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Iluminismo, surge no decorrer do século XVIII, com mais intensidade na França (caráter
revolucionário) e na Inglaterra (caráter mais moderado e empírico), atingindo o seu auge com a
Revolução Francesa. Foi o Iluminismo e a Revolução Industrial que levaram ao surgimento da
Arquitetura Moderna, arquitetura dos dias de hoje.
Deus deixa de ser o ser mais importante e dá lugar à objetividade, separação da religião e da
política (estado laico) – separação racional, os políticos são os organizadores da sociedade por
não terem uma moral cristã, surge a burguesia, reorganiza a cidade e o povo ganha uma voz ativa.
Surgem conceitos relacionados com o mundo ideal, a razão e o sublime (nem é bonito nem é feio).
A racionalidade é o centro, o conhecimento é acessível a todos tomando cada um responsável por
si próprio e tendo direitos. Ideia de felicidade imediata, do quotidiano, como um bem/objetivo, e
não como uma recompensa divina final. A propósito do estudo e do conhecimento, surge uma
nova fonte de conhecimento acessível a todos, a enciclopédia.
A natureza surge como exemplo de beleza racional. Na arte e na arquitetura começou a surgir
a busca de documentar aquilo que já estava feito, numa tentativa de poder transmitir a todos aquilo
que se fazia na arquitetura. Com isto, dá-se o regresso à Arquitetura Clássica como exemplo de
estética, pura imitação, sem mitologia, é a 3ª Vaga do Classicismo e também a sua morte. Com
isto não quer dizer que se tenha perdido as noções da Arquitetura Clássica, porem, na
contemporaneidade já não está totalmente presente (com algumas exceções, na América).
Focam-se então 3 arquitetos, que são vistos como os precursores da Arquitetura Moderna:
Giovanni Battista Piranesi em Roma, Etiénne-Louis Boullée e Claude-Nicolas Ledoux em França.
“A ponte Levediça”
Avanço da modernidade, do homem aprisionado sobre si próprio, apesar do
poder já não estar ligado a Deus.
“A Torre Redonda”
Arquitetura Clássica como monumental para criar ordem sobre o mundo
diferente do “gigantismo”, é um histerismo dessa monumentalidade que
perdeu o controlo, uma perda de escala.
A Cabana Primitiva
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ETIÈNNE LOUIS BOULLÉE (1728-1799)
Boullée, arquiteto e filho de arquiteto, queria ser pintor e foi aluno de Blondel.
Apresenta um trabalho maioritariamente teórico, desistindo de fazer obras, pois sente
que aquilo que constrói não está à altura do processo iluminista, leva ao extremo.
Transforma a arquitetura em poesia radical através do desenho e investigação, para
além disso busca pela geometria na arquitetura, concebendo edifícios de grande escala
onde explora volumes geométricos na sua forma mais pura (esfera a imagem da
perfeição). Leva ao extremo a luz/sombra, bem como a geometria e o gigantismo da
escala.
Palácio Nacional
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CLAUDE NICOLAS LEDOUX (1736-1806)
Vila utópica, que explora dois mundos: um artificial criado pelo homem que
pretende imitar a natureza. Esta surge como a primeira
demonstração prática da arquitetura social e não de uma
cidade ideal mítica, organiza a estrutura para melhor
funcionamento da cidade de produção agrícola,
oferecendo melhores condições de vida aos trabalhadores.
Reinventa modelos clássicos, depuração da linguagem
clássica. Elementos altamente visionários: higienismo,
pavilhões recortados por corredores de ventilação.
Salinas de Chaux
Casa do Diretor
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Cemitério de Ville de Chaux
• Domínio da razão
• Arquitetura como
pensamento (não só
como exercício
prático)
Síntese ILUMINISMO • O desenho passa a
ser fundamental
• A ideia do sublime
• Arquitetura falante
• Higienismo
• Luz/Sombra
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Revolução Industrial, originou-se em Inglaterra, surgiu num período pós-guerra
com a necessidade de uma nova visão sobre o mundo, onde predominava o capitalismo
e o socialismo. Alguns iluministas já manifestavam um grande interesse em mudanças
tecnológicas. Com a revolução industrial criam-se as siderúrgicas (fabricação e
tratamento do aço e ferro), o que cria uma nova forma de usar o ferro, de uma forma
mais estável e aparentemente mais segura. Com estes ideais há uma evolução repentina
do uso e da técnica, o ferro e o vidro começam a ser os materiais fundamentalmente
trabalhados.
Com isto tudo, a Inglaterra ganhou uma evolução social onde houve um
crescimento nas classes mais baixas criando uma forte afluência dos campos para as
cidades. Face a este crescimento, surge a necessidade de criar pontes de distribuição e
circulação mais rápidas – caminhos de ferro. Desenvolve-se a chamada imprensa e a
sociedade evolui. A arquitetura mantém o carater social, procurando executar
programas públicos conscientes.
A par disto, surgem dois movimentos importantes, que no fundo refletem a
nostalgia anteriormente falada: Neoclassicismo e Medievalismo.
O Neoclassicismo é uma estratégia que permite criar os programas necessários
na cidade burguesa. Surge como um classicismo sem propósito religioso e de muita
plasticidade, Surge a criação de pontes, necessidades arquitetónicas mais trabalhadas
com o ferro, que respondem às novas necessidades da vida urbana.
O Medievalismo é, no entanto, antagónico à arquitetura do fero e do vidro.
Ruskin, Pugin e Morris criam um movimento que rejeita a Revolução Industrial e a
Arquitetura Neoclássica, em nome do trabalho manual. É, no fundo, uma visão crítica e
pessimista. Pretendem voltar à sociedade mística e harmoniosa da Idade Média e
começam, pela primeira vez, a pensar no mundo como um projeto integral – OBRA DE
ARTE TOTAL. Fazem avançar campos da arte e da arquitetura e exploram a arquitetura
na vertente Obra de Arte Total, desenhando o interior, espaços, o mobiliário, até ao mais
ínfimo pormenor.
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Brooklyn Bridge, Nova Iorque, John A. Roebling
(1869/1883)
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Palm House Royal Botanical Gardens, D. Burton/
Richard Turner (1844/48)
VIOLET-LE-DUC (1814-1879)
Arquiteto francês, apoia a ideia de que um restauro dá uma nova vida ao edifício,
em oposição a Ruskin, que defende que é impossível reabilitar uma ruína, bem como
pessoas, Le-Duc defende a transformação da ruína em algo extraordinário. Grande
personagem na discussão do aproveitamento patrimonial.
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Na restauração da Catedral de Notre Dame (1845/64)
explora o ferro de forma extremamente decorativa, deixando a
sua marca.
Entretiens 1872 – escritos do arquiteto, que trata muitas
questões da arquitetura, entre elas como o ferro podia ser
desenhado como formas naturais/vegetalistas (ornamento).
A sala de concertos em ferro 1872: como é a arquitetura
poder ser o que se encontra entre a estrutura do ferro e a pele
de pedra.
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Academia de Arquitetura, Berlim 1831/36
MEDIEVALISMO
PUGIN 1812/1853
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WILLIAM MORRIS 1834/1896
Discípulo de Ruskin, ambos ligados ao movimento “Arts and Crafts”, cria a sua
própria empresa (Morris & Co.), onde cria cadeiras, mobiliário, interiores, papel de
parede com motivos naturais, sem a artificialização trazida pela revolução industrial.
Rejeitam o classicismo devido ao desespero pela falta de harmonia e vão para os
anteriores medievais, viviam num ambiente medieval. Morris tem uma boa capacidade
industrial, conseguindo seguir as ideias medievais segundo uma estrutura sólida. Graças
a Ruskin e Morris a Bauhaus teve a sua arte.
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2. Escola de Chicago
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WILLIAM LE BARON JENNEY 1832/1907
Engenheiro formado em Paris que se dedica à estrutura dos edifícios, diz que não
há tempo para embelezar, preocupa-se mais em criar estruturas e esqueletos rápidos e
eficazes do que inventar novos estilos. É caraterizado pelos edifícios em altura,
verticalidade, sem complicação a esquina é tratada com secura e há uma dominação do
módulo, presença da estrutura e do vidro e estruturas mistas.
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Marshall Field, Chicago 1885-87
BURNHAM E ROOT
ADLER E SULLIVAN
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BURNHAM E ROOT
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LOUIS SULLIVAN
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3. Frank Lloyd Wright
Frank Lloyd Wright 1869-1959 é um dos filhos da Escola de Chicago e um dos três
grandes pilares da arquitetura americana. Aprendiz de Sullivan vai ter a oportunidade,
tal como o mestre de ir para a europa em busca do cânone clássico. No entanto, tal
como o seu mestre achava que os cânones clássicos já não faziam sentido, era preciso
encontrar uma nova identidade para a arquitetura americana, “O Pártenon foi bom, mas
no seu tempo”.
Após 7 anos a trabalhar com o seu mestre, em 1893 cria o seu próprio atelier,
aquando da Exposição Colombiana, onde contacta com a cultura japonesa e se fascina
com a mesma. Tokonama é o espaço central da arquitetura japonesa tem uma
componente central ligada à religião e ao uso doméstico. Vai procurar desenvolver esta
ideia assim no centro da casa coloca o “calor”, ou seja, a chaminé e a lareira, o que vai
contra a ideia da arquitetura moderna, o pré open-space.
Força da Natureza; Renascer face aos desafios pessoais e profissionais. Depois
de uma década de grande invenção arquitetónica por sua parte, acontece uma tragédia,
em 1914, dá-se um incêndio em Taliesin que mata a família e destrói a casa que
construiu.
O arquiteto passa por duas fases distintas na sua carreira, um mundo orgânico
para uma utopia de ficção científica. Numa 1ª fase até 1914, as famosas Casas da
Pradaria caraterizadas por uma relação forte com a paisagem, o espaço passa a ser o
ponto principal do projeto, a horizontalidade, os desenhos dos vãos, que não são apenas
um conjunto de buracos na parede e numa 2ª fase da sua carreira inventa um novo
carater para as novas estruturas modernas, respondendo ao que vinha da Europa.
A sua arquitetura pode ser caraterizada como orgânica, criativa e enérgica. É
importante para uma geração pós-guerra.
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É considerada uma obra de arte total, desenha cada
pormenor rigorosamente com uma capacidade construtiva e
compositiva. Cria ainda um jogo de diferentes escalas com os
diferentes pés direitos, criando várias sensações. Mistura e
ecletismo de referências. Dúvida em relação aos limites reais.
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Furbeck Residence, Oak Park 1897(1907)
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Cheney Residence, Oak Park 1903
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Taliesin, Spring Green, Wisconsin 1911
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Falling Water, Pennsylvania 1935/39
Talvez o único edifício de NY que não pertence, de facto, a NY. Influência SYFY –
ficção científica. Desfecho do momento em que trabalha com novos materiais – betão e
vidro. Explora a luz zenital, a curva e o percurso – subida de elevador para descer pelas
rampas. Abstração levada a um nível radical, desenho geométrico virtuoso.
É o auge de uma conjugação de novas tecnologias e materiais. O arquiteto não
chega a ver o edifício concluído.
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Marin County, Califórnia 1957/66
Ideia de uma cidade expandida sem um centro definido. Pretende responder aos
arquitetos europeus (Corbusier), dividindo a cidade por setores, deslocação automóvel
e espaços sociais pontualmente distribuídos. Neste plano não existem hierarquias,
sendo uma cidade igualitária.
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4. Arte Nova
Victor Horta foi o primeiro a explorar a Arte Nova, tornando-se assim uma
personagem inventiva e inovadora. É o pioneiro do movimento em Bruxelas.
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Casa Estúdio, Bruxelas 1890-1900
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HECTOR GUIMARD 1867-1942
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Hill House, Helensburg 1902/03
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Parque Güell, Barcelona 1900/14
Apresenta-se como um
imaginário “pós-catástrofe” –
poética do desastre, algo
muito único e característico. A
escultura e a arte são exploradas ao máximo. Há uma forte
organicidade (fauna e flora), antecedente ao surrealismo.
Utilização de materiais locais, mosaicos em cacos. Racionalista
estrutural. Temas levados a um grau visual, exuberante que não
encontramos em mais lado nenhum. Ridicularização da coluna.
Van de Velde surge como um arquiteto intelectual, estilista e com bom gosto. É
um homem da Arte Nova que segue Morris e a Escola de Glasgow. Tenta teorizar sobre
a Arte Nova e prevê a sua queda. Defende a ideia de que a linha é uma força. Participa
na Deutscher Werkbund 1907/38, instituição que tem por base a discussão do futuro da
arquitetura, com Muthesius (defensor da máquina). Desenha o primeiro edifico da
Bauhaus em Weimar. Passa da Arte Nova para o Expressionismo Alemão.
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Exposição da Secessão Vienense em Munique 1899
Van de Velde quer dar ao edifício um caráter monumental sem o classicismo com
frontão e colunas. Linguagem que foge ao vegetalismo exótico, através do uso da linha
e das novas volumetrias.
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Exposição de Artes Aplicadas, Dresda 1906
SECESSÃO VIENENSE
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JOSEPH MARIA OLBRICH 1867-1908
Este movimento luta contra o ensino das Belas Artes que apenas dá as
normativas clássicas, mas nada de diferente ou novo.
Segunda figura mais importante da Secessão Vienense, obra de FLW tem muito
a ver com a obra deste arquiteto.
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ADOLF LOOS 1870-1930
Adolf Loos era surdo até aos 12 anos e daí ter-se tornado numa personalidade
solitária e, consequentemente, um génio. Loos faz uma viagem à América para visitar a
Exposição Colombiana, obtendo contacto com a arquitetura da Escola de Chicago e
aprendendo com Sullivan. Traz, posteriormente, para Viena, o lado mais pragmático da
América, uma visão do mundo contaminado pela cultura americana.
Loos critica o ornamento proveniente da Arte Nova, afirmando que, por não ter
uma base clássica, está destinada a morrer. Defende que a arquitetura só é arte quando
tem função. Loos tem uma forte noção do espaço, afirmando que este não pode ser
desperdiçado, mas tem de ser dimensionado conforme a função do mesmo. Categoriza
o espaço como elemento fundamental do desenho, tratando-se através do corte. Faz
também uma critica à Secessão Vienense, dando início à Arquitetura Moderna.
Na revista “Das Andere” 1903 é onde faz comentários de opinião e críticas. A
arquitetura deve concentrar-se em si própria.
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Chiago Tribune 1922
Primeiro concurso Internacional de Arquitetura. Aqui, Loos projeta um
arranha-céus em forma de coluna clássica dórica, utilizando a estrutura tripartida
de Sullivan (embasamento – corpo – cobertura).
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5. Vanguardas 1: Futurismo Italiano e Expressionismo Alemão
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“Irredentismo”, Filippo Tommaso Marinetti
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ANTONIO SANT’ELIA 1880-1916
Edifício de Habitação
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Ponte e estudo de volumes, Alemanha, Mario Chiattone 1914
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Cadeia de Cristal, Colónia
HANS POELZIG
RUDOLF STEINER
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ERICH MENDELSOHN
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6. Vanguardas 2: Construtivismo Russo e o Neoplasticismo
“O Lenhador” 1912/13
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“Quadrado preto sobre fundo branco” / “Quadrado branco sobre fundo
branco” 1918
“Suprematism” 1915
As figuras são lidas sempre em função do conjunto, mas também possuem uma
individualidade formal que possibilita uma relação de forças. Construção de linhas e
manchas geométricas que nunca acabam, pairando sobre o cosmos. Tensão entre as
formas num espaço que não tem lugar nem limite.
A. RODCHENKO
Há uma estetização da arquitetura para escultura. Com esta ideia, surge o centro
de Construtivismo, a imagem de uma peça em construção – visão niilista. Formas são
sempre precárias e estão sempre em eventual colapso.
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V. TATLIN
Esta apresenta-se com 400m de altura, uma alternativa à torre Eiffel. Misturam-se assim
o Construtivismo – estrutura exterior, construção a construir-se – e o Suprematismo –
estrutura interior, arte, formas cilíndricas e cubos, peças suspensas – lado
Malevinchiano.
N. LAOVSKI
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K. MELNIKOV
Parque Automóvel
Plasticidade do movimento.
Edifício como uma peça envidraçada rasgada por uma diagonal com uma
escadaria que não é monumental. Em convulsão, fragmentado. Lado construtivista na
cobertura. Suprematista.
ILYA GOLSEISOV
Interseção de volumes nos sítios mais difíceis, formas em contradição que anima
o Construtivismo. Analogia com a ideia de Revolução. Níveis estruturais.
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CHERNIKOV
IVAN LEONIDOV
EL LISSITZKY 1890-1941
Lissitzky era um dos construtivistas mais viajado. Foi um arquiteto que fez
experiências artísticas, fazendo a síntese entre o lado mais metafisico e o materialista
do construtivismo. Leva o conceito do suprematismo para as artes gráficas. É quase um
Malevich, no sentido em que trabalha o suprematismo, mas que em vez de trabalhar no
plano, trabalha em 3D, na arquitetura.
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Arranha-céus horizontal 1923/25
Le Corbusier
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PIET MONDRIAN 1872-1944
Esta é a regra neoplástica e tudo deve decorrer daqui. Caraterizada por linhas
ortogonais e cores primárias. As telas são pintadas na integridade.
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THEO VAN DOESBURG 1883-1931
Celebração do Construtivismo.
DADA 1922
Os holandeses fascinam-se com esta obra, como se ela tivesse uma intenção/
geometria plástica.
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Casa, Cornelis Van Eesteren e Theo Van Doesburg 1923
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Capa “Klassiek-Baruk-Modern”, Theo Van Doesburg 1920
Retrato da cidade de Nova Iorque, cubista – desenho das ruase das luzes
representadas através das formas geométricas, aplicando a cor.
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7. Escola de Amesterdão/ Racionalismo de Roterdão
Focando a Holanda como caso particular, no fim do século XIX, e dado o seu
afastamento da 1ª Guerra Mundial, este país tornou-se o centro do comércio e da
atividade bancária europeia, sendo alvo de um superpovoamento. A necessidade de
abrigar toda a população, aliada à visão política progressista e à estabilidade financeira
que naquela altura o estado possuía, deu origem à aprovação da primeira lei urbanística
holandesa, em 1901, que obrigava as cidades a elaborar um plano regulador de
organização da cidade.
Por esta altura surge a figura de Hendrick Petrus Berlage, que tinha como base de
inspiração Frank Lloyd Wright, motivando a criação de dois grupos distintos que se
formaram dentro do movimento da arquitetura moderna. Ambos os grupos tiveram
como ponto de partida duas revistas: “De Stijl” e “Wendigen”.
Um grande exemplo é o plano para a expansão de Amsterdão Sul, tendo este sido o
primeiro caso de urbanismo, onde existiu um processo de conceção que passava por
uma análise cuidada e pela criação de um plano consciente da necessidade de
integração na pré-existência. O plano urbano, desenvolvido por Berlage, contemplava a
construção de quarteirões homogéneos de grandes dimensões que organizavam tanto
a malha urbana como a malha rodoviária, sendo estes desenhados por arquitetos da
Escola de Amsterdão. Uma ideia de controle, os arquitetos pretendem organizar a
cidade, “mandar”, encontrar modelos para as cidades. O movimento cresce segundo a
ideia de criar “palácios para o homem comum” através de uma outra conceção de
edifícios de habitação social, em busca de uma cidade que deverá caracterizar-se como
unitária.
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J. F. STAAL 1879-1940
É com Michel de Klerk que a Escola de Amsterdão atinge o seu expoente máximo,
tendo sido o arquiteto fundamental na divulgação da arquitetura holandesa. Este
defendia o pensamento de volumes que conjugassem modernidade e tradição através
de uma arquitetura falante, na procura de uma identidade e pertença.
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1º Edifício de Habitação Eigen Haard 1914/18
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J. J. P. OUD 1890-1963
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JOHANNES DUIKER 1890-1935
CINÉAC 1933
Existe uma clara influência na neoplasticidade de Frank Lloyd Wright, toda a obra
respira monumentalidade, pelos jogos de volumes geométricos, a escolha do material e
certos momentos no edifício como o plano de entrada e o murete na escada. Há um
equilíbrio entre a forma e a função.
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ALVARO SIZA VIEIRA 1933
É Álvaro Siza Vieira, que deixa o seu tributo à Arquitetura Holandesa com as
características da escola de Amesterdão e do racionalismo de Roterdão com a utilização
do tijolo, a singularidade volumétrica, o cubismo e as cores neoplásticas que vem a nos
mostrar que afinal estas duas escolas não estão assim tão distantes uma da outra e
possam ser trabalhadas em simultâneo.
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8. Movimento Moderno
O Movimento Moderno traz a modernidade à arquitetura e urbanismo, formulando
um novo estatuto da forma de edifícios e cidades, no qual tenta unificar a arte, a
funcionalidade e a técnica - o fruir, o usufruir e o construir - em atendimento às
demandas sociais. Dessa articulação a grande narrativa arquitetónica do Século XX, que
é o chamado Estilo Internacional, posteriormente apropriado pela especulação
imobiliária. Na segunda metade do Século XX as propostas modernistas começam a se
esgotar, pois não dão conta da problemática colocada pela sociedade pós-industrial. A
crítica à arquitetura moderna centra o foco na forma, que não mais responderia às
demandas contemporâneas. A arquitetura vive, então, um novo ecletismo, num
fascinante jogo de aparências, o qual se manifesta através de diversas tendências,
dentre as quais destacam-se: o pós-modernismo historicista, que revive aparências do
passado e volta aos simulacros; o high-tech, que é a extrema estetização do construir e
o desconstrutivismo, que é uma tentativa de dar autonomia ao repertório formal
modernista.
A Bauhaus foi uma das maiores e mais importantes expressões do que é chamado
Modernismo no design e arquitetura, sendo uma das primeiras escolas de design do
mundo. Um de seus principais objetivos era unir artes, artesanato e tecnologia. A
máquina era valorizada, e a produção industrial e o desenho de produtos tinham lugar
de destaque.
Uma das principais características dos modernos era a rejeição dos estilos históricos
do passado, representada pela repulsa ao ornamento e exemplificada pela obra de Adolf
Loos, Ornamento é Crime (1908), um ensaio que critica a preocupação dos profissionais
da arquitetura com o supérfluo e o superficial (SÁ, 2005, p.83).
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ornamento como um elemento típico dos estilos históricos, incompatível com os seus
conceitos. Eles estavam atrelados às ideias das vanguardas artísticas das décadas de
1910 e 1920, destacando-se aquelas que objetivavam a criação de peças e espaços
abstratos e geométricos. Dois outros aspetos do movimento moderno merecem
menção: o primeiro definido pelo conceito de que “menos é mais” – “less is more”, frase
cunhada pelo arquiteto Mies Van der Rohe; e o segundo norteado pela ideia de que “a
forma segue a função “– “form follows function”, do arquiteto proto-moderno Louis
Sullivan, também traduzida como forma é função. Segundo Sá (2005, p. 86), a
funcionalidade, outro conceito bastante significativo, é utilizada por Loos para justificar
a ausência de ornamentos.
Menos radical que o movimento “Arts & Crafts”, o “Art Nouveau” possuía uma
atitude menos resistente à indústria, privilegiava os novos materiais do mundo moderno
como o ferro, o vidro e o cimento, assim como a racionalidade das ciências e da
engenharia.
No entanto, o estilo que veio com a intenção de integrar a arte, a lógica industrial e
a sociedade de massa, reunindo os princípios básicos da produção em série foi o “Art
Decó”, transformando-se em um estilo de massa.
A Escola Bauhaus foi de grande importância para o movimento moderno tanto para
“design” quanto para arquitetura, sendo uma das primeiras escolas de “design” do
mundo. Ela foi fundada por Walter Gropius, arquiteto alemão, cujo trabalho se destacou
pelo desenvolvimento de uma arquitetura social, que conjugou as necessidades do
indivíduo com as da coletividade.
A Escola de Bauhaus combate “a arte pela arte” e estimulava a livre criação coma
finalidade de ressaltar a personalidade do homem. Segundo Gropius, o mais importante
era formar homens ligados aos fenômenos culturais e sociais mais expressivos do
mundo moderno. A pesquisa conjunta de artistas, mestre de oficinas e alunos era muito
usada no ensino em Bauhaus, pois para Gropius a unidade arquitetónica só podia ser
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obtida pela tarefa coletiva, que incluía os mais diferentes tipos de criação como a
pintura, a música, a dança, a fotografia e o teatro (GROPIUS, 1974).
Bauhaus foi concebida como uma escola livre de artes e ofícios apta a preparar os
seus estudantes para o conhecimento das diferentes formas de artes aplicadas, a arte
industrial e ao artesanato. Outro detalhe importante da escola era o aspeto
arquitetónico. Ao construir a Bauhaus, Gropius aplicou à arquitetura princípios que
vinham amadurecendo no âmbito das artes visuais graças às correntes de vanguarda da
época Junto com Gropius na Escola “Bauhaus” destacou-se Mies van der Rohe, com uma
arquitetura limpa, transparente, formada por grandes lâminas de vidro, que utilizava
com estruturas independentes em aço. A disciplina rígida de Mies van der Rohe exerceu
profunda influência a arquitetura moderna, que ele começou a produzir na Europa e se
propagou para a arquitetura americana na década de 1950.
Mies van der Rohe produzia uma arquitetura que procurava a forma pura, como a
sua famosa frase, “menos é mais”, com uma busca constante de espaços interiores
fluídos e contínuos.
Peter Behrens foi um dos arquitetos que primeiro utilizou estes princípios. Em seu
projeto para a Fábrica AEG, Behrens utilizou o tema industrial, dando função ao projeto
e adotando as formas geométricas. Adotou fachada de vidro, iniciando uma tendência.
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Walter Gropius sofreu influência direta de Peter Behrens e aliou os princípios cubistas
da geometrização aos princípios de funcionalidade e racionalismo. Gropius foi contrário
ao Movimento Arts and Grafts, defendendo a industrialização nas artes e na arquitetura,
e o processo de ‘standartização’. Enquanto dirigiu a escola Bauhaus na Alemanha,
difundiu e incentivou uma produção racional, voltada para a funcionalidade, feita
industrialmente, mas com qualidade.
Outro arquiteto de grande influência no Movimento foi Mies van Der Rohe. Através
de sua obra Mies defende que “menos é mais”, ou seja, quanto menos ornamentada e
complexa a obra, melhor será a sua apreensão por parte do observador e melhor sua
utilização. Seus primeiros projetos voltados para estes aspetos mostram planta
totalmente racional, onde os espaços são livres e definidos por móveis ou divisórias
(exemplo: Casa Frasworth). Utilizou materiais produzidos industrialmente e defendeu a
pré-fabricação de peças, além de adotar estrutura metálica e sistema de pilar, viga e laje
como cobertura. Seu projeto para o Pavilhão de Barcelona é considerado uma das
principais obras da arquitetura moderna.
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geraram diversos encontros, os CIAMs que possibilitaram a elaboração da Carta de
Atenas em 1933.
Apesar da visão social que os modernistas pretendiam atingir, suas teorias foram
um pouco rígidas e difíceis de serem absorvidas pela sociedade com valores já
estabelecidos.
O grupo que constituiu os CIAMs em seu último encontro, em 1947, dividiu-se dando
origem ao grupo Ten-X, o qual tentou resgatar os princípios da vida na cidade baseados
nos moldes antigos. Assim, a crise no Modernismo foi deflagrada. A partir de suas
contribuições teóricas e práticas, o Movimento Moderno deu suporte ao que se seguiu
na arquitetura, o Estilo Internacional.
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Os Congressos Internacionais da Arquitetura Moderna (do francês Congrès
Internationaux d'Architecture Moderne) constituíram uma organização e uma série de
eventos organizados pelos principais arquitetos modernos europeus a fim de discutir os
rumos da arquitetura, do urbanismo e do design para difundir os princípios do
Movimento Moderno, com foco em todos os domínios, como a paisagem, desenho
industrial, etc…
Os CIAM foram responsáveis por discussões e pesquisas inéditas até então, como
a busca da residência mínima e o design para as massas, que revolucionaram o
pensamento estético, cultural e social do período, além da definição daquilo que
costuma ser chamado international style: introduziram e ajudaram a difundir uma
arquitetura considerada limpa, sintética, funcional e racional.
O 4º CIAM, de 1933 foi realizado a bordo do navio, o SS Patris II, que partiu de
Marselha para Atenas e consistiu em uma análise de 33 cidades para propor que seus
problemas sociais poderiam ser resolvidos pela segregação estritamente funcional, bem
como a distribuição da população em prédios altos em intervalos espaçados com
cinturões verdes que separam cada zona da cidade. Aqui, o grupo discutiu concentrado
em princípios de "A cidade funcional", que alargou o âmbito da CIAM da arquitetura no
planejamento urbano.
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seria profundo sobre as autoridades públicas na Europa pós-guerra. Este documento é
um dos mais controversos já produzidos pela CIAM. A Carta praticamente definiu o que
é o urbanismo moderno, traçando diretrizes e fórmulas que, segundo seus autores, são
aplicáveis internacionalmente. A Carta considerava a cidade como um organismo a ser
planejado de modo funcional e central, na qual as necessidades do homem devem estar
claramente colocadas e resolvidas. Entre outras propostas revolucionárias da Carta está
o de que todo a propriedade de todo o solo urbano da cidade pertence à municipalidade,
sendo, portanto, público.
Ainda que a Carta de Atenas possa ter criado obstáculos na procura de novas
formas e modelos de habitações, conduziu, contudo, a uma alteração do estilo; as
imposições políticas iniciais foram alteradas, estando assim o funcionalismo em primeiro
plano e sendo a ideia de ordem uma característica fundamental desta ideia de cidade.
Este urbanismo era assim, uma das soluções para a modificação da sociedade e da vida
humana.
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poderia e deveria, assim, traçar o percurso orientador da própria civilização. Nesta
época outros grandes mestres expressaram as suas ideias quanto à arquitetura e qual
deveria ser o papel cultural abordando esta temática de modo pragmático.
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