possível observar os materiais através do meio,
que é denominado opaco. A madeira e o tijolo são exem- multimídia: vídeo
plos de meios opacos.
Fonte: Youtube
Princípios da óptica geométrica

4. Princípios da óptica geométrica


Conheça a seguir os princípios básicos da óptica geométrica:

§ Lei da propagação retilínea da luz


Quando as propriedades de um material, como composi-
A luz se propaga em linha reta nos meios homogêneos e
ção química, densidade, entre outras, são iguais, o meio
transparentes.
é denominado homogêneo. O meio não homogêneo é
chamado de heterogêneo. § Reversibilidade dos raios luminosos
Quando as propriedades do meio são independentes da A trajetória seguida pelo raio de luz em um sentido será
direção, o meio é denominado isotrópico. No entanto, se igual se o sentido do raio de luz for invertido.
as propriedades dependerem da direção, o meio é aniso-
§ Lei da independência dos raios luminosos
trópico. Por exemplo, a velocidade da luz atravessando
um cristal pode depender da direção em que a luz incide A trajetória de um raio luminoso não é afetada por outro
no cristal; assim, esse meio é anisotrópico em relação à que cruza essa trajetória. Os raios de luz seguem trajetórias
velocidade da luz. independentes, ainda que se cruzem.

A figura a seguir apresenta o comportamento dos raios de


luz em meios transparente, translúcido e opaco.
Aplicação do conteúdo VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

1. Entre os princípios da óptica geométrica, talvez o


mais importante seja o princípio da propagação retilí-
nea da luz. Explique de forma sucinta esse princípio.
Resolução:
O princípio da propagação retilínea da luz garante que a luz se
propague em linha reta nos meios homogêneos e transparentes.

2. Explique o que ocorre quando dois raios de luz se


encontram ortogonalmente.

Resolução:
O princípio da independência dos raios luminosos garante que
os raios que se cruzam ortogonalmente não alteram suas traje-
tórias, isto é, cada raio segue sua trajetória normalmente como
se nada tivesse acontecido.

79
5. Propagação retilínea da luz As ocorrências de eclipses são decorrentes desse princípio:

A luz se propaga em linha reta nos meios transparentes,


homogêneos e isotrópicos.
Considere o exemplo da figura abaixo. Uma lâmpada é
acesa e emite luz em todas as direções. Os anteparos P1 e
P2 são meios opacos com orifícios O1 e O2 alinhados. Um
observador atrás do anteparo P2 somente poderá observar
a lâmpada se olhar pelo orifício O2. Nesse caso, a luz per- O Sol é totalmente bloqueado pela Lua, no cone de som-
corre um trajeto linear da lâmpada, passando pelos orifí-
bra, e nessa região ocorre o eclipse total. Contudo, nas
cios até os olhos do observador.
regiões do cone de penumbra ocorre o eclipse parcial,
pois o Sol é parcialmente bloqueado.ar

5.1. Sombra e penumbra


A propagação retilínea da luz também é observada pela
formação de sombras. Na figura a seguir, uma fonte de luz
puntiforme F (ou seja, de tamanho desprezível) ilumina O eclipse lunar ocorre quando a Lua não recebe ne-
uma esfera opaca e uma placa opaca P. Devido ao fato de a nhuma luz proveniente do Sol devido ao bloqueio da luz
luz não desenvolver uma trajetória curva, uma região atrás pela Terra, que é muito maior do que a Lua. Nesse eclipse,
da esfera não recebe luz. Essa região é a sombra causada não é possível observar a Lua.
pela esfera e projetada no anteparo.
Aplicação do conteúdo
1. Quando ocorre um eclipse solar parcial?

Resolução:
O eclipse solar parcial ocorre quando a Lua se encontra entre o
Sol e a Terra, de modo que a Lua impeça total ou parcialmente
que a luz solar atinja determinadas regiões da Terra. A Lua proje-
ta na Terra uma região de sombra, na qual o eclipse solar é total,
e uma região de penumbra, na qual o eclipse solar é parcial.
Se a fonte de luz não for pontual (ou puntiforme), a fonte
2. O que é o eclipse lunar?
será denominada extensa (por exemplo, o filamento de
uma lâmpada fluorescente). Na figura a seguir, a fonte F
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Resolução:
foi trocada por uma lâmpada e, nesse caso, além da som-
O eclipse lunar ocorre quando a Terra se encontra entre o Sol e a
bra, uma outra região recebe apenas parte da luz emitida
Lua, de modo que a Lua não receba luz proveniente do Sol, pois
pela fonte. Essa região é denominada penumbra. ela fica na região de sombra provocada pela Terra. Uma vez que a
Lua não recebe luz, não é possível vê-la.

6. Câmara escura de orifício


A câmara escura de orifício também evidencia a pro-
pagação retilínea da luz. Como é possível observar na fi-
gura a seguir, a câmara é uma caixa opaca com apenas
um orifício que permite a entrada da luz. Quando um ob-
jeto luminoso de dimensões AB é colocado em frente ao
orifício, os raios de luz do objeto incidem sobre a câmara

80
e penetram apenas pelo orifício. Na figura, o ponto A da Resolução:
vela segue a trajetória retilínea incidindo na parte inferior O exercício tem o intuito de descobrir o diâmetro do Sol; para
da câmara, e o ponto B incide de modo horizontal. Como isso, deve-se usar a fórmula já simplificada para exercícios de
pode ser visto, os pontos de incidência A’B’ formam uma câmara de orifício.
imagem invertida do objeto. É possível visualizar a forma-
_​  y ​ = __y'
​   ​ 
ção da imagem se a luz incidir em um anteparo translúcido, x x'
como o papel vegetal.
Utilizando os dados pelo exercício, tem-se:
x = 1,5 ⋅ 1011
x'= 1
y' = 9 ⋅10-3

Substituindo na fórmula, obtém-se:


y
​ 9 ⋅ 10
-3
________
​  = ______
   ​    ​  
1,5 ⋅ 1011 1
Resolvendo a expressão, tem-se:
Através da semelhança de triângulos, é válida a seguinte y = 9 ⋅ 10-3 1,5 ⋅ 1011
relação:
Terminando os cálculos, resulta:
__p' i
​  p ​ = __
​ o  ​  y = 13,5 ⋅ 108 = 1,35 ⋅ 109 m
Alternativa D
Em que:
o é o tamanho do objeto. 7. Reflexão e refração da luz
i é o tamanho da imagem.
Considere o exemplo ilustrado na figura a seguir, em que
p é a distância do objeto ao orifício.
um raio de luz propagando-se no meio A encontra o meio
p' é a distância da imagem ao orifício.
B. Nesse caso, três fenômenos podem ocorrer:
§ uma parte da luz é refletida e volta para o meio A;
Aplicação do conteúdo
§ uma parte da luz é transmitida e propaga-se no meio B;
1. (FEI) Um dos métodos para medir o diâmetro do § uma parte da luz é absorvida e transforma-se em ou-
Sol consiste em determinar o diâmetro de sua ima-
tras formas de energia (por exemplo, em calor).
gem nítida, produzida sobre um anteparo, por um
orifício pequeno feito em um cartão paralelo a esse
anteparo, conforme ilustra a figura. Em um experi-
mento realizado por esse método, foram obtidos os
seguintes dados:
I. diâmetro da imagem = 9,0 mm
II. distância do orifício até a imagem = 1,0 m
III. distância do Sol à Terra = 1,5 · 1011 m
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Qual é, aproximadamente, o diâmetro do Sol medido


por esse método?
Dependendo da natureza dos meios e da cor da luz, es-
ses três fenômenos podem ou não ocorrer. A madeira, por
exemplo, por ser opaca, não transmite a luz.
A reflexão regular ocorre quando raios incidentes pa-
ralelos são refletidos mantendo-se paralelos. Um objeto
metálico bem polido é capaz de produzir reflexão regular.

a) 1,5 ∙ 108 m d) 1,35 ∙ 109 m


b) 1,35 ∙ 108 m e) 1,5 ∙ 109 m
c) 2,7 ∙ 108 m

81
Um feixe de luz é denominado monocromático quando
é composto por apenas um tipo de cor. É claro que um feixe
monocromático não existe na realidade, uma vez que não
é possível criar um feixe com uma única frequência, mas
uma faixa de frequência. Um feixe é chamado de policro-
Se a superfície S entre os meios é áspera, os raios refle- mático quando é composto por diferentes cores.
tidos se espalham em todas as direções e deixam de ser
Para que o olho humano tenha a sensação de branco, não
paralelos. Nesse caso, a reflexão é difusa, e essa proprie-
é necessário que todas as cores do arco-íris o atinjam. Um
dade é que torna possível os objetos serem observados.
cruzamento de um feixe de luz vermelha, um feixe de luz
No caso da transmissão (ou refração) da luz, como na azul e um feixe de luz verde atuando simultaneamente nos
reflexão, duas situações são possíveis: a refração regular olhos do observador é o suficiente para causar a sensação
e a refração difusa. visual de luz branca.

Magenta

Quando se trata de feixes de luz, tem-se as seguintes co-


Se os meios são transparentes, isotrópicos e homogêneos, res primárias: azul, vermelho e verde. Suas combinações
ocorre a refração regular; nos meios translúcidos, ocorre a produzem as cores secundárias: ciano, magenta e amarelo.
refração difusa. luz vermelha + luz verde = sensação visual de amarelo
luz vermelha + luz azul = sensação visual de magenta
luz verde + luz azul = sensação visual de ciano.

Aplicação do conteúdo
1. O que é refração da luz?
multimídia: vídeo Resolução:
Fonte: Youtube
Refração da luz é o nome dado ao fenômeno da passagem da
Qual é a cor? What is the color - Colm Kelleher luz para um meio diferente do meio proveniente. Existem dois
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

tipos: a refração regular e a difusa. Nos meios transparentes,


ocorre a refração regular; e nos meios translúcidos, ocorre a re-
Em geral, o espectro do arco-íris é separado em 7 cores, fração difusa.
que, quando unidas, produzem luz branca. São elas: verme-
lho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. 7.1. A cor de um corpo
Como foi visto, os fenômenos de reflexão, transmissão e
absorção da luz dependem das características do meio e
da cor da luz.
Por exemplo, se a luz branca incidir sobre um material que
reflete todas as cores, o objeto terá cor branca; caso o ma-
terial não reflita nenhuma cor, sua cor será preta. Entre-
tanto, pode acontecer de o meio refletir apenas uma cor.
Observe o exemplo a seguir:

82
Resolução:
Tem-se, nesse caso, um objeto amarelo. Isso significa que, quando
esse corpo é exposto à luz branca, constituída de várias cores, ele
absorve todas as outras cores e reflete a cor amarela.
Se esse corpo for levado para uma sala que projeta uma luz mono-
cromática azul, o objeto absorverá a única cor proveniente da fon-
te sem refletir nenhuma; assim, o corpo apresentará a cor preta.
Alternativa C
O abacate absorve todas as cores da luz branca que inci-
de sobre ele, com exceção da luz verde, que é refletida de
modo difuso; dessa forma, a fruta é vista na cor verde. A
maçã absorve todas as cores, com exceção da luz verme-
lha, que é refletida de modo difuso; assim, a maçã é vista
na cor vermelha.
A cor de um corpo diante do olho humano depende da
luz que ele reflete. Contudo, por convenção, considera-se multimídia: site
a cor “principal” do corpo aquela que ele apresenta ao ser
iluminado por luz branca. brasilescola.uol.com.br/fisica/conceitos-basicos-
otica-geometrica.htm
Aplicação do conteúdo
spie.org/Documents/Publications/00%20STEP%20
1. (Ufes) Um objeto amarelo, quando observado em uma Module%2003.pdf
sala iluminada com luz monocromática azul, será visto:
a) amarelo; d) violeta;
b) azul; e) vermelho.
c) preto;

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O triângulo foi inventado ou foi descoberto pela Matemática? Na verdade, esse objeto matemático, amplamente
utilizado no estudo dos fenômenos da propagação retilínea da luz, foi definido matematicamente. Definir é atribuir
forma e nome a um determinado objeto que apresenta determinadas características. Assim, a definição é arbitrária. O
nome triângulo foi atribuído à forma dos objetos que ocupam o espaço interno limitado por três segmentos de reta
que concorrem, dois a dois, em três pontos diferentes, formando três lados e três ângulos internos que somam 180°.
Na geometria plana, considera-se que dois triângulos são semelhantes quando guardam uma proporção entre eles,
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de forma que seus ângulos sejam iguais, e os lados do primeiro triângulo sejam proporcionais aos lados do segundo.
Os triângulos semelhantes são usados em diversas áreas, como na arquitetura, para a estabilização de pontes, e na
fotografia, para determinação de amplas distâncias.

83
VIVENCIANDO

Os conceitos básicos de óptica geométrica são utilizados para iluminação em ambientes, em espetáculos de teatro ou shows
de música, em que a combinação de feixes de luzes distintos produz efeitos espetaculares de luz, cor e sombra. A correta
iluminação em estúdios de fotografia e cinema elimina sombras e penumbras que atrapalhariam a imagem fotografada.
No cotidiano, a absorção da luz pode ser percebida nas vestimentas das pessoas. Em um dia claro e quente, não é
aconselhável a utilização de roupas escuras, uma vez que esse tipo de cor absorve mais radiação e, em consequência,
a roupa fica mais quente. Num dia quente e iluminado, é recomendável a utilização de roupas de cores claras. Em dias
frios, por outro lado, o oposto se torna verdade, e é recomendável a utilização de cores escuras, pois absorvem mais calor.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 22

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre radiação e a matéria em suas manifestações em


processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

A habilidade 22 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos de radiação, que são impor-
tantes para o entendimento de óptica geométrica.
MODELO 1
(Enem) É comum aos fotógrafos tirar fotos coloridas em ambientes iluminados por lâmpadas fluorescentes, que
contêm uma forte composição de luz verde. A consequência desse fato na fotografia é que todos os objetos
claros, principalmente os brancos, aparecerão esverdeados. Para equilibrar as cores, deve-se usar um filtro
adequado para diminuir a intensidade da luz verde que chega aos sensores da câmera fotográfica. Na escolha
desse filtro, utiliza-se o conhecimento da composição das cores-luz primárias: vermelho, verde e azul; e das
cores-luz secundárias: amarelo = vermelho + verde, ciano = verde + azul e magenta = vermelho + azul.
Disponível em: <http://nautilus.fis.uc.pt>. Acesso em: 20 de maio 2014 (adaptado).
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Na situação descrita, qual deve ser o filtro utilizado para que a fotografia apresente as cores naturais dos
objetos?
a) Ciano. b) Verde. c) Amarelo. d) Magenta. e) Vermelho.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Para resolver a questão, o aluno precisa ter domínio sobre introdução geométrica, em especial a
parte que envolve os conhecimentos sobre cor de um corpo.

RESPOSTA Alternativa D

84
DIAGRAMA DE IDEIAS

ÓPTICA GEOMÉTRICA

LUZ

PROPAGAÇÃO
INDEPENDÊNCIA REVERSIBILIDADE
RETILÍNEA

FORMAÇÃO
ECLIPSE CÂMARA ESCURA
DE SOMBRA

FENÔMENOS REFLEXÃO REFRAÇÃO

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

85
ANOTAÇÕES

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
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VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

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____________________________________________________________
____________________________________________________________

86
FÍSICA

2
CIÊNCIAS DA
ELETROSTÁTICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Analisando gráficos e conceitos teóricos O vestibular da Fuvest aborda com frequ-


na prática. ência questões que exigem manipulações
matemáticas entre diversos assuntos da
eletrostática.

O vestibular da Unicamp aborda, dentro O vestibular da Unifesp aborda com frequ- O vestibular da Unesp aborda com frequ-
do conteúdo de eletrostática, questões um ência questões teóricas e exige interpreta- ência questões teóricas e exige interpreta-
pouco mais objetivas do que teóricas. ções de gráficos. ções de gráficos.

Essa prova aborda o tema eletrostática Essa prova aborda o tema eletrostática O tema eletrostática é cobrado com ques- Essa prova aborda com frequência ques-
com questões que exigem interpretações com questões que exigem interpretações tões de manipulações de equações. tões teóricas e exige interpretações de
de figuras e manipulações de fórmulas de figuras e manipulações de fórmulas gráficos.
matemáticas. matemáticas.

UFMG
O vestibular da UEL aborda com frequ- O tema eletrostática tem abordagem com Nessa prova, o tema eletrostática exige
ência questões objetivas de eletrostática questões mais teóricas. manipulação das equações e análise de
que exigem manipulação de equações figuras.
matemáticas.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Essa prova aborda questões teóricas e ob- O vestibular da Unigranrio aborda o tema Não há uma cobrança grande no tema
jetivas que exigem do aluno a manipulação eletrostática com questões que exigem in- eletrostática, porém, eventualmente, apa-
das formulas matemáticas dos principais terpretações de figuras e manipulações de recem questões que exigem análise de
temas (campo elétrico e potencial elétrico). fórmulas matemáticas. figuras e manipulação matemática.

88
Aplicação do conteúdo
1. No vácuo, uma carga de prova q = +3,0 nC está a uma
distância de 2,0 cm de uma carga fonte Q = +4,0 mC.
Determine a energia potencial da carga de prova. (k0 =
POTENCIAL 9,0 ∙ 109 unidades SI).

ELÉTRICO Resolução:
Para aplicar a equação, é preciso ter todas as unidades no SI:
q = +3,0 nC = 3,0 ∙ 10–9 C  
Q = +4,0 mC = +4,0 ∙ 10–6 C  

CN
d = 2,0 cm = 2,0 ∙ 10–2 m
AULAS
k0 ⋅ Q ⋅ q
9 E 10 Epot =_______
​ 
d
 ​  
4,0 ∙ 10–6 ⋅ 3,0 ∙ 10–9
= (9,0 ∙ 109)_________________
  
​    
2,0 ∙ 10–2
 ​ =
5,4 ∙ 10–3 J.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 20
A carga de prova possui energia potencial de 5,4 ∙ 10–3 J. É pos-
sível dizer também que a energia potencial elétrica associada ao
par de cargas q e Q vale 5,4 ∙ 10–3 J.

1. Energia potencial elétrica 2. Potencial elétrico


A seguir, serão estudadas duas grandezas associadas a um Uma carga elétrica isolada Q (chamada de carga fonte)
campo vetorial conservativo: energia potencial elétrica gera à sua volta um campo elétrico. Considere um ponto P,
e potencial elétrico. Em um campo elétrico conservativo, fixo próximo à carga fonte, como na figura a seguir. Con-
o trabalho realizado ao se mover uma carga de prova in- sidere também que uma carga de prova q seja trazida do
depende da trajetória realizada pela carga; com efeito, ele infinito até o ponto P.
depende apenas da posição inicial e final da carga.
Considere um sistema formado por uma carga elétrica
pontual Q (carga fonte) e uma carga de prova q, separadas
pelas distancia d.
A energia potencial elétrica para esse sistema formado
pelo par de cargas é:

§ proporcional ao produto das duas cargas, Q e q;


Como foi visto, a energia potencial da carga de prova é
§ inversamente proporcional à distância d entre as cargas. Epot. O potencial elétrico V associado ao ponto P é a
Considerando que a energia potencial é zero no infinito, no grandeza escalar dada por:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

referencial adotado, a energia potencial vale: Epot


V = ___
​ q ​  
Q
Epot = k0 ∙ __
​   ​ q
d
A unidade de potencial elétrico no SI é o volt, homenagem
ao pesquisador italiano Alessandro Volta (1745-1827).
Assim, as unidades volt, joule e coulomb estão relaciona-
Como ensina a Mecânica, a unidade de energia no Sl das por:
1 joule
é o joule (J). 1 volt = ________
​    ​ 
1 coulomb
Nesse sistema composto por somente uma carga fonte (Q), Em geral, a grandeza física potencial é simbolizada pela
a equação acima relaciona a energia potencial da carga de letra V. Atente-se para não confundir com a respectiva uni-
prova q em relação à carga Q. dade, o volt, também simbolizado por V.

89
Aplicação do conteúdo
1. Considere uma carga elétrica Q = +8,0 µC no vácuo.
Determine o potencial elétrico no ponto P distante 4,0 cm
da carga fonte.
Resolução:
multimídia: vídeo Inicialmente, é necessário deixar todas as unidades no SI:
Fonte: Youtube Q = +8,0 µC = +8,0 ∙ 10–6 C
d = 4,0 cm = 4,0 ∙ 10–2 m
Energia potencial elétrica
Substituindo na equação do potencial elétrico, tem-se:
Q +8,0 · 10-6
Vp = k0 __
​   ​ = (9,0 ∙ 109) _________
​  = +18 ∙ 105 V ⇒
 ​ 
2.1. Potencial elétrico gerado por d 4,0 · 10-2
Vp = +1,8 ∙ 106 V
uma carga elétrica pontual
O potencial elétrico é uma grandeza escalar, e, portanto, basta
Considere novamente o sistema de cargas formado por dizer que no ponto P ele vale 1,8 ∙ 106 V. Não há direção e nem
uma carga fonte Q e uma carga de prova q, separadas por sentido para serem especificados. O potencial elétrico representa
uma distância d, como na figura a seguir. A carga de prova um nível de energia no ponto P.
q possui energia potencial elétrica dada pela equação:
2. (UEG) Uma carga Q está fixa no espaço; a uma distân-
cia d dela existe um ponto P, no qual é colocada uma
carga de prova q0. Considerando-se esses dados, verifi-
ca-se que no ponto P:
a) O potencial elétrico devido a Q diminui com in-
Q⋅q
Epot = k0 ____
​   ​    verso de d.
d b) A força elétrica tem direção radial e aproximando de Q.
O potencial elétrico no ponto P, pela definição, é dado por: c) O campo elétrico depende apenas do módulo da
carga Q.
Epot
V = ___
​ q ​  ⇒ d) A energia potencial elétrica das cargas depende
com o inverso de d2.
Resolução:
Epot = q ⋅ V
Com as expressões de força elétrica, campo elétrico, potencial
Igualando o termo da energia potencial das duas equa- elétrico e energia potencial elétrica abaixo, é possível tecer algu-
ções, obtém-se: mas considerações sobre as alternativas expostas.
q⋅Q O potencial elétrico de uma carga puntiforme é dado pelo produ-
q ⋅ V = k0 ____
​   ​  ⇒ to do campo elétrico pela distância à carga geradora
d
Q Q
V = k0 __
Q
​   ​   V = E ∙ d = k0 __
​  2  ​∙ d ⇒ V = k0 __
​   ​. 
d d d
Q ∙ q0
A força elétrica, dada pela lei de Coulomb Fe = k0_____
​  2 ​,  tem a
Essa equação representa o potencial elétrico gerado pela d
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

direção da reta que une os centros das duas cargas, podendo ter
carga fonte no ponto P, distante d da carga fonte. Note
o sentido de afastamento, caso as cargas sejam de mesmo sinal
que a carga de prova q foi cancelada e não aparece na
(repulsão), ou de aproximação (atração), caso as cargas sejam de
equação. Dessa forma, o potencial elétrico no ponto P não sinais contrários. Alternativa [B] incorreta.
depende da carga de prova. Se o ponto P estiver no infinito,
O campo elétrico é a razão entre a força e a carga de prova
a distância d é infinita e o potencial no infinito é nulo. Fe Q
E = __ __
q​  0 ​ = k0 d​  2  ​. Assim, ele não depende apenas da carga Q, mas
É importante ressaltar que:
também da distância entre as cargas. Alternativa [C] incorreta.
§ O potencial elétrico é definido para um ponto P próxi-
mo a uma carga elétrica (carga fonte Q). A energia potencial elétrica é dada pelo produto do potencial
Q
§ O potencial elétrico é uma grandeza escalar e pode ser elétrico e a carga de prova, então Ep = q0 ∙ V = q0 ∙ k0 __ ​   ​  ⇒
k0 ∙ Qq0 d
positivo ou negativo, conforme o sinal da carga fonte Q.
Ep = ______
​   ​.  A alternativa [D] está incorreta, pois a dependência
d
Q>0⇔V>0 é com o inverso de d.
Q<0⇔V<0 Alternativa A

90
2. 1. 1. Comparações entre o campo nessa região. Considere também um ponto P fixo próximo a
elétrico e o potencial elétrico essas partículas. Calcule o potencial elétrico resultante nesse
ponto P. Para isso, siga o seguinte procedimento:
§ Ambos são gerados por uma carga fonte Q e aplicam-
-se a um ponto P, distante d da carga fonte.
§ O potencial elétrico em P é uma grandeza escalar, en-
quanto o campo elétrico é vetorial, isto é, tem módulo,
direção e sentido.
§ O potencial elétrico depende do sinal da carga gera-
dora (pode ser positivo ou negativo); o campo elétrico,
porém, só depende do módulo dessa carga.
§ O potencial elétrico varia com o inverso da distância ​__
d (  )
​ 1 ​  ​,
1. Calcule o potencial que cada uma das cargas elétricas
e o módulo do campo elétrico varia com o inverso do
quadrado da distância ​__ (  )
​  1  ​   .​
d2
gera em P isoladamente. Esse potencial é dado pela equa-
ção do potencial vista anteriormente:
§ O campo elétrico está relacionado com a força elétrica,
Q
enquanto o potencial elétrico está relacionado com a V = k0 __
​   ​  
energia potencial elétrica. d
A distância d é variável e corresponde à distância de cada
uma das cargas até o ponto P.
Aplicação do conteúdo
2. Por ser uma grandeza escalar, o potencial resultante no
1. Uma partícula eletrizada com carga elétrica Q = 8,0 pC ponto P é “cumulativo”, ou seja, é dado pela soma dos
está em um meio onde é criado vácuo. Adotando-se potenciais de cada uma das cargas que o geram. Dessa
k0 = 9,0 ∙ 109 unidade SI, determine: forma, somando todos os potenciais obtidos pelo cálculo
a) O potencial elétrico no ponto P distante 2 mm da anterior, obtém-se o potencial resultante Vres:
carga elétrica Q.
b) A energia potencial adquirida por uma segunda Vres = V1 + V2 + V3 + ... + Vn
partícula dotada de carga elétrica q = 5,0 ∙ 10–12 C
colocada no ponto P.
Resolução: Aplicação do conteúdo
a) É preciso ajustar as unidades: 1. Duas partículas eletrizadas com cargas elétricas
Q = 8,0 pC = 8,0 ∙ 10–12 C; Q1 = 4,0 ∙ 10–7 C e Q2 = –2,0 ∙ 10–7 C estão fixas nos extre-
mos do segmento AB, cujo ponto médio é M.
d = 2,0 mm = 2,0 ∙ 10–3 m.
Então, pela equação do potencial, calcula-se V:
Q 8,0 ∙ 10–12
V = k0 __
​   ​ = 9,0 ∙ 109 ∙ _________
​  ⇒
 ​  
d 2,0 ∙ 10–3
Usando k0 = 9,0 ∙ 10+9 Vm/C, determine:
​ 72 ∙ 10  ​  
–3
⇒ V = ________ ⇒ V = 36 V

2,0 ∙ 10–3 a) o potencial elétrico no ponto M gerado por cada uma
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

b) A energia potencial é dada por: das cargas;


b) o potencial elétrico resultante no ponto M.
Epot = q ⋅ V.
Sendo q = 5,0 ∙ 10–12 C, tem-se: Resolução:
a) O potencial de cada uma das cargas em M é calcu-
Epot = 5,0 ∙ 10–12 ∙ 36 = 180 ∙ 10–12 ⇒ Q
lado usando a equação V = k0 ​ __ ​ , em que d = 2,0 cm =
⇒ Epot = 1,8 ∙ 10–10 J d
2,0 ∙ 10–2 m.
Para a carga Q1 = +4,0 ∙ 10–7 C, tem-se:
2.2. Potencial elétrico de +4,0 ∙ 10-7
V1 = 9,0 ∙ 109 ∙ __________
​  = +18 ∙ 104 ⇒
 ​ 

diversas cargas elétricas 2 ∙ 10–2
⇒ V1 = +1,8 ∙ 105 V
Foi visto como calcular o potencial elétrico de uma carga.
Agora, considere que, em uma certa região do espaço, exista Para a carga Q2 = –2,0 ∙ 10–7 C, tem-se:
​ –2 ∙ 10
–7
um conjunto de n partículas eletrizadas com cargas elétricas V2 = 9,0 ∙ 109 ∙ _________  ​  = –9 ∙ 104 ⇒
Q1, Q2,..., Qn. Juntas, essas cargas geram um campo elétrico 2 ∙ 10 –2

⇒ V2 = –9,0 ∙ 104 V

91
b) O potencial elétrico resultante no ponto M é dado Quando as linhas de força aparecem juntamente com as
pela soma dos dois valores anteriores: VM = V1 + V2 linhas equipotenciais, ambas devem formar um ângulo
(levando-se em conta os sinais). reto em cada cruzamento, uma vez que são sempre per-
Para facilitar a conta, são expressados os dois valores na
pendiculares.
mesma potência 104:
VM = (+18 ∙ 104) + (–9,0 ∙ 104) ⇒ As linhas de força de um campo elétrico uniforme são retas
⇒ VM = +9,0 ∙ 104 V paralelas. As linhas equipotenciais são, assim, perpendicu-
lares a cada uma delas. Nesse caso, as equipotenciais são
3. Equipotenciais paralelas entre si.

São denominadas de equipotenciais as linhas ou superfí-


cies imaginárias cujos pontos possuem o mesmo potencial.
Em geral, as representações de campo elétrico são feitas
por um conjunto de superfícies equipotenciais.

Campo elétrico uniforme. As linhas de força estão representadas


por linhas cheias, e as linhas equipotenciais por linhas tracejadas

Nas figuras a seguir, é possível identificar dois casos parti-


culares. O campo elétrico é gerado por duas cargas elétri-
cas do mesmo módulo.
Conjunto de superfícies equipotenciais Em ambas as figuras, convenciona-se que:

§ linhas cheias são linhas de força;

§ linhas tracejadas são linhas equipotenciais.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Mapeamento de equipotenciais de terminais lineares

Geralmente, uma superfície equipotencial é uma superfície Campo elétrico de duas cargas elétricas opostas
complicada. Para facilitar a visualização, será apresentada
apenas a intersecção dessa superfície com o plano da folha,
obtendo as linhas equipotenciais.
Para um carga puntiforme, as equipotenciais são superfícies
esféricas concêntricas. Assim, a intersecção com o plano da
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

folha resulta em círculos concêntricos. Na figura a seguir,


estão representadas as equipotenciais em torno de uma
carga elétrica pontual Q. Os pontos A, B e C estão na mes-
ma equipotencial, e, portanto, seus potenciais são iguais:
VA = VB = VC = +10 V

Campo elétrico de duas cargas elétricas positivas

Linhas de equipotenciais de uma carga pontual Q positiva

92
Aplicação do conteúdo
1. (UFSC) O ato de eletrizar um corpo consiste em gerar
uma desigualdade entre o número de cargas positivas e
negativas, ou seja, em gerar uma carga resultante dife-
rente de zero. Em relação aos processos de eletrização
e às características elétricas de um objeto eletrizado, é
correto afirmar que: multimídia: site
01) em qualquer corpo eletrizado, as cargas se distri-
buem uniformemente por toda a sua superfície;
02) no processo de eletrização por atrito, as cargas pt.khanacademy.org/science/physics/electric-charge-
positivas são transferidas de um corpo para outro; electric-force-and-voltage
04) em dias úmidos, o fenômeno da eletrização é poten- www.estudopratico.com.br/potencial-eletrico-historia-
cializado, ou seja, os objetos ficam facilmente eletrizados; definicao-e-superficie-equipotencial/
08) dois objetos eletrizados por contato são afasta-
dos um do outro por uma distância D. Nesta situa- www.tecnogerageradores.com.br/blog/saiba-o-que-e-
ção, podemos afirmar que existe um ponto entre eles diferenca-de-potencial-eletrico-e-como-calcular/
onde o vetor campo elétrico resultante é zero;
16) o meio em que os corpos eletrizados estão imer-
sos tem influência direta no valor do potencial elétri- 4. Gráfico do potencial elétrico
co e do campo elétrico criado por eles.
Dada a expressão para o potencial elétrico de carga pun-
Resolução:
tiforme, sendo o potencial uma função da distância, V = V
01) Falsa. As cargas somente se distribuem uniforme- (d), tem-se:
mente pela superfície de um corpo eletrizado se ele for
de material condutor perfeitamente esférico e estiver em k ∙Q
equilíbrio eletrostático. V(d) = _____
​  0  ​
  
d
02) Falsa. São as cargas negativas, isto é, os elétrons
são transferidos de um corpo para outro por meio da
eletrização por atrito.
04) Falsa. Pelo contrário, dias úmidos prejudicam a ele-
trização dos corpos devido ao excesso de umidade do ar,
que funciona como se fosse um fio terra, descarregando
os corpos mais rapidamente através das moléculas pola-
res da água na fase vapor.
08) Verdadeira. Quando se faz eletrização por conta- multimídia: vídeo
to, depois de separadas as cargas assumem o mesmo
sinal de carga elétrica; com isso, o vetor campo elétrico Fonte: Youtube
se anula em um ponto entre os dois corpos eletrizados. Campo e potencial elétrico - Entendendo o significado!
16) Verdadeira. Tanto o potencial elétrico como o cam-
po elétrico são influenciados pelo meio em que estão
imersos, basta verificar a presença da constante eletros- Para uma carga positiva (Q > 0), o gráfico do potencial em
tática do meio (k) nas equações de ambas. função da distância à partícula é da seguinte forma:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Q Q
V = k __
​   ​ e E = k ​ __2  ​ 
d d
2. (Udesc) Ao longo de um processo de aproximação de
duas partículas de mesma carga elétrica, a energia po-
tencial elétrica do sistema:
a) diminui;
b) aumenta;
c) aumenta inicialmente e, em seguida, diminui.
d) permanece constante;
e) diminui inicialmente e, em seguida, aumenta.
Resolução: (Q > 0)
k∙Q∙q
Sabendo que a energia potencial elétrica é dada por Ep = ______
​   ​,  
d Analisando o gráfico, é possível perceber que, quanto mais
se a distância entre as partículas diminui, a energia potencial Ep próximo à carga positiva, maior é o potencial elétrico; e,
aumenta. quanto mais distante da carga, menor é o potencial elétrico.
Alternativa B
93
Para uma carga negativa (Q < 0), todos os valores do po- Sendo uma carga elétrica Q negativa (Q < 0), foi visto que,
tencial elétrico serão negativos; Assim, o gráfico da função quanto mais próximo a ela, menor será o valor do poten-
do potencial elétrico em função da distância à partícula é cial elétrico; e, quanto mais distante da carga, maior será
da seguinte forma: o potencial elétrico. Assim, VA < VB < VC. É sabido que, no
campo elétrico, a carga puntiforme negativa é convergente,
ou seja, o campo é de aproximação. Dessa forma, o sentido
da linha de força também é de aproximação, coincidente-
mente na mesma direção em que o potencial diminui.

Carga Q < 0

(Q < 0) De maneira geral, podemos dizer que:

Analisando o gráfico, é possível observar que, quanto mais


próximo à carga negativa, menor é o potencial elétrico; por O potencial elétrico diminui no mesmo sentido da li-
nha de força.
outro lado, quanto mais distante à carga elétrica negativa,
maior é o potencial elétrico.
Por exemplo, analisando a figura a seguir:
4. 1. Linhas de força e potencial elétrico
Considere uma carga elétrica Q positiva (Q > 0). Considere
também que, quanto mais próximo a ela, maior é o valor
do potencial elétrico; por outro lado, quanto mais distante
da carga, menor é o potencial elétrico. Assim, VA > VB >
VC. É sabido que, no campo elétrico, a carga positiva pun-
tiforme é divergente, ou seja, o campo é de afastamento.
Dessa forma, o sentido da linha de força também é de
afastamento, coincidentemente na mesma direção em que
o potencial diminui. Percebemos que o potencial elétrico é maior no ponto C do
que no ponto B.
+

Carga Q > 0
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

94
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas


ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

A habilidade 17 é quase onipresente nos exercícios da prova de ciências da natureza, uma vez que ela cobra
do aluno a capacidade de relacionar os fenômenos naturais com diferentes formas de linguagem, fórmulas
matemáticas e a capacidade de interpretação gráfica.

HABILIDADE 21
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto
da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 cobra do aluno a capacidade de interpretar os processos naturais ou tecnológicos relacionados


ao eletromagnetismo à termodinâmica. De forma abrangente, essa habilidade cobra do aluno conhecimento
em duas grandes áreas. Por isso, talvez questões relacionadas ao eletromagnetismo tenham aparecido um
pouco menos em provas anteriores, salvo é claro a prova de 2017, na qual esteve muito mais presente.

MODELO 1

(Enem) As células possuem potencial de membrana, que pode ser classificado em repouso ou ação, e é uma estraté-
gia eletrofisiológica interessante e simples do ponto de vista físico. Essa característica eletrofisiológica está presente
na figura a seguir, que mostra um potencial de ação disparado por uma célula que compõe as fibras de Purkinje,
responsáveis por conduzir os impulsos elétricos para o tecido cardíaco, possibilitando assim a contração cardíaca.
Observa-se que existem quatro fases envolvidas nesse potencial de ação, sendo denominadas fases 0, 1, 2 e 3.

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O potencial de repouso dessa célula é –100 mV e quando ocorre influxo de íons Na+ e Ca2+ a polaridade celular
pode atingir valores de até +10 mV o que se denomina despolarização celular. A modificação no potencial de
repouso pode disparar um potencial de ação quando a voltagem da membrana atinge o limiar de disparo que
está representado na figura pela linha pontilhada. Contudo, a célula não pode se manter despolarizada, pois
isso acarretaria a morte celular. Assim, ocorre a repolarização celular, mecanismo que reverte a despolarização e
retorna a célula ao potencial de repouso. Para tanto, há o efluxo celular de íons K+.
Qual das fases, presentes na figura, indica o processo de despolarização e repolarização celular, respectivamente?
a) Fases 0 e 2.
b) Fases 0 e 3.
c) Fases 1 e 2.
d) Fases 2 e 0.
e) Fases 3 e 1.

95
ANÁLISE EXPOSITIVA
Essa é uma excelente questão, onde o estudante é cobrado tanto na parte interdisciplinar quanto na inter-
pretação gráfica do potencial de membrana em relação ao tempo. O estudante deve relacionar conceitos e
fenômenos com as fases destacadas no gráfico.
A despolarização ocorre na fase em que o potencial sobe, que é a fase 0. A repolarização ocorre quando o
potencial está voltando ao potencial de repouso, como acontece na fase 3.

RESPOSTA Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA

GRANDEZA DEPENDE DO INVERSO


POTENCIAL ELÉTRICO
ESCALAR DA DISTÂNCIA

NA PRESENÇA DE OUTRA CARGA:


ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

96
2. Teorema da energia cinética
Considere que uma partícula de massa m passe por um
ponto A com velocidade A e, em seguida, passe por um
ponto B com velocidade B, movendo-se ao longo de uma
TRABALHO NO trajetória qualquer.

CAMPO ELÉTRICO
VB

Sendo tAB o trabalho total realizado pelas forças que atuam


na partícula entre os pontos A e B, pode-se demonstrar que:

CN AULAS
11 E 12
mv 2 mvA2
τAB = ____
​   ​B   - ____
2
​   ​  
2
Note que, na equação acima, vB é o módulo da velocidade
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
no fim do percurso, e vA é o módulo da velocidade no início
5e6 17 e 21
do percurso.
Como será visto, a equação acima tem bastante utilidade,
e, por esse motivo, os físicos decidiram definir a energia
1. Introdução cinética (Ec) de uma partícula de massa m e velocidade v
do seguinte modo:
O trabalho da energia elétrica será abordado a partir do
​ ​  mv ​
2
potencial e da energia potencial elétrica. Antes, porém, é Ec = ____   
2
necessário definir alguns conceitos, como trabalho, energia
cinética e energia mecânica. Tais conceitos vão ser revistos
mais detalhadamente em outra oportunidade.
3. Princípio da conservação
da energia
1.1. Trabalho de uma força
Todo movimento ou atividade ocorre por meio da transfor-
Considere um corpo que se move _____
​›
em trajetória
_____
​›
retilínea,
mação de um tipo de energia em outra forma de energia.
efetuando um deslocamento d ​ ​ .  Sendo F ​ ​   uma das forças
que atuam sobre corpo, suponha que essa força seja constan-
te (em módulo, direção
​_____›
e sentido) e forme​_____› um ângulo u com Energia não se cria, energia não se perde, energia
o deslocamento d ​
​ .  O trabalho da força F ​
​   é definido por: apenas se transforma de um tipo em outro, em quan-
tidades iguais.

A soma de energia cinética com todas as energias poten-


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ciais de um corpo é denominada energia mecânica (EM):


t = F · d · cos u EM = EC + EP
No SI, a unidade de trabalho é o joule, cujo símbolo é J.
Assim: Ec é a energia cinética do corpo; e Ep é a energia poten-
cial desse corpo (incluindo-se todas as energias potenciais)
1.2. O trabalho total
É possível demonstrar que:
Suponha que um corpo esteja sob a ação de várias forças.
O trabalho total ao longo de um deslocamento é definido
como a soma dos trabalhos de cada força: A energia mecânica do corpo será constante se, dentre
ttotal = tF1 + tF2 + tF3 + tF4 + ... todas as forças que atuarem sobre ele, as únicas que
___
​›
realizarem trabalho não nulo forem conservativas.
Se a resultante___
das forças for F​ r ​,   é possível demonstrar que
​›
o trabalho de F​ r ​  é igual ao trabalho total:
Esse enunciado é denominado princípio da conservação da
tFr = ttotal energia mecânica.

97
Aplicação do conteúdo
1. Em uma região onde há campo elétrico, uma carga
elétrica negativa q = –4,0 nC é deslocada de um pon-
to A, de potencial +5,0 V, até um ponto B, de potencial
–5,0 V. Determine o trabalho da força elétrica.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Trabalho da força elétrica num Resolução:
campo elétrico qualquer
Calcule o trabalho usando a equação:
τAB = q(VA – VB).
4. Trabalho da força elétrica Substituindo os valores dados, tem-se:
Para determinar o trabalho da força elétrica sobre uma car-
τAB = –4,0 · 10–9 [(+5,0) – (–5,0)] = –4,0 · 10–9 · 10 ⇒
ga de prova, considere a situação da figura a seguir. Uma
⇒ τAB = –4,0 · 10–8 J
carga de prova q é movida do ponto A para o ponto B, em
uma região onde existe um campo elétrico. A carga elétrica  sinal negativo do trabalho indica que ocorre uma resistência
O
fonte que dá origem ao campo elétrico foi omitida por sim- ao movimento, isto é, na situação considerada, a força elétrica
plificação. O movimento da carga de prova pode ocorrer opõe-se ao deslocamento da carga.
espontaneamente por ação de um agente externo (oper- 2. A figura a seguir representa um campo elétrico uni-
ador). Devido ao fato de estar em uma região de campo forme e suas linhas de forças e equipotenciais. Uma
elétrico, uma força elétrica F atua sobre a partícula. partícula de carga q = 2,0 pC foi deslocada do ponto A
para o ponto B.

Deslocamento da carga de prova entre A e B


Como será visto em Mecânica, o trabalho da força elétri-
ca não é obtido pela aplicação da definição de trabalho,
uma vez que a força elétrica pode não se manter constante
durante o deslocamento. Entretanto, o trabalho pode ser Determine o trabalho da força elétrica.
obtido por meio da variação da energia potencial da carga. Resolução:
Quando a carga está no ponto A, sua energia potencial é
proporcional ao potencial VA. Do mesmo modo, no ponto Da figura são obtidos os potenciais de A e B:
B, a carga tem energia potencial proporcional ao potencial VA = +20 V e VB = +5,0 V
VB. Assim:
Como o trabalho da força elétrica não depende da traje-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Epot = q ⋅ VA Epot = q ⋅ VB tória, apenas dos potenciais em A e B, calcule:


A  e  B
τAB = q (VA – VB) ⇒
O trabalho da força elétrica é dado pela diferença entre
⇒ τAB = 2,0 · 10–12 · (20 – 5,0) = 2,0 · 10–12 · 15
a energia potencial no ponto A (ponto inicial) e a energia
= 30 · 10–12
potencial no ponto B (ponto final):
τAB = Epot – Epot ⇒ τAB = q ⋅ V – q ⋅ V Então:
A B A B
τAB = 3,0 · 10–11 J
τAB = q(VA – VB) É importante saber: o trabalho da força elétrica é es-
pontâneo. Uma carga livre deixada em um local onde há
Essa maneira de calcular o trabalho pode ser aplicada campo elétrico vai se deslocar naturalmente e, por conse-
apenas para campos ditos conservativos. Como o campo quência, haverá trabalho da força elétrica. As cargas posi-
elétrico é um campo conservativo, é possível utilizar esse tivas se deslocam naturalmente no sentido decrescente do
método para obter o trabalho. potencial elétrico, enquanto as cargas negativas se deslo-

98
cam no sentido crescente do potencial elétrico. Resumindo: locamento da carga ocorreria do ponto B para o ponto A.
Nesse deslocamento, o trabalho realizado seria:
Carga positiva se move em direção ao menor potencial. ——
τBA = F ⋅ AB​
​  ⇒ τBA = F ⋅ d
Carga negativa se move em direção ao maior potencial.
Considerando que F = |–q| ⋅ E, obtém-se:
τBA = |–q| ⋅ E ⋅ d

Ou seja, em ambos os casos o trabalho realizado pela força


elétrica é o mesmo.
É preciso cuidado quando o deslocamento de uma partícu-
la em um campo elétrico uniforme não ocorre sobre uma
mesma linha de força, como mostra a figura a seguir. Nes-
multimídia: vídeo ses casos, o deslocamento da partícula é sempre calculado
Fonte: Youtube paralelamente às linhas de forças.
Campo elétrico | Carga elétrica,
energia elétrica e voltagem

5. Trabalho da força elétrica em


um campo elétrico uniforme
O campo elétrico uniforme é um caso muito particular de
campo elétrico. As linhas de forças desse campo são re-
tas paralelas, e o módulo da força elétrica é constante em
qualquer local do campo. Em consequência, o trabalho re-
alizado pela força elétrica nesse campo pode ser calculado
usando-se as simples equações da Mecânica.
Em um campo elétrico uniforme, representado na figura a multimídia: vídeo
seguir, os pontos A e B possuem potenciais elétricos iguais Fonte: Youtube
a VA e VB, respectivamente. Potencial elétrico, trabalho no campo elétrico - Fisica

6. Diferença de potencial (d.d.p.)


É chamada de d.d.p. entre dois pontos de um campo elétrico
Carga puntiforme deslocada de A para B sob a ação a razão entre o trabalho realizado pela força elétrica para
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de uma força elétrica


deslocar uma carga entre esses pontos e o valor da carga:
Uma carga puntiforme q > 0 abandonada livremente no τ
VA – VB = UAB = U = ___
​  AB ​ 
ponto A sofrerá a ação exclusiva da força elétrica F e se |q|
Notas:
deslocará ao longo da linha de força que liga o ponto A e o
ponto B. Nesse deslocamento, o trabalho será: § no SI, a d.d.p. é expressa em J/C = V(volt);
——
τAB = F ⋅ AB​
​  ⇒ τAB = F ⋅ d § se q é + ⇒ VA – VB > 0 ⇒ VA > VB;
se q é – ⇒ VA – VB < 0 ⇒ VA < VB.
Considerando que F = q ⋅ E, obtém-se:

τAB = q ⋅ E ⋅ d Aplicação do conteúdo


1. Na figura a seguir, o campo elétrico tem intensidade
Caso fosse abandonada uma carga elétrica negativa em
E = 4,5 N/C. No ponto A, é abandonada uma partícula
B, o sentido da força elétrica atuante seria inverso e o des-

99
eletrizada de carga elétrica q = 4,0 pC. Despreze a ação Resolução:
da força gravitacional. A partícula desloca-se espontan-
eamente no sentido da linha de força. Determine o tra- U = 250 V qe = – 1,6 ∙ 10-19 C
balho da força elétrica no deslocamento AB. i = 5 mA me = 9,11 ∙ 10-31C
Pelo teorema da energia cinética:

DEc = DFR
mv02
​  m ∙ ​
_____ v2  
– ____
​   ​  = |q| U
2 2
9,11 · 10-31 ∙ v2
____________
  
​   ​  = 1,6 ∙ 10-19 ∙ 250
2
v2 ≈ 87,82 ∙ 10-2
Resolução:
v ≈ 9,3 ∙ 106 m/s
Tem-se: v ≈ 1 ∙ 107 m/s
q = 4,0 pC = 4,0 · 10–12 C
E = 4,5 N/C Alternativa D
d = AB = 20 cm = 20 · 10–2 m

O trabalho no deslocamento AB é dado por:


τAB = q ⋅ E ⋅ d = 4,0 × 10–12 · 4,5 · 20 · 10–2
= 360 · 10–4 ⇒ τAB = 3,6 · 10–12 J

2. (Ita) Um feixe de elétrons é formado com a aplicação


de uma diferença de potencial de 250 V entre duas multimídia: site
placas metálicas, uma emissora e outra coletora, colo-
cadas em uma ampola na qual se fez vácuo. A corrente
medida em um amperímetro devidamente ligado é de osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2013/04/
5,0 mA. Se os elétrons podem ser considerados como cursos-do-blog-eletricidade_10.html
emitidos com velocidade nula, então:
hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/electric/elewor.html
www.physicsclassroom.com/class/circuits/Lesson-1/
Electric-Field-and-the-Movement-of-Charge

a) a velocidade dos elétrons ao atingirem a placa cole-


tora é a mesma dos elétrons no fio externo à ampola;
b) se quisermos saber a velocidade dos elétrons é
necessário conhecermos a distância entre as placas;
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

c) a energia fornecida pela fonte aos elétrons coletados


é proporcional ao quadrado da diferença de potencial.
d) a velocidade dos elétrons ao atingirem a placa co-
letora é de aproximadamente 1,0 × 107 m/s;
e) depois de algum tempo a corrente vai se tornando
nula, pois a placa coletora vai ficando cada vez mais
negativa pela absorção dos elétrons que nela chegam.

100
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRABALHO NO CAMPO ELÉTRICO

TRABALHO DE
FORÇA ELÉTRICA

VARIAÇÃO DE
ENERGIA CINÉTICA

ΔEC > 0 ΔEC < 0

TRABALHO TRABALHO
MOTOR RESISTENTE

CARGA POSITIVA CARGA NEGATIVA

MAIOR PARA MENOR PARA


MENOR POTENCIAL MAIOR POTENCIAL
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

101
Assim:

§ U = VA – VB (diferença de potencial (d.d.p.)) entre

POTENCIAL os pontos A e B;
§ d = distância entre os pontos A e B.
ELÉTRICO NO CEU A diferença de potencial U é dada por:
E EQUILÍBRIO
E⋅d=U
ELETROSTÁTICO
Essa equação será demonstrada a seguir. Para isso, supo-
nha que uma partícula de prova com carga elétrica positiva
q é abandonada no ponto A. Despreze a ação da acelera-

CN AULAS ção gravitacional. Assim, a partícula se desloca espontane-


amente de A para B, e o trabalho do campo nesse desloca-
13 E 14 mento AB é calculado pela equação:
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 21 τAB = E ⋅ d · q

Entretanto, o trabalho também é dado pela diferença entre


os potenciais em A e B:
1. Potencial elétrico no τAB = q(VA – VB) = q ⋅ U
campo elétrico uniforme
Apesar de a intensidade de um campo elétrico uniforme Juntando ambas as equações:
ser constante em qualquer ponto do campo, o valor do q⋅E⋅d=q⋅U
potencial elétrico não é constante. O campo elétrico varia
uniformemente ao longo de uma linha de força. Para uma
E⋅d=U
carga positiva, percorrendo uma linha de força, no mesmo
sentido do campo, o potencial decrescerá uniformemente, A unidade oficial de campo elétrico vem da equação anterior:
como é possível observar no gráfico a seguir.
​ U ​ 
E = __
d

Então:

​  volt  ​ = V/m
unidade (E) = _____
metro
Variação da intensidade do campo elétrico E e variação do potencial
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

elétrico V em função da abcissa x tomando em uma linha de força, No SI, a unidade oficial de campo elétrico é V/m. A unidade
e no mesmo sentido desta, para uma carga geradora positiva. N/C é equivalente, ou seja:

1.1. Relação entre o potencial e a V ___


1​ __ 1N
m  ​ = ​  C ​ 
intensidade do campo elétrico
Considere os pontos A e B em uma mesma linha de força de
um campo elétrico uniforme de intensidade E. Os potenciais 1.2. O elétron-volt
elétricos nesses pontos são, respectivamente, VA e VB. A unidade de energia igual à energia adquirida por um
elétron acelerado a partir do repouso, entre dois pontos de
ddp 1,0 V, sob um campo elétrico uniforme, é o elétron-
--volt (eV).
A energia cinética de 1 eV, atingida pelo elétron, é equiva-
lente a 1,6 · 10–19 J.

102
04) Cátions existentes na atmosfera tendem a mover-
-se para cima, enquanto que ânions tendem a mover-
-se para a superfície terrestre.
08) O trabalho realizado pela força elétrica para des-
locar uma carga elétrica de 1 μC entre dois pontos, A
e C, distantes 2 m entre si e situados a uma mesma
altitude, é 200 μJ.
multimídia: vídeo 16) Este campo elétrico induzirá cargas elétricas em
uma nuvem, fazendo com que a parte inferior desta,
Fonte: Youtube voltada para a Terra, seja carregada positivamente.
O elétron-volt Resolução:
01) Verdadeira. A Terra é geralmente negativa.
02) Verdadeira. U = Ed ⇒ U = 100 ∙ 2 = 200 V
04) Falsa. O campo elétrico está orientado para baixo.
Aplicação do conteúdo Assim, as cargas positivas tendem a se mover para baixo.
08) Falsa. Eles estão numa mesma superfície de
1. Dois planos equipotenciais, p1 e p2, são represen- equipotencial.
tados na figura abaixo. Os potenciais elétricos nesses 16) Verdadeira. Igual ao item 4.
planos são V1 = 40 V e V2 = 5,0 V, respectivamente. Sa-
bendo que a intensidade do campo elétrico é constan- 01 + 02 + 16 = 19
te e igual a 5 V/m , determine a distância (d) entre os
3. (Unirio)
dois planos equipotenciais.

Resolução:

Aplica-se a equação da diferença de potencial em um campo elé- Uma superfície plana e infinita, positivamente carregada,
trico uniforme: origina um campo elétrico de módulo 6,0 · 107 N/C. Con-
E ⋅ d = U ⇒ d = __ ​ U ​  sidere que os pontos B e C da figura são equidistantes da
E superfície carregada e, além disso, considere também que
Mas:
a distância entre os pontos A e B é de 3,0 m, e entre os
U = V1 – V2 pontos B e C é de 4,0 m. Com isso, os valores encontrados
para a diferença de potencial elétrico entre os pontos A, B
Substituindo os valores dos potenciais, obtém-se:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

e C, ou seja: UAB, UBC e UAC são, respectivamente, iguais a:


V1 – V2 _______
40 – 5,0 ___
d = ______
​   ​   = ​   ​  = ​  35  ​ m ⇒ d = 7,0 m a) Zero; 3,0 · 108 V; 1,8 · 108 V.
E 5,0 5,0
b) 1,8 · 108 V; zero; 3,0 · 108 V.
2. (UFPR) Um físico realiza experimentos na atmosfera c) 1,8 · 108 V; 1,8 · 108 V; 3,0 · 108 V.
terrestre e conclui que há um campo elétrico vertical e d) 1,8 · 108 V; 3,0 · 108 V; zero.
orientado para a superfície da Terra, com módulo E = e) 1,8 · 108 V; zero; 1,8 · 108 V.
100 N/C. Considerando que para uma pequena região
Resolução:
da superfície terrestre o campo elétrico é uniforme, é
correto afirmar: UAB = E ∙ dAB = 6 ∙ 107 ∙ 3 = 1,8 · 108 V
01) A Terra é um corpo eletrizado, com carga elétrica
negativa em excesso. UBC = 0 V, pois estão numa mesma superfície de equipotencial
02) A diferença de potencial elétrico, na atmosfera, UAC = UAB = 1,8 ∙ 108 V
entre um ponto A e um ponto B, situando 2 m abaixo
de A, é de 200 V. Alternativa E

103
2. O equilíbrio eletrostático Caso houvesse dois pontos, A e B, no interior do condutor
tal que VA > VB, existiria trabalho da força elétrica que mo-
As cargas elétricas em um condutor se movimentam à vimentaria espontaneamente os elétrons livres de B para
procura de uma posição de equilíbrio. Quando as cargas A, o que perturbaria o equilíbrio eletrostático do condutor.
atingem essa posição, e não há mais movimento, afirma-se Dessa maneira, o potencial deve ser o mesmo em todos os
que o condutor atingiu o seu equilíbrio eletrostático. pontos do interior do condutor.
Depois de atingir o equilíbrio eletrostático, o condutor adqui- O pesquisador inglês Michael Faraday (1791-1867) elabo-
re certas propriedades físicas que serão abordadas a seguir. rou um experimento interessante. Em um dia de tempes-
tades elétricas, permaneceu dentro de uma grande gaio-
Em um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostá- la construída de arame metálico. Apesar de a gaiola ter
tico, as cargas elétricas em excesso se localizam na sido atingida por raios (descargas elétricas), conta-se que
sua superfície. Faraday, ao sair dela, relatou não ter sentido nenhum choque
elétrico. Essa gaiola foi denominada Gaiola de Faraday.
As cargas em excesso possuem o mesmo sinal, isto é, ou são O uso da Gaiola de Faraday se tornou consagrado, e, atu-
positivas ou são negativas. Por se repelirem mutuamente e almente, uma malha de ferro, que não aparece externa-
por não se movimentarem no condutor, ficam na superfície. mente, é construída em torno de grandes edifícios para
No caso de um condutor esférico, a distribuição de cargas proteger as pessoas que estejam em seu interior contra
é simétrica e uniforme, como é possível observar na figura. descargas elétricas provocadas por tempestades.
Nos carros, aviões ou ônibus, o conceito da Gaiola de Fa-
raday também é aplicado. Os veículos metálicos estão blin-
dados eletricamente, o que torna seguro permanecer em
seu interior.

Esfera eletrizada com Esfera eletrizada com


cargas positivas cargas negativas

Se a forma do condutor não for esférica, as cargas não se


espalham uniformemente, e a maior densidade de carga
elétrica fica localizada nas extremidades.
Fórmula da densidade

A Gaiola de Faraday

Adiante, será estudado o que ocorre com uma esfera eletri-


zada isolada de outras cargas. A partir daqui, será admitido
que a esfera sempre está em equilíbrio eletrostático. Con-
Condutor alongado com cargas elétricas forme foi visto anteriormente, em uma esfera, as cargas
aglomeradas nas suas extremidades
elétricas em excesso distribuem-se uniformemente pela
sua superfície, como mostra a figura a seguir.
Nos pontos internos de um condutor eletrizado em
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

equilíbrio eletrostático, o campo elétrico é sempre


nulo, independentemente de sua forma geométrica.

Lembre-se de que, no interior do condutor, os elétrons não


se movimentam, pois, por definição, essa é uma das pre-
missas do equilíbrio eletrostático. Caso houvesse no interior
do condutor um campo elétrico não nulo, o campo atuaria
sobre os elétrons livres e os aceleraria, o que pertubaria o Superfície esférica uniformemente eletrizada
equilíbrio eletrostático do condutor. Assim, o campo elétri-
co interno do condutor em equilíbrio eletrostático é nulo. Convém recordar duas propriedades importantes:
§ Em todos os pontos internos o campo elétrico é nulo.
No interior de um condutor eletrizado em equilíbrio § Em todos os pontos (internos ou da superfície da esfera)
eletrostático, o potencial não é nulo e tem o mesmo o potencial elétrico é constante, ou seja, todos os pontos
valor em todos os pontos. têm o mesmo valor de potencial elétrico, não nulo.

104
A seguir, será demonstrado como determinar o valor do po- Lembre-se de que as cargas positivas geram um campo de
tencial elétrico e a intensidade do campo elétrico e do po- afastamento, e as negativas, um campo de aproximação.
tencial elétrico para os pontos externos e próximos da esfera.

Campo de uma esfera Campo de uma esfera


com carga positiva com carga negativa

A intensidade do campo elétrico no ponto P também é cal-


culada com a mesma equação vista anteriormente, de uma
multimídia: vídeo carga puntiforme:
Fonte: Youtube
|Q|
A terrível gaiola de celular (experiência de Física) Ep = k0 ___
​  2 ​ 
d

Note que essa equação não é válida para calcular o campo


elétrico em pontos na superfície da esfera.
3. Cálculo do potencial elétrico
Inicialmente, será calculado o potencial elétrico em um pon- Aplicação do conteúdo
to P fora da esfera. Existe uma simetria na distribuição de
cargas na esfera, além da uniformidade na distribuição em 1. Uma esfera metálica de raio R = 4,0 cm, no vácuo,
tem a sua superfície uniformemente carregada com
sua superfície. Assim, podemos admitir que toda a carga Q
uma carga elétrica de 12 nC. Adotando k0 = 9,0 · 109
esteja concentrada no centro (ponto O) da esfera. Sendo d a unidades do SI, determine:
distância do centro O ao ponto P, o potencial pode ser obtido
a) O potencial elétrico em um ponto da superfície da esfera.
pela seguinte equação, vista em aulas anteriores:
b) O potencial elétrico em um ponto P distante 12 cm
do centro da esfera.
c) A intensidade do campo elétrico no ponto P do
item anterior.
Resolução:
a) Cálculo potencial elétrico é igual para qualquer
ponto da superfície da esfera:

Q Dessa forma, ajustando as unidades:


Vext = k0 __
​   ​  R = 4,0 cm = 4,0 · 10–2 m
d
Q = 12 nC = 12 · 10–9 C

Essa equação também é válida para a superfície da esfera, k0 = 9 · 109 ____​ Nm² ​ 



onde d = R: Calculando o potencial elétrico na superfície da esfera:
Q
​  12 · 10 –2 
–9
Q Vsup = k0 __
​   ​  = 9 · 109 · ________ = 27 · 102 ⇒
 ​ 
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Vsup = k0 __
​    ​ R 4,0 · 10
R  ⇒ Vsup = 2,7 · 103 V

Para qualquer ponto no interior da esfera, foi visto que o po- b) Como a esfera tem raio de 4,0 cm, e o ponto P está
tencial é constante e igual ao potencial na superfície. Assim: a 12 cm do centro, o ponto P é externo à esfera.
Assim: d = 12 cm = 12 · 10–2 m
Q
Vint = Vsup = k0 __
​    ​ Então:
R 
Q
​ 12 · 10–2 
–9
Vext = k0 __
​   ​ ⇒ VP = 9 · 109 · _______  ​
d 12 · 10
4. Cálculo do campo elétrico = 9,0 · 102 ⇒ VP = 9,0 · 102 V
Foi visto que, nos pontos internos da esfera, o campo elé- c) Cálculo da intensidade do campo elétrico no ponto P:
trico é nulo. Será determinado agora o campo elétrico nos EP = k0 __
Q
​ 12 · 10(–2) 
​    ​ = 9 · 109 · _________
–9
 ​= 0,75 · 104 ⇒

pontos externos. Nas figuras a seguir, foi representado o d² (12 · 10 )2
campo elétrico em um ponto P, através do seu vetor E. ⇒ EP = 7,5 · 103 N/C

105
2. (UFRGS) A figura a seguir representa uma esfera Analisando ambos os gráficos, é possível perceber que
metálica oca, de raio R e espessura desprezível. A es- o potencial é constante enquanto d ≤ R, e a partir de
fera é mantida eletricamente isolada e muito distan- d > R uma hipérbole equilátera (da mesma forma que uma
te de quaisquer outros objetos, num ambiente onde
se fez vácuo.
partícula puntiforme centrada na origem).

4.2. Gráfico do campo elétrico


de um condutor carregado
Sendo o campo elétrico uma função da distância, ou seja,
E = E (d), para um condutor carregado, o gráfico será da
seguinte forma:

Em certo instante, uma quantidade de carga elétrica


negativa, de módulo Q, é depositada no ponto P da
superfície da esfera. Considerando nulo o potencial
elétrico em pontos infinitamente afastados da esfe-
ra e designando por k a “constante eletrostática”,
podemos afirmar que, após terem decorrido alguns
segundos, o potencial elétrico no ponto S, situado à
distância 2R da superfície da esfera, é dado por
–kQ –kQ +kQ –kQ +kQ
a) ​  ___ ​ . b) ​ ___ ​ . c) ____
​   ​ . d) ​ ____ ​.   e) ____
​  2 ​. 
2R 3R 3R 9R2 9R
Resolução: Analisando o gráfico é possível perceber que, se
O cálculo do potencial num ponto externo é dado por: d < R, tem-se E = 0, isto é, o campo interno do condutor
k∙q carregado é nulo. Quando d = R, o campo elétrico é dado
V = ____
​   ​    k |Q|
d por E (R) = _____
​  0 2 ​  . Já para pontos mais distantes d > R,
k(–Q) 2R
V = ​ ____ ​   tem-se que o gráfico é idêntico ao de uma carga puntifor-
3R
me centrada na origem.
kQ
V = – ___
​   ​ 
3R
Alternativa B 5. Equilíbrio eletrostático entre
4.1. Gráfico do potencial elétrico duas esferas interligadas
de um condutor carregado Na figura a seguir, duas esferas condutoras, 1 e 2, inicial-
mente isoladas uma da outra, foram carregadas com car-
Considere o potencial elétrico uma função da distância,
gas elétricas Q1 e Q2, respectivamente. As esferas foram
isto é, V = V (d). Seu gráfico é do tipo:
interligadas por um fio condutor, mas foram mantidas
afastadas a fim de evitar a indução eletrostática. Depois de
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

serem conectadas, ocorreu uma troca de cargas elétricas


devido à diferença de potencial elétrico entre ambas.

Para uma distribuição positiva (Q > 0)


Depois de um período de tempo, os potenciais das duas esfe-
ras se equilibram e a troca de cargas termina. Após o equilíbrio:

§ As cargas das duas esferas passam a ser Q’1 e Q’2, res-


pectivamente, e por conservação da carga elétrica:

Q’1 + Q’2 = Q1 + Q2
Para uma distribuição negativa (Q < 0)

106
VIVENCIANDO

Os para-raios
De que maneira as indústrias fabricantes de para-raios costumam testar
seus produtos antes de colocá-los à venda? Um dos testes consiste em
submeter o produto a descargas elétricas semelhantes aos raios. Para
simular um raio causado por uma nuvem eletrizada, uma esfera de cobre
de aproximadamente 1 metro de diâmetro é suspensa, a mais ou me-
nos 10 metros do chão, e ligada a um gerador de cargas elétricas para
ser eletrizada. Abaixo da esfera é colocado o para-raios que será tes-
tado. A esfera, eletrizada, atinge potenciais de alguns milhões de volts e
produz uma descarga elétrica que salta e atinge o para-raios. Um engenheiro elétrico de operações verifica pessoal-
mente, a poucos metros do local, o funcionamento correto do para-raios. Entretanto, o engenheiro se protege dentro
de uma Gaiola de Faraday contra as descargas elétricas que circulam no ambiente.
O efeito de blindagem eletrostática, conhecido como Gaiola de Faraday, é amplamente utilizado para proteger
equipamentos que não podem ser submetidos a influências elétricas externas, ou na proteção de passageiros de
aviões ou carros. Os veículos, ao serem atingidos por relâmpagos, protegem seus tripulantes, uma vez que as cargas
elétricas serão distribuídas pelas estruturas metálicas.
O forno de micro-ondas e a ressonância magnética são outras duas aplicações cotidianas da blindagem eletrostática.
No micro-ondas, a blindagem eletrostática não permite que escapem as ondas eletromagnéticas que esquentam os
alimentos, pois a casca metálica que reveste o interior do equipamento e a malha metálica que cobre o visor de vidro
funcionam como uma Gaiola de Faraday. Para o exame de ressonância magnética, são necessárias salas de exames
equipadas com uma cabine de radiofrequência. Essa cabine consiste numa caixa de alumínio ou outro material simi-
lar e serve para proteger o funcionamento do equipamento, que pode sofrer alteração de ondas de radiofrequência
externas que causariam interferências nos resultados dos exames.

 u seja, a soma das cargas das duas esferas permanece


O líbrio eletrostático, qual é a carga de cada uma delas?
constante, uma vez que nenhuma carga foi inserida ou Resolução:
retirada do sistema.
Devido à conservação da carga e à relação de proporcionalidade
§ Devido ao equilíbrio, os potenciais se igualam, V1 = V2, da carga e do raio da esfera:
assim:
Q’1 + Q’2 = Q1 + Q2 ⇒ Q’1 + Q’2 = 6,0 pC + (-2,0) pC ⇒
Q’ Q’
k0 ___
​  1 ​ = k0 ___
​  2 ​  ⇒ Q’1 + Q’2 = + 4,0 pC ⇒
R1 R2
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Q’1 Q’2 ___ Q’1 Q’2


Q’ Q’2 ⇒ ___
​   ​ = ___
​   ​ ⇒ ​    ​ = ___
​    ​ ⇒
___
​  1 ​ = ___
​   ​  R1 R2 2,0 6,0
R1 R2
⇒ 3Q’1 = Q’2
Essa equação mostra que, após as esferas atingirem o Resolvendo o sistema para Q’1, obtém-se:
equilíbrio eletrostático, as novas cargas elétricas de cada
Q’1 + 3Q’1 = 4,0 ⇒ 4Q’1 = 4,0 pC ⇒
esfera são proporcionais ao raio de cada uma.
⇒ Q’1 = 1,0 pC

Aplicação do conteúdo Voltando à equação anterior, obtém-se Q’2:


Q’2 = 3,0 pC
1. Uma esfera de raio R1 = 2,0 cm e carregada com carga
Q1 = 6,0 pC e uma esfera de raio R2 = 6,0 cm carregada
com carga Q2 = –2,0 pC são conectadas por um fio e man-
tidas afastadas uma da outra. Depois de atingirem o equi-

107
multimídia: site multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
www.sabereletrica.com.br/gaiola-de-faraday Tema 02 - O Potencial Elétrico |
www.differencebetween.net/science/difference- Experimentos - Máquina de atrito
between-electric-field-and-electric-potential/
physics.bu.edu/~duffy/PY106/Potential.html

DIAGRAMA DE IDEIAS

POTENCIAL ELÉTRICO NO CEU E


EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO

CAMPO UNIFORME Ed = U

GAIOLA DE
FARADAY

CARGA NA DENSIDADE
EQ. ELETROSTÁTICO
SUPERFÍCIE SUPERFICIAL

CAMPO
INTERIOR NULO
POTENCIAIS
IGUAIS
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

108
2. Condutores e isolantes
Um meio material capaz de conduzir corrente elétrica é
denominado condutor elétrico. Nesse tipo de material, as
partículas eletrizadas conseguem se movimentar com faci-
CORRENTE lidade. Nos metais em geral, as partículas eletrizadas que
constituem a corrente elétrica são os elétrons, dado que os
ELÉTRICA  metais possuem um grande número de elétrons livres, que
são os elétrons mais fracamente ligados ao núcleo atômico.
Assim, esses elétrons podem se mover de um átomo a outro
e, durante o movimento, forma-se uma “nuvem eletrônica”
no interior do metal.

CN 15 E 16 AULAS Os meios materiais denominados isolantes elétricos são, em


geral, os não metais, como vidro, mica, ebonite, etc. A quan-
tidade de elétrons livres nesses materiais é bastante peque-
na e, por isso, eles não conduzem bem a corrente elétrica.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)

3. Sentido da corrente elétrica


2, 5 e 6 5, 17 e 21

Ao se estabelecer uma diferença de potencial nas extremi-


dades de um condutor metálico, pode-se ordenar o movi-
1. Introdução mento dos elétrons em seu interior. Um modo de fazer isso
O fluxo de elétrons que atravessa um condutor é deno- é ligando-o entre os polos de um gerador elétrico (pilha,
minado corrente elétrica. Uma lâmpada, por exemplo, bateria, etc.). Mais adiante será demonstrado que a pilha
emite luz quando o fluxo de elétrons atravessa o filamento “empurra” os elétrons, ordenando o movimento.
dentro de seu bulbo, e o chuveiro elétrico esquenta a água Na figura a seguir, um fio condutor metálico está ligado aos
devido ao fluxo de elétrons que passa pelo seu resistor. polos de uma bateria elétrica. Como é possível observar, o
Em geral, o fluxo de partículas eletrizadas em movimento movimento dos elétrons livres no fio tem sentido anti-ho-
é ordenado. rário: do polo negativo para o polo positivo.

A natureza da corrente elétrica depende do meio em que


o fluxo de cargas ocorre. Nos metais, o fluxo é constituí-
do exclusivamente por elétrons; contudo, os elétrons não
compõem a corrente elétrica nos líquidos, onde o fluxo é ELETRÓNS
formado por cátions (+) e ânions (–).

ELETRÓNS
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Nos metais, os elétrons constituem a corrente elétrica 3.1. O sentido convencional


da corrente elétrica
O sentido real do movimentos dos elétrons não é o mes-
mo que o sentido convencional da corrente elétrica.
SENTIDO CONVENCIONAL
Na+ CI- DA CORRENTE
i

CI- Na+

SENTIDO REAL DO
Na solução água + sal, a corrente elétrica é formada de cátions MOVIMENTO DOS ELÉTRONS
(Na+) e ânions (CI-) que caminham em sentidos opostos

109
Por motivos históricos, o sentido convencional da corrente Quando a corrente elétrica fornecida pelo gerador tem in-
elétrica foi estabelecido considerando-se que as cargas em tensidade constante, resulta que im = i, e a equação ante-
movimento fossem positivas. rior poderá ser escrita como:
Essa convenção não foi alterada, pois, sob o ponto de vista |Q|
do eletromagnetismo, o movimento de cargas negativas i = ___
​   ​ ⇔ |Q| = i ⋅ ∆t
Dt
em determinada direção é equivalente ao movimento de
cargas positivas na direção oposta. No SI, a unidade da intensidade de corrente elétrica é o
ampère, de símbolo A, em homenagem ao físico francês
O sentido da corrente elétrica é indicado, também por con-
André-Marie Ampère (1775-1836).
venção, por uma flecha com a letra i.
A unidade de carga elétrica, o Coulomb (C), é definida a
partir da equação anterior: Q = i ⋅ Dt. Em unidades:
4. Intensidade da corrente elétrica ampère · segundo = coulomb
Como na figura a seguir, um fio metálico é ligado nos polos
de um gerador. Nesse circuito, o movimento convencional
4.1. Propriedade gráfica
da corrente elétrica é do polo positivo para o polo negati- Quando é plotado o gráfico da corrente pelo tempo, decor-
vo. Entretanto, o movimento dos elétrons livres ocorre no re que a área que a função faz com a horizontal é equiva-
sentido oposto. lente à quantidade de carga elétrica que passou entre os
intervalos de tempo.
ELÉTRONS

i i

BATERIA

Durante o intervalo de tempo ∆t, uma quantidade n de


elétrons atravessa uma seção transversal S do fio.
A carga elétrica do elétron foi denominada carga elétrica multimídia: vídeo
elementar, e seu valor absoluto é representado pelo sím- Fonte: Youtube
bolo e: Física Total - Aula 61 -
eletrodinâmica - corrente elétrica
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

e = 1,6 · 10 –19
C

Assim, o valor absoluto da quantidade de carga elétrica Q


5. Efeitos da corrente elétrica
que atravessou a seção S é: § Efeito fisiológico – quando uma corrente elétrica
atravessa um organismo vivo, ela produz contrações
|Q| = n ⋅ |e| musculares conhecidas como choque elétrico. O ser
humano, ao ser atravessado por uma corrente de in-
Nesse condutor, a intensidade média da corrente elétrica, no tensidade de 10 mA ou mais, pode sofrer efeitos fatais.
intervalo de tempo ∆t, é definida como sendo a grandeza: § Efeito químico – quando uma corrente elétrica atra-
|Q| vessa uma solução iônica, ocorre a eletrólise, ocasio-
im = ___
​   ​  nando o movimento de íons negativos e positivos para
Dt
o ânodo e o cátodo, respectivamente. Esse efeito é apli-
cado na galvanização de metais (cromeação, prateação,
niquelação, etc.).
110
§ Efeito magnético – quando um condutor é percorri- Resolução:
do por uma corrente elétrica, é produzido e produz nas a) Sendo |Q| = n ∙ e, obtém-se a carga elétrica:
suas proximidades um campo magnético. Esse efeito é |Q| = (2,0 · 1022) ⋅ (1,6 · 10–19 C) ∴
facilmente comprovado pela deflexão da agulha iman- Q = 3,2 · 103 C
tada de uma bússola colocada próxima do condutor.
b) A intensidade média (im) da corrente vale:
§ Efeito luminoso – quando a corrente elétrica |Q| 3,2 · 10³ C _________
atravessa um gás, sob baixa pressão, ocorre emissão de im = ___
​   ​ = _________
​   ​  = ​ 32 · 10² ​
  C 

=
Dt 16 s 16 s
luz. Esse efeito é aplicado nas lâmpadas fluorescentes,
​ Cs ​ 
= 2,0 · 10² __
lâmpadas de vapor de sódio, etc.
= 2,0 · 10² A
§ Efeito térmico ou efeito Joule – quando os elé-
trons livres colidem com os átomos, ocorre o aqueci-
mento do condutor. Esse efeito é aplicado em aparelhos 7. O gerador elétrico
que produzem calor (aquecedores elétricos: chuveiros, Para se produzir uma corrente elétrica é necessário um gera-
torneiras, ferros elétricos, etc.). dor elétrico. Os geradores elétricos mais comuns e conhe-
cidos são: pilha comum, bateria de automóvel, bateria de ce-
6. O amperímetro lular, os grandes e potentes geradores das hidroelétricas, etc.

A intensidade da corrente elétrica que passa por um fio é


medida por um aparelho chamado amperímetro.
A figura a seguir mostra um amperímetro ligado a um cir-
cuito. No mostrador do aparelho é indicada a intensidade
da corrente elétrica que o atravessa.

Turbinas do gerador elétrico de uma usina de energia


hidroelétrica em Itatinga, São Paulo.

O gerador elétrico é um aparelho capaz de mover os elé-


trons. É o gerador que “empurra” os elétrons em um circui-
to, sendo, assim, o seu principal elemento.
Circuito com um amperímetro. Há amperímetros analógicos e digitais.
Neste curso, os geradores serão eletroquímicos, como as
pilhas e baterias, que produzem uma corrente elétrica con-
Aplicação do conteúdo tínua e constante. Esses geradores são compostos por um
1. Uma corrente elétrica de intensidade constante polo positivo, de maior nível de energia, e um polo negativo,
igual a 4,0 A atravessa um condutor de eletricidade. com energia menor, de modo que o potencial elétrico no
Determine a carga elétrica transportada pelos elé- polo positivo seja maior do que o potencial no polo negativo.
trons durante um intervalo de tempo de 2,0 minutos.
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Resolução:

A unidade do intervalo de tempo deve ser transformada


para segundos: ∆t = 2,0 min = 120 s. Utilizando a defini-
ção de intensidade de corrente elétrica, tem-se:
|Q|
i = ___
​    ​ ⇔ |Q| = i ⋅ ∆t = 4,0 A ⋅ 120 s ⇒
Dt
⇒ |Q| = 480 C É através do polo positivo que o gerador fornece corren-
te elétrica ao circuito. Depois de atravessar o circuito, a
2. Durante um intervalo de tempo ∆t = 16 s, uma quanti-
dade de 2,0 · 1022 elétrons atravessou a seção transversal corrente retorna ao gerador pelo polo negativo. Na figura
de um condutor. Sendo e = 1,6 · 10–19 C o valor de carga acima é possível observar um circuito composto por uma
elétrica elementar, determine: bateria e uma lâmpada. O sentido convencional da corren-
a) a carga elétrica que atravessa o condutor; te elétrica está indicado pelas setas.
b) a intensidade média da corrente elétrica.

111
Os polos de um gerador são, comumente, chamados de O italiano Alessandro Volta, nascido em 1745, foi o in-
ativos passivos. Isso significa que, mesmo em um circuito ventor da pilha elétrica (em 1800) que leva o seu nome,
desligado, existe potencial nos polos do gerador. a chamada pilha de Volta. Volta percebeu que discos de
zinco e cobre, separados por pedaços de tecido embebi-
Resumindo dos em ácido sulfúrico, eram capazes de produzir corren-
te elétrica se um fio fosse conectado às suas extremida-
O gerador elétrico possui dois polos ativos, um positivo,
des. Nesse caso, a produção de corrente elétrica se dá em
de maior potencial elétrico, e um negativo, de menor
função de reações químicas.
potencial elétrico. O gerador produz corrente elétrica
em um circuito e mantém uma diferença de potencial
elétrico entre seus dois polos.
8.1. A f.e.m. e a tensão elétrica
Ocorre perda de energia elétrica durante o funcionamento
de um gerador no transporte de carga elétrica de um polo
8. Força eletromotriz (f.e.m.) a outro. Inicialmente, porém, essa perda de energia elétrica
será desconsiderada e os geradores serão considerados ide-
Diferentes geradores fornecem quantidades diferentes de ais. Nesse caso, a força eletromotriz do gerador corresponde
energia. Em função disso, foi definida uma grandeza carac- à diferença de potencial entre o polo positivo e o polo negati-
terística de cada gerador, denominada força eletromotriz vo. Essa diferença também é denominada tensão elétrica (U).
(f.e.m.), que se relaciona com essa quantidade de energia e
com a carga elétrica. Assim, nos geradores ideais:

Os exemplos a seguir ilustram essa ideia de força eletromotriz. f.e.m. = tensão entre os polos ⇒ U = f.e.m.
Exemplos
Uma pilha forneceu uma quantidade de energia elétrica de 8.2. Símbolo do gerador ideal
1,5 J a um grupo de partículas que transportou uma carga Nos circuitos elétricos, os geradores ideais de corrente con-
unitária de eletricidade de 1,0 C. Asssim, diz-se que essa tínua (pilhas, baterias, etc.) são representados pelo símbolo
pilha tem uma força eletromotriz de 1,5 J/C ou de 1,5 volt. da figura a seguir.
Uma bateria de carro forneceu uma quantidade de energia
elétrica Eelétr = 24 J a um grupo de partículas que transportou
uma quantidade de eletricidade Q = 2,0 C. Assim, cada cou-
lomb recebeu uma quantidade de energia elétrica de 12 jou-
les, e a força eletromotriz dessa bateria é 12 J/C ou 12 volts.
Sintetizando: A força eletromotriz é o quociente da
quantidade de energia elétrica fornecida por um gerador
a um grupo de partículas eletrizadas transportando uma O polo positivo do gerador é indicado pelo traço maior, e
carga elétrica Q. Por definição: o polo negativo pelo traço menor. O sentido convencional
da corrente elétrica é indicado por uma seta ao lado do
energia elétrica Eelétr
f.e.m. = ____________
​    ​  ⇒ f.e.m. = ___
​   ​  símbolo, com sentido do polo negativo para o positivo.
carga elétrica |Q|
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No SI, a unidade de f.e.m. é o volt (V), definida pela razão


joule/coulomb.
9. O voltímetro
O aparelho utilizado para medir a diferença de poten-
Embora o termo força eletromotriz (f.e.m.) se refira a uma cial (d.d.p.) entre os polos de um gerador é denomina-
força, não se trata de uma grandeza física de força. A f.e.m do voltímetro. O voltímetro é comumente chamado
é uma relação entre energia elétrica e carga elétrica. Assim, de medidor de voltagem.
a origem do termo, pensando-se que se tratava de uma
força aplicada às cargas elétricas, é equivocada.
As pilhas e baterias comuns indicam o valor de sua f.e.m.

 Pilha de 1,5 V       Bateria de 12 V Voltímetro

112
Para medir a d.d.p. de uma pilha, deve-se ligar o voltímetro
em paralelo com a pilha, como ilustra a figura a seguir.
10. Efeito Joule
Um condutor elétrico sólido esquenta ao ser percorrido por
uma corrente elétrica. Esse aumento de temperatura do
condutor devido à passagem da corrente elétrica é deno-
minado efeito Joule. Esse fenômeno ocorre pois as partí-
1,5V 1,5 volt culas eletrizadas da corrente elétrica colidem com átomos
e moléculas do material condutor, transformando parte da
corrente elétrica em energia térmica.

Nos circuitos elétricos, o voltímetro é representado pelo


símbolo da figura abaixo:

Além de medir a d.d.p. dos geradores, o voltímetro pode multimídia: vídeo


ser usado para medir a diferença de potencial entre dois
pontos quaisquer de um circuito elétrico. Fonte: Youtube
Novo Telecurso - Ensino Médio
Aplicação do conteúdo - Física - Aula 41 (1 de 2)
1. Um gerador elétrico fornece às partículas elétricas
que o atravessam 6,0 J para cada 4,0 C de carga elétrica.
Quanto vale sua f.e.m.? 11. Resistor e resistência
Resolução: O resistor é um elemento cuja função exclusiva em um cir-
cuito elétrico é transformar energia elétrica em energia tér-
Eelétrica _____6,0 J mica. Em geral, os resistores são condutores feitos de aço,
f.e.m. = _____
​   ​   = ​    ​ = 1,5 J/C ⇒ f.e.m. = 1,5 V
Q 4,0 C tungstênio ou carvão. Diversos aparelhos eletrodomésticos
que requerem um aquecimento elétrico possuem resistores,
2. No circuito da figura a seguir, duas lâmpadas, L1 e L2,
como o ferro elétrico de passar roupa, o chuveiro elétrico, a
estão ligadas a um gerador por meio de fios ideais. O
gerador é ideal e sua f.e.m. é de 6,0 V.
torneira de água quente, o secador de cabelos, os aquecedo-
res elétricos de ambiente, as lâmpadas incandescentes, etc.
Embora conduza corrente elétrica, o resistor é feito de um
material que dificulta a passagem dos elétrons. A medida
dessa dificuldade é denominada resistência elétrica.
Nos circuitos elétricos, o resistor será representado por uma
linha em ziguezague, como na figura a seguir.
a) Quais são os pontos de mesmo potencial elétrico?
b) Qual é a d.d.p. em cada lâmpada?
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c) Quanto indicaria um voltímetro se fosse conectado


às extremidades dos fios 1 e 2? Nota: O resistor variável que suporta a passagem de cor-
rentes intensas é denominado reostato.
Resolução:
a) Os pontos de um mesmo fio têm o mesmo potencial.
VA = VC = V1 e VB = VD = V2

No entanto: V1 > V2
b) A ddp (tensão elétrica U) em cada lâmpada é a 12. Primeira lei de OHM
mesma, pois:
O físico alemão George Simon Ohm (1787-1854) descobriu,
§ em L1 ⇒ U1 = VA – VB= U ∴ U1 = 6,0 V em seus experimentos de eletricidade, que a intensidade da
§ em L2 ⇒ U2 = VC – VD = U ∴ U2 = 6,0 V corrente elétrica em um condutor estava relacionada com a
c) O voltímetro indicaria a d.d.p. entre fios, ou seja: d.d.p. em seus extremos. Ele percebeu que, ao variar a d.d.p.,
d.d.p. = 6,0 V a intensidade da corrente elétrica também variava.

113
Usando um resistor metálico e mantendo-o a uma tempe-
Comportamento de um resistor ôhmico
ratura constante, verificou que a razão entre a d.d.p. e a
corrente elétrica se mantinha constante: Diferença de Intensidade Resistência
d.d.p. potencial d.d.p., de corrente do resistor
​ __________________
   ​= constante ⇒ __
   ​ U ​  = constante U (em V) i (em A) R (em Ω)
intensidade de corrente i
1,0 0,5 2,0
Essa constante é a resistência do resistor, indicada por R.
2,0 1,0 2,0
Assim, a relação entre corrente elétrica, d.d.p. e resistência
3,0 1,5 2,0
em um condutor é:
4,0 2,0 2,0
​  U ​ = R
__ 5,0 2,5 2,0
i

A propriedade acima é válida para diversos tipos de metais. 12.2. Curva característica de um resistor ôhmico
Essa é a Primeira Lei de Ohm:
Considerando um resistor ôhmico, ou seja, que obedeça à
relação de Ohm R = __ ​ U ​ , em que R é constante, pode-se es-
Para determinados resistores, mantidos a uma tempe- i
ratura constante, a intensidade de corrente i e a d.d.p.
crever a d.d.p. em função da corrente. Plotando o gráfico, é
são diretamente proporcionais: possível notar que se trata de uma função linear com incli-
nação crescente, afinal a resistência sempre é um número
U=R∙i
constante e positivo.
U(i) = R ⋅ i
No SI, a unidade de resistência elétrica é ohm, simbolizado
por W (letra grega ômega), em homenagem ao físico Ge-
orge Simon Ohm.
Assim, um resistor que, submetido à d.d.p. de 1 V, deixa-se
atravessar por uma corrente elétrica de intensidade 1 A,
tem resistência elétrica de 1 W.
unidade d.d.p.
Unidade de resistência = _____________
​   
   ​ =
unidade corrente
​  volt
______ = __
   ​  ​  V  ​ = Ω
ampère A
Seja u o ângulo que o gráfico faz com a horizontal, tem-se:
Aplicação do conteúdo
​ U ​ = R
tan u = __
1. Um resistor de resistência elétrica R = 6,0 Ω foi sub- i
metido a uma d.d.p. 24,0 V. Determine a intensidade de
corrente elétrica que atravessa o resistor.
Resolução:
Sendo U = 24,0 V e R = 6,0 Ω,tem-se:
U=R⋅i
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

24,0 V
24,0 = 6,0 ⋅ i ⇒ i = _____
​   ​ ⋅ i = 4,0 A
6,0 W

12.1. Resistor ôhmico e não ôhmico


Os resistores que obedecem à Lei de Ohm são denomina-
dos resistores ôhmicos. Entretanto, nem todos os resistores
são ôhmicos, e os que escapam à Lei de Ohm são denomi-
Aplicação do conteúdo
nados resistores não ôhmicos. 1. Uma lâmpada incandescente é um exemplo de resis-
tor presente no nosso cotidiano. O filamento aquecido
Os resistores fabricados com metais ou carbono são exem-
dessas lâmpadas atinge uma temperatura aproximada
plos de resistores ôhmicos. O gráfico da d.d.p. pela corrente de 1.300ºC. Submetido à tensão elétrica de 110 V, a cor-
elétrica em um resistor ôhmico é uma reta. A tabela e o gráfi- rente elétrica no filamento tem intensidade de 1,1 A.
co a seguir ilustram o comportamento de um resistor ôhmico. Determine a resistência elétrica desse filamento.

114
VIVENCIANDO

A corrente elétrica é um fenômeno que permite o uso da energia elétrica, a principal fonte de energia do mundo mo-
derno. A utilização em larga escala da eletricidade se deve à multiplicidade de efeitos produzidos pela corrente. Não é
possível visualizar diretamente o fluxo de elétrons; no entanto, seus efeitos são percebidos facilmente, como ao ligar o
interruptor de uma lâmpada, o computador ou o smartphone.
No Brasil, a energia elétrica é gerada em sua maior parte por hidrelétricas, mas também é gerada por meio de termelé-
tricas e usinas nucleares. Obtida a partir da conversão de outros tipos de energia, a eletricidade é transportada através
de um sistema composto de quatro etapas: geração, transmissão, distribuição e consumo. A eletricidade é fundamental
para tornar funcional os aparelhos criados para serem utilizados no dia a dia. Celulares, televisores, computadores, má-
quinas de lavar roupa e muitos objetos comuns nos lares brasileiros são movidos à base de energia elétrica.

Resolução: 3. O gráfico a seguir foi obtido para um resistor subme-


tido a diversas tensões elétricas.
Pela Lei de Ohm: U = R ⋅ i

Substituindo U = 110 V e i = 1,1 A, obtém-se:

​ 110 V ​ ⇒ R = 100 Ω


110 = R ⋅ 1,1 ⇒ R = _____
1,1 A

A resistência elétrica do filamento da lâmpada é de 100 W. Esse


valor é bastante elevado; no entanto, se a temperatura do fi- a) Calcule a resistência elétrica considerando os va-
lamento aumentar ainda mais, o filamento pode se fundir e a lores do ponto 1.
lâmpada deixa de funcionar. b) Calcule novamente a resistência elétrica conside-
rando agora os valores do ponto 2.
Popularmente se diz que a lâmpada queimou.
c) O resistor é ôhmico?
2. Um resistor é submetido à tensão elétrica U = 60 V,
Resolução:
e a intensidade de corrente que o atravessa é de 6,0 A.
​ U ​ 
a) Sendo U = R ⋅ i ⇒ R = __
a) Qual é o valor de sua resistência elétrica? i
b) Se o mesmo resistor for submetido a uma nova ten- No ponto 1, tem-se U1 = 10 V e i1 = 2,5 A.
são elétrica U’ = 30 V, qual será a intensidade da cor- ​ 10 V  ​ = 4,0 ohms ⇒ R1 = 4,0 Ω
R1 = _____
rente que o atravessará? Considere que a temperatura 2,5 A
se mantém constante. b) No ponto 2, tem-se U2 = 20 V e i2 = 5,0 A

Resolução: ​ 20 V ​ A = 4,0 ohms ⇒ R2 = 4,0 Ω


R2 = ____
5,0
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​ U ​  = _____
a) R = __ ​  60 V  ​ = 10 ohms ⇒ R = 10 Ω c) O resistor é ôhmico, pois R1 = R2. Esse resultado já
i 6,0 A era esperado, uma vez que a curva características dos
b) Como a resistência elétrica se mantém constante: resistores ôhmicos é sempre uma reta oblíqua passando
R = 10 Ω pela origem.

multimídia: vídeo
​ U’ ​ = ____
U’ = R ⋅ i’ = i = __ ​ 30 V  ​= 3,0 ampères ⇒ i’ = 3,0 A Fonte: Youtube
R 10 
Segunda Lei de Ohm

115
13. Segunda lei de OHM Em que r0 é a resistividade do material à temperatura de
u0, e o coeficiente a depende do material.
A segunda Lei de Ohm expressa a relação entre a resistên-
Assim, pode-se reescrever a resistência em função
cia elétrica do resistor e suas características. Observe essa
da temperatura.
relação a seguir:
R = R0 ∙ [1 + a (u – u0)]
r∙ø
R = ____
​   ​
  
A Em que R0 é a resistência a uma temperatura u0.
Em que:
R: é a resistência elétrica do resistor;
r (lê-se “rô”): é a resistividade do material;
A: é a área da secção transversal do material;
ø: é o comprimento do material.
Essa relação expressa o fato de que, quanto maior é o con-
dutor, maior é a dificuldade que as cargas elétricas têm
multimídia: vídeo
para atravessá-lo. A dificuldade de circulação das cargas Fonte: Youtube
é menor à medida que for maior a área da secção trans- Tema 09 - Corrente Elétrica e Lei de
versal do material. Cada tipo de material também oferece Ohm | Experimentos - Efeito Joule
uma dificuldade diferente à circulação das cargas, que é
chamada de resistividade. Dessa forma, a resistência do
resistor é diretamente proporcional ao comprimento (ø) e
inversamente proporcional à área (A). Aplicação do conteúdo
A característica de resistividade (r) de cada material no SI 1. (UFRGS) Selecione a alternativa que preenche corre-
tamente as lacunas do texto a seguir, na ordem em que
tem unidade V · m. elas aparecem.
Georg Simon Ohm candidatou-se a uma vaga para pro- As correntes elétricas em dois fios condutores variam em
fessor em uma universidade; contudo, para tal, era ne- função do tempo de acordo com o gráfico mostrado a
cessária a produção de um trabalho de pesquisa inédito. seguir, onde os fios estão identificados pelos algarismos
Realizando experiências com eletricidade, Ohm percebeu 1 e 2.
experimentalmente relações matemáticas entre as di-
mensões dos fios e as grandezas elétricas. Nascia então
seu conceito sobre resistência elétrica.
Em 1827, Ohm apresentou um trabalho defendendo que a
intensidade da corrente elétrica era diretamente proporcio-
nal à diferença de potencial e inversamente proporcional a
essa nova grandeza física, a resistência elétrica. Somente
em 1849, cinco anos antes de falecer, Ohm conseguiu al-
cançar o seu tão sonhado cargo de professor universitário. No intervalo de tempo entre zero e 0,6 s, a quantidade
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de carga elétrica que atravessa uma seção transversal do


fio é maior para o fio ...... do que para o outro fio; no
intervalo entre 0,6 s e 1,0 s, ela é maior para o fio ...... do
que para o outro fio; e no intervalo entre zero e 1,0 s, ela
é maior para o fio ...... do que para o outro fio.
a) 1 – 1 – 2 d) 2 – 1 – 2
b) 1 – 2 – 1 e) 2 – 2 – 1
c) 2 – 1 – 1
Resistor em forma de fio cilíndrico, de comprimento
L e área de secção transversal Resolução:
A resistividade do material pode variar com a temperatura. Entre 0 s e 0,6 s, é possível observar que a área do gráfico do fio
Nessas condições, a resistividade do material é dada por: 2 é maior; assim, a quantidade de carga no fio 2 foi maior nesse
intervalo.
r = r0 ∙ [1 + a(u – u0)]
Entre 0,6 s e 1,0 s, a área do fio 1 é maior; assim, a quantidade
de carga foi maior no fio 1 nesse intervalo de tempo.

116
Entre 0 s e 1,0 calcularemos as áreas: (10 mil volts), o ladrão vai sofrer queimaduras.
c) INCORRETA. O termo isolante elétrico só está relacio-
(A) nado ao fato de ser mais difícil que esse elemento condu-
Fio1
0,8 za corrente elétrica; no entanto, dependendo do estímulo
Fio2 (tensão elétrica aplicada ao mesmo), ele pode conduzir
corrente elétrica. Se uma pessoa calçando um sapato de
0,3 borracha encostar na cerca, e o calçado não suportar a
tensão de 10 mil volts, a pessoa vai levar um choque.
d) INCORRETA. Se fosse possível o ladrão tocar apenas
0 um condutor da cerca sem que seu corpo tocasse em
0,6 1 t(s)
qualquer outro lugar, não haveria uma diferença de po-
Área do Fio 2 > Área do Fio 1 tencial aplicada a ele, tampouco um caminho fechado
para a corrente elétrica circular. Assim, o ladrão não leva-
Q2 > Q1
ria choque. Segue o mesmo princípio de manutenção de
linhas de transmissão de extra-alta tensão.
Desse modo, nesse intervalo de tempo, passou mais carga pelo
fio 2. Alternativa B
Alternativa D 3. (UEMA) Em um manual de instalação de uma máqui-
2. (Acafe) A insegurança das pessoas quanto a assaltos na de lavar roupa de determinado fabricante, há as se-
em suas residências faz com que invistam em acessó- guintes informações:
rios de proteção mais eficientes. A cerca elétrica é um Os diâmetros dos fios da rede elétrica devem estar de
adicional de proteção residencial muito utilizado hoje acordo com a tabela ao lado:
em dia, pois tem como um de seus objetivos afugentar Distância do quadro
o invasor dando-lhe um choque de aproximadamente Bitola 127V 220V
10 mil volts de forma pulsante, com 60 pulsos por se-
2,5 mm 2
até 29 m até 70 m
gundo. Dessa forma, um ladrão, com perfeita condição
de saúde, recebe o choque e vai embora, pois não che- 4,0 mm 2
30 a 48 71 a 116m
ga a ser um choque mortal. 6,0 mm2 49 a 70 m -
10, 0 mm2 71 a 116 m -

Baseando-se nas informações da tabela, considere o fio de


cobre de resistividade r = 1,70 ⋅ Vm de bitola 2,5 mm2
a distância da tomada até o quadro de distribuição geral
L = 25 m e a rede elétrica de U = 127V para calcular o
Considere o exposto e seus conhecimentos de eletricidade
valor da resistência elétrica desse condutor para esse com-
e assinale a alternativa correta.
primento.
a) A corrente elétrica recebida pelo ladrão na des-
carga é alta, porém, como é pulsante, não causará Resolução:
perigo de morte.
b) Para não causar morte, a corrente elétrica recebida Pela Segunda Lei de Ohm, tem-se que um condutor depende
pelo ladrão por meio do choque é muito baixa, provo- da resistividade do material, do seu comprimento e da sua área.
cando apenas queimaduras. Então:
c) Se o ladrão estiver calçando sapatos com solado de ​  L  ​
R = r ⋅ __
A
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

borracha, não receberá o choque, pois a borracha é


um isolante elétrico. Como o condutor possui secção circular, sua área é igual a área
d) Mesmo que fosse possível o ladrão tocar em ape- de um círculo:
nas um único condutor da cerca sem que seu corpo ​  L  ​ ⇒ R = 1,7 · 25-6 = 1,7 · 25-7 = 1,7 · 107
R = r ⋅ __
tocasse em qualquer outro lugar, não deixaria de ga- A 2,5 · 10 2,5 · 10
nhar o choque, pois a tensão é muito alta. ⇒ R = 17 · 106 Ω → R = 17M Ω
Resolução:
a) INCORRETA. O que é responsável pela morte de uma
pessoa relacionado à energia elétrica é a corrente elé-
trica. Para que a descarga recebida pelo ladrão ao tocar
na cerca elétrica não seja mortal (como mencionado no
enunciado), ela deve ser de valor muito baixo.
b) CORRETA. Como mencionado no item [A], a corrente
elétrica muito baixa evita que o choque elétrico sofrido
cause a morte. Vale salientar que, devido à alta tensão

117
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Térmico, químico, magnético e fisiológico são alguns efeitos da
corrente elétrica. Em primeiro lugar, a passagem da corrente elétri-
ca transforma energia elétrica em energia térmica por meio do
chamado efeito Joule. Isso é perceptível quando aparelhos elétri-
cos em funcionamento aumentam de temperatura. O efeito quími-
co, por sua vez, pode ser notado quando uma corrente atravessa
soluções eletrolíticas (hidrólise, por exemplo), e é comum sua uti-
lização para o recobrimento de metais (galvanização). A passagem
de corrente elétrica também é capaz de gerar um campo magnéti-
co. Por fim, a passagem de corrente elétrica pode produzir um choque elétrico. Quando uma corrente elétrica age
no sistema nervoso, ela pode contrair os músculos. Correntes menores que 1 mA não são percebidas pelo corpo
humano; entre 1 mA e 10 mA, pequenos choques podem ser observados; já correntes maiores que 10 mA podem
ser fatais.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

118
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 5
Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

A habilidade 5, dentre todos os conteúdos abordados em Física 3, é a de maior frequência nas provas do Enem.
Possui um caráter muito mais concreto, pois faz com que o aluno saiba dimensionar circuitos elétricos, que natu-
ralmente são muito mais presentes no cotidiano da vida moderna. Saber calcular corrente, potência e resistência
são os exemplos mais comuns dos assuntos mais abordados. A leitura de tabelas, de gráficos e dos esquemas é
naturalmente presente nesse tipo de exercício.

MODELO 1

(Enem) A resistência elétrica de um fio é determinada pela suas dimensões e pelas propriedades estruturais do
material. A condutividade (σ) caracteriza a estrutura do material, de tal forma que a resistência de um fio pode
ser determinada conhecendo-se L, o comprimento do fio e A, a área de seção reta. A tabela relaciona o material
à sua respectiva resistividade em temperatura ambiente.
Tabela de condutividade
Material Condutividade (S·m/mm2)
alumínio 34,2
cobre 61,7
ferro 10,2
prata 62,5
tungstênio 18,8

Mantendo-se as mesmas dimensões geométricas, o fio que apresenta menor resistência elétrica é aquele feito de:
a) tungstênio; b) alumínio; c) ferro; d) cobre; e) prata.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Além de saber diferenciar conceitualmente condutividade e resistividade elétrica, esse exercício cobra
que o aluno saiba ler os valores fornecidos na tabela e que ele faça uma escolha de qual dos mate-
riais mais se encaixa na situação descrita.
O fio que apresenta menor resistência é aquele que apresenta maior condutividade. Pela tabela, é
possível notar que é o fio feito de prata.

RESPOSTA Alternativa E
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

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DIAGRAMA DE IDEIAS

CORRENTE ELÉTRICA

CONDUTOR E
LEIS DE 0hm CORRENTE ELÉTRICA
ISOLANTE

MOVIMENTO DE
DDP
CARGAS ELÉTRICAS

RESISTOR E
TENSÃO
RESISTÊNCIA
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

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