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urbe.

Revista Brasileira de Gestão Urbana

O direito à cidade em discussão no Novo Cinema


Pernambucano
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Journal: urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana

Manuscript ID URBE-2018-0130

Manuscript Type: Original Article


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Keyword: Direito à cidade, Arte, Novo Cinema Pernambucano, Questão Urbana


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5 O DIREITO À CIDADE EM DISCUSSÃO NO NOVO CINEMA
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7 PERNAMBUCANO1
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9 The Right to the City Discussed in Pernambuco’s New Cinema
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Resumo: O direito à cidade é um tema em crescente discussão no Brasil, não apenas nos meios
14 acadêmicos, mas também em movimentos sociais e mobilizações populares diante de
15
16 determinadas mudanças no espaço e na dinâmica de grandes cidades. Nesse ínterim, surge o
17
18 cinema como veículo que desperta discussões e reflexões acerca de assuntos que permeiam essa
19
temática. Em Recife, o contemporâneo movimento cinematográfico chamado Novo Cinema
20
21 Pernambucano ganha destaque entre as produções que mais abordam o direito à cidade e outras
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23 questões urbanas, em forte diálogo com a realidade da capital pernambucana, a qual foi e é
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palco de importantes movimentos e debates em torno desse tema. Assim, este artigo se propõe
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26 a discutir e demonstrar como o Novo Cinema Pernambucano traz em tela importantes elementos
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28 de reflexão e mesmo de agitação no tocante ao direito à cidade, podendo ser importante objeto
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30 de estudo para pesquisadores e docentes do assunto. O artigo abordará diferentes obras
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cinematográficas desse movimento, que puseram o assunto em pauta. Nele, também serão feitos
33 os devidos liames entre a reflexão principal ou específica dos filmes citados e o que foi dito a
34
35 respeito do direito à cidade por teóricos como David Harvey e Henri Lefebvre.
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Palavras-chave: Direito à cidade. Arte. Novo Cinema Pernambucano. Questão Urbana.
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40 Abstract: The right to the city is a subject more and more discussed in Brazil, not only in
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42 academic environments, but also in social movements and popular mobilizations before certain
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changes in big cities’ space and dynamics. In this context, the cinema appears as a vehicle
45 which spots out discussions and reflections about subjects that characterize this theme. In
46
47 Recife, the contemporary film movement called Pernambuco’s New Cinema stands out
48
49 between the productions that discuss the most the right to the city and other urban subjects, in
50
a strong dialogue with the capital of the Brazilian state of Pernambuco, which was and is a stage
51
52 for important movements and debates around this subject. As such, this article proposes to
53
54 discuss and show how Pernambuco’s New Cinema brings up important elements to think and
55
56 even act about the right to the city, in a way that it may be an important object of study for
57
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60 Trabalho apresentado na I Jornada Norte-Nordeste de Direito e Literatura da Rede de Direito e Literatura
(RDL), em Campina Grande (PB), no dia 9 de junho de 2017.

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researchers and professors of the subject. The article will discuss different cinematographic
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6 works of this movement, which brought up the subject. There will be also done the connections
7
8 between the main or specific reflection of the quoted movies and what had been said about the
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10 right to the city by theoreticians as David Harvey and Henri Lefebvre.
11 Keywords: Right to the city. Art. Pernambuco’s New Cinema. Urban Issues.
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15 INTRODUÇÃO
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18 O direito à cidade é um tema cada vez mais discutido no Brasil, com o crescente dinamismo
19
20 dos grandes centros urbanos, impulsionando e impulsionados por grandes obras imobiliárias.
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22 As mudanças na vida citadina, que se agrega a atenuações da desigualdade social e da


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segregação sócio-espacial de grupos marginalizados, bem como a uma incessante substituição
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25 de espaços de interação por espaços de consumo, recebem, em várias cidades, cada vez mais
26
27 resistência por parte da população. É um exemplo a cidade do Natal, onde uma considerável
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29 parcela populacional não aceita a demolição do Hotel Reis Magos e do Teatro Municipal
30 Sandoval Wanderley (respectivamente, um prédio histórico e um espaço cultural) para a
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32 construção de shopping centers. Em semelhante processo, mas com maiores mobilizações, a


33
34 cidade do Recife viu surgir o movimento Ocupe Estelita, contra a realização de
35
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empreendimentos de grandes grupos imobiliários no histórico Cais Estelita.
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37 O elemento da arte pode ser utilizado não apenas no sentido de agradar. O cinema nesse
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39 caso, por exemplo, pode provocar reações das mais diversas. Segundo Verano (2013, p. 215),
40
deve existir uma preocupação por “abrir a cidade para que seus moradores e visitantes possam
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manter contato com novas experiências do sensível, que os coloquem em estado permanente
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44 de questionamento”.
45
46 Nesse passo, em diálogo com a realidade da capital pernambucana, o movimento
47
48 cinematográfico conhecido como Novo Cinema Pernambucano traz em pauta diversas
49 problemáticas da vida e da organização da urbe, o que inevitavelmente põe em tela, para os
50
51 espectadores, a temática do direito à cidade. Assim, neste artigo será demonstrado de que
52
53 maneira essas obras evidenciam temáticas interessantes para o debate acerca das questões
54
urbanas no Brasil, evidenciando tais problemáticas em um panorama histórico recente. Frente
55
56 à ainda pequena discussão sobre o direito à cidade especificamente nos meios acadêmicos
57
58 jurídicos brasileiros, e à pouca aceitação, na pesquisa e no ensino jurídicos, da arte como recurso
59
60 ilustrativo e reflexivo, este trabalho mostrará a capacidade do cinema de pôr em tela tópicos
pertinentes à uma boa aplicação de direitos, assim como demonstrar como há uma atual

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demanda pelo direito à cidade no Brasil.
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6 Ao fazer a análise das principais questões urbanas a partir de um panorama histórico, bem
7
8 como a superestrutura na qual as cidades brasileiras estão inseridas e sistematizadas, será
9
10 utilizada a metodologia histórico-dialética. Secundariamente, será utilizado o método
11 comparativo, pelo usufruto dos elementos audiovisuais do Novo Cinema Pernambucano como
12
13 recurso ilustrativo das problemáticas que tangenciam a discussão acerca do direito à cidade.
14
15 Buscando acompanhar a crítica introduzida por Lefebvre sobre as ciências parcelares,
16
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procuramos trazer a importância de pensar a cidade sem fragmentação das ciências
18 especializadas.
19
20 A luta por direitos no espaço urbano e fortalecimento do conceito e organizações que
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22 pautam o Direito à Cidade nos mostra a centralidade dessa questão na atualidade para pesquisa.
23
Como bem destaca Minayo (2013, p. 16), “a pesquisa vincula pensamento e ação. Ou seja, nada
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25 pode ser intelectualmente um problema se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da
26
27 vida prática” (grifo da autora).
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29 Utilizamos ainda a análise de filmes como instrumento de pesquisa e conforme defende


30 Flick (2009, p. 224), “a televisão e os filmes têm uma influência cada vez maior na vida
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32 cotidiana e, portanto, a pesquisa qualitativa utiliza-os para ser capaz de dar conta da construção
33
34 social da realidade”. As relações entre cinema e sociedade, como aponta Silvana Olivieri (2011,
35
36
p. 68), é inexorável: “Seja na forma documentária, seja na ficcional, o cinema está sempre
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37 ligado ao mundo e com as alteridades que o povoam – daí podemos dizer que todo filme faz
38
39 ‘rizoma’ com o mundo.” Denzin (2004, p. 241) sugere etapas para análise de filmes passando
40
pelo “assistir e sentir” onde se anotam as impressões, questões e padrões, por exemplo.
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44 A URBANIZAÇÃO NO BRASIL
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48 No início do filme Brasil S/A (2014), vemos um grupo de homens trabalhando em um
49 canavial. Quando param para descansar, eles percebem que uma máquina surgiu na plantação
50
51 e começou a desempenhar o ofício que antes era deles. Assim descreve Henri Lefebvre (2008,
52
53 p. 80-81) o processo de urbanização nos países subdesenvolvidos industrializados: “Nos países
54
ditos ‘em vias de desenvolvimento’, a dissolução da estrutura agrária empurra para as cidades
55
56 camponeses sem posses, arruinados, ávidos de mudança”.
57
58 O excedente populacional, a favelização e moradia precária, a especulação imobiliária, a
59
60 degradação ambiental, transporte urbano deficitário, desemprego, abandono do Estado,
violência urbana e a repressão policial, por exemplo, são algumas das consequências do

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processo de urbanização brasileira que podem ser comprovadas tanto pelos filmes foco da
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6 pesquisa quanto na realidade da cidade.
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8 Visto isso, é a partir da modernização irresponsável dos meios de produção, a qual não
9
10 objetiva nada além do lucro de seus proprietários, que determinadas cidades passaram a crescer
11 vertiginosamente e, também inseridas no mesmo sistema, intensificaram seu processo de
12
13 exclusão sócio-especial. Sobre isso, infere Milton Santos (2013, p. 28): “É antes a
14
15 modernização, pela forma que assume em pleno período tecnológico, que é responsável pelo
16
17
desenvolvimento do subemprego e da marginalidade.” A modernização rural, assim, levou uma
18 massa recém-desempregada a migrar para as grandes cidades – onde a modernização é
19
20 igualmente excludente e exclusiva, mas ganha os trajes sedutores da industrialização –, em
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22 busca de oportunidades.
23
Esses movimentos migratórios são, inclusive, vantajosos para a cidade, que se apresenta
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25 como “rede de circulação e de consumo” (LEFEBVRE, 2008, p. 48): se tornando ou não


26
27 marginalizados, aqueles que chegam nas grandes cidades são potenciais consumidores. Isso
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29 passou a atrair, também, aqueles de maior poder aquisitivo dos espaços rurais, que mantêm suas
30 terras e seu poder no campo, porém integram-se à população urbana. Dentre diversos
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32 personagens do audiovisual pernambucano que se enquadram nesse processo, destacam-se


33
34 Francisco, de O Som ao Redor (2012), dono de um engenho de cana-de-açúcar que optou por
35
36
morar em Recife, onde também comprou propriedades imobiliárias, e Dirceu, de Boa Sorte,
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37 Meu Amor (2012), jovem proveniente de uma abastada família rural, que se mudou para a
38
39 capital para viver uma vida de festas e consumo, trabalhando em uma empresa de demolição.
40
Já aqueles oriundos do desemprego e dos desafios da vida no campo (que, no semiárido
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nordestino, ganham dimensões mais intensas) aglutinam-se nos espaços indesejáveis da zona
43
44 urbana, “a favela os acolhe” (LEFEBVRE, 2008, p. 81). No documentário Doméstica (2012),
45
46 Dilma, que trabalha como empregada doméstica, conta que foi a São Paulo ao se casar por um
47
48 dote, com a promessa de que moraria em uma boa casa. Entretanto, foi mantida em um porão e
49 proibida de sair ou trabalhar durante muito tempo. Após sair dessa situação, foi a profissão de
50
51 empregada doméstica que ela encontrou. Não por acaso, a metrópole-destino de Dilma é o
52
53 maior centro de indústria, de circulação e de consumo do país, sendo, também por isso, o
54
principal polo de migrações em escala nacional.
55
56 Esse processo de deslocamento de indivíduos se dá sobretudo pelo fato de a grande
57
58 transformação da cidade moderna ter sido ocasionada pela industrialização. Nos países
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60 subdesenvolvidos, essa dinâmica é ainda mais nítida, pois formam-se polos de concentração de
meios de produção urbanos mais claros e destacados, centralizando as relações e suscitando

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“um dinamismo industrial em quase todas as atividades de sua região de influência” (SANTOS,
5
6 2010, p. 140). O crescimento fabril urbano não apenas altera a dinâmica cidade-campo e atrai
7
8 migrações humanas, como também torna mais intensa o processo de segregação sócio-espacial
9
10 em seu entorno. Sobre a marginalização, reflete Santos (2013, p. 42):
11
12
Se, por um lado, a economia incorpora um certo número de pessoas ao
13
mercado de trabalho efetivo, através de empregos recém-criados, por outro
14
ela expulsa um número muito maior, criando de um golpe o subemprego, o
15
16
desemprego e a marginalidade. O número desses ‘postergados’ aumenta
17 cada vez mais. É para esses remanescentes da força de trabalho nos níveis
18 mais baixos do espectro socioprofissional que foi reservado o termo
19 marginal.
20
21 Pela lógica de sistema imposta na vida urbana, e mesmo por sua manutenção, esses
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22
23 grupos alojam-se “nas cidades satélites, nos subúrbios programados, nos guetos mais ou menos
24
‘residenciais’”, dispondo unicamente do “espaço medido com cuidado” (LEFEBVRE, 2008, p.
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25
26 121). São essas as realidades ilustradas em Amarelo Manga (2002) e Febre do Rato (2011):
27
28 grupos sujeitos ao afastamento das regiões urbanas centrais, que contemplam sua imponência,
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29
30 mas delas não podem participar. Grupos que desenvolvem até mesmo uma moralidade distinta.
31 Uma interessante reflexão sobre isso é feita em Um Lugar ao Sol (2009), documentário que
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32
33 entrevista moradores de apartamentos de cobertura no Brasil: uma entrevistada critica que, na
34
35 favela ao lado de seu edifício, as pessoas criam suas próprias regras, nitidamente sem
36
compreender as origens desse fenômeno jurídico-social.
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37
38 Dessa forma, a reorganização interna da cidade é fruto das ações de vários agentes que
39
40 apresentam interesses diferentes e, de modo geral, antagônicos. O Estado, as empresas, as
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41
42 imobiliárias, os donos da terra urbana e a população trabalhadora participam da corrida pela
43
definição do perfil da cidade (PINTO, 2004, p. 92).
44
45 Como afirma Harvey (2014, p. 30):
46
47
48
Reivindicar o direito à cidade no sentido que aqui proponho equivale a reivindicar
49
algum tipo de poder configurador sobre os processos de urbanização, sobre o modo
50
51 como nossas cidades são feitas e refeitas, e pressupõe fazê-lo de maneira radical e
52 fundamental. Desde que passaram a existir, as cidades surgiram da concentração
53 geográfica e social de um excedente de produção. A urbanização sempre foi, portanto,
54 algum tipo de fenômeno de classe, uma vez que os excedentes são extraídos de algum
55 lugar ou de alguém, enquanto o controle sobre o uso desse lucro acumulado costuma
56 permanecer nas mãos de poucos.
57
58
59 A manutenção dessa divisão espacial é salutar para manter as relações de poder, não sendo
60
a chamada democracia urbana interessante para manter os privilégios das classes dominantes

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(LEFEBVRE, 2008, p. 23). Aquela massa segregada é mantida como reserva de mão-de-obra
5
6 não- especializada e mesmo de mercado consumidor. O Estado, cujas candidaturas e campanhas
7
8 são financiadas pelos detentores dos meios de produção, como aponta Jauro Sabino von Gehlen
9
10 (2016, p. 249), é um importante aliado nesse processo, mantendo-se presente nesses espaços
11 segregados como força coercitiva. Amarelo Manga (2002) é introduzido por uma notícia
12
13 difundida em uma rádio pirata, de que a polícia era suspeita do assassinato de dois estudantes
14
15 da periferia, supostamente por portarem maconha. Tal presença se dá em partes para impedir
16
17
mobilizações políticas e tomadas de consciência de classe – fenômeno que acontece em Febre
18 do Rato (2011), sendo a periferia onde o filme é situado unida e organizada contra o modelo
19
20 urbano imposto. Como aponta Santos (2013, p. 79), “A preocupação maior é de evitar agitações
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22 e não de impedir a pobreza.”


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25 AS DEMANDAS SOCIAIS PELO DIREITO À CIDADE


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29 Os primeiros escritos sobre o Direito à Cidade são do filósofo francês, Henri Lefebvre, nos
30 anos 1960. O tema ainda tem sido pouco explorado no Brasil e apresenta poucas obras
31
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32 traduzidas, mas algumas bases e grupos de estudos, seminários e encontro têm iniciado o debate
33
34 sobre suas contribuições. Esse debate vem sendo apropriado por movimentos, redes,
35
36
organizações multilaterais, organismos da ONU e tem gerado diversos projetos e iniciativas.
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37 Podemos apontar antecedentes importantes a Carta Mundial pelo Direito à Cidade (2005)
38
39 como o Fórum Internacional sobre Meio Ambiente, Pobreza e Direito à Cidade (1992), Carta
40
Europeia das Mulheres na Cidade (1995); Tratado sobre questão urbana “Por Cidades, Vilas,
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Povoados Justos, Democráticos e Sustentáveis” (ECO 92); Conferência Global sobre os
43
44 Assentamentos Humanos das Nações Unidas, Habitat II, (1996); Assembleia Mundial de
45
46 Moradores (2000); Carta Europeia para a Salvaguarda dos Direitos do Homem na Cidade
47
48 (2000); e depois de treze anos de tramitação o Estatuto da Cidade brasileiro (Lei Federal nº.
49 10.257/2001), por exemplo.
50
51 Pela primeira vez na história o Direito à Cidade foi incluído em documento oficial chamado
52
53 Nova Agenda Urbana (NAU) após muito debate entre as organizações e governos presentes na
54
Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável
55
56 (Habitat III, 2016).
57
58 Sobre o processo de luta urbana e disputa na cidade Ermínia Maricato faz uma análise que
59
60 nós ajuda na compreensão dos fatos mais recentes vivenciados e que podem ser visualizados
na produção do Novo Cinema Pernambucano:

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A luta pelo direito à cidade volta às ruas: o que está em disputa é a própria
6
cidade, seus equipamentos sociais, suas oportunidades de emprego, de lazer,
7
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de mobilidade. Mas essa disputa se refere também à aplicação do fundo
9 público, que ao invés de se dirigir à reprodução da força de trabalho, se dirige
10 à reprodução do capital. O que se estabelece é a oposição entre valor de troca
11 e valor de uso no espaço urbano; entre renda imobiliária e condições de vida.
12 A crise urbana está no centro do conflito social no Brasil, só não a enxerga
13 aquele que não quer ver. (MARICATO, 2014, p. 26).
14
15 Em Um Lugar ao Sol (2009), uma entrevistada conta ao documentarista como acha bonito
16
17 observar, na favela próxima a seu prédio, os disparos que deixam um rastro colorido no ar
18
(provavelmente um sinalizador, utilizado nas organizações de narcotráfico), mas que não sabe
19
20 ao certo por que os utilizam, assim como não entende o porquê de as gangues dessa comunidade
21
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22 entrarem em conflito. Esse depoimento, que para muitos pode soar cômico e absurdo, na
23
24 verdade evidencia uma dura realidade da vida urbana: existem na cidade mundos
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25 completamente diversos, totalmente isolados e alheios um ao outro.


26
27 Nitidamente, um desses grupos tem acesso aos serviços e bens de consumo que deseja,
28
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29 bem como pleno conforto de vida urbana; o outro, em situação diametralmente oposta, é tão
30
31
excluído desses elementos que sua realidade cotidiana é desconhecida pelos demais. No que
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32 poderia ser uma resposta à entrevista do documentário, o protagonista de Febre do Rato (2011),
33
34 Zizo, um poeta anarquista que mantém um jornal alternativo, brada em plena Recife: “Vocês aí
35
36 nos prédios. Vocês sabem o barulho que essa cidade tem? Se não sabem, pois eu lhes digo: o
On

37
barulho dessa cidade é o tamanco das lavadeiras de Casa Amarela”, referindo-se a um dos
38
39 principais bairros periféricos da capital pernambucana. Como conclui Santos (2004, p. 72): “os
40
pobres não são incluídos nem marginalizados, eles são excluídos.”
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41
42
43 Nesse ínterim, a lógica do consumismo ganha poderoso espaço na cidade. O curta-
44 metragem [projetotorresgemeas] (2011), sobre essa temática, capta um homem que trabalha
45
46 vestido de prédio em semáfotros fechados, para anunciar apartamentos. No meio urbano, a
47
48 publicidade ganha maior amplitude e influência, “a publicidade para os bens de consumo se
49
50
torna o principal bem de consumo” (LEFEBVRE, 2008, p. 69). Sobre isso, reflete Santos (2013,
51 p. 83):
52
53
54 O consumo, imposto atualmente à população, é ditado pelo sistema de
55 produção. Controlando os meios de comunicação de massa, esse sistema
56 pode impor uma forma predeterminada de comportamento aos
57 consumidores potenciais – isto é, pode distorcer seu perfil de demanda. Não
58 se pode, portanto, falar de livre escolha.
59
60 É nesse processo que os espaços de consumo ganham caráter essencial na vida urbana.

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Cada vez mais, os únicos espaços de convivência, encontro e relações na cidade são, em
5
6 essência, espaços de consumo, como aponta Marcelo Eibs Cafrune (2016, p. 199):
7
8
9 A proliferação de shoppings centers, equipados com salas de cinema
10 multiplex, lojas e lanchonetes padronizadas compõe uma tendência pós-
11 modernista de formação de nichos de Mercado, nos hábitos de consumo e
12 nas expressões culturais, que envolve a experiência urbana contemporânea
13 numa aura de liberdade de escolha.
14
15 Isso, é claro, se reflete até mesmo no sistema urbano de moradias: a especulação imobiliária
16
17 e a ocupação de áreas confortáveis para a vida urbana por obras luxuosas traz consigo uma forte
18
19 carga publicitária. Quando da construção de um novo prédio, as imobiliárias não vendem o
20
apartamento, e sim o conforto. O espaço a ser edificado não é mostrado a não ser na publicidade,
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22 o que se consome são os “signos da felicidade, da satisfação, do poder, da riqueza”


23
24 (LEFEBVRE, 2008, p. 69).
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25
26 Nesse sentido, podemos entender que a especulação imobiliária trata de “uma forma pela
27 qual os proprietários de terra recebem uma renda transferida dos outros setores produtivos da
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29 economia, especialmente através de investimentos públicos na infraestrutura e serviços


30
31 urbanos” (CAMPOS FILHO, 2001, p.48). Temos, portanto, uma distribuição de forma coletiva
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32
33
de custos de melhorias na cidade, mas uma apropriação privada dos lucros provenientes de tais
34 melhorias.
35
36 Reflexão interessante sobre o assunto é feita em Aquarius (2016), filme que mostra o
On

37
38 embate entre uma construtora que pretende demolir um antigo prédio em Boa Viagem (área
39
nobre do Recife, à beira-mar) para a construção de um novo, e a última moradora do primeiro,
40
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41 que se recusa a vender seu apartamento. Diego, o ambicioso personagem à frente da


42
43 construtora Bonfim, revela, em uma conversa, que o projeto inicial do novo prédio se chamaria
44
45 Atlantic Plaza Residence. Essa escolha de nome não é nada mais que uma estratégia publicitária
46 que usufrui desses signos. Na cidade, valores como conforto e felicidade, e abstrações como o
47
48 poder e o status tornam-se bens de consumo, objetos de publicidade e mesmo moeda de troca
49
50 (acessíveis a uma parcela definida da população).
51
O crescente consumismo, aliado à modernização em escala geométrica dos bens de
52
53 consumo, define e modela as dinâmicas da vida na cidade. Nelas, determinados bens de
54
55 consumo ganham caráter essencial para a vida urbana, sendo incutido na mentalidade humana
56
57 a necessidade pelos eletrônicos, “pelo carro, pela televisão, pelos utensílios de plástico, pelo
58 mobiliário ‘moderno’” (LEFEBVRE, 2008, p. 19). Em O Som ao Redor (2012), vê-se em uma
59
60 cena uma criança perder sua bola, que cai dentro dos limites de um condomínio, e, desistindo

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de reavê-la, vai para sua casa, jogar um videogame de futebol. Os bens de consumo
5
6 modernizados substituem os espaços de convívio urbano. Mesmo a noção de pobreza se
7
8 redefine diante da nova lógica dos bens de consumo na vida urbana, como conclui Santos (2004,
9
10 p. 71):
11
12 A ampliação do consumo ganha, assim, as condições matérias e
13 psicológicas necessárias, dando à pobreza novos conteúdos e novas
14
definições. Além da pobreza absoluta, cria-se e recria-se incessantemente
15
uma pobreza relativa, que leva a classificar os indivíduos pela sua
16
17
capacidade de consumir, e pela forma como o fazem.
18
19 O estímulo ao consumo traz consigo um desestímulo ao aprimoramento dos serviços
20
públicos, sendo esses, na atual sociedade urbana brasileira, utilizados quase que unicamente
21
Fo

22 pelas classes que não têm acesso às opções privadas de usufruto de serviços. O documentário
23
24 Rio Doce/CDU (2013), por exemplo, acompanha o trajeto da linha de ônibus 920, que circula
rR

25
26 pelos subúrbios de Recife e Olinda. Quando o veículo chega em sua parada final, uma estudante
27 entrevistada diz que, eventualmente, passa mais tempo dentro do ônibus, se deslocando para a
28
ev

29 aula, do que na universidade propriamente dita. Isso levanta questões pertinentes sobre a vida
30
31 urbana contemporânea, na qual se dedica cada vez mais tempo única e simplesmente para ir de
iew

32
33
um lugar a outro. Há aqueles que têm acesso financeiro ao conforto, comprando um ou mais
34 carros, e aqueles que, não possuindo tal alternativa, são sujeitos ao transporte público, marcado
35
36 pelo desconforto e pelo estresse, como narram, no documentário, vários passageiros do ônibus
On

37
38 lotado. Quanto aos que possuem seus veículos particulares, o sistema produtivo se encarrega
39
de modernizá-los cada vez mais, e criar mais opções de consumo. Em afiada crítica a esse
40
ly

41 processo, Brasil S/A (2014) mostra uma mulher que, não conseguindo sair da garagem de seu
42
43 condomínio por causa de um engarrafamento, recorre a um aplicativo que convoca um
44
45 caminhão-cegonha para transportar seu veículos, podendo ela fazer outras atividades enquanto
46 é transportada no conforto de seu carro.
47
48 No campo ético, essa sistemática mina e destrói valores da vida em comunidade. O próprio
49
50 processo de ocupação espacial da cidade, que segue a lógica geral do modo de produção,
51
52
desempenha esse papel. “Os atores mais poderosos se reservam os melhores pedaços do
53 território e deixam o resto para os outros.” (SANTOS, 2004, p. 79). Cena icônica sobre esse
54
55 fenômeno é vista no curta-metragem Praça Walt Disney (2011), quando vemos uma família
56
57 abastada se divertir em uma praia onde há perigo de ataque por tubarões. Então, três pessoas
58
pobres passam carregando uma piscina plástica, diante do que o patriarca paga a eles para entrar
59
60 no mar com baldes para coletar água e encher a piscina, não sem antes peneirar a água. Assim,

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as crianças da família poderiam se divertir e tomar banho sem passar por nenhum perigo,
5
6 ignorando o fato de que outras pessoas passaram pelos mesmos riscos para que isso fosse
7
8 possível. Esse processo foi engendrado e intensificado pelo modo de produção vigente,
9
10 impulsionado pela industrialização, a qual é, também, um fenômeno promotor da urbanização.
11 Sobre isso, reflete Santos (2004, p. 85):
12
13
14
15
Cada empresa, porém, utiliza o território em função dos seus fins próprios
16 e exclusivamente em função desses fins. (...) Nesse movimento, tudo que
17 existia anteriormente à instalação dessas empresas hegemônicas é
18 convidado a adaptar-se às suas formas de ser e de agir, mesmo que
19 provoque, no entorno preexistente, grandes distorções, inclusive a quebra
20 da solidariedade social.
21
Fo

22
23
A partir dessa dinâmica opressiva do espaço urbano, Henri Lefebvre (2008, p. 117-118)
24 desenvolveu o conceito de direito à cidade: “Só pode ser formulado como direito à vida
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25
26 urbana, transformada, renovada.” Trata-se do direito a viver bem no ambiente urbano, de
27
28 poder desenvolver-se nesse espaço, pelo pleno e democrático usufruto de atividades e locais
ev

29
nele disponíveis. Como completa David Harvey (2012, p. 74): “A questão de que tipo de
30
31 cidade queremos não pode ser divorciada do tipo de laços sociais, relação com a natureza,
iew

32
33 estilos de vida, tecnologias e valores estéticos que desejamos.”
34
35 Na jurisdição brasileira, o direito à cidade é concluído de alguns dispositivos legais, mas
36 não explicitamente determinado em nenhum deles. A nível constitucional, “O direito à cidade
On

37
38 é um complemento do direito à moradia.” (VON GEHLEN, 2016, p. 239), isto é, ele pode ser
39
40 depreendido a partir de uma expansão do direito à moradia (garantido no caput do artigo 6o), a
ly

41
partir da aplicação, nele do princípio basilar da dignidade da pessoa humana (definido no art
42
43 1o, III), concluindo-se um direito de habitar de maneira digna. Além disso, no plano
44
45 infraconstitucional, houve, em 2011, como resultado das lutas sociais pelo direito à cidade, a
46
47 aprovação da Lei 10.257, o Estatuto da Cidade, “que criou diversos instrumentos jurídicos que
48 têm como objetivos a gestão democrática das cidades, a justa tributação dos imóveis e o
49
50 combate às desigualdades urbanas.” (CAFRUNE, 2016, p. 189). Contudo, como também
51
52 observa Cafrune (2016, p. 190), não há aplicação eficaz do direito à cidade no Brasil, e as
53
54
problemáticas da desigualdade urbana e da segregação sócio-espacial perduram. Isso se dá, para
55 além de, logicamente, essa estrutura ser parte de um sistema produtivo no qual o país se insere,
56
57 também porque não é dado ao direito à cidade um caráter de direito fundamental.
58
59 Conforme Cavalcante (2016, p.73):
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4 Os conflitos da cidade são expressos através das relações sociais. Dessa
5
forma, é possível usar como base para compreender a diversificação do
6
espaço urbano o lazer, amizades, afetividades, comércio, lugares de
7
8
convivência, religiosidade, por exemplo. As mais variadas relações são
9 estabelecidas no âmbito da cidade. E a violência e segregação social,
10 injustiças, discriminação e preconceitos fazem parte desse processo. E
11 trazemos a rua como espaço central para esse entendimento, pois é nela em
12 que a diversidade circula.
13
14
15
Em sua contribuição sobre a Revolução Urbana, Lefebvre (1970, p.89) assevera que a
16 alienação urbana acaba por incluir todas as alienações e a segregação abrange elementos como
17
18 a idade, raça, classe, bairro, etnia e gênero. Sobre a relação questão urbana e segregação ele
19
20 ainda destaca o urbano como forma e realidade nada tem de harmonioso. Portanto, reúne os
21
conflitos, apresentando- se como lugar de enfrentamentos, confrontações e unidade das
Fo

22
23 contradições. O urbano é definido como o “lugar da expressão dos conflitos” e “lugar de
24
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25 desejos”. Por isso, ele ainda defende que a revolução tem que ser urbana em seu sentido amplo.
26
27
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CONCLUSÕES
29
30
31
iew

32 A presente pesquisa procurou apontar como o cinema pernambucano põe em destaque


33
34
questões do direito à cidade, contribuindo com o debate sobre a temática e provocando uma
35 maior reflexão em torno dele por parte do espectador. O sociólogo urbano Park (1967, p. 3)
36
On

37 aborda e afirma que “se a cidade é o mundo criado pelo homem, segue-se que também é o
38
39 mundo em que ele está condenado a viver. Assim, indiretamente e sem nenhuma consciência
40
bem definida da natureza de sua tarefa, ao criar a cidade o homem recriou a si mesmo”.
ly

41
42 Portanto, existe uma relação entre o tipo de cidade que construímos e o tipo de pessoa que nos
43
44 tornamos.
45
46 Assim, o Direito à Cidade é o direito ao acesso à cidade como um todo com direito à
47 infraestrutura, a mobilidade urbana, aos serviços e equipamentos públicos, por exemplo. É o
48
49 direito de acesso à cidade de forma democrática. No entanto, ficamos com a concepção de
50
51 Harvey (2014, p. 28) ao afirmar que este direito surge das ruas, dos bairros, sendo mais do que
52
o direito de acesso individual ou de grupos aos recursos da cidade, mas na verdade, sobretudo,
53
54 o direito de mudar e reinventar a cidade de acordo com os desejos da sociedade. O Novo Cinema
55
56 Pernambucano tem trazido temas essenciais nas suas produções abordando essas questões aqui
57
58 trazidas e contribuindo com a disseminação do debate.
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REFERÊNCIAS

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AQUARIUS. Direção de Kleber Mendonça Filho. Recife: CinemaScópio, 2016.
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44 Grande do Norte, Natal/RN.
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48 DENZIN, N. K. (2004). Reading Film. In: FLICK, U. KARDORFF, E. Y. STEINKE, I. A
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53 DOMÉSTICA. Direção de Gabriel Mascaro. Recife: Desvia, 2012.
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56 FLICK, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa (3a ed.). Porto Alegre: Artmed.
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60 HARVEY, D. (2014). Cidades Rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo:
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49 PRAÇA Walt Disney. Direção de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira. Recife: Aroma Filmes,
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RECIFE frio. Direção de Kleber Mendonça Filho. Recife: Cinemascópio, 2009.
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20 encontro entre o MASP e o graffiti (2008-2011) (Dissertação de mestrado). Escola de
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22 Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em:


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