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9.

3- CARACTERÍSTICAS DAS LENTES


ÍNDICE
HIDROFÍLICAS SEGUNDO O SEU
MATERIAL ------------------------------------------- 29
CAPITULO I------------------------------------------4 10 - FABRICAÇÃO DE LENTES DE
CONTATO------------------------------------------ 29
1- ANATOMIA E FISIOLOGIA DA CÓRNEA 4
10.1- MOLDAGEM--------------------------------- 29
1.1- ANATOMIA DA CÓRNEA -------------------4
10.2- TORNEAMENTO --------------------------- 30
FIG.1: CAMADAS DA CÓRNEA ----------------4 10.3- CENTRIFUGAÇÃO (SPIN CASTING) 31
1.2- FISIOLOGIA CORNEANA----------------- 12 11 - FATORES A SEREM CONSIDERADOS
1.3- A CÓRNEA NAS ENFERMIDADES ---- 16 NA SELEÇÃO DE UM PACIENTE PARA A
ADAPTAÇÃO DE LENTES DE CONTATO 31
2- PELÍCULA LACRIMAL----------------------- 17
12 - PROVAS E MEDIDAS QUE DEVEM
2.1- MECANISMO SECRETOR DA SER INCLUÍDAS NO EXAME PRELIMINAR
PELÍCULA LACRIMAL --------------------------- 18 PARA LENTES DE CONTATO --------------- 31
3 - HISTÓRIA DAS LENTES DE CONTATO 12.1- EXAME DO SEGMENTO ANTERIOR
-------------------------------------------------------- 18 DO OLHO -------------------------------------------- 31
3.1- LENTES HIDROFÍLICAS ------------------ 19 12.2 - MEDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA
3.2 - LENTES RÍGIDAS GÁS PERMEÁVEIS ADAPTAR LENTES DE CONTATO----------- 32
---------------------------------------------------------- 19 13 - CANDIDATOS PARA LENTES DE
3.3- OUTRAS DESCOBERTAS --------------- 19 CONTATO RÍGIDAS GÁS PERMEÁVEIS - 35
4- LEGISLAÇÃO DA CONTATOLOGIA ---- 20 14- TERMINOLOGIA E CARACTERÍSTICAS
5- ÉTICA DO CONTÁTOLOGO--------------- 23 DAS LENTES DE CONTATO ----------------- 35
6 - CARACTERÍSTICAS IDEAIS DE UM 14-1- PARÂMETROS DAS LENTES DE
MATERIAL PARA LENTES DE CONTATO 24 CONTATO ------------------------------------------- 35
6.1- REQUISITOS DE 15- ASTIGMATISMO RESIDUAL ------------ 39
BIOCOMPATIBILIDADE PARA OS 16- SELEÇÃO DOS PARÂMETROS DA
MATERIAIS DE LENTES DE CONTATO --- 24 LENTE DE PROVA - RGP -------------------- 40
7 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DAS 16.1- DIÂMETRO TOTAL DA LENTE :------- 40
LENTES DE CONTATO ------------------------ 24 16.2- PODER DIÓPTRICO DA LENTE
7.1- TRANSPARÊNCIA -------------------------- 24 POSITIVO-NEGATIVA --------------------------- 40
7.2- DUREZA---------------------------------------- 25 16.3- PODER DIÓPTRICO ---------------------- 40
7.3- FORÇA DE TENSÃO ----------------------- 25 16.3- RZOP: CURVA BASE --------------------- 40
7.4- MÓDULO DE ELASTICIDADE----------- 25 16.4- ESPESSURA -------------------------------- 40
7.5- DENSIDADE ---------------------------------- 25 16.5- PERMEABILIDADE - MATERIAL DA
7.6- ÍNDICE DE REFRAÇÃO ------------------- 25 LENTE------------------------------------------------- 41
7.7- UMECTABILIDADE ------------------------- 25 17- PRINCÍPIOS BÁSICOS DA
8 - PROPRIEDADES DAS LENTES DE ADAPTAÇÃO-------------------------------------- 41
CONTATO------------------------------------------ 25 18- ADAPTAÇÃO DE LENTES ASFÉRICAS
8.1- CONTEÚDO AQUOSO -------------------- 25 -------------------------------------------------------- 42
8.2- CARGA IÔNICA ------------------------------ 25 19- ADAPTAÇÃO DE LENTES TÓRICAS - 42
8.3- TRANSMISSÃO DE OXIGÊNIO --------- 25
20- LENTES DE CONTATO DE CURVAS
9 - MATERIAIS PARA LENTES DE INVERTIDAS -------------------------------------- 42
CONTATO------------------------------------------ 27
21- VERIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS DE
9.1- POLIMERIZAÇÃO --------------------------- 27 LENTES DE CONTATO RÍGIDAS ----------- 42
9.2- CARACTERÍSTICAS DAS LENTES
RÍGIDAS SEGUNDO O SEU MATERIAL --- 27 21.1 ADAPTAÇÃO DA LENTE DE PROVA- 43
21.2- REMOÇÃO DA LENTE ------------------- 46
21.3- HORÁRIO DE USO ------------------------ 47
Curso de Contatologia 2

21.4- VISITAS DE CONTROLE ---------------- 47


22- LENTES HIDROFÍLICAS------------------ 48
22.1- COLORAÇÕES----------------------------- 49
22.2- ADAPTAÇÃO DE LENTES DE
CONTATO HIDROFÍLICAS --------------------- 49
- CURVA BASE ----------------------------------- 49
- DIÂMETRO DA LENTE ----------------------- 49
22.3- AVALIAÇÃO DA LENTE EM
BIOMICROSCOPIA ------------------------------- 51
22.4- HORÁRIO DE USO ------------------------ 51
22.5- SINTOMAS DE ADAPTAÇÃO COM
LENTES DE CONTATO HIDROFÍLICAS --- 52
23- LENTES HIDROFÍLICAS TÓRICAS---- 52
23.1- DESENHOS --------------------------------- 52
23.2- PRISMA--------------------------------------- 52
23.2- ADAPTAÇÃO DA LENTE DE PROVA 54
24- ADAPTAÇÃO EM PÓS CIRURGICOS
REFRATIVOS ------------------------------------- 54
24.1- OBJETIVO ----------------------------------- 54
24.2- INTERPRETAÇÂO ------------------------ 54
24.3- FORMA --------------------------------------- 54
24.4- LEITURA – ----------------------------------- 54
25- MICROBIOLOGIA DOS FUNGOS ------ 55
25.1- ESTRUTURA DA CÉLULA FÚNGICA 55
25.2- MORFOLOGIA E REPRODUÇÃO ---- 56
25.3- NUTRIÇÃO CRESCIMENTO E
METABOLISMO------------------------------------ 56
26- MICROBIOLOGIA DOS VÍRUS---------- 56
26.1- MORFOLOGIA E ESTRUTURA DA CÉLULA
BACTERIANA: ----------------------------------------- 57
27- SISTEMAS DE MANUTENÇÃO --------- 59
27.1- PH SISTEMAS DE MANUTENÇÃO --- 59
27.2- ESCOLHA DO SISTEMA DE ANTI-
SEPSIA ADEQUADO----------------------------- 60
BIBLIOGRAFIA ----------------------------------- 60

Colégio nacional de Óptica e Optometria


Curso de Contatologia 3

APRESENTAÇÃO
ELABORAÇÃO:
O estudo da Contatologia apresenta-se hoje
como um dos campos de maior
desenvolvimento na área da óptica oftálmica.

A tentativa de compensar as dificuldades Nora Leon – Especialista em Optometria da


visuais com lentes de contato é um desafio Universidade de San Martin – Colômbia.
das industrias que tentam substituir os óculos
pelas lentes de contato.

As técnicas de adaptação e a geometria das


lentes de contato estão mudando em uma
velocidade inacreditável.
COLABORADORES:
Lentes para longe, para perto, esféricas,
tóricas, geometria inversa, bifocais,
progressivas. Enfim, tal evolução nos obriga Rosélia Vilarins – Contactóloga
a um estudo constante para podermos
acompanhar a evolução da óptica dessas Ana Rita Freitas – Técnica em Óptica e
lentes. Optometria.

Esta apostila está centralizada em conteúdos Danny Carvalho Magalhães – Bacharel em


considerados mínimos obrigatórios para a Optometria.
adaptação de todos os tipos de lentes
existentes atualmente no mercado. João Cunha – Técnico em Óptica e
Optometria.
Colocado de uma forma clara, o aluno terá a
possibilidade de realizar um estudo simples e Margareth Vilarins – Contactóloga
completo no campo da contatologia.
Juan Bretas – Técnico em Óptica e
Serão abordados temas básicos assim como Optometria.
temas que provocam discussões na prática
da adaptação de lentes de contato. Aurez Muniz – Técnica em Óptica e
Optometria.
Com a participação de profissionais com
muita experiência prática, este material Sedna Maria Ferreira – Técnica em Óptica e
proporcionará ao aluno conhecimentos de Optometria.
grande valia para o seu exercício
profissional.

Lembre-se: o sucesso profissional é


alcançado mediante esforços individuais
visando acima de tudo a coletividade.

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CAPITULO I A espessura periférica média é de


0.67 mm. Nas pessoas míopes com um
defeito superior a 5.00 di a espessura central
1- ANATOMIA E FISIOLOGIA DA CÓRNEA da córnea é de 0.52 a 0.53 mm. A
hipermetropia não afeta a espessura
corneana .
A córnea é um tecido transparente,
A espessura da córnea é maior após
que constitui o principal componente óptico
o sono e diminui um pouco quando os olhos
do olho. A produção de uma imagem nítida
estão abertos e expostos ao efeito
nos receptores da retina requer que a córnea
ressecante do ar.
seja transparente e que tenha o poder
A temperatura da córnea é
refrativo apropriado.
relativamente baixa. No coelho, por exemplo,
O poder de refração da córnea
a temperatura da córnea e a da íris alcança
depende de sua curvatura e de seu índice de o
5 . centígrados.
refração.
A profundidade sagital da córnea é
O raio da superfície anterior da
de 2.6 mm com variações dependendo do
córnea é, em média, 7.8mm na região
raio da curvatura corneana.
central. Esta medida pode variar, oscilando
entre 7.0 e 8.5 mm sem alterar a boa função
visual. Em condições patológicas, estes
OUTRAS MEDIDAS:
limites se ampliam ainda mais.
Diâmetro horizontal visível da íris
O índice de refração da córnea é
(DHVI) .................11.7 mm
de 1.376 ignorando o filme lacrimal, o que dá
Diâmetro vertical visível da íris
a região central anterior um poder de
(DVVI) ......................10.6 mm
refração de 48.8 di .
A superfície posterior côncava da
córnea está em contato com o humor
1.1- ANATOMIA DA CÓRNEA
aquoso, que tem um índice de refração
Até pouco tempo, acreditava-se que
menor (1.336) de modo que o poder de
a córnea era composta por cinco camadas :
refração desta superfície é de 5.8 di ,
Epitélio, Membrana de Bowman , Estroma,
produzindo um poder total de refração de
Membrana de Descemet e Endotélio .
43.00 di , ou seja, aproximadamente 70 % do
Atualmente se reconhece a existência de
poder de refração do olho.
uma Membrana Basal delgada que se
A superfície anterior da córnea é
estende sob o Epitélio.
mais curva na parte central e um pouco
aplanada na parte periférica, dando a córnea
uma forma de hipérbole.
A área central da córnea, de 3 a 4
mm, é quase esférica.
A curvatura da córnea muda com o
passar dos anos. É mais esférica na infância
e adquire um astigmatismo a favor da regra
durante a infância e adolescência.
A córnea tem um raio de curvatura
menor, é mais altamente refrativa no
meridiano vertical que no horizontal. Esta
regra é exata em 90 % dos casos. Ela volta a
ser mais esférica na idade média e passa a
apresentar um astigmatismo contra a regra
na velhice.
A espessura corneana também
aumenta um pouco com a idade. A FIG.1: CAMADAS DA CÓRNEA
espessura é de 0.55 mm nas pessoas A: Epitélio
menores de 25 anos, logo aumenta b:Camada de Bowman
lentamente com a idade até alcançar 0.57 c:Estroma
mm em pessoas maiores de 65 anos. d:Camada de Descemet

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E:Endotélio fluoresceína e o filtro azul cobalto.Quando


há alguma interrupção do epitélio se observa
1.1.1- EPITÉLIO uma variação da espessura da película
A existência do Epitélio Corneano foi lacrimal, observando-se o tingimento das
reportada pela primeira vez por Van células lesadas.
Leeeuwenhock (1693-1718).As células do É importante que o contatólogo
epitélio corneano formam uma linha de examine o epitélio dos pacientes usuários de
defesa para todo usuário de lentes de lentes de contato, já que as primeiras
contato. reações corneanas adversas em usuários de
A córnea começa a sua formação lentes se manifestam no epitélio.
durante a quinta semana de gestação. O
estroma corneano, que é de origem A- FUNÇÕES DO EPITÉLIO
mesodérmica, em sua fase inicial é coberto
anteriormente por duas camadas de células - PROTEÇÃO FÍSICA
do ectoderma.Estas camadas se diferenciam O epitélio é a estrutura corneana
para formar o epitélio corneano. Aos três mais externa e tem que proteger as delicadas
meses, as fibras nervosas começam a estruturas internas, as quais, quando
aparecer entre as células epiteliais. lesadas, não podem se reproduzir. O epitélio
O epitélio corneano é continuação do não somente oferece resistência aos corpos
epitélio conjuntival, o qual por sua vez é estranhos como objetos voadores ou lentes
continuação da epiderme da pele. O limite de contato como também resiste à fricção
interno do epitélio está formado por uma continua do piscar ou os rigores do ato de
membrana basal, que também é sintetizada. esfregar os olhos.O epitélio tem uma
Externamente, a atmosfera está natureza altamente elástica a danos físicos
separada do epitélio pelo filme pré- significantes. Adicionalmente o epitélio
corneal.Fora da espessura periférica e até a possui uma excelente reprodutibilidade.
região limbar , o epitélio tem uma estrutura Então quando sofre um trauma, se recupera
multicelular marcadamente uniforme de 50 a rapidamente. Esta recuperação acontece
60 micras de espessura. Considera-se então primeiro por uma migração das células
que o epitélio ocupa aproximadamente 10 % existentes que cobrem a área lesada e em
da espessura corneana. seguida por uma reprodução acelerada para
substituir as células perdidas.

Fig.2:EPITÉLIO E CAMADA DE BOWMAN


Fig.3:MEMBRANA DE DESCEMET E
- ÓPTICA
.
O Índice de refração varia, segundo
ENDOTÉLIO
as pesquisas, entre 1.375 e 1.543. A córnea,
como foi mencionada previamente, é
O epitélio é formado por cinco a seis
responsável pela maior quantidade de
camadas de células do tipo estratificado.
poder refrativo do olho e o epitélio tem que
O epitélio corneano pode ser observado em
manter sua uniformidade para proporcionar
biomicroscopia em secção óptica ou
uma superfície óptica perfeita. Além disto, o
paralelepípedo.Ele é visto como uma linha
epitélio deve manter-se transparente.
delgada sendo a diferenciação entre as
Quando há problemas com a
lágrimas e o epitélio corneano mais
transparência desta camada corneana, a
evidenciada com a aplicação de

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função óptica pode ser afetada. Esta As células epiteliais mudam à medida que
condição é conhecida como Véu de Sattler. envelhecem e a mudança é mais óbvia no
- ESTABILIZAÇÃO LACRIMAL seu progressivo aplanamento à medida
Há uma interação entre as lágrimas e que alcançam à superfície corneana .
a córnea. Esta relação é parcialmente a Temos que levar em conta a
causa do rompimento da lágrima. É certo que natureza dinâmica do epitélio quando se
a córnea não traumatizada parece manter tratam de entender certas características
intacto o filme corneano por um período de desta camada. Por exemplo, a constante
tempo mais longo que a córnea com defeito remoção de células epiteliais provavelmente
epitelial. explique melhor porque é rara a subida dos
Pode ser que o micro vilosidades ao axônios encontrados no epitélio.Aqui eles
longo da superfície corneana tenha um efeito preferem mover-se entre as células,
reconstrutivo sobre as lágrimas, promovendo enquanto nas células basais os axônios se
sua estabilidade.Esta possível função do movem estreitamente dentro da parede
micro vilosidades ainda deve ser celular.
estabelecida.
1.1.2- CÉLULAS BASAIS E MEMBRANA
- BARREIRA CONTRA OS FLUÍDOS BASAL
Muitas úlceras corneanas que A camada de células basais é
aparecem na superfície perda de células metabolicamente mais ativa. É somente
epiteliais superficiais permitindo a entrada de nela que se produz à síntese de novas
microorganismos na córnea. Sabe-se que células, o que não ocorre em nenhuma outra
uma córnea intacta é impenetrável a quase camada do epitélio. É lógico então pensar
todos os microorganismos. O rompimento da que estas células possuíram um aparato de
barreira a fluidos também abre a porta para a Golgi, mitocôndrias, vesículas e reservas
entrada ou saída de água do tecido. de glicogênio maior que as demais.
As células basais são células
B- MICRO E ULTRA-ESTRUTURA colunares altas, medindo aproximadamente
O epitélio corneano é formado por 18 micras de altura e 10 micras de largura.
cinco a seis camadas de células. Nele há Exceto pela sua parte interna plana, o
três tipos de células diferenciadas. Estas contorno das células basais mostra
células são denominadas basais, aladas e numerosas interdigitações superficiais, que
escamosas. As células basais são as mais unem células vizinhas. Seu núcleo é
internas e formam uma simples camada de esférico e um pouco deslocado
células colunares. Esta camada forma anteriormente.
aproximadamente de 25 a 35 por cento do As células basais formam numerosos
total da espessura corneana.A face interna contactos desmosomais com suas vizinhas
plana das células basais está unida à ao longo das paredes anterior e lateral. As
membrana basal. A relação anatômica entre células epiteliais estão unidas umas às
a membrana basal e o epitélio ajuda a que outras por suas interdigitações, pelos
em toda a largura da córnea o epitélio possa desmossomas e pelas zonulas ocludens .
realizar sua função protetora. Os desmossomas são pontos de
Externamente a membrana basal tem união entre as células, aonde as
de duas a três camadas de células aladas membranas celulares se tornam mais
.As células escamosas , também chamadas grossas e muitas fibrilas se unem. O grande
superficiais , formam de duas a três número de desmossomos, junto com o
camadas de células , aplanando-se à medida entrelaçamento apertado de conjuntos
que são mais superficiais . celulares, faz com que o epitélio seja
As células epiteliais normalmente resistente à desintegração.
começam sua vida ao longo da membrana As zônulas foram identificadas por
basal, em meio às células basais . Daí tem Liegel. São compostas da fusão de
de migrar até a superfície onde completarão proteínas externas da membrana das
seu ciclo de vida para terminar nas lágrimas células adjacentes. Esta fusão ocludens do
.Os três tipos de células epiteliais corneanas espaço intercelular, que tem normalmente
são realmente a mesma célula em de 10 a 20 mm e pode ser contínuo, ao redor
diferentes estágios de seu ciclo de vida . de toda a célula.

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A zônula ocludens determina o surpreendente que ela se torne mais grossa


grau de permeabilidade do epitélio com a idade.
corneano à água, substâncias solúveis e
drogas. 1.1.3- MEMBRANA DE BOWMAN
A fixação do epitélio ao longo da A membrana de Bowman é uma
membrana basal é devido a um grande lâmina de tecido transparente de
número de hemidesmosomas, os quais aproximadamente 12 micras de espessura.
não estão sempre distribuídos de forma Observada ao microscópio eletrônico,
uniforme, mas aparecem algumas vezes em aparece constituída de fibrilas uniformes,
pequenos grupos. A fixação normalmente é provavelmente de material colágeno, que
muito forte. correm paralelas à superfície.
O hemidesmosoma é a metade de A membrana de Bowman é
um desmossoma, e é uma metade simples acelular. É uma camada de estroma
porque não há uma célula oposta ao longo superficial modificado, encontrada somente
de sua face. Isto não parece ter nenhum entre os primatas. É altamente resistente a
efeito negativo na união entre a célula e a lesões, pressão e infecção. Diferentemente
membrana basal. Já foi demonstrado que um do epitélio (e da membrana de Descemet), a
ponto débil no epitélio para romper forças membrana de Bowman não se regenera
após uma lesão está exatamente nas quando lesada, mas é substituída por uma
células epiteliais basais. cicatriz permanente ou opacidade , donde
Quando as forças alcançam um nível a importância de prevenir qualquer
destrutivo, as células basais se rompem complicação causada por lentes de contato
entre o seu núcleo e o seu plasma interno, que trespasse o epitélio.
então a massa das células basais, junto com 1.1.4- ESTROMA
células aderidas é removida inteiramente da O estroma compreende 90 % da
córnea em um trecho. espessura corneana. É composta por
A membrana basal, que está muito camadas de lamelas, cada uma das quais se
unida, só estará aderida levemente em uma estende por toda a extensão da córnea.
córnea anormal e neste caso se Embora os haces se entrelacem, são mais
desprenderá junto com o epitélio. A córnea ou menos paralelas à superfície de limbo a
de uma pessoa com diabetes é um exemplo limbo.
no qual a membrana basal se separa com o Em condições normais, o estroma corneano
epitélio da córnea restante em uma eventual possui cerca de 715 de colágeno tipo I ,
lesão. Normalmente, porém, um trauma embora também encontremos outros tipos
severo não vai remover a membrana basal. como o III , V , VI .
Isto é um fato importante, já que se o Existe de 100 a 200 lamelas, que
estroma anterior estiver envolvido permite a variam numa espessura entre 1.3 a 2.5
sua cicatrização . Devido à presença da micras.
membrana basal, a reepitelização é A estrutura laminar do estroma
facilitada. facilita tecnicamente as incisões na córnea.
A membrana basal é simples em Os corpos celulares, denominados
sua estrutura, como qualquer outra lâmina corpúsculos corneais, queratócitos ou
basal no corpo.É uma membrana uniforme e fibroblastos corneanos são células
delgada (0.05 micras).Está separada do delgadas e planas de 10µm de diâmetro,
epitélio por um espaço de 0.01 a 0.02 micras. com largos processos, que permitem
A membrana é plana e mostra apenas umas conectar um queratócito a outro.Seus
ondulações mínimas. Na região periférica o complexos de união são: mácula ocludens e
epitélio e sua membrana basal se tornam os hemidesmosomas. As células se
progressivamente menos planos e mais caracterizam por possuir retículo
ondulados. endoplasmático granular. Este
É importante ressaltarmos, que esta ordenamento das fibras proporciona
descrição da morfologia da membrana basal uniformidade óptica à córnea.
se aplica unicamente à córnea jovem. À Também se encontram
medida que o epitélio sintetiza continuamente glucosaminoglicanos (Gags ou MPS) muito
material da membrana basal, não é hidrofílicos , responsáveis pela exatitude do
espaço entre as fibrilas .

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1.1.5- MEMBRANA DE DESCEMET


A membrana de Descemet (lâmina
posterior elástica) é forte, com 10 a 15 micras
de espessura.
A membrana de Descemet é
produzida pelas células do endotélio
corneano. Sua espessura vai aumentando
ao longo da vida. Compõe-se de colágeno
tipo IV. Sua função fundamental é a de dar
suporte e adesão às células do endotélio.
Outra característica da membrana de
Descemet é sua extraordinária resistência.
Na realidade trata-se da parte mais resistente As células do endotélio corneano funcionam
da córnea, já que em caso de destruição do para manter a hidratação corneana
epitélio e estroma, se encarrega da formação formando uma barreira para a passagem
da desmatocele. de água e solutos para o estroma. Sua
ação também é bombear para fora do
1.1.6- ENDOTÉLIO CORNEANO estroma soluto, junto com a água que segue
A camada mais interna da córnea, o passivamente segundo os gradientes
endotélio, consiste de uma camada simples osmóticos locais.Este mecanismo de
de células hexagonais. As células estão bombeia-barreira pode ser medido segundo
unidas debilmente à membrana de Descemet critérios clínicos.
por hemidesmosomas e umas às outras por Uma medida mais sensível, porém
interterdigitação, desmossomas e zônulas mais difícil, da função endotelial é a taxa de
ocludens próximo à câmara anterior. Ao “desedematização” da córnea do estado de
contrário do Epitélio, as células endoteliais edema induzido por duas horas de uso de
não se regeneram.Quando há alguma lesão uma lente hidrofílica espessa com o olho
às células podem alcançar o dobro do seu fechado.A taxa da saída da condição de
tamanho normal. edema , expressada como a percentagem
A densidade das células endoteliais de recuperação por hora (PRPH) é em
diminui com a idade, como resultado de média de 63% em adultos normais e diminui
trauma na cirurgia de catarata, transplante de com a idade .
córnea e implante de lente intraocular. A função de barreira ou de bombeio
O aspecto morfológico das células do é avaliada a partir da permeabilidade
endotélio corneano normal se caracteriza por endotelial a fluoresceína , que é de 4’0 x 104
um mosaico de células com um tamanho cm/min e aumenta um pouco com a idade .
médio de 332 mm (equivalente a uma Podemos estimar a taxa relativa de
densidade celular de 3.012 células /mm2) , bombeio endotelial (com respeito à normal)
um coeficiente de variação (desvio a partir das medidas obtidas para a taxa de
típico/médio) de 0,26 e uma percentagem saída do edema e a permeabilidade. Estes
de células hexagonais de 71 % . Com a dados mudam muito pouco com a idade.
idade, a densidade celular aumenta em 0,6
% ao ano , o coeficiente de variação aumenta A - ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DO
e a percentagem de células hexagonais ENDOTÉLIO COM O USO DE LENTES DE
diminui. CONTATO
As primeiras alterações que se
observam no endotélio corneano quando o
Fig.4: MOSAICO ENDOTELIAL olho usa uma LC são ampolas ou bolhas
endoteliais, descritas originalmente por
Zantos e Holden. Esta reação do endotélio se
produz aproximadamente em 80% dos novos
usuários de lentes de contato e não é
encontrada em usuários adaptados.
As pequenas áreas escuras que se
observam por reflexão especular são

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edemas localizados das células medida pela diminuição da percentagem


endoteliais, com avultamento das de células hexagonais (e o conseqüente
membranas celulares posteriores. aumento das hexagonais) . Estas anomalias
As ampolas aparecem após 10 minutos da se observam nos três primeiros meses de
colocação da lente, alcançam seu tamanho uso diário de lentes de contato e parecem
máximo ao fim de uns 30 minutos e vão aumentar à medida que aumenta o tempo de
desaparecendo se mantivermos a lente uso. Foram descritas com lentes de polimetil
adaptada. Também desaparecem metacrilato – PMMA, com hidrofílicas , com
rapidamente após a retirada da lente. rígidas permeáveis aos gases – RGP de uso
Alterações morfológicas do endotélio diário, bem como com lentes de hidrogel de
corneano: uso prolongado. Estão ausentes em
 Ampolas: de forma transitória no início usuários de lentes de silicone permeáveis
do uso ; ao oxigênio. Foi observado que a gravidade
 Polimegatismo:diversidade de das alterações diminui levemente 15 meses
morfologia celular (superfície celular / após a substituição das lentes de PMMA por
média); lentes RGP. Dados comprovam que o
 Pleomorfismo: diversidade de polimegatismo e o pleomorfismo induzidos
morfologia celular (% de células pelo uso de LC se mantêm ao menos
hexagonais). durante 5 anos após se haver deixado de
utilizar as lentes.
Embora a reação esteja bem Acredita-se que ambas as alterações se
documentada, não se tem observado que as devam a hipóxia corneana crônica induzida
ampolas causem transtornos permanentes às pelo uso de LC. Este mecanismo causal é
células endoteliais ou a sua capacidade compatível com a ausência de anomalias que
funcional. Acredita-se que as ampolas sejam são observadas no caso das lentes de
os resultados da acidose corneana ligada silicone e com a correlação inversa com a
a hipóxia . São produzidas tanto com lentes transmissibilidade para o oxigênio citada
rígidas como com hidrofílicas, mas raras mais acima. Provavelmente as alterações se
vezes com lentes de silicone, que são muito devem a hipóxia das células endoteliais , que
permeáveis ao oxigênio. São mais provoca uma maior produção de lactato e da
acentuadas com lentes de baixa conseqüente acidose do estroma corneano .
transmissibilidade ao oxigênio. A reação Os hexágonos regulares representam à
endotelial é menor em olhos afásicos e configuração mais estável para uma
também pode ser observado pela manhã, monocamada de células. O polimegatismo
após os olhos estarem fechados por toda à e pleomorfismo se dão em diversos
noite, depois da córnea ter sido exposta à processos nos quais as células endoteliais
falta de oxigênio ou exposta a excesso de estão lesadas ou desestabilizadas de
anidrido de carbono. alguma forma, como ocorre depois da
Uma segunda alteração que se produz extração da catarata , após ceratoplastia
no endotélio corneano dos portadores de LC penetrante , nos soldadores que utilizam o
é o desenvolvimento das anomalias arco voltaico ou em pacientes com
morfométricas, o polimegatismo e o diabetes.
pleomorfismo. Foram observadas pela Em um exame histopatológico do
primeira vez em 1981, são visíveis em endotélio de 3 córneas humanas de
fotografias endoteliais ou em imagens de portadores de LC, Bergmanson observou que
vídeo feito com o microscópio especular e se os espaços intercelulares e as faces
quantificam medindo as células laterais das células eram mais inclinados e
individualmente nas referidas imagens. oblíquos que o normal. Considerando que os
O polimegatismo é o aumento na contornos das células endoteliais que se
diversidade de tamanhos das células, observam por reflexão especular
medido pela elevação do coeficiente de representam as uniões intercelulares na
variação (desvio típico/média) da superfície superfície posterior do endotélio, onde se
celular. A palavra deriva dos radicais gregos constitui a interfase com o humor aquoso e a
“poli” = muitos e “megatismo” = tamanho. diferença entre índices de refração é
O pleomorfismo é o aumento da máxima, a reorientação oblíqua das faces
diversidade das formas das células , laterais das células significa que é possível

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que o volume das células não varie muito Em uma investigação específica sobre o
de umas para outras. uso de LC em córneas com endotélio
Existe uma terceira alteração anormal (pacientes submetidos a
morfológica no endotélio corneano que ceratoplastia por ceratocone), não se
pode se produzir nos usuários de lentes de observaram diferenças de densidade celular
contato, mas este fato não foi seguramente entre 15 enxertos que usaram LC durante 10
comprovado. Consiste na disparidade entre anos e 19 enxertos com a mesma
a densidade de células do centro da antiguidade que não usaram lentes. Portanto
córnea e a da periferia. Dois estudos parece não haver provas de que o uso de
mostraram que, em usuários de lentes de LC durante período prolongado cause
contato, esta densidade é menores na zona perda de células endoteliais.
central que na periferia. Por fim, embora o uso de LC cause
Em outras duas pesquisas, estas polimegatismo e pleomorfismo no endotélio
diferenças entre portadores de lentes de corneano, não parece provocar diminuição
contato e controles não foram observadas. da densidade de células endoteliais.
Nenhum dos dois grupos mostrava
disparidade entre a densidade celular da B - ALTERAÇÕES FUNCIONAIS DO
zona central e a da periferia.Talvez as ENDOTÉLIO CORNEANO COM O USO DE
alterações observadas nos dois primeiros LC
estudos afetassem pacientes que usavam A função mais importante do
lentes menos permeáveis ao oxigênio endotélio corneano é o controle da
durante mais horas que nos dois últimos. hidratação para manter normal a
Quando se suspende o uso de lentes de espessura da córnea. A maioria dos
contato trás a ceratetctomia fotorrefrativa, estudos sobre os portadores de LC mostra
desaparece a disparidade centro-periferia, que a espessura corneana ou não se
com aumento aparente da densidade de modifica ou o faz ligeiramente, em cerca de
células centrais e diminuição da densidade 23 %.
de células periféricas. Por conseguinte, é Desta forma, após suspender o uso
possível que este aumento relativo da da lente, a espessura diminui perto de uns
densidade das células centrais, de 2% ao longo de vários dias. Assim é provável
aproximadamente 7% , mascare uma que o edema induzido durante o uso da
verdadeira perda celular pela lesão do laser lente, mascare a diminuição, em longo prazo,
nos casos em que se aplica a energia do da espessura do estroma. Sem dúvida, tal
laser perto do endotélio, como ocorre na diminuição representa provavelmente uma
queratomileusi in situ assistida pelo laser alteração do estroma corneano e de sua
(LASIK). pressão de edematização induzidas pela
Partindo das alterações morfométricas acidose crônica e não um transtorno da
evidentes observadas nas células do função do endotélio.
endotélio corneano dos portadores de lentes Conforme foi descrito anteriormente,
de contato e que acabamos de descrever, o endotélio corneano controla a espessura
cabe esperar uma menor densidade celular corneana mediante um mecanismo de
na zona central. Estudos de excelente bombeio-barreira que mantêm tanto uma
qualidade não conseguiram determinar barreira frente à entrada de solutos e
claramente que os usuários veteranos de LC líquidos na córnea como uma bomba para
tenham uma densidade de células extraírem solutos e líquidos para fora
endoteliais menores que os controles de dela. Se aceita que a permeabilidade do
idades comparáveis e um estudo mostrou endotélio a fluoresceína é proporcional à
aumento da mesma. Assim, é possível que passagem desta ao interior da córnea e se
córneas que de algum modo são anormais, emprega como uma medida da função de
sendo assim mais sensíveis ao stress barreira. É normal nos portadores veteranos
endotelial causado pelo uso de LC, mostre de LC. A função de bombeio lacrimal não é
perda de células endoteliais centrais, o que afetada pelo uso de LC.
explicaria os informes isolados de casos de Também já foi observado que nestes
portadores de lentes com baixas densidades usuários veteranos a velocidade relativa da
de células endoteliais. bomba endotelial não difere da dos controles
de idade comparáveis.Este mesmo estuda

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tão pouco revelou diferenças na taxa de lentes atuais que não tem PMMA na sua
desedematização depois de edema estroma composição e têm certa permeabilidade ao
induzido por hipóxia.Mediu-se também, em oxigênio. É possível que tão pouco os
outro estudo, a taxa de desedematização em pacientes com córneas que apresentem uma
portadores veteranos de LC e se observou anomalia prévia estejam em situação de
que estava diminuída. Nesta última risco, porém temos que observá-los mais
investigação não se mediu a permeabilidade estreitamente para verificar se ocorre perda
endotelial, e assim não foi possível estimar a de células endoteliais ou se a função
função de bombeio. endotelial fica afetada.
Em resumo, não há provas firmes
para demonstrar que o uso de LC afete a 1.1.7- LIMBO
função do endotélio corneano. O limbo é a zona de transição, de
aproximadamente um milímetro de largura,
C - CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS DOS na qual a córnea se une com a conjuntiva e
EFEITOS DO USO DE LC SOBRE O com a esclera. Difere estruturalmente da
ENDOTÉLIO córnea e contem vasos e linfáticos, os quais
normalmente não são encontrados na
Embora lentes de contato sejam córnea.
usadas há muitos anos não tem havido O funcionamento fisiológico da
informações a respeito de alterações córnea depende do limbo, do qual a córnea
permanentes da densidade ou do recebe parte de seus nutrientes. A região
funcionamento das células endoteliais limbar é especialmente significante na
atribuídas com certeza a sua utilização. adaptação de lentes de contato, por sua
Holden e Sweeney observaram em três vizinhança com a córnea e porque algumas
antigos usuários de lentes de PMMA e em lentes de contato descansam diretamente
um antigo usuário de lentes gelatinosas uma sobre o limbo.
afecção caracterizada por moléstias O limbo difere em sua estrutura
oculares, diminuição da visão e fotofobia histológica da córnea porque possui
ao utilizar as lentes. Chamaram este quadro unicamente duas camadas, o estroma e o
clínico de “Síndrome do esgotamento epitélio. O epitélio do limbo é mais grosso
corneano” (corneal exhaustion syndrome). que o da córnea e contem cerca de 10
Os sintomas desapareceram ao interromper camadas de células que se projetam até
o uso das lentes ou quando se adaptam abaixo radialmente.
outras lentes com maior índice de
permeabilidade ao oxigênio.Por esta razão A-INERVAÇÃO
os autores atribuíram a síndrome à A córnea é inervada pelo quinto par
disfunção endotelial por hipóxia craniano, o nervo trigêmeo. Os nervos se
prolongada e acidose devida ao uso de dividem dicotomicamente; emergindo das
LC. zonas mais profundas da córnea, as fibrilas
Como este transtorno é pouco nervosas perfuram a membrana de Bowman
freqüente e não pode ser estudado de forma e formam um plexo exatamente abaixo do
controlada, existe uma possibilidade definida epitélio.
de que esses sintomas não sejam Em seu curso posterior, as
decorrentes da disfunção endotelial ou, se terminações livres dos nervos correm entre
forem, que os pacientes tenham alterações células epiteliais. A córnea é um dos
endoteliais não relacionadas com o uso de tecidos mais sensíveis do corpo e esta
LC, o que os torna mais propensos aos sensibilidade serve para sua proteção. É
efeitos de um uso que é tolerado pelas extremamente doloroso quando os terminais
córneas normais. nervosos estão expostos em úlceras ou
Não foi demonstrado de forma abrasões corneanas.
concludente que o uso de LC durante Existe também na córnea uma
longos períodos tenha efeitos nocivos inervação simpática. A função que
sobre o endotélio corneano de pacientes desempenha este tipo de inervação está
com córneas normais, pelo que se pode muito confusa e; é tema de polêmica;
assegurar que as lentes não lesionaram as ultimamente tem sido sugerido que está
células endoteliais, em especial com as implicada na regulação do transporte

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iônico ou na regulação da divisão celular na córnea provocando opacidades. A


(mitose), já que uma ativação simpática comparação química entre a córnea e a
impede a cicatrização de erosões corneanas. esclerótica demonstra que os MPS estão
praticamente ausentes na córnea. É natural
então que os MPS tenham sido relacionados
com a manutenção da hidratação e da
transparência corneanas, já que a esclerótica
1.2- FISIOLOGIA CORNEANA é opaca e reflete e dispersa a luz em
condições normais.
1.2.1- BIOQUÍMICA DA CÓRNEA
A composição química da córnea B - MEMBRANA DE DESCEMET
equivale à soma de suas partes, ou seja, o A membrana de Descemet está
estroma, epitélio, endotélio e a membrana de constituída por um material semelhante ao
descemet. O número de células e sua colágeno, com um elevado conteúdo de
morfologia variam entre estas áreas e isto se glicínia e hidroxiprolina. Em contraste com o
reflete nas diferenças químicas. estroma corneano, não possui quantidades
Quimicamente, a córnea é um tecido significativas de MPS. A membrana de
heterogêneo. Descemet é muito elástica e representa
uma barreira à perfuração nas úlceras
A - ESTROMA DA CÓRNEA profundas da córnea.
O estroma é um tecido conectivo
diferenciado que contem entre 75 a 80% de C - EPITÉLIO CORNEANO
conteúdo aquoso, considerando seu peso Na composição química das células
úmido. Dos sólidos restantes, 20 a 25% , a epiteliais:
maior parte é constituída por colágenos, - A água representa cerca de 70 % do peso
outras proteínas e mucopolissacarídeos úmido.
ou glucosaminoglicanos. As fibrilas de - Os sólidos são: ácidos nucléicos ADN
colágeno formam o esqueleto do estroma (ácido), ARN (ácido).
corneano.As propriedades fisicoquímicas - Lipídios (fosfolipídios e colesterol) nas
do colágeno corneano não difere das do membranas celulares.
colágeno dos tendões e da pele. - Proteínas.
O colágeno é dissolvido pelas No epitélio acontecem grandes
enzimas proteolíticas tais como a atividades de enzimas de glucólises, ciclo de
colagenose, a pepsina e a papaína. Krebs e Atpase ativada por Na+K+.
Os mucopolissacarídeos (MPS; Os epitélios contem ATP, glutacion e ácido
glucosaminoglicanos) representam entre 4 a ascórbico.
4,5 % do peso seco da córnea. Os MPS
estão localizados no espaço interfibrilar e D - METABOLISMO CORNEANO
intersticial provavelmente unido às fibrilas O termo metabolismo compreende
do colágeno ou às proteínas solúveis da uma série de processos químicos, por meio
córnea. Os MPS localizados no espaço dos quais se obtém energia que logo se
intersticial desempenham uma função na utiliza para manter as funções normais de um
hidratação da córnea através de interações tecido.
dos eletrólitos e a água.Os MPS atuam A córnea necessita a energia para
como anions e une os cátions como a manter a transparência e desidratação.
água. No estroma corneano se encontram A energia em forma de ATP é gerada
três frações principais de MPS: por meio da degradação da glicose em:
- Queratam –sulfato (50%) - Ácido Láctico ( glucólisis)
- Condroitin-Sulfato A (25%) - CO2 e H2O (Ciclo de Krebs)
- Condroitina (25%) A córnea obtém glicose
Os MPS são degradados por principalmente do humor aquoso. As
enzimas específicas. A codroitina se lágrimas e os capilares do limbo
encontra exclusivamente na córnea. Em aparentemente contribuem com quantidades
pacientes que padecem de erros inatos do mínimas de 02 e glicose para o metabolismo
metabolismo dos MPS, conhecido como da córnea. Quando os olhos estão fechados,
mucopolissacaridose, os MPS se acumulam

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o O2 provem dos vasos da conjuntiva durante os processos de reparação que


palpebral. sucedem as feridas traumáticas ou
O corpo obtém a energia a partir do cirúrgicas.
metabolismo de carboidratos básicos pela
conversão de ADP (Adenosina Fosfato) em E - COMPOSIÇÃO ELETROLÍTICA DO
ATP (Adenosina Trifosfato). ESTROMA E DO EPITÉLIO CORNEANO
O metabolismo da córnea tem três
vias. A mais importante é a do Ciclo de O estroma da córnea tem uma
Krebs. Este produz uma grande quantidade elevada concentração de íons Na+ ,
de energia (36 moléculas de ATP por cada enquanto o epitélio é rico em íons K+ .Os
molécula de glicose) e os produtos três fluídos que rodeiam a córnea (plasma,
secundários obtidos nesta reação são água e humor aquoso e lágrimas) são também ricos
dióxido de carbono, os quais se dispersam em íons Na+. No estroma corneano é
com facilidade. evidente que a soma dos cátions Na+ e K+ é
A segunda é a via anaeróbica de superior à do anion Cl -.
Embden Meyerhof com uma produção baixa Uma parte das forças osmóticas
de energia (2 moléculas de ATP por molécula pode ser originada pelos íons bicarbonato.As
de glicose). Os produtos secundários desta restantes forças aniônicas podem ser
reação, como o lactato, não se reciclam. A originadas pelo MPS. Sabe-se que cada
retenção de lactato quando se reduzem os molécula de queratina sulfato e condroitina –
níveis de oxigênio está fortemente implicada sulfato possui entre 27 e 160 pontos de união
como causa de edema corneano, ao produzir para cátions univalentes. Além dos MPS as
uma alteração no equilíbrio osmótico. fibrilas de colágeno e a proteína livre podem
A terceira via é a da Pentose, aonde atuar como anions para obter a neutralidade
se converte hexose em pentose. Só se eletroquímica da córnea.
produz uma molécula de ATP por cada
molécula de Glicose, porém é uma via vital, F - DESIDRATAÇÃO DA CÓRNEA
já que os produtos intermediários são A córnea normal mantém durante a
utilizados na síntese dos ácidos nucléicos vida uma espessura bem
e lipídios. Esta via pode não estar ativa nos constante.Conserva seu conteúdo aquoso
queratócitos estromas. em um nível estável, que oscila entre 75 a 80
Quando a tensão anterior do oxigênio % de seu peso. Pedaços de tecido corneano
cai, as duas vias aeróbicas trabalham isolados mostram uma marcada afinidade
reduzidas, enquanto a via anaeróbica com a água quando são submergidos, em
compensa parcialmente e a produção total de soluções isotônicas. Nestas condições a
ATP diminui. Assim há uma clara relação córnea se edematiza e perde transparência.
entre a concentração de oxigênio e a O equilíbrio da água existente na
energia disponível para as funções córnea viva originou interrogações com
celulares. respeito aos fatores que mantém a relativa
A maior parte do oxigênio desidratação do tecido:
consumido pela córnea é absorvida pelo - Integridade anatômica do epitélio.
epitélio e pelo endotélio. O endotélio da - Equilíbrio eletrolítico e Osmótico.
córnea obtém a maior parte do oxigênio pelo - Metabolismo.
humor aquoso, enquanto o epitélio obtém o - Evaporação de água através da
oxigênio tanto pelos capilares do limbo superfície anterior.
como o oxigênio dissolvido na película - Pressão intra-ocular.
lacrimal. Isto é confirmado por experiências - Integridade anatômica do endotélio e o
clínicas: quando se utiliza lente de contato epitélio.
ajustada e de diâmetros muito grande Quando se produz uma lesão do
durante períodos prolongados, a córnea se epitélio do endotélio corneano por meios
edemacia. químicos ou físicos, aparece um edema do
A glicose pode ser armazenada no estroma. Qualquer condição que provoque a
epitélio em forma de glicogênio para ser perda do epitélio poderá produzir áreas de
degradado em certas situações de edema e opacidade corneana.
emergência nas qual o tecido necessita de Afortunadamente, o epitélio da córnea se
energia adicional, como por exemplo, regenera rapidamente e geralmente o

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excesso de hidratação da córnea é leve e desidratação corneana por meio da


transitório. Danos ao endotélio são muito constante translação de água através de
mais sérios. A destruição massiva das suas superfícies anterior e posterior.
células endoteliais provocará um acentuado Todos os estudos tendem a
e às vezes permanente edema, bem como fundamentar o conceito de que as forças
a perda da transparência. Isto pode ocorrer osmóticas podem atuar sobre a córnea para
como conseqüência de danos mecânicos ao manter o tecido em estado de relativa
endotélio durante a cirurgia ocular. desidratação.
Em coelhos a remoção do epitélio
produz em 24 horas um aumento médio de H - METABOLISMO
200 % na espessura corneana, enquanto que As atividades metabólicas da córnea
a remoção do endotélio produz um aumento contribuem para manter a desidratação do
de 500%. tecido. Provavelmente a inibição do
O fato de que danos ao endotélio metabolismo do endotélio e do epitélio devido
resultam em um edema corneano maior e à falta de ATP necessária para o
mais rápido sugere que o endotélio é de funcionamento da “bomba” eletrolítica, é a
grande importância para a manutenção da causa principal da citada sobre-hidratação
desidratação corneana.Foi assinalado que corneana.
isto poderia ser o resultado do efeito De modo geral se aceita que a
adicional da pressão intra-ocular sobre a face expulsão ativa de íons de Na+ produzida
endotelial da córnea. desde a maior parte dos tecidos é mediada
Harris sugeriu que a causa principal da pela enzima Na+K+ATPase. Esta enzima
hidratação da córnea posterior a danos no subministra, por meio da degradação do
endotélio é a afluência de água proveniente ATP, a energia suficiente para a expulsão
do humor aquoso e não uma diminuição do dos cátions.
transporte de água para fora da córnea. A Na+K+ATPase existe em
concentrações relativamente elevadas no
G - EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO E epitélio e endotélio, mas está praticamente
OSMÓTICO ausente no estroma.
A maioria das células tende a A córnea se hidrata quando a
conservar sua hidratação e o equilíbrio temperatura ambiente desce e a atividade
osmótico mantendo uma baixa concentração metabólica diminui.Se existe glicose
intracelular de Cl Na comparado com o fluido suficiente, quando a córnea atinge outra vez
extracelular. A córnea, sendo uma estrutura a temperatura ambiente, se desidrata
de tecido conectivo limitada anterior e novamente. Portanto as córneas de olhos
posteriormente por camadas celulares, é extraídos em autópsia conservados em
aparentemente muito mais complexa. bancos a 4 graus centígrados, estão
As células endoteliais e epiteliais ligeiramente hidratadas e as córneas
podem bombear íons de Na+ e Cl - para enxertadas ligeiramente edemaciadas. A
fora (humor aquoso e lágrimas). Estas espessura dos enxertos de córnea diminui
bombas celulares têm um papel definitivo na durante os dias seguintes ao transplante, o
preservação da desidratação corneana. que indica que a córnea pode se adaptar
Como a concentração de Na+ no humor rapidamente e recuperar sua capacidade
aquoso e nas lágrimas é mais elevada que para a desidratação.
no estroma, os íons Na+ retrocedem ao
estroma. Deste modo se produz na córnea I - EVAPORAÇÃO DE ÁGUA ATRAVÉS DA
um mecanismo de “bombeio –fuga” para SUPERFÍCIE ANTERIOR
íons Na+. Por outro lado, a pressão osmótica A evaporação de água da película
do fluído e os eletrólitos do estroma podem lacrimal pré-corneana concentraria este fluido
ser a força reguladora mais importante para e aumentaria sua osmolaridade em relação à
este movimento de água. córnea. A hipertonicidade da película lacrimal
O fluído estromal pode ser poderia expulsar água da córnea e manter o
hipertônico para o plasma.Se o humor estado relativo de desidratação corneana.
aquoso e as lágrimas são ligeiramente
hipertônicos para o estroma, podem
desempenhar um papel ativo na

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J - PRESSÃO INTRA-OCULAR ordenamento físico das fibras corneanas.


O fato de que a pressão intra- Ele constatou que as fibrilas do colágeno
ocular elevada resulte em edema corneano formam uma estrutura reticular ordenada, de
constitui um sinal útil para o diagnóstico do tal modo que a dispersão da luz é eliminada
glaucoma. Admite-se que as pressões intra- por meio da interferência mútua de cada
oculares no olho humano de 50 mmHg ou fibrila isolada.
mais produzem um edema corneano A substância básica do estroma
detectável na lâmpada de fenda. Quando a corneano é o colágeno saturado com uma
pressão desce a níveis normais por meio de solução MPS (Mucopolissacarídeos). A
procedimentos médicos ou cirúrgicos, a córnea se mantém clara enquanto é
embebição corneana causada pela pressão submersa em fluidos de diferentes índices de
intra-ocular elevada é reversível. Nas refração até 1.564. A córnea ainda pode
crianças com glaucoma congênito, a pressão conservar a transparência mesmo quando o
intra-ocular elevada pode resultar no índice de refração de seu colágeno difere
aumento da córnea e em rupturas da consideravelmente do meio que a rodeia. O
membrana de Descemet, além do edema. índice de refração do colágeno dos bovinos é
de 1.380 e o dos cervos é 1.373.
K - PERMEABILIDADE Acredita-se que esta propriedade de
A permeabilidade da córnea é se manter transparente se deve a que as
importante sob diversos pontos de vista. fibrilas estão regularmente ordenadas em
Primeiro a nutrição da córnea depende da forma de retículo e separadas entre si por
difusão de oxigênio e glicose e outras uma distância menor que a longitude da onda
substâncias provenientes dos fluidos que a de luz.
rodeiam. Segundo, o transporte de drogas A transparência da córnea diminui
através da córnea é determinado pela temporalmente quando sobre ela se exercem
permeabilidade das camadas da córnea. Isto forças anormais. Durante o aumento da
é clinicamente importante já que por meio pressão intra-ocular, no glaucoma agudo, a
das preparações topicamente aplicadas córnea se torna opaca, sendo evidente que
tenta-se alcançar a câmara anterior do olho esta perda da transparência não se deve
ou alterar processos patológicos que têm inteiramente à absorção de fluído que se
lugar nas diversas áreas da produz, nem mesmo às alterações físicas do
córnea.Finalmente a enervação especial da estroma, já que a opacidade desaparece
córnea determina o grau de tolerância aos imediatamente quando a pressão diminui.
medicamentos aplicados topicamente nas Isso é facilmente demonstrado em uns olhos
enfermidades do olho ou como agentes extirpados.
umidificantes para as lentes de contato.

L - TRANSPARÊNCIA DA CÓRNEA
A córnea normal é transparente e
qualquer alteração desta transparência
interfere seriamente na claridade da imagem
retiniana.
As peculiaridades anatômicas da
estrutura da córnea, como por exemplo, a
uniformidade e a regularidade no FIG.5- CORTE TRANSVERSAL DE FIBRILAS
ordenamento das células epiteliais, as ORDENADAS PARALELAMENTE.O TAMANHO
lamelas corneanas estreitamente unidas DE LONGITUDE DE ONDA ESTÁ
REPRESENTADO NA PARTE SUPERIOR PARA
entre si e de tamanho uniforme, que correm
ESTABELECER UMA COMPARAÇÃO. AS
paralelas e a ausência de vasos sanguíneos FORÇAS DE REPULSÃO E AS CONEXÕES
contribui para a eficiência do olho como RÍGIDAS ENTRE AS FIBRILAS ESTÃO
instrumento óptico. A transparência da REPRESENTADAS ESQUEMATICAMENTE.
córnea depende de sua constituição física e
dos mecanismos que previnem a ocorrência
do edema.
Maurice apresentou uma explicação
para a transparência da córnea baseada no

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M - EFEITO DO ACÚMULO DE LÍQUIDO por isto é facilmente destruída e não se


SOBRE A TRANSPARÊNCIA DA CÓRNEA regenera jamais.
Vários fatores físico-químicos afetam A membrana de Descemet, por
a transparência corneana, atuando através outro lado, é muito resistente, e quando
de alterações do índice de refração de seu todas as demais camadas da córnea foram
líquido intercelular, das fibras corneais ou de destruídas, pode conservar-se em forma de
ambos. uma estrutura curvada, semelhante a um
O poder de absorção do tecido globo, conhecida como desmatocele.
conectivo se deve provavelmente a seus Mesmo depois de ter sido destruída pode se
componentes temporais, o colágeno e os regenerar.As rupturas da membrana de
mucopolissacarídeos (MPS).O colágeno Bowman são raras, mas são comuns as de
dividido em feixes soltos de fibras delgadas Descemet.
se encontra imerso nos MPS. Os MPS não Muitas enfermidades da córnea
somente preenchem como um gel todos os levam as vascularizações superficiais.
espaços existentes entre os feixes de fibras, Quando a córnea se vasculariza, os vasos
como também penetram neles e tomam parte permanecem durante toda a vida. Podem
na formação das próprias lamelas da mesma não conter sangue, os chamados “vasos
substância intermédia. Estes dois fantasmas”, mas sua presença pode ser
componentes devem ser considerados de sempre localizada na lâmpada de fenda,
forma separada com respeito a sua testemunhando que a córnea foi vítima de
contribuição para o poder total de absorção um processo inflamatório.
do tecido conectivo.
Quando córneas secas são expostas 1.3.1- CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS DA
a vapor de água de concentrações CÓRNEA
crescentes de até cerca de 30 % , esta é
absorvida pelas fibrilas do colágeno. Destas O trauma acidental ou cirúrgico de
observações se deve deduzir que o MPS da uma ou de todas as camadas da córnea
córnea também é importante para a sua ocasiona um aumento da hidratação e
transparência perda de transparência.Devido a isto é
Para manter sua transparência, a necessária uma rápida e correta cicatrização
córnea deve ser banhada com um líquido das feridas para evitar a formação de
que possua uma pressão osmótica tão escaras ou opacidades da córnea
elevada quanto à do líquido intersticial. Se a (leucomas).
córnea é banhada com uma solução Em um olho normal, a perda de
hipotônica, torna-se opaca, devido à perda áreas superficiais da córnea por traumatismo
de forças que atuam no epitélio corneano. geralmente cicatriza em 24 a 48 horas.
Em certas condições patológicas, como por Entretanto as úlceras produzidas por uma
exemplo, no glaucoma ou na distrofia infecção viral, bacteriana ou micótica ou que
endotelial, se acumula líquido nas células afetem as camadas profundas do estroma
epiteliais em tal quantidade que provoca a podem tardar semanas em cicatrizar. De
formação de bolhas. Cogan acha que isto forma similar enquanto uma laceração
se deve a uma pressão osmótica mais alta superficial cicatriza entre 3 a 5 dias, uma
no epitélio que nas lágrimas e, como laceração profunda ou uma incisão cirúrgica
resultado, a água penetra no epitélio através demora várias semanas para cicatrizar
da superfície anterior desde as lágrimas. completamente.
Para manter a justaposição das
bordas da ferida nas lacerações grandes e
1.3- A CÓRNEA NAS ENFERMIDADES profundas é necessário suturas. A velocidade
e o tipo de cicatrização das feridas são
Nos processos patológicos é muito determinados pelos seguintes fatores:
importante a reação da córnea. Seu tecido é - Localização anatômica das feridas
avascular e, portanto difere dos tecidos que Córnea, límbica ou central;
normalmente têm irrigação sanguínea. A - Tamanho da ferida;
membrana de Bowman oferece pouca - Camada da córnea afetada:
resistência qualquer processo patológico e Epitélio, estroma ou endotélio;

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- Presença ou ausência e tipo de suturas: vascularização se encontram o acúmulo de


Seda, categute ou nylon; ácidos metabólicos, histamina, uma
- Infecção bacteriana, viral ou micótica deficiência de ácido ascórbico e anóxia
associada; local. Assim a anóxia pode ser efetiva neste
- Drogas administradas de forma tópica aspecto liberando alguma substância que
com propósitos terapêuticos. provoque o crescimento a partir do tecido
A resposta citológica e histológica a anóxico e que o anidro carbônico não é
uma ferida central da córnea implica: edema somente um agente vasodilatador, mas
de estroma, mitose e deslocamento das também um forte estímulo para a
células epiteliais, migração vasculogênese.
polimorfonuclear e monocítica; Ausência de vasos sanguíneos
surgimento de novos fibroblastos e dentro da córnea tem sido atribuída às
mitoses; formação de pre-colágeno e propriedades da córnea mesma, seja por
formação de colágeno. possuir alguma substância que impeça o
Ocasionalmente e devido a razões crescimento dos vasos, ou porque é tão
desconhecidas, podem formar-se vasos compacta que os vasos não podem penetrar
sanguíneos em um tecido corneal nela. Nos processos patológicos nos quais se
cicatrizado. As mudanças químicas produz neovascularização se supõe que a
associadas com uma resposta citológica são: córnea perde a substância inibidora ou que a
hidratação inicial, aumento da atividade edematização do tecido permita que os
de hidrolasas lisomicas, diminuição nos vasos sanguíneos a penetrem.
níveis de MPS (sulfato queratina e sulfato A edematização da córnea inicia a
condroitina). formação de novos vasos, mas isto por sua
vez corrige a edematização, quer dizer, a
1.3.2- VASCULARIZAÇÃO DA CÓRNEA edematização estabelece um ciclo através da
neovasculogênese que é corretivo: as
Os capilares penetram na córnea até córneas que não se vascularizam
um ou dois milímetros além do limbo. A permanecem edemaciadas, formando-se
córnea normal está completamente ampolas sobre o seu epitélio.
desprovida de vasos sanguíneos.Quando O crescimento para dentro dos vasos a partir
existem vasos fora da zona limbar a córnea é do limbo é sempre precedido pela
ou foi submetida a um processo patológico. edematização da córnea no limbo.
Certas enfermidades produzem uma
vascularização intensa e precoce e a 2- PELÍCULA LACRIMAL
situação e o caráter dos vasos sanguíneos
recém - formados são às vezes guias para o As funções da lágrima podem ser
seu diagnóstico: os vasos sinuosos resumidas em:
superficiais que podem aparecer sobre a • Óptica: Manter um ambiente úmido para
córnea desde a superfície conjuntival através epitélio, conjuntiva e pálpebras.
do limbo são característicos de várias formas • Bactericida /Bacteriostática: Graças à
de ceratoconjuntivite. presença de lisozima, lactoferrina, B-
Existem diferentes teorias para lisina, assim como as imunoglobulinas.
explicar a ausência de vasos sanguíneos na • Metabólica: dissolver O2 para ser
córnea normal e sua formação interna em utilizado no metabolismo corneano e
estados patológicos. Eis algumas delas: prover outros nutrientes (Vitamina A,
- Na córnea, como resultado do processo íons, etc).
patológico corneano, é elaborada uma • Protetora: Expulsar corpos estranhos.
substância que estimula o crescimento dos A principal função da lágrima foi
vasos sanguíneos até o lugar onde esta inicialmente a de formar uma película
substância é produzida. Acredita-se que esta delgada, de superfície muito lisa pela tensão
substância possua o poder de iniciar a superficial da lágrima, que facilitasse a
neovasculogênese a partir dos vasos refração do olho dos vertebrados no meio
sanguíneos já existentes e de ter aéreo. Se não existisse a película lacrimal, as
quimiotaxia positiva. irregularidades da superfície anterior da
- Entre os fatores que foram assinalados córnea, cujo epitélio está em permanente
como possíveis indutores da nova

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processo de descamação determinariam uma lacrimal. A grande diferença entre o índice


imagem retiniana imperfeita. de refração do ar (1.000) e o da lágrima
A película lacrimal prebulbar é formada (1.334) faz com que a maior parte da
por uma camada anterior de lipídios, uma refração do olho se produza aqui. A pequena
média, aquosa, e uma posterior de diferença de índice de refração entre a
mucina. Este extrato mucínico se adere ao lágrima e a córnea (1.3375) faz atribuir a esta
glicocálice ou mucina epitelial que forma segunda interfase um papel refrativo menor.
parte da membrana externa das células O estrato lipídico da lágrima, que
epiteliais superficiais. só cobre a superfície ocular exposta, constitui
0,02% do volume lacrimal e se forma na
borda palpebral pela ação das glândulas de
Meibomius e, em menor proporção, pelas
glândulas de Zeiss e de Moll e pelas
glândulas lipídicas carunculares.
O estrato aquoseroso representa
99.78% do volume da película lacrimal. Ele
se forma nas glândulas lacrimais principais e
acessórias.

2.1- MECANISMO SECRETOR DA


PELÍCULA LACRIMAL
• Glândulas de Krausse: Secreção basal
da camada aquosa da película lacrimal.
• Glândulas de Wolfring: secreção basal
da camada aquosa da película lacrimal.
• Glândulas de Zeis: Glândula sebácea
que ajuda à formação da camada lipídica
da película lacrimal.
• Glândulas de Meibomius: Glândula
sebácea da principal secreção para a O estrato mucínico – que é mais fino,
formação da camada lipídica da película porém o mais extenso dos 3 estratos –
lacrimal. representa 0,20 % do volume lacrimal. Ele
• Criptas de Henle (Células caliciformes): se forma nas células caliciformes da
Formação da camada de mucina da superfície conjuntival. Por trás desta mucina
película lacrimal. conjuntival está o glicocálice.
Quando um raio luminoso que
atravessa um meio chega à superfície de
separação com outro meio, o raio é 3 - HISTÓRIA DAS LENTES DE CONTATO
parcialmente transmitido a este segundo
meio e parcialmente refletido até o primeiro
meio. A proporção em que cada uma dessas
possibilidades intervem depende do ângulo
de incidência da luz, do índice de refração
dos meios, da longitude de onda da luz e do
grau e orientação da polarização da luz.
Cada um destes raios é atenuado nos
distintos meios ao longo de seu percurso.
Quando a luz natural encontra o olho
de um vertebrado terrestre, a primeira
superfície com que se depara é a película

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Curso de Contatologia 19

patenteado em 1963.O
LEONARDO da VINCI hidroxoetilmetacrilato (HEMA) foi um
material criado para ser usado em vasos
Leonardo da Vinci é considerado a artificiais e órgãos.
primeira pessoa que descreveu uma lente de
contato, em 1508. Ele desenhou uma cuba
cheia de água. O observador imergiria o
rosto e, olhando através da água, alteraria o
poder dióptrico do olho.Leonardo Da Vinci
realizou descrições teóricas das lentes de
contato. Embora não tenham se tornados
populares no seu tempo, nasceu o conceito
de que um objeto poderia estar em contato
com o olho e permitir a correção da visão.
Mas a primeira lente de contato
realizada para propósitos médicos só foi
adaptada por F. A Muller. Ele usou uma
lente escleral de vidro para proteger o olho Início do Hema. Wichterle usa um
de um paciente que tivera as pálpebras equipamento Prof. Wichterle
extirpadas. Improvisado para as pesquisas iniciais .
Adolf Fick, oftalmologista alemão,
utilizou coelhos em seus primeiros trabalhos, Foto do Inst. Química –
datados de 1888, adaptando conchas de Tchecoslováquia.
vidro soprado, que eram aparentemente bem
toleradas. Fick notou perda da transparência Wichterle reconheceu
corneana, injeção limbar e conjuntival e sua aplicação para
propôs a necessidade de desinfetar as lentes de contato e
lentes, estabelecendo também o conceito de desenvolveu um
adaptação de lentes de contato. método de
Fick solicitou ao professor Ernest manufaturamento para
Abbe conchas polidas de boa qualidade este novo material.
óptica com íris e pupilas pintadas, A tecnologia de
estabelecendo as bases das lentes de Wichterle foi adquirida
contato cosméticas e protéticas. pela Bausch & Lomb e em 1971 a versão
Após suas experiências testando as comercial de uma lente macia foi aprovada
conchas com animais e cadáveres realizou para uso nos EEUU.
testes com pacientes com córneas
irregulares devido a cicatrizes e para evitar a 3.2 - LENTES RÍGIDAS GÁS PERMEÁVEIS
enucleação em olhos não estéticos.
Em 1937 o plástico As pesquisas prosseguiram na busca
polimetilmetacrilato (PMMA) foi introduzido de um material que permitisse a passagem
como material de lentes de contato e de oxigênio para atender as necessidades
rapidamente substituiu o vidro. metabólicas da córnea.Isto permitiu o
Em 1948, Kevin Tuohy introduziu a surgimento do Acetil Butirato de Celulose
“microlente” de PMMA.A lente cobria (CAB), um dos primeiros materiais rígidos
unicamente a córnea e era muito menor que gás permeáveis O CAB começou a ser
a lente escleral usada até então. A lente utilizado nos Estados Unidos em 1978.
escleral cobria a parte frontal do olho Desde então foram desenvolvidos vários
inclusive a esclera. materiais de lentes rígidas gás permeáveis.
As lentes de contato rígidas se
tornaram muito popular a partir dos anos 50. 3.3- OUTRAS DESCOBERTAS
3.1- LENTES HIDROFÍLICAS - LENTES DE CONTATO DE USO
O primeiro material para lentes de CONVENCIONAL
contato hidrofílicas foi desenvolvido por Otto Desde o início até meados dos anos
Wichterle, um cientista tcheco, e foi 80 as lentes eram usadas pelo paciente

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enquanto estivessem relativamente limpas Art. 2º - Para ser inscrito e habilitar-


não estivessem danificadas e enquanto se ao exercício das profissões nos termos do
permanecessem corrigindo o erro refrativo. Artigo anterior é necessário que o candidato
Esta forma de utilizar as lentes de contato é apresente o seguinte documento:
conhecida como Uso Convencional. O
tempo de vida de uma lente varia de acordo a) Diploma ou certificado de curso de
com o tipo da lente. As lentes rígidas de prático ou equivalente, a critério do Serviço
PMMA duram vários anos. As lentes de Nacional de Fiscalização da Odontologia ou
materiais RGP duram 1 a 2 anos. As lentes Serviço Nacional de Fiscalização da
hidrofílicas de uso convencional duram Medicina e Farmácia expedidas por escola-
cerca de 1 ano. oficial ou reconhecida de medicina ou
farmácia, pelos Cursos do D.N.S. ou, ainda,
- LENTES DE CONTATO DESCARTÁVEIS por escolas particulares de idoneidade
Em 1985 DANALENS introduziu na reconhecida pelo Departamento Nacional de
Dinamarca a primeira lente de contato de Saúde.
Uso Descartável. Ela foi adquirida pela b) Prova de ter sido aprovado em
Jonhson & Johnson e em 1986 recebeu a exame de capacidade realizado perante o
aprovação do FDA (Federal Drug Serviço Nacional de Fiscalização da
Administration) para o uso nos EEUU. Medicina e Farmácia ou Serviço Nacional da
As lentes de contato descartáveis Odontologia, na falta dos documentos
são semelhantes às lentes hidrofílicas referidos no item “a”.
convencionais, porém devem ser
descartadas em período pré-determinado de DO ÓTICO-PRÁTICO E DO
tempo (um dia, uma semana, um mês, etc). PRÁTICO EM LENTES DE CONTACTO
Alguns dos benefícios das lentes
descartáveis incluem a pouca aderência de Art. 12º - Entende-se por ótico -
depósitos, bem como a facilidade de prático e ótico - prático em lentes de
manutenção. contacto, quem for habilitado nos exames
procedidos na forma da presente portaria
4- LEGISLAÇÃO DA CONTATOLOGIA para assumir a responsabilidade pelo
funcionamento dos estabelecimentos de
- SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE ótica.
PÚBLICA E DA ASSISTÊNCIA SOCIAL - Art. 13º - São obrigações do ótico-
- DEPARTAMENTO DE SAÚDE DO prático e do ótico-prático em lentes de
ESTADO - contacto:
- SERVIÇO DE FISCALIZAÇÃO DO a) Assumir a responsabilidade de todas as
EXERCÍCIO PROFISSIONAL - atividades de ótica do estabelecimento
DEPARTAMENTO NACIONAL DE SAÚDE comercial de ótico – prático ou de prático
em lentes de contacto;
Portaria nº 86, de 28 de Junho de 1958 b) Assinar e datar as receitas registradas
O Diretor Geral do Departamento no livro apropriado;
Nacional de Saúde resolve estabelecer em c) Tratar de todos os assuntos referentes
conformidade com a legislação em vigor, as ao estabelecimento do qual é
seguintes normas, para o exercício em todo o responsável, com a autoridade sanitária
território nacional das profissões de : fiscalizadora.
1. Ótico-Prático e ótico-prático em lentes de Art. 14º - Para a habilitação do ótico –
contacto. prático, a matéria de exame versará sobre:
Art. 1º - O exercício da profissão 1 – leis fundamentais de ótica geométrica
acima enumerada em todo território nacional, e formação de imagens pelas lentes;
só é permitido a quem estiver devidamente 2 – características das lentes oftálmicas,
inscrito no Serviço Nacional de Fiscalização suas variedades e identificação;
da Medicina e Farmácia ou Serviço Nacional 3 – sistemas centrados e sua utilização
de Fiscalização da Odontologia para o em ótica oftálmica;
Distrito Federal e, nos respectivos Serviços 4 – teórica de interpretação e
Sanitários competentes, para os Estados e transposição de lentes;
Territórios.

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5 – trabalho de superfície, sua técnica e contava com um currículo mínimo composto


realização, blocos; pelas disciplinas de Optometria, Surfaçagem,
6 – seleção, preparo e aplicação de lentes Montagem, Materiais e Equipamentos,
bifocais e tri focais; Psicologia e Técnica de Vendas.
7 – desvios prismáticos, adaptação e Pelas leis de diretrizes e bases, as
preparo de prismas; formações profissionais desvincularam-se
8 – adaptação e verificação de óculos dos Ministérios aos quais se achavam
corretores; adstritas, para submeter-se todas, ao
9 – legislações referentes ao ótico – Ministério da Educação.
prático.
Em 1983, o Conselho Federal de
§ Único - Além de prescrito no § 3º Educação através do parecer 404/83, incluiu
do art. 3º, a prova prática – oral para ótico – no currículo do curso Técnico em Óptica a
prático e ótico - prático em lentes de disciplina de Contatologia A pedido do
contacto, constará da resolução de Sindicato do Comércio Varegista de Material
problemas de ótica e execução dos trabalhos Óptico de São Paulo.
específicos. A adaptação de Lentes de contato
Art. 15º – Para a habilitação de ótico inicialmente era exercida por ópticos práticos
- prático em lentes de contacto, o assunto de em Lentes de Contato com respaldo dado
exame versará, ainda sobre: pela portaria 86/58. A partir do parecer
404/83, esta adaptação passa a ser exercida
1- variedade e indicações das lentes de por profissionais formados em nível técnico,
contacto; aumentando-se assim toda a
2- ótica física e ótica fisiológica adaptadas responsabilidade por um trabalho mais
a lentes de contacto; qualificado.
3- condições necessárias, medidas e É importante mencionar que a pós a
individuais para execução do receituário de inclusão da contatologia no curso técnico em
lentes de contacto; óptica, houve duas ações por parte dos
4- métodos e cuidados para aplicação das médicos para anular tal decisão. A primeira
lentes de contacto, sua execução; foi proposta pelo Conselho Brasileiro de
5- dispositivos legais que regem a Oftalmologia através de um relatório de uma
profissão de ótico – prático em lentes de Assembléia Geral Extraordinária, realizada
contacto. no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre
Art. 16º – A comissão examinadora, no – RS, no dia 16 de novembro de 1983, onde,
Distrito Federal, será composta de 3 entre outros assuntos, se lê, que os
membros, sob a presidência do médico representantes resolveram: “Repudiar o
oculista do Serviço Nacional de Fiscalização Parecer 404/83 do CFE”.
da Medicina e Farmácia e completada por A resposta para este relatório foi
um médico especialista em oftalmologia e um dada ao Conselho de Oftalmologia pelo
ótico – prático habilitado e, nos Estados, Parecer 481/84 aprovado dia 05/07/84 pelo
pelos Diretores dos respectivos serviços CFE mantendo a disciplina no currículo. Na
sanitários e mais um médico oculista e um ocasião foi claramente exposto pelo CFE que
ótico – prático habilitado legalmente. o enriquecimento curricular por meio de uma
nova disciplina, é assunto da competência
Atualmente não existe nenhum tipo estrita do CFE, tendo em vista o interesse de
de habilitação para ópticos práticos. Existem ensino.
muitos atuando em diversos estados A segunda ação foi feita através de
baseados principalmente no direito adquirido. uma solicitação do Deputado Ézio Ferreira e
A formação profissional do óptico CBO, com o mesmo objetivo de anular a
sofreu um grande avanço com a Lei 5692/71 Contatologia para o Técnico em Óptica. E,
que instituiu a formação profissional em nível mais uma vez, o CFE manteve sua posição
técnico. Como regulamentação da lei 5692, respondendo à solicitação por meio do
foi promulgada o parecer 45/72 do Conselho parecer 269/89 aprovado dia 16/03/1989 pelo
Nacional de Educação. Este parecer instituiu Conselho Federal de Educação.
a grade curricular mínima para cada curso. Em 2000, a ANVISA através do
Surgiu então o Técnico em Óptica que parecer 1110/2000 afirmava ser a adaptação

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Curso de Contatologia 22

de lentes de contato um ato médico. Tal


parecer foi anulado pela própria ANVISA
através do ofício 553/2001 em resposta ao
ofício 294/2001 da Confederação Nacional
do Comércio.

Em 1988 com a constituição Federal, PAULO JOBIM FILHO


a Optometria e Adaptação de Lentes de Ministro de Estado do Trabalho e Emprego
Contato passam a ter mais respaldo baseado
nos seguintes artigos:
3223 : Ópticos optometristas
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito
3223-05 - Técnico em óptica -
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
Contatólogo, Óptico contatólogo,
e à propriedade, nos termos seguintes:
Óptico esteticista, Óptico
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho,
montador de óculos, Óptico
ofício ou profissão, atendidas as
oftálmico, Óptico refracionista,
qualificações profissionais que a lei
Óptico surfaçagista, Técnico
estabelecer;
contatólogo
3223-10 - Técnico em optometria - Óptico,
Art. 7.º São direitos dos trabalhadores
Óptico optometrista, Óptico
urbanos e rurais, além de outros que visem à
protesista, Técnico optometrista
Melhoria de sua condição social:
XXVI - reconhecimento das convenções e
acordos coletivos de trabalho;
Descrição sumária
Art. 22. Compete privativamente à União
legislar sobre: Realizam exames optométricos;
XVI - organização do sistema nacional de confeccionam lentes; adaptam lentes de
emprego e condições para o exercício de contato; montam óculos e aplicam
profissões; próteses oculares. Promovem educação
em saúde visual; vendem produtos e
Art. 170. A ordem econômica, fundada na serviços ópticos e optométricos;
valorização do trabalho humano e na livre gerenciam estabelecimentos.
Iniciativa, tem por fim assegurar a todos os Responsabilizam-se tecnicamente por
existência digna, conforme os ditames da laboratórios ópticos, estabelecimentos
justiça social observado os seguintes ópticos básicos ou plenos e centros de
princípios: adaptação de lentes de contato. Podem
Parágrafo único. É assegurado a todo o livre emitir laudos e pareceres ópticos-
exercício de qualquer atividade econômica, optométricos.
Independentemente de autorização de
3223 : Ópticos optometristas
órgãos públicos, salvo nos casos previstos
em lei.
Condições gerais de exercício
Art. 197. São de relevância pública as ações
e serviços de saúde, cabendo ao poder Exercem suas funções em laboratórios
público dispor, nos termos da lei, sobre sua ópticos, em estabelecimentos ópticos
regulamentação, fiscalização e controle, básicos e plenos, em centros de
devendo sua execução ser feita diretamente adaptação de lentes de contato, podendo,
ou através de terceiros e, também, por ainda, atuar no ramo de vendas e em
pessoa física ou jurídica de direito privado. atividades educativas na esfera da saúde
pública. São contratados na condição de
Art. 199. A assistência à saúde é livre à trabalhadores assalariados, com carteira
iniciativa privada. assinada e, também, na condição de

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Curso de Contatologia 23

* Queratômetro
Máquinas surfaçadoras
Lâmpada de Burton
Filtros e feltro
Formação e experiência * Lâmpada de fenda (biomicroscópio)
Produtos para assepsia
O exercício dessas ocupações requer Abrasivos
curso técnico de nível médio, oferecido * Retinoscópio
por instituições de formação profissional.
* Lensômetro
O pleno desempenho das atividades
profissionais se dá após o período de três * Refrator
a quatro anos de experiência. * Oftalmoscópio (direto-indireto)
3223 : Ópticos optometristas Pupilômetro
* Topógrafo
Áreas de Atividades * Caixas de prova e armação para
auxílios ópticos
A REALIZAR EXAMES OPTOMÉTRICOS Calibradores
B ADAPTAR LENTES DE CONTATO Alicates, chaves de fenda
C CONFECCIONAR LENTES Máquinas para montagem
D MONTAR ÓCULOS Tabela de projetor de optótipos
E APLICAR PRÓTESES OCULARES Torno
PROMOVER EDUCAÇÃO EM SAÚDE Tonômetro
F
VISUAL
Corantes e fluoresceína
VENDER PRODUTOS E SERVIÇOS
G Solventes
ÓPTICOS E OPTOMÉTRICOS
H GERENCIAR ESTABELECIMENTO Polidores e lixas
I COMUNICAR-SE Foróptero
3223 : Ópticos optometristas Espessímetro
Moldes e modelos
Competências pessoais Títmus
Resinas
1 Zelar pela limpeza do local de trabalho
2 Demonstrar compreensão psicológica 5- ÉTICA DO CONTÁTOLOGO
3 Atualizar-se profissionalmente O contatólogo é um profissional da
área de saúde que requer a titulação de
4 Evidenciar coordenação motora fina
técnico ou universitário. Sua atividade
Calibrar equipamentos ópticos e profissional inclui utilizar toda a sua
5
optométricos capacidade profissional, com amor,
Empregar equipamentos ópticos e consideração, responsabilidade e boa fé,
6
optométricos tendo como meta à prevenção, promoção,
7 Revelar senso estético assistência, reabilitação e readaptação das
8 Prestar primeiros socorros oculares alterações oculares e visuais que competem
Usar equipamento de proteção individual ao seu exercício profissional.
9 O cliente deverá ser informado de
(EPI)
suas responsabilidades, dos riscos,
10Trabalhar com ética
incertezas e outras circunstâncias que
3223 : Ópticos optometristas podem comprometer o bom resultado do
trabalho.
Recursos de trabalho A atitude do contatólogo ante ao
cliente deverá ser sempre de apoio, evitará

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Curso de Contatologia 24

todo o comentário que desperte injustificada 11- Ser de fácil fabricação.


preocupação e não fará prognóstico de
alterações visuais e doenças oculares sem
as suficientes bases científicas. 6.1- REQUISITOS DE
O profissional manterá decoro e BIOCOMPATIBILIDADE PARA OS
responsabilidade no exercício profissional, MATERIAIS DE LENTES DE CONTATO
adotando equipamento necessário segundo
as leis vigentes. Manterá segredo profissional 1- Ser inertes: não deve haver reação com
em tudo o que, pela razão do exercício de lentes de contato. Eles não devem fazer
sua profissão, tenha visto, escutado e com que outros materiais reajam com
entendido, salvo nos casos eximidos e por eles, seja os tecidos oculares, as
disposições legais. lágrimas ou os produtos de manutenção
O contatólogo deve abster-se de da lente com os quais estão em contato.
proceder em seus clientes, técnicas clinicas, 2- Não devem fazer parte de nenhuma
formulações e tratamentos de caráter reação enzimática, atividade ou reações
experimental, sem uma rigorosa justificativa de catálise entre eles e /ou outros
científica, sem informar e sem a devida substratos químicos.
autorização do mesmo. 3- Não conter nenhum... Especialmente
Aos colegas de profissão, o hidrogéis, já que o movimento da água
contatólogo deve respeito, consideração, através do polímero é potencialmente um
lealdade, solidariedade e apreço. Deve evitar veículo para transferir material
qualquer alusão pessoal ofensiva, ou aquelas indesejável de dentro da lente para o
que possam ser interpretadas como tal. olho.
Abster-se-á sempre de julgar ou criticar 4- Não ser absorvente seletivo de
desfavoravelmente a atuação profissional ou metabólitos, toxinas, micro-organismos e
privada de seus colegas, salvo quando atue outras substâncias presentes no meio
como perito ou julgador da conduta ambiente.
profissional de um deles. 5- Não mostrar excessiva eletroforese, o
O atendimento a clientes enviados que pode resultar em uma absorção
por colegas deverá ser realizado, e o mesmo seletiva, de separação de entidades
encaminhado de volta com as devidas químicas ou bioquímicas ou biológicas
informações (exames praticados, do meio ambiente.
diagnósticos obtidos). 6- Exibir baixa fricção in si tu. O material
O contatólogo deve abster-se de deve ter um bom acabamento de
realizar praticas de competição desleal. superfície, que, umectada, exibirá baixa
fricção. Isto permitirá um movimento
6 - CARACTERÍSTICAS IDEAIS DE UM suave da lente no olho e que tornará
MATERIAL PARA LENTES DE CONTATO seguro o movimento de esfregar
digitalmente à lente quando se faz a
1- Proporcionar oxigênio suficiente para o limpeza.
metabolismo corneano. 7- Ser eletricamente compatível O material
2- Ser fisiologicamente inerte. da lente não deve atrapalhar as
3- Ter um bom grau de umectação. propriedades elétricas da superfície
4- Ser resistente tanto a deteriorização corneana.
como a formação de depósitos. 8- Não induzir respostas inflamatórias ou
5- Deve manter suas dimensões estáveis. imunológicas no olho, independente do
6- Ser resistente a manipulação do horário de uso.
paciente.
7- Ser transparente. 7 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DAS
8- Ser opticamente regular: de LENTES DE CONTATO
características ópticas previsíveis.
9- Ter propriedades físicas que permitam 7.1- TRANSPARÊNCIA
superfícies de alta qualidade Embora quimicamente e na hidratação
10- Requerer uma manutenção mínima por nenhuma lente seja totalmente transparente,
parte do usuário. se obtém nas lentes de contato uma
transparência de 92 a 98 %. Define-se

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Curso de Contatologia 25

transparência como a percentagem de luz 8 - PROPRIEDADES DAS LENTES DE


incidente de uma onda luminosa que passa CONTATO
através de um material.
8.1- CONTEÚDO AQUOSO
7.2- DUREZA As lentes de contato hidrofílicas ou
Afeta a durabilidade da lente, da rígidas absorvem água. Quando um material
rigidez e faz com que não se flexione. absorve água intumesce e isso deve ser
levado em conta no processo de fabricação.
7.3- FORÇA DE TENSÃO Menor que 4 % de água por peso:
Força de deformação antes que o material Hidrofóbico
material se rompa.Ou seja: é a percentagem Maior que 4 % de água por peso:
de distensão do material. Quanto maior a material Hidrofílico, que permite aumento do
força de tensão mais durável é a lente. É o aporte de oxigênio, mas o torna frágil e com
que evita que a lente se rompa durante a maior aderência a depósitos.
limpeza.
8.2- CARGA IÔNICA
7.4- MÓDULO DE ELASTICIDADE A carga iônica é inerente às lentes de
É um valor constante. É a habilidade contato hidrofílicas. Os que têm carga
do material de manter sua forma quando é elétrica
submetido a estresse.U m material com baixo (geralmente negativa) se denominam
módulo de elasticidade terá menor IÔNICOS.A lente é mais reativa,
resistência ao estresse. Um material com alto especialmente com soluções ácidas.
módulo de elasticidade mantém sua forma, Também reagem às cargas positivas das
assim não adquire a topografia corneana, moléculas das proteínas das lágrimas.
sobretudo nos altos astigmatismos. As lentes de materiais NÃO IÔNICAS
têm maior resistência aos depósitos, são
7.5- DENSIDADE mais inertes e menos reativas.
Peso de 1 centímetro cúbico do
material (gramas). 8.3- TRANSMISSÃO DE OXIGÊNIO
Quando os olhos estão abertos,
7.6- ÍNDICE DE REFRAÇÃO recebem oxigênio da atmosfera. Quando os
A velocidade da luz no ar (1) e a da olhos estão fechados (durante o sono) o
luz no material (n) em lentes de contato oxigênio se difunde através dos vasos
hidrofílicas está relacionada com o conteúdo sanguíneos do limbo e da conjuntiva
aquoso. palpebral.
Quando se coloca uma lente de
7.7- UMECTABILIDADE contato a quantidade de lágrima diminui em
um terço.
Logo o oxigênio que chega provem
de duas vias:
1: Dissolvido nas lágrimas, quando a lente
de contato se move.
FIGURA 7. A 2: Através da lente, por difusão.
A bomba lacrimal renova de 14 a 20 %
Quanto menor o ângulo de do volume lacrimal a cada piscar, as lentes
umectação, maior a umectabilidade: a de contato hidrofílicas apenas de 1 a 5 % . A
película (neste caso a lágrima) será mais lágrima não somente traz oxigênio e remove
estável, a acuidade visual será melhor, dióxido de carbono, Ácido lático e células
haverá mais conforto e maior resistência aos epiteliais.Por esta razão a seleção do
depósitos. A umectabilidade está relacionada material é de vital importância para a
com o Ângulo de umectação (ângulo de manutenção da integridade corneana.
contato) formado por uma gota de água,
solução salina ou lágrima na superfície da
matéria.

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Curso de Contatologia 26

concentração para a área de menor


concentração.
A permeabilidade é afetada por
fatores extrínsecos como a temperatura e a
pressão. A permeabilidade é expressa pelo
Coeficiente de Permeabilidade: DK.
A molécula deve dissolver-se dentro do
material e logo se difunde.

FIGURA 8: COEFICIENTE DE DIFUSÃO


ATMOSFERA
A atmosfera é uma camada que rodeia a DK D = COEFICIENTE DE DIFUSÃO DO
terra. Sua composição é de 21 % de oxigênio MATERIAL (VELOCIDADE NA QUAL A
e 78 % de nitrogênio. O restante é vapor de MOLÉCULA SE DIFUNDE).
água e dióxido de carbono. K = COEFICIENTE DE SOLUBILIDADE
(QUANTO GÁS PODE SER DISSOLVIDO
PRESSÃO EM UMA UNIDADE DE VOLUME).
A atmosfera exerce pressão sobre a
terra. Esta pressão é medida com o Exemplo:
2 2
barômetro. É a chamada Pressão DK = 8.9∗10-11 (cm /seg) (ml0 /mL∗mmHg)
Barométrica que é expressa em milímetros @ 25 C
de mercúrio (mmHg). A atmosfera exerce
760 mmHg ao nível do mar. Geralmente as fábricas simplificam
esta informação para o profissional e
PRESSÃO PARCIAL apresentam o DK como um número inteiro.
Como a composição da atmosfera é Devemos considerar também a
de 21 % de oxigênio, chama-se Pressão temperatura, pois quanto maior a
Parcial de Oxigênio, que é de 160 mmHg. temperatura, maior o DK. Se aumentarmos a
temperatura haverá mais energia e as
TENSÃO DE OXIGÊNIO moléculas se difundirão mais rapidamente.
Quando a Pressão Parcial de O professor Irving Fatt mediu o
Oxigênio é dissolvida em um líquido (por Coeficiente de permeabilidade por meio de
exemplo, à lágrima) chama-se Tensão de um Eletrodo Polarográfico: o oxigênio passa
Oxigênio .Com olhos abertos, a tensão é de través de um material e se mede a corrente
155 mmHg. elétrica que é proporcional à quantidade de
oxigênio que passa.
UMIDADE O DK é inerente ao material e não à
Quando o ar está completamente espessura. Assim o DK é uma constante
saturado de vapor de água dizemos que há para a matéria. Podem existir ligeiras
100 % de umidade. Se a umidade é menor e variações por impurezas no material.
não há vapor de água no ar, pode haver
irritação ocular.

8.3.1- MEDIDA DA TRANSMISSIBILIDADE


DE OXIGÊNIO
8.3.2- TRANSMISSIBILIDADE DE
- PERMEABILIDADE OXIGÊNIO
Grau em que uma substância é
capaz de atravessar a membrana de um É a difusão do oxigênio através do
material. É uma função intrínseca à material de uma lente com espessura
composição molecular do material. conhecida, ou seja, representa a quantidade
de oxigênio que atravessa a lente por
- DIFUSÃO unidade de tempo em determinada pressão
Processo pelo qual uma molécula atmosférica. É expresso como Dk/L.
passa através de um material. A direção do À medida que aumenta a espessura
movimento vai da área de maior da lente, diminui a transmissibilidade de

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oxigênio. Dessa forma, quanto maior a


espessura menor a transmissibilidade,
conforme o gráfico.

MENOR ESPESSURA: MAIS O2


MAIOR ESPESSURA: MENOS 02
FIGURA 9. TRANSMISSIBILIDADE.
8.3.3- PERCENTUAL EQUIVALENTE DE As lentes de contato são feitas de polímeros.
OXIGÊNIO (PEO) A palavra polímero basicamente significa
“muitas partes“. As partes individuais são os
Tanto a permeabilidade como a monômeros. Estas pequenas unidades
transmissibilidade, são condições de químicas estão unidas em uma cadeia
laboratório. O PEO é in vivo.A taxa de contínua de alto peso molecular.
oxigênio pode ser medida colocando um Todos os polímeros podem ser
sensor e uma membrana com oxigênio sobre rígidos ou flexíveis dependendo da
a córnea. temperatura ambiente. A transição de duro a
O sensor cria uma corrente elétrica flexível ocorre quando as cadeias de
quando o oxigênio é consumido. A polímero absorvem energia suficiente para
quantidade máxima de oxigênio é de 21% desenvolver uma rotação.
(155 mmHg) em nível do mar , que deveria Os polímeros que são rígidos a
manter-se . Se uma lente tem um POE de 21 temperatura ambiente podem tornar-se
% , adquire 100 % de oxigênio da atmosfera flexíveis graças à incorporação de
(155 mmHg). O POE não é uma constante “plastificadores“ químicos, que permitem às
física, é uma condição fisiológica cadeias de polímeros deslizar livremente
relacionada com o DK e com o desenho umas sobre as outras.
da lente. As lentes de contato hidrofílicas são
feitas de hidrogel . Os polímeros de hidrogel
absorvem água que atua como plastificador.
CAPITULO II Para absorver água, o monômero deve ter
grupos hidroxilicos livres (OH), que atraem
8.3.4- NÍVEIS CRÍTICOS PARA USÁRIOS água, ou seja, são hidrofílicos.
DE LENTES DE CONTATO
9.1- POLIMERIZAÇÃO
O POE em olhos fechados é cerca É o processo para enlaçar
de 6 a 7 % (155mmHg) em média, sem monômeros por meio de um catalisador. O
lentes de contato. catalisador tem uniões químicas muito
Durante o sono, a córnea entra em débeis, que ao se romper formam radicais.
edema leve e aumenta a sua espessura, mas Um radical livre adere a um átomo de
com o despertar logo sai deste estado, carbono e começa uma cadeia que se repete
voltando a sua espessura normal. Quando o muitas vezes.
edema, com olhos abertos, passa de 5 %, Se um só tipo de monômero é usado,
começam às alterações nas camadas o resultado é um polímero chamado
posteriores da córnea. Se esse percentual homopolímero. Um exemplo de
chega a 20 %, ocorrem danos patológicos homopolímero é o PMMA, onde o único
às células endoteliais. monômero é o MMA (metilmetacrilato).
Se mais de um monômero é usado, o
resultado é um copolímero, o que quer dizer
9 - MATERIAIS PARA LENTES DE que há duas ou mais unidades que se
CONTATO repetem. Das qualidades, vantagens e
desvantagens dos monômeros depende o
material final, ou seja, o polímero.

9.2- CARACTERÍSTICAS DAS LENTES


RÍGIDAS SEGUNDO O SEU MATERIAL

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LENTES RÍGIDAS VANTAGENS DESVANTAGENS
PMMA Fácil de trabalhar e polir. Quase zero de permeabilidade ao oxigênio.
Bastante umectável quando está limpo. Produz turvamento visual com os óculos.
Fácil manutenção Em longo prazo causa Polimegatismo e
“Síndrome de Exaustão Corneana”.
Rígido
0.2 a 0.5 % de água quando está totalmente
hidratado.
Fácil de modificar.
LENTES GÁS
PERMEÁVEIS
ACETIL BUTIRATO DE Foi o primeiro material permeável , aparecido Flexiona facilmente .
CELULOSE : CAB. em 1977.Sua permeabilidade ao O2 era um Falta de estabilidade dimensional .
avanço. Hoje é quase nulo se comparado a Baixa umectabilidade e pouca resistência a
outros materiais depósitos .
Pouco durável .

LENTES GÁS
PERMEÁVEIS VANTAGENS DESVANTAGENS
T-BUTIL_ESTIRENO Maior permeabilidade que o CAB, o que Baixa umectação .
contribui para diminuir a aderência de depósitos Baixa permeabilidade .
a sua superfície Baixa durabilidade .

É utilizado em lentes híbridas como a Softperm


ACRILATO DE
SILOXANO ou ACRILATO VANTAGENS DESVANTAGENS
DE SILICONE (AS)
Foram os materiais mais usados devido a seus A carga e a química de sua superfície fazem
valores de DK e graças à combinação de seus com que seja mais propenso a atrair
componentes (silicone, óxido metacrílico e depósitos
acrilato). Racham com maior facilidade.
Quebradiços. Rompem com mais facilidade.
Com alguns produtos de assepsia se
produzem rachaduras pela liberação de
tensões internas induzidas que provocam
falhas na superfície e matriz (cracking)
Baixa rigidez, o que permite problemas de
flexão.
Parâmetros físicos afetados pela idade da
lente, o ambiente, os produtos de assepsia e
a tensão dos estojos.
FLUOROACRILATO DE
SILICONE (FAS) VANTAGENS DESVANTAGENS
Como solução aos problemas de depósitos e O resultado foi favorável embora com este
deteriorização por rompimento ou rachadura nas material não tenha sido possível reduzir o
lentes de Acrilato de Silicone o Flúor foi problema da resistência à flexão e
incorporado a estes polímeros.O Flúor evita em estabilidade dimensional. Contudo, ao
boa parte os depósitos de proteína e gordura diminuir a aderência de depósitos este
que com tanta facilidade se acumulavam nas material trouxe mais conforto para os
lentes de Acrilato de Silicone. usuários.

FLUOCARBONADOS (F)
VANTAGENS DESVANTAGENS
Tem grande permeabilidade, maior que 100. Pouca ou nenhuma resistência à flexão.
Má estabilidade dimensional.
Impossibilidade de modificações (retoques)
Custo elevado da matéria prima.
Basicamente existem seis materiais
para a elaboração de lentes de contato
rígidos:

A tabela anexa indica as vantagens e


desvantagens de cada polímero.

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1) Polimetil metacrilato (PMMA) resistentes.Por esta razão quebras e


rasgo são freqüentes. O adaptador deve
2) Acetil Butirato de Celulose ter certa cautela em casos de miopia
(CAB) baixa ou paciente com pouca destreza
3) Acrilato de Silicone (AS) manual.
• As lentes de alto conteúdo aquoso
tendem a se desidratar mais
4) Fluoroacrilato de Silicone
rapidamente em ambientes com vento ou
(FAZ)
baixa umidade.
5) Fluorocarbonados (F) • Para lentes com poderes dióptricos
6) T-Butil Estireno acima de + /- 4,00 (mais grossas) um
conteúdo aquoso baixo (< 40 %) não
deve ser utilizado devido à reduzida
9.3- CARACTERÍSTICAS DAS LENTES transmissão de oxigênio. Nestes casos,
HIDROFÍLICAS SEGUNDO O SEU um conteúdo médio de água (40 – 60 %)
MATERIAL ou alto (> 60 %) é sempre necessário
para melhorar a transmissão de oxigênio
As lentes de contato hidrofílicas através da lente mais espessa.
foram classificadas segundo o seu conteúdo • As lentes de alto conteúdo aquoso têm
aquoso e sua ionicidade em: maior predisposição para a formação de
depósitos, devido ao maior tamanho de
GRUPO Baixo conteúdo NÃO IÔNICOS seus poros.Freqüentemente este dado
I aquoso < 50 % combinado com sua química iônica
de conteúdo aumenta a entrada de material estranho,
aquoso inclusive às proteínas da lágrima.
GRUPO Alto conteúdo NÃO IÔNICOS • Maior suscetibilidade ao meio ambiente
II aquoso > 50 % especialmente a mudanças de pH.
de conteúdo • Baixo índice de refração.
aquoso • Menor estabilidade nos parâmetros, logo
GRUPO Baixo conteúdo IÔNICOS sua reprodutibilidade é baixa.
III aquoso < 50 % • Não se recomenda desinfecção térmica.
de conteúdo • Não podem ser fabricadas com uma
aquoso espessura muito baixa.
GRUPO Alto conteúdo IÔNICOS
IV aquoso > 50 %
de conteúdo 10 - FABRICAÇÃO DE LENTES DE
aquoso CONTATO
*As características de Ionicidade e Conteúdo
aquoso darão as vantagens e desvantagens As lentes de contato podem ser fabricadas
da lente. por meio de três técnicas:
- Moldagem
9.3.1- LENTES DE CONTATO - Torneamento
HIDROFÍLICAS DE ALTO CONTEÚDO - Centrifugação
AQUOSO
10.1- MOLDAGEM
- VANTAGENS: O primeiro passo na moldagem é
fazer o molde com que à lente será feita.
• Alto DK: maior permeabilidade, logo
maior aporte de oxigênio para a córnea. Cada desenho de lente (curva base, poder
dióptrico, diâmetro, etc) requer um molde
• Maior flexibilidade.
diferente.
• Fácil restauração da forma da lente após
O polímero líquido é colocado dentro
sua deformação.
da metade côncava do molde plástico.A parte
convexa do molde é então anexada e o
- DESVANTAGENS:
material é polimerizado com luz ultravioleta.
• Fragilidade: ao aumentar o conteúdo Após a remoção do molde a lente se hidrata.
aquoso, eles ficam fisicamente menos

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1.MONÔMERO LÍQUIDO Por esta razão deve-se ter cuidado no teor


2: MOLDE CONVEXO JUSTAPOSTO de hidratação necessário, para preservar as
3: LENTE FINAL REMOVIDA EM MOLDE características desejadas da lente.
CÔNCAVO POLIMERIZAÇÃO COM UV - Extração: Nesta fase faz-se a extração de
DO MOLDE. todos os materiais ou químicas não
polimerizadas que possam estar presentes
FIGURA : MOLDAGEM na lente.
- Tingimento: Se a lente possui uma
tonalidade para facilitar a manipulação, o
tingimento acontece nesta fase.
- Controle de qualidade: Requer um controle
estrito do ambiente, especialmente da
UV umidade para evitar a expansão parcial do
material durante o processo de fabricação. É
preciso fazer uma limpeza imediatamente
após o polimento final para eliminar os
componentes do polimento e outros
contaminantes da superfície, inclusive
materiais utilizados para colar o botão.
Como em todas as lentes RGP, o
uso de solventes incorretos ou sua má
aplicação pode afetar as propriedades da
10.1.1- Vantagens da moldagem como uma superfície da lente, reduzindo a qualidade
técnica de fabricação de lentes: óptica e alterando a sua umectabilidade.
Numerosos passos se sucedem para
 Baixo custo por lente: facilidade para verificar que a lente tenha as propriedades e
manter um estoque que possa satisfazer características necessárias antes de sua
uma rápida demanda, ou seja, pode distribuição.
haver um volume alto de reprodução. - Esterilização: Depois do controle de
 Rapidez na fabricação, pela simplicidade qualidade as lentes são esterilizadas. Séries
de produção. de lentes são colocadas em uma autoclave,
 Boa reprodutibilidade. que alcança uma temperatura de 121 a 124
 Produção de desenhos complexos sem graus Celsius por no mínimo 20 minutos.
variação de custos. Este passo inativa quaisquer
microorganismos e esporos que possam
10.2- TORNEAMENTO estar presentes e assegura a estabilidade da
O Torneamento é usado para lente ao ser guardada em seu respectivo
manufaturar PMMA (Rígidos) RGP (Rígidos blister .O produto pode ser armazenado por
Gás Permeáveis) e muitas lentes de contato períodos de 3 a 5 anos, com a segurança
hidrofílicas. necessária.
Parte-se de um polímero sólido em Estes mesmos passos são realizados
forma de botão. Tornos computadorizados para a moldagem e a centrifugação em
fazem com diamante a curva base e as lentes de contato hidrofílicas.
curvas periféricas segundo os parâmetros Vantagens do torneamento como técnica
desejados. de fabricação de lentes:
A lente é descolada do torno, polida, - Tecnologia simples porque a maioria das
recebe acabamento de bordas. Até este técnicas especializadas exigidas já foram
momento está finalizada a fabricação das desenvolvidas em outras indústrias.
lentes PMMA e RGP, excetuando - Poucas limitações sobre os parâmetros que
obviamente o controle de qualidade. podem ser torneados, especialmente com
Na fabricação de lentes hidrofílicas máquinas modernas controladas por
ainda ocorrem os seguintes passos: computador.
- Hidratação: Nesta etapa a lente se - Adequado para a maioria dos materiais
transforma de material rígido em material - Relativamente econômico ao iniciar sua
hidrofílico. Durante a hidratação, a lente produção.
aumenta a sua espessura ao absorver água. - Equipamento mínimo.

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segmento anterior podem revelar que o


10.3- CENTRIFUGAÇÃO (SPIN CASTING) olho “é normal“. As diferentes medições
do olho indicarão o tipo e desenho das
CENTRIFUGADO (SPIN CASTING) lentes de contato de teste.
• Psicológicos: A motivação, inteligência
e personalidade influirão no êxito do uso
de LC. Deve-se explicar as vantagens do
uso das LC para dissipar qualquer
dúvida.
• Patológicos: Através do exame do olho
pode-se obter indicações ou contra-
indicações para o uso de LC.Devemos
levar em conta: saúde geral, saúde
ocular, medicamentos, história ocular
incluindo correções, saúde ocupacional,
recreação e fatores ambientais.
• Necessidades pessoais e
Ocupacionais: Considerações sobre a
idade, cosméticas, ocupacionais, lazer,
ambientais e outros fatores ajudarão a
FIGURA : Centrifugação escolher o tipo de desenho das LC que
serão prescritas.
• Refrativas: Dados refrativos prévios e
Foi o primeiro método empregado na atuais devem ser levados em conta,
manufatura de lentes de contato hidrofílicas. especialmente quando consideramos
Criado por Otto Wichterle em 1951 e mais funções binoculares. Este histórico é um
tarde foi aperfeiçoado pela Bausch & Lomb, o bom recurso de informação.
processo hoje é amplamente usado na
fabricação de lentes hidrofílicas.
O polímero sob forma líquida é 12 - PROVAS E MEDIDAS QUE DEVEM
injetado num molde giratório A (forma), o SER INCLUÍDAS NO EXAME
poder dióptrico e as características da lente PRELIMINAR PARA LENTES DE
são devidas às combinações de temperatura, CONTATO
gravidade, força centrífuga, tensão
superficial, quantidade de líquido no molde e  Exame do segmento anterior do olho
velocidade de giro do molde. com lâmpada de fenda (exame externo,
A superfície frontal da lente é pálpebras, película lacrimal, córnea,
determinada pela curvatura do molde. A conjuntiva, etc)
parte interna (curva base), pelos fatores  Ceratometria
mencionados acima e devido à ação destas  Medida do diâmetro pupilar e corneano.
forças, é asférica.  Avaliação das características das
O material é então tratado com calor e/ pálpebras (Posições com respeito à
ou luz ultravioleta para ser o polímero ser córnea se são tensos ou flácidos).
solidificado. Depois o material segue os  Avaliação da lágrima (BUT, Schirmer).
mesmos passos já citados anteriormente em  Refração e cálculos de refração ocular
lentes torneadas. (Refração ao plano da córnea: Distância
O método de centrifugação é barato, ao Vértice).
as lentes têm alta reprodutibilidade e são
muito finas, com bordas confortáveis. 12.1- EXAME DO SEGMENTO ANTERIOR
DO OLHO
Devemos realizar um exame cuidadoso
11 - FATORES A SEREM CONSIDERADOS com a lâmpada de fenda no segmento
NA SELEÇÃO DE UM PACIENTE PARA A anterior do olho para:
ADAPTAÇÃO DE LENTES DE CONTATO  Determinar se o paciente é apto para LC
• Anatômicos e Fisiológicos: O exame (determinar a melhor lente para o
da estrutura, forma e transparência do

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paciente, reconhecer os problemas A posição da pálpebra superior e


potenciais do paciente). inferior é importante para determinar o
 Prover bases para os achados (devemos diâmetro total da lente. Sua posição deverá
ter dados documentados para ser avaliada enquanto o paciente olha em
referências. Estes dados vão indicar posição primária. Na posição típica das
futuras mudanças no olho devido ao uso pálpebras, a inferior está em oposição ao
de LC, etc.). limbo na posição das 6 horas da íris visível e
 Prevenir problemas (precocemente, para a margem da pálpebra superior cruza a íris
evitar complicações, mudanças no visível as 10 e 2 horas.
horário de uso, alterações na rotina de As posições onde as margens das
manutenção, etc). pálpebras cruzam o limbo superior e inferior
 Diagnóstico de problemas (detectar devem ser registradas em um diagrama da
problemas desconhecidos, confirmar os História clínica.
que o paciente relata, etc).

12.2 - MEDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA


ADAPTAR LENTES DE CONTATO

12.2.1- RAIO DE CURVATURA CORNEANA


O conhecimento da topografia
corneana é essencial para selecionar a
curva-base da lente de prova.
Geralmente se mede a curvatura da
córnea com o ceratômetro. Uma análise mais
sofisticada pode ser realizada usando o foto-
vídeo, baseados na ceratoscopia (Topografia
corneana).
A abertura interpalpebral pode ser
medida com a régua milimetrada. Este valor
é usado para determinar o diâmetro total
ideal para o paciente. Quando a abertura
palpebral é significativamente menor que a
média, o diâmetro total da lente deverá
também ser reduzido. Esta indicação é
somente um guia já que devemos levar em
conta outros parâmetros.
O tônus da pálpebra superior pode
ser avaliado quando a evertemos para
exame. Este dado pode receber as
12.2.2- DIÂMETRO CORNEANO graduações de: flácido, médio ou tenso. Se
as pálpebras são soltas ou flácidas, devemos
É útil como guia para a seleção do selecionar um diâmetro maior, para
diâmetro total da lente. proporcionar um posicionamento ideal.
Figura- Medida de DHVI Quando as pálpebras são tensas, o
Como a periferia corneana é difícil de diâmetro total da lente muitas vezes deve ser
ser visualizada, o diâmetro horizontal visível reduzido. Uma redução de diâmetro também
da íris é usado como guia para o diâmetro pode ser necessária se as características da
corneano. adaptação dinâmica forem insatisfatórias.
O DHVI pode ser medido usando
uma régua milimetrada manual ou utilizando 12.2.4- DIÂMETRO PUPILAR
o retículo graduado da lâmpada de fenda.
O diâmetro pupilar deve ser medido
12.2.3- CARACTERÍSTICAS DA PÁLPEBRA em condições de iluminação brilhante,
normal e tênue. O diâmetro da pupila dilatada
é importante para a seleção de um DZOP

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apropriado (Diâmetro da Zona Óptica O paciente deverá ser informado de


Posterior). Quando a zona óptica é muito que o Teste de Schirmer é um teste indolor,
pequena pode acarretar um significativo embora levemente irritante ao olho e que
desconforto visual. será realizado para medir a quantidade de
lágrima produzida para lubrificar os olhos. O
12.2.5- REFRAÇÃO paciente deve estar sentado numa cadeira de
exame, em sala com iluminação indireta e
É importante obter uma refração com a cabeça apoiada no encosto da
precisa quando se adapta LC RGP. A relação cadeira.
entre refração, topografia corneana e AV O teste padrão de Schirmer I deverá
indicará o tipo de lente que melhor se ser realizado antes da instilação tópica de
adaptará no paciente. Tipicamente as lentes medicamentos ou manipulação da pálpebra.
de poder positivo deverão ser até 0,5 mm Um excesso de umidade na margem
maiores que a média para ajudar a manter pálpebra deverá ser seco com um cotonete
uma boa centralização. estéril. Anestésico tópico não deve ser usado
para realizar o Teste de Schirmer I.
12.2.6- AVALIAÇÃO DA PELÍCULA Cuidar para que a tira seja dobrada,
LACRIMAL inserida no fórnix conjuntival inferior,
posicionada a um terço de distância do
 TESTE DE SCHIRMER cantus lateral e para que não toque a córnea.
 BUT (TEMPO DE QUEBRA DO FILME Casa haja toque poderá ocorrer um aumento
LACRIMAL) do lacrimejamento reflexo e dor.
 FIO VERMELHO DE FENOL Dobrar a ponta distal da tira teste no
 ROSA BENGALA corte (aproximadamente 120 º) antes de abrir
 AVALIAÇÃO DA CAMADA LIPÍDICA o envelope estéril. Cortar o envelope pelo
final para evitar contaminação das tiras.
A- TESTE DE SCHIRMER Técnicas do teste:
O teste é realizado com tiras estéreis - Pedir para o paciente olhar para um ponto
padronizadas para o uso diagnóstico, distante acima da linha do horizonte e puxar
constituídas de papel de filtro Whatman no. a pálpebra inferior para baixo.
41 cortadas em tiras de 5 mm x 35 mm. - Com a tira já dobrada, inserir no fórnice
conjuntival inferior, posicionando-a a um
terço de distância do cantus lateral.
- Não tocar a córnea, pois poderá ocorrer um
aumento do lacrimejamento reflexo e dor.
- Certificar-se novamente de que a margem
da pálpebra foi seca com um cotonete.
Anotar o tempo e manter a iluminação
indireta da sala para um conforto maior.
- Não estimular o paciente a contrair a
pálpebra. Após 5 minutos retirar as tiras.
Meça usando a escala milimetrada.
- Várias medidas deverão ser feitas durante
as próximas consultas e deverá ser feita uma
Sua ponta distal é arredondada e
média para avaliar a precisão do teste.
apresenta a cerca de 0,5 cm de distância da
mesma um entalhe lateral. É a partir deste
entalhe que inicia uma escala milimétrica que
TESTE DE SCHIRMER II
vai de 0 a 35 mm.
A versão deste teste foi desenvolvida
As tiras para o teste de Schirmer são de uso
por Lester Jones, MD, numa tentativa de
único.
avaliar o lacrimejamento reflexo. A tira é
O conteúdo é estéril se a embalagem
inserida da mesma maneira. A mucosa nasal
permanecer fechada e não for danificada.
é então irritada cuidadosamente com a ponta
de um cotonete para provocar o reflexo do
lacrimejamento. Se após 5 minutos a tira
- SCHIRMER I (AVALIAÇÃO DO
mostrar menos que 10 mm de umidade, o
LACRIMEJAMENTO REFLEXO E BASAL)

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paciente é considerado incapaz de produzir Olho Seco, para verificar o fluxo de lágrima.
reflexo lacrimal. Ex: Teste de Corante Jones.
Se mostrar mais de 10 mm de
umidade, o paciente demonstra reflexo B- BREAK UP TIME (TEMPO DE
adequado de lacrimejamento com um ROMPIMENTO DA PELÍCULA LACRIMAL)
estímulo adequado de irritação. A secreção BUT
básica descrita pode ser determinada Para realizar esta prova utilizamos
anestesiando o olho e secando o fórnice Fluoresceína . A Fluoresceína, conhecida
conjuntival inferior antes da inserção da tira como Uranin, foi usada pela primeira vez por
de Schirmer. Pfluger em 1882 e Starub em 1888 para
Ao fazer um diagnóstico de Olho detectar defeitos epiteliais (Person 1984).
Seco ou de aprovar o uso de LC é prudente Quando se instila fluoresceína, ela penetra
considerar os resultados da tira de Schirmer nas camadas profundas do Epitélio que
e outros parâmetros como, por exemplo tenham alguma abrasão ou defeito e também
:Exame Clínico e Histórico, Coloração Rosa no espaço sub-epitelial ou o Estroma
Bengala , medidas da Concentração de anterior.
Lactoferrina . Geralmente qualquer rompimento da
membrana celular resulta em difusão de
Avaliação dos resultados do teste fluoresceína dentro da célula.
Schirmer I Contrariamente a estudos anteriores,
Uma medida maior de 10 mm trabalhos recentes indicam que a
(comprimento da área úmida) em cada olho é Fluoresceína pode penetrar células intactas
considerada um padrão normal para (Wilson e al. 19950).
produção de lágrima. Acima de 40 anos Alguns materiais de lentes de contato
valores normais podem variar entre 10 e 15 possuem filtro UV, o que pode afetar os
mm. Se realizado cuidadosamente, o teste é padrões de fluorescência observados.
muito útil para revelar um decréscimo da O BUT é um exame para medir a
produção de lágrima que pode ser a causa estabilidade da película lacrimal, isto é, o
de muitas reclamações oculares, como, por tempo, em segundos até aparecer o primeiro
exemplo: secura, sensação de corpo rompimento (uma mancha escura) após um
estranho, ardor ou mesmo de grãos de piscar completo. A Fluoresceína é instilada e
areia nos olhos. se observa a película lacrimal com a lâmpada
O teste deve ser realizado quando de fenda.
existem as reclamações acima citadas e Utiliza-se o filtro Wratten No.47 ou
antes das cirurgias de transplante de córnea equivalente como filtro “excitador” sobre a
ou de catarata. O paciente que apresenta fonte luminosa e um filtro Wratten no ““.12 ou
lacrimejamento pode ter uma disfunção equivalente como barreira (amarelo) sobre o
lacrimal. sistema de observação .
Se a porção úmida da tira não puder Pede-se que o paciente dê uma
ser facilmente visualizada, segurar a tira piscada completa e pare. Neste momento
contra a luz. começa a ser medido o tempo até que
Usar a tira com a angulação da ponta distal apareça a primeira mancha escura indicando
correta para cada olho diminui o rompimento da película lacrimal.
significativamente a margem de erro. Os valores médios são de 10 a 40
segundos. É possível encontrar valores mais
Valores não considerados normais altos.Tempos abaixo de 10 segundos são
Pacientes com olho seco podem ter considerados anormais.
tanto valores baixos, isto é, menores que 5
mm / 5 minutos ou valores altos, o que BUT NÃO INVASIVO
mostra uma condição ”Pseudo-epífora”. Podemos utilizar a iluminação difusa
Epífora pode ser um sintoma de olho seco. da Lâmpada de Fenda ou o Tearscope, que
Ao umedecer a tira inteira, e, utiliza uma luz fria permitindo uma avaliação
sobretudo se esse valor for excessivamente mais real do BUTNI .O Tempo de
diferente da do olho conta-lateral, deverá se Afinamento da Lágrima (TAL) é medido
fazer outra investigação, outros testes para usando-se o Ceratômetro em lugar da
Lâmpada de fenda ou do Tearscope . Depois

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do piscar observam-se as miras do  Usuários de lentes de contato


ceratômetro e o tempo em que aparecem as hidrofílicas com problema de CPG
primeiras alterações nas miras. Qualquer (Conjuntivite Papilar Gigante).
alteração na imagem é atribuída a alterações  Usuários de lentes de contato
na película lacrimal. hidrofílicas com excesso de
Tempos menores de BUTNI foram depósitos.
reportados e sugerem uma grande  Pacientes com demanda elevada de
sensibilidade a alterações na película agudeza visual.
lacrimal.  Pacientes pós –cirúrgicos.
 Pacientes com ectasia corneana
C- ROSA BENGALA (Ceratocone)
A RB é um derivado da fluoresceína  Pacientes pós-traumas.
(Hopkins 1988). Sua cor é vermelho púrpura  Crianças.
e ela tinge células mortas e muco.Trabalhos  Pacientes que necessitam de
recentes (Feenstra e Tseud 1992) mostraram inserção e remoção fácil.
que também tinge células epiteliais  Pacientes que desejam manutenção
pobremente protegidas ou não protegidas e cuidados fáceis.
pela película lacrimal .A Rosa Bengala
também tinge a pele das pálpebras e da face.
Ela tem sido utilizada como ferramenta de 14- TERMINOLOGIA E CARACTERÍSTICAS
diagnóstico na Ceratoconjuntivite Seca. DAS LENTES DE CONTATO

D- FIO VERMELHO DE FENOL


Método desenvolvido por Hamano
RPP
em 1982. Trata-se de um fio especial de RPP
algodão impregnado de fenol vermelho. O RZOP
fenol vermelho é sensível às alterações no
pH e muda da cor amarela para vermelha DT DZPP DZOP
num pH médio de 6.6 a 8.2.
Quando entra em contato com as
lágrimas, o amarelo, cor ácida, muda para a
cor base vermelha. O fio mede 70 mm e é
colocado da mesma maneira que no teste de
Schirmer.O paciente é instruído para que
olhe para frente e pisque normalmente.
O teste dura 15 segundos. O fio é
removido e se mede o comprimento do fio
que mudou de cor incluindo a parte que
esteve em contato com a conjuntiva
palpebral. Os resultados são interpretados da
seguinte forma: Menor que 9 mm – maior
risco de Ceratite Pontilhada Superficial,
Erosões corneanas, etc, com o uso de lentes
de contato. Maior que 15 mm: menor risco do
que citado anteriormente.

13 - CANDIDATOS PARA LENTES DE 14-1- PARÂMETROS DAS LENTES DE


CONTATO RÍGIDAS GÁS PERMEÁVEIS
 Primeira adaptação. CONTATO
 Problemas com lentes tóricas ABREVIAÇÃO
hidrofílicas. PARÂMETRO
 Pacientes que danificam lentes RZOP RAIO DA ZONA
hidrofílicas com freqüência. ÓPTICA POSTERIOR
 Pacientes com problemas de DZOP DIÂMETRO DA ZONA
alergias. ÓPTICA POSTERIOR
RPP RAIO PERIFÉRICO

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Curso de Contatologia 36

POSTERIOR CURVA PERIFÉRICA indicam se há duas


. curvas periféricas :
DZPP DIÂMETRO DA ZONA curva Periférica
PERIFÉRICA Intermediária ou
POSTERIOR Secundária e chama
DT DIÂMETRO TOTAL de Curva Periférica
DZOA DIÂMETRO DA ZONA posterior a curva mais
ÓPTICA ANTERIOR periférica . Também
denominam a ambas
CPP: Curva Periférica
Posterior
DT = DL:DIÂMETRO
PARTES DA LC DA LENTE

Borde

Blending
(Unión de
Curvas

DZOA
Cara Anterior Cara Posterior

As lentes de contato rígidas e as gás


permeáveis podem ser classificadas de duas
formas:
A - SEGUNDO O TIPO FÍSICO DE
CONSTRUÇÃO DA LENTE.
SINÔNIMOS
RZOP = RZO : RAIO = CB: RAIO DA B- SEGUNDO A FILOSOFIA DE
DA ZONA CURVA BASE ADAPTAÇÃO (RELAÇÃO ENTRE O OLHO
POSTERIOR E A LENTE).
DZOP=DZO :
DIÂMETRO DA ZONA Se utilizarmos à primeira
ÓPTICA classificação, consideramos unicamente o
RPP=RCP : RAIO DA Obs: alguns autores DESENHO da lente de contato e fazemos à

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Curso de Contatologia 37

divisão de acordo com o número de curvas A Face anterior corresponde à superfície


na parte côncava da lente: externa da lente. Chamada também esta face
de Superfície de poder dióptrico. Ela está em
Lente Tri curva contato direto com a conjuntiva palpebral e
sujeita às forças mecânicas das pálpebras.
O desenho SIMPLES tem basicamente
RPP uma só curva na face anterior, que determina
RPP o poder dióptrico da lente.
A combinação da Curva Base com um
RZO Diâmetro específico gera uma espessura na
borda que deve ser a mínima que, porém
permita rigidez necessária e um bom
desenho.
POSITIVO SIMPLES é uma lente
Menisco de poder positivo que tem maior
espessura no centro que nas
bordas.Conforme o diâmetro e o poder
dióptrico, sofre um afinamento progressivo
até a periferia, formando com a superfície
- MONOCURVA: Uma só curva anterior e posterior uma borda aguda ou
- BICURVAS: Duas curvas, a da RZOP e convergente.
uma da RPP. Também são chamadas O padrão de espessura de bordas
ESFÉRICAS. depende do diâmetro, mas em todos os
casos a borda será sempre aguda.Este
Bordas design é aplicado em adaptações que não
permitam a retenção da pálpebra superior
(que seria o tipo de adaptação ideal) ou
RCP quando a pálpebra, por flacidez, não
consegue a retenção da lente.
Devemos determinar cuidadosamente a
espessura periférica, pois, se ela for muito
fina, a lente pode se quebrar facilmente e fica
Cara Anterior Cara Posterior mais difícil a sua colocação e retirada.
As lentes de poderes dióptricos
baixos, até +3,00, são desenhadas com
espessura de borda próxima de 0,12 mm e
diâmetros menores que 9.4 para que se
consiga espessuras centrais mínimas.
Comportam-se como MICROLENTES e
- TRICURVAS: Se adicionarmos uma RPP a devem ser adaptadas com AJUSTE
uma lente Bi curva teremos uma lente Tri moderado para se obter uma Centralização
curva. interpalpebral (Ver mais adiante Filosofia
- MULTICURVAS de Adaptação).
- ASFÉRICAS Este tipo de adaptação se denomina
- TÓRICAS INTERPALPEBRAL porque a lente não fica
- CURVAS INVERTIDAS. retida pela pálpebra superior.
As quatro últimas são as mais usadas. As lentes de poderes dióptricos
médios até +8,00 e com a mesma espessura
Existe também, uma classificação pelo de borda de 0,12 mm apresentam uma
desenho da face anterior da lente: grande espessura central, o que aumenta o
- MONOFOCAL: SIMPLES, LENTICULAR, seu peso de forma significativa.
CN (Corte Negativo), CORTE DUPLO A centralização sobre a córnea fica mais
LENTICULAR (CNN). difícil e o movimento excessivo faz com que
- BIFOCAL: VISÃO ALTERNANTE, sejam pouco toleradas. Os melhores casos
PERCEPÇÃO SIMULTÂNEA. são aqueles em que contamos com uma
abertura palpebral pequena, o que controla

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Curso de Contatologia 38

melhor o deslocamento da lente. Essas


lentes precisam ser fabricadas de material
com permeabilidade alta ao oxigênio, para
não interferirem com o metabolismo FIGURA - Uma lente RGP que se desloca
corneano. inferiormente pode ter o seu posicionamento
As lentes NEGATIVAS SIMPLES são melhorado se usarmos um Menisco negativo.
mais versáteis e mais utilizadas. São
chamadas de Menisco divergente e têm Se a combinação de interação da
uma superfície única na face anterior. Sua pálpebra e força de gravidade produzir
espessura de borda é maior que a espessura movimento excessivo e descentração inferior,
central. pode-se incorporar no desenho da periferia
As LENTICULARES possuem duas da superfície anterior um Menisco negativo
curvas diferentes na face anterior: uma para utilizar a pálpebra superior como um
curvatura central, lentícula, zona óptica ou elevador da lente. Neste caso o piscar vai
zona do poder dióptrico e uma zona levantar a lente em vez de deslocá-la para
concêntrica à zona óptica chamada também baixo.
zona ou secção diametral ou zona O desenho BIFOCAL será tratado
perilenticular. Isto permite o controle e mais à frente em Adaptações para
programação da espessura na secção Presbiopia.
diametral, independente do diâmetro e do A SEGUNDA classificação de acordo
valor refrativo, permitindo também a com a FILOSOFIA DE ADAPTAÇÃO se
determinação do valor da pendente e da divide em Adaptação por Paralelismo,
forma da borda (a borda ideal é a Aplanamento e Ajuste (Ver Figura).
arredondada). Esses detalhes resultam em As lentes de contato rígidas e as RGP
lentes mais finas e de peso muito menor que criam uma lente ou menisco lacrimal entre
uma lente Simples de igual poder dióptrico. sua superfície posterior e a superfície
Sua maior vantagem, maior que a anterior da córnea, o que não sucede com as
redução do peso, é a possibilidade de ser lentes hidrofílicas. O poder dióptrico do
aplicada em qualquer poder dióptrico, entre – menisco lacrimal sob a LC é determinado
2,50 a qualquer lente positiva, um pendente pela relação entre a Curva base da lente e
na secção diametral que gere borda a Curva Corneana (leituras ceratométricas).
divergente, com espessura tal que permita a  Se a Curva Base da lente for mais curva
adaptação ideal com RETENÇÃO DA que a ceratometria (tendo em conta o
PÁLPEBRA SUPERIOR. meridiano mais plano da ceratometria ou
Existem Lenticulares Positivo- Curva K) então o menisco lacrimal terá
Negativo (utilizado em poderes dióptricos um poder positivo . Esta Filosofia de
positivos), Negativo-Negativo (utilizado em Adaptação se denomina por Ajuste
poderes dióptricos negativos baixos), Corte (Curva base mais apertada que K).
Negativo (em poderes dióptricos negativos  Se a curva base da lente for mais plana
médios) e Duplo Negativo (em poderes que a ceratometria (levando em conta o
dióptricos negativos altos). meridiano mais plano da ceratometria ou
Curva K) então o menisco lacrimal terá
um poder negativo. Esta Filosofia de
Adaptação se denomina por
APLANAMENTO (Curva base mais
plana que K).
 Se a Curva Base da lente for igual a
ceratometria (levando em conta o
meridiano mais plano da ceratometria ou
Curva K), então o menisco lacrimal não
terá nenhum valor dióptrico . Esta
filosofia de Adaptação se denomina por
PARALELISMO (Curva base igual a K).
O menisco lacrimal será parte do poder
total do sistema lente de contato – menisco
no olho.

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Curso de Contatologia 39

CAPITULO III

15- ASTIGMATISMO RESIDUAL


O Astigmatismo residual é o poder
cilíndrico que permanece sem correção
quando uma lente de contato é adaptada.
Quando o astigmatismo corneano
(ceratométrico) é igual ao astigmatismo
Fisiologia da
adaptação encontrado na refração subjetiva (em poder
e eixo) o Menisco Lacrimal criado sob a lente
rígida de DESENHO ESFÉRICO (CB
Se a Refração Subjetiva do paciente for esférica) pode neutralizar a maior parte deste
maior ou igual a 4,00 di esféricas, devemos astigmatismo.Isso significa que quase
compensar a Distância ao Vértice (DV). sempre podemos utilizar lentes de desenho
esférico e evitar as lentes tóricas RGP.
EXEMPLO 1 Isto não acontece com as lentes de contato
o Hidrofílicas já que elas se amoldam à
Ceratometria 42.50 / 42.75 a 0.
K=42.50 DV =12 mm córnea e adquirem o seu perfil. Portanto, o
refração = -3,00 di esf Menisco Lacrimal que se forma sob a lente
hidrofílica tem poder dióptrico zero.
Lente de CB 43.00, portanto adaptada
AJUSTADA acima de K (42.50), forma um
Menisco Lacrimal positivo (+ 0,50. Esse valor
SAGITA (PROFUNDIDADE SAGITAL) :
deve ser considerado no poder final da
lente).
Se a refração for –3,00 di e devemos
compensar o Menisco lacrimal de + 0,50, o
poder final da lente será –3,50 di.
EXEMPLO 2
o
Ceratometria 43.00 / 43.50 a 0 . K=
43.00 DV = 12 mm Refração = - 3,00
di esf
Lente de CB 42.00 adaptada, portanto mais
PLANA que K (43.00), forma um Menisco
Lacrimal negativo (-1,00) .Assim o poder final
da lente será – 2.00 di.
EXEMPLO 3
o
Ceratometria 40.50 /41.50 a 0 . K=
40.50 DV = 12 mm Refração = + 3,75
di esf.
Lente de CB 41.25 adaptada AJUSTADA, Figura
mais apertada que K (40.50), forma um RZOP igual, Diâmetro diferente. Azul:
Menisco Lacrimal positivo (+ 0,75) . diâmetro menor, logo Sagita menor. Negro :
Não é preciso calcular a DV porque a diâmetro maior, logo Profundidade sagital
Refração é menor que 4,00 di. O poder maior.
dióptrico da lente será então + 3,00 di. Para mudar a adaptação de uma lente :
 Podemos manter o diâmetro e mudar a
Profundidade sagital alterando a
RZOP (Raio da Zona óptica periférica).
 Podemos mudar o diâmetro e a RZOP
de modo a que Profundidade sagital
não mude .
 Podemos alterar o Diâmetro e assim , a
Profundidade sagital.

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 Aumentando a Profundidade sagital , 16.2- PODER DIÓPTRICO DA LENTE


independentemente do diâmetro , a
POSITIVO-NEGATIVA
adaptação fica mais justa .
 Ao reduzir a Profundidade sagital , Quando existe a possibilidade de que
independente do Diâmetro, a adaptação a lente descentre (poder dióptrico positivo
fica mais PLANA. alto: gravidade e interação da pálpebra ;
Aumentar a profundidade sagital AJUSTA a poder negativo alto: interação da pálpebra e
adaptação , reduzir a Profundidade sagital um pouco de gravidade), pode ser
APLANA A ADAPTAÇÃO (redução da necessário aumentar o diâmetro total para
Sagita). conseguir um DZOP maior. Isto é para
Aumentar o diâmetro da lente AJUSTA a assegurar que uma área útil da zona óptica
adaptação (aumento da Sagita). Se cubra a pupila .
compararmos uma lente com Curva base
Asférica com uma de Curva base Esférica , 16.3- PODER DIÓPTRICO
de igual RZOP e igual diâmetro , a lente
Para assegurar o melhor rendimento
Asférica ficará mais plana por ter menor
visual possível, o DZOP deverá ser
Profundidade sagital (em virtude do seu
suficientemente grande para cobrir a pupila
desenho).
em condições de iluminação normal e tênue .
Embora seja difícil determinar de forma
precisa o diâmetro pupilar em condições
CAPITULO II variadas de iluminação , ele deverá ser
medido . O DZOP deverá ser maior que o
16- SELEÇÃO DOS PARÂMETROS diâmetro pupilar cerca de 1 mm.
A centralização da lente também
DA LENTE DE PROVA - RGP será um fator na determinação do DZOP .
Uma lente que descentre na córnea e que
tenha um DZOP muito pequeno pode causar
16.1- DIÂMETRO TOTAL DA LENTE :
problemas visuais .
O diâmetro total da lente pode ser A topografia corneana também tem
selecionado com base no diâmetro corneano. influência na escolha do DZOP.
Este é avaliado clinicamente medindo-se o Córneas mais curvas : escolha um DZOP
diâmetro horizontal visível da íris , DHVI. menor .
Como regra geral , o diâmetro total Córneas mais planas : escolha um DZOP
da lente será 2.5mm menor que o DHVI. maior .
Quando o diâmetro corneano é
pequeno (< 11 mm), tanto o DZOP como o 16.3- RZOP: CURVA BASE
diâmetro total da lente podem ser
A topografia corneana facilitará a seleção
diminuídos para proporcionar as melhores
da RZOP. Esta medida está relacionada com
características possíveis de adaptação
o raio da curvatura corneana mais plana
estática e dinâmica .
(Curva K) sendo geralmente + / - 0.10 mm
EXEMPLO
deste valor. Um número de fatores ditarão a
DHVI:12 mm
conveniência do RZOP escolhido :
DL:12 – 2.5 mm = 9.5 mm
 Toricidade corneana .
Usualmente escolhemos uma lente
 RZOP
RGP para a prova inicial .O diâmetro deste
 Características dinâmicas da
tipo de lente é aproximadamente 2 mm
adaptação .
menor que o DHVI.É importante lembrar
 A avaliação das características da
também que quando se escolhe o diâmetro
adaptação determina a RZOP a ser
da lente, a posição das pálpebras também
indicada para o paciente. .
deve influir na seleção e não somente o
DHVI.
16.4- ESPESSURA
A espessura da lente é determinada
basicamente por :
- Rigidez do material da lente : As lentes
fabricadas de materiais menos rígidos

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precisam ser mais espessas ao ser No teste, uma lente em posição alta
adaptadas sobre uma córnea astigmática suspensa pela pálpebra propicia a
para evitar a flexão . adaptação ideal .
- Permeabilidade : como alguns materiais
altamente permeáveis são mais flexíveis , 17.2- MOVIMENTO BASCULHANTE DA
pode ser preciso aumentar a espessura da LENTE
lente (se compararmos com materiais menos Permite a troca lacrimal com o
permeáveis). piscar, renova a fonte de oxigênio para a
manutenção do metabolismo normal e a
16.5- PERMEABILIDADE - MATERIAL DA integridade fisiológica da córnea.
LENTE
17.3- CONTROLE DE DESLOCAMENTO
As lentes de contato RGP de uso COM O PISCAR
diário precisam ter um DK moderado com É fundamental manter a integridade
uma espessura central média .Para anatômica da córnea. O deslocamento
pacientes com erros refrativos altos (mais de excessivo produz desepitelização corneana
+ / - 5.00 di) se escolhe um material de DK permanente, com o risco que isso acarreta.
mais alto, para poder aumentar a passagem É possível obter os três pontos
de oxigênio através da lente . Isso ajuda a anteriores quando observamos cuidadosa e
compensar o aumento da espessura da analiticamente os parâmetros de: Curva
lente. Base, Diâmetro, Espessura de borda, CPP,
Os materiais RGP de alto e médio DZOP, etc. O DESENHO de uma lente de
DK podem sofrer deformações pelo uso e contato deve ser específico.
manipulação pelo paciente .Isto pode ser
evitado se a lente tiver uma espessura ADAPTAÇÃO DE LENTES ESFÉRICAS
central maior , porém sempre considerando a O adaptador pode seguir as orientações
passagem de oxigênio para a córnea . fornecidas pelo fabricante, embora elas não
Sobre córneas tóricas a lente irá levem em conta todos os parâmetros.A lente
fletir mais durante o piscar , o que provocará de teste será um guia. A determinação final
uma ligeira deformação . Deveremos então será tomada com base no que for observado
aumentar a espessura central da lente para no Fluorograma.
compensar esta tendência. Para auxiliar a consideração destas
A qualidade da lágrima é muito variáveis:
importante para a escolha do material: o ADAPTAÇÃO EM CÓRNEAS PLANAS (<
ângulo da umectação do material determina 42.25)
como a lente se deixará umedecer pela Astigmatismo Corneano < 0 a 1.00 di :
lágrima. Curva base : Ajustar 0,25 sobre K (K + 0.25
Para pacientes com problemas de di)
lágrima como, por exemplo, excessos de Astigmatismo Corneano de 1.25 a 1.75 di :
lipídios, devem escolher um material com Curva Base: Ajustar 0.50 sobre K (K + 0.50)
ângulo de umectação baixo. Astigmatismo Corneano de 2.00 a 2.50 di :
Todas estas características : material Curva Base : Ajustar 0.50 ou 0.75 sobre K (K
ângulo de umectação , DK , dureza , índice +0.50 ou K + 0.75)
de refração , etc, são específicos de cada Astigmatismo Corneano > que 2.50 di:
fabricante. Considerar cálculo para CB Tórica .
ADAPTAÇÃO EM CÓRNEAS MÉDIAS
17- PRINCÍPIOS BÁSICOS DA (42.25 A 44.75 di)
Astigmatismo Corneano < 0 a 1.00 di Curva
ADAPTAÇÃO Base : Paralela a K
Astigmatismo Corneano de 1.25 a 1.75 di
17.1- LENTE EM POSIÇÃO ALTA, Curva Base : Ajustar 0.25 sobre K
SUSPENSA PELA PÁLPEBRA Astigmatismo Corneano de 2.00 a 2.50 di
(RETENÇÃO PELA PÁLPEBRA Curva Base : Ajustar 0.25 a 0.50 sobre K
SUPERIOR). Astigmatismo Corneano > que 2.50 di
Curva Base : Considerar cálculos para CB

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Curso de Contatologia 42

Asférica ou Tórica . compreendidos entre 7.8 com variação de


ADAPTAÇÃO EM CÓRNEAS DE 0.3mm.
CERATOMETRIA MAIS ALTA (44.75 DI)  DEVEMOS SEMPRE LEVAR EM
Astigmatismo Corneano, 0 a 1.00 di Curva CONTA O MENISCO LACRIMAL
Base: 0.25 mais plana que K FORMADO AO CALCULAR O PODE
Astigmatismo Corneano de 1.25 a 1.75 di RDIÓPTRICO DA LENTE DE
Curva Base: Paralela a K CONTATO.
Astigmatismo Corneano de 2.00 a 2.50 di
Curva Base : Ajustar 0.25 sobre K 19- ADAPTAÇÃO DE LENTES
Astigmatismo Corneano > de 2.50 di
:Considerar cálculos para CB Asférica . TÓRICAS
Em ASTIGMATISMOS CONTRA A REGRA, As lentes Tóricas podem ser :
devemos ajustar a CB 0.50 di sobre os Tóricas Internas , Tóricas Externas ou
cálculos anteriores nas córneas de Bitóricas .
ceratometria baixa e 0.25 di nas córneas de
medidas médias.
20- LENTES DE CONTATO DE
Para lentes de ADAPTAÇÃO
INTERPALPEBRAL devemos considerar as CURVAS INVERTIDAS
características palpebrais presentes. O
cálculo da CB será 0.50 a 1.00 di mais Geralmente são adaptadas em
curva que as indicações anteriores , pois os pacientes pós cirurgias refrativas ou pós
diâmetros serão 0.2 a 0.4 mm menores que ceratoplastia , nos quais devemos levar em
em Centralização superior . conta a topografia corneana para , por
 DEVEMO SEMPRE CONSIDERAR O tentativa e erro , decidir a lente final .
MENISCO LACRIMAL AO CALCULAR O
PODER DIÓPTRICO DA LENTE . ALTA RX ........................................ALTO DK
ALTO Cil. CORNEANO... DK ALTO /MÉDIO
18- ADAPTAÇÃO DE LENTES RX MÉDIA E BAIXA.......... DK MÉDIO/ALTO
CPG .................................. DK MÉDIO/ALTO
ASFÉRICAS OLHO SECO ....................................... DK
RESSECAMENTO MÉDIO
As lentes de CB asférica podem ser
CILÍNDRO CORNEANO ............... DK ALTO
utilizadas em pacientes sem astigmatismo
BAIXO / DK MÉDIO
corneano e com leituras K altas , porque
sua excentricidade corneana é alta e as
Uma vez escolhida a lente de prova ,
lentes de CB esférica ,mesmo sendo
faremos a verificação dos parâmetros da
adaptadas mais planas ou paralelas a K, dão
lente.
Fluorograma de Ajuste (pela maior
profundidade sagital se comparadas as
asféricas). 21- VERIFICAÇÃO DOS
Com leituras K muito planas (<
40.00 di) é desnecessário utilizar as asféricas
PARÂMETROS DE LENTES DE
, pois a profundidade sagital pode ser CONTATO RÍGIDAS
praticamente a mesma que em uma esférica.
A maioria dos casos com pálpebras  Conferimos a Curva base da lente com
normais se adapta com diâmetros de 9.8mm :
ou +/- 0.3mm , conforme a posição da 1. Radioscópio
pálpebra superior, abertura palpebral , DHVI 2. Ceratômetro
e seguindo os cálculos apresentados para 3. Deflectômetro de franjas de Moiré
lentes esféricas . Conferindo o poder dióptrico no
As curvas periféricas (CPP), quando lensômetro : Poder do Vértice Posterior .
usamos diâmetros maiores , são mais  Conferimos o Diâmetro da lente com:
amplas , sendo, em geral de 1.0 a mais ou 1. Régua V
menos 0.2 mm. Pela mesma razão os DZOP 2. Lupa com aumento de 10 X
mais comuns para lenticulares estão 3. Ampliador de projeção com calibradores
eletrônicos

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 Verificamos a espessura da lente de Exercícios 3


contato com:
1. Calibrador de espessura (Espessímetro) 1. Como pode se classificar as Lentes
Tóricas?
21.1 ADAPTAÇÃO DA LENTE DE PROVA
a) Tóricas internas, tóricas externas e
 As mãos e a lente deverão estar bem
tóricas e tóricas extras
lavados . Se for destro, colocar a lente
b) Tóricas internas, tóricas extras e
no dedo indicador da mão direita.Com o
bitóricas
dedo médio da mão direita baixa a
c) Tóricas internas, tóricas externas e
pálpebra inferior e com a mão esquerda
bitóricas
fixar a pálpebra superior, desde a borda
d) Tóricas internas, tóricas invertidas,
interna .Deve-se usar firmeza, pois o
tórica extra
paciente tentará fechar o olho ao ver a
e) Todas as afirmações são corretas.
aproximação da lente .
O paciente deve estar mirando em
2. Relacione a 1ª coluna de acordo com
posição primária , com o olho contra
2ª.
lateral aberto.
 Usar uma solução umidificante
a) Ceratômetro ( ) DK médio
moderadamente viscosa e pedir ao
b) Lensômetro ( ) DK alto ⁄ médio
paciente para olhar para baixo com os
c) Alto cil. Corneano ( ) Cil. Corneano
olhos fechados .
d) Olho seco ( ) Curvas
 Manter os olhos fechados cerca de 5 a
(ressecamento) corneana
10 segundos para permitir que a solução
e) DK alto ⁄ DK médio ( ) Medir poder
umidificante e a película lacrimal se
. dioptrico
misturem. Isto minimiza o risco de
deslocamento da lente devido ao piscar
3. Para fazer a avaliação da acuidade
excessivo após a colocação.
visual e sobre refração, o paciente
 Após abrir os olhos, a adaptação da
tem que:
lente é estimulada se o paciente mantém
a mirada para baixo em condições de
a) Estar com a lente de teste no mínimo
iluminação fraca e pisca tão
30min. e só olhando para frente.
suavemente quanto possível.
b) Estar com a lente de teste no mínimo
 Se a lente descentrar por algum motivo ,
30min. e só olhando para baixo.
centralize-a fazendo o paciente olhar
c) Estar com a lente de teste no mínimo
para o lado oposto ao local onde a lente
10min. e só olhando para frente.
se encontra e , suavemente , com ajuda
d) Estar com a lente de teste no mínimo
das pálpebras , que serão movimentadas
10min. e só olhando para baixo.
com os dedos do examinador, tratar de
e) Estar com a lente de teste no mínimo
centralizar a lente . Quando a lente
30min. e podendo olhar para frente
estiver próxima à córnea , mandar o
ou cima.
paciente olhar para frente .
O paciente deve evitar olhar em posição
4. As afirmações abaixo são sintomas
primária ou superior durante os poucos
de lentes frouxas.
minutos iniciais do uso das lentes . Após
a colocação da lente de teste e do
I – Visão que piora ao piscar
paciente ter chegado a um nível de
II – Centralização inadequada
adaptação aceitável poderemos avaliar a
III – Muito movimento ao piscar
adaptação . Este tempo costuma ser 30
IV – Entrada e saída de bolhas de ar
minutos .
entre L.C e a córnea.
Avaliaremos a Acuidade Visual do
paciente com a lente de teste em visão para
a) somente I e II estão corretas
longe e para perto. Faremos a Sobre-
b) I, II, III estão corretas
refração e Sobre-subjetivo. Medimos a
c) Somente a IV estão erradas
Acuidade Visual novamente na visão de
d) Somente II e a III estão erradas
Longe e Perto se necessário.
e) Todas estão corretas

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Curso de Contatologia 44

5. Cite vantagens de L.C rígidas na CAPITULO IV


adaptação?
R...............................................................
.................................................................. 21.1.1- FLUOROGRAMA
..................................................................
.................................................................. AVALIAÇÃO DA ADAPTAÇÃO
DINÂMICA E ESTÁTICA EM LENTES DE
6. Quais são as vantagens e CONTATO RÍGIDAS
desvantagens das L.C.R.G.P?
R............................................................... A - DINÂMICA
.................................................................. Os aspectos dinâmicos da adaptação
.................................................................. são observados com o olho em posição
.................................................................. primária de mirada e piscar normal .Podemos
fazer a observação com lâmpada de Burton
7. Para fazermos a seleção da ou lâmpada de fenda (iluminação difusa,
L.C.R.G.P temos que saber: filtrada). Podemos pedir para o paciente
mudar a direção da mirada para termos uma
a) Diâmetro da córnea, DHVI e D melhor compreensão da natureza da
b) Menisco lacrimal, DHVI e posição adaptação dinâmica.
alta Devemos considerar a QUANTIDADE ,
c) Diâmetro da córnea, menisco TIPO, VELOCIDADE e DIREÇÃO do
lacrimal e rotação movimento de uma lente RGP:
d) DHVI, DHVP, rotação.  Após o piscar
e) N.R.C  Meridiano vertical
 Observação da borda inferior da lente
8. Relacione as colunas:  Registro em mm
A qualidade da movimentação é uma das
a) Curva base ( ) 49.00 ⁄ 51.00 x 90ª considerações mais importantes para julgar a
b) K ( ) 44.00 ⁄ 49.00 x 90ª adaptação das lentes RGP. A ação das
c) Curvas médias ( ) Menor curva pálpebras começa quando acontece o piscar.
d) Ceratometria alta ( ) R.Z.O.P Os componentes listados devem ser
e) Ast. Contra regra ( ) 42.00 ⁄ 43.00 avaliados:
 Quantidade
9. Em astigmatismo contra regra, como  Tipo
devemos ajustar?  Velocidade
 Direção
a) C.B 0.50 Dpt a 0.25 Dpt mais plana
que K - QUANTIDADE
b) C.B 0.50 a 1.00 Dpt mais plana que A ação da pálpebra superior fará com
K que a lente se movimente. As 3 fases do
c) C.B 2.00 a 2.50 Dpt mais plana que movimento da lente são:
K  Com o movimento da pálpebra para
d) A e C corretas baixo
e) A e B corretas  Com o movimento da pálpebra par
cima
 Movimento de recentragem após o
piscar
10. Como devemos adaptar uma L.C Os dois primeiros são difíceis, senão
R.G.P esférica? impossíveis, de serem medidos devido à
R............................................................... velocidade e cobertura da lente.
.................................................................. O movimento que pode ser mais
.................................................................. facilmente medido é a recentragem da lente
após o piscar.
Esta medida deve avaliar o ponto mais
alto na córnea que a borda inferior da lente

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alcançou na abertura do olho bem como for preciso podem ser estabelecidos graus
determinar a movimentação da lente para intermediários.
retornar a sua posição de repouso.
- DIREÇÃO
- TIPO A anotação final no Histórico, com
O tipo de movimento observado é relação ao movimento das lentes, é indicar a
usualmente um indicador da relação da direção na qual as lentes se movimentam
adaptação entre a superfície posterior da sobre a córnea.
lente e a córnea. O desejável é uma direção próxima à
A lente deverá apresentar um vertical a cada piscada.Indique se a lente gira
movimento suave na superfície corneana em torno do ápice, se é mais comum no lado
com e após cada piscada.Este movimento nasal que no temporal, se o movimento é
optimiza a comodidade e a estabilidade da maior em uma direção oblíqua ou diagonal .
visão. Um movimento suave é usualmente Indique os quadrantes de início e final:
associado a um padrão de adaptação superior, nasal inferior, temporal.
próximo do alinhamento (paralelismo). A forma mais simples de registrar o
Se a lente estiver adaptada com um quadro observado é desenhar um diagrama
toque corneano central, ela estará propensa no Histórico.
a girar em torno do ápice corneano de uma Uma lente que se movimenta
posição superior a uma inferior. suavemente numa distância de 1-2 mm na
Como o raio de curvatura central é mais direção vertical a uma velocidade média,
plano que o ápice corneano, o caminho de geralmente proporciona bom conforto e visão
resistência mínima para que a lente se mova estável. A boa movimentação também
está em torno do ápice . Isto pode ser tanto permite a remoção dos dejetos da lágrima.
no lado nasal como no temporal.
Se houver maior toricidade
corneana, a estabilidade da lente e sua
movimentação podem ser mais erráticas. A FIGURA: LENTE DE ADAPTAÇÃO IDEAL,
lente então deverá ser adaptada ligeiramente COM RETENÇÃO PELA PÁLPEBRA
ajustada para melhorar a estabilidade. O
movimento pode ser limitado a um pequeno
balanceio em torno do meridiano mais plano.
Um tipo de adaptação chamado
“Retenção da pálpebra superior” ocorre
quando a pálpebra superior retém a lente em
posição superior sobre a córnea entre as
piscadas. Com cada piscada a lente se
movimenta como se estivesse firmemente
retida pela pálpebra.Quando o olho está
SUPERIOR
totalmente aberto depois de cada piscada, a
lente mostra um pequeno movimento após o
piscar. B - AVALIAÇÃO ESTÁTICA
A interação piscar-lente pode ser, em A avaliação da Adaptação Estática
algumas adaptações, o suficiente para fazer de uma alente RGP facilita ao profissional
determinar a relação entre a superfície
com que a lente se movimente em duas
fases distintas. Isto pode se aplicar aos tipos posterior da lente e a superfície corneana
de movimentos suaves e rotação anterior.
apical.Em tais casos, o movimento da lente Esta avaliação é vital e deverá ser
pode ser registrado como, por exemplo, feita de uma forma altamente repetitiva para
suave / duas partes. permitir a comparação.
A adaptação estática deverá ser avaliada
- VELOCIDADE com o paciente em Posição Primária de
A velocidade com que uma lente se Mirada.
movimenta pode ser avaliada pelo A lente deverá estar centralizada na
profissional como lente, média ou rápida. Se córnea ou em sua posição natural de
repouso.

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A pálpebra superior pode ser elevada Cada componente da adaptação


acima da borda superior da lente por estática pode ser avaliado
manipulação digital. independentemente.
As pálpebras superiores e inferior O acúmulo central de fluoresceína
podem ser usadas pelo profissional para não está necessariamente associado com
manipular a lente de forma a permitir a sua uma periferia ajustada.
centralização sobre a córnea.
Com a centralização, o padrão de - CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DE UMA
fluoresceína deve ser avaliado e anotado.O LENTE FROUXA
acúmulo de fluoresceína indica uma zona de
afastamento entre a lente e a córnea e a
espessura da camada lacrimal abaixo da
lente pode ser avaliada.

- CARACTERÍSTICAS IDEAIS DA
ADAPTAÇÃO ESTÁTICA
Em muitos casos, uma lente que
mostra um pequeno afastamento apical, com
zona média -periférica de contato leve,
amplitude e suficiente afastamento de borda
,proporcionará uma ótima adaptação de
RGP. FIGURA: FLUOROGRAMA DE LENTE
APLANADA
-CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DE UMA
Uma tendência para uma adaptação
LENTE AJUSTADA
frouxa será evidente em uma lente que tem
uma limitada zona central de toque.
Quando a RZOP está aumentada
(mais plana), o centro da superfície posterior
da lente descansa contra a córnea central,
relativamente mais curva.
Uma adaptação frouxa mostra um
acúmulo excessivo de fluoresceína nas
zonas médio-periférica e periférica.Tais
lentes, em muitos casos, mostraram
características pobres de adaptação
dinâmica devido à redução nas forças de
centralização que atuam na lente.
A tabela AVALIAÇÃO DA LENTE
FIGURA: FLUOROGRAMA DE LENTE DE CONTATO RÍGIDA poderá ajudar a
AJUSTADA avaliar melhor o Fluorograma e decidir os
O padrão de fluoresceína associado parâmetros finais da lente de contato.
a uma adaptação de lente RGP ajustada
geralmente mostra um acúmulo apical 21.2- REMOÇÃO DA LENTE
indicando uma claridade central excessiva. No momento da retirada, a LC
Como o RZOP está menor (mais curvo), o deverá estar centralizada. Existem muitas
grau de afastamento aumenta. Isto resulta técnicas para remover as lentes. A menos
também numa zona de contato mais traumatizante é mandar o paciente abrir bem
profunda na zona médio-periférica da córnea. os olhos, esticar o ângulo externo da
O excesso de pressão nesta região pode pálpebra e tentar piscar. A lente pode sair
resultar em deformação ou distorção da com uma piscada forte ou sendo empurrada
topografia corneana. a partir da borda da pálpebra superior com o
A aparência periférica mostra dedo médio.
ajustamento assim como uma borda
estreita.Este quadro pode ser descrito como
uma periferia “ajustada”.

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21.3- HORÁRIO DE USO 21.4- VISITAS DE CONTROLE


Ao entregar a LC devemos dar, por Alguns sintomas de Adaptação que os
escrito, um Horário de uso, indicando o pacientes podem experimentar durante os
número de horas que as lentes devem ser primeiros dias / semanas de uso das LC
usadas diariamente. RGP:
Existem diferentes modalidades.  Embaçamento ocasional, nublamento
Sugerimos particularmente: e halos
o o
1 . dia: uma hora ; 2 . dia, duas horas e Isto se deve parcialmente a mobilidade
assim , sucessivamente , aumentar 1 hora da lente – especialmente RGP- provocada
o
por dia . O controle será feito no 7 . dia. Se pelo lacrimejamento excessivo, já que o
tudo estiver bem na adaptação, o paciente lacrimejamento induz alterações na película
pode continuar aumentando o horário de uso. pré-lente. Outros problemas relacionados
Faremos nova revisão com 15 dias e com 1 com o lacrimejamento incluem reflexos que
mês de uso. usualmente são piores à noite devido ao
Uma vez decididas às características aumento do diâmetro pupilar e às lágrimas
da lente, é importante ensinar ao paciente a cruzando a zona de transição na borda da
COLOCAÇÃO, REMOÇÃO, zona óptica.
RECENTRAGEM, ASSEPSIA E HORÁRIO  Hiperemia ocular
DE USO. A hiperemia bulbar e a palpebral
Alertamos também para os Sinais e resultam da estimulação mecânica sob o
Sintomas que podem surgir bem como rendimento fisiológico das lentes de contato e
decidir se temos que fazer modificações ou possivelmente a uma sensibilidade química
alterações na lente. aos produtos de assepsia .A hiperemia
Ao entregar as lentes é importante verificar causada pelos produtos é provavelmente o
os parâmetros da LC. que mais influencie, pois a hiperemia
causada pelo efeito mecânico e fisiológico
21.3.1- Uso Diário (UD) tende a diminuir com a adaptação.
As lentes são usadas durante o Usualmente não retorna a seus valores
período de vigília. São colocadas ao acordar iniciais se persiste o uso de LC.
e retiradas antes de dormir. Este Horário se
aplica tanto para RGP como para lentes A seqüência dos procedimentos
hidrofílicas. durante as Visitas de Revisão para os
usuários de LC RGP (segundo Fonn,
21.3.2- Uso Flexível (UF) 1992) é :
As lentes são usadas Com as lentes colocadas :
ocasionalmente durante o sono, numa base  História
de 2 a 3 noites por semana Geralmente se  Postura e piscar
indica este Horário para lentes hidrofílicas.  Acuidade Visual
 Retinoscopia
21.3.3- Uso Prolongado (UP)  Sobre Refração
Geralmente indicado para lentes  CSA: Ceratometria da superfície
hidrofílicas: as lentes são usadas por um anterior da LC in si tu.
período contínuo de uma semana, dia e  Avaliação do comportamento da
noite. Geralmente são descartáveis, e por lente (Padrão de Fluoresceína,
isto no fim da semana são substituídas por Centralização e Movimentação).
novas após uma noite de descanso.  Avaliação da superfície da lente
(Umectabilidade e depósitos).
21.3.4- Uso Contínuo (UC) Sem as lentes :
Geralmente se aplica às hidrofílicas.  Biomicroscopia
As lentes são usadas de forma contínua por  Ceratometria
um período de tempo entre uma semana a  Retinoscopia
um mês. No fim do período, são retiradas,  Refração
limpas, asseptizadas. Se forem descartáveis  Acuidade Visual
deverão ser substituídas por novas no dia  Exame das lentes (Depósitos,
seguinte. Inspeção de bordas e Superfície e
Medida de parâmetros).

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Mudança na curvatura corneana


Os procedimentos de Revisão da atualmente é pouco comum.O profissional
adaptação são muito similares para lentes precisa determinar qualquer mudança e
Rígidas e Hidrofílicas. É sempre importante determinar se isso está sendo induzido pela
observar a possível aparição de LC.
complicações como: Os sistemas de mapeamento
- Conjuntivite papilar Gigante (CPG). corneano analisam uma área maior da
- Reações de Olho vermelho, córnea que o ceratômetro (aproximadamente
- Ceratoconjuntivite límbica superior, 3 mm centrais) e nos proporcionam uma
- Iniltrado ou infecção. informação mais completa.
As RGP podem ter sofrido A claridade das imagens deve ser
deformações. Isto ocorre principalmente observada.Se a distorção corneana for
com materiais de alto DK, por uma aparente, deve-se suspeitar de algum grau
manipulação inadequada, ou com lentes de visão borrosa e diminuição da visão, e isto
muito finas. deve ser investigado durante a refração.
É importante também, sem que o Para verificar a integridade da
paciente note, valorizar a freqüência do borda da lente, tocá-la toda com a ponta do
piscar, que normalmente é 15 vezes por dedo para, desta maneira, sentir mais
minuto.O piscar permite a distribuição da facilmente qualquer irregularidade.
lágrima sobre as estruturas externas do olho Os arranhões na superfície da lente
e sobre a LC; adicionalmente permite a geralmente podem ser corrigidos com um
movimentação da lente para favorecer a polimento.
expulsão de depósitos e ajuda a manter sua É possível aumentar ou reduzir
centralização. Um piscar com a freqüência (modificar) o poder dióptrico de uma lente já
adequada evita o ressecamento da superfície terminada em até 0.50 di, ou também
ocular. modificar a relação da lente com a córnea
Devemos fazer a Ceratometria da fazendo modificações na curva periférica
superfície anterior ou Sobre-Ceratometria (neste caso somente podemos ampliar a
das lentes de contato (Hidrofílicas ou RGP) CPP, obviamente não podemos diminuí-la) e
IN SITU, para determinar o total de no perfil da borda.
astigmatismo corneano que é transferido à Se uma LC RGP recém chegada do
superfície da lente RGP in situ. laboratório apresenta problemas de
Como a flexão também ocorre em umectação quando colocada no olho, é
lentes hidrofílicas , o astigmatismo corneano muito provável que na superfície da lente
é transferido em sua totalidade à superfície ainda se encontrem restos de material usado
anterior .Deformações maiores que 0.25 a para polimento e que é altamente
0.50 podem ocorrer, mas não necessitam hidrofóbico.Neste caso devemos fazer uma
atenção a menos que o paciente reporte uma limpeza profunda com uma solução
baixa de acuidade visual ou que a adaptação limpadora de boa qualidade até que a lente já
esteja muito alterada . não tenha depósitos ou, em caso extremo,
Contaminação da superfície da devolvê-la ao laboratório.Em muitas ocasiões
lente pode nos dar como resultado uma os problemas de má Acuidade Visual em um
ceratometria irregular e visão borrada . usuário de RGP são devidos à má
Também o enrugamento de uma lente umectação da superfície da lente.
hidrofílica nos dará como resultado uma
distorção das miras ceratométricas e
fotoceratoscópicas .
Devemos fazer a ceratometria,
durante o exame na visita de Revisão, APÓS
RETIRAR AS LC. Se houver mudanças
evidentes na adaptação da lente, no padrão
de fluoresceína, é muito provável que
existam mudanças na curvatura corneana,
na forma da lente ou em ambos. A causa 22- LENTES HIDROFÍLICAS
deve ser determinada.

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A lente de contato hidrofílica é uma


lente fácil de ser adaptada, é confortável e
exige pouco tempo de adaptação. As lentes
ESFÉRICAS são as mais indicadas. Elas
corrigem erros refrativos esféricos ou com 22.2- ADAPTAÇÃO DE LENTES DE
cilindros baixos (< ou = 0.75) embora
CONTATO HIDROFÍLICAS
devamos considerar o eixo do
astigmatismo.Geralmente os astigmatismos - CURVA BASE
de eixo horizontal ou vertical ou eixos A curva base adequada da LC hidrofílica
próximos dão mais bem resultado visual. depende de seu desenho. Cada fabricante
Erros refrativos altos, inclusive a tem seus Guias de adaptação.Nesse
Afacia, são mais difíceis de adaptar e manter processo devemos levar em conta o
a lente centralizada. conteúdo aquoso e o diâmetro da lente, mas
Em casos de astigmatismos em geral as lentes de contato são adaptadas
corneanos significativos, mas que na assim:
Refração manifesta são esféricos, o uso de  A ceratometria é convertida em mm e
uma lente RGP esférica induzirá soma-se 0.6 a 0.7 mm à Curva mais
astigmatismo residual.Nestes casos devemos plana (Curva K)
usar lentes hidrofílicas esféricas. OU:
Regra 4 : 1  Soma-se 1 mm à média ceratométrica .
Esta é uma boa orientação geral. Se
o grau esférico de uma RX astigmática for > - DIÂMETRO DA LENTE
ou = a 4 X o componente cilíndrico, existe Medimos o di6ametro horizontal visível d
uma razoável possibilidade de que o íris (DHIV) e seguimos um desses passos :
resultado da visão com uma lente esférica  Adicionar 2 mm ao DHVI e selecionamos
seja satisfatório.Esta regra não pode ser a lente de prova o mais próxima dessa
aplicada quando nos casos em que o valor medida .
do cilindro seja > ou = a 1.50 di. OU:
 Seguimos as recomendações do
22.1- COLORAÇÕES fabricante e selecionamos o diâmetro
sugerido.
Existem diferentes colorações para
Devemos também lembrar que
lentes hidrofílicas:
ametropias altas geralmente exigem
- Coloração para manipulação
diâmetros grandes, para uma melhor
o De Diâmetro total: é a forma mais
adaptação e centralização da lente.
comum e menos custosa de fabricação.
o Diâmetro de Íris: embora seja de
- PODER DIÓPTRICO
fabricação mais onerosa, permite uma
Devemos calcular a DV em poderes
grande variedade de densidades e cores.
> ou == a 4.00 di positivas ou negativas.
- Coloração Realçadora:
Quando for preciso, calcular o Equivalente
o São tonalidades transparentes que
Esférico (somar algebricamente a metade do
alteram, mas não mudam
cilindro ao esférico).
substancialmente a cor natural da íris.
São usadas para olhos claros. Elas
- ESPESSURA
podem ser fabricadas com o diâmetro
Como já foi exposto em Materiais
da íris e com diâmetro da íris e pupila
das LC, utilizar uma lente fina produzirá:
transparente.
o Maior transmissibilidade aumenta a
- Cosméticas Opacas
comodidade do usuário, dificulta a
o Alteram a cor aparente de íris claras ou
manipulação (dobra-se e adere a si
escuras. Se fizermos uma observação
mesma), menos tendência a “corrigir” o
oblíqua através da pupila podemos
astigmatismo corneano.
verificar a cor natural da íris. Existe
também lentes terapêuticas opacas.
- CONTEÚDO AQUOSO
Dependerá da atividade do paciente,
das condições da lágrima. Devemos lembrar
que as lentes de alto conteúdo aquoso

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tendem a se desidratar mais rapidamente em


ambientes com vento ou baixa umidade, tem
maior permeabilidade ao oxigênio, maior
dificuldade na manipulação, e é mais
freqüente o deslocamento ou o rasgo.
Ocorrem também mais problemas devido a
depósitos na superfície.

- MATERIAL
A tabela a seguir é um guia de
adaptação na escolha do material.

RX ALTA NÃO IÔNICO


OLHO SECO / NÃO IÔNICO
RESSECAMENTO
ALERGIA NÃO IÔNICO
PISCAR INCOMPLETO NÃO IÔNICO
TÓRICA +ALTA RX IÔNICO OU
NÃO IÔNICO
BAIXA RX IÔNICO OU
NÃO IÔNICO 22.2.2- REMOÇÃO DA LENTE
 Paciente mirando em supraversão,
22.2.1- COLOCAÇÃO DA LENTE baixar a pálpebra inferior com o dedo
Devemos orientar ao paciente para médio e colocar a ponta do dedo
colocar e retirar primeiro a lente direita. indicador sobre a borda inferior da lente,
Existem vários métodos para a colocação. deslizá-la para baixo. Dobrá-la
 Colocar a lente no dedo indicador, baixar suavemente com os dedos indicador e
a pálpebra inferior com o dedo médio da polegar.
mesma mão. O paciente pode olhar em
frente, para o espelho. Com a outra mão, 22.2.3- LENTE INVERTIDA
prender a pálpebra superior, elevando-a. Há tempo atrás tínhamos o problema
Manter as pálpebras presas e colocar a de não saber se a lente estava do lado
lente sobre a córnea. Suavemente soltar correto ou invertida. Atualmente as lentes
ambas as pálpebras.Uma leve vêm com gravações de diferente forma
massagem sobre a pálpebra centralizará (números, letras) para sabermos se estão
a lente. corretas ou invertidas. Outra forma de
 Colocar a lente sobre o dedo indicador, identificação é colocar a lente entre o dedo
baixar a pálpebra inferior com o dedo polegar e o indicador e fecha-los lentamente.
médio da mesma mão.O paciente olha Observar o perfil da lente.Se a lente
em levoversão se for OD. Com a outra estiver invertida, as bordas se inclinam para
mão, elevar a pálpebra superior, manter fora.Se estiver correta, as bordas se inclinam
as pálpebras firmemente afastadas e para o centro da lente.
colocar a lente sobre a conjuntiva bulbar Uma vez a lente colocada, espera-se
temporal. O paciente olha agora em aproximadamente 15 a 20 minutos para
posição primária. A lente centralizará medir a Acuidade visual para longe e para
sobre a córnea. Soltar suavemente perto e fazer a sobre –refração, o sobre-
ambas as pálpebras. Uma leve subjetivo (o resultado deverá ser uma visão
massagem sobre a pálpebra centralizará clara e estável).Avaliar em seguida a
a lente. biomicroscopia .

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22.3- AVALIAÇÃO DA LENTE EM


BIOMICROSCOPIA
Lembre-se de NÃO UTILIZAR
FLUORESCEINA. A avaliação é feita com
iluminação difusa ou direta, se necessário.
Ao avaliar uma lente hidrofílica devemos
observar:
 CENTRALIZAÇÃO DA LENTE : Uma
boa centralização é caracterizada por
uma porção uniforme da lente que
ultrapassa o limbo até a conjuntiva .O
movimento da lente induzido pela
pálpebra deverá ser seguido por uma
recentralização rápida .Em posição
primária são aceitas descentrações de
0.2 a 0.75 mm.
 LAG : Avaliação da lente em miradas
 COBERTURA CORNEANA COMPLETA
laterais e sua centralização quando o
: em todas as posições (ultrapassando o
olhar voltar à posição primária. A lente
limbo em 1 mm) .Embora algumas
deve acompanhar o movimento do olho
descentrações da lente possam ser
com um leve atraso. A lente pode não
inevitáveis , o profissional tem de
tornar a centralizar e se atrasar muito
assegurar que a lente cubra a córnea ,
(lente frouxa) ou então se comportar
sob todas as circunstâncias razoáveis ,
como uma ventosa (lente justa).
para evitar trauma mec6anico e melhorar
o conforto e também para que não
22.3.1- CARACTERÍSTICAS DE LENTES
ocorram alterações fisiológicas .
JUSTAS OU FROUXAS
 MOVIMENTO ADEQUADO : A
 A borda da lente fica ondeada /
movimentação depende do tipo de lente
enrugada. É obvio que a adaptação está
que está sendo adaptada .Geralmente o
muito frouxa.
movimento se situa entre 0.2 a 1 mm.A
 Indentação conjuntival, sinal de
importância da movimentação é que com
adaptação justa.
ela são eliminados os dejetos
 Descentração excessiva. Leva a
metabólicos que estão no espaço pós-
exposição corneana (descobrimento da
lente .Já foi provado que a troca lacrimal
córnea), uma característica de
é mínima com as lentes de contato
adaptação frouxa.
hidrofílicas devido a pouca espessura da
 Não há movimentação no teste Push Up
lente lacrimal pós LC.
que pode resultar na estagnação da
 TESTE PUSH UP DA PÁLPEBRA
película lacrimal pós-lente. Lente justa.
INFERIOR EM POSIÇÃO PRIMÁRIA
 Exposição corneana em algumas
(facilidade de movimento da lente desde sua
posições de olhar. Diâmetro muito
posição estática, velocidade de recentragem
pequeno.
após o deslocamento).
 Adaptação provocando piscar associado
Com o dedo, encoste a borda da
a distúrbios visuais. Lente frouxa.
pálpebra inferior na extremidade inferior da
Para modificar as características e
lente. Desloque a lente para cima. Lentes
determinar os parâmetros finais devemos
bem adaptadas se deslocam, lentes justas
considerar as variações da Sagita
exigem maior pressão para se movimentar.
(profundidade sagital) Obviamente não se
compensa o menisco lacrimal na adaptação
de lentes hidrofílicas.

22.4- HORÁRIO DE USO


Devemos orientar o cliente sobre a
colocação e retirada das lentes.
CONSERVAÇÃO E HORÁRIO DE USO:

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Dar estas informações por escrito. 23- LENTES HIDROFÍLICAS


O horário de uso para pacientes de
primeira vez pode ser: TÓRICAS
- Uma hora pela manhã, uma à
As lentes tóricas hidrofílicas podem
tarde.Aumentar diariamente 1 hora em cada
um desses períodos. Visita de Revisão no ser utilizadas em lugar das lentes hidrofílicas
sétimo dia. esféricas quando:
- As Revisões são realizadas da mesma  O cilindro da receita for maior que 0.75
maneira que explicamos para lentes RGP, di. Isto depende também da tolerância do
apenas não fazemos o fluorograma, mas paciente.
devemos avaliar as características da lente  Pacientes com alta demanda de
com a lâmpada de fenda (centralização, acuidade visual, com cilindros baixos
movimento , etc). corrigidos.
 Pacientes que não se adaptaram às
22.5- SINTOMAS DE ADAPTAÇÃO COM lentes de contato gás permeáveis.
A ação das pálpebras durante o piscar é
LENTES DE CONTATO HIDROFÍLICAS importante para a estabilidade da lente tórica.
 Poucos ou nenhum sintoma de A pálpebra inferior não se movimenta para
adaptação; cima durante o piscar, mas tem um pequeno
 Visão reduzida, flutuante ou borrada ; movimento para o lado nasal. O lado
 Sensação de ressecamento das lentes e temporal se fecha primeiro, cerrando assim
dos olhos , especialmente no final do os olhos em forma de “cremalheira”.
período de uso;
 Olhos vermelhos ; 23.1- DESENHOS
 Ardência ao colocar as lentes ; Várias técnicas tem sido utilizadas
 Desconforto significativo; com o propósito de conseguir estabilidade de
 Ressecamento; uma lente tórica e minimizar sua rotação, par
 Hiperemia, especialmente persistente ; evitar variações na qualidade da Acuidade
 Visão reduzida . Visual. Os seguintes desenhos foram usados
ALGUNS FATORES QUE PODEM LEVAR na fabricação de lentes tóricas hidrofílicas:
OS PACIENTES A SUSPENDER O USO
DAS LC: 23.2- PRISMA
 Necessidade de troca das lentes;
 O trabalho da manutenção da lente; Um prisma de base inferior é
 O trabalho de colocação e retirada da torneado na lente e está presente incluso na
lente; zona óptica.Atualmente já não são utilizados
 A lente e/ou o sistema de manutenção é porque aumentam muito a espessura e
considerado muito caro; induzem efeito prismático vertical .
 Não estar disposto a tolerar os sintomas
de adaptação; 23.1.1- TRUNCADO
 Não ter disposição para seguir as Este desenho já não é utilizado. Era
instruções. fabricado junto com o prisma para reduzir a
REVISÕES : Nas revisões posteriores rotação.
podemos encontrar :
- Neovascularização corneana : o 23.1.2- ZONAS MAIS FINAS
crescimento de novos vasos não deve Zonas de menor espessura na parte
exceder 0.5 mm além da zona de transição superior e na inferior da lente (fora da zona
limbo corneal em qualquer parte da óptica) proporcionam um método de
circunferência corneana . estabilização razoavelmente bom embora
nem sempre dê bom resultado.

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MONÔMEROS

23.1.3- DESENHO DE LENTE TÓRICA


MOSTRANDO AS ZONAS DE
ESTABILIZAÇÃO

- ZONAS DE ESTABILIZAÇÃO
Estas zonas são colocadas sobre o
limbo inferior e são métodos efetivos para
minimizar a rotação da lente.
A pálpebra superior pressiona contra
essas zonas quando alcança sua posição
mais baixa durante o piscar.
- SUPERFÍCIE POSTERIOR TÓRICA
Ao fazer às superfícies posteriores
tóricas, a lente se alinhará por si mesma na
córnea tórica. Se isto for combinado com
Zonas de Estabilização, obtém-se um
desenho mais estável. esféricas para realizar a avaliação, para
- ROTAÇÃO aguardar que a lente se estabilize.
Ao adaptar uma lente de prova deve- A descrição convencional da rotação de uma
se esperar mais tempo que com lentes lente tórica é chamada nasal se a lente gira

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nasalmente e temporal se a lente se inclina 24- ADAPTAÇÃO EM PÓS


para fora.
As lentes tóricas trazem marcações CIRURGICOS REFRATIVOS
especiais que permitem avaliar a rotação na
lâmpada de fenda Normalmente se espere - TOPOGRAFIAS CORNEANAS OU
uma rotação de 5o.nasais devido ao efeito de VIDEOCERATOGRAFIA
cremalheira descrito anteriormente. -
Cada hora do mostrador de um 24.1- OBJETIVO -
relógio representa 30 º e desta forma - Analisar a córnea completa;
podemos calcular a rotação. - Descrever com precisão a superfície
O poder esférico da lente também anterior e posterior da córnea;
influirá nas características da rotação de uma - Pode-se realizar diagnósticos mais
alente tórica (poderes mais altos provocam precisos;
maior rotação). - Analise pré-cirúrgica e pós;
Os cilindros a 90o. são mais estáveis que os - Calcular lentes de contato;
a 180 º .Quanto maior é o cilindro, maior é o - Desenho da face posterior das lentes de
efeito de orientação. contato.

24.2- INTERPRETAÇÂO
23.2- ADAPTAÇÃO DA LENTE DE PROVA
É realizado por reflexão, onde anéis
A lente é adaptada da maneira (cerca de 32) de luz são direcionados para a
convencional das lentes hidrofílicas.Como é córnea e através da reflexão dos mesmos
uma lente tórica, não teremos que calcular ontem uma leitura de até 8.000 pontos da
o equivalente esférico. Deveremos, no córnea. Os dados são codificados em cores e
entanto, calcular a Distância ao vértice para representados em uma imagem de vídeo.
cada meridiano. As cores quentes (vermelho, rosa,
A revisão será a mesma feita para laranja) representam os poderes mais altos,
lentes esféricas. Para observar as marcas e enquanto que as frias (verde, azul, violeta) os
ver a rotação podemos usar retro-iluminação, poderes mais baixos.
secção óptica ou paralelepípedo. A escala dividida em 11 cores é
 Se as marcações da lente de prova chamada de ESCALA NORMALIZADA, a
giram com os ponteiros do relógio escala FIXA possui um programa que varia
(sentido horário) , devemos somar o entre 9 a 101 dioptrias, esta última é utilizada
valor do giro ao subjetivo (lembre que para comparação pré e pós-cirúrgico.
cada hora representa 30 graus, se gira A orientação vertical do meridiano
uma hora serão 10 graus). mais curvo nos mostra astigmatismo
 Se as marcações da lente de prova corneano a favor da regra (WR), já o
girarem contra os ponteiros do relógio horizontal mais curvo astigmatismo corneano
(sentido anti-horário) , devemos subtrair contra a regra (AR).
este valor do subjetivo.
 A lente definitiva girará da mesma 24.3- FORMA
forma que a lente de prova.
EXEMPLO: 1: Subjetivo: OD –1,00 –2,00 a - Em forma de 8,
o
20 . - Relógio de areia,
A lente de prova gira 10 graus a favor do - Borboleta,
relógio. - Oval,
Lente definitiva: OD –1,00 –2,00 a 30o. - Redonda,
(20 º + 10º. = 30 º) - Abacaxi.
EXEMPLO 2: Subjetivo: OD + 1.50 –2.50 a
24.4- LEITURA –
160 º
A lente de prova gira 10 º contra o relógio. - SRI (Índice de Regularidade da
o
Lente definitiva:OD +1.50 –2.50 a 150 . Superfície) – analise matemático
o o
(160 º - 10 . = 150 .) comparativo de cada um dos pontos que
se encontram na área pupilar e suas
diferenças (normal<0,5).

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- SAI (Índice de Assimetria da Superfície) - CAPITULO V


analise matemático comparativo na área
fora da pupila. 25- MICROBIOLOGIA DOS FUNGOS
- SIM K (Queratometria Simulada) –
analise dos dados eqüidistantes da área Durante muito tempo, os fungos
pupilar. foram considerados como vegetais e,
- PVA (Acuidade Visual Potencial) – poder somente a partir de 1969, passaram a ser
da AV estimado baseando-se no SRI e classificados em um reino à parte
sua relação com PVA. denominado Fungi.
Os fungos apresentam um conjunto
de características que permitem sua
diferenciação das plantas: não sintetizam
clorofila nem qualquer pigmento
fotossintético; não têm celulose na parede
celular, exceto alguns fungos aquáticos, e
não armazenam amido como substância de
reserva. A presença de substâncias
quitinosas na parede da maior parte das
espécies fúngicas e a capacidade de
armazenar glicogênio os assemelham às
células animais.
Os fungos são ubíquos, encontrando-
se em vegetais, em animais, no homem, em
detritos e em abundância no solo,
participando ativamente do ciclo dos
elementos na natureza.
A dispersão dos fungos na natureza
é feita por várias vias: animais, homem,
insetos, água e, principalmente, pelo ar
atmosférico, através dos ventos.
Os fungos são seres vivos
eucarióticos com um só núcleo, como as
leveduras, ou multinucleados, como os
fungos filamentosos ou bolores e os
cogumelos (fungos macroscópicos).

25.1- ESTRUTURA DA CÉLULA FÚNGICA

Todas as células fúngicas são


eucarióticas, isto é, possuem núcleo com
membrana nuclear.
Os fungos originam-se de única
célula ou de um fragmento da hifa e estas
unidades apresentam estruturas variadas,
sendo que algumas delas, mais
especificamente a parede celular, são de
grande auxílio na Taxonomia destes
microorganismos.

25.1.1- PAREDE

É uma estrutura rígida que protege a


célula de choques osmóticos (possui até oito
camadas e mede de 200 a 350nm), sendo

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composta, de modo geral, por glucanas,


mananas e, em menor quantidade, por 26- MICROBIOLOGIA DOS VÍRUS
quitina, proteína e lipídios.

25.1.2- MEMBRANA CITOPLASMÁTICA A virologia teve seu início no final do


século XIX, com o reconhecimento da
Atua como uma barreira existência de agentes infecciosos capazes de
semipermeável, no transporte ativo e passivo passar através de filtros que retinham
dos materiais, para dentro e para fora da bactérias, sendo, portanto, menores do que
célula, sendo constituída de uma porção estas. Com a evolução de conhecimentos
hidrofóbica e de uma porção hidrofílica. As teóricos e científicos verificou-se que nem
membranas das células dos fungos têm em todos os agentes filtráveis podiam ser
sua composição química esteróis, que não classificados como vírus, uma vez que estes,
são encontrados nas células bacterianas. além de seu reduzido tamanho, são parasitas
intracelulares obrigatórios, apresentam uma
organização e composição estruturais
características, além de um processo único
25.1.3- NÚCLEO de replicação.
A virologia expandiu-se
Contém o genoma fúngico e está consideravelmente nos primeiros 30 anos
agrupad o em cromossomos lineares, deste século, com a caracterização de
compostos de dupla fita de DNA arrumados número sempre crescente de doenças
em hélice. humanas, animais e vegetais causadas por
vírus capazes de infectar bactérias, os
25.2- MORFOLOGIA E REPRODUÇÃO chamados bacteriófagos.
O marco fundamental na história da
virologia corresponde, entretanto, ao
Os fungos podem desenvolver-se em momento em que o vírus do mosaico do
meios de cultivo especiais formando colônias tabaco foi cristalizado, quando derrubou a
de dois tipos: leveduriformes e filamentosas. barreira que separava os seres animados
As colônias leveduriformes são, de dos seres inanimados. Esta descoberta teve
maneira geral, pastosas ou cremosas e um grande impacto no campo das ciências
caracterizam o grupo das leveduras. biológicas em geral, da ciência médica, e
As colônias filamentosas, que dentro do próprio campo da bioquímica, onde
caracterizam os bolores, podem ser os conhecimentos que se acumularam, sobre
algodonosas, aveludadas ou pulverulentas, a estrutura viral, deram origem a uma nova
com os mais variados tipos de pigmentação. área de conhecimento, a biologia molecular.
As leveduras são microorganismos Existem diferenças fundamentais
unicelulares, a própria célula cumprindo as entre os vírus e as células vivas. Enquanto o
funções vegetativas e reprodutivas. Os genoma celular é constituído por DNA e
bolores são constituídos, fundamentalmente, RNA, no genoma viral só se encontra um dos
por elementos multicelulares em forma de dois ácidos nucléicos; a célula forma-se por
tubo – as hifas que podem ser contínuas, divisão binária de elemento preexistente, ao
não-septadas o cenocíticas e septadas. passo que o vírus finaliza seu processo de
Ao conjunto de hifas dá-se o nome multiplicação por organização de
de micélio. constituintes sintetizados; o vírus não possui,
ao contrário da célula, sistema enzimático
25.3- NUTRIÇÃO CRESCIMENTO E próprio. Estas diferenças, e o fato de os vírus
METABOLISMO poderem ser cristalizados, sem perder o
poder infeccioso, permitem-nos, numa
análise simplista, considerar os vírus como
Os fungos são microorganismos microorganismos de grande simplicidade ou
eucarióticos que se encontram amplamente moléculas de grande complexidade.
distribuídos no solo, na água, em alimentos, Mais recentemente foram
nos vegetais, em detritos em geral, em descobertos outros três elementos
animais e no homem, sendo em sua maioria responsáveis por doenças em plantas,
aeróbio obrigatórios.

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animais e seres humanos, de constituição microbiológico são os de Gram e de Ziehl -


ainda mais simples: os viróides, compostos Neelsen.
apenas por RNA; os virusóides, constituídos O termo Gram vem do nome de
por uma molécula de RNA envolta por uma Christian Gram, pesquisador dinamarquês
estrutura protéica; e os prions, que são de que, em 1884, desenvolveu, desenvolveu de
natureza protéica. maneira empírica, o método de coloração
Estes elementos têm sido estudados que passou a ter o seu nome e que permite
dentro da virologia devido não só a dividir as bactérias em dois grandes grupos:
semelhanças de composição e estrutura Gram-positivos e Gram-negativos.
(viróides e virusóides), mas também por O método, ou técnica de Gram
serem agentes de doenças que, até então, consiste, essencialmente, no tratamento
haviam sido consideradas como decorrentes sucessivo de um esfregaço bacteriano, fixado
de ação viral (viróide, virusóides e prions). pelo calor, com os seguintes reagentes:
cristal violeta, lugol, álcool e fucsina.
Assim, quando se examina ao
26- MICROBIOLOGIA DAS microscópio um esfregaço bacteriano corado
pelo método de Gram, as bactérias Gram-
BACTÉRIAS positivas se apresentam de cor roxa e as
Gram-negativas, de cor avermelhada.
26.1- Morfologia e Estrutura da célula
Bacteriana: 26.1.1- Estrutura Química:

Como a maioria das membranas


As bactérias de interesse neste biológicas, a membrana das bactérias é
estudo podem apresentar formas esféricas composta de proteínas (60%) imersas em
ou comumente chamadas cocos, cilíndricas uma bicamada fosfolipídicas (40%). As
ou bacilos e de espiral. proporções dos componentes são variáveis,
Os cocos são redondos, mas podem dependendo da espécie bacteriana e das
ser ovais, alongados ou achatados em uma condições de cultivo.
das extremidades. Quando as bactérias em Os ácidos graxos dos lipídios são
forma de cocos se dividem, as células podem responsáveis pela condição hidrofóbica da
permanecer unidas umas às outras, surgindo porção interna da membrana enquanto a
em decorrência cocos aos pares parte hidrofílica dos mesmos fica exposta ao
(diplococos), cadeias (estreptococos), cachos meio externo aquoso. Além das interações
(estafilococos). hidrofóbicas e pontes de hidrogênio, cátions
Os bacilos, ao contrário dos cocos, como Mg e Ca são responsáveis pela
só se dividem no plano sobre seu eixo menor manutenção da integridade da membrana.
de tal forma, que são poucos os arranjos ou
agrupamentos: os diplobacilos aparecem aos 26.1.2- Parede Celular:
pares e estreptobacilos ocorrem em cadeias.
Alguns bacilos assemelham-se a lanças, Geralmente a pressão osmótica do
outros têm extremidades arredondadas ou interior das bactérias (15 a 20 atmosferas) é
então retas. muitas vezes superior à do meio externo, de
Alguns bacilos assemelham-se tanto maneira que a tendência da célula a
aos cocos que são chamados cocobacilos. intumescer é grande e, se não fosse a
Lembramos, porém, que a maior parte dos presença da parede celular, as bactérias
bacilos apresenta-se como bacilos isolados. estourariam. A manutenção da forma
Bactérias espiraladas podem ter uma ou bacteriana (bacilo, coco etc.) é devida a esta
mais espirais. Quando têm o corpo rígido e estrutura. Além disso, a parede desempenha
são como vírgulas, são chamados vibriões, e um papel importante na divisão celular como
espirilos, quando têm a forma de saca-rolhas. primer para a sua própria biossíntese, dando
Há ainda um grupo de organismos origem ao septo que separa as duas novas
espiralados, mas de corpo flexível – os células oriundas da divisão celular.
espiroquetas. As paredes de bactérias Gram-
Os métodos de coloração mais negativas e Gram-positivas apresentam
empregados em bacteriologia neste estudo diferenças marcantes. Bactérias Gram-

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negativas e Gram-positivas apresentam Como a membrana citoplasmática, a


diferenças marcantes. Bactérias Gram- membrana externa das bactérias Gram-
negativas possuem uma parede composta de negativas é um mosaico fluido com um
várias camadas que diferem na sua conjunto de proteínas imersas na matriz
composição química e, conseqüentemente, é lípidicas.
mais complexa que a parede das Gram- A presença da membrana externa
positivas que apesar de mais espessa, em bactérias Gram-negativas confere
apresenta predominante um único tipo de características bastante peculiares quando
macromolécula. O conhecimento das comparadas com as bactérias Gram-
diferenças entre as paredes de bactérias positivas. Assim, a forte carga positiva
Gram-positivas e Gram-negativas é da mais localizada na membrana externa constitui
alta relevância para o estudo dos fator importante na evasão destas bactérias à
mecanismos de ação dos quimioterápicos, de ação de células fagocitárias e ao
patogenicidade e de outros tantos assuntos complemento durante a invasão de um
que estarão relacionados diretamente à hospedeiro.
composição química e estrutura da parede Além disso, a membrana externa
bacteriana. constitui uma barreira adicional à entrada de
algumas substâncias como antibióticos (por
26.1.3- Características da parede das exemplo: a penicilina), lisozima, detergentes,
Bactérias Gram-positivas: metais pesados, sais de bile, enzimas e
alguns corantes.
Suas propriedades são: A existência da membrana externa
confere às bactérias uma barreira hidrofóbica
1º Facilitar a ligação e a regulação da adicional, dificultando a penetração de
entrada e saída de cátions na célula, graças algumas substâncias, não penetrando na
ao grupo fosfato que confere uma carga parede das Gram-negativas tão facilmente
negativa à molécula que se encontra voltada quanto o fazem em Gram-positivas.
para o lado externo da célula.

2º Regular a atividade durante o processo de 26.1.5- Nutrição e metabolismo Bacterianos.


divisão celular.
- Nutrição:
3º Constituir sítios receptores de Pode-se constatar em seu interior a
bacteriófagos. predominância das macromoléculas, em
particular de proteínas e ácidos nucléicos.
4º Servir de sítio de ligação com o epitélio do Pelo princípio geral de economia
hospedeiro em algumas bactérias celular, retirar precursores prontos do meio é
patogênicas. sempre mais vantajoso do que sintetiza-los;
esta é, portanto, a escolha preferencial.
Todos os tipos de células, incluindo a
26.1.4- Características da parede das bacteriana, são constituídos de cerca de 70%
Bactérias Gram-negativas. de água, indicando que suas reações estão
preparadas para ocorrer em meio aquoso.
A parede das bactérias Gram- As substâncias ou elementos
negativas é mais complexa. E é formada por retirados do ambiente e usados para
uma membrana externa. constituir novos componentes celulares ou
A parede das bactérias Gram- para obter energia são chamados nutrientes.
negativas são mais suscetíveis a quebras
quando comparadas à de Bactérias Gram- - Temperatura.
positivas.
Como a maioria das membranas Cada tipo de bactéria apresenta uma
biológicas, a membrana externa das temperatura ótima de crescimento; em torno
bactérias Gram-negativas é formada por uma desta temperatura observa-se um intervalo
dupla camada lípidica. dentro do qual o desenvolvimento também
ocorre, sem, no entanto, atingir o seu
máximo. Ultrapassado o limite superior,

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rapidamente ocorre à desnaturação do


material celular e, conseqüentemente, a
morte da célula. As temperaturas inferiores à • Anaeróbias.
ótima levam a uma desaceleração das
reações metabólicas, com diminuição da
velocidade de multiplicação celular, que, em Anaeróbias estritas – não toleram oxigênio.
caso extremo, fica impedida. A morte, nestas Exemplos importantes deste grupo são
condições, pode acontecer depois de muito Clostridium tetani e Clostridium botulinum.
tempo.
Também quanto ao requerimento
térmico, as bactérias apresentam variações, - Metabolismo Bacteriano:
podendo ser divididas, segundo a
temperatura ótima para seu crescimento em: Uma vez garantidos pelo ambiente
os nutrientes e as condições adequadas para
assimila-los, as bactérias vão absorve-los e
Psicrófilas--------------------entre 12 e 17ºC transforma-los para que cumpram suas
funções básicas, quais sejam, o suprimento
Mesófilas---------------------entre 28 e 37ºC de energia e de matéria prima. Como matéria
prima, os nutrientes vão ser transformados
Termófilas--------------------entre 57 e 87ºC em estruturas celulares ou em moléculas
acessórias à sua síntese e funcionamento. A
contínua tomada de nutrientes permite que a
Embora existam grupos excêntricos, bactéria atinja seu objetivo máximo, que é o
que necessitam de altas temperaturas para da multiplicação.
seu crescimento, a maioria concentra-se no
grupo de mesófilas, principalmente as de
interesse médico, veterinário e agronômico. 27- SISTEMAS DE MANUTENÇÃO
- pH.
27.1- pH SISTEMAS DE MANUTENÇÃO
Os valores de pH em torno da
neutralidade são os mais adequados para a 27.1.1- SOLUÇÕES DE MULTIPLA – AÇÃO
absorção de alimentos para a grande maioria
das bactérias. SURFACTANTES E PERÓXIDO DE
Existem, no entanto, grupos HIDROGÊNIO
adaptados a viver em ambientes ácidos e
alcalinos. Índice de Potenciais de Hidrogeinização (pH)
das Soluções dos Sistemas de Manutenção.
- Oxigênio.
O oxigênio pode ser indispensável, Soluções de Múltipla Ação / Lentes de
letal ou inócuo para as bactérias, o que Contato Hidrofílicas (LCH) e Rígidas Gás
permite classifica-las em: Permeáveis (RGP):
• Aeróbias.
1- Solo Care (LCH) – Ciba Vision ⇒ 7,5
Aeróbias estritas – exigem a presença de
oxigênio. 2- Opti-Free Express (LCH) – Alcon ⇒ 8,5
Microaerófilas – necessitam de baixos teores
de oxigênio.
3- Renu Plus (LCH) – Bausch Lomb ⇒ 7,5
Facultativas – apresentam mecanismos que
as capacitam a utilizar o oxigênio quando
4- Complete (LCH) – Allergan ⇒ 7,0
disponível, mas desenvolver-se também em
sua ausência.
Aerotolerantes – suportam a presença de 5- Renu (LCH) – Bausch Lomb ⇒ 7,0
oxigênio, apesar de não o utilizarem.

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6- Boston Simplicity (RGP) – Bausch Lomb


⇒ 7,5 BIBLIOGRAFIA
7- Unique pH (RGP) – Alcon ⇒ 5,5 1: Carlson KH, Bourne WM, McLaren
JW et al: Variations in human corneal
endothelial cell morphology and
Soluções Surfactantes: permeability to fluorescein with age
.Exp Eye Res 1988; 47: 27-41.
1- Limpisol – Solótica ⇒ 3,5 2: Bourne WM, Nelson LR, Hodge Do:
central corneal endothelial cell
changes over a ten year period.
Invest Ophthalmology Visual Sci
1997; 38:779-782.
Soluções à Base de Peróxido de Hidrogênio: 3:Duke-Elder S, Wybar. System of
Ophthalmology Vol II. The Anatomy
of Visual System. Henry Kimton.
1- Ao Sept (Solução) – Ciba Vision ⇒ 6,5
London.
4:Hamano H.Hori , Hamano et al ( 1987)
2- Ao Sept (Após 10 Minutos) – Ciba Vision
The Phisiology of the cornea and
⇒ 6,5 contact lens applications .Churchill
Livingstone .New York.
3- Oxy Sept Comfort Plus (Solução) – 5:Mandell RB ( 1988).Contact lens
Allergan ⇒ 4,5 th
Practice .4 Ed. Charles C. Thomas
Publisher. Springfield.
4- Oxy Sept Comfort Plus (Após 10 Minutos) 6:Moses RA (ED 1975). Adler’s
– Allergan ⇒ 5,5 Physiology of the Eye: Clinical
Th
Aplication.6 Ed. The Mosby
27.2- ESCOLHA DO SISTEMA DE ANTI- Company. St.Louis.
7: Maurice DM: The cornea and sclera
SEPSIA ADEQUADO .In: Davdson H, Ed. The Eye. Vol.1B,
rd
Para escolhermos o sistema de 3 Ed. New York, Academic Press,
manutenção adequado devemos ter como 984, pp 75-85.
base o fator de regeneração do Epitélio 8:PolseKA, Brand R, Mandell R et al:
Anterior Corneano: Age differences in corneal
hydratation control. Invest
1- Quanto maior o poder de Ophthalmology Visual Sci.
regeneração = Mais sensível é a 9:Smolin G, Thoft RA Eds 1987.The
córnea = Utilizar soluções mais Cornea: Scientific Foundation and
nd
próximas do neutro segundo tabela Clinical Practice .2 ed. Little, Brown
2- Quanto menor o poder de and Company, Boston.
regeneração = Menos sensível é a 10: Steuhl KP 198.Ultrastructure of the
córnea = Utilizar soluções mais Conjuntival epithelium. A monograph
Alcalinas in the series: Developments in
Ophthalmology.Straub W .Ed.S
OBS = Soluções mais próximas da faixa de Karger AG, Basel.
Alcalinidade são também soluções mais 11: Warwick R.1976.Eugene Wolffs
th
ativas em manutenção anti-sépticas. anatomy of the Eye and Orbit. 7
Ed.H: K. Lewis and Co. Ltd.London.
12: Weston BC, Bourne WM, Polse KA
et al :Corneal hydratation control in
diabetes mellitus. Invest
Ophthalmology visual Sci.

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