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ORTÓPTICA E CIÊNCIAS DA VISÃO

Classificação da
Cegueira
e da Baixa Visão
Profa. Eliane Nogueira Rodrigues

Mini Currículo

Possui graduação em Ortóptica (IBMR/Laureate, 2007). Especialista em Neurologia e Neurofisiologia


Aplicada à Reabilitação, pela mesma Instituição (2009). Sua segunda pós-graduação (lato sensu), em
Neurociência Aplicada à Aprendizagem, PUB / UFRJ (2011). Fez parte do projeto internacional "10.000
Women", por meio da Fundação Dom Cabral RJ (2012) cujos estudos foram direcionados ao
empreendedorismo no ramo de Acessibilidade Visual. É membro da Sociedade Brasileira de Neurovisão e
do Conselho Brasileiro de Ortóptica. Fundadora e Diretora Clinica da ReVeR - Reabilitação Visual, onde atua
como Ortoptista e Screener na Síndrome de Irlen . Foi docente do curso de graduação em Ortóptica na Uni
IBMR/ RJ, Docente no curso de Pós Graduação - Ortóptica e Ciências da Visão UCL-RJ. Diretora Clinica
Regional na Special Olympics Brasil, e Vice Presidente do Conselho Brasileiro de Ortóptica.
Prof. Thiago Sardenberg

Mini Currículo

Mestrando em Educação (UNESA), Pós-graduado em Neurologia e Neurofisiologia aplicadas a


Reabilitação (IBMR) e em Educação Especial - Ênfase em Deficiência Visual (UNIRIO), Pedagogo
(UERJ) e Fisioterapeuta (UNESA). Formação no Conceito Mulligan e no Método PediaSuit (Básico
e Avançado). Professor de Orientação e Mobilidade do Instituto Benjamin Constant (IBC).
Atualmente é Assistente do Departamento de Estudos e Pesquisas Médicas e de Reabilitação
(DMR) e Coordenador da Clínica de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do IBC. Fisioterapeuta da
Delegação Brasileira Feminina de Goalball (2011 a 2013). Integrante da Delegação Brasileira nas
Paralimpíadas de Londres (2012).
EMENTA:

Os estudantes da Pós-Graduação serão apresentados aos fundamentos do estudo em


Baixa Visão e em Orientação e Mobilidade, conhecendo diferentes tipos de Tecnologias
Assistivas, os principais recursos visuais ópticos e não ópticos.

OBJETIVO GERAL:

Conhecer os aspectos que fundamentam a cegueira e a baixa visão.


CONHECIMENTO – Ao final desse módulo você deverá conhecer

• DEFINIR CEGUEIRA E BV NOS ASPECTOS CLINICOS E EDUCACIONAIS


• DESCREVER AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS QUE OCASIONAM A DV

COMPETÊNCIAS – Ao final desse módulo você deverá ser capaz de

• ELENCAR OS RECURSOS DE T.A. (Ópticas e não Ópticas)


• CONCEITUAR OM
• DESCREVER TÉCNICAS DE OM (Guia Vidente e Auto-proteções)

ATITUDE – Ao final desse módulo você deverá ter mudado sua atitude para:

• ANALISAR PROCESSOS DE HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO DA PESSOA DV NAS


DIFERENTES ATUAÇÕES (MULTI, INTER E TRANSDISCIPLINAR)
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Classificação da cegueira.

O conhecimento da condição de Baixa Visão em sua variada tipologia.

Apresentação de conhecimentos específicos: avaliação funcional visual e


tecnologias assistivas (ópticas e não-ópticas) necessárias ao atendimento,
avaliação e treinamento dos pacientes com baixa visão.

Noções de Orientação e Mobilidade em sua variada aplicação nos diferentes


ambientes, nas diferentes indicações clínicas e faixas etárias. Aspectos teórico-
práticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Básica
KARA-JOSÉ, Newton; VERONESE, Maria de Lourdes. SAÚDE OCULAR E PREVENÇÃO DA CEGUEIRA. Rio de Janeiro: Cultura Médica , 2009.

BRUNO, Marilda Moraes Garcia; MOTA, Maria Glória Batista da. PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: deficiência visual. Vol.1. 196 p. Fasc.I,II,III. Instituto Benjamin Constant. Brasília: Ministéria da Educação, Secretaria de
Educação Especial, 2001.

MACHADO, Edileine Vieira; e colaboradores. ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE: Conhecimentos básicos para a inclusão do deficiente visual
/Elaboração Edileine Vieira Machado...[et al.] - Brasília: MEC, SEESP, 2003.

Complementar

SAMPAIO, Marcos Wilson.; HADDAD, Maria Aparecida Onuki; COSTA FILHO, Helder Alves; SIAULYS,Maria Olímpia de Campos. BAIXA VISÃO E CEGUEIRA. OS
CAMINHOS PARA A REABILITAÇÃO, A EDUCAÇÃO E A INCLUSÃO. Rio de Janeiro: Cultura Médica, Guanabara Koogan, 2010.
Profs. Eliane Nogueira & T hiago Sardenberg
Não havia cegos
Temor Religioso
Castigo para crimes
 Abandono das crianças com deficiência

 Grécia  praticava “Exposição”  colocados em


vasos de barro e colocados à beira do caminho.
Monte Taigeto.
Egito
 HEBREUS  não praticavam abandono
de crianças pois entendiam os filhos como
dádiva divina.

 Agrupavam os deficientes num mesmo


nível de doença: cegos, surdos, coxos,
hansenianos.
“E os discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este
ou seus pais, para que nascesse cego? ( cego de nascença)Jesus
respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que
se manifestasse nele a glória de Deus...” (Evangelho de São João,
9:2,3).
 Iniciando por uma revisão histórica no que diz
respeito à educação de alunos com deficiência
visual, Filho (2010) aponta momentos marcantes
que culminaram no surgimento de escolas
especializadas. O primeiro acontecimento que
merece destaque é a criação da primeira escola
destinada a alunos cegos:
Valentin Hauy, fundador do Instituto Real dos Jovens Cegos, em
1784, a primeira escola para cegos do mundo
Charles Barbier, a descoberta do recurso de leitura e escrita através de pontos mais adequados a percepção tátil
É nesse período que Louis Braille cria a
forma de escrita que seria utilizada
até os dias de hoje:
Em 1825, Louis Braille, aluno do
Instituto, tornou público o seu sistema
de relevo para a escrita e leitura que
inicialmente foi condenado pelos
professores da escola, mas ganhou
preferência dos estudantes cegos que já
o praticavam “às escondidas”, mesmo
antes de ser aceito internacionalmente
(FILHO, 2010, p. 04)
O que eles têm em comum??
Música e Deficiencia Visual
A musicografia
permite que esses
músicos muito
especiais toquem
instrumento dignos
de quem possui o
sentido da audição
mais sensível.
 Trazendo a atenção para a América do Sul,
especificamente para o Rio de Janeiro, foi criado
o primeiro Instituto com esse perfil em solo sul-
americano: o Imperial Instituto dos Meninos
Cegos, que nos dias de hoje recebeu o nome de
Instituto Benjamin Constant (IBC).
A primeira escola para cegos na América do
Sul foi criada no Rio de Janeiro, em 1854, pelo
Imperador D. Pedro II, com a denominação de
Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Em 1892
passou a se chamar Instituto Benjamin Constant
(IBC). Além de ter criado a primeira Imprensa Braille
do Brasil (1926), serviu de modelo educacional para as
primeiras Escolas Especiais para alunos cegos (FILHO,
2010, p. 04)
Acuidade Visual (capacidade de distinguir detalhes, dada pela relação entre
o tamanho do objeto e a distância onde está situado)

Binocularidade (é a capacidade de fusão da imagem proveniente de ambos


os olhos em convergência ideal, o que proporciona a noção de profundidade)

Campo Visual (é avaliado a partir da fixação do olhar, quando é determinada


a área circundante visível ao mesmo tempo)
Visão de cores (capacidade para distinguir diferentes tons e
nuances das cores)

Sensibilidade à luz (capacidade de adaptação frente aos


diferentes níveis de luminosidade do ambiente)

Sensibilidade ao contraste (habilidade para discernir pequenas


diferenças na luminosidade de superfícies adjacentes)
(MUSTER e ALMEIDA, 2005).
 CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados a saúde

 CIF Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e


Saúde
 Aspecto Prático - a definição foi dada pela Assembléia Geral da
ONU, na data de 09/12/75, por meio de resolução nº 3.447 que
estabelece como deficiente:

[...] qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma total ou


parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social
normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em
suas capacidades físicas ou mentais. (MARTA; ARANTES)
Categoria Principais causas

Hereditária Distrofia retiniana, catarata, aniridia,


albinismo
Infância Deficiência de vitamina A, sarampo,
meningite, trauma
Peri natal Retinopatia da prematuridade, oftalmia
neonatal, cortical
Intra-uterina Rubéola, álcool, toxoplasmose

Desconhecida Anomalias, início desconhecido


 Segundo o Conselho Internacional de Oftalmologia, 2002 –
TerminologiaOftalmológica:

 Cegueira: empregada para a perda total da visão e para condições


nas quais o indivíduo se utilize, de forma predominante, dos
recursos de substituição da visão
 Baixa visão: empregada em níveis menores de perda visual, nos
quais o indivíduo possa ser auxiliado, de forma significante, por
recursos para melhorar a resolução visual

 Deficiência visual: empregada quando a diminuição é caracterizada


por perda da função visual (acuidade visual, campo visual) por
alterações orgânicas. Muitas dessas funções visuais podem ser
mensurada quantitativamente.
 Visão funcional: empregada para descrever as habilidades das
pessoas no uso de sua visão para o desempenho de tarefas em sua
vida diária. Essas atividades podem ser descritas de forma
qualitativa.

 Perda visual: empregada como termo genérico, tanto para perda


total quanto para perda parcial, caracterizado pela DEFICIÊNCIA
VISUAL ou por PERDA FUNCIONAL.
"Uma pessoa com Baixa Visão é aquela que possui um
comprometimento de seu funcionamento visual, mesmo após
tratamento e/ou correção de erros refracionais comuns e tem uma
acuidade visual inferior a 20/60 (6/18, 0.3) até percepção de luz ou
campo visual inferior a 10 graus do seu ponto de fixação mas que
utiliza ou é potencialmente capaz de utilizar a visão para
planejamento e execução de uma tarefa".
DISTÚRBIO DEFICIÊNCIA INABILIDADEDES DESVANTAGEM

Mudanças Mudanças na função Perda de habilidades Conseqüências Sociais


Anatômicas do órgão individuais

Cicatriz Acuidade visual, Habilidade de leitura, Necessidade extra de


corneana, campo visual, visão mobilidade, vida diária. esforço, perda da
catarata, de cores. independência, perda
retinopatia. do emprego.
CLASSIFICAÇÃO AV SNELLEN AV DECIMAL AUXILIOS

VISÃO NORMAL 20/12 a 20/25 1,5 a 0,8


PRÓXIMO DO NORMAL 20/30 a 20/60 0,6 a 0,3 Bifocais c/ AD esp. ou lupas

BV MODERADA 20/80 a 20/150 0,25 a 0,12 Lentes esferoprismáticas ou lupas

BAIXA VISÃO SEVERA 20/200 a 20/400 0,10 a 0,05 Lentes asféricas


lupas de mesa alto poder
BV PROFUNDA 20/500 a 20/1000 0,04 a 00,2 Kepler, ampliadores de texto, bengala, OM

PRÓXIMO À CEGUEIRA 20/1200 a 20/2500 0,015 a 0,008 Magnificação, livros falados, Braile, TA e
OM

CEGUEIRA TOTAL SEM PL SEM PL Llivros falados, Braile, TA e OM


 Classificação Estatística Internacional das Doenças e Problemas
relacionados à Saúde – CID -10

 BAIXA VISÃO <0,3 e ≥0,05


▪ Campo visual menor que 20º no melhor olho

 CEGUEIRA <0,05
▪ Campo visual menor que 10° no melhor olho
Acuidade visual com a melhor correção Máxima menor que Mínima igual ou maior que
visual possível Graus de
comprometimento visual

2 6/60 1/10 (0.1) 20/200 3/60 1/20 (0.05) 20/400

3
3/60 1/20 (0.05) 20/400 1/60* 1/50 (0.02) 5/300 (20/1200)
4 Percepção de luz
1/60* 1/50 (0.02) 5/300 (20/1200)

5 Ausência da percepção de luz

9 Indeterminado ou não especificado


 H54.0 – Cegueira em ambos os olhos
 Classes de comprometimento visual 3, 4 e 5 em ambos os olhos.

 H54.1 – Cegueira em um olho e baixa visão no outro


 Classes de comprometimento visual 3, 4 e 5 em um olho e
classificação 1 e 2 no outro.
 H54.2 – Baixa visão em ambos os olhos
 Classes de comprometimento visual 1 e 2 em ambos os olhos.

 Retinopatia Diabética CID 10 H36-0


 “Desenvolvimento de normas para caracterização de perda
visual e funcionalidade visual”

 Família de classificações, para os mais diversos usos em


administração de serviços de saúde e epidemiologia
 OMS estuda mudanças para a CID-11  2018

 Diz-se ultrapassada pois incorporou dados de 1972


 Nessa época: Tracoma, catarata, entre outras
 Erros refrativos não corrigidos: não eram levados em consideração.
 Melhor correção óptica  subestimar  deficiência visual
pela falta de correção óptica

 Categoria não leva em conta a visão funcional  pessoas que


estão no grupo dos cegos podem responder positivamente
aos auxílios da baixa visão.
 Trocar: acuidade visual com a melhor correção óptica por acuidade visual
apresentada.

 Excluir o termo baixa visão e empregar as categorias de deficiência


visual 1, 2 ou 3.

 Alterar subcategorias H54


Disturbios; Disfonções; Sindromes; Sinais e Sintomas; Queixas de pacientes (questões
sociais, causas externas, etc...)
*A CIF adquire um caráter multidisciplinar, trazendo um aspecto de contexto.
 Lei 1048/1098 - Decreto 5296 de 2004, que regulamenta algumas
leis específicas para a PcD

 lei 11126 de 2005, que aborda a questão do cão guia

 Lei 13146 de 2015, que é a Lei Brasileira de Inclusão, regendo


inclusive as questões da PcDMU - Estatuto da Pessoa com Deficiência, destinado a
 estabelecer as diretrizes gerais, normas e critérios básicos para assegurar, promover e proteger o
exercício pleno e em condições de igualdade de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais pelas pessoas com deficiência, visando sua inclusão social e cidadania participativa
plena e efetiva
 Toxoplasmose (retinocoroidite macular por)
 Retinopatia da prematuridade
 Glaucoma congênito
 Catarata congênita
 Catarata senil
 Glaucoma
 DMRI
 Retinopatia diabética
 Doença de Stargardt
 Retinose pigmentar
 Albinismo
 Retinoblastoma
 Machado-Joseph
 Sindrome de Bardet Biedl
 Sindrome de Charles Bonnet
 Nistagmo
 Sindrome de Stevens Johnson
 Neurite Optica
Relato pessoal da vivência de cegueira simulada (até 1,0 ponto).
Para a correção do relato serão considerados a descrição da experiência vivida, a
possível relação com outras experiências prévias, a percepção entre ver, não ver e
conviver e questões pessoais e/ou profissionais que envolvam a temática da
deficiência visual nos seus aspectos clínico e/ou educacional.

Trabalho - Seminário
- Demonstração do domínio do conteúdo apresentado (até 2,0 pontos)
- Apresentação do tema proposto (até 2,0 pontos)
- Correlação com a profissão e/ou prática profissional (até 1,0 ponto)
- Tempo de apresentação foi respeitado (até 1,0 ponto)
- Recurso Visual (até 1,0 ponto)
Total: 7,0 pontos

Participação em sala de aula (até 2,0 pontos).


Prof. Eliane Nogueira
elianediocchio@hotmail.com
(21) 99624-4188

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