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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Arquitetura Românica

Eduarda Fricks Benevides de Medeiros

Kaio Felipe Valério Soares

Maria Karine de Melo Leite

Sthefany Vitoria Silva

João Pessoa - PB

2023
SUMÁRIO

1. Introdução 2
1.1. Objetivo 2
1.2. Justificativa 2
1.3. Metodologia 3
2. Desenvolvimento 3
2.1. Contexto histórico 3
2.2. Materiais 7
2.3. Elementos Construtivos 8
2.4. Tipologias arquitetônicas 17
2.4.1. Eclesiásticas 17
2.5. Arquitetura Românica na Itália, Espanha, França e Grã-Bretanha 32
2.5.1. Itália 32
2.5.2. Espanha 36
2.5.3. França 40
2.5.4 . Grã-Bretanha 44
2.6. A cidade românica 47
2.6.1. Civis 49
2.7. Obra escolhida 53
3. Considerações finais 56
Referências Bibliográficas 57

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1. Introdução

A arquitetura românica é um tipo de arquitetura que possui em suas construções


elementos da arquitetura romana. Ela irá surgir a partir do ano 900 da era cristã. É um
estilo mais rústico, pois no exterior de suas edificações vão estar aparentes os materiais
utilizados.

De acordo com Flávio Conti, há quatro características principais deste estilo:


primeiramente a Igreja é o prédio mais eminente onde as técnicas e os preceitos
românicos foram aplicados, o que pode ser explicado pela grande importância desta
instituição no período medieval, possuindo um sólido poder econômico e social. Uma
segunda característica está ligada ao grande avanço construtivo da arquitetura românica
que é a cobertura em abóbada, que acima de ser apenas um motivo estilístico é um
avanço impressionante e tocante da arquitetura ocidental. Em terceiro lugar são
construções extremamente maciças e articuladas, onde há uma disposição entre as
sombras e a luz que só adentra o prédio através de pequenas e escassas janelas; por fim
há uma clara e seguida hierarquia entre as artes: a pintura, escultura e por último o
mosaico. (CONTI, 1984 apud SANTOS, 2016 p. 33). Tais características citadas servem
como uma forma de auxiliar no reconhecimento do estilo românico.

1.1. Objetivo

O objetivo deste artigo consiste em analisar a história e o surgimento da


arquitetura românica, bem como seus elementos construtivos, além de explorar as
características presentes em suas diversas construções.

1.2. Justificativa

A fim de explorar e compreender a cultura e a sociedade da Idade Média por meio


da arquitetura, se faz importante conhecer a história da arquitetura românica, sua
diversidade regional, riqueza decorativa, a influência no período de transição entre a
arquitetura romana e a arquitetura gótica, bem como sua influência contínua na
arquitetura contemporânea.

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1.3. Metodologia

O início do estudo foi executado por meio de pesquisa bibliográfica e artigos


científicos, de forma a selecionar os principais pontos de abordagem da arquitetura
românica, como o seu contexto histórico, materiais utilizados, elementos construtivos,
tipologias arquitetônicas e exemplos de construções em variadas regiões.

2. Desenvolvimento

2.1. Contexto histórico

A Arquitetura Românica surgiu no século 900 d.C., durante o período conhecido


como: Alta Idade Média; mas recebeu essa nomenclatura apenas em 1824, pelo
arqueólogo Francês De Caumont, pois em construções Românicas existem elementos da
Arquitetura de Roma (arco romano e abóbada de berço). A priori, as construções
Românicas eram desenvolvidas com a finalidade de proteção, pois, haviam saído de um
período conturbado, onde houveram diversas invasões bárbaras. Ademais, durante o
início da Alta Idade Média, o povo teve um grande prejuízo com as invasões, já que boa
parte das construções eram feitas em madeira e estava acontecendo muitos incêndios que
destruíram algumas construções, entre elas, igrejas.
Por um tempo as invasões cessaram, mas ainda existia o medo de que novas
ocorressem, desta maneira, à única defesa possível seria a partir de suas construções, que
possuíam estruturas eminentes, espessuras encorpadas e poucas aberturas para ser um
local de refúgio e proteção para o povo. Desse modo, a matéria-prima das grandes
construções foram trocadas de madeira para pedra, com a intenção de fazer com que as
edificações permanecessem intactas por vários anos - o que realmente aconteceu.
Além disso, as edificações religiosas eram pautadas em versículos cristão que
falam sobre a beleza interior, por isso, possuíam o exterior mais rústico e pouco
enfeitado, o que não se mantinha no seu interior, pois as enfeitavam com afrescos com
desenhos da história cristã. Assim como sua estrutura era feita em pedra por sua
durabilidade, o afresco tinha a mesma finalidade, a longevidade. Mas, o fato do interior
ter uma estética mais simples era estrategicamente pensado, pois existia o pensamento de
que as Igrejas não deveriam chamar atenção caso ocorresse invasões. No interior, suas
pinturas eram voltadas para o sino do evangelho e ao longo dos anos as pessoas passaram
a não se interessar por leitura, pois trabalhavam longas horas nas lavouras, fazendo com

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que esse costume fosse deixado de lado. Logo, a única maneira de entender os textos
bíblicos eram por meio dos desenhos das pinturas. Outrossim, as liturgias sagradas eram
feitas em latim, pois a igreja não permitia que houvesse traduções da Bíblia e nem todos
tinham acesso ao conhecimento, apenas: homens religiosos ou que possuíam prestígio
financeiro; mulheres ou crianças que eram proibidos de tais conhecimentos, mesmo
vindo de famílias mais abastadas.

Figura 01: O Frontal do Altar de Avià, Espanha.

Fonte: https://www.todamateria.com.br/arte-romanica/ Acessado em: 26/09/2023.

Figura 02: La Viga de la Pasión, Espanha.

Fonte: https://images.app.goo.gl/Hrs7y4vJQkU9SU898 Acessado em: 26/09/2023.

Em meio a este período o sistema feudal surgiu na Europa, no qual, um senhorio


dono de uma grande extensão de terra oferecia abrigo e proteção para seus vassalos, em
troca de seus serviços e tributos, permanecendo dessa forma por muitos anos. Devido à

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estabilidade do povo, a população mundial começou a crescer e o cristianismo foi
expandido, dando início às cruzadas, que durante o século XI e XIII foram responsáveis
por um crescimento do comércio e o início das guerras com o povo mulçumanos, que
também estavam alcançando novos fiéis, chamando atenção do clero cristão. Com as
cruzadas, tentativas de catequizar novos povos, como também alavancar o comércio
aconteceram e fez crescer a venda do açúcar e algodão, foi desta forma que surgiu uma
nova classe social: a burguesia.

É sabido que neste mundo existem três ordens, colocadas em unidade:


homens que trabalham, homens que rezam e homens que combatem. Os
homens que trabalham são aqueles que labutam por nosso viver. Homens que
rezam são aqueles que advogam pela nossa paz com Deus. Homens que
combatem são aqueles que batalham para proteger nossas cidades e
defendem nossas terras contra um exército invasor. Assim, o fazendeiro
trabalha para providenciar nossa alimentação e o belicoso guerreiro deve
lutar contra nossos inimigos, e os servos de Deus devem sempre rezar por
nós e lutar espiritualmente contra os inimigos invisíveis. (Hill, 2008, pág.
183)

Figura 03: A Sociedade Feudal..

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Fonte: https://images.app.goo.gl/Bt5uT7pVbYZC8RTu8 Acessado em: 26/09/2023.

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Figura 04: A vida no Feudo.

Fonte: https://images.app.goo.gl/5k5bLWF6r6GkqBSh6 Acessado em: 26/09/2023.

Neste período medieval, também conhecido como a Idade da Fé, a Igreja


Católica, principalmente o papa, detinha um grande poder, muitas vezes maior que
impérios ou a monarquia, devido a grande influência da religião e por causa dessa
importância, os fiéis sempre buscavam fazer o que a igreja pedia, em troca de um lugar
no céu. Então, com o surgimento de rotas para Jerusalém e Roma (os principais destinos),
a Igreja Católica transformou essas peregrinações em um algo gigantesco que firmou os
que já seguiam a doutrina e também atraiu olhares de novos seguidores, com a intenção
de expurgar os pecados e assim alcançar a salvação. No entanto, a Igreja também
aproveitou-se disso financeiramente, pois alavancou a economia das cidades que faziam
parte do percurso. Durante o caminho havia diversas Igrejas que atraiam os fiéis e todas
elas possuíam alguma relíquia de santos ou mártires à quem os santuários eram
consagrados.
Ainda no ano 900, outro santuário também ficou popular: Santiago da
Compostela. A Catedral fica ao noroeste da Espanha e foi dedicada ao apóstolo Tiago,
tornando-se centro de visita de milhares de homens e mulheres medievais,
principalmente, depois de várias histórias de graças alcançadas pela intercessão do santo,
levando peregrinos de vários lugares da Europa a visitar seu túmulo. Aos poucos, devido
ao grande fluxo de fiéis a cidade ficou pequena para tanta visitação e os Monastérios já
não eram suficientes para atender a todos, além de estarem perturbando os monges
durante as liturgias diurnas. A partir disso, houveram modificações na planta das

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basílicas, passando a ter um deambulatório - extensão das abóbadas laterais - para que os
visitantes pudessem contornar a construção sem atrapalhar as orações dos monges.

2.2. Materiais

Buscando um aspecto de simplicidade tanto no exterior quanto no interior,


diferentemente das igrejas bizantinas (que no seu interior tinha ricos mosaicos por
exemplo), as igrejas românicas não se diferenciavam muito da Grécia, Roma e Bizâncio
no quesito de materiais utilizados em suas construções, continuando o predomínio do uso
da pedra e do tijolo, já que eram os materiais que se conheciam na época, e por serem de
fácil acesso. Mesmo sendo esses dois tipos de materiais mais utilizados, podia-se
encontrar variações de cores dos mesmos, criando fachadas com degradê e não
monocromáticas.
Por serem construções mais robustas esses materiais eram os mais apropriados
para a época, e o que se encontrava por fora, muito certamente se encontraria dentro.

Figura 05: Materiais

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Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura e Escultura by Rolf Toman

2.3. Elementos Construtivos

Arco de Volta Perfeita

Foi a grande invenção romana que era muito utilizada na arquitetura românica, é
um arco que forma um semicírculo completo, sendo apoiado em duas extremidades e
fechado por uma única pedra em forma de cunha que pressionava as demais. O arco
também é conhecido por arco romano e arco pleno, e é composto por imposta, arranque,
aduela, extradorso, intradorso, chave e tímpano. Essa construção se dava por meio do
cimbramento.

Figura 06: Arco de volta perfeita

Fonte: https://civilizacaoengenheira.wordpress.com/2016/01/28/conhecendo-a-engenharia-arcos/ Acessado


em: 13/09/23.

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Abóbada de Berço

Era um elemento simples e consistia no prolongamento, uma continuidade do


arco romano, fazendo o mesmo se tornar um elemento construtivo tridimensional
proporcionando um abrigo.

Figura 07: Abóbada de berço

Fonte: https://www.arteducacao.pro.br/a-arte-romanica.html Acessado em: 13/09/23.

Cúpula Hemisférica

Esse elemento também era de origem romana e era o resultado da rotação de


360º do raio da semicircunferência do arco pleno. Sendo uma metade de uma esfera, se
tornava assim uma cúpula hemisférica.

Figura 08: Cúpula hemisférica

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/550072541979621026/ Acessado em: 16/09/23.

Abóbada de Aresta

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Assim como na Grécia a grande contribuição foi o trilito e em Roma o arco
romano, na arquitetura românica foi a abóbada de aresta. Essa abóbada consistia na
interseção de duas abóbadas de berço com a mesma flecha. Sua projeção em planta é
quadrada, uma vez que as abóbadas tem um mesmo vão e altura, essa planta é chamada
de tramo e as linhas de interseção é indicada por um X tracejado.
As partes divisórias se chamam de nervuras e esse tipo de abóbada da
flexibilidade as construções, coisa que não era possível nas construções romanas por
exemplo.

Figura 09: Cruzamento de duas abóbadas de berço

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Figura 10: Abóbada de aresta Figura 11: Catedral de Durham, Reino Unido

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ab%C3% Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura


B3bada_de_aresta Acessado em: 17/09/23. Escultura por Rolf Toman

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Figura 12: Tramo

Fonte: https://pt.slideshare.net/bolotinha73/mdulo-3-arquitetura-romnica Acessado em: 27/09/23.

Arco de Contraventamento

Esse tipo de arco fazia a junção/amarrava/unia um módulo de abóbada de berço


com o outro dando sustentação a construção, também se é chamado de arco toral, sendo
mais saliente em relação ao relevo comparado com as abóbadas que unia. A utilização
desse elemento estrutural corroborou o caráter romano, já que era um dos elementos
construtivos mais usados no Império Romano. Na imagem abaixo, destacado de
vermelho está o arco de contraventamento.

Figura 13:Abadia de Payerne, Payerne, Suíça Figura 14: Igreja de Saint - Philibert,Tournus, França

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Contraforte

Por se ter igrejas robustas e pesadas na arquitetura românica, onde as paredes


chegavam a ter uma espessura de 25 cm, era fundamental um elemento estrutural que
aguentasse a carga dessas paredes junto com a carga das abóbadas, com isso temos o

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contraforte que era um elemento de escora maciça de alvenaria de pedra colocada nas
laterais das igrejas, já que a abóbada gera dois tipos de impulso, o vertical e o lateral.
A carga do impulso lateral era suportada pelo contraforte e às vezes as próprias
naves laterais serviam de contraforte para aguentar o impulso lateral gerado pela nave
principal. Na imagem da igreja, as setas em vermelho indicam as naves laterais que nesse
caso são o contraforte da construção.

Figura 15: Impulso lateral e vertical da abóbada Figura 16: Igreja de Murbach, Alsácia, França

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Portada

Nas construções sacra românicas a portada promovia o acesso à igreja, era um sistema
estrutural e decorativo côncavo, podia-se distinguir a portada em três tipos: o portal de arco
de volta perfeita, o portal escalonado e o portal de colunas. Os dois últimos portais possuíam
uma grande variedade tanto no quesito arquitetônico quanto no quesito ornamental. A sua
composição compreendia vários elementos como colunas com base e capitel, arquivoltas,
lintel, mainel e tímpano esculpido. Como era uma estrutura côncava concordava o plano da
fachada com o da entrada.

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Figura 17: Quadro de informações Figura 18: Esquema de uma portada

Fonte: paint feito por Eduarda Fricks Fonte: https://quizlet.com/es/254785020/


portada-romanica-diagram/?setIdOrU
sername=254785020 Acessado em: 17/09/23.

Figura 19: Abadia de Saint - Pierre, Moissac, Figura 20: Colegiada de Saint-Pierre-de-la-Tour,
França França

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

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Figura 21: Abadia de Saint - Pierre, Beaulieu-sur-Dordogne, França

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

No tímpano da imagem acima está a representação de Cristo que reina ao centro


acompanhado por dois anjos corneteiros, a posição horizontal dos braços estendidos indica
uma relação explícita com a morte na cruz, e tudo isso simboliza o juízo final, e no lintel
seriam as criaturas infernais.

Figura 22: Abadia de Sainte-Foy, Conques, França

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

No tímpano de Sainte-Foy, Conques, França, Cristo também reina no centro e está


envolto por uma coroa de nuvens e de estrelas para representar aquele que reina no céu, com

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os braços estendidos divide o mundo do além entre Paraíso, à sua direita, e Inferno, à sua
esquerda, uma clara divisão do mundo entre o bem e o mal que predomina toda arte cristã na
Idade Média.

Arcada Cega

As arcadas cegas eram um conjunto de arcos fingidos sendo uma saliência no


parâmetro da construção, caracterizada por um único arco ou uma série de arcos contínuos,
essas arcadas eram empregadas na fachada, sendo um elemento decorativo que não tinha
abertura, fazia parte somente da estrutura de alvenaria, sem função estrutural somente
ornamental, feito sobre colunas de pedra possuindo base e capitel, e os capitéis não seguiam
as ordens clássicas, podendo ser fitomorfo, zoomorfo e antropomorfo. Essas arcadas podiam
ser encontradas em um ou mais pavimentos da fachada. A seta na segunda imagem mostra
um arco cego.

Figura 23: Representação da arcada cega. Figura 24:Catedral de Speyer, Speyer, Alemanha

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/ Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura


Arcatura Acessado em: 17/09/23. Escultura by Rolf Toman

Óculo Lateral/Rosácea

O óculo lateral ou rosácea era uma abertura circular e foi uma novidade na arquitetura
românica, mesmo já aparecendo no Panteão de Agripa sua construção se dava em cima e não
na lateral. Agora no românico passa a ficar na fachada principal das igrejas em cima da
portada, iluminando assim seu interior, já que esses tipos de construções não possuíam muitas

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aberturas para iluminação e as que possuíam eram pequenas e estreitas e sua confecção era
feita na própria pedra, podendo ter uma estrutura radial com ou sem vidro.

Figura 25: Igreja de San Pietro, Toscana, Itália

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Capitel

O capitel românico não seguia as ordens clássicas, era multifacetado, e sofrendo uma
evolução, ia do simples capitel cúbico ao historiado. Possuía sempre ábaco e era produzido na
própria pedra, o capitel podia pegar duas colunas justapostas, sendo assim um capitel duplo,
suas formas decorativas iam de fitomorfo, zoomorfo, antropomorfo a monstros e encenações
religiosas.

Figura 26: Capitel duplo, Igreja Priorado de Serrabone, Boule-d'Amont, França

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

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Figura 27: Antiga colegiada de Saint-Pierre, Douai, França

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Na imagem a esquerda o diabo mostra o seu altar com o símbolo da morte e a imagem
à direita mostra águias levando almas para o céu.

Figura 28: Abadia de Saint-Pierre de Moissac, Moissac, França - Galeria do Claustro

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

2.4. Tipologias arquitetônicas

2.4.1. Eclesiásticas

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● Igrejas

As igrejas românicas seguiam um padrão basilical e cruciforme (cruz latina), que era
obtida por meio da justaposição dos tramos, que constituíam as abóbadas. Também podiam
ter a planta centrada, podendo ser em cruz grega, hexagonal, octogonal ou circular. Era uma
arquitetura eminentemente cristã, tendo a devoção à cruz como algo de extrema importância,
então o formato da igreja ia absorver a importância da cruz. Caracterizadas também por
serem simétricas e sólidas, eram construções feitas de alvenaria à prova de fogo.

Possuem três naves, mas algumas exceções podem ter uma ou até mesmo cinco naves.
Em geral, elas se apresentam com uma nave central e uma ou duas naves laterais, que são
cobertas com abóbadas que servem para contrabalancear a pressão que a abóbada central faz
em direção ao exterior, fazendo então uma pressão ao interior do prédio, aberturas em arco
pleno e arcadas com enormes colunas e pilares.

Com a figura a seguir, pode-se compreender como era a disposição dos locais na
igreja:

Figura 29: Planta de uma igreja Românica

Fonte: https://arquitau.wordpress.com/2016/08/24/arquitetura-romanica/ Acessado em: 15/09/23.

A ábside (ou capela-mor) é uma área semicircular ou poligonal na extremidade


oriental da igreja, onde o altar principal está localizado e também o local onde ficava o
sacerdote, e era um local sempre voltado para Jerusalém. A nave central (ou nave transversal)
é um local retangular onde os fiéis se reúnem para assistir às cerimônias. É a parte principal
da igreja, tendendo a ser estreitas e altas e possui uma série de colunas ou pilares que
sustentam o teto.

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As naves laterais são menores que a nave central, normalmente eram dedicadas a
santos específicos, contendo também altares e obras religiosas. As igrejas românicas
poderiam ter uma ou mais torres, que ficavam localizadas na fachada ocidental, elas
poderiam ter uma aparência simples e robusta, com poucas aberturas. O deambulatório são os
corredores situados por trás da capela-mor. As capelas radiantes (ou absidíolas) são locais
onde ficavam expostas imagens e relíquias, eram espaços menores e semicirculares. O
transepto é a parte transversal da igreja, onde muitas vezes forma uma cruz quando vista de
cima. Pode cortar a nave principal e incluir as naves laterais. O cruzeiro é o cruzamento
central onde a nave central e o transepto se encontram

Figura 30: Esquema de uma igreja românica

Fonte: https://arquitau.wordpress.com/2016/08/24/arquitetura-romanica/ Acessado em: 15/09/23.

A – Arco de contraventamento I – Cruzeiro

B – Zimbório J – Tramo

C – Abóbada de berço K – Contraforte

D – Abóbada de aresta L – Esteio

E – Absidíolas M – Nave central

F – Deambulatório N – Tribuna

G – Coro O – Campanário

H – Transepto

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A basílica de Saint-Sernin foi um importante centro de peregrinação e considerada
a maior basílica românica da Europa. Consagrada em 1096 pelo Papa Urbano II, utilizando
como material principal a pedra na sua construção, é uma basílica que possui planta em
formato de cruz latina, possuindo ábside com deambulatório, nove absidíolas e cinco
naves, sendo quatro laterais e uma central.

A arquitetura românica, por ter preceitos da arquitetura romana, poderia ou não


possuir os mesmos locais em suas construções, e no caso da igreja de Saint-Sernin, não
possuía o nártex, pois, nessa época, os batismos iriam acontecer no batistério, que era um
local fora da basílica.

Figura 31: Planta da Basílica de Saint-Sernin, Toulouse, França.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Saint-Sernin_de_Toulouse Acessado em 14/09/23.

Figura 32: Corte Transversal Basílica de Saint-Sernin, Toulouse, França

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Coupe_transversale_st_sernin.svg Acessado em: 14/09/23.

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Figura 33: Corte transversal perspectivado da Basílica de Saint-Sernin, Toulouse, França

Fonte: Livro A História da Arquitetura Mundial, Terceira Edição

Figura 34: Basílica de Saint-Sernin, Toulouse, França

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Saint-Sernin_de_Toulouse Acessado em:


15/09/23.

Figura 35: Vista interior da Basílica de Saint-Sernin,Toulouse, França.

Fonte: Livro A História da Arquitetura Mundial, Terceira Edição

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O seu interior mede 115 x 64 x 21 metros, sua cabeceira possui nove capelas e sua
nave central abobadada possui 21 metros.

Figura 36: Planta da Catedral de Santiago de Compostela, Espanha

Fonte:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Planta_de_la_Catedral_de_Santiago._Descripcion_hist%C3%B3ric
o-art%C3%ADstica-arqueol%C3%B3gica_de_la_Catedral_de_Santiago._1866.jpg Acessado em: 15/09/23.

A seguir exemplo de igreja com planta central circular:

Figura 37: Planta central circular da Igreja do Santo Sepulcro, Cambridge, Inglaterra

Fonte: https://plantacentral.wixsite.com/home/reini-unido---cambridge Acessado em: 15/09/23.

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Figura 38: Igreja do Santo Sepulcro, Cambridge, Inglaterra

Fonte:
https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g186225-i399438874-Cambridge_Cambridgeshire
_England.html Acessado em: 16/09/23.

Figura 39: Interior e Deambulatório, Igreja do Santo Sepulcro, Cambridge, Inglaterra

Fonte: https://plantacentral.wixsite.com/home/reini-unido---cambridge?lightbox=image1t5b Acessado em:


16/09/23.

A seguir um exemplar datado do ano de 1100 de igreja com planta central


octogonal:

Figura 40: Planta da Igreja do Santo Sepulcro, Torre del Rio, Espanha

Fonte: https://www.romanicoennavarra.info/torres.htm Acessado em: 16/09/23.

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Figura 41: Igreja do Santo Sepulcro, Torre del Rio, Espanha

Fonte:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Torres_del_R%C3%ADo_-_Iglesia_del_Santo_Sepulcro_03.jpg
Acessado em: 16/09/23.

Figura 42: Interior da Igreja do Santo Sepulcro, Torre del Rio, Espanha

Fonte: https://navarranatural.blogspot.com/2014/11/iglesia-del-santo-sepulcro-de-torres.htm Acessado em:


16/09/23.

A seguir um exemplar datado do ano de 1100 de igreja com planta central


decagonal:

Figura 43: Planta e Corte da Igreja de Vera Cruz, Segóvia, Espanha

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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/668362400967610361/ Acessado em: 16/09/23.

Figura 44: Igreja de Vera Cruz, Segóvia, Espanha

Fonte: https://www.expedia.com.br/Igreja-Vera-Cruz-Segovia.d6121196.Guia-de-Viagem Acessado em:


16/09/23.

Figura 45: Portada Igreja de Vera Cruz, Segóvia, Espanha

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Fonte:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Iglesia_de_la_Vera_Cruz_%28Segovia%29._Puerta_principal.jpg
Acessado em: 16/09/23.

● Mosteiros

Nos séculos XI e XII a vida monacal estava em alta e muitos jovens e moças
buscavam a vida celibatária para ter acesso a educação e cultura. A grande influência da
religião levou os monges a desempenhar um papel importante durante o período medieval,
pois além de oferecer educação, os mosteiros também eram usados para controlar os
territórios conquistados e desempenhavam um papel muito importante na sociedade da
idade média, seguindo a pirâmide do feudalismo, aqueles que rezavam eram responsáveis
por apaziguar a relação do homem com Deus. A vida nos mosteiros não era baseada só em
rezar, pois eles seguiam um lema baseado na vida de Cristo: oração, contemplação,
trabalho mental e manual - ora et labora - com princípios bem definidos: sem regalias,
mantendo a castidade e obediência.
Carlos Magno, o imperador da época, decidiu centralizar, unir e padronizar as
instituições públicas, incluindo a Igreja Católica, então foi definido a Regra de São
Benedito; um conselho foi criado para resolver como a planta monástica deveria ser
organizada e assim surgiu a Planta Baixa da Abadia de Saint Gall. Estabelecendo os
componentes necessários para uma comunidade religiosa funcional. A planta de Saint Gall
possui espaço para oração dos monges, altares para realização da liturgia e para adoração
de relíquias sagradas. No lado Sul foi colocado o claustro, com pátio central e passarela
coberta que levava a outros ambientes. Ao contar o número de dependências, foi visto que
este mosteiro foi projetado para 110 monges, além de agrupar em torno de 150
trabalhadores que eram necessários para o funcionamento do mosteiro.

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Figura 46: Planta baixa da Abadia de Saint Gall, Suíça.

Fonte:
https://books.google.com.br/books/about/A_Hist%C3%B3ria_da_Arquitetura_Mundial_3ed.html?id=l8iYFb
cX7HAC&redir_esc=y Acessado em: 30/09/2023.

● Conjuntos religiosos
Os conjuntos religiosos românicos são grupos de edifícios e estruturas religiosas
compostos por três elementos principais: a igreja, o batistério e o campanário, cada um
desempenhando um papel vital na vida espiritual e cultural das comunidades da época.
A Igreja Românica é o coração do conjunto, eram centros de adoração,
peregrinação e frequentemente abrigavam relíquias de santos, desempenhando um papel
essencial na vida espiritual e cultural das comunidades medievais.
O Batistério Românico era o local onde os fiéis eram batizados e iniciavam sua
vida cristã. Ele compartilhava o estilo arquitetônico românico, com arcos semicirculares e
elementos decorativos, e muitas vezes tinha uma forma circular ou octogonal. O batistério
abrigava uma fonte batismal no centro e era um lugar de grande significado religioso.
O Campanário Românico, também conhecido como Torre Sineira, era construído
separadamente da igreja, embora muitas vezes estivesse localizado próximo a ela. Sua
principal função era abrigar sinos usados para convocar os fiéis para o culto e para marcar

27
eventos religiosos importantes. O campanário também seguia o estilo românico em sua
arquitetura, com arcos semicirculares e detalhes decorativos.

Conjunto de Parma, Itália

Figura 47: Conjunto de Parma, Itália.

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura e Escultura by Rolf Toman

Figura 48: Interior da Catedral de Parma, Itália.

Fonte: https://www.iguzzini.com/projects/project-gallery/parma-cathedral/ Acessado em: 29/09/2023.

28
Figura 49: Interior do Batistério de Parma, Itália

Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/batist%C3%A9rio-de-parma-gm155382528-21764555 Acessado


em: 29/09/2023.

Figura 50: Pia batismal do batistério de Parma, Itália.

Fonte: https://www.viajesyrutas.es/2019/11/que-ver-en-parma-italia-medieval.html Acessado em:


29/09/2023.

29
Conjunto de Cremona, Itália.

Figura 51: Conjunto de Cremona, Itália.

Fonte:
https://www.istockphoto.com/br/foto/catedral-de-cremona-com-a-torre-do-sino-lombardia-it%C3%A1lia-gm
502887922-82194297 Acessado em: 29/09/2023.

Figura 52: Catedral de Cremona, Itália.

Fonte: https://www.tastingtheworld.it/duomo-di-cremona-misteri/4417/ Acessado em: 29/09/2023.

30
Figura 53: Batistério de Cremona, Itália.

Fonte:
https://www.istockphoto.com/br/foto/cremona-batist%C3%A9rio-lombardia-it%C3%A1lia-gm543696188-9
7637341 Acessado em: 29/09/2023.

Figura 54: Topo da torre de Cremona, Itália

Fonte: https://www.themilandiaries.com/cremona-the-city-of-violin-and-torrone/ Acessado em: 30/09/2023.

31
2.5. Arquitetura Românica na Itália, Espanha, França e Grã-Bretanha

2.5.1. Itália

● Igreja San Zeno Maggiori, Verona, Itália

A igreja de San Zeno Maggiori foi construída no século XII, é dedicada a São Zeno, o
padroeiro da cidade de Verona, que teve seus restos mortais colocados na cripta da igreja, e
é um dos melhores exemplos de arquitetura românica presentes na Itália. Apresenta uma
fachada adornada com relevos de mármore, onde está presente sua portada e a rosácea em
sua parte superior, e em seu interior a presença de pinturas e esculturas.

Figura 55: Campanário, Portada e Rosácea - Igreja de San Zeno Maggiori

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Figura 56: Elevação da nave e corredores laterais, San Zeno Maggiori

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

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Figura 57: Interior e esculturas, Igreja de San Zeno, Verona, Itália

Fonte:
https://pt.dreamstime.com/interior-de-rom%C3%A2nica-basilica-san-zeno-maggiore-em-verona-do-rom%C
3%A2ntico-it%C3%A1lia-image236480140 Acessado em: 15/09/23.

● Mosteiro de Pomposa, Veneza, Itália

De acordo com o autor Alick McLean, no livro O Românico Arquitectura Pintura


Escultura, o mosteiro de Pomposa possuiu um papel relevante para a economia e cultura da
região na época, e isso se manifestou nas suas formas arquitetônicas, com o portal
ricamente adornado e o campanário alto e de vários andares. Possui muros de tijolos,
arcadas cegas e pilares de suporte.

Figura 58: Nártex e Campanário - Mosteiro de Pomposa, Veneza, Itália

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

33
As paredes de tijolos, os frisos de arcadas cegas, os ornamentos primitivos e o campanário
revelam um estilo conhecido como Lombardo, no que se refere ao estilo de construção e à
ornamentação das igrejas românicas na Itália.

Figura 59: Nave e Coro - Mosteiro de Pomposa, Veneza, Itália

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Tom

Figura 60: Planta Mosteiro de Pomposa, Veneza, Itália.

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Tom

● Igreja de Santo Ambrósio, Milão, Itália

Construída entre o final do século XI e o início do XII, feita em tijolos sem ornamentos,
átrio enclausurado e fachada com dois níveis de telhado vazados por altos arcos redondos,
é uma basílica bastante austera e visivelmente antiga. Seu interior é marcado por alguns
avanços tecnológicos, com a forma dos arcos da nave descendo até os pilares de apoio, o
que liga o arco ao pilar, e o teto acaba articulando-se por meio das abóbadas nervuradas
transversais e diagonais.

34
Figura 61: Igreja de Santo Ambrósio, Milão, Itália

Fonte: https://www.descubramilao.it/basilica-de-santo-ambrosio/ Acessado em: 15/09/23.

Figura 62: Planta com nave central vista para leste, Igreja de Santo Ambrósio, Milão, Itália

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Figura 63: Interior da Igreja de Santo Ambrósio, Milão, Itália

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

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2.5.2. Espanha

● Igreja de Santiago de Compostela, Galiza, Espanha

Na Idade Média acreditava-se que seria o fim do mundo pelos pecados da


humanidade, e a peregrinação seria um dos meios para se conseguir a salvação, com isso
se teve três rotas de peregrinação mais importantes: Santiago de Compostela, Roma e
Jerusalém. Na primeira rota os peregrinos tinham quatro pontos de partida para chegar ao
destino final, que seria a Igreja de Santiago de Compostela, como mostra a imagem abaixo.

Figura 64: As quatro grandes rotas do caminho de Santiago

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

A construção da igreja teve início em 1075 no reinado do rei Afonso VI em


conjunto com o bispo Diego Peláez. Logo no começo apresentou dificuldades no
financiamento, em seguida em 1088, o bispo Diego Peláez foi preso. Diego Gelmirez que
era por muitas vezes administrador da diocese na época em que Santiago se encontrava
sem um bispo, foi nomeado para o cargo religioso em 1101 e em 1117, foram incendiadas
algumas partes da igreja ainda em construção, quando os habitantes se revoltaram com o
bispo.
Mesmo sendo uma igreja românica, Santiago de Compostela sofreu algumas
mudanças ao longo do tempo na sua construção original, podendo não se encontrar mais
uma fachada românica e sim barroca.

Figura 65: Vista do cruzeiro através do braço sul do transepto

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Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Figura 66: Fachada da Igreja de Santiago de Compostela, Espanha

Fonte: https://www.melhoresdestinos.com.br/santiago-de-compostela.html Acessado em: 29/09/23.

● Igreja de San Vicente, Cardona, Espanha

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Essa igreja foi erguida entre 1029 e cerca de 1040, sua planta distingue-se pela sua
singular regularidade e luminosidade, com três tramos quase quadrados na nave central,
localizada por detrás do nártex que suporta a tribuna. Os braços do seu transepto são
curtos, que se une ao cruzeiro, contendo absidíolas elevadas; um coro situado por cima da
cripta e uma grande abside.

Essa construção é completamente abobadada, sobre o cruzeiro se tem uma cúpula


de trompa, e o coro, transepto e a nave central são cobertos por abóbadas de berço. Na sua
parte exterior exibe uma decoração arquitetónica com arcos cegos, e o material utilizado
na fachada, no caso a pedra, está dando um aspecto não monocromático diferente do seu
interior.

Figura 67: Planta baixa Figura 68: Vista nordeste da igreja

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

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Figura 69: Nave central com coro Figura 70: Parede da nave central

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

Figura 71: Cruzeiro Figura 72: Nave lateral

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

● Igreja de San Tirso, Sahagún, Espanha

Sua configuração não fugia muito das outras igrejas. Nessa igreja a primeira seção
a ser construída foi a abside, cujas partes inferiores foram utilizados a pedra lavrada.
Ocorre uma mudança de material a partir de uma altura de três metros do solo, quase só se

39
utilizando tijolos. O exterior da igreja deixa claro que a abside terá a mesma configuração
que as outras igrejas ao longo do caminho da peregrinação, ou seja, precisaria apresentar
uma estrutura semicircular e nas zonas superiores, construídas de tijolos, apresenta uma
rica distribuição de arcos de volta perfeita sobrepostos.

A sua impressionante torre neste caso trata-se de uma reconstituição, já que, a torre
original foi derrubada em 1949, sendo restaurado respeitando grande parte da sua forma
original e sua torre não se ergue sobre o cruzeiro, pois não possui transepto, sua planta é
retangular com sua entrada na lateral remetendo a basílica romana que tinha a entrada do
mesmo jeito.

Figura 73: Vista do noroeste Figura 74: Vista do nordeste

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

2.5.3. França

● Igreja Notre-Dame, Poitiers, França.

A Igreja de Notre-Dame em Poitiers, França, foi construída no século XII no


período românico. Suas principais características incluem a fachada com esculturas
religiosas, figuras bíblicas e capitéis esculpidos em suas colunas. Com uma nave central,

40
transepto e ábside semicircular. A igreja desempenhou um papel significativo na evolução
da arquitetura românica na França.

Figura 75: Igreja Notre-Dame, Poitiers, França.

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Notre-Dame_la_Grande_%28large_short%29.jpg Acessado


em: 28/09/2023.

Figura 76: planta da Igreja Notre-Dame, Poitiers, França.

Fonte: https://armma.saprat.fr/monument/poitiers-eglise-notre-dame-la-grande-chapelle-fume/ Acessado em:


28/09/2023.
● Catedral de Saint-Lazare, Autun, França

A Catedral de Saint-Lazare, em Autun, França, foi construída ao longo dos séculos


XII e XIII. Suas principais características incluem o estilo arquitetônico românico, a planta
em cruz latina com nave central, transepto e ábside semicircular, com esculturas e relevos
religiosos em sua fachada, capitéis esculpidos detalhados, arquitetura interior com colunas
maciças e uma abside semicircular típica. Abrigando relíquias de Saint Lazare e servindo

41
como local de culto e peregrinação. É apreciada por sua beleza artística e valor histórico na
arquitetura românica francesa.

Figura 77: Catedral de Saint-Lazare, Autun, França.

Fonte: https://arteforadomuseu.com.br/catedral-de-autun/ Acessado em: 28/09/2023.

Figura 78: Planta Catedral de Saint-Lazare, Autun, França.

Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Catedral_de_Autun Acessado em: 28/09/2023.

42
Figura 79: Eva de Autun na Catedral de Saint-Lazare, Autun, França..

Fonte: Livro O Românico Arquitectura Pintura Escultura by Rolf Toman

● Igreja de Sainte-Madeleine, Vézelay, França.

A Abadia de Vézelay ou Basílica de Santa Maria Madalena, Vézelay, França, é um


notável exemplo de arquitetura românica, construída nos séculos XI a XIII, com uma rica
história de peregrinação. Possui em sua fachada esculturas e relevos românicos que
retratam cenas religiosas e bíblicas, incluindo o Juízo Final. Com uma nave central
sustentada por colunas com capitéis esculpidos. A igreja é associada à peregrinação a
Santiago de Compostela e é considerada Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1979
devido à sua importância cultural e arquitetônica na Idade Média.

Figura 80: Igreja de Sainte-Madeleine, Vézelay, França.

Fonte:
https://umpouquinhodecadalugar.com/europa/franca/a-basilica-de-vezelay-e-a-abadia-de-fontenay-caminhos-
da-borgonha/ Acessado em: 28/09/2023.

43
Figura 81: Planta da Igreja de Sainte-Madeleine, Vézelay, França.

Fonte: https://www.medart.pitt.edu/_medart/menufrance/vezelay/vezplan.html Acessado em: 28/09/2023.

2.5.4 . Grã-Bretanha

Após os vikings converterem-se ao cristianismo, apareceram os primeiros


monarcas e Guilherme, Duque da Normandia, foi um deles. O termo Normando foi dado
aos povos bárbaros que invadiram uma parte da França em 911 e em troca do fim dos
ataques, foi dado-lhes terras para habitarem. Devido à grande habilidade de construção
com a pedra, rapidamente ficaram conhecidos por suas edificações, uma delas, fundada por
Guilherme, a obra na Igreja da Abadia de Saint Etienne, em Caen, sua intenção com esta
reforma, era pagar seu pecado de um casamento consanguíneo. Antes da reforma, a Igreja
possuía uma longa nave central e duas torres ocidentais, foi adicionada uma nave lateral
ao lado da nave central, com cobertura de madeira e abóbadas de nervura, que sustentavam
as galerias. Por volta de, 1115 e 1120 o telhado foi trocado e a parte superior da nave
central foi refeita e acrescentada nervuras que dividiram em 6 partes a abobadas que
interligam a nave.

Figura 82: Igreja da Abadia de Saint Etienne, Caen, França.

Fonte: https://images.app.goo.gl/t7miZW7acZi1yspP7 Acessado em: 30/09/2023.

44
Porém, outro fato fez com que o Duque ficasse conhecido, A Batalha de Hastings.
A batalha aconteceu em 1066, com Guilherme liderando o exército de francos-normandos
e do outro lado, Haroldo II, o rei anglo-saxão liderando o exército inglês, ao final da
batalha as forças francos-normandas venceram a batalha e o Duque ficou conhecido como
Guilherme, o Conquistador, estendendo seu reinado até à Inglaterra. Ao chegar em novas
terras, o monarca reorganizou a Igreja católica e mandou construir várias igrejas e castelos,
pois as edificações anglo-saxãs eram pequenas e mal construídas. Na sua campanha de
construções, ele fundou mosteiros e notáveis catedrais, como nas cidades de Canterbury,
Durham, Winchester, Norwich, entre outras.

Figura 83: Catedral de Winchester, Inglaterra.

Fonte: https://images.app.goo.gl/zY9rC8T2nJypcFQx8 Acessado em: 30/09/2023.

A Catedral de Saint Cuthbert, em Durham, foi construída entre 1093 e 1133, sob
comando de bispos normandos e chama atenção até os dias de hoje por sua preservação,
grandiosidade e por conter vários extensivos de abóbadas nervuradas, com duas torres na
fachada oeste e uma torre de Cruzeiro, deixa em evidência a construção que está sobre
uma colina. Na planta original, era uma basílica com transeptos, mas também houve uma
reconstrução da abside no período Gótico. Em meio às construções das nervuras, os
pedreiros usavam-a para levantar as vedações das abóbadas, deixando-as com aspecto mais
fino. A Catedral possuía um aspecto mais pesado, devido a falta de ornamentos, os únicos
que existem, são apenas desenhos em formatos geométricos que foram moldados nas
próprias colunas, sendo assimilados com os entrelaçados dos vikings e mais tarde, este

45
estilo de abóbadas desenvolvidas pelos normandos, foi um elemento muito notável nas
construções do período Gótico.

Figura 84: Catedral de Saint Cuthbert, Durham, Inglaterra.

Fonte: https://images.app.goo.gl/HrhBuQ5i7X83FTDK6 Acessado em: 30/09/2023.

Figura 85: Catedral de Saint Cuthbert, Durham, Inglaterra.

Fonte: https://images.app.goo.gl/MAtGo8ZhCG78MrjM7 Acessado em: 30/09/2023.

46
Figura 86: Planta Baixa Catedral de Durham, Inglaterra

Fonte: https://images.app.goo.gl/6WNM4prkumkiPj7i7 Acessado em: 30/09/2023.

2.6. A cidade românica

Assim como as tipologias religiosas, as civis seguiam o padrão possuírem


estruturas encorpadas que serviam como um sistema de defesa contra invasores e como as
vilas feudais eram pequenas, não era muito difícil manter a proteção da muralha e do
castelo. Mas, dependendo de onde as vilas ficavam, poderia haver um crescimento tanto do
comércio, quanto de habitantes, dessa maneira a cidade românica foi crescendo e
chamando atenção.

O maior exemplo de cidade Românica medieval é Carcassone, localizada no sul da


França, é um dos grandes exemplos de distribuição de seus edifícios, possuindo muros,
castelos, fosso e ponte de acesso. Além da pedra, materiais como tijolos, madeira e vidro

47
artesanal - para trazer mais iluminação aos espaços interiores de construções - foram
utilizados para diversas construções das cidades românicas. Em regiões como Toscana e
Lombardia, na Itália, edificações denominadas: casa-torre, a residência do povo rico,
possuía guarda privativa que ficavam postos sobre a parte mais alta destas casas e San
Gimignano, na Itália, destacou-se por ter 60 casas-torre durante esse período.

Figura 87: Carcassone, França

Fonte: https://images.app.goo.gl/W97d3U15BQ2DxqBc9 Acessado em: 29/09/2023.

Figura 88: Carcassone, França.

Fonte: https://images.app.goo.gl/vjKKhyzP66E3SGHa6 Acessado em: 29/09/2023.

48
Figura 89: San Gimignano, Itália.

Fonte: https://images.app.goo.gl/tNGjGScVL9Wh7cZH7 Acessado em: 29/09/2023.

Figura 90: Vielas de San Gimignano, Itália.

Fonte: https://images.app.goo.gl/gHSt7unYstnYKPF58 Acessado em: 30/09/2023.

2.6.1. Civis

● Residências Urbanas

Após um tempo de calmaria, pouco a pouco as pessoas foram se deslocando do


campo para as cidades. Com base neste crescimento da população e a migração para o
meio urbano, mais residências foram sendo distribuídas, a partir disso, as ruas e vielas
foram sendo moldadas. De acordo com Goitia (1992), em seu livro sobre a história do
urbanismo ele explica com mais detalhes a causa desse deslocamento para as cidades.

49
Com o desenvolvimento do comércio nos séculos XI e XII, vai- se constituindo
uma sociedade burguesa que é composta não só de viajantes, mas também por
outra gente fixada permanentemente nos centros onde o tráfico se desenvolve:
portos, cidades de passagem, mercados importantes, vilas de artesãos, etc.
Estabelecem-se nestas cidades pessoas que exercem os ofícios requeridos pelo
desenvolvimento dos negócios: armadores de barco, fabricantes de aparelhos de
velejar, de barris, de embalagens diversas, e até geógrafos que desenham os
mapas marítimos, etc. A cidade atrai, por conseguinte, um número cada vez
maior de pessoas do meio rural que encontram ali um ofício e uma ocupação
que, em muitos casos, os liberta da servidão do campo.

As casas podiam ser térreas, mas também podiam ter mais de um pavimento e
nesses casos, a parte do térreo funcionava como comércio próprio ou alugado. Porém,
havia casos de casas com mais de um piso que não utilizavam o imovel para fins
comerciais, como é o caso de uma casa localizada em Cividale del Friuli, na Lombardia.
As casas possuíam balanços com peças de madeira, as telhas eram de cerâmica capa-canal
e ficavam sobre estrutura de madeira.

Figura 91: A Casa Medievale - Cividale del Friuli, Lombardia.

Fonte: https://images.app.goo.gl/M8qr2WQY9fMf87Nz6 Acessado em: 29/09/2023.

● Casas-Torre

A Casa-Torre tratava-se das residências dos senhores mais ricos, possuíam esse
nome, pois nas torres os guardas ficavam de prontidão para quê pudessem avistar possíveis
invasões. Lombardia, Toscana e San Gimignano (Itália), foram as mais conhecidas por
terem várias Casas-Torre, mas foi San Gimignano que destacou-se, sendo conhecida como

50
Manhattan Medieval, fazendo uma alusão aos grandes arranhas-céus. Outras cidades como
Bolonha e Pavia, ainda na Itália, possuíam esse estilo de edificação, mas sua configuração
era invertida e a parte que ficava a habitação eram os pavimentos inferiores. Os materiais
mais comuns eram: pedra ou tijolo.

Figura 92: San Gimignano, Itália.

Fonte: https://images.app.goo.gl/EAU6HMrSVSFskEJN7 Acessado em: 29/09/2023.

Figura 93: Torre Garisenda e Torre Asinella, Bolonha, Itália.

Fonte: https://images.app.goo.gl/JQcFW2maTtvjFrdQA Acessado em: 30/09/2023.

51
Figura 94: Torre da universidade de Pavia, Itália.

Fonte: https://images.app.goo.gl/kizwuXpwQQ9GzHqo8 Acessado em: 30/09/2023.

● Castelos

O castelo era a principal edificação dos feudos, nele o senhor feudal, sua família e
seus empregados moravam. Bem como na ficção, os castelos eram protegidos com
muralhas, fosso, pontes levadiças e torre de vigia, além possuir um corpo central onde
ficavam os aposentos. Os castelos ficavam localizados em terras altas que ficavam
próximas de fontes de água e na Irlanda está a maior parte do acervo de castelos.

Figura 95: Trim Castle, Irlanda - XII

Fonte: https://images.app.goo.gl/CNeqyurXJyiXSZYR8 Acessado em: 30/09/2023.

52
Figura 96: Warwick Castle, Inglaterra - 1063

Fonte: https://images.app.goo.gl/4BVkkB87PYYpYY2t8 Acessado em: 30/09/2023.

Figura 97: Cardiff Castle, Gales - 1081

Fonte: https://images.app.goo.gl/4py1f4H36KeYn8jR6 Acessado em: 30/09/2023.

2.7. Obra escolhida

O Conjunto de Pisa, situado na cidade de Pisa, na região da Toscana, Itália, é um


notável conjunto arquitetônico de predominante estilo românico que foi incluído na lista de
Patrimônios Mundiais da UNESCO desde 1987.
Sua peça mais conhecida, a Torre de Pisa, é uma torre sineira do século XII,
famosa por sua inclinação única de 3,97 graus, devido aos desafios geológicos durante sua
construção, que durou cerca de 199 anos, levando ao afundamento gradual de um dos
lados da torre. Construída em mármore branco, a torre possui oito andares acessíveis por
uma escadaria em espiral. O primeiro andar é uma arcada "cega" sustentada por colunas

53
clássicas com capitéis coríntios, com espessura das paredes de 4,09 metros na base e 2,48
metros no topo. A altura da torre varia de 55,86 metros na parte mais baixa a 56,70 metros
na parte mais alta.

Figura 98: Torre de Pisa, Itália.

Fonte: https://acrosstheuniverse.blog.br/como-visitar-a-torre-de-pisa-na-italia/ Acessado em: 29/09/2023.

Adjacente à Torre de Pisa encontra-se a Catedral de Pisa, uma notável estrutura que
combina elementos arquitetônicos românicos e góticos, apresentando uma fachada
ornamentada com relevos esculpidos. O interior da catedral é decorado com afrescos e
obras de arte notáveis.

Figura 99: Catedral de Pisa, Itália.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Pisa_Cathedral Acessado em: 29/09/2023.

54
Figura 100: Planta da Catedral de Pisa, Itália.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Pisa_Cathedral Acessado em: 29/09/2023.

O Batistério de São João, um edifício circular vizinho, coberto por uma cúpula,
possui 54,86 m de altura e uma circunferência de 107,24m, sendo a maior construção em
seu gênero em toda a Itália.

Figura 101: Batistério de São João, Itália.

Fonte: https://mapcarta.com/pt/24937002 Acessado em: 29/09/2023.

Completando o conjunto está o Camposanto Monumentale, um cemitério


monumental de formato retangular, de arquitetura predominantemente gótico, que abriga
túmulos, monumentos e afrescos datados dos séculos XIV e XV, notadamente as
representações das "Histórias do Antigo Testamento".

55
Figura 102: Piazza del Duomo, "Praça dos Milagres", Itália.

Fonte: https://arsartisticadventureofmankind.wordpress.com/tag/camposanto-monumentale/page/3/ Acessado


em: 29/09/2023.

3. Considerações finais

A arquitetura românica é um testemunho da habilidade artística dos artesãos e


escultores da época, que fizeram obras religiosas muito elaboradas, que ainda são
admiradas e estudadas hoje. Além disso, essa arquitetura continua a influenciar a estética
de edifícios modernos.
Muitas igrejas modernas são inspiradas na arquitetura românica. Os arquitetos
contemporâneos frequentemente recorrem a elementos românicos em seus projetos para
homenagear o passado, estabelecer um vínculo com a herança cultural e incluir
características que se encaixam bem em suas criações. Essas igrejas podem não ser
cópias exatas das estruturas românicas antigas, mas incorporam elementos como arcos
semicirculares, colunas ornamentadas, fachadas adornadas com esculturas religiosas e
outras características típicas deste estilo.
A inspiração românica pode ser vista não apenas em igrejas, mas também em
edifícios públicos, museus e até mesmo em algumas casas particulares. A arquitetura
românica oferece uma conexão com o passado e uma estética que muitas pessoas ainda
encontram atraente e significativa nos dias de hoje.
Assim, a arquitetura românica não é só algo do passado, mas continua a nos
inspirar e nos ensinar sobre como a arquitetura evoluiu ao longo do tempo. Quando
olhamos para o passado e o presente, percebemos que a arquitetura românica é mais do
que simples construção, mas também é uma forma de mostrar crenças, valores e aspirações
culturais.

56
Referências Bibliográficas

Fazio, Michael, Marian Moffett, e Lawrence Wodehouse. A história da arquitetura


mundial. AMGH Editora, 2011.

GOITIA, F.C. Breve História do Urbanismo. Lisboa, Editorial Presença, 1992.

HILL, J. História do Cristianismo. São Paulo: Rosari, 2008.

SANTOS, Amanda Basilio. Arquitetura românica: o desenvolvimento do primeiro grande


sistema construtivo medieval. Ars Historica, n. 12, p. 23-42, 2016.

TOMAN, Rolf. O Românico Arquitectura Escultura Pintura. 1ª ed. Editora Könemann,


2000.

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