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Modulo 2: Fisiologia da Visão

Curso de optometria/2015

Doc. Dr. mentesabio


O módulo de fisiologia será didacticamente
dividido conforme abaixo:

•Fisiologia da Visão
– Bases e fundamentos
• Componentes pré - retinianos
• Componentes retinianos e pós - retinianos
– Ametropias e correcções
– Ambliopia

•Fisiologia do Humor Aquoso


• Hoje, vamos iniciair a parte de Fisiologia da
Visão, comentando os componentes pré-
retinianos
• Para isso, vamos ver antes alguns conceitos
básicos
Luz: conceito e princípios
Freqüência (Hz) Comprimento de Onda (m)

Luz é a energia do espectro


Raio-X

eletro-magnético que varia do


infravermelho ao ultravioleta
Luz Violeta 400 nm
Visível
Luz Vermelha 700 nm

Infra-vermelho

Micro
-ondas

Metro

Ondas
Curtas
Ondas
Médias

Ondas
Longas
Luz: conceito e princípios

• A luz é refratada quando passa de um meio


para outro, conforme diferença entre os
índices de refracção e curvatura da interface
de transição, Podendo haver convergência ou
divergência dos raios luminosos.
Sistema Óptico Ocular
• O olho funciona como um sistema óptico
convergente
• O foco da imagem em uma pessoa emétrope
(sem ametropias/grau), é na retina
• No olho, os raios luminosos percorrem uma série
de estruturas transparentes de diversos índices
de refração, à semelhança de um sistema com
lentes associadas em seqüência, cujo foco de
convergência final é na retina
Estruturas transparentes de diversos
índices de refracção
• Essas estruturas são:
1) Filme lacrimal
2) Córnea
3) Humor aquoso
4) Cristalino
5) Humor vítreo
Humor
Aquoso
Filme
Cristalino lacrimal
(20D)

Humor
Vítreo
Córnea
(43D)
Sistema Óptico Ocular

• Todas essas estruturas devem ser transparentes para que


a luz se propague adequadamente, portanto, são todas
estruturas avasculares em situações fisiológicas.
• As estruturas de maior poder dióptrico, ou seja,
responsáveis pelo maior parte da convergência dos raios
luminosos, são: CÓRNEA (com cerca de 43D) e
CRISTALINO (cerca de 20D)
• Vamos ver a seguir maiores detalhes de cada uma das
estruturas separadamente.
1. Filme lagrimal ( lacrimal):
tem 3 camada com diferentes funções: :

a) CAMADA MUCOSA: composta por mucina


secretada pelas células caliciformes
conjuntivais, encontra-se diretamente em
contato com as micro vilosidades das células
epiteliais da CÓRNEA, tornando a superfície
irregular e hidrofóbica da córnea um meio
homogêneo e hidrofílico.
Filme lagrimal tem 3 camada com diferentes funções

b) CAMADA AQUOSA: produzida pelas glândulas


lacrimais e 99% de seu volume é composto por
água. Entre suas principais funções, pode-se
destacar:
 Acção antibacteriana pelas proteínas dissolvidas na
água (lisozimas, lactoferrinas, imunoglobulinas A);

 Acção defensiva, sendo um importante acesso de


leucócitos à córnea, que é uma estrutura avascular;

 Aporte de oxigênio (O2) para as células epiteliais da


córnea, por meio do O2 atmosférico dissolvido na
água.
Filme Lacrimal, cont.

c) CAMADA LIPÍDICA: impede a evaporação


excessiva da camada aquosa e é resultado da
secreção das glândulas de Meibomius, de Moll e de
Zeiss, situadas na margem palpebral, ou seja,
próximas aos cílios.

Em casos graves, pacientes com olho seco podem queixar-se de


turvação visual por alteração quantitativa e/ou qualitativa do filme
lacrimal
FILME LACRIMAL
2. Córnea
• Estrutura de maior poder dióptrico do sistema óptico
ocular: apresenta aproximadamente + 43 D (isso é
bastante: uma lupa manual tem geralmente 5D).
• Recebe suprimento de oxigênio do filme lacrimal em
sua camada mais superficial enquanto as camadas mais
profundas são supridas pelo oxigênio dissolvido no
humor aquoso.
• A córnea consome oxigênio e produz gás carbônico
em níveis que permitem a difusão livre dos gases
2. Córnea
• O principal substrato energético utilizado pelo
metabolismo das células corneais é a glicose.
• A glicose utilizada no metabolismo corneal é obtida
primariamente a partir do humor aquoso pelas células
endoteliais, sendo transportada activamente por essas e
difundida passivamente pelo estroma até atingir o epitélio.
• NB: Para que a córnea possa desempenhar
adequadamente sua função óptica no sistema ocular, ela
deve ter: curvatura, espessura e transparência adequadas.

• NB: Em situação patológicas, esses parâmetros podem


estar alterados.
Alteração da função óptica
da córnea
Veja abaixo, por exemplo, um olho normal na figura 1, comparado com o olho de um
paciente com degeneração marginal pelúcida, uma condição na qual o paciente tem
baixa de acuidade visual pois a córnea apresenta áreas de afinamento (flecha) e
aumento da curvatura (superior à flecha)

Fig 1 Fig 2
Alteração da função óptica da córnea

Nessa figura, vemos o olho de um paciente com distrofia granular, uma das
doenças em que a córnea perde a usa transparência. Quando a córnea
perde a transparência de forma acentuada e irreversível (como por exemplo
no caso da figura) pode ser necessário um transplante de córnea para
restaurar a visão
PACIENTE COM ÚLCERA DE CÓRNEA

Agora, podemos ver um paciente com uma úlcera de córnea. Ao


redor da área ulcerada, há edema reaccional (área mais
esbranquiçada). A opacidade, irregularidade da superfície e
curvatura vão resultar em redução da acuidade visual.
3. Humor Aquoso
• Produzido pelo corpo ciliar e escoado pela malha trabecular:

Função:
 Preenche a câmara anterior (entre a córnea e a íris) e a câmara
posterior (entre a íris e o cristalino).

 Oferece os nutrientes essenciais e remove os produtos metabólicos


dos tecidos avasculares adjacentes, como a córnea, o cristalino e a
malha trabecular

 Contém íons inorgânicos e ânions orgânicos, carbohidratos, uréia e


glutation, proteínas, factores moduladores do crescimento, oxigênio
e dióxido de carbono. Ele é livre de todas células sanguíneas e de
99% das proteínas do plasma

 Meio opticamente claro para transmissão da luz


Alteração da função óptica do
humor aquoso
São exemplos de situação patológica em que há perda da transparência do
humor aquoso, uveítes anteriores (na qual a acelularidade do Humor Aquoso é
perdida pela presença de células inflamatórias induzida pela uveíte) e hifema
(presença de sangue na câmara anterior).
Abaixo, vemos um olho com Hifema secundário a um traumatismo ocular. A
visão desse paciente, era muito reduzida, pela limitação acentuada da passagem
de luz pelo humor aquoso

Hifema
4. CRISTALINO
• 2ª estrutura de maior poder dióptrico, com cerca de
+20 D.
• Precisa ter flexibilidade para produzir as alterações
acomodativas necessárias para o olho focalizar a
diferentes distâncias
• Perda da transparência e flexibilidade determinam
problemas ópticos (cataratas)
• Composto por fibras (ácidos graxos saturados, alta
razão colesterol:fosfolípides, e alta concentração de
esfingomielina) e de proteínas (35% do peso total
do cristalino)
Alteração da função óptica
do cristalino
• Pacientes com catarata apresentamperda da
flexibilidade do cristalino e opacificação, o que
determina redução da passagem de luz até a retina e
portanto, piora da acuidade visual.
• Abaixo, um paciente com o cristalino transparente
(fig.1), comparado a outro com catarata (fig.2)
• Muitas vezes, quando o paciente tem uma catarata
avançada (cristalino muito opacificado) como é o caso
abaixo, ele refere que a “menina dos olhos/pupila
ficou branca”
Fig 1 Fig 2
Imagens das Alterações da função
óptica do cristalino

Cristalino com catarata (fig. 2)


cristalino transparente fig. 1
Humor Vítreo
• Meio transparente que ocupa o maior volume do
globo ocular: a cavidade vítrea
• Absorve e redistribui forças aplicadas aos tecidos
oculares adjacentes
• Constituído em 98% de água
• Componentes estruturais mais importantes são
colágeno e ácido hialurônico. Glicoproteínas e
proteínas não-colágeno também foram isoladas.
• Firmemente aderido à base do vítreo e periferia da
retina e ao redor do nervo óptico.
Alterações da função óptica
do vítreo
Abaixo, na figura 1, vemos um fundo de olho normal, com visualização nítida
do nervo óptico, retina e vasos. Na figura 2, o turvamento vítreo ocasionado
por uma hemorragia vítrea impede a visão nítida dessas estruturas
Actividades

• Leitura de texto de apoio


• Questionário

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