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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENVIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022
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Letícia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

projeto gráfiCo e Capa


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ISBN: 978-85-9542-209-4

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vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
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SUMÁRIO
FÍSICA
CINEMÁTICA E DINÂMICA 5
AULAS 17 E 18: CINEMÁTICA VETORIAL 7
AULAS 19 E 20: MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME 14
AULAS 21 E 22: TRANSMISSÃO DE MOVIMENTO CIRCULAR 23
AULAS 23 E 24: INTRODUÇÃO ÀS LEIS DE NEWTON 30
AULAS 25 E 26: FORÇAS PESO, NORMAL E DE TRAÇÃO E SISTEMA DE CORPOS 40

ÓPTICA GEOMÉTRICA 51
AULAS 17 E 18: ESPELHOS PLANOS 53
AULAS 19 E 20: ESPELHOS ESFÉRICOS: ESTUDO GEOMÉTRICO 62
AULAS 21 E 22: ESPELHOS ESFÉRICOS: ESTUDO ANALÍTICO 71
AULAS 23 E 24: REFRAÇÃO DA LUZ 77
AULAS 25 E 26: REFRAÇÃO DA LUZ EM PRISMAS 86

ELETRODINÂMICA 95
AULAS 17 E 18: ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE 97
AULAS 19 E 20: ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM PARALELO 104
AULAS 21 E 22: POTÊNCIA DISSIPADA POR EFEITO JOULE 114
AULAS 23 E 24: AMPERÍMETRO, VOLTÍMETRO E PONTE DE WHEATSTONE 123
AULAS 25 E 26: ESTUDO DO GERADOR 133
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
FÍSICA

3
CIÊNCIAS DA
CINEMÁTICA E
DINÂMICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

O movimento circular é abordado nas A prova exige a aplicação da segunda lei


transmissões de movimento em engre- de Newton, relacionando, às vezes, com
nagens e polias. Questões conceituais de cargas elétricas em um campo elétrico.
dinâmica também estão presentes.

Um dos temas mais cobrados é o movi- Os temas mais cobrados são movimento Os temas mais cobrados são transmissão
mento circular, que exige a interpretação circular e aplicação das leis de Newton, exi- de movimento circular e aplicação das leis
de imagens e coleta de informações, com gindo interpretação de imagens e coleta de de Newton, exigindo interpretação de ima-
atenção às equações do movimento circu- informações, tendo atenção às equações gens e coleta de informações.
lar e leis de Newton. do movimento circular e interpretação dos
tipos de forças envolvidas.

A prova diferencia os tipos de força em um A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de te-
corpo, associando-as, às vezes, na transmis- mas, porém, movimento circular aparece mas, porém, movimento circular e segunda mas, porém, movimento circular e segun-
são de movimento, exigindo interpretação com alguma frequência. lei de Newton podem aparecer com algu- da lei de Newton aparecem com alguma
de imagens e coleta de informações, tendo ma frequência. frequência, tendo atenção à manipulação
atenção às leis de Newton. das equações.

UFMG
A prova tem uma grande variação de te- A prova traz questões conceituais e práti- A prova é bem objetiva e não há predo-
mas, porém, movimento circular e leis de cas, que exigem as leis de Newton diferen- minância de temas, porém, movimento
Newton aparecem com alguma frequência, ciando os tipos de força envolvidas. circular e segunda lei de Newton podem
com questões teóricas e que exigem um aparecer com alguma frequência.
alto nível de manipulação nas equações.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A prova traz questões conceituais e prá- A prova tem uma grande variação de te- A interpretação das forças aplicadas em
ticas, que exigem leis de Newton diferen- mas, porém, segunda lei de Newton apa- um corpo e o estudo do movimento cir-
ciando os tipos de forças envolvidas. rece com alguma frequência, cobrando os cular sempre estão presentes na prova,
tipos de forças envolvidas. com questões que exigem interpretação
de imagens.

6
2. Velocidade vetorial instantânea
_​›_
A velocidade vetorial instantânea v ​ ​    é um vetor de
módulo igual à velocidade escalar instantânea, com dire-
ção tangente à trajetória no instante considerado. A figura
CINEMÁTICA a seguir representa o deslocamento de uma partícula entre

VETORIAL os pontos A e B.​__Na ​_posição



instantânea vale v ​
›_
​ x   e v ​
X e Y, a velocidade vetorial
​ y  , respectivamente.

CN AULAS
17 E 18
Uma partícula tem velocidade vetorial constante se o módulo,
a direção e o sentido do vetor velocidade forem constantes.

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 20 Se uma partícula estiver realizando um movimento retilí-
neo uniforme variado e acelerado, apesar de a direção e o
sentido do vetor velocidade serem constantes, o módulo da
velocidade aumenta.
1. Velocidade vetorial
___
média ​›
O deslocamento vetorial d ​ ​   entre dois pontos
_​__› _​__›quaisquer Assim, a velocidade vetorial é variável:
(S1 e S2) é dado pela diferença dos vetores r​1 ​   e r​2 ​  : _​_› _​_› _​_›
​   1
v ​ Þ v ​
​   2 Þ v ​
​  3 
​___› ___› ​___› Exemplo:
d ​
​   = r​2 ​   – r​1 ​  
Considere o movimento de um automóvel em uma trajetória
circular, como na figura a seguir, realizado com velocidade es-
calar constante. Nesse caso, diz-se que o automóvel tem mo-
vimento circular e uniforme. Entretanto, o vetor velocidade do
automóvel é variável. No esquema da figura está representada
​_›_ ​_›_ ​_›_
a velocidade vetorial em três pontos da trajetória: v ​
​ 1  , v ​
​ 2   e v ​
​ 3  .

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Considere
​___› que uma partícula realiza um deslocamento ve-
torial ​d ​   em um intervalo de tempo Δt. Então, a velocidade
vetorial média da partícula, no intervalo de tempo Dt , é:
___
​›
​____›
v​ m ​  = ​   
___​ ​d    ​ 
Dt

Pelo fato de o_​_ valor de Dt ser sempre positivo, a​___›direção e



o sentido de ​v ​  m são iguais ao do deslocamento d ​
​_​__›  (para os
deslocamentos que não sejam nulos, isto é, para d ​ ​   diferen-
te de zero).

7
O módulo da velocidade vetorial não se altera, isto é, a
velocidade escalar é constante:
4. Aceleração vetorial média
_​_› _​_› _​_› Considere uma partícula que, no instante t1, tenha velo-
​_›_ ​_›_
​   2 ​= ​ v ​
​ ​v ​ 1   ​= ​ v ​ ​   3 ​ cidade v ​​ 1  , e no instante t2, tenha velocidade vetorial v ​ ​ 2  . A
aceleração vetorial _média dessa partícula entre os instan-
​__›
A direção e o sentido da velocidade vetorial são​__dife- tes t1 e t2 é o vetor a ​ ​ m   , dado por:
› ​_›_
rentes
​_›_
ao longo do tempo e, portanto, os vetores v ​
​ 1  , v ​
​2  
_​_› _​_› _​_›
e v ​
​ 3   são diferentes: ​___› ​    – v ​
v ​ ​   
​   m
a ​ ​ D​v ​ ​   = ______
= ___ ​  2 1 ​ 
_​_› _​_› _​_› Dt t2 – t1
​   1 Þ v ​
v ​ ​   2 Þ v ​
​   3

3. Aceleração vetorial Aplicação do conteúdo


Sempre que existir uma aceleração vetorial, a velocidade 1. Uma partícula percorre um trajeto circular com velo-
vetorial de um corpo vai variar. É o que ocorre, por exem- cidade escalar constante de 6 m/s. A velocidade vetorial
plo, no caso do movimento circular e uniforme. Foi visto da partícula, nos instantes t1 e t2, está indicada na figura
que, embora a velocidade escalar se mantenha constante, a seguir. Calcule o módulo da aceleração vetorial média
o mesmo não ocorre com a direção da velocidade veto- entre os instantes t1 e t2.
rial. Na figura a seguir, supondo que a partícula tenha
movimento circular e uniforme:

Resolução:

A velocidade escalar é constante, então, o módulo da velocidade


_​›_ _​_› vetorial é constante:
 ​   1 ​= ​ ​v ​ 2  ​
​v ​ _​_› _​_›
​ v ​
​  1   ​= ​ v ​
​  2   ​= 6 m/s
Assim, a aceleração escalar é nula, mas: _​›_
_​_› _​_› A variação de velocidade D​v ​  é dada pela soma vetorial:
(direção de v ​
​   1) Þ (direção de v ​
​   2)
_​_› _​_› _​_› _​_› __
​›
D​v ​  = v ​
​  2  – v ​
​  1  = v ​
​  2  + (–​v ​ 1  )
Assim:
_​_› _​_›
​v ​ 1  Þ v ​
​   2
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Portanto, no movimento circular e uniforme a aceleração


vetorial não é nula.

O módulo da variação pode ser obtido pelo teorema de Pi-


tágoras:
_​_ _​_ __
​›
​ Dv ​ ​›  2​ = ​ v ​
› 2
​   2 ​ + - v ​
​   12 = (6)2 + (–6)2 = 2 · 36 ⇒ 
​__›
⇒ ​ Dv ​ ​   ​= 6​dXX
2 ​ m/s

multimídia: vídeo Assim, o módulo da aceleração vetorial média é calculado usan-


Fonte: Youtube do a seguinte relação:
_​_›
_​__  ___
Física Total - Aula 07 - vetor - ​   m ​ = ​ ​ D

​ a ​ v ​ ​    ​​ 
Vetores e operações vetoriais Dt

8
Considerando o intervalo de tempo: Devido à varição do vetor velocidade de uma partícula,
existe uma aceleração agindo sobre ele. No movimento
Dt = (7 s) – (4 s) = 3 s
circunferencial uniforme, essa aceleração é denominada
_​›_ ​___›
Como Dt > 0, a direção e o sentido dos vetores D​v ​   e a ​
​ m   são aceleração centrípeta (acp). Como foi visto, o módulo
iguais, como ilustrado pela figura a seguir: da velocidade não se altera, mas a aceleração centrípeta
modifica a direção e o sentido do vetor velocidade.
A direção da aceleração centrípeta é perpendicular ao ve-
tor velocidade e com sentido para o centro da circunferên-
cia. O módulo da aceleração centrípeta é dado por:
​__›
_​›_
 ​   m ​ = ​  v ​ ​    ​​ = ____
​ D ​ v  ​ ou a
2
​a ​ ___ 6​dXX
2 ​ 
​   ​  = 2​dXX
2 ​ m/s2 acp = __   = v2R
Dt 3 R cp

5. Aceleração vetorial:
tangencial e centrípeta
Há dois tipos de aceleração vetorial responsáveis por alte-
rar o vetor velocidade. A aceleração vetorial tangen-
cial altera o módulo e o sentido da velocidade vetorial. A
aceleração vetorial tangencial é sempre tangente ao vetor
velocidade. A outra aceleração vetorial altera a direção do
vetor velocidade e é denominada aceleração vetorial _​›_
A velocidade v ​
​   do ponto material é sempre tangente à tra-
centrípeta (ou normal). A aceleração vetorial centrípeta
jetória descrita.
é sempre perpendicular (normal) ao vetor velocidade.
​___› Embora tenha módulo constante, varia em direção.
Assim, o vetor aceleração _​total
___› a ​​   é dado pela soma vetorial
​_____›
da aceleração tangencial a​ t ​  e a aceleração centrípeta a​ cp ​:  
_​__› _​__› _​____›
​   = a​ t ​  + a​ cp ​   
a ​

Devido ao fato de as duas componentes serem ortogonais,


isto é, são perpendiculares entre si, o módulo da aceleração
total pode ser calculado pelo teorema de Pitágoras: multimídia: vídeo
a = at + acp
2 2 2 Fonte: Youtube
Prova visual da fórmula da aceleração centrípeta

t
Aplicação do conteúdo
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

1. Em determinado instante, o módulo da aceleração


vetorial de um corpo é de 25 m/s². Se, nesse instante, o
módulo da aceleração tangencial é de 20 m/s², calcule:
a) A aceleração centrípeta.
b) O módulo da velocidade nesse instante, sabendo
que o raio da curva é de 60 m.
6. A aceleração centrípeta Resolução:
No movimento circular uniforme, o módulo da velocidade a) Usando a equação da aceleração total:
linear de uma partícula é sempre o mesmo. Desse modo, a2 = at2 + acp2
o deslocamento angular (arco) percorrido pela partícula é
(25)2 = (20)2 + acp2
sempre o mesmo para intervalos de tempo iguais. Contudo,
acp2 = 225
por se tratar de uma grandeza vetorial, a velocidade não é
constante, pois sentido e direção variam ao longo do tempo. acp = 15 m/s2

9
b) Lembrando a relação entre a aceleração centrípeta 3. (IFSul) Uma partícula de certa massa movimenta-se so-
e o módulo da velocidade: bre um plano horizontal, realizando meia volta em uma
​ v  ​  circunferência de raio 5,00 m. Considerando π = 3,14 a
2
acp = __
R distância percorrida e o módulo do vetor deslocamento
​ v   ​  são, respectivamente, iguais a:
2
15 = ___
60
a) 15,70 m e 10,00 m. c) 15,70 m e 15,70 m.
v = 30 m/s
b) 31,40 m e 10,00 m. d) 10,00 m e 15,70 m.
2. A velocidade, em m/s, ​__› de uma​__› partícula
​__› puntiforme
​__› no Resolução:
instante t é dada por ​v ​  0 = 1,0 ​i ​  – 2,0j ​  ​_+_ 5,0k ​  . Após
​__› dois
​__›
› A distância percorrida corresponde ao comprimento de meia volta.
segundos,
​__› sua velocidade é dada por v ​  2 = 4,0i ​  – 2,0j ​  +
1,0k ​  . No intervalo de tempo considerado, o módulo da d = πR = 3,14 · 5 ⇒ d = 15,70 m.
aceleração média, em m/s2, é: __​›
O módulo do vetor deslocamento (|​r ​|)   corresponde ao compri-
a) 25,0. c) 1,0.
mento da seta ligando os pontos inicial e final, ou seja, o próprio
b) 5,0. d) 2,5.
diâmetro.
Resolução: __​› __​›
|​r ​|   = D = 2R = 2 · 5 ⇒ |​r ​|   = 10,00 m
Deve-se obter a variação da velocidade e calcular a velocidade
Alternativa A
média: ​___› ​___›
​____› v​ f ​  – v​ 0 ​  
v​ m ​  = _____
​   ​  

Dt
__​› __​› __
​› __​› __​› __
​›
_​___› (4,0​i ​  – 2,0​j ​  + 1,0​k ​ ) – (1,0​i ​  – 2,0​j ​  + 5,0​ ​k  )
________________________________
v​ m ​  = ​         ​
2 s
__​› __
​›
​____› (3,0​i ​ – 4,0​k ​  )
v​ m ​  = __________
​   ​   
2 s
Assim, calcula-se o módulo da velocidade vetorial média: multimídia: site
_​___› (32 + 42)
​ v​ m ​   2​ = _______
​   ​   
2
www.colegioweb.com.br/cinematica-vetorial/o-que-e-
Obtendo:
cinematica-vetorial.html
​____›
​ 5 ​ = 2,5 m/s
​ ​vm ​   ​ = __ www.grupoescolar.com/pesquisa/cinematica-vetorial.html
2
efisica.if.usp.br/mecanica/universitario/cinematica_v/
Então, a alternativa correta é a letra D.
Alternativa D

VIVENCIANDO
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A cinemática vetorial sintetiza a descrição de fenômenos cinéticos através de um espaço bidimensional. Velocidade e
aceleração são entidades geométricas, assim como qualquer grandeza vetorial. Sempre será possível criar um diagrama
vetorial para descrever adequadamente um evento cinemático. Os eventos cinemáticos estão presentes numa infinidade
de formas no cotidiano.
Centrípeto, do latim centripetus, é aquilo que atrai para o centro ou que se move em sua direção. A aceleração cen-
trípeta é a grandeza vetorial associada à mudança de direção da velocidade de um corpo que executa percurso de
tipo curvilíneo, seja ele uniforme ou não. Na máquina de lavar, na montanha-russa ou num brinquedo no parque de
diversão que executa um looping, a aceleração centrípeta está presente e pode ser descrita.

10
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Vetor era o nome dado pelos romanos para quem carregava algo. Trata-se da junção de duas palavras: veho (levar)
+ or (aquele que faz). Historicamente, o vetor sempre carrega algo, e nas ciências o vetor carrega informação. Entre-
tanto, os vetores que informam direção, sentido e valor de uma grandeza só surgiram no século XIX. Na forma visual
utilizada na Física, eles apareceram pela primeira vez no livro The Barycentric Calculus, escrito pelo matemático ale-
mão August Ferdinand Möbius (1790-1868), no qual são apresentados diretamente segmentos de reta, denotados
por letras do alfabeto.
Muitos matemáticos se dedicaram à tarefa de conceber números complexos como pontos no plano bidimensional,
ou seja, como vetores bidimensionais. Entre eles está Carl Friedrich Gauss (1777-1855), conhecido como “príncipe
da matemática”, que fez um uso crucial de números complexos representados como vetores para provar o teorema
fundamental da álgebra (1799).

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

11
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

Finalizando o estudo do movimento dos móveis e sendo requisitada novamente a habilidade 20, o aluno
terá que descrever o movimento dos móveis compreendendo o caráter vetorial. Assim, a compreensão do
estudo do movimento é dada em sua forma plena, e o aluno deverá utilizar todo o conhecimento acumu-
lado até então.

MODELO 1

(Enem) Um longo trecho retilíneo de um rio tem um afluente perpendicular em sua margem esquerda, conforme
mostra a figura. Observando de cima, um barco trafega com velocidade constante pelo afluente para entrar no rio.
Sabe-se que a velocidade da correnteza desse rio varia uniformemente, sendo muito pequena junto à margem e
máxima no meio. O barco entra no rio e é arrastado lateralmente pela correnteza, mas o navegador procura man-
tê-lo sempre na direção perpendicular à correnteza do rio e o motor acionado com a mesma potência.

Pelas condições descritas, a trajetória que representa o movimento seguido pelo barco é:

c) e)
a)

b) d)
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA
A componente vertical da trajetória do barco se mantém com velocidade constante, enquanto a componente
horizontal vai perdendo intensidade a uma taxa constante ao longo do caminho.

RESPOSTA Alternativa D

12
DIAGRAMA DE IDEIAS

CINEMÁTICA VETORIAL

VETORES DECOMPOSIÇÃO

ACELERAÇÃO VELOCIDADE POSIÇÃO

PERPENDICULAR MESMA DIREÇÃO VELOCIDADE DESLOCAMENTO


À VELOCIDADE DA VELOCIDADE LINEAR VETORIAL

ACELERAÇÃO ACELERAÇÃO VELOCIDADE DESLOCAMENTO


CENTRÍPETA TANGENCIAL ANGULAR ESCALAR

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

13
S
MOVIMENTO
CIRCULAR
​»​
​ arco ​AB ​
q = ______  ​   ​  S  ​
 = __
Raio R

CN
Na figura anterior, as distâncias OA e OB possuem a mes-
AULAS ma medida R, e o arco que liga os pontos A e B tem valor
19 E 20 igual a S. Se as medidas de S e R forem iguais, tem-se
u = 1 rad.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
1, 2, 5 e 6 1, 6, 17 e 20
Assim, sendo u um ângulo expresso em radianos, vale a
relação: S = uR
A partir da medida do arco de uma circunferência completa
(S = 2pR), obtém-se a conversão de grau para radiano e
1. Grandezas angulares vice-versa:
Durante uma corrida de automóveis em um autódromo, ​ 2pR
u = ____  ​  = 2p rad, que equivale a 360°
R
a vibração toma conta dos espectadores ao observarem o
carro de seu piloto preferido surgir no início da reta. Depois Desse modo: 2p rad ; 360° e p rad ; 180°
de atravessar a reta, o carro desaparece e, momentos de-
pois, surge outra vez no início da reta.
2. Deslocamento angular e
Obviamente, os carros só reaparecem no início da reta
porque realizam algumas curvas durante seu trajeto. velocidade angular no MCU
Dessa maneira são conduzidos novamente para aque- Uma partícula se move sobre uma circunferência de raio ​»​
le ponto, completando mais uma volta e iniciando a R e, durante o intervalo de tempo Dt, percorre o arco ​PQ ​, 
volta seguinte. do ponto P ao ponto Q, de comprimento DS. O ângulo Du
é o deslocamento angular da partícula no intervalo de
tempo Dt.
∆S
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Corrida da Nascar, na Califórnia, EUA, 2010.


Assim, para Du expresso em radianos, o comprimento DS
No estudo desses tipos de movimento, chamado de curvi- e o deslocamento angular Du da partícula se relacionam
líneo, as grandezas lineares não são suficientes. É necessá- com o raio R da circunferência pela equação:
rio o tratamento matemático com grandezas angulares.
Para isso, será relembrada a relação entre arco e ângulo DS = Du · R
medido em radianos (rad).

14
A velocidade angular média (wm) da partícula é calculada
Aplicação do conteúdo de modo similar. Contudo, em vez de usar a distância DS per-
​»​ corrida, o cálculo é realizado com a distância angular Du. Assim,
1. Uma partícula percorre um arco ​PQ ​ , que corresponde
a um ângulo central Du = 60°, sobre uma circunferência a velocidade angular média da partícula durante o intervalo de
​»​
de raio R = 30 cm. Calcule o comprimento do arco ​PQ ​ . tempo Dt é:

vm = ___
​ Du ​ 
Dt

2. Durante o intervalo de tempo Dt = 2 segundos, uma


partícula se desloca
​»​ sobre uma circunferência, per-
correndo o arco ​PQ ​  correspondente ao ângulo central
Du = 120°. Calcule a velocidade angular média da par-
tícula nesse intervalo de tempo.

Resolução:

É preciso recordar a relação da geometria plana vista anterior-


mente:
180° ; p radianos ; p rad

Assim, calcula-se o deslocamento angular fazendo a seguinte


regra de três:
180°    p rad Resolução:
60°    x rad
Deve-se obter o valor do deslocamento angular em radianos:
Ou seja: x = __
​ p ​ rad, isto é:
3
180°    p rad
Du = 60º = __
​ p ​ rad
3
​ 2p ​  rad
⇒ x = ___
120°    x rad 3
Portanto, com Dq dado em radianos, calcula-se o comprimento
do arco: Assim:

DS = (Du) · R = ​ ​ __
p ​   ​(30 cm) = 10p cm ​ 2p ​ rad e Dt = 2 s
Du = ___
( )
3 3

Usando a aproximação p > 3,14, tem-se: Portanto, a velocidade angular média é:

​  2p ​ rad
___
DS > 10(3,14) cm ⇒ DS > 31,4 cm
vm = ​   ​ = ​  3  ​ 
___
Du ______  ⇒ vm = __
​ p ​ rad/s
Dt 2s 3
Na figura a seguir, uma partícula percorre o arco de circunferên-
​»​
​ ,  de comprimento DS, no intervalo de tempo Dt. A velo-
cia PQ ​ Considerando Du dado em radianos, a velocidade média linear e
cidade escalar média da partícula é dada pela razão entre o a velocidade média angular podem ser relacionadas por:
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(Du) · R ___
espaço percorrido e o intevalo de tempo:
DS = (Du) · R ⇒ ___
​ Ds ​ = ______
Dt
​ 
Dt
 ​  ( )
 = ​ ​  Du ​  ​· R
Dt
Ou seja:
vm = vm · R
Da mesma forma que para a velocidade escalar média se define a
velocidade escalar instantânea, para a velocidade angular média
se define uma velocidade angular instantânea (v). Em geral,
as velocidades angulares média e instantânea são diferentes. En-
tretanto, no caso de movimento uniforme, ou seja, com a velocida-
de angular instantânea constante, tem-se wm = ω. Para os valores
instantâneos, vale uma equação semelhante à equação anterior:
​ ∆S ​ 
vm = ___
∆t
v=v·R

15
3. Um disco gira em torno de um eixo que passa por seu Em todas essas situações, e também em outras, ocorre uma
centro O, com velocidade angular v = 1,5 rad/s. A figura alternância regular de eventos. O intervalo de tempo gasto
indica a posição dos pontos A e B sobre o disco. para que o evento volte a se repetir é o período T.
Observe:

Sendo a = 4,0 cm, a distância do ponto O ao ponto A e


b = 2,0 cm, a distância do ponto O ao ponto B, calcule:
Ilustração produzida com base em Enciclopédia do estudante:
a) A velocidade linear do ponto A. Ciências da Terra e do Universo – da Geologia à exploração
do espaço. São Paulo: Moderna, 2008. p. 241.
b) A velocidade linear do ponto B.
Resolução:
a) O raio de trajetória do ponto A é a = 4,0 cm
Assim:
vA = v · R = v · a = (1,5 rad/s) (4,0 cm)
vA = 6,0 cm/s
b) O raio da trajetória do ponto B é b = 2,0 cm. multimídia: site
vB = v · R = v · b = (1,5 rad/s) (2,0 cm)
vB = 3,0 cm/s
brasilescola.uol.com.br/fisica/movimento-circular-
A velocidade linear v também é denominada velocidade escalar uniforme-mcu.htm
ou velocidade tangencial.
www.physicsclassroom.com/class/circles/Lesson-1/

3. Aceleração angular (γm) Mathematics-of-Circular-Motion

O quociente entre a variação da velocidade angular e o § O período de rotação da Terra em torno do seu próprio
intervalo de tempo gasto é a aceleração angular média. eixo é de 23,93 h.
§ O período de translação da Terra ao redor do Sol é de
___ ​  (rad/s2)
γm = ​ Dω
Dt 365,25 dias.
§ O período de revolução da Lua é de 27,32 dias.
Relação entre a e γ:
Uma segunda grandeza, intimamente relacionada com o
Dv = Dω.R (dividindo ambos os membros por Dt) ⇒ período, é a frequência f. A frequência é definida como
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

___ ​ = _____
⇒ ​ Dv ​ Dω · R ⇒ a=γ∙R
 ​    o número n de vezes que um evento se repete em um in-
Dt Dt tervalo de tempo (por exemplo, um segundo, um minuto,
uma semana, etc):
4. Período e frequência ​ n  ​ 
f = __
∆t
Serão estudados dois conceitos bastante importantes na
Física e que estão relacionados a fenômenos que se repe- Da definição de período, durante o intervalo corresponden-
tem com a mesma regularidade. Os exemplos a seguir te a um período, Dt = T, o evento se repete uma vez, isto é,
ilustram alguns desses fenômenos: n = 1. Dessa forma, a frequência e o período são inversa-
§ a alternância entre o dia e a noite devido à rotação da mente proporcionais:
Terra em torno do seu eixo;
​ 1 ​  ou T = __
f = __ ​ 1 ​ 
§ a alternância das estações do ano decorrentes do mo- T f
vimento de translação da Terra em torno do Sol; Qualquer unidade de tempo pode ser usada para o perío-
§ a alternância das fases da Lua durante as semanas. do. No SI, a unidade de tempo é o segundo. As unidades

16
mais usuais de frequência são: rotações por segundo (rps), lógio depois de 60 minutos.
rotações por minuto (rpm) e rotações por hora (rph). No SI, Du = 2p
v = ___ ​ 2p ​  
​ Du ​ ⇒ v = ___
é usada a rps, que é denominada hertz (Hz). Dt = T Dt T

5. Movimento circular uniforme Sendo T = _​ 1f ​ ⇒ v = 2pf

Por motivos de segurança, o movimento de uma roda-gi- A velocidade linear da extremidade do ponteiro pode ser cal-
gante ocorre sem trancos e sem solavancos. A roda-gi- culada se o valor do raio da trajetória circular for conhecido.
gante gira de modo uniforme, sem aumentar ou diminuir
Sendo v = vR, tem-se:
a velocidade da rotação, com exceção do início e do final
do movimento. ​ 2pR
v = ____ ​
    ou  v = 2pRf
T

5.1. Função horária angular


A seguir, será determinada a função horária do movimento
circunferencial uniforme.

Esse movimento de giro constante também ocorre em di-


versas situações do cotidiado, como o movimento das pás
de um ventilador, de um liquidificador ou de uma máquina
de lavar roupas.
Depois de iniciarem seu funcionamento, os dispositivos
Considerando o instante inicial como t0 = 0, a partir da
mencionados executam um movimento circunferen-
fórmula da velocidade angular, segue que:
cial uniforme (MCU). O estudo desse tipo de movi-
mento é importante, pois é necessário nos projetos de v = ___
​ Du ​ ⇒
Dt
diversos equipamentos.
Du = v · Dt ⇒
Uma partícula realiza movimento circunferencial unifor- u – u0 = v · (t – t0) ⇒
me se sua trajetória for uma circunferência e o movimen-
to for realizado com velocidade angular constante. Os u = u0 + v · t
movimentos dos ponteiros de um relógio exemplificam
perfeitamente esse tipo de movimento. A velocidade an- Dessa forma, a posição angular u pode ser calculada para
gular do ponteiro dos minutos, por exemplo, pode ser cal- o instante de tempo t. Essa função horária angular do MCU
culada a partir do comprimento percorrido em uma volta pode ser obtida a partir da função horária do MRU, dividin-
do-se todos os termos pelo raio R da circunferência:
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

completa igual a 2π radianos e o período T.


S = S0 + vt
S vt
​  S  ​ = __
__ ​  0 ​ + __
​   ​ 
R R R
u = u0 + v · t

6. Aceleração do MCU
Como o movimento é circular e uniforme e possui velocida-
de tangencial constante (aT = 0), a aceleração resultante é
dada somente pela componente centrípeta.

​ v  ​ mas v = ω·R então a = aC = ω2·R


2
O movimento dos ponteiros é periódico. O ponteiro dos a = aC = __
R
minutos passará novamente pela mesma indicação no re-

17
VIVENCIANDO

Muitos objetos comuns no dia a dia executam


movimentos circulares uniformes. Na famosa vitro-
la ou toca-discos, os vinis giram com velocidades
constantes (33 ou 45 rotações por minuto), en-
quanto são tocados por uma agulha que percorre
as trilhas gravadas nos discos. O relógio de pon-
teiro também possui dois ponteiros que executam
movimentos com velocidades diferentes. Outros
diversos aparelhos realizam movimentos circulares
uniformes, como a máquina de lavar roupa e os
ventiladores. Os astros celestes e os satélites artifi-
ciais são outros exemplos, uma vez que percorrem
o espaço executando movimentos circulares.

Assim como:
v2 = v​0 2​ + 2 · g · Du

Aplicação do conteúdo
1. Uma moto percorre meia volta por segundo, em uma
multimídia: vídeo trajetória circular com raio de 3 m. Sabendo que no
início da contagem dos tempos a moto se encontra na
Fonte: Youtube origem dos arcos, determine:
Física - Relação entre a velocidade a) a frequência e o período;
angular e velocidade... b) a velocidade angular do movimento;
c) a velocidade escalar linear;
d) o módulo da aceleração centrípeta;

7. Movimento circular e) as funções horárias do movimento sob as formas


linear e angular;
​  3p ​ rad.
f) o tempo decorrido para descrever um ângulo de ___
uniformemente variado 2
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Anteriormente foi analisado o caso em que um móvel des- Resolução:


creve uma trajetória circular com velocidade angular cons- a) Pela definição de frequência e período, tem-se:
tante. Entretanto, para o caso em que a velocidade varia ​  1 ​ volta
__
uniformemente, tem-se que: f = ​    ​ ⇒ f = ​ 2  ​ 
n
___ ______ ​ 1 ​ Hz
 ⇒ f = __
Dt 1s 2
v–v
g = __​ Dv   ​= ______
​  t – t  0 

Dt
0 ​ 1 ​ ⇒ T = __
T = __ ​ 1  ​ ⇒ T = 2 s
f ​  1 ​ 
__
Em que g representa a aceleração angular. 2
b) A velocidade angular é dada por:
Fazendo t0 = 0
v = v0 + g · t v = 2pf ⇒ v = 2p · __ ​ 1 ​ ⇒ v = p rad/s
2
v+v c) A velocidade linear é:
Sendo vm = ___
​ Du ​ = ______
​   ​0,  
pode-se dizer que:
Dt 2 v = vR = p · 3 = 3p ⇒ v = 3p m/s
​ 1 ​ · g · t2
u = u0 + v0 · t + __
2

18
d) O módulo da aceleração centrípeta é dado por: mente então passar a 1º de julho. Como essa correção
(3p)2 ___ é feita no horário de Greenwich, no Brasil a correção
​ v  ​ = _____  = ​  9p ​  = 3p2 ⇒ acp = 3p2 m/s2
2 2
acp = __ ​   ​  ocorreu às 21h, horário de Brasília. Isso significa que,
R 3 3
e) em média, a velocidade angular do planeta

Forma linear: Forma angular: a) cresceu;


b) manteve-se constante e positiva;
s = s0 + vt, u = u0 + ωt
c) decresceu;
como s0 = 0 e v como u0 = 0 rad e v = d) é sempre nula.
= 3π m/s = p rad/s
Resolução:
Substituindo-se: Substituindo-se:
Sabendo que as 24h contadas no relógio correspondem ao
s = 0 + 3pt ⇒  u = 0 + pt ⇒ u = pt
tempo em que a Terra completa uma volta em relação ao Sol e
s = 3pt
sabendo que:
3p ​ rad será vm = ___
​ Du ​ 
f) O tempo para descrever o ângulo Du = ​ ___ Dt
2
obtido pela função horária angular Δθ = ω . t Se foi acrescido 1 segundo no tempo total e o deslocamento angular é
o mesmo, logo a velocidade angular média decresceu.
​ 3p ​ = pt ⇒ t = 1,5 s
___
2
Alternativa C
2. (Unicamp) Anemômetros são instrumentos usados
para medir a velocidade do vento. A sua construção 4. (Uece) Durante uma hora o ponteiro dos minutos de
mais conhecida é a proposta por Robinson em 1846, um relógio de parede executa um determinado deslo-
que consiste em um rotor com quatro conchas hemisfé- camento angular. Nesse intervalo de tempo, sua veloci-
ricas presas por hastes, conforme figura abaixo. Em um dade angular, em graus/min é dada por:
anemômetro de Robinson ideal, a velocidade do vento a) 360. c) 6.
é dada pela velocidade linear das conchas. Um anemô- b) 36. d) 1.
metro em que a distância entre as conchas e o centro
de rotação é r = 25 cm em um dia cuja velocidade do Resolução:
vento é v = 18 km/h teria uma frequência de rotação de:
Para uma volta completa, tem-se um deslocamento angular de
2π radianos ou 360º.
O tempo necessário para o ponteiro dar uma volta completa é
de 60 minutos.
Assim:
v = ___ ​  360º  ​  
​ Du ​ = ___ v = 6 graus/minuto.
Dt 60 min

Alternativa C
THE ROSINSON ANENOMETER
5. (Esc. Naval) Observe o gráfico a seguir.
Se necessário, considere π ≈ 3.
a) 3 rpm. c) 720 rpm.
b) 200 rpm. d) 1200 rpm.
Resolução:
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Dados: v = 18 km/h = 5 m/s; r = 25 cm; π = 3

v = 2 πrf ⇒ f = ____ ​  5   ​  
​  v   ​ = __________ ​  5  ​  
= ___
2 πr 2 ∙ 3 ∙ 0,25 1,5 O gráfico da figura acima mostra a variação do raio da
Terra (R) com a latitude (Φ). Observe que foram acres-
​  5  ​ ∙ 60 rmp ⇒ f = 200 rpm
Hz = ___ centadas informações para algumas latitudes, sobre a
1,5
menor distância entre o eixo da Terra e um ponto P na
Alternativa B superfície da Terra ao nível do mar, ou seja, R cos Φ. Con-
siderando que a Terra gira com uma velocidade angular
3. (Uece) O ano de 2015 tem um segundo a mais. No ωT = π/12(rad/h), qual é, aproximadamente, a latitude de
dia 30 de junho de 2015, um segundo foi acrescido à P quando a velocidade de P em relação ao centro da Ter-
contagem de tempo de 2015. Isso ocorre porque a ve- ra se aproxima numericamente da velocidade do som?
locidade de rotação da Terra tem variações em relação Dados: vsom = 340 m/s; π = 3.
aos relógios atômicos que geram e mantêm a hora le-
a) 0º. d) 60º. e) 80º.
gal. Assim, no dia 30 de junho, o relógio oficial registrou
a sequência: 23h 59min 59s - 23h 59min 60s para so- b) 20º. c) 40º.

19
Resolução:
Foi dado no enunciado que vT = ___ ​ π  ​  rad/h. Para poder utilizar
12
esse dado, é necessário fazer a conversão para unidades do SI.
​  π   ​  
vT = ________ rad/s
12 · 3600
Para saber em qual latitude a Terra terá uma velocidade igual a
velocidade do som, multimídia: vídeo
v=v·R
340  ​   Fonte: Youtube
​ v  ​ =________
R = __
ω
________
​  π
​     ​   Física Total - Aula 11 - Introdução à cinemática angular
12 · 3600
R = 4896 km
Comparando com a ilustração fornecida no exercício, chega-se
à conclusão de que esse fato será observado na Latitude de 40º.
Alternativa C

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O movimento circular é qualquer deslocamento que se desenvolve numa trajetória que não se configure como uma
reta, uma vez que, de forma abstrata, qualquer curva pode ser aproximada para um trecho de uma circunferência.
Em geral, os movimentos circulares são descritos em circunferências, que são o conjunto de pontos situados em
um plano e equidistantes de um ponto fixo, denominado centro da circunferência. A razão entre o perímetro de um
círculo e o seu diâmetro produz o número π (pi).
No caso do π, a principal curiosidade é a obtenção de um valor constante, não importando o tamanho do círculo analisa-
do. As civilizações antigas exigiam valores calculados precisos para π, por razões práticas de construções de veículos e es-
truturas arquitetônicas. Os chineses conseguiram descobrir 7 dígitos do π no século 5 a.C. A primeira fórmula exata para π,
baseada em séries infinitas, foi desenvolvida muito tempo depois, no século XVII, por meio da série de Madhava-Leibniz:

​ 4 ​ – __
π = __ ​ 4 ​ + __
​ 4 ​ – __
​ 4 ​ + __
​ 4 ​ – ___
​  4  ​ + ___
​  4  ​ – ...
1 3 5 7 9 11 13
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

20
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A Habilidade 20 se faz presente na caracterização do movimento circular ou circunferencial. Relacionando


com as grandezas já definidas, como velocidade linear e aceleração tangencial, são apresentadas as grande-
zas velocidade angular e aceleração centrípeta. O aluno passa a estudar os movimentos não retilíneos, sempre
aplicados em situações cotidianas.

MODELO 1
(Enem) Um professor utiliza essa história em quadrinhos para discutir com os estudantes o movimento de
satélites. Nesse sentido, pede a eles que analisem o movimento do coelhinho, considerando o módulo da
velocidade constante.

Desprezando a existência de forças dissipativas, o vetor aceleração tangencial do coelhinho, no terceiro quadrinho, é:
a) nulo;
b) paralelo a sua velocidade linear e no mesmo sentido;
c) paralelo a sua velocidade linear e no sentido oposto;
d) perpendicular a sua velocidade linear e dirigido para o centro da Terra;
e) perpendicular a sua velocidade linear e dirigido para fora da superfície da Terra.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Conceitualmente, o exercício possui alto nível de dificuldade. Apesar de trazer uma história em quadrinhos, o
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

aluno deve conhecer e saber diferenciar as diferentes velocidades e acelerações que o móvel possui.
Como o módulo da velocidade é constante, o movimento do coelhinho é circular uniforme, sendo
nulo o módulo da componente tangencial da aceleração no terceiro quadrinho.

RESPOSTA Alternativa A

21
DIAGRAMA DE IDEIAS

DESLOCAMENTO
ANGULAR

VELOCIDADE
ANGULAR

CONSTANTE PERÍODO

VARIÁVEL

MCU FREQUÊNCIA

MCUV
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

22
TRANSMISSÃO
DE MOVIMENTO
CIRCULAR Ligação por correia. Polias e correia se movimentam no mesmo sentido.

CN AULAS
21 E 22
multimídia: vídeo
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
Fonte: Youtube
1, 2, 5 e 6 1, 6, 17 e 20
Transmissão de Movimento Circular -
Questão ENEM 2013

1. Transmissão do movimento Nos dois tipos de ligações, se não houver escorregamento


das polias ou engrenagens, a velocidade escalar de qual-
circular uniforme quer um dos pontos externos (periféricos) será igual à velo-
cidade escalar da correia, ou seja:
Em geral, os motores possuem uma frequência de rotação
fixa. Entretanto, diversos sistemas girantes acionados por vA = vB
esses motores precisam de frequências de rotação dife- Assim, a partir da relação entre as velocidades linear e an-
rentes daquela do motor. Dessa forma, para modificar as gular (v = vR) e da relação entre a velocidade angular e a
frequências de rotação, são utilizadas diversas polias co- frequência (v = 2pf), pode-se escrever:
nectadas por correias ou engrenagens. vA = vB ⇒
vARA = vBRB ⇒
2pfARA = 2pfBRB ⇒

fARA = fBRB

Essa relação mostra que a frequência e o raio são inversa-


mente proporcionais. Dessa forma, em um sistema acopla-
do, a roda de maior raio tem frequência menor.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Nota: A engrenagem é um elemento mecânico que serve


Por meio de uma ligação com uma correia, ou através do
para imprimir torque e rotação. A engrenagem é uma roda
contato direto, o movimento circular de uma polia ou en-
dentada (polia + dentes). Para as engrenagem, tem-se as
grenagem pode ser transmitido para outra.
seguintes relações:
N NB
fA·NA = fB·NB ou __
​  A ​ = __
​   ​ onde (N ... número de dentes)
RA RB
vãos
dentes

Contato entre rodas ou engrenagens. Nesse caso,


há inversão do sentido do movimento.

23
Assim, a relação entre as frequências de rotação é:
ω A = ωB ⇒

​  2p ​ = ​ ___
___ 2p ​ ⇒ __
​  1  ​  = __
​  1  ​ ⇒
TA TB TA TB

fA = fB

multimídia: vídeo 2. Duas polias são conectadas por um mesmo eixo. Uma
Fonte: Youtube das polias tem raio de 10 cm, a outra tem raio de 15 cm
e gira com frequência de 30 rpm.
Engrenagem, correia e eixo (Vídeo 8.4 - Volume 1)
a) Qual é a frequência da polia menor?
b) Qual é a velocidade linear da polia maior? E da
polia menor?
Aplicação do conteúdo Resolução:
1. Duas polias são ligadas por uma corrente. A menor a) Ambas as polias estão conectadas por um mesmo
tem raio de 10 cm e a maior tem raio de 15 cm, girando eixo e, portanto, ambas possuem a mesma velocidade
com frequência de 30 rpm. angular e também a mesma frequência. Assim, a po-
a) Qual é a frequência da polia menor? lia menor tem velocidade angular de 30 rpm.
b) Qual é a velocidade linear da polia maior? E da b) Para a polia menor segue que:
polia menor?
vA = 2p · fA · RA ⇒
Resolução: vA = 2p · 0,5 Hz · 0,10 m ⇒
VA = 0,1p m/s
a) Pela fórmula da relação entre raio e frequência
apresentada, tem-se: Para a polia maior:
RA · fA = RB · fB ⇒ vB = 2p · fB · RB ⇒
10 · fA = 15 · 30 ⇒ vB = 2p · 0,5 Hz · 0,15 m ⇒
fA = 45 rpm vB = 0,15p m/s
b) Ambas as polias estão conectadas por uma corrente,
3. A figura abaixo mostra um sistema de polias. Os raios das
portanto, ambas possuem a mesma velocidade linear
polias estão relacionados de modo que Rw = Ry = Rz = ​  1
__  ​ R ,
(igual a velocidade da corrente). Desse modo, a veloci- 2 x
e a polia W gira com frequência de 2 Hz. Qual é a frequ-
dade pode ser calculada usando qualquer uma das po-
ência de rotação da polia Z?
lias. Assim, usando os dados da polia menor e lembran-
do-se de converter a frequência para o S.I., segue que: Resolução:
vA = 2p · fA · RA ⇒ Da figura, tem-se:
vA = 2p · 0,75 Hz · 0,10 m ⇒
vA = 0,15p m/s
e
vB = 0,15p m/s

Contudo, se as polias ou as engrenagens estiverem conectadas


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

pelo mesmo eixo (polias coaxiais), ou seja, girarem fixadas em um


mesmo eixo, a velocidade angular w será igual.

vw = vx ⇒ vw Rw = vxRx
vx = vy (polias com o mesmo eixo)
Polias coaxiais.
2pfwRw = 2pfxRx
wA = ωB 2pfx = 2pfy

24
​ 1 ​ R = f R
2 · __ Resolução:
2 x x x
fx = fy Os raios das engrenagens (R) e os números de dentes (n) são
diretamente proporcionais.
fx = 1 Hz
Assim:
se fx = 1 Hz ⇒ fy = 1 Hz RA RC ___ nA ___
__
​   ​ = __   ​  8  ​ =​ __1 ​ 
​   ​ = n​    ​=
Como vy = vz e Ry = Rz, tem-se: RB RD B 24 3
vyRy = vzRz A e B estão acopladas tangencialmente:
2pfyRy = 2pfzRz vA = vB ⇒ 2 πfARA = 2 πfBRB ⇒ fARA = fBRB
fy = fz = 1 Hz Mas:
RA fM
Assim, a frequência da polia Z é fz = 1 Hz. fA = fM ⇒ fMRA= fBRB ⇒ FB = fM __ ​ 1 ​ ⇒ fB = ​  __ ​ 
​   ​ = fM __
RB 3 3
4. (Unesp) Um pequeno motor a pilha é utilizado para
movimentar um carrinho de brinquedo. Um sistema B e C estão acopladas coaxialmente:
de engrenagens transforma a velocidade de rotação fM
fC = fB = __
​   ​ 
desse motor na velocidade de rotação adequada às 3
rodas do carrinho. Esse sistema é formado por quatro C e D estão acopladas tangencialmente:
engrenagens, A,B, C e D, sendo que A está presa ao
eixo do motor, B e C estão presas a um segundo eixo e vC = vD ⇒ 2πfCRC = 2πfDRD ⇒ fCRC = fDRD
a um terceiro eixo, no qual também estão presas duas Mas:
das quatro rodas do carrinho. RC fM 1
fD = fR ⇒ fCRC = fRRD ⇒ FR = fC __
​   ​ = fR = ​  __ ​ __
​   ​ ⇒
RD 33
f__M 13,5
⇒ fR = ​   ​ ⇒ fR = ____
​   ​  ⇒ fR = 1,5 Hz
9 9
Alternativa A

5. (Uece) Em uma obra de construção civil, uma carga


de tijolos é elevada com uso de uma corda que passa
com velocidade constante de 13,5 m/s e sem deslizar
por duas polias de raios 27 cm e 54 cm. A razão entre a
velocidade angular da polia grande e da polia menor é:
Nessas condições, quando o motor girar com frequência fM as a) 3. c) 2/3.
duas rodas do carrinho girarão com frequência fR. Sabendo que b) 2. d) 1/2.
as engrenagens A e C possuem 8 dentes, que as engrenagens B Resolução:
e D possuem 24 dentes, que não há escorregamento entre elas e
A velocidade linear é a mesma para as duas polias.
que fM = 13,5 Hz, é correto afirmar que fR em Hz é igual a ωG __ RM 27 ωG 1
vG = vM ⇒ ωGRG = ωMRM ⇒ ω ___   ​   ​ = ___
​    ​= ​   ​⇒ ___
​   ​ = __
  ⇒ω ​   ​ 
a) 1,5. c) 2,0. e) 2,5. M R 54 M 2
G
b) 3,0. d) 1,0.
Alternativa D
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

VIVENCIANDO

A aplicação mais importante de transmissão de movimento no cotidiano está nas en-


grenagens e polias presente nos sistemas mecânicos, desde um simples relógio até mo-
tores e rotores de automóveis. As engrenagens operam aos pares, os dentes de uma se
intercalando com os espaços entre os dentes de outra. Caso o arranjo dos dentes não
seja circular, aparecerá uma variação entre as velocidades das engrenagens. A maioria
das engrenagens possui formato circular, o que permite o funcionamento preciso dos
mecanismos utilizados no dia a dia.

25
multimídia: site

www.newtoncbraga.com.br/index.php/110-mecatroni-
ca/robotica/12092-polias-e-engrenagens-mec189
osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2013/06/cursos-
-do-blog-mecanica_24.html
pt.wikihow.com/Mudar-a-Marcha-de-uma-Bicicleta

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Parte importante de qualquer mecanismo que transfira movimento circular, a roda é uma das maiores invenções da
humanidade. A região de Ur, na Mesopotâmia, em 3500 a.C., é o local no tempo-espaço mais aceito como a primeira
representação de uma roda, que aparece como um artefato feito de madeira numa carroça. Com base em artefatos
encontrados por arqueólogos, aceita-se que os chineses teriam começado a usá-la em torno de 2000 a.C. Muitos sé-
culos depois, já na Idade Moderna, inovações no uso de materiais fizeram a invenção da roda adquirir novas funções
e ganhar eficiência, tornando-se um transporte mais acessível e veloz, contribuindo para transformar as primeiras
aglomerações humanas em cidades maiores, além de dinamizar as formas de geração de energia.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

26
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 1
Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a
seus usos em diferentes contextos.

A Habilidade 1 é trabalhada nessa aula, pois os movimentos são periódicos; grandezas como período e
frequência são fundamentais na caracterização da transmissão do movimento circular. Assim, é importante
que o aluno saiba como se dá a transmissão do movimento circular, quais são suas grandezas e como elas
se relacionam.

HABILIDADE 6
Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos ou sistemas
tecnológicos de uso comum.

A Habilidade 6 se faz presente pois trata da leitura de manuais de instrução, fato necessário, por exemplo,
para o estudante relacionar as diferentes engrenagens numa bicicleta. O aluno deve ser capaz de identificar
as informações técnicas, a fim de compreender a situação-problema.

MODELO 1

(Enem) A invenção e o acoplamento entre engrenagens revolucionaram a ciência na época e propiciaram a


invenção de várias tecnologias, como os relógios. Ao construir um pequeno cronômetro, um relojoeiro usa o
sistema de engrenagens mostrado. De acordo com a figura, um motor é ligado ao eixo e movimenta as engre-
nagens fazendo o ponteiro girar. A frequência do motor é de 18 rpm, e o número de dentes das engrenagens
está apresentado no quadro.
engrenagem dentes
A 24
B 72
C 36
D 108

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A frequência de giro do ponteiro, em rpm é:


a) 1.
b) 2.
c) 4.
d) 81.
e) 162.

27
ANÁLISE EXPOSITIVA

Excelente exercício do Enem, muito bem contextualizado. Cabe ao aluno interpretar a situação-pro-
blema e identificar as passagens matemáticas que o levarão à resposta rapidamente.
No acoplamento coaxial, as frequências são iguais. No acoplamento tangencial, as frequências (f) são
inversamente proporcionais aos números (N) de dentes.
Assim:

A frequência do ponteiro é igual à da engrenagem D, ou seja, f = 2 rpm.

RESPOSTA Alternativa B

MODELO 2

(Enem) Para serrar ossos e carnes congeladas, um açougueiro utiliza uma serra de fita que possui três polias
e um motor. O equipamento pode ser montado de duas formas diferentes, P e Q. Por questão de segurança, é
necessário que a serra possua menor velocidade linear.

Por qual montagem o açougueiro deve optar e qual a justificativa dessa opção?
a) Q, pois as polias 1 e 3 giram com velocidades lineares iguais em pontos periféricos e a que tiver maior raio terá
menor frequência.
b) Q, pois as polias 1 e 3 giram com frequências iguais e a que tiver maior raio terá menor velocidade linear em um
ponto periférico.
c) P, pois as polias 2 e 3 giram com frequências diferentes e a que tiver maior raio terá menor velocidade
linear em um ponto periférico.
d) P, pois as polias 1 e 2 giram com diferentes velocidades lineares em pontos periféricos e a que tiver menor
raio terá maior frequência.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

e) Q, pois as polias 2 e 3 giram com diferentes velocidades lineares em pontos periféricos e a que tiver maior
raio terá menor frequência.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Desde a restruturação da prova do Enem, ano após ano a prova tem sido mais carregada conceitual-
mente e até mais carregada nas operações matemáticas. Esse exercício exemplifica muito bem isso.
Para resolvê-lo, é preciso identificar que a velocidade linear da serra é igual à velocidade linear (v) de
um ponto periférico da polia à qual ela está acoplada.
No acoplamento tangencial, os pontos periféricos das polias têm mesma velocidade linear; já no acopla-
mento coaxial (mesmo eixo), são iguais as velocidades angulares (ϖ), as frequências (f) e os períodos (T)
de todos os pontos das duas polias. Nesse caso, a velocidade linear é diretamente proporcional ao raio
(v = ϖ R).

28
Na montagem P:
§ Velocidade da polia do motor: v1.
§ Velocidade linear da serra: v3P.

RESPOSTA Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSMISSÃO
DE MCU

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

EIXO CORREIA CONTATO

VELOCIDADES INVERSÃO DO
MESMO SENTIDO
ANGULARES IGUAIS MOVIMENTO

FREQUÊNCIAS
VELOCIDADES
IGUAIS
LINEARES DE
MESMO MÓDULO

29
Até aqui foi estudado o movimento de um móvel, mas sem
que fosse enfatizada a causa do movimento (ou de sua
alteração). Desde o início do curso, tem sido estudado o
ramo da mecânica denominado cinemática. Agora, será
analisado o motivo de um móvel estar em movimento (ou
INTRODUÇÃO ÀS de alterá-lo). As leis de Newton pertencem ao ramo da me-

LEIS DE NEWTON cânica denominado dinâmica.

CN AULAS
23 E 24 multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
Física - Primeira Lei de Newton (Khan Academy)
1, 2, 5 e 6 1, 6, 17 e 20

2. Conceitos preliminares
1. As leis de Newton Inércia – Resistência que todo corpo material oferece à
Os estudos de dinâmica e de mecânica clássica se desen- modificação da sua velocidade. A inércia se manifesta pela
volveram baseados principalmente nos trabalhos de Isaac necessidade da ação de uma força para que a velocidade
Newton. Em 1687, foi publicada a obra Princípios Mate- se modifique em relação a um referencial, ou seja, para que
máticos da Filosofia Natural, que resume toda a descrição o móvel tenha uma aceleração diferente de zero.
da natureza do movimento em três leis que hoje são co-
Força – Grandeza física que se manifesta pela modifi-
nhecidas como as leis de Newton.
cação que provoca na velocidade de um corpo ou causa
É importante destacar que a construção da Física se de formação. Quando o corpo não está sujeito a nenhu-
deve à contribuição de diversos cientistas e não de tra- ma força, o seu movimento, num referencial determinado,
balhos individuais específicos. As leis de Newton serão é uniforme (velocidade constante, nula ou não). Quando
discutidas a seguir, contextualizadas em situações que uma força atua sobre o corpo, a sua velocidade é variável e
ocorrem no cotidiano. a sua aceleração é diferente de zero.

3. Primeira Lei de Newton


ou Lei da Inércia
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A primeira Lei de Newton no movimento foi enunciada da


seguinte maneira:

Todo corpo em estado de repouso ou de movimento re-


tilíneo uniforme permanece nesse estado até que seja for-
çado a mudar seu estado por forças que atuam sobre ele.

Assim, um corpo que esteja inicialmente em repouso entra-


rá em movimento caso atue sobre ele uma força não nula.
Entretanto, caso sejam retiradas repentinamente todas as
forças que atuam em um corpo em movimento, o corpo
entrará em movimento retilíneo e uniforme até que alguma
força volte a atuar sobre ele. A ideia de que um corpo per-
Isaac Newton (1643-1727)

30
manecerá eternamente em movimento retilíneo uniforme é 3.2. Exemplo 2: 1.ª Lei de Newton
estranha, pois essa situação não é observada no cotidiano,
uma vez que os eventos estão sujeitos às forças de resis- Quando um automóvel inicia uma curva, os passageiros
tência ao movimento. Por outro lado, isso é válido para cor- têm a sensação de serem forçados para fora do carro, o
pos em movimento na imensidão do espaço, em locais onde que de fato aconteceria, caso a porta estivesse aberta e os
não há influência gravitacional de outros corpos. passageiros sem a proteção do cinto de segurança. Entre-
tanto, não existe nenhuma força empurrando os passagei-
A inércia foi definida por Newton como “um poder de
ros para fora. Os corpos resistem durante a curva porque,
resistir, através do qual todo corpo, estando em um deter-
segundo a Lei da Inércia, tendem a continuar em movi-
minado estado, manterá esse estado, seja ele de repouso
mento retilíneo uniforme.
ou de movimento retilíneo uniforme”. A inércia de um cor-
po será maior quanto mais difícil for alterar seu estado de
movimento. A afirmativa acima, chamada de primeira Lei
de Newton, também é conhecida como Lei da Inércia.

3.1. Exemplo 1: 1.ª Lei de Newton


Considere um ônibus em movimento com velocidade cons-
tante e em linha reta. Apesar de estarem em repouso em
relação ao ônibus, os passageiros estão em movimento re-
tilíneo uniforme em relação ao solo. Ao freiar bruscamen- Uma situação no qual um corpo seja completamen-
te, os passageiros se sentem “empurrados” para a frente, te livre da ação de forças é praticamente impossível.
como na figura a seguir. Esse empurrão ocorre por causa da Contudo, existem situações em que os efeitos de forças
tendência dos corpos de continuarem no mesmo estado de atuantes sobre um corpo são cancelados mutuamente.
movimento, isto é, por causa da inércia dos corpos.
4. Segunda Lei de Newton
ou Princípio Fundamental
da Dinâmica
Verificou-se experimentalmente que a aceleração causada
por uma mesma força atuando sobre corpos com massas
diferentes não é igual. Por exemplo, uma mesma força pro-
voca uma aceleração maior em uma bicicleta do que em
um automóvel. Dessa forma, quanto maior for a massa de
um corpo, mais força será necessária para produzir deter-
minada aceleração. VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Caso o ônibus estivesse inicialmente em repouso, ocorreria


um efeito semelhante. Se o ônibus arrancasse e saísse em A situação será analisada a partir das seguintes experiências:
movimento acelerado, a sensação dos passageiros seria a __
​› __
​› __
​›
de serem “jogados” para trás, assim como na imagem an- Na figura acima, as forças resultantes F ​ ​ 1 , F ​ ​ 2 , ...,  ​F ​ n  atuam
terior. Novamente, pela inércia dos corpos, os passageiros sobre o___mesmo corpo e produzem, respectivamente, acele-
​ › ___
​› ___
​›
“tentariam” se manter em repouso em relação ao solo, rações  ​a 
​ 1 ,  ​a 
​ 2 , ...,  ​a 
​ n .
opondo-se à mudança de estado.

31
Calculando a razão entre a intensidade de cada força e a Essas duas experiências estabelecem a segunda Lei de
respectiva aceleração, obtém-se: Newton: o Princípio Fundamental da Dinâmica:
F F2 F
__
​  a1  ​ = __
​ a   ​= ... = __ ​ aF  ​= k ⇒ ka = F
​ an  ​= k ⇒ __
1 2 n A aceleração de um corpo é diretamente proporcional
Assim, a aceleração do corpo duplica quando o módulo à força resultante que atua sobre ele, inversamente
da força resultante é duplicado. Se o módulo da força re- proporcional à sua massa e tem a mesma direção e o
sultante for triplicado, a aceleração também a aceleração mesmo sentido da força resultante.
será triplicada.
A segunda Lei de Newton é expressa pela relação:
Portanto, se a massa de um corpo é constante, a acelera- ​__› ​___›
ção e o módulo da força resultante são diretamente pro- ​F ​  R = m · a ​​   
porcionais e têm a mesma direção e sentido.
__
​›
Na figura a seguir, a força resultante F ​
​  atua em corpos com
massas diferentes.
a
m FR

Considerando apenas os módulos:

FR = m · a
Nesse caso, a aceleração do corpo cai pela metade ao du-
plicar a massa m do corpo. Se a massa for três vezes maior,
Em que:
a aceleração será de um terço (1/3) da aceleração obtida
pela massa m. § FR: módulo da força resultante que atua sobre o corpo;
Assim, se o módulo da força resultante é constante, a mas- § m: massa do corpo;
sa e a aceleração do corpo são inversamente proporcio-
nais, ou seja, a aceleração é menor quanto maior é a massa § a: módulo da aceleração do corpo.
do corpo: A unidade de força no SI é o Newton (N). O valor de 1 N
m1a1 = m2a2 = ... = mnan = F corresponde à força necessária para acelerar uma massa
de 1 kg a 1 m/s2.

F = ma ⇒ 1 N = 1 kg · 1 m/s2

4.1. Exemplo 1: 2.ª Lei de Newton


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Paulo e Francisco aplicam forças de 3 N e 4 N sobre uma


multimídia: vídeo caixa de 50 kg em repouso sobre um chão liso. O que ocor-
re com a caixa?
Fonte: Youtube
Física - Segunda Lei de Newton (Khan Academy) A resposta depende da direção e do sentido das forças so-
bre a caixa.
Se as forças tiveram a mesma direção e o mesmo sentido,
A força resultante que atua sobre um corpo é proporcional o módulo da força resultante será:
ao produto da massa pela aceleração por ele adquirida.
FR = 4 + 3 ⇒ FR = 7 N
Em consequência, o valor da constante k é a medida da
resistência do corpo ao ser acelerado, ou seja, uma medida
de sua inércia. A constante k é denominada massa iner-
cial do corpo (k = m).

32
__________________
2  2 
Pela segunda Lei de Newton é possível obter a aceleração FR = √
​ F​
  1​ + F​2​ + 2F1F2 · cos 30º ​⇒
do corpo: ___________________________
FR = √
​ 4  
2
+ 32 + 2 · 4 · 3 · 0,87  ​⇒
FR = ma ⇒ 7 = 50a ⇒ a = 0,14 m/s2
FR > 6,77 N
Esse resultado seria o mesmo caso houvesse apenas uma
força de 7 N atuando sobre a caixa, na direção horizontal, Pela 2.ª Lei de Newton, tem-se:
da esquerda para a direita. A direção e o sentido da acele- FR = ma ⇒ 6,77 = 50a ⇒ a > 0,135 m/s2
ração são iguais aos da força resultante.
Se as forças forem aplicadas sobre a caixa na mesma dire-
ção, mas em sentidos opostos, o módulo da resultante será:

FR = 4 – 3 ⇒ FR = 1 N

Novamente, pela segunda Lei de Newton, obtém-se a


aceleração: Assim, a resultante das forças que agem sobre um corpo é
a soma vetorial de todas as forças aplicadas sobre o corpo.
FR = ma ⇒ 1 = 50a ⇒ a = 0,02 m/s2 Apesar de serem, em geral, diferentes, o efeito de todas as
Nesse caso, o resultado seria o mesmo se houvesse apenas forças é o mesmo que o da força resultante.
__
​›
uma força de 1 N atuando sobre a caixa na direção hori- Então, a força resultante F ​ ​ R  ou simplesmente resultan-
zontal, da esquerda para a direita. A aceleração, novamen- te é expressa por:
te, tem mesma direção e sentido, nesse caso, horizontal e ​__› ​__› ​__› ​__›
da esquerda para a direita. ​   R
F ​ = F ​
​   1 + F ​
​   2 + ... F ​
​   n
Entretanto, se os sentidos das forças forem invertidos, man-
tendo a direção horizontal, o módulo da força resultante
passa a ser de – 1 N. Nesse caso, o módulo da aceleração
ainda tem o mesmo valor, 0,02 m/s2, mas o sentido passa a
ser da direita para esquerda (igual ao da força resultante).

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube

Caso as direções das forças aplicadas formem um ângulo Telecurso 2000 - Aula 08/50 - Física - Leis de Newton
de 30°, por exemplo, o módulo da força resultante deverá
ser obtido usando-se a lei dos cossenos modificada.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo
1. Em uma superfície lisa e horizontal, um corpo de
massa 4 kg move-se com velocidade de 12 m/s. Em
determinado momento, uma força constante de 2 N
atua sobre o corpo, em sentido contrário à velocidade,
retardando o movimento. Quanto tempo o corpo leva
para parar?

A partir da 2.ª Lei de Newton, obtém-se a aceleração do corpo:


F = ma ⇒ – 2 = 4 · a ⇒ a = – 0,5 m/s2

33
Para obter o tempo que o corpo leva para parar, é utilizada Do enunciado, sabe-se que a velocidade inicial v0 do barco
a equação horária da velocidade, sabendo que a velocida- é nula, e, após percorrer 25 m (DS = 25 m), a velocidade é
de final é nula: de 18 km/h (v = 18 km/h = 5 m/s). Assim, pode-se obter a
v = v0 + at ⇒ 0 = 12 – 0,5 t ⇒ t = 24 s aceleração pela equação de Torricelli:
v2 = v​2 ​ + 2 · a · DS ⇒
Assim, o corpo leva 24 s para parar. 0

52 = 02 + 2 · a · 25 ⇒
2. Um barco de 100 kg, conduzido por um velejador
25 = 50 · a ⇒ a = 0,5 m/s2
com massa de 60 kg, partindo do repouso, se desloca
sob a ação do vento em movimento uniformemente
acelerado, até atingir a velocidade de 18 km/h. A par- Pela 2.ª Lei de Newton, calcula-se o valor da força aplicada
tir desse instante, a velocidade permanece constan- ao barco, considerando a massa total do conjunto (massa
te. Se o barco percorreu 25 m em movimento unifor- do barco e do velejador) igual a 160 kg (100 kg + 60 kg):
memente acelerado, qual é o valor da força aplicada
FR = ma ⇒ FR = 160 · 0,5 ⇒ FR = 80 N
sobre o barco? Despreze resistências ao movimento
sobre o barco.

VIVENCIANDO

As leis da física newtoniana estão presentes no dia a dia. Automóveis e outros transportes motorizados são ótimos
exemplos das aplicações da física newtoniana, nos ganhos e perdas de velocidade, com a utilização de acelerador
e/ou freios. Quando um passageiro é jogado para trás no momento em que o ônibus acelera, é possível observar a
inércia atuando.

Da mesmo modo, numa prova típica, um dos cavalos se recusa a pular


um dos obstáculos. Considerando a inércia, o cavaleiro será arremessado
para frente. Outras demonstrações da aplicabilidade da física newtoniana
são encontradas no espaço, onde os satélites orbitam ao redor da Terra
sem o auxílio de propulsores, deslocando-se por inércia. A construção
civil também aplica os conceitos da física newtoniana, possibilitando, por
exemplo, a construção de enormes edifícios.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

5. Terceira Lei de Newton ou Lei da Ação e Reação


Observe a situação ilustrada nas figuras a seguir:

A princípio, um menino está em repouso sobre um carrinho. Considere que o carrinho pode se mover sem ação da
resistência do solo. Ao lançar a bola que segura nas mãos, o carrinho e o menino adquirem um movimento oposto ao
sentido da bola que foi lançada.

34
__
​›
Assim, uma força  ​F ​ 1  foi aplicada sobre
​__›
a bola pelo menino, Forças de contato são aquelas em que, vistas de modo ma-
e, ao mesmo tempo, uma força F ​ ​ 2  em sentido oposto foi croscópico, os corpos estão literalmente em contato. Por
aplicada pela bola ao menino. exemplo, um garoto que chuta uma bola faz com que a
As duas forças têm o mesmo módulo: bola altere seu estado de movimento aplicando-lhe uma
​__› ​__› ​__› ​__› força não nula. Existe contato entre as superfícies, isto é,
​ ​  ​F ​  2 ​e  ​F ​  1  = –  
F ​  1  ​ = ​    ​F​  2 entre o garoto e a bola.
Forças de ação a distância, como o próprio nome sugere,
Observe agora o exemplo da figura a seguir. Considere no-
atuam sem que haja contato entre as superfícies dos cor-
vamente que não existe resistência do chão ao movimento
pos. As forças desse tipo estão relacionadas à existência de
do carrinho.
campos de força. A força elétrica de atração ou repulsão
entre cargas elétricas é um exemplo desse grupo de forças.
Outro modo de classificação das forças em relação a um
sistema consiste em verificar se a força é externa ou inter-
na. Se externa, a força é motivada pela ação de um corpo
externo ao sistema; se interna, é motivada por interações
entre corpos que compõem o sistema.
Em determinado instante,__​›o menino A começa a puxar a
corda e aplica uma força  ​F ​ 1  no menino B, mas os dois se
aproximam.__​› Isso significa que A está sofrendo a ação de Aplicação do conteúdo
uma força F ​ ​ 2  aplicada pelo menino B. Como
__ no__ exemplo
​› ​› 1. (Uece) Um trem, durante os primeiros minutos de sua
anterior, o módulo dessas forças é igual: ​ F ​ ​ 1  ​= ​ ​F ​ 2  ​. partida, tem o módulo de sua velocidade dado por v =
__
​›
Se um​__›corpo A exerce uma força F ​ ​ 1  sobre um corpo B, uma 2t, em que t é o tempo em segundos e v a velocidade
em m/s. Considerando que um dos vagões tenha massa
força F ​ ​ 2  será exercida de B sobre A, de modo que:
3 · 103 kg, qual o módulo da força resultante sobre esse
vagão, em newtons?
a) 3.000. b) 6.000. c) 1.500. d) 30.000.
__
​› __
​› Resolução:
§  ​F ​ 1  e F ​ ​ 2  têm a mesma direção;
__
​› __
​› Sabendo que a massa do vagão a ser analisado é de 3.000
§  ​F ​ 1  e F ​ ​ 2  têm sentidos opostos; kg e que a velocidade é dada como uma função em relação
__
​› __
​› __
​› __
​›
§  ​F ​ 1  e F ​ ​ 2  têm o mesmo módulo: ​ ​ ​F 1  ​= ​ F ​ ​ 2  .​ ao tempo, v = 2t, existem duas soluções possíveis.

Portanto, vetorialmente: Por comparação com a Função Horária da Velocidade:


__
​› __
​› v = v0 + a · t
​F ​  1 = –  
   ​F​  2 v=2·t
Essa é a terceira Lei de Newton, que ficou conhecida como Disso, pode-se concluir que:
Lei da__
​›
Ação__
​›
e Reação. Contudo, qualquer uma das for- v0 = 0 m/s e a = 2 m/s2
ças (​ ​F 1  ou F ​ ​ 2 ) pode ser chamada de ação ou de reação, pois Assim:
as duas forças atuam ao mesmo tempo. F = m · a = 3.000 · 2
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A definição dada por Newton para a Lei da Ação e Reação F = 6.000 N


foi a seguinte:
Alternativa B

Para toda ação existe uma reação igual e oposta, ou 2. (Udesc) O airbag e o cinto de segurança são itens de
as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são segurança presentes em todos os carros novos fabrica-
iguais e dirigidas a partes opostas. dos no Brasil. Utilizando os conceitos da primeira Lei de
Newton, de impulso de uma força e variação da quanti-
dade de movimento, analise as proposições.
Afirma-se que um corpo está em equilíbrio dinâmico quan-
do sua aceleração é e continuará nula, implicando que a I. O airbag aumenta o impulso da força média atuan-
te sobre o ocupante do carro na colisão com o painel,
força resultante, ou seja, o somatório de todas as forças
aumentando a quantidade de movimento do ocupante.
que atuam sobre um corpo, seja nula.
II. O airbag aumenta o tempo da colisão do ocupante
É possível classificar as forças em dois tipos: força de con- do carro com o painel, diminuindo assim a força média
tato e força de ação a distância. atuante sobre ele mesmo na colisão.

35
III. O cinto de segurança impede que o ocupante do II. A resultante das forças que atuam em um corpo de
carro, em uma colisão, continue se deslocando com um massa é proporcional à aceleração que este corpo ad-
movimento retilíneo uniforme. quire.
IV. O cinto de segurança desacelera o ocupante do car- III. Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou
ro em uma colisão, aumentando a quantidade de movi- de movimento retilíneo uniforme, a menos que uma for-
mento do ocupante. ça resultante, agindo sobre ele, altere a sua velocidade.
Assinale a alternativa correta. IV. A intensidade, a direção e o sentido da força resultan-
a) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. te agindo em um corpo são iguais à intensidade, à dire-
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. ção e ao sentido da aceleração que este corpo adquire.
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. Assinale a alternativa correta.
d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. a) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
Resolução: c) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
I. Falsa. O airbag reduz a força média sobre o corpo
e) Todas afirmativas são verdadeiras.
do ocupante do carro durante a colisão com o painel,
pois aumenta o tempo de contato entre o sistema Resolução:
corpo-airbag. O impulso permanece o mesmo, que
equivale à diferença de quantidade de movimento. Analisando as alternativas, segue que:
II. Verdadeira. I. INCORRETA. Princípio da ação e reação (3.ª Lei de
III. Verdadeira. Newton). O sentido da força de reação é oposto ao
sentido da força de ação.
IV. Falsa. O cinto de segurança prende o passageiro
II. CORRETA. Pela 2.ª Lei de Newton, tem-se que a força re-
ao banco evitando que o movimento do seu corpo
sultante é proporcional à aceleração do corpo de massa m.
continue por inércia após o choque. A aceleração e a
variação da quantidade de movimento dos ocupantes III. CORRETA. 1.ª Lei de Newton (Princípio da Inércia).
que utilizam o cinto de segurança serão as mesmas Um corpo que está em repouso ou em MRU tende a
permanecer nessa situação até que uma força resul-
sofridas pelo automóvel no momento do acidente.
tante não nula atue sobre o corpo.
Alternativa B IV. INCORRETA. A força resultante tem mesma dire-
ção e sentido da aceleração, não necessariamente o
3. (PUC-RJ) Duas forças perpendiculares entre si e de mó- mesmo módulo.
dulo 3,0 N e 4,0 N atuam sobre um objeto de massa 10 kg.
Qual é o módulo da aceleração resultante no objeto, em m/s2? Alternativa D

a) 0,13. b) 0,36. c) 0,50. d) 2,0. e) 5,6. 5. (Unisc) Qual dessas expressões melhor define uma
das leis de Newton?
Resolução:
a) Todo corpo mergulhado num líquido desloca um
volume igual ao seu peso.
b) A força gravitacional é definida como a força que
atua num corpo de massa.
c) O somatório das forças que atuam num corpo é
sempre igual ao peso do corpo.
De acordo com o Teorema de Pitágoras, obtém-se a força resul- d) A força de atrito é igual ao produto da massa de
tante sobre o corpo: um corpo pela sua aceleração.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

______ ___
FR = √ =√
​ 32 + 42 ​  ​ 25 ​ = 5 N e) A toda ação existe uma reação.

E com a força resultante e a massa, usando a 2.ª Lei de Newton, Resolução:


obtém-se a aceleração: A 3.ª Lei de Newton é também chamada de Lei da Ação e Rea-
FR ção. Ela relaciona as forças de contato, tração em cordas e de-
FR = m · a ⇒ a = __ ​   ​ 
m mais forças de reação que surgem de uma ação, de igual intensi-
​  5 N  ​= 0,50 m/s2
a = _____ dade e direção da ação, mas de sentido contrário, forças sempre
10 kg aplicadas em corpos diferentes e que, portanto, não se anulam
Alternativa C quando analisadas nos corpos isolados.

4. (Udesc) Com relação às Leis de Newton, analise as Alternativa E


proposições.
I. Quando um corpo exerce força sobre o outro, este rea-
ge sobre o primeiro com uma força de mesma intensida-
de, mesma direção e mesmo sentido.

36
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO Resolução:
Estudando-se o movimento de um objeto de massa (0,4 – 0,8)
​ ∆v ​ = 2 · ________
F = m · a = m ___ ​   ​ 

= –2 N
2 kg, obteve-se o gráfico velocidade x tempo a seguir. A ∆t (0,8 – 0,4)
velocidade está em m/s e o tempo, em segundo.
Alternativa A

multimídia: site

6. (PUC-MG) Entre os instantes t = 0,4 s e t = 0,8 s o educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/dinamica-as-leis-


módulo da força resultante sobre o objeto foi aproxi- -de-newton.htm
madamente de: luznafisica.wikidot.com/leis-de-newton-forca-e-movimento
a) 2,0 N. c) 0,2 N. mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/forca-movimento.htm
b) 1,5 N. d) 0,8 N.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Galileu Galilei, considerado o primeiro físico no sentido moderno, foi um dos primeiros cientistas a reconhecer a
matemática como ferramenta principal para descrição dos fenômenos naturais. No entanto, foi Newton que sinteti-
zou em sua famosa obra, Princípios matemáticos da filosofia natural (1687), as duas grandes correntes metodológi-
cas da ciência moderna: a matematização e a experimentação. Newton acreditava que a natureza agia de modo a
simplificar ao máximo as suas ações. Nesse sentido, as consequências naturais teriam o mínimo de causas possíveis
e o Universo seria como uma máquina que está constantemente em funcionamento. Esse foi um importante passo
para a filosofia, por fundamentar a ciência que iria influenciar os pensadores iluministas.

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

37
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A partir dessa aula, o aluno, além de caracterizar o movimento, passará a descrevê-lo e a definir suas
causas. Nesse sentido, o conceito de força é peça fundamental, pois é ela a causadora da mudança do
estado de movimento, estando o corpo parado inicialmente ou em movimento retilíneo uniforme. As leis de
Newton são peças essenciais para a compreensão plena das causa da alteração do estado de movimento
de um corpo. Nesse contexto, é aplicada a Habilidade 20, caracterizando a causa do movimento dos corpos
terrestres ou celestes.

MODELO 1

(Enem) No dia 27 de junho de 2011, o asteroide 2011-MD, com cerca de 10 m de diâmetro, passou a 12 mil quilô-
metros do planeta Terra, uma distância menor do que a órbita de um satélite. A trajetória do asteroide é apresentada:

A explicação física para a trajetória descrita é o fato de o asteroide:


a) deslocar-se em um local onde a resistência do ar é nula;
b) deslocar-se em um ambiente onde não há interação gravitacional;
c) sofrer a ação de uma força resultante no mesmo sentido de sua velocidade;
d) sofrer a ação de uma força gravitacional resultante no sentido contrário ao de sua velocidade;
e) estar sob a ação de uma força resultante, cuja direção é diferente da direção de sua velocidade.

ANÁLISE EXPOSITIVA
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Exercício de rápida resolução para o aluno que possui conhecimentos mínimos em dinâmica. Ao
analisar a trajetória do asteroide, o estudante deve perceber qual é a causa que explica o movimento
do mesmo.
Quando a força resultante tem a mesma direção da velocidade, o movimento é retilíneo, podendo ser
acelerado ou retardado, de acordo com os sentidos de ambas as grandezas.
No trecho em que o movimento é curvilíneo, há a componente centrípeta, não tendo a força resul-
tante a mesma direção da velocidade.

RESPOSTA Alternativa E

38
MODELO 2

(Enem) Em 1543, Nicolau Copérnico publicou um livro revolucionário em que propunha a Terra girando em
torno do seu próprio eixo e rodando em torno do Sol. Isso contraria a concepção aristotélica, que acredita que
a Terra é o centro do universo. Para os aristotélicos, se a Terra gira do oeste para o leste, coisas como nuvens e
pássaros, que não estão presas à Terra, pareceriam estar sempre se movendo do leste para o oeste, justamente
como o Sol. Mas foi Galileu Galilei que, em 1632, baseando-se em experiências, rebateu a crítica aristotélica,
confirmando assim o sistema de Copérnico. Seu argumento, adaptado para a nossa época, é se uma pessoa,
dentro de um vagão de trem em repouso, solta uma bola, ela cai junto a seus pés. Mas se o vagão estiver se
movendo com velocidade constante, a bola também cai junto a seus pés. Isto porque a bola, enquanto cai,
continua a compartilhar do movimento do vagão.
O princípio físico usado por Galileu para rebater o argumento aristotélico foi:
a) a lei da inércia;
b) de ação e reação;
c) a segunda lei de Newton;
d) a conservação da energia;
e) o princípio da equivalência.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Exercício de baixa dificuldade, mas que requer do estudante conhecimento do assunto em questão, não
sendo possível inferir somente da interpretação do texto-base a resposta correta.
A Lei de Inércia afirma que um corpo tende sempre a manter seu estado de movimento ou de repouso
(manterá se a resultante das forças sobre ele for nula). No caso da bola solta dentro do vagão, a re-
sultante das forças horizontais é nula, então, por inércia, ela mantém a componente horizontal de sua
velocidade, caindo junto aos pés da pessoa.

RESPOSTA Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

LEIS DE NEWTON

PRÍNCIPIO DA PRINCÍPIO PRINCÍPIO


AÇÃO E REAÇÃO FUNDAMENTAL DA INÉRCIA

EQUILÍBRIO ESTÁTICO
F1 = -F2 FR = m ∙ a
OU DINÂMICO

39
g
FORÇAS PESO, P

NORMAL E DE Solo

TRAÇÃO E SISTEMA Considere um corpo de massa m solto a uma determinada


altura do solo. Desconsidere a ação da resistência do ar
DE CORPOS sobre o corpo. Nessa situação, a atração da ___Terra

é a única
força que age sobre o corpo, ou seja, o peso P ​é   a resultante
das forças sobre o corpo.

CN AULAS
25 E 26 P
g

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) Solo


5e6 17 e 20
A aceleração do corpo durante a queda e a aceleração da
gravidade, cujo módulo é g, são aproximadamente cons-
tantes; aplicando a segunda Lei de Newton:
1. Peso de um corpo ___›
F ​
___  
___›
 = m ⋅ a ​  
___
› ›
De acordo com a segunda Lei de Newton, um corpo em P ​  = m ⋅ g ​  
aceleração sofre ação de uma força. Um objeto abando-
Observe que, na equação anterior, foi considerada a acele-
nado próximo à Terra cai com movimento acelerado, o que
ração da gravidade vetorialmente. Em módulo:
indica que uma força age sobre o corpo. Essa força de atra-
ção causada pela Terra sobre o corpo ___› é denominada peso P=m.g
do corpo e é representada por P ​ .

  A direção da força-peso
é a reta que passa pelo centro da Terra e pelo centro do O valor de g depende da altitude e da localização na Terra.
corpo,___› com sentido para o centro___› da Terra. Na figura a se- O conceito de peso também é estendido para outros pla-
guir, P ​A   é o peso do corpo A, e P ​B   é o peso do corpo B. netas e para a Lua. O valor de g, próximo da superfície de
A cada planeta ou da Lua, não é o mesmo.

É comum as palavras “peso” e “massa” serem usa-


B das como sinônimos. Por exemplo, quando alguém
PA
diz: “O meu peso é de 80 quilos”. No entanto, “quilo”
não é uma unidade de medida, mas apenas um pre-
fixo que significa 103. Também é dito comumente: “O
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

PB meu peso é de 80 quilogramas”. Do ponto de vista


da Física, a expressão é incorreta. Peso é uma força
e não uma medida da massa, devendo ser dado em
unidades de força.

Aplicação do conteúdo
Terra 1. Dado um corpo de massa m = 10 kg. Sabe-se que, próxi-
___› ___› mo à superfície da Terra, a aceleração da gravidade vale
Como é possível observar na figura, P ​A   e P ​B   têm direções gT = 9,8 m/s2 (aproximadamente) e, próximo à superfície
diferentes. Entretanto, em uma região relativamente pe- da Lua, a aceleração da gravidade vale gL = 1,6 m/s2
quena na superfície do planeta, a direção do peso dos (aproximadamente). Calcule o peso do corpo:
corpos é aproximadamente a mesma, como ilustra a a) Próximo da superfície da Terra.
figura a seguir. b) Próximo da superfície da Lua.

40
Resolução: 1.2. O quilograma-força
a) Para a superfície da Terra, gT = 9,8 m/s2. Sendo PT o No SI, a unidade de força é o newton (N). Contudo, às
peso do corpo, tem-se: vezes é usada uma outra unidade que não pertence ao SI:
PT = m ⋅ gT = (10 kg) (9,8 m/s2) ⇒ PT = 98 N
o quilograma-força, cujo símbolo é kgf.
b) Para a superfície da Lua, gL = 1,6 m/s2. Sendo PL o
peso do corpo, tem-se: O quilograma-força é a intensidade de uma força igual
PL = m ⋅ gL = (10 kg) (1,6 m/s2) ⇒ PL = 16 N à intensidade do peso de um corpo de massa 1 kg,
Observe que o módulo do peso do mesmo corpo de considerando o valor da aceleração da gravidade igual a:
massa 10 kg é diferente na superfície da Terra e da Lua.
gN = 9,80665 m/s2

Então:
P= m ⋅ g
↓ ↓
1 kgf = (1 kg) · (9,80665 m/s2)
1 kgf = 9,80665 N ou 1 kgf ≅ 9,81 N
multimídia: vídeo
O valor gN é conhecido como valor normal da aceleração
Fonte: Youtube
da gravidade.
Esclarecimento sobre os conceitos de massa e peso ...

1.1. A força-peso e o lançamento de projéteis


No estudo de lançamento de projéteis, o movimento é divi-
dido em duas componentes: uma horizontal e uma vertical.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Força normal e força de contato (Khan Academy)

Desprezando a resistência do ar, a resultante___›das forças 1.3. Força normal


que agem sobre o objeto lançado é o peso P ​.   Supondo A figura a seguir mostra, esquematicamente, uma mesa
que a distância alcançada no lançamento é pequena em sobre a superfície da Terra e um corpo A apoiado sobre a
relação ao tamanho do planeta, a direção do peso tem mesa.___›Como foi visto, a Terra aplica sobre o corpo A uma
a mesma direção da vertical, como ilustrado na figura a força P ​,   chamada de peso do corpo. Pela Lei da Ação e Re-
seguir. Desse modo, o peso é a força que age resultando ação, o corpo ___› A aplica na Terra uma força igual e de sentido
na aceleração do corpo nesse componente do movimento. oposto: -P .  
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Como
​ __›
na direção horizontal não há forças, a velocidade FN

(​v ​ox   ) nessa direção é constante.


A

P
- FN

-P

Terra

41
Entretanto, ___› o corpo exerce uma força de compressão sobre
a mesa -F ​N  , e, do mesmo modo,___› pela Lei de Ação e Reação,
___› ___›
a mesa aplica uma força F ​N   sobre o corpo. As forças P   e -P    
formam
___› um ___› par de forças de ação e reação, assim como o
par F ​N   e -F ​N  .
___›
A força F ​N   é uma força de compressão chamada, em mui-
tos casos, de força normal, pois sua direção é perpendi-
cular à superfície de contato (ou “normal” à superfície).
Em geral, apenas as forças que atuam sobre o corpo A
serão importantes, de modo que será adotado o esquema FR = 0 → FN + F – P = 0
simplificado de forças conforme a imagem anterior, em que
aparecem apenas a força-peso e a força normal aplicada FN = 50 N
pela mesa sobre o corpo.
Conclui-se, portanto, que a força normal e o peso não têm,
necessariamente, a mesma intensidade.
Aplicação do conteúdo 2. A figura a seguir ilustra um corpo de massa m = 2,0 kg,
inicialmente em repouso, sobre uma superfície plana,
1. Um corpo está em repouso sobre uma superfície plana horizontal
___› e perfeitamente___› lisa, sob ação apenas de seu
e horizontal, como ilustrado na figura a seguir. As únicas peso P e    da força normal
___› F ​  N. A partir de certo instante,
forças que atuam no corpo estão indicadas na figura: a uma força horizontal F ​  de intensidade F = 16 N é apli-
força-peso P e a força normal FN. Sendo a massa do cor- cada sobre o corpo.
po m = 9,0 kg, e a aceleração da gravidade g = 10 m/s2,
tem-se:

P = mg = (9,0 kg) (10 m/s2) ⇒ P = 90 N

Por estar em repouso, a resultante das forças sobre o corpo


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

deve ser nula, e as forças atuantes devem se cancelar:

FR = 0 → FN – P = 0
FN = P = 90 N Determine a aceleração adquirida pelo corpo.

Nesse caso, a intensidade do peso e da força normal é Resolução:


a mesma.
Como
___› ___› não existe movimento na direção vertical, as forças
Considere, agora, que uma força vertical F de intensidade P   e F ​N   devem se cancelar, ou seja, FN = P. Assim, a força
___›
F = 40 N, dirigida para cima, seja aplicada sobre o corpo. resultante é a força F ​.  
Como F < P, essa força não é capaz de levantar o corpo, e,
desse modo, o corpo permanece em repouso. Novamente, F=m⋅a
as forças devem se cancelar. A nova força normal sobre o 16 = (2,0) ⋅ a ⇒ a = 8,0 m/s2.
corpo é:

42
1.4. Sistema de corpos
Nos exemplos estudados, as leis de Newton foram apli-
cadas a um único corpo. Entretanto, é possível aplicá-las
em um conjunto de dois ou mais corpos. Em geral, esse
conjunto é denominado sistema de corpos.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Força de Tração (Bloquinhos) - Mãozinha em Física 004

Aplicação do conteúdo
1. Como ilustrado na figura a seguir, dois blocos, A e B,
1.5. Força de tração ou tensão em um fio de massa mA = 5,0 kg e mB = 7,0 kg, estão sobre uma
superfície plana e horizontal sem atrito, ligados por um
Quando um fio é esticados por uma força, existe uma tensão fio ideal, isto é, que não estica e com massa desprezível.
sobre o fio. Afirma-se que ocorre no fio uma força de tração.
Na figura a seguir, as forças que atuam no sistema de cor-
pos foram separadas. ___›
Sobre o bloco B é aplicada uma força horizontal F ​   de
intensidade igual a 36 N. Determine a intensidade da
aceleração do sistema e da força exercida pelo fio sobre
o bloco A.
___› Resolução:
Quando o bloco B é puxado pela força F ​,   o fio sofre uma
força de tração de intensidade T1. Pela ação e reação, o fio
aplica sobre o bloco B uma força de intensidade igual a T1.
O fio também exerce sobre o bloco A uma força de inten-
sidade T2, e o bloco A, pela ação e reação, exerce sobre o Aplicando a segunda Lei de Newton separadamente para cada
fio uma força de intensidade igual a T2. Considerando que bloco:
o fio tenha massa mf , pela segunda Lei de Newton, tem-se: bloco A: T = mA ⋅ a
___› ⇒ T = (5,0) ⋅ a
T1 – T2 = mf ⋅ |a ​|   bloco B: F – T = mB ⋅ a 36 – T = (7,0) ⋅ a
Entretanto, como o fio é ideal, sua massa é desprezível, ou Somando membro a membro das equações, a tração T é cance-
seja, mf = 0 (é comum desprezar a massa do fio). Assim, a lada, e obtém-se:
equação se simplifica:
36 = 12 ⋅ a ⇒ a = 3,0 m/s2
T1 – T2 = 0 Substituindo o valor da aceleração na equação original do bloco
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ou A (por exemplo), obtém-se:


T = (5,0) (3,0) ⇒ T = 15 N
T1 = T2
A aceleração do conjunto de blocos (ou seja, a aceleração do
Portanto, fazendo T1 = T2 = T, deve-se refazer o esquema inicial:
sistema) pode ser obtida considerando os dois corpos como um
único corpo, e aplicando a segunda Lei de Newton diretamente:

Na prática, o fio não é representado, e o esquema sim-


plificado mostra apenas as forças que atuam nos blocos:

F = (mA + mB) ⋅ a
36 = (5,0 + 7,0) ⋅ a ⇒ a = 3,0 m/s2

43
1.6. Polias Em cada bloco, também atuará a força de tração do fio, no
sentido oposto ao peso, como na figura a seguir.
Uma polia ou roldana é uma peça mecânica utilizada,
muitas vezes, para alterar a direção e o sentido de forças.
Na figura a seguir, os blocos A e B, de massas iguais, res-
pectivamente, a mA e mB, estão ligados por um fio ideal
que passa por uma polia (ou roldana) de massa desprezível
(denominada, por esse motivo, polia ideal), a qual pode
girar em torno de um eixo fixo sem atrito.

Como PB > PA, o bloco B deverá descer e o bloco A de-


verá subir. Entretanto, a aceleração de ambos os blocos,
de módulo a, é igual. Assim, tem-se:
T > PA e PB > T
Aplicando a segunda Lei de Newton para cada um dos
Máquina de Atwood
blocos:
A partir da situação da figura, se os blocos A e B forem bloco A: T – PA = mA ⋅ a T – 30= (3,0) ⋅ a
abandonados em repouso, o sistema permanecerá em re- ⇒
bloco B: PB – T = mB ⋅ a 70 – T = (7,0) ⋅ a
pouso apenas se as massas dos dois blocos forem iguais, ou
seja, mA = mB. Caso umas das massas seja diferente, o bloco Somando membro a membro as equações, obtém-se:
de massa maior descerá e o de massa menor subirá. Nesse 70 – 30 = 10 · a
caso, o módulo da velocidade e da aceleração dos blocos a = 4,0 m/s2.
será o mesmo. Contudo, se o fio que une os blocos sofrer b) Para calcular o valor da força de tração T, deve-se
deformação, ou seja, se não for um fio ideal, essa relação substituir o valor do módulo da aceleração em qualquer
entre a velocidade e a aceleração não será verdadeira. uma das equações dos blocos. Aplicando para o bloco A:
T – 30 = (3,0) (4,0)
Aplicação do conteúdo T – 30 = 12 ⇒ T = 42 N.

1. Considere a situação da figura a seguir, em que o bloco c) Se o fio exerce força nos blocos, pela Lei da Ação e Re-
A, de massa mA = 3,0 kg, e o bloco B, de massa mB = 7,0 kg, ação, os blocos exercem no fio forças de mesma intensi-
estão ligados por um fio ideal, através de uma po- dade e sentido oposto, como ilustrado na figura a seguir.
lia ideal e fixada pelo eixo. Considerando g = 10 m/s2, Portanto, a força total exercida pelos fios sobre a polia é:
e que o sistema foi abandonado a partir do repouso, calcule:
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2T = 2(42 N) = 84 N.
a) A aceleração adquirida por cada bloco.
b) A intensidade da tração no fio. Essa força é transferida e aplicada no eixo da polia, que tam-
c) A força exercida pela polia em seu eixo. bém a transfere para o teto:

Resolução:
a) Em primeiro lugar, deve-se determinar os módulos
dos pesos dos blocos:
Bloco A: PA = mA . g = (3,0 kg) (10 m/s2) = 30 N
Bloco B: PB = mB . g = (7,0 kg) (10 m/s2) = 70 N

44
1.6.1. Uso das polias força de intensidade F na extremidade B do fio, é possível
equilibrar um objeto de peso, em módulo, igual a P = 4F.

Os guindastes são muito utilizados em construções. Nos


guindastes, um motor aplica na extremidade de um cabo
Pode-se observar que, quanto maior o número de polias
de aço uma força menor do que o peso do objeto que vai móveis, maior é o peso do objeto que é possível manter em
levantar. O guindaste consegue levantar o objeto com essa equilíbrio, ou, de modo equivalente, menor é a força neces-
força menor por meio do uso de polias. sária para manter em equilíbrio um objeto de determinado
Existem dois tipos de polias: as fixas e as móveis. As polias peso P. A relação entre a força e o peso, nesse sistema de
fixas são presas em alguma estrutura fixa e giram apenas ligação de polias, é dada por:
em torno do seu eixo. As polias móveis, além de girarem
P = 2n ⋅ F
em torno do seu eixo, podem se movimentar livremente.
Em que n é o número de polias móveis. Observe que para n = 1
A figura a seguir apresenta uma situação com duas polias,
e n = 2, são obtidos os casos estudados anteriormente.
uma fixa e uma móvel. No eixo da polia móvel, é preso um
bloco com peso, em módulo, igual a P. Na extremidade As polias fixas não podem ser utilizadas para alterar a in-
A do fio, é aplicada uma força de módulo F. A função da tensidade da força que atua sobre os objetos presos ao fio.
polia fixa é transferir a tração causada pela força sobre o Esse tipo de polia é utilizado apenas para alterar a direção
fio para a outra extremidade do fio. Observe que a tração e o sentido da força aplicada no fio.
também é transferida para a outra extremidade do fio, que
está preso ao teto. Desse modo, a força total (em módulo, 1.7. Elevadores em movimento
para cima) na polia móvel é igual a 2F. Assim, se o peso
(peso aparente)
do objeto for igual a P = 2F, o sistema permanecerá em
repouso. O movimento de um elevador apresenta três fases distin-
tas: movimento acelerado, movimento uniforme e movi-
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

mento retardado. Por exemplo, ao subir até determinado


andar, o elevador acelera até atingir certa velocidade, que
permanece constante. Ao chegar próximo ao andar de des-
tino, o elevador desacelera até parar completamente. As
três fases ocorrem tanto nas subidas quanto nas descidas.
Os passageiros sentem diferentes sensações em relação ao
peso nessas três fases. A seguir, será calculado o que acon-
tece com a força normal nessas situações.

Na figura a seguir, uma polia móvel foi adicionada ao siste-


ma, totalizando três polias. Do mesmo modo, aplicando uma

45
Aplicação do conteúdo 1.8. Ação a distância e ação por contato
1. Uma pessoa de massa m = 75 kg está em um elevador.
Considere g = 10 m/s2 e calcule a força exercida pelo piso
do elevador sobre a pessoa nos seguintes casos:

Foram estudados diversos casos em que existiam forças


aplicadas sobre os objetos. Contudo, existem diferenças
com relação às forças e seus efeitos. Por exemplo, os imãs
aplicam uma força a distância sobre objetos metálicos. É
possível sentir essa força ao prender um imã na geladeira.
Quando uma pessoa salta, ela sempre retorna para o solo.
Essa pessoa pode ter a impressão de estar presa a algo. En-
a) O elevador está parado.
tretanto, ela está sujeita à ação do campo gravitacional ter-
b) O elevador sobe em movimento acelerado, com
aceleração de módulo a = 4,0 m/s2. restre, como tudo o que está sobre sua superfície. A força gra-
vitacional é exercida a distância, de modo semelhante à força
Resolução: do imã. Esse tipo de força é denominado força de campo.
A pessoa comprime o piso do elevador com força – FN. Pela Nos exemplos anteriores, foram estudadas forças que
Lei de Ação e Reação, o piso aplica a força FN (força normal) agiam sobre fios presos aos objetos. Todavia, existem for-
na pessoa. Assim, as forças que estão aplicadas na pessoa ças que atuam quando os objetos estão em contato entre
são o seu peso e a força normal, sendo o módulo do peso: si, sendo puxados ou empurrados. As forças que existem
nesse caso, quando os objetos se tocam, são denominadas
forças de contato. Nos exercícios envolvendo esse tipo
de força, o tratamento é semelhante aos casos envolvendo
objetos ligados por fios. A diferença é apenas o tipo de
força. Em vez da força de tração no fio, existirá uma força
de contato entre os objetos.

1.9. Força de contato


Na situação em que dois corpos em contato são colocados
em aceleração, haverá um par ação-reação denominado
P = m ⋅ g = (75 kg) (10 m/s2) ⇒ P = 750 N força de contato de um corpo em relação ao outro. Con-
sidere a seguinte situação: um corpo A e outro B estão
a) Em repouso, a resultante das forças na pessoa deve
sujeitos a uma força F, horizontal e para a esquerda, que
ser nula. Assim:
atua somente no corpo A.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

FN = P ou FN = 750 N

b) Quando o elevador sobe com a aceleração de


módulo a, o indivíduo também sobe com o mesmo
movimento acelerado, de modo que a intensidade da
força resultante sobre o indivíduo é FN – P. Assim, pela
segunda Lei de Newton:

FN – P = m ⋅ a
FN – 750 = (75) (4,0) ⇒ FN = 1050 N
Nas situações envolvendo elevadores em movimento, é útil
fazer um esquema desenhando a pessoa fora do elevador,
como feito no exemplo anterior.

46
Para efeito de representação, foram separados os corpos A e
B da imagem acima e representadas todas as forças envol-
vidas. A força F atuante no corpo A impõe um movimento
acelerado para a direita, que por sua vez empurra o corpo B.
Afirma-se que o corpo A exerce uma força no corpo B, força
que será chamada de FAB. Por sua vez, de acordo com a ação
e reação, o corpo B exercerá em A uma força de mesmo
módulo, mesma direção e sentido oposto FBA.
Lembre-se de que FAB = FBA.

1.10. Efeitos de uma força


Um efeito da atuação de forças sobre um objeto, estudado
anteriormente, é a modificação do estado de movimento
do objeto, como define a segunda Lei de Newton. A ação § 1.° tipo: equilíbrio estático
da força causa uma aceleração do objeto. O equilíbrio estático de um ponto material ocorre quando sua
Entretanto, um possível efeito também causado por uma velocidade vetorial é nula no decorrer do tempo, ou seja, o
força é a deformação do objeto. Se a força for muito in- ponto material está em repouso em relação a certo referencial.
tensa, o limite de resistência do objeto será superado, de- ___›
_​›_
formando o objeto. Um exemplo disso ocorre quando uma v ​  = 0   ⇒ equilíbrio estático (repouso)
latinha de alumínio é amassada. Quando a força é aplicada
sobre a latinha, sua estrutura não resiste e se deforma. Pelo
Um livro deixado sobre uma mesa, por exemplo, está em equi-
mesmo motivo, os carros se deformam quando colidem.
líbrio estático, pois sua velocidade é nula ao passar do tempo.
Alguns objetos são especialmente projetados para sofrerem
a ação de forças muito intensas. É o caso dos amortecedores § 2.° tipo: equilíbrio dinâmico
dos automóveis. Os amortecedores devem suportar as forças O equilíbrio dinâmico de um ponto material ocorre quando
causadas pelo solavanco, quando os automóveis passam por a velocidade vetorial é constante e não nula no decorrer do
buracos, ou mesmo a força exercida durante uma curva com tempo, ou seja, quando o ponto material está em movi-
velocidade alta. É importante ressaltar que até mesmo esses mento retilíneo uniforme (MRU). A velocidade vetorial
equipamentos sofrem desgastes e podem se deformar. Por é constante em módulo, direção e sentido.
essa razão, é importante a manutenção do automóvel.
__› ___›
v ​  = constante ≠ 0   ⇒ equilíbrio dinâmico (MRU)

Quando um carro se movimenta com velocidade constan-


te, seu equilíbrio é dinâmico, pois sua velocidade vetorial é
constante e não nula. VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Os objetos são construídos para suportar certa


intensidade de forças aplicadas sobre eles.
Quando esse limite é excedido, os objetos se deformam ou se quebram.

2. Equilíbrio
Observe a figura a seguir. Você deve ter a impressão de que multimídia: site
o equilibrista está prestes a se movimentar ou de que, se
uma das cadeiras se movimentar, o equilibrista vai cair. Tra- https://pt.khanacademy.org/science/physics/forces-new-
ta-se de um conceito bastante comum sobre equilíbrio. tons-laws/normal-contact-force/a/what-is-normal-force
Entretanto, em Física, o conceito de equilíbrio é mais am- hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/mass.html
plo. Em geral, são identificados dois tipos de equilíbrio: es-
pt.wikihow.com/Calcular-Tens%C3%A3o-em-F%-
tático e dinâmico. O caso do equilibrista da imagem é
C3%ADsica
um típico exemplo de equilíbrio estático.

47
VIVENCIANDO

A forças estudadas nessa aula podem ser observadas em diversas situações do cotidiano. Uma brincadeira no ba-
lanço no parque só é possível graças à atuação da força-peso e da força de tração. Os elevadores e guindastes, com
um esquema de polia e contrapesos controlados eletronicamente, utilizam os conceitos compreendidos por essas
forças para funcionar. No elevador, os cabos de tração, feitos geralmente de aço, conectam a cabine ao contrapeso,
passando por uma polia que evita o desgaste do material. Em geral, são entre seis e oito cabos, para garantir a
segurança dos passageiros.
O movimento das marés resulta da força gravitacional do Sol e da Lua sobre a Terra. A massa da Lua atrai a massa
de água da Terra. Como a água é fluida, uma protuberância se forma e praticamente acompanha a trajetória da Lua
devido à força gravitacional. Quando a Lua desaparece, a maré desce.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

48
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 20
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A Habilidade 20 trata das causas do movimento. Nessa aula, o aluno passou a compreender algumas
forças mais famosas, como a força-peso, a força normal e a força tensora em um fio, e passou a estudar
como se comporta um sistema de corpos quando sujeito à ação de uma ou mais forças. Cabe sempre ao
aluno compreender a situação-problema e relacioná-la com o conteúdo estudado.

MODELO 1

(Enem) O ônibus espacial Atlantis foi lançado ao espaço com cinco astronautas a bordo e uma câmera nova,
que iria substituir uma outra danificada por um curto-circuito no telescópio Hubble. Depois de entrarem em
órbita a 560 km de altura, os astronautas se aproximaram do Hubble. Dois astronautas saíram da Atlantis e se
dirigiram ao telescópio.
Ao abrir a porta de acesso, um deles exclamou: “Esse telescópio tem a massa grande, mas o peso é pequeno”.

Considerando o texto e as leis de Kepler, pode-se afirmar que a frase dita pelo astronauta:
a) se justifica, porque o tamanho do telescópio determina a sua massa, enquanto seu pequeno peso decorre
da falta de ação da aceleração da gravidade;
b) se justifica, ao verificar que a inércia do telescópio é grande comparada a dele próprio, e que o peso do
telescópio é pequeno porque a atração gravitacional criada por sua massa era pequena;
c) não se justifica, porque a avaliação da massa e do peso de objetos em órbita tem por base as leis de
Kepler, que não se aplicam a satélites artificiais;
d) não se justifica, porque a força-peso é a força exercida pela gravidade terrestre, nesse caso, sobre o
telescópio e é a responsável por manter o próprio telescópio em órbita;
e) não se justifica, pois a ação da força-peso implica a ação de uma força de reação contrária, que não existe
naquele ambiente. A massa do telescópio poderia ser avaliada simplesmente pelo seu volume.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA

De fato, as leis de Kepler não justificam a afirmação do astronauta porque elas versam sobre forma da
órbita, período da órbita e área varrida na órbita. Essa afirmação explica-se pelo princípio fundamen-
tal da dinâmica, pois o que está em questão são a massa e o peso do telescópio. Como o astronauta
e o telescópio estão em órbita, eles tão sujeitos apenas à força-peso e, consequentemente, à mesma
aceleração (centrípeta), que é a da gravidade local, tendo peso aparente nulo.
R = P ⇒ m∙a = m∙g ⇒ a = g
É pelo mesmo motivo que os objetos flutuam dentro de uma nave. Em Física, diz-se nesse caso que
os corpos estão em estado de imponderabilidade.

49
MODELO 2

(Enem) Durante uma faxina, a mãe pediu que o filho a ajudasse, deslocando um móvel para mudá-lo de lugar.
Para escapar da tarefa, o filho disse ter aprendido na escola que não poderia puxar o móvel, pois a terceira Lei
de Newton define que se puxar o móvel, o móvel o puxará igualmente de volta, e assim não conseguirá exercer
uma força que possa colocá-lo em movimento.
Qual argumento a mãe utilizará para apontar o erro de interpretação do garoto?
a) A força de ação é aquela exercida pelo garoto.
b) A força resultante sobre o móvel é sempre nula.
c) As forças que o chão exerce sobre o garoto se anulam.
d) A força de ação é um pouco maior que a força de reação.
e) O par de forças de ação e reação não atua em um mesmo corpo.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Ótimo exercício para comparar conceitos científicos com o senso comum, habilidade muito cobrada pelo
Enem.
Para a resolução do exercício, é preciso ter em mente que ação e reação são forças de mesma intensi-
dade, mesma direção e sentidos opostos, porém, não se equilibram, pois não atuam no mesmo corpo.

RESPOSTA Alternativa E

DIAGRAMA DE IDEIAS

FORÇAS

PESO NORMAL TRAÇÃO


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

PAR AÇÃO-REAÇÃO
DEPENDE DA MASSA EM FIOS OU CORDAS
DA FORÇA-PESO

VERTICAL P/ PERPENDICULAR SENTIDO DE


BAIXO À SUPERFÍCIE PUXAR

CONTATO FAB = -FBA

50
FÍSICA

3
CIÊNCIAS DA
ÓPTICA
GEOMÉTRICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

A óptica é abordada com enfoque mais Questões de refração da luz em prisma


conceitual. aparecem com frequência, exigindo inter-
pretação de imagens e aplicação das leis
de refração.

Questões de refração da luz e espelhos es- Questões de refração da luz e espelhos es- Questões de refração da luz aparecem com
féricos aparecem com frequência, exigindo féricos aparecem com frequência, exigindo frequência, exigindo interpretação de ima-
interpretação de imagens e aplicação das interpretação de imagens, aplicação das gens e aplicação das leis de refração.
leis de refração. leis de refração e conhecimento das equa-
ções de espelhos esféricos.

Questões de refração da luz e espelhos A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de te-
planos aparecem com frequência, exigindo mas, porém, pode aparecer óptica relacio- mas, porém, movimento circular e segunda mas, porém, pode aparecer óptica relacio-
interpretação de imagens e aplicação das nada a lentes ou espelhos. lei de Newton podem aparecer com algu- nada a espelhos esféricos e às leis de re-
leis de refração. ma frequência. fração, exigindo interpretação de imagens.

UFMG
A prova tem uma grande variação de A prova traz questões conceituais e práti- A prova é bem objetiva e não há predomi-
temas, porém, espelhos aparecem com cas, que exigem as leis de refração com a nância de temas, porém, podem aparecer
alguma frequência, com questões teóricas manipulação das equações. espelhos planos ou côncavos.
e que exigem um alto nível de manipulação
nas equações.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Não há predominância de óptica geomé- A prova tem uma grande variação de te- Espelhos esféricos têm grande incidência
trica, mas, eventualmente, podem aparecer mas, porém, pode aparecer óptica relacio- na prova, com questões objetivas.
questões sobre espelhos e teorias sobre as nada a espelhos planos.
leis de refração.

52
Classificação do ponto objeto:
Real – quando as partes reais dos raios luminosos inci-
dentes se interceptam.
Virtual – quando as partes virtuais dos raios luminosos
incidentes se interceptam.
ESPELHOS PLANOS Impróprio – quando os raios luminosos incidentes
são paralelos.

1.2. Ponto imagem


É denominado ponto imagem, com relação a um sistema

CN
óptico, todo ponto de encontro de raios emergentes de
AULAS um mesmo feixe luminoso.
17 E 18
PII
PIR
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17 e 22 PIV

Classificação do ponto imagem:


1. Sistema óptico Real – quando as partes reais dos raios luminosos emer-
gentes se interceptam. O ponto imagem real pode ser pro-
Um sistema óptico é constituído por um conjunto de len-
jetado sobre um anteparo.
tes e espelhos esféricos, cujos centros se encontram sobre
um mesmo eixo. Um sistema óptico também pode designar Virtual – quando as partes virtuais dos raios luminosos
qualquer conjunto de componentes ópticos, como lentes, es- emergentes se interceptam. O ponto imagem virtual não
pelhos, prismas simples ou compostos, utilizados no estudo pode ser projetado sobre um anteparo.
da óptica ou em estudos que utilizem os seus princípios. Impróprio – quando os raios luminosos emergentes são
paralelos.
Sistema ótico
óptico
Nota: os pontos objeto e imagem, com relação a um mes-
mo sistema óptico, são denominados pontos conjugados.
Ponto objeto
Ponto imagem

2. Espelhos planos
O funcionamento dos espelhos pode ser compreendido por
meio do estudo geométrico da luz. Serão estudados as leis
da reflexão da luz e os espelhos planos. Posteriormente,
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

serão estudados os espelhos esféricos.


“Ao conjunto de superfícies refletoras (ou refratoras) dis-
postas de maneira a serem sucessivamente atingidas por
um mesmo raio luminoso, denominamos sistema óptico”.

1.1. Ponto objeto


É denominado ponto objeto, com relação a um sistema
óptico, todo ponto de encontro de raios incidentes de um
mesmo feixe luminoso.

POR POV

POI

53
2.1. Reflexão A reflexão é difusa quando a luz refletida não obedece à
lei de Snell, sendo transmitida em várias direções. É devido
Reflexão é o fenômeno que ocorre quando uma onda atin- à difusão da luz que é possível enxergar os objetos, sob os
ge a interface que separa dois meios diferentes e retorna,
mais diversos ângulos, pois sempre existirá um raio lumino-
parcial ou totalmente, para o meio inicial.
so refletido que atingirá a vista.
O fenômeno ocorre com ondas de qualquer natureza, ele-
tromagnéticas (luz), elásticas, acústicas, e é consequência
da diferença de velocidade da onda nos dois meios.
Superfície com rugosidade
Reflexão difusa (ou espalhamento)

2.1.1. Leis da reflexão


2.2. Espelhos
Na figura a seguir, um feixe de luz (denominado raio inci- Um espelho é um objeto que reflete de modo regular a
dente RI) se reflete (denominado raio refletido RR) depois maior parte da luz incidente. As superfícies metálicas poli-
de incidir no ponto P de uma superfície plana S que separa das constituem ótimos espelhos. No cotidiano, são utiliza-
dois meios. dos espelhos obtidos com uma fina camada de prata sobre
Considere a reta n, normal à superfície, e que passa pelo uma lâmina de vidro transparente.
ponto P. Verifica-se, experimentalmente, as seguintes leis
Na figura a seguir, são ilustradas as representações mais
da reflexão:
comuns de espelho plano. A parte de trás dos espelhos é
§ O raio incidente, o raio refletido e a normal são copla- indicada pelos traços ou pela parte sombreada.
nares, ou seja, estão no mesmo plano a.
§ O ângulo de incidência i é igual ao ângulo de reflexão r:
i=r

Os ângulos i e r são medidos a partir da reta normal n e os


raio incidente e refletido.

α multimídia: vídeo
A incidência é normal quando o raio incidente é perpen- Fonte: Youtube
dicular à superfície S. Assim, o raio incidente e o refletido Porque espelhos refletem as imagens horizontalmente...
estão sobre a reta normal n, e os ângulos de incidência e
reflexão são nulos.

Aplicação do conteúdo
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

1. A figura a seguir ilustra um espelho plano, sobre o


qual, no ponto P, um raio de luz incide, formando um
ângulo de 25º com a superfície do espelho. Determine
os ângulos de incidência e reflexão.

A reflexão da luz se diz especular ou regular quando


um raio incidente é refletido de acordo com as leis de Snell.
É o que ocorre nas superfícies polidas. Resolução:
É necessário traçar a reta n normal à superfície do espelho e que
passa pelo ponto P. O ângulo de incidência i é o ângulo formado
Superfície polida entre o raio incidente e a normal. Como n é perpendicular ao
Reflexão especular
especulas
espelho, deve-se ter:

i + 25° = 90° ⇒ i = 65°

54
O ângulo de reflexão r é igual ao ângulo de incidência: Devido à distância dos pontos F e F’ ao espelho serem iguais,
diz-se que F e F’ são simétricos em relação ao plano do espelho.
r = 65º

2. A figura a seguir representa um raio de luz que é refle-


tido por um espelho plano. Determine o valor da altura x. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Formação de imagens nos espelhos planos...

Nesse exemplo, foi considerado um ponto arbritário A de in-


cidência do raio de luz. Devido ao fato de a visão humana
Resolução: funcionar de modo que os objetos são vistos na direção que
Deve-se notar que os dois triângulos na figura possuem dois ân- atingem os olhos, tem-se a impressão de que existe um obje-
gulos iguais, a e 90º, e, portanto, são semelhantes. Assim, pode- to no ponto F’. F’ é a imagem do ponto objeto F.
-se obter a altura x:

​  12 cm ​ = _____
_____ ​  x   ​ ⇒ x = 18 cm
20 cm 30 cm

2.2.1. Imagem formada por espelho plano


Na figura a seguir, é possível observar um exemplo de § O ponto F é um POR (Ponto Objeto Real), pois os raios
como a imagem de um objeto é formada em um espelho. de luz são emitidos pela fonte em F.
Uma fonte de luz puntiforme F (primária ou secundária) é
§ O ponto F’ é um PIV (Ponto Imagem Virtual), pois é ape-
colocada em frente à distância d de um espelho plano E.
nas uma imagem e não existe nada atrás do espelho.
Considere a reta auxiliar n, normal ao espelho e que passa
pelo ponto F. Considere, ainda, um raio de luz RI, arbritário, § O ponto F também pode ser fotografado.
da fonte F que incide no ponto A do espelho. O prolonga-
Na figura a seguir, o tamanho do espelho plano é AB. Todos
mento de RR intercepta a reta n no ponto F’.
os raios refletidos estão indicados pela região sombreada.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Geometricamente, os triângulos FMA e F’MA são con- Apenas nessa região sombreada é possível ver a imagem
gruentes; assim: F’. Nesse caso, apenas o observador O1 consegue observar
a imagem F’. O observador O2 está fora da região sombrea-
da e, portanto, não pode observar a imagem F’. Essa região
sombreada é denominada campo visual.
Os seguintes passos sintetizam os procedimentos para de-
terminar se um observador pode ou não observar as ima-
gens refletidas por um espelho:
1. Determina-se a imagem F’ do objeto F.

2. A partir da imagem F’, traçam-se duas retas que


passem pelas extremidades do espelho (extremida-
FM​ X
​ XX = d
​XXX = F’M​ des A e B).

55
3. Os observadores na região entre essas duas re- Resolução:
tas poderão ver a imagem F’.
No exercício, nota-se um raio de luz que está refletindo numa su-
perfície plana; por isso, é possível concluir que o ângulo de incidên-
cia e o de reflexão são iguais. Além disso, sabe-se que a soma dos
ângulos deve resultar em 90º, logo:
2 ⋅ a = 90º
Finalizando os cálculos, obtém-se:
a = 45º
Assim, o valor do ângulo é de 45º.

Alternativa B.

3. (Unesp) A figura a seguir representa um espelho pla-


no, um objeto, O, sua imagem, I, e cinco observadores
em posições distintas, A, B, C, D e E.

Aplicação do conteúdo
1. (Cesgranrio) A imagem da figura a seguir obtida por
reflexão no espelho plano E é melhor representada por:

Entre as posições indicadas, a única da qual o observa-


dor poderá ver a imagem I é a posição:

a) b) c) d) e) a) A.
b) B.
c) C.
d) D.
e) E.

Resolução: Resolução:
Foi dada no exercício a posição da imagem do objeto; em se-
A imagem formada por um espelho plano tem como caracterís-
guida, basta determinar a região do espaço na qual o observa-
tica sempre estar a mesma distância que o objeto se encontra
dor deve estar localizado para identificar em seu campo visual
do espelho. Além disso, a imagem de um espelho plano é enan-
a imagem I. Desenhando, tem-se:
tiomorfa, nome dado à característica do espelho de formar uma
imagem que não sobrepõe o objeto.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Alternativa B

2. Um raio de luz reflete-se em uma superfície plana e


polida (S), conforme mostra a figura a seguir. O ângulo
entre os raios incidentes (AO) e refletido (OB) mede 90°.

Assim, a única posição válida para o observador é a B.

Alternativa B

4. (Unesp) Dois objetos, A e B, encontram-se em frente


O ângulo de incidência do raio de luz, mede: um espelho plano E, como mostra a figura. Um observa-
dor tenta ver as imagens desses objetos formadas pelo
a) 30°. b) 45°. c) 60°. d) 90°. e)180°. espelho, colocando-se em diferentes posições, 1, 2, 3, 4
e 5, como mostrado na figura.

56
No desenho, foram representadas as imagens e traçada uma reta
O observador verá as imagens de A e B superpondo-se uma à que atravessa as imagens A’ e B’, para ficar mais clara a localiza-
outra quando se colocar na posição: ção do observador que verá uma imagem sobreposta, no caso, o
a) 1. observador na posição 5.
b) 2. Alternativa E
c) 3.
d) 4.
e) 5.

Resolução:

A resolução dessa questão deve ser feita de modo análogo


ao exercício resolvido anteriormente. Entretanto, o exercício multimídia: vídeo
não desenhou de imediato a posição das imagens. Assim, é Fonte: Youtube
necessário fazer isso. Lembrando que as imagens, em relação
Óptica - Espelho plano
ao espelho, devem ficar a mesma distância que os objetos
estão do espelho; assim:

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A invenção do espelho data de antes de 6000 a.C.. Os espelhos mais antigos foram encontrados na região onde
se encontra atualmente a Turquia. Feitos na Mesopotâmia e no Egito, eram produzidos a partir de cobre polido,
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

enquanto na China eram produzidos a partir do bronze. No Renascimento, alguns artesãos europeus aperfeiçoaram
um método que consistia em cobrir uma das faces de um vidro com um amálgama de mercúrio fino. No século XVI,
os espelhos já eram populares e excessivamente caros.
A criação de um espelho com um revestimento de prata é atribuída ao químico alemão Justus von Liebig (1803-
1873), no ano de 1835. Os métodos utilizados atualmente na fabricação de espelhos não sofreram muitas variantes
desde então, sendo os espelhos produzidos pela sobreposição de camadas finas de alumínio (ou prata) sobre o cristal
de vidro, tendo o seu preço diminuído significativamente, tornando-se mais acessível.

57
2.2.2. Imagem de um objeto extenso
Do mesmo modo como feito para uma fonte puntiforme,
pode-se obter a imagem de um objeto extenso. Como é
possível observar na figura a seguir, cada ponto do obje-
to tem uma imagem simétrica; desse modo, a imagem do
objeto extenso também é simétrica em relação ao espelho.

Resolução:,

Na figura a seguir, os pontos T, O e P são o topo da cabeça, o olho


e o pé do rapaz, respectivamente. A distância h foi determinada
ao serem traçados os raios que saem da cabeça e dos pés e vão
para o olho do rapaz. Essa é a distância suficiente para que o rapaz
enxergue toda a sua imagem.
Os triângulos OXY e OT’P’ são semelhantes, portanto:

Assim:

§ As distâncias do objeto ao espelho e da imagem ao


espelho são iguais.
§ O tamanho da imagem é igual ao tamanho do objeto.
Na câmara escura de orifício, as imagens produzidas no
anteparo dentro da câmara são imagens invertidas, ou
seja, de cabeça para baixo. Essa inversão não ocorre nos
​  XY​ ​  d  ​ ou h = __
X​ XX  ___
espelhos planos, que produzem imagens direitas. ___   ​ = ​  PZ​
​XX   ​ ou __
​  h  ​ = ___ ​ H ​ 
X XX
​   PP’​
T’P’​ X
​  XX H 2d 2
Na figura a seguir, repare na imagem da menina no es-
pelho. A imagem mostra que a menina passa o batom na ​ H ​ 
h = __
boca com a mão esquerda, apesar de a menina passar 2
com a mão direita. O objeto e a imagem são chamados de
enantiomorfos (palavra derivada do grego que significa Assim, a metade da altura do observador é o tamanho do es-
“formas opostas”). pelho plano necessário para que um observador possa se ver
completamente.
A distância y, do ponto Y do espelho ao solo, é obtida pela seme-
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

lhança dos triângulos OPP’ e YZP’.


Portanto: __
X​ XX  ___
​ OP​
___ PP’​
 ​ = ​  ___ 2d ​   ou  y = __
​    ​ ou ​ _x ​   = ​ ___ ​  x  ​
​ X  ZP’​
YZ​
X ​   y d 2

2.2.3. Translação de um espelho plano

Como foi visto, em um espelho plano, a distância entre o


Aplicação do conteúdo objeto e o espelho é igual à distância entre a imagem e o
espelho, sendo que objeto e imagens possuem o mesmo
1. Um rapaz de altura H está de pé em frente a um es-
tamanho. Seja P o ponto em que se encontra o objeto e
pelho vertical e regular. A distância do solo até o olho
do rapaz é x. Qual é a menor altura h do espelho e a P’ o ponto em que se encontra a imagem, vamos chamar
distância y entre o espelho e o solo que permite que o a distância de P ao espelho E, e a distância de P’ ao es-
rapaz enxergue toda a sua imagem? pelho, de d.

58
Para um referencial fixo no ponto P, o espelho é afastado produz uma quantidade de n imagens, dada pela relação:
de uma distância x. A nova distância entre o ponto P e o
espelho E será igual a (d + x), assim como a distância entre ​ 360º
n = ____  ​  – 1
u
o espelho E e a nova posição P’’ da imagem conjugada.
Observe a figura a seguir: Entretanto, duas condições são importantes:
​ 360º
§ Se ____  ​  for um número par, a expressão acima é válida
u
para qualquer posição do objeto entre os espelhos.

​ 360º
§ Se ____   ​  for um número ímpar, apenas se o objeto P
u
estiver no plano que divide o ângulo θ em dois ângulos
iguais (plano bissetor), ilustrado na figura a seguir, a
expressão é confiável.

Inicialmente, tem-se que a distância entre o objeto e a ima-


gem é de 2d. Depois de transladado o espelho de uma
distância x, tem-se que a nova distância entre o objeto e a
imagem é de (2d + 2x).
PP’=2d
PP”= 2(d+x) = 2d+2x
O deslocamento sofrido pela imagem do ponto P é:
D = PP” – PP’
D = 2d + 2x – 2d
D = 2x
Assim, é possível concluir que, se um objeto estiver fixo dian- Aplicação do conteúdo
te de um espelho que translada retilineamente de uma dis-
1. No exemplo a seguir, determinaremos as imagens de
tância d, a correspondente imagem transladada, no mesmo
um objeto puntiforme P colocado entre dois espelhos
sentido que o espelho, representará uma distância 2d.
que formam ângulo u = 90º entre si.
Pode-se concluir que, quando o espelho se afasta com uma Resolução:
velocidade v, a imagem conjugada se afasta com uma ve-
locidade de 2v em relação ao objeto. De forma semelhante, Em relação ao espelho E1, a imagem de P é I1, e em relação ao
espelho E2 , a imagem do ponto P é I2. Em relação ao espelho E1,
é possível afirmar que, quando o espelho se aproxima com
também existe a imagem I3. Desse forma, três imagens foram
uma velocidade v, a imagem se aproxima com uma veloci-
formadas. Calculando a quantidade pela relação acima:
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

dade de 2v em relação ao objeto.


​  360º
____
a    ​ 360º ​ = 4 → inteiro par
​ = ____
2.2.4. Associação de dois espelhos planos 90º
360º
Então, n = ____ 360º
​  a  ​  – 1 = ____
​   ​   = 4 – 1 = 3, ou seja, três imagens.
Na figura a seguir, uma caneta foi colocada entre dois espe- 90º
lhos planos, que formam um determinado ângulo entre si.

Sendo u o ângulo entre os espelhos, considerando que a


​ 360º
razão ____  ​  é um número inteiro, essa associação de espelhos
u

59
2.2.5. Espelhos paralelos O prolongamento do raio refletido 1 (quando o espelho está
na posição 1) e o raio refletido 2 (quando o espelho está na
Ao se colocar um objeto entre dois espelhos paralelos posição 2) formam um ângulo que chamaremos de D.
ocorre um efeito curioso. A imagem de um objeto em cada
espelho atua como objeto para o outro espelho, e, desse I1 é o ponto onde o raio luminoso incide no espelho, na
maneira, forma-se um número infinito de imagens. posição 1;
I2 é o ponto onde o raio luminoso incide no espelho, exata-
mente na posição 2;
a é o ângulo de rotação do espelho plano, na posição fixa;
D é o ângulo de rotação dos raios refletidos, isto é, é o
ângulo entre Rr1 e Rr2.
Como a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual
a 180º, temos:
D + 2a = 2b
D = 2b – 2a
D = 2(b – a)
2.2.6. Rotação de um espelho plano Porém temos que a = b – a, dessa forma temos:
Considere o caso de um espelho plano rotacionado de um D=2a
ângulo a. Inicialmente o espelho encontra-se na posição 1,
Sendo assim, podemos definir que o ângulo de rotação dos
e, depois da rotação, vai para a posição 2. O raio incidente
raios refletidos é o dobro do ângulo de rotação do espelho.
atinge a posição I1 quando o espelho se encontrava na po-
sição 1, fazendo um ângulo a com a N1. Quando o espelho
vai para a posição 2, o raio incidente atinge o espelho no
ponto I2, fazendo com a N2 um ângulo b.

multimídia: site

www.super.abril.com.br/ciencia/o-que-faz-o-espelho-
-refletir-imagens/
www.mundoestranho.abril.com.br/ciencia/como-e-fei-
to-o-espelho/
www.educacao.globo.com/fisica/assunto/ondas-e-luz/
espelhos-e-reflexao-da-luz.html
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

60
VIVENCIANDO

No dia a dia, um indivíduo tem sua imagem refletida inúmeras vezes por múltiplos espelhos planos. A reflexão fornecida
pelos espelhos planos é útil para usos estéticos, pois a imagem fornecida é um reflexo exato da imagem apresentada.
Os espelhos também são amplamente utilizados na decoração, como em prédios espelhados ou na decoração de
interiores. Colocar um espelho que ocupe a parede toda é uma tática eficaz para criar a ideia de que o ambiente é
mais amplo. O uso em corredores, por exemplo, proporciona um efeito de profundidade.

DIAGRAMA DE IDEIAS

ESPELHOS
PLANOS

LEIS DA
IMAGEM
REFLEXÃO
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

RR E RI SÃO PROLONGAMENTO
SIMÉTRICA
COPLANARES DOS RAIOS
REFLETIDOS

IMAGEM
i=r VIRTUAL
ENANTIMORFA

61
As características da imagem no espelho côncavo depen-
dem da posição do objeto em relação ao espelho. A ima-
gem do objeto aparecerá direita e maior que o objeto se
ESPELHOS ele for colocado bem próximo ao espelho côncavo. Desse
modo, esse tipo de espelho pode ser usado para ampliar o
ESFÉRICOS: rosto, permitindo uma observação cuidadosa da pele. Con-

ESTUDO tudo, se o objeto for colocado distante do espelho côncavo,


a imagem aparecerá invertida, isto é, de cabeça para baixo.
GEOMÉTRICO

CN AULAS
19 E 20
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5e6 17, 18 e 22 Espelho côncavo: para um objeto próximo, a
imagem virtual é direita e aumentada.

1. Introdução
A seguir serão estudados os espelhos curvos. Um caso
particular de espelho curvo é o espelho esférico. Os
espelhos esféricos são calotas esféricas polidas. A super-
fície refletora pode ser interna à calota, caracterizando um
espelho côncavo, ou externa à calota, caracterizando um
espelho convexo. Observe as figuras a seguir.

Espelho côncavo: para um objeto distante,


a imagem virtual é invertida.

A figura a seguir apresenta as características de um espe-


Espelho esférico espelho esférico lho esférico. Essa representação é um plano que passa pelo
convexo
côncavo centro (C) da esfera que deu origem ao espelho.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Seção meridional de um espelho esférico

Os espelhos retrovisores em automóveis, entradas de Podem ser definidos:


elevadores e garagens são espelhos convexos.
§ Centro de curvatura (C): é o centro da esfera que
O campo visual constitui uma diferença entre espelhos originou o espelho.
esféricos e espelhos planos. Nos espelhos esféricos, a re-
§ Vértice do espelho (V): é o polo da calota esférica.
gião visível é maior. Usando um espelho convexo, é possível
enxergar uma região “mais ampla”. Entretanto, a imagem § Eixo principal: é a reta que passa pelo centro de cur-
nesse tipo de espelho é sempre menor do que o objeto. vatura C e pelo vértice do espelho.

62
§ Eixo secundário: qualquer reta que passe por C e 1.1. Condições de Gauss para
intercepte o espelho em um ponto diferente de V, como espelhos esféricos
as retas r e s na figura a seguir.
§ O raio de luz incidente deve ter uma pequena inclina-
ção em relação ao eixo horizontal.
§ Os raios incidentes devem incidir no espelho numa re-
gião próxima ao espelho.
Em geral, os espelhos esféricos serão analisados com base
nas condições de Gauss.

As restas r e s são eixos secundários.


2. Reflexão em
§ Raio de curvatura: é o raio R da superfície que deu
origem ao espelho. espelhos esféricos
§ Abertura do espelho: é o ângulo a entre os extre- Observe as figuras a seguir. Nelas ocorre a reflexão de um
mos do espelho, medido no centro de curvatura. raio incidente (RI) em espelhos côncavo e convexo. Como
Observe na figura a seguir as representações mais usuais nos espelhos planos, o ângulo de reflexão é igual ao ângu-
dos espelhos côncavos e convexos: lo de incidência. A reta auxiliar tracejada é a reta que passa
pelo centro de curvatura (C) e pelo ponto de incidência.
Essa reta é normal ao espelho nesse ponto de incidência.

Representação de um Representação de um
espelho côncavo espelho convexo

Os risquinhos nos extremos indicam a parte de trás dos


espelhos, ou seja, o lado que não é espelhado. Portanto, Luz incidente e luz refletida
no espelho esférico convexo
o lado espelhado, nos casos acima, é o lado esquerdo dos
espelhos.
Na prática, um espelho esférico é astigmático, isto é, os
raios refletidos de um feixe divergente não se cruzam exa-
tamente no mesmo ponto; no entanto, para certas condi-
ções, é possível tornar estigmático um espelho esférico, ou
seja, um ponto objeto conjugar apenas um ponto imagem.

Luz incidente e luz refletida


em um espelho côncavo
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Caso o raio incidente (ou o prolongamento do raio) passe


pelo centro de curvatura do espelho, o raio refletido coinci-
dirá com o raio incidente.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Espelhos esféricos e imagens reais

O ponto P’ é imagem do ponto P.

63
Nos tópicos a seguir serão estudadas algumas caracterís- incide paralelamente ao eixo principal. Pela propriedade de
ticas da reflexão nos espelhos côncavos e convexos que reversibilidade, caso o raio incida em direção ao foco, o raio
auxiliam na determinação das imagens. É importante ob- será refletido paralelamente ao eixo principal.
servar que, para objetos extensos, os raios refletidos não
se cruzam exatamente no mesmo ponto. Desse modo, eles
definem uma região em que se cruzam, isto é, um pequeno
“borrão”. Assim, a imagem fica distorcida. É possível ten-
tar observar esse efeito usando uma colher de sopa como
espelho curvo.
Espelho côncavo Espelho convexo
As lentes também produzem imagens levemente distorci-
das. Os sistemas ópticos que produzem imagens distorci- O foco (F) dos espelhos esféricos é o ponto médio entre o
das são denominados astigmáticos. Quando a imagem centro de curvatura do espelho (C) e o vértice (V).
não apresenta distorção, como no caso do espelho plano,
o sistema é denominado estigmático. Se os espelhos es-
féricos têm o ângulo de abertura pequeno, a imagem é
produzida com pouca distorção.

Aplicação do conteúdo
1. O que é um sistema óptico astigmático e qual a dife-
rença dele para um sistema óptico estigmático?
Resolução:
Sistema óptico astigmático é o sistema que produz imagens dis- A distância focal (f) é medida entre o foco (F) do espelho
torcidas de um objeto analisado. O sistema óptico estigmático,
e o vértice; portanto:
por sua vez, é o sistema que não produz distorção na imagem
em relação ao objeto analisado. ​ R ​ 
f = __
2
3. Focos de um espelho
esférico e raios notáveis
Considere um feixe de luz paralelo ao eixo principal que
incide sobre espelhos esféricos de pequena abertura, como
na figura a seguir. No caso do espelho côncavo, os raios
refletidos se interceptam perto do foco do espelho, isto é,
no ponto F. O foco do espelho côncavo é real. No caso do multimídia: site
espelho convexo, são os prolongamentos dos raios refleti-
dos que interceptam o foco do espelho no ponto F. O foco www.estudopratico.com.br/espelhos-esfericos/
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de um espelho convexo é virtual.


www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/Reflexaodaluz/
espelhoesferico.php

Os raios de luz que incidem em direção ao centro de curva-


tura são refletidos nessa mesma direção:

Espelho côncavo: foco real Espelho convexo: foco virtual

Propriedade da reversibilidade da luz: o trajeto de um


raio de luz no sentido inverso é o mesmo daquele feito no
sentido normal. Como foi visto, o raio refletido (ou o pro-
longamento do raio) passa pelo foco do espelho se o raio Espelho côncavo

64
Aplicação do conteúdo
1. Um espelho esférico côncavo possui um raio de
curvatura de 20 cm. Qual é, então, a distância focal
desse espelho?
Resolução:

Espelho convexo
A relação entre distância focal e o raio de curvatura é dada pela
expressão:
Se um raio incidir sobre o vértice (V) de um espelho esféri- f = __​ R ​ 
co, o ângulo entre o eixo principal e o raio refletido é igual 2
Substituindo o valor do raio de curvatura dado pelo exercício,
ao ângulo entre o eixo principal e o raio incidente.
obtém-se na expressão:
​ 20 ​ 
f = ___
2
Finalizando os cálculos, resulta:
f = 10cm
2. Um espelho esférico convexo possui distância focal
de 25 cm. Qual é, então, o valor do raio de curvatura
desse espelho?
Resolução:
Espelho côncavo A relação entre a distância focal e o raio de curvatura é dada
pela expressão:
​ R ​ 
f = __
2
Substituindo o valor da distância focal dado pelo exercício, ob-
tém-se na expressão:
25 = __ ​ R ​ 
2
Finalizando os cálculos, tem-se:

R = 50cm
Espelho convexo

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os espelhos esféricos também são estudados pelos artistas plásticos. O artista holandês Maurits Cornelis Escher,
famoso por suas representações de espaços impossíveis e transformações geométricas, tem entre suas obras mais
famosas autorretratos usando espelhos convexos. Já o artista britânico Anish Kapoor, um dos grandes escultores con-
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

temporâneos, é famoso pela grandiosidade de suas obras e pela exploração de dicotomias, como vazio/cheio, corpo/
espírito, céu/terra. Com a intenção de questionar a visão do público que circula pelos espaços, Kapoor tem diversas
obras usando espelhos esféricos espalhadas pelo mundo.

Cloud gate – obra de Anish Kapoor situada em Chicago.

65
4. Imagens em um tam em um ponto entre o centro de curvatura e o foco.
Assim, a imagem é real, podendo ser projetada em um
espelho esférico anteparo. Observa-se, também, que a imagem é invertida e
menor do que o objeto.
Nos próximos tópicos serão determinadas as imagens obti-
das por espelhos côncavos e convexos, de pequena abertu-
ra, de um objeto pequeno, linear, fixado perpendicularmen-
te sobre o eixo principal dos espelhos.

4.1. Espelho convexo


Na figura a seguir, o objeto O, de extremos A e B, é fixado
em frente a um espelho esférico convexo. A princípio, para
determinar a imagem desse objeto, deve-se traçar um raio
de luz do extremo B e que incida paralelamente no es-
pelho. Como foi visto, o prolongamento do raio refletido Espelho côncavo com objeto antes do centro de curvatura:
passa pelo foco do espelho. Em seguida, deve-se traçar um imagem real, invertida e menor do que o objeto.

raio de luz, também do extremo B, mas que incida na dire-


ção do centro de curvatura do espelho. O prolongamento
do raio refletido tem a mesma direção e também passa
pelo centro de curvatura.
Os prolongamentos dos dois raios refletidos traçados se
interceptam em um ponto entre o vértice e o foco do espe-
lho, no ponto B’. Esse ponto B’ é a imagem de B. A imagem multimídia: vídeo
do ponto A é o ponto A’, abaixo do ponto B’. Assim, a ima-
gem é direita, virtual e menor do que o objeto. Fonte: Youtube
Espelhos Esféricos - Experimento

4.2.2. Caso II: Objeto sobre o centro de curvatura


Nesse caso, a imagem também está sobre o centro de
curvatura, sendo invertida e real. O tamanho da imagem
também é igual ao do objeto.

Espelho convexo: imagem direita, virtual e menor do que o objeto.

4.2. Espelho côncavo


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

No caso do espelho côncavo, é utilizado o mesmo método


para determinar a imagem. Primeiro, deve-se traçar um raio
que incida paralelamente no espelho; em seguida, deve-se
traçar um raio que incida na direção do centro de curvatu-
ra. Entretanto, existem cinco possibilidades para posicionar
o objeto em frente ao espelho. Espelho côncavo com objeto sobre o centro de curvatura:
imagem real, invertida e de mesmo tamanho que o objeto.

4.2.1. Caso I: Objeto antes do 4.2.3. Caso III: Objeto entre o


centro de curvatura centro de curvatura e o foco
Nesse caso, pelas propriedades de reflexão dos raios que Nesse caso, a imagem do objeto é real e se forma antes do
incidem paralelamente e em direção ao centro de curvatu- centro de curvatura. A imagem é invertida e maior do que
ra, é possível observar que os raios refletidos se intercep- o objeto. Repare que esse caso é o mesmo do caso I, mas

66
trocando a imagem pelo objeto. Isso ocorre por causa da
reversibilidade dos raios de luz.

Espelho côncavo com objeto sobre o foco: imagem imprópria.

Algumas observações importantes:


§ Quando o objeto e a imagem possuem naturezas
Espelho côncavo com objeto entre o centro de curvatura e opostas, uma real e outra virtual, a imagem é direita.
o foco: imagem real, invertida e maior do que o objeto.
§ Quando o objeto e a imagem possuem a mesma natu-
reza, real ou virtual, a imagem é invertida.
4.2.4. Caso IV: Objeto entre o foco e o vértice § Toda imagem real pode ser projetada num anteparo. Nun-
Traçando os raios refletidos nesse caso, é possível observar ca uma imagem virtual pode ser projetada num anteparo.
que eles se interceptam “atrás” do espelho. Assim, a ima-
gem é virtual, direita e maior do que o objeto. Aplicação do conteúdo
1. Um espelho projeta em uma tela a imagem de um
objeto. O espelho é côncavo ou convexo?
Resolução:
Toda imagem projetável ou projetada é uma imagem real. Assim,
pode-se concluir que o espelho em questão é côncavo, pois espe-
lhos convexos formam apenas imagens virtuais.

2. (Cesgranrio) Um objeto colocado muito além de C,


centro de curvatura de um espelho esférico côncavo, é
aproximado vagarosamente do espelho. Estando o ob-
jeto colocado perpendicularmente ao eixo principal, a
imagem do objeto conjugada por este espelho, antes
Espelho côncavo com objeto entre o foco e o vértice: de o objeto atingir o foco, é:
imagem virtual, direita e maior do que o objeto.
a) real, invertida e se aproxima do espelho;
b) virtual, direita e se afasta do espelho;
c) real, invertida e se afasta do espelho;
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

d) virtual, invertida e se afasta do espelho;


e) real, invertida, fixa num ponto qualquer.
Resolução:

Nos casos em que o objeto está antes do foco de um espelho


multimídia: vídeo esférico côncavo, sempre ocorrerá imagem real e invertida. Além
Fonte: Youtube disso, à medida que o objeto se aproxima do foco, a imagem
aumenta de tamanho, e isso acontece simultaneamente ao afas-
Espelhos Esféricos - Experimento
tamento da imagem do espelho.
Alternativa C
4.2.5. Caso V: objeto sobre o foco 3. (Faap) A respeito de um espelho convexo, sendo o
Quando o objeto está sobre o foco, os raios refletidos são objeto real, pode-se afirmar que:
paralelos e não se encontram. A imagem é denominada a) forma imagens direitas e diminuídas;
imagem imprópria e forma-se no infinito. b) não forma imagens diminuídas;

67
c) suas imagens podem ser projetadas sobre anteparos; Resolução:
d) forma imagens reais;
De acordo com o exercício, a imagem é formada por um sistema
e) suas imagens são mais nítidas que as dadas pelo
reflexivo. Assim, conclui-se que o sistema óptico em questão é
espelho plano.
baseado em espelhos. Além disso, a imagem é direita e aumen-
Resolução: tada. Existe apenas uma situação possível para essas caracterís-
ticas: quando há um espelho esférico côncavo numa situação em
O espelho esférico convexo forma sempre um único tipo de que o objeto foi posicionado entre o foco e o vértice do espelho.
imagem: virtual, direita e menor. Toda imagem projetável é Nesse caso, a imagem é também virtual.
necessariamente real, não sendo possível projetar imagens
Alternativa C
virtuais. Além disso, qualquer espelho esférico forma imagens
distorcidas do objeto, diferente do espelho plano, que produz 5. (UFRRJ) Um objeto está a uma distância P do vértice
imagens sem distorções, porém enantiomorfas. de um espelho esférico de Gauss. A imagem formada é
virtual e menor. Nesse caso, pode-se afirmar que:
Alternativa A
a) o espelho é convexo;
4. (Fatec) Um sistema óptico, composto de um elemento b) a imagem é invertida;
reflexivo, gera de um objeto real uma imagem direita e c) a imagem se forma no centro de curvatura do espelho;
aumentada. d) o foco do espelho é positivo, segundo o referencial
O elemento reflexivo: de Gauss;
e) a imagem é formada entre o foco e o centro de curvatura.
a) é um espelho esférico convexo, pois a imagem é virtual;
b) é um espelho esférico convexo, com o objeto colo- Resolução:
cado nas proximidades de seu vértice; Este tipo de imagem só é formada por espelhos esféricos con-
c) é um espelho esférico côncavo, com o objeto colo- vexos. Na única situação em que um espelho esférico côncavo
cado entre o ponto focal e o vértice do espelho; forma imagem virtual, ela também será maior. Assim, a imagem
d) é um espelho plano, pois a imagem é direta; descrita é provocada por um espelho convexo; logo, é virtual,
e) forma uma imagem virtual, pois imagens virtuais direita e menor.
são sempre aumentadas. Alternativa A

VIVENCIANDO

Os espelhos esféricos são muito utilizados no Nos espelhos côncavos, as imagens formadas
cotidiano. Os espelhos convexos aumentam o cam- variam de acordo com a posição do objeto. Isso
po de visão, permitindo a visualização de ângulos faz com que o seu uso seja restrito. Os espelhos
que seriam inacessíveis pelos espelhos planos. côncavos podem ser utilizados em alguns tipos de
Geralmente, esse tipo de espelho é encontrado em telescópios, projetores e também em ferramentas
corredores de supermercados, farmácias, saídas de nos consultórios odontológicos. Quando o objeto se
estacionamentos e retrovisores de veículos – nos situa bem próximo do espelho, entre o vértice e o
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ônibus nota-se que os espelhos situados acima foco, a imagem resultante é virtual, direta e ampli-
das portas de saída são sempre espelhos convexos, ada, o que resulta em uma melhor ampliação dos
possibilitando que o motorista veja os passageiros detalhes do objeto refletido.
que estão desembarcando.

Espelhos côncavos usados em geração de eletricidade


através da energia solar.

68
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 18
Relacionar propriedades físicas, químicas e biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológi-
cos às finalidades a que se destinam.

A Habilidade 18 avalia a capacidade do aluno de relacionar os seus conhecimentos na área de ciências da


natureza com a situação-problema apresentada na questão. Na óptica, é importante que o aluno conheça
as características das imagens formadas pelos diversos espelhos e suas aplicações.

MODELO 1

(Enem) Os espelhos retrovisores, que deveriam auxiliar os motoristas na hora de estacionar ou mudar de pista,
muitas vezes causam problemas. É que o espelho retrovisor do lado direito, em alguns modelos, distorce a
imagem, dando a impressão de que o veículo está a uma distância maior do que a real.
Este tipo de espelho, chamado convexo, é utilizado com o objetivo de ampliar o campo visual do motorista, já
que no Brasil se adota a direção do lado esquerdo e, assim, o espelho da direita fica muito mais distante dos
olhos do condutor.
Adaptado de: http://noticias.vrum.com.br. Acesso em: 3 nov. 2010.

Sabe-se que, em um espelho convexo, a imagem formada está mais próxima do espelho que este está do ob-
jeto, o que parece estar em conflito com a informação apresentada na reportagem. Essa aparente contradição
é explicada pelo fato de:
a) a imagem projetada na retina do motorista ser menor que o objeto;
b) a velocidade do automóvel afetar a percepção da distância;
c) o cérebro humano interpretar como distante uma imagem pequena;
d) o espelho convexo ser capaz de aumentar o campo visual do motorista;
e) o motorista perceber a luz vinda do espelho com a parte lateral do olho.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O espelho convexo forma uma imagem menor que causa no motorista a sensação de que a distância
é menor do que realmente é.
Nossos olhos estão acostumados com imagens em espelhos planos, nos quais imagens de objetos
mais distantes nos parecem cada vez menores.
Esse condicionamento é levado para o espelho convexo: o fato de a imagem ser menor que o objeto
é interpretado pelo cérebro como se o objeto estivesse mais distante do que realmente está.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Essa falsa impressão é desfeita, por exemplo, quando o motorista está dando marcha a ré em uma
garagem e observando a imagem da parede pelo espelho convexo. Ele para o carro quando percebe
pela imagem do espelho convexo que está quase batendo na parede. Ao olhar para trás, por visão
direta, ele percebe que não estava tão próximo assim da parede.

RESPOSTA Alternativa C

69
DIAGRAMA DE IDEIAS

ESPELHOS
ESFÉRICOS

CALOTAS
ESPELHADAS

ESPELHO ESPELHO
CÔNCAVO CONVEXO

CONVERGENTE DIVERGENTE

PONTOS
NOTÁVEIS

RAIOS NOTÁVEIS

CONSTRUÇÃO
DE IMAGENS
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

PROLONGAMENTO DOS INTERSECÇÃO EFETIVA


RAIOS REFLETIDOS DOS RAIOS REFLETIDOS

VIRTUAL REAL

70
O vértice do espelho é a origem do sistema de coordena-
das. O eixo das abscissas (x) coincide com o eixo principal
do espelho, e o sentido positivo é oposto ao sentido de
incidência dos raios de luz. O eixo das ordenadas (y) é per-
ESPELHOS pendicular ao eixo principal e orientado para cima.

ESFÉRICOS: Assim, define-se:


p = posição do objeto no eixo das abscissas;
ESTUDO ANALÍTICO p’ = posição da imagem no eixo das abscissas;
o = altura do objeto;
i = altura da imagem;
f = distância focal = posição do foco no eixo das abscissas.

CN AULAS
21 E 22
Essas definições também seguem as seguintes propriedades:
§ As grandezas reais são positivas.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) § As grandezas virtuais são negativas.
5e6 17 e 22
§ Se i < 0, a imagem é invertida.
Essas grandezas se relacionam pelas seguintes equações:

1. Equações dos ​ 1 ​ = ​ __


__
f p p’
1 ​ + ​ __
1  ​   e  A = __i ___ –p'
o​    ​ = ​  p ​  
espelhos esféricos A grandeza A é o aumento linear transversal. O valor de A
É possível calcular as posições e os tamanhos dos objetos e também pode ser obtido usando a relação:
das imagens produzidas pelos espelhos esféricos. Para isso,
utiliza-se um sistema de coordenadas cartesianas, como
indicado nas figuras a seguir. A = __ ​  f   ​  
​ oi  ​ → A = ____
f–p

Se o e i tiverem o mesmo sinal, a imagem será direita. Se os


sinais forem invertidos, a imagem será invertida.
Algumas informações importantes:

§ Quando p’ > 0, a imagem será real e passível de ser


projetada.
§ Quando A > 0, a imagem será direita.
§ Quando A < 0, a imagem será invertida.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Coordenas do objeto e da imagem § Se |A| < 1, a imagem será menor que o objeto.
em um espelho côncavo.
§ Se |A| = 1, a imagem será do mesmo tamanho que o
objeto.
§ Se |A| > 1, a imagem será maior que o objeto.

Aplicação do conteúdo
1. Um objeto real, medindo 6 cm, é colocado perpendi-
cularmente sobre o eixo principal de um espelho esféri-
co convexo, a 36 cm do vértice do espelho. Sabendo que
o raio de curvatura do espelho mede 24 cm, determine
Coordenadas do objeto e da imagem as características da imagem.
em um espelho convexo.

71
Resolução: 2. Como mostra a figura a seguir, um objeto é colocado
a 60 cm da superfície refletora de um espelho esférico
Do enunciado, são obtidos os seguintes dados: o = 6 cm, p = côncavo, cujo raio de curvatura é de 30 cm.
36 cm, R = 24 cm.
O módulo da distância focal é metade do raio:

​ f ​ = __ ​ 24 cm
​ R ​ = _____ ​  → ​ f ​= 12 cm
2 2
Entretanto, o espelho é convexo, então o foco é virtual e a distân-
cia focal é negativa: f = –12 cm.
Calculando p’:
A imagem se forma a uma distância da superfície que vale, em
​ 1 ​ = ​ __
__ 1 ​ + ​ __
1  ​ → ____
​  1  ​ = ___
​ 1  ​ + __
​  1  ​ ⇒ __
​  1  ​ = ___
​ –1 ​ – ___
​  1  ​ →
f p p’ -12 36 p’ p’ 12 36 cm,
a) 15. b) 20. c) 30. d) 45. e) 60.
__ ​ -3 – ​
​  1  ​ = _____ 1  ​  1  ​ = ___
 ⇒ __ ​ –4 ​ ⇒ p’ = –9 cm
p’ 36 p’ 36
Resolução:
Como p’ < 0, a imagem é virtual.
Em primeiro lugar, calcula-se a distância focal: como R = 30 cm,
Calculando o tamanho da imagem: então f = 15 cm. Assim, pode-se calcular p’:

​  oi  ​ = ___
__ -p (–9)
​  i  ​ = – ​ ____ ​ ⇒ i = 1,5 cm
​  p ​ ⇒ __ ​  1 ​ = ​ __
__ 1 ​ + ​ __
1  ​ → ___
​  1  ​ = ___
​  1  ​ + __
​  1  ​ → p’ = 20 cm
6 36 f p p’ 15 60 p’

A imagem é direita, pois o e i têm o mesmo sinal. Alternativa B

A figura a seguir mostra a construção geométrica da imagem. 3. Um objeto, colocado a 20 cm de um espelho côncavo,
forma uma imagem real, invertida e de tamanho igual
ao do objeto. Se o objeto for colocado a 10 cm do es-
pelho, a distância da nova imagem que irá se formar
será igual a:
a) 10 cm. d) 30 cm.
b) 15 cm. e) Infinita.
c) 20 cm.

Resolução:

Na situação inicial do problema, i = –o, portanto, A = –1. Do


enunciado, obtém-se também p = 20 cm. Com esses dados, po-
de-se calcular o foco do espelho:
​  f   ​ ⇒ –1 = _____
A = ____ ​  f   ​ ⇒ 20 – f = f ⇒ 2f =
f–p f – 20
20 ⇒ f = 10 cm
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Na segunda situação, p = 10 cm, que é igual ao valor do foco


do espelho, f = 10 cm. Foi visto que, nessa situação, a imagem
forma-se no infinito. Calculando:
​  1 ​ = ​ __
__ 1 ​ + ​ __
1  ​ ⇒ ___
​  1  ​ = ___
​  1  ​ + __
​  1  ​ ⇒ __
​  1  ​ = 0
f p p’ 10 10 p’ p’
multimídia: vídeo Isso significa que o valor de p’ deve ser infinito para a razão 1/p’
ser igual a zero.
Fonte: Youtube
Professor faz estudo analítico dos Alternativa E
espelhos esféricos - Fórmulas 4. A figura a seguir representa um espelho esférico côn-
cavo, de distância focal 60 cm e um objeto AB de largu-
ra desprezível e comprimento 30 cm, que está deitado
sobre o eixo principal do espelho. A distância do ponto
B ao vértice do espelho (V) é de 80 cm.

72
Substituindo pelos valores dados, tem-se:
​ 1 ​ = __
__ ​ 1 ​ + __
​  1  ​ 
f 4 12
Simplificando a expressão, obtém-se:
__ ​  3  ​ + __
​  1 ​ = __ ​  1  ​   ⇒ __
​ 1 ​ + __
​  4  ​   ⇒ __
​ 1 ​ + __
​ 1 ​ 
f 12 12 f 12 f 3
Terminando os cálculos, tem-se:
f = 3cm
Desse objeto se formará uma imagem cujo tamanho é, em cm: Utilizando a relação entre a distância focal e raio de curvatura,
a) 30. b) 60. c) 108. d) 180. e) 240. tem-se:
Resolução: ​ R ​ ⇒ 3 = __
f = __ ​ R ​ ⇒ R = 6cm
2 2
Do enunciado do problema, obtém-se diretamente f = 60 cm Alternativa E
e que B está a 80 cm do vértice V. Como AB é igual a 30cm, o
ponto A está a 110 cm (80 cm + 30 cm) de V. Para determinar o
tamanho da imagem A’B’, é necessário determinar a distância da
imagem de A e da imagem de B.
Para o ponto A, tem-se: f = 60 cm, p = 110 cm. Calculando:

​  1 ​ = ​ __
__ 1 ​ + ​ __
1  ​ ⇒ ___
​  1  ​ = ___
​  1   ​ + __
​  1  ​ 
f p p’ 60 110 p’
Assim, obtém-se a posição A’ da imagem de A:
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
p’ = 132 cm
Derivação da equação espelho |
Para o ponto B, tem-se: f = 60 cm, p = 80 cm. Calculando:
Óptica geométrica | Física ...
​  1 ​ = ​ __
__ 1 ​ + ​ __
1  ​ ⇒ ___
​  1  ​ = ___
​  1  ​ + __
​  1  ​ 
f p p’ 60 80 p’
Do mesmo modo, obtém-se a posiçao B’ da imagem de B: 6. (PUC-MG) Uma pessoa, a 1,0m de distância de um
espelho, vê a sua imagem direita menor e distante 1,2m
p’ = 240 cm dela. Assinale a opção que apresenta corretamente o
tipo de espelho e a sua distância focal:
Por fim, o tamanho da imagem A’B’ é a diferença entre B’ e A’:
a) côncavo; f = 15 cm;
A’B’ = 240 – 132 = 108 cm b) côncavo; f = 17 cm;
c) convexo; f = 25 cm;
Alternativa C d) convexo; f = 54 cm;
5. (Mackenzie) Um objeto real é colocado sobre o eixo e) convexo; f = 20 cm.
principal de um espelho esférico côncavo a 4 cm de seu
vértice. A imagem conjugada desse objeto é real e está Resolução:
situada a 12 cm do vértice do espelho, cujo raio de cur- Retirando do enunciado os dados e informações necessárias,
vatura é: segue que:
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) 2 cm. d) 5 cm. P = 1m
b) 3 cm. e) 6 cm.
Lembrando que a distância entre a pessoa e sua imagem vale
c) 4 cm. 1,2 m, então:
Resolução: P + P’ = 1,2m
Retirando do enunciado os dados e informações necessárias, Assim:
segue que: P’ = -0,2m
P = 4cm Sabe-se que a imagem é direita e menor; assim, é possível con-
P’ = 12 cm cluir que o espelho em questão é convexo, pois um espelho
Para encontrar o raio de curvatura, é necessário calcular o valor côncavo, quando forma imagem direita, forma obrigatoriamente
da distância focal utilizando a fórmula da Equação de Gauss. também uma imagem maior.
Assim: Sabendo que o espelho em questão é convexo, é possível
​ 1 ​ = __
__ ​ 1 ​ + __
​  1  ​   concluir que a imagem é virtual, por isso o sinal de correção
f P P’ em P’.

73
Utilizando a fórmula da Equação de Gauss, tem-se: menor, então o espelho em questão é convexo, com a imagem
direita; portanto, i é positivo.
​  1 ​ = __
__ ​ 1 ​ + __
​  1  ​  
f P P’ Utilizando a Equação do Aumento, tem-se:
Substituindo pelos valores dados, tem-se: (-P)
A = i/o = ___
​   ​  
P
​ 1 ​ = __
__ ​ 1 ​ + __
​  1   ​  
f 1 (-0,2) Substituindo pelos valores, obtém-se:
Realizando as operações necessárias, obtém-se: 0,4 (–P)
___
​   ​  =​  ____ ​   ⇒ P’ = 0,2 ⋅ 20
0,2 1
__​ 1 ​  = ___ (-0,8) __1 ____ (-0,8) 0,2
​    ​  ⇒ __​ 1 ​  = ____
​   ​  - ___ ​   ​    ⇒ ​   ​ = ​   ​   ⇒ f = - ___
​   ​   2 20
f 0,2 0,2 f 0,2 f 0,2 0,8 Utilizando a fórmula da Equação de Gauss, segue que:
Finalizando os cálculos, tem-se: ​  1 ​ = __
__ ​ 1 ​ + __
​  1  ​ 
f P P’
f = 0,25 m = 25 cm
Substituindo pelos valores obtidos, tem-se:
O sinal indica que o espelho em questão é convexo.
0,2 1 (-0,8) __1 ____ (-0,8) 0,2
​ 1 ​ = ___
__ ​   ​  - ___ ​  1 ​ = ____
​    ​  ⇒ __ ​   ​   ⇒ ​   ​ = ​   ​   ⇒ f = - ___
​   ​  
Alternativa C f 0,2 0,2 f 0,2 f 0,2 0,8
Finalizando os cálculos, obtém-se:
7. (PUC) Um objeto, de 2,0 cm de altura, é colocado a 20
cm de um espelho esférico. A imagem que se obtém é f = – 5 cm.
virtual e possui 4,0 mm de altura. O espelho utilizando é:
O sinal indica que o espelho em questão é convexo.
a) côncavo, de raio de curvatura igual a 10 cm;
b) côncavo e a imagem se forma a 4,0 cm de espelho; Alternativa D
c) convexo e a imagem obtida é invertida;
d) convexo, de distância focal igual a 5,0 cm;
e) convexo e a imagem se forma a 30 cm do objeto.

Resolução:
Retirando do enunciado os dados e informações necessárias,
segue que:
multimídia: site
0 = 2 cm.
P = 20 cm.
www.fisicaevestibular.com.br/novo/optica/optica-
i = 0,4 cm.
geometrica/estudo-analitico-dos-espelhos-esfericos/
É possível notar que a imagem é menor. Além disso, o exercício
www.coladaweb.com/fisica/optica/equacao-de-gauss
indica que a imagem é virtual. Assim, se a imagem é virtual e
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

74
VIVENCIANDO

Em 2013, o inglês Martin Lindsay, depois de um dia cansativo de trabalho, foi buscar o seu Jaguar XJ preto, que
estava estacionado no distrito financeiro de Londres, quando percebeu que diversas partes do seu carro estavam der-
retidas. “Não é possível”, pensou Lindsay ao ver seu carro danificado. O estrago não foi causado por um flanelinha
enfurecido com a mesquinhez de Lindsay, mas pelo arranha-céu conhecido Walkie Talkie.
O design arquitetônico exótico de Walkie Talkie foi o responsável pelo derretimento do carro. O físico Chris Shepherd,
do Instituto de Física de Londres, diz: “É uma questão de reflexo. Se um prédio é curvilíneo e tem várias janelas
planas, que funcionam como espelhos, os reflexos se convergem em um ponto, focando e concentrando a luz”. A
cor do carro também contribuiu para a absorção do calor e, consequentemente, para o derretimento. A
administração do prédio pagou o conserto do veículo, que custou 946 libras (R$ 3.738).

Edifício conhecido como Wakie Talkie


Uma aplicação interessante de espelhos esféricos acontece nos faróis dos carros. Colocando uma fonte pontual de
luz no foco de um espelho esférico, todos os raios que incidirem no espelho serão refletidos paralelos em relação ao
eixo óptico. Assim, é possível direcionar o feixe de luz.

As antenas parabólicas funcionam seguindo o princípio inverso. Coloca-se a antena no foco, assim todos os raios que
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

incidirem paralelamente ao eixo serão refletidos passando pelo foco.

75
DIAGRAMA DE IDEIAS

REFERENCIAL DE GAUSS

OBJETO REAL p>0

OBJETO VIRTUAL p<0

IMAGEM REAL p’ > 0

A<0

INVERTIDA i<0

IMAGEM VIRTUAL p’ < 0

A>0

DIREITA i>0

CÔNCAVO f>0
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ESPELHO

CONVEXO f<0

76
REFRAÇÃO DA LUZ
No entanto, foi constatado que o desvio do raio de luz era
devido à mudança de velocidade de propagação da luz nos
diferentes meios. Essa constatação, e também o fato de
que nem sempre os raios se “quebram”, levou à definição
moderna de refração:

CN AULAS
23 E 24 A refração da luz ocorre quando a luz é transmitida
entre meios com diferentes velocidades de propa-
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) gação do feixe luminoso.
1, 2, 5 e 6 3, 17 e 22

1.1. Índice de refração


1. Introdução A velocidade de propagação da luz no vácuo é de
Anteriormente, foi estudada a propagação da luz em um c = 3,00 ⋅ 108 m/s, independentemente da frequência.
determinado meio e foi visto o que acontecia quando a Entretanto, em diferentes meios, como no ar, na água ou em
luz incidia em uma superfície e sofria reflexão na mes- um vidro, a velocidade de propagação da luz é menor do que
ma. Agora, será analisado o que ocorre quando um feixe o valor c, dependendo também da frequência.
de luz atinge uma superfície e passa a se propagar em O índice de refração é um número que compara a ve-
um meio diferente. Nesse caso, a luz é transmitida de um locidade de propagação da luz em diferentes meios. Para
meio A para um meio B. Ao atravessar a interface que um determinado meio A e uma frequência específica da
separa esses dois meios, a luz sofre um fenômeno deno- luz, o índice de refração é o número nA, adimensional,
minado refração. definido por:

​ vc  ​ 
nA = __
A

Em que vA é a velocidade de propagação da luz no


meio A.
A partir da relação entre a frequência e o comprimento de
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

onda da luz, vA = fA ⋅ λA, é possível reescrever a expressão


Exemplo de refração dos raios luminosos
para o índice de refração como:
que passam pelo ar, vidro e água.
​  c   ​  
nA = _____
fA ⋅ λA
Se o raio de luz incidir perpendicularmente na superfície de
separação entre os meios, o raio transmitido também terá Observe que sempre vA < c e, portanto, nA é maior do que 1.
direção perpendicular à superfície. Entretanto, se o raio de
luz incidir obliquamente na superfície, ou seja, com uma
inclinação em relação à superfície, a direção do raio trans- Aplicação do conteúdo
mitido será diferente da direção do raio incidente. Dessa
1. A velocidade de propagação da luz monocromática
forma, um observador terá a impressão de que o raio se
violeta e da luz monocromática vermelha em certo tipo
quebrou ao atravessar a superfície de separação. Com de vidro é 1,96 ⋅ 108 m/s e 1,98 ⋅ 108 m/s, respectivamen-
efeito, a palavra refração deriva do latim refractus, que te. Calcule o índice de refração desses dois raios de luz
significa “quebrar”. nesse meio.

77
Resolução:
A luz violeta se propaga nesse vidro com velocidade v = 1,96 ⋅
108 m/s. Assim, o índice de refração do vidro para a luz violeta é:
3,0 ⋅ 108 m/s
n = _​ vc  ​= ___________
​    ⇒  n = 1,53
 ​  
1,96 ⋅ 108 m/s

Lembre-se de que o índice de refração é adimensional, pois é o


quociente de duas grandezas de mesma unidade. multimídia: vídeo
A luz vermelha se propaga no vidro com velocidade 1,98 . 108
Fonte: Youtube
m/s. Portanto, o índice de refração do vidro para a luz vermelha é:
3,0 ⋅ 108 m/s
Física - Refração e Lei de Snell (Khan Academy)
n = _​ vc  ​ = ___________
​    ⇒  n = 1,51
 ​  
1,98 ⋅ 108 m/s

No vácuo, o índice de refração é 1 (n = c/c). Como v < c, o índice


de refração de um meio qualquer é: 2. Leis da refração
n≥1 Considere o caso como ilustrado na figura a seguir, em
No ar, apesar de a velocidade de propagação da luz ser menor que um feixe estreito de luz monocromático se propaga
do que c, o índice de refração é bem próximo de 1, independen- inicialmente no meio A, sofre refração na interface entre os
temente da frequência, ou cor, da luz. Considerando as cores do meios A e B e continua se propagando no meio B. O raio
arco-íris, determinou-se, experimentalmente, a seguinte relação de luz que se propaga no meio A é denominado raio inci-
entre as velocidades de propagação das diferentes cores, para dente (i), e o raio de luz que se propaga no meio B, depois
qualquer meio material: de sofrer refração, é denominado raio refratado (r).
vvermelho > vlaranja > vamarelo > vverde > vazul > vvioleta
Lembrando que n = _v​ c ​ , os índices de refração se relacionam de
modo inverso, ou seja:
nvermelho < nlaranja < namarelo < nverde < nazul < nvioleta

Como o índice de refração do vermelho é o menor, seu desvio


também é o menor, da mesma maneira que o índice de refração
do violeta é o maior, e seu desvio também é o maior.

Meio A
S
A primeira lei da refração afirma que:
Meio B

O raio incidente, o raio refratado e a normal, no


Desvio
ponto de incidência, estão no mesmo plano.

A normal é uma reta perpendicular à superfície de separa-


Frequência ção entre os meios A e B, no ponto de incidência, qA é de-
nominado ângulo de incidência e qB é denominado ângulo
de refração, como indicado na figura anterior.
violeta

amarelo

verm
anil

azul
verde

laranja
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

lhoe
do

A segunda lei da refração afirma:


O índice de refração entre dois meios, isto é, entre um meio
A em relação a um meio B, é indicado por nAB e definido por: nA · sen qA = nB · sen qB
​ nA ​ 
nAB = __
n Em que nA é o índice de refração do meio A, e nB é o índice
B
de refração do meio B.
Substituindo a expressão equivalente para cada um dos índices
Sendo nA = v__ ​ c  ​ e nB = __ c 
v​ B ​ , a expressão pode ser reescrita
de refração, nAB também é dado por: A 
como:
​  v  ​  sen θA _____sen θB
nAB = v__B ​ vc  ​ · sen qA = __
__ ​ vc  ​ · senqB ⇒ ​ _____  ​ 
 = ​  v  ​  

A A B
v A B

Considerando dois meios, A e B, de índices de refração nA e nB, Quando o raio de luz está em incidência normal, os ângu-
afirma-se que A é mais refringente que B, se nA > nB. los são qA = qB = 0° e não ocorre nenhum desvio. Assim,

78
sen qA = sen qB = 0, e a segunda lei também é válida Lembre-se de que, quando um raio de luz é refratado para um
nesse caso. meio menos refringente, o ângulo de refração é maior que o ân-
gulo de incidência, e o raio se afasta da normal. Se o raio se
refrata para um meio mais refringente, ocorre o oposto, e o raio
se aproxima da normal.

3. Formação de imagens
Observe a seguir a imagem de um garoto observando uma
A segunda lei da refração é conhecida como Lei de Snell- moeda dentro de um aquário. Sabe-se que o raio de luz
-Descartes, apesar de, muitas vezes, ser referida apenas sofre um desvio quando o meio em que ele se propaga é
como de Lei de Snell. alterado. Nesse caso, o raio de luz da moeda, ao deixar de
René Descartes (1596-1650) foi um filósofo, matemático se propagar na água e passar a se propagar no ar, sofre
e físico francês e um grande estudioso dos fenômenos da um desvio, afastando-se da normal no ponto de refração.
luz. É famoso pela criação da geometria analítica e autor Entretanto, a visão não compreende essa mudança de
do método cartesiano, além ter participado da revolução percurso do raio e entende como se o raio sempre tivesse
científica. percorrido um trajeto retilíneo. Assim, é como se a moeda
estivesse na posição M’, indicada na figura, que é a conti-
nuação do raio refratado para dentro da superfície.
Aplicação do conteúdo
1. Um raio de luz monocromático i propagando-se em
um vidro incide na água com ângulo qv = 30º, como
mostra a figura. Sabendo que para essa luz os ín-
dices de refração do vidro e da água são nv = 1,62 e
nA = 1,33, respectivamente, determine o ângulo forma-
do entre a normal e o raio refratado.

Esse mesmo efeito ocorre para o caso da colher mergulha-


da parcialmente em um copo com água. Os raios de luz
da parte inferior da colher, que está submersa, sofrem um
desvio ao passarem da água para o vidro e depois do vidro
para o ar. Contudo, os raios da parte da colher que não está
submersa sofrem desvios apenas ao passar do ar para o
Resolução: vidro e do vidro para o ar, e, desse modo, o observador tem
a impressão de que esses raios vêm de diferentes posições
O índice de refração do vidro é maior que o da água, e, portanto,
e de que a colher parece estar quebrada.
o ângulo de refração é maior que o ângulo de incidência, como
mostra a figura. Ao passar do vidro para a água, o raio afasta-se É importante lembrar o princípio da reversibilidade da luz.
da normal. Pela segunda lei de refração (lei de Snell-Descartes), Na situação da figura a seguir, o raio de luz que sai do pei-
tem-se: xe (P) e atinge o olho do menino (M) percorre o caminho
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

XYZ. O menino tem a impressão de que o peixe está na


posição P’. Pelo princípio da reversibilidade da luz, o raio de
luz que vai do olho do menino para o peixe também per-
corre o mesmo trajeto, no sentido inverso, ZYX. Contudo,
para o peixe, o menino está na posição M’.

nv · sen qv = nA · sen qA
(1,62) sen 30º = (1,33) (sen qA)
sen qA > 0,609

O ângulo qA,para o qual o seno vale aproximadamente 0,609, é:


qA > 37,5º

79
Assim, faz sentido o fato de que os índios mirem a flecha
ou a lança em uma posição diferente da posição onde apa- n
______ p’
​  observador
nobjeto ​  = __
​  p ​ 
rentemente eles veem os peixes. A posição onde devem
mirar é um ponto um pouco mais abaixo da posição apa-
rente do peixe. Esse conhecimento foi adquirido de forma
empírica ao longo do tempo, isto é, na tentativa e no erro. Em que:
p: distância do objeto à superfície (distância real do ob-
jeto);
p’: distância da imagem à superfície (distância aparente
do objeto);
A indicação do significado de p e p’ é ilustrada na figura
a seguir:

Observe que a imagem aparente do peixe A’ é


virtual e mais próxima da superfície S.

4. Dioptro plano Dessa forma, se o observador estiver no meio menos re-


Um sistema formado por dois meios transparentes de re- fringente, a imagem do objeto estará próxima da interface
fringências diferentes (índices de refração diferentes) sepa- de separação dos meios. Se o observador estiver no meio
rados por uma superfície plana é um dioptro plano. Os mais refringente, ocorrerrá o oposto, e a imagem estará
mais distante.
exemplos vistos anteriormente eram constituídos de diop-
tros planos.
Agora, será determinada uma relação entre a posição real
e a posição aparente da imagem que é vista em um siste-
ma de dioptro plano.
Considere um sistema ar–água, como um aquário, repre-
sentado na figura a seguir. Será analisada a situação de
um objeto na água, um peixe, por exemplo, e um obser- multimídia: vídeo
vador no ar. Anteriormente, foi constatado que a imagem Fonte: Youtube
aparente do peixe forma-se em uma posição mais próxima Como entortar raios de luz com açúcar
da superfície da água do que a posição real do peixe.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo
1. Um tanque tem 6,0 m de profundidade e está cheio
de um líquido de índice de refração igual a 1,5. Uma
pessoa observa o tanque em uma direção obliqua à su-
perfície do líquido. Determine a elevação aparente da
profundidade do tanque que a pessoa observa.
Resolução:
Substituindo os dados fornecidos pelo enunciado do problema
na equação anterior:
Quando o objeto é observado de modo que o ângulo de n1 p‘ p‘
1   ​ = ___
__
​  n  ​ = __
​  p ​   ⇒ ​ ___ ​    ​ ⇒ p‘ = 4m
incidência seja praticamente perpendicular, a seguinte 2 1,5 6,0
equação é válida:

80
Esse fenômeno é denominado reflexão total.
Observe que as seguintes condições devem ser satisfeitas
para que ocorra reflexão total:
§ A propagação da luz deve ocorrer do meio mais refrin-
gente para o meio menos refringente.
§ O ângulo de incidência deve ser maior que o ângulo
limite, isto é, i > L.

Assim, a elevação é: x = p – p’ = 6 – 4 = 2,0 m.

5. Ângulo limite –
reflexão total multimídia: vídeo
Três fenômenos podem ocorrer quando um feixe de luz atinge
Fonte: Youtube
uma superfície: reflexão, refração e absorção. A reflexão
faz com que o raio não atravesse a superfície e permaneça no Refração da luz - Revisão FUVEST #04
mesmo meio em que estava se propagando. A refração per-
mite que a luz atravesse a interface e continue se propagando
no outro meio. A absorção impede que a luz continue se pro-
Aplicação do conteúdo
pagando. Em geral, os três fenômenos ocorrem em quantida-
des diferentes, ou seja, parte do feixe de luz é absorvida, parte 1. A fibra óptica é construída em uma estrutura cilíndri-
é refletida e parte é refratada. A seguir, será analisado um caso ca de vidro, composta basicamente por dois materiais
particular muito interessante: a reflexão total. diferentes, sendo um interno, o núcleo, e outro externo,
a casca. A figura mostra, esquematicamente, a estrutura
Um raio de luz é refratado, afastando-se da normal, ao de uma fibra óptica.
atravessar a interface de um meio mais refringente para
outro meio menos refringente. Como exemplo, considere o
caso da figura a seguir, em que um raio de luz atravessa a
interface entre a água (meio A) e o ar (meio B).

O mecanismo de funcionamento da fibra óptica é base-


À medida que o ângulo de incidência aumenta, o ângulo ado na propriedade de reflexão total da luz que ocorre
de refração também aumenta, e mais o raio refratado se na interface núcleo–casca. Assim, os feixes de luz po-
dem ser “guiados” dentro da fibra óptica. Designando
afasta da normal. Para um determinado ângulo de incidên-
por nnúcleo e ncasca os índices de refração do núcleo e da
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

cia L, o ângulo de refração é de 90º. Esse valor, L, é deno-


casca, respectivamente, analise as afirmações a seguir
minado ângulo limite de incidência.
sobre as condições necessárias para ocorrer a reflexão
A partir da Lei de Snell-Descartes: interna total da luz.
nA · sen i = nB . sen r ⇒ I. nnúcleo > ncasca.

nA . sen L = nB . sen 90º II. Existe um ângulo L, de incidência na interface


ncasca
núcleo-casca, tal que sen L = ​ ____
nnúcleo   ​.
Como sen 90º = 1, tem-se:
III. Raios de luz com ângulos de incidência i > L so-
n nmenor frerão reflexo interno total, ficando presos dentro
senL = __
​ nB  ​ = ____
​  n  ​  do núcleo da fibra.
A maior
Quais afirmações são verdadeiras?
Se o ângulo de incidência for superior ao ângulo limite, não
haverá refração, e a luz incidente será totalmente refletida.

81
Resolução: Calculando o valor do ângulo limite:
A reflexão total da luz no interior da fibra óptica necessita de n2 · sen L = n1 · sen 90º
duas condições: 2 · sen L = 1 · 1
§ A luz deve se propagar do meio mais refringente para o meio ​ 1 ​ ⇒ L = 30º
sen L = __
2
menos refringente (nnúcleo > ncasca).
§ O ângulo de incidência da luz deve ser superior ao ângulo O valor de r pode ser obtido pelo triângulo DABF. Assim:
__ __
limite de incidência para o dioptro núcleo-casca (i > L). √
​ 3 ​  √
​ 3 ​ 
tg 30º = __ ​   ​ = ​ __r  ​   ⇒ r = ___
​ r  ​   ⇒ ___ ​   ​ m
O ângulo limite de incidência, para o dioptro núcleo-casca, é 1 3 1 3
dado por:
nmenor ncasca
sen L = ____
​ n  ​  ⇒  sen L = ____
​ n   ​ 
maior núcleo

Assim, as afirmações I, II e III estão corretas.

2. No fundo de um tanque de profundidade igual a 1 m,


contendo um líquido de índice de refração 2, existe um
ponto luminoso. A luz emitida por esse ponto luminoso multimídia: site
forma uma região circular luminosa na superfície do lí-
quido. Determine o raio dessa região circular luminosa.
www.explicatorium.com/cfq-8/refracao-da-luz.html
Resolução:
Somente um feixe cônico de abertura angular 2L consegue pas- www.efisica.if.usp.br/otica/basico/refracao/
sar para o ar, ou seja, os feixes cujo ângulo de incidência são me- www.passeiweb.com/estudos/sala_de_aula/fisica/
nores do que o ângulo limite. Assim, a região circular luminosa otica_refracao_da_luz
tem raio 2r. No limite dessa região (contorno), os raios incidem
com ângulo igual ao ângulo limite. Os raios que incidem com um
ângulo maior do que o limite sofrem reflexão total.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

82
VIVENCIANDO
Quando um canudo é colocado num copo de vidro com água, o canudo parece estar “quebrado”, certo? O fenôme-
no físico responsável por essa ilusão de óptica é a refração. A refração ocorre com a luz quando ela muda de meio
de propagação, como do ar para a água.

Por meio do fenômeno de refração, é possível explorar um fenômeno muito útil denominado reflexão total, atual-
mente usado por 90% das comunicações digitais, como telefonia móvel e fixa, internet banda larga e transferência
de dados em geral. A fibra óptica baseia-se no fenômeno de reflexão interna total, que ocorre quando a luz viaja num
meio mais refringente envolto em um meio menos refringente, sem que a luz consiga mudar de meio de propagação,
propagando-se por meio da reflexão na parte interna da fibra ótica.
A fibra óptica é um material feito de vidro ou de plástico (polímeros) e é capaz de transportar luz em seu interior
por meio da reflexão total da luz. Atualmente, na medicina, as fibras ópticas são utilizadas nos equipamentos en-
doscópios e em cirurgias. Por exemplo, o médico pode ter a visualização dos órgãos internos de um paciente através
do uso de um equipamento de endoscopia que faz uso de fibra óptica, e, assim, podem ser detectadas anormalidades
nos órgãos. Nas telecomunicações, a fibra óptica é utilizada para transmitir sinais por meio de pulsos eletromagnéti-
cos, ou seja, luz, radiação infravermelha ou qualquer outro tipo de radiação eletromagnética. A vantagem em relação
aos cabos de cobre é que a transmissão de dados é mais eficiente e econômica. O grande desafio tecnológico é
descobrir ou criar novos materiais para a confecção de fibras ópticas mais eficientes. No cotidiano, a fibra óptica
é pouco utilizada, mas pode ser encontrada em alguns artigos de decoração, em certos tipos de brinquedos e em
aparelhos de home theater.
Adaptado de: http://www.mundoeducacao.com/fisica/a-utilizacao-fibra-optica.htm

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83
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 22
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre radiação e matéria em suas manifestações em
processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, ecônomicas ou ambientais.

É necessário que o aluno saiba utilizar seus conhecimentos de Física para interpretar e resolver situações-
-problema apresentadas na questão.

MODELO 1

(Enem) Alguns povos indígenas ainda preservam suas tradições realizando a pesca com lanças, demonstrando
uma notável habilidade. Para fisgar um peixe em um lago com águas tranquilas, o índio deve mirar abaixo da
posição em que enxerga o peixe.
Ele deve proceder dessa forma porque os raios de luz:
a) refletidos pelo peixe não descrevem uma trajetória retilínea no interior da água;
b) emitidos pelos olhos do índio desviam sua trajetória quando passam do ar para a água;
c) espalhados pelo peixe são refletidos pela superfície da água;
d) emitidos pelos olhos do índio são espalhados pela superfície da água;
e) refletidos pelo peixe desviam sua trajetória quando passam da água para o ar.

ANÁLISE EXPOSITIVA

No exercício proposto, é necessário lembrar-se de que, no dioptro plano, a imagem e o objeto não
coincidem na mesma posição.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A figura mostra um raio refletido pelo peixe que atinge o olho do observador. Ao refratar-se da água
para o ar, ele sofre desvio em sua trajetória. O observador vê a imagem do peixe acima de sua po-
sição real.

RESPOSTA Alternativa E

84
DIAGRAMA DE IDEIAS

REFRAÇÃO MUDANÇA DE MEIO

RAIOS DIFERENTES VELOCIDA-


LEIS DE REFRAÇÃO
COPLANARES DES DE PROPAGAÇÃO

LEI DE SNELL-DESCARTES ÍNDICE DE REFRAÇÃO

DO - PARA O +
RAIO SE APROXIMA DE N
REFRINGENTE

DO + PARA O -
RAIO SE AFASTA DE N
REFRINGENTE

i>L REFLEXÃO TOTAL

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

85
REFRAÇÃO DA LUZ
EM PRISMAS

CN AULAS Aplicando a segunda lei de refração às faces F1 e F2, tem-se:


25 E 26 face F1: nar · sen a = n · sen q
face F2: n · sen q = nar · sen b
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
1, 2, 5 e 6 1, 2, 17, 20 e 22 O termo n sen aparece em ambas as equações; assim, po-
de-se concluir:
nar · sen a = nar · sen b  ⇒ sen a  = sen b  ⇒  a = b

1. Lâmina de faces paralelas O ângulo do raio que sai da lâmina, em F2, é igual ao ân-
gulo de incidência em F1. Dessa forma, o raio emergente
Nos casos estudados anteriormente de refração da luz, a CD é paralelo ao raio incidente AB, como ilustra a figura
interface de separação entre os meios possuía espessura anterior. Contudo, houve um deslocamento lateral do raio
desprezível, ou seja, não era considerada. Será estudado a de luz ao atravessar a lâmina (também indicado na figura).
seguir o comportamento da luz ao percorrer uma lâmina Esse deslocamento é que causa a impressão de “quebra”
delgada e de material diferente. Não é importante que o do lápis, como é possível observar na figura a seguir:
meio em volta da lâmina seja o mesmo; no entanto, em
geral, esse será o caso. Além disso, na maior parte das situ-
ações, o material em torno da lâmina será o ar.

A D
B C

A D

Seção reta (ou transversal) de uma lâmina com espessura


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

não desprezível. Note que apenas a parte do lápis atrás da lâmina parece
estar deslocada em relação ao resto do lápis.

O vidro usado em uma janela é um exemplo de lâmina de faces paralelas.


Na figura a seguir, um raio de luz se propaga no ar até
multimídia: vídeo
atingir obliquamente uma lâmina de faces paralelas. O ín- Fonte: Youtube
dice de refração da lâmina é n, e as faces da lâmina serão Refração da luz no prisma - parte 1
chamadas de F1 e F2.

86
Os valores do seno e do cosseno na expressão acima são:
Aplicação do conteúdo sen 23º > 0,39 e cos 27º > 0,89
1. Considere a figura a seguir, na qual um raio de luz,
Substituindo, encontra-se o valor do deslocamento:
propagando-se pelo ar, incide sobre uma lâmina de vi-
dro com espessura e = 6 cm. Supondo que o índice de 0,39 ___
____
​   ​ > ​  d  ​   ⇒ d > 2,6 cm
refração do vidro seja m = ​ 5
__  ​, qual o deslocamento late- 0,89 60
3
ral sofrido pelo raio de luz ao sair da lâmina?
A expressão acima pode ser generalizada. O desvio d é dado por:

sen (i – r)
d = ________
​  cos r ​   
·e

Em que:
i: ângulo de incidência na primeira face;
r: ângulo de refração na primeira face;
e: espessura da lâmina.

Resolução:
Aplicando a segunda lei da refração na face de incidência:
2. Prisma óptico
nar · sen 50º = nvidro · sen a Os prismas ópticos são utilizados, por exemplo, em binó-
culos potentes e em periscópios de submarinos para des-
​ 5 ​ e sen 50º > 0,766 (usando uma calcula-
Como nar = 1, Mvidro= __
3 viar intencionalmente os raios de luz.
dora ou uma tabela trigonométrica), a equação fica:
Um prisma óptico é um material homogêneo, transparente
1 · (0,766) = __ ​ 5 ​  · sen a e formado por duas superfícies planas não paralelas. Os
3
prismas são utilizados para desviar os raios de luz, e o
Assim:
modo como esse desvio deve ocorrer depende da aplica-
sen a > 0,46
ção para a qual o prisma foi projetado.

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A figura a seguir resume os ângulos característicos de cada


Utilizando a tabela trigonométrica ou uma calculadora, obtém- prisma óptico:
-se: a > 27º.
i: ângulo de incidência na 1.ª face (S1);
O deslocamento d pode ser obtido do triângulo ACD. No entanto,
deve-se conhecer o valor de q. Assim: r: ângulo de refração na 1.ª face (S1);

50º = a + q ⇒ 50º > 27º + q ⇒ q > 23º r’: ângulo de incidência na 2.ª face (S2);

Pelo triângulo retângulo ACD, tem-se: sen q = ___ ​  d  ​  i’: ângulo de refração na 2.ª face (S1) ou ângulo de emergência;
AC
Pelo triângulo retângulo ABC, tem-se: cos a = ___ ​  e  ​  D1: desvio angular na 1.ª face → D1 = i – r;
AC
Dividindo membro a membro as equações, tem-se: D2: desvio angular na 2.ª face → D2 = i’ – r’;
sen u 
____
​ cos a ​ de ​   ou ​ ______
 ​ = __ sen 23º ​  ​  d   ​ 
> ___ D: desvio angular total; é o ângulo formado pelas direções
cos 27º 6,0
de incidência e de emergência da luz no prisma;

87
A: ângulo de abertura ou ângulo de refringência.
Aplicação do conteúdo
__
1. Um prisma de vidro tem índice de refração ​√2 ​  e ân-
gulo de abertura 75º. Um raio de luz monocromática
propagando-se no ar incide com ângulo de 45º sobre a
normal de uma das faces do prisma. Calcule:
__

​ 2 ​ 
​ 1 ​,  sen 45º = ___
Dados: sen 30º = __ ​   ​  
2 2
a) o ângulo de refração na 1.ª face;
b) o desvio angular na 1.ª face;
c) o ângulo de incidência na 2.ª face;
d) o ângulo de refração na 2.ª face;
e) o desvio angular na 2.ª face;
f) o desvio angular total.
Resolução:
__
2.1. Equações do Prisma Dados: A = 75º; n2 = √
​ 2 ​ ; nar = 1; i= 45º

2.1.1. Abertura A a) nar· sen i = n2· sen r ⇒ nar· sen 45º = n2· sen r
__
__

​ 2 ​ 
O ângulo formado pelas normais às superfícies S1 e S2 tam- ___
​   ​ = √ ​  1 ​ , então r = 30º
​ 2 ​  · sen r  ⇒  sen r = __
2 2
bém é igual a A. Como o ângulo externo é igual à soma
dos internos não adjacentes, segue que: b) D1 = i – r  ⇒ D1 = 45º – 30º  ⇒ D1 = 15º
c) A = r + r’  ⇒  75º = 30º + r’, então r’ = 45º
A = r + r’

2.1.2. Desvio angular total D


A partir da mesma relação do ângulo externo:
D = D1 + D2

Substituindo:
D1 = (i – r)
D2 = (i’ – r’)

O desvio angular total é:


d) n2· sen r’ = nar· sen i’  ⇒ 
D = i + i’ – (r + r’) ⇒ n2__· sen__45º = nar· sen i’  ⇒

​ 2 ​ 
⇒√ ​ 2 ​ · ___
​   ​ = 1 · sen i’
D = i + i’ – A 2
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

sen i’ = 1 , então i’ = 90º


e) D2 = i’ – r’  ⇒ D2 = 90º – 45º  ⇒ D2 = 45º
f) D = i + i’ – A ⇒ D = 45º + 90º – 75º,
então D = 60º

2. O desvio angular de um prisma é mínimo quando um


raio de luz incide, com ângulo de 45º normal, em uma
das faces. Sabendo que a refringência do prisma é de
60º, determine:

​ 1 ​ 
Dado: sen 30º = __
2

a) o índice de refração do prisma;


b) o desvio mínimo.

88
Resolução: 3.2. Prismas de Porro
O desvio mínimo ocorre quando o raio (dentro do prisma) é pa-
Ocorrem duas reflexões totais no interior de um Prisma de
ralelo à base do prisma. Observe a figura:
Porro. Os raios emergem na mesma direção que os raios in-
cidentes, mas com sentidos opostos. O desvio da luz nesse
prisma é de 180º.

Nesse caso, os ângulos r e r’ são iguais e, assim, o ângulo de


refringência é A = 2r.
Uma consequência de ocorrer o desvio mínimo é que, se r = r’,
Os raios incidentes sofrem desvio de 180º.
necessariamente i = i’. Assim, o desvio mínimo Dm é dado por
Dm = 2i – A.
Dados: A = 60º; i = 45º Aplicação do conteúdo
a) A = 2r ⇒ 1. A figura a seguir ilustra um prisma retangular, cujos
60º = 2r ⇒ r = 30º ângulos da base são iguais a 45º, um objeto AB e o olho
Assim: __ de um observador. Devido à reflexão total, os raios de
__
​√2 ​ 
___ ​ 1 ​ ⇒ n2 = √
nar · sen i = n2 · r ⇒1 · ​   ​ = n2 · __ ​ 2 ​  luz do objeto são refletidos na base do prisma e são vis-
2 2 tos pelo observador. A base do prisma funciona como
b) Dm = 2i – A  c  Dm = 2 · 45º – 60º  ⇒  Dm = 30º um espelho plano.
Obtenha a imagem A’B’ do objeto AB, vista pelo observador.
3. Prismas de reflexão total
Os prismas de reflexão total alteram a direção de propagação
da luz a partir de uma ou mais reflexões totais da luz dentro do
prisma. Um tipo comum de prisma de reflexão total tem a seção
reta de um triângulo retângulo isósceles, feito de vidro, de índice
de refração 1,5 e ângulo-limite, quando imerso no ar, igual a 42º.

3.1. Prismas de Amici


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em um Prisma de Amici, os raios incidem perpendicular-


Resolução:
mente sobre uma das faces. No interior do prisma, o ân-
gulo de incidência na face oblíqua é maior do que o ân-
gulo limite e ocorre reflexão total. Assim, os raios refletidos
emergem perpendicularmente na outra face. O desvio so-
frido pela luz entre a incidência e a emergência é de 90º.

Observe que a orientação da imagem é diferente da orien-


Os raios incidentes sofrem desvio de 90º.
tação do objeto.

89
2. A figura ilustra uma reflexão total em um prisma. De- velocidade de propagação v da luz desse meio, conclui-se que
termine, para o raio incidente esquematizado, o valor o índice de refração do material é maior para a luz violeta do
do índice de refração do prisma. A visão transversal do que para a luz vermelha, ou seja, o índice de refração de
prisma é um triângulo retângulo isósceles.
um material depende da cor da luz incidente.

LUZ BRANCA

vermelho
laranja
vermelho
amarelo
verde
laranja
azul
anil violeta
amarelo
verde
azul
anil violeta

PRISMA

Dispersão da luz em um prisma


__

​ 2 ​ 
___ vvermelha > vvioleta  ⇒ nvermelha < nvioleta
Dados: sen 45º = ​   ​,  nar = 1
2
Resolução:
O arco-íris é um fenômeno natural produzido pela disper-
são da luz. Ao penetrar em uma gota de água, parte da
O ângulo de incidência na face oblíqua do prisma (hipotenusa do luz é refratada para o interior da gota, emergindo de novo
triângulo) é de 45º. Como ocorre reflexão total da luz, segue que para a atmosfera depois de sofrer outra refração na interfa-
45º >  ⇒  sen 45º > sen L. Então:
__ ce da gota com o ar. Do modo como ocorre em um prisma,
nar √
​  ​2 1 a primeira refração dispersa a luz nas suas componentes
sen 45º > __
​ n  ​   ⇒ ___
​   ​ > ​ __ ​ n1  ​. 
  ​,  pois sen L = __
p 2 np p (espectro visível), e a segunda refração acentua a dispersão
__
Assim: np > √
​  ​ 
2 ocorrida na primeira superfície da gota.
No arco-íris, é possível observar a cor vermelha no anel
mais externo e a luz violeta no anel mais interno. As outras
aparecem nos anéis intermediários.

LUZ BRANCA

multimídia: vídeo
GOTAS DE CORES DO ARCO-ÍRIS
CHUVA Ao atravessar as gotas
de chuva, a luz solar
Fonte: Youtube se segmenta em uma
faixa de cores.
Dispersão

No arco-íris, milhões de gotas produzem o espectro visível da luz solar.

4. Dispersão da luz Isaac Newton foi um estudioso da luz e de seus fenô-


menos. Entre os anos de 1670 e 1672, ele demonstrou,
A decomposição da luz branca nas cores presentes no ar-
utilizando prismas, que a luz branca era formada por
co-íris é denominada dispersão da luz. A luz branca (luz do
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

todas as cores do arco-íris.


Sol), depois de atingir uma das faces de um prisma óptico
(ou, por exemplo, um dos cantos de um aquário), emerge
na face oposta do prisma como um pincel de luz colorido.
Essa faixa luminosa colorida foi nomeada por Isaac New-
ton de espectro visível.
Foi constatado experimentalmente que, de todas as cores, a luz
vermelha sofre o menor desvio e a luz violeta, o maior desvio.
Essa diferença de desvios deve-se às diferentes velocidades de multimídia: vídeo
propagação da luz de cada cor nos meios materiais transparen-
tes. Assim, a luz vermelha sofre o menor desvio devido ao fato Fonte: Youtube

de sua velocidade de propagação dentro do prisma ser maior O Que São Miragens? | Ep. 38
que a da luz violeta. Lembrando que o índice de refração n de
um meio material transparente é inversamente proporcional à

90
5. Refração da luz
na atmosfera
Em um determinado meio podem ocorrer diferenças de den-
sidade. Essas diferenças afetam a propagação da luz nesse
meio. Por exemplo, na atmosfera, as camadas de ar possuem
densidades diferentes entre si. Nesse caso, devido à variação
de densidade, a velocidade de propagação da luz se altera, e
o índice de refração do meio também se modifica.
Em relação ao aumento de altitude, o índice de refração Na figura anterior, o raio de luz do objeto P sofre inúmeras
das camadas de ar diminui. Assim, um raio de luz prove- reflexões totais. Um observador, ao olhar atenciosamente
niente do espaço, ao atravessar a atmosfera, segue uma para os raios refratados, tem a impressão de ver a imagem
trajetória curvilínea e, ao ser observado da Terra, é visto em invertida de P, o ponto P’. Devido ao fato de o observador
uma posição aparente – produzida pela refração da luz na ver o objeto e sua imagem ao mesmo tempo, ocorre a ilu-
atmosfera – diferente da sua posição real. são de que existe água no solo para refletir a luz do objeto.
Observe a ilustração desse processo na imagem a seguir. A Esse fenômeno também explica o porquê, em dias quentes,
situação é semelhante à observação de um objeto mergu- tem-se a impressão de que as estradas estão molhadas.
lhado na água.

A aparência molhada da pista se deve à refração total da


luz vinda do céu ao atravessar as camadas de ar com
Devido a esse efeito causado pela refração, o Sol pode ser diferentes temperaturas e, portanto, diferentes índices de refração.

visto no poente mesmo depois de ter ultrapassado a linha


do horizonte.
As miragens possuem uma origem semelhante. O desvio
da luz ocorre devido às camadas de ar com diferentes den-
sidades. A diferença de densidade é causada pela diferença
de temperatura do ar. Um caso comum é a observação apa-
rente da existência de água próxima ao solo muito quente.
Uma miragem é uma expressão genérica que designa
multimídia: vídeo
ilusões ópticas provocadas principalmente por efeitos at- Fonte: Youtube
mosféricos. Em dias quentes, as camadas de ar nas pro- Explicando o Efeito Fatamorgana -
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ximidades do solo são mais quentes do que as camadas arquivo de pesquisa...


superiores. Consequentemente, os raios de luz que vão em
direção ao solo atravessam camadas de ar do índice de
refração cada vez menores, afastando-se das normais.
6. Fata Morgana
Fata Morgana é um efeito de ilusão óptica, uma miragem
que se deve a uma inversão térmica. Objetos que se encon-
tram no horizonte, como ilhas, falésias, barcos ou icebergs,
adquirem uma aparência alargada e elevada, similar aos
“castelos de contos de fadas”. Com tempo calmo, a se-
paração regular entre o ar quente e o ar frio (mais denso)
Deserto no Egito, onde se observa ao fundo uma perto da superfície terrestre pode produzir uma imagem
miragem de solo molhado.
invertida, sobre a qual a imagem distante parece flutuar.

91
Em 2015, chineses ficaram assustados ao ver uma ci-
dade no céu. Tratava-se apenas de uma ocorrência de
Fata Morgana.

Os efeitos Fata Morgana costumam ser visíveis de manhã,


depois de uma noite fria. Comum nos mares árticos, com
o mar muito calmo, é também habitual nas superfícies ge-
ladas da Antártica.

multimídia: site

www.super.abril.com.br/ciencia/por-que-o-ceu-e-azul/
www.alunosonline.uol.com.br/fisica/dispersao-luz.html
www.axpfep1.if.usp.br/~otaviano/miragens.html
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

92
VIVENCIANDO
Os fenômenos de dispersão da luz estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Algumas pessoas acreditam
que o mar é azul devido a uma reflexão do céu; no entanto, o mar não fica completamente acinzentado num dia nu-
blado. O mar só reflete a cor azul porque a absorção da luz é seletiva, e quando a luz penetra na água ela absorve o
espectro eletromagnético das radiações que correspondem à luz vermelha. O azul é a cor complementar à vermelha;
assim, a que consegue atravessar é o azul. Dessa forma, apesar da água no seu copo ser transparente, se você fizer
uma piscina branca, a água vai aparentar ser levemente azulada. Em resumo, quanto maior a quantidade de água,
mais azul ela vai parecer.

Exemplo de como a água vai ficando azulada de acordo com a quantidade

O céu é azul por outra explicação. Foi visto que a luz branca é formada por todas as cores do espectro visível e
que sofre refração ao ser transmitida de um meio para outro. Além disso, o ângulo de refração depende da cor da
luz. Na atmosfera, as cores são separadas devido à refração, e o céu é azul justamente devido à refração da luz
azul, que se espalha mais em comparação ao vermelho e laranja. Esse fenômeno é chamado de espalhamento
rayleigh, que explica a dispersão de ondas eletromagnéticas por átomos ou partículas menores que o comprimen-
to de onda das radiações. No caso do céu, o espalhamento da luz ocorre pelas moléculas das substâncias que
compõem a atmosfera.

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

93
DIAGRAMA DE IDEIAS

REFRAÇÃO

LÂMINA DE FACES
REFRAÇÃO TOTAL PRISMA ÓPTICO
PARALELAS

RAIO EMERGENTE
DISPERSÃO DE LUZ
PARALELO AO
RAIO INCIDENTE

DESLOCAMENTO ABERTURA
LATERAL DO
RAIO DE LUZ

DESVIO ANGULAR

REFRAÇÃO AMICI REFRAÇÃO PORRO


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

94
FÍSICA

3
CIÊNCIAS DA
ELETRODINÂMICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Dentre os temas abordados neste caderno, A prova exige compreender a associação


a prova do Enem geralmente cobra o as- de resistores e a função dos dispositivos
sunto de potência elétrica exigindo do alu- dos circuitos, tendo atenção aos conceitos
no as aplicações das equações, com outros fundamentais de potência elétrica dissi-
temas da física, como calorimetria. pada, relacionando com outros temas da
Física.

A prova exige interpretar os circuitos elé- A prova exige interpretar os circuitos elé- A prova exige interpretação dos circuitos
tricos, compreendendo a associação de tricos, compreendendo a associação de re- elétricos, compreensão da associação de
resistores e sua função, tendo atenção aos sistores, tendo atenção aos conceitos fun- resistores e sua função, tendo atenção
conceitos fundamentais de potência elétri- damentais de potência elétrica dissipada e aos conceitos fundamentais de potência
ca dissipada e interpretações de gráficos. relacionando com outros temas da Física. elétrica dissipada, relacionando com outros
temas da Física.

A prova exige atenção aos conceitos fun- Dentre os temas abordados, potência elé- A prova tem uma grande variação de te- Dentre os temas abordados, associação de
damentais de potência elétrica dissipada trica é o assunto mais frequente, exigindo mas, porém, pode aparecer potência elé- resistores é o assunto mais frequente, asso-
em um circuito, relacionando, às vezes, com a aplicação das equações. trica dissipada em questões bem objetivas. ciado à potência elétrica dissipada.
outros temas da Física.

UFMG
A prova tem uma grande variação de te- A prova traz questões conceituais e práti- A prova é bem objetiva e não há predo-
mas, porém, potência elétrica aparece com cas, que exigem conceitos fundamentais minância de temas, porém, pode aparecer
alguma frequência, com questões teóricas de circuitos elétricos e potência dissipada. potência elétrica.
e que exigem um alto nível de manipula-
ções nas equações.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A prova traz questões conceituais e práti- A prova tem uma grande variação de Há uma grande incidência de associação de
cas, que exigem conceitos fundamentais temas, porém, pode aparecer potência resistores relacionada à potência elétrica,
de circuitos elétricos e potência dissipada. elétrica associada a outros temas da Física. com questões objetivas.

96
A associação dos resistores no circuito pode ser realizada em
série ou paralela; pode ocorrer também uma combinação
desses dois modos, denominada associação mista.

ASSOCIAÇÃO 2. Associação de
DE RESISTORES resistores em série
EM SÉRIE Na associação em série, os resistores são ligados em se-
quência por apenas um de seus terminais. A figura a seguir
apresenta o caso da associação de dois e três resistores em
série, respectivamente.

CN AULAS
17 E 18 Dois resistores em série Três resistores em série

Observe que, na figura da esquerda, a ligação entre o re-


COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
sistor R1 e o resistor R2 é feita unindo apenas um dos ter-
2, 5 e 6 6, 17 e 21 minais de cada resistor. Na associação em série, a corrente
elétrica que passa por um resistor é igual à corrente elétrica
que passa pelos outros resistores.

1. Resistência equivalente
Anteriormente, foi estudado um circuito elétrico composto
por um gerador ligado a um resistor; também foi analisado
como calcular a corrente elétrica que passa por esse resis-
tor. Entretanto, os circuitos frequentemente são compostos
por mais de um resistor, como é possível observar na figura multimídia: vídeo
a seguir. Nesse caso específico, a pilha é o gerador do cir-
Fonte: Youtube
cuito e fornece corrente elétrica para quatro resistores.
#2 Circuitos Elétricos em Série - IFÍSICA

2.1. Propriedades da associação


de resistores em série
Em uma associação em série, a soma das tensões par-
ciais de cada resistor é igual à tensão total U forneci-
da pelo gerador.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Nesta aula, será demonstrado como determinar a resistên-


cia elétrica equivalente do circuito. Essa resistência é deter-
minada por todos os resistores do circuito e, por definição, Na figura a seguir, o circuito em série é composto por
é dada por: dois resistores e um gerador. O gerador fornece a corrente
elétrica i que passa pelos dois resistores, dado que a corren-
tensão do gerador te elétrica é constante em um circuito em série.
Req = __________________
​    ​ = __
   ​ U ​ ⇒ U = Req · i
intensidade da corrente i

Sendo que Req é a resistência equivalente, U é a tensão do


gerador (pilha) e i é a intensidade da corrente elétrica for-
necida pela fonte. O fato de existir uma resistência equiva-
lente para o circuito elétrico indica que todos os resistores
do circuito podem ser substituídos por um único resistor de
resistência elétrica Req, de forma que a corrente elétrica no
circuito permanece a mesma.

97
A tensão em cada resistor, denominada tensão parcial, é
dada por:
U1 = R1 · i  e  U2 = R2 · 1

Pelo Princípio da Conservação da Energia, a tensão total


no circuito deve ser:
U = U1 + U2 multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Nesse caso, o circuito era composto por apenas dois resis-
Física - Circuitos - parte 2 (Khan Academy)
tores. Contudo, para uma quantidade n de resistores, vale a
relação de que a tensão total é a soma das tensões parciais:
U = U1 + U2 + U3 + ... + Un
Aplicação do conteúdo
A soma das resistências associadas em série 1. Na figura a seguir, um circuito elétrico é formado por
em um circuito é igual à resistência equivalente quatro resistores ligados em série.
desse circuito.

No caso do circuito de dois resistores da figura acima, a


tensão total é dada pela soma das tensões parciais, como
foi demonstrado. Assim, substituindo o valor de cada ten-
a) Calcule a resistência equivalente entre os extremos
são pelo produto da resistência elétrica de cada resistor
A e B do circuito elétrico.
pela corrente elétrica, obtém-se:
b) Se uma tensão U = 44 V for fornecida ao circuito
U = U1 + U2 = R1 · i + R2 · i elétrico através dos extremos A e B, qual será a inten-
sidade da corrente elétrica nos resistores?
No entanto, pela definição de resistência equivalente, a Resolução:
tensão é dada por U = Req · i
a) Pela expressão determinada acima, a resistência
Comparando as equações, obtém-se a resistência equiva- equivalente é:
lente do circuito: Req = R1 + R2 + R3 + R4
Req · i = R1 · i + R2 · i Req = 2,0 + 1,0 + 5,0 + 3,0 ⇒ Req = 11 Ω

b) Como foi visto, a corrente elétrica no circuito elétri-


Simplificando a expressão:
co acima é a igual à corrente elétrica em um circuito
formado por um único resistor de resistência elétrica
Req = R1 + R2 igual à resistência equivalente.
Ou seja:
Da mesma maneira, vale para um número de n resistores
associados em série. Assim:
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Req = R1 + R2 + R3 + ... + Rn

A expressão acima adquire uma forma simplificada quan- ​  U  ​ = _____


U = Req · i ⇒ ___ ​  44 V  ​ = 4,0 ampères ⇒
Req 11 V
do os resistores do circuito possuem o mesmo valor de re- ⇒ i = 4,0 A
sistência elétrica, ou seja, R1 = R2 = ... = Rn = R. Assim, a
resistência do circuito é: 2. Na figura a seguir, um circuito elétrico é formado por um
gerador ideal de tensão U = 60 V e dois resistores. Calcule:
Req = n · R

Nota: Na associação de resistores em série, a resistência


equivalente sempre terá um valor maior do que qualquer
resistência individual que participe da associação.

98
a) a resistência equivalente do circuito;
b) a intensidade da corrente no circuito;
c) a ddp entre os extremos de cada resistor.
Resolução:
a) A resistência equivalente do circuito (Req) é dada por:
Req = R1 + R2 = (2,0 V) + (3,0 V) = 5,0 V ⇒ multimídia: vídeo
⇒ Req = 5,0 V
Fonte: Youtube
Dessa forma, o circuito de dois resistores é equivalente ao O que é resistor ou resistência elétrica - Lei de Ohm
circuito representado na figura a seguir, formado por um re-
sistor de resistência Req.

2.2. Método para identificar


a associação em série
Considere uma associação qualquer, como na figura a seguir:

b) A corrente elétrica no circuto é determinada utilizando a


resistência equivalente do circuito (como na figura anterior):
U = Req · i ⇒ 60 = (5,0) · i [ i = 12 A
c) A sigla ddp (diferença de potencial) é a tensão (U)
em cada resistor (tensão parcial).
Para calcular a tensão em cada resistor, aplica-se a Lei de
Ohm em cada resistor:

É possível identificar a associação em série de duas ma-


neiras: analisando a corrente elétrica ou os potenciais.
Em primeiro lugar, imagine uma corrente i que, saindo da
fonte U, não terá outro caminho a não ser passar pelos
resistores R1, R2, R3 e R4. Como a mesma corrente passa
pelos resistores, pode-se dizer que eles estão associados
em série.
U1 = R1 · i = (2,0 V)(12 A) = 24 V ⇒ U1 = 24 V
U2 = R2 · i = (3,0 V)(12 A) = 36 V ⇒ U2 = 36 V

Verificando a tensão total no circuito:


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

U1 + U2 = U U = 60 V (confere com o valor inicial)


24 V + 36 V = 60V

3. Dois resistores de resistências R1 = 3 V e R2 = 7 V são


ligados em série a uma bateria de 120 V. Calcule:
a) a resistência equivalente;
b) a corrente total do circuito.
Outro método é analisando os potenciais. O gerador é a
Resolução: fonte de tensão (ddp) que, ao longo do circuito, será “con-
sumida” pelos resistores; assim, cada resistor produz uma
a) Req = R1 + R2 ⇒ Req = 3 + 7 = 10 V
queda de tensão entre seus terminais. Considerando o
​ U  ​ ⇒ iT = ___
b) iT = ___ ​ 120 ​ = 12 A mesmo circuito anterior, proceda da seguinte maneira:
Req 10
antes e depois de cada resistor, insira uma letra representa-
do o potencial naquele ponto.

99
Resolução:
Em uma associação em série, a resistência equivalente será a
soma de todos os resistores envolvidos. Tem-se m resistores R1 e
n R2; assim, a resistência equivalente será:
Req = m · R1 + n · R2
Aplicando a 1.ª lei de Ohm, a corrente elétrica será:

​  U   ​ ⇔ i = __________
i = ___ ​  U   ​  
Req (mR1 + nR2)

Numa associação em série, as letras não se repetem. Alternativa A

3. (UFCE) Entre os pontos 1 e 2 do circuito representado


Aplicação do conteúdo na figura, é mantida uma diferença de potencial de 110
V. A intensidade de corrente, através da lâmpada L, é
1. (UE-MT) A diferença de potencial entre os extremos de 0,5 A, e o cursor K do reostato está no ponto médio
uma associação em série de dois resistores de resistên- entre seus terminais 3 e 4.
cias 10 V e 100 V é 220V. Qual é a diferença de potencial
entre os extremos do resistor de 10 V, nessas condições?

A resistência elétrica da lâmpada é:


a) 200 Ω
Resolução: b) 150 Ω
c) 120 Ω
R1 = 10 V ; R2 = 100 V; d) 80 Ω
Assim a resistência equivalente será: e) 140 Ω
Req = R1 +R2 ⇔ Req = 10 + 100 ⇔ Req = 110 V Resolução:
Aplicando a 1.ª Lei do Ohm, tem-se: Para achar a resistência do reostato, aplica-se a 2.ª Lei de Ohm.
Utotal = Req ∙ i ⇔ 220 = 110 ∙ i ⇔ i = 2 A r . ø
R = ​ ____ ​ 

 A
Tem-se uma associação em série; portanto, a corrente é Assim, quando metade do comprimento do reostato é “cortada”,
comum para os dois resistores. Assim a d.d.p. do resistor resta somente metade da sua resistência total.
de 10 Ω será:
Rreostato = 100 Ω
U10 = R10 · i ⇔ U10 = 10 · 2 ⇔ U10 = 20 V.
A parte do reostato que funciona e a lâmpada estão associados
Resposta: 20 V.
em série; dessa forma, a resistência equivalente será:
2. (FATEC-SP) Associam-se em série m resistores de resis- Req = Rreostato + Rlampada ⇔ Req = 100 + R .
tência elétrica R1 e n resistores de resistência elétrica R2.
Aplicando a 1.ª Lei de Ohm, tem-se:
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​ U ​ ⇔ 100 + R = ___


Req = __ ​ 110 ​ ⇔
i 0,5
⇔ 100 + R = 220 ⇔ R = 120 Ω
Quando submetidos a uma diferença de potencial U (nos ter-
Alternativa C
minais da associação), a corrente elétrica em cada resistor será:
4. (UFPB) Dois resistores idênticos são associados em série.
​  U   ​  
a) _________ mnU   
d) ​ _______ Se, ao serem percorridos por uma corrente de 2 A, produ-
(mR1 + nR2) (R1 + R2) zem no total uma queda de potencial de 252 V, qual o valor,
nU(R1 + R2) em Ohms, da resistência de cada um desses resistores?
​  Um   ​
b) ________   e) ​ _________
m    
n(R1 +R2))
Resolução:
U(m + n)
c) _______
​   ​  A resistência será chamada de R; assim, a resistência equivalente
(R1 + R2) será:
Req = R + R ⇔ Req = 2R

100
Sendo a corrente da associação em série 2 A e a ddp total 252 V, Assim, a ddp da resistência x será:
a resistência de cada um será: Utotal = Uaparelho + Ux ⇔ U = ___ ​ U  ​ + Ux ⇔
10
​ U ​ ⇔ 2R = ___
Req = __ ​ 252 ​  ⇔ R = ___
​ 126 ​   ⇔ R = 63 V ⇔ Ux = U – ___ ​ U  ​   ⇔ Ux = ___ ​ 9U ​. 
i 2 2 10 10
Resposta: A resistência de cada um será 63 V. Sendo a associação em série, as correntes serão iguais e assim a
resistência X será:
5. (Unesp) Um estudante adquiriu um aparelho cuja espe- Uaparelho Ux 0,1U 0,9U
cificação para o potencial de funcionamento é pouco usu- iaparelho = ix ⇔ _____
​   ​   = __
​   ​  ⇔ ____ ​   ​  = ____
​   ​   ⇔ Rx = 9R.
R Rx R Rx
al. Assim, para ligar o aparelho, ele foi obrigado a cons-
truir e utilizar o circuito constituído de dois resistores, Alternativa C
com resistências X e R, conforme apresentado na figura.

Considere que a corrente que passa pelo aparelho seja muito


multimídia: site
pequena e possa ser descartada na solução do problema. Se a
tensão especificada no aparelho é a décima parte da tensão da pt.wikihow.com/Calcular-Resist%C3%AAncias-em-
rede, então a resistência X deve ser: -S%C3%A9rie-e-em-Paralelo
a) 6R b) 8R c) 9R d) 11R e) 12R www.physicsclassroom.com/class/circuits/Lesson-4/Se-
Resolução: ries-Circuits
A relação da ddp do aparelho é: www.allaboutcircuits.com/textbook/direct-current/chpt-
Utotal 5/simple-series-circuits/
U aparelho = ____
​   ​.  
10

VIVENCIANDO

A associação em série é utilizada com o intuito de diminuir a corrente


em determinado trecho do circuito; uma vez que a associação em série
produz uma resistência equivalente maior, a corrente produzida pela
fonte será menor.
Um exemplo de associação em série é o pisca-pisca de Natal.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Como a associação é feita em série, caso uma lâmpada queime, o


circuito ficará aberto e todas as restantes se apagarão.

101
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 5
Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver pro-
blemas sociais.

A habilidade 5 exige do aluno conhecimento técnico em montagem de circuitos elétricos. O aluno deve
ser capaz de decidir qual circuito possui determinadas características, isto é, além da contextualização, o
exercício pode exigir que o aluno escolha qual circuito cabe para cada situação.

MODELO 1

(Enem) Para ligar ou desligar uma mesma lâmpada a partir de dois interruptores, conectam-se os interruptores
para que a mudança de posição de um deles faça ligar ou desligar a lâmpada, não importando qual a posição
do outro. Essa ligação é conhecida como interruptores paralelos. Esse interruptor é uma chave de duas posições
constituída por um polo e dois terminais, conforme mostrado nas figuras de um mesmo interruptor. Na posição
I, a chave conecta o polo ao terminal superior e, na posição II, a chave o conecta ao terminal inferior.

O circuito que cumpre a finalidade de funcionamento descrita no texto é:


a) b) c)

d) e)

ANÁLISE EXPOSITIVA

Rápido e prático, o exercício cobra do aluno rapidez na hora de tomar uma decisão. O único circuito que
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

fecha tanto para a posição I como para a posição II é o circuito da alternativa E.

RESPOSTA Alternativa E

102
DIAGRAMA DE IDEIAS

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

SÉRIE

TENSÃO TOTAL DIVIDIDA


MESMA CORRENTE
ENTRE OS RESISTORES

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

103
ASSOCIAÇÃO DE
RESISTORES EM
PARALELO 2. Propriedades da associação
de resistores em paralelo
A ligação de resistores em paralelo possui características
próprias, como a associação em série. Essas característi-

CN
cas serão analisadas usando como referência os circuitos
AULAS mostrado nas figuras anteriores.
19 E 20
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
A soma das intensidades da corrente elétrica em cada
resistor de uma associação em paralelo é igual à in-
2e5 5, 6 e 17
tensidade da corrente elétrica total no extremo da li-
gação dos resistores.

1. Associação de Essa propriedade decorre do fato de que, pela conservação


de carga elétrica, toda corrente elétrica que atinge os resi-
resistores em paralelo stores deve ser a mesma ao sair dos resistores. Observe a
Na associação de resistores em paralelo, os terminais de fórmula para o caso da ligação de três resistores em paralelo:
um dos lados de cada resistor são ligados entre si, e a i = i1 + i2 + i3
mesma ligação é realizada com os terminais do outro lado
Entretanto, essa propriedade é válida para uma quantidade
do componente. Na figura a seguir, observe dois circuitos
n de resistores associados em paralelo.
elétricos formados por um gerador e, respectivamente, dois
e três resistores ligados em paralelo.
A tensão elétrica nos extremos de resistores associa-
dos em paralelo é a mesma para todos os resistores
da associação.

Na ligação da figura anterior, os terminais dos resistores


estão ligados ao gerador por meio dos fios conectados aos
pontos A e B. Dessa maneira, a tensão do gerador é a mes-
ma entre os pontos A e B e, consequentemente, a mesma
para cada resistor da associação em paralelo.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

No ponto A de cada figura, todos os resistores estão liga- No caso da ligação de três resistores da figura, sendo U a
dos por um dos seus terminais. O mesmo ocorre no pon- ddp do gerador, e sendo U1, U2 e U3 a ddp nos resistores R1,
to B. Assim, toda a corrente elétrica que atinge o ponto A R2 e R3, respectivamente, segue que:
se divide entre os resistores até atingir o ponto B, onde é
restabelecida. U1 = U2 = U3 = U

Esses mesmos circuitos elétricos podem ser representados Assim, pode-se determinar a intensidade parcial de cor-
como na figura a seguir: rente elétrica em cada resistor:

​ U  ​;   i2 = __
i1 = __ ​ U  ​;   i3 = __
​ U  ​ 
R1 R2 R3
Como no circuito em série, é possível encontrar a corrente
elétrica no circuito usando uma resistência equivalente
​ U  ​. 
para o circuito: i = ___
Req

104
Substituindo o valor das correntes elétricas parciais e a cor- Resolução:
rente elétrica dada por uma resistência equivalente, tem-se: A resistência equivalente é dada pela equação:
i = i1 + i2 + i3
​  1  ​ = __
___ ​  1  ​ + __
​  1  ​ + __
​  1  ​ + __
​  1  ​ 
​  U  ​ = __
___ ​  U  ​ + __
​  U  ​ + __
​  U  ​  Req R1 R2 R3 R4
Req R1 R2 R3
Substituindo os valores de cada resistência:
Dividindo todos os numeradores da equação pela ddp U,
obtém-se: ___ ​ 1  ​ + __
​  1  ​ = __ ​ 1 ​ + __
​ 1 ​ + __
​ 1 ​ ⇒ ___
​  1  ​ = __
​ 1 ​ + __ ​ 6  ​ + __
​ 2 ​ + __ ​ 3 ​ = ___
​ 12 ​ 
Req 6 3 1 2 Req 6 6 6 6 6
​  1  ​ = __
___ ​  1  ​ + __
​  1  ​ + __
​  1  ​  Note que a soma foi feita depois de encontrado o mmc. O resultado
Req R1 R2 R3
da soma é o inverso da resistência equivalente; assim, para encontrar
o valor correto, deve-se inverter o resultado:
A soma do inverso das resistências de resistores as- ​  1  ​ = ___
___ ​ 12 ​ [ Req = 0,5 V
sociados em paralelo é igual ao inverso da resistência Req 6

equivalente dessa ligação em paralelo. 2. (Uece)

Observe que:
§ A expressão para o cálculo da resistência equivalente
é válida para n resistores associados em paralelo.
§ No cálculo da resistência equivalente, deve-se encon-
trar o mmc dos denominadores e realizar uma soma
de frações; o inverso do resultado obtido é a resistência A resistência equivalente R, entre os pontos P e Q, em ohms, da
equivalente. combinação de resistores mostrada na figura é:
Note que, numa associação em paralelo, a resistência a) 0,15.
equivalente sempre terá um valor menor do que qualquer b) 6,67.
resistência individual que componha a associação. c) 9,33.
d) 15,00.
e) 22,5.

Resolução:
A resistência equivalente será:
​  1 ​   = ___
___ ​  1 ​ + ​  1 ​  ⇔ ___
  ___ ​  1 ​   = ___
​ 1  ​ + ___
​  1  ​​   =  0,1 + 0,05
Req R1 R2 Req 10 20
multimídia: vídeo ⇔ 1 = 0,15Req ⇔
Fonte: Youtube ​ 20 ​ ⇔ Req ≈ 6,67 Ω
⇔ Req = ___
3
Resistores - Associação em
Alternativa B
Paralelo - Eletrodinâmica - Física
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo
1. Determine a resistência equivalente do circuito for-
mado pela associação em paralelo de quatro resistores,
ilustrados na figura a seguir. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Vídeo 27 Experiência com Física Leis
6Ω de OHM e Resistores Parte 2 2

105
3. Casos particulares Aplicação do conteúdo
§ Quando o circuito for formado por apenas dois resis-
1. Considere o circuito elétrico da figura, formado por
tores associados em paralelo, a expressão para calcular
um gerador e dois resistores em paralelo.
a resistência equivalente poderá ser simplificada:
a) Determine a resistência equivalente entre os pon-
tos A e B.
b) Calcule a intensidade da corrente em cada resistor e
a intensidade total da corrente fornecida pelo gerador.

R R R + R1
___ ​  1  ​ + __
​  1  ​ = __ ​  1  ​ = _____
​  2   ​ + _____ ​  1  ​ = ______
​  1   ​ = ___ ​  2  ​ 
Req R1 R2 R1 · R2 R1 · R2 Req R1 · R2

R ·R
Req = ______
​  1 2  ​ 
R1 + R2

produto Resolução:
Req = ______
​  soma ​


a) Aplicando a equação para calcular a resistência
equivalente, tem-se:
É importante destacar que essa regra é válida apenas para
dois resistores em paralelo. Essa regra não é valida para ​  1  ​ = __
___ ​  1  ​ + __
​  1  ​ = ___
​  1   ​ + ___
​  1   ​ =
Req R1 R2 3,0 6,0
uma quantidade maior de resistores.
2,0 + 1,0 ___3,0 1
§ Quando o circuito for formado por n resistores idênti- = ________
​   ​ = ​   ​ = ___
  ​     ​ ⇒
6,0 6,0 2,0
cos, isto é, de mesma resistência R, então a resistência
Req = 2,0 V
equivalente será dada por:
Nesse caso, existem apenas dois resistores em paralelo, o
​ Rn ​ 
Req = __ que permite o uso da regra prática:
produto ______     R1 . R2 __________
(3,0) . (6,0)
As figuras a seguir ilustram circuitos de resistores idênticos Req = ______
​ soma ​   
= ​   ​ 

= ​   ​ 

=
R1 + R2     (3,0) + (6,0)
associados em paralelo:
​  18  ​ = 2,0 ⇒ Req = 2,0 V
= ___
9,0
b) Para cada um dos resistores, a ddp é igual a 12 V,
igual à fem do gerador; assim, a corrente elétrica em
cada resistor vale:
U = R1 · i1 ⇒ 12 = 3,0 · i1 ⇒ i1 = ___ ​ 12  ​ [ i1 = 4,0 A
3,0
​  1  ​ = __
___ ​ 1 ​ + __
​ 1 ​ = __
​ 2 ​ [ Req = __
​ R ​  ​ 12  ​ [ i2 = 2,0 A
U = R2 · i2 ⇒ 12 = 6,0 · i2 ⇒ i2 = ___
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Req R R R 2 6,0
Dois resistores idênticos em paralelo
A intensidade total i da corrente fornecida pelo gerador é
igual à soma das correntes elétricas em cada resistor. Dessa
forma:
i = i1 + i2 ⇒ i = 4,0 + 2,0 [ i = 6,0 A

2. O circuito elétrico abaixo é formado por dois resistores


em paralelo. Calcule as intensidades da corrente i1 e i2.

​  1  ​ = __
___ ​ 1 ​ + __
​ 1 ​ + __ ​ 3 ​ [ Req = __
​ 1 ​ = __ ​ R ​ 
Req R R R R 3
Três resistores idênticos em paralelo

Nesse caso, a corrente elétrica será dividida igualmente


entre os resistores.

106
Resolução:
a)
Em primeiro lugar, é preciso determinar a resistência equivalente
entre os pontos A e B.
R1 · R2 __________ b)
(3,0) · (6,0) ___
Req = ______
​   
 ​ 
= ​    = ​  18  ​  [ Req = 2,0 V
 ​ 
R1 + R2 (3,0) + (6,0) 9,0
c)
Assim, é utilizada a definição de resistência equivalente para en- d)
contrar a ddp entre os terminais A e B:
e)
UAB = Req · i = 2,0 · 9,0 ⇒ UAB = 18 V
Resolução:
Essa tensão é igual para cada um dos resistores. Assim, a corren-
​ R ​ 
a) Req = __
te elétrica em cada um deles vale: 5
b) Tem-se uma associação em paralelo com 3 resis-
​ 18  ​ [ i1 = 6,0 A
UAB = R1 · i1 ⇒ 8 = 3,0 · i1 = ___ tores idênticos; assim, a resistência equivalente será:
3,0
​ nR ​  ⇔ Req = __
Req = __ ​ R ​ 
​ 18  ​ [ i2 = 3,0 A
UAB = R2 · i2 ⇒ 18 = 6,0 · i2 ⇒ i2 = ___ 3
6,0
c) Tem-se uma associação em série com 4 resistores
Observe que: idênticos; assim, a resistência equivalente será:
Req = R + R + R + ⇔ Req = 4R
i1 + i2 = 6,0 A + 3,0 A [ i = 9,0 A
d) Tem-se uma associação em série com 3 resistores
Como esperado, esse valor é igual à corrente elétrica antes de idênticos; assim, a resistência equivalente será:
atingir os resistores.
Req = R + R + R + ⇔ Req = 3R
e) Req = R
3. (UFRJ) A menor resistência equivalente dos circuitos a
seguir é (considere que as resistências são todas iguais): Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O resistor, da forma encontrada hoje nos circuitos e processadores, foi patenteado pelo engenheiro e inventor norte-
-americano Otis Bobby Boykin em 16 de junho de 1959. Os resistores inventados por Boykin, mais baratos e duráveis
do que os que existiam até então, foram inicialmente usados na fabricação de televisores e rádios. A criação de Otis
foi amplamente utilizada pelo exército dos Estados Unidos para o controle de mísseis guiados. Mais tarde, a patente
foi comprada pela empresa IBM, que usou os resistores para criar os processadores utilizados em seus computadores.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Otis também é famoso por outras invenções, como uma unidade de controle para marca-passos.

O inventor e engenheiro Otis Boykin

107
4. Método para identificar Numa associação em série, as letras se repetem. Na ima-
gem anterior, R1, R2 e R3 estão associados em paralelo.
a associação em paralelo
Considere a associação da figura a seguir.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Associação de Resistores - Agora eu aprendo!

É possível identificar a associação em paralelo de duas


maneiras: analisando a corrente elétrica ou analisando
os potenciais. 5. Associação mista
Imagine uma corrente i que, saindo da fonte U, encontra Até aqui foram estudados dois casos distintos de ligação de
uma bifurcação onde se divide. Isso ocorre porque, natu- resistores: em série e em paralelo. De um modo geral, porém,
ralmente, a resistência equivalente num circuito é sempre o os circuitos elétricos são compostos por ambos os modos de
menor valor possível. Assim, pode-se dizer que os resistores ligação de resistores. Esse tipo de associação é denominado
que são percorridos por correntes oriundas dessa divisão associação mista. Observe na figura a seguir um exemplo
estão associados em paralelo. simples de associação mista, em que dois resistores em para-
lelo são associados em série com outro resistor.

Exemplo de associação mista de resistores.

Para analisar esse tipo de circuito, são divididas as partes


em série e em paralelo do circuito, cada uma sendo resolvi-
Outro método é analisando os potenciais. O gerador é
da individualmente. Esse processo deve ser repetido até
a fonte de tensão (ddp) que, ao longo do circuito, será
que seja determinada a resistência equivalente do circuito.
“consumida” pelos resistores. Assim, cada resistor produz
uma queda de potencial entre seus terminais. Utilizando o Nos exemplos a seguir, a resistência equivalente para parte
mesmo circuito anterior, é possível proceder da seguinte do circuito em paralelo será denominada de RP,e a resistên-
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

maneira: antes e depois de cada resistor, colocar uma letra cia equivalente da parte em série será denominada RS.
representado o potencial naquele ponto. Quando resis-
tores possuem os mesmos potenciais em seus terminais,
eles estão associados em paralelo. Aplicação do conteúdo
1. Sejam os resistores R1 = 2 V e R2 = R3 = R4 = 12 V
associados como na figura a seguir. Calcule a resistência
equivalente entre os pontos A e B.

108
Resolução: 3. (ITA-SP) No circuito elétrico da figura, os vários ele-
Em primeiro lugar, deve ser identificada a associação em para- mentos têm resistências R1, R2 e R3 conforme indicado.
lelo dos resistores R2, R3 e R4. Como esses resistores possuem o
mesmo valor de resistência, a resistência equivalente é dada por:

​ 12 ​ = 4 V
RP = ___
3
Assim, os três resistores do circuito são substituídos por um único
resistor de resistência RP:

Sabendo que R3 = R1/2, para que a resistência equiva-


lente entre os pontos A e B da associação da figura seja
igual a 2R2, a razão r = R2/R1 deve ser:
O circuito resultante é uma associação em série entre os resisto-
res R1 e RP. Novamente, determina-se a resistência equivalente do a) 3/8. b) 8/3. c) 5/8. d) 8/5. e) 1.
circuito, considerando agora a associação em série:
Resolução:
Req = R1 + RP = 2 + 4 = 6 V
Na parte mais superior do paralelo, há 2 resistores R3 em série;
Assim, a resistência equivalente do circuito é de 6 ohm.
assim, a resistência equivalente deles será:
2. Calcule a resistência equivalente do circuito a seguir: Req1 = R3 + R3 ⇔ Req1 = 2R3 ⇔
⇔Req1 = 2(R1/2) ⇔ Req1 = R1.

Essa resistência equivalente 1 está em paralelo com uma resistên-


cia R1.
1/ Req2 = 1/ Req1 + 1/R1 ⇔
Resolução: ⇔ 1/ Req2 = 1/R1 + 1/R1 ⇔ Req2 = R1/2 .
O circuito é uma associação mista de resistores. Os resistores de Essa resistência equivalente 2 está em série com uma resistência R1.
4 V e de 6 V estão conectados em série, e ambos estão associa- Req3 = Req2 + R1 ⇔
dos em paralelo ao resistor de 10 V. Por fim, essa associação em
⇔ Req3 = R1/2 + R1 ⇔ Req3 = 3R1/2.
paralelo está associada em série com o resistor de 5 V.
Essa resistência equivalente 3 está em paralelo com outras duas
Para encontrar a resistência equivalente da parte paralela do cir-
resistências R1,
cuito, é preciso encontrar a resistência equivalente da associação
em série dos resistores 4 V e 6 V: 1/ Req4 = 1/ Req14+ 1/R1 + 1/R1 ⇔ 1/ Req4
RS = 4 + 6 = 10 V = 1/(3R1/2) + 2/R1 ⇔ 1/ Req4 = (2/3R1) + 2/R1
Dessa maneira, pode-se determinar a resistência equivalente da ⇔ 1/ Req4 = (2 + 6)/3R1 ⇔ Req4 = 3R1/8.
associação em paralelo entre RS e o resistor de 10 V. Como a
A resistência equivalente total é 2R2; assim, tem-se:
resistência dos dois resistores têm o mesmo valor:
Reqtotal = 3R1/8 + R2 ⇔
​ 10 ​ = 5 V
RP = ___
2
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

⇔ 2R2 = 3R1/8 + R2 ⇔ R2 = 3R1/8 .


Observe que foram considerados “dois” resistores, mas, na
verdade, um deles é fictício, pois se trata da resistência equi-
A razão r será:
valente RS. Por fim, pode-se calcular a resistência equivalen-
te de toda a associação. O equivalente em paralelo, RP, está r = R2/R1 ⇔ r = (3R1/8)/R1 ⇔ r = 3/8 .
associado em série ao resistor de 5 V. Alternativa A
Req = RP + 5 = 5 + 10 V

Assim, a resistência equivalente dessa associação mista é de


10 V.

109
VIVENCIANDO

Equipamentos eletrônicos são utilizados em diferentes aplicações, como comunicação, transporte, entretenimento,
etc. Os conversores analógico-digital (ADC) e os conversores digital-analógico (DAC) são componentes que utilizam
as associações de resistores em paralelo e mistas para gerar uma representação digital a partir de uma grandeza
analógica ou vice-versa. Esse sinal digital é representado por um nível de tensão ou intensidade de corrente elétrica.

Exemplo de um conversor ADC de 8 canais.

Os conversores ADC e DAC são amplamente utilizados em dispositivos de medição, controle e digitalização de áu-
dio e vídeo. Como a maioria dos sinais captados, como temperatura ou som, é analógica, essas duas interfaces de
conversão são necessárias para permitir que equipamentos eletrônicos digitais processem os sinais analógicos. Nos
laboratórios e indústrias, esses conversores são utilizados para passar as indicações de um termômetro para a forma
digital; isso possibilita que o computador processe os dados e execute as ações necessárias.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

110
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 5

Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

A Habilidade 5 exige do aluno a capacidade de dimensionar circuitos elétricos ou o uso cotidiano de dis-
positivos elétricos. No caso específico dos temas tratados, o aluno será capaz de analisar a associação em
paralelo e a associação mista a fim de identificar, partindo de suas propriedades, quando cada uma deve
ser utilizada.

HABILIDADE 7

Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo
em vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.

A Habilidade 7 requer do estudante a capacidade de selecionar parâmetros, a partir de testes de controle, e


fazer a comparação entre materiais. No caso específico dos temas tratados, a comparação se faz necessária
para a escolha correta do tipo de associação entre os resistores.

MODELO 1

(Enem) Fusível é um dispositivo de proteção contra sobrecorrente em circuitos. Quando a corrente que passa
por esse componente elétrico é maior que sua máxima corrente nominal, o fusível queima. Dessa forma, evita
que a corrente elevada danifique os aparelhos do circuito. Suponha que o circuito elétrico mostrado seja ali-
mentado por uma fonte de tensão U e que o fusível suporte uma corrente nominal de 500 mA.

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Qual é o máximo valor da tensão U para que o fusível não queime?


a) 20 V
b) 40 V
c) 60 V
d) 120 V
e) 185 V

111
ANÁLISE EXPOSITIVA
Para resolver a questão, o estudante deve saber reconhecer cada componente do circuito e como eles se re-
lacionam. Apesar de serem realizados pequenos cálculos, a complexidade do exercício se dá pela sequência
de procedimentos necessários.
Para a resolução, é preciso começar redesenhando o circuito:
60  60 

30 

i F = 0,5 A
120  40 
A C
F
60 
i = 1,5 A

i’ = 1 A

U
Como uma corrente de 0,5 A deve passar pelo fusível, a corrente i’, que deve passar pelo resistor de 60 W em
paralelo com ele, deve ser de:
120 · 0,5 = 60 · i’ ⇒ i’ = 1 A
Assim, por BC deve passar uma corrente de:
i = iF = i’ = 0,5 + 1 ⇒ i = 1,5 A
Resistência equivalente no ramo AC:
​  · 60 
120
RAC = ________ + ⇒ 40 RAC = 80 W
 ​ 
120 + 60
Como os ramos estão em paralelo, pode-se calcular U como:
U = RAC · i = 80 · 1,5
∴ U = 120 V

RESPOSTA Alternativa D
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

112
DIAGRAMA DE IDEIAS

ASSOCIAÇÃO DE
RESISTORES

RESISTOR
PARALELO
EQUIVALENTE

RESISTORES MESMA
DOIS RESISTORES TENSÃO
IGUAIS

R Req= PRODUTO CORRENTE


Req= n SOMA TOTAL

SOMATÓRIA DAS
CORRENTES

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

113
Como a tensão (ddp) nos terminais do chuveiro é constan-
te (por exemplo, 220 V), a variação da potência obtida pela
​ U ​ .
2
variação da resistência é P = __
R
POTÊNCIA
DISSIPADA POR
EFEITO JOULE

CN AULAS 2. Curto-circuito
21 E 22 A figura a seguir representa um circuito formado por uma
lâmpada ligada a uma pilha. No caso da figura da esquer-
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) da, a ligação está correta e o circuito funciona, acendendo
2e5 5, 6 e 17 a lâmpada. No caso da figura da direita, uma ligação extra
foi feita, por meio dos pontos A e B. Nesse caso, a lâmpada
deixa de acender. Mas atenção! Não realize esse experi-
mento na prática, pois os fios e a pilha se aquecerão, e a
1. Reostato pilha poderá explodir, causando um acidente. Nesse caso, o
motivo para a lâmpada não acender é a ligação extra entre
O reostato é um dispositivo que permite controlar o va-
A e B, permitindo que a corrente elétrica circule pelo circui-
lor da resistência de um resistor, isto é, são resistores cuja
to através desse caminho (praticamente sem resistência),
resistência é variável. Observe no diagrama a seguir a re-
deixando de percorrer o caminho da lâmpada.
presentação do funcionamento de um reostato. A corrente
elétrica percorre o circuito e atinge o resistor no ponto C
(ponto médio do resistor ligado entre A e B). Se o ponto C,
chamado de cursor, for colocado próximo do ponto B, pra-
ticamente não haverá nenhuma resistência; por outro lado,
se o cursor for colocado próximo do ponto A, a corrente
elétrica percorrerá todo o resistor.

Observe que o circuito elétrico da direita percorrido pela


corrente elétrica é mais curto; por isso, afirma-se que houve
um curto-circuito.
Usando a lei de Ohm no condutor, tem-se:
Por meio desse mecanismo, é possível controlar a tempera-
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

VA – VB = Ri ⇒ VA – VB = 0 ⇒ VA = VB
tura da água em um chuveiro elétrico, por exemplo. Quanto
menor a resistência elétrica do chuveiro, maior a potência dis- Como os pontos A e B possuem o mesmo potencial, é
sipada, e, consequentemente, maior a temperatura da água. possível tomá-los como eletricamente coincidentes em
O esquema a seguir representa o reostato e a chave (Ch) um novo esquema do circuito; por esse motivo, a lâmpada
de um chuveiro. Entretanto, em vez de ser constituída por (resistor) pode ser removida do circuito, pois não haverá
um único resistor e um cursor, a resistência do chuveiro corrente elétrica através da lâmpada. O diagrama a seguir
é formada por uma ligação de resistores em série. Nes- ilustra o circuito inicial, a ligação feita entre a A e B, e o
se caso, o chuveiro tem apenas dois resistores. Quando a curto-circuito final.
chave Ch do chuveiro se encontra na posição A, o chuveiro
está desligado; na posição B, apenas uma resistência é li-
gada, e o chuveiro se encontra na posição inverno (menor
resistência). Na posição C, duas resistências são ligadas, e
o chuveiro está na posição verão.

114
Às vezes ocorrem curtos-circuitos nos eletrodomésticos. Em
geral, eles ocorrem devido ao desgaste dos fios, que pre-
3. Fusível
judica seu isolamento. Quando os fios entram em contato
entre si, ocorre o curto-circuito.

Um fusível é um dispositivo utilizado para a proteção, evi-


tando que uma corrente maior do que a suportada pelo cir-
multimídia: vídeo cuito danifique-o. Um fusível é formado por um filamento
de uma liga metálica com baixo ponto de fusão. Quando a
Fonte: Youtube
corrente ultrapassa um determinado valor, devido ao efeito
Experimento sobre curto circuito UNESP Joule, o filamento acaba fundindo, e o circuito abre.
Assis-Física 2-2014
Em geral, num esquema de um circuito, um fusível é repre-
sentado por um dos seguintes símbolos:

O disjuntor é outro aparelho utilizado para a proteção de


multimídia: vídeo circuitos elétricos. A sua principal diferença em relação ao
Fonte: Youtube fusível é sua capacidade manual de desligamento do circui-
CURTO-CIRCUITO!!! Será que vai explodir? to. Além disso, depois do desligamento do circuito devido a
uma corrente alta, o disjuntor é passível de rearmamento,
pois ele não é danificado no processo.

Aplicação do conteúdo
1. (Uespi) A resistência equivalente entre os terminais A
e B da bateria ideal no circuito elétrico a seguir é igual a:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O que é potência elétrica?
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) R d) 4R
b) 2R
c) 3R
e) 5R
4. Potência elétrica
Resolução: No diagrama a seguir, um resistor, de resistência R, é sub-
metido a uma ddp U. A corrente elétrica nesse circuito é
As resistências mais externas da figura aos pontos A e B entram i. Durante um intervalo de tempo Dt, uma quantidade de
em curto-circuito devido ao fio elétrico que une os nós do circui- carga igual a DQ passa pelo circuito.
to. Assim, a única resistência que funcionará é a de 2R.

Alternativa B Nesse intervalo de tempo, as cargas elétricas se movimen-


taram pelo circuito impulsionadas por uma força elétrica,

115
isto é, o deslocamento das cargas entre os pontos A e B Resolução:
ocorreu devido à ação de uma força sobre as cargas. En- A corrente elétrica que passará pela lâmpada será:
tretanto, quando uma força age causando deslocamento,
P = U ∙ i ⇔ 2,25 = 4,5 i ⇔ i = 0,5 A
existe a realização de trabalho, e, como já foi visto em ele-
trostática, esse trabalho é dado por: A associação está em série, logo a corrente da resistência será de
0,5A. É possível também encontrar a ddp da resistência.
t = DQ · U
Utotal = Uresis + Ulâmpada ⇔ 12 = Uresis + 4,5 ⇔
A potência P é o trabalho realizado para movimentar as
⇔ Uresis = 7,5V.
cargas durante um intervalo de tempo. Dessa forma, para
o intervalo Δt do deslocamento das cargas DQ entre os Utilizando a 1.ª Lei de Ohm, tem-se:
pontos A e B do diagrama acima: R = Uresis/i ⇔ R = 7,5/0,5 ⇔ R = 15Ω.
___ DQ
​  t  ​ = ___
​   ​ · U Alternativa E
Dt Dt
DQ 2. (PUC-MG) Uma lâmpada incandescente tem as se-
A razão ___
​ t  ​ equivale à potência P, e a razão ___
​   ​ é igual à
Dt Dt guintes especificações: 100W e 120V.
intensidade de corrente i no circuito, então:

P = Ui

Assim, obtém-se a potência do resistor, que é o produto da cor-


rente que o atravessa e a ddp a que está submetido.
Para que essa lâmpada tenha o mesmo desempenho
No caso do diagrama anterior, foi utilizado um resistor quando for ligada em 240V, é necessário usá-la asso-
no circuito; contudo, esse componente poderia ser uma ciada em série com um resistor. Considerando-se essa
lâmpada incandescente, um ferro de passar roupa, uma montagem, a potência dissipada nesse resistor adicio-
torradeira, etc. A fórmula acima permite calcular a potên- nal será de:
cia elétrica consumida (ou dissipada) por qualquer um a) 50 W b) 100 W c) 120 W d) 127 W e) 200 W
desses componentes.
Resolução:
Pela 1.ª lei de Ohm, é possível substituir U = Ri ou i = U/R
A corrente elétrica da lâmpada e do resistor será:
na expressão acima da potência e obter duas expressões
equivalentes para calcular a potência: i = P/U ⇔ i = 100/120 ⇔ i = 5/6A.

A ddp do resistor associado em série será:


​ U  ​ 
2
P = Ri2  e  P = __
R
Utotal = Ulâmpada + Uresis ⇔ 240 = 120 + Uresis ⇔
No SI, a unidade de potência é o watt (W).
⇔ Uresis = 120 V.
Utilizando a equação da potência, tem-se:
Aplicação do conteúdo
P = Uresis ∙ i ⇔ P = 120 ∙ (5/6) ⇔ P= 100W.
1. (Fuvest) Uma estudante quer utilizar uma lâmpada
(dessas de lanterna de pilhas) e dispõe de uma bateria Alternativa B
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de 12 V.
3. (UFMA) A figura abaixo representa um circuito elétri-
co formado por associação de resistores, alimentados
através de uma bateria de 12 V. Determine a potência
dissipada pelo resistor de 9Ω.

A especificação da lâmpada indica que a tensão de ope-


ração é 4,5 V e a potência elétrica utilizada durante a
operação é de 2,25 W. Para que a lâmpada possa ser
ligada à bateria de 12 V, será preciso colocar uma resis-
tência elétrica, em série, de aproximadamente:
a) 0,5 Ω b) 4,5 Ω c) 9,0 Ω d) 12 Ω e) 15 Ω

116
Resolução: ∆θ ......variação de temperatura (∆θ = θ – θ0)

A resistência equivalente do paralelo será: c........calor específico (é uma característica do material que
Req1 = (18.9)/(18+9) ⇔ Req = 6 Ω. constitui o corpo)
Q=m.L
A resistência equivalente total será:
Req,total = 1,9 + 6 + 2 + 0,1 ⇔ Req,total = 10Ω. Em que:
Utilizando a 1.ª Lei de Ohm, tem-se: Q.....quantidade de calor latente ou calor latente
itotal = Utotal/Req,total ⇔ i = 12/10 ⇔ i = 1,2A. m.......massa do corpo
A ddp do paralelo será: L........calor latente específico
Uparalelo = itotal . Req1 ⇔ Uparalelo = 1,2 ∙ 6 ⇔ Uparalelo = 7,2V Essa energia térmica dissipada por efeito Joule é a finalida-
Assim a potência do resistor de 9Ω será: de de alguns aparelhos, como o ferro de passar roupas e o
chuveiro elétrico. No entanto, em outros aparelhos, como
P = U²/R ⇔ P = (7,2)²/9 ⇔ P = 5,76W.
um computador, esse efeito não é desejado.
Resposta: A potência será de 5,76W.
No Sistema Internacional, a unidade de medida para ener-

5. Energia dissipada gia é Joule, porém é muito comum o uso de kWh.

por efeito Joule A energia de 1kWh equivale à energia dissipada por um


aparelho de mil watts de potência ligado durante uma
Ao utilizar algum equipamento elétrico, é possível perceber hora, ou seja, equivale a 3,6 . 106 J.
um aquecimento do aparelho depois de certo tempo de
uso (no ferro de passar roupas o aquecimento é bastante
rápido). Esse aquecimento é causado por um efeito que Aplicação do conteúdo
ocorre nos resistores do circuito elétrico do equipamento. 1. Um ferro elétrico consome uma potência de 1.100 W
Quando uma corrente elétrica atravessa um resistor, parte quando ligado em 110 V. Calcule:
da energia elétrica é transferida para os átomos do resistor;
em consequência, esses átomos ficam com uma energia Dados: P = 1100 W; U = 110 V;
maior de oscilação (comumente afirma-se que esses áto- ​ 1 ​  h = 1 800 s.
Dt = __
2
mos ficam “mais agitados”), e essa agitação aumenta a a) a intensidade da corrente utilizada pelo ferro elétrico;
energia térmica. Dessa forma, ao passar por um resistor, b) a resistência elétrica do ferro;
a energia elétrica é transformada em energia térmica, e o c) a energia elétrica consumida pelo ferro elétrico em
resultado é o aumento de temperatura. Esse efeito é deno- 0,5 hora de uso, em quilowatts-hora, e o gasto em
minado efeito Joule. reais sabendo que o preço do quilowatt-hora é de
Como a potência é dada pela razão entre energia e tempo, R$ 0,40.
pode-se escrever, de forma equivalente: Resolução:
E = P · Dt a) Utilizando a fórmula da potência, tem-se:
P = Ui ⇒ 1 100 = 110 ⇒ i = 10 A
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Observe que E é energia, P é potência e Dt é o tempo.


b) Pela 1.ª lei de Ohm, obtém-se a resistência elétrica:
Substituindo a potência, pode-se então calcular a energia
dissipada por efeito Joule: U = Ri ⇒ 110 = R · 10 ⇒ R = 11 V
c) A energia elétrica consumida é medida pelo traba-
E = R · i2 · Dt lho realizado. Assim:

​ U ​ · ∆t
E = R · i2 · ∆t ou E = i · U · ∆t ou E = __
2
​ 1 ​  · 3 600 ⇒
τ = P Dt ⇒ τ = 1 100 · __
R 2
⇒ τ = 1,98 · 106 J
Obs.: E = Q (calor sensível ou calor latente)
Em kWh:
Q = m · c · ∆θ
1 kWh 3,6 . 106 J
Em que:   x 1,98 . 106 J ⇒
Q.....quantidade de calor sensível ou calor sensível x = 0,55 kWh
m.......massa do corpo Portanto, o gasto é de 0,55 · 0,40 = 0,22 reais.

117
2. Uma resistência de imersão de 4 V, colocada dentro Resolução:
de um recipiente com água, foi ligada a uma fonte de
Em primeiro lugar, é preciso calcular as resistências equivalentes
tensão de 110 V. Considerando que o recipiente tenha
em série e em paralelo, e, depois, as suas respectivas potências.
80 kg de água, qual o tempo necessário para aumentar
a temperatura da água de 20º C para 70º C? (Use: calor Req,s = R + R + R ⇔ Req,s = 3R.
específico da água = 1 cal/gº C; 1 cal = 4,2 J.) Req,p = R/n ⇔ Req,s = R/3.
Dados: R = 4 V; U = 110 V; m = 80 kg = 80 000 g; Ps=U²/Req,s ⇔ Ps = U²/3R.
c = 1 cal/gºC; uf = 70 ºC; θi = 20º C. Pp=U²/Req,p ⇔ Pp=U²/(R/3) ⇔ Pp=3U²/R.
Resolução: Outra noção muito importante é a de que nos dois aquecimentos
É preciso saber quanto de energia será necessária para aumentar a mesma energia é gasta; assim, tem-se:
a temperatura da água. Assim, calcula-se a quantidade de calor: Esérie = Eparalelo ⇔ Ps · Dts = Pp ∙ Dtp ⇔
Q = mc (uf – ui) ⇒ Q = 80 000 . 1 (70 – 20) ⇒
⇔ (U²/3R) ∙ Dts
⇒ Q = 4 · 106 cal
= (3U²/R) ∙ 5 ⇔ Dts /3 =15
Transformando para Joule: ⇔ Dts = 45 min.
Q = 4 · 10 · 4,2 = 16,8 · 10 J
6 6
Alternativa E
Assim, a resistência deve fornecer essa mesma quantidade de
calor (considerando que toda energia elétrica consumida pelo
resistor é transformada em calor):
6. Lâmpada incandescente
(110)2 Thomas Edison (1847-1931) foi um dos inventores mais
​  U  ​ · Dt = Q ⇒ _____
2
Q ⇒ PDt = Q ⇒ __ ​   ​   · Dt = 16,8 · 106 ⇒
R 4 famosos de todos os tempos. Ele registrou “apenas” 2.332
⇒ Dt ù 5,55 · 103 s ou Dt ù 1h32min patentes em seu nome. Entre elas é possível citar: estra-
das de ferro eletromagnéticas (todas as grandes cidades
utilizam trem e metrô para a mobilidade urbana), câmera
cinematográfica, bateria de carro elétrico, fonógrafo, em-
balagem à vácuo, máquina para voto eletrônico, rodas de
borracha e aquela pela qual ele é famoso mundialmente,
a lâmpada incandescente com filamento de carbono (atu-
3. (Fuvest) Um chuveiro elétrico, ligado em média uma almente utiliza-se filamento de tungstênio), que foi inven-
hora por dia, gasta R$ 10,80 de energia elétrica por
tada em 1879.
mês. Se a tarifa cobrada é de R$ 0,12 por quilowatt-ho-
ra, então a potência desse aparelho elétrico é: A lâmpada incandescente é formada por um fio de tungs-
a) 90W d) 3000W tênio em forma de espiral, denominado filamento, coloca-
b) 360W e) 10.800W do dentro de um bulbo de vidro para evitar a oxidação. O
c) 700W bulbo é preenchido por um gás inerte, como o nitrogênio
ou argônio, para evitar a sublimação do filamento. Ao ser
Resolução:
percorrido por uma corrente elétrica, o filamento se aque-
A energia gasta por mês desse chuveiro será: ce, tornando-se incandescente e emitindo luz.
​ 1kWh 
E = ____  ​∙ R$10,80 ⇔ E = 90 kWh

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

R$0,12
Em um dia, o chuveiro é ligado por uma hora; então, consideran-
do um mês com 30 dias, tem-se 30 horas de gasto de energia.
Aplicando a equação da potência, segue que:

​ 90 ​  ⇔ P = 3 kW ⇔ P = 3000 W
​  E  ​  ⇔ P = ___
P = ___
Dt 30
Alternativa D
4. (Fuvest) Um fogão elétrico, contendo três resistências
iguais associadas em paralelo, ferve uma certa quanti-
dade de água em 5 minutos. Qual o tempo que levaria
se as resistências fossem associadas em série?
a) 3 min d) 30 min
b) 5 min e) 45 min
c) 15 min

118
2. Considere duas lâmpadas, A e B, idênticas, a não ser
pelo fato de que o filamento de B é mais grosso que
o filamento de A. Quando ligadas a uma d.d.p. de 110
volts, qual das lâmpadas será mais brilhante?
Resolução:

A lâmpada mais brilhante será a que produzir maior potência


multimídia: vídeo para essa ddp. A partir da potência em função da tensão e da
resistência, deve-se substituir o valor da resistência em função da
Fonte: Youtube
área da seção transversal do filamento (A), do comprimento (ℓ)
Como fazer uma lâmpada caseira e da resistividade (r):
(experiência de elétrica)
​ U  ​ = _____
​ U · A ​ 
2 2
P = __
R r·ℓ

Como r e ℓ são iguais para as duas lâmpadas A e B, a potência


Aplicação do conteúdo será diferente devido à área A da seção transversal dos filamen-
tos. Devido ao filamento de B ser mais grosso, a lâmpada B bri-
1. A seguir está ilustrado um chuveiro elétrico, com suas
lhará mais do que a lâmpada A.
especificações impressas e o esquema do circuito elétri-
co da parte interna, destacando-se o resistor, a chave e
os pontos onde ela se conecta para regular a tempera-
tura desejada da água, ou seja, inverno (água quente) e
verão (água morna).

Qual é o valor da resistência:


a) Na posição “verão”?
b) Na posição “inverno”?
multimídia: site
Resolução:
www.efeitojoule.com/2008/04/efeito-joule.html
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) Na posição verão, o chuveiro opera com menor po-


tência (4.400 W), pois não se deseja água muito quente. www.sofisica.com.br/conteudos/Eletromagnetismo/Ele-
A menor potência é obtida com uma maior resistência do trodinamica/potencia.php
chuveiro (sendo que a tensão tem valor constante). Assim, a www.mundoestranho.abril.com.br/tecnologia/como-
chave deve ser conectada em B, e o valor da resistência será: -funciona-o-chuveiro-eletrico/
​ U  ​ ⇒ 4 400 = ____
​ 220 ​ 
2 2
P = __  ⇒ R = 11 V.
R R
b) No inverno, o chuveiro opera com maior potência
(6.600 W), pois se deseja água muito quente.
A maior potência é obtida com uma resistência menor. Desse
modo, a chave deve ser conectada em A, e o valor da resis-
tência será:
​ U  ​ ⇒ 6 600 = ____
​ 220 ​ 
2 2
P = __  ⇒ R = 7,3 V
R R

119
VIVENCIANDO

Hoje em dia, a energia dis-


sipada por efeito Joule é
facilmente identificável. Esta-
mos cercados por aparelhos
eletrônicos: smartphones,
televisores, computadores,
liquidificadores, geladeiras,
lâmpadas, fogões elétricos,
batedeiras, chuveiros, etc.
Todos acabam se aquecen-
do durante o funcionamento.
Às vezes o seu aquecimento
é utilizado de maneira pro-
veitosa: o chuveiro esquenta
a água para o banho. Outro
exemplo cotidiano da ação
do efeito Joule é a torradeira,
esquematizada na imagem
ao lado:

Entretanto, nem sempre esse


aquecimento é benéfico, como
no caso de smartphones e
computadores.
O superaquecimento pode fazer
o computador começar a funcionar de uma forma não esperada. Com exceção da placa de vídeo, os componentes de um
computador ou smartphone devem funcionar a temperaturas menores que 55 ºC. Por isso, é necessário estar atendo ao efeito
Joule nos equipamentos.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

120
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 5
Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

Em relação à Habilidade 5, caberá ao aluno dimensionar a potência elétrica nos diferentes circuitos elétricos
analisando as diferentes associações e suas implicações com a potência empregada em cada resistor, assim
como a potência total fornecida.

HABILIDADE 6
Relacionar informações para compreender manuais de instalação, utilização de aparelhos ou sistemas tec-
nológicos de uso comum.

É muito frequente a leitura de informações técnicas de manuais elétricos a respeito da potência elétrica, e a
Habilidade 6 cobra justamente isso, a capacidade de interpretação de manuais de instalação de aparelhos de
uso comum.

MODELO 1

(Enem) As células fotovoltaicas transformam luz em energia elétrica. Um modelo simples dessas células apre-
senta uma eficiência de 10%. Uma placa fotovoltaica quadrada com 5 cm de lado, quando exposta ao sol do
meio-dia, faz funcionar uma pequena lâmpada, produzindo uma tensão de 5,0 V e uma corrente de 100 mA.
Essa placa encontra-se na horizontal em uma região onde os raios solares, ao meio-dia, incidem perpendicular-
mente à superfície da Terra, durante certo período do ano.
A intensidade da luz solar, em W/m2, ao meio-dia, nessa região é igual a:
a) 1 × 102. b) 2 × 102. c) 2 × 103. d) 1 × 106. e) 2 × 106.

ANÁLISE EXPOSITIVA 1

No Enem não basta apenas interpretar o exercício. Apesar de mais carregado em passagens matemá-
ticas, faz-se necessário um profundo conhecimento do assunto.
Para a sua resolução, separando o que é fornecido, tem-se:
Dados: U = 5 V; i = 100 mA = 0,1 A; L = 5 cm; η = 10% = 0,1.
A potência elétrica (útil) para acender a lâmpada é:
PU = Ui = 5 × 0,1 ⇒ PU = 0,5 W.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Essa potência é 10% da potência (total) incidente na placa fotovoltaica.


PU PU ___ 0,5
η = ___
​   ​   ⇒ PT = ___
η​   ​  = 0,1
​   ​   ⇒ PT = 5 W
PT
A área de captação de energia da placa é:
A = L2 = 5 × 5 = 25 cm2 ⇒ A = 25 × 10-4 m2.
A intensidade da radiação incidente é:
PT ________
​   ​  = ​  5   ​  
I = __ = 0,2 × 104 W/m2 ⇒ I = 2 × 103 W/m2.
A 25 × 10-4

RESPOSTA Alternativa C

121
MODELO 2

(Enem) O manual de utilização de um computador portátil informa que a fonte de alimentação utilizada para
carregar a bateria do aparelho apresenta as seguintes características:

Qual é a quantidade de energia fornecida por unidade de carga, em J/C, disponibilizada à bateria?
a) 6 b) 19 c) 60 d) 100 e) 240

ANÁLISE EXPOSITIVA 2

Apesar de ser um exercício de rápida resolução matemática, cobra-se que o estudante saiba ler e
reconhecer o manual de um aparelho (uma fonte de alimentação, no caso), fato muito comum em
questões do Enem, sempre bem contextualizadas.
Para resolver, é preciso utilizar duas expressões para a potência:

q
​  τ ​  = U___
⇒ ___ ​   ​  ⇒ ​ = U ⇒ ​  = 19 J/C
∆t ∆t

RESPOSTA Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

POTÊNCIA
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

POTÊNCIA
REOSTATO ENERGIA RENDIMENTO
ELÉTRICA

U2 PU
P=
R
E = P ∙ ∆t Ƞ=
PT

U2
P=U∙i P= P = R ∙ i2
R

122
2. Amperímetro ideal
O amperímetro é um aparelho capaz de medir a corrente
AMPERÍMETRO, elétrica por meio de um componente do circuito. Assim,
deve ser ligado em série com esse elemento. Idealmente,
VOLTÍMETRO o amperímetro não deveria alterar a resistência elétrica do

E PONTE DE trecho do circuito ao qual é conectado, de modo a não


alterar a corrente elétrica nesse trecho. Entretanto, isso se
WHEATSTONE limita à teoria, pois sempre haverá uma pequena resistên-
cia elétrica dos componentes eletrônicos do amperímetro.
Então, define-se:

CN AULAS Amperímetro ideal é um medidor de intensidade de


corrente cuja resistência elétrica é nula (RA = 0)..
23 E 24
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) Tratando-se de um amperímetro ideal, a ddp entre seus ter-
2e5 5, 6 e 17 minais é nula, e sua ligação em série com qualquer outro
elemento do circuito pode ser feita sem alterar a corrente
elétrica do circuito.
Na figura da esquerda a seguir, uma corrente i atravessava
1. Introdução os dois resitores do circuito. Na figura da direita, um ampe-
rímetro ideal foi ligado em série entre os dois resistores e,
Dois equipamentos de medida são fundamentais nos la-
por ser ideal, não modificou a corrente elétrica do circuito.
boratórios de eletricidade: o amperímetro e o voltímetro. O
amperímetro é o medidor da intensidade de corrente elé-
trica (em ampères), e o voltímetro faz a medida da tensão
elétrica (ddp) entre dois pontos de um circuito elétrico. (Esquerda) Resistores em série antes de se inserir o amperímetro.
É comum o uso do multímetro, como o da imagem a (Direita) Depois da inserção do amperímetro, a
intensidade da corrente elétrica não foi alterada.
seguir, que tem as funções desses dois medidores em um
único equipamento.
3. Voltímetro ideal
O voltímetro é um aparelho capaz de medir a ddp entre os
dois terminais de um dos elementos do circuito elétrico. As-
sim, sua ligação deve ser em paralelo com esse elemento.
De modo semelhante ao amperímetro, o voltímetro não
deve alterar a ddp do componente que está medindo a
tensão. Dessa forma, o voltímetro não pode permitir que a
corrente elétrica desse elemento seja parcialmente desvia-
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Multímetro da e, portanto, deve possuir uma resistência elétrica muito


maior que a daquele elemento. Não obstante, isso acon-
Quando um amperímetro ou um voltímetro é colocado em
tece apenas na teoria, pois, devido aos seus componentes
circuito elétrico, sua representação será feita a partir dos
metálicos, sempre haverá uma pequena fuga de corrente
símbolos representados a seguir.
para o voltímetro.
Então, define-se:

Voltímetro ideal é um medidor de tensão com resis-


Símbolos do amperímetro tência elétrica infinitamente grande (RV → `).

Não há circulação de corrente elétrica em um voltímetro


ideal, e então o voltímetro pode ser ligado em paralelo com
Símbolos do voltímetro qualquer elemento do circuito.

123
Observe, na figura da esquerda, que uma corrente elétrica
i percorre o circuito de três resistores. A ddp em cada um
deles é obtida pela Lei de Ohm (U = R · i). Na figura
da direita, um voltímetro ideal foi corretamente ligado em
paralelo com o resistor R2, e nada se modificou: mesma
intensidade de corrente nos resistores e a mesma ddp em
cada um. O voltímetro ideal não modificou a corrente elé-
multimídia: vídeo
trica do resistor R2. Nesse caso, o voltímetro mede apenas
a ddp entre os terminais de R2: U = R2 · i. Fonte: Youtube
Voltímetros e amperímetros

Aplicação do conteúdo
1. A figura a seguir mostra um trecho de um circuito
elétrico composto por três resistores em série. Uma am-
perímetro ideal foi ligado em série entre os resistores
R1 e R2, e um voltímetro ideal foi ligado em paralelo
(Esquerda) Resistores em série antes de se inserir o voltímetro. com o resistor R2. Os valores das resistências elétricas
(Direita) Depois da ligação em paralelo do voltímetro com são: R1 = 2,0 V, R2= 2,5 V e R3 = 3,0 V. Sabendo que a
R2, não há alteração da ddp e da corrente elétrica. leitura no amperímetro foi de 4,0 A, determine a leitura
no voltímetro.
Galvanômetro – Trata-se de um componente básico do
circuito de amperímetros e voltímetros capaz de detectar
correntes elétricas por meio de dispositivos mecânicos que
se movem pela ação da força eletromagnética produzida
pela corrente. É composto por uma agulha fixa a uma bo-
bina móvel entre os polos de um imã, estando a bobina
acoplada a uma mola espiralada. Quando uma corrente Resolução:
atravessa a bobina, é estabelecido um torque que a faz
girar. A posição da agulha numa escala graduada, segundo Como o voltímetro é ideal, a corrente elétrica em R2 não é al-
uma calibração, fornece a medição. terada e, portanto, a intensidade de corrente elétrica que passa
pelos três resistores, e também no amperímetro, é a mesma, isto
é, igual 4,0 A (leitura do amperímetro).
O voltímetro lê a ddp nos terminais de R2 que se calcula por:
U = R2 · i = 2,5 · 4,0 ⇒ U = 10,0 V

Assim, o voltímetro lê o valor de 10 V.

2. Considere o mesmo trecho do circuito anterior. A fi-


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

gura a seguir mostra a nova posição dos medidores no


circuito. O voltímetro foi conectado em paralelo com
os resistores R1 e R2, e o amperímetro foi colocado em
série com R3. Sabendo que amperímetro acusou uma
Símbolos: corrente elétrica de intensidade 4,0 A, determine:

G G

Nota: o galvanômetro interfere no funcionamento de um


circuito elétrico. Como um aparelho de medida não deve
afetar o circuito, corrige-se o inconveniente associando ao
galvanômetro um resistor apropriado para funcionar como
voltímetro ou como amperímetro. a) A leitura no voltímetro.
b) A resistência equivalente entre os pontos A e B.

124
Resolução: 4. (Fuvest) Considere a montagem abaixo, composta por
quatro resistores iguais R, uma fonte de tensão F, um
a) A intensidade de corrente que passa nos três resis-
medidor de corrente A, um medidor de tensão V e fios
tores é a mesma e é igual ao valor dado pelo amperí-
de ligação. O medidor de corrente indica 8,0 A e o de
metro, valendo 4,0 A.
tensão 2,0 V. Pode-se afirmar que a potência total dissi-
Como o voltímetro está ligado entre os pontos M e N, sua pada nos quatro resistores é, aproximadamente, de:
medida é a soma das tensões elétricas de R1 com R2. Sendo
Uv essa soma de tensões:
Uv = U1 + U2 ⇒ Uv = R1 · i + R2 · i
R
Uv = 2,0 · 4,0 + 2,5 · 4,0 ⇒ Uv = 18,0 V
R R
b) O amperímetro é ideal e sua resistência elétrica é
nula (RA = 0). Assim, o voltímetro não altera a resistên- R
cia entre os extremos A e B. Assim, pode-se escrever:
a) 8W b) 16W c) 32W d) 48W e) 64W
Req = R1 + R2 + R3 ⇒ Req = 2,0 + 2,5 + 3,0 ⇒
Resolução:
⇒ Req = 7,5 V
Tem-se uma associação mista com um paralelo de resistência R e
3. No circuito da figura, dois resistores estão ligados em a outra parte com 3 resistências R em série. Na segunda parte, o
paralelo. Um voltímetro ideal está indicando uma ddp voltímetro indica 2V, portanto, os outros resistores também têm
de 12,0 V. As duas resistências têm valores R1 = 2,0 V e
uma ddp de 2V. Logo, a ddp da bateria será 6V.
R2 = 2,5 V. Determine a leitura nos amperímetros ideais
1 e 2 inseridos no circuito. A resistência equivalente será:
1/Req = (R ∙ 3R)/(R + 3R) ⇔ Req = 3R²/4R ⇔
⇔ Req = 3R/4.
Aplicando a 1.ª Lei de Ohm, tem-se:
Req = Utotal/itotal ⇔ 3R/4 = 6/8 ⇔ R = 1Ω.

A potência total será:


P = U²/Req ⇔ P = U²/(3R/4) ⇔ P = 36/(3/4) ⇔
Resolução: ⇔ P = (36 ∙ 4)/3 ⇔ P= 48W
Em primeiro lugar, devem ser calculadas as intensidades das Alternativa D
correntes elétricas que passam por R1 e por R2 usando a Lei de
Ohm. Como os amperímetros são ideais (RA = 0), a ddp de cada 5. (Mackenzie) No laboratório de Física, monta-se o cir-
resistor não é afetada. Para efeito de cálculo, é como se esses cuito elétrico a seguir, com um gerador ideal e os inter-
aparelhos de medida, ideais, não existissem. Como os resistores ruptores (chaves) K1, K2 e K3.
estão em paralelo, em ambos os resistores a ddp vale 12,0 v. A
corrente elétrica é dada por:

​ U ​ 
U = R · i ⇒ i = __
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

R
Em R1, tem-se:
​  12 v   
i1 = _____ ​= 6,0 A
2,0 V
Em R2, tem-se:
Estando somente o interruptor K1 fechado, o amperímetro
​  12 v   
i2 = _____ ​= 4,8 A
2,5 V ideal acusa a passagem de corrente elétrica de intensidade
A intensidade de corrente será i, dada por: 5 A. Fechando todos os interruptores, a potência gerada
pelo gerador é
i = i1 + i2 ⇒ i = 6,0 + 4,8 ⇒ i = 10,8 A
a) 300 W d) 450 W
No circuito elétrico dado na figura: b) 350 W e) 500 W
§ O amperímetro 1 indica a intensidade total da corrente elé- c) 400 W
trica: 10,8 A;
§ O amperímetro 2 indica apenas a intensidade da corrente Resolução:
elétrica que passa por R2, ou seja, 4,8 A.

125
Na condição inicial, somente a chave K1 está fechada; assim, so-
mente o resistor de 6Ω irá funcionar. Aplicando a 1.ª Lei de Ohm,
tem-se:
U = R · i ⇔ U = 6.5 ⇔ U = 30V.
Depois de fechar todas as chaves, os 3 resistores funcionarão em
paralelo. A resistência equivalente será:
1/Req = 1/6 + 1/4 + 1/12 ⇔ multimídia: vídeo
1/Req = (2 + 3 + 1)/12 ⇔ 6Req = 12 ⇔ Req =2Ω. Fonte: Youtube
Assim, a indicação do amperímetro na condição final será: Ponte de wheatstone - Medidor elétrico ohmímetro
i = U/R ⇔ i = 30/2 ⇔ i = 15A.
A potência gerada será:
P = U · i ⇔ P = 30 · 15 ⇔ P= 450W.
5. Equilíbrio da ponte
Alternativa D de Wheatstone
Um caso particularmente interessante da ponte de Whe-
4. Ponte de Wheatstone atstone é aquele em que o amperímetro não acusa passa-
gem de corrente elétrica. Nesse caso, o circuito se encontra
A ponte de Wheatstone é um circuito elétrico bastan- em equilíbrio ou balanceado.
te específico, formado por resistores. O diagrama a seguir
ilustra o circuito elétrico da ponte de Wheatstone. Quatro 5.1. Propriedades da ponte de
resistores são ligados como um losango. Na diagonal BC é
ligado um amperímetro muito sensível, capaz de detectar
Wheatstone em equilíbrio
a passagem de corrente elétrica de baixíssima intensidade; § A intensidade de corrente elétrica em R1 é igual à de R4,
em série com ele é ligado ainda uma resistência r. Nos vér- e a intensidade de corrente elétrica em R2 é igual à de R3:
tices A e D é ligado um gerador elétrico, responsável pela i4 = i1 e i3 = i2
corrente elétrica no circuito.
§ Por não haver corrente elétrica entre B e C, a ddp nos
terminais do resistor r é nula, isto é, a ddp entre B e C é
nula. Assim, o potencial elétrico em B e C é igual:
VB = VC
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

História
O circuito descrito foi inventado em 1833 pelo físico Na ponte de Wheatstone em equilíbrio, o
amperímetro não acusa corrente elétrica.
inglês Samuel Hunter Chritie (1784-1865), com a fi-
nalidade de medir resistências elétricas. Contudo, foi
Por causa dessa segunda propriedade, a ddp entre os pon-
sir Charles Wheatstone (1802-1875) que ficou famoso
com o invento, pois foi o responsável por sua divul-
tos A e B e A e C é igual, ou seja:
gação, 10 anos mais tarde. Por esse motivo, o circuito VA – VB = VA – VC ⇒ UAB = UAC
leva hoje o nome de ponte de Wheatstone.
Do mesmo modo, conclui-se que:

(VB – VD) = (VC – VD) ⇒ UBD = UCD

126
Por causa das propriedades anteriores e da Lei de Ohm, Nota: Na prática, a ponte de Wheatstone é conhecida
encontra-se a relação entre as resistências para que ocorra como ponte de fio, em que os resistores de resistências
o equilíbrio: elétricas R3 e R4 são substituídos por um fio homogêneo de
UAB = UAC ⇒ R1 · i1 = R2 · i2 seção transversal constante.
UBD = UCD ⇒ R4 · i4 = R3 · i3 O cursor, que está ligado ao galvanômetro, desliza sobre
o fio homogêneo até encontrar uma posição de equilíbrio
Sendo i4 = i1 e ainda i3 = i2, resulta:
da ponte.
R1 · i1 = R2 · i2
R4 · i1 = R3 · i2

Dividindo-se as duas expressões acima membro a membro,


obtém-se:
R R2 R1 · L3 = R2 · L4
__
​  1 ​ = __
​   ​ 
R4 R3
R1 · R3= R2 · R4 Aplicação do conteúdo
Essa expressão indica que, quando a ponte de Wheatstone 1. Na ponte de Wheatstone da figura, os terminais A e
D são ligados ao gerador, e a lâmpada L não se acende.
está em equilíbrio, o produto das resistências dos resistores
São conhecidas as resistências: R1 = 3,0 V; R2 = 6,0 V;
opostos é constante. Esse produto é denominado produto R3 = 5,0 V.
cruzado entre as resistências.
A ponte de Wheatstone pode ser utilizada para medir o
valor de uma resistência elétrica, pois, conhecendo os va-
lores de R1, R2 e R3, é possível calcular o valor da quarta
resistência R4.
De modo equivalente, se o produto cruzado dos resisto-
res R1, R2, R3 e R4 de uma ponte de Wheatstone é igual,
pode-se afirmar que a ponte está em equilíbrio. Em conse-
quência, a corrente elétrica é nula no elemento ligado na
diagonal BC. Esse elemento poderá ser um amperímetro,
um resistor, uma lâmpada, etc.
a) Determine o valor de R4.
b) Se os três resistores anteriores forem trocados por
três resistores idênticos de resistência R, qual será o
valor de R4 para que a lâmpada não se acenda?
Resolução:

a) A ponte de Wheatstone está em equilíbrio, pois a


lâmpada não se acendeu (não há corrente elétrica
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

entre B e C). Vale, portanto, o produto cruzado entre


as resistências dos quatro resistores. Assim, determi-
Na ponte em equilíbrio não passa corrente na-se o valor de R4:
elétrica pelo resistor central, na diagonal
BC.
R1 · R3 = R2 · R4 ⇒ 3,0 · 5,0 = 6,0 · R4 ⇒
⇒ R4 = 2,5 V

b) Do mesmo modo, aplica-se a regra do produto cruzado:


R1 · R3 = R2 · R4 ⇒ R · R = R · R4 ⇒ R4 = R

2. Na figura a seguir está representada uma ponte de


Wheatstone um pouco diferente. O formato geométrico
não é um losango, mas um retângulo. Determine o valor
de R para que a lâmpada (L) não se acenda. São dados:
Na ponte em equilíbrio, a lâmpada não acende, R1 = 9,0 V; R2 = 16,0 V.
B e C é nula. Não há corrente.
pois a ddp entre

127
3. (Unicamp) No circuito a seguir a corrente na resistên-
cia de 5Ω é nula.

Resolução:
Para que a lâmpada não se acenda, a ponte deve estar em equi-
líbrio. Assim, pelo produto cruzado, a resistência R deve valer:
R1 · R2 = R · R ⇒ R2 = R1 · R2 ⇒ R2 = 9,0 · 16,0
a) Determine o valor da resistência X.
R = d​ XXXXXXXX = 3,0 · 4,0 ⇒ R = 12,0 V
9,0 · 16,0 ​ 
b) Qual a corrente fornecida pela bateria?

Resolução:
a) A corrente no resistor de 5Ω é nula, caracterizando uma Ponte de Wheatstone. Aplicando a equação do produto cruzado
das resistências em uma ponte equilibrada, tem-se:
1 · x = 3 · 2 ⇔ x = 6Ω.
b) Como não há passagem de corrente no resistor de 5Ω, pode-se simplesmente “tirá-lo” do circuito e fazer a resistência
equivalente do mesmo.
1/Req = 1/(1+3) + 1/(2+6) ⇔ 1/Req= 1/4 + 1/8 ⇔ 1/Req= (2+1)/8 ⇔ Req= 8/3 Ω.

8/3Ω

Assim a corrente total será:


i = U/Req ⇔ i = 12/(8/3) ⇔ i = 36/8 ⇔ i = 4,5A .

4. (Mackenzie) No circuito abaixo, para que ambos os am- Resolução:


VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

perímetros ideais, A1 e A2, indiquem zero, é necessário que


as resistências R1 e R2 valham, respectivamente, em ohms: No circuito, as correntes dos amperímetros ideais são nu-
las; assim, tem-se duas pontes de Wheatstone.

Aplicando a equação do produto cruzado das resistências


na ponte equilibrada do amperímetro A1, tem-se:

10 · R1 = 20 · 20 ⇔ R1 = 40Ω.

Agora, deve-se fazer a resistência equivalente da ponte do


amperímetro A1.
a) 10 e 120
b) 40 e 90 1/Req = 1/(10+20) + 1/(20+40) ⇔
c) 90 e 40 1/Req = 1/30 + 1/60 ⇔ 1/Req = (2+1)/60 ⇔
d) 40 e 10
e) 10 e 40 Req = 20Ω.

128
Aplicando a equação do produto cruzado das resistências Resolução:
na ponte equilibrada do amperímetro A2, tem-se: Se o galvanômetro indica zero nas duas ocasiões, a relação cru-
20 · R2 = 30 · 60 ⇔ R2 = 90Ω. zada das resistências na ponte de Wheatstone continua válida
independente da tensão. Assim, tem-se:
Alternativa B
(10 + 5) · 15 = 5 · (20 + R) ⇔ 20 + R = 225/5 ⇔
5. (Mackenzie) No circuito a seguir, a ddp entre os ter- R = 45 – 20 ⇔ R = 25Ω.
minais A e B é de 60V e o galvanômetro G acusa uma
intensidade de corrente elétrica zero. Se a ddp entre os Alternativa A
terminais A e B for duplicada e o galvanômetro continu-
ar acusando zero, poderemos afirmar que:

multimídia: site
a) a resistência R permanecerá constante e igual a 25 Ω;
www.educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagne-
b) a resistência R permanecerá constante e igual a 15 Ω;
tismo/medidores-em-circuitos.html
c) a resistência R permanecerá constante e igual a 10 Ω;
d) a resistência R, que era de 25 Ω, será alterada para 50 Ω; www.fisicaevestibular.com.br/novo/eletricidade/eletro-
e) a resistência R, que era de 50 Ω, será alterada para 12,5 Ω.
dinamica/aparelhos-de-medicao-eletrica-amperime-
tros-e-voltimetros/
www.newtoncbraga.com.br/index.php/como-funciona/
8858-como-funciona-a-ponte-de-wheatstone-ins529

VIVENCIANDO
Os amperímetros possuem diversos usos na indústria. Amperímetros com zero central, ou analógicos, são mais
utilizados, pois possuem alta durabilidade e medições precisas. Eles são usados em quadro de distribuição de baixa
tensão, monitorando toda a instalação elétrica. Um tipo especial de amperímetro analógico, que é utilizado para
medir altas correntes em carros e caminhões, possui um ímã de barra articulada que move o ponteiro e um ímã.
+12V
A
LDR D1
ORP12 R3 R Out
10kΩ
Dp-amp
TR1 Reby
741
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

VD R5
D -
VC A 2N2222
D + 1kΩ
VR1 R1
LDR at
normal light 10kΩ
levels
B Dv

Ponte de Wheatstone usada em um sensor de luz

A capacidade de fornecer medições extremamente precisas é o principal benefício de uma ponte de Wheatstone.
Variações nas configurações da ponte de Wheatstone podem ser usadas para medir capacitância, indutância, im-
pedância e outras características físicas, como a quantidade de gases combustíveis em uma amostra. Existem algumas
variações famosas, como as chamadas ponte de Kelvin e ponte Carey Foster, desenvolvidas para medir resistências
muito baixas. Em muitos casos, o significado de medir a resistência desconhecida está relacionado com a avaliação
do impacto de algum fenômeno físico (como força, temperatura, pressão, etc.), o que permite a utilização da ponte
de Wheatstone na medição indireta desses fenômenos.

129
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 5
Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

Nessa aula, o aluno deverá empregar a Habilidade 5 a fim de saber dimensionar os circuitos e dispositivos
elétricos, utilizando os aparelhos de medidas, como amperímetro, voltímetro, galvanômetro ou multímetro.

HABILIDADE 7
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em
vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.

Caberá ao aluno a capacidade de saber escolher qual tipo de associação é necessária para realizar as medi-
ções que se fazem necessárias. Além disso, partindo das medidas, caberá ao aluno a tomada de decisão de
qual circuito é ideal para a utilização.

MODELO 1

(Enem) Um eletricista analisa o diagrama de uma instalação elétrica residencial para planejar medições de tensão
e corrente em uma cozinha. Nesse ambiente, existem uma geladeira (G), uma tomada (T) e uma lâmpada (L),
conforme a figura. O eletricista deseja medir a tensão elétrica aplicada à geladeira, a corrente total e a corrente
na lâmpada. Para isso, ele dispõe de um voltímetro (V) e dois amperímetros (A).

Para realizar essas medidas, o esquema da ligação desses instrumentos está representado em:
a) d)

b) e)
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

c)

130
ANÁLISE EXPOSITIVA 1

Para a resolução desse exercício, o estudante deve saber como funciona os instrumentos de medidas,
tanto o amperímetro quanto o voltímetro, e saber que tipo de associação deve ser feita a fim de se ter
a medição desejada.
Desse modo, o voltímetro deve ser ligado em paralelo com o trecho de circuito onde se quer medir a
tensão elétrica, isto é, entre os terminais fase e neutro.
Para medir a corrente total, o amperímetro deve ser instalado no terminal fase ou no terminal neutro.
Para medir a corrente na lâmpada, o outro amperímetro deve ser ligado em série com ela.

RESPOSTA Alternativa E

MODELO 2
(Enem) Um eletricista precisa medir a resistência elétrica de uma lâmpada. Ele dispõe de uma pilha, de uma
lâmpada (L), de alguns fios e de dois aparelhos: um voltímetro (V), para medir a diferença de potencial entre dois
pontos, e um amperímetro (A), para medir a corrente elétrica.
O circuito elétrico montado pelo eletricista para medir essa resistência é:
a) d)

b) e)

c)

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA 2

Trata-se de um exercício de rápida resolução, mas que necessita de conhecimento técnico prévio do
assunto, característica das questões do Enem desde 2009.
Nesse exercício, é importante saber que o amperímetro deve ser ligado em série com a lâmpada, e o
voltímetro, em paralelo.

RESPOSTA Alternativa C

131
DIAGRAMA DE IDEIAS

MEDIDORES

PONTE DE
VOLTÍMETRO AMPERÍMETRO
WHEATSTONE

LIGADO EM ASSOCIAÇÃO
EQUILÍBRIO
PARALELO EM SÉRIE

IA = 0 RV = ∞ RA = 0
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

132
gerador

turbina

ESTUDO DO
GERADOR

§ Em uma usina termoelétrica, uma turbina também é


acionada para produzir energia mecânica em um ge-

CN AULAS rador. Entretanto, o movimento de rotação da turbina


é causado pela passagem de vapor de água. Para a
25 E 26 produção do vapor de água, um reservatório de água
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
é aquecido, provocando a ebulição da água. Dessa for-
ma, a energia térmica é convertida em energia elétrica.
2e5 5, 6 e 17
A imagem a seguir mostra um esquema simplificado de
uma usina termoelétrica:

1. Introdução
O equipamento capaz de converter alguma forma de ener-
gia em energia elétrica é denominado gerador elétrico.
Apesar de o nome passar a impressão de que a energia é
gerada, o que ocorre é apenas a transformação de uma
forma de energia em outra.
A seguir estão listados alguns exemplos de geradores elétricos: Esses três exemplos ilustram a conversão de diferentes ti-
§ A pilha é um gerador eletroquímico. Nesse tipo de ge- pos de energia em energia elétrica. O gerador elétrico é
rador, a energia química armazenada na pilha é con- utilizado basicamente para produzir a corrente elétrica em
vertida em energia elétrica. A figura a seguir ilustra um circuito elétrico.
esquematicamente o interior de uma pilha:
contato metálico
ligado ao bastão
+ 2. Gerador ideal
de carbono Um gerador é ideal quando é capaz de transferir para as
isolante cargas elétricas toda a energia elétrica produzida. A ten-
bastão de são elétrica medida entre os polos de um gerador recebe
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

carbono o nome de força eletromotriz (fem) e é representada pelo


pasta símbolo e.
capa de zinco
A principal característica de um gerador ideal é manter
isolante
constante a ddp (U) fornecida ao circuito, independente-
proteção externa
mente da intensidade da corrente.
contato metálico
com a capa -
de zinco

§ Em uma usina hidroelétrica, o movimento da água cau-


sa a rotação de uma turbina. O movimento mecânico
de rotação é transferido para um gerador, que transfor-
ma a energia mecânica em energia elétrica. A figura a
seguir ilustra esquematicamente os principais compo-
nentes em uma usina hidroelétrica: Gerador ideal (U = E)

133
O simbolo r representa a resistência interna do gerador.
A figura a seguir é o gráfico da variação do potencial das
cargas em um gerador real, desde o polo negativo até o
multimídia: vídeo polo positivo. A diferença de potencial VB para VA corres-
ponde à fem « do gerador, levando em conta a queda de
Fonte: Youtube potencial ri devido à resistência interna. A ddp útil do ge-
Como fazer um gerador de energia com imã em casa rador, isto é, a ddp que pode ser utilizada por um circuito
externo, é VA – VB = U.

3. Características dos geradores


3.1. Força eletromotriz (fem)
A força eletromotriz do gerador (fem), representada
por « (épsilon), é responsável pela ddp fornecida pelo ge-
rador. Por exemplo, existem pilhas com diferentes tensões,
como 1,5 V e 12 V. Essa diferença está relacionada ao tra-
balho da força elétrica no interior da pilha para mover as
cargas do terminal negativo ao positivo (do menor poten-
cial para o maior). Por definição, a fem e o trabalho estão
relacionados por:
A ddp U, disponível ao circuito externo, é igual à diferença
« = ___
​  t   ​  entre a fem e a queda de potencial interna correspondente
DQ
ao produto ri. Matematicamente, esses termos se relacio-
Em que t é o trabalho realizado e DQ é a quantidade de nam pela expressão:
carga levada do polo negativo ao positivo. U = « – ri
Observe que o termo fem, apesar de ser referido como uma
força, não é precisamente uma força, ou seja, trata-se de Os valores de « e r são constantes.
um nome inadequado. A fem representa a quantidade de
energia total transferida à unidade de carga dentro do Nota
gerador durante o processo de transformação de determi- Essa equação representa um gerador elétrico real.
nada energia em energia elétrica. Para um gerador ideal, não ocorre dissipação interna
Sempre ocorrem “perdas” energéticas nos processos fí- de energia, e, portanto, r = 0. Para o gerador ideal, a
sicos, ou seja, os dispositivos não transferem totalmente ddp e a fem são iguais ( U = «).
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a energia para os sistemas que alimentam. Essas perdas


ocorrem devido à transformação de parte da energia em
energia térmica (calor).
A fem correspondente à ddp seria o caso ideal se entre
os polos de um gerador não ocorresse perda de energia
elétrica. A ddp é constante para cada gerador.

( 
No SI, a unidade de medida de fem é volt ​lembre-se de
que V = __
C )
​ J  ​  .​ multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Diferentemente dos geradores ideais, ocorre perda de
energia elétrica nos geradores reais. Essa perda deve-se Geradores e receptores de energia elétrica
à resistência interna do gerador. Geradores elétricos reais
são representados pelo símbolo a seguir:

134
4. Potência no gerador elétrico Quando as cargas elétricas passam pelo farol, a energia po-
tencial das cargas é transformada em energia térmica (ca-
Foi visto anteriormente que a potência elétrica em um tre- lor), fazendo o filamento do farol se aquecer e emitir luz. A
cho de circuito é o produto da ddp (U) entre as extremida- bateria fornece energia potencial às cargas no polo negati-
des desse trecho pela intensidade de corrente no mesmo vo (menor potencial), enviando-as para o terminal positivo
trecho do circuito. Assim, a potência de um gerador elétrico (potencial maior). Esse ciclo é repetido enquanto a bateria
é obtida multiplicando-se a ddp do gerador pela corrente conseguir transformar energia química em energia elétrica,
elétrica no gerador: isto é, enquanto houver energia química disponível.
U = « – ri  ⇒  Ui = ei – ri2 Observe que a corrente elétrica no circuito é constante. Mes-
mo se os fios que ligam o farol à bateria fossem trocados
O primeiro termo, Ui, é a potência que o gerador fornece por fios mais espessos, o funcionamento do circuito seria o
ao circuito externo, ou seja, a potência útil Pu. Essa é a mesmo e a corrente se manteria constante. Isso ocorre por
potência disponível para um circuito elétrico externo. causa da conservação das cargas elétricas. Não pode haver
Pu = Ui acúmulo de cargas nos dispositivos do circuito. Se houvesse
acúmulo, a diferença de potencial seria variável com o tempo.
No segundo termo da equação, o valor ei corresponde à
potência total do gerador Pt:
Aplicação do conteúdo
Pt = «i
1. O gerador representado na figura a seguir é percorri-
Essa potência é o valor que seria fornecido ao circuito ex- do por uma corrente de intensidade 1 A. Calcule:
terno caso não houvesse perda de energia elétrica.
O valor ri2 é a potência dissipada internamente Pd,
ou seja, é a perda de energia elétrica que ocorre e que não
pode ser utilizada pelo circuito externo: Dados: « = 3 V; r = 0,5 V; i = 1 A; Dt = 20 s.
a) A ddp entre os terminais A e B.
Pd = ri2
b) A potência dissipada no gerador.
Essa potência é dissipada pelo gerador em forma de calor. c) O rendimento do gerador.
d) A energia disponível ao circuito externo se o gera-
O rendimento do gerador é a relação entre a potência útil dor permanecer ligado por 20 s.
e a potência total. Quanto menor for a parcela de ener-
Resolução:
gia elétrica dissipada, maior será o rendimento do gerador.
Em geral, o rendimento é representado pela letra grega h a) Pela equação do gerador, tem-se:
(eta). Assim, o rendimento h de um gerador elétrico real U = « – ri  ⇒  U = 3 – 0,5 · 1 ⇒ U = 2,5 V
é dado pelo quociente:
b) A potência dissipada é:
P U
h = __
​  u ​ = __
​   ​ Pd = ri2  ⇒ Pd = 0,5 W
Pt «
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

c) O rendimento é:
2,5
Considere o seguinte exemplo de uma aplicação da ener- ​ U
h = __ ___
« ​ ⇒  h = ​  3 ​   ⇒
gia potencial elétrica em um farol de automóvel (lâmpada)
⇒  h = 0,83  ou  n = 83%
ligado a uma bateria.
d) A energia útil (Eútil) entregue ao circuito externo é:
Eútil = Pu · ∆t  ⇒ Eútil = U i Dt  ⇒
⇒ Eútil = 2,5 · 1 · 20  ⇒ Eútil = 50 J

2. A ddp entre os terminais de uma bateria, em um cir-


cuito aberto, é de 12 V. Se houver uma corrente elétrica
de 2 A no gerador, a potência fornecida a um circuito
A bateria é a fonte de fem «, e r é sua resistência interna. externo será de 20 W. Calcule a fem e a resistência in-
O farol faz parte do circuito externo (resistência R). terna da bateria.

135
Resolução: Resolução:
Sendo « = 20 V, r = 1 V, Req = 4 V, pode-se aplicar a Lei de
Em circuito aberto, não existe corrente elétrica na bateria:
Pouillet:
i = 0  ⇒  U = «  ⇒  « = 12 V
« = (Req + r) i
A potência fornecida ao circuito externo é a potência útil:
20 = (4 + 1) i
Pu = Ui  ⇒  20 = U · 2  ⇒  U = 10 V i=4A
Pela equação do gerador, tem-se: 2. A figura ilustra um circuito formado por um gerador
elétrico que pode ser ligado a um ou dois resistores
U = « – ri  ⇒  10 = 12 – r · 2  ⇒  r = 1 V dependendo da ligação de uma chave Ch. Se a chave
Ch estiver aberta, a corrente elétrica terá intensidade
de 10 A; se a chave Ch estiver fechada, a intensidade
5. Lei de Pouillet da corrente elétrica será de 16 A. Calcule a resistência
interna r e a fem « do gerador.
Considere novamente o circuito que representava de ma-
neira simples o circuito elétrico do farol de um automóvel.
Nesse circuito, a bateria é o gerador elétrico, e o farol é um
resistor externo de resistência elétrica R.

Resolução:
Para a situação da chave aberta, obtém-se o seguinte circuito.

O físico francês Claude Pouillet (1790-1868) verificou que


a diferença de potencial entre os polos do gerador é a mes-
ma que nos terminais do resistor. Portanto:
UAB = « – ri  e  UAB = Ri
Aplicando a Lei de Pouillet, tem-se:
Igualando as equações, segue que:
« – ri = Ri « = (3 + r) · 10
Para a situação com a chave fechada, deve-se determinar a resis-
Assim, o valor de « é dado por: tência equivalente das duas resistências do circuito:
« = (R + r)i ​ 3 ​   ⇒ Req = 1,5 V
Req = __
2
Essa expressão ficou conhecida como Lei de Pouillet.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aplicação do conteúdo
1. A fem e a resistência interna de um gerador são, res-
pectivamente, 20 V e 1 V. Esse gerador é ligado direta- Aplicando a Lei de Pouillet para o circuito com essa resistência
mente a um resistor de 4 V, como na figura. Calcule a equivalente, tem-se:
intensidade da corrente elétrica no circuito.
« = (1,5 + r) · 16

O valor de « é o mesmo para ambas as equações. Assim, igualan-


do as equações, determina-se a resistência interna do gerador:
(3 + r) · 10 = (1,5 + r) · 16  ⇒  r = 1 V
Substituindo r = 1 V na primeira equação, determina-se o valor
de «:
« = (3 + 1) · 10  ⇒  « = 40 V

136
VIVENCIANDO

Os exemplos de geradores no cotidiano são diversos. Os geradores são a forma majoritária de proporcionar energia
elétrica para as redes urbanas. A Usina Hidrelétrica de Itaipu, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai, teve a sua
maior produção anual estabelecida em 2016, com a geração de 103.068.366 MWh de energia.
Os geradores tambem são utilizados em automóveis e
em outras formas de transporte. Geradores de pequena
escala também fornecem um bom suporte para as ne-
cessidades emergenciais de energia em hospitais, pré-
dios residenciais, estádios de futebol, shopping centers
e pavilhões de exposições.
Na construção civil, principalmente em obras de grande
magnitude, a falta de energia elétrica causa a paralisa-
ções das obras, o que gera atrasos e prejuízos financeiros.
Nesses casos, os geradores elétricos se apresentam como
Usina de Itaipu, localizada no rio Paraná
uma solução para obtenção de energia temporária. Em
diversas indústrias são comuns as “paradas programadas”, que acontecem para que ocorra a manutenção da rede
elétrica. Assim, o suprimento de energia no decorrer desses processos acontece por meio de geradores elétricos.

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

137
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 5
Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

Nessa aula, o aluno empregará a Habilidade 5 na montagem de circuitos com geradores, desde a utilização de
um gerador ideal até um gerador real, aprendendo a identificar suas diferenças e implicações.

HABILIDADE 6
Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas
tecnológicos de uso comum.

Faz-se necessária a interpretação correta de manuais de instalação de aparelhos elétricos. Além disso, o
aludo deve saber reconhecer a força eletromotriz fornecida e a resistência interna do gerador.

MODELO 1

(Enem) Em algumas residências, cercas eletrificadas são utilizadas com o objetivo de afastar possíveis invasores.
Uma cerca eletrificada funciona com uma diferença de potencial elétrico de aproximadamente 10.000 V. Para
que não seja letal, a corrente que pode ser transmitida através de uma pessoa não deve ser maior do que 0,01
A. Já a resistência elétrica corporal entre as mãos e os pés de uma pessoa é da ordem de 1.000 W.
Para que a corrente não seja letal a uma pessoa que toca a cerca eletrificada, o gerador de tensão deve possuir
uma resistência interna que, em relação à do corpo humano, é:
a) praticamente nula;
b) aproximadamente igual;
c) milhares de vezes maior;
d) da ordem de 10 vezes maior;
e) da ordem de 10 vezes menor.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Ótimo exercício que apresenta características de interdisciplinaridade, condizente com a prova de Ci-
ências da Natureza, mostrando que Física, Química e Biologia se relacionam normalmente. Além do
excelente diálogo com diferentes ramos da ciência, o conhecimento matemático e físico do problema
é de alto nível, exigindo do aluno o conhecimento da estrutura de um gerador elétrico.
VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Sendo r o valor da resistência interna do gerador, pela primeira Lei de Ohm segue que:
V = (r + R)i
10000 = (r + 1000)0,01
r = 99900 W ≈ 106 W
Em relação à resistência elétrica do corpo humano:
10
__​  r  ​ = ___ 6
​  3 ​ = 103
R 10
Ou seja, o valor da resistência deve ser cerca de 1.000 vezes maior.

RESPOSTA Alternativa C

138
DIAGRAMA DE IDEIAS

GERADOR

NÃO IDEAL FONTE DE TENSÃO

r≠0 IDEAL

LEI DE POUILLET r=0

U=
POTÊNCIA POTÊNCIA
TOTAL ÚTIL

POTÊNCIA
DISSIPADA

VOLUME 3  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

139
ANOTAÇÕES

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