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Textos de Apoio de
Cálculo I
Módulo 02
Cálculo Integral em R
Textos elaborados por: Aldina Correia, Isabel Cristina Lopes, Maria Paula Nunes.
Engenharia Mecânica
Engenharia e Gestão Industrial
Engenharia Biomédica
Sumário
1. CÁLCULO INTEGRAL................................................................................................... 3
1.8. Teorema Fundamental do Cálculo; Teorema do valor médio para integrais ................. 23
1. Cálculo Integral
Definição 1
Diz-se que uma função F é uma primitiva da função real f , definida no intervalo
[ a, b] , se e só se, em todo o ponto do intervalo considerado se tiver:
F '( x) = f ( x) ⇔ P [ f ( x) ] = F ( x)
Exemplo 1:
Calcule P 4 x3 .
Resolução:
Então essa função pode ser x 4 , mas também pode ser x 4 + 1 ou x 4 − 3 , ou de uma
forma geral x 4 + C , C ∈ R .
Observação:
Se f admite, num dado intervalo [ a, b ] , uma primitiva F1, admite, nesse
intervalo, uma infinidade de primitivas F, tais que: F ( x) = F1 ( x) + C , C ∈ R
Teorema 2
Se F1 e F2 forem duas primitivas de f definida em [ a, b ] , então diferem de uma
constante.
Definição 3
Chama-se integral indefinido de uma função f ao conjunto de todas as suas
∫
primitivas e representa-se por: f ( x) dx .
Proposição 4
A integração é a operação inversa da derivação, a menos de uma constante.
∫ f ( x)dx , ∫ f
1 2 ( x)dx, ∫ f 3 ( x)dx, … , ∫ f k ( x)dx .
Propriedade 1:
∫ [ f ( x) + f
1 2 ( x) + ... + f k ( x)] dx = ∫ f1 ( x)dx + ∫ f 2 ( x)dx + ... + ∫ f k ( x)dx
Propriedade 2:
∫ k. f ( x)dx = k .∫ f ( x)dx, k ∈ R
1 1
Exemplo 2:
∫ 4 x + 2 x dx .
3
Calcule
Resolução:
∫ 4 x + 2 x dx = ∫ 4 x 3 dx + ∫ 2 xdx = x 4 + x 2 + C , C ∈ ℝ .
3
Definição 5
Dada uma função definida num intervalo, os gráficos das suas primitivas, caso
existam, são curvas que são translações verticais umas das outras.
Estas curvas designam-se por curvas integrais da função.
Exemplo 3:
Seja f ( x) = 2 x , então P [ 2 x ] = x 2 + C , C ∈ R , cujas representações gráficas são o
gráfico da função F1 ( x) = x 2 e translações verticais desta função.
Figura 1
Uma função pode ter infinitas primitivas, no entanto, na maioria das aplicações desta
noção, nomeadamente na área da Física, são conhecidas condições suficientes
para determinar a solução adequada ao problema.
Definição 6
Seja P [ f ( x)] = F ( x) e F ( x0 ) = k o valor de F num ponto xo, k real.
Exemplo 4:
s (1) = 2 ⇔ 13 − 12 + C = 2 ⇔ 1 − 1 + C = 2 ⇔ C = 2 .
Teorema 8
O integral do produto de duas funções é igual à diferença entre o produto da
primitiva de uma função pela outra função e o integral do produto dessa mesma
primitiva pela derivada da outra função, isto é:
Exemplo 5:
Calcule ∫ x.ln x dx .
Resolução:
Exemplo 6:
∫ x.e dx .
x
Calcule
Resolução:
Temos:
x2
P ( x) = ∧ P (ex ) = ex
2
mas
(e ) = e
( x) ' = 1 ∧ x ' x
Exemplo 7:
u'
1 1 2x
∫ arctg ( x)dx = x.arctg ( x) − ∫ x. x 2 + 1 dx = x.arctg ( x) − 2 ∫
x2 + 1
dx =
u
= x.arctg ( x) − ln( x + 1) + C , C ∈ R
1
2
2
Exemplo 9:
Observação:
No cálculo de alguns integrais é necessário aplicar a integração por partes várias
vezes até se conseguir obter um integral imediato. Nestes casos, a escolha das
funções a primitivar e a derivar, que se efectuou na primeira integração por partes,
deve ser sempre mantida nas integrações subsequentes.
Teorema 9
Seja f uma função real de variável real x, definida e contínua num dado intervalo
[a,b] e x = ϕ (t ) , onde ϕ é uma função real de variável real t, contínua, com derivada
contínua que admite função inversa. Então tem-se que:
Exemplo 10:
ex
Calcule ∫ 2 x dx .
e + 4e x + 5
Resolução:
Voltando a substituir t = e x :
1
∫ (t + 2) 2
+1
dt = arctan(t + 2) + C = arctan(e x + 2) + C
P ( x)
Para calcular um integral do tipo ∫ Q( x) dx , onde P ( x) e Q( x) são polinómios, em x,
R ( x)
imediata, e grau ( R ( x)) < grau (Q ( x)) , isto é, a fracção já é uma fracção
Q( x)
regular.
R ( x)
3. Decompõe-se em fracções simples (pelo método dos coeficientes
Q( x)
indeterminados, que veremos a seguir).
Exemplo 11:
dx
Calcule ∫x 2
−4
.
Resolução:
O denominador pode ser factorizado em dois factores lineares:
x 2 − 4 = ( x − 2)( x + 2)
1 A B
pelo que se escreve = +
x −4 x−2 x+2
2
1 A B 1 A ( x + 2) B ( x − 2)
= + ⇔ 2 = +
x −4 x−2 x+2
2
x −4 ( x − 2) ( x + 2)
⇔ 1 = A ( x + 2 ) + B ( x − 2 ) ⇔ 1 = Ax + 2 A + Bx − 2 B
1 = 2 A − 2 B
⇔ 1 = x ( A + B ) + ( 2 A − 2B ) ⇔
0 = A + B
1
=A
1 + 2 B = 2 A 1 − 2 A = 2 A 4
⇔ ⇔ ⇔
− A = B ……… − 1 = B
4
1 1
−
1
Assim, se conclui que 2 = 4 + 4 , pelo que:
x −4 x−2 x+2
dx 1 1 1 1
∫x 2
= ∫
−4 4 x−2
dx − ∫
4 x+2
dx
1 1
= ln x − 2 − ln x + 2 + C
4 4
1 x−2
= ln + C, C ∈ R
4 x+2
Exemplo 12:
3x + 5
Calcule ∫x 3
− x2 − x + 1
dx .
Resolução:
O denominador pode ser factorizado da seguinte forma:
x3 − x 2 − x + 1 = ( x + 1)( x − 1)2
pelo que se escreve
3x + 5 A B C
= + + .
x − x − x + 1 x + 1 x − 1 ( x − 1) 2
3 2
3x + 5 = A( x − 1) 2 + B( x − 1) ( x + 1) + C ( x + 1)
⇔ 3 x + 5 = A( x 2 − 2 x + 1) + ( Bx − B) ( x + 1) + ( Cx + C )
⇔ 3 x + 5 = ( Ax 2 − 2 Ax + A) + ( Bx 2 + Bx − Bx − B) + ( Cx + C )
⇔ 3 x + 5 = ( Ax 2 + Bx 2 ) + ( −2 Ax + Cx ) + ( A − B + C )
⇔ 3 x + 5 = x 2 ( A + B ) + x ( −2 A + C ) + ( A − B + C )
1
A = 2
A + B = 0
1
⇔ −2 A + C = 3 ⇔ ⋯ ⇔ B = −
A − B + C = 5 2
C = 4
3x + 5 1
− 12 4
Assim, se conclui que, = 2
+ + pelo que
x − x − x + 1 x + 1 x − 1 ( x − 1) 2
3 2
3x + 5 1 1 1 1 1
∫x 3
− x − x +1
2
dx = ∫
2 x +1
dx − ∫
2 x −1
dx + 4∫
( x − 1) 2
dx =
1 1 4 1 x +1 4
= ln | x + 1| − ln | x − 1| − + C = ln − + C, C ∈ R
2 2 ( x − 1) 2 x − 1 ( x − 1)
Exemplo 13:
x3 + x2 + x + 2
Calcule ∫ x 4 + 3x 2 + 2 dx .
Resolução:
O denominador pode ser factorizado da seguinte forma:
x 4 + 3 x 2 + 2 = ( x 2 + 1)( x 2 + 2)
pelo que se escreve
x3 + x 2 + x + 2 Ax + B Cx + D
= 2 + 2 .
x 4 + 3x 2 + 2 x +1 x +2
O método dos coeficientes indeterminados permite calcular as constantes reais A, B,
C e D:
x3 + x 2 + x + 2 = ( Ax + B ) ( x 2 + 2 ) + ( Cx + D ) ( x 2 + 1)
⇔ x 3 + x 2 + x + 2 = Ax3 + 2 Ax + Bx 2 + 2 B + Cx3 + Cx + Dx 2 + D
1 = A + C A = 0
1 = B + D B = 1
⇔ ⇔⋯ ⇔
1 = 2 A + C C = 1
2 = 2 B + D D = 0
x3 + x 2 + x + 2 1 x
Assim, se conclui que, = 2 + 2 pelo que
x + 3x + 2
4 2
x +1 x + 2
x3 + x2 + x + 2 1 x 1
∫ x 4 + 3x 2 + 2 dx = ∫ x 2 + 1 dx + ∫ x 2 + 2 dx = arctan x + 2 ln( x + 2) + C , C ∈ R
2
Exemplo 14:
x 5 − x 4 + 4 x3 − 4 x 2 + 8 x − 4
Calcule ∫ dx .
( x2 + 2)
3
Resolução:
Escrevemos
x5 − x 4 + 4 x 3 − 4 x 2 + 8 x − 4 Ax + B Cx + D Ex + F
= + + .
(x 2
+ 2)
3
( x + 2 ) ( x + 2 ) ( x 2 + 2 )3
2 2 2
x5 − x 4 + 4 x 3 − 4 x 2 + 8 x − 4 = ( Ax + B ) ( x 2 + 2 ) + ( Cx + D ) ( x 2 + 2 ) + Ex + F
2
⇔ ⋯ ⇔ A = 1; B = −1; C = 0; D = 0; E = 4; F = 0.
Assim, se conclui que,
x5 − x 4 + 4 x 3 − 4 x 2 + 8 x − 4 x −1 4x
= +
(x + 2) x + 2 ( x + 2 )3
2 3 2 2
pelo que
x 5 − x 4 + 4 x3 − 4 x 2 + 8 x − 4 x −1 x
∫ dx = ∫ dx + 4 ∫ dx =
(x + 2) x +2 ( )
3 2 3
2
x 2
+ 2
1 2 x 1
= ln( x 2 + 2) − arctan − + C, C ∈ R
2 ( x2 + 2)
2
2 2
Exemplo 15:
cos3 x
Calcule ∫ dx .
sin 2 x
Resolução:
Seja sen x = t a mudança de variável escolhida.
1
sen x = t ⇔ x = arcsen t ⇒ dx = dt
1− t2
Como sen 2 x + cos 2 x = 1 ⇔ cos 2 x = 1 − t 2 ⇔ cos x = 1 − t 2 , substituindo no integral vem:
( ) ( )
3 2
cos x3 1− t 2 1 1− t2 1− t 2 1
∫ sin 2 x dx = ∫ t2 1− t 2
dt = ∫
t2
dt = ∫ 2 dt = − − t + C , C ∈ R
t t
1
= − − sen x + C , C ∈ R = − cosec x − sen x + C , C ∈ R
t =sen t sen x
Ou
1
= − − sen x + C , C ∈ R
t =sen t sen x
= − cosec x − sen x + C , C ∈ R
Exemplo 16:
sin(2 x)
Calcule ∫ 1 + cos
2
x
dx .
Resolução:
Exemplo 17:
∫ [ tg x + cotg x ]
2
Calcule .xdx .
Resolução:
2
1
∫ [ tg x + cotg x ] .xdx = ∫ tg x + tg x .xdx .
2
1
tg x = t ⇔ x = arctg t ⇒ dx = dt
diferenciando 1+ t2
Substituindo no integral, temos:
2 2
1 1 1
∫ [ + ] = ∫ + .xdx = ∫ t + arctg ( t ) ⋅
2
tg x cotg x . xdx tg x dt =
tg x t 1+ t2
2 1 1
2
1
= ∫ t + 2 t + arctg ( t ) ⋅ dt
t t 1+ t2
1 1
= ∫ t 2 + 2 + 2 arctg ( t ) ⋅ dt
t 1+ t2
t2 + 2 1
= ∫ + arctg ( t ) dt
1 + t t 2 (1 + t 2 )
2
1
= ∫ 1 + 2 arctg ( t ) dt
t
1
= ∫ arctg ( t ) dt + ∫ 2 arctg ( t ) dt
t
t −1
2
t
= arctg t + ln +C
Integração
por partes t 1+ t2
Nota:
Para usar esta mudança de variável é necessário saber que, neste caso,
2t 1− t2
sin x = ; cos x = .
t2 +1 t2 +1
x x 2
Além disso, tg = t ⇔ = arctan t ⇔ x = 2arctan t ⇔ dx = 2 dt .
2 2 t +1
Exemplo 18:
dx
Calcule ∫ sin x − cos x − 1 .
Resolução:
x x 2
Consideremos a M.V.: tg = t ⇔ = arctan t ⇔ x = 2arctan t ⇔ dx = 2 dt .
2 2 t +1
2t 1− t2
Além disso, sin x = ; cos x = .
t2 +1 t2 +1
Substituindo no integral obtemos:
dx 1 2 2dt
∫ sin x − cos x − 1 = ∫ 2t 1− t 2
. 2
t +1
dt = ∫
2t − 2
= ln | 2t − 2 | +C , C ∈ R
− −1
t2 +1 t2 +1
Repondo a variável original:
x
= ln 2 tan − 2 + C , C ∈ ℝ
2
p1 pn
q1 qn
Considere-se o integral do tipo: ∫ f( x ,x ,⋯ , x ) dx , onde f é uma função
racional. A substituição indicada para a resolução deste tipo de integrais é:
x = tk , onde k = m.m.c.( q1 ,..., qn )
Exemplo 19:
x3 − 3 x
Calcule ∫ 64 x
dx .
Resolução:
x3 − 3 x x2 − x3
3 1
∫ 64 x = ∫ 6 x 14 dx = ∫ f ( x 2 , x 3 , x 4 ) dx .
3 1 1
dx
Diferenciando x = t 12
⇒ dx = 12t11dt
Substituindo no integral obtemos
= 2
( ) ( )
x 121 27
−
x 12
1 13
+ C = 2
x 2 4 x x12 x
− + C, C ∈ ℝ
27 13 27 13
p1 pn
∫ f x , c.x + d , ⋯ , c.x + d n dx , a,b,c,d ∈ R onde f é uma
a.x + b q a.x + b q
Considere-se o integral do tipo: 1
função racional. A substituição indicada para a resolução deste tipo de integrais é:
a.x + b
= t k onde k = m.m.c.( q1 ,..., qn )
c.x + d
Exemplo 20:
dx
Calcule. ∫ 2x −1 − 4 2x −1
dx
Resolução:
dx dx 1 1
∫ dx = ∫ = ∫ f ( 2 x − 1) 2 , ( 2 x − 1) 4 dx .
2x −1 − 2x −1
1 1
4
( 2 x − 1) 2 − ( 2 x − 1) 4
A substituição indicada para a resolução deste integral é:
2x − 1 = t k onde k = m.m.c.(2,4)=4
t4 +1
ou seja, 2x – 1 = t 4. ⇔ x = ⇒ dx = 2t 3 dt
2 Diferenciando
(t ) − (t ) t −t t −1
1 1 1 1
2 4 4 2 4 4
1
= 2∫ t + 1 + dt = t + 2t + 2 ln | t − 1| +C
2
Divisão de
polinómios t −1
∫ dx = 2x −1 + 2 2 x − 1 + 2 ln | 2 x − 1 − 1| +C
4 4 4
2x −1 − 4 2x −1
= 2 x − 1 + 2 4 2 x − 1 + 2 ln | 4 2 x − 1 − 1| +C , C ∈ ℝ
Considere-se o integral do tipo: ∫f (x, a.x 2 + b.x + c )dx , a,b,c ∈ R onde f é uma
função racional.
Existem 3 substituições distintas indicadas para a resolução deste tipo de integrais.
Estas substituições são usualmente designadas por Substituições de Euler:
Exemplo 21:
dx
Calcule ∫x x − x −1
2
.
Resolução:
a.x 2 + b.x + c = ± a . x + t ⇔ x2 − x − 1 = x + t
Resolvendo em ordem a x temos:
( )
2
x2 − x − 1 = ( x + t ) ⇔ x 2 − x − 1 = x 2 + 2tx + t 2 ⇔
2
⇔ x 2 − x − 1 − x 2 − 2tx = t 2 ⇔ − x − 2tx = t 2 + 1 ⇔ − x ( 1 + 2t ) = t 2 + 1
t2 + 1 −t 2 − 1
⇔ x= ⇔x=
− ( 1 + 2t ) 1 + 2t
Diferenciando, vem:
⇒ dx =
( −t 2
− 1)' ( 1 + 2t ) − ( 1 + 2t )' ( −t 2 − 1)
dt =
−2t ( 1 + 2t ) − 2 ( −t 2 − 1)
dt
( 1 + 2t ) (1 + 2t )
2 2
−2t − 4t 2 + 2t 2 + 2 −2t 2 − 2t + 2 2 ( − t 2 − t + 1)
= dt = dt = dt
(1 + 2t ) ( 1 + 2t ) (1 + 2t )
2 2 2
2 ( −t 2 − t + 1)
∴ dx = dt
( 1 + 2t )
2
−1 − t 2 t2 + t − 1
Além disso x − x −1 = x +t =
2
+t = , pelo que, substituindo no integral,
2t + 1 2t + 1
se obtém:
dx 1 2 ( −t 2 − t + 1)
∫x x2 − x − 1
=∫
−t 2 − 1 t 2 + t − 1
⋅
(1 + 2t )
2
dt =
⋅
1 + 2t 2t + 1
1 −2 ( t 2 + t − 1)
=∫ ⋅ dt =
( −t 2
− 1) ( t 2 + t − 1) (1 + 2t )
2
(1 + 2t )
2
1
= 2∫ dt = 2 arctan(t ) + C , C ∈ R
t +1
2
Como x 2 − x − 1 − x = t , vem
dx
∫x x − x −1
2
= 2 arctan( x 2 − x − 1 − x) + C , C ∈ R .
Considere-se o integral do tipo: ∫f (x, a.x 2 + b.x + c )dx , a,b,c,d ∈ R, a≠0, onde f é
uma função racional dos argumentos em causa.
A substituição indicada para a resolução deste tipo de integrais é:
dx
Exemplo 22: Calcule ∫x 4 x2 + 9
.
Resolução:
3 3
2 x = 3tg t ⇔ x = tg t ⇒ dx = sec2t.dt
2 2
Substituindo no integral obtemos:
3 2
sec t
dx 2 sec2t
∫x 4 x2 + 9
=∫
3
dt = ∫
2
+
dt =
tg t. 9 tg t + 9
2 tg t . 9(tg t 1)
2
sec 2t sec2t sect 1
=∫ dt = ∫ dt = ∫ dt = ∫ cosec tdt =
tg t. 9(sec2 t ) tg t.3.sec t 3 tg t 3
1
= − ln cosec t + cotg t + C , C ∈ R
3
Como 2 x = 3 tg t
2 3
⇔ x = tg t ⇔ cotg t =
3 2x
9 9 + 4 x2
Além disso, cosec t = cotg 2 t + 1 = + 1 = , pelo que:
4 x2 2x
dx 1 9 + 4 x2 + 3
∫ x 4 x 2 + 9 = − 3 ln 2x
+ C, C ∈ R
Definição 12
Seja f uma função real de variável real, definida num intervalo [ a, b ] e P uma
partição desse intervalo. Chama-se Soma de Riemann de f em relação à partição P,
n
a toda a expressão da forma ∑ f ( w )∆x , onde
i =1
i i wi é um valor qualquer no intervalo
∆xi .
Definição 13
Seja f uma função real de variável real, definida num intervalo [ a, b ] e P uma
partição desse intervalo. Chama-se integral definido de f desde a até b e escreve-se
b b
n
∫ f ( x)dx ao limite: ∫ f ( x)dx = lim ∑ f ( wi )∆xi .
∆xi → 0
a a i =1
Nota: Se este limite existe dizemos que f é integrável no intervalo [ a, b ] .
∫
mesmo intervalo e tem-se que: kf ( x)dx = k f ( x)dx .
a
∫
a
b
5. Se f é integrável em [ a, b] e f ( x) ≥ 0, ∀x ∈ [ a, b] , então ∫ f ( x)dx ≥ 0 .
a
∫
a
f ( x)dx ≥ ∫ g ( x)dx .
a
b a
7. Se a > b então ∫ f ( x)dx = − ∫ f ( x)dx .
a b
a
8. ∫ f ( x)dx = 0 .
a
Exemplo:
1
( )
3 3 3 3
1 1 1 3 3 3
∫ dx = ∫ dx = ∫ dx = arctan x =
x2 + 3
( ) +1 ( ) +1 3 3 −1
3 2 3 2
−1 −1 x −1 x
3 3
arctan ( ) − arctan ( ) =
3 3 3 π π 5π 3
−1
= − − = 36
3 3 3 4 6 3
Teoremas:
1. Toda a função contínua num intervalo fechado [ a, b ] é integrável nesse
intervalo.
2. Se f é uma função limitada em [ a, b ] e é descontínua apenas num número
finito de pontos, então é integrável nesse intervalo.
3. Se f é monótona em [ a, b ] então é integrável nesse intervalo.
Métodos de cálculo
As regras de integração por partes e por substituição aprendidas para integrais
indefinidos mantêm-se válidas para integrais definidos mas com uma pequena
adaptação.
Método de substituição:
Seja f : [ a, b ] → R uma função contínua e x = ϕ (t ) , tal que ϕ e ϕ ' são contínuas no
intervalo [α , β ] com a = ϕ (α ) e b = ϕ ( β ) . Se f (ϕ (t ) ) está definida e é contínua no
b β
intervalo [α , β ] então: f ( x)dx =
∫ ∫ f [ϕ (t )]ϕ '(t )dt .
a α
a a a a
Exercícios:
Calcule os seguintes integrais definidos:
x −1
10 ln 3 5
1
∫ ∫ 5e dx ; ∫
x
a) dx ; b) c) dx .
2 5x − 1 0 1
x
Definição 14
Se f e g forem funções contínuas no intervalo [ a, b ] e se f ( x) ≥ g ( x), ∀x ∈ [ a, b ] ,
então a área da região plana fechada, limitada pelas curvas y = f ( x) , y = g ( x) e
b
pelas rectas verticais x = a e x = b , é dada por: A = ∫ [ f ( x ) − g ( x) ] dx .
a
Figura 2
Definição 15
Se f e g forem funções contínuas no intervalo [ c, d ] e se f ( y ) ≥ g ( y ), ∀y ∈ [ c, d ] ,
então a área da região plana fechada, limitada pelas curvas x = f ( y ) , x = g ( y ) e
d
pelas rectas horizontais y = c e y = d , é dada por: A = ∫ [ f ( y ) − g ( y )] dy .
c
Figura 3
Exercícios:
a) Calcule a área da região fechada limitada pelas funções
y = − x + 1, y = 0, x = 0 .
Figura 4
b) Calcule a área da região fechada limitada pela função y = sen x e pelo eixo
das abcissas quando x ∈ [ 0, 2π ] .
Figura 5
Definição 16
Para definir um sistema de coordenadas polares define-se cada ponto P ∈ R 2 por
dois valores ρ distância à origem do ponto e θ o ângulo formado pelas semi-rectas
OX, OP. Assim, P fica definido pelo par ( ρ , θ ) , em que ρ ≥ 0 e θ ∈ [ 0, 2π ] .
y P(x,y)=(ρ,θ)
ρ
θ
x
Figura 6
Existe, naturalmente, uma correspondência entre o sistema de coordenadas polares
e o sistema de coordenadas rectangulares:
ρ = x2 + y 2
x = ρ cos θ
e
y = ρ sin θ y
θ = arctg
x
Teorema 17
Para calcular a área de uma região plana delimitada pelo gráfico da função
definida em coordenadas polares ρ = f (θ ) , para θ1 ≤ θ ≤ θ 2 , temos:
θ
1 2 2
ρ dθ
2 θ∫1
A=
Exercício:
Calcule a área de uma circunferência de raio 2 2 , usando a fórmula anterior.
Definição 18
Seja y = f ( x) uma função real de variável real contínua em [ a, b ] . O Volume V do
sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região
limitada pelos gráficos de y = f ( x) , x = a , x = b e pelo eixo dos xx é dado por:
b
V = π ∫ [ f ( x) ] dx
2
y y
y = f ( x) y = f ( x)
f ( x)
a b x a b x
A⊙ = π ( f ( x) )
2
V = A⊙ .∆x
∆x
Definição 19
Seja x = f ( y ) uma função real de variável real contínua em [ c, d ] . O Volume V do
sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos yy da região
limitada pelos gráficos de x = f ( y ) , y = c , y = d e pelo eixo dos yy é dado por:
d
V = π ∫ [ f ( y )] dy
2
Definição 20
Sejam y = f ( x) e y = g ( x ) funções reais de variável real contínuas em [ a, b ] , com
f ( x) ≥ g ( x) ≥ 0. O Volume V do sólido de revolução gerado pela rotação em torno
do eixo dos xx da região plana fechada, limitada pelos gráficos de y = f ( x) ,
y = g ( x) , x = a e x = b , é dada por:
{[ f ( x)] − [ g ( x)] } dx .
b
V =π∫
2 2
Definição 21
Sejam x = f ( y ) e x = g ( y ) funções reais de variável real contínuas em [ c, d ] , com
f ( y ) ≥ g ( y ) ≥ 0. O Volume V do sólido de revolução gerado pela rotação em torno
do eixo dos yy da região plana fechada, limitada pelos gráficos de x = f ( y ) ,
x = g ( y ) , y = c e y = d , é dada por:
{[ f ( y)] − [ g ( y)] } dy .
d
V =π∫
2 2
Exercícios:
a) A região do plano limitada pelos gráficos das funções y = x, y = 2 x, y = x 2 roda
em torno do eixo dos xx . Determine a medida do volume do sólido gerado.
Figura 7
Definição 22
Seja y = f ( x) uma função real de variável real contínua em [ a, b ] . O Comprimento
do arco de f ( a ) a f (b) sobre o gráfico de f é dado por:
b
S = ∫ 1 + [ f '( x) ] dx .
2
Exercício:
Calcule o comprimento do arco limitado pelas funções y = x 2 , x = 0, x = 2 .
Figura 8
Exercício
Uma barra mede 6m de comprimento. A densidade linear num ponto
qualquer da barra é proporcional à distância desse ponto a um ponto q, que
está sobre o prolongamento da linha da barra, a uma distância de 3m da mesma.
Sabendo que, na extremidade mais próxima a q, a densidade linear é 1kg/m,
determine a massa e o centro de massa da barra.
q=-3 0 x 6 x
Figura 10
Se uma força variável, dada pela função f(x), actua na direcção do eixo dos xx, o
x2
Exemplo 23:
Que trabalho é necessário empregar para estirar uma mola em 6cm, se a força de
1kgf a estira em 1cm?
Resolução:
De acordo com a Lei de Hooke, a força F (kgf) que estira em x (metros) uma mola é
F=kx, onde k é a constante de proporcionalidade da mola.
Sabendo que x=0,01m e F=1kgf, obtemos que k=100 e portanto F=100x. Assim, o
trabalho procurado é:
0,06
0,06
W= ∫
0
100 x dx = 50 x 2
0
= 0,18 kgf m
Exemplo
Um sistema termodinâmico evolui quase estaticamente desde V1 = 0,127 m3 até
0,119
V2 = 0, 0425m3 segundo a evolução P = + 2,1 [kgf/cm2], com V em m3. Calcule o
V
trabalho realizado pela compressão do gás.
Resolução
V2 V2
0,119
W = − ∫ P dV = − ∫ + 2,1 × 98, 0665 dV =
V V
V Factor de
1 1
conversão
de at para Pa
== −98, 0665 × 0,119 [ ln(0, 0425) − ln(0,127) ] − 98, 0665 × 2,1× [ 0, 0425 − 0,127 ]
≃ 30,177 kJ
Definição 23
∫
a
f ( x)dx = lim ∫ f ( x)dx .
t →+∞
a
t +∞
Se lim
t →+∞ ∫ f ( x)dx existe e é finito diz-se que o integral ∫
a a
f ( x)dx existe ou converge.
Se o limite não existe ou se é infinito diz-se que o integral não existe ou diverge.
a a
Analogamente: ∫
−∞
f ( x)dx = lim ∫ f ( x)dx
t →−∞
t
+∞ c +∞ c s
∫
−∞
f ( x)dx = ∫
−∞
f ( x)dx + ∫
c
f ( x)dx = lim ∫ f ( x)dx + lim
t →−∞
t
s →+∞ ∫ f ( x)dx .
c
O integral diz-se convergente se o limite existir e for finito e diverge caso contrário.
Analogamente, se f é uma função descontínua em c ∈ [ a, b ] , então:
b c b t b
∫
a
f ( x)dx = ∫ f ( x)dx + ∫ f ( x)dx = lim− ∫ f ( x)dx + lim+ ∫ f ( x)dx
a c
t →c
a
t →c
t
Exercícios:
Estude a convergência dos integrais:
+∞ 1 1
1 1 1
a) ∫0 1 + x 2 dx ; b) ∫
0 1− x
dx ; c) ∫x
−1
2
dx .