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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENVIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022
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Letícia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

projeto gráfiCo e Capa


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ISBN: 978-85-9542-202-5

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vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
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SUMÁRIO
QUÍMICA
ATOMÍSTICA 5
AULAS 9 E 10: LIGAÇÃO IÔNICA 7
AULAS 11 E 12: LIGAÇÕES COVALENTE E METÁLICA 13
AULAS 13 E 14: GEOMETRIA E POLARIDADE MOLECULARES 21
AULAS 15 E 16: FORÇAS INTERMOLECULARES 30

RADIOATIVIDADE E QUÍMICA ORGÂNICA 37


AULAS 9 E 10: RADIOATIVIDADE: EMISSÕES RADIOATIVAS E ENERGIA NUCLEAR 39
AULAS 11 E 12: CINÉTICA DOS DECAIMENTOS RADIOATIVOS 46
AULAS 13 E 14: INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA 51
AULAS 15 E 16: HIDROCARBONETOS 59

GASES 71
AULAS 9 E 10: LEIS FÍSICAS DOS GASES 73
AULAS 11 E 12: TRANSFORMAÇÕES GASOSAS 78
AULAS 13 E 14: MISTURAS GASOSAS 84
AULAS 15 E 16: DENSIDADE DOS GASES, EFUSÃO E DIFUSÃO GASOSA 88
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
QUÍMICA

2
CIÊNCIAS DA
ATOMÍSTICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

No Enem, os assuntos mais cobrados do Geometria molecular e forças intermole-


tema são as relações entre as ligações, a culares são assuntos recorrentes tanto nas
geometria e a polaridade; é necessário en- questões objetivas quanto nas dissertati-
tender a influência que cada assunto tem vas; é importante ter um bom entendimen-
sobre o outro, uma vez que as questões to da dinâmica das ligações, uma vez que
têm alta interdisciplinaridade. as questões são bem conceituais.

Questões que abordam geometria mole- A prova apresenta questões bem diretas, Os assuntos neste caderno se relacionam
cular, polaridade e forças intermoleculares mas também interdisciplinares; é neces- de tal maneira que é necessário o enten-
são recorrentes, assim como questões em sário um bom entendimento de todos os dimento de todos os assuntos vistos até
que todos esses assuntos estão relaciona- assuntos abordados neste volume, uma vez agora; na UNESP os temas de geometria,
dos; é importante entender que os temas que eles são totalmente interligados. polaridade e forças intermoleculares são
das ligações e das forças intermoleculares muito cobrados; podem aparecer questões
estão bem ligados um ao outro. interdisciplinares com Biologia.

Os assuntos deste volume podem ser co- Os assuntos principais são a polaridade e As questões envolvem todos os assuntos O vestibular da Santa Casa aborda princi-
brados junto à outras matérias da química; as forças intermoleculares, mas é preciso abordados neste volume; os temas de palmente os assuntos de geometria, polari-
é importante entender como as ligações ter em mente que todos os assuntos abor- geometria molecular, polaridade e forças dade e forças intermoleculares; assim, para
podem mudar a geometria e consequen- dados neste volume se correlacionam. intermoleculares são muito cobrados. uma melhor interpretação das questões, é
temente sua polaridade e força intermo- importante entender como esses três as-
lecular. suntos se relacionam.

UFMG
Os assuntos de geometria, polaridade e for- Os temas de geometria molecular, polari- Os assuntos principais são polaridade e for-
ças intermoleculares são muito cobrados; é dade e forças intermoleculares são muito ças intermoleculares, mas é preciso ter em
preciso entender a relação que existe entre cobrados, uma vez que são assuntos muito mente que todos os assuntos abordados
os temas. ligados. neste volume se correlacionam.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Geometria molecular e forças intermo- Todos os assuntos de Química 1 abordados Geometria molecular e forças intermo-
leculares são assuntos recorrentes tanto neste volume são cobrados; além disso, leculares são assuntos recorrentes nas
nas questões objetivas quanto nas disser- eles podem aparecer relacionados na mes- questões; é importante ter um bom enten-
tativas; é importante compreender bem os ma questão. dimento da dinâmica das ligações.
temas, pois as questões são muito teóricas.

6
2. Teoria do octeto
Na metade do século XIX, os cientistas já haviam obser-
vado que alguns átomos fazem sempre o mesmo número
de ligações. Por exemplo, o átomo de hidrogênio nunca se
liga a mais de um átomo; o de oxigênio pode se ligar a dois
LIGAÇÃO IÔNICA átomos de hidrogênio; o de nitrogênio, a três átomos de hi-
drogênio; e o de carbono, a quatro átomos de hidrogênio.
Assim, surgiu a ideia de valência, compreendida como a
capacidade de um átomo se ligar a outros átomos. Afirma-
-se que o átomo de hidrogênio possui uma única valência
(monovalente); o oxigênio tem duas valências (bivalente); o

CN AULAS nitrogênio tem três valências (trivalente); e o carbono tem


9 E 10 quatro valências (tetravalente).
Contudo, somente em 1916 os cientistas Gilbert N. Lewis
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
e Walter Kossel chegaram a uma explicação lógica para
4, 5 e 7 15, 17, 18, 24 e 25 as uniões entre os átomos, criando a teoria eletrônica
de valência.
Considerando as configurações eletrônicas dos gases nobres,
1. Ligação iônica ou eletrovalente tem-se:

Elemento K L M N O P

Hélio (He) 2

Neônio (Ne) 2 8

Argônio (Ar) 2 8 8

Criptônio (Kr) 2 8 18 8

multimídia: vídeo Xenônio (Xe) 2 8 18 18 8

Radônio (Rn) 2 8 18 32 18 8
Fonte: Youtube
What are Ionic Bonds? | The Chemistry Journey

Ligação iônica, também denominada ligação eletrovalente,


é produzida entre íons positivos (cátions) e negativos
(ânions), por isso o termo “iônica”. Lembre-se de que os
íons são átomos que possuem uma carga elétrica por adi-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ção ou perda de um ou mais elétrons. multimídia: site


Assim, nas ligações iônicas, um cátion se une com um
ânion, formando um composto iônico por meio da atração www.soq.com.br/conteudos/ef/ligacoesquimicas/p1.php
eletrostática existente entre eles (existem casos em que
mais de um cátion se une com um único ânion e vice-ver-
sa). Nesse tipo de ligação, a transferência de elétrons Baseados na configuração eletrônica dos gases nobres, os
é definitiva. cientistas concluíram que os gases possuem pouca tendên-
cia a se unirem entre si ou com outros átomos devido ao
É importante observar que, dos elementos que compõem a número máximo de elétrons na última camada (em geral 8
tabela periódica, aqueles que apresentam maior facilidade elétrons, ou 2 no caso do hélio). Assim, Lewis e Kossel lan-
em perder elétrons são os metais dos grupos 1, 2 e 13; çaram a seguinte hipótese: os átomos, ao se unirem, procu-
por outro lado, os que possuem facilidade em ganhar elé- ram perder, ganhar ou compartilhar elétrons na última cama-
trons são os ametais dos grupos 15, 16 e 17, incluindo da até atingirem a configuração eletrônica de um gás nobre.
o hidrogênio (este último, exclusivo em ligação iônica). Essa hipótese costuma ser chamada de regra do octeto.

7
Cada átomo de cálcio perde 2 elétrons e cada átomo de
Um átomo é estável se possuir 8 elétrons na camada de cloro só pode ganhar 1 elétron. São necessários 2 átomos
valência (ou 2 elétrons, se a camada de valência for a K). de cloro para receber os dois elétrons cedidos pelo átomo
de cálcio.
Os átomos tendem a adquirir uma configuração estável, ou seja,
uma configuração semelhante à de um gás nobre. Para isso, os 3. Ligação entre o metal alumínio 13Aℓ e o ametal oxigênio 8O:
átomos ligam-se através dos elétrons de valência. alumínio (13Aℓ) ä 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1 ä perde 3 e– ä
A formação do composto iônico pode ser representada Aℓ3+ (2, 8)
pela estrutura de Lewis e seu íon-fórmula. oxigênio (8O) ä 1s2 2s2 2p4 ä ganha 2 e– ä O2– (2, 8)

Exemplos ä (Aℓ3+)2(O2–)3 ä Aℓ2O3

1. Ligação entre o sódio 11Na e o cloro 17Cℓ.


Cada átomo de alumínio perde 3 elétrons e cada átomo
de oxigênio ganha 2 elétrons. Para que o total de elétrons
perdidos seja igual ao total de elétrons recebidos, 2 alumí-
nios (perda de 6 elétrons) ligam-se a 3 oxigênios (ganho
de 6 elétrons).

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Retículo cristalino

Ilustração da reação entre átomos de sódio e


cloro (ilustração em cores-fantasia)
3. Fórmula eletrônica de Lewis
Como é possível observar no exemplo, o átomo de sódio Essa fórmula representa os elementos e os elétrons do seu últi-
cede definitivamente 1 elétron ao átomo de cloro. Assim, mo nível (elétrons de valência) indicando-os por • ou ×
forma-se um íon positivo (cátion Na+) e um íon negati-
vo (ânion Cℓ-), ambos com octeto completo, isto é, com • ℓ • ℓ
a configuração de um gás nobre (neônio e argônio, res-
pectivamente). Os íons formados, com a finalidade de se O composto iônico é constituído por várias partículas que
estabilizarem, atraem-se, provocando uma união entre si. se distribuem no espaço, dando origem a uma estrutura
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

denominada retículo cristalino, como mostra a figura


Lembre-se! para o sal de cozinha (NaCℓ):
O número total de elétrons cedidos deve ser igual ao
número total de elétrons recebidos.

2. Ligação entre o átomo de cálcio 20Ca e átomos de


cloro 17Cℓ:

cálcio (20Ca) ä 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 ä perde 2 e– ä


Ca2+ (2, 8, 8)
cloro (17Cℓ) ä 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 ä ganha 1 e– ä Cℓ– (2, 8, 8)
ä Ca2+ (Cℓ–)2 ä CaCℓ2

8
3.1. Regra para formulação 4. Propriedades das
das substâncias iônicas substâncias iônicas
Os exemplos anteriores permitem afirmar que ligação iônica é Compostos iônicos apresentam ao menos uma ligação iônica
a união entre átomos imediatamente depois da transferência entre seus componentes. É o caso do cloreto de sódio (NaCℓ
definitiva de um, dois ou mais elétrons entre esses átomos. – sal de cozinha), do nitrato de sódio (NaNO3), do sulfato de
Note que, na formulação de um composto iônico, é funda- sódio (Na2SO4), do carbonato de cálcio (CaCO3), entre outros.
mental que a carga elétrica total do(s) cátion(s) neutralize a
Todos esses compostos apresentam ligações entre seus íons:
carga elétrica total do(s) ânion(s). Somente dessa maneira o
cátions e ânions se atraem significativamente. Por isso, essas
aglomerado iônico ficará neutro, do qual resulta o esquema
ligações são de natureza elétrica e dão origem a retículos ou
geral de formulação:
reticulados cristalinos – em grau microscópico. Um cátion atrai
vários ânions, e um ânion atrai vários cátions; assim, formam-
Ax+ + By – ä AyBx
-se aglomerados com formas geométricas bem definidas.

Exemplos
Na+ + Cℓ– ä NaCℓ; Mg2+ + Cℓ1– ä MgCℓ2;
Aℓ3+ + O2– ä Aℓ2O3

Aplicação do conteúdo
1. Efetue a ligação iônica entre o cálcio e o flúor, dados
Ca (Z = 20) e F (Z = 9).
A estrutura cristalina do cloreto de sódio (NaCℓ) é cúbica.
Resolução:
Esses retículos fazem com que os compostos iônicos apre-
Ca: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 sentem as seguintes propriedades:
K=2 L=8 M=8 N=2
1. São sólidos em condições normais de temperatura
F: 1s2 2s2 2p5 (25 °C) e pressão (1 atm.)
K=2 L=7
2. Quando submetidos a impacto, quebram-se facilmen-
te, produzindo faces planas; são, portanto, duros e que-
bradiços.
3. Possuem pontos de fusão e de ebulição elevados,
• • uma vez que a atração elétrica entre os íons é muito

forte; para quebrá-la, é necessário fornecer uma grande
quantidade de energia; é o caso do cloreto de sódio,
cujo ponto de fusão é 801 °C e o ponto de ebulição é
1.413 °C.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2. Efetue a ligação entre o magnésio e o enxofre, dados 4. Em solução aquosa (dissolvidos em água) ou no estado
Mg (Z = 12) e S (Z = 16) líquido (fundidos), eles conduzem corrente elétrica, uma
vez que seus íons ficam com liberdade de movimento
Resolução: e fecham o circuito elétrico, permitindo que a corrente
Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2 continue fluindo.
K=2 L=8 M=2 5. Seu melhor solvente é a água, pois são polares como
S: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 ela; entretanto, apesar de polares, nem todos os com-
K =2 L=8 M=6
postos iônicos dissolvem-se na água; é o caso do car-
bonato de cálcio (CaCO3), de estrôncio (SrCO3), de bá-
rio (BaCO3) e do cloreto de prata (AgCℓ), praticamente
insolúveis em água.
• •

9
5. O tamanho dos íons
Quando um átomo perde elétron(s), o núcleo passa a atrair com maior intensidade os elétrons restantes; assim, o raio do cátion
é sempre menor que o raio do átomo original.
Quando um átomo ganha elétron(s), a carga total da eletrosfera (negativa) torna-se maior que a carga do núcleo (positiva),
diminuindo a atração do núcleo sobre o conjunto de elétrons; assim, o raio do ânion é sempre maior que o raio do
átomo original.
O gráfico abaixo apresenta a comparação entre raios atômicos e Quando há vários íons, todos com o mesmo número de elé-
iônicos: trons (íons isoeletrônicos), o raio iônico vai diminuir na
proporção em que a carga positiva do núcleo for
maior que a carga negativa da eletrosfera:
Íons O2- F- Na+ Mg2+ Aℓ3+
Número atômico 8 9 11 12 13
Número total de elétrons 10 10 10 10 10
Número de camadas eletrônicas 2 2 2 2 2
Raio iônico (pm) 140 133 97 66 51

VIVENCIANDO

As ligações iônicas estão presentes no cotidiano em diversos compostos. É possível citar, por exemplo, o cloreto de sódio,
NaCℓ, ou sal de cozinha, e mais uma infinidade de compostos iônicos. É importante lembrar que, em química, um compos-
to iônico é um composto químico no qual existem íons ligados numa estrutura cristalina através de ligações entre metais
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

e ametais. O elemento metálico geralmente é um íon de carga positiva (cátion), e o elemento não metálico é um íon de
carga negativa (ânion).
Os íons que constituem um composto iônico podem ser simples átomos, como ocorre no sal de cozinha (composto basi-
camente por Na+ e Cℓ–), ou grupos mais complexos, como ocorre no carbonato de cálcio (ou calcário, composto por Ca2+
e CO32- ). O calcário é muito utilizado na construção civil. No revestimento de estradas ele atua como um cimento natural,
e misturado ao cal e à argila torna-se um bom cimento, como o que foi usado na construção de cidades maias, como
Chichen, Uxmal, Kabah, Labná, etc.
Em geral, os pedaços menores são utilizados como cascalho para construção em lajes e pisos; agregados maiores são
usados para construção de paredes de alvenaria e, em alguns casos, utilizados como enfeites nas fachadas das casas. O
calcário é uma rocha sedimentar porosa feita de carbonato, constituído principalmente de carbonato de cálcio. Quando
há alta proporção de carbonato de magnésio, ele é denominado dolomita, um tipo de mineral. O calcário possui uma
alta resistência ao intemperismo, o que permitiu que muitas esculturas e construções esculpidas com essas rochas antigas
sobrevivessem. Entretanto, a ação da água da chuva e dos rios provoca a dissolução do calcário, criando um tipo de erosão.

10
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Na matéria feita pela Mundo Estranho (mundoestranho.abril.com.br/ambiente/por-que-o-mar-e-salgado/), explica-se por


que o mar é salgado. Nesse sentido, é preciso compreender o ciclo da água e as regiões geográficas. De forma geral, a água
do mar contém sais, como NaCℓ e MgCℓ2, o que faz com que ela seja salgada, contribuindo para processos industriais.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 28
Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnoló-
gicos às finalidades que se destinam.

Compostos iônicos estão presentes no cotidiano, sendo compostos que contêm pontos altos de fusão e
ebulição. A identificação desses compostos deve-se às classificações da tabela periódica já apresentadas em
aulas anteriores.
Para o aluno, é fundamental poder definir o nome e a fórmula do sal e qual a sua classificação, pois se trata
de uma das matérias mais essenciais na química.

MODELO 1

(Enem) A fosfatidilserina é um fosfolipídio aniônico cuja interação com cálcio livre regula processos de trans-
dução celular e vem sendo estudada no desenvolvimento de biossensores nanométricos. A figura representa
a estrutura da fosfatidilserina:

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Com base nas informações do texto, a natureza da interação da fosfatidilserina com o cálcio livre é do tipo:
Dado: número atômico do elemento cálcio: 20
a) iônica somente com o grupo aniônico fosfato, já que o cálcio livre é um cátion monovalente;
b) iônica com o cátion amônio, porque o cálcio livre é representado como um ânion monovalente;
c) iônica com os grupos aniônicos fosfato e carboxila, porque o cálcio em sua forma livre é um cátion divalente;
d) covalente com qualquer dos grupos não carregados da fosfatidilserina, uma vez que estes podem doar
elétrons ao cálcio livre para formar a ligação;
e) covalente com qualquer grupo catiônico da fosfatidilserina, visto que o cálcio na sua forma livre poderá
compartilhar seus elétrons com tais grupos.

11
ANÁLISE EXPOSITIVA

Nessa questão, há uma exigência do domínio do conteúdo para a sua resolução. É preciso que se tenha em
mente os mecanismos para a realização de uma ligação iônica, as diferentes formas e as forças presentes
nesse tipo de ligação.
A natureza da interação da fosfatidilserina com o cálcio livre é do tipo iônica devido às interações eletros-
táticas do cátion cálcio (Ca2+) com os grupos aniônicos fosfato e carboxila.

RESPOSTA Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

REGRA DO OCTETO LIGAÇÃO IÔNICA

DOAM ELÉTRONS

8 ELÉTRONS NA
ÚLTIMA CAMADA CÁTION ÂNION

RECEBEM ELÉTRONS

CÁTIONS DIMINUEM DE TAMANHO


RAIO IÔNICO
ÂNIONS AUMENTAM DE TAMANHO
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

12
camada, é necessário mais um elétron. Assim, 2 átomos de
hidrogênio compartilham seus elétrons para ficarem estáveis.

LIGAÇÕES
COVALENTE E
METÁLICA Fórmula:

O traço (–) indica o par de elétrons compartilhado pelos

CN AULAS dois átomos de hidrogênio.

11 E 12 Nesse caso, é como se cada átomo tivesse 2 elétrons em


sua eletrosfera. Com efeito, os elétrons pertencem aos dois
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) átomos, ou seja, ambos compartilham os 2 elétrons.
1, 2, 3, 5, 6 e 7 4, 7, 8, 12, 17, 18, 20, 24 e 25 Como a menor porção de uma substância resultante de
ligação covalente é denominada molécula, H2 é, portanto,
uma molécula ou substância molecular.

1. Ligação covalente 2. Molécula de água, formada por átomos de hidrogênio


e de oxigênio.
A ligação covalente ocorre entre átomos de ametais (não
metais) – incluindo o hidrogênio – mediante compartilha- A ligação covalente também ocorre entre átomos de dife-
mento de pares de elétrons. rentes elementos.

Os ametais são os elementos mais eletronegativos da tabela


periódica. Quando dois ametais se aproximam, ambos atra-
em os elétrons das suas camadas de valência, bem como os O oxigênio possui 6 elétrons na última camada de valência
elétrons do outro. Entretanto, a atração que eles exercem e precisa receber 2 elétrons para completar o octeto na
sobre os elétrons não é suficiente para que ocorra transfe- camada de valência e ficar estável. O hidrogênio possui um
rência definitiva de elétrons de um átomo para outro. Por elétron na camada de valência e precisa receber 1 elétron
esse motivo, eles acabam compartilhando pares de elétrons para completar a camada de valência – configuração do
a fim de adquirirem estabilidade. Quando dois ou mais áto- gás nobre hélio – para se estabilizar. Ao se ligarem median-
mos (iguais ou diferentes) de ametais se unem, formam-se te compartilhamento de seus elétrons, os átomos estabili-
os aglomerados denominados moléculas. zam-se, uma vez que completam as respectivas camadas
de valência de acordo com sua “necessidade”.
Moléculas são aglomerados atômicos formados por áto-
mos ligados entre si por meio de ligações covalentes, isto é,
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

mediante o compartilhamento de pares de elétrons. 1.1. Representação da ligação covalente


A ligação covalente pode ser representada de várias formas:
A ligação covalente pode ser representada assim:
a. Fórmula eletrônica, fórmula de Lewis ou estrutu-
Átomo A B ra de Lewis
Tendência receber elétrons receber elétrons
O compartilhamento dos pares eletrônicos é representado
Classificação ametal ou hidrogênio ametal ou hidrogênio por bolinhas (•) dentro de retângulos.
b. Fórmula estrutural plana
Exemplos:
Os pares eletrônicos compartilhados são representados por
1. Molécula formada por átomos de hidrogênio (Z = 1).
traços (–) que unem os átomos participantes da ligação.
O hidrogênio tem um elétron na camada de valência. Para ficar
idêntico ao gás nobre hélio (Z = 2), com 2 elétrons na última

13
Fórmula Fórmula Pares
§ Outros exemplos:
Classificação
eletrônica estrutural eletrônicos
H2SO4
A A A–A 1 par eletrônico Ligação simples

A A A=A 2 pares eletrônicos Ligação dupla

A ;A 3 pares eletrônicos Ligação tripla


A A
HCℓO4
c. Fórmula molecular
Mostra apenas quais e quantos átomos a molécula possui.

Fórmula Estrutural H3PO4

1.2. Representação da ligação


covalente coordenada ou dativa
1.2.1. Ligações covalentes adicionais usando
pares eletrônicos de um único átomo HNO3
A ligação covalente em que ambos os elétrons vêm de um
só átomo é denominada ligação coordenada ou liga-
ção dativa. Na fórmula estrutural, ela é representada por
uma seta (é).
A formação do íon amônio (NH4+) ocorre mediante a reação:
§ SO2 NH3 + H+ é N​H​4+​  ​
A princípio, o NH3 possuía um par eletrônico livre, e o íon
hidrogênio (H+) não tinha elétrons (uma vez que, regular-
mente, o H+ provém de outra molécula, na qual deixou seu
O par eletrônico destacado (que está ligando o enxofre ao próprio elétron). Por isso, o NH3 compartilha o par eletrôni-
segundo oxigênio), pertencia, de início, apenas ao enxofre. co livre que inicialmente era exclusivo do nitrogênio.
Não se trata mais de ligação covalente usual, em que cada
ligação – par eletrônico compartilhado – é formada por um Considerando ainda o exemplo do NH4+, observe que, de-
elétron de cada átomo, mas de uma covalência especial, pois da formação do NH+4 , não há diferença alguma entre
em que o par eletrônico compartilhado é constituído por as quatro ligações covalentes.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

elétrons de apenas um dos átomos da ligação.


Esse tipo de ligação era denominado ligação covalente dati-
va e representado por uma seta (é) partindo do átomo que
“oferece” o par eletrônico em direção ao átomo favorecido.
Ou seja, os quatro hidrogênios tornam-se perfeitamente
1.3. Representação da ligação equivalentes entre si. Por esse motivo, é mais correto repre-
coordenada ou dativa sentar o NH4+ assim:

A molécula SO2 fica:

§ Fórmula estrutural atual: O = S – O


§ Forma antiga, mas ainda bastante usual nos exames
vestibulares: O = S é O

14
Fórmula estrutural por escrito:

Colunas 14 15 16 17
Estrutura eletrônica
na camada externa

Distribuição

VIVENCIANDO

No dia a dia, é possível encontrar com facilidade a ligação covalente. Substâncias de uso muito comum possuem em
sua estrutura átomos com essa característica de ligação, como a água, o gás oxigênio, a solução de vinagre, o álcool
etílico, o açúcar e o grafite.
Por outro lado, existem substâncias com átomos que possuem essa característica de ligação e que não são tão
evidentes no cotidiano.
O ozônio (O3), por exemplo, é o principal gás situado na atmosfera, responsável pela proteção do planeta Terra contra
os raios ultravioletas (UV) emitidos pelo Sol. Sem essa camada de gás existente na atmosfera, a vida na Terra não
seria possível.
Outro exemplo é o elemento carbono (C), que pode ser encontrado na forma de diamante, passando por processos
de formação diferentes do carbono encontrado no grafite, sendo essa a diferença fundamental entre essas substân-
cias constituídas por átomos desse mesmo elemento químico.

2. Exceções à teoria do octeto c. Número maior do que oito elétrons na última camada
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em alguns casos, os átomos de fósforo e enxofre (existem outros


Certos átomos não necessitam possuir oito elétrons na ca-
átomos) aparecem com mais de 8 elétrons na camada de va-
mada de valência para se estabilizarem; outros comportam
lência, que, em certas moléculas, possuem 10 e 12 elétrons, res-
mais do que oito elétrons na camada de valência. Por isso,
são considerados exceções à teoria do octeto: pectivamente. Esses casos só ocorrem quando o átomo central
é relativamente grande para que possa acomodar mais elétrons
a. Boro (B) ao seu redor. Essa camada de valência expandida só apare-
Forma compostos estáveis por meio de três ligações simples ce em elementos do 3º período da tabela periódica para baixo.
e se estabiliza com seis elétrons na camada de valência. d. Número ímpar de elétrons na última camada
b. Berílio (Be) Há casos em que a camada de valência é completada com
Forma compostos estáveis por meio de duas ligações sim- número ímpar de elétrons. Alguns exemplos são os
ples e se estabiliza com apenas quatro elétrons na camada compostos NO, NO2 e CℓO2, que apresentam 7 elétrons ao
de valência. redor do átomo central (nitrogênio e cloro).

15
e. Compostos dos gases nobres Retículo cristalino covalente: formado pela união de molé-
Embora os gases nobres não tenham ou tenham pouca culas mediante interações ou forças intermoleculares.
tendência de se unir a outros elementos, existem compos-
tos de gases nobres estáveis (eles reagem em condições
especiais). Alguns exemplos são o XeF2 e o XeF4.

Fórmula
Átomo Molecular Eletrônica Estrutural

B BF3
OXIGÊNIO HIDROGÊNIO

Be BeF2 Retículo cristalino molecular do gelo (moléculas de água)


ℓ Aplicação do conteúdo
P PCℓ5 ℓ

1. O número total de elétrons em uma molécula de água

é igual a:
a) 10.
b) 8.
S SF6
c) 6.
d) 4.
N NO e) 2.
Resolução:
Gás
nobre XeF4 Consultando os números atômicos na tabela periódica, obtém-se:
(Xe)
Hidrogênio (Z = 1) ä 1 elétron
Oxigênio (Z = 8) ä 8 elétrons

3. Propriedades das substâncias Na molécula de H2O há ao todo 10 elétrons, ou seja, 1 de cada


hidrogênio e 8 do oxigênio.
moleculares (covalentes) Alternativa A
Embora as propriedades das substâncias moleculares difi-
cilmente sejam generalizáveis, é possível apontar algumas Observação: é comum, mas incorreta, a resposta 8 elé-
características bastante comuns: trons para esse exercício. Lembre-se de que 8 elétrons são
1. São encontradas nos três estados físicos. apenas os elétrons nas camadas de valência dos átomos,
2. Apresentam ponto de fusão e ponto de ebulição meno- ou seja, os que aparecem na fórmula de Lewis (fórmula
res que os dos compostos iônicos. eletrônica). Além deles há mais 2 na primeira camada do
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

3. Caso sejam puras, não conduzem eletricidade, à exce- oxigênio que não aparecem na fórmula de Lewis.
ção do grafite, que é condutor. 2. Qual dessas fórmulas é prevista para o composto for-
4. Caso estejam em estado sólido, apresentam retículos mado por átomos de fósforo e flúor, considerando o nú-
moleculares ou retículos covalentes. mero de elétrons da camada de valência de cada átomo?
a) P ; P
Retículo cristalino covalente: ocorre quando todos os átomos
b) P — F ; P
estão ligados por uma rede significativa de ligações covalentes.
c) F — P ; F
LIGAÇÃO COVALENTE ÁTOMO DE CARBONO
F
|
d) F — P — F
P
|
e) P — F — P

Retículo cristalino do diamante (átomos unidos mediante ligações covalentes)

16
Resolução: 3) A notação 79Au3+ representa um íon que tem 82
prótons e 79 elétrons.
O fósforo possui 5 elétrons na camada de valência e tende, 4) Os elevados pontos de fusão e de ebulição são justificados
portanto, a ganhar 3 elétrons. O flúor possui 7 elétrons na pelo fato de as ligações metálicas dos átomos do ouro serem
camada de valência e tende, portanto, a ganhar 1 elétron. muito fortes, mantendo os átomos intensamente unidos.
Assim, os dois elementos deverão formar um composto Resolução:
covalente com o fósforo (P) na posição central. 1) Falso. O ouro é mais facilmente convertido em fios,
pois é o metal mais dúctil (transformado em fios) e ma-
leável (transformado em lâminas ou chapas) dos metais.
2) Falso. N = A – Z → N = 198 – 79 → N = 119
3) Falso. A notação 79Au3+ indica que o átomo apre-
Alternativa D senta 79 prótons e 76 elétrons
4) Verdadeiro. A ligação metálica é estabelecida
3. Os metais, explorados desde a Idade do Bronze, são através da interação entre os prótons do núcleo e os
muito utilizados até hoje, por exemplo, na aeronáutica, elétrons do átomo vizinho.
na eletrônica, na comunicação, na construção civil e na
indústria automobilística.
Sobre os metais, pode-se afirmar que são:
4. Ligação metálica
a) Bons condutores de calor e de eletricidade, assim
A condução fácil da eletricidade é uma das principais ca-
como os não metais. racterísticas dos metais. Considerando que a corrente elé-
b) Materiais que se quebram com facilidade, caracte- trica é um fluxo de elétrons, foi criada a chamada teoria
rística semelhante aos cristais. da nuvem eletrônica ou teoria do mar de elétrons.
c) Materiais que apresentam baixo ponto de fusão, tor- Em princípio, os átomos dos metais possuem apenas 1, 2 ou
nando-se sólidos na temperatura ambiente. 3 elétrons na última camada eletrônica. Uma vez que essa
d) Encontrados facilmente na forma pura ou metálica, camada fica afastada do núcleo, os elétrons sofrem pouca
sendo misturados a outros metais, formando o mineral.
força de atração. Em consequência, os elétrons escapam fa-
e) Maleáveis, transformando-se em lâminas, por exem-
cilmente do átomo e transitam livremente pelo retículo cris-
plo, quando golpeados ou submetidos a rolo compressor.
talino metálico. Assim, os átomos que perdem elétrons trans-
Resolução: formam-se em cátions; esses cátions podem receber elétrons
a) Falso, pois os não metais têm propriedades opostas e voltar à forma de átomo neutro, e assim sucessivamente.
às dos metais, ou seja, não são bons condutores de Conclusão: segundo essa teoria, o metal é um aglome-
calor nem de eletricidade. rado de átomos neutros e cátions mergulhados em uma
b) Falso, pois os metais são resistentes à quebra, dife- nuvem (ou mar) de elétrons livres e mantidos unidos – afir-
rentemente dos cristais. ma-se também que esses elétrons estão deslocalizados.
c) Falso, pois os metais possuem alto ponto de fusão ELÉTRON LIVRE

(exceto o mercúrio). Por isso, eles são sólidos à tem-


peratura ambiente.
d) Falso, pois a maioria dos metais não é encontra-
da pura ou na forma metálica na natureza (exceto
metais nobres, como ouro e platina), normalmente
estando na forma de óxidos metálicos. Podem vir
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

combinados com outros metais, mas não puros ou na


forma metálica.
e) Verdadeiro, pois os metais são dúcteis, podendo ser
transformados em fios, e maleáveis, transformando- Agrupamento dos átomos dos metais dá
origem ao retículo cristalino metálico.
-se em lâminas, por exemplo, quando golpeados ou
submetidos a um rolo compressor.
Altenativa E
CÚBICO DE CORPO CENTRADO (CCC)
4. (UnB) O ouro é o mais maleável e dúctil dos metais.
Possui o número atômico 79, ponto de fusão igual a
1064,43 °C e ponto de ebulição igual a 2807 °C. Sobre
o ouro, julgue os itens abaixo em verdadeiro ou falso. CÚBICO DE FACES CENTRADAS (CFC)

1) Uma peça metálica de platina é mais facilmente


convertida em fios que uma peça metálica de ouro.
2) O isótopo 198
​ 79​Au, utilizado no tratamento de doen-
ças cancerígenas, possui 198 nêutrons. HEXAGONAL COMPACTO (HC)

17
4.1. Propriedades dos metais desses elementos é um metal. As características das li-
gas metálicas não coincidem com as características dos
As substâncias metálicas, ou simplesmente metais, são úteis metais puros. Por esse motivo, elas são muito utilizadas
ao ser humano graças às suas propriedades genéricas: na indústria.
1. Brilho característico – quando polidos, os metais § Ouro 18 quilates – mistura formada por 75% de
refletem muito bem a luz; propriedade observada em ouro e 25% de cobre e prata.
bandejas e espelhos de prata. § Amálgama – liga de Hg, Ag e Sn usada antigamente
2. Alta condutividade térmica e elétrica, graças aos elé- em obturações.
trons livres. O movimento ordenado dos elétrons cons- § Bronze – liga de Cu e Sn usada na produção de sinos,
titui corrente elétrica que, se agitada, permite rápida medalhas, moedas e estátuas.
propagação de calor mediante substâncias metálicas. § Aço inox – liga de Fe, C, Cr e Ni usada em talheres,
3. Altos pontos de fusão e ebulição característicos dos peças de carros e brocas.
metais, à exceção do mercúrio, PF = –39 ºC; gálio, § Latão – liga de Cu e Zn usada na produção de tubos,
PF = 30 ºC; e potássio, PF = 63 ºC. Graças a essa pro- armas, torneiras e instrumentos musicais.
priedade e à boa condutividade térmica, alguns metais
são utilizados em panelas e radiadores de veículos.
4. Maleabilidade – os metais são facilmente maleáveis.
O ouro é o mais maleável dos metais e permite a ob-
tenção de lâminas muito finas.
5. Ductibilidade – os metais também são facilmente
transformados em fios. Esse também é o caso do ouro.
multimídia: site
5. Ligas metálicas
Existem materiais com propriedades metálicas formados alunosonline.uol.com.br/quimica/ligas-metalicas.html
por dois ou mais elementos, sendo que ao menos um

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As ligações covalentes estão presentes em grande proporção na natureza; os elementos que são responsáveis por
essas ligações (os não metais) estão na composição de grande parte dos compostos orgânicos. Mas também é pos-
sível encontrá-los na forma de minerais em compostos inorgânicos. Ou seja, estudando-se a geomorfologia de uma
região, é possível inferir quais elementos possuem maior probabilidade de serem encontrados no solo daquela área;
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

assim, depois da extração desses minerais, eles são tratados para se obter os seus elementos constituintes da forma
mais proveitosa possível.
O elemento fósforo (P) é um exemplo de elemento que, em grande parte, vai ser encontrado no solo
através de seus fosfatos.
Os elementos metálicos, por sua vez, também passam por processos de purificação para se obter substâncias apenas
constituídas por átomos de um determinado elemento. Entretanto, metais podem passar por reações em que são
formadas ligas, misturas homogêneas resultantes da fundição de dois ou mais metais constituintes.

18
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 25
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais,
econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção.

A maneira como as substâncias são relacionadas e nomeadas é fundamental no ramo da Química. Com o
passar do tempo e com a descoberta e síntese de novos elementos, mais classificações foram necessárias
para se distinguir diferentes substâncias. Uma das classificações mais corriqueiras é a polaridade, conside-
rando as interações intermoleculares.
Essas interações intermoleculares regem as propriedades físico-químicas conhecidas e são de extrema
importância para a compreensão do funcionamento da matéria no âmbito molecular.

MODELO 1

(Enem) Quando colocamos em água, os fosfolipídeos tendem a formar lipossomos, estruturas formadas por
uma bicamada lipídica, conforme mostrado na figura. Quando rompida, essa estrutura tende a se reorganizar
em um novo lipossomo.

Esse arranjo característico se deve ao fato de os fosfolipídeos apresentarem uma natureza:


a) polar, ou seja, serem inteiramente solúveis em água;
b) apolar, ou seja, não serem solúveis em solução aquosa;
c) anfotérica, ou seja, podem comportar-se como ácidos e bases;
d) insaturada, ou seja, possuírem duplas-ligações em sua estrutura;
e) anfifílica, ou seja, possuírem uma parte hidrofílica e outra hidrofóbica. VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ANÁLISE EXPOSITIVA

Nessa questão, são trabalhados os conceitos de interações intermoleculares e de polaridade.


Esse arranjo característico se deve ao fato de os fosfolipídeos apresentarem uma natureza anfifílica, ou seja,
possuírem uma parte polar (hidrofílica) e outra apolar (hidrofóbica).

RESPOSTA Alternativa E

19
DIAGRAMA DE IDEIAS

LIGAÇÃO QUÍMICA

LIGAÇÃO LIGAÇÃO LIGAÇÃO


METÁLICA IÔNICA COVALENTE

EXISTE EM EXISTE EM EXISTE EM

SUBSTÂNCIA SUBSTÂNCIA SUBSTÂNCIA


METÁLICA IÔNICA MOLECULAR
SE ESTIVER LÍQUIDO OU SÓLIDO

TEM TEM FORMADA


APRESENTA
POR
SE ESTIVER LÍQUIDO

RETÍCULO RETÍCULO
CRISTALINO CRISTALINO
METÁLICO IÔNICO MOLÉCULAS

NELE HÁ FORMADO NO ESTADO


POR SÓLIDO

RETÍCULO
ELÉTRONS
ÍONS CRISTALINO
LIVRES
MOLECULAR
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

CONDUZ NÃO CONDUZ BAIXO BAIXO


CORRENTE CORRENTE PONTO DE PONTO DE
ELÉTRICA ELÉTRICA EBULIÇÃO FUSÃO

20
assumir é de 180°; se houver três nuvens, 120°, etc. É funda-
mental analisar se a ligação é covalente ou iônica.
Assim:

GEOMETRIA E § a geometria das nuvens, ou seja, a orientação espa-


cial dessas nuvens (pares eletrônicos), depende do
POLARIDADE número total de nuvens eletrônicas ao redor do áto-

MOLECULARES mo central A; e
§ a geometria molecular é determinada pela posição dos
núcleos dos átomos ligados ao redor do átomo central.

Não confundir geometria dos pares eletrônicos (nuvens

CN AULAS eletrônicas) com geometria da molécula.

13 E 14 Considerando, pois, a orientação das nuvens e o número


de átomos ligados ao átomo central, existem possíveis
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
geometrias moleculares de acordo com a posição dos nú-
6e7 18, 24 e 26
cleos desses átomos.

1.1.1 Moléculas e suas geometrias


1. Geometria molecular
Geometria molecular é o estudo da distribuição espacial dos O
H Be H
H H
átomos em uma molécula. Dependendo dos átomos que a
compõem, essa distribuição pode assumir diferentes formas H2O
BeHBeH2
Linear HAngular
O Angular
geométricas. Entre as principais classificações estão a linear, Linear
2 2

H
a angular, a trigonal plana, a piramidal e a tetraédrica.
Para se determinar a geometria de uma molécula, é preciso N
conhecer a teoria da repulsão dos pares eletrônicos (TRPE) B H H
da camada de valência. H
H H
BH3 NH3
1.1. Teoria da repulsão dos BHTrigonal
3
Trigonal plana
Plana NH3 Piramidal
Piramidal
pares eletrônicos H

Essa teoria se fundamenta na ideia de que, estejam ou não


fazendo ligação química (sendo compartilhados), os pares
C
eletrônicos da camada de valência de um átomo central se
H H
comportam como nuvens eletrônicas que se repelem, man-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

H
tendo a maior distância angular possível uns dos outros.
CH4
CHTetraédrica
Tetraédrica
Uma nuvem eletrônica pode ser formada por ligação sim- 4

ples, dupla, tripla ou mesmo por um par de elétrons não 1.1.2. Roteiro para determinação
ligantes (que não estão fazendo ligação química).
da geometria molecular
A teoria da repulsão dos pares eletrônicos funciona bem 1. Determinar a fórmula eletrônica da substância contando
para moléculas do tipo ABx, em que A é o átomo central, e os pares eletrônicos (nuvens eletrônicas) ao redor do áto-
B é denominado elemento ligante. Nessa molécula, os pa- mo central. Considere como par eletrônico:
res de elétrons (nuvens eletrônicas) da camada de valência
do átomo central A se repelem, determinando o formato § cada ligação dupla, tripla ou coordenada/dativa
da molécula ou íon. (–, =, ≡, →);
Dessa forma, se houver duas nuvens eletrônicas ao redor de § cada par de elétrons não ligantes.
um átomo central, a maior distância angular que elas podem

21
2. Os pares eletrônicos repelem-se ao máximo.

Orientação
Número de nuvens
(geometria) das Disposição Geometria
ao redor do átomo Fórmula eletrônica
nuvens (pares dos ligantes molecular
central
eletrônicos)

Linear O=C=O Sempre


2
H—C;N Linear

Angular

3
2 átomos ligantes Trigonal plana
(triangular) Trigonal plana

Angular

2 átomos ligantes

N Piramidal
4

3 átomos ligantes

Tetraédrica Tetraédrica

4 átomos ligantes

Observe: § Octaédrica: ocorre quando há seis nuvens eletrônicas


§ a geometria linear das nuvens determina somente mo- na camada de valência do átomo central e todas fa-
léculas lineares; zem ligações químicas. Os átomos periféricos assumem
§ a geometria trigonal plana das nuvens pode determi- os vértices de um octaedro, e o átomo central fica no
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

nar moléculas angulares ou trigonais planas; centro do octaedro. É possível citar como exemplo a
§ a geometria tetraédrica das nuvens pode determinar molécula SF6.
moléculas angulares, piramidais ou tetraédricas.
Observação: existem ainda duas geometrias possíveis
quando o átomo central ultrapassar os 8 elétrons na
camada de valência (existem mais tipos de geometria que,
no entanto, não terão seus detalhes analisados aqui):
§ Bipirâmide trigonal: ocorre quando há cinco nuvens
eletrônicas na camada de valência do átomo central,
todas fazendo ligação química. O átomo central assu- Moléculas de PCℓ5 e SF6 com geometria bipirâmide
me o centro de uma bipirâmide trigonal, sólido forma- trigonal e octaédrica, respectivamente.

do pela união de dois tetraedros por uma face comum.


É possível citar como exemplo a molécula PCℓ5.

22
2. Geometria de íons Fórmula molecular Fórmula eletrônica Orientação das nuvens

Como foi visto, átomos podem se transformar em íons ao


perder ou ganhar elétrons, tornando-se cátions e ânions,
respectivamente. Existem muitos íons denominados polia-
tômicos, ou seja, que são formados por mais de um átomo.
A determinação de sua geometria segue exatamente as
mesmas regras utilizadas para a geometria das moléculas. Disposição dos átomos Geometria molecular piramidal

Aplicação do conteúdo
1. Se dissolvido em água, o ácido nítrico (HNO3) sofre
ionização, produzindo o ânion nitrato NO​–3​. Determine a
geometria desse ânion. 3. Polaridade molecular
Resolução:
3.1. Polaridade das ligações
Fórmulas do ácido e do ânion:
O acúmulo de cargas elétricas em determinada região é
denominado polo, que pode ser de dois tipos:

+ d = região de menor densidade eletrônica, que corres-


ponde ao átomo menos eletronegativo.
No rompimento da ligação, o hidrogênio perde seu elétron e o – d = região de maior densidade eletrônica, que corres-
oxigênio recebe esse elétron.
ponde ao átomo mais eletronegativo.
Ao redor do átomo central do ânion (N) há três nuvens eletrônicas
e três ligantes. Como há três nuvens eletrônicas, a geometria das Exemplo
nuvens é trigonal plana. Como o átomo de nitrogênio está no
centro de um triângulo com os três vértices ocupados por átomos
de oxigênio, a geometria molecular também é trigonal plana.

3.2. Polaridade versus tipo


de ligação química
a. Ligações iônicas
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em uma ligação iônica ocorre transferência definitiva de elé-


trons, fator que acarreta a formação de íons positivos (cátions)
A geometria molecular coincide com a geometria das nu- e negativos (ânions), os quais, por sua vez, dão origem aos
vens se o número de átomos ao redor do átomo central
compostos iônicos. Como todos os íons apresentam excesso de
é igual ao número de nuvens (pares eletrônicos) ao redor
cargas elétricas positivas ou negativas, eles sempre terão polos.
desse átomo central.

2. Na molécula da amônia (NH3) há quatro nuvens ele-


trônicas (quatro pares eletrônicos, dos quais um deles
é não ligante) ao redor do átomo central (N). Portanto,
a geometria das nuvens é tetraédrica. Como há apenas
três átomos (ligantes) ao redor do átomo central, a ge-
ometria molecular é piramidal.
NaCℓ: exemplo de composto iônico, em que a
transferência de elétron é definitiva.

23
Assim: Para comparar a intensidade de polarização das ligações,
recorre-se à escala de eletronegatividade de Pauling:
As ligações iônicas apresentam máxima polarização.
Toda substância iônica é polar por natureza. F O N Cℓ Br I S C P H
eletronegatividade crescente
b. Ligações covalentes
Nessas ligações, a existência de polos está associada à de- Considerando os itens já discutidos, é possível estabelecer
formação da nuvem eletrônica e depende da diferença de a seguinte relação:
eletronegatividade entre os elementos.
ligação covalente apolar < ligação co-
Caso a ligação covalente ocorra entre átomos de mesma valente polar < ligação iônica
eletronegatividade, não haverá distorção da nuvem ele-
polaridade crescente
trônica, ou seja, não ocorrerá formação de polos. Por esse
motivo, essas ligações são denominadas apolares.

4. Vetor momento dipolar


A polaridade de uma ligação se caracteriza por uma
grandeza denominada momento dipolar (m), ou di-
polo elétrico, que é representada por um vetor orienta-
do no sentido do elemento menos eletronegativo para o
elemento mais eletronegativo, ou seja, do polo positivo
para o polo negativo.

Cℓ2: não há diferença de polo; portanto, é uma molécula apolar. 4.1. Polaridade das ligações covalentes
Na ligação covalente entre átomos de eletronegatividades Para verificar a polaridade das ligações covalentes, é utili-
diferentes, ocorre deformação da nuvem eletrônica em de- zada a escala de eletronegatividade de Pauling:
corrência do acúmulo de carga negativa (–d) em torno do
elemento de maior eletronegatividade. Essas ligações são
denominadas polares.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Se a diferença de eletronegatividade entre os átomos li-


gados for diferente de zero (geralmente átomos diferen-
tes), o vetor μ estará definido (não é nulo) e a ligação será
HCℓ: Há diferença de polo; logo, a molécula é polar. polar, isto é, haverá distorção da nuvem eletrônica entre
Por essa razão, conclui-se que: os dois átomos envolvidos na ligação covalente. A nuvem
eletrônica ficará deslocada para o lado do elemento mais
eletronegativo.
Ligação entre átomos de mesma eletrone-
gatividade ä ligação covalente apolar. § Se a diferença de eletronegatividade entre os átomos
Ligação entre átomos de diferentes eletrone-
envolvidos na ligação for nula (geralmente átomos
gatividades ä ligação covalente polar. iguais ou átomos com eletronegatividades muito pró-
ximas), o vetor μ também será nulo e a ligação será
apolar, isto é, não haverá distorção da nuvem eletrônica
entre os dois átomos envolvidos na ligação covalente.

24
Quando o ∆ (diferença) for maior que 1,7, o composto dos vetores de cada ligação polar da molécula.
terá caráter iônico (ou seja, a ligação é iônica); abaixo de
1,7, o composto terá caráter covalente (ou seja, a ligação
será covalente).
Exemplos
Ligação polar
​_____›
Para determinar o vetor momento dipolo resultante, m
​ R ​,
dois fatores devem ser considerados:

§ a escala de eletronegatividade, que determina a orien-


tação dos vetores nas ligações polares; e

§ a geometria molecular,
_​____›
que determina a disposição es-
Ligação apolar
pacial dos vetores m​ R ​​​.

Exemplos
Fórmula Geometria/ ​____›
​mR ​ Molécula
molecular Vetores

​_____› ​___›
HCø ​mR ​ ≠ 0 ​
​ Polar

_____ ​___›
​ ›
CO2 ​ R ​ = 0​ ​
m Apolar
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
​_____› ​___›
Misteriosa areia que tem medo de água... H2O ​mR ​ i 0 ​
​ Polar

4.2. Polaridade molecular


Como determinar a polaridade ou apolaridade de uma ​_____›
_​__›
molécula? NH3 ​mR ​ i 0 ​
​ Polar

a) Experimentalmente
Se orientada na presença de um campo elétrico externo,
uma molécula é considerada polar; se não orientada, é
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

considerada apolar. O polo negativo da molécula é atraído


pela placa positiva do campo elétrico externo e vice-versa,
como é possível observar na figura a seguir:

multimídia: site

phet.colorado.edu/sims/html/molecule-shapes/latest/molecule-
-shapes_pt_BR.html
b) Teoricamente
Pode-se determinar a polaridade _​de
____›uma molécula pelo
vetor momento dipolar resultante m
​ R ​, ou seja, pela soma

25
c) Método alternativo para determinação da pola- Exemplos
ridade molecular
Outra maneira – bem mais simples – de analisar a polari-
dade de uma molécula é comparar o número de nuvens
eletrônicas (pares eletrônicos) ao redor do átomo central
com o número de átomos iguais (de um mesmo ele-
mento químico) ligados ao átomo central. Caso os valores
sejam iguais, a molécula será apolar; se os valores não fo-
rem iguais, será polar.

Número de nuvens eletrônicas ≠ do núme-


ro de átomos iguais ä molécula polar
Número de nuvens eletrônicas = ao núme-
ro de átomos iguais ä molécula apolar

VIVENCIANDO

A principal causa da ação dos detergentes é a polaridade das moléculas. Tudo se deve ao caráter anfifílico desses
produtos, formando uma micela com a sujeira.
Caráter anfifílico: afirma-se que uma substância é anfifílica quando existem na mesma molécula regiões predomi-
nantemente polares (região hidrofílica) e regiões predominantemente apolares (região hidrofóbica).
Por exemplo:

Parte hidrofilica

MICELA Parte hidrofóbica


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

H2O

Assim, quando um detergente entra em contato com uma gordura, a região apolar do detergente envolve a gordura,
que tem caráter apolar, e o detergente forma uma micela em torno da gordura, deixando exposta a sua região polar,
que terá contato direto com a água, arrastando a gordura da superfície em que estiver localizada.

26
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em Biologia, todas as reações ocorridas no aspecto celular só são possíveis graças à polaridade que existe em cada
uma das moléculas envolvidas.
Existem vitaminas que são lipossolúveis, como a vitamina A, e vitaminas como a vitamina C, que são hidrossolúveis,
isto é, o meio em que elas estão é fator determinante para que qualquer reação aconteça, permitindo que o organis-
mo se comporte normalmente ou de forma anômala.
Pare para pensar... Se o cabelo humano, que é composto de uma proteína denominada queratina, tivesse caráter
hidrofílico, ele seria dissolvido pela água! Você não iria querer isso, certo?
O cabelo umedece porque é poroso e permite a passagem da água por seus poros. Mas não se engane! Isso só é
possível porque o cabelo tem em sua estrutura molecular regiões de baixa polaridade, permitindo, assim, uma pe-
quena atração pelas moléculas de água.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24

Utilizar códigos e nomenclatura da Química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Com o passar do tempo, foi necessária a criação de substâncias diversas para uso industrial, médico, farmaco-
lógico, cotidiano, etc. Com isso, foi criada a nomeação e a nomenclatura dessas substâncias.
Os ácidos exercem função importantíssima em todas as áreas supracitadas e são os compostos responsáveis
por impactos ambientais gigantescos, como a chuva ácida. Seus precursores são os óxidos, que, em contato
com a água, causam a acidificação das chuvas, causando danos ambientais e ecológicos graves.

MODELO 1

(Enem) O processo de industrialização tem gerado sérios problemas de ordem ambiental, econômica e social, entre
os quais se pode citar a chuva ácida. Os ácidos usualmente presentes em maiores proporções na água da chuva
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

são o H2CO3, formado pela reação do CO2 atmosférico com a água, o HNO3, o HNO2, o H2SO4 e o H2SO3. Esses
quatro últimos são formados principalmente a partir da reação da água com os óxidos de nitrogênio e de enxofre
gerados pela queima de combustíveis fósseis.
A formação de chuva mais ou menos ácida depende não só da concentração do ácido formado, como também do tipo
de ácido. Essa pode ser uma informação útil na elaboração de estratégias para minimizar esse problema ambiental. Se
consideradas concentrações idênticas, quais dos ácidos citados no texto conferem maior acidez às águas das chuvas?
a) HNO3 e HNO2.
b) H2SO4 e H2SO3.
c) H2SO3 e HNO2.
d) H2SO4 e HNO3.
e) H2CO3 e H2SO3.

27
ANÁLISE EXPOSITIVA

Como de costume, as questões do Enem abordam situações-problemas, as quais apresentam a preservação


do meio ambiente como preocupação principal.
Os ácidos citados no texto que conferem maior acidez às águas das chuvas são o ácido sulfúrico e o nítrico,
pois são ácidos fortes.
Uma maneira de descobrir que esses ácidos são fortes é lembrando que:
D = quantidade de átomos de oxigênio – quantidade de átomos de hidrogênios ionizáveis.
Conforme o valor de D encontrado, obtém-se a seguinte classificação:
oxiácidos valor de D
fracos 0
semifortes ou moderados 1
fortes 2 ou 3
Assim:
H2SO4 ⇒ 4 – 2 = 2 (ácido forte)
HNO3 ⇒ 3 – 1 = 2 (ácido forte)

RESPOSTA Alternativa D
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

28
DIAGRAMA DE IDEIAS

NELA, ÁTOMOS
TEM UNEM-SE POR
MOLÉCULA

GEOMETRIA LIGAÇÃO COVALENTE


MOLECULAR
PODE SER
PODE SER
DETERMINADA
USANDO A APOLAR POLAR

DEPENDE DA
TEORIA DA DIFERENÇA DE
REPULSÃO DOS PARES
ELETRÔNICOS DA ELETRONEGATIVIDADE
CAMADA DE VALÊNCIA
INFLUÊNCIA

MOMENTO DE DIPO-

A SOMA FORNECE
LO (DA LIGAÇÃO)

TRIGONAL EXPRESSA
LINEAR ANGULAR
PLANA

POLARIDADE DAS LIGAÇÕES


TETRAÉ-
PIRAMIDAL
DRICA
GEOMETRIA
MOLECULAR
DEPENDE DA

DEPENDE DA

MOLÉCULA
NULO
APOLAR

MOLÉCULA
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

NÃO NULO
PODE SER MOMENTO DIPOLO
POLAR RESULTANTE

29
1.1. Forças de dipolo-dipolo
ou de dipolo permanente
Se determinadas moléculas possuem dipolo permanente
(devido à polaridade de uma ou mais de suas ligações co-
FORÇAS valentes), então é possível observar como essas moléculas

INTERMOLECULARES se atraem: o lado positivo do dipolo de uma das moléculas


atrai o lado negativo do dipolo da outra molécula. Assim,
essa força existe entre moléculas polares (μtotal ≠ 0).

Exemplo
§ Moléculas de cloreto de hidrogênio (HCℓ) no estado

CN AULAS gasoso.

15 E 16
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
4, 5, 6 e 7 14, 18, 21, 24, 25 e 27

1. Forças intermoleculares
Forças ou interações intermoleculares são forças de
atração que ocorrem entre as moléculas das substâncias
(daí o termo “intermoleculares”, que significa “entre molé-
culas”), que as mantêm unidas no estado sólido e líquido.
Elas são bem mais fracas que as interações intramolecu-
lares (dentro das moléculas) ou interatômicas (entre áto-
mos), que unem átomos (na ligação covalente) ou íons (na
ligação iônica e na metálica).

As forças intermoleculares determinam os pontos de


fusão e de ebulição e a solubilidade das substâncias
umas nas outras; além disso, determinam também a Dipolo permanente entre duas moléculas de HCℓ
tensão superficial e a viscosidade dos líquidos.
Outros exemplos: HBr, SO2, NH3, etc.

§ Tensão superficial é uma propriedade que faz com que


a camada superficial de um líquido se comporte como
1.2. Forças de dipolo instantâneo
+ dipolo induzido ou forças de London
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

uma membrana elástica. Os efeitos dela são as gotas


de água, as bolhas de sabão ou a possibilidade de os Essas forças também têm natureza elétrica e ocorrem entre
insetos caminharem sobre a superfície da água. moléculas apolares. Numa molécula apolar como o H2, os
§ Viscosidade é a propriedade física que caracteriza a re- elétrons estão equidistantes dos núcleos. Entretanto, em de-
sistência de um fluido (líquido ou gás) ao escoamento, terminado instante (por isso o nome dipolo instantâneo), a
a uma dada temperatura. O óleo, por exemplo, é mais nuvem eletrônica pode se aproximar mais de um dos núcleos
viscoso que a água. e estabelecer um dipolo instantâneo, o qual, por sua vez,
induz (por isso o nome dipolo induzido) as demais moléculas
As forças intermoleculares são também conhecidas a formarem novos dipolos, originando uma força de atração
como forças de Van der Waals (físico holandês que pre- elétrica de pequena intensidade entre elas.
viu sua existência). São três as forças intermoleculares
mais importantes.

30
Exemplo Observe a formação das ligações de hidrogênio em cada
uma das moléculas:
§ O gelo seco (CO2), o iodo (I2), as pedras de naftalina
a) HF
e as de cânfora sofrem sublimação, ou seja, passam
diretamente do estado sólido para o gasoso, uma vez
que as interações de dipolo instantâneo-dipolo induzi-
do que as unem são fracas.

Gelo seco cristais de iodo b) H20


As ligações de hidrogênio explicam uma propriedade mui-
to particular da água. Ao contrário da maioria das subs-
tâncias, a água sólida é menos densa que a água líquida.

pedras de naftalina pedras de cânfora

Outros exemplos: H2, N2, O2, F2, Cø2, Br2, P4, S8, CH8 e todos
os hidrocarbonetos.

Observação: o termo forças de Van der Waals água líquida


inclui três tipos de interações distintas: forças entre
dois dipolos permanentes (ou dipolo-dipolo), entre
dipolo permanente e induzido (instantâneo) e entre
dois dipolos induzidos (força de dispersão de London
ou forças de London). Apesar de a força de dispersão
de London ser quase 10 vezes mais fraca do que as
forças dipolo-dipolo, ela é fundamental para explicar
diversas propriedades, como solubilidade, viscosida-
de, temperatura de fusão, ebulição, entre outras.

água sólida

2. Ligações ou pontes
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Observe que o arranjo desordenado das moléculas no es-


de hidrogênio tado líquido é mais compacto, há menos espaços vazios
entre elas, razão pela qual a substância é mais densa nesse
Trata-se de um caso particular das forças de dipolo perma- estado. Por outro lado, o arranjo ordenado do estado sólido
nente (dipolo-dipolo), em que a intensidade é tão grande cria espaços vazios maiores entre as moléculas, o que torna
que recebe um nome particular. Ocorre em moléculas que a substância mais “leve”, menos densa.
apresentam átomos de hidrogênio (elemento com baixa
c) NH3
eletronegatividade) com elementos muito eletronegativos,
como o flúor, o oxigênio ou o nitrogênio.
Os exemplos mais frequentes são as moléculas formadas
pela combinação do hidrogênio com os elementos muito
eletronegativos mencionados:

HF   H2O   NH3

31
A dupla hélice do DNA é estabilizada por pontes de hidrogênio entre as bases presas às duas cadeias.

3. Temperaturas de fusão (TF ou PF) e de ebulição (TE ou PE)


3.1. Primeiro caso 3.2. Segundo caso
Moléculas com tamanhos (massas moleculares) semelhantes. Moléculas com mesmo tipo de interação e tamanhos (mas-
sas moleculares) diferentes.
Aumenta a intensidade da interação:
dipolo instantâneo-dipolo induzido Aumenta a massa molecular.
< dipolo permanente < ligação de hidrogênio
Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.
Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

Exemplos
Exemplos
Massa PE
Massa PE Substância Interação
Substância Interação molecular (u) (°C)
molecular (u) (°C)
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

dipolo instantâneo-
CH4 16 –162
dipolo instan- -dipolo induzido
CH4 16 tâneo-dipolo –162
induzido dipolo instantâneo-
C4H10 58 –1
-dipolo induzido
ligação de
H2O 18 +100 ligação de
hidrogênio CH3 – OH 32 +65
hidrogênio

dipolo ligação de
CH3 – O – CH3 46 –24 CH3 – CH2 – OH 46 +78
permanente hidrogênio

dipolo
ligação de HCℓ 36,5 –85
CH3 – CH2 – OH 46 +78 permanente
hidrogênio
dipolo
HBr 81 –67
permanente

32
3.3. Terceiro caso Nota: apesar de possuir a mesma massa molecular e o
mesmo tipo de interação (dipolo instantâneo-dipolo indu-
Moléculas com mesmo tipo de interação e mesma massa zido) entre suas moléculas, o metil-butano é ramificado. A
molecular. área de contato entre suas moléculas é menor do que no
butano, cuja cadeia é normal. Quanto maior a área de con-
Diminui a ramificação. tato entre as moléculas, mais intensas são as interações, e,
Aumenta a área de contato entre as moléculas. portanto, maior é o ponto de ebulição.
Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

Exemplos
Massa PE
Substância Interação
molecular (u) (°C)

Metilpropano dipolo
CH3 instantâ-
| 58 –12
neo-dipolo
H3C — CH — CH3 induzido

dipolo
Butano
instantâ-
58 –0,5
neo-dipolo
H3C — CH2 — CH2 — CH3
induzido
metil-butano butano

VIVENCIANDO

No dia a dia, é possível identificar facilmente a atuação de forças moleculares realizando rapidamente uma “mistura”
de água com óleo em um recipiente. Na verdade, não ocorrerá nenhuma mistura, uma vez que essas substâncias
possuem polaridades muito distintas e, portanto, não interagem bem entre si.
Outro aspecto do estudo das forças moleculares é o conhecimento dos pontos de fusão e ebulição de compostos;
isso pode ser observado em relação a óleos e gorduras.
Como é possível diferenciar essas duas substâncias?
Óleos e gorduras são basicamente lipídeos, diferenciando-se apenas por seus estados físicos.
Óleos são líquidos enquanto gorduras são sólidas.
Isso ocorre devido às interações intermoleculares existentes em suas cadeias moleculares. Em geral, gorduras pos-
suem menor quantidade de duplas, desencadeando, assim, uma cadeia mais retilínea que permite maior interação
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

de suas moléculas, aumentando seus pontos de fusão e ebulição. Os óleos, por sua vez, tendem a possuir mais
insaturações, produzindo o efeito reverso, distanciando suas cadeias e diminuindo os pontos de fusão e ebulição.

cadeias carbônicas saturadas e insaturadas


a presença de ligações duplas - insaturações - entre átomos de carbono diminui o ponto de fusão

Ácido Esteárico
18 átomos de carbono
Saturado
Ponto de fusão: 70ºC

Ácido Oleico
18 átomos de carbono
Monoinsaturado
Ponto de fusão: 13ºC

33
4. Solubilidade Aplicação do conteúdo
Por que o óleo não se dissolve na água? É necessário con-
1. As pontes de hidrogênio formadas entre moléculas
siderar que os processos de dissolução estão associados às de água HÖH podem ser representadas neste modelo.
interações moleculares. Com base nele, represente as pontes de hidrogênio en-
O tipo de força intermolecular da água deve ser diferente tre moléculas de amônia: NH3.
do tipo de força intermolecular do óleo.
Como a água é uma substância polar, conclui-se que as
moléculas do óleo devem ser apolares, mesmo sem conhe-
cer as estruturas delas.
A partir desse fato, é possível afirmar que:

Substâncias polares tendem a se dissolver em solven-


tes polares.
Substâncias apolares tendem a se dissolver em sol-
ventes apolares.
Resolução:
Exemplos A água possui dois pares de elétrons livres e pode apresentar
§ Os derivados do petróleo – querosene, gasolina, óleo uma arrumação espacial como a apresentada no enunciado. O
diesel e óleo lubrificante – são formados por hidrocar- NH3 tem somente um par de elétrons livres; em consequência,
bonetos apolares, solúveis (miscíveis) entre si e insolú- pode apresentar apenas uma arrumação linear. Observe:
veis (imiscíveis) na água, que é polar.
§ O etanol (álcool) comum se dissolve tanto na gasoli-
na (apolar) quanto na água (polar). Isso ocorre porque
o etanol apresenta uma molécula com cadeia apolar
(CH3 – CH2 –), que interage com a gasolina (mistura de
moléculas apolares), e extremidade muito polar (– OH), 2. Considere os processos I e II representados pelas
equações:
que estabelece ligações intensas de hidrogênio com a
água. ℓ

Indique quais as ligações são rompidas em cada um


desses processos.

Resolução:
Em (I) são rompidas as pontes de hidrogênio da água líquida, o
que lhe permite a passagem para o estado gasoso.
Em (II) são rompidas as ligações covalentes entre o hidrogênio e o
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

oxigênio (H – O – H), “quebrando” as moléculas de água e dando


origem ao hidrogênio e ao oxigênio atômicos.

3. (UFU) As substâncias SO2, NH3, HCℓ e Br2 apresentam as


seguintes interações intermoleculares, respectivamente:
a) forças de London, dipolo-dipolo, ligação de hidro-
gênio e dipolo induzido-dipolo induzido;
b) dipolo-dipolo, ligação de hidrogênio, dipolo-dipolo
e dipolo induzido-dipolo induzido;
c) dipolo-dipolo, ligação de hidrogênio, ligação de hi-
multimídia: vídeo drogênio e dipolo-dipolo;
Fonte: Youtube d) dipolo instantâneo-dipolo induzido, dipolo-dipolo,
ligação de hidrogênio, dipolo-dipolo.
Testamos o repelente de líquidos NeverWet

34
Resolução: Resolução:
SO2: molécula angular e polar (dipolo-dipolo ou dipolo perma- Como o exercício fala que uma substância polar tende a se dis-
nente-dipolo permanente) solver em outra substância polar, logo o seu oposto também é
NH3: molécula piramidal e polar (ponte de hidrogênio ou ligação válido – uma substância apolar tende a se dissolver em outra
de hidrogênio) substância apolar.
HCℓ: molécula linear e polar (dipolo-dipolo; em vários casos a Verificando a polaridade das moléculas, temos:
atração intermolecular é classificada como ligação de hidrogê- Br2 – molécula apolar
nio) CCℓ4 – molécula apolar
Br2: molécula linear e apolar (dipolo induzido-dipolo induzido ou H2O – molécula polar
força de Van der Waals) Na mistura inicial (CCℓ4 + H2O), ambas não estavam misturadas
entre si. Quando o Br2 foi adicionado, a maior parte se dissolveu
Alternativa B no CCℓ4 devido a sua semelhança de polaridade (uma pequena
4. (Unirio) Uma substância polar tende a se dissolver em parte foi dissolvida em água). Logo, a solução final será hetero-
outra substância polar. Com base nessa regra, indique gênea (mais de uma fase), com maior parte dissolvida no CCℓ4.
como será a mistura resultante após a adição de bromo Alternativa D
(Br2) à mistura inicial de tetracloreto de carbono (CCℓ4)
e água (H2O).
a) Homogênea, com o bromo se dissolvendo comple-
tamente na mistura.
b) Homogênea, com o bromo se dissolvendo apenas
no CCℓ4.
c) Homogênea, com o bromo se dissolvendo apenas
na H2O.
d) Heterogênea, com o bromo se dissolvendo princi-
palmente no CCℓ4.
e) Heterogênea, com o bromo se dissolvendo princi-
palmente na H2O.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Um paralelo que pode ser feito com as forças intermoleculares está relacionado com as mudanças de estado físico.
Quando substâncias mudam de estado, é necessário que haja troca de calor; no entanto, em física afirma-se que, quan-
do uma substância está mudando de estado físico, sua temperatura permanece constante. Como isso pode acontecer?
Isso ocorre porque, quando uma substância atingiu seu ponto de fusão ou ebulição, essa substância atingiu a tem-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

peratura necessária para romper suas ligações intermoleculares. Dessa forma, nos pontos de fusão e ebulição de
qualquer matéria, a energia térmica que está sendo fornecida é aproveitada para romper as interações existentes
entre as moléculas, permitindo a mudança de estado.

35
DIAGRAMA DE IDEIAS

MOLÉCULA

INTERAGE PONTO
POR MEIO DE DE EBULIÇÃO

FORÇAS (OU LIGAÇÕES


OU INTERAÇÕES) SOLUBILIDADE
INFLUENCIAM
INTERMOLECULARES

DIPOLO DIPOLO
LIGAÇÃO DE
PERMANENTE-DIPOLO INDUZIDO-DIPOLO
HIDROGÊNIO
PERMANENTE INDUZIDO

LIGAÇÃO ENTRE ENTRE


ENTRE MOLÉCULAS MOLÉCULAS

F, O, N com H POLARES APOLARES


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

36
QUÍMICA

2
CIÊNCIAS DA
RADIOATIVIDADE E
QUÍMICA ORGÂNICA
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Em geral, o assunto principal é a química Na FUVEST, os assuntos relacionados com


orgânica, que envolve os temas de nomen- radioatividade tem uma baixa incidência;
clatura e propriedades; mesmo sendo ape- no entanto, o assunto principal é a orgâ-
nas a parte introdutória, ela serve de base nica, que tem seus fundamentos apresen-
para os assuntos posteriores. tados neste volume.

Mesmo com a baixa incidência do tema O tema da radioatividade, mesmo com Em Química 2, os assuntos de radiação são
radiação, o assunto principal é a parte de baixa incidência, é importante, pois as suas cobrados de maneira simples, mas é impor-
química orgânica, que é abordada neste questões são de nível médio ou baixo. O tante que o aluno os conheça bem. O tema
volume de maneira introdutória, servindo assunto principal abordado é a orgânica, principal é a orgânica, que é trabalhada de
de base para toda a orgânica. que é estudada neste volume de maneira forma introdutória neste volume, pois serve
introdutória, servindo de base para para os de base para o entendimento correto da
assuntos posteriores. química orgânica.

O assunto principal é a química orgânica, O assunto mais recorrente é a química O assunto de radioatividade, mesmo com O assunto mais recorrente é a química
que tem alta incidência; mesmo sendo ape- orgânica; por mais que seja abordada a baixa incidência, é importante. O assunto orgânica; por mais que seja abordada a
nas uma parte introdutória, ela serve como parte introdutória, ela serve de base para principal abordado é a orgânica, que é es- parte introdutória, ela serve de base para
base para assuntos posteriores. os assuntos posteriores. tudada neste volume de maneira introdutó- os assuntos posteriores.
ria, servindo de base para para os assuntos
posteriores.

UFMG
Mesmo com baixa incidência na parte de A parte de química orgânica tem alta fre- O assunto principal é a orgânica. Mesmo
radiação, o assunto principal é a parte de quência na UFPR. Neste volume é apresen- sendo apenas uma introdução, ela pode
química orgânica; sua parte introdutória tada sua parte introdutória, que serve de ser cobrada com assuntos relacionados à
serve de base para assuntos posteriores. base para toda a orgânica. Química 1.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O assunto de radioatividade, mesmo com O assunto principal é a orgânica. Mesmo Mesmo com baixa incidência na parte de
baixa incidência, é importante, já que suas sendo apenas uma introdução, ela pode radiação, o assunto principal é a parte de
questões são de nível médio ou baixo. O ser cobrada com assuntos relacionados à química orgânica; sua parte introdutória
principal assunto é a orgânica, com nível de Química 1. serve de base para assuntos posteriores.
dificuldade geralmente alto. Mesmo sendo
apenas a parte introdutória, ela serve como
base para os assuntos poste-
riores.

38
1. Introdução
Radioatividade é o processo pelo qual um núcleo instável
RADIOATIVIDADE: emite espontaneamente radiação, transformando-se em
outro núcleo mais estável. Esse fenômeno deve-se exclu-
EMISSÕES sivamente ao núcleo do átomo.

RADIOATIVAS E
ENERGIA NUCLEAR

CN AULAS
9 E 10
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) Estado físico, fatores químicos, pressão e temperatura não
3e6 11 e 12 influem na radioatividade de um elemento, uma vez que
ela não depende da eletrosfera do átomo, mas apenas do
fato de seu núcleo ser instável.
É o caso da radioatividade do urânio, que é sempre a mesma. Não importa o estado físico do elemento ou as ligações que
ele faz, se o fizer.
Em 1896, o físico francês Antoine-Henri Becquerel (1852-1908) percebeu que um sal de urânio (o sulfato duplo de po-
tássio e uranila: K2(UO2)(SO4)2) era capaz de sensibilizar o negativo de um filme fotográfico recoberto com papel preto
e uma fina lâmina de metal. As radiações emitidas pelo material apresentavam propriedade semelhante à dos raios X.
Em 1897, a física Marie Sklodowska Curie (1867-1934) provou que a intensidade da radiação é proporcional à quantidade
de urânio na amostra e concluiu que a radioatividade é um fenômeno atômico.
Nesse mesmo ano, o físico Ernest Rutherford (1871-1937) criou uma aparelhagem para estudar a ação de um campo ele-
tromagnético sobre as radiações.

(+)
bloco de chumbo

raios
raios
raios
substância radioativa (–)
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

campo magnético
O esquema mostra o comportamento das radiações , e em um campo eletromagnético.

Das três radiações apresentadas na figura, a gama (g) é a


mais penetrante e a mais perigosa para o ser humano; a beta
(b) tem penetração média; e a alfa (a) é a menos penetrante.
Uma vez que os raios alfa e beta sofrem desvio no campo
magnético, Rutherford concluiu que eles devem apresentar
carga elétrica, ao passo que os raios gama não. Os raios
multimídia: vídeo beta são atraídos pela placa positiva; devem, assim, possuir
Fonte: Youtube carga negativa. Com o mesmo raciocínio, deduziu-se que
Documentário - Radiotividade - Os Curie os raios alfa têm carga positiva. Estudos posteriores possi-
bilitaram caracterizar os três tipos de radiação.

39
VIVENCIANDO

Caso entre em contato com radiações, a fisiologia humana pode ser extremamente comprometida. Na matéria indi-
cada, há uma explicação para os casos mais comuns quando se é exposto à radiação.
http://veja.abril.com.br/saude/os-efeitos-da-radioatividade-no-corpo-humano/

2. Emissões radioativas Observe: Como há alteração no número atômico (Z), o


átomo Y criado pertence a um novo elemento químico, di-
As principais emissões radioativas são apresentadas a seguir: ferente do átomo X original.
Emissão Constituição Massa As partículas a coincidem com o núcleo do hélio (​​​42H
​​​ e).
alfa 2 prótons e 2 nêutrons 4u Esse fato foi demonstrado em 1909 por Rutherford, que
beta 1 elétron >0 observou um recipiente contendo material emissor de
partículas a. Mais tarde, notou que o recipiente estava
gama onda eletromagnética 0
impregnado do elemento hélio. As partículas a captu-
Carga Representação Velocidade ravam elétrons do ambiente e transformavam-se em
+2 4
a 1/10 c
átomos de hélio.
+2

–1 0
b
–1
9/10 c As equações nucleares obedecem a um balanço dos
0 0
g c
números de massa (A) e das cargas nucleares (Z), que
0
são conservados:
c = velocidade da luz no vácuo = 300 mil km/s

Outras emissões muito comuns são:

Emissão Constituição Massa


próton 1 próton 1u

nêutron 1 nêutron 1u

pósitron “elétron positivo” >0 Exemplo


Carga Representação § Se um átomo de 239
​​​94​​​Pu emitir uma partícula a, ele se
transformará em 235
​​​ 92​​​U. Essa reação nuclear pode ser
+1 1
p
+1
representada da seguinte maneira:
0 1
0
n

+1 0
b
​​​ ​​​ Pu
239
94 ​​​ ​​​a + 235
4
2 ​​​92U
​​​
+1

Veja:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

3. Leis das emissões SAReagentes = SAProdutos ä 239 = 4 + 235


SZReagentes = SZProdutos ä 94 = 2 + 92
radioativas
3.1. Primeira lei: lei de Soddy – 3.2. Segunda lei: lei de Soddy-Fajans-
emissão de partículas a Russel – emissão de partículas b

Caso um átomo X emita uma partícula a, seu núme- Caso um átomo X emita uma partícula b, seu número
ro de massa diminuirá em 4 unidades, e seu número de massa permanecerá inalterado, e seu número atô-
atômico diminuirá em 2 unidades: mico aumentará em 1 unidade:
  
A
X 4
a + Z​ A––42​ Y. ​X
A
Z​ ​  ​b + Z​ +A1Y
0
–1 ​.
Z +2

40
Como ocorre alteração do número atômico (Z), o átomo Y ge-
rado pertence a um novo elemento químico, diferente do áto-
mo X original. Como o número de massa (A) permanece inal-
terado, na emissão beta, X e Y sempre serão átomos isóbaros.
Transmutação artificial por meio da qual Chadwick (1932)
As partículas b, também denominadas raios b ou radiação descobriu o nêutron:
b, são partículas negativas iguais aos elétrons. Elas apre-
sentam carga –1 e massa 0. A partícula b forma-se por
meio da desintegração de um nêutron no núcleo:
​​ n
1
0  ​  +11 p​ + ​ –10​ b + ​
0​ n
0

nêutron próton beta neutrino Atualmente, a maioria dos radioisótopos utilizados na me-
dicina, na indústria, na agricultura, entre outras áreas, é
Exemplo produzida a partir de transmutações artificiais.
§ Se um átomo de ​146​C emitir uma partícula b, ele se
​​ 7N
transforma em 14 ​​ . A reação nuclear pode ser repre- 5. Energia nuclear
sentada da seguinte maneira:
A partir da segunda metade do século XX, uma das grandes
​​​ C
14
6 ​​​  ​ ​​ –10​​​b + ​​​147N
​​​ preocupações da humanidade tem sido os meios de obtenção
Observe. de energia. Dentre as soluções encontradas, uma delas é a
energia proveniente dos núcleos atômicos, a energia nuclear,
SAReagentes = SAProdutos ä 14 = 0 + 14 obtida mediante reações de fissão e fusão nucleares.

SAReagentes = SAProdutos ä 6 = (–1) + 7 5.1. Fissão nuclear


Fissão nuclear é o processo em que ocorre ruptura do nú-
3.3. Raios gama cleo que é bombardeado com partículas.
As emissões, radiações ou raios gama (​​​0 0​​​g) não são par- A primeira evidência da fissão nuclear foi obtida em 1932,
tículas, mas ondas eletromagnéticas semelhantes à luz, em- quando o físico italiano Enrico Fermi (1901-1954) obser-
bora com comprimento de onda muitíssimo menor e energia vou que átomos de urânio bombardeados com nêutrons
muito mais elevada, superando inclusive os raios X. Eles não produziam um material radioativo. Em 1938, os químicos
sofrem desvio ao atravessar um campo elétrico ou magné- alemães Otto Hahn (1879-1968) e Fritz Strassman (1902-
tico, uma vez que não possuem massa nem carga elétrica. 1980) constataram a presença de bário (Z = 56) na expe-
riência de Fermi. No ano seguinte, a física austríaca Lise
Ainda que dependam do átomo emissor, as emissões g têm
Meitner (1878-1968) e o físico Otto Frisch (1904-1979)
sempre um poder de penetração bem maior do que as partí-
observaram que o núcleo bombardeado dividia-se e libe-
culas a e b. Geralmente, uma emissão g atravessa 20 cm do
rava energia. Nesse mesmo ano, Niels Bohr e John Wheeler
aço ou 5 cm do chumbo (quanto mais denso o metal, mais
enunciaram a teoria da fissão nuclear.
ele detém as radiações). Assim, as emissões g representam o
perigo máximo sob o ponto de vista fisiológico. Atingido pelo nêutron, o núcleo de 235U divide-se em dois
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

outros núcleos radiativos e produz nêutrons livres, liberan-


Com efeito, uma emissão g não altera nem o número atômico
do simultaneamente uma grande quantidade de energia.
(Z) nem o número de massa (A) do elemento. Por esse motivo,
não se costuma escrever a emissão g nas equações nucleares. ​​​ ​​​ U + 01​​​ ​​​ n
235
​​​ ​​​ Ba + 3694
140
​​​ ​​​ Kr + 2 01​​ ​​​ n + energia
92 56

4. Transmutações Em lugar de ​​140


56B​​ a e 3694
​​ ​​Kr, podem formar-se outros núcleos,
cujos números de massa variam entre 72 e 158. Essa for-
O fenômeno em que um elemento químico emite esponta- mação pode chegar a dois, três ou mais neutros livres.
neamente uma radiação e se transforma em outro elemen-
to é denominado transmutação natural. ​​ U
​​​ + 01​​​ ​​​ n
​235
92 ​​​ ​​​ Xe + 3894
140
54 ​​​ ​​​ Sr + 2 01​​ n​​​ + energia

Se as transmutações forem obtidas através do bombar- ​​ ​​​ U + 01​​​ ​​​ n


​235
92 ​​​ ​​​ Ba + 3691
142
56 ​​​ ​​​ Kr + 3 01​​ n​​​ + energia
deamento de núcleos estáveis com partículas a, prótons,
nêutrons, etc., serão chamadas de transmutações artifi- A humanidade deposita esperanças nesse método de obten-
ciais. A primeira delas foi obtida por Rutherford. ção de energia à medida que as pesquisas se desenvolvem.

41
Contudo, seus efeitos podem ser desastrosos. A energia pode dois átomos de urânio, que se quebram, formando quatro
ser útil caso seja controlada em um reator ou usina nuclear, nêutrons, que, por sua vez, atingirão mais quatro átomos
mas, caso seja aplicada sem controle, desenvolve-se uma rea- de urânio, que formarão oito nêutrons, e assim por diante,
ção em cadeia, acompanhada de explosão: a bomba atômica. sucessiva e incontrolavelmente.
Enrico Fermi (1901-1954) e Leo Szilard (1898-1964) cons-
truíram o primeiro reator. Hoje existem centenas deles em
funcionamento. O Brasil também iniciou seu programa de
energia nuclear construindo reatores em Angra dos Reis (RJ).
A primeira bomba atômica de teste foi detonada em 16
de junho de 1945, no deserto de Alamogordo, no Novo
México (EUA). A bomba foi usada militarmente no final da multimídia: livro
Segunda Guerra Mundial contra as cidades japonesas de
Hiroshima (bomba de ​​​235 92​​​U, em 6 agosto de 1945) e Naga-
Peter W. Atkins e Loretta Jones - Princípios de Química
saki (bomba de ​​​94​​​Pu, em 9 agosto de 1945).
239
– Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente
No processo de fissão ocorre uma reação em cadeia. Na
O livro encoraja estudantes a pensar e desenvolver com-
teoria, bastaria apenas um nêutron para iniciar o proces-
preensão sólida da Química, desafiando-os a questionar
so. Na prática, entretanto, exige-se uma massa mínima
e a obter nível mais alto de entendimento da matéria. A
acima da qual há denotação com reação em cadeia. Essa
obra apresenta a Química como algo atual e dinâmico, ao
massa mínima é denominada massa crítica. Um átomo de mostrar a relação entre ideias químicas fundamentais e
urânio (​​​235
92​​​
U) é atingido por um nêutron e se quebra para suas aplicações.
formar dois nêutrons. Esses dois nêutrons atingem outros
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Reação em cadeia do Urânio-235


A energia liberada graças a uma explosão nuclear é medida em comparação com o efeito energético produzido pelo explo-
sivo TNT.
§ 1 quiloton: efeito energético igual a 1 mil toneladas de TNT.
§ 1 megaton: efeito energético igual a 1 milhão de toneladas de TNT.
A bomba lançada sobre Hiroshima tinha a potência de 20 quilotons.
Na fissão nuclear, a energia gerada por um reator nuclear transforma a água líquida em vapor; o vapor, por sua vez, movi-
menta uma turbina que produz energia elétrica por meio de um gerador.

42
A energia liberada em uma reação de fissão nuclear é imen- A energia liberada na queima de um mol de etanol (46 g)
samente maior do que as liberadas em reações químicas. A consegue aquecer aproximadamente 4 kg de água de 20 a
fissão do urânio-235 libera na ordem de 2 ·1010 kJ/mol de 100 °C, enquanto que para aquecer a mesma quantidade
energia. Comparando com outra fonte de energia (ex.: eta- de água no mesmo intervalo de temperatura, é necessário
nol), a energia liberada na reação de combustão é de “ape- ”somente” 0,00003 gramas, isto é, de 0,03 mg de urânio.
nas” 1.360 kJ/mol.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Radiofármacos e radiotraçadores
Essas substâncias recebem esse nome porque, ao serem transportadas pelo corpo da pessoa, emitem radiações que
possibilitam seu monitoramento, indicando por onde passaram e onde se depositaram. Isso permite que o radiolo-
gista faça um mapeamento dos órgãos.
Um exemplo de radioisótopo é o iodo-131, que é usado no tratamento de câncer de tireoide, uma vez que, ao se
acumular nesse órgão, suas radiações gama destroem as células cancerígenas.

Irradiação por raios gama


A irradiação por raios gama é utilizada para esterilização de produtos e descontaminação ou redução de carga mi-
crobiana nos segmentos de alimentação, embalagens, fármacos, cosméticos e produtos veterinários. A esterilização
e a descontaminação por energia ionizante através de raios gama consiste na exposição dos produtos à ação de
ondas eletromagnéticas curtas, geradas a partir de fontes de Cobalto 60 em um ambiente especialmente preparado
para esse procedimento. Visto que as ondas eletromagnéticas possuem grande poder de penetração, os organismos
podem ser alcançados onde quer que estejam, tanto em embalagens lacradas quanto em produtos armazenados das
mais diversas maneiras, o que garante a total eficácia do processo.
Durante o processo, os produtos já embalados são encaminhados em uma esteira para a sala de esterilização. Nesse
ambiente protegido por espessas paredes de concreto (bunker), encontra-se a fonte de Cobalto 60, que emite os
raios gama responsáveis pela quebra de DNA dos microrganismos. O processo pode ser considerado similar ao de um
micro-ondas, isto é, o produto é tratado e pode ser utilizado imediatamente depois do tratamento. A diferença está
no comprimento de onda, que, no caso do micro-ondas, tem energia o suficiente para agitar as partículas e aquecer
o produto, enquanto na radiação através de Cobalto 60 tem energia para quebrar a cadeia de DNA dos microrga-
nismos. O processo de esterilização por irradiação mata os microrganismos e previne sua reprodução; no entanto, o
material irradiado é incapaz de acumular radiação, não se tornando radioativo por ter sido irradiado.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

5.2. Fusão nuclear


O processo no qual ocorre a união de núcleos para formar um núcleo maior é denominado fusão nuclear. É o que ocorre no Sol,
onde núcleos de hidrogênio se fundem para formar núcleos de hélio, liberando grande quantidade de energia.
Um dos processos que ocorrem no Sol é:

4 11​​ H
​​​ ​​​ H
4
2 ​​​ e + 2 ​​  -1​0​​b + 2 0​0​​​​​n + energia

Essa reação não pode ser realizada artificialmente, uma vez que ela exige temperatura elevadíssima. Contudo, a partir de
1950 os cientistas iniciaram pesquisas para obter uma reação semelhante.
Em 1952, conseguiram realizar a primeira fusão não controlada, que gerou a primeira bomba de hidrogênio.

43
Algumas reações de fusão possíveis:
​​​ H
2
1 ​​​ + 13​​​ H
​​​ ​​​ H
4
2 ​​​ e + 01​​​ n​​​ + energia
2
1​​​ H
​​​ + 11​​​ H
​​​ ​​​ H
3
2 ​​​ e + energia
​​​ H
3
2 ​​​ e + ​​​ H
3
2 ​​​ e ​​​ H
4
2 ​​​ e + 2 1​1​​ H
​​​ + energia
Para iniciar esses processos de fusão, usa-se, como energia de ativação, a energia proveniente da explosão de uma bomba
atômica. Atualmente, são desenvolvidas pesquisas que visam a obter outros métodos de ativação. Até agora, essa fusão não
pode ser controlada a fim de obter-se energia útil.
Digamos que a bomba atômica é a “espoleta” da bomba de hidrogênio, que libera a energia necessária para a fusão. Ocorri-
da essa fusão, a energia liberada é extremamente intensa. Já foram detonadas bombas de hidrogênio de até 500 megatons.
Há alguns anos, sonha-se com a construção de um reator nuclear de fusão, que exigiria uma temperatura mínima de 300
milhões de graus Celsius para a fusão. Até agora só se conseguiu atingir 200 milhões de graus Celsius por uma fração ínfima
de tempo.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 22
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em
processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

Atualmente há uma grande preocupação em relação aos meios de produção de energia. Um dos assuntos
mais debatidos é a energia nuclear.
A habilidade 22 contempla os riscos causados pela radiação e quais os principais efeitos que a exposição
às partículas e à radiação podem causar no ser humano. Um caso muito citado como situação-problema
é o caso de Chernobyl.

MODELO 1
(Enem) A falta de conhecimento em relação ao que vem a ser um material radioativo e quais os efeitos, con-
sequências e usos da irradiação pode gerar o medo e a tomada de decisões equivocadas, como a apresentada
no exemplo a seguir.
“Uma companhia aérea negou-se a transportar material médico por este portar um certificado de esterilização por
irradiação”.
Física na Escola, v. 8, n. 2, 2007 (adaptado).

A decisão tomada pela companhia é equivocada, pois


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) o material é incapaz de acumular radiação, não se tornando radioativo por ter sido irradiado;
b) a utilização de uma embalagem é suficiente para bloquear a radiação emitida pelo material;
c) a contaminação radioativa do material não se prolifera da mesma forma que as infecções por microrganismos;
d) o material irradiado emite radiação de intensidade abaixo daquela que ofereceria risco à saúde;
e) o intervalo de tempo após a esterilização é suficiente para que o material não emita mais radiação.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse tipo de questão propõe ao aluno que seja realizada, utilizando-se os conceitos vistos em sala de
aula, uma análise crítica quanto à afirmação proposta.
O material médico não pode acumular radiação, isto é, não se torna radioativo por ter sido irradiado.
A decisão tomada pela companhia foi equivocada.

RESPOSTA Alternativa A

44
DIAGRAMA DE IDEIAS

NUCLÍDEO SE INSTÁVEL RADIONUCLÍDEO

LIBERA RADIAÇÃO

PARTÍCULAS

ALFA ( 42 α) BETA ( -10 β) GAMA ( 00 γ)

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

45
Isótopo radioativo Meia-vida
​ ​ Ba
140
56 12,8 anos

​ ​I
131
8 dias
CINÉTICA DOS
53

​ ​ Mo
99
42 67 horas

DECAIMENTOS ​ ​U
235
92 710 milhões de anos

RADIOATIVOS Na explosão de uma bomba atômica ou em um acidente


com vazamento numa usina nuclear, é liberado um número
incalculável de isótopos radioativos. Muitos deles apresen-
tam uma meia-vida muito curta. Por esse motivo, seu de-

CN
caimento radioativo impede que eles sejam fixados no solo,
AULAS na vegetação ou nas águas.
11 E 12 Entretanto, outros isótopos radioativos apresentam uma
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
meia-vida muito longa, permitindo que eles se fixem no
6e7 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 e 27
meio ambiente, contaminando-o e o tornando-o radioativo
por longos períodos. Além disso, os nêutrons liberados no
processo de fissão podem agir sobre os constituintes da
atmosfera, gerando espécies radioativas, como 14
​6C
​ , 13​ H
​ .
1. Meia-vida ou período 1.1. Vida-média
de semidesintegração Não é possível prever a duração de vida de determinado
A Cinética Radioativa é a matéria da Química Nuclear que es- átomo; no entanto, pode-se calcular um tempo estatístico
tuda a velocidade de desintegração dos materiais radioativos. de sua duração. Por exemplo, se o elemento rádio tem vi-
A velocidade (v) com que ocorre a emissão de partículas da-média de 2,3 mil anos, estatisticamente é possível con-
(desintegração) é diretamente proporcional ao número de cluir que um núcleo de rádio levará 2,3 mil anos para se
núcleos radioativos (N), a cada instante considerado. desintegrar. Esse fator não exclui a probabilidade de ele se
desintegrar antes ou depois desse tempo. É importante não
v=k·N
confundir vida-média com meia-vida.

k = constante radioativa, característica de cada isótopo


Depois de certo intervalo de tempo, o número de núcle-
os radioativos de cada isótopo é reduzido à metade. Esse
intervalo, característico de cada isótopo, é denominado
meia-vida ou período de semidesintegração.
multimídia: vídeo
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Fonte: Youtube
Meia-vida ou período de semidesintegração (P ou
Acidente radioativo com o
t1/2) é o tempo necessário para que a metade dos nú-
Césio-137 em Goiânia, 1987.
cleos radioativos se desintegre, ou seja, para que uma
amostra radioativa se reduza à metade.
1.2. Curva de decaimento radioativo
Exemplos de meia-vida: Considere uma amostra de material radioativo de massa
inicial m0. A cada meia-vida decorrida, a massa da mostra
Isótopo radioativo Meia-vida se reduz à metade.
​ ​ Cs
137
55 30 anos
​ S​ r
90
38 28 anos
​ ​ Zr
95
40 65 anos

46
E o tempo total decorrido Dt, desde o valor inicial m0 até
se atingir o valor m, será de:

Dt = n · P
Na equação, P é o tempo de meia-vida.

Esquematicamente:

Quando a diminuição da quantidade de átomos radioati-


vos, em razão de sua desintegração e em função do tempo,
é representada graficamente, obtém-se uma curva expo-
nencial denominada curva de decaimento radioativo. ∆t = n · P
De uma quantidade de material radioativo inicial m0, de- m
m = ___
​  n0 ​
pois de n meias-vidas decorridas, chega-se a uma quanti- 2
dade m, que será dada por: Nota: a quantidade de material radioativo pode ser dada
de várias maneiras: em massa (grama, miligrama), em nú-
m0 mero de átomos, em porcentagem, em fração ou em ativi-
m = ​ ___n ​
2 dade radioativa.

VIVENCIANDO

A datação de matéria orgânica é realizada por meio da constituição de carbono-14 (carbono com número de
massa 14) na matéria orgânica. O tempo de meia-vida do carbono 14 (14C) é de 5.730 anos. Isso significa que, se
um organismo morreu há 5.730 anos, ele possuirá a metade do conteúdo de 14C. Assim, é possível obter a idade
aproximada de qualquer matéria orgânica. Com o objetivo de ser o mais exato possível no trato com a história
da humanidade, dos animais e das plantas, essa técnica já foi utilizada de diversas formas por historiadores do
mundo todo. Essa técnica possibilitou descobertas importantes para os campos da biologia e da história, recons-
tituindo épocas e trajetórias dos seres vivos. Do ponto de vista da biologia, a datação da matéria orgânica é um
fator preponderante, uma vez que a evolução das espécies está diretamente relacionada ao período em que elas
viveram, às condições a que estavam submetidas e à fauna e à flora do ambiente naquele momento.

2. O tempo de meia-vida do criptônio-89 é igual a 3,16


Aplicação do conteúdo
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

minutos. Dispondo-se de uma amostra com 4,0 · 1023


átomos desse isótopo, ao fim de quanto tempo restarão
1. Numa amostra radioativa, a massa dos átomos ra- 1,0 · 1023 átomos?
dioativos é de 40 g. Depois de 63 h, a massa desses
átomos radiativos se reduz a 5 g. Calcule a meia-vida a) 3,16 minutos
do elemento. b) 6,32 minutos
Resolução: c) 9,48 minutos
d) 12,64 minutos
e) 15,8 minutos
Resolução:
Dt = n · P = 2 · 3,16 min = 6,32 min

Dt = n · P ä 63 h = 3 · P ä P = 21 h Alternativa B
Resposta: a meia-vida é de 21 horas.

47
3. (PUC) Carbono-11 é utilizado na medicina para diag-
nóstico por imagem. Amostras de compostos contendo
carbono-11 são injetadas no paciente obtendo-se a ima-
gem desejada após decorridas cinco “meias-vidas” do
radiosótopo. Nesse caso, a porcentagem da massa de
carbono-11, da amostra, que ainda não se desintegrou é:
a) 1,1%.
b) 3,1%.
multimídia: site
c) 12%.
d) 50%. pt.energia-nuclear.net/acidentes-nucleares/
e) 75%. chernobyl
noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/
Resolução:
redacao/2017/01/12/a-lua-e-mais-muito-mais-velha-do-
Partindo-se de 100% como a quantidade inicial de carbono-11,
que-os-cientistas-imaginavam.htm
depois de cinco meias-vidas, tem-se:
www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150808_
100% → 50% → 25% → 12,5% → 6,25% → 3,125%
hiroshima_nagasaki_chernobil_rm
ou
m0 phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/radioactive-
___ ​ 100 ​ → m = 3,125%
m = ​  n ​, sendo n = 5 → m = ___ dating-game
2 32
Alternativa B

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em setembro de 2016, a Coreia do Norte realizou testes nucleares. Os testes foram realizados na base de Punggye-ri,
no nordeste do país, o mesmo lugar onde a Coreia do Norte detonou bombas atômicas em 2006, 2009, 2013 e em
janeiro do mesmo ano. Em 2016, em vez de uma bomba atômica, o teste foi feito com uma bomba de hidrogênio.
Embora ambas sejam muito destrutivas, elas apresentam reações diferentes.

Bomba atômica
1. O funcionamento da arma começa quando uma carga de explosivo convencional, como dinamite, é acionada à
distância e explode.
2. O choque da explosão impulsiona uma bala de urânio-235 sobre uma esfera feita do mesmo material. Esse
impacto inicia as reações de fissão, ou seja, a quebra dos núcleos dos átomos que vão liberar energia.
3. Com o impacto, os instáveis e pesados átomos de urânio-235 arrebentam, liberando energia e nêutrons que dão
continuidade à reação. Cada átomo que se rompe solta novos nêutrons que quebram mais núcleos, gerando um
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

efeito em cadeia que desprende cada vez mais energia.

Bomba de hidrogênio
1. Na bomba de hidrogênio, a espoleta utilizada não é um explosivo convencional, mas uma bomba atômica como
a de Hiroshima. Novamente, o momento do estouro dessa carga é determinado por meio de um controle remoto.
2. Essa explosão atinge um compartimento cheio de composto de lítio, transformando essa substância em deutério
e trítio. Os átomos desses elementos são isótopos do hidrogênio. Todos possuem apenas um próton, mas com
quantidades diferentes de nêutrons.
3. Por serem muito leves e estarem submetidos a altíssima temperatura, os átomos de deutério e trítio tendem a se
unir, criando um átomo de hélio mais leve que os dois anteriores somados. A massa que resta dá origem à energia
colossal da bomba.

48
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 22
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em
processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

Atualmente há uma grande preocupação em relação aos meios de produção de energia. Um dos assuntos
mais debatidos é a energia nuclear.
A habilidade 22 contempla os riscos causados pela radiação e quais os principais efeitos que a exposição
às partículas e à radiação podem causar no ser humano. O caso de Chernobyl, na Ucrânia, e o caso do
Césio-137, em Goiânia, são muito citados como situação-problema.

MODELO 1

(Enem) Glicose marcada com nuclídeos de carbono-11 é utilizada na medicina para se obter imagens tridimen-
sionais do cérebro, por meio de tomografia de emissão de pósitrons. A desintegração do carbono-11 gera um
pósitron, com tempo de meia-vida de 20,4 min, de acordo com a equação da reação nuclear:
​ ​ C → 11
11
6 ​5​B + 10​e​
(pósitron)

A partir da injeção de glicose marcada com esse nuclídeo, o tempo de aquisição de uma imagem de tomografia
é cinco meias-vidas.
Considerando que o medicamento contém 1,00 g do carbono-11, a massa, em miligramas, do nuclídeo restan-
te, após a aquisição da imagem, é mais próxima de
a) 0,200.
b) 0,969.
c) 9,80.
d) 31,3.
e) 200.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Nesse tipo de questão, o aluno é convidado a raciocinar utilizando os conhecimentos adquiridos sobre
decaimentos radioativos.
A partir da injeção de glicose marcada com esse nuclídeo, o tempo de aquisição de uma imagem de tomo-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

grafia é cinco meias-vidas.


Assim:

RESPOSTA Alternativa D

49
DIAGRAMA DE IDEIAS

NUCLÍDEO

PODE SER

INSTÁVEL

PARTICIPA DE
APLICAÇÕES
MEDICINAIS

TÊM

APLICAÇÕES
REAÇÕES BÉLICAS
NUCLEARES
POR EXEMPLO

MEIA-VIDA
DECAIMENTO TEM
(PERÍODO DE
RADIOATIVO
SEMIDESINTEGRAÇÃO)
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

50
Com o êxito da experiência de Wöhler, diversos cientistas vol-
taram ao laboratório para obter outras substâncias orgânicas
(em 1862, foi obtido o acetileno e, em 1866, foi obtido o ben-
zeno). Assim, a teoria da força vital foi totalmente derrubada.

INTRODUÇÃO À Com o tempo, os estudiosos perceberam que a definição de


Bergman para a Química Orgânica não era adequada; então,
QUÍMICA ORGÂNICA o químico alemão Friedrich August Kekulé (1829-1896) pro-
pôs uma nova definição, aceita até hoje: “Química Orgânica
é o ramo da Química que estuda os compostos do carbono”.
De fato, essa afirmação está correta; entretanto, nem todo
composto que contém carbono é orgânico, como o dióxido de
carbono (CO2), o ácido carbônico (H2CO3), o grafite, etc.; mas

CN AULAS a maioria dos compostos orgânicos contém carbono (atual-


mente, já foram sintetizados compostos “orgânicos” que não
13 E 14 contêm carbonos). Essa parte da Química estuda a estrutura,
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s) as propriedades, a composição, as reações e a síntese de com-
5e7 17, 18, 24 e 26 postos orgânicos que, por definição, contêm carbono, embora
possam conter também outros elementos, como o hidrogênio
(na sua maioria) e o oxigênio. Alguns deles contêm nitrogênio,
halogênios e, mais raramente, fósforo e enxofre.
1. Introdução
Linha do tempo de acontecimentos e prepara-
1.1. Origem da expressão Química Orgânica ções depois da síntese de Wöhler

O químico sueco Torbern Olof Bergman (1735-1784) foi quem 1828: Hennel prepara o álcool etílico.
empregou pela primeira vez a expressão Química Orgânica. 1846: O doutor John C. Warren realiza, no Hospital
Geral de Massachusetts (EUA), a primeira in-
§ Compostos orgânicos: substâncias de organismos vivos. tervenção cirúrgica de grande porte com o em-
§ Compostos inorgânicos: substâncias do reino mineral. prego de éter como anestésico, inaugurando a
Na época, a crença de que só era possível extrair subs- era dos anestésicos na Medicina.
tâncias orgânicas de organismos vivos (animais e vegetais) 1847: O doutor James Simpson, cirurgião em Edimbur-
prejudicava o desenvolvimento da Química Orgânica. Acre- go, usa pela primeira vez o clorofórmio como
ditava-se que compostos obtidos a partir de organismos anestésico.
1848: Frankland e Kolbe preparam o ácido acético.
vivos eram complexos demais para serem sintetizados.
1854: Berthelot prepara o gás metano.
Tratava-se de uma teoria conhecida pelo nome de teoria
1929: A penicilina é descoberta por Alexander Fleming.
da força vital, formulada por Jöns Jacob Berzelius (1779-
1935: Químicos do Instituto Pasteur, na França, desco-
1848), que afirmava: “A força vital é própria da célula viva
brem a sulfanilamida: substância de ação bacte-
e o homem não poderá criá-la em laboratório”. ricida. A seguir, foram descobertas outras sulfas.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em 1828, um dos discípulos de Berzelius, Friedrich Wöhler 1945: Químicos e físicos da Inglaterra e dos Estados
(1800-1882), conseguiu, depois de várias tentativas, obter Unidos descobrem diversas penicilinas – agen-
uma substância encontrada na urina e no sangue, conheci- tes antibacterianos mais eficazes que as sulfas
da pelo nome de ureia, por meio do aquecimento de ciana- – e sintetizam a Penicilina G.
to de amônio, um composto inorgânico. Assim, começava a
queda da teoria da força vital:
2. Características gerais
NH4OCN
calor
das moléculas orgânicas
Quais são as inúmeras propriedades e a significativa di-
versidade dos compostos do carbono tão exploradas na
Cianeto de amônio ureia biologia e na indústria?
Reação de aquecimento do cianeto de amônio para obter a ureia.
Essa reação ficou conhecida como síntese de Wöhler. § Em primeiro lugar, deve-se distinguir compostos orgâ-
nicos de inorgânicos.

51
Os orgânicos são constituídos fundamentalmente por qua-
tro elementos – carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O)
3. Características do
e nitrogênio (N) – denominados elementos organógenos. átomo de carbono
§ Os orgânicos são capazes de sofrer combustão, uma Em 1852, o químico inglês Edward Frankland (1825-1899)
vez que, em grande parte, são compostos de C e de H. publicou um trabalho em que apresentava a expressão
A queima completa dessas substâncias produz CO2 e “valência”, relacionada à provável capacidade de ligação
H2O; a queima incompleta produz CO; e a queima par- dos átomos. Poucos anos depois, o químico alemão August
cial, apenas C (fuligem). Um composto orgânico que Kekulé defendeu hipóteses extraordinárias que causariam
contenha C e H ou C, H e O corresponde a: um grande avanço no estudo das substâncias orgânicas.

3.1. Postulados de Kekulé


1. O carbono teria quatro valências.
Nota: a combustão incompleta dos combustíveis pro-
duz CO, que, ao ser inalado, une-se à hemoglobina
e impede que ela exerça seu papel de transportar
oxigênio para o sangue. Produz também carvão, que
caracteriza fuligem, liberada principalmente pelos ca- 2. Os átomos de C poderiam formar cadeias.
minhões desregulados.

§ Ligações e forças intermoleculares. Parte consi-


derável dos compostos orgânicos apresenta apenas
ligações covalentes. Por isso, as forças de atração inter-
moleculares predominantes são as forças de dipolo ins-
tantâneo-dipolo induzido. Posteriormente, aparecem as
forças de atração entre dipolos permanentes, além das
ligações de hidrogênio.

§ Estabilidade. Em princípio, os compostos orgâ-


nicos apresentam pouca estabilidade diante de
agentes externos, como temperatura, pressão, áci-
dos concentrados, etc. Quando aquecidos, a maioria 3. Os átomos de C poderiam unir-se entre si utilizando
deles sofre combustão completa, produzindo CO2; uma ou mais valências.
incompleta, gerando CO; ou carbonização, originan-
C—C C=C C;C
do carbono. Ligação simples Ligação dupla Ligaçao tripla
§ Ponto de fusão e de ebulição. Em sua maioria mo- Os átomos de C possuem uma significativa capacidade de
leculares, os compostos orgânicos apresentam pontos se unir a outros átomos de C ou a átomos de diferentes
de fusão e de ebulição baixos, o que justifica a predo- elementos, formando sequências estáveis. Uma sequência
minância do estudo de compostos gasosos e líquidos de átomos ligados entre si é denominada cadeia.
pela Química Orgânica. Os sólidos, em grande parte,
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Observa-se, em todas as cadeias carbônicas, que o número


são facilmente fusíveis. de ligações covalentes de um átomo de C é igual a quatro.
Contudo, dois átomos de C podem ligar-se entre si por li-
§ Solubilidade. Em geral, os compostos orgânicos são
gações simples, duplas ou triplas.
solúveis em solventes apolares e insolúveis em solven-
tes polares, como a água.
4. Representação de
§ Velocidade das reações. As reações orgânicas
da maioria das substâncias moleculares e de grande
cadeias carbônicas
massa molar são lentas. Por isso, requerem o uso de A representação da cadeia carbônica mediante segmentos de
catalisadores. O aquecimento para aumentar essa velo- reta (bond line formula) chama-se, em português, de fórmula
cidade deve ser cuidadoso, uma vez que temperaturas bastão. Essa representação obedece ao seguinte código:
elevadas podem degradar os compostos orgânicos. § A cadeia deve ser representada como um zigue-zague.
§ As pontas nas extremidades de uma cadeia correspon-
dem ao grupo CH3.

52
§ A junção de dois traços na extremidade de uma cadeia Exemplo
corresponde a um grupo CH2.
§ A junção de três traços na extremidade de uma cadeia
indica um grupo CH.
Exemplos

P = primário
S = secundário
T = terciário
Q = quaternário

Observe que não importa o tipo de ligação – simples,


dupla ou tripla – de um átomo de carbono. O que importa
são quantos átomos de carbono estão diretamente
ligados a ele.

5. Classificação dos carbonos


5.1. De acordo com os átomos a ele ligados
Um átomo de carbono pode ser classificado de acordo com
o número de átomos de carbono ligados diretamente a ele:
§ primário: ligado a 1 ou a nenhum átomo de carbono; multimídia: vídeo
§ secundário: ligado a 2 átomos de carbono;
Fonte: Youtube
§ terciário: ligado a 3 átomos de carbono;
§ quaternário: ligado a 4 átomos de carbono. Química - Hidrocarbonetos, Petróleo, Gás, Plástico

VIVENCIANDO

Quem nunca se pegou lendo a embalagem do refrigerante ou de outros produtos industrializados enquanto se alimen-
tava? Ou rótulos dos produtos enquanto tomava banho? Pois bem, qualquer pessoa que tenha feito isso terá reparado
que nos rótulos das embalagens estão descritas as misturas realizadas para se chegar àquele determinado produto
que está sendo consumido ou utilizado. As substâncias que constituem esses produtos sempre estarão descritas de
uma forma padrão, respeitando a “norma culta” da linguagem química, para que não haja complicações durante a
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

leitura de uma fórmula de um determinado produto. Isso garante que, em qualquer lugar, seja possível saber, no caso
de compostos químicos, do que determinado produto é constituído.

5.2. De acordo com o tipo de ligação (sigma - s e pi - p) e com o tipo de hibridação (hibridização)
Ligação do Hibridação
Ângulo entre as
átomo do átomo Geometria Exemplo
de carbono de carbono
ligações

4 simples sp3 tetraédrica 109º28’ CH4


2 simples e 1 dupla sp2
trigonal plana 120º H2C = O
1 simples e 1 tripla sp linear 180º H—C;N
2 duplas sp linear 180º O=C=O

53
6. Classificação das § Cadeia ramificada: se contiver átomos de carbono
terciários e/ou quaternários.
cadeias carbônicas
A grande variedade de cadeias orgânicas exige que se faça
a classificação delas segundo determinados critérios.
1. Quanto ao fechamento da cadeia

§ Cadeia aberta ou acíclica: quando percorrida num


sentido qualquer para chegar a uma extremidade.
3. Quanto à saturação

§ Saturada: se entre átomos de carbono houver apenas


ligações simples.

§ Cadeia fechada ou cíclica: quando houver fecha-


mento na cadeia em forma de ciclo, núcleo ou anel.

Essa cadeia é saturada porque a dupla ligação está fora da cadeia,


ocorrendo entre o carbono e o oxigênio.

§ Insaturada: se entre átomos de carbono houver liga-


ções duplas e/ou triplas.
§ Cadeia mista: quando um composto apresenta, ao
mesmo tempo, cadeia carbônica com uma parte cíclica
e outra parte acíclica na molécula em questão.

4. Quanto à natureza

§ Cadeia alifática: à vezes confundida com a cadeia § Homogênea: se entre átomos de carbono houver
aberta, a cadeia alifática significa cadeia não aromá- apenas átomos de carbono.
tica, isto é, pode ser cadeia aberta, fechada ou conter
ambas (cadeia mista), mas não pode conter aromatici-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

dade na molécula em questão.


§ Cadeia alicíclica: apresenta anéis (cadeia fechada), sa-
turados ou insaturados, sem a presença de aromaticidade.
2. Quanto à disposição
Esta cadeia é homogênea porque o oxigênio está fora da cadeia.
§ Cadeia normal, reta ou linear: se contiver apenas
átomos de carbono primários e/ou secundários. § Heterogênea: se entre átomos de carbono houver
algum átomo diferente do carbono.

54
7. Compostos aromáticos Quando a classificação da cadeia carbônica é aromática,
geralmente não é necessário classificar em mononuclear/
O núcleo (ou anel) benzênico é uma das mais importantes polinuclear ou condensada/isolada.
cadeias cíclicas da Química Orgânica. Trata-se do composto
mais simples que esse anel apresenta – o benzeno (C6H6).
Aplicação do conteúdo
1. (FGV) A indústria de alimentos utiliza vários tipos de
agente flavorizante para dar sabor e aroma a balas e
gomas de mascar. Entre os mais empregados estão os
sabores de canela e de anis.

A fórmula molecular da substância I, que apresenta sabor


1. Compostos aromáticos mononucleares ou mono-
de canela, é:
nucleados: se contiver um único anel benzênico.
a) C9H8O. d) C8H7O.
b) C9H9O. e) C8H8O.
c) C8H6O.

Resolução:
2. Compostos aromáticos polinucleares ou polinu-
cleados: se contiver vários anéis benzênicos subdivididos
em:
§ polinucleares isolados: se os anéis não tiverem áto-
mos de carbono em comum;

A fórmula molecular da substância I, que apresenta sabor de ca-


nela, possui 9 átomos de carbono, 8 átomos de hidrogênio e 1
átomo de oxigênio. Assim, a fórmula molecular é C9H8O.

2. (UFMG) A estrutura dos compostos orgânicos pode


§ polinucleares condensados: se os anéis tiverem ser representada de diferentes modos.
átomos de carbono em comum. Analise estas quatro fórmulas estruturais:
H
H3C OH
(CH3)2CHCH2OH H OH
H CH C H
CH3 H3C H
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

CH3 OH

8. Resumo das cadeias carbônicas A partir dessa análise, é correto afirmar que o número de
compostos diferentes representados nesse conjunto é:
a) 1. c) 3.
NORMAL ou RAMIFICADA

SATURADA ou INSATURADA
b) 2. d) 4.
ABERTA
OU ACÍCLICA
HOMOGÊNEA ou HETEROGÊNEA Resolução:
NORMAL ou RAMIFICADA
Todas as quatro fórmulas representam a mesma molécula.
ALICÍCLICA SATURADA ou INSATURADA
CADEIA FECHADAS HOMOGÊNEA ou HETEROGÊNEA
H3C — CH — CH2 — OH
CARBÔNICA OU
CÍCLICAS |
MONONUCLEAR
AROMÁTICA CONDENSADAS CH3
POLINUCLEAR
ISOLADAS Alternativa A
MISTAS

55
3. (PUC-RS) O ácido etilenodiaminotetracético, conheci- apresenta cadeia carbônica:
do como EDTA, utilizado como antioxidante em marga- a) acíclica, insaturada, homogênea;
rinas, de fórmula: b) acíclica, saturada, heterogênea;
c) acíclica, saturada, homogênea;
d) cíclica, saturada, heterogênea;
e) cíclica, insaturada, homogênea.
Resolução:
De acordo com a estrutura acima, podemos ver que a cadeia é
aberta ou acíclica, pois não há fechamento da cadeia; é satu-
rada, pois apresenta somente ligações simples entre carbonos (a
dupla entre carbono e oxigênio não é considerada insaturação); é
heterogênea, pois há heteroátomos (N) entre os carbonos.
Logo, apresenta cadeia carbônica acíclica, saturada e heterogênea.
Fórmula do EDTA (ácido etilenodiaminotetracético)
Alternativa B

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A Química Orgânica é uma área de conhecimento muito vasta. Dessa forma, foi necessário criar e padronizar uma
“linguagem” para que tudo o que seja tratado nessa área possa ser entendido em qualquer parte do mundo.
A partir de várias reuniões internacionais, foi definida uma linguagem oficial e mundial para a química, denominada
nomenclatura IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), que deve ser padronizada e compreendida
por todos, com regras para organizar e descrever qualquer substância orgânica em qualquer parte do mundo.
Essa forma de nomeação dos compostos se assemelha à língua nativa dos países devido ao fato de poder ser enten-
dida em qualquer parte do mundo. Por exemplo, em países onde o português é a língua oficial, há comunicação entre
o falante e o ouvinte, desde que seja falada a língua padrão para aquele ambiente, isto é, um brasileiro consegue
transmitir tranquilamente sua mensagem a alguém que reside em Cabo Verde. Na química não é diferente. Esse
padrão é fundamental para a cooperação entre pesquisadores de todo o mundo, ajudando a proliferar bons frutos
na área da pesquisa.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

56
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

A linguagem na química é essencial, ainda mais se tratando de química orgânica. O composto representa-
do na questão a seguir é um clássico exemplo de por que a nomenclatura do composto é tão importante.
Seu nome oficial é dado como 2-(4-{2-[3,5-bis (pent-1-in-1-il)fenil]etinil}-2,5-bis(3,3-dimetilbut-1-in-1-il)
fenil)-1,3-dioxolano1,3-dioxolane, 2-[2,5-bis(3,3-dimetil-1-butin-1-il)-4-[2-(3,5-di-1-pentin-1-ilfenil)etinil]
fenil], usualmente conhecido como Nanokid. Por causa de nomes como esse é que as nomenclaturas na
química orgânica foram se aprimorando cada vez mais para a adequação e facilitação da pronunciação
desses compostos.
MODELO 1
(Enem) As moléculas de nanoputians lembram figuras humanas e foram criadas
para estimular o interesse de jovens na compreensão da linguagem expressa em
fórmulas estruturais, muito usadas em química orgânica. Um exemplo é o NanoKid,
representado na figura:
Em que parte do corpo do NanoKid existe carbono quaternário?

a) Mãos. b) Cabeça. c) Tórax. d) Abdômen. e) Pés.

ANÁLISE EXPOSITIVA

A química orgânica é uma das áreas com as maiores descobertas no mundo da química. Por esse
motivo, é de extrema importância uma padronização da nomenclatura dos compostos, além de uma
caracterização de algumas funções dela.
Carbono quaternário é aquele que se liga a outros quatro átomos de carbono. Isso ocorre nas
mãos do nanokid. Assim:

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RESPOSTA Alternativa A

57
DIAGRAMA DE IDEIAS

ABERTA PODE SER NORMAL

RAMIFICADA
SUBSTÂNCIA
NÃO
PODE SER FECHADA
AROMÁTICA
PODE SER
ORGÂNICA MISTA AROMÁTICA

TEM
SATURADA
CADEIA
CARBÔNICA DUPLA TRIPLA
INSATURADA CONTÉM OU
C=C C=C

HOMOGÊNEA

HETEROGÊNEA INCLUI HETEROÁTOMO


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

58
rivado dos termos latinos parum, “pequena”, e affinis, “afi-
nidade”, o termo “parafina” significa “pouco reativo”.

Exemplos
Fórmula molecular
Fórmula estrutural
HIDROCARBONETOS ä fórmula geral

C3H8 ä CnH2n + 2
n = número de átomos de
carbono = 3
2n + 2 = número de átomos de

CN AULAS hidrogênio = 8

15 E 16
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5, 6 e 7 18, 19, 23, 24 e 25
C4H10
n = número de átomos de

1. Introdução
carbono = 4
2n + 2 = número de átomos de
hidrogênio = 10
Como na Química Inorgânica, a Química Orgânica agru-
pa as substâncias com propriedades químicas semelhan-
tes em razão das características estruturais comuns. Cada
função orgânica é caracterizada por um grupo funcional,
uma combinação específica de átomos que conferem suas 2.1.1. Propriedades físicas dos alcanos
propriedades químicas, como –COOH, grupo funcional que
Os alcanos são pouco reativos, isto é, não reagem com
caracteriza a função ácido carboxílico.
quase nenhuma substância. Por essa razão, são chamados
O desenvolvimento da Química Orgânica determinou o es- também de parafinas ou parafínicos.
tabelecimento de uma nomenclatura das funções orgânicas Eles não são muito reativos porque as ligações entre C – H e
padronizada internacionalmente. C – C são muito estáveis e difíceis de serem quebradas. Os al-
Essa nomenclatura, criada para evitar confusões, vem canos são mais utilizados para a queima (combustão), ou seja,
sendo desenvolvida pela União Internacional de Química são usados como combustíveis para o fornecimento de energia.
Pura e Aplicada (em inglês: International Union of Pure and Os alcanos são compostos apolares, apresentando interação
Applied Chemistry, IUPAC) e é considerada a nomencla- dipolo induzido-dipolo induzido entre as moléculas. Assim,
tura oficial. Entretanto, algumas substâncias ainda são os alcanos de até 4 átomos de carbono são gases em condi-
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

identificadas pelos nomes consagrados pelo uso comum: é


ções ambientes (de 25 °C e 760 mmHg); alcanos com 5 a 17
a nomenclatura usual.
átomos de carbono são líquidos, e os demais, sólidos.

2. Hidrocarbonetos Eles são insolúveis em água e solúveis em solventes apola-


res, como o clorofórmio e o benzeno. Possuem densidades
Hidrocarbonetos são compostos formados unicamente por
menores que 1 g ∙ cm-3 e flutuam sobre a água.
carbono e hidrogênio, que podem ser representados ge-
nericamente por CxHy, cuja nomenclatura leva o sufixo o.
2.2. Alcenos (alquenos) –
2.1. Alcanos ou parafinas – fórmula geral CnH2n
fórmula geral CnH2n + 2
Também conhecidos como olefinas, são hidrocarbonetos
São hidrocarbonetos alifáticos saturados, isto é, apresentam acíclicos que possuem uma única ligação dupla entre
cadeia aberta (acíclica) apenas com ligações simples. De- os carbonos em sua cadeia carbônica.

59
Exemplos O acetileno (C2H2), diferentemente dos outros alcinos,
possui cheiro agradável e é parcialmente solúvel em água
Fórmula molecular
Fórmula estrutural (1,17 g/L a 20 °C). É a partir dele que se são obtidos ou-
ä fórmula geral
tros compostos não inflamáveis (como cloreto de vinila,
precursor do polímero PVC). Uma vez que não se encon-
C3H6 ä CnH2n tram livres na natureza, devido à sua tripla ligação, que é
n = número de átomos de muito reativa, os alcinos são preparados em laboratório.
carbono = 3
2n = número de átomos de
hidrogênio = 6 2.4. Alcadienos (dienos) –
fórmula geral CnH2n – 2
São hidrocarbonetos acíclicos contendo duas ligações
C4H8 duplas entre os carbonos em sua cadeia carbônica.
n = número de átomos de
carbono = 4 Exemplo
2n = número de átomos de
hidrogênio = 8 Fórmula molecular
Fórmula estrutural
ä fórmula geral

2.2.1. Propriedades físicas dos alcenos C4H6 ä CnH2n – 2


Os alcenos apresentam basicamente as mesmas proprieda- n = número de áto-
des físicas dos alcanos: são insolúveis em água e solúveis mos de carbono = 4
2n – 2 = número de átomos
em solventes apolares; são menos densos do que a água, de hidrogênio = 6
e os pontos de ebulição aumentam segundo o número de
carbonos na cadeia.
Os alcenos são mais reativos que os alcanos por possuí-
rem uma ligação dupla, que é mais fácil de ser quebrada. 2.5. Cicloalcanos, ciclanos ou
Sofrem reações de adição e também de polimerização.
cicloparafinas – fórmula geral CnH2n
2.3. Alcinos (alquinos) – fórmula geral CnH2n – 2 São hidrocarbonetos de cadeia fechada (cíclica) que pos-
suem apenas ligações simples.
São hidrocarbonetos acíclicos que possuem uma única li-
gação tripla entre os carbonos em sua cadeia carbônica. Exemplos
Exemplo Fórmula estrutural
Fórmula molecular
ä fórmula geral
Fórmula molecular
Fórmula estrutural
ä fórmula geral
C3H6 ä CnH2n
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

n = número de átomos de
C5H8 ä CnH2n – 2 carbono = 3
n = número de átomos de 2n = número de átomos de
carbono = 5 hidrogênio = 6
2n – 2 = número de átomos de
hidrogênio = 8

C4H8
2.3.1. Propriedades físicas dos alcinos n = número de átomos de
carbono = 4
Os alcinos são compostos de baixa polaridade e apresen- 2n = número de átomos de
tam basicamente as mesmas propriedades físicas dos al- hidrogênio = 8

canos e dos alcenos: são insolúveis em água e solúveis em


solventes apolares; são menos densos do que a água e
possuem os pontos de fusão e de ebulição crescentes com
o aumento do número de carbonos na cadeia.

60
2.6. Cicloalcenos, cicloalquenos, § Infixo: indica o tipo de ligação entre os átomos
de carbono.
ciclenos ou ciclolefinas
São hidrocarbonetos cíclicos insaturados por uma dupla
ligação (desde que não haja ramificações).

Exemplos
Fórmula estrutural Fórmula molecular
§ Sufixo: indica a função orgânica. No caso específico
dos hidrocarbonetos, o sufixo é o. Alguns sufixos bas-
tante usuais são:
C3H4 Função Grupo funcional Sufixo

Álcool -ol

Ácido carboxílico -oico

C4H6 Aldeído -al

Cetona -ona

2.7. Aromáticos (não há fórmula geral)


Amina -amina
São hidrocarbonetos de cadeia fechada que apresentam
pelo menos um anel benzênico (núcleo aromático).
Exemplo 3.1. Nomenclatura de cada uma
das classes dos hidrocarbonetos
3.1.1. Alcanos ou parafinas

Exemplos
H3C — CH2 — CH3
Anel benzênico

N.º de
3. Nomenclatura oficial IUPAC
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

átomos Ligação Função Nome

O nome de uma molécula orgânica é formado por três ele- 3 C ä prop simples ä an hidrocarboneto ä o propano
mentos fundamentais:
De forma inversa, é possível determinar a fórmula do com-
prefixo + infixo + sufixo
posto a partir de seu nome:
§ Prefixo: indica o número de átomos de carbono da ca- Exemplo
deia principal.
N.º de
Ligação Função Nome
1C MET 6C HEX 11C UNDEC átomos
2C ET 7C HEPT 12C DODEC
pentano pent ä 5 C an ä simples o ä hidrocarboneto
3C PROP 8C OCT 13C TRIDEC
4C BUT 9C NON 14C TETRADEC
5C PENT 10C DEC 15C PENTADEC H3C — CH2 — CH2 — CH2 — CH3

61
3.1.2. Alcenos (alquenos) 3.1.4. Alcadienos (dienos)
Exemplos Como existem duas ligações duplas na cadeia, é necessário
indicar suas respectivas posições com números separados
H2C = CH2 por vírgula junto ao infixo dien.
N.º de
átomos
Ligação Função Nome Exemplos

2 C ä et dupla ä en hidrocarboneto ä o eteno 1 2 3 4


H2C = C = CH — CH3

H2C = CH — CH3 N.º de


Ligação Função Nome
átomos
N.º de
Ligação Função Nome dupla entre os
átomos
carbonos 1 e 2;
4 C ä but dupla entre os hidrocarboneto ä o but–1,2–dieno
3 C ä prop dupla ä en hidrocarboneto ä o propeno
carbonos 2 e 3
ä 1,2–dien
Quando um alceno apresenta quatro ou mais átomos de
carbono, sua ligação dupla pode ocupar diferentes posi- 1 2 3 4
ções na cadeia e dar origem a diferentes compostos. Nes- H2C = CH — CH = CH2
se caso, é necessário indicar a posição da ligação dupla
com um número, que é obtido pela numeração da cadeia N.º de
Ligação Função Nome
a partir da extremidade mais próxima da insaturação átomos
(ligação dupla). O número que indica a posição da ligação dupla entre os
carbonos 1 e 2;
dupla deve ser o menor possível. 4 C ä but dupla entre os hidrocarboneto ä o but–1,3–dieno
carbonos 3 e 4
Pela nomenclatura IUPAC, de 1993, o número que indica ä 1,3–dien
a posição da ligação dupla precede o infixo (en), separa-
do por hífens.
3.1.5. Ciclanos (cicloalcanos)
Exemplos Nos compostos de cadeia cíclica, utiliza-se o prenome ci-
1 2 3 4
H2C = CH — CH2 — CH3 clo seguido praticamente das mesmas regras anteriores.

N.º de Exemplos
Ligação Função Nome
átomos
dupla entre os
hidrocarboneto
4 C ä prop carbonos but–1–eno
äo
1 e 2 ä 1–en

3.1.3. Alcinos (alquinos)


VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

N.º de
Seguem as mesmas regras usadas para os alcenos. Ligação Função Nome
átomos
3 C em cadeia
Exemplo cíclica ä
simples hidrocarboneto
ciclopropano
ä an äo
5 4 3 2 1 cicloprop
H3C — CH2 — C ; C — CH3
Analogamente:

N.º de
Ligação Função Nome
átomos
tripla entre os
hidrocarboneto
5 C ä but carbonos pent–2–ino
äo
2 e 3 ä 2 – in

62
3.1.6. Ciclenos (cicloalcenos) 4. Grupos orgânicos ou radicais
Exemplo Na maioria das vezes, as ramificações são formadas por
radicais monovalentes orgânicos derivados de hidrocar-
bonetos. Esses radicais se formam por meio de cisão ho-
molítica, que é um rompimento de uma ligação covalente
(geralmente entre um carbono e um hidrogênio), em que
cada um desses átomos fica com um dos elétrons que an-
N.º de tes estava sendo compartilhado na ligação.
Ligação Função Nome
átomos
3 C em cadeia
hidrocar-
cíclica ä dupla ä en ciclopropeno
boneto ä o
cicloprop

3.1.7. Aromáticos
Esses compostos apresentam regras de nomenclatura dife-
rentes das regras de nomenclatura dos demais hidrocarbo-
netos. Além disso, não apresentam uma fórmula geral para CH4 → •CH3 + H•
todos os aromáticos. A equação acima representa a cisão (quebra) de ligações
e a consequente formação do radical •CH3 (ou –CH3) de
3.1.8. Principais hidrocarbonetos nome metil.
aromáticos não ramificados Esses radicais livres são muito instáveis, isto é, possuem vida
curta, pois os elétrons se agrupam em pares e, visto que eles
possuem elétrons livres ou elétrons desemparelhados dos ra-
dicais, reagem ativamente com qualquer molécula próxima,
formando novos compostos. Quando dois radicais orgânicos
se ligam, forma-se uma cadeia carbônica. Se o radical se
ligar a um carbono que não seja primário, formam-se as de-
nominadas cadeias ramificadas.
A nomenclatura de um radical é caracterizada pelos sufixos
-il ou -ila precedidos do prefixo que indica a quantidade
de carbonos.

4.1. Principais grupos ou radicais


Radical Nome

metil
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

etil

propil ou n-propil

isopropil

multimídia: vídeo butil ou n-butil


Fonte: Youtube
Utilização do Petróleo Destilação Fracionada
sec-butil ou s-butil

isobutil

63
Radical Nome
3. Para montar o nome do composto, deve-se colocar em
primeiro lugar o grupo substituinte, precedido pelo número
que designa a sua localização na cadeia (quando necessário);
terc-butil ou t-butil
o nome da cadeia principal é colocado em último lugar.
§ Os grupos devem ser escritos em ordem alfabética
vinil ou etenil
(os prefixos di-, tri-, tetra-, etc. não são considerados
para o efeito da ordem alfabética).
benzil § Os números são separados das palavras por um hífen.
§ Para separar os números entre si, usam-se vírgulas.
§ O nome do composto deve ser escrito com uma úni-
fenil ca palavra (antigamente, separavam-se os radicais da
cadeia principal por hífen, modelo ainda usado por
alguns autores e vestibulares).
Observações
1. O prefixo iso- é empregado para identificar radicais Exemplo
que apresentam a seguinte estrutura geral:

Pelo passo 1, o composto acima é designado como sendo


um hexano, pois a cadeia mais comprida e contínua con-
Da qual n = 0, 1, 2, 3, ... tém seis átomos de carbono.
2. Os prefixos sec- ou s- são empregados para indicar que Pelo passo 2, deve-se numerar o alcano anterior, uma vez
a valência livre está situada em carbono secundário. que ele possui ramificação:
3. Os prefixos terc- ou t- são empregados para indicar
que a valência livre está localizada em carbono terciário.

5. Nomenclatura de
Note que, caso a numeração começasse da esquerda, a ra-
hidrocarbonetos ramificados mificação ficaria com número 5. Entre 2 e 5, deve-se esco-
A nomenclatura dos alcanos com cadeias ramificadas se- lher a menor numeração. Assim, nesse caso, a numeração
gue as seguintes regras da IUPAC: deve começar pela direita, pegando o número 2.
O radical em questão é metil, a posição dele na cadeia é 2 e
1. Localizar a cadeia de átomos de carbono mais
a cadeia principal é hexano. Portanto, a nomenclatura oficial
comprida (cadeia principal), pois essa cadeia determina
do composto, de acordo com o passo 3, é:
o nome principal para o alcano. Nem sempre a cadeia princi-
pal será a que está representada em linha reta.
2. A numeração da cadeia principal começa onde o
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

substituinte estiver mais próximo, isto é, deve-se nu-


merar a cadeia principal de modo a serem obtidos os me- Observe que, em primeiro lugar, vem o número que indica a
nores números possíveis para os substituintes. Em seguida, posição do radical, seguido pelo nome do mesmo. Por fim,
deve-se identificar os substituintes. vem o nome da cadeia principal.
§ Quando dois ou mais substituintes, iguais ou diferentes,
estiverem presentes, deve-se atribuir a cada substituin- Exemplo
te um número que corresponda à sua localização na
cadeia principal.
§ Quando dois substituintes estiverem presentes no mes-
mo átomo carbono, deve-se usar aquele número duas
vezes. Nesse caso, observe que a cadeia contínua não é a mais
§ Se houver dois ou mais substituintes idênticos, devem ser comprida. Pelo passo 1, o alcano acima é designado como
usados os prefixos di-, tri-, tetra-, e assim por diante. heptano, pois a cadeia mais comprida contém sete átomos
Cada substituinte deve possuir um número. de carbono.

64
Pelo passo 2, deve-se numerar o alcano anterior, uma vez
que o alcano em questão possui ramificação:

Observe que, na possibilidade (I), há 4 ramificações; na (II),


há 2; e na (III), há 3. Seguindo o passo 4, deve-se optar
Observe que, se a numeração começasse da esquerda, a pela possibilidade (I), pois é a que possui o maior número
ramificação ficaria com número 5. Entre 3 e 5, deve-se de substituintes. Para a nomenclatura, devem ser seguidos
escolher a menor numeração. Assim, nesse caso, a nume- os passos 1, 2 e 3 normalmente.
ração deve começar por baixo, pegando o número 3.
O radical em questão é metil (cuidado, não é etil!); a po-
sição dele na cadeia é 3 e a cadeia principal é heptano.
Portanto, a nomenclatura oficial do composto, de acordo
com o passo 3, é:

5. Quando a ramificação ocorrer numa distância igual em


qualquer dos lados da cadeia principal, deve-se escolher
o nome em que a soma das posições das ramifica-
Na maior parte dos casos, é possível nomear os compos-
ções dá o menor número.
tos seguindo os passos 1, 2 e 3. Em alguns casos mais
complexos, há a necessidade de seguir mais alguns pas- Exemplo
sos antes de escolher a cadeia principal e/ou enumerar
as ramificações.
4. Quando duas ou mais cadeias de comprimento igual
competem pela seleção como a cadeia principal, deve-se No composto acima, há duas formas de numerar a cadeia
escolher a que possui o maior número de substituintes. principal (hexano):

Exemplo

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

No composto acima, há três formas possíveis de isolar a


Na possibilidade (I), a soma dos números das posições das
cadeia principal:
ramificações é 11 (2, 4 e 5).
Na possibilidade (II), a soma dos números das posições das
ramificações é 10 (2, 3 e 5).
Pelo passo 5, deve-se pegar a numeração em que a soma
das posições dê o menor número; assim, deve-se pegar a
possibilidade (II). Para a nomenclatura, devem ser seguidos
os passos 1, 2 e 3 normalmente.

65
6. Nomenclatura de
hidrocarbonetos insaturados
(alcenos, alcinos e
dienos) ramificados
multimídia: vídeo
A nomenclatura de alcenos e alcinos ramificados segue Fonte: Youtube
a mesma regra dos alcanos ramificados, com algumas
diferenças:
O que é o Petróleo? - Petrobras

1. A cadeia principal é a cadeia mais longa que deve con-


ter a dupla ou a tripla ligação, modificando o final do 6.1. Cadeias cíclicas ramificadas
nome da cadeia principal para –eno (para dupla ligação)
1. Cicloalcanos (ciclanos) – a nomenclatura de cicloalca-
ou –ino (para tripla ligação).
nos ramificados segue as mesmas regras que a dos alcanos
2. A numeração da cadeia é sempre realizada a partir da ramificados, acrescentando o prefixo – ciclo na cadeia
extremidade mais próxima da ligação dupla ou tri- principal, seguindo os seguintes passos para a numeração
pla, independentemente das ramificações presentes na ca- das ramificações:
deia (isto é, a dupla ou tripla ligação tem preferência frente
§ Quando apenas um substituinte está presente, não é
às ramificações).
necessário atribuir sua posição.
3. É necessário indicar a localização da ligação dupla ou tri-
pla usando o menor número do átomo da ligação du- § Quando dois ou mais substituintes estão presentes, de-
pla ou tripla. Na nomenclatura, o número da localização ve-se numerar o anel começando pelo substituinte, pri-
deve aparecer antes da palavra –eno (para dupla ligação) meiro em ordem alfabética, e o número na direção que
ou –ino (para tripla ligação), indicando a posição da dupla dá aos substituintes o menor número possível.
ou tripla ligação na cadeia principal, quando necessário.
Exemplos
4. Para dienos, as regras de nomenclatura dos alcanos e
acenos são válidas, sendo diferente somente na hora de
selecionar a cadeia principal, que deve conter as duas
duplas. A nomenclatura segue a mesma regra, modifican-
do, porém, o final do nome da cadeia principal para –dieno.

Exemplos
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

2. Cicloalcenos – a nomenclatura de cicloalcenos ra-


mificados segue as mesmas regras que a dos alcenos
ramificados (dupla leva a preferência, ficando nas posi-
ções 1 e 2), acrescentando-se o prefixo –ciclo na cadeia
principal e seguindo os mesmos passos dos cicloalcanos
para a numeração das ramificações. Não será necessá-
rio identificar a posição da dupla, pois sempre começará
com C1 e C2.

66
Exemplos Para o naftaleno, a nomenclatura IUPAC observa esta nu-
meração:

Exemplos:

6.2. Aromáticos ramificados


Se a cadeia principal apresentar apenas um anel benzê-
nico, ela é chamada simplesmente de benzeno e pode
apresentar um ou mais grupos (ramificações). Se houver
um único radical, seu nome deve preceder a palavra ben-
zeno sem numeração.

Caso haja duas ramificações, são bastante empregados os


prefixos orto- (o), meta- (m) e para- (p), a fim de indicar
as posições 1,2 (ou 1,6); 1,3 (ou 1,5) e 1,4, respectivamente.

Exemplos multimídia: site

http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2012/05/
formacao-do-petroleo-requer-condicoes-espe-
ciais-de-temperatura.html
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

VIVENCIANDO

De modo geral, hidrocarbonetos são extraídos do petróleo diretamente do solo e em condições específicas.
Toda vez que uma empresa exploradora de petróleo deseja investir na extração de uma determinada região, significa
que essa região foi estudada por geógrafos, geólogos e geofísicos a fim de descobrir se realmente aquela área tem
potencial petrolífero. Portanto, conhecimentos sobre o solo e sua formação são indispensáveis.
Uma das técnicas utilizadas para a detecção de petróleo no solo é a de sonar, mesma técnica utilizada em navios
para identificar obstáculos e/ou outros navios em seu percurso. Essa técnica consiste no envio de um pulso sonoro
que se choca contra a mistura profundamente situada no solo e, com esse impacto, um retorno é recebido; esse sinal
de retorno é analisado e estatísticas são elaboradas sobre a disposição de petróleo na região.

67
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Atualmente, são muitas as aplicações para os hidrocarbonetos. Trata-se da fonte de combustíveis fósseis mais
utilizada e, por esse motivo, é altamente rentável; entretanto, seu poder destrutivo ao ambiente é proporcio-
nalmente grave.
Os hidrocarbonetos utilizados no dia a dia são muitos:

Nome do hidrocarboneto Aplicabilidade


Metano Principal componente do gás natural, serve de combustível.
Propano Gás de cozinha.
Butano Gás de cozinha.
Eteno Precursor de diversos tipos de materiais poliméricos.
Octano Chamado também de gasolina, combustível de automóveis leves.
Benzeno É usado como solvente e também na produção de adesivos e tintas.
Naftaleno Utilizado para produzir natfalina e inseticida.
Óleo diesel Combustível para automóveis pesados.
Parafina Fabricação de velas e pranchas de surf.
Querosene Combustível de aviões.
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68
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 24

Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

A química é uma área científica em que há um enorme desenvolvimento. Desde a Antiguidade, os povos antigos
utilizavam a química sem possuir o conhecimento formal dela. Para se ter uma ideia, em 1880, eram conhecidos
cerca de 12.000 compostos; em 1910, esse número era de 150.000; em 1940, o número de compostos conhe-
cidos aumentou para cerca de 500.000; atualmente, estima-se um número acima de 16.000.000.
Por esse motivo, normas e padronização dos compostos foram elaboradas pela International Union of Pure and
Applied Chemistry (IUPAC), que até hoje normaliza e atualiza as regras de nomenclatura.

MODELO 1

(Enem) O biodiesel não é classificado como uma substância pura, mas como uma mistura de ésteres derivados
dos ácidos graxos presentes em sua matéria-prima. As propriedades do biodiesel variam com a composição do
óleo vegetal ou gordura animal que lhe deu origem, por exemplo, o teor de ésteres saturados é responsável
pela maior estabilidade do biodiesel frente à oxidação, o que resulta em aumento da vida útil do biocombustí-
vel. O quadro ilustra o teor médio de ácidos graxos de algumas fontes oleaginosas.

Teor médio do ácido graxo (% em massa)


Fonte
Oleaginosa Mirístico Palmítico Esteárico Oleico Linoleico Linolênico
(C14:0) (C16:0) (C18:0) (C18:1) (C18:2) (C18:3)
Milho < 0,1 11,7 1,9 25,2 60,6 0,5
Palma 1,0 42,8 4,5 40,5 10,1 0,2
Canola < 0,2 3,5 0,9 64,4 22,3 8,2
Algodão 0,7 20,1 2,6 19,2 55,2 0,6
Amendoim < 0,6 11,4 2,4 48,3 32,0 0,9

MA, F.; HANNA, M. A. “Biodiesel Production: a review”. Bioresource Technology, Londres, v. 70, n. 1 jan. 1999 (adaptado).

Qual das fontes oleaginosas apresentadas produziria um biodiesel de maior resistência à oxidação?
a) Milho. b) Palma. c) Canola. d) Algodão. e) Amendoim.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Um dos recursos mais utilizados pelo Enem em sua prova é o uso de situações-problema. O objetivo é
imergir o candidato numa aplicação prática do que foi visto em sala de aula. Nessa questão, faz-se o uso
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

das características dos hidrocarbonetos.


Quanto menor a presença de insaturações (ligações duplas), maior a resistência à oxidação, isto é, quanto mais
saturado for o composto, mais ele resiste à oxidação.
Analisando a tabela:

Mirístico Palmítico Esteárico


(C14:0) (C16:0) (C18:0)
0 insaturação 0 insaturação 0 insaturação
Oleico Linoleico Linolênico
(C18:1) (C18:2) (C18:3)
1 insaturação 2 insaturações 3 insaturações

69
A partir dos ácidos graxos mirístico, palmítico e esteárico, vem:

Mirístico (C14:0)) Palmítico (C16:0)) Esteárico (C18:0) Total


Milho 0,1 11,7 1,9 13,7 %
Palma 1,0 42,8 4,5 48,3 %
Canola 0,2 3,5 0,9 4,6 %
Algodão 0,7 20,1 2,6 23,4 %
Amendoim 0,6 11,4 2,4 14,4 %

Palma 48,3% (composto mais saturado)

RESPOSTA Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

CADEIA ABERTA
ALCANO
E SATURADA

CADEIA ABERTA
SUBSTÂNCIA ALCENO
E 1 DUPLA

PODE SER INORGÂNICA


ALCINO CADEIA ABERTA
E 1 TRIPLA

ORGÂNICA CADEIA ABERTA


DIENO
E 2 DUPLAS
POR EXEMPLO
CADEIA FECHADA
CICLANO
E SATURADA
HIDROCARBONETOS
CADEIA FECHADA
CICLENO
E 1 DUPLA

CADEIA
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

INCLUEM AROMÁTICO
AROMÁTICA

PODEM SER
PETRÓLEO
OBTIDOS DO

DENOMINADOS
IUPAC
SEGUNDO REGRAS DA

CARBONO E
FORMADOS POR
HIDROGÊNIO

70
QUÍMICA

2
CIÊNCIAS DA
GASES
NATUREZA
e suas tecnologias

TEORiA
DE AULA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Em Química 3, os cálculos com gases Em Química 3, os assuntos principais são


podem aparecer tanto de forma interdisci- os cálculos e o comportamento dos gases.
plinar com Física quanto podem ser abor- Mesmo com baixa incidência na FUVEST,
dados junto a uma questão com cálculo é importante que sejam estudados, pois
estequiométrico. podem surgir questões interdisciplinares
com Física.

As questões da UNICAMP envolvendo Os assuntos relacionados aos cálculos com Os assuntos principais deste volume são os
gases são de nível médio e fácil e podem gases são muito interdisciplinares com cálculos envolvendo gases. É importante
facilmente ser relacionadas com assuntos a Fisica. É importante entender o com- uma boa fixação da matéria, uma vez que
de Física. portamento dos gases, assim como suas questões interdisciplinares com Física po-
propriedades. dem aparecer com facilidade.

Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os assuntos principais deste volume são os Os assuntos principais deste volume são os
baixa incidência, são importantes, uma vez baixa incidência, são importantes, uma vez cálculos envolvendo gases. É importante cálculos envolvendo gases. É importante
que podem ser facilmente contextualizados que podem ser facilmente contextualizados uma boa fixação da matéria, uma vez que uma boa fixação da matéria, uma vez que
com Física. É importante que suas proprie- com Física. É importante que suas proprie- questões interdisciplinares com Física po- questões interdisciplinares com Física po-
dades e fenômenos estejam bem fixados. dades e fenômenos estejam bem fixados. dem aparecer com facilidade. dem aparecer com facilidade.

UFMG
Os assuntos principais deste volume são os O assunto principal deste volume são os Os assuntos principais deste volume são os
cálculos envolvendo gases. É importante cálculos envolvendo gases. É importante cálculos envolvendo gases. É importante
uma boa fixação da matéria, uma vez que entender seu comportamento e suas pro- uma boa fixação da matéria, uma vez que
questões interdisciplinares com Física po- priedades. questões interdisciplinares com Física po-
dem aparecer com facilidade. dem aparecer com facilidade.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Os assuntos principais deste volume são os Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os cálculos envolvendo gases, mesmo com
cálculos envolvendo gases. É importante baixa incidência, são importantes, uma vez baixa incidência, são importantes, uma vez
uma boa fixação da matéria, uma vez que que podem ser facilmente contextualizados que podem ser facilmente contextualizados
questões interdisciplinares com Física po- com Física. É importante que suas proprie- com Física. É importante que suas proprie-
dem aparecer com facilidade. dades e fenômenos estejam bem fixados. dades e fenômenos estejam bem fixados.

72
O volume molar de qualquer gás possui sempre o mesmo
valor se as condições de pressão e temperatura forem as
mesmas, ou seja, o volume molar independe da natureza
da substância gasosa. O número de partículas (moléculas
ou átomos) presente em um mol de substância é sempre o
LEIS FÍSICAS mesmo; dessa forma, números iguais de partículas gasosas
ocupam o mesmo volume (hipótese de Avogadro).
DOS GASES Um conjunto de valores de pressão e temperatura pa-
dronizados no estudo dos gases é: 1 atm e 0 ºC. Essas
condições experimentais são denominadas condições nor-
mais de temperatura e pressão (CNTP ou TPN). Reduzir às
condições normais significa efetuar uma transformação
gasosa em que o estado final encontre-se nas CNTP.

CN AULAS
9 E 10
Experimentalmente verifica-se que o volume molar de
qualquer gás ou vapor, caso seja medido nas condições nor-
mais de temperatura e pressão, corresponde a 22,4 litros.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
5, 6 e 7 17, 19, 21 e 24
Vmolar (CNTP) = 22,4 (L/mol) ou 22,4 (L · mol–1)

1. Hipótese de Avogadro
Considere três recipientes com volume de um litro cada
um. No primeiro, será adicionado gás carbônico (CO2); no
segundo, oxigênio (O2); e no terceiro, metano (CH4). Os três multimídia: vídeo
gases com pressão e temperatura iguais. Fonte: Youtube
Entenda de vez como funciona o motor do carro!

2.1. Equação de estado de um gás


O comportamento físico dos gases independe de sua com-
O fundamento dessa hipótese é a ideia de que o número de
posição química e pode ser descrito em três variáveis deno-
moléculas é igual nos três recipientes. Essa tese foi aceita
minadas variáveis de estado: volume, pressão e temperatura.
depois de observações experimentais e da elaboração de
um modelo da matéria que foi chamado de princípio de A descrição das condições de volume, pressão e tempera-
Avogadro, e não de lei. Assim, pode-se dizer que: tura em que se encontra determinada massa de gás é
chamada de estado de um gás.
Volumes iguais de quaisquer gases à mesma pressão e A partir de estudos experimentais dos gases, o cientista
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

temperatura contêm o mesmo número de moléculas.


francês Émile Clapeyron (1799-1864) estabeleceu uma
relação matemática entre as variáveis de estado de um
nco = no = nCH gás. Essa relação é denominada equação de estado de
2 2 4
um gás ideal ou equação de Clapeyron:
Como moléculas com diferentes tamanhos podem ocupar
o mesmo volume?
P ·V = n · R ·T
No estado gasoso, a distância entre as moléculas é tão
grande que a diferença entre o tamanho delas é irrelevante.
Em que:

2. Volume molar § P é a pressão exercida pelo gás e representada em


milímetros de mercúrio (mm de Hg) ou em atmosfera
O volume ocupado por um mol de qualquer substância é (atm). A pressão atmosférica no nível do mar é igual a
denominado volume molar. 760 mmHg ou 1 atm.

73
§ V é o volume ocupado pelo gás. Como um gás ocupa Assim:
todo o volume do recipiente, as unidades utilizadas
t (ºC) T (K)
para expressar o volume de um gás são: mililitro (mL);
litro (L); centímetro cúbico (cm3); decímetro cúbico –73 200

(dm3); metro cúbico (m3). As relações entre as uni- 0 273


dades são: 1 mL = 1 cm3; 1 L = 1 dm3 = 1.000 mL = 25 298
1.000 cm3 ; 1 m3 = 1.000 L = 1.000.000 mL ou cm3.
100 373
§ T é a temperatura absoluta do gás, a partir da qual de-
termina-se o grau de agitação das moléculas. Ela pode
§ n é o número de moléculas, em mol, do gás presente no
ser medida mediante escalas termométricas, como as
recipiente, cujo valor pode ser calculado pela expressão:
escalas Celsius (ºC), Farenheit (ºF), Kelvin (K), etc. A es-
cala internacional adotada para a medida da tempera- ​  massa  ​ ä n = __
n = __________ ​ m ​ (mol)
tura de um gás é a escala Kelvin, também denominada massa molar M
escala absoluta. Ela tem seu início no zero absoluto, § R é a constante universal dos gases, uma constan-
que corresponde a –273,15 ºC. Trata-se de uma tem-
te de proporcionalidade cujo valor depende das unida-
peratura teórica segundo a qual se admite que a agi-
des de medida utilizadas. Dessa forma, se o volume for
tação das moléculas é nula, isto é, é uma temperatura
expresso em litros (L), a quantidade de gás em mol e a
na qual moléculas e átomos estão totalmente imóveis.
temperatura em Kelvin (K):
A temperatura na escala Kelvin relaciona-se com a es-
cala Celsius pela expressão: R = 0,082 (atm · L · mol–1 · K–1), se a pressão for expressa
em atm.
T(K) = t(ºC) + 273 R = 62,3 (mmHg · L · mol–1 · K–1), se a pressão for expressa
em mmHg.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças estruturais no modo de produção que ocorreu na Europa a
partir do século XVIII, quando os artesãos foram substituídos pelos assalariados e pelo uso das máquinas. Até o fim
do século XVIII, a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. Um artesão possuía
todo o conhecimento do processo produtivo de seu produto. Com o passar do tempo, começaram a surgir grandes
oficinas, em que diversos artesãos, realizando manualmente todo o processo, fabricavam os produtos, embora fos-
sem subordinados ao proprietário da manufatura.
A Inglaterra, devido à sua localização e ao fato de possuir uma rica burguesia em expansão e de ter vivenciado um
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

êxodo rural, possuía as características que fizeram com que estivesse na vanguarda da Revolução Industrial.
Com o desenvolvimento tecnológico, as oficinas transformaram-se em pequenas fábricas. Nas indústrias de tecidos
de algodão surgiu o tear mecânico. Nessa época, o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continu-
ação da Revolução, tanto para o transporte da mercadoria quanto para a produção. A Inglaterra possuía reservas de
minas de carvão mineral, mas máquinas de bombear a água eram necessárias para a exploração das minas. Com a
máquina a vapor, foi possível explorar as minas a grandes profundidades. O carvão era necessário tanto para movi-
mentar a locomotiva a vapor quanto para aquecer os fornos das indústrias ou alimentar algumas máquinas a vapor.
As fábricas do início da Revolução Industrial ofereciam condições de trabalho precárias, longas jornadas, baixo salário,
péssima iluminação e ventilação e muita sujeira, além de castigos físicos por parte dos patrões. Essas condições
forçaram revoltas e greves por parte dos trabalhadores, que passaram a se organizar por meio de sindicatos que
pediam melhores condições de trabalho e lutavam por direitos trabalhistas.

74
3. Determinar a massa molar de um gás, sabendo-se
que 3 gramas do referido gás ocupam um volume de 4
litros à pressão de 0,82 atm e à temperatura de 127 ºC.

Resolução:
Utilizando a equação de estado de um gás (PV = nRT), é possível
calcular o número de mol (n) do gás. Em seguida, utilizando a ex-
multimídia: vídeo ​  m ​, pode-se calcular sua massa molar.
pressão n = __
M
Fonte: Youtube
A temperatura que está dada na escala Celsius deve ser conver-
The Steam Machine Changes The World... tida para a escala absoluta:
T (K) = t (ºC) + 273 = 127 + 273 = 400 K
Como a pressão é dada em atmosferas, o valor de R a ser utiliza-
Aplicação do conteúdo do é 0,082 atm · L · mol–1 · K–1.
1. Um balão A contém 8,8 g de CO2 e um balão B contém Substituindo os valores numéricos na equação de Clapeyron,
N2. Sabendo que os dois balões têm igual capacidade e
tem-se:
apresentam a mesma pressão e temperatura, calcule a
massa de N2 no balão B. 0,82 atm · 4 L = n · 0,082 atm · L · mol–1 · K–1 · 400 K
Dados: massas atômicas: C = 12; O = 16; N = 14 0,82 · 4
n = _________
​   ​ ä n = 0,1 mol
0,082 · 400
Resolução:
Como a massa do gás é de 3 gramas, sua massa molar será:
Pela hipótese de Avogadro:
​  3  ​ ä M = 30 g · mol-1
​ m ​ ä M = ___
n = __
M 0,1

2. Na CNTP, qual é o volume ocupado por 10 gramas de


monóxido de carbono (CO)?
Resolução:
multimídia: site
A massa molar do monóxido de carbono é de 28 g/mol, o que,
na CNTP, equivale a 28 g de CO.
www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160228_
1 (mol) ocupa o volume de 22,4 L.
carros_eletricos_tg
22,4 L é o volume ocupado por 28 g de CO.
VCO é o volume ocupado por 10 g de CO.
Matematicamente:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

75
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

A expansão e a combustão são algumas das aplicações mais comuns dos gases. Em geral, os gases estão
presentes no cotidiano, o que os torna uma das matérias mais abordadas no vestibular.
Como situação-problema, é comum observar situações em que há a combustão de gases poluentes, mas prin-
cipalmente de gases como o GLP e o GNV. Assim, é importante conhecer sua composição, seus produtos da
combustão e os processos de mudança segundo a lei geral dos gases.

MODELO 1

(Enem) As mobilizações para promover um planeta melhor para as futuras gerações são cada vez mais frequen-
tes. A maior parte dos meios de transporte de massa é atualmente movida pela queima de um combustível
fóssil. A título de exemplificação do ônus causado por essa prática, basta saber que um carro produz, em média,
cerca de 200 g de dióxido de carbono por km percorrido.
Revista Aquecimento Global. Ano 2, nº 8. Publicação do Instituto Brasileiro de Cultura Ltda.

Um dos principais constituintes da gasolina é o octano (C8H18). Por meio da combustão do octano é possível a
liberação de energia, permitindo que o carro entre em movimento. A equação que representa a reação química
desse processo demonstra que
a) no processo há liberação de oxigênio, sob a forma de O2;
b) o coeficiente estequiométrico para a água é de 8 para 1 do octano;
c) no processo há consumo de água, para que haja liberação de energia;
d) o coeficiente estequiométrico para o oxigênio é de 12,5 para 1 do octano;
e) o coeficiente estequiométrico para o gás carbônico é de 9 para 1 do octano.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Nessa habilidade, é de extrema importância o domínio dos conteúdos anteriores, dessa forma será pos-
sível ter uma visão mais clara das reações químicas presentes no cotidiano e das proporções fixas e
definidas das reações químicas.
Combustão completa de 1 mol octano (C8H18):
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

1 C8H18 + 12,5 O2 → 8 CO2 + 9 H2O

RESPOSTA Alternativa D

76
DIAGRAMA DE IDEIAS

VARIÁVEIS DE
GÁS IDEAL
ESTADO

CONTÉM • VOLUME
• TEMPERATURA
• PRESSÃO
CONSTANTE
UNIVERSAL DOS
GASES PERFEITOS (R)

PERMITE
CALCULAR O VOLUME
VOLUME MOLAR MOLAR
DO GÁS (L · mol-1)

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

77
II. Quanto maior a temperatura, maior é a velocidade das
partículas de um gás.
III. A força de atração entre as partículas gasosas é pratica-
mente nula, uma vez que são independentes umas das

TRANSFORMAÇÕES outras.
IV. Moléculas de gases apresentam a mesma energia cinéti-
GASOSAS ca média quando submetidas à mesma temperatura.
V. As partículas de um gás se movem em linha reta. A dire-
ção e o sentido do movimento se modificam apenas se
as partículas colidirem umas com as outras ou contra as
paredes do recipiente que as contém. Não há perda de
energia cinética total nas colisões, embora possa haver

CN AULAS
11 E 12
troca de energia entre as partículas que colidem.
VI. A distância entre as partículas gasosas é muito maior do
que o tamanho das partículas.
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
3, 5 e 7 8, 10, 12, 18, 24 e 25 A partir desses postulados, é possível explicar as proprie-
dades dos gases.
§ Graças ao movimento contínuo e desordenado de suas
partículas, um gás tanto pode ocupar todo o volume de
1. Introdução um recipiente quanto pode escapar dele.
§ Os gases são altamente compressíveis. A distância en-
As substâncias em estado gasoso apresentam determina-
tre suas partículas é grande. Contudo, sob qualquer
das propriedades:
aumento de pressão, elas se aproximam, reduzindo o
1. Os gases não possuem forma definida, ou seja, adqui- volume ocupado.
rem a forma do recipiente que os contém.
§ A pressão exercida pelos gases é determinada pelo
2. Não apresentam volume próprio, ou seja, ocupam todo número de colisões, por unidade de tempo, entre as
o volume do recipiente que os contém. Possuem grande partículas e as paredes do recipiente. Assim, depende
expansibilidade. da quantidade de gás presente no recipiente, uma vez
3. Se as condições de pressão e temperatura a que estão que, quanto maior a quantidade de gás, maior será o
submetidos são alteradas, os gases sofrem grandes va- número de partículas. Em consequência, maior tam-
riações de volume. São altamente compressíveis e de bém será o número de colisões e a pressão. A pressão
alta dilatabilidade. exercida por um gás confinado num recipiente au-
4. Apresentam baixa densidade. Se comparado o volume menta com o aumento da temperatura. As partículas
ocupado pela mesma massa de uma substância nos gasosas aquecidas passam a se movimentar com mais
três estados físicos, verifica-se que o volume ocupado velocidade, provocando mais colisões, por unidade de
pelo gás é muito maior do que o ocupado pelo líquido tempo, contra as paredes do recipiente.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ou pelo sólido. Do ponto de vista microscópico, o estado de um gás é ca-


5. Exercem pressão. Quanto maior a quantidade de gás racterizado por três variáveis: volume, temperatura e pres-
em um recipiente, maior a pressão por ele exercida. Al- são, denominadas variáveis de estado.
terações efetuadas na temperatura de um gás, sem al- § Volume – espaço ocupado por uma substância. No
terar seu volume constante, causam grandes variações caso dos gases, o volume de uma dada amostra é igual
na pressão por ele exercida. ao volume do recipiente que a contém.
As unidades usuais de volume são litro (L), mililitro (mL),
2. Teoria cinética dos gases metro cúbico (m3), decímetro cúbico (dm3) e centímetro
Para explicar as propriedades dos gases, os cientistas ela- cúbico (cm3).
boraram um modelo denominado teoria cinética dos gases. 1 m3 = 1000 dm3; 1 dm3 = 1 L; 1 dm3 = 1000 cm3;
Os postulados dessa teoria são os seguintes: 1 cm3 = 1 mL
I. As partículas de um gás estão em movimento constan- § Temperatura – é a medida do grau de agitação das
te e desordenado. partículas que formam uma substância. No estudo dos

78
gases, é utilizada a escala absoluta ou Kelvin (K). No 3.1.1. Experiência de Boyle-Mariotte
Brasil, a escala mais comum é a Celsius ou centígrada
(°C). Observe a transformação de graus Celsius (ºC) em
Kelvin:
T (K) = T (ºC) + 273

§ Pressão – definida como força por unidade de área.


No estado gasoso, a pressão é o resultado do choque
de moléculas contra as paredes do recipiente que as
contém.
A medida de pressão de um gás é obtida por meio de
um aparelho denominado manômetro.
As unidades de pressão usuais são: atmosfera (atm),
centímetros de mercúrio (cmHg), milímetros de mercú- A lei de Boyle-Mariotte pode ser representada por um grá-
rio (mmHg), Torricelli (torr) e Pascal (Pa). fico pressão-volume. Nele, as abscissas representam
1 atm = 760 mmHg; a pressão de um gás, e as ordenadas, o volume ocupado
pelo gás.
1 mmHg = 1 torr; 1 atm = 1,01 · 105 Pa
A curva obtida é uma hipérbole, cuja equação representa-
tiva é PV = constante.
3. Leis físicas dos gases
Uma dada massa de gás sofrerá uma transformação caso
ocorram alterações nas suas variáveis de estado. A princí-
pio, modificam-se apenas duas das grandezas e a outra se
mantém constante.

3.1. Lei de Boyle-Mariotte


“À temperatura constante, uma determinada massa de gás P1 · V1 = P2 · V2
ocupa um volume inversamente proporcional à pressão
exercida sobre ele.” Se o volume diminuir, aumenta o número de moléculas
por área. Assim, aumenta também o número de colisões
Essa transformação gasosa, cuja temperatura é mantida e a pressão.
constante, é denominada transformação isotérmica.

VIVENCIANDO
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O uso do gelo seco, muito comum em festas de aniversário e bailes noturnos, é um bom exemplo de transformações
físico-químicas.
O gelo seco não é feito de água, como o nome sugere, mas de gás carbônico (CO2), que é resfriado e comprimido
até sair do estado gasoso e ir para o estado sólido; então ele é realocado em um recipiente onde há uma pressão
constante. Quando ele é usado, devido à mudança brusca nas condições de temperatura e pressão exercidas sobre
o CO2, inicia-se um processo de sublimação.

79
3.2. Lei de Charles/Gay-Lussac Essa transformação gasosa, cujo volume é mantido
constante, é denominada transformação isocórica,
“À pressão constante, o volume ocupado por uma massa isométrica ou isovolumétrica.
fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura ab-
Observe a seguir a representação das relações entre pres-
soluta.”
são e temperatura:
Essa transformação gasosa, cuja pressão é mantida
constante, é denominada transformação isobárica.
As relações entre volume e temperatura estão representa-
das no esquema a seguir:

Graficamente:

Graficamente:

Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética


das moléculas. Com isso, aumenta também o número de
colisões e a força aplicada em uma determinada área,
isto é, a pressão.
A reta obtida é representada pela equação:
A reta obtida é representada pela equação: P = (constante) · T ou ​ P__ ​= (cte)
T
V = (constante) · T ou ​ V
__ ​= cte Assim:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

T P P
​__1 ​= ​__2 ​
Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética T1 T2
das moléculas. Dessa forma, ocorre um aumento do volu-
me para manter a pressão constante.
Assim:
V V
​  __1 ​ = ​  __2 ​
T1 T2

3.3. Lei de Gay-Lussac multimídia: vídeo


Fonte: Youtube
“A um volume constante, a pressão exercida por uma de-
terminada massa fixa de gás é diretamente proporcional à Transformação Isotérmica
temperatura absoluta.”

80
Observe no quadro a seguir um resumo das transformações e das leis que foram estudadas:
Transformação Volume Pressão Temperatura Lei Fórmula
Isotérmica Varia Varia Constante Boyle-Mariotte P`V = constante

Isobárica Varia Constante Varia Charles/Gay-Lussac ​ V ​ = constante


__
T
Isocórica Constante Varia Varia Gay-Lussac. __​ P ​ = constante
T

Observação: Os físicos experimentalistas franceses Jacques Charles (1746-1823) e Joseph Gay-Lussac (1778-1850) estu-
daram, de modo independente, as transformações isobáricas e isocóricas. A teoria elaborada para a transformação isocórica
é comumente chamada de lei de Gay-Lussac (ou lei de Charles/Gay-Lussac), e a teoria elaborada para a transformação
isobárica é chamada de lei de Charles. Devido a esse fato histórico, os nomes das leis para as transformações isobárica e
isocórica podem vir trocados em alguns livros. Para o vestibular, não é recomendável o uso do nome da lei; nesse caso, o
importante é se lembrar do tipo de transformação.

3.3.1. Gás ideal × Gás real 3.3.2. Equação geral dos gases
Um gás ideal é aquele cujo comportamento experimental A equação geral dos gases é aplicada quando ocorre uma
obedece às equações matemáticas vistas até aqui. Para que transformação gasosa que altera simultaneamente as três
isso ocorra, não devem existir interações entre as partículas
variáveis de estado (P, V e T). Ela é obtida pela relação ma-
gasosas. Na prática, o comportamento dos gases afasta-se
temática entre as transformações gasosas estudadas an-
do comportamento ideal. Verifica-se experimentalmente
que o comportamento de um gás aproxima-se do com- teriormente.
portamento ideal à medida que sua pressão diminui e a A equação é expressa por:
temperatura a que está submetido aumenta. Pressão baixa
significa pouca quantidade de gás, e alta temperatura signi- ​  P · ​
____ V = cte ä (para determinada massa fixa de gás).
T
fica que as partículas gasosas estão em grande velocidade. P V P2V2
Nessas condições, praticamente inexistem interações entre ou ____
​  1  ​1 = ____
​   ​
T1 T2
as partículas. Quanto maior a pressão e menor a tempera-
tura de um gás, mais ele se afasta do comportamento ideal. A equação geral dos gases permite conhecer o volume de um
Com efeito, na compressão dos gases é muito comum gás em determinadas condições de temperatura e pressão e
acontecer o seguinte (observe as setas no gráfico): determinar seu novo volume em outras condições de tem-
Se a pressão sobre o gás aumenta, seu volume diminui gra- peratura e pressão. Ela também é utilizada para determinar
dativamente até o ponto A, e o gás se liquefaz. temperaturas e pressões diferentes a partir de valores iniciais.
De A (gás) para B (líquido), seu volume reduz-se brusca-
mente. Aplicação do conteúdo
Em seguida, o gás praticamente não varia mais (B = C),
uma vez que os líquidos são pouco compressíveis. 1. Uma bolha de ar se forma no fundo de um lago, em
que a pressão é de 2,2 atm. A essa pressão, a bolha tem
Naturalmente, a partir de A, a lei de Boyle-Mariotte deixa volume de 3,6 cm3.
de ser válida.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Que volume terá essa bolha quando subir à superfície,


Nos isqueiros a volume de corpo transparente é possível na qual a pressão atmosférica é de 684 mmHg, admitin-
observar esse fenômeno do gás liquefeito. do-se que a massa de gás contida no interior da bolha e
a temperatura permanecem constantes?
Resolução:

81
2. Um balão selado, quando cheio de ar, tem volume de
50,0 m3 a 22 °C e a uma dada pressão. O balão é aqueci-
do. Assumindo-se que a pressão é constante, a que tem-
peratura estará o balão quando seu volume for 60,0 m3?
Resolução:

multimídia: site

· noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/
redacao/2013/05/28/clique-ciencia-por-que-o-vidro-e-
o-espelho-embacam.htm

3. Certo gás ocupa um volume de 100 litros a dada


phet.colorado.edu/sims/html/states-of-matter/latest/
pressão e temperatura. Qual o volume ocupado pela states-of-matter_pt_BR.html
mesma massa gasosa quando a pressão do gás se redu-
zir a 3/4 da inicial e a temperatura absoluta se reduzir em
2/5 da inicial?
Resolução:

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Massa de ar é um aglomerado de ar em determinadas condições de temperatura, umidade e pressão. As massas


de ar podem ser quentes ou frias. Em geral, as quentes se deslocam de regiões tropicais, e as frias se originam nas
regiões polares.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

As massas de ar podem ficar estacionadas por dias e até semanas. No entanto, ao se moverem provocam alteração
no clima, gerando choques entre massas de ar quente e frio: enquanto uma avança, a outra recua.
O encontro entre duas massas de ar de temperaturas diferentes dá origem a uma frente, isto é, a uma área de tran-
sição entre duas massas de ar. A frente pode ser fria ou quente. Uma frente fria ocorre quando uma massa de ar frio
encontra e empurra uma massa de ar quente, ocasionando nevoeiro, chuva e queda de temperatura.

82
DIAGRAMA DE IDEIAS

GÁS IDEAL

UMA AMOSTRA
PODE SOFRER

TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO


ISOTÉRMICA ISOCÓRICA ISOBÁRICA

EM QUE SE APLICA EM QUE SE APLICA EM QUE SE APLICA

LEI DE BOYLE LEI DE GAY-LUSSAC LEI DE CHARLES

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

83
Na mistura representada temos:
m m
nA = ___
​  A ​ e nB = ___
​  B ​
MA MB
1.1. Equação geral
MISTURAS GASOSAS Partindo de:

CN AULAS
13 E 14 A soma da quantidade em mol resulta:
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
P · V PB · VB ____
3, 6 e 7 8, 12, 18, 25 e 26
_____
​  A A ​ + _____
​   ​ = ​ P · V ​
R · TA R · TB R · T
Equação geral para a mistura gasosa:
PA · VA _____
P ·V P·V
1. Equação geral dos ​ ​ _____
TA
 ​ + ​  B  ​B = ​ ____
TB T
 ​ ​

gases numa mistura Para uma mistura qualquer, contendo dois ou mais
gases, a equação deve ser assim representada:
A mistura entre dois ou mais gases sempre constitui um
sistema homogêneo.
Sn = (n1 + n2 + n3 + ... + nn)
Inicialmente, considere dois recipientes: o primeiro deles
​ P1 · ​
_____ V1 _____
​  P2 ·  ​ ​  P3 · ​
V2 _____ V3 ​  Pn · ​
Vn P · V
contendo gás A, e o segundo, gás B. Em seguida, os dois + + + ... + _____ = ____
​   ​
T1 T2 T3 Tn T
gases são misturados em um terceiro recipiente, como
mostra o esquema:
Em que P1, V1, T1, P2, V2, T2, ... representam a situação inicial
de cada gás.

Exemplo
1. Um recipiente com N2 puro e outro com O2 puro, cujos vo-
lumes e pressões iniciais estão representadas neste esquema:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Aberta a torneira que separa os gases e mantida a tempe-


ratura, a pressão interna se estabiliza no valor de:
É possível estabelecer as seguintes relações para a mis-
tura gasosa: PN2 · VN2 + Po2 · Vo2 = (P · V) mistura

​ 13 ​
T = constante é 1 · 3 + 5 · 2 = P · (3 + 2) ä P = ___
5
ä P = 2,6 atm

84
VIVENCIANDO

Um aparelho de ar-condicionado funciona sob o princípio da troca de calor entre gases. Por isso, ele precisa ser
posicionado de maneira estratégica em qualquer ambiente para que o ar frio possa ter a maior circulação possível
trocando calor com o meio.
Se um ar-condicionado for colocado no chão de uma sala, ele não terá muita serventia, pois o ar frio não circulará
no ambiente e não trocará calor.
A composição dos gases também é importante quando se pensa na escolha de um gás para preencher os vazios em
uma embalagem de algum produto no supermercado. Se uma embalagem com um produto perecível for preenchida
por uma solução de ar atmosférico, provavelmente esse produto entrará em processo de decomposição. Como solu-
ção, as indústrias utilizam uma mistura de gases inertes para preencher as embalagens, evitando reações químicas
e a oxidação do alimento.

2. Pressão parcial Somando as três equações acima, obtém-se a pressão total


do sistema:
Numa mistura gasosa, a pressão parcial de um gás cor- (pA + pB + pC) · V = (nA + nB+ nC) · R · T
responde à pressão que esse gás exerceria caso estivesse
PTOTAL ∙ V = nTOTAL ∙ R ∙ T
sozinho ocupando o mesmo volume e à mesma tempera-
tura da mistura. Como é possível observar, a pressão total é diretamente pro-
O cientista inglês John Dalton (1766-1844) estudou de- porcional à quantidade de matéria, mostrando que quanto
tidamente o comportamento das misturas gasosas, como mais partículas de gases houver, maior será a pressão parcial
nos casos de fenômenos meteorológicos e da composição de cada gás e, consequentemente, maior será a pressão total.
do ar atmosférico. Em 1801, Dalton propôs uma lei basea-
da em algumas conclusões referentes à pressão parcial que 3. Volume parcial
cada gás exerce dentro de uma mistura.
Um conceito análogo ao da pressão parcial é o do volume par-
cial: o volume parcial de um gás numa mistura gasosa corres-
A pressão total do sistema corresponde à soma das
ponde ao volume que esse gás ocuparia caso estivesse sozinho
pressões parciais exercidas por cada um dos gases que
compõem a mistura.
submetido à pressão P da mistura, na temperatura T da mistura.
A conclusão acima é denominada Lei de Dalton. Mate- O químico francês Émile Amagat (1841-1915) desenvol-
maticamente, tem-se: veu um estudo sobre o comportamento dos gases em uma
mistura gasosa. O estudo ressaltou o espaço (volume) que
PTOTAL = P1 + P2 + P3 + ... + Pn ou PTOTAL = Sp
os gases ocupavam na mistura gasosa. Para realizar esse
No estudo das misturas gasosas, o aspecto qualitativo (tipo estudo, Amagat não alterou a temperatura nem a pressão
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

exercida sobre a mistura e chegou à seguinte conclusão:


de gases que estão presentes) normalmente não é abor-
dado, somente o quantitativo (quanto de cada gás está O volume que um gás ocupa em uma mistura gasosa
presente), pois o que importa é a quantidade de matéria é exatamente igual à soma dos volumes parciais de to-
ou o número de moléculas do gás. A pressão exercida dos os gases que compõem a mistura.
pela mistura gasosa está diretamente relacionada A conclusão acima é denominada Lei de Amagat. Ma-
à quantidade de partículas de cada gás. tematicamente, tem-se:
Utilizando a equação de gases ideais, considere uma mis- VTOTAL = V1 + V2 + V3 + ... + Vn ou VTOTAL = Sv
tura gasosa formada pelos gases A, B e C, a certa tempera-
tura T, num recipiente de volume V. A pressão de cada um
Observe que o que está escrito para o volume parcial é
dos gases dentro da mistura será dada por:
idêntico ao que se escreve para a pressão parcial. Basta
pA · V = nA · R · T trocar as palavras “pressão” por “volume” e vice-versa.
pB · V = nB · R · T
pC · V = nC · R · T

85
4. Fração molar molar é adimensional e é sempre um número menor que
1. A soma das frações molares de cada gás numa mistura
Relacionando a pressão parcial de um gás A com a pres- é sempre igual a 1:
são total da mistura e tirando a razão entre eles, tem-se:
n n n n
Para o gás A: PA · V = nA · R · T XA + XB + XC + ... = ____
​ n A  ​ + ____
​ n B  ​ + ____
​ n C  ​+ ... = ____
​ nTOTAL ​= 1
TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

Para a mistura: PTOTAL ∙ V = nTOTAL ∙ R ∙ T


V
A razão ____
​  A  ​ é denominada fração volumétrica, que cor-
VTOTAL
P
____ n
​  A  ​ = ____
​ n A  ​ responde a um quociente entre um volume do gás e o
PTOTAL TOTAL
volume total da mistura. Essa razão também é adimen-
Fazendo relação idêntica com o volume parcial, tem-se: sional e a soma das frações volumétricas também é igual a 1.
Para o gás A: P · VA = nA · R · T A fração em quantidade de matéria (ou molar) pode ser
Para a mistura: P ∙ VTOTAL = nTOTAL ∙ R ∙ T expressa em porcentagem, ou seja, quando o valor dela é
multiplicado por 100.
V
____ nA
​  A  ​ =​ ____ ​ Reunindo todas as relações anteriores, tem-se:
VTOTAL nTOTAL
n n P V
A razão n____
​  A  ​é denominada fração molar (X), que cor- XA = ____
​ n A  ​ = ____
​  A  ​= ____ ​ % em volume
​  A  ​ = ____  ​
TOTAL TOTAL PTOTAL VTOTAL 100%
responde a um quociente entre uma quantidade de
mol e a quantidade total de mol da mistura. A fração

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Sabe-se que toda a matéria é regida por leis da natureza. Com os gases não é diferente. Misturas gasosas estão
sujeitas a diferentes comportamentos de acordo com suas características físico-químicas, como a temperatura ou
a composição.
Nesse sentido, quando se conhecem informações importantes da matéria com a qual se está lidando, é possível
planejar seu uso de forma consciente. Por exemplo, o conhecimento de que gases em altas temperaturas possuem
tendência a subir em um plano e de que gases em baixas temperaturas têm tendência a descer explica muitos fatos
da natureza.
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

nco 0,15
a) xco2 = ____ ​  n  ​ = ____
2
​   ​= 18,75%
Aplicação do conteúdo no 0,4
T 0,8
xo = ____
​  n  ​ = ___
2
​   ​= 50,0%
2 T 0,8
1. 0,15 mol de CO2, 0,25 mol de CH4 e 0,4 mol de O2
nCH 0,25
são colocados em um balão de 41 litros e mantidos a xCH = ____ ​  n  ​ = ​ ____ ​= 31,25%
4

–23 ºC. Calcule:


4 T 0,8

a) as frações molares de cada gás; b) PV = nRT ä P · 41 = 0,8 · 0,082 · (–23 + 273)


b) a pressão da mistura em atm; P = 0,4 atm
c) as pressões parciais de cada gás em atm. c) pco = xco · P ä pco = 0,1875 · 0,4 = 0,075 atm
2 2 2

Resolução: pco = xco · P ä pco = 0,5 · 0,4 = 0,2 atm


2 2 2

nT = 0,15 + 0,25 + 0,4 = 0,8 mol pCH = xCH · P ä pCH = 0,3125 · 0,4 = 0,125 atm
4 4 4

86
2. O ar é formado, aproximadamente, por 78% de nitro- pN
___
​   ​ = ___ ​  78  ​ ä pN = 592,8 mmHg
2
gênio (N2), 21% de oxigênio (O2) e 1% de argônio (Ar)
760 100 2
em volume. Pede-se para calcular: po
___
​   ​ = ___ ​  21  ​ ä po = 159,6 mmHg
2
a) as frações molares dos componentes do ar; 760 100 2
b) suas pressões parciais ao nível do mar, onde a pressão P
___ ​  1  ​ ä pAr = 7,6 mmHg
​   ​ = ___
Ar
atmosférica (pressão total) é 760 mmHg. 760 100
Resolução: Note que:
P = 592,8 + 159,6 + 7,6 ä P = 760 mmHg
a) Cálculo das frações molares em mol
vi % em volume
xi = __
​   ​ = ___________
​   ​
Vi 100
​  78  ​= 0,78
xN = ___
2 100

xo = ___ ​  21  ​= 0,21


2 100

xAr = ___​  1  ​= 0,01


100 multimídia: site
b) Cálculo das pressões parciais
pi vi % volume
Lembrando que __​   ​ = ​ __ ​ = ________
​   ​ http://www.usp.br/qambiental/tefeitoestufa.htm
P V 100

DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA GASOSA

APRESENTA

PORCENTAGEM
PRESSÃO PARCIAL EM MOL

A SOMA DE
TODAS OBEDECE À PORCENTAGEM
EM VOLUME

LEI DE DALTON VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


FORNECE A

VOLUME PARCIAL

A SOMA DE
TODOS OBEDECE À

LEI DE AMAGAT

FRAÇÃO EM MOL

TAMBÉM CHAMADA

FRAÇÃO EM QUAN-
TIDADE DE MATÉRIA

87
 ​Observe que a relação entre as densidades de dois gases é
igual à relação entre suas massas molares.
O conhecimento da densidade relativa de um gás em rela-
ção ao ar atmosférico permite prever se um gás tende a ficar
DENSIDADE DOS na parte inferior ou superior da atmosfera. Os gases com

GASES, EFUSÃO E
densidades maiores que a densidade do ar tendem a ocupar
a parte inferior da atmosfera; os que apresentam densidades
DIFUSÃO GASOSA menores tendem a ocupar as camadas superiores.
Como o ar é uma mistura de gases, ele apresenta uma mas-
sa molar média cujo valor é de 28,9 g/mol. Portanto, a den-
sidade de um gás A em relação ao ar atmosférico é dada
pela expressão:

CN AULAS MA
dA, Ar = ___________
​   ​
28,9 g · mol–1
15 E 16
COMPETÊNCIA(s) HABILIDADE(s)
3e7 8, 12, 25 e 26

1. Densidade dos gases multimídia: vídeo


A densidade é uma grandeza que relaciona a massa e o Fonte: Youtube
volume ocupado por determinada amostra de matéria. É
MAG - 2/14 - Efeito Estufa
representada matematicamente pela expressão: d = __ ​ m ​.
V
É possível calcular a densidade de um gás mediante essa
expressão, mas, em razão de o volume de um gás ser facil-
mente afetado pelas condições de pressão e temperatura Aplicação do conteúdo
nas quais se encontra, o cálculo de sua densidade deve
1. Nas condições normais de temperatura e pressão, a
considerar os valores dessas grandezas.
massa de 22,4 litros do gás X2 (X = símbolo do elemento
Relacionada a expressão d = __ ​ m ​com a equação de Cla- químico) é igual a 28,0 gramas.
V
peyron, obtém-se a equação: a) Calcular a densidade desse gás nessas condições.
​ P · M ​
d = ____ b) Qual a massa atômica do elemento X?
R·T
Resolução:
Essa equação permite calcular a densidade de um gás em
qualquer condição de pressão e temperatura. a) Como o problema fornece os valores da massa e
do volume ocupado pelo gás, sua densidade pode ser
Caso um gás se encontre nas condições normais de pres- ​ m ​:
calculada pela expressão d = __
V
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

são e temperatura, sua densidade pode ser calculada 28 g


pela expressão: ​ m ​ = ​ _____​ ä d =1,25 g ∙ L–1
d = __
V 22,4 L
​  M
d = ___________  ​ b) O gás encontra-se nas CNTP e ocupa o volume
22,4 L · mol–1 de 22,4 litros, o que mostra que a amostra gasosa é
Chama-se densidade relativa de um gás em relação a ou- formada por um mol de moléculas. Assim, 28 gramas
é a massa molar do gás, isto é, a massa de um mol de
tro a relação entre suas densidades.
moléculas X2. A massa de um mol de átomos X é 14
d
dA, B = __
​  A ​ gramas. Como a massa molar e a massa atômica são
dB definidas pelo mesmo número, a massa atômica do
​ P · M ​ , obtém-se:
Substituídos dA e dB pela expressão d = ____ elemento X é 14 ou 14 u.
R ·T
2. Um gás, que está inicialmente a uma pressão de 1 atm
_____P · MA e temperatura de 273 K, sofre uma transformação de es-
​   ​ M
​  R · T  ​ = ​ ___A
dA, B = _____ tado adquirindo uma pressão de 3 atm e temperatura
P · MB MB de 546 K. Com relação à densidade inicial, a densidade
​ _____ ​ final é:
R·T

88
a) 1,5 vezes maior. Comparados os dois gases A e B, em iguais condições de
b) 3 vezes maior. temperatura e pressão, obtém-se a seguinte relação entre
c) 2 vezes maior. suas velocidades:
d) 2,5 vezes maior.
d
V XXd
e) 3,5 vezes maior. __
​  A ​= ​ ​ __B ​ ​
VB dA
Resolução:
Da qual dB, A é a densidade relativa do gás B em relação
ao gás A.
​ P · M ​ ä di = ______
di = ____ ​  1 · M  ​ M
R·T R · 273
Se dB, A = ___
​  B ​, essa expressão pode ser escrita como:
MA
df = ____ ​  3 · M  ​
​ P · M ​ ä df = ______
d
R·T R · 546 V M
XXX
​ ​ __A ​= ​ ​ ___B ​ ​ ​ ​
3
______· M VB MA
d ​ R · 546 ​
__
​  f ​ = ______
​   ​ ä df = __​ 3 ​ di Lei de Graham: a velocidade de escoamento de um gás é in-
di ______ ​  M  ​ 2
R · 273 versamente proporcional à raiz quadrada de sua densidade.
Essa lei é válida tanto para difusão quanto para efusão.
Alternativa A

2. Difusão e efusão Aplicação do conteúdo


A difusão gasosa é o processo espontâneo de transporte 1. Metano (CH4) começa a escapar por um pequeno ori-
fício com uma velocidade de 36 mL/min. Se o mesmo
de massas gasosas num sistema. As moléculas se movem recipiente, nas mesmas condições, contivesse brometo
espontaneamente, de maneira que o gás sempre ocupe o de hidrogênio (HBr), qual seria a velocidade de escape
maior volume possível. pelo mesmo orifício?
Difusão de um gás no vácuo Resolução:
Lei de Graham:
MCH
XXXX
VHBr
___
VCH
4
d
​   ​= ​ ​ ____ ​ ​
4
MHBr
MCH = 16 g/mol
4
MHBr = 81 g/mol
___
VHBr VHBr 4
___
36 √
​  16 ​ ​ ä ___
​   ​= ​ ___
81
​   ​ = ​ __
36 9
​ 4 · 36
 ​ ä VHBr = _____
9
 ​

VHBr = 16 mL/min

Difusão de dois gases que formam mistura homogênea: 2. (Mackenzie) A velocidade de difusão do gás hidrogê-
nio é igual a 27 km/min, em determinadas condições de
pressão e temperatura (massas atômicas: H = 1; O = 16).
Nas mesmas condições, a velocidade de difusão do gás
oxigênio em km/h é de:
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) 4 km/h. d) 240 km/h.


b) 108 km/h. e) 960 km/h.
c) 405 km/h.
Resolução:
Usando a fórmula que relaciona a velocidade de difusão dos ga-
A efusão é o escoamento espontâneo das molé- ses com as suas respectivas massas molares, tem-se:
____


culas gasosas através de orifícios, como um gás que VH MO ___
___
atravessa paredes porosas ou tubos capilares na separa-
___2 ____
​   ​= ​ ​ 
VO MH
2 27
VO √ ​ 32 ​ ​ → ___
 ​ ​ → ​   ​ = ​ ___
___
2
​  27  ​ = √
VO
​  27  ​= 4
​ 16 ​ → ___
VO
ção de misturas gasosas ou que atravessa tubos de secção 2 2 2 2 2

constante na passagem de um recipiente a outro. VO = 6,75 km/min


2
Nas mesmas condições de temperatura e pressão, um gás Passando para km/h, tem-se:
com maior densidade possui velocidade menor que a de VO = 6,75 . 60 = 405 km/h
2
outro gás com menor densidade.
Alternativa C

89
VIVENCIANDO

Um aroma agradável e conhecido por muita gente é o cheiro de chuva. Esse odor agradável tem uma explicação quí-
mica. Aquela fragrância estranha que aparece depois de uma chuvarada, especialmente nas áreas rurais, é causada
por uma actinobactéria. Com o impacto dos pingos d’água, as partículas que repousam na faixa externa de terra são
impulsionadas para o ar e se misturam com o vapor em suspensão, gerando uma espécie de spray úmido. Além de
gotículas de água, esse spray também contém minúsculos grãos de terra e colônias de Streptomyces, um gênero de
bactéria que cresce naturalmente no solo com umidade. Nas épocas de seca, a Streptomyces entra em uma espécie
de hibernação, que os cientistas denominam estado de latência. “Nessa fase, a bactéria continua viva, mas não se re-
produz porque não há umidade suficiente”, afirma o engenheiro agrônomo Miguel Angelo Maniero, da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar). Quando chega a chuva, a água ativa a capacidade reprodutiva da Streptomyces,
fazendo com que ela libere no ar milhares de células reprodutoras, chamadas de esporos. Além de gerar novos seres,
o processo de reprodução faz com que os esporos exalem o característico odor da chuva.
Um fato curioso é que esses odores penetram com muito mais facilidade quando estamos em ambientes úmidos se
comparado com os ambientes secos, por isso a umidade relativa do ar é uma das grandes responsáveis pelos odores agra-
dáveis que sentimos. Abaixo, uma imagem do composto responsável pelo cheiro, também conhecido como Geosmina.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Nesse artigo de Mundo Estranho, mostra-se como o gás do riso e sua alta capacidade de efusão no organismo rea-
gem e como a nossa biologia é afetada.
mundoestranho.abril.com.br/saude/como-o-gas-do-riso-age-no-corpo/
VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

90
DIAGRAMA DE IDEIAS

GASES

CONTÊM

RELACIONADA COM A

MASSA MOLAR DENSIDADE

QUE É
RELACIONADA COM A

VELOCIDADE DE EFUSÃO

+ TEMPERATURA GASES MENOS DENSOS

GASES COM MAIOR


- MASSA MOLAR
VELOCIDADE DE EFUSÃO

VOLUME 2  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

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ANOTAÇÕES

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