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problemas éticos na Interrupção da

vida humana

trabalho de filosofia: Prof. Carlos amaral

Alunas:
● leonor Afonso nº18
● Renata Mata nº23
● Sara Fernandes nº25

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ÍNDICE

Introdução………………………………………………………………………………………. pág 3

Interrupção da
gravidez…………………………………………………………………………………………. pág 4

Argumentos……………………………………………………………………………………. pág 6

Eutanásia…………………………………………………………………………………….... pág 15

Argumentos……………………………………………………………………………………. pág 3

Tese……………………………………………………………………………………………. pág 22

Conclusão……………………………………………………………………………………. pág 23

Bibliografia…………………………………………………………………………………….. pág 23

Fim……………………………………………………………………………………………...pág 24

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INTRODUÇÃO
Com este trabalho temos vários objetivos em relação ao tema que escolhemos
aprofundar. Neste trabalho vamos desenvolver uma tese sobre os diversos tipos de
interrupção da vida humana, esta interrupção pode acontecer de diversas formas,
como por exemplo o suicido, o homicídio, o aborto e a eutanásia. Estamos cientes
de todas estas formas que enumeramos e de outras que não enumeramos. No
corpo deste documento serão desenvolvidos apenas estes dois últimos tópicos por
uma questão de estrutura, consciência e ética do trabalho. Na elaboração deste
utilizamos como base o livro "Ética com razões" de Pedro Galvão, um filosofo e
professor português, que no decorrer deste livro aborda estes temas de uma forma
sintetizada, mas esclarecedora, fundamentando a sua tese com argumentos que
defendem a sua posição e que atacam a posição oposta.
Este trabalho está organizado em diferentes partes, tendo uma parte introdutória,
duas partes explicativas relacionadas com o aborto e a eutanásia, duas partes
argumentativas também relativas a estes dois temas, uma parte onde apresentamos
e desenvolvemos a nossa tese, ou seja, aquilo que pretendemos defender e
acreditamos e por fim uma parte conclusiva.
Temos vários objetivos com este trabalho como por exemplo. clarificar e instruir
sobre o que é o aborto, e a eutanásia, defender a nossa tese de uma forma muito
estruturada e forte e responder às perguntas que passamos a enumerar:
Será que o aborto é eticamente correto?
Será permitido que pessoas, especialmente aquelas que se encontram numa fase
terminal da vida e em sofrimento agudo, determinem o fim das suas vidas?
Se sim, é permitido que solicitem medidas que as matem?
Ou é antes permissível que apenas solicitem que as deixem morrer, pedindo aos
médicos que se abstenham de as tratar?
Como podemos observar este tema apresenta algumas debilidades pois afinal
estamos a falar de situações que por agora podem parecer hipotéticas, mas para
muitos são realidade.
Gostaríamos apenas de referir já que já nos referimos ao tema da ética que está
compõem o ramo filosófico que distingue o bem do mal e as ações corretas e
incorretas.
Passemos agora ao trabalho.

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interrupção da gravidez

A primeira forma de interrupção de vida humana que vamos abordar designa-se de


aborto/ interrupção voluntaria da gravidez. Para começarmos a avaliar este tema
sob o ponto de vista ético, vamos primeiro explicar as definições deste e aspetos
importantes para assim podermos tomar uma posição.

● Mas afinal o que é a interrupção da gravidez?

Um aborto consiste na interrupção de uma gravidez, ou seja, na remoção ou


expulsão prematura de um embrião ou feto do útero, resultando na sua morte e este
pode ser induzido ou espontâneo. É permitido em Portugal, por opção da mulher,
até à 10.ª semana de gestação, e por outras razões que vamos explicar mais à
frente. Em Portugal o aborto voluntário foi legalizado em 2007 com a Lei nº 16.

Existem 2 tipos de aborto:


● Aborto espontâneo consiste na interrupção de uma gravidez devido a uma
ocorrência acidental ou natural.
● Aborto induzido é um procedimento usado para interromper uma gravidez,
também denominado Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).

A interrupção voluntária da gravidez pode atualmente ser realizada em


estabelecimentos de saúde oficiais desde que:
1. Constitua o único meio de remover perigo de morte ou de grave e irreversível
lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida;
2. Se mostre indicado para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura
lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida, e
seja realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez;
3. Haja motivos seguros para prever que o nascituro venha a sofrer, de forma
incurável, de grave doença ou malformação congénita, e for realizada nas
primeiras 24 semanas de gravidez, excecionando-se as situações de fetos
inviáveis, caso em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo;
4. A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e autodeterminação
sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas de gravidez;
5. Por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez.

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O aborto é um dos pontos mais difíceis da ética médica. Ele envolve aspetos
religiosos, legais, médicos, socioculturais e políticos. Neste trabalho temos o
objetivo de examinar a interrupção da gravidez somente do ponto de vista da
filosofia, expondo os principais argumentos contra e a favor da interrupção
intencional da gravidez.

Quando nos questionamos acerca da ética do aborto, aquilo que importa


fundamentalmente, não é o que a lei deve dizer sobre a interrupção voluntaria da
gravidez, pois primeiro temos de avaliar se o próprio ato de abortar é eticamente
aceitável. Para tal colocamos a pergunta:

“Será que a interrupção voluntária da gravidez é eticamente correta?

Existem duas vertentes distintas: a posição “pró-vida” e a posição “pró-


escolha”.

Na primeira posição, a pró-vida ou conservadora, encontram-se os grupos dos mais


radicais que não pensam apenas que o aborto é normalmente errado, mas julgam
que temos um dever absoluto de não matar seres humanos, pelo menos seres
humanos inocentes e sustentam que o dever de não matar consiste na obrigação de
não tirar a vida intencionalmente. Mas por exemplo no caso de para salvar a vida de
uma mulher grávida é necessário remover-lhe o útero, muitos dos críticos radicais
dirão que não é errado salvá-la pois não implica matar intencionalmente o feto

A segunda posição, a pró-escolha ou liberal, entende que a mulher tem um direito


moral sobre o próprio corpo, o que lhe permite fazer o aborto.

É claro que existem defensores moderados, que é o caso do autor da obra que
tivemos de ler, Pedro Galvão, que defende uma posição pró-escolha moderada.
Que consiste em aceitar pôr fim á gravidez mesmo que isso implique
intencionalmente matar o feto. Consideram errado o aborto quando a gestação se
encontra num estado avançado, mas defendem a sua prática em certos casos
específicos como por exemplo, quando a mulher ou o filho correm risco de morte, ou
quando a mãe foi vítima de abusos sexuais.

Apesar destes aspetos as duas posições contrárias ajudam a entender os principais


argumentos do problema ético do aborto.

Os argumentos que iremos apresentar para solidificar a nossa tese que defende que
a interrupção voluntária da gravidez deve ser eticamente permitida e aceite!

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Pensamos isto porque devemos respeitar a liberdade das mulheres, contudo esta
prática não deve ser usada fora do tempo permitido pela lei portuguesa, até às 10
semanas, na nossa opinião. concordamos também que o aborto devia ser
eticamente permitido se a gravidez tenha resultado de um crime sexual e a
interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas de gravidez ou se o objetivo é
evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou para a saúde
física ou psíquica da mulher grávida, e seja realizada nas primeiras 12 semanas de
gravidez, também se haja motivos seguros para prever que o nascituro venha a
sofrer e for realizada nas primeiras 24 semanas de gravidez. Ou seja, acreditamos
que “O aborto devia ser eticamente permitido, porque devemos respeitar a liberdade
das mulheres”. Apresentemos agora alguns argumentos que inicialmente são
apresentados pelos defensores da posição pró-vida, mas através de análises, e
interpretações mais aprofundadas, ou seja não superficial, vamos analisar as
premissas que compõem os diferentes argumentos e que veremos que apresentam
diversas fragilidades, contrassensos e erros.

Comecemos com um dos argumentos mais utilizados, pelos defensores da posição


pró-vida: a humanidade do feto;

● Todos os seres humanos têm o direito moral à vida.


● Os fetos são seres humanos.
● Se os fetos têm direito moral á vida, o aborto é errado.
● Logo, abortar é errado.

Para a melhor compreensão deste argumento, vejamos um exemplo da filósofa


Judith Thomson: imaginemos que acordamos num hospital ligados por tubos a uma
pessoa que está inconsciente. Dizem-nos que é um violinista famoso que tem uma
doença fatal nos rins e os seus admiradores não estão dispostos a deixá-lo morrer e
foi por isso que nos raptaram. Descobriram que por termos um sangue raríssimo os
nossos rins podem servir para limpar o sistema circulatório do violonista. Se nos
desligarmos do músico ele morrerá. Contudo se aceitarmos manter a ligação,
teríamos de ficar ali ligados durante 9 meses.

Será que temos o dever de ajudar o violonista? Na opinião de Thomson não pois se
escolhermos salvar a vida do músico este seria um ato digno, sem dúvida, mas se
escolhermos desligarmos-mos dele nada de faríamos de errado pois apesar de o
violinista ser uma pessoa com direito à vida, o indivíduo não tem de submeter a
estas condições, e no entanto o violonista é um indivíduo com direito á vida.
Acontece que o facto de um indivíduo ter direito à vida não significa que ele tenha o
direito a usar o corpo de outrem para se manter vivo. Agora é só transpormos o
caso para a gravidez.

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À semelhança do músico, o feto é inocente, mas o facto de tal como não é errado o
indivíduo se “desligar” do violinista também não é errado uma mãe abortar, pois não
implica a privação do direito à vida do feto.

É inquestionável que agora, digamos que provavelmente a conclusão desta filósofa


foi precipitada, por isso centremo-nos agora na terceira premissa, admitindo que
esta tem uma veracidade verdadeira.

Os defensores da posição pró-vida tentaram utilizar o argumento contra a


interrupção voluntaria da gravidez, respondendo a este argumento com outro para o
tornar mais sólido e potente. Argumento este, composto pelas premissas, que
passamos a citar:

● Todas as pessoas têm direito moral à vida.


● Os fetos são pessoas.

Esta é a “solidificação” mais vezes apresentada para apoiar o argumento da


humanidade do feto, ou seja, para contrariar a interrupção voluntária da gravidez,
pelo simples facto de muitas vezes não se saber ao certo o que é um feto. Todos
aqueles que assumem um carater contraditório ao aborto, diriam que o aborto é
errado porque o feto é um ser humano, mas então podemos questionarmos: Será
que o feto é mesmo um ser humano? E o que é um ser humano? Para tentar
responder a estas questões devemos começar por clarificar o que é um humano,
ora vejamos...

Um ser humano é um ser pensante que mantém uma relação estreita com o seu
organismo, apresenta capacidades racionais perante diversas ações relativas ao
quotidiano, por exemplo e tem consciência dos seus atos futuros e/ou passados.

Desta forma, resta-nos apenas a questão, de que será que o feto é mesmo um ser
humano? Para fundamentar, solidificar e fortalecer a nossa resposta a esta pergunta
devemos refletir sobre o tema da existência.

Este tema numa primeira abordagem, pode parecer fútil, mas na verdade até é um
ponto com bastante aprofundamento, como iremos observar com o desenvolvimento
deste trabalho. Sabemos que nós seres humanos, até chegarmos a uma etapa da
nossa vida na qual o nosso desenvolvimento está completo, estamos
constantemente em crescimento interno e externo. Passamos por diversas fases
embrionárias no período gestacional, em que acontece o nosso desenvolvimento
diríamos de uma forma mais geral e após o nosso nascimento este desenvolvimento
continua, já não nomeamos este como fases embrionárias ou gestacionais, mas
podemos chamar de fases ou etapas da vida, como ouvimos corriqueiramente,

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etapas estas, que também têm de bastante relevância. Nós, humanos, começamos
a existir quando o nosso organismo começa a existir, parece algo muito óbvio e sem
grande explicação porém se refletirmos conseguimos retirar a conclusão de que
começamos a existir muito antes de nascer, ou seja de ser um humano, e visto que
durante um determinado período de tempo enquanto fetos somos apenas seres
existentes e não humanos, podemos admitir que se tomarmos a decisão consciente
de interromper a gravidez, não iremos estar a matar um humano mas apenas um
ser existente.

Tentando sintetizar este primeiro argumento, podemos dizer que o feto não é
decididamente um humano num ponto de vista científico e biológico, pois só é
considerado um ser humano aquele que consegue desempenhar certas e
determinadas funções vitais, tais como analisar, através da consciência, agir
racionalmente, entre outras. Até estas ações conseguirem ser desempenhadas por
nós humanos, ser individual, fazemos parte do organismo da mulher, e não somos
considerados pessoas, mas sim um ser existente. Deste modo atacamos este
argumento provando que a veracidade deste argumento superficialmente pode
parecer verdadeira, mas após uma pesquisa mais profunda vemos que é falso.

Analisemos seguidamente o argumento da potencialidade:

Muitas pessoas que defendem a posição pró-vida, diriam que a forma como
contrariamos o argumento da humanidade do feto era errada, pois alegariam que
fizemos uma generalização precipitada, pelo facto de um feto ser um ser que é
biologicamente humano, e por isso tem a potencialidade de se tornar numa pessoa,
o que lhe dá uma serie de direitos tais como o direito moral á vida. ora vejamos
estas premissas e situações mais aprofundadamente. primeiramente podemos
afirmar que sim um feto tem a potencialidade de poder vir a ser um ser humano,
mas sabemos que a filosofia não é uma área muito virada para a analise empírica,
ou seja, o feto tem a potencialidade de vir a ser um ser humano, mas o que significa
ter a potencialidade. Potencialidade, podemos dizer que é algo que tem capacidade,
possibilidade e probabilidade através de um processo de desenvolvimento de poder
tornar-se ou evoluir para. Então logo aqui podemos afirmar que não é certo que o
feto se torne uma pessoa, tem apenas a potencialidade.

Concentremo-nos agora nas premissas que fazem parte deste dito argumento da
potencialidade.

“Todas as pessoas têm o direito moral à vida."

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“Os fetos são pessoas potencialmente.”

Na introdução a este argumento verificamos que a segunda premissa é verdadeira


no sentido em que os fetos têm apenas, e apenas somente a potencialidade de
poder vir a ser um ser humano, porém deparamo-nos com algo vago diríamos,
expliquemos então o porquê de existir uma taxa de probabilidade e não a certeza.

De uma forma crítica, observamos que nem todos os fetos são pessoas
potencialmente, devido ao facto de possíveis deficiências que possam vir a
desenvolver, deficiências essas que farão com que estes fetos jamais se possam
tornar pessoas. Deste modo podemos dizer que apenas geralmente, todos os fetos
são pessoas potencialmente, logo podemos dizer que os fetos não têm realmente o
direito moral à vida, têm apenas se se tornarem pessoas.

Este argumento é um pouco confuso e pode até gerar algum tipo de mal-entendido
mas temos de apenas entender que os defensores da posição pró vida diriam que
os fetos têm a potencialidade de se tornarem humanos, mas conseguimos, através
de uma análise um pouco mais aprofundada, concluir que não. Os fetos têm apenas
direito moral à vida se forem ser humanos(pessoas) o que implica não ter
deficiências graves que de algum modo fazem com que seja impossível de ter
certas e determinadas capacidades características de um ser humano tais como,
autoconsciência por exemplo.

- De seguida abordaremos um terceiro argumento da regra de ouro:

A regra de ouro é um argumento que consiste nas premissas que utilizamos no


nosso quotidiano e que ouvimos diversas vezes ao longo do nosso desenvolvimento
pessoal e social, como por exemplo:

"Não faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti”;

“Trata os outros como gostarias de ser tratado”

Entre outras frases populares às quais denominamos de provérbios, que nos são
incutidos por vezes desde crianças. Estas frases por mais que acreditemos que
tenham um valor lógico verdadeiro, são impossíveis de generalizar e de utilizar em
todas as situações, que passamos ou observamos ao longo do nosso percurso,
neste caminho que é a vida.

Passamos a exemplificar: é certo e quase que óbvio que não gostamos de por
exemplo “arcar” numa linguagem mais diária com consequências más dos nossos
atos, porém lidar e assumir as consequências dos mesmos deve ser algo
imprescindível para uma sociedade mais justa e honesta. Devemos assumir sempre

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as repercussões das nossas ações, independentemente de ser uma situação grave
ou ligeira. Se eu mereço ser condenada e/ou julgada, apesar de não o querer, eu
devo ser condenada e/ou julgada, para assim contribuir para uma sociedade
equilibrada.

A este ponto podem, após alguma deliberação, questionar se sobre a qual relação
existente entre estes dois tópicos, vamos tentar ilustrar através de uma possível
hipótese.

“Se um juiz não quiser ser preso, deverá absolver o homicida?” ora bem vejamos
que esta citação é completamente disparatada um juiz para exercer o seu cargo não
deve quer saber de si, deve apenas tomar decisões, para neste caso julgar o
homicida, se este for culpado deve ser condenado se não deve ser absolvido e pode
então prosseguir com a sua vida, ignorando o que o juiz quereria ou não se
estivesse na outra posição.

Não interessa neste caso se o crime foi leve ou mais pesado, fator este que não
deve ser considerado, pois não interessa o grau do crime a partir do momento que
este existe deve existir uma condenação.

Este argumento, neste caso de judicial, apresenta fragilidades adaptemos agora ao


nosso trabalho.

"Se somos conscientes e pensamos que nada haveria de errado em fazer A a X,


então admitimos a ideia de alguém nos fazer A em circunstâncias similares.”

Esta premissa compõem a regra de ouro, mas expliquemo-la melhor. basicamente


não podemos admitir que num caso hipotético não queremos ser tratados de certa
forma e tratar uma outra pessoa dessa forma, porque simplesmente não somos nós
que estamos na pele do sujeito naquele momento, é contraditório e errado
admitirmos tratar um sujeito de uma forma e quando somos nós a passar pela
situação não admitir ser tratados dessa mesma forma. Ou seja, lá por o juiz não
quer ser condenado não têm de absorver o homicida se este é culpado deve sim ser
condenado e se o juiz fosse considerado culpado deveria também ser punido pelos
seus crimes.

Percebendo agora a regra de ouro passamos, para as situações hipotéticas


relacionadas com o tema da interrupção voluntária da gravidez.

"Se somos conscientes e pensamos que normalmente é permissível cegar um feto,


então admitimos a ideia de nos terem cegado quando éramos um feto em
circunstâncias normais.

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Não admitimos a ideia de nos terem cegado quando éramos um feto em
circunstâncias normais.

Logo, se somos conscientes, então não pensamos que normalmente é permissível


cegar um feto”.

Este argumento foi apresentado por Gensler, que dizemos já que é um critico do
aborto, e pretende com este, fazer nos imaginar que enquanto nos encontramos no
útero materno, a nossa mãe, toma a decisão de ingerir uma substância, substância
esta que nos deixará cegos, mas substância esta que salvará a vida da nossa mãe.
De acordo com Gensler, seria óbvia a ideia de reprovação, ingestão desta
substância que nos deixa cegos. Este filósofo admite que para tornar este
argumento mais específico para o aborto basta substituir e adaptar as premissas
iniciais, como iremos ver já de seguida.

"Se somos conscientes e pensamos que normalmente é permissível abortar, então


admitimos a ideia de termos sido abortados em circunstâncias normais.

Não admitimos a ideia de termos sido abortados em circunstâncias normais.

Logo, se somos conscientes, então não pensamos que normalmente é permissível


abortar.”

Seria nos dito que era errado abortar porque estaríamos a matar um ser humano, ou
um feto com potencialidade de ser uma pessoa, então os defensores desta causa
nunca poderiam abortar, tendo ou não um motivo plausível, pelo facto de terem de
apresentar uma certa coerência, como no exemplo da justiça apresentado acima.
Não obstante ao facto da sua gravidez ter sido fruto de uma violação ou indesejada
ou até mesmo devido a condições de malformação da criança, implicando o seu
desenvolvimento o que pode implicar o nascimento do bebé com algum tipo de
deficiência. Neste caso, se não gostaríamos que alguém abortasse, porque estaria a
matar uma potencial, era errado se nós se passássemos pela mesma situação
acabássemos por decidir interromper a gravidez de forma voluntária.

Por fim apresentamos o último argumento que fundamentará a nossa tese, o


argumento da privação do futuro:

Todos nós defensores ou não defensores do aborto admitimos que matar é algo
errado.

A ação de matar pessoas é errada por diversos motivos; porque irá criar de certo
um sentimento de insegurança na sociedade em que este ato decorrer; porque irá

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causar uma dor intolerável, um desconforto e uma saudade imensa aos familiares
ou pessoas próximas da pessoa que foi morta; e se não nos centrarmos nos efeitos
colaterais, ou seja no que vai causar às pessoas próximas do falecido podemos ver
que também existem efeitos também para as próprias vítimas tais como por
exemplo a morte prematura. Segundo Marquis, filósofo que desempenha um papel
de extrema importância na posição pró vida, a morte prematura é algo mau que
ocorre ao defunto pois retira-lhe é privar-lhe de tudo o que a sua vida lhe poderia vir
a oferecer de bom ou de valioso, ou seja isto significa que matar alguém conduz a
uma privação de futuro valioso e benéfico, futuro este “como o nosso”, ser humanos
que nao fomos mortos, e tivemos a oportunidade de prosseguir e aproveitar a nossa
vida. É essencial referir tambem que se esta morte ocorrer numa criança é ainda
mais “grave”, no sentido em que ainda foi privado mais futuro, ou seja podemos
concluir, que quanto mais prematura uma morte acontecer, mais futuro é privado,
fator este que Marquis, utiliza para apoiar a sua tese, contra o aborto, este filossofo
apresenta as seguintes premissas, para sintetizar tudo o que foi dito neste
argumento.

“Se X tem um futuro como o nosso, matar X é errado.

Normalmente, os fetos humanos têm um futuro como o nosso.

Logo, normalmente, matar fetos humanos é errado.”

Analisemos agora este argumento com mais precisão:

Este argumento não pode e não deve ser generalizado pois, pode ter diversas
análises de acordo e agindo em conformidade com a situação em que se encontra,
por exemplo se X nos quiser matar e nós para nos salvarmos temos de matar X é
certo, ou muito provável que acabemos por matar X numa forma de “lei da
sobrevivência", mesmo que este ato de matar implique a privação do futuro de X,
mas também se não optasse-mos por matar X, X iria de certo modo privar nos de
um futuro valioso. Como vemos este argumento é contraditório neste ponto, por
vezes podemos admitir que nem tudo é o que parece. Também podemos questionar
a parte de Marquis dizer que normalmente os fetos admitirem um futuro como o
nosso, de um modo mais desleixado diríamos que todos os fetos têm um futuro
como o nosso mas esta afirmação é falaciosa e vejamos porquê… Um feto se
nascer com um grau de deficiências graves ou anencéfalo, doença que admite a
morte prematura de um bebé tendo estimado apenas um período de horas ou dias
vitais,neste caso admitimos que nem todos os fetos têm um futuro como o nosso,
devido a este facto e justificando a utilização da palavra normalmente por Marquis,
nem todos os fetos nascem para ter um futuro como o nosso.

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Analisemos agora com a devida atenção a primeira premissa, se por exemplo um
ser devido a estar em agonia desejar a morte, de acordo com Marquis, este não
deve morrer porque é errado já que este ser tem um futuro como o nosso, logo se
este desejar a morte, segundo Marquis este é um ato errado, se acontecer, sendo
que é errado a ação da morte a partir do momento que ter um futuro como o nosso
é certo, condição esta necessária e suficiente. Recorrendo agora a outro ponto de
vista observamos que um feto enquanto feto não tem interesse ainda em continuar a
viver então mesmo que os fetos tenham um futuro como o nosso matá-los não seria
de todo algo errado, pelo facto reforçamos de os fetos ainda não desempenharem
uma vontade de prosseguir com a vida, ou seja os fetos não se importariam de que
a sua vida terminasse pois ainda não manifestam interesse em permanecer vivos.
Portanto e contrariando o que nos indica a primeira premissa ter um futuro como o
nosso, não é condição suficiente e necessária para que seja errado matar X.

Com esta contradição à posição que Marquis apresenta perante o tema da


interrupção voluntaria da gravidez podemos dizer que a ideia de que ao realizar um
aborto estamos a privar um feto de um futuro valioso e benefício, não é bem assim,
porque um feto enquanto ainda feto à sua morte. Alertando para o facto de nos
estarmos a apenas referir ao aborto dentro dos prazos permitidos no nosso país, se
nos referir-mos a um aborto tardio a situação é outra.

É imprescindível para acabar a sintetização do argumento da privação do futuro


falar da questão da existência, como podemos observar seguidamente. No
desenlace deste trabalho já falamos sobre a questão da existência, mas agora
iremos aprofundar um outro ramo relacionado com este tópico, afinal o que somos
nós?

Cada ser humano, é um ser pensante que estabelece uma relação íntima com o seu
respetivo organismo, o que nos torna diferentes, mas ao mesmo tempo iguais no
sentido que nós somos o que o nosso organismo é. Como esclarecemos
anteriormente começamos a existir quando o nosso organismo começou a existir,
organismo este que passou por diversas fases ao nível do desenvolvimento, como a
embrionária e fetal. Recordemos que começamos, assim, a existir muito antes de
sermos considerados pessoas dotadas de atos conscientes ou até mesmo pessoas
pensantes.

Em suma, o argumento da privação do futuro é um argumento que consiste tal como


o nome indica na defesa que se optarmos pela realização de um aborto, dentro dos
períodos estimados e permitidos pela lei portuguesa, é algo errado pois os fetos têm
a potencialidade de poder vir a ser um humano, humano esse que normalmente têm
um futuro como o nosso, ou seja um futuro valioso e “sagrado”.

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Eutanásia
Passemos agora, ao outro grande tópico que pertence, a este débil tema que é a
interrupção da vida humana. Abordaremos agora a eutanásia.

Comecemos, antes de mais por indicar e por questionar:


O que é isto da eutanásia?
A eutanásia é o ato intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para
aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa.

Tipos de eutanásia:

A eutanásia, agora definida, pode ser dividida primeiramente em dois tipos, porém
mais à frente iremos ver que dois temas é pouco para conseguir fazer com que este
tema não seja tao o ato de admitir uma morte indolor a um alguém, mas sim muito
mais, ou seja permitir de certa forma a "extensão" deste tema. Como dissemos
existem dois tipos básicos, de eutanásia: a eutanásia ativa e a eutanásia passiva,
que podem ser classificadas/definidas como:
● Eutanásia ativa: utilizar medidas ativas que causem a morte (injeção letal);
● Eutanásia passiva: abster-se de usar os meios e oportunidades que impedem
a morte (deixar de tratar o paciente).

Esta é uma distinção básica e simples, o que faz com que não seja suficientemente
satisfatória por isso, faremos uma distinção, mas fundamentada, como indicamos
anteriormente:

1. Eutanásia ativa voluntária: aquela que é praticada a pedido do


paciente, ou se ele já não for capaz de exprimir a sua vontade.
A eutanásia voluntária está próxima do suicídio assistido;
2. Eutanásia ativa não voluntária: quando se mata ativamente um
paciente que está num coma irreversível ou se encontra em estado
vegetativo, ou seja, e o paciente não teve a oportunidade de exprimir
esse desejo e aplica-se também aqueles que sem terem deixado
instruções relevantes, perderam a capacidade de entender a escolha
entre a vida e a morte;

3. Eutanásia ativa involuntária: quando se mata um paciente que


exprimiu o desejo contrário, ainda que este ocorra para seu benefício;

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4. Eutanásia passiva voluntária: deixar morrer alguém a seu pedido;

5. Eutanásia passiva não voluntária: deixar morrer alguém que não teve
a oportunidade de exprimir esse desejo, devido ao facto de se encontrar
num estado de coma irreversível ou num estado vegetativo;

6. Eutanásia passiva involuntária: deixar morrer alguém contra o seu


desejo expresso, ainda que esta prática ocorra para seu benefício.
A distinção entre os diversos tipos de eutanásia é importante e extremamente
relevante, pois não é possível chegarmos a alguma conclusão sobre o problema ético,
que surge na análise neste tema tão delicado, que é a eutanásia.
É errado quando se pretende discutir algo em que não estamos confortáveis em falar,
no sentido em que não temos qualquer tipo de conhecimento perante o tema em
causa, é quase impossível defender qualquer que seja a nossa posição, ou mesmo
que não seja impossível é no mínimo descabido.
Neste caso após a interiorização do significado de eutanásia deve ser indiscutível, a
distinção, num termo popular “de olhos fechados”, os diversos tipos da mesma, caso
Contrário é uma “perda de tempo” tentar discutir e tomar uma posição sobre qualquer
que seja o tema.
Após analisarmos a definição de eutanásia, seria impossível a colocação de apenas
uma questão simples como: “Será que a eutanásia é eticamente aceitável?” pois o
problema ético da eutanásia não se resume a apenas uma pergunta sintética, então,
deste modo devemos, sim, perguntar-nos: “Será permitido que pessoas,
especialmente aquelas que se encontram numa fase terminal da vida e em sofrimento
agudo, determinem o fim das suas vidas? Se sim, é permitido que solicitem medidas
que as matem? Ou é antes permissível que apenas solicitem que as deixem morrer,
pedindo aos médicos que se abstenham de as tratar?

Antes de passarmos à defesa da nossa tese, vamos falar primeiro do suicídio


assistido, conceito que já foi referido neste trabalho, mas ainda não foi definido.
Falemos agora do que é o suicídio assistido, pois irá resultar aqui um conflito de
ideias que mais à frente iremos descrever… O suicídio assistido é o suicídio que é
feito com a ajuda de uma outra pessoa. Muitas vezes este tipo de suicídio é
sinónimo de suicídio assistido por alguém formado na área de medicina, ou seja, é o
suicídio praticado com a ajuda de um médico que disponibiliza à pessoa em questão
as informações ou os meios necessários para cometer suicídio, incluindo

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aconselhamento sobre doses letais de fármacos e prescrição ou fornecimento
desses fármacos.

Apesar das posições a favor e contra, há quem considere aceitável facultar ao


paciente os meios para ele pôr fim à sua própria vida, mas inaceitável causar a sua
morte de uma forma mais direta, injetando-lhe uma substância letal.
Existe uma objeção, a esta última parte, pois, por exemplo algumas pessoas com
incapacidade física, como todos aqueles ou aquelas pessoas que apresentam
algum grau de deficiência, estes são incapacitados de algum dia conseguir colocar
fim à sua própria vida. Causando uma grande desigualdade, fazendo com que só as
pessoas com determinadas características, neste caso apenas as pessoas que não
apresentam nenhuma deficiência, é que podem decidir por eles o seu fim de vida,
ou seja, ao permitir o suicídio assistido, mas proibir a eutanásia voluntária resultaria,
uma discriminação contra os deficientes.

Sabemos que este tema, da eutanásia deixa muita gente apreensiva e reticente,
pois não deixamos de nos referir à morte de uma pessoa. Este é um tema que
tentamos sempre evitar falar, porque achamos “macabro”. Matar uma pessoa é uma
das piores coisas que se pode fazer e nisto existe um consenso entre apoiantes e
não apoiantes da eutanásia por isso, vamos determinar as razões possíveis para
levar alguém a querer de livre vontade “matar-se”, justificando uma nova
ponderação sobre o assunto.

Respondendo à pergunta colocada inicialmente, defendemos que pessoas,


especialmente aquelas que se encontram numa fase terminal da vida e em
sofrimento agudo, determinem o fim das suas vidas solicitando medidas que as
matem e por isso a eutanásia voluntária deve ser eticamente aceitável e é imoral
proibi-la por lei. Passemos então a justificar as razões do porquê:
Vamos então analisar os argumentos que justificam e fundamentam a nossa
opinião.
- Primeiramente vejamos qual o interesse de deixar de viver:
Suponhamos que:
Aquele que é diagnosticado com uma doença terminal, não acredita que a sua vida
futura seja digna, próspera e boa para consigo mesmo. Neste caso o ato de matar
não impõe qualquer privação de um futuro valioso e ao praticar a eutanásia estar-
sê-a a aliviar o paciente de um futuro extremamente penoso. Assim sendo, matar
não implica desconsiderar um interesse em continuar a viver pois, deixar de viver é
aquilo que, na verdade, é do interesse do paciente.

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Concluímos assim que o futuro de uma pessoa nunca deixa de ser valioso, a
pessoa é que por razões de força maior deixa de querer vê-las no sentido em que já
não é benéfico para ela ver e valorizar o seu futuro, então deixa de reconhecer a
preciosidade do mesmo.
Neste aspeto os críticos da eutanásia concordam que, embora acreditem que retirar
a vida intencionalmente é um ato sempre incorreto no contexto medicinal, não
subscrevem um dever absoluto de prolongar a vida o mais possível. Pensam que,
para fazer uma pessoa viver apenas um pouco mais, não se justifica submetê-la a
tratamentos muito dolorosos e decerto modo similares a uma tortura. Os críticos
defendem que se a intenção for apenas aliviar o sofrimento, é aceitável administrar
uma substância que vá antecipar um pouco a morte. Estas atitudes fazem todo o
sentido, claro, mas apenas sobre o pressuposto de que a continuação da vida não
seja do interesse do paciente.

Assim, dizemos que somos favor da legalização e prática da eutanásia são o alívio
da dor e do sofrimento, considerados insuportáveis pelo paciente, e o respeito pela
sua autonomia e da sua liberdade de expressão e de decisão individual
independentemente de se conseguir ou não determinar o seu consentimento
voluntário.

-Autonomia:

Para introduzir esta questão da autonomia podemos questionarmo-nos de diversas


maneiras, tais como: qual o porquê de o dever de não matar está acima do dever de
beneficiar matando? Qual é a razão existente razão para que não matar justifique a
reprovação da eutanásia?

Mais uma vez críticos da eutanásia, surgem para criticá-la, mas desta vez defendem
que mesmo que a morte seja do interesse de uma pessoa isto não é uma razão
necessária e suficiente para que matá-la seja aceitável.

E defensores da eutanásia voluntária acreditam que é certo pois esta é praticada


com o consentimento do paciente, em conformidade com aquilo que ele escolheu,
livremente e refletidamente, no que respeita ao fim da sua vida.

Assim de acordo com a autonomia deve haver livremente escolha do paciente sem
interferência de terceiros ou até mesmo, um sentimento interno de medo ou dor do
próprio paciente. (Apesar de haver uma dificuldade em determinar o seu
consentimento voluntário). O médico deve explicar ao paciente a sua condição e
explicar todas as dúvidas, e, além disso, é necessário analisar as condições do
paciente para verificar se este tem capacidade de expressar sua verdadeira vontade
isenta de qualquer interferência.

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Tendo em consideração o exposto, a dignidade do paciente será somente
respeitada quando for respeitada a autonomia da sua própria vontade, e que a sua
vontade expressa por si mesmo corresponda à sua vontade pura, sem interferência
de qualquer fator interno ou externo.

Deste modo existe assim um argumento a favor que prioriza o princípio da


autonomia e da autodeterminação mas em contrapartida poderá existir um erro no
diagnóstico médico.

-Cuidados paliativos:

Reconhecidas as razões apontadas para permitir a eutanásia voluntária, o que se


poderá alegar em defesa da sua proibição? De acordo com uma sugestão bastante
comum, a existência de bons cuidados paliativos torna desnecessário legalizar a
eutanásia. o que dizer desta objeção?

Primeiramente, o que são os cuidados paliativos e para que servem?

Normalmente, o conceito de cuidados paliativos é associado a doentes idosos ou a


pessoas com uma doença terminal, contudo nem sempre é assim, como veremos.
Os cuidados paliativos destinam-se a várias idades e a várias patologias.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cuidados paliativos


definem-se como uma abordagem médica abrangente que se destina a melhorar a
qualidade de vida dos doentes e dos seus familiares que enfrentam uma doença
grave ou incurável. Estes cuidados são administrados para prevenção e alívio do
sofrimento, mas também de problemas psicológicos, sociais e espirituais.

Após esta definição podemos ponderar sobre os benefícios dos cuidados paliativos
que podem ser, por exemplo: proporcionar o alívio da dor e outros sintomas
causadores de sofrimento; afirmar a vida e encarar a morte como um processo
natural; não apressam ou adiam a morte; integrar os aspetos psicológicos e
espirituais dos cuidados ao doente; promover um sistema de suporte global que
ajuda o doente a viver o mais ativamente possível; ajudar a família do doente a lidar
com a doença, assim como posteriormente o luto do doente. os cuidados paliativos
ao contrário do que pensamos destinam se a qualquer criança ou adulto com:
malformações congénitas ou outras situações que dependam de terapêutica de
suporte de vida; qualquer doença aguda, grave e ameaçadora da vida (tais como:
traumatismos graves, leucemia,etc); doença crónica progressiva, tais como: doença
vascular periférica, neoplasia, insuficiência renal ou hepática, AVC com significativa
incapacidade funcional, doença cardíaca ou pulmonar avançada, fragilidade,
doenças neurovegetativas e demência; doença ameaçadora da vida, mas em que a

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opção foi não fazer tratamento orientado para a doença ou de
suporte/prolongamento da vida e que requeiram este tipo de cuidados. E em muitos
outros casos.

Todavia, os cuidados paliativos de qualidade nem sempre estão disponíveis, nem


sempre tem a eficácia desejável e ainda por mais importante na melhor das
hipóteses permite somente controlar a dor. Mas, no entanto, a escolha de quem
opta pela eutanásia não se baseia na aversão à dor.

A perspetiva de ficar intoleravelmente incapacitado, sem qualquer possibilidade


realista de recuperação, é o que leva muitas pessoas a preferir deixar de morrer.
Portanto, concluímos assim que é falsa a premissa, que os cuidados paliativos
tornem desnecessário a legalização da eutanásia.

-Efeitos da legalização da eutanásia:

Vamos começar por explicar o ponto de vista dos críticos da eutanásia.

Estes declaram, a nunca legalização da eutanásia, pois teria efeitos sociais tão
maus que constituíram uma razão decisiva para nunca a permitirem, pois se
permitirmos este tipo de eutanásia, dizem, que iniciamos uma derrapagem para
políticas intoleravelmente permissivas, assim acabando a eutanásia involuntária ser
tolerada iluminando assim aqueles que são vistos como um fardo para a sociedade.
Assim de momento ao contrariar a eutanásia partiremos da história do nazismo.

Desta forma vai se supor que: um doente terminal, digamos, poderá alegar que vale
a pena continuar a viver, só que, como lhe dada a opção de morrer, vê-se agora
obrigado a justificar a sua escolha.

Assim numa cultura tão hostil, aqueles que lhe são mais próximos entendem que
essa escolha é injustificável e caso recuse eutanásia então os seus familiares e
amigos deixarão de o reconhecer como um agente racional, o que o privará daquilo
que ainda faz a sua vida valer a pena, ou seja, um relacionamento significativo com
os outros. Desta forma o facto de um paciente dispor a aceitação da opção de
morrer, esta poderá ir contra os seus interesses.

Assim, Segundo J.David Velleman afirma que ao intuímos o direito a morrer nas
sociedades atuais seria como admitir o direito ao duelo numa cultura obcecada com
a honra. Julgando assim que desta perspetiva não á uma razão suficientemente
forte para nos opormos à legalização da eutanásia voluntária. Alertando que se
deve regulamentar com todo o cuidado a prática da eutanásia voluntária
minimizando o risco de um paciente optar pela morte em função da pressão dos
outros. Não justificando, porém, a proibição desta prática.

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Desta forma pode se analisar que também está marcado negativamente pois de
acordo com cada eutanásia de populações vulneráveis contra a sua vontade, pois
por sua vez a decisão de quem deve pôr fim à sua vida ou não, é o paciente e não
pela sua cultura. Assim havendo que numa sociedade que despenaliza a eutanásia
corre o risco de provocar uma enorme insegurança dos cidadãos face à atividade
das equipas de saúde.

Depois de visto estes argumentos pode se concluir que a eutanásia é legalmente


aceitável de acordo com um alívio da dor e do sofrimento, considerados
insuportáveis pelo paciente(que dessa forma o estará a poupar de um futuro penoso
e ao mesmo tempo inocentemente de recursos médicos ), e que há um respeito
pela sua autonomia , autodeterminação e liberdade individual, mas tem sempre de
haver se possível uma reavaliação aos seus aspetos psicossociais.

Mas por outro lado á aspetos negativos na eutanásia pois existe uma dificuldade de
muitas vezes prever o tempo de vida que resta ao paciente, bem como a existência
da possibilidade do diagnóstico médico errado o que levaria à prática de mortes
precoces e sem sentido. E apesar disso a eutanásia viola normas básicas da
medicina, pois a missão dos médicos é combater a morte, promover a cura e aliviar
o sofrimento dando lhe o tratamento necessário para se concluir. Desta forma
consegue cumprir com juramento de Hipócrates, “Não darei veneno a ninguém,
mesmo que me peça, nem lhe sugerir essa possibilidade.”

E também numa sociedade que despenaliza a eutanásia corre o risco de provocar


uma enorme insegurança aos cidadãos face à atividade das equipas de saúde e
também no que diz respeito à família pois os familiares ou herdeiros poderiam agir
com interesse financeiro e recomendar ou mesmo incentivar a eutanásia.

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tese
Enunciamos agora a nossa tese de forma organizada e estruturada.

Em relação à interrupção voluntária da gravidez, defendemos uma posição pró-


escolha, mas moderada no sentido em que concordamos, que as mulheres tenham
liberdade de escolha, mas uma escolha deliberada e ponderada não apenas por
não se preocupar com nada nem se precaver por saber que existe sempre esta
possibilidade de interromper a gravidez, tornando-a assim num ser humano
irresponsável. Logo como problematizamos no início deste trabalho, respondemos
agora que concordamos que o aborto seja eticamente aceite e não seja de todo
imoral quando cumprido dentro dos parâmetros que definimos, mas recapitulamos
agora.

Devemos respeitar a liberdade das mulheres, contudo acreditamos que esta prática
não deve ser elaborada fora do tempo permitido pela lei portuguesa, até às 10
semanas. Concordamos também que o aborto devia ser eticamente permitido, como
já referimos, mas especialmente se a gravidez tenha sido um resultado de um crime
sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas de gravidez ou se o
objetivo é evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou
para a saúde física ou psíquica da mulher grávida, e seja realizada nas primeiras 12
semanas de gravidez, também se haja motivos seguros para prever que o bebé
venha a sofrer e for realizada nas primeiras 24 semanas de gravidez. Ou seja, e em
suma, acreditamos que “O aborto devia ser eticamente permitido, porque devemos
respeitar a liberdade das mulheres”, porque tal como vimos o novo ser humano é
gerado no útero da mulher e queiramos ou não são nove meses em que somos
responsáveis não só por nós mas também por um outro ser.

Falemos agora acerca da eutanásia.

Será permitido que pessoas, especialmente aquelas que se encontram numa fase
terminal da vida e em sofrimento agudo, determinem o fim das suas vidas?
Se sim, é permitido que solicitem medidas que as matem?
Ou é antes permissível que apenas solicitem que as deixem morrer, pedindo aos
médicos que se abstenham de as tratar?

Defendemos que a eutanásia deveria também ser eticamente aceite e permitida,


pois concordamos que todas as pessoas que se encontram num estado de
sofrimento profundo deviam poder ter o livre arbítrio de decidir se querem ou não
permanecer neste caminho que é a vida, se e só se, estiverem num estado de
consciência a nível mental possibilitando a toma de decisões. Achamos que se esta
“opção” não for considerada é de um certo modo, retirada um pouco da nossa
liberdade individual. Achamos assim imoral proibir a eutanásia por lei.

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Conclusão
Concluímos que concordamos que tanto a eutanásia como o aborto são eticamente
aceitáveis e seria imoral proibir estas duas “opções” por lei, pois achamos que são
sempre práticas que não devem ser descartadas, devido a nossa opinião a ausência
destas originar uma falta de liberdade e de direitos essenciais e garantidos como ser
humanos que somos.

bibliografia
● Livro “Ética com razões” de Pedro Galvão
● https://youtu.be/Br59pD583Io
● http://www.apf.pt/aborto-e-interrupcao-da-gravidez
● https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/aborto-a-etica-e-a-
interrupcao-da-gravidez.htm
● https://shifter.sapo.pt/2018/05/eutanasia-portugal/
● https://filosofia.ufsc.br/files/2013/04/JamesPryor.pdf
● http://filosofiaes.blogspot.com/p/ensaios.html

22
Fim
trabalho realizado no âmbito da disciplina de filosofia pelas alunas:

● leonor Afonso nº18


● Renata Mata nº23
● Sara Fernandes nº25

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