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Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:
MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.
HERLAN FELLiNi
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
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Autores
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Editoração eletrônica
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Matheus Franco da Silveira
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ISBN: 978-65-88825-36-5
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islação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito
do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e
localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição
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SUMÁRIO
BIOLOGIA
ECOLOGIA
Aulas 9 e 10: Introdução à Ecologia 6
Aulas 11 e 12: Pirâmides e eficiência ecológicas 13
Aulas 13 e 14: Relações ecológicas 18
Aulas 15 e 16: Dinâmica populacional e sucessão ecológica 26
ZOOLOGIA
Aulas 9 e 10: Reino protoctista II: algas 34
Aulas 11 e 12: Poríferos e cnidários 42
Aulas 13 e 14: Platelmintos 53
Aulas 15 e 16: Nematelmintos 61
CITOLOGIA
Aulas 9 e 10: Introdução à citologia 70
Aulas 11 e 12: Citoplasma 84
Aulas 13 e 14: Núcleo 94
Aulas 15 e 16: Divisão celular: mitose 101
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
Prova interdisciplinar que, em muitos casos, Nessa prova, é comum aparecerem casos atu- Prova interdisciplinar que mobiliza conhecimentos
estimula a interpretação de gráficos. Assim ais de desastres ambientais. Saber relacionar básicos e estruturantes da ecologia nas questões
como na Fuvest, a ecologia tem posição de problemas ecológicos com conteúdos simples, de cadeia e teia alimentar. Em geral, o assunto é
destaque, em que interações ecológicas e teias como teias alimentares, é essencial. trabalhado em questões de nível intermediário,
alimentares são comuns. mas, em perguntas que relacionam diferentes
áreas da Biologia, o nível de
dificuldade pode ser
maior.
Prova com poucas questões de ecologia, Prova com questões que misturam diferentes Problemas ambientais, relações ecológicas Prova com forte presença de ecologia: cadeias
sendo que o tema que mais aparece é a inte- áreas da Biologia. Aparecem assuntos como e conceitos básicos relacionados à ecologia alimentares, relações ecológicas e problemas
ração entre os seres vivos (teias alimentares e sucessão ecológica, problemas ambientais e (população, comunidade, ecossistema) são ambientais são os principais assuntos.
relações ecológicas). relações ecológicas. muito presentes.
UFMG
É uma prova com questões interdisciplinares Questões com alto nível de especificidade, Prova com temas como dinâmica populacio-
que cobram conteúdos altamente específicos. com conceitos como cadeias alimentares, nal, relações ecológicas e teias alimentares.
Conceitos gerais de ecologia, assim como pirâmides e relações ecológicas.
pirâmides e relações ecológicas, costumam
aparecer.
Na ecologia, a prova é similar à do Enem, com Com perfil similar à prova da Fuvest e É uma prova que privilegia citologia e
ênfase em problemas ambientais e relações questões bem específicas, os temas mais genética, de forma que não há muitas
ecológicas. frequentes são problemas ambientais e questões sobre ecologia; nessa área, os temas
relações ecológicas. mais abordados são relações ecológicas e
problemas ambientais
ECOLOGIA
Dessa maneira, a ecologia possibilita a compreensão do
AULAS 9 E 10 funcionamento dos sistemas naturais e incentiva a prática
da conservação da natureza.
2. Níveis de organização
INTRODUÇÃO À ecológica
ECOLOGIA Os níveis de organização biológica são estudados na eco-
logia por meio de uma amplitude de escalas, passando
desde o organismo até a biosfera.
COMPETÊNCIA: 3
HABILIDADES: 8e9
1. Introdução
O termo ecologia deriva do grego oikos, que significa
Representação dos níveis de organização biológica.A ecologia estuda as interações
“casa” ou “lar”, e logos, que significa “estudo”. Assim, a dos organismos em níveis de população, comunidade, ecossistema e biosfera
ecologia estuda as relações dos seres vivos entre si (bióti-
co) e com o meio em que vivem (abiótico). O organismo representa o indivíduo da espécie e, por
meio de sua análise, é possível pesquisar os efeitos da sele-
Os ecólogos analisam a dinâmica de populações, a intera- ção natural e de outros fenômenos evolutivos, identifican-
ção entre as espécies, o meio ambiente, o fluxo de energia, do as adaptações e as interações com o meio.
os padrões de distribuição e de sucessão ecológica, etc.
A ecologia também estuda os efeitos das atividades hu- organismo > população > comunidade > ecossistema
manas sobre o meio natural e os desequilíbrios (ou novos > bioma > biocora > biociclo > biosfera
equilíbrios) ecológicos que elas provocam. De um ponto de
vista mais crítico e ideológico, os ecólogos e outros adep-
Um conjunto de organismos da mesma espécie que intera-
tos de ações em defesa da preservação do equilíbrio do gem e habitam uma determinada região durante um certo
planeta se opõem ao uso irresponsável e desmedido dos período de tempo constitui uma população. Sua pesquisa
recursos naturais para sustento de processos industriais. A permite analisar, por exemplo, a quantidade de indivíduos,
industrialização pouco criteriosa, fundamentada no consu- a distribuição populacional no espaço e as mudanças ocor-
mo desenfreado, no lucro e na visão largamente difundida ridas ao longo do tempo:
de que os recursos do ambiente podem ser livremente ex-
plorados até a exaustão, mostrou ter consequências desas-
trosas para o ecossistema planetário.
A intensificação do efeito estufa e do aquecimento global,
o desflorestamento, a chuva ácida, a desertificação, a ex-
tinção de espécies, a poluição e a destruição da camada
de ozônio são alguns aspectos desse impacto negativo
da ação humana sobre a natureza. Já medidas a favor da
preservação ambiental – como mudanças no sistema de
produção, no emprego de energia e no uso de recursos
– fazem parte do esforço positivo necessário para evitar a
degradação do meio ambiente. Exemplo de uma população de elefantes marinhos (Mirounga leonina)
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Já a reunião de várias populações de diferentes espécies que interagem e habitam determinado espaço e tempo forma uma
comunidade biológica, biota ou biocenose. Seu estudo possibilita investigar as variações numéricas dos indivíduos e
das espécies, as características estruturais das populações e as interações entre os organismos:
Borboleta Morpho
Gavião-real
Papagaio Rã
arborícola
Tucano
Beija-flor
Macaco-
-aranha
Cobra arborícola
Preguiça
Sagui
Ocelote
Jiboia
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A biosfera e sua posição em relação a outras camadas componentes do planeta Terra.
VIVENCIANDO
Através da elucidação dos habitats e dos nichos ecológicos dos seres vivos, pode-se estabelecer a região que estes per-
manecem e suas possíveis relações ecológicas, permitindo desenvolver programas de proteção de espécies ameaçadas
de extinção. Estudos ecológicos em que os habitats e os nichos ecológicos ocupados são bem estabelecidos servem de
subsídios para argumentos contrários à construção de estradas, hidrelétricas, rodovias que prejudicam as relações intra
e interespecíficas, entre outros. Além disso, é de grande importância conhecer esses níveis ecológicos de maneira cada
vez mais detalhada para aumentar a compreensão sobre as relações ecológicas e a preservação ambiental.
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2.2. Composição e estrutura 2.3. Cadeias alimentares
dos ecossistemas A cadeia alimentar é a sequência de transferências de ma-
Os ecossistemas apresentam um componente biótico, re- téria e energia, sob a forma de alimento, de um organismo
presentado pelas comunidades biológicas, e um abiótico, para outro. Esse ciclo vital garante o equilíbrio e a manu-
caracterizado pelos elementos físicos e químicos do meio. tenção dos ecossistemas.
Logo, a parte biótica é constituída por tudo o que é consi- Os diferentes seres vivos de um ecossistema cumprem
derado vivo, como plantas, animais e microrganismos, en- papéis específicos dentro da cadeia alimentar e, dessa
quanto a abiótica é o conjunto de tudo o que não é vivo, maneira, podem ser classificados em três níveis distintos:
como nutrientes, água, ar, gases, energia e substâncias or- produtores, consumidores e decompositores. Os produ-
gânicas e inorgânicas do meio ambiente. tores são os organismos capazes de converter matéria
Além disso, um ecossistema é caracterizado pela presença inorgânica em orgânica e, consequentemente, produzir seu
de dois processos: o ciclo da matéria, em que observa-se a próprio alimento (autótrofos). Enquanto os quimiossinteti-
reciclagem dos elementos entre os seres vivos e o ambiente, zantes oxidam substâncias minerais para produzir energia,
e o fluxo de energia – o qual tem início com a energia os organismos clorofilados, como as plantas e as algas, uti-
solar e demonstra a conversão, uso e transporte da energia lizam a fotossíntese para sintetizar compostos orgânicos a
entre os seres vivos. partir da luz solar. Vale ressaltar que os produtores fotos-
sintetizantes sintetizam quase toda a totalidade da matéria
Uma vez que cada ecossistema é relativamente autônomo
orgânica que servirá de alimento para a biota.
e apresenta equilíbrio dinâmico, as espécies biológicas e as
condições de vida tendem a não se alterar drasticamente e Essa energia produzida sustenta, direta ou indiretamente,
a se preservar ao longo do tempo – embora a curto prazo os organismos consumidores que não conseguem pro-
apresentem modificações constantes e em pequena escala. duzir seu próprio alimento e, portanto, precisam ingerir do
meio externo (seres heterótrofos). Eles são classificados
como consumidores primários, quando se alimentam dire-
tamente do produtor (herbívoros), ou como secundários,
terciários, etc., ao se alimentarem de outros animais (carní-
voros). Animais onívoros podem ocupar diferentes posições
dependendo da alimentação analisada.
Quando os dejetos desses animais são lançados no solo e se
juntam ao material morto ali presente, entram em ação os de-
nominados organismos decompositores, fungos e bacté-
rias. Eles completam o ciclo vital, pois decompõem a matéria
Os ecossistema envolvem um sistema (S) delimitado mas aberto
que permite um ambiente de entrada (AE) e um ambiente de orgânica presente nos organismos mortos e a transformam
saída (AS) de energia, materiais, organismos e outros. novamente em compostos inorgânicos. Graças a eles, o solo é
O ecótono é a zona de transição entre ecossistemas di- remineralizado e os produtores podem realizar seus metabo-
ferentes e, por isso, possui características de cada uma das lismos de construção, produzindo novamente a matéria que
comunidades fronteiriças nela existentes. Assim, em um vai fluir ao longo das teias alimentares e do meio físico.
ecótono encontra-se maior biodiversidade do quem cada Consumidor
terciário
um dos ecossistemas adjacentes.
Consumidor
Consumidor secundário
Produtor primário
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2.4. Nível trófico
O nível trófico é a posição que o organismo ocupa na
cadeia e, portanto, representa também a distância entre
o indivíduo e o início da teia. Os organismos em uma
cadeia têm a sua disposição quantidades diferentes de
energia no alimento que ingerem, uma vez que as perdas
multimídia: vídeo energéticas de um nível para outro são muito grandes –
Fonte: Youtube ao longo da cadeia a energia é utilizada pelos seres vivos
Cadeia Alimentar e dispersada para o ambiente.
Logo, quanto mais afastado o organismo está do início da
A teia alimentar é uma das principais interações entre os cadeia, maiores foram as perdas energéticas até ele. Da
organismos em ecossistemas reais. Ela é caracterizada por mesma maneira, quanto mais próximo do início, maior é a
diversas cadeias alimentares interligadas. Em uma cadeia energia disponível. Isso significa que a posição que o orga-
alimentar, tem-se uma sequência de seres vivos que apre- nismo ocupa na cadeia é fundamental e que o número de
sentam relações tróficas entre si, isto é, cada ser vivo se níveis tróficos é limitado pela disponibilidade de energia.
alimenta do organismo que o antecede e serve de alimento
para o que o sucede, ocorrendo, assim, transferências de
matéria e energia ao longo das cadeias.
Lobo Gato
Puma
Largato
Bassarisco Águia Lebre Marta
Marten Representação do uso e perda de energia ao longo dos níveis tróficos.
Buracos feitos
por besouros Decomposição
por fungos
Madeira reduzida
a pedaços Cogumelo
menores
www.infoescola.com/biologia/nicho-ecologico/
brasilescola.uol.com.br/biologia/habitat-nicho-ecologico.htm
www.infoescola.com/biologia/niveis-troficos
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ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 8
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais,
energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Nessa questão sobre teias alimentares é preciso identificar corretamente a forma com que os seres vivos obtêm
energia e matéria orgânica e a partir disso saber colocá-los nos níveis tróficos correspondentes.
MODELO 1
ANÁLISE EXPOSITIVA
Deve-se entender a forma de obtenção de alimento pelos parasitas e, consequentemente, saber associar
corretamente a qual nível trófico da cadeia alimentar esse ser vivo é inserido. O parasita em questão obtém
seu alimento quando consome tecidos no interior da lagarta. Como a lagarta é consumidora primária, pois
se alimenta de produtores, logo, o parasita é um consumidor secundário.
RESPOSTA Alternativa B
11
HABILIDADE 9
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de
agentes ou fenômenos que podem causar alterações nesses processos.
Nesse exercício é necessário conhecer como ocorre o fluxo energético nas cadeias alimentares. Qual nível trófi-
co possui a maior quantidade de energia disponível e como isso influencia os demais níveis.
MODELO 2
(Enem) Estudos de fluxo de energia em ecossistemas demonstram que a alta produtividade nos manguezais
está diretamente relacionada às taxas de produção primária líquida e a rápida reciclagem dos nutrientes. Como
exemplo de seres vivos encontrados nesse ambiente, temos: aves, caranguejos, insetos, peixes e algas.
Dos grupos de seres vivos citados, as que contribuem diretamente para a manutenção dessa produtividade no
referido ecossistema são
a) aves;
b) algas;
c) peixes;
d) insetos;
e) caranguejos.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Conhecer quem são os tipos de organismos responsáveis pela produtividade e como o fluxo energético ocorre
é de grande importância para entender como se dá todos os níveis tróficos que ocorrem em um ecossistema. A
produtividade está relacionada sempre aos organismos fotossintetizantes (autótrofos ou produtores) que captam
a energia solar e o gás carbônico e transformam em matéria orgânica. Essa energia e matéria orgânica ficam
então disponíveis para o resto dos níveis tróficos que as obtêm através da alimentação. Como as espécies utilizam
a energia nos seus processos metabólicos, a quantidade disponível diminui a cada nível trófico. Com isso, a produ-
tividade de todo ecossistema, nesse caso o manguezal, depende diretamente dos organismos produtores (algas).
RESPOSTA Alternativa B
12
AULAS 11 E 12
PIRÂMIDES E
EFICIÊNCIA ECOLÓGICAS
Cons. primários
(herbívoros)
Fotossíntese
Fotossíntese
Digestão, assimilação e crescimento
Excreção e morte
CICLO DE NUTRIENTES
Respiração
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Existem diferentes tipos de pirâmide e cada uma delas pos-
sui informações diferentes, além de também apresentar
limitações específicas – em nenhuma delas, por exemplo,
há a representação dos decompositores e do seu papel fun-
damental na manutenção do ecossistema. Assim, para uma
melhor análise, é interessante consultar diversas pirâmides
ecológicas juntas para que forneçam dados mais completos.
2.1. Número
A pirâmide de número mostra a quantidade de organismos
em cada nível trófico, dessa maneira sua disposição se al-
tera de acordo com o ecossistema analisado. Porém, como 2.2. Biomassa
não representar o tamanho dos indivíduos ou a quantidade
Essa pirâmide mostra a quantidade de biomassa (kg ou g) em
de matéria orgânica, essa pirâmide não é muito utilizada.
cada nível trófico, isto é, a massa total de todos os organismos
No primeiro caso, observa-se um exemplo de pirâmide vivos de uma espécie em qualquer área ou volume dado. Trata-se
direta, em que é necessário uma grande quantidade de de um termo amplo, que na ecologia se refere ao número de
produtores de pequeno porte para sustentar um número organismos multiplicado pelo seu peso unitário, geralmente em
menor de consumidores primários que, então, seriam ali- massa seca (após a desidratação), e divido por unidade de área. É
mento de uma quantidade menor ainda de consumidores importante lembrar que a biomassa registra um momento espe-
secundários – situação que ocorre em uma cadeia conten- cífico, não a média ou acúmulo da biomassa ao longo do tempo
tendo, por exemplo, gramíneas (autótrofas fotossintetizan- Como a de número, sua forma também varia de acordo
tes), roedores (herbívoros) e aves de rapina (carnívoros). com o ecossistema. Em geral, a pirâmide é direta com o
Já no segundo e no terceiro casos, tem-se uma pirâmide ápice para cima, mas em ecossistemas aquáticos ela pode
ser invertida. Isso ocorre quando o produtor é formado por
invertida. Em uma cadeia de predadores é possível ter um
fitoplânctons (organismos microscópios fotossintetizantes)
produtor de grande porte e pouco numeroso, como uma
que possuem ciclo de vida curto, o qual permite uma rápi-
árvore, que serve de alimento a um número maior de con-
da renovação dos indivíduos conforme são predados pelo
sumidores primários, como insetos. Estes seriam predados,
consumidor primário (zooplâncton).
por exemplo, por aves que estariam em menor quantidade.
Na cadeia de detritos ou de parasitas, o “produtor” pode
ser tanto matéria orgânica decomposta, a qual é consu-
mida por organismos detritívoros, quanto um hospedeiro
(árvore) contendo diversos parasitas (pulgões). Cadeia terrestre de biomassa de predadores Cadeia aquática de biomassa de predadores
Para a compreensão do funcionamento de uma pirâmide energética, são aplicados dois conceitos de química
e física. Primeiro, como descrito pela lei de conservação de massa e energia, bem como pela memorável de-
claração de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Além disso, segundo a
lei da entropia, essa transformação não é de todo eficiente e uma parcela da energia é dispersa em forma de
calor. Logo, o fluxo energético em uma pirâmide ecológica diminui quando se distancia da base da pirâmide,
pois parte dele é consumida pelos organismos e perdida em forma de energia térmica. Assim, os próximos
níveis tróficos superiores possuem sempre uma quantidade de energia menor quando comparada com aquela
presente no nível trófico anterior.
14
VIVENCIANDO
Diversos ecólogos aplicam os conhecimentos sobre pirâmides ecológicas e fluxo de energia para prever a extinção
de uma espécie e as consequências desse processo no ecossistema. Segundo a União Internacional para Conser-
vação da Natureza, existem atualmente mais de 5 mil espécies de animais em risco de extinção. O elefante-afri-
cano, por exemplo, teve sua população diminuída em 63% desde 2002 devido, principalmente, à caça em busca
de marfim. Esses animais possuem relações importantes com outros seres vivos, como a simbiose com as acácias,
em que os elefantes comem os frutos dessa planta e dispersam as sementes pelas fezes. Assim, a extinção de uma
espécie não é apenas um dano local, mas um acontecimento que modifica várias pirâmides ecológicas.
A produtividade de um ecossistema indica a sua capacida- De maneira geral, a transferência de energia de um nível
de de crescimento e de manutenção de espécies. trófico para outro é ineficiente: apenas cerca de 5 a 20%
da biomassa está disponível para o consumidor seguinte.
A energia acumulada pelos produtores por meio de fo- Assim, também é fundamental evitar a perda de energia
tossíntese é denominada produtividade primária bru- ao longo da cadeia para que haja acúmulo de biomassa e
ta (PPB). A PPB não está totalmente disponível para os crescimento das populações.
15
Altos valores de PPL permitem grande crescimento da co- O manguezal, em contrapartida, é um ecossistema alta-
munidade biológica, tanto em número quanto no tamanho mente produtivo porque possui, além de uma vegetação
dos indivíduos, enquanto índices pequenos representam própria, deslocamento de grande quantidade de matéria
apenas a capacidade de sustentabilidade, ou seja, a autos- orgânica com o continente e o oceano. Essa riqueza de
suficiência do ecossistema. nutrientes permite que muitas espécies, como peixes e
Por exemplo, certos ecossistemas florestais apresentam uma crustáceos, utilizem o manguezal para se abrigar, crescer e
grande quantidade de indivíduos vegetais de alto porte que reproduzir. Devido a essa e outras características, os man-
possuem, em consequência, altas taxas de PPB e RC. Isso guezais são chamados de berçários.
significa que a PPL tende a zero – característica presente nas O gráfico abaixo apresenta diversos ecossistemas e suas
chamadas comunidades clímax, as quais serão explica- respectivas áreas de cobertura no planeta, bem como sua
das em detalhes na aula de sucessão ecológica. Apesar de PPL média e sua PPL proporcional à produtividade do pla-
se sustentar e se manter equilibrado, o ecossistema consome neta. Observe que as florestas tropicais, os litorais e as áre-
quase toda a matéria orgânica produzida e, consequente- as úmidas (como pântanos e manguezais) estão entre os
mente, apresenta baixos índices de crescimento. ecossistemas mais produtivos.
00
00
00
00
50
2,0
1,0
2,5
16
DIAGRAMA DE IDEIAS
PRODUTIVIDADE DE
PPL = PPB - RC
UM ECOSSISTEMA
PRODUTOR
(PPB - RC = PPL)
CADEIA DE PREDADORES
COM PRODUTOR DE PORTE
PEQUENO E NUMEROSO CONSUMIDOR
PRIMÁRIO
(PSB - RC = PSL)
CONSUMIDOR
TERCIÁRIO
(PQB - RC = PQL)
CADEIA DE DETRITOS OU DE
PARASITAS COM “PRODU- CADEIA AQUÁTICA
TOR” REPRESENTADO POR DE PREDADORES
CADÁVERES OU HOSPEDEIRO PPB > PPL > PSL > PTL > PQL
17
ficiem ou que pelo menos um deles obtenha vantagem,
AULAS 13 E 14 enquanto o outro permanece indiferente.
1. Introdução
Como nenhum organismo vive de maneira isolada, é espe-
rado que em uma comunidade biológica os seres vivos se
relacionem e se influenciem.
2. Relações harmônicas
Nessa interação não existe desvantagem para as espécies
envolvidas. É possível que ambos os organismos se bene- Fotografia de colônia heteromorfa de uma caravela.
18
2.1.2. Sociedades
As sociedades são associações de organismos da mesma
espécie que não vivem ligados anatomicamente e
possuem uma organização social cooperativista, com divi-
são do trabalho. Entre os insetos existem sociedades com-
plexas e extremamente desenvolvidas, como as formigas,
os cupins, as abelhas e as vespas.
Nas abelhas, por exemplo, é possível observar três castas: a
rainha, o zangão e as operárias. Nessa sociedade existe ape-
nas uma rainha e ela é a única fêmea fértil de toda a colmeia.
A relação de benefícios mútuos entre gado e anu.
Os zangões são machos férteis com função de fecundar a
rainha, após isso são expulsos e acabam morrendo por de- § O paguro-eremita e a anêmona: esse crustáceo
bilidade extrema (inanição). Já as operárias são fêmeas esté- marinho, também chamado de caranguejo-bernardo-e-
reis e possuem funções como as de obter alimento (pólen e remita, apresenta o abdômen mole e desprotegido de
néctar) e produzir a cera e o mel. A cera é usada para confec- exoesqueleto. Para protegê-lo, o paguro-eremita vive no
cionar os locais onde serão postos os ovos, enquanto o mel é interior de uma concha vazia de um molusco gastrópo-
fabricado por meio da transformação do néctar e tem como de. Sobre a concha, fixam-se e se desenvolvem larvas de
base principalmente a glicose e a frutose. anêmonas providas de tentáculos urticantes (como os
tentáculos das águas-vivas). A vantagem da anêmona é
ser transportada pelo paguro, facilitando a captura do
alimento. E o caranguejo, por sua vez, aumenta sua pro-
teção contra a ação de predadores.
2.2.2. Mutualismo
O mutualismo, assim como a protocooperação, é o tipo
de interação em que os dois organismos envolvidos saem
beneficiados. Entretanto, diferentemente da protocoopera-
ção, o mutualismo é uma relação necessária à sobrevi-
Fotografia de abelhas operárias em uma colméia, vência das espécies, que não conseguem viver separa-
exemplificando a sociedade das abelhas.
das umas das outras.
19
§ Líquens: o líquen é uma associação entre fungos e § O epifitismo é um tipo específico de inquilinismo en-
algas (ou cianobactérias). Eles ficam firmemente aderi- tre plantas ou algas, em que as epífitas utilizam o outro
dos às rochas ou às cascas de árvores, formando uma organismo como suporte físico e não causam qualquer
crosta verde-acinzentada. A alga ou a cianobactéria prejuízo. No ambiente terrestre se relaciona principal-
(organismos autótrofos fotossintetizantes) produzem a mente à obtenção de uma maior quantidade de luz
matéria orgânica que é utilizada pelo fungo (organis- solar, como no caso de orquídeas e bromélias que cres-
mo heterótrofo), enquanto são envolvida pelas estrutu- cem sobre os troncos e galhos de plantas maiores.
ras do fungo e protegidas contra a desidratação.
20
3.1.2. Canibalismo Como em uma comunidade diversos organismos compar-
tilham os mesmos fatores, é coerente pensar que não é
Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mes-
interessante para as populações competir o tempo todo
ma espécie. Quando há falta de alimento, por exemplo,
por recursos iguais ou parecidos. Quando espécies dife-
a predação intraespecífica pode ocorrer para favorecer
rentes dividem por muito tempo o mesmo habitat e nicho
adultos em detrimento de filhotes. Outro caso é o do
canibalismo sexual, em que um dos organismos, geral- ecológico, a competição interespecífica pode levar à mútua
mente a fêmea, consome o parceiro antes, durante ou exclusão das espécies – princípio de Gause.
após a cópula. Por exemplo, as fêmeas de louva-a-deus Em 1934, Georgy Gause desenvolveu um experimento
que em certas ocasiões consomem o macho. com duas populações de espécies diferentes de paramé-
cios, em que os organismos são colocados para crescer
isoladamente (Gráfico A) e em interação (Gráfico B), mas
sempre com o mesmos recursos. Observe que a compe-
tição por sobreposição de nichos é intensa, a ponto de
eliminar a população de P. aurelia.
21
3.2.3. Predatismo população de presas e o consequente aumento da compe-
tição entre os predadores reduz o número de linces, dando
Predador é o indivíduo que consome a presa, pertencen-
continuidade ao ciclo.
te a outra espécie. Os animais carnívoros, como os leões,
são ótimos exemplos de predadores. Porém, é importante
160 Linces
ressaltar que a herbivoria também é um tipo de predação,
Para analisar a interação presa-predador, são utilizados princípios da Matemática, como gráficos de tempo ×
número de indivíduos, que auxiliam na compreensão do crescimento populacional de ambas as espécies envol-
vidas nessa interação ecológica. Além de aspectos matemáticos, também podem ser utilizados princípios esta-
tísticos para prever como determinadas populações de presa-predador irão se comportar ao longo do tempo.
3.2.4. Parasitismo ela utiliza a água e sais minerais para realizar fotossíntese e
produzir sua própria matéria orgânica.
No caso do parasitismo, uma das espécies (parasita) se
alimenta de outra (hospedeira). Como o parasita é depen-
3.2.5. Esclavagismo ou sinfilia
dente de seu hospedeiro, essa relação é geralmente mais
duradoura que a de predatismo e, além disso, não costuma Trata-se da relação ecológica entre indivíduos que se be-
levar a espécie parasitada à morte. neficiam da exploração das atividades, do trabalho ou dos
produtos de outros organismos.
Pode-se classificar os parasitas de acordo com sua localiza-
§ Formigas e pulgões ou afídeos: os pulgões são in-
ção no corpo da outra espécie. Os ectoparasitas, como as
setos sugadores de seiva elaborada dos vasos liberia-
sanguessugas e carrapato, vivem exteriormente ao corpo do
nos das plantas. Apesar de rica em açúcar, a seiva con-
hospedeiro, enquanto os endoparasitas, como as tênias e
tém poucas quantidades de aminoácidos. Assim, para
as lombrigas, se encontram dentro do corpo do hospedeiro.
formar suas próprias proteínas, os pulgões precisam de
Com relação aos vegetais, pode-se, ainda, subdividir os ec- grandes quantidades dessa seiva, cujo excesso é secre-
toparasitas em holoparasitas (parasitas totais) e hemi- tado. As formigas, por conta disso, mantém os pulgões
parasitas (parasitas parciais). O cipó-chumbo é um tipo de “cativos” dentro do formigueiro para se alimentar do
holoparasita, pois suas raízes penetram na seiva elaborada açúcar eliminado. Contudo, muitos autores classificam
da planta hospedeira, retirando a matéria orgânica direta- essa interação como protocooperação, uma vez que as
mente. Já a erva-de-passarinho é um tipo de hemiparasita, formigas protegem os pulgões de predadores e, em al-
pois suas raízes atingem a seiva bruta do hospedeiro, assim guns casos, também cuidam de sua prole.
22
Fotografia mostrando a interação entre formigas e pulgões.
§ Chupim é uma ave que se aproveita do ninho de outras para pôr os próprios ovos. Espécies como o tico-tico preservam os
ovos do chupim até que venham à eclosão.
Quadro com resumo das relações ecológicas
VIVENCIANDO
A consultoria ambiental é um ramo com alto crescimento nos últimos tempos, sendo cada vez mais procurada
por instituições, empresas e governos. O objetivo principal é avaliar e analisar os danos e as consequências
biológicas e ambientais de um projeto específico. Assim, compreender as relações entre os seres vivos e o
meio é fundamental para que biólogos consigam analisar a área e avaliar pedidos de liberação para, por
exemplo, projetos de construção. Além disso, pode auxiliar no mapeamento de espécies e na elaboração de
estratégias de uso consciente do local.
23
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 9
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos, ou do fluxo de energia para a vida, ou da ação de
agentes, ou fenômenos que podem causar alterações nesses processos.
O tema relações ecológicas é comum nas provas do Enem. Há uma preocupação em conhecer como as espécies
se relacionam entre si, como isso estabiliza o ecossistema e ainda como uma interferência nessas relações pode
causar danos ao meio ambiente.
MODELO 1
(Enem) A mata Atlântica caracteriza-se por uma grande diversidade de epífitas, como as bromélias.
Essas plantas estão adaptadas a esse ecossistema e conseguem captar luz, água e nutrientes mesmo
vivendo sobre as árvores.
Disponível em: <www.ib.usp.br>. Acesso em: 23 fev. 2013 (adaptado).
ANÁLISE EXPOSITIVA
A relação ecológica estabelecida entre as bromélias e as árvores é denominada inquilinismo, no qual uma
espécie é beneficiada por meio da relação, e a outra espécie é indiferente (+0). Nesse caso, a espécie
beneficiada é a bromélia, que, ao ficar no topo das árvores, consegue captar luz, água e nutrientes com
mais facilidade e sem prejudicar as árvores. Para captar água, as bromélias utilizam as suas folhas, que se
apresentam em um formato que possibilita a acumulação de água.
RESPOSTA Alternativa C
24
DIAGRAMA DE IDEIAS
RELAÇÕES ECOLÓGICAS
HARMÔNICAS DESARMÔNICAS
INTRAESPECÍFICAS INTRAESPECÍFICAS
INTERESPECÍFICAS
INTERESPECÍFICAS
• PREDAÇÃO (+-)
• PARASITISMO (+-)
• PROTOCOOPERAÇÃO (++) • ESCLAVAGISMO (+-)
NÃO OBRIGATÓRIA • COMPETIÇÃO (--)
• MUTUALISMO(++) • AMENSALISMO (Ø-)
OBRIGATÓRIA
• COMENSALISMO (+Ø)
• INQUILINISMO (+Ø)
25
que um ambiente consegue tolerar (letra A). Desse modo, a
AULAS 15 E 16 curva C demonstra o crescimento real de uma população,
após a influência do meio no seu potencial biótico. Observe
que sua taxa de crescimento é menor e que, após algum
tempo, o valor se estabiliza em torno da CS e sofre apenas
pequenas alterações.
A população é mantida
em equilíbrio pelos predadores
naturais
População
f g
COMPETÊNCIA: 1 c e
b Curva em S
d
HABILIDADE: 4 a Curva em J
Gerações
26
1.3. Curva de sobrevivência 2. A sucessão ecológica
A taxa de sobreviventes ao longo da vida para cada es-
pécie determina a sua curva de sobrevivência. Assim, é
nos ecossistemas
possível avaliar quando no ciclo de vida os indivíduos es- As comunidades biológicas são conjuntos de populações
tão mais vulneráveis e apresentam maior quantidade de de espécies diferentes que ocupam e interagem com o
mortes. Existem, basicamente, três tipos de curvas, como é meio de determinada área, sofrendo mudanças em sua
possível observar noCURVA
gráfico a seguir.
DE SOBREVIVÊNCIA composição através dos anos. Essas alterações progres-
sivas nas comunidades e no ambiente físico ao longo do
1,000
I tempo caracterizam a sucessão ecológica.
Número de sobreviventes
100
II 2.1. Fases da sucessão ecológica
10
A primeira a se estabelecer no ambiente é a comunidade
III pioneira ou ecese, enquanto os estágios seguintes e de
1
0 50 100 transição são denominados sere. Por fim, a que se estabe-
Porcentagem de Longevidade
lece por último é chamada de comunidade clímax, um
Gráfico com diferentes curvas de sobrevivência indicando o
número de indivíduos pela porcentagem de longevidade (tempo).
estágio autossuficiente e com propriedades homeostáticas.
27
Estágio Produtividade Bruta Produtividade Líquida Biomassa Biodiversidade
ecese pequena alta pequena pequena
Tabela com as variações na PPB, na PPL, na biomassa e na biodiversidade em diferentes estágios da sucessão ecológica.
POPULAÇÕES
Mecanismos de determinação de
abióticos, independentes de densidade bióticos, dependentes de densidade
tamanho populacional
Tamanho do indivíduo pequeno grande
Ciclo de vida curto/simples longo/complexo
lento, maior capacidade de so-
Crescimento rápido, alta mortalidade
brevivência competitiva
Produção quantidade qualidade
Flutuações + pronunciadas – pronunciadas
ESTRUTURA DA COMUNIDADE
Estratificação
pouca muita
(heterogeneidade espacial)
Diversidade de espécies (riqueza) baixa alta
Diversidade de espécies (equitatividade) baixa alta
Diversidade bioquímica baixa alta
Matéria orgânica total pouca muita
ENERGÉTICA DA COMUNIDADE
PPB/R >1 =1
PPB/Biomassa alta baixa
PPL alta baixa
Cadeia alimentar linear (simples) em rede (complexa)
NUTRIENTES
Ciclo de minerais aberto fechado
Nutrientes inorgânicos extrabióticos intrabióticos
Troca de nutrientes entre organismos e ambiente rápida lenta
Papel dos detritos na regeneração de nutrientes não importante importante
POSSIBILIDADE DE EXPLORAÇÃO
PELO SER HUMANO
Produção potencial alta baixa
Capacidade de resistir à exploração grande pequena
Tabela comparando diversos parâmetros nas comunidades em desenvolvimento e na clímax, ao longo da sucessão ecológica.
28
VIVENCIANDO
Usar de forma equilibrada os recursos naturais é um dos maiores desafios do ser humano na atualidade. A intera-
ção do ser humano com o meio é complexa e, muitas vezes, leva à degradação ambiental e ao comprometimento
da vida futura. A crescente conscientização dos indivíduos para a necessidade de conservação e restauração dos
recursos naturais estimulou diversos projetos de restauração de ecossistemas devastados pela atividade huma-
na. Utilizando dados fitossociológicos (estudo de comunidades vegetais) e o conceito de sucessão, é possível
restaurar processos ecológicos fundamentais na reconstrução de uma comunidade funcional com alta diversida-
de e reconstruir um ecossistema semelhante ao sistema degradado.
Assim, qualquer regeneração ou recuperação de área de- Desse modo, a ocupação pioneira altera as condições am-
gradada é exemplo de sucessão secundária, enquanto o bientais, favorece um novo conjunto de espécies e determi-
estabelecimento de mata amazônica, há cerca de 10 mil na as mudança gradativas na composição de espécies do
anos, num período de glaciação, que diminuiu o nível dos meio. A partir dela, ocorre a substituição das comunidades
mares e oceanos rasos da localidade, é um exemplo de em estágios intermediários (seres) e, posteriormente, em
sucessão primária. uma comunidade clímax.
Veja a seguir um exemplo de sucessão ecológica se-
cundária a partir de uma área originalmente ocupada por
um ecossistema florestal que foi desmatada, originando
campos de cultura. Observe que o solo superficial é total-
mente alterado e impactado pelo uso de arados e outros Estágio
sucessional
implementos agrícolas. Essa situação destrói quase com- adiantado
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Sucessão
Abandono dos campos de cultura
Com o abandono dos campos de cultura, inicia-se uma sucessão
ecológica a partir do estabelecimento de uma comunidade pioneira.
29
Observe na figura a seguir outro exemplo de sucessão:
o amadurecimento de lagos de reservatórios em usi-
nas hidroelétricas. Os lagos recém-formados recebem
matéria orgânica, a qual favorece o desenvolvimento
de decompositores e de espécies do fitoplâncton. A
presença destes, por sua vez, permite a manutenção
de zooplânctons e de peixes que, então, podem ser
colocados no lago.
Ao se apresentarem condições favoráveis ao desenvolvimento da vida,
lagos de reservatórios em usinas hidrelétricas se tornam cenário
da sucessão ecológica.
30
DIAGRAMA DE IDEIAS
B PRIMÁRIA
A
D C
Nº de Indivíduos
OCUPAÇÃO DE AMBIENTES
ESTÉREIS
Tempo
Curva de crescimento populacional SECUNDÁRIA
OCUPAÇÃO DE AMBIEN-
TES QUE SOFRERAM
(A) CAPACIDADE DE SUPORTE (CS)
ALTERAÇÕES AMBIEN-
(B) POTENCIAL BIÓTICO (PB)
TAIS DRÁSTICAS
(C) CRESCIMENTO REAL (CR)
(D) RESISTÊNCIA DO MEIO (RM)
ECESE
ESPÉCIES PIONEIRAS
TAXAS E PARÂMETROS
POPULACIONAIS
SERE
IMIGRAÇÃO (I) | EMIGRAÇÃO (E)
TAXA DE NATALIDADE (TN) | APARECIMENTO, EXTIN-
TAXA DE MORTALIDADE (TM) ÇÕES E ALTERAÇÕES
NA ABUNDÂNCIA
I + TN > E + TM
DE POPULAÇÕES
CRESCIMENTO POPULACIONAL
I + TN < E + TM
DIMINUIÇÃO POPULACIONAL
CLÍMAX
I + TN = E + TM
POPULAÇÃO CONSTANTE
ESTABILIDADE NA COMPO-
SIÇÃO DAS COMUNIDADES
31
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
Uma prova generalista com relação às carac- Doenças causadas por vermes são comuns nas Nessa prova é importante reconhecer semelhan-
terísticas dos seres vivos, não aborda grupos questões da Unifesp, bem como a anatomia ças e diferenças entre os filos animais.
específicos, ao contrário, abrange um vasto de invertebrados.
número de grupos sempre comparando-os.
Possui maior foco em teorias evolutivas e na Prova com caráter essencialmente comparati- Com poucas questões de Biologia, a PUC A Santa Casa cobra conhecimentos relaciona-
taxonomia dos seres vivos. vo e questões que misturam diferentes áreas de Campinas cobra conhecimento acerca da dos a verminoses comuns no Brasil, além de
da Biologia. Há presença de assuntos como anatomia comparada dos filos animais e da anatomia comparada dos animais.
diversidade de seres vivos e comparação entre classificação dos seres vivos.
os reinos e entre os filos animais.
UFMG
É uma prova com questões interdisciplinares Questões com alto nível de especificidade Apresenta questões relacionadas à anatomia
que cobram conteúdos altamente específicos. que cobram conhecimentos sobre doenças comparada, porém com enfoques que não
É importante reconhecer as características dos causadas por vermes e anatomia comparada estão muito presentes em outros vestibulares.
animais e saber comparar os diferentes filos. dos diferentes filos animais.
Relações evolutivas, taxonomia e verminoses Com questões bem específicas, os temas Saber ler cladogramas, classificar seres vivos e
são conteúdos muito presentes nas provas mais frequentes dentro da zoologia são as diferenciar os animais de diferentes filos são
da UERJ. características exclusivas e as diferenças entre competências fundamentais para ter sucesso
os filos animais. nessa prova.
ZOOLOGIA
33
AULAS 9 E 10
Micrasterias Scenedesmus: Spirogyra:
célula única
Volvox: colônias pacotes de 4 células filamentosa
REINO PROTOCTISTA
Sargassum
Fucus
Dictyota Cutleria
Dictyopteria undulata
Sargassum Padina
Marcocytosis
1. Protoctistas autótrofos
Os protoctistas podem ou não apresentar clorofila. Aque-
les que não contêm clorofila (helerotróficos) são deno-
minados protozoários, incluindo as amebas, os pa-
ramécios, os plasmódios, etc. Os que contêm clorofila são
chamados de protófitos, como as algas unicelulares: as
diatomáceas (crisofíceas), os dinoflagelados (pirrofíceas)
e as euglenofíceas. Por sua vez, os representantes pluri-
celulares e que não possuem tecidos verdadeiros cons- Estrutura de alga pluricelular
tituem o grupo das algas, formado pelas algas verdes,
As algas apresentam uma grande variedade de pigmentos
algas pardas e algas vermelhas.
que lhes fornecem diferentes tonalidades de cor e permi-
tem seu estudo e classificação em algas pardas, verdes,
2. Algas vermelhas ou douradas. Esses pigmentos são organizados
em plastos, organelas similares aos cloroplastos.
As algas são seres eucariotos, unicelulares ou pluricelula-
res, com pigmentos fotossintéticos diversos, além das clo-
rofilas. Essas algas habitam ambientes terrestres úmidos,
2.1. Algas verdes (Filo Chlorophyta)
na água doce ou no mar, onde vivem na superfície consti- As algas verdes podem ser unicelulares (isoladas ou colo-
tuindo o fitoplâncton ou permanecem fixas no fundo por niais) ou pluricelulares. Em seus cloroplastos, os pigmentos
meio de seus apressórios, constituindo o fitobentos. As mais presentes são as clorofilas A e B, embora possam conter
algas pluricelulares dividem-se em três grupos: clorofíce- carotenos (laranja) e xantofilas (amarelo). A reserva é repre-
as (algas verdes), feofíceas (algas pardas) e rodofíceas sentada por amido, e as paredes celulares possuem celulose.
(algas vermelhas). Elas são muito comuns e vivem em água doce, salgada e em
ambientes terrestres úmidos. Também participam de diferen-
As algas foram incluídas há muito tempo no reino das
tes associações simbióticas, como na formação dos líquens.
plantas, e há autores que consideram apenas alguns gru-
Com cerca de 17.000 espécies, destacam-se os seguintes
pos de algas unicelulares como pertencentes aos protistas.
gêneros: Spirogira, Ulva, Volvox, Acetabularia, Porphyra e
A opção atual, de acordo com Margulis e Schwartz, é abor-
Caulerpa. É provável que esse grupo compartilhe um ances-
dar todas algas no Reino Protoctista.
tral próximo com as briófitas, cuja evolução apresenta adap-
As algas formam um grupo bastante numeroso e biodiver- tações para o ambiente terreste. Observe na figura a seguir a
so, como pode ser observado a seguir: diversidade das clorofíceas.
34
Algas verdes Algas verdes Algas verdes Algas verdes
filamentosas unicelulares coloniais - Volvox sp. pluricelulares
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Características gerais das Algas - Diversidade
Gameta
Gameta móvel (anterozoíde)
Fecundação
Fecundação
Célula-ovo
multimídia: vídeo
Célula-ovo
Gameta imóvel ou zigoto Gameta ou zigoto
(oosfera)
35
Elas se reproduzem sexuada e assexuadamente, e muitas
espécies apresentam alternância de gerações (metagênese).
Observe na figura a seguir alguns representantes das feofíceas.
36
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Diatomáceas: parte 3 (Português)
Diversos tipos de frústuras de diatomáceas
Observe na figura a reprodução assexuada por cissiparidade das diatomáceas, que origina duas células filhas de tamanhos
desiguais, uma maior, como a progenitora, e uma menor, por conta das valvas de tamanhos diferentes. Esse processo invia-
biliza a reprodução das células menores.
CÉLULAS-FILHAS CÉLULAS-FILHAS
1ª GERAÇÃO 2ª GERAÇÃO
EPIVALVA
(PARENTAL) EPIVALVA PARENTAL
HIPOVALVA
(PARENTAL)
Petróleo
As diatomáceas armazenam parte de seus alimen-
tos em forma de óleo. Acredita-se que as diatomá-
ceas foram responsáveis pela formação do petróleo. Gymnodinium Ceratium Noctiluca
37
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Maré vermelha e presença de toxina diarréica Estruturas corpóreas de Euglena.
suspende comércio de mariscos em Santa Catarina
38
Reprodução assexuada nas algas (cont.)
Zoósporos
sendo liberados
(talo haploide)
zoósporo germina
MEIOSE
As algas são os principais seres fotossintetizantes e, por-
Ciclo sexuado da
alga verde tanto, produtores dos ambientes aquáticos (mares, rios,
Organismos jovens unicelular
haploides (n) Chlamydomonas sp. lagos e lagoas) e em especial aquelas que participam das
A reprodução sexuada é comum em quase todas as algas. Naquelas comunidades da superfície desses ecossistemas, o plâncton,
que são unicelulares, cada organismo pode comportar-se como constituindo o componente autótrofo chamado fitoplânc-
um gameta e, ao se fundirem, formam um zigoto. Esse zigoto
sofre meiose e forma quatro novos indivíduos haploides.
ton. As algas, assim, sustentam troficamente, direta ou in-
diretamente, todos os demais seres que formam as redes ou
A maior parte das algas multicelulares apresenta o teias alimentares desses ambientes. Outro fator importante
fenômeno de alternância de gerações, em que a é o fato de serem responsáveis por cerca de 90% do oxi-
meiose ocorre na formação de estruturas reprodutivas gênio atmosférico, graças a sua atividade fotossintética.
chamadas esporos, enquanto os gametas são origina- Climaticamente, são importantes pela liberação na atmos-
dos por mitose. fera de DMS (dimetil-sulfeto), substância que age como
Nesse ciclo, um indivíduo forma gametas, por isso ele é facilitador na formação de núcleos de condensação e,
conhecido como gametófito. Os gametas originam, por portanto, de chuvas. Do ponto de vista econômico, são utili-
fecundação, um zigoto. O zigoto se desenvolve por multi- zadas diretamente na alimentação (verdes, pardas e verme-
plicação celular, originando outro indivíduo que em deter- lhas), fornecem matérias-primas importantes, como o ágar
minado período gera esporos, por isso é denominado es- e a carragenina (algas vermelhas). O ágar tem importância
porófito. Cada esporo origina, por multiplicação celular, na indústria de alimentos e na pesquisa científica, enquanto
um novo gametófito, e assim por diante. que a carragenina é usada como estabilizante na fabricação
Esporos haploides
de cremes dentais e laxantes, por exemplo.
(13 cromossomos) Gametófitos haploides
Células onde
(13 cromossomos)
ocorreu meiose.
Detalhe do
gametófito
Detalhe do
esporófito
Células formadoras
Desenvolvimento de gametas
Esporófito diploide do zigoto
(26 cromossomos)
Gametas
(13 cromossomos)
Zigoto diploide
(26 cromossomos)
Fecundação
Ciclo alternante de Ulva lactuca
39
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 29
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a
saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos industriais.
As bactérias são um exemplo da utilização de seres vivos na indústria para a produção de energia. Nesse exercício,
é importante a interpretação do experimento proposto e o reconhecimento de como a adição de outro ser vivo
(algas) vai ou não potencializar a produção de energia pela bactéria. Também é importante conhecer como isso
pode impactar o meio ambiente.
MODELO 1
(Enem) Um estudo modificou geneticamente a Escherichia coli, visando a permitir que essa bactéria seja capaz
de produzir etanol pela metabolização do alginato, açúcar presente em grande quantidade nas algas marrons.
A experiência mostrou que a bactéria transgênica tem capacidade de obter um rendimento elevado na produ-
ção de etanol, o que pode ser aplicado em escala industrial.
Combustível de algas. Revista Pesquisa Fapesp, ed.192, fev. 2012 (adaptado).
O benefício dessa nova tecnologia, em comparação às fontes atuais de produção de etanol, baseia-se no fato
de que esse modelo experimental
ANÁLISE EXPOSITIVA
O alginato é um açúcar presente em algas pardas e é uma mucilagem que reveste o corpo desses organismos.
Em geral, essa substância é utilizada na fabricação de sorvetes, doces e cosméticos. Nesse exercício, o açúcar
foi adicionado a uma colônia geneticamente modificada de Escherichia coli, uma bactéria que, nessas condi-
ções, teve o rendimento de produção de etanol aumentado. Como as algas pardas são predominantemente
de água salgada, o consumo de água doce para a obtenção dessas algas será reduzido durante a produção
de matéria-prima.
RESPOSTA Alternativa D
40
DIAGRAMA DE IDEIAS
ALGAS
(PROTOCTISTAS AUTÓTROFOS)
EUCARIONTES E
FOTOSSINTETIZANTES
• FITOPLÂNCTON • CLOROFILAS
• FITOBENTOS • MARINHAS OU DE ÁGUA DOCE
• PIGMENTOS FOTOSSINTETIZANTES • AMBIENTES TERRESTRES ÚMIDOS
UNICELULARES PLURICELULARES
(PROTÓFITOS) (SEM TECIDO VERDADEIRO)
41
haploides, os quais, por sua vez, são formados por meiose.
AULAS 11 E 12 O zigoto inicia o desenvolvimento a partir de sucessivas mi-
toses e, nesse processo, surgem camadas de células deno-
minadas folhetos germinativos, que serão diferenciadas em
tecidos e órgãos. Os cnidários, primeiros eumetazoários, são
chamados de animais diblásticos, pois formam apenas
dois folhetos germinativos: endoderme e ectoderme. A par-
PORÍFEROS E CNIDÁRIOS tir dos platelmintos, todos são chamados de triblásticos,
pois observa-se a presença de três folhetos embrionários, a
ectoderme, a endoderme e a mesoderme. Basicamente, a
ectoderme origina a epiderme, a endoderme origina o reves-
timento interno do tubo digestivo, e a mesoderme origina os
demais tecidos, como a musculatura. Assim, trata-se de um
indicador de maior compexidade. Nos animais triblásticos
COMPETÊNCIAS: 4e8 é possível que ocorra a formação de uma cavidade corpórea,
fundamental para acomodar órgãos e estruturas internas.
HABILIDADES: 13, 15, 16 e 28 Essa cavidade atua na circulação de substâncias ao longo
do corpo, acolhe resíduos celulares que serão eliminados e
pode, ainda, estar preenchida de líquido sob pressão, que
funciona como estrutura de sustentação em um esqueleto
hidrostático. Os animais sem cavidade corpórea são denomi-
1. Introdução ao estudo nados acelomados; os animais cuja cavidade é o celoma,
O Reino Animal pode ser divido em dois sub-reinos: parazo- Tubo digestório Endoderme
42
outros grupos. Observe a seguir a exemplificação do desen- Para animais sésseis, a simetria radial é uma vantagem ao
Prostostômios e deuterostômios
volvimento embrionário dos protostômios e deuterostômios: permitir respostas ao ambiente em todas as direções a partir
do local que se situam. Já com o surgimento dos bilaterais,
é possível falar em região anterior, posterior, dorsal ou ven-
Ânus
Arquêntero
Deuterostômio tral. Essa organização corpórea permite a organização de
Girino (vertebrado)
Boca um sistema digestório completo e muito mais eficiente, pois
possibilita uma abertura bucal, na extremidade anterior, e
outra anal, na extremidade posterior. Outra característica im-
Blastóporo
portante, derivada da bilateralidade, é que a região anterior
Alongamento
Gástrula pode concentrar estruturas nervosas e sensoriais no proces-
em corte so de cefalização. A cefalização viabilizou maior complexida-
de do sistema nervoso e uma extraordinária capacidade de
exploração do ambiente ao redor.
Protostômio
Hidra (cnidário)
Prostostômios e deuterostômios
2. Poríferos (Espongiários)
Nos protostômios, o celoma origina, entre o conjunto de
células mesodérmicas, um espaço chamado de esquizoce- Os poríferos são também conhecidos como esponjas.
loma. Nos deuterostômios, a invaginação da mesoderme Existem cerca de 5 mil espécies, predominantemente ma-
forma bolsas, cuja cavidade interior é o celoma, o qual é rinhas, sendo apenas 150 espécies dulcícolas. Observe a
denominado de enteroceloma. seguir exemplos dessa diversidade.
FORMAÇÃO DE
ESPONJA NOVAS ESPONJAS
DESAGREGADA
ESPÍCULAS
Simetria radial
GEMULAÇÃO
REGENERAÇÃO
http://www.geocities.ws/pri_biologiaonline/reproducao_esponjas.html
http://wesleibio.blogspot.com.br/2016/05/filo-porifera.html
43
Entre a camada de pinacócitos (pinacoderme) e a de coa-
nócitos (coanoderme), há uma região intermediária que é
preenchida pelo mesênquima, uma estrutura gelatinosa
que contém, além de amebócitos, uma rede de proteínas,
denominada espongina, e espículas de carbonatos
de cálcio ou sílica, que se prestam à sustentação das
partes moles. Também apresentam os porócitos, células
multimídia: vídeo tubulosas percorridas por uma perfuração cônica que re-
Fonte: Youtube gulam a entrada de água e formam os numerosos poros
Coanócitos – Emanuel que caracterizam as esponjas.
Quando adultos, são sésseis, isto é, fixos principalmente a
substratos rochosos e conchas. Existem três tipos estrutu-
2.1. Estrutura e fisiologia rais de esponjas: áscon, sícon e lêucon, que apresentam
As esponjas são animais filtradores, ou seja, retêm par- gradual aumento da superfície de contato dos coanócitos
tículas existentes nas correntes de água que atravessam o com a água, de modo que as esponjas do tipo lêucon estão
corpo. Elas capturam partículas suspensas na água e geram mais adaptadas a promover uma filtração mais eficiente da
um fluxo de água que entra pelos poros ao longo do corpo água e aproveitam melhor os nutrientes disponíveis. Ob-
até alcançar uma cavidade denominada átrio ou espon- serve os esquemas das três principais formas de poríferos:
giocele. No átrio, os coanócitos, células com aspecto de
colarinho, geram o fluxo de água por meio de movimentos Câmaras
flageladas
contínuos dos flagelos e também capturam as partículas e
A organização do corpo de um porífero
as digerem. A água é enviada para o meio externo por uma
abertura maior, central, denominada ósculo.
Átrio Átrio
saída de água
ósculo
porócito Água Água
espículas
pinacócitos
poros
espículas
entrada
de água átrio Ascon Sycon Leucon
(espongiocela)
amebócito
Esquema representativo dos três tipos estruturais de poríferos
colarinho coanócito
O tipo áscon ou asconoide aparece como um vaso ou
tubo fixado no substrato. A parede do corpo é formada por
flagelo
duas camadas celulares – dermal e gastral – separadas
A organização do corpo de um porífero. pelo mesênquima. A água, portanto, segue o seguinte flu-
xo: poros, átrio e ósculo.
O alimento é digerido por vacúolos no interior das células (di-
gestão intracelular) e, posteriormente, distribuído para todo o O tipo sícon ou siconoide possui a parede do corpo es-
corpo através de células denominadas amebócitos. Exter- pessa e percorrida por um sistema de curtos canais radiais:
namente, a parede corpórea é revestida por células epidérmi- inalantes e exalantes. Os primeiros abrem-se na superfície
cas achatadas denominadas pinacócitos, que têm a função externa e terminam em fundo cego. Os exalantes são in-
anização do corpo de umde revestimento e proteção.
porífero
ternos e desembocam no átrio. Os pinacócitos revestem os
canais inalantes e o átrio, ficando os coanócitos limitados
aos canais exalantes. Entre os dois tipos de canais, a comu-
saída de água nicação é realizada pelos porócitos.
ósculo
porócito
O tipo lêucon ou leuconoide é o mais complexo. O átrio
espículas
poros
pinacócitos é reduzido, enquanto a parede do corpo é bastante desen-
espículas
entrada
átrio
volvida e percorrida por um complexo sistema de canais e
de água
(espongiocela)
amebócito câmaras. Os coanócitos só aparecem nas câmaras esféricas,
interpostas no trajeto dos canais. Os canais que partem dos
colarinho coanócito
poros e atingem as câmaras são denominados inalantes
ou aferentes. Os canais exalantes ou eferentes saem das
flagelo
câmaras e atingem o átrio.
44
A partir dessa estrutura corporal e celular, a digestão é do 2.3. Sustentação do corpo
tipo intracelular, a excreção é realizada por difusão para
o meio externo, não há sistema nervoso e a respiração é Os espongiários possuem um endoesqueleto, localizado
aeróbica, sendo realizada diretamente pelas células. Ape- entre as duas camadas celulares, podendo ser mineral ou
sar da simplicidade desses organismos, calcula-se que uma orgânico. O esqueleto mineral é formado por espículas
esponja de 10 cm de altura e 1 cm de diâmetro é capaz de calcárias e silicosas com um, três ou mais eixos. Quanto
bombear e filtrar cerca de 22 litros de água por dia, a partir ao esqueleto orgânico, é constituído por uma densa rede
do batimento flagelar dos coanócitos. de fibras de espongina, uma escleroproteína. A esponja
de banho usada antigamente é apenas o esqueleto orgâ-
nico de esponjas marinhas.
2.2. Reprodução
Esponja Indivíduos unidos Indivíduos isolados
Broto
FORMAÇÃO DE
ESPONJA NOVAS ESPONJAS
DESAGREGADA
ESPÍCULAS
GEMULAÇÃO
REGENERAÇÃO
As esponjas podem se reproduzir de forma sexuada, Espículas de poríferos: das mais variadas formas.
quando ocorre a união de gametas masculino, liberado na Espículas de poríferos das mais variadas formas.
https://prezi.com/ggx6ctd6liz-/filo-porifera/
água, e feminino, formando um zigoto que origina uma
larva ciliada (anfiblástula), ou assexuada, que pode ocor-
rer por brotamento, regeneração e por meio de gêmulas
(gemulação) que aparecem mais em esponjas de água
doce. A reprodução mais comum é o brotamento. Obser-
ve na figura a seguir um exemplo de reprodução sexuada.
Penetração através
do porócito
Desenvolvimento da
Anfiblástula (larva)
multimídia: vídeo
Liberação de Fecundação
espermatozoides Óvulo Fonte: Youtube
Esponja
Filtração esponja
Liberação da
3. Celenterados (cnidários): o
anfiblástula através
do ósculo
Desenvolvimento
45
rios, sozinhos ou formando colônias. Esse grupo compreen- As medusas possuem o corpo em forma de guarda-chuva:
de as hidras, os corais e as anêmonas-do-mar. Trata-se de a boca se localiza na região central da superfície côncava,
animais predadores, com tamanho variando desde formas e os tentáculos pendem dos bordos. São móveis e de corpo
microscópicas até outras macroscópicas de muitos metros. gelatinoso, por isso são conhecidas como águas-vivas. O
movimento é realizado pelos tentáculos em torno da boca,
Observe a seguir exemplos da biodiversidade do grupo:
ou por jato-propulsão quando apresenta um véu que per-
mite manter a água sob pressão.
Embora os celenterados apresentem certa organização nos
sistemas digestivo e nervoso, eles não possuem sistema
respiratório e circulatório definidos. A excreção ocorre atra-
vés da difusão dos excretas pela superfície interna e exter-
na do corpo. Restos alimentares podem ser eliminados pela
boca, uma vez que o sistema digestório é incompleto.
mesogleia
célula
célula
intersticial
glandular
célula
gastroderme
epitélio-
muscular
cnidoblasto
célula com
epitélio- nematocisto
digestivas
pé
46
SISTEMA
dadores. NERVOSOdoDIFUSO
Ao contrário que ocorreEM CNIDÁRIOS
com mamíferos, por Tentáculo
Boca
exemplo, o impulso nervoso não é unidirecional, sendo
REDE DIFUSA DE NEURÔNIOS QUE TOMAM PARTE EM
transmistido nos dois sentidos.
ROTAS DE REFLEXOS SIMPLES
NEURÔNIOS DA REDE
NERVOSA
CÉLULA EPITÉLIO-MUSCULAR
NEURÔNIOS DA REDE
NERVOSA
CÉLULA EPITÉLIO-MUSCULAR
Fibrilas contrácteis
Mesogleia Vacúolo digestório
CÉLULA SENSORIAL
Rede nervosa
Partícula
A parede do corpo é formada por duas camadas celula- Cnidoblasto alimentar
res separadas pela mesogleia, de natureza gelatinosa.
São organismos diblásticos, com órgãos apresentando Célula glandular
47
mam um zigoto. Esse zigoto origina uma larva ciliada, que se
fixa e forma um novo pólipo. Essa alternância de gerações,
Filamento em que uma fase se reproduz assexuadamente e a outra
Cnidocílio urticante
(cílio sensível ao contato) sexuadamente é conhecida como metagênese. A fase se-
xuada é representada pela forma medusoide, produtora de
Opérculo
gametas que se encontram externamente, gerando uma lar-
va denominada plânula. A larva origina a forma polipoide.
A fase assexuada é representada pelo pólipo, que se repro-
duz por brotamento ou por estrobilização (fragmentação).
Observe a seguir os ciclos reprodutivos existentes no grupo:
Cnidoblasto
medusas livres
Estrutura de um cnidoblasto Reprodução sexuada: FASE SEXUADA
br/2013/01/cnidarios-questoes-vestibular.html
espermatozoide óvulo
zigoto
fecundação
blástula
hidra
3.4. Reprodução
em
desenvolvimento
embrião em
desenvolvimento
nova hidra
48
As medusas apresentam formato de guarda-chuva, que
podem alcançar de dois a 40 centímetros de diâmetro, di-
ferentes, portanto, das do grupo de hidrozoários. Dois me-
tros de diâmetro é a medida a que pode chegar a medusa
gigante do Atlântico Norte.
A fecundação da espécie Aurelia aurita é interna; depois de
nadar durante certo tempo, a plânula dá origem a um pólipo
fixo, o cifístoma; representante de uma geração assexuada,
ele se reproduz por estrobilação. Nesse processo, fragmentos
sucessivos do corpo do pólipo formam uma pilha de discos
(éfiras, medusa jovem) e amontoam-se uns sobre os outros.
Depois de certo tempo de crescimento, são liberados para
dar origem a uma medusa adulta, fechando o ciclo.
Hydra viridissima
fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Hydra_viridissima
VIVENCIANDO
Poríferos e cnidários produzem compostos que são de interesse farmacológico e biológico, especialmente os
cnidários, pois são animais que produzem diversos tipos de toxinas utilizadas na defesa ou na predação. Essas to-
xinas podem ser utilizadas como ferramentas na pesquisa biomédica para analisar as propriedades das moléculas
e os tipos de célula que elas afetam, como canais iônicos e outras proteínas de membrana. Essas moléculas de
toxinas podem ser aplicadas em estudos farmacológicos como base para o desenvolvimento de drogas aplicadas
a doenças humanas, devido às suas propriedades analgésicas, bioativas, como citotoxicidade (ações antitumo-
rais), propriedades cardiotônicas e anti-inflamatórias, etc.
49
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
O conceito químico de filtração, que é o “método utilizado para separar sólido de líquido ou fluido que está
suspenso, pela passagem do líquido ou fluido através de um meio permeável capaz de reter as partículas sóli-
das”, é aplicado para designar o tipo de alimentação dos poríferos. Os poríferos são bem conhecidos pela sua
capacidade de filtração, processo pelo qual esses animais sem tecidos definidos obtêm seu alimento. Assim, esse
conceito químico de separação de mistura é usado dentro da zoologia para definir o modo de vida das esponjas.
CLASSES DE CELENTERADOS
Classe Relação pólipo/medusa Representantes
50
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 15
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de
organização dos sistemas biológicos.
A figura representa um fenômeno decorrente da poluição de ambientes aquáticos. Nesse caso, a poluição está
associada à acidificação de meio causada pelo aumento do dióxido de carbono. Associar esse problema ambiental
em conjunto com o esquema apresentado sobre os recifes de corais é fundamental para a resolução correta.
MODELO 1
(Enem) Parte do gás carbônico da atmosfera é absorvida pela água do mar. O esquema representa
reações que ocorrem naturalmente, em equilíbrio, no sistema ambiental marinho. O excesso de dióxido
de carbono na atmosfera pode afetar os recifes de corais.
ANÁLISE EXPOSITIVA
O aumento de gás carbônico é prejudicial aos organismos aquáticos que possuem estruturas com bicar-
bonato de cálcio. O gás carbônico em água forma ácido carbônico e, consequentemente, íons bicarbonato,
que, por sua vez, dissociam-se em íons hidrogênio e íons carbonato. Essa acidificação danifica os esquele-
tos calcários dos recifes de corais e, consequentemente, leva à diminuição das populações.
RESPOSTA Alternativa E
51
DIAGRAMA DE IDEIAS
52
AULAS 13 E 14
PLATELMINTOS
Schitosoma mansoni
COMPETÊNCIAS: 4e8
53
3. Fisiologia § Coordenação nervosa – nesses organismos, tem-se
a primeira ocorrência de cefalização, isto é, uma ca-
§ Nutrição – o sistema digestório é incompleto, pois beça. São os primeiros animais da escala a apresentar
apresenta uma única abertura, a boca, que serve para um sistema nervoso central e elementos sensoriais na
a ingestão de alimentos e para a eliminação de resídu- região anterior do corpo. Assim, são portadores de um
os. A boca é seguida por uma faringe e, depois, por um centro de coordenação nervosa, em que apare-
intestino terminado em fundo cego e multirramificado, cem dois gânglios cerebroides ou um anel ner-
que facilita a distribuição do alimento por todas as par- voso, ligados a cordões nervosos longitudinais,
tes do corpo do animal. Esse aspecto é uma grande transversalmente unidos por cordões transversais, as
vantagem, uma vez que não há sistema circulatório. A comissuras. Nas planárias de água doce, existem dois
digestão ocorre nos meios extracelular e intracelular. ocelos com células fotorreceptoras capazes de perceber
Existem espécies parasitas, totalmente desprovidas de luminosidade, embora não consigam formar imagens.
sistema digestório. A figura a seguir apresenta a estru- Na região cefálica, há projeções laterais, as aurículas,
tura digestória de uma planária: que são capazes de identificar substâncias químicas.
5. A esquistossomose e o ciclo
excretor
Canal
excretor
Tufo de
cílios de vida do Schistosoma mansoni
Citoplasma
Cordões nervosos
longitudinais
Núcleo A esquistossomose intestinal, popularmente conhecida como
Nervos
barriga-d’água, é uma doença provocada pelo platelminto
Estrutura do sistema excretor dos platelmintos Schistosoma mansoni, um verme dioico com nítido dimorfis-
fonte: http://bloggiologia.blogspot.com.br/2011/10/platelmintos.html mo sexual. O macho, que mede de 1 a 2 cm de comprimento,
54
apresenta o corpo com duas porções distintas: uma anterior e
afilada, na qual aparecem as duas ventosas, e outra posterior,
que forma ventralmente uma dobra, o canal ginecóforo,
no qual se aloja a fêmea. A fêmea, que mede de 1,5 a 2,5
cm de comprimento, é mais longa e delgada do que o macho.
Macho
Fêmea
55
apresenta o aparelho de fixação constituído por quatro Na parte anterior, aparecem os anéis jovens (imaturos);
ventosas e uma dupla coroa de ganchos quitinosos. O pes- na mediana, os anéis maduros, onde há testículos e ová-
coço ou colo é a porção mais delgada que liga o escólex ao rio, já que são hemafroditas; e, na região mais posterior
corpo. O estróbilo ou corpo é constituído por uma série de do animal, os grávidos constituídos por apenas um útero
800 a 900 segmentos denominados de anéis ou proglotes. desenvolvido contendo os ovos formados por autofecun-
dação. Esse verme mede normalmente de 2 a 3 metros
de comprimento, mas pode alcançar de 8 a 10 metros.
A Taenia saginata apresenta escólex quadrangular, com
1,5 mm de diâmetro e quatro ventosas, sem ganchos
quitinosos. O estróbilo atinge entre de 4 a 12 metros de
comprimento e até 2 mil anéis.
As tênias obtêm seu alimento através da absorção de lí-
multimídia: vídeo quidos nutritivos do hospedeiro e não possuem sistema di-
gestório, o que representa uma extrema adaptação à vida
Fonte: Youtube
parasitária. Observe na figura a seguir a estrutura corpórea
Teníase achado colonoscópico
de uma tênia:
VIVENCIANDO
As planárias podem ser usadas como bioindicadores biológicos da qualidade da água. Diversos fatores podem
contribuir para a alteração da qualidade das águas continentais, como defensivos agrícolas, metais pesados, entre
outros. Essas substâncias tóxicas apresentam um risco para a saúde humana e de outros seres vivos. A detecção
dessas substâncias pode ser realizada por meio de recursos altamente eficientes, como análise química, métodos
radioquímicos, cromatográficos, entre outros; no entanto, esses recursos são custosos e trabalhosos. Outra técnica
para esse tipo de análise envolve a participação de organismos vivos sensíveis a mudanças na qualidade da água,
funcionando como indicadores da presença de substâncias nocivas, estranhas ou venenosas.
56
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
No grupo dos platelmintos (vermes achatados), existem indivíduos que são parasitas anaeróbicos, e, portanto,
necessitam de hospedeiros para sua sobrevivência. Para auxiliar na compreensão de como os parasitas anaeró-
bicos sobrevivem no interior do corpo do hospedeiro, são utilizados conceitos químicos, como reações químicas
e enzimas participantes do processo de respiração anaeróbica.
Observe abaixo um tipo de reação química que pode ocorrer na respiração anaeróbica:
A teníase apresenta duas fases: uma no hospedeiro inter- formando granulações denominadas cisticercos. Caso o ser
mediário, porcos ou bois, e outra no hospedeiro definitivo, o humano coma carne malpassada, o cisticerco sobrevive-
ser humano. Na reprodução sexuada, ocorre autofecundação rá e libertará um pequeno escólex que formará uma nova
e as gônadas degeneram nos anéis grávidos, restando ape- solitária. A presença do verme adulto no intestino huma-
nas um útero desenvolvido contendo os ovos. Na T. solium, no provoca uma série de perturbações: bulimia, anorexia,
esses anéis são expulsos passivamente durante ou após a náuseas, diarreias, insônia, fadiga e irritação nervosa. As
evacuação; na T. saginata, são expulsos isolada e ativamente, medidas profiláticas são a inspeção de matadouros para
forçando o esfíncter anal fora das evacuações. Os ovos são verificar a presença de cisticercos na carne, o cozimento
embrionados e ingeridos pelo hospedeiro intermediário: o adequado desta e saneamento básico, pois a existência de
porco, no caso da T. solium, e o boi, no caso da T. saginata. redes de esgotos impede que as fezes humanas infectadas
sejam ingeridas pelo gado.
Atravessando a parede intestinal e caindo na circulação,
os ovos atingem a musculatura do animal, onde se alojam
57
A cisticercose é a enfermidade causada pela localização
do ovo embrionado no organismo do ser humano, que pas-
sa a funcionar como hospedeiro intermediário. O homem se
infesta ingerindo ovos existentes em água poluída, hortaliças
e frutos. Transportados pela corrente circulatória, os ovos em-
brionados atingem principalmente os olhos e o cérebro; em
casos mais raros, fixam-se nos músculos causando dores e
fraqueza muscular. Bem mais graves são as localizações nos
olhos, provocando a cegueira, ou então no cérebro, determi-
nando epilepsia e até desordens mentais.
multimídia: site
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/
platelmintos.php
58
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 15
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de
organização dos sistemas biológicos.
As doenças causadas por vermes platelmintos ainda preocupam pessoas que vivem em determinadas regiões
do Brasil. A dificuldade em combater essas doenças se dá pela falta de medicamentos disponíveis no mercado.
Essas doenças são negligenciadas, e conhecer o seu ciclo de vida é fundamental para entender como o produto
natural indicado na questão pode ajudar no combate a uma dessas doenças.
MODELO 1
(Enem) Euphorbia mili é uma planta ornamental amplamente disseminada no Brasil e conhecida como
coroa-de-cristo. O estudo químico do látex dessa espécie forneceu o mais potente produto natural
moluscicida, a miliamina L.
MOREIRA. C.P.S.; ZANI. C.L.; ALVES, T.M.A. Atividade moluscicida do látex de Synadenium carinatum boiss. (Euphorbiaceae)
sobre Biomphalaria glabrata e isolamento do constituinte majoritário. Revista Eletrônica de Farmácia, n. 3, 2010 (adaptado).
O uso desse látex em água infestada por hospedeiros intermediários tem potencial para atuar no controle da:
a) dengue;
b) malária;
c) elefantíase;
d) ascaridíase;
e) esquistossomose.
ANÁLISE EXPOSITIVA
O produto miliamina L é moluscicida, isto é, combate espécies de caramujo. Dentro do grupo de vermes
causadores de doenças, existe um platelminto da espécie Schistosoma mansoni causador de uma doença
denominada esquistossomose, também conhecida como barriga d'água, em que o seu hospedeiro inter-
mediário é um caramujo. Assim, o produto teria um potencial controle da doença.
RESPOSTA Alternativa E
59
DIAGRAMA DE IDEIAS
PLATELMINTOS
CARACTERÍSTICAS CLASSIFICAÇÃO
SIMETRIA TURBELLARIA
BILATERAL
• PLANÁRIA
SISTEMA
• EPITÉLIO CILIADO
DIGESTIVO
• VIDA LIVRE
INCOMPLETO
CIRCULAÇÃO E TREMATODA
RESPIRAÇÃO
• PARASITAS COM
• DIFUSÃO EPIDERME NÃO CILIADA
SCHISTOSSOMA
MANSONI
EXCREÇÃO
ESQUISTOSSOMOSE
• PROTONEFRÍDEOS
CESTODA
CEFALIZAÇÃO
• PARASITAS COM CORPO
DIVIDIDO EM ANÉIS
• SISTEMA NERVOSO TAENIA SOLIUM
CENTRAL TAENIA SAGINATA
TENÍASE
INGESTÃO DE CISTI-
REPRODUÇÃO CERCOS DE CARNE
DE PORCO OU BOI
CISTICERCOSE
• HERMAFRODITAS INGESTÃO DO OVO
OU MONOICOS
(SCHISTOSSOMA)
• FECUNDAÇÃO INTERNA
• DESENVOLVIMENTO
DIRETO OU INDIRETO
60
A epiderme é constituída por um epitélio simples que, ao
AULAS 15 E 16 perder as membranas celulares, origina um sincício, ou
seja, uma massa citoplasmática plurinucleada. A muscula-
tura é formada por duas camadas, uma longitudinal mais
interna e abaixo da epiderme, e outra transversal. Ao lado,
há um corte transversal.
Músculo
NEMATELMINTOS
Nervo dorsal
Epiderme
Cavidade do
Cutícula Intestino
Excretor
Músculo
Célula
Cavidades
COMPETÊNCIAS: 4e8
Nervo ventral
HABILIDADES: 13, 15, 16 e 28
Estrutura corporal básica de um nematelminto
1. Os asquelmintos
(nematelmintos) – o surgimento
do sistema digestório completo multimídia: vídeo
Os Nematelmintes (do grego nema = fio + helminthes =
Fonte: Youtube
verme) são organismos vermiformes, isto é, possuem corpo
cilíndrico, mas não segmentado, com típica simetria bilateral TV DR. MOISES - Verminose -
e extremidades afiladas. Trata-se de animais de ampla distri- Medicação de rotina? Não!
buição que vivem na água doce, no mar e no solo. Diversas
espécies de nematelmintos são parasitas de vegetais e ani-
mais. As principais parasitoses que infestam o homem são:
2. Fisiologia
ascaridíase, ancilostomíase, oxiurose e elefantíase. § Digestão – trata-se dos primeiros animais da escala a
apresentar um sistema digestório completo com
boca anterior e ânus posterior. A digestão extracelular
ocorre por meio de enzimas liberadas no interior do
tubo digestório. A distribuição dos nutrientes resultan-
tes do processo digestivo ocorre por difusão.
A parede do corpo, tubo músculo-dermático, é formada por § Excreção – constituído por um ou dois canais ou tu-
três camadas: cutícula, epiderme e a musculatura. A cutícula, bos longitudinais. Cada tubo é formado por uma célula
uma camada externa secretada pela epiderme, é acelular. gigante e canaliculada, também denominada célula H.
61
§ Circulação e trocas gasosas – não possuem siste-
mas respiratório e circulatório. Nas espécies de vida li-
vre, a respiração é aeróbia, cutânea e ocorre por difusão
simples. Nos parasitas, ocorre a respiração anaeróbia.
4. Enterobiose ou oxiurose
Ingestão de ovos com
I
embrião pela pessoa
2
Larvas eclodem no
intestino delgado
3
Espículas
Macho Fêmea
1
Dimorfismo sexual de Ascaris sp. D Ovos nas pregas perianais
Adultos no
Larvas nos ovos maturam lúmen do
testino delgado. Os ovos, eliminados com as fezes, são Ciclo reprodutivo do E. vermicularis
dotados de grande resistência e se desenvolvem no solo Fonte: CDC - Centers for Disease Control and Prevention
até o estágio da larva rabditoide que fica alojada no in- A enterobiose, oxiurose ou oxiuríase é uma doença intes-
teiror na casca. A infestação ocorre quando o hospedeiro tinal causada pelo nematelminte Enterobius vermicularis,
ingere ovos embrionados por meio de frutas e verduras um verme pequeno e filiforme (formato de fio). O macho
contaminadas. No duodeno, a casca é digerida, libertan- mede de 3 a 5 mm de comprimento, com a extremidade
do a larva que atravessa as paredes do intestino delgado posterior recurvada e dotada de uma espícula copuladora.
e atinge as veias. A larva, transportada pela circulação A fêmea, com 8 a 12 mm, possui cauda longa, reta e afila-
venosa, atinge a metade direita do coração, sendo levada da. A infestação ocorre pela ingestão dos ovos. Os vermes
aos pulmões pela pequena circulação. fixados no intestino produzem inflamação, náuseas e dores
62
abdominais. O sintoma mais típico é o intenso prurido anal, A ancilostomose, também conhecida como amarelão ou
principalmente quando o hospedeiro se deita e o calor da opilação, é uma parasitose causada pelos vermes Ancylos-
cama ativa os parasitas. A educação sanitária e o sanea- toma duodenale e Necator americanus.
mento básico são as principais medidas preventivas.
Esses vermes apresentam nítido dimorfismo sexual. O cor-
po cilíndrico é afilado nas duas extremidades da fêmea e
5. Ancilostomose – o amarelão apenas na extremidade anterior do macho. Eles medem
cerca de 1 cm de comprimento. Na cápsula bucal apre-
sentam dentes, com os quais se fixam na parede intestinal
do hospedeiro e perfuram vasos sanguíneos para sugar o
sangue. Os ovos são eliminados nas fezes do hospedeiro e
evoluem no solo, produzindo as larvas infestantes. A infes-
tação pode ser ativa e passiva. Observe na figura a seguir a
representação do ciclo da doença do amarelão:
fonte: https://pt.slideshare.net/lorenasalesleite/oxiurose
4 As larvas penetram a
As larvas desenvolvem-se pele
e é nesta fase que podem
contaminar 3
Depois de penetrar a
pele, as larvas chegam ao
coração e pulmões
através do sangue até se
instalarem no intestino
VIVENCIANDO
As doenças causadas por vermes, como os nematelmintos, são um dos grandes problemas da saúde pública. A
maioria das doenças causadas por esses vermes cilíndricos possui um ciclo oral-fecal; dessa forma, campanhas
que envolvam higiene pessoal e cuidados com os alimentos são partes fundamentais nesses programas. Outro
ponto importante nas campanhas contra as verminoses está relacionado aos programas de saneamento básico,
como o tratamento de água e esgoto para populações carentes e comunidades rurais, pois são localidades em
que a frequência dessas doenças é alta e onde, na maioria das vezes, não existem esses tipos de tratamento.
63
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Para auxiliar na compreensão do processo de respiração e difusão de nutrientes de alguns nematelmintos, são
utilizados princípios químicos, como a difusão simples, que é “um tipo de transporte passivo (não há gasto de
energia celular) de um soluto através da membrana, a fim de estabelecer a isotônica, ou seja, alcançarem a
mesma concentração, pois o movimento é a favor de um gradiente de concentração”. Como esses vermes são
desprovidos de sistemas respiratório e circulatório, a distribuição de gases e nutrientes ocorre célula a célula, por
meio do processo de difusão simples descrito acima.
6. Filaríase ou elefantíase
O causador da elefantíase é o verme Wuchereria bancrof-
ti, que possui corpo filiforme com 3 cm (macho) a 10 cm
(fêmea) de comprimento. Os vermes adultos parasitam
os gânglios e vasos linfáticos. As larvas vivem no sangue
e somente à noite atingem os vasos periféricos, período
que coincide com a atividade dos mosquitos transmissores.
No Brasil, o principal transmissor é o mosquito Culex fati-
gans, vulgarmente conhecido como pernilongo. As larvas
ingeridas pelo transmissor são depois inoculadas em outro
hospedeiro. A filariose causa edemas que provocam defor-
mações, principalmente nos membros inferiores, como é Ciclo reprodutivo do W. bancrofti
CDC - Centers for Disease Control and Prevention
possível observar na figura:
7. O bicho-geográfico
Verme causador: Wuchereria bancrofti. Vive
nos vasos linfáticos humanos
A presença da filária nos vasos linfáticos
obstrui a circulação da linfa e causa seu
Animais silvestres, como o cão e o gato, apresentam para-
acúmulo em certos órgãos. sitas específicos, cujas larvas infestantes completam o ciclo
64
apenas quando penetram no hospedeiro próprio. Eventualmente, essas larvas podem penetrar no homem, migrando e
realizando um trajeto sinuoso no tecido subcutâneo, provocando uma dermatose conhecida como larva migrans ou bicho-
-geográfico. Os principais agentes etiológicos são o Ancylostoma caninum e o Ancylostoma braziliense, parasitas intestinais
do cão e do gato. A parasitose é comum em praias frequentadas por cães que carregam os parasitas.
Contato com
Larva Migrans pele lesada
adulta no solo
Ing
es
ani tão po
ma
is r
3
2
Larva Migrans
e Larva Migrans
od
a çã arva reproduzindo no
n l
mi a es
Eli os d s fez intestino
v
o el a
p
Ancylostoma brasiliense
Female Male
2mm 2mm
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Filariose 03 – entrevista
65
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 28
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distri-
buição em diferentes ambientes, em especial, em ambientes brasileiros.
Doenças causadas por vermes nematelmintos são negligenciadas, pois, em geral, são endêmicas em regiões mais
carentes e com falta de saneamento básico. Conhecer como esses vermes se reproduzem, isto é, conhecer o seu ci-
clo de vida e tentar impedir de alguma maneira sua reprodução é a maneira mais eficiente de evitar essas doenças.
Esse conhecimento é importante para a resolução da questão.
MODELO 1
(Enem) Lagoa Azul está doente
Os vereadores da pequena cidade de Lagoa Azul estavam discutindo a situação da saúde no município. A situ-
ação era mais grave com relação a três doenças: doença de Chagas, esquistossomose e ascaridíase (lombriga).
Na tentativa de prevenir novos casos, foram apresentadas várias propostas:
§ Proposta 1: Promover uma campanha de vacinação.
§ Proposta 2: Promover uma campanha de educação da população com relação a noções básicas de higiene,
incluindo fervura de água.
§ Proposta 3: Construir rede de saneamento básico.
§ Proposta 4: Melhorar as condições de edificação das moradias e estimular o uso de telas nas portas e
janelas e mosquiteiros de filó.
§ Proposta 5: Realizar campanha de esclarecimento sobre os perigos de banhos nas lagoas.
§ Proposta 6: Aconselhar o uso controlado de inseticidas.
§ Proposta 7: Drenar e aterrar as lagoas do município.
Para o combate da ascaridíase, a proposta que trará maior benefício social, se implementada pela prefeitura, será:
a) 1.
b) 3.
c) 4.
d) 5.
e) 6.
ANÁLISE EXPOSITIVA
A ascaridíase é causada pelo verme nematelminto Ascaris lumbricoides, com o qual as pessoas se infectam
devido à presença de ovos em alimentos contaminados ou na água contaminada. Isso se deve ao fato de
que, em regiões muito carentes, não há rede de tratamento de esgoto. Em consequência disso, ocorre a
contaminação da água e dos alimentos. Assim, entre as propostas apresentadas, a construção de uma rede
de saneamento básico seria ideal para combater a ascaridíase.
RESPOSTA Alternativa B
66
DIAGRAMA DE IDEIAS
• ANCILOSTOMA DUODENALE
• NERCATOR AMERICANUS
CARACTERÍSTICAS
LARVAS PENETRAM
PELO PÉ
CORAÇÃO E
OVOS
PULMÕES
CILÍNDRICOS ELEFANTÍASE
INTESTINO
• WUCHERERIA BANCROFTI
NÃO SEGMENTADOS • PICADA DO MOSQUITO
CULEX SP
ASCARIDÍASE
SISTEMA DIGESTIVO
COMPLETO OXIUROSE
• ASCARIS LUMBRICOIDES
EXCREÇÃO POR • ENTEROBIUS VERMICULARIS
CÉLULAS EM H INGESTÃO
DE OVOS
LARVA ROMPE
SISTEMAS CIRCULATÓRIO E BICHO GEOGRÁFICO INTESTINO
O INTESTINO
RESPIRATÓRIO AUSENTES
• ANCYLOSTOMA CANINUM DEGLUTIÇÃO CIRCULAÇÃO
• PARASITAS DE CÃES
DIOICOS COM
E GATOS
DIMORFISMO SEXUAL INTESTINO
67
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
Processos relacionados com síntese proteica A citologia é foco de boa parte das questões
(transcrição e tradução), metabolismo dessa prova. Questões relacionadas com a
energético (respiração celular e fotossíntese) identificação e o funcionamento de organelas
e biotecnologia são assuntos com presença e divisões celulares estão sempre presentes.
garantida.
Prova com caráter muito interdisciplinar, com Função e reconhecimento de organelas são Prova que frequentemente apresenta questões
questões que abrangem principalmente pro essenciais nessa prova. relacionadas com metabolismo energético (respi
cessos bioquímicos e funções de organelas. ração celular e fotossíntese) e bioquímica básica.
Divisões celulares, funções e identificação Nessa prova, as questões costumam abordar Vestibular que envolve, em todos os anos, A citologia é um dos assuntos mais presentes
de organelas e metabolismo energético diferentes áreas da Biologia; dessa maneira, é assuntos como divisões celulares, metabolismo nas provas da Santa Casa, com questões sobre
(respiração celular e fotossíntese) são temas importante saber relacionar o funcionamento energético (respiração celular e fotossíntese) e funções das organelas, transporte através de
bastante presentes. e a diferenciação das células com o tecido que funções das organelas. membrana, divisões celulares e metabolismo
elas compõem e o meio em que vivem. energético.
UFMG
Prova com questões com alto grau de espe Questões com alto nível de especificidade Principal área cobrada em Biologia nessa
cificidade envolvendo principalmente síntese relacionadas a funções de organelas, divisões prova. Muitas questões abordam divisões
proteica e o dogma central da Biologia, além celulares e transporte através da membrana. celulares e síntese proteica (transcrição e
de transporte através de membrana e divisões tradução), além de propriedades e transporte
celulares. através da membrana.
Nessa prova, a citologia é um dos temas mais Prova com alto grau de especificidade nas Um dos principais focos dessa prova, a citolo
recorrentes, sendo que os assuntos principais questões. Em citologia, os assuntos mais gia é abordada principalmente por questões
são bioquímica, síntese proteica, divisões celu cobrados são metabolismo energético que tratam do metabolismo energético (res
lares e identificação e função das organelas. (respiração celular e fotossíntese) e análise das piração celular e fotossíntese) e das divisões
organelas (funções e identificação). celulares (propriedades e comparações).
CITOLOGIA
69
mente, compõem os sistemas ou aparelhos do organismo,
AULAS 9 E 10 que executam sua função essencial para a manutenção da
vida do organismo. Por fim, um conjunto organizado de sis
temas forma um organismo ou um indivíduo.
70
1.3. A análise da célula § As células originam-se unicamente de células
preexistentes. Não existe geração espontânea de cé
Por apresentarem dimensões tão reduzidas (a maioria das lulas. Por meio de processos de divisão celular, as células
células eucariontes mede 10 mm), as células não podem -mães produzem células-filhas, provocando a reprodu
ser vistas a olho nu. Para que as céulas possam ser estu ção e o crescimento dos organismos.
dadas, o aparelho habitualmente usado é o microscópio
óptico comum ou microscópio composto, que costuma dar § As células possuem material genético. As células
aumentos de até 2 mil vezes. No óptico, as células podem têm DNA (ácido desoxirribonucleico), por meio do qual
ser observadas vivas (“a fresco”) ou mortas (“fixadas”) pelo características específicas são transmitidas da célula
álcool ou formol. É comum o uso de corantes para realçar as -mãe para a célula-filha.
estruturas celulares. Alguns corantes podem ser usados em
células vivas (corantes vitais), mas, geralmente, são aplica 1.6. Os vírus
dos depois da morte (fixação) da célula. Os órgãos, por sua
Os vírus são seres muito simples e pequenos, e ainda há
vez, são observados na maioria das vezes em finos cortes
discussão entre os cientistas se eles são considerados seres
feitos com um aparelho chamado micrótomo.
vivos ou não, uma vez que não apresentam os componen
O microscópio eletrônico, atualmente mais utilizado nos tes celulares básicos de todos os seres vivos. Os vírus são
estudos citológicos, dá aumentos da ordem de até 250 formados basicamente por uma cápsula proteica envolven
mil vezes. A estrutura da célula observada com muito mais do seu material genético, que, dependendo do tipo de ví
detalhes no microscópio eletrônico é denominada ultra- rus, pode ser o DNA ou RNA. Alguns vírus também podem
estrutura celular. apresentar um envelope lipoproteico externo.
Os vírus não apresentam ribossomos, consequentemente,
1.4. Unidades de medida não sintetizam proteínas e não são capazes de se reproduzir
Para exprimir dimensões celulares, são usadas habitual por conta própria. Sendo assim, os vírus precisam infectar
mente três unidades: micrômetro, nanômetro e angströn. uma célula (chamada de hospedeira) para então usar a ma
Observe o quadro a seguir: quinaria de produção de proteínas dessa célula para produ
zir cópias de suas proteínas virais e de seu material genético.
Unidade Símbolo Valor Uso em citologia
Domínio macroscópico
Existem diversos vírus circulando na natureza, capazes de
milímetro mm 0,001 m (vista desarmada). infectar diversos tipos celulares, como bactérias, células ve
Células grandes.
getais e células animais, porém, cada tipo de vírus costuma
Microscopia óptica.
ser bem específico com relação ao tipo de célula que infec
micrômetro mm 0,001 mm Maioria das células e
organelas maiores. ta, ou seja: um vírus que infecta bactérias provavelmente
Microscopia eletrônica. não infecta nenhum outro tipo celular; ou ainda, um vírus
nanômetro nm 0,001 mm Organelas menores, as que infecta uma espécie de animais dificilmente infecta ou
maiores macromoléculas.
tras muito diferentes.
Microscopia eletrônica.
angströn Å 0,1 nm
Moléculas e átomos. Porém, os vírus podem também sofrem mutações em seu
material genético, formando variações virais ou até mesmo
1.5. Teoria celular originando novos vírus, que podem ser capazes de infectar
diferentes hospedeiros.
Uma das mais importantes generalizações da Biologia é a
teoria celular, que pressupõe as seguintes premissas:
71
composição muito simples. Essas substâncias, sob a ação 2.1. Surgimento das células eucariotas
do calor e da radiação ultravioleta vinda do Sol e de des
cargas elétricas oriundas de tempestades frequentes, com Até o momento, estamos falando de organismos unicelu
binaram-se quimicamente para constituírem os primeiros lares e procariotos, muito simples e que habitavam prin
compostos contendo carbono. Substâncias relativamente cipalmente o ambiente terrestre. Porém, com o passar do
complexas teriam aparecido graças às diferentes combina tempo, as células dos seres vivos aumentaram de comple
xidade. É bastante provável que as organelas membrano
ções das substâncias mais simples. Em 1953, o cientista
sas, como o retículo endoplasmático, o aparelho de Golgi
norte-americano Stanley Miller realizou experimentos fun
e até a própria membrana nuclear, que envolve o material
damentais que corroboraram essa possibilidade. Produzin
genético das células, tenham se formado a partir de invagi
do descargas elétricas em um recipiente fechado, contendo
nações da membrana plasmática, formando as primeiras
vapor de água, hidrogênio, metano e amônia, ele descobriu
células eucariotas.
que se formavam aminoácidos, como alanina, glicina, áci
dos aspárticos e glutâmicos. Por sua vez, as organelas com DNA próprio (mitocôndrias,
cloroplastos) provavelmente surgiram como uma simbiose
Estudos posteriores, simulando as condições pré-bióticas,
entre procariontes, como foi teorizado em 1981 pela bióloga
permitiram a produção de 17 aminoácidos (dos 20 que
Lynn Margulis, em seu livro chamado Symbiosis in Cell Evoly
podem compor as proteínas). Também foram produzidos
tion (Simbiose e evolução das células, em tradução livre).
açúcares, ácidos graxos e as bases nitrogenadas que for
Acredita-se que um organismo eucarionte englobou uma
mam parte do DNA e RNA. Essa etapa de evolução quí
partícula procarionte autotrófica. A partir disso, eles inicia
mica foi provavelmente precedida de outra na qual se for
ram uma relação de cooperação, e um organismo passou
maram as proteínas pela polimerização dos aminoácidos. a viver no interior do outro (endossimbiose). Com o tempo,
Essa etapa posterior provavelmente ocorreu em meios essa relação tornou-se tão importante que os organismos
aquosos, onde as moléculas orgânicas se concentravam não poderiam mais viver de forma isolada. Provavelmente o
para formar uma espécie de “sopa primordial”, na qual organismo procarionte autotrófico beneficiou a célula hos
foram favorecidas as interações e onde se formaram com pedeira garantindo processos como a respiração celular, no
plexos maiores denominados coacervados ou proteinoi caso da mitocôndria, e a fotossíntese, no caso dos cloroplas
des, com uma membrana externa envolvendo um fluido tos. Já a célula hospedeira garantia proteção e nutrientes às
no interior (micelas). Mais tarde, originou-se o código novas organelas celulares, formando assim as células euca
genético, provavelmente surgindo primeiro o RNA e, em riotas como conhecemos hoje – com núcleo individualizado
seguida, o DNA e as diversas moléculas que participaram e presença de mitocôndrias e cloroplastos. A teoria endos
da síntese de proteínas e da replicação, produzindo célu simbionte é baseada em cinco principais evidências:
las capazes de se autorreplicarem.
1) A presença de uma dupla membrana envolvendo mito
A hipótese mais provável é que, sem oxigênio na atmos côndrias e cloroplastos. Essa dupla membrana, provavel
fera, os primeiros procariontes tenham sido anaeróbicos mente, é resultado da membrana que já pertencia ao or
(não dependem de oxigênio para seu metabolismo) e he- ganismo procarionte, somada à membrana do organismo
terotrófico (dependem de matéria orgânica externa para eucarionte que realizou o processo de englobamento.
obterem energia). Posteriormente, surgiram os seres auto-
2) Mitocôndrias e cloroplastos apresentam tamanhos se
tróficos (capazes de produzir sua própria matéria orgâni
melhantes aos das bactérias.
ca necessária para obterem energia), como as algas azuis,
que contêm pigmentos fotossintéticos. 3) Cloroplastos e mitocôndrias possuem DNA próprio, in
dependente do DNA celular, e esse material genético é cir
Até este momento, todos os seres vivos também eram pro-
cular, assemelhando-se às moléculas de DNA encontradas
cariontes, ou seja, tinham seu material genético disperso
em bactérias.
por toda a célula.
4) Possuem capacidade de autoduplicação independente
Porém, com a fotossíntese realizada pelos seres autotró da divisão celular.
ficos, quantidades muito grandes de gás oxigênio foram
liberadas na atmosfera, permitindo o surgimento de orga 5) Tanto mitocôndrias quanto cloroplastos apresentam ri
nismos aeróbicos (que necessitam de gás oxigênio para bossomos próprios e sintetizam algumas de suas proteínas.
suas reações metabólicas) a partir dos quais originaram-se Também vale destacar que a população de seres eucario
os seres eucariontes (que apresentam seu material genéti tos primitivos primeiramente englobou os seres procariotos
co em uma região específica das células, o núcleo, delimi que originaram as mitocôndrias, já que essa organela está
tado por uma membrana celular). presente em todos os eucariotos atuais (animais, plantas,
72
algas, fungos e protozoários). Como os cloroplastos só estão presentes atualmente nas plantas e algas, provavelmente a
população de eucariotos primitivos que deu origem a esses grupos englobou os seres precursores dos cloroplastos depois de
já terem englobado os precursores das mitocôndrias, como no esquema a seguir:
Procarionte
ancestral Mitocôndria
heterotrófico
aeróbio Mitocôndria
Mitocôndria
Procarionte
ancestral Cloroplasto
fotossintético
Os cloroplastos evoluíram depois das mitocôndrias, por
relações de endossimbiose com procariontes autotróficas
73
sintetizados no mesmo RNA sintetizado e processado no núcleo,
RNA e proteína compartimento: hialoplasma proteínas sintetizadas no citoplasma
ausência de citoesqueleto, fluxo citoplasmático, citoesqueleto composto de filamentos de proteínas, fluxo
Citoplasma ausência de endocitose e exocitose citoplasmático, presença de endocitose e exocitose
Divisão celular cromossomos se separam ligados ao mesossomo cromossomos se separam pela ação do fuso do citoesqueleto
Organização celular maioria unicelular maioria multicelular, com diferenciação de muitos tipos celulares
3.1. Estruturas básicas das células nético (cromatina) aparece disperso no hialoplasma, onde
a única organela é o ribossomo. Observe que não existe
Observe na ilustração a seguir três componentes fundamen membrana envolvendo o material genético nem delimitan
tais de uma célula: membrana plasmática, citoplasma do o núcleo. Esse tipo de célula caracteriza os seres proca
e núcleo. riontes, representados pelos integrantes do Reino Monera,
isto é, as bactérias e cianobactérias.
74
de todas as membranas celulares. As moléculas de lipídios os, principalmente os fosfolipídios, correspondem a cerca de
da membrana possuem tanto regiões hidrofóbicas quanto 25% a 40% das estruturas das membranas celulares, e as
hidrofílicas. Elas se arranjam espontaneamente em bicama proteínas correspondem a cerca de 60% a 75% do total.
das quando colocadas em água, formando compartimentos Em quantidades bem inferiores é possível encontrar: antíge
fechados que se resselam quando rompidos. nos, enzimas, glicídios e outras moléculas permanentes ou
Há três classes principais de moléculas lipídicas da mem transitórias. Por esse motivo, as membranas celulares são
brana: fosfolipídios, esterois e glicolipídios. A bicamada lipí denominadas lipoproteicas, pois representam uma associa
dica é fluida, e moléculas lipídicas individuais são capazes ção entre lipídios e proteínas.
de difundir-se dentro de sua própria monocamada; contu Glícido Meio extracelular
do, elas não saltam espontaneamente de uma monoca Glícoproteína
Esse modelo explica as capacidades e funções membrano § Desmossomos – são espécies de “botões adesivos” que
sas, especialmente a sua permeabilidade seletiva. Os lipíde aparecem nas membranas adjacentes de células vizinhas.
75
§ Interdigitações – são dobras da membrana que se § Permeabilidade seletiva – a célula precisa realizar
encaixam e aumentam a adesão intercelular. uma série de trocas com o meio externo para sobreviver.
Substâncias essenciais, como água, oxigênio e nutrien
§ Junções estreitas ou oclusivas – encontradas em tes, devem entrar na célula, enquanto gás carbônico e
células do epitélio intestinal, são regiões diferenciadas substâncias tóxicas, resultantes da atividade celular,
que vedam o espaço intercelular, impedindo a passa devem ser eliminados. Por meio da chamada permea
gem de líquidos entre as células, fator que regula o bilidade seletiva, a membrana regula a entrada e saída
controle de absorção para cada célula. de substâncias, permitindo à célula manter uma compo
§ Junções comunicantes ou nexos – diferentemen sição química equilibrada e diferente do meio externo.
te das anteriores, permitem a passagem de íons e
pequenas moléculas, associando metabolicamente as 3.3. Parede celular
células vizinhas.
A parede celular é uma estrutura rígida localizada externa
§ Glicocálix – nas células animais, a membrana plas mente à membrana plasmática. Por esse motivo, as células
mática é frequentemente recoberta por uma delgada que possuem parede celular têm menos possibilidade de
película de natureza glicoproteica denominada cutí modificar sua forma. A parede celular é uma estrutura pre
cula ou glicocálix. Além de proteger a membrana, o sente em bactérias, fungos e em vegetais Nas bactérias, a
glicocálix atua no reconhecimento celular por meio parede celular é composta basicamente de proteoglicanos
de um complexo código molecular. É através do glico (carboidratos ligados à proteínas). No fungos, é formada
cálix que ocorre a distinção das células de um mesmo por um carboidrato chamado quitina. Nas plantas, a pare
organismo e a rejeição de células estranhas, como as de celular é composta por outro carboidrato, a celulose, por
de um enxerto. isso também é denominada membrana celulósica.
Invaginações
parede recebe o nome de parede celular secundária.
As microvilosidades. Inaginações de base. Interdigitações e desmossomos.
Glicocálix
Face externa
da célula Lipídio A parede secundária é a principal responsável pela grande
Junção oclusiva
resistência da parede celular. Em alguns casos, há também
Junção comunicante depósitos de lignina e de suberina (outros tipos de carboi
Face interna
Os tipos de junções.
Proteína
O glicocálix.
da célula dratos) na parede celular, substâncias que lhe conferem
ainda mais resistência. É característica das células vegetais
a presença de pontos de contato entre células vizinhas, am
3.2.2. As funções da membrana plasmática
biente em que não há deposição de parede celular. Nesses
§ Manutenção da integridade celular – se a mem pontos de contato, formam-se canais citoplasmáticos de
brana for lesionada, o citoplasma extravasa, e a célula nominados plasmodesmos, que conectam o citoplasma
se desintegra em um processo denominado citólise. En das células vizinhas. Eles são delimitados pela membrana
tretanto, pequenas lesões não afetam a estrutura celu plasmática comum a essas células.
lar, uma vez que a membrana apresenta a capacidade
Entre as paredes celulares de células adjacentes há uma
de regeneração sem destruir a célula. A regeneração
fina camada formada principalmente por pectina (um po
possibilita os processos de micromanipulação, por meio
lissacarídeo) que une uma célula a outra. Essa camada é a
dos quais a célula pode ser submetida, por exemplo, a
lamela média, interrompida nos plasmodesmos.
transplantes de núcleo.
lamela mediana
§ Reconhecimento intercelular – na superfície da composta
parede secundária
célula existe um mecanismo de reconhecimento mole paredes
celulares
lamela mediana
composta
citoplasma
membrana
que as células se identifiquem e se unam, originando plásmatica
lamela mediana
os tecidos; as células também podem se rejeitar, como parede primária
parede secundária
1 mm
acontece nos transplantes.
76
3.4. A permeabilidade seletiva e (canais com portões controlados por ligantes). Observe a
seguir uma ilustração das proteínas-canal.
os transportes de membrana
Mesmo quando abertos por seu estímulo específico, os
A bicamada lipídica das membranas celulares é bastante im
canais iônicos não permanecem abertos continuamente:
permeável à maioria das moléculas hidrossolúveis e a todos
eles oscilam aleatoriamente entre as conformações aberta
os íons. A passagem de nutrientes, metabólitos e íons através
e fechada. Um estímulo ativador aumenta a proporção do
da membrana plasmática e membranas celulares internas é
tempo que o canal gasta no estado aberto. O potencial
realizada por proteínas transportadoras de membrana. As
de membrana é determinado pela distribuição desigual de
membranas celulares contêm uma grande variedade de pro
cargas elétricas nos dois lados da membrana plasmática
teínas transportadoras, cada uma das quais é responsável
e é alterado quando íons fluem através de canais abertos.
pelo transporte de um tipo particular de soluto.
Os componentes hidrofóbicos, solúveis nos lipídios, atra
Existem duas classes de proteínas transportadoras de mem
vessam facilmente a membrana, uma vez que ela é for
brana – proteínas carreadoras e proteínas de canal. O gra
mada por uma bicamada lipídica. Esse é o caso dos áci
diente eletroquímico representa a força impulsora resultante
dos graxos, dos hormônios esteroides e dos anestésicos.
que atua sobre um íon devido ao seu gradiente de concen
As substâncias hidrófilas, insolúveis nos lipídios, penetram
tração e ao campo elétrico. No transporte passivo, um so
nas células com mais dificuldade, fator influenciado pelo
luto sem carga se move espontaneamente a favor de seu tamanho da molécula e por suas características químicas.
gradiente de concentração, e um soluto carregado (um íon) A configuração molecular poderá permitir que a substância
se move espontaneamente a favor de seu gradiente eletro seja transportada por meio de um dos mecanismos espe
químico. No transporte ativo, um soluto sem carga, ou um ciais desenvolvidos durante a evolução, como o transporte
íon, é transportado contra o seu gradiente de concentração ativo e a difusão facilitada.
ou eletroquímico, em um processo que necessita de energia.
As proteínas carreadoras ligam solutos específicos (íons 3.4.1. Transporte de substâncias
inorgânicos, pequenas moléculas orgânicas ou ambos) e através da membrana celular
os transferem através da bicamada lipídica por sofrerem
mudanças conformacionais que expõem o sítio ligante de
soluto, primeiro em um lado da membrana e depois no
outro. As proteínas carreadoras podem atuar como bom
bas para transportar um soluto contra o seu gradiente ele
troquímico, utilizando energia fornecida pela hidrólise de
ATP, por um fluxo “para baixo” de Na+ ou de íons H+, ou
pela luz. A bomba de Na+ / K+ da membrana plasmática de
células animais é uma ATPase que transporta ativamente
Na+ para fora da célula e K+ para dentro, mantendo o forte
gradiente de Na+ através da membrana, que é usado para
Passagem de substâncias através de proteínas de canal
impulsionar outros processos de transporte ativo e para de um lado a outro da membrana plasmática.
transmitir sinais elétricos.
§ Difusão passiva – muitas substâncias penetram nas
As proteínas-canal formam poros aquosos de um lado para
células ou delas saem por difusão passiva, ou seja,
o outro da bicamada lipídica, pelos quais solutos podem di
como a distribuição do soluto tende a ser uniforme em
fundir-se. Enquanto o transporte por proteínas carreadoras
todos os pontos do solvente, o soluto penetra na célula
pode ser ativo ou passivo, o transporte por proteínas-canal
quando sua concentração é menor no interior celular
é sempre passivo. A maioria das proteínas-canal é um ca
do que no meio externo, e sai da célula no caso contrá
nal iônico do tipo seletivo que permite que íons inorgânicos rio. Nesse processo não há consumo de energia.
de tamanhos e cargas apropriados cruzem a membrana a
favor de seus gradientes eletroquímicos. O transporte pelos § Difusão facilitada – algumas substâncias, como a
canais iônicos é, no mínimo, mil vezes mais rápido do que glicose, a galactose e alguns aminoácidos possuem
o transporte por qualquer proteína carreadora conhecida. tamanho superior a 8 angströns, o que impede a sua
A maioria dos canais iônicos possui portões e se abre tran passagem através dos poros. Essas substâncias não são
sitoriamente em resposta a um estímulo específico, como solúveis em lipídios, o que também impede a sua difu
uma mudança no potencial de membrana (canais com por são pela matriz lipídica da membrana. Entretanto, essas
tões controlados por voltagem) ou a ligação de um ligante substâncias passam através da matriz, por transporte
77
passivo, contando, para isso, com o trabalho de proteí
nas carreadoras ou permeases (proteínas transportado
ras). Por exemplo, a combinação entre a glicose e a pro
teína carreadora forma uma combinação lipossolúvel
que passa a se difundir de um lado para outro da mem
brana. Do outro lado da membrana, a glicose separa-se
do carreador e passa para o interior da célula, enquanto
o carreador retorna ao meio externo para buscar mais
moléculas de glicose.
Funcionamento da bomba Na+ / K+ ATPase
§ Transporte ativo – nesse caso, ocorre gasto de ener
gia (ATP), e a substância pode ser transportada de um 3.4.2. Osmose – a difusão da água
local de baixa concentração para outro de alta concen
tração, isto é, o soluto pode ser transportado contra § Osmose – é um fenômeno de difusão em presença de
um gradiente. O transporte ativo é bloqueado pelos uma membrana semipermeável. Nesse processo, duas
inibidores da respiração (dinitrofenol, cianetos e azida) soluções de concentrações diferentes estão separadas
e pelos inibidores da síntese de ATP (iodoacetato). O por uma membrana que é permeável ao solvente e pra
esquema a seguir apresenta um processo passivo e a ticamente impermeável ao soluto. Ocorre, então, a pas
favor do gradiente de concentração, representado por sagem do solvente de onde ele está em maior quanti
A, e um processo ativo e contrário ao gradiente de con dade (solução hipotônica) para onde está em menor
centração, representado por B. quantidade (solução hipertônica). Com essa passagem,
Substância
verifica-se um aumento da quantidade de água na so
A B
em solução lução hipertônica, fazendo com que haja maior diluição
Membrana da solução e, consequentemente, diminuição da sua
Plasmática
Substância concentração. É possível dizer que é a osmose que pos
em solução
ATP ADP sibilita isotonia entre uma solução hipertônica e uma
Transporte ativo de substâncias, com gasto de ATP hipotônica, com passagem de solvente através de uma
membrana semipermeável. Isso pode, inclusive, ser
§ Bomba de sódio e potássio – é comum serem ob
fatal para a célula, como no caso das hemácias, que,
servadas diferenças de concentrações iônicas entre os
meios intra e extracelular. Para exemplificar, serão utili em presença de soluções pouco concentradas, sofrem
zados a célula nervosa (neurônio) e o glóbulo vermelho hemólise. Observe, na figura a seguir, que as hemácias
do sangue (hemácia). Ao serem comparadas as con (A) em solução hipertônica (situação 1) perderão água
centrações de íons de potássio (K+) e de sódio (Na+), e murcharão (crenação), já em solução hipotônica (si
verifica-se que a concentração de K+ é maior dentro do tuação 2) ganham água por osmose, podendo sofrer
neurônio, enquanto a concentração de Na+ é maior no ruptura da membrana (lise celular).
líquido que o envolve. A hemácia possui no citoplasma
concentração de K+ vinte vezes maior do que o plas
ma, que, por sua vez, apresenta concentração de Na+
vinte vezes maior do que a hemácia. Nos dois casos,
é evidente que essas concentrações não se igualam,
apesar de a membrana apresentar permeabilidade
passiva aos dois íons. Para manter a diferença iônica, a
célula continuamente absorve K+ e elimina Na+ através
da bomba de Na+ e K+. Uma proteína conhecida como
bomba Na+/K+ ATPase funciona transportando K+ para
o interior e Na+ para o exterior da célula. Os íons Na+
intracelulares se ligam à ATPase que, transformando Resultados da imersão de hemácias em solução
hipotônica (2) e solução hipertônica (1).
ATP em ADP, obtém energia necessária a sua mudança
de conformação, expelindo-os para o meio extracelular. A presença da parede celular nas células vegetais torna
Os íons K+, por mecanismo idêntico, são transferidos peculiar esse fenômeno, em que a célula vegetal, mesmo
para o citoplasma. Observe a seguir o esquema da em meios muito pouco concentrados em relação aos seus
bomba de Na+ e K+: vacúolos, não explode.
78
Tonoplasto b. pressão de turgescência (PT) – contrária à entrada
Parede celular II de água. III
I Plasmalema
Assim, é possível dizer que a entrada
Núcleode água nas céluVacúolo
Suco Núcleo las vegetais depende de seu deficit de pressão de difusão
vacuolar
(DPD ou Sc). A fórmula a seguir permite calcular a sucção
celular (Sc ouVacúolo
DPD) da célula. A tendência de a água entrar
Núcleo Citoplasma na célula vegetal depende de uma pressão favorável (PO) e
de outra contrária (PT).
Estrutura da célula vegetal Célula túrgida Célula murcha
Tonoplasto
Parede celular II III DPD = PO - PT
I ou
Plasmalema
Sc = Si - M
Núcleo Vacúolo
Suco Núcleo
vacuolar
A célula estará saturada (túrgida) com água quando:
Vacúolo
Núcleo Citoplasma
PT = PO Si = M
Estrutura da célula vegetal Célula túrgida Célula murcha DPD = 0 Sc = 0
ou DPDCélula PT DPD
Célula túrgida = POmurcha
- PT
Sc = SiA -célula
M vegetalouem diferentes momentos. PT DPD
Sc = Si - M PO
Geralmente, a concentração do suco vacuolar é maior do
PO
que a solução do solo; isso quer dizer que a pressão de
A célula estará saturada
difusão
(túrgida) com célula
água équando:
A céluladaestará
águasaturada
dentro da(túrgida) menor
com que
água a pressão
quando: A tendência de a água entrar na célula vegetal depende de uma
da difusão no meio externo. Consequentemente, a tendên pressão Afavorável
tendência de a água entrar na célula vegetal depende de uma
(PO) edeoutra contrária (PT).vegetal depende de
pressão Afavorável
tendência (PO)a eágua entrar
outra na célula
contrária (PT).
PT = PO Si =
cia de a água penetrar M
PT = PO Si = M
na célula é menor que a de sair. uma pressão favorável (PO) e de outra contrária (PT)
DPD
Essa = 0 Sc
tendência será=maior
DPD 0= 0quanto
Sc = maior
0 for a concentra AAmembrana reage
membrana reage
ção da solução do suco vacuolar. Ou seja, quanto maior a A água penetra
A água penetra contra
contra aadistensão
distensão
na célulana célula (M)
(M)
pressão
Assim, aosmótica
célula do suco
estará vacuolar,
murcha maior
(flácida) a tendência de
quando: por causapordacausa da
Assim, a célula estará murcha (flácida) quando:
penetração da água. Existe, portanto, uma força no interior
pressão osmótica
pressão osmótica
do suco
do suco
da célula com tendência para retirar a água do ambiente. vacuolar (PO) A água que penetrou
PT = 0 M=0 vacuolar (PO) HO
A água que pressiona
na célula penetroua
PT
Essa=força
0 é denominada
M = 0 pressão osmótica do suco vacuo
DPD = PO Sc = SI H 2
O
2
na célula pressiona
membrana
(PT)
a
celulósica
lar, que=será membrana celulósica
DPD POrepresentada
Sc = SI por PO ou Si (sucção interna da (PT)
célula). A água penetra no vacúolo da célula e começa a
distendê-lo. Em consequência, surge uma pressão (pressão Núcleo
de turgescência) sobre a membrana celulósica. Esquema mostrando o movimento osmótico na célula vegetal.
Núcleo
Esquema mostrando o movimento osmótico na célula vegetal.
Como a membrana é dotada de elasticidade, ela vai se dis
Esquema mostrando o movimento osmótico na célula vegetal
tendendo, originando uma força contrária à distensão, ten
dendo a voltar à sua posição inicial. Essa força é chamada § Plasmólise – caso a célula seja mergulhada em uma
de pressão de turgescência (turgor) e representada por PT solução de concentração superior à do vacúolo, ou seja,
ou M (resistência da membrana). dentro de uma solução hipertônica em relação ao DPD
da célula, ela perderá água contraindo-se até ficar frou
A penetração de água no interior da célula vegetal vai de
xa. O vacúolo segue perdendo água, e o citoplasma vai
pender dessas forças.
se afastando da parede celular. O espaço existente entre
a. pressão osmótica do suco vacuolar (PO) – favorá o citoplasma e a parede fica cheio com a solução exter
vel à entrada de água; na, uma vez que a membrana celulósica é permeável. Às
79
vezes, o afastamento do citoplasma da parede celulósica § Fagocitose – é o nome dado ao processo pelo qual a
não é total, ficando o citoplasma ligado à parede por célula, graças à formação de pseudópodos, absorve, no
meio de finos ligamentos de Hecht. Nessa situação, DPD seu citoplasma, partículas sólidas. A fagocitose é um pro
= PO e PT = 0. A plasmólise não provoca a morte da cesso seletivo, conforme pode ser observado no exemplo
célula vegetal. Caso a célula seja mergulhada em água da fagocitose de paramécios pelas amebas. Nos mamífe
ou solução hipotônica, ela voltará a absorver água até ros, a fagocitose é realizada por células especializadas na
voltar ao estado inicial. Esse fenômeno é denominado defesa do organismo, como os macrófagos, e por células
desplasmólise. Observe a seguir ilustrações sobre a plas endoteliais dos capilares sanguíneos.
mólise e desplasmólise da célula vegetal. Em seguida, o
diagrama de Höfler, que mostra as variações de volume § Pinocitose – é o nome dado ao processo pelo qual
de uma célula vegetal colocada em diferentes meios. Em a célula, graças a delgadas expansões do citoplasma,
1, a célula está murcha e, em 3, está túrgida. engloba gotículas de líquido. Assim, formam-se va
cúolos contendo líquido que se aprofundam no cito
plasma tornando-se cada vez menores, o que sugere
uma transferência de líquido para o hialoplasma. No
processo da pinocitose, formam-se longas projeções
laminares da superfície celular, visíveis ao microscópio
óptico, que dão origem a vesículas também grandes
no processo denominado macropinocitose. Observe a
seguir que os vacúolos originados pela fagocitose (II)
e pinocitose (I) são fundidos a lisossomos produzidos
Diagrama representativo das variações de volume celular pelo complexo de Golgi.
em decorrência das alterações osmóticas do meio
Retículo
endoplasmático
3.4.3. Transporte em quantidade granular
Complexo
§ Transporte em quantidade – o transporte em quan de Golgi
tidade para dentro da célula, também chamado de I
Lisossomo vacúolo autofágico
endocitose, é realizado por dois processos denomina
dos fagocitose e pinocitose. Quando a transferência de III
corpo
macromoléculas ocorre em sentido inverso, ou seja, do II residual
citoplasma para o meio extracelular, o processo recebe o
fagossomo vacúolo
nome genérico de exocitose.
digestivo
Representação de exocitose
80
VIVENCIANDO
Dado que a citologia é o estudo da célula individualizada, é possível utilizar esse ramo das Ciências Biológicas para
estudar as estruturas celulares e como elas interagem umas com as outras. Esse conhecimento serve para mapear
as funções das células de cada tecido do corpo humano e distinguir, por exemplo, microrganismos que podem ser
patógenos ou até mesmo células do próprio organismos que foram modificadas devido às mutações. A detecção de
células anormais e de doenças, como câncer e/ou anomalias no pré-natal, são alguns exemplos disso.
Uma aplicação corriqueira da citologia é o exame do Papanicolau, que consiste na coleta de células do colo do
útero e da vagina para análise no microscópio. Esse exame previne doenças como câncer, infecções vaginais, HPV,
tricomoníase, candidíase, gonorreia, sífilis, entre outras.
No estudo das plantas, para compreender como um vegetal retira água do solo, é necessário o uso de termos
físicos, como pressão osmótica. A pressão osmótica é a força com que a água se move através das membranas
celulares. Outro exemplo é a pressão de turgescência, que é a resistência da membrana celulósica à entrada de
água na célula. A diferença entre a pressão osmótica e a pressão de turgescência resulta no deficit de pressão,
que mostra o sentido do movimento da água nas raízes das plantas.
DPD = PO – PT, onde:
DPD = deficit de pressão
PO = pressão osmótica
PT = pressão de turgor
81
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
A absorção de nutrientes através do intestino é um processo essencial para a manutenção do equilíbrio interno
dos organismos. Associar as funções e os tipos de especializações de membranas celulares com os esquemas
apresentados facilitará a resolução da questão.
MODELO 1
(Enem) Para explicar a absorção de nutrientes, bem como a função das microvilosidades das membranas das
células que revestem as paredes internas do intestino delgado, um estudante realizou o seguinte experimento:
Colocou 200 ml de água em dois recipientes. No primeiro recipiente, mergulhou, por 5 segundos, um pedaço
de papel liso, como na FIGURA 1; no segundo recipiente, fez o mesmo com um pedaço de papel com dobras
simulando as microvilosidades, conforme FIGURA 2. Os dados obtidos foram: a quantidade de água absorvida
pelo papel liso foi de 8 ml, enquanto pelo papel dobrado foi de 12 ml.
Figura 1 Figura 2
Com base nos dados obtidos, infere-se que a função das microvilosidades intestinais com relação à absorção
de nutrientes pelas células das paredes internas do intestino é a de
a) manter o volume de absorção;
b) aumentar a superfície de absorção;
c) diminuir a velocidade de absorção;
d) aumentar o tempo da absorção;
e) manter a seletividade na absorção.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse exercício é essencial reconhecer a importância das microvilosidades, que são especializações da mem
brana plasmática encontradas principalmente nas células do intestino delgado. Essas especializações têm
como função promover uma área maior de absorção de nutrientes, fenômeno que ocorre em grande quan
tidade no intestino. No esquema apresentado com figuras, representando os papéis, é possível observar que,
ao esticar totalmente o papel da figura 2, a sua área será maior do que o papel representado na figura 1.
RESPOSTA Alternativa B
82
DIAGRAMA DE IDEIAS
• ENDOSSIMBIOSE • RIBOSSOMOS
• INVAGINAÇÃO DA • DNA CIRCULAR
MEMBRANA • UNICELULAR
DIFUSÃO
• SIMPLES
• FACILITADA
83
Os ribossomos de eucariontes são ligeiramente maiores
AULAS 11 E 12 que os de procariontes. Estruturalmente, o ribossomo é
formado por uma subunidade pequena e outra maior. Bio
quimicamente, ribossomo consiste em moléculas de RNA
ribossômico (RNAr) associadas à cerca de 50 nucleoproteí
nas estruturais. Essa estrutura foi determinada pela cientis
ta Ada E. Yonath, que ganhou o prêmio Nobel de Química
CITOPLASMA em 2009 por essa descoberta.
O RNAr é sintetizado no núcleo, a partir de genes específicos.
Esses genes estão em constante transcrição (fabricação de
RNA) e a região do núcleo onde eles se localizam pode ser
observada através de microscópios de luz como uma man
cha mais clara; essa região é chamada de nucléolo.
COMPETÊNCIA: 4 Observe a ilustração a seguir:
HABILIDADES: 13 e 14
1. Organelas citoplasmáticas
O citoplasma é o constituinte celular mais abundante. Ele Retículo endoplasmático
rugoso
é composto pelo citosol e pelos organoides. O citosol, tam
bém chamado de hialoplasma, citoplasma fundamental ou Retículo endoplasmático
rugoso
fonte: https://pt.slideshare.net/Cleunii/ribossomos
Os ribossomos são as organelas que sintetizam as proteínas.
Eles se apresentam sob a forma de partículas globulares com
15 a 20 nm de diâmetro. Estão presentes em todos os seres Os ribossomos e a síntese proteica
celulares. Os ribossomos não são limitados por membranas e A síntese proteica é o processo pelo qual os ribosso-
ocorrem tanto em procariontes quanto em eucariontes. Nos mos produzem proteínas usando como matéria-prima
eucariontes, é comum que os ribossomos estejam associa os aminoácidos. As proteínas diferem entre si pelo nú-
dos às membranas de partes do retículo endoplasmático. mero, tipo e sequência de aminoácidos. A informação
genética para o encadeamento dos aminoácidos está
contida no DNA intranuclear, e os ribossomos, agentes
do processo, estão presentes no citoplasma. A trans-
missão da receita, do DNA para os ribossomos, ocorre
através de outra macromolécula, o RNA mensageiro.
A função do ribossomo é ler a mensagem contida no
RNA mensageiro e, por meio de suas informações,
multimídia: site adicionar aminoácidos e sintetizar proteínas.
84
túbulos e as vesículas são interconectados uns aos outros. 1.3. Complexo de Golgi
Pode-se distinguir dois tipos de retículo endoplasmático:
o retículo endoplasmático rugoso (RER) ou granular e o O complexo de Golgi está presente em praticamente todas
retículo endoplasmáticos liso (REL) ou agranular. O RER as células eucariontes e geralmente é formado por quatro
ou mais camadas empilhadas de delgadas vesículas acha
também é chamado de ergastoplasma e é formado por
tadas, que se situam próximas ao núcleo.
sacos achatados, cujas membranas têm aspecto rugoso
devido à presença de grânulos (ribossomos) aderidos à sua
superfície externa, voltada para o citosol. O REL é formado 1.3.1. Funções do complexo de Golgi
por estruturas membranosas tubulares, sem ribossomos § Secreção de enzimas digestivas – as enzimas di
aderidos e de superfície lisa. gestivas do pâncreas são exemplo de enzimas produ
zidas no RER e levadas até o complexo de Golgi, onde
1.2.1. Funções do retículo endoplasmático são empacotadas em pequenas bolsas, que se des
prendem dos dictiossomos e se acumulam em um dos
§ Produção de lipídios – a lecitina e o colesterol são
polos da célula pancreática. A produção de enzimas
exemplos de componentes lipídicos que existem em to
digestivas pelo pâncreas é apenas um entre muitos
das as membranas celulares e são produzidos no REL.
exemplos da função do complexo de Golgi nos proces
Outros tipos de lipídios produzidos são os hormônios
sos de secreção celular.
esteroides, dentre os quais estão a testosterona e o
estrógeno (hormônios sexuais gerados nas células das § Formação do acrossomo do espermatozoide – o
gônadas de animais vertebrados). acrossomo é uma bolsa de enzimas digestivas do es
permatozoide maduro que perfurarão as membranas
§ Desintoxicação – o REL participa dos processos de do óvulo permitindo a fecundação.
desintoxicação do organismo. As substâncias tóxicas são
absorvidas nas células do fígado e, posteriormente, são
modificadas ou destruídas, de modo a não causarem da
nos ao organismo. A atuação do retículo das células he
páticas permite eliminar parte do álcool, medicamentos
e outras substâncias potencialmente nocivas.
85
§ Formação da lamela média em células vegetais § Tipos de lisossomo
– o complexo de Golgi participa ativamente da formação 1. Lisossomo primário: é o lisossomo propriamente dito, isto
da lamela média, a primeira membrana que separa duas é, a vesícula que possui em seu interior as enzimas digestivas.
células recém-originadas na divisão celular. Grandes ve
sículas derivadas do complexo de Golgi acumulam pecti 2. Lisossomo secundário ou vacúolo digestivo: resulta da
na, que é eliminada entre as células-irmãs recém-forma fusão do lisossomo primário com a partícula englobada,
das, constituindo, assim, a primeira separação entre elas que pode estar dentro de um fagossomo ou pinossomo.
e, mais tarde, a lâmina que as mantém unidas. 3. Corpúsculo residual: é formado quando a vesícula lisos
sômica, por exocitose, elimina na periferia celular o mate
rial não assimilado.
4. Vacúolo autofágico: é formado quando a vesícula lisos
sômica digere uma partícula pertencente à própria célula. A
autofagia é uma atividade indispensável à sobrevivência da
célula. Assim, a digestão intracelular pode ser classificada em:
Autofagia – quando os lisossomos digerem uma partícu
la pertencente à própria célula; e
Heterofagia – quando a partícula digerida pelos lisosso
mos é proveniente do meio extracelular.
1.4. Lisossomo
Os lisossomos são pequenas vesículas que transportam en
zimas responsáveis pela digestão celular. Mecanismos envolvidos na digestão intracelular.
86
periférica da célula. Sua função também é a de regular as
trocas de água na osmose.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Organelas celulares
Doenças lisossômicas
As doenças lisossômicas estão associadas a anomalias
relacionadas à membrana ou ao conteúdo enzimático
dos lisossomos. Como exemplo é possível citar as pneu-
moconioses e a doença de Pompe. As primeiras são co-
muns em indivíduos que trabalham em minas, sendo Formação de vacúolo na célula vegetal adulta
caracterizadas por lesões pulmonares causadoras de
http://www.estudopratico.com.br/vacuolos-tipos-
dispneias, isto é, dificuldades respiratórias. Quando os e-funcoes-desta-organela-celular/
mineiros inalam partículas de silício, berilo, estanho e
Em protozoários de água doce, há vacúolos pulsáteis, tam
zinco, elas são fagocitadas por células conhecidas como
bém denominados contráteis, cujo papel é de regulação
macrófagos. Os lisossomos primários se unem aos va-
osmótica. A integridade celular corre riscos em razão do
cúolos digestórios, originando os lisossomos secundá-
absorção constante de água do meio para o interior da
rios, cujas paredes se rompem por ação das partículas
célula. Removê-la continuamente mantém equilibrada a
fagocitadas. Os macrófagos morrem e liberam suas en-
concentração dos líquidos celulares e evita riscos de rompi
zimas, que causam as lesões pulmonares. Na doença de
mento da célula, trabalho esse que consome energia.
Pompe, ocorre acúmulo de glicogênio nos lisossomos,
que aumentam de volume. A doença se caracteriza,
desde o nascimento do indivíduo, por uma dispneia
associada a problemas cardíacos. A morte acontece ao
final do primeiro ano de vida.
1.5. Vacúolos
Um vacúolo é qualquer porção no citoplasma delimitado por
uma membrana lipoproteica. As variedades mais comuns
são: vacúolos relacionados com a digestão intracelular, va
cúolos contráteis (ou pulsáteis) e vacúolos vegetais. Também
podem existir estruturas no citoplasma chamadas de inclu
sões, que são derivadas dos vacúolos e acumulam amido ou
lipídios. O conjunto de inclusões se denomina paraplasma.
Os vacúolos das células vegetais são tidos como regiões
expandidas do retículo endoplasmático. Quando se trata Paramécio, protozoário de água doce, com seu vacúolo contrátil.
de células vegetais jovens, são pequenos e isolados um
do outro. À medida que a célula se desenvolve, esses pe
quenos vacúolos se fundem, formando um único, grande e 1.6. Peroxissomos
central vacúolo (observe a figura a seguir). A expansão do Os peroxissomos são, em termos físicos, semelhantes aos
vacúolo, quando armazena alguma substância, leva o res lisossomos, mas diferem em dois aspectos importantes: pri
tante do citoplasma a ficar comprimido e restrito à porção meiro, acredita-se que sejam formados por autorreplicação
87
(ou talvez por brotamento do REL) e não pelo complexo de É importante lembrar que as mitocôndrias são de origem
Golgi; segundo, contêm oxidases e não hidrolases. Além de materna, uma vez que, ao penetrar no óvulo, apenas o ma
conterem enzimas que degradam gorduras e aminoácidos, terial genético do espermatozoide é inserido.
possuem também grande quantidade da enzima catalase, que
converte o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) em água 1.8. Plastos
e gás oxigênio. Os peroxissomos estão presentes em grande
quantidade nas células de defesa, como os macrófagos, e Os plastos são orgânulos citoplasmáticos encontrados nas
também existem nas células vegetais, em que participam do células de plantas e de algas. Eles são classificados em
processo da fotorrespiração. A função dos peroxissomos no cromoplastos, que são plastos coloridos que armazenam
metabolismo celular ainda é pouco conhecida, mas acredita pigmentos, e leucoplastos, que são plastos incolores que
-se que participem dos processos de desintoxicação da célula. armazenam substâncias nutritivas, como os amiloplastos
(amido), os oleoplastos (óleos) e os proteoplastos (proteí
nas). Os plastos participam da fotossíntese (cromoplastos) e
1.7. Mitocôndrias armazenam substâncias nutritivas (leucoplastos).
As mitocôndrias são formadas por duas bicamadas lipídi
cas: uma membrana externa e uma membrana interna. En plastos pigmentos cor
quanto a membrana externa é mais permeável e contínua, cloroplastos clorofila verde
meras pregas chamadas cristas mitocondriais, nas quais se eritroplastos eritrofila vermelho
1.9. Centríolos
Os centríolos são estruturas citoplasmáticas que estão pre
sentes na maioria dos organismos eucariontes, não ocor
rendo nos vegetais superiores, nos fungos complexos e nos
nematoides. O centríolo é um cilindro, cuja parede é for
Ribossomo Sintetase do ATP DNA
mada por nove conjuntos de três microtúbulos. Em geral,
Esquema representativo da mitocôndria eles ocorrem aos pares nas células. Os centríolos são des-
88
providos de membrana e são constituídos por túbulos
Membrana
de natureza proteica (tubulina). Os centríolos dão origem a ciliar ou
Bainha central
estruturas locomotoras denominadas cílios e flagelos, que flagelar
Membrana
Plasmática
Movimentos por batimento dos cílios
Retículo microtúbulo
endoplasmático
mitocôndria
Ribossomos
Centríolos
Microfilamentos
e filamentos
Deslocamento por batimento de flagelos intermediários
89
conhecidas como instabilidade dinâmica, são controladas
pela hidrólise da ATP ligada aos dímeros de tubulina.
25 µm 25 µm 25 µm
25 µm 25 µm 25 µm
25 µm 25 µm 25 µm
25 µm 25 µm 25 µm
1.11. Microtúbulos
Cada dímero de tubulina possui uma molécula de ATP
Os microtúbulos são tubos rígidos e ocos formados pela
firmemente ligada, que é hidrolisada a ADP, depois que a
polimerização de subunidades diméricas da proteína tubu
tubulina se organiza em microtúbulo. A hidrólise da ATP
lina. São estruturas polarizadas com uma extremidade ne
reduz a afinidade da subunidade por sua vizinha e diminui
gativa (–), de crescimento mais lento, e uma extremidade
a estabilidade do polímero, ocasionando sua desagrega
positiva (+), de crescimento mais rápido. Os microtúbulos
ção. Os microtúbulos podem ser estabilizados por proteí
se concentram em centros organizadores, como o centros
nas que capturam a extremidade positiva, um processo que
somo, a região organizadora de microtúbulos, onde estão
influencia a posição do feixe de microtúbulos dentro de
localizados os centríolos, e crescem centrifugamente.
uma célula. As células possuem muitas proteínas associa
As extremidades negativas permanecem imersas no centro das a microtúbulos, que os estabilizam, ligando-os a outros
organizador. Na célula, diversos microtúbulos se mantêm componentes celulares e utilizando-os para funções espe
em um estado dinâmico lábil, no qual alternam entre um cíficas. As quinesinas e as dineínas são proteínas motoras
estado de crescimento e um de retração. Essas transições, que usam a energia de hidrólise da ATP para se deslocar
VIVENCIANDO
Com a compreensão do papel de cada organela dentro de uma unidade celular, tornou-se possível elucidar a
causa de algumas doenças que acometem os seres vivos, como os problemas com os lisossomos.
O termo “doenças lisossômicas” (DL) foi introduzido por Hers (1965) ao explicar a patogênese da doença de Pom
pe, glicogenose tipo II, DL causada pela atividade deficiente da enzima α-1,4-glicosidase, localizada nos lisossomos.
90
unidirecionalmente ao longo dos microtúbulos. Elas trans As diferentes formas e funções dos filamentos de actina
portam organelas membranosas e outras estruturas e, des nas células dependem de múltiplas proteínas ligadoras de
sa maneira, mantêm a organização espacial do citoplasma. actina. Essas proteínas controlam a polimerização dos fila
mentos e as ligações cruzadas entre eles, formando redes
Os cílios e flagelos eucarióticos são formados por um feixe
frouxas ou feixes rígidos, ligam-nos às membranas ou os
de microtúbulos estáveis. Seu batimento é consequência
deslocam uns em relação aos outros.
da flexão dos microtúbulos, comandada por uma proteína
motora denominada dineína ciliar. Os filamentos de acti As miosinas são proteínas motoras que usam a energia de
na são polímeros helicoidais de moléculas de actina. Eles hidrólise da ATP para se deslocar sobre os filamentos de ac
são mais flexíveis dos que os microtúbulos e encontrados tina; elas podem transportar organelas ao longo dos trilhos
com frequência formando feixes ou redes associados com de filamentos ou permitir o deslizamento dos filamentos, uns
a membrana plasmática. sobre os outros, nos feixes contráteis. Uma rede de filamen
tos de actina forma, sob a membrana plasmática, o córtex
1.12. Filamentos de actina celular, que é responsável pela forma e pelo movimento da
superfície celular, incluindo os movimentos envolvidos com o
Os filamentos de actina são estruturas polarizadas, conten deslocamento de uma célula sobre uma superfície, como a
do uma extremidade de crescimento rápido e uma de cres diapedese e mesmo com a formação de pseudópodos. A
cimento lento; sua montagem e desmontagem são contro contração muscular depende do deslizamento dos filamen
ladas pela hidrólise da ATP que está firmemente ligada a tos de actina, comandado pelo movimento repetitivo das
cada um dos monômeros de actina. cabeças de miosina. A contração é iniciada pelo aumento
súbito dos níveis de Ca2+ citosólico, o que libera, via prote
ínas ligadoras de Ca2+, um sinal para o aparelho contrátil.
25 µm 25 µm
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia/
cito15.php
25 µm
A compreensão da atividade das organelas presentes no hialoplasma, como os peroxissomos, envolve princípios
químicos, como oxidação, redução e radicais livres. A catalase, enzima presente nos peroxissomos, decompõe o
peróxido de hidrogénio (H2O2), de acordo com a reação química 2H2O2 → 2H2O + O2.
O peróxido de hidrogênio é uma molécula oxidante (recebe elétrons durante uma reação química de outro
composto); assim, ele é capaz de reagir com o DNA, o que pode produzir mutações no material genético. Dessa
forma, o peroxissomo tem a função de destruir essas substâncias e proteger o DNA de possíveis danos.
91
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
O tema das organelas celulares sempre aparece no Enem. É importante saber relacionar a organela à sua função
correspondente para o funcionamento celular.
MODELO 1
(Enem) As proteínas de uma célula eucariótica possuem peptídeos sinais, que são sequências de aminoácidos
responsáveis pelo seu endereçamento para as diferentes organelas, de acordo com suas funções. Um pesqui
sador desenvolveu uma nanopartícula capaz de carregar proteínas para dentro de tipos celulares específicos.
Agora, ele quer saber se uma nanopartícula carregada com uma proteína bloqueadora do ciclo de Krebs in
vitro é capaz de exercer sua atividade em uma célula cancerosa, podendo cortar o aporte energético e destruir
essas células.
Ao escolher essa proteína bloqueadora para carregar as nanopartículas, o pesquisador deve levar em conta um
peptídeo sinal de endereçamento para qual organela?
a) Núcleo.
b) Mitocôndria.
c) Peroxissomo.
d) Complexo golgiense.
e) Retículo endoplasmático.
ANÁLISE EXPOSITIVA
O ciclo de Krebs é uma das etapas da respiração celular. Esse processo tem como função produzir nas células
energia na forma de ATP (adenosina trifosfato). A organela presente em células eucariontes, responsável por
essa síntese de energia e onde ocorre o ciclo de Krebs, é a mitocôndria.
RESPOSTA Alternativa B
92
DIAGRAMA DE IDEIAS
ORGANELAS RETÍCULO
VACÚOLO
CITOPLASMÁTICAS ENDOPLASMÁTICO
PULSÁTIL LISO
FILAMENTOS DE ACTINA:
• CONTRAÇÃO MUSCULAR
• FORMAÇÃO DE PSEUDÓPODOS
93
poros do envoltório intervêm na regulação das trocas entre
AULAS 13 E 14 o núcleo e o citoplasma. Dessa forma, quanto maior for a
atividade metabólica de uma célula, maior será a quan
tidade de poros. No interior do envoltório, encontra-se o
nucleoplasma ou carioplasma, um gel proteico cujas pro
priedades são comparáveis às do hialoplasma; nele estão
imersos o nucléolo e a cromatina.
NÚCLEO
2. O nucléolo
Nucléolos são regiões intranucleares ricas em RNA ribos
sômico. Por meio do microscópio eletrônico, é possível
verificar que os nucléolos não são envolvidos por membra
nas. Uma importante função do nucléolo é a produção
COMPETÊNCIA: 4
do RNA ribossômico, por isso é bastante desenvolvido
nas células com intensa síntese proteica. No início da divi
HABILIDADES: 13 e 14 são celular, os cromossomos começam a se condensar, e
consequentemente a produção de RNAs, inclusive RNA ri
bossômico, é pausada. Por isso, é possível observar através
de microscópios que, durante o inicio da divisão celular, os
Carioplasma
Envoltório
Carioteca
multimídia: vídeo
Heterocromatina nuclear
Fonte: Youtube
Poro
Eucromatina
Replicação e Compactação do DNA
Nucléolo
(3D Animation Legendado)
3. A cromatina
Composição do núcleo celular durante a interfase
É no interior do núcleo, nos eucariontes, que se localiza o
material genético. No núcleo interfásico, o material gené
1. O envoltório nuclear tico está descondensado, e se organiza como um amonto
ado de grânulos e filamentos dificilmente observáveis ao
e o nucleoplasma microscópio óptico. Esse conjunto de material genético in
O envoltório nuclear, também denominado envelope nu terfásico é chamado de cromatina. A cromatina é compos
clear ou carioteca, é constituído por uma dupla membrana ta de longos filamentos, que se apresentam distendidos ou
com duas lâminas (externa e interna) separadas pelo espa enrolados helicoidalmente. As porções enroladas são cha
ço perinuclear e providas de uma série de poros. De natu madas de condensadas, e as distendidas, de descondensa
reza lipoproteica, o envoltório está em continuidade com o das. O material genético é constituído por DNA e proteínas
retículo endoplasmático, do qual é uma diferenciação. Os básicas, denominadas histonas.
94
Em relação à estrutura e função, a cromatina é classificada cas da célula. A sua importância na vida da célula pode ser
em: eucromatina e heterocromatina, como é possível ob evidenciada com uma experiência clássica, conhecida como
servar na figura a seguir. A eucromatina aparece descon merotomia. Uma ameba é cortada em dois fragmentos: um
densada na interfase, condensando-se progressivamente nucleado e outro anucleado. O primeiro, nucleado, sobrevive,
durante a divisão celular, sendo geneticamente ativa, isto e o segundo, devido à falta do material genético, degenera.
é, capaz de produzir o RNA mensageiro. No estágio in
terfásico, a heterocromatina se apresenta condensada,
formando grânulos conhecidos como cromocentros, sendo 6. A estrutura cromossômica
chamada de inativa por não produzir o RNA mensageiro. Cada cromossomo é formado por uma única molécula
de DNA associada a proteínas, cujo conjunto forma uma
complexa estrutura denominada cromatina. Examinada ao
microscópio eletrônico, a cromatina se apresenta sob a for
ma de um filamento helicoidal, com 30 nm de espessura.
Quando distendido, esse filamento passa a ter 11 nm de
espessura, com uma estrutura semelhante a um colar de
contas. Assim, as contas são representadas pelos nucleos
somos, e o fio, pela molécula de DNA, com 2 nm de espes
As distensões de cromatina: heterocromatina (inativa) e eucromatina (ativa). sura. Cada nucleossomo é formado por um octâmero,
constituído por quatro pares de moléculas proteicas, de
nominadas histonas. Observe na ilustração a seguir o ciclo
cromossômico de condensação:
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Citologia – Componentes celulares
4. Número e tamanho
Em geral, as células não possuem mais do que um núcleo,
embora existam células binucleadas, como as do fígado e
as cartilaginosas, e plurinucleadas, como é o caso das mus
culares estriadas. O tamanho do núcleo varia de um tipo
celular a outro, mas é único para o mesmo tipo. O volume
do núcleo interfásico é proporcional ao volume celular, o
que é expresso pela denominada relação nucleoplasmática
(RNP), que pode ser assim expressa:
95
VIVENCIANDO
Por meio do estudo do núcleo, ou seja, por meio da contagem do número de cromossomos presentes no núcleo
de uma determinada célula, é possível determinar uma espécie do ponto de vista molecular. Assim, seres vivos
que eram considerados da mesma espécie pela classificação morfofisiológica foram realocados em grupos dis
tintos depois de uma análise genética detalhada dos componentes nucleares.
da constrição primária ou centrômero, essa região é cromossomo, dividindo-o em dois braços, um grande e
útil para a fixação do cromossomo nas fibras do fuso durante outro muito pequeno.
a mitose. Além da constrição primária, certos cromossomos
§ Submetacêntrico – cromossomo com centrômero
possuem estreitamentos que aparecem sempre no mesmo
submediano, dividindo o cromossomo em dois braços
lugar, são as constrições secundárias. O estudo do processo
desiguais, um menor e outro ligeiramente maior.
de reorganização nucleolar demonstrou que as constrições
secundárias possuem uma região denominada Zona Sat, sa § Metacêntrico – cromossomo com centrômero me
télite ou região organizadora do nucléolo. diano, dividindo o cromossomo em dois braços iguais.
Em certos cromossomos, é possível observar na extremidade
de um dos braços uma pequena esfera presa por fina trabé
cula: trata-se do satélite. As extremidades dos cromossomos
7. A duplicação dos cromossomos
são denominadas telômeros e os protegem e finalizam. A duplicação cromossômica é realizada longitudinalmente
e ocorre no período S da interfase, sendo determinada
pela replicação do DNA.
De acordo com a localização do centrômero e o tamanho rela Depois da duplicação, cada cromossomo apresenta-se dividi
tivo dos braços, distinguem-se quatro tipos de cromossomos: do em duas metades denominadas cromátides, unidas pelo
acrocêntrico, submetacêntrico, metacêntrico e telocêntrico. centrômero que permanece indiviso, isto é, sem se dividir.
Tipos de cromossomo
96
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Em relação à dinâmica da ativação e desativação dos genes, é fundamental conhecer grupos químicos
orgânicos, como o metil e o acetil. Além disso, também é importante possuir conhecimentos sobre
ligações químicas.
Histonas acetiladas representam um tipo de marco epigenético dentro da cromatina. As ligações dos grupos
acetil possuem uma carga negativa, neutralizando a carga positiva característica das histonas, reduzindo
assim a interação das histonas com os grupos fosfato negativamente carregados do DNA. Em consequência,
a cromatina é descondensada, permintindo maiores níveis de transcrição de genes. Esse descondensamento
pode ser revertido pela atividade de enzimas deacetiladoras e enzimas metiladoras. A ação de metilação é
indireta e não tem efeito sobre as cargas, porém, está relacionada com a condensação de genes e consequen
temente com uma queda da transcrição gênica.
97
Os cromossomos humanos
Em 1921, Theophilus Painter, observando ao micros-
cópio finos cortes de testículos humanos, contou,
pela primeira vez, 48 cromossomos. A experiência
foi confirmada por observações de outros biólogos
e durante 35 anos o número 48 sempre foi citado e multimídia: site
adotado. Em 1955, Tijo e Levan, utilizando técnicas
mais aprimoradas, constataram a existência de 46
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia2/
cromossomos.
nucleo.php
98
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 13
Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características
dos seres vivos.
Dentro do núcleo das células eucarióticas, os cromossomos podem estar organizados de diferentes maneiras. Para
a resolução dessa questão, é fundamental entender o conceito de ploidia e cariótipo, de acordo com o número e
com a quantidade de pares de cromossomos. Além disso, o conhecimento sobre divisão celular, que é assunto das
próximas aulas, também auxiliará na resolução.
MODELO 1
(Enem) Quando adquirimos frutas no comércio, observamos com mais frequência frutas sem ou com poucas
sementes. Essas frutas têm grande apelo comercial e são preferidas por uma parcela cada vez maior da po
pulação. Em plantas que normalmente são diploides, isto é, apresentam dois cromossomos de cada par, uma
das maneiras de produzir frutas sem sementes é gerar plantas com uma ploidia diferente de dois, geralmente
triploide. Uma das técnicas de produção dessas plantas triploides é a geração de uma planta tetraploide (com
4 conjuntos de cromossomos), que produz gametas diploides e promove a reprodução dessa planta com uma
planta diploide normal.
A planta triploide oriunda desse cruzamento apresentará uma grande dificuldade de gerar gametas viáveis,
pois como a segregação dos cromossomos homólogos na meiose I é aleatória e independente, espera-se que:
a) os gametas gerados sejam diploides;
b) as cromátides-irmãs sejam separadas ao final desse evento;
c) o número de cromossomos encontrados no gameta seja 23;
d) um cromossomo de cada par seja direcionado para uma célula-filha;
e) um gameta raramente terá o número correto de cromossomos da espécie.
ANÁLISE EXPOSITIVA
A ploidia se refere à maneira como os cromossomos se organizam nas células. Quando estão individuais, afir
ma-se que as células são haploides; quando estão em pares, diploides; em trio, triploides; e assim por diante.
Um organismo que é naturalmente diploide geralmente produz gametas haploides. Portanto, o gameta desse
organismo triploide raramente terá o número de cromossomos da espécie, pois, durante a divisão meiótica, os
cromossomos vão se separar de diferentes maneiras.
RESPOSTA Alternativa E
99
DIAGRAMA DE IDEIAS
RELAÇÃO
CARIOTECA CARIOPLASMA NUCLEOPLAS-
MÁTICA
NÚCLEO CELULAR
NUCLÉOLO
• PRODUZ RNAR
CROMATINA
EUCROMATINA HETEROCROMATINA
• REGIÃO DESCONDENSADA E ATIVA • REGIÃO CONDENSADA E INATIVA
DO DNA DO DNA
• PRODUZ RNA MENSAGEIRO • NÃO PRODUZ RNA MENSAGEIRO
CROMOSSOMO
DNA condensado
PARES HOMÓLOGOS
(CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS)
100
Em S (S de síntese), ocorre a síntese de DNA, que permite
AULAS 15 E 16 a replicação da molécula e a consequente duplicação dos
filamentos de cromatina. Nessa fase, cada filamento ou
molécula de DNA aparece constituído por duas cromátides
unidas pelo centrômero.
Durante a fase G2, em menor escala, a célula novamente
DIVISÃO CELULAR: cresce e sintetiza proteínas necessárias para a divisão ce
lular, como os microtúbulos que formarão o fuso mitótico.
MITOSE Em seguida, a célula entra em M, etapa que corresponde
à divisão celular ou mitose. Ocasionalmente, a célula pode
sair de G1 e entrar em G0, fase na qual o metabolismo
celular é relativamente estável e não ocorre crescimento.
Células musculares e nervosas que não se dividem estão
COMPETÊNCIA: 4 constantemente em G0.
Observe na figura a seguir o ciclo celular e um destaque
HABILIDADES: 13 e 14 da interfase:
101
do processo responsável pela multiplicação dos organis unidas pelos filamentos do centrômero. A prófase se
mos unicelulares e pelo crescimento e regeneração dos caracteriza por apresentar DNA e centríolos duplica
pluricelulares devido ao aumento do número de células. A dos, além da espiralização ou do condensamento dos
mitose possui duas etapas: a cariocinese, ou divisão do cromossomos, que se tornam mais curtos e grossos
material genético do núcleo, e a citocinese, ou divisão do devido ao processo de helicoidização. Os nucléolos se
citoplasma. A cariocinese é um processo contínuo; contu desorganizam, e os centríolos, que foram duplicados
do, para efeito didático, é dividido em quatro fases: prófa- durante a interfase, migram para polos opostos da cé
se, metáfase, anáfase e telófase. Observe o esquema lula. O citoesqueleto se desorganiza e seus elementos
na figura a seguir: vão se tornar o principal componente do fuso mitótico
que inicia sua formação do lado de fora do núcleo. O
fuso mitótico é uma estrutura bipolar constituída
- por microtúbulos e proteínas associadas. O estágio
final da prófase, também chamado de pré-metáfase,
tem como principal característica o desmembramen
to do envoltório nuclear em pequenas vesículas que
se espalham pelo citoplasma. O fuso é formado por
microtúbulos ancorados nos centríolos que crescem
em todas as direções. Quando os microtúbulos dos
centrossomos opostos interagem na zona de sobre
posição, proteínas especializadas estabilizam o seu
crescimento. Os cinetócoros dos centrômeros ligam
-se na extremidade de crescimento dos microtúbulos.
O ciclo celular com destaque para as fases da mitose.
Assim, o fuso entra na região nuclear e tem início o
§ Prófase: nessa fase, cada cromossomo é constituí alinhamento dos cromossomos para o plano equato
do por duas cromátides resultantes da duplicação do rial, como é possível observar na figura a seguir:
DNA no período S da interfase. As cromátides são
102
Em seguida, graças ao alongamento das fibras de um
áster, aparentemente os dois centros celulares são
empurrados para polos opostos da célula, motivo pelo
qual passam a ser chamados de fibras polares.
Na anáfase, a tarefa do fuso mitótico é conduzir os
multimídia: vídeo cromossomos para polos opostos.
Fonte: Youtube No centrômero de cada cromossomo duplicado, duas
Já pensou em aprender Mitose assim? estruturas especializadas, denominadas cinetócoros –
outro centro organizador de microtúbulos – são orien-
tadas em direções opostas.
Fuso mitótico
Depois de organizados pelo cinetócoro, os microtúbu-
Logo no início da prófase, os microtúbulos do citoes- los passam a ser denominados fibras cromossômicas
queleto se desorganizam, enquanto as moléculas de ou cinetocóricas, que vão aparecer na prometáfase.
tubulina que os compõem permanecem no citosol.
As fibras cromossômicas também fazem parte do
Durante a divisão celular, essas moléculas contri-
fuso mitótico. O fuso mitótico, portanto, é formado
buem com a formação dos microtúbulos que vão dar
pelas fibras polares e do áster, organizadas pelos
corpo ao fuso mitótico. Os primeiros elementos do
centros celulares, e pelas fibras cromossômicas, or-
fuso mitótico surgem nessa fase: as fibras do áster
ganizadas pelos cinetócoros.
e as fibras polares. Entra em ação o centro celular
que organiza essas fibras, esses microtúbulos, uma
vez que essa é a região do citoplasma relacionada à § Metáfase: nessa fase, os cromossomos duplos ocupam
formação do citoesqueleto. o plano equatorial do aparelho mitótico. Os cromossomos
Em cada centro celular, as fibras do áster se dispõem adotam uma orientação radial, constituindo a placa equa
radialmente, apresentando duas estruturas. A princí- torial. Os cinetócoros das duas cromátides estão voltados
pio, ficam dispostas lado a lado, próximas à carioteca. para os polos opostos. Ocorre um equilíbrio de forças. É
momento de maior condensação dos cromossomos.
CENTROSSOMO
MICROTÚBULOS
DO CINETÓCORO
CROMOSSOMOS CINETÓCORO
MICROTÚBULOS POLARES
MICROTÚBULOS LIVRES
§ Anáfase: essa fase tem início quando os centrômeros se tornam funcionalmente duplos. Com a separação dos centrômeros,
as cromátides se separam e iniciam sua migração em direção aos polos. O centrômero precede o resto da cromátide. Os
103
cromossomos são puxados pelas fibras do fuso e assu profáse, passam a se desenrolar. Esses cromossomos se
mem um formato característico em V ou L, dependendo agrupam em massas de cromatina que são circunda
do tipo de cromossomo. A anáfase se caracteriza pela mi das por cisternas do retículo endoplasmático, as quais
gração polar dos cromossomos. Os cromossomos se mo se fundem para formar um novo envoltório nuclear.
vem na velocidade de cerca de 1 micrômetro por minuto.
Centríolos
Nesse estágio, dois movimentos podem ser distinguidos:
os microtúbulos cinetocóricos encurtam quando os cro
mossomos se aproximam dos polos.
Envoltório nuclear
CENTROSSOMO
em formação
Anel de actina e
miosina contrátil
CINETÓCORO
Microtúbos remanescentes
(interzonais)
CROMOSSOMOS
Núcleo
Cromossomo
MICROTÚBULOS POLARES
MICROTÚBULOS
§ Citocinese: é o processo de clivagem e separação do
DO CINETÓCORO
citoplasma. A citocinese tem início na anáfase e termi
na após a telófase, com a formação das células-filhas.
Em células animais, forma-se, na zona equatorial da
Na anáfase, os cromossomos são separados e dispostos em polos opostos.
célula-mãe, uma constrição que progride e estrangula
§ Telófase: a telófase se inicia quando os cromosso o citoplasma. Essa constrição é causada pela interação
mos-filhos alcançam os polos. Os microtúbulos cine molecular entre actina, miosina e microtúbulos. Uma
tocóricos desaparecem e os microtúbulos polares se divisão mitótica gera duas células-filhas com número
alongam. Os cromossomos, num processo inverso à de cromossomos igual ao da célula-mãe.
104
VIVENCIANDO
Para formar esse fragmento de fígado humano, as células-tronco realizaram sucessivas mitoses para criar esse
tecido hepático. Com efeito, trata-se apenas de uma das aplicações da mitose dentro da área de biotecnologia.
Telófase
§ Mitose astral e anastral – na célula animal, os cen
tríolos são envolvidos pelas fibras do áster, configuran
do uma mitose astral. Os vegetais superiores não pos
suem centríolos e, por isso, não formam ásteres; essa
mitose é denominada anastral.
G1 S G2 Tempo
2. A mitose e as organelas
citoplasmáticas
Além dos cromossomos, as células-filhas herdam da cé
lula-mãe as organelas citoplasmáticas. Organelas que se
autoduplicam, como é o caso de cloroplastos e mitocôn Particularidades da mitose na célula animal
drias, dobram a cada ciclo celular e são distribuídas pelas (à esquerda) e vegetal (à direita).
105
§ Citocinese – na célula animal, a citocinese ocorre por
estrangulamento da membrana plasmática, sendo cha Os agentes antimitóticos
mada de centrípeta. Nos vegetais, por sua vez, não
Os agentes antimitóticos, também denominados ini-
ocorre o processo de estrangulamento citoplasmático,
bidores da mitose, compreendem radiações ou subs-
por isso é chamada de centrífuga.
tâncias químicas capazes de bloquear as mitoses.
Na região equatorial, no meio do fuso, surgem vesículas Esses inibidores atuam principalmente sobre o DNA,
limitadas por uma membrana. No início, as vesículas apare o fuso e a citocinese.
cem na região central e depois aumentam para a periferia;
por isso, fala-se em divisão centrífuga. § Inibidores da síntese do DNA – sabe-se que a
mitose só ocorre depois da síntese do DNA, que
O conjunto de tais vesículas constitui o fragmoplasto. As ocorre na interfase. Por esse motivo, os agentes
vesículas se fundem, formando uma lâmina que separa as que impedem a síntese do DNA atuam como an-
duas células-filhas. No interior da cavidade formada pela timitóticos. Entre os bloqueadores da síntese do
confluência de tais vesículas, acumula-se celulose, origi DNA, é possível citar os raios X e a aminopterina.
nando nova membrana esquelética.
§ Inibidores do fuso mitótico
– quando uma célula é tratada
pela colchicina, os fenômenos
mitóticos se desenrolam nor-
malmente até a metáfase; Célula 2N
contudo, o fuso de divisão Colchinina
O crescimento de uma colônia bacteriana ocorre por meio do processo de mitose. Para estipular o tamanho
populacional dessa colônia ao longo do tempo, podem ser utilizadas fórmulas matemáticas.
As bactérias crescem na sequência de uma progressão geométrica em que o número de indivíduos duplica após
um determinado período de tempo denominado tempo de geração (O). Assim, pode-se calcular o número de
bactérias (N) depois de um número de gerações (n) por meio da equação N = NO × 2N × N0, sendo o número
de células presentes. O número de gerações pode ser calculado como n = T/O, onde t é o tempo decorrido.
Fonte: <www.monografias.com/trabajos27/crecimiento-bacteriano/crecimiento-bacteriano.shtml>
106
A interfase das células que se dividem ativamente é sucedida pela mitose, que culmina na citocinese. A passagem de uma
fase para outra é controlada por fatores – em geral proteicos – de regulação. Eles atuam nos chamados pontos de checa
gem do ciclo celular. Entre essas proteínas, destacam-se as ciclinas, que controlam a passagem da fase G1 para a fase S e a
passagem da G2 para a mitose.
Caso haja alguma anomalia numa dessas fases, como um dano no DNA, o ciclo é interrompido até que esse dano seja repa
rado e o ciclo celular possa continuar. Caso contrário, a célula é conduzida à apoptose (morte celular programada).
Outro ponto de checagem é o da mitose, que promove a distribuição correta dos cromossomos pelas células-filhas. Visto
que o ciclo celular é perfeitamente regulado e está sob controle de diversos genes, o resultado disso é a multiplicação e
diferenciação das células que compõem os diferentes tecidos do organismo. Os pontos de checagem são mecanismos que
evitam a formação de células anômalas.
O ciclo celular com destaque para os pontos de checagem, que contribuem para evitar a formação de células anormais.
Anomalias na regularidade do ciclo celular, descontrole da um limite mínimo de tamanho incompatível com a vida da
mitose e alterações no funcionamento de genes controla célula, as divisões celulares são paralisadas e o fim da vida
dores, em decorrência de mutações, sáo fatores relaciona da célula é consolidado.
dos à origem de células cancerosas.
Graças à reposição constante de telômeros, a enzima te
lomerase – em células cancerosas – é responsável pela
transposição que as mantêm com o tamanho original, per
mitindo assim que as células se dividam continuamente e
tornem-se praticamente “imortais”.
Os telômeros estão relacionados a outra ocorrência que al Localização dos telômeros em cromossomo.
tera a regularidade do ciclo celular. Trata-se de segmentos
de moléculas de DNA com repetições de bases que atuam
como “capas protetoras” da extremidade dos cromossomos. 5. A divisão da célula bacteriana
Nas células humanas normais, a cada ciclo celular os te O processo de divisão da célula bacteriana é mais simples
lômeros diminuem progressivamente ao mesmo tempo do que o das eucarióticas e costuma ser chamado de bipar
que as extremidades dos cromossomos. Caso alcancem tição simples ou fissão bacteriana.
107
A divisão das bactérias se inicia pelo alongamento da célu
la, seguido da duplicação de seu material genético circular.
Em seguida, a membrana plasmática, mais interna à pare
de celular, se invagina e cria uma região da membrana cha
mada de mesossomo. A região do mesossomo interage
com o DNA duplicado e auxilia na separação das duas có
pias. A região do mesossomo migra em direção aos polos
da bactéria, interagindo e levando cada cópia separada do
material genético para um polo da célula bactéria. Segui
damente, a membrana plasmática começa a se invaginar
na região média e separa as duas células filhas.
108
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 13
Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características
dos seres vivos.
Dentro do núcleo das células eucarióticas, os cromossomos podem estar organizados de diferentes maneiras. Para
a resolução dessa questão, é fundamental entender o conceito de ploidia e cariótipo, de acordo com o número e
com a quantidade de pares de cromossomos. Além disso, o conhecimento sobre divisão celular, que é assunto das
próximas aulas, também auxiliará na resolução.
MODELO 1
(Enem) Os seres vivos apresentam diferentes ciclos de vida, caracterizados pelas fases nas quais gametas são
produzidos e pelos processos reprodutivos que resultam na geração de novos indivíduos. Considerando-se um
modelo simplificado padrão para geração de indivíduos viáveis, a alternativa que corresponde ao observado
em seres humanos é:
a) b)
c) d)
e)
ANÁLISE EXPOSITIVA
Os ciclos de vida podem ser haplobiontes, em que a meiose acontece depois da formação do zigoto, e os
gametas são gerados por mitose, como ocorre em algumas algas; haplodiplobiontes, em que a meiose
ocorre na formação de esporos, como ocorre nos vegetais; e diplobiontes, em que a meiose é gamética,
como ocorre nos animais. Assim, o ciclo de vida que representa corretamente o ser humano é o diplobionte.
RESPOSTA Alternativa C
109
DIAGRAMA DE IDEIAS
CICLO CELULAR
MITOSE
E MITOSE
INTERFASE
PRÓFASE
(PERÍODO ENTRE DUAS
DIVISÕES CELULARES)
• MIGRAÇÃO DOS CENTRÍOLOS
PARA OS POLOS
• UNIÃO DOS CROMOSSOMOS
G1 AO FUSO MITÓTICO
• CRESCIMENTO E
METÁFASE
DIFERENCIAÇÃO
• SÍNTESE DE PROTEÍNAS
• CROMOSSOMOS ALINHADOS
NO PLANO EQUATORIAL
G0 • GRAU MÁXIMO DE
CONDENSAÇÃO
• METABOLISMO
CELULAR CONSTANTE
• NÃO HÁ DIVISÃO ANÁFASE
• MIGRAÇÃO DAS
S CROMÁTIDES
PARA OS POLOS
• DUPLICAÇÃO DO DNA
TELÓFASE
G2
• FORMAÇÃO DO NÚCLEO
• SÍNTESE DE PROTEÍNAS • CARIOCINESE
UTILIZADAS NA DIVISÃO
Prófase e metáfase
Anáfase
Quantidade de DNA
Telófase
G1 S G2 Tempo
110
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.