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Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
editoração eletrôniCa
Felipe Lopes Santos
Letícia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira
imagenS
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
Pixabay (https://www.pixabay.com)
ISBN: 978-85-9542-202-5
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vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
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SUMÁRIO
QUÍMICA
ATOMÍSTICA 5
AULAS 9 E 10: LIGAÇÃO IÔNICA 7
AULAS 11 E 12: LIGAÇÕES COVALENTE E METÁLICA 13
AULAS 13 E 14: GEOMETRIA E POLARIDADE MOLECULARES 21
AULAS 15 E 16: FORÇAS INTERMOLECULARES 30
GASES 71
AULAS 9 E 10: LEIS FÍSICAS DOS GASES 73
AULAS 11 E 12: TRANSFORMAÇÕES GASOSAS 78
AULAS 13 E 14: MISTURAS GASOSAS 84
AULAS 15 E 16: DENSIDADE DOS GASES, EFUSÃO E DIFUSÃO GASOSA 88
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM
Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.
Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3
Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos
Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.
Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.
Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
QUÍMICA
2
CIÊNCIAS DA
ATOMÍSTICA
NATUREZA
e suas tecnologias
TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
Questões que abordam geometria mole- A prova apresenta questões bem diretas, Os assuntos neste caderno se relacionam
cular, polaridade e forças intermoleculares mas também interdisciplinares; é neces- de tal maneira que é necessário o enten-
são recorrentes, assim como questões em sário um bom entendimento de todos os dimento de todos os assuntos vistos até
que todos esses assuntos estão relaciona- assuntos abordados neste volume, uma vez agora; na UNESP os temas de geometria,
dos; é importante entender que os temas que eles são totalmente interligados. polaridade e forças intermoleculares são
das ligações e das forças intermoleculares muito cobrados; podem aparecer questões
estão bem ligados um ao outro. interdisciplinares com Biologia.
Os assuntos deste volume podem ser co- Os assuntos principais são a polaridade e As questões envolvem todos os assuntos O vestibular da Santa Casa aborda princi-
brados junto à outras matérias da química; as forças intermoleculares, mas é preciso abordados neste volume; os temas de palmente os assuntos de geometria, polari-
é importante entender como as ligações ter em mente que todos os assuntos abor- geometria molecular, polaridade e forças dade e forças intermoleculares; assim, para
podem mudar a geometria e consequen- dados neste volume se correlacionam. intermoleculares são muito cobrados. uma melhor interpretação das questões, é
temente sua polaridade e força intermo- importante entender como esses três as-
lecular. suntos se relacionam.
UFMG
Os assuntos de geometria, polaridade e for- Os temas de geometria molecular, polari- Os assuntos principais são polaridade e for-
ças intermoleculares são muito cobrados; é dade e forças intermoleculares são muito ças intermoleculares, mas é preciso ter em
preciso entender a relação que existe entre cobrados, uma vez que são assuntos muito mente que todos os assuntos abordados
os temas. ligados. neste volume se correlacionam.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
Geometria molecular e forças intermo- Todos os assuntos de Química 1 abordados Geometria molecular e forças intermo-
leculares são assuntos recorrentes tanto neste volume são cobrados; além disso, leculares são assuntos recorrentes nas
nas questões objetivas quanto nas disser- eles podem aparecer relacionados na mes- questões; é importante ter um bom enten-
tativas; é importante compreender bem os ma questão. dimento da dinâmica das ligações.
temas, pois as questões são muito teóricas.
6
2. Teoria do octeto
Na metade do século XIX, os cientistas já haviam obser-
vado que alguns átomos fazem sempre o mesmo número
de ligações. Por exemplo, o átomo de hidrogênio nunca se
liga a mais de um átomo; o de oxigênio pode se ligar a dois
LIGAÇÃO IÔNICA átomos de hidrogênio; o de nitrogênio, a três átomos de hi-
drogênio; e o de carbono, a quatro átomos de hidrogênio.
Assim, surgiu a ideia de valência, compreendida como a
capacidade de um átomo se ligar a outros átomos. Afirma-
-se que o átomo de hidrogênio possui uma única valência
(monovalente); o oxigênio tem duas valências (bivalente); o
Elemento K L M N O P
Hélio (He) 2
Neônio (Ne) 2 8
Argônio (Ar) 2 8 8
Criptônio (Kr) 2 8 18 8
Radônio (Rn) 2 8 18 32 18 8
Fonte: Youtube
What are Ionic Bonds? | The Chemistry Journey
7
Cada átomo de cálcio perde 2 elétrons e cada átomo de
Um átomo é estável se possuir 8 elétrons na camada de cloro só pode ganhar 1 elétron. São necessários 2 átomos
valência (ou 2 elétrons, se a camada de valência for a K). de cloro para receber os dois elétrons cedidos pelo átomo
de cálcio.
Os átomos tendem a adquirir uma configuração estável, ou seja,
uma configuração semelhante à de um gás nobre. Para isso, os 3. Ligação entre o metal alumínio 13Aℓ e o ametal oxigênio 8O:
átomos ligam-se através dos elétrons de valência. alumínio (13Aℓ) ä 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1 ä perde 3 e– ä
A formação do composto iônico pode ser representada Aℓ3+ (2, 8)
pela estrutura de Lewis e seu íon-fórmula. oxigênio (8O) ä 1s2 2s2 2p4 ä ganha 2 e– ä O2– (2, 8)
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Retículo cristalino
8
3.1. Regra para formulação 4. Propriedades das
das substâncias iônicas substâncias iônicas
Os exemplos anteriores permitem afirmar que ligação iônica é Compostos iônicos apresentam ao menos uma ligação iônica
a união entre átomos imediatamente depois da transferência entre seus componentes. É o caso do cloreto de sódio (NaCℓ
definitiva de um, dois ou mais elétrons entre esses átomos. – sal de cozinha), do nitrato de sódio (NaNO3), do sulfato de
Note que, na formulação de um composto iônico, é funda- sódio (Na2SO4), do carbonato de cálcio (CaCO3), entre outros.
mental que a carga elétrica total do(s) cátion(s) neutralize a
Todos esses compostos apresentam ligações entre seus íons:
carga elétrica total do(s) ânion(s). Somente dessa maneira o
cátions e ânions se atraem significativamente. Por isso, essas
aglomerado iônico ficará neutro, do qual resulta o esquema
ligações são de natureza elétrica e dão origem a retículos ou
geral de formulação:
reticulados cristalinos – em grau microscópico. Um cátion atrai
vários ânions, e um ânion atrai vários cátions; assim, formam-
Ax+ + By – ä AyBx
-se aglomerados com formas geométricas bem definidas.
Exemplos
Na+ + Cℓ– ä NaCℓ; Mg2+ + Cℓ1– ä MgCℓ2;
Aℓ3+ + O2– ä Aℓ2O3
Aplicação do conteúdo
1. Efetue a ligação iônica entre o cálcio e o flúor, dados
Ca (Z = 20) e F (Z = 9).
A estrutura cristalina do cloreto de sódio (NaCℓ) é cúbica.
Resolução:
Esses retículos fazem com que os compostos iônicos apre-
Ca: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 sentem as seguintes propriedades:
K=2 L=8 M=8 N=2
1. São sólidos em condições normais de temperatura
F: 1s2 2s2 2p5 (25 °C) e pressão (1 atm.)
K=2 L=7
2. Quando submetidos a impacto, quebram-se facilmen-
te, produzindo faces planas; são, portanto, duros e que-
bradiços.
3. Possuem pontos de fusão e de ebulição elevados,
• • uma vez que a atração elétrica entre os íons é muito
•
forte; para quebrá-la, é necessário fornecer uma grande
quantidade de energia; é o caso do cloreto de sódio,
cujo ponto de fusão é 801 °C e o ponto de ebulição é
1.413 °C.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
2. Efetue a ligação entre o magnésio e o enxofre, dados 4. Em solução aquosa (dissolvidos em água) ou no estado
Mg (Z = 12) e S (Z = 16) líquido (fundidos), eles conduzem corrente elétrica, uma
vez que seus íons ficam com liberdade de movimento
Resolução: e fecham o circuito elétrico, permitindo que a corrente
Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2 continue fluindo.
K=2 L=8 M=2 5. Seu melhor solvente é a água, pois são polares como
S: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 ela; entretanto, apesar de polares, nem todos os com-
K =2 L=8 M=6
postos iônicos dissolvem-se na água; é o caso do car-
bonato de cálcio (CaCO3), de estrôncio (SrCO3), de bá-
rio (BaCO3) e do cloreto de prata (AgCℓ), praticamente
insolúveis em água.
• •
•
9
5. O tamanho dos íons
Quando um átomo perde elétron(s), o núcleo passa a atrair com maior intensidade os elétrons restantes; assim, o raio do cátion
é sempre menor que o raio do átomo original.
Quando um átomo ganha elétron(s), a carga total da eletrosfera (negativa) torna-se maior que a carga do núcleo (positiva),
diminuindo a atração do núcleo sobre o conjunto de elétrons; assim, o raio do ânion é sempre maior que o raio do
átomo original.
O gráfico abaixo apresenta a comparação entre raios atômicos e Quando há vários íons, todos com o mesmo número de elé-
iônicos: trons (íons isoeletrônicos), o raio iônico vai diminuir na
proporção em que a carga positiva do núcleo for
maior que a carga negativa da eletrosfera:
Íons O2- F- Na+ Mg2+ Aℓ3+
Número atômico 8 9 11 12 13
Número total de elétrons 10 10 10 10 10
Número de camadas eletrônicas 2 2 2 2 2
Raio iônico (pm) 140 133 97 66 51
VIVENCIANDO
As ligações iônicas estão presentes no cotidiano em diversos compostos. É possível citar, por exemplo, o cloreto de sódio,
NaCℓ, ou sal de cozinha, e mais uma infinidade de compostos iônicos. É importante lembrar que, em química, um compos-
to iônico é um composto químico no qual existem íons ligados numa estrutura cristalina através de ligações entre metais
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
e ametais. O elemento metálico geralmente é um íon de carga positiva (cátion), e o elemento não metálico é um íon de
carga negativa (ânion).
Os íons que constituem um composto iônico podem ser simples átomos, como ocorre no sal de cozinha (composto basi-
camente por Na+ e Cℓ–), ou grupos mais complexos, como ocorre no carbonato de cálcio (ou calcário, composto por Ca2+
e CO32- ). O calcário é muito utilizado na construção civil. No revestimento de estradas ele atua como um cimento natural,
e misturado ao cal e à argila torna-se um bom cimento, como o que foi usado na construção de cidades maias, como
Chichen, Uxmal, Kabah, Labná, etc.
Em geral, os pedaços menores são utilizados como cascalho para construção em lajes e pisos; agregados maiores são
usados para construção de paredes de alvenaria e, em alguns casos, utilizados como enfeites nas fachadas das casas. O
calcário é uma rocha sedimentar porosa feita de carbonato, constituído principalmente de carbonato de cálcio. Quando
há alta proporção de carbonato de magnésio, ele é denominado dolomita, um tipo de mineral. O calcário possui uma
alta resistência ao intemperismo, o que permitiu que muitas esculturas e construções esculpidas com essas rochas antigas
sobrevivessem. Entretanto, a ação da água da chuva e dos rios provoca a dissolução do calcário, criando um tipo de erosão.
10
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
HABILIDADE 28
Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnoló-
gicos às finalidades que se destinam.
Compostos iônicos estão presentes no cotidiano, sendo compostos que contêm pontos altos de fusão e
ebulição. A identificação desses compostos deve-se às classificações da tabela periódica já apresentadas em
aulas anteriores.
Para o aluno, é fundamental poder definir o nome e a fórmula do sal e qual a sua classificação, pois se trata
de uma das matérias mais essenciais na química.
MODELO 1
(Enem) A fosfatidilserina é um fosfolipídio aniônico cuja interação com cálcio livre regula processos de trans-
dução celular e vem sendo estudada no desenvolvimento de biossensores nanométricos. A figura representa
a estrutura da fosfatidilserina:
Com base nas informações do texto, a natureza da interação da fosfatidilserina com o cálcio livre é do tipo:
Dado: número atômico do elemento cálcio: 20
a) iônica somente com o grupo aniônico fosfato, já que o cálcio livre é um cátion monovalente;
b) iônica com o cátion amônio, porque o cálcio livre é representado como um ânion monovalente;
c) iônica com os grupos aniônicos fosfato e carboxila, porque o cálcio em sua forma livre é um cátion divalente;
d) covalente com qualquer dos grupos não carregados da fosfatidilserina, uma vez que estes podem doar
elétrons ao cálcio livre para formar a ligação;
e) covalente com qualquer grupo catiônico da fosfatidilserina, visto que o cálcio na sua forma livre poderá
compartilhar seus elétrons com tais grupos.
11
ANÁLISE EXPOSITIVA
Nessa questão, há uma exigência do domínio do conteúdo para a sua resolução. É preciso que se tenha em
mente os mecanismos para a realização de uma ligação iônica, as diferentes formas e as forças presentes
nesse tipo de ligação.
A natureza da interação da fosfatidilserina com o cálcio livre é do tipo iônica devido às interações eletros-
táticas do cátion cálcio (Ca2+) com os grupos aniônicos fosfato e carboxila.
RESPOSTA Alternativa C
DIAGRAMA DE IDEIAS
DOAM ELÉTRONS
8 ELÉTRONS NA
ÚLTIMA CAMADA CÁTION ÂNION
RECEBEM ELÉTRONS
12
camada, é necessário mais um elétron. Assim, 2 átomos de
hidrogênio compartilham seus elétrons para ficarem estáveis.
LIGAÇÕES
COVALENTE E
METÁLICA Fórmula:
13
Fórmula Fórmula Pares
§ Outros exemplos:
Classificação
eletrônica estrutural eletrônicos
H2SO4
A A A–A 1 par eletrônico Ligação simples
14
Fórmula estrutural por escrito:
Colunas 14 15 16 17
Estrutura eletrônica
na camada externa
Distribuição
VIVENCIANDO
No dia a dia, é possível encontrar com facilidade a ligação covalente. Substâncias de uso muito comum possuem em
sua estrutura átomos com essa característica de ligação, como a água, o gás oxigênio, a solução de vinagre, o álcool
etílico, o açúcar e o grafite.
Por outro lado, existem substâncias com átomos que possuem essa característica de ligação e que não são tão
evidentes no cotidiano.
O ozônio (O3), por exemplo, é o principal gás situado na atmosfera, responsável pela proteção do planeta Terra contra
os raios ultravioletas (UV) emitidos pelo Sol. Sem essa camada de gás existente na atmosfera, a vida na Terra não
seria possível.
Outro exemplo é o elemento carbono (C), que pode ser encontrado na forma de diamante, passando por processos
de formação diferentes do carbono encontrado no grafite, sendo essa a diferença fundamental entre essas substân-
cias constituídas por átomos desse mesmo elemento químico.
2. Exceções à teoria do octeto c. Número maior do que oito elétrons na última camada
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
15
e. Compostos dos gases nobres Retículo cristalino covalente: formado pela união de molé-
Embora os gases nobres não tenham ou tenham pouca culas mediante interações ou forças intermoleculares.
tendência de se unir a outros elementos, existem compos-
tos de gases nobres estáveis (eles reagem em condições
especiais). Alguns exemplos são o XeF2 e o XeF4.
Fórmula
Átomo Molecular Eletrônica Estrutural
B BF3
OXIGÊNIO HIDROGÊNIO
ℓ
ℓ Aplicação do conteúdo
P PCℓ5 ℓ
ℓ
1. O número total de elétrons em uma molécula de água
ℓ
é igual a:
a) 10.
b) 8.
S SF6
c) 6.
d) 4.
N NO e) 2.
Resolução:
Gás
nobre XeF4 Consultando os números atômicos na tabela periódica, obtém-se:
(Xe)
Hidrogênio (Z = 1) ä 1 elétron
Oxigênio (Z = 8) ä 8 elétrons
3. Caso sejam puras, não conduzem eletricidade, à exce- oxigênio que não aparecem na fórmula de Lewis.
ção do grafite, que é condutor. 2. Qual dessas fórmulas é prevista para o composto for-
4. Caso estejam em estado sólido, apresentam retículos mado por átomos de fósforo e flúor, considerando o nú-
moleculares ou retículos covalentes. mero de elétrons da camada de valência de cada átomo?
a) P ; P
Retículo cristalino covalente: ocorre quando todos os átomos
b) P — F ; P
estão ligados por uma rede significativa de ligações covalentes.
c) F — P ; F
LIGAÇÃO COVALENTE ÁTOMO DE CARBONO
F
|
d) F — P — F
P
|
e) P — F — P
16
Resolução: 3) A notação 79Au3+ representa um íon que tem 82
prótons e 79 elétrons.
O fósforo possui 5 elétrons na camada de valência e tende, 4) Os elevados pontos de fusão e de ebulição são justificados
portanto, a ganhar 3 elétrons. O flúor possui 7 elétrons na pelo fato de as ligações metálicas dos átomos do ouro serem
camada de valência e tende, portanto, a ganhar 1 elétron. muito fortes, mantendo os átomos intensamente unidos.
Assim, os dois elementos deverão formar um composto Resolução:
covalente com o fósforo (P) na posição central. 1) Falso. O ouro é mais facilmente convertido em fios,
pois é o metal mais dúctil (transformado em fios) e ma-
leável (transformado em lâminas ou chapas) dos metais.
2) Falso. N = A – Z → N = 198 – 79 → N = 119
3) Falso. A notação 79Au3+ indica que o átomo apre-
Alternativa D senta 79 prótons e 76 elétrons
4) Verdadeiro. A ligação metálica é estabelecida
3. Os metais, explorados desde a Idade do Bronze, são através da interação entre os prótons do núcleo e os
muito utilizados até hoje, por exemplo, na aeronáutica, elétrons do átomo vizinho.
na eletrônica, na comunicação, na construção civil e na
indústria automobilística.
Sobre os metais, pode-se afirmar que são:
4. Ligação metálica
a) Bons condutores de calor e de eletricidade, assim
A condução fácil da eletricidade é uma das principais ca-
como os não metais. racterísticas dos metais. Considerando que a corrente elé-
b) Materiais que se quebram com facilidade, caracte- trica é um fluxo de elétrons, foi criada a chamada teoria
rística semelhante aos cristais. da nuvem eletrônica ou teoria do mar de elétrons.
c) Materiais que apresentam baixo ponto de fusão, tor- Em princípio, os átomos dos metais possuem apenas 1, 2 ou
nando-se sólidos na temperatura ambiente. 3 elétrons na última camada eletrônica. Uma vez que essa
d) Encontrados facilmente na forma pura ou metálica, camada fica afastada do núcleo, os elétrons sofrem pouca
sendo misturados a outros metais, formando o mineral.
força de atração. Em consequência, os elétrons escapam fa-
e) Maleáveis, transformando-se em lâminas, por exem-
cilmente do átomo e transitam livremente pelo retículo cris-
plo, quando golpeados ou submetidos a rolo compressor.
talino metálico. Assim, os átomos que perdem elétrons trans-
Resolução: formam-se em cátions; esses cátions podem receber elétrons
a) Falso, pois os não metais têm propriedades opostas e voltar à forma de átomo neutro, e assim sucessivamente.
às dos metais, ou seja, não são bons condutores de Conclusão: segundo essa teoria, o metal é um aglome-
calor nem de eletricidade. rado de átomos neutros e cátions mergulhados em uma
b) Falso, pois os metais são resistentes à quebra, dife- nuvem (ou mar) de elétrons livres e mantidos unidos – afir-
rentemente dos cristais. ma-se também que esses elétrons estão deslocalizados.
c) Falso, pois os metais possuem alto ponto de fusão ELÉTRON LIVRE
17
4.1. Propriedades dos metais desses elementos é um metal. As características das li-
gas metálicas não coincidem com as características dos
As substâncias metálicas, ou simplesmente metais, são úteis metais puros. Por esse motivo, elas são muito utilizadas
ao ser humano graças às suas propriedades genéricas: na indústria.
1. Brilho característico – quando polidos, os metais § Ouro 18 quilates – mistura formada por 75% de
refletem muito bem a luz; propriedade observada em ouro e 25% de cobre e prata.
bandejas e espelhos de prata. § Amálgama – liga de Hg, Ag e Sn usada antigamente
2. Alta condutividade térmica e elétrica, graças aos elé- em obturações.
trons livres. O movimento ordenado dos elétrons cons- § Bronze – liga de Cu e Sn usada na produção de sinos,
titui corrente elétrica que, se agitada, permite rápida medalhas, moedas e estátuas.
propagação de calor mediante substâncias metálicas. § Aço inox – liga de Fe, C, Cr e Ni usada em talheres,
3. Altos pontos de fusão e ebulição característicos dos peças de carros e brocas.
metais, à exceção do mercúrio, PF = –39 ºC; gálio, § Latão – liga de Cu e Zn usada na produção de tubos,
PF = 30 ºC; e potássio, PF = 63 ºC. Graças a essa pro- armas, torneiras e instrumentos musicais.
priedade e à boa condutividade térmica, alguns metais
são utilizados em panelas e radiadores de veículos.
4. Maleabilidade – os metais são facilmente maleáveis.
O ouro é o mais maleável dos metais e permite a ob-
tenção de lâminas muito finas.
5. Ductibilidade – os metais também são facilmente
transformados em fios. Esse também é o caso do ouro.
multimídia: site
5. Ligas metálicas
Existem materiais com propriedades metálicas formados alunosonline.uol.com.br/quimica/ligas-metalicas.html
por dois ou mais elementos, sendo que ao menos um
As ligações covalentes estão presentes em grande proporção na natureza; os elementos que são responsáveis por
essas ligações (os não metais) estão na composição de grande parte dos compostos orgânicos. Mas também é pos-
sível encontrá-los na forma de minerais em compostos inorgânicos. Ou seja, estudando-se a geomorfologia de uma
região, é possível inferir quais elementos possuem maior probabilidade de serem encontrados no solo daquela área;
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
assim, depois da extração desses minerais, eles são tratados para se obter os seus elementos constituintes da forma
mais proveitosa possível.
O elemento fósforo (P) é um exemplo de elemento que, em grande parte, vai ser encontrado no solo
através de seus fosfatos.
Os elementos metálicos, por sua vez, também passam por processos de purificação para se obter substâncias apenas
constituídas por átomos de um determinado elemento. Entretanto, metais podem passar por reações em que são
formadas ligas, misturas homogêneas resultantes da fundição de dois ou mais metais constituintes.
18
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 25
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais,
econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção.
A maneira como as substâncias são relacionadas e nomeadas é fundamental no ramo da Química. Com o
passar do tempo e com a descoberta e síntese de novos elementos, mais classificações foram necessárias
para se distinguir diferentes substâncias. Uma das classificações mais corriqueiras é a polaridade, conside-
rando as interações intermoleculares.
Essas interações intermoleculares regem as propriedades físico-químicas conhecidas e são de extrema
importância para a compreensão do funcionamento da matéria no âmbito molecular.
MODELO 1
(Enem) Quando colocamos em água, os fosfolipídeos tendem a formar lipossomos, estruturas formadas por
uma bicamada lipídica, conforme mostrado na figura. Quando rompida, essa estrutura tende a se reorganizar
em um novo lipossomo.
ANÁLISE EXPOSITIVA
RESPOSTA Alternativa E
19
DIAGRAMA DE IDEIAS
LIGAÇÃO QUÍMICA
RETÍCULO RETÍCULO
CRISTALINO CRISTALINO
METÁLICO IÔNICO MOLÉCULAS
RETÍCULO
ELÉTRONS
ÍONS CRISTALINO
LIVRES
MOLECULAR
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
20
assumir é de 180°; se houver três nuvens, 120°, etc. É funda-
mental analisar se a ligação é covalente ou iônica.
Assim:
MOLECULARES mo central A; e
§ a geometria molecular é determinada pela posição dos
núcleos dos átomos ligados ao redor do átomo central.
H
a angular, a trigonal plana, a piramidal e a tetraédrica.
Para se determinar a geometria de uma molécula, é preciso N
conhecer a teoria da repulsão dos pares eletrônicos (TRPE) B H H
da camada de valência. H
H H
BH3 NH3
1.1. Teoria da repulsão dos BHTrigonal
3
Trigonal plana
Plana NH3 Piramidal
Piramidal
pares eletrônicos H
H
tendo a maior distância angular possível uns dos outros.
CH4
CHTetraédrica
Tetraédrica
Uma nuvem eletrônica pode ser formada por ligação sim- 4
ples, dupla, tripla ou mesmo por um par de elétrons não 1.1.2. Roteiro para determinação
ligantes (que não estão fazendo ligação química).
da geometria molecular
A teoria da repulsão dos pares eletrônicos funciona bem 1. Determinar a fórmula eletrônica da substância contando
para moléculas do tipo ABx, em que A é o átomo central, e os pares eletrônicos (nuvens eletrônicas) ao redor do áto-
B é denominado elemento ligante. Nessa molécula, os pa- mo central. Considere como par eletrônico:
res de elétrons (nuvens eletrônicas) da camada de valência
do átomo central A se repelem, determinando o formato § cada ligação dupla, tripla ou coordenada/dativa
da molécula ou íon. (–, =, ≡, →);
Dessa forma, se houver duas nuvens eletrônicas ao redor de § cada par de elétrons não ligantes.
um átomo central, a maior distância angular que elas podem
21
2. Os pares eletrônicos repelem-se ao máximo.
Orientação
Número de nuvens
(geometria) das Disposição Geometria
ao redor do átomo Fórmula eletrônica
nuvens (pares dos ligantes molecular
central
eletrônicos)
Angular
3
2 átomos ligantes Trigonal plana
(triangular) Trigonal plana
Angular
2 átomos ligantes
N Piramidal
4
3 átomos ligantes
Tetraédrica Tetraédrica
4 átomos ligantes
nar moléculas angulares ou trigonais planas; centro do octaedro. É possível citar como exemplo a
§ a geometria tetraédrica das nuvens pode determinar molécula SF6.
moléculas angulares, piramidais ou tetraédricas.
Observação: existem ainda duas geometrias possíveis
quando o átomo central ultrapassar os 8 elétrons na
camada de valência (existem mais tipos de geometria que,
no entanto, não terão seus detalhes analisados aqui):
§ Bipirâmide trigonal: ocorre quando há cinco nuvens
eletrônicas na camada de valência do átomo central,
todas fazendo ligação química. O átomo central assu- Moléculas de PCℓ5 e SF6 com geometria bipirâmide
me o centro de uma bipirâmide trigonal, sólido forma- trigonal e octaédrica, respectivamente.
22
2. Geometria de íons Fórmula molecular Fórmula eletrônica Orientação das nuvens
Aplicação do conteúdo
1. Se dissolvido em água, o ácido nítrico (HNO3) sofre
ionização, produzindo o ânion nitrato NO–3. Determine a
geometria desse ânion. 3. Polaridade molecular
Resolução:
3.1. Polaridade das ligações
Fórmulas do ácido e do ânion:
O acúmulo de cargas elétricas em determinada região é
denominado polo, que pode ser de dois tipos:
23
Assim: Para comparar a intensidade de polarização das ligações,
recorre-se à escala de eletronegatividade de Pauling:
As ligações iônicas apresentam máxima polarização.
Toda substância iônica é polar por natureza. F O N Cℓ Br I S C P H
eletronegatividade crescente
b. Ligações covalentes
Nessas ligações, a existência de polos está associada à de- Considerando os itens já discutidos, é possível estabelecer
formação da nuvem eletrônica e depende da diferença de a seguinte relação:
eletronegatividade entre os elementos.
ligação covalente apolar < ligação co-
Caso a ligação covalente ocorra entre átomos de mesma valente polar < ligação iônica
eletronegatividade, não haverá distorção da nuvem ele-
polaridade crescente
trônica, ou seja, não ocorrerá formação de polos. Por esse
motivo, essas ligações são denominadas apolares.
Cℓ2: não há diferença de polo; portanto, é uma molécula apolar. 4.1. Polaridade das ligações covalentes
Na ligação covalente entre átomos de eletronegatividades Para verificar a polaridade das ligações covalentes, é utili-
diferentes, ocorre deformação da nuvem eletrônica em de- zada a escala de eletronegatividade de Pauling:
corrência do acúmulo de carga negativa (–d) em torno do
elemento de maior eletronegatividade. Essas ligações são
denominadas polares.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
24
Quando o ∆ (diferença) for maior que 1,7, o composto dos vetores de cada ligação polar da molécula.
terá caráter iônico (ou seja, a ligação é iônica); abaixo de
1,7, o composto terá caráter covalente (ou seja, a ligação
será covalente).
Exemplos
Ligação polar
_____›
Para determinar o vetor momento dipolo resultante, m
R ,
dois fatores devem ser considerados:
§ a geometria molecular,
_____›
que determina a disposição es-
Ligação apolar
pacial dos vetores m R .
Exemplos
Fórmula Geometria/ ____›
mR Molécula
molecular Vetores
_____› ___›
HCø mR ≠ 0
Polar
_____ ___›
›
CO2 R = 0
m Apolar
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
_____› ___›
Misteriosa areia que tem medo de água... H2O mR i 0
Polar
a) Experimentalmente
Se orientada na presença de um campo elétrico externo,
uma molécula é considerada polar; se não orientada, é
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
multimídia: site
phet.colorado.edu/sims/html/molecule-shapes/latest/molecule-
-shapes_pt_BR.html
b) Teoricamente
Pode-se determinar a polaridade _de
____›uma molécula pelo
vetor momento dipolar resultante m
R , ou seja, pela soma
25
c) Método alternativo para determinação da pola- Exemplos
ridade molecular
Outra maneira – bem mais simples – de analisar a polari-
dade de uma molécula é comparar o número de nuvens
eletrônicas (pares eletrônicos) ao redor do átomo central
com o número de átomos iguais (de um mesmo ele-
mento químico) ligados ao átomo central. Caso os valores
sejam iguais, a molécula será apolar; se os valores não fo-
rem iguais, será polar.
VIVENCIANDO
A principal causa da ação dos detergentes é a polaridade das moléculas. Tudo se deve ao caráter anfifílico desses
produtos, formando uma micela com a sujeira.
Caráter anfifílico: afirma-se que uma substância é anfifílica quando existem na mesma molécula regiões predomi-
nantemente polares (região hidrofílica) e regiões predominantemente apolares (região hidrofóbica).
Por exemplo:
Parte hidrofilica
H2O
Assim, quando um detergente entra em contato com uma gordura, a região apolar do detergente envolve a gordura,
que tem caráter apolar, e o detergente forma uma micela em torno da gordura, deixando exposta a sua região polar,
que terá contato direto com a água, arrastando a gordura da superfície em que estiver localizada.
26
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Em Biologia, todas as reações ocorridas no aspecto celular só são possíveis graças à polaridade que existe em cada
uma das moléculas envolvidas.
Existem vitaminas que são lipossolúveis, como a vitamina A, e vitaminas como a vitamina C, que são hidrossolúveis,
isto é, o meio em que elas estão é fator determinante para que qualquer reação aconteça, permitindo que o organis-
mo se comporte normalmente ou de forma anômala.
Pare para pensar... Se o cabelo humano, que é composto de uma proteína denominada queratina, tivesse caráter
hidrofílico, ele seria dissolvido pela água! Você não iria querer isso, certo?
O cabelo umedece porque é poroso e permite a passagem da água por seus poros. Mas não se engane! Isso só é
possível porque o cabelo tem em sua estrutura molecular regiões de baixa polaridade, permitindo, assim, uma pe-
quena atração pelas moléculas de água.
HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da Química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Com o passar do tempo, foi necessária a criação de substâncias diversas para uso industrial, médico, farmaco-
lógico, cotidiano, etc. Com isso, foi criada a nomeação e a nomenclatura dessas substâncias.
Os ácidos exercem função importantíssima em todas as áreas supracitadas e são os compostos responsáveis
por impactos ambientais gigantescos, como a chuva ácida. Seus precursores são os óxidos, que, em contato
com a água, causam a acidificação das chuvas, causando danos ambientais e ecológicos graves.
MODELO 1
(Enem) O processo de industrialização tem gerado sérios problemas de ordem ambiental, econômica e social, entre
os quais se pode citar a chuva ácida. Os ácidos usualmente presentes em maiores proporções na água da chuva
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
são o H2CO3, formado pela reação do CO2 atmosférico com a água, o HNO3, o HNO2, o H2SO4 e o H2SO3. Esses
quatro últimos são formados principalmente a partir da reação da água com os óxidos de nitrogênio e de enxofre
gerados pela queima de combustíveis fósseis.
A formação de chuva mais ou menos ácida depende não só da concentração do ácido formado, como também do tipo
de ácido. Essa pode ser uma informação útil na elaboração de estratégias para minimizar esse problema ambiental. Se
consideradas concentrações idênticas, quais dos ácidos citados no texto conferem maior acidez às águas das chuvas?
a) HNO3 e HNO2.
b) H2SO4 e H2SO3.
c) H2SO3 e HNO2.
d) H2SO4 e HNO3.
e) H2CO3 e H2SO3.
27
ANÁLISE EXPOSITIVA
RESPOSTA Alternativa D
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
28
DIAGRAMA DE IDEIAS
NELA, ÁTOMOS
TEM UNEM-SE POR
MOLÉCULA
DEPENDE DA
TEORIA DA DIFERENÇA DE
REPULSÃO DOS PARES
ELETRÔNICOS DA ELETRONEGATIVIDADE
CAMADA DE VALÊNCIA
INFLUÊNCIA
MOMENTO DE DIPO-
A SOMA FORNECE
LO (DA LIGAÇÃO)
TRIGONAL EXPRESSA
LINEAR ANGULAR
PLANA
DEPENDE DA
MOLÉCULA
NULO
APOLAR
MOLÉCULA
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
NÃO NULO
PODE SER MOMENTO DIPOLO
POLAR RESULTANTE
29
1.1. Forças de dipolo-dipolo
ou de dipolo permanente
Se determinadas moléculas possuem dipolo permanente
(devido à polaridade de uma ou mais de suas ligações co-
FORÇAS valentes), então é possível observar como essas moléculas
Exemplo
§ Moléculas de cloreto de hidrogênio (HCℓ) no estado
CN AULAS gasoso.
15 E 16
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
4, 5, 6 e 7 14, 18, 21, 24, 25 e 27
1. Forças intermoleculares
Forças ou interações intermoleculares são forças de
atração que ocorrem entre as moléculas das substâncias
(daí o termo “intermoleculares”, que significa “entre molé-
culas”), que as mantêm unidas no estado sólido e líquido.
Elas são bem mais fracas que as interações intramolecu-
lares (dentro das moléculas) ou interatômicas (entre áto-
mos), que unem átomos (na ligação covalente) ou íons (na
ligação iônica e na metálica).
30
Exemplo Observe a formação das ligações de hidrogênio em cada
uma das moléculas:
§ O gelo seco (CO2), o iodo (I2), as pedras de naftalina
a) HF
e as de cânfora sofrem sublimação, ou seja, passam
diretamente do estado sólido para o gasoso, uma vez
que as interações de dipolo instantâneo-dipolo induzi-
do que as unem são fracas.
Outros exemplos: H2, N2, O2, F2, Cø2, Br2, P4, S8, CH8 e todos
os hidrocarbonetos.
água sólida
2. Ligações ou pontes
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
HF H2O NH3
31
A dupla hélice do DNA é estabilizada por pontes de hidrogênio entre as bases presas às duas cadeias.
Exemplos
Exemplos
Massa PE
Massa PE Substância Interação
Substância Interação molecular (u) (°C)
molecular (u) (°C)
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
dipolo instantâneo-
CH4 16 –162
dipolo instan- -dipolo induzido
CH4 16 tâneo-dipolo –162
induzido dipolo instantâneo-
C4H10 58 –1
-dipolo induzido
ligação de
H2O 18 +100 ligação de
hidrogênio CH3 – OH 32 +65
hidrogênio
dipolo ligação de
CH3 – O – CH3 46 –24 CH3 – CH2 – OH 46 +78
permanente hidrogênio
dipolo
ligação de HCℓ 36,5 –85
CH3 – CH2 – OH 46 +78 permanente
hidrogênio
dipolo
HBr 81 –67
permanente
32
3.3. Terceiro caso Nota: apesar de possuir a mesma massa molecular e o
mesmo tipo de interação (dipolo instantâneo-dipolo indu-
Moléculas com mesmo tipo de interação e mesma massa zido) entre suas moléculas, o metil-butano é ramificado. A
molecular. área de contato entre suas moléculas é menor do que no
butano, cuja cadeia é normal. Quanto maior a área de con-
Diminui a ramificação. tato entre as moléculas, mais intensas são as interações, e,
Aumenta a área de contato entre as moléculas. portanto, maior é o ponto de ebulição.
Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.
Exemplos
Massa PE
Substância Interação
molecular (u) (°C)
Metilpropano dipolo
CH3 instantâ-
| 58 –12
neo-dipolo
H3C — CH — CH3 induzido
dipolo
Butano
instantâ-
58 –0,5
neo-dipolo
H3C — CH2 — CH2 — CH3
induzido
metil-butano butano
VIVENCIANDO
No dia a dia, é possível identificar facilmente a atuação de forças moleculares realizando rapidamente uma “mistura”
de água com óleo em um recipiente. Na verdade, não ocorrerá nenhuma mistura, uma vez que essas substâncias
possuem polaridades muito distintas e, portanto, não interagem bem entre si.
Outro aspecto do estudo das forças moleculares é o conhecimento dos pontos de fusão e ebulição de compostos;
isso pode ser observado em relação a óleos e gorduras.
Como é possível diferenciar essas duas substâncias?
Óleos e gorduras são basicamente lipídeos, diferenciando-se apenas por seus estados físicos.
Óleos são líquidos enquanto gorduras são sólidas.
Isso ocorre devido às interações intermoleculares existentes em suas cadeias moleculares. Em geral, gorduras pos-
suem menor quantidade de duplas, desencadeando, assim, uma cadeia mais retilínea que permite maior interação
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
de suas moléculas, aumentando seus pontos de fusão e ebulição. Os óleos, por sua vez, tendem a possuir mais
insaturações, produzindo o efeito reverso, distanciando suas cadeias e diminuindo os pontos de fusão e ebulição.
Ácido Esteárico
18 átomos de carbono
Saturado
Ponto de fusão: 70ºC
Ácido Oleico
18 átomos de carbono
Monoinsaturado
Ponto de fusão: 13ºC
33
4. Solubilidade Aplicação do conteúdo
Por que o óleo não se dissolve na água? É necessário con-
1. As pontes de hidrogênio formadas entre moléculas
siderar que os processos de dissolução estão associados às de água HÖH podem ser representadas neste modelo.
interações moleculares. Com base nele, represente as pontes de hidrogênio en-
O tipo de força intermolecular da água deve ser diferente tre moléculas de amônia: NH3.
do tipo de força intermolecular do óleo.
Como a água é uma substância polar, conclui-se que as
moléculas do óleo devem ser apolares, mesmo sem conhe-
cer as estruturas delas.
A partir desse fato, é possível afirmar que:
Resolução:
Em (I) são rompidas as pontes de hidrogênio da água líquida, o
que lhe permite a passagem para o estado gasoso.
Em (II) são rompidas as ligações covalentes entre o hidrogênio e o
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
34
Resolução: Resolução:
SO2: molécula angular e polar (dipolo-dipolo ou dipolo perma- Como o exercício fala que uma substância polar tende a se dis-
nente-dipolo permanente) solver em outra substância polar, logo o seu oposto também é
NH3: molécula piramidal e polar (ponte de hidrogênio ou ligação válido – uma substância apolar tende a se dissolver em outra
de hidrogênio) substância apolar.
HCℓ: molécula linear e polar (dipolo-dipolo; em vários casos a Verificando a polaridade das moléculas, temos:
atração intermolecular é classificada como ligação de hidrogê- Br2 – molécula apolar
nio) CCℓ4 – molécula apolar
Br2: molécula linear e apolar (dipolo induzido-dipolo induzido ou H2O – molécula polar
força de Van der Waals) Na mistura inicial (CCℓ4 + H2O), ambas não estavam misturadas
entre si. Quando o Br2 foi adicionado, a maior parte se dissolveu
Alternativa B no CCℓ4 devido a sua semelhança de polaridade (uma pequena
4. (Unirio) Uma substância polar tende a se dissolver em parte foi dissolvida em água). Logo, a solução final será hetero-
outra substância polar. Com base nessa regra, indique gênea (mais de uma fase), com maior parte dissolvida no CCℓ4.
como será a mistura resultante após a adição de bromo Alternativa D
(Br2) à mistura inicial de tetracloreto de carbono (CCℓ4)
e água (H2O).
a) Homogênea, com o bromo se dissolvendo comple-
tamente na mistura.
b) Homogênea, com o bromo se dissolvendo apenas
no CCℓ4.
c) Homogênea, com o bromo se dissolvendo apenas
na H2O.
d) Heterogênea, com o bromo se dissolvendo princi-
palmente no CCℓ4.
e) Heterogênea, com o bromo se dissolvendo princi-
palmente na H2O.
Um paralelo que pode ser feito com as forças intermoleculares está relacionado com as mudanças de estado físico.
Quando substâncias mudam de estado, é necessário que haja troca de calor; no entanto, em física afirma-se que, quan-
do uma substância está mudando de estado físico, sua temperatura permanece constante. Como isso pode acontecer?
Isso ocorre porque, quando uma substância atingiu seu ponto de fusão ou ebulição, essa substância atingiu a tem-
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
peratura necessária para romper suas ligações intermoleculares. Dessa forma, nos pontos de fusão e ebulição de
qualquer matéria, a energia térmica que está sendo fornecida é aproveitada para romper as interações existentes
entre as moléculas, permitindo a mudança de estado.
35
DIAGRAMA DE IDEIAS
MOLÉCULA
INTERAGE PONTO
POR MEIO DE DE EBULIÇÃO
DIPOLO DIPOLO
LIGAÇÃO DE
PERMANENTE-DIPOLO INDUZIDO-DIPOLO
HIDROGÊNIO
PERMANENTE INDUZIDO
36
QUÍMICA
2
CIÊNCIAS DA
RADIOATIVIDADE E
QUÍMICA ORGÂNICA
NATUREZA
e suas tecnologias
TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
Mesmo com a baixa incidência do tema O tema da radioatividade, mesmo com Em Química 2, os assuntos de radiação são
radiação, o assunto principal é a parte de baixa incidência, é importante, pois as suas cobrados de maneira simples, mas é impor-
química orgânica, que é abordada neste questões são de nível médio ou baixo. O tante que o aluno os conheça bem. O tema
volume de maneira introdutória, servindo assunto principal abordado é a orgânica, principal é a orgânica, que é trabalhada de
de base para toda a orgânica. que é estudada neste volume de maneira forma introdutória neste volume, pois serve
introdutória, servindo de base para para os de base para o entendimento correto da
assuntos posteriores. química orgânica.
O assunto principal é a química orgânica, O assunto mais recorrente é a química O assunto de radioatividade, mesmo com O assunto mais recorrente é a química
que tem alta incidência; mesmo sendo ape- orgânica; por mais que seja abordada a baixa incidência, é importante. O assunto orgânica; por mais que seja abordada a
nas uma parte introdutória, ela serve como parte introdutória, ela serve de base para principal abordado é a orgânica, que é es- parte introdutória, ela serve de base para
base para assuntos posteriores. os assuntos posteriores. tudada neste volume de maneira introdutó- os assuntos posteriores.
ria, servindo de base para para os assuntos
posteriores.
UFMG
Mesmo com baixa incidência na parte de A parte de química orgânica tem alta fre- O assunto principal é a orgânica. Mesmo
radiação, o assunto principal é a parte de quência na UFPR. Neste volume é apresen- sendo apenas uma introdução, ela pode
química orgânica; sua parte introdutória tada sua parte introdutória, que serve de ser cobrada com assuntos relacionados à
serve de base para assuntos posteriores. base para toda a orgânica. Química 1.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
O assunto de radioatividade, mesmo com O assunto principal é a orgânica. Mesmo Mesmo com baixa incidência na parte de
baixa incidência, é importante, já que suas sendo apenas uma introdução, ela pode radiação, o assunto principal é a parte de
questões são de nível médio ou baixo. O ser cobrada com assuntos relacionados à química orgânica; sua parte introdutória
principal assunto é a orgânica, com nível de Química 1. serve de base para assuntos posteriores.
dificuldade geralmente alto. Mesmo sendo
apenas a parte introdutória, ela serve como
base para os assuntos poste-
riores.
38
1. Introdução
Radioatividade é o processo pelo qual um núcleo instável
RADIOATIVIDADE: emite espontaneamente radiação, transformando-se em
outro núcleo mais estável. Esse fenômeno deve-se exclu-
EMISSÕES sivamente ao núcleo do átomo.
RADIOATIVAS E
ENERGIA NUCLEAR
CN AULAS
9 E 10
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) Estado físico, fatores químicos, pressão e temperatura não
3e6 11 e 12 influem na radioatividade de um elemento, uma vez que
ela não depende da eletrosfera do átomo, mas apenas do
fato de seu núcleo ser instável.
É o caso da radioatividade do urânio, que é sempre a mesma. Não importa o estado físico do elemento ou as ligações que
ele faz, se o fizer.
Em 1896, o físico francês Antoine-Henri Becquerel (1852-1908) percebeu que um sal de urânio (o sulfato duplo de po-
tássio e uranila: K2(UO2)(SO4)2) era capaz de sensibilizar o negativo de um filme fotográfico recoberto com papel preto
e uma fina lâmina de metal. As radiações emitidas pelo material apresentavam propriedade semelhante à dos raios X.
Em 1897, a física Marie Sklodowska Curie (1867-1934) provou que a intensidade da radiação é proporcional à quantidade
de urânio na amostra e concluiu que a radioatividade é um fenômeno atômico.
Nesse mesmo ano, o físico Ernest Rutherford (1871-1937) criou uma aparelhagem para estudar a ação de um campo ele-
tromagnético sobre as radiações.
(+)
bloco de chumbo
raios
raios
raios
substância radioativa (–)
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
campo magnético
O esquema mostra o comportamento das radiações , e em um campo eletromagnético.
39
VIVENCIANDO
Caso entre em contato com radiações, a fisiologia humana pode ser extremamente comprometida. Na matéria indi-
cada, há uma explicação para os casos mais comuns quando se é exposto à radiação.
http://veja.abril.com.br/saude/os-efeitos-da-radioatividade-no-corpo-humano/
–1 0
b
–1
9/10 c As equações nucleares obedecem a um balanço dos
0 0
g c
números de massa (A) e das cargas nucleares (Z), que
0
são conservados:
c = velocidade da luz no vácuo = 300 mil km/s
nêutron 1 nêutron 1u
+1 0
b
Pu
239
94 a + 235
4
2 92U
+1
Veja:
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
Caso um átomo X emita uma partícula a, seu núme- Caso um átomo X emita uma partícula b, seu número
ro de massa diminuirá em 4 unidades, e seu número de massa permanecerá inalterado, e seu número atô-
atômico diminuirá em 2 unidades: mico aumentará em 1 unidade:
A
X 4
a + Z A––42 Y. X
A
Z b + Z +A1Y
0
–1 .
Z +2
40
Como ocorre alteração do número atômico (Z), o átomo Y ge-
rado pertence a um novo elemento químico, diferente do áto-
mo X original. Como o número de massa (A) permanece inal-
terado, na emissão beta, X e Y sempre serão átomos isóbaros.
Transmutação artificial por meio da qual Chadwick (1932)
As partículas b, também denominadas raios b ou radiação descobriu o nêutron:
b, são partículas negativas iguais aos elétrons. Elas apre-
sentam carga –1 e massa 0. A partícula b forma-se por
meio da desintegração de um nêutron no núcleo:
n
1
0 +11 p + –10 b +
0 n
0
nêutron próton beta neutrino Atualmente, a maioria dos radioisótopos utilizados na me-
dicina, na indústria, na agricultura, entre outras áreas, é
Exemplo produzida a partir de transmutações artificiais.
§ Se um átomo de 146C emitir uma partícula b, ele se
7N
transforma em 14 . A reação nuclear pode ser repre- 5. Energia nuclear
sentada da seguinte maneira:
A partir da segunda metade do século XX, uma das grandes
C
14
6 –10b + 147N
preocupações da humanidade tem sido os meios de obtenção
Observe. de energia. Dentre as soluções encontradas, uma delas é a
energia proveniente dos núcleos atômicos, a energia nuclear,
SAReagentes = SAProdutos ä 14 = 0 + 14 obtida mediante reações de fissão e fusão nucleares.
41
Contudo, seus efeitos podem ser desastrosos. A energia pode dois átomos de urânio, que se quebram, formando quatro
ser útil caso seja controlada em um reator ou usina nuclear, nêutrons, que, por sua vez, atingirão mais quatro átomos
mas, caso seja aplicada sem controle, desenvolve-se uma rea- de urânio, que formarão oito nêutrons, e assim por diante,
ção em cadeia, acompanhada de explosão: a bomba atômica. sucessiva e incontrolavelmente.
Enrico Fermi (1901-1954) e Leo Szilard (1898-1964) cons-
truíram o primeiro reator. Hoje existem centenas deles em
funcionamento. O Brasil também iniciou seu programa de
energia nuclear construindo reatores em Angra dos Reis (RJ).
A primeira bomba atômica de teste foi detonada em 16
de junho de 1945, no deserto de Alamogordo, no Novo
México (EUA). A bomba foi usada militarmente no final da multimídia: livro
Segunda Guerra Mundial contra as cidades japonesas de
Hiroshima (bomba de 235 92U, em 6 agosto de 1945) e Naga-
Peter W. Atkins e Loretta Jones - Princípios de Química
saki (bomba de 94Pu, em 9 agosto de 1945).
239
– Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente
No processo de fissão ocorre uma reação em cadeia. Na
O livro encoraja estudantes a pensar e desenvolver com-
teoria, bastaria apenas um nêutron para iniciar o proces-
preensão sólida da Química, desafiando-os a questionar
so. Na prática, entretanto, exige-se uma massa mínima
e a obter nível mais alto de entendimento da matéria. A
acima da qual há denotação com reação em cadeia. Essa
obra apresenta a Química como algo atual e dinâmico, ao
massa mínima é denominada massa crítica. Um átomo de mostrar a relação entre ideias químicas fundamentais e
urânio (235
92
U) é atingido por um nêutron e se quebra para suas aplicações.
formar dois nêutrons. Esses dois nêutrons atingem outros
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
42
A energia liberada em uma reação de fissão nuclear é imen- A energia liberada na queima de um mol de etanol (46 g)
samente maior do que as liberadas em reações químicas. A consegue aquecer aproximadamente 4 kg de água de 20 a
fissão do urânio-235 libera na ordem de 2 ·1010 kJ/mol de 100 °C, enquanto que para aquecer a mesma quantidade
energia. Comparando com outra fonte de energia (ex.: eta- de água no mesmo intervalo de temperatura, é necessário
nol), a energia liberada na reação de combustão é de “ape- ”somente” 0,00003 gramas, isto é, de 0,03 mg de urânio.
nas” 1.360 kJ/mol.
Radiofármacos e radiotraçadores
Essas substâncias recebem esse nome porque, ao serem transportadas pelo corpo da pessoa, emitem radiações que
possibilitam seu monitoramento, indicando por onde passaram e onde se depositaram. Isso permite que o radiolo-
gista faça um mapeamento dos órgãos.
Um exemplo de radioisótopo é o iodo-131, que é usado no tratamento de câncer de tireoide, uma vez que, ao se
acumular nesse órgão, suas radiações gama destroem as células cancerígenas.
4 11 H
H
4
2 e + 2 -10b + 2 00n + energia
Essa reação não pode ser realizada artificialmente, uma vez que ela exige temperatura elevadíssima. Contudo, a partir de
1950 os cientistas iniciaram pesquisas para obter uma reação semelhante.
Em 1952, conseguiram realizar a primeira fusão não controlada, que gerou a primeira bomba de hidrogênio.
43
Algumas reações de fusão possíveis:
H
2
1 + 13 H
H
4
2 e + 01 n + energia
2
1 H
+ 11 H
H
3
2 e + energia
H
3
2 e + H
3
2 e H
4
2 e + 2 11 H
+ energia
Para iniciar esses processos de fusão, usa-se, como energia de ativação, a energia proveniente da explosão de uma bomba
atômica. Atualmente, são desenvolvidas pesquisas que visam a obter outros métodos de ativação. Até agora, essa fusão não
pode ser controlada a fim de obter-se energia útil.
Digamos que a bomba atômica é a “espoleta” da bomba de hidrogênio, que libera a energia necessária para a fusão. Ocorri-
da essa fusão, a energia liberada é extremamente intensa. Já foram detonadas bombas de hidrogênio de até 500 megatons.
Há alguns anos, sonha-se com a construção de um reator nuclear de fusão, que exigiria uma temperatura mínima de 300
milhões de graus Celsius para a fusão. Até agora só se conseguiu atingir 200 milhões de graus Celsius por uma fração ínfima
de tempo.
HABILIDADE 22
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em
processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Atualmente há uma grande preocupação em relação aos meios de produção de energia. Um dos assuntos
mais debatidos é a energia nuclear.
A habilidade 22 contempla os riscos causados pela radiação e quais os principais efeitos que a exposição
às partículas e à radiação podem causar no ser humano. Um caso muito citado como situação-problema
é o caso de Chernobyl.
MODELO 1
(Enem) A falta de conhecimento em relação ao que vem a ser um material radioativo e quais os efeitos, con-
sequências e usos da irradiação pode gerar o medo e a tomada de decisões equivocadas, como a apresentada
no exemplo a seguir.
“Uma companhia aérea negou-se a transportar material médico por este portar um certificado de esterilização por
irradiação”.
Física na Escola, v. 8, n. 2, 2007 (adaptado).
a) o material é incapaz de acumular radiação, não se tornando radioativo por ter sido irradiado;
b) a utilização de uma embalagem é suficiente para bloquear a radiação emitida pelo material;
c) a contaminação radioativa do material não se prolifera da mesma forma que as infecções por microrganismos;
d) o material irradiado emite radiação de intensidade abaixo daquela que ofereceria risco à saúde;
e) o intervalo de tempo após a esterilização é suficiente para que o material não emita mais radiação.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Esse tipo de questão propõe ao aluno que seja realizada, utilizando-se os conceitos vistos em sala de
aula, uma análise crítica quanto à afirmação proposta.
O material médico não pode acumular radiação, isto é, não se torna radioativo por ter sido irradiado.
A decisão tomada pela companhia foi equivocada.
RESPOSTA Alternativa A
44
DIAGRAMA DE IDEIAS
LIBERA RADIAÇÃO
PARTÍCULAS
45
Isótopo radioativo Meia-vida
Ba
140
56 12,8 anos
I
131
8 dias
CINÉTICA DOS
53
Mo
99
42 67 horas
DECAIMENTOS U
235
92 710 milhões de anos
CN
caimento radioativo impede que eles sejam fixados no solo,
AULAS na vegetação ou nas águas.
11 E 12 Entretanto, outros isótopos radioativos apresentam uma
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
meia-vida muito longa, permitindo que eles se fixem no
6e7 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 e 27
meio ambiente, contaminando-o e o tornando-o radioativo
por longos períodos. Além disso, os nêutrons liberados no
processo de fissão podem agir sobre os constituintes da
atmosfera, gerando espécies radioativas, como 14
6C
, 13 H
.
1. Meia-vida ou período 1.1. Vida-média
de semidesintegração Não é possível prever a duração de vida de determinado
A Cinética Radioativa é a matéria da Química Nuclear que es- átomo; no entanto, pode-se calcular um tempo estatístico
tuda a velocidade de desintegração dos materiais radioativos. de sua duração. Por exemplo, se o elemento rádio tem vi-
A velocidade (v) com que ocorre a emissão de partículas da-média de 2,3 mil anos, estatisticamente é possível con-
(desintegração) é diretamente proporcional ao número de cluir que um núcleo de rádio levará 2,3 mil anos para se
núcleos radioativos (N), a cada instante considerado. desintegrar. Esse fator não exclui a probabilidade de ele se
desintegrar antes ou depois desse tempo. É importante não
v=k·N
confundir vida-média com meia-vida.
Fonte: Youtube
Meia-vida ou período de semidesintegração (P ou
Acidente radioativo com o
t1/2) é o tempo necessário para que a metade dos nú-
Césio-137 em Goiânia, 1987.
cleos radioativos se desintegre, ou seja, para que uma
amostra radioativa se reduza à metade.
1.2. Curva de decaimento radioativo
Exemplos de meia-vida: Considere uma amostra de material radioativo de massa
inicial m0. A cada meia-vida decorrida, a massa da mostra
Isótopo radioativo Meia-vida se reduz à metade.
Cs
137
55 30 anos
S r
90
38 28 anos
Zr
95
40 65 anos
46
E o tempo total decorrido Dt, desde o valor inicial m0 até
se atingir o valor m, será de:
Dt = n · P
Na equação, P é o tempo de meia-vida.
Esquematicamente:
VIVENCIANDO
A datação de matéria orgânica é realizada por meio da constituição de carbono-14 (carbono com número de
massa 14) na matéria orgânica. O tempo de meia-vida do carbono 14 (14C) é de 5.730 anos. Isso significa que, se
um organismo morreu há 5.730 anos, ele possuirá a metade do conteúdo de 14C. Assim, é possível obter a idade
aproximada de qualquer matéria orgânica. Com o objetivo de ser o mais exato possível no trato com a história
da humanidade, dos animais e das plantas, essa técnica já foi utilizada de diversas formas por historiadores do
mundo todo. Essa técnica possibilitou descobertas importantes para os campos da biologia e da história, recons-
tituindo épocas e trajetórias dos seres vivos. Do ponto de vista da biologia, a datação da matéria orgânica é um
fator preponderante, uma vez que a evolução das espécies está diretamente relacionada ao período em que elas
viveram, às condições a que estavam submetidas e à fauna e à flora do ambiente naquele momento.
Dt = n · P ä 63 h = 3 · P ä P = 21 h Alternativa B
Resposta: a meia-vida é de 21 horas.
47
3. (PUC) Carbono-11 é utilizado na medicina para diag-
nóstico por imagem. Amostras de compostos contendo
carbono-11 são injetadas no paciente obtendo-se a ima-
gem desejada após decorridas cinco “meias-vidas” do
radiosótopo. Nesse caso, a porcentagem da massa de
carbono-11, da amostra, que ainda não se desintegrou é:
a) 1,1%.
b) 3,1%.
multimídia: site
c) 12%.
d) 50%. pt.energia-nuclear.net/acidentes-nucleares/
e) 75%. chernobyl
noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/
Resolução:
redacao/2017/01/12/a-lua-e-mais-muito-mais-velha-do-
Partindo-se de 100% como a quantidade inicial de carbono-11,
que-os-cientistas-imaginavam.htm
depois de cinco meias-vidas, tem-se:
www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150808_
100% → 50% → 25% → 12,5% → 6,25% → 3,125%
hiroshima_nagasaki_chernobil_rm
ou
m0 phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/radioactive-
___ 100 → m = 3,125%
m = n , sendo n = 5 → m = ___ dating-game
2 32
Alternativa B
Em setembro de 2016, a Coreia do Norte realizou testes nucleares. Os testes foram realizados na base de Punggye-ri,
no nordeste do país, o mesmo lugar onde a Coreia do Norte detonou bombas atômicas em 2006, 2009, 2013 e em
janeiro do mesmo ano. Em 2016, em vez de uma bomba atômica, o teste foi feito com uma bomba de hidrogênio.
Embora ambas sejam muito destrutivas, elas apresentam reações diferentes.
Bomba atômica
1. O funcionamento da arma começa quando uma carga de explosivo convencional, como dinamite, é acionada à
distância e explode.
2. O choque da explosão impulsiona uma bala de urânio-235 sobre uma esfera feita do mesmo material. Esse
impacto inicia as reações de fissão, ou seja, a quebra dos núcleos dos átomos que vão liberar energia.
3. Com o impacto, os instáveis e pesados átomos de urânio-235 arrebentam, liberando energia e nêutrons que dão
continuidade à reação. Cada átomo que se rompe solta novos nêutrons que quebram mais núcleos, gerando um
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
Bomba de hidrogênio
1. Na bomba de hidrogênio, a espoleta utilizada não é um explosivo convencional, mas uma bomba atômica como
a de Hiroshima. Novamente, o momento do estouro dessa carga é determinado por meio de um controle remoto.
2. Essa explosão atinge um compartimento cheio de composto de lítio, transformando essa substância em deutério
e trítio. Os átomos desses elementos são isótopos do hidrogênio. Todos possuem apenas um próton, mas com
quantidades diferentes de nêutrons.
3. Por serem muito leves e estarem submetidos a altíssima temperatura, os átomos de deutério e trítio tendem a se
unir, criando um átomo de hélio mais leve que os dois anteriores somados. A massa que resta dá origem à energia
colossal da bomba.
48
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 22
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em
processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Atualmente há uma grande preocupação em relação aos meios de produção de energia. Um dos assuntos
mais debatidos é a energia nuclear.
A habilidade 22 contempla os riscos causados pela radiação e quais os principais efeitos que a exposição
às partículas e à radiação podem causar no ser humano. O caso de Chernobyl, na Ucrânia, e o caso do
Césio-137, em Goiânia, são muito citados como situação-problema.
MODELO 1
(Enem) Glicose marcada com nuclídeos de carbono-11 é utilizada na medicina para se obter imagens tridimen-
sionais do cérebro, por meio de tomografia de emissão de pósitrons. A desintegração do carbono-11 gera um
pósitron, com tempo de meia-vida de 20,4 min, de acordo com a equação da reação nuclear:
C → 11
11
6 5B + 10e
(pósitron)
A partir da injeção de glicose marcada com esse nuclídeo, o tempo de aquisição de uma imagem de tomografia
é cinco meias-vidas.
Considerando que o medicamento contém 1,00 g do carbono-11, a massa, em miligramas, do nuclídeo restan-
te, após a aquisição da imagem, é mais próxima de
a) 0,200.
b) 0,969.
c) 9,80.
d) 31,3.
e) 200.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse tipo de questão, o aluno é convidado a raciocinar utilizando os conhecimentos adquiridos sobre
decaimentos radioativos.
A partir da injeção de glicose marcada com esse nuclídeo, o tempo de aquisição de uma imagem de tomo-
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
RESPOSTA Alternativa D
49
DIAGRAMA DE IDEIAS
NUCLÍDEO
PODE SER
INSTÁVEL
PARTICIPA DE
APLICAÇÕES
MEDICINAIS
TÊM
APLICAÇÕES
REAÇÕES BÉLICAS
NUCLEARES
POR EXEMPLO
MEIA-VIDA
DECAIMENTO TEM
(PERÍODO DE
RADIOATIVO
SEMIDESINTEGRAÇÃO)
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
50
Com o êxito da experiência de Wöhler, diversos cientistas vol-
taram ao laboratório para obter outras substâncias orgânicas
(em 1862, foi obtido o acetileno e, em 1866, foi obtido o ben-
zeno). Assim, a teoria da força vital foi totalmente derrubada.
O químico sueco Torbern Olof Bergman (1735-1784) foi quem 1828: Hennel prepara o álcool etílico.
empregou pela primeira vez a expressão Química Orgânica. 1846: O doutor John C. Warren realiza, no Hospital
Geral de Massachusetts (EUA), a primeira in-
§ Compostos orgânicos: substâncias de organismos vivos. tervenção cirúrgica de grande porte com o em-
§ Compostos inorgânicos: substâncias do reino mineral. prego de éter como anestésico, inaugurando a
Na época, a crença de que só era possível extrair subs- era dos anestésicos na Medicina.
tâncias orgânicas de organismos vivos (animais e vegetais) 1847: O doutor James Simpson, cirurgião em Edimbur-
prejudicava o desenvolvimento da Química Orgânica. Acre- go, usa pela primeira vez o clorofórmio como
ditava-se que compostos obtidos a partir de organismos anestésico.
1848: Frankland e Kolbe preparam o ácido acético.
vivos eram complexos demais para serem sintetizados.
1854: Berthelot prepara o gás metano.
Tratava-se de uma teoria conhecida pelo nome de teoria
1929: A penicilina é descoberta por Alexander Fleming.
da força vital, formulada por Jöns Jacob Berzelius (1779-
1935: Químicos do Instituto Pasteur, na França, desco-
1848), que afirmava: “A força vital é própria da célula viva
brem a sulfanilamida: substância de ação bacte-
e o homem não poderá criá-la em laboratório”. ricida. A seguir, foram descobertas outras sulfas.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
Em 1828, um dos discípulos de Berzelius, Friedrich Wöhler 1945: Químicos e físicos da Inglaterra e dos Estados
(1800-1882), conseguiu, depois de várias tentativas, obter Unidos descobrem diversas penicilinas – agen-
uma substância encontrada na urina e no sangue, conheci- tes antibacterianos mais eficazes que as sulfas
da pelo nome de ureia, por meio do aquecimento de ciana- – e sintetizam a Penicilina G.
to de amônio, um composto inorgânico. Assim, começava a
queda da teoria da força vital:
2. Características gerais
NH4OCN
calor
das moléculas orgânicas
Quais são as inúmeras propriedades e a significativa di-
versidade dos compostos do carbono tão exploradas na
Cianeto de amônio ureia biologia e na indústria?
Reação de aquecimento do cianeto de amônio para obter a ureia.
Essa reação ficou conhecida como síntese de Wöhler. § Em primeiro lugar, deve-se distinguir compostos orgâ-
nicos de inorgânicos.
51
Os orgânicos são constituídos fundamentalmente por qua-
tro elementos – carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O)
3. Características do
e nitrogênio (N) – denominados elementos organógenos. átomo de carbono
§ Os orgânicos são capazes de sofrer combustão, uma Em 1852, o químico inglês Edward Frankland (1825-1899)
vez que, em grande parte, são compostos de C e de H. publicou um trabalho em que apresentava a expressão
A queima completa dessas substâncias produz CO2 e “valência”, relacionada à provável capacidade de ligação
H2O; a queima incompleta produz CO; e a queima par- dos átomos. Poucos anos depois, o químico alemão August
cial, apenas C (fuligem). Um composto orgânico que Kekulé defendeu hipóteses extraordinárias que causariam
contenha C e H ou C, H e O corresponde a: um grande avanço no estudo das substâncias orgânicas.
52
§ A junção de dois traços na extremidade de uma cadeia Exemplo
corresponde a um grupo CH2.
§ A junção de três traços na extremidade de uma cadeia
indica um grupo CH.
Exemplos
P = primário
S = secundário
T = terciário
Q = quaternário
VIVENCIANDO
Quem nunca se pegou lendo a embalagem do refrigerante ou de outros produtos industrializados enquanto se alimen-
tava? Ou rótulos dos produtos enquanto tomava banho? Pois bem, qualquer pessoa que tenha feito isso terá reparado
que nos rótulos das embalagens estão descritas as misturas realizadas para se chegar àquele determinado produto
que está sendo consumido ou utilizado. As substâncias que constituem esses produtos sempre estarão descritas de
uma forma padrão, respeitando a “norma culta” da linguagem química, para que não haja complicações durante a
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
leitura de uma fórmula de um determinado produto. Isso garante que, em qualquer lugar, seja possível saber, no caso
de compostos químicos, do que determinado produto é constituído.
5.2. De acordo com o tipo de ligação (sigma - s e pi - p) e com o tipo de hibridação (hibridização)
Ligação do Hibridação
Ângulo entre as
átomo do átomo Geometria Exemplo
de carbono de carbono
ligações
53
6. Classificação das § Cadeia ramificada: se contiver átomos de carbono
terciários e/ou quaternários.
cadeias carbônicas
A grande variedade de cadeias orgânicas exige que se faça
a classificação delas segundo determinados critérios.
1. Quanto ao fechamento da cadeia
4. Quanto à natureza
§ Cadeia alifática: à vezes confundida com a cadeia § Homogênea: se entre átomos de carbono houver
aberta, a cadeia alifática significa cadeia não aromá- apenas átomos de carbono.
tica, isto é, pode ser cadeia aberta, fechada ou conter
ambas (cadeia mista), mas não pode conter aromatici-
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
54
7. Compostos aromáticos Quando a classificação da cadeia carbônica é aromática,
geralmente não é necessário classificar em mononuclear/
O núcleo (ou anel) benzênico é uma das mais importantes polinuclear ou condensada/isolada.
cadeias cíclicas da Química Orgânica. Trata-se do composto
mais simples que esse anel apresenta – o benzeno (C6H6).
Aplicação do conteúdo
1. (FGV) A indústria de alimentos utiliza vários tipos de
agente flavorizante para dar sabor e aroma a balas e
gomas de mascar. Entre os mais empregados estão os
sabores de canela e de anis.
Resolução:
2. Compostos aromáticos polinucleares ou polinu-
cleados: se contiver vários anéis benzênicos subdivididos
em:
§ polinucleares isolados: se os anéis não tiverem áto-
mos de carbono em comum;
CH3 OH
8. Resumo das cadeias carbônicas A partir dessa análise, é correto afirmar que o número de
compostos diferentes representados nesse conjunto é:
a) 1. c) 3.
NORMAL ou RAMIFICADA
SATURADA ou INSATURADA
b) 2. d) 4.
ABERTA
OU ACÍCLICA
HOMOGÊNEA ou HETEROGÊNEA Resolução:
NORMAL ou RAMIFICADA
Todas as quatro fórmulas representam a mesma molécula.
ALICÍCLICA SATURADA ou INSATURADA
CADEIA FECHADAS HOMOGÊNEA ou HETEROGÊNEA
H3C — CH — CH2 — OH
CARBÔNICA OU
CÍCLICAS |
MONONUCLEAR
AROMÁTICA CONDENSADAS CH3
POLINUCLEAR
ISOLADAS Alternativa A
MISTAS
55
3. (PUC-RS) O ácido etilenodiaminotetracético, conheci- apresenta cadeia carbônica:
do como EDTA, utilizado como antioxidante em marga- a) acíclica, insaturada, homogênea;
rinas, de fórmula: b) acíclica, saturada, heterogênea;
c) acíclica, saturada, homogênea;
d) cíclica, saturada, heterogênea;
e) cíclica, insaturada, homogênea.
Resolução:
De acordo com a estrutura acima, podemos ver que a cadeia é
aberta ou acíclica, pois não há fechamento da cadeia; é satu-
rada, pois apresenta somente ligações simples entre carbonos (a
dupla entre carbono e oxigênio não é considerada insaturação); é
heterogênea, pois há heteroátomos (N) entre os carbonos.
Logo, apresenta cadeia carbônica acíclica, saturada e heterogênea.
Fórmula do EDTA (ácido etilenodiaminotetracético)
Alternativa B
A Química Orgânica é uma área de conhecimento muito vasta. Dessa forma, foi necessário criar e padronizar uma
“linguagem” para que tudo o que seja tratado nessa área possa ser entendido em qualquer parte do mundo.
A partir de várias reuniões internacionais, foi definida uma linguagem oficial e mundial para a química, denominada
nomenclatura IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), que deve ser padronizada e compreendida
por todos, com regras para organizar e descrever qualquer substância orgânica em qualquer parte do mundo.
Essa forma de nomeação dos compostos se assemelha à língua nativa dos países devido ao fato de poder ser enten-
dida em qualquer parte do mundo. Por exemplo, em países onde o português é a língua oficial, há comunicação entre
o falante e o ouvinte, desde que seja falada a língua padrão para aquele ambiente, isto é, um brasileiro consegue
transmitir tranquilamente sua mensagem a alguém que reside em Cabo Verde. Na química não é diferente. Esse
padrão é fundamental para a cooperação entre pesquisadores de todo o mundo, ajudando a proliferar bons frutos
na área da pesquisa.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
56
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.
A linguagem na química é essencial, ainda mais se tratando de química orgânica. O composto representa-
do na questão a seguir é um clássico exemplo de por que a nomenclatura do composto é tão importante.
Seu nome oficial é dado como 2-(4-{2-[3,5-bis (pent-1-in-1-il)fenil]etinil}-2,5-bis(3,3-dimetilbut-1-in-1-il)
fenil)-1,3-dioxolano1,3-dioxolane, 2-[2,5-bis(3,3-dimetil-1-butin-1-il)-4-[2-(3,5-di-1-pentin-1-ilfenil)etinil]
fenil], usualmente conhecido como Nanokid. Por causa de nomes como esse é que as nomenclaturas na
química orgânica foram se aprimorando cada vez mais para a adequação e facilitação da pronunciação
desses compostos.
MODELO 1
(Enem) As moléculas de nanoputians lembram figuras humanas e foram criadas
para estimular o interesse de jovens na compreensão da linguagem expressa em
fórmulas estruturais, muito usadas em química orgânica. Um exemplo é o NanoKid,
representado na figura:
Em que parte do corpo do NanoKid existe carbono quaternário?
ANÁLISE EXPOSITIVA
A química orgânica é uma das áreas com as maiores descobertas no mundo da química. Por esse
motivo, é de extrema importância uma padronização da nomenclatura dos compostos, além de uma
caracterização de algumas funções dela.
Carbono quaternário é aquele que se liga a outros quatro átomos de carbono. Isso ocorre nas
mãos do nanokid. Assim:
RESPOSTA Alternativa A
57
DIAGRAMA DE IDEIAS
RAMIFICADA
SUBSTÂNCIA
NÃO
PODE SER FECHADA
AROMÁTICA
PODE SER
ORGÂNICA MISTA AROMÁTICA
TEM
SATURADA
CADEIA
CARBÔNICA DUPLA TRIPLA
INSATURADA CONTÉM OU
C=C C=C
HOMOGÊNEA
58
rivado dos termos latinos parum, “pequena”, e affinis, “afi-
nidade”, o termo “parafina” significa “pouco reativo”.
Exemplos
Fórmula molecular
Fórmula estrutural
HIDROCARBONETOS ä fórmula geral
C3H8 ä CnH2n + 2
n = número de átomos de
carbono = 3
2n + 2 = número de átomos de
CN AULAS hidrogênio = 8
15 E 16
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5, 6 e 7 18, 19, 23, 24 e 25
C4H10
n = número de átomos de
1. Introdução
carbono = 4
2n + 2 = número de átomos de
hidrogênio = 10
Como na Química Inorgânica, a Química Orgânica agru-
pa as substâncias com propriedades químicas semelhan-
tes em razão das características estruturais comuns. Cada
função orgânica é caracterizada por um grupo funcional,
uma combinação específica de átomos que conferem suas 2.1.1. Propriedades físicas dos alcanos
propriedades químicas, como –COOH, grupo funcional que
Os alcanos são pouco reativos, isto é, não reagem com
caracteriza a função ácido carboxílico.
quase nenhuma substância. Por essa razão, são chamados
O desenvolvimento da Química Orgânica determinou o es- também de parafinas ou parafínicos.
tabelecimento de uma nomenclatura das funções orgânicas Eles não são muito reativos porque as ligações entre C – H e
padronizada internacionalmente. C – C são muito estáveis e difíceis de serem quebradas. Os al-
Essa nomenclatura, criada para evitar confusões, vem canos são mais utilizados para a queima (combustão), ou seja,
sendo desenvolvida pela União Internacional de Química são usados como combustíveis para o fornecimento de energia.
Pura e Aplicada (em inglês: International Union of Pure and Os alcanos são compostos apolares, apresentando interação
Applied Chemistry, IUPAC) e é considerada a nomencla- dipolo induzido-dipolo induzido entre as moléculas. Assim,
tura oficial. Entretanto, algumas substâncias ainda são os alcanos de até 4 átomos de carbono são gases em condi-
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
59
Exemplos O acetileno (C2H2), diferentemente dos outros alcinos,
possui cheiro agradável e é parcialmente solúvel em água
Fórmula molecular
Fórmula estrutural (1,17 g/L a 20 °C). É a partir dele que se são obtidos ou-
ä fórmula geral
tros compostos não inflamáveis (como cloreto de vinila,
precursor do polímero PVC). Uma vez que não se encon-
C3H6 ä CnH2n tram livres na natureza, devido à sua tripla ligação, que é
n = número de átomos de muito reativa, os alcinos são preparados em laboratório.
carbono = 3
2n = número de átomos de
hidrogênio = 6 2.4. Alcadienos (dienos) –
fórmula geral CnH2n – 2
São hidrocarbonetos acíclicos contendo duas ligações
C4H8 duplas entre os carbonos em sua cadeia carbônica.
n = número de átomos de
carbono = 4 Exemplo
2n = número de átomos de
hidrogênio = 8 Fórmula molecular
Fórmula estrutural
ä fórmula geral
n = número de átomos de
C5H8 ä CnH2n – 2 carbono = 3
n = número de átomos de 2n = número de átomos de
carbono = 5 hidrogênio = 6
2n – 2 = número de átomos de
hidrogênio = 8
C4H8
2.3.1. Propriedades físicas dos alcinos n = número de átomos de
carbono = 4
Os alcinos são compostos de baixa polaridade e apresen- 2n = número de átomos de
tam basicamente as mesmas propriedades físicas dos al- hidrogênio = 8
60
2.6. Cicloalcenos, cicloalquenos, § Infixo: indica o tipo de ligação entre os átomos
de carbono.
ciclenos ou ciclolefinas
São hidrocarbonetos cíclicos insaturados por uma dupla
ligação (desde que não haja ramificações).
Exemplos
Fórmula estrutural Fórmula molecular
§ Sufixo: indica a função orgânica. No caso específico
dos hidrocarbonetos, o sufixo é o. Alguns sufixos bas-
tante usuais são:
C3H4 Função Grupo funcional Sufixo
Álcool -ol
Cetona -ona
Exemplos
H3C — CH2 — CH3
Anel benzênico
N.º de
3. Nomenclatura oficial IUPAC
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
O nome de uma molécula orgânica é formado por três ele- 3 C ä prop simples ä an hidrocarboneto ä o propano
mentos fundamentais:
De forma inversa, é possível determinar a fórmula do com-
prefixo + infixo + sufixo
posto a partir de seu nome:
§ Prefixo: indica o número de átomos de carbono da ca- Exemplo
deia principal.
N.º de
Ligação Função Nome
1C MET 6C HEX 11C UNDEC átomos
2C ET 7C HEPT 12C DODEC
pentano pent ä 5 C an ä simples o ä hidrocarboneto
3C PROP 8C OCT 13C TRIDEC
4C BUT 9C NON 14C TETRADEC
5C PENT 10C DEC 15C PENTADEC H3C — CH2 — CH2 — CH2 — CH3
61
3.1.2. Alcenos (alquenos) 3.1.4. Alcadienos (dienos)
Exemplos Como existem duas ligações duplas na cadeia, é necessário
indicar suas respectivas posições com números separados
H2C = CH2 por vírgula junto ao infixo dien.
N.º de
átomos
Ligação Função Nome Exemplos
N.º de Exemplos
Ligação Função Nome
átomos
dupla entre os
hidrocarboneto
4 C ä prop carbonos but–1–eno
äo
1 e 2 ä 1–en
N.º de
Seguem as mesmas regras usadas para os alcenos. Ligação Função Nome
átomos
3 C em cadeia
Exemplo cíclica ä
simples hidrocarboneto
ciclopropano
ä an äo
5 4 3 2 1 cicloprop
H3C — CH2 — C ; C — CH3
Analogamente:
N.º de
Ligação Função Nome
átomos
tripla entre os
hidrocarboneto
5 C ä but carbonos pent–2–ino
äo
2 e 3 ä 2 – in
62
3.1.6. Ciclenos (cicloalcenos) 4. Grupos orgânicos ou radicais
Exemplo Na maioria das vezes, as ramificações são formadas por
radicais monovalentes orgânicos derivados de hidrocar-
bonetos. Esses radicais se formam por meio de cisão ho-
molítica, que é um rompimento de uma ligação covalente
(geralmente entre um carbono e um hidrogênio), em que
cada um desses átomos fica com um dos elétrons que an-
N.º de tes estava sendo compartilhado na ligação.
Ligação Função Nome
átomos
3 C em cadeia
hidrocar-
cíclica ä dupla ä en ciclopropeno
boneto ä o
cicloprop
3.1.7. Aromáticos
Esses compostos apresentam regras de nomenclatura dife-
rentes das regras de nomenclatura dos demais hidrocarbo-
netos. Além disso, não apresentam uma fórmula geral para CH4 → •CH3 + H•
todos os aromáticos. A equação acima representa a cisão (quebra) de ligações
e a consequente formação do radical •CH3 (ou –CH3) de
3.1.8. Principais hidrocarbonetos nome metil.
aromáticos não ramificados Esses radicais livres são muito instáveis, isto é, possuem vida
curta, pois os elétrons se agrupam em pares e, visto que eles
possuem elétrons livres ou elétrons desemparelhados dos ra-
dicais, reagem ativamente com qualquer molécula próxima,
formando novos compostos. Quando dois radicais orgânicos
se ligam, forma-se uma cadeia carbônica. Se o radical se
ligar a um carbono que não seja primário, formam-se as de-
nominadas cadeias ramificadas.
A nomenclatura de um radical é caracterizada pelos sufixos
-il ou -ila precedidos do prefixo que indica a quantidade
de carbonos.
metil
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
etil
propil ou n-propil
isopropil
isobutil
63
Radical Nome
3. Para montar o nome do composto, deve-se colocar em
primeiro lugar o grupo substituinte, precedido pelo número
que designa a sua localização na cadeia (quando necessário);
terc-butil ou t-butil
o nome da cadeia principal é colocado em último lugar.
§ Os grupos devem ser escritos em ordem alfabética
vinil ou etenil
(os prefixos di-, tri-, tetra-, etc. não são considerados
para o efeito da ordem alfabética).
benzil § Os números são separados das palavras por um hífen.
§ Para separar os números entre si, usam-se vírgulas.
§ O nome do composto deve ser escrito com uma úni-
fenil ca palavra (antigamente, separavam-se os radicais da
cadeia principal por hífen, modelo ainda usado por
alguns autores e vestibulares).
Observações
1. O prefixo iso- é empregado para identificar radicais Exemplo
que apresentam a seguinte estrutura geral:
5. Nomenclatura de
Note que, caso a numeração começasse da esquerda, a ra-
hidrocarbonetos ramificados mificação ficaria com número 5. Entre 2 e 5, deve-se esco-
A nomenclatura dos alcanos com cadeias ramificadas se- lher a menor numeração. Assim, nesse caso, a numeração
gue as seguintes regras da IUPAC: deve começar pela direita, pegando o número 2.
O radical em questão é metil, a posição dele na cadeia é 2 e
1. Localizar a cadeia de átomos de carbono mais
a cadeia principal é hexano. Portanto, a nomenclatura oficial
comprida (cadeia principal), pois essa cadeia determina
do composto, de acordo com o passo 3, é:
o nome principal para o alcano. Nem sempre a cadeia princi-
pal será a que está representada em linha reta.
2. A numeração da cadeia principal começa onde o
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
64
Pelo passo 2, deve-se numerar o alcano anterior, uma vez
que o alcano em questão possui ramificação:
Exemplo
65
6. Nomenclatura de
hidrocarbonetos insaturados
(alcenos, alcinos e
dienos) ramificados
multimídia: vídeo
A nomenclatura de alcenos e alcinos ramificados segue Fonte: Youtube
a mesma regra dos alcanos ramificados, com algumas
diferenças:
O que é o Petróleo? - Petrobras
Exemplos
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
66
Exemplos Para o naftaleno, a nomenclatura IUPAC observa esta nu-
meração:
Exemplos:
http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2012/05/
formacao-do-petroleo-requer-condicoes-espe-
ciais-de-temperatura.html
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
VIVENCIANDO
De modo geral, hidrocarbonetos são extraídos do petróleo diretamente do solo e em condições específicas.
Toda vez que uma empresa exploradora de petróleo deseja investir na extração de uma determinada região, significa
que essa região foi estudada por geógrafos, geólogos e geofísicos a fim de descobrir se realmente aquela área tem
potencial petrolífero. Portanto, conhecimentos sobre o solo e sua formação são indispensáveis.
Uma das técnicas utilizadas para a detecção de petróleo no solo é a de sonar, mesma técnica utilizada em navios
para identificar obstáculos e/ou outros navios em seu percurso. Essa técnica consiste no envio de um pulso sonoro
que se choca contra a mistura profundamente situada no solo e, com esse impacto, um retorno é recebido; esse sinal
de retorno é analisado e estatísticas são elaboradas sobre a disposição de petróleo na região.
67
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Atualmente, são muitas as aplicações para os hidrocarbonetos. Trata-se da fonte de combustíveis fósseis mais
utilizada e, por esse motivo, é altamente rentável; entretanto, seu poder destrutivo ao ambiente é proporcio-
nalmente grave.
Os hidrocarbonetos utilizados no dia a dia são muitos:
68
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
A química é uma área científica em que há um enorme desenvolvimento. Desde a Antiguidade, os povos antigos
utilizavam a química sem possuir o conhecimento formal dela. Para se ter uma ideia, em 1880, eram conhecidos
cerca de 12.000 compostos; em 1910, esse número era de 150.000; em 1940, o número de compostos conhe-
cidos aumentou para cerca de 500.000; atualmente, estima-se um número acima de 16.000.000.
Por esse motivo, normas e padronização dos compostos foram elaboradas pela International Union of Pure and
Applied Chemistry (IUPAC), que até hoje normaliza e atualiza as regras de nomenclatura.
MODELO 1
(Enem) O biodiesel não é classificado como uma substância pura, mas como uma mistura de ésteres derivados
dos ácidos graxos presentes em sua matéria-prima. As propriedades do biodiesel variam com a composição do
óleo vegetal ou gordura animal que lhe deu origem, por exemplo, o teor de ésteres saturados é responsável
pela maior estabilidade do biodiesel frente à oxidação, o que resulta em aumento da vida útil do biocombustí-
vel. O quadro ilustra o teor médio de ácidos graxos de algumas fontes oleaginosas.
MA, F.; HANNA, M. A. “Biodiesel Production: a review”. Bioresource Technology, Londres, v. 70, n. 1 jan. 1999 (adaptado).
Qual das fontes oleaginosas apresentadas produziria um biodiesel de maior resistência à oxidação?
a) Milho. b) Palma. c) Canola. d) Algodão. e) Amendoim.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Um dos recursos mais utilizados pelo Enem em sua prova é o uso de situações-problema. O objetivo é
imergir o candidato numa aplicação prática do que foi visto em sala de aula. Nessa questão, faz-se o uso
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
69
A partir dos ácidos graxos mirístico, palmítico e esteárico, vem:
RESPOSTA Alternativa B
DIAGRAMA DE IDEIAS
CADEIA ABERTA
ALCANO
E SATURADA
CADEIA ABERTA
SUBSTÂNCIA ALCENO
E 1 DUPLA
CADEIA
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
INCLUEM AROMÁTICO
AROMÁTICA
PODEM SER
PETRÓLEO
OBTIDOS DO
DENOMINADOS
IUPAC
SEGUNDO REGRAS DA
CARBONO E
FORMADOS POR
HIDROGÊNIO
70
QUÍMICA
2
CIÊNCIAS DA
GASES
NATUREZA
e suas tecnologias
TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
As questões da UNICAMP envolvendo Os assuntos relacionados aos cálculos com Os assuntos principais deste volume são os
gases são de nível médio e fácil e podem gases são muito interdisciplinares com cálculos envolvendo gases. É importante
facilmente ser relacionadas com assuntos a Fisica. É importante entender o com- uma boa fixação da matéria, uma vez que
de Física. portamento dos gases, assim como suas questões interdisciplinares com Física po-
propriedades. dem aparecer com facilidade.
Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os assuntos principais deste volume são os Os assuntos principais deste volume são os
baixa incidência, são importantes, uma vez baixa incidência, são importantes, uma vez cálculos envolvendo gases. É importante cálculos envolvendo gases. É importante
que podem ser facilmente contextualizados que podem ser facilmente contextualizados uma boa fixação da matéria, uma vez que uma boa fixação da matéria, uma vez que
com Física. É importante que suas proprie- com Física. É importante que suas proprie- questões interdisciplinares com Física po- questões interdisciplinares com Física po-
dades e fenômenos estejam bem fixados. dades e fenômenos estejam bem fixados. dem aparecer com facilidade. dem aparecer com facilidade.
UFMG
Os assuntos principais deste volume são os O assunto principal deste volume são os Os assuntos principais deste volume são os
cálculos envolvendo gases. É importante cálculos envolvendo gases. É importante cálculos envolvendo gases. É importante
uma boa fixação da matéria, uma vez que entender seu comportamento e suas pro- uma boa fixação da matéria, uma vez que
questões interdisciplinares com Física po- priedades. questões interdisciplinares com Física po-
dem aparecer com facilidade. dem aparecer com facilidade.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
Os assuntos principais deste volume são os Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os cálculos envolvendo gases, mesmo com
cálculos envolvendo gases. É importante baixa incidência, são importantes, uma vez baixa incidência, são importantes, uma vez
uma boa fixação da matéria, uma vez que que podem ser facilmente contextualizados que podem ser facilmente contextualizados
questões interdisciplinares com Física po- com Física. É importante que suas proprie- com Física. É importante que suas proprie-
dem aparecer com facilidade. dades e fenômenos estejam bem fixados. dades e fenômenos estejam bem fixados.
72
O volume molar de qualquer gás possui sempre o mesmo
valor se as condições de pressão e temperatura forem as
mesmas, ou seja, o volume molar independe da natureza
da substância gasosa. O número de partículas (moléculas
ou átomos) presente em um mol de substância é sempre o
LEIS FÍSICAS mesmo; dessa forma, números iguais de partículas gasosas
ocupam o mesmo volume (hipótese de Avogadro).
DOS GASES Um conjunto de valores de pressão e temperatura pa-
dronizados no estudo dos gases é: 1 atm e 0 ºC. Essas
condições experimentais são denominadas condições nor-
mais de temperatura e pressão (CNTP ou TPN). Reduzir às
condições normais significa efetuar uma transformação
gasosa em que o estado final encontre-se nas CNTP.
CN AULAS
9 E 10
Experimentalmente verifica-se que o volume molar de
qualquer gás ou vapor, caso seja medido nas condições nor-
mais de temperatura e pressão, corresponde a 22,4 litros.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5, 6 e 7 17, 19, 21 e 24
Vmolar (CNTP) = 22,4 (L/mol) ou 22,4 (L · mol–1)
1. Hipótese de Avogadro
Considere três recipientes com volume de um litro cada
um. No primeiro, será adicionado gás carbônico (CO2); no
segundo, oxigênio (O2); e no terceiro, metano (CH4). Os três multimídia: vídeo
gases com pressão e temperatura iguais. Fonte: Youtube
Entenda de vez como funciona o motor do carro!
73
§ V é o volume ocupado pelo gás. Como um gás ocupa Assim:
todo o volume do recipiente, as unidades utilizadas
t (ºC) T (K)
para expressar o volume de um gás são: mililitro (mL);
litro (L); centímetro cúbico (cm3); decímetro cúbico –73 200
A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças estruturais no modo de produção que ocorreu na Europa a
partir do século XVIII, quando os artesãos foram substituídos pelos assalariados e pelo uso das máquinas. Até o fim
do século XVIII, a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. Um artesão possuía
todo o conhecimento do processo produtivo de seu produto. Com o passar do tempo, começaram a surgir grandes
oficinas, em que diversos artesãos, realizando manualmente todo o processo, fabricavam os produtos, embora fos-
sem subordinados ao proprietário da manufatura.
A Inglaterra, devido à sua localização e ao fato de possuir uma rica burguesia em expansão e de ter vivenciado um
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
êxodo rural, possuía as características que fizeram com que estivesse na vanguarda da Revolução Industrial.
Com o desenvolvimento tecnológico, as oficinas transformaram-se em pequenas fábricas. Nas indústrias de tecidos
de algodão surgiu o tear mecânico. Nessa época, o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continu-
ação da Revolução, tanto para o transporte da mercadoria quanto para a produção. A Inglaterra possuía reservas de
minas de carvão mineral, mas máquinas de bombear a água eram necessárias para a exploração das minas. Com a
máquina a vapor, foi possível explorar as minas a grandes profundidades. O carvão era necessário tanto para movi-
mentar a locomotiva a vapor quanto para aquecer os fornos das indústrias ou alimentar algumas máquinas a vapor.
As fábricas do início da Revolução Industrial ofereciam condições de trabalho precárias, longas jornadas, baixo salário,
péssima iluminação e ventilação e muita sujeira, além de castigos físicos por parte dos patrões. Essas condições
forçaram revoltas e greves por parte dos trabalhadores, que passaram a se organizar por meio de sindicatos que
pediam melhores condições de trabalho e lutavam por direitos trabalhistas.
74
3. Determinar a massa molar de um gás, sabendo-se
que 3 gramas do referido gás ocupam um volume de 4
litros à pressão de 0,82 atm e à temperatura de 127 ºC.
Resolução:
Utilizando a equação de estado de um gás (PV = nRT), é possível
calcular o número de mol (n) do gás. Em seguida, utilizando a ex-
multimídia: vídeo m , pode-se calcular sua massa molar.
pressão n = __
M
Fonte: Youtube
A temperatura que está dada na escala Celsius deve ser conver-
The Steam Machine Changes The World... tida para a escala absoluta:
T (K) = t (ºC) + 273 = 127 + 273 = 400 K
Como a pressão é dada em atmosferas, o valor de R a ser utiliza-
Aplicação do conteúdo do é 0,082 atm · L · mol–1 · K–1.
1. Um balão A contém 8,8 g de CO2 e um balão B contém Substituindo os valores numéricos na equação de Clapeyron,
N2. Sabendo que os dois balões têm igual capacidade e
tem-se:
apresentam a mesma pressão e temperatura, calcule a
massa de N2 no balão B. 0,82 atm · 4 L = n · 0,082 atm · L · mol–1 · K–1 · 400 K
Dados: massas atômicas: C = 12; O = 16; N = 14 0,82 · 4
n = _________
ä n = 0,1 mol
0,082 · 400
Resolução:
Como a massa do gás é de 3 gramas, sua massa molar será:
Pela hipótese de Avogadro:
3 ä M = 30 g · mol-1
m ä M = ___
n = __
M 0,1
75
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.
A expansão e a combustão são algumas das aplicações mais comuns dos gases. Em geral, os gases estão
presentes no cotidiano, o que os torna uma das matérias mais abordadas no vestibular.
Como situação-problema, é comum observar situações em que há a combustão de gases poluentes, mas prin-
cipalmente de gases como o GLP e o GNV. Assim, é importante conhecer sua composição, seus produtos da
combustão e os processos de mudança segundo a lei geral dos gases.
MODELO 1
(Enem) As mobilizações para promover um planeta melhor para as futuras gerações são cada vez mais frequen-
tes. A maior parte dos meios de transporte de massa é atualmente movida pela queima de um combustível
fóssil. A título de exemplificação do ônus causado por essa prática, basta saber que um carro produz, em média,
cerca de 200 g de dióxido de carbono por km percorrido.
Revista Aquecimento Global. Ano 2, nº 8. Publicação do Instituto Brasileiro de Cultura Ltda.
Um dos principais constituintes da gasolina é o octano (C8H18). Por meio da combustão do octano é possível a
liberação de energia, permitindo que o carro entre em movimento. A equação que representa a reação química
desse processo demonstra que
a) no processo há liberação de oxigênio, sob a forma de O2;
b) o coeficiente estequiométrico para a água é de 8 para 1 do octano;
c) no processo há consumo de água, para que haja liberação de energia;
d) o coeficiente estequiométrico para o oxigênio é de 12,5 para 1 do octano;
e) o coeficiente estequiométrico para o gás carbônico é de 9 para 1 do octano.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Nessa habilidade, é de extrema importância o domínio dos conteúdos anteriores, dessa forma será pos-
sível ter uma visão mais clara das reações químicas presentes no cotidiano e das proporções fixas e
definidas das reações químicas.
Combustão completa de 1 mol octano (C8H18):
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
RESPOSTA Alternativa D
76
DIAGRAMA DE IDEIAS
VARIÁVEIS DE
GÁS IDEAL
ESTADO
CONTÉM • VOLUME
• TEMPERATURA
• PRESSÃO
CONSTANTE
UNIVERSAL DOS
GASES PERFEITOS (R)
PERMITE
CALCULAR O VOLUME
VOLUME MOLAR MOLAR
DO GÁS (L · mol-1)
77
II. Quanto maior a temperatura, maior é a velocidade das
partículas de um gás.
III. A força de atração entre as partículas gasosas é pratica-
mente nula, uma vez que são independentes umas das
TRANSFORMAÇÕES outras.
IV. Moléculas de gases apresentam a mesma energia cinéti-
GASOSAS ca média quando submetidas à mesma temperatura.
V. As partículas de um gás se movem em linha reta. A dire-
ção e o sentido do movimento se modificam apenas se
as partículas colidirem umas com as outras ou contra as
paredes do recipiente que as contém. Não há perda de
energia cinética total nas colisões, embora possa haver
CN AULAS
11 E 12
troca de energia entre as partículas que colidem.
VI. A distância entre as partículas gasosas é muito maior do
que o tamanho das partículas.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
3, 5 e 7 8, 10, 12, 18, 24 e 25 A partir desses postulados, é possível explicar as proprie-
dades dos gases.
§ Graças ao movimento contínuo e desordenado de suas
partículas, um gás tanto pode ocupar todo o volume de
1. Introdução um recipiente quanto pode escapar dele.
§ Os gases são altamente compressíveis. A distância en-
As substâncias em estado gasoso apresentam determina-
tre suas partículas é grande. Contudo, sob qualquer
das propriedades:
aumento de pressão, elas se aproximam, reduzindo o
1. Os gases não possuem forma definida, ou seja, adqui- volume ocupado.
rem a forma do recipiente que os contém.
§ A pressão exercida pelos gases é determinada pelo
2. Não apresentam volume próprio, ou seja, ocupam todo número de colisões, por unidade de tempo, entre as
o volume do recipiente que os contém. Possuem grande partículas e as paredes do recipiente. Assim, depende
expansibilidade. da quantidade de gás presente no recipiente, uma vez
3. Se as condições de pressão e temperatura a que estão que, quanto maior a quantidade de gás, maior será o
submetidos são alteradas, os gases sofrem grandes va- número de partículas. Em consequência, maior tam-
riações de volume. São altamente compressíveis e de bém será o número de colisões e a pressão. A pressão
alta dilatabilidade. exercida por um gás confinado num recipiente au-
4. Apresentam baixa densidade. Se comparado o volume menta com o aumento da temperatura. As partículas
ocupado pela mesma massa de uma substância nos gasosas aquecidas passam a se movimentar com mais
três estados físicos, verifica-se que o volume ocupado velocidade, provocando mais colisões, por unidade de
pelo gás é muito maior do que o ocupado pelo líquido tempo, contra as paredes do recipiente.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
78
gases, é utilizada a escala absoluta ou Kelvin (K). No 3.1.1. Experiência de Boyle-Mariotte
Brasil, a escala mais comum é a Celsius ou centígrada
(°C). Observe a transformação de graus Celsius (ºC) em
Kelvin:
T (K) = T (ºC) + 273
VIVENCIANDO
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
O uso do gelo seco, muito comum em festas de aniversário e bailes noturnos, é um bom exemplo de transformações
físico-químicas.
O gelo seco não é feito de água, como o nome sugere, mas de gás carbônico (CO2), que é resfriado e comprimido
até sair do estado gasoso e ir para o estado sólido; então ele é realocado em um recipiente onde há uma pressão
constante. Quando ele é usado, devido à mudança brusca nas condições de temperatura e pressão exercidas sobre
o CO2, inicia-se um processo de sublimação.
79
3.2. Lei de Charles/Gay-Lussac Essa transformação gasosa, cujo volume é mantido
constante, é denominada transformação isocórica,
“À pressão constante, o volume ocupado por uma massa isométrica ou isovolumétrica.
fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura ab-
Observe a seguir a representação das relações entre pres-
soluta.”
são e temperatura:
Essa transformação gasosa, cuja pressão é mantida
constante, é denominada transformação isobárica.
As relações entre volume e temperatura estão representa-
das no esquema a seguir:
Graficamente:
Graficamente:
T P P
__1 = __2
Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética T1 T2
das moléculas. Dessa forma, ocorre um aumento do volu-
me para manter a pressão constante.
Assim:
V V
__1 = __2
T1 T2
80
Observe no quadro a seguir um resumo das transformações e das leis que foram estudadas:
Transformação Volume Pressão Temperatura Lei Fórmula
Isotérmica Varia Varia Constante Boyle-Mariotte P`V = constante
Observação: Os físicos experimentalistas franceses Jacques Charles (1746-1823) e Joseph Gay-Lussac (1778-1850) estu-
daram, de modo independente, as transformações isobáricas e isocóricas. A teoria elaborada para a transformação isocórica
é comumente chamada de lei de Gay-Lussac (ou lei de Charles/Gay-Lussac), e a teoria elaborada para a transformação
isobárica é chamada de lei de Charles. Devido a esse fato histórico, os nomes das leis para as transformações isobárica e
isocórica podem vir trocados em alguns livros. Para o vestibular, não é recomendável o uso do nome da lei; nesse caso, o
importante é se lembrar do tipo de transformação.
3.3.1. Gás ideal × Gás real 3.3.2. Equação geral dos gases
Um gás ideal é aquele cujo comportamento experimental A equação geral dos gases é aplicada quando ocorre uma
obedece às equações matemáticas vistas até aqui. Para que transformação gasosa que altera simultaneamente as três
isso ocorra, não devem existir interações entre as partículas
variáveis de estado (P, V e T). Ela é obtida pela relação ma-
gasosas. Na prática, o comportamento dos gases afasta-se
temática entre as transformações gasosas estudadas an-
do comportamento ideal. Verifica-se experimentalmente
que o comportamento de um gás aproxima-se do com- teriormente.
portamento ideal à medida que sua pressão diminui e a A equação é expressa por:
temperatura a que está submetido aumenta. Pressão baixa
significa pouca quantidade de gás, e alta temperatura signi- P ·
____ V = cte ä (para determinada massa fixa de gás).
T
fica que as partículas gasosas estão em grande velocidade. P V P2V2
Nessas condições, praticamente inexistem interações entre ou ____
1 1 = ____
T1 T2
as partículas. Quanto maior a pressão e menor a tempera-
tura de um gás, mais ele se afasta do comportamento ideal. A equação geral dos gases permite conhecer o volume de um
Com efeito, na compressão dos gases é muito comum gás em determinadas condições de temperatura e pressão e
acontecer o seguinte (observe as setas no gráfico): determinar seu novo volume em outras condições de tem-
Se a pressão sobre o gás aumenta, seu volume diminui gra- peratura e pressão. Ela também é utilizada para determinar
dativamente até o ponto A, e o gás se liquefaz. temperaturas e pressões diferentes a partir de valores iniciais.
De A (gás) para B (líquido), seu volume reduz-se brusca-
mente. Aplicação do conteúdo
Em seguida, o gás praticamente não varia mais (B = C),
uma vez que os líquidos são pouco compressíveis. 1. Uma bolha de ar se forma no fundo de um lago, em
que a pressão é de 2,2 atm. A essa pressão, a bolha tem
Naturalmente, a partir de A, a lei de Boyle-Mariotte deixa volume de 3,6 cm3.
de ser válida.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
81
2. Um balão selado, quando cheio de ar, tem volume de
50,0 m3 a 22 °C e a uma dada pressão. O balão é aqueci-
do. Assumindo-se que a pressão é constante, a que tem-
peratura estará o balão quando seu volume for 60,0 m3?
Resolução:
multimídia: site
· noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/
redacao/2013/05/28/clique-ciencia-por-que-o-vidro-e-
o-espelho-embacam.htm
As massas de ar podem ficar estacionadas por dias e até semanas. No entanto, ao se moverem provocam alteração
no clima, gerando choques entre massas de ar quente e frio: enquanto uma avança, a outra recua.
O encontro entre duas massas de ar de temperaturas diferentes dá origem a uma frente, isto é, a uma área de tran-
sição entre duas massas de ar. A frente pode ser fria ou quente. Uma frente fria ocorre quando uma massa de ar frio
encontra e empurra uma massa de ar quente, ocasionando nevoeiro, chuva e queda de temperatura.
82
DIAGRAMA DE IDEIAS
GÁS IDEAL
UMA AMOSTRA
PODE SOFRER
83
Na mistura representada temos:
m m
nA = ___
A e nB = ___
B
MA MB
1.1. Equação geral
MISTURAS GASOSAS Partindo de:
CN AULAS
13 E 14 A soma da quantidade em mol resulta:
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
P · V PB · VB ____
3, 6 e 7 8, 12, 18, 25 e 26
_____
A A + _____
= P · V
R · TA R · TB R · T
Equação geral para a mistura gasosa:
PA · VA _____
P ·V P·V
1. Equação geral dos _____
TA
+ B B = ____
TB T
gases numa mistura Para uma mistura qualquer, contendo dois ou mais
gases, a equação deve ser assim representada:
A mistura entre dois ou mais gases sempre constitui um
sistema homogêneo.
Sn = (n1 + n2 + n3 + ... + nn)
Inicialmente, considere dois recipientes: o primeiro deles
P1 ·
_____ V1 _____
P2 · P3 ·
V2 _____ V3 Pn ·
Vn P · V
contendo gás A, e o segundo, gás B. Em seguida, os dois + + + ... + _____ = ____
T1 T2 T3 Tn T
gases são misturados em um terceiro recipiente, como
mostra o esquema:
Em que P1, V1, T1, P2, V2, T2, ... representam a situação inicial
de cada gás.
Exemplo
1. Um recipiente com N2 puro e outro com O2 puro, cujos vo-
lumes e pressões iniciais estão representadas neste esquema:
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
13
T = constante é 1 · 3 + 5 · 2 = P · (3 + 2) ä P = ___
5
ä P = 2,6 atm
84
VIVENCIANDO
Um aparelho de ar-condicionado funciona sob o princípio da troca de calor entre gases. Por isso, ele precisa ser
posicionado de maneira estratégica em qualquer ambiente para que o ar frio possa ter a maior circulação possível
trocando calor com o meio.
Se um ar-condicionado for colocado no chão de uma sala, ele não terá muita serventia, pois o ar frio não circulará
no ambiente e não trocará calor.
A composição dos gases também é importante quando se pensa na escolha de um gás para preencher os vazios em
uma embalagem de algum produto no supermercado. Se uma embalagem com um produto perecível for preenchida
por uma solução de ar atmosférico, provavelmente esse produto entrará em processo de decomposição. Como solu-
ção, as indústrias utilizam uma mistura de gases inertes para preencher as embalagens, evitando reações químicas
e a oxidação do alimento.
85
4. Fração molar molar é adimensional e é sempre um número menor que
1. A soma das frações molares de cada gás numa mistura
Relacionando a pressão parcial de um gás A com a pres- é sempre igual a 1:
são total da mistura e tirando a razão entre eles, tem-se:
n n n n
Para o gás A: PA · V = nA · R · T XA + XB + XC + ... = ____
n A + ____
n B + ____
n C + ... = ____
nTOTAL = 1
TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL
Sabe-se que toda a matéria é regida por leis da natureza. Com os gases não é diferente. Misturas gasosas estão
sujeitas a diferentes comportamentos de acordo com suas características físico-químicas, como a temperatura ou
a composição.
Nesse sentido, quando se conhecem informações importantes da matéria com a qual se está lidando, é possível
planejar seu uso de forma consciente. Por exemplo, o conhecimento de que gases em altas temperaturas possuem
tendência a subir em um plano e de que gases em baixas temperaturas têm tendência a descer explica muitos fatos
da natureza.
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
nco 0,15
a) xco2 = ____ n = ____
2
= 18,75%
Aplicação do conteúdo no 0,4
T 0,8
xo = ____
n = ___
2
= 50,0%
2 T 0,8
1. 0,15 mol de CO2, 0,25 mol de CH4 e 0,4 mol de O2
nCH 0,25
são colocados em um balão de 41 litros e mantidos a xCH = ____ n = ____ = 31,25%
4
nT = 0,15 + 0,25 + 0,4 = 0,8 mol pCH = xCH · P ä pCH = 0,3125 · 0,4 = 0,125 atm
4 4 4
86
2. O ar é formado, aproximadamente, por 78% de nitro- pN
___
= ___ 78 ä pN = 592,8 mmHg
2
gênio (N2), 21% de oxigênio (O2) e 1% de argônio (Ar)
760 100 2
em volume. Pede-se para calcular: po
___
= ___ 21 ä po = 159,6 mmHg
2
a) as frações molares dos componentes do ar; 760 100 2
b) suas pressões parciais ao nível do mar, onde a pressão P
___ 1 ä pAr = 7,6 mmHg
= ___
Ar
atmosférica (pressão total) é 760 mmHg. 760 100
Resolução: Note que:
P = 592,8 + 159,6 + 7,6 ä P = 760 mmHg
a) Cálculo das frações molares em mol
vi % em volume
xi = __
= ___________
Vi 100
78 = 0,78
xN = ___
2 100
DIAGRAMA DE IDEIAS
MISTURA GASOSA
APRESENTA
PORCENTAGEM
PRESSÃO PARCIAL EM MOL
A SOMA DE
TODAS OBEDECE À PORCENTAGEM
EM VOLUME
VOLUME PARCIAL
A SOMA DE
TODOS OBEDECE À
LEI DE AMAGAT
FRAÇÃO EM MOL
TAMBÉM CHAMADA
FRAÇÃO EM QUAN-
TIDADE DE MATÉRIA
87
Observe que a relação entre as densidades de dois gases é
igual à relação entre suas massas molares.
O conhecimento da densidade relativa de um gás em rela-
ção ao ar atmosférico permite prever se um gás tende a ficar
DENSIDADE DOS na parte inferior ou superior da atmosfera. Os gases com
GASES, EFUSÃO E
densidades maiores que a densidade do ar tendem a ocupar
a parte inferior da atmosfera; os que apresentam densidades
DIFUSÃO GASOSA menores tendem a ocupar as camadas superiores.
Como o ar é uma mistura de gases, ele apresenta uma mas-
sa molar média cujo valor é de 28,9 g/mol. Portanto, a den-
sidade de um gás A em relação ao ar atmosférico é dada
pela expressão:
CN AULAS MA
dA, Ar = ___________
28,9 g · mol–1
15 E 16
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
3e7 8, 12, 25 e 26
88
a) 1,5 vezes maior. Comparados os dois gases A e B, em iguais condições de
b) 3 vezes maior. temperatura e pressão, obtém-se a seguinte relação entre
c) 2 vezes maior. suas velocidades:
d) 2,5 vezes maior.
d
V XXd
e) 3,5 vezes maior. __
A = __B
VB dA
Resolução:
Da qual dB, A é a densidade relativa do gás B em relação
ao gás A.
P · M ä di = ______
di = ____ 1 · M M
R·T R · 273
Se dB, A = ___
B , essa expressão pode ser escrita como:
MA
df = ____ 3 · M
P · M ä df = ______
d
R·T R · 546 V M
XXX
__A = ___B
3
______· M VB MA
d R · 546
__
f = ______
ä df = __ 3 di Lei de Graham: a velocidade de escoamento de um gás é in-
di ______ M 2
R · 273 versamente proporcional à raiz quadrada de sua densidade.
Essa lei é válida tanto para difusão quanto para efusão.
Alternativa A
VHBr = 16 mL/min
Difusão de dois gases que formam mistura homogênea: 2. (Mackenzie) A velocidade de difusão do gás hidrogê-
nio é igual a 27 km/min, em determinadas condições de
pressão e temperatura (massas atômicas: H = 1; O = 16).
Nas mesmas condições, a velocidade de difusão do gás
oxigênio em km/h é de:
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
√
culas gasosas através de orifícios, como um gás que VH MO ___
___
atravessa paredes porosas ou tubos capilares na separa-
___2 ____
=
VO MH
2 27
VO √ 32 → ___
→ = ___
___
2
27 = √
VO
27 = 4
16 → ___
VO
ção de misturas gasosas ou que atravessa tubos de secção 2 2 2 2 2
89
VIVENCIANDO
Um aroma agradável e conhecido por muita gente é o cheiro de chuva. Esse odor agradável tem uma explicação quí-
mica. Aquela fragrância estranha que aparece depois de uma chuvarada, especialmente nas áreas rurais, é causada
por uma actinobactéria. Com o impacto dos pingos d’água, as partículas que repousam na faixa externa de terra são
impulsionadas para o ar e se misturam com o vapor em suspensão, gerando uma espécie de spray úmido. Além de
gotículas de água, esse spray também contém minúsculos grãos de terra e colônias de Streptomyces, um gênero de
bactéria que cresce naturalmente no solo com umidade. Nas épocas de seca, a Streptomyces entra em uma espécie
de hibernação, que os cientistas denominam estado de latência. “Nessa fase, a bactéria continua viva, mas não se re-
produz porque não há umidade suficiente”, afirma o engenheiro agrônomo Miguel Angelo Maniero, da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar). Quando chega a chuva, a água ativa a capacidade reprodutiva da Streptomyces,
fazendo com que ela libere no ar milhares de células reprodutoras, chamadas de esporos. Além de gerar novos seres,
o processo de reprodução faz com que os esporos exalem o característico odor da chuva.
Um fato curioso é que esses odores penetram com muito mais facilidade quando estamos em ambientes úmidos se
comparado com os ambientes secos, por isso a umidade relativa do ar é uma das grandes responsáveis pelos odores agra-
dáveis que sentimos. Abaixo, uma imagem do composto responsável pelo cheiro, também conhecido como Geosmina.
Nesse artigo de Mundo Estranho, mostra-se como o gás do riso e sua alta capacidade de efusão no organismo rea-
gem e como a nossa biologia é afetada.
mundoestranho.abril.com.br/saude/como-o-gas-do-riso-age-no-corpo/
VOLUME 2 CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
90
DIAGRAMA DE IDEIAS
GASES
CONTÊM
RELACIONADA COM A
QUE É
RELACIONADA COM A
VELOCIDADE DE EFUSÃO
91
ANOTAÇÕES
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