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PROBLEMAS ÉTICOS NA INTERRUPÇÃO DA VIDA HUMANA:

Será eticamente aceitável o aborto? E a eutanásia, será legalizada?

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Filosofia

Agrupamento de Escolas Nº 1 de Marco de Canaveses

Docente: Paula Moura Ribeiro

Aluna: Cláudia Sofia de Castro Teixeira

Maio de 2020
As questões ligadas à vida ou à morte foram desde cedo assuntos de debate pelas
gerações, embora recentemente tenham assumido um papel de maior importância
devido aos direitos individuais do ser Humano. Nascer ou morrer não dependo só do
individuo, mas de todo um contexto cultural, social, religioso e político. Determina o
tempo em que somos reconhecidos como indivíduos e membros de uma comunidade, de
uma família, de um grupo. As questões relacionadas com as interrupções desta linha
temporal incontável que é a vida, foi levantada no início do século XX, e desde então
que foi bastante discutido e as vezes ainda constituiu tabu para a sociedade. Neste
ensaio vou abortar este tema com base em dois exemplos, o aborto, aquele que evita o
nascimento, e a eutanásia, o método que poe fim à vida.

Será eticamente aceitável o aborto? O aborto é um dos temas mais difíceis de


debater. No seu termo geral, o aborto consiste em “tirar a vida” a um pequeno embrião,
voluntaria ou involuntariamente, do útero da Mulher. A partir desta definição existem
duas posições bastante opostas: o direito à vida do feto e o direito moral da Mulher.

Se partirmos da primeira posição, que se apoia no direito moral à vida, estamos a


insinuar que a vida de um feto é superior à escolha e, muitas vezes, proteção da vida da
mulher, por isso, neste caso o aborto é eticamente errado. No entanto, a grande questão
que se levanta nesta posição é mesmo se o feto ou o embrião pode ser considerado uma
pessoa. Segundo John Locke, não podemos considerar o feto uma pessoa porque não
tem a capacidade física nem tem consciência de si próprio, logo considera que matar um
feto não é errado. Por outro lado, segundo a doutrina da ‘potência e ato’ de Aristóteles,
sendo “a potencia a capacidade para dizer algo, enquanto ato é a realização concreta
dessa potencialidade”, o feto é um individuo em formação e, abortar seria impedir o
direito à vida do feto.

A segunda posição apoia-se no direito que a mulher tem sobre o próprio corpo,
um direito, na minha opinião, indiscutível, assim como a própria vontade da mesma.
Judith Jarvis Thomson, defende que ainda que o feto tenha direito a vida, é eticamente
permissível na medida em que ninguém deve utilizar o corpo da mulher sem a sua
vontade e permissão. Esquecer este argumento, seria colocar a vida do feto acima da
vida da mulher. Imaginemos que a mulher foi abusada sexualmente ou que está com
problemas de saúde e que o feto põe em risco a vida da mulher, não será aceitável
deixarmos a mulher escolher o que acontece com o corpo dela? Na minha opinião, por
um lado o aborto devia ser legalizado porque ninguém tem a obrigação de sobrepor a
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vida de um feto à própria vida quando esta sofreu violência sexual ou até mesmo não
tem capacidade financeira para o manter. Mas por outro lado, acho que deve ser um
método ponderado, sobretudo quando é realizado numa gravidez já avançada, alias, na
minha opinião só devia ser assim permitido se fosse prejudicial para a vida da mulher.

E a eutanásia, será legalizada? A eutanásia, é um processo de tirar a vida sem


dor para alguém que está débil. A eutanásia pode ser considerada voluntária ou
involuntária. A voluntaria é quando uma pessoa esta consciente de si e deseja a morte,
enquanto que a eutanásia involuntária é quando o paciente já não esta consciente de si e,
por isso, com base no desejo desse paciente aquando ‘vivo’, um familiar direto toma
essa decisão por ele. Segundo Kant, cada individuo tem capacidade para perceber o que
esta certo ou errado nas suas ações e sabemos quais as que são validas para todos.
Todos temos o direito de escolha se estiver consciente de nós, logo cada pessoa é livre
de fazer aquilo de quiser.

No entanto, é importante salientar que a eutanásia é um processo que só é


permitido em casos extremo, como uma doença terminal ou incurável. É claro que tal
como o aborto esta questão esta também relacionada com questões sociais e religiosas a
que todos estamos sujeitos, e por isso, há quem acredite que só Deus pode tirar a vida a
alguém, logo o médico não tem direito de matar ninguém. Sendo assim, para estes a
eutanásia é considerada homicídio.

Assim, minha opinião a eutanásia devia ser legalizada, embora só utilizada em


último recurso segundo as escolhas do paciente. No entanto, estou consciente de que a
morte não é a solução de tudo, temos de aprender a lutar e ser persistentes, porque vida
à só uma e temos que saber aproveitá-la seja ela boa ou menos boa…Nem sempre o
caminho mais curto é o mais correto.

Estes dois exemplos, são acima de tudo, uma questão de escolha. Quando nos é
permitida a vida, somos responsáveis por nós e pelas nossas ações e isso inclui as nossas
escolhas. Nós mulheres, somos muitas vezes mal interpretados, principalmente, na
questão do aborto, sendo olhadas de lado. Mas não temos opção de escolha? Não somos
igualmente capazes de fazer as nossas escolhas no nosso corpo e sobre a nossa vida?

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Bibliografia
https://filosofiaes.blogspot.com/p/ensaios.html
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/aborto-a-etica-e-a-interrupcao-da-
gravidez.htm?
fbclid=IwAR035tjZrxzkAkFA6HwOPRrWqCkdt_aZEhUVEcVe_Gz2PAzePPJs7D-Y764
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eutanásia
https://notapositiva.com/eutanasia/
https://criticanarede.com/eti_kant.html
http://www.uenf.br/Uenf/Downloads/COGNICAO_6587_1308235910.pdf
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73312008000100006&script=sci_arttext&tlng=es

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