Você está na página 1de 88

Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENCIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
© Hexag SiStema de enSino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022
Todos os direitos reservados.

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa


Hexag Sistema de Ensino

editoração eletrôniCa
Felipe Lopes Santos
Letícia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

projeto gráfiCo e Capa


Raphael de Souza Motta

imagenS
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
Pixabay (https://www.pixabay.com)

ISBN: 978-85-9542-218-6

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusi-
vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre-
sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2022
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
SUMÁRIO
QUÍMICA
FUNÇÕES INORGÂNICAS E PROPRIEDADES COLIGATIVAS 5
AULAS 27 E 28: ÓXIDOS MOLECULARES 7
AULAS 29 E 30: REAÇÕES INORGÂNICAS 13
AULAS 31 E 32: PRESSÃO DO VAPOR 22
AULAS 33 E 34: EFEITOS COLIGATIVOS 31

QUÍMICA ORGÂNICA 37
AULAS 27 E 28: ISOMERIA GEOMÉTRICA 39
AULAS 29 E 30: ISOMERIA ÓPTICA 44
AULAS 31 E 32: REAÇÕES DE ADIÇÃO 50
AULAS 33 E 34: REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO 55

TERMOQUÍMICA E CINÉTICA QUÍMICA 61


AULAS 27 E 28: TERMOQUÍMICA: VARIAÇÃO DE ENTALPIA 63
AULAS 29 E 30: TERMOQUÍMICA: LEI DE HESS 72
AULAS 31 E 32: TERMOQUÍMICA: ENERGIA DE LIGAÇÃO 78
AULAS 33 E 34: CINÉTICA QUÍMICA: VELOCIDADE MÉDIA DE UMA REAÇÃO QUÍMICA 84
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
QUÍMICA

4
CIÊNCIAS DA
FUNÇÕES
INORGÂNICAS E
PROPRIEDADES
NATUREZA
e suas tecnologias
COLIGATIVAS

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Propriedades coligativas são muito relacio- Propriedades coligativas têm maior inci-
nadas ao cotidiano; logo, é necessário en- dência e podem ser apresentadas junto a
tender como elas afetam as propriedades diversos temas da Química. É necessário
físicas das substâncias. entender a relação de como elas podem
influenciar nas propriedades físicas das
substâncias.

Propriedades coligativas podem ser rela- As propriedades coligativas vão agregar O tema de maior incidência são as proprie-
cionadas facilmente com qualquer assun- um entendimento maior nas propriedades dades coligativas, principalmente a pressão
to que aborde propriedades físicas das físicas das substâncias e são cobradas de de vapor. É cobrado junto de outros temas
substâncias. A pressão de vapor é o tema um jeito que se deva entender como essas relacionados com as análises das proprie-
mais cobrado; por isso, é importante boa propriedades influenciam em certas carac- dades físicas das substâncias, como volatili-
interpretação de gráficos e de enunciados. terísticas das substâncias. dade e temperatura de ebulição.

Propriedades coligativas têm alta incidên- Propriedades coligativas são cobradas de As propriedades coligativas são sempre re- Pressão de vapor é o tema mais cobrado e
cia, principalmente quando se trata de modo que o candidato deva relacionar da correntes e a pressão de vapor acaba sendo pode se relacionar com forças intermolecu-
questões que cobram um melhor entendi- maneira correta a sua influência nas pro- frequente; por isso, é importante entender lares, geometria da molécula, polaridade e
mento de como elas influenciam nas pro- priedades físicas dos compostos em geral. como ela influencia na volatilidade e tem- como ela afeta a temperatura de ebulição
priedades físicas dos compostos. peratura de ebulição. e volatilidade.

UFMG
As propriedades coligativas são um dos As propriedades coligativas são um dos O tema mais exigido são as propriedades
temas favoritos. É cobrado de maneira um temas favoritos. É cobrado de maneira um coligativas, em que é possível fazer uma
pouco mais aprofundada com previsão de pouco mais aprofundada com previsão de relação com boa parte da matéria que está
temperatura de ebulição e como a pressão temperatura de ebulição e como a pressão relacionada às análises das propriedades
de vapor pode influenciar as características de vapor pode influenciar as características físicas das substâncias.
das substâncias ou informar sobre elas. das substâncias ou informar sobre elas.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

As propriedades coligativas são cobradas As propriedades coligativas são o tema O tema mais recorrente são as proprieda-
principalmente na forma de pressão de mais recorrente quando se trata de ques- des coligativas, que vão agregar um enten-
vapor, e é importante entender o conceito tões que cobram um melhor entendimento dimento maior nas propriedades físicas das
e o que ele afeta, assim como uma boa de como elas influenciam nas propriedades substâncias. Pressão de vapor ocorre com
interpretação de gráficos e boa análise da físicas dos compostos. frequência, sendo importante entender
situação descrita no enunciado. como ela trabalha com a volatilidade e
temperatura de ebulição.

6
SO3          N2O
trióxido de enxofre     monóxido de dinitrogênio

N2O4          P2O5
tetróxido de dinitrogênio     pentóxido de difósforo

ÓXIDOS
MOLECULARES

multimídia: vídeo

CN AULAS Fonte: Youtube

27 E 28 Tudo sobre gelo seco

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5, 6 e 7 17, 21, 24, 25, 26 e 27

2. Caráter ácido-base dos óxidos


moleculares ou covalentes
1. Óxidos moleculares Assim como os óxidos iônicos, os óxidos moleculares pos-
ou covalentes suem caráter variado: ácido (maioria), anfótero e neutro.

Óxidos moleculares ou covalentes são óxidos formados por 1. Óxidos ácidos: reagem com água, formando o seu
ametais e oxigênio. respectivo ácido; reagem com bases, formando sal e água.
São denominados óxidos ácidos devido à sua propriedade
ácida, similar a ácido.
1.1. Fórmula geral Exemplos:
ExOy SO3(g) + H2O(ℓ) → H2SO4 (aq)
trióxido de
ácido sulfúrico
Na qual E é um ametal: C , Si , N , P , S , Cℓ , Br , I. enxofre

Nota: Se o ametal E for o flúor, não haverá óxidos, mas P2O5 (g) + 3 H2O (ℓ) → 2 H3PO4 (aq)
compostos denominados fluoretos de oxigênio: OF2, O2F2. pentóxido
ácido fosfórico
de difósforo
De modo geral, não se determina a fórmula de um óxido
CO2 (g) + 2 NaOH(aq) → Na2CO3 (aq) + H2O(ℓ)
molecular somente pelo conhecimento do ametal, uma vez
que é muito comum que ele dê origem a mais de um óxido. dióxido de hidróxido carbonato
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

carbono de sódio de sódio


É o caso, por exemplo, do carbono, que pode dar origem a
dois óxidos: CO e CO2. N2O5 (g) + Ba(OH)2 (aq) → Ba(NO3)2 (aq) + H2O(ℓ)
pentóxido de hidróxido
nitrato de bário
dinitrogênio de bário
1.2. Nomenclatura
São empregados prefixos para indicar as quantidades de 2. Óxidos anfóteros: os óxidos anfóteros se comportam
átomos do ametal e do oxigênio: tanto como óxido básico quanto como óxido ácido, apresen-
tando um caráter intermediário entre os dois óxidos (como
foi explicado na parte de óxidos iônicos). Alguns óxidos de
1 mono 2 di 3 tri 4 tetr 5 pent 6 hex
semimetais possuem características anfóteras, como óxido
de arsênio (Ex: As2O3) e de antimônio (Ex: Sb2O3).
Exemplos: 3. Óxidos neutros: também denominados óxidos indi-
CO          CO2 ferentes, são óxidos que não reagem com água, nem com
monóxido de carbono     dióxido de carbono ácidos e nem com bases. Os mais comuns são monóxido

7
de carbono (CO), monóxido de nitrogênio (NO) e monóxi- H–O–O–H
do de dinitrogênio (N2O).
Em termos de reatividade, os peróxidos reagem com água
Nota: O fato de serem “neutros” ou “indiferentes” não ou com ácidos diluídos, produzindo água oxigenada (H2O2).
significa que eles não possam participar de outras reações.
Exemplos:
O CO, por exemplo, pode sofrer combustão:
2 CO (g) + O2 (g) → 2 CO2 (g) Na2O2(s) + 2 H2O (ℓ) → 2 NaOH (aq) + H2O2 (ℓ)

3. Peróxidos peróxido hidróxido


de sódio de sódio
Peróxidos são compostos que apresentam o ânion [O–O] = O e
2– 2–
2
têm o oxigênio em estado de oxidação (carga) igual a –1.
Exemplos: K2O2(s) + 2 HC, (ℓ) → 2 KC, (aq) + H2O2 (ℓ)
Na+ O22– → Na2O2     Ca2+ O22– → CaO2
peróxido de sódio        peróxido de cálcio peróxido cloreto de
de potássio potássio
O peróxido de hidrogênio, cuja solução aquosa é denomi-
nada água oxigenada, é molecular, embora apresente o
grupo – O – O –:

4. Principais óxidos moleculares


Fórmula Nome Observação
É um gás levemente inflamável, incolor, inodoro e muito tóxico. É produzido pela combus-
tão incompleta de compostos contendo carbono. É utilizado como agente redutor, retiran-
CO Monóxido de carbono
do oxigênio de muitos compostos em processos industriais, como na produção de ferro e
de outros metais a partir de seus minérios.

É um gás incolor e inodoro. É produzido pela combustão completa de compostos contendo


CO2 Dióxido de carbono carbono. É um dos compostos essenciais para a realização da fotossíntese. É um dos gases
responsáveis pelo efeito estufa.

É um gás denso, incolor, não inflamável e altamente tóxico. É produzido naturalmente por
vulcões e pela combustão de compostos de enxofre. É um dos principais causadores da chuva
SO2 Dióxido de enxofre
ácida. Pode ser usado como desinfetante, conservante de alimentos, antisséptico, descoloran-
te (ou branqueador) e antibacteriano.

É um gás incolor, irritante, corrosivo e que reage violentamente com a água. É obtido por
SO3 Trióxido de enxofre
meio da oxidação do dióxido de enxofre. É um dos principais causadores da chuva ácida.

Gás tóxico incolor, é produzido nos motores de combustão interna devido à alta tempera-
NO Monóxido de nitrogênio tura. A ocorrência de raios também fornece energia suficiente para que os gases oxigênio e
nitrogênio reajam gerando NO. Contribui para a degradação da camada de ozônio.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Gás de cor castanho-avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. Ele pode ser
NO2 Dióxido de nitrogênio formado nos motores de combustão interna ou pela reação do NO com O2. É um dos gases
responsáveis pela formação de smog fotoquímico e chuva ácida.

Conhecido como sílica, é o óxido mais abundante na crosta terrestre. Pode se apresentar
SiO2 Dióxido de silício desde a forma de areia até a forma de cristais de quartzo. É matéria-prima básica para a
produção de vidro e usado principalmente na indústria eletroeletrônica.

5. Chuva ácida
1. O enxofre é uma impureza frequente nos combustíveis fósseis, principalmente no carvão mineral e no petróleo, que, ao
serem queimados, promovem a combustão desse elemento de acordo com as seguintes reações químicas:
S(s) + O2(g) → SO2(g)
2 SO2(s) + O2(g) → 2 SO3(g)

8
O enxofre e os óxidos de enxofre também podem ser lan- As evidências do aumento nos níveis de chuva ácida vêm
çados na atmosfera pelos vulcões. da análise das camadas de gelo oriundas dos glaciares.
Desde a Revolução Industrial, vem se verificando uma re-
Os óxidos ácidos formados reagem com água para formar
pentina diminuição do pH da chuva de 6 para 4,5 ou 4.
o ácido sulfúrico (H2SO4), de acordo com a equação:
Também vem sendo observado um aumento das emissões
SO3(g) + H2O(,) → H2SO4(aq)
de óxidos de enxofre e nitrogênio na atmosfera. As indús-
Pode ocorrer também a seguinte reação, da qual se forma trias e as centrais termoelétricas queimam combustíveis
o ácido sulfuroso (H2SO3): fósseis, principalmente carvão mineral, cuja combustão é a
principal origem desses gases.
SO2(g) + H2O(,) → H2SO3(aq)
2. O nitrogênio (N2) é um gás pouco reativo e muito
abundante na composição da atmosfera. Para reagir com
o oxigênio do ar, precisa de grande quantidade de energia,
como a liberada numa descarga elétrica ou no funciona-
mento de um motor de combustão. Esses motores são os
maiores responsáveis pela reação de oxidação do nitro-
gênio. Ao reagirem com água, os óxidos formam ácido
nitroso (HNO2) e ácido nítrico (HNO3). multimídia: livro
Na câmara de combustão dos motores, ocorre a seguinte reação:
N2(g) + O2(g) → 2 NO(g) Química Ambiental, 4.ª ed., 2011, de Colin Baird
O monóxido de nitrogênio sofre oxidação: Essa edição oferece um capítulo específico sobre o ge-
2 NO(g) + O2(g) → 2 NO2(g) renciamento de resíduos, uma abordagem ampliada da
toxicologia elementar, dos combustíveis alternativos e da
O dióxido de nitrogênio (NO2) formado, em contato com a disposição de resíduos, além de novas informações sobre
água proveniente da chuva, forma ácidos de acordo com a tópicos muito importantes: o uso da energia, a toxico-
seguinte equação: logia, os hormônios ambientais, o tratamento de águas
subterrâneas e residuais e a disposição do lixo tóxico.
2 NO2(g) + H2O(,) → HNO3(aq) + HNO2(aq)

VIVENCIANDO

A chuva ácida é a designação dada à chuva ou a qualquer outra forma de precipitação atmosférica cuja acidez seja
substancialmente maior que a resultante do dióxido de carbono (CO2) atmosférico dissolvido na água precipitada.
A principal causa da acidificação é a presença na atmosfera terrestre de gases e partículas ricas em enxofre e azoto
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

reativo, cuja hidrólise no meio atmosférico produz ácidos fortes. Assumem particular importância os compostos azo-
tados (NOx) gerados pelas altas temperaturas de queima dos combustíveis fósseis e os compostos de enxofre (SOx)
produzidos pela oxidação das impurezas sulfurosas existentes na maior parte dos carvões e petróleos.
Chuva ácida não seria uma expressão quimicamente adequada, pois, para a Química, toda chuva é ácida devido à
presença do ácido carbônico (H2CO3); no entanto, para a Geografia, toda chuva com pH abaixo do NT (nível de tole-
rância pH), igual a aproximadamente 5,5, é considerada ácida.
A chuva ácida pode acarretar sérios danos às trutas, por exemplo, uma vez que, caso caia em um ambiente lacustre
de trutas, abaixo ou acima do NT, os peixes morrerão. Os efeitos ambientais da precipitação ácida levaram diversos
países a tomarem medidas legais restritivas à queima de combustíveis ricos em enxofre, exigindo a adoção de tecno-
logias de redução das emissões de azoto reativo na atmosfera.

9
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Todas as pessoas e animais correm risco de envenenamento por monóxido de carbono. Os sintomas mais comuns do
envenenamento são: dores de cabeça e no peito, tonturas, confusão, fraqueza, náuseas e vômitos. Esses sintomas podem
facilmente ser confundidos com outras enfermidades, como constipação ou intoxicação alimentar. Em casos mais graves,
podem ocorrer perda de consciência e morte. A longo prazo, podem surgir sequelas cardíacas e neuronais.
Depois de inalado e difundido para os vasos sanguíneos, o monóxido de carbono combina com a hemoglobina,
formando carboxi-hemoglobina, com muito mais afinidade que o oxigênio (200 a 240 vezes superior), diminuindo a
quantidade de hemoglobina disponível para o transporte de oxigênio. Assim, caso os mecanismos compensatórios
falhem em manter o fornecimento do oxigênio, pode ocorrer o desenvolvimento de hipoxia tecidular.
O monóxido de carbono também inibe a citocromo C oxidase mitocondrial, que tem efeitos de nível inflamatório,
aumentando o estresse oxidativo perivascular.
Os recém-nascidos, crianças pequenas, idosos e pessoas com doenças cardíacas crônicas, problemas respiratórios ou
anemia fazem parte do grupo de risco devido a sua maior suscetibilidade aos efeitos desse gás.
A exposição a doses relativamente elevadas em pessoas saudáveis pode provocar problemas de visão, redução da
capacidade de trabalho, redução da destreza manual, diminuição da capacidade de aprendizagem, dificuldade na
resolução de tarefas e até mesmo levar à morte.
Concentrações abaixo de 400 ppm no ar causam dores de cabeça e, acima desse valor, são potencialmente fatais,
tanto para plantas e animais quanto para alguns microrganismos.
O monóxido de carbono está associado ao desenvolvimento de doença isquêmica coronária, resultado da interferência
com a oxigenação do miocárdio e do aumento da adesividade das plaquetas e dos níveis de fibrinogênio, o que ocorre
principalmente com os fumantes.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

10
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

Uma das formas de controle da chuva ácida é a diminuição da emissão de gases responsáveis pela for-
mação da chuva ácida, como o SO2, o SO3, etc. Conforme o avanço tecnológico foi se expandido, mais
indústrias foram criadas para aguentar o ritmo acelerado de desenvolvimento, gerando um aumento dos
poluentes. Assim, é importante saber interpretar meios de formação da chuva ácida.

MODELO 1

(Enem) Muitas indústrias e fábricas lançam para o ar, através de suas chaminés, poluentes prejudiciais às plan-
tas e aos animais. Um desses poluentes reage quando em contato com o gás oxigênio e a água da atmosfera,
conforme as equações químicas:
Equação 1: 2 SO2 + O2 → 2 SO3
Equação 2: SO3 + H2O → H2SO4
De acordo com as equações, a alteração ambiental decorrente da presença desse poluente intensifica o(a):
a) formação de chuva ácida;
b) surgimento de ilha de calor;
c) redução da camada de ozônio;
d) ocorrência de inversão térmica;
e) emissão de gases de efeito estufa.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A análise das alternativas permite chegar à conclusão de que a única alternativa correta é a A, pois
nela se confirma o conceito de óxidos ácidos que, ao reagirem com a água, formam seu respectivo
ácido, danificando o ecossistema.

RESPOSTA Alternativa A

VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

11
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA PODE SER


INORGÂNICA
QUÍMICA

COMO

PODEM SER ÓXIDOS FORMADOS POR


MOLECULARES

ÁCIDOS NEUTROS AMETAL OXIGÊNIO

AO NÃO REAGEM COM ÁCIDOS,


REAGIREM BASES OU ÁGUA
COM

FORMAM
BASES SAL + ÁGUA

FORMAM
ÁGUA ÁCIDO
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

12
§ Combustão de substâncias simples – reação com
o oxigênio (O2) produzindo óxidos:
2 Mg (s) + O2 (g) → 2 MgO (s)
2 Ca (s) + O2 (g) → 2 CaO (s)
REAÇÕES S (s) + O2 (g) → SO2 (g)

INORGÂNICAS C (s) + O2 (g) → CO2 (g)


combustão completa do carbono

C (s) + ½ O2 (g) → CO (g)


combustão incompleta do carbono

§ Síntese de hidrácidos:

CN AULAS H2 (g) + Cℓ2 (g) → 2 HCℓ (g)


29 E 30 H2 (g) + F2 (g) → 2 HF (g)

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
§ Reação de óxidos com água
5, 6 e 7 17, 19, 21, 24, 25, 26 e 27 Óxidos básicos:

óxidos básicos + água → bases

1. Classificação das CaO (s) + H2O (ℓ) → Ca(OH)2 (s)

reações químicas MgO (s) + H2O (ℓ) → Mg(OH)2 (s)


Na2O (s) + H2O (ℓ) → 2 NaOH (s)
Uma das diversas maneiras de classificar as reações consis-
te em relacionar o número de substâncias que reagem e o Óxidos ácidos:
número de substâncias originadas dessa reação.
óxidos ácidos + água → ácidos

2. Reações de síntese CO2 (g) + H2O (ℓ) → H2CO3 (aq)*


ou adição *Esse ácido só existe em solução aquosa.
Reações de síntese ou adição ocorrem quando dois ou
SO3 (g) + H2O (ℓ) → H2SO4 (ℓ)
mais reagentes originam um único produto.

A+B→C § Reações entre óxidos ácidos e óxidos básicos

Exemplo: óxidos ácidos + óxidos básicos → sais


O magnésio reage com o oxigênio do ar produzindo óxido
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de magnésio: CaO (s) + CO2 (s) → CaCO3 (s)

2 Mg(s) + O2 (g) → 2 MgO(s) MgO (s) + SO3 (g) → MgSO4 (s)

2.1. Reações importantes


§ Síntese da água:
2 H2 (g) + O2 (g) → 2 H2O (g)

§ Síntese da amônia: multimídia: vídeo


N2 (g) + 3 H2 (g) → 2 NH3 (g) Fonte: Youtube
§ Síntese do amoníaco: O metal que faz a água explodir (Superquímica)
NH3 (g) + H2O (ℓ) → NH4OH (aq)

13
3. Reações de análise § Decomposição do ácido carbônico (instável):
H2CO3 (aq) → H2O (ℓ) + CO2 (g)
ou decomposição H2SO3 (aq)* → H2O (ℓ) + SO2 (g)
Ocorrem quando um único reagente dá origem a dois ou *O ácido sulfuroso (H2SO3) também se decompõe.
mais produtos:
A→B+C § Decomposição do hidróxido de amônio (instável):
NH4OH (aq) → H2O (ℓ) + NH3 (g)**
Exemplo:
**Essa base só existe em solução aquosa.
O NaN3(s) decompõe-se em Na (s) e N2(g) (gás que infla os air
bags dos automóveis).
2 NaN3 (s) → 3 N2 (g) + 2 Na (s) 4. Reações de simples
troca ou deslocamento
3.1. Reações importantes
Ocorrem quando uma substância simples reage com uma
§ Pirólise – decomposição térmica (D, aquecimento). composta, dando origem a uma nova substância simples e
Exemplos importantes são as decomposições térmicas dos a uma nova substância composta.
carbonatos e bicarbonatos: A + XY → AY + X
D
CaCO3 (s) → CaO (s) + CO2 (g) Exemplo:
decomposição térmica do calcário que produz cal virgem
Quando uma lâmina de zinco é mergulhada numa solução
D
aquosa de ácido clorídrico, ocorrem formação de cloreto de
MgCO3 (s) → MgO (s) + CO2 (g) zinco e liberação de gás hidrogênio:
Zn (s) + 2 HCℓ (aq) → ZnCℓ2 (aq) + H2 (g)
D
2 NaHCO3 (s) → Na2CO3 (s) + CO2 (g) + H2O (g)
fermento químico à base de bicarbonato de sódio
Para que essas reações ocorram, é necessário que as subs-
tâncias simples sejam mais reativas do que o elemento da
D substância composta que será deslocado.
(NH4)HCO3 (s) → NH3 (g) + CO2 (g) + H2O (g)
fermento químico à base de bicarbonato de amônio A + XY → AY + X

§ Fotólise – decomposição provocada pela luz: Se A é mais reativo que X, logo ele será deslocado por A.
Essa substância simples, denominada simplificadamente
Luz
2 H2O2 (ℓ) → 2 H2O (ℓ) + O2 (g) de A, pode ser um metal ou um ametal.
decomposição da água oxigenada

Luz
2 AgCℓ (s) → 2 Ag (s) + Cℓ2 (g)
sal de prata em filme fotográfico

§ Eletrólise – decomposição provocada pela passagem


VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de corrente elétrica:

2 H2O (ℓ) corrente elétrica 2 H2 (g) + O2 (g) Reação entre ácido clorídrico e alumínio metálico.
eletrólise da água

corrente elétrica
2 NaCℓ (ℓ) 2 Na + Cℓ
(s) 2 (g)
processo industrial de obtenção de sódio metálico e gás cloro

corrente elétrica
2 Aℓ2O3 (ℓ) 4 Aℓ + 3 O
(ℓ) 2 (g)
processo industrial de obtenção de alumínio

§ Catálise – decomposição em presença de um catalisador:


catálise
2 H2O2 (ℓ) 2 H2O (ℓ) + O2 (g) Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s)
decomposição catalisada da água oxigenada Zinco deslocando o cobre

14
VIVENCIANDO

O principal componente dos antiácidos é o bicarbonato de sódio. Conhecido quimicamente como NaHCO3, é um pó
branco que constitui uma mistura cristalina solúvel em água. Esse composto é classificado como alcalino solúvel e é
denominado hidrogenocarbonato de sódio.
O bicarbonato de sódio, quando diluído, libera gás carbônico, segundo a equação:
NaHCO3 + HC, → NaCℓ + H2O + CO2

Como é possível observar, os produtos da reação são: cloreto de sódio, água e dióxido de carbono (gás carbô-
nico), respectivamente.
Note que, na presença de água, o NaHCO3 reage com ácidos, liberando CO2(g), responsável pela efervescência. Ao
ingerir o antiácido, o indivíduo percebe a presença do dióxido de carbono por causa da liberação de gás pela boca.
Os antiácidos estomacais neutralizam o excesso de HCℓ (ácido clorídrico, que auxilia na digestão dos alimentos)
do suco gástrico presente no estômago. O desconforto estomacal pode ser ocasionado por má alimentação, que
estimula o estômago a produzir mais ácido clorídrico para auxiliar na digestão, ou ainda por ansiedade e nervosismo.
Essas duas situações ocasionam o desequilíbrio da acidez estomacal.
No entanto, o antiácido possui o seu lado negativo. Como tudo em excesso é prejudicial, se for feita a neutralização do
ácido gástrico diariamente, ocorrerá um aumento de gases no estômago em razão da liberação de CO2 dos efervescentes.

4.1. Reatividade dos metais Consultando a fila de reatividade, é possível prever a ocor-
rência ou não de uma reação de deslocamento.
Quando uma lâmina de zinco é mergulhada numa solução
aquosa de sulfato de cobre, a solução descolore-se e um de-
pósito avermelhado de cobre recobre a lâmina de zinco. Tra-
4.1.1. Reações típicas
ta-se de uma reação que equivale à seguinte representação: § Reações de ataque de ácidos a metais – ocorrem
Zn (s) + CuSO4 (aq) → ZnSO4 (aq) + Cu (s) tão somente nos metais mais reativos que o hidrogênio:
Como os sais em solução aquosa se encontram dissociados, Mg (s) + 2 HCℓ (aq) → MgCℓ2 (aq) + H2 (g)
a representação dessa reação na forma iônica equivale a:
2 Aℓ (s) + 6 HCℓ (aq) → 2 AℓCℓ3 (aq) + 3 H2 (g)
Zn (s) + Cu2+ (aq) + SO42– (aq) → Zn2+ (aq) + SO42– (aq) + Cu (s)
ou Fe (s) + 2 HCℓ (aq) → FeCℓ2 (aq) + H2 (g)
Zn (s) + Cu2+ (aq) → Zn2+ (aq) + Cu (s)
Magnésio, alumínio e zinco (mais reativos) deslocam o hi-
O que comprova que o zinco é mais reativo que o cobre. drogênio (menos reativo).
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Mediante uma série de reações, foi possível estabelecer Cu (s) + HCℓ (aq) → não há reação
uma fila de reatividade comparativa dos metais, que Au (s) + HCℓ (aq) → não há reação
pode ser representada genericamente por:
Cobre e ouro (menos reativos) não deslocam o hidrogênio
K > Na > Li > Ca > Mg > Aℓ > Zn > Fe > Ni > Pb > H > (mais reativo).
Cu > Hg > Ag > Pt > Au
§ Reações de ataque de soluções aquosas de sais
Os metais menos reativos do que o hidrogênio – Cu, Hg, a metais:
Ag, Pt, Au – são denominados metais nobres.
Zn (s) + CuSO4 (aq) → Cu (s) + ZnSO4 (aq)
A fila de reatividade pode ser representada de maneira
simplificada: Zinco (mais reativo) desloca cobre (menos reativo).

metais alcalinos e alcalino-terrosos > outros metais > H > Ag (s) + FeCℓ2 (aq) → não há reação
metais nobres
Prata (menos reativa) não desloca o ferro (mais reativo).

15
4.2. Reatividade dos ametais AB + XY → AY + XB
Ao misturar uma solução aquosa de C,2 (água de cloro)
a uma solução aquosa de KI, nota-se o aparecimento de Exemplo:
uma coloração castanha característica da formação de I2. Pb(NO3)2 (aq) + 2 KI (aq) → 2 KNO3 (aq) + PbI2 (s)
sais incolores     sal pouco
A reação ocorrida pode ser representada de algumas ma-
solúvel amarelo
neiras. Primeiramente da reação de forma geral:
Cℓ2 (aq) + 2 KI (aq) → 2 KCℓ (aq) + I2 (aq)

E também na sua forma iônica:


5.1. Condições para ocorrência
Cℓ2(aq) + 2 K+ (aq) + 2 I– (aq) → 2 K+ (aq) + 2 Cℓ– (aq) + I2 (aq)
de uma reação de dupla troca
ou Reações de dupla troca ocorrem apenas quando ao menos
Cℓ2 (aq) + 2 I– (aq) → 2 Cℓ– (aq) + I2 (aq) uma das três condições a seguir é satisfeita.
a) Um dos produtos é insolúvel ou menos solú-
Como o cloro (C,) deslocou o iodo (I), é possível con- vel que os reagentes.
cluir que ele é mais reativo do que o iodo.
A tabela a seguir mostra a solubilidade de substâncias de
Mediante reações semelhantes, foi determinada uma fila acordo com o ânion e o cátion que as compõem:
de reatividade dos ametais:
Ânion Solubilidade Exceções
F > O > N > Cℓ > Br > I > S > C

CH3COO– Solúveis –––


4.2.1. Reações típicas
NO3– Solúveis –––
F2 (g) + 2 NaCℓ (aq) → 2 NaF (aq) + Cℓ2 (g)
Cℓ–, Br–, I– Solúveis Ag+, Hg2+, Pb2+
Flúor é mais reativo, por isso desloca o cloro.
Cℓ2 (g) + 2 NaBr (aq) → 2 NaCℓ (aq) + Br2 (ℓ) SO42– Solúveis Ca2+, Sr2+, Ba2+, Pb2+

Cloro é mais reativo, por isso desloca o bromo.


S2–- , OH– Insolúveis 1A, 2A e NH4+
I2 (s) + CaCℓ2 (aq) → não há reação
Iodo é menos reativo, por isso não desloca o cloro. Demais Insolúveis 1A e NH4+

Exemplo:
A reação entre NaC, e AgNO3 ocorre graças à formação de
um composto insolúvel/pouco solúvel (AgC,).
A representação da reação na forma iônica entre NaC, e
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

AgNO3 segue a seguinte regra:


“Separar os íons dos compostos solúveis e cancelar os íons
que não formam o composto insolúvel”.
Na+ (aq) + Cℓ– (aq) + Ag+ (aq) + NO3– (aq) → AgCℓ(s) + Na+(aq) + NO3– (aq)
ou
C,–
(aq)
+ Ag +
(aq)
→ AgCℓ (s)
Reação entre água de cloro (Cℓ2) e iodeto de potássio (KI). O aparecimento
da cor castanha ocorre devido à formação de I2, deslocada pelo cloro.
A equação iônica simplificada mostra que os íons Ag+ com-
binam-se com os íons C,– e precipitam-se como cloreto de
5. Reações de dupla troca prata, AgC,.

Ocorrem quando dois reagentes compostos (formados por, Outro exemplo:


no mínimo, dois elementos) reagem entre si. Ao trocarem Pb(NO3)2 (aq) + 2 NaI (aq) → PbI2 (s) + 2 NaNO3 (aq)
seus componentes, dão origem a dois novos compostos. precipitado

16
Exemplos:
NaCℓ (s) + H2SO4(aq) → Na2SO4 (aq) + 2 HC,(aq)
ácido fixo   ácido volátil
Na2CO3 (aq) + H2SO4 (aq) → Na2SO4 (aq) + H2O(,) + CO2 (g)
gás
Substâncias instáveis que se decompõem e formam gás:
H2CO3(aq) H2O() + CO2(g)
H2SO3 (aq) H2O(,) + SO2(g)
NH4OH (aq) NH3 (g) + H2O(,)

Formação do iodeto de chumbo (II) (PbI2), um precipitado amarelo. multimídia: site


b) Um dos produtos é mais fraco ou menos io-
nizado que os reagentes. manualdaquimica.uol.com.br/fisico-quimica/reativida-
A força dos ácidos já foi estudada anteriormente. de-dos-metais.htm
A tabela a seguir mostra a força das bases (hidróxidos).
Aplicação do conteúdo
Força e Solubilidade Bases
1. (Vunesp) Nas estações de tratamento de água, uma
Fortes e Solúveis Família 1A
das etapas do tratamento para obtenção de água po-
tável consiste na eliminação das impurezas que se en-
Fortes e Parcialmente Solúveis Família 2A, exceto o Mg(OH)2 contram em suspensão. Isso é feito produzindo-se hi-
dróxido de alumínio e sulfato de cálcio na superfície da
Fracas e Insolúveis Famílias B, incluindo o Mg(OH)2 água a ser tratada. O hidróxido de alumínio atua como
floculante, arrastando consigo as impurezas sólidas
Fraca e Solúvel NH4OH para o fundo do tanque de decantação. Com base nas
informações fornecidas, os compostos utilizados nas es-
tações de tratamento de água são:
Exemplos: a) AℓCℓ3 e NaOH.
H2SO4(aq) + 2 NaNO2(aq) → Na2SO4(aq) + 2 HNO2(aq) b) Aℓ(NO3)3 e KOH.
ácido forte            ácido fraco c) Aℓ2(SO4)3 e KOH.
molecular
(pouco ionizado) d) Aℓ2(SO4)3 e Na2CO3.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

HCℓ(aq) + NaOH(aq) → NaCℓ(aq) + H2O(ℓ) e) Aℓ2(SO4)3 e Ca(HCO3)2.


muito ionizável   iônico   iônico
Resolução:
c) Um dos produtos é mais volátil do que os
reagentes ou ocorre a formação de gás. Nas estações de tratamento de água, a floculação é realiza-
Volatilidade é a tendência a se vaporizar (passar do estado da comumente com a adição de Aℓ2(SO4)3 e cal (CaO) ou cal
líquido para o gasoso). hidratada (Ca(OH)2), por causa da eficiência e economia. O
meio básico necessário para a precipitação do agente flocu-
§ Os hidrácidos são em geral gases (muito voláteis). lante (Aℓ2(SO4)3) também pode ser adquirido com o uso do
Ca(HCO3)2. As equações químicas relativas ao processo são:
§ Os oxiácidos são geralmente líquidos voláteis, com exce-
ção do H2SO4 e do H3PO4, que, em virtude da pouca ten- Ca(HCO3)2 → Ca2+ + 2 HCO3-
dência a se vaporizarem, são denominados ácidos fixos. HCO3- + H2O → <H2CO3> + OH-
§ Bases e sais são fixos, à exceção do NH4OH, que é volá- Aℓ2(SO4)3 + 6 OH- → 2 Aℓ(OH)3 + 3 SO42-
til, uma vez que se decompõe em NH3 (g) e H2O. Ca2+ + SO42- → CaSO4

17
Equação Global: O ânion CℓO- sofre hidrólise, liberando OH- para o meio
(ânion de ácido fraco). Assim, mesmo o NaOH reagindo, o
Aℓ2(SO4)3 (aq) + 3 Ca(HCO3)2 (aq) + 6 H2O(ℓ)
meio ainda continua básico, não fazendo a cor da fenolfta-
→ 2 Aℓ(OH)3(s) + 3 CaSO4(s) + <CO2 + H2O> leína desaparecer.
Alternativa E Logo, a reação que ocorreu foi:

2. A adição de glicose sólida (C6H12O6) a clorato de po- C6H12O6(s) + 3 KCℓO4(,) → 6 CO2(g) + 6 H2O(g) + 3 KCℓ(s)
tássio (KCℓO3) fundido, a 400°C, resulta em uma reação
que forma dois produtos gasosos e um sólido cristalino. Alternativa B
Quando os produtos gasosos formados nessa reação,
e resfriados à temperatura ambiente, são borbulha-
dos em uma solução aquosa 0,1 mol/L de hidróxido de
sódio, contendo algumas gotas de fenolftaleína, veri-
fica-se a mudança de cor dessa solução de rosa para
incolor. O produto sólido cristalino apresenta alta con-
dutividade elétrica, tanto no estado líquido como em
solução aquosa. Assinale a opção CORRETA que apre-
senta os produtos formados na reação entre glicose e
clorato de potássio:
multimídia: livro
a) C,O2(g), H2(g), C(s).
b) CO2(g), H2O(g), KC,(s).
c) CO(g), H2(g), KC,O4(s). Química Inorgânica, 4.ª ed., de Shriver & Atkins
d) CO(g), CH4(g), KC,O2(s). A química inorgânica é um tema importante e amplo,
e) C,2(g), H2O(g), K2CO3(s) abrangendo mais de 100 elementos. Esse livro trata
dos fundamentos químicos e dos fatos relevantes sobre
Resolução:
compostos inorgânicos de uma maneira precisa e clara.
De acordo com a questão, a reação entre glicose sólida O conteúdo foi selecionado para oferecer uma visão equili-
e clorato de potássio fundido formou três produtos, dos brada do tema, enfatizando os aspectos mais importantes.
quais dois são gasosos e um sólido. Os fenômenos químicos são interpretados de maneira con-
O produto sólido formado apresenta alta condutividade elé- textualizada. As reações e as estruturas estão inseridas em
trica, tanto no estado líquido como em solução aquosa. Isso modelos e conceitos químicos abrangentes.
é uma característica de um composto iônico; ou seja, um O texto é enriquecido por inúmeras ilustrações, os
dos produtos formados é um composto iônico, podendo ser exemplos esclarecem questionamentos fundamentais, e
o item b, c, d ou e (carbono sólido não é composto iônico). os exercícios e problemas no fim dos capítulos reforçam
Os gases formados foram borbulhados na solução de hi- a importância da Química no cotidiano.
dróxido de sódio (NaOH) e foi verificada a mudança de cor,
de rosa (meio básico) para incolor (meio neutro/ácido). Isso
mostra que algum dos gases formados reagiu com a base,
neutralizando-o. Ou seja, o gás formado tem propriedades
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ácidas. Dentre as alternativas, somente o item b possui um


gás com propriedades ácidas, o CO2 (CO, H2 e CH4 não re-
agem com a base; Cℓ2 reage com a base, mas não acidifica
o meio a ponto de fazer a cor rosa desaparecer):
C,2 (g) + 2 NaOH(aq) → NaCℓ(aq) + NaCℓO(aq) + H2O(ℓ)
NaCℓO (aq) → Na+ (aq) + CℓO-(aq)
CℓO-(aq) + H2O(,) → HCℓO(aq) + OH-(aq)

18
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O titânio e suas ligas são utilizados principalmente devido às suas propriedades mecânicas, adequadas para muitas
aplicações, entre as quais se sobressai uma elevada razão de resistência mecânica/peso. Por outro lado, para algumas
outras aplicações, a principal propriedade do titânio e suas ligas é a elevada resistência à corrosão, que possibilita
seu uso numa ampla variedade de aplicações, como em componentes aeronáuticos, navais e para a utilização na
indústria química.
O titânio comercialmente puro é altamente resistente à corrosão nos ambientes naturais, incluindo água do mar,
fluidos corpóreos e sucos de frutas e de vegetais em geral. O titânio submetido à exposição contínua à água do mar
por cerca de 18 anos apresenta somente uma descoloração superficial. Cloro úmido, enxofre fundido, muitos com-
postos orgânicos (incluindo ácidos e compostos cloretados) e a maioria dos ácidos oxidantes não apresentam efeito
significativo nesse metal. O titânio é usado com frequência na manipulação de soluções salinas (incluindo cloretos,
hipocloretos, sulfatos e sulfetos), gás cloro úmido e soluções de ácido nítrico.
Por outro lado, sais concentrados em temperaturas mais altas, como solução fervente de 30% de AℓCℓ3 em água ou
solução fervente de 70% de CaCℓ2 em água, provocam corrosão no titânio. Soluções quentes ou concentradas de
HCℓ, H2SO4, H3PO4 e ácido oxálico também representam alto risco de corrosão no titânio. Em geral, soluções ácidas
e redutoras corroem o titânio, a não ser que seja realizado o uso de inibidores de corrosão. Contudo, substâncias
fortemente oxidantes, como ácido nítrico com fumaça vermelha e 90% H2O2, podem causar ataque corrosivo no
titânio. Compostos fluoretados ionizáveis, como NaF e HF, ativam a superfície e podem causar corrosão rápida. Nesse
aspecto, o gás cloro seco é especialmente nocivo.
O titânio apresenta limitada resistência à oxidação ao ar em temperaturas superiores a cerca de 650 ºC e interage
com o oxigênio, que se dissolve intersticialmente em temperaturas tão baixas quanto a 427 ºC. Cloretos e hidró-
xidos depositados na superfície do titânio podem acelerar a oxidação. A exposição ao oxigênio líquido ou gasoso,
ao tetróxido de nitrogênio e ao ácido nítrico com fumaça vermelha pode causar reação violenta com o titânio sob
carregamento em impacto.
O titânio pode ser usado como recipiente de hidrogênio líquido ou supercrítico em temperaturas criogênicas, mas,
acima de –100 ºC, o hidrogênio pode ser absorvido e se difundir numa liga, o que pode fragilizar severamente o
titânio. O potencial de fragilização aumenta quando as taxas de difusão do hidrogênio são altas ou quando ocorrem
danos ao revestimento protetor do titânio.
No titânio comercialmente puro e em muitas de suas ligas, zonas de solda são tão resistentes à corrosão quanto o
metal base. Outros processos de fabricação (como o dobramento e a usinagem) também parecem não influenciar
significativamente a resistência à corrosão desse tipo de material.
O titânio comercialmente puro (CP) é o material preferido para a construção de equipamentos usados para o pro-
cessamento de salmouras, na fabricação de bombas, tubulações, fontes de calor, trocadores de calor, cristalizadores,
evaporadores, condensadores e muitos outros dispositivos submetidos à ação corrosiva das salmouras. De modo
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

geral, as ligas de titânio são menos resistentes à corrosão que o titânio comercialmente puro.

19
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 19
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou
solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A partir de reações inorgânicas, é possível reverter processos inesperados ou inconvenientes em reações


químicas. Por exemplo, a neutralização é uma técnica muito empregada para diminuir ou aumentar o pH
de substâncias que são acidentalmente derramadas em lugares movimentados.

MODELO 1

(Enem) Os tubos de PVC, material organoclorado sintético, são normalmente utilizados como encanamento
na construção civil. Ao final da sua vida útil, uma das formas de descarte desses tubos pode ser a incineração.
Nesse processo libera-se HCℓ(g), cloreto de hidrogênio, dentre outras substâncias. Assim, é necessário um trata-
mento para evitar o problema da emissão desses poluentes. Entre as alternativas possíveis para o tratamento,
é apropriado canalizar e borbulhar os gases provenientes da incineração em:
a) água dura;
b) água de cal;
c) água salobra;
d) água destilada;
e) água desmineralizada.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Nessa questão, espera-se que o aluno compreenda a relação de neutralização entre um ácido e uma
base. Além disso, é de extrema importância o domínio das matérias anteriores, como bases e ácidos,
pois, dessa forma, será possível chegar à conclusão de que a água de cal, Ca(OH)2, é uma base e,
portanto, capaz de neutralizar o ácido clorídrico.

RESPOSTA Alternativa B
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

20
DIAGRAMA DE IDEIAS

INCLUEM REAÇÕES DE REAÇÕES


INORGÂNICAS

CONHECIDAS
ADIÇÃO SÍNTESE
COMO
POR EXEMPLO

SO3 + H2O → H2SO4 CaO + H2O → Ca(OH)2

CONHECIDAS
DECOMPOSIÇÃO ANÁLISE
COMO
POR EXEMPLO

CaCO3 →
Δ
CaO + CO2 2 H2O2 → 2 H2O + O2

CONHECIDO
DESLOCAMENTO SIMPLES TROCA
COMO
POR EXEMPLO

METAL 1 SAL 1 METAL 2 SAL 2


FILA DE
OBEDECEM
REATIVIDADE
A
DE METAIS
METAL ÁCIDO H2 SAL

FILA DE
NÃO METAL 1 SAL 1 NÃO METAL 2 SAL 2 REATIVIDADE
OBEDECE A DE AMETAIS

OCORRE QUANDO PELO MENOS


DUPLA TROCA
UMA CONDIÇÃO VIGORA
POR EXEMPLO

REAGENTE PRODUTO
SAL 1 SAL 2 SAL 3 SAL 4
NÃO VOLÁTIL VOLÁTIL

REAGENTES MUITO PRODUTO POUCO


ÁCIDO 1 SAL 2 SAL 2 ÁCIDO 1 DISSOCIADOS OU DISSOCIADO OU
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

IONIZADOS IONIZADO

REAGENTES PRODUTO
BASE 1 SAL 2 BASE 2 SAL 2
SOLÚVEIS INSOLÚVEL

21
éter H3C – CH2 – O – CH2 – CH3 →
fracamente
éter H3C – CH2 – O – CH2 – CH3

2. Evaporação em recipiente
PRESSÃO DO VAPOR fechado – pressão de vapor
Considere 1 L de água a 20 ºC em um recipiente fechado.

CN AULAS
31 E 32
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5, 6 e 7 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27

1. Evaporação de um líquido
em recipiente aberto
Quando os líquidos estão em recipientes abertos, nota-se
que seu volume diminui.

Em razão das colisões intermoleculares das moléculas


ve = velocidade de evaporação, que é sempre
de água, quando algumas moléculas ganham energia constante a uma determinada temperatura

para romper as ligações de hidrogênio, elas saem do Vc = velocidade de condensação

líquido e vão para a atmosfera. Em outras palavras, a Nessa temperatura (20 ºC), o ponteiro do manômetro não
evaporação é um fenômeno físico que ocorre na super-
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

mais se altera (17,5 mmHg). Esse vapor exerce pressão


fície do líquido. nas paredes e na superfície da água, pressão denominada
pressão de vapor (PV).
Se a temperatura aumentar, eliminando a fase líquida, não
haverá mais a pressão de vapor, mas uma pressão do vapor
de água.

Para um mesmo intervalo de tempo (Δt1), o volume de éter


diminui mais do que a água; portanto, o éter evapora mais
facilmente do que a água. Isso ocorre porque o éter é uma
molécula pouco polar e suas forças intermoleculares
são menos intensas do que as da água.

22
Conclusão:
3. A pressão de vapor depende
H2O(ℓ)  H2O(v) Pv = 17,5 mmHg a 20 ºC
somente da natureza do
Se o sistema for aberto, o equilíbrio H2O(ℓ)  H2O(v) nunca
será alcançado. Por isso as roupas secam no varal. líquido e da temperatura
Comparando com o éter: A pressão de vapor depende da natureza do líquido. Se
as forças intermoleculares forem de grande intensidade, a
vaporização será difícil e a pressão de vapor será baixa. Se,
ao contrário, as moléculas estiverem presas fracamente ao
líquido, a vaporização ocorrerá facilmente e a pressão de
vapor será alta.
Assim, a 20 °C, a pressão máxima de vapor de água é
17,5 mmHg, e a pressão máxima de vapor do álcool etílico
(etanol), na mesma temperatura, é 44 mmHg. O álcool,
éter(ℓ)  éter(v) Pv = 442 mmHg a 20º C
portanto, é mais volátil do que a água.
A uma mesma temperatura, o éter evapora mais facilmente
do que a água, pois as forças intermoleculares que atraem A pressão de vapor não depende da quantidade de
as moléculas do éter são mais fracas do que as forças inter- líquido nem do espaço ocupado pelo vapor.
moleculares que atraem as moléculas de água.

2.1. Por que o nome pressão


máxima de vapor?
Antes de atingir o equilíbrio, a velocidade de vaporização
é maior do que a velocidade de condensação. A quanti-
dade de vapor aumenta; assim, a pressão do vapor tam-
bém aumenta. Se atingir o equilíbrio, a concentração de multimídia: vídeo
moléculas na fase de vapor ficará constante, e a pressão
Fonte: Youtube
não aumentará mais, ou seja, alcançará seu valor má-
ximo. A velocidade de vaporização é constante porque a Jardim químico (experiência sobre osmose)
superfície do líquido e a temperatura não mudam.

Velocidade

velocidade de 4. Pressão de vapor e


equilíbrio
ponto de ebulição
vaporização
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Do ponto de vista experimental, a ebulição é caracterizada


velocidade de pela formação de bolhas no líquido. As bolhas vão até a su-
condensação
perfície e rebentam. Quando formada no interior do líquido
Tempo puro, a bolha contém apenas moléculas no estado gasoso
do líquido puro. Essas moléculas exercem uma pressão
contra as paredes internas da bolha.
No equilíbrio, a velocidade de condensação iguala-se à ve-
locidade de vaporização, ou seja, o número de moléculas Observe uma bolha logo abaixo da superfície do líquido.
que deixam o líquido iguala-se ao número de moléculas Nesse caso, é possível considerar, aproximadamente, que
que retornam para o líquido. a força que empurra a bolha para o interior do líquido é a
mesma que origina a pressão atmosférica.
A pressão máxima de vapor ou a pressão de vapor de equi-
líbrio costuma ser indicada apenas por pressão de va- Quando o líquido é aquecido, a pressão de vapor na bolha au-
por. O vapor em equilíbrio com seu líquido é denominado menta e, a uma certa temperatura, iguala-se à pressão atmos-
vapor saturante. férica e escapa do líquido. Essa é a temperatura de ebulição.

23
6. Influência da pressão
externa sobre a
temperatura de ebulição
6.1. Altitude e pressão de vapor
Altitude Temperatura
em relação Pressão aproximada
Localidade
ao nível do (mmHg) de ebulição
mar (m) da água (ºC)
Ponto de ebulição é a temperatura na qual a pressão
Rio de Janeiro 0 760 100
de vapor do líquido se iguala à pressão que existe so-
bre a superfície do líquido. São Paulo 750 700 97,7
Cidade do
2.240 540 92
México
Monte Everest 8.848 230 70

À medida que a pressão sobre a água diminui, ela evapora


com mais facilidade; em consequência, a ebulição torna-se
mais fácil.
Se a pressão sobre a água baixar de 760 para 525 mmHg,
baixará também sua temperatura de ebulição, que passará
de 100 ºC para 90 ºC (gráfico).

5. Diagrama da pressão de
vapor versus temperatura
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A água pode até mesmo ferver em temperatura ambiente.


etílico Para isso, basta que a pressão sobre ela diminua bastante
– o que pode ser obtido com o aparelho bomba de vácuo.

6.2. Cozinhando mais rápido


Considere a situação contrária: a pressão sobre a água é
maior que 1 atm ou 760 mmHg. Por analogia, conclui-se
que a água deve ferver a uma temperatura superior a 100 ºC.
Se a pressão aumentar de 760 para 1.500 mmHg, a tem-
T ºC peratura de ebulição da água aumentará de 100 ºC para
Em condições ambientes, quanto maior a pressão máxima de
120 ºC (gráfico da pressão máxima de vapor da água em
vapor, menor o ponto de ebulição e mais volátil o líquido. função da temperatura).

24
alimentos; aos poucos, com o calor ambiente, o CO2 sólido
sublima-se – em vez de se liquefazer, como acontece com
o gelo comum –, razão pela qual é chamado de gelo-seco.

Gasoso

Um exemplo prático desse fenômeno são as panelas de multimídia: vídeo


pressão. Quando a panela é fechada, depois de receber a Fonte: Youtube
água e o alimento, à pressão atmosférica ambiente, uma
O que é Osmose Reversa?
quantidade de ar fica aprisionada em seu interior.
Quando a panela é aquecida, a evaporação da água aumenta
e a pressão de seus vapores soma-se à pressão do ar já exis-
tente. A pressão total será maior que a pressão do ambiente. Aplicação do conteúdo
Com isso, a temperatura de ebulição da água aumenta e os
1. Em um recipiente fechado, há dois componentes (ben-
alimentos são cozidos mais rapidamente. Lembre-se, porém, zeno e tolueno), ambos presentes em duas fases (fase
de que poderá ocorrer uma explosão se a pressão no interior líquida e fase vapor) em equilíbrio. Na fase líquida, há
da panela aumentar demasiadamente. Por esse motivo, as uma mistura equimolar dos dois componentes. Sabe-
panelas de pressão possuem duas válvulas de segurança: -se que o benzeno tem ponto de ebulição de 80,1 °C a
uma de contrapeso, que se abre se a pressão no interior da 1 atm, e o tolueno ferve a 110,8 °C sob 1 atm de pressão.
panela se tornar excessiva, e outra adicional, vermelha, que Com relação a esse sistema:
salta da panela se a válvula de contrapeso não funcionar. a) indique e justifique sua indicação de qual compo-
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

nente é mais volátil;


b) estabeleça, com a devida justificativa, qual dos
6.3. As mudanças de estado componentes predominará na fase vapor.
das substâncias puras Resolução:
Assim como a água, qualquer substância possui seu res- a) O benzeno é mais volátil do que o tolueno, uma vez
pectivo diagrama de fases (ou de estados). que seu ponto de ebulição (80,1 ºC) é menor que o
do tolueno (110,8 ºC).
Evidentemente, cada substância terá seu ponto triplo em b) À mesma temperatura, o benzeno tem maior pres-
diferentes condições de temperatura e pressão. No dia- são de vapor do que o tolueno. Portanto, no vapor
grama do gás carbônico (CO2), seu ponto triplo (T) está do sistema em equilíbrio (fase gasosa), haverá maior
situado na pressão de 5,11 atm, à temperatura de 56 °C número de moléculas de benzeno do que de tolueno.
abaixo de zero. Em pressão ambiente (1 atm), o CO2 passa 2. (FGV) Considere clorofórmio, etanol e água, todos
diretamente do estado sólido para o gasoso (ponto A), à líquidos, à temperatura ambiente. A dependência das
temperatura de 78 °C abaixo de zero. Por isso, o CO2 sóli- pressões de vapor dos três líquidos em função da tem-
do é usado como “gelo” para conservar sorvetes e outros peratura é mostrada no gráfico a seguir.

25
Entre os dois tipos de interação, a ligação de hidrogê-
nio é a interação mais forte.
e) Falsa, pois o etanol entra em ebulição a 60 °C, de
acordo com o gráfico.
Alternativa B
3. (UFMG) Um balão de vidro, que contém água, é aque-
cido até que essa entre em ebulição. Quando isso ocorre:
§ desliga-se o aquecimento e a água para de ferver;
§ fecha-se, imediatamente, o balão; e, em seguida,
§ molha-se o balão com água fria; então,
No topo de uma certa montanha, a água ferve a 80 °C. § a água, no interior do balão, volta a ferver por alguns
Nesse local, dentro dos limites de erro de leitura dos dados, segundos.
pode-se afirmar que: Assim sendo, é CORRETO afirmar que, imediatamente após
a) a pressão atmosférica é igual a 800 mmHg; o balão ter sido molhado, no interior dele:
b) o clorofórmio, em sua temperatura de ebulição, a) a pressão de vapor da água aumenta;
apresenta pressão de vapor igual à do etanol a 60 °C; b) a pressão permanece constante;
c) o etanol entrará em ebulição a uma temperatura c) a temperatura da água aumenta;
menor que a do clorofórmio; d) a temperatura de ebulição da água diminui.
d) a água apresenta forças intermoleculares mais fra-
cas que a dos outros dois líquidos; Resolução:
e) o etanol entrará em ebulição a 78 °C. No momento em que o balão é fechado, a ebulição é inter-
rompida, pois a pressão interna impede que as moléculas
Resolução: de água entrem em ebulição. Quando o balão é molhado
Pela análise do gráfico, tem-se: com água fria, ocorre uma redução da pressão interna,
devido à condensação do vapor de água. Com isso, as
moléculas de água que estão no estado líquido passam
para o estado de vapor, mesmo que a temperatura esteja
menor do que a temperatura de ebulição, para alcançar a
sua pressão de vapor máxima.
Alternativa D
4. (UFMG) Analise este gráfico, em que está representa-
da a variação da temperatura de fusão e da temperatu-
ra de ebulição em função da massa molar para F2, Cℓ2,
Br2 e I2, a 1 atm de pressão:

Quando a água ferve a 80 °C, a pressão externa (atmosfé-


rica) local é de aproximadamente 350 mmHg. Além disso,
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a temperatura de ebulição do clorofórmio e do etanol nes-


sa pressão será de 40 °C e 60 °C, respectivamente. Com
esses dados, é possível analisar os itens:
a) Falsa, pois a pressão atmosférica é menor do que
800 mmHg (aproximadamente 350 mmHg).
b) Verdadeira, pois quando o clorofórmio entra em
ebulição (40 °C), a pressão de vapor é igual à do eta-
nol a 60 °C, que é a sua temperatura de ebulição.
c) Falsa, pois o etanol entra em ebulição a 60 °C, en-
quanto o clorofórmio entra a 40 °C, ou seja, a uma Considerando-se as informações contidas nesse gráfico e ou-
temperatura maior.
tros conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que:
d) Falsa, pois a água apresenta interação do tipo li-
a) a temperatura de fusão das quatro substâncias
gação (ou ponte) de hidrogênio, enquanto o etanol
está indicada na curva 1;
apresenta também ligações de hidrogênio e o cloro-
fórmio apresenta interação do tipo dipolo permanente. b) as interações intermoleculares no Cℓ2 são dipolo
permanente-dipolo permanente;

26
c) as interações intermoleculares no F2 são menos in- b) Incorreta, pois a interação intermolecular no Cℓ2 é
tensas que no I2; dipolo induzido-dipolo induzido, porque é uma mo-
d) o Br2 se apresenta no estado físico gasoso, quando lécula apolar.
a temperatura é de 25 °C. c) Correta, pois apesar de ambas as moléculas serem
apolares (interação intermolecular é dipolo induzi-
Resolução: do-dipolo induzido), apresentam intensidades dife-
Considerando a temperatura ambiente a 25 °C e a pressão rentes na sua interação intermolecular. Por isso, o F2
entra em ebulição a temperaturas mais baixas.
de 1 atm, os compostos F2 e Cℓ2 são gasosos, Br2 é líquido
d) Incorreta, pois, à temperatura de 25 °C, o Br2 se
e I2 é sólido. A partir disso, tem-se que as alternativas estão:
apresenta no estado líquido (de acordo com o gráfico
a) Incorreta, pois a curva 1 representa a de ebulição.
ou pelo considerado).
Isso pode ser verificado comparando as curvas 1 e 2
no ponto do Br2, que é líquido, à temperatura am- Alternativa C
biente (25 °C).

VIVENCIANDO

Como o próprio nome diz, a osmose reversa ocorre em sentido contrário ao da osmose. Nela, o solvente se desloca
no sentido da solução mais concentrada para a menos concentrada, isolando-se, assim, o soluto.
O processo de osmose reversa tem sido usado com o intuito de tornar potável a água por meio da dessalinização. A os-
mose reversa acontece por influência da pressão osmótica que se aplica sobre a superfície na qual se encontra a solução
hipertônica, o que impede o solvente, no caso a água, de ser transportado para o meio mais concentrado. Isso permite
que a água vá sendo isolada do sal. Tal processo passou a ser usado pelos cientistas por volta da década de 1960.
Atualmente, a osmose reversa é considerada uma saída para o problema previsto da escassez de água. A ausência
de água potável em diversas regiões do globo estimula a utilização dessa técnica.

As principais aplicações da osmose reversa são as seguintes:

§ Na dessalinização de águas salobras, tem sido usada, no Nordeste do Brasil, como solução para a problemática
da seca nessa região.
§ Na indústria, é utilizada na fabricação de alguns tipos de bebidas, como certas águas minerais.
§ Na área da saúde, recebe destaque, principalmente, nos processos de hemodiálise.
§ Na agropecuária, utiliza-se a osmose reversa na dessedentação de animais, na irrigação e na hidroponia, embora,
nesse setor, ainda haja pouca difusão da técnica.
§ Atua ainda em outras áreas distintas, como na geração de energia e na biotecnologia.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Na década de 1950, os estudos sobre osmose reversa foram iniciados pelos cientistas Reid e Breton, na Flórida. Loeb e
Sourirajan deram continuidade aos estudos acerca desse assunto. Estes últimos desenvolveram a primeira membrana de
acetato de celulose assimétrica. Em meados da década de 1980, foi desenvolvida a primeira membrana de composto
poliamídico, que facilitava o processo de osmose reversa por ter maior absorção de solvente e menor de soluto.

27
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Engenheiros anunciaram um novo método para tornar a água dos oceanos potável. O procedimento, que utiliza um
novo tipo de material de filtragem, conhecido como perforene, é bem mais econômico que a dessalinização tradicional.
Até hoje, a demanda por água potável tem levado alguns países a realizarem o procedimento de osmose reversa a
partir da água do mar. Nesse procedimento, um solvente, a água, é separado de um soluto, o sal, por uma membrana
permeável ao solvente e impermeável ao soluto. Isso ocorre quando se aplica uma grande pressão sobre esse meio
aquoso, o que contraria o fluxo natural da osmose. Contudo, trata-se de um processo complicado e caro, que demanda
uma intensa quantidade de energia durante a operação, o que torna a prática restrita a países muito ricos.
Entretanto, engenheiros da Lockheed Martin anunciaram um novo filtro que reduz em 99% o custo da dessalinização. A
redução ocorre porque o novo material encontrado para ser utilizado, o perforene, é composto de grafeno e tem orifícios
de praticamente um nanômetro de tamanho.
Esses oríficios permitem a passagem da água do mar, mas são tão pequenos que conseguem reter os íons de sal. De acor-
do com a equipe, folhas de filtro de grafeno possuem praticamente um átomo de espessura e despendem menor quan-
tidade de energia para que a água as atravesse. Além disso, aponta-se que o material é 500 vezes mais fino e mil vezes
mais forte do que o melhor filtro disponível, o que faz com que a energia exigida para o processo também seja cem vezes
menor. Para os cientistas, a perspectiva é otimista e pode auxiliar países subdesenvolvidos na realização do processo.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

28
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 18
Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológi-
cos às finalidades a que se destinam.

As propriedades coligativas são fundamentais no cotidiano. Cada vez que são utilizados conceitos físi-
co-químicos, é importante ter a noção do que está acontecendo no mundo molecular e subatômico. A
principal aplicação está diretamente ligada ao uso de substâncias corriqueiras, como álcool, água, acetona,
etc., em que é possível analisar e observar a forma com que essas substâncias evaporam com facilidade.

MODELO 1
(Enem) Se, por economia, abaixarmos o fogo sob uma panela de pressão, logo que se inicia a saída de vapor
pela válvula, de forma simplesmente a manter a fervura, o tempo de cozimento:
a) será maior, porque a panela “esfria”;
b) será menor, pois diminui a perda de água;
c) será maior, pois a pressão diminui;
d) será maior, pois a evaporação diminui;
e) não será alterado, pois a temperatura não varia.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Na Habilidade 18 é importante entender os processos de mudança de fases das substâncias. Se


determinada massa de água está se vaporizando, sob pressão normal, o fenômeno está ocorrendo
a 100 ºC e, se você aumentar o tamanho da chama, a temperatura da água continuará sendo de
100 °C, apenas a vaporização será mais rápida.

RESPOSTA Alternativa E

VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

29
DIAGRAMA DE IDEIAS

SOLUÇÃO
LÍQUIDA

TEM

SOLVENTE
LÍQUIDO

TEM

EQUILÍBRIO ENTRE PRESSÃO


LÍQUIDO E VAPOR DE VAPOR
GRAFICAMENTE
EXPRESSA NA

CURVA DE PRESSÃO
DE VAPOR
PERMITE
AVALIAR A
FAZ PARTE DO

DIAGRAMA INFLUÊNCIA DA
DE FASES PRESSÃO SOBRE O
PONTO DE EBULIÇÃO
GRÁFICO
RELATIVO ÀS

MUDANÇAS
DE FASES

INFLUENCIADAS POR

VARIAÇÕES DE VARIAÇÕES DE
TEMPERATURA PRESSÃO
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

30
moléculas do solvente. Essas interações dificultam tanto a
passagem do solvente para o estado de vapor como seu
congelamento (solidificação).

EFEITOS Os efeitos coligativos só dependem do número de


partículas do soluto dissolvido.
COLIGATIVOS
2. Classificação da
natureza das soluções

CN AULAS
33 E 34
2.1. Soluções moleculares
Nas soluções moleculares, todas as partículas dissolvidas
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) são moléculas, uma vez que o soluto não sofre dissociação
5, 6 e 7 17, 21, 24, 25, 26 e 27 ou ionização, dissolvendo-se sem sofrer alterações.
Exemplo
Ao se dissolver um mol de sacarose (C12H22O11) em água,
obtém-se como resultado um mol (6,0 × 1023) de partícu-
las dissolvidas em solução, uma vez que não há alteração
nas moléculas do composto.

2.2. Soluções iônicas


As soluções iônicas são formadas por íons dissolvidos no
multimídia: vídeo solvente, resultado da dissociação de uma substância iôni-
Fonte: Youtube ca ou da ionização de uma substância molecular, que, por
Como fazer um ovo dobrável sua vez, é resultado da interação com o solvente.
NaCℓ → Na+ + Cℓ–
1 mol 1 mol de cátions 1 mol de ânions
1. Efeitos coligativos 6 · 1023 cátions 6 · 1023 ânions

Efeitos coligativos são alterações observadas num sol- O número de partículas de soluto na solução depende:
vente que dissolve um soluto não volátil. Regularmente, esse a) do número de íons presentes em cada fórmula do com-
soluto é um açúcar (glicose, sacarose), um sal (NaCℓ, CaCℓ2, posto: o NaCℓ (1 Na+ e 1 Cℓ–) pode liberar até 2 íons para
Na2SO4, etc.) ou outra substância solúvel e não volátil. cada fórmula dissolvida; o CaCℓ2 pode liberar até 3 íons
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A dissolução de um soluto não volátil em um solvente provoca: por fórmula dissolvida (1 Ca2+ e 2 Cℓ–);
1. diminuição da pressão de vapor do solvente; b) do grau de ionização ou do grau de dissociação desse
2. elevação do ponto de ebulição (temperatura de ebuli- composto a uma dada temperatura: considere o ácido sul-
ção) do solvente; fúrico, H2SO4(aq), com grau de ionização a = 61% a 18 ºC. A
ionização de uma molécula de H2SO4 é dada pela expressão:
3. diminuição do ponto de congelamento (temperatura de
fusão) do solvente; e 1 H2SO4(aq) + 2 H2O(ℓ) → 2 H3O+(aq) + 1 SO42–(aq)
1 molécula 3 partículas em solução
4. aumento da pressão osmótica do solvente.
Se forem consideradas 100 moléculas de H2SO4 nas condi-
A intensidade com que as propriedades coligativas ocorrem de-
ções descritas, será obtido:
pende especificamente da quantidade de partículas presentes
na solução, mas não depende da natureza dessas partículas. 2 · 61(H3O+) + 1 · 61(SO42–) = 183
Esses fenômenos podem ser explicados a partir das in- 100 moléculas (total de partículas na solução)
terações que ocorrem entre as partículas do soluto e as 100 – 61 = 39 (moléculas não ionizam)

31
Significa que cada 100 moléculas de H2SO4 dissolvidas em A pressão máxima de vapor de uma solução formada por
água dão origem a 222 partículas em solução. um soluto não volátil é menor do que a de um solvente
puro, pois as interações entre as partículas do soluto e as
2.3. O fator de Van’t Hoff moléculas do solvente reduzem a evaporação das molécu-
las do solvente.
O cientista holandês Jacobus Henricus Van’t Hoff (1852-
1911) detectou que o número de partículas numa solução Quanto maior for o número de partículas de soluto não
poderia ser calculado pelo produto do número de partícu- volátil em solução, maior será a diminuição absoluta da
las dissolvidas por um certo fator i que, em sua homena- pressão máxima de vapor. Essa variação (Δp) é chamada
gem, é conhecido como fator de Van’t Hoff. de abaixamento absoluto da pressão máxima de vapor
Van’t Hoff demonstrou que o fator de correção (i) podia ser (Δp = p0 – p2).
calculado pela relação: No diagrama ELV, esse fenômeno fica bem evidente:

i = 1 + α × (q – 1)

Em que:
a = grau de ionização ou dissociação; e
q = total de íons liberados na ionização ou dissociação.
No exemplo anterior, i = 1 + 0,61 · (3 - 1) = 2,22
Assim, o número de partículas dissolvidas na solução de
H2SO4 será:
N = 100 · i = 100 ⋅ 2,22 = 222 partículas (mistura de mo-
léculas de H2SO4 não ionizadas, cátions H+ e ânions SO42–)

3.1. Lei de Raoult


3. Tonoscopia ou tonometria
A pressão de vapor de uma solução (ou melhor, do
Estudo da redução da pressão máxima de vapor de um solvente na solução) de um soluto não eletrólito e
solvente provocada pela adição de um soluto não volátil. não volátil é igual ao produto da fração em quan-
tidade de matéria (fração em mols) do solvente
pela pressão de vapor do solvente puro, numa
Numa solução aquosa de NaCℓ (b), a quantidade de molé- dada temperatura.
culas de água que passa para o estado de vapor é menor do
que na água pura (a), a uma mesma temperatura.
(a)
O conceito é representado na seguinte equação:

Psolução = xsolvente · Psolvente puro


VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em que:

nsolvente
xsolvente = fração molar do solvente = ___________
n​  soluto + nsolvente
  ​  
(b)

A Lei de Raoult é válida somente para soluções di-


luídas e moleculares. No caso das soluções iônicas,
como o abaixamento relativo da pressão máxima de
vapor, trata-se de uma propriedade coligativa, ou seja,
depende do número de partículas dispersas; deve ser
introduzido nas equações o fator de correção de
Van’t Hoff (i).

32
VIVENCIANDO

A pressão exercida por um vapor quando ele está em equilíbrio termodinâmico com o líquido que lhe deu origem é
denominada pressão de vapor, ou seja, a quantidade de líquido (solução) que evapora é igual à quantidade que se
condensa. A pressão de vapor é uma medida da tendência de evaporação de um líquido. Quanto maior for a pressão
de vapor, mais volátil será o líquido, e menor será sua temperatura de ebulição em relação a outros líquidos com
menor pressão de vapor à mesma temperatura de referência.
A pressão de vapor é uma propriedade física que depende do valor da temperatura. Qualquer que seja a tempe-
ratura, a tendência é a de o líquido se vaporizar até atingir o equilíbrio termodinâmico com o vapor; em termos
cinéticos, esse equilíbrio se manifesta quando a taxa de líquido vaporizado é igual à taxa de vapor condensado. Uma
substância líquida entra em ebulição quando a pressão do sistema do qual faz parte atinge a pressão de vapor dessa
substância. Esse ponto é denominado ponto de ebulição ou temperatura de ebulição. O ponto de ebulição normal é
a temperatura de ebulição da substância à pressão de uma atmosfera.
Em locais com maior altitude, onde a pressão atmosférica é menor, as temperaturas de ebulição das substâncias
líquidas são mais baixas, uma vez que sua pressão de vapor precisa se igualar a um valor menor (considerando que
o sistema é aberto).

4. Ebulioscopia ou 5. Crioscopia ou criometria


ebuliometria
Estudo da diminuição da temperatura de congela-
mento (ponto de fusão) de um solvente em uma
solução de soluto não volátil.
Estudo do aumento da temperatura de ebulição de
um líquido (solvente) causado pela dissolução de um
solvente não volátil.
Quanto maior for a concentração de soluto não volátil,
maior será a redução da temperatura de congelamento
Quanto maior for a concentração do soluto, maior será do solvente (tc = tc/solvente puro - tc/solução) e menor será a
a elevação da temperatura de ebulição do solvente temperatura de congelamento desse solvente:
(te = te/solução - te/solvente puro) e maior será a temperatura de
ebulição desse solvente:
Líquido Temperatura de congelamento
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Líquido Temperatura de ebulição

Água pura 0 ºC

Água pura 100 ºC

Solução aquosa de
–1,86 ºC
glicose 1 mol/L
Solução aquosa de
100,52 ºC
glicose 1 mol/L

Solução aquosa de
–3,72 ºC
glicose 2 mol/L
Solução aquosa de
101,04 ºC
glicose 2 mol/L

33
congelamento TF de soluções aquosas de 0,5 mol/L de
NaCℓ e 0,5 mol/L de Aℓ2(SO4)3, a 1 atm.
Resolução:
Para a solução de glicose, nota-se que 0,5 mol/L de glicose elevou
a temperatura de ebulição em 0,26 ºC (DtE = 0,26 ºC) e diminuiu
a temperatura de congelamento em 0,93 ºC (DtC = -0,93 ºC).
multimídia: site Para a glicose:
1 C6H12O6(aq) → 1 C6H12O6(aq)
educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/dimi-
0,5 mol/L 0,5 mol/L
nuindo-tensao-superficial-agua.htm
No caso do NaCℓ, há o dobro da concentração de partícu-
las, uma vez que ele se dissocia:

1 NaCℓ(aq) → 1 Na+(aq) + 1 Cℓ–(aq)


Aplicação do conteúdo
0,5 mol/L 0,5mol/L 0,5 mol/L
1. (UFU) As substâncias que ocorrem na natureza encon- 1,0 mol/L
tram-se normalmente misturadas com outras substân-
cias formando misturas homogêneas ou heterogêneas. Como a concentração de partículas nessa solução (1,0 mol/L)
As misturas homogêneas, ao contrário das heterogê- será o dobro da concentração de partículas da solução de
neas, podem ser confundidas, na aparência, com subs- glicose (0,5 mol/L), os efeitos coligativos também serão
tâncias puras. Uma forma de diferenciar as misturas “dobrados”:
homogêneas de substâncias puras é determinar as
propriedades físicas do sistema em questão como pon- DtE = 2 × 0,26 °C = 0,52 °C ⇒ TE
to de fusão (PF), ponto de ebulição (PE), densidade e = 100 + 0,52 = 100,52 °C
condutividade elétrica. Considerando esse fato, as se-
guintes afirmativas em relação à água do mar estão DtF = 2 × 0,93 °C = 1,86 °C ⇒
corretas, EXCETO: TF = 0 – 1,86 = –1,86 °C
a) A densidade da água do mar é maior que a densi- Para o Aℓ2(SO4)3, obtém-se:
dade da água pura.
b) A água do mar tem pressão de vapor superior à da 1 Aℓ2(SO4)3(aq) → 2 Aℓ3+(aq) + 3 SO42–(aq)
água pura. 1 × 0,5 mol/L 2 × 0,5 mol/L 3 × 0,5 mol/L
c) A água do mar contém compostos iônicos e mole- 2,5 mol/L
culares dissolvidos. Como a concentração de partículas nessa solução (2,5 mol/L)
d) A água do mar congela numa temperatura inferior será cinco vezes maior que a concentração de partículas da
à da água pura.
solução de glicose (0,5 mol/L), os efeitos coligativos tam-
Resolução: bém serão cinco vezes maiores:

a) Correta, pois a água do mar contém sais dissolvidos, o DtE = 5 × 0,26 °C = 1,30 °C ⇒
que aumenta a sua densidade em relação à agua pura. ⇒TE = 100 + 1,30 = 101,30 °C
DtF = 5 × 0,93 °C = 4,65 °C ⇒
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

b) Incorreta, pois, como a água do mar contém sais


dissolvidos (solutos não voláteis), a sua pressão de va- ⇒ TF = 0 – 4,65 = –4,65 °C
por é menor (ou seja, inferior) do que a da água pura.
Em resumo:
c) Correta. Exemplo de composto iônico dissolvido:
NaCℓ. Exemplo de compostos moleculares dissolvidos: Concentração
gás oxigênio (O2). Solução de partículas DtF (ºC) TE (ºC) DTF (ºC) TF (ºC)
do soluto
d) Correta, pois, como a água do mar contém sais dis-
solvidos (solutos não voláteis), a temperatura de con- água pura 0 — 100 — 0
gelamento é mais baixa (mais negativa) do que a da
água pura. C6H12O6 0,5 mol/L 0,26 100,26 0,93 –0,93

Alternativa B
NaCℓ 1,0 mol/L 0,52 100,52 1,86 –1,86

2. Uma solução aquosa de glicose (C6H12O6) de 0,5 mol/L


ferve a 100,26 ºC e congela a –0,93 ºC, a 1 atm. Deter- Aℓ2(SO4)3 2,5 mol/L 1,30 101,30 4,65 –4,65
mine a temperatura de ebulição TE e a temperatura de

34
3. (PUC-MG) Das soluções a seguir, aquela que ferve em Estão corretas apenas as afirmativas:
temperatura mais alta é a solução 0,1 mol/L de: a) I e IV. d) I, II e III.
a) glicose (C6H12O6) b) II e IV. e) I, III e IV.
b) ácido clorídrico (HCℓ) c) II e III.
c) hidróxido de sódio (NaOH)
Resolução:
d) sulfato de sódio (Na2SO4)
Como o volume das soluções é igual para todos, a solução que vai
Resolução: ferver à temperatura mais alta é a que tem maior quantidade em
mol de partículas. A solução A tem quantidade menor de mol de
Como a concentração das soluções é igual para todos, a NaCℓ do que a solução B. Assim, segue que as afirmativas estão:
solução que vai ferver à temperatura mais alta é a que tem I. Correta, uma vez que a solução B tem quantidade maior de
maior quantidade de partículas. mol de NaCℓ do que a solução A, o que diminui mais a pressão
de vapor em relação à solução A.
Calculando a quantidade de partículas de cada solução,
II. Incorreta, pois ambas as soluções contêm sais dissolvidos
tem-se:
(solutos não voláteis), fazendo com que a temperatura de ebu-
a) Glicose (C6H12O6) – como é um composto molecu- lição seja maior que a da água pura.
lar que não ioniza, não há formação de novas partícu- III. Incorreta, pois o aumento da temperatura de ebulição depende
las. Assim, a quantidade de partículas é 1. da quantidade (em mol) do composto dissolvido na água.
b) Ácido clorídrico (HCℓ) – considerando que o grau IV. Correta, uma vez que a solução B tem quantidade maior
de ionização (α) seja de 100%, serão formadas duas de mol de NaCℓ do que a solução A, tendo temperatura de
partículas ionizadas: H+ e Cℓ-. Assim, a quantidade de ebulição mais alta que a solução A.
partículas formadas é 2.
c) Hidróxido de sódio (NaOH) – composto iônico Alternativa A
que se dissocia totalmente, formando duas partícu-
las: Na+ e OH-. Assim, a quantidade de partículas
formadas é 2.
d) Sulfato de sódio (Na2SO4) – composto iônico que se
dissocia totalmente, formando três partículas: 2 Na+ e
SO​2-​. Assim, a quantidade de partículas formadas é 3.
Nesse caso, a solução que vai ferver à temperatura mais
alta é a solução de sulfato de sódio (Na2SO4), por formar o
maior número de partículas. multimídia: livro
Alternativa D
Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia
4. (UEL) A adição de um soluto não volátil a um solven-
te dificulta sua ebulição e seu congelamento. Isso pode
- Vol. 1 – Martha Reis
ser útil na prática quando, por exemplo, se pretende A coleção Química, de autoria de Martha Reis, traz tex-
cozinhar um ovo mais rápido ou então quando é ne- tos que relacionam conceitos com o cotidiano e discutem
cessário evitar o congelamento da água do radiador de temas atuais, com riqueza de exercícios e questões de
carros em países muito frios. Considere as duas solu-
vestibulares. A obra desenvolve de forma sistemática os
ções aquosas de NaCℓ, conforme o quadro, e analise as
afirmativas a seguir. conteúdos segundo a divisão clássica, comumente utili-
zada na disciplina, iniciando com Química Geral, seguida
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Solução
Massa do Volume de de Físico-Química e finalizando com Química Orgânica.
soluto (g) água (L)

A 117 1,0

B 234 1,0

I. A solução B tem pressão de vapor menor que a da


solução A, na mesma temperatura.
II. As soluções A e B apresentam pontos de ebulição
menores que o da água pura.
III. Independentemente da quantidade de soluto, as
duas soluções apresentam o mesmo ponto de ebulição.
IV. A solução B entra em ebulição a uma temperatura
mais alta que a solução A.

35
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os detergentes são substâncias tensoativas, ou seja, diminuem a tensão superficial e a capacidade das moléculas de
se manterem fortemente unidas. Com as ligações, as moléculas enfraquecidas são umedecidas pela água, facilitando
a lavagem do objeto. Em outras palavras, o detergente se torna um solvente mais potente porque, em pequenos
grupos de moléculas, a água penetra melhor na superfície suja. Isso ocorre porque as longas moléculas do detergente
contêm dois grupos de átomos: uns que se dissolvem facilmente em gordura, mas não em água; e outros que se
dissolvem em água, mas não em gordura. Por isso, a solução água-detergente consegue emulsionar a gordura, isto
é, quebra as películas de gordura em uma infinidade de gotículas microscópicas, que ficam dispersas na solução. A
espuma tem um efeito mecânico na limpeza: mantém as partículas de sujeira sólida em suspensão, evitando que se
redepositem na superfície lavada.

DIAGRAMA DE IDEIAS

SOLUÇÃO

SOLVENTE
SOLUTO
LÍQUIDO
A PROPORÇÃO DE
AMBOS DETERMINA A
ATENÇÃO AO
CÁLCULO SE FOREM

SOLUTOS QUE CONCENTRAÇÃO


PRODUZEM TOTAL DE PARTÍCULAS
SOLUÇÕES IÔNICAS DE SOLUTO

PROPRIEDADES
COLIGATIVAS

SÃO
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

EFEITO EFEITO EFEITO


TONOSCÓPICO EBULIOSCÓPICO CRIOSCÓPICO

ÉO ÉO ÉO

ABAIXAMENTO DA AUMENTO DA ABAIXAMENTO DA


PRESSÃO MÁXIMA TEMPERATURA DE TEMPERATURA DE INÍCIO
DE VAPOR INÍCIO DE EBULIÇÃO DE CONGELAMENTO

REGIDO PELA

LEI DE
RAOULT

36
QUÍMICA

4
CIÊNCIAS DA
QUÍMICA ORGÂNICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

No Enem, temos uma abordagem em que É importante saber como diferentes isome-
é observada como os estudos da isomeria rias afetam determinadas propriedades. O
desenvolveram diversos produtos do dia tema de reações orgânicas é cobrado de
a dia. modo a analisar e interpretar as informa-
ções que o enunciado fornece.

As reações orgânicas exigem reconhecer O tema isomeria é tratado de forma que O tema isomeria é cobrado de um modo
suas diferentes características, já os as- se deve reconhecer algumas diferentes que exige se aprofundar em relação às pro-
suntos de isomeria sempre são cobrados propriedades que as substâncias adquirem. priedades físico-químicas das substâncias.
de maneira que se deva identificar suas Em relação às reações orgânicas, deve-se As reações orgânicas são trabalhadas de
diferenças e suas diferentes propriedades. analisar as informações dadas pela ques- maneira que se deve saber determinadas
tão para relacionar de maneira correta o características das reações.
que se pede.

Reações orgânicas têm grande incidência, Isomeria é cobrada de uma forma que se O assunto abordado em reações orgânicas A abordagem de reações orgânicas cobra
sempre cobradas de maneira que o candi- deve entender as diferentes características é trabalhado de modo que se deve conhe- o conhecimento das peculiaridades das
dato deve reconhecer as características das físico-químicas que podem surgir com a cer as condições e entender a formação reações. Em isomeria, temos cobrança
reações, para que seja possível determinar mudança do tipo de isômero. Em relação do produto. Em relação à isomeria, temos com as características físico-químicas das
qual é o tipo de reação, assim como a for- a reações orgânicas, é necessário saber as abordagem mais relacionada às caracterís- substâncias.
mação dos produtos ou possíveis reagentes características das reações. ticas físico-químicas das substâncias.
utilizados.

UFMG
Reações orgânicas exige interpretação das O tema isomeria é tratado de forma que O principal assunto são as isomerias óptica
informações dadas no enunciado para que se deve reconhecer algumas diferentes e geométrica. É necessário reconhecer as
seja identificado o tipo de reação e suas ca- propriedades físico-químicas que as subs- condições para que ocorram, assim como
racterísticas. Isomeria é cobrada de maneira tâncias possuem. As reações orgânicas são é importante entender as diferenças nas
que se deve reconhecer as diferentes pro- trabalhadas de modo que se deve saber propriedades físico-químicas de cada tipo
priedades físico-químicas das substâncias. determinadas características das reações. de isomeria.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Reações orgânicas cobram identificar al- A abordagem de isomeria é focada nas As reações orgânicas exigem reconhecer
gumas características das reações, assim características físico-químicas das subs- suas diferentes características. Em relação
como identificar os reagentes utilizados e tâncias. Em reações orgânicas, é necessário à isomeria, temos uma abordagem mais re-
os produtos formados. Em isomeria, deve- boa interpretação para captar as diferenças lacionada às características físico-químicas
-se compreender as diferenças físico-quími- entre cada condição e característica da das substâncias.
cas características de determinados tipos. reação.

38
“opostos”), os ligantes de maior massa molecular
ficam em lados opostos do plano da dupla ligação.
Se dois átomos de hidrogênio, por exemplo, um de cada
carbono do eteno (etileno), forem substituídos por dois
ISOMERIA átomos de cloro, serão formadas duas estruturas diferentes
com a mesma fórmula molecular, C2H2Cℓ2. As fórmulas
GEOMÉTRICA estruturais podem ser representadas da seguinte maneira:

Cℓ Cℓ
plano imaginário
Note que os dois átomos
C C
H H (em perfil) de cloro estão do
mesmo lado do plano
Cis-1,2-dicloroeteno ou Z-1,2- imaginário, disposição

CN
denominada CIS.
AULAS dicloroeteno

27 E 28 H
C C
Cℓ
plano imaginário
Note que os dois átomos
H (em perfil) de cloro estão em
Cℓ
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) lados opostos do plano
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 Trans-1,2-dicloroeteno imaginário, disposição
ou E-1,2-dicloroeteno denominada TRANS.

As diferentes disposições espaciais dos átomos causam


1. Isomeria espacial alterações nas propriedades físicas dos compostos. A tem-
peratura de ebulição, por exemplo, é diferente, pois há uma
Na isomeria espacial, a diferença entre os isômeros é per-
diferença na polaridade das moléculas.
ceptível apenas depois de analisada a fórmula estrutural
espacial. Existem dois tipos de isomeria espacial: geomé-
trica (cis-trans ou Z-E) e óptica. Neste capítulo será
estudada a isomeria geométrica.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Pontociência - Isomerização cis-trans do ácido maleico VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2. Isomeria geométrica
(cis-trans ou z-e) Condições necessárias para ocorrer
isomeria geométrica (cis-trans)
Isômeros geométricos ou cis-trans são moléculas que
possuem a mesma fórmula molecular e a mesma Dupla ligação entre dois átomos de carbono.
fórmula estrutural plana, mas cujas estruturas es- Ligantes diferentes entre si em cada um dos dois áto-
paciais diferem. mos de carbono que compõem a dupla ligação:
A D
No isômero cis (do latim, “próximo a”) ou Z (inicial da pa-
C C plano imaginário
lavra alemã zusammen, “juntos”), os ligantes de maior (em perfil)
B E
massa molecular ficam do mesmo lado do plano da
dupla ligação ou do ciclo. No isômero trans (do latim, Com A ≠ B e D ≠ E
“através de”) ou E (inicial da palavra alemã entgegen,

39
Exemplos:
  CH2
§ Apresentam isomeria geométrica:
H3C – C = C – CH3 H3C – C = C – CH2 – CH3 H3C – C = C – CH3 Cℓ Cℓ
| | | | | |
C C
H H H CH3 Cℓ H H H

§ Não apresentam isomeria geométrica:


H2C = C – CH3 H3C – C = C – CH3 H3C – C ≡ C – CH3
| | |  
Cℓ H CH3
“repetiu” H “repetiu” CH3 tem tripla ligação,
Br Cℓ
não dupla H CH3

multimídia: site
multimídia: livro
manualdaquimica.uol.com.br/quimica-organica/isomeria-
-geometrica-ou-cis-trans.htm Química Orgânica 1, de John Mcmurry
Obra editada em dois volumes e em uma versão com-
bo, apresenta um texto claro e legível, com a preocu-
2.1. Isomeria geométrica em compostos pação básica de mostrar a beleza e a lógica da Química
de cadeia cíclica (fechada) Orgânica, tornando um assunto considerado complexo
Nas cadeias cíclicas também pode ocorrer isomeria geométrica. em algo simples de ser entendido pelos leitores. O au-
tor privilegia, entre outras características, a organização
e a estratégia de ensino, a apresentação dos tópicos de
Condições necessárias para ocorrer isomeria maneira modular e o reforço dos principais conceitos
geométrica (cis-trans) em compostos de cadeia
por meio de inúmeros problemas. O livro é destinado a
cíclica (fechada)
disciplinas relativas à Química Orgânica dos cursos de
São encontrados dois ligantes diferentes entre si em pelo Química, Farmácia e Engenharia Química.
menos dois átomos de carbono consecutivos do ciclo:
ciclo com pelo
menos 3 átomos
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A D

B E

Com A ≠ B e D ≠ E

Exemplos: multimídia: livro

Química Orgânica 2, de John Mcmurry


 
Segundo volume da obra, o livro apresenta um texto
claro e legível, com a preocupação básica de mostrar
H CH3
a beleza e a lógica da Química Orgânica, tornando um
assunto considerado complexo em algo simples de ser
Cℓ H compreendido pelos leitores.

40
VIVENCIANDO

A gordura trans é um tipo de gordura (ácido graxo) que difere em sua ligação química de outros ácidos graxos insatura-
dos. Ela contém ácidos graxos na configuração trans devido a um processo de hidrogenação que ocorre naturalmente (a
partir da fermentação de bactérias em animais ruminantes) ou artificialmente (a partir da indústria alimentícia).
Os alimentos derivados de animais ruminantes, como o leite e a carne, possuem gorduras trans, mas em quantidades
insignificantes. Atualmente, o maior consumo dessa gordura está relacionado aos alimentos industrializados, em que
a gordura trans também pode ser reconhecida como gordura hidrogenada.
Um óleo encontrado na natureza, por exemplo, possui os átomos distribuídos em posição paralela. Entretanto, quando é
submetido ao tratamento industrial de hidrogenação, a estrutura química do óleo é alterada, fazendo com que os ácidos
graxos fiquem com os átomos em alinhamento transversal, sendo parte da ocorrência da gordura trans.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O governo dos Estados Unidos determinou que o uso de gordura trans nos alimentos não é seguro e exigiu que
os produtos que apresentassem esse componente fossem retirados do mercado. A decisão foi da Administração de
Remédios e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) do país.
“Os óleos vegetais parcialmente hidrogenados, principal fonte de gordura trans nos alimentos processados, não são
geralmente considerados seguros para serem utilizados na alimentação humana”, indicou a FDA em comunicado.
Diversas provas científicas já mostraram que o consumo de gordura trans eleva o nível do chamado colesterol ruim,
assinalou a entidade. Segundo o comunicado da agência, a determinação vai reduzir significativamente o uso de
fósforo nos alimentos.
Desde 2006, os fabricantes foram obrigados a incluir informações de conteúdo de gordura trans nos rótulos. Entre
2003 e 2012, a FDA estimou que o consumo de gordura diminuiu 78% no país e que a nova regra de rotulagem foi
um dos fatores a puxar a queda.
A gordura trans é utilizada pela indústria alimentícia para aumentar o sabor e o tempo de conservação dos produtos.
Ela é prejudicial à saúde por elevar os níveis de colesterol ruim, a lipoproteína de baixa densidade (em inglês, LDL), e
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

diminuir o colesterol bom, a lipoproteína de alta densidade (em inglês, HDL). Essas alterações nas taxas aumentam o
risco de doenças, como infarto e acidente vascular cerebral.

41
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24

Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

A padronização de nomenclaturas, ao longo da história da Química, foi essencial para seu desenvolvimen-
to. Com o passar dos anos, mais compostos foram sendo sintetizados, originando a ideia de se criar uma
linguagem para os novos compostos químicos sintetizados na época.

MODELO 1

(Enem) Em algumas regiões brasileiras, é comum se encontrar um animal com odor característico, o zorrilho.
Esse odor serve para proteção desse animal, afastando seus predadores. Um dos feromônios responsáveis por
esse odor é uma substância que apresenta isomeria trans e um grupo tiol ligado à sua cadeia.
A estrutura desse feromônio, que ajuda na proteção do zorrilho, é:
a) d)

b) e)

c)

ANÁLISE EXPOSITIVA
A análise de modelos tridimensionais nas moléculas é de extrema importância na Química. Para analisar a
molécula de forma adequada, é necessário traçar um plano em relação à dupla ligação e, com isso, estabe-
lecer uma posição aos grupos mais pesados, no caso desse exercício, em posição trans.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Trans
H3C H

C C

H CH2 SH
Grupo tiol

RESPOSTA Alternativa B

42
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIAS SÃO TÊM MESMA FÓRMULA


ISÔMEROS
DIFERENTES MOLECULAR

PODEM TER

MESMA FÓRMULA
ESTRUTURAL PLANA

NESSE CASO, TÊM

DIFERENTES
CONFIGURAÇÕES
ESPACIAIS

NESSE CASO, SÃO

ISÔMEROS
GEOMÉTRICOS
(CIS-TRANS)

PODEM OCORRER COM

DUPLA C=C CICLO

A CONDIÇÃO É A CONDIÇÃO É

R1 R3 R1 R3
C C C C
R2 R4 R2 R4
R1 ≠ R2 e R3 ≠ R4 R1 ≠ R2 e R3 ≠ R4

VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

43
com exceção das ondas de um desses planos. Essas subs-
tâncias transformam a luz natural em luz polarizada e
são denominadas polarizadoras.
Na prática, o polarizador mais utilizado é o prisma de Nicol,
constituído por dois cristais de calcita colados com “bálsa-
ISOMERIA ÓPTICA mo de Canadá”.
Observe o esquema a seguir:

luz natural prisma de luz polarizada

CN AULAS Nicol

29 E 30 luz polarizada
luz natural
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27

prisma de
Nicol

1. Substâncias As substâncias atravessadas pela luz polarizada são classi-


ficadas em dois grupos:
opticamente ativas § substâncias opticamente inativas, que não des-
A luz natural é um tipo de energia radiante. Nela, as vi- viam o plano de vibração da luz polarizada; e
brações ocorrem em todos os planos do eixo x/y, que re-
presenta a direção de propagação do raio luminoso. § substâncias opticamente ativas, que desviam o
plano de vibração da luz polarizada; se o desvio do
plano for para a direita, essas substâncias são denomi-
x y
nadas dextrogiras; se for para a esquerda, são deno-
minadas levogiras.
Caso fosse possível observar os planos de vibração da luz
natural, o esquema seria este:
a
d1 b

multimídia: vídeo
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

c1 c
Fonte: Youtube
ISOMERIA ÓPTICA (optic isomerism)
b1 d
a1
2. Isomeria óptica
Em que aa1, bb1, cc1 e dd1 seriam os planos de vibração da Isomeria óptica é o caso de isomeria espacial em que os
luz natural “vistos de frente”. isômeros apresentam mesma fórmula molecular e
Luz polarizada é uma luz cujas ondas vibram em um úni- mesma fórmula estrutural plana, ou seja, são por elas
co plano (aa1, bb1, cc1, dd1 ou em qualquer outro plano indistinguíveis, mas diferem pela atividade óptica.
não representado na figura). Casos de isomeria óptica:
Existem substâncias que, quando atravessadas pela luz na- § Isomeria óptica em compostos com carbono
tural, absorvem as ondas que vibram em todos os planos, assimétrico (C*)

44
Carbono assimétrico ou quiral (C*) é o que se liga a qua-
H OH NH2
tro ligantes diferentes entre si. Esses ligantes podem ser áto- |  | |
mos, grupos (metil, etil, etc.) ou grupos funcionais. H3C – C – C* ­– CH3 H3C – C* – CH2 ­– Cℓ
|  | |
H H H
Condição necessária para ocorrer isomeria óptica
butan-2-ol 1-cloro-2-amino-propano
Carbono assimétrico ou quiral com quatro ligantes di-
ferentes:
§ Número de isômeros opticamente ativos
A
Uma vez que conhecemos n, ou seja, o número de carbo-
C nos assimétricos (C*) diferentes numa molécula, é possível
B E calcular o número de isômeros opticamente ativos e o nú-
D mero de racêmicos (misturas opticamente inativas), a partir
do emprego das fórmulas de Van´t Hoff:
Com A ≠ B ≠ D ≠ E
Número de isômeros
Número de racêmicos
opticamente ativos
Toda molécula formada por um carbono assimétrico é as-
simétrica, ou seja, não possui um plano de simetria. Essa 2n 2n – 1 = (2n) / 2
molécula sempre é dotada de dois isômeros opticamente
ativos, um dextrogiro e outro levogiro, cujas moléculas Nota: Essas fórmulas permitem concluir que o número de racê-
funcionam como objeto e imagem em relação a um espe- micos é a metade do número de isômeros opticamente ativos.
lho plano.
Espelho plano
Exemplo:
O O
C C
A OH HO A número de carbonos assimétri-
OH Cℓ cos (C*) = n = 2
|  | número de isômeros optica-
H3C – C* – C* ­– CH3
|   | mente ativos = 2n = 22 = 4
OH OH H
H H  H número de racêmicos =
CH3 H3C3
CH 2 = (2n) / 2 = (22) / 2 = 2
n–1

ácido láctico dextrogiro


dextrógiro ácido láctico levogiro
levógiro
“objeto” “imagem”

A todo isômero dextrogiro corresponde um levogiro. Am- 2.1. Isomeria óptica em


bos desviam o plano de vibração da luz polarizada do mes- compostos cíclicos
mo ângulo para lados opostos. Dessa forma, o primeiro
Em compostos cíclicos também pode ocorrer isomeria ópti-
isômero desviará de +α, e o segundo, de –α. Um dos isô-
ca. Deve-se considerar a existência do carbono quiral para
meros é antípoda óptico ou enantiomorfo do outro.
que a quantidade de isômeros possa ser determinada.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O composto cíclico com assimetria molecular deve ter car-


Racêmico ou mistura racêmica bono com ligantes diferentes. Considere o composto 2-me-
Quando são misturadas quantidades iguais dos dois til-1-cloro-ciclopropano.
antípodas ópticos (levogiro + dextrogiro), obtém-se
o racêmico, que é uma mistura opticamente inativa,
  H H
isto é, não causa desvio no plano de vibração da luz. C
Essa mistura é inativa por compensação externa, ou 3
seja, o desvio que o levogiro causa é compensado/ H 1 2
CH3
anulado pelo dextrogiro. C C
Cℓ H

Observe que há dois carbonos no anel (1 e 2) que podem


Observe a seguir exemplos de compostos que apresentam
ser considerados como quirais. A quantidade de isômeros
um carbono assimétrico na molécula e, em razão disso, são
opticamente ativos é: 2n = 22 = 4.
representados por um par de antípodas ópticos e por um
racêmico:

45
Talidomida:
o maior desastre da história da medicina
A talidomida foi desenvolvida em 1957 pela compa-
nhia farmacêutica alemã Chemie-Grünenthal. No fim
da década de 1950, a substância passou a ser comer-
cializada na Europa como sedativo para aliviar náu- multimídia: site
seas em mulheres grávidas. O medicamento era feito
e vendido na forma de sua mistura racêmica (optica-
manualdaquimica.uol.com.br/quimica-organica/isomeria-
mente inativa). Os isômeros da talidomida possuem
-geometrica-ou-cis-trans.htm
atividade óptica, sendo que o dextrogiro ou enantiô-
mero (R) desvia o plano de luz polarizada para a direi-
ta, e o levogiro ou enantiômero (S) desvia o plano de
luz polarizada para a esquerda.
Entretanto, essa diferença na conformação espacial
dos átomos acaba por resultar em diferentes proprie-
dades biológicas, ou seja, diferentes atividades exer-
cidas em um organismo vivo. Com o tempo, desco-
briu-se que somente o isômero dextrogiro ou (R) era
responsável pelas propriedades analgésicas, sedativas multimídia: livro
e hipnóticas, enquanto a talidomida levogira (S) é te-
ratogênica, isto é, provoca mutações no feto.
Química Orgânica – Volume 2, de T. W.
Graham Solomons e Craig B.Fryhle
Química Orgânica mostra a importância da matéria no
cotidiano, como a criação de materiais que otimizam o
dia a dia e a invenção de métodos químicos que ajudam
a suprir recursos no limitado planeta Terra. Os aspectos
estruturais do texto enfatizam o que é a Química Or-
gânica. O livro apresenta inúmeras ferramentas visuais,
Por esse motivo, nasceram muitas crianças com má- como mapas conceituais, detalhes de mecanismo de re-
-formação. Entre os efeitos colaterais da talidomida ações e resumos temáticos de revisão de mecanismos,
estavam: desenvolvimento incompleto ou defeitu- conexões sintéticas, dicas de estudo, ilustrações esclare-
oso dos membros, má-formação do coração (como cedoras e problemas.
a ausência de aurículas), do intestino, dos rins, do
útero e da vesícula biliar, defeitos na tíbia e no fêmur,
entre outros.
A partir daí, a mistura racêmica dos medicamentos
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

sintéticos foi banida pela Indústria farmacêutica. Des-


de então, foi aprimorada a produção de medicamen-
tos quirais, que têm em sua estrutura os átomos (na
maioria carbonos) com orientação tridimensional bem
definida. Uma modificação dessa orientação ocasiona
diminuição ou mudanças dos efeitos biológicos, como
ocorreu no caso da talidomida.

46
VIVENCIANDO

Quando se trata de moléculas com imagens especulares não superponíveis (enantiômeros), fala-se em termos de
quiralidade. Um objeto que possui a propriedade de “lateralidade” é um objeto quiral, ou seja, é um objeto que não
pode ser colocado sobre a sua imagem especular de forma que todas as partes coincidam. Em outras palavras, um
objeto quiral não é superponível à sua imagem especular. Exemplos comuns são as mãos, que guardam a relação
de imagem especular entre si (esquerda e direita), mas não podem ser sobrepostas. A mão é, portanto, um objeto
quiral. A quiralidade é fundamental no cotidiano. Muitos medicamentos são quirais. Em geral, apenas uma forma de
imagem especular de uma droga fornece o efeito desejado. A outra forma de imagem especular é geralmente inativa,
menos ativa ou mesmo nociva à saúde, provocando efeitos colaterais sérios ou toxicidade.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A mistura racêmica (racemato) foi descrita pela primeira vez em um trabalho de Louis Pasteur, que utilizou um sal de ácido
tartárico. Em uma análise realizada com luz polarizada, ele percebeu que o referido sal, a princípio opticamente inativo,
isto é, sem causar desvio no plano da luz polarizada, formava dois compostos opticamente ativos ao ser recristalizado.
Contudo, havia um problema referente à observação de Pasteur: uma recristalização, por se tratar de um método de
purificação, não pode resultar em um composto químico diferente; assim, ao purificar o sal de ácido tartárico, deveria
ser obtido o mesmo sal com menos impurezas. Nesse sentido, não seria possível formar dois compostos quirais (que
desviam a luz polarizada) a partir de um composto aquiral (que não tem atividade óptica), pois esse fenômeno só
ocorreria a partir de uma reação química envolvendo quebra de ligações e formação de novas.
Excluindo a possibilidade de se tratar de um composto aquiral, Pasteur concluiu que o composto que ele havia pu-
rificado era uma mistura com proporções iguais de dois enantiômeros, sendo 50% dextrogira e 50% levogira, pois,
embora ambos os enantiômeros provoquem rotação no plano da luz polarizada, por serem espelho um do outro e
estarem na mesma proporção, as rotações ocorrem em direções opostas, sendo canceladas.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

47
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24

Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Entender a forma com que as moléculas se dispõem no espaço é de suma importância, ainda mais se
tratando de Química Orgânica. Quando é analisado um composto, algumas de suas propriedades físicas
podem ser a chave para saber qual é o composto. Contudo, muitas fórmulas químicas apresentam isôme-
ros, isto é, a mesma fórmula molecular, com diferença nas fórmulas estruturais. Essa diferença provoca a
mudança de propriedades físicas, como temperatura de ebulição, temperatura de fusão, densidade, etc.

MODELO 1

(Enem) A talidomida é um sedativo leve e foi muito utilizada no tratamento de náuseas, comuns no início da
gravidez. Quando foi lançada, era considerada segura para o uso de grávidas, sendo administrada como uma
mistura racêmica composta pelos seus dois enantiômeros (R e S). Entretanto, não se sabia, na época, que o
enantiômero S leva à malformação congênita, afetando principalmente o desenvolvimento normal dos braços
e pernas do bebê.
Adaptado de: COELHO, F.A.S. “Fármacos e quiralidade”.
Cadernos temáticos de química nova na escola. São Paulo, n. 3, maio 2001.

Essa malformação congênita ocorre porque esses enantiômeros:


a) reagem entre si;
b) não podem ser separados;
c) não estão presentes em partes iguais;
d) interagem de maneira distinta com o organismo;
e) são estruturas com diferentes grupos funcionais.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O exercício exige que o aluno conheça a teoria por trás da isomeria espacial óptica. Os dois enantiôme-
ros possuem propriedades iguais, e o que difere um do outro é o desvio do plano da luz polarizada,
sendo o R um dextrogiro (desvio da luz para a direita) e o S um levogiro (desvio da luz para a esquer-
da). Assim, eles interagem de maneira distinta com o organismo.

RESPOSTA Alternativa D
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

48
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIAS SÃO TÊM MESMA FÓRMULA


ISÔMEROS
DIFERENTES MOLECULAR

MESMA FÓRMULA
ESTRUTURAL PLANA

NESSE CASO, TÊM

DIFERENTES
CONFIGURAÇÕES
ESPACIAIS

POR EXEMPLO

ISÔMEROS
ÓPTICOS

OCORREM AO SATISFAZER

CONDIÇÃO CONDIÇÃO
NECESSÁRIA SUFICIENTE

QUE É É A PRESENÇA DE

AUSÊNCIA DE CARBONO QUIRAL


PLANO DE SIMETRIA (CARBONO
MOLECULAR GARANTE ASSIMÉTRICO)

ACARRETA EM OCORRE SE

ATIVIDADE R1
ÓPTICA R2 C R4
R3
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

R1 ≠ R2 ≠ R3 ≠ R4

49
D/Ni
H2C = C = CH2 + 1H2   H2C = CH — CH3
propadieno propeno

1.1.2. Hidrogenação total


D/Ni
HC ; CH  +  2H2   H3C — CH3
REAÇÕES DE ADIÇÃO acetileno etano

1.2. Halogenação
Essa reação envolve os halogênios, dos quais o cloro (Cℓ2)
e o bromo (Br2) são os mais utilizados.
H Cℓ Cℓ

CN AULAS | | | |
H3C — C = CH2 + Cℓ2  → H3C — CH — CH2
31 E 32 propeno 1,2-dicloro-propano

COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) Cℓ Cℓ
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 | |
H3C — C ; C — CH3 + Cℓ2  → H3C — C = C — CH3
but-2-ino 2,3-dicloro-but-2-eno

O teste mais comum para verificar se uma cadeia alifática é


1. Reações de adição insaturada à temperatura ambiente consiste na reação com
água de bromo (Br2(aq)) ou na solução de bromo em tetraclo-
As reações de adição são características de hidrocarbone-
reto de carbono (Br2/CCℓ4). Esses sistemas apresentam uma
tos insaturados (alcenos, alcinos e dienos) e ocorrem com a
coloração castanha. Se a cadeia for insaturada, a coloração
quebra da ligação pi (p).
castanha desaparecerá devido à adição dos halogênios à ca-
A B deia carbônica. Nessas condições, essa reação não ocorrerá
| | | |
com cadeias saturadas.
— C = C — + AB →  — C — C —
| |
1.3. Adição de HX
1.1. Hidrogenação catalítica Nesse tipo de reação, os reagentes mais comuns são o clo-
reto e o brometo de hidrogênio (HCℓ e HBr).
Essas reações ocorrem com o gás hidrogênio (H2) e são
catalisadas por metais, como Ni, Pt e Pd. A adição do hidrogênio (H) e do halogênio (X) aos car-
bonos da insaturação obedece a uma regra experimental
ruptura
H2C   CH2 + H2 
D/Ni
 H3C — CH3 notada pelo químico russo Markovnikov em 1868.
eteno (etileno) etano

Os ciclanos de três ou quatro carbonos apresentam anéis


VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

instáveis. Por esse motivo, também sofrem esse tipo de re-


ação em virtude da quebra de uma ligação sigma (s) entre
carbonos do anel, originando compostos de cadeia aberta.
multimídia: vídeo
H H Fonte: Youtube
D/Ni
| | Acetona com isopor (experiência de Química) ...
H2C — CH2 — CH2 

1.1.1. Hidrogenação parcial Regra de Markovnikov: o hidrogênio do HX li-


ga-se ao carbono mais hidrogenado da dupla ou
D/Ni tripla ligação.
HC ; CH + 1H2   H2C = CH2
etino (acetileno) eteno (etileno)

50
Cℓ H
| |
1.5. Reações de hidratação
H3C — C ;  CH + HCℓ  → H3C — C = CH de alcenos e alcinos
carbono mais hidrogenado da insaturação
Essas reações consistem na adição de água (H2O ou HOH),
na presença de catalisadores e em meio ácido, aos hidro-
1.4. Adição em aromáticos carbonetos alcenos e alcinos, bem como obedecem à regra
de Markovnikov, isto é, o hidrogênio liga-se ao carbono
Por causa da ressonância, os aromáticos regularmente mais hidrogenado da insaturação.
sofrem reações de substituição. Entretanto, em condições
altamente energéticas ou em condições especiais, podem H OH
| |
sofrer reações de adição.
H2C = CH — CH3 + HOH   H2C — CH — CH3
propeno propan-2-ol
Exemplos:
OH H O
| | ||
a) hidrogenação total do benzeno
H3C — C ; CH  +  HOH  →  H — C = CH   H3 C — C — CH3
propino propen-2-ol propanona

Caso o grupo OH do grupo funcional enol esteja situado no


carbono secundário, haverá a formação de uma cetona; no
entanto, se o grupo OH estiver situado no carbono primá-
rio, será formado um aldeído.

b) cloração total do benzeno

multimídia: site

manualdaquimica.uol.com.br/quimica-organica/reaco-
es-adicao.htm

VIVENCIANDO
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O benzeno é líquido, inflamável, incolor e possui um aroma doce e agradável. Trata-se de um composto tóxico, cujos
vapores, se inalados, causam tontura, dores de cabeça e até mesmo inconsciência. Quando inalados em pequenas
quantidades por longos períodos, causam sérios problemas sanguíneos, como leucopenia.
O benzeno também é conhecido por ser carcinogênico. É uma substância usada como solvente (de iodo, enxofre,
graxas, ceras, etc.) e matéria-prima básica na produção de muitos compostos orgânicos importantes, como fenol,
anilina, trinitrotolueno, plástico, gasolina, borracha sintética e tintas. A benzina é uma mistura de hidrocarbonetos
obtida principalmente da destilação do petróleo, que possui faixa de ebulição próxima ao benzeno.

51
O nome benzeno deriva do ácido benzoico, que foi descoberto no século XVI e que recebeu esse nome por ter sido
obtido, pela primeira vez, a partir da essência do benjoeiro. A destilação seca de goma de benjoim primeiramente foi
descrita por Nostradamus (1556) e, posteriormente, por Aleixo Pedemontanus (1560) e Blaise de Vigenère (1596). O
nome inicial do composto, benzine, foi dado pelo químico alemão Eilhardt Mitscherlich, em 1833.
Em 1825, o benzeno foi descoberto por Michael Faraday (1791-1867) no gás de iluminação usado em Londres.
Faraday é o mesmo cientista que descobriu vários fenômenos elétricos e determinou as leis da eletrólise. Em 1834, o
químico Edilhardt Mitscherlich determinou a fórmula molecular do benzeno como sendo C6H6.
Durante muitos anos, os químicos se esforçaram para descobrir como os seis átomos de carbono e os seis de hidrogênio
estavam dispostos dentro da molécula do anel benzênico. Já na metade do século XIX, vários cientistas haviam propos-
to diferentes fórmulas estruturais para essa molécula. Entretanto, nenhuma dessas proposições conseguia explicar as
reações apresentadas pelo benzeno. Foi então que Friedrich August Kekulé von Stradonitz, mais conhecido apenas por
Kekulé (1829-1896), em 1865, depois de um sonho, propôs a ideia do anel hexagonal, completada no ano seguinte
com a hipótese da existência de um par de estruturas em equilíbrio, com a alternância de ligações duplas.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A Química Orgânica é uma divisão da Química que foi proposta, em 1777, pelo químico sueco Torbern Olof
Bergman. A Química Orgânica era definida como um ramo químico que estudava os compostos extraídos dos or-
ganismos vivos. Em 1807, Jöns Jacob Berzelius formulou a teoria da força vital. Ela se baseava na ideia de que os
compostos orgânicos precisavam de uma força maior (a vida) para serem sintetizados.
Em 1828, Friedrich Wöhler, discípulo de Berzelius, a partir do aquecimento de cianato de amônio, produziu a ureia,
dando início à queda da teoria da força vital. Essa obtenção ficou conhecida como síntese de Wöhler. Mais tarde,
Pierre Eugene Marcellin Berthelot realizou uma série de experiências a partir de 1854 e, em 1862, sintetizou o ace-
tileno. Em 1866, Berthelot obteve, por aquecimento, a polimerização do acetileno em benzeno e, assim, foi derrubada
definitivamente a teoria da força vital.
A definição de Bergman para a Química Orgânica não era adequada. Então, o químico alemão Friedrich August
Kekulé propôs a nova definição aceita atualmente: “Química Orgânica é o ramo da Química que estuda os compos-
tos de carbono”. Embora a afirmação esteja correta, nem todo composto que contém carbono é orgânico, como o
dióxido de carbono, o ácido carbônico, o grafite, etc., mas todos os compostos orgânicos contêm carbono.
Essa parte da Química estuda a estrutura, propriedades, composição, reações e síntese de compostos orgânicos que,
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

por definição, contêm carbono, mas que podem também conter outros elementos, como o oxigênio e o hidrogênio.
Muitos deles contêm nitrogênio, halogênios e, mais raramente, fósforo e enxofre.

Resolução:
Aplicação do conteúdo Respeitando a regra de Markovnikov, a reação entre prope-
1. A hidratação do propeno dará origem a qual dos no e água se dá por:
compostos abaixo?
a) Propano
b) Propan-1-ol
c) Propan-2-ol
Assim, o produto formado é o propan-2-ol (ou 2-propanol)
d) Propanona
e) Ácido propanoico Alternativa C

52
2. Ao realizar a reação de adição do composto metil- 4. (UFSC) Assinale as proposições CORRETAS.
ciclobutano com o ácido bromídrico (HBr), qual será o
composto formado? Encontre, na relação a seguir, os produtos da adição de 1 mol
a) 2-bromopentano de HBr a 1 mol de cada um dos seguintes reagentes:
b) 1-bromopentano a) propeno
c) 2-bromobutano b) propino
d) 1-bromo-2-metilciclobutano 01) 1,2-dibromopropano
e) 1-bromo-1-metilciclobutano 02) 2-bromopropano
Resolução: 04) 1,2-dibromopropeno
08) 2-bromopropeno
Respeitando a regra de Markovnikov, a reação entre metil- 16) 1-cloro-2-bromopropano
ciclobutano e HBr se dá por: 32) 1,2,3-tribromopropano
64) 1,1,1-tribromopropano
Soma ( )
Resolução:
Reagindo 1 mol de propeno com 1 mol de HBr, forma-se
Nessa reação de adição, ocorre abertura do anel, uma vez 2-bromopropano:
que os compostos cíclicos de três ou quatro carbonos pos-
suem anéis instáveis. Assim, o produto formado é o 2-bro-
mopentano.
Alternativa A

3. Qual é o produto da reação entre 1 mol de 1,3-butadieno Reagindo 1 mol de propino com 1 mol de HBr, forma-se
com 1 mol de gás cloro? 2-bromopropeno:
a) 3,4-diclorobut-1-eno
b) 1,2-diclorobut-3-eno
c) 2,3-diclorobut-2-eno
d) 1,4-diclorobut-2-eno
e) 1,2,3,4-tetraclorobutano
Resolução: Assim, os itens corretos são os números 2 e 8.
Soma: 10
A reação de adição a um dieno conjugado (dupla e simples
alternado, como 1,3-butadieno) se dá por adição nos car-
bonos da ponta de cada dupla, e as duplas migram para
onde estava a ligação simples (chamada de adição 1,4):
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Assim, a reação entre 1 mol de 1,3-butadieno com 1 mol


de gás cloro resulta na formação de 1,4-diclorobut-2-eno
(ou 1,4-dicloro-2-buteno).
Alternativa D

53
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA QUÍMICA

PODE SER

ORGÂNICA

POR EXEMPLO

HIDROCARBONETOS

PARTICIPAM DE

REAÇÕES

TAIS COMO

REAÇÕES
ADIÇÃO DE ADIÇÃO DE
ENVOLVENDO
ALCENOS ALCINOS
CICLANOS

INCLUI
ADIÇÃO
HIDROGENAÇÃO (COM QUEBRA
CATALÍTICA DE CICLO)

ADIÇÃO DE TÍPICA DE
HALOGÊNIO (X2)

CICLO DE 3C CICLO DE 4C
ADIÇÃO
DE H2O
TEM

ADIÇÃO DE HX
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

X = HALOGÊNIO ALTA TENSÃO


ANGULAR
QUE
SEGUEM A

REGRA DE
MARKOVNIKOV

54
§ Nessa reação, o H do C5H10 foi substituído pelo Br.

REAÇÕES DE
SUBSTITUIÇÃO ciclopentano bromociclopentano

Em geral, as reações na Química Orgânica processam-se


com a ajuda externa da luz e são mais lentas do que na
Química Inorgânica. Isso ocorre porque, regularmente, as

CN
reações orgânicas são moleculares, enquanto as reações
AULAS inorgânicas são iônicas.
33 E 34 § Mecanismo da substituição em alcanos – substi-
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) tuição via radical livre:
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 a) Início da cadeia – dissociação (por cisão homolítica
sob ação da luz) da molécula de cloro (Cℓ2), liberando áto-
mos de cloro (Cℓ).

1. Reações de substituição Cℓ •• Cℓ   2Cℓ •

Nas reações de substituição, ao menos um átomo de hidro- b) Propagação da cadeia – um átomo de cloro (Cℓ)
gênio da molécula de um hidrocarboneto é substituído por reage com um átomo de hidrogênio do metano, produ-
outro átomo ou grupo de átomos. Essas reações podem ser zindo HCℓ e um radical livre (H3C, metil), que reage com
representadas genericamente da seguinte maneira: outra molécula de cloro, formando o haleto (H3C — Cℓ) e
liberando um átomo de cloro.
R — H + A B → R — B + HA
H H
| |
A notação R – H representa um hidrocarboneto que pode Cℓ • + H • • C •• H  →  H •• Cℓ  + •C — H  (H3C•)
pertencer a uma das seguintes classes: alcanos, aromá- | |
ticos ou ciclanos, com cinco ou mais carbonos. H H
radical metil
As principais reações de substituição são halogenação,
nitração, sulfonação, alquilação e acilação. H3C• + Cℓ • • Cℓ  → H3C •• Cℓ + Cℓ •
cloreto de metila
(cloro metano)
1.1. Halogenação
c) Término da cadeia – os átomos de cloro se recombi-
Na halogenação ocorre a substituição de átomo(s) de hidrogê- nam, restaurando a molécula de cloro.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

nio por átomo(s) de halogênio provenientes das suas substân-


cias simples: F2, Cℓ2, Br2 e I2; as mais comuns são a cloração 2 Cℓ•  →  Cℓ2
(Cℓ2) e a bromação (Br2), pois as reações com F2, em razão
Reação global: Cℓ2 + CH4   HCℓ + H3C — Cℓ
de sua grande reatividade, são explosivas, enquanto as reações
com I2 são extremamente lentas. A halogenação de um alcano Experimentalmente, verifica-se que:
produz um haleto orgânico (hidrocarboneto halogenado).
§ Misturas de gás cloro (Cℓ2) e gás metano (CH4) podem
Exemplo: ser armazenadas indefinidamente no escuro, sem que
§ Monocloração do metano. ocorra reação.
H § A exposição momentânea da mistura à luz inicia uma re-
| ação violenta. Estudos mostraram que a absorção de luz
H—C—H + Cℓ — Cℓ   H3C — Cℓ + HCℓ
pelas moléculas de cloro provoca a dissociação das mo-
| clorometano
H léculas, produzindo radicais livres de cloro. Esses radicais
metano são muito reativos e atacam o metano, retirando átomos

55
de hidrogênio e produzindo cloreto de hidrogênio e radi- CH3 — H  +  HO — NO2  → CH3 — NO2 + H2O
cais metil. Esses radicais reagem com moléculas de cloro, nitrometano

produzindo cloreto de metila e radicais de cloro. Ocorre


uma reação em cadeia, e muitas moléculas de cloreto de 1.3. Sulfonação
metila e cloreto de hidrogênio são produzidas para cada Sulfonação é a reação de um alcano com ácido sulfúrico, H2SO4,
molécula de cloro que sofre fotólise. As cadeias terminam que produz um ácido alcano-sulfônico, um ácido sulfônico.
graças à recombinação dos radicais de cloro.
CH3 — H +  HO — SO3H  → CH3 — SO3H + H2O
Exemplo: ácido metil-sulfônico
Cℓ
|
H2C — CH — CH2 — CH3 + HCℓ  (0,7 %)
Em alcanos mais complexos, o halogênio pode atacar a
|
CH3
molécula em diferentes pontos.
Cℓ
|
H3C — CH — CH2 — CH3 + Cℓ — Cℓ  H3C — C — CH2 — CH3 + HCℓ  (90 %)

2. Reações de substituição nos


| |
CH3
CH3

hidrocarbonetos aromáticos
metilbutano

Cℓ
|
H3C — CH — CH — CH3 + HCℓ  (9 %)
|
CH3
A seguir, serão indicadas as reações mais comuns e impor-
Cℓ tantes nos hidrocarbonetos aromáticos.
|
H3C — CH — CH2 — CH2 + HCℓ  (0,3 %)

2.1. Halogenação
|
CH3

Diversos fatores influem na porcentagem dos produtos ob-


tidos nesse tipo de reação. Não obstante, é possível prever
qual produto será formado em maior quantidade, por meio
de uma regra de uso comum que indica a ordem de faci-
lidade com que um hidrogênio “sai” do hidrocarboneto.
Cterciário > Csecundário > Cprimário

No equacionamento de reações semelhantes a essa, costu- 2.2. Nitração


ma-se representar somente o produto obtido em maior quan-
tidade. Por esse motivo, a reação de monocloração do metil-
butano é frequentemente representada da seguinte maneira:
H Cℓ
| |
H3C — C — CH2 — CH3 + Cℓ — Cℓ H3C — C — CH2 — CH3 + HCℓ
| |
CH3 CH3 2.3. Sulfonação
metilbutano 2-cloro-2-metilbutano
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2.4. Alquilação de Friedel-Crafts


multimídia: vídeo
Trata-se da substituição de um ou mais hidrogênios do anel
Fonte: Youtube aromático por um ou mais radicais derivados de alcanos.
Produção de Biodiesel a partir de Óleo Usado

1.2. Nitração
Nitração é a reação de um alcano com ácido nítrico, HNO3,
que produz um nitroalcano, um nitrocomposto.

56
2.5. Acilação de Friedel-Crafts
Trata-se da substituição de um ou mais hidrogênios de um
anel aromático por um ou mais radicais derivados de áci-
dos carboxílicos (R — C = O).
c) Eliminação de próton (H+):

HAℓCℓ4  → HCℓ + AℓCℓ3


Essas duas reações são denominadas reações de Friedel-
-Crafts. Essa reação é denominada substituição eletrofílica aromática.

§ Mecanismo de substituição nos aromáticos

a) O catalisador (ácido de Lewis) reage com Cℓ2:


Cℓ2 + AℓCℓ3   → Cℓ- [AℓCℓ4]–
multimídia: site
b) O benzeno ataca o eletrófilo Cℓ+ (“gosta” de elé-
tron), formando íon carbônio (cátion com carga posi- manualdaquimica.uol.com.br/quimica-organica/reacoes-or-
tiva no carbono): ganicas-substituicao.htm

VIVENCIANDO

O Biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo. Ele pode ser utilizado em automóveis e em
qualquer outro veículo com motor a diesel. Fabricado a partir de fontes renováveis (óleo de soja, gordura animal, óleo
de algodão), trata-se de um combustível que emite menos poluentes do que o diesel.
O preço da gasolina, do diesel e dos derivados de petróleo tendem a subir cada vez mais. A cada ano, o consumo
aumenta e as reservas diminuem. Além do problema físico, há o problema político: a cada ameaça de guerra ou crise
internacional, o preço do barril de petróleo dispara.
Para aumentar sua competitividade, os custos de produção do biodiesel podem ser minimizados pela venda dos
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

subprodutos gerados durante o processo de transesterificação, como a glicerina, o adubo e a ração proteica vegetal.
Devido à importância do biodiesel e da futura regulamentação para sua utilização no país, o estabelecimento de
padrões de qualidade para o biodiesel se constitui como um fator fundamental para o sucesso de sua adoção.
A história do biodiesel começa junto com a história do século XX. Embora a ideia de utilização de combustíveis de ori-
gem orgânica só tenha se tornado viável mais tarde, principalmente depois da explosão do preço do petróleo na década
de 1970, desde o início do funcionamento dos motores a diesel há relatos do uso de óleo vegetal para movê-los.

Processo de produção de biodiesel


A molécula de óleo vegetal é formada por três moléculas de ácidos graxos ligadas a uma molécula de glicerina, o que
faz dela um triglicídio. O processo para a transformação do óleo vegetal em biodiesel é denominado transesterificação.

57
Quando os pesquisadores calculam o balanço energético líquido para um biocombustível, eles consideram a energia
exigida para produzir a colheita (coisas como fertilizantes, pesticidas e diesel de trator) e então somam a energia
necessária para processar a planta colhida em etanol ou biodiesel. Eles subtraem a quantia de energia que entra no
processo da quantia de energia que sai.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Reações químicas envolvendo compostos orgânicos são denominadas reações orgânicas. Os tipos básicos de reações
da Química Orgânica são reações de adição, reações de eliminação, reações de substituição, reações pericíclicas, rea-
ções de rearranjo ou transposição e reações redox. Em síntese orgânica, reações orgânicas são usadas na construção
de novas moléculas orgânicas. A produção de muitas substâncias pelo homem, como drogas e plásticos, depende
de reações orgânicas.
A combustão de combustíveis orgânicos e a saponificação de gorduras para fazer sabão são as mais antigas reações
orgânicas. A moderna química orgânica inicia-se com a síntese de Wöhler em 1828. Na história do Prêmio Nobel
de Química, há premiados pela invenção de reações orgânicas específicas, como a reação de Grignard, em 1912, a
reação de Diels-Alder, em 1950, a reação de Wittig, em 1979, e a metátese de olefina, em 2005.

Pelas posições dos carbonos, é possível observar que os


Aplicação do conteúdo carbonos de números 1, 5 e 6 são simétricos. Assim, subs-
1. Na primeira etapa da reação de alcanos com cloro,
tituindo qualquer um dos três, obtém-se compostos iguais;
ocorre a troca de apenas um átomo de hidrogênio por no carbono 2 não há como adicionar o cloro, pois ele já
átomo de cloro. Considerando somente essa etapa, está fazendo quatro ligações. Então, as possibilidades dos
quantos hidrocarbonetos clorados diferentes podem se compostos monoclorados são:
formar ao reagirem 2,2-dimetilbutano e cloro?
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Assim, as quantidades de compostos monoclorados dife-


Resolução: rentes são três.

O composto 2,2-dimetilbutano é: Alternativa C

2. Escreva a equação da reação de sulfonação do benze-


no e dê o nome do produto orgânico formado.

Resolução:

Nome do composto formado: ácido benzenossulfônico.

58
3. Aos alunos do terceiro ano do Ensino Médio, dividi- Pelas posições dos carbonos, é possível observar que os car-
dos em cinco grupos, foi dado o seguinte problema: que bonos de números 1 e 4 são simétricos. Assim, substituindo
substâncias orgânicas serão obtidas da reação de mo- em qualquer um dos dois, resulta em compostos iguais. En-
nocloração da substância 2-metil-butano, na presença
de aquecimento e luz?
tão, as possibilidades dos compostos monoclorados são:

As respostas obtidas foram as seguintes:


Grupo I: ocorrerá a formação apenas da substância 2-clo-
ro-3-metil-butano.
Grupo II: ocorrerá a formação apenas das substâncias
2-cloro-3-metil-butano e 1-cloro-2-metil-butano. 1-cloro-2-metibutano 2-cloro-3-metilbutano

Grupo III: ocorrerá a formação apenas das substâncias 2,2-di-


cloro-3-metil-butano; 1-cloro-2-metil-butano; 2-cloro-2-metil-
-butano; 2-cloro-3-metil-butano e 1-cloro-3-metil-butano.
Grupo IV: ocorrerá a formação apenas das substâncias
1-cloro-2-metil-butano; 2-cloro-2-metil-butano e 2-cloro- 2-cloro-2-metilbutano 1-cloro-3-metilbutano
-3-metil-butano.
Logo, o grupo que apresentou a resposta correta foi o grupo V.
Grupo V: ocorrerá a formação apenas das substâncias
1-cloro-2-metil-butano; 2-cloro-2-metil-butano; 2-cloro- Alternativa E
-3-metil-butano e 1-cloro-3-metil-butano.
Assinale a alternativa que corresponde ao grupo que apre-
sentou a resposta correta ao problema.
a) Grupo I d) Grupo IV
b) Grupo II e) Grupo V
c) Grupo III

Resolução:
Estrutura do 2-metilbutano:

VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

59
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA QUÍMICA

PODE SER

ORGÂNICA

POR EXEMPLO

HIDROCARBONETOS

PARTICIPAM DE

REAÇÕES

TAIS COMO

REAÇÕES
SUBSTITUIÇÃO SUBSTITUIÇÃO
ENVOLVENDO
EM ALCANOS EM AROMÁTICOS
CICLANOS

SUBSTITUIÇÃO
(SEM QUEBRA
DE CICLO)

TÍPICA DE

CICLO DE 5C CICLO DE 6C

TEM
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

BAIXA TENSÃO
ANGULAR

60
QUÍMICA

4
CIÊNCIAS DA
TERMOQUÍMICA E
CINÉTICA QUÍMICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

A termoquímica é cobrada de maneira bem A termoquímica é cobrada de maneira


concisa, de modo que se deva interpretar direta, de modo que se deva identificar o
as maneiras diferentes de calcular as ener- tipo de cálculo a ser utilizado, assim como
gias e a característica de seu processo. o processo que ocorre devido à energia
envolvida.

A termoquímica requisita boa interpretação Cálculos termoquímicos exigem boa in- O candidato deve compreender as informa-
de dados, identificar o cálculo de energia terpretação do fenômeno e é necessário ções dadas para utilizar o cálculo correto
correto a ser utilizado frente às informa- identificar o processo ocorrido, assim como das energias. É importante também anali-
ções que são dadas e identificar os pro- as energias envolvidas nas reações. sar o tipo de processo que ocorre com base
cessos que ocorrem com base na energia nas energias envolvidas na reação.
envolvida.

O tema mais abordado é termoquímica, A termoquímica tem como base a inter- Na termoquímica, o candidato deve iden- O tema mais cobrado engloba a termo-
sendo que o candidato deve interpretar pretação para que seja possível utilizar o tificar as diferenças de cálculo para utilizar química como um todo, sendo importante
as informações para realizar o cálculo pelo método correto de cálculo da energia da o método correto e também relacionar a identificar o modelo que deve ser usado
método correto e também diferenciar o reação, sendo interessante entender os quantidade de energia envolvida na reação parar resolução com base nas informações
processo que ocorre com base nas energias processos que ocorrem devido aos diferen- com os diferentes tipos de processos que encontradas no enunciado.
envolvidas na reação. tes valores de energia que são encontrados. ocorrem.

UFMG
A termoquímica é cobrada de maneira a Na termoquímica, é importante salientar Em termoquímica, é necessário que se
saber as diferenças nos métodos de cálculo os diferentes métodos de cálculo logo, é compreenda as diferentes formas de cálcu-
para a energia da reação com base nas in- necessário saber utilizar cada método na lo que terão base nos dados fornecidos, e é
formações dadas, e é importante identificar situação correta, tudo isso com base nas importante saber reconhecer os processos
os processos envolvidos analisando as dife- informações dadas, e também relacionar os envolvidos para evitar qualquer erro.
rentes quantidades de energia envolvidas. processos com as quantidades de energia
envolvidas.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Reações orgânicas cobram identificar al- O tema termoquímica é cobrado de forma Os cálculos termoquímicos são cobrados de
gumas características das reações, assim bem direta. É necessário identificar o mé- maneira que se deve identificar os proces-
como identificar os reagentes utilizados e todo correto de cálculo a ser utilizado com sos envolvidos, assim como o método cor-
os produtos formados. Em isomeria, deve- base nas informações dadas. reto para o cálculo, tudo isso com base na
-se compreender as diferenças físico-quími- interpretação e dados que são fornecidos.
cas características de determinados tipos.

62
Endotérmica Exotérmica

Sistema
sistema Sistema
sistema

TERMOQUÍMICA: Energia
energia Energia
energia

VARIAÇÃO DE Ambiente
ambiente Ambiente
ambiente

ENTALPIA
1.1.1. Mudanças de estados físicos

CN AULAS
27 E 28
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27

H2O(s) → H2O(ℓ) DH = + 7,3 kJ/mol

A quantidade de calor necessária para provocar a fusão de


1. Introdução 1 mol de H2O(s) é denominada calor ou entalpia de fusão e
O segmento da Físico-Química que estuda os efeitos tér- equivale a 7,3 kJ/mol.
micos provocados pelas reações químicas é denominado H2O(ℓ) → H2O(v) DH = + 44 kJ/mol
termoquímica.
A quantidade de calor necessária para provocar a vaporiza-
Toda reação química envolve modificações energéticas. Em ção de 1 mol de H2O(ℓ) é denominada calor ou entalpia de
geral, essas modificações se manifestam por variações de vaporização e equivale a 44 kJ/mol.
calor. Uma reação pode ser exotérmica ou endotérmica.
1.1.2. Reações químicas
1.1. Processos exotérmico e endotérmico a) Reações exotérmicas ocorrem com liberação de calor.
Todas as reações químicas e todas as alterações de estado
Exemplos
físico causam liberação ou absorção calor.
§ Todas as combustões (queimas) são exotérmicas.
§ Processos exotérmicos → liberam calor
§ Processos endotérmicos → absorvem calor Queima do metano:
CH4(g) + 2 O2(g)  → CO2(g) + 2 H2O(ℓ) + calor
Características Exemplos
Queima do carvão:
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

• Cozimento dos alimentos


(absorve calor) C(s) + O2(g)  → CO2(g) + calor
Reação química • Fotossíntese (absorve luz solar)
Endotérmicas

com absorção de • Fusão, ebulição e sublimação § As dissoluções em água da maioria dos ácidos tam-
energia; o sistema (absorvem calor)
ganha (recebe) • Carregamento de bateria para bém são exotérmicas, como a reação abaixo da disso-
energia do ambiente celular (absorve energia elétri- lução de ácido sulfúrico em água.
que o envolve. ca)
• Eletrólise (absorve energia elé- H2SO4(ℓ) + H2O(ℓ)  → H3O+(aq) + HSO4–(aq) + calor
trica).
b) Reações endotérmicas ocorrem com absorção
• Combustão (libera luz e calor) de calor.
Reação química com • Solidificação e condensação
Exotérmicas

liberação de energia; (liberam calor) Exemplos


o sistema perde • Explosão de uma bomba (libe-
energia para o am- ra calor) § Síntese do monóxido de nitrogênio:
biente que o cerca. • Funcionamento de uma pilha
(libera energia elétrica). Calor + ​  __1 ​ N  + ​  __1 ​ O   → NO
2 2(g) 2 2(g) (g)

63
§ Decomposição do carbonato de cálcio: De onde vem essa energia em forma de calor?
Calor + CaCO3(s)  → CaO(s) + CO2(g) Essa energia liberada em forma de calor estava contida nos
As reações endotérmicas ocorrem exclusivamente median- reagentes (grafita e oxigênio). Quando os reagentes se trans-
te absorção de calor do meio ambiente. Para que elas se formaram em produto (gás carbônico), a energia foi liberada.
realizem, é necessário que os reagentes sejam aquecidos. Com isso, pode-se concluir que cada substância deve apre-
sentar certo conteúdo de energia denominado entalpia e
2. Medida do calor representado pela letra H.

É possível medir em laboratório, com o auxílio de aparelhos O valor numérico do calor é proveniente da diferença:
denominados calorímetros, a quantidade de calor des- Hfinal – Hinicial.
pendida numa reação. Calor = Hfinal – Hinicial
Agitador elétrico

Recipiente e
Termômetro
4. Variação de entalpia (DH)
de precisão
tampa isolantes Não é conhecido nenhum método que determine a ental-
pia de uma substância. Na prática, por meio do uso de
calorímetros, é possível medir a variação de entalpia (DH)
de um processo.
O DH corresponde ao calor liberado ou absorvido durante
o processo à pressão constante. O cálculo da variação da
entalpia é dado pela expressão genérica:
Béquer com massa de água conhecida DH = Hfinal – Hinicial
DH = calor liberado ou absorvido em qualquer processo
O calor despendido na reação faz aumentar ou diminuir a
físico e/ou químico (pressão constante).
temperatura da água. Assim, pode-se concluir que:
Qreação = Qágua § DH nas reações químicas
Qágua = m ⋅ c ⋅ Dt Em uma reação química, o estado inicial é dado pelos rea-
Q = quantidade de calor gentes, e o estado final, pelos produtos.
m = massa em gramas

(  )
Reagentes   →   Produtos
​  cal  ​   ​
c = calor específico da água ​ 1_____
g ⋅ ºC (Hinicial = Hreagentes = HR)    (Hfinal = Hprodutos = HP)
Dt = variação da temperatura
Calor da reação = DH = HP – HR
Joule é a unidade de energia no Sistema Internacional (SI).
É simbolizado pela letra J, unidade oficial no Brasil.
Outra unidade muito usada no Brasil é a caloria, equiva-
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

lente a 4,186 J. Portanto:


1 cal = 4,186 J; 1 J = 0,238 cal
Em cálculos, é comum empregar-se a quilocaloria, que cor-
responde a 1000 calorias, e o quilojoule, que corresponde multimídia: vídeo
a 1000 joules. Portanto: Fonte: Youtube
1 kcal = 10 cal = 4 186 J; 1 kJ = 10 J
3 3 Reação exotérmica

3. Entalpia (H) 5. DH em reações exotérmicas


A queima da grafita, representada pela equação química a
seguir, libera energia na forma de calor. Nas reações exotérmicas, como ocorre a liberação de calor,
a entalpia dos produtos (HP) é menor do que a entalpia dos
C(Graf.) + O2(g) → CO2(g) + calor reagentes (HR).

64
A → B + calor ⇒ DH = HP – HR
HR > HP ⇒ DH < 0 Entalpia (H)
Assim, a reação pode ser representada por: Produtos
HP

A → B DH < 0
ΔH
H>0

Entalpia (H) Reagentes


HR
Reagentes
HR

H<0
ΔH
Exemplo:
Produtos 2 NH3(g) → N2(g) + 3 H2(g) ΔH = + 92,2 kJ
HP

6.1. Interpretação
Exemplo: Quando 2 mol de NH3(g) decompõem-se em um 1 mol de N2(g)
C(graf.) + O2(g) → CO2(g) DH = – 394 kJ e em 3 mol de H2(g), a reação absorve 92,2 kJ do ambiente.
Outra maneira de representar uma equação química de
5.1. Interpretação uma reação endotérmica é:
Quando 1 mol de C(grafita) reage com 1 mol de O2(g), a fim de 2 NH3(g) + 92,2 kJ → N2(g) + 3 H2(g)
dar origem a 1 mol de CO2(g), a reação libera 394 kJ para
Entalpia (H)
o ambiente.
N2(g) + 3 H2(G)
Outra maneira de representar uma equação química de HP
uma reação exotérmica é:
C(graf.) + O2(g) → CO2(g) + 394 kJ ∆H = + 92,2 kJ

§ Graficamente: 2 NH3(g)
HR
Entalpia (H)
C(Graf) + O2(g)
HR

∆H
H ==- -394
394kJkJ 7. Equação termoquímica
CO2(g) Uma equação termoquímica descreve uma reação quí-
HP mica representando seus reagentes, seus produtos, seus
estados físicos e a energia envolvida. Essa energia é repre-
sentada por DH e é denominada variação de entalpia,
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

entalpia da reação ou calor de reação.


6. DH em reações Se nada for mencionado, considera-se que a reação ocorre
endotérmicas a 1 atm e 25 °C (condições ambiente).

Nas reações endotérmicas, como ocorre a absorção de ca- § Reações endotérmicas ( DH > 0 )
lor, a entalpia dos produtos (HP) é maior do que a entalpia Reagentes → Produtos    DH = + calor
dos reagentes (HR). ou
A + calor → B ⇒ DH = HP – HR Reagentes + calor → Produtos

HR < HP ⇒ DH > 0 Exemplo:

Assim, a reação pode ser representada por: H2O (ℓ) → H2 (g) + ½ O2 (g)   DH = + 68,3 kcal
ou
A → B DH > 0 H2O (ℓ) + 68,3 kcal → H2 (g) + ½ O2 (g)

65
Interpretação: f indica que se trata de entalpia de formação.
Quando 1 mol de H2O em estado líquido absorve 68,3 kcal,
ela se decompõe formando 1 mol de hidrogênio e 1/2 mol 9. Fatores que influenciam
de oxigênio, ambos gasosos.

§ Reações exotérmicas ( DH < 0 )


nas entalpias (ou calores)
Reagentes → Produtos   DH = – calor das reações
ou 1. Quantidade de reagentes e de produtos
Reagentes → Produtos + calor
C(Graf.) + O2(g)  → CO2(g)
Exemplo: 1 mol  1 mol  1 mol
C(s) + O2 (g) → CO2 (g)   DH = – 394 kJ DH = – 94 kcal (25 ºC, 100 kPa)
ou
C(s) + O2 (g) → CO2 (g) + 394 kJ 2 C(graf.) + 2 O2(g)  →  2 CO2(g)
2 mol   2 mol   2 mol
Interpretação: DH = – 188 kcal (25 ºC, 100 kPa)
Quando 1 mol de carbono sólido reage com 1 mol de O2 ga-
soso, forma-se 1 mol de CO2 gasoso e são liberados 394 kJ
A quantidade de calor de um processo (DH) é dire-
para o ambiente.
tamente proporcional à quantidade de matéria (mol)
dos elementos do processo.

8. Entalpia (ou calor)


padrão de formação de 2. Estado físico dos reagentes

uma substância (∆H) Por convenção, a entalpia padrão de substâncias simples


(compostas por um único elemento químico) no estado fí-
Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância sico mais estável é zero.
é o calor liberado ou absorvido numa reação que forma 1 Exemplos:
mol da substância, a partir das substâncias simples corres-
pondentes, estando todos no seu estado padrão. Elemento Entalpia
Fe(s) → Hof = 0 (metais geralmente são sólidos)
Exemplo: Ferro
Fe (ℓ) → Hof ≠ 0 Fe (g) → Ho ≠ 0

​ 1 ​ O → H2O(,)
H2(g) + __ DH = -286,6 kJ/mol N2 (g) → Hof = 0 (nitrogênio é gasoso)
2 2(g) Nitrogênio
N2 (ℓ) → Hof ≠ 0 N2 (s) → Ho ≠ 0

Nesse caso, os reagentes são duas substâncias simples no H2 (g) → H of = 0 (hidrogênio é gasoso)
Hidrogênio
estado padrão (estado das substâncias a 25 °C e 1 atm) H2 (ℓ) → Hof ≠ 0 H2 (s) → Ho ≠ 0
e em condições normais de temperatura e pressão (25 °C e 1
atm), tendo entalpia igual a zero (isso será tratado na outra Ho = entalpia padrão a T = 25 °C e P = 1 atm
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

seção desta aula). Sabe-se também que a entalpia de forma-


Por sua vez, substâncias compostas (formadas por mais de
ção da água é de -286,6 kJ/mol. Para calcular a variação de
um elemento) apresentam entalpia diferente de zero. Os
entalpia (ΔH), deve-se utilizar a fórmula:
valores sempre são dados.
DH = Hprodutos - Hreagentes Exemplos:
Substituindo os valores da fórmula, tem-se: Substância
–286,6 = HH O – (HH2 + 1/2 HO2)
2

–286,6 = HH O – 0 H2O (s) → Hof ≠ 0 CO2 (s) → Ho f ≠ 0 NaCℓ (s) → Ho f ≠ 0


2

HH O = DH​ 0f​  = – 286,6 kJ H2O (ℓ) → Hof ≠ 0 CO2 (ℓ) → Ho f ≠ 0 NaCℓ (ℓ) → Ho f ≠ 0


2
H2O (g) → Hof ≠ 0 CO2 (g) → Ho f ≠ 0 NaCℓ (g) → Ho f ≠ 0
Esse valor é denominado entalpia (ou calor) padrão de
formação da água líquida e é designado por ∆H​ 0f​,  em que
o zero indica o estado padrão (a 25 °C e 1 atm), e o índice

66
Atenção! Para uma mesma substância: Conclusões idênticas valem para as formas alotrópicas de ou-
tros elementos químicos. Por esse motivo, é possível afirma que:
Ho f (sólido) < Ho f (líquido) < Ho f (gás)
A síntese da água sólida libera mais calor do que a síntese § o enxofre rômbico é mais estável (menos reativo) do
da água gasosa e da água líquida. que o monoclínico;

H2O(g) DH: –58 kcal § o fósforo vermelho é mais estável (menos reativo) do
que o branco; e
​ 1 ​  O → H O DH: – 68 kcal
H2(g) + __
2 2(g) 2 (ℓ)
§ o oxigênio (O2) é mais estável (menos reativo) do que
H2O(s) DH: –70 kcal
o ozônio (O3).
3. Forma alotrópica 4. Temperatura e pressão
Se o elemento formar alótropos (substâncias simples Em geral, a pressão não influi nos calores de reação que
diferentes), a forma mais estável (menos energética) tem envolvem sólidos e líquidos. Mesmo em reações com ga-
entalpia igual a zero. ses, a influência da pressão é mínima. Reações perceptíveis
são as que ocorrem sob pressões elevadíssimas (da ordem
Exemplos:
de 1.000 atm). Por isso, não se preocupe com a influência
Forma alotrópica Forma alotrópica da pressão em seus cálculos.
Elemento
mais estável menos estável
O2 (g) → Ho f = 0 O3 (g) → Ho f ≠ 0 Aplicação do conteúdo
Oxigênio O2 (ℓ) → H o
f
≠0 O3 (ℓ) → H f ≠ 0
o

1. (UNIRIO) Os romanos utilizavam CaO como argamas-


O2 (s) → Ho f ≠ 0 O3 (s) → Ho f ≠ 0
sa nas construções rochosas. O CaO era misturado com
Carbono C (grafite / s) → Ho = 0 C(diamante /s) → Ho ≠ 0 água, produzindo Ca(OH)2, que reagia lentamente com
o CO2 atmosférico, dando calcário:
C(grafita) + O2(g) → CO2(g)  ΔH = – 94 kcal
Ca(OH)2(s) + CO2(g) → CaCO3(s) + H2O(g)
C(diamante) + O2(g) → CO2(g)  ΔH = – 94,5 kcal
Substância ΔHf (kJ/mol)
Uma vez que a combustão da substância simples diamante
Ca(OH)2 -986,1
libera mais calor, seu conteúdo energético é maior do que o
CaCO3 -1206,9
da substância simples grafita.
CO2 -393,5

Por que isso ocorre? H2O -241,8

Isso acontece porque a estrutura cristalina do diamante pos- A partir dos dados da tabela anterior, a variação de ental-
sui maior quantidade de entalpia “acumulada” do que a da pia da reação, em kJ/mol, será igual a:
grafita. Quando o diamante é queimado, essa quantidade a) +138,2 d) + 69,1
adicional de conteúdo de calor é liberada, o que explica o
b) -69,1 e) -220,8
maior ΔH dessa reação. O que está em funcionamento é
a contabilidade de energia, ou balanço energético, exigida c) -2828,3
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

pelo princípio da conservação da energia. Resolução:


A forma alotrópica de entalpia maior é a mais reativa, e a for- Para calcular a variação de entalpia (ΔH), será utilizada
ma alotrópica de entalpia menor é a mais estável – por isso a fórmula:
mais abundante na natureza. No exemplo, a grafita é mais ΔH = Hprodutos - Hreagentes
estável e mais abundante na natureza do que o diamante. ΔH =(HCaCO3 + HH2O) - (HCa(OH)2 + HCO2)
Hoje, é possível fabricar diamantes sintéticos. Consideran-
Substituindo os valores da tabela, tem-se:
do que a entalpia do diamante é elevada, sua produção
é muito cara, exigindo altas temperaturas (da ordem de ΔH = [(-1206,9) + (-241,8)] - [(-986,1) + (-393,5)]
3.000 ºC) e altas pressões (acima de 100 mil atm). Entre- ΔH = -1448,7-(-1379,6)
tanto, existe um tipo de diamante sintético ultracristalino ΔH = -1448,7+1379,6
que vem sendo produzido a uma temperatura menor que
ΔH = -69,1 kJ/mol
800 ºC. Ele é usado para auxiliar no transplante de retinas
artificiais em pessoas que ficaram cegas. Alternativa B

67
2. O etanol é um composto orgânico cuja ebulição ocor- Assim, a quantidade de calor liberada na queima de 115 g
re a uma temperatura de 78,4 °C. Pode ser obtido a par- de etanol é de 817,5 kcal.
tir de vários métodos. No Brasil, é produzido através
da fermentação da cana-de-açúcar, já que a sua dispo- Alternativa D
nibilidade agrícola é bastante ampla no nosso país. A
reação química da combustão completa do etanol e o
seu valor da entalpia são dados a seguir:

C2H5OH(,) + 3 O2(g) → 2 CO2(g) + 3 H2O(,) + 327 kcal/mol

Sabendo-se que a entalpia é uma propriedade extensiva,


na queima de 115 g desse combustível, a quantidade de
calor envolvida na reação é de:
a) -327 kcal d) -817,5 kcal multimídia: livro
b) +817,5 kcal e) -130,8 kcal
c) +327 kcal
Problemas de Físico-Química, de Nelson Santos
Resolução: Esse livro vem suprir uma lacuna existente: a ausência
De acordo com a equação, o calor está no lado dos produtos, quase absoluta de livros de Química para quem busca
ou seja, a reação “produziu” calor; assim, a reação é exotér- uma preparação de alto nível para os concursos do Ins-
mica (∆H = -327 kcal/mol). Como o calor formado é dado tituto Militar de Engenharia (IME) e do Instituto Tecno-
por mol de etanol, e o calor liberado é proporcional à quan- lógico de Aeronáutica (ITA).
tidade de etanol queimado, pode-se fazer a relação a seguir:
1 mol C2H5OH = 46 g C2H5OH
46 g C2H5OH — -327 kcal
115 g — x
x = -817,5 kcal

VIVENCIANDO

Atualmente, uma das grandes preocupações da humanidade é a poluição do ar, pois, reconhecidamente, trata-se de
um fator de risco para a saúde. O nível de poluição do ar aumenta a cada ano, principalmente nas cidades indus-
triais, onde a emissão de gases tóxicos e partículas pelas indústrias soma-se à poluição provocada pela circulação de
veículos, gerando situações críticas à saúde humana, além de prejudicar as plantas e os animais. Um dos fatores da
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

poluição do ar é o smog fotoquímico.


A palavra smog é uma combinação dos termos do inglês smoke (fumaça) e fog (neblina). O smog fotoquímico possui
esse nome porque causa na atmosfera uma diminuição da visibilidade. O desenvolvimento desse processo, no qual
um grande número de reações acontece simultaneamente, está geralmente associado à ocorrência de picos de ozô-
nio nas grandes cidades, quando a concentração de ozônio ultrapassa os padrões estabelecidos.

68
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A respiração celular pode ser de dois tipos: respiração anaeróbia (sem utilização de oxigênio) e respiração aeróbia
(com utilização de oxigênio).
A respiração celular é o processo de obtenção de energia mais utilizado pelos seres vivos. Na respiração, ocorre a
liberação de dióxido de carbono, energia e água e o consumo de oxigênio e glicose, ou outra substância orgânica,
como lipídios.
Do ponto de vista da fisiologia, o processo pelo qual um organismo vivo troca oxigênio e dióxido de carbono com o
seu meio ambiente é denominado ventilação. No caso específico das células, a operação é executada pela mitocôndria.
Do ponto de vista da bioquímica, respiração celular é o processo de conversão das ligações químicas de moléculas
ricas em energia que poderão ser usadas nos processos vitais.
O processo básico da respiração celular é a quebra da glicose ou glicólise, que pode ser representado pela seguinte
equação química:

C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O + energia

Nutrientes (energia química) + O2 → CO2 + H2O + energia (alguma parte que se perde sob a forma de calor e outra
parte que é armazenada na forma de ATP).
A respiração aeróbia requer oxigênio. Na glicólise, é formado o piruvato (também denominado ácido pirúvico), bem
como 2 ATP. Cada piruvato que entra na mitocôndria é oxidado a um composto com dois carbonos (acetato) que,
depois, é combinado com a coenzima-A, produzindo NADH e liberando CO2.
Em seguida, inicia-se o ciclo de Krebs. Nesse processo, o grupo acetil é combinado com compostos com quatro carbo-
nos, formando o citrato (6 C). Por cada ciclo que ocorre, libera-se 2 CO2, NADH e FADH2. No ciclo de Krebs, obtém-se
2ATP. Numa última fase – cadeia transportadora de elétrons (ou fosforilação oxidativa) –, os elétrons removidos da
glicose são transportados ao longo de uma cadeia transportadora, criando um gradiente protônico que permite a
fosforilação do ADP. O aceptor final de elétrons é o O2, que, depois de se combinar com os elétrons e o hidrogênio,
forma água.

VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

69
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

A forma mais comum de se medir a energia gerada numa reação química é por meio da entalpia. Essa
entalpia normalmente é expressa em kJ/mol, isto é, há uma correlação direta entre o número de mol e a
energia liberada ou absorvida. Essa energia pode ser decorrente de um processo endotérmico ou exotér-
mico e tudo está ligado ao tipo de reação que acontece naquele sistema.

MODELO 1

(Enem) Um dos problemas dos combustíveis que contêm carbono é que sua queima produz dióxido de carbo-
no. Portanto, uma característica importante, ao se escolher um combustível, é analisar seu calor de combustão
(∆Hco), definido como a energia liberada na queima completa de um mol de combustível no estado padrão. O
quadro seguinte relaciona algumas substâncias que contêm carbono e seu ∆Hco.
Substância Fórmula ∆Hco (kJ/mol)
Benzeno C6H6(ℓ) – 3268
Etanol C2H5OH(ℓ) – 1368
Glicose C6H12O6(s) – 2808
Metano CH4(g) – 890
Octano C8H18(ℓ) – 5471

Nesse contexto, qual dos combustíveis, quando queimado completamente, libera mais dióxido de carbono no
ambiente pela mesma quantidade de energia produzida?
a) Benzeno b) Metano c) Glicose d) Octano e) Etanol

ANÁLISE EXPOSITIVA

Para a resolução, é necessário ter conhecimento de algo muito pedido nas provas em geral: a relação entre
número de mol e entalpia. O primeiro passo para resolver a questão é calcular a quantidade de CO2 produzida
quando se obtém 1.000 kJ de energia (por exemplo), utilizando uma regra de três simples.
n.° de moléculas de C —— energia liberada (kJ/mol)
X moléculas de C —— 1.000 kJ
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Esse cálculo deverá ser feito para todas as substâncias.


Cálculo para a glicose:
6 —— 2.808
X —— 1.000
X = 2,13 mol de CO2
Para as outras substâncias, você encontrará os seguintes valores:
Benzeno = 1,83 mol de CO2 Metano = 1,12 mol de CO2
Etanol = 1,46 mol de CO2 Octano = 1,46 mol de CO2

RESPOSTA Alternativa C

70
DIAGRAMA DE IDEIAS

REAÇÃO
QUÍMICA
EXEMPLOS
TRANSFORMAÇÃO
MUDANÇA DE
FASE
PODE ENVOLVER

PODE SER TRANSFERÊNCIA PODE SER


DE CALOR

MEDIDO
PARA FORA POR UM PARA DENTRO
DO SISTEMA DO SISTEMA
O QUE CALORÍMETRO O QUE
CARACTERIZA A CARACTERIZA A
TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO

PERMITE
EXOTÉRMICA ENDOTÉRMICA
DETERMINAR

VARIAÇÃO DE
ENTALPIA (ΔH)

ΔH < 0 ΔH > 0
PODE SER PODE SER

TERMOQUÍMICA

VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

71
2. Lei de Hess
Em 1849, o químico suiço Germain Henri Hess (1802-1850), ao
efetuar inúmeras medidas dos calores de reação, verificou que:

TERMOQUÍMICA: O calor liberado ou absorvido numa reação química


LEI DE HESS não depende dos estados intermediários pelos quais
a reação passa, depende apenas dos estados inicial e
final da reação.

CN AULAS
29 E 30
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Pedra que pega fogo na água (experiência)

1. Diagramas energéticos Essa é a Lei da Aditividade dos Calores de Reação ou Lei


(entálpicos) de Hess.
Em geral, as transformações físicas ou químicas da maté- De acordo com ela, pode-se calcular a variação de entalpia
ria são representadas por gráficos, explicitando a troca de de uma reação pela soma algébrica de equações químicas
energia (ganho ou perda) do sistema. É comum que a re- cujos DH são conhecidos.
presentação de reagentes e produtos traga seus respectivos Por exemplo, a partir das seguintes equações:
coeficientes estequiométricos e seus valores de energia que I. C(Graf.) + O2(g) → CO2(g) DH = – 393 kJ
permitem calcular o DH.
II. H2(g) + ½ O2(g) → H2O(<) DH = – 285,5 kJ
III. CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(<) DH = –889,5 kJ
1.1. Reações endotérmicas (DH > 0) É possível determinar a variação de entalpia da reação de
Exemplo: formação do metano, CH4, reação que não permite medi-
das calorimétricas precisas de seu calor de reação, pois é
lenta e apresenta reações secundárias.
Assim, a soma algébrica das reações dadas deve resultar
na reação de formação do metano, cujo DH pretende-se
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

determinar:
C(graf.) + 2 H2(g) → CH4(g)  DH = ?

Entretanto, para se obter essa equação, devem ser efetua-


1.2. Reações exotérmicas (DH < 0) das as seguintes operações:
Exemplo:
§ multiplicar a reação II por 2 para que o número de mols
de H2(g) seja igual a 2; consequentemente, o DH tam-
bém será multiplicado por 2;
§ inverter a reação III para que o CH4(g) passe para o se-
gundo membro da equação; por esse motivo, o DH
também terá seu sinal invertido; portanto, se a reação
for exotérmica, com o sentido invertido passará a ser
endotérmica e vice-versa; e

72
§ somar algebricamente as equações e os DH. 2. Dadas as equações termoquímicas:

I. C(graf) + O2(g) → CO2(g) DH1 = – 393 kJ C(grafite) + O2(g) → CO2(g) DH1 = – 393,3 kJ
C(diamante) + O2 (g) → CO2(g) DH2 = – 395,2 kJ
II. 2 H2(g) + O2(g) → 2H2O(<) DHII = – 571 kJ
III. CO2(g) + 2 H2O(<) → CH4(g) + 2 O2(g) DHIII = +889,5 kJ Calcule a variação da entalpia da transformação:
_________________________ ______________ C(grafite) → C(diamante) DH = ?
C(Graf.) + 2 H2(g) → CH4(g) DH = DH1 + DHII + DHIII =
Resolução:
DH = – 74,5 kJ
Nesse problema, ao contrário do anterior, se forem soma-
das as duas equações dadas na forma como estão escritas,
não será obtida a equação pedida. Contudo, basta inverter
a segunda equação – e o valor do DH2 correspondente – e
somá-la à primeira; dessa maneira, pode-se obter a equa-
ção termoquímica pedida:
Equação inalterada:
multimídia: livro C(grafite) + O2(g) → CO2(g) DH1 = – 393,3 kJ

Equação invertida:
Química geral, de João Usberco
CO2(g) → C(diamante) + O2(g) DH2 = + 395,2 kJ
Essa reformulação da coleção Química está baseada em
sugestões e comentários enviados por professores, que Soma:
analisaram a obra e sua funcionalidade em sala de aula. C(grafite) → C(diamante) DH = DH1 + DH2 ⇒
Mantendo o rigor científico necessário, o livro apresenta
DH = – 393,3 + 395,2 = + 1,9 kJ
uma linguagem clara e direta para aprofundar a relação
entre os conteúdos da Química e a vivência cotidiana, 3. Dadas as equações:
evidenciando a interdependência entre teoria e prática.
Fe2O3(s) + 3 C(grafite) → 2 Fe(s) + 3 CO2(g) ΔH0 = + 489 kJ
FeO(s) + C(grafite) → Fe(s) + CO(g) ΔH0 = + 155,9 kJ
Aplicação do conteúdo C(grafite) + O2(g) → CO2(g) ΔH0 = – 393 kJ
CO(g) + __ 1
​   ​ O → CO2(g) ΔH0 = – 282,69 kJ
1. Considere as seguintes equações termoquímicas: 2 2(g)
2 S(s) + 2 O2(g) → 2 SO2(g) DH1 = – 593,6 kJ
Calcule o valor de ΔH0 para a reação:
2 SO2(g) + O2(g) → 2 SO3(g) DH2 = – 97,8 kcal
​ 1 ​ O → FeO(s)
Fe(s) + __
Calcule o calor de formação de um mol de SO3 gasoso, 2 2(g)
em kJ. a) -266,21 kJ.
b) +266,21 kJ.
Resolução: c) -30,79 kJ.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A equação que representa a formação de um mol de d) +222,79 kJ.


trióxido de enxofre é: e) -222,79 kJ.

​ 3 ​ O → SO3(g)
S(s) + __ Resolução:
2 2(g)
Pela Lei de Hess, segue que:
Para aplicar a Lei de Hess a fim de calcular o calor de for-
mação do SO3, é necessário dividir as duas equações por 2 Fe(s) + CO(g) → FeO(s) + C(grafite) DH = − 155,9 kJ (inverte)
e somá-las em seguida. C(grafite) + O2(g) → CO2(g) DH = − 393 kJ (mantém)
S(S) + O2(g) → SO2(g) DH1 = – 296,8 kJ
CO2(g) → CO(g) + 1/2 O2(g) DH = + 282,69 kJ (inverte)
_________________________________________
SO2(g) + __ ​ 1 ​ O → SO3(g) DH2 = – 48,9 kcal
2 2(g) Fe(s) + 1/2 O2 → FeO(s) ΔH = - 266,21 kJ
______________ ______________
​ 3 ​ O → SO3(g)
S(s) + __ DH = DH1 + DH2 = Não se usa a equação Fe2O3(s) + 3 C(grafite) → 2 Fe(s) + 3 CO2(g),
2 2(g)
DH = – 296,8 + (– 48,9) porque há Fe2O3, composto que não há na reação global.
Assim: DH = –345,7 kJ Alternativa A

73
VIVENCIANDO

A usina termoelétrica é uma instalação industrial que produz energia a partir do calor gerado pela queima de com-
bustíveis fósseis, como carvão mineral, óleo, gás, entre outros, ou por outras fontes de calor, como a fissão nuclear
em usinas nucleares.
Essas usinas funcionam do seguinte modo: primeiramente, aquece-se uma caldeira com água que será transformada
em vapor, cuja força movimentará as pás de uma turbina que, por sua vez, movimentará um gerador.
Uma maneira de se aquecer o caldeirão é pela queima de combustíveis fósseis. Depois da queima, eles são soltos na
atmosfera e causam grandes impactos ambientais. Outra maneira de aquecimento é utilizando a energia nuclear por
meio de reações nucleares como a quebra (fissão) do urânio.
Depois do vapor ter movimentado as turbinas, ele é enviado a um condensador para ser resfriado e transformado
em água líquida. Em seguida, para iniciar um novo ciclo, é enviado de volta ao caldeirão. O vapor pode ser resfriado
por água de um rio, lago ou mar, mas esse processo causa danos ecológicos devido ao aquecimento da água, que
provoca uma diminuição do oxigênio. Outra maneira de resfriar o vapor é utilizando água armazenada em torres;
essa água, por sua vez, é enviada em forma de vapor à atmosfera, alterando o regime de chuvas.
Um dos maiores problemas das usinas termoelétricas é o papel que elas desempenham no aquecimento global, por
meio do efeito estufa, e na formação de chuvas ácidas devido à queima de combustíveis. No caso das usinas termo-
elétricas de Angra dos Reis, que usam energia nuclear como fonte de calor, além da poluição térmica ainda existe o
problema do lixo atômico.
No entanto, essas usinas não apresentam apenas desvantagens. Uma de suas vantagens é o fato de que elas podem
ser construídas próximo a centros urbanos, diminuindo as linhas de transmissões e desperdiçando menos energia.
Também são usinas que produzem uma quantidade constante de energia elétrica durante o ano inteiro, ao contrário
das hidrelétricas, que têm a produção dependente do nível dos rios. No Brasil, as térmicas complementam a matriz
energética de hidrelétricas, sendo ligadas apenas quando há necessidade (como em períodos de estiagem).
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

74
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Na física nuclear, o processo de fissão nuclear é a quebra do núcleo de um átomo instável em dois átomos menores
pelo bombardeamento de partículas como nêutrons. Os isótopos formados pela divisão possuem massa parecida,
mas geralmente seguem a proporção de massa de três para dois. O processo de fissão é uma reação exotérmica
em que ocorre liberação de energia. A fissão é considerada uma forma de transmutação nuclear, uma vez que os
fragmentos gerados não são do mesmo elemento que o isótopo gerador.
A energia liberada no processo de fissão nuclear é resultado da conversão de parte da massa nuclear em energia,
prevista pela ideia relativística de massa-energia; essa massa nuclear, que se transforma em energia, não é composta
por quarks, mas é o resultado da força forte, uma das quatro forças fundamentais, cuja partícula mensageira é o
glúon (do inglês glue, “cola”). A força forte, nas distâncias subatômicas, é a mais forte de todas as quatro e é o que
mantém quarks, nêutrons e prótons coesos no núcleo do átomo. A energia que essa força dispensa é percebida como
massa e é parte da massa total do núcleo (razão pela qual a massa do núcleo é ligeiramente maior do que a massa
de todos os seus componentes somada, pois o glúon não possui massa).
A força forte é menor quanto menos numerosas são as partículas componentes do átomo. Dessa forma, parte da massa
resultante da energia dispensada pela força forte é convertida em energia. A maior parte da energia liberada nesse
processo, conhecido como fissão (em que normalmente um átomo de urânio-235 recebe um nêutron, tornando-se urâ-
nio-236, oscilando e ficando instável até se fragmentar em criptônio e bário), é do tipo luminosa; no entanto, uma parte
considerável é convertida em partículas fundamentais mais raras, como o neutrino do elétron, o múon ou o pósitron.
A formação de antipartículas, como o pósitron ou o antimúon, é geralmente seguida pela interação com suas partícu-
las, o que também libera energia; assim, é comum a energia liberada da fissão, que é também um tipo de conversão
massa-energia, ser confundida com esse outro tipo de conversão massa-energia.

VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

75
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

A forma mais comum de se medir a energia gerada numa reação química é por meio da entalpia. Essa
entalpia normalmente é expressa em kJ/mol, isto é, há uma correlação direta entre o número de mol e a
energia liberada ou absorvida. Essa energia pode ser decorrente de um processo endotérmico ou exotér-
mico e tudo está ligado ao tipo de reação que acontece naquele sistema.

MODELO 1

(Fuvest) A energia liberada na combustão do etanol de cana-de-açúcar pode ser considerada advinda da ener-
gia solar, uma vez que a primeira etapa para a produção do etanol é a fotossíntese. As transformações envolvi-
das na produção e no uso do etanol combustível são representadas pelas seguintes equações químicas:
6 CO2(g) + 6 H2O(g) → C6H12O6(aq) + 6 O2(g)

C6H12O6(aq) → 2 C2H5OH(l) + 2 CO2(g) ∆H = – 70 kJ/mol

C2H5OH(l) + 3 O2(g) → 2 CO2(g) + 3 H2O(g) ∆H = – 1235 kJ/mol

Com base nessas informações, podemos afirmar que o valor de ∆H para a reação de fotossíntese é:
a) –1305 kJ/mol.
b) +1305 kJ/mol.
c) +2400 kJ/mol.
d) –2540 kJ/mol.
e) +2540 kJ/mol.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Aplicando a Lei de Hess, tem-se:
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

RESPOSTA Alternativa E

76
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSFORMAÇÃO

PODE ENVOLVER

TRANSFERÊNCIA
DE CALOR

VARIAÇÃO DE
ENTALPIA (ΔH)

PODE SER CALCULADA


ATRAVÉS DA

ENTALPIA: ENTALPIA:
LEI DE
PADRÃO DE PADRÃO DE
HESS
COMBUSTÃO FORMAÇÃO

REFERE-SE À REFERE-SE À

REAÇÃO DE REAÇÃO DE
COMBUSTÃO FORMAÇÃO

A PARTIR DOS

ELEMENTOS NO
ESTADO PADRÃO
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

77
Energias de ligação (kcal/mol) medidas a 25 ºC
N—N 39 C—C 85,5

TERMOQUÍMICA: N=N 100 C = O (no CO2) 192,0

ENERGIA DE N;N 225,8 C—S 65

LIGAÇÃO C—C 82,6 C=S 128

C=C 145,8 N—H 93,4

C;C 199,6 P—H 76

CN
C—N 72,8 C—H 98,8
AULAS
C=N 147 O—H 110,6
31 E 32
C;N 212,6 S—H 83
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27
Para se determinar o DH de uma reação a partir dos valo-
res de energia de ligação, é necessário considerar:

§ que todas as ligações dos reagentes são rompidas e deter-


1. Energia de ligação minar a quantidade de energia consumida nesse processo; e
A quebra das ligações dos reagentes e a formação de no- § que as ligações dos produtos foram todas formadas a
vas ligações nos produtos ocorrem em todas as reações partir de átomos isolados e determinar a quantidade
químicas. O estudo da variação de energia compreendida de energia liberada nesse processo.
nesses processos permite determinar a variação de ental- DH será correspondente à soma algébrica das energias
pia das reações. compreendidas nos dois processos, o de ruptura e o de for-
Para que ocorra a quebra de ligação dos reagentes, mação de ligações.
é necessário fornecer energia; assim, trata-se de um É importante ressaltar que esse método fornece valores apro-
processo endotérmico. ximados de DH. Esse método é muito útil na previsão da
À medida que se formam ligações entre os pro- ordem de grandeza da variação de entalpia de uma reação.
dutos, há liberação de energia, isto é, ocorre um
Exemplo 1:
processo exotérmico.
1 H — H(g) → H(g) + H(g) DH = + 436 kJ
A energia absorvida na quebra de uma ligação é nume-
ricamente igual à energia liberada na sua formação. En- A quebra de 1 mol de ligações H — H(g) absorve 436 kJ,
tretanto, a energia de ligação é definida para a quebra em razão disso:
de ligações.
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A energia de ligação H — H(g) = + 436 kJ/mol


A — A  →  A + A  DH = + x kJ Da mesma maneira, para a quebra de 1 mol de ligações
Cℓ - Cℓ(g) se absorve 242,6 kJ, portanto:
A + A  →  A — A  DH = – x kJ
1 Cℓ — Cℓ(g) → Cℓ(g) + Cℓ(g) DH = +242,6 kJ

Energia de ligação é a energia absorvida na que-


e a energia de ligação Cℓ — Cℓ(g) = +242,6 kJ/mol
bra de 1 mol de ligações, no estado gasoso, a 25 ºC Exemplo do cálculo do DH que compreende as energias
e 1 atm. de ligação:
CH4(g) + 3 Cℓ2(g) → HCCℓ3(g) + 3 HCℓ  DH = ?
H Cℓ
A energia de ligação pode ser determinada experimentalmente. | Cℓ — Cℓ |
H—C—H + Cℓ — Cℓ → H — C — Cℓ 3 H — Cℓ
Na tabela a seguir, estão relacionadas as energias de algu- | |
Cℓ — Cℓ
mas ligações. H Cℓ

78
Dados:
Ligação Energia (kJ)

C—H 413,4

C — Cℓ 327,2

Cℓ — Cℓ 242,6 multimídia: vídeo


H — Cℓ 431,8 Fonte: Youtube
Reações de combustão
Energia absorvida nas quebras de ligações:
4 (C — H) = 4 (413,4) = 1.653,6 kJ

3 (Cℓ — Cℓ) = 3 (242,6) = 727,8 kJ Aplicação do conteúdo


Energia total absorvida = 2.381,4 kJ 1. Observe a seguir a reação de cloração do etano na
presença de luz:
Energia liberada nas formações das ligações:
Luz
H3C – CH3 + Cℓ2 → H3C – CH2 – Cℓ + HCℓ
1 (C — H) = 1 (413,4) = 413,4 kJ
Sabe-se que ela apresenta uma variação de entalpia igual
3 (C — Cℓ) = 3 (327,2) = 981,6 kJ a – 35 kcal ∙ mol-1. Considerando os valores das energias
de ligação presentes na reação, determine a energia da
3 (H — Cℓ) = 3 (431,8) = 1.295,4 kJ
ligação C – Cl no composto CH3Cℓ.
energia total liberada = 2.690,4 kJ
Uma vez que a energia liberada é maior do que a ab- C – H = 105 kcal ∙ mol–1
sorvida, a reação será exotérmica e seu valor absoluto: Cℓ – Cℓ = 58 kcal ∙ mol–1
H – Cℓ = 103 kcal ∙ mol–1
2.381,4 – 2.690,4 = – 309 kJ
reagente produto
C – C = 368 kcal ∙ mol–1
a) –97 kcal ∙ mol–1 d) – 95 kcal ∙ mol–1
Assim:
b) – 96 kcal ∙ mol–1 e) 95 kcal ∙ mol–1
CH4(g) + 3 Cℓ2(g) → HCCℓ3(g) + 3 HCℓ  DH = – 309 kJ c) 96 kcal ∙ mol–1
Exemplo 2: Resolução:
Conhecidas as energias de ligação no estado gasoso: A reação de cloração do etano é:
H — H DH = 104 kcal/mol Cℓ
Cℓ — Cℓ DH = 58 kcal/mol 
H — Cℓ DH = 103 kcal/mol H3C — CH3 + Cℓ — Cℓ → H3C — CH2 + H — Cℓ

Calcule o DH da reação: Para o reagente: energia absorvida (sempre positiva,


independentemente do sinal dos valores fornecidos). Nos
H2(g) + Cℓ2(g) → 2 HCℓ(g)
reagentes, tem-se o etano com a ligação C – H seis vezes
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Resolução: e com a ligação C – C uma vez, e o reagente Cℓ2 com a


De acordo com as fórmulas estruturais para escrever a equação: ligação Cℓ – Cℓ uma vez. Assim, tem-se:
H — H + Cℓ — Cℓ → 2 H — Cℓ ER = 6 ∙ EC – H + EC – C + ECℓ – Cℓ

Para que a reação ocorra, é preciso romper 1 mol de liga- ER = 6 ∙ 105 + 368 + 58 = + 1056 kcal
ções H — H e 1 mol de ligações Cℓ — Cℓ e formar 2 mol Para o produto: energia liberada (sempre negativa, inde-
de ligações H — Cℓ. pendentemente do sinal dos valores fornecidos). Nos pro-
Em termos energéticos, obtém-se: dutos, tem-se 1 mol do cloroetano, que apresenta a ligação
C – H cinco vezes, a ligação C – C uma vez e a ligação
Energia consumida na quebra das ligações dos reagentes
C – Cℓ uma vez, além de 1 mol do produto HCℓ, que apre-
= + (104 + 58) = +162 kcal
senta a ligação H – Cℓ uma vez. Assim, tem-se:
Energia liberada na formação das ligações dos produtos
= – (2 ∙ 103) = –206 kcal Ep = 5 ∙ Ec – H + E C – C + EC - Cℓ + EH – Cℓ
DH = + 162 – 206 → DH = –44 kcal EP = 5 ∙ 105 + 368 + EC – Cℓ + 103 – (996 + EC – Cℓ) kcal

79
Portanto, segue que: Dados:
∆H = ER + EP Energia de ligação N ≡ N : 950 kJ ∙ mol–1;
−35 = 1056 + (−996 − ECℓ – Cℓ) Energia de ligação O = O : 500 kJ ∙ mol–1;
Portanto: Entalpia de formação do NO: 90 kJ ∙ mol–1.
ECℓ − Cℓ = +95 kcal ∙ mol -1
A partir dessas informações, é possível concluir que a ener-
Alternativa E gia de ligação entre os átomos de nitrogênio e oxigênio no
óxido nítrico é:
2. (Uncisal) No processo de Haber-Bosch, a amônia é
obtida em alta temperatura e pressão, utilizando fer-
N2(g) + O2 (g) → 2 NO(g)
ro como catalisador. Essa amônia tem vasta aplicação
como fonte de nitrogênio na fabricação de fertili- a) 90 kJ ∙ mol–1. d) 1360 kJ ∙ mol–1.
zante e como gás de refrigeração. Dadas as energias
b) 680 kJ ∙ mol–1. e) 1530 kJ ∙ mol–1.
de ligação, H – H = 436 kJ/mol, N ≡ N = 944 kJ/mol e
H – N = 390 kJ/mol, a entalpia de formação de 1 mol c) 765 kJ ∙ mol–1.
de amônia é: Resolução:
1 N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)
Em primeiro lugar, deve-se determinar a quantidade de
a) –88 kJ/mol. d) +88 kJ/mol. energia absorvida no reagente (ER) e liberada no produto
b) –44 kJ/mol. e) +600 kJ/mol. (EP) da reação:
c) +44 kJ/mol. Para o reagente: tem-se 1 mol do N2 com a ligação N ≡ N
Resolução: e 1 mol do O2 , que apresenta a ligação O = O. Assim, tem-se:
Em primeiro lugar, é importante reescrever a equação química ER = EN = N + EO = O
demonstrando todas as ligações existentes em cada molécula:
ER = 950 + 500 = + 1450 kJ
1N≡N+3H−H→2H−N−H
I
H Para o produto: tem-se 2 mols do NO:

Em seguida, deve-se determinar a quantidade de energia ab- Ep = −2 ∙ EN = 0


sorvida no reagente (ER) e liberada no produto (EP) da reação:
Com esses dados, basta utilizar a expressão para o cálculo
Para o reagente: tem-se o N2 com uma ligação N ≡ N e 3 mol
do ΔH envolvendo a energia de ligação:
de H2 , que apresenta uma ligação H – H. Assim, tem-se:
ER = EN ≡ N + 3 ∙ EH − H ∆H = ER − Ep

ER = 944 + 3 ∙ 436 = + 2552 kJ +90 = 1450 − 2 ∙ EN = O → EN = O = 680 kJ ∙ mol-1

Para o produto: tem-se 2 mol de NH3, que possui três Alternativa B


ligações N − H. Assim, tem-se:
EP = 3 ∙ 2 ∙ EN - H 4. (Mackenzie) O gás propano é um dos integrantes do
EP= 6 ∙ 390 = 2340 kJ GLP (gás liquefeito de petróleo) e, dessa forma, é um
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

gás altamente inflamável. A seguir está representada


Portanto, segue que: a equação química NÃO BALANCEADA de combustão
∆H = ER + EP completa do gás propano.
∆H = +2252 − 2340 = −88 kJ ∙ mol -1 C3H8 (g) + O2 (g) → CO2 (g) + H2O (v)
Como a questão quer energia para a formação de 1 mol de Na tabela, são fornecidos os valores das energias de ligação, todos
amônia, tem-se que: nas mesmas condições de pressão e temperatura da combustão.
88 ​ = − 44 kJ ∙ mol-1
∆H = – ​ ___
2 Ligação Energia de ligação (kJ ∙ mol-1)
Alternativa B C−H 413
O=O 498
3. (Unicesumar-SP) A ligação covalente que mantém os
C=O 744
átomos de nitrogênio e oxigênio unidos no óxido ní-
trico, NO, não é explicada pela regra do octeto, mas a C−C 348
sua energia de ligação pode ser calculada a partir dos O−H 462
dados fornecidos a seguir.

80
Assim, a variação de entalpia da reação de combustão de ∆H = ER − Ep
um mol de gás propano será igual a: ∆H = 6490 − 8160
a) –1670 kJ. d) – 4160 kJ.
∆ = − 1670 kJ
b) – 6490 kJ. e) + 4160 kJ.
Alternativa A
c) +1670 kJ.

Resolução:
Balanceando a equação de combustão do propano, tem-se:
C3H8 (g) + 5 O2 (g) → 3 CO2 (g) + 4 H2O (v)
Agora, é possível determinar a quantidade de energia absor-
vida no reagente (ER) e liberada no produto (EP) da reação:
Para o reagente: multimídia: livro
ER = 8 ∙ EC − H 2 ∙ EC − C + 5 ∙ EO = O
ER = 8 ∙ 413 + 2 ∙ 348 + 5 ∙ 498 = 6490 kJ Completamente Química –
Química Orgânica, de Martha Reis
Para o produto:
Esse livro da coleção Completamente Química desenvolve
EP = 3 ∙ 2 ∙ EC = O + 4 ∙ 2 ∙ EO - H a teoria com rigor científico e auxilia no entendimento,
EP = 6 ∙ 744 + 8 ∙ 462 = 8160 kJ partindo do que é palpável e do que pode ser sentido,
Com esses dados, basta utilizar a expressão para o cálculo tocado e observado. O livro traz também atividades
do ΔH envolvendo a energia de ligação: distribuídas de forma sistemática, organizada e graduada.

VIVENCIANDO

A energia solar é proveniente da luz e do calor do Sol. É utilizada em diferentes tecnologias, como o aquecimento solar, a
energia solar fotovoltaica, a energia heliotérmica, a arquitetura solar e a fotossíntese artificial. Dependendo da forma como
capturam, convertem e distribuem a energia solar, as tecnologias solares são caracterizadas como ativas ou passivas. Entre
as técnicas solares ativas estão o uso de painéis fotovoltaicos, concentradores solares térmicos das usinas heliotérmicas e os
aquecedores solares. Entre as técnicas solares passivas estão a orientação de um edifício para o Sol, a seleção de materiais
com massa térmica favorável ou propriedades translúcidas e a projeção de espaços que façam o ar circular naturalmente.
Na geração fotovoltaica, a energia luminosa é convertida diretamente em energia elétrica. Nas usinas heliotérmicas,
a produção de eletricidade ocorre em duas etapas: primeiro, os raios solares concentrados aquecem um receptor; em
seguida, o calor (350 °C-1.000 °C) é utilizado para iniciar o processo convencional da geração de energia elétrica
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

por meio da movimentação de uma turbina. No aquecimento solar, a luz do Sol é utilizada para aquecer a água de
casas e prédios (≈80 °C), sem o objetivo de gerar energia elétrica.
No seu movimento de translação ao redor do Sol, a Terra recebe 1.410 W/m² de energia, medição feita numa superfí-
cie normal (em ângulo reto). Cerca de 19% dessa energia é absorvida pela atmosfera e 35% é refletida pelas nuvens.
Ao passar pela atmosfera terrestre, a maior parte da energia solar está na forma de luz visível e luz ultravioleta. As
plantas utilizam diretamente essa energia no processo de fotossíntese. As pessoas usam essa energia quando quei-
mam lenha ou combustíveis minerais. Existem técnicas experimentais para criar combustível a partir da absorção da
luz solar em uma reação química de modo similar à fotossíntese vegetal, mas sem a presença desses organismos.
A radiação solar, juntamente com outros recursos secundários de alimentação, como a energia eólica, a energia das
ondas, a hidroeletricidade e a biomassa, são responsáveis por grande parte da energia renovável disponível na Terra.
Apenas uma minúscula fração da energia solar disponível é utilizada.

81
Em 2011, a Agência Internacional de Energia afirmou que “o desenvolvimento de tecnologias de fontes de energia
solar acessíveis, inesgotáveis e limpas terá enormes benefícios a longo prazo. Ela vai aumentar a segurança energéti-
ca dos países através da dependência de um recurso endógeno, inesgotável e, principalmente, independente de
importação, o que aumentará a sustentabilidade, reduzirá a poluição, reduzirá os custos de mitigação das mudanças
climáticas e manterá os preços dos combustíveis fósseis mais baixos. Essas vantagens são globais. Sendo assim, entre
os custos adicionais dos incentivos para a implantação precoce dessa tecnologia devem ser considerados investimen-
tos em aprendizagem; que devem ser gastos com sabedoria e precisam ser amplamente compartilhados”.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O processo no qual dois ou mais núcleos atômicos se juntam e formam outro núcleo de maior número atômico é
denominado fusão nuclear. A fusão nuclear requer muita energia e geralmente libera muito mais energia do que
a energia consumida. Quando ocorre com elementos mais leves que o ferro e o níquel (que possuem as maiores
forças de coesão nuclear de todos os átomos, sendo, portanto, mais estáveis), ela geralmente libera energia, e, com
elementos mais pesados, ela consome. Ainda não foi encontrada uma maneira de controlar a fusão nuclear, como
acontece com a fissão.
O principal tipo de fusão que ocorre no interior das estrelas é o de hidrogênio em hélio, em que dois prótons se fun-
dem em uma partícula alfa (um núcleo de hélio), liberando dois pósitrons, dois neutrinos e energia. Contudo, dentro
desse processo, ocorrem várias reações individuais, que variam de acordo com a massa da estrela. Para estrelas do
tamanho do Sol ou menores, a cadeia próton-próton é a reação dominante. Em estrelas de massa elevada, predo-
mina o ciclo CNO.
É importante destacar que há conservação da energia. Assim, pode-se calcular a massa dos quatro prótons e do
núcleo de hélio e subtrair a soma das massas das partículas iniciais daquela soma do produto dessa reação nuclear
para calcular a energia produzida.
Utilizando a equação E = mc², é possível calcular a energia liberada, oriunda da diferença de massas. Uma vez que
o valor de c é muito grande (cerca de 3 ∙ 108 m/s), mesmo uma massa muito pequena corresponde a uma enorme
quantidade de energia. Esse fato levou muitos engenheiros e cientistas a iniciarem projetos para o desenvolvimento de
reatores de fusão (tokamaks), de modo a gerar eletricidade (por exemplo, a fusão de poucos cm³ de deutério, um isótopo
de hidrogênio, produziria uma energia equivalente àquela produzida pela queima de 20 toneladas de carvão).
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

82
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSFORMAÇÃO

PODE ENVOLVER

TRANSFERÊNCIA
DE CALOR

VARIAÇÃO DE
ENTALPIA (ΔH)

PODE SER CALCULADA


UTILIZANDO

ENERGIA DE
LIGAÇÃO

E CONSIDERANDO QUE

QUEBRA DE FORMAÇÃO DE
LIGAÇÕES LIGAÇÕES

É PROCESSO É PROCESSO
QUE QUE

ABSORVE LIBERA
CALOR CALOR

VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

83
quantidade final menos a inicial. Para evitar o surgimen-
to de velocidade negativa, utiliza-se o sinal negativo na
expressão ou a variação em módulo sempre que se fizer
CINÉTICA QUÍMICA: referência aos reagentes.

VELOCIDADE Exemplo:
MÉDIA DE UMA N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)
D[N ] ​ _____D[N2] ​
Vm de consumo de N2 = – _____
REAÇÃO QUÍMICA ​   ​2   
Dt
ou ​ 
Dt
 ​   
D[H2] ​ _____ D[H ] ​
Vm de consumo de H2 = – _____
​   ​   ou ​  2 ​   
Dt Dt
D[NH3]
Vm de formação de NH3 = + ______

CN
​   ​   
AULAS Dt

33 E 34 Os reagentes são consumidos durante a reação e sua


quantidade diminui com variação do tempo, enquanto
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) os produtos são formados e suas quantidades aumentam
3, 5 e 7 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 com o tempo. É possível representar graficamente:

[ ]

1. Cinética química
Existem transformações em que os sinais de mudança são NH3
percebidos apenas depois de um longo tempo. Em outras
transformações, os sinais aparecem rapidamente.
HN22
Os gases tóxicos CO e NO, que existem nos escapamentos dos H22
N
automóveis, combinam-se formando os inofensivos CO2 e N2. tempo
CO(g) + NO(g) → CO2 + __​ 1 ​ N Com relação à velocidade média de consumo ou formação,
2 2 (g)
pode-se afirmar que ela diminui com o passar do tempo,
Entretanto, sob condições normais, a velocidade dessa re-
pois a quantidade que reage torna-se cada vez menor.
ação é muito baixa, demorando muito tempo para o CO
e NO serem convertidos totalmente em CO2 e N2. Por sua Vm
vez, quando um comprimido efervescente é dissolvido em
água, o aparecimento do sinal de mudança é imediato.

2. Velocidade das reações


VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A velocidade média de consumo de um reagente


ou de formação de um produto é calculada em função
da variação da quantidade de reagentes e produtos pela
tempo
variação de tempo.
D Quantidade
Vm = ___________
​   ​  
D Tempo A velocidade média de uma reação química é o quo-
ciente da variação da concentração molar de um dos
O mais usual é representar as quantidades em mol/L e reagentes (ou produtos) da reação pelo intervalo de
indicá-las entre colchetes; mas elas também podem ser tempo em que essa variação ocorre.
representadas pela massa, quantidades em mol, volume
gasoso, etc. O intervalo de tempo pode ser representado Retornando à reação N2 + 3 H2 → 2 NH3, pode-se afirmar
por segundos, minutos, horas, etc. que a velocidade média dessa reação, em relação ao NH3, é:
Quando é calculada, a variação da quantidade consumida variação da concentração molar do NH3 (mol/L)
(reagentes) será negativa, pois a variação corresponde à Vm = ___________________________________
    
​       ​
intervalo de tempo

84
No estudo da cinética química, é comum a concentra-
ção molar ser indicada entre colchetes; assim, [NH3] in-
dica a concentração molar do NH3. Considerando que,
na Matemática, é comum o uso da letra grega delta
(D) para indicar variações, a fórmula acima pode ser
abreviada para:
D[NH3]
Vm = ______
​   ​    multimídia: vídeo
Dt
Fonte: Youtube
Nessa expressão, D[NH3] é a diferença entre a concentra-
ção molar final e a concentração molar inicial do NH3 no Efeito do catalisador sobre a rapidez da reação
intervalo de tempo Dt.
Considere, por exemplo, que a reação N2 + 3 H2 → 2 NH3
forneça os seguintes resultados sob determinadas condi-
ções experimentais:
3. A velocidade média e a
estequiometria das reações
Tempo de Variação da concentração Na reação:
reação (min) molar do NH3 (mol/L) 2 NH3(g) → N2(g) + 3 H2(g)
0 0 Para a qual são apresentados os dados:

5 20,0
[NH3] (mol/L) 8,0 4,0 2,0 1,0
10 32,5
Tempo (h) 0 1,0 2,0 3,0
15 40,0
No intervalo de tempo entre 0 h e 1 h, serão calculadas as ve-
20 43,5
locidades de consumo de NH3(g) e de formação de N2(g) e H2(g):
|4,0 – 8,0|
Utilizando os dados dessa tabela, obtém-se, de acordo com Consumo de NH3: Vm = – ​ _______  ​ 

= 4,0 mol · L–1 · h–1
1,0 – 0
a definição, as seguintes velocidades médias: 2,0 – 0
Formação de N2: Vm = ______
​   ​ 
= 2,0 mol · L–1 · h–1
1,0 – 0
20,0 – 0
§ No intervalo de 0 a 5 min: Vm = _______
​  ⇒
 ​  
  6,0 – 0
5–0 Formação de H2: Vm = ______
​   ​ 
= 6,0 mol · L–1 · h–1
1,0 – 0
Vm = 4,0 mol/L · min
Observe que esses valores guardam entre si as proporções
32,5 – 20,0
§ No intervalo de 5 a 10 min: Vm = _________
​   ​  
 ⇒ dos coeficientes estequiométricos da equação:
10 − 5
Vm = 2,5 mol/L · min
2 NH3(g) → 1 N2(g) + 3 H2(g)
40,0 – 32,5
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ No intervalo de 10 a 15 min: Vm = _________


​  ⇒
 ​  
  2 : 1 : 3
15 – 10
Vm = 1,5 mol/L · min 4,0 mol · L–1 · h–1 : 2,0 mol · L–1 · h–1 : 6,0 mol · L–1 · h–1

43,5 – 40,0
§ No intervalo de 15 a 20 min: Vm = _________
​  ⇒
 ​  
  Define-se como rapidez ou velocidade média de uma rea-
20 – 15
Vm = 0,7 mol/L · min ção, no intervalo de tempo em questão, o seguinte resultado:
4,0 mol · L–1 · h–1 __________
2,0 mol · L–1
Observe que esse cálculo é muito semelhante ao cál- Vm da reação = _____________
  
​   ​  = ​   ​   =
2 1
culo de velocidade média realizado em Física. De fato,
6,0 mol · L–1 · h–1
caso constasse, na segunda coluna da tabela anterior, = _____________
  
​   ​  = 2,0 mol · L–1 · h–1
3
“quilômetros rodados por um automóvel” em vez de
“concentração molar”, o mesmo cálculo teria fornecido § Os denominadores são os coeficientes estequiométricos
a velocidade média do automóvel em cada um dos in-
De modo geral, define-se velocidade média de uma reação
tervalos de tempo.
da seguinte maneira:

85
Para a reação genérica aA +bB → cC + dD, a rapidez Resolução:
ou velocidade média (sem especificação de se referir a
​ 13 ​  O(g) → 4 CO2(g) + 5H2O(g)
C4H10(g) + ___
reagente ou produto) é dada por: 2
1 mol 4 mol
V VB __ V VD 4 mol nCO2
Vm da reação = __
​  A ​ = __
​   ​ = ​  C ​ = __
​   ​ 
a b c d nCO2 = 16 mol de CO2
Assim, em 1 hora (60 min):
Aplicação do conteúdo
20 min     16 mol de CO2
1. Num dado meio em que ocorre a reação N2O5 → 60 min (1 h) nCO2
N2O4 + ​ 1
__  ​ O , observou-se a seguinte variação na con-
2 nCO2 = 48 mol de CO2
2
centração de N2O5 em função do tempo: Alternativa A

N2O5 (mol/L) 0,233 0,200 0,180 0,165 0,155


4. (Mackenzie) X + 2 Y → Z
Tempo (s) 0 180 300 540 840
Na reação acima equacionada, observou-se a variação na
Calcule a velocidade média da reação no intervalo de 3 a 5 min. concentração de X em função do tempo, segundo a tabela
a seguir:
Resolução:
 |DN2O5| |0,180 – 0,200|
Vm = – ​ _____ ⇒ Vm = – ​ ___________
 ​        ​  tempo (s) 0 120 240 360 720
Dt 300 – 180
[x] mol/litro 0,255 0,220 0,200 0,190 0,100
Vm = 0,000167 mol/L · s-1
Vm = 1,67 · 10-4 mol/L · s-1 No intervalo de 4 a 6 minutos, a velocidade média da rea-
ção em mol/litro∙min é:
2. A amônia é um produto básico para a produção de
a) 0,010.
fertilizantes. Ela é produzida cataliticamente, em altas b) 0,255.
pressões (processo Haber), conforme a equação: c) 0,005.
N2 + 3 H2 → 2 NH3 d) 0,100.
e) 0,200.
Se a velocidade de produção de amônia foi medida como:
D[NH3] Resolução:
velocidade = ______
​   ​   
= 2,0 · 10–4 mol · L–1 · s–1, a velocida-
Dt De acordo com a tabela, a velocidade média da reação
de da reação em termos de consumo de N2 será:
(para o X) no intervalo de 4 a 6 min (240 a 360 s) é:
Resolução:
| | |– (0,190 – 0,200)|
A proporção estequiométrica da equação nunca pode ser ​ ∆n ​  → ∆V = ​ ______________
∆V = – ____     ​  
∆t 6–4
desobedecida. Assim, para produzir 2,0 · 10− 4 mol/L de ∆V = 0,005 mol · L-1 min-1
NH3 por segundo, a reação deverá consumir 1,0 · 104 mol/L
de N2 por segundo (basta olhar para a equação). ∆V = 5 · 10-3 mol · L-1 · min-1
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

N2 + 3 H2 → 2 NH3 Alternativa C
1 mol 2 mol
VN2 2,0 · 10–4 mol · L–1 · s–1
VN2 = 1,0 · 10–4 mol · L–1 · s–1
3. A combustão do butano é representada pela equação:

​ 13 ​ O(g) → 4 CO2(g) + 5 H2O(g)


C4H10(g) + ___
2
Se houver um consumo de 4 mols de butano a cada 20 mi-
nutos de reação, o número de mols de dióxido de carbono
produzido em 1 hora será:
a) 48 mol/h d) 16 mol/h
b) 4 mol/h e) 8 mol/h
c) 5 mol/h

86
VIVENCIANDO

Como o próprio nome indica, os catalisadores biológicos são produtos biológicos (produzidos pelas células) e atuam
nas reações metabólicas do organismo. As enzimas são os principais catalisadores biológicos. Em geral, são proteínas
(embora nem toda proteína seja uma enzima), mas há exceções, como é o caso das ribozimas, que não são moléculas
proteicas, mas moléculas de ácido ribonucleico (RNA). Exemplos de enzimas: amilase, lipase e desidrogenase. É inte-
ressante destacar que a atividade normal de cada enzima depende de pH, temperatura, especificidade (cada enzima
atua sobre um determinado substrato), etc.
Os catalisadores não biológicos são substâncias químicas, geralmente inorgânicas, que aumentam a velocidade de
reações químicas. Por exemplo: o sulfato de manganês (que é uma substância inorgânica) catalisa positivamente a
reação entre ácido oxálico e permanganato de potássio em meio ácido. Os catalisadores químicos são importantes em
diversos processos e alguns são utilizados industrialmente. Os automóveis, por exemplo, possuem conversor catalítico
no sistema de escapamento com o objetivo de acelerar a conversão de gases poluentes em substâncias menos tóxicas.
A catálise heterogênea, por sua vez, é utilizada na produção de margarinas, na síntese de fertilizantes, etc.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As enzimas são substâncias orgânicas, geralmente proteínas, que catalisam reações biológicas pouco espontâneas e muito len-
tas. O poder catalítico de uma enzima relaciona a velocidade das reações com a energia despendida para que elas aconteçam.
Na presença de uma enzima catalisadora, a velocidade da reação é mais rápida e a energia utilizada é menor. Por
essa razão, as enzimas praticamente controlam todo o funcionamento celular interno favorecendo o metabolismo
anabólico (construção) e catabólico (degradação). Elas também atuam no funcionamento celular externo por meio
de sinalizadores catalíticos estimulantes ou inibitórios atuantes em outras células (hormônios, por exemplo).
No organismo, existem diferentes tipos enzimáticos, reguladores das diversas vias metabólicas, estendendo-se por
todo o corpo humano, embora em pequenas quantidades.
A grande especificidade de uma enzima é determinada pelo tamanho e pela forma tridimensional, formando regiões
de afinidade com os reagentes (substratos). Essa complementaridade é denominada combinação chave-fechadura.
Alguns fatores influenciam na atividade catalítica das enzimas, como: concentração enzimática, concentração do
substrato, potencial hidrogeniônico (pH) e temperatura.
Considerando a concentração das moléculas de enzimas, quanto maior o seu teor, maior será a velocidade da reação,
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

seguindo proporcionalmente a quantidade suficiente de substratos para reagir com as enzimas. Conforme a deman-
da no consumo de reagentes vai ocorrendo, a velocidade da reação decai gradativamente.
Quando a concentração do substrato aumenta, a velocidade tende a um limite determinante de acordo com a quan-
tidade de enzimas no sistema. A partir desse ponto, o substrato não terá nenhuma influência sobre a velocidade, pois
todas as enzimas já se encontram ocupadas.
Cada enzima possui um pH ótimo para desempenhar suas funções, seja no estômago, no caso das pepsinas em pH
ácido (por volta de 2 – muito baixo), ou em qualquer outro órgão ou tecido. Cada enzima requer condições favoráveis
para potencializar sua atuação.
Para a otimização das reações biológicas mediadas por catalisadores, é necessária uma temperatura adequada, que
varia de acordo com o tipo de enzima. Baixas temperaturas podem causar inativação, e altas temperaturas podem
causar desnaturação enzimática.

87
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSFORMAÇÃO

TEM
ESTUDADA
PELA
RAPIDEZ DE
CINÉTICA QUÍMICA
REAÇÃO

GRÁFICO DE
QUANTIDADE × TEMPO

PODE TER

CURVA CURVA
DECRESCENTE CRESCENTE

TÍPICA DE TÍPICA DE

REAGENTE PRODUTO

POIS É POIS É

CONSUMIDO FORMADO

VELOCIDADE MÉDIA VELOCIDADE MÉDIA


DE CONSUMO DE FORMAÇÃO
VOLUME 4  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

88

Você também pode gostar