Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESENHA CRÍTICA
TEXTO: “APOLOGIA DA DERIVA”
SALVADOR
2021
O texto aborda o movimento situacionista (seus métodos de estudo e proposições
para a cidade ideal com participação maior da sociedade) isso se daria através de
algumas experiências empíricas como a deriva, e “psicogeografia”.
O situacionismo é um movimento de crítica social e política. Criado por marxistas
antiautoritários e artistas de vanguarda, movimento propunha zanzar pelas cidades, para
imaginá-las sob lógicas não capitalistas.
O texto apresenta um contraponto ao fenômeno da espetacularização das cidades
e a passividade das pessoas em meio às decisões políticas sobre a maneira de se
fazer/construir a cidade. Introduz sobre os situacionistas que eram críticos dos
planejadores urbanos e defendiam que a cidade deveria ser construída de forma coletiva,
usa como argumento que o planejador urbano em suma não conhece integralmente ou
nem mesmo superficialmente, as motivações comportamentais e os hábitos dos
indivíduos para quem se constrói.
Os situacionistas criam uma Utopia na qual todas as esferas da sociedade e todas
as pessoas participariam ativamente de todas as discussões e decisões sobre a cidade e
suas edificações. Essa revolução da vida cotidiana seria impraticável justamente pelo fato
de as pessoas se sentirem acomodadas em acatar decisões que são tomadas para elas
no contexto da cidade.
O texto apresenta a ideia da "Deriva" que é um estudo feito para vivenciar e captar
a afetividade do indivíduo com o espaço urbano através da psicografia. Cita bastante a
carta de Atenas que é o manifesto urbanístico resultante do IV Congresso Internacional de
Arquitetura Moderna, realizado em Atenas em 1933. Por Le Corbusier, criticando o
modelo de conjuntos habitacionais e a construção das cidades de forma arcaica e sem
liberdade criativa ou participação dos usuários.
Os situacionistas tentaram exemplificar as suas teorias acerca da cidade ideal
através de Nova Babilônia - Cidade nômade/móvel que se constrói sob uma cobertura de
elementos móveis, habitação temporária que seria constantemente alterada de acordo
com o local em que estivesse estabelecida e se conectaria sob as cidades existentes
formando uma grande rede planetária.
("O espaço de Nova Babilônia tem todas as características de um espaço labiríntico onde
os movimentos podem ocorrer sem impedimentos de ordem especial ou temporal")
E traz um ponto interessante em Nova Babilônia, quando diz que lá as pessoas
conseguiriam viver e criar coisas, contextos e situações livremente ao longo de toda a
duração da sua vida, com plena liberdade de moldar sua existência com base nos seus
próprios desejos. E não somente existir ou "sobreviver" no mundo. Pode-se claramente
associar esse desejo ao fato de atualmente vivermos limitados, numa falsa liberdade no
que se refere a direito à cidade, promovida pelo capitalismo moderno.
A autora apresenta alguns conceitos base que ajudam a definir a ideia por trás do
movimento situacionista. Dentre eles o "Programa elementar de Bureau de urbanismo
unitário" com alguns conceitos.
Então, o que ela quer trazer com essas informações é o que no fundo nós sabemos
que as nossas práticas de uso da cidade, do espaço urbano, é tudo bem regrado e
calculado, nossas ações são controladas o tempo todo, dentro dos interesses do capital.
Só que dentro de cada pessoa, existe uma perspectiva de cidade ideal, e isso precisa ser
explorado para que as pessoas alcancem um patamar de bem estar cotidiano, para que
tenhamos liberdade nos espaços físicos que nós utilizamos diariamente.