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Engenharia Mecânica

Engenharia e Gestão Industrial


Engenharia Biomédica

Textos de Apoio de
Cálculo I

Módulo 01

Cálculo Diferencial em IR

Ano lectivo 2011/2012

Docentes da Unidade Curricular


Isabel Cristina Lopes
(cristinalopes@eu.ipp.pt)
Paula Nunes
(paulanunes@eu.ipp.pt)
Fernanda Ferreira
(fernandaamelia@eu.ipp.pt)

Textos elaborados por: Aldina Correia, Isabel Cristina Lopes, Maria Paula Nunes.
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Sumário

1. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL.................................. 4

1.1. Definição de Função ................................................................................................................. 4


1.1.1. Definição de função, domínio, contradomínio e conjunto de chegada.................. 4
1.1.2. Função real de variável real ................................................................................................ 5
1.1.3. Funções definidas por ramos ............................................................................................... 5

1.2. Injectividade, sobrejectividade e bijectividade ................................................................... 6

1.3. Operações com funções .......................................................................................................... 6

1.4. Gráfico de uma função............................................................................................................. 7

1.5. Algumas propriedades das funções ....................................................................................... 8


1.5.1. Monotonia de uma função.................................................................................................. 8
1.5.2. Zeros, sinal e extremos de uma função ............................................................................. 9
1.5.3. Paridade e periodicidade de uma função ...................................................................... 9

1.6. Limites e continuidade ............................................................................................................ 11


1.6.1. Definição de limite, limites laterais e operações com limites......................................11
1.6.2. Continuidade de uma função real de variável real.....................................................15

1.7. Revisão de tipos de funções especiais ................................................................................. 16


1.7.1. Função constante ................................................................................................................16
1.7.2. Função identidade...............................................................................................................16
1.7.3. Função polinomial do primeiro grau ................................................................................17
1.7.4. Função Quadrática .............................................................................................................18
1.7.5. Função Polinomial ................................................................................................................19
1.7.6. Função Módulo.....................................................................................................................20
1.7.7. Função Racional...................................................................................................................21
1.7.8. Função algébrica .................................................................................................................21
1.7.9. Função exponencial ............................................................................................................22
1.7.10. Função logarítmica ..............................................................................................................23
1.7.11. Funções trigonométricas e trigonométricas inversas ....................................................26

1.8. Funções hiperbólicas .............................................................................................................. 37

2. CÁLCULO DIFERENCIAL EM IR................................................................................... 43

2.1. Definição e interpretação geométrica da derivada .......................................................... 43


2.1.1. Taxas de Variação ...............................................................................................................43
2.1.2. Função derivada ..................................................................................................................44
2.1.3. Diferenciabilidade e continuidade ..................................................................................45
2.1.4. Interpretação geométrica: recta tangente e recta normal.......................................45

2.2. Regras de derivação ............................................................................................................... 47

2.3. Derivadas de funções hiperbólicas....................................................................................... 48

2.4. Derivada da função composta.............................................................................................. 48

2.5. Derivada da função inversa ................................................................................................... 49

2.6. Derivadas de ordem superior................................................................................................. 50

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2.7. Derivação de funções implícitas ........................................................................................... 51


2.7.1. Função implícita ...................................................................................................................51
2.7.2. Derivada de uma função implícita ..................................................................................51

2.8. Derivação de funções definidas parametricamente.......................................................... 52


2.8.1. Funções definidas parametricamente.............................................................................52
2.8.2. Derivadas de funções definidas parametricamente....................................................52

2.9. Diferencial: definição e aplicações ...................................................................................... 54

2.10. Teoremas de Rolle, Lagrange e Cauchy .............................................................................. 55

2.11. Aplicação das derivadas ao cálculo de limites: indeterminações.................................. 57

2.12. Aplicação das derivadas ao estudo da variação de funções ......................................... 59


2.12.1. Funções crescentes, decrescentes e constantes..........................................................59
2.12.2. Pontos críticos e extremos...................................................................................................60
2.12.3. Teste da 1ª derivada ............................................................................................................60
2.12.4. Concavidade e pontos de inflexão .................................................................................61
2.12.5. Teste da 2ª derivada ............................................................................................................62
2.12.6. Assímptotas ............................................................................................................................62

2.13. Fórmula de Taylor..................................................................................................................... 63

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1. Generalidades sobre funções reais de variável real

1.1. Definição de Função


1.1.1. Definição de função, domínio, contradomínio e conjunto de chegada.

Definição 1:
Sejam A e B subconjuntos de IR. Uma função f : A → B é uma lei ou regra que a
cada elemento de A faz corresponder um único elemento de B.

A B

• x1 • f(x1)
• x2 • f(x2)
F

Figura 1

Definição 2:
Seja f : A → B uma função. Chamamos objecto a todo o x ∈ A e ao elemento
f ( x) ∈ B chamamos o valor da função f no ponto x ou a imagem de x por f.

Definição 3:
O conjunto A diz-se o domínio de f e denota-se por Df .
B diz-se conjunto de chegada.
O conjunto de elementos de B que são imagem por f dos elementos de A diz-se
contradomínio ou conjunto imagem de f e denota-se por D’f .

Assim, diz-se que f é uma função de x, se:


• São especificados os valores de x, isto é, o domínio;
• Para cada valor de x, existe um e um só valor f(x)(imagem de x);
Neste caso, podemos definir a função f que a cada valor de x do domínio faz
corresponder um valor f(x).
Nota: Não se deve confundir f com f(x), pois enquanto f é a função, f(x) é apenas o
valor que a função assume no ponto x.
Assim, o domínio será o conjunto de valores de entrada, isto é, o conjunto a que x
pertence e o contradomínio de f é o conjunto de todos os valores de saída, isto é,
todos os valores possíveis de f(x), quando x pertence ao domínio.

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1.1.2. Função real de variável real

Definição 4:
Uma função f diz-se função real se o conjunto de chegada for um subconjunto de IR.
Uma função f diz-se função de variável real se o domínio for um conjunto de IR.
Assim, uma função real de variável real (f.r.v.r.) é uma função cujo domínio e
conjunto de chegada são subconjuntos de IR.
Considere-se uma f.r.v.r. f.
O domínio de f é definido por D f = {x ∈ ℝ : f ( x) está bem definida}

{
O contradomínio de f é definido por D’f = f ( D f ) = y ∈ IR : y = f ( x), com x ∈ D f }
Exemplo 1:
A função definida por y = x tem domínio e contradomínio ℝ +0 .

1.1.3. Funções definidas por ramos

Uma função definida por expressões diferentes consoante os sub-intervalos do


domínio diz-se uma função definida por ramos.

Exemplo 2:
1 − x se x < 1
A função f ( x) =  tem como domínio IR, visto que está bem definida
 x − 1 se x ≥ 1
quer para x < 1 , quer para x ≥ 1 . O contradomínio desta função é o intervalo [ 0, +∞[ .
y

x
−3 −2 −1 1 2 3 4 5

−1

Figura 2

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Exercício 1:
A partir da representação gráfica da função f, complete as afirmações:

a) f ( −1) = ___
y b) f (0) = ___

2 c) f (2) = ___
y=f(x)
1 d) f (__) = −2

-1 2 x e) f ( x) = ____ se x ≥ 2
-1 f) f ( x) = ____ se x ≤ 0
g) D f =

h) D′f =

Figura 3

1.2. Injectividade, sobrejectividade e bijectividade


Definição 5:
Seja f uma função. Diz-se que:
 f é injectiva sse a objectos diferentes correspondem imagens diferentes, isto é:
x1 ≠ x2 ⇒ f ( x1 ) ≠ f ( x2 ), ∀x1 , x2 ∈ D f
 f é sobrejectiva sse todos os elementos do conjunto de chegada são imagem de
algum ponto do domínio.
 f é bijectiva se é injectiva e sobrejectiva.

1.3. Operações com funções


Definição 6:
Sejam f e g duas f.r.v.r., com domínios D f , Dg , respectivamente. Podem-se definir, a
partir destas funções, as funções seguintes:
 f+g, soma de f e g como ( f + g ) ( x) = f ( x) + g ( x) ;
 f-g, diferença entre f e g como ( f − g ) ( x) = f ( x) − g ( x) ;
 f.g, produto de f por g como ( f ⋅ g ) ( x) = f ( x) ⋅ g ( x) ;
As três funções definidas anteriormente têm domínio D = D f ∩ Dg .

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( f g ) ( x) = ( gf ) ( x) = g ( x) ,
f ( x)
 f/g, quociente entre f e g como cujo domínio é

D = D f ∩ Dg \ { x ∈ Dg : g ( x) = 0} ;
 fog, função composta, lê-se “f após g”, como ( f  g ) ( x) = f ( g ( x) ) , cujo domínio é
D = { x ∈ Dg : g ( x) ∈ D f } .

Definição 7:
Sejam f e g duas f.r.v.r., injectivas, com domínios D f , Dg , respectivamente.

As funções são inversa uma da outra sse f ( g ( x)) = x, ∀x ∈ Dg e g ( f ( x)) = x, ∀x ∈ D f

Neste caso, diz-se que g é função inversa de f, a função g representa-se por f −1 e


tem-se que D f = D ' f −1 e D ' f = D f −1 .

1.4. Gráfico de uma função


Definição 8:
Seja f uma f.r.v.r.. O gráfico de f é o conjunto de todos os pontos ( x, f ( x) ) de um
plano coordenado, onde x pertence ao domínio de f, isto é:
{
Gr ( f ) = ( x, y ) ∈ IR 2 : y = f ( x) ∧ x ∈ D f }
Nota: Não se deve confundir “Gráfico de f” com “Representação Gráfica de f”:
Enquanto o gráfico é o conjunto de pontos, a representação gráfica é o esboço
desse conjunto de pontos num sistema de eixos cartesianos.

Exemplo 3:
1
Seja f ( x) = .
x
O domínio de f é definido por

Df = { x ∈ ℝ : f ( x) está bem definida} = { x ∈ ℝ : x ≠ 0} = ℝ \ {0}

O contradomínio de f é definido por

{ } 
D’f = f ( D f ) = y ∈ IR : y = f ( x), com x ∈ D f =  y ∈ IR : y =
1 
, x ≠ 0 = IR\{0}
 x 
O gráfico de f é

{ } 
Gr ( f ) = ( x, y ) ∈ IR 2 : y = f ( x) ∧ x ∈ D f = ( x, y ) ∈ IR 2 : y = ∧ x ∈ IR \ {0}
1
 x 

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A representação gráfica deste gráfico é a seguinte

Figura 4

Nesta representação podemos verificar as alíneas anteriores. Além disto, podemos


observar no gráfico várias propriedades da função; no entanto é necessário
verificá-las analiticamente.

1.5. Algumas propriedades das funções


1.5.1. Monotonia de uma função

Definição 9:
Seja f uma função real de variável real e A ⊆ D f . Diz-se que:

f é monótona crescente em A sse x1 < x2 ⇒ f ( x1 ) ≤ f ( x2 ) ∀x1 , x2 ∈ A ;

f é estritamente crescente em A sse x1 < x2 ⇒ f ( x1 ) < f ( x2 ) ∀x1 , x2 ∈ A ;

f é monótona decrescente em A sse x1 < x2 ⇒ f ( x1 ) ≥ f ( x2 ) ∀x1 , x2 ∈ A ;

f é estritamente decrescente em A sse x1 < x2 ⇒ f ( x1 ) > f ( x2 ) ∀x1 , x2 ∈ A .

Exemplo 4:
1
Ainda relativamente à função definida por f ( x) = , podemos verificar que é
x
estritamente decrescente no intervalo ]−∞, 0[ e em ]0, +∞[ .

Note-se que não podemos dizer que é estritamente decrescente em ]−∞,0[ ∪ ]0, +∞[ ,

visto que existem exemplos que contrariam a definição: por exemplo, considerando
x1 = −2 < 2 = x2 , tem-se f ( x1 ) = − 12 >/ 12 = f ( x2 ) .

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1.5.2. Zeros, sinal e extremos de uma função

Definição 10:
Seja f uma função real de variável real e A⊆Df.

i) Os zeros de f são os valores da variável independente x para os quais a função é


nula, ou seja, são os valores de x ∈ D f que verificam a equação f(x)=0.

ii) Diz-se que f é positiva em A sse f ( x) > 0 ∀x ∈ A ;

iii) Diz-se que f é negativa em A sse f ( x) < 0 ∀x ∈ A .

Definição 11:
Seja x0 ∈ ℝ , δ > 0 . Chama-se vizinhança de x0 com raio δ ao intervalo ]x0 − δ , x0 + δ [
e representa-se por Vδ ( x0 ) .

Definição 12:
Seja f uma função real de variável real e x0 ∈ D f . Diz-se que:

 f atinge um mínimo local (ou relativo) em x0 sse f ( x) ≥ f ( x0 ), ∀x ∈ Vδ ( x0 )

 f atinge um máximo local (ou relativo) em x0 sse f ( x) ≤ f ( x0 ), ∀x ∈ Vδ ( x0 )

 f atinge um mínimo absoluto em x0 sse f ( x) ≥ f ( x0 ), ∀x ∈ D f

 f atinge um máximo absoluto em x0 sse f ( x) ≤ f ( x0 ), ∀x ∈ D f

Os extremos de f são os máximos e mínimos de f.

1.5.3. Paridade e periodicidade de uma função

Definição 13:
Seja f uma função real de variável real.
i) f é uma função par se ∀x ∈ D f ⇒ − x ∈ D f ∧ f (− x) = f ( x) . Graficamente f é

par se o gráfico for simétrico relativamente ao eixo dos yy.

ii) f é uma função ímpar se ∀x ∈ D f ⇒ − x ∈ D f ∧ f (− x) = − f ( x) . Graficamente f

é ímpar se o gráfico for simétrico relativamente à origem.

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Exemplo 5:
1
Sejam f ( x) = (cuja representação gráfica é a figura 4) e g ( x) = x 2 − 1 , cuja
x
representação gráfica é a seguinte:

Figura 5
1
A função f não tem zeros, uma vez que f ( x) = 0 ⇔ = 0 (Equação impossível) e a
x
função g tem dois zeros, pois g ( x) = 0 ⇔ x = −1 ∨ x = 1 .
1
A função f é uma função ímpar, uma vez que f (− x) = − = − f ( x ) e a função g é uma
x
função par, pois g (− x) = (− x) 2 − 1 = x 2 − 1 = g ( x) . Efectivamente, a representação de f

é simétrica em relação à origem e a função g é simétrica em relação ao eixo dos yy.

Definição 14:
Seja f uma função real de variável real. f é uma função periódica se
∃p ∈ ℝ \{0}: f ( x + p ) = f ( x) . Ao menor número positivo p que satisfaz esta condição
chamamos período da função f.

Exemplo 6:
Um exemplo de função periódica é a função seno. Como podemos ver na sua
representação gráfica (Figura 6) o comportamento da função no intervalo ]− π ,π [

“repete-se” em intervalos com a mesma amplitude (múltiplos de 2π). Portanto, esta


função é periódica de período 2π.

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Figura 6

Efectivamente, sin( x + 2π ) = sin x, ∀x ∈ IR e 2π é o mais pequeno número positivo para

o qual isto acontece.

1.6. Limites e continuidade


1.6.1. Definição de limite, limites laterais e operações com limites.

Se f é uma f.r.v.r., então dizemos que lim f ( x) = L, onde L < ∞ , se o valor de f(x) se
x →a

aproxima arbitrariamente de L, à medida que x se aproxima cada vez mais de a.

Definição 15 (Definição de limite):


lim f ( x) = L, onde L < ∞ (L é um número real) sse, qualquer que seja o número positivo
x →a

ε, arbitrariamente pequeno, existe um número positivo δ tal que, quando


0 <| x − a |< δ , então | f ( x) − L |< ε , isto é,

lim f ( x) = L ⇔ ∀ε > 0, ∃δ > 0 : x ∈ D f , 0 <| x − a |< δ ⇒| f ( x) − L |< ε


x →a

Esta definição pode ser explicada da seguinte forma:

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Depois de ε ter sido escolhido (ou seja, depois de ter sido escolhido o intervalo B no
eixo yy), então δ pode ser encontrado (ou seja, o intervalo A no eixo xx pode ser
determinado) de modo que, quando x ≠ a está no intervalo A (por exemplo em x0)
então f(x) está no intervalo B (em f(x0)).

δ δ
A
a x0 x
a-δ a+δ
f
ε ε

B
L f(x0) y
L-ε L+ε

Figura 7

Exemplo 7:
Usemos a definição para mostrar que lim( x 2 + 3 x) = 10 .
x→2

Seja ε > 0 arbitrariamente escolhido.

Pretendemos obter δ > 0 tal que, quando 0 <| x − 2 |< δ , então | ( x 2 + 3 x) − 10 |< ε .

Note-se que | ( x 2 + 3 x) − 10 |=| ( x − 2)2 + 7( x − 2) |≤| ( x − 2)2 | +7 | x − 2 | , sendo | x − 2 |< δ .

Se 0 < δ ≤ 1 , então δ 2 ≤ δ , logo, neste caso,

| ( x − 2) 2 | +7 | x − 2 |≤| x − 2 | +7 | x − 2 |= 8 | x − 2 |< 8δ < ε .

Portanto, se tomarmos δ como o mínimo de 1 e ε , temos que | ( x 2 + 3 x) − 10 |< ε ,


8
como pretendíamos provar.

Nota: O valor de f(x) quando x=a pode nem existir e, mesmo assim, existir o limite
lim f ( x) . De facto, f pode nem estar definida para x=a.
x →a

Exemplo 8:
x2 − 4 x2 − 4
Temos que lim = 4 , apesar de não estar definido em x=2.
x→2 x−2 x−2
0
x2 − 4 0 ( x − 2)( x + 2) x2 − 4
Efectivamente, lim = lim = lim ( x + 2 ) = 4 . Então tende para 4
x→2 x − 2 x →2 x−2 x →2 x−2
quando x tende para 2.

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Limites laterais
Definição 16:
O limite lim− f ( x) = L, onde L < ∞ , diz-se limite à esquerda de a e significa que f(x) se
x→a

aproxima de L, quando x se aproxima de a por valores menores do que a, isto é,


quando x se aproxima de a por valores à esquerda de a.

De modo análogo, lim+ f ( x) = L, onde L < ∞ , diz-se o limite à direita de a e significa


x→a

que f(x) se aproxima de L, quando x se aproxima de a por valores maiores do que a,


isto é, quando x se aproxima de a por valores à direita de a.

Dizemos que existe o limite lim f ( x) se existirem os limites laterais correspondentes e


x →a

forem iguais.

Nota:
A existência de limite à esquerda não implica a existência de limite à direita e vice-
versa. No entanto, se o limite lim f ( x) existir e lim f ( x) = L, onde L < ∞ , então existem
x →a x →a

os limites laterais e lim− f ( x) = lim+ f ( x) = L .


x→a x →a

Teorema
Para qualquer f.r.v.r. f tem-se que:

 Se o limite lim f ( x) existir e lim f ( x) = L, onde L < ∞ , então existem os limites


x →a x →a

laterais e lim− f ( x) = lim+ f ( x) = L .


x→a x →a

 Se este limite existir é único.

Exemplo 9:
Considere a função f representada graficamente ao lado.
y
 x +1 se x≤0
− x + 2 se 0 < x < 2
y=f(x)
 2
f ( x) = 
 1 se x=2 1
 x − 2 se x>2
x
Tem-se que lim− f ( x) = 1 e lim+ f ( x) = 2 ;
2
x →0 x →0

logo não existe lim f ( x) .


x→0

Por outro lado, tem-se que lim− f ( x) = 0 e lim+ f ( x) = 0 ; Figura 8


x→2 x→2

logo existe lim f ( x) e é igual a zero.


x→ 2

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Propriedades e Operações com limites


Propriedade 1:
Se f é uma função real de variável real constante tal que f(x)=c, c∈IR, então lim f ( x) =
x →a

c ∀a ∈ IR.

Sejam a∈IR, f e g f.r.v.r. tais que lim f ( x) = A, lim g ( x) = B, onde A, B < ∞ . Então, desde
x →a x →a

que não haja indeterminações, tem-se:


Propriedade 2:
lim ( kf ( x) ) = kA , onde k é uma constante.
x →a

Propriedade 3:
lim ( f ( x) ± g ( x) ) = lim f ( x) ± lim g ( x) = A ± B
x →a x→a x →a

Propriedade 4:
lim ( f ( x) ⋅ g ( x) ) = lim f ( x) ⋅ lim g ( x) = A ⋅ B
x →a x→a x→a

Propriedade 5:

f ( x) lim f ( x) A
lim = x→a = , desde que B ≠ 0 .
x →a g ( x) lim g ( x) B
x→a

Propriedade 6:

lim n f ( x) = n lim f ( x) = n A , desde que, quando n é par, A ≥ 0 .


x →a x→a

Propriedade 7:
k
lim [ f ( x) ]  = lim f ( x )  , ∀k ∈ R .
k

x →a    x →a 

Propriedade 8:
lim g ( x )
lim [ f ( x)]  = lim f ( x)  x→a
g ( x)
.
x →a    x→a 

Propriedade 9:
lim  f [ g ( x) ] = f  lim g ( x )  .
x →a  x →a 

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1.6.2. Continuidade de uma função real de variável real

Definição 17:
Uma função f diz-se contínua num ponto x0 ∈ D f , se se verificarem simultaneamente

as condições:

 f(x0) estiver definido;


 lim f ( x) existir e for finito (isto é, se lim f ( x) = L, L < ∞ );
x → x0 x → x0

 lim f ( x) = f ( x0 )
x → x0

Analogamente à definição de limites laterais, pode-se definir f como função


contínua à direita e à esquerda do ponto x0; para tal basta verificar as três condições
anteriores usando limites laterais.

Uma função diz-se contínua se for contínua em todos os pontos do seu domínio.

Uma função diz-se contínua num intervalo [a,b] se for contínua em todos os pontos
do intervalo ]a,b[ e se for contínua à direita de a e à esquerda de b.

Uma função diz-se descontínua num ponto x0 se falharem uma ou mais condições
que definem continuidade num ponto.

Ainda relativamente ao exemplo anterior:


A função não é contínua em x=2 pois, embora exista limite nesse ponto,
f(2)=1 ≠ lim f ( x)
x→ 2

A função também não é contínua em 0, pois nem sequer existe limite nesse ponto;
porém, é contínua à esquerda de 0.
Concluindo: a função é contínua nos intervalos ]− ∞,0] , ]0,2[ e ]2,+∞[ .

Propriedade das funções contínuas


Sejam f e g f.r.v.r. contínuas em x=a. Então também são contínuas, neste ponto, as
funções:

 f ( x ) ± g ( x) ;

 f ( x).g ( x) ;
f ( x)
 , desde que g (a ) ≠ 0 .
g ( x)

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1.7. Revisão de tipos de funções especiais


1.7.1. Função constante

Definição 18:
Uma função constante é uma função do tipo f ( x) = c, ∀x ∈ R , ou seja uma função

que a cada valor real faz corresponder o mesmo número real c.

A representação gráfica deste tipo de funções é uma recta paralela ao eixo dos xx,
definida pela equação y=c.

O domínio da função é IR e o conjunto das imagens é {c}.


A função é contínua em todo o seu domínio.

Exemplo 10:
A função definida por f(x)=2 é um exemplo de uma função constante:

Figura 9

1.7.2. Função identidade

Definição 19:
Uma função identidade é uma função do tipo f ( x) = x, ∀x ∈ R .

A representação gráfica desta função é a recta bissectriz dos quadrantes ímpares:

Figura 10
O domínio da função é IR e o conjunto das imagens é IR. A função é contínua em
todo o seu domínio.

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1.7.3. Função polinomial do primeiro grau

Definição 20:
Uma função polinomial de 1º grau é toda a função que associa a cada número real
x o número real ax + b, a ≠ 0 .

A a chamamos coeficiente angular ou declive e a b coeficiente linear ou ordenada


na origem.

Quando a > 0 , a função f ( x) = ax + b é crescente; quando a < 0, f ( x) = ax + b é


decrescente.

O gráfico deste tipo de funções é uma recta não paralela aos eixos coordenados.

O domínio da função é IR e o conjunto das imagens é IR.

A função é contínua em todo o seu domínio.

Exemplo 11:
A função definida por f(x)=3x-1, cuja representação gráfica está na figura 9, é um
exemplo deste tipo de função.

Figura 11

Exemplo 12:
No movimento rectilíneo e uniforme, o espaço percorrido varia em função do tempo
de acordo com a fórmula s=s0 +vt, onde s0 e v são constantes e v ≠ 0 . Esta função é
uma função do 1º grau.

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Propriedades
As quantidades a e b na expressão y=ax+b podem ser vistas como parâmetros, que
condicionam o aspecto do gráfico da função. Se mantivermos b fixo e fizermos variar
o parâmetro a, iremos obter uma família de rectas com declives diferentes mas todas
com ordenada na origem b; se mantivermos fixo o valor a e fizermos variar o
parâmetro b, obter-se-á uma família de rectas paralelas com declive a.

6 y 6 y

4 4

2 2

0 x 0 x
-4 -2 0 2 4 -4 -2 0 2 4

-2 -2

-4 -4

y=ax+2 y=x+b
Figura 12 Figura 13

1.7.4. Função Quadrática

Definição 21:
Uma função polinomial de 2º grau ou função quadrática é toda a função que

associa, a cada número real x, o número real ax 2 + bx + c, a ≠ 0 .

O gráfico duma função quadrática é uma parábola com eixo de simetria paralelo
ao eixo dos yy.

Quando a > 0 , a parábola tem a concavidade voltada para cima; quando a < 0 , a
parábola tem a concavidade voltada para baixo.

A intersecção do eixo de simetria com a parábola é o vértice da parábola.


A intersecção da parábola com o eixo dos xx define os zeros da função.
O domínio da função é IR.
A função é contínua em todo o seu domínio.

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Exemplo 13:
y

2 y=-x^2+2x+3

0 x
-4 -2 0 2 4 6

-2

x=1

-4

Figura 14

A parábola anterior representa a função quadrática f ( x) = − x 2 + 2 x + 3 .

O domínio da função é IR, o conjunto das imagens é ] − ∞, 4] .

A intersecção da parábola com o eixo dos xx define os zeros da função:

−2 ± 4 + 12
Dado que f ( x) = 0 ⇔ − x 2 + 2 x + 3 = 0 ⇔ x = ⇔ x = −1 ∨ x = 3 , neste caso
−2
existem dois zeros. Para achar o vértice da parábola, que é o ponto (1,4), podemos
−1 + 3
calcular a abcissa fazendo o ponto médio entre os zeros da parábola x = =1 e
2
a ordenada correspondente será f (1) = 4 . O eixo de simetria da parábola é portanto

a recta x=1. Como a = −1 < 0 a parábola tem a concavidade voltada para baixo.

1.7.5. Função Polinomial

Definição 22:
Uma função polinomial é uma função f :R → R definida

por f ( x) = a0 x n + a1 x n −1 + ... + an −1 x + an , onde a0 , a1 ,..., an −1 , an , a0 ≠ 0 , são números reais,

chamados coeficientes, e n é um número inteiro não negativo, que determina o grau


da função.

Uma função polinomial pode ter máximos e/ou mínimos. (Para encontrar estes
máximos e mínimos podemos recorrer às derivadas – ver capítulo 2.12.2)

O domínio das funções polinomiais é sempre o conjunto dos números reais, IR.

As funções polinomiais são contínuas em todo o seu domínio.

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Exemplo 14:
A função f ( x) = 5 x5 − 6 x + 7 é uma função polinomial de grau 5, cuja representação

gráfica é a seguinte:

Figura 15
A função constante f ( x) = 5 é uma função polinomial de grau 0.

A função f ( x) = ax + b, a ≠ 0 é uma função polinomial do 1º grau.

A função quadrática f ( x) = ax 2 + bx + c, a ≠ 0 é uma função polinomial do 2º grau.

A função f ( x) = x3 é uma função polinomial de grau 3 que é usualmente designada

por função cúbica.

1.7.6. Função Módulo

Definição 23:
 x se x ≥ 0
A função f ( x) = x diz-se função módulo. Note-se que x = 
− x se x < 0

O domínio da função é IR e o conjunto das imagens é Im( f ) = [ 0, +∞[ .

A função é contínua em todo o seu domínio.

O gráfico desta função é o seguinte:

Figura 16

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1.7.7. Função Racional

Definição 24:
Uma função racional é uma função definida como o quociente de duas funções
p( x)
polinomiais, isto é, f ( x) = , onde p ( x) e q ( x) são polinómios e q ( x) ≠ 0 .
q ( x)
O domínio da função racional é o conjunto dos números reais excluindo os valores
de x para os quais q ( x) = 0 , ou seja, D f = { x ∈ ℝ : q ( x) ≠ 0} .

As funções racionais são contínuas em todo o seu domínio.

Exemplo 15:
x −1
A função f ( x) = é uma função racional, cuja representação gráfica é a
x +1
seguinte:

x −1
f ( x) =
x +1

Figura 17

Por observação do gráfico da função, vemos que existem duas assímptotas (conceito
x −1
abordado mais à frente), que o domínio da função f ( x) = é D f = R \ {−1} e que o
x +1
conjunto das imagens é Im f = R \ {1} .

1.7.8. Função algébrica

Definição 25:
Diz-se que uma função é uma função algébrica, se é uma f.r.v.r. que pode ser
construída com polinómios, aplicando-se um número finito de operações algébricas
(adição, subtracção, multiplicação, divisão e extracção de raízes).

As funções que não são algébricas dizem-se transcendentes.

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Exemplos
a) f ( x) = x 2 − 1, g ( s ) = 2( s + 1) 3 s , v(t ) = t 3 (t + 2)3 são funções algébricas.
2

b) São funções transcendentes, por exemplo, as funções exponencial,


trigonométricas, logarítmicas, etc.

1.7.9. Função exponencial

Definição 26:
Diz-se que uma função é uma função exponencial de base a, se é uma f.r.v.r. que a
cada valor real x faz corresponder um número real ax, com a ∈ R, 0 < a ≠ 1 , ou seja

f :R → R
x → y = ax

O domínio da função exponencial é IR e o conjunto imagem é ( 0, +∞ ) = ]0, +∞[ .

A função exponencial é contínua em todo o seu domínio.


y = ax y = ax
(0 < a < 1) ( a > 1)

Figura 18

O gráfico da função exponencial é um dos anteriores, dependendo do valor de a.


No entanto, é possível afirmar que a curva que representa a função exponencial:
está acima do eixo das abcissas, pois y = a x > 0, ∀x ∈ R ;

intersecta o eixo das ordenadas no ponto (0,1);


f ( x) = a x é crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1 .

f ( x) = a x é injectiva para 0 < a ≠ 1 .

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Propriedades das operações com potências

Sejam a, b ∈ ℝ, m, n ∈ ℕ . Tem-se:
am.an=am+n
am.bm=(ab)m

am
n
= a m− n , a≠0
a
m
am  a 
=  , b≠0
bm  b 

(a )
m n
= a mn

a0 = 1
1
a −x =
ax
m
an = n a m ; n ∈ IN

Consideremos o número de Neper e, isto é, o número definido como:


n
 1
e = lim 1 + 
n → +∞ n
cujo valor, com 15 casas decimais, é
e ≈ 2,718282828459045
Tendo como base este número obtemos então a função exponencial natural.

A função exponencial natural, por vezes denotada por exp, é definida como
y = exp(x) = ex
onde e é o número de Neper e x ∈ ℝ .

1.7.10. Função logarítmica

Como se pode constatar, as funções exponenciais, para qualquer valor da base a ,


são funções injectivas (contínuas e crescentes se a >1, decrescentes se a < 1). Assim
sendo, admitem inversa. Uma vez que o contradomínio destas funções, como já

referimos, é, em todos os casos, IR +, o domínio das funções inversas das exponenciais

será também IR+. À inversa de uma função exponencial chama-se função

logarítmica:

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Definição 27:

Sendo a ∈ IR +\{1}, a função logarítmica de base a, denotada por loga, é definida


como
f : ]0, +∞[ → R
x → y = log a x
y
onde y = loga(x) se e só se x = a

O domínio da função logarítmica é ( 0, +∞ ) = ]0, +∞[ e o conjunto imagem é IR.

A função logarítmica é contínua em todo o seu domínio.

Assim, uma vez que a inversa da função exponencial é a função logarítmica (com a
mesma base) e vice versa, podemos escrever:

x
log ( x)
loga(a ) = x se x ∈ IR a a = x se x ∈ IR +

O gráfico da função logarítmica tem as seguintes características:


está à direita do eixo dos yy;
intersecta o eixo das abcissas no ponto (1,0);
f ( x) = log a x é crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1 ;

é simétrico ao gráfico da função g ( x) = a x , em relação à recta y=x.

Nas figuras seguintes apresentam-se as representações gráficas da função


logarítmica de acordo com os valores de a, e também as simetrias com as funções
exponenciais correspondentes:

Figura 19 Figura 20

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Definição 28:
A função logarítmica natural, denotada por ln, é definida como
y
y = ln(x) se e só se x = e

onde x > 0 , y ∈ IR e e é o número de Neper.


Esta função é usualmente representada por ln embora por vezes seja representada
por log e.

Observação:
Assim como para indicar o logaritmo natural escrevemos ln, para indicar um
logaritmo de base 10 escreve-se usualmente log (sem qualquer referência à base).
Todos os outros valores da base da função logarítmica, que não o 10, deverão ser
numericamente assinalados, caso contrário estando apenas log, em geral,
considera-se a base decimal. Esta forma de representação deve-se, essencialmente
à generalização do uso da máquina de calcular que apenas possui as funções LOG
e LN. LOG representa, assim, a função logarítmica de base 10 e LN representa a
função de base e (logaritmo natural ou Neperiano).
Se quisermos calcular log 2 5 usando a calculadora, devemos calcular:

ln 5  log 5 
log 2 5 = ≈ 2.321928  ou .
ln 2  log 2 

Propriedades dos logaritmos


Sejam x, y ∈ ℝ + , n ∈ ℚ, a ∈ ℝ + \ {1} . Tem-se:
ln x
log a x =
ln a
a log a x = x
log a a x = x
ln1 = 0
ln xy = ln x + ln y
x
ln = ln x − ln y
y

ln x n = n ln x

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1.7.11. Funções trigonométricas e trigonométricas inversas

Revisões sobre Trigonometria

Considere-se um círculo unitário U, isto é, um círculo de raio 1, com centro na origem


de um sistema de coordenadas, e A o ponto de coordenadas (1,0). Se t é um
número entre 0 e 2π, então existe um e um só ponto P(a,b) em U tal que o
comprimento do arco AP, medido no sentido anti-horário a partir de A, é t (fig.1). Em
geral é conveniente usar ângulos quando lidamos com funções trigonométricas.
Sendo θ o ângulo gerado pela rotação, no sentido anti-horário, do semi-eixo positivo
dos xx em torno de O no plano xy até P então θ não é mais do que um ângulo de t
radianos: θ = t.
y

t
P=(a,b) •

b
A=(1,0)

a x

Figura 21

Note-se que, se t > 2π, torna-se necessário mais do que uma revolução ao longo de U
de modo a atingir o ponto desejado. Como o comprimento de U é 2π, o ponto
correspondente a t é o mesmo que o ponto correspondente a t +2π , t +4π , t – 2π e,
em geral, a t + 2kπ , onde k é um número inteiro.

Se θ é um ângulo e se a medida de θ em radianos é t, então o valor de cada função


trigonométrica em θ é o seu valor no número real t. Assim, terminologia funções
trigonométricas é utilizada quer se tomem ângulos ou números reais como domínio.

O círculo unitário pode ser usado para definir as funções trigonométricas. Essas
funções são o seno, o cosseno, a tangente, a cotangente, a secante e a cosecante,
que se denotam por sen, cos, tg, cotg, sec e cosec, respectivamente. Se t é um

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número real (ou um ângulo), então denotamos por sen(t) o número que a função
seno associa a t. Para as outras cinco funções a notação é análoga.

Definição 29:
Se t é um número real (ou um ângulo) e P(a,b) é o ponto do círculo unitário U
correspondente a t, então
sen(t ) = b cos(t ) = a
b a
tg(t ) = (a ≠ 0) cotg(t ) = (b ≠ 0)
a b
1 1
sec(t ) = (a ≠ 0) cosec(t ) = (b ≠ 0)
a b
Desta definição decorre que:
1 1
cosec(t) = sec(t) =
sen( t ) cos( t )
sen( t ) cos( t )
tg(t) = cotg(t) =
cos( t ) sen( t )
1
cotg(t) =
tg( t )

Uma vez que P(a,b) está em U tem-se que a2 + b2 = 1 o que dá origem às fórmulas:

sen2(t) + cos2(t) = 1 tg2(t) + 1= sec2(t) cotg2(t) + 1= cosec2(t)

Seguidamente apresentam-se algumas identidades envolvendo funções


trigonométricas.

Relações entre Ângulos Simétricos


sen(- t) = - sen(t) cos(- t) = cos(t)
tg(- t) = - tg(t) cotg(- t) = - cotg(t)
cosec(- t) = - cosec(t) sec(- t) = sec(t)

Fórmulas de Adição
sen(u ± v) = sen(u)cos(v) ± cos(u)sen(v)
cos(u ± v) = cos(u)cos(v) ∓ sen(u)sen(v)
tg( u ) ± tg( v )
tg(u ± v) =
1 ± tg( u )tg( v )

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Fórmulas de Duplicação
sen(2u) = 2sen(u)cos(u)
cos(2u) = cos2(u) - sen2 (u) = 1 - 2 sen2 (u) = 2cos2(u) - 1
2tg(u)
tg(2u) =
1 − tg 2 (u)

Fórmulas de Bissecção
1−cos( u )
sen2( u ) =
2 2
1+cos( u )
cos2( u ) =
2 2
1−cos( u )
tg2( u ) =
2 1+cos( u )

Na tabela seguinte estão representados os valores destas funções nas abcissas mais
comuns.
π π π π 3π
T 0 6 4 3 2 π 2

1 2 3
sen(t) 0 2 2 2
1 0 -1

3 2 1
cos(t) 1 2 2 2 0 -1 0

3
tg(t) 0 3
1 3 ∞ 0 ∞

cotg(t) ∞ 3 1 3
3
0 ∞ 0

2 3
sec(t) 1 3
2 2 ∞ -1 ∞

Cosec(t) ∞ 2 2
2 3
3
1 ∞ -1

Função Seno
Definição 30:
Definimos a função seno como a função f.r.v.r. f que a cada x real faz corresponder
o número real y = sin x , isto é:
f :R → R
x → y = sin x

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O domínio da função seno é o conjunto dos números reais e o conjunto imagem é o


intervalo [− 1, 1].
A função sin x é periódica e o seu período é 2π, já que sin( x + 2π ) = sin x .

Em alguns intervalos a função seno é crescente e em outros é decrescente. Por

 π  3 
exemplo, nos intervalos 0,  e  π , 2π  é crescente, enquanto que no intervalo
2  2   
π 3 
 2 , 2 π  é decrescente.

O gráfico da função f ( x) = sin x é o seguinte:

Figura 22

Função Arco Seno


As funções trigonométricas, não sendo funções injectivas, não têm inversas mas,
restringindo convenientemente os seus domínios, é possível obter funções que se
comportam da mesma maneira que as funções trigonométricas (em domínios
menores) e que possuem inversa.
Existem várias restrições ao domínio de f (subconjuntos do domínio) onde esta é

invertível, isto é, onde a função é injectiva, como por exemplo [- 3π ,- π ], [- π , π ],


2 2 2 2

[ π , 3π ].
2 2

 π π
A restrição mais usada (restrição canónica ou principal) é o intervalo − , .
 2 2 

Textos de Apoio de Cálculo I Cálculo Diferencial em R 29/65


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y
1
y = sen(x)

x
_π π
2 2

-1

Figura 23

Assim, a nova função que se obtém pela restrição do domínio da função seno ao
intervalo (ver segmento a carregado na figura 23) é injectiva logo tem inversa.

A função inversa do seno costuma designar-se por função arco seno e representa-se
usualmente por arcsen ou sen -1 (não se deve confundir este –1 com expoente, é
apenas um meio de denotar a função inversa).

Definição 31:
A função inversa do seno, denotada por arcsen, é definida como
y = arcsen(x) se e só se x = sen(y)

onde -1 ≤ x ≤ 1 e - π ≤ y ≤ π
2 2

A expressão y = arcsen(x) lê-se “y é o arco cujo seno é x”.


y
A representação gráfica desta função (ver figura 24) π
2
segue da própria definição podendo ser obtido
y = arcsen(x)
esboçando o gráfico de x = sen(y). Será de lembrar
também que os gráficos representativos de duas funções
inversas são simétricos relativamente à bissectriz dos -1 1 x
quadrantes ímpares (recta de equação y = x).

Podemos então escrever: _π


2
arcsen [sen(x)] = x se - π2 ≤ x ≤ π
2

sen [arcsen(x)] = x se -1 ≤ x ≤ 1 Figura 24

Textos de Apoio de Cálculo I Cálculo Diferencial em R 30/65


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Um estudo análogo pode ser feito para as outras funções trigonométricas. O


processo consiste primeiro em determinar um subconjunto conveniente do
domínio (restrição principal) tal que se obtenha uma função injectiva e utilizar as
relações inversas.

Função Cosseno
Definição 32:
Definimos a função cosseno como a função f.r.v.r. f que a cada x real faz
corresponder o número real y = cos x , isto é:

f : IR → IR
x → cos x
O domínio da função cosseno é o conjunto dos números reais e o conjunto imagem
é o intervalo [− 1, 1].

A função cos x é periódica e o seu período é 2π, já que cos( x + 2π ) = cos x .

Analogamente à função seno, em alguns intervalos a função cosseno é crescente e


em outros é decrescente.
O gráfico da função f ( x ) = cos x é o seguinte:

Figura 25

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Função Arco Cosseno


Restringindo o domínio da função cosseno (figura 26) à sua restrição principal [0,π]
obtemos uma função injectiva e podemos assim definir a sua função inversa.

y
y = cos(x)
1

0 π x

-1

Figura 26
A função inversa do cosseno costuma designar-se por função arco cosseno e
representa-se usualmente por arccos ou cos-1 (mais uma vez não se deve confundir
o –1 com expoente, é apenas um meio de denotar a função inversa).

Definição 33:
A função inversa do cosseno, que se denota por arccos e se lê “arco cujo cosseno”,
é definida por:

y = arccos x ⇔ x = cos y
onde −1 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ π .

A representação gráfica desta função pode visualizar-se y


π
na figura 27.
Tal como no caso anterior podemos escrever: y = arccos
(x)
arccos [cos(x)] = x se 0 ≤ x ≤ π
cos [arccos(x)] = x se -1 ≤ x ≤ 1 π
2

x
-1 0 1

Figura 27

Textos de Apoio de Cálculo I Cálculo Diferencial em R 32/65


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Funções Tangente, Cotangente, Secante e Cossecante


Definição 34:
Estas funções são definidas a partir das funções seno e cosseno.
As funções tangente e secante são, respectivamente, definidas por
sin x 1
tan x = ; sec x = , ∀x ∈ R : cos x ≠ 0
cos x cos x
As funções cotangente e cossecante são, respectivamente, definidas por
cos x 1
cot x = ; cosec x = , ∀x ∈ R : sin x ≠ 0 .
sin x sin x
sin x 1
Sabendo que tan x = ; sec x = , ∀x ∈ R : cos x ≠ 0 , temos que as funções
cos x cos x
tangente e secante estão definidas apenas para valores de x tais que cos x ≠ 0 .
π 3π 5π
Como o cosseno só se anula quando x for ± ,± ,± ,... , isto é, quando
2 2 2
π  π 
x= + nπ , n ∈ Z , temos D (tan) = D (sec) =  x ∈ R : x ≠ + nπ , n ∈ Z  .
2  2 
cos x 1
Do mesmo modo, como cot x = ; cosec x = , ∀x ∈ R : sin x ≠ 0 , ou seja, para
sin x sin x
valores onde o seno não se anula, o que acontece quando x = nπ , n ∈ Z , temos

D(cot) = D(cosec) = { x ∈ R : x ≠ nπ , n ∈ Z}

Os gráficos dessas funções são apresentados a seguir, podendo-se ver que as


funções tangente e cotangente são periódicas de período π e que as funções
secante e cossecante são periódicas de período 2π. Verifica-se a presença das
assímptotas verticais nos pontos onde estas funções não estão definidas.

y = tg(x) y = cotg(x)

y y

_π π π
x 0 x
2 2

Figura 28 Figura 29

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y = cosec(x) y = sec(x)

y y

1
1

_ 5π -2π _ 3π - π _π π π 3π 2π 5π x _ 5π -2π _ 3π - π _π π π 3π 2π 5π x
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
-1 -1

Figura 30 Figura 31

Função Arco Tangente


Como o contradomínio da função tangente é ℝ e esta função não é injectiva,

consideramos então a restrição principal ]- π , π [ para construir a sua função inversa,


2 2

designada por função arco tangente e que se representa usualmente por arctg ou

tg -1. O domínio da função arco tangente é ℝ enquanto o contradomínio é ]- π , π [.


2 2

Definição 35:
A função inversa da tangente, que se denota por arctan e se lê “arco cuja
tangente”, é definida por:

y = arctan x se e só se x = tan y
π π
onde x ∈ R e − < y< .
2 2

A representação gráfica desta função pode visualizar-se na figura 30.


Podemos também escrever:

arctg [tg(x)] = x se - π2 < x < π2


tg [arctg(x)] = x se x ∈ IR

Textos de Apoio de Cálculo I Cálculo Diferencial em R 34/65


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π y
y = arctg(x) 2


2

Figura 32

Função Arco Cotangente


Restringindo o domínio da função co-tangente à sua restrição principal: ]0, π[
podemos construir a sua função inversa, designada por função arco
cotangente e que se representa usualmente por arccotg ou cotg -1. O
domínio da função arco co-tangente é IR enquanto o contradomínio é o
intervalo aberto ] 0,π [.
Definição 36:
A função inversa da cotangente, que se denota por arccot, é definida por:
y = arc cot x se e só se x = cot y
onde x ∈ R e 0 < y < π .

Podemos também escrever:


arccotg [cotg(x)] = x se 0< x <π
cotg [arccotg(x)] = x se x ∈ IR

y
y = arccotg (x)
π

π
2

0 x

Figura 33

Textos de Apoio de Cálculo I Cálculo Diferencial em R 35/65


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Função Arco Secante


Definição 37:
A função inversa da secante, que se denota por arcsec, é definida por:
y = arcsec x se e só se x = sec y

π 
onde x ∈ ℝ \ ]−1,1[ e y ∈ [0, π ] \   .
2

Função Arco Cossecante


Definição 38:
A função inversa da cossecante, que se denota por arccosec, é definida por:
y = arccosec x se e só se x = cos ec y

 π π
onde x ∈ ℝ \ ]−1,1[ e y ∈ − , \ {0} .
 2 2 

Na figura seguinte estão representados os gráficos de cada uma destas funções


trigonométricas inversas.

A
Arrccoo SSeennoo A
Arrccoo C
Coosssseennoo A
Arrccoo TTa
annggeennttee

A
Arrccoo C
Cootta
annggeennttee A
Arrccoo SSeecca
annttee A
Arrccoo C
Coosssseecca
annttee
y
π

π
2

-3 -2 -1 0 1 2 3 x

Figura 34

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1.8. Funções hiperbólicas


Definição 39:
As funções hiperbólicas são definidas a partir de funções exponenciais de base e da
seguinte forma:

e x − e− x
Seno Hiperbólico sinh( x) =
2
e + e− x
x
Cosseno Hiperbólico cosh( x) =
2
sinh x e x − e − x
Tangente hiperbólica tanh( x) = =
cosh x e x + e− x
cosh x e x + e − x
Cotangente Hiperbólica coth( x) = =
sinh x e x − e − x
1 2
Secante Hiperbólica sech(x) = = x −x
cosh( x) e + e
1 2
Cossecante Hiperbólica cosech( x) = = x −x
sinh( x) e − e

Algumas relações importantes


A partir da definição de cada uma das funções hiperbólicas, podemos deduzir
algumas relações importantes, que têm grande semelhança com as fórmulas
trigonométricas já conhecidas. Por exemplo, para deduzir a fórmula fundamental da
trigonometria hiperbólica,

cosh 2 ( x) − sinh 2 ( x) = 1
basta notar que:
2 2
 e x + e−x   e x − e−x  e 2 x + 2 + e −2 x e 2 x − 2 + e −2 x 4
cosh ( x) − sinh ( x) = 
2 2
 −   = − = =1
 2   2  4 4 4
Existem outras relações da trigonometria hiperbólica que se podem deduzir de forma
análoga, como por exemplo:

sinh( x) + cosh( x) = e x sinh(− x) = − sinh( x)

cosh( x) − sinh( x) = e − x sinh( x ± y ) = sinh( x) cosh( y ) ± sinh( y ) cosh( x)

cosh 2 ( x) − sinh 2 ( x) = 1 cosh( x ± y ) = cosh( x) cosh( y ) ± sinh( x)sinh( y )

1 − tanh 2 ( x) = sech 2 ( x) sinh(2 x) = 2sinh( x) cosh( x)

coth 2 ( x) − 1 = cosech 2 ( x) cosh(2 x) = cosh 2 ( x) + sinh 2 ( x)

cosh(− x) = cosh( x) cosh(2 x) = 2 cosh 2 ( x) − 1 = 2 sinh 2 ( x) + 1

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Quadro resumo
Propriedades
Função Representação Gráfica Domínio
relevantes

Recta
Função constante D = IR horizontal
f ( x) = c, ∀x ∈ R D’={c} Contínua em
IR

Bissectriz dos
quadrantes
Função identidade D = IR
ímpares
f ( x) = x, ∀x ∈ R D’ = IR
Contínua em
IR

a é o declive
Função polinomial de 1º D = IR b é ordenada
grau na origem
D’ = IR
f ( x) = ax + b Contínua em
IR

Parábola
Função quadrática
D = IR Contínua em
f ( x) = ax 2 + bx + c, a ≠ 0
IR

Grau ímpar

Função polinomial
de grau n
Contínua em
Grau par D = IR
IR
f ( x) = a0 x n + a1 x n −1 + ... + an −1 x + an ,
onde a0 , a1 ,..., an −1 , an , a0 ≠ 0

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Propriedades
Função Representação Gráfica Domínio
relevantes

Função módulo D = IR Contínua em


f ( x) = x Im( f ) = [ 0, +∞[ IR

Função racional
Possui
p ( x)
f ( x) = assímptotas
q( x) D = { x ∈ ℝ : q( x) ≠ 0}
Contínua no
onde p ( x) e q ( x) são
seu domínio
polinómios e q ( x ) ≠ 0

Simétrica da
parábola
relativ/ à
D = ℝ +0 bissectriz dos
Função raiz quadrada
quadrantes
f ( x) = x D ' = ℝ +0
ímpares
Contínua no
seu domínio

Descontínua
Função característica D = IR
f ( x) = [ x ] D' = ℤ Contínua por
pedaços

Função exponencial D=ℝ Contínua no


f ( x) = e x
D ' = ℝ+ seu domínio

Simétrica da
exponencial
relativ/ à
Função logarítmica D = ℝ+ bissectriz dos
f ( x) = ln( x) quadrantes
D' = ℝ
ímpares
Contínua no
seu domínio

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Propriedades
Função Representação Gráfica Domínio
relevantes

Sinusóide

D = IR Periódica de
Função seno período 2 π
f ( x) = sen x D’=[-1,1]
Contínua em
IR

Sinusóide

D = IR Periódica de
Função cosseno período 2 π
f ( x) = cos x D’=[-1,1]
Contínua em
IR

Periódica de
Função tangente  π  período π
 x ∈ ℝ : x ≠ + nπ , n ∈ ℤ 
f ( x) = tan x  2 
Contínua no
seu domínio

Periódica de
Função cotangente período π
{ x ∈ ℝ : x ≠ nπ , n ∈ ℤ}
f ( x) = cot x Contínua no
seu domínio

Periódica de
Função secante  π  período 2 π
 x ∈ ℝ : x ≠ + nπ , n ∈ ℤ 
f ( x) = sec x  2 
Contínua no
seu domínio

Periódica de
Função cossecante período 2 π
{ x ∈ ℝ : x ≠ nπ , n ∈ ℤ}
f ( x) = cosec x Contínua no
seu domínio

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Propriedades
Função Representação Gráfica Domínio
relevantes

Simétrica da
D= [-1,1] função seno
relativamente
Função arco seno
 π π à bissectriz
f ( x) = arcsen x D’= − 2 , 2  . dos
quadrantes
ímpares

Simétrica da
função
cosseno
Função arco cosseno D=[-1,1] relativamente
f ( x) = arccos x D’=[0, π] à bissectriz
dos
quadrantes
ímpares

Simétrica da
função
D=IR tangente
Função arco tangente relativamente
 π π
f ( x) = arctan x D’=  − 2 , 2  .
à bissectriz
dos
quadrantes
ímpares

y
Simétrica da
π
função
cotangente
Função arco cotangente
D=IR relativamente
f ( x) = arccot x π D ' = ]0, π [ à bissectriz
2
dos
quadrantes
ímpares
-3 -2 -1 0 1 2 3 x

Simétrica da
função
D = ]−∞, −1] ∪ [1, +∞[ secante
Função arco secante relativamente
 π  π 
f ( x) = arcsec x D ' =  0,  ∪  , π  à bissectriz
 2 2  dos
quadrantes
ímpares

Simétrica da
função
D = ]−∞, −1] ∪ [1, +∞[ cossecante
Função arco cossecante relativamente
 π   π
f ( x) = arccosec x D ' =  − , 0  ∪  0,  à bissectriz
 2   2 dos
quadrantes
ímpares

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Propriedades
Função Representação Gráfica Domínio
relevantes

Função seno hiperbólico D = IR e x − e− x


sinh( x) =
f ( x) = senh x D’ = IR 2

Função cosseno hiperbólico D = IR e x + e− x


cosh( x) =
f ( x) = cosh x D’=[1,+∞[ 2

Função tangente D = IR sinh x e x − e− x


hiperbólica tanh( x) = =
cosh x e x + e − x
f ( x) = tanh x D’ =]-1,1[

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2. Cálculo diferencial em IR

2.1. Definição e interpretação geométrica da derivada


2.1.1. Taxas de Variação

Podemos distinguir dois tipos de taxas de variação: a taxa de variação média, que é
uma forma de medir a variação de uma função durante um intervalo do domínio, e
a taxa de variação instantânea, que nos dá a tendência de crescimento da função
num determinado ponto do domínio.

Velocidade Média ou Taxa de Variação Média


Definição 1
Sendo y=f(x) uma f.r.v.r., a taxa de variação média de y em relação a x no intervalo
]x1,x2[ é dada por

∆y f ( x2 ) − f ( x1 ) f ( x1 + ∆x) − f ( x1 )
TVM]x1 , x2 [ = = = .
∆x x2 − x1 ∆x

Exemplo 1:
Considere uma viagem de automóvel em que a distância percorrida (em km) é
dada pela função f(t) = 16 t2 + 16 t, onde 0 ≤ t ≤ 5 é o tempo gasto (em horas).
A distância percorrida ao fim de uma hora é f(1) = 32 km; a taxa de variação média
da distância percorrida relativamente ao tempo (velocidade média) nesse intervalo
de tempo é dada por
∆y f (1) − f (0) 32 − 0
TVM ]0,1[ = = = = 32 km/h
∆t 1− 0 1
Ao fim de duas horas a distância percorrida é f(2) = 16x22+16x2 = 96 km. Logo, na
segunda hora,
∆y f (2) − f (1) 96 − 32
TVM ]1, 2[ = = = = 64 km/h
∆t 2 −1 2 −1
a) Qual a velocidade média durante as duas primeiras horas de viagem?
b) Qual a velocidade média do total da viagem?
c) Qual a velocidade média num qualquer intervalo de tempo iniciado em t =
3h?

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Velocidade Instantânea ou Taxa de Variação Instantânea


E se quiséssemos saber qual a velocidade no instante t = 3h? Como proceder?
A velocidade nesse instante poderia ser determinada estudando a velocidade
média em intervalos de tempo arbitrariamente pequenos com início no instante t=3h;
à medida que escolhemos intervalos de tempo cada vez mais pequenos e mais
próximos de t = 3h, a velocidade média aproxima-se de um valor limite – a
velocidade instantânea.

Para determinar esse valor limite, faríamos então:

f (3 + ∆t ) − f (3) 16(3 + ∆t ) + 16(3 + ∆t ) − 16 × 3 2 − 16 × 3 96 ⋅ ∆t + 16∆t 2 + 16∆t


2
lim = lim = lim
∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t
= lim 96 + 16∆t + 16 = 112
∆t → 0

Definição 2
Sendo y=f(x) uma f.r.v.r., a derivada de y em relação a x no ponto x0 é dada por
f ( x) − f ( x0 ) f ( x 0 + ∆x) − f ( x0 )
f ′( x0 ) = lim = lim , Notação alternativa:
x → x0 x − x0 ∆ x → 0 ∆x
dy
caso este limite exista e seja finito. = f ′( x0 )
dx x = x0

A derivada representa a taxa de variação instantânea da variável dependente y,


dada uma alteração na variável independente x.

Exemplo 2:
Calcule, pela definição, a derivada da função h(x)= x no ponto x=4.
h ( x ) − h ( 4) x− 4 x −2 x +2 x−4 1 1
h ′( 4) = lim = lim = lim ⋅ = lim = lim =
x →4 x−4 x →4 x−4 x→ 4 x − 4 (
x + 2 x→4 ( x − 4) x + 2 x→4 x + 2 4 )
2.1.2. Função derivada

Definição 3
Sendo y=f(x) uma f.r.v.r., a função derivada de y em relação a x é a função
f ′ : D → IR
f ( x + ∆x) − f ( x)
x ֏ f ′( x) = lim
∆x →0 ∆x
onde D é o subconjunto do domínio de f onde este limite existe e é finito.
Dizemos que uma função é diferenciável quando existe derivada em todos os
pontos do seu domínio.

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2.1.3. Diferenciabilidade e continuidade

Toda a função diferenciável num ponto é contínua nesse ponto, mas nem todas as
funções contínuas são deriváveis. Vejamos alguns exemplos de tipos de pontos onde
uma função não é derivável:

Figura 35

Outras notações para a derivada da função definida por y = f (x)



f ′( x) =
df
=
d
[ f ( x)] = dy = f x = Dx f = f ′ = y′ = y
dx dx dx
f ′( x0 ) =
df
=
d
[ f ( x)] = dy = f x ( x0 ) = Dx f ( x0 )
dx x = x0 dx x = x0 dx x = x0

2.1.4. Interpretação geométrica: recta tangente e recta normal

Se considerarmos a recta secante ao gráfico de f nos pontos de abcissa x e x+∆x, o


∆y f ( x + ∆x ) − f ( x )
declive da recta é dado pelo quociente = , como se pode ver na
∆x ∆x
imagem.
Quando ∆x tende para zero, a secante tende para a recta tangente ao gráfico de f
no ponto (x,f(x)).

A derivada representa, assim, o declive dessa recta tangente.

Figura 36

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Exemplo 3:
Considerando ainda a função h(x)= x , escreva as equações da recta tangente e
da recta normal ao gráfico da função no ponto x=4.

O declive da recta tangente ao gráfico de h no ponto de abcissa 4 é o valor da


derivada nesse ponto, que já calculámos: h’(4)=1/4. A recta tem ainda de passar no
ponto (4, h(4)), ou seja, (4, 2).

Por isso, a equação da recta tangente ao gráfico de h no ponto (4,2) é:

y – y0 = h’(x0) (x – x0)

Neste caso, a recta tangente ficará: y – 2 = ¼ (x – 4) ⇔ y = x/4 + 1

A recta normal ao gráfico num ponto é a recta perpendicular à tangente que passa
nesse ponto:

1
y − y0 = − ( x − x0 )
h ′( x0 )

Neste caso, a recta normal ficará: y – 2 = – 4 (x – 4) ⇔ y = – 4 x + 18

Nota:
Se a derivada no ponto de tangência (x0,y0) for nula, significa que o declive da recta
tangente é nulo, logo a recta tangente é uma recta horizontal de equação y = y0.
Portanto, a recta normal será uma recta vertical de equação x = x0.

Se lim f ′( x ) = ∞ e f é contínua em x0 , a recta tangente é vertical de equação


x → x0

x = x0 e portanto a normal é horizontal de equação y = y0.

y y=f(x) y normal
x=x0
tangente y=f(x)
y0 tangente
y0
y=y0

x0 x x0 x
normal

Figura 37 Figura 38

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2.2. Regras de derivação


As regras de derivação seguintes decorrem da definição de derivada e da regra da
cadeia e permitem simplificar o processo de determinar as derivadas das funções.

Sejam u = f(x), v = g(x) funções diferenciáveis, c constante real, a constante real positiva e n real.

[c]’ = 0 [un]’ = n un-1 u’ [sen u]’ = u’ cos u


u u
[x]’ = 1 [a ]’ = u’ a ln(a) [cos u]’ = - u’ sen u
u u
[c.u]’ = c.u’ [e ]’ = u’ e [tg u]’ = u’ sec2 u
[u±v]’ = u’ ± v’ [uv]’ = v uv-1 u’ + v’ uv ln(u) (u>0) [cotg u]’ = - u’ cosec2 u

[u.v]’ = u’.v + u.v’ [ln u ]′ = u (u>0) [sec u]’ = u’ sec u . tg u
u
′ ′
u  u ′ v − u v′ [log a u ]′ = u
v  = [cosec u]’ = u’ cosec u . cotg u
(u>0)
  v2 u ⋅ ln a
u′ u′ u′
[ arcsen u ]′ = [ arctan u ]′ = [arccos u ]′ = −
1− u2 1+ u2 1− u2
[senh u]’ = u’ cosh u [tanh u]’ = u’ sech2 u [sech u]’ = u’ sech u · tanh u
[cosh u]’ = u’ senh u [cotanh u]’ = – u’ cosech2 u [cosech u]’= u’ cosech u ·cotanh u

Exemplo 4:
Utilizando as regras de derivação, derive a função f(t) = 6t2/3 +e1-t+ 25/t.
−1 4 25
f’(t) = 6 [t2/3]’ + [e1-t]’ + 25 [t-1]’ = 6 × 23 t 3
+ (−1)e1−t + 25 × (−1)t − 2 = − e1−t −
3
t t2
Se possível, evite a
regra do quociente

Exemplo 5:
Escreva as equações da recta tangente e da recta normal ao gráfico da função
f(t) = 6t2/3 +e1-t + 25/t, no ponto t = 1.

Exemplo 6:
Estima-se que, dentro de t anos, a população de um certo centro suburbano seja
6
P (t ) = 20 − milhares de indivíduos.
t +1
a) Escreva uma fórmula para a taxa a que a população estará a variar
relativamente ao tempo daqui a t anos.

A taxa de crescimento da população no instante t é dada pela derivada de P(t):

6
P ′(t ) =
(t + 1)2

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b) A que taxa estará a população a crescer dentro de 1 ano?


Dentro de 1 ano estará a crescer P’(1) = 6/(1+1)2 = 3/2 milhares de indivíduos, i.e., 1500
indivíduos.

c) Qual será a variação efectiva que se estima que ocorra durante o segundo
ano?

P(2) = 20 – 6/3 = 18 P(1) = 20 – 6/2 = 17 logo P(2) - P(1) =1


Durante o segundo ano estima-se que aumente 1000 indivíduos.

d) A que taxa estará a população a crescer daqui a 9 anos?

e) O que acontecerá à taxa de variação da população, a longo prazo?

2.3. Derivadas de funções hiperbólicas


Como as funções hiperbólicas são definidas a partir funções exponenciais, podemos
deduzir as regras de derivação das funções hiperbólicas da seguinte forma:
′ ′
′  e x − e −x  e x + e −x ′ e x + e−x  e x − e−x
[sinh x] =   = = cosh x [cosh x] =   = = sinh x
 2  2  2  2

E a partir destas, podem-se deduzir as restantes:



[tanh x]′ =  sinh x  =
[sinh x]′ cosh x − sinh x[cosh x]′ =
cosh 2 x − sinh 2 x
=
1
= sech2 x
 cosh x  cosh 2 x cosh x2 2
cosh x
obtendo-se assim as fórmulas apresentadas no quadro acima.

2.4. Derivada da função composta


Teorema 4 – Regra da cadeia
g: X → U f : U → Y
Consideremos as funções e
x ֏ u = g ( x) u ֏ y = f (u )

e a respectiva função composta de f com g


f g: X → Y
x ֏ (f  g )( x ) = f (g ( x ) ) = f (u ) = y
cujo domínio é constituído pelos valores x de X tais que g(x)∈U.
dy du
Se as derivadas e existem, então a função composta y = (fοg)(x) = f(g(x)) tem
du dx

derivada dada por ( f  g ) ( x) = f ′( g ( x) ) ⋅ g ′( x) , ou seja,
dy dy du
= ⋅ .
dx du dx

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X U Y
x g u f y

fog

Figura 39

Exemplo 7:
Sendo w = 2cos(x) e x = 3t3 – t, calcule dw .
dt

Temos t → x → w logo dw dw dx
= ⋅
dt dx dt

= (− 2 sin x ) ⋅ (9t 2 − 1) = (− 2 sin⋅ (3t 3 − t )) ⋅ (9t 2 − 1) .


dx dw
Como dw = −2 sin x e = 9t 2 − 1 , então
dx dt dt

2.5. Derivada da função inversa


Teorema 5
Seja y=f(x) uma função contínua definida num intervalo aberto ]a,b[ que admite
inversa x=g(y) com derivada g’(y)≠0 nesse intervalo. Então f é derivável em ]a,b[ e
1 dy 1
f’(x)= , ou seja, = .
g ′( y ) dx dx
dy

Exemplo 8:

Seja y = 13
2 x . A sua inversa é x = 8 y3, cuja derivada é x’ = 24 y2.
Como para x = 0 temos y = 0 e portanto x’ = 0, não podemos aplicar o teorema neste
ponto.
dy 1 1 1 −2
= = = = 16 x ∀x∈IR\{0}.
( )
3
Como x’ ≠ 0 para x ≠ 0, temos 2 2 2
dx 24 y 24 12 3 x 6x 3

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2.6. Derivadas de ordem superior


Definição 6
Seja f uma função derivável. Se f’ também for uma função derivável, então a sua
d2 f
derivada diz-se a segunda derivada de f e representa-se por f’’ ou . Se f’’
dx 2
também for uma função derivável, então a sua derivada diz-se a terceira derivada
d3 f
de f e representa-se por f’’’ ou .
dx 3
Genericamente, a derivada de ordem n ou n-ésima derivada de f, representada por
f(n)(x), obtém-se derivando a derivada de ordem n-1 de f.

d2 f d  df 
Assim, f’’(x) = (f’(x))’ ou, na outra notação, 2
=  
dx dx  dx 

d3 f d d2 f  d  d  df  
f’’’(x) = (f’’(x))’=((f’(x))’)’ =   =    
dx 3 dx  dx 2  dx  dx  dx  

d4 f d d3 f  d  d  d  df   
f(4)(x) = (f’’’(x))’=(((f’(x))’)’)’ =   =      
dx 4 dx  dx 3  dx  dx  dx  dx   
… …

dn f d  d n −1 f  d  d  d  df   
f(n)(x)= (f(n-1)(x))’ =   = ⋯     …
dx n dx  dx n −1  dx  dx  dx  dx   

Exemplo 9:
Se f(x) = 5x3 + 8x2 – ex, então f’(x) = 15x2 + 16x – ex,
f’’(x) = 30x + 16 – ex,
f’’’(x) = 30 – ex,
f(4)(x) = – ex,
f(5)(x) = – ex,

f(n)(x) = – ex ∀n≥4

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2.7. Derivação de funções implícitas


2.7.1. Função implícita

Definição 7
Diz-se que a equação F(x,y)=0 define y como função implícita de x se existe uma
função y=f(x), cuja substituição na equação F(x,y)=0 a transforme numa proposição
verdadeira.

Exemplo 10:
a) A equação x2+y2-a2=0 define implicitamente duas funções elementares:

y1 = a 2 − x 2 e y1 = − a 2 − x 2
b) A equação x2+y2+5=0 não define implicitamente qualquer função em IR pois é
uma equação impossível em IR.

2.7.2. Derivada de uma função implícita

Como derivar funções implícitas:


Dada uma equação do tipo F(x,y)=0, que supomos definir implicitamente a função
dy
y=f(x), para calcular = f ' ( x) procedemos da seguinte forma:
dx
 1º derivar ambos os membros em ordem a x, sem esquecer que y é função de x;
 2º resolver a equação obtida em ordem a y’.

Exemplo 11:
Suponha que y=f(x) é uma função definida implicitamente por y4 + 3y - 4x3 = 5x +1.
Calcule y’(x).
y 4 + 3y - 4x 3 = 5x + 1

derivando ambos os membros ⇔


d 4
dx
( y + 3 y − 4 x3 ) = ( 5 x + 1)
d
dx
sendo y uma função de x ⇔ 4 y 3 y '+ 3 y '− 12 x 2 = 5

pondo y’ em evidência ⇔ y ' ( 4 y 3 + 3) = 5 + 12 x 2

5 + 12 x 2
obtém-se ⇔ y'= , 4 y3 + 3 ≠ 0
4y + 3
3

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2.8. Derivação de funções definidas parametricamente


2.8.1. Funções definidas parametricamente

Definição 40:
Podemos definir uma função paramétrica y em função de x através das equações
paramétricas
 x = f (t )
 , t ∈ [T1 , T2 ]
 y = g (t )
onde f e g são funções reais de variável real no parâmetro t e T1 , T2 ∈ ℝ .

Exemplo 12:
 x = t − sen t
A expressão  define parametricamente uma curva chamada ciclóide,
 y = 2 − cos t
representada no gráfico seguinte:

Figura 40

2.8.2. Derivadas de funções definidas parametricamente

Seja y uma função de x dada pelas equações paramétricas


 x = f (t )
 , t ∈ [T1 , T2 ] T1 , T2 ∈ ℝ
 y = g (t )
Suponhamos que f e g são diferenciáveis e f admite inversa, isto é, que existe φ tal
que φ ( x) = t , também diferenciável.
Neste caso, as equações paramétricas definem y como função de x pela
composição de g com φ :
y = g (t ) e t = φ (x) ⇔ y = g (φ ( x)) .
Então
dy dy dt dt dφ ( x) 1 1
y' = = . , mas = = φ ′( x) = = dx
dx dt dx dx dx f ′(t ) dt
logo
dy
dy dy dt dy 1 g ' (t )
y' = = . = . = dt ⇒ y ' = .
dx dt dx dt dx dx f ' (t )
dt dt

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Temos então o seguinte teorema:

Teorema 8
Seja y uma função de x dada pelas equações paramétricas
 x = f (t )
 , t ∈ [T1 , T2 ] T1 , T2 ∈ ℝ
 y = g (t )
onde f e g são diferenciáveis e a função f admite inversa, isto é, existe φ tal que
φ ( x) = t , também diferenciável; então a derivada de y em ordem a x é dada por:
dy g ' (t )
y' = =
dx f ' (t )

Exemplo 13:
x = 3sin t
Seja y uma função de x dada pelas equações paramétricas 
 y = 2 + cos t
a) Calcule o valor da derivada da função y=f(x) para t=π/4.
b) Escreva a equação das rectas tangente e normal ao gráfico da função y=f(x)
para t=π/4.

Resolução
 f (t ) = 3sin t
a) Sejam  .
 g (t ) = 2 + cos t
 f '(t ) = 3cos t
As funções f e g são diferenciáveis porque 
 g '(t ) = − sin t
Vejamos se f admite inversa:
x  x π π
x = 3sin t ⇔ = sin t ⇔ t = arcsin   logo f admite inversa para − ≤ t ≤ .
3 3 2 2
Vejamos se f −1 é diferenciável:
1
 ′
 x  3 1
t ′ = arcsin    = = , se 9 – x2 >0 ⇔ x∈]-3,3[
  3  x2
9− x 2
1−
9
Em t=π/4, tem-se x= f ( π4 ) = 3sin π4 = 3 22 ∈]-3,3[, logo f −1 é diferenciável em π/4.
Assim, a derivada de y=f(x) para t=π/4 é:
g '(t ) − sin t 1 1 π  1
y ' t =π = = = − tan t = − tan   = −
4 f '(t ) t = π 3cos t t=
π 3 t=
π 3 4 3
4 4 4

b) Pela alínea anterior, o declive da recta tangente é mtg = − 1 , logo o declive da


3
recta normal é mn = − 1 = 3 . O ponto de tangência pode ser calculado através
− 13
 x = 3sin ( π4 )  x = 2
3 2
de  ⇔ . Deste modo, a recta tangente é:
 y = 2 + cos ( 4 )
π
 y = 2 +
2
2

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y − y0 = mtg ( x − x0 ) ⇔ y − 2 + ( 2
2
)=− 1
3 ( x − 3 2 2 ) ⇔ y = − 13 x + 2 + 2 .
A recta normal é:
y − y0 = −
1
mn
( x − x0 ) ⇔ y − 2 +( 2
2
) = 3( x − 3 2
2 ) ⇔ y = 3x + 2 − 4 2 .

2.9. Diferencial: definição e aplicações


f ( x + ∆x) − f ( x) ∆y
Se y=f(x) é uma função diferenciável, então existe f ′( x) = lim = lim .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

∆y
Assim, ≈ f ′(x) para ∆x ≈ 0
∆x
∆y ≈ f ′( x) ⋅ ∆x para ∆x ≈ 0
dy dx

O diferencial da variável independente x é ∆x e designa-se por dx, enquanto que o


diferencial da variável dependente y é f’(x)∆x e designa-se por dy.

De acordo com a definição anterior, podemos escrever


y y=f(x)
dy = f ′( x)dx ou dy = f ′( x ) .
y1 tangente dx
∆y
y0 dy Observamos que, quando ∆x se torna muito pequeno, o
dx
mesmo ocorre com a diferença ∆y − dy . Por isso, é
x0 x1 x
∆x aceitável considerar a aproximação ∆y ≈ dy , desde que

Figura 41 o ∆x considerado seja um valor muito pequeno.

Exemplo 14:
Suponha que o custo (em euros) de produzir q unidades de um certo bem é
C(q)=3q2+5q+10. Se o nível de produção actual for de 40 unidades, estime como irá
variar o custo total C se forem produzidas 40,5 unidades.
Resolução
Temos actualmente q = 40 e a variação do nível de produção q é ∆q=0,5.
A variação correspondente do custo total C será ∆C ≈ dC = C’(40) ∆q.
Como C’(q) = 6q + 5,
então C’(40) = 245
e portanto ∆C ≈ dC = 245 × 0,5 = 122,50 €.

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Podemos comparar a aproximação obtida com o valor real do aumento do custo


total ao produzir 40,5 unidades:
C(40,5) = 3×(40,5)2 + 5×40,5 + 10
= 4920,75 + 202,5 +10
= 5133,25 €
C(40) = 3×402 + 5×40 + 10
= 4800 + 200 + 10
= 5010 €
Logo ∆C = C(40,5) - C(40)
= 5133,25 – 5010
= 123,25 €
o que significa que o erro cometido na aproximação foi 0,75 €.

2.10. Teoremas de Rolle, Lagrange e Cauchy


Teorema de Rolle
Se f é uma função contínua num intervalo [a,b], diferenciável em qualquer ponto do
interior do intervalo e f(a) = f(b), então existe pelo menos um ponto intermédio c∈]a,b[
onde a derivada se anula, isto é, f’(c) = 0.

Geometricamente, se uma curva contínua e diferenciável toma o mesmo valor nos


dois extremos do intervalo, então existe um ponto no interior do intervalo com
tangente horizontal.

y=f(x)
f(a)=f(b)

a c1 c2 bx

Figura 42

Michel Rolle (1652 – 1719)


Matemático francês que trabalhou em Análise Diofantina, Álgebra e Geometria.
Este famoso teorema foi publicado em 1691 num livro seu pouco conhecido.
n
Rolle inventou a notação x para as raízes de índice n e foi quem primeiro
adoptou
a noção de que se a > b então -b > -a

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Teorema de Lagrange (Teorema valor médio)


Se f é uma função contínua num intervalo [a,b] e diferenciável em qualquer ponto do
interior do intervalo, então existe pelo menos um ponto c∈]a,b[ tal que
f (b) − f (a )
f ′(c) = .
b−a

y
y=f(x)
f(b)
Geometricamente, se uma curva é contínua e
tangente
diferenciável num intervalo, então existe um ponto no
f(a)
interior do intervalo com tangente paralela à recta que
a c b x
une os pontos (a,f(a)) e (b, f(b)).

Figura 43

Joseph-Louis Lagrange (1736 – 1813)


Embora tenha nascido em Turin (hoje, Itália) é considerado um matemático
francês. Tendo aprendido maioritariamente sozinho,
trabalhou em Cálculo Infinitesimal, Mecânica, Probabilidades, Sistemas de
Equações Diferenciais e Astronomia.

Teorema de Cauchy
Se f e g são funções contínuas num intervalo [a,b], diferenciáveis em ]a,b[ e g’(x)≠0
f ′(c) f (b) − f (a )
∀x∈]a,b[, então existe pelo menos um ponto c∈]a,b[ tal que = .
g ′(c) g (b) − g (a )

Augustin Louis Cauchy (1789 – 1857)


Matemático francês que trabalhou em Análise Real e Complexa, Cálculo de
resíduos, Álgebra, Equações Diferenciais , Geometria e Mecânica teórica.

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2.11. Aplicação das derivadas ao cálculo de limites:


indeterminações
As derivadas podem ser úteis no cálculo de limites para levantar indeterminações do
tipo 0/0 ou ∞/∞. A seguinte regra é uma consequência do Teorema de Cauchy:

Teorema 9 – Regra de L’Hôpital


Sejam f e g duas funções deriváveis tais que
lim f(x) = 0 e lim g(x) = 0
ou
lim f(x) = ±∞ e lim g(x) = ±∞
f ( x) 0 ou ∞ .
o que significa que para o limite lim temos a indeterminação
g ( x) 0 ∞

f ′( x) f ( x) f ′( x)
Se lim = L , com L∈IR ou +∞ ou -∞, então lim = lim =L
g ′( x) g ( x) g ′( x)

Guillaume De L'Hôpital (1661 – 1704)


Escreveu o primeiro livro sobre Cálculo
Diferencial,
Analyse des infiniment petits
pour l'intelligence des lignes courbes (1696),
onde se pode encontrar esta regra.

Por vezes é útil aplicar a Regra de L’Hôpital mais do que uma vez ao mesmo limite
até levantar a indeterminação, ou mesmo combinar com outras técnicas já
conhecidas.

Exemplo 15:
x2 − 4x + 4 0.
lim é uma indeterminação
x→2 x−2 0

Considerando f(x) = x2 – 4x + 4 e g(x) = x – 2, temos f’(x) = 2x – 4 e g’(x) = 1.


x2 − 4x + 4 2x − 4
Portanto, usando a regra de L’Hôpital, vem: lim = lim =0
x →2 x−2 x → 2 1

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Exemplo 16:
2x + 1 1 não há indeterminação 0 nem ∞ , logo não se pode aplicar o teorema!
lim =−
x →0 x−3 3 0 ∞

(Se o fizéssemos: lim 2 = 2  o resultado está errado)


x→0 1

Só podemos aplicar o teorema quando estamos no caso de uma indeterminação


do tipo 0 ou ∞ . No entanto, há outras indeterminações que, após alguma
0 ∞

manipulação algébrica, se transformam numa indeterminação deste tipo e assim já


se pode aplicar a Regra de L’Hôpital.

Indeterminações do tipo 0×∞


Se lim f(x) = 0 e lim g(x) = ∞ então lim (f(x)g(x)) = 0×∞. Mas:
1 f ( x) 0
lim f ( x) g ( x) = lim f ( x) 1
= lim 1
=
g (x) g ( x) 0

e já se pode aplicar a Regra de L’Hôpital.


O mesmo se pode fazer invertendo f(x):
1 g ( x) ∞
lim f ( x) g ( x ) = lim g ( x) = lim =
1
f ( x)
1
f ( x) ∞

e já se pode aplicar a Regra de L’Hôpital.

Indeterminações do tipo ∞ – ∞
Se lim f(x) = ∞ e lim g(x) = ∞ então lim f(x) – g(x) = ∞ – ∞. Mas:
 1 1  1 1
lim f ( x) − g ( x) = lim f ( x) g ( x) −  = ∞ ⋅ ∞ ⋅  −  = ∞ × 0
 g ( x ) f ( x )  ∞ ∞

que é uma indeterminação já estudada.

Indeterminações do tipo 1∞, ∞0, 00


Estas indeterminações surgem quando se calcula lim [f(x)]g(x).
Seja y = [f(x)]g(x).
Aplicando logaritmo a ambos os membros, vem:
[
ln y = ln [ f ( x)]
g ( x)
] ⇔ ln y = g ( x) ⋅ ln[ f ( x)]
lim[ln y ] = lim[g ( x) ⋅ ln[ f ( x)]] = ∞ × 0 é uma indeterminação já estudada.
x →a x →a

Portanto
x →a
[ ]
lim[ln y ] = L ⇔ ln lim y = L ⇔ lim y = e L
x →a x →a

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2.12. Aplicação das derivadas ao estudo da variação de funções


As derivadas de uma função fornecem-nos ferramentas para estudar o
comportamento dessa função. O estudo de uma função consiste em determinar:
• Domínio
• Contradomínio
• Continuidade e pontos de descontinuidade
• Monotonia: intervalos de crescimento e de decrescimento
• Extremos: máximos e mínimos
• Sentido da concavidade do gráfico
• Pontos de inflexão
• Assímptotas do gráfico da função
• Esboço do gráfico da função

2.12.1. Funções crescentes, decrescentes e constantes

Teorema 10
Seja f uma função contínua em [a,b] ⊆ D f e derivável em ]a,b[.

 Se f’(x)> 0 ∀x∈]a,b[, então f é estritamente crescente em ]a,b[.


 Se f’(x)< 0 ∀x∈]a,b[, então f é estritamente decrescente em ]a,b[.
 Se f’(x)≥ 0 ∀x∈]a,b[, então f é monótona crescente em ]a,b[.
 Se f’(x)≤ 0 ∀x∈]a,b[, então f é monótona decrescente em ]a,b[.
 Se f’(x)= 0 ∀x∈]a,b[, então f é constante em ]a,b[.
Exemplo 17:

Considere a função f ( x) = 3 2 x 2 − x 3 .
 Df = IR
′ 1 4 − 3x
( )  ( ) (4 x − 3x ) =
2
f’(x) =  2 x 2 − x 3 3  = 2 x 2 − x 3
1
− 2
 3
 3 3 ⋅ 3 x( x − 2) 2
 Df’ = IR\{0,2}.
 Como f’(x) = 0 para x = 4/3, temos o seguinte quadro:
-∞ 0 4/3 2 +∞
4 – 3x + + + 0 - - -
3 ⋅ 3 x(2 − x )
2
- 0 + + + 0 +
f’(x) - s.s. + 0 - s.s. -
f(x)
∴ f é estritamente crescente em ]0, 4/3[ e estritamente decrescente em ]- ∞, 0[ e em
]4/3, +∞[\{2}

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2.12.2. Pontos críticos e extremos

Definição 11
Seja f uma f.r.v.r. Os pontos críticos de f são os zeros da sua primeira derivada (pontos
estacionários) e os pontos pertencentes ao Df onde a primeira derivada não está
definida.

Teorema 12
Se f tiver extremos relativos, estes ocorrem nos seus pontos críticos.

No entanto, num ponto crítico nem sempre ocorre um extremo; pode ocorrer aquilo
a que se chamará um ponto de inflexão.

y y y y
y=f(x) y=f(x)
y=f(x)

y=f(x)

x0 x x0 x x0 x x0 x

Extremo Extremo Não é extremo Não é extremo

x0 é zero da 1ª derivada x0 é ponto onde a 1ª x0 é ponto de inflexão x0 é ponto de inflexão


derivada não está definida

Figura 44 Figura 45 Figura 46 Figura 47

2.12.3. Teste da 1ª derivada

Teorema 13 (Teste da 1ª derivada)


Seja f contínua em ]a,b[ e x0 o único ponto crítico nesse intervalo. Se f é derivável em
]a,b[ (excepto possivelmente em x0)e se nesse intervalo se tem:

 f’(x)<0 para x<x0 e f’(x)>0 para x>x0, então f(x0) é um mínimo relativo de f
 f’(x)>0 para x<x0 e f’(x)<0 para x>x0, então f(x0) é um máximo relativo de f
 f’(x) tem o mesmo sinal à esquerda e à direita de x0, então f(x0) não é um extremo
relativo de f.

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Ainda o Exemplo 17
Neste exemplo já encontrámos três pontos críticos: 0, 4/3 e 2.
Analisando a anterior tabela de sinais da derivada de f em torno destes pontos
críticos, podemos usar o teste da 1ª derivada para garantir que a função tem um
mínimo em 0, sendo esse valor mínimo f(0)=0, que tem um máximo em x = 43 , sendo

23
esse valor máximo f ( 43 ) = 3 2 ( 43 ) − ( 43 ) =
2 3
4 , e que não atinge um extremo em x=2,
3
visto que f’(x) tem o mesmo sinal à esquerda e à direita de 2.

2.12.4. Concavidade e pontos de inflexão

Definição 14

Seja f uma f.r.v.r. derivável num intervalo I ⊆ D f .

 f tem concavidade voltada para cima em I se f’(x) é crescente no intervalo I.


 f tem concavidade voltada para baixo em I se f’(x) é decrescente no intervalo I.

Definição 15

Seja f uma f.r.v.r. contínua num intervalo aberto I ⊆ D f e seja x0∈I. Se f muda o

sentido da concavidade em x0, então dizemos que f tem um ponto de inflexão em x0.

Teorema 16

Seja f uma f.r.v.r. com segunda derivada num intervalo aberto I ⊆ D f .

 Se f'’(x)>0 em I então f tem concavidade voltada para cima em I.


 Se f'’(x)<0 em I então f tem concavidade voltada para baixo em I.

Ainda o Exemplo 17
4 − 3x 8
Já vimos que f '( x) = e podemos mostrar que f ''( x) = − .
3 ⋅ 3 x(2 − x) 2 9 ⋅ 3 x 4 (2 − x)5
A segunda derivada nunca se anula mas o seu domínio é IR\{0,2}. Para estudar a
variação do sinal de f’’ basta reparar que este depende apenas do sinal de (2-x):

Para x<2 tem-se f’’(x)<0 e para x>2 tem-se f’’(x)>0.

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Sintetizando num quadro, podemos concluir que a função tem concavidade


voltada para cima em ]2,+∞[, concavidade voltada para baixo em ]-∞,0[ e ]0,2[, e
tem um ponto de inflexão em x=2.

-∞ 0 2 +∞
f’’(x) - s.s. - s.s. +

∩ ∩ ∪
P.I
f(x)
0 0.

2.12.5. Teste da 2ª derivada

Teorema 17
Seja f uma f.r.v.r. que admite derivadas de 1ª e 2ª ordem num ponto x0.
 Se f'(x)=0 e se f'’(x)>0 então f tem um mínimo relativo em x0.
 Se f'(x)=0 e se f'’(x)<0 então f tem um máximo relativo em x0.
 Se f'(x)=0 e se f'’(x)=0 então o teste é inconclusivo (é necessário efectuar o teste
da 1ª derivada).

2.12.6. Assímptotas

Assímptotas verticais
Definição 18
Seja f uma f.r.v.r. tal que lim± f ( x) = ∞ , então a recta x=x0 é uma assímptota vertical
x → x0

do gráfico de f.

Assímptotas horizontais
Definição 19
Seja f uma f.r.v.r. tal que lim f ( x) = L1 e lim f ( x) = L2 ; então as rectas y=L1 e y=L2 são
x →+∞ x →−∞

assímptotas horizontais do gráfico de f.

Nota
P( x)
No caso de uma função racional f ( x) = , as assímptotas podem ser calculadas
Q( x)
em função do grau dos polinómios P e Q.
 Se grau(P) < grau(Q), então y=0 é assímptota horizontal.

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 Se grau(P) = grau(Q), então y=a/b é assímptota horizontal, onde a é o


coeficiente do termo de maior grau do numerador e b é o coeficiente do
termo de maior grau do denominador.

 Se grau(P) > grau(Q), então não há assímptotas horizontais.

Assímptotas oblíquas
Definição 20
f ( x)
Seja f uma f.r.v.r. tal que lim = m e lim [ f ( x) − mx ] = b ; então a recta y=mx+b é
x →±∞ x x →±∞

uma assímptota oblíqua do gráfico de f.

Nota

No caso de uma função racional f ( x) = P( x) tal que grau(P) = grau(Q) + 1, o gráfico


Q( x)
P( x ) R( x)
de f tem uma assímptota oblíqua, dada pela recta y=ax+b, onde = (ax + b) + .
Q( x) Q( x)

2.13. Fórmula de Taylor


A fórmula de Taylor permite-nos aproximar uma função diferenciável por um
polinómio com a mesma inclinação e mesma concavidade que a função.

Teorema 21 – Fórmula de Taylor de f em x0


Seja f uma função contínua em [a,b], tal que f’,f’’,…,f(n) existem e são contínuas em
[a,b] e f(n-1) existe em ]a,b[. Seja x0∈]a,b[; então, para cada x∈[a,b], tem-se que:

f ′′( x0 ) f ( n ) ( x0 ) f ( n+1) (c)


f ( x) = f ( x0 ) + f ′( x0 )( x − x0 ) + ( x − x0 ) + ... +
2
( x − x0 ) +
n
( x − x0 ) n+1
2! n! (n + 1)!
Polinómio de Taylor de grau n de f no ponto x0 Resto de Lagrange
Pn (x) Rn (x)
onde c é um ponto qualquer entre x e x0, isto é, c = x0+θ (x – x0), para 0 < θ < 1.

Quando x0=0, a fórmula de Taylor fica


f ′′(0) 2 f ( n ) (0) n f ( n+1) (c) n+1
f ( x) = f (0) + f ′(0) ⋅ x + x + ... + x + x , onde c = θ x, para 0<θ<1.
2! n! (n + 1)!
e recebe o nome de Fórmula de MacLaurin de f em x0.

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Engenharia Biomédica

O polinómio de Taylor (ou MacLaurin) não é “igual” à função f, ele é


aproximadamente igual à função, numa vizinhança do ponto x = a . Existe, assim,
uma diferença entre a função e o Polinómio de Taylor, que se designa, usualmente,
por Rn (x):
f (x) - Pn(x) = Rn(x)

f (x )
f (x)
Rn(x)
Pn(x) P n( x)

a x
x

Figura 48

Exemplo 18:
Considere a função f(x)=ex.
a) Obtenha um valor aproximado de e-0,75 utilizando o polinómio de MacLaurin de
4º grau de f.
b) Calcule o erro cometido com essa aproximação.

x2
P2 ( x) = 1 + x + 2
2!
x 2 x3 x 4 1
P4 ( x) = 1 + x + + +
2! 3! 4!
0
f(x) = ex -2 -1 0 1 2

x 2 x3 P1(x) = 1+x
P3 ( x) = 1 + x + +
2! 3!
Figura 49

Textos de Apoio de Cálculo I Cálculo Diferencial em R 64/65


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O polinómio de MacLaurin de 4º grau de ex em x0=0 permite-nos obter valores


aproximados da função ex numa vizinhança desse ponto:
f ′′(0) 2 f ′′(0) 3 f ( 4 ) (0) 4
e x ≈ f (0) + f ′(0) ⋅ x + x + x + x
2! 3! 4!
Como f(x)=ex f(0) = e0 = 1
f’(x)=ex f’(0) = e0 = 1
f’’(x)=ex f’’(0) = e0 = 1
f’’’(x)=ex f’’’(0) = e0 = 1
… …
f(n)(x)=ex f(n)(0) = e0 = 1

x 2 x3 x 4
Logo P4(x)= 1 + x + + +
2! 3! 4!
e portanto
2 3 4
e-0,75 ≈ P4 ( −0,75) = 1 − 0,75 + 0,75 − 0,75 + 0,75 ≈ 0,474
2 6 24
O erro é dado pelo Resto de Lagrange:

f ( n+1) (c) n+1 e c 5


R4 ( x) = x = x , onde c = θ x, para 0 < θ < 1.
(n + 1)! 5!

e −0, 75θ
R4 (−0,75) = (−0,75) 5 <0 para 0 < θ < 1 logo podemos dizer que 0,474 é um valor
5!
aproximado de e-0,75 por excesso.
1
Quando 0 < θ < 1, então 0 < e-0,75θ < 1, logo R4 (−0,75) ≤ (0,75) 5 ≈ 0,002 .
5!
Portanto o erro máximo cometido é de 0,002.

Textos de Apoio de Cálculo I Cálculo Diferencial em R 65/65

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