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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A
seguir, apresentamos cada seção:

incidência do tema nas principais provas vivenciando

De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas
o território nacional. para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em
teoria seu dia a dia.

Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção


tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas aplicação do conteúdo
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados,
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer
momento, as explicações dadas em sala de aula.
multimídia
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com áreas de conhecimento do Enem
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
o conhecimento do nosso aluno. Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
conexão entre disciplinas -las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos diagrama de ideias
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
grande engrenagem no mundo em que ele vive. ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.

Herlan Fellini

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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Emily Cristina dos Ouros
Murilo de Almeida Gonçalves

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Imagens
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)

ISBN: 978-65-88825-03-7

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o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos
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sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

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SUMÁRIO
ENTRE FRASES
Aula 9: Estratégias argumentativas II 4
Aula 10: Proposta de intervenção I: composição 9
Aula 11: Proposta de intervenção II: os agentes da intervenção 17
Aula 12: Conclusão 23
Aula 13: Coesão sequencial 26
Aula 14: Coesão referencial 34
Aula 15: Progressão temática 39
Aula 16: Título 43
Aula 17: Coerência textual 45
Redações extras 49

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AULA ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS II
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ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS II:


Argumento De Autoridade / Referência / Alusão Histórica / Comparação
Dando continuidade à aula anterior, conheceremos nesse capítulo mais alguns modos de se constituir estratégias argumenta-
tivas para a composição dos parágrafos centrais de uma redação. Não custa lembrar que, aqui, ainda estamos conduzindo a
construção de parágrafos argumentativos a partir da estratégia de criação de um tópico frasal. E como também foi dito na aula
anterior, o tópico frasal não é o único modelo de introdução de parágrafos existente, mas ainda assim é um
modelo cujos recursos precisam ser praticados para que, em momento posterior, o estudante possa fazer uso
de técnicas mais elaboradas.

1. Argumento de autoridade
Em uma redação, o argumento de autoridade é um recurso de composição que consiste em sustentar a opinião a respeito
de um assunto evidenciando também conhecimentos expressos por alguém que possui domínio técnico ou teórico sobre
o tema apresentado. Usualmente, empregam-se conceitos de várias áreas do conhecimento para legitimar os argumentos,
como a filosofia, a sociologia, a história, a geografia entre outras.
É importante lembrar que uso dessa estratégia deve ser feito com cuidado, pois é necessário sempre verificar se o argumento apre-
sentado realmente pode ser relacionado ao conceito/informação expresso pelo teórico ou especialista apresentado. Em alguns ca-
sos, o argumento de autoridade pode ser retirado de textos presentes na própria coletânea que acompanha a proposta de redação.
Veja abaixo diferentes tipos de emprego do argumento de autoridade:
A) Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a própria cidadania do indivíduo.
Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consis-
te na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha melhor para a comunidade, demandan-
do ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não
possuam um pleno conhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum
– já que suas fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a ma-
nipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate, também, ao individualismo e do zelo pelo bem grupal.
TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2018

B) Somado a isso, tendo em vista a capacidade dos algoritmos de selecionar o que vai ou não ser lido, estes podem ser
usados para moldar interesses pessoais dos leitores, a fim de alcançar objetivos políticos e/ou econômicos. Nesse cenário, a
divulgação de notícias falsas é utilizada como artifício para dispersar ideologias, contaminando o espaço de autonomia pre-
visto pelo sociólogo Manuel Castells, o qual caracteriza a internet como ambiente importante para a amplitude da democra-
cia, devido ao seu caráter informativo e deliberativo. Desse modo, o controle de dados torna-se nocivo ao desenvolvimento
da consciência crítica dos usuários, bem como à possibilidade de uso da internet como instrumento de politização.
TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2018

C) Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico como um atentado às instituições democráticas. Isso porque
a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena suas escolhas em eleições e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo
tende a agir segundo o conceito de menoridade, do filósofo iluminista Immanuel Kant, no qual as decisões pessoais são
tomadas pelo intelecto e influência de outro. Evidencia-se, assim, que o domínio da seletividade de informações nas redes
sociais, como Facebook e Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático.
TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2018

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D) Nessas circunstâncias, deve-se ressaltar a importância econômica da problemática. Em face disso, Adorno traz em seus
trabalhos o conceito de Indústria Cultural, em que há uma objetificação do homem pela mídia, passando este a seguir os
comportamentos ditados pela seara midiática. Seguindo essa linha de pensamento, as empresas que utilizam os dados dos
usuários presentes na Internet para promover seus produtos estariam interessados não no bem-estar do indivíduo, mas nas
benesses econômicos, promovendo a circulação de ideias e mercadorias com ausência de um conteúdo crítico, permitindo
com isso a massificação desses comportamentos. Dessa maneira, entende-se essa questão como uma problemática cuja
resolução deve ser imediata.
TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2018

E) Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a inobservância estatal, uma vez que o governo nem
sempre cobra das instituições de ensino a existência de aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras – além
da avaliação do português escrito como segunda língua. De acordo com Habermas, incluir não é só trazer para perto, mas
também respeitar e crescer junto com o outro. A frase do filósofo alemão mostra que, enquanto o Estado e a escola não
garantirem direitos iguais na educação dos surdos – com respeito por parte dos professores e colegas – tal minoria ainda
estará sofrendo práticas discriminatórias.
TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2017

2. Referência
A argumentação por referência tem como característica a movimentação de repertório de cultural, em campo simbólico. Em
termos mais práticos, é quando nos valemos de referências ou citações que encontramos em obras literárias, cinematográ-
ficas, teatrais, entre outras (obras que se ligam a um campo mais ficcional, embora essa fronteira possa ser problematizada
pelo fato de existirem obras literárias enquadradas no gênero diário). Trata-se de um recurso que deve ser usado com par-
cimônia, vinculando adequadamente um dado que encontramos, por exemplo, em um texto literário, a um fato de nossa
realidade material. Quando bem usado, o recurso da referência evidencia a capacidade que o candidato possui de relacionar
um elemento artístico a sua experiência de mundo.
Veja abaixo diferentes tipos de emprego de referências. Leia-as com atenção e perceba a conexão que os autores estabele-
cem entre os exemplos da ficção e as ideias trabalhadas:
a) Em primeiro plano, a liberdade dos cidadãos de terem suas próprias opções é prejudicada por essa mazela. Dessa forma,
é imprescindível citar que no livro 1984, de George Orwell, o “Grande Irmão” observa e controla o comportamento do
corpo social por meio de uma “teletela“. Sob essa ótica, a internet manipulada tem papel parecido no período atual,
em que o internauta fica refém de imagens, de notícias e de assuntos baseados em algoritmos definidos por programas de
computador. Desse modo, o indivíduo, majoritariamente, tem apenas uma falsa sensação de liberdade, uma vez que torna-se
alienado pela rede e não tem verdadeira capacidade de escolha.
(TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2018)

b) Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade ciberné-
tica. Ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as
mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror,
por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades
para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da
indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público,
para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível.
(TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2018)

3. Alusão histórica
O recurso da alusão histórica consiste, como o próprio nome indica, em fornecer algum dado/registro histórico que auxilie
na composição de um argumento. A informação incorporada ao texto deve contribuir para a criação de uma linha lógica (e
cronológica) entre o fato pregresso apresentado e o contemporâneo que se deseja discutir. Trata-se de uma estratégia que
pode valorizar o texto do candidato, desde que se observem alguns fatores:

ƒ Cuidado com “saltos” históricos muito amplos: ao fazer uma alusão histórica, deve-se tomar cuidado em não vin-
cular o tema que se discute a um fato histórico muito distante, sem que se estabeleçam adequadamente as informações

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que permitiriam ao leitor estabelecer uma linha coerente entre os eventos. Não se trata aqui de dizer que é “impossível”
estabelecer ligações entre um evento ocorrido, por exemplo, na Idade Média e algo de nossa vivência mais atual; mas
nesse caso faz-se necessário explicitar maior número de fatos que deixem mais clara a conexão.
ƒ Cuidado com a apresentação de fatos históricos esvaziados de sentido: evite fazer referências históricas evasivas,
em que não são explicitados os dados que farão conexão com o momento presente. Citações como “Desde a era paleolí-
tica”, “Desde os tempos mais remotos” ou “Desde os primórdios”, além de abarcarem períodos históricos muito extensos
(ou não definidos), não permitem ao leitor encontrar referências claras para as conexões com o momento presente.
Veja os exemplos abaixo e observe de que modo os dados históricos se relacionam às ideias do autor:
a) Vale ressaltar, também, que a exclusão vivenciada por deficientes auditivos no país evidencia práticas históricas de pre-
conceito. A respeito disso, sabe-se que, durante o século XIX, a ciência criou o conceito de determinismo biológico, utilizado
para legitimar o discurso preconceituoso de inferioridade de grupos minoritários, segundo o qual a função social do indiví-
duo é determinada por características biológicas. Desse modo, infere-se que a incapacidade associada hodiernamente aos
deficientes tem raízes históricas, que acarreta a falta de consciência coletiva de inclusão desse grupo pela sociedade civil.
(TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2017)

b) Ademais, a influência de milhares de usuários se dá pela negligência e abuso de poder governamental. Durante a Era
Vargas, a manipulação comportamental dos brasileiros foi uma realidade a partir da criação do Departamento de Imprensa
e Propaganda que possuía a função de fiscalizar os conteúdos que seriam divulgados nos meios de comunicação usando o
controle da população. Nos dias atuais, com o auxílio da internet, as pessoas estão mais expostas, uma vez que o governo
possui acesso aos dados e históricos de navegação que possibilitam a ocorrência de uma obediência influenciada
como ocorreu na Era Vargas. Desse modo, urge a extrema necessidade de alterações estruturais para a ocorrência de
uma liberdade comportamental de todos.
(TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2018)

4. Comparação
O recurso da comparação é bem simples, e consiste em estabelecer semelhanças e diferenças entre fatos / elementos e,
a partir disso, chegar a uma conclusão. A comparação é marcada por um processo de intencionalidade, em que se deseja
evidenciar pontos comuns ou distorções, a fim de embasar um argumento. Vejamos um exemplo:
Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já acontece em países
como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas abusivas e inadequadas.
(TRECHO RETIRADO DA REDAÇÃO NOTA 1000 DO ENEM 2014)

EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: Determine as estratégias argumentativas utilizadas nos parágrafos abaixo.
a. Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais,
a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação. Isso
por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades
humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.
b. Não é, no entanto, responsabilidade única do Estado a atual situação da publicidade infantil brasileira. Como afirmou Sér-
gio Buarque, em sua obra “Raízes do Brasil”, os brasileiros estão acostumados a tratarem o Estado como um pai, deixando
todas as questões político-sociais em suas mãos. Com a finalidade de proteger suas crianças, cabe aos pais abandonar essa
característica patrimonialista e exigir mudanças, sem depender de governo ou de agências publicitárias.

c. Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator preponderante para
a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito não é algo recente na história da
humanidade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo jogadas de penhascos. O
preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na sociedade atual, calcada na ética utilitarista, que considera
inútil pessoas que, aparentemente menos capacitadas, têm pouca serventia à comunidade, como é o caso dos surdos.
Os deficientes auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade intelectual, sendo

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excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso à educação, mas também à posterior entrada
no mercado de trabalho.

d. Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma barreira para a capacitação pedagógica do
surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se formar e tornar-se escritora – definia a tolerância como o maior pre-
sente de uma boa educação. O pensamento de Helen não tem se aplicado à sociedade brasileira, haja vista que não se tem
utilizado a educação para que se torne comum ao cidadão a proximidade com portadores de deficiência auditiva, como aulas
de LIBRAS, segunda língua oficial do Brasil. Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado pela inexperiência dos
indivíduos em lidar com a mescla que forma o corpo social a que possuem.

e. Em segundo lugar, é necessário compreender que o sufrágio é apenas o último estágio de um processo social e político
muito mais amplo, que envolve a formação do cidadão, o comprometimento das pessoas com a comunidade e, em última
instância, culmina na escolha de candidatos preparados para a administração pública. Em países exemplos de gestão políti-
ca, como a Noruega e o Canadá, nota-se o alto grau de esclarecimento político da população e sua participação ativa na
manutenção do bem-estar coletivo, características pouco observadas no Brasil.
EXERCÍCIO 2: Com base nas informações disponibilizadas, complete os parágrafos iniciados abaixo.

A) COMPARAÇÃO

DADOS: BATTELLE MEMORIAL INSTITUTE (OHIO, EUA) HTTPS://VOYAGER1.NET/CIENCIA/QUEDA-DE-INVESTIMENTO-EM-CIENCIA-NO-BRASIL/

No Brasil, o investimento em ciência ainda deixa a desejar. ...................................................................................................


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B) ALUSÃO HISTÓRICA
O Brasil começou a investir em rodovias ao longo do século XX. O auge dessa política veio com o Governo JK, pois o processo
de industrialização do Brasil, naquela época, demandava uma maior integração territorial, o que incluía, sem dúvidas, uma
rede de transporte articulada por todo o território nacional. Nesse sentido, Juscelino Kubitschek trouxe para o país a indús-
tria automobilística, construiu a capital Brasília no interior do espaço brasileiro e promoveu a construção de várias rodovias
importantes, essas ocupando praticamente todo o orçamento então destinado a transportes terrestres.
HTTPS://MUNDOEDUCACAO.BOL.UOL.COM.BR/GEOGRAFIA/RODOVIARISMO-NO-BRASIL.HTM (ACESSADO EM 11.03.2019)

A predominância de um sistema rodoviário num país de dimensões continentais como o Brasil consiste num erro histórico.
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C) REFERÊNCIA
Amara-o a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predomina-
va em ambos, depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vicio que amaldiçoamos sem poder largá-lo;
mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranquila seriedade de animal bom e forte, o sangue
da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior.
O CORTIÇO. ALUÍSIO AZEVEDO.
Boa parte do preconceito racial existente nos dias de hoje é reflexo da reprodução negativa de uma inferioridade racial
atribuída aos negros ..............................................................................................................................................................
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AULA PROPOSTA DE
10 INTERVENÇÃO I: COMPOSIÇÃO

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO I - COMPOSIÇÃO


Nesta e na próxima aula, abordaremos – detalhadamente – quais são as principais características da proposta de interven-
ção do ENEM. O objetivo é que você possa aprender a redigir uma intervenção extremamente organizada e que contemple
todas as exigências da banca elaboradora do exame.
Para isso, nessa aula você conhecerá as principais características da estrutura da intervenção, bem como seus
elementos de composição. O objetivo dessa primeira etapa é apresentar o modo mais utilizado pelos candidatos para a
elaboração de sua intervenção, tendo em vista que ela geralmente é apresentada no parágrafo de conclusão. Na próxima
aula, você poderá conhecer mais afundo os agentes da intervenção e suas possíveis ações.

I) CARACTERÍSTICAS DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO DO ENEM


Sabemos que a competência 5 do ENEM refere-se a proposta de intervenção. Essa avaliação verifica se o aluno é capaz de
propor uma medida concreta para o problema discutido ao longo da redação. Para tanto, é preciso que esteja muito claro
na intervenção quem e quais são:
a) os responsáveis por realizar a ação (os atores sociais)
b) a ação a ser realizada e seu detalhamento (ação)
c) o modo com essa ação será implantada (meios)
d) a finalidade dessa ação. (efeitos/fins)

O manual de redação do ENEM 2018 define com clareza como essa relação é
estabelecida:
“A proposta de intervenção deve refletir os conhecimentos de mundo de quem a redige e, quando muito bem elaborada,
deve conter não apenas a exposição da ação interventiva sugerida, mas também o ator social competente para execu-
tá-la, de acordo com o âmbito da ação escolhida: individual, familiar, comunitário, social, político, governamental e mundial.
Além disso, a proposta de intervenção deve conter o meio de execução da ação e seu possível efeito, bem como o
algum outro detalhamento.
Em outras palavras podemos compreender essa exigência do seguinte modo:

ATOR – QUEM vai fazer a ação proposta?


AÇÃO – O QUE vai ser feito?
MEIO – COMO essa ação será realizada?
FINALIDADE – PARA QUE essa ação serve?
DETALHAMENTO - Qual desses elementos posso detalhar?
Os exemplos abaixo, retirados de redações com nota mil do ano de 2018, ajudam a compreender o modo como a avaliação
é realizada e como o detalhamento é exigido:
Com o intuito de amenizar essa problemática, o Congresso Nacional deve formular leis que limitem esse assédio comercial
realizado por empresas privadas, por meio de direitos e punições aos que descumprirem, a fim de acabar com essa imposição
midiática. As escolas, em parceria com as famílias, devem inserir a discussão sobre esse tema tanto no ambiente doméstico

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quanto no estudantil, por intermédio de palestras, com a participação de psicólogos e especialistas, que debatam acerca de
como agir “online”, com o objetivo de desenvolver, desde a infância, a capacidade de utilizar a tecnologia a seu favor. Feito
isso, o conflito vivenciado na série não se tornará realidade.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

Diante desse panorama, antes que a internet seja transformada em instrumento de manipulação, é preciso intervir. Logo,
cabe ao Ministério da Educação abordar a importância dos múltiplos pontos de vista na esfera virtual, mediante palestras,
projetos e debates, a fim de mitigar a homogeneização das manifestações individuais, uma vez que o convívio social implica
diálogo e consenso. Além disso, faz-se necessário que o Estado amplie a fiscalização do uso de informações pessoais por
corporações políticas e empresariais, por intermédio da criação de órgãos de denúncia online, os quais inserirão os usuários
nesse processo, com a finalidade de controlar o domínio elitista sobre os limites e possibilidades do indivíduo. Desse modo, o
Brasil poderá vivenciar aquilo que o Marco Civil determinou: igualdade e segurança no paralelo universo virtual, indissociável
da realidade do século XXI.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

Com base nessas informações, veremos de que maneira podemos organizar nosso parágrafo de conclusão para contemplar
todas essas características. É importante dominar muito bem a estrutura do parágrafo e as exigências do ENEM para garantir
uma nota máxima na competência 5.

II) ESTRUTURA DO PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO COM PROPOSTA DE INTERVENÇÃO


Embora a intervenção do ENEM exija todos esses elementos para ser bem avaliada, é fundamental considerar que o parágra-
fo de intervenção necessita de uma estrutura que garanta sua função de conclusão. Em outras palavras, não basta apresentar
a intervenção diretamente: é preciso mostrar ao leitor como aquela intervenção se articula com o restante do texto. Por isso,
apresentamos a seguir os elementos estruturais ideais da conclusão para que o candidato cumpra as exigências da
competência 5 e consiga articulá-las bem com o restante da redação. Você verá que o parágrafo de conclusão também se
articula com uma pequena introdução, desenvolvimento e conclusão.

1. RETOMADA DO PROBLEMA (INTRODUÇÃO)


Para garantir a coesão entre os parágrafos, recomenda-se que o candidato redija um primeiro período que retome o proble-
ma abordado no texto sem muito detalhamento. A função desse período é estabelecer conexão entre a discussão feita e a
resolução que será apresentada em seguida. Para isso, é importante que o período seja iniciado por elementos (conjunções/
pronomes) capazes revelar ao leitor tal conexão. Veja os exemplos abaixo:

Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização...
É possível defender, portanto, que impasses econômicos e sociais constituem desafios a superar. Para tanto, o Poder
Público...
Fica claro, portanto, que medidas são necessárias a fim de atenuar a manipulação do comportamento do usuário pelo
controle de dados na internet. Logo, é imperativo que o Ministério da...
Portanto, fica evidente a necessidade de combater o uso de informações pessoais por empresas de tecnologia. Para
tanto, é...
Portanto, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet é um problema que aflige
a sociedade atual e que necessita ser combatido. Para tanto, é dever...
Em suma, a manipulação comportamental pelo uso de dados é um complexo desafio hodierno e precisa ser combatida.

ƒ Todos os excertos acima foram retirados de redações nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.
ƒ O que os períodos acima têm em comum? Todos eles retomam o problema discutido ao longo da redação (ou suas
causas) e anunciam que é preciso intervir para amenizá-lo. Além disso, eles também fazem uso de um conectivo de
CONCLUSÃO para estabelecer uma melhor conexão com o parágrafo anterior (observe a grande incidência da palavra
“portanto”). Assim, para garantir uma nota excelente na coesão e na intervenção, mostra-se importante elaborar um
período na redação do ENEM que possua essas características.

10
CONECTIVOS/EXPRESSÕES PARA CONCLUSÃO
Portanto Assim Logo
Em suma Em síntese Diante desse cenário

2. ELEMENTOS DA INTERVENÇÃO (DESENVOLVIMENTO)


Já sabemos que a intervenção do ENEM exige fundamentalmente 4 elementos para que o candidato tenha a totalidade de
sua nota contemplada. Sabemos também que elementos precisam estar visíveis na identificação do corretor, o que leva o
candidato a sempre redigir sua intervenção obedecendo uma ordem clara e direta da aparição de tais termos. Portanto, va-
mos estudar agora as características de cada um deles, tendo em vista qual é o vocabulário mais apropriado para redigi-los.

A) Agente - Organismos responsáveis por realizar as ações.


Considerando que a prova sempre tratará de um problema a ser enfrentado, é importante conhecermos – minimamente –
quais são os agentes competentes para realizar as ações. Ao dizer simplesmente que “O Estado precisa realizar políticas”,
temos uma proposta que – além de incompleta – é muito vaga, já que a concepção de Estado pode variar (Gov. Federal?,
Estadual?, Municipal?). Desse modo, cabe ao aluno – na hora de elaborar a intervenção - refletir sobre qual instância da
sociedade seria mais competente para amenizar o problema discutido.
Abaixo estão listados os principais agentes que costumam ou podem aparecer nas redações nota 1000 do ENEM. Não se
preocupe se você não conhecer a fundo a função de cada um deles: essas ações serão evidenciadas na próxima aula.

VOCABULÁRIO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, MINISTÉRIO DA CIDADANIA, MINISTÉRIO DA SAÚDE, PODER LEGISLATIVO, ESCOLAS,
ONGs, SOCIEDADE CIVIL, MINISTÉRIO PÚBLICO, CONGRESSO NACIONAL, PODER PÚBLICO, GOVERNOS ESTADUAL,
PREFEITURAS.

Caso seja necessário, as ações também podem ser feitas por meio de parcerias entre – no máximo – dois órgãos diferentes.
Nesses casos, é importante empregar a palavra “parceria”.
Ex: Além disso é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas de tecnologia, crie canais de
denúncia de “fake news”, mediante a implementação de indicadores de confiabilidade nas notícias veiculadas – como o
projeto “The Trust Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de informações falsas e o
impacto destes na sociedade.
TRECHO RETIRADO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

B) Ação – Ação que pode minimizar o problema discutido.


A seleção da ação a ser descrita está diretamente ligada à escolha do agente. Novamente, é fundamental conhecer bem as
funções de cada organismo da sociedade para compreendê-las e saber utilizá-las. Elas são sempre mais amplas, já que a
viabilidade de cada uma é sempre descrita pelos meios.
Nesse sentido, é importante dominar um certo vocabulário de verbos capazes de descrever bem tal ação e torná-la visual-
mente fácil de ser reconhecida pelo corretor. A tabela de verbos abaixo ajuda a compreender algumas sugestões de técnicas
de escrita desses termos:

VOCABULÁRIO
AGENTE AÇÃO
INFORMAR a população...
O MINISTÉRIO DA SAÚDE DEVE ELABORAR projetos que...
CABE AO MINISTÉRIO DA SAÚDE CRIAR programas...
IMPLANTAR políticas...

11
INCENTIVAR a promoção ...
AMPLIAR a fiscalização...
O MINISTÉRIO DA SAÚDE DEVE
PROMOVER o acesso...
CABE AO MINISTÉRIO DA SAÚDE
REALIZAR a discussão...
RESTRINGIR a divulgação...

C) Meio – Elementos práticos/concretos que irão viabilizar a ação proposta


Ao redigir os meios na proposta de intervenção, o aluno deve ter claro quais serão as atividades concretas, do cotidiano,
que poderão viabilizar a ação descrita. Enquanto a ação é mais ampla, os meios são mais específicos, já que se restringem
à aplicação prática da medida determinada. A tabela abaixo auxilia na compreensão dessa lógica.

VOCABULÁRIO
CONJUNÇÕES MEIOS
criação de campanhas a serem veiculadas na TV e nas redes sociais...
POR MEIO DE
implantação de restrições e multas às empresas...
POR INTERMÉDIO DE
cursos de formação continuada oferecidos aos professores da rede pública...
A PARTIR
palestras, aulas e distribuição de materiais didáticos sobre a questão...
MEDIANTE
criação de órgãos de denúncia...

D) Finalidade/efeitos – Resultado que poderá ser observado após a realização da ação.


A composição da finalidade exige que o candidato saiba qual será o cenário posterior ao emprego da ação escolhida. Nova-
mente, é importante dominar um vocabulário de conjunções e verbos que ajudem a descrever esses efeitos.

VOCABULÁRIO
CONJUNÇÕES/VERBOS FINALIDADE/EFEITO
EVITAR o reaparecimento...
A FIM DE
DIMINUIR os índices...
COM O OBJETIVO DE
MELHORAR a qualidade...
COM A FINALIDADE DE
DESENVOLVER a capacidade...
PARA
ACABAR com a exploração...
COM O FITO
REDUZIR a emissão...
VISANDO
DESCONSTRUIR preconceitos...

E) Detalhamento: ao menos um dos elementos da sua redação precisa ser detalhado. Abaixo segue alguns
exemplos desse detalhamento:
Assim, faz-se necessária a atuação do Ministério da Educação, em parceria
com a mídia, na educação da população — especialmente dos jovens,
público mais atingido pela influência digital — acerca da necessida-
de do posicionamento crítico quanto ao conteúdo exposto sugerido
Detalhamento da ação na internet.
Isso deve ocorrer por meio da promoção de palestras, que, ao serem ministradas
em escolas e universidades, orientem os brasileiros no sentido de buscar infor-
mação em fontes variadas, possibilitando a construção de senso crítico.

12
Além disso, é de suma importância que as instituições educacionais pro-
movam, por meio de campanhas de conscientização, para pais e alunos,
discussões engajadas sobre a imprescindibilidade de saber usar,
Detalhamento da ação de maneira cautelosa, a internet, entendendo a relevância de uma
“polarização digital” para a concretização da razão comunicativa,
com o intuito de utilizar o meio virtual para o desenvolvimento pleno da
sociedade.

As escolas, em parceria com as famílias, devem inserir a discussão sobre esse


tema tanto no ambiente doméstico quanto no estudantil, por intermédio de
palestras, com a participação de psicólogos e especialistas, que de-
batam acerca de como agir “online”, com o objetivo de desenvolver, desde
a infância, a capacidade de utilizar a tecnologia a seu favor.

Governo Central deve impor sanções a empresas, em especial as virtuais, que


criam perfis de usuários para influenciar suas condutas, por via da instaura-
Detalhamento do meio ção de Secretarias planejadas para a atuação no ambiente digital,
uma vez que tais plataformas padecem de fiscalizações efetivas, com
o fito de minorar o controle de comportamentos por particulares.

Assim, cabe ao Executivo combater a manipulação de dados, mediante o


investimento no Ministério de Ciência e Tecnologia, que aprimorará a fis-
calização dos sistemas virtuais das empresas e desenvolverá um setor de
tecnologia da informação, rumo à ampla proteção dos usuários do ambiente
cibernético.

Às escolas desenvolverem a percepção dos perigos da “cognição preguiçosa”


para a formação da visão de mundo dos seus alunos, mediante aulas de infor-
mática unidas à disciplina de Sociologia – voltadas para uma educação não só
técnica, mas social das novas tecnologias -, a fim de ampliar nos jovens
o interesse por diferentes opiniões e, consequentemente, reduzir os
efeitos adversos da problemática.

Detalhamento da finalidade Para tanto, é dever do Poder Legislativo aplicar medidas de caráter punitivo às
companhias que utilizarem dados privados para a filtragem de conteúdos em
suas redes. Isso seria efetivado por meio da criação de uma legislação específi-
ca e da formação de uma comissão parlamentar, que avaliará as situações do
uso indevido de informações pessoais. Essa proposta tem por finalidade
evitar a manipulação comportamental de usuários e, caso aprovada,
certamente contribuirá para otimizar a experiência dos brasileiros
na internet.
TODOS OS EXCERTOS ACIMA FORAM RETIRADOS DE REDAÇÕES NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

3. FECHAMENTO ESPECIAL (CONCLUSÃO)


Para encerrar a redação, recomenda-se que o aluno escreva um período conclusivo curto no qual ele afirme o que poderá
melhorar a partir das ações informadas. Trata-se de algo bem conciso e mais amplo que pode, inclusive, fazer referência
– histórica, filosófica, literária, sociológica, entre outras – a algum dado trabalhado, geralmente, na introdução do texto.
Assim, além de garantir o cumprimento do detalhamento descrito, ele consegue estabelecer o paralelismo com algo que foi
abordado ao longo da redação.

Observe os exemplos das redações nota mil do ano de 2018:

13
A sociedade distópica retratada no longa-metragem “Matrix“ era controlada por
uma inteligência artificial que ocasionava a ilusão de livre-arbítrio das pessoas, a qual
era erroneamente interpretada como decisão inerente ao ser humano. Para além da
INTRODUÇÃO
ficção, o poder de alienação e manipulação dos indivíduos a partir do controle de
dados na internet é uma realidade provocada pelas plataformas de comunicação e
redes sociais no Brasil e no mundo.
Só assim, a ignorância dará espaço a razão nas sociedades contemporâneas e a rea-
PERÍODO DE FECHAMENTO
lidade do filme “Matrix” não será repetida no mundo real.

George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios
de comunicação são controlados e manipulados para garantir a alienação da popu-
lação frente a um governo totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção,
o livro de Orwell parece refletir, em parte, a realidade do século XXI, uma vez que, na
INTRODUÇÃO
atualidade, usuários da internet são constantemente influenciados por informações
previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse contexto, ques-
tões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem devidamente
compreendidas e combatidas.
PERÍODO DE FECHAMENTO Assim, será possível restringir, de fato, a distopia de Orwell à ficção.

Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico como um atentado às ins-


tituições democráticas. Isso porque a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena
suas escolhas em eleições e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo tende a agir
DESENVOLVIMENTO
segundo o conceito de menoridade, do filósofo iluminista Immanuel Kant, no qual as
3º PARÁGRAFO
decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Evidencia-se, as-
sim, que o domínio da seletividade de informações nas redes sociais, como Facebook
e Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático.
PERÍODO DE Desse modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, o impacto nocivo do controle com-
FECHAMENTO portamental moderno, e a sociedade alcançará o estágio da maioridade Kantiana.

No livro Admirável Mundo Novo do escritor inglês Aldous Huxley é retratada uma
realidade distópica na qual o corpo social padroniza-se pelo controle de infor-
mações e traços comportamentais. Tal obra fictícia, em primeira análise, diverge
substancialmente da realidade contemporânea, uma vez que valores democráti-
INTRODUÇÃO
cos imperam. No entanto, com o influente papel atribuído à internet, configurou-
-se uma liberdade paradoxal tangente à regulamentação de dados. Assim, faz-se
profícuo observar a parcialidade informacional e o consumo exacerbado como
pilares fundamentais da problemática.
PERÍODO DE Enfim, será possível a construção de uma juventude responsável e dificilmente mani-
FECHAMENTO pulada, sem nenhuma semelhança a obra de Aldous Huxley.

George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios
de comunicação são controlados e manipulados para garantir a alienação da popu-
lação frente a um governo totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção,
o livro de Orwell parece refletir, em parte, a realidade do século XXI, uma vez que, na
INTRODUÇÃO
atualidade, usuários da internet são constantemente influenciados por informações
previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse contexto, ques-
tões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem devidamente
compreendidas e combatidas.
Enfim, será possível a construção de uma juventude responsável e dificilmente mani-
PERÍODO DE FECHAMENTO
pulada, sem nenhuma semelhança à obra de Aldous Huxley.

14
ENCERRAMENTO
Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.
SEM REFERÊNCIA
ENCERRAMENTO Dessa forma, será possível tornar o meio virtual um ambiente mais seguro e demo-
SEM REFERÊNCIA crático para a população brasileira.
ENCERRAMENTO Dessa forma, garantir-se-á o combate à manipulação do comportamento do usuário
SEM REFERÊNCIA pelo controle de dados na internet.
TODOS OS EXCERTOS ACIMA FORAM RETIRADOS DE REDAÇÕES NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

VOCABULÁRIO
Desse modo, será possível...
Feito isso, a sociedade poderá ...
Dessa maneira, os desafios...poderão ser atenuados.

*DICA IMPORTANTE
PARA NÃO SE ESQUECER DE NENHUM DESSES DETALHES, ORGANIZE O PLANEJAMENTO DE SUA
INTERVENÇÃO A PARTIR DA SELEÇÃO DAS INFORMAÇÕES:
RETOMADA:
QUEM?
O QUE?
COMO?
PARA QUE?
FECHAMENTO ESPECIAL:

EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: Reconheça e sublinhe os AGENTES, as AÇÕES, os MEIOS e as FINALIDADES das propostas a
seguir:
a) Portanto, é notório que a manipulação dos dados de pesquisa dos utentes se configura como um problema relativo à
fragilidade das leis na rede. Logo, o Congresso Nacional deveria elaborar uma legislação que reforçasse os direitos e deveres
dos usuários no ambiente virtual, por meio de reuniões com especialistas em segurança digital, com o fito de amenizar os
crimes de roubos de dados por empresas. Assim, o Governo reverteria o estado de anomia na internet.
b) Portanto, a manipulação de pessoas no meio digital, favorecida pela falta de autonomia nesse contexto, leva à formação
de grupos os quais só compartilham um único interesse. Logo, cabe às escolas, instituições que desenvolvem sujeitos au-
tônomos, a tarefa de alertar acerca da necessidade de navegar com responsabilidade pela internet, por meio de palestras
e discussões sobre o assunto, envolvendo as disciplinas de Filosofia e Sociologia, a fim de formar cidadãos que não sejam
controlados pelas ferramentas virtuais. Ademais, as redes sociais, principal espaço causador das “bolhas” de pensamentos e
gostos, deve facilitar a interação de ideias divergentes, mediante a criação de páginas voltadas para a troca de opiniões. Só
assim, o controle de indivíduos na “Era da Informação” será solucionado.
c) Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, proporcione a este
maiores chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para a formação escolar e
acadêmica desse indivíduo – com profissionais especializados em atendê-lo –, a fim de gerar maior igualdade na quali-
ficação e na disputa por emprego. É imprescindível , ainda, que as famílias desses deficientes exijam do poder público a
concretude dos princípios constitucionais de proteção a esse grupo, por meio do aprofundamento no conhecimento das

15
leis que protegem essa camada, para que, a partir da obtenção do saber, esse empenho seja fortalecido e, assim, essa
parcela receba o acompanhamento necessário para atingir a formação educacional e a contribuição à sociedade.
d) Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitem às diferen-
ças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito
desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiência. Além disso, é im-
prescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de profissionais da educação especializados
no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos uma formação mais eficaz.
Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e
Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho.

16
AULA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO II -
11 OS AGENTES DA INTERVENÇÃO

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO II - OS AGENTES DA INTERVENÇÃO


Para compreender melhor como devemos elaborar a intervenção, é importante conhecer mais de perto quais são os atores
que – efetivamente – podem agir diante dos problemas abordados, afinal, não é nada fácil sugerir soluções para as dificul-
dades enfrentadas em diferentes ambientes da vida social. Desse modo, esta aula ajudará você a compreender quais são os
principais atores sociais a serem considerados no momento de elaborar a intervenção.

1. Estado? Governo? O que usar?


Muitas vezes, até mesmo nas redações avaliadas com nota máxima, costumamos encontrar os termos ESTADO e GOVER-
NO como sinônimos, embora essas instâncias não sejam a mesma coisa. O esquema abaixo traduz essa diferença: ESTADO
é a unidade administrativa de um território. É composta por diversas instituições que organizam, representam e
atendem a população que habita esse território, como as escolas e os hospitais públicos, a polícia, as bibliotecas, as prisões.
GOVERNO é o ator responsável por administrar o Estado e está representado pelo Poder Executivo. O esquema
abaixo ajuda a entender essas funções:

Bibliotecas Hospitais

ESTADO
Prefeitura
Delegacias Gov. estadual GOVERNO
Gov. federal

Bombeiros Transporte público

Tendo em vista essa concepção, torna-se fundamental que – ao redigir a proposta de intervenção – o aluno tenha em mente
qual setor do governo está mais capacitado para resolver essa ação. Portanto, é preciso conhecer, com mais profundidade,
a função de alguns deles (sugerimos uma visita ao link para conhecer os Ministérios do atual governo.)

ACESSE AQUI

Abaixo, você encontra a divisão do PODER EXECUTIVO – cuja é função administrar o território – e do PODER LEGISLA-
TIVO – cuja função é criar leis. Além disso há a função de alguns ministérios importantes para serem utilizados na redação
do ENEM.

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FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL
PODER EXECUTIVO Presidente + Ministérios Governador + Secretários Prefeito + Secretários
Senadores + Dep. Federais
PODER LEGISLATIVO Deputados Estaduais Vereadores
(Congresso Nacional)

1.1. Executivo
GOVERNO FEDERAL - Ministérios
No âmbito federal, o Presidente da República governa o país com o auxílio dos Ministérios. Cada um deles possui órgãos
voltados a diferentes setores da administração pública. Veja abaixo alguns deles:

Principais ministérios para articulação na redação


- Ministério da Educação
- Ministério da Saúde
- Ministério do Meio Ambiente
- Ministério da Cidadania (Secretaria de Cultura) (Secretaria dos Esportes) (Secretaria do Desenvolvimento Social)
- Ministério das Relações Exteriores
- Ministério da Economia (Secretaria do Trabalho)
- Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
- Ministério da Justiça e Segurança Pública
- Ministério da Infraestrutura
- Ministério do Desenvolvimento Regional

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- Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos – Temas: Crianças e Adolescentes, Pessoa com Deficiência, Pessoa Idosa,
LGBT, Mortos e Desaparecidos Políticos, Combate às Violações, Prevenção e Combate à Tortura, População em Situação de Rua.
EXEMPLOS:
O governo federal, como instituição regulamentadora da internet e propaganda, deve criar medidas que controlem e
reduzam a publicidade direcionada, por meio da fiscalização e criação de leis que exijam a transparência das empresas.
Espera-se, com isso, que os brasileiros possam ter a liberdade de escolha garantida e, assim, sejam menos manipulados pela
mídia, como Adorno e Horkheimer defendiam.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

Então, o governo federal deve deixar obrigatória para todos os colégios (públicos e privados) a disciplina Ensino Religioso
durante o Ensino Fundamental. Outro caminho é o incentivo das prefeituras para que a população conheça as religiões
como elas realmente são, e não a imagem criada pela mídia nem aquela herdada desde a época colonial, promovendo
visitas aos centros religiosos, palestras e programas na televisão e no rádio.”
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

Desse modo, com intuito de atenuar atos contrários a prática da religiosidade individual, cabe ao governo, na figura do Mi-
nistério da Educação, a implementação na grade curricular a disciplina de teorias religiosas, mitigando defeito histórico.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

O MEC deve criar um projeto de conscientização para ser desenvolvido nas escolas, a qual promova passeios turísticos aos
templos de várias religiões, além de apresentações artísticas e palestras a fim de ensinar a crianças e adolescentes a impor-
tância de conhecer e respeitar a pluralidade das crenças. Cabe ao Ministério da Cultura e à Secretaria dos Direitos
Humanos realizar campanhas combativas permanentes, as quais devem ser divulgadas por meio da mídia. Outrossim, é
fundamental que o Poder Legislativo desenvolva o “Estatuto da Tolerância Religiosa”, para esclarecer melhor os direitos
e deveres dos cidadãos a respeito do tema. Também, é preciso que os sacerdotes brasileiros de todas as religiões unam-se
com o objetivo de determinar a realização de palestras e discussões nas igrejas para estimular o convívio harmônico e evitar
qualquer tipo de radicalismo.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

2. Sociedade civil
Para compreendermos qual é a noção de sociedade civil e qual é seu alcance enquanto agente da proposta de intervenção,
recorrermos à definição do filósofo político Norberto Bobbio.
“Sociedade civil é o lugar onde surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos, religiosos, que
as instituições estatais têm o dever de resolver ou através da mediação ou através da repressão. Sujeitos desses conflitos
e portanto da sociedade civil exatamente enquanto contraposta ao Estado são as classes sociais, ou mais amplamente
os grupos, os movimentos, as associações, as organizações que as representam ou se declaram seus representantes; ao
lado das organizações de classe, os grupos de interesse, as associações de vários gêneros com fins sociais, e indiretamen-
te políticos, os movimentos de emancipação de grupos étnicos, de defesa dos direitos civis, de libertação da mulher, os
movimentos de jovens etc.”
NORBERTO BOBBIO, “ESTADO, GOVERNO E SOCIEDADE” EDITORA PAZ E TERRA, SÃO PAULO, 1985.

A partir do conceito de Bobbio, é possível dizer que a sociedade civil é formada tanto pela população em geral (aqueles
que compõem a classe social), como – de modo mais amplo - pelas instituições que representam essa população
(igrejas, associações, movimentos).
No entanto, com o objetivo de deixarmos nossa proposta de intervenção ainda mais detalhada, é interessante sempre sepa-
rar esses grupos quando necessário. Em outras palavras, devemos usar a expressão sociedade civil para nos referirmos aos
cidadãos como um todo, e – quando for o caso – devemos especificar qual é a instituição representante que está agindo
como ator social em nossa intervenção.
Observe os exemplos abaixo:

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EXEMPLOS:
Tendo em vista a desconstrução da herança etnocentrista, cabe à sociedade civil (desde estudiosos, ativistas a
familiares) incentivar o pluralismo e a tolerância religiosa, através de palestras e de núcleos culturais gratuitos em praças
públicas.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

(AQUI HÁ ESPECIFICAÇÃO – População + ativistas)


Convém, portanto, que, primordialmente, a sociedade civil organizada exija do Estado, por meio de protestos, a observân-
cia da questão religiosa no país.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

(AQUI NÃO HÁ ESPECIFICAÇÃO – População em geral)


Além disso, cabe à sociedade efetivar o uso consciente da internet, por intermédio do policiamento acerca da obtenção
de informações, as quais devem ser originadas de fontes confiáveis — com o intuito de assegurar uma mudança de pensa-
mento social.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

(AQUI O TERMO SOCIEDADE FOI UTILIZADO DE FORMA GENÉRICA)

3. Universidade
De acordo com a Constituição Federal, as universidades brasileiras são formadas a partir do Ensino, da pesquisa e da ex-
tensão: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e
obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. (Artigo 207)
Em resumo, a universidade não deve apenas se dedicar à formação dos alunos ou à pesquisa científica, mas também deve
oferecer conhecimento e cultura à sociedade em geral, já que é a entidade pública onde diferentes saberes são construídos.
Esse é o papel da Extensão Universitária. Veja abaixo a descrição da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP:
A extensão universitária é uma credencial de excelência, porque somente universidades com história e altos índices de qua-
lidade no âmbito da pesquisa e do ensino podem repassar à sociedade, em forma de serviços ou ensinamentos,
o conhecimento acumulado em todas as áreas. É o traço que melhor caracteriza o perfil de universidade
pública, entendida esta como instituição a serviço da coletividade. Entretanto, a extensão universitária, ainda
hoje, carece de reconhecimento, parcialmente, por não haver efetivamente se concretizado, nos diplomas regimentais da
Universidade, como prática nos trabalhos acadêmicos dos departamentos.
(HTTP://PRCEU.USP.BR/INSTITUCIONAL/)

4. Escola/comunidade escolar
A escola é um dos agentes sociais mais presentes nas propostas de intervenção dos alunos. No entanto, é importante lem-
brar que esse agente não deve ser considerado um grande “agente-coringa” a ser utilizado em qualquer tema. Deve-se
observar bem o problema analisado no texto, para, assim, selecionar os atores capazes de nele intervir.
EXEMPLOS:
Logo, cabe às escolas, instituições que desenvolvem sujeitos autônomos, a tarefa de alertar acerca da necessidade de na-
vegar com responsabilidade pela internet, por meio de palestras e discussões sobre o assunto, envolvendo as disciplinas de
Filosofia e Sociologia, a fim de formar cidadãos que não sejam controlados pelas ferramentas virtuais.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitem às diferenças
e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse
tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiência.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

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É imprescindível, também, que as escolas garantam a inclusão desses indivíduos, por intermédio de projetos e atividades
lúdicas, com a participação de familiares, a fim de que os surdos tenham sua dignidade humana preservada.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

5. Empresas / iniciativa privada


Embora as empresas costumem figurar com frequência como agentes nas redações dos alunos, o seu uso deve ser restrito.
Como ENEM aborda questões ligadas aos direitos sociais e humanos, pensar numa transformação nesse sentido que seja
proveniente de empresas, pode – em alguns casos – soar utópico.
Assim, é interessante que a iniciativa privada apareça como uma parceira das instituições do Estado, ou ainda, como agente
de uma transformação na qual ela realmente está habituada a atuar.
EXEMPLOS:
Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e
Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

Além disso, cabe às empresas a garantia de igualdade no espaço laboral, pagando um salário justo e admitindo funcioná-
rios pela sua qualificação, livre de preconceitos.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

Além disso é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas de tecnologia, crie canais de
denúncia de “fake news”, mediante a implementação de indicadores de confiabilidade nas notícias veiculadas – como o
projeto “The Trust Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de informações falsas e o
impacto destes na sociedade. Feito isso, a sociedade brasileira poderá se proteger contra a manipulação.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

6. Movimentos sociais
Os movimentos sociais constituem-se por grupo organizados que buscam alcançar mudanças sociais por meio do embate
político. Na maioria das vezes, os movimentos sociais pressionam o Governo para que este respeite a constituição e, assim,
garanta aos indivíduos uma série de direitos.
É importante lembrar que os movimentos costumam atuar em causas específicas. Por exemplo, uma das principais pautas
do movimento feminista – de modo geral – é defesa da igualdade de condições entre os membros da mesma sociedade.
Assim, essas organizações podem aparecer como agentes capazes de fortalecer a população para a reivindicação de deter-
minados direitos.
EXEMPLOS:
Cabe à sociedade civil, o apoio às mulheres e aos movimentos feministas que protegem as mulheres e defendem
os seus direitos, expondo a postura machista da sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado e da sociedade, aliado ao
debate sobre a igualdade de gênero, é possível acabar com a violência contra a mulher.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

7. ONGs
As ONGs (organizações não governamentais) são entidades privadas, sem fins lucrativos, com propósito é defender e pro-
mover uma causa política de qualquer natureza. Tal causa pode estar vinculada a: direitos humanos, direitos animais, direitos
dos indígenas, combate ao racismo, meio ambiente, questões urbanas, imigrantes, entre outras pautas.
Basicamente, as ONGs funcionam com a verba de doações e também com contemplação de seus projetos por editais
públicos e privados. Além disso, boa parte dos funcionários são voluntários e, por vezes, organizam eventos para arreca-
dar dinheiro destinado à manutenção da entidade. Portanto, convém que elas sejam apresentadas também em parceria
com outros agentes.

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Nas redações, as ONGs podem ser tratadas também como instituições de apoio a determinado público.
EXEMPLOS:
Paralelamente, ONGs devem corroborar esse processo a partir da atuação em comunidades com o fito de distribuir cartilhas
que informem acerca das alternativas de denúncia dessas desumanas práticas, além de sensibilizar a pátria para a luta em
prol da tolerância religiosa.”
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, proporcione a este
maiores chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para a formação escolar e aca-
dêmica desse indivíduo – com profissionais especializados em atende-lo -, a fim de gerar maior igualdade na qualificação e
na disputa por emprego.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

Ademais, a mídia, associada a ONGs, deve alertar a população sobre as mazelas de não questionar o conteúdo acessado
em rede, por meio de campanhas educativas. Isso pode ocorrer com a realização de narrativas ficcionais engajadas, como
novelas e seriados, e reportagens que tratem do tema, a fim de contribuir com o uso crítico das novas tecnologias.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

8. Mídia
A situação da mídia, como um ator social na proposta de intervenção, é muito semelhante à das empresas. Não podemos
considerar que ela, voluntariamente, atue em diferentes instâncias da vida social. Nesse sentido, é interessante ela seja
utilizada a partir de relações com outros agentes da intervenção ou como um MEIO através do qual a ação será realizada.
EXEMPLOS:
Logo, é imperativo que o Ministério da Educação, junto aos veículos midiáticos, mobilize-se por meio de palestras e
campanhas sociais as quais atentem para a filtração virtual das informações. Isso ocorrerá com o propósito de aprimorar o
senso crítico da população e, então, reduzir a influência das empresas globais sobre suas ações.
TRECHO DA REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2018. FONTE: CARTILHA: REDAÇÃO A 1000.

Outrossim, ONGs devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a população acerca da importância
do deficiente auditivo para a sociedade, enfatizando em mostrar a capacidade cognitiva e intelectual do surdo, o qual seria
capaz de participar da população economicamente ativa (PEA), como fosse concedido a este o direito à educação e à equi-
dade de tratamento, por meio da difusão do uso de libras.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro, por meio de
debates nas mídias sociais capazes de descontruir a prevalência de uma religião sobre as demais.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

Ademais, as instituições de ensino, em parceria com a mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento crítico por inter-
médio de pesquisas, projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias esclarecedoras.
TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

8. Ministério público
O Ministério Público é um órgão institucional autônomo, responsável por defender o regime democrático e os interesses
sociais e individuais indisponíveis. Ele não se alinha com nenhum dos três poderes (executivo, judiciário e legislativo), e por
essa razão, ele não pode ser extinto ou ter suas obrigações repassadas a outro órgão. Sua função principal é investigar e
denunciar irregularidades (como a de Brumadinho, em 2019), observar a correta aplicação da lei, promover ações
penais públicas, entre outras.

22
AULA CONCLUSÃO
12

CONCLUSÃO
Todos os textos dissertativos-argumentativos exigem um parágrafo destinado à conclusão do texto. Nas aulas anteriores,
vimos como esse parágrafo pode ser desenvolvido na redação ENEM, observando todas exigências propostas na competên-
cia 5. Na aula de hoje, o parágrafo de conclusão será abordado com foco em outros exames, como FUVEST, VUNESP entre
outros, tendo em vista a não obrigação de construir uma proposta de intervenção.
Primeiramente, é preciso compreender qual é função do parágrafo de conclusão no texto dissertativo-argumentativo. Embo-
ra seja comum a ideia de que conclusão representa apenas a finalização das ideias já trabalhadas durante o texto, ela possui
uma função muito mais relevante: precisa amarrar o raciocínio desenvolvido ao longo dos parágrafos e precisa
explicitar a abordagem feita na introdução.
Em outras palavras, a conclusão deve retomar a tese anunciada pelo autor no início do texto, mostrando ao leitor que
aquela redação apresenta uma organização coerente de todo o raciocínio desenvolvido, com começo, meio e fim. Nesse sen-
tido, é fundamental fugir das “frases prontas”, como “é possível concluir que”, “dado o exposto”, “com base nas análises
realizadas” pois para cada tese, haverá uma construção ideal de conclusão.
Outro detalhe importante que pode render uma avaliação melhor da conclusão do texto dissertativo é a elaboração de um pe-
ríodo final capaz de surpreender os olhos do leitor. Uma espécie de “fechamento especial” que pode ser uma reflexão,
uma ressalva, e até mesmo um questionamento que possam levar a discussão para um outro nível, ou para outro caminho.
Nessa aula, aprenderemos maneiras diferentes de realizar essa conclusão e daremos algumas sugestões – para os que já
se sentem mais confortáveis com o texto – de introduzirem uma frase final bem apropriada para a conclusão da redação.

1. Retomada da tese
A ação de retomar tese na conclusão é uma das formas de garantir que o texto tenha unidade. É a maneira de assegurar ao
leitor que a redação foi planejada, organizada e realizada. Portanto, ao recuperar a ideia proposta, a ideia principal se fecha
e o texto se torna redondo, coeso e coerente.
Essa retomada não deve ser construída com as mesmas palavras expostas na tese. Tal estratégia demonstra despreparo e
até mesmo falta de repertório vocabular. Uma possibilidade é tentar explicitar a tese com outras palavras, realizando uma
paráfrase, e até mesmo desenvolvendo um pouco mais o raciocínio dado pela tese. O candidato pode, além disso, retomar
– brevemente – os argumentos discutidos ao longo do texto.
Observe o exemplo de um texto escrito para o tema “Por se tratar de uma obra de ficção, a telenovela pode abrir mão do
compromisso com a realidade?”

INTRODUÇÃO
Atualmente, vive-se o auge do desenvolvimento dos meios de comunicação. E, apesar da grande quantidade de opções
disponíveis, a televisão ainda continua presente na maioria dos lares brasileiros, sobretudo ao se considerar a grande
audiência das telenovelas de sua programação. Tais atrações ganham destaque na mídia e, em alguns casos, desem-
penham um importante papel na representação da sociedade, o que demonstra, portanto, que elas têm compromisso
direto com a realidade.

23
CONCLUSÃO
A telenovela, mesmo sendo obra de ficção, está, pois, diretamente relacionada à realidade. Ela, além de ter o papel de re-
presentar o povo brasileiro através do entretenimento, estabelece conexões fortes com seus expectadores, de identificação
e influência, criando imagens e tendências. Dessa forma, é necessário que, nas suas criações, sejam considerados, além da
imaginação do autor, o próprio povo representado e os impactos gerados em todos os envolvidos com o tema da trama.

2. Modelos de conclusão
A) Conclusão por reflexão
A conclusão por reflexão é um dos modelos mais usados nos textos que não necessitem de intervenção. Na retomada por
reflexão, o autor apresenta uma ponderação sua a partir de todas as ideias apresentadas. Uma espécie de síntese reflexiva
diante dos dados analisados. Observe a redação abaixo:
Portanto, o uso da propaganda e dos anúncios publicitários não é tão grande por acaso: a união entre a manipulação e a impo-
sição é capaz de gerar resultados muito satisfatórios para quem a emprega, seja o governo de um país, uma comissão partidária,
ou uma empresa de cartões de crédito. Para algumas pessoas, um cartão de crédito pode fazê-las aproveitar um shopping,
tornando-o a melhor coisa do mundo; para outros, a melhor coisa do mundo não é um shopping, mas este passa a o ser.
(EXTRAÍDO DE MELHORES REDAÇÕES FUVEST 2013)

No exemplo acima, o autor finaliza seu texto com uma reflexão sobre o funcionamento da sociedade. Ele inicia o parágrafo
com a retomada da tese e em seguida, descreve – a partir de suas análises – como a sociedade de consumo funciona.

B) Conclusão por remissão a textos


A conclusão por remissão a textos também pode ser uma ferramenta interessante para finalizar a dissertação. Trata-se de
citar um texto ou um autor para endossar a síntese desenvolvida. Tal recurso demonstra erudição e elegância na finalização
das ideias. Observe o excerto:
Por fim, é notório a estreita relação entre a capacidade individual de compra e o acesso a benefícios sociais, o que acaba por
despertar o caráter peculiarmente egoísta do ser humano, podendo até ser nefasto como no caso do personagem de Aluísio
de Azevedo, João Romão, onde a avareza toma conta do indivíduo. Na sociedade do consumo, a avareza deixa de ser um
pecado para se tornar quase um estilo de vida.
(EXTRAÍDO DE MELHORES REDAÇÕES FUVEST 2013)

O autor refere-se ao personagem de Machado de Assis a fim de confirmar a tese de que a avareza pode tomar conta do
indivíduo.

C) Conclusão por solução


No caso do ENEM, como vimos, a conclusão por meio de uma “solução”, é obrigatória, uma vez que integra a competência
“proposta de intervenção”. No entanto, a ideia de propor soluções para problemas abordados não se restringe ao exame
nacional: ela pode ser utilizada também em vestibulares como Fuvest, UERJ e UNESP, desde que a proposta assim o
permita. Vejamos abaixo o exemplo de umas das melhores redações FUVEST de 2013:
Faz-se necessário, então, que a sociedade global repense seus valores e assuma um modelo de produção e consumo mais
humanizado e responsável e que seja capaz de abranger a totalidade da população mundial de forma sustentável, afinal,
todos os indivíduos devem ter direito ao acesso aos mesmos bens, à mesma dignidade e à mesma felicidade. Somente assim
cada indivíduo poderá desfrutar do melhor que o mundo tem a oferecer, de maneira comedida, coletiva e verdadeira.
(EXTRAÍDO DE MELHORES REDAÇÕES FUVEST 2013)

No excerto, vemos que o candidato(a) propõe uma ação que deveria acontecer na sociedade, através da mudança de postura
da “sociedade global”. Por se tratar da articulação entre a felicidade e o consumo – como sugeria a proposta – tal propo-
sição soa um tanto utópica, já que requer uma mudança coletiva de comportamento. Embora o período esteja muito bem
construído, talvez seja melhor se distanciar da sugestão de soluções para problemas muito gerais: elas podem facilmente se

24
transformarem em clichês irrealizáveis. Por mais difícil que seja, o pessimismo costuma vir acompanhado de uma boa dose
de realidade bem fundamentada.

3. Período final – elemento especial


No final do texto, um detalhe bem construído pode fazer a diferença na atribuição da nota. Trata-se da criação de um período
não muito longo capaz de elaborar uma síntese, reflexão, sugestão ou ressalva em relação ao que já foi dito. Não
há uma regra fixa: tais construções dependem da criatividade e de capacidade de analogia de cada aluno. Uma boa dica
é utilizar as referências históricas, sociológicas, filosóficas, literárias empregadas na introdução do texto, com
o objetivo de manter o paralelismo entre a introdução e a conclusão.
Na redação abaixo, o autor optou por recuperar uma citação famosa, propondo-lhe outra versão:
O capitalismo inerente à maioria das nações contemporânea trouxe consequências aterradoras para seus cidadãos. A felici-
dade atribuída ao ato de comprar desencadeou diversas mazelas atuais, entre elas a sobreposição do “ter” em relação ao
“ser”. Assim, tendo seu valor intrínseco associado às posses, as pessoas começaram a relacionar-se de forma efêmera, em
um mundo onde apenas os endinheirados vivem perigosamente. Se Descartes vivesse no século XXI, alteraria sua
afirmação para “tenho, logo existo”.
(EXTRAÍDO DE MELHORES REDAÇÕES FUVEST 2013)

No texto abaixo, o autor preferiu levar a discussão mais adiante, sugerindo uma possibilidade de se pensar em outras coisas
além do consumo.
É inegável que o consumismo provoca uma distorção social caótica e, sobretudo, cognitiva. É preciso combatê-lo em sua pró-
pria trincheira: nossos cérebros. Só então será possível enxergar o que realmente existe no céu do shopping center: concreto,
vidro e metal. O mundo tem coisas bem melhores a oferecer.
(EXTRAÍDO DE MELHORES REDAÇÕES FUVEST 2013)

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AULA COESÃO SEQUENCIAL
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COESÃO TEXTUAL I
Coesão textual é a conexão estabelecida entre orações, períodos e parágrafos que possibilita a amarração das ideias
dentro de um texto. Em outras palavras, ela é a responsável por “costurar” as reflexões de modo a não as deixar soltas ou
desconexas de outras ideias.
A coesão textual também é responsável por garantir que o raciocínio do autor do texto seja transmitido ao leitor de modo
claro e lógico, obedecendo a um encadeamento sequencial de reflexões. Elas são divididas em coesão sequencial e coesão
referencial.

1. Coesão sequencial
Coesão sequencial é aquela que cria – dentro do texto – condições para que a leitura possa avançar ou progredir. São
responsáveis por esse tipo de coesão as flexões verbais (tempo e modo) e as conjunções, também chamadas de conectivos.
Estes são os principais responsáveis por articular a coesão no interior da dissertação argumentativa.

TEMPO – Sua função é conectar duas orações relacionando-as por meio de uma relação de temporalidade.
CONECTIVOS: Imediatamente, logo após, a princípio, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida,
frequentemente, constantemente, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente.
Desde a chegada dos europeus no país, as religiões diferentes do oficial são discriminadas. Logo no início da colonização,
o processo de catequização dos nativos foi incentivado, o que demonstra o desrespeito com as religiões indígenas, e, déca-
das depois, com o início do tráfico negreiro, houve também perseguição às religiões afro-brasileiras e a construção de uma
imagem negativa acerca delas.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE JOÃO VITOR VASCONCELOS PONTE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

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ADIÇÃO – Sua função é somar enunciados que constituem argumentos para uma mesma conclusão.
CONECTIVOS: E, também, em adição a, além de, além do mais, além disso, ademais, não só... mas também, não apenas...
como também.
Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as camadas sociais, camuflada em peque-
nos hábitos cotidianos. Ela se revela não apenas na brutalidade dos assassinatos, mas também nos atos de misoginia e ridi-
cularização da figura feminina em ditos populares, piadas ou músicas. Essa é a opressão simbólica da qual trata o sociólogo
Pierre Bordieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está –sobretudo- na
perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE CECILIA MARIA LEITE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

ENUMERAÇÃO – Sua função é ordenar a sequência de apresentação de ideias.


CONECTIVOS: Primeiro, primeiramente, em primeiro lugar, segundo, em segundo lugar, para começar, em seguida; primeiro
de tudo, depois; antes de tudo, de saída, a princípio.
Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo
tão pessoal como a religião. Prova disso é a presença da não aceitação das crenças alheias em diferentes regiões e momen-
tos históricos, como no Império Romano antigo, com as perseguições aos cristãos, na Europa medieval, com as Cruzadas e no
atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado Islâmico. Também pode-se comprovar a existência da intolerância
religiosa pela frase popular “religião não se discute”, que propõe ignorar a temática para evitar os conflitos evidentes ao se
tratar do assunto. Desse modo, nota-se que a intolerância não se restringe a um grupo específico e é, de certa forma, natural
ao ser humano, o que, porém, não significa que não pode e deve ser combatida.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE JOÃO VITOR VASCONCELOS PONTE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

CONDIÇÃO – Consiste em estabelecer uma condição para que uma ação decorra de outra.
CONECTIVOS: Se, desde que, salvo se, exceto se, contanto que, com tal que, caso, a não ser que, a menos que, sem que,
suposto que, desde que, eventualmente, etc.
Há também medidas que contribuem para reduzir assédios sexuais e estupros, como a criação do vagão feminino em São
Paulo e a permissão para que ônibus parem em qualquer lugar durante a noite, desde que isso seja solicitado por uma
mulher.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE JOSÉ MIGUEL ZANETTI TRIGUEROS, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

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CAUSALIDADE/CONSEQUÊNCIA – Consiste na conexão de duas orações, sendo que uma delas aponta a
causa da consequência contida na outra.
CONECTIVOS: como resultado, por esta razão, por conta disso, em decorrência disso, por consequência, por conseguinte,
por isso.
Com a vinda dos escravos ao Brasil, a intolerância só aumentou e eles foram proibidos de praticarem suas religiões, tendo que
se submeter ao cristianismo imposto pelos colonos. É por isso que as práticas das religiões afro-brasileiras são vistas como
“bruxaria” e “macumba” e seus fiéis são os que mais denunciam atos de discriminação (75 denúncias entre 2011 e 2014).
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE JULIA MITIE OYA, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

ÊNFASE – Trata-se da estratégia de realçar uma ideia determinada dentro do texto.


CONECTIVOS: Realmente, de fato, certamente, principalmente, decerto, por certo, sem dúvida, inegavelmente.
A ausência de representantes das minorias religiosas impede a implantação de políticas afirmativas e que garantam, de
fato, a potencialização da tolerância e da igualdade na manifestação das diversas crenças.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE NATHALIA COURI VIEIRA MARQUES, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

FINALIDADE – Consiste na conexão de duas orações quando uma apresenta o meio para atingir o fim ex-
presso na outra.
CONECTIVOS: Com o fim de, a fim de, com o propósito de, para que, a fim de que, com o intuito de, com o objetivo de, para, etc.
Também, é preciso que os sacerdotes brasileiros de todas as religiões unam-se com o objetivo de determinar a realização
de palestras e discussões nas igrejas para estimular o convívio harmônico e evitar qualquer tipo de radicalismo.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE THAÍS FONSECA LOPES DE OLIVEIRA, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

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ALTERNÂNCIA – Trata-se de apresentar duas ações entre as quais é possível alternar, escolher.
CONECTIVOS: Ou, ora...ora..., nem, já.
Então, quando alguém assiste ou lê uma notícia sobre políticos da bancada evangélica que são contra o aborto e repudiam
homossexuais, esse alguém tende a pensar que todos os seguidores dessa religião são da mesma maneira.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE JULIA MITIE OYA, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

CONFORMIDADE: Trata-se do estabelecimento de duas orações, quando uma mostra conformidade de algo
asseverado na outra.
CONECTIVOS: Conforme, segundo, de acordo com.
Como, segundo Marilena Chauí, a democracia é baseada na igualdade, liberdade e participação, percebe-se que a não
participação de toda a sociedade na política, aliada à frágil liberdade religiosa, dificultam a existência de um regime demo-
crático pleno no Brasil.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE NATHALIA COURI VIEIRA MARQUES, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

OPOSIÇÃO – Trata-se da apresentação de enunciados com orientações argumentativas opostas.

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CONETIVOS: Entretanto, porém, contudo, no entanto, todavia.
De maneira análoga, muitos religiosos, a fim de evitar conflitos, hesitam em denunciar casos de intolerância, sobretudo
quando envolvem violência. Entretanto, omitir crimes, ao contrário do que se pensa, significa colaborar com a insistência
da discriminação, o que funciona como um forte empecilho para resolução dessa problemática.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE HELÁRIO AZEVEDO E SILVA NETO, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

CONCESSÃO – Consiste na apresentação de duas orações de sentidos opostos, sendo que o enunciado de
uma delas não impede que a ação da outra aconteça.
CONECTIVOS: Embora, apesar de que, ainda que, por mais que, se bem que, mesmo que.
Logo no início da colonização, o processo de catequização dos nativos foi incentivado, o que demonstra o desrespeito com as
religiões indígenas, e, décadas depois, com o início do tráfico negreiro, houve também perseguição às religiões afrobrasileiras
e a construção de uma imagem negativa acerca delas. Toda essa mentalidade perpetuou-se no ideário coletivo brasileiro e,
apesar dos avanços legais, faz com que essas religiões sejam as mais afetadas pela intolerância atualmente.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE JOÃO VITOR VASCONCELOS PONTE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

EXPLICAÇÃO – Trata-se da explicação ou justificação de um fato expresso por outro.


CONECTIVOS: Porque , já que, uma vez que, que, pois.
A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a questões políticas-estruturais. Isso se deve ao fato de que,
a partir da impunidade em relação a atos que manifestem discriminação religiosa, o seu combate é minimizado e subapro-
veitado, já que não há interferência para mudar tal situação.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE DESIRÉE MACARRONI ABBADE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

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EXEMPLIFICAÇÃO – Ocorre quando o segundo enunciado tem a função de exemplificar o primeiro.
CONECTIVOS: Por exemplo, exemplificando, tal como, um exemplo disso, a exemplo.
Durante a formação do Estado brasileiro, a escravidão se fez presente em parte significativa do processo; e com ela vieram as
discriminações e intolerâncias culturais, derivadas de ideologias como superioridade do homem branco e darwinismo social.
Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje no território brasileiro. Bom exemplo disso são os índices que indicam
que os indivíduos seguidores e pertencentes das religiões afro-brasileiras são os mais afetados.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE DESIRÉE MACARRONI ABBADE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

CONCLUSÃO – Trata-se da apresentação de uma nova ideia, baseada na análise de ideias anteriores.
CONECTIVOS: Assim, em suma, portanto, logo, assim sendo, em síntese, em resumo, dessa maneira, assim, desse modo, etc.
Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em crimes de ódio contra religião, a fim de
atenuar a prática do preconceito na sociedade, além de aumentar a pena para quem o praticar.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE LARISSA CRISTINE FERREIRA, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

COMPARAÇÃO – Trata-se do ato de comparar duas ações para atingir um objetivo argumentativo.
CONECTIVOS: Da mesma maneira, da mesma forma, como, similarmente, correspondentemente, do mesmo modo, assim
como, igualmente.
A globalização é um processo que tende à homogeneização, à cultura de massa. No entanto, ainda existem diversas formas
de expressão cultural e artística, assim como de manifestações religiosas. Dessa maneira, surge na população um precon-
ceito latente, que pode evoluir e motivar a prática de atos violentos pelo indivíduo. Essa situação pode ser considerada reflexo
da visão etnocêntrica de parte da sociedade, que considera seus costumes e crenças superiores aos hábitos dos demais. A
educação brasileira, que, na maioria das vezes, é altamente conservadora, agrava a questão.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

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CORREÇÃO/REDEFINIÇÃO – Ocorre quando, por meio de um segundo enunciado, se corrige ou redefine o
enunciado anterior.
CONECTIVOS: Ou seja, isto é, em outras palavras, aliás, ou melhor,
Não há como negar que esse tipo de intolerância é fruto da colonização, pois o encontro cultural entre portugueses, os
quais manifestavam o Catolicismo, e povos politeístas foi devastador. Uma vez que os colonizadores impuseram sua fé para
submeter ameríndios e africanos ao seu poder ocorreu um processo de aculturação, ou seja, perda ou modificação de suas
culturas.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE NATHALIA COURI VIEIRA MARQUES, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

CONTINUAÇÃO – Serve para continuar a ideia apresentada no período anterior.


CONECTIVOS: Nessa mesma linha, nesse sentido, sob esse mesmo viés, nesse mesmo viés, sob tal ótica, nessa lógica.
Immanuel Kant, filósofo iluminista, argumentava que a menoridade é o estado em que o homem se encontra manipulado e
sem a capacidade de pensar por conta própria, dependendo dos outros para que suas ações se concretizem. Nesse senti-
do, Kant afirmava que a saída para essa triste realidade é o esclarecimento, ou seja, o uso da razão para que o indivíduo se
emancipe. No entanto, o que se observa na atualidade é o contrário do que o filósofo pregava, uma vez que o controle de
dados na internet favorece a manipulação dos usuários, a qual não é combatida pelas escolas, que não oferecem educação
tecnológica, e pelo Poder Público, que não pune empresas que comercializam esses dados
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM MELISSA FIUZA, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2018.

TABELA DE CONECTIVOS

Logo após, a princípio, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em


TEMPO seguida, frequentemente, constantemente, eventualmente, por vezes, ocasionalmen-
te, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente.

ADIÇÃO e, também, em adição a, além de, além do mais, além disso, ademais, outrossim.

primeiro, primeiramente, em primeiro lugar, segundo, em segundo lugar, para começar,


ENUMERAÇÃO
em seguida; primeiro de tudo, depois; antes de tudo, de saída, a princípio, por fim
se, desde que, salvo se, exceto se, contanto que, com tal que, caso, a menos que, sem
CONDIÇÃO
que, suposto que, desde que.
como resultado, por esta razão, por conta disso, em decorrência disso, por consequên-
CONSEQUÊNCIA
cia, por conseguinte, por isso, a partir disso
ÊNFASE realmente, de fato, certamente, principalmente, decerto, por certo, sem dúvida

Com o fim de, a fim de, com o propósito de, para que, a fim de que, com o intuito de,
FINALIDADE
com o objetivo de, com o fito de, para tanto

ALTERNÂNCIA Ou, ora...ora..., nem, já.

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CONFORMIDADE Conforme, segundo, de acordo com.

OPOSIÇÃO Entretanto, porém, contudo, no entanto, todavia.

CONCESSÃO Embora, apesar de que, ainda que, por mais que, mesmo que.

EXPLICAÇÃO isso porque, em virtude de, já que, uma vez que...

EXEMPLIFICAÇÃO um exemplo disso, a exemplo disso, por exemplo,

CONCLUSÃO Assim, em suma, portanto, em síntese, em resumo, logo


da mesma forma, como, similarmente, correspondentemente, do mesmo modo, assim
COMPARAÇÃO
como, igualmente, de modo análogo, analogamente
CORREÇÃO/REDEFINIÇÃO Ou seja, isto é, em outras palavras, aliás, ou melhor,
Nessa mesma linha, nesse sentido, sob esse mesmo viés, nesse mesmo viés, sob tal
CONTINUAÇÃO
ótica, nessa lógica,

EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1. Os conectivos foram removidos dos períodos abaixo. Analise as relações semânticas e identi-
fique qual ou quais conjunções podem ser usadas em cada um dos casos:
a) O Poder Público conhece os principais problemas do país e, *, não usa essas necessidades para promover políticas públicas.
b) Boa parte da população nordestina decidiu migrar para as grandes metrópoles, * as ofertas de emprego e a possibilidade
de ascensão social no ambiente urbano eram mais numerosas.
c) * o direito à propriedade privada esteja previsto na constituição, ele não é exercido em sua integralidade.
d) A condição econômica das pessoas em situação de risco se tornará melhor * haja o comprometimento do Estado em
cumprir as políticas públicas propostas.
e) O avanço tecnológico das telecomunicações – * tenha atingido um percentual considerável de habitantes – não veio
acompanhado de transformações socioeconômicas efetivas na vida da população. Hoje, é comum observar indivíduos com
total acesso à internet e nenhum ao saneamento, sendo que esse acesso à rede raramente é convertido no aumento da ren-
da ou do grau de escolaridade. *, é possível dizer que a tecnologia – quando desacompanhada de políticas públicas – mais
reproduz do que combate as desigualdades, já que sua única via de atuação em larga escala ocorre pela via do consumo.
f) * o professor de psicologia Leandro Tavares, a incidência cada vez maior de diagnósticos de depressão revela a intolerância
frente aos modos de subjetivação opostos aos ideais contemporâneos.
g) É fundamental que a homofobia seja combatida – * – que seja criminalizada no Brasil.
h) Muitos cidadãos passam a defender o pressuposto de que a vingança é a melhor solução. * , a justiça por conta própria
apenas faz o problema duplicar e não o resolve.
i) Os desafios da atuação da Polícia Militar são enormes. *, porque ainda é muito forte na formação desses profissionais os
valores disseminados durante a ditadura, como a ideia de tortura e de demonstração de poder, atitudes que não coincidem
com o conceito de justiça próprio de uma sociedade democrática. *, a existência de milícias e de grupos corruptos dentro das
corporações diminuem a possibilidade de renovar a atuação dos policiais, criando um círculo vicioso dificilmente combatível.

33
AULA COESÃO REFERENCIAL
14

COESÃO REFERENCIAL
Na aula anterior, estudamos a coesão textual a partir do emprego de determinados verbos e conectivos, isto é, a coesão
sequencial. Vimos que esse tipo de amarração de ideias permite que o texto progrida sequencialmente dentro de uma es-
trutura argumentativa.
No entanto, essa não é a única forma de estabelecer relações sequenciais entre as partes de um texto. Na aula de hoje,
observaremos a forma de emprego de outro tipo de coesão: a coesão referencial.

1. O que é coesão referencial?


Coesão referencial é aquela em que um componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elementos(s) nela
presentes ou inferíveis a partir do universo textual. Em outras palavras, trata-se do ato de fazer referências a termos que já
apareceram no texto sem se valer do uso de repetições.
A coesão referencial pode ser empregada a partir do uso de artigos, pronomes, numerais, sinônimos e hiperônimos e termos
genéricos. Esses elementos estão classificados em formas gramaticais e lexicais conforme veremos na sequência.

1.1. Formas gramaticais presas


Nesse grupo, observaremos o uso de termos que – acompanhados de um outro vocábulo – fazem remissão a elementos que
já apareceram ou que ainda estão por aparecer. Comumente, são formas relacionadas a um nome com o qual concordam
em gênero e/ou em número.
a) Artigos – definidos e indefinidos.
O artigo indefinido é utilizado de maneira catafórica, isto é, serve a apresentar um termo ou do dentro da superfície textual.
Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao
preconceito intrínseco à sociedade brasileira.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE ISABELLA BARROS CASTELO BRANCO, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

No exemplo acima, vemos que ao artigo “um” acompanhado do substantivo “exemplo” referem-se a expressão posterior
“difícil inserção”.
O artigo definido é utilizado de maneira anafórica, isto é, serve a retomar um termo dentro da superfície textual.
Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo,
uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência
em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como
base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE LARISSA CRISTINE FERREIRA, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

No excerto acima, o artigo “o” acompanhado da palavra “problema” retomam a expressão “preconceito religioso”.

b) Pronomes adjetivos
Estes pronomes, caracterizados por sempre acompanharem um substantivo, também possuem função de determinar um
nome que retoma termo já expresso na superfície textual.

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Demostrativos:
Desse modo, cabe ao Ministério da Educação a criação de um programa escolar nacional que vise a contemplar as
diferenças religiosas e o respeito a elas, o que deve ocorrer mediante o fornecimento de palestras e peças teatrais que
abordem essa temática.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE LARYSSA CAVALCANTI, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses masculinos e tal paradigma só
começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE CECÍLIA MARIA LIMA LEITE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

Isso porque poucos recursos são destinados pelo Estado à construção de escolas especializadas na educação de pessoas
surdas, bem como à capacitação de profissionais para atenderem às necessidades especiais desses alunos.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE YASMIN LIMA ROCHA, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

Possessivos:

Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados âmbitos de suas vidas.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE ISABELLA BARROS CASTELO BRANCO, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

Indefinidos
Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE AMANDA CARVALHO MAIA CASTRO, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

1.2. Formas gramaticais livres


Fazem parte deste grupo as palavras que retomam outros termos, mas não vêm acompanhadas de substantivos. Abaixo,
estão listadas as formas mais interessantes para se empregar nas redações:

a) Pronomes pessoais de 3ª pessoa. (ELE, ELA, ELES, ELAS)


Desse modo, cabe ao Ministério da Educação a criação de um programa escolar nacional que vise a contemplar as
diferenças religiosas e o respeito a elas, o que deve ocorrer mediante o fornecimento de palestras e peças teatrais que
abordem essa temática.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE LARYSSA CAVALCANTI, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu
a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasi-
leiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento.

Trecho da redação ENEM de Larissa Cristine Ferreira, texto nota mil do ano de 2016.

b) Pronomes substantivos – (Demonstrativos, possessivos, indefinidos, interrogativos, ou relativos )

Demonstrativos
Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, proporcione a este maio-
res chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para a formação escolar e acadêmica
desse indivíduo.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE ALAN DE CASTRO NABOR, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

No excerto acima, “este” retoma o termo mais próximo com o qual concorda em gênero e em número. No caso, o termo
“surdo”.
Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais, a
discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação. Isso

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por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades
humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE MARCUS VINÍCIUS MONTEIRO DE OLIVEIRA , TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

No exemplo acima, o pronome “isso” retoma toda uma ideia desenvolvida anteriormente.

Relativos
Dentro dessa lógica, nota-se que a dificuldade de prevenção e combate ao desprezo e preconceito religioso mostra-se
fruto de heranças coloniais discriminatórias, as quais negligenciam tanto o direito à vida quanto o direito de liberdade de
expressão e religião.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE DESIRÉE MACARRONI ABBADE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

Em primeiro plano, evidencia-se que a coletividade brasileira é estruturada por um modelo excludente imposto pelos grupos do-
minantes, no qual o indivíduo que não atende aos requisitos estabelecidos, branco e abastado, sofre uma periferização social.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE MATHEUS PEREIRA ROSI, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2016.

c) Numerais (Ordinais, cardinais, multiplicativos e fracionários)


Pesquisas comprovam que, no Brasil, o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a
mesma função.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE JULIA GUIMARÃES CUNHA, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

1.3. Formas lexicais


As formas de remissão lexicais são aquelas que – além de se conectarem com termos anteriores – possuem um significado
exterior à superfície textual. Fazem parte desse grupo sinônimos, hiperônimos, nominalizações e alguns termos genéricos
por meio dos quais conseguimos reconhecer o referente já expresso.

a) Sinônimos – Trata-se de usar termos com significado equivalente ou semelhante.


Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é um grande impasse à permanência dos deficientes auditivos nas escolas. Tris-
temente, a existência da discriminação contra surdos é reflexo da valorização dos padrões criados pela consciência coletiva.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE THAÍS FONSECA LOPES, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

SINÔNIMOS POSSÍVEIS – Verifique se a substituição desses elementos em seu texto pode ser realizada.
Ação: atividade, processo, realização, operação.
Contexto: cenário, conjuntura, situação
Ideia: posicionamento, acepção, posição, consideração.
Pessoas: indivíduos, cidadãos, sujeitos.
População: Sociedade civil, pessoas de modo geral

b) Hiperônimos – Trata-se da retomada de um termo específico por um termo mais abrangente.


Paralelo a isso, o exemplo dado pelo pai ao violentar a companheira tem como consequência a solidificação desse compor-
tamento psicológico dos filhos.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE VALÉRIA DA SILVA ALVES, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há
muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE ANNA BEATRIZ ALVARES SIMÕES WREDEN, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

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c) Nominalizações - Trata-se de transformar uma oração expressa em um substantivo com o objetivo de retomá-la.
A mulher é constantemente tratada com inferioridade pela população e pelos próprios órgãos públicos. Uma atitude que
demonstra com clareza esse tratamento é a culpabilização da vítima de estupro que, chegando à polícia, é acusada de
causar a violência devido à roupa que estava vestindo.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE CAIO NOBUYOSHI KOGA , TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

c) Termos genéricos – Trata-se do emprego de termos que podem retomar os variados tipos de palavras
ou orações.

Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses masculinos e tal paradigma só
começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE CECÍLIA MARIA LIMA LEITE, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2015.

É fundamental, portanto, a criação de oficinas educativas, pelas prefeituras, visando à elucidação das massas sobre a mar-
ginalização da educação dos surdos, por meio de palestras de sociólogos que orientem a inserção social e escolar desses
sujeitos. Ademais, é vital a capacitação dos professores e dos pedagogos, pelo Ministério da Educação, com o fito de instruir
sobre as necessidades de tal grupo, como o ensaio em Libras, utilizando cursos e métodos para acolher esses deficientes e
incentivar a sua continuidade nas escolas, a fim de elevar a visualização dos surdos como membros do corpo social. A partir
dessas ações, espera-se promover uma melhora das condições educacionais e sociais desse grupo.
TRECHO DA REDAÇÃO ENEM DE MATHEUS PEREIRA ROSI , TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: No texto abaixo, estão identificados de verde os sinônimos, hiperônimos e termos genéricos
que retomam o termo “surdos”, longamente referido durante a redação. Observe os termos em vermelho
e identifique a quais palavras, frases ou orações eles se referem.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos – promulgada em 1948 pela ONU – assegura a todos os indivíduos o direito
à educação e ao bem-estar social. Entretanto, o precário serviço de educação pública do Brasil e a exclusão social vivenciada
pelos surdos impede que essa parcela da população usufrua desse direito internacional na prática. Com efeito,
evidencia-se a necessidade de promover melhorias no sistema de educação inclusiva do país.
Deve-se pontuar, de início, que o aparato estatal brasileiro é ineficiente no que diz respeito à formação educacional de surdos
no país, bem como promoção da inclusão social desse grupo. Quanto a essa questão, é notório que o sistema capitalista
vigente exige alto grau de instrução para que as pessoas consigam ascensão profissional. Assim, a falta de oferta do ensino
de libras nas escolas brasileiras e de profissionais especializados na educação de surdos dificulta o acesso desse grupo ao
mercado de trabalho. Além disso, há a falta de formas institucionalizadas de promover o uso de libras, o que contribui para
a exclusão de surdos na sociedade brasileira.
Vale ressaltar, também, que a exclusão vivenciada por deficientes auditivos no país evidencia práticas históricas de pre-
conceito. A respeito disso, sabe-se que, durante o século XIX, a ciência criou o conceito de determinismo biológico, utilizado
para legitimar o discurso preconceituoso de inferioridade de grupos minoritários, segundo o qual a função social do indiví-
duo é determinada por características biológicas. Desse modo, infere-se que a incapacidade associada hodiernamente aos
deficientes tem raízes históricas, que acarreta a falta de consciência coletiva de inclusão desse grupo pela sociedade civil.
É evidente, portanto, que há entraves para que os deficientes auditivos tenham pleno acesso à educação no Brasil. Dessa
maneira, é preciso que o Estado brasileiro promova melhorias no sistema público de ensino do país, por meio de sua adap-
tação às necessidades dos surdos, como oferta do ensino de libras, com profissionais especializados para que esse grupo
tenha seus direitos respeitados. É imprescindível, também, que as escolas garantam a inclusão desses indivíduos, por
intermédio de projetos e atividades lúdicas, com a participação de familiares, a fim de que os surdos tenham sua dignidade
humana preservada.
REDAÇÃO ENEM DE LARISSA FERNANDES SILVA DE SOUZA , TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

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EXERCÍCIO 2: Observe os termos em negrito e identifique a quais palavras, frases ou orações eles se referem.
Sob a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino, todos os indivíduos de uma sociedade democrática possuem a mesma
importância, além dos mesmos direitos e deveres. No entanto, percebe-se que, no Brasil, os deficientes auditivos compõem
um grupo altamente desfavorecido no tocante ao processo de formação educacional, visto que o país enfrenta uma série
de desafios para atender a essa demanda. Nesse contexto, torna-se evidente a carência de estrutura especializada no
acompanhamento desse público, bem como a compreensão deturpada da função social deste.
O filósofo italiano Norberto Bobbio afirma que a dignidade humana é uma qualidade intrínseca ao homem, capaz de lhe
dar direito ao respeito e à consideração por parte do Estado. Nessa lógica, é notável que o poder público não cumpre o seu
papel enquanto agente fornecedor de direitos mínimos, uma vez que não proporciona aos surdos o acesso à educação com
qualidade devida, o que caracteriza um irrespeito descomunal a esse público. A lamentável condição de vulnerabilidade
à qual são submetidos os deficientes auditivos é percebida no déficit deixado pelo sistema educacional vigente no país,
que revela o despreparo da rede de ensino no que tange à inclusão dessa camada, de modo a causar entraves à formação
desses indivíduos e, por conseguinte, sua inserção no mercado de trabalho.
Além disso, outra dificuldade enfrentada pelos surdos para alcançar a formação educativa se dá pela falta de apoio enfrenta-
da por muitos no âmbito familiar, causada pela ignorância quanto às leis protetoras dos direitos do deficiente, que gera uma
letargia social nesse aspecto. Esse desconhecimento produz na sociedade concepções errôneas a respeito do papel social
do portador de deficiências: como consequência do descumprimento dos deveres constitucionais do Estado, as famílias –
acomodadas por pouca instrução – alimentam a falsa ideia de que o deficiente auditivo não tem contribuição significante
para a sociedade, o que o afasta da escolaridade e neutraliza a relevância que possui.
Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, proporcione a este maio-
res chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para a formação escolar e acadêmica
desse indivíduo – com profissionais especializados em atende-lo -, a fim de gerar maior igualdade na qualificação e na
disputa por emprego. É imprescindível, ainda, que as famílias desses deficientes exijam do poder público a concretude dos
princípios constitucionais de proteção a esse grupo, por meio do aprofundamento no conhecimento das leis que protegem
essa camada, para que, a partir da obtenção do saber, esse empenho seja fortalecido e, assim, essa parcela receba o
acompanhamento necessário para atingir a formação educacional e a contribuição à sociedade.
REDAÇÃO ENEM DE ALAN DE CASTRO NABOR, TEXTO NOTA MIL DO ANO DE 2017.

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AULA PROGRESSÃO TEMÁTICA
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PROGRESSÃO TEMÁTICA
A progressão temática é um procedimento utilizado para garantir a boa sequenciação dos textos. Consiste em apresen-
tar, pouco a pouco, informações novas a respeito do tema que se está discutindo a fim de se fazer com que o texto avance
com novas camadas de sentido.
Pode-se dizer também que a progressão temática é aquilo que garante unidade temática do texto; ou em termos mais claros,
é aquilo que impede que o escritor acabe incluindo no meio de sua redação informações que não possuam relação com o
tema geral. Se o tema a ser discutido na redação é bullying, devemos tomar cuidado para não perdermos o foco discutindo
relações de trabalho, especulação imobiliária ou qualquer outro tema que não estabeleça relações com o que foi inicilamen-
te proposto. Além disso, deve haver cuidado para que se “afunile” a discussão levando em conta a particularidade de sua
coletânea (a discussão proposta é sobre cyberbullying? É sobre bullying em escolas infantis?).
De acordo com a especialista em linguagens Ingedore Villaça Koch, a organização e a hierarquização das unidades semânti-
cas do texto se concretizam por meio de dois eixos de informação, denominados tema (tópico) e rema (comentário). Vejamos
como tais eixos funcionam:
TEMA: é aquilo que tomamos como base da comunicação (enunciados que apresentam efetivamente o assunto sobre o
qual se fala
REMA: é aquilo que se diz a respeito do tema. Desse modo, podemos pensar que o tema seria uma informação já apresen-
tada em algum momento ao leitor, a partir de um contexto previamente sugerido em coletânea (e que por isso é facilmente
compreendida e inferida por ele); enquanto o rema seria o gesto de ir apresentando informações novas ao texto, que
tenham relação com o tema.
Ainda nos apoiando nos escritos de Ingedore, ela nos informa que esses dois eixos de progressão podem ser conduzidos de
duas maneiras: seria possível apresentarmos um tema central e na sequência acoplarmos várias remas; ou fazermos com
que subtemas ou subtópicos se desdobrem a partir do tema principal (o que nos garantiria outras possiblidades de remas
para o avanço do texto).

1. Estratégias para manter a progressão temática entre os parágrafos


Ao elaborar o seu planejamento textual, é essencial observar a ordem de aparecimento das informações, sobretudo da vincula-
ção entre os parágrafos de desenvolvimento. Procure sempre analisar qual seria o melhor caminho lógico para a apresentação
das informações de seu texto.
As estratégias abaixo são pensadas para se trabalhar o 2º E 3º PARÁGRAFOS DE REDAÇÃO. Lembre-se de que são apenas
sugestões capazes de auxiliar a organização do raciocínio que comprova a tese do autor. Tudo dependerá do tema e
da tese a ser defendida no texto.

a) Apresentação lógica dos argumentos – Aproximação temática


Nas redações do ENEM, é muito comum elaborarmos nossos planejamentos a partir das causas do problema ou então dos
desafios a serem enfrentados para resolvê-lo. Isso costuma depender da proposta que nos é apresentada. Portanto, ao ela-
borar o seu planejamento, organize a apresentação desses parágrafos da maneira que for mais lógica para a compreensão
do corretor. Por exemplo: devo falar primeiro da família e depois do Estado? Devo falar primeiro da educação e depois do
trabalho? Devo falar primeiro da sociedade civil e depois das empresas? Essa escolha não pode ser aleatória. Observe qual
é o melhor caminho e depois siga esse planejamento.

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DICA: Cuidado ao selecionar argumentos muito díspares: procure sempre manter uma linha de raciocínio lógico que com-
prove a tese estabelecida.
(EXEMPLO DE PROGRESSÃO POR APROXIMAÇÃO TEMÁTICA)
(TESE) Sob essa perspectiva, seja pela interferência na capacidade de escolha do indivíduo, seja pela colaboração com o
consumo desmedido, a manipulação dos usuários da internet é extremamente nociva para a sociedade. (A TESE SELECIONA
DUAS RAZÕES PARA DISCUTIR O PROBLEMA: A LIBERDADE E O CONSUMO.)
(ARGUMENTO 01) Em primeiro plano, a liberdade dos cidadãos de terem suas próprias opções é prejudica-
da por essa mazela. Dessa forma, é imprescindível citar que no livro 1984, de George Orwell, o “Grande Irmão” observa
e controla o comportamento do corpo social por meio de uma “teletela“. Sob essa ótica, a internet manipulada tem papel
parecido no período atual, em que o internauta fica refém de imagens, de notícias e de assuntos baseados em algoritmos
definidos por programas de computador. Desse modo, o indivíduo, majoritariamente, tem apenas uma falsa sensação de
liberdade, uma vez que torna-se alienado pela rede e não tem verdadeira capacidade de escolha.
(ARGUMENTO 02) Ademais, o consumismo exacerbado é corroborado pela manipulação de dados do mun-
do virtual. Nesse sentido, cabe salientar que, segundo IBGE, mais de 60% da maioria das pessoas utilizam a internet.
Dessa maneira, com tal número significativo de cidadãos conectados, empresas do mundo capitalista — consolidado após
a guerra fria — pagam por impulsionamento de seus produtos direcionados a possíveis consumidores. Nesse cenário,
muitos indivíduos, mesmo sem capital para compra, são ingenuamente fascinados pelas vitrines virtuais, o que pode acarre-
tar dívidas e, por conseguinte, perda de bem-estar.
(TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MÁXIMA DO ENEM 2018)

b) Causa / consequência
Uma das formas de progressão temática mais comum é a articulação entre causa e consequência. Tal relação pode ser
facilmente empregada em diferentes propostas de vestibular, já que consiste na apresentação das razões que motivam de-
terminada ideia ou problema e,em seguida, dos efeitos que tal situação provoca. No entanto, é preciso cuidado: o parágrafo
de consequência não pode ser completamente expositivo. É fundamental, nesse caso, que o autor realiza uma avaliação
crítica do efeito apresentado.
(EXEMPLO DE PROGRESSÃO CAUSA/CONSEQUÊNCIA)
(TESE) Nesse contexto, configura-se um quadro alarmante correlacionado ao potencial de manipulação do usuário por
meio do controle dos dados expostos a ele, o que decorre de interesses organizacionais (CAUSA ) e gera um processo de
alienação social.(CONSEQUÊNCIA)
(ARGUMENTO 01) Em um primeiro plano, é imperioso ressaltar que a busca por adesão a um interesse
financeiro ou ideológico intensifica o controle da internet como um formador comportamental. De acordo
com as pesquisas dos sociólogos Adorno e Horkheimer sobre Indústria Cultural, as mídias digitais possuem uma grande
capacidade de atuar como formadoras e moldadoras de opinião. Assim, com o aumento abrupto do uso das redes virtuais,
diversas organizações usufruem desse poder em prol de atingir sua causa com a imposição de informações selecionadas
as quais limitam a escolha do usuário. Essa seleção permite que empresas comerciais, por exemplo, atraiam um mercado
consumidor maior e ampliem suas vendas ao restringir as opções de compra ao perfil do indivíduo, que, em vez de escolher,
apenas obedece ao sistema. Ademais, governos autoritários também se aproveitam do potencial manipulador para permitir
que somente notícias favoráveis a sua ideologia possam ser acessadas pelos seus cidadãos, o que evita rebeliões. Depreen-
de-se, pois, a privação da liberdade pessoal pelo direcionamento de comportamentos no meio digital.
(ARGUMENTO 02) Sob outro prisma, é válido analisar que o controle de dados na internet fomenta a aliena-
ção da sociedade. Essa problemática ocorre porque, quando conteúdos previamente selecionados, descontextualizados ou
alterados são a maior parte das informações acessíveis ao público, este passa a reproduzir os comportamentos esperados pelos
órgãos manipuladores e influencia as pessoas ao seu redor por apresentar tais fatos como verdades, o que gera um estado de
desinformação. Nesse viés, percebe-se que a seleção informacional como um meio alienante antecede a internet, de modo a ser
visto, por exemplo, no período ditatorial do Brasil, que, ao censurar notícias negativas sobre o panorama do país, criou a ideia de
uma nação livre de problemas sociais, econômicos e de segurança. Infere-se, então, que o uso maléfico da internet na moldagem
de opiniões por meio de ações controladoras propicia uma redução na capacidade de senso crítico da comunidade.
(TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MÁXIMA DO ENEM 2018)

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c) Argumento mais evidente / menos evidente
Em algumas propostas, é possível identificar argumentos que são muito plausíveis de serem abordados, já que estão in-
diretamente sugeridos por meio da análise da coletânea. Nesse sentido, para comprovar a tese, o candidato pode dividir
seus parágrafos começando com um argumento mais previsível e depois aprofundando sua análise num argumento menos
evidente, mas que também se mostra muito pertinente à questão.

d) Representação/ Realidade
Essa estratégia pode ser aplicada nas propostas de redação em for conveniente abordar a realidade e a representação de
determinadas situações. Para defender sua tese, o autor pode começar apontando como as representações construíram
negativamente uma determinada visão de mundo,e, no parágrafo subsequente, pode apresentar porque tal visão é inconsis-
tente, revelando a realidade por trás de toda a ficcção.

e) Passado/Presente
O uso da divisão entre passado e presente no desenvolvimento das redações também não é uma novidade. Em alguns
temas, torna-se fundamental analisar o passado para entender as causas de determinada situação e, assim, comprovar a
tese. Por uma questão lógica, é preciso primeiro apresentar as relações com o passado para depois mostrar como ela ainda
engendram uma relação com o presente.
(EXEMPLO DE PROGRESSÃO POR RELAÇÃO NO TEMPO)
(INTRODUÇÃO) ”A sociedade ocidental contemporânea, que teve sua gênese ao longo de uma série de revoluções ocor-
ridas nos séculos XVIII e XIX, é marcada, cada vez mais, por um espírito individualista, em que não há, de modo geral, uma
preocupação para com o outro nem para com o coletivo. (O PARÁGRAFO INTEIRO COMPÕE A TESE DO CANDIDATO).
01º Desenv. (ANÁLISE CRÍTICA DO PASSADO DISTANTE) Ao retomar o pensamento predominante na Anti-
guidade Clássica, observa-se que havia uma clara preferência para ações e relações coletivas. Aristóteles, em
sua obra Ética a Nicômaco, preconiza que as relações humanas, como a política e a amizade, só podem ser construídas a
partir do momento em que as pessoas desejem para os outros o que elas desejam para si mesmas. Nessa perspectiva, o esta
grita afirma que uma relação verdadeira só ser construída virtuosamente, ou seja, por meio de uma prática constante de um
meio termo entre excesso e a falta, com a finalidade de uma atitude altruística.
02º Desenv (ANÁLISE CRÍTICA DO PASSADO RECENTE) Porém, constata-se que desse o advento da socie-
dade moderna, com a ascensão de uma mentalidade burguesa, estas ideias predominantes nas socie-
dades clássicas foram esvaindo-se em favor do egoísmo e das ações particulares. A partir da disseminação
desta nova concepção sobre as relações humanas, observa-se que estas são marcadas, principalmente, pela fragilidade
e pela superficialidade. Prova disso é o próprio desenvolvimento do sistema capitalista, notadamente após a Revolução
Industrial Inglesa, que de modo irracional explorou não somente os indivíduos desfavorecidos pelo sistema, mas também
a natureza em busca de matérias-primas e fontes energéticas. Este fato mostra que não há uma preocupação com o
bem-estar do outro, nem mesmo com o singular e inalienável direito à vida, sendo necessário, pra mudar este quadro,
uma série de sublevações e protestos por parte destes seguimentos sociais marginalizados para que houvesse a garantia
da dignidade humana.
03º Desenv. (ANÁLISE CRÍTICA DO MOMENTO CONTEMPORÂNEO) Nesse sentido, fica evidente que o ho-
mem, de modo geral, não tem mais uma preocupação de desfrutar das coisas simples da vida, como a
proposta de Burle Marx ao plantar palmeiras para que as futuras reações possa, presenciar este espetáculo da natureza. Isto
ocorre devido à predominância de uma cultura de massa, alienada, preocupada em ditar parâmetros e um ritmo eloquente
de consumo em detrimento de uma mentalidade coletiva de bem-estar, que tenha por objetivo amenizar os hodiernos flage-
los que ocorrem em todo o mundo, como por exemplo as guerras civis e a fome que ocorrem em solo africano.
(TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MÁXIMA DO VESTIBULAR FUVEST 2011)

f) Discurso/Realidade
O candidato também pode estruturar seu ponto de vista a partir da apresentação de um discurso existente na sociedade e
das razões que o criaram. Na sequência, cabe a ele descontruir esse discurso,mostrando como a realidade é bem diferente
do que é pregado por meio das palavras.

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g) Desdobramento
Nesse caso, cabe ao candidato apresentar uma ideia no primeiro argumento que se desdobrará na ideia apresentada no se-
gundo argumento. Este,por sua vez, pode levar a uma outra ideia a ser trabalhada num terceiro parágrafo de desenvolvimento.
(EXEMPLO DE PROGRESSÃO POR DESDOBRAMENTO)
(TESE) Assim, verifica-se como o discurso contido no anúncio, por mais minucioso que seja, estimula os indivíduos a uma
determinada mentalidade, como se fossem meros frutos de espaços ideológicos e físicos. (TESE)
(ARGUMENTO 01) Percebe-se que a mensagem contida no anúncio, mesmo em suas minuciosidades, reitera
o conteúdo ideológico dos discursos transmitidos. É o que explica a “microfísica do discurso” de Foucault. No caso,
mostra-se que desde aspectos mais explícitos, como o fato de “aproveitar o mundo como cartão de crédito x”, até mais
implícitos, como o fato de a maioria das pessoas estar portando sacolas, são construídas e reforçadas as visões de mundo às
quais as pessoas são submetidas. Desse modo, nota-se a força do discurso como guia ideológico.
(DESDOBRAMENTO DO ARGUMENTO 01) Assim, já que, segundo Karl Marx, a ideologia é fortemente in-
fluenciada, pelo modo de produção de uma sociedade, na Ordem capitalista, o discurso é favorável a uma
intensa lógica consumista. É por isso que grande parte das pessoas estão segurando sacolas, pois dessa forma se di-
funde o consumo. Além disso, a na imagem e simboliza o que está fora dele tem menor importância. Assim, o consumo se
impões como grande força coercitiva.
(DESDOBRAMENTO DO ARGUMENTO 02) Tal coerção é ainda mais reforçada ao se perceber que a maior
parte de todos os indivíduos, assim como em um célebre quadro de Magritte, não tem suas faces retrata-
das. Isso evidencia a liquefação da identidade de cada indivíduo, como cita Zygmunt Bauman, frente ao intenso trânsito
das relações entre consumo e felicidade. Assim, fica claro que, mesmo estática, a imagem do anúncio passa uma ideia de
movimento, em que as pessoas circulam, sobrem e descem, seguindo o fluxo das felicidades consumistas.
(TRECHO EXTRAÍDO DE REDAÇÃO NOTA MÁXIMA DO VESTIBULAR FUVEST 2010)

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AULA TÍTULO
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TÍTULO
O título de uma redação pode ser mais importante do que julgamos. Ele é responsável por “ativar” no leitor (no caso, o
corretor) um conjunto significativo de expectativas em torno não apenas do tema como um todo, mas também daquilo que
foi efetivamente selecionado a partir de uma coletânea. Em termos mais claros, o título aponta (ou denuncia) alguns dos
caminhos que serão seguidos no decorrer de uma redação.
A partir dessa ideia, podemos chegar a uma conclusão até óbvia: o título de uma redação seria a expressão mínima, mas ao
mesmo tempo mais completa de um texto. Ele precisa ser capaz de sintetizar o que aparecerá no decorrer dos parágrafos
que se seguirão; além, é claro, de funcionar como um motivador da leitura do texto.
Outra questão importante, é que o título talvez seja o único ponto de um texto argumento-dissertativo que permite ao
vestibulando uma certa abertura para exploração de sua criatividade, sendo o local onde ele pode realizar intertextos que
enriqueçam sua redação e evidenciem algo do repertório que o candidato possui.

A) Dúvidas mais comuns


O título deve apresentar relações “diretas” com as informações do texto, ou pode ser mais metafórico?
Mesmo sendo metafórico, o título deve apresentar indícios de relação com o seu texto. Um título que se afasta demais das
informações apresentadas – ou que exige do leitor um nível de abstração muito exagerado – pode prejudicar a identificação
da correlação existente entre texto e título e, em alguma medida, trazer prejuízos à nota final.

Em que momento eu insiro o título?


Para que se garanta minimamente um contato efetivo entre as partes da redação, recomenda-se que o título seja inserido
logo após o término do texto. Tendo a redação pronta, fica mais fácil harmonizar as informações do texto com aquilo que
deve compor o enunciado do título.

O título deve ser simples ou complexo?


O título deve prezar sempre pela clareza. Ainda que explore alguma metáfora existente em alguma música, filme ou obra
literária; deve-se dar preferência por expressões mais “universais” (que sejam conhecidas por maior número de pessoas).
Não se esqueça de que, em geral, os corretores de redação possuem formação acadêmica na área de Letras e Linguística, e
costumam possuir um repretório avançado na área de humanas. Isso significa que você pode “ousar” um pouco mais nas
referências artísticas.

O gênero da redação pode influenciar na escolha no título?


Sim. Certos gêneros textuais pedem títulos mais explícitos (e explicativos), que repassem um ponto de vista pessoal sobre um
fato (como nas dissertações argumentativas, ou nos artigos de opinião). Já outros, como os gêneros narrativos, ou relatos, por
se tratarem de uma “contação” de histórias, devem circunscrever algo que remeta ao enredo que será produzido.

O título precisa necessariamente ser uma oração (apresentar verbo)?


Não. Não é necesário. Essa é uma dúvida muito comum, especialmente pelo fato de percebermos que matérias jornalísticas,
por exemplo, sempre produzem títulos com verbos. No entanto, os especialistas em produção de textos afirmam que, por mais
que o verbo nos dê dimensões de ação e tempo, é completamente aceitável um título que apresente uma construção nominal.

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Devo usar aspas no título?
Não é necessário. As aspas só devem ser usadas para destacar alguma expressão ou palavra do título que apresente tom
irônico, ou mesmo algum neologismo ou estrangeirismo.

Posso articular intertextualidades no título?


Sim. A seguir, é possível encontrar alguns modelos de composição de título que podem ajudar a “expandir” o processo criativo.

01. USO DE DOIS PONTOS


O uso de dois pontos no título da redação organiza a seguinte sequência:
(Síntese da temática): (Síntese da sua opinião)
ƒ Educação: um mal necessário
ƒ Depressão: uma doença mascarada de escolha
ƒ Escravidão moderna: o consumidor como feitor

02. INTERTEXTUALIDADE COM A FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E ECONOMIA.


A intertextualidade com outras disciplinas da área de humanas pode ajudar a apresentar ao seu corretor os direcionamentos
que serão tomados durante a redação.
ƒ De volta à caverna
ƒ O esfacelamento do contrato social
ƒ Liberdade ao ópio

03. INTERTEXTUALIDADE COM AS ARTES


As artes exercem um grande papel de, em momentos históricos distintos, serem capazes de apreender dinâmicas de reali-
dade e exibi-las ao mundo. Desse modo, utilizar expressões ou referências famosas que encontramos em cinema, música ou
literatura, por exemplo; pode nos ajudar a apresentar ao leitor a variedade de nosso repertório. No entanto, lembre-se de um
detalhe: para que tais referências sejam utilizadas elas precisam,necessariamente, aparecerem em algum momento no texto.
ƒ FILMES
O poder das grandes empresas: a tropa da Elite / Militarização da polícia: o tropeço da elite (referência ao conhecido filme
Tropa de elite)
ƒ POEMAS:
Tupy or not Tupy (referência ao Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade) / Um caminho no meio da pedra (referência
ao poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade)
ƒ ROMANCES:
A cidade e a guerra (pequeno “trocadilho” com A cidade e as serras, título de um livro do escritor Eça de Queirós)
Atenção: o fato de se possuir uma maior liberdade para articular outros conhecimentos no título, não implica necessaria-
mente o abandono dos parâmetros condizentes à gramática normativa

B) O que eu devo evitar nos títulos?


Repetição do tema: Não se deve transcrever o tema da redação novamente como título. Isso demonstra que o candidato
não sabe atribuir títulos a seus próprios textos;
Termos abrangentes: A mentira;
Clichês: Educação: a esperança de um povo.

44
AULA COERÊNCIA TEXTUAL
17

COERÊNCIA TEXTUAL
Coerência é aquilo que faz com que o texto tenha sentido durante a leitura. Sua ocorrência não depende do texto em si,
mas da organização dos elementos linguísticos e do conhecimento do mundo partilhado pelo autor, construindo um sentido
percebido através do raciocínio lógico.
Em outras palavras, a coerência ocorre a partir da interpretabilidade do texto, por meio processo cooperativo entre quem
escreve e quem lê. Ainda que o texto esteja bem escrito, a compreensão não ocorrerá se não houver coerência.
É possível estudar a coerência de um texto a partir de duas formas: a coerência externa e a coerência interna.

Coerência externa
Coerência externa é aquela realizada entre o texto e contexto de produção. Ela ocorre a partir da verificação da pertinência
das ideias desenvolvidas, analisando se as construções realmente fazem sentido no universo abordado pelo texto.

Orações com problemas de coerência externa


O machismo é um problema brasileiro que ocorre desde a escravidão.
Desde os tempos mais remotos, a burguesia busca ascensão social das mais variadas formas.
Os períodos de seca – no Nordeste – são consequência dos grandes fluxos migratórios.
Embora os excertos acima estejam escritos corretamente a apresentem um posicionamento a respeito de determinado assunto,
as ideias por ele desenvolvidas não tem validade dentro do contexto de discussão. No primeiro exemplo, não se pode dizer que
o machismo é um problema restrito ao Brasil, ou ainda, que tenha sua origem na escravidão. O segundo exemplo também se
torna incoerente devido a uma dimensão temporal: a burguesia é uma classe social nascida entre a Alta e a Baixa Idade média.
Em síntese, os períodos estão bem escritos, mas não possuem coerência externa.

Coerência interna
A coerência interna é aquela que aborda os sentidos entre as partes de um mesmo texto. Para que ela ocorra, é preciso:
não haver contradições entre as ideias desenvolvidas; não haver paráfrases repetidas que comprometam o desenvolvimento
lógico do texto; e não haver parágrafos isolados que não componham um todo sequencial.

Parágrafo com problema de coerência interna.

45
O voto obrigatório é importante, pois é a única maneira de forçar a população a refletir a respeito da política. Desse modo, os
cidadãos têm o dever de pensar em seus candidatos e avaliar o trabalho que os representantes podem fazer pelo país. Além
disso, trata-se de uma excelente maneira de avaliar o papel que o governo desempenha na sociedade. No entanto, o voto
obrigatório é negativo, pois é uma forma de imposição política que contraria o princípio da liberdade de escolha.
Os períodos acima se tornam incoerentes porque apresentam contradições entre si. Na leitura, não sabemos se o autor é
favorável ou não ao voto obrigatório já que dois posicionamentos opostos são colocados lado a lado sem que um deles seja
eleito como prioritário.
Como compor um texto coerente?
ƒ Capriche no projeto de texto e siga-o até o fim. Um projeto de texto organizado produz uma redação organizada.
Quando elaboramos o projeto, colocamos em tópicos todas as ideias que contribuem para a defesa de nossa tese, e,
portanto, conseguimos organizar nosso texto a partir de um raciocínio que tenha lógica.
ƒ Escreva em seu texto em favor de sua tese. Lembre-se de que as ideias apresentadas têm o objetivo de comprovar
o seu posicionamento inicial. Orações soltas e expositivas escritas apenas para “falar o que se sabe sobre o assunto”
costumam gerar textos incoerentes.
ƒ Cuidado com o argumento oposto à sua ideia. Não se esqueça de que o argumento contrário à nossa posição
apenas nos é interessante quando pode ser relativizado ou desconstruído. Evite descrever argumentos muito bons que
invalidem sua tese principal, pois o texto pode se tornar contraditório.
ƒ Não escreva parágrafos isolados. Lembre-se de que sua redação obedece uma sequência lógica e tem como objetivo
defender sua tese. Portanto, os parágrafos precisam estar alinhados ao posicionamento principal. Não se pode compor um
parágrafo para tratar de determinado assunto sem observar se essa abordagem contribui para a comprovação da tese.
ƒ Cuidado com o título. Quando seu título já apresenta uma posição a respeito do assunto, é importante que ela seja a
mesma desenvolvida na redação. Por isso, recomenda-se que o título seja atribuído apenas no final da escrita do texto,
pois assim é possível escrever uma frase ou oração que esteja muito bem relacionada à ideia que desenvolvemos ao
longo do texto.
ƒ Evite a repetição de paráfrases. Quando não sabemos o que escrever, é muito comum escrevermos as mesmas coisas
com outras palavras. Ou então, passamos apenas a reproduzir as ideias apresentadas na coletânea quase sem objetivo
nenhum. Para acabar com esse problema, é importante realizarmos o projeto de texto e nele colocarmos as ideias a serem
desenvolvidas. Com o projeto de texto em mãos, dificilmente nos perderemos nas paráfrases repetidas exaustivamente.
ƒ Releia o texto produzido. A melhor maneira de descobrir se o texto produzido está incoerente é colocar-se na posição
de leitor. Sempre leia e releia seu texto para observar há coerência nas ideias, na articulação dos parágrafos e no desenvolvi-
mento da conclusão. A releitura ainda ajuda a acertar a pontuação ou a acentuação que podem ter passado despercebidas.

EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: Entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer
teste de DNA. Assinale a alternativa cujo texto pode ser concluído coerentemente com essa afirmação.
a) Sara Mendes deu início a um processo na justiça, para que Tiago Costa assuma a paternidade de seu filho Cássio. Tiago
não fez o exame de DNA, mas assume como muito provável ser ele o pai do menino. Cássio alega que o exame não é
conclusivo, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em
fazer teste de DNA.
b) Adriano é um rapaz muito presunçoso e não admite que lhe cobrem nada. A namorada lhe pediu um exame de DNA,
para esclarecer a paternidade de Amanda, sua filha. Adriano disse que não faria o exame. A namorada disse que toda essa
presunção serviria para o juiz atestar a paternidade, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de pa-
ternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.
c) Carlos de Almeida responde processo na justiça por não querer reconhecer como seu o filho de Diana Santos, sua ex namora-
da. Carlos se recusou a fazer o exame de DNA, o que permite ao juiz lavrar a sentença que o indica como pai da criança, porque
entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.

46
d) Alessandro presume que Caio seja seu filho. Sugeriu a Telma um exame de DNA. Telma disse não ser necessário, pois en-
trou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.
e) Mário e Felipe são primos. Mário é extremamente vaidoso, pretensioso. Felipe é um rapaz calmo e muito simples. Os dois
namoraram Teresa na mesma época. Teresa teve uma filha e entrou na justiça para exigir dos dois primos um exame de
DNA. O juiz disse que não era necessário, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade
a recusa dos homens em fazer teste de DNA.
EXERCÍCIO 2. Identifique a ordem em que os períodos devem aparecer, para que constituam um texto coeso
e coerente. (Texto de Marcelo Marthe: Tatuagem com bobagem. Veja, 05 mar. 2008, p. 86.)
I. Elas não são mais feitas em locais precários, e sim em grandes estúdios onde há cuidado com a higiene.
II. As técnicas se refinaram: há mais cores disponíveis, os pigmentos são de melhor qualidade e ferramentas como o laser
tornaram bem mais simples apagar uma tatuagem que já não se quer mais.
III. Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito de tatuagem se resumia à velha âncora de marinheiro.
IV. Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma tatuagem deixou de ser símbolo de rebeldia de um estilo de vida marginal.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, em que os períodos devem aparecer.
a) II, I, III, IV
b) IV, II, III, I
c) IV, I, II, III
d) III, I, IV, II
e) I, III, II, IV

Texto para a próxima questão


Mais velho, poucos amigos?
Um curioso estudo divulgado na última semana mostrou que a redução do número de amigos com a idade, tão comum
entre os humanos, pode não ser exclusivo da nossa espécie. 1Aparentemente, macacos também passariam por processo
semelhante em suas redes de contatos sociais, o que poderia sugerir um caráter evolutivo desse fenômeno.
2
No trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa com Primatas em Göttingen, Alemanha, se identificou uma redução de
grooming (tempo dedicado ao cuidado com outros indivíduos, como limpar o pelo e catar piolhos) entre os macacos mais
velhos da espécie Macaca sylvanus. 3Além disso, eles praticavam grooming em um número menor de “amigos” ou parentes.
4
Fazer grooming está para os macacos mais ou menos como o “papo” para nós. 5Da mesma forma que o “carinho” humano,
ele parece provocar a liberação de endorfinas. 6Geram-se, dessa forma, sensações de bem-estar tanto em homens como em
outros animais.
Na pesquisa, publicada pelo periódico New Scientist, os cientistas perceberam que macacos de 25 anos tiveram uma redu-
ção de até do tempo de grooming quando comparados com adultos de cinco anos. 7Se esse fenômeno acontece em outros
primatas, ele também pode ter chegado a nós ao longo do caminho de formação da nossa espécie. 8Se chegou, qual teria
sido a vantagem evolutiva?
9
Durante muito tempo se especulou que esse “encolhimento” social em humanos seria, na verdade, resultado de um pro-
cesso de envelhecimento, em que depressão, morte de amigos, limitações físicas, vergonha da aparência e menos dinheiro
poderiam limitar as novas conexões. 10Mas, pesquisando os idosos, se percebeu que ter menos amigos era muito mais uma
escolha pessoal do que uma consequência do envelhecer.
Uma linha de investigação explica que essa redução dos amigos seria, na verdade, uma seleção dos mais velhos de como
usar melhor o tempo. Mas outros especialistas defendem a ideia de que os mais velhos teriam menos recursos e defesas
para lidar com estresse e ameaças e, assim, 11escolheriam com mais cautela as pessoas com quem se sentem mais seguros
(os amigos) para passar seu tempo.
BOUER, J. JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO, CADERNO METRÓPOLE, DOMINGO, 26 JUN. 2016, P. A23. ADAPTADO.

47
EXERCÍCIO 3. Para garantir a unidade e a coerência, todo texto deve seguir uma determinada ordem de
apresentação das ideias. Ao desenvolver o processo argumentativo, o texto apresentado, depois de infor-
mar que a redução do número de amigos pode ser fruto de uma escolha pessoal do idoso, afirma que
a) a depressão, as limitações físicas, a vergonha da aparência são alguns fatores que podem afetar as pessoas idosas.
b) o grooming entre os macacos equivale à relação de carinho e de contato entre os humanos.
c) o homem não é o único ser vivo que sofre uma redução de amigos ao longo do seu processo de envelhecimento.
d) os especialistas defendem posições distintas sobre a relação entre envelhecimento e redução de amigos.
e) os macacos mais velhos tiveram redução do tempo de grooming, segundo uma pesquisa alemã.

GABARITO
1.C 2.C 3. D

48
AULA REDAÇÕES EXTRAS

PROPOSTAS ENEM
PROPOSTA 1
TEXTO 1
Motivos alegados pelos jovens entre 15 e 29 anos no Brasil para não estudar

TEXTO 2
Pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrou que 60% dos jovens da América Latina e do Caribe têm
confiança em seu futuro profissional até 2030, enquanto 40% sentem incerteza ou medo. Um total de 69% espera trabalhar
em sua própria empresa, 76% mostraram-se otimistas com a possibilidade de ganhar bons salários e 59% consideram que
as mudanças associadas à tecnologia, como a robotização, serão positivas.
ADAPTADO DE: HTTPS://EPOCANEGOCIOS.GLOBO.COM/CARREIRA/NOTICIA/2017/08/JOVENS-DA-AMERICA-LATINA-E-CARIBE-
CONFIAM-EM-SEU-FUTURO-PROFISSIONAL-DIZ-OIT.HTML, ACESSO EM 26 DE OUTUBRO DE 2018.

TEXTO 3
– O jovem precisa de uma aula que ensine como se comportar, como lidar com os sentimentos. Tem muita gente que sofre

49
em silêncio. Tenho milhares de amigos que não se abrem. Uma aula no meio do horário letivo teria resultados melhores,
formaria pessoas mais preparadas, mais cientes. A gente precisa disso – diz Gianluca.
(GIANLUCA VILELA PICCIN, ALUNO DE 15 ANOS DO COLÉGIO NOVO TEMPO DE SANTOS, EM SÃO PAULO, MANIFESTOU A SUA
OPINIÃO NO PAINEL “O QUE OS JOVENS QUEREM APRENDER”, NO EDUCAÇÃO 360 JOVEM, REALIZADO PELOS JORNAIS O GLOBO E
EXTRA, REALIZADO NO DIA 16 DE ABRIL DE 2018, NO MUSEU DO AMANHÃ, NO CENTRO DO RIO DE JANEIRO)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema O ENGAJA-
MENTO DO JOVEM EM SUA PRÓPRIA EDUCAÇÃO, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

PROPOSTA 2
TEXTO 1
Mobilidade é o grande desafio das cidades contemporâneas, em todas as partes do mundo. A opção pelo automóvel – que
parecia ser a resposta eficiente do século 20 à necessidade de circulação – levou à paralisia do trânsito, com desperdício de
tempo e combustível, além dos problemas ambientais de poluição atmosférica e de ocupação do espaço público. No Brasil,
a frota de automóveis e motocicletas teve crescimento de até nos últimos dez anos.
DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.MOBILIZE.ORG.BR/SOBRE-O-PORTAL/MOBILIDADE-URBANASUSTENTAVEL/. ACESSO EM 29/08/2015. FRAGMENTO ADAPTADO.

TEXTO 2

HTTP://LOGMOBILIDADEURBANA.BLOGSPOT.COM/2016/09/ESTATISTICAS.HTML

TEXTO 3
As cidades constituem-se no palco das contradições econômicas, sociais e políticas e o sistema viário é um espaço em per-
manente disputa entre diferentes atores, que se apresentam como pedestres, ciclistas, condutores e usuários de automóveis,
caminhões, ônibus e motos.
(BRASIL ACESSÍVEL. PROGRAMA BRASILEIRO DE ACESSIBILIDADE URBANA. MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006. P. 2)

TEXTO 4
Art. 7o A Política Nacional de Mobilidade Urbana possui os seguintes objetivos:
I - reduzir as desigualdades e promover a inclusão social;
II - promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais;
III - proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade;

50
IV - promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos
de pessoas e cargas nas cidades; e
V - consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da construção contínua do aprimoramento da mobilidade
urbana.
HTTP://WWW.PLANALTO.GOV.BR/CCIVIL_03/_ATO2011-2014/2012/LEI/L12587.HTM

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema OS DESAFIOS
DA MOBILIDADE URBANA NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Sele-
cione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

PROPOSTA 3
TEXTO 1
Os resíduos sólidos tornaram-se, nos últimos anos, um dos problemas centrais em termos de planejamento urbano e gestão
pública em praticamente todas as grandes cidades do mundo. O estudo A Organização Coletiva de Catadores de Material Re-
ciclável no Brasil: dilemas e potencialidades sob a ótica da economia solidária, do técnico de planejamento e pesquisa do Ipea
Sandro Pereira Silva, apresenta estimativas recentes que apontam para uma geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil em
torno de 160 mil toneladas diárias - 30% a 40% desse montante são considerados passíveis de reaproveitamento e reciclagem.
Com um setor ainda pouco explorado no país, apenas 13% desses resíduos são encaminhados para a reciclagem.
“Mesmo com as dificuldades enfrentadas pelas instituições e pelos catadores no Brasil, alguns avanços foram identificados
nos últimos anos, ao menos em alguns materiais específicos, com maior valor de mercado”, destaca Silva. Entre 1994 e
2008, o índice de reciclagem de latas de alumínio variou de 56% para 91,5%, o de papel de 37% para 43,7%, o de vidro
de 33% para 47%, o de embalagens PET de 18% para 54,8%, o de lata de aço de 23% para 43,5%, e o de embalagem
longa-vida de 10% em 1999 para 26,6% em 2008.
Os dados ainda revelam a composição dos resíduos descartados no país: 57,41% de matéria orgânica (sobras de alimentos,
alimentos deteriorados, lixo de banheiro), 16,49% de plástico, 13,16% de papel e papelão, 2,34% de vidro, 1,56% de
material ferroso, 0,51% de alumínio, 0,46% de inertes e 8,1% de outros materiais.
“APENAS 13% DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO PAÍS VÃO PARA RECICLAGEM” HTTP://WWW.IPEA.GOV.BR/
PORTAL/INDEX.PHP?OPTION=COM_CONTENT&VIEW=ARTICLE&ID=29296 (25.01.2017)

TEXTO 2

“SELECIONAR O LIXO E RECICLÁ-LO AINDA É UM DESAFIO” HTTPS://WWW12.SENADO.LEG.BR/EMDISCUSSAO/EDICOES/RESIDUOS-SOLIDOS/


REALIDADE-BRASILEIRA-NA-PRATICA-A-HISTORIA-E-OUTRA/SELECIONAR-O-LIXO-E-RECICLA-LO-AINDA-E-UM-DESAFIO (22.09.2014)

51
TEXTO 3
É difícil encontrar alguém hoje que ignore os benefícios da reciclagem para a preservação do planeta. O que poucos parecem
saber, no entanto, é que se o lixo não for separado na fonte (ou seja, em casa) e levado separado até a hora de reciclar, os
benefícios na prática podem se perder.
A grande vantagem de reciclar é poupar a produção de um novo material. Cada vez que se reutiliza um papel, se evita a
derrubada de árvores. Cada vez que se reutiliza um plástico, se evita o uso de petróleo. Isso não quer dizer, no entanto, que
a poluição do processo de reciclagem seja zero. Ela simplesmente, na ponta do lápis, polui menos.
Segundo os especialistas, até 90% de todos os materiais usados pela indústria podem ser reciclados. As exceções existem
porque alguns produtos não compensam ou financeiramente ou ambientalmente. Fraldas descartáveis, por exemplo, causam
mais poluição quando são recicladas do que quando são produzidas.
O mesmo é verdade se o material original não estiver muito danificado. O que se garante, com a separação do lixo na fonte.
“Quando o resíduo é separado e isolado, a contaminação é reduzida e isso torna tudo mais fácil na hora de reciclar. É por isso
que na reciclagem o resíduo de mais valor é o industrial, que é separado com rigor”, explicou ao G1 o engenheiro ambiental
Sandro Donnini Mancini, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Se o lixo não é separado adequadamente, a contaminação dificulta a reciclagem e pode deixar ela cara demais ou poluente
demais. Papéis sujos, por exemplo, precisam de muito alvejante para ficarem brancos. Alvejante que é um poluente. Depen-
dendo do estado do material original, reciclar pode fazer mais mal do que bem.
“SEM COLETA SELETIVA, RECICLAGEM PODE FAZER MAIS MAL DO QUE BEM” FONTE: HTTP://G1.GLOBO.COM/NOTICIAS/CIENCIA/0,,MUL389902-
5603,00-SEM+COLETA+SELETIVA+RECICLAGEM+PODE+FAZER+MAIS+MAL+DO+QUE+BEM.HTML (ACESSADO EM )

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema CAMINHOS
PARA PROMOVER A RECICLAGEM DE LIXO NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

PROPOSTA 4
TEXTO 1
Saúde é um direito universal garantido pela Constituição Federal de 1988. Isso quer dizer que todos têm direito a trata-
mentos adequados, fornecidos pelo poder público. Na prática, ao criar esse direito, a Carta Magna criou também um dos
maiores sistemas públicos de saúde do mundo, que faz desde procedimentos simples, como medir a pressão arterial, aos
mais complexos, como transplante de órgãos.
A Constituição é bem clara e diz que “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. Antes dela, o sistema público atendia a
um público limitado: prestava atendimento somente aos trabalhadores vinculados à Previdência Social, cerca de 30 milhões
de brasileiros. O restante da população tinha de apelar ao setor privado ou entidades filantrópicas. Em 1988, com a Consti-
tuição, nasce o Sistema Único de Saúde (SUS).
“Não se tinha um sistema único de saúde, Só quem pagava a previdência tinha acesso. A universalização muda isso, faz com
que qualquer cidadão possa ter acesso. Essa é uma das grandes revoluções que tivemos”, explica a professora de direito da
Universidade de Brasília (UnB), Ana Claúdia Farranha Santana.
O consultor legislativo do Senado José Dantas lembra que a ideia do SUS teve origem em uma sugestão popular. “Ele foi
indicado por uma enfermeira que sugeriu que deveria ser unificado para facilitar a administração e o uso de verbas”, afirma.
Esse sistema oferece não apenas os cuidados assistenciais, ele trabalha com atenção integral à saúde. Isso significa que o
cidadão tem direito a cuidados que vão da prevenção ao tratamento, tudo com foco na melhoria da qualidade de vida da
população. A lei determina ainda que a saúde é um dever dos três entes da federação: da União, dos estados e dos municí-
pios. E ninguém pode ser discriminado no sistema, todos devem ser tratados com igualdade de direitos.
HTTP://WWW.BRASIL.GOV.BR/CONSTITUICAO-30-ANOS/TEXTOS/CONSTITUICAO-FEDERAL-RECONHECE-SAUDE-COMO-DIREITO-FUNDAMENTAL (05.10.2018)

TEXTO 2

52
HTTP://G1.GLOBO.COM/BRASIL/NOTICIA/2012/01/BRASIL-TEM-MEDIA-DE-31-MEDICOS-DO-SUS-POR-CADA-MIL-HABITANTES-DIZ-IPEA.HTML

TEXTO 3
A Comissão Macroeconômica da Organização Mundial da Saúde tem chamado atenção, desde 2001, para o fato de que,
em termos econômicos, a saúde e a educação são dois pilares do capital humano, sendo que a boa saúde é insumo funda-
mental para a redução da pobreza, o crescimento e o desenvolvimento econômico de longo prazo. Além de contribuir para a
elevação da produtividade do trabalho, o setor saúde também é relevante por sua capacidade de gerar empregos e renda. O
valor adicionado bruto das atividades de saúde foi responsável por 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2013,
sendo que a atividade saúde pública teve participação de 2,3% do PIB no mesmo ano.
Outro indicador que merece destaque é o multiplicador fiscal do gasto com saúde, que foi calculado em 1,7, ou seja, para
um aumento do gasto com saúde de R$ 1,00, o aumento esperado do PIB seria de R$ 1,70. Este achado é corroborado por
estudo internacional que analisou dados de 25 países europeus, dos Estados Unidos e do Japão, encontrando multiplicador
fiscal superior a 3 para o gasto com educação e saúde.[1]
Essas são evidências sobre a relevância do setor saúde para o desenvolvimento econômico e social do país. Contudo, o
esforço que o Brasil tem feito está aquém do realizado até mesmo por países latino-americanos, que não contam com um
sistema universal de saúde e que são menos desenvolvidos. Em 2014, o gasto público com saúde do Brasil, em participa-
ção no PIB, foi de 3,8%, ficando abaixo dos realizados por Uruguai (6,1%), Panamá (5,9%), Colômbia (5,4%), Nicarágua
(5,1%), Paraguai (4,5%), El Salvador (4,5%) e Chile (3,9%). Em termos per capita, o gasto brasileiro também se situa entre
os mais baixos, tendo sido de 607 dólares internacionais no mesmo ano.
HTTP://CEE.FIOCRUZ.BR/?Q=FABIOLA-SULPINO-E-PRECISO-INVESTIR-MAIS-EM-SAUDE-PUBLICA-NO-BRASIL (23.01.2018)

TEXTO 4
É possível existir um sistema de saúde que vá ao encontro das necessidades de cada indivíduo, de acordo com o princípio da
equidade, respeitando o direito à saúde garantido por lei? Em artigo da revista Saúde e Sociedade, Fernando Passos Cuper-
tino de Barros e Maria Fátima de Sousa analisam a palavra “equidade” dentro do contexto da saúde no Brasil, observando
seus diferentes aspectos.
Aqui, as situações de iniquidades sociais são muitas, principalmente considerando que “o país adota um sistema tributário
com a taxação sobre o consumo em lugar daquela sobre renda e riqueza – o que acentua as desigualdades antes mesmo
da alocação dos recursos”, gerando consequências negativas no campo da saúde. O percentual do gasto público em saúde,
por exemplo, é muito baixo: apenas 10,7% dos gastos do orçamento total dos governos.
Apesar do anunciado acesso universal e igualitário aos serviços de saúde, é sabido haver desigualdades no SUS – Sistema
Único de Saúde. Embora “a exclusão formal” tenha desaparecido, a iniquidade permanece, “em decorrência de fatores como
a desinformação, associada aos diferenciais de escolaridade, ou ainda da deformação em determinadas políticas públicas,
em algumas das quais ainda estão presentes os privilégios e a discriminação”, dizem os autores.
Os autores sugerem debates para que se promova esta equidade, necessária à realização do direito à saúde, no sentido de
proporcionar a satisfação do indivíduo com seu próprio estado de saúde e dos que estão ao redor. Só desta forma pode ser

53
atingido “o ideal de um sistema de saúde que seja capaz de garantir o necessário a todos, levando-se em conta singulari-
dades e necessidades”.
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema DESAFIOS
NA MANUTENÇÃO DO ACESSO À SAÚDE NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

PROPOSTA 5
TEXTO 1
O Brasil é uma das nações com maior índice de gestação na adolescência, à frente de mais de 150 países. Todos os anos, pelo
menos 1 milhão de adolescentes engravidam. Levantamento do Ministério da Saúde de 2017, referente a 2015, mostrou
que naquele ano foram 546.529 mil nascidos vivos de mães com idade entre 10 e 19 anos. Número que representa 18%
dos 3 milhões de nascidos vivos na ocasião.
Como forma de criar políticas de combate a esse problema de saúde e social, na data de 1º de fevereiro foi instituída a Se-
mana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, conforme previsto na Lei nº 13.798/2019, acrescida ao Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA).
Em cerimônia no Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) da Sejus, a subsecretária de Políticas para Crianças e Adolescentes,
Adriana Farias, destacou a importância de cuidar dos jovens.
“A gravidez na adolescência traz complicações e adversidades para a adolescente e para a criança que está por vir. A propos-
ta é que façamos ações de prevenção durante todo o ano, com os órgãos públicos, para tratar o tema com seriedade”, pede.
Assessora do secretário de Educação, Rafael Parente, Sônia Prado participou do evento e lembrou a importância de conscien-
tização, informação e corresponsabilização dos garotos em uma gravidez. “Os meninos também precisam ter essa conversa.
Nós da Educação vamos desenvolver ações para dar clareza ao tema. Não só para meninas, mas também para os meninos”,
pontuou Sônia.
Fala que foi corroborada pelo secretário-adjunto de Justiça, Maurício Carvalho. “Os rapazes também concorrem com isso.
Gravidez não se faz sozinha, não existe ação espontânea. Ao acontecer temos vidas e ciclos interrompidos, pessoas fora do
mercado de trabalho, carregando e perpetuando essa situação”, alerta.
GOVERNO DISTRITO FEDERAL PROPÕE AÇÕES PARA PREVENIR GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA. HTTPS://WWW.AGENCIABRASILIA.
DF.GOV.BR/2019/02/07/GDF-PROPOE-ACOES-PARA-PREVENIR-GRAVIDEZ-NA-ADOLESCENCIA/

TEXTO 2

HTTPS://WWW12.SENADO.LEG.BR/NOTICIAS/ESPECIAIS/ESPECIAL-CIDADANIA/GRAVIDEZ-PRECOCE-AINDA-E-ALTA-MOSTRAM-DADOS

54
TEXTO 3

HTTP://PLANALTO.BA.GOV.BR/SECRETARIAS-IRAO-PROMOVER-CAMPANHA-DE-PREVENCAO-DA-GRAVIDEZ-NA-ADOLESCENCIA/

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema ALTERNATIVAS PARA
PREVENÇÃO À GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

PROPOSTA 6
TEXTO 1
O ativismo digital, de acordo com Oscar Howell-Fernández, é uma forma poderosa de expressão e de ação social. “É uma re-
presentação mais ou menos exata de nossas preferências e de nossa atividade social que se desenvolve de maneira constante e
diária online, diante de instituições públicas ou privadas, governamentais ou comerciais”, afirma em seu livro. Cada clique, cada
comentários, cada like é um tipo de voto. Às vezes, esse magma de opiniões eclode em forma de protesto; no resto do tempo é
uma fonte incrível de informação para os cientistas de dados.
OSCAR HOWELL-FERNÁNDEZ, EM ENTREVISTA AO EL PAÍS. HTTPS://BRASIL.ELPAIS.COM/BRASIL/2017/12/08/TECNOLOGIA/1512753235_185478.HTML (08.12.2017)

TEXTO 2
As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para
ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam
é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem
serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.
ZIGMUNT BAUMAN, EM ENTREVISTA AO EL PAÍS. “ZYGMUNT BAUMAN: “AS REDES SOCIAIS SÃO UMA ARMADILHA”” HTTPS://
BRASIL.ELPAIS.COM/BRASIL/2015/12/30/CULTURA/1451504427_675885.HTML (30.12.2015)

TEXTO 3
Rede Mobilizadores - Alguns especialistas chamam o ciberativismo de ativismo de sofá, num certo tom pejorativo e dizem temer
o enfraquecimento das formas tradicionais de protesto. O que pensa a respeito?
R. Gustavo: De fato, é plenamente possível que, a partir de um sofá, uma pessoa acabe se envolvendo em uma série de inicia-
tivas virtuais. Essa conduta pode ser boa ou ruim. Se houver a ilusão de que tais iniciativas substituem a articulação e o enga-
jamento no mundo “real”, então não há dúvidas de que teremos sérios problemas. Por outro lado, esse ativismo virtual pode
ser um importante elemento para se somar à militância no mundo “real”. Imaginemos, por exemplo, uma iniciativa contrária à
construção de uma hidrelétrica que vai inundar uma área indígena. O uso das redes sociais pode ser importante ferramenta de

55
mobilização, tanto para ampliar o alcance da luta quanto para constranger os tomadores de decisão. No entanto, as iniciativas
na internet jamais poderão substituir a luta concreta, no mundo real, dos povos atingidos por essa barragem.
ENTREVISTA A GUSTAVO GINDRE, JORNALISTA, PROFESSOR E INTEGRANTE DO COLETIVO INTERVOZES. HTTP://WWW.MOBILIZADORES.
ORG.BR/ENTREVISTAS/ATIVISMO-VIRTUAL-SO-E-EFICAZ-SE-HOUVER-ENGAJAMENTO-NO-MUNDO-REAL/

TEXTO 4

ESTUDO ESPECIAL MOBILE, DIVULGADO PELO IBOPE NIELSEN (PESQUISA REALIZADA ENTRE 25 DE ABRIL A 2 DE MAIO DE
2012) HTTP://WWW.NUVEMLAB.COM.BR/BLOG/HABITOS-DOS-INTERNAUTAS-DE-INTERNET-MOVEL/

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema DESAFIOS
PARA TRANSFORMAR O CYBERATIVISMO EM MUDANÇAS SOCIAIS, apresentando proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista.

PROPOSTAS EXTRAS VESTIBULAR


PROPOSTA 1
Texto 1
Qual é a maneira mais apropriada para dar à luz? A pergunta tem gerado uma verdadeira queda de braço entre médicos e
políticos em São Paulo.
A discussão começou com um projeto de lei (PL) sobre o parto cesáreo, assinado pela deputada estadual Janaina Paschoal.
No texto, Janaina defende que a gestante pode optar pela cesárea até a 39a semana de gestação na rede pública de São
Paulo — mesmo que o médico tenha diagnosticado condições favoráveis ao parto normal. Entidades médicas, que repre-
sentam os profissionais da saúde em São Paulo, divergem sobre o tema.
O Coren (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) afirma que o PL “não apresenta amparo e embasamento científi-
co” e “estimula perigosamente o aumento de partos cesarianos no Brasil”. Já o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de
São Paulo) divulgou uma nota em que diz apurar processos de complicações médicas devido a uma insistência ao parto nor-
mal. “Somos contra projetos que queiram parametrizar qualidade em saúde obstétrica baseados meramente em números e
em taxas de cesarianas, desconsiderando as indicações médicas e/ou a vontade materna livremente expressa, caso a caso”.
Para Janaina, existe uma insistência pelo parto normal na rede pública que resulta em dores e complicações para mãe e
bebê. Para ela, o projeto sobre acesso às cesáreas dá autonomia para a mulher. Em contrapartida, a parlamentar paulista
Beth Sahão argumenta que o projeto vai na contramão de uma lei de parto humanizado, aprovada no Estado em 2015,
que estabelece que o parto na rede pública siga as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre elas, a
“preferência pela utilização dos métodos menos invasivos e mais naturais”.

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Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), de 2016, mostram que enquanto na rede privada 84% dos
partos ocorrem via cesariana, no SUS, a taxa é de 40%.
(MARCOS CANDIDO. “JANAINA PASCHOAL DIVIDE DEPUTADOS: ‘LUTO CONTRA A RELIGIÃO DO PARTO NORMAL’”. HTTPS://UNIVERSA.UOL.COM.BR, 19.06.2019. ADAPTADO.)

Texto 2
Durante o expediente na ALESP, Janaina Paschoal defendeu sua proposta sobre parto, reiterando que seu foco é nas pa-
cientes do SUS. “Eu não estou fazendo um PL para as mulheres que têm condições de utilizar as redes privadas, que têm
seu convênio médico. Eu estou falando daquelas que pegam o ônibus e vão para a maternidade e gritam por horas. Casos
concretos que eu acompanhei de mulheres que imploram por uma cesariana”, disse.
Para a educadora, ativista pela maternidade e infância e autora do blog Mamatraca, Anne Rammi, o projeto é problemático,
pois oferece uma “falsa escolha”. “O mesmo sistema violento e negligente que atende a mulher num parto normal cercado
de violência é o sistema que vai atendê-la em uma possível cesárea. E a gente sabe que mal atendimento médico, violência
e negligência dentro de um processo cirúrgico são igualmente graves”, aponta.
Além disso, considerando os números de partos no Brasil, segundo Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
(Sinasc) de 2016, as cesáreas são realizadas em mais da metade (55,6%) dos partos com nascidos vivos. A nível mundial, a
taxa de cesárea brasileira só perde para a República Dominicana (56%). Lembrando que a recomendação da Organização
Mundial da Saúde (OMS) é que o número de cesarianas não ultrapasse 15% dos partos.
(SABRINA ONGARATTO. “POLÊMICA: PL PROPÕE QUE GESTANTES DO SUS POSSAM OPTAR POR CESÁREA, MESMO
SEM INDICAÇÃO MÉDICA”. HTTPS://REVISTACRESCER.GLOBO.COM, 12.06.2019. ADAPTADO.)

Texto 3
Os médicos são unânimes em afirmar que o parto normal, a princípio, é muito mais saudável para mãe e bebê. A autonomia
da mulher no parto normal é o primeiro diferencial. Aqui, ela se levanta e segue com a rotina mais precocemente, enquanto
na cesárea há uma recuperação cirúrgica, sem contar a parte anestésica. Além disso, a cirurgia deixa cicatriz, que pode levar
até dois meses para completar a cicatrização. No entanto, os médicos alertam que, quando a cesárea é necessária, o parto
normal pode ser mais arriscado.
O maior benefício da cesárea para a mulher é o planejamento. Ela pode fazer a cirurgia eletiva, desde que a partir da 39a
semana de gestação. Segundo a ginecologista Carolina Burgarelli, o momento ideal é perto da 40a semana, pois quanto
mais tempo a gestação durar, melhor é a evolução do bebê.
Quando a paciente deseja cesárea, os médicos precisam entender por que ela a deseja. “Se for algo plausível para esclarecer,
ajudar e tentar evoluir para o normal”, diz Carolina. Independentemente do tipo de parto, tudo deve ser devidamente conversa-
do entre gestante e médico. Os riscos e os benefícios existem, e a via escolhida deve priorizar o bem-estar de mãe e bebê. Junto
a isso, a mulher é a protagonista desse momento e quanto mais ouvida e respeitada ela for, melhor será a experiência.
(LUDIMILA HONORATO. “PARTO NORMAL OU CESÁREA? ENTENDA AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA CADA UM”. WWW.ESTADAO.COM.BR, 16.04.2019. ADAPTADO.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empre-
gando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O PARTO CESÁREO NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE DEVE SER
UMA POSSIBILIDADE DE ESCOLHA DA GESTANTE?

PROPOSTA 2
Texto 1
O Ministério da Economia divulgou a atualização do cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a
condições análogas à escravidão, conhecido como lista suja do trabalho escravo. A lista denuncia pela prática do crime 187
empregadores, entre empresas e pessoas físicas. No total, 2 375 trabalhadores foram submetidos a condições análogas à
escravidão. A maioria dos casos está relacionada a trabalhos praticados em fazendas, obras de construção civil, oficinas de
costura, garimpo e mineração.

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A legislação brasileira atual classifica como trabalho análogo à escravidão toda atividade forçada desenvolvida sob condi-
ções degradantes ou em jornadas exaustivas. Também é passível de denúncia qualquer caso em que o funcionário seja vi-
giado constantemente, de forma ostensiva, por seu patrão. Outra forma de escravidão contemporânea reconhecida no Brasil
é a servidão por dívida, que ocorre quando o funcionário tem seu deslocamento restrito pelo empregador sob alegação de
que deve liquidar determinada quantia de dinheiro.
(BRUNO BOCCHINI. “ATUALIZAÇÃO DA LISTA SUJA DO TRABALHO ESCRAVO TEM 187 EMPREGADORES”. HTTPS://AGENCIABRASIL.EBC.COM.BR, 03.04.2019. ADAPTADO.)

Texto 2
A lista de empregadores flagrados utilizando trabalho análogo ao escravo no Brasil é considerada pela ONU um modelo de
combate à escravidão contemporânea em todo o mundo.
A partir da chamada “lista suja”, empresas e bancos públicos que assinaram o Pacto Nacional pela Erradicação do Traba-
lho Escravo podem negar crédito, empréstimos e contratos a empresários que usam trabalho análogo ao escravo. “A lista
é simplesmente um instrumento de transparência da ação do Estado, que tem a obrigação de fiscalizar e garantir direitos
trabalhistas”, afirma Mércia Silva, do Instituto Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Inpacto).
“A lista suja combate o trabalho escravo, mas, mais do que isso, é um instrumento de gerenciamento de risco para a ativi-
dade econômica brasileira, porque ninguém quer se associar a empresas que usam trabalho análogo à escravidão”, disse
o cientista político Leonardo Sakamoto. “Não é uma questão de ‘bondade’ do mercado. A empresa que foi flagrada com
trabalho escravo pode estar sofrendo um processo grande e pode nem ter dinheiro no futuro para quitar empréstimos que
venha a tomar, se for condenada a pagar milhões. Era necessário que o mercado brasileiro tivesse um instrumento para
garantir esse controle”, afirma Sakamoto.
(CAMILLA COSTA. “PARA QUE SERVE A ‘LISTA SUJA’ DO TRABALHO ESCRAVO?”. WWW.BBC.COM, 06.04.2015. ADAPTADO.)

Texto 3
Para o presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Distrito Federal, Pedro Foltran, a função da lista suja do trabalho escra-
vo é intimidar empresas. As empresas afirmam que são incluídas na lista depois de um suposto flagrante autuado pelos fis-
cais do governo e alegam que não têm a oportunidade de se manifestar no processo, o que viola seu direito à ampla defesa.
(“‘LISTA DO TRABALHO ESCRAVO’ SERVE PARA INTIMIDAR, DIZ PRESIDENTE DO TRT-10”. HTTPS://CONJUR.COM.BR, 06.03.2017. ADAPTADO.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empre-
gando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
LISTA SUJA DO TRABALHO ESCRAVO: ENTRE A PROTEÇÃO AOS TRABALHA-
DORES AFETADOS E O DIREITO DE DEFESA DAS EMPRESAS

PROPOSTA 3
Texto 1

(CARLOS LATUFF. WWW.BRASIL247.COM, 05.09.2013.)

58
Texto 2
A importância do agronegócio no Brasil:
ƒ Grande participação no Produto Interno Bruto;
ƒ Cria aproximadamente 37% de todos os empregos do país;
ƒ Responde por aproximadamente 39% das exportações;
ƒ Saldo comercial de aproximadamente 79 bilhões de dólares em 2012;
ƒ Aproximadamente 30% das terras brasileiras são utilizadas para agropecuária;
ƒ Aproximadamente 61% do território ainda é coberto por matas originais.
(“O AGRONEGÓCIO NO BRASIL”. WWW.ECOAGRO.AGR.BR, 21.03.2019. ADAPTADO.)

Texto 3
As terras indígenas tornaram-se grandes alvos da pressão econômica, que pretende a exploração dessas áreas a qualquer
preço. Diante dos conflitos, o que se vê é justamente uma colisão de direitos indígenas em face do estímulo da ordem
econômica ao crescimento do agronegócio. A Constituição Federal de 1988 assegurou aos povos indígenas a demarcação
de terras com intuito de garantir o direito ao índio do uso das terras brasileiras para sua sobrevivência, assegurando a pro-
teção dos limites demarcados e impedindo a ocupação por terceiros. Os direitos indígenas, pois, acabam colidindo com os
interesses dos produtores rurais que buscam a exploração de terras já demarcadas (ou passíveis de demarcação) aos povos
indígenas, tornando tal problemática uma questão a ser resolvida.
O território tem um significado muito maior para os povos indígenas do que o simples espaço geográfico. Tem ligação com
sua própria identidade, noção de pertencimento, práticas, tradições e cultura. Para uma sociedade capitalista, a terra é ape-
nas uma forma de produção, uma mercadoria. Para os índios, é muito mais que isso. Para os Guarani-kaiowá, por exemplo,
é inconcebível não viver na terra de seus antepassados, de seus ancestrais. Nos últimos 50 anos, o agronegócio avançou
sobre as suas terras de forma muito agressiva, e hoje eles estão confinados em oito reservas com áreas entre 2,4 mil e 3,5
mil hectares. Estima-se que 40 mil guaranis-kaiowá vivam em acampamentos espalhados pelo país.
(BRENDA F. D. OLIVEIRA ET AL. “O AGRONEGÓCIO E AS TERRAS INDÍGENAS NO BRASIL”. WWW.WEBARTIGOS.COM, 30.11.2014. ADAPTADO.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empre-
gando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS: ENTRE O DIREITO DOS POVOS INDÍ-
GENAS E O DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL

PROPOSTA 4
Texto 1
“Gordofobia” é o termo usado para definir o preconceito sofrido por pessoas gordas dentro de uma sociedade que superes-
tima a magreza e um restrito padrão de beleza.
Apesar da perversidade da conduta, a gordofobia age até de forma institucionalizada. A pesquisa “Profissionais Brasileiros –
Um panorama sobre contratação, demissão e carreira” revela que 6,2% dos empregadores assumidamente não contratam
pessoas obesas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 30% dos obesos podem ter perfil metabólico e cardiovascular dentro da
normalidade. O movimento defende, portanto, que a obesidade em si não deve ser considerada doença – ela é apenas o
estado de ser gordo.
Os dados levam a crer, portanto, que a pressão sofrida pela população obesa diz muito mais respeito à estética do que à
saúde. Em um estudo realizado por uma universidade da Inglaterra, 16% das mulheres entrevistadas disseram que trocariam
um ano inteiro de vida por um corpo esbelto.
(CAMILA BAHIA BRAGA. “A GORDOFOBIA AFETA CARREIRA, SAÚDE E FELICIDADE DE PESSOAS GORDAS”. HTTP://CLAUDIA.ABRIL.COM.BR, 13.03.2017. ADAPTADO.)

59
Texto 2
Estudos indicam que, apesar dos esforços de conscientização, atitudes preconceituosas explícitas contra gordos aumentaram
consideravelmente entre 2001 e 2010. Ainda é mais comum, no entanto, que o preconceito apareça travestido de elogio ou
preocupação. Frases como “você tem o rosto tão bonito, por que não emagrece?” são reflexo da chamada gordofobia, do
preconceito ou da intolerância contra pessoas gordas.
Essa discriminação não é novidade. “Estamos tentando há centenas de anos encontrar a solução da corpulência, mas nunca
conseguimos. A partir do momento em que as primeiras relações entre problemas de saúde e gordura corporal começaram
a ser publicadas, o gordo passou a responder por tripla acusação: falta de formosura, falta de retidão de espírito e falta de
capacidade para gerenciar a própria saúde”, diz a nutricionista Paola Altheia, que se notabilizou por desconstruir os mitos
de emagrecimento e questiona os padrões de beleza: “Está mais do que na hora de compreendermos que o corpo gordo
não é um erro, um pecado ou um crime”.
Muitos dos mitos relacionados com o peso têm a ver com a ideia de que a obesidade é controlável — portanto, representa
negligência. Na verdade, o excesso de peso não é necessariamente resultado de comer demais. Vários outros fatores podem
contribuir, como falta de sono, condições socioeconômicas, medicamentos, desequilíbrio hormonal, genética, problemas de
saúde mental e até mesmo a poluição do ar.
Outro mito comum é a noção de que pessoas gordas não são saudáveis apenas por serem gordas.
(GABRIELA LOUREIRO. “GORDOFOBIA: POR QUE ESSE PRECONCEITO É MAIS GRAVE DO QUE VOCÊ PENSA”. HTTP://REVISTAGALILEU.GLOBO.COM, 03.05.2017. ADAPTADO.)

Texto 3
A obesidade é, certamente, uma das patologias que mais tem apresentado preocupação neste final de século.
Até há pouco tempo, estigmatizada, a obesidade não era considerada condição que dependesse de tratamento, pois era
atribuída, pela maioria, a maus hábitos alimentares, inatividade física e baixa autoestima. Porém, nas últimas décadas, come-
çou-se a reconhecer que a condição de obesidade poderia ocasionar vários males à saúde e, assim, tornou-se um problema
epidemiológico nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Na verdade, existe uma grande vontade por parte das pessoas de modificar o estilo de vida, mas nem sempre encontram
apoio. Faltam informações sobre a obesidade e seus fatores de risco porque a sociedade tem resistência em 1aceitar a obe-
sidade como uma doença, mascarando todo um processo, deixando de tratar e dar o devido apoio ao sujeito obeso.
(ANTONIA BANKOFF E DANIELA BARROS. “OBESIDADE, MAGREZA E ESTÉTICA”. WWW.FEF.UNICAMP.BR. ADAPTADO.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-pa-
drão da língua portuguesa, sobre o tema:
CRÍTICAS À OBESIDADE: ENTRE A PREOCUPAÇÃO COM A SAÚDE E A MANIFESTAÇÃO DO PRECONCEITO

PROPOSTA 5
Texto 1
Pesquisa do MEC revela problemas nas escolas
Uma pesquisa interna encomendada pelo Ministério da Educação (MEC) no ano de 2018 apontou que a maioria dos bra-
sileiros é favorável à inclusão de questões sobre gênero e sexualidade no currículo escolar. Nunca divulgado publicamente,
o levantamento foi obtido com exclusividade pela TV Globo por meio da Lei de Acesso à Informação. Segundo a pesquisa,
55,8% responderam “sim” para a pergunta: “A abordagem das questões de gênero e sexualidade deve fazer parte do cur-
rículo escolar?” Outros 38,2% foram contra a medida, e 6% dos entrevistados não souberam responder.
LUIZ FERNANDO TOLEDO, TV GLOBO. 05/02/2019. ADAPTADO.

Texto 2
Aulas sobre o tema têm diferentes formatos e abordagens no país, em escolas leigas e religiosas
Freira da Congregação de Jesus, irmã Mônica de Moraes, 75, fez voto de castidade há cerca de 50 anos, mas de uma coisa
não abre mão na escola católica que dirige na zona sul de São Paulo: das aulas de orientação sexual. E o faz, afirma, por

60
coerência com a sua fé. “A igreja é a favor da vida”, diz. “Estamos protegendo os alunos para que evitem doenças e tenham
uma vida digna.”
Na mira após ataques do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), a educação sexual tem no Brasil diferentes formatos de
acordo com a escola - de horários exclusivos na grade a tratamento interdisciplinar. Em regra, porém, as instituições abordam
temas similares: puberdade, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, violência e privacidade em tempos de nudes e
pornografia na internet.
ANGELA PINHO. FOLHA DE S.PAULO. 06/12/2018. ADAPTADO.

Texto 3
É preciso combater agenda que fere valores cristãos
Na educação sexual, existem inúmeros riscos de inoculação de falsas doutrinas, tais como a famigerada ideologia de gênero,
além dos reducionismos biológicos. A educação sexual escolar, muitas vezes, corresponde a eufemismo, encobrindo certa
agenda – a qual, em última análise, visa à engenharia social desestabilizadora dos valores cristãos.
Segundo a moral cristã, a licitude do sexo encontra-se apenas no casamento. A partir desse postulado, o relacionamento se-
xual objetiva precipuamente a procriação da espécie humana, sem, é claro, deslembrarmos das dimensões afetiva, cognitiva
e religiosa dos atos carnais.
Com efeito, para a vivência harmoniosa, correta e edificante da sexualidade, Jesus Cristo instituiu o sacramento do matrimô-
nio (Mt 19,6; Ef 5,31-32), a fim de que a graça sobrenatural perpasse o dia a dia dos cônjuges e robusteça a família.
EDSON LUIZ SAMPEL. TEÓLOGO E PROFESSOR DA FACULDADE DE DIREITO CANÔNICO SÃO PAULO APÓSTOLO, DA
ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO. FOLHA DE S.PAULO. 12/01/2019. ADAPTADO.

Texto 4
Meninas-Mães
A taxa de gravidez em adolescentes no Brasil é maior que a média mundial: um em cada cinco nascidos no País é filho
de uma jovem. O problema é que a maioria das meninas-mães desiste dos estudos. Esse cenário pode ser mudado, dizem
especialistas, se gênero e sexualidade forem assuntos na escola.
Em vez de explorar o assunto e criar políticas nacionais, as novas políticas educacionais, no entanto, têm retirado o assunto
da pauta. Educação sexual e gênero ficaram de fora da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento aprovado em
2017 e que vai nortear os currículos das escolas nacionais na educação infantil e no ensino fundamental. A parte do docu-
mento que estabelecia “corpo, gênero e sexualidade nas tradições religiosas” como um dos objetos de conhecimento gerou
polêmica e foi excluída pelo Ministério da Educação da versão final.
Se o tema tivesse sido mantido na base curricular que vai guiar o que será ensinado nas escolas brasileiras, além da garantia
da perenidade dos projetos, haveria também a criação de marcadores metodológicos e de conteúdo a serem seguidos. Uma
ausência que faz com que mesmo experiências esporádicas de tratar o assunto não surtam o efeito esperado.
Numa roda de oficinas que reuniu especialistas e adolescentes grávidas ou que haviam acabado de se tornar mães, as ga-
rotas relataram que o conteúdo de educação sexual que tiveram na escola era reduzido à clássica abordagem dos órgãos
reprodutores, das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e de como usar o preservativo. Mas pouco ou nada tratava do
que mais as inquietava, como questões de gênero, exploração, desejo e reconhecimento do próprio corpo.
SABINE RIGHETTI. PROBLEMAS BRASILEIROS. ABRIL/MAIO 2019. ADAPTADO.

Na atualidade brasileira, a educação sexual nas escolas tem sido objeto de discussão frequente e acirrada. Com base nas
ideias contidas nos textos acima reproduzidos, bem como em outras informações que você considere relevantes, redija uma
dissertação em prosa sobre o tema:
DEVE HAVER EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS?

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PROPOSTA 6
Texto 1
Ángel Hernández e María José Carrasco estavam decididos. No dia em que ela assim quisesse, ele a ajudaria a tirar a pró-
pria vida. Carrasco sofria de esclerose múltipla havia 30 anos. “Quero o final o quanto antes”, dizia Carrasco, de 61 anos.
Secretária judicial, tinha sido uma mulher ativa, inquieta. Mas já fazia anos que o piano que tocava havia emudecido, que os
pincéis com os quais pintava se cegaram. Praticamente paralisada e com problemas de visão e audição, o televisor da sala
havia crescido para que os dois pudessem assistir a filmes antigos, porque não gostavam dos que passavam na televisão.
Ninguém sabe o que ocorreu naquela casa nestes últimos seis meses, mas, na quarta-feira, Hernández lhe preparou a medi-
cação definitiva. Ela tomou. Ele foi preso.
(EMÍLIO DE BENITO CAÑIZARES E CECILIA JAN. “IDOSO É PRESO POR AJUDAR ESPOSA A FAZER EUTANÁSIA APÓS 30 ANOS
DE LUTA CONTRA ESCLEROSE MÚLTIPLA”. HTTPS://BRASIL.ELPAIS.COM, 04.04.2019. ADAPTADO.)

Texto 2
A eutanásia é um assunto que envolve a polêmica questão: somos nós quem devemos decidir sobre quando alguém nasce
ou morre? Temos esse direito? A resposta parece óbvia, mas por conta das constantes investidas pela legalização da eu-
tanásia na França (e em vários outros países do mundo), mais de 175 associações especializadas em cuidados paliativos
assinaram um manifesto em que resumem sua posição a favor de cuidar das pessoas que estão na fase final da vida.
Toda pessoa, independentemente de seu estado de saúde, possui uma dignidade única e particular. Mesmo nas situações
mais difíceis e menos desejáveis, as equipes de cuidados paliativos colocam toda a sua experiência para proteger a dignidade
dos pacientes. Ao contrário disso, a opção pela morte não garante essa dignidade e implica uma renúncia à condição hu-
mana. Mesmo nessas situações difíceis, muitos pacientes vivem momentos importantes. Alguns descobrem nessa fase que a
bondade existe, outros passam a valorizar seus entes queridos, há aqueles que se reconciliam com algum amigo ou familiar,
etc. Acelerar a morte privaria essas pessoas desses últimos e imprevisíveis momentos da condição humana.
(EQUIPE SEMPRE FAMÍLIA. “12 MOTIVOS PARA DIZER NÃO À EUTANÁSIA E SIM AOS CUIDADOS PALIATIVOS”. WWW.SEMPREFAMILIA.COM.BR, 11.01.2019. ADAPTADO.)

Texto 3
De início, ao citar a eutanásia, surge na memória das pessoas a definição popular de ser o ato de antecipar a morte de
alguém, algumas vezes por compaixão por quem está em sofrimento em decorrência de alguma enfermidade. O ato de
dispor da vida cria discussões em todas as classes sociais e em todos os ramos de pesquisas e estudos, pois existem muitas
posições conflitantes. No âmbito religioso, surgem os argumentos contrários, alega-se que a vida é um dom divino e, dessa
forma, ninguém tem o direito de tirá-la. Surge também a discussão sobre o direito sucessório, argumenta-se que tal prática
pode ser levada a termo apenas em benefício do profissional que a possibilita e dos herdeiros, desprezando-se por completo
a vontade e as crenças do enfermo.
Entretanto, ainda que a maioria das pessoas trate o direito à vida como irrenunciável e absoluto, deve-se pensar na vontade
de uma pequena parcela de indivíduos que acreditam no direito de morrer dignamente. A morte deve ser encarada como
uma fase da vida humana, como uma etapa a ser vivenciada por todos nós, devendo ser preservada a dignidade humana até
o final, tendo como objetivo o bem morrer, ou também a boa morte. O direito à morte digna pode ser considerado derivado
do direito à vida digna, tendo em vista que se trata de realizar uma vontade do ser humano de forma natural, humanizada,
sem prolongamento do sofrimento e da dor.
(MARIA ANTONIA SILVA GENEROSO. “EUTANÁSIA: O DIREITO DE VIVER E MORRER COM DIGNIDADE”. WWW.JUSTIFICANDO.COM, 10.05.2019. ADAPTADO.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empre-
gando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
EUTANÁSIA: É DIREITO DO PACIENTE DECIDIR A HORA DE MORRER?

62
PROPOSTA 7
Texto 1
Foro privilegiado é um mecanismo de proteção concedido a determinadas autoridades por haver, segundo o entendimento
da lei, a necessidade de resguardar o exercício de determinada função ou mandato. A Constituição Brasileira estabelece que
todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país são iguais perante a lei, mas o foro por prerrogativa de função, mais
conhecido como foro privilegiado, pode ser considerado uma exceção a essa regra.
A análise de processos envolvendo pessoas que gozam de foro privilegiado é designada a órgãos superiores, como o Supremo
Tribunal Federal (STF), o Senado ou as Câmaras Legislativas. Acredita-se que, com isso, pode-se manter a estabilidade do país
mesmo com uma autoridade sendo alvo de investigação, e garantir isenção em seu julgamento. No Brasil, entre as autoridades
que têm o foro por prerrogativa de função, estão o presidente da República, os ministros, todos os parlamentares, dentre outras.
Atualmente, 22 mil autoridades no país têm o direito ao foro privilegiado, que garante tratamentos diferentes a réus de proces-
sos, a depender da importância do cargo da pessoa que é alvo de investigação e do tipo de infração a ser julgada.
ANA ELISA SANTANA, “ENTENDA O QUE É FORO PRIVILEGIADO”. HTTP://WWW.EBC.COM.BR, 15.03.2016. ADAPTADO.

Texto 2
Representantes de associações de juízes, promotores e procuradores defenderam o fim do direito ao foro privilegiado, durante
audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Para o presidente da Associação dos
Juízes Federais, Roberto Carvalho Veloso, o foro acabou virando uma espécie de instrumento para a impunidade, porque os
julgamentos acabam demorando, e os crimes terminam por prescrever ao longo do processo. O presidente da Associação dos
Magistrados Brasileiros, João Ricardo dos Santos Costa, concorda que os processos de pessoas com foro privilegiado acabam
levando muito mais tempo para entrar em julgamento e, por isso, defendeu a instrução e o julgamento em primeira instância*:
“Esse tempo todo acaba dando a sensação de impunidade, a instrução na primeira instância dá maior agilidade ao processo”.
Norma Reis Cardoso Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, acrescentou que
há uma preocupação com a quantidade de pessoas que contam com a prerrogativa. Para a deputada Cristiane Brasil, o ins-
trumento acaba sendo usado para favorecer a realização de práticas criminosas. “O maior desejo da sociedade brasileira é
acabar com a impunidade. O que mais faz a sociedade ficar com raiva dos políticos é pensar que eles não são punidos pelos
malfeitos cometidos. Então, temos que ter direitos iguais”, disse.
LUCIANO NASCIMENTO, “JUÍZES E PROMOTORES DEFENDEM FIM DO FORO PRIVILEGIADO PARA AUTORIDADES”. HTTP://AGENCIABRASIL.EBC.COM.BR, 23.08.2016. ADAPTADO.

*instrução em primeira instância: Instrução é o momento do processo em que o Juiz colhe as provas para formar a sua con-
vicção. A primeira instância é a primeira jurisdição hierárquica, ou seja, o primeiro órgão da Justiça ao qual o cidadão dirige
um pedido de solução de conflito.

Texto 3
O foro especial por prerrogativa de função não é um privilégio, mas uma garantia, para amparar o responsável e a Justiça e
para proteger seu processo e julgamento contra eventuais pressões que os supostos responsáveis possam exercer sobre os
órgãos jurisdicionais inferiores. Tal foro não é concedido à pessoa, mas lhe é dispensado em atenção à importância ou rele-
vância do cargo ou função que exerça. Cessada a função, desaparece o ‘privilégio’. Nesse sentido, o foro especial assegura
a imparcialidade dos órgãos, impedindo o uso indevido do Poder Judiciário em conflitos político-eleitorais. Não por acaso, a
ditadura militar suspendeu o que então se chamou o “privilégio do foro por prerrogativa de função”. Mais recentemente, a
controvérsia acerca do programa de privatizações levado a cabo na administração do ex-Presidente Fernando Henrique Car-
doso é outro exemplo a ser citado. Como observa o jornal O Globo, “naquele tempo, chegou a existir no Ministério Público,
em Brasília, um esquema de procuradores militantes dedicados a encaminhar acusações contra auxiliares de FHC. Depois, foi
comprovado que pelo menos um deles era movido por paixões partidárias.” O foro privilegiado serve então para resguardar
o processo de pressões naturais, já que é mais provável que um juiz de primeira instância – ou delegado, ou promotor – pos-
sa ser influenciado quando julga altas autoridades do que um colegiado de magistrados experientes. Remeter esses casos
para autoridades policiais e judiciais mais graduadas reduz o risco de manipulações e perseguições políticas.
NEWTON TAVARES FILHO, “FORO PRIVILEGIADO: PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS”. HTTP://WWW2.CAMARA.LEG.BR/, JULHO 2016. ADAPTADO.

63
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-pa-
drão da língua portuguesa, sobre o tema:
FORO PRIVILEGIADO: ENTRE A IMPUNIDADE E A GARANTIA DE IMPARCIALIDADE

PROPOSTA 8
Texto 1

BENETT. DISPONÍVEL EM: <HTTP://BENETTBLOG.ZIP.NET>. ACESSO EM: 17/05/2016

Texto 2
O mito de Sísifo
Sísifo era um pastor de ovelhas e filho de Éolo, o deus dos ventos. Era tido como a pessoa mais ardilosa que já existiu. Morava
num povoado chamado Éfira e, ao melhorar as condições do lugar, passou a chamá-lo de Corinto, que mais tarde se tornou
uma grande cidade. Casou-se com Mérope, filha do deus Atlas e que compõe uma das plêiades.
Um dia, Sísifo percebeu que seu rebanho diminuíra. Estava sendo roubado. Então, marcou suas ovelhas, seguiu o rasto delas e
foi dar na casa de Autólico. Arrolou testemunhas da ladroagem e enquanto os vizinhos discutiam sobre o roubo, rodeou a casa
em busca de mais alguma ovelha e encontrou a filha do ladrão, Anticleia. Seduziu-a e a engravidou, vingando-se do malfeitor.
Voltando para casa, Sísifo, que andava sempre escondido, presenciou Zeus, o deus do Olimpo, raptando Egina, filha de
Asopo. Não deu outra, aproveitando-se do fato, Sísifo, em troca da construção de um poço para sua cidade, entregou o
deus sedutor. Claro que Zeus ficou sabendo que Sísifo o tinha dedurado, então pediu que seu irmão Efaístos o levasse para
o Hades, mundo subterrâneo onde viviam as almas condenadas.
Pressentindo a fúria de Zeus, Sísifo pediu à esposa que não o enterrasse após sua morte e, chegando ao Hades, armou uma
cilada para Efaístos e o aprisionou. Conversou com Perséfone, a esposa do deus, e a persuadiu a deixá-lo voltar e organizar
o seu funeral, além de punir os que negligenciaram seu enterro. Ela lhe concedeu a volta por apenas três dias. Mas, voltando
à superfície, ele passou a viver normalmente com sua esposa, como se nada tivesse acontecido.
Vendo aquele absurdo, pois ninguém deveria enganar a morte, Zeus ordenou que Hermes o conduzisse novamente ao Hades e
que lá recebesse um castigo exemplar. Deveria rolar uma enorme pedra morro acima, até o topo. Porém, chegando lá, o esforço
despendido o deixaria tão exangue que a pedra se lhe soltaria e rolaria morro abaixo. No dia seguinte, o processo se daria
novamente, e assim pela eternidade, como forma de envergonhá-lo pela sua esperteza em querer enganar os deuses e a morte.
DISPONÍVEL EM: <HTTP://WWW.SABEREPRECISO.COM/2013/02/O-MITO-DE-SISIFO.HTML>. ACESSO EM: 17/05/2016. (ADAPTADO).

Texto 3
Cotidiano
Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã
Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

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Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão
Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão
(...)
DISPONÍVEL EM: <HTTP://WWW.CHICOBUARQUE.COM.BR/LETRAS/COTIDIAN_71.HTM>. ACESSO EM: 17/05/2016. (EXCERTO).

Texto 4
Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que podíamos ter sido.
Ah, se apenas tivéssemos acertado aquele número (unzinho e eu ganhava a sena acumulada), topado aquele emprego,
completado aquele curso, chegado antes, chegado depois, dito sim, dito não, ido para Londrina, casado com a Doralice, feito
aquele teste…
Agora mesmo neste bar imaginário em que estou bebendo para esquecer o que não fiz – aliás, o nome do bar é Imaginário
– sentou um cara do meu lado direito e se apresentou:
– Eu sou você, se tivesse feito aquele teste no Botafogo.
E ele tem mesmo a minha idade e a minha cara. E o mesmo desconsolo.
– Por quê? Sua vida não foi melhor do que a minha?
– Durante certo tempo, foi. Cheguei a titular. Cheguei à seleção. Fiz um grande contrato. Levava uma grande vida. Até que
um dia...
– Eu sei, eu sei… disse alguém sentado ao lado dele.
Olhamos para o intrometido… Tinha a nossa idade e a nossa cara e não parecia mais feliz do que nós. Ele continuou:
– Você hesitou entre sair e não sair do gol. Não saiu, levou o único gol do jogo, caiu em desgraça, largou o futebol e foi ser
um medíocre propagandista.
(...)
– Eu sou você, se tivesse entrado para o serviço público.
Vi que todas as banquetas do bar à esquerda dele estavam ocupadas por versões de mim no serviço público, uma mais de-
siludida do que a outra. As consequências de anos de decisões erradas, alianças fracassadas, pequenas traições, promoções
negadas e frustração. Olhei em volta. Eu lotava o bar. Todas as mesas estavam ocupadas por minhas alternativas e nenhuma
parecia estar contente. Comentei com o barman que, no fim, quem estava com o melhor aspecto, ali, era eu mesmo.
(...)
Se bom ou não, penso, é melhor viver do futuro que do passado!
VERISSIMO, L.F. EM ALGUM LUGAR DO PARAÍSO. SÃO PAULO: OBJETIVA, 2011, P. 48.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
OS EFEITOS DA ROTINA SOBRE OS INDIVÍDUOS

65
PROPOSTA 9
Texto 1
Daqui nasce o dilema: vale mais ser amado do que temido, inverso? [...] parece-me mais seguro ser temido do que amado, se
só puder ser uma delas. Há uma coisa que se pode dizer, de maneira geral, de todos os homens: que são ingratos, mutáveis, dis-
simulados, inimigos do perigo, ávidos de ganhar. Enquanto lhes fazes o bem, sio teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida, os
filhos, porque os riscos maiores estão no futuro; mas quando este se aproxima, furtam-se, debandam, e o príncipe que se baseou
somente em suas palavras [...] está de fato perdido. As amizades que se conquistam com dinheiro ou favores, e não pelo coração
nobre e altivo, terão seus efeitos, mas são como se não as tivéssemos, pois de nada nos servem quando delas precisamos.
ADAPTADO DE: MAQUIAVEL, NICOLAU. O PRÍNCIPE. LISBOA: EUROPA-AMÉRICA, 1976, 88-90.

Texto 2
Foi no âmbito da Lava Jato que o instrumento da delação premiada chegou aos colarinhos brancos. A troca de informações
entre juiz e réu evidenciou sua utilidade para desbaratar organizações criminosas que atuam nas vísceras do Estado brasilei-
ro. O criminoso consegue redução de pena, e as investigações têm seu avanço facilitado.
Quando as delações começaram a ser divulgadas, manifestou-se na opinião pública certa rejeição, as intoleráveis à luz dos
ensinamentos morais comuns. Não é reverenciável, de fato, a conduta do dedo-duro. No entanto, as apurações jamais alcan-
çariam a abrangência que alcançaram não fosse o uso massivo desse expediente. Em março deste ano já se somavam 140
acordos de colaboração, e a fila de espera é longa.
ADAPTADO DE; PUGCINA, PERCIVAL. DELAÇÕES E COLABORAÇÕES. GAZETA DO POVO. 26 JUN. 2017.

Texto3
Em acordo de delação premiada, o ex-governador Fulano relatou, segundo a Folha, que o Ministro Beltrano, participou da
montagem de um esquema para liberar dinheiro de precatórios [...] A Folha informa que Cicrano, acusado de ser o operador
do esquema fraudulento no ministério X, fechou um acordo com a PGR. [...] Nossa reportagem foi informada de que o em-
presário entrou no acordo de delação premiada e leniência com o MPF de Curitiba. Sim, ele entregará mais um comparsa.
ADAPTADO DE: <HTTPS://OANTAGONISTA.COM>. ACESSO EM: 10 SET. 2017.

Texto 4
George Graham (1830-1904), advogado norte-americano, ficou conhecido por um pequeno julgamento em Missouri (1870).
O processo decorria da morte de Old Drum, o melhor cão de caça de um fazendeiro local. O cachorro fora baleado por funcio-
nários de um vizinho, desconfiado de que o animal andava matando suas ovelhas. Quando Old Drum foi encontrado morto,
seu dono resolveu processar o vizinho, contratando dois advogados, um deles George Vest – que comoveu o júri com seu
discurso Tributo a um cão.
Senhores jurados [...] o único amigo desinteressado que um homem pode ter neste mundo egoísta – aquele que nunca é
ingrato ou traiçoeiro – é o seu cão. O cão permanece com seu dono na prosperidade e na pobreza, na saúde e na doença.
Ele dormirá no chão frio, onde os ventos invernais sopram e a neve se lança impiedosamente, se apenas o deixarem estar
ao lado de seu dono. Ele beijará a mão que tem alimento a oferecer, ele lamberá as feridas e as dores que aparecem nos
encontros com a violência do mundo. Quando todos os amigos o abandonaram, ele permanecerá. Se a fortuna arrasta o
dono para o exílio, sem amigos e sem abrigo, o fiel não pede mais do que o privilégio de acompanhá-lo, a fim de protegê-lo
contra o perigo. E quando a cena final se apresenta e a morte leva o dono em seus braços, quando seu corpo é deixado no
chão frio, não importa que todos os amigos sigam seu caminho; lá, ao lado de sua sepultura, se encontrará o nobre cão, a
cabeça entre as patas, os olhos tristes, mas alertas, fiel e verdadeiro até a morte.
VEST, GEORGE GRAHAM. TRIBUTO A UM CÃO. DISPONÍVEL EM: <WIKIPÉDIA>. ACESSO EM: 31 MAR. 2017.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema, elabore um texto
‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema

O VALOR DA LEALDADE NAS RELAÇÕES HUMANAS

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