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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


Raphael de Souza Motta

Imagens
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ISBN: 978-65-88825-36-5

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a leg-
islação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito
do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e
localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição
para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para
fins didáticos, não representando qualquer tipo de recomendação de produtos ou
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SUMÁRIO

BIOLOGIA
ECOLOGIA
Aulas 9 e 10: Introdução à Ecologia 6
Aulas 11 e 12: Pirâmides e eficiência ecológicas 13
Aulas 13 e 14: Relações ecológicas 18
Aulas 15 e 16: Dinâmica populacional e sucessão ecológica 26

ZOOLOGIA
Aulas 9 e 10: Reino protoctista II: algas 34
Aulas 11 e 12: Poríferos e cnidários 42
Aulas 13 e 14: Platelmintos 53
Aulas 15 e 16: Nematelmintos 61

CITOLOGIA
Aulas 9 e 10: Introdução à citologia 70
Aulas 11 e 12: Citoplasma 84
Aulas 13 e 14: Núcleo 94
Aulas 15 e 16: Divisão celular: mitose 101
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

A compreensão de teias e cadeias alimentares As perguntas estão relacionadas majoritaria-


e da interação entre os seres vivos é funda- mente à área de ecologia, com foco principal
mental para resolver as questões de ecologia, em cadeias e teias alimentares, conceitos
que são interdisciplinares e pedem temas presentes nas primeiras aulas dessa frente.
atuais com relação aos impactos ambientais.

Prova interdisciplinar que, em muitos casos, Nessa prova, é comum aparecerem casos atu- Prova interdisciplinar que mobiliza conhecimentos
estimula a interpretação de gráficos. Assim ais de desastres ambientais. Saber relacionar básicos e estruturantes da ecologia nas questões
como na Fuvest, a ecologia tem posição de problemas ecológicos com conteúdos simples, de cadeia e teia alimentar. Em geral, o assunto é
destaque, em que interações ecológicas e teias como teias alimentares, é essencial. trabalhado em questões de nível intermediário,
alimentares são comuns. mas, em perguntas que relacionam diferentes
áreas da Biologia, o nível de
dificuldade pode ser
maior.

Prova com poucas questões de ecologia, Prova com questões que misturam diferentes Problemas ambientais, relações ecológicas Prova com forte presença de ecologia: cadeias
sendo que o tema que mais aparece é a inte- áreas da Biologia. Aparecem assuntos como e conceitos básicos relacionados à ecologia alimentares, relações ecológicas e problemas
ração entre os seres vivos (teias alimentares e sucessão ecológica, problemas ambientais e (população, comunidade, ecossistema) são ambientais são os principais assuntos.
relações ecológicas). relações ecológicas. muito presentes.

UFMG

É uma prova com questões interdisciplinares Questões com alto nível de especificidade, Prova com temas como dinâmica populacio-
que cobram conteúdos altamente específicos. com conceitos como cadeias alimentares, nal, relações ecológicas e teias alimentares.
Conceitos gerais de ecologia, assim como pirâmides e relações ecológicas.
pirâmides e relações ecológicas, costumam
aparecer.

Na ecologia, a prova é similar à do Enem, com Com perfil similar à prova da Fuvest e É uma prova que privilegia citologia e
ênfase em problemas ambientais e relações questões bem específicas, os temas mais genética, de forma que não há muitas
ecológicas. frequentes são problemas ambientais e questões sobre ecologia; nessa área, os temas
relações ecológicas. mais abordados são relações ecológicas e
problemas ambientais
ECOLOGIA
Dessa maneira, a ecologia possibilita a compreensão do
AULAS 9 E 10 funcionamento dos sistemas naturais e incentiva a prática
da conservação da natureza.

2. Níveis de organização
INTRODUÇÃO À ecológica
ECOLOGIA Os níveis de organização biológica são estudados na eco-
logia por meio de uma amplitude de escalas, passando
desde o organismo até a biosfera.

COMPETÊNCIA: 3

HABILIDADES: 8e9

1. Introdução
O termo ecologia deriva do grego oikos, que significa
Representação dos níveis de organização biológica.A ecologia estuda as interações
“casa” ou “lar”, e logos, que significa “estudo”. Assim, a dos organismos em níveis de população, comunidade, ecossistema e biosfera
ecologia estuda as relações dos seres vivos entre si (bióti-
co) e com o meio em que vivem (abiótico). O organismo representa o indivíduo da espécie e, por
meio de sua análise, é possível pesquisar os efeitos da sele-
Os ecólogos analisam a dinâmica de populações, a intera- ção natural e de outros fenômenos evolutivos, identifican-
ção entre as espécies, o meio ambiente, o fluxo de energia, do as adaptações e as interações com o meio.
os padrões de distribuição e de sucessão ecológica, etc.
A ecologia também estuda os efeitos das atividades hu- organismo > população > comunidade > ecossistema
manas sobre o meio natural e os desequilíbrios (ou novos > bioma > biocora > biociclo > biosfera
equilíbrios) ecológicos que elas provocam. De um ponto de
vista mais crítico e ideológico, os ecólogos e outros adep-
Um conjunto de organismos da mesma espécie que intera-
tos de ações em defesa da preservação do equilíbrio do gem e habitam uma determinada região durante um certo
planeta se opõem ao uso irresponsável e desmedido dos período de tempo constitui uma população. Sua pesquisa
recursos naturais para sustento de processos industriais. A permite analisar, por exemplo, a quantidade de indivíduos,
industrialização pouco criteriosa, fundamentada no consu- a distribuição populacional no espaço e as mudanças ocor-
mo desenfreado, no lucro e na visão largamente difundida ridas ao longo do tempo:
de que os recursos do ambiente podem ser livremente ex-
plorados até a exaustão, mostrou ter consequências desas-
trosas para o ecossistema planetário.
A intensificação do efeito estufa e do aquecimento global,
o desflorestamento, a chuva ácida, a desertificação, a ex-
tinção de espécies, a poluição e a destruição da camada
de ozônio são alguns aspectos desse impacto negativo
da ação humana sobre a natureza. Já medidas a favor da
preservação ambiental – como mudanças no sistema de
produção, no emprego de energia e no uso de recursos
– fazem parte do esforço positivo necessário para evitar a
degradação do meio ambiente. Exemplo de uma população de elefantes marinhos (Mirounga leonina)

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Já a reunião de várias populações de diferentes espécies que interagem e habitam determinado espaço e tempo forma uma
comunidade biológica, biota ou biocenose. Seu estudo possibilita investigar as variações numéricas dos indivíduos e
das espécies, as características estruturais das populações e as interações entre os organismos:

Borboleta Morpho
Gavião-real

Papagaio Rã
arborícola
Tucano

Beija-flor
Macaco-
-aranha
Cobra arborícola
Preguiça

Sagui

Ocelote
Jiboia

Tatu gigante Anta Tarântula

Exemplo de comunidade biológica em um trecho de mata tropical.

O ecossistema, por sua vez, compreende a interação


da biota com o seu meio ambiente, formando uma rede
complexa de relações de mútua influência entre os seres
vivos de uma determinada área e todos os seus elementos
físicos naturais (geológicos, climáticos, etc.). Dessa forma,
pode apresentar distintos tamanhos e escalas.

O bioma cerrado e seus ecossistemas associados.

A biocora é a reunião de vários biomas com caracterís-


ticas próprias e pode ser classificada em floresta, campo,
savana e deserto. Por exemplo, embora sejam diferentes
ecologicamente, a mata Atlântica, a Amazônia e a taiga
são formações “basicamente” florestais, o que permite co-
locá-las na biocora das florestas.
O agrupamento de biocoras com características particulares
de um dado compartimento da Terra é denominado bioci-
clo. Os biocoros marinhos constituem o biociclo marinho
As comunidades biológicas de um ecossistema aquático. ou talassociclo, os biocoros terrestres constituem o bioci-
O conjunto de vários ecossistemas que interagem é deno- clo terrestre ou epinociclo e os biocoros de água doce
minado bioma. A mata Atlântica, a Amazônia, o cerrado, constituem o biociclo dulcícola ou limnociclo.
a caatinga e o Pantanal são exemplos de biomas, uma A biosfera, por fim, é o conjunto de todos os biociclos
vez que são formados por diversos tipos de ecossistemas e forma a camada ou superfície do planeta, que contém,
interligados. Observe na figura a seguir o caso do cerrado: sustenta e mantém a vida.

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A biosfera e sua posição em relação a outras camadas componentes do planeta Terra.

2.1. Habitat e nicho ecológico é direto ou com formação de larvas; se há dependência


em relação à água para a fecundação, etc.
Em uma comunidade biológica, diversos seres vivos intera-
gem entre si e com o meio e formam relações complexas,
assumindo lugares e funções específicas. Para posicionar
uma espécie nessa rede de interações, a ecologia utiliza
dois conceitos fundamentais. O habitat descreve o local
mais provável de se encontrar a espécie, isto é, onde ela
vive e realiza suas atividades. Já o nicho ecológico é
o papel que a espécie desempenha no ambiente (o seu
modo de vida) e se caracteriza pelo total de informações
biológicas que se pode obter acerca de uma espécie:
§ Quanto à biologia alimentar: o que, quando, quanto
e onde come; como obtém o alimento e com que fre- Aspectos relacionados a nicho ecológico
quência se alimenta. Assim, por ser um conceito mais abrangente, o nicho de
§ Quanto à biologia comportamental: se vive isolada ou uma espécie envolve o seu habitat (caso 2), visto que a
em grupo; que tipo de relação existe entre os indivídu- cada papel que desenvolve associa-se uma porção ou fra-
os da população (machos, fêmeas, jovens, adultos e ve- ção do seu habitat. Entretanto, se uma lagoa (ambiente) for
lhos); como é a sua distribuição espacial; se é séssil, de- considerada um habitat, é certo que nesse habitat haverá
fende o seu território ou movimenta-se continuamente. inúmeras espécies e, portanto, inúmeros nichos (caso 1).
Habitat
§ Quanto a sua reprodução: se é sexuada ou assexuada;
se existe cuidado com a prole ou não; se existe pares,
casais fixos ou haréns; se há ninhos e postura de ovos; se
a fecundação é interna ou externa; se o desenvolvimento Representação de habitat e nichos ecológicos.

VIVENCIANDO

Através da elucidação dos habitats e dos nichos ecológicos dos seres vivos, pode-se estabelecer a região que estes per-
manecem e suas possíveis relações ecológicas, permitindo desenvolver programas de proteção de espécies ameaçadas
de extinção. Estudos ecológicos em que os habitats e os nichos ecológicos ocupados são bem estabelecidos servem de
subsídios para argumentos contrários à construção de estradas, hidrelétricas, rodovias que prejudicam as relações intra
e interespecíficas, entre outros. Além disso, é de grande importância conhecer esses níveis ecológicos de maneira cada
vez mais detalhada para aumentar a compreensão sobre as relações ecológicas e a preservação ambiental.

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2.2. Composição e estrutura 2.3. Cadeias alimentares
dos ecossistemas A cadeia alimentar é a sequência de transferências de ma-
Os ecossistemas apresentam um componente biótico, re- téria e energia, sob a forma de alimento, de um organismo
presentado pelas comunidades biológicas, e um abiótico, para outro. Esse ciclo vital garante o equilíbrio e a manu-
caracterizado pelos elementos físicos e químicos do meio. tenção dos ecossistemas.
Logo, a parte biótica é constituída por tudo o que é consi- Os diferentes seres vivos de um ecossistema cumprem
derado vivo, como plantas, animais e microrganismos, en- papéis específicos dentro da cadeia alimentar e, dessa
quanto a abiótica é o conjunto de tudo o que não é vivo, maneira, podem ser classificados em três níveis distintos:
como nutrientes, água, ar, gases, energia e substâncias or- produtores, consumidores e decompositores. Os produ-
gânicas e inorgânicas do meio ambiente. tores são os organismos capazes de converter matéria
Além disso, um ecossistema é caracterizado pela presença inorgânica em orgânica e, consequentemente, produzir seu
de dois processos: o ciclo da matéria, em que observa-se a próprio alimento (autótrofos). Enquanto os quimiossinteti-
reciclagem dos elementos entre os seres vivos e o ambiente, zantes oxidam substâncias minerais para produzir energia,
e o fluxo de energia – o qual tem início com a energia os organismos clorofilados, como as plantas e as algas, uti-
solar e demonstra a conversão, uso e transporte da energia lizam a fotossíntese para sintetizar compostos orgânicos a
entre os seres vivos. partir da luz solar. Vale ressaltar que os produtores fotos-
sintetizantes sintetizam quase toda a totalidade da matéria
Uma vez que cada ecossistema é relativamente autônomo
orgânica que servirá de alimento para a biota.
e apresenta equilíbrio dinâmico, as espécies biológicas e as
condições de vida tendem a não se alterar drasticamente e Essa energia produzida sustenta, direta ou indiretamente,
a se preservar ao longo do tempo – embora a curto prazo os organismos consumidores que não conseguem pro-
apresentem modificações constantes e em pequena escala. duzir seu próprio alimento e, portanto, precisam ingerir do
meio externo (seres heterótrofos). Eles são classificados
como consumidores primários, quando se alimentam dire-
tamente do produtor (herbívoros), ou como secundários,
terciários, etc., ao se alimentarem de outros animais (carní-
voros). Animais onívoros podem ocupar diferentes posições
dependendo da alimentação analisada.
Quando os dejetos desses animais são lançados no solo e se
juntam ao material morto ali presente, entram em ação os de-
nominados organismos decompositores, fungos e bacté-
rias. Eles completam o ciclo vital, pois decompõem a matéria
Os ecossistema envolvem um sistema (S) delimitado mas aberto
que permite um ambiente de entrada (AE) e um ambiente de orgânica presente nos organismos mortos e a transformam
saída (AS) de energia, materiais, organismos e outros. novamente em compostos inorgânicos. Graças a eles, o solo é
O ecótono é a zona de transição entre ecossistemas di- remineralizado e os produtores podem realizar seus metabo-
ferentes e, por isso, possui características de cada uma das lismos de construção, produzindo novamente a matéria que
comunidades fronteiriças nela existentes. Assim, em um vai fluir ao longo das teias alimentares e do meio físico.
ecótono encontra-se maior biodiversidade do quem cada Consumidor
terciário
um dos ecossistemas adjacentes.

Consumidor
Consumidor secundário
Produtor primário

Exemplo de cadeia alimentar

Entre outros fatores, o equilíbrio do ecossistema depende


da realização de cada uma dessas etapas da cadeia ali-
mentar. A drástica redução dos animais carnívoros, por
Esquema da zona de transição (ecótono) entre ecossistemas. exemplo, pode resultar na proliferação desenfreada dos
Assim, em um ecótono encontra-se maior biodiversidade animais herbívoros e, com isso, na escassez ou extinção de
do que em cada um dos ecossistemas adjacentes. algumas espécies vegetais.

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2.4. Nível trófico
O nível trófico é a posição que o organismo ocupa na
cadeia e, portanto, representa também a distância entre
o indivíduo e o início da teia. Os organismos em uma
cadeia têm a sua disposição quantidades diferentes de
energia no alimento que ingerem, uma vez que as perdas
multimídia: vídeo energéticas de um nível para outro são muito grandes –
Fonte: Youtube ao longo da cadeia a energia é utilizada pelos seres vivos
Cadeia Alimentar e dispersada para o ambiente.
Logo, quanto mais afastado o organismo está do início da
A teia alimentar é uma das principais interações entre os cadeia, maiores foram as perdas energéticas até ele. Da
organismos em ecossistemas reais. Ela é caracterizada por mesma maneira, quanto mais próximo do início, maior é a
diversas cadeias alimentares interligadas. Em uma cadeia energia disponível. Isso significa que a posição que o orga-
alimentar, tem-se uma sequência de seres vivos que apre- nismo ocupa na cadeia é fundamental e que o número de
sentam relações tróficas entre si, isto é, cada ser vivo se níveis tróficos é limitado pela disponibilidade de energia.
alimenta do organismo que o antecede e serve de alimento
para o que o sucede, ocorrendo, assim, transferências de
matéria e energia ao longo das cadeias.

Lobo Gato
Puma

Largato
Bassarisco Águia Lebre Marta
Marten Representação do uso e perda de energia ao longo dos níveis tróficos.

Dependendo de quem ocupa o primeiro nível trófico, é pos-


sível classificar a cadeia ou teia em dois tipos básicos: a de
pastejo, na qual a energia que sustenta a cadeia são as
Rato
Sitta Sapo Borboleta Esquilo Cervo plantas (autótrofos) e o segundo nível trófico é ocupado
por herbívoros; e a de detritos, na qual a base é a matéria
orgânica não viva, que será processada por seres detritívo-
ros e decompositores (segundo nível trófico).
Esquema de teia alimentar
Detritívoros Decompositores
As setas utilizadas nos diagramas e esquemas de teias e cadeias
indicam o sentido da matéria e energia. Dessa forma, são uni-
direcionais e sempre têm a sua origem no organismo que serve
de alimento e apontam para o organismo que se alimenta. Galerias de
Marcas deixadas Formigas e
formigas Cupins agindo
por besouros
na madeira

Buracos feitos
por besouros Decomposição
por fungos

Madeira reduzida
a pedaços Cogumelo
menores

Progressão do tempo Decompositores reduzem a matéria orgânica


(restos de madeir V .

Figura com a ação dos seres detritívoros e decompositores


multimídia: site em um tronco de madeira, ao longo do tempo.

www.infoescola.com/biologia/nicho-ecologico/
brasilescola.uol.com.br/biologia/habitat-nicho-ecologico.htm
www.infoescola.com/biologia/niveis-troficos

10
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 8
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais,
energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.

Nessa questão sobre teias alimentares é preciso identificar corretamente a forma com que os seres vivos obtêm
energia e matéria orgânica e a partir disso saber colocá-los nos níveis tróficos correspondentes.

MODELO 1

(Enem) Os parasitoides (misto de parasitas e preda-


dores) são insetos diminutos que têm hábitos muito
peculiares: suas larvas podem se desenvolver dentro
do corpo de outros organismos, como mostra a figura.
A forma adulta se alimenta de pólen e açúcares. Em
geral, cada parasitoide ataca hospedeiros de determi-
nada espécie e, por isso, esses organismos vêm sen-
do amplamente usados para o controle biológico de
pragas agrícolas. A forma larval do parasitoide assume
qual papel nessa cadeia alimentar?

a) Consumidor primário, pois ataca diretamente uma espécie herbívora.


b) Consumidor secundário, pois se alimenta diretamente dos tecidos da lagarta.
c) Organismo heterótrofo de primeira ordem, pois se alimenta de pólen na fase adulta.
d) Organismo heterótrofo de segunda ordem, pois apresenta o maior nível energético na cadeia.
e) Decompositor, pois se alimenta de tecidos do interior do corpo da lagarta e a leva à morte.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Deve-se entender a forma de obtenção de alimento pelos parasitas e, consequentemente, saber associar
corretamente a qual nível trófico da cadeia alimentar esse ser vivo é inserido. O parasita em questão obtém
seu alimento quando consome tecidos no interior da lagarta. Como a lagarta é consumidora primária, pois
se alimenta de produtores, logo, o parasita é um consumidor secundário.

RESPOSTA Alternativa B

11
HABILIDADE 9
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de
agentes ou fenômenos que podem causar alterações nesses processos.

Nesse exercício é necessário conhecer como ocorre o fluxo energético nas cadeias alimentares. Qual nível trófi-
co possui a maior quantidade de energia disponível e como isso influencia os demais níveis.

MODELO 2
(Enem) Estudos de fluxo de energia em ecossistemas demonstram que a alta produtividade nos manguezais
está diretamente relacionada às taxas de produção primária líquida e a rápida reciclagem dos nutrientes. Como
exemplo de seres vivos encontrados nesse ambiente, temos: aves, caranguejos, insetos, peixes e algas.
Dos grupos de seres vivos citados, as que contribuem diretamente para a manutenção dessa produtividade no
referido ecossistema são
a) aves;
b) algas;
c) peixes;
d) insetos;
e) caranguejos.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Conhecer quem são os tipos de organismos responsáveis pela produtividade e como o fluxo energético ocorre
é de grande importância para entender como se dá todos os níveis tróficos que ocorrem em um ecossistema. A
produtividade está relacionada sempre aos organismos fotossintetizantes (autótrofos ou produtores) que captam
a energia solar e o gás carbônico e transformam em matéria orgânica. Essa energia e matéria orgânica ficam
então disponíveis para o resto dos níveis tróficos que as obtêm através da alimentação. Como as espécies utilizam
a energia nos seus processos metabólicos, a quantidade disponível diminui a cada nível trófico. Com isso, a produ-
tividade de todo ecossistema, nesse caso o manguezal, depende diretamente dos organismos produtores (algas).

RESPOSTA Alternativa B

12
AULAS 11 E 12

PIRÂMIDES E
EFICIÊNCIA ECOLÓGICAS

COMPETÊNCIA: 3 Figura da chegada e dos caminhos dos raios solares na superfície


da Terra. Apesar da fotossíntese utilizar uma quantidade pequena,
o sol ainda é a fonte primária de energia da biosfera.
HABILIDADES: 8e9
Outro ponto que merece destaque é o uso dos compostos
orgânicos para gerar a energia (em especial na respiração
celular) e a eliminação de calor nas transformações meta-
bólicas nos seres vivos, que ajudam a explicar a constante e
1. Fluxo de energia contínua ingestão de alimentos. Isso significa que a energia
disponível diminui ao longo da cadeia alimentar, pois (1)
Enquanto a matéria realiza um ciclo pelos compartimen- cada organismo utiliza uma quantidade para manter seus
tos da biosfera (atmosfera, hidrosfera e litosfera) e tem a processos metabólicos funcionando e (2) as perdas através
decomposição biológica como responsável principal pela da teia não podem ser reaproveitadas. Portanto, o fluxo de
remineralização do ambiente, a energia flui pelos com- energia é sempre unidirecional e decrescente.
partimentos da biosfera e posssui como principal fonte
Cons. secundários Cons. terciários
primária o sol.
FLUXO DE ENERGIA Calor não utilizável
Decompositores

ECOSSISTEMA Respiração pelos organismos


do ecossistema

Cons. primários
(herbívoros)

Fotossíntese
Fotossíntese
Digestão, assimilação e crescimento

Excreção e morte
CICLO DE NUTRIENTES
Respiração

Esquema do fluxo de energia nos níveis tróficos. Observe o caminho energético


desde a conversão dos raios solares pela fotossíntese até o uso da matéria
orgânica pelos consumidores em processos metabólicos e a perda em forma
FLUXORepresentação
DE MATÉRIA E ENERGIA
do ciclo , a qualECOSSISTEMAS
da matériaNOS atravessa os de calor. Os decompositores adquirem energia de todos os níveis trófico.
elementos e retorna ao ecossistema, e do fluxo de energia,
que passa pelos seres vivos e se dispersa no ambiente.

A luz solar é usada pelas plantas durante o processo 2. As pirâmides ecológicas


fotossintético para converter matéria inorgânica em or- As pirâmides ecológicas são representações gráficas das in-
gânica e, dessa forma, permitir um aporte nutricional e terações existentes entre os organismos nas cadeias e teias
energético aos demais níveis tróficos. Assim, é funda- alimentares. Elas indicam as quantidades de indivíduos, mas-
mental compreender que, sem esse insumo energético sas e energia incorporadas nas relações entre os seres vivos
contínuo do Sol, não haveria matéria orgânica e calor envolvidos. Os “retângulos” ou níveis nas pirâmides são ela-
para os ecossistemas. borados de acordo com proporções matemáticas, cada um
representando um nível trófico. Assim, os produtores ocu-
pam nível trófico primário, os consumidores primários ocu-
pam nível trófico secundário, os consumidores secundários
ocupam nível trófico terciário, e assim por diante.

13
Existem diferentes tipos de pirâmide e cada uma delas pos-
sui informações diferentes, além de também apresentar
limitações específicas – em nenhuma delas, por exemplo,
há a representação dos decompositores e do seu papel fun-
damental na manutenção do ecossistema. Assim, para uma
melhor análise, é interessante consultar diversas pirâmides
ecológicas juntas para que forneçam dados mais completos.

2.1. Número
A pirâmide de número mostra a quantidade de organismos
em cada nível trófico, dessa maneira sua disposição se al-
tera de acordo com o ecossistema analisado. Porém, como 2.2. Biomassa
não representar o tamanho dos indivíduos ou a quantidade
Essa pirâmide mostra a quantidade de biomassa (kg ou g) em
de matéria orgânica, essa pirâmide não é muito utilizada.
cada nível trófico, isto é, a massa total de todos os organismos
No primeiro caso, observa-se um exemplo de pirâmide vivos de uma espécie em qualquer área ou volume dado. Trata-se
direta, em que é necessário uma grande quantidade de de um termo amplo, que na ecologia se refere ao número de
produtores de pequeno porte para sustentar um número organismos multiplicado pelo seu peso unitário, geralmente em
menor de consumidores primários que, então, seriam ali- massa seca (após a desidratação), e divido por unidade de área. É
mento de uma quantidade menor ainda de consumidores importante lembrar que a biomassa registra um momento espe-
secundários – situação que ocorre em uma cadeia conten- cífico, não a média ou acúmulo da biomassa ao longo do tempo
tendo, por exemplo, gramíneas (autótrofas fotossintetizan- Como a de número, sua forma também varia de acordo
tes), roedores (herbívoros) e aves de rapina (carnívoros). com o ecossistema. Em geral, a pirâmide é direta com o
Já no segundo e no terceiro casos, tem-se uma pirâmide ápice para cima, mas em ecossistemas aquáticos ela pode
ser invertida. Isso ocorre quando o produtor é formado por
invertida. Em uma cadeia de predadores é possível ter um
fitoplânctons (organismos microscópios fotossintetizantes)
produtor de grande porte e pouco numeroso, como uma
que possuem ciclo de vida curto, o qual permite uma rápi-
árvore, que serve de alimento a um número maior de con-
da renovação dos indivíduos conforme são predados pelo
sumidores primários, como insetos. Estes seriam predados,
consumidor primário (zooplâncton).
por exemplo, por aves que estariam em menor quantidade.
Na cadeia de detritos ou de parasitas, o “produtor” pode
ser tanto matéria orgânica decomposta, a qual é consu-
mida por organismos detritívoros, quanto um hospedeiro
(árvore) contendo diversos parasitas (pulgões). Cadeia terrestre de biomassa de predadores Cadeia aquática de biomassa de predadores

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Para a compreensão do funcionamento de uma pirâmide energética, são aplicados dois conceitos de química
e física. Primeiro, como descrito pela lei de conservação de massa e energia, bem como pela memorável de-
claração de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Além disso, segundo a
lei da entropia, essa transformação não é de todo eficiente e uma parcela da energia é dispersa em forma de
calor. Logo, o fluxo energético em uma pirâmide ecológica diminui quando se distancia da base da pirâmide,
pois parte dele é consumida pelos organismos e perdida em forma de energia térmica. Assim, os próximos
níveis tróficos superiores possuem sempre uma quantidade de energia menor quando comparada com aquela
presente no nível trófico anterior.

14
VIVENCIANDO

Diversos ecólogos aplicam os conhecimentos sobre pirâmides ecológicas e fluxo de energia para prever a extinção
de uma espécie e as consequências desse processo no ecossistema. Segundo a União Internacional para Conser-
vação da Natureza, existem atualmente mais de 5 mil espécies de animais em risco de extinção. O elefante-afri-
cano, por exemplo, teve sua população diminuída em 63% desde 2002 devido, principalmente, à caça em busca
de marfim. Esses animais possuem relações importantes com outros seres vivos, como a simbiose com as acácias,
em que os elefantes comem os frutos dessa planta e dispersam as sementes pelas fezes. Assim, a extinção de uma
espécie não é apenas um dano local, mas um acontecimento que modifica várias pirâmides ecológicas.

2.3. Energia consumidores primários, uma vez que os produtores con-


somem uma parcela em processos metabólicos, como a
A pirâmide energética, finalmente, mostra em cada nível respiração celular (RC), para se manterem vivos. Esse saldo
trófico a biomassa acumulada (em grama ou quilocaloria) entre a produção e o consumo energético do ecossistema é
por área (m²) e por tempo (geralmente ano). Ela representa chamado de produtividade primária líquida (PPL) e é
o fluxo de energia desde os produtores que sintetizam ma-
efetivamente a energia que está disponível para o próximo
téria orgânica e consomem parte dela para manutenção
organismo sob a forma de matéria orgânica.
do seu próprio metabolismo, até o caminho do restante
desse recurso que estará disponível para os próximos níveis PPL = PPB - RC
tróficos. Portanto, como há apenas uma entrada de energia Em seguida, os herbívoros, assimilam parte da energia
(primeiro nível trófico) que ao longo da cadeia é utilizada em tecidos, enquanto outra parcela é usada na respiração
e perdida em forma de calor, uma pirâmide energética celular ou eliminada na forma de fezes, excretas e calor.
nunca é invertida. É essa matéria acumulada que estará disponível para os
carnívoros que, de maneira similar, consomem uma fração
da energia e a transferem para o nível trófico seguinte. O
acúmulo e transferência de biomassa pelos heterótrofos é
chamado de produtividade secundária (ou terciária,
quartenária, etc., dependendo do nível trófico analisado).

Esquema de cadeia trófica. Observe o valor decrescente


da produtividade líquida ao longo dos níveis tróficos

A produtividade primária de um ecossistema depende, por-


Exemplo de pirâmide de energia tanto, do alto desempenho fotossintético de seus produto-
res e possui fatores limitantes relacionados à fotossíntese
3. Produtividade de – tais como luminosidade, altitude (ambientes terrestres) ou
profundidade (aquático), temperatura, pluviosidade, dispo-
um ecossistema nibilidade de água líquida e de nutrientes.

A produtividade de um ecossistema indica a sua capacida- De maneira geral, a transferência de energia de um nível
de de crescimento e de manutenção de espécies. trófico para outro é ineficiente: apenas cerca de 5 a 20%
da biomassa está disponível para o consumidor seguinte.
A energia acumulada pelos produtores por meio de fo- Assim, também é fundamental evitar a perda de energia
tossíntese é denominada produtividade primária bru- ao longo da cadeia para que haja acúmulo de biomassa e
ta (PPB). A PPB não está totalmente disponível para os crescimento das populações.

15
Altos valores de PPL permitem grande crescimento da co- O manguezal, em contrapartida, é um ecossistema alta-
munidade biológica, tanto em número quanto no tamanho mente produtivo porque possui, além de uma vegetação
dos indivíduos, enquanto índices pequenos representam própria, deslocamento de grande quantidade de matéria
apenas a capacidade de sustentabilidade, ou seja, a autos- orgânica com o continente e o oceano. Essa riqueza de
suficiência do ecossistema. nutrientes permite que muitas espécies, como peixes e
Por exemplo, certos ecossistemas florestais apresentam uma crustáceos, utilizem o manguezal para se abrigar, crescer e
grande quantidade de indivíduos vegetais de alto porte que reproduzir. Devido a essa e outras características, os man-
possuem, em consequência, altas taxas de PPB e RC. Isso guezais são chamados de berçários.
significa que a PPL tende a zero – característica presente nas O gráfico abaixo apresenta diversos ecossistemas e suas
chamadas comunidades clímax, as quais serão explica- respectivas áreas de cobertura no planeta, bem como sua
das em detalhes na aula de sucessão ecológica. Apesar de PPL média e sua PPL proporcional à produtividade do pla-
se sustentar e se manter equilibrado, o ecossistema consome neta. Observe que as florestas tropicais, os litorais e as áre-
quase toda a matéria orgânica produzida e, consequente- as úmidas (como pântanos e manguezais) estão entre os
mente, apresenta baixos índices de crescimento. ecossistemas mais produtivos.

Oceano aberto - 65,0 - 125 - 24,4


Plat. continental - 5,2 - 360 - 5,6
Estuário - 0,3 - 1,500 - 1,2
Macroalgas e recifes - 0,1 - 2,500 - 0,9
Ressurgência - 0,1 - 500 - 0,1
Ambientes extremos - 4,7 - 3,0 - 0,04
Desertos - 3,5 - 90 - 0,9
Flor. trop. chuvosa - 3,3 - 2,200 - 22
Savana - 2,9 - 900 - 7,9
Cultivos - 2,7 - 600 - 9,1
Floresta boreal - 2,4 - 800 - 9,6
Campo - 1,8 - 600 - 5,4
Arbustos - 1,7 - 700 - 3,5
Tundra - 1,6 - 140 - 0,6
Flor. trop. sazonal - 1,5 - 1,600 - 7,1
F. temp. decídua - 1,3 - 1,200 - 4,9
Flor. temp. perene - 1,0 - 1,300 - 3,8
Pântanos - 0,4 - 2,000 - 2,3
Rios e lagos - 0,4 - 250 - 0,3
0 10 20 30 40 50 60 0 0 5 10 15 20 25
0

00

00
00

00
50

Porcentagem de PPL no planeta


1,5

2,0
1,0

2,5

Porcentagem de área no planeta


PPL média (g/m²/ano) 32,2% 74,8% 2,6%
70,8% 29,2% 0,8%
4985 10133 2250

16
DIAGRAMA DE IDEIAS

PRODUTIVIDADE DE
PPL = PPB - RC
UM ECOSSISTEMA

PIRÂMIDES ECOLÓGICAS & EFICIÊNCIA ECOLÓGICA

BIOMASSA ENERGIA FLUXO ENERGÉTICO


NUMÉRICA (N)
(KG OU G) (CAL/G/ÁREA) (UNIDIRECIONAL)

PRODUTOR
(PPB - RC = PPL)
CADEIA DE PREDADORES
COM PRODUTOR DE PORTE
PEQUENO E NUMEROSO CONSUMIDOR
PRIMÁRIO
(PSB - RC = PSL)

CADEIA DE PREDADORES CONSUMIDOR


CADEIA TERRESTRE QUALQUER SECUNDÁRIO
COM PRODUTOR DE GRANDE
DE PREDADORES CADEIA (PTB - RC = PTL)
PORTE E POUCO NUMEROSO

CONSUMIDOR
TERCIÁRIO
(PQB - RC = PQL)
CADEIA DE DETRITOS OU DE
PARASITAS COM “PRODU- CADEIA AQUÁTICA
TOR” REPRESENTADO POR DE PREDADORES
CADÁVERES OU HOSPEDEIRO PPB > PPL > PSL > PTL > PQL

17
ficiem ou que pelo menos um deles obtenha vantagem,
AULAS 13 E 14 enquanto o outro permanece indiferente.

2.1. Relações harmônicas


intraespecíficas ou homotípicas

RELAÇÕES ECOLÓGICAS 2.1.1. Colônias


As colônias são constituídas por organismos da mesma
espécie, que ficam unidos anatomicamente entre si.
As colônias podem ser classificadas em homomorfas ou
heteromorfas.
As colônias homomorfas ou isomorfas são formadas por
COMPETÊNCIA: 3 organismos idênticos entre si e que exercem as mesmas
funções, isto é, não existe uma divisão de trabalho. As cra-
HABILIDADES: 8e9 cas (crustáceos), os corais e as esponjas são exemplos de
organismos formadores de colônias homomorfas.

1. Introdução
Como nenhum organismo vive de maneira isolada, é espe-
rado que em uma comunidade biológica os seres vivos se
relacionem e se influenciem.

Fotografia de colônia homomorfa de corais.

As colônias heteromorfas, por sua vez, são formadas por


dois ou mais tipos de seres vivos com morfologia diferente
e com divisão de trabalho fisiológico. As colonias dimór-
ficas são formadas por dois tipos de organismos, como
multimídia: vídeo a Obelia sp., uma colônia de pólipos (cnidários) formada
por indivíduos gastrozoides, responsáveis pela nutrição, e
Fonte: Youtube
gonozoides, responsáveis pela reprodução. Já as colônias
RELAÇÕES ECOLÓGICAS polimórficas são formadas por mais de dois indivíduos di-
ferentes, cada um adaptado para uma função distinta. Um
Ha dois critérios básicos que estão envolvidos na classificação clássico exemplo dessa forma é a caravela, uma complexa
das relações ecológicas. Em primeiro lugar, deve-se verificar colônia de cnidários formada por uma vesícula flutuante
se a interação ocorre entre organismos da mesma espécie ou e cheia de ar (pneumatóforo) de onde partem indivíduos
não. Enquanto relações intraespecíficas ou homotípicas responsáveis pela reprodução (gonozoides), nutrição (gas-
ocorrem entre dois ou mais organismos da mesma espécie, trozoides), natação (nectozoides) e defesa (dactilozoides).
as interespecíficas ou heterotípicas descrevem interações
entre dois ou mais seres vivos de espécies diferentes.
Em segundo lugar, deve-se verificar se essa relação traz
algum tipo de prejuízo ou benefício ao seres envolvidos.
Nesse caso, pode-se classificá-las em harmônicas ou de-
sarmônicas, como será visto a seguir.

2. Relações harmônicas
Nessa interação não existe desvantagem para as espécies
envolvidas. É possível que ambos os organismos se bene- Fotografia de colônia heteromorfa de uma caravela.

18
2.1.2. Sociedades
As sociedades são associações de organismos da mesma
espécie que não vivem ligados anatomicamente e
possuem uma organização social cooperativista, com divi-
são do trabalho. Entre os insetos existem sociedades com-
plexas e extremamente desenvolvidas, como as formigas,
os cupins, as abelhas e as vespas.
Nas abelhas, por exemplo, é possível observar três castas: a
rainha, o zangão e as operárias. Nessa sociedade existe ape-
nas uma rainha e ela é a única fêmea fértil de toda a colmeia.
A relação de benefícios mútuos entre gado e anu.
Os zangões são machos férteis com função de fecundar a
rainha, após isso são expulsos e acabam morrendo por de- § O paguro-eremita e a anêmona: esse crustáceo
bilidade extrema (inanição). Já as operárias são fêmeas esté- marinho, também chamado de caranguejo-bernardo-e-
reis e possuem funções como as de obter alimento (pólen e remita, apresenta o abdômen mole e desprotegido de
néctar) e produzir a cera e o mel. A cera é usada para confec- exoesqueleto. Para protegê-lo, o paguro-eremita vive no
cionar os locais onde serão postos os ovos, enquanto o mel é interior de uma concha vazia de um molusco gastrópo-
fabricado por meio da transformação do néctar e tem como de. Sobre a concha, fixam-se e se desenvolvem larvas de
base principalmente a glicose e a frutose. anêmonas providas de tentáculos urticantes (como os
tentáculos das águas-vivas). A vantagem da anêmona é
ser transportada pelo paguro, facilitando a captura do
alimento. E o caranguejo, por sua vez, aumenta sua pro-
teção contra a ação de predadores.

2.2.2. Mutualismo
O mutualismo, assim como a protocooperação, é o tipo
de interação em que os dois organismos envolvidos saem
beneficiados. Entretanto, diferentemente da protocoopera-
ção, o mutualismo é uma relação necessária à sobrevi-
Fotografia de abelhas operárias em uma colméia, vência das espécies, que não conseguem viver separa-
exemplificando a sociedade das abelhas.
das umas das outras.

2.2. Relações harmônicas § Bactérias do gênero Rhizobium e as raízes de


leguminosas: essas bactérias vivem em nódulos pre-
interespecíficas ou heterotípicas sentes nas raízes das leguminosas e fazem parte do ci-
clo do nitrogênio, produzindo compostos nitrogenados
2.2.1. Protocooperação que são aproveitados pelas plantas. Por outro lado, as
A protocooperação, também denominada cooperação, é bactérias Rhizobim recebem das leguminosas a maté-
uma associação entre duas espécies diferentes, na qual ria orgânica sintetizadas pela fotossíntese.
as duas são beneficiadas. Entretanto, esse tipo de asso-
§ Micorrizas: são associações entre fungos e raízes de
ciação não é obrigatória à sobrevivência. Ou seja,
certas árvores. O fungo, organismo da classe dos decom-
mesmo os organismos não estando associados, eles con-
positores, fornece nitrogênio e outros nutrientes minerais
seguem sobreviver.
para a árvore e, em contrapartida, recebe matéria orgâ-
§ O pássaro-palito e o crocodilo: o pássaro-palito nica proveniente da fotossíntese da planta.
obtém seu alimento a partir de vermes e restos alimen-
§ Cupins e certos protozoários: os cupins não possuem
tares presentes na boca doe os crocodilos das margens
a enzima celulase responsável pela quebra da celulose,
do rio Nilo, enquanto, por conta disso, o réptil se livra
assim, quando ingerem a madeira, não conseguem reali-
dos parasitas.
zar sua digestão. Porém, em seu tubo digestório, existem
§ O anu e o gado: a ave anu se alimenta dos carrapa- alguns protozoários flagelados do gênero Thiconympha
tos presentes no corpo do gado. O gado, por sua vez, que possuem essa enzima e são capazes de digerir a ce-
livra-se dos parasitas indesejados. lulose, recebendo em troca abrigo e alimento.

19
§ Líquens: o líquen é uma associação entre fungos e § O epifitismo é um tipo específico de inquilinismo en-
algas (ou cianobactérias). Eles ficam firmemente aderi- tre plantas ou algas, em que as epífitas utilizam o outro
dos às rochas ou às cascas de árvores, formando uma organismo como suporte físico e não causam qualquer
crosta verde-acinzentada. A alga ou a cianobactéria prejuízo. No ambiente terrestre se relaciona principal-
(organismos autótrofos fotossintetizantes) produzem a mente à obtenção de uma maior quantidade de luz
matéria orgânica que é utilizada pelo fungo (organis- solar, como no caso de orquídeas e bromélias que cres-
mo heterótrofo), enquanto são envolvida pelas estrutu- cem sobre os troncos e galhos de plantas maiores.
ras do fungo e protegidas contra a desidratação.

Fotografia com bromélias (plantas epífitas) dispostas sobre árvores.

Liquens sobre tronco de árvore.


multimídia: vídeo
2.2.3. Comensalismo Fonte: Youtube
O comensalismo se relaciona à obtenção de alimento. Nes- Relações Harmonicas e Desarmonicas...
sa interação a espécie chamada comensal é beneficiada,
enquanto a outra não leva vantagem nem prejuízo.

§ Rêmora ou peixe-piolho e o tubarão: No alto da 3. Relações desarmônicas


cabeça, a rêmora possui uma ventosa, por meio da Nas relações desarmônicas um dos organismos envolvi-
qual se fixa no tubarão. O efeito sobre o tubarão é nulo, dos sofre algum tipo de prejuízo, podendo até mesmo ir à
mas a rêmora se beneficia, porque obtém as sobras ali- óbito. Porém, é importante lembrar que as interações são
mentares do peixe e se desloca sem gasto de energia. essenciais para o equilíbrio das comunidades e que, mes-
Assim, o tubarão é o organismo hospedeiro e a rêmora mo uma relação com prejuízos para alguns dos seres vivos,
é o organismo comensal. pode contribuir positivamente para o ecossistema.

2.2.4. Inquilinismo 3.1. Relações desarmônicas


O inquilinismo é uma associação muito semelhante ao co- intraespecíficas ou homotípicas
mensalismo. Entretanto, não envolve alimento, mas um local
para a proteção e o desenvolvimento do organismo inquili-
3.1.1. Competição intraespecífica
no. Essa associação ocorre quando uma espécie (inquilino)
procura abrigo ou suporte no corpo de outra espécie, sem É a relação que se estabelece quando indivíduos da mes-
que haja malefício a esse hospedeiro. ma espécie concorrem por recursos iguais, como espaço e
alimento. Ela costuma instalar-se em função de aumento
§ O peixe-agulha e o pepino-do-mar: devido ao seu da densidade populacional ou da seleção natural, atuando
corpo fino e alongado, o peixe-agulha consegue se sobre a variabilidade intraespecífica de certa população.
abrigar no interior das holotúrias (pepino-do-mar) e se A territorialidade, a disputa por alimento e a procura por
proteger contra as ações dos predadores, sem prejudi- parceiros são exemplos de fatores que levam à competição
car o pepino-do-mar. intraespecífica.

20
3.1.2. Canibalismo Como em uma comunidade diversos organismos compar-
tilham os mesmos fatores, é coerente pensar que não é
Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mes-
interessante para as populações competir o tempo todo
ma espécie. Quando há falta de alimento, por exemplo,
por recursos iguais ou parecidos. Quando espécies dife-
a predação intraespecífica pode ocorrer para favorecer
rentes dividem por muito tempo o mesmo habitat e nicho
adultos em detrimento de filhotes. Outro caso é o do
canibalismo sexual, em que um dos organismos, geral- ecológico, a competição interespecífica pode levar à mútua
mente a fêmea, consome o parceiro antes, durante ou exclusão das espécies – princípio de Gause.
após a cópula. Por exemplo, as fêmeas de louva-a-deus Em 1934, Georgy Gause desenvolveu um experimento
que em certas ocasiões consomem o macho. com duas populações de espécies diferentes de paramé-
cios, em que os organismos são colocados para crescer
isoladamente (Gráfico A) e em interação (Gráfico B), mas
sempre com o mesmos recursos. Observe que a compe-
tição por sobreposição de nichos é intensa, a ponto de
eliminar a população de P. aurelia.

Fotografia de exemplo de canibalismo sexual, em que a


fêmea de louva-a-deus se alimenta do macho.

3.2. Relações desarmônicas


interespecíficas ou heterotípicas
3.2.1. Competição interespecífica
A competição entre indivíduos de populações diferentes se
estabelece quando as espécies envolvidas possuem o mesmo
Representação do crescimento de populações de Paramecium
habitat e o mesmo nicho ecológico. Como resultado, há re- caudatum e Paramecium aurelia, isolados (gráfico A)
dução da taxa de sobrevivência, do sucesso reprodutivo e do e em interação (gráfico B), ao longo do tempo.
crescimento em pelo menos uma das espécies.
Dessa maneira, é improvável a ocorrência de duas espé-
A figura a seguir apresenta um exemplo de competição in- cies que ocupem o mesmo habitat e nicho ecológico. De
terespecífica entre duas espécies do crustáceo comumente modo geral, as populações podem coexistir e comparti-
denominado como craca. Observa-se que disputam espaço lhar recursos do mesmo habitat, desde que o façam de
no costão rochoso e que a sua distribuição depende do modos distintos.
quanto estão adaptadas à exposição solar e à dessecação.
Assim, os fatores abióticos preponderantes nesse caso são
os ciclos de emersão e submersão, o ritmo das marés, o
3.2.2. Amensalismo
impacto das ondas, a radiação e outros. No amensalismo, uma espécie, denominada inibidora,
secreta substâncias que impedem o crescimento, o de-
senvolvimento e a reprodução de outra espécie, chamada
amensal. É importante ressaltar que a espécie inibidora
libera suas substâncias na presença ou não da espécie
amensal. Um exemplo dessa relação é a maré verme-
lha. Em determinadas condições ambientais, ocorre uma
acentuada proliferação de certas espécies de protistas do
grupo de dinoflagelados, as quais eliminam toxinas que
provocam a morte da fauna marinha. Outro caso é re-
Esquema da distribuição de cracas pelo costão rochoso. presentado por alguns fungos que produzem antibióticos
Devido à competição interespecífica, a espécie Balanus e, assim, impedem o desenvolvimento de bactérias em
balanoides se localiza na parte de baixo e limita a Chthamalus
seu entorno, como a penicilina sintetizada pelo fungo do
stellatus para a parte acima. Sem a presença do Balanus, a
Chthamalus ocupa o costão até a parte de maré baixa. gênero Penicillium.

21
3.2.3. Predatismo população de presas e o consequente aumento da compe-
tição entre os predadores reduz o número de linces, dando
Predador é o indivíduo que consome a presa, pertencen-
continuidade ao ciclo.
te a outra espécie. Os animais carnívoros, como os leões,
são ótimos exemplos de predadores. Porém, é importante
160 Linces
ressaltar que a herbivoria também é um tipo de predação,

Número de organismos (em milhares)


140
uma vez que os animais herbívoros eliminam a presa (se-
120
mente, alga, etc.) de sua população. Lebres
100

Na relação presa-predador, a variação da quantidade nos 80

dois grupos está relacionada: a queda do número de linces 60

diminui a predação e possibilita que as lebres deixem mais 40

descendentes. Esse aumento no número de presas significa 20

maior disponibilidade de alimento para os predadores e, ao 0 Anos


1845 1855 1865 1875 1885 1895 1905 1915 1925 1935
mesmo tempo, um agravamento da competição intraespe-
Gráfico da variação do número de indivíduos nos predadores
cífica das lebres. Assim, a população de lince se expande (lince) e nas presas (lebre) ao longo do tempo. Observe como a
gradualmente, enquanto a de lebre encolhe. A queda da quantidade de organismos nas populações se influenciam.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Para analisar a interação presa-predador, são utilizados princípios da Matemática, como gráficos de tempo ×
número de indivíduos, que auxiliam na compreensão do crescimento populacional de ambas as espécies envol-
vidas nessa interação ecológica. Além de aspectos matemáticos, também podem ser utilizados princípios esta-
tísticos para prever como determinadas populações de presa-predador irão se comportar ao longo do tempo.

3.2.4. Parasitismo ela utiliza a água e sais minerais para realizar fotossíntese e
produzir sua própria matéria orgânica.
No caso do parasitismo, uma das espécies (parasita) se
alimenta de outra (hospedeira). Como o parasita é depen-
3.2.5. Esclavagismo ou sinfilia
dente de seu hospedeiro, essa relação é geralmente mais
duradoura que a de predatismo e, além disso, não costuma Trata-se da relação ecológica entre indivíduos que se be-
levar a espécie parasitada à morte. neficiam da exploração das atividades, do trabalho ou dos
produtos de outros organismos.
Pode-se classificar os parasitas de acordo com sua localiza-
§ Formigas e pulgões ou afídeos: os pulgões são in-
ção no corpo da outra espécie. Os ectoparasitas, como as
setos sugadores de seiva elaborada dos vasos liberia-
sanguessugas e carrapato, vivem exteriormente ao corpo do
nos das plantas. Apesar de rica em açúcar, a seiva con-
hospedeiro, enquanto os endoparasitas, como as tênias e
tém poucas quantidades de aminoácidos. Assim, para
as lombrigas, se encontram dentro do corpo do hospedeiro.
formar suas próprias proteínas, os pulgões precisam de
Com relação aos vegetais, pode-se, ainda, subdividir os ec- grandes quantidades dessa seiva, cujo excesso é secre-
toparasitas em holoparasitas (parasitas totais) e hemi- tado. As formigas, por conta disso, mantém os pulgões
parasitas (parasitas parciais). O cipó-chumbo é um tipo de “cativos” dentro do formigueiro para se alimentar do
holoparasita, pois suas raízes penetram na seiva elaborada açúcar eliminado. Contudo, muitos autores classificam
da planta hospedeira, retirando a matéria orgânica direta- essa interação como protocooperação, uma vez que as
mente. Já a erva-de-passarinho é um tipo de hemiparasita, formigas protegem os pulgões de predadores e, em al-
pois suas raízes atingem a seiva bruta do hospedeiro, assim guns casos, também cuidam de sua prole.

22
Fotografia mostrando a interação entre formigas e pulgões.

§ Chupim é uma ave que se aproveita do ninho de outras para pôr os próprios ovos. Espécies como o tico-tico preservam os
ovos do chupim até que venham à eclosão.
Quadro com resumo das relações ecológicas

simbioses harmônicas interespecíficas simbioses desarmônicas interespecíficas


mutualismo (+ / +) vínculo obrigatório líquens; legumi- predatismo (+ / –) alimentação onça e capivara;
nosas e Rhizo- vaca e capim
bium; micorrizas parasitismo (+ / –) exploração do pulga, tênia,
cooperação (+ / +) sem vínculo obrigatório paguru e hospedeiro por alimento esquistossomo
anêmona; competição (– / –) sobreposição de nichos espécies diferentes
ruminantes e aves de cracas no
comensalismo (+ / 0) alimento tubarão e rêmora costão rochoso
Inquilinismo (+/0) proteção e suporte físico plantas epífitas; esclavagismo (+ / –) exploração trabalho pulgões e formigas
peixe-agulha e amensalismo (0 / −) substâncias inibidoras fungos que produzem
pepino-do-mar antibióticos; eucalipto
simbioses harmônicas intraespecíficas
simbioses desarmônicas intraespecíficas
sociedade (+ / +) divisão do trabalho insetos sociais:
abelha, cupins canibalismo (+ / -) predação intraespecífica aracnídeos; tubarões;
louva-a-deus
colônia (+ / +) vínculo físico caravela; corais
competição (- / -) disputa por recursos conflito entre linces
pela mesma presa

VIVENCIANDO

A consultoria ambiental é um ramo com alto crescimento nos últimos tempos, sendo cada vez mais procurada
por instituições, empresas e governos. O objetivo principal é avaliar e analisar os danos e as consequências
biológicas e ambientais de um projeto específico. Assim, compreender as relações entre os seres vivos e o
meio é fundamental para que biólogos consigam analisar a área e avaliar pedidos de liberação para, por
exemplo, projetos de construção. Além disso, pode auxiliar no mapeamento de espécies e na elaboração de
estratégias de uso consciente do local.

23
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 9
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos, ou do fluxo de energia para a vida, ou da ação de
agentes, ou fenômenos que podem causar alterações nesses processos.

O tema relações ecológicas é comum nas provas do Enem. Há uma preocupação em conhecer como as espécies
se relacionam entre si, como isso estabiliza o ecossistema e ainda como uma interferência nessas relações pode
causar danos ao meio ambiente.

MODELO 1
(Enem) A mata Atlântica caracteriza-se por uma grande diversidade de epífitas, como as bromélias.
Essas plantas estão adaptadas a esse ecossistema e conseguem captar luz, água e nutrientes mesmo
vivendo sobre as árvores.
Disponível em: <www.ib.usp.br>. Acesso em: 23 fev. 2013 (adaptado).

Essas espécies captam água do(a):

a) organismo das plantas vizinhas;


b) solo, através das suas longas raízes;
c) chuva acumulada entre suas folhas;
d) seiva bruta das plantas hospedeiras;
e) comunidade que vive em seu interior.

ANÁLISE EXPOSITIVA

A relação ecológica estabelecida entre as bromélias e as árvores é denominada inquilinismo, no qual uma
espécie é beneficiada por meio da relação, e a outra espécie é indiferente (+0). Nesse caso, a espécie
beneficiada é a bromélia, que, ao ficar no topo das árvores, consegue captar luz, água e nutrientes com
mais facilidade e sem prejudicar as árvores. Para captar água, as bromélias utilizam as suas folhas, que se
apresentam em um formato que possibilita a acumulação de água.

RESPOSTA Alternativa C

24
DIAGRAMA DE IDEIAS

RELAÇÕES ECOLÓGICAS

HARMÔNICAS DESARMÔNICAS

INTRAESPECÍFICAS INTRAESPECÍFICAS

• SOCIEDADE (++) • CANIBALISMO (+-)


NÃO UNIDOS ANATOMICAMENTE • COMPETIÇÃO (--)
• COLÔNIA (++)
UNIDOS ANATOMICAMENTE

INTERESPECÍFICAS

INTERESPECÍFICAS
• PREDAÇÃO (+-)
• PARASITISMO (+-)
• PROTOCOOPERAÇÃO (++) • ESCLAVAGISMO (+-)
NÃO OBRIGATÓRIA • COMPETIÇÃO (--)
• MUTUALISMO(++) • AMENSALISMO (Ø-)
OBRIGATÓRIA
• COMENSALISMO (+Ø)
• INQUILINISMO (+Ø)

25
que um ambiente consegue tolerar (letra A). Desse modo, a
AULAS 15 E 16 curva C demonstra o crescimento real de uma população,
após a influência do meio no seu potencial biótico. Observe
que sua taxa de crescimento é menor e que, após algum
tempo, o valor se estabiliza em torno da CS e sofre apenas
pequenas alterações.

DINÂMICA Crescimento real = Potencial biótico – Resistência


do meio
POPULACIONAL E
SUCESSÃO ECOLÓGICA Explosão
populacional
Morte por falta de alimento

A população é mantida
em equilíbrio pelos predadores
naturais

População
f g
COMPETÊNCIA: 1 c e

b Curva em S
d
HABILIDADE: 4 a Curva em J
Gerações

Gráfico comparando as duas curvas de crescimento


(J e S) ao longo das gerações.

1. Dinâmica populacional 1.1. Resistência do meio (RM)


Como visto anteriormente, as populações são conjuntos A resistência do meio pode ser compreendida como o
de organismos da mesma espécie que ocupam uma certa conjunto de fatores que limitam o crescimento exponen-
região durante determinado tempo. A dinâmica populacio- cial de uma população. Os habitats fornecem recursos
nal, então, utiliza de vários parâmetros e taxas para estudar de tipos diversos, como água, espaço, refúgio, alimento e
as variações numéricas de indivíduos, suas possíveis causas
outros. Porém, esses recursos são compartilhados dentro
e as consequências esperadas ou observadas.
de alguns limites determinados pelo próprio ambiente.
Quando a demanda é maior que a disponibilidade, o
meio começa a impor certas restrições e, consequen-
temente, a reduzir o crescimento populacional. Outros
fatores – como poluição, condições ambientais, movi-
mentos de migração e relações ecológicas – também
influenciam na resistência.

1.2. Capacidade de suporte (CS)


A: capacidade suporte do meio Gráfico com as curvas de
B: potencial biótico crescimento populacional A capacidade de suporte de um ambiente pode ser en-
ao longo do tempo
C: crescimento real tendida como o número limite de indivíduos que o meio
D: resistência do meio
suporta, sua carga biótica máxima. Esse valor é particular
A curva em forma de “J”, representada no gráfico pela letra de cada espécie, varia de acordo com o meio analisado e é
B, caracteriza um crescimento exponencial, contínuo e sem determinado pela resistência ambiental.
interferências do ambiente. Assim, ela equivale ao poten- A mata tropical, por exemplo, é um ambiente com grande
cial biótico (PB) da espécie: a capacidade reprodutiva e de capacidade de suporte e, por isso, apresenta limites mais
desenvolvimento de uma população em condições ideiais. flexíveis e uma menor resistência do meio. Já o deserto, por
Porém, no meio existem diversos fatores limitantes que al- outro lado, é um ambiente com pequena capacidade de
teram a inclinação da curva, diminuindo-a e conferindo-Ihe suporte e, consequentemente, apresenta limites mais es-
uma forma bem mais real – “S“ (sigmoide). Essas barrei- treitos e maior resistência ambiental. Assim, analisando-se
ras, representadas pela letra D, constituem a resistência um determinado ambiente, pode-se dizer, matematicamen-
ambiental e determinam a capacidade de suporte do te, que a resistência do meio é inversamente proporcional à
meio (CS), isto é, o número máximo total de indivíduos capacidade de suporte.

26
1.3. Curva de sobrevivência 2. A sucessão ecológica
A taxa de sobreviventes ao longo da vida para cada es-
pécie determina a sua curva de sobrevivência. Assim, é
nos ecossistemas
possível avaliar quando no ciclo de vida os indivíduos es- As comunidades biológicas são conjuntos de populações
tão mais vulneráveis e apresentam maior quantidade de de espécies diferentes que ocupam e interagem com o
mortes. Existem, basicamente, três tipos de curvas, como é meio de determinada área, sofrendo mudanças em sua
possível observar noCURVA
gráfico a seguir.
DE SOBREVIVÊNCIA composição através dos anos. Essas alterações progres-
sivas nas comunidades e no ambiente físico ao longo do
1,000
I tempo caracterizam a sucessão ecológica.
Número de sobreviventes

100
II 2.1. Fases da sucessão ecológica
10
A primeira a se estabelecer no ambiente é a comunidade
III pioneira ou ecese, enquanto os estágios seguintes e de
1
0 50 100 transição são denominados sere. Por fim, a que se estabe-
Porcentagem de Longevidade
lece por último é chamada de comunidade clímax, um
Gráfico com diferentes curvas de sobrevivência indicando o
número de indivíduos pela porcentagem de longevidade (tempo).
estágio autossuficiente e com propriedades homeostáticas.

A curva I indica que a mortalidade aumenta à medida que


a idade avança, característica típica da espécie humana. A
curva II aponta que a mortalidade é praticamente constan-
te ao longo da vida, tanto para o indivíduo jovem quanto
para o adulto e o idoso. A curva III, por sua vez, mostra que
há maior mortalidade no início do ciclo, o que demonstra
A tendência ao longo desse processo sucessional é a
maior vulnerabilidade dos indivíduos jovens.
de aumento no número de espécies, habitats, biomassa
e interações. Por isso, ao se analisar a produtividade, é
1.4. Densidade populacional esperado que a PPB e a taxa de respiração aumentem.
Para estudar a demografia de uma população, é necessário Como PPB – RC = PPL, observa-se que a PPL na comuni-
analisar o número de indivíduos e sua distribuição pelo espaço dade clímax tende a zero. Ou seja, tudo o que se produz
(densidade populacional), dois elementos que variam ao longo é consumido. Assim, a comunidade se mantém sem altas
do tempo e recebem influência de fatores bióticos e abióticos. taxas de crescimento ou sobras, em volume, de matéria
Os movimentos migratórios, por exemplo, interferem no orgânica e oxigênio.
contingente populacional. A imigração (I) consiste na
chegada de indivíduos à população, enquanto a emigra-
ção (E) consiste na saída de indivíduos da população.
Pioneira Sere(s) Climax

A taxa de natalidade (TN) é caracterizada pelo total de


nascimentos em um intervalo de tempo, enquanto o total
de mortes caracteriza a taxa de mortalidade (TM). As
expressões abaixo mostram as interações e consequências: Figura mostrando as variações nos parâmetros ambientais
durante as diferentes fases de uma sucessão ecológica.

I + TN > E + TM A Amazônia, a Mata Atlântica e os cerrados são exem-


O contingente está aumentando; plos de comunidades em estado clímax. Como suas PPL
logo, há crescimento populacional.
tendem a zero, não há grandes excedentes de oxigênio
I + TN < E + TM e, por conta disso, também não podem ser responsá-
O contingente está diminuindo; veis pela liberação de oxigênio atmosférico. Apesar das
logo, a população está decrescendo. grandes e extensas florestas, com a Amazônia, serem
I + TN = E + TM fundamentais na regularização das condições climáti-
O contingente tende a ficar constante; cas, a função de “pulmão do mundo” é do fitoplâncton
logo, a população parou de crescer. marinho que contribui em pelo menos 70% do total de
oxigênio do planeta.

27
Estágio Produtividade Bruta Produtividade Líquida Biomassa Biodiversidade
ecese pequena alta pequena pequena

seres aumenta diminui aumenta aumenta

clímax alta pequena alta alta

Tabela com as variações na PPB, na PPL, na biomassa e na biodiversidade em diferentes estágios da sucessão ecológica.

ATRIBUTOS DO ECOSSISTEMA Em desenvolvimento Clímax


Condições Ambientais variável e imprevisível constante ou previsivelmente variável

POPULAÇÕES
Mecanismos de determinação de
abióticos, independentes de densidade bióticos, dependentes de densidade
tamanho populacional
Tamanho do indivíduo pequeno grande
Ciclo de vida curto/simples longo/complexo
lento, maior capacidade de so-
Crescimento rápido, alta mortalidade
brevivência competitiva
Produção quantidade qualidade
Flutuações + pronunciadas – pronunciadas

ESTRUTURA DA COMUNIDADE
Estratificação
pouca muita
(heterogeneidade espacial)
Diversidade de espécies (riqueza) baixa alta
Diversidade de espécies (equitatividade) baixa alta
Diversidade bioquímica baixa alta
Matéria orgânica total pouca muita

ENERGÉTICA DA COMUNIDADE
PPB/R >1 =1
PPB/Biomassa alta baixa
PPL alta baixa
Cadeia alimentar linear (simples) em rede (complexa)

NUTRIENTES
Ciclo de minerais aberto fechado
Nutrientes inorgânicos extrabióticos intrabióticos
Troca de nutrientes entre organismos e ambiente rápida lenta
Papel dos detritos na regeneração de nutrientes não importante importante

POSSIBILIDADE DE EXPLORAÇÃO
PELO SER HUMANO
Produção potencial alta baixa
Capacidade de resistir à exploração grande pequena

Tabela comparando diversos parâmetros nas comunidades em desenvolvimento e na clímax, ao longo da sucessão ecológica.

2.2. Sucessões primária e secundária


Afirma-se que o processo sucessivo é primário quando ele ocorre em substratos não previamente ocupados por orga-
nismos. Exemplos: afloramentos rochosos, exposição de camadas profundas de solo, depósitos de areia, lava vulcânica
recém-solidificada, etc.
O processo é considerado secundário quando os referidos substratos já foram anteriormente ocupados por uma comuni-
dade e, consequentemente, contêm matéria orgânica viva ou morta (detritos, propágulos). Exemplos: clareiras, áreas desma-
tadas, fundos expostos de corpos de água, etc.

28
VIVENCIANDO

Usar de forma equilibrada os recursos naturais é um dos maiores desafios do ser humano na atualidade. A intera-
ção do ser humano com o meio é complexa e, muitas vezes, leva à degradação ambiental e ao comprometimento
da vida futura. A crescente conscientização dos indivíduos para a necessidade de conservação e restauração dos
recursos naturais estimulou diversos projetos de restauração de ecossistemas devastados pela atividade huma-
na. Utilizando dados fitossociológicos (estudo de comunidades vegetais) e o conceito de sucessão, é possível
restaurar processos ecológicos fundamentais na reconstrução de uma comunidade funcional com alta diversida-
de e reconstruir um ecossistema semelhante ao sistema degradado.

Assim, qualquer regeneração ou recuperação de área de- Desse modo, a ocupação pioneira altera as condições am-
gradada é exemplo de sucessão secundária, enquanto o bientais, favorece um novo conjunto de espécies e determi-
estabelecimento de mata amazônica, há cerca de 10 mil na as mudança gradativas na composição de espécies do
anos, num período de glaciação, que diminuiu o nível dos meio. A partir dela, ocorre a substituição das comunidades
mares e oceanos rasos da localidade, é um exemplo de em estágios intermediários (seres) e, posteriormente, em
sucessão primária. uma comunidade clímax.
Veja a seguir um exemplo de sucessão ecológica se-
cundária a partir de uma área originalmente ocupada por
um ecossistema florestal que foi desmatada, originando
campos de cultura. Observe que o solo superficial é total-
mente alterado e impactado pelo uso de arados e outros Estágio
sucessional
implementos agrícolas. Essa situação destrói quase com- adiantado

pletamente o banco de sementes local, limitando a rege-


Figura em um estágio sucessional adiantado, mostrando a região
neração da floresta. dos campos cultivados após o processo de sucessão ecológica.

Campos cultivados Quanto menor o impacto sofrido, mais parecida com a


original é a mata que surge depois da sucessão. Desse
modo, uma área com poucos anos de cultivo permite
uma melhor regeneração do que uma área com muito
Figura com a área após o desmatamento e a tempo de cultivo. Apesar da sucessão não recuperar de
formação de campos de cultivo.
fato a formação original, a comunidade alcança uma
Com o abandono dos campos e a predominância de so- composição de espécies e uma estrutura máxima para
los expostos, formam-se condições microclimáticas mui- as atuais condições.
to típicas, como alta incidência solar, ventos intensos e
pouca retenção de umidade devido a elevadas taxas de
evapotranspiração.
Essas pressões seletivas favorecem algumas poucas espécies
resistentes a condições ambientais estressantes, caracteri-
zando a comunidade pioneira.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Sucessão
Abandono dos campos de cultura
Com o abandono dos campos de cultura, inicia-se uma sucessão
ecológica a partir do estabelecimento de uma comunidade pioneira.

29
Observe na figura a seguir outro exemplo de sucessão:
o amadurecimento de lagos de reservatórios em usi-
nas hidroelétricas. Os lagos recém-formados recebem
matéria orgânica, a qual favorece o desenvolvimento
de decompositores e de espécies do fitoplâncton. A
presença destes, por sua vez, permite a manutenção
de zooplânctons e de peixes que, então, podem ser
colocados no lago.
Ao se apresentarem condições favoráveis ao desenvolvimento da vida,
lagos de reservatórios em usinas hidrelétricas se tornam cenário
da sucessão ecológica.

30
DIAGRAMA DE IDEIAS

DINÂMICA POPULACIONAL SUCESSÃO ECOLÓGICA

B PRIMÁRIA
A
D C
Nº de Indivíduos

OCUPAÇÃO DE AMBIENTES
ESTÉREIS

Tempo
Curva de crescimento populacional SECUNDÁRIA

OCUPAÇÃO DE AMBIEN-
TES QUE SOFRERAM
(A) CAPACIDADE DE SUPORTE (CS)
ALTERAÇÕES AMBIEN-
(B) POTENCIAL BIÓTICO (PB)
TAIS DRÁSTICAS
(C) CRESCIMENTO REAL (CR)
(D) RESISTÊNCIA DO MEIO (RM)

ECESE

ESPÉCIES PIONEIRAS

TAXAS E PARÂMETROS
POPULACIONAIS
SERE
IMIGRAÇÃO (I) | EMIGRAÇÃO (E)
TAXA DE NATALIDADE (TN) | APARECIMENTO, EXTIN-
TAXA DE MORTALIDADE (TM) ÇÕES E ALTERAÇÕES
NA ABUNDÂNCIA
I + TN > E + TM
DE POPULAÇÕES
CRESCIMENTO POPULACIONAL
I + TN < E + TM
DIMINUIÇÃO POPULACIONAL
CLÍMAX
I + TN = E + TM
POPULAÇÃO CONSTANTE
ESTABILIDADE NA COMPO-
SIÇÃO DAS COMUNIDADES

31
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

É frequente a presença de questões relacio- Na Fuvest, a zoologia é um dos temas mais


nadas a doenças infectoparasitárias, como as comuns; as questões são frequentemente
causadas por vermes. comparativas entre os diferentes filos.

Uma prova generalista com relação às carac- Doenças causadas por vermes são comuns nas Nessa prova é importante reconhecer semelhan-
terísticas dos seres vivos, não aborda grupos questões da Unifesp, bem como a anatomia ças e diferenças entre os filos animais.
específicos, ao contrário, abrange um vasto de invertebrados.
número de grupos sempre comparando-os.

Possui maior foco em teorias evolutivas e na Prova com caráter essencialmente comparati- Com poucas questões de Biologia, a PUC A Santa Casa cobra conhecimentos relaciona-
taxonomia dos seres vivos. vo e questões que misturam diferentes áreas de Campinas cobra conhecimento acerca da dos a verminoses comuns no Brasil, além de
da Biologia. Há presença de assuntos como anatomia comparada dos filos animais e da anatomia comparada dos animais.
diversidade de seres vivos e comparação entre classificação dos seres vivos.
os reinos e entre os filos animais.

UFMG

É uma prova com questões interdisciplinares Questões com alto nível de especificidade Apresenta questões relacionadas à anatomia
que cobram conteúdos altamente específicos. que cobram conhecimentos sobre doenças comparada, porém com enfoques que não
É importante reconhecer as características dos causadas por vermes e anatomia comparada estão muito presentes em outros vestibulares.
animais e saber comparar os diferentes filos. dos diferentes filos animais.

Relações evolutivas, taxonomia e verminoses Com questões bem específicas, os temas Saber ler cladogramas, classificar seres vivos e
são conteúdos muito presentes nas provas mais frequentes dentro da zoologia são as diferenciar os animais de diferentes filos são
da UERJ. características exclusivas e as diferenças entre competências fundamentais para ter sucesso
os filos animais. nessa prova.
ZOOLOGIA

33
AULAS 9 E 10
Micrasterias Scenedesmus: Spirogyra:
célula única
Volvox: colônias pacotes de 4 células filamentosa

REINO PROTOCTISTA
Sargassum

Fucus
Dictyota Cutleria

II: ALGAS Egregia

Dictyopteria undulata
Sargassum Padina
Marcocytosis

Alguns componentes do diverso grupo de algas, com


representantes unicelulares e pluricelulares de variadas cores.

Os corpos das algas multicelulares, denominados ta-


COMPETÊNCIAS: 4e8 los, podem formar filamentos, lâminas denominadas
formas parenquimatosas ou estrututuras que se as-
semelham a pequenas folhas, chamadas cenocíticas.
HABILIDADES: 16 e 29
A estrutura interna dos talos indica que o conjunto
de células não forma tecidos verdadeiros nem órgãos.
Observe a figura a seguir:

1. Protoctistas autótrofos
Os protoctistas podem ou não apresentar clorofila. Aque-
les que não contêm clorofila (helerotróficos) são deno-
minados protozoários, incluindo as amebas, os pa-
ramécios, os plasmódios, etc. Os que contêm clorofila são
chamados de protófitos, como as algas unicelulares: as
diatomáceas (crisofíceas), os dinoflagelados (pirrofíceas)
e as euglenofíceas. Por sua vez, os representantes pluri-
celulares e que não possuem tecidos verdadeiros cons- Estrutura de alga pluricelular
tituem o grupo das algas, formado pelas algas verdes,
As algas apresentam uma grande variedade de pigmentos
algas pardas e algas vermelhas.
que lhes fornecem diferentes tonalidades de cor e permi-
tem seu estudo e classificação em algas pardas, verdes,
2. Algas vermelhas ou douradas. Esses pigmentos são organizados
em plastos, organelas similares aos cloroplastos.
As algas são seres eucariotos, unicelulares ou pluricelula-
res, com pigmentos fotossintéticos diversos, além das clo-
rofilas. Essas algas habitam ambientes terrestres úmidos,
2.1. Algas verdes (Filo Chlorophyta)
na água doce ou no mar, onde vivem na superfície consti- As algas verdes podem ser unicelulares (isoladas ou colo-
tuindo o fitoplâncton ou permanecem fixas no fundo por niais) ou pluricelulares. Em seus cloroplastos, os pigmentos
meio de seus apressórios, constituindo o fitobentos. As mais presentes são as clorofilas A e B, embora possam conter
algas pluricelulares dividem-se em três grupos: clorofíce- carotenos (laranja) e xantofilas (amarelo). A reserva é repre-
as (algas verdes), feofíceas (algas pardas) e rodofíceas sentada por amido, e as paredes celulares possuem celulose.
(algas vermelhas). Elas são muito comuns e vivem em água doce, salgada e em
ambientes terrestres úmidos. Também participam de diferen-
As algas foram incluídas há muito tempo no reino das
tes associações simbióticas, como na formação dos líquens.
plantas, e há autores que consideram apenas alguns gru-
Com cerca de 17.000 espécies, destacam-se os seguintes
pos de algas unicelulares como pertencentes aos protistas.
gêneros: Spirogira, Ulva, Volvox, Acetabularia, Porphyra e
A opção atual, de acordo com Margulis e Schwartz, é abor-
Caulerpa. É provável que esse grupo compartilhe um ances-
dar todas algas no Reino Protoctista.
tral próximo com as briófitas, cuja evolução apresenta adap-
As algas formam um grupo bastante numeroso e biodiver- tações para o ambiente terreste. Observe na figura a seguir a
so, como pode ser observado a seguir: diversidade das clorofíceas.

34
Algas verdes Algas verdes Algas verdes Algas verdes
filamentosas unicelulares coloniais - Volvox sp. pluricelulares

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Características gerais das Algas - Diversidade

2.2. Algas pardas (Filo Phaeophyta)


As algas pardas, chamadas de feofíceas, são pluricelula-
multimídia: vídeo res, com o talo (corpo) filamentosas ou parenquimatosas.
Fonte: Youtube Algumas algas podem apresentar talos de até 70 metros
Clorofíceas ou algas verdes – de comprimento, como as espécies dos gêneros Lamina-
Diversidade dos Seres Vivos ria ou as Kelps, que trazem a aparência de florestas para
o fundo dos oceanos. Outros tipos de algas que apresen-
A reprodução sexuada ocorre por isogamia (fusão tam longos talos são: Sargassum (30 m) e Macrocystis
entre gametas iguais em forma e função), heterogamia (15 m). Possuem um pigmento denominado fucoxantina
(fusão entre gametas distintos em forma e/ou função) ou ou xantofila (amarelo), que, junto com a clorofila (verde),
oogamia (fecundação de um gameta feminino imóvel e dá a cor parda que as distingue dos outros filos. Essas
grande por um gameta masculino móvel e pequeno). A algas possuem uma grande importância ecológica, po-
reprodução assexuada ocorre por meio de esporos. dendo servir de habitat a numerosos grupos de animais
Muitas espécies apresentam alternância de gerações marinhos. Podem ser utilizadas como adubo e fonte de
ou metagênese. Note nas figuras a seguir os processos nutrientes, além de servir como fonte de extração de iodo
de reprodução sexuada e a metagênese. e de ágar (uma mucilagem, matéria-prima para gelatinas
e meios de culturas), que é utilizado em técnicas de labo-
Isogamia
Heterogamia morfológica ratório de microbiologia na preparação de laxantes pela
Fecundação
microgameta
indústria farmacêutica e na alimentação.
Isogametas
Célula-ovo ou
zigoto Fecundação
Célula-ovo
ou zigoto
macrogameta
Heterogamia fisiológica
Oogamia

Gameta
Gameta móvel (anterozoíde)

Fecundação
Fecundação
Célula-ovo
multimídia: vídeo
Célula-ovo
Gameta imóvel ou zigoto Gameta ou zigoto
(oosfera)

Reprodução sexuada das algas e tipos de gametas Fonte: Youtube


Feofíceas ou algas pardas –
Diversidade dos Seres Vivos

As algas pardas possuem o corpo revestido por uma mu-


cilagem chamada algina ou alginato. Essa mucilagem
estabilizante é extraída das algas pardas e utilizada na
fabricação de sorvetes, caramelos e cosméticos. Algumas
espécies dessas algas são comestíveis. Vivem fixas no fun-
do do mar (bentônicas); a maioria das espécies é marinha
Metagênese em algas. Ciclo de vida de ulva, uma alga verde membranosa. e poucas são de água doce.

35
Elas se reproduzem sexuada e assexuadamente, e muitas
espécies apresentam alternância de gerações (metagênese).
Observe na figura a seguir alguns representantes das feofíceas.

Exemplos de feofíceas, algas pardas pluricelulares. Da esquerda para


a direita: Fucus, Laminaria sp., Sargassum sp., Kelps e Macrorystis.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube

2.3. Algas vermelhas (Filo Rodophyta) Rodofíceas ou algas vermelhas –


Diversidade dos Seres Vivos
Conhecidas também pelo nome de rodofíceas, as algas
vermelhas vivem principalmente no mar, em zonas que
normalmente não ficam descobertas pelas marés. São plu-
ricelulares, filamentosas e fixam-se nos fundos litorâneos 3. Os protófitos
e oceânicos (bentônicas). Nos plastos, além da clorofila, Os protófitos são seres clorofilados unicelulares que reali-
encontra-se outro pigmento predominante, a ficoeritrina zam fotossíntese e, portanto, apresentam nutrição autótro-
(vermelho), podendo ser encontrada também a ficociani- fa. Eles são encontrados no mar, na água doce e também
na (azul). As algas vermelhas são capazes de fornecer ágar nos solos úmidos. A reprodução mais frequente é assexua-
(ágar-ágar) e carragem (carragim), outra mucilagem com da, por meio da bipartição (cissiparidade). Nesse caso, uma
finalidade alimentícia que também é usada na fabricação célula se divide, dando origem a duas outras, embora ocor-
de caramelos e sorvetes. Algumas espécies são revestidas ra também reprodução sexuada.
de carbonato de cálcio (CaCO3). Esses sais de cálcio as
tornam mais resistentes ao rebentamento das ondas, seus
talos ficam mais rígidos e fazem parte da formação dos re-
3.1. Diatomáceas (Filo Bacillariophyta)
cifes de corais. Por esse motivo, são chamadas de algas As diatomáceas também são chamadas de crisofíceas ou
coralíneas ou calcáreas. A reprodução pode ser sexuada algas douradas. A maioria é unicelular e apresenta os pig-
ou assexuada, e muitas apresentam metagênese. A seguir, mentos caroteno (laranja) e xantofila (amarelo), além da clo-
estão relacionados alguns representantes das rodofíceas. rofila. As diatomáceas, ilustradas a seguir, são os representan-
tes mais conhecidos. Trata-se de seres unicelulares, raramente
formam colônias, e suas células são recobertas por uma cara-
paça, chamada de frústula, formada de dióxido de silício
(SiO2). A frústula pode ser formada por duas partes ou valvas
de tamanhos iguais ou diferentes que se encaixam.
Diatomáceas

Representantes de rodofíceas, algas vermelhas pluricelulares.

Valvas de diatomáceas marinhas

Essas algas podem viver em água doce e em solos úmidos,


mas são predominantemente marinhas, ocupando o fito-
plâncton. São consideradas os mais importantes produtores
no mar e são fonte de alimento para animais. Suas carapaças
podem se depositar no fundo de mares e rios e formar gran-
des depósitos ricos em sílica, denominado diatomito, que
Diatomáceas, com suas carapaças de silício. é utilizado para polir metais, fabricar cerâmica e dinamite.

36
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Diatomáceas: parte 3 (Português)
Diversos tipos de frústuras de diatomáceas

Observe na figura a reprodução assexuada por cissiparidade das diatomáceas, que origina duas células filhas de tamanhos
desiguais, uma maior, como a progenitora, e uma menor, por conta das valvas de tamanhos diferentes. Esse processo invia-
biliza a reprodução das células menores.
CÉLULAS-FILHAS CÉLULAS-FILHAS
1ª GERAÇÃO 2ª GERAÇÃO
EPIVALVA
(PARENTAL) EPIVALVA PARENTAL

NOVAS VALVAS FORMADAS


(HIPOVALVAS)
CÍNGULO
HIPOVALVA PARENTAL

HIPOVALVA
(PARENTAL)

Modelo esquemático da reprodução assexuada das diatomáceas.

formas de água doce. Os dinoflagelados, como também são


Terra de diatomáceas (diatomitos) chamados, possuem clorofila, xantofilas e carotenos. Algu-
mas formas estão ilustradas na figura a seguir Os dinoflage-
A maior parte das diatomáceas vive nos oceanos, par-
lados reproduzem-se vegetativamente por meio de simples
ticularmente os de águas frias. Quando morrem, de-
divisão celular. Ocorre também reprodução sexuada através
positam no fundo as suas carapaças de sílica, forman-
da formação de gametas (isogamia ou anisogamia).
do depósitos conhecidos como “terra de diatomáceas”.
Essa terra é usada na fabricação de pasta dentifrícia e
dos denominados pós-dentifrícios. É também utilizada
para polimento e para fabricação de filtros industriais.

Petróleo
As diatomáceas armazenam parte de seus alimen-
tos em forma de óleo. Acredita-se que as diatomá-
ceas foram responsáveis pela formação do petróleo. Gymnodinium Ceratium Noctiluca

Eventualmente, os geólogos encontram depósitos de


petróleo por meio da identificação de diatomáceas
nas amostras de terra obtidas em perfurações.

3.2. Algas pirrofíceas (Filo Dinophyta)


As pirrofíceas são algas unicelulares, eucarióticas, biflage-
ladas e podem apresentar, além da parede celular celulósica,
uma cobertura externa chamada de teca. Ocorrem princi-
palmente no plâncton marinho, entretanto podem existir Representantes de dinoflagelados.

37
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Maré vermelha e presença de toxina diarréica Estruturas corpóreas de Euglena.
suspende comércio de mariscos em Santa Catarina

Podem causar as marés vermelhas, que correspondem


a um aumento do número de indivíduos devido a fatores
ambientais, como o aumento de nutrientes relacionado
a atividades antrópicas e temperaturas altas, formando
manchas de coloração visível nos mares. Esse fenômeno,
demonstrado na figura a seguir, causa a morte de peixes,
devido ao consumo exagerado de oxigênio e à produção
de toxinas das algas. Essas toxinas atuam no sistema ner- Euglenoides vistos pelo microscópio óptico.
voso. Os moluscos, mesmo não sendo sensíveis, podem Os seus cloroplastos realizam a fotossíntese; contudo, na
acumular essas toxinas e, depois de serem ingeridos, po- ausência da luz e na escassez de reservas nutritivas, os
dem contaminar o homem e outros mamíferos. euglenoides são capazes de ingerir partículas alimentares,
que entram pela boca da célula (citóstoma), passam pela
citofaringe e sofrem digestão de vacúolos digestórios; os
resíduos, por sua vez, são eliminados pelo citopígeo, como
em unicelulares heterótrofos. Essa característica e a estru-
tura de suas células assemelham-se muito às de alguns
protozoários, o que culminou no estudo das euglenas tam-
bém como protozoários flagelados. Possuem uma região
chamada estigma, responsável pela percepção de luz. A
reserva é um tipo de amido conhecido por paramilo.
A maré vermelha, resultado da explosão populacional de dinoflagelados.

Alguns gêneros de Dinophyta (Pyrrophyta) apresentam bio-


luminescência. Por meio da oxidação causada pela enzima 5. Reprodução nas algas
luciferase na substância luciferina, presente em suas células, As algas apresentam processos de reprodução assexuada
ocorre a formação de um produto molecular excitado que li- por cissiparidade (divisão binária), fragmentação de seus talos,
bera energia luminosa na forma de fótons. Além disso, repre- e reprodução sexuada (isogamia, anisogamia e oogamia).
sentates desse grupo, as chamadas zooxantelas ou espécies
A
impregnadas com carbonato de cálcio (CaCO3), compõem
de forma simbiótica os recifes de corais.

4. Euglenoides (Filo Plasto Valva menor


B

Euglenophyta) Vacúolo Núcleo Valva maior


Representações esquemáticas de divisão binária em algas

Representações esquemáticas de divisão binária em protistas.


Os euglenoides são unicelulares, não apresentam parede
celular e se locomovem por flagelos. Vivem principalmente Algumas algas multicelulares soltam células flageladas
em água doce e apresentam um vacúolo pulsátil que, ao assexuadas, os zoósporos, que nadam até atingir locais
contrair-se, expulsa o excesso de água absorvido continua- adequados, onde, ao se fixarem, originam assexuadamente
mente do meio por osmose. Observe na figura a seguir sua novos indivíduos. Essa reprodução é chamada de zoospo-
estrutura celular e a Euglena viridis. ria, ilustrada na figura a seguir.

38
Reprodução assexuada nas algas (cont.)

Zoósporos: Ulothrix Zoósporos formados


por mitose

Zoósporos
sendo liberados

(talo haploide)

zoósporo germina

Exemplo de reprodução assexuada em algas.


Reprodução sexuada União
Fusão
sexual
citoplasmática

Organismos adultos Fusão dos


núcleos e
haploides (n)
formação Imagem de microscopia mostrando detalhes da conjugação.
do zigoto (2n)

6. Importância das algas


Zigósporo

MEIOSE
As algas são os principais seres fotossintetizantes e, por-
Ciclo sexuado da
alga verde tanto, produtores dos ambientes aquáticos (mares, rios,
Organismos jovens unicelular
haploides (n) Chlamydomonas sp. lagos e lagoas) e em especial aquelas que participam das
A reprodução sexuada é comum em quase todas as algas. Naquelas comunidades da superfície desses ecossistemas, o plâncton,
que são unicelulares, cada organismo pode comportar-se como constituindo o componente autótrofo chamado fitoplânc-
um gameta e, ao se fundirem, formam um zigoto. Esse zigoto
sofre meiose e forma quatro novos indivíduos haploides.
ton. As algas, assim, sustentam troficamente, direta ou in-
diretamente, todos os demais seres que formam as redes ou
A maior parte das algas multicelulares apresenta o teias alimentares desses ambientes. Outro fator importante
fenômeno de alternância de gerações, em que a é o fato de serem responsáveis por cerca de 90% do oxi-
meiose ocorre na formação de estruturas reprodutivas gênio atmosférico, graças a sua atividade fotossintética.
chamadas esporos, enquanto os gametas são origina- Climaticamente, são importantes pela liberação na atmos-
dos por mitose. fera de DMS (dimetil-sulfeto), substância que age como
Nesse ciclo, um indivíduo forma gametas, por isso ele é facilitador na formação de núcleos de condensação e,
conhecido como gametófito. Os gametas originam, por portanto, de chuvas. Do ponto de vista econômico, são utili-
fecundação, um zigoto. O zigoto se desenvolve por multi- zadas diretamente na alimentação (verdes, pardas e verme-
plicação celular, originando outro indivíduo que em deter- lhas), fornecem matérias-primas importantes, como o ágar
minado período gera esporos, por isso é denominado es- e a carragenina (algas vermelhas). O ágar tem importância
porófito. Cada esporo origina, por multiplicação celular, na indústria de alimentos e na pesquisa científica, enquanto
um novo gametófito, e assim por diante. que a carragenina é usada como estabilizante na fabricação
Esporos haploides
de cremes dentais e laxantes, por exemplo.
(13 cromossomos) Gametófitos haploides
Células onde
(13 cromossomos)
ocorreu meiose.

Detalhe do
gametófito

Detalhe do
esporófito

Células formadoras
Desenvolvimento de gametas
Esporófito diploide do zigoto
(26 cromossomos)
Gametas
(13 cromossomos)
Zigoto diploide
(26 cromossomos)
Fecundação
Ciclo alternante de Ulva lactuca

Metagênese em alga verde

Na conjugação, ilustrada na figura a seguir, há fusão de


células com formação de zigotos.

39
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 29
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a
saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos industriais.

As bactérias são um exemplo da utilização de seres vivos na indústria para a produção de energia. Nesse exercício,
é importante a interpretação do experimento proposto e o reconhecimento de como a adição de outro ser vivo
(algas) vai ou não potencializar a produção de energia pela bactéria. Também é importante conhecer como isso
pode impactar o meio ambiente.

MODELO 1

(Enem) Um estudo modificou geneticamente a Escherichia coli, visando a permitir que essa bactéria seja capaz
de produzir etanol pela metabolização do alginato, açúcar presente em grande quantidade nas algas marrons.
A experiência mostrou que a bactéria transgênica tem capacidade de obter um rendimento elevado na produ-
ção de etanol, o que pode ser aplicado em escala industrial.
Combustível de algas. Revista Pesquisa Fapesp, ed.192, fev. 2012 (adaptado).

O benefício dessa nova tecnologia, em comparação às fontes atuais de produção de etanol, baseia-se no fato
de que esse modelo experimental

a) Aumentará a extensão de área continental cultivada.


b) Aumentará a captação de CO2 atmosférico.
c) Facilitará o transporte do etanol no final da etapa produtiva.
d) Reduzirá o consumo de água doce durante a produção de matéria–prima.
e) Reduzirá a contaminação dos mares por metais pesados.

ANÁLISE EXPOSITIVA
O alginato é um açúcar presente em algas pardas e é uma mucilagem que reveste o corpo desses organismos.
Em geral, essa substância é utilizada na fabricação de sorvetes, doces e cosméticos. Nesse exercício, o açúcar
foi adicionado a uma colônia geneticamente modificada de Escherichia coli, uma bactéria que, nessas condi-
ções, teve o rendimento de produção de etanol aumentado. Como as algas pardas são predominantemente
de água salgada, o consumo de água doce para a obtenção dessas algas será reduzido durante a produção
de matéria-prima.

RESPOSTA Alternativa D

40
DIAGRAMA DE IDEIAS

ALGAS
(PROTOCTISTAS AUTÓTROFOS)

EUCARIONTES E
FOTOSSINTETIZANTES

• FITOPLÂNCTON • CLOROFILAS
• FITOBENTOS • MARINHAS OU DE ÁGUA DOCE
• PIGMENTOS FOTOSSINTETIZANTES • AMBIENTES TERRESTRES ÚMIDOS

UNICELULARES PLURICELULARES
(PROTÓFITOS) (SEM TECIDO VERDADEIRO)

TIPOS DE ALGAS UNICELULARES

DIATOMÁCEAS PIRROFÍCEAS EUGLENOIDES


• CAROTENO E XANTOFILA • FLAGELADAS • AUSÊNCIA DE
FRÚSTULA (SIO2) (DINOFLAGELADOS) PAREDE CELULAR
• DIATOMITO • CLOROFILA, XANTOFILAS • FLAGELOS
• CISSIPARIDADE E CAROTENO • ESTIGMA
• DIVISÃO SIMPLES • PARAMILO
(ASSEXUADA) OU
ISOGAMIA (SEXUADA)
• MARÉ VERMELHA
• BIOLUMINESCÊNCIA
(LUCIFERINA)

TIPOS DE ALGAS PLURICELULARES

ALGAS VERDES ALGAS PARDAS ALGAS VERMELHAS


• CLOROFILAS A E B • FUCOXANTINA OU • CLOROFILA
• CAROTENOS E XANTOFILAS XANTOFILA • FICOERITRINA
• AMIDO (RESERVA) • IODO E ÁGAR • FICOCIANINA
• CELULOSE • ALGINA • ÁGAR E CARRAGEM
• REPRODUÇÃO SEXUADA • REPRODUÇÃO ASSEXUADA • CARBONATO DE CÁLCIO
(ISOGAMIA, HETEROGAMIA OU POR ALTERNÂNCIA (RECIFE DE CORAIS)
OU OOGAMIA) DE GERAÇÕES
• REPRODUÇÃO
ASSEXUADA (ESPOROS)

41
haploides, os quais, por sua vez, são formados por meiose.
AULAS 11 E 12 O zigoto inicia o desenvolvimento a partir de sucessivas mi-
toses e, nesse processo, surgem camadas de células deno-
minadas folhetos germinativos, que serão diferenciadas em
tecidos e órgãos. Os cnidários, primeiros eumetazoários, são
chamados de animais diblásticos, pois formam apenas
dois folhetos germinativos: endoderme e ectoderme. A par-
PORÍFEROS E CNIDÁRIOS tir dos platelmintos, todos são chamados de triblásticos,
pois observa-se a presença de três folhetos embrionários, a
ectoderme, a endoderme e a mesoderme. Basicamente, a
ectoderme origina a epiderme, a endoderme origina o reves-
timento interno do tubo digestivo, e a mesoderme origina os
demais tecidos, como a musculatura. Assim, trata-se de um
indicador de maior compexidade. Nos animais triblásticos
COMPETÊNCIAS: 4e8 é possível que ocorra a formação de uma cavidade corpórea,
fundamental para acomodar órgãos e estruturas internas.
HABILIDADES: 13, 15, 16 e 28 Essa cavidade atua na circulação de substâncias ao longo
do corpo, acolhe resíduos celulares que serão eliminados e
pode, ainda, estar preenchida de líquido sob pressão, que
funciona como estrutura de sustentação em um esqueleto
hidrostático. Os animais sem cavidade corpórea são denomi-
1. Introdução ao estudo nados acelomados; os animais cuja cavidade é o celoma,

dos metazoários ou seja, revestida unicamente por mesoderme, são denomi-


nados celomados; e os animais cuja cavidade corpórea é
O estudo do Reino Animal é responsabilidade da zoologia. Os revestida pela mesoderme e pela endoderme são denomina-
animais, ou metazoários, são seres multicelulares e heterótro- dos pseudocelomados. Observe abaixo a exemplificação
fos e a hipótese mais aceita é que evoluíram de organismos da presença do celoma nos animais:
eucarióticos unicelulares flagelados que viviam de forma colo-
Ectoderme
nial e aumentaram de forma crescente sua interdependência. Mesoderme

O Reino Animal pode ser divido em dois sub-reinos: parazo- Tubo digestório Endoderme

ários, que incluem as esponjas (poríferos), animais que não


apresentam organização em tecidos, e os eumetazoários, que
incluem todos os demais grupos, pois formam tecidos verda- Pseudoceloma

deiros – células que se organizam de forma interdependente. Acelomado Pseudocelomado Celomado


Além dessa divisão, há diferentes características do desenvol- Caracterização dos seres vivos em relação ao celoma.
vimento e da fisiologia dos animais que nos permitem clas- http://www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reproducao12.php
sificá-los e analisar a evolução biológica do Reino. Assim, a
zoologia mostrará graus de complexidade bastante diferentes SEM FOLHETOS EMBRIONÁRIOS poríferos

entre os 29 filos e 1,5 milhão de espécies conhecidas. diblásticos cnidários


acelomados platelmintos
pseudocelomados nematódeos
anelídeos
triblásticos moluscos
celomados artrópodes
equinodermas
cordados

1.1. Desenvolvimento e No estágio do desenvolvimento embriológico denominado


gástrula, forma tridimensional com uma cavidade (arquênte-
embriologia dos metazoários ro), há uma comunicação com o meio chamada blastóporo
Todos os animais são diploides que se desenvolvem a par- e ela formará o ânus nos deuterostômios (equinodermos e
tir de um zigoto formado pela fecundação de dois gametas cordados) e a boca nos seres protostômios, que são todos os

42
outros grupos. Observe a seguir a exemplificação do desen- Para animais sésseis, a simetria radial é uma vantagem ao
Prostostômios e deuterostômios
volvimento embrionário dos protostômios e deuterostômios: permitir respostas ao ambiente em todas as direções a partir
do local que se situam. Já com o surgimento dos bilaterais,
é possível falar em região anterior, posterior, dorsal ou ven-
Ânus
Arquêntero
Deuterostômio tral. Essa organização corpórea permite a organização de
Girino (vertebrado)
Boca um sistema digestório completo e muito mais eficiente, pois
possibilita uma abertura bucal, na extremidade anterior, e
outra anal, na extremidade posterior. Outra característica im-
Blastóporo
portante, derivada da bilateralidade, é que a região anterior
Alongamento
Gástrula pode concentrar estruturas nervosas e sensoriais no proces-
em corte so de cefalização. A cefalização viabilizou maior complexida-
de do sistema nervoso e uma extraordinária capacidade de
exploração do ambiente ao redor.
Protostômio
Hidra (cnidário)

Prostostômios e deuterostômios
2. Poríferos (Espongiários)
Nos protostômios, o celoma origina, entre o conjunto de
células mesodérmicas, um espaço chamado de esquizoce- Os poríferos são também conhecidos como esponjas.
loma. Nos deuterostômios, a invaginação da mesoderme Existem cerca de 5 mil espécies, predominantemente ma-
forma bolsas, cuja cavidade interior é o celoma, o qual é rinhas, sendo apenas 150 espécies dulcícolas. Observe a
denominado de enteroceloma. seguir exemplos dessa diversidade.

1.2. A simetria corporal


A ideia de simetria corresponde a "similar", "idêntico". O
plano de simetria corporal corresponde a um plano imaginá-
rio que, passando pela região intermediária do animal, pode-
ria dividi-lo em duas metades semelhantes. Assim, um peixe,
um inseto ou um cachorro apresentam simetria bilateral, da
mesma forma que os platelmintos, uma vez que apresentam
duas metades semelhantes: a direita e a esquerda. No caso
de uma anêmona-do-mar (cnidário), a simetria é denomina-
da radial. Há mais de um plano imaginário que divide o ser
em metades semelhantes. Veja alguns exemplos de simetria: Exemplo da Biodiversidade de Poríferos

Dentro da escala zoológica, as esponjas são os represen-


tantes mais simples, em termos evolutivos.

Simetria bilateral As esponjas não possuem tecidos verdadeiros e, em conse-


quência, não apresentam órgãos definidos. Essa é a carac-
terística que favorece a grande capacidade de regene-
Simetria radial
ração desses animais. Quando cortada em vários pedaços,
uma esponja pode reconstituir diversos novos indivíduos.
ESPONJA
VIVA REORGANIZAÇÃO
CELULAR
CÉLULAS CAPAZES
DE ORIGINAR
NOVAS ESPONJAS

FORMAÇÃO DE
ESPONJA NOVAS ESPONJAS
DESAGREGADA
ESPÍCULAS

Simetria radial
GEMULAÇÃO

REGENERAÇÃO

http://www.geocities.ws/pri_biologiaonline/reproducao_esponjas.html
http://wesleibio.blogspot.com.br/2016/05/filo-porifera.html

43
Entre a camada de pinacócitos (pinacoderme) e a de coa-
nócitos (coanoderme), há uma região intermediária que é
preenchida pelo mesênquima, uma estrutura gelatinosa
que contém, além de amebócitos, uma rede de proteínas,
denominada espongina, e espículas de carbonatos
de cálcio ou sílica, que se prestam à sustentação das
partes moles. Também apresentam os porócitos, células
multimídia: vídeo tubulosas percorridas por uma perfuração cônica que re-
Fonte: Youtube gulam a entrada de água e formam os numerosos poros
Coanócitos – Emanuel que caracterizam as esponjas.
Quando adultos, são sésseis, isto é, fixos principalmente a
substratos rochosos e conchas. Existem três tipos estrutu-
2.1. Estrutura e fisiologia rais de esponjas: áscon, sícon e lêucon, que apresentam
As esponjas são animais filtradores, ou seja, retêm par- gradual aumento da superfície de contato dos coanócitos
tículas existentes nas correntes de água que atravessam o com a água, de modo que as esponjas do tipo lêucon estão
corpo. Elas capturam partículas suspensas na água e geram mais adaptadas a promover uma filtração mais eficiente da
um fluxo de água que entra pelos poros ao longo do corpo água e aproveitam melhor os nutrientes disponíveis. Ob-
até alcançar uma cavidade denominada átrio ou espon- serve os esquemas das três principais formas de poríferos:
giocele. No átrio, os coanócitos, células com aspecto de
colarinho, geram o fluxo de água por meio de movimentos Câmaras
flageladas
contínuos dos flagelos e também capturam as partículas e
A organização do corpo de um porífero
as digerem. A água é enviada para o meio externo por uma
abertura maior, central, denominada ósculo.
Átrio Átrio
saída de água

ósculo
porócito Água Água
espículas
pinacócitos
poros
espículas
entrada
de água átrio Ascon Sycon Leucon
(espongiocela)
amebócito
Esquema representativo dos três tipos estruturais de poríferos
colarinho coanócito
O tipo áscon ou asconoide aparece como um vaso ou
tubo fixado no substrato. A parede do corpo é formada por
flagelo
duas camadas celulares – dermal e gastral – separadas
A organização do corpo de um porífero. pelo mesênquima. A água, portanto, segue o seguinte flu-
xo: poros, átrio e ósculo.
O alimento é digerido por vacúolos no interior das células (di-
gestão intracelular) e, posteriormente, distribuído para todo o O tipo sícon ou siconoide possui a parede do corpo es-
corpo através de células denominadas amebócitos. Exter- pessa e percorrida por um sistema de curtos canais radiais:
namente, a parede corpórea é revestida por células epidérmi- inalantes e exalantes. Os primeiros abrem-se na superfície
cas achatadas denominadas pinacócitos, que têm a função externa e terminam em fundo cego. Os exalantes são in-
anização do corpo de umde revestimento e proteção.
porífero
ternos e desembocam no átrio. Os pinacócitos revestem os
canais inalantes e o átrio, ficando os coanócitos limitados
aos canais exalantes. Entre os dois tipos de canais, a comu-
saída de água nicação é realizada pelos porócitos.
ósculo
porócito
O tipo lêucon ou leuconoide é o mais complexo. O átrio
espículas
poros
pinacócitos é reduzido, enquanto a parede do corpo é bastante desen-
espículas
entrada
átrio
volvida e percorrida por um complexo sistema de canais e
de água
(espongiocela)
amebócito câmaras. Os coanócitos só aparecem nas câmaras esféricas,
interpostas no trajeto dos canais. Os canais que partem dos
colarinho coanócito
poros e atingem as câmaras são denominados inalantes
ou aferentes. Os canais exalantes ou eferentes saem das
flagelo
câmaras e atingem o átrio.

44
A partir dessa estrutura corporal e celular, a digestão é do 2.3. Sustentação do corpo
tipo intracelular, a excreção é realizada por difusão para
o meio externo, não há sistema nervoso e a respiração é Os espongiários possuem um endoesqueleto, localizado
aeróbica, sendo realizada diretamente pelas células. Ape- entre as duas camadas celulares, podendo ser mineral ou
sar da simplicidade desses organismos, calcula-se que uma orgânico. O esqueleto mineral é formado por espículas
esponja de 10 cm de altura e 1 cm de diâmetro é capaz de calcárias e silicosas com um, três ou mais eixos. Quanto
bombear e filtrar cerca de 22 litros de água por dia, a partir ao esqueleto orgânico, é constituído por uma densa rede
do batimento flagelar dos coanócitos. de fibras de espongina, uma escleroproteína. A esponja
de banho usada antigamente é apenas o esqueleto orgâ-
nico de esponjas marinhas.
2.2. Reprodução
Esponja Indivíduos unidos Indivíduos isolados

Broto

Reprodução por brotamento em esponja. ESPONJA


REORGANIZAÇÃO
VIVA
CELULAR
CÉLULAS CAPAZES
DE ORIGINAR Espículas
NOVAS ESPONJAS

FORMAÇÃO DE
ESPONJA NOVAS ESPONJAS
DESAGREGADA
ESPÍCULAS

GEMULAÇÃO

REGENERAÇÃO
As esponjas podem se reproduzir de forma sexuada, Espículas de poríferos: das mais variadas formas.

quando ocorre a união de gametas masculino, liberado na Espículas de poríferos das mais variadas formas.
https://prezi.com/ggx6ctd6liz-/filo-porifera/
água, e feminino, formando um zigoto que origina uma
larva ciliada (anfiblástula), ou assexuada, que pode ocor-
rer por brotamento, regeneração e por meio de gêmulas
(gemulação) que aparecem mais em esponjas de água
doce. A reprodução mais comum é o brotamento. Obser-
ve na figura a seguir um exemplo de reprodução sexuada.
Penetração através
do porócito

Desenvolvimento da
Anfiblástula (larva)
multimídia: vídeo
Liberação de Fecundação
espermatozoides Óvulo Fonte: Youtube

Esponja
Filtração esponja

Liberação da

3. Celenterados (cnidários): o
anfiblástula através
do ósculo
Desenvolvimento

surgimento da cavidade gástrica


Os cnidários são organismos com simetria radial; predomi-
Fixação ao substrato
nantemente aquáticos marinhos, podem nadar livremente
Reprodução sexuada de poríferos (medusas) ou viver fixos (pólipos) no fundo do mar ou dos

45
rios, sozinhos ou formando colônias. Esse grupo compreen- As medusas possuem o corpo em forma de guarda-chuva:
de as hidras, os corais e as anêmonas-do-mar. Trata-se de a boca se localiza na região central da superfície côncava,
animais predadores, com tamanho variando desde formas e os tentáculos pendem dos bordos. São móveis e de corpo
microscópicas até outras macroscópicas de muitos metros. gelatinoso, por isso são conhecidas como águas-vivas. O
movimento é realizado pelos tentáculos em torno da boca,
Observe a seguir exemplos da biodiversidade do grupo:
ou por jato-propulsão quando apresenta um véu que per-
mite manter a água sob pressão.
Embora os celenterados apresentem certa organização nos
sistemas digestivo e nervoso, eles não possuem sistema
respiratório e circulatório definidos. A excreção ocorre atra-
vés da difusão dos excretas pela superfície interna e exter-
na do corpo. Restos alimentares podem ser eliminados pela
boca, uma vez que o sistema digestório é incompleto.

3.1.1. O significado e a importância


da cavidade digestiva
Exemplo da biodiversidade de cnidários A presença de uma cavidade digestiva permite ao animal
realizar parte da digestão de forma extracelular e, conse-
São os primeiros representantes do Reino Metazoa a apre- quentemente, ingerir alimentos maiores. Esses alimentos
sentarem tecidos verdadeiros e especializados, que origi- gradativamente sofrerão o ataque de sucos digestivos
nam órgãos e estruturas mais complexas. constituídos por enzimas, que catalisarão a sua degrada-
ção em substâncias menores absorvíveis e utilizáveis no
3.1. Estrutura e fisiologia metabolismo pelas demais células do corpo. Nesse grupo,
a digestão é extracelular e intracelular. A vantagem de in-
O corpo dos cnidários é organizado por uma cavidade que
gerir alimentos maiores e digeri-los eficientemente reside
atua na digestão e na circulação de nutrientes, chamada
na possibilidade de atender uma maior demanda energé-
de cavidade gastrovascular que se abre para o meio exter-
tica do organismo e desenvolver maior complexidade es-
no por meio da boca. Em torno da boca, há tentáculos que
trutural, de comportamento, de metabolismo e distribuição
auxiliam na captura das presas. É a presença da cavidade
mais ampla de habitats que os poríferos. Observe a seguir
que deu esse nome aos celenterados, devido ao fato de
a estrutura da cavidade gastrovascular:
serem os primeiros ou os mais próximos dos ancestrais dos
tentáculo
primeiros seres com uma cavidade digestiva (cele = cavi-
célula mesogleia
interstical
epiderme
gastroderme

dade; enteron = digestiva). Existem dois padrões de formas célula


flagelada
célula
nervosa

nesses animais: pólipo e medusa, os quais são observados boca


epiderme
célula
sensitiva

na imagem a seguir. nematocisto

mesogleia
célula
célula
intersticial
glandular
célula
gastroderme
epitélio-
muscular

cnidoblasto
célula com
epitélio- nematocisto
digestivas

Cavidade gastrovascular dos cnidários

3.1.2. Sistema nervoso difuso e o arcorreflexo


Esses animais apresentam reações a estímulos externos
que permitem a eles se defenderem ou capturarem suas
http://www.euquerobiologia.com.br/2013/10/
presas. Isso se deve ao fato de possuírem uma rede de cé-
filo-cnidaria-caracteristicas-gerais.html
lulas nervosas que conduzem impulsos ao longo de todo
Os pólipos possuem corpo tubular e apresentam duas extre- o corpo. Trata-se da primeira ocorrência de células
midades: uma é fechada, que o fixa ao substrato; a outra con- nervosas (neurônios) no reino animal. Nessa estrutura
tém a boca e os tentáculos. Os pólipos podem viver isolados nervosa, os neurônios se associam em uma rede difusa,
ou formar colônias. Exemplos: anêmonas-do-mar, hidra e co- com células sensoriais e atuam sob células epitélio-mus-
rais. A maioria é fixa, mas podem se locomover. Um exemplo culares, que permite movimentos rápidos (arcorreflexo) e
é a hidra de água doce, que se locomove por cambalhotas. úteis na captura de presas e na defesa contra seus pre-

46
SISTEMA
dadores. NERVOSOdoDIFUSO
Ao contrário que ocorreEM CNIDÁRIOS
com mamíferos, por Tentáculo
Boca
exemplo, o impulso nervoso não é unidirecional, sendo
REDE DIFUSA DE NEURÔNIOS QUE TOMAM PARTE EM
transmistido nos dois sentidos.
ROTAS DE REFLEXOS SIMPLES

CÉLULAS NERVOSAS QUE INTERAGEM COM CÉLULAS


SENSORIAIS E CÉLULAS EPITÉLIO-MUSCULARES (CONTRÁTEIS)
TEIA NERVOSA
O MESMO TIPO DE RESPOSTA MOTORA É USADA PARA DIFERENTES
PROPÓSITOS (POR EX. REFLEXO DE CAPTURA DE ALIMENTO E FUGA
DE PREDADORES É O MESMO TIPO SOMENTE MAIS ACELERADO NO
TEMPO)

NEURÔNIOS DA REDE
NERVOSA

CÉLULA EPITÉLIO-MUSCULAR

O DIFUSO EM CNIDÁRIOS CÉLULA SENSORIAL


Rede nervosa
Testículo
REDE DIFUSA DE NEURÔNIOS QUE TOMAM PARTE EM ANÊMONA DO MAR
ROTAS DE REFLEXOS SIMPLES PORÇÃO CONTRÁTIL DAS CÉLULAS
EPITÉLIO-MUSCULARES
CÉLULAS NERVOSAS QUE INTERAGEM COM CÉLULAS
SENSORIAIS E CÉLULAS EPITÉLIO-MUSCULARES (CONTRÁTEIS)
Ovário
O MESMO TIPO DE RESPOSTA MOTORA É USADA PARA DIFERENTES Sistema nervoso difuso em cnidários
PROPÓSITOS (POR EX. REFLEXO DE CAPTURA DE ALIMENTO E FUGA
DE PREDADORES É O MESMO TIPO SOMENTE MAIS ACELERADO NO Gema
TEMPO)

NEURÔNIOS DA REDE
NERVOSA

CÉLULA EPITÉLIO-MUSCULAR
Fibrilas contrácteis
Mesogleia Vacúolo digestório
CÉLULA SENSORIAL
Rede nervosa

PORÇÃO CONTRÁTIL DAS CÉLULAS


EPITÉLIO-MUSCULARES
Células do
mesênquima
Fonte: http://isaninhacientista.blogspot.com.
br/2012_06_01_archive.html
Célula
sensorial

3.2. A embriologia dos diblásticos Pseudópode

Partícula
A parede do corpo é formada por duas camadas celula- Cnidoblasto alimentar
res separadas pela mesogleia, de natureza gelatinosa.
São organismos diblásticos, com órgãos apresentando Célula glandular

funções bem definidas. A camada celular externa é a ec-


toderme, na qual aparecem três tipos de células: epité- Célula epiteliomuscular
Célula nervosa Célula nutritiva-muscular
lio-muscular, sensoriais e cnidoblastos. As primeiras Ectoderme Endoderme (gastroderme)
são cilíndricas e apresentam fibrilas contrácteis. Dispostas
Estrutura da gastroderme
longitudinalmente, executam duas funções: proteção e
movimento. Contraindo-se ou distendendo-se, as células
3.2.1. Os cnidoblastos
epitélio-musculares atuam como musculatura longitudinal,
Os celenterados são animais predadores e carnívoros que,
encurtando o corpo e os tentáculos.
além dos tentáculos, descarregam uma substância urtican-
As células sensoriais são delgadas e possuem no polo api- te para capturar suas presas. Essa substância está presente
cal um curto bastonete sensorial. Através da base, entram nos cnidócitos ou cnidoblastos, células cuja presença exclu-
em contato com uma rede de células nervosas. Os cni- siva nesse grupo permitiu nomeá-los de cnidários. O cni-
doblastos aparecem principalmente nos tentáculos. doblasto é dotado de uma cápsula, o nematocisto, que
Na camada interna, denominada gastroderme, são en- abriga em seu interior um tubo filamentoso enovelado e
contrados dois tipos de célula: musculares digestórias envolvido por um líquido urticante; contém ainda um cílio
sensorial que funciona como um “gatilho”: ao ser estimu-
e glandulares. As musculares digestórias possuem a
lado, o filamento desenvagina-se rapidamente, penetrando
mesma forma das epitélio-musculares, dispostas transver-
no animal que tocou o cnidocílio e injetando o líquido.
salmente, e funcionam como musculatura transversal, re-
duzindo o diâmetro do corpo. O polo apical dessas células Conhecido como hipnotoxina, o líquido paralisa as pre-
biflageladas emite pseudópodes para fagocitar partículas sas maiores e mata as menores. No homem, provoca as
alimentares. As células glandulares secretam enzimas di- “queimaduras” características das chamadas águas-vivas.
gestórias. Observe a seguir a estrutura descrita: Observe a seguir o esquema:

47
mam um zigoto. Esse zigoto origina uma larva ciliada, que se
fixa e forma um novo pólipo. Essa alternância de gerações,
Filamento em que uma fase se reproduz assexuadamente e a outra
Cnidocílio urticante
(cílio sensível ao contato) sexuadamente é conhecida como metagênese. A fase se-
xuada é representada pela forma medusoide, produtora de
Opérculo
gametas que se encontram externamente, gerando uma lar-
va denominada plânula. A larva origina a forma polipoide.
A fase assexuada é representada pelo pólipo, que se repro-
duz por brotamento ou por estrobilização (fragmentação).
Observe a seguir os ciclos reprodutivos existentes no grupo:
Cnidoblasto
medusas livres
Estrutura de um cnidoblasto Reprodução sexuada: FASE SEXUADA

Fonte: http://tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com. colônia fixa


FASE ASSEXUADA

br/2013/01/cnidarios-questoes-vestibular.html
espermatozoide óvulo

zigoto
fecundação

blástula

pólipo jovem larva


plânula

multimídia: vídeo Alternância de gerações nos cnidários


Fonte: https://pt.slideshare.net/MatheusFelipe56/poriferoscelenterados-6
Fonte: Youtube
Cnidários: Anêmonas, Medusas, Hidras... óvulo na superfície
do corpo
feminino

hidra

3.4. Reprodução
em
desenvolvimento
embrião em
desenvolvimento
nova hidra

3.4.1. Brotamento espermatozoides

A reprodução dos celenterados pode ser assexuada e se-


xuada. Na figura, é possível observar o brotamento em 3.5. Classificação dos cnidários
hidra, representando um processo assexuado. O broto for-
mado pode se desprender, fixar-se ao substrato e crescer Os cnidários apresentam quatro classes principais, das quais
como um indivíduo separado, ou permanecer ligado ao apenas a classe Anthozoa não apresenta fase medusoide.
indivíduo original e formar uma colônia.
3.5.1. Classe Anthozoa
A maior classe dos cnidários, com mais de 6.000 espécies,
não apresenta metagênese, ou seja, os organismos perma-
necem na forma de pólipos durante todo o ciclo de vida. Os
antozoários são o grupo basal dentro do Filo Cnidaria, ou
seja, é o primeiro grupo dentro da filogenia do grupo Cni-
daria a partir do qual os outros se diversificaram. Os repre-
sentantes mais importantes são as anêmonas-do-mar, que
Reprodução assexuada por brotamento têm hábitos solitários, e os corais, os quais são coloniais,
além de secretar e depositar carbonato de cálcio de forma
3.4.2. Metagênese contínua em sua epiderme externa.
Existe uma grande variedade de espécies de celenterados e
3.5.2. Classe Hydrozoa
alguns grupos apresentam uma peculiaridade na reprodu-
ção. No ciclo reprodutivo, há duas formas de vida que se Além da hidra, existem inúmeros representantes da classe dos
alternam. Uma forma de pólipo dá origem a medusas por hidrozoários, como a obelia e a caravela (Physalia) – indivíduo
reprodução assexuada. As medusas geram gametas que for- colonial muito comum nos mares tropicais e temperados.

48
As medusas apresentam formato de guarda-chuva, que
podem alcançar de dois a 40 centímetros de diâmetro, di-
ferentes, portanto, das do grupo de hidrozoários. Dois me-
tros de diâmetro é a medida a que pode chegar a medusa
gigante do Atlântico Norte.
A fecundação da espécie Aurelia aurita é interna; depois de
nadar durante certo tempo, a plânula dá origem a um pólipo
fixo, o cifístoma; representante de uma geração assexuada,
ele se reproduz por estrobilação. Nesse processo, fragmentos
sucessivos do corpo do pólipo formam uma pilha de discos
(éfiras, medusa jovem) e amontoam-se uns sobre os outros.
Depois de certo tempo de crescimento, são liberados para
dar origem a uma medusa adulta, fechando o ciclo.
Hydra viridissima
fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Hydra_viridissima

A reprodução das obelias obedece a um ciclo em que se


alternam pólipos (fase assexuada e duradoura) e medusas
(fase sexuada e pouco duradoura). Num polipeiro (colônia),
há dois tipos de pólipos: o nutridor e o reprodutor. O re-
produtor origina medusas por brotamento. São pequenas
e produzem gametas masculinos e femininos; os esperma-
tozoides são liberados na água e o óvulo pode ou não ser
liberado. Ocorrida a fecundação, forma-se o zigoto, do qual
se desenvolve o embrião e o nascimento da larva ciliada, a
plânula – importante forma de dispersão da espécie. Fixada Aurelia aurita
a um substrato apropriado, ela transforma-se em um novo
pólipo que vai gerar novo polipeiro. 3.5.4. Classe Cubozoa
Nos cubozoários, é o cifístoma (pólipo) que dá origem a uma
3.5.3. Classe Scyphozoa medusa, sem estrobilação nem formação de éfiras. A vespa-
As formas predominantes – e sexuadas – dos cifozoários -do-mar (Chinorex fleckeri) é a cubomedusa mais perigosa.
são bonitas medusas de cores variadas, as águas-vivas ver- Ela é dotada de um veneno gravemente tóxico e em quan-
dadeiras. Os pólipos, por sua vez, são pequenos e resultam tidade suficiente para matar 60 pessoas. Predadores ativos
da pouco duradoura fase assexuada. podem levar a vítima a óbito em apenas dois minutos.

VIVENCIANDO

Poríferos e cnidários produzem compostos que são de interesse farmacológico e biológico, especialmente os
cnidários, pois são animais que produzem diversos tipos de toxinas utilizadas na defesa ou na predação. Essas to-
xinas podem ser utilizadas como ferramentas na pesquisa biomédica para analisar as propriedades das moléculas
e os tipos de célula que elas afetam, como canais iônicos e outras proteínas de membrana. Essas moléculas de
toxinas podem ser aplicadas em estudos farmacológicos como base para o desenvolvimento de drogas aplicadas
a doenças humanas, devido às suas propriedades analgésicas, bioativas, como citotoxicidade (ações antitumo-
rais), propriedades cardiotônicas e anti-inflamatórias, etc.

49
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O conceito químico de filtração, que é o “método utilizado para separar sólido de líquido ou fluido que está
suspenso, pela passagem do líquido ou fluido através de um meio permeável capaz de reter as partículas sóli-
das”, é aplicado para designar o tipo de alimentação dos poríferos. Os poríferos são bem conhecidos pela sua
capacidade de filtração, processo pelo qual esses animais sem tecidos definidos obtêm seu alimento. Assim, esse
conceito químico de separação de mistura é usado dentro da zoologia para definir o modo de vida das esponjas.

CLASSES DE CELENTERADOS
Classe Relação pólipo/medusa Representantes

Hydra sp (dulcícolas), Obelia sp (colonial),


Hydrozoa Pólipos predominantes
Physalia sp (caravelas e coloniais)

Scyphozoa Medusas predominantes (água-vivas) Aurelia sp

Actinia sp (anêmonas-do-mar) e corais (com exoesqueletos


Anthozoa Exclusivamente polipoides
calcários que participam da formação de recifes)

Cubozoa Pólipo dá origem à medusa Chironex Fleckerí

50
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 15
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de
organização dos sistemas biológicos.

A figura representa um fenômeno decorrente da poluição de ambientes aquáticos. Nesse caso, a poluição está
associada à acidificação de meio causada pelo aumento do dióxido de carbono. Associar esse problema ambiental
em conjunto com o esquema apresentado sobre os recifes de corais é fundamental para a resolução correta.

MODELO 1
(Enem) Parte do gás carbônico da atmosfera é absorvida pela água do mar. O esquema representa
reações que ocorrem naturalmente, em equilíbrio, no sistema ambiental marinho. O excesso de dióxido
de carbono na atmosfera pode afetar os recifes de corais.

O resultado desse processo nos corais é o(a):


a) seu branqueamento, levando à sua morte e extinção;
b) excesso de fixação de cálcio, provocando calcificação indesejável;
c) menor incorporação de carbono, afetando seu metabolismo energético;
d) estímulo da atividade enzimática, evitando a descalcificação dos esqueletos;
e) dano à estrutura dos esqueletos calcários, diminuindo o tamanho das populações.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O aumento de gás carbônico é prejudicial aos organismos aquáticos que possuem estruturas com bicar-
bonato de cálcio. O gás carbônico em água forma ácido carbônico e, consequentemente, íons bicarbonato,
que, por sua vez, dissociam-se em íons hidrogênio e íons carbonato. Essa acidificação danifica os esquele-
tos calcários dos recifes de corais e, consequentemente, leva à diminuição das populações.

RESPOSTA Alternativa E

51
DIAGRAMA DE IDEIAS

PORÍFEROS & CNIDÁRIOS

• HIDRAS, CORAIS E ANÊMONAS-DO-MAR


• ESPONJAS
• DIBLÁSTICOS
• FILTRADORES ESPONGIOCELE
• SIMETRIA RADIAL
• COANÓCITOS FLUXO DE ÁGUA
• CAVIDADE DIGESTIVA
• ABERTURA ÓSCULO
• CNIDOBLASTOS HIPNOTOXINA
• AMEBÓCITOS DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTO
• SISTEMA NERVOSO DIFUSO
• ENDOESQUELETO MINERAL - Ca ou Si
• REPRODUÇÃO ASSEXUADA BROTAMENTO
ORGÂNICO - Espongina
OU
• REPRODUÇÃO SEXUADA (LARVA ANFIBLÁSTULA)
 ESTROBILIZAÇÃO
ASSEXUADA BROTAMENTO
OU GEMULAÇÃO ALTERNÂNCIA DE GERAÇÕES
• TIPOS ESTRUTURAIS ASCON
SYCON PÓLIPO FASE ASSEXUADA MEDUSA FASE SEXUADA
            LEUCON (LARVA PLÂNULA)
• TIPOS ESTRUTURAIS PÓLIPO
MEDUSA

52
AULAS 13 E 14

PLATELMINTOS

Schitosoma mansoni

COMPETÊNCIAS: 4e8

HABILIDADES: 13, 15, 16 e 28

1. Platelmintos – surge a Taenia sp


simetria bilateral e a triblastia
Durante muito tempo, os vermes foram considerados ani-
mais de corpo alongado que se deslocam rastejando no
substrato. Atualmente, o termo é aplicado na zoologia sem
valor taxonômico e envolve três grupos de animais bem
diferentes: platelmintos, nematelmintes e anelídeos.
Os platelmintos (do grego: plathis = achatado; helminthes multimídia: vídeo
= verme) são os primeiros animais nos quais ocorre a sime- Fonte: Youtube
tria bilateral. Eles possuem corpo alongado e dorsoventral-
Planária Vídeo
mente achatado. O tamanho é variado, indo de alguns mi-
límetros até vários metros. O habitat e o hábito de vida são
variados. Os animais de vida livre aparecem na água doce, 2. A estrutura do corpo
salgada e na terra úmida, geralmente abrigados embaixo
A parede do corpo dos platelmintos ou tubo músculo-der-
de folhas, gravetos e troncos. Também existem os parasitas,
mático é constituída por uma epiderme com um epitélio
que vivem às custas de outros seres, explorando-os como
simples (apenas uma camada de células), ciliado e recober-
ecto ou endoparasitas.
to por cutícula nos parasitas. A musculatura é formada por
duas camadas de fibras musculares lisas, a externa circular,
e a interna longitudinal. Essa estrutura garante proteção,
locomoção e sustentação, uma vez que não há outro ele-
mento esquelético. Observe a seguir:

Planária Estrutura do corpo dos platelmintos

53
3. Fisiologia § Coordenação nervosa – nesses organismos, tem-se
a primeira ocorrência de cefalização, isto é, uma ca-
§ Nutrição – o sistema digestório é incompleto, pois beça. São os primeiros animais da escala a apresentar
apresenta uma única abertura, a boca, que serve para um sistema nervoso central e elementos sensoriais na
a ingestão de alimentos e para a eliminação de resídu- região anterior do corpo. Assim, são portadores de um
os. A boca é seguida por uma faringe e, depois, por um centro de coordenação nervosa, em que apare-
intestino terminado em fundo cego e multirramificado, cem dois gânglios cerebroides ou um anel ner-
que facilita a distribuição do alimento por todas as par- voso, ligados a cordões nervosos longitudinais,
tes do corpo do animal. Esse aspecto é uma grande transversalmente unidos por cordões transversais, as
vantagem, uma vez que não há sistema circulatório. A comissuras. Nas planárias de água doce, existem dois
digestão ocorre nos meios extracelular e intracelular. ocelos com células fotorreceptoras capazes de perceber
Existem espécies parasitas, totalmente desprovidas de luminosidade, embora não consigam formar imagens.
sistema digestório. A figura a seguir apresenta a estru- Na região cefálica, há projeções laterais, as aurículas,
tura digestória de uma planária: que são capazes de identificar substâncias químicas.

Sistema digestório da planária e outras estruturas (à esquerda). Planária


vista pelo microscópio óptico (à direita). Estrutura do sistema nervoso dos platelmintos

§ Respiração e trocas gasosas – não há estruturas § Reprodução – normalmente são hermafroditas ou


responsáveis pelas trocas gasosas com o meio. As es- monoicos com fecundação interna e um desenvolvi-
pécies de vida livre são aeróbias e as trocas são reali- mento direto ou indireto. Há espécies que se reprodu-
zadas por simples difusão entre o epitélio permeável zem assexuadamente, principalmente por regeneração.
do animal e o meio. Os endoparasitas são anaeróbios.

§ Excreção – esse grupo inaugura na escala zoológica a 4. A classificação dos platelmintos


ocorrência de um sistema excretor, os protonefrídeos, que
são formados por um conjunto de tubos ramificados; nas § Classe Turbellaria (turbelários): seres de vida livre
extremidades das ramificações existem estruturas espe- com epitélio ciliado. Exemplo: planária.
cializadas, as quais variam nos distintos grupos de platel-
§ Classe Trematoda (trematódios): seres parasitas
mintos: em alguns são os solenócitos (que têm um único
com epiderme não ciliada e uma ou mais ventosas.
flagelo), e em outros, como a planária, são as células-fla-
Exemplo: Schistosoma.
mas (que têm vários flagelos). Os metabólitos, retirados
pelas células-flama, que filtram o meio interno do animal, § Classe Cestoda (cestódios): seres parasitas com
são transportados a canais excretores que desembo- corpo dividido em anéis ou proglotes. Exemplos: Taenia
cam na superfície do corpo por meio de diminutos poros. solium e Taenia saginata.
Células-flama
Poros excretores Canal

5. A esquistossomose e o ciclo
excretor
Canal
excretor

Tufo de
cílios de vida do Schistosoma mansoni
Citoplasma
Cordões nervosos
longitudinais
Núcleo A esquistossomose intestinal, popularmente conhecida como
Nervos
barriga-d’água, é uma doença provocada pelo platelminto
Estrutura do sistema excretor dos platelmintos Schistosoma mansoni, um verme dioico com nítido dimorfis-
fonte: http://bloggiologia.blogspot.com.br/2011/10/platelmintos.html mo sexual. O macho, que mede de 1 a 2 cm de comprimento,

54
apresenta o corpo com duas porções distintas: uma anterior e
afilada, na qual aparecem as duas ventosas, e outra posterior,
que forma ventralmente uma dobra, o canal ginecóforo,
no qual se aloja a fêmea. A fêmea, que mede de 1,5 a 2,5
cm de comprimento, é mais longa e delgada do que o macho.

Macho

Fêmea

Ciclo de vida do Schistosoma mansoni.


Fonte: https://www.resumoescolar.com.br/biologia/
plasmodios-esquistossomose-e-teniase-ciclo-
de-vida-transmissao-e-causadores/

Dimorfismo sexual do S. mansoni


http://www.geocities.ws/ceueterra/schistosomamansoni.htm No quadro clínico mais comum, os sintomas são febre,
anorexia, diarreias, dor abdominal e hepatoesplenome-
O verme adulto habita os vasos do sistema porta-hepáti-
galia. Nas complicações mais graves, ocorre a hipertensão
co, um conjunto de veias que atravessa o fígado. Para se
portal, que provoca severa insuficiência hepática, capaz de
reproduzir, o macho elimina os espermatozoides no canal
causar a morte do hospedeiro. As medidas profiláticas mais
ginecóforo; a partir desse ponto, eles penetram no poro
comuns são:
genital da fêmea.
Por ocasião da postura, os vermes acasalados abandonam 1. Tratamento dos doentes por meio da destruição dos ver-
o sistema porta-hepático e atingem as veias da parede in- mes no organismo humano.
testinal, onde as fêmeas realizam a postura dos ovos. A 2. Saneamento básico, que impede que os ovos contami-
obstrução de vasos pelo verme causa o consequente acú- nem a água.
mulo de líquido no abdômen, o que explica o nome popu-
3. Combate aos caramujos transmissores.
lar da doença: barriga d'água.
4. Evitar nadar em lagos e rios contaminados.
Providos de um espinho lateral, os ovos furam os tecidos e
caem na luz intestinal, sendo eliminados com as fezes. No
interior da casca, há uma larva ciliada, o miracídio. 6. Teníase e cisticercose: o
Saindo do ovo, o miracídio nada em busca do hospedei-
ro intermediário, um caramujo (molusco) pertencente
ciclo de vida de Taenia sp.
ao gênero Biomphalaria, que vive em locais de água pouco A teníase é uma doença causada pela presença das formas
corrente ou estagnada, principalmente lagoas. adultas das tênias ou solitárias no intestino delgado
No interior do caramujo, o miracídio perde os cílios, cresce humano. O indivíduo parasitado normalmente só apresen-
e se transforma no esporocisto, um saco que produz, por ta um parasita, daí o verme ser conhecido por solitária. A
pedogênese, as cercárias, larvas com um corpo alonga- teníase pode ser provocada por duas espécies de platel-
do e uma cauda bifurcada. Saindo do molusco, as cercárias mintos: a Taenia solium e a Taenia saginata. Outra doença
penetram de forma ativa no homem, o hospedeiro defi- causada pelos organismos é a cisticercose, determinada
nitivo. A penetração produz uma irritação cutânea, daí o pela presença das ovos embrionados (cisticercos) da Taenia
nome de “lagoas de coceira” dado àquelas lagoas que são solium nos tecidos humanos, como nos olhos e no cérebro.
infestadas pelos parasitas. Em certas regiões interioranas, As tênias apresentam o corpo dividido em três partes
também é comum a expressão: “Se nadou e depois coçou,
com características diferentes para cada espécie: escólex,
é porque pegou”. Na pele, a cercária perde a cauda, trans-
colo e estróbilo.
formando-se em metacercária, caindo na circulação e
atingindo, finalmente, os vasos do sistema porta-hepático Na Taenia Solium, o escólex ou cabeça é a porção anterior
e transformando-se nas formas adultas. Observe a seguir o destinada a fixar a tênia na superfície interna da parede
ciclo de vida do Schistosoma mansoni: intestinal. É globoso, com cerca de 1 mm de diâmetro e

55
apresenta o aparelho de fixação constituído por quatro Na parte anterior, aparecem os anéis jovens (imaturos);
ventosas e uma dupla coroa de ganchos quitinosos. O pes- na mediana, os anéis maduros, onde há testículos e ová-
coço ou colo é a porção mais delgada que liga o escólex ao rio, já que são hemafroditas; e, na região mais posterior
corpo. O estróbilo ou corpo é constituído por uma série de do animal, os grávidos constituídos por apenas um útero
800 a 900 segmentos denominados de anéis ou proglotes. desenvolvido contendo os ovos formados por autofecun-
dação. Esse verme mede normalmente de 2 a 3 metros
de comprimento, mas pode alcançar de 8 a 10 metros.
A Taenia saginata apresenta escólex quadrangular, com
1,5 mm de diâmetro e quatro ventosas, sem ganchos
quitinosos. O estróbilo atinge entre de 4 a 12 metros de
comprimento e até 2 mil anéis.
As tênias obtêm seu alimento através da absorção de lí-
multimídia: vídeo quidos nutritivos do hospedeiro e não possuem sistema di-
gestório, o que representa uma extrema adaptação à vida
Fonte: Youtube
parasitária. Observe na figura a seguir a estrutura corpórea
Teníase achado colonoscópico
de uma tênia:

Estrutura da Taenia sp.

VIVENCIANDO

As planárias podem ser usadas como bioindicadores biológicos da qualidade da água. Diversos fatores podem
contribuir para a alteração da qualidade das águas continentais, como defensivos agrícolas, metais pesados, entre
outros. Essas substâncias tóxicas apresentam um risco para a saúde humana e de outros seres vivos. A detecção
dessas substâncias pode ser realizada por meio de recursos altamente eficientes, como análise química, métodos
radioquímicos, cromatográficos, entre outros; no entanto, esses recursos são custosos e trabalhosos. Outra técnica
para esse tipo de análise envolve a participação de organismos vivos sensíveis a mudanças na qualidade da água,
funcionando como indicadores da presença de substâncias nocivas, estranhas ou venenosas.

56
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

No grupo dos platelmintos (vermes achatados), existem indivíduos que são parasitas anaeróbicos, e, portanto,
necessitam de hospedeiros para sua sobrevivência. Para auxiliar na compreensão de como os parasitas anaeró-
bicos sobrevivem no interior do corpo do hospedeiro, são utilizados conceitos químicos, como reações químicas
e enzimas participantes do processo de respiração anaeróbica.
Observe abaixo um tipo de reação química que pode ocorrer na respiração anaeróbica:

A teníase apresenta duas fases: uma no hospedeiro inter- formando granulações denominadas cisticercos. Caso o ser
mediário, porcos ou bois, e outra no hospedeiro definitivo, o humano coma carne malpassada, o cisticerco sobrevive-
ser humano. Na reprodução sexuada, ocorre autofecundação rá e libertará um pequeno escólex que formará uma nova
e as gônadas degeneram nos anéis grávidos, restando ape- solitária. A presença do verme adulto no intestino huma-
nas um útero desenvolvido contendo os ovos. Na T. solium, no provoca uma série de perturbações: bulimia, anorexia,
esses anéis são expulsos passivamente durante ou após a náuseas, diarreias, insônia, fadiga e irritação nervosa. As
evacuação; na T. saginata, são expulsos isolada e ativamente, medidas profiláticas são a inspeção de matadouros para
forçando o esfíncter anal fora das evacuações. Os ovos são verificar a presença de cisticercos na carne, o cozimento
embrionados e ingeridos pelo hospedeiro intermediário: o adequado desta e saneamento básico, pois a existência de
porco, no caso da T. solium, e o boi, no caso da T. saginata. redes de esgotos impede que as fezes humanas infectadas
sejam ingeridas pelo gado.
Atravessando a parede intestinal e caindo na circulação,
os ovos atingem a musculatura do animal, onde se alojam

Ciclo de vida da Taenia solium.


Fonte: http://biologiasemcomplicacao.blogspot.com.br/2011/10/o-ciclo-de-vida-da-taenia-solium.html

57
A cisticercose é a enfermidade causada pela localização
do ovo embrionado no organismo do ser humano, que pas-
sa a funcionar como hospedeiro intermediário. O homem se
infesta ingerindo ovos existentes em água poluída, hortaliças
e frutos. Transportados pela corrente circulatória, os ovos em-
brionados atingem principalmente os olhos e o cérebro; em
casos mais raros, fixam-se nos músculos causando dores e
fraqueza muscular. Bem mais graves são as localizações nos
olhos, provocando a cegueira, ou então no cérebro, determi-
nando epilepsia e até desordens mentais.

multimídia: site

http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/
platelmintos.php

58
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 15
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de
organização dos sistemas biológicos.

As doenças causadas por vermes platelmintos ainda preocupam pessoas que vivem em determinadas regiões
do Brasil. A dificuldade em combater essas doenças se dá pela falta de medicamentos disponíveis no mercado.
Essas doenças são negligenciadas, e conhecer o seu ciclo de vida é fundamental para entender como o produto
natural indicado na questão pode ajudar no combate a uma dessas doenças.

MODELO 1

(Enem) Euphorbia mili é uma planta ornamental amplamente disseminada no Brasil e conhecida como
coroa-de-cristo. O estudo químico do látex dessa espécie forneceu o mais potente produto natural
moluscicida, a miliamina L.
MOREIRA. C.P.S.; ZANI. C.L.; ALVES, T.M.A. Atividade moluscicida do látex de Synadenium carinatum boiss. (Euphorbiaceae)
sobre Biomphalaria glabrata e isolamento do constituinte majoritário. Revista Eletrônica de Farmácia, n. 3, 2010 (adaptado).

O uso desse látex em água infestada por hospedeiros intermediários tem potencial para atuar no controle da:

a) dengue;
b) malária;
c) elefantíase;
d) ascaridíase;
e) esquistossomose.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O produto miliamina L é moluscicida, isto é, combate espécies de caramujo. Dentro do grupo de vermes
causadores de doenças, existe um platelminto da espécie Schistosoma mansoni causador de uma doença
denominada esquistossomose, também conhecida como barriga d'água, em que o seu hospedeiro inter-
mediário é um caramujo. Assim, o produto teria um potencial controle da doença.

RESPOSTA Alternativa E

59
DIAGRAMA DE IDEIAS

PLATELMINTOS

CARACTERÍSTICAS CLASSIFICAÇÃO

SIMETRIA TURBELLARIA
BILATERAL

• PLANÁRIA
SISTEMA
• EPITÉLIO CILIADO
DIGESTIVO
• VIDA LIVRE
INCOMPLETO

CIRCULAÇÃO E TREMATODA
RESPIRAÇÃO

• PARASITAS COM
• DIFUSÃO EPIDERME NÃO CILIADA
SCHISTOSSOMA
MANSONI
EXCREÇÃO
ESQUISTOSSOMOSE

• PROTONEFRÍDEOS
CESTODA

CEFALIZAÇÃO
• PARASITAS COM CORPO
DIVIDIDO EM ANÉIS
• SISTEMA NERVOSO TAENIA SOLIUM
CENTRAL TAENIA SAGINATA
TENÍASE
INGESTÃO DE CISTI-
REPRODUÇÃO CERCOS DE CARNE
DE PORCO OU BOI
CISTICERCOSE
• HERMAFRODITAS INGESTÃO DO OVO
OU MONOICOS
(SCHISTOSSOMA)
• FECUNDAÇÃO INTERNA
• DESENVOLVIMENTO
DIRETO OU INDIRETO

60
A epiderme é constituída por um epitélio simples que, ao
AULAS 15 E 16 perder as membranas celulares, origina um sincício, ou
seja, uma massa citoplasmática plurinucleada. A muscula-
tura é formada por duas camadas, uma longitudinal mais
interna e abaixo da epiderme, e outra transversal. Ao lado,
há um corte transversal.
Músculo
NEMATELMINTOS
Nervo dorsal
Epiderme
Cavidade do
Cutícula Intestino

Excretor

Músculo
Célula
Cavidades
COMPETÊNCIAS: 4e8
Nervo ventral
HABILIDADES: 13, 15, 16 e 28
Estrutura corporal básica de um nematelminto

1. Os asquelmintos
(nematelmintos) – o surgimento
do sistema digestório completo multimídia: vídeo
Os Nematelmintes (do grego nema = fio + helminthes =
Fonte: Youtube
verme) são organismos vermiformes, isto é, possuem corpo
cilíndrico, mas não segmentado, com típica simetria bilateral TV DR. MOISES - Verminose -
e extremidades afiladas. Trata-se de animais de ampla distri- Medicação de rotina? Não!
buição que vivem na água doce, no mar e no solo. Diversas
espécies de nematelmintos são parasitas de vegetais e ani-
mais. As principais parasitoses que infestam o homem são:
2. Fisiologia
ascaridíase, ancilostomíase, oxiurose e elefantíase. § Digestão – trata-se dos primeiros animais da escala a
apresentar um sistema digestório completo com
boca anterior e ânus posterior. A digestão extracelular
ocorre por meio de enzimas liberadas no interior do
tubo digestório. A distribuição dos nutrientes resultan-
tes do processo digestivo ocorre por difusão.

1.1. A estrutura do corpo Esquema anatômico de um nematelminto

A parede do corpo, tubo músculo-dermático, é formada por § Excreção – constituído por um ou dois canais ou tu-
três camadas: cutícula, epiderme e a musculatura. A cutícula, bos longitudinais. Cada tubo é formado por uma célula
uma camada externa secretada pela epiderme, é acelular. gigante e canaliculada, também denominada célula H.

61
§ Circulação e trocas gasosas – não possuem siste-
mas respiratório e circulatório. Nas espécies de vida li-
vre, a respiração é aeróbia, cutânea e ocorre por difusão
simples. Nos parasitas, ocorre a respiração anaeróbia.

§ Coordenação nervosa – formado por um anel nervo-


so anterior e uma série de cordões nervosos longitudinais.

§ Reprodução – com raras exceções, os nematoides


são animais dioicos, quase sempre com dimorfismo
sexual. Os machos são sempre menores, menos nume-
rosos e de vida curta; diferenciam-se morfologicamente
das fêmeas pela extremidade posterior do corpo, que
se enrola em espiral ou se expande formando a bolsa
copuladora. A fecundação é interna e o desenvolvimen- Ciclo reprodutivo do A. lumbricoides
to direto ou indireto. Por meio da árvore respiratória, a larva atinge os brônquios
e a traqueia e chega à epiglote, passando para o esôfago,
3. Ascaridíase o estômago e voltando ao intestino, onde se transforma em
adulto. Em relação à patogenia, deve-se considerar as pertur-
A ascaridíase é uma parasitose intestinal, cujo agente bações provocadas pelas larvas e pelos adultos. As migrações
etiológico é o Ascaris lumbricoides, popularmente conhe- das larvas através dos pulmões determinam lesões hemor-
cido como lombriga. Nos dois sexos, distingue-se a boca rágicas e processos inflamatórios. Os adultos, localizados no
trilabiada. A fêmea apresenta de 35 a 40 cm de com- intestino, produzem cólicas abdominais, náuseas e irritação
primento, e sua extremidade posterior é alongada, com no sistema nervoso. Quando ocorrem em grande número,
ânus ventral e subterminal. O macho mede de 15 a 35 chegam a provocar a oclusão intestinal. A profilaxia consiste
cm, possui a extremidade posterior recurvada e apresenta principalmente no saneamento básico (rede de esgoto, água
duas espículas copuladoras. tratada, etc.) e na educação sanitária, com o uso de instala-
ções sanitárias, lavagem cuidadosa das mãos e alimentos, etc.
ea

4. Enterobiose ou oxiurose
Ingestão de ovos com
I
embrião pela pessoa
2

Larvas eclodem no
intestino delgado
3

Espículas

Macho Fêmea
1
Dimorfismo sexual de Ascaris sp. D Ovos nas pregas perianais
Adultos no
Larvas nos ovos maturam lúmen do

Fonte: https://blogdoenem.com.br/filo-nematodea-ascaridiase-lombriga/ em 4 a 6 horas. coco. 4


I Estágio de Infecção
prenhas migram para
5
Os vermes adultos vivem e se reproduzem na luz do in- D Estágio de Diagnóstico
a região perianal à noi-
te, botando os ovos

testino delgado. Os ovos, eliminados com as fezes, são Ciclo reprodutivo do E. vermicularis
dotados de grande resistência e se desenvolvem no solo Fonte: CDC - Centers for Disease Control and Prevention
até o estágio da larva rabditoide que fica alojada no in- A enterobiose, oxiurose ou oxiuríase é uma doença intes-
teiror na casca. A infestação ocorre quando o hospedeiro tinal causada pelo nematelminte Enterobius vermicularis,
ingere ovos embrionados por meio de frutas e verduras um verme pequeno e filiforme (formato de fio). O macho
contaminadas. No duodeno, a casca é digerida, libertan- mede de 3 a 5 mm de comprimento, com a extremidade
do a larva que atravessa as paredes do intestino delgado posterior recurvada e dotada de uma espícula copuladora.
e atinge as veias. A larva, transportada pela circulação A fêmea, com 8 a 12 mm, possui cauda longa, reta e afila-
venosa, atinge a metade direita do coração, sendo levada da. A infestação ocorre pela ingestão dos ovos. Os vermes
aos pulmões pela pequena circulação. fixados no intestino produzem inflamação, náuseas e dores

62
abdominais. O sintoma mais típico é o intenso prurido anal, A ancilostomose, também conhecida como amarelão ou
principalmente quando o hospedeiro se deita e o calor da opilação, é uma parasitose causada pelos vermes Ancylos-
cama ativa os parasitas. A educação sanitária e o sanea- toma duodenale e Necator americanus.
mento básico são as principais medidas preventivas.
Esses vermes apresentam nítido dimorfismo sexual. O cor-
po cilíndrico é afilado nas duas extremidades da fêmea e
5. Ancilostomose – o amarelão apenas na extremidade anterior do macho. Eles medem
cerca de 1 cm de comprimento. Na cápsula bucal apre-
sentam dentes, com os quais se fixam na parede intestinal
do hospedeiro e perfuram vasos sanguíneos para sugar o
sangue. Os ovos são eliminados nas fezes do hospedeiro e
evoluem no solo, produzindo as larvas infestantes. A infes-
tação pode ser ativa e passiva. Observe na figura a seguir a
representação do ciclo da doença do amarelão:
fonte: https://pt.slideshare.net/lorenasalesleite/oxiurose

4 As larvas penetram a
As larvas desenvolvem-se pele
e é nesta fase que podem
contaminar 3

Depois de penetrar a
pele, as larvas chegam ao
coração e pulmões
através do sangue até se
instalarem no intestino

As larvas saem dos ovos


e permanecem no solo As larvas tornam-se
adultas no intestino e
formam ovos
1

Os ovos do parasita são


eliminados pelas fezes no solo

Ciclo reprodutivo do A. duodenale.


CDC - Centers for Disease Control and Prevention.

VIVENCIANDO

As doenças causadas por vermes, como os nematelmintos, são um dos grandes problemas da saúde pública. A
maioria das doenças causadas por esses vermes cilíndricos possui um ciclo oral-fecal; dessa forma, campanhas
que envolvam higiene pessoal e cuidados com os alimentos são partes fundamentais nesses programas. Outro
ponto importante nas campanhas contra as verminoses está relacionado aos programas de saneamento básico,
como o tratamento de água e esgoto para populações carentes e comunidades rurais, pois são localidades em
que a frequência dessas doenças é alta e onde, na maioria das vezes, não existem esses tipos de tratamento.

63
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Para auxiliar na compreensão do processo de respiração e difusão de nutrientes de alguns nematelmintos, são
utilizados princípios químicos, como a difusão simples, que é “um tipo de transporte passivo (não há gasto de
energia celular) de um soluto através da membrana, a fim de estabelecer a isotônica, ou seja, alcançarem a
mesma concentração, pois o movimento é a favor de um gradiente de concentração”. Como esses vermes são
desprovidos de sistemas respiratório e circulatório, a distribuição de gases e nutrientes ocorre célula a célula, por
meio do processo de difusão simples descrito acima.

A primeira fase é cutânea. As larvas penetram ativamente


através da pele, principalmente dos pés descalços, caem
na circulação e atingem coração, pulmões, brônquios, tra-
queia, esôfago e intestino delgado, onde se transformam
em adultos. Na penetração passiva, as larvas podem che-
gar, por meio de água ou alimentos contaminados, ao estô-
mago e intestino, onde atingem a forma adulta.
A ancilostomose causa anemia intensa, variando a gravi-
dade com o grau de infestação. Por esse motivo, o indi-
víduo parasitado perde cor, tornando-se amarelado (daí
o nome amarelão) e fraco. A redução de hemácias afeta A perna de um indivíduo infectado chega a ficar tão grossa
o transporte de oxigênio, afetando o coração e o cérebro, quanto a de um elefante, daí o nome da doença.
ocorrendo insuficiência cardíaca, sonolência, apatia e con-
fusão mental. A prevenção envolve higiene, saneamento Também provoca hipertrofia dos testículos no homem e
básico e uso de calçados. dos seios na mulher. A prevenção consiste no tratamento
dos infectados e no extermínio do transmissor.

6. Filaríase ou elefantíase
O causador da elefantíase é o verme Wuchereria bancrof-
ti, que possui corpo filiforme com 3 cm (macho) a 10 cm
(fêmea) de comprimento. Os vermes adultos parasitam
os gânglios e vasos linfáticos. As larvas vivem no sangue
e somente à noite atingem os vasos periféricos, período
que coincide com a atividade dos mosquitos transmissores.
No Brasil, o principal transmissor é o mosquito Culex fati-
gans, vulgarmente conhecido como pernilongo. As larvas
ingeridas pelo transmissor são depois inoculadas em outro
hospedeiro. A filariose causa edemas que provocam defor-
mações, principalmente nos membros inferiores, como é Ciclo reprodutivo do W. bancrofti
CDC - Centers for Disease Control and Prevention
possível observar na figura:

7. O bicho-geográfico
Verme causador: Wuchereria bancrofti. Vive
nos vasos linfáticos humanos
A presença da filária nos vasos linfáticos
obstrui a circulação da linfa e causa seu
Animais silvestres, como o cão e o gato, apresentam para-
acúmulo em certos órgãos. sitas específicos, cujas larvas infestantes completam o ciclo

64
apenas quando penetram no hospedeiro próprio. Eventualmente, essas larvas podem penetrar no homem, migrando e
realizando um trajeto sinuoso no tecido subcutâneo, provocando uma dermatose conhecida como larva migrans ou bicho-
-geográfico. Os principais agentes etiológicos são o Ancylostoma caninum e o Ancylostoma braziliense, parasitas intestinais
do cão e do gato. A parasitose é comum em praias frequentadas por cães que carregam os parasitas.

Contato com
Larva Migrans pele lesada
adulta no solo

Ing
es
ani tão po
ma
is r
3

2
Larva Migrans

e Larva Migrans
od
a çã arva reproduzindo no
n l
mi a es
Eli os d s fez intestino
v
o el a
p

Ciclo reprodutivo do Ancylostoma sp.


Fonte: https://www.tuasaude.com/bicho-geografico/

Ancylostoma brasiliense
Female Male

2mm 2mm
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Filariose 03 – entrevista

Exemplo de lesões causadas pelo bicho-geográfico

65
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 28
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distri-
buição em diferentes ambientes, em especial, em ambientes brasileiros.

Doenças causadas por vermes nematelmintos são negligenciadas, pois, em geral, são endêmicas em regiões mais
carentes e com falta de saneamento básico. Conhecer como esses vermes se reproduzem, isto é, conhecer o seu ci-
clo de vida e tentar impedir de alguma maneira sua reprodução é a maneira mais eficiente de evitar essas doenças.
Esse conhecimento é importante para a resolução da questão.

MODELO 1
(Enem) Lagoa Azul está doente
Os vereadores da pequena cidade de Lagoa Azul estavam discutindo a situação da saúde no município. A situ-
ação era mais grave com relação a três doenças: doença de Chagas, esquistossomose e ascaridíase (lombriga).
Na tentativa de prevenir novos casos, foram apresentadas várias propostas:
§ Proposta 1: Promover uma campanha de vacinação.
§ Proposta 2: Promover uma campanha de educação da população com relação a noções básicas de higiene,
incluindo fervura de água.
§ Proposta 3: Construir rede de saneamento básico.
§ Proposta 4: Melhorar as condições de edificação das moradias e estimular o uso de telas nas portas e
janelas e mosquiteiros de filó.
§ Proposta 5: Realizar campanha de esclarecimento sobre os perigos de banhos nas lagoas.
§ Proposta 6: Aconselhar o uso controlado de inseticidas.
§ Proposta 7: Drenar e aterrar as lagoas do município.
Para o combate da ascaridíase, a proposta que trará maior benefício social, se implementada pela prefeitura, será:
a) 1.
b) 3.
c) 4.
d) 5.
e) 6.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A ascaridíase é causada pelo verme nematelminto Ascaris lumbricoides, com o qual as pessoas se infectam
devido à presença de ovos em alimentos contaminados ou na água contaminada. Isso se deve ao fato de
que, em regiões muito carentes, não há rede de tratamento de esgoto. Em consequência disso, ocorre a
contaminação da água e dos alimentos. Assim, entre as propostas apresentadas, a construção de uma rede
de saneamento básico seria ideal para combater a ascaridíase.

RESPOSTA Alternativa B

66
DIAGRAMA DE IDEIAS

DOENÇAS CAUSADAS ANCILOSTOMOSE


NEMATELMINTOS POR NEMATELMINTOS

• ANCILOSTOMA DUODENALE
• NERCATOR AMERICANUS
CARACTERÍSTICAS
LARVAS PENETRAM
PELO PÉ

CORAÇÃO E
OVOS
PULMÕES
CILÍNDRICOS ELEFANTÍASE
INTESTINO
• WUCHERERIA BANCROFTI
NÃO SEGMENTADOS • PICADA DO MOSQUITO
CULEX SP

ASCARIDÍASE
SISTEMA DIGESTIVO
COMPLETO OXIUROSE

• ASCARIS LUMBRICOIDES
EXCREÇÃO POR • ENTEROBIUS VERMICULARIS
CÉLULAS EM H INGESTÃO
DE OVOS
LARVA ROMPE
SISTEMAS CIRCULATÓRIO E BICHO GEOGRÁFICO INTESTINO
O INTESTINO
RESPIRATÓRIO AUSENTES
• ANCYLOSTOMA CANINUM DEGLUTIÇÃO CIRCULAÇÃO
• PARASITAS DE CÃES
DIOICOS COM
E GATOS
DIMORFISMO SEXUAL INTESTINO

67
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Processos relacionados com síntese proteica A citologia é foco de boa parte das questões
(transcrição e tradução), metabolismo dessa prova. Questões relacionadas com a
energético (respiração celular e fotossíntese) identificação e o funcionamento de organelas
e biotecnologia são assuntos com presença e divisões celulares estão sempre presentes.
garantida.

Prova com caráter muito interdisciplinar, com Função e reconhecimento de organelas são Prova que frequentemente apresenta questões
questões que abrangem principalmente pro­ essenciais nessa prova. relacionadas com metabolismo energético (respi­
cessos bioquímicos e funções de organelas. ração celular e fotossíntese) e bioquímica básica.

Divisões celulares, funções e identificação Nessa prova, as questões costumam abordar Vestibular que envolve, em todos os anos, A citologia é um dos assuntos mais presentes
de organelas e metabolismo energético diferentes áreas da Biologia; dessa maneira, é assuntos como divisões celulares, metabolismo nas provas da Santa Casa, com questões sobre
(respiração celular e fotossíntese) são temas importante saber relacionar o funcionamento energético (respiração celular e fotossíntese) e funções das organelas, transporte através de
bastante presentes. e a diferenciação das células com o tecido que funções das organelas. membrana, divisões celulares e metabolismo
elas compõem e o meio em que vivem. energético.

UFMG

Prova com questões com alto grau de espe­ Questões com alto nível de especificidade Principal área cobrada em Biologia nessa
cificidade envolvendo principalmente síntese relacionadas a funções de organelas, divisões prova. Muitas questões abordam divisões
proteica e o dogma central da Biologia, além celulares e transporte através da membrana. celulares e síntese proteica (transcrição e
de transporte através de membrana e divisões tradução), além de propriedades e transporte
celulares. através da membrana.

Nessa prova, a citologia é um dos temas mais Prova com alto grau de especificidade nas Um dos principais focos dessa prova, a citolo­
recorrentes, sendo que os assuntos principais questões. Em citologia, os assuntos mais gia é abordada principalmente por questões
são bioquímica, síntese proteica, divisões celu­ cobrados são metabolismo energético que tratam do metabolismo energético (res­
lares e identificação e função das organelas. (respiração celular e fotossíntese) e análise das piração celular e fotossíntese) e das divisões
organelas (funções e identificação). celulares (propriedades e comparações).
CITOLOGIA

69
mente, compõem os sistemas ou aparelhos do organismo,
AULAS 9 E 10 que executam sua função essencial para a manutenção da
vida do organismo. Por fim, um conjunto organizado de sis­
temas forma um organismo ou um indivíduo.

1.1. A importância da citologia


INTRODUÇÃO À A importância da citologia reside no fato de que o conhe­
cimento sobre a célula constitui a base para o estudo de
CITOLOGIA outras disciplinas. Os fenômenos fisiológicos essenciais dos
organismos vivos ocorrem no âmbito celular, ou seja, as
necessidades básicas de um organismo representam as
mesmas de suas células. Nesse sentido, o estudo que pro­
cura relacionar e integrar a morfologia à fisiologia se torna
COMPETÊNCIA: 4 mais interessante. Por exemplo, o estudo do núcleo celular
e dos cromossomos que se localizam ali elucida muito so­
HABILIDADE: 14 bre o papel dessa organela e dos próprios cromossomos
na coordenação da atividade celular e na transmissão dos
elementos hereditários, assim como estudos sobre mito­
côndrias celulares são essenciais para compreender os pro­
cessos metabólicos dos organismos.
1. Introdução à citologia
1.2. O descobrimento da célula
As células são pequenas e com­plexas, o que torna difícil
observar suas estruturas, descobrir sua composição mole­
cular e, mais difícil ainda, encontrar funções para seus vá­
rios componentes. Uma célula animal típica tem um diâ­
metro de 10 a 20 micrômetros, o que é aproximadamente
5 vezes menor do que a menor partícula visível a olho nu.
A invenção do microscópio permitiu a descoberta da cé­
lula por Hans e Zacharias Janssen (1590). Em 1665, Ro­bert
Hooke apresentou os resultados de suas pesquisas sobre
a estrutura da cortiça, observada ao microscópio em finos
cortes. O material se apresentava formado por pequenos
compartimentos hexagonais, delimitados por paredes es­
pessas. Cada compartimento foi chamado de célula (pe­
As células são unidades estruturais e funcionais dos or­
quena cavidade).
ganismos vivos, isto é, todos os seres vivos são formados
por células – compartimentos envolvidos por membrana e Porém, somente quando microscópios ópticos de boa qua­
preenchidos por uma solução aquosa concentrada de subs­ lidade tornaram-se disponíveis, no início do século XIX, pô­
tâncias químicas. As formas mais simples de vida são células de-se descobrir mais sobre as células, sobretudo sobre as
individualizadas que se multiplicam por divisão bi­nária ou células animais, que são, de modo geral, menores que as
cissiparidade, chamadas de organismos unicelulares. células vegetais.
Contudo, existem também muitos organismos formados A observação e aprofundamentos do estudo da célula,
através de conjuntos de células interdependentes, que são
impulsionados principalmente pelos cientistas alemães
classificados como organismos pluricelulares. A maioria dos
Schleiden e Schwann, em 1838, marcam o nascimento for­
organismos pluricelulares apresenta, de modo geral, ti­
mal da biologia celular.
pos diferentes de células que variam em tamanho, forma e
funções. Conjuntos de células semelhantes adaptadas a uma As células animais não são apenas minúsculas, mas também
determinada função formam estruturas chamadas de teci- incolores e translúcidas; assim, para visualizá-las foi funda­
dos. Diferentes tecidos que executam uma mesma função mental o desenvolvimento de técnicas de microscopia que
básica do organismo formam os órgãos, que, integrada­ permitissem a visualização de suas estruturas internas.

70
1.3. A análise da célula § As células originam-se unicamente de células
preexistentes. Não existe geração espontânea de cé­
Por apresentarem dimensões tão reduzidas (a maioria das lulas. Por meio de processos de divisão celular, as células­
células eucariontes mede 10 mm), as células não podem -mães produzem células-filhas, provocando a reprodu­
ser vistas a olho nu. Para que as céulas possam ser estu­ ção e o crescimento dos organismos.
dadas, o aparelho habitualmente usado é o microscópio
óptico comum ou microscópio composto, que costuma dar § As células possuem material genético. As células
aumentos de até 2 mil vezes. No óptico, as células podem têm DNA (ácido desoxirribonucleico), por meio do qual
ser observadas vivas (“a fresco”) ou mortas (“fixadas”) pelo características específicas são transmitidas da célula­
álcool ou formol. É comum o uso de corantes para realçar as -mãe para a célula-filha.
estruturas celulares. Alguns corantes podem ser usados em
células vivas (corantes vitais), mas, geralmente, são aplica­ 1.6. Os vírus
dos depois da morte (fixação) da célula. Os órgãos, por sua
Os vírus são seres muito simples e pequenos, e ainda há
vez, são observados na maioria das vezes em finos cortes
discussão entre os cientistas se eles são considerados seres
feitos com um aparelho chamado micrótomo.
vivos ou não, uma vez que não apresentam os componen­
O microscópio eletrônico, atualmente mais utilizado nos tes celulares básicos de todos os seres vivos. Os vírus são
estudos citológicos, dá aumentos da ordem de até 250 formados basicamente por uma cápsula proteica envolven­
mil vezes. A estrutura da célula observada com muito mais do seu material genético, que, dependendo do tipo de ví­
detalhes no microscópio eletrônico é denominada ultra- rus, pode ser o DNA ou RNA. Alguns vírus também podem
estrutura celular. apresentar um envelope lipoproteico externo.
Os vírus não apresentam ribossomos, consequentemente,
1.4. Unidades de medida não sintetizam proteínas e não são capazes de se reproduzir
Para exprimir dimensões celulares, são usadas habitual­ por conta própria. Sendo assim, os vírus precisam infectar
mente três unidades: micrômetro, nanômetro e angströn. uma célula (chamada de hospedeira) para então usar a ma­
Observe o quadro a seguir: quinaria de produção de proteínas dessa célula para produ­
zir cópias de suas proteínas virais e de seu material genético.
Unidade Símbolo Valor Uso em citologia
Domínio macroscópico
Existem diversos vírus circulando na natureza, capazes de
milímetro mm 0,001 m (vista desarmada). infectar diversos tipos celulares, como bactérias, células ve­
Células grandes.
getais e células animais, porém, cada tipo de vírus costuma
Microscopia óptica.
ser bem específico com relação ao tipo de célula que infec­
micrômetro mm 0,001 mm Maioria das células e
organelas maiores. ta, ou seja: um vírus que infecta bactérias provavelmente
Microscopia eletrônica. não infecta nenhum outro tipo celular; ou ainda, um vírus
nanômetro nm 0,001 mm Organelas menores, as que infecta uma espécie de animais dificilmente infecta ou­
maiores macromoléculas.
tras muito diferentes.
Microscopia eletrônica.
angströn Å 0,1 nm
Moléculas e átomos. Porém, os vírus podem também sofrem mutações em seu
material genético, formando variações virais ou até mesmo
1.5. Teoria celular originando novos vírus, que podem ser capazes de infectar
diferentes hospedeiros.
Uma das mais importantes generalizações da Biologia é a
teoria celular, que pressupõe as seguintes premissas:

§ Todos os organismos vivos são formados por cé-


2. Origem das células
lulas. Essa generalização se estende desde os organis­ A questão da origem das células está diretamente relacio­
mos mais simples, como bactérias e amebas, até os mais nada à origem da vida em nosso planeta. Isso deve ter
complexos, como um homem ou uma árvore. A única ocorrido há 3,5 bilhões de anos, no começo do período
exceção são os vírus, como comentaremos adiante. Pré-cambriano. Nesse período, a atmosfera provavelmen­
te continha vapor de água, amônia, metano, hidrogênio,
§ Todas as reações metabólicas de um organismo sulfeto de hidrogênio e gás carbônico. O oxigênio livre só
ocorrem no nível celular. Em qualquer organismo, surgiu mais tarde, graças à atividade fotossintética das cé­
as reações vitais, isto é, as metabólicas, sempre aconte­ lulas autotróficas. Antes de surgir a primeira célula, teriam
cem no interior das células. existido grandes massas líquidas, ricas em substâncias de

71
composição muito simples. Essas substâncias, sob a ação 2.1. Surgimento das células eucariotas
do calor e da radiação ultravioleta vinda do Sol e de des­
cargas elétricas oriundas de tempestades frequentes, com­ Até o momento, estamos falando de organismos unicelu­
binaram-se quimicamente para constituírem os primeiros lares e procariotos, muito simples e que habitavam prin­
compostos contendo carbono. Substâncias relativamente cipalmente o ambiente terrestre. Porém, com o passar do
complexas teriam aparecido graças às diferentes combina­ tempo, as células dos seres vivos aumentaram de comple­
xidade. É bastante provável que as organelas membrano­
ções das substâncias mais simples. Em 1953, o cientista
sas, como o retículo endoplasmático, o aparelho de Golgi
norte-americano Stanley Miller realizou experimentos fun­
e até a própria membrana nuclear, que envolve o material
damentais que corroboraram essa possibilidade. Produzin­
genético das células, tenham se formado a partir de invagi­
do descargas elétricas em um recipiente fechado, contendo
nações da membrana plasmática, formando as primeiras
vapor de água, hidrogênio, metano e amônia, ele descobriu
células eucariotas.
que se formavam aminoácidos, como alanina, glicina, áci­
dos aspárticos e glutâmicos. Por sua vez, as organelas com DNA próprio (mitocôndrias,
cloroplastos) provavelmente surgiram como uma simbiose
Estudos posteriores, simulando as condições pré-bióticas,
entre procariontes, como foi teorizado em 1981 pela bióloga
permitiram a produção de 17 aminoácidos (dos 20 que
Lynn Margulis, em seu livro chamado Symbiosis in Cell Evoly­
podem compor as proteínas). Também foram produzidos
tion (Simbiose e evolução das células, em tradução livre).
açúcares, ácidos graxos e as bases nitrogenadas que for­
Acredita-se que um organismo eucarionte englobou uma
mam parte do DNA e RNA. Essa etapa de evolução quí­
partícula procarionte autotrófica. A partir disso, eles inicia­
mica foi provavelmente precedida de outra na qual se for­
ram uma relação de cooperação, e um organismo passou
maram as proteínas pela polimerização dos aminoácidos. a viver no interior do outro (endossimbiose). Com o tempo,
Essa etapa posterior provavelmente ocorreu em meios essa relação tornou-se tão importante que os organismos
aquosos, onde as moléculas orgânicas se concentravam não poderiam mais viver de forma isolada. Provavelmente o
para formar uma espécie de “sopa primordial”, na qual organismo procarionte autotrófico beneficiou a célula hos­
foram favorecidas as interações e onde se formaram com­ pedeira garantindo processos como a respiração celular, no
plexos maiores denominados coacervados ou proteinoi­ caso da mitocôndria, e a fotossíntese, no caso dos cloroplas­
des, com uma membrana externa envolvendo um fluido tos. Já a célula hospedeira garantia proteção e nutrientes às
no interior (micelas). Mais tarde, originou-se o código novas organelas celulares, formando assim as células euca­
genético, provavelmente surgindo primeiro o RNA e, em riotas como conhecemos hoje – com núcleo individualizado
seguida, o DNA e as diversas moléculas que participaram e presença de mitocôndrias e cloroplastos. A teoria endos­
da síntese de proteínas e da replicação, produzindo célu­ simbionte é baseada em cinco principais evidências:
las capazes de se autorreplicarem.
1) A presença de uma dupla membrana envolvendo mito­
A hipótese mais provável é que, sem oxigênio na atmos­ côndrias e cloroplastos. Essa dupla membrana, provavel­
fera, os primeiros procariontes tenham sido anaeróbicos mente, é resultado da membrana que já pertencia ao or­
(não dependem de oxigênio para seu metabolismo) e he- ganismo procarionte, somada à membrana do organismo
terotrófico (dependem de matéria orgânica externa para eucarionte que realizou o processo de englobamento.
obterem energia). Posteriormente, surgiram os seres auto-
2) Mitocôndrias e cloroplastos apresentam tamanhos se­
tróficos (capazes de produzir sua própria matéria orgâni­
melhantes aos das bactérias.
ca necessária para obterem energia), como as algas azuis,
que contêm pigmentos fotossintéticos. 3) Cloroplastos e mitocôndrias possuem DNA próprio, in­
dependente do DNA celular, e esse material genético é cir­
Até este momento, todos os seres vivos também eram pro-
cular, assemelhando-se às moléculas de DNA encontradas
cariontes, ou seja, tinham seu material genético disperso
em bactérias.
por toda a célula.
4) Possuem capacidade de autoduplicação independente
Porém, com a fotossíntese realizada pelos seres autotró­ da divisão celular.
ficos, quantidades muito grandes de gás oxigênio foram
liberadas na atmosfera, permitindo o surgimento de orga­ 5) Tanto mitocôndrias quanto cloroplastos apresentam ri­
nismos aeróbicos (que necessitam de gás oxigênio para bossomos próprios e sintetizam algumas de suas proteínas.
suas reações metabólicas) a partir dos quais originaram-se Também vale destacar que a população de seres eucario­
os seres eucariontes (que apresentam seu material genéti­ tos primitivos primeiramente englobou os seres procariotos
co em uma região específica das células, o núcleo, delimi­ que originaram as mitocôndrias, já que essa organela está
tado por uma membrana celular). presente em todos os eucariotos atuais (animais, plantas,

72
algas, fungos e protozoários). Como os cloroplastos só estão presentes atualmente nas plantas e algas, provavelmente a
população de eucariotos primitivos que deu origem a esses grupos englobou os seres precursores dos cloroplastos depois de
já terem englobado os precursores das mitocôndrias, como no esquema a seguir:

Procarionte
ancestral Mitocôndria
heterotrófico
aeróbio Mitocôndria

Mitocôndria

Célula hospedeira Estabelecimento de


ancestral relações de simbiose

Procarionte
ancestral Cloroplasto
fotossintético
Os cloroplastos evoluíram depois das mitocôndrias, por
relações de endossimbiose com procariontes autotróficas

3. Organização celular de seres procariontes e eucariontes


A microscopia eletrônica demonstrou que existem duas classes de células: as procarióticas, cujo material genético não está
separado do citoplasma por uma membrana, e as eucarióticas, que possuem um núcleo bem individualizado e delimitado pelo
envoltório nuclear. Embora a complexidade nuclear seja utilizada para dar nome às duas classes de células, há outras diferenças
importantes entre procariontes e eucariontes. Do ponto de vista evolutivo, os procariontes são considerados ancestrais dos
eucariontes. Os procariontes surgiram há cerca de 3 bilhões de anos, enquanto os eucariontes surgiram há 1 bilhão de anos.
Apesar das diferenças entre as células eucarióticas e procarióticas, há semelhanças importantes em sua organização molecular
e em sua função. Por exemplo, todos os organismos vivos utilizam o mesmo código genético e uma maquinaria similar para a
síntese de proteínas. As células procarióticas, porém, não apresentam organelas membranosas como retículo endoplasmático ou
complexo de golgi e também não apresentam uma membrana separando seu material genético do citoplasma. Os seres vivos
procariontes atuais são as bactérias e as cianobactérias.
Embora possuam uma estrutura relativamente simples, as células procarióticas são bioquimicamente versáteis e diver­sas: por
exemplo, todas as principais reações metabólicas são encontradas em bactérias, incluindo os três processos para obtenção de
energia: glicólise, respiração e fotossíntese.
A bactéria Escherichia coli é a célula procariótica mais bem estudada. Dada a sua simplicidade estrutural, rapidez de multi­
plicação e não patogenicidade, a E. coli se revelou excelente para os estudos de biologia molecular.
As células eucarióticas, por definição, e em contraste com as células procarióticas, têm um núcleo (caryon, em grego) que contém
a maioria do DNA celular envolvido por uma dupla camada lipídica. O DNA é assim mantido num compartimento separado dos
outros componentes celulares que se situam num citoplasma, em que a maioria das reações metabólicas ocorrem.
No citoplasma das células eucariotas ficam as organelas, que são estruturas celulares que desempenham funções específicas
do metabolismo celular, como mitocôndrias, cloroplastos, retículo endoplasmático, entre outras que estudaremos mais adiante.
COMPARAÇÃO ENTRE PROCARIONTES E EUCARIONTES
procariontes eucariontes
Organismo bactéria e cianobactéria protozoários, algas, fungos, plantas e animais

Tamanho da célula geralmente de 1 a 10 micrômetros geralmente de 5 a 100 micrômetros

Metabolismo aeróbico ou anaeróbico aeróbico e anaeróbico


núcleo, mitocôndrias, cloroplastos
Organelas ribossomos (apenas nos fotossintetizantes), retículo endoplasmático,
complexo de Golgi, lisossomos, ribossomos, centríolos
longas moléculas de DNA contendo muitas regiões não
DNA DNA circular no hialoplasma
codificantes: envolvidas por uma membrana nuclear

73
sintetizados no mesmo RNA sintetizado e processado no núcleo,
RNA e proteína compartimento: hialoplasma proteínas sintetizadas no citoplasma
ausência de citoesqueleto, fluxo citoplasmático, citoesqueleto composto de filamentos de proteínas, fluxo
Citoplasma ausência de endocitose e exocitose citoplasmático, presença de endocitose e exocitose

Divisão celular cromossomos se separam ligados ao mesossomo cromossomos se separam pela ação do fuso do citoesqueleto

Organização celular maioria unicelular maioria multicelular, com diferenciação de muitos tipos celulares

Tempo de existência cerca de 3 bilhões de anos cerca de 1 bilhão de anos

3.1. Estruturas básicas das células nético (cromatina) aparece disperso no hialoplasma, onde
a única organela é o ribossomo. Observe que não existe
Observe na ilustração a seguir três componentes fundamen­ membrana envolvendo o material genético nem delimitan­
tais de uma célula: membrana plasmática, citoplasma do o núcleo. Esse tipo de célula caracteriza os seres proca­
e núcleo. riontes, representados pelos integrantes do Reino Monera,
isto é, as bactérias e cianobactérias.

3.1.2. As células eucariotas


O constituinte celular mais volumoso da célula é o citoplas­
ma. Ele é formado pelo citosol e pelas organelas celulares.
O citosol, também chamado de hialoplasma, é um líquido
transparente homogêneo e sem estrutura no qual estão
mergulhados as organelas celulares.
plasmática
Dentre os organoides celulares, é possível citar: retículo
Célula animal endoplasmático (uma rede de vesículas e canais que
se intercomunicam e que auxilia na distribuição e no ar­
mazenamento de substâncias celulares); ribossomos
(pequenos grânulos nos quais ocorre a síntese de proteí­
nas); mitocôndrias (corpúsculos esféricos ou alongados
relacionados à respiração celular, processo que fornece a
energia necessária às atividades celulares); lisossomos
(pequenas “bolsas” contendo enzimas digestivas); com-
plexo de Golgi (pilha de vesículas circulares e achatadas,
Célula vegetal das quais as secreções são liberadas para fora da célula); e
centríolos (dois cilindros perpendiculares entre si relacio­
Célula bacteriana
nados à divisão celular e à formação de cílios e flagelos).

Parede celular Geralmente situado na parte central da célula eucariótica, o


Membrana celular núcleo apresenta uma membrana, a carioteca, que envolve
Aparelho
Ribossomo de Golgi
o carioplasma, líquido (cariolinfa ou nucleoplasma) no qual
Cloroplasto estão imersos o nucléolo e os cromossomos (onde encon­
Membrana
tram-se os genes, elementos responsáveis pela coordenação
Núcleolo
Núcleo
vacúolo das diversas atividades celulares, constituídos por DNA).
Retículo
endoplasmático
3.2. Estrutura e função da
Mitocôndria
Citoplasma
membrana plasmática
Amiloplasto
Célula vegetal As membranas celulares possibilitam que as células criem
barreiras para confinar moléculas particulares em compar­
timentos específicos. Essas membranas são formadas por
3.1.1. A célula procariótica
uma dupla camada contínua (bicamada) de moléculas de
As células procarióticas possuem estrutura celular muito lipídios na qual as proteínas estão embebidas. A bicamada
simples. Possuem membrana plasmática, e o material ge­ lipídica fornece a estrutura básica e a função de barreira

74
de todas as membranas celulares. As moléculas de lipídios os, principalmente os fosfolipídios, correspondem a cerca de
da membrana possuem tanto regiões hidrofóbicas quanto 25% a 40% das estruturas das membranas celulares, e as
hidrofílicas. Elas se arranjam espontaneamente em bicama­ proteínas correspondem a cerca de 60% a 75% do total.
das quando colocadas em água, formando compartimentos Em quantidades bem inferiores é possível encontrar: antíge­
fechados que se resselam quando rompidos. nos, enzimas, glicídios e outras moléculas permanentes ou
Há três classes principais de moléculas lipídicas da mem­ transitórias. Por esse motivo, as membranas celulares são
brana: fosfolipídios, esterois e glicolipídios. A bicamada lipí­ denominadas lipoproteicas, pois representam uma associa­
dica é fluida, e moléculas lipídicas individuais são capazes ção entre lipídios e proteínas.
de difundir-se dentro de sua própria monocamada; contu­ Glícido Meio extracelular
do, elas não saltam espontaneamente de uma monoca­ Glícoproteína

mada para a outra. As duas camadas da bicamada lipídica


Glícolípido
têm diferentes composições de lipídios, refletindo as fun­
ções diferentes das duas faces de uma membrana celular.
As células ajustam a fluidez de suas membranas de acordo
com as modificações da composição lipídica dessas mem­
branas. A bicamada lipídica é impermeável a todos Filamentos Colesterol
do citosqueleto
os íons e moléculas polares grandes, mas é perme-
Proteína Proteína
ável a moléculas apolares pequenas, como o oxigê- integrada periférica Citoplasma
nio e o dióxido de carbono, e a moléculas polares Arranjo da membrana plasmática segundo o modelo do mosaico fluido.
muito pequenas, como a água.
As proteínas da membrana são responsáveis pela maioria 3.2.1. Especializações da membrana
das funções, como o transporte de pequenas moléculas As especializações da membrana são regiões diferencia­
hidrossolúveis pela bicamada lipídica. As proteínas trans­ das, constituindo adaptações que executam várias funções,
membranas se estendem através da bicamada lipídica, como absorção, transporte, aderência e reconhecimento.
enquanto outras proteínas não se estendem através dela, As principais são: microvilosidades, invaginações de base,
mas se ligam a um dos lados da membrana, seja por asso­ desmossomos, junções e glicocálix.
ciação não covalente com outras proteínas da membrana,
seja por ligação covalente a lipídios. Muitas proteínas e § Microvilosidades – são expansões cilíndricas da
parte dos lipídios expostos na superfície das células estão membrana que aparecem na superfície livre da célula,
ligados a cadeias de açúcares (glicocálix) que auxiliam a ampliando a superfície de contato e a capacidade de ab­
proteger e a lubrificar a superfície celular e estão envolvi­ sorção. Localizadas, por exemplo, no epitélio intestinal,
das no reconhecimento célula-célula. as microvilosidades aumentam a eficiência na absorção
do alimento digerido.
A membrana plasmática mantém o conteúdo interno ou ci­
toplasmático separado, porém não isolado do meio externo, § Invaginações de base – a regulação da quantidade
uma vez que ela possui permeabilidade seletiva quanto de água existente no organismo é uma das funções
ao que entra e sai da célula. As membranas celulares são dos rins. Cada rim é formado por cerca de 1 milhão de
muito delgadas. A membrana plasmática mede cerca de 75 estruturas idênticas denominadas néfrons ou canais re­
Å de espessura e não é visível ao microscópio óptico comum. nais. As células desses canais renais possuem, na base,
Na figura, é possível observar o modelo estrutural mais acei­ profundas invaginações relacionadas com o transporte
to atualmente, que foi proposto pelos cientistas Singer e Ni­ de água reabsorvida pelos rins. As mitocôndrias são
cholson, em 1972. As proteínas apresentam uma mobilidade
abundantes entre as invaginações.
especial, podendo deslocar-se lateralmente ou atravessar a
bicamada lipídica, projetando-se nas superfícies interna ou § Especializações de contato – os epitélios são teci­
externa da membrana plasmática. dos formados por células justapostas, entre as quais se
Dessa forma, conclui-se que a membrana é relativamente encontra uma substância intercelular que atua como um
fluida, pois as moléculas de proteínas apresentam certa li­ cimento ligando as células. Além da substância citada, a
berdade de movimentação. Por essa razão, o modelo de adesão entre as células é mantida por especializações,
Singer e Nicholson é denominado mosaico fluido. como os desmossomos, as interdigitações e as junções.

Esse modelo explica as capacidades e funções membrano­ § Desmossomos – são espécies de “botões adesivos” que
sas, especialmente a sua permeabilidade seletiva. Os lipíde­ aparecem nas membranas adjacentes de células vizinhas.

75
§ Interdigitações – são dobras da membrana que se § Permeabilidade seletiva – a célula precisa realizar
encaixam e aumentam a adesão intercelular. uma série de trocas com o meio externo para sobreviver.
Substâncias essenciais, como água, oxigênio e nutrien­
§ Junções estreitas ou oclusivas – encontradas em tes, devem entrar na célula, enquanto gás carbônico e
células do epitélio intestinal, são regiões diferenciadas substâncias tóxicas, resultantes da atividade celular,
que vedam o espaço intercelular, impedindo a passa­ devem ser eliminados. Por meio da chamada permea­
gem de líquidos entre as células, fator que regula o bilidade seletiva, a membrana regula a entrada e saída
controle de absorção para cada célula. de substâncias, permitindo à célula manter uma compo­
§ Junções comunicantes ou nexos – diferentemen­ sição química equilibrada e diferente do meio externo.
te das anteriores, permitem a passagem de íons e
pequenas moléculas, associando metabolicamente as 3.3. Parede celular
células vizinhas.
A parede celular é uma estrutura rígida localizada externa­
§ Glicocálix – nas células animais, a membrana plas­ mente à membrana plasmática. Por esse motivo, as células
mática é frequentemente recoberta por uma delgada que possuem parede celular têm menos possibilidade de
película de natureza glicoproteica denominada cutí­ modificar sua forma. A parede celular é uma estrutura pre­
cula ou glicocálix. Além de proteger a membrana, o sente em bactérias, fungos e em vegetais Nas bactérias, a
glicocálix atua no reconhecimento celular por meio parede celular é composta basicamente de proteoglicanos
de um complexo código molecular. É através do glico­ (carboidratos ligados à proteínas). No fungos, é formada
cálix que ocorre a distinção das células de um mesmo por um carboidrato chamado quitina. Nas plantas, a pare­
organismo e a rejeição de células estranhas, como as de celular é composta por outro carboidrato, a celulose, por
de um enxerto. isso também é denominada membrana celulósica.

Microvilosidades Meio extracelular


Na célula vegetal jovem, a parede celular (primária) é fina e
Mitocôndria Desmossomo
pouco rígida, o que lhe permite crescer. Depois de crescida a
Interdigitação
Mitocôndria Núcleo célula, a parede celular pode apresentar espessamentos, re­
Interdigitação
sultado de novos depósitos interiores de celulose. Essa nova
Núcleo
Espaço Desmossomo
Mitocôndria intercelular

Invaginações
parede recebe o nome de parede celular secundária.
As microvilosidades. Inaginações de base. Interdigitações e desmossomos.

Glicocálix
Face externa
da célula Lipídio A parede secundária é a principal responsável pela grande
Junção oclusiva
resistência da parede celular. Em alguns casos, há também
Junção comunicante depósitos de lignina e de suberina (outros tipos de carboi­
Face interna
Os tipos de junções.
Proteína
O glicocálix.
da célula dratos) na parede celular, substâncias que lhe conferem
ainda mais resistência. É característica das células vegetais
a presença de pontos de contato entre células vizinhas, am­
3.2.2. As funções da membrana plasmática
biente em que não há deposição de parede celular. Nesses
§ Manutenção da integridade celular – se a mem­ pontos de contato, formam-se canais citoplasmáticos de­
brana for lesionada, o citoplasma extravasa, e a célula nominados plasmodesmos, que conectam o citoplasma
se desintegra em um processo denominado citólise. En­ das células vizinhas. Eles são delimitados pela membrana
tretanto, pequenas lesões não afetam a estrutura celu­ plasmática comum a essas células.
lar, uma vez que a membrana apresenta a capacidade
Entre as paredes celulares de células adjacentes há uma
de regeneração sem destruir a célula. A regeneração
fina camada formada principalmente por pectina (um po­
possibilita os processos de micromanipulação, por meio
lissacarídeo) que une uma célula a outra. Essa camada é a
dos quais a célula pode ser submetida, por exemplo, a
lamela média, interrompida nos plasmodesmos.
transplantes de núcleo.
lamela mediana
§ Reconhecimento intercelular – na superfície da composta

parede secundária
célula existe um mecanismo de reconhecimento mole­ paredes
celulares
lamela mediana
composta

cular por meio do qual uma célula é capaz de distinguir Vacúolo

células similares ou estranhas. Esse processo permite


plasmodesmo

citoplasma
membrana
que as células se identifiquem e se unam, originando plásmatica
lamela mediana
os tecidos; as células também podem se rejeitar, como parede primária
parede secundária
1 mm
acontece nos transplantes.

76
3.4. A permeabilidade seletiva e (canais com portões controlados por ligantes). Observe a
seguir uma ilustração das proteínas-canal.
os transportes de membrana
Mesmo quando abertos por seu estímulo específico, os
A bicamada lipídica das membranas celulares é bastante im­
canais iônicos não permanecem abertos continuamente:
permeável à maioria das moléculas hidrossolúveis e a todos
eles oscilam aleatoriamente entre as conformações aberta
os íons. A passagem de nutrientes, metabólitos e íons através
e fechada. Um estímulo ativador aumenta a proporção do
da membrana plasmática e membranas celulares internas é
tempo que o canal gasta no estado aberto. O potencial
realizada por proteínas transportadoras de membrana. As
de membrana é determinado pela distribuição desigual de
membranas celulares contêm uma grande variedade de pro­
cargas elétricas nos dois lados da membrana plasmática
teínas transportadoras, cada uma das quais é responsável
e é alterado quando íons fluem através de canais abertos.
pelo transporte de um tipo particular de soluto.
Os componentes hidrofóbicos, solúveis nos lipídios, atra­
Existem duas classes de proteínas transportadoras de mem­
vessam facilmente a membrana, uma vez que ela é for­
brana – proteínas carreadoras e proteínas de canal. O gra­
mada por uma bicamada lipídica. Esse é o caso dos áci­
diente eletroquímico representa a força impulsora resultante
dos graxos, dos hormônios esteroides e dos anestésicos.
que atua sobre um íon devido ao seu gradiente de concen­
As substâncias hidrófilas, insolúveis nos lipídios, penetram
tração e ao campo elétrico. No transporte passivo, um so­
nas células com mais dificuldade, fator influenciado pelo
luto sem carga se move espontaneamente a favor de seu tamanho da molécula e por suas características químicas.
gradiente de concentração, e um soluto carregado (um íon) A configuração molecular poderá permitir que a substância
se move espontaneamente a favor de seu gradiente eletro­ seja transportada por meio de um dos mecanismos espe­
químico. No transporte ativo, um soluto sem carga, ou um ciais desenvolvidos durante a evolução, como o transporte
íon, é transportado contra o seu gradiente de concentração ativo e a difusão facilitada.
ou eletroquímico, em um processo que necessita de energia.
As proteínas carreadoras ligam solutos específicos (íons 3.4.1. Transporte de substâncias
inorgânicos, pequenas moléculas orgânicas ou ambos) e através da membrana celular
os transferem através da bicamada lipídica por sofrerem
mudanças conformacionais que expõem o sítio ligante de
soluto, primeiro em um lado da membrana e depois no
outro. As proteínas carreadoras podem atuar como bom­
bas para transportar um soluto contra o seu gradiente ele­
troquímico, utilizando energia fornecida pela hidrólise de
ATP, por um fluxo “para baixo” de Na+ ou de íons H+, ou
pela luz. A bomba de Na+ / K+ da membrana plasmática de
células animais é uma ATPase que transporta ativamente
Na+ para fora da célula e K+ para dentro, mantendo o forte
gradiente de Na+ através da membrana, que é usado para
Passagem de substâncias através de proteínas de canal
impulsionar outros processos de transporte ativo e para de um lado a outro da membrana plasmática.
transmitir sinais elétricos.
§ Difusão passiva – muitas substâncias penetram nas
As proteínas-canal formam poros aquosos de um lado para
células ou delas saem por difusão passiva, ou seja,
o outro da bicamada lipídica, pelos quais solutos podem di­
como a distribuição do soluto tende a ser uniforme em
fundir-se. Enquanto o transporte por proteínas carreadoras
todos os pontos do solvente, o soluto penetra na célula
pode ser ativo ou passivo, o transporte por proteínas-canal
quando sua concentração é menor no interior celular
é sempre passivo. A maioria das proteínas-canal é um ca­
do que no meio externo, e sai da célula no caso contrá­
nal iônico do tipo seletivo que permite que íons inorgânicos rio. Nesse processo não há consumo de energia.
de tamanhos e cargas apropriados cruzem a membrana a
favor de seus gradientes eletroquímicos. O transporte pelos § Difusão facilitada – algumas substâncias, como a
canais iônicos é, no mínimo, mil vezes mais rápido do que glicose, a galactose e alguns aminoácidos possuem
o transporte por qualquer proteína carreadora conhecida. tamanho superior a 8 angströns, o que impede a sua
A maioria dos canais iônicos possui portões e se abre tran­ passagem através dos poros. Essas substâncias não são
sitoriamente em resposta a um estímulo específico, como solúveis em lipídios, o que também impede a sua difu­
uma mudança no potencial de membrana (canais com por­ são pela matriz lipídica da membrana. Entretanto, essas
tões controlados por voltagem) ou a ligação de um ligante substâncias passam através da matriz, por transporte

77
passivo, contando, para isso, com o trabalho de proteí­
nas carreadoras ou permeases (proteínas transportado­
ras). Por exemplo, a combinação entre a glicose e a pro­
teína carreadora forma uma combinação lipossolúvel
que passa a se difundir de um lado para outro da mem­
brana. Do outro lado da membrana, a glicose separa-se
do carreador e passa para o interior da célula, enquanto
o carreador retorna ao meio externo para buscar mais
moléculas de glicose.
Funcionamento da bomba Na+ / K+ ATPase
§ Transporte ativo – nesse caso, ocorre gasto de ener­
gia (ATP), e a substância pode ser transportada de um 3.4.2. Osmose – a difusão da água
local de baixa concentração para outro de alta concen­
tração, isto é, o soluto pode ser transportado contra § Osmose – é um fenômeno de difusão em presença de
um gradiente. O transporte ativo é bloqueado pelos uma membrana semipermeável. Nesse processo, duas
inibidores da respiração (dinitrofenol, cianetos e azida) soluções de concentrações diferentes estão separadas
e pelos inibidores da síntese de ATP (iodoacetato). O por uma membrana que é permeável ao solvente e pra­
esquema a seguir apresenta um processo passivo e a ticamente impermeável ao soluto. Ocorre, então, a pas­
favor do gradiente de concentração, representado por sagem do solvente de onde ele está em maior quanti­
A, e um processo ativo e contrário ao gradiente de con­ dade (solução hipotônica) para onde está em menor
centração, representado por B. quantidade (solução hipertônica). Com essa passagem,
Substância
verifica-se um aumento da quantidade de água na so­
A B
em solução lução hipertônica, fazendo com que haja maior diluição
Membrana da solução e, consequentemente, diminuição da sua
Plasmática
Substância concentração. É possível dizer que é a osmose que pos­
em solução
ATP ADP sibilita isotonia entre uma solução hipertônica e uma
Transporte ativo de substâncias, com gasto de ATP hipotônica, com passagem de solvente através de uma
membrana semipermeável. Isso pode, inclusive, ser
§ Bomba de sódio e potássio – é comum serem ob­
fatal para a célula, como no caso das hemácias, que,
servadas diferenças de concentrações iônicas entre os
meios intra e extracelular. Para exemplificar, serão utili­ em presença de soluções pouco concentradas, sofrem
zados a célula nervosa (neurônio) e o glóbulo vermelho hemólise. Observe, na figura a seguir, que as hemácias
do sangue (hemácia). Ao serem comparadas as con­ (A) em solução hipertônica (situação 1) perderão água
centrações de íons de potássio (K+) e de sódio (Na+), e murcharão (crenação), já em solução hipotô­nica (si­
verifica-se que a concentração de K+ é maior dentro do tuação 2) ganham água por osmose, podendo sofrer
neurônio, enquanto a concentração de Na+ é maior no rup­tura da membrana (lise celular).
líquido que o envolve. A hemácia possui no citoplasma
concentração de K+ vinte vezes maior do que o plas­
ma, que, por sua vez, apresenta concentração de Na+
vinte vezes maior do que a hemácia. Nos dois casos,
é evidente que essas concentrações não se igualam,
apesar de a membrana apresentar permeabilidade
passiva aos dois íons. Para manter a diferença iônica, a
célula continuamente absorve K+ e elimina Na+ através
da bomba de Na+ e K+. Uma proteína conhecida como
bomba Na+/K+ ATPase funciona transportando K+ para
o interior e Na+ para o exterior da célula. Os íons Na+
intracelulares se ligam à ATPase que, transformando Resultados da imersão de hemácias em solução
hipotônica (2) e solução hipertônica (1).
ATP em ADP, obtém energia necessária a sua mudança
de conformação, expelindo-os para o meio extracelular. A presença da parede celular nas células vegetais torna
Os íons K+, por mecanismo idêntico, são transferidos peculiar esse fenômeno, em que a célula vegetal, mesmo
para o citoplasma. Observe a seguir o esquema da em meios muito pouco concentrados em relação aos seus
bomba de Na+ e K+: vacúolos, não explode.

78
Tonoplasto b. pressão de turgescência (PT) – contrária à entrada
Parede celular II de água. III
I Plasmalema
Assim, é possível dizer que a entrada
Núcleode água nas célu­Vacúolo
Suco Núcleo las vegetais depende de seu deficit de pressão de difusão
vacuolar
(DPD ou Sc). A fórmula a seguir permite calcular a sucção
celular (Sc ouVacúolo
DPD) da célula. A tendência de a água entrar
Núcleo Citoplasma na célula vegetal depende de uma pressão favorável (PO) e
de outra contrária (PT).
Estrutura da célula vegetal Célula túrgida Célula murcha
Tonoplasto
Parede celular II III DPD = PO - PT
I ou
Plasmalema
Sc = Si - M
Núcleo Vacúolo
Suco Núcleo
vacuolar
A célula estará saturada (túrgida) com água quando:
Vacúolo
Núcleo Citoplasma
PT = PO Si = M
Estrutura da célula vegetal Célula túrgida Célula murcha DPD = 0 Sc = 0

II III Assim, a célula estará murcha (flácida) quando:


Núcleo Vacúolo
Núcleo PT = 0 M=0
DPD = PO Sc = SI
Núcleo
Vacúolo
DPD = PO - PT Núcleo

ou DPDCélula PT DPD
Célula túrgida = POmurcha
- PT
Sc = SiA -célula
M vegetalouem diferentes momentos. PT DPD
Sc = Si - M PO
Geralmente, a concentração do suco vacuolar é maior do
PO
que a solução do solo; isso quer dizer que a pressão de
A célula estará saturada
difusão
(túrgida) com célula
água équando:
A céluladaestará
águasaturada
dentro da(túrgida) menor
com que
água a pressão
quando: A tendência de a água entrar na célula vegetal depende de uma
da difusão no meio externo. Consequentemente, a tendên­ pressão Afavorável
tendência de a água entrar na célula vegetal depende de uma
(PO) edeoutra contrária (PT).vegetal depende de
pressão Afavorável
tendência (PO)a eágua entrar
outra na célula
contrária (PT).
PT = PO Si =
cia de a água penetrar M
PT = PO Si = M
na célula é menor que a de sair. uma pressão favorável (PO) e de outra contrária (PT)

DPD
Essa = 0 Sc
tendência será=maior
DPD 0= 0quanto
Sc = maior
0 for a concentra­ AAmembrana reage
membrana reage
ção da solução do suco vacuolar. Ou seja, quanto maior a A água penetra
A água penetra contra
contra aadistensão
distensão
na célulana célula (M)
(M)
pressão
Assim, aosmótica
célula do suco
estará vacuolar,
murcha maior
(flácida) a tendência de
quando: por causapordacausa da
Assim, a célula estará murcha (flácida) quando:
penetração da água. Existe, portanto, uma força no interior
pressão osmótica
pressão osmótica
do suco
do suco
da célula com tendência para retirar a água do ambiente. vacuolar (PO) A água que penetrou
PT = 0 M=0 vacuolar (PO) HO
A água que pressiona
na célula penetroua
PT
Essa=força
0 é denominada
M = 0 pressão osmótica do suco vacuo­
DPD = PO Sc = SI H 2
O
2
na célula pressiona
membrana
(PT)
a
celulósica
lar, que=será membrana celulósica
DPD POrepresentada
Sc = SI por PO ou Si (sucção interna da (PT)
célula). A água penetra no vacúolo da célula e começa a
distendê-lo. Em consequência, surge uma pressão (pressão Núcleo

de turgescência) sobre a membrana celulósica. Esquema mostrando o movimento osmótico na célula vegetal.
Núcleo
Esquema mostrando o movimento osmótico na célula vegetal.
Como a membrana é dotada de elasticidade, ela vai se dis­
Esquema mostrando o movimento osmótico na célula vegetal
tendendo, originando uma força contrária à distensão, ten­
dendo a voltar à sua posição inicial. Essa força é chamada § Plasmólise – caso a célula seja mergulhada em uma
de pressão de turgescência (turgor) e representada por PT solução de concentração superior à do vacúolo, ou seja,
ou M (resistência da membrana). dentro de uma solução hipertônica em relação ao DPD
da célula, ela perderá água contraindo-se até ficar frou­
A penetração de água no interior da célula vegetal vai de­
xa. O vacúolo segue perdendo água, e o citoplasma vai
pender dessas forças.
se afastando da parede celular. O espaço existente entre
a. pressão osmótica do suco vacuolar (PO) – favorá­ o citoplasma e a parede fica cheio com a solução exter­
vel à entrada de água; na, uma vez que a membrana celulósica é permeável. Às

79
vezes, o afastamento do citoplasma da parede celulósica § Fagocitose – é o nome dado ao processo pelo qual a
não é total, ficando o citoplasma ligado à parede por célula, graças à formação de pseudópodos, absorve, no
meio de finos ligamentos de Hecht. Nessa situação, DPD seu citoplasma, partículas sólidas. A fagocitose é um pro­
= PO e PT = 0. A plasmólise não provoca a morte da cesso seletivo, conforme pode ser observado no exemplo
célula vegetal. Caso a célula seja mergulhada em água da fagocitose de paramécios pelas amebas. Nos mamífe­
ou solução hipotônica, ela voltará a absorver água até ros, a fagocitose é realizada por células especializadas na
voltar ao estado inicial. Esse fenômeno é denominado defesa do organismo, como os macrófagos, e por células
desplasmólise. Observe a seguir ilustrações sobre a plas­ endoteliais dos capilares sanguíneos.
mólise e desplasmólise da célula vegetal. Em seguida, o
diagrama de Höfler, que mostra as variações de volume § Pinocitose – é o nome dado ao processo pelo qual
de uma célula vegetal colocada em diferentes meios. Em a célula, graças a delgadas expansões do citoplasma,
1, a célula está murcha e, em 3, está túrgida. engloba gotículas de líquido. Assim, formam-se va­
cúolos contendo líquido que se aprofundam no cito­
plasma tornando-se cada vez menores, o que sugere
uma transferência de líquido para o hialoplasma. No
processo da pinocitose, formam-se longas projeções
laminares da superfície celular, visíveis ao microscópio
óptico, que dão origem a vesículas também grandes
no processo denominado macropinocitose. Observe a
seguir que os vacúolos originados pela fagocitose (II)
e pinocitose (I) são fundidos a lisossomos produzidos
Diagrama representativo das variações de volume celular pelo complexo de Golgi.
em decorrência das alterações osmóticas do meio
Retículo
endoplasmático
3.4.3. Transporte em quantidade granular

Complexo
§ Transporte em quantidade – o transporte em quan­ de Golgi
tidade para dentro da célula, também chamado de I
Lisossomo vacúolo autofágico
endocitose, é realizado por dois processos denomina­
dos fagocitose e pinocitose. Quando a transferência de III
corpo
macromoléculas ocorre em sentido inverso, ou seja, do II residual
citoplasma para o meio extracelular, o processo recebe o
fagossomo vacúolo
nome genérico de exocitose.
digestivo

O papel do complexo de Golgi nos diferentes


tipos de digestão intracelular

Representação de endocitose multimídia: vídeo


Fonte: Youtube
Animação Célula 3D

Representação de exocitose

80
VIVENCIANDO

Dado que a citologia é o estudo da célula individualizada, é possível utilizar esse ramo das Ciências Biológicas para
estudar as estruturas celulares e como elas interagem umas com as outras. Esse conhecimento serve para mapear
as funções das células de cada tecido do corpo humano e distinguir, por exemplo, microrganismos que podem ser
patógenos ou até mesmo células do próprio organismos que foram modificadas devido às mutações. A detecção de
células anormais e de doenças, como câncer e/ou anomalias no pré-natal, são alguns exemplos disso.

Uma aplicação corriqueira da citologia é o exame do Papanicolau, que consiste na coleta de células do colo do
útero e da vagina para análise no microscópio. Esse exame previne doenças como câncer, infecções vaginais, HPV,
tricomoníase, candidíase, gonorreia, sífilis, entre outras.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

No estudo das plantas, para compreender como um vegetal retira água do solo, é necessário o uso de termos
físicos, como pressão osmótica. A pressão osmótica é a força com que a água se move através das membranas
celulares. Outro exemplo é a pressão de turgescência, que é a resistência da membrana celulósica à entrada de
água na célula. A diferença entre a pressão osmótica e a pressão de turgescência resulta no deficit de pressão,
que mostra o sentido do movimento da água nas raízes das plantas.
DPD = PO – PT, onde:
DPD = deficit de pressão
PO = pressão osmótica
PT = pressão de turgor

81
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

A absorção de nutrientes através do intestino é um processo essencial para a manutenção do equilíbrio interno
dos organismos. Associar as funções e os tipos de especializações de membranas celulares com os esquemas
apresentados facilitará a resolução da questão.

MODELO 1
(Enem) Para explicar a absorção de nutrientes, bem como a função das microvilosidades das membranas das
células que revestem as paredes internas do intestino delgado, um estudante realizou o seguinte experimento:
Colocou 200 ml de água em dois recipientes. No primeiro recipiente, mergulhou, por 5 segundos, um pedaço
de papel liso, como na FIGURA 1; no segundo recipiente, fez o mesmo com um pedaço de papel com dobras
simulando as microvilosidades, conforme FIGURA 2. Os dados obtidos foram: a quantidade de água absorvida
pelo papel liso foi de 8 ml, enquanto pelo papel dobrado foi de 12 ml.

Figura 1 Figura 2

Com base nos dados obtidos, infere-se que a função das microvilosidades intestinais com relação à absorção
de nutrientes pelas células das paredes internas do intestino é a de
a) manter o volume de absorção;
b) aumentar a superfície de absorção;
c) diminuir a velocidade de absorção;
d) aumentar o tempo da absorção;
e) manter a seletividade na absorção.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse exercício é essencial reconhecer a importância das microvilosidades, que são especializações da mem­
brana plasmática encontradas principalmente nas células do intestino delgado. Essas especializações têm
como função promover uma área maior de absorção de nutrientes, fenômeno que ocorre em grande quan­
tidade no intestino. No esquema apresentado com figuras, representando os papéis, é possível observar que,
ao esticar totalmente o papel da figura 2, a sua área será maior do que o papel representado na figura 1.

RESPOSTA Alternativa B

82
DIAGRAMA DE IDEIAS

CITOLOGIA TEORIA CELULAR

• TODO SER VIVO É FORMADO POR CÉLULAS


• TODA REAÇÃO METABÓLICA OCORRE EM NÍVEL CELULAR
CÉLULA • TODA CÉLULA SE ORIGINA DE OUTRA PREEXISTENTE
• TODA CÉLULA POSSUI DNA

ORIGEM EUCARIONTE PROCARIONTE

• ENDOSSIMBIOSE • RIBOSSOMOS
• INVAGINAÇÃO DA • DNA CIRCULAR
MEMBRANA • UNICELULAR

ORGANELAS NÚCLEO MEMBRANA PAREDE


CITOPLASMÁTICAS ORGANIZADO PLASMÁTICA CELULAR

• LISOSSOMOS • FUNGOS - QUITINA


• MITOCÔNDRIAS • VEGETAIS - CELULOSE
• RETÍCULO ENDOPLASMÁ­ • BACTÉRIAS -
TICO (LISO E RUGOSO) PROTEOGLICANOS
• COMPLEXO DE GOLGI
• PEROXISSOMO
• CLOROPLASTO EVACÚOLO ESPECIALIZAÇÕES
(CELULA VEGETAL)
• MICROVILOSIDADES
• INVAGINAÇÕES DE BASE
TRANSPORTE DE CONTATO
• DESMOSSOMOS
• INTERDIGITAÇÕES
• JUNÇÕES CELULARES

EM QUANTIDADE ATIVO PASSIVO OSMOSE

DIFUSÃO
• SIMPLES
• FACILITADA

83
Os ribossomos de eucariontes são ligeiramente maiores
AULAS 11 E 12 que os de procariontes. Estruturalmente, o ribossomo é
formado por uma subunidade pequena e outra maior. Bio­
quimicamente, ribossomo consiste em moléculas de RNA
ribossômico (RNAr) associadas à cerca de 50 nucleoproteí­
nas estruturais. Essa estrutura foi determinada pela cientis­
ta Ada E. Yonath, que ganhou o prêmio Nobel de Química
CITOPLASMA em 2009 por essa descoberta.
O RNAr é sintetizado no núcleo, a partir de genes específicos.
Esses genes estão em constante transcrição (fabricação de
RNA) e a região do núcleo onde eles se localizam pode ser
observada através de microscópios de luz como uma man­
cha mais clara; essa região é chamada de nucléolo.
COMPETÊNCIA: 4 Observe a ilustração a seguir:

HABILIDADES: 13 e 14

1. Organelas citoplasmáticas
O citoplasma é o constituinte celular mais abundante. Ele Retículo endoplasmático
rugoso
é composto pelo citosol e pelos organoides. O citosol, tam­
bém chamado de hialoplasma, citoplasma fundamental ou Retículo endoplasmático
rugoso

matriz citoplasmática, é uma solução aquosa que constitui subunidade


Ribossomo livres
Ribossomos livres

o meio interno da célula. Imersos no citosol, aparecem os pequena

organoides ou organelas, os elementos responsáveis pelas


atividades celulares. subunidade
grande 0,5 µm Ribossomo
Ribossomo.
Representação esquemática do ribossomo, com subunidades (à esquerda) e
1.1. Ribossomos sua disposição no retículo endoplasmático rugoso (à direita).

fonte: https://pt.slideshare.net/Cleunii/ribossomos
Os ribossomos são as organelas que sintetizam as proteínas.
Eles se apresentam sob a forma de partículas globulares com
15 a 20 nm de diâmetro. Estão presentes em todos os seres Os ribossomos e a síntese proteica
celulares. Os ribossomos não são limitados por membranas e A síntese proteica é o processo pelo qual os ribosso-
ocorrem tanto em procariontes quanto em eucariontes. Nos mos produzem proteínas usando como matéria-prima
eucariontes, é comum que os ribossomos estejam associa­ os aminoácidos. As proteínas diferem entre si pelo nú-
dos às membranas de partes do retículo endoplasmático. mero, tipo e sequência de aminoácidos. A informação
genética para o encadeamento dos aminoácidos está
contida no DNA intranuclear, e os ribossomos, agentes
do processo, estão presentes no citoplasma. A trans-
missão da receita, do DNA para os ribossomos, ocorre
através de outra macromolécula, o RNA mensageiro.
A função do ribossomo é ler a mensagem contida no
RNA mensageiro e, por meio de suas informações,
multimídia: site adicionar aminoácidos e sintetizar proteínas.

https://www.blogs.unicamp.br/cienciapelosolhosde­ 1.2. Retículo endoplasmático


las/2016/07/22/nobel-ada-yonath-desvendando-os­
O retículo endoplasmático é formado por uma rede de es­
-ribossomos/
truturas tubulares e vesiculares achatadas, sendo que os

84
túbulos e as vesículas são interconectados uns aos outros. 1.3. Complexo de Golgi
Pode-se distinguir dois tipos de retículo endoplasmático:
o retículo endoplasmático rugoso (RER) ou granular e o O complexo de Golgi está presente em praticamente todas
retículo endoplasmáticos liso (REL) ou agranular. O RER as células eucariontes e geralmente é formado por quatro
ou mais camadas empilhadas de delgadas vesículas acha­
também é chamado de ergastoplasma e é formado por
tadas, que se situam próximas ao núcleo.
sacos achatados, cujas membranas têm aspecto rugoso
devido à presença de grânulos (ribossomos) aderidos à sua
superfície externa, voltada para o citosol. O REL é formado 1.3.1. Funções do complexo de Golgi
por estruturas membranosas tubulares, sem ribossomos § Secreção de enzimas digestivas – as enzimas di­
aderidos e de superfície lisa. gestivas do pâncreas são exemplo de enzimas produ­
zidas no RER e levadas até o complexo de Golgi, onde
1.2.1. Funções do retículo endoplasmático são empacotadas em pequenas bolsas, que se des­
prendem dos dictiossomos e se acumulam em um dos
§ Produção de lipídios – a lecitina e o colesterol são
polos da célula pancreática. A produção de enzimas
exemplos de componentes lipídicos que existem em to­
digestivas pelo pâncreas é apenas um entre muitos
das as membranas celulares e são produzidos no REL.
exemplos da função do complexo de Golgi nos proces­
Outros tipos de lipídios produzidos são os hormônios
sos de secreção celular.
esteroides, dentre os quais estão a testosterona e o
estrógeno (hormônios sexuais gerados nas células das § Formação do acrossomo do espermatozoide – o
gônadas de animais vertebrados). acrossomo é uma bolsa de enzimas digestivas do es­
permatozoide maduro que perfurarão as membranas
§ Desintoxicação – o REL participa dos processos de do óvulo permitindo a fecundação.
desintoxicação do organismo. As substâncias tóxicas são
absorvidas nas células do fígado e, posteriormente, são
modificadas ou destruídas, de modo a não causarem da­
nos ao organismo. A atuação do retículo das células he­
páticas permite eliminar parte do álcool, medicamentos
e outras substâncias potencialmente nocivas.

§ Armazenamento de substâncias – os vacúolos das


células vegetais são exemplos de bolsas membranosas
derivadas do REL, que crescem devido ao acúmulo de
soluções aquosas ali armazenadas.

§ Produção de proteínas – as proteínas fabricadas


no RER (devido à presença dos ribossomos) penetram
nas bolsas e se deslocam em direção ao complexo de
Golgi, passando pelos estreitos e tortuosos canais do
REL. Observe a seguir um detalhe das cisternas (bolsas
membranosas) do retículo.
Esquema de formação do acrossomo
fonte: https://renathalicebioifes.wordpress.com/category/citologia/
Ribossomos Membranas

§ Síntese de glicoproteínas – No sistema golgiense,


os monossacarídeos são transformados em polissaca­
rídeos e, em seguida, associados às proteínas sinteti­
zadas pelos ribossomos, originando as glicoproteínas
conhecidas como muco ou mucopolissacarídeos, que
aparecem revestindo, por exemplo, internamente o
tubo digestório.

§ Síntese de glicolipídios – o sistema golgiense atua


na síntese de lipídios, como é o caso dos glicolipídios
O retículo endoplasmático com suas cisternas. do glicocálix.

85
§ Formação da lamela média em células vegetais § Tipos de lisossomo
– o complexo de Golgi participa ativamente da formação 1. Lisossomo primário: é o lisossomo propriamente dito, isto
da lamela média, a primeira membrana que separa duas é, a vesícula que possui em seu interior as enzimas digestivas.
células recém-originadas na divisão celular. Grandes ve­
sículas derivadas do complexo de Golgi acumulam pecti­ 2. Lisossomo secundário ou vacúolo digestivo: resulta da
na, que é eliminada entre as células-irmãs recém-forma­ fusão do lisossomo primário com a partícula englobada,
das, constituindo, assim, a primeira separação entre elas que pode estar dentro de um fagossomo ou pinossomo.
e, mais tarde, a lâmina que as mantém unidas. 3. Corpúsculo residual: é formado quando a vesícula lisos­
sômica, por exocitose, elimina na periferia celular o mate­
rial não assimilado.
4. Vacúolo autofágico: é formado quando a vesícula lisos­
sômica digere uma partícula pertencente à própria célula. A
autofagia é uma atividade indispensável à sobrevivência da
célula. Assim, a digestão intracelular pode ser classificada em:
Autofagia – quando os lisossomos digerem uma partícu­
la pertencente à própria célula; e
Heterofagia – quando a partícula digerida pelos lisosso­
mos é proveniente do meio extracelular.

Esquema de formação da lamela média em células vegetais

§ Formação de lisossomos – os lisossomos são bolsas


circundadas por uma membrana de bicamada lipídica e
preenchidas por um grande número de pequenos grânu­
los, que são agregados proteicos de enzimas hidrolíticas
(digestivas) capazes de digerir diversas substâncias or­
gânicas. Eles se originam no complexo de Golgi e estão
presentes em praticamente todas as células eucariontes.

1.4. Lisossomo
Os lisossomos são pequenas vesículas que transportam en­
zimas responsáveis pela digestão celular. Mecanismos envolvidos na digestão intracelular.

O complexo de Golgi formando vesículas de secreção e lisossomos.

86
periférica da célula. Sua função também é a de regular as
trocas de água na osmose.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Organelas celulares

Doenças lisossômicas
As doenças lisossômicas estão associadas a anomalias
relacionadas à membrana ou ao conteúdo enzimático
dos lisossomos. Como exemplo é possível citar as pneu-
moconioses e a doença de Pompe. As primeiras são co-
muns em indivíduos que trabalham em minas, sendo Formação de vacúolo na célula vegetal adulta
caracterizadas por lesões pulmonares causadoras de
http://www.estudopratico.com.br/vacuolos-tipos-
dispneias, isto é, dificuldades respiratórias. Quando os e-funcoes-desta-organela-celular/
mineiros inalam partículas de silício, berilo, estanho e
Em protozoários de água doce, há vacúolos pulsáteis, tam­
zinco, elas são fagocitadas por células conhecidas como
bém denominados contráteis, cujo papel é de regulação
macrófagos. Os lisossomos primários se unem aos va-
osmótica. A integridade celular corre riscos em razão do
cúolos digestórios, originando os lisossomos secundá-
absorção constante de água do meio para o interior da
rios, cujas paredes se rompem por ação das partículas
célula. Removê-la continuamente mantém equilibrada a
fagocitadas. Os macrófagos morrem e liberam suas en-
concentração dos líquidos celulares e evita riscos de rompi­
zimas, que causam as lesões pulmonares. Na doença de
mento da célula, trabalho esse que consome energia.
Pompe, ocorre acúmulo de glicogênio nos lisossomos,
que aumentam de volume. A doença se caracteriza,
desde o nascimento do indivíduo, por uma dispneia
associada a problemas cardíacos. A morte acontece ao
final do primeiro ano de vida.

1.5. Vacúolos
Um vacúolo é qualquer porção no citoplasma delimitado por
uma membrana lipoproteica. As variedades mais comuns
são: vacúolos relacionados com a digestão intracelular, va­
cúolos contráteis (ou pulsáteis) e vacúolos vegetais. Também
podem existir estruturas no citoplasma chamadas de inclu­
sões, que são derivadas dos vacúolos e acumulam amido ou
lipídios. O conjunto de inclusões se denomina paraplasma.
Os vacúolos das células vegetais são tidos como regiões
expandidas do retículo endoplasmático. Quando se trata Paramécio, protozoário de água doce, com seu vacúolo contrátil.
de células vegetais jovens, são pequenos e isolados um
do outro. À medida que a célula se desenvolve, esses pe­
quenos vacúolos se fundem, formando um único, grande e 1.6. Peroxissomos
central vacúolo (observe a figura a seguir). A expansão do Os peroxissomos são, em termos físicos, semelhantes aos
vacúolo, quando armazena alguma substância, leva o res­ lisossomos, mas diferem em dois aspectos importantes: pri­
tante do citoplasma a ficar comprimido e restrito à porção meiro, acredita-se que sejam formados por autorreplicação

87
(ou talvez por brotamento do REL) e não pelo complexo de É importante lembrar que as mitocôndrias são de origem
Golgi; segundo, contêm oxidases e não hidrolases. Além de materna, uma vez que, ao penetrar no óvulo, apenas o ma­
conterem enzimas que degradam gorduras e aminoácidos, terial genético do espermatozoide é inserido.
possuem também grande quantidade da enzima catalase, que
converte o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) em água 1.8. Plastos
e gás oxigênio. Os peroxissomos estão presentes em grande
quantidade nas células de defesa, como os macrófagos, e Os plastos são orgânulos citoplasmáticos encontrados nas
também existem nas células vegetais, em que participam do células de plantas e de algas. Eles são classificados em
processo da fotorrespiração. A função dos peroxissomos no cromoplastos, que são plastos coloridos que armazenam
metabolismo celular ainda é pouco conhecida, mas acredita­ pigmentos, e leucoplastos, que são plastos incolores que
-se que participem dos processos de desintoxicação da célula. armazenam substâncias nutritivas, como os amiloplastos
(amido), os oleoplastos (óleos) e os proteoplastos (proteí­
nas). Os plastos participam da fotossíntese (cromoplastos) e
1.7. Mitocôndrias armazenam substâncias nutritivas (leucoplastos).
As mitocôndrias são formadas por duas bicamadas lipídi­
cas: uma membrana externa e uma membrana interna. En­ plastos pigmentos cor
quanto a membrana externa é mais permeável e contínua, cloroplastos clorofila verde

a membrana interna é bastante impermeável e possui inú­ xantoplastos xantofila amarelo

meras pregas chamadas cristas mitocondriais, nas quais se eritroplastos eritrofila vermelho

fixam enzimas oxi­dativas fundamentais para o processo de cianoplastos cianofila azul

respiração celular. A cavidade interna das mitocôndrias é feoplastos feofila parda


preenchida por um fluido denominado matriz mitocondrial,
que contém grande quantidade de enzimas dissolvidas, ne­ Os cloroplastos são orgânulos citoplasmáticos discoides
cessárias para a extração de energia dos nutrientes. que possuem duas membranas envolventes e diversas
membranas internas que formam pequenas bolsas dis­
A composição química das mitocôndrias é riquíssima, no­
coidais e achatadas denominadas tilacoides. Os tilacoides
tando-se principalmente a presença de DNA, RNA, proteí­
se organizam uns sobre os outros e formam estruturas ci­
nas, carboidratos, enzimas, ATP, adenosina difosfato (ADP),
líndricas semelhantes a pilhas. Cada pilha é um granum,
etc. No interior das mitocôndrias, ocorre a respiração ce­
lular, que é o processo em que moléculas orgânicas de palavra do latim que significa “grão”. O espaço interno do
alimento reagem com gás oxigênio, transformando-se em cloroplasto é preenchido por um fluido viscoso chamado
gás carbônico e água e liberando energia na forma de ATP, estroma, que corresponde à matriz das mitocôndrias e con­
como podemos ver na equação simplificada abaixo. Essa tém DNA, enzimas e ribossomos. Observe a estrutura do
energia é essencial para todas as atividades celulares. cloroplasto na figura a seguir.

Toda mitocôndria surge da reprodução de uma outra mito­


côndria, sendo que a divisão da mitocôndria é denominada
condrocinese ou condrogênese. Observe a microfotografia
de uma mitocôndria com as cristas bastante evidentes.
Membrana
Espaço entre
externa Cristas
as membranas
externa e interna Membrana
interna
Disposição do cloroplasto na célula vegetal e detalhes da sua estrutura.
Matriz

1.9. Centríolos
Os centríolos são estruturas citoplasmáticas que estão pre­
sentes na maioria dos organismos eucariontes, não ocor­
rendo nos vegetais superiores, nos fungos complexos e nos
nematoides. O centríolo é um cilindro, cuja parede é for­
Ribossomo Sintetase do ATP DNA
mada por nove conjuntos de três microtúbulos. Em geral,
Esquema representativo da mitocôndria eles ocorrem aos pares nas células. Os centríolos são des-

88
providos de membrana e são constituídos por túbulos
Membrana
de natureza proteica (tubulina). Os centríolos dão origem a ciliar ou
Bainha central
estruturas locomotoras denominadas cílios e flagelos, que flagelar

diferem entre si quanto ao comprimento e número por cé­


lula. Os flagelos são longos, pouco numerosos e executam Fibrilas
ondulações que se propagam da base em direção à extre­ Placa
centrais
midade livre. Além disso, os flagelos possuem um eixo de basal

sustentação formado pelos centríolos chamado axonema, Corpúsculo


basal
Membrana
Braços
que é envolvido por uma membrana lipoproteica. Os cílios plasmática

são curtos, muito numerosos e executam um movimento


semelhante ao de um chicote, com a altíssima
Membrana
frequência Membrana
Bainha central
de 10 a 40 batimentos por segundo. ciliar ou
flagelar

1.9.1. Função dos centríolos Microtúbulos


Fibrilas
centrais
§ Orientar a divisão celular, pois originam uma estrutura Placa
basal
denominada fuso mitótico, em que se prendem os cro­ Corpúsculo Filamento
basal
mossomos. Membrana
plasmática
Braços secundário

§ Originar cílios e flagelos – locomoção da célula, mo­ Estrutura de cílios e flagelos.


vimentação de líquido extracelular e limpeza das vias
respiratórias. Os flagelos trabalham como chicotes que
puxam ou empurram o organismo pela água. Os cí­
lios trabalham como remos (o paramécio tem, em sua
superfície exterior, 17 mil cílios que remam dando-lhe
movimento). A primeira figura abaixo mostra a ultraes­
trutura do centríolo, e a segunda figura apresenta a es­
trutura do axonema em um corte transversal da cauda multimídia: vídeo
do espermatozoide.
Fonte: Youtube
Centríolos
Citologia: Célula Animal e Celula Vegetal.

1.10. Filamentos intermediários


O citoplasma de uma célula eucariótica é sustentado e or­
ganizado por um citoesqueleto de filamentos intermediá­
rios, microtúbulos e filamentos de actina. Os filamentos in­
termediários são polímeros estáveis de proteínas fibrosas,
em forma de corda, que conferem resistência mecânica às
células. Alguns tipos revestem internamente a membrana
nuclear formando a lâmina nuclear; outros estão distribu­
ídos por todo o citoplasma. Observe o esquema a seguir:

Membrana
Plasmática
Movimentos por batimento dos cílios
Retículo microtúbulo
endoplasmático
mitocôndria

Ribossomos
Centríolos

Microfilamentos
e filamentos
Deslocamento por batimento de flagelos intermediários

Os centríolos formadores de cílios e flagelos e os diferentes tipos de


Componentes do citoesqueleto demonstrando seu
movimentos realizados por essas estruturas.
papel na sustentação da forma celular
http://mundobiologico-geral.blogspot.com.br/p/citologia.html http://www.estudopratico.com.br/citoesqueleto-funcao-e-componentes/

89
conhecidas como instabilidade dinâmica, são controladas
pela hidrólise da ATP ligada aos dímeros de tubulina.

25 µm 25 µm 25 µm

FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS MICROTÚBULOS FILAMENTOS DE ACTINA

25 µm 25 µm 25 µm

FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS MICROTÚBULOS FILAMENTOS DE ACT

25 µm 25 µm 25 µm

Estrutura de componentes do citoesqueleto e sua disposição na célula.

25 µm 25 µm 25 µm
1.11. Microtúbulos
Cada dímero de tubulina possui uma molécula de ATP
Os microtúbulos são tubos rígidos e ocos formados pela
firmemente ligada, que é hidrolisada a ADP, depois que a
polimerização de subunidades diméricas da proteína tubu­
tubulina se organiza em microtúbulo. A hidrólise da ATP
lina. São estruturas polarizadas com uma extremidade ne­
reduz a afinidade da subunidade por sua vizinha e diminui
gativa (–), de crescimento mais lento, e uma extremidade
a estabilidade do polímero, ocasionando sua desagrega­
positiva (+), de crescimento mais rápido. Os microtúbulos
ção. Os microtúbulos podem ser estabilizados por proteí­
se concentram em centros organizadores, como o centros­
nas que capturam a extremidade positiva, um processo que
somo, a região organizadora de microtúbulos, onde estão
influencia a posição do feixe de microtúbulos dentro de
localizados os centríolos, e crescem centrifugamente.
uma célula. As células possuem muitas proteínas associa­
As extremidades negativas permanecem imersas no centro das a microtúbulos, que os estabilizam, ligando-os a outros
organizador. Na célula, diversos microtúbulos se mantêm componentes celulares e utilizando-os para funções espe­
em um estado dinâmico lábil, no qual alternam entre um cíficas. As quinesinas e as dineínas são proteínas motoras
estado de crescimento e um de retração. Essas transições, que usam a energia de hidrólise da ATP para se deslocar

VIVENCIANDO

Com a compreensão do papel de cada organela dentro de uma unidade celular, tornou-se possível elucidar a
causa de algumas doenças que acometem os seres vivos, como os problemas com os lisossomos.

O desenvolvimento da genética na prática médica tem provocado impacto na compreensão, no diagnóstico e


mesmo no tratamento de diversas condições pediátricas nas últimas décadas. Tecnologias recentes têm sido dis­
ponibilizadas no campo terapêutico das doenças lisossômicas (DL), condições consideradas uma causa importante
de doença pediátrica neurodegenerativa. Trata-se de um modelo único para a condução de pesquisas que podem
levar ao desenvolvimento e monitoramento de terapias restauradoras ou modificadoras do curso natural da doença.

O termo “doenças lisossômicas” (DL) foi introduzido por Hers (1965) ao explicar a patogênese da doença de Pom­
pe, glicogenose tipo II, DL causada pela atividade deficiente da enzima α-1,4-glicosidase, localizada nos lisossomos.

90
unidirecionalmente ao longo dos microtúbulos. Elas trans­ As diferentes formas e funções dos filamentos de actina
portam organelas membranosas e outras estruturas e, des­ nas células dependem de múltiplas proteínas ligadoras de
sa maneira, mantêm a organização espacial do citoplasma. actina. Essas proteínas controlam a polimerização dos fila­
mentos e as ligações cruzadas entre eles, formando redes
Os cílios e flagelos eucarióticos são formados por um feixe
frouxas ou feixes rígidos, ligam-nos às membranas ou os
de microtúbulos estáveis. Seu batimento é consequência
deslocam uns em relação aos outros.
da flexão dos microtúbulos, comandada por uma proteína
motora denominada dineína ciliar. Os filamentos de acti­ As miosinas são proteínas motoras que usam a energia de
na são polímeros helicoidais de moléculas de actina. Eles hidrólise da ATP para se deslocar sobre os filamentos de ac­
são mais flexíveis dos que os microtúbulos e encontrados tina; elas podem transportar organelas ao longo dos trilhos
com frequência formando feixes ou redes associados com de filamentos ou permitir o deslizamento dos filamentos, uns
a membrana plasmática. sobre os outros, nos feixes contráteis. Uma rede de filamen­
tos de actina forma, sob a membrana plasmática, o córtex
1.12. Filamentos de actina celular, que é responsável pela forma e pelo movimento da
superfície celular, incluindo os movimentos envolvidos com o
Os filamentos de actina são estruturas polarizadas, conten­ deslocamento de uma célula sobre uma superfície, como a
do uma extremidade de crescimento rápido e uma de cres­ diapedese e mesmo com a formação de pseudópodos. A
cimento lento; sua montagem e desmontagem são contro­ contração muscular depende do deslizamento dos filamen­
ladas pela hidrólise da ATP que está firmemente ligada a tos de actina, comandado pelo movimento repetitivo das
cada um dos monômeros de actina. cabeças de miosina. A contração é iniciada pelo aumento
súbito dos níveis de Ca2+ citosólico, o que libera, via prote­
ínas ligadoras de Ca2+, um sinal para o aparelho contrátil.

25 µm 25 µm

MICROTÚBULOS FILAMENTOS DE ACTINA


multimídia: site

http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia/
cito15.php
25 µm

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A compreensão da atividade das organelas presentes no hialoplasma, como os peroxissomos, envolve princípios
químicos, como oxidação, redução e radicais livres. A catalase, enzima presente nos peroxissomos, decompõe o
peróxido de hidrogénio (H2O2), de acordo com a reação química 2H2O2 → 2H2O + O2.
O peróxido de hidrogênio é uma molécula oxidante (recebe elétrons durante uma reação química de outro
composto); assim, ele é capaz de reagir com o DNA, o que pode produzir mutações no material genético. Dessa
forma, o peroxissomo tem a função de destruir essas substâncias e proteger o DNA de possíveis danos.

91
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

O tema das organelas celulares sempre aparece no Enem. É importante saber relacionar a organela à sua função
correspondente para o funcionamento celular.

MODELO 1

(Enem) As proteínas de uma célula eucariótica possuem peptídeos sinais, que são sequências de aminoácidos
responsáveis pelo seu endereçamento para as diferentes organelas, de acordo com suas funções. Um pesqui­
sador desenvolveu uma nanopartícula capaz de carregar proteínas para dentro de tipos celulares específicos.
Agora, ele quer saber se uma nanopartícula carregada com uma proteína bloqueadora do ciclo de Krebs in
vitro é capaz de exercer sua atividade em uma célula cancerosa, podendo cortar o aporte energético e destruir
essas células.
Ao escolher essa proteína bloqueadora para carregar as nanopartículas, o pesquisador deve levar em conta um
peptídeo sinal de endereçamento para qual organela?

a) Núcleo.
b) Mitocôndria.
c) Peroxissomo.
d) Complexo golgiense.
e) Retículo endoplasmático.

ANÁLISE EXPOSITIVA

O ciclo de Krebs é uma das etapas da respiração celular. Esse processo tem como função produzir nas células
energia na forma de ATP (adenosina trifosfato). A organela presente em células eucariontes, responsável por
essa síntese de energia e onde ocorre o ciclo de Krebs, é a mitocôndria.

RESPOSTA Alternativa B

92
DIAGRAMA DE IDEIAS

CLOROPLASTO PEROXISSOMO MITOCÔNDRIA

• CÉLULA VEGETAL • CONVERTER PERÓXIDO • SÍNTESE DE ENERGIA


• FOTOSSÍNTESE DE HIDROGÊNIO EM NA FORMA DE ATP
ÁGUA E OXIGÊNIO • RESPIRAÇÃO AERÓBIA

COMPLEXO DE GOLGI CENTRÍOLO

• SECREÇÃO DE • DIVISÃO CELULAR


ENZIMAS DIGESTIVAS • CÍLIOS E FLAGELOS
• ACROSSOMO • AUSENTE EM
• LAMELA MÉDIA CÉLULAS VEGETAIS
(CÉLULA VEGETAL)

ORGANELAS RETÍCULO
VACÚOLO
CITOPLASMÁTICAS ENDOPLASMÁTICO

PULSÁTIL LISO

• PROTOZOÁRIOS RIBOSSOMO LISOSSOMO • SÍNTESE E TRANSPORTE


DE ÁGUA DOCE DE LIPÍDEOS
• OSMORREGULAÇÃO • DESINTOXICAÇÃO
• SÍNTESE DIGESTÃO
DO ORGANISMO
PROTEICA CELULAR
• AUTOFAGIA
DIGESTIVO
• HETEROFAGIA
• AUTÓLISE RUGOSO
• CÉLULAS FAGOCITÁRIAS
• SÍNTESE E TRANSPORTE
CITOESQUELETO
DE PROTEÍNAS
VEGETAIS FILAMENTOS IN­TERMEDIÁRIOS

• ARMAZENAMENTO • RESISTÊNCIA MECÂNICA


DE SUBSTÂNCIAS
• CONTROLE OSMÓTICO MICROTÚBULOS:

• FORMADOS POR TUBULINA


• FORMAM CÍLIOS E FLAGELOS

FILAMENTOS DE ACTINA:

• CONTRAÇÃO MUSCULAR
• FORMAÇÃO DE PSEUDÓPODOS

93
poros do envoltório intervêm na regulação das trocas entre
AULAS 13 E 14 o núcleo e o citoplasma. Dessa forma, quanto maior for a
atividade metabólica de uma célula, maior será a quan­
tidade de poros. No interior do envoltório, encontra-se o
nucleoplasma ou carioplasma, um gel proteico cujas pro­
priedades são comparáveis às do hialoplasma; nele estão
imersos o nucléolo e a cromatina.
NÚCLEO
2. O nucléolo
Nucléolos são regiões intranucleares ricas em RNA ribos­
sômico. Por meio do microscópio eletrônico, é possível
verificar que os nucléolos não são envolvidos por membra­
nas. Uma importante função do nucléolo é a produção
COMPETÊNCIA: 4
do RNA ribossômico, por isso é bastante desenvolvido
nas células com intensa síntese proteica. No início da divi­
HABILIDADES: 13 e 14 são celular, os cromossomos começam a se condensar, e
consequentemente a produção de RNAs, inclusive RNA ri­
bossômico, é pausada. Por isso, é possível observar através
de microscópios que, durante o inicio da divisão celular, os

1. Introdução nucléolos vão se reduzindo conforme os cromossomos se


condensam, sendo reconstituídos no fim da divisão a partir
O Núcleo é uma estrutura celular que abriga o DNA das cé­ da expressão de genes chamados RON’s, isto é, regiões
lulas eucariotas. O núcleo é delimitado por uma membrana organizadoras do nucléolo, localizados em cromossomos
chamada envoltório nuclear. Durante a divisão celular, esse específicos, que são conhecidos como cromossomos orga­
evoltório nuclear é desfeito, de modo que o material gené­ nizadores nucleolares.
tico pode ser dividido entre as células-filhas. Quando uma
célula não está passando por divisão celular, dizemos que
ela se encontra em interfase. Observe na figura a seguir
os componentes do núcleo interfásico:

Carioplasma

Envoltório
Carioteca
multimídia: vídeo
Heterocromatina nuclear
Fonte: Youtube
Poro
Eucromatina
Replicação e Compactação do DNA
Nucléolo
(3D Animation Legendado)

3. A cromatina
Composição do núcleo celular durante a interfase
É no interior do núcleo, nos eucariontes, que se localiza o
material genético. No núcleo interfásico, o material gené­
1. O envoltório nuclear tico está descondensado, e se organiza como um amonto­
ado de grânulos e filamentos dificilmente observáveis ao
e o nucleoplasma microscópio óptico. Esse conjunto de material genético in­
O envoltório nuclear, também denominado envelope nu­ terfásico é chamado de cromatina. A cromatina é compos­
clear ou carioteca, é constituído por uma dupla membrana ta de longos filamentos, que se apresentam distendidos ou
com duas lâminas (externa e interna) separadas pelo espa­ enrolados helicoidalmente. As porções enroladas são cha­
ço perinuclear e providas de uma série de poros. De natu­ madas de condensadas, e as distendidas, de descondensa­
reza lipoproteica, o envoltório está em continuidade com o das. O material genético é constituído por DNA e proteínas
retículo endoplasmático, do qual é uma diferenciação. Os básicas, denominadas histonas.

94
Em relação à estrutura e função, a cromatina é classificada cas da célula. A sua importância na vida da célula pode ser
em: eucromatina e heterocromatina, como é possível ob­ evidenciada com uma experiência clássica, conhecida como
servar na figura a seguir. A eucromatina aparece descon­ merotomia. Uma ameba é cortada em dois fragmentos: um
densada na interfase, condensando-se progressivamente nucleado e outro anucleado. O primeiro, nucleado, sobrevive,
durante a divisão celular, sendo geneticamente ativa, isto e o segundo, devido à falta do material genético, degenera.
é, capaz de produzir o RNA mensageiro. No estágio in­
terfásico, a heterocromatina se apresenta condensada,
formando grânulos conhecidos como cromocentros, sendo 6. A estrutura cromossômica
chamada de inativa por não produzir o RNA mensageiro. Cada cromossomo é formado por uma única molécula
de DNA associada a proteínas, cujo conjunto forma uma
complexa estrutura denominada cromatina. Examinada ao
microscópio eletrônico, a cromatina se apresenta sob a for­
ma de um filamento helicoidal, com 30 nm de espessura.
Quando distendido, esse filamento passa a ter 11 nm de
espessura, com uma estrutura semelhante a um colar de
contas. Assim, as contas são representadas pelos nucleos­
somos, e o fio, pela molécula de DNA, com 2 nm de espes­
As distensões de cromatina: heterocromatina (inativa) e eucromatina (ativa). sura. Cada nucleossomo é formado por um octâmero,
constituído por quatro pares de moléculas proteicas, de­
nominadas histonas. Observe na ilustração a seguir o ciclo
cromossômico de condensação:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Citologia – Componentes celulares

4. Número e tamanho
Em geral, as células não possuem mais do que um núcleo,
embora existam células binucleadas, como as do fígado e
as cartilaginosas, e plurinucleadas, como é o caso das mus­
culares estriadas. O tamanho do núcleo varia de um tipo
celular a outro, mas é único para o mesmo tipo. O volume
do núcleo interfásico é proporcional ao volume celular, o
que é expresso pela denominada relação nucleoplasmática
(RNP), que pode ser assim expressa:

Na célula jovem, o núcleo é volumoso e a RNP é elevada. Du­


rante o crescimento celular, a RNP diminui, pois o volume cito­
plasmático aumenta e o nuclear permanece inalterado. Quan­
do a RNP atinge certo valor mínimo e crítico, a célula se divide.
A formação do cromossomo a partir da molécula de DNA.

5. A função do núcleo 6.1. A forma do cromossomo


A principal função do material genético (que está presente Em um cromossomo condensado existe uma região estran­
no núcleo) é controlar e regular todas as atividades metabóli­ gulada que o divide em duas partes: os braços. Denomina­

95
VIVENCIANDO

Por meio do estudo do núcleo, ou seja, por meio da contagem do número de cromossomos presentes no núcleo
de uma determinada célula, é possível determinar uma espécie do ponto de vista molecular. Assim, seres vivos
que eram considerados da mesma espécie pela classificação morfofisiológica foram realocados em grupos dis­
tintos depois de uma análise genética detalhada dos componentes nucleares.

da constrição primária ou centrômero, essa região é cromossomo, dividindo-o em dois braços, um grande e
útil para a fixação do cromossomo nas fibras do fuso durante outro muito pequeno.
a mitose. Além da constrição primária, certos cromossomos
§ Submetacêntrico – cromossomo com centrômero
possuem estreitamentos que aparecem sempre no mesmo
submediano, dividindo o cromossomo em dois braços
lugar, são as constrições secundárias. O estudo do processo
desiguais, um menor e outro ligeiramente maior.
de reorganização nucleolar demonstrou que as constrições
secundárias possuem uma região denominada Zona Sat, sa­ § Metacêntrico – cromossomo com centrômero me­
télite ou região organizadora do nucléolo. diano, dividindo o cromossomo em dois braços iguais.
Em certos cromossomos, é possível observar na extremidade
de um dos braços uma pequena esfera presa por fina trabé­
cula: trata-se do satélite. As extremidades dos cromossomos
7. A duplicação dos cromossomos
são denominadas telômeros e os protegem e finalizam. A duplicação cromossômica é realizada longitudinalmente
e ocorre no período S da interfase, sendo determinada
pela replicação do DNA.

Caracterização de um tipo de cromossomo.

De acordo com a localização do centrômero e o tamanho rela­ Depois da duplicação, cada cromossomo apresenta-se dividi­
tivo dos braços, distinguem-se quatro tipos de cromossomos: do em duas metades denominadas cromátides, unidas pelo
acrocêntrico, submetacêntrico, metacêntrico e telocêntrico. centrômero que permanece indiviso, isto é, sem se dividir.

Tipos de cromossomo

§ Telocêntrico – cromossomo com centrômero terminal.

§ Acrocêntrico – cromossomo com centrômero sub­


terminal, ou seja, situado quase na extremidade do Cromátides: distintas em cromossomo duplicado.

96
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em relação à dinâmica da ativação e desativação dos genes, é fundamental conhecer grupos químicos
orgânicos, como o metil e o acetil. Além disso, também é importante possuir conhecimentos sobre
ligações químicas.
Histonas acetiladas representam um tipo de marco epigenético dentro da cromatina. As ligações dos grupos
acetil possuem uma carga negativa, neutralizando a carga positiva característica das histonas, reduzindo
assim a interação das histonas com os grupos fosfato negativamente carregados do DNA. Em consequência,
a cromatina é descondensada, permintindo maiores níveis de transcrição de genes. Esse descondensamento
pode ser revertido pela atividade de enzimas deacetiladoras e enzimas metiladoras. A ação de metilação é
indireta e não tem efeito sobre as cargas, porém, está relacionada com a condensação de genes e consequen­
temente com uma queda da transcrição gênica.

8. O número de cromossomos 9. O cariótipo


e a ploidia O número, o tamanho e a forma dos cromossomos dos in­
divíduos de uma mesma espécie não variam. Esse conjunto
A ploidia indica a quantidade de conjuntos cromossômi­ de características ou constantes cromossômicas é denomi­
cos que uma célula possui. nado cariótipo. O exame do cariótipo, também chamado de
A célula que possui apenas um conjunto simples de cro­ cariotipagem, é realizado durante a uma etapa da divisão
mossomos é denominada haploide, ou seja, tem apenas celular chamada de metáfase, quando os cromossomos
um único exemplar de cada tipo de cromossomo. Também são mais visíveis por estarem condensados ao máximo.
Para análise do cariótipo, fotografa-se a célula em metáfa­
é possível afirmar que apresenta somente um genoma,
se, recortando-se os cromossomos, que são arrumados em
que é o conjunto das moléculas de DNA que a célula pos­
ordem de tamanho decrescente. A cariotipagem humana,
sui. Lembre-se de que uma molécula de DNA é equivalente
por exemplo, é realizada com células cultivadas em labora­
geneticamente a um cromossomo.
tório e obtidas por biópsia de medula óssea, pele, testículos
A célula diploide possui dois conjuntos de cromossomos, e sangue. Espécies diferentes possuem cariótipos distintos.
ou pares de homólogos ou, ainda, dois genomas. O geno­ Observe a seguir a ilustração do cariótipo humano:
ma é representado por (n).
As células humanas são diploides e possuem 46 cromos­
somos ou moléculas de DNA. Dessa forma, deve ser identi­
ficada assim: 2n = 46, por possuir dois genomas, uma vez
que são diploides, totalizando 46 cromossomos. Observe o
exemplo a seguir:

Caracterização de diploidia e haploidia. Cariótipo humano masculino (XY)

97
Os cromossomos humanos
Em 1921, Theophilus Painter, observando ao micros-
cópio finos cortes de testículos humanos, contou,
pela primeira vez, 48 cromossomos. A experiência
foi confirmada por observações de outros biólogos
e durante 35 anos o número 48 sempre foi citado e multimídia: site
adotado. Em 1955, Tijo e Levan, utilizando técnicas
mais aprimoradas, constataram a existência de 46
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia2/
cromossomos.
nucleo.php

98
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 13
Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características
dos seres vivos.

Dentro do núcleo das células eucarióticas, os cromossomos podem estar organizados de diferentes maneiras. Para
a resolução dessa questão, é fundamental entender o conceito de ploidia e cariótipo, de acordo com o número e
com a quantidade de pares de cromossomos. Além disso, o conhecimento sobre divisão celular, que é assunto das
próximas aulas, também auxiliará na resolução.

MODELO 1
(Enem) Quando adquirimos frutas no comércio, observamos com mais frequência frutas sem ou com poucas
sementes. Essas frutas têm grande apelo comercial e são preferidas por uma parcela cada vez maior da po­
pulação. Em plantas que normalmente são diploides, isto é, apresentam dois cromossomos de cada par, uma
das maneiras de produzir frutas sem sementes é gerar plantas com uma ploidia diferente de dois, geralmente
triploide. Uma das técnicas de produção dessas plantas triploides é a geração de uma planta tetraploide (com
4 conjuntos de cromossomos), que produz gametas diploides e promove a reprodução dessa planta com uma
planta diploide normal.
A planta triploide oriunda desse cruzamento apresentará uma grande dificuldade de gerar gametas viáveis,
pois como a segregação dos cromossomos homólogos na meiose I é aleatória e independente, espera-se que:
a) os gametas gerados sejam diploides;
b) as cromátides-irmãs sejam separadas ao final desse evento;
c) o número de cromossomos encontrados no gameta seja 23;
d) um cromossomo de cada par seja direcionado para uma célula-filha;
e) um gameta raramente terá o número correto de cromossomos da espécie.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A ploidia se refere à maneira como os cromossomos se organizam nas células. Quando estão individuais, afir­
ma-se que as células são haploides; quando estão em pares, diploides; em trio, triploides; e assim por diante.
Um organismo que é naturalmente diploide geralmente produz gametas haploides. Portanto, o gameta desse
organismo triploide raramente terá o número de cromossomos da espécie, pois, durante a divisão meiótica, os
cromossomos vão se separar de diferentes maneiras.

RESPOSTA Alternativa E

99
DIAGRAMA DE IDEIAS

RELAÇÃO
CARIOTECA CARIOPLASMA NUCLEOPLAS-
MÁTICA

• MEMBRANA • GEL PROTEICO VOLUME NUCLEAR


NUCLEAR ONDE SE ENCONTRA VOLUME CELULAR -
• POROS QUE O NUCLÉOLO E VOLUME NUCLEAR
CONTROLAM A A CROMATINA
ENTRADA E A SAÍDA
DAS SUBSTÂNCIAS

NÚCLEO CELULAR

NUCLÉOLO

• PRODUZ RNAR

CROMATINA

EUCROMATINA HETEROCROMATINA
• REGIÃO DESCONDENSADA E ATIVA • REGIÃO CONDENSADA E INATIVA
DO DNA DO DNA
• PRODUZ RNA MENSAGEIRO • NÃO PRODUZ RNA MENSAGEIRO

CROMOSSOMO
DNA condensado

PLOIDIA TIPO ESTRUTURA BÁSICA


HAPLOIDE DIPLOIDE • TELOCÊNTRICO • BRAÇO
(N = 3) (2N = 6) • ACROCÊNTRICO • CENTRÔMERO
I II • SUBMETACÊNTRICO • SATÉLITE
I I II II • METACÊNTRICO • TELÔMERO

PARES HOMÓLOGOS
(CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS)

100
Em S (S de síntese), ocorre a síntese de DNA, que permite
AULAS 15 E 16 a replicação da molécula e a consequente duplicação dos
filamentos de cromatina. Nessa fase, cada filamento ou
molécula de DNA aparece constituído por duas cromátides
unidas pelo centrômero.
Durante a fase G2, em menor escala, a célula novamente
DIVISÃO CELULAR: cresce e sintetiza proteínas necessárias para a divisão ce­
lular, como os microtúbulos que formarão o fuso mitótico.
MITOSE Em seguida, a célula entra em M, etapa que corresponde
à divisão celular ou mitose. Ocasionalmente, a célula pode
sair de G1 e entrar em G0, fase na qual o metabolismo
celular é relativamente estável e não ocorre crescimento.
Células musculares e nervosas que não se dividem estão
COMPETÊNCIA: 4 constantemente em G0.
Observe na figura a seguir o ciclo celular e um destaque
HABILIDADES: 13 e 14 da interfase:

1. Ciclo celular e mitose


A maioria das células realiza um ciclo celular que consiste
num programa para o crescimento, a divisão e a prolifera­
ção celular. O ciclo compreende duas etapas: interfase e
mitose ou divisão celular. A interfase é o intervalo entre
as divisões, durante o qual ocorre o crescimento da célula.
A análise de um tecido com células em divisão, como a
extremidade de uma raiz, pode mostrar que a maioria das Variação da quantidade de cromossomos durante a interfase e a divisão celular.
células se encontra em interfase; somente uma pequena
porcentagem aparece em divisão. 1.2. O controle do ciclo celular
O ciclo celular é regulado pela ativação e desativação de um
1.1. A interfase sistema de controle complexo formado por duas proteínas:
Na interfase, são identificadas três fases: G1, S e G2. a quinase dependente da ciclina (Cdk), e a ciclina. A Cdk
deve associar-se à ciclina para ser ativada e iniciar o ciclo. A
A fase G1 (do inglês gap, que significa “intervalo”) é ca­ cada ciclo celular, as ciclinas são sintetizadas e usadas para
racterizada por dois processos: crescimento e diferencia­ ativar as Cdk. Atualmente são conhecidas duas ciclinas: a
ção. Nessa fase, ocorre a síntese de proteínas, processo ciclina de fase S, que desencadeia a duplicação do DNA, e a
que depende da atividade dos genes. Cada cromossomo ciclina mitótica, que promove o início da mitose (M).
aparece descondensado e constituído por uma molécula
de DNA, em que estão contidos os genes. Cada gene, ao Danos irreversíveis no material genético (DNA) podem des­
entrar em atividade, realiza a transcrição, isto é, sintetiza controlar o ciclo celular e ativar mecanismos que ocasio­
uma molécula de RNA mensageiro, cuja função é trans­ nam a morte celular programada, fenômeno denominado
apoptose. Células em G0 não sintetizam ciclinas. Em cé­
mitir aos ribossomos a informação genética necessária à
lulas cancerosas, a síntese dessas proteínas é intensa, pois
síntese de proteínas estruturais e reguladoras. As proteínas
nessa situação há uma elevada proliferação celular.
estruturais atuam na edificação das estruturas celulares; as
reguladoras são as enzimas que ativam o metabolismo ce­
lular. Por meio desses processos, ocorrem o crescimento e 1.3. Características e funções da mitose
a diferenciação da célula. Durante a diferenciação, a célula A mitose é o processo de divisão celular que possibilita a
sofre importantes transformações estruturais e morfológi­ distribuição dos cromossomos e dos constituintes citoplas­
cas, adaptando-se a exercer uma função específica. máticos da célula-mãe entre as duas células-filhas. Trata-se

101
do processo responsável pela multiplicação dos organis­ unidas pelos filamentos do centrômero. A prófase se
mos unicelulares e pelo crescimento e regeneração dos caracteriza por apresentar DNA e centríolos duplica­
pluricelulares devido ao aumento do número de células. A dos, além da espiralização ou do condensamento dos
mitose possui duas etapas: a cariocinese, ou divisão do cromossomos, que se tornam mais curtos e grossos
material genético do núcleo, e a citocinese, ou divisão do devido ao processo de helicoidização. Os nucléolos se
citoplasma. A cariocinese é um processo contínuo; contu­ desorganizam, e os centríolos, que foram duplicados
do, para efeito didático, é dividido em quatro fases: prófa- durante a interfase, migram para polos opostos da cé­
se, metáfase, anáfase e telófase. Observe o esquema lula. O citoesqueleto se desorganiza e seus elementos
na figura a seguir: vão se tornar o principal componente do fuso mitótico
que inicia sua formação do lado de fora do núcleo. O
fuso mitótico é uma estrutura bipolar constituída
- por microtúbulos e proteínas associadas. O estágio
final da prófase, também chamado de pré-metáfase,
tem como principal característica o desmembramen­
to do envoltório nuclear em pequenas vesículas que
se espalham pelo citoplasma. O fuso é formado por
microtúbulos ancorados nos centríolos que crescem
em todas as direções. Quando os microtúbulos dos
centrossomos opostos interagem na zona de sobre­
posição, proteínas especializadas estabilizam o seu
crescimento. Os cinetócoros dos centrômeros ligam­
-se na extremidade de crescimento dos microtúbulos.
O ciclo celular com destaque para as fases da mitose.
Assim, o fuso entra na região nuclear e tem início o
§ Prófase: nessa fase, cada cromossomo é constituí­ alinhamento dos cromossomos para o plano equato­
do por duas cromátides resultantes da duplicação do rial, como é possível observar na figura a seguir:
DNA no período S da interfase. As cromátides são

Alterações no núcleo e na estrutura dos cromossomos que marcam a prófase

102
Em seguida, graças ao alongamento das fibras de um
áster, aparentemente os dois centros celulares são
empurrados para polos opostos da célula, motivo pelo
qual passam a ser chamados de fibras polares.
Na anáfase, a tarefa do fuso mitótico é conduzir os
multimídia: vídeo cromossomos para polos opostos.
Fonte: Youtube No centrômero de cada cromossomo duplicado, duas
Já pensou em aprender Mitose assim? estruturas especializadas, denominadas cinetócoros –
outro centro organizador de microtúbulos – são orien-
tadas em direções opostas.
Fuso mitótico
Depois de organizados pelo cinetócoro, os microtúbu-
Logo no início da prófase, os microtúbulos do citoes- los passam a ser denominados fibras cromossômicas
queleto se desorganizam, enquanto as moléculas de ou cinetocóricas, que vão aparecer na prometáfase.
tubulina que os compõem permanecem no citosol.
As fibras cromossômicas também fazem parte do
Durante a divisão celular, essas moléculas contri-
fuso mitótico. O fuso mitótico, portanto, é formado
buem com a formação dos microtúbulos que vão dar
pelas fibras polares e do áster, organizadas pelos
corpo ao fuso mitótico. Os primeiros elementos do
centros celulares, e pelas fibras cromossômicas, or-
fuso mitótico surgem nessa fase: as fibras do áster
ganizadas pelos cinetócoros.
e as fibras polares. Entra em ação o centro celular
que organiza essas fibras, esses microtúbulos, uma
vez que essa é a região do citoplasma relacionada à § Metáfase: nessa fase, os cromossomos duplos ocupam
formação do citoesqueleto. o plano equatorial do aparelho mitótico. Os cromossomos
Em cada centro celular, as fibras do áster se dispõem adotam uma orientação radial, constituindo a placa equa­
radialmente, apresentando duas estruturas. A princí- torial. Os cinetócoros das duas cromátides estão voltados
pio, ficam dispostas lado a lado, próximas à carioteca. para os polos opostos. Ocorre um equilíbrio de forças. É
momento de maior condensação dos cromossomos.

CENTROSSOMO

MICROTÚBULOS
DO CINETÓCORO

CROMOSSOMOS CINETÓCORO

MICROTÚBULOS POLARES

MICROTÚBULOS LIVRES

A metáfase é marcada pelo alinhamento dos cromossomos na região equatorial da célula.

§ Anáfase: essa fase tem início quando os centrômeros se tornam funcionalmente duplos. Com a separação dos centrômeros,
as cromátides se separam e iniciam sua migração em direção aos polos. O centrômero precede o resto da cromátide. Os

103
cromossomos são puxados pelas fibras do fuso e assu­ profáse, passam a se desenrolar. Esses cromossomos se
mem um formato característico em V ou L, dependendo agrupam em massas de cromatina que são circunda­
do tipo de cromossomo. A anáfase se caracteriza pela mi­ das por cisternas do retículo endoplasmático, as quais
gração polar dos cromossomos. Os cromossomos se mo­ se fundem para formar um novo envoltório nuclear.
vem na velocidade de cerca de 1 micrômetro por minuto.
Centríolos
Nesse estágio, dois movimentos podem ser distinguidos:
os microtúbulos cinetocóricos encurtam quando os cro­
mossomos se aproximam dos polos.
Envoltório nuclear
CENTROSSOMO
em formação

Anel de actina e
miosina contrátil
CINETÓCORO
Microtúbos remanescentes
(interzonais)
CROMOSSOMOS

Núcleo
Cromossomo
MICROTÚBULOS POLARES

Na telófase, a divisão celular é concluída com


a separação das células-filhas.

MICROTÚBULOS
§ Citocinese: é o processo de clivagem e separação do
DO CINETÓCORO
citoplasma. A citocinese tem início na anáfase e termi­
na após a telófase, com a formação das células-filhas.
Em células animais, forma-se, na zona equatorial da
Na anáfase, os cromossomos são separados e dispostos em polos opostos.
célula-mãe, uma constrição que progride e estrangula
§ Telófase: a telófase se inicia quando os cromosso­ o citoplasma. Essa constrição é causada pela interação
mos-filhos alcançam os polos. Os microtúbulos cine­ molecular entre actina, miosina e microtúbulos. Uma
tocóricos desaparecem e os microtúbulos polares se divisão mitótica gera duas células-filhas com número
alongam. Os cromossomos, num processo inverso à de cromossomos igual ao da célula-mãe.

O ciclo celular em detalhes de cada fase componente e de sua respectiva duração.

104
VIVENCIANDO

Dentro da área de biotecnologia, o processo de mitose possui aplicação prática.

Os avanços na criação de órgãos a partir de células-tronco, no tratamento do câncer mediante a imunoterapia


e na exploração espacial foram algumas das principais notícias da ciência em 2013. Pela primeira vez, cientistas
japoneses da escola de medicina da Universidade de Yokohama conseguiram reproduzir in vitro, a partir de célu­
las pluripotentes induzidas (iPS), um fragmento de fígado humano que, ao ser transplantado em ratos, funcionou
corretamente.
Fonte: <http://exame.abril.com.br/ciencia/pesquisa-com-celulas-tronco-avanca-rumo-a-criacao-de-orgaos>.

Para formar esse fragmento de fígado humano, as células-tronco realizaram sucessivas mitoses para criar esse
tecido hepático. Com efeito, trata-se apenas de uma das aplicações da mitose dentro da área de biotecnologia.

1.4. Variação da quantidade células-filhas. Os ribossomos são formados pelos nucléolos,


e os lisossomos pelo sistema golgiense. Outras organelas
de DNA no ciclo celular membranosas, como o sistema golgiense e o retículo endo­
Durante o período G1 da interfase, a quantidade de DNA plasmático, fragmentam-se durante a divisão celular e são
equivale ao estoque diploide de cromossomos. Durante a distribuídas pelas células-filhas.
fase S, essa quantidade dobra e assim permanece em G2,
na prófase e metáfase. Durante a anáfase, a partição dos
cromossomos leva a quantidade de DNA nas células-filhas 3. Diferenças entre a mitose
ao valor do estado diploide. Observe no gráfico a seguir a
variação da quantidade de DNA no ciclo celular:
animal e a vegetal
Os fenômenos morfológicos da mitose descritos anterior­
Prófaseaté
Prófase e metáfase
anáfase
mente são observados nas células animais; com efeito, o
mesmo processo ocorre nas células vegetais, embora com
Anáfase
Telófase e citocinese
duas diferenças fundamentais.
Quantidade de DNA

Telófase
§ Mitose astral e anastral – na célula animal, os cen­
tríolos são envolvidos pelas fibras do áster, configuran­
do uma mitose astral. Os vegetais superiores não pos­
suem centríolos e, por isso, não formam ásteres; essa
mitose é denominada anastral.
G1 S G2 Tempo

Na variação da quantidade de material genético no ciclo celular, note


como, na mitose, a quantidade de DNA se mantém ao final da divisão.
fonte: http://www.coladaweb.com/biologia/
biologia-celular/mitose-e-meiose

2. A mitose e as organelas
citoplasmáticas
Além dos cromossomos, as células-filhas herdam da cé­
lula-mãe as organelas citoplasmáticas. Organelas que se
autoduplicam, como é o caso de cloroplastos e mitocôn­ Particularidades da mitose na célula animal
drias, dobram a cada ciclo celular e são distribuídas pelas (à esquerda) e vegetal (à direita).

105
§ Citocinese – na célula animal, a citocinese ocorre por
estrangulamento da membrana plasmática, sendo cha­ Os agentes antimitóticos
mada de centrípeta. Nos vegetais, por sua vez, não
Os agentes antimitóticos, também denominados ini-
ocorre o processo de estrangulamento citoplasmático,
bidores da mitose, compreendem radiações ou subs-
por isso é chamada de centrífuga.
tâncias químicas capazes de bloquear as mitoses.
Na região equatorial, no meio do fuso, surgem vesículas Esses inibidores atuam principalmente sobre o DNA,
limitadas por uma membrana. No início, as vesículas apare­ o fuso e a citocinese.
cem na região central e depois aumentam para a periferia;
por isso, fala-se em divisão centrífuga. § Inibidores da síntese do DNA – sabe-se que a
mitose só ocorre depois da síntese do DNA, que
O conjunto de tais vesículas constitui o fragmoplasto. As ocorre na interfase. Por esse motivo, os agentes
vesículas se fundem, formando uma lâmina que separa as que impedem a síntese do DNA atuam como an-
duas células-filhas. No interior da cavidade formada pela timitóticos. Entre os bloqueadores da síntese do
confluência de tais vesículas, acumula-se celulose, origi­ DNA, é possível citar os raios X e a aminopterina.
nando nova membrana esquelética.
§ Inibidores do fuso mitótico
– quando uma célula é tratada
pela colchicina, os fenômenos
mitóticos se desenrolam nor-
malmente até a metáfase; Célula 2N
contudo, o fuso de divisão Colchinina

não se forma. A célula pode


A citocinese centrífuga da célula vegetal. voltar a um estado interfásico,
ficando tetraploide. O mesmo
ocorre quando as células ab-
4. O controle do ciclo celular sorvem a vincalencoblastina.
Célula 4N

e a origem do câncer § Inibidores da citocinese – a cisteamina e a cito-


calasina inibem a divisão do citoplasma e provo-
As células ner­vosas e musculares não se dividem e per­manecem
cam a formação de células binucleadas.
estacionadas no período chamado G0. equivalente à interfase,
período de intensa atividade metabólica do ciclo celular.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O crescimento de uma colônia bacteriana ocorre por meio do processo de mitose. Para estipular o tamanho
populacional dessa colônia ao longo do tempo, podem ser utilizadas fórmulas matemáticas.
As bactérias crescem na sequência de uma progressão geométrica em que o número de indivíduos duplica após
um determinado período de tempo denominado tempo de geração (O). Assim, pode-se calcular o número de
bactérias (N) depois de um número de gerações (n) por meio da equação N = NO × 2N × N0, sendo o número
de células presentes. O número de gerações pode ser calculado como n = T/O, onde t é o tempo decorrido.
Fonte: <www.monografias.com/trabajos27/crecimiento-bacteriano/crecimiento-bacteriano.shtml>

106
A interfase das células que se dividem ativamente é sucedida pela mitose, que culmina na citocinese. A passagem de uma
fase para outra é controlada por fatores – em geral proteicos – de regulação. Eles atuam nos chamados pontos de checa­
gem do ciclo celular. Entre essas proteínas, destacam-se as ciclinas, que controlam a passagem da fase G1 para a fase S e a
passagem da G2 para a mitose.
Caso haja alguma anomalia numa dessas fases, como um dano no DNA, o ciclo é interrompido até que esse dano seja repa­
rado e o ciclo celular possa continuar. Caso contrário, a célula é conduzida à apoptose (morte celular programada).
Outro ponto de checagem é o da mitose, que promove a distribuição correta dos cromossomos pelas células-filhas. Visto
que o ciclo celular é perfeitamente regulado e está sob controle de diversos genes, o resultado disso é a multiplicação e
diferenciação das células que compõem os diferentes tecidos do organismo. Os pontos de checagem são mecanismos que
evitam a formação de células anômalas.

O ciclo celular com destaque para os pontos de checagem, que contribuem para evitar a formação de células anormais.

Anomalias na regularidade do ciclo celular, descontrole da um limite mínimo de tamanho incompatível com a vida da
mitose e alterações no funcionamento de genes controla­ célula, as divisões celulares são paralisadas e o fim da vida
dores, em decorrência de mutações, sáo fatores relaciona­ da célula é consolidado.
dos à origem de células cancerosas.
Graças à reposição constante de telômeros, a enzima te­
lomerase – em células cancerosas – é responsável pela
transposição que as mantêm com o tamanho original, per­
mitindo assim que as células se dividam continuamente e
tornem-se praticamente “imortais”.

Mecanismo de formação de metástases, fotos


tumorais em diferentes regiões do corpo.

Os telômeros estão relacionados a outra ocorrência que al­ Localização dos telômeros em cromossomo.
tera a regularidade do ciclo celular. Trata-se de segmentos
de moléculas de DNA com repetições de bases que atuam
como “capas protetoras” da extremidade dos cromossomos. 5. A divisão da célula bacteriana
Nas células humanas normais, a cada ciclo celular os te­ O processo de divisão da célula bacteriana é mais simples
lômeros diminuem progressivamente ao mesmo tempo do que o das eucarióticas e costuma ser chamado de bipar­
que as extremidades dos cromossomos. Caso alcancem tição simples ou fissão bacteriana.

107
A divisão das bactérias se inicia pelo alongamento da célu­
la, seguido da duplicação de seu material genético circular.
Em seguida, a membrana plasmática, mais interna à pare­
de celular, se invagina e cria uma região da membrana cha­
mada de mesossomo. A região do mesossomo interage
com o DNA duplicado e auxilia na separação das duas có­
pias. A região do mesossomo migra em direção aos polos
da bactéria, interagindo e levando cada cópia separada do
material genético para um polo da célula bactéria. Segui­
damente, a membrana plasmática começa a se invaginar
na região média e separa as duas células filhas.

108
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 13
Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características
dos seres vivos.

Dentro do núcleo das células eucarióticas, os cromossomos podem estar organizados de diferentes maneiras. Para
a resolução dessa questão, é fundamental entender o conceito de ploidia e cariótipo, de acordo com o número e
com a quantidade de pares de cromossomos. Além disso, o conhecimento sobre divisão celular, que é assunto das
próximas aulas, também auxiliará na resolução.

MODELO 1

(Enem) Os seres vivos apresentam diferentes ciclos de vida, caracterizados pelas fases nas quais gametas são
produzidos e pelos processos reprodutivos que resultam na geração de novos indivíduos. Considerando-se um
modelo simplificado padrão para geração de indivíduos viáveis, a alternativa que corresponde ao observado
em seres humanos é:

a) b)

c) d)

e)

ANÁLISE EXPOSITIVA

Os ciclos de vida podem ser haplobiontes, em que a meiose acontece depois da formação do zigoto, e os
gametas são gerados por mitose, como ocorre em algumas algas; haplodiplobiontes, em que a meiose
ocorre na formação de esporos, como ocorre nos vegetais; e diplobiontes, em que a meiose é gamética,
como ocorre nos animais. Assim, o ciclo de vida que representa corretamente o ser humano é o diplobionte.

RESPOSTA Alternativa C

109
DIAGRAMA DE IDEIAS

CICLO CELULAR
MITOSE
E MITOSE

INTERFASE
PRÓFASE
(PERÍODO ENTRE DUAS
DIVISÕES CELULARES)
• MIGRAÇÃO DOS CENTRÍOLOS
PARA OS POLOS
• UNIÃO DOS CROMOSSOMOS
G1 AO FUSO MITÓTICO

• CRESCIMENTO E
METÁFASE
DIFERENCIAÇÃO
• SÍNTESE DE PROTEÍNAS
• CROMOSSOMOS ALINHADOS
NO PLANO EQUATORIAL
G0 • GRAU MÁXIMO DE
CONDENSAÇÃO
• METABOLISMO
CELULAR CONSTANTE
• NÃO HÁ DIVISÃO ANÁFASE

• MIGRAÇÃO DAS
S CROMÁTIDES
PARA OS POLOS
• DUPLICAÇÃO DO DNA

TELÓFASE
G2
• FORMAÇÃO DO NÚCLEO
• SÍNTESE DE PROTEÍNAS • CARIOCINESE
UTILIZADAS NA DIVISÃO
Prófase e metáfase

Anáfase
Quantidade de DNA

Telófase

G1 S G2 Tempo

110
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.

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