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Ortóptica e Ciências da Visão

Módulo: Ortóptica I – Fisiologia da Visão


Binocular e Ambliopia

Material Didático:
Relação CA/A
Núcleo de Pós-Graduação
em Ciências da Visão
TEMAS DA AULA 04: RELAÇÃO CA/A – Métodos de Avaliação

1. Relação CA/A: conceito e aplicação clínica

2. Métodos de avaliação da CA/A: - Método das Heteroforias


- Método do Gradiente
RELAÇÃO CA/A

Reflete a interação entre os sistemas de controle vergenciais e acomodativos.

Sincinesia entre a Acomodação (A) e a


Vergência Acomodativa (Convergência e a Divergência ).

LEIGH & ZEE, 2015


RELAÇÃO CA/A

Importante aspecto a ser considerado no planejamento


terapêutico de pacientes Heterofóricos (Scheimann & Wick, p.234)

CA/A = ~ 4,0 Dp /D Unidades de medida: CA (Dioptrias Prismáticas)


A (Dioptrias Esféricas)
DISFUNÇÕES VERGENCIAIS e a CA/A

CA/A baixa: pequena resposta vergencial frente à


acomodação/desacomodação

CA/A alta: grande resposta vergencial frente à


acomodação/desacomodação

Scheimann e Wick, 2014. Cap. 9-10


DISFUNÇÕES VERGENCIAIS e a CA/A

1. CA/A BAIXA: INSUFICIÊNCIA DE CONVERGÊNCIA


INSUFICIÊNCIA DE DIVERGÊNCIA

Principal característica:
Pouco ou nenhum efeito do uso de lentes
visando a alteração do tamanho da heteroforia.
INSUFICIÊNCIA DE CONVERGÊNCIA

EXOFORIA MAIOR PARA PERTO


ORTOFORIA OU EXOFORIA PEQUENA PARA LONGE

CA/A BAIXA

PONTO PRÓXIMO DE CONVERGÊNCIA (PPC): AFASTADO


(Principal sinal - Rouse et al, 1999)

BAIXA AMPLITUDE FUSIONAL POSITIVA (CONVERGÊNCIA)

(Scheiman & Wick , p.237-9)


INSUFICIÊNCIA DE DIVERGÊNCIA - Baixa CA/A

Esoforia ( Longe > Perto )

Desvios comitantes (versões normais)

CA/A baixa (< 3,0 Dp/D)


Pouco ou nenhum efeito de lentes na redução do desvio.

Reduzida AFNL

Erro refrativo pouco significante

(Ref.: Scheiman & Wick, 4 Ed. 2014, p. 259)


DISFUNÇÕES VERGENCIAIS e a CA/A

2. CA/A ALTA: EXCESSO DE CONVERGÊNCIA


EXCESSO DE DIVERGÊNCIA

Principal característica:
Maior efeito do uso de lentes esféricas
visando a alteração do tamanho da heteroforia.
EXCESSO DE CONVERGÊNCIA
EXCESSO DE -CONVERGÊNCIA
Alta CA/A

Esodesvio é maior para perto do que para longe.


( ~ 10 Dp de diferença)

Ortoforia ou pequena Esoforia para longe

Alta CA/A

Ref.: Scheiman & Wick, 4 Ed. 2014, p. 273)


EXCESSO DE DIVERGÊNCIA - Alta CA/A

Exodesvio para longe é maior do que para perto ( ~ 10 a 15 Dp de diferença)

Desvio para longe: X , X(T) ou XT

Ortoforia ou pequena Exoforia para perto

Tendência para o desvio intermitente para longe – X(T)

Estereopsia normal para perto e ambliopia ausente

(Ref.: Scheiman & Wick, 4 Ed. 2014, p. 290)


EXCESSO DE DIVERGÊNCIA VERDADEIRO
OU
PSEUDO-EXCESSO DE DIVERGÊNCIA?

Desvio inicialmente menor para perto.


Aumenta após 30’ a 45’ de oclusão de um dos olhos.
Igualando-se ao devio para longe.

Antes: desvio perto < longe


Depois: desvio perto = longe (básico)

(Ref.: Scheiman & Wick, 4 Ed. 2014, p. 292)


AVALIAÇÃO CLÍNICA DA
RELAÇÃO CA/A
AVALIAÇÃO CLÍNICA DA RELAÇÃO CA/A

Método das Heteroforias

Método do Gradiente

Von Noorden, 2002, p. 89


Cálculo da CA/A pelo Método das Heteroforias

Se baseia na variação do tamanho/tipo de heteroforia


quando medida em diferentes distâncias do olhar (perto e longe).

Von Noorden, 2002, p. 90


Etapas da avaliação clínica da CA/A pelo Método das Heteroforias

Etapa 1: Mensurar a distância interpupilar (DIP) em centímetros com uma régua .

http://www.e-voo.com/viewtopic.php?t=166971
Etapas da avaliação clínica da CA/A pelo Método das Heteroforias

Etapa 2: Cover test


Anotar os valores obtidos ao cover test prismático (ou análogo)
no olhar para perto (33cm) e para longe (6m).

Obs: - A variação da acomodação será de 3 dioptrias entre essas distâncias do olhar.

- Para aplicar a fórmula matemática, é preciso considerar os valores dos desvios


divergentes com sinal negativo e dos convergentes com sinal positivo.
Cálculo da CA/A pelo Método das Heteroforias

CA/A = DIP + ( ∆ P – ∆ L)
D

Sendo:
DIP = valor da distância interpupilar (cm)
∆ P = valor do desvio ao cover test para perto (1/3m)
∆ L = valor do desvio ao cover test para longe (6 m)
D = valor da variação da acomodação em Dioptrias nas distâncias de teste (nesse caso 3 D)

Von Noorden, 2002, p. 90


PAUSA PARA UMA ATIVIDADE EM DUPLAS

Cálculo da CA/A pelo Método das Heteroforias


Calcule a CA/A pelo Método das Heteroforias : CA/A = DIP + ( ∆ P – ∆ L)
D

Considerando os valores abaixo:

Sendo:
DIP = distância interpupilar (cm): 6,0 cm
∆ P = valor do desvio para perto (1/3m): + 6 Dp Esoforia
∆ L = valor do desvio para longe (6 m ou mais): Ortoforia
D = valor da variação da acomodação em Dioptrias nas distâncias de teste (nesse caso 3 D)

CA/A = ?
Calcule a CA/A pelo Método das Heteroforias : CA/A = DIP + ( ∆ P – ∆ L)
D

Considerando os valores abaixo:

Sendo:
DIP = distância interpupilar (cm): 6,0 cm
∆ P = valor do desvio para perto (1/3m): + 6 Dp Esoforia
∆ L = valor do desvio para longe (6 m ou mais): Ortoforia
D = valor da variação da acomodação em Dioptrias nas distâncias de teste (nesse caso 3 D)

CA/A = 6,0 + ( + 6,0 – 0) = 6,0 + (6,0/3) = 6,0 + 2,0 = 8,0 ∆/D


3
Calcule a CA/A pelo Método das Heteroforias : CA/A = DIP + ( ∆ P – ∆ L)
D

Considerando os valores abaixo:

Sendo:
DIP = distância interpupilar (cm): 6,0 cm
∆ P = valor do desvio para perto (1/3m): - 6 Dp Exoforia
∆ L = valor do desvio para longe (6 m ou mais): Ortoforia
D = valor da variação da acomodação em Dioptrias nas distâncias de teste (nesse caso 3 D)

CA/A = ?
Calcule a CA/A pelo Método das Heteroforias : CA/A = DIP + ( ∆ P – ∆ L)
D

Considerando os valores abaixo:

Sendo:
DIP = distância interpupilar (cm): 6,0 cm
∆ P = valor do desvio para perto (1/3m): - 6 Dp Exoforia
∆ L = valor do desvio para longe (6 m ou mais): Ortoforia
D = valor da variação da acomodação em Dioptrias nas distâncias de teste (nesse caso 3 D)

CA/A = 6,0 + ( - 6,0 – 0) = 6,0 + (- 6,0/3) = 6,0 - 2,0 = 4,0 ∆/D


3
Cálculo da CA/A pelo Método do Gradiente

Se baseia na variação do estado de alinhamento binocular frente a um


estímulo acomodativo, sem variar a distância de teste.

Von Noorden, 2002, p. 90


Avaliação Clínica da CA/A pelo Método do Gradiente

Etapa 1 : PREPARAÇÃO PARA O TESTE

- O paciente usará no teste a correção de sua refração, se houver.

- Escolha a distância de realização do teste e a mantenha fixa: perto ou longe.

- Escolha a lente que irá usar no teste: positiva ou negativa (valor : 1, 2 ou 3 D)


Avaliação Clínica da CA/A pelo Método do Gradiente

Etapa 2 : Cover test

Avaliar o estado de alinhamento binocular pelo método


do cover test prismático (ou análogo).

Anotar os valores obtidos com e sem indução de lente


esférica adicional (usando armação de provas ou flippers).

Obs: Para aplicar a fórmula matemática, é preciso considerar os


valores dos desvios divergentes com sinal negativo e dos
convergentes com sinal positivo.
Cálculo da CA/A pelo Método do Gradiente

CA/A = ( Desvio com adição de lente – Desvio original sem lente)


Valor da lente sem sinal

Desvio s/lente = valor em ∆ do desvio obtido no cover test sem induzir lentes esféricas adicionais, usando
apenas a correção da refração do paciente, quando houver.

Desvio c/lente = valor em ∆ do desvio com a adição da lente esférica escolhida (positiva ou negativa)

Valor da lente sem sinal = valor em dioptrias esféricas da lente induzida: o estímulo acomodativo induzido.

Von Noorden, 2002, p. 90


PAUSA PARA UMA ATIVIDADE EM DUPLAS

Cálculo da CA/A pelo Método do Gradiente


Calcule a CA/A pelo Método do Gradiente: CA/A = ( ∆ c/lente – ∆ s/lente)
D

Considerando os valores abaixo:

Sendo a distância de teste fixa em ambas as medidas de desvio (1/3 m, 40cm, 3m ou 6m)

∆ = valor do desvio sem lente: Ortoforia


∆ = valor do desvio com lente: + 6 Dp Esoforia
D = valor da lente em módulo usada no teste em Dioptrias: - 1,0 D

CA/A = ?
Calcule a CA/A pelo Método do Gradiente: CA/A = ( ∆ c/lente – ∆ s/lente)
D

Considerando os valores abaixo:

Sendo a distância de teste fixa em ambas as medidas de desvio (1/3 m, 40cm, 3m ou 6m)

∆ = valor do desvio sem lente: Ortoforia


∆ = valor do desvio com lente: + 6 Dp Esoforia
D = valor da lente usada no teste em Dioptrias: - 1,0 D

CA/A = ( + 6,0 – 0) = 6,0 / 1,0 = 6,0 ∆/D


|- 1,0 |
Calcule a CA/A pelo Método do Gradiente: CA/A = ( ∆ c/lente – ∆ s/lente)
D

Considerando os valores abaixo:

Sendo a distância de teste fixa em ambas as medidas de desvio (1/3 m, 40cm, 3m ou 6m)

∆ = valor do desvio sem lente: Ortoforia


∆ = valor do desvio com lente: - 6 Dp Exoforia
D = valor da lente usada no teste em Dioptrias (em modulo): + 1,0 D = | 1,0 D |

CA/A = ?
Calcule a CA/A pelo Método do Gradiente: CA/A = ( ∆ c/lente – ∆ s/lente)
D

Considerando os valores abaixo:

Sendo a distância de teste fixa em ambas as medidas de desvio (1/3 m, 40cm, 3m ou 6m)

∆ = valor do desvio sem lente: Ortoforia


∆ = valor do desvio com lente: - 6 Dp Exoforia
D = valor da lente usada no teste em Dioptrias: (em modulo): + 1,0 D = | 1,0 D |

CA/A = ( + 6,0 – 0) = + 6,0 / 1,0 = 6,0 ∆/D


1,0
Calcule a CA/A pelo Método do Gradiente: CA/A = ( ∆ c/lente – ∆ s/lente)
D

Ortoforia para - 6 Dp Exoforia: resultou em CA/A = 6 ∆/D

Ortoforia para + 6 Dp Esoforia: resultou em CA/A = 6 ∆/D

Por quê nesse caso não variou o valor da CA/A?


Calcule a CA/A pelo Método do Gradiente: CA/A = ( ∆ c/lente – ∆ s/lente)
D

Ortoforia para - 6 Dp Exoforia: resultou em CA/A = 6 ∆/D

Ortoforia para + 6 Dp Esoforia: resultou em CA/A = 6 ∆/D

Por quê nesse caso não variou o valor da CA/A?


Porque, diferentemente do método das Heteroforias, no do Gradiente não há
interferência da variação da distância do olhar, ou seja, da convergência proximal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Básica
ALVES, Milton Ruiz (Org.). BICAS, Harley E. A.; SOUZA-DIAS, Carlos R. ; ALMEIDA, Henderson C.. ESTRABISMO. CBO - Série
Oftalmologia Brasileira. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2013.

SOUZA-DIAS, Carlos Ramos; GOLDCHMIT, Mauro. OS ESTRABISMOS: teoria e casos comentados. Rio de Janeiro: Cultura
Médica: Guanabara Koogan, 2011.

YAMANE, Riutiro. SEMIOLOGIA OCULAR. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Cultura Médica,2008

Complementar

DIAZ, Julio Prieto; DIAS, Carlos Souza. ESTRABISMO. 5ª Edição. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2009.

LEIGH, R. John; ZEE, David S.. THE NEUROLOGY OF EYE MOVEMENTS. 5th Ed. New York: Oxford University Press, 2015.

SECIN, V.K.A.V.; Pfeiffer, M.L. (Orgs) CADERNOS DE ORTÓPTICA. Goiânia: Ed,PUC, 2009.

VON NOORDEN, G.K. BINOCULAR VISION AND OCULAR MOTILITY: Theory and management of Strabismus. 6ª Ed. Saint
Louis: Mosby,2002.
Viviam Secin
cienciasdavisao.pos@celsolisboa.edu.br
Módulo: Ortóptica I

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