Você está na página 1de 18

Crygor Rian dos Santos Lima

O Arquiteto de Deus e a Eterna


Inacabada

Mogi das Cruzes, 13 de Dezembro de 2021

UNICAMP - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

HH805 – História da Arquitetura e Urbanismo Moderno


O Templo Expiatório da Sagrada Família

Crygor Rian dos Santos Lima

169139

INTRODUÇÃO – A ETERNA INACABADA

Olhando acima das alturas padronizadas dos edifícios e quarteirões da malha regular de
Eixample, distrito projetado por Ildefonso Cerdá em Barcelona, observa-se uma construção
exclusiva capaz de roubar a atenção de qualquer um por sua magnitude e beleza extraordinária,
que desponta rumo aos céus da cidade espanhola. O Templo Expiatório da Sagrada Família,
localizado na Carrer de Mallorca, é com certeza a obra mais intrigante da cidade (não à toa é um
de seus cartões postais), seja pela sua arquitetura ou por sua história que reflete os processos
de formação não só de um distrito, mas de toda uma geração. O Templo, conhecido também
como A Eterna Inacabada, é responsável por grande parte do turismo e desenvolvimento da
região, recebendo mais de 3 milhões de turistas, sejam religiosos, arquitetos intrigados ou
visitantes impressionados, por ano; e recebe esse apelido pelo fato de estar inacabada, num
processo de construção que dura mais de 140 anos, e, mesmo assim, a parte construída já lhe
rendeu títulos e prêmios de destaque, como recentemente o Prêmio Remarkable Venue,
levando o prêmio de “Lugar mais notável”, votado por mais de 6.000 amantes da cultura de
diversos lugares do mundo. Além disso, uma de suas fachadas e sua cripta estão na lista da
UNESCO de Patrimônio Mundial (Figura 1)

Figura 1: O Templo visto de cima, destacando-se sobre a malha urbana do distrito, Fachada da Natividade.
“É único no mundo que um prédio possa ser visitado por milhares de pessoas enquanto ainda
está em construção”, diz Xavier Martínez, atual Diretor Geral da Sagrada Família, em entrevista
recente. A construção, que ao longo das gerações não contou com subsídios governamentais,
tampouco com verbas eclesiásticas, conta com as atividades de turismos e doações que são
realizadas, uma quantia de em média 25 milhões de euros por ano.

A genialidade estética e engenhosidade meticulosa e escultural deste monumento só poderia


ser reflexo de uma mente tão brilhante quanto: Antoni Gaudí, conhecido, por conta da obra,
como O Arquiteto de Deus. O mais intrigante é que essa obra, deixada para as gerações futuras
e que exprime e concretiza os mais sublimes êxtases da alma humana é resultado da decisão de
seu mentor, na época um expoente e recém formado arquiteto catalão, de ir totalmente contra
o ritmo, orquestrado pelas ideologias emergentes do século XIX, em que o mundo caminhava,
inclusive ele mesmo, para mergulhar na Palavra de Deus e tomar a cabo sua missão.

Para entender como foi possível a criação dessa que é uma das obras de arte mais sublimes já
feitas por mãos humanas e o que ela quer nos dizer ainda nos dias de hoje é necessário adentrar
nas entranhas de seu nascimento, que se encontra na metade do século XIX.

Vai muito além da arquitetura, o ápice está na mensagem transcendente que O Templo tem
para nossa geração e para as futuras (Figura 2).

Figura 2: Teto, colunas e vitrais no interior do templo, onde foram projetadas por Gaudí formas geométricas e estruturas jamais
utilizadas antes na arquitetura
A BARCELONA PROGRESSISTA DO SÉCULO XIX

Após séculos de guerras e invasões buscando a conquista do território, que outrora fora uma
cidade militar romana, terra dos godos, invasões islâmicas e palco de disputa monárquicas, a
Catalunha, composta pelas províncias de Barcelona, Girona, Lérida e Tarragona, se encontrava
no ápice das mudanças causadas pela Revolução Industrial e pelos ideais progressistas da época.
Neste período, despontava nos meios intelectuais e já assumia consequências concretas os
ideais comunistas de Karl Marx, que teve seu Manifesto publicado em 1848; o Evolucionismo de
Charles Darwin já se espalhava e estava se disseminando desde 1840; a visão cética e
pessimismo filosófico de Schopenhauer e o relativismo do idealismo transcendental de Kant,
que já vinham mudando a maneira de percebermos e concebermos a ideia de ser humano desde
meados do século XIX. Toda essa bagagem, que vem desestruturando o homem como criatura,
moldado para propósitos espirituais e eternos, atrelado á rápida industrialização e
distanciamento das classes sociais cria uma cultura formada por uma visão materialista e
degenerativa do mundo, uma classe de burgueses donos das indústrias, com acesso ao
conhecimento intelectual, e, por outro lado, uma classe operária que se amontoava nas vielas
das cidades, trabalhando uma carga horária de mais de 12h, sem acesso direto ao
conhecimento.

As revoluções liberais minaram as poses e direitos da Igreja Católica na época, que por sua parte
não conseguia lidar com a nova estrutura em que a sociedade estava se tornando, sendo ineficaz
em dar o cuidado e o amparo às classes mais necessitadas. Em meio á esse cenário de uma
sociedade dissimulada e desestruturada, surge um homem convencido á remar contra a maré:
Josep Maria Bocabella (Figura 3). O piedoso dono de uma biblioteca cristã no distrito de
Eixample, fadado á ruína (uma vez que as igrejas encontravam-se vazias, enquanto os
prostíbulos e bares se enchiam cada vez mais com os operários que viviam a cultura do
divertimento, naturalismo e dissimulação), muito devoto de São José, ansiando pela salvação
daquela gente funda, em 1866, a Associação de Devotos de São José, com o objetivo de
reestruturar a sociedade, por meio da doutrina e exercícios cristãos, a partir da instituição
geratriz: a família. A Associação já atingia cerca de 400.000 associados no ano de 1871, ano em
que Bocabella viaja para Roma para visitar o Papa Pio IX, que se encontrava “prisioneiro no
Vaticano” devido ao avanço dos movimentos anticlericais. Na volta, passa por Loreto, onde se
encontra o portal de Belén. Uma vez que seu propósito era a reestruturação das famílias, e
nutrindo grande devoção pela Sagrada Família de Belém, impulsionado pelo Padre José
Manyanet1, inicia o projeto de construir um Templo dedicado á Sagrada Família e á São José,
recém proclamado Patrono da Igreja Universal, em expiação pelos pecados da Catalunha,
seguindo o modelo do Templo Expiatório ao Sagrado Coração, em Montmartre, projeto do
mesmo bispo. Começa, então, a busca por um terreno, que será comprado somente me 1876,
na Calle de Mallorca.

1 São José Manyanet, canonizado em 2004, dedicou seu ministério na luta pela reestruturação da família. Fundou 2
institutos religiosos em homenagem à Sagrada Família, dedicados à educação católica e instrução da infância e
juventude. Além disso, fundou inúmeras outras escolas.
Figura 3: Josep Maria Bocabella, óleo de Aleix Clapés

Inicialmente, fora acionado o então arquiteto da diocese Francesc De Paula del Villar, que
despreza as ideias de Bocabella para o projeto da igreja, e cria uma planta no estilo neogótico
clássico (Figura 4) bem modesta.

Figura 4: La Sagrada Familia de Paula del Villar. Projeto seguindo conceitos neogóticos, como janelas ogivais, arcos botandes e
um capanário agudo.

Discussões acerca dos materiais ainda na fase das fundações do projeto entre Josep e Francesc,
atrelado ao desinteresse do arquiteto e uma certa repugnância natural de tratar com pequenos
lojistas em um projeto financiando por doações e esmolas (uma vez que ele estava acostumado
a trabalhar em obras importantes) ocasionou em sua renúncia da obra. Josep. Então, entra em
contato com o arquiteto em crescente fama Joan Martorell, também devoto de São José, que
não aceita assumir a obra por conta de sua parceria com Del Villar, mas indica para tal cargo seu
assistente, um arquiteto iniciante, mas que já demonstrava desde sua formação um grande
diferencial na concepção de seus trabalhos. É aqui que entra o personagem de nossa trajetória:
Antoni Gaudí.
O ARQUITETO DE DEUS

“A originalidade consiste em voltar para a origem”. A humanidade havia se desviado do ponto


de partida, mas no coração da Espanha, um coração bateria por essa causa por 74 anos.

Nasce, em uma modesta família de Reus formada por 4 gerações de artesões de fundição de
bronze, o terceiro filho de Francesc Gaudí com Antonia Cornet. O pequeno Gaudí desde a
infância sofria de muitas febres reumáticas. Sendo assim, passava grande parte dos seus dias
acompanhando o pai no oficio de fundidor e também nos afazeres da casa em Riudoms, uma
casa de campo com pomares, animais e minas d’água. Esse cenário, causado pela doença,
providenciou para Gaudí duas de suas maiores paixões, que se tornariam a grande missão de
sua vida: a arte plástica e a natureza. Gaudí era apaixonado pela natureza que o cercava, e como
tudo tinha uma função muito além da estética e do acaso, sempre tinha por trás uma
funcionalidade que harmonizava e interligava cada elemento, como se cada detalhe fosse um
membro de um corpo maior e completo, em perfeito funcionamento.

A mãe, uma piedosa serva de Deus e muito religiosa, passou para os filhos uma criação cristã,
da qual davam continuidade na Escola dos Padres Piaristas ele e seu irmão Francesc, 1 ano mais
velho. A verdade é que Antoni não demonstrava muito interesse na religião, que vivia mais como
se fosse um costume de criação passado pela tradição familiar. Para ele interessava as artes, da
qual já demostrava muita habilidade de percepção espacial tridimensional, advinda do costume
de ver as chapas de bronze tomando formas na oficina de seu pai. Aos sábados, ele e dois de
seus amigos 2costumavam meditar as orações do Oficio da Virgem Maria, o que de certa maneira
despertou-lhe uma sensibilidade para a liturgia católica. Talvez, pela sua sensibilidade de
encontrar o significado por trás das formas, as simbologias empregadas pela liturgia para tratar
de temas transcendentes, acima do que poderiam expressar as palavras, tenha chamado a
atenção do pequeno Gaudí, que nutria uma paixão pela natureza das coisas.

Já aos 16 anos, Antoni e seu irmão Francesc se mudam para Barcelona, para cumprirem o desejo
dos pais de se graduarem na Faculdade. Seu irmão começa á graduar em medicina, enquanto
Gaudí termina o último ano do Ensino Médio. Moravam no bairro do Banco, um bairro gótico,
que preservava a arquitetura em perfeito estado. Além disso, havia também o Templo de Santa
Maria Del Mar (Figura 5), um extraordinário exemplo da arquitetura gótica medieval preservada
na cidade e que irrompia em sua rota diária. É provável que o contato com esse patrimônio
tenha fomentado em Gaudí o desejo de abstrair e concretizar suas aspirações através da
arquitetura, meio que ele encontrou para realizar esses feitos de maneira inigualável.

Após o Ensino Médio, cursa algumas matérias da Faculdade de Ciências, pré-requisitos para a
graduação em arquitetura, onde se depara, na matéria de Geometria, com o estudo da
Mecânica dos Edifícios, matéria que ficará apaixonado e absorto, o que resultaria na maneira
única em que erigia suas estruturas de sustentações únicas. Após um longo período de
tentativas sem sucessos de entrar para a Faculdade de Arquitetura, Antoni finalmente é
aprovado no final de 1874, período em que o irmão Francesc se forma em Medicina. Pelo tempo
em que ficaram em Barcelona, Gaudí já não podia contar com a ajuda financeira da família, que
já tinha vendido as terras em Riudoms e até mesmo hipotecado a casa em Reus para bancar a
estadia dos meninos. Sendo assim, Gaudí desde o começo busca trabalhar como desenhista para
bancar as despesas e até mesmo ajudar sua família.

2 Eduard Toda e Josep Ribeira


Figura 5: Igreja de Santa Maria Del Mar, Barcelona. Foto: Croydon Fary

DEIXANDO-SE LEVAR PELA CORRENTEZA

Pulsava no coração de Antoni, assim como de grande parte dos Catalães, um grande sentimento
de nacionalismo, o que deu futuramente procedência ao movimento do Renaixença (busca pelo
resgate língua, literatura e cultura catalã que havia se perdido a partir do século XVIII). Somado
á isso, ele tinha grande admiração pelos movimentos democráticos e conquistas que os liberais
haviam conseguido ao longo do século XIX. Ao ingressar na Faculdade, torna-se amigo
inseparável do futuro poeta Joaquim Maria Bartrina3, responsável por introduzir Gaudí ao
mundo da literatura e música clássica, mas também lhe apresenta para a casta de ateus,
agnósticos e maçons que, fervilhavam nos ideais progressistas e anticlericais, o que levou Antoni
Gaudí a se declarar também um cético.

Já durante sua formação, trabalhou para arquitetos muito importantes para seu período, como
para seu professor Francesc de Paula del Villar na abside da Igreja de Montserrat (o prédio
religioso mais importante do país naquele período), para seu conhecido de longas datas Josep
Fontsere no Parque Ciutadella (Figura 6) e futuramente para Joan Martorell i Montells (que será
considerado por Gaudí como seu mestre). No projeto da abside de Montserrat, que termina em
1876, Gaudí, assim como os críticos da época, já percebiam a superioridade do aluno, tanto
criativa como tecnicamente, em relação á seu professor Paula del Villar

Por nutrir um interesse desde outrora pela liturgia católica, costume que se manterá apesar da
sua falta de prática em sua vida por questões profissionais, e também por aderir aos
movimentos nacionalistas, que o levaram ao historicismo de Eugene Viollet-le-duc, Gaudí focava
seus estudos nos templos religiosos das mais variadas crenças, principalmente as igrejas góticas
católicas e os templos gregos. Ele tinha grandes aspirações, uma sede pelo que poderia haver

3
Foi um grande poeta e escritor do realismo catalão. Um dos primeiros ateístas militantes, que em seus versos
declarou guerra a Deus.
de maior em seu exercício. Disse ele, em seu texto “Ornamentação” 4que “O caráter religioso é
aquele que sempre tende ao maior, já que seu objetivo é um mistério, uma qualidade que é
alcançada por uma infinidade de meios.” (GAUDI, 1778). Gaudí enxerga algo de essencial no
trabalho de um arquiteto, que talvez seja o que faz com que suas obras alcancem um nível tão
sublime de perfeição. Ele entendia que a forma só era bela se tinha como finalidade possibilitar
e exaltar a função da obra. O que era supérfluo, era descartado e não ornava. O belo é aquilo
que tinha a forma pela função, e para que a forma atinja sua finalidade, é necessário que a
função esteja bem clara, não só no sentido material e físico, mas na dimensão simbólica e
espiritual, que transcende o palpável e abre as portas para que os sentidos trabalhem em
conjunto para atingirem o inefável. Não sem razão, Gaudí também dizia que “o artista deve ser
um monge, e não só um humano”. Para tanto, começa a abandonar a ideia de historicismo que
dominava os arquitetos da época, por ter enxergado que os arquitetos góticos concebiam as
igrejas fundadas em seu amor ao divino e ao seu entendimento do mistério á luz da fé e da
caridade, e por isso que suas obras eram impressionantes e conseguem levar qualquer um a
uma contemplação instantânea dos mistérios espirituais e de fé. Em contrapartida, os arquitetos
que buscam o revivalismo se fundam no amor á escola literária, á arte, á obra dos arquitetos, e
não ao verdadeiro propósito e função, esvaziando as construções do verdadeiro sentido e
deixando para trás uma supérflua impressão de grandeza. “Para fazer bem as coisas é necessário
primeiro o amor, e depois a técnica”, repetia Antoni.

E só é possível amar aquilo que se conhece.

Figura 6: Fonte Cascata do Parque Ciutadella, desenhado por Gaudí quando trabalhou com Josep Fonsere.

4
Texto que publica aos 26 anos contendo a síntese de tudo o que havia estudado e colocado em prática em seus
estágios. Além disso, pontua também questões sobre sua espiritualidade e fé.
Após formar-se e receber o título de Arquiteto, Gaudí assina seu primeiro projeto com a
Cooperativa Mataronense, fundada 10 anos antes por Salvador Páges, aproximando Gaudí das
ideologias liberais. Um pouco depois, projeta mobiliários para o Marques de Comillas, onde
conhece seu futuro mecenas Eusebi Guell.

O fato é que por seu notável dom artístico e habilidade com as formas e aplicação de técnicas
surpreendentes de arquitetura, Gaudí se destaca, fazendo parte de vários projetos notórios, em
sua grande parte relacionados á artes sacras, como o caso do Colégio Teresiano de Terragona.
Nos próximos 4 anos alcançará fama suficiente para se tornar um jovem extravagante,
frequentador de cafés e encontros intelectuais, passeios de carruagem, concertos, peças
teatrais e ballets. Em contrapartida, as amizades clericais que acaba tendo, começam, aos
poucos, edificar a alma de nosso arquiteto, ao passo que ele edifica obras extraordinárias pelas
ruas de Barcelona.

Com o Padre Jacint Verdaguer, um dos poetas e místicos catalães mais aclamados da história,
começa a meditar sobre a teologia de São João da Cruz e sua espiritualidade. Com Enrique de
Ossó i Cervelló, fundador da Congregação de Teresa de Jesus e idealizador do colégio teresiano,
Gaudí teve varias conversas sobre espiritualidade no jardim do colégio, além de se aprofundar
na doutrina da Doutora Espiritual da Igreja, justamente por seu desejo de transmitir muito mais
do que blocos, mas ensinamentos, experiencias completas, ambientes etéreos que levavam a
contemplação perfeita. Ao passo em que se aprofundava em seus anseios profissionais, seus
pensamentos eram esclarecidos e, tocado pela graça, ia vivendo um longo processo de
conversão, primeiro do intelecto, e depois de sua vida.

No ápice de sua fama, Gaudí desejava construir um templo, para concretizar toda sua técnica
que tinha adquirido até então. Ele queria dar um passo grandioso. E é então que ele é
contactado, em 1883, para se tornar o novo Arquiteto do Templo Expiatório, até então
desprezado pela sua finalidade e apoiadores.

O ARQUITETO DE ALMAS

A presença de Gaudí, puramente por interesses profissionais e não religiosos, causou certa
dúvida aos fiéis associados ao projeto de Bocabella. O próprio Martorell diz “Para construir um
templo é necessário ser um bom católico, já esse Gaudí, eu não sei”. Mas o jovem arquiteto, que
sonhava desde já com aquela obra, não mediria esforços para concretizar tudo da maneira mais
audaciosa e extraordinária possível. Olhando o projeto de Paula del Villa, que estava somente
na etapa das fundações, Gaudí não deixou de sentir tristeza ao ver o projeto pensado no estilo
neogótico revivalista. Mas o pior para ele foi a indiferença com que a liturgia estava sendo
tratada, uma vez que a orientação do projeto foi planejada de uma maneira que a entrada não
conseguiria estar orientada para o Leste, como previa a liturgia e as traduções cristãs. Gaudí
termina a cripta em estilo neogótico, mas já começa a sonhar com a parte superior do templo,
que ficaria á vista de toda cidade. Por ser um projeto totalmente dependente da Divina
Providência de Deus, com as esmolas e doações, por muitos períodos as obras ficavam paradas.
Enquanto isso, Gaudí se lançava no que seriam suas obras mais conhecidas e aclamadas, as
financiadas por Guell, El Capricho, a Casa Vicens, etc.

Enquanto Gaudí crescia em fama, prestígio e técnica, o Templo Expiatório aguardava ansioso,
com gemidos e dores de parto, para começar a ganhar vida. E, com certeza, dois dos
personagens mais marcantes para que isso finalmente começasse a acontecer apareceriam
neste momento.
Em janeiro de 1887, Antoni é chamado a Astorga por um antigo conhecido, o Bispo Joan Babtista
Grau i Vallespinós, para projetar o Palácio Episcopal (Figura 7) que acabara de passar por um
incêndio. No começo, Gaudí respondeu agradecendo, mas que não poderia se comprometer
com um trabalho de tamanha proporção, pela quantidade de trabalhos que estava
desenvolvendo. Mas acabou aceitando o projeto. O processo de aceitação do projeto foi
demorado e burocrático, o que fez Gaudí quase desistir do projeto, mas continuou por conta de
sua amizade com Mons. Grau, começando a execução em 1889. Em compensação, Grau
alimentou o espírito de Gaudí através de 11 encontros que eles tiveram ao longo do processo
de execução do edifício. Nesses encontros, o bispo orientava o arquiteto pelas veredas da vida
espiritual, dando mais sentido ao trabalho sublime do artista. O sacerdote entregou o livro O
Ano Litúrgico, de Dom Guéranger, o evento que foi um divisor de águas para a carreira do
arquiteto, no que diz respeito ao seu entendimento e aprofundamento na liturgia católica e
simbolismo religioso.

O projeto do Palácio se estendeu até 1893, quando o bispo Grau vem a falecer. Os conterrâneos
que assumiram a responsabilidade pela obra não eram a favor de Gaudí. Sendo assim, ele
abandona o projeto e queima as plantas. Nenhum arquiteto posteriormente contratado
conseguiu dar continuidade ao projeto de maneira tão extraordinária como Antoni, tendo que
ser finalizado de maneira bem mais simplificada que o projeto original.

Figura 7: Palácio Episcopal de Astorga

Neste meio tempo, Gaudí também projeta as Missões Católicas Franciscanas em Tânger, projeto
que não foi levado á diante, mas levou Gaudí á conhecer o carisma de São Francisco de Assis5, o
primeiro que enxergava e pregava uma natureza que, contendo dentro de si a presença de Deus,
era porta sublime para o sagrado. O que São Francisco fez no Cântico das Criaturas, Gaudí o fará
posteriormente na Fachada da Natividade do Templo, escrevendo seu poema épico da criação
em pedra esculpidas.

5
Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis (Assis, 1181 ou 1182 — 3 de
outubro de 1226), foi um frade católico nascido na atual Itália. Depois de uma juventude irrequieta e mundana,
voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais
conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo.
Um ano depois, entraria na vida de Antoni o segundo grande personagem, o Monsenhor Torras
I Borges, um sacerdote neotomista6, nomeado conselheiro do Circle Artistic de Saint Lluc7, que
vai a procura de Gaudí para aprender sobre arte (Gaudí era um do mais conhecido artista do
período), onde os dois acabam tendo longas conversas e debates sobre espiritualidade e arte,
nos quais Torras conduz Gaudí da filosofia Platônica ao misticismo de São Paulo Apóstolo.

Platão e São Paulo concordam em uma mesma frase. O filósofo grego


afirmava que a beleza era o brilho da verdade; o apóstolo cristão prega que a
Palavra eterna é o esplendor da glória de Deus; e Santo Tomás demonstra que
a Palavra possui as qualidades essenciais da beleza. (TORRES I BORGES, 1894)

O Monsenhor utiliza do oficio aprendido na infância de Gaudí, a forja, para exemplificar:

O talento do artista consiste em fazer brilhar na matéria esta luz divina, em


banhá-la na fornalha da sua inspiração; e assim como o ferro quando fica
vermelho é ferro e fogo ao mesmo tempo, a obra de arte é matéria e espírito.
O artista não é apenas um homem desenhando, ele é um vidente, um
contemplador do invisível que torna visível a outros homens em virtude das
qualidades nativas de seu espírito, não adquiridas, em virtude do que, usando
um termo da técnica teológica, podemos chamá-lo de um presente gratuito
(TORRES I BORGES, 1894)

Esses dois encontros e períodos de formação espiritual levaram Antoni á se deparar com a sua
verdadeira missão, e que se ele quisesse viver intensamente e profundamente essa grande
missão de sua vida, que pulsava em seu coração desde a sua infância, seria necessário um ato
de fé, um ato de entrega. E de fato, isso aconteceu na Quaresma de 1894, onde os jejuns de
Gaudí quase o levaram a morte, e somente o sacerdote Torras conseguiu convence-lo a parar.

Bom amigo Anton, embora o sacrifício seja sempre o ato mais heroico e
meritório, para alcançar a vida eterna, não é necessário ser atormentado
dessa forma. A vida é curta e logo acontece! Portanto, o homem não deve
abandonar-se em sua própria vontade, mas na própria vontade de Deus. E
ainda mais no seu caso, visto que tem como missão nesta terra levar a cabo
a obra iniciada pela vontade de Deus e para a nutrição espiritual dos cristãos
(TORRES I BORGES, 1894)

A partir desse ponto, Antoni tem seu caminho iluminado diante da revelação de sua missão, que
já não tinha mais como objetivo os lucros, reconhecimento ou fama. Era como se o “mistério”
que é o objetivo da arte sacra já não fosse mistério, trazendo uma mudança de mentalidade e
rumo para a obra de Gaudí. “O seu extraordinário talento artístico não visava a afirmação
pessoal, ou simplesmente revolucionar as artes visuais, mas sim o desenvolvimento do Templo:
uma missão não só artística, mas basicamente espiritual e apostólica.” (TERRAGONA, Josep
Maria, 2009). Torras conduziu Gaudí a um oratório para ter como Diretor Espiritual o padre Lluís
Maria de Valls i Riera, que transmite para Antoni a vivencia dos sacramentos, praticas espirituais
como a Meditação diária do Santo Rosário e a Leitura meditativa da palavra, que elevou a
habilidade artística e criativa de Gaudí ao ápice. E a partir desse novo estilo de vida e a busca
por somente contentar a Deus é que nasce a Fachada da Natividade, como que dando vida não
só ao Templo, mas ao processo de expiação de toda uma geração.

6
Neotomismo é uma corrente filosófica surgida no século XIX com o objetivo de reviver e atualizar a filosofia e a
teologia de santo Tomás de Aquino -- o tomismo -- a fim de atender aos problemas contemporâneos.

7
Sociedade artística criada em Barcelona em 1893, com o intuito de reagir às correntes anticlericais do período
através da defesa da moral católica, a pratica das virtudes e ensinamentos para as famílias
VERBUM CARO FACTUM EST

João Bergós, que foi discípulo de Gaudi, explica que certo dia encontrou Antoni sentado em sua
mesa, com uma folha de papel com uma série de anotações á lápis. Dirigindo-se para Bergós,
Gaudí disse: “Nesta folha está toda a doutrina cristã”. Era o plano esquemático da Sagrada
Família.

Todo o efeito das meditações e evolução de sua vida de oração seriam expressos de maneira
autentica em cada pequeno detalhe da obra. Para Gaudí, não era necessário inventar a roda,
mas somente imitar o que vemos na natureza, que em sua perfeita harmonia nos transmite a
beleza mais simples e impactante, mas ela o faz pois tudo tem seu propósito, sua função que dá
forma ao todo. O Templo imprime cada metro quadrado da alma de Gaudí, inflamada pelas
virtudes da pobreza, castidade, fé, caridade e esperança (Figura 8).

Figura 8: Planta Oficial e Corte Longitudinal.

No começo, Gaudí estimou 10 anos para a conclusão do Templo. Mas quando tomou conta do
que se estava realizando ali, ele soube que a mensagem daquela construção ecoaria por séculos,
através de cada regente que se entregaria á vontade de Deus para aquela obra. Eis a sua
humildade em continuar com o projeto de tamanha magnitude, pois projetou para o mundo,
para que de fato tivesse a função expiatória, inclusive para si. Os vários detalhes do projeto não
caberiam em um só plano, sendo assim Gaudí deixou grande parte do material de projeto em
maquetes de gesso, que infelizmente foram depredadas e despedaçadas durante a Guerra Civil
Espanhola. Mas, graças às tecnologias de hoje em dia, como varredura e impressora 3D, um
trabalho minucioso está sendo feito para reproduzir a obra ao modo que Gaudí havia planejado
(Figura 9)
Figura 9: Maquetes de gesso utilizadas no processo de projeto do Templo

O edifício, quando terminado, alcançará os incríveis 172 metros de altura, 10 metro a menos
que a altura máxima do Monte Montjuic, o mais importante de Barcelona, pois o Templo quer
ser elevado acima dos homens, mas submetendo-se a criação de Deus. Em seu exterior serão
vistas posteriormente as 18 torres, simbolizando os 12 apóstolos, os 4 evangelistas (torres do
campanário), a Torre da Virgem Maria (finalizado dia 08 de dezembro de 2021) e a futura Torre
de Jesus, a maior delas e a que se localiza no centro, acima do presbitério.

Encontramos também as 3 grandes fachadas, que narram para os de fora a história de nossa
salvação, pelos fatos e pelos símbolos. São elas:

A Fachada da Natividade: Conta sobre a vinda de Jesus, o verbo divino que se fez carne e habitou
entre nós. É marcado pela mensagem da esperança, da exultação dos céus, da terra e dos
homens. Trata também de temas como as virtudes teologais, a libertação do pecado, etc. Essa
foi a única fachada que Gaudí conseguiu vislumbrar ainda em vida. (Figura 10)

A Fachada da Paixão: Quem contempla a fachada, logo é tomado por um sentimento de


esvaziamento e austeridade. As colunas inclinadas, marca autoral do Gaudí, representam como
se fosse as costelas do lado de Cristo, que abriga as cenas da paixão, onde elevado e no centro
está o Cristo crucificado, como o ápice de sua paixão, simbolicamente representando o coração
transpassado, aberto, jorrando sangue e água. Esse peito aberto, justamente nos conduzem
pelos pórticos para dentro do templo. A falta de formas realistas, aversa a outra fachada, foi
muito criticada, mas nos mostra a desfiguração do ser humano, o esvaziamento da humanidade
(Figura 11).

A Fachada da Glória: Será a fachada mais importante e mais imponente, que representa a glória
do cordeiro ressuscitado, o juízo final e o inferno. Ainda não está construída.
Figura 10: A Fachada da Natividade

Figura 11: A Fachada da Paizão


Como diz Xavier Martinéz sobre a experiencia de contemplar o templo, quem desce na estação
e vê o monumento de fora sente-se extasiado. Pensa-se que nada pode superar essa primeira
impressão. No entanto, ao adentrar o templo, a elevação da alma é sublime e inevitável, diante
da nave da igreja de 45 metros de altura e seus bosques artificiais formados pelas colunas
inclinadas e bifurcadas. O próprio diretor relata os casos não muito raros de visitantes que se
emocionam ao ponto de chorarem, mesmo que não sejam cristãos e não tenham o
conhecimento teológico dos símbolos. Se as Fachadas impressionam os de fora, com o papel de,
através do conhecimento da história da salvação, adentrarmos o seu interior (simbolizando o
interior da própria alma, onde encontramo-nos com o Criador), a parte de dentro cumpre o
papel de envolver-nos com a ternura em que Deus envolvia Adão e Eva no Paraíso, antes da
queda, e que é nosso destino final no Caminho da Santidade (Figura 12).

Figura 12: Interior do Templo

O Templo, que tem como objetivo nos levar à contemplação do transcendente, foi pensado em
conjunto com as técnicas mais sofisticadas da arquitetura e engenharia, muito á frentes do seu
tempo. Podemos constatar isso também no fato de que o Templo foi projetado para funcionar
como um grande órgão, talvez o maior do mundo, onde suas 18 torres foram pensadas e
projetadas para propagar o maior número de notas dos grandes órgãos internos, como se
fossem continuidades do instrumento, convidando o povo da cidade, á um raio de 3 km de
distância, á mergulharem na liturgia através da música. As colunas inclinadas e arcos catenários
tem funções que vão além da estética, como é próprio de Gaudí. Esses mecanismos servem para
aliviar ainda mais as tensões mecânicas e gravitacionais da estrutura das paredes, de uma
maneira tão eficaz a ponto de não serem necessários a utilização dos clássicos arcos botantes e
contrafortes.

As hiperboloides e paraboloides no teto ajudam na propagação da iluminação natural, questões


essas de conforto e arquitetura bioclimática que não poderiam faltar no projeto de Gaudí.
Poderíamos perguntar para Gaudí, se tivéssemos a oportunidade: “De onde vem tanta
genialidade jamais vista?” Certamente ele responderia “Da natureza, da criação de Deus”. E era
assim que ele via, como se ele fosse apenas um copista da natureza e nada mais.
Para dar continuidade ao projeto, métodos sofisticados estão sendo utilizados atualmente, com
o intuito também de acelerar o processo de construção, como a utilização do ferro junto com a
pedra, utilizando tecnologia de protensão e encaixes sofisticados, pensando na permanência
que o Edifício deve ter. Além disso, para absorver o máximo do projeto original de Gaudí e
planejar os ambientes restantes, os projetistas contam com tecnologia computacional de ponta,
programas BIM utilizados em projetos da Aeronáutica, assim como também realidade virtual e
óculos VR.

“PREFERISCO IL PARADISO”

Foto 13: Retrato de Antoni Gaudí i Cornet

Atualmente, está em processo a causa para a Beatificação de Antoni Gaudí, que já foi
reconhecido pela Santa Sé como Servo de Deus. Como disse Tarragona, não é o fato de Gaudí
ter dado vida á Sagrada Família que lhe fez ter fama de santidade, mas sim sua entrega total á
Deus, seu abandono e dedicação para viver o caminho espiritual. Casos, por exemplo, em que
Gaudi tira de seu próprio bolso e ergue com as próprias mãos, para não gerar custos, escolas
provisórias para as crianças miseráveis ao redor do Templo, durante A Semana da Tragédia, em
1909.

Por muitas vezes o projeto do Templo teve que ser interrompido por falta de esmolas e de apoio
da Diocese. Nesses casos, Gaudí, por entender o papel daquela obra na história da humanidade,
saia as ruas para ele mesmo pedir esmolas e tirava dinheiro de seu salário para pagar os
funcionários.

Além disso, praticou nos últimos 20 anos de sua vida uma vida de oração muito intensa,
participando da missa todos os dias, assim como o rosário e a meditação da palavra, e a
confissão semanal e jejuns. Sua devoção por Maria o inspirou no projeto da Casa Milá, mais
conhecida como La Pedrera, que tinha em seu projeto original lugares na fachada para colocar
imagens. Mas, ao receber a desaprovação da colocação da imagem de Maria na fachada, Gaudí
abandona a obra, inacabada.

O fato é que Antoni Gaudí foi o homem certo no período certo, que com sua entrega ao amor,
pode trazer com suas próprias mãos o verdadeiro conceito de belo para nossa realidade. Sua
obra ecoará por séculos, inspirando e comovendo cristãos e não cristãos, arquitetos ou leigos,
turistas ou moradores, pois esse é o efeito da graça, que, uma vez experimentada, nos leva á
conhecer a verdade, e essa, por sua vez, nos liberta para que possamos atingir nossa finalidade.

Antoni Gaudi i Cornet morreu dia 10 de junho de 1926, aos 74 anos, após passar dois dias
sofrendo, sozinho, no hospital dos Pobres e Mendigos. Atropelado por um bonde, após terminar
as suas orações no oratório de São Felipi Neri, Gaudí não foi reconhecido pelas roupas
esfarrapadas que utilizava, sendo tratado como indigente. Morreu no meio dos pobres e
mendigos, como havia desejado e pedido para Deus, deixando para nós esse legado
maravilhoso, uma vida que tardou a assumir, mas que viveu com intensidade, gerando bons
frutos, declarando assim como Santa Teresa D’ávila “Tudo passa, só Deus basta”.

REFERÊNCIAS

Sem autor: ARQUITETURA DE BARCELONA NO SÉCULO XIX. Hisour arte e cultura exposição.
Disponível em: https://www.hisour.com/pt/barcelona-architecture-in-19th-century-31342/. Acesso em:
09 de dezembro de 2021.

Sem autor: TEMPLO EXPIATÓRIO DA SAGRADA FAMILÍA. Arte&Artistas, 31 de julho de 2019.


Disponível em: < https://arteeartistas.com.br/templo-expiatorio-da-sagrada-familia/>. Acesso em: 09 de
dezembro de 2021.

ELÍSIO, Paulo: BARCELONA IV – ETAPA CONTEMPORÂNEA. História com Gosto, 17 de abril de 2018.
Disponível em: < https://historiacomgosto.blogspot.com/2018/04/barcelona-iv-etapa-
contemporanea.html>. Acesso em: 09 de dezembro de 2021.

TERRAGONA, Josep Maria: THE ARCHITECT OF LA SAGRADA FAMÍLIA. AntoniGaudí.org, 02 de maio de


2014. Disponível em: < http://www.antonigaudi.org/the-architect-of-la-sagrada-familia-3.html> Acesso
em: 10 de dezembro de 2021.

PRO, Equipe Viva Decora: ANTONI GAUDÍ: AMOR E TÉCNICA PARA FAZER ARQUITETURA.
VivaDecoraPRO, 26 de setembro de 2017. Disponível em:< https://www.vivadecora.com.br/pro/antoni-
gaudi/> Acesso em: 10 de dezembro de 2021.

HATZENBERGER, Prof. Dionísio: HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XIX. História da Igreja.


Disponível em:< https://hist-igreja.blogspot.com/2009/02/historia-da-igreja-no-seculo-xix.html> Acesso
em: 10 de dezembro de 2021.

TERRAGONA, Josep Maria: THE FALL OF THE CHURCH ESTATES.AntoniGaudí.org, 03 de abril de 2007.
Disponível em:< http://www.antonigaudi.org/the-fall-of-the-church-estates-449.html> Acesso em: 10
de dezembro de 2021.

AQUINO, Prof. Felipe: ESCULTOR JAPONÊS NARRA SUA CONVERSÃO CATÓLICA A JOVENS
UNIVERSITÁRIOS EM ROMA. Editora Cleófas, 12 de abril de 2012. Disponível em:<
https://cleofas.com.br/escultor-japones-narra-sua-conversao-catolica-a-jovens-universitarios-em-
roma/> Acesso em: 11 de dezembro de 2021.
DELGADO, Juan Manuel Gutiérrez: GAUDÍ: DE LA ARQUITECTURA A LA CONTEMPLACIÓN. Associació pro
beatificació Antoni Gaudí, 20 de dezembro de 2001, pág. 50. Disponível em:<
http://gaudibeatificatio.com/index.php?option=com_content&view=article&id=88:gaudi-de-la-
arquitectura-a-la-contemplacion&catid=40:sobre-la-beatificacion&Itemid=115> Acesso em: 11 de
dezembro de 2021.

TERRAGONA, Josep Maria: L’ITINERARI MISTIC D’ANTONI GAUDI. Associació pro beatificació Antoni
Gaudí, 2009. Disponível em:<
http://gaudibeatificatio.com/index.php?option=com_content&view=article&id=93:catqlitinerari-mistic-
dantoni-gaudiq&catid=40:sobre-la-beatificacion&Itemid=115> Acesso em: 11 de dezembro de 2021.

Sem autor: PATRIMONI ARTÍSTIC. Jesus-Maria Sant Gervasi. Disponível em:<


http://www.jmsanger.com/ca/patrimoni-artistic> Acesso em: 11 de dezembro de 2021.

Sem autor: JOAN BAPTISTA GRAU VALLESPINÓS. Bellesguard Gaudi.tumblr. Disponível em:<
https://bellesguardgaudi.tumblr.com/post/620071353677201409/joan-baptista-grau-
vallespin%C3%B3s> Acesso em: 11 de dezembro de 2021.

Sem autor: LA SAGRADA FAMILIA / ANTONI GAUDI. Archdaily.Com.br, 05 de julho de 2017. Disponível
em:< https://www.archdaily.com.br/br/787647/classicos-da-arquitetura-la-sagrada-familia-antoni-
gaudi> Acesso em: 12 de dezembro de 2021.

Sem autor: ANTONI GAUDI. Wikipédia a Enciclopédia livre, 25 de junho de 2021. Disponível em: <
Antoni Gaudí – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)> Acesso em 12 de dezembro de 2021

Você também pode gostar